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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA INPA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS NA AMAZÔNIA MPGAP A CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA DO PLANO DE USO PÚBLICO DO SETOR 03 DO PARQUE ESTADUAL SERRA DAS ANDORINHAS E DA APA ARAGUAIA, ESTADO DO PARÁ Abel Pojo Oliveira MANAUS, AMAZONAS Junho de 2013

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE ÁREAS

PROTEGIDAS NA AMAZÔNIA – MPGAP

A CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA DO PLANO DE USO PÚBLICO DO SETOR 03 DO PARQUE ESTADUAL SERRA DAS ANDORINHAS E DA APA ARAGUAIA,

ESTADO DO PARÁ

Abel Pojo Oliveira

MANAUS, AMAZONAS

Junho de 2013

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Abel Pojo Oliveira

A CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA DO PLANO DE USO PÚBLICO DO SETOR 03 DO PARQUE ESTADUAL SERRA DAS ANDORINHAS E DA APA ARAGUAIA,

ESTADO DO PARÁ

Orientadora: Drª. Maria Auxiliadora Drumond

Co- Orientadora: Esp. Lêda Márcia luz

Dissertação apresentada ao Instituo Nacional de Pesquisas da Amazônia, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Gestão de Áreas Protegidas na Amazônia.

MANAUS, AMAZONAS

Junho de 2013

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BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Sérgio Henrique Borges, Doutor

(Examinador 1)

____________________________________ Susy Rodrigues Simonetti, Mestre

(Examinador 2)

____________________________________ Mirleide Chaar Bahia, Doutora

(Examinador 3)

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O48 Oliveira, Abel Pojo A construção participativa do plano de uso público do setor 03 do

Parque Estadual Serra das Andorinhas e da APA Araguaia, estado do Pará / Abel Pojo Oliveira. --- Manaus : [s.n], 2013.

xiv, 166 f. : il. color. Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2013. Orientador : Maria Auxiliadora Drumond. Coorientador : Lêda Márcia luz.

Área de concentração : Conservação e Uso dos Recursos Naturais 1. Unidades de Conservação. 2. Planejamento Participativo. 3.

Parque Serra das Andorinhas. 4. APA Araguaia. I. Título.

CDD 333.783

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Dedico este trabalho à minha mãe, linda e alva, Lindalva.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado a vida, e a coisa mais importante

para mim: a minha família. Mãe, mano, mana, pai, vocês são meu alicerce, minha

fortaleza, minha inspiração. Tudo, sem vocês, não teria sentido algum.

Às amigas Bah, Cau e Paulok, as Tuuuudo Iiiisso, pelo incondicional apoio. À amiga

Socorro Almeida, pelas longas horas e momentos (leves, descontraídos, tensos e

desesperadores) partilhados. À Nedyma, Elzir e Chiquinho, pelos momentos de

descontração e incentivo. À Aina, pelo carinho e solicitude; ao amigo Éder, pelos

momentos de alegria partilhados. Ao amigo Regivaldo, pelos conselhos cirúrgicos. À

amiga Michelle (Biga), pelo apoio e contribuições com o resumen. À Nislene e seu

esposo, por terem cedido gentilmente sua casa, em Salinas/PA, para que

pudéssemos (Socorro e eu) avançar na produção dos capítulos; talvez vocês nunca

saibam o quanto isso foi importante para nós.

À Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará – Sema, pela oportunidade e

apoio prestados no desenvolvimento deste estudo. Registro o nome dos servidores

de São Geraldo do Araguaia: Nilson, Evânio, Giselle, Adailton, Jefferson, Sousa,

Leila; os vigilantes Seu Osmar, Renildo, Edinei e Antônio; e os estagiários Nélia,

Tainara, Madson, Douglas, Leonardo e Wanderson. Todos prestaram apoio direto ao

desenvolvimento do trabalho. Também à Gerência de Geoprocessamento da

CEC/DIAP, pelo mapas; Marcelo Gadelha e Seu Vilhena, muito obrigado! Ao

professor Abraão (UFPA), e seus alunos Saymon e Thays, pela base cartográfica

que subsidiou os mapas.

Aos comunitários das Vilas Ilha de Campo, em especial ao Paulo e Sebastião; bem

como os comunitários da Vila Santa Cruz, em especial aos professores Leide e

Valdemir, à Sandra, Ana, Mayara, Vamilton, Vanin, Moacir e Raimundo Nonato

(Paçoca), sem os quais seria impossível o trabalho em campo.

À minha orientadora, Dodôra; co-orientadora, Lêda; e a amada amiga Bah (co-co-co-

orientadora), pela paciência e ricas contribuições. À Michelle Sena, pela ajuda na

condução de oficina. Aos conselheiros do Pesam e APA Araguaia, e demais

participantes das oficinas, pelas valorosas contribuições.

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Les baobabs, avant grandir, ça commence par être petit. Antoine de Saint Exupéry (Le Petit Prince)

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RESUMO

As Unidades de Conservação (UC), áreas legalmente instituídas pelo Poder Público com objetivos de conservação e sob especial regime de administração, surgem como espaços que possibilitam tanto a preservação ambiental quanto a integração da sociedade com um ambiente ecologicamente equilibrado. Com isso, a visitação pública vem crescendo de modo exponencial nesses espaços, especialmente nas últimas décadas. Tal fato exige de seus órgãos gestores providências quanto ao ordenamento do seu uso público, de modo a minimizar os impactos negativos decorrentes das atividades de visitação e a potencializar seus benefícios para o ecossistema e para as comunidades locais. Diante disso, este estudo apresenta uma discussão acerca da participação social na elaboração de Plano de Uso Público em Unidades de conservação. Além disso, o trabalho tem por objetivo elaborar, de modo participativo, o Plano de Uso Público do Setor 03 do Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas (Pesam) e da Área de Proteção Ambiental de São Geraldo do Araguaia (APA Araguaia), unidades de conservação Estaduais localizadas no município de São Geraldo do Araguaia, no estado do Pará. A metodologia compreende tanto a revisão bibliográfica quanto a atividades de campo, realizada entre os anos de 2011 e 2013, com realização de três oficinas de diagnóstico e planejamento participativo. Os resultados alcançados foram a identificação dos atores sociais relacionados ao uso público do Pesam e APA Araguaia e a participação desses agentes na composição do plano, não somente como informantes, mas como tomadores de decisão mediante processo reflexivo sobre o Uso Público naquela região.

Palavras-chave: Unidades de Conservação. Uso Público. Planejamento Participativo. Parque Serra das Andorinhas. APA Araguaia.

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ix

RESUMEN

Las unidades de conservación (UC), son áreas legítimamente establecidas por el Poder Público, con objetivos de conservación y bajo un régimen especial de administración, surgen como espacios que permiten la preservación ambiental y la integración de la sociedad con un ambiente que se encuentra ecológicamente equilibrado. En virtud de eso, las visitas públicas están creciendo de forma exponencial en estos espacios, en especial en las últimas décadas. Este hecho exige de sus órganos gestores las intervenciones necesarias en lo relacionado a planificación de la visitación pública, para que se puedan minimizar los impactos negativos causados por esa actividad y potenciar los beneficios para el ecosistema y las comunidades locales. De acuerdo con eso, en este trabajo se presenta una discusión sobre la participación social, junto con la elaboración del Plan de Visitación en unidades de conservación. El objetivo es elaborar, de manera participativa, el Plan de Visitación del sector 03 del “Parque Estadual serra das Martírios/Andorinhas (Pesam)” y del “Área de Protección Ambiental de São Geraldo do Araguaia (APA Araguaia)”. Estas dos áreas son de preservación ambiental y están ubicadas en el condado de “São Geraldo do Araguaia /Pará. El método incluye la revisión de la literatura, además actividades de campo realizadas entre los años de 2011 a 2013. En este período, se efectuaron tres talleres de diagnóstico y planificación participativa. Los resultados obtenidos fueron: la identificación de los actores sociales relacionados con las actividades de visitación de Pesam y APA/ Araguaia además de la participación de estos agentes en la elaboración del plan; ellos no solamente actuaron como informantes, sino como tomadores de decisiones frente al proceso de reflexión sobre la visitación en aquella región.

Palabras-Clave: Unidades de Conservación. Visitación Pública. Planificación Participativa. Parque Serra das Andorinhas. APA Araguaia.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categorias de Manejo de Áreas Protegidas e seus objetivos segundo a UICN ................ 22

Quadro 2 - Matriz dos objetivo de manejo e as categorias de manejo de áreas protegidas da UICN . 23

Quadro 3 - Categorias de Manejo de Unidades de Conservação do SNUC ........................................ 26

Quadro 4 - Número de unidades de conservação no Brasil, sua área, e análise percentual .............. 27

Quadro 5 - Comparativo entre as categorias parque e APA, segundo o previsto no SNUC ............... 29

Quadro 6 - Análise das categorias de manejo de áreas protegidas da UICN, em relação à visitação

pública(pesquisa, turismo e educação ambiental) ................................................................................ 31

Quadro 7 - Análise da possibilidade de visitação pública nas unidades de conservação brasileira, com

base no SNUC....................................................................................................................................... 32

Quadro 8 - Benefícios potenciais do turismo em áreas protegidas ...................................................... 36

Quadro 9 - Riscos do turismo ................................................................................................................ 38

Quadro 10 - Comparativo de características entre o DRR e o DRP ..................................................... 50

Quadro 11 - Etapas e ferramentas participativa ................................................................................... 53

Quadro 12 - Instituições listadas pelos participantes da oficina ........................................................... 55

Quadro 13 - Matriz com o resultado da aplicação do Diagrama de Venn para identificar importância

versus proximidade de instituições relacionadas com o Uso Público do Pesam e APA Araguaia ...... 58

Quadro 14 - Atrativos apontados durante o mapeamento participativo................................................ 61

Quadro 15 - Calendário Sazonal de visitação dos atrativos do Setor 03 do Pesam e APA Araguaia e

região de entorno .................................................................................................................................. 65

Quadro 16 - Quadro comparativo entre organizações presentes e ausentes, em relação ao pré-

estabelecido durante aplicação do Diagrama de Venn com equipe gestora ........................................ 67

Quadro 17- Pontos de atenção para o Uso Público do Pesam e APA Araguaia ................................. 69

Quadro 18 - Matriz de planejamento construída de modo participativo durante a oficina.................... 73

Quadro 19 - Infraestrutura básica e infraestrutura turística apontada pelos participantes como ponto

de atenção para o desenvolvimento do Uso Público no Pesam e APA Araguaia ................................ 76

Quadro 20 - Evolução do Índice de Desenvolvimento Humano do município de São Geraldo do

Araguaia ................................................................................................................................................ 83

Quadro 21 - Ficha técnica do Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas (Pesam) ............. 87

Quadro 22 - Ficha técnica da Área de Proteção Ambiental de São Geraldo do Araguaia (APA

Araguaia) ............................................................................................................................................... 88

Quadro 23 - Fitofisionomias do Pesam e suas especificidades ........................................................... 95

Quadro 24 - Lista de mamíferos ameaçados de extinção encontrados no Pesam .............................. 97

Quadro 25 - Lista de aves ameaçadas de extinção encontradas no Pesam ....................................... 98

Quadro 26 - Recomendações de visitação para o Setor Casa de Pedra ........................................... 104

Quadro 27 - Recomendações de visitação para o Setor Brejo dos Padres ....................................... 106

Quadro 28 - Recomendações de visitação para as cachoeiras do Setor ao longo do Rio Araguaia . 108

Quadro 29 - Quadro funcional do Pesam e APA Araguaia ................................................................. 110

Quadro 30- Atrativos listados durante a oficina de mapeamento participativo ................................... 118

Quadro 31 - Atrativos para visitação do Setor 03 (e entorno) do Pesam e APA Araguaia ................ 120

Quadro 32 - Principais espécies de peixes buscados por pescadores no rio Araguaia ..................... 132

Quadro 33 - Calendário Sazonal de visitação dos atrativos do Setor 03 do Pesam e APA Araguaia 135

Quadro 34 - Disponibilidade de atrativos durante o ano, de acordo com o interesse do visitante ..... 136

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xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modo de aplicação do planejamento .................................................................................... 43

Figura 2 - Controle das decisões pelos membros, de acordo com o grau de participação .................. 47

Figura 3 - Levantamento das instituições relacionadas ao Uso Público do Pesam e APA Araguaia .. 55

Figura 4 - Explicação sobre a construção do Diagrama de Venn ......................................................... 56

Figura 5 - Resultado da aplicação do Diagrama de Venn para identificar importância e proximidade de

instituições relacionadas com o Uso Público do Pesam e APA Araguaia ............................................ 57

Figura 6 - Explicação sobre a ferramenta ............................................................................................. 60

Figura 7 - indicação de atrativos pelos moradores ............................................................................... 60

Figura 8 - Mapa participativo dos atrativos do setor 03 do Pesam e APA Araguaia e de seu entorno 62

Figura 9 - Identificação do período de estiagem e cheia pelos participantes ....................................... 63

Figura 10 - Identificação do período de estiagem e cheia pelos participantes ..................................... 64

Figura 11- Palestra da Setur/PA para os participantes da oficina ........................................................ 67

Figura 12 - Apresentação do projeto para os participantes da oficina.................................................. 67

Figura 13 - Aplicação da Ferramenta Chuva de Ideias......................................................................... 69

Figura 14 - Subgrupos em discussão ................................................................................................... 70

Figura 15 - Socialização e validação do trabalho do subgrupo ............................................................ 70

Figura 16 - Matriz de planejamento, com ênfase na decisão do grupo em deixar para as instituições

elencadas as fases de implementação das melhorias.......................................................................... 72

Figura 17 - Diagrama de representação das entidades responsáveis pela estruturação do uso público

............................................................................................................................................................... 77

Figura 18 - Ranking Instituições responsáveis pela estruturação do Uso Público ............................... 78

Figura 19 - Mapa de localização do município de São Geraldo do Araguaia ....................................... 80

Figura 20 - Mapa de acesso à São Geraldo do Araguaia, a partir de Marabá e Araguaína ................ 81

Figura 21 - Análise percentual do PIB de São Geraldo do Araguaia (PA) ........................................... 83

Figura 22 - Mapa do Clima .................................................................................................................... 85

Figura 23 - Precipitação no Brasil entre 2008 e 2012 ........................................................................... 86

Figura 24 - Mapa de localização do Pesam e APA Araguaia no Município de São Geraldo do

Araguaia/PA .......................................................................................................................................... 89

Figura 25 - Gravura rupestre, Ilha dos Martírios ................................................................................... 90

Figura 26 - Gravura rupestre, Pedra Escrita ......................................................................................... 90

Figura 27 - Geomorfologia do Pesam e APA Araguaia ........................................................................ 92

Figura 28 - Biomas do Brasil ................................................................................................................. 94

Figura 29- Vila Santa Cruz dos Martírios .............................................................................................. 99

Figura 30 - Coco babaçu secando para extração de óleo - Vila Ilha de Campo ................................ 101

Figura 31 - Setores de Visitação do Pesam ........................................................................................ 102

Figura 32 - Acesso da Casa de Pedra partindo da propriedade do senhor Zeca do Jorge (BR 153) 103

Figura 33 - Casa de Pedra (aspecto externo) ..................................................................................... 104

Figura 34 - Romeiros durante reza no Festejo do Divino (interior da Casa de Pedra) ....................... 104

Figura 35- Acesso ao Brejo dos Padres, partindo da Vila Santa Cruz. (BR 153) ............................... 105

Figura 36 - Acesso ao Setor 03, ao longo do Rio Araguaia, partindo da sede municipal. ................. 107

Figura 37 - Cachoeira "Sem Nome" .................................................................................................... 107

Figura 38 - Cachoeira Riacho Fundo .................................................................................................. 107

Figura 39 - Cachoeira do Spanner ...................................................................................................... 107

Figura 40 - Vila Santa Cruz ................................................................................................................. 108

Figura 41 - Vila Ilha de Campo ............................................................................................................ 108

Figura 42 - Cachoeiras contíguas e de aparente poder de atratividade em uma das glebas ocupadas

por moradores no interior do PESAM ................................................................................................. 109

Figura 43 - Faixada da sede administrativa da Sema em São Geraldo do Araguaia ......................... 110

Figura 44 - Sede administrativa da Sema em São Geraldo do Araguaia ........................................... 110

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xii

Figura 45 -Placas de sinalização no Pesam e na APA Araguaia (Morro do Mirante) ........................ 111

Figura 46 - Placas de sinalização no Pesam e na APA Araguaia (Vila Santa Cruz) .......................... 111

Figura 47 - Acesso terrestre e fluvial ao Pesam e APA Araguaia ...................................................... 112

Figura 48 - aspecto do Rio Araguaia com destaque para o Pesam, ao fundo ................................... 113

Figura 49 - voadeira utilizada para navegar no Rio Araguaia ............................................................. 113

Figura 50 - transporte popularmente conhecido como “pau-de-arara” ............................................... 113

Figura 51 - aspecto da estrada de acesso ao Pesam e APA Araguaia .............................................. 113

Figura 52 - Grupo fazendo refeição na pousada da vila Santa Cruz .................................................. 114

Figura 53 - Espaço para refeições na Pousada Recanto das Andorinhas ......................................... 114

Figura 54 - Turma 2010 ....................................................................................................................... 115

Figura 55 - Turma 2012 ....................................................................................................................... 115

Figura 56 - Pousada Recanto das Andorinhas, Vila Santa Cruz ........................................................ 116

Figura 57 - Acampados em residência de morador da vila Santa Cruz ............................................. 116

Figura 58 - Posto de atendimento na Vila Santa Cruz ........................................................................ 117

Figura 59 – Ambulancha ..................................................................................................................... 117

Figura 60- Praia Ilha de Campo .......................................................................................................... 121

Figura 61 - Praia Remanso dos Botos ................................................................................................ 122

Figura 62 - Barraca de palha ............................................................................................................... 122

Figura 63 - Lago Remanso dos Botos ................................................................................................ 123

Figura 64 - Pinturas rupestres no Abrigo Casa da Cultura ................................................................. 124

Figura 65 - Leito do Igarapé Sucupira, próximo de sua foz ................................................................ 124

Figura 66 - Cachoeira “Sem Nome” .................................................................................................... 125

Figura 67 - Cachoeira Riacho Fundo .................................................................................................. 125

Figura 68 - Travessia sobre pedras na trilha da Cachoeira do Spanner ............................................ 126

Figura 69 - Cachoeira do Spanner ...................................................................................................... 126

Figura 70 - Painel Pedra Escrita ......................................................................................................... 127

Figura 71 - Caverna do Morcego ........................................................................................................ 127

Figura 72 - Visitantes na Ilha dos Martírios ......................................................................................... 128

Figura 73 - Gravuras rupestres (preenchidas com areia) na Ilha dos Martírios ................................. 128

Figura 74 - Praia de Santa Cruz; serra no estado do Tocantins, ao fundo ........................................ 129

Figura 75 - Final de tarde na praia de Santa Cruz .............................................................................. 129

Figura 76 - Poção de Santa Cruz ........................................................................................................ 130

Figura 77 - Poção do Zequinha ........................................................................................................... 130

Figura 78 - Poção do Isidoro ............................................................................................................... 130

Figura 79 - Visão panorâmica a partir do Morro do Mirante ............................................................... 131

Figura 80 - Rio Araguaia ..................................................................................................................... 132

Figura 81 - Acampamentos às margens do Araguaia......................................................................... 132

Figura 82- Corredores formados por rochas – Brejo dos Padres ....................................................... 133

Figura 83 - Abrigo sob pedras – Brejo dos Padres ............................................................................. 133

Figura 84 - Caldeirão do Diabo ........................................................................................................... 134

Figura 85 - Mapa de atrativos para visitação pública no Pesam e APA Araguaia – ESTIAGEM ....... 137

Figura 86 - Mapa de atrativos para visitação pública no Pesam e APA Araguaia – CHEIA .............. 138

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xiii

SUMÁRIO

Sumário

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15

CAPÍTULO 1: AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E AS ATIVIDADES DE USO

PÚBLICO................................................................................................................... 19

1.1. Contextualização sobre áreas protegidas no mundo ................................... 19

1.2. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e as categorias

Parque Nacional e Área de Proteção Ambiental. ................................................... 24

1.3. O Uso Público em Unidades de Conservação ............................................. 30

1.4. Discussão conceitual e importância do Uso Público em Unidades de

Conservação .......................................................................................................... 33

CAPÍTULO 2: A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PLANEJAMENTO DE UNIDADES DE

CONSERVAÇÃO ...................................................................................................... 41

2.1. Aspectos gerais sobre o Planejamento Participativo ................................... 41

2.2. Participação social nos processos de planejamento .................................... 45

2.3. A participação social nas Unidades de Conservação e o papel dos

Diagnósticos Rurais Participativos ......................................................................... 48

CAPÍTULO 3: O PROCESSO PARTICIPATIVO PARA A CONSTRUÇÃO DO PLANO

DE USO PÚBLICO DO SETOR 03 DO PESAM E APA ARAGUAIA ........................ 53

3.1. A realização das oficinas de diagnóstico e planejamento participativo:

momento de ação-reflexão .................................................................................... 53

3.1.1. Definição dos atores a serem convidados para colaborar com o plano .... 53

3.1.2. O mapeamento participativo dos atrativos para visitação pública e

elaboração de um calendário sazonal de visitação dos atrativos ....................... 59

3.1.3. Plano de ação para o desenvolvimento do Uso Público ........................ 66

CAPÍTULO 4: O PLANO DE USO PÚBLICO DO SETOR 03 DO PARQUE SERRA

DAS ANDORINHAS E APA ARAGUAIA ................................................................... 79

4.1. INFORMAÇÕES GERAIS ............................................................................... 79

4.1.1. O município de São Geraldo do Araguaia ................................................ 79

4.1.2. O Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas (Pesam) e a Área

de Proteção Ambiental de São Geraldo do Araguaia (APA Araguaia) ............... 87

4.2. INVENTÁRIO E DIAGNÓSTICO ................................................................... 110

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xiv

4.2.1. Infraestrutura e Serviços Existentes no Pesam e APA Araguaia ............ 110

4.2.1. Mapeamento dos pontos de Visitação do Setor 03 do Pesam e APA

Araguaia ........................................................................................................... 118

4.2.3. Caracterização dos Atrativos do Setor 03 Do Pesam e APA Araguaia... 121

4.2.4. Calendário de Visitação Pública do Setor 03 .......................................... 135

4.3. AS PROPOSTAS PARA VIABILIZAR O USO PÚBLICO NO SETOR 03 DO

PESAM E APA ARAGUAIA ................................................................................. 139

4.3.1. Infraestrutura e serviços de apoio à visitação ......................................... 140

4.3.2. Infraestrutura e serviços básicos relacionados com a visitação ............. 144

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 146

ANEXOS ................................................................................................................. 154

APÊNDICES ............................................................................................................ 164

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15

INTRODUÇÃO

As áreas protegidas vem sendo estabelecidas em todas as partes do globo

como estratégia para a conservação da biodiversidade e dos serviços ambientais

existentes em seu território. Além disso, possibilitam, muitas vezes, a conciliação da

ocupação humana com sua conservação, assegurando o modo tradicional de vida e

incentivando a relação sustentável com o meio ambiente.

De acordo com o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP), as

áreas protegidas se subdividem em Terras de Quilombo, Terras Indígenas e

Unidades de Conservação, sendo que este estudo terá enfoque nesta última

categoria de área protegida (BRASIL, 2006).

De acordo com o disposto no Sistema Nacional de Unidades de Conservação

– SNUC, Lei Federal Nº 9.985/2000, Unidade de Conservação (UC) é um

espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2000).

Para Vernalha e Neimam (2010), as UC no Brasil foram criadas para, entre

outros fins, proporcionar momentos de lazer e educação ambiental aos seus

visitantes, fator que pode ocasionar, ao mesmo tempo, a proteção da biodiversidade

e a geração de renda para as comunidades do entorno, valorizando não só o

trabalho das mesmas, mas inserindo seu modo de vida neste processo, sendo

positivo tanto para a população local quanto para os visitantes. A visitação nessas

áreas é denominada com o termo Uso Público.

Nesse sentido, existe uma categoria de UC que tem especial relação com o

Uso Público: o Parque Nacional - que pode ser também estadual ou municipal -, pois

está grafado em seu objetivo básico “a preservação de ecossistemas naturais de

grande relevância ecológica e beleza cênica” (BRASIL, 2000), ou seja, são áreas

que geralmente chamam a atenção de visitantes por apresentarem paisagens

peculiares e de grande beleza.

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Assim, o Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas (Pesam),

localizado no estado do Pará, além da relevância biológica de seu ecossistema, teve

em sua beleza cênica e valor arqueológico fatores preponderantes para a sua

criação. No seu entorno foi criada, com o objetivo de ser sua zona de

amortecimento1, a Área de Proteção Ambiental (APA) Araguaia, com características

similares, porém sob grande pressão provocada pela ocupação antrópica (SECTAM,

2006a).Os atos normativos que as instituíram foram, respectivamente, as leis

estaduais nº. 5.982 e nº. 5.983 de 25 de julho de 1996.

Apesar do reconhecido valor ecológico e cênico destas duas unidades de

conservação estaduais, a visitação ocorre de modo espontâneo e ainda carece de

ordenamento. Com isso, é urgente a necessidade de se estabelecer um

planejamento de ações, com fins a ordenar a visitação pública nas duas UC’s,

reduzindo com isso os impactos sobre o meio ambiente, proporcionando ao visitante

o enriquecimento de sua experiência durante o contato com as unidades de

conservação e gerando algum nível de desenvolvimento local, em função da

atividade de visitação.

Nesse âmbito, o Pesam já possui em seu Plano de Manejo2, um Estudo

Específico de Uso Público que determina as zonas onde a visitação pode ocorrer e

que traça recomendações sobre ações de gestão para cumprir tal missão (a de

ordenar o uso público). Algumas recomendações do documento abrangem a APA

Araguaia, sua zona de amortecimento. Entretanto, tendo em vista que este

documento foi elaborado em 2006, e que a visitação pública vem crescendo de

modo compulsivo, existe a necessidade de se traçar estratégias mais específicas

para a gestão do Uso Público nessas unidades.

Elaborar um Planejamento voltado para o Uso Público, de modo que seja

exequível e que atenda as necessidades dos diversos atores, sejam governamentais

e não-governamentais; direta e indiretamente relacionados com a atividade, implica

1Zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas

estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade. (BRASIL, 2000) 2Plano de Manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma

unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade. Lei do SNUC (BRASIL, 2000)

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na necessidade de estimular a participação dos mesmos para a negociação e a

definição das ações que deverão constar no documento técnico.

