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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Área Departamental de Engenharia de Sistemas de Potência e Automação
O Papel da Geração Hídrica Reversível na
Integração da Energia Eólica em Ambiente de
Mercado
FÁBIO EMANUEL ROSA TEIXEIRA
(Licenciado em Engenharia Elétrica e Eletrónica)
Dissertação de Mestrado para obtenção do grau de Mestre
em Engenharia Eletrotécnica – ramo de Energia
Orientadores: Professor Jorge Alberto Mendes de Sousa
Professor Sérgio Miguel Redondo Faias
Júri:
Presidente: Professor Constantino Vital Sopa Soares
Vogais:
Professor Jorge Alberto Mendes de Sousa
Professor Sérgio Miguel Redondo Faias
Professor João José Esteves Santana
Outubro de 2012
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
Área Departamental de Engenharia de Sistemas de Potência e Automação
O Papel da Geração Hídrica Reversível na
Integração da Energia Eólica em Ambiente de
Mercado
FÁBIO EMANUEL ROSA TEIXEIRA
(Licenciado em Engenharia Elétrica e Eletrónica)
Dissertação de Mestrado para obtenção do grau de Mestre
em Engenharia Eletrotécnica – ramo de Energia
Orientadores: Professor Jorge Alberto Mendes de Sousa
Professor Sérgio Miguel Redondo Faias
Júri:
Presidente: Professor Constantino Vital Sopa Soares
Vogais:
Professor Jorge Alberto Mendes de Sousa
Professor Sérgio Miguel Redondo Faias
Professor João José Esteves Santana
Outubro de 2012
- i -
“Nothing is particularly hard if you divide it into small jobs.”
Nada é particularmente difícil se for dividido em pequenas tarefas.
(Henry Ford)
- ii -
- iii -
Agradecimentos
Esta dissertação é o resultado de um percurso não só académico como também pessoal,
pelo que agradeço de antemão a todos que, de alguma forma, passaram pela minha vida
e contribuíram para a construção de quem sou hoje.
Começo por agradecer aos orientadores desta dissertação, Professor Jorge de Sousa e
Professor Sérgio Faias, por todo o apoio, disponibilidade, conhecimento transmitido e
amizade, que tornaram menos árida e mais aliciante a sua elaboração.
Quero igualmente agradecer ao Engenheiro João Lagarto e ao Professor Victor Mendes,
pela contribuição em alguns aspetos específicos desta dissertação.
Gostaria de agradecer com muito orgulho e carinho aos meus pais que além de
garantirem a viabilização económica dos meus estudos, sempre me apoiaram em todos
os momentos da minha vida, aos quais tenho uma dívida de gratidão eterna. À minha
namorada, Joana, pelo amor, motivação constante, inspiração e paciência, sem os quais
não teria sido possível chegar ao fim.
Por fim, mas não menos importante, agradeço a todos os meus colegas e amigos mais
próximos, em especial ao Samuel Lourenço, que acompanharam-me durante todo este
percurso académico e que contribuíram, sem dúvida, para o meu sucesso.
- iv -
- v -
Resumo
A geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis, tal como as centrais eólicas,
apresenta diferente disponibilidade ao longo do tempo. Por esse motivo, a crescente
integração da energia eólica no sistema elétrico levanta questões operacionais
importantes, tal como o equilíbrio entre a potência da geração e a potência do consumo,
podendo em certos períodos, ocorrer fenómenos de excesso de geração.
Atualmente, as centrais hídricas reversíveis (CHR) têm sido vistas como uma solução
para absorver esse excesso de geração, evitando-se assim, a necessidade de corte da
geração eólica. Num contexto de mercado liberalizado, considerando-se que as CHR
são tomadoras de preço, nos períodos de baixo consumo e elevada disponibilidade de
vento, o baixo preço da energia elétrica dará incentivo para as CHR realizem
bombagem, promovendo a integração da energia eólica. No entanto, se uma CHR
apresentar poder de mercado, a sua estratégia de maximização do lucro pode levar a um
perfil de bombagem e geração diferente, desviando-se do objetivo de maximizar a
integração da energia eólica.
Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo estudar a influência do poder de
mercado na operação de uma CHR inserida no mercado diário do mercado ibérico de
eletricidade (MIBEL). Para tal, é desenvolvido um modelo de despacho em ambiente de
mercado, sendo o poder de mercado da CHR modelado através de uma curva de procura
residual inversa com elasticidade variável.
Os resultados obtidos evidenciam que o aumento do poder de mercado da CHR
corresponde a uma diminuição do nível de energia armazenada e, portanto, a capacidade
de integrar energia eólica pode ser consideravelmente reduzida. No entanto, quando a
CHR pertence a uma empresa de geração que para além desta, possui também uma
central de tecnologia diferente, tal como uma central térmica ou eólica, o seu
comportamento pode inverter-se.
Palavras-Chave: Central hídrica reversível, integração de energia eólica, mercado
diário, mercado ibérico de eletricidade, poder de mercado.
- vi -
- vii -
Abstract
The most renewable technologies, such as wind energy, generate electricity from natural
resources, which vary their availability over time. Therefore, the increasing integration
of larger amounts of wind energy into the power system raises important operation
issues, such as the balance between power generation and power demand, where events
of over-generation may occur.
Nowadays, the pumped storage hydro (PSH) units are increasingly seen as a solution to
absorb that over-generation, avoiding the need for wind power curtailments. In a
liberalized electricity market context, considering that the PSH units are price takers, in
periods of lower demand and higher wind availability, lower electricity prices will
incentive the PSH units to pump water, leading to an adequate integration of wind
power. However, when a PSH unit has market power, its profit maximization strategy
can lead to a pumping and generation profile that differs from the objective of
maximizing the wind power integration.
In this regard, this work aims at studying the influence of the market power on the PSH
unit behavior, integrated in the day-ahead electricity market of the Iberian electricity
market (MIBEL). For that, it is developed a dispatch model in a market environment,
where the market power of the PSH unit is modeled by a residual inverse demand
function with a variable elasticity.
The results obtained show that increasing degrees of market power of the PSH unit
corresponds to decreasing the levels of storage and, therefore, the capacity to integrate
wind power is considerably reduced under these circumstances. However, when the
PSH unit belongs to a generation company that also has a different technology power
plant, such as thermal or wind, the situation may be reversed.
Keywords: Day-ahead electricity market, Iberian electricity market, market power,
pumped storage hydro unit, wind integration.
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Índice
Agradecimentos ............................................................................................................... iii
Resumo ............................................................................................................................. v
Abstract ........................................................................................................................... vii
Índice de figuras .............................................................................................................. xi
Índice de tabelas ............................................................................................................. xv
Lista de acrónimos ........................................................................................................ xvii
Lista de variáveis ........................................................................................................... xix
1. Introdução ................................................................................................................. 1
1.1. Contexto e motivação ............................................................................................ 3
1.2. Centrais hídricas reversíveis .................................................................................. 6
1.2.1. Evolução histórica .......................................................................................... 6
1.2.2. Aspetos tecnológicos ...................................................................................... 8
1.2.3. Impacte da sua utilização .............................................................................. 10
1.2.4. O futuro da tecnologia .................................................................................. 11
1.3. Modelização da operação de centrais hídricas reversíveis .................................. 12
1.4. Objetivos e estrutura da dissertação .................................................................... 22
2. Mercado Ibérico de Eletricidade............................................................................. 25
2.1. Evolução histórica ............................................................................................... 27
2.2. Fundamentos para a liberalização........................................................................ 28
2.2.1. Investimento excessivo na produção ............................................................ 29
2.2.2. Extinção das condições de monopólio natural ............................................. 29
2.2.3. Motivações políticas ..................................................................................... 30
2.3. Estrutura do mercado elétrico .............................................................................. 31
2.3.1. Mercado diário .............................................................................................. 33
2.3.2. Mercado intradiário ...................................................................................... 37
- x -
2.3.3. Mercado a prazo ........................................................................................... 38
2.3.4. Mercado de serviços de sistema ................................................................... 40
3. Modelo de Despacho em Ambiente de Mercado.................................................... 45
3.1. Preço de equilíbrio do mercado diário ................................................................. 47
3.1.1. Influência da central hídrica reversível ........................................................ 47
3.1.2. Curva de procura residual inversa ................................................................ 51
3.2. Formulação matemática ....................................................................................... 58
3.3. Operação da central hídrica reversível ................................................................ 61
3.3.1. Condição para a realização de bombagem e geração ................................... 62
3.3.2. Quantidade de energia bombeada e gerada .................................................. 66
3.4. Algoritmo de resolução ....................................................................................... 68
4. Casos de Estudo ...................................................................................................... 71
4.1. Dados de entrada ................................................................................................. 73
4.2. Central hídrica reversível..................................................................................... 80
4.3. Central hídrica reversível e central térmica ......................................................... 86
4.4. Central hídrica reversível e parque eólico ........................................................... 92
5. Conclusões e Desenvolvimento Futuro ................................................................ 101
5.1. Conclusões ......................................................................................................... 103
5.2. Desenvolvimento futuro .................................................................................... 107
Bibliografia ................................................................................................................... 109
Apêndices ..................................................................................................................... 117
A. Dados de entrada.................................................................................................. 119
B. Artigo cientifico publicado na 9th International Conference on the European
Energy Market – EEM12 .......................................................................................... 126
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Índice de figuras
Figura 1.1: Distribuição da energia elétrica gerada por tipo de tecnologia em 2011 ...... 3
Figura 1.2: Esquema de uma central hídrica reversível .................................................. 8
Figura 1.3: Tipos de centrais hídricas reversíveis ........................................................... 9
Figura 2.1: Redução da escala mínima eficiente (1) e expansão da procura (2) ........... 30
Figura 2.2: Curvas agregadas de oferta e procura ......................................................... 34
Figura 2.3: Processo de determinação do preço de equilíbrio do mercado diário
para Portugal e Espanha ................................................................................................. 36
Figura 2.4: Estrutura por sessões do mercado intradiário do MIBEL.. ......................... 37
Figura 2.5: Energia de reserva de regulação utilizada pelo sistema a subir e a
descer .............................................................................................................................. 44
Figura 3.1: Influência da CHR no preço de equilíbrio do mercado diário. ................... 48
Figura 3.2: Categorias de elasticidade da procura residual ........................................... 50
Figura 3.3: Aproximação da curva de procura residual inversa a uma função
sigmoide ......................................................................................................................... 51
Figura 3.4: Curva de procura residual inversa com aproximação à função
sigmoide ......................................................................................................................... 56
Figura 3.5: Curva de procura residual inversa para diferentes graus de poder de
mercado .......................................................................................................................... 57
Figura 3.6: Diagrama de blocos simplificado para a determinação do perfil ótimo
de geração e bombagem da CHR ................................................................................... 69
Figura 4.1: Preço de equilíbrio e energia casada sem a intervenção da empresa de
geração – 7 a 13 de novembro de 2011 .......................................................................... 75
Figura 4.2: Declive das curvas de oferta, procura e procura residual inversa –
7 a 13 de novembro de 2011 ........................................................................................... 75
Figura 4.3: Declive da curva de procura residual inversa (δ) – 7 a 13 de novembro
de 2011 ........................................................................................................................... 76
Figura 4.4: Elasticidade da procura residual – 7 a 13 de novembro de 2011................ 77
Figura 4.5: Preço de equilíbrio e energia casada sem a intervenção da empresa de
geração – 11 de novembro de 2011 ................................................................................ 77
Figura 4.6: Elasticidade da procura residual – 11 de novembro de 2011 ..................... 78
- xii -
Figura 4.7: Preço de equilíbrio do mercado diário e geração eólica em Portugal –
7 a 13 de novembro de 2011 ........................................................................................... 79
Figura 4.8: Preço de equilíbrio do mercado diário e geração eólica em Portugal –
11 de novembro de 2011 ................................................................................................ 80
Figura 4.9: Energia bombeada e gerada pela CHR para diferentes graus de poder
de mercado – 7 a 13 de novembro de 2011 .................................................................... 81
Figura 4.10: Energia armazenada no reservatório superior da CHR para diferentes
graus de poder de mercado – 7 a 13 de novembro de 2011 ............................................ 81
Figura 4.11: Energia bombeada e gerada pela CHR para diferentes graus de poder
de mercado – 11 de novembro de 2011 .......................................................................... 82
Figura 4.12: Preço de equilíbrio para diferentes graus de poder de mercado, após
intervenção da CHR – 11 de novembro de 2011 ............................................................ 83
Figura 4.13: Energia total bombeada e lucro obtido para diferentes graus de poder
de mercado ...................................................................................................................... 84
Figura 4.14: Lucro médio da energia vendida pela empresa de geração para
diferentes graus de poder de mercado ............................................................................ 85
Figura 4.15: Curva ordenada dos preços de equilíbrio.................................................. 85
Figura 4.16: Energia bombeada e gerada pela CHR para diferente potência
nominal da CTB – 7 a 13 de novembro de 2011 ............................................................ 87
Figura 4.17: Energia bombeada e gerada pela CHR para diferente potência
nominal da CTB – 11 de novembro de 2011 .................................................................. 87
Figura 4.18: Preço de equilíbrio para diferente potência nominal da CTB – 11 de
novembro de 2011 .......................................................................................................... 88
Figura 4.19: Energia armazenada no reservatório superior para diferente potência
nominal da CTB – 7 a 13 de novembro de 2011 ............................................................ 89
Figura 4.20: Energia total bombeada para diferentes graus de poder de mercado e
diferente potência nominal da CTB ................................................................................ 90
Figura 4.21: Lucro médio da energia vendida pela empresa de geração para
diferentes graus de poder de mercado e diferente potência instalada da CTB ............... 91
Figura 4.22: Energia bombeada e gerada pela CHR para diferente potência
instalada do parque eólico – 7 a 13 de novembro de 2011 ............................................. 93
Figura 4.23: Energia bombeada e gerada pela CHR para diferente potência
instalada do parque eólico – 11 de novembro de 2011................................................... 94
- xiii -
Figura 4.24: Efeito da geração eólica e da operação da CHR no preço de
equilíbrio. ........................................................................................................................ 94
Figura 4.25: Preço de equilíbrio para diferente potência instalada do parque eólico
– 11 de novembro de 2011 ............................................................................................. 95
Figura 4.26: Energia armazenada no reservatório superior para diferente potência
instalada do parque eólico – 7 a 13 de novembro de 2011 ............................................. 96
Figura 4.27: Energia total bombeada para diferentes graus de poder de mercado e
diferente potência instalada do parque eólico................................................................. 97
Figura 4.28: Lucro médio da energia vendida para diferentes graus de poder de
mercado e diferente potência instalada do parque eólico ............................................... 98
- xiv -
- xv -
Índice de tabelas
Tabela 1.1: Rendimentos dos principais componentes de uma central hídrica
reversível ........................................................................................................................ 10
Tabela 3.1: Dados do mercado diário relativos à hora 20 do dia 11 de novembro
de 2011 ........................................................................................................................... 55
- xvi -
- xvii -
Lista de acrónimos
CHR Central Hídrica Reversível
CTB Central Térmica de Base
DGEG Direcção Geral de Energia e Geologia
EDP Electricidade de Portugal
GAMS General Algebraic Modeling System
MIBEL Mercado Ibérico de Eletricidade
OMIClear Sociedade de Compensação de Mercados de Energia
OMIE Operador del Mercado Ibérico de Energia – Pólo Español
OMIP Operador do Mercado Ibérico de Energia - Pólo Português
OTC Over-The-Counter
PNBEPH Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidrelétrico
REE Red Elèctrica de España
REN Redes Energéticas Nacionais
- xviii -
- xix -
Lista de variáveis
Energia elétrica licitada/ofertada pela empresa de geração (MWh)
Energia elétrica casada no mercado diário sem intervenção da empresa
de geração (MWh)
Energia elétrica bombeada pela central hídrica reversível (MWh)
Máxima energia elétrica que a central hídrica reversível pode bombear
numa hora (MWh)
Energia elétrica gerada pelo parque eólico (MWh)
Energia elétrica gerada pela central hídrica reversível (MWh)
Máxima energia elétrica que a central hídrica reversível pode gerar
numa hora (MWh)
Energia elétrica bombeada ou gerada pela central hídrica reversível
(MWh)
Energia elétrica gerada pela central térmica de base (MWh)
, , Parâmetros que modelizam a função sigmoide
Lucro da empresa de geração (€)
Lucro marginal da empresa de geração (€/MWh)
Potência instalada do parque eólico (MW)
Potência nominal da central térmica de base (MW)
Energia armazenada no reservatório superior da central hídrica
reversível (MWh)
Mínimo pretendido de energia armazenada no reservatório superior da
central hídrica reversível no final do período de otimização (MWh)
Energia inicialmente armazenada no reservatório superior da central
hídrica reversível (MWh)
Valor mínimo permitido de energia armazenada no reservatório
superior da central hídrica reversível (MWh)
- xx -
Valor máximo permitido de energia armazenada no reservatório
superior da central hídrica reversível (MWh)
Fator multiplicativo que permite modificar o grau de poder de mercado
Declive da curva de procura no ponto de equilíbrio do mercado diário
(€/MWh2)
Declive da curva de oferta no ponto de equilíbrio do mercado diário
(€/MWh2)
Declive da curva de procura residual inversa no ponto de equilíbrio do
mercado diário (€/MWh2)
Elasticidade da procura residual
Rendimento da central hídrica reversível quando bombeia
Rendimento da central hídrica reversível quando gera
Rendimento do ciclo de bombagem
Preço de equilíbrio do mercado diário sem a participação da empresa de
geração (€/MWh)
Preço de equilíbrio após a participação da empresa de geração no
mercado diário (€/MWh)
Máximo preço de licitação permitido no mercado diário (€/MWh)
- 1 -
1. Introdução
Neste capítulo introdutório é realizada uma contextualização do presente trabalho,
evidenciando-se as principais motivações que contribuíram para a elaboração do
mesmo. Neste capítulo é também efetuada uma breve descrição das principais
características das centrais hídricas reversíveis e das diferentes formas de as operar,
bem como uma descrição dos principais objetivos que se propõe atingir com a presente
dissertação, concluindo-se com a apresentação da sua estrutura.
CCaappííttuulloo
11
IInnttrroodduuççããoo
- 2 -
- 3 -
1. Introdução
1.1. Contexto e motivação
A energia elétrica é gerada com recurso a diferentes fontes de energia primária,
utilizando-se para tal centrais de tecnologias diferentes que se podem agrupar em duas
categorias: tecnologias não renováveis e tecnologias renováveis. As tecnologias não
renováveis são tipicamente baseadas em processos de combustão de combustíveis
fósseis, tais como o carvão, fuelóleo, diesel ou gás, ou através da fissão nuclear. As
tecnologias renováveis realizam geração de energia elétrica aproveitando os recursos
renováveis, que permitem a sua utilização sem risco de se esgotarem. São exemplos de
fontes energéticas renováveis: sol, ondas, marés, rios, vento, geotermia e biomassa [1].
Por forma a melhorar a segurança de abastecimento de energia elétrica, deve-se
fomentar a utilização de diversas tecnologias, sendo que todas elas apresentam
vantagens e desvantagens quer a nível ambiental, económico ou social.
Neste sentido, o sistema electroprodutor de Portugal possuí uma vasta diversidade de
tecnologias, apresentando, no ano de 2011, uma distribuição da geração de energia
elétrica relativamente equilibrada, tal como se pode constatar pela Figura 1.1.
Figura 1.1: Distribuição da energia elétrica gerada por tipo de tecnologia em 2011 [2].
- 4 -
No ano de 2011, do total da energia elétrica gerada em Portugal, 48,2% foi efetuada por
tecnologia renovável, tendo em 2010, alcançado os 55,1% [2]. Estes números são
bastante positivos e devem-se principalmente à geração por parte de centrais hídricas e
de uma forte aposta nas centrais eólicas. Esta forte aposta implicou que, em 2010, 21%
do consumo de energia elétrica fosse proveniente de centrais eólicas, levando Portugal a
ocupar a segunda posição a nível mundial [3]. Em termos absolutos, nesse mesmo ano
Portugal foi o oitavo maior produtor do mundo de energia elétrica proveniente desta
tecnologia [4].
Esta crescente aposta na geração renovável tem-se constatado um pouco por todo o
mundo, motivado não só pela preocupação ambiental, mas também pelo crescente
aumento do custo dos combustíveis fosseis. Além deste tipo de geração de energia
elétrica não apresentar emissões diretas de gases com efeito de estufa, acresce ainda a
vantagem de aumentar a independência energética, garantindo uma maior segurança de
abastecimento.
Uma das particularidades do sistema elétrico é o facto de a potência de geração ter que
igualar, a cada momento, a potência requerida pelos consumidores. A não manutenção
deste equilíbrio pode levar à instabilidade do sistema elétrico, residindo neste ponto
uma das maiores desvantagens da tecnologia renovável não despachável, cuja geração
depende das condições atmosféricas. Deste modo, o sistema elétrico pode enfrentar
problemas em relação ao balanço de potências, sendo este agravado nos períodos onde o
consumo é baixo e, por exemplo, a energia eólica disponível é elevada, ocorrendo assim
excesso de geração.
De acordo com o programa nacional de barragens com elevado potencial hidroelétrico
(PNBEPH) [5], a crescente instalação de centrais eólicas em Portugal levará, em 2020, o
sistema elétrico nacional a enfrentar uma probabilidade de 27,5% de ocorrência de
excesso de geração de energia elétrica por parte de centrais eólicas, doravante designado
de geração eólica, nos períodos de baixo consumo. Essa probabilidade poderá subir para
valores entre os 40% e 50% em situações extremas de regime hidrológico húmido e
vento forte.
Quando este excesso de geração é verificado, uma das soluções que pode ser tomada é
cortar a geração eólica. Porém, esta medida implica o desperdício de um recurso
renovável e ainda um aumento do consumo dos combustíveis fosseis, pelo que esta
- 5 -
opção deve ser evitada sempre que possível [6]. Uma outra solução é proceder-se ao
armazenamento da energia gerada em excesso, para que esta possa ser utilizada quando
mais conveniente, através do uso de tecnologias de armazenamento de energia, tais
como as centrais hídricas reversíveis, que têm vindo a ser utilizadas deste o início do
século XX [7]. Considerando o seu elevado rendimento e a sua grande capacidade de
armazenamento, as centrais hídricas reversíveis são, atualmente, vistas como uma das
soluções com maior potencial para evitar o corte da geração eólica quando ocorre
excesso de geração [6], [8], [9].
Neste sentido, em Portugal, tem-se assistido a diversas requalificações de centrais
hídricas de albufeira convencionais, para que estas possuam também a capacidade de
bombagem. Com o PNBEPH está prevista ainda a construção de novas centrais
hídricas, sendo estas na maioria reversíveis.
Esta solução parte do princípio de que as centrais hídricas reversíveis vão estar
predispostas a armazenar o excesso de geração, quando esta ocorrer. Num contexto de
despacho centralizado, é relativamente fácil de implementar este princípio de
funcionamento. No entanto, numa perspetiva de mercado liberalizado concorrencial, as
centrais hídricas reversíveis têm que comprar e vender energia elétrica para poderem
realizar bombagem e geração, respetivamente. Esta compra e venda pode ser efetuada
em diversos mercados, sendo, no entanto, mais utilizado o mercado diário.
Considerando-se que as centrais hídricas reversíveis são tomadoras de preço, isto é, não
possuem capacidade de influenciar o preço de equilíbrio do mercado, nos períodos de
baixo consumo e elevada geração eólica, o baixo preço de equilíbrio do mercado diário
dará incentivo a que estas realizem bombagem, levando a uma adequada integração da
geração eólica no sistema elétrico. Porém, se algumas das centrais hídricas reversíveis
apresentarem poder de mercado, tendo assim capacidade de influenciar o preço de
equilíbrio do mercado diário, poderão adotar perfis de bombagem e geração que
permitam maximizar o seu lucro, mas que divirjam do objetivo de maximizar a
integração da geração eólica.
Deste modo, a expectativa de que as centrais hídricas reversíveis permitirão a integração
de maiores quantidades de geração renovável, nomeadamente a geração eólica, pode vir
a não se concretizar por estas apresentarem poder de mercado, constituindo este facto
uma motivação acrescida para a escolha do tema a abordar.
- 6 -
1.2. Centrais hídricas reversíveis
Uma central hídrica convencional tem como princípio de funcionamento transformar a
energia mecânica da água, sob o efeito da gravidade, em energia elétrica, sendo esta
conseguida através de desnível topográfico originado por um açude ou barragem. Uma
central hídrica reversível permite, além disso, transformar energia elétrica em energia
potencial gravítica através da bombagem de água de um reservatório inferior para um
reservatório superior, possibilitando, assim, a sua utilização no futuro [10].
1.2.1. Evolução histórica
As primeiras centrais hídricas com bombagem foram instaladas na Suíça e Itália em
1890, de modo a permitir o armazenamento do excedente de energia elétrica gerado
pelas centrais hidroelétricas de fio-de-água durante os períodos noturnos, para que essa
energia pudesse ser posteriormente utilizada nos períodos de maior consumo.
Estas centrais foram utilizadas para o abastecimento de energia elétrica na rede pública
de alguns países europeus durante o início do século XX, tendo sido ampliada a sua
função para um nível económico, associando-se a sua operação com centrais térmicas.
Antes de 1920, a maioria das centrais hídricas com bombagem apresentava dois eixos
distintos, um para o conjunto turbina-gerador e outro para o conjunto bomba-motor.
Mais tarde, foram realizadas algumas modificações no sentido de se obter um sistema
com três unidades num único eixo, compreendendo deste modo a turbina, a bomba e o
gerador-motor. Este tipo de central foi amplamente adotado na Europa, no entanto,
atualmente apenas representa uma pequena proporção de novas instalações.
O aparecimento do sistema reversível ocorre em 1933, quando é apresentado o primeiro
conjunto de turbina-bomba reversível numa pequena aplicação em Baldeney, na
Alemanha. No entanto, apenas em 1956, em Hiwassee nos Estados Unidos da América,
é instalada uma central hídrica reversível de grande potência, apresentando esta uma
capacidade de potência instalada de 56 MW, com uma altura de 60 m [11].
O desenvolvimento das centrais hídricas reversíveis permaneceu relativamente lento até
à década de 1960, onde a energia nuclear começou a apresentar um papel dominante na
geração de energia elétrica. Com a intenção de complementar a energia nuclear, por
- 7 -
forma a fornecer os picos de consumo, as centrais hídricas reversíveis ganharam uma
grande valorização, o que permitiu um grande desenvolvimento desta tecnologia [12].
Este desenvolvimento foi tal que, desde as primeiras aplicações até à década de 1980, a
potência das unidades aumentaram de alguns quilowatt até cerca de 400 MW, as quedas
úteis passaram de valores inferiores a 200 m para cerca de 1400 m e os rendimentos
globais aumentaram desde 40% até acima dos 75% [11].
No entanto, na década de 1990, constata-se uma diminuição significativa na instalação
de novas centrais hídricas reversíveis. Este facto deve-se principalmente aos baixos
preços do gás natural, que tornaram as turbinas a gás mais competitivas no
fornecimento de energia elétrica, e à crescente preocupação do impacte ambiental que a
construção de novas centrais hídricas reversíveis provocam.
Atualmente, as centrais hídricas reversíveis apresentam novamente um grande interesse,
pois a sua capacidade de armazenamento pode complementar a geração eólica,
permitindo a sua integração de forma mais eficiente nos sistemas elétricos. Em 2009,
existiam centenas de centrais hídricas reversíveis por todo o mundo, com um total de
capacidade instalada de 127 GW, sendo o Japão o país com maior capacidade instalada,
correspondendo a 25,2 GW [12].
Portugal
A utilização da energia hidráulica para a produção de energia elétrica teve início em
Portugal no ano 1894, através de um aproveitamento no rio Corgo, com uma capacidade
de potência instalada de cerca 120 kW e uma queda aproximadamente 25 metros [13].
Os primeiros aproveitamentos alimentavam instalações industriais localizadas nas
imediações das próprias centrais. Com o tempo, estas pequenas centrais isoladas
começaram também a ser utilizadas para a alimentar a iluminação pública das
povoações onde se encontravam as instalações industriais, bem como para algumas
habitações.
Em meados da década de 1930 é dado um significativo impulso à construção de grandes
aproveitamentos hídricos, devendo-se este à criação da Junta de Electrificação Nacional
e à realização sistemática de estudos sobre a exploração das principais bacias
hidrográficas nacionais. A instalação de diversas centrais de grandes aproveitamentos
de albufeira, tal como a de Castelo do Bode, permitiu que, em 1960, 80% da potência
- 8 -
instalada e 95% da energia elétrica consumida em Portugal tivesse origem hidroelétrica
[5].
Apenas em 1964 entrou em funcionamento a primeira central hídrica reversível do país,
através do aproveitamento do Alto Rabagão no rio Rabagão, com uma potência
instalada de 72 MW e uma altura de queda média de 169 m [13].
Desde então, o número de centrais hídricas reversíveis instaladas tem aumento
consideravelmente, tendo Portugal, em 2009, a décima quinta maior capacidade
instalada do mundo, com um total de 1029 MW [12].
1.2.2. Aspetos tecnológicos
Para que uma central hídrica reversível possa operar é necessário que exista um
reservatório de uma cota mais baixa, denominado de reservatório inferior, e um
reservatório de cota superior, denominado de reservatório superior. Os reservatórios são
interligados por um circuito hidráulico onde existe um conjunto turbina-bomba
reversível acoplada a uma máquina elétrica, permitindo a central hídrica reversível
funcionar tanto em modo de geração, quando a água flui do reservatório superior para o
reservatório inferior, como em modo de bombagem, quando a água é bombeada do
reservatório inferior para o reservatório superior. O funcionamento da central é
supervisionado e comandado através do centro de controlo, sendo os principais
constituintes de uma central hídrica reversível esquematizados na Figura 1.2.
Figura 1.2: Esquema de uma central hídrica reversível. Adaptado de [12].
- 9 -
O modo de construção dos dois reservatórios é bastante variado, no entanto, pode-se
agrupar as centrais hídricas reversíveis em dois tipos [12]:
Centrais hídricas reversíveis puras, onde a fonte de energia é apenas a água
previamente bombeada para o reservatório superior. Um exemplo deste tipo de
centrais é a central de Okinawa no Japão [14], representada na Figura 1.3 a).
Centrais hídricas reversíveis combinadas, onde a fonte de energia é não só a
água armazenada no reservatório superior proveniente da bombagem, mas
também a água que flui para este através de um afluente natural. Um exemplo
deste tipo de centrais é a central do Alqueva em Portugal [15], representada na
Figura 1.3 b).
[14]. [15].
Figura 1.3: Tipos de centrais hídricas reversíveis.
Tipicamente, nas centrais hídricas reversíveis puras, é utilizado como reservatório
inferior o mar ou um lago, sendo aproveitado uma elevação montanhosa para se
construir o reservatório superior. Caso da água contenha um grau de salinidade
considerável, por exemplo a água do mar, é necessário proceder-se a algumas medidas
preventivas para que não ocorram fenómenos de corrosão nos equipamentos, tais como,
a utilização de tintas com propriedades anticorrosivas e materiais de construção de aço
inoxidável [14].
As centrais hídricas reversíveis combinadas são normalmente construídas em afluentes
naturais, tais como os rios. Para que a água turbinada não flua para o mar, é necessário
construir uma barragem a jusante da central hídrica reversível.
a) Central hídrica reversível pura de
Okinawa, no Japão
b) Central hídrica reversível combinada
do Alqueva, em Portugal
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Devido aos valores de rendimento de operação dos diversos componentes individuais, o
processo de bombagem e geração apresenta um rendimento global, também
denominado de rendimento do ciclo de bombagem, inferior à unidade, tal como se pode
constatar na Tabela 1.1.
Tabela 1.1: Rendimentos dos principais componentes de uma central hídrica reversível [16].
Componente Rendimento (%)
Motor-Gerador 96 - 97
Turbina-Bomba 88 - 92
Conduta forçada 92 - 98
Rendimento global 65 - 80
1.2.3. Impacte da sua utilização
As centrais hídricas reversíveis apresentam variadas vantagens, destacando-se a elevada
capacidade de armazenamento de energia, o rápido tempo de resposta, a baixa auto-
descarga, o elevado tempo de vida de operação e ainda a possibilidade de um grande
número de ciclos, o que torna esta tecnologia adequada para a manutenção da
estabilidade do sistema elétrico. Estas características possibilitam ainda o apoio à
integração das tecnologias renováveis que apresentam geração de energia elétrica
variável, tais como as centrais eólicas, permitindo assim reduzir o recurso à geração
térmica e consequentemente reduzir as emissões diretas de gases com efeito de estufa e
a dependência energética externa [17].
No entanto, as centrais hídricas reversíveis apresentam também alguns inconvenientes.
A implantação deste tipo de centrais requer condições geográficas adequadas, com
diferença de cotas consideravelmente elevada entre os dois reservatórios e uma
quantidade significativa de recursos hídricos, o que limita consideravelmente a
localização da sua instalação. As obras de engenharia civil são, tipicamente, complexas
o que provoca um elevado custo inicial e um tempo de construção demorado, chegando
a ser mais de uma década.
A juntar às dificuldades técnicas e económicas da construção de uma central hídrica
reversível, há ainda que avaliar o impacte ambiental pois, tipicamente, as obras de
engenharia civil implicam o bloqueio dos afluentes naturais levando à inundação de
- 11 -
áreas anteriormente secas. São assim destruídos alguns habitats marinhos e terrestres,
pelo que deve ser empregue algumas medidas que permitam minimizar os impactes
ambientais, tais como, a existência de um caudal ecológico de modo a preservar o
ecossistema a jusante da central hídrica reversível [12].
1.2.4. O futuro da tecnologia
A vantagem da complementaridade entre as centrais hídricas reversíveis e as centrais
eólicas tem levado os países, um pouco por todo o mundo, a procurarem soluções para
aumentarem a capacidade de potência instalada de bombagem.
De forma a minimizar o impacte ambiental que a construção de novas centrais acarreta,
uma das medidas atualmente adotadas passa pela renovação e modernização das
centrais hídricas reversíveis já existente, conseguindo-se melhorar não só a capacidade
de potência instalada, como também o rendimento do ciclo de bombagem. Além disso,
muitas centrais hídricas convencionais existentes estão a ser requalificadas de modo a
possuírem a capacidade de bombagem, tornando-se, desse modo, centrais hídricas
reversíveis combinadas.
A procura de novas abordagens à construção de centrais hídricas reversíveis tem
despertado o interesse de muitos investigadores. O Japão foi nesta área o pioneiro, com
a instalação da primeira central hídrica reversível pura que utiliza água salgada do mar,
em Okinawa. Um projeto semelhante foi proposto na Irlanda, onde se utilizaria, no
entanto, uma caverna subterrânea como reservatório inferior e o mar como reservatório
superior [12].
Segundo Yang e Jackson [18], os Estados Unidos da América possui também uma vasta
investigação neste domínio, sendo indicado pelos autores trinta e seis estudos
preliminares de centrais hídricas reversíveis, correspondendo vinte e nove desses
estudos a centrais de bombagem pura. Destes aproveitamentos destaca-se o facto de
alguns utilizarem, à semelhança do projeto da Irlanda, cavernas subterrâneas como
reservatório inferior e outros utilizarem antigas pedreiras como reservatório superior.
As previsões apontam para um aumento de 76 GW da potência instalada de bombagem
em todo o mundo até 2014, apresentando a China um plano mais ambicioso, que
consiste em aumentar a sua capacidade de potência instalada em 50 GW até ao ano
2020 [12].
- 12 -
Portugal
Portugal, com a criação do PNBEPH, apresenta como objetivo para 2020, possuir uma
capacidade instalada de geração hídrica superior a 7000 MW, aproveitando deste modo
cerca de 70% dos recursos hídricos. Para as metas estabelecidas serão implementados
novos aproveitamentos hídricos, apresentando a maioria reversibilidade.
De acordo com o PNBEPH [5], para uma correta integração da geração eólica no
sistema elétrico, este deve possuir uma capacidade de bombagem na ordem de 1_MW
por cada 3,5 MW de potência instalada de centrais eólicas, o que corresponderá a uma
necessidade, a médio prazo, de 1600 MW de capacidade de bombagem.
A entrada em serviço dos novos grandes aproveitamentos com componente reversível
do Alqueva II e Baixo Sabor deverá proporcionar uma capacidade de bombagem
nacional aproximadamente de 1400 MW. No entanto, os primeiros aproveitamentos
implementados no âmbito do PNBEPH não deverão entrar em serviço antes da
conclusão do programa que é em 2020, podendo, deste modo, vir a ocorrer falta de
capacidade de bombagem durante uma boa parte da presente década. Como solução
para este problema, e embora não constante no âmbito do PNBEPH, poderá encarar-se a
instalação de um, ou mais aproveitamentos de reversibilidade pura, destinados a
disponibilizar rapidamente uma capacidade adicional de bombagem conveniente [5].
Em Portugal foram efetuados estudos de locais promissores para a instalação de centrais
hídricas reversíveis puras, destacando-se o aproveitamento de Linhares com uma
possível capacidade instalada de 460 MW e uma altura de queda de 486 m [13].
1.3. Modelização da operação de centrais hídricas
reversíveis
Tal como referido anteriormente, o rendimento do ciclo de bombagem de qualquer
central hídrica reversível é inferior à unidade, pelo que, armazenar energia para
utilização futura implica uma perda energética. Deste modo, uma central hídrica
reversível apenas terá incentivo para operar quando tal representar ganhos a nível
económico. Dependendo do contexto em que a central está inserida, os ganhos
económicos podem ser obtidos através de diferentes perfis de funcionamento.
- 13 -
Num contexto de despacho de geração centralizado, o perfil de geração e bombagem da
central hídrica reversível é obtido através de um processo de coordenação hidro-térmica,
que tem por objetivo a minimização do custo total de geração de energia elétrica do
sistema. Neste caso, a central hídrica reversível irá realizar bombagem nos períodos de
menor consumo, quando o custo marginal das centrais térmicas é mais baixo, e irá gerar
energia elétrica nos períodos de maior consumo, quando o custo marginal das centrais
térmicas é maior [19].
No entanto, num contexto de mercado liberalizado de energia elétrica, as centrais
pertencem a empresas que têm como objetivo maximizar o seu lucro. Desta forma, a
operação em ambiente de mercado motivou diversos investigadores a desenvolverem
estratégias para a programação da operação de centrais hídricas reversíveis inseridas
neste contexto. Estas estratégias podem apresentar abordagens determinísticas, onde se
considera que os dados de entrada são precisos, ou probabilísticas, onde é tido em conta
a incerteza das previsões efetuadas. Além disso, as centrais podem ser consideradas
tomadoras de preço1, onde a sua intervenção no mercado não influencia o preço de
equilíbrio do respetivo mercado, ou definidoras de preço2, onde estas exercem o seu
poder de mercado para influenciar o preço de equilíbrio do mercado onde participam.
Lu et al. [20] desenvolveram um algoritmo que determina a operação ótima de uma
central hídrica reversível pura inserida no mercado diário e no mercado de serviços de
sistema. Deste modo, a central hídrica reversível obterá receita pela venda de energia
elétrica no mercado diário e pela participação no mercado de serviços de sistema, sendo
considerada reserva não girante quando está parada e reserva girante quando está a
bombear água, pois esta pode diminuir a sua potência de bombagem e
consequentemente diminuir a potência de consumo do sistema elétrico. Na formulação
do problema é considerado também os custos de operação e manutenção e ainda o
pagamento da compra de energia elétrica no mercado diário, necessária para a
realização de bombagem. A estratégia adotada considera que a central hídrica
reversível, ao realizar licitações de compra e ofertas de venda, não influencia o preço de
equilíbrio do mercado diário, sendo, deste modo, considerada tomadora de preço. Para a
aplicação do algoritmo que determina a operação da central hídrica reversível é
necessário possuir valores previstos do preço de equilíbrio do mercado diário. Devido à
1 Do inglês “price-taker”.
2 Do inglês “price-maker”.
- 14 -
reduzida eficácia da previsão a longo prazo, torna-se difícil aplicar o algoritmo para um
período de tempo longínquo, por outro lado, se este for aplicado num horizonte diário
diminui-se o aproveitamento da variação do preço de equilíbrio ao longo do tempo e da
capacidade de armazenamento da central hídrica reversível. Dado isto, a operação da
central hídrica reversível é programada para um horizonte semanal e numa abordagem
determinística, onde, deste modo, os valores previstos do preço de equilíbrio do
mercado diário são considerados precisos. Em relação aos preços da reserva girante e
não girante, os autores consideraram-nos constantes em todas as horas. Dos resultados
obtidos é possível verificar que a central hídrica reversível consome energia elétrica
para bombear água nas horas de menor preço de equilíbrio e gera energia elétrica nas
horas de maior preço de equilíbrio. Se a central não participasse no mercado de serviços
de sistema, a relação entre o preço de compra mais elevado e o preço de venda mais
baixo, para a central hídrica reversível realizar bombagem e geração, respetivamente, é
o mais próximo possível do rendimento do ciclo de bombagem. No entanto, com a
participação no mercado de serviços de sistema, esta relação aumenta, provocando um
aumento do preço máximo de compra e uma diminuição do preço mínimo de venda. É
possível ainda verificar que, predominantemente, durante os dias de semana a central
hídrica reversível vende energia elétrica, enquanto nos dias de fim de semana esta
compra energia elétrica para realizar bombagem. Isto acontece porque os preços de
equilíbrio praticados nos dias de semana são, tipicamente, superiores aos praticados nos
dias de fim de semana. Entre semanas da mesma estação do ano, a central hídrica
reversível apresenta uma operação semelhante, no entanto, entre estações do ano
verifica-se que existem diferenças consideráveis, podendo estas diferenças representar
praticamente o dobro da energia bombeada. Quando os valores previstos do preço de
equilíbrio não estão disponíveis, pode utilizar-se os valores do preço de equilíbrio
registados no passado, obtendo-se assim uma programação semanal fixa para um dado
período de tempo, por exemplo um mês. Este processo é, no entanto, menos rentável.
Kanakasabapathy e Swarup [21], através de programação inteira-mista, desenvolveram
um algoritmo de otimização multinível, por forma a programar a operação de uma
central hídrica reversível pura inserida num mercado híbrido, isto é, combinando o
mercado diário, o mercado de serviços de sistema e ainda os contratos bilaterais. A
receita é obtida pela venda de energia elétrica através do mercado diário e de contratos
bilaterais, por a central hídrica reversível ser considerada reserva não girante quando
- 15 -
está parada e ainda por ser considerada reserva girante quando está a bombear água,
pois esta pode diminuir a sua potência de bombagem e consequentemente diminuir a
potência de consumo do sistema elétrico. Em relação aos custos de operação, além do
pagamento da energia elétrica obtida no mercado diário e nos contratos bilaterais,
necessária para a realização de bombagem, são ainda considerados os custos de
manutenção, de arranque e de paragem. Para a aplicação do algoritmo desenvolvido é
necessário utilizar valores previstos do preço de equilíbrio do mercado diário, pelo que,
à semelhança do trabalho anterior, foi adotado um horizonte de otimização semanal com
uma abordagem determinística. Relativamente aos preços da reserva girante e não
girante, estes são considerados constantes em todas as horas. A negociação do preço de
compra e venda da energia elétrica através de contratos bilaterais pode ser realizada de
diversos modos, sendo o modo mais vantajoso para a central hídrica reversível que o
preço de compra e venda seja acordado pelos valores mínimo e máximo previstos no
mercado diário, respetivamente. No trabalho desenvolvido foram estudadas duas
estratégias de realização de contratos bilaterais, tendo sido considerado um rendimento
do ciclo de bombagem de 2/3 e que no final do período de otimização o nível de água
no reservatório superior é igual ao inicial. Para que as considerações anteriores sejam
cumpridas, na primeira estratégia a central hídrica reversível realiza bombagem e
geração durante igual período de tempo, porém a potência utilizada na geração é igual a
2/3 da utilizada na bombagem. Na segunda estratégia, a central hídrica reversível realiza
bombagem e geração com igual potência, no entanto, esta apenas realiza geração
durante duas horas por cada três horas de bombagem. Dos resultados obtidos verificou-
se que a utilização de qualquer uma das estratégias de contratos bilaterais é
economicamente mais favorável do que a não utilização das mesmas. No entanto, entre
as estratégias de contratos bilaterais, é notoriamente mais vantajoso a utilização da
segunda estratégia. Embora no modelo desenvolvido a central hídrica reversível tenha
sido considerada como tomadora de preço, os autores efetuaram um estudo que analisa
o impacto da operação de uma central hídrica reversível quer no bem-estar social, quer
no preço de equilíbrio, quando esta apresenta poder de mercado. Deste estudo é possível
concluir que quando a central hídrica reversível compra energia elétrica para realizar
bombagem, a procura do mercado vai aumentar levando a um aumento do preço de
equilibro. Quando a central hídrica reversível opera em modo de geração, as ofertas de
venda aumentam a oferta do mercado, diminuindo o preço de equilíbrio. Em ambas as
- 16 -
situações verifica-se que, com a intervenção da central hídrica reversível no mercado, o
bem-estar social aumenta. De um modo geral, a central hídrica reversível ao operar
transfere a energia quando esta é relativamente mais abundante, sendo por isso o preço
mais baixo, para períodos onde ela é relativamente mais escassa, sendo portanto o preço
mais elevado, provocando deste modo uma menor oscilação do preço de equilíbrio ao
longo do dia.
Tendo em conta o risco e incerteza que uma empresa de geração de energia elétrica
enfrenta quando inserida num contexto de mercado liberalizado, Ni et al. [22]
desenvolveram uma estratégia que otimiza as licitações horárias nos mercados diário e
de serviços de sistema com o objetivo de maximizar o seu lucro. Dado o risco e a
incerteza, a otimização da estratégia de licitação em ambos os mercados é conseguida
através da combinação da relaxação Lagrangiana e programação dinâmica estocástica.
Uma empresa apresenta, tipicamente, um variado portefólio de geração que inclui
centrais térmicas, centrais hídricas convencionais e ainda centrais hídricas reversíveis,
sendo portanto necessário ter em atenção diversos fatores que restringem a operação de
cada tipo de central. Devido aos contratos de fornecimento de energia primária, tais
como o carvão e o gás, é necessário garantir que as centrais térmicas geram uma
quantidade de energia mínima. Outro aspeto a ter em conta é que quando a central
hídrica reversível necessita de realizar bombagem, esta terá que fazer uma licitação de
compra no mercado diário. Porém se a empresa preferir que essa energia seja
proveniente de uma central térmica da qual é proprietária, então esta terá também que
realizar uma oferta de venda. O lucro da empresa será a receita obtida pela venda de
energia no mercado diário por todas as centrais e pela disponibilidade de reserva no
mercado de serviços de sistema menos os custos de operação, que para o caso das
centrais hídricas reversíveis, correspondem apenas à compra de energia elétrica para a
realização de bombagem. No entanto, para as centrais térmicas os custos de operação
envolvem os custos associados ao consumo de combustível e os custos de arranque e
paragem. Por forma a diminuir o risco deve estudar-se o comportamento do preço de
equilíbrio face a diferentes situações, como por exemplo, os picos de preço ocorrem,
tipicamente, em situações extremas de muito calor no verão, muito frio no inverno e
ainda devido a falhas na geração ou transmissão. Nestas situações, uma má estratégia de
licitação pode resultar em perdas avultadas em poucos dias ou até horas. Dada a
dificuldade de previsão do preço de equilíbrio nestas situações, a empresa deve vender
- 17 -
energia elétrica quando as incertezas de mercado são elevadas, para capturar potenciais
picos de preço, e comprar energia elétrica quando as incertezas são baixas de modo a
evitar correr riscos. Considerando dez centrais térmicas e uma central hídrica com
quatro grupos reversíveis, foram realizados três casos de estudo. Ignorando o mercado
de serviços de sistema, no primeiro caso de estudo é analisada a influência da gestão do
risco na estratégia de licitação das centrais, verificando-se que ao contabilizar a gestão
do risco reduz-se as variações do lucro obtido, indicando este facto que o risco da
participação da empresa no mercado diário foi minimizado. Considerando agora
também o mercado de serviços de sistema, no segundo caso de estudo é avaliada a
influência da central hídrica reversível na programação das centrais térmicas. Deste
estudo verifica-se que quando a central hídrica reversível realiza bombagem as centrais
térmicas têm que realizar ofertas de venda nos períodos de baixo preço, mas por outro
lado quando a central hídrica reversível gera energia elétrica as obrigações sobre as
centrais térmicas diminuem, havendo, desde modo, uma diminuição da carga das
centrais térmicas. Nos casos de estudo anteriores a previsão dos preços de equilíbrio do
mercado diário foi efetuada adicionando variações aleatórias sobre o preço atual. No
terceiro caso de estudo foi avaliado o uso de redes neuronais para a previsão do preço de
equilíbrio, onde se conclui que estes apresentam um desempenho aceitável. Em todos os
casos de estudo, a central hídrica reversível foi considerada como uma tomadora de
preço, não influenciando assim os preços do mercado diário e nem do mercado de
serviços de sistema.
Numa abordagem determinística, Torre et al. [23] desenvolveram uma estratégia que,
através de programação linear inteira-mista, maximiza o lucro de uma empresa com um
variado portefólio de geração. A estratégia desenvolvida aplica-se a empresas
definidoras de preço com poder de mercado no mercado diário, tendo assim a
capacidade de modificar o preço de equilíbrio deste mercado. Para uma empresa vender
energia elétrica no mercado diário tem que realizar ofertas de venda, obtendo no final
uma quota de mercado. Quando para uma determinada hora uma empresa exerce o seu
poder de mercado, retraindo a geração de energia elétrica, o valor do preço de equilíbrio
para essa hora irá aumentar. A curva que expressa o preço de equilíbrio do mercado
diário com a alteração da quota de mercado da empresa é denominada de curva de
procura residual inversa que tem a característica de ser monótona decrescente em
escada. A curva de procura residual inversa pode ser obtida por duas técnicas: a
- 18 -
primeira através de simulação do mercado diário e a segunda através da previsão das
licitações das outras empresas produtoras. No entanto, para a modelização do problema
nenhuma das técnicas foi aplicada, sendo considerado que a curva de procura residual
era conhecida a priori. Dado a curva de procura residual inversa ser em escada, a
formulação natural do problema de otimização é não linear. Porém, os autores
apresentam uma solução alternativa equivalente que utiliza equações lineares,
facilitando assim a resolução do problema de otimização. De forma a testar a estratégia
desenvolvida, é apresentado um caso de estudo onde se considera uma empresa de
geração que possui quarenta centrais térmicas inserida num mercado diário onde
existem diversas pequenas empresas que totalizam cento e vinte centrais térmicas. A
otimização é realizada num horizonte diário, verificando-se, dos resultados obtidos, que
a empresa de geração faz uso do seu poder de mercado para maximizar o lucro, sendo
este comportamento mais evidente nos períodos de maior procura.
Baillo et al. [24] desenvolveram uma estratégia que, através de programação linear
inteira-mista, maximiza o lucro de uma empresa de geração de energia elétrica inserida
nos mercados diário, intradiário e serviços de sistema. Para qualquer dos mercados é
considerado que estes são constituídos por vinte e quatro leilões, um para cada hora do
dia, com as seguintes características: uniformidade de preços, onde todas as ofertas de
venda são remuneradas ao mesmo preço de equilíbrio determinado para aquela hora; as
empresas podem realizar licitações de compra e ofertas de venda em todos os leilões; e
cada vendedor e comprador pode apresentar diversas ofertas de venda e compra,
respetivamente. É considerado que a empresa apresenta poder de mercado nos três
mercados, tendo assim a capacidade de modificar os respetivos preços de equilíbrio,
sendo a empresa, portanto, considerada definidora de preço. A representação do poder
de mercado é conseguida através de uma curva de procura residual inversa, onde o
preço de equilíbrio é função da quantidade de energia elétrica ofertada pela empresa. Os
autores propõem um método para a obtenção da curva de procura residual inversa
através de três passos: o primeiro implica em descontar as ofertas de geração da
empresa da curva de oferta; no segundo passo é subtraída a curva de oferta obtida no
passo anterior à curva de procura, obtendo-se assim uma curva de procura residual, que
determina qual a quantidade de energia elétrica a ofertar para se atingir um determinado
preço de equilíbrio; o terceiro passo consiste em inverter a curva obtida no segundo
passo, obtendo-se assim a curva de procura residual inversa. No entanto, a empresa de
- 19 -
geração não possui acesso às curvas de procura e oferta em antemão, pelo que esta terá
que preparar suas ofertas tendo em conta a incerteza das licitações das empresas rivais.
A solução proposta pelos autores é a empresa procurar dias onde a procura é semelhante
ao do dia em causa. Uma vez identificado um grupo de dias semelhantes, a empresa
pode assumir os dados desses dias como prováveis de ocorrer para a sessão de mercado
de estudo. As decisões de uma empresa de geração são divididas em três etapas. Na
primeira etapa, a empresa realiza ofertas no mercado diário. Após os resultados deste
mercado a empresa encontra-se na segunda etapa, onde esta pode corrigir o seu
cronograma através do mercado intradiário. Posteriormente, a empresa determina a sua
capacidade de reserva, ofertando-a no mercado de serviços de sistema. Geralmente, a
quantidade de energia negociada diminui com a proximidade do mercado em relação ao
momento da entrega física da energia, pelo que, aparece por ordem decrescente de
energia transacionada o mercado diário, o mercado intradiário e o mercado de serviços
de sistema. Deste modo, os autores simplificam a representação dos mercados
intradiário e de serviços de sistemas, assumindo que a empresa apenas pode realizar
uma única oferta em cada um deles. É também considerado que apenas existe incerteza
na primeira etapa, isto é, no mercado diário, e que a empresa de geração apresenta como
portefólio centrais térmicas, centrais hídricas convencionais e centrais hídricas
reversíveis. Para a programação das centrais térmicas é tido em conta os custos de
operação e manutenção, os custos associados ao consumo de combustível, o mínimo de
geração estável e ainda as rampas de subida e descida. Para as centrais hídricas
convencionais e reversíveis é tido em consideração a quantidade de água armazenada no
reservatório superior, sendo essa expressa em energia equivalente. Além dos mercados
acima referidos é ainda modelizado a utilização de contratos bilaterais, podendo-se
destacar dois tipos de contratos: os contratos bilaterais físicos, onde o preço é constante
ao longo do contracto, e os contratos bilaterais por diferenças, onde o preço é ajustado
pelo preço de equilíbrio dos mercados. De forma a validar a estratégia modelizada, é
realizado um caso de estudo, onde se considera uma empresa de geração detentora de
centrais térmicas e hídricas, das quais algumas apresentam a capacidade de bombagem.
Para este caso de estudo foi considerado apenas os mercados diário e intradiário. Na
análise dos resultados constata-se que quando a curva de procura residual inversa é
muito plana, a incerteza da geração de energia elétrica aumenta, no entanto, essa
incerteza não provoca variações consideráveis no preço de equilíbrio. Por outro lado,
- 20 -
quando a curva de procura residual inversa apresenta um declive mais acentuado a
empresa irá reduzir a sua geração de modo a aumentar a diferença entre o preço de
equilíbrio do mercado e os custos marginais da empresa, obtendo assim um maior lucro.
No entanto, este comportamento pode ser detetado e posteriormente aproveitado pelas
empresas concorrentes para obterem uma maior quota de mercado, levando, a longo
prazo, a uma perda de posição no mercado, e consequentemente a uma perda de poder
de mercado da empresa em questão.