Nessa abordagem, o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP)

(BRASIL, 2006), o documento Gestão Participativa em Unidades de Conservação

(IBASE, 2006) e o manual Diretrizes para a Visitação em Unidades de Conservação

(MMA, 2006) ressaltam a importância de se trabalhar a participação social nas

ações de planejamento e gestão de unidades de conservação, sendo este último

manual dedicado, especialmente, à questão do Uso Público em Unidades de

Conservação.

Considera-se a participação como uma condição na qual os conhecimentos e as experiências de diferentes atores envolvidos com as unidades de conservação são levantados e discutidos, com o objetivo de se planejar e desenvolver estratégias conjuntas (DRUMOND et al., 2009,p.10).

Deste modo, com fins a se alcançar este planejamento conjunto, o

planejamento participativo surge como possibilidade de materialização da

participação social no que tange à gestão de unidades de conservação

(RABINOVICI e PESSOA, 2010; LUZ e LEDERMAN, 2007). Esta forma de

planejamento proporcionaria o envolvimento de visões multidisciplinares de diversos

setores da sociedade para a construção de um objetivo comum.

Sob esta perspectiva é que será desenvolvida esta pesquisa, cujo objetivo

geral é elaborar, de modo participativo, o Plano de Uso Público do Setor 03 do

Pesam e da APA Araguaia. Objetivo esse que se desdobra em dois objetivos

específicos: (1) identificar os principais agentes relacionados às atividades de Uso

Público do Setor 03 do Pesam e da APA Araguaia, para que estes componham o

universo a ser pesquisado; (2) buscar informações e gerar reflexão junto aos

agentes, para subsidiar a elaboração do Plano de Uso Público.

Para se alcançar os objetivos propostos, a metodologia foi constituída de

revisão bibliográfica (documentos, livros, sítios na internet, artigos, cartilhas,

legislações e folders) e trabalho de campo nas duas UC foco desta pesquisa, entre

2011 e 2013, para a realização de oficinas, visitas aos atrativos e comunidades para

registro fotográfico, observação e conversas informais.

Foram realizadas, aproximadamente, 10 incursões ao campo, das quais três

foram para a realização de oficinas (duas na zona urbana e uma na zona rural),

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onde foram aplicadas ferramentas de diagnóstico e planejamento participativo; uma

com gestores das UC, outra com comunitários e uma terceira com diversos atores

sociais relacionados com o Uso Público das unidades, poder público, setor

empresarial e organizações da sociedade civil.

A relevância deste estudo está na sua potencial contribuição para a gestão do

Uso Público no Pesam e APA Araguaia, pois além da discussão teórica, traz

soluções metodológicas voltadas para a real prática da participação social em

processos de planejamento, do ponto de vista do empoderamento da sociedade

sobre as decisões que influenciarão sua vida e contexto. Há que se pensar ainda

que os resultados podem somar no conhecimento e debate sobre a gestão de UC’s

na Amazônia.

O primeiro capítulo traz uma discussão conceitual sobre a relação entre as

Unidades de Conservação e o Uso Público, abordando aspectos positivos e

negativos da atividade, bem como o papel do instrumento de planejamento, o Plano

de Uso Público, nessa relação.

O segundo capítulo, aborda a questão dos processos participativos nas

atividades de planejamento, de um ponto de vista sociológico e com um

direcionamento para as Unidades de Conservação.

No terceiro capítulo, estão detalhados os passos metodológicos adotados

durante os momentos participativos – as oficinas – demonstrando as ferramentas

que foram aplicadas no processo de diagnóstico e planejamento participativo do

Plano de Uso Público, objeto deste estudo.

O quarto e último capítulo, apresenta o Plano de Uso Público do Setor 03 do

Pesam e APA Araguaia, conjugando o arcabouço teórico dos dois primeiros

capítulos com os resultados obtidos nas oficinas, descritos no terceiro capítulo,

sistematizados em linguagem simples, de modo a não restringir seu manuseio e sua

implementação apenas aos técnicos da área.

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CAPÍTULO 1: AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E AS ATIVIDADES

DE USO PÚBLICO

1.1. Contextualização sobre áreas protegidas no mundo

Hoje em dia, existe algo entre 18 e 21 milhões de km² em áreas protegidas no

mundo. Se tomarmos por base o menor valor, cerca de 14 milhões de km²

correspondem à superfície terrestre e 4 milhões de km² de mares territoriais. Isso

perfaz cerca de 13% da superfície terrestre e 6% do conjunto territorial marítimo do

planeta, respectivamente; para ter uma referência, seria uma soma aproximada dos

territórios do Brasil, Austrália e Argentina (MILANO, 2012).

Grande parte dessas áreas é formada por ecossistemas naturais ou quase

naturais, com diferentes graus de intervenção humana. Muitas guardam

acontecimentos históricos, além de registrarem a sutil interrelação entre as

atividades humanas e a natureza no decorrer do tempo (DUDLEY, 2008). São áreas

cujo objetivo maior é a conservação de suas características.

Um fato que influenciou fortemente o entendimento que temos hoje sobre a

conservação da natureza foi a criação do Parque Nacional de Yellowstone, em 1872,

nos Estados Unidos. Trata-se da ideia de se instituir espaços reservados, separados

do convívio humano, e que tem o seu uso controlado pelo poder público (COSTA

2002; DIEGUES, 2008; ARAÚJO, 2012; MILANO, 2012).

Segundo Diegues (2008), sua concepção decorre da ideia preservacionista,

tendo-o como uma área selvagem; não habitada, ou wilderness, usando o termo

norte-americano. Entretanto, existe outra corrente de pensamento, a

conservacionista, que prega o uso de recursos pelos cidadãos evitando os

desperdícios e pensando no bem comum.

A esse respeito, Diegues (2008) comenta que

se a essência da “conservação dos recursos” é o uso adequado e criterioso dos recursos naturais, a essência da corrente oposta, a preservacionista, pode ser descrita como a reverência à natureza no sentido da apreciação estética e espiritual da vida selvagem (DIEGUES, 2008. p. 32).

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Essas duas correntes teóricas, que permearam as discussões iniciais sobre

as áreas protegidas, nos Estados Unidos, tiveram repercussão e ganharam adeptos

dentro e fora do país.

A partir de então, diversos países como Austrália (1879), Canadá (1885),

Nova Zelândia (1894), África do Sul (1898), México (1899), Argentina (1903), Chile

(1892), Equador (1934), Venezuela e Brasil (1937), entre outros, passaram a adotar

a criação de parques com base no modelo americano, no intuito maior de conservar

suas áreas naturais protegidas (COSTA, 2002).

Entendidas como peças-chave para a satisfação das necessidades humanas,

como estratégia de desenvolvimento sustentado por meio do uso adequado dos

recursos naturais, a proteção desses territórios passa a ser adotada e discutida

mundialmente. As Áreas Protegidas assumem mais de 140 designações diferentes

nos mais diversos países do mundo, variando de acordo com seus objetivos de

conservação (UICN, 1994).

Para Dudley (2008), as Áreas Protegidas:

Son la piedra angular de prácticamente todas las estratégias nacionales e internacionales de conservación, están destinadas a mantener ecossistemas naturales operativos, actuar como refugios para las especies y mantener procesos ecológicos incapaces de sobrevivir em los entornos terrestres y marítimos com um mayor nivel de intervención (p. 02).

O primeiro esforço para esclarecer essa terminologia - Área Protegida -

aconteceu em 1933 na Conferência Internacional para a Proteção da Fauna e Flora,

em Londres, onde foram estabelecidas quatro categorias de Áreas Protegidas:

Parque Natural, Reserva Natural Estrita, Reserva de Flora e Fauna; e Reserva com

Proibição de Caça e Coleta. Em 1942, A Convenção do Hemisfério Ocidental sobre

a Proteção das Natureza e Conservação da Vida Silvestre também incorporou

quatro tipos: Parque Natural, Reserva Nacional, Monumento Nacional e Reserva

Natural Estrita (DUDLEY, 2008; ARAÚJO, 2012).

Diante disso, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN)3,

por meio de sua Comissão de Parques Nacionais e Áreas Protegidas (CPNAP) e de

3Muito citada nas literaturas como IUCN, sigla originária em inglês para International Union for Conservation of Nature, trata de organização internacional dedicada à conservação da natureza, fundada em 1948, sediada na Suíça. É hoje a maior e maios antiga do mundo nessa área. Com mais de 1.200 organizações membros ao redor de 160 países e 11.000 cientistas e pesquisadores voluntário agrupados em seis comissões, tem como missão influenciar, alentar e ajudar as sociedades de todo o mundo a conservar a integridade e diversidade

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seu Conselho, adotou a reivindicação de gestores dessas áreas para que se

aprovasse um sistema de categorias de manejo que pudesse ser apresentado a

governos do mundo todo, com diretrizes para a categorização dessas áreas. A ideia

era facilitar a comunicação e informação e não dirigir os sistemas do mundo todo

(UICN, 1994).

Assim, em 1978, a CPNAP publicou um informe propondo dez (10)

categorias, quais sejam:

I. Reserva Científica/Reserva Natural Estrita;

II. Parque Nacional;

III. Monumento Natural/Elemento Natural Destacado;

IV. Reserva de Conservação da Natureza/Reserva Natural Manejada/Santuário de Vida Silvestre;

V. Paisagem Protegida;

VI. Reserva de Recursos Naturais;

VII. Área Biótica Natural/Reserva Antropológica;

VIll. Área Natural Manejada com Fins de Utilização Múltipla/Área de Manejo dos Recursos Naturais;

IX. Reserva da Biosfera; e

X. Sitio (Natural) de Patrimônio Mundial.

Entretanto, segundo a UICN (1994), no decorrer do tempo, a experiência com

o manejo dessas áreas apontou para a necessidade de revisar e atualizar esse

sistema de categorias. Assim, o CPNAP criou um Grupo de Tarefas Especiais, em

1984, com a missão de analisar e modificar o sistema. Em 1990, durante a

Assembleia Geral da UICN em Pearth, na Austrália, essa comissão apresentou

informe propondo que as categorias de I a V se tornassem base para a elaboração

de um sistema atualizado, suprimindo as categorias de VI a X. O informe foi bem

aceito, sendo posteriormente analisadas de modo mais profundo, culminando nas

categorias apresentadas na quadro 01:

da natureza, e assegurar que todo o uso dos recursos naturais seja equitativo e ecologicamente sustentável (IUCN, 2013).

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Quadro 1 - Categorias de Manejo de Áreas Protegidas e seus objetivos segundo a UICN

CATEGORIAS OBJETIVO

Ia. Reserva Natural Estrita

Conservar em escala regional, nacional ou global ecossistemas, espécies e/ou características de geodiversidade extraordinários: tais atributos formaram-se principalmente ou exclusivamente por forças não humanas e se degradariam ou destruiriam se fossem submetidos a qualquer impacto humano significativo.

Ib. Área Natural Silvestre

Proteger a integridade ecológica em longo prazo de áreas naturais sem alterações significativas por atividades humanas, livres de infraestruturas modernas e onde predominam as forças e processos naturais, de forma que as gerações presentes e futuras tenham a oportunidade de experimentar tais áreas.

II. Parque Nacional

Proteger a biodiversidade natural junto com a estrutura ecológica subjacente e os processos ambientais nos quais se apóia, e promover a educação e o uso recreativo.

III. Monumento Natural

Proteger características naturais específicas marcantes e a biodiversidade e os hábitats associados a eles.

IV. Área de Manejo de Hábitats / Espécies

Manter, conservar e restaurar espécies e habitats.

V. Paisagens Terrestres e Marinhas

Proteger e manter paisagens terrestres/marinhas importantes e a conservação da natureza associada a elas, assim como outros valores criados pelas interações com os seres humanos mediante práticas de manejo tradicionais.

VI. Área Protegida Manejada

Proteger os ecossistemas naturais e usar os recursos naturais de forma sustentável, quando a conservação e o uso sustentável puderem beneficiar-se mutuamente.

Fonte: IUCN, 2013

É interessante observar que essas categorias refletem um processo de

amadurecimento, após a experiência adquirida ao longo de anos de funcionamento

do sistema de categorias de manejo de 1978. Elas representam diretrizes gerais e

cada país pode usar de flexibilidade ao adotar uma delas ou instituir novas

categorias, respeitando as peculiaridades de seus ecossistemas.

Quanto aos objetivos de manejo das áreas protegidas, a UICN destaca que

são nove, os principais. No quadro 02, podemos observar esses objetivos e sua

relação com cada uma das categorias propostas pela UICN em 1990.

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Quadro 2 - Matriz dos objetivo de manejo e as categorias de manejo de áreas protegidas da UICN

Objetivos de Manejo Ia Ib II III IV V VI

Pesquisa Científica 1 3 2 2 2 2 3

Proteção de Zonas Silvestres 2 1 2 3 3 - 2

Preservação das espécies e da diversidade genética 1 2 1 1 1 2 1

Manutenção dos serviços ambientais 2 1 1 - 1 2 1

Proteção das características naturais e culturais específicas

- - 2 1 3 1 3

Turismo e recreação - 2 1 1 3 1 3

Educação - - 2 2 2 2 3

Uso sustentável dos recursos derivados dos ecossistemas naturais

- 3 3 - 2 2 1

Preservação dos atributos culturais e tradicionais - - - - - 1 2

Legenda: 1 Objetivo Principal 2 Objetivo Secundário 3 Objetivo potencialmente aplicável – não de aplica

Fonte: UICN, 1994, p. 186. Traduzido pelo autor. Língua original: espanhol.

Diante dessa análise, pode-se constatar que as categorias de manejo Ia e Ib

apresentam caráter mais restritivo em termos de atividades que devam/possam ser

desenvolvidas em seus territórios. A categoria VI é a menos restritiva. As demais (II,

III, IV e V) apresentam uma graduação intermediária entre a primeira e a última. É a

partir dos objetivos postulados pela categoria de manejo que sua gestão será

norteada.

Atualmente, o conceito de Área Protegida, reconhecido pela UICN, aborda-a

como

Um espacio geográfico claramente definido, reconocido, dedicado y gestionado, mediante médios legales y otros tipos de médios eficaces para conseguir la conservación a largo plazo de la naturaleza y de sus servicios ecosistémicos y sus valores culturales asociados (DUDLEY, 2008. p. 10).

Assim, com a finalidade maior de conservar áreas naturais - admitidos os

níveis existentes e desejáveis de intervenção humana nas mesmas -, as áreas

protegidas passam a ser uma estratégia para salvaguardar patrimônios ecológicos e

culturais marcantes nos mais diversos ecossistemas e contextos por todo o globo.

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1.2. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e as

categorias Parque Nacional e Área de Proteção Ambiental.

No Brasil, o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP),

reconhecido por meio do Decreto Nº. 5758/2006, considera como Áreas Protegidas

as Terras Indígenas, as Terras de Quilombo e as Unidades de Conservação

(BRASIL, 2006). Entretanto, para fins deste estudo, somente serão abordadas as

Unidades de Conservação.

Segundo Alegretti (2012), Leuzinger (2012b) e Ramos (2012), é a partir da

década de 1930 que surgem os marcos legais e institucionais voltados para

proteção dos recursos naturais no Brasil, a exemplo do Código Florestal de 1934

(Decreto Nº 23.793), tendo ocorrido diversas mudanças e evoluções até os tempos

modernos.

Segundo Costa (2002), apesar do esforço de André Rebouças, em 1876,

ainda durante o Império, para a criação dos Parques Nacionais de Sete quedas (PR)

e da Ilha do Bananal (TO), somente em 1937 foi criada a primeira Unidade de

Conservação brasileira, o Parque Nacional de Itatiaia, com base no Código Florestal

de 1934, que estabeleceu os primeiros conceitos de parques nacionais, florestas

nacionais e florestas protetoras.

Depois do Código Florestal de 1934, veio o de 1965 (Decreto Lei Nº. 4771)

adotando as categorias parque nacional, floresta nacional e reserva biológica. Dois

anos depois, a gestão desses territórios foi atribuída ao Instituto Brasileiro de

Desenvolvimento Florestal – IBDF; e em 1973 foi criada a Secretaria Especial de

Meio Ambiente – SEMA, vinculada à Presidência da República, que culminou com a

criação de novas categorias: estação ecológica, reserva biológica, área de relevante

interesse ecológico e área de proteção ambiental. Em 1980 surge a proposta do

Conselho Nacional dos Seringueiros quanto à criação de outra categoria: reserva

extrativista (ALEGRETTI, 2012; LEUZINGER, 2012b; RAMOS, 2012).

Anos depois, em 1988, foi promulgada a Constituição Federal Brasileira

(BRASIL, 1988), que em seu Art. 225 trouxe o seguinte texto:

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todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

E inscreveu em seu § 1º:

Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

[...]

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

Esses quatro incisos foram a base para a criação do Sistema Nacional de

Unidades de Conservação (SNUC). A proposta inicial dessa legislação foi elaborada

em 1988, pela Fundação Pró Natureza – Funatura, encomendada pelo IBDF, tendo

sido instituída por meio da Lei 5.985/2000 (ARAÚJO, 2012b; RAMOS, 2012). Essa

lei, que ficou conhecida como Lei do SNUC, funda um importante marco para a

gestão das UC no Brasil.

A Lei do SNUC, como ficou conhecida, já em seu capítulo I, adotou um

conceito – tomado até os tempos atuais – sobre Unidade de Conservação, sendo

caracterizada como:

espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2000).

Além desse e de outros conceitos importantes, essa lei institui 12 (doze)

categorias de manejo, dividindo-as em dois grandes grupos: Unidades de Proteção

Integral e Unidades de Uso Sustentável. No quadro 03, abaixo, é possível observar

essa divisão:

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Quadro 3 - Categorias de Manejo de Unidades de Conservação do SNUC

Unidades de Proteção Integral (PI) Unidades de Uso Sustentável (US)

I - Estação Ecológica - Esec

II - Reserva Biológica - Rebio

III - Parque Nacional -Parna

IV - Monumento Natural

V - Refúgio de Vida Silvestre - Revis

I - Área de Proteção Ambiental - APA

II - Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE

III - Floresta Nacional - Flona

IV - Reserva Extrativista - Resex

V - Reserva de Fauna

VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável - RDS

VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN

Fonte: BRASIL, 2000

A diferença entre esses dois grandes grupos de UC reside nos seus objetivos.

Enquanto as de Proteção Integral (PI) visam à preservação da natureza por meio do

uso indireto dos seus recursos naturais, as de Uso Sustentável (US) primam pela

conservação da natureza por meio do uso direto dos seus recursos naturais, porém

garantido sempre na sustentabilidade dos mesmos (BRASIL, 2000).

Atualmente, 1762 UC estão inscritas no Cadastro Nacional de Unidades de

Conservação (CNUC), do Brasil, abarcando 11 categorias de manejo do SNUC –

nenhuma Reserva de Fauna foi criada até o momento - nas esferas municipal,

estadual e federal. Essas unidades perfazem uma área total de 1.527.213km², o que

corresponde a cerca de 18% do território nacional. Sua distribuição, de acordo com

a categoria de manejo, pode ser observada no quadro 04, que segue.

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Quadro 4 - Número de unidades de conservação no Brasil, sua área, e análise percentual

Grupo/Categoria Nº. % Nº. Área (km²) % Área

Proteção Integral

Estação Ecológica 95 5,4 115.805 7,6

Monumento Natural 36 2,0 1.354 0,1

Parque Nacional / Estadual / Municipal 333 18,9 346.527 22,7

Refúgio de Vida Silvestre 29 1,6 3.731 0,2

Reserva Biológica 55 3,1 52.606 3,4

Uso Sustentável

Floresta Nacional / Estadual / Municipal 103 5,8 300.254 19,7

Reserva Extrativista 87 4,9 143.535 9,4

Reserva de Desenvolvimento Sustentável 31 1,8 116.615 7,6

Reserva de Fauna 0 0 0 0

Área de Proteção Ambiental 265 15,0 440.879 28,9

Área de Relevante Interesse Ecológico 47 2,7 920 0,1

Reserva Particular do Patrimônio Natural 681 38,6 4.987 0,3

TOTAL 1.762 100 1.527.213 100

Fonte: CNUC/MMA – www.mma.gov.br/cadastro_uc. Atualizada em 12/12/2012.

Ao ranquear as três primeiras categorias de UC, por número, no Brasil,

teremos: (1º) Reserva Particular do Patrimônio Natural, (2º) Parque e (3º) Área de

Proteção Ambiental. Se considerarmos na análise a área das UCs teremos: (1º)

Área de Proteção Ambiental, (2º) Parque Nacional/Estadual/Municipal e (3º) Floresta

Nacional/Estadual/Municipal. Nas duas análises, é possível notar a recorrência das

categorias de manejo Parque e APA. Em decorrência do direcionamento deste

estudo para essas duas categorias de UC, cabe aqui sua breve caracterização.

Segundo o preceituado na Lei do SNUC, o objetivo básico do Parque

Nacional – que também pode ser Estadual ou Municipal, a depender da esfera do

poder que o institua – é

a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico (BRASIL, 2000).

Essa categoria de UC é de domínio público e às terras localizadas em seu

domínio cabe desapropriação, uma vez que a moradia e a produção em seu

território não está entre seus objetivos de criação, conforme se pode observar

acima.

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A visitação pública é permitida, estando apenas sujeita às normas e restrições

previstas no Plano de Manejo e às normas previstas em seu regulamento. De

acordo com Pardini (2012), seu grande potencial de uso, se comparada às outras

categorias de UC, está ligado a essa atividade. A pesquisa científica em seu

território também pode ocorrer e depende de autorização prévia do órgão

responsável por sua administração.

Em relação às categorias de manejo propostas pela UICN, o Parque Nacional

proposto pelo SNUC se assemelha bastante a categoria II, que tem a mesma

denominação, especialmente no que concerne ao seu notável potencial para

visitação pública. A diferença primordial entre elas é o fato de, no caso da UICN, o

parque ter entre seus objetos abrigar comunidades locais; o que no caso do sistema

brasileiro é contra os seus objetivos de criação.

Lembremos aqui que a UICN propõe categorias e cada país adequa a sua

realidade e legisla a respeito. Para exemplificar essas diferenças, podemos citar que

nos parques bolivianos, equatorianos, colombianos e peruanos, podem morar

indígenas e eventualmente comunidades tradicionais; nos parques equatorianos,

pode-se explorar petróleo e minério (DOUROJEANNI, 2012). Essas áreas

provavelmente não se enquadram na categoria II, mas recebem a denominação de

parques.

Conforme prevê o Art. 29 da Lei do SNUC, cada unidade de proteção integral

disporá de um conselho consultivo. Com isso, o Conselho4 dos parques (nacionais,

estaduais e municipais) é consultivo, ou seja, opina e emite pareceres relacionados

à gestão da UC, podendo o órgão gestor acatá-los ou não (BRASIL, 2000; DANIELI

et al., 2012).

Já no caso da Área de Proteção Ambiental (APA), suas características

remetem a uma área geralmente extensa e que apresenta certo grau de ocupação

humana. Seus atributos (ecológicos, estéticos e culturais) constituem fator

importante para a qualidade de vida das populações humanas. O objetivo básico

dessas áreas é “proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação

e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais” (BRASIL, 2000).

4 Órgão colegiado formado por um grupo de pessoas e/ou instituições que tem a função de ser um fórum

democrático de discussão, negociação e gestão da unidade de conservação e sua zona de amortecimento. Pode ser deliberativo ou consultivo. (DANIELI et al., 2012)

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Diferente dos parques, que são constituídos de terras de domínio público, no

caso das APAs as terras podem ser públicas ou privadas, podendo ser

estabelecidas normas e restrições tanto para a utilização das terras públicas quanto

das particulares, salvaguardados os direitos constitucionais, nesse último caso.

Tanto a pesquisa quanto a visitação pública nas áreas de domínio público

devem obedecer às condições estabelecidas pelo plano de manejo e pelo órgão

gestor. No caso das áreas privadas, cabe ao proprietário o estabelecimento dessas

normas, respeitada a legislação vigente.

Em analogia às categorias de manejo propostas pela UICN, a APA teria na

categoria VI, Área Protegida Manejada, o seu correspondente. Em ambos os casos

(categorias da UICN e do SNUC), são as áreas menos restritivas e destinadas ao

uso dos recursos naturais sob os princípios da sustentabilidade.

No caso da APA, seu conselho poderá ser consultivo ou deliberativo.

Segundo Brasil (2000) e Danieli et al. (2012), ao passo que o consultivo opina, no

deliberativo há poder de decisão sobre as questões relacionadas a UC.

No quadro 05, pode-se visualizar de forma sistematizada as peculiaridades

dos parques e APA, segundo o que rege a Lei do SNUC:

Quadro 5 - Comparativo entre as categorias parque e APA, segundo o previsto no SNUC

PARQUE APA

Grupo Proteção Integral Uso Sustentável

Uso Indireto Direto

Domínio Público Público e/ou privado

Visitação pública Permitida Permitida

Pesquisa científica Permitida Permitida

Conselho Consultivo Consultivo ou Deliberativo

(BRASIL, 2000)

A partir das observações feitas, pode-se inferir ainda que, nos termos de

Diegues (2008), o parque está voltado para a preservação dos ecossistemas que

inclui, não sendo o seu uso compatível com a presença humana permanente, no

sentido de morar e produzir naquela área, o que caberia, entretanto, nos objetivos

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da APA, cuja missão associa-se mais à conservação, admitindo a ocupação e uso

da área.

1.3. O Uso Público em Unidades de Conservação

O movimento de pessoas em direção às áreas naturais, buscando contato e,

por vezes, integração com esses espaços, é uma prática antiga que, desde o final

da Segunda Guerra Mundial, cresceu de modo exponencial, tendo como motivos

principais o desenvolvimento dos meios de transporte e vias de acesso; o aumento

no padrão de vida das pessoas e na disponibilidade de tempo livre; além da

melhoria nos sistemas de comunicação (COSTA, 2002; TAKAHASHI, 2004).

A esse respeito, diversos autores como Costa (2002), Takahashi (2004),

Rabinovici et al. (2010) e outros, asseguram que as unidades de conservação, em

suas distintas esferas e modalidades, são destinos que favorecem a visitação

pública e dela se beneficiam.

Por visitação entende-se, no contexto desta pesquisa, “o aproveitamento e a

utilização da Unidade de Conservação com fins recreacionais, educativos, entre

outras formas de utilização indireta dos recursos naturais e culturais” (MMA, 2008, p.

60).

Nesse sentido, Leuzinger (2012a) aborda que em virtude da popularidade

alcançada pelo turismo ecológico, a visitação nas unidades de conservação se

intensificou de tal modo, que se tornou indispensável a conciliação dessa atividade

com a preservação da biodiversidade e os outros recursos naturais encontrados

nessas áreas.