Recentemente, Baslis e Bakirtzis [25] propuseram um método de otimização da
operação de centrais hídricas convencionais e reversíveis, com o objetivo de maximizar
o lucro anual de uma grande empresa de geração de energia elétrica inserida no mercado
diário. Neste mercado, as diversas empresas de geração de energia elétrica realizam
ofertas de venda para cada hora do dia seguinte, sendo estas posteriormente ordenadas
de forma crescente de preço. De seguida, o operador do mercado diário determina, em
função da procura, quais as ofertas que casaram, sendo o preço de equilíbrio dado pelo
preço da última oferta de venda casada. O método desenvolvido pelos autores é
especialmente aplicável a uma empresa com grande capacidade de geração de energia
elétrica, pelo que, esta ao exercer o seu poder de mercado será capaz de manipular
estrategicamente os preços de equilíbrio horários, sendo, deste modo, uma definidora de
preço. A influência da quota da empresa sobre o preço de equilíbrio é modelado através
de uma curva de procura residual inversa, semelhante à desenvolvida em [23]. No
entanto, a curva desenvolvida nesse trabalho apenas permite que as empresas realizem
ofertas de venda, pelo que os autores necessitaram de proceder a alterações na mesma
de forma a possibilitar que as empresas realizem licitações de compra. Ora, quando se
pretende realizar bombagem com uma central hídrica reversível, a energia a comprar
terá que ser licitada, fazendo com que a procura aumente permitindo que ofertas de
venda de preço superior casem, e consequentemente o preço de equilíbrio seja superior.
A curva de procura é considerada, no modelo desenvolvido, rígida, pelo que a curva de
procura residual inversa é obtida como um espelho da curva de oferta no ponto de
equilíbrio do mercado diário e centrado em zero. Deste modo, ao realizar licitações de
compra, isto é, quando a quota da empresa apresenta uma posição líquida compradora, o
preço de equilíbrio aumenta. Por outro lado, quando realizar ofertas de venda o preço de
equilíbrio diminui, pois a quota da empresa apresenta uma posição líquida vendedora.
Para se otimizar a operação das centrais hídricas da empresa de geração para um ano é
- 21 -
necessário proceder a previsões de curto, médio e longo prazo. Dado isto, os autores
dividiram o ano em três partes, sendo a primeira correspondente a um mês, em que é
admitido que as previsões são precisas e portanto é resolvida de forma determinística.
Na segunda e terceira parte, que corresponde a quatro e sete meses respetivamente, as
previsões da quantidade de água dos afluentes e da procura de energia elétrica do
mercado diário apresentam incerteza, pelo que estas partes serão resolvidas num
contexto estocástico em árvore. A vantagem da otimização anual é que se consegue
aproveitar as sazonalidades dos afluentes e da procura de energia elétrica, permitindo
assim armazenar energia de períodos de menor consumo por forma a aumentar a
geração de energia elétrica em períodos de maior procura e, consequentemente, maior
preço de equilíbrio, o que não é possível na otimização a curto prazo. A resolução do
problema de otimização é realizada através de programação linear inteira-mista
estocástica. Por forma a validar o modelo desenvolvido, é realizado um caso de estudo
de uma empresa com oito centrais hídricas convencionais e duas centrais hídricas
reversíveis. Estas centrais encontram-se instaladas em cinco rios da Grécia e totalizam
uma de capacidade de geração de 2720 MW e uma capacidade de bombagem de 720
MW, representando, deste modo, uma quota significativa da capacidade de potência
instalada do país. O início da programação ótima das centrais inicia-se em outubro, pelo
que a primeira parte representa o mês de outubro, a segunda parte inclui os quatro meses
seguintes e a terceira parte é de março a setembro. Com a inclusão de incerteza o
problema de otimização torna-se bastante complexo, apresentando cerca de vinte e três
milhões de variáveis e um tempo de simulação cerca de 30 h. Dos resultados obtidos é
possível verificar que as centrais hídricas armazenam alguma água das duas primeiras
partes, transferindo-a para a terceira parte de otimização de modo a gerar mais energia
elétrica nos picos de preço que ocorrem no verão, devido aos picos de procura. Além do
mercado diário é também avaliada a utilização de contratos bilaterais. Estes contratos
não foram alvo de otimização, sendo considerado um preço fixo para venda de energia
elétrica, no entanto para a realização de bombagem o preço é dado pelo preço de
equilíbrio do mercado diário. Do estudo realizado verificou-se que a utilização de
contratos bilaterais mitiga o poder de mercado da empresa de geração, pois, neste caso,
ela provoca diminuições do preço de equilíbrio do mercado diário para realizar
bombagem. De notar que a utilização de contratos bilaterais provocou comportamentos
inesperados nas centrais hídricas reversíveis, tal como realizar bombagem em horas de
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maior preço de equilíbrio e gerar energia elétrica em horas de menor preço de
equilíbrio. No entanto, este comportamento apenas se verificou para cenários extremos,
principalmente onde a afluência de água era baixa.
1.4. Objetivos e estrutura da dissertação
A presente dissertação tem como principal objetivo estudar o comportamento de uma
central hídrica reversível, definidora de preço inserida no mercado diário do mercado
ibérico de eletricidade (MIBEL), com diferentes graus de poder de mercado. A central
hídrica reversível ao apresentar diferentes graus de poder de mercado varia a sua
participação no mercado diário, o que, consequentemente levará a perfis de geração e
bombagem diferentes. Deste modo é possível avaliar se estes perfis auxiliam, ou por
outro lado divergem do objetivo de integrar a geração eólica no sistema elétrico.
A central hídrica reversível pode, no entanto, pertencer a uma empresa de geração que
possua outras centrais de tecnologia diferente, tais como térmicas ou eólicas. Deste
modo, a operação conjunta de centrais de tecnologias diferentes pode influenciar a
operação da central hídrica reversível, sendo o estudo desta influência também objetivo
do presente trabalho.
Para atingir estes objetivos, foi desenvolvido um modelo de despacho em ambiente de
mercado, por forma a obter o perfil de operação de uma central hídrica reversível que
maximiza o lucro semanal de uma empresa de geração. A empresa de geração pode
possuir apenas uma central hídrica reversível, ou, além desta, pode possuir uma central
térmica ou um parque eólico. Este modelo foi implementado na plataforma informática
GAMS (General Algebraic Modeling System), numa abordagem determinística. O
poder de mercado é modelado através de uma curva de procura residual inversa com
elasticidade variável, de modo a possibilitar a variação da influência da central hídrica
reversível no preço de equilíbrio do mercado diário.
A presente dissertação encontra-se estruturada em 5 capítulos, tal como se segue:
O Capítulo 1 visa enquadrar o presente trabalho, efetuando-se uma visão geral sobre as
centrais hídricas reversíveis e das diferentes formas de a operar. Neste capítulo são
apresentados também as motivações que levaram à realização do mesmo, bem como os
principais objetivos que se propõe atingir.
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No Capítulo 2 é realizada uma descrição sucinta das motivações e marcos históricos que
levaram à formação do MIBEL, bem como este se encontra atualmente estruturado.
No Capítulo 3 é desenvolvido o modelo de despacho de uma central hídrica reversível
inserida no mercado diário do MIBEL e estruturada a forma como a esta influencia o
preço de equilíbrio do mercado diário. São também apresentadas as condições que
determinam as horas e as quantidades de energia de bombagem e geração, bem como a
metodologia adotada para a resolução do modelo implementado.
No Capítulo 4 são apresentados três casos de estudo. O primeiro caso de estudo visa
avaliar o impacto do grau de poder de mercado no despacho de uma central hídrica
reversível pelo que, neste caso, a empresa de geração apresenta diversos graus de poder
de mercado e possuí apenas uma central hídrica reversível. No segundo e terceiro caso
de estudo a empresa de geração possuí uma central térmica de base e um parque eólico,
respetivamente, permitindo deste modo analisar a influência da geração de energia
elétrica por parte de centrais de tecnologia diferente na operação de uma central hídrica
reversível.
No Capítulo 5 são enunciadas as principais conclusões obtidas com a realização do
presente trabalho, bem como algumas sugestões de desenvolvimento futuro.
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2. Mercado Ibérico de Eletricidade
No presente capítulo é descrito, de forma sucinta, as motivações e marcos históricos
que levaram à formação do MIBEL, bem como a sua estrutura de funcionamento atual.
CCaappííttuulloo
22
MMeerrccaaddoo IIbbéérriiccoo
ddee EElleettrriicciiddaaddee
- 26 -
- 27 -
2. Mercado Ibérico de Eletricidade
O MIBEL é um mercado regional de eletricidade que integra os países de Portugal e
Espanha. Este mercado tem como principal objetivo proporcionar a transação de energia
elétrica entre produtores, consumidores e comercializadores do espaço ibérico, num
regime de livre concorrência.
Deste modo, o MIBEL apresenta como principais metas [26]:
Beneficiar os consumidores de energia elétrica, de Portugal e Espanha, através
do processo de integração dos respetivos sistemas elétricos;
Estruturar o funcionamento do mercado com base nos princípios da
transparência, livre concorrência, objetividade, liquidez, autofinanciamento e
auto-organização;
Favorecer o desenvolvimento do mercado de eletricidade de ambos os países,
com a existência de uma metodologia única e integrada, para toda a península
ibérica, de definição dos preços de referência;
Permitir a todos os participantes o livre acesso ao mercado, em condições de
igualdade de direitos e obrigações, transparência e objetividade;
Favorecer a eficiência económica das empresas do sector elétrico, promovendo a
livre concorrência entre as mesmas.
2.1. Evolução histórica
Com o intuito de criar um mercado ibérico de eletricidade, Portugal e Espanha
concertaram esforços, desde 1998, no sentido de integrar ambos os sistemas elétricos,
com acesso indistinto por parte de entidades portuguesas e espanholas [27].
O processo de convergência foi formalmente iniciado em novembro de 2001, sendo
estabelecida a data de 1 de janeiro de 2003 para o início de funcionamento do MIBEL,
sendo esta, no entanto, adiada na XVIII Cimeira Luso-Espanhola, realizada em outubro
de 2002 [28].
Após diversos encontros, a 20 de janeiro de 2004, os Governos de ambos os países
assinaram o denominado Acordo de Lisboa, que estabeleceu as bases da criação do
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MIBEL e apontava o arranque do mesmo a 20 de abril de 2004. No entanto, devido a
circunstâncias de carácter político e legal, tal não aconteceu [26].
Neste Acordo foram definidas, na generalidade, as modalidades de contratação
autorizadas no âmbito do MIBEL, dispondo no sentido de que a contratação de energia
no mercado ibérico pudesse ser realizada em mercado à vista3 (diário e intradiário), em
mercado a prazo ou mediante contratação bilateral.
Por forma a permitir a concretização efetiva do mercado único, houve, entretanto, a
necessidade de rever o regime jurídico dos mercados de energia elétrica de ambos os
países. Neste sentido, foi celebrado a 1 de outubro de 2004 um novo Acordo Ibérico, o
Acordo de Santiago de Compostela, que consagrou o quadro jurídico caracterizador do
atual modelo de funcionamento do MIBEL [27].
O Acordo de Santiago de Compostela previa o início do funcionamento do MIBEL até
30 de junho de 2005, sendo esta data, no entanto, adiada. Na Cimeira Ibérica em Évora,
realizada em novembro de 2005, os Governos de Portugal e Espanha reafirmaram o seu
empenho na construção do MIBEL, definindo-se como julho de 2006 a data de arranque
do respetivo Mercado de Derivados, o qual ocorre a 3 de julho de 2006 [26].
O mercado diário a nível ibérico tem o seu funcionamento a 1 de julho de 2007, com a
aprovação do Plano de Compatibilização Regulatória, assinado pelos Governos de
Portugal e Espanha, em março de 2007 [29].
2.2. Fundamentos para a liberalização
Embora a liberalização do sector elétrico seja relativamente recente, tendo iniciado no
ano de 1990 com criação da bolsa de energia elétrica de Inglaterra e Gales, esta tem
ocorrido um pouco por todo o mundo. As motivações que levaram os sistemas elétricos
a liberalizarem-se são distintos de sistema para sistema, no entanto, destacam-se três
fundamentos que, de modo geral, motivaram a sua liberalização, sendo estes, o
investimento excessivo na geração de energia elétrica, a extinção das condições de
monopólio natural e as motivações de carácter politico [28].
3 Também denominado de mercado spot.
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2.2.1. Investimento excessivo na produção
Um aspeto geralmente contestado na estrutura do sector elétrico no período pré-reforma,
isto é, antes da liberalização, diz respeito ao nível de investimento efetuado. De facto,
tanto nos sistemas baseados em empresas privadas reguladas, como nos sistemas
explorados por intermédio de empresas públicas, existiam evidências teóricas e práticas
de que o nível de investimento era excessivo.
No caso da regulação económica de uma empresa monopolista privada, quando esta se
baseia na taxa de retorno sobre os ativos fixos, verifica-se que a empresa realiza
investimentos excessivos por forma a obter um maior lucro, pois a taxa de retorno
aumenta com o aumento do investimento, sendo este comportamento denominado de
efeito de Averch-Johnson.
Numa empresa pública, a inexistência de um controlo sobre os decisores com o mesmo
nível de eficácia que a estrutura acionista tem no caso privado, faz com que os gestores
públicos possuam um maior grau de discricionariedade nas suas ações, privilegiando os
aspetos de maior visibilidade, que lhes proporcionam maior reputação e bem-estar, em
vez daqueles que proporcionam uma melhor eficiência a nível económico [28].
2.2.2. Extinção das condições de monopólio natural
As condições de monopólio natural existem quando uma só empresa conduz à
minimização do custo de produção de um determinado bem ou serviço,
comparativamente com a existência de várias empresas a operar nesse sector de
atividade económica. No sector elétrico, especialmente ao nível da produção de energia
elétrica, as condições que o permitiam classificar como um monopólio natural estavam
a extinguir-se, sendo esta uma das principais justificações para a sua liberalização.
Esta extinção deve-se não só a evoluções tecnológicas, que proporcionaram uma
diminuição da escala mínima eficiente, mas também ao aumento da procura resultante
do crescimento do consumo e da integração de mercados. Ambas as situações são
ilustradas na Figura 2.1, onde a redução da escala mínima eficiente é representada pela
redução dos custos de produção de AC para AC’, e a expansão da procura é
representada pelo aumento da curva de procura de D para D’.
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Figura 2.1: Redução da escala mínima eficiente (1) e expansão da procura (2) [28].
Relativamente ao aspeto da diminuição da escala mínima eficiente, o desenvolvimento
tecnológico permitiu a construção de centrais de pequena dimensão, mas extremamente
competitivas, como é o caso as centrais a gás de ciclo combinado que apresentam
rendimentos próximos dos 60%. Esta redução da dimensão das centrais leva a que o seu
ponto de eficiência máxima seja reduzido, passando a ser favorável a repartição dos
consumidores por diversas centrais.
Além da diminuição da escala mínima eficiente, acresce ainda o aumento da procura,
resultante do crescimento do consumo. Este crescimento é justificado quer pelo
crescimento da atividade económica, ao nível do consumo empresarial, quer pelo
aumento dos níveis de conforto e lazer, no sector doméstico. Mesmo em mercados
reduzidos, como é o caso português, a potência máxima do consumo é já várias vezes
superior à máxima capacidade de potência instalada em qualquer central, pelo que se
pode concluir que, só pelo nível de consumo existente, as condições para monopólio
natural na produção não estariam satisfeitas. Para além disso, a tendência para a
integração de mercados, faz com que este fenómeno seja ainda mais evidente,
contribuindo de forma positiva para a possibilidade de mercados competitivos [28].
2.2.3. Motivações políticas
Os fatores previamente apontados fundamentam as posições de liberalização, no
entanto, o tempo no qual estas ocorrem está intimamente relacionado com fatores mais
abrangentes, que se podem considerar como de natureza política.
Em primeiro lugar, a queda do bloco soviético e o consequente enfraquecimento das
posições políticas de cariz ideológico a favor de um Estado interventor, promoveram a
- 31 -
aceleração do processo de globalização no sentido do estabelecimento de modelos
tendencialmente mais liberais. Este fenómeno atravessou diversas áreas de atividade,
inclusive o sector elétrico.
Na União Europeia, a liberalização foi promovida pela vontade política de
aprofundamento do mercado interno, através da sua expansão aos sectores da
eletricidade e gás. Este processo foi inicialmente estabelecido através da Diretiva
96/92/CE de 19 de dezembro de 1996, com vista à introdução de maior concorrência
nos países da UE, sendo posteriormente revisto no sentido de acelerar a liberalização e
integração de mercados, pela Diretiva 2003/54/CE [28]. Com o intuito de consolidar os
mercados de forma a funcionem em benefício de todos os consumidores,
independentemente da sua dimensão, garantindo ao mesmo tempo um fornecimento de
energia mais seguro, competitivo e sustentável, foi criada a Diretiva n.º 2009/73/CE de
13 de julho de 2009 [30].
Em certos países como o Reino Unido, Chile e Argentina a reforma do sector elétrico
foi motivada, parcialmente, por programas de privatização das empresas públicas. De
facto, em países onde o sector elétrico tinha a configuração de monopólio público
verticalmente integrado, a privatização permitiu encaixes financeiros importantes e a
diminuição da dimensão do sector público em áreas potencialmente competitivas, onde
a intervenção do Estado era frequentemente questionada.
No caso português, este processo iniciou em 1982 com a eliminação das restrições ao
capital privado. Em 1989, foi retirada da Constituição a irreversibilidade das
nacionalizações e da reforma agrária, tendo sido aberto o caminho para a privatização
de diversas empresas públicas, entre as quais a da EDP (Electricidade de Portugal) [28].
2.3. Estrutura do mercado elétrico
Segundo [29], pode-se caracterizar o sistema elétrico em três vertentes fundamentais de
uma cadeia vertical de atividades, que são:
Produção;
Transporte e distribuição;
Comercialização.
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As atividades de transporte e distribuição estão assentes na existência de redes que
veiculam a energia elétrica desde a produção até cada uma das instalações
consumidoras. Esta atividade é considerada um monopólio natural, sendo portanto
sujeita a regulação, tendo-se consagrado o princípio de acesso livre por terceiros
mediante o pagamento de uma tarifa regulada.
A produção e a comercialização de energia elétrica estão abertas à concorrência por
forma a introduzir maior eficiência económica na gestão e operação dos recursos afetos
a estas atividades. A atividade de produção de energia elétrica em regime de mercado
está associada a um mercado grossista, no qual os produtores asseguram a colocação da
mesma e os agentes compradores adquirem energia elétrica, quer para satisfazer a
carteira de fornecimentos a clientes finais quer para consumo próprio. A
comercialização está associada a um mercado retalhista, em que os agentes
comercializadores concorrem para assegurar o fornecimento dos clientes finais.
O mercado grossista do MIBEL integra um conjunto de modalidades de contratação que
se complementam entre si, existindo assim, atualmente os seguintes mercados [29]:
Mercado de contratação a prazo - Este mercado é gerido pelo Operador do
Mercado Ibérico de Energia - Pólo Português (OMIP) onde se estabelecem
compromissos a futuro de produção e de compra de energia elétrica. Este
mercado pode efetuar liquidação física (entrega da energia) ou liquidação
financeira (compensação dos valores monetários subjacentes à negociação).
Mercado de contratação à vista - Este mercado é gerido pelo Operador del
Mercado Ibérico de Energia – Pólo Español (OMIE) e apresenta uma
componente de contratação diária (mercado diário) e uma componente de ajustes
intradiários (mercado intradiário), em que se estabelecem programas de venda e
de compra de energia elétrica para o dia seguinte ao da negociação.
Mercado de serviços de sistema - Este mercado é gerido pelos operadores de
sistema de cada país, a REN (Redes Energéticas Nacionais) e a REE (Red
Elèctrica de España) para Portugal e Espanha, respetivamente. Funcionando em
tempo real, tem por objetivo garantir o equilíbrio entre a potência de produção e
a potência de consumo de energia elétrica.
- 33 -
Mercado de contratação bilateral - É um mercado livre em que os agentes
contratam para os diversos horizontes temporais a compra e venda de energia
elétrica.
O mercado retalhista assenta na coexistência de duas formas principais de contratação
do fornecimento de energia elétrica por parte do consumidor final [29]:
Contratação em mercado regulado - Fornecimento de energia elétrica por parte
de comercializadores de último recurso, onde as tarifas são reguladas.
Contratação em mercado liberalizado - Fornecimento por parte de
comercializadores de eletricidade, onde as condições de negociação da energia
elétrica são definidas e acordadas entre as partes.
2.3.1. Mercado diário
O mercado diário tem constituído uma plataforma de encontro da procura e da oferta de
energia elétrica, de forma fiável e representativa, desde 1 de janeiro de 1998 para o
sistema espanhol e desde 1 de julho de 2007 para o sistema português, sendo este último
no âmbito do MIBEL.
Este mercado, gerido pela OMIE, tem por objetivo a transação de energia elétrica para o
dia seguinte, mediante a apresentação de ofertas de venda e licitações de compra de
energia elétrica dos agentes de mercado. As ofertas de venda e licitações de compra
devem ser apresentadas para cada uma das vinte e quatro horas do dia seguinte, até às
dez horas do dia anterior à data do fornecimento, hora espanhola [29].
Os agentes do mercado são as empresas habilitadas para atuar no mercado de produção
como vendedores e compradores de energia elétrica. Podem atuar como agentes do
mercado os produtores, comercializadores de último recurso e comercializadores de
eletricidade, assim como os consumidores diretos de energia elétrica e as empresas ou
consumidores residentes noutros países externos ao mercado ibérico, que possuam a
certificação de comercializadores [31].
As ofertas de venda podem ser simples ou integrar condições complexas. As ofertas
simples são ofertas económicas de venda de energia que os vendedores apresentam,
para cada período horário e unidade de produção da qual sejam titulares, com expressão
de um preço e de uma quantidade de energia. As ofertas que integram condições
- 34 -
complexas de venda são aquelas que, cumprindo com os requisitos exigidos para as
ofertas simples, integram além disso, algumas condições técnicas ou económicas. No
que diz respeito às licitações de compra, estas não podem integrar condições complexas
[29].
Para cada hora, as licitações de compra são ordenadas (agregadas) de forma decrescente
de modo que as licitações de preço superior tenham prioridade sobre as licitações de
preço inferior, formando-se assim a curva de procura. Por outro lado, as ofertas de
venda são ordenadas de forma crescente para que as ofertas de preço inferior tenham
prioridade sobre as ofertas de preço superior, formando-se desta forma a curva de
oferta.
Na Figura 2.2 encontram-se representadas as curvas de procura e oferta tipo, para uma
determinada hora do mercado diário. O cruzamento entre a curva de oferta (linha O) e a
curva de procura (linha P) forneceria a quantidade de energia elétrica casada, sendo o
preço de equilíbrio determinado pelo bloco de venda casado de valor mais elevado.
No entanto, algumas ofertas de venda contêm condições complexas, pelo que, quando
algumas dessas condições não são cumpridas as respetivas ofertas são retiradas, levando
a curva de oferta a deslocar-se, tal como representado pela linha O’. Desta forma, o
preço de equilíbrio e a quantidade de energia casada do mercado diário são dados por
e , respetivamente. Este ponto é designado por ponto de equilíbrio.
Figura 2.2: Curvas agregadas de oferta e procura. Adaptado de [32].
O modelo em que o mercado diário assenta é o de preço marginal único, pelo que, todos
os compradores devem pagar a aquisição de energia elétrica ao mesmo preço e todos os
- 35 -
vendedores devem ser remunerados pela produção da energia elétrica a esse mesmo
preço [33].
Neste sentido, o processo de determinação do preço agrega inicialmente as ofertas de
venda e as licitações de compra correspondentes a Portugal e Espanha, obtendo-se uma
de duas situações [29]:
Se, do encontro das curvas de oferta e procura resultar um trânsito de energia
elétrica, entre os dois países, inferior ou igual à capacidade de interligação
disponível nesse sentido, o preço de equilíbrio é único para o sistema ibérico, já
que tem viabilidade económica e técnica. Nesta circunstância existe integração
de mercado.
Se, do encontro das curvas de oferta e procura resultar um trânsito de energia
elétrica, entre os dois países, superior à capacidade de interligação disponível, a
solução inicial de mercado não é exequível, pelo que as duas áreas de mercado
são tratadas em separado com curvas agregadas de procura e de oferta
específicas de cada área. Contudo, na curva de procura do sistema exportador é
colocada uma quantidade correspondente à capacidade comercial na interligação
no sentido exportador. Após a determinação do preço de equilíbrio do mercado
exportador, é colocada na curva de oferta do sistema importador uma quantidade
correspondente à capacidade comercial na interligação no sentido exportador a
esse mesmo preço. Deste modo, do encontro das curvas de procura e oferta
agregadas de cada um dos sistemas poderão resultar preços distintos em cada
uma das áreas de mercado. Nesta situação diz-se que se está em regime de
market splitting ou separação de mercados.
O processo, anteriormente disposto, para a determinação do preço de equilíbrio do
mercado diário para Portugal e Espanha, encontra-se esquematizado na Figura 2.3.
- 36 -
Figura 2.3: Processo de determinação do preço de equilíbrio do mercado diário para Portugal e
Espanha. Adaptado de [33].
O mecanismo de separação de mercados no horizonte diário é aplicado desde 1 de julho
de 2007 na gestão conjunta da interligação Espanha-Portugal, de forma a permitir o
melhor uso possível da capacidade de interligação disponível, sem comprometer a
segurança.
Nas situações em que ocorre separação de mercados, a energia exportada é remunerada
aos produtores ao preço de equilíbrio do mercado exportador, enquanto a procura
Determinação dos
trânsitos na interligação
Sim Não
Separação de mercados
Preço PT e Preço ES
Mercado integrado
Preço único (PT e ES)
Excedem a capacidade?
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correspondente paga essa energia elétrica ao preço de equilíbrio do mercado importador
que é, tipicamente, superior ao preço de equilíbrio do mercado exportador. Deste modo,
gera-se um diferencial de preços que, multiplicado pela energia elétrica transacionada
entre os dois países, corresponde a uma renda de congestionamento [29].
2.3.2. Mercado intradiário
O mercado ibérico intradiário foi concebido como um mercado de ajustes, com o
objetivo de oferecer uma adequação entre a oferta e a procura mais precisa e próxima do
tempo real que a permitida pelo mercado diário, resolvendo, desse modo, possíveis
desajustes em sucessivas etapas da programação.
À semelhança do mercado diário, o mercado intradiário é também gerido pela OMIE,
pelo que podem nele participar todos os agentes que são permitidos para o mercado
diário. Com o objetivo de retificar as suas posições anteriores, no mercado intradiário os
agentes com uma posição natural de vendedor (produtores) podem também comprar
energia, e os agentes com uma posição natural de comprador (comercializadores)
podem também vender energia [29].
Porém, os agentes só poderão participar no mercado intradiário para os períodos
horários de programação que corresponderem aos incluídos na sessão do mercado diário
na qual participaram, ou não o fizeram por estar indisponíveis [31].
Tal como ilustrado na Figura 2.4, o mercado intradiário estrutura-se em seis sessões
possibilitando, deste modo, um ajuste das licitações/ofertas realizadas no mercado
diário mais próximo da hora de entrega de energia elétrica.
Figura 2.4: Estrutura por sessões do mercado intradiário do MIBEL. Adaptado de [29].
- 38 -
Em cada uma das sessões, tal como no mercado diário, os agentes podem realizar
ofertas de venda e licitações de compra para todas as horas abrangidas pelas respetivas
sessões. As ofertas de venda podem ser simples ou integrar de condições complexas. No
que diz respeito às licitações de compra, os agentes já não estão apenas limitados a
realizar licitações de compra simples, sendo permitido também realizar licitações com
condições complexas.
Para se determinar, em cada hora de cada sessão, quais as ofertas e licitações casadas e
o respetivo preço de equilíbrio, realiza-se o mesmo processo efetuado no mercado
diário, cruzando-se as curvas de oferta e procura. O preço de equilíbrio será igual ao
preço da última oferta de venda, cuja aceitação tenha sido necessária para atender total
ou parcialmente as ofertas de aquisição a um preço igual ou superior a este [31].