Nesse contexto, se fizermos breve análise no sistema de categorias de

manejo proposto pela UICN, observaremos que as únicas categorias que não são

passíveis de visitação pública são a Reserva Natural Estrita (Ia) e a Área Natural

Silvestre (Ib), conforme observamos no quadro 06.

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Quadro 6 - Análise das categorias de manejo de áreas protegidas da UICN, em relação à visitação pública(pesquisa, turismo e educação ambiental)

Objetivos de Manejo Ia Ib II III IV V VI

Pesquisa Científica 1 3 2 2 2 2 3

Proteção de Zonas Silvestres 2 1 2 3 3 - 2

Preservação das espécies e da diversidade genética 1 2 1 1 1 2 1

Manutenção dos serviços ambientais 2 1 1 - 1 2 1

Proteção das características naturais e culturais específicas

- - 2 1 3 1 3

Turismo e recreação - 2 1 1 3 1 3

Educação - - 2 2 2 2 3

Uso sustentável dos recursos derivados dos ecossistemas naturais

- 3 3 - 2 2 1

Preservação dos atributos culturais e tradicionais - - - - - 1 2

Legenda: 1 Objetivo Principal 2 Objetivo Secundário 3 Objetivo potencialmente aplicável – não de aplica

Fonte: UICN, 1994, p. 186.[grifo do autor]

Entretanto, é grafada a seguinte ressalva no documento, ao abordar casos

em que esse tipo de área possa ter importância espiritual e religiosa: “en este caso

área puede contener lugares así que podrían ser visitados por un número reducido

de personas participantes em actividades religiosas que fueran consistentes com los

objetivos de gestión de la misma” (DUDLEY, 2008, p.16).

Sob a mesma perspectiva, ao se observar o sistema brasileiro de unidades de

conservação, constata-se que todas as categorias são passíveis dessa atividade,

sendo um pouco mais restritiva em apenas duas, das 12 categorias de manejo: a

estação ecológica e a reserva biológica, conforme se pode observar no quadro 07;

restrição essa que está condicionada apenas à observância às recomendações

dispostas no Plano de Manejo e no Plano de Uso Público de cada um dessas

unidades, não sendo efetivamente proibida. Em todas as UCs deve-se atentar ao

disposto no Plano de Manejo.

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Quadro 7 - Análise da possibilidade de visitação pública nas unidades de conservação brasileira, com base no SNUC

ATIVIDADE CATEGORIA

Pesquisa científica

Educação ambiental

Recreação e turismo

Estação Ecológica P P R

Reserva Biológica P P R

Parque Nacional P P P

Monumento Natural P P P

Refúgio de Vida Silvestre P P P

Área de Proteção Ambiental P P P

Área de Relevante Interesse Ecológico

P P P

Floresta Nacional P P P

Reserva Extrativista P P P

Reserva de Fauna P P P

Reserva de Desenvolvimento Sustentável

P P P

Reserva Particular do Patrimônio Natural

P P P

Legenda: P = Permitida; R = Restritiva. (BRASIL, 2000)

Diante das análises feitas nas categorias de manejo de unidades de

conservação propostas pela UICN (em âmbito internacional) e no SNUC (sistema

brasileiro), sob a perspectiva da visitação pública – também tratada por uso público -

, pode-se notar que essa atividade é uma realidade nesses espaços, tornando-se

fundamental compreendê-la melhor, de modo que ela possa vir em favor da

conservação dessas áreas.

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1.4. Discussão conceitual e importância do Uso Público em Unidades de

Conservação

Discutir conceitualmente Uso Público em UCs é uma tarefa das mais ousadas

na área da conservação ambiental, tendo em vista que poucos autores se

debruçaram sobre tal temática, sendo escassas as bibliografias nessa área. Por

isso, o auxílio de manuais, documentos técnicos e atos normativos serão

fundamentais para se alcançar sua compreensão nesta pesquisa.

O uso público remete a todo uso que não aquele voltado especificamente à gestão da unidade e realizado pelo seu quadro de colaboradores, sejam eles concursados, contratados ou terceirizados, respeitando-se as especificidades e dinâmica de cada atividade realizada (PARDINI, 2012, p. 125).

Essa abordagem, lato sensu, é fundamental ponto de partida para o

entendimento desse conceito. Entretanto, para a gestão dessas áreas, ainda que em

linhas gerais, é interessante caracterizar um pouco mais essa atividade, de modo a

entender o que é, e por quem são praticadas.

Ao discutir o tema Uso Público, autores como Costa (2002); Takahashi

(2004); Rocktaeschel (2006); Silva (2007); Rabinovici et al. (2010); Nelson (2012); e

Pardini (2012), enfocam basicamente o ecoturismo, o turismo de natureza e o

turismo sustentável. Dada a recorrência desses termos na literatura sobre o assunto,

é interessante debater a relação e a diferença entre eles, do ponto de vista

conceitual.

Sobre o ecoturismo e o turismo de natureza, Nelson (2012) afirma que

para que se considere uma atividade ecoturística, quatro elementos são fundamentais: atividade econômica, contribuição para a conservação, envolvimento comunitário e elemento educativo. Sem eles, não pode haver ecoturismo, e sim outro segmento, como turismo de natureza, que se caracteriza simplesmente pela contemplação/uso da natureza, sem o compromisso com a comunidade, conservação e informação (p. 217).

Diante disso, compreende-se que Ecoturismo e Turismo de Natureza são

atividades conceitualmente diferenciadas, tendo em vista que, no primeiro, o

interesse no contato com a natureza é unido a uma preocupação como o modo de

praticar a atividade e, no segundo, há apenas interesse no contato com a natureza.

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Já sobre o turismo sustentável, Rabinovici et al. (2010) avaliam que seria uma

forma menos impactante e mais positiva de realizar o turismo, e segue destacando

que

para ser sustentável, o turismo deve considerar como meta a manutenção da integridade dos processos ecológicos, biológicos, ambientais, além de satisfazer as necessidades econômicas, culturais, éticas, estéticas das pessoas e dos ambientes (p. 40).

Sob as perspectivas apresentadas, a prática do ecoturismo pressupõe a

preocupação/interesse do turista com os impactos sociais, econômicos e ambientais

que envolvem suas atividades durante a visitação, ou seja, esse turista (ou

ecoturista) estaria praticando o turismo sustentável. Por outro lado o turismo de

natureza está apenas relacionado com o contato e a realização de atividades em

áreas naturais, não estando necessariamente esse turista (de natureza) preocupado

com a sustentabilidade do turismo que está praticando.

Cabe aqui um destaque para o conceito de turismo, que segundo a

Organização Mundial do Turismo – OMT, “[...] engloba as atividades das pessoas

que viajam e permanecem em lugares fora do seu ambiente usual durante não mais

do que um ano consecutivo, por prazer, negócios ou outros afins.” (apud IGNARRA,

2005, p.11), definição essa que perpassa por todos os termos abordados:

ecoturismo, turismo de natureza e turismo sustentável.

Esse entendimento nos encaminha a outra questão importante nesta

discussão sobre o tema uso público em unidades de conservação: o fato de que

nem todo visitante dessas áreas é um turista. Por exemplo, aquela pessoa que mora

nas proximidades de uma UC e que adentra sua área para tomar banho de

cachoeira, fazer uma trilha ou realizar alguma atividade de educação ambiental, por

exemplo, não reúne os requisitos para ser considerado turista, nos termos do

conceito apresentado pela OMT. Essa pessoa pode ser considerada, então, um

visitante do entorno.

Esse esclarecimento tem valor a partir do momento que identificamos

conceitos como do Decreto Estadual Nº 30.873/2012 - estado do Amazonas -que,

em seu art. 2º, inciso I, define Uso Público como

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visitação com finalidade recreativa, esportiva, turística, histórico-cultural, educacional e de interpretação e conscientização ambiental, que se utiliza dos atrativos da unidade de conservação e da infraestrutura e equipamentos eventualmente disponibilizados para tal. (AMAZONAS, 2010).

Com isso, percebemos preliminarmente que o Uso Público na UC é praticado

tanto por turistas – esteja em uma prática sustentável do turismo, que abarca o

ecoturismo, ou simplesmente em busca do contato com ambientes naturais, que é o

caso do turismo de natureza -, quanto por visitantes do entorno da unidade de

conservação, que a procuram como opção de lazer5 e atividades de educação

ambiental.

Porém, a práxis do planejamento e gestão de unidades de conservação, que

pode ser observada em Estudo Específico de Uso Público (SECTAM, 2006b),

aponta que

entre as atividades de uso público destacam-se as pesquisas científicas [grifo do autor], a conscientização ambiental (educação e interpretação), ações de divulgação e relações públicas que incrementem o desenvolvimento das demais, além das atividades de visitação (recreação e turismo) (p. 44).

Nesse ponto, fica evidenciada a presença de um tipo de usuário que busca

essas áreas com uma finalidade específica, que não é necessariamente o lazer e a

educação ambiental, mas sim a pesquisa científica.

Diante do exposto, para fins deste estudo, o Uso Público será considerado o

uso das unidades de conservação por turistas e visitantes do entorno, com fins de

lazer e educação ambiental, bem como por pesquisadores, no desempenho de suas

atividades de pesquisa científica.

Esses três tipos de usuários de unidade de conservação (os turistas, os

visitantes do entorno e os pesquisadores), provocam, no decorrer de suas visitas,

impactos sobre essas áreas, sendo importante destacar que esses impactos podem

ser tanto positivos quanto negativos, como será avaliado a seguir.

Os pontos favoráveis relacionados ao uso público em unidades de

conservação residem no fato dessa atividade possibilitar a aproximação das

pessoas com a natureza, promovendo lazer, aprendizado e a educação ambiental,

ao tempo que se gera renda, que além de beneficiar as comunidades locais, pode

5 Entenda-se aqui lazer como a utilização do tempo livre (TAKAHASHI, 2004).

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ser revertida para colaborar na conservação da unidade (TAKAHASHI, 2004;

LEUZINGER, 2012a; NELSON, 2012).

Além disso, Leuzinger (2012a) destaca um fato sobre o Uso Público bastante

relevante para a gestão dessas áreas

Os benefícios gerados para a população do entorno da UC podem constituir uma importante forma de se contornar os conflitos advindos da instituição de unidades de proteção integral, que não admitem a utilização direta de recursos, antes realizada por aquelas pessoas. Daí a urgência em se determinar maneiras de envolver a sociedade local na gestão da UC, mesmo que indiretamente, por meio da prestação de serviços que possam interessar aos turistas (p.05).

Ao analisar o turismo em áreas protegidas, Eagles et al. (2002) sistematizam

os benefícios gerados por essa atividade em três eixos: aumento das oportunidades

econômicas, proteção do patrimônio natural e cultural; e a melhoria da qualidade de

vida dos visitantes e comunidade local, conforme se observa no quadro 08. Essa

análise pode subsidiar a discussão sobre a visitação pública de um modo geral.

Quadro 8 - Benefícios potenciais do turismo em áreas protegidas

Benefícios

Aumento das oportunidades

econômicas

Aumenta os postos de trabalho para a comunidade local.

Aumenta a renda.

Estimula a criação de novas empresas turísticas, impulsiona e diversifica a economia local.

Fomenta a manufatura dos bens locais.

Gera novos mercados e divisas.

Melhora o nível de vida.

Gera maior arrecadação de imposto no local.

Promove aprendizado de novas técnicas para os trabalhadores.

Aumenta o fundo para serem investidos na unidade e as comunidades locais.

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Proteção do patrimônio natural e cultural

Proteção dos processos ecológicos e bacias hidrográficas.

Conservação da biodiversidade (incluindo recursos genéticos, espécies e ecossistemas).

Proteção, conservação e valorização dos recursos naturais e patrimônio cultural.

Criação de valor econômico e proteção de alguns recursos que, de outro modo, não possuiriam valor percebido pelos habitantes ou que seriam considerados mais um custo que um benefício.

Transmissão dos valores da conservação mediante a educação e a interpretação.

Contribuição na comunicação e interpretação dos valores do patrimônio natural e construído; e da herança cultural para os visitantes e habitantes das áreas, criando-se uma nova geração de consumidores responsáveis.

Apoio à pesquisa e desenvolvimento de práticas ambientais e sistemas de gestão corretos que influenciem o funcionamento dos negócios turísticos, assim como comportamento dos visitantes nos destinos.

Melhora nas instalações, meios de transporte e comunicação locais.

Ajuda no desenvolvimento de mecanismos de autossustentação financeira das atividades da área protegida.

Melhoria da qualidade de

vida

Promoção dos valores estéticos, espirituais e de outra natureza relacionados ao bem estar.

Apoio a educação ambiental dos visitantes e residentes.

Criação de entorno atrativos para os destinos, residentes e visitantes, que podem desenvolver outras atividades compatíveis com a visitação, desde a pesca à empresa de serviços e produtos.

Melhora do entendimento intercultural.

Fomento do desenvolvimento da cultura, artesanato e arte.

Aumento no nível educacional da população local.

Estímulo para a população conhecer idiomas e culturas estrangeiros.

Estímulo para que a população autóctone valorize sua cultura e entorno.

Fonte: EAGLES et al. (2002)6.

Mesmo com os benefícios gerados pela visitação, conforme observado,

Nelson (2012) ressalta que as atividades de uso público em unidades de

conservação sempre resultam em impactos, sejam diretos ou indiretos, que tem o

potencial de degradar áreas por meio de poluição, desmatamento e pesca

predatória, por exemplo.

Ao explorar os potenciais impactos ambientais negativos decorrentes da

visitação em UC, Takahashi (2004), baseada em Eagles et al. (2002), nos apresenta

o quadro 09.

6 Traduzido pelo autor. Língua original: espanhol.

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Quadro 9 - Riscos do turismo

Elementos Exemplo de risco das atividades turísticas

Ambientais A construção de acomodações, centro de visitantes e outras infraestruturas de serviço tem um impacto direto sobre o ambiente, mediante a remoção da vegetação, distúrbios provocados à fauna, impactos sobre a drenagem, etc.

Aumenta a demanda por água de boa qualidade.

Lançamento de água servida nos rios, lagos e oceanos.

Lançamento de gasolina de óleo e navios.

Transporte motorizado pode causar poluição (avião, trem, navio ou carros).

Caça e pesca podem mudar a dinâmica da população.

Distúrbios podem ser de diferentes tipos: barulho, visual ou comportamental.

Mamíferos marinhos podem ser feridos ou mortos pelo impactos das hélices dos botes e lanchas.

Compactação, remoção e erosão do solo em áreas de uso intensivo.

O fogo pode alterar a vegetação.

Econômicos O aumento da carga fiscal para a população local, em função do aumento na demanda de serviços básicos (segurança, saúde, saneamentos, outros).

A especulação imobiliária e riscos externos (desastres naturais, instabilidade de moeda e politica).

Social A competição de infraestrutura e serviços entre visitantes e residentes.

O aumento do vandalismo e delinquência.

O subemprego dos residentes.

Cultural Perda da identidade cultural.

Fonte: TAKAHASHI (2004), adaptado de EAGLES et al. (2002).

Em relação aos impactos decorrentes da visitação pública, Nelson (2012)

pontua que é importante monitorar essas áreas de modo a realizar intervenções

preventivas de minimização de impactos, de modo a reduzir danos ao ambiente,

economia e cultura local, bem como perdas na experiência e satisfação dos

visitantes.

Em consonância com essas análises, Pardini (2012) garante que para se

compatibilizar a conservação das áreas naturais protegidas com a visitação pública,

deve-se entender os potenciais impactos negativos, a fim de minimizá-los, e se

estabelecer estratégias para potencializar os benefícios decorrentes dessa atividade.

Nos termos da gestão desses espaços, Leuzinger (2012a) remete-nos à

necessidade de se elaborar um plano de manejo com um zoneamento apropriado

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em relação às áreas que podem ser visitadas, justificando que “o impacto causado

pela visitação pública é, em muitos casos, bastante significativo, demandando

estudos técnicos que viabilizem a compatibilização entre preservação ambiental e

presença humana” (p. 05).

Nesse contexto, Takahashi (2004) e Nelson (2012) apontam o Plano de Uso

Público (PUP) como essencial para garantir maior eficiência na gestão dessa

atividade, sendo o mesmo entendido como um

documento oficial que visa ordenar e orientar o uso da UC, promovendo a experiência de estar na natureza, educando e divulgando sua importância. É o documento que identifica oportunidades de recreação, conciliando seu uso com a conservação, definindo áreas, atividades permitidas, infraestrutura necessária e delineando trilhas para a sua implementação (NELSON, 2012, p. 216).

Segundo Nelson (2012), de modo geral, o Plano de Uso Público desdobra-se

em três partes, como a maioria dos planos, constituindo-se basicamente de um

inventário, um diagnóstico e um prognóstico, visando estratégias para se chegar aos

níveis desejáveis de ordenamento da atividade de visitação.

Em roteiro específico para elaboração de Plano de Uso Público em Unidades

de Proteção Integral, proposto por Furtado et al. (2001), observamos sua

composição de modo mais detalhado:

(i) Diagnóstico: contempla informações gerais sobre a UC (localização,

acesso, características e ficha técnica), as atividades de uso público

previstas no plano de manejo (implementadas ou não), as atividades

não previstas e implementadas, classificação dessas atividades,

programas de turismo e as alternativas de uso para essas atividades.

(ii) Novas potencialidades e propostas: com base nas novas

potencialidades identificadas, serão propostas novas atividades (que

não as contempladas no diagnóstico);,

(iii) Proposta final: tabela onde deverá conter as atividades (a) previstas e

implementadas; (b) previstas e não implementadas; (c) não previstas e

implementadas; e (d) novas propostas.

(iv) Indicação de necessidades necessidade de elaboração de projetos

específicos;

(v) Infraestrutura (centro de visitantes, de vivência, etc.).

(vi) Estimativa de custos.

(vii) Cronograma físico-financeiro.

(viii) Modelos de intervenção (mapas, croquis, etc.).

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Nesse sentido, Nelson (2012) destaca que cada UC está inserida em um

contexto e, por isso, haverá uma variação nas propostas do PUP, podendo conter

atividades diferentes, sempre no intuito de fornecer um leque de boas experiências

para seus visitantes, com segurança e qualidade dos serviços prestados,

enfatizando o documento como importante ferramenta para o gestor da UC, no

ordenamento e manejo da visitação.

É de responsabilidade do órgão gestor da UC a elaboração desse documento,

que pode ser também elaborado em parceria com Organizações Não-

Governamentais (ONGs) ou ainda terceirizado para empresa de consultoria nessa

área, porém, cabe ao órgão gestor supervisioná-lo e aprová-lo, ouvindo o seu

Conselho. Por reunir vários temas, requer uma equipe multidisciplinar para

realização dos estudos que o compõem.

Outro fator importante é o envolvimento das comunidades do interior e/ou do

entorno das UCs nas discussões sobre o PUP, uma vez que essas estão inseridas

naquele contexto e que potencialmente lidarão rotineiramente com os impactos

positivos e negativos advindos da atividade. As instituições relacionadas com as

UCs também devem ser ouvidas.

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CAPÍTULO 2: A PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO PLANEJAMENTO DE UNIDADES

DE CONSERVAÇÃO

2.1. Aspectos gerais sobre o Planejamento Participativo

No mundo ocidental, a ideia de planejamento teve dois importantes marcos

para o seu desenvolvimento. O primeiro ocorreu após a Segunda Guerra Mundial,

quando ficou claro que o planejamento era a base da força demonstrada pela União

Soviética durante esse conflito. O segundo marco ocorreu nas décadas de 1980

(concepção) e 1990 (realização), quando a crise econômica e a necessidade de

sobrevivência forçaram os países a vencerem qualquer tipo de resistência contra o

planejamento (GANDIN, 2010).

Desse contexto, ainda que com pouca estrutura técnica ou base científica,

despontam três correntes do planejamento: o Gerenciamento de Qualidade Total,

para o qual a finalidade maior é satisfazer o cliente; o Planejamento Estratégico, cujo

propósito é se firmar no mercado produzindo ambiente de lucro futuro; e o

Planejamento Participativo, que quer contribuir para a transformação da sociedade

na linha da justiça social (Id., ibid.). Essa última linha do planejamento é o centro de

discussão desta pesquisa.

Segundo Bordenave (1992), pode-se entender o Planejamento Participativo

como um tipo de participação concedida7, o que pode chegar a criar uma “ilusão de

participação”, uma vez representaria concessão parcial do poder de um dirigente

para agentes interessados em um determinado assunto, ou diretamente

relacionados a ele. Contudo, o autor elucida que "a participação, mesmo concedida,

encerra em si mesma um potencial de crescimento da consciência crítica, da

capacidade de tomar decisões e de adquirir poder" (Id., ibid., p. 29-30).

7Bordenave (1992) divide a participação em seis tipos: a) de fato - pertencimento a um núcleo, como família; b)

espontânea - grupos sem finalidades específicas, como grupo de amigos; c) imposta - o indivíduo é obrigado a participar do grupo, como nas eleições; d) voluntária - quando o grupo é criado pelos próprios participantes, como sindicatos e associações; e) provocada - similar à voluntária, porém o grupo é estimulado por agentes externos, a exemplo da extensão rural; e f) concedida - quando é parte de poder ou de influência exercida legitimamente por subordinados, como o planejamento participativo.

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É importante avultar que na literatura sobre o assunto há posicionamentos

diferentes, como o de Lima Neto (1989), para o qual "a participação, sendo uma

procura de espaço para influir no poder, nunca é nem pode ser concedida, deve ser

conquistada” (p. 18). Entretanto, outros autores, como Rabinovici e Pessoa (2010),

reforçam o aspecto positivo dessa concessão de poder, justificando que "muitas

comunidades, por meio do poder de participação que lhes é conferido, tornam-se

coletivamente capazes de se mobilizar em busca dos seus interesses econômicos,

políticos, culturais e sociais" (p. 114).

Sobre a dicotomia que permeia essa discussão, Bordenave (1992) avalia que

em grupos sociais não acostumados à participação, pode ser necessário induzi-los à mesma. É claro que, ao fazê-lo, pode haver ocasionalmente intenções manipulatórias, mas também pode haver um honesto desejo de ajudar a iniciar um processo que vai continuar de maneira cada vez mais autônoma (Id., ibid., p. 78).

Nesse âmbito, Drumond et al. (2009) explica que “no início, o processo

participativo é mais lento e pode ser marcado por um maior número de entraves,

dependendo das relações e dos níveis de conflitos existentes” (p.13). Com isso,

nota-se que nessa modalidade de planejamento, o grupo que participa tende a

compreender o processo e, com o tempo, ganhar autonomia para desempenhá-lo.

Nesse contexto

entende-se que o planejamento participativo constitui um processo político, um contínuo propósito coletivo, uma deliberada e amplamente discutida construção do futuro da comunidade, na qual participe o maior número possível de membros de todas as categorias que a constituem. Significa, portanto, mais do que uma atividade técnica, um processo político vinculado à decisão da maioria, tomada pela maioria, em benefício da maioria (CORNELY, 1980, p. 27).

É pertinente destacar que, conforme prega Gandin (2001), esse tipo de

planejamento foi pensado para organizações que não primam, fundamentalmente,

pelo lucro, mas sim pela construção de uma realidade social melhor. Esse autor

segue afirmando que

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O Planejamento Participativo pretende ser mais do que uma ferramenta para a administração; parte da ideia que não basta uma ferramenta para “fazer bem as coisas” dentro de um paradigma instituído, mas é preciso desenvolver conceitos, modelos, técnicas, instrumentos para definir “as coisas certas” a fazer, não apenas para o crescimento e a sobrevivência da entidade planejada, mas para a construção da sociedade; neste sentido, inclui como sua tarefa contribuir para a construção de novos horizontes, entre os quais estão, necessariamente, valores que constituirão a sociedade (Id, ibid., p. 87).

Sua base procedimental não difere de qualquer ação de planejamento,

entretanto, traz como diferencial a participação consciente e ativa dos grupos

interessados e beneficiados pelas mudanças que propõe (CORNELY, 1980;

GANDIN, 2001; GANDIN, 2010).

Caminhando em direção a uma noção sobre planejamento, recorremos a

Gandin (2010), para o qual o planejamento é uma intermediação entre as ideias e a

ação; é quando, diante de uma situação sobre a qual se pretende intervir, é

realizado um diagnóstico, composto de uma identificação da realidade à luz da teoria

(ou situação ideal), para que se alcance uma proposta de ação (plano), conforme

esquematizado por esse autor no diagrama da figura 01, que segue.

Figura 1 - Modo de aplicação do planejamento

(GANDIN, 2010, p.46)

Assim, no planejamento participativo, a participação está arraigada não

somente no “como” ou “com que” fazer, mas alcança o “o que” e o “para que” fazer.

(GANDIN, 2001). Porém, o envolvimento dos agentes em todas as fases, além dos

aspectos vantajosos, que serão observados adiante, traz desafios muito grandes.

A esse respeito, Cornely (1980) esclarece que

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é provável que os primeiros projetos realmente participativos deixem muito a desejar em termos de rigor técnico. Isso não importa muito. O que importa realmente é que a comunidade e seus líderes aprendam fazendo. Aprendam a participar efetivamente da elaboração dos projetos, se capacitem das tarefas técnicas, ajudem a decidir e cresçam como pessoas que sabem o que querem (p. 33).

O autor também alerta para o risco de manipulação durante o processo, risco

esse já abordado com base em Bordenave (1992) e Lima Neto (1989), sendo

considerado por eles intrínseco ao processo, dada a característica de concessão de

poder que permeia o planejamento participativo.

Já em relação aos aspectos vantajosos, Cornely (1980) elenca pontos

interessantes de serem observados, como: uma imagem popular favorável dos

resultados (plano); dados mais realistas e com forte teor qualitativo; reconhecimento

dos problemas e soluções por todos os participantes; o comprometimento coletivo

reduz drasticamente o risco de descontinuidade, quando das mudanças na

administração; e forma um feedback dos cidadãos, ao acompanharem, fiscalizarem,

assessorarem e exigirem algo da ação do administrador e do legislador.

Assim, é importante refletir sobre os principais riscos e vantagens, ora

abordados, ao se optar por um planejamento pautado nos princípios da participação

social, pois como cita Gandin (2010):

escolher uma forma tecnocrática ou participativa de planejamento é uma opção das mais fundamentais para qualquer grupo, movimento ou instituição. No fundo, elaborar um só tem sentido se o que nele ficar determinado for levado à prática” (p.178).