2.3.3. Mercado a prazo
O mercado a prazo do MIBEL, com funcionamento em Portugal, iniciou a sua atividade
a 3 de julho de 2006, assumindo, atualmente, o estatuto de mercado regulamentado.
Este mercado tem como objetivo a transação de blocos de energia com entrega posterior
ao dia da contratação, quer de liquidação física (por entrega de energia elétrica), quer
meramente financeira.
A entidade responsável pela gestão da plataforma de negociação deste mercado é o
OMIP, desempenhando as funções necessárias ao seu regular funcionamento, tais como
a admissão dos participantes e a definição, listagem e gestão da negociação dos
contratos.
A OMIP é a detentora da totalidade da Sociedade de Compensação de Mercados de
Energia (OMIClear) que atua como câmara de compensação de operações a prazo, quer
sejam de liquidação física ou financeira, contraparte central e entidade gestora do
sistema de liquidação. Deste modo, esta assume-se como compradora comum face a
todos os vendedores e como vendedora comum face a todos os compradores, garantindo
o bom cumprimento de todas as obrigações inerentes, desde que as mesmas são
registadas até à sua liquidação [29].
Os participantes diretos no mercado a prazo são denominados membros negociadores e
membros compensadores, os quais assumem as respetivas funções de acordo com a
configuração do seu perfil de atuação. Para além destes, há ainda agentes que prestam
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serviços complementares de apoio ao registo de operações OTC (over-the-counter), à
qual pertencem os contratos bilaterais, e de apoio à liquidação, designados de agentes de
liquidação.
Os membros negociadores são membros do OMIP, que acedendo diretamente à
plataforma de negociação, gerem as ofertas e os negócios relativamente aos contratos
abertos à negociação. De acordo com o seu estatuto legal, ou com o seu posicionamento
no mercado, um membro negociador pode assumir-se por conta própria, por conta de
terceiros ou por conta própria e de terceiros [34].
Os membros compensadores são membros da OMIClear, que asseguram a compensação
das operações realizadas, tendo as funções do registo das posições, a constituição de
garantias e a liquidação de posições. Os membros compensadores podem ser de dois
tipos [29]:
Membros compensadores gerais - que atuam quer por conta própria quer por
conta de terceiros, com quem tenham celebrado um Acordo de Compensação;
Membros compensadores diretos - que atuam, exclusivamente, por conta
própria.
Os agentes de liquidação não são membros do mercado, embora sejam reconhecidos
pela OMIClear e pelo OMIP para prestarem serviços de liquidação aos membros do
mercado [34]. Existem dois tipos de agentes de liquidação [29]:
Agentes de liquidação financeira - os quais asseguram a liquidação financeira
das posições e a constituição de garantias pelos quais o membro compensador é
responsável;
Agentes de liquidação física - os quais assumem a obrigação de liquidar
operações com entrega física por conta do membro negociador titular das contas
onde estão inscritas as referidas operações.
De acordo com o previsto no Regulamento de Compensação, a OMIClear assegura
apenas a liquidação financeira, na data de vencimento. Havendo lugar a liquidação
física, esta é assegurada pelos agentes de liquidação física, sendo a OMIClear apenas
responsável pelo envio desta informação para o mercado à vista. Assim, a OMIClear
determina diariamente o saldo líquido em cada conta de liquidação física, comprador ou
- 40 -
vendedor, e comunica-o ao OMIE para que o mesmo seja integrado no respetivo
mercado à vista.
De acordo com o previsto no Regulamento de Negociação, o OMIP disponibiliza três
tipos de contratos: Futuros, Forwards e Swaps. Os contratos Futuros admitem
liquidação financeira e física, enquanto os contratos Forwards apenas têm natureza
física e os contratos Swaps apenas são de natureza financeira. Os contratos do tipo
Futuro são negociáveis em mercado, podendo também ser objeto de registo, para efeitos
de compensação das operações realizadas fora de mercado (OTC). No caso dos
contratos Forwards e Swaps, introduzidos a 2 de março de 2009, está apenas previsto o
registo, para efeitos de compensação das operações OTC.
Os contratos podem ser ainda classificados como Base ou Ponta, sendo que o primeiro
pressupõe o fornecimento de energia durante o período de entrega para as vinte e quatro
horas do dia, enquanto o segundo pressupõe o fornecimento para o período entre as oito
e as vinte horas, hora espanhola. Embora existam estas duas modalidades, atualmente
apenas estão admitidos contratos Base.
A negociação dos contratos a prazo realiza-se entre as oito horas e as dezoito horas e
trinta minutos, hora espanhola, podendo estas processar-se em contínuo ou em leilão,
com horizontes temporais semanais, mensais, trimestrais e anuais. As negociações em
leilão são realizadas nas quatro primeiras quartas-feiras de cada mês e apresentam um
carácter obrigatório para a compra de energia elétrica por parte dos comercializadores
de último recurso.
Considerando o período de julho de 2006 a março de 2009, do total de energia
negociada no mercado a prazo do MIBEL, verifica-se que cerca de 74% corresponde à
negociação nos designados leilões obrigatórios, sendo esta a principal forma de
negociação deste mercado [29].
2.3.4. Mercado de serviços de sistema
Os serviços de sistema são produtos e serviços técnicos que asseguram a operação do
sistema elétrico com adequados níveis de segurança, estabilidade e qualidade de
serviço. A gestão dos serviços de sistema é da responsabilidade dos operadores de
sistema de cada país, isto é, da REN no caso português e da REE no caso espanhol [35].
- 41 -
A gestão técnica do sistema apresenta diferenças significativas entre Portugal e
Espanha, pelo que, no presente documento apenas se dará ênfase à situação portuguesa.
Os serviços de sistema em Portugal dividem-se em obrigatórios ou complementares. Os
serviços de carácter obrigatório não são remunerados e englobam a regulação de tensão,
a regulação de frequência e a manutenção da estabilidade. Os de carácter complementar
são remunerados e engloba a compensação síncrona e estática, a reserva, a regulação
secundária, a interruptibilidade rápida, o arranque autónomo e o telearranque.
Atualmente, apenas a regulação secundária e a reserva de regulação são remunerados
sob a forma de mercado competitivo, enquanto os restantes serviços de sistema podem
ser contratualizados bilateralmente.
Adicionalmente existe o processo de resolução das restrições técnicas que tem como
objetivo resolver as restrições técnicas que possam surgir em tempo real, bem como as
provenientes dos programas resultantes dos mercados de produção.
As restrições técnicas que possam surgir na sequência do mercado diário resolvem-se
em duas fases, em que a primeira consiste na modificação do programa de contratação
por critérios de segurança e a segunda no reequilíbrio da relação geração-consumo. As
restrições técnicas que surjam na sequência das sessões do mercado intradiário são
resolvidas através da eliminação das ofertas que as originam. Por último, as restrições
técnicas em tempo real são solucionadas mediante a utilização das ofertas de reserva
terciária [29].
Do conjunto de produtos e serviços técnicos que garantem a operação do sistema e a
qualidade de serviço, os serviços de sistema mais importantes são os associados ao
controlo de potência ativa/frequência, ao controlo de potência reativa/tensão e ao
arranque autónomo.
O controlo de potência ativa/frequência encontra-se hierarquizado em 3 níveis de
controlo da reserva do sistema [35]:
Controlo de reserva primária - associado à resposta automática das unidades
produtoras a variações de frequência.
Controlo de reserva secundária - da responsabilidade do gestor do sistema,
associado a um controlo zonal da frequência e controlo de intercâmbios de
potência ativa entre áreas, assistido por telerregulação.
- 42 -
Controlo de reserva terciária - ativado de forma não automática pelo operador de
sistema, através do arranque de grupos produtores, com o objetivo de
restabelecer níveis de reserva e de segurança de exploração adequados, ou
através de programas de importação.
O controlo potência reativa/tensão tem por objetivo a manutenção do perfil de tensões
nos nós da rede e a otimização da exploração do sistema elétrico, nomeadamente a
redução de perdas. Os níveis de controlo existentes dividem-se em três [35]:
Controlo primário - é realizado de forma automática e está associado à atuação
dos reguladores automáticos de tensão dos geradores síncronos da rede.
Controlo secundário - com uma atuação a nível de zona, é realizado também
pelos reguladores de tensão dos grupos síncronos a partir de consignas de tensão
enviadas pelo operador do sistema, para assim otimizar a gestão do sistema.
Controlo terciário - é realizado de forma não automática e contribui para a
otimização da programação horária de exploração do sistema.
O arranque autónomo consiste no arranque de grupos geradores sem recurso à tensão da
rede, o que permite realimentar e restabelecer o serviço na rede elétrica em caso de
situações de colapso total ou parcial do sistema [35].
A energia total de regulação (secundária, reserva e restrições técnicas) representou em
2008, em média, cerca de 9% da energia total transacionada em Portugal [29].
Reserva primária
A reserva primária tem como objetivo a regulação da frequência do sistema elétrico. É
um serviço de sistema obrigatório, não remunerado, para todos os grupos geradores em
serviço, com potência aparente instalada superior a 10 MVA. Consiste no ajustamento
automático do nível de produção da central de modo que a produção e o consumo se
equilibrem em qualquer instante. Tal é conseguido através de um regulador de
velocidade que mede a velocidade de rotação do grupo gerador, compara-a com o valor
de referência e atua sobre o sistema de admissão do fluido à máquina de acionamento,
permitindo variar a respetiva potência mecânica e, assim, a potência ativa gerada pelo
gerador [36].
- 43 -
A variação de potência resultante da sua atuação deverá realizar-se em 15 s perante
perturbações que provoquem desvios de frequência inferiores a 100 mHz e linearmente
entre 15 s e 30 s para desvios de frequência entre 100 mHz e 200 mHz [29].
Reserva secundária
Quando ocorre uma perturbação considerável no sistema elétrico, o controlo primário de
frequência pode evitar grandes variações de frequência. No entanto, esta função de
controlo é incapaz, por si só, de repor a frequência no seu valor nominal. Para tal,
recorre-se à reserva secundária que, além disso, apresenta também como objetivo
manter as trocas de energia elétrica na interligação nos valores programados [36].
A reserva secundária, associada ao serviço de telerregulação dos grupos geradores, é um
serviço de sistema remunerado segundo mecanismos de mercado, sendo a valorização
composta por duas parcelas [29]:
Banda de regulação secundária - valorizada de acordo com o máximo dos preços
marginais da banda de regulação secundária a descer e a subir em cada hora.
Energia de regulação secundária - valorizada ao preço da última oferta de
energia de reserva de regulação mobilizada em cada hora.
Após finalizado o processo de resolução de restrições técnicas do mercado diário, os
agentes de mercado podem realizar ofertas de banda de regulação com o preço
correspondente, para todas as horas do dia seguinte. Esta banda tem, no entanto, que
cumprir a relação de 2:1 entre a reserva a subir e a reserva a descer [37].
A reserva secundária é assegurada através de [35]:
Grupos em telerregulação - em que a regulação é efetuada através da ação do
regulador central automático sobre os grupos.
Reserva girante - assegurada através de grupos que se encontram em serviço mas
não em telerregulação.
Reserva rápida - constituída por grupos hídricos e térmicos que possam ser
mobilizados num espaço de tempo inferior a 10 min.
O início da atuação da regulação secundária não deverá demorar mais de 30 s e a sua
atuação deverá estar concluída e eventualmente completada pela ação da reserva de
regulação, o mais tardar em 15 min [29].
- 44 -
Reserva terciária
A reserva terciária, ou reserva de regulação, destina-se a repor a reserva secundária
solicitada, de modo a manter o nível de reserva secundária de acordo com o valor
estabelecido pelo operador de sistema [35].
Para participar neste mercado, os agentes apresentam, entre as 18 h e as 21 h, as suas
ofertas de reserva de regulação a subir e/ou a descer para cada período de programação
do dia seguinte. Estas ofertas podem, no entanto, ser alteradas pelos agentes devido a
diversos fatores, tais como a participação nas várias sessões do mercado intradiário,
indisponibilidades fortuitas, entre outros. O tempo de atuação máximo é de 15 min,
podendo esta ser mantida, pelo menos, durante duas horas consecutivas.
Em tempo real, o gestor de sistema recorre às curvas de oferta de reserva de regulação
apresentadas pelos agentes para mobilizar ou desmobilizar produção/consumo, sendo os
agentes de mercado remunerados pelo preço da última oferta mobilizada para subir ou
descer.
Os sobrecustos originados pela utilização de reserva de regulação são distribuídos pelos
agentes de mercado que se desviarem do respetivo programa contratado [29].
Atendendo ao período entre abril de 2009 e março de 2010, verifica-se que a reserva de
regulação a descer representou 70% do total da energia de reserva de regulação
utilizada, tal como representado na Figura 2.5. Desta é possível constatar, por um lado,
o grande peso das unidades hídricas, responsáveis por 65% de toda a energia da reserva
de regulação e, por outro lado, a reduzida participação das centrais a fuel [36].
Figura 2.5: Energia de reserva de regulação utilizada pelo sistema a subir e a descer [36].
- 45 -
3. Modelo de Despacho em Ambiente de Mercado
O presente capítulo descreve o modelo de operação ótima de uma central hídrica
reversível pertencente a uma empresa de geração de energia elétrica, inserida no
mercado diário do MIBEL. São também apresentadas as condições necessárias para a
central hídrica reversível operar, bem como a metodologia adotada para a resolução
do modelo implementado.
CCaappííttuulloo
33
MMooddeelloo ddee DDeessppaacchhoo eemm
AAmmbbiieennttee ddee MMeerrccaaddoo
- 46 -
- 47 -
3. Modelo de Despacho em Ambiente de Mercado
O modelo proposto para a otimização da operação de uma central hídrica reversível
(CHR), pertencente a uma empresa de geração de energia elétrica, inserida no mercado
diário do MIBEL é desenvolvido em duas partes. Numa primeira parte é realizada uma
análise do preço de equilíbrio do mercado diário, com o objetivo de modelizar a
influência que uma empresa de geração, com diferentes graus de poder de mercado, tem
sobre o mesmo. Numa segunda parte, é desenvolvida a formulação matemática do
problema de otimização, onde se inclui, além das restrições operacionais, o modelo
desenvolvido na primeira parte.
3.1. Preço de equilíbrio do mercado diário
O preço de equilíbrio do mercado diário é determinado pelo bloco de venda casado de
valor mais elevado, tal como evidenciado na Subsecção 2.3.1.
Para cada hora do dia seguinte, os agentes de mercado podem realizar, consoante a sua
necessidade, diferentes licitações de compra e ofertas de venda no mercado diário. É
esta ação que leva à ocorrência de diferentes preços de equilíbrio não só ao longo do
dia, mas também entre os diferentes dias. Deste modo, é possível concluir que uma
empresa de geração, com poder de mercado, ao intervir no mercado diário pode
influenciar o preço de equilíbrio do mesmo.
3.1.1. Influência da central hídrica reversível
Uma central para gerar energia elétrica necessita de realizar ofertas de venda no
mercado diário. No entanto, uma CHR para operar necessita de realizar não só ofertas
de venda, quando gera energia elétrica, mas também licitações de compra, quando
realiza bombagem. Deste modo, a análise da influência de uma empresa de geração
sobre o preço de equilíbrio é realizada na ótica da operação de uma CHR, podendo, no
entanto, o modelo desenvolvido ser aplicado a centrais de tecnologia diferente.
Se a CHR pertencer a uma empresa de geração com poder de mercado, ao participar no
mercado diário, terá a capacidade de alterar o preço de equilíbrio do mesmo. Deste
modo, nas horas em que a CHR realizar bombagem, o gestor terá que realizar licitações
de compra, provocando uma deslocação da curva de procura para a direita, pelo que, o
- 48 -
preço de equilíbrio subirá em relação ao preço sem a sua intervenção. Por outro lado,
nas horas em que a CHR gerar energia elétrica, o gestor terá que realizar ofertas de
venda, provocando uma deslocação da curva de oferta para a direita, pelo que, o preço
de equilíbrio diminuirá em relação ao preço sem a sua intervenção. Quando a CHR se
encontrar parada, o preço de equilíbrio não se alterará.
Para ilustrar este efeito considere a Figura 3.1 a), onde o gestor da CHR realiza uma
licitação de compra de . Deste modo, a curva da procura, representada pela linha P, é
deslocada para a direita ficando esta na posição representada pela linha P’. Com esta
ação, o cruzamento da curva da procura com a curva da oferta (representada pela linha
O) realiza-se num ponto de preço superior, sendo o aumento de preço de .
a) b)
Figura 3.1: Influência da CHR no preço de equilíbrio do mercado diário.
Através da Figura 3.1 a) pode-se constatar que o preço de equilíbrio depende do declive
das curvas de oferta e procura, dado por e , respectivamente. Tendo em conta a
Figura 3.1 b), os declives das curvas de oferta e procura podem ser expressos através
das variações de energia e do preço, obtendo-se assim:
(3.1)
(3.2)
(3.3)
Considerando a convenção de gerador, quando a CHR operar em modo de bombagem a
energia licitada no mercado diário será considerada negativa, pelo que . Por
outro lado, em modo de geração a energia ofertada no mercado diário será considerada
positiva, isto é .
- 49 -
Tendo em conta as equações (3.1) a (3.3) e que as licitações de compra provocam um
aumento de preço de equilíbrio e as ofertas de venda provocam uma diminuição do
mesmo, a relação entre a variação do preço e a variação da energia elétrica
licitada/ofertada é dada por:
(3.4)
De modo a analisar-se a influência da operação de uma CHR no preço de equilíbrio,
será utilizado uma curva de procura residual inversa, onde o seu declive, junto ao ponto
de equilíbrio, é dado pela equação (3.4).
Através do declive da curva de procura residual inversa, dada pela equação (3.4), é
possível calcular a elasticidade da procura residual. Em economia, a elasticidade de uma
variável X face a uma variável Y corresponde à variação percentual que ocorre em X
por cada variação percentual unitária que ocorra em Y [38]. Assim, a elasticidade da
procura residual irá determinar qual a variação da energia procurada necessária para
uma determinada variação do preço de equilíbrio.
Pelo mesmo motivo apresentado para o declive da curva de procura inversa, a
elasticidade da procura residual é negativa, no entanto, por convenção, esta é
representada por valores positivos, sendo esta dada pela seguinte expressão:
(3.5)
Na qual:
Energia elétrica casada no mercado diário sem a participação da empresa de
geração, em MWh;
Declive da curva de procura residual inversa no ponto de equilíbrio do mercado
diário, em €/MWh2;
Elasticidade da procura residual;
- 50 -
Preço de equilíbrio do mercado diário sem a participação da empresa de
geração, em €/MWh.
Dada a equação (3.5), a elasticidade da procura residual pode apresentar qualquer valor
positivo, no entanto, esta pode ser agrupada em três categorias: unitária ( ),
inelástica ( ) e elástica ( ).
Na Figura 3.2 encontra-se representado três situações em que, em cada uma delas, a
CHR gera , sendo essa energia renumerada a . De seguida a CHR aumenta a
geração para , sendo, no entanto, essa energia remunerada a uma preço inferior de
. Cada situação corresponde a uma categoria de elasticidade diferente, pelo que este
aumento da energia gerada pode apresentar consequências diferentes.
a) Unitária b) Inelástica c) Elástica
Figura 3.2: Categorias de elasticidade da procura residual.
Se a elasticidade da procura residual for unitária, Figura 3.2 a), o aumento percentual da
energia elétrica gerada provoca uma igual variação percentual do preço de equilíbrio.
Deste modo, a receita que se perde na área 2 é igual à adicionada pela área 1, pelo que, é
igualmente atrativo se a CHR operar no ponto A ou no ponto B.
Se a elasticidade da procura residual for inelástica, Figura 3.2 b), o aumento percentual
da energia elétrica gerada provoca uma maior variação percentual do preço de
equilíbrio. Deste modo, a receita que se perde na área 2 é maior do que a receita que é
adicionada pela área 1, tornando-se prejudicial a CHR mudar o seu funcionamento do
ponto A para o ponto B.
Por outro lado, se a elasticidade da procura residual for elástica, Figura 3.2 c), o
aumento percentual da energia elétrica gerada provoca uma menor variação percentual
do preço de equilíbrio. Deste modo, a receita que se perde na área 2 é menor do que a
- 51 -
receita que é adicionada pela área 1, tornando-se vantajoso a CHR mudar o seu
funcionamento do ponto A para o ponto B.
Quanto maior o valor da elasticidade, mais elástica é a procura residual e
consequentemente esta apresentará uma forma mais próxima da horizontal, levando a
uma menor influência da operação da CHR sobre o preço de equilíbrio. Por outro lado,
quanto menor o valor da elasticidade, mais rígida é a procura residual e
consequentemente esta apresentará uma forma mais próxima da vertical, levando a uma
maior influência da operação da CHR sobre o preço de equilíbrio do mercado diário.
3.1.2. Curva de procura residual inversa
Uma curva de procura residual inversa expressa o preço de equilíbrio em função da
quantidade de energia elétrica licitada/ofertada por uma empresa de geração. Dado isto,
para uma correta modelização desta curva é necessário ter em atenção não só os estados
possíveis de uma CHR, mas também a influência que estes estados têm sobre o preço de
equilíbrio do mercado diário, tal como descrito na Subsecção anterior.
Dado que os agentes do mercado diário realizam as suas ofertas de venda e licitações de
compra em blocos de energia elétrica a um determinado preço, as curvas de oferta e
procura apresentam um comportamento em escada. Deste modo, a CHR ao realizar
bombagem ou geração irá deslocar a curva da procura ou da oferta para a direita,
respetivamente, pelo que a curva de procura residual inversa também apresenta um
comportamento em escada. Sendo o preço de equilíbrio do mercado diário limitado por
um valor máximo e zero, a curva de procura residual inversa pode ser aproximada a
uma função sigmoide, tal como ilustrado na Figura 3.3.
Figura 3.3: Aproximação da curva de procura residual inversa a uma função sigmoide.
- 52 -
A expressão que aproxima a curva de procura residual inversa a uma função sigmoide é
dada pela equação (3.6), sendo esta semelhante ao realizado em [28].
(3.6)
Na qual:
Energia elétrica licitada/ofertada pela empresa de geração, em MWh;
Parâmetros que modelizam a função sigmoide;
Preço de equilíbrio após a participação da empresa de geração no mercado
diário, em €/MWh.
As licitações e ofertas são realizadas para cada hora do dia seguinte, pelo que, a curva
de procura residual inversa terá que ser capaz de apresentar um comportamento
diferente em todas as horas. Para que a função sigmoide apresente o comportamento
desejado é necessário determinar o valor dos parâmetros que a modelizam, podendo
estes serem determinados pelas equações (3.7) a (3.9).
(3.7)
(3.8)
(3.9)
Na qual:
Máximo preço de licitação permitido no mercado diário, em €/MWh;
Fator multiplicativo que permite modificar o grau de poder de mercado.
Quando a CHR se encontrar parada, o declive da função sigmoide deve igualar o
declive calculado pela equação (3.4), sendo esta condição conseguida através da
equação (3.7). A este declive é aplicado um fator multiplicador que permite, deste
modo, modificar o declive da curva de procura residual inversa. Assim, é possível variar
a influência da participação da CHR no mercado diário sobre o preço de equilíbrio, isto
é, altera-se o grau de poder de mercado da CHR.
A real inclinação da curva de procura residual inversa do MIBEL corresponde a aplicar
. Quando , o preço de equilíbrio é menos afectado pela operação da CHR.
No caso limite de , as licitações/ofertas pertencentes à CHR não afetarão o preço
- 53 -
de equilíbrio, pelo que, esta comporta-se como uma tomadora de preço. Por outro lado,
se as licitações da CHR irão afetar mais o preço de equilíbrio, o que corresponde
a graus crescentes de poder de mercado.
Quando a CHR se encontra parada, esta não influencia o preço de equilíbrio do mercado
diário. Deste modo, nas horas em que tal ocorrer, o preço de equilíbrio deve permanecer
inalterado, sendo isto conseguido através da equação (3.8).
A equação (3.9) assegura que o valor máximo da função sigmoide é igual ao máximo de
preço de equilíbrio possível, correspondendo esse ao valor máximo de licitação
permitido. Deste modo, se a CHR bombear uma quantidade de energia muito grande, o
preço de equilíbrio nunca será superior a esse valor.
O declive da função sigmoide, para uma determinada energia , é dado pela sua
derivada, calculada através da equação (3.10).
(3.10)
Tendo em conta as equações (3.6) e (3.10), as equações (3.7) a (3.9) podem ser escritas
do seguinte modo:
(3.11)
(3.12)
(3.13)
Através da equação (3.12) pode escrever-se que:
(3.14)
- 54 -
Substituindo-se a equação (3.14) na equação (3.11), pode ser definido por:
(3.15)
Substituindo a equação (3.15) na equação (3.14), é definido por:
(3.16)
Atendendo à equação (3.13), o parâmetro pode ser determinado do seguinte modo:
(3.17)
Em suma, o cálculo dos valores dos parâmetros , e que permitem com que a
função sigmoide tenha um comportamento semelhante à curva de procura residual
inversa, para uma determinada hora, pode ser realizado através das equações (3.18) a
(3.20).
(3.18)
- 55 -
(3.19)
(3.20)
De modo a verificar se o modelo desenvolvido da função sigmoide cumpre as condições
exigidas para ser utilizada como aproximação da curva de procura residual inversa,
procedeu-se à sua implementação, aplicada ao mercado diário do MIBEL, para a hora
20 do dia 11 de novembro de 2011. Os dados referentes ao mercado diário do MIBEL
foram obtidos através da base de dados do OMEL [32].
Os declives das curvas de procura e oferta, no ponto de equilíbrio do mercado diário,
foram obtidos através de uma linearização em torno das três últimas licitações/ofertas
casadas e das três primeiras licitações/ofertas não casadas. Para tal, recorreu-se à
ferramenta POLYFIT disponível no programa MATLAB [39].
Na Tabela 3.1 encontram-se, resumidamente, os dados do mercado diário do MIBEL
utilizados, bem como os declives das curvas de procura e oferta, determinados através
da linearização, o declive da curva de procura residual inversa, calculada através da
equação (3.4), e ainda a elasticidade da procura residual, calculada através da equação
(3.5). De notar que, no mercado diário do MIBEL, o preço máximo de licitação
permitido é €/MWh.
Tabela 3.1: Dados do mercado diário relativos à hora 20 do dia 11 de novembro de 2011.
(€/MWh)
(MWh)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
ε
79,86 29067,30 -0,0515 0,0018 -0,0017 1,5796
Tendo em conta os dados presentes na Tabela 3.1, e considerando o grau de poder de
mercado igual ao dobro do verificado no mercado diário do MIBEL, isto é ,
calcularam-se os parâmetros , e através das equações (3.18) a (3.20). Deste
modo, encontra-se representado na Figura 3.4 a curva de procura residual inversa com
aproximação à função sigmoide, para a hora em questão.
- 56 -
Figura 3.4: Curva de procura residual inversa com aproximação à função sigmoide.
Para que a função sigmoide possa ser utilizada como uma aproximação da curva de
procura residual inversa é necessário que esta, além de refletir a influência da operação
da CHR sobre o preço de equilíbrio, cumpra as condições descritas pelas equações (3.7)
a (3.9).
Em relação à equação (3.7), é possível verificar, através da Figura 3.4, que o declive da
função sigmoide, caso a CHR se encontre parada, é igual ao declive da curva de procura
residual inversa no ponto de equilíbrio do mercado diário afetado pelo fator α, isto é,
€/MWh2.
Relativamente à equação (3.8) verifica-se que o preço de equilíbrio, caso a CHR se
encontre parada, é igual ao preço de equilíbrio do mercado diário sem a intervenção da
respetiva empresa de geração, isto é, €/MWh.