Por fim, é fundamental atentarmos para o fato de o planejamento participativo

ser aplicável às mais diferentes realidades e contextos: organizações públicas,

privadas, organizações sociais, comunidades em contexto urbano e rural. Nesse

sentido, é relevante buscar compreender um pouco mais sobre a participação social

nos processos de planejamento.

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2.2. Participação social nos processos de planejamento

Segundo Bordenave (1992), a participação social passou a ser discutida, por

suas potenciais contribuições positivas, frente a um descontentamento geral com os

resultados dos processos decisórios por poucos, influenciando a vida do povo sem

que o mesmo se pronunciasse a esse respeito, restando-lhes acatar e conviver com

essas decisões.

Esse mesmo autor afirma que a participação pode dar-se de dois modos:

microparticipação e macroparticipação. No primeiro, o indivíduo participa em nível

familiar e associativo com seus pares; no segundo, ele participa de modo ativo nas

lutas sociais, econômicas e políticas de seu contexto. Com isso, percebe-se que,

além de abranger organismos mais complexos como a política, a participação

começa na célula familiar.

Nesse sentido, Lima Neto (1989) destaca que os grupos da sociedade

caminham para a conquista da participação do poder, a partir da união em vistas de

interesses comuns a serem conquistados.

Participar é um desafio utópico. É uma utopia criadora que gera dentro da sociedade humana caminhos pacíficos - através do diálogo e da negociação - para conquista de seus direitos, para um aclareamento de seus deveres, para uma determinação dos seus limites e de sua potencialidade (LIMA NETO, 1989, p. 07).

Nessa mesma orientação, Bordenave (1992), ao tratar sobre as forças

atuantes nos grupos humanos, com base nos estudos da psicologia social, cita que

[...] a maior força para a participação é o diálogo. Diálogo, aliás, não significa somente conversa. Significa se colocar no lugar do outro para compreender seu ponto de vista; respeitar a opinião alheia; aceitar a vitória da maioria; pôr em comum as experiências vividas, sejam boas ou ruins; tolerar longas discussões para chegar a um consenso satisfatório para todos (BORDENAVE, 1992, p. 50).

Percebe-se, com isso, que a participação está diretamente ligada à

intervenção ativa na construção dos benefícios da sociedade, por meio dos

processos decisórios e das atividades de intervenção sobre a realidade; a

participação não acontece apenas pela recepção passiva desses benefícios. A

diferença entre a participação passiva e a participação ativa, é traduzida na distância

entre o cidadão inerte e o cidadão engajado (BORDENAVE, 1992).

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Reforçando essa ideia, pode-se notar na fala de Lima Neto (1989) que

a participação é um processo prático de provocar a possibilidade de as pessoas interferirem nas decisões daqueles que detêm o poder, especialmente nas decisões que dizem respeito à coletividade da qual se é parte (p. 25).

Na acepção desses dois autores, fica evidenciada a participação como um

poder coletivo de intervenção em prol da melhoria da vida e do contexto do grupo, e

não somente na audição desses pelos tomadores de decisão (“autoridades”) a

respeito de seus problemas ou, ainda, na recepção dos benefícios oriundos de

processos decisórios que não os inclui de forma ativa.

Exatamente por isso, a participação pode ser entendida como "[...] uma

conquista do direito de poder responsabilizar-se pelas decisões que atingem e tem

influência sobre grupos de pessoas, sobre uma coletividade" (LIMA NETO, 1989, p.

17).

Entretanto, Bordenave (1992) chama atenção para o fato de que, apesar de

ser uma necessidade básica, o homem não nasce sabendo participar, e segue

afirmando que

[...] a participação não é um conteúdo que se possa transmitir, mas uma mentalidade e um comportamento com ela coerente. Também não é uma destreza, que se possa adquirir pelo treinamento. A participação é uma vivência coletiva e não individual, de modo que somente se pode aprender na práxis grupal. Parece que só se aprende a participar participando (p. 74).

Sob esse entendimento a respeito da participação, é relevante entender em

que níveis ela se dá, dada a heterogeneidade dos grupos humanos e os diferentes

contextos no qual esses grupos estão inseridos.

Para Gandin (2010), ela pode ser praticada em três diferentes níveis: a

colaboração, a decisão e a construção em conjunto. Na colaboração, a “autoridade”

chama as pessoas a contribuírem com a proposta por ela definida; na decisão, as

pessoas escolhem entre as alternativas postas por essa figura (autoridade), sendo

apenas franqueados aspectos menores de uma proposta já decidida; e na

construção em conjunto, o poder está realmente com as pessoas, que organizam

seus problemas e elaboram propostas de ações.

Já Bordenave (1992), gradua a participação em sete níveis: informação,

consulta facultativa, consulta obrigatória, elaboração/recomendação, co-gestão,

delegação e auto-gestão. Na primeira (informação), reside o menor grau de

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CO

NT

RO

LE

participação, onde o grupo é apenas informado por um dirigente sobre uma decisão

já tomada e sua opinião poderá ser ou não tomada em conta; e na última (auto-

gestão) o maior grau, onde o grupo determina seus objetivos e escolhe os meios de

implementá-los. Os graus intermediários formam um gradiente entre o menor e o

maior.

De modo sistematizado, o autor analisa essa graduação em função do nível

de controle que os membros da organização detêm sobre os processos, conforme

se observa na figura 02, que segue. Nela podemos notar que quanto maior o nível

de participação, maior o controle dos dirigentes sobre os processos.

Figura 2 - Controle das decisões pelos membros, de acordo com o grau de participação

DIRIGENTES

MEMBROS

Informação Consulta Consulta Elaboração/ Co-gestão Delegação Auto- Informação/Reação

Facul-tativa

Obriga-tória

Recomen-dação

gestão

(BORDENAVE, 1992. p. 31)

Apesar de proporem diferentes níveis de graduação da participação, pode ser

apontado um consenso nas afirmações de Gandin (2010) e Bordenave (1992), pois

ambos tratam o menor nível de participação como um processo em que o grupo é

convidado apenas a prestar informação ou emitir opinião sobre um processo

decisório que está sendo concebido fora do mesmo; e tratam o maior nível de

participação como o grupo assumindo a responsabilidade pelo processo decisório,

passando pela informação, reflexão e decisão sobre as ações que serão tomadas.

Cabe ainda registrar outro aspecto destacado por Bordenave (1992):

conclui-se que a participação tem duas bases complementares: uma base afetiva - participamos porque sentimos prazer em fazer coisas com outros - e uma base instrumental - participamos porque fazer coisas com outros é mais eficaz e eficiente que fazê-las sozinhos (p. 16).

Essa compreensão, de que a participação social decorre sumariamente da

necessidade humana, seja em qual nível for, é o mote principal da teorização e da

influência do tema nos mais diversos campos da ciência e do trabalho, embasando

estudos e práticas pautadas em seus princípios.

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2.3. A participação social nas Unidades de Conservação e o papel dos

Diagnósticos Rurais Participativos

Tendo as unidades de conservação como espaço para o desenvolvimento

deste estudo, é preciso compreender que a gestão dessas áreas, independente de

sua categoria ou grupo (proteção integral ou uso sustentável), envolve a relação

com as populações residentes e/ou de entorno das mesmas; quase sempre

comunidades rurais. Basta observar que:

A constituição de 1988, em seu artigo 10º, prevê: “Todo poder emana do povo, que o exerce indiretamente, através de seus representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Assim, institui-se a possibilidade de criação de meios de participação da sociedade (plebiscito, referendo, iniciativa popular de lei, audiências públicas, conselhos, comitês, fóruns, orçamento participativo, ouvidorias etc.) (IBASE, 2006, p. 10).

No âmbito das Unidades de Conservação, a Lei do SNUC e o Decreto Nº.

4.340/2002, que posteriormente a regulamenta, trazem avanços significativos para

sua gestão quando estabelecem consulta pública para a criação das mesmas; define

atribuições aos conselhos consultivo e deliberativo, estimulando a participação social

na gestão; estabelece critério para a co-gestão entre poder público e as

organizações sociais de interesse público (OSCIP); clareia a relação com as

populações residentes na UC de proteção integral; e define regras para a aplicação

de recursos oriundos de compensação ambiental (ROCKTAESCHEL, 2006).

Ao analisar os benefícios dos processos participativos no âmbito da gestão de

UC, Drumond et al. (2009) destacam que as ações de conservação tornam-se mais

eficientes e sustentáveis em longo prazo; que propiciam o respeito às regras

mutuamente estabelecidas e as ações propostas ganham suporte para sua

continuidade; além de favorecer a criação e o fortalecimento de instituições locais.

Em consonância com essa análise, Rabinovici et Pessoa (2010) afirmam que

a partir do empoderamento, as comunidades residentes e de entorno da UC podem

tornar-se atuantes nos problemas, pactos e projetos políticos sociais dessas áreas,

correponsabilizando-se pela conservação sociocultural desses espaços.

O ponto chave desse envolvimento está no fato de que “se a sociedade não

estiver integrada à gestão de UC e percebê-la apenas como restrição ao uso, sua

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percepção será negativa e ela não será parceira da UC para a proteção da natureza”

(IBASE, 2006. p. 08).

No meio rural, por volta dos anos 50 e 60, os países industrializados

buscaram soluções para o desenvolvimento, com a ideia inicial de transferir

“tecnologias modernas” ao homem do campo, em substituição as suas “técnicas

primitivas”. Iniciaram-se, então, os diagnósticos (levantamentos tradicionais ou

tecnocráticos) para identificar as “soluções corretas” para as áreas onde atuavam.

Todavia,

a maioria destes diagnósticos não deu certo porque estes eram: a) Superficiais- os pesquisadores faziam observações pelas “janelas dos carros” sem realmente ver os campos; b) Onerosos- demandavam muito tempo para coletar e analisar as informações, aumentando, assim, os custos do trabalho; c) As informações eram incompletas ou inúteis- muitas vezes não se falava com os produtores, ou os mesmos não informavam à luz da verdade, ou ainda as informações levavam tanto tempo para serem coletadas e analisadas que, muitas vezes, não representavam mais a situação atual da comunidade (GARRAFIEL, 1999, p. 04).

A esse respeito, Cornely (1980) e Geilfus (2009) assinalam que a maior parte

dos projetos de desenvolvimento realizados de modo tecnocráticos ficou muito longe

de suas metas iniciais, pois muitas vezes não refletiam as necessidades percebidas

pelos beneficiários dos mesmos, tendo sido a falta de participação desses atores em

sua elaboração apontada como possível causa do insucesso.

Diante disso, nos anos 70 e 80, especialistas na África, Ásia e América Latina

desenvolveram novas metodologias de pesquisa e extensão com fins a conhecer

melhor os sistemas agrícolas, numa abordagem sistêmica e mais integrada. Com

isso, surge no final dos anos setenta, com forte desenvolvimento na Tailândia e

Índia, o Diagnóstico Rural Rápido – DRR (GARRAFIEL, 1999; ARMANDO, 2013).

Segundo Armando (2013), o DRR propõe a união entre a prática científica e o

conhecimento da população rural sobre o seu meio. Esse se realiza em ambiente de

oficina, permitindo um intenso e contínuo debate sobre o processo e os resultados

do diagnóstico para chegar ao consenso nas opiniões e identificar os contrastes na

coletividade.

De acordo com Garrafiel (1999), na década de 1980 surgem as primeiras

publicações sobre o DRR e o Diagnóstico Rural Participativo (DRP), uma derivação

do DRR, entre outras. Nesse contexto,

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[...] el Diagnóstico Rural Participativo (DRP) se puede considerar una continuación del DRR, pero com énfasis em otros aspectos. No sólo atribuye valor al conocimiento de la gente rural, sino también a sus capacidades de diagnosis y análisis (ARMANDO, 2013, p. 08).

Esse mesmo autor explica que o DRP propõe solucionar a tensão entre o

longo tempo necessário para a sistematização e a análise dos dados nos estudos

antropológicos e agronômicos; e a falta de confiança/validação nos dados de

pesquisas de curto prazo realizadas pelos pesquisadores.

Sobre o DRP, Faria e Neto (2006) esclarecem que o “R” (de rural) da sigla é

uma referência a sua origem, pois muitos dos diagramas propostos pela metodologia

participativa foram desenvolvidos no âmbito das ciências agrárias, na década de

1970, mais especificamente no norte da Tailândia, na Universidade de Chiang Mai.

Apesar de derivado do DRR, o DRP traz caracteres que o diferenciam

bastante do primeiro, conforme se pode observar no quadro 10.

Quadro 10 - Comparativo de características entre o DRR e o DRP

CARACTERÍSTICA DRR DRP

Período de tempo de maior desenvolvimento

Final dos anos 70; e anos 80 Final dos anos 80; e anos 90

Inovações mais importantes se baseiam em

Universidades ONGs, Universidades

Usuários mais importantes Agências de Cooperação; Universidades

ONGs, Organizações estatais, Universidades

Recurso-chave evidenciado Conhecimento local da população

Capacidades da população local

Inovação mais importante Métodos Atitude

Atitude predominante Extrativo Participativo, Catalizador

Objetivos ideais Aprendizagem dos agentes externos

Tomada de decisões pela população local

Resultado em longo prazo Planos, projetos, publicações Ação local sustentável e pesquisa

Tempo de execução 4-10 dias 4-10 dias, aberto no tempo

Fonte: Armando, 2013, p. 11. Adaptado8.

Assim, com origem nos trabalhos de Robert Chambers, nos Estados Unidos,

o DRP prega maior rapidez na obtenção de dados, a participação ativa da população

a ser beneficiada e uma multidisciplinaridade técnica, com fins a promoção do

8Traduzido pelo autor. Língua original: espanhol.

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desenvolvimento socioeconômico para essa população (GARRAFIEL, 1999;

SOUZA, 2009).

Armando (2013) menciona ainda, em seu trabalho, o Diagnóstico Rural

Rápido e Participativo (DRRP). Esse seria, entretanto, um acrônimo composto do

DRR e DRP, embasado na revalorização dos recursos e conhecimentos locais; um

processo de aprendizagem mútuo, evitando incorrer em erros importantes de

interpretação, assimilação e aplicação do conhecimento nas comunidades rurais.

Em linhas gerais, na base de todos os métodos – DRR, DRP e DRRP -,

encontra-se uma habilidade de diálogo, onde as entrevistas com os atores sociais

não tem estruturas fechadas, sendo semiabertas e flexíveis, sem condicionar

respostas. Nos encontros, geralmente com grupo, é possível experimentar uma

validação contínua dos dados gerados pelos participantes, que serão beneficiários

das mudanças que motivaram essas discussões (ARMANDO, 2013).

Deste modo, os métodos de diagnóstico participativo têm forte relação com o

planejamento, sob a perspectiva do envolvimento da população local, tendo as

pessoas não apenas como fonte de informação, como informantes, mas

preponderantemente como cidadãos ativos em ações coletivas, embasados no

diálogo e na reflexão sobre sua realidade (FARIA e NETO, 2006).

No contexto das Unidades de Conservação, o DRP é a base dos

diagnósticos, pois a experiência de diferentes atores envolvidos com as UC permite

o desenvolvimento de estratégias conjuntas em prol da gestão dessas áreas, cuja

finalidade maior é a conservação da natureza (DRUMOND et al, 2009).

Para Rabinovici e Pessoa (2010),

[...] essa integração da população na gestão dos recursos naturais, levando em consideração as expectativas e as necessidades da comunidade local em convergência com a finalidade da conservação ambiental, é um componente facilitador da gestão, pois fomenta uma atuação conjunta na resolução de problemas ambientais e do cotidiano daquelas comunidades (p. 113).

Para que possa se concretizar, o método participativo se utiliza de diversas

ferramentas fundamentadas no diálogo, que atendem a um princípio fundamental:

todos os participantes do processo devem ser considerados fonte de informação e

decisão para analisar seus problemas e contribuir com soluções, gerando

aprendizado e fortalecimento local (DRUMOND et al, 2009; GEILFUS, 2009).

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As ferramentas utilizadas no diagnóstico participativo são diagramas visuais e interativos que representam aspectos de uma determinada realidade e vão sendo construídos por um grupo de pessoas em discussão. Cada ferramenta tem usos e procedimentos específicos, mas todas elas são instrumentos de abstração acerca da realidade passada, atual ou futura (FARIA e NETO, 2006, p. 17).

A motivação para sua utilização reside no fato de permitir trabalhar com uma

linguagem comum ao grupo de discussão, independente do grau de instrução -

incluindo os não-alfabetizados; de possibilitar o levantamento e análise do

conhecimento a partir da percepção da comunidade local; e facilitar a visualização e

verificação de informações obtidas no processo, pelos participantes (FARIA e NETO,

2006).

Segundo Kummer (2007) e Geilfus (2009), as ferramentas participativas

utilizam a visualização e a comunicação oral como estratégia. Isso se fundamenta

no fato de que

[...] a retenção da informação em cada um de nós está correlacionado também com o nosso canal de comunicação mais desenvolvido: na maioria das pessoas, o canal visual é o mais desenvolvido. Por causa disso, a visualização do trabalho participativo facilita a participação ativa e a integração grupal, aumentando a qualidade da comunicação (KUMMER, 2007, p. 49).

São diversos os tipos de ferramentas e, segundo Drumond et al. (2009), sua

escolha estará relacionada com a complexidade dos temas a serem tratados, com a

quantidade de participantes presentes e sua aplicação, bem como no seu grau de

escolaridade.

Considerando essas variáveis, as ferramentas participativas escolhidas para

as oficinas de diagnóstico e planejamento participativo, que subsidiarão a

composição do Plano de Uso Público do Setor 03 do Pesam e APA Araguaia, serão

descritas no capítulo 3 deste trabalho.

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CAPÍTULO 3: O PROCESSO PARTICIPATIVO PARA A CONSTRUÇÃO DO

PLANO DE USO PÚBLICO DO SETOR 03 DO PESAM E APA ARAGUAIA

3.1. A realização das oficinas de diagnóstico e planejamento participativo:

momento de ação-reflexão

Inicialmente foram pensadas as fases fundamentais que comporiam a

construção de um Plano de Uso Público (PUP). Assim, organizando as

necessidades deste estudo em específico, foram definidas as seguintes etapas: (i)

definição dos atores a serem convidados para colaborar com o plano; (ii) o

mapeamento participativo dos atrativos e elaboração de um calendário sazonal de

visitação no setor 03 do Pesam e APA Araguaia; e (iii) a elaboração do plano de

ações. Para cada um desses momentos participativos, foram escolhidas

ferramentas, conforme quadro 11, abaixo. A função e objetivo de utilização dessas

ferramentas será detalhado no relato de suas aplicações.

Quadro 11 - Etapas e ferramentas participativa

Etapa Ferramenta Participativa

(i) definição dos atores a serem convidados para colaborar com o plano

Diagrama de Venn

(ii) o mapeamento participativo dos atrativos e elaboração de um calendário sazonal de visitação dos atrativos

Mapa falado Calendário Sazonal

(iii) plano de ação para o desenvolvimento do Uso Público Chuva de ideias

Matriz de Planejamento

3.1.1. Definição dos atores a serem convidados para colaborar com o plano

Nesta etapa do plano, foi realizada uma oficina com a equipe gestora do

Pesam e da APA Araguaia, tendo em vista a vivência cotidiana dos mesmos com os

trabalhos em prol das unidades. A ferramenta aplicada foi o Diagrama de Venn.

A construção do Diagrama de Venn busca identificar as organizações formais

e não-formais relacionadas à realidade a ser estudada, possibilitando averiguar seu

grau de importância e proximidade, bem como suas interações no âmbito da

discussão (FARIA e NETO, 2006; KUMMER, 2007; DRUMOND et al., 2009;

GEILFUS, 2009; VERDEJO, 2010).

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Dentre as variações existentes do diagrama, foi adotado o uso de círculos

concêntricos de diferentes diâmetros, com fins a realizar a averiguação de grau de

importância e de proximidade das instituições com as UCs, no que tange à atividade

de Uso Público nas mesmas. Nessa atividade foram utilizados folhas de cartolina,

círculos de papel com três tamanhos diferenciados, pincel atômico e fita adesiva.

A mobilização da equipe para a oficina foi realizada por meio de envio de

carta-convite. Foram convidados todos os 13 membros da equipe (técnicos de nível

superior, operacionais e estagiários), dos quais se fizeram presentes oito: uma

Zootecnista, um Engenheiro Agrônomo, um Licenciado em Letras, um Auxiliar

Operacional e quatro estagiários de nível médio.

Os técnicos de nível superior trabalham na gestão da unidade há pelo menos

quatro anos, sendo moradores do município e todos possuem um histórico de

trabalho voluntário na área desde antes de o parque ser criado (1996), por meio da

Fundação Serra das Andorinhas, que mantinha projetos na área; o auxiliar

operacional é nativo da APA Araguaia; os estagiários estão há pouco tempo

envolvidos com a gestão das UCs.

Antes da aplicação dessa ferramenta houve uma apresentação de slides com

a base conceitual do trabalho (Unidade de Conservação, Uso Público e

Planejamento Participativo) e caracterização do projeto (justificativa, objetivos,

metodologia e resultados esperados). Após a apresentação foi indagado por um dos

técnicos se o resultado do trabalho poderia ser utilizado pela gestão das UCs, sendo

respondido pelo pesquisador que esse era um dos propósitos do trabalho.

Iniciando a aplicação da ferramenta, em função de o grupo ser pequeno,

conviverem rotineiramente, incluindo em reuniões, optou-se por fazer a lista de

instituições com todos, sendo proposta (e inscrita em folha de cartolina fixada sobre

a parede) a seguinte pergunta: Quais os agentes envolvidos com o Uso Público no

Pesam e da APA Araguaia? Procedeu-se com a inscrição das instituições indicadas

pelos participantes, conforme se observa na figura 03.

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Figura 3 - Levantamento das instituições relacionadas ao Uso Público do Pesam e APA Araguaia

Foto: Madson Amaral, 2013.

Foram listadas 30 instituições, conforme quadro 12. Todas foram

consensuadas entre os participantes. O único nome indicado por um participante,

questionado pelos outros e, em seguida, excluído de forma acordada, foi o da

Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), tendo em vista que o trabalho

desta agência, embora relevante para a APA Araguaia, não foi considerado

relacionado com o Uso Público das unidades de conservação em questão.

Quadro 12 - Instituições listadas pelos participantes da oficina

Instituições Instituições

1. AgentesAmbientaisVoluntários (AAV) 2. Associação dos Municípios do Araguaia-

Tocantins (AMAT) 3. Associação dos Moradores do Parque Serra

das Andorinhas (AMPSA) 4. Artesãos 5. Assoc. dos Barqueiros 6. Banco do Brasil 7. Banco do Estado do Pará (Banpará) 8. Colônia dos Pescadores 9. Comunidades/Moradores/Vilas 10. Condutores de Atrativos Naturais 11. Cooperativa de Transporte

(COOPERTRANS) 12. Empresa de Assistência Técnica e Extensão

Rural do Estado do Pará (Emater) 13. Empresas de Turismo 14. Escolas (Zona Rural) 15. Escolas (Zona Urbana)

16. Fórum de Turismo Araguaia Tocantins

(FORUMTURAT) 17. Fundação da Casa da Cultura de Marabá

(FCCM) 18. Hoteleiros 19. Instituo Nacional de Pesquisas Amazônicas

(Inpa) 20. Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) 21. Sec. de Estado de Meio Ambiente (Sema) 22. Sec. Mul. de Educação (Semed) 23. Sec. Mul. de Meio Ambiente (Semma) 24. Sec. Mul. Cultura (SEMCULT) 25. Sec. Mul. Obras (SEMOB) 26. Sec. Mul. Saúde (SMS) 27. Sec. Mul. Turismo (SEMTUR) 28. Secretaria de Estado de Turismo do Pará

(Setur) 29. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

(Senar) 30. Universidade Federal do Pará (UFPA)

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Após formada a lista, foi explicado aos participantes sobre a construção do

diagrama (Figura 04). Para cada instituição, atribuir-se-iam duas qualidades: a

importância dela para o uso público do Pesam e APA Araguaia; e o seu grau de

proximidade com essas UCs. A importância seria traduzida no tamanho do círculo

na qual seria inscrita, e a proximidade com o posicionamento desse em relação às

unidades (que estariam posicionadas no centro do diagrama).

Figura 4 - Explicação sobre a construção do Diagrama de Venn

Foto: Nilson Amaral, 2013.

Assim, procedeu-se com a qualificação das instituições. As perguntas

utilizadas (e inscritas em papel cartolina afixado, na parede) foram: 1) Qual o grau

de importância desta instituição para o Uso Público do Pesam e APA Araguaia? e 2)

Qual o grau de aproximação desta instituição com as UCs? O resultado pode ser

observado na figura 05.

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Figura 5 - Resultado da aplicação do Diagrama de Venn para identificar importância e proximidade de instituições relacionadas com o Uso Público do Pesam e APA Araguaia

As mesmas informações contidas nesse diagrama foram representadas

depois em uma matriz (quadro 13), que analisa a importância versus proximidade, o

que não está indicado como passo dessa ferramenta participativa Diagrama de

Venn, mas pode constituir, em caráter auxiliar, possibilidade para a visualização e

análise dos dados obtidos. Os dados do diagrama e da matriz são exatamente os

mesmos.

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Quadro 13 - Matriz com o resultado da aplicação do Diagrama de Venn para identificar importância versus proximidade de instituições relacionadas com o Uso Público do Pesam e APA Araguaia

Proximidade das UCs

Alta Média Baixa

Imp

ort

ân

cia

para

as U

Cs

Alt

a

AAV Artesãos

Comunidade Condutores

Escola/Zona Rural FORUMTURAT

Sema Semed

Bancos (BB e Banpará) Hoteleiros

Escolas/Zona Urbana Assoc. de Barqueiros

AMPSA Empresas de Turismo

Semma Setur/PA SMCULT

SMOB SMTUR

dia

FCCM Inpa

MPEG Colônia de Pescadores

Coopersaga Emater Senar

Universidade

Baix

a

- - Amat SMS

O tempo de aplicação foi de 3,5 horas, contabilizando o intervalo de 30

minutos, para lanche e descontração. Percebeu-se, ainda, certo desconforto dos

participantes na fase inicial de qualificação das organizações (importância e

proximidade), entretanto, após a terceira instituição listada, todos compreenderam a

ferramenta e ficaram mais participativos, à medida que se dissipou o aparente

desconforto. Cabe avaliar ainda, sobre os resultados, que o número de instituições

listadas foi bem grande e que isso constitui um desafio na mobilização para a

realização da oficina de planejamento participativo.