É possível ainda verificar que se a CHR bombear 60000 MWh de energia elétrica o
preço de equilíbrio é de 178,24 €/MWh. O comportamento da função sigmoide sugere
que se a CHR bombear uma quantidade de energia a tender para infinito, o preço de
equilíbrio não se alterará significativamente, pelo que se pode considerar cumprida a
condição descrita pela equação (3.9).
Quanto à influência da operação da CHR sobre o preço de equilíbrio é possível verificar
que quando esta realiza bombagem o preço aumenta, quando realiza geração o preço
diminui e quando se encontra parada o preço mantem-se igual.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
-60000 -40000 -20000 0 20000 40000 60000
Pre
ço (€
/MW
h)
Energia (MWh)
Bombagem Geração
π(0) = 79,86 €/MWh
π'(0) = - 0,0034 €/MWh2
π(-60000) = 178,24 €/MWh
- 57 -
Como a influência da operação da CHR sobre o preço de equilíbrio se encontra
corretamente modelizada e as condições descritas pelas equações (3.7) a (3.9) são
cumpridas, conclui-se que o modelo desenvolvido da função sigmoide pode ser
utilizado como aproximação da curva de procura residual inversa.
Tal como referido anteriormente, implementou-se um fator com o objetivo de
possibilitar a alteração do grau de poder de mercado da empresa de geração.
Por forma a verificar o efeito do fator na função sigmoide, considere a Figura 3.5
onde esta função é representada para valores crescentes deste fator: ; ;
e .
Figura 3.5: Curva de procura residual inversa para diferentes graus de poder de mercado.
Analisando a Figura 3.5 verifica-se que quando o preço de equilíbrio mantém-se
inalterado com a operação da CHR, sendo este comportamento representativo da
situação onde a CHR é tomadora de preço.
À medida que o fator aumenta, o preço de equilíbrio do mercado diário sofre
alterações mais significativas quando a CHR realiza bombagem ou geração. Deste modo
pode concluir-se que o aumento do fator representa um aumento do poder de mercado
da empresa de geração.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
-60000 -40000 -20000 0 20000 40000 60000
Pre
ço (€
/MW
h)
Energia (MWh)
α=0 α=0,5 α=1 α=2
α↑
α↑
- 58 -
3.2. Formulação matemática
Quando uma empresa de geração de energia elétrica está inserida em ambiente de
mercado liberalizado, esta tem como objetivo maximizar o seu lucro durante um
período de tempo . A empresa de geração pode participar nos diversos mercados
disponíveis, tais como os mercados diário, intradiário, a prazo e serviços de sistema. No
entanto, de modo a cumprir-se os objetivos do presente trabalho, é considerado que esta
apenas participa no mercado diário, pois a sua participação nos outros mercados iria
influenciar os resultados obtidos e consequentemente as conclusões daí resultantes.
Por forma a separar o funcionamento da CHR, a energia elétrica comprada para a
bombagem será designada por , enquanto a energia eléctrica vendida proveniente da
geração será designada por . De notar que a convenção considerada é a de gerador,
pelo que a energia elétrica comprada é representada por um valor negativo, isto é
, e a energia elétrica vendida é representada por um valor positivo, isto é .
A empresa de geração pode possuir apenas a CHR ou pode apresentar também no seu
portefólio de geração tecnologias diferentes, tais como uma central térmica de base
(CTB) ou um parque eólico, composto este por várias centrais eólicas.
Em relação à CTB, é considerado que, quando existente, a sua energia gerada é
designada por e tem custos de operação nulos. É considerado ainda que as suas
ofertas de venda já se encontram previamente casadas no mercado diário e, portanto, já
fazem parte da curva de oferta aquando da determinação da curva de procura residual
inversa. Deste modo, a geração de energia elétrica por parte da CTB não irá influenciar
o preço de equilíbrio do mercado diário.
Em relação ao parque eólico, é considerado que, quando existente, a sua energia elétrica
gerada é designada por e é vendida no mercado diário, mas ao contrário do que
acontece com a CTB, as suas ofertas de venda são apresentadas após a determinação da
curva de procura residual inversa. Deste modo, a energia elétrica gerada pelo parque
eólico irá também influenciar o preço de equilíbrio do mercado diário.
Os valores previstos de energia elétrica gerada pela CTB e pelo parque eólico são
conhecidos a priori, não sendo, portanto, variáveis de decisão.
O volume de água armazenado no reservatório superior da CHR é representado por
energia equivalente. No final do período de otimização , é requerido um mínimo de
- 59 -
energia armazenada no reservatório superior. Quer a energia mínima requerida no final
da otimização , quer a energia inicialmente armazenada são
conhecidos a priori.
Deste modo, o despacho de uma CHR pura pertencente a uma empresa de geração e
inserida num mercado diário, é conseguido através da seguinte formulação matemática:
(3.21)
sujeito a:
até (3.22)
até (3.23)
até (3.24)
(3.25)
(3.26)
até (3.27)
Na qual:
Energia elétrica bombeada pela CHR na hora , em MWh;
Máxima energia elétrica que a CHR pode bombear numa hora, em MWh;
Energia elétrica gerada pelo parque eólico na hora , em MWh;
Energia elétrica gerada pela CHR na hora , em MWh;
Máxima energia elétrica que a CHR pode gerar numa hora, em MWh;
Energia elétrica gerada pela CTB na hora , em MWh;
Energia armazenada no reservatório superior da CHR na hora , em MWh;
Mínimo pretendido de energia armazenada no reservatório superior da CHR
- 60 -
no final do período de otimização, em MWh;
Energia inicialmente armazenada no reservatório superior da CHR, em
MWh;
Valor mínimo permitido de energia armazenada no reservatório superior da
CHR, em MWh;
Valor máximo permitido de energia armazenada no reservatório superior da
CHR, em MWh;
Rendimento da CHR quando bombeia;
Rendimento da CHR quando gera;
A função objetivo, expressa em (3.21), contém o balanço monetário horário proveniente
da compra e venda de energia elétrica no mercado diário, representando, portanto, o
lucro da empresa de geração de energia elétrica ao longo do período de tempo .
As restrições (3.22) e (3.23) representam o limite de bombagem e geração da CHR,
respetivamente. De notar que para a CTB e o parque eólico não são impostos limites de
operação pois os seus valores são conhecidos a priori, assumindo-se, deste modo, que
estes respeitam os limites de operação.
A energia armazenada no reservatório superior, para uma determinada hora, depende do
funcionamento da CHR nessa mesma hora e da energia armazenada na hora anterior.
Deste modo, se a CHR estiver a bombear água, a energia armazenada irá aumentar. No
entanto, devido ao rendimento da bombagem , a energia armazenada é inferior à
que é bombeada. Por outro lado, se a CHR estiver a gerar energia elétrica, a energia
armazenada irá diminuir, mas devido ao rendimento de geração da CHR , essa
diminuição é superior à energia gerada [40]. Tendo em conta as condições enunciadas, a
energia armazenada no reservatório superior é dada pela equação (3.24).
Dado que a energia inicialmente armazenada e a energia mínima final requerida no
reservatório superior são conhecidos a priori, então as condições (3.25) e (3.26) têm
que ser respeitadas.
Os limites de operação do reservatório superior são representados na restrição (3.27).
Devido ao rendimento do ciclo de bombagem ( ) ser inferior à unidade, bombear
água para o reservatório superior ao mesmo tempo que se turbina água para gerar
- 61 -
energia elétrica implicaria um desperdício de energia sem ganhos económicos [41].
Deste modo, este comportamento nunca se irá verificar pelo que não existe necessidade
de incluir restrições que imponham esta mesma condição.
Sendo o despacho da CHR um problema de otimização não linear, torna-se importante
analisar a sua convexidade. Neste sentido, a função objetivo é uma função
pseudocôncava e as restrições, sendo lineares, definem um conjunto convexo de
soluções possíveis. Deste modo, as condições de optimalidade, nomeadamente as
condições de Karush-Kuhn-Tucker, são não só necessárias, mas também suficientes.
Existem conceitos e definições relacionadas com esta temática que não são abordadas
no presente trabalho, no entanto, em [42] encontra-se uma explicação detalhada sobre o
assunto.
3.3. Operação da central hídrica reversível
Considere as horas e , sendo que na hora o preço de equilíbrio do mercado diário,
sem a intervenção da empresa de geração, é inferior ao preço de equilíbrio da hora ,
isto é,
.
Tal como demonstrado na Subsecção 3.1.1, se na hora a CHR operar em modo de
bombagem e comprar , o preço de equilíbrio do mercado diário irá aumentar em
. Por outro lado, se na hora a CHR vender
, o preço de equilíbrio irá diminuir
em .
Considerando que no final das duas horas em questão, a energia armazenada no
reservatório superior da CHR é igual à inicialmente existente ,
então após a CHR consumir para bombear água, esta apenas conseguirá gerar
, onde é dado por . Deste modo, pode afirmar-se que
.
Atendendo à expressão do lucro dada em (3.21), pode afirmar-se que em cada hora ,
existe um lucro horário da empresa de geração . Realizando uma linearização da curva
do lucro horário em torno do ponto de variação, pode dizer-se que a variação do lucro
horário com a variação da operação da CHR, para uma hora , é genericamente dada por
, sendo o lucro marginal da hora e
a energia bombeada ou
- 62 -
gerada, consoante o funcionamento da CHR nessa mesma hora, isto é,
.
Atendendo à equação (3.21), o lucro marginal de uma hora é dado por:
(3.28)
Obtida a expressão do lucro marginal para uma hora , é possível determinar as
condições que incentivam a CHR a realizar bombagem e geração, e ainda o critério que
determina as quantidades de energia consumidas e geradas pela mesma
3.3.1. Condição para a realização de bombagem e geração
Dado que se pretende determinar qual a condição para a realização de bombagem e
geração, logo nesta fase a CHR ainda não realiza bombagem nem geração, pelo que
.
Se a CHR realizar bombagem na hora , então o lucro nessa hora irá sofrer uma
variação de , sendo esse lucro correspondente a um custo. No entanto, com a
energia armazenada, a CHR pode gerar energia elétrica na hora , pelo que, o lucro
nessa hora irá sofrer uma variação de , sendo esse lucro correspondente à receita da
empresa. Deste modo, pode afirmar-se que apenas é rentável a CHR realizar bombagem
e geração se a variação da receita obtida for maior que a variação do custo de aquisição
da energia elétrica, sendo, deste modo, a condição para a CHR realizar bombagem e
geração a descrita em (3.29).
- 63 -
(3.29)
Central hídrica reversível
Tendo em atenção a equação (3.28), se a empresa de geração apenas possuir uma CHR,
isto é, não possuir nenhuma CTB ou parque eólico, o lucro marginal é igual ao preço de
equilíbrio sem a intervenção da CHR no mercado diário, tal como se pode constatar pela
equação (3.30).
(3.30)
Substituindo a equação (3.30) na condição (3.29), tem-se:
(3.31)
Através da condição (3.31) conclui-se que se a empresa de geração possuir apenas uma
CHR, esta realiza bombagem e geração tendo apenas em conta a diferença de preços de
equilíbrio sem a intervenção da empresa de geração no mercado diário,
independentemente do poder de mercado que esta apresente. Assim, CHR realiza
bombagem e geração nas horas onde a relação entre o preço de compra e o preço de
venda seja inferior ao rendimento do ciclo de bombagem.
Central hídrica reversível e central térmica de base
Tendo em atenção a equação (3.28), e considerando que a CTB apresenta uma geração
não nula, o lucro marginal pode ser escrito do seguinte modo:
- 64 -
(3.32)
Tendo em atenção a equação (3.6), a equação (3.32) pode ser escrita do seguinte modo:
(3.33)
Recorrendo às equações (3.18) a (3.20) verifica-se que:
(3.34)
Substituindo a equação (3.34) na equação (3.33), tem-se que:
(3.35)
O parâmetro é dado através da equação (3.20), pelo que substituindo esta na equação
(3.35), o lucro marginal pode ser determinado pela equação (3.36).
- 65 -
(3.36)
Substituindo a equação (3.36) na condição (3.29), tem-se a condição que determina
quando a CHR realiza bombagem e geração, estando esta presente em (3.37).
(3.37)
Através da condição (3.37) é possível concluir que as horas em que a CHR deve operar
dependem, não só do preço de equilíbrio sem a intervenção da empresa de geração no
mercado diário, mas também do poder de mercado, do declive da curva de procura
residual inversa e da energia elétrica gerada pela CTB.
No entanto, se a empresa de geração for tomadora de preço, isto é, , a CHR
apenas irá operar tendo em conta os preços de equilíbrio do mercado diário sem a sua
intervenção, tal como se a empresa de geração apenas possuísse a CHR.
Central hídrica reversível e parque eólico
Tendo em atenção a equação (3.28), e considerando que o parque eólico apresenta
geração não nula, o lucro marginal pode ser escrito como na equação (3.38).
(3.38)
Tendo em atenção a equação (3.6), a equação (3.38) pode ser escrita tal como presente
na equação (3.39).
- 66 -
(3.39)
Em contraste com a situação da CHR e CTB, a substituição das equações (3.18) a (3.20)
na expressão do lucro marginal, equação (3.39), não representa uma simplificação da
mesma, pelo que, tal não é desenvolvida no presente trabalho.
Deste modo, substituindo a equação (3.39) na condição (3.29), tem-se a condição que
determina quando a CHR realiza bombagem e geração, estando esta presente em (3.40).
(3.40)
Através da condição (3.40) verifica-se que as horas em que a CHR deve operar
dependem do preço de equilíbrio do mercado diário influenciado pela geração do parque
eólico, do poder de mercado, incluído nos parâmetros que modelizam a função sigmoide
( e ), e da quantidade energia elétrica vendida pelo parque eólico.
3.3.2. Quantidade de energia bombeada e gerada
As condições anteriores determinam quais as horas em que a CHR deve realizar
bombagem e geração. No entanto, com essas condições não é possível determinar a
quantidade de energia que a CHR deve bombear ou gerar em cada hora, sendo esse o
objetivo da presente Subsecção.
A empresa de geração é definidora de preço
Enquanto o incremento da receita ( ) for superior ao incremento do custo ( ), ou
seja, enquanto o lucro marginal da geração, afetado pelo rendimento do ciclo de
bombagem, for superior ao lucro marginal da bombagem, então a CHR terá incentivo
em aumentar a quantidade de energia elétrica bombeada e gerada.
- 67 -
No entanto, analisando a equação (3.28), verifica-se que com o aumento da energia
bombeada o lucro marginal dessa hora aumenta, por outro lado, com o aumento da
energia gerada o lucro marginal dessa hora diminui.
Deste modo, quando o incremento da receita igualar o incremento do custo, a CHR
perde o incentivo de bombear e gerar mais energia elétrica, estando deste modo na
condição de maximização do lucro. Assim, a condição que determina as quantidades de
energia bombeada e gerada é a dada pela equação (3.41).
(3.41)
Este critério verifica-se apenas quando a CHR realiza bombagem e geração com níveis
inferiores aos máximos permitidos. Se a CHR realizar bombagem ou geração no seu
limite máximo, quer dizer que ela tinha incentivo para aumentar a energia bombeada ou
gerada, mas apenas não o faz porque não é possível. Deste modo, a equação (3.41) não
chega a verificar-se, pelo que
.
Se houver mais do que uma hora em que a CHR realize bombagem, os lucros marginais
dessas horas serão iguais entre si, exceto nas horas onde a CHR esteja a operar no seu
limite máximo de bombagem. O mesmo se aplica para as horas em que a CHR realiza
geração de energia elétrica.
A empresa de geração é tomadora de preço
Para se simular o cenário em que a empresa de geração é tomadora de preço, impõe-se a
condição . Atendendo à equação (3.20), verifica-se que ao tender para zero, faz
com que tenda para infinito. Deste modo,
tenderá para zero, pelo que a equação
(3.28) pode ser escrita da seguinte forma:
- 68 -
(3.42)
Como a empresa de geração é tomadora de preço, a operação da CHR e do parque
eólico não influenciará o preço de equilíbrio do mercado diário. Deste modo, o lucro
marginal também se mantém inalterado e igual ao preço de equilíbrio sem a intervenção
da empresa de geração, isto é,
.
Como o lucro marginal não se altera com a alteração da operação das centrais
pertencentes à empresa de geração, nas horas em que a CHR realizar bombagem e
geração, esta terá sempre incentivo a fazê-lo no seu limite máximo, verificando-se que
.
3.4. Algoritmo de resolução
No presente Capítulo foi desenvolvido o modelo de otimiza a operação de uma CHR
pertencente a uma empresa de geração de energia elétrica inserida no mercado diário.
Para a implementação deste modelo é necessário realizar uma sequência de processos,
sendo esta sequência esquematizada, de forma simplificada, pelo diagrama de blocos da
Figura 3.6.
- 69 -
Figura 3.6: Diagrama de blocos simplificado para a determinação do perfil ótimo de geração e
bombagem da CHR.
Para a resolução do problema de otimização utiliza-se o pacote de otimização MINOS,
através da linguagem de programação GAMS. Este pacote de otimização, desenvolvido
por B. Murtaugh e M. Saunders, resolve problemas lineares e não lineares, tendo sido,
no entanto, especialmente desenhado para resolver problemas não lineares de grande
escala [43].
Calcular:
Características
da CHR
Geração horária da CTB e do
parque eólico
Curvas horárias
da procura e
oferta
Preço de equilíbrio
e energia casada
horária
Ler os seguintes dados de entrada:
Declive horário
das curvas de
procura e oferta
Declive horário da
curva de procura
residual inversa
Escolhendo
Parâmetros horários
que modelizam a
função sigmoide
Resolver o problema de otimização e obter:
Perfil de geração e
bombagem da CHR Preço de equilíbrio do
mercado diário
- 70 -
Para a determinação do declive das curvas de procura e oferta, utiliza-se uma
aproximação linear junto ao ponto de equilíbrio de cada hora, recorrendo-se para tal à
ferramenta POLYFIT disponibilizada pelo programa MATLAB [39].
De uma forma mais detalhada, o algoritmo desenvolvido para determinar o perfil ótimo
de geração e bombagem da CHR, pertencente a uma empresa de geração inserida no
mercado diário, é o que se segue:
1) Ler os seguintes dados de entrada:
a) Rendimento de bombagem e geração da CHR;
b) Nível mínimo, máximo, inicial e final de energia armazenada no reservatório
superior da CHR;
c) Máximo consumo e geração de energia elétrica que a CHR pode realizar;
d) Geração horária de energia elétrica por parte da CTB, caso exista;
e) Geração horária de energia elétrica por parte do parque eólico, caso exista;
f) Valores horários de preço de equilíbrio e energia casada do mercado diário,
sem a intervenção da empresa de geração;
g) Curvas horárias da procura e oferta do mercado diário;
2) Determinar o declive horário das curvas da procura e oferta com aproximação
linear, através da ferramenta POLYFIT;
3) Calcular o declive horário da curva de procura residual inversa, com recurso à
equação (3.4);
4) Escolher o grau de poder de mercado através do fator ;
5) Calcular, para cada hora, os parâmetros que modelizam a função sigmoide,
através das equações (3.18) a (3.20);
6) Resolver o problema de otimização, descrito pelas equações (3.21) a (3.27),
utilizando o pacote de otimização MINOS, e guardar os resultados obtidos;
7) Para obter mais resultados com um diferente grau de poder de mercado ir para o
passo 4 e modificar o valor de ; caso contrário parar.
- 71 -
4. Casos de Estudo
Neste capítulo são apresentados três casos de estudo por forma a avaliar a resposta da
central hídrica reversível face a diferentes cenários. O primeiro caso de estudo visa
avaliar o impacto do grau de poder de mercado no despacho de uma central hídrica
reversível. No segundo e terceiro caso de estudo a empresa de geração possuí também
uma central térmica e um parque eólico, respetivamente, permitindo deste modo
analisar a influência da geração de energia elétrica por parte de centrais de tecnologia
diferente na operação de uma central hídrica reversível.
CCaappííttuulloo
44
CCaassooss ddee EEssttuuddoo
- 72 -
- 73 -
4. Casos de Estudo
Com o objetivo de avaliar o impacto da variação do grau de poder de mercado no
despacho de uma CHR, no primeiro caso de estudo é considerado que a empresa de
geração apenas possui uma CHR, sendo as suas características iguais nos restantes casos
de estudo. Para atingir o objetivo proposto, a compra e venda de energia elétrica é
efetuada no mercado diário podendo influenciar, deste modo, o preço de equilíbrio do
mesmo.
O segundo caso de estudo tem por objetivo analisar a influência da geração de energia
elétrica de uma CTB na operação da CHR. Neste caso de estudo é considerado que a
energia gerada pela CTB é constante ao longo do tempo e que esta já se encontra
ofertada no mercado diário aquando da obtenção da curva de oferta, isto é, a venda de
energia elétrica da CTB não influencia o preço de equilíbrio do mercado diário.
O terceiro caso de estudo tem por objetivo analisar a influência da geração de energia
elétrica de um parque eólico na operação da CHR. Para este caso de estudo é
considerado que o parque eólico encontra-se instalado em Portugal sendo, portanto,
considerado que o seu perfil de geração é semelhante ao verificado em Portugal. A
geração eólica poderá, à semelhança da CHR, influenciar o preço de equilíbrio do
mercado diário.
De acordo com Kanakasabapathy e Swarup [44], é economicamente mais vantajoso
planear a operação de uma CHR num horizonte de uma semana do que para apenas um
dia, pois permite uma melhor exploração da capacidade de armazenamento do seu
reservatório superior. Deste modo, a otimização da operação da CHR, nos três casos de
estudo, é realizada para uma semana.
4.1. Dados de entrada
Para determinar o perfil ótimo de geração e bombagem da CHR é necessário ler alguns
dados de entrada, sendo estes descritos na presente Secção.
- 74 -
Central hídrica reversível
Considere uma CHR pura em que os limites mínimo e máximo de
energia armazenada no reservatório superior seja de 500_MWh e 70000_MWh,
respetivamente.
Quando a CHR realiza bombagem o seu rendimento é de 80%, por outro lado,
quando esta opera em modo de geração apresenta um rendimento de 90%, tal
como utilizado em [40]. Através dos rendimentos de bombagem e geração é possível
determinar o rendimento do ciclo de bombagem, que apresenta o valor de:
.
Devido a restrições dos componentes que constituem a CHR, o máximo de energia que
esta pode bombear e gerar
em cada hora é de 1000_MWh, para ambas
as situações. É considerado que a CHR é capaz de mudar de estado instantaneamente,
significando que esta é capaz de funcionar em qualquer estado em qualquer hora.
A operação semanal começa à meia-noite de segunda-feira, com uma energia
inicialmente armazenada no reservatório superior de 50000_MWh, e termina
à meia-noite da segunda-feira da semana seguinte com pelo menos 50000_MWh de
energia armazenada no reservatório superior .
Mercado diário do MIBEL
No mercado diário do MIBEL as licitações de compra e as ofertas de venda são
realizadas para cada hora do dia, sendo este, assim, dividido em vinte e quatro períodos
iguais. Como uma semana apresenta sete dias, logo .
Os dados considerados para o mercado diário do MIBEL foram obtidos através da base
de dados do OMEL [32], para a semana de 7 a 13 de novembro de 2011. Nas horas em
que ocorreram mecanismos de separação de mercados (market splitting) foi considerado
os dados referentes ao mercado espanhol, pois este apresenta um volume de mercado
consideravelmente superior ao português e, portanto, mais semelhante do mercado
diário antes da aplicação deste mecanismo. De notar que, no mercado diário do MIBEL,
o preço máximo de licitação permitido é €/MWh.
- 75 -
Na Figura 4.1 são representados o preço de equilíbrio (barras) e a energia casada (linha)
do mercado diário para a semana em questão, sem a intervenção da empresa de geração.
Figura 4.1: Preço de equilíbrio e energia casada sem a intervenção da empresa de geração –
7 a 13 de novembro de 2011.
Os declives horários das curvas de procura e oferta, determinados pela linearização em
torno do ponto de equilíbrio do mercado diário, são ilustrados na Figura 4.2. Nesta
mesma figura encontra-se também representado o declive da curva de procura residual
inversa, calculado pela equação (3.4).
Figura 4.2: Declive das curvas de oferta, procura e procura residual inversa –
7 a 13 de novembro de 2011.
0
3000
6000
9000
12000
15000
18000
21000
24000
27000
30000
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 24 48 72 96 120 144 168
En
erg
ia C
asa
da
(M
Wh
)
Pre
ço d
e E
qu
ilíb
rio
(€
/MW
h)
Tempo (h)
Preço Energia
-0,4
-0,3
-0,2
-0,1
0
0,1
0,2
0 24 48 72 96 120 144 168
Dec
liv
e (€
/MW
h2)
Tempo (h)
Declive da curva
de procura (β)
Declive da curva
de oferta (γ)
Declive da curva
de procura residual
inversa (δ)
- 76 -
Analisando a Figura 4.2 pode verificar-se que o declive da curva de procura apresenta,
no geral, maior variação do que o declive da curva de oferta. Verifica-se ainda que o
declive da curva de oferta apresenta normalmente valores mais baixos, em valor
absoluto, do que o declive da curva de procura, levando o declive da curva de procura
residual inversa a apresentar valores baixos, em valor absoluto.
Por forma a obter-se uma melhor perceção da variação do declive da curva de procura
residual inversa, na Figura 4.3 encontra-se representado um pormenor da mesma.
Figura 4.3: Declive da curva de procura residual inversa (δ) – 7 a 13 de novembro de 2011.
Através da Figura 4.3 é possível constatar que o declive da curva de procura residual
inversa apresenta variações consideráveis, devendo-se isto ao facto de as curvas de
oferta e procura apresentarem um comportamento diferente para todas as horas.
Obtido o declive horário da curva da procura residual inversa no ponto de equilíbrio do
mercado diário, é possível calcular a elasticidade da procura residual através da equação
(3.5), sendo esta representada na Figura 4.4.
-0,02
-0,0175
-0,015
-0,0125
-0,01
-0,0075
-0,005
-0,0025
0
0 24 48 72 96 120 144 168
δ (€
/MW
h2)
Tempo (h)
- 77 -
Figura 4.4: Elasticidade da procura residual – 7 a 13 de novembro de 2011.
Tendo em conta a Figura 4.4, pode constatar-se que a elasticidade da procura residual
apresenta variações ao longo da semana, sendo em algumas horas rígida (valor inferior à
unidade) e outras horas elástica (valor superior à unidade). Dado isto, a empresa de
geração ao intervir no mercado diário não alterará o preço de equilíbrio de igual modo
em todas as horas, podendo este facto influenciar a operação da CHR.
Por forma a obter análises esclarecedoras dos resultados obtidos, será, por vezes,
necessário ilustrá-los apenas para um dia da semana em questão. De notar que apenas se
está a pormenorizar os resultados desse dia, pelo que a otimização continua a ser
semanal. Para este prepósito é considerado o dia 11 de novembro de 2011, onde o preço
de equilíbrio (barras) e a energia casada (linha) do mercado diário, sem a intervenção da
empresa de geração, são representados na Figura 4.5.
Figura 4.5: Preço de equilíbrio e energia casada sem a intervenção da empresa de geração –
11 de novembro de 2011.
0
10
20
30
40
50
0 24 48 72 96 120 144 168
Ela
stic
ida
de
Tempo (h)
0
3000
6000
9000
12000
15000
18000
21000
24000
27000
30000
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
En
erg
ia C
asa
da
(M
Wh
)
Pre
ço d
e E
qu
ilíb
rio
(€
/MW
h)
Tempo (h)
Preço Energia
- 78 -
Para o dia 11 de novembro de 2011, a elasticidade da procura residual é a representada
na Figura 4.6.
Figura 4.6: Elasticidade da procura residual – 11 de novembro de 2011.
Através da Figura 4.6 e da Figura 4.5 é possível verificar que a procura residual é mais
rígida nas horas de menor e maior preço de equilíbrio sem a intervenção da empresa de
geração. Nestas horas é espectável que a CHR realize bombagem e geração, pelo que,
tal operação alterará o preço de equilíbrio consideravelmente.
Geração eólica em Portugal
Para o terceiro caso de estudo é considerado que a empresa de geração possui um
parque eólico instalado em Portugal. Para determinar o perfil de geração de energia
elétrica do parque eólico, para a semana de 7 a 13 de novembro de 2011, considerou-se
que este apresenta um perfil de geração semelhante ao verificado em Portugal, para o
mesmo período de tempo.
Por forma a verificar como a geração eólica influencia o preço de equilíbrio do mercado
diário, estes encontram-se representados na Figura 4.7.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Ela
stic
ida
de
Tempo (h)
- 79 -
Figura 4.7: Preço de equilíbrio do mercado diário e geração eólica em Portugal –
7 a 13 de novembro de 2011.
Os dados referentes à geração eólica foram obtidos através da concessionária da rede de
transporte portuguesa, a REN [45]. Embora os dados facultados apresentem uma
periocidade de 15_min em 15_min, aquando da implementação no modelo
desenvolvido apenas foi considerado a sua média horária.
Através da Figura 4.7 é possível constatar que, regra geral, quando a geração eólica é
mais elevada, o preço de equilíbrio do mercado diário tende a ser mais baixo.
Este efeito resulta essencialmente devido a dois fatores: o primeiro deve-se por as
centrais eólicas espanholas realizem as suas ofertas de venda, tipicamente, a um preço
muito baixo; o segundo fator deve-se às centrais eólicas portuguesas, que embora não
transacionem a sua energia gerada em mercado, vendem-na ao comercializador de
último recurso, tendo este a responsabilidade de integrar a respetiva geração nas suas
licitações de aquisição, reduzindo assim a necessidade de procura [29].
Deste modo, embora o parque eólico considerado esteja instalado em Portugal, e
portanto não transaciona a sua energia em mercado, a sua geração fará diminuir as
licitações de compra, influenciando o preço de equilíbrio do mercado diário. A
influência da diminuição das licitações de compra do comercializador de último recurso,
que são realizadas a preço instrumental de 180,3_€/MWh, sobre o preço de equilíbrio
do mercado diário é muito semelhante à influência do aumento das ofertas de venda a
preço muito reduzido sobre o mesmo.
0
400
800
1200
1600
2000
2400
2800
3200
3600
4000
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 24 48 72 96 120 144 168
Ger
açã
o E
óli
ca (
MW
h)
Pre
ço d
e E
qu
ilib
rio
(€
/MW
h)
Tempo (h)
Preço Geração eólica
- 80 -
Deste modo, e no contexto do presente estudo, é válido considerar que a energia elétrica
gerada pelo parque eólico é vendida no mercado diário, tal como considerado no
problema de otimização.
A geração eólica em Portugal e o preço de equilíbrio do mercado diário, para o dia 11
de novembro de 2011, encontram-se representados na Figura 4.8.
Figura 4.8: Preço de equilíbrio do mercado diário e geração eólica em Portugal –
11 de novembro de 2011.
Os dados de entrada apresentados nas respetivas figuras encontram-se disponíveis para
consulta no Apêndice A.
4.2. Central hídrica reversível
A presente Secção tem por objetivo avaliar o impacto da variação do grau de poder de
mercado no despacho de uma CHR. Para tal, considerou-se que a empresa de geração
não possuía nenhuma CTB nem nenhum parque eólico, pelo que e
,
a .
Por forma a simular diferentes graus de poder de mercado, o algoritmo desenvolvido na
Secção 3.4 foi aplicado para três cenários diferentes de crescente poder de mercado:
, e .
0
400
800
1200
1600
2000
2400
2800
3200
3600
4000
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Ger
açã
o E
óli
ca (
MW
h)
Pre
ço d
e E
qu
ilíb
rio
(€
/MW
h)
Tempo (h)
Preço Geração eólica
- 81 -
Os resultados obtidos, respeitantes aos cenários extremos ( e ), do perfil de
bombagem e geração da CHR para a semana de 7 a 13 de novembro de 2011, são
representados na Figura 4.9.
Figura 4.9: Energia bombeada e gerada pela CHR para diferentes graus de poder de mercado –
7 a 13 de novembro de 2011.
Analisando o preço de equilíbrio sem a intervenção da empresa de geração, Figura 4.1,
e o perfil de bombagem e geração da CHR, Figura 4.9, verifica-se que quando o preço
de equilíbrio é mais baixo a CHR opera em modo de bombagem, quando o preço de
equilíbrio é mais alto a CHR gera energia elétrica e quando o preço apresenta valores
intermédios a CHR encontra-se parada, qualquer que seja o grau de poder de mercado.
Sendo a CHR do tipo pura, a sua operação provoca variações da energia armazenada no
reservatório superior, tal como representado na Figura 4.10.
Figura 4.10: Energia armazenada no reservatório superior da CHR para diferentes graus de
poder de mercado – 7 a 13 de novembro de 2011.
-1250 -1000
-750 -500 -250
0 250 500 750
1000 1250
0 24 48 72 96 120 144 168
En
erg
ia d
e S
aíd
a d
a C
HR
(MW
h)
Tempo (h)
α=0 α=2
25000
30000
35000
40000
45000
50000
55000
0 24 48 72 96 120 144 168 En
erg
ia A
rma
zen
ad
a (
MW
h)
Tempo (h)
α=0 α=2
25
60
0 M
Wh
18
37
3 M
Wh
- 82 -
Da Figura 4.10 é possível verificar que a energia armazenada no reservatório superior,
regra geral, diminui ao longo dos dias de semana e aumenta durante o fim de semana.
Isto acontece pois a CHR aproveita os preços de equilíbrio mais elevados, praticados
durante os dias de semana, para realizar geração de forma mais intensa e os baixos
preços, praticados no fim de semana, para realizar bombagem e assim repor a energia
gasta durante a semana.
Para qualquer dos cenários, a energia armazenada no final do período de otimização é
igual ao mínimo requerido, pois bombear apresenta um custo associado à compra de
energia elétrica, pelo que, a CHR apenas tem incentivo a bombear a quantidade de
energia necessária para a geração.
No entanto, verifica-se que aumentando o grau de poder de mercado o reservatório
superior apresenta uma menor utilização, isto é, a amplitude entre o mínimo e o máximo
atingidos durante o período de otimização é menor.
Para uma análise mais detalhada acerca da influência do poder de mercado na operação
da CHR, considere a Figura 4.11 onde é representado o perfil de bombagem e geração
da CHR, para os cenários de , e , para o dia 11 de novembro de 2011.
Figura 4.11: Energia bombeada e gerada pela CHR para diferentes graus de poder de mercado
– 11 de novembro de 2011.
Através da Figura 4.11 é possível verificar que, no cenário onde a empresa de geração é
tomadora de preço , a CHR realiza bombagem e geração de elevadas
quantidades de energia elétrica. Contudo, com o aumento do poder de mercado a CHR
-1250
-1000
-750
-500
-250
0
250
500
750
1000
1250
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
En
erg
ia d
e S
aíd
a d
a C
HR
(M
Wh
)
Tempo (h)
α=0 α=1 α=2
α↑ α↑
- 83 -
reduz as quantidades de energia bombeada e gerada em cada hora, devendo-se este
comportamento ao facto de, nesta situação, a operação da CHR influenciar o preço de
equilíbrio do mercado diário, tal como se pode verificar na Figura 4.12.
Figura 4.12: Preço de equilíbrio para diferentes graus de poder de mercado, após intervenção
da CHR – 11 de novembro de 2011.
Da análise da Figura 4.12 é possível constatar que com o aumento do grau de poder de
mercado da empresa de geração, a participação da CHR no mercado diário tem uma
maior influência sobre o preço de equilíbrio, fazendo-o subir quando realiza bombagem
e descer quando gera energia elétrica. Este efeito sobre o preço de equilíbrio não é
favorável para a CHR, pois esta ao comprar energia elétrica aumenta o preço de
equilíbrio, aumentando assim o custo de bombagem, e ao vender energia elétrica o
preço desce, levando a uma diminuição da receita.
Dado isto, pode concluir-se que quanto maior o grau de poder de mercado da empresa
de geração, maior será a influência da operação da CHR sobre o preço de equilíbrio do
mercado diário, tornando-se menos atrativo licitar e ofertar grandes quantidades de
energia elétrica. Esta diminuição leva a uma redução da quantidade total de energia
bombeada, e consequentemente gerada, tal como se pode verificar na Figura 4.13.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Pre
ço d
e E
qu
ilíb
rio
(€
/MW
h)
Tempo (h)
α=0 α=1 α=2
α↑
α↑
- 84 -
Figura 4.13: Energia total bombeada e lucro obtido para diferentes graus de poder de mercado.
Dado que, em alguns momentos, a energia armazenada pela CHR possa ser proveniente
do excesso de geração renovável, nomeadamente geração eólica, o facto de a empresa
de geração apresentar poder de mercado pode levar a uma menor integração deste tipo
de geração, quando comparado com o caso de esta ser tomadora de preço.
Na Figura 4.13 encontra-se também representado o lucro obtido pela empresa de
geração, onde é possível constatar que com o aumento do poder de mercado o lucro
diminui. Isto deve-se ao facto de ao aumentar o poder de mercado, a operação da CHR
irá influenciar mais o preço de equilíbrio, levando a que a energia seja comprada a um
preço superior e vendida a um preço inferior, o que provoca uma diminuição do lucro.
Tendo em atenção que a energia armazenada no final do período de otimização é igual à
inicial, a energia total vendida pela CHR apresenta o mesmo comportamento da energia
total bombeada com o aumento do grau de poder de mercado. Como a diminuição da
energia total vendida é mais acentuada que a diminuição do lucro com o aumento do
poder de mercado, o lucro médio da energia vendida aumenta com o aumento do poder
de mercado, tal como pode ser constatado pela Figura 4.14.
400000
533333
666667
800000
933333
1066667
1200000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
0 0,5 1 1,5 2
Lu
cro
(€
)
En
erg
ia T
ota
l B
om
bea
da
(M
Wh
)
Poder de Mercado, α
Energia Lucro
- 85 -
Figura 4.14: Lucro médio da energia vendida pela empresa de geração para diferentes graus de
poder de mercado.
O que provoca o lucro médio da energia vendida a aumentar com o aumento do poder
de mercado é facto da CHR reduzir a energia bombeada e gerada em cada hora,
conseguindo posicionar-se no mercado diário de forma a obter uma melhor valorização
da sua energia vendida.
Na Subsecção 3.3.1 é demonstrado que qualquer que seja o grau de poder de mercado, a
CHR realiza bombagem e geração para as mesmas horas, sendo apenas necessário que a
relação entre o preço de compra e o preço de venda seja inferior ao rendimento do ciclo
de bombagem. Neste sentido, na Figura 4.15 é representado o preço de equilíbrio, sem a
intervenção da empresa de geração, ordenado de forma crescente, bem como o preço
máximo e mínimo para os quais a CHR realizou bombagem e geração, respetivamente.
Figura 4.15: Curva ordenada dos preços de equilíbrio.
35
36
37
38
39
40
41
42
0 0,5 1 1,5 2
Lu
cro
Méd
io d
a
En
erg
iaV
end
ida
(€
/MW
h)
Poder de Mercado, α
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 144 156 168
Pre
ço d
e E
qu
ilíb
rio
(€
/MW
h)
Tempo (h)
Preço Ordenado Limite para Bombagem Limite para Geração
Parada Geração Bombagem
- 86 -
Dos resultados obtidos verifica-se que quando o preço de equilíbrio apresenta valores
não superiores a 40,1 €/MWh a CHR realiza bombagem, correspondendo isso a 41 h.
Por outro lado, quando o preço de equilíbrio é não inferior a 56,05 €/MWh a CHR opera
em modo de geração, sendo isso correspondente a 29 h. Nas restantes 98 h da semana a
CHR encontra-se parada.
A relação entre o limite máximo de bombagem e o limite mínimo de geração é igual a
0,715 sendo, portanto, ligeiramente inferior ao rendimento do ciclo de bombagem que é
de 0,72, indo assim de encontro ao esperado.
4.3. Central hídrica reversível e central térmica
A presente Secção tem por objetivo analisar a influência da geração de energia elétrica
por parte de uma CTB na operação da CHR.
Esta análise é realizada considerando que a empresa de geração tem o grau de poder de
mercado igual ao verificado no mercado diário do MIBEL, pelo que o algoritmo
desenvolvido na Secção 3.4 é aplicado para . Por forma a avaliar a influência do
aumento da potência nominal da CTB na operação da CHR, considere três cenários de
crescente potência da CTB, sendo estes: , _MW e _MW.
A escolha das potências nominais dos diferentes cenários tem por base a série de Renard
R10, sendo esta uma progressão geométrica utilizada na normalização de alguns
produtos [46]. Os valores de potência escolhidos são consideravelmente elevados com o
intuito de evidenciar a mudança de comportamento da CHR com o aumento da potência
nominal da CTB.
Neste caso de estudo é considerado que a CTB realiza geração em todas as horas à sua
potência nominal e que esta já se encontra ofertada no mercado diário aquando da
obtenção da curva de oferta, isto é, a venda de energia elétrica da CTB não influencia o
preço de equilíbrio. É considerado também que a empresa de geração não possui
nenhum parque eólico, pelo que , a .
Os resultados obtidos, respeitantes aos cenários extremos ( _MW e
_MW), do perfil de bombagem e geração da CHR para a semana de 7 a 13 de
novembro de 2011, são representados na Figura 4.16.
- 87 -
Figura 4.16: Energia bombeada e gerada pela CHR para diferente potência nominal da CTB –
7 a 13 de novembro de 2011.
Através da Figura 4.16 é possível verificar que, com o aumento da potência nominal da
CTB, a CHR modifica a sua operação de forma significativa, modificando não só as
quantidades de energia elétrica bombeada e gerada, mas também o seu estado de
funcionamento.
Esta mudança de operação pode ser verificada em detalhe na Figura 4.17, onde é
representado o perfil de bombagem e geração da CHR, para todos os cenários
propostos, para o dia 11 de novembro de 2011.
Figura 4.17: Energia bombeada e gerada pela CHR para diferente potência nominal da CTB –
11 de novembro de 2011.
-1250
-1000
-750
-500
-250
0
250
500
750
1000
1250
0 24 48 72 96 120 144 168
En
erg
ia d
e S
aíd
a d
a C
HR
(M
Wh
)
Tempo (h)
Pt=0 MW Pt=6300 MW
-1250
-1000
-750
-500
-250
0
250
500
750
1000
1250
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
En
erg
ia d
e S
aíd
a d
a C
HR
(M
Wh
)
Tempo (h)
Pt=0 MW Pt=3150 MW Pt=6300 MW
- 88 -
Tendo em conta o preço de equilíbrio sem a intervenção da empresa de geração, Figura
4.5, e o perfil de bombagem e geração da CHR para o cenário de _MW,
Figura 4.17, é possível constatar que a CHR realiza bombagem numa hora de preço de
equilíbrio relativamente elevado (hora 22), onde seria espectável que esta realizasse
geração de energia elétrica. Por outro lado, a CHR gera energia elétrica em horas de
preço intermédio (horas 8 a 16), onde seria de esperar que esta permanecesse parada.
Relativamente à hora 22, a CHR altera o seu estado de funcionamento com o aumento
da potência nominal da CTB pois a procura residual é, nesta hora, inelástica, tal como se
pode verificar pela Figura 4.6. Assim, a CHR ao realizar bombagem aumenta
significativamente o preço de equilíbrio, valorizando a energia vendida pela CTB.
Relativamente às horas 8 a 16, a CHR altera o seu estado de funcionamento de parada
para geração, pois nestas horas o valor de elasticidade da procura residual é maior, tal
como se pode constatar pela Figura 4.6. Assim, a CHR ao gerar energia elétrica não
influencia significativamente o preço de equilíbrio.
Da análise anterior é possível constatar que, com o aumento da potência nominal da
CTB, a CHR toma menos em consideração o preço de equilíbrio sem a intervenção da
empresa de geração e passa a responder de forma mais significativa à elasticidade da
procura residual.
Esta transição de importância, com o aumento da potência nominal da CTB, tem como
objetivo alterar o preço de equilíbrio, sendo este representado na Figura 4.18.
Figura 4.18: Preço de equilíbrio para diferente potência nominal da CTB –
11 de novembro de 2011.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Pre
ço d
e E
qu
ilíb
rio
(€
/MW
h)
Tempo (h)
Pt=0 MW Pt=3150 MW Pt=6300 MW
Pt ↑
Pt↑
- 89 -
Através da Figura 4.18 é possível constatar que com o aumento da potência nominal da
CTB o preço de equilíbrio do mercado diário tende a aumentar, por forma a valorizar a
energia vendida pela CTB.
Deste modo, é possível concluir que a geração de energia elétrica por parte da CTB
incentiva a CHR a aumentar os preços de equilíbrio do mercado diário. Para que tal seja
conseguido, a CHR realiza bombagem preferencialmente nas horas de maior influência
sobre o preço de equilíbrio, onde a procura residual é mais rígida, e geração nas horas
de menor influência, onde a procura residual é mais elástica.
Assim, se a CTB possuir uma potência nominal considerável, a CHR opera tendo em
consideração a elasticidade da procura residual e não só os preços de equilíbrio sem a
intervenção da empresa de geração no mercado diário.
Sendo a CHR do tipo pura, a sua operação provoca variações da energia armazenada no
reservatório superior, tal como se representado na Figura 4.19.
Figura 4.19: Energia armazenada no reservatório superior para diferente potência nominal da
CTB – 7 a 13 de novembro de 2011.
Da Figura 4.19 é possível verificar que, para qualquer dos cenários representados, o
valor de energia armazenada no reservatório superior, no final do período de
otimização, é igual ao mínimo requerido. Deste modo, conclui-se que embora haja
incentivo para a CHR fazer subir o preço de equilíbrio do mercado diário, conseguido
através de bombagem, este incentivo não é suficiente para a CHR armazenar mais
energia do que aquela que é necessária para realizar geração.
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
55000
60000
0 24 48 72 96 120 144 168
En
erg
ia A
rma
zen
ad
a (
MW
h)
Tempo (h)
Pt=0 MW Pt=6300 MW
21
05
0 M
Wh
30
99
8 M
Wh
- 90 -
É também possível verificar que com uma maior potência nominal da CTB, o
reservatório superior apresenta uma melhor exploração, pois atinge um valor máximo
mais elevado e um valor mínimo mais baixo, o que sugere que a CHR bombeia uma
maior quantidade de energia ao longo da semana.
Por forma a verificar se a CHR bombeia, de facto, mais energia com o aumento da
potência nominal da CTB, considere a Figura 4.20, onde é representado o total de
energia bombeada não só para diferente potência nominal da CTB, mas também para
diferentes graus de poder de mercado.
Figura 4.20: Energia total bombeada para diferentes graus de poder de mercado e diferente
potência nominal da CTB.
Através dos resultados obtidos constata-se que, no cenário em que a CHR é tomadora de
preço ( ), a energia bombeada é igual para qualquer valor de potência nominal da
CTB, pois neste cenário a CHR não possuí a capacidade de modificar o preço de
equilíbrio, pelo que não tem incentivo em alterar a sua operação.
Quando a empresa de geração apresenta capacidade de influenciar o preço de equilíbrio
verifica-se que, qualquer que seja o grau de poder de mercado, aumentando a potência
nominal da CBT a CHR bombeia mais energia.
No entanto, quando a potência nominal da CTB é baixa, o aumento do poder de
mercado provoca uma diminuição do total de energia bombeada por parte da CHR.
Quando a potência nominal da CTB é mais elevada esta situação inverte-se, havendo
por isso mais energia bombeada com o aumento do poder de mercado, sendo essa
20000
30000
40000
50000
60000
70000
80000
0 600 1200 1800 2400 3000 3600 4200 4800 5400 6000
En
erg
ia T
ota
l B
om
bea
da
(M
Wh
)
Potência Nominal da CTB (MWh)
α=0 α=1 α=2
- 91 -
energia também superior ao cenário de tomador de preço ( ). O ponto de inversão
ocorre quando a potência nominal da CTB é cerca de 130% da quantidade máxima de
bombagem e geração da CHR.
O aumento da potência nominal da CTB faz com que a energia total vendida pela
empresa de geração seja superior, não só pelo aumento da energia vendida pela CTB,
mas também pelo aumento da energia vendida pela CHR. Deste modo, é interessante
analisar o comportamento do lucro médio da energia vendida, sendo este representado
na Figura 4.21.
Figura 4.21: Lucro médio da energia vendida pela empresa de geração para diferentes graus de
poder de mercado e diferente potência instalada da CTB.
Da Figura 4.21 verifica-se que, com o aumento da potência nominal da CTB, o lucro
médio da energia vendida tende a aumentar. Tal acontece por dois motivos, o primeiro
deve-se ao facto de a CTB gerar energia elétrica com custos de operação nulos, o que
não acontece com a CHR que necessita de comprar energia elétrica. Assim, o aumento
da potência nominal da CTB provoca um aumento da energia vendida com custos de
operação nulos, levando o lucro médio da energia vendida a aumentar, mesmo quando a
empresa de geração é tomadora de preço ( ).
O segundo motivo deve-se ao facto da CHR alterar a sua operação com o aumento da
potência nominal da CTB, aumentando o preço de equilíbrio do mercado diário por
forma a valorizar a energia vendida proveniente da CTB.
33
35
37
39
41
43
45
47
49
0 600 1200 1800 2400 3000 3600 4200 4800 5400 6000
Lu
cro
Méd
io d
a E
ner
gia
Ven
did
a
(€/M
Wh
)
Potência Nominal da CTB (MWh)
α=0 α=1 α=2
- 92 -
Associado ao segundo motivo, prende-se a capacidade de a CHR modificar o preço de
equilíbrio. Deste modo, quanto maior o grau de poder de mercado da empresa de
geração maior é a influência da operação da CHR sobre o preço de equilíbrio e,
consequentemente, maior será a valorização da energia vendida pela CTB. Assim, pode-
se concluir que, regra geral, quanto maior o poder de mercado da empresa de geração
maior será o lucro médio da energia vendida, podendo isto ser constatado através da
Figura 4.21.
Atendendo aos resultados obtidos, é possível concluir que se a e empresa de geração
possuir poder de mercado e uma CTB de potência nominal consideravelmente elevada,
a energia bombeada aumenta significativamente, em relação ao caso em que a empresa
de geração é tomadora de preço. Assim, se em alguns períodos, essa energia bombeada
for proveniente do excesso de energia gerada por centrais renováveis, a capacidade de
integração deste tipo de geração poderá superar a expectativa.
A juntar a isto, verifica-se ainda que a empresa de geração consegue uma melhor
valorização da sua energia vendida, pelo que este pode ser um cenário favorável, quer
para a empresa de geração, quer para o sistema elétrico.
4.4. Central hídrica reversível e parque eólico
A presente Secção tem por objetivo analisar a influência da geração de energia elétrica
de um parque eólico na operação da CHR.
Esta análise é realizada considerando que a empresa de geração tem o grau de poder de
mercado igual ao verificado no mercado diário do MIBEL, pelo que o algoritmo
desenvolvido na Secção 3.4 foi aplicado para .
Por forma a avaliar a influência do aumento de geração eólica na operação da CHR,
considere três cenários de crescente potência instalada do parque eólico. Estes cenários
aparecem em percentagem da potência instalada em Portugal, tendo por base a série de
Renard R10 [46], sendo estes: 0%, 8% e 12,5%. Deste modo, a geração eólica apresenta
um perfil de geração igual ao verificado em Portugal, Figura 4.7, mas em percentagem
correspondente ao cenário.
De acordo com a Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG) [47], no mês de
novembro de 2011 Portugal apresentava um total de potência eólica instalada de
- 93 -
4291_MW, pelo que, os cenários considerados correspondem às potências instaladas de
, _MW e _MW, respetivamente.
Neste caso de estudo é considerado que a energia elétrica vendida correspondente ao
parque eólico influencia o preço de equilíbrio do mercado diário, tal como a CHR. É
considerado também que a empresa de geração não possui nenhuma CTB, pelo que
, a .
Os resultados obtidos, respeitantes aos cenários extremos ( _MW e
_MW), do perfil de bombagem e geração da CHR para a semana de 7 a 13
de novembro de 2011, são representados na Figura 4.22.
Figura 4.22: Energia bombeada e gerada pela CHR para diferente potência instalada do parque
eólico – 7 a 13 de novembro de 2011.
Através da Figura 4.22 é possível verificar que o aumento da potência instalada do
parque eólico modifica a operação da CHR. No entanto, estas modificações refletem-se
principalmente nas quantidades de energia bombeada e gerada em cada hora e não tanto
em alterações do seu estado de funcionamento.
As mudanças de operação podem ser verificadas em detalhe na Figura 4.23, onde é
representado o perfil de bombagem e geração da CHR, para todos os cenários
propostos, para o dia 11 de novembro de 2011.
-1250
-1000
-750
-500
-250
0
250
500
750
1000
1250
0 24 48 72 96 120 144 168
En
erg
ia d
e S
aíd
a d
a C
HR
(M
Wh
)
Tempo (h)
Pe=0 MW Pe=536,4 MW
- 94 -
Figura 4.23: Energia bombeada e gerada pela CHR para diferente potência instalada do parque
eólico – 11 de novembro de 2011.
Através da Figura 4.23 é possível constatar que a CHR aumenta a energia bombeada e
gerada com o aumento da potência instalada do parque eólico.
Isto acontece devido ao facto de, regra geral, nas horas de menor preço de equilíbrio a
geração eólica ser mais elevada e nas horas de maior preço de equilíbrio a geração
eólica ser menor, tal como se pode verificar na Figura 4.7 e na Figura 4.8. Deste modo,
a geração eólica tem uma influência mais significativa sobre o preço de equilíbrio nas
horas de menor preço, fazendo-o baixar ainda mais.
Como é nas horas de menor preço de equilíbrio que a CHR realiza bombagem, devido à
geração eólica o preço não será tão elevado do que na situação em que a empresa de
geração apenas possui a CHR, tal como se pode constatar pela Figura 4.24.
Figura 4.24: Efeito da geração eólica e da operação da CHR no preço de equilíbrio.
-1250 -1000
-750 -500 -250
0 250 500 750
1000 1250
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
En
erg
ia d
e S
aíd
a d
a C
HR
(MW
h)
Tempo (h)
Pe=0 MW Pe=343,3 MW Pe=536,4 MW
Pe ↑
Pe ↑
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Pre
ço d
e E
qu
ilíb
rio
(€
/MW
h)
Tempo (h)
CHR Eólica Eólica + CHR
Parada Geração Bombagem
- 95 -
Pela Figura 4.24 pode-se constatar que nas horas onde a CHR realiza geração o preço de
equilíbrio do mercado diário é muito semelhante para os casos em que a empresa apenas
possui a CHR e também possui o parque eólico, devendo-se isto à baixa geração eólica
verificada nestas horas.
Deste modo, pode concluir-se que a geração eólica faz baixar o preço de compra da
energia elétrica, o que incentiva a CHR a aumentar a energia bombeada nessas horas.
Dado que a CHR possui mais energia armazenada no seu reservatório, esta utiliza-a para
aumentar a geração de energia elétrica nas horas de maior preço de equilíbrio, que, regra
geral, não são significativamente influenciados pela geração eólica.
O preço de equilíbrio do mercado diário, após a participação do parque eólico e da
CHR, encontra-se representado na Figura 4.25.
Figura 4.25: Preço de equilíbrio para diferente potência instalada do parque eólico –
11 de novembro de 2011.
Através da Figura 4.25 é possível constatar que o preço de equilíbrio do mercado diário
não sofre modificações significativas com o aumento da potência instalada do parque
eólico. Isto deve-se ao facto de o aumento da geração eólica ser compensado com o
aumento da energia bombeada pela CHR, equilibrando a balança negocial.