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3.1.2. O mapeamento participativo dos atrativos para visitação pública e

elaboração de um calendário sazonal de visitação dos atrativos

Para esta etapa, foram escolhidas duas ferramentas: o Mapa de Recursos e o

Calendário Sazonal. As duas foram aplicadas durante a mesma oficina, na Vila

Santa Cruz dos Martírios. A primeira, para identificar os atrativos no Setor 03 do

Pesam e APA Araguaia; a segunda para estabelecer um calendário de visitação

respeitando o período de cheia e estiagem, que estão relacionados com a

possibilidade ou não de acessar um atrativo em função da frequência de chuvas e o

nível do Rio Araguaia.

A mobilização foi realizada por meio de carta-convite, com o apoio de servidor

da Secretaria de Estado de Meio Ambiente - Sema (órgão gestor), tendo como

público os condutores de atrativos naturais, artesãs, professores, proprietária da

pousada e barqueiros. Foram emitidas 16 cartas-convite e participaram da oficina

sete pessoas, sendo seis moradores da vila.

Qualificando esse grupo, estavam presentes quatro mulheres, sendo a

Agente Comunitária de Saúde, a proprietária da única pousada da vila, uma artesã e

uma dona de casa/pescadora; e três homens, sendo um piloto de embarcação, um

funcionário público (Sema) e o Secretário Municipal de Cultura. Com exceção do

Secretário, os demais já haviam passado por formação de condutores de atrativos

naturais.

Inicialmente, os participantes foram informados sobre a proposta do Plano de

Uso Público que se propunha a fazer com esta pesquisa e que os resultados seriam

devolvidos diretamente à comunidade; foram informados que suas informações e

decisões comporiam o plano. Em seguida procedeu-se com a aplicação das

ferramentas.

Mapeamento participativo

O desenho de mapas participativos tem como objetivo a visualização espacial

de recursos que se deseja investigar, a partir de informações prestadas pelos

moradores da região ou grupo específico (FARIA e NETO, 2006; KUMMER, 2007;

DRUMOND et. al, 2009; GEILFUS, 2009; VERDEJO, 2010). Neste caso optou-se

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por utilizar a ferramenta a partir do uso de base cartográfica, o que, segundo

Drumond et al. (2009), proporciona a geração e a análise de informações espaciais

georrefenciadas pelas comunidades, integrando diversas realidades e formas de

informação.

Os materiais utilizados foram: mapa (base cartográfica) impresso; folha de

papel transparente (vegetal) proporcional ao tamanho do mapa; cartelas de papel,

pincel atômico e máquina fotográfica digital. Utilizar a base cartográfica (extraída do

Plano de Manejo) foi importante por dois motivos: 1) permitia a visualização da

região, como um todo, com identificação dos principais pontos; e 2) indicava os

pontos do Parque que podiam receber visitantes, levando em conta seu

zoneamento.

Primeiramente foi fixado no solo o mapa e, sobre ele, o papel vegetal. Foi

explicado o objetivo da ferramenta, seguindo com a contextualização da imagem,

com indicação dos principais pontos de referência, de modo que os participantes

ficassem bem situados em relação ao mapa, como se pode observar na figura 06,

abaixo.

Figura 6 - Explicação sobre a ferramenta

Figura 7 - indicação de atrativos pelos moradores

Foto: Francisco Santos, 2013. Foto: Francisco Santos, 2013.

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Após essa etapa, os participantes foram convidados a indicar os atrativos com

potencial de visitação da região. Atentando para o fato de que a região já recebe

visita e de que os participantes, geralmente, tem contato com essas pessoas, foi

explicado que eles poderiam indicar tanto os locais já visitados por visitantes, quanto

os locais que eles entendessem que tinham expoente beleza cênica e condições de

acesso para os visitantes. A proposta foi bem aceita e logo os lugares começaram a

ser apontados (figura 07, acima).

Foram indicados, então, os 22 atrativos listados abaixo, no quadro 14:

Quadro 14 - Atrativos apontados durante o mapeamento participativo

Atrativos Atrativos

1. Brejo dos Padres 2. Cachoeira “Sem Nome” (ou Véu de Noiva) 3. Cachoeira Riacho Fundo 4. Cachoeira do Spanner (ou do Félix) 5. Caldeirão do Diabo (caverna e cachoeira) 6. Caverna do Morcego 7. Caverna Remanso dos Botos 8. Foz do Igarapé Sucupira 9. Ilha dos Martírios 10. Lago Remanso dos Botos 11. Morro do Bode 12. Morro do Mirante

13. Abrigo Casa da Cultura (Pedra Pintada) 14. Poção de Santa Cruz 15. Poção do Antônio Crente 16. Poção do Cajú 17. Poção do Isidoro 18. Poção do Zequinha 19. Praia da Santa Cruz 20. Praia Ilha de Campo 21. Praia Remanso dos Botos 22. Rio Araguaia/Pesca Esportiva

Com exceção do Poção do Antônio Crente, do Poção do Cajú e do Morro do

Bode, que se localizam no interior do Pesam, onde o Plano de Manejo indicando a

necessidade de estudos aprofundados antes de permitir a visitação (SECTAM,

2006b), todos os atrativos acima comporão o plano, conforme ilustrado no mapa

abaixo (figura 08). Estes serão posteriormente caracterizados na composição do

Plano de Uso Público, no Capítulo 4.

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Figura 8 - Mapa participativo dos atrativos do setor 03 do Pesam e APA Araguaia e de seu entorno

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Calendário Sazonal

A elaboração de calendários sazonais objetiva a ampliação dos

conhecimentos sobre a variação, durante o ano, de acontecimentos ambientais

naturais e sociais relacionados à vida de uma comunidade, permitindo identificar a

relação entre esses acontecimentos (FARIA e NETO, 2006; KUMMER, 2007;

DRUMOND et al., 2009; GEILFUS, 2009; VERDEJO, 2010).

Iniciando esse momento da oficina, foram inscritos os doze meses do ano,

com ajuda dos mesmos participantes, um em cada cartela, que foram dispostas no

solo, formando a primeira linha superior da matriz (figura 09). Foi solicitado aos

presentes que identificassem os meses chuvosos desenhando uma nuvem e, para o

caso de meses com chuva muito intensa, duas; foi utilizada a mesma lógica para os

meses mais ensolarados, com o desenho do sol. Os meses de transição deveriam

receber um sol e uma nuvem, lado a lado.

Figura 9 - Identificação do período de estiagem e cheia pelos participantes

Foto: Abel Pojo, 2013.

Em seguida, foi proposto que os atrativos fossem listados, compondo a

primeira coluna da esquerda. Inicialmente, a ideia era de listar todos os atrativos.

Contudo, os participantes sugeriram dividir os atrativos em grupos, que podem ser

visitados: (a) na cheia, (b) na estiagem ou (c) o ano todo. A sugestão foi acatada e

implementada. Cada grupo foi identificado com um pedaço de papel na interseção

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entre linha e coluna, como se visualiza na figura 10. O calendário está representado

no quadro 15, adiante.

Figura 10 - Identificação do período de estiagem e cheia pelos participantes

Foto: Abel Pojo, 2013

O tempo de aplicação dessa ferramenta foi de duas horas e o resultado

possibilitou visualizar a disponibilidade de atrativos de acordo com a época do ano

(estiagem ou cheia), o que subsidiará medidas para evitar situações relatadas pelos

moradores, segundo os quais é comum que visitantes cheguem com intuito de visitar

cachoeiras no verão, ou praias na cheia, saindo frustrados por não terem sido

informados antes que a variação da estação influencia na disponibilidade desses

atrativos. Os materiais utilizados foram tarjetas de papel e pincéis piloto.

.

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Quadro 15 - Calendário Sazonal de visitação dos atrativos do Setor 03 do Pesam e APA Araguaia e região de entorno

Meses/Estações Atrativos

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Cachoeira “Sem Nome” Cachoeira Riacho Fundo Cachoeira do Spanner Caldeirão do Diabo

CHEIA

Ilha dos Martírios Praia da Santa Cruz Praia Ilha de Campo Praia Remanso dos Botos

ESTIAGEM

Brejo dos Padres Caverna do Morcego Caverna Remanso dos Botos Lago Remanso dos Botos Foz do Igarapé Sucupira Morro do Mirante Abrigo Casa da Cultura Poção de Santa Cruz Poção do Isidoro Poção do Zequinha* Rio Araguaia/Pesca Esportiva

ANO TODO

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3.1.3. Plano de ação para o desenvolvimento do Uso Público

A elaboração do plano aconteceu durante a capacitação dos conselheiros do

Pesam e APA Araguaia. Essa escolha decorreu dos seguintes fatores: 1) grande

parte dos atores identificados durante a aplicação do Diagrama de Venn compunha

o conselho; 2) a mobilização desses atores já seria feita pela gestão da UC; 3) na

última reunião ordinária dos conselhos, em 2012, os conselheiros decidiram que o

tema da formação, em 2013, seria o Uso Público, visto o potencial do Pesam e APA;

4) a Secretaria de Estado de Turismo do Pará - Setur/PA estaria presente e seria

responsável pela formação; e 5) as reuniões desses conselhos têm forte orientação

participativa.

Sobre a mobilização, além dos conselheiros, foram convidadas as demais

organizações identificadas pela equipe gestora da UC como relacionadas ao Uso

Público do Pesam e APA Araguaia. Ambos os convites foram expedidos pelo gestor

das UCs e presidente dos Conselhos, explicitando que durante a formação ocorreria

a elaboração do plano.

Das 30 organizações convidadas, se fizeram presentes 15, podendo o quadro

comparativo entre presentes e ausentes ser observado abaixo (quadro 16). Além

dessas 15 organizações, participaram também o Sindicato dos Produtores Rurais de

São Geraldo do Araguaia (SPRSAGA), o Instituto Chico Mendes para a

Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) e o Sindicato dos Trabalhadores em

Educação Pública (SINTEP).

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Quadro 16 - Quadro comparativo entre organizações presentes e ausentes, em relação ao pré-estabelecido durante aplicação do Diagrama de Venn com equipe gestora

Presentes Ausentes

1. AgentesAmbientaisVoluntários (AAV) 2. Artesãos 3. Assoc. dos Barqueiros 4. Comunidades/Moradores/Vilas 5. Condutores de Atrativos Naturais 6. Cooperativa de Transporte (Coopersaga) 7. Empresa de Assistência Técnica e

Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) 8. Escolas (Zona Rural) 9. Fundação da Casa da Cultura de Marabá

(FCCM) 10. Sec. de Estado de Meio Ambiente (Sema) 11. Sec. Mul. de Meio Ambiente (Semma) 12. Sec. Mul. Cultura (SEMCULT) 13. Sec. Mul. Saúde (SMS) 14. Secretaria de Estado de Turismo do Pará

(Setur) 15. Hoteleiros

1. Associação dos Municípios do Araguaia-

Tocantins (Amat) 2. Associação dos Moradores do Parque

Serra das Andorinhas (AMPSA) 3. Banco do Brasil 4. Banco do Estado do Pará (Banpará)* 5. Colônia dos Pescadores 6. Empresas de Turismo 7. Escolas (Zona Urbana) 8. Fórum de Turismo Araguaia Tocantins

(FORUMTURAT) 9. Instituo Nacional de Pesquisas Amazônicas

(Inpa)* 10. Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) 11. Sec. Mul. de Educação (Semed) 12. Sec. Mul. Obras (SEMOB) 13. Sec. Mul. Turismo (SEMTUR) 14. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

(Senar)* 15. Universidade Federal do Pará (UFPA)

Primeiramente foi realizada palestra dialogada por técnica da Setur/PA,

intitulada Turismo em Unidades de Conservação: incremento ao desenvolvimento

local (figura 11, abaixo). Esse momento durou pouco mais de uma hora e foram

abordados os temas: cenário do turismo mundial, turismo de natureza, demanda

turística, oferta turística local, ordenamento turístico, estrutura turística e as

potencialidades da atividade.

Figura 11- Palestra da Setur/PA para os participantes da oficina

Figura 12 - Apresentação do projeto para os participantes da oficina

Foto: Abel Pojo, 2013. Foto: Jefferson Barroso, 2013.

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Em seguida, foi realizada pelo pesquisador a apresentação de slides (figura

12, acima), com a base conceitual do trabalho (Unidade de Conservação, Uso

Público e Planejamento Participativo) e caracterização do projeto (justificativa,

objetivos, metodologia e resultados esperados). Isso aconteceu em 15 minutos.

Depois, foi iniciada a segunda etapa com a aplicação de duas ferramentas:

chuva de ideias e matriz de planejamento. A primeira, foi utilizada com o intuito de

levantar os eixos sobre o qual decorreria a aplicação da outra ferramenta, que tem

por finalidade analisar a situação e selecionar encaminhamentos voltados para o

desenvolvimento do Uso Público no Setor 03 do Pesam e APA Araguaia.

Chuva de Ideias

A ferramenta chuva de ideias (ou tempestade de ideias; ou braimstorming)

tem por objetivo estimular que cada participante, individualmente ou no contexto do

grupo, reflita e expresse seu ponto de vista sobre um tema proposto; geralmente

estimulado por meio de formulação e visualização de questionamentos. Essa

ferramenta pode ser utilizada em qualquer fase do planejamento (KUMMER, 2007;

DRUMOND et al., 2009; GEILFUS, 2009).

Após o nivelamento proporcionado pela palestra da Setur/PA e pela

apresentação do projeto de pesquisa, iniciou-se a aplicação da ferramenta chuva de

ideias, sendo proposta para o grupo a seguinte pergunta: Quais são os pontos que

merecem atenção para o desenvolvimento do Uso Público do Pesam e APA

Araguaia, especialmente do setor 03? Foram disponibilizadas cartelas de papel e

pincéis-piloto para todos e acordado um tempo de 5 minutos para que refletissem,

individualmente, e escrevessem sua resposta nas cartelas.

Algumas pessoas do grupo alegaram não ter boa caligrafia, então, duas

participantes se disponibilizaram a escrever as opiniões desses colegas nas

cartelas. A opinião/cartela de cada participante foi lida em voz alta e visualizada pelo

grupo, sendo fixada, em seguida, no painel de madeira posto diante da plenária, de

modo que todos acompanhassem, conforme se observa na figura 13.

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Figura 13 - Aplicação da Ferramenta Chuva de Ideias

Foto: Jefferson Barroso, 2013.

Quando surgia uma resposta similar, as cartelas eram agrupadas, mediante

consenso do grupo. Ao final, as cartelas repetidas foram eliminadas, restando uma

apenas que contemplasse a ideia das demais. Foram elencados 17 pontos de

atenção, conforme quadro 17. O tempo para aplicação foi de 50 minutos e os

materiais utilizados foram: tarjetas de papel, pincel atômico, painel compensado

coberto com tecido (TNT) e fita adesiva.

Quadro 17- Pontos de atenção para o Uso Público do Pesam e APA Araguaia

Pontos de Atenção

1. Alimentação

2. Barqueiros

3. Condutores

4. Divulgação

5. Estruturação Física da Unidade

6. Hospedagem

7. Informação turística

8. Pontos de comercialização do Artesanato

9. Qualificação

10. Sensibilização Turística

11. Serviço de transporte terrestre

12. Comunicação

13. Energia elétrica

14. Estradas

15. Posto de saúde

16. Rodoviária

17. Segurança

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Matriz de Planejamento

A matriz é utilizada para averiguar a importância de diferentes temas em

relação a critérios determinados. As informações podem ser comparadas e

ordenadas segundo sua importância para o grupo, estimulando sua reflexão sobre o

tema; trata de mobilizar a capacidade das pessoas desenharem um plano de ação,

sendo a matriz a representação gráfica desse trabalho (FARIA e NETO, 2006;

KUMMER, 2007; DRUMOND et al., 2009; GEILFUS, 2009; VERDEJO, 2010).

Sob esse preceito, os 16 pontos de atenção indicados na ferramenta chuva

de ideias foram o ponto de partida para a construção da matriz, compondo a

primeira coluna da esquerda, sobre a qual foi posto o primeiro questionamento (que

debutou a primeira linha superior): Qual o cenário ideal para esse ponto de atenção?

Os participantes foram divididos em quatro subgrupos, com a atribuição de traçar o

cenário ideal para quatro pontos de atenção (figura 14, abaixo). Cada grupo teve

pontos de atenção diferentes para projetar o cenário ideal.

Decorridos 20 minutos, cada subgrupo elegeu um representante que

socializou os resultados em plenárias, validando-os e fixando-os no painel (figura 15,

acima), compondo assim uma 2ª coluna. Foi proposta uma segunda pergunta: Qual

o cenário atual para esse ponto de atenção? Decorreu-se com a mesma dinâmica

do primeiro questionamento.

Figura 14 - Subgrupos em discussão

Figura 15 - Socialização e validação do trabalho do subgrupo

Foto: Abel Pojo, 2013. Foto: Abel Pojo, 2013.

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Esses dois primeiros questionamentos compõem, baseado em Gandin (2010),

o diagnóstico, uma vez que permite avaliar a situação atual, à luz de uma projeção

do cenário ideal para aquela situação. Esse entendimento contribui sobremaneira

para que sejam traçadas, posteriormente, as estratégias para se sair da situação

atual em direção à situação ideal, o que traduz claramente a base conceitual sobre

planejamento, discutida no referencial teórico deste estudo.

Em seguida, foi proposta ao grupo a próxima pergunta: O que deve ser feito

para sair do cenário atual em direção ao cenário ideal? Entretanto, um dos

participantes questionou que, sendo ampla a gama de pontos de atenção em

número e qualidade, seria mais interessante para o grupo ali presente definir quais

instituições deveriam ser acionadas para implementar as melhorias, cabendo a

essas instituições traçar e galgar os passos. A ideia foi imediatamente abraçada pelo

grupo.

Outro conselheiro, em fala complementar, disse que as instituições ali

presentes poderiam/deveriam assumir algumas dessas responsabilidades e,

inclusive os conselhos gestores, deveriam colaborar com a posterior implementação

do plano. Nenhum participante manifestou oposição e a proposta virou consenso (na

figura 16, observa-se a decisão do grupo em não definir ali os passos para se atingir

o cenário ideal).

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Figura 16 - Matriz de planejamento, com ênfase na decisão do grupo em deixar para as instituições elencadas as fases de implementação das melhorias

Foto: Abel Pojo, 2013.

Partiu-se então para o último questionamento: Quem deve ficar responsável

por realizar esta ação? Nesta última etapa de aplicação da ferramenta, não foi

utilizada a dinâmica de subgrupos, mas sim a de plenária, de modo a otimizar as

contribuições de todos, em cada um dos pontos de atenção. Os participantes já

estavam bem entrosados e transmitiram estar à vontade e seguros com o trabalho.

A representação final da matriz resultante está no quadro 18, que segue.

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Quadro 18 - Matriz de planejamento construída de modo participativo durante a oficina

Cenário Atual

Alimentação Poucos locais disponíveis e sem

qualificação

Qualificação das pessoas que

manipulam alimentos e maior

disponibilidade nos locais de

visitação e na sede

Vigilância Sanitária Sistema "S"

Barqueiros

Poucos barqueiros;

Pilotos com conhecimento,

qualificação, e autorização

Embarcações devidamente

autorizadas e os

barqueiros/pilotos qualificados

para a função

Marinha Dep. de Portos e Costas

Arcom

Condutores Existe a pessoa que leva e traz

com segurança e informação

A pessoa que leva e traz com

segurança e informação

Bombeiros BPA

SEMA Abeta

Divulgação O mínimo do básico

Site na internet;

Panfletos;

Mapas informativos

Sec. Mul. Cultura; SEMA; Paratur; FCCM; Semma

Sec. Mul. Educação Sec. Mul. Tur.; Conselho

Estruturação Física da

Unidade

Acesso não adaptado para

receber turista

Pontes, sinalização de trilhas e

mapas de risco SEMA

Pontos de Atenção Cenário Ideal Quem deve fazer?

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Hospedagem

Qualidade fica a deseja por falta

de comunicação (telefonia e

internet)

Acomodação com qualidade Sistema "S";

Cadastur Iniciativa Privada

Informação turística Desestruturação do órgão local

Inventário da oferta turística

elaborado e órgão local

estruturado

Setur/PA Sec.Mul. Turismo

FCCM

Pontos de comercialização

do Artesanato Comercialização caseira Casa do Artesão

Seter; Emater; Sec. Mul. Cultura

Ação Social Senar

Qualificação Mão-de-obra não qualificada para

o turismo

Qualificar a rede de

atendimento turístico Setur/PA

Sistema "S"

Sensibilização Turística Individualismo e desorganização

da iniciativa privada

População organizada e

sensibilizada para a atividade

turística

Setur/PA Sistema "S"

Conselho das UCs

Serviço de transporte

terrestre Inexistente

Carros específicos para cada

necessidade

Cadastur Arcom

Iniciativa Privada

Comunicação

Telefonia fixa pouca e falha;

Telefonia móvel na Ilha de

Campo.

Telefonia fixa e móvel em

todas as comunidades

Particular Anatel

Min. Telecomunicações

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Energia elétrica Não tem Energia elétrica 24h Programa Luz Para Todos

Estradas

BR 153 satisfatória;

Vicinais "nem mula anda"

(Péssimas condições de tráfego,

principalmente no inverno)

BR 153 e estradas vicinais em

boas condições de

trafegabilidade o ano todo

DNIT Sec. Mul. de Obras

Posto de saúde Inexistência de atendimento nas

comunidades

Implantação de atendimento de

saúde qualificada; ponto de

atendimento para turismo de

natureza

Sec. Mul.deSaúde

Rodoviária Não existe; usa-se a avenida

como rodoviária Criação de terminal rodoviário

Prefeitura; Sedurb

Segurança

Não tem policiamento

especializado para receber

turistas

Policiamento turístico Polícia Civil

Polícia Militar Sec. Est. de Segurança

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A matriz mostrou-se muito rica em informações e, apesar de não ter sido

indicado na metodologia, considerou-se interessante para este estudo proceder com

algumas análises sobre os resultados obtidos.

Primeiramente, tendo em vista os pontos de atenção e apropriando-se da

divisão proposta por Ignarra (2003), para o qual a estrutura turística é composta por:

infraestrutura/serviços básicos e infraestrutura/serviços de apoio ao turismo, que,

associados aos atrativos, viabilizam a prática da visitação turística, incorre-se na

divisão apresentada no quadro 18. Os demais visitantes (pesquisadores e

comunidade da UC e entorno) se utilizam das mesmas estruturas durante a

visitação.

Quadro 19 - Infraestrutura básica e infraestrutura turística apontada pelos participantes como ponto de atenção para o desenvolvimento do Uso Público no Pesam e APA Araguaia

Infraestrutura Básica Infraestrutura Turística

1. Comunicação 2. Energia elétrica 3. Estradas 4. Posto de saúde 5. Rodoviária 6. Segurança

1. Alimentação 2. Barqueiros 3. Condutores 4. Divulgação 5. Estruturação Física da Unidade 6. Hospedagem 7. Informação turística 8. Pontos de comercialização do Artesanato 9. Qualificação 10. Sensibilização Turística 11. Serviço de transporte terrestre

Diante do quadro comparativo, atina-se para a necessidade de compreender

o desenvolvimento das atividades de Uso Público sob perspectiva ampla, uma vez

que a melhoria na Infraestrutura e nos serviços básicos atende e melhora a vida da

população local e, ao mesmo tempo, constituem elementos importantes para os

visitantes. Porém, estruturar fisicamente as unidades de conservação não garante

os benefícios potenciais da atividade de visitação, por essa razão deve haver a

preocupação em capacitar as comunidades locais para a prestação de serviços de

apoio a essa atividade.

Outra análise interessante pode ser obtida ao se considerar os mesmo pontos

de atenção, mas sob o aspecto da última coluna da matriz: Quem deve fazer? A

partir dessa ideia, construiu-se o diagrama observado na figura 17, que segue.

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Figura 17 - Diagrama de representação das entidades responsáveis pela estruturação do uso público

Nesse diagrama pode-se notar o fundamental papel do poder público na

estruturação do uso público das UCs analisadas; ora associado à inciativa privada;

ora à organização social; cabendo não apenas fomentar a infraestrutura e serviços,

mas articular ações junto aos outros setores. Indo além e analisando apenas os

apontados como potenciais responsáveis ou co-responsáveis, temos o resultado

constante no gráfico da figura 18.

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Figura 18 - Ranking Instituições responsáveis pela estruturação do Uso Público

Esse gráfico representa a percepção dos participantes da oficina e registra

um curioso dado: o órgão gestor das UCs (Sema), não foi apontado como o maior

responsável ou co-responsável pelo melhoramento dos pontos de atenção

relacionados com o Uso Público, cabendo-lhe, entretanto, o inerente papel de

articulador, visto que a atividade, segundo Eagles et al (2002), além de aumentar as

oportunidades econômicas e melhoria da qualidade de vida das comunidades,

também constitui relevante fator de proteção do patrimônio natural e cultural.

O tempo total de aplicação da ferramenta (incluindo intervalo) foi

aproximadamente 4 horas. Os materiais utilizados foram: tarjetas de papel em cores

diferentes (verde, amarelo, rosa e branco), pincel atômico, painel compensado

coberto com tecido (TNT) e fita adesiva.

A participação e comprometimento dos presentes foram latentes. Os

comentários dos participantes, ao tratarem sobre os pontos de atenção, foram

anotados e serão convenientemente utilizados durante a composição do plano, no

capítulo subsequente.

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CAPÍTULO 4: O PLANO DE USO PÚBLICO DO SETOR 03 DO PARQUE SERRA

DAS ANDORINHAS E APA ARAGUAIA

4.1. INFORMAÇÕES GERAIS

Serão apresentadas aqui algumas informações relevantes para contextualizar

a região onde se desenvolve a pesquisa, tais como localização, acesso, histórico de

ocupação, dados socioeconômicos, clima, geomorfologia, vegetação e fauna. Esses

dados foram considerados importantes por estar diretamente ligados com a

composição da paisagem, tanto no tocante aos recursos naturais, quanto nas

questões socioeconômicas, o que será o campo de desenvolvimento da atividade de

visitação local.

4.1.1. O município de São Geraldo do Araguaia

Localização

Localizado na região sudeste do Pará, o município de São Geraldo do

Araguaia está a uma latitude 06º24'02" sul e a uma longitude 48º33'18" oeste. Nele

estão localizados o Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas (Pesam) e a

Área de Proteção Ambiental de São Geraldo do Araguaia (APA Araguaia). Os

municípios limítrofes são: Piçarra (PA), Eldorado (PA), Xambioá (TO), Brejo Grande

do Araguaia (PA), São Domingos do Araguaia (PA) e Marabá (PA), conforme figura

19.