Tal como referido anteriormente, com o aumento da potência instalada do parque eólico
a energia elétrica gerada pela CHR é superior. No entanto, através da Figura 4.6 e da
Figura 4.23 é possível verificar que o aumento de geração da CHR ocorre
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Pre
ço d
e E
qu
ilíb
rio
(€
/MW
h)
Tempo (h)
Pe=0 MW Pe=343,3 MW Pe=536,4 MW
- 96 -
preferencialmente em horas de maior elasticidade da procura residual (horas 18 e 24),
não afetando significativamente o preço de equilíbrio.
Sendo a CHR do tipo pura, a sua operação provoca variações da energia armazenada no
reservatório superior, tal como representado na Figura 4.26.
Figura 4.26: Energia armazenada no reservatório superior para diferente potência instalada do
parque eólico – 7 a 13 de novembro de 2011.
Da Figura 4.26 é possível verificar que, para qualquer dos cenários representados, o
valor de energia armazenada no reservatório superior, no final do período de
otimização, é igual ao mínimo requerido. Deste modo, conclui-se que embora a geração
eólica incentive a CHR a realizar mais bombagem, este incentivo não é suficiente para a
CHR armazenar mais energia do que aquela que é necessária para realizar geração.
É também possível verificar que com uma maior potência instalada do parque eólico, o
reservatório superior apresenta uma melhor exploração, pois atinge um valor máximo
mais elevado e um valor mínimo mais baixo, o que sugere que a CHR bombeia uma
maior quantidade de energia ao longo da semana.
Por forma a verificar se a CHR bombeia, de facto, mais energia com o aumento da
potência instalada do parque eólico, considere a Figura 4.27, onde é representado o total
de energia bombeada não só para diferente potência instalada do parque eólico, mas
também para diferentes graus de poder de mercado.
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
55000
0 24 48 72 96 120 144 168
En
erg
ia A
rma
zen
ad
a (
MW
h)
Tempo (h)
Pe=0 MW Pe=536,4 MW
21
05
0 M
Wh
23
75
8 M
Wh
- 97 -
Figura 4.27: Energia total bombeada para diferentes graus de poder de mercado e diferente
potência instalada do parque eólico.
Através dos resultados obtidos constata-se que, no cenário em que a CHR é tomadora de
preço ( ), a energia bombeada é igual para qualquer valor de potência instalada do
parque eólico, pois neste cenário a CHR não possuí a capacidade de modificar o preço
de equilíbrio, pelo que não tem incentivo em alterar a sua operação.
Quando a empresa de geração apresenta capacidade de influenciar o preço de equilíbrio
verifica-se que, qualquer que seja o grau de poder de mercado, aumentando a potência
instalada do parque eólico a CHR bombeia mais energia.
No entanto, quando a potência instalada do parque eólico é baixa, o aumento do poder
de mercado provoca uma diminuição do total de energia bombeada por parte da CHR.
Quando a potência instalada do parque eólico é mais elevada a CHR bombeia mais
energia se a empresa de geração possuir poder de mercado do que se esta for tomadora
de preço ( ). O ponto de inversão ocorre quando a potência instalada do parque
eólico é cerca de 100% a 115% da quantidade máxima de bombagem e geração da
CHR, correspondendo estes valores a e , respetivamente
Comparando os resultados obtidos na Figura 4.27 com os obtidos na Figura 4.20, é
possível verificar que se a empresa de geração possuir uma CHR e um parque eólico,
este ponto de inversão ocorre para valores inferiores aos verificados quando a empresa é
detentora de uma CTB.
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
En
erg
ia T
ota
l B
om
bea
da
(M
Wh
)
Potência Instalada do Parque Eólico (MWh)
α=0 α=1 α=2
- 98 -
Assim, pode conclui-se que o incentivo da geração eólica é superior ao incentivo da
CTB para a realização de bombagem, devendo-se isto, principalmente, ao facto de a
geração eólica influenciar os preços de equilíbrio do mercado diário.
A juntar a isto, como o incentivo do aumento de bombagem é proveniente do aumento
da geração eólica, então, em caso de excesso de geração, os resultados obtidos sugerem
que a CHR responderá de forma mais eficaz na situação da empresa ser possuidora de
um parque eólico do que de uma CTB, podendo proporcionar, deste modo, uma melhor
integração de geração eólica no sistema elétrico.
À semelhança do caso de estudo anterior, o aumento da potência instalada do parque
eólico faz com que a energia total vendida pela empresa de geração seja superior, não só
pelo aumenta da energia vendida pelo parque eólico, mas também pelo aumento da
energia vendida pela CHR. Deste modo, é interessante analisar o comportamento do
lucro médio da energia vendida, sendo este representado na Figura 4.28.
Figura 4.28: Lucro médio da energia vendida para diferentes graus de poder de mercado e
diferente potência instalada do parque eólico.
Da Figura 4.28 verifica-se que, com o aumento da potência instalada do parque eólico, o
lucro médio da energia vendida aumenta para o cenário da empresa de geração ser
tomadora de preço ( ). Isto acontece devido ao facto de o parque eólico apresentar
custos de operação nulos, tal como no caso de estudo anterior.
Embora os custos de operação continuem nulos, quando a empresa de geração possui
poder de mercado, o lucro médio da energia vendida diminui com o aumento da
33
35
37
39
41
43
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
Lu
cro
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a
(€/M
Wh
)
Potência Instalada do Parque Eólico (MWh)
α=0 α=1 α=2
- 99 -
potência instalada do parque eólico. Isto deve-se ao facto de a geração eólica provocar
uma diminuição dos preços de equilíbrio pelo que, quanto maior a potência instalada do
parque eólico, maior será essa diminuição, levando a uma menor valorização da energia
elétrica é vendida.
Deste modo, embora seja favorável para o sistema elétrico que a empresa de geração
possua uma CHR e um parque eólico, para uma melhor integração de energia renovável,
esta situação pode não ser tão favorável para a própria empresa caso esta possua poder
de mercado.
- 100 -
- 101 -
5. Conclusões e Desenvolvimento Futuro
Neste capítulo são apresentadas as principais conclusões obtidas com a realização do
presente trabalho, bem como algumas direções em que podem ser desenvolvidos futuros
trabalhos.
CCaappííttuulloo
55
CCoonncclluussõõeess ee
DDeesseennvvoollvviimmeennttoo FFuuttuurroo
- 102 -
- 103 -
5. Conclusões e Desenvolvimento Futuro
5.1. Conclusões
A crescente preocupação ambiental, bem como o aumento do custo dos combustíveis
fósseis, tem impulsionado fortemente a instalação de centrais renováveis, que
possibilitam a geração de energia elétrica sem emissões diretas de gases com efeito de
estufa.
Porém, a maioria das tecnologias renováveis dependem das condições atmosféricas para
realizarem geração de energia elétrica, tornando-se esta geração incerta e pouco
controlável. Deste modo, podem ocorrer problemas em relação ao balanço de potências,
principalmente quando o consumo é baixo e, por exemplo, a energia eólica disponível é
elevada, ocorrendo assim excesso de geração.
Quando este excesso de geração é verificado, uma das soluções que pode ser tomada é o
corte da geração eólica. No entanto, esta medida implica o desperdício de um recurso
renovável e ainda um aumento do consumo dos combustíveis fósseis, pelo que esta
opção deve ser evitada sempre que possível. Uma das possíveis soluções para evitar o
corte de geração é armazenar a energia gerada em excesso, para que esta possa ser
utilizada quando mais conveniente.
Neste sentido, o elevado rendimento e a grande capacidade de armazenamento das
centrais hídricas reversíveis têm levado esta tecnologia de a ser considerada como uma
das principais soluções para maximizar a integração de geração renovável.
Esta solução parte do princípio de que as centrais hídricas reversíveis vão estar
predispostas a armazenar o excesso de geração, quando esta ocorrer. Porém, num
contexto de mercado liberalizado, o controlo destas centrais é realizado pelas empresas
de geração às quais estas pertencem, tendo por objetivo a maximização do seu lucro.
Considerando que as centrais hídricas reversíveis são tomadoras de preço, isto é, não
possuem capacidade de influenciar o preço de equilíbrio, nos períodos de baixo
consumo e elevada geração eólica, o baixo preço resultante dará incentivo para que
estas realizem bombagem, promovendo a integração da geração eólica no sistema
elétrico. Porém, se algumas centrais hídricas reversíveis apresentarem poder de
mercado, tendo assim capacidade de influenciar o preço de equilíbrio, estas poderão
- 104 -
adotar perfis de bombagem e geração que divirjam do objetivo do sistema elétrico de
maximizar a integração da geração eólica.
Deste modo, a presente dissertação centra-se no estudo de uma central hídrica
reversível, inserida no mercado diário do MIBEL, com diferentes graus de poder de
mercado, por forma a verificar até que ponto o seu perfil de bombagem e geração
contribui para a integração energia renovável não despachável.
Quando a central hídrica reversível tem poder de mercado, a compra e venda de energia
elétrica no mercado diário influencia o preço de equilíbrio. Do estudo realizado no
presente trabalho é possível concluir que quando a central compra energia elétrica para
realizar bombagem, o preço de equilíbrio sobe em relação ao preço de equilíbrio sem a
sua intervenção. Por outro lado, quando a central vende energia elétrica, o preço de
equilíbrio diminui. Esta influência da operação da central hídrica reversível sobre o
preço de equilíbrio foi representada através de uma curva de procura residual inversa
com aproximação a uma função sigmoide.
Por forma a representar diferentes graus de poder de mercado, foi proposta a inclusão de
um fator multiplicativo que altera o declive da curva de procura residual inversa. Caso
este fator seja unitário, o declive da curva de procura residual inversa é igual à
verificada no mercado diário do MIBEL. Diminuindo o valor deste fator, o declive da
curva de procura residual inversa diminui o que leva a uma diminuição da influência da
operação da central hídrica reversível sobre o preço de equilíbrio, isto é, o poder de
mercado diminui. Por outro lado, aumentando o valor deste fator, o declive da curva de
procura residual inversa aumenta o que leva a um aumento da influência da operação da
central hídrica reversível sobre o preço de equilíbrio, isto é, o poder de mercado
aumenta. Desta forma, pode concluir-se que a alteração proposta representa o poder de
mercado da empresa de geração.
De modo a avaliar a resposta da central hídrica reversível face a diferentes cenários, na
presente dissertação realizaram-se três casos de estudo. O primeiro caso de estudo visou
avaliar o impacto do grau de poder de mercado no despacho de uma central hídrica
reversível. No segundo e terceiro casos de estudo a empresa de geração possuía também
uma central térmica e um parque eólico, respetivamente, permitindo deste modo
analisar a influência da geração de energia elétrica por parte de centrais com diferente
tecnologia na operação de uma central hídrica reversível.
- 105 -
Em relação ao primeiro caso de estudo, considerou-se que a empresa de geração apenas
possuía uma central hídrica reversível. Ao modificar o grau de poder de mercado
verificou-se que a central hídrica reversível realiza bombagem e geração para as
mesmas horas. Isto acontece porque, neste caso, o estado de funcionamento da central
hídrica reversível é independente do grau de poder de mercado, dependendo apenas da
relação entre os preços de compra e venda de energia elétrica, sendo esta ligeiramente
inferior ao rendimento do ciclo de bombagem.
Quando a empresa de geração possuí poder de mercado, se a central hídrica reversível
bombear energia o preço de equilíbrio aumenta, tornando-se mais dispendiosa a
aquisição da mesma. Por outro lado, quando a central realiza geração o preço de venda
diminui o que leva a uma diminuição da receita. Deste modo, o aumento do grau de
poder de mercado incentiva a central hídrica reversível a diminuir substancialmente a
energia bombeada, e consequentemente gerada.
Dado que, em alguns momentos, a energia armazenada pela central hídrica reversível
possa ser proveniente do excesso de geração renovável, nomeadamente geração eólica,
é possível concluir que se a empresa de geração possuir poder de mercado a integração
deste tipo de geração possa ser inferior à espectável.
O segundo caso de estudo teve como objetivo analisar a influência da geração de
energia elétrica de uma central térmica de base no comportamento de uma central
hídrica reversível. Neste caso de estudo foi considerado que as ofertas de venda da
central térmica já se encontravam previamente incluídas na curva de oferta, pelo que,
não influencia o preço de equilíbrio do mercado diário.
Dos resultados obtidos verificou-se que o aumento da potência nominal da central
térmica de base incentiva a central hídrica reversível a aumentar, de modo geral, o preço
de equilíbrio por forma a valorizar a energia vendida pela central térmica. Para que este
aumento seja conseguido a central hídrica reversível bombeia nas horas de maior
influência sobre o preço de equilíbrio, onde a procura residual é mais rígida,
aumentando-o de forma significativa. Como gerar energia elétrica aumenta a receita
obtida, a central hídrica reversível procura fazê-lo nos momentos onde a sua influência
sobre o preço de equilíbrio é menor, quando a procura residual é mais elástica, por
forma a minimizar a redução do preço de equilíbrio.
- 106 -
Desta forma, é possível concluir que o aumento da potência nominal da central térmica
de base leva a central hídrica reversível a responder mais significativamente à
elasticidade da procura residual do que ao preço de equilíbrio sem a intervenção da
empresa de geração.
Quando a empresa de geração apresenta capacidade de influenciar o preço de equilíbrio,
verifica-se que, qualquer que seja o grau de poder de mercado, aumentando a potência
nominal da central térmica de base a central hídrica reversível bombeia mais energia,
pois esta é incentivada a aumentar os preços de equilíbrio.
Assim, se em alguns períodos, essa energia bombeada for proveniente do excesso de
energia gerada por centrais renováveis, a capacidade de integração deste tipo de geração
poderá superar a expectativa.
A juntar a isto, verifica-se ainda que a empresa de geração consegue uma melhor
valorização da sua energia vendida, pelo que este pode ser um cenário favorável, quer
para a empresa de geração, quer para o sistema elétrico.
O terceiro caso de estudo teve como objetivo analisar a influência da geração de energia
elétrica de um parque eólico no comportamento de uma central hídrica reversível. Neste
caso de estudo foi considerado que ambas as tecnologias de geração influenciam o
preço de equilíbrio do mercado diário.
A geração eólica depende, em cada instante, da velocidade do vento, pelo que, ao longo
da semana esta não é constante, sendo, inclusive, a sua média horária diferente de hora
para hora.
Comparando a geração eólica com os preços de equilíbrio do mercado diário, verifica-se
que, regra geral, quando a geração eólica é superior o preço de equilíbrio tende a ser
inferior. Isto deve-se ao facto da geração eólica espanhola ser ofertada a baixo preço e a
geração eólica portuguesa ser diretamente comprada pelo comercializador de último
recurso, o que provoca uma redução da procura.
Deste modo, o parque eólico pertencente à empresa de geração irá influenciar de forma
mais significativa os preços de equilíbrio quando estes são inferiores, pois é nessas
horas que a geração eólica é, regra geral, superior. Assim, quanto maior for a potência
instalada do parque eólico, maior será essa influência levando os preços de equilíbrio a
diminuírem significativamente.
- 107 -
Esta diminuição dos preços de equilíbrio leva a um menor custo da aquisição de energia
elétrica para a realização de bombagem, o que incentiva a central hídrica reversível a
aumentar a quantidade de energia elétrica bombeada.
Desta forma, quando a empresa de geração apresenta capacidade de influenciar o preço
de equilíbrio, verifica-se que, qualquer que seja o grau de poder de mercado,
aumentando a potência instalada do parque eólico a central hídrica reversível bombeia
mais energia.
Assim, se em alguns períodos, essa energia bombeada for proveniente do excesso de
energia gerada por centrais renováveis, a capacidade de integração deste tipo de geração
poderá superar a expectativa.
Embora a geração de energia elétrica proveniente de uma central térmica de base ou de
um parque eólico incentive a central hídrica reversível a aumentar a energia total
bombeada, comparando os resultados obtidos no segundo e terceiro casos de estudo,
pode conclui-se que o incentivo da geração eólica é superior, devendo-se isto,
principalmente, ao facto de a geração eólica influenciar os preços de equilíbrio do
mercado diário.
A juntar a isto, como o incentivo do aumento de bombagem é proveniente do aumento
da geração eólica, então, em caso de excesso de geração, os resultados obtidos sugerem
que a central hídrica reversível responderá de forma mais eficaz na situação da empresa
ser possuidora de um parque eólico do que de uma central térmica de base, podendo
proporcionar, deste modo, uma melhor integração de geração eólica no sistema elétrico.
5.2. Desenvolvimento futuro
Ao longo da realização da presente dissertação foram surgindo alguns tópicos de
interesse para desenvolvimento de trabalhos futuros.
O trabalho desenvolvido contempla uma empresa de geração inserida apenas no
mercado diário. No entanto, a capacidade de bombagem e o rápido tempo de resposta
faz com que as centrais hídricas reversíveis desempenhem uma ação importante na
manutenção da estabilidade do sistema elétrico. Deste modo, seria interessante estudar o
impacto do poder de mercado no despacho de uma central hídrica reversível inserida,
não só no mercado diário, mas também no mercado de serviços de sistema.
- 108 -
Além dos mercados regulados, a compra e venda de energia pode ser efetuada por
contratos bilaterais. A utilização destes contratos estabelece obrigações de compra e
venda de energia elétrica, o que pode levar à mitigação do poder de mercado, sendo este
tópico de interesse para estudo.
No trabalho realizado foi considerado que a compra e venda de energia elétrica no
mercado diário implicava deslocar a curva de procura e a curva de oferta para a direita,
respetivamente. No entanto, os agentes de mercado podem realizar diversas
licitações/ofertas, pelo que são capazes de modificar o declive das curvas de procura e
oferta, permitindo, deste modo, variar o grau de influência do preço de equilíbrio. Para a
modelização deste comportamento será necessário implementar a curva de procura
residual inversa através de uma função diferente, como por exemplo, uma função em
escada.
O modelo utilizado na presente dissertação pode também ser utilizado para o
planeamento da operação de uma central hídrica reversível pertencente a uma empresa
de geração. No entanto, a previsão da geração eólica, bem como dos dados do mercado
diário, podem acarretar alguma incerteza, pelo que, deve ser utilizada uma abordagem
estocástica.
- 109 -
Bibliografia
BBiibblliiooggrraaffiiaa
- 110 -
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8d9c6e730f0dd3f6c1257935002aaac2/$file/The+strange+numbers+of+circuit-
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[47] Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG), “Estatísticas rápidas -
Renováveis,” novembro de 2011. Acedido a 13 de março de 2012, em:
www.dgeg.pt
- 117 -
Apêndices
AAppêênnddiicceess
- 118 -
- 119 -
Apêndices
A. Dados de entrada
Tabela A.1: Dados relativos ao dia 7 de novembro de 2011.
Tempo
(h)
(€/MWh)
(MWh)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(MWh)
1 45,18 20674,70 -0,1072 0,0091 -0,0084 0,2604 704,58
2 35,35 18011,50 -0,0151 0,0110 -0,0064 0,3084 750,00
3 10,07 17275,20 -0,0123 0,0347 -0,0091 0,0642 773,13
4 13,36 16809,90 -0,0131 0,1823 -0,0122 0,0650 692,88
5 20,01 16502,30 -0,0155 0,0225 -0,0092 0,1321 761,48
6 30,00 16346,50 -0,0088 0,0798 -0,0079 0,2315 900,13
7 42,53 17782,40 -0,0001 0,0001 -0,0001 47,833 987,88
8 53,10 22566,20 -0,0164 0,0030 -0,0025 0,9278 884,80
9 53,03 23833,50 -0,0163 0,0003 -0,0003 7,5532 644,23
10 53,03 25762,10 -0,0166 0,0002 -0,0002 10,416 309,48
11 53,03 26718,80 -0,0198 0,0002 -0,0002 10,024 98,93
12 53,10 26844,80 -0,0198 0,0005 -0,0005 4,0560 38,85
13 56,93 28408,00 -0,0180 0,0011 -0,0010 1,9332 20,00
14 55,23 27763,00 -0,0150 0,0003 -0,0003 6,7637 38,18
15 55,23 27103,30 -0,0142 0,0003 -0,0003 6,9360 72,18
16 55,23 26565,60 -0,0082 0,0003 -0,0003 7,1835 96,05
17 55,20 26246,80 -0,0001 0,0003 -0,0001 28,041 80,40
18 59,48 27109,30 -0,0003 0,0014 -0,0002 8,8808 67,05
19 76,53 28330,80 -0,0001 0,0041 -0,0001 27,671 124,13
20 91,01 28808,90 -0,0291 0,0019 -0,0018 1,7712 196,63
21 79,86 28542,10 -0,0003 0,0081 -0,0003 9,6720 249,13
22 73,06 27713,50 -0,0003 0,0043 -0,0003 9,4006 335,55
23 56,93 25469,50 -0,0221 0,0011 -0,0010 2,1331 440,10
24 53,03 22808,90 -0,0151 0,0005 -0,0005 4,8039 489,18
- 120 -
Tabela A.2: Dados relativos ao dia 8 de novembro de 2011.
Tempo
(h)
(€/MWh)
(MWh)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(MWh)
1 55,23 20259,20 -0,3125 0,0008 -0,0008 3,4161 435,70
2 53,03 17832,70 -0,0817 0,0005 -0,0005 5,9838 556,30
3 50,20 16239,00 -0,0666 0,0006 -0,0006 5,1986 716,40
4 46,37 15666,70 -0,0233 0,0088 -0,0064 0,4633 842,40
5 43,70 15603,00 -0,0050 0,0080 -0,0031 0,9102 832,78
6 45,56 15707,80 -0,0164 0,0047 -0,0037 0,7940 902,88
7 53,03 16703,20 -0,1180 0,0005 -0,0005 6,3765 991,75
8 56,05 21490,10 -0,0249 0,0013 -0,0012 2,1110 916,05
9 55,23 23279,40 -0,0191 0,0007 -0,0007 3,5135 854,68
10 55,23 24931,90 -0,0182 0,0007 -0,0007 3,2863 815,20
11 54,13 25430,60 -0,0185 0,0036 -0,0030 0,7063 879,55
12 53,51 25769,80 -0,0131 0,0019 -0,0017 1,2514 1080,23
13 55,23 26927,10 -0,0131 0,0007 -0,0007 3,0867 1232,05
14 53,50 25967,20 -0,0097 0,0013 -0,0011 1,7972 1357,78
15 53,13 25100,90 -0,0074 0,0004 -0,0004 5,5777 1406,78
16 53,03 24765,20 -0,0073 0,0003 -0,0003 7,4310 1487,58
17 53,13 24352,50 -0,0104 0,0004 -0,0004 5,6640 1584,00
18 55,23 25081,30 -0,0204 0,0007 -0,0007 3,2537 1744,58
19 57,80 26421,20 -0,0136 0,0013 -0,0012 1,8436 1885,98
20 60,07 27793,80 -0,0227 0,0003 -0,0003 7,2994 1961,55
21 58,17 26916,10 -0,0156 0,0013 -0,0012 1,8010 1963,55
22 56,20 25818,60 -0,0544 0,0036 -0,0034 0,6446 1960,13
23 53,03 24173,70 -0,0050 0,0003 -0,0003 7,7511 1941,85
24 50,42 21106,70 -0,0058 0,0010 -0,0009 2,8007 1885,38
- 121 -
Tabela A.3: Dados relativos ao dia 9 de novembro de 2011.
Tempo
(h)
(€/MWh)
(MWh)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(MWh)
1 45,80 18677,10 -0,0040 0,0060 -0,0024 1,0217 1783,90
2 42,32 17242,50 -0,0061 0,0015 -0,0012 2,0386 1511,83
3 40,01 15857,60 -0,0055 0,0009 -0,0008 3,2622 1354,95
4 40,00 15459,70 -0,0063 0,0007 -0,0006 4,1069 1281,98
5 40,10 15290,50 -0,0076 0,0007 -0,0006 4,0916 1233,43
6 41,12 15578,00 -0,0038 0,0079 -0,0026 1,0288 1138,40
7 46,20 15704,60 -0,0050 0,0055 -0,0026 1,1232 1159,03
8 55,23 20066,80 -0,0234 0,0005 -0,0005 5,6222 1176,50
9 53,50 22211,30 -0,0119 0,0017 -0,0015 1,6193 1121,35
10 55,11 23990,20 -0,0130 0,0002 -0,0002 11,662 1088,60
11 55,23 25000,30 -0,0163 0,0004 -0,0004 5,6585 1025,23
12 56,55 25737,00 -0,0137 0,0018 -0,0016 1,3811 933,73
13 58,00 26906,00 -0,0157 0,0011 -0,0010 2,0970 907,60
14 55,23 26232,10 -0,0134 0,0004 -0,0004 5,4207 908,83
15 55,23 25757,90 -0,0088 0,0005 -0,0005 4,5320 730,63
16 55,00 25033,30 -0,0078 0,0055 -0,0032 0,6811 488,23
17 55,23 24904,80 -0,0151 0,0005 -0,0005 4,5821 394,45
18 58,07 25535,00 -0,0292 0,0006 -0,0006 3,8681 435,25
19 60,18 26861,90 -0,0229 0,0022 -0,0020 1,1162 350,85
20 63,96 27945,50 -0,0276 0,0037 -0,0033 0,7015 387,75
21 61,10 26939,50 -0,0334 0,0102 -0,0078 0,2902 531,43
22 60,13 26359,30 -0,1054 0,0019 -0,0019 1,2222 596,18
23 56,93 24843,40 -0,0169 0,0014 -0,0013 1,7724 638,30
24 53,50 22330,80 -0,0184 0,0005 -0,0005 4,9218 672,35
- 122 -
Tabela A.4: Dados relativos ao dia 10 de novembro de 2011.
Tempo
(h)
(€/MWh)
(MWh)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(MWh)
1 53,03 20589,80 -0,0225 0,0007 -0,0007 3,7938 652,88
2 53,00 17853,30 -0,1070 0,0004 -0,0004 7,4492 639,28
3 44,86 16661,70 -0,0049 0,0250 -0,0041 0,6571 606,90
4 42,52 15994,90 -0,0049 0,0039 -0,0022 1,2241 605,93
5 42,47 15762,00 -0,0049 0,0012 -0,0010 2,7953 588,73
6 45,00 15960,40 -0,0043 0,0021 -0,0014 1,9983 578,10
7 50,00 16495,90 -0,1075 0,0032 -0,0031 0,9753 691,75
8 55,23 20980,20 -0,0218 0,0003 -0,0003 8,8957 902,78
9 54,13 23017,10 -0,0140 0,0016 -0,0014 1,6378 1129,00
10 55,23 24870,30 -0,0130 0,0005 -0,0005 4,6123 1383,20
11 55,11 24915,50 -0,0137 0,0002 -0,0002 11,220 1531,03
12 53,50 25377,80 -0,0171 0,0017 -0,0015 1,3634 1649,10
13 55,23 26561,60 -0,0171 0,0004 -0,0004 5,3199 1810,95
14 53,03 26036,60 -0,0129 0,0004 -0,0004 5,2497 1784,08
15 53,03 25768,00 -0,0115 0,0004 -0,0004 5,3239 1821,15
16 52,50 25129,90 -0,0084 0,0008 -0,0007 2,8601 1783,90
17 52,13 24618,30 -0,0070 0,0008 -0,0007 2,9494 1963,68
18 53,03 25180,20 -0,0116 0,0003 -0,0003 7,2016 2421,93
19 55,23 25564,50 -0,0190 0,0004 -0,0004 5,5147 2777,15
20 56,93 27045,10 -0,0163 0,0007 -0,0007 3,1363 3016,38
21 55,23 26369,90 -0,0177 0,0004 -0,0004 5,3544 3082,20
22 53,50 25721,40 -0,0207 0,0025 -0,0022 0,9325 3079,18
23 51,50 24100,90 -0,0360 0,0009 -0,0009 2,4336 2949,55
24 41,12 21551,50 -0,0056 0,0081 -0,0033 0,5763 2847,63
- 123 -
Tabela A.5: Dados relativos ao dia 11 de novembro de 2011.