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Figura 19 - Mapa de localização do município de São Geraldo do Araguaia

Fonte: pt.wikipedia.org

Acesso a São Geraldo do Araguaia

Para se chegar ao município de São Geraldo do Araguaia, onde estão

situados o Pesam e a APA Araguaia, existem duas principais “portas de entrada”: os

municípios de Marabá (PA) e de Araguaína (TO). Ver figura 20, que segue.

Em Marabá (PA), pode-se chegar de diversas partes do país por via aérea,

com voos comerciais regulares e diários; por via terrestre, a frequência e as

possibilidades de viagens são ainda maiores. Pela via de Araguaína (TO), também é

acessível por malha viária, de todas as partes do Brasil, especialmente por estar

situada à margem da BR 153 (Belém-Brasília); existem também voos regulares e

comerciais com desembarque diário nessa cidade.

Partindo de ambas as cidades, a opção de transporte é terrestre, em ônibus e

vans (diversas saídas diárias do terminal rodoviário, nos três turnos). Saindo de

Marabá são cerca de 160 km em estrada pavimentada (BR 153) em bom estado de

conservação, que podem ser percorridos em aproximadamente 2 horas. Partindo de

Araguaína, são cerca de 120 Km, pela mesma rodovia, também em bom estado; o

percurso leva, em média, 1,5 horas. Partindo de Araguaína é necessário atravessar

uma balsa ao final do trajeto, sobre o Rio Araguaia, com tempo médio de 15 minutos

de travessia; do outro lado da margem está São Geraldo do Araguaia.

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Figura 20 - Mapa de acesso à São Geraldo do Araguaia, a partir de Marabá e Araguaína

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Histórico de ocupação e criação do município de São Geraldo do Araguaia

Seu histórico remonta ao final da década de 40, quando entrou em

decadência a exploração de garimpo cristal de rocha na região localizada na

margem direita do rio Araguaia, onde hoje é a cidade de Xambioá (TO), levando os

trabalhadores a encontrar na coleta da castanha-do-pará e no plantio de roças para

subsistência, um meio de sobrevivência (IDESP, 2012).

Diante disso, por volta de 1953, o senhor João Rego Maranhão construiu um

barracão na margem esquerda do rio, próximo à foz do rio Xambioazinho, para

compra, sobretudo, da castanha coletada e do arroz produzido. Ao redor desse

ponto de comercialização se instalaram as famílias dos castanheiros. Com a morte

do único filho do senhor João, essas pessoas construíram uma capela para São

Geraldo, em homenagem ao rapaz (LOBATO e COSTA, 2008; IDESP, 2012).

Em função da criação do Grupo Executivo de Terras de Araguaia-Tocantins –

GETAT (para tentar solucionar os conflitos fundiários na região surgidos na década

de 1960), somada a abertura de estradas pelo exército, mais o assentamento de

posseiros ou colonos desalojados pelos projetos financiados pela Superintendência

de Desenvolvimento da Amazônia - Sudam, a região foi muito rapidamente povoada,

sobretudo ao longo da antiga OP-2 (Operação – 2), atualmente BR 153 (IDESP,

2012).

Já na década de 1980, as atividades extrativas cederam lugar à pecuária de

corte, dirigindo os moradores dos antigos castanhais para concentrações em

pequenas áreas ou vilas. Essas comunidades foram se estruturando e surgiram as

associações comunitárias nas vilas e povoados que, por meio de abaixo-assinados

dirigidos a políticos e ao governo do Estado, pleiteavam sua emancipação política e

administrativa (Id., ibid.).

Assim, o município de São Geraldo do Araguaia foi criado em 10 de maio de

1988, por meio da lei estadual nº 5.441, sancionada pelo governador Hélio Mota

Gueiros, e publicada em Diário Oficial nº 26.350, com área desmembrada do

município de Xinguara. Sua área territorial é de 3.168 km² (316.800 hectares). O

gentílico é o são-geraldense.

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Dados socioeconômicos

Segundo dados de 2010 do IBGE, a população do município de São Geraldo

do Araguaia é de 25.587 habitantes, estando 53,1% na zona urbana e 46,9% na

zona rural. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de São Geraldo

do Araguaia, em 2000, foi de 0,691, podendo ser considerado médio, com base nos

parâmetros do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Quadro 20 - Evolução do Índice de Desenvolvimento Humano do município de São Geraldo do Araguaia

Identificação Anos

1991 2000

IDH – M 0,546 0,691

IDH – M Longevidade 0,632 0,748

IDH – M Educação 0,525 0,732

IDH – M Renda 0,48 0,593

Fonte: http://www.pnud.org.br

Segundo o Idesp (2012), o produto interno bruto municipal total é de R$

151.375,00, dividido entre serviços (R$ 87.875,00), agropecuária (R$ 52.514,00) e

indústria (R$ 10.986,00). Com base nesses dados, é possível observar a análise

percentual no gráfico que segue na figura 21, abaixo.

Figura 21 - Análise percentual do PIB de São Geraldo do Araguaia (PA)

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Em relação ao trabalho, a tabela 01, abaixo, mostra que os três maiores

empregadores, nesta ordem, são, desde 1999, a administração pública, o comércio

e a agropecuária.

Tabela 1- Estoque de Emprego Segundo Setor de Atividade Econômica 1999-2010 no município de São Geraldo do Araguaia SETOR DE ATIVIDADE 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Extrativa Mineral 19 - - 1 - - - - - - - -

Indústria de Transformação

12 83 24 110 88 99 21 22 20 91 84 99

Serviços Indust Utilidade Pública

8 2 2 2 2 4 4 4 2 1 2 2

Construção Civil - - - - - - 2 1 32 - 9 10

Comércio 57 61 100 158 178 218 279 268 322 367 393 404

Serviços 14 19 26 43 80 84 95 45 41 54 80 65

Administração Pública 185 - 842 1.012 776 719 797 768 1.000 1.111 1.136 1.096

Agropecuária 27 24 76 91 89 289 431 446 363 463 376 365

Outros / Ignorados - - - - - - - - - - - -

TOTAL 322 189 1.070 1.417 1.213 1.413 1.629 1.554 1.780 2.087 2.080 2.041

Fonte: IDESP, 2012.

No meio rural, a principal atividade desenvolvida é a agropecuária, que ocupa

cerca de 189.714 hectares, aproximadamente 60% do território do município. A

produção anual do rebanho é de cerca de 350.000 cabeças, estando o município

inserido em um contexto pecuarista.

Clima

O clima do Município é tropical chuvoso, tipo Am, na classificação de Köppen,

no limite de transição para o Aw, ou seja, indo do subclima de curta estação seca a

inverno seco. A temperatura média anual de ocorrência na região é de 26,35º C,

apresentando a média máxima em torno de 32,0º e mínima de 22,7º C. A umidade

relativa do ar apresenta oscilações consideráveis entre a estação mais chuvosa e a

mais seca, que vão de 90% a 25%, sendo a média real de 78%.

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Figura 22 - Mapa do Clima

Fonte: http://www.guianet.com.br/brasil/mapaclima.htm

Precipitação

O período chuvoso ocorre, notadamente, de novembro a maio, e o mais seco

de junho a outubro, estando o índice pluviométrico anual em torno de 2.000mm

(IDESP, 2012). Na figura 23 pode-se observar a precipitação dos últimos seis anos

(2008 a 2012), que culmina na variação do clima entre chuvoso e seco, na região do

município de São Geraldo do Araguaia.

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Figura 23 - Precipitação no Brasil entre 2008 e 2012

Fonte: www.inmet.gov.br

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4.1.2. O Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas (Pesam) e a Área

de Proteção Ambiental de São Geraldo do Araguaia (APA Araguaia)

Ficha Técnica do Pesam e APA Araguaia

Quadro 21 - Ficha técnica do Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas (Pesam)

FICHA TÉCNICA DO PESAM

Nome da Unidade de Conservação:

Parque Estadual da Serra dos Martírios/ Andorinhas - PESAM

Unidade Gestora Responsável:

Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMA

Conselho gestor consultivo: Atuando desde 2009.

Endereço da sede: Av. Dom Pedro I, 260. Bairro: Centro. CEP: 68.570-000. São Geraldo do Araguaia/PA

Telefone: (94) 3331-1197; (91) 3184-3601

E-mail: -

Site: www.sema.pa.gov.br

Superfície da UC: 26.787,75 ha

Perímetro da UC: 158,39 km (cartográfico)

Município que abrange e percentual da UC no município:

São Geraldo do Araguaia; 100%

Estado: Pará

Coordenadas geográficas (latitude e longitude):

Latitude Máxima: 06°22’39” S Latitude Mínima: 06°04’36” S Longitude Oeste: 48°23’06” W Longitude Leste: 48°35’20” W

Ato de criação e data: Lei nº 5.982, de 25 de julho de 1996

Marcos geográficos referenciais dos limites:

Limite Oeste: Rio Araguaia

Biomas e ecossistemas: Cerrado e Amazônico – Ecótono Cerrado-Amazônia

ATIVIDADES OCORRENTES

Educação Ambiental Sim

Fiscalização Sistemática e mediante denúncia

Pesquisa: Sim

Visitação: Sim

Atividades Conflitantes: Caça, queimadas, abertura de estradas, extração de madeira, posseiros, desmatamento, pichações, descaracterização de sítios arqueológicos, visitação em locais não autorizados.

Atividades de Uso Público: Pouca visitação (demanda espontânea), sem o real controle, porém com ações de sensibilização e acompanhamento de grupos organizados.

(SECTAM, 2006)

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Quadro 22 - Ficha técnica da Área de Proteção Ambiental de São Geraldo do Araguaia (APA Araguaia)

FICHA TÉCNICA DO PESAM

Nome da Unidade de Conservação:

Área de Proteção Ambiental de São Geraldo do Araguaia – APA Araguaia

Unidade Gestora Responsável:

Secretaria de Estado de Meio Ambiente - SEMA

Conselho gestor deliberativo:

Atuando desde 2009.

Endereço da sede: Av. Dom Pedro I, 260. Bairro: Centro. CEP: 68.570-000. São Geraldo do Araguaia/PA

Telefone: (94) 3331-1197; (91) 3184-3601

E-mail: -

Site: www.sema.pa.gov.br

Superfície da UC: 29.655,39 ha

Perímetro da UC: 287,1368 km (cartográfico)

Município que abrange e percentual da UC no município:

São Geraldo do Araguaia; 100%

Estado: Pará

Coordenadas geográficas (latitude e longitude):

Latitude Máxima: 06°03’30” S Latitude Mínima: 06°22’44” S Longitude Oeste: 48°23’27” W Longitude Leste: 48°36’13” W

Ato de criação e data: Lei nº 5.983, de 25 de julho de 1996

Marcos geográficos referenciais dos limites:

Limite Oeste: Rio Araguaia

Biomas e ecossistemas: Cerrado e Amazônico – Ecótono Cerrado-Amazônia

ATIVIDADES OCORRENTES

Educação Ambiental Sim

Fiscalização Sistemática e mediante denúncia

Pesquisa: Sim

Visitação: Sim

Atividades Conflitantes: Caça, queimadas, desmatamento, descaracterização de sítios arqueológicos, visita desordenada e além da capacidade das cachoeiras.

Atividades de Uso Público: Visitação intensa em cachoeiras causando degradação, porém com algumas ações de sensibilização e acompanhamento de grupos organizados.

(SECTAM, 2006)

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Localização

Figura 24 - Mapa de localização do Pesam e APA Araguaia no Município de São Geraldo do Araguaia/PA

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Histórico de Criação

Os primeiros registros da região do Pesam datam de 1594, quando

bandeirantes chefiados por Antônio de Macedo e Domingos Louis Grous, oficiais da

coroa portuguesa, impressionaram-se com a beleza e a biodiversidade local, o

potencial mineral e as gravuras rupestres. Tendo percebido nas gravuras, avistadas

em uma ilha e nas margens do rio Araguaia (figuras 25 e 26), semelhança com a

coroa de espinho do martírio de Cristo, chamaram a Ilha e a Serra que dela se

avistava de Ilha dos Martírios e Serra dos Martírios (FERREIRA, 1960 apud

LOBATO e COSTA, 2008).

Figura 25 - Gravura rupestre, Ilha dos Martírios

Figura 26 - Gravura rupestre, Pedra Escrita

Fonte: SEMA, N/D Fonte: Sema, N/D

Entretanto, séculos mais tarde, a serra mudou de nome, como explicam

Lobato e Costa (2008):

No período de 1970 a 1974, na época da ditadura militar, grupos guerrilheiros enfrentaram tropas regulares das Forças Armadas do Exército Brasileiro, ficando conhecido como a Guerrilha do Araguaia. A denominação Serra das Andorinhas foi dada na década de 70 pelos militares brasileiros que lutaram contra o movimento guerrilheiro. Este nome originou-se pela grande quantidade de andorinhas na região (p. 22).

O movimento para a proteção da então Serra das Andorinhas surgiu em 1986,

quando o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) convidou o setor de arqueologia

da Casa da Cultura de Marabá, para um projeto de salvamento arqueológico na

região, que seria inundada com a possível implantação da Hidrelétrica de Santa

Isabel (SECTAM, 2006a; LOBATO e COSTA, 2008). Até os dias atuais a hidrelétrica

ainda não foi implantada.

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Em 1988, a partir dos resultados dessa expedição, a Secretaria de Estado de

Cultura do Pará (Secult), entendeu a importância de se tombar a área, o que

culminou na Lei Estadual nº. 4.855/1989, de 22 de setembro daquele ano, publicada

no Diário Oficial do Estado do Pará, dia 26 do mesmo mês (LOBATO e COSTA,

2008).

Nesse mesmo ano, a Fundação Serra das Andorinhas - FSA, que desenvolvia

projetos na região, solicitou ao Instituto de Desenvolvimento Econômico-Social do

Estado do Pará (Idesp) que incluísse a área da Serra das Andorinhas em seu

programa de proteção de recursos naturais do território paraense. A indicação foi

considerada relevante pelo rico patrimônio, e pela notável biodiversidade distribuída

em ecossistemas e altitudes diversos (Id., ibid.).

Com isso, em 1996, por meio da Lei Estadual 5.982 ,de 27 de julho, foi criado

o Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas (Pesam), resgatando os dois

nomes – e momentos históricos – relacionados com a serra; simultaneamente, por

meio da Lei Estadual 5.983, foi instituída a Área de Proteção Ambiental de São

Geraldo do Araguaia (APA Araguaia), para servir como zona de amortecimento9

para o parque.

Segundo a SECTAM (2006a), o parque foi criado a partir de áreas

remanescentes que foram consideradas impróprias para a colonização no

Loteamento Gleba Andorinha, por ocasião da reforma agrária realizada pelo Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária- Incra e o Grupo Executivo de Terras do

Araguaia-Tocantins (GETAT). Na APA Araguaia, entorno do Parque, encontram-se,

ainda hoje, dois Projetos de Assentamento.

9 Zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão

sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade (BRASIL, 2000).

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Geomorfologia e relevo

O relevo da Região Norte brasileira é caracterizado por maioria de terras

baixas, como planícies, depressões e planaltos pouco elevados. As planícies

ocupam estreitas faixas de terra ao longo dos rios, como a planície dos rios

Amazonas, Araguaia e Guaporé. O restante das terras baixas corresponde às

depressões ou aos planaltos sedimentares de baixa altitude (SECTAM, 2006a).

Localizado na região compreendida entre a folha Araguaia e parte da folha

Tocantins, representado pela unidade morfoestrutural Depressão Periférica do Sul

do Pará, conforme se pode observar na figura 27, o município de São Geraldo do

Araguaia apresenta superfícies pediplanadas em rochas pré-cambrianas, recobertas

por depósitos superficiais, áreas dissecadas em colinas e ravinas que constituem a

maior porção da área, algumas cristas e eventuais serras. Em relação ao estado do

Pará, trata-se de relevo relativamente elevado (Id., ibid.).

Figura 27 - Geomorfologia do Pesam e APA Araguaia

Fonte: SECTAM, 2006a.

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A Serra dos Martírios/Andorinhas constitui um pequeno maciço quartizítico

localizado no sudeste paraense, com altitudes máximas próximas a 600 metros. Ela

representa um dos últimos remanescentes do Sistema Cordilheiriano do Centro-

Norte do Tocantins. A serra tem forma ovalar grosseira, com rebaixo central no vale

do Ribeirão Sucupira (GORAYEB et al., 2008).

Segundo Gorayeb et al. (2008), as diversificadas formas de relevo podem ser

caracterizadas em:

a) Sistema Serrano Andorinhas: domínio de serras (altitude de 250 a 500

metros), com predomínio de cristas quartizíticas alongadas, localmente

com topos aplainados e paredões escarpados, e picos entre 500 e 587

metros;

b) Sistema Colinoso Periférico a Serra: com ampla área marginal, trata-se de

relevo colinoso relativamente monótono, com altitudes de até 220 metros,

sobre camadas de xisto;

c) Planalto Residual da Bacia do Parnaíba: planalto dissecado com altitude

acima de 350 metros, sustentados por rochas sedimentares da Bacia do

Parnaíba, situados mais a leste;

d) Platô Vila Bandinha: relevo colinoso com forma de topo aplainado de até

260 metros, na porção oeste, próximo à vila Bandinha;

e) Planície Fluvial Araguaia: tabuleiros adjacentes aos sistemas de drenagem

principal, com altitudes inferiores a 77 metros, distribuídos ao longo do rio

Araguaia e seus afluentes principais; e

f) Pedra do Araguaia: formas erosivas peculiares sobre quartizitos do canal

do rio Araguaia, no trecho entre Ilha de Campo e Remanso dos Botos.

Esse autor destaca, ainda, levando-se em consideração o tema ecoturismo,

que os pontos elevados da Serra e os complexos ruiniformes propiciam a

contemplação da beleza cênica proporcionada pelo rio Araguaia; e as escarpas

subverticais, com desníveis de dezenas de metros, incluindo as cachoeiras,

possibilitam a prática de rapel e outras modalidades de lazer, relacionadas com

turismo o de aventura.

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Vegetação

O Pesam e a APA Araguaia localizam-se na zona de transição entre os

biomas Floresta Amazônica e Cerrado. Segundo o IBGE, a Amazônia é o maior

bioma do Brasil, com um território de 4.196.943 milhões de km2; o Cerrado, por sua

vez, é o segundo maior bioma, ocupando uma área de 2.036.448 km2, sendo

reconhecido como a savana mais rica do mundo. Na figura 28, pode-se observar os

biomas do Brasil.

De acordo com Amaral et al. (2008), as zonas de transição, também

denominadas ecótonos, “são consideradas como aquelas que apresentam elevada

diversidade biológica, pelo efeito de complementaridade ou aditivo das diferentes

comunidades que compõem o mosaico paisagístico” (p. 187).

Figura 28 - Biomas do Brasil

Fonte: http://profwladimir.blogspot.com.br

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Sua diversidade biológica e paisagística está distribuída entre sete diferentes

fitofisionomias, que estão destacadas no quadro 22, com suas principais

características e representações de espécies associadas.

Quadro 23 - Fitofisionomias do Pesam e suas especificidades

Fitofisionomia Setores

Fitoecológicos Principais características Espécies Predominantes

Floresta Ombrófila Densa Aluvial

floresta de galeria

É encontrada ao longo dos vales onde ocorremcursos d’água perenes, contrastando com o cerrado circundante

jatobá (Himenaea courbaril); pau-pombo (Tapirira guianensis); buriti (Mauritia vinifera)

floresta de Várzea

Ocupa áreas adjacentes ao Rio Araguaia, são inundadasanualmente no período das cheias (dezembro a abril)

ingá (Inga sp); muruci (Byrsonima crassifolia); bacuri (Platonia insignis)

Floresta Ombrófila Densa Submontana

floresta mista

Áeas abaixo de 200 m de altitude, principalmente na regiãodo rio Sucupira, ocupando as encostas da serra. É formada por árvores latifoliaresperenifólias, bem espaçadas, com altura de 10 a 25 m

jatobá (Himenaea courbaril); sucupira (Diplotropis purpurea); sapucaia (Lecythis usitata); inajá (Maximiliana regia); ebabaçu (Orbygnia martiana)

floresta densa

Localizada em áreas relativamente baixas entre o Rio Araguaia ea Serra das Andorinhas. A ocorrência de árvores de grande porte, de até 50 m de altura,reduz a luminosidade, limitando a proliferação de arbustos e cipós

castanha-do-pará (Berthollethia excelsa); cupuaçu (Theobroma grandiflorum); sapucaia (Lecythis usitata); caju-de-janeiro (Anacardium sp); ipês (Tabebuia sp)

Áreas de Tensão Ecológica

áreas de tensão ecológica

Formadas pela ocorrência de mosaicos de áreasencravadas situadas entre duas regiões ecológicas, onde uma formação vegetacionaldisjunta encontra-se inserida em outra. No caso da região do PESAM as formaçõessavânicas, presentes na Serra das Andorinhas, estão inseridas dentro do domínio da floresta amazônica

---

Cerrado ou Savana Amazônica

cerrado

Regionalmente denominado de chapada, ocupa área acima de 250 m de altitude. Há espaçamento entreas árvores que apresentam casca grossa, enrugada, galhos tortuosos, folhasgrandes e coriáceas, sem espinhos

folha-larga (Salvetia convalariodora); muruci (Byrsonima crassifolia); canela-de-ema (Velozia sp); bruto (Annona sp); pequi (Caryocar villosum); cajuí (Anacardium giganteum); e mangabeira (Hancornia speciosa)

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vegetação de carrasco

Ocupa as encostas da Serra, apresentando uma vegetaçãoque perde suas folhas no período seco

ipê-branco (Tabebuia sp); angico (Piptadenia sp); aroeira (Astronium sp); favapêndula (Parkia pedula)

Campo Cerrado ou Cerrado Ralo

campos litológicos

Pequenas áreas de altitudes acima de 500 m, entremeadasde estruturas runiformes que apresentam vegetação baixa e rasteira

gramíneas; bromélias

Campo Limpo Úmido ou Brejos Estacionais

vegetação do parque

Ocorre em meio aos campos cerrados e são representadas porpequenas áreas geralmente situadas acima de 400 m de altitude

gramíneas (Aristida sp); buriti (Mauritia vinifera)

Sistemas Secundários

floresta secundária

Formada a partir da recuperação parcial das florestas originaisderrubadas, geralmente floresta densa, floresta de galeria ou floresta mista

embaúba (Cecropia sp); babaçu (Orbygnia martiana); pau-pombo (Tapirira guianensis)

vegetação de pastagem e

roçado

áreas onde a floresta original foi destruídadando lugar às gramíneas para o gado ou plantações de mandioca, milho e arroz

---

Fonte: SECTAM, 2006a.

O Pesam apresenta 95 famílias em sua composição florística (uma não

identificada), pertencentes a 274 gêneros e 567 espécies. Há um destaque especial

para as orquídeas, cujos estudos realizados na área já identificaram 93 espécies,

especialmente nas florestas de galeria. Foram encontradas também 51 espécies de

plantas de uso medicinal, segundo tradição da população regional (SECTAM,

2006a).

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Fauna

No Pesam, em função das características de relevo e ecossistemas terrestre

e aquático, existe grande variedade de espécies de fauna. Em 1999, foram

identificadas 486 espécies de aves, 51 de mamíferos, 35 de ofídeos, seis de

quelônios, 21 de anfíbios, 16 de squamatas e 190 de peixes (SECTAM, 2006a).

Das 51 espécies de mamíferos, quatro são endêmicos, sejam: Tatu-canastra

(Priodontes maximus), macaco-aranha (Ateles marginatus), gorgo/guariba (Alouatta

belzebul) e macaco zogue-zogue (Callicebus moloch). As espécies raras são quatro:

a anta (Tapirus terrestres), e três morcegos (Mesophyla macconnelli, Pteronotus

gymnonotus e Pteronotus parnellii). Além desses, 16 estariam na lista de espécies

ameaçadas de extinção (quadro 23).

Quadro 24 - Lista de mamíferos ameaçados de extinção encontrados no Pesam

Nome científico/espécie Nome científico/espécie

o Alouatta belzebul – guariba;

o Ateles marginatus –macaco-aranha;

o Atelocynus microtis – cachorro-do-mato;

o Chiropotes satanas – macaco-cuxiú;

o Euphractus sexcintus – tatu-peba;

o Leopardus pardalis – jaguatirica;

o Leopardus Wiedii·– gato-maracajá;

o Lutra longicaudis – lontra;

o Mesophylla macconnelli – morcego;

o Myrmecophaga tridactyla – tamanduá-bandeira;

o Panthera onca – onça-pintada;

o Pteronotus gimnonotus – morcego;

o Pteronotus parnelli – morcego;

o Priodontes maximus – tatu-canastra;

o Pteronura brasiliensis – ariranha;

o Puma concolor – suçuarana.

Fonte: SECTAM, 2006a

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Das 486 espécies de aves encontradas no Pesam, 26 estariam na lista de

ameaçadas de extinção, conforme quadro 24.

Quadro 25 - Lista de aves ameaçadas de extinção encontradas no Pesam

Nome científico/espécie Nome científico/espécie

1. Anodorhynchus hyacinthinus = arara-azul;

2. Bucco macrodactylis = marucu-cabeça-castanha;

3. Crax fasciolata = mutum-pinima;

4. Crypturelus erythropus = inhambu-de-pés-vermelhos;

5. Deroptyus accipitrinus = anacã;

6. Graydidascaslus brachyurus = papagainho-verde;

7. Harpya harpyja = gavião-real;

8. Hemitriccus striaticollis = sebinho;

9. Iodopleura isabellae = assanhadinho-de-rabo-curto;

10. Malacoptila fusca = joão-barbudo-pardo;

11. Manacus manacus = rendeira;

12. Melanopareia torquata = mucuquinho-de-colar;

13. Morphnus gujanensis = uiraçu;

14. Myrmeciza longipes = papa-formiga-de-barriga-branca;

15. Nystalus striolatus = dormião-listrado;

16. Penelope marail = jacu-de-floresta;

17. Pipra nattereri = uirapuru-de-chapéu-branco;

18. Platalea ajaja = colheiro;

19. Pteroglossus bitorquatus = araçari-de-pescoço vermelho;

20. Pyriglena leuconota = olho-de-fogo;

21. Sakesphorus luctuosus = choca-lustrosa;

22. Tachyphonus cristatus = tié-galo;

23. Tinamus guttatus = inhambu-galinha;

24. Tinamus tao = azulona;

25. Tyranneutes virescens =uirapuruzinho-do-norte;

26. Xiphorhyncus spixii = arapaçu-de-spixi.

Fonte: SECTAM, 2006a

Em relação à herpetofauna, três ofídeos (canina – Pseustes sulphureus,

surucucu – Lachesis muta e sucuri – Eunectes murinus) e dois squamatas (jacaré-

açu – Melanosuchus niger e lagarto – Polychurus acutirostris) estão sob o risco de

ameaça a extinção; a jibóia (Boa constrictor) é a única espécie endêmica da

Amazônia encontrada no Pesam.

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Dados Socioeconômicos das Vilas da APA Araguaia (entorno do Pesam)

Vila de Santa Cruz dos Martírios

Situada na margem esquerda do rio Araguaia, na APA Araguaia, a Vila de

Santa Cruz dos Martírios (figura 29) é um dos mais antigos povoados da região. O

General José Vieira Couto de Magalhães, desbravador e historiador no Brasil do

século XVII, que navegou pelo Araguaia, registrou em seus relatos o povoado; de

acordo com a senhora Rita Lopes da Silva, moradora, a comunidade tem mais de

120 anos de existência (SECTAM, 2006c).

De acordo com Costa (2008), o processo de ocupação da Vila ocorreu no final

do século XIX, quando migrantes de outros estados (como Goiás e Maranhão)

chegaram à região para trabalhar na extração da borracha, coleta da castanha-do-

pará (Bertholethia excelsa) e em garimpos. Hoje, pode-se chegar a esta Vila,

partindo de São Geraldo do Araguaia, por estrada de chão (39 km) ou pelo rio

Araguaia.

Figura 29- Vila Santa Cruz dos Martírios

Fonte: SEMA, N/D

A vila ocupa cerca de 21 hectares, com aproximadamente 170 moradores

(SEMA, 2009). Estes vivem basicamente da agricultura, pecuária, benefícios sociais

(aposentadoria, bolsa família, etc.), funcionalismo público e de trabalhos temporários

nas fazendas dos arredores (PMSAGA, 2010; COSTA, 2008).

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Ainda segundo Costa (2008), relatos de moradores mais antigos apontam

para a existência, no passado, de uma aldeia indígena, o que é reforçado por

achados de materiais, como urnas, potes e cerâmicas, porém ainda não foram

realizados estudos aprofundados sobre os mesmos. Além disso, a vila foi palco de

alguns episódios da Guerrilha do Araguaia, que ainda é lembrada por alguns de

seus moradores que já ali viviam naquele período.

O padrão de construção das casas é variado (pau-a-pique, madeira e

alvenaria); a água é captada em igarapé que nasce no Pesam e distribuída na vila

por meio de tubulação, utilizando a pressão da gravidade, apenas; e a energia

elétrica vem de motores estacionários particulares, tendo em vista que o motor

comunitário, que funcionava de 18 às 22 horas está quebrado há vários meses.

Vila Sucupira

Localizada na APA Araguaia, distante cerca de 25 km da sede municipal, a

vila Sucupira está localizada no Vale de mesmo nome e possui aproximadamente 80

famílias residindo nessa. Ela teria surgido por volta de 1950, quando um baiano

conhecido como Seu Bento instalou-se ali em busca de garimpo (SECTAM, 2006c).

A vila possui duas escolas de ensino fundamental. A energia elétrica advém

de motores estacionários particulares, pois há muitos meses o motor comunitário

está parado por falta de manutenção e combustível. A água é captada em braço de

igarapé que nasce no interior do Pesam.

Os moradores vivem da agricultura de subsistência, trabalho nas fazendas do

entorno e benefícios provenientes de programas sociais. O padrão das casas é

variado (pau-a-pique, madeira e alvenaria).

Vila Ilha de Campo

A Vila Ilha de Campo é uma pequena Vila localizada na APA Araguaia, às

margens do Araguaia. Distante cerca de 25 km da sede municipal, sendo possível

seu acesso por rio ou estrada de chão. O nome da vila faz menção à Ilha que fica

em frente, onde há um campo. O início da vila se teria dado em 1957, quando um

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grupo de pessoas chegou de Croá (GO) atrás de terra para morar e garimpo para

trabalhar (SECTAM, 2006c).

Figura 30 - Coco babaçu secando para extração de óleo - Vila Ilha de Campo

Fonte: Sema, N/D

Sua população não ultrapassa 54 habitantes (SEMA, 2009b) e seu sustento

está relacionado com as atividades de pesca, agricultura de subsistência e de

extração de azeite realizada pelas quebradeiras de coco babaçu (figura 30). A renda

proveniente dos programas sociais também representa importante fonte de renda

para a população. A maioria das casas é de madeira, coberta com palha.

Na vila existe uma escola de ensino fundamental. Um poço artesiano

abastece a população. A exemplo das outras vilas, também está com motor

comunitário sem funcionar há meses.

Projetos de Assentamento (PA) Tira-Catinga e Buqueirão

Instituído por meio da portaria do Incra nº. 159/1998, o PA Tira-Catinga possui

40 lotes, ocupa uma área de 1.445 hectares e está localizado na margem da BR

153. Em área contígua foi criado, no ano consecutivo, o PA Buqueirão, por meio da

portaria nº. 161/1999, do Incra, com área de 2.892 hectares, subdividida em 49 lotes

(SECTAM, 2006c).

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A atividade pecuária, a exemplo da região, predomina nos assentamentos

rurais, havendo também a agricultura de subsistência, como da mandioca, com

venda de excedente. Ambos os assentamentos dispõem de associação constituída e

ativa (Id., ibid.).

O Uso Público no Pesam e entorno

Conforme disposto no Plano de Manejo do Pesam (SECTAM, 2006), a

visitação já ocorre no Pesam e na APA Araguaia, porém de modo pouco ordenado e

sem atrativos implementados. Para fins didáticos, o parque foi dividido em quatro

setores de visitação: 1- Casa de Pedra; 2 - Brejo dos Padres; 3 - Ao longo do Rio

Araguaia; e 4 - Novos Atrativos a serem implementados, conforme se observa na

figura 31, que segue.

Figura 31 - Setores de Visitação do Pesam

Fonte: SECTAM, 2006b.

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Setor 01 – Casa de Pedra

Este atrativo localiza-se na porção noroeste do Pesam, tendo acesso por

trilha, com caminhada de cerca de 5 km, aproximadamente 3,5 hora, a partir da

residência do senhor Zeca do Jorge (BR 153), conforme figura 32; existe outro

caminho, pela entrada da Cachoeira Três Quedas, porém menos utilizado. O local é

acessível apenas por caminhada ou tração animal (equinos). No caminho é possível

se deparar com córregos e poções para banho.

Figura 32 - Acesso da Casa de Pedra partindo da propriedade do senhor Zeca do Jorge (BR 153)

Fonte: SECTAM, 2006.

A trilha é marcada pela presença de formações rochosas e espécies vegetais

representativas da região, com destaque especial para as orquídeas. Trata-se de

formação rochosa natural em forma de arco (figura 33), onde ocorre anualmente a

Festa do Divino Espírito Santo (figura 34), visitada por um grande contingente de

pessoas. A celebração ocorre desde 1989, segundo relato de romeiros (SECTAM,

2006b).

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Figura 33 - Casa de Pedra (aspecto externo)

Figura 34 - Romeiros durante reza no Festejo do Divino (interior da Casa de Pedra)

Fonte: Abel Pojo, 2012 Fonte: SEMA N/D

Em relação às recomendações do Plano de Manejo do parque, há que se

destacar as que seguem no quadro 25, abaixo.

Quadro 26 - Recomendações de visitação para o Setor Casa de Pedra

Tempo médio de permanência no local

Mínimo: 1 hora Máximo: 3 pernoites

Nível de dificuldade De moderado a pesado

Capacidade de Suporte

Ocasiões normais: 40 pessoas Eventos organizados: 200 pessoas para visita/ 100 pessoas para permanência por noite

Aspectos de atratividade

Abióticos; Bióticos; Histórico-culturais; Religiosos; Paisagísticos e Recreativos

Público-alvo Visitantes convencionais;

Escolares de São Geraldo do Araguaia, São Domingos do Araguaia, Marabá e Xambioá;

Romeiros da Festa do Divino Espírito Santo;

Comunidade em geral.

Equipamentos facilitadores demandados

Placas indicativas e interpretativas no percurso; equipamentos de segurança em trechos íngremes (cordas e corrimões); calçamento em áreas críticas (úmidas e frágeis); delimitação de áreas para pernoite e fogueiras; curral para até 5 animais de carga, sanitários e depósito.

Fonte: SECTAM, 2006b. Adaptado.

Hoje o atrativo é visitado, basicamente, no período do Festejo do Divino, cuja

data é móvel, sendo o seu início40 dias após o domingo de páscoa, quando sobem

os primeiros romeiros. No primeiro dia é levantado o mastro em devoção ao Divino

Espírito Santo. Seguem-se com rezas diárias, pela manhã, pela tarde e pela noite e,

no décimo dia, o mastro é derrubado e os romeiros retornam para suas casas.

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Setor 02 – Brejo dos Padres

O Brejo dos Padres situa-se na porção nordeste/central do Pesam. Seu

acesso é feito a partir da Vila Santa Cruz10, totalizando 10 km, dos quais cerca de

2,5 km por estrada de terra, em veículo tracionado, e o restante por caminhada. O

percurso completo leva cerca de 3,5 horas e pode ser observado na figura 35. No

caminho, especialmente nas épocas de chuva, existem trechos de travessia de

igarapés, áreas alagadas e campos úmidos, ambientes de extrema fragilidade

ecológica.

Figura 35- Acesso ao Brejo dos Padres, partindo da Vila Santa Cruz. (BR 153)

Fonte: SECTAM, 2006b.

O ponto final é constituído por formações rochosas em forma de corredores e

diversos abrigos sob rocha, além de um pequeno poço apropriado para banho.

Estes elementos ficam bastante próximos entre si, não ultrapassando um raio de

500 metros.

10

A vila Santa Cruz localiza-se na APA Araguaia e seu acesso pode ser feito à partir da sede municipal de São Geraldo do Araguaia por estrada de terra, em veículo tracionado, ou pelo Rio Araguaia, em voadeira com tempo de viagem estimado em uma hora.

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Em relação às recomendações do Plano de Manejo do parque, há que se

destacar as que seguem no quadro 26, abaixo.

Quadro 27 - Recomendações de visitação para o Setor Brejo dos Padres

Tempo médio de permanência no local

Mínimo: 1,5 hora Máximo: 2 pernoites

Nível de dificuldade De leve a moderado (desconsiderando a distância)

Capacidade de Suporte

Visita normal: 20 pessoas (divididas em dois grupos alternados) Pernoite: 5 pessoas

Aspectos de atratividade

Abióticos; Bióticos; Histórico-culturais; Paisagísticos; Recreativos

Público-alvo Ecoturistas.

Equipamentos facilitadores demandados

Pedras para calçamento em áreas alagadas, pontes e pinguelas11

para travessia de corpos d´água, se for o caso. Não deverá haver sinalização ou outras interferências na paisagem, deixando o ambiente no estado mais natural possível. A única placa indicada se localizará junto à área de camping, contendo as normas de permanência, e deverá preferencialmente ser em estilo ‘totem’ (feita em pedra), visando sua integração com o ambiente.

Fonte: SECTAM, 2006b. Adaptado.

Setor 03 – Ao longo do Rio Araguaia

Ao longo do rio Araguaia, partindo de São Geraldo do Araguaia até a Vila

Santa Cruz existem inúmeros pontos de atratividade, pertencentes ou não ao

Pesam, conforme se observa na figura 36. Pode-se chegar nessa vila, que serve

como ponto de apoio para visitar os atrativos do setor, por via fluvial ou terrestre.

Pelo Rio Araguaia, em voadeira, o percurso pode ser feito em cerca de uma hora.

Por terra, são 39 km em estrada de chão, acessível em veículo tracionado.

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Pontes improvisadas a partir de troncos de árvore.

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Figura 36 - Acesso ao Setor 03, ao longo do Rio Araguaia, partindo da sede municipal.

Fonte: SECTAM, 2006.

O Plano de Manejo (SECTAM, 2006b) divide os atrativos desse setor em:

cachoeiras, sítios arqueológicos/espeleológicos e povoados/vilas. Três cachoeiras

se destacam: “Sem Nome”, Riacho Fundo e Spanner, todas com visitação permitida

(Figuras 37, 38 e 39). A partir da margem do Araguaia, as caminhadas variam de 1 a

1,5 km.

Figura 37 - Cachoeira "Sem

Nome"

Figura 38 - Cachoeira Riacho

Fundo

Figura 39 - Cachoeira do

Spanner

Fonte: SEMA N/D

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Em relação às recomendações do Plano de Manejo do parque, há que se

destacar as que seguem no quadro 27, abaixo.

Quadro 28 - Recomendações de visitação para as cachoeiras do Setor ao longo do Rio Araguaia

Tempo médio de permanência no local

1,5 hora

Nível de dificuldade De moderado a pesado (podendo diminuir mediante instalação de equipamentos facilitadores)

Capacidade de Suporte

Visita normal: 20 pessoas em cada(divididas em dois grupos alternados)

Aspectos de atratividade

Abióticos; Bióticos; Recreativos

Público-alvo Visitantes convencionais e ecoturistas

Equipamentos facilitadores demandados

Equipamentos de redução do impacto da visitação (pequenas passarelas, pontes e pinguelas) e equipamentos de segurança(pinguelas e cordas de apoio para lances de escalada mais complexos e locais escorregadios).

Fonte: SECTAM, 2006b. Adaptado.

Dos sítios arqueológicos/espeleológicos do setor, destacam-se a Caverna

Remanso dos Botos, Abrigo da Casa da Cultura, Pedra Escrita e abrigo associado.

No caso das cavernas, o número de visitantes nunca deve exceder dez pessoas.

Nos sítios, é importante fazer o salvamento de vestígios arqueológicos e

aprofundamento de estudos, bem como construção de anteparos para impedir o

contato direto do visitante com as pinturas rupestres (SECTAM, 2006b).

Os povoados localizados no setor são a Vila Santa Cruz e a Vila Ilha de

Campo (figuras 40 e 41). Essas vilas apresentam peculiaridades que podem chamar

a atenção dos visitantes, seja pela sua rusticidade ou pela possibilidade de desfrutar

seus pescados e ter contato com os “modos de ser, fazer e viver” dessas

comunidades (Id., Ibid.).

Figura 40 - Vila Santa Cruz

Figura 41 - Vila Ilha de Campo

Fonte: SEMA N/D Fonte: SEMA N/D

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De acordo com a SECTAM (2006b), atividades especializadas podem ser

desenvolvidas a médio e longo prazos, porém, são necessárias ações de

capacitação de condutores de visitantes locais. Essas atividades são :observação de

aves, botos, jacarés, tartarugas e mamíferos terrestres diversos; explanações sobre

propriedades medicinais de plantas locais e seu aproveitamento culinário; além de

observação astronômica.

Esse setor do Pesam será melhor descrito no capítulo posterior, tendo em

vista ser o locus de desenvolvimento do plano participativo de uso público proposto

por este estudo.

Setor 04 – Porção sudoeste do Pesam

Localizado na região próxima ao vale do Sucupira, essa área possui beleza

cênica, com locais para banho e caminhadas, com presença de cachoeiras com

potencial de atratividade (figura 42). Além disso, nesse setor também está a gruta da

Cutia e a Caverna Serra das Andorinhas, sendo a segunda a maior cavidade natural

do Pesam, apresentando cerca de 1 km de desenvolvimento, grande salão, piso

plano e microestalactites (SECTAM, 2006b).

Esse setor está no entorno da vila Sucupira, que pode ser um ponto de apoio

a visitação, porém, essa área ainda não foi suficientemente estudada do ponto de

vista do Uso Público, ficando esses estudos indicados pelo plano de manejo, para

serem realizados como quarta prioridade para abertura a visitação (id., ibid.).

Figura 42 - Cachoeiras contíguas e de aparente poder de atratividade em uma das glebas ocupadas por moradores no interior do PESAM

Fonte: acervo pessoal do Sr. Guilherme A. Guimarães. (SECTAM, 2006b)

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4.2. INVENTÁRIO E DIAGNÓSTICO

4.2.1. Infraestrutura e Serviços Existentes no Pesam e APA Araguaia

Infraestrutura de apoio à gestão

Para a sua gestão, o Pesam e a APA Araguaia contam com sede

administrativa alugada na sede municipal (figura 43), micro-ônibus, camionete com

tração nas quatro rodas, motocicleta e voadeira com motor de popa. Seu quadro

funcional atual está descrito no quadro 28, em seguida. No interior das unidades,

ainda não existe infraestrutura de apoio à gestão.

Figura 43 - Faixada da sede administrativa da Sema em São Geraldo do Araguaia

Figura 44 - Sede administrativa da Sema em São Geraldo do Araguaia

Fonte: Antônio Santos, 2013. Fonte: Antônio Santos, 2013.

Quadro 29 - Quadro funcional do Pesam e APA Araguaia

QUADRO FUNCIONAL QTD.

Gerente / Turismólogo 01

Zootecnista 01

Engenheiro Agrônomo 01

Licenciado em Letras 01

Piloto de Embarcação 01

Motorista 01

Auxiliar Operacional – campo 01

Auxiliar Operacional – escritório 01

Estagiário (nível médio) 05

Vigilante (escritório) 04

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Sinalização

O parque conta com 11 placas de sinalização, localizadas em pontos

estratégicos para indicar seus limites (parque/APA) e nas vilas, à exemplo das

expostas nas figuras 45 e 46. Com exceção dessas, não existem outras placas

orientativas (direções, localidades, etc.) ou educativas.

Figura 45 -Placas de sinalização no Pesam e na APA Araguaia (Morro do Mirante)

Figura 46 - Placas de sinalização no Pesam e na APA Araguaia (Vila Santa Cruz)

Fonte: Jefferson Barroso, 2013.

Acesso e transporte para o Pesam e APA Araguaia

Partindo da sede municipal de São Geraldo do Araguaia, pode-se acessar o

Pesam e a APA Araguaia (figura 47) por via terrestre (BR 153 e/ou vicinais) ou por

via fluvial (Rio Araguaia); isso dependerá da região das unidades que se pretende

visitar. Por água, não existe linha regular (com dias e horários marcados), sendo

necessário fretar uma voadeira, geralmente com lotação de 4 a 6 passageiros (ver

figuras48 e 49); existe associação de barqueiros locais e os pilotos são habilitados e

tem conhecimento do trajeto.

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Figura 47 - Acesso terrestre e fluvial ao Pesam e APA Araguaia

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Figura 48 - aspecto do Rio Araguaia com destaque para o Pesam, ao fundo

Figura 49 - voadeira utilizada para navegar no Rio Araguaia

Fonte: Abel Pojo, 2011 Abel Pojo, 2012

Já por via terrestre, na BR 153, existem as linhas que atravessam essa

rodovia em direção à Marabá (ônibus e van); nas vicinais (figura 50), existe linha

regular, uma vez ao dia, em veículo popularmente conhecido como “pau-de-arara”

(figura 51). Os veículos terrestres particulares geralmente são mais usados, sendo

que no caso das vicinais, esse precisa ser tracionado nas quatro rodas.

Conforme observado em campo e levantado durante oficina de planejamento

participativo, as condições de trafegabilidade da rodovia são geralmente boas,

porém, as vicinais, especialmente no inverno, são ruins.

Figura 50 - transporte popularmente conhecido como “pau-de-arara”

Figura 51 - aspecto da estrada de acesso ao Pesam e APA Araguaia

Fonte: Abel Pojo, 2012 Abel Pojo, 2013

Para o Setor 03, enfoque deste estudo, os principais acessos são o Rio

Araguaia e a vicinal conhecida por Estrada do Sucupira. Para se chegar à Vila Ilha

de Campo, à partir da sede municipal, pode-se percorrer cerca de 18 km em estrada

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ou 15 km pelo rio, com tempo médio de percurso de 30 e 20 minutos,

respectivamente. Para a vila Santa Cruz, são 39 km pela mesma estrada ou 35 km

pelo mesmo rio, com o tempo médio de 90 e 60 minutos, respectivamente.

Infraestrutura de apoio à visitação pública

Alimentação

Em nenhuma das duas vilas (Ilha de Campo e Santa Cruz) existe restaurante,

entretanto, em ambas existem moradores que eventualmente atendem aos

visitantes. Na vila Santa Cruz existe, ainda, uma pousada, que dispõe de estrutura

para refeições (espaço e utensílios), conforme figuras 52 e 53, bem como, pelo

menos, quatro moradoras que realizam o serviço em suas residências, quando

acionadas. Na vila Ilha de Campo, uma moradora costuma atender os grupos de

visitantes.

Figura 52 - Grupo fazendo refeição na pousada da vila Santa Cruz

Figura 53 - Espaço para refeições na Pousada Recanto das Andorinhas

Fonte: Abel Pojo, 2012. Fonte: Adailton Brito, 2013.

Conforme observação de campo e indicação na oficina de planejamento são

poucos os locais disponíveis e pouca a qualificação para atendimento ao público,

embora a boa acolhida seja característica dos dois lugares.

Condutores

Foram promovidos pelo órgão gestor das unidades duas edições do Curso de

Formação de Condutores de Visitantes em Atrativos Naturais. Na primeira edição,

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em 2010, foram formados, aproximadamente, 20 moradores da Vila de Santa Cruz;

na segunda edição, em 2012, foram disponibilizadas vagas para as três vilas (Ilha de

Campo, Sucupira e Santa Cruz), sendo formados 13, apenas das vilas Sucupira e

Santa Cruz; nenhum morador da Vila Ilha de Campo se inscreveu e participou da

formação.

Figura 54 - Turma 2010

Figura 55 - Turma 2012

Fonte: SEMA, 2010. Fonte: Abel Pojo, 2012.

Hospedagem

Na vila Ilha de Campo, não há pousadas; a acolhida na casa dos moradores é

uma opção, mas não há estrutura disponível nas casas disponível especialmente

para receber visitantes. Na vila Santa Cruz, a possibilidade de acolhida residencial

também existe. Pelo menos três moradores, habitualmente, disponibilizam quartos

para receber visitantes (amigos ou turistas) e existe uma pousada nessa vila (figura

56) com dois quartos e redário, além de espaço para camping.

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Figura 56 - Pousada Recanto das Andorinhas, Vila Santa Cruz

Figura 57 - Acampados em residência de morador da vila Santa Cruz

Fonte: Adaiton Brito, 2013 Fonte: Cibele Donato, 2011.

No caso das duas vilas é comum que no verão os visitantes alojem-se em

barracas nos quintais ou praias (figura 57), utilizando as casas dos moradores locais

como ponto de apoio para refeições e uso dos banheiros. Segundo dados

levantados em oficina, a disponibilidade de leitos atende parcialmente a demanda,

sendo o maior problema a falta de comunicação (telefonia e internet), que dificulta o

contato dos potenciais hóspedes com os meios de hospedagem disponíveis.

Energia Elétrica

Conforme observado em visitas de campo e apontado na oficina de

planejamento, nenhuma das vilas do setor 03 do Pesam (Ilha de Campo e Santa

Cruz), dispõe de eletricidade. Segundo os moradores, há quase um ano os três

motores estacionários que geravam energia elétrica – um em cada vila – queimaram

(não simultaneamente) e não foram concertados pela prefeitura municipal, que

habitualmente realizava os reparos e fornecia combustível necessário para o

funcionamento do motor entre 18 e 22 horas, diariamente.

Com isso, apenas os motores particulares atendem às famílias atualmente. O

funcionamento atende a necessidade de cada família. Não há previsão para

chegada de rede de energia elétrica e foi observada mobilização comunitária em prol

de resolver a questão. Essa foi apontada como problema comum e que dificultará o

desenvolvimento do uso público, visto que as vilas servem de ponto de apoio para

visitantes.

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Posto de Saúde

Apenas a vila Santa Cruz dispõe de pequeno posto de atendimento pré-

hospitalar, com um auxiliar de enfermagem que é morador da vila; o local é posto e

residência do profissional. Existe, ainda, uma ambulancha, ou seja, uma voadeira

que serve para o transporte de pacientes para a sede municipal, onde há um

hospital. Existe também na vila um Agente Comunitário de Saúde (ACS). Na outra

comunidade, a Vila Ilha de Campo, existe apenas o ACS, que mediante urgências e

disponibilidade, utiliza sua voadeira particular para transportar pacientes para a sede

municipal.

Figura 58 - Posto de atendimento na Vila Santa Cruz

Figura 59 – Ambulancha

Fonte: Adailton Brito, 2013. Fonte: Adailton Brito, 2013.

Em oficina, os participantes apontaram a baixa capacidade de atendimento de

casos mais complexos nesse posto, por falta de utensílios e pessoas mais

especializadas, servindo como ponto de curativo e, eventualmente, distribuição de

remédios mais simples, sendo recorrente a necessidade de buscar o hospital

municipal.

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4.2.1. Mapeamento dos pontos de Visitação do Setor 03 do Pesam e APA

Araguaia

Com vistas a fazer um cruzamento entre os locais de visitação do setor 03

apontados na oficina de mapeamento participativo e no Plano de Manejo do Pesam

(SECTAM, 2006b), que prevê visitação tanto em atrativos dessa UC, quanto da APA

Araguaia, visto tratarem-se de unidades contíguas, foi elaborado o quadro 29,

abaixo.

Quadro 30- Atrativos listados durante a oficina de mapeamento participativo

Atividades apontadas no Mapeamento Participativo

UC Indicação do Plano de Manejo para visitação?

23. Abrigo Casa da Cultura (Pedra Pintada) Pesam Sim

24. Abrigo Pedra Escrita APA Araguaia Sim

25. Brejo dos Padres Pesam Sim

26. Cachoeira “Sem Nome” (ou Véu de Noiva) Pesam Sim

27. Cachoeira do Spanner (ou do Félix) Pesam Sim

28. Cachoeira Riacho Fundo Pesam Sim

29. Caldeirão do Diabo (caverna e cachoeira) APA Araguaia Sim

30. Caverna do Morcego APA Araguaia Não

31. Caverna Remanso dos Botos APA Araguaia Sim

32. Foz do Igarapé Sucupira Pesam Sim

33. Ilha dos Martírios APA Araguaia Sim

34. Lago Remanso dos Botos APA Araguaia Não

35. Morro do Bode Pesam* Não

36. Morro do Mirante Pesam Não

37. Poção de Santa Cruz APA Araguaia Não

38. Poção do Antônio Crente Pesam* Não

39. Poção do Cajú Pesam* Não

40. Poção do Isidoro APA Araguaia Não

41. Poção do Zequinha APA Araguaia Não

42. Praia de Santa Cruz APA Araguaia Não

43. Praia Ilha de Campo APA Araguaia Não

44. Praia Remanso dos Botos APA Araguaia Não

45. Rio Araguaia/Pesca Esportiva - Não

Assim, atendendo ao disposto da Lei do SNUC (9.985/2000); e às

recomendações do Plano de Manejo do Pesam, foram excluídos os atrativos: Morro

do Bode, Poção do Antônio Crente e Poção do Cajú, por estarem no setor quatro do

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Pesam, em área onde o Plano de Manejo indica a necessidade de estudos

complementares para assegurar que a visitação não causará grandes danos

ecológicos; o Morro do Mirante, apesar de não indicado para visitação no Plano de

Manejo, é atualmente visitado com anuência do órgão gestor e, inclusive, abrigará

infraestrutura para visitantes.