Tempo
(h)
(€/MWh)
(MWh)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(MWh)
1 40,45 20315,30 -0,0084 0,0032 -0,0023 0,8593 2969,75
2 28,07 18628,00 -0,0154 0,0121 -0,0068 0,2224 2950,20
3 15,07 17958,10 -0,0165 0,0166 -0,0083 0,1014 2997,35
4 17,42 17507,90 -0,0181 0,0338 -0,0118 0,0844 2939,83
5 19,32 17334,30 -0,0145 0,0471 -0,0111 0,1005 2820,28
6 29,51 17230,20 -0,0158 0,0145 -0,0076 0,2265 2840,43
7 35,96 17538,70 -0,0118 0,0098 -0,0054 0,3830 2805,30
8 53,03 21172,70 -0,0160 0,0003 -0,0003 8,5053 2728,43
9 53,03 23372,80 -0,0127 0,0002 -0,0002 11,523 2550,58
10 53,50 24378,20 -0,0128 0,0003 -0,0003 7,4867 2432,65
11 53,50 25104,60 -0,0101 0,0003 -0,0003 7,3146 2248,95
12 53,50 25968,80 -0,0076 0,0003 -0,0003 7,1383 1975,48
13 53,81 27472,70 -0,0114 0,0005 -0,0005 4,0891 1774,78
14 53,63 26996,30 -0,0195 0,0003 -0,0003 6,7238 1369,53
15 53,81 26729,00 -0,0142 0,0005 -0,0005 4,1681 933,38
16 53,80 25946,40 -0,0176 0,0005 -0,0005 4,2648 710,13
17 54,82 25471,80 -0,0184 0,0033 -0,0028 0,7691 528,13
18 56,93 26375,60 -0,0981 0,0009 -0,0009 2,4202 372,78
19 60,93 27444,50 -0,0211 0,0047 -0,0038 0,5776 345,93
20 79,86 29067,30 -0,0515 0,0018 -0,0017 1,5796 365,10
21 76,53 28417,90 -0,0409 0,0041 -0,0037 0,7226 423,65
22 73,07 28434,20 -0,2212 0,0061 -0,0059 0,4327 472,00
23 59,84 26255,90 -0,0264 0,0009 -0,0009 2,6186 704,68
24 56,93 23985,50 -0,0290 0,0006 -0,0006 4,0377 1118,13
- 124 -
Tabela A.6: Dados relativos ao dia 12 de novembro de 2011.
Tempo
(h)
(€/MWh)
(MWh)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(MWh)
1 66,10 23686,60 -0,0153 0,0015 -0,0014 2,0428 1734,48
2 53,00 19864,80 -0,0280 0,0009 -0,0009 3,0597 2384,78
3 51,13 17305,70 -0,0216 0,0015 -0,0014 2,1064 2725,55
4 50,80 17138,70 -0,0205 0,0013 -0,0012 2,4246 2930,10
5 42,50 16972,70 -0,1160 0,0010 -0,0010 2,5255 3040,08
6 41,29 19167,00 -0,0645 0,0258 -0,0184 0,1168 3109,55
7 39,62 19433,10 -0,0149 0,0028 -0,0024 0,8650 3262,63
8 39,64 20394,60 -0,0201 0,0023 -0,0021 0,9418 3426,78
9 38,03 21041,90 -0,0155 0,0044 -0,0034 0,5274 3411,95
10 40,89 22956,00 -0,0143 0,0056 -0,0040 0,4426 3414,60
11 47,40 22648,20 -0,0500 0,0018 -0,0017 1,2045 3329,03
12 42,80 23786,60 -0,0283 0,0063 -0,0052 0,3492 3268,68
13 42,40 24159,20 -0,0647 0,0012 -0,0012 1,4896 3349,88
14 41,66 24335,60 -0,0180 0,0122 -0,0073 0,2354 3456,40
15 40,74 26604,30 -0,0080 0,0032 -0,0023 0,6700 3503,05
16 38,03 25905,10 -0,0067 0,0027 -0,0019 0,7628 3528,50
17 33,32 25604,60 -0,0060 0,0019 -0,0014 0,9018 3599,93
18 38,03 25609,40 -0,0083 0,0025 -0,0019 0,7729 3635,78
19 48,00 24957,80 -0,0923 0,0007 -0,0007 2,7683 3636,68
20 52,05 25220,90 -0,0275 0,0010 -0,0010 2,1388 3660,65
21 51,13 25066,30 -0,0347 0,0025 -0,0023 0,8747 3685,78
22 50,13 24733,60 -0,0161 0,0018 -0,0016 1,2519 3651,40
23 46,00 24227,10 -0,0269 0,0008 -0,0008 2,4439 3583,25
24 46,01 26037,10 -0,0652 0,0005 -0,0005 3,5613 3595,35
- 125 -
Tabela A.7: Dados relativos ao dia 13 de novembro de 2011.
Tempo
(h)
(€/MWh)
(MWh)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(€/MWh2)
(MWh)
1 34,20 22684,80 -0,0078 0,0022 -0,0017 0,8786 3535,43
2 25,42 23467,10 -0,0074 0,0032 -0,0022 0,4849 3582,45
3 1,00 22191,60 -0,0006 0,0047 -0,0005 0,0847 3607,68
4 0,00 21262,30 0,0000 0,0000 0,0000 9,4063 3637,53
5 0,00 21109,80 0,0000 0,0000 0,0000 9,4743 3622,93
6 0,00 20855,00 0,0000 0,0000 0,0000 9,5900 3543,90
7 0,10 20786,30 -0,0039 0,0003 -0,0003 0,0173 3309,48
8 0,50 21206,20 -0,0068 0,0003 -0,0003 0,0821 3223,95
9 0,00 21407,10 0,0000 0,0000 0,0000 9,3427 3162,25
10 0,10 22573,50 -0,0029 0,0000 0,0000 44,301 3064,53
11 10,00 24323,60 -0,0170 0,0012 -0,0011 0,3668 3233,43
12 10,00 25219,40 -0,0230 0,0003 -0,0003 1,3390 3293,68
13 14,00 26055,70 -0,0284 0,0044 -0,0038 0,1410 3262,00
14 11,01 25809,10 -0,0285 0,0012 -0,0012 0,3705 3234,15
15 10,00 25987,30 -0,0232 0,0007 -0,0007 0,5663 3170,95
16 3,00 24999,60 -0,0109 0,0036 -0,0027 0,0443 3206,75
17 3,00 24369,60 -0,0109 0,0037 -0,0028 0,0446 3358,05
18 10,00 24248,20 -0,0222 0,0003 -0,0003 1,3932 3516,13
19 25,00 22259,00 -0,0103 0,0020 -0,0017 0,6706 3389,48
20 30,42 21950,60 -0,0147 0,0008 -0,0008 1,8266 3316,98
21 47,57 22873,00 -0,0190 0,0012 -0,0011 1,8426 3298,80
22 52,05 23628,50 -0,0331 0,0020 -0,0019 1,1679 3416,90
23 45,00 23497,10 -0,0131 0,0007 -0,0007 2,8821 3505,40
24 40,00 22947,70 -0,1780 0,0020 -0,0020 0,8812 3493,18
- 126 -
B. Artigo científico publicado na 9th International
Conference on the European Energy Market – EEM12
1
Abstract-- The integration of large amounts of wind energy in
power systems raises important operation issues such as the balance between power demand and generation. The pumped storage hydro (PSH) units are seen as one solution for this issue, avoiding the need for wind power curtailments. However, the behavior of a PSH unit might differ considerably when it operates in a liberalized market with some degree of market power. In this regard, a new approach for the optimal daily scheduling of a PSH unit in the day-ahead electricity market was developed and presented in this paper, in which the market power is modeled by a residual inverse demand function with a variable elasticity. The results obtained show that increasing degrees of market power of the PSH unit correspond to decreasing levels of storage and, therefore, the capacity to integrate wind power is considerably reduced under these circumstances.
Index Terms-- Day-ahead electricity market, market power, price-maker, pumped storage hydro unit, wind integration.
I. INTRODUCTION HE growing environmental concerns related to the greenhouse gases emissions and the increasing prices of
the fossil fuels led to a strong growth of renewable generation in several power systems around the world. However, most of the renewable generation, such as wind energy, derives energy from natural sources that vary their availability over different timescales. Consequently, the integration of larger amounts of renewable energy into the power systems raises important operation issues, such as the balance between the demand and generation, which is increasingly important in periods with lower demand and higher wind availability, resulting in the potential occurrence of over-generation [1]. Due to the strong correlation between wind and hydro power availability, this problem may occur more frequently on years, or periods of the year, with higher rainfall [2].
A potential solution for this problem is to store the excess of generation for the periods in which it can be used with
F. Teixeira is with ISEL - Lisbon Engineering Superior Institute, Rua Conselheiro Emídio Navarro, 1, 1950-062 Lisboa, Portugal, (e-mail: [email protected]).
J. Sousa and S. Faias are with ISEL - Lisbon Engineering Superior Institute, Rua Conselheiro Emídio Navarro, 1, 1950-062 Lisboa, Portugal, and with Cie3 - Center for Innovation in Electrical and Energy Engineering, Av. Rovisco Pais, 1, 1049-001 Lisboa, Portugal, (e-mail: [email protected]; [email protected]).
benefit for the system, through the use of technologies such as the pumped storage hydro (PSH) used since the beginning of the twentieth century [3]. In generating mode a PSH unit converts gravitational potential energy of water into electrical energy. When it operates in pumping mode, the electrical energy is converted into gravitational potential energy by pumping water from a lower reservoir to an upper reservoir. Considering the high efficiency of this pumping cycle and its important storage capacity, the PSH unit is increasingly seen as a solution to integrate potential over-generations, avoiding the need for wind power curtailment [1], [4], [5].
In a context of centralized dispatch of generation in power systems, a hydrothermal coordination problem is solved in order to minimize the total cost of the electrical energy generation. In this case, the PSH unit generates in peak load periods, when the marginal cost of the thermal units are higher, and pumps water back into the upper reservoir in the off-peak load periods, when the marginal cost of the thermal units are lower [6].
In most liberalized electricity markets the electrical energy is traded through the day-ahead electricity market. In this context, the PSH unit pursues a profit maximization strategy by generating when the market clearing price (MCP) is high and pumping when the MCP is low, taking into account the difference between high and low prices and the pumping cycle efficiency. As a market participant, the PSH unit submits purchase bids to pump and submits sale offers to generate.
Considering that the PSH unit is a price taker, in periods with lower demand and higher wind availability, the low MCP will give the incentive for the PSH unit to pump water, leading to an adequate integration of wind power into the system. However, when a PSH unit has market power, its profit maximization strategy can lead to a pumping and generation profile that differs from the system objective of maximizing the wind power integration.
Regarding the study of the optimal PSH unit operation strategy in liberalized markets there is some relevant research performed by several authors. This is the case of Lu et al. [7] that developed an algorithm to determine the optimal bidding strategy for day-ahead and ancillary services markets. The ancillary services market can complement the value of the PSH unit when it commits some capacity to improve the spinning reserve of the system [8], [9].
In addition to the day-ahead and ancillary services markets, bilateral contracts are also taken into account in order to reach
How Market Power Affects the Behavior of a Pumped Storage Hydro Unit in the Day-Ahead
Electricity Market? Fábio Teixeira, Jorge de Sousa, Member, IEEE, and Sérgio Faias, Member, IEEE
T
2
the bidding strategies that maximize the profit as studied by Kanakasabapathy and Swarup [10]. To achieve this goal, a mixed-integer programming model and multi-looping sequential optimization approach was used. The approach used in [7] and [10] is deterministic and considers the PSH unit as a price taker, in spite of the impact of the market power in the MCP being introduced in [10].
Ni et al. [11] take uncertainty into account in an integrated bidding and scheduling algorithm for risk management using a stochastic approach. The problem was formulated considering a price taker generation company with hydro, thermal and PSH units.
Torre et al. [12], in a deterministic context, Flach et al. [13] and Baíllo et al. [14], using a stochastic approach, consider the effect of market power in the optimization of the power plants operation strategy.
More recently, the scheduling of a price-maker PSH was studied by Baslis and Bakirtzis [15]. In this work, a compact stochastic mixed integer linear programming was performed in order to reach the maximum yearly profit, and considers a deterministic first stage of one month and a stochastic approach for the other months. The market was modeled by a residual demand curve assuming an inelastic load demand.
The present paper studies the behavior of a PSH unit in the day-ahead electricity market, with different degrees of market power, in order to evaluate how its behavior differs from the power system objective of integrating wind power. To achieve this goal, a scheduling of a PSH unit was performed to reach the daily profit maximization, using a deterministic approach. The different degrees of market power are modeled by a residual inverse demand function with a variable elasticity.
The remainder of this paper is organized as follows. In Section II the MCP of day-ahead electricity market is analyzed. The mathematical formulation of a PSH unit included in this market is held in Section III. Section IV presents the solution methodology to solve the developed optimization problem. Section V presents a case study applied to the Iberian Electricity Market (MIBEL) with a PSH unit that operates with different degrees of market power. Finally, the conclusions obtained are drawn in Section VI.
II. MARKET CLEARING PRICE In most day-ahead electricity markets, such as the MIBEL,
market participants submit hourly electrical energy supply offers and demand bids for the entire following day.
For each hour of the day, supply offers are sorted from the lowest price to the highest price, forming the supply curve, and demand bids are sorted from the highest price to the lowest price, forming the demand curve.
Fig. 1 illustrates the supply and demand curves in day-ahead electricity market of the MIBEL, for 20th hour of November 11, 2011.
0 1 2 3 4 5 6 7
x 104
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Energy (MWh)
Pric
e (€
/MW
h)
(Q0 , P0)
Fig. 1. Supply and demand curves.
The last eligible offer block dispatched by the market
operator sets the MCP for that hour, which takes into account the intersection of the supply curve with the demand curve. It should be noted that there are complex offers that imposes constraints which implies that some merit offers are disregarded when these conditions are not met. In this case the resulting supply curve is changed accordingly and the MCP and market clearing quantity (MCQ) are set in P0 and Q0, respectively, as shown in Fig. 1.
A. Influence of the PSH unit in the MCP The influence of the PSH unit in the MCP is twofold. On
one hand, when the PSH unit pumps, it submits purchase bids which shifts the demand curve to the right and, therefore, increases the MCP. On the other hand, when the PSH unit generates, it submits sale offers which shifts the supply curve to the right and, therefore, decreases the MCP.
To illustrate this effect, consider Fig. 2 a) where the PSH unit makes a purchase bid of ΔQ that shifts the demand curve to the right and leads to a rise in price of ΔP.
Fig. 2. Influence of the PSH unit on the MCP. This change in price depends on the slope of the supply and
the demand curves, given by γ and β respectively. Taking into account Fig. 2 b) the slopes can be expressed in terms of the changes in quantities and prices given by:
)1(tan1Q
PΔΔ
=γ
)2(tan2Q
PΔΔ
=β
)3(21 QQQ Δ+Δ=Δ
3
The relationship between the changes in price and the changes in quantity, taking into account (1)-(3), is given by:
)4(||tan||tan||tan||tan
βγβγε
+⋅
−=ΔΔ
=QP
In order to analyze the influence of the PSH unit in the
MCP it was considered a residual inverse demand function with a slope given by (4).
B. Residual Inverse Demand Function The operational states of the PSH unit are the pumping
mode, the generation mode and off-line. In the periods of pumping, the PSH unit will consume electrical energy and, therefore, the MCP will rise. On the other hand, when PSH unit generates electrical energy the MCP decreases. When the PSH unit stays off-line, the MCP remains unchanged.
Since the MCP is limited by a maximum and minimum value (Pmax and zero, respectively), the residual inverse demand function is well modeled by an approximated sigmoid function [16], given by:
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛ −+
+
=k
kQQ
e
kQP
2
10
1
)( 0 (5)
where P(Q) is the MCP with the influence of the PSH unit
operation; Q is the electrical energy consumed or generated by PSH unit; k0, k1 and k2 are parameters of the sigmoid function; Q0 is the MCQ without the intervention of the PSH unit.
The parameters k0, k1 and k2 are calculated in order to meet the following conditions:
)8()(lim
)7()0(
)6()0('
max
0
PQP
PP
P
Q=
=
⋅=
−∞→
εα
From (6), if the PSH unit is off-line, the slope of the
residual inverse demand function must be equal to the slope of the day-ahead electricity market given by (4). A multiplier factor (α) was implemented in order to modify the slope of the day-ahead electricity market, thus modifying the influence of PSH unit on the MCP, i.e., changing the degree of market power of the PSH unit.
The real MIBEL residual inverse demand slope corresponds to α=1. When α<1, the MCP is less affected by the PSH unit operation. In the limit case of α=0, the bids of the PSH unit will not affect the hourly MCP, which represents that the PSH unit behaves in a perfectly competitive way. On the other hand, if α>1 the bids of the PSH unit will affect more the hourly MCP, which corresponds to increasing degrees of market power.
From (7), if PSH unit is off-line, the MCP of the residual inverse demand function remains equal to the MCP of the day-ahead electricity market without the PSH unit operation (P0).
Condition (8) assures that the sigmoid function has a maximum value of Pmax.
Thus, the parameters that model the sigmoid function are computed according to the following equations:
max0 Pk = (9)
kPk
Pk
PQk
0
0
0
0
020
01
11ln
⋅⋅
−⋅−⋅+=
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
εα (10)
kPk
Pk
0
0
020
2
1
⋅⋅
−⋅−=
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
εα (11)
III. PROBLEM FORMULATION To formulate the problem, the following assumptions are
made: 1. The PSH unit may either generate electrical energy
using stored water in the upper reservoir or consume electrical energy to pump water to the reservoir;
2. The volume of water stored in the upper reservoir is represented by an equivalent energy level;
3. The initial and final energy levels of the upper reservoir are known a priori;
4. The electrical energy generated by the PSH unit is named Qh, while the electrical energy consumed for pumping is designated by Qp. The convention considered is the generator, so Qp will have negative values since it represents a consumption.
The aim of the PSH unit in the market is to maximize its
profit in a given period of time subjected to operational constraints, as expressed in the following optimization problem:
)15(to10
)14(to10
)13(to1
:toSubject
)12()(max
max
max
1
HiQQ
HiQQ
HiQQQ
QQP
hih
ipp
ip
ih
i
iH
i
ii
=≤≤
=≤≤−
=+=
⋅∑=
)18(to1
)17(0
)16(to1
maxmin
0
1
HiWWW
HiforW
iforWW
HiQ
QWW
i
H
i
h
ihi
ppii
=≤≤
=
==
=−⋅−=
⎩⎨⎧
−
ηη
4
where Q is the hourly electrical energy pumped or generated by the PSH unit; Qp is the hourly electrical energy pumped by the PSH unit; Qh is the hourly electrical energy generated by PSH unit; W denotes the hourly energy storage level in the reservoir; P(Q) is the hourly MCP given by (5).
Parameters ηp and ηh are the efficiencies associated with the pumping and generation of the PSH unit, respectively; W0 and WH are initial and final energy levels of the upper reservoir, respectively; Minimum and maximum energy levels of the upper reservoir are Wmin and Wmax, respectively; Qp
max and Qh
max are the maximum pumped and generated energy by PSH unit, respectively. Superscript i is the time index.
The objective function given in (12) is the profit of PSH unit, which counts the hourly cash flow of purchase and sale electrical energy in the day-ahead electricity market.
The operation limits of the PSH unit are represented in (14) and (15). When PSH unit generates energy this is represented by positive values. However, when the PSH unit pumps water this is represented by a negative value, as in (14).
The energy stored in the upper reservoir, for a specific hour, depends on the operation of the PSH unit in that hour, and the energy stored in the previous hour. Thus, if the PSH unit pumps water, the stored energy will increase, however due to the pumping efficiency (ηp) the stored energy is less than pumped energy. On the other hand, if the PSH unit generates electrical energy the stored energy will decrease, but due to generation efficiency (ηh) the energy stored used is higher than the energy generated [17]. Thus, the energy stored in the upper reservoir is given by (16).
Since initial and final energy levels of the upper reservoir are known a priori, the conditions in (17) must be met.
The operation limit of the upper reservoir is represented in (18).
Due to the efficiency of pumping and generation are less than unity, pumping water and at the same time generating electricity is a waste of energy without economic gains [18]. So this behavior will never happen.
Since the problem is nonlinear, it is important to analyze its convexity. In this regard, the objective function is pseudo concave and the constraints, being linear, define a convex set of feasible solutions. Therefore, the optimality conditions are not only necessary but also sufficient.
IV. SOLUTION METHODOLOGY The optimization problem (12)-(18) presented in the
previous section is a non linear problem and was modeled and solved using the MINOS solver of the GAMS programming language [19].
To determine the slope of the demand and supply curves, a linear approach was carried out in the neighborhood of the MCP for each hour. The algorithm used to solve this problem is as follows:
1. Read the following data: a. Pumping and generating efficiencies of PSH unit; b. Maximum, minimum, initial and final energy
levels of the upper reservoir;
c. Maximum consumption and generation of electrical energy that PSH unit can perform;
d. Hourly forecasted MCP and MCQ without the PSH unit operation;
e. Hourly forecasted demand and supply curves; 2. Compute the hourly slope of the demand and supply
curves with a linear approach; 3. Compute the hourly slope of the residual inverse
demand function, as in Section II-A; 4. Choose the multiplier factor (α) that allows modify the
degree of market power; 5. Compute the hourly parameters that model the sigmoid
function, as in Section II-B; 6. Solve the optimization problem, given by (12)-(18),
using the MINOS optimization package available in GAMS, and save the obtained results;
7. To get more results with other degrees of market power go to step 4 and change the value of α; otherwise stop.
V. CASE STUDY As an illustration, consider a PSH unit with the follow
characteristics: Qpmax=Qh
max=1000 MWh, Wmin=500 MWh, Wmax=10000 MWh, ηp=80% and ηh =90%. In the day-ahead electricity market, the purchase bids and sale offers are made for each hour of a day, therefore H=24. The daily operating starts from midnight with WInitial=1000 MWh and ends at midnight the following day with WFinal=1000 MWh.
The data considered for the day-ahead electricity market are obtained from the market operator of the MIBEL website [20], for the November 11, 2011. The maximum price that can be bid or offer (Pmax) in the day-ahead electricity market of MIBEL is 180.3 €/MWh.
Fig. 3 presents the MCP (bars) and MCQ (line) of that day, without the influence of the PSH unit.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 2223 240
3445
6890
10335
13780
17225
20670
24115
27560
31000
Mar
ket
Cle
arin
g Q
uant
ity,
Q0 (
MW
h)
Time (h)5 10 15 20
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Mar
ket
Cle
arin
g P
rice,
P0 (
€/M
Wh)
Fig. 3. MCQ and MCP without PSH unit.
Fig. 4 illustrates the hourly slope of the residual inverse
demand function calculated by (4), considering the hourly supply and demand curves, as represented in Fig. 1.
In order to simulate different degrees of market power, the algorithm developed in Section IV was applied in four different cases of increasing market power: α=0, α=0.5, α=1, and α=2.
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1213 14 1516 17 1819 20 2122 23 24-0.02
-0.015
-0.01
-0.005
0
Time [h]
ε (
€/M
Wh
2 )
Fig. 4. Slope of the residual inverse demand function. The results obtained for the hourly PSH unit pumping and
generating profile, for these different degrees of market power, are presented in Fig. 5.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 2223 24-1200
-1000
-800
-600
-400
-200
0
200
400
600
800
1000
1200
Time (h)
PS
H E
nerg
y O
utpu
t (M
Wh)
α=0
α=0.5
α=1
α=2
Fig. 5. Pumped and generated energy by the PSH unit for different
degrees of market power.
From Fig. 5 we can conclude that when the MCP is low the PSH unit pumps water into the upper reservoir, when the MCP is high the PSH unit generates electrical energy to the power system, and when the MCP has an intermediate value, the PSH unit is off-line.
Also from Fig. 5, it can be seen that when the PSH unit behaves in a perfectly competitive way (α=0), it pumps and generates at very high levels.
However, with the increase of market power it is observed a decrease in pumping and in generation of electrical energy.
This can be seen in Fig. 6 where the total pumped energy by the PSH decreases with the increase of the degree of market power.
The influence of the PSH unit in the MCP is also computed and the results are shown in Fig. 7.
When α=0, the PSH unit does not influence the MCP which is equal to the hourly MCP without its operation.
However, for increasing degrees of market power corresponding to increasing values of α, the influence of the PSH unit in the MCP increases.
In this regard, when the PSH unit pumps water to upper reservoir the MCP will rise and when PSH unit generates electrical energy the MCP will decrease, in comparison to the MCP that would result in the absence of the PSH unit operation.
0 0.5 1 20
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Market Power, α
Pum
ped
Ene
rgy
(MW
h)
Fig. 6. Total pumped energy by the PSH unit for different degrees of
market power.
As a result, with higher values of α, the influence of the PSH unit on the MCP is greater, becoming less attractive to bid large amounts of energy and therefore the pumped and generated electrical energy reduces. Note that the influence of the PSH unit on the MCP is not equal in all hours, because the slope of the residual inverse demand function is different in every hour, as shown in Fig. 4.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 2223 240
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Time (h)
Mar
ket
Cle
arin
g P
rice
(€/M
Wh)
α=0
α=0.5
α=1
α=2
Fig. 7. Influence of the PSH unit on the MCP for different degrees of
market power. Fig. 8 presents the total pumped energy by the PSH unit for
a wide range of α with incremental steps of 0.25.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 500
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Market Power, α
Pum
ped
Ene
rgy
(MW
h)
Fig. 8. Total pumped energy for different degrees of market power. From the results we can conclude that the total energy
pumped (and, therefore, generated) by the PSH decreases considerably for increasing degrees of market power.
6
This is due to the fact that with market power the influence of the PSH unit in the MCP reduces the incentive to pump, because pumping increases prices, and reduces the incentive to generate, because generating decreases prices.
Therefore, when compared to a price taker situation, the energy stored by the PSH unit can be significantly reduced. As this stored energy could result from an excess of wind power in some periods, the ability to integrate wind power could be much lower than usually expected by most of the studies made in this respect.
VI. CONCLUSIONS This paper presents a non linear optimization model for the
daily scheduling of a price-maker PSH unit that participates in the day-ahead electricity market.
This model was used to evaluate the behavior of the PSH unit with different degrees of market power, modeled by a residual inverse demand function with a variable elasticity that depends on the slopes of the demand and supply curves.
The results obtained show that increasing degrees of market power of the PSH unit correspond to decreasing levels of storage and, therefore, the capacity to integrate wind power is considerably reduced when compared to a price-taker situation.
It is intended to expand this study to a case study of a power producer with a generation portfolio of a base load thermal power unit and a PSH unit.
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VIII. BIOGRAPHIES
Fábio Teixeira was born in Faro, Portugal, in 1988. He received the B.Sc. degree in electric and electronic engineering from Algarve University, Faro, Portugal. He is currently working toward the M.Sc. degree in electrical engineering in Lisbon Engineering Superior Institute (ISEL), Lisbon, Portugal. His research interests are power systems, energy market and pumped storage hydro technology.
Jorge de Sousa (M’2007) received the undergraduate (5 year) and Master degrees in Electrical Engineering and Computer Science from the Technical University of Lisbon, and the PhD degree in Economics from the New University at Lisbon. He is Coordinator Professor at the Lisbon Engineering Superior Institute (ISEL) and the Head of the Energy Systems Division. He is researcher at Center for Innovation in Electrical and Energy Engineering (Cie3) of the Technical University of Lisbon. His topics of research include power systems economics,
electricity markets modeling and simulation, renewable energies, risk management, emissions trading, and sustainable mobility.
Sérgio Faias (M’2009) received the undergraduate (5 year) degree in Electromechanical Engineering from the Polytechnic Institute of Setúbal (2001), Master degree in Mechanical Engineering (2006) and PhD in Electrical Engineering and Computer Science (2011) at Technical University of Lisbon. He is Professor at the Lisbon Engineering Superior Institute (ISEL) since 2001. He is researcher at Center for Innovation in Electrical and Energy Engineering (Cie3). His topics
of research include energy and environmental analysis of power systems, renewable energies, energy storage systems, electric and hybrid vehicle modeling and simulation.