No caso da APA Araguaia, todos os atrativos indicados já recebem visitantes

(locais ou de fora) com anuência dos proprietários, para o caso das áreas

particulares, e com anuência das comunidades, para os casos de áreas de uso

comum dos moradores.

Diante disso, chega-se a proposta dos atrativos que comporão o Plano de

Uso Público do Setor 03 do Pesam e APA Araguaia, ficando evidente no quadro 30,

abaixo, quais já estavam previstos no Plano de Manejo e quais se tratam de nova

proposta. Esses estão, ainda, divididos em duas sub-regiões: vila Santa Cruz e vila

Ilha de Campo, com exceção para o Brejo dos Padres e o Caldeirão do Diabo, que

pertencem aos setores 02 e 04, respectivamente. Todos os atrativos serão

caracterizados no subtópico posterior, sendo alguns agrupados pela grande

proximidade geográfica.

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Quadro 31 - Atrativos para visitação do Setor 03 (e entorno) do Pesam e APA Araguaia

Atrativos UC Indicação

Setor 03 – Região Vila Ilha de Campo

1. Praia Ilha de Campo APA Araguaia Nova proposta

2. Praia Remanso dos Botos APA Araguaia Nova proposta

3. Caverna Remanso dos Botos APA Araguaia Plano de Manejo

4. Lago Remanso dos Botos APA Araguaia Nova proposta

Setor 03 – Região Vila de Santa Cruz

5. Foz do Igarapé Sucupira/Abrigo Casa da Cultura

Pesam Plano de Manejo

6. Cachoeira “Sem Nome”/Cachoeira Riacho Fundo

Pesam Plano de Manejo

7. Cachoeira do Spanner Pesam Plano de Manejo

8. Abrigo Pedra Escrita/Caverna do Morcego APA Araguaia Plano de Manejo

9. Ilha dos Martírios APA Araguaia Plano de Manejo

10. Praia de Santa Cruz APA Araguaia Nova proposta

11. Poção de Santa Cruz/Poção do Zequinha APA Araguaia Nova proposta

12. Poção do Isidoro APA Araguaia Nova proposta

13. Morro do Mirante Pesam Nova proposta

14. Rio Araguaia/Pesca Esportiva - Nova proposta

Setor 02

15. Brejo dos Padres Pesam Plano de Manejo

Setor 04

16. Caldeirão do Diabo (caverna e cachoeira) APA Araguaia Plano de Manejo

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4.2.3. Caracterização dos Atrativos do Setor 03 Do Pesam e APA Araguaia

REGIÃO ILHA DE CAMPO

Praia Ilha de Campo

Localizada na ilha em frente à Vila Ilha de Campo, essa praia (figura 60)

emerge com a baixa do rio Araguaia, formando uma ponta de areia que é muito

procurada para banho e acampamento durante o veraneio. Pode-se ir por estrada

(25 km) até a vila e depois atravessar em barco de morador, ou partir diretamente

embarcado da sede municipal, com percurso de cerca de15 minutos.

Figura 60- Praia Ilha de Campo

Fonte: Nilson Amaral, 2012

Atividades indicadas

Educação ambiental, lazer (banho e piquenique), acampamento, turismo de

aventura.

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Praia Remanso dos Botos

Essa praia fica na região do Remanso dos Botos, na APA Araguaia, sendo

visitável no período da estiagem, quando desce o nível do rio Araguaia e despontam

os bancos de areia (figura 61). Ela é acessível por terra, cerca de 35 Km sobre

estrada de chão, à partir da sede municipal; ou por água, cerca de 25 minutos em

voadeira.

Figura 61 - Praia Remanso dos Botos

Figura 62 - Barraca de palha

Fonte: Nilson Amaral, 2012 Fonte: Nilson Amaral, 2012

O lugar recebe bastante visitantes, especialmente no mês de julho. Dispõe de

infraestrutura, como um bar e restaurante, alguns quartos (chalés) para pernoite,

além de barracas de palha instaladas na praia, geralmente utilizadas para cozinhar

pelos grupos que preferem acampar, como a da figura 62, acima.

Atividades indicadas

Educação ambiental, lazer (banho e piquenique), acampamento e turismo de

aventura.

Caverna Remanso dos Botos

Localizada na APA Araguaia, próximo à margem do rio Araguaia, na região do

Remanso dos Botos, a caverna apresenta acesso com certo grau de dificuldade, por

estar em região de alta declividade. A cavidade exibe um grande e alto salão de

entrada com boas características para visitação pública, não devendo ultrapassar o

número de 10 pessoas, sempre acompanhadas de condutor. O acesso à boca leste

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e ao salão norte deve ser impedido, pois há perigo de desabamento (SECTAM,

2006b).

Atividades indicadas

Educação ambiental, educação patrimonial e pesquisa.

Lago Remanso dos Botos

O lago, localizado na APA Araguaia (figura 63), na região conhecida como

Remanso dos Botos, é acessível pelo rio Araguaia (20 minutos em voadeira), a partir

da sede municipal, desembarcando-se então na margem do Araguaia e perfazendo

caminhada de cerca de 200 metros; ou por estrada de chão (35 km a partir da sede

municipal).Trata-se de uma área particular.

Figura 63 - Lago Remanso dos Botos

Fonte: Socorro Almeida, 2010.

Atividades indicadas

Trilha interpretativa, lazer (piquenique e banho), educação ambiental,

esportes radicais (tirolesa, canoagem), pesquisa.

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Foz do Igarapé Sucupira / Sítio Arqueológico Abrigo Casa da Cultura

Localizado no interior do Pesam, o sítio arqueológico é acessível através de

trilha de cerca de 200 metros, a partir da margem do rio Araguaia, junto à foz do

igarapé Sucupira. Trata-se de um pequeno abrigo de rocha que apresenta um painel

com pinturas rupestres (figura 64), ainda sem maiores estudos arqueológicos.

(SECTAM, 2006b; PEREIRA, 2008), estando em discussão a realização do mesmo

por meio de parceria com o IPHAN e o Museu Goeldi.

Figura 64 - Pinturas rupestres no Abrigo Casa da Cultura

Figura 65 - Leito do Igarapé Sucupira, próximo de sua foz

Fonte: Abel Pojo, 2012 Fonte: Abel Pojo, 2012

O atrativo integrado ao abrigo é o próprio igarapé Sucupira, que se destaca

pela beleza cênica do seu leito sobre rochas, nesse trecho junto à sua foz, com água

transparente e fria (figura 65).

Atividades indicadas

Trilha interpretativa, lazer (piquenique e banho), educação ambiental,

educação patrimonial, pesquisa e turismo e aventura.

Cachoeiras ‘Sem Nome’ e Cachoeira Riacho Fundo

Localizadas no interior do Pesam, essas duas cachoeiras (figuras 66 e 67)

são acessadas pela mesma trilha, com cerca de 1,5 km de extensão (cerca de 1

hora de caminhada), à partir da margem do rio Araguaia. A caminhada é iniciada em

uma fazenda (APA Araguaia), adentrando-se depois em área de mata (Pesam),

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sempre margeando o córrego e em alguns momentos caminhando-se sobre a área

alagada, formada de pedras irregulares e em alguns trechos escorregadias.

Figura 66 - Cachoeira “Sem Nome”

Figura 67 - Cachoeira Riacho Fundo

Fonte: Abel Pojo, 2009 Jefferson Barroso, 2009

A primeira queda avistada, a Cachoeira ‘Sem Nome’, tem sua queda sobre

rochas, sem poção de banho (figura 66). Já a segunda, cerca de 200 metros

adiante, a Cachoeira Riacho Fundo (figura 67), possui um poção para banho. A

queda da primeira é de cerca de 60 metros, já da segunda de 15 metros, segundo o

Plano de Manejo do Pesam (SECTAM, 2006b).

Atividades indicadas

Trilha interpretativa, lazer (piquenique e banho), educação ambiental,

pesquisa e turismo de aventura.

Cachoeira do Spanner

Igualmente no interior do Pesam e com características similares às

cachoeiras ”Sem nome” e Riacho Fundo, esta cachoeira torna-se um pouco mais

acessível pela proximidade da Vila de Santa Cruz (cerca de 10 minutos de

voadeira). A caminhada para a mesma se inicia ainda na APA Araguaia, junto à Foz

do Igarapé do Félix, dentro de uma propriedade particular (uma fazenda), seguindo

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por área de pasto até a entrada da mata (parque). São cerca de 1,5 km de

caminhada, o que leva, em média, 1 hora.

O caminho desta encontra-se bem demarcado e a dificuldade é relativamente

menor em relação às outras duas, porém apresenta também trechos com pedras

escorregadias (figura 68). De acordo com o Plano de Manejo (SECTAM, 2006b), sua

queda é de cerca de 70 metros (figura 69).

Figura 68 - Travessia sobre pedras na trilha da Cachoeira do Spanner

Figura 69 - Cachoeira do Spanner

Fonte: Abel Pojo, 2013 Abel Pojo, 2013

Atividades indicadas

Trilha interpretativa, lazer (piquenique e banho), educação ambiental,

pesquisa e turismo de aventura.

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Sítio Arqueológico Pedra Escrita/ Caverna do Morcego

Localizado na APA Araguaia, junto à margem do Rio Araguaia, próximo à Vila

de Santa Cruz, o sítio reúne mais de 500 gravuras, entre antropomorfas (figuras

humanas), zoomorfas (figuras de animais) e grafismo puro (sem identificação com

nenhuma representação física do atual contexto) (PEREIRA, 2008).

Figura 70 - Painel Pedra Escrita

Figura 71 - Caverna do Morcego

Fonte: SEMA, N/D Fonte: SEMA, N/D

O destaque especial na figura 70, acima, é um painel que deu o nome ao

sítio, onde se concentram diversas dessas formas e que normalmente passa o ano

todo emerso, com exceção das grandes cheias do Rio Araguaia. Durante a seca,

pode-se chegar ao local caminhando a partir da Vila Santa Cruz, com percurso de

cerca de 300 metros; na cheia, somente por meio de voadeira, com 5 minutos de

trajeto a partir da mesma vila.

Com caminhada de cerca de dez minutos adiante da Pedra Escrita, chega-se

à Caverna do Morcego. Trata-se de abrigo sob rocha, que chama atenção pela

disposição de rochas como se fossem camadas, o que lhe confere uma singular

beleza, conforme se observa na figura 71, acima.

Atividades indicadas

Trilha interpretativa, educação ambiental, educação patrimonial, pesquisa.

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Sítio Arqueológico Ilha dos Martírios

O sítio arqueológico Ilha dos Martírios (figuras 72 e 73), tornou-se bastante

conhecido por servir como referência para os bandeirantes sobre a localização de

supostas minas de ouro que existiriam na região. No entanto, o primeiro registro que

se tem dessas gravuras foi por meio de estudos do naturalista francês Henri

Coudreau, no final do século XIX, fruto de sua viagem entre os anos de 1896 e 1897

pela região (LOBATO e COSTA, 2008).

A técnica utilizada nas gravuras é a picotagem - formação de sulco sobre a

rocha - e as formas, num total de 3.039, majoritariamente grafismo puro, ou seja, a

maior parte das formas que não se identificam com representações materiais do

nosso universo. As demais gravuras fazem referência a figuras humanas e de

animais (PEREIRA, 2008).

Figura 72 - Visitantes na Ilha dos Martírios

Figura 73 - Gravuras rupestres (preenchidas com areia) na Ilha dos Martírios

Fonte: Abel Pojo, 2012 Fonte: SEMA, N/D

A ilha fica no Rio Araguaia em frente à vila de Santa Cruz, onde se chega de

voadeira, com percurso médio de 05 minutos, saindo da vila. Conforme aferido junto

aos moradores durante a oficina, a visitação somente é possível aproximadamente

entre os meses de junho e setembro, visto que nos demais meses ela fica submersa

pelo rio Araguaia.

Atividades indicadas

Educação ambiental, educação patrimonial e pesquisa.

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Praia de Santa Cruz

Localizada na APA Araguaia, a praia de Santa Cruz (figuras 74 e 75),

segundo levantado em oficina com os moradores, fica emersa entre os meses de

junho a setembro, aproximadamente, recebendo um quantitativo razoável de

visitantes vindos, sobretudo, do Pará e do Tocantins. Essa se localiza junto à Vila e

é também muito utilizada pela população local, onde é possível interagir socialmente

e ouvir histórias sobre o rio Araguaia.

Figura 74 - Praia de Santa Cruz; serra no estado do Tocantins, ao fundo

Figura 75 - Final de tarde na praia de Santa Cruz

Fonte: Abel Pojo, 2012 Fonte: Abel Pojo, 2012

Atividades indicadas

Educação ambiental e lazer (banho e piquenique).

Poção de Santa Cruz e Poção do Zequinha

Localizados na APA Araguaia, tanto o Poção de Santa Cruz (figura 76) quanto

o Poção do Zequinha (figura 77) ficam a menos 1km da Vila de Santa Cruz. Tratam-

se de poços naturais para banho no Igarapé Santa Cruz. Destacam-se por suas

águas límpidas e frias; ideal para dias de sol e calor. Seu acesso pode ser feito por

caminhada em trilha (estiagem) ou por embarcação (no período da cheia).

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Figura 76 - Poção de Santa Cruz

Figura 77 - Poção do Zequinha

Fonte: Abel Pojo, 2011 Fonte: Valdemir de Oliveira, 2012.

Atividades indicadas

Trilha interpretativa, educação ambiental, caminhada, lazer (banho e

piquenique) e pesquisa.

Poção do Isidoro

Localizado na APA Araguaia, próximo ao limite do Pesam, o Poção do Isidoro

(figura 78) é adequado para banho, e é acessível pela estrada que liga a Vila de

Santa Cruz à sede municipal. Este se localiza em propriedade do senhor Isidoro,

sendo estendido o seu nome ao local.

Figura 78 - Poção do Isidoro

Fonte: Adailton Brito, 2013.

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Atividades indicadas

Trilha interpretativa, educação ambiental, caminhada, lazer (banho e

piquenique) e pesquisa.

Morro do Mirante

Localizado no interior do Pesam, junto à estrada do Sucupira, a cerca de 34

km da sede municipal (já próximo à Vila Santa Cruz), este local permite uma

visualização panorâmica (figura 79) dessa região da serra, onde é possível notar

claramente a transição de biomas (amazônico e cerrado), além de possuir

exponencial beleza cênica.

Figura 79 - Visão panorâmica a partir do Morro do Mirante

Fonte: Abel Pojo, 2012

Atividades indicadas

Turismo de aventura, Interpretação e educação ambiental.

Rio Araguaia

O rio Araguaia (figura 80), cujo significado em tupi é Rio das Araras

Vermelhas, nasce no município Goiano de Mineiro, na divisa dos estados de Goiás e

Mato Grosso do Sul. O rio, com 2.114km de extensão, é o divisor natural entre os

estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará. Um dos 20 municípios12 às

margens do Araguaia é São Geraldo do Araguaia – PA (SECTAM, 2006).

12

Os vinte municípios localizados às margens do rio Araguaia são: Aragarças – GO, Alto Araguaia – MT, Barra do Garças – MT, Aruanã – GO, Cocalinho – MT, Bandeirantes - GO (distrito do município de Crixás), Luiz Alves - GO (distrito do município de São Miguel do Araguaia), São Félix do Araguaia – MT, Luciara – MT, Santa Terezinha – MT, Caseara – TO, Araguacema – TO, Conceição do

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Nesse município, o rio também margeia o Pesam e a APA Araguaia, onde

mantém características como sua beleza e piscosidade. Essas características

atraem visitantes durante o ano todo, mas especialmente no período da seca,

quando emergem as praias e diversos acampamentos são acomodados nos bancos

de areia (figura 81). A pesca esportiva é uma prática muito comum nessa região.

Figura 80 - Rio Araguaia

Figura 81 - Acampamentos às margens do Araguaia

Fonte: Nilson Amaral, 2012 Fonte: Nilson Amaral, 2012

Com ajuda de um morador da região, barqueiro e pescador, foi possível

identificar os tipos de peixes mais procurados por pescadores na região (tanto os

moradores da região, para subsistência, quanto os visitantes), conforme exposto no

quadro 31, que segue.

Quadro 32 - Principais espécies de peixes buscados por pescadores no rio Araguaia

Peixe Hábito Modalidade de pesca

1. JAÚ (grande porte; acima de 20 Kg.) noturno anzol com isca de peixe

2. TUCUNARÉ diurno isca artificial, isca viva

3. JARAQUI diurno rede/tarrafa

4. CACHORRA diurno isca artificial

5. CARANHA diurno diversos tipos de isca

6. PACÚ(de várias espécies) diurno Anzol

Araguaia – PA, Couto de Magalhães – TO, Araguanã – TO, São Geraldo do Araguaia – PA, Xambioá – TO, Araguatins – TO, São João do Araguaia – PA e Ponte Branca – MT (SECTAM, 2006).

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Segundo moradores locais, já se notam impactos negativos em decorrência

da pesca, especialmente a diminuição na disponibilidade do pescado, sendo

necessária a realização de estudos de prospecção de pesca para se pensar em

medidas que reduzam os impactos da atividade sobre a ictiofauna.

Atividades indicadas

Educação ambiental, passeio de voadeira, banho e pesca esportiva.

Brejo dos Padres

Localizado no Setor 02 do Pesam, o Brejo dos Padres tem seu acesso feito a

partir da Vila Santa Cruz, totalizando 10 km (2,5 km por estrada de terra, em veículo

tracionado, e o restante por caminhada). O percurso completo leva cerca de 3,5

horas. O ponto final é constituído por formações rochosas que formam longos

corredores (figura 82) e diversos abrigos sob rocha (figura 83), além um pequeno

poço apropriado para banho.

Figura 82- Corredores formados por rochas – Brejo dos Padres

Figura 83 - Abrigo sob pedras – Brejo dos Padres

Fonte: SEMA, N/D Fonte: SEMA N/D

Segundo relatos de moradores da Vila Santa Cruz sobre a origem deste

nome, seria devido ao local ter servido de passagem para os missionários que se

dirigiam para as comunidades da região no intuito de catequizá-las. Essa área

também tem forte potencial para a observação de fauna, com grande ocorrência de

pegadas (SECTAM, 2006b).

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Atividades indicadas

Educação ambiental e patrimonial, observação de fauna e trilha interpretativa.

Caldeirão do Diabo

Localizado na APA Araguaia, próximo à estrada do Sucupira, a cerca de 24

km a partir da sede municipal, o Caldeirão do Diabo é, ao mesmo tempo, caverna e

cachoeira, visto que é uma cavidade natural por onde corre água. Ele não se localiza

no setor 03, mas no 04 (porção sudoeste). O lugar não possui poço apropriado para

banho, mas é de latente beleza e costuma impressionar os visitantes, segundo os

moradores da região.

Figura 84 - Caldeirão do Diabo

Fonte: Nilson Amaral, 2013

Atividades indicadas

Educação ambiental, patrimonial, piquenique.

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4.2.4. Calendário de Visitação Pública do Setor 03

Com base nos dados obtidos durante oficina participativa junto aos moradores deste setor do Pesam e APA Araguaia,

pôde-se construir o calendário anual de visitação apresentado no quadro 32, que segue.

Quadro 33 - Calendário Sazonal de visitação dos atrativos do Setor 03 do Pesam e APA Araguaia

Meses/Estações Atrativos

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Cachoeira “Sem Nome”/Cachoeira Riacho Fundo Cachoeira do Spanner Caldeirão do Diabo

CHEIA

Ilha dos Martírios Praia da Santa Cruz Praia Ilha de Campo Praia Remanso dos Botos

ESTIAGEM

Brejo dos Padres Caverna Remanso dos Botos Lago Remanso dos Botos Foz do Igarapé Sucupira/Abrigo Casa da Cultura Morro do Mirante Abrigo Pedra Escrita/Caverna do Morcego Poção de Santa Cruz/Poção do Zequinha* Poção do Isidoro Rio Araguaia/Pesca Esportiva

ANO TODO

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Com base no calendário apresentado no quadro anterior, que revela a

disponibilidade de atrativos durante o ano e, ainda, levando em consideração o

interesse do visitante, obtêm-se o quadro 33, abaixo. Em sequência, as figuras 85 e

86, apresentam os mapas de visitação na Estiagem e na Cheia, respectivamente.

Quadro 34 - Disponibilidade de atrativos durante o ano, de acordo com o interesse do visitante

Ano todo Somente no Verão/Estiagem (Jun a Set)

Somente no Inverno/Cheia (Jan a Mai)

Caminhada/Trilha Interpretativa

Brejo dos Padres

Foz do Igarapé Sucupira/Abrigo Casa da Cultura

Abrigo Pedra Escrita/Caverna do Morcego

Poção de Santa Cruz/ Poção do Zequinha

Poção do Isidoro

-

Cachoeira “Sem Nome”/ Cachoeira Riacho Fundo

Cachoeira do Spanner

Educação Ambiental

Brejo dos Padres

Caverna Remanso dos Botos

Lago Remanso dos Botos

Foz do Igarapé Sucupira/Abrigo Casa da Cultura

Morro do Mirante

Abrigo Pedra Escrita/Caverna do Morcego

Poção de Santa Cruz/Poção do Zequinha

Poção do Isidoro

Rio Araguaia/Pesca Esportiva

Ilha dos Martírios

Praia da Santa Cruz

Praia Ilha de Campo

Praia Remanso dos Botos

Cachoeira “Sem Nome”/Cachoeira Riacho Fundo

Cachoeira do Spanner

Caldeirão do Diabo

Sítios Arqueológicos/ Ed. Patrimonial

Brejo dos Padres

Foz do Igarapé Sucupira/Abrigo Casa da Cultura

Abrigo Pedra Escrita/Caverna do Morcego

Ilha dos Martírios

-

Banho de Cachoeira

Cachoeira “Sem Nome”/Cachoeira Riacho Fundo

Cachoeira do Spanner

Banho de Praia

Praia da Santa Cruz

Praia Ilha de Campo

Praia Remanso dos Botos

Pesca Esportiva Rio Araguaia

Turismo de aventura

Foz do Igarapé Sucupira/Abrigo Casa da Cultura

Morro do Mirante

Praia da Santa Cruz

Praia Ilha de Campo

Praia Remanso dos Botos

Cachoeira “Sem Nome”/Cachoeira Riacho Fundo

Cachoeira do Spanner

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Figura 85 - Mapa de atrativos para visitação pública no Pesam e APA Araguaia – ESTIAGEM

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Figura 86 - Mapa de atrativos para visitação pública no Pesam e APA Araguaia – CHEIA

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4.3. AS PROPOSTAS PARA VIABILIZAR O USO PÚBLICO NO SETOR 03 DO

PESAM E APA ARAGUAIA

Conforme se pode observar no diagnóstico apresentado, o Pesam e a APA

Araguaia possuem diversificados atributos que constituem atrativos para visitantes

com demandas diferenciadas. Isso sinaliza o potencial para o desenvolvimento do

Uso Público, o que está inclusive grafado entre os objetivos das UCs, em especial

do Pesam. Contudo, uma série de medidas precisam ser tomadas, com fins a

viabilizar a atividade.

Como foi exposto durante a discussão teórica, o visitante das unidades de

conservação - seja ele um turista, um pesquisador ou um morador do entorno -, faz

uso de uma série de serviços e equipamentos – que podem ser básicos ou de apoio

à atividade -, sem os quais não conseguiria ter acesso ou, ainda, usufruir dos

atrativos de que as UCs dispõem, de forma segura, com impactos negativos

reduzidos para o meio ambiente e com a geração de benefícios para a conservação

da área e das comunidades locais.

Diante disso, refletindo especificamente sobre o contexto do Pesam e da APA

Araguaia, com enfoque no setor 03, mas sem tornar isso um aspecto limitador, foi

realizada uma consulta aos setores público, privado e às organizações sociais

atuantes na região, com a finalidade de traçar linhas de ação que comporiam um

Plano de Uso Público para o setor. Com base nos resultados da consulta, foram

traçadas as recomendações que seguem.

As recomendações subdividem-se em dois grupos: serviços/infraestrutura

básica e serviços/infraestrutura de apoio ao turismo. Todas serão organizadas em:

a) eixo; b) considerações; c) futuro desejado; e d) potenciais parceiros. Boa parte do

diagnóstico da situação atual já foi descrito nos tópicos anteriores; o conteúdo irá

refletir, basicamente, as discussões realizadas durante as oficinas de planejamento

participativo, em linguagem simples e direta, com fins a simplificar a leitura e

compreensão do leitor.

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4.3.1. Infraestrutura e serviços de apoio à visitação

01 ALIMENTAÇÃO

Situação Atual: Poucos locais disponíveis e sem qualificação.

Futuro desejado: Pessoas qualificadas para a manipulação e venda de alimentos. Maior disponibilidade de locais para alimentação, tanto nos locais de visitação quanto na sede municipal.

Considerações: Muitas vezes o visitante, ou por já saber da pouca disponibilidade de locais para alimentação, ou por não saber se na região do parque e APA existem locais, ou ainda pela insegurança a respeito da qualidade/higiene do alimento ofertado, acaba levando mantimentos próprios e planejando períodos menores para permanecer nos locais visitados. Com isso, não consome o alimento local, não gera renda e não vivencia a culinária local.

Potenciais Parceiros:

Vigilância Sanitária e Sistema "S"

02 BARQUEIROS

Situação Atual: Poucos barqueiros, porém com conhecimento sobre a região, qualificação e autorização.

Futuro desejado: Embarcações devidamente autorizadas e os barqueiros/pilotos qualificados para a função.

Considerações:

Os barqueiros da sede municipal, em geral, tem autorização para conduzir passageiros, já os das vilas não. Todos devem tê-la, bem como atender as normas de segurança. Todos precisam de qualificação para lidar com visitantes, no sentido de passar segurança e entender as necessidades do mesmo para melhorar sua viagem/experiência.

Potenciais Parceiros:

Marinha; Departamento de Portos e Costas e Arcon-PA (Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Estado do Pará)

03 CONDUTORES

Situação atual Existem condutores capacitados pela SEMA/PA para acompanhar os visitantes com segurança e boa informação.

Futuro desejado: O condutor que leva e traz, com segurança e oferece informação de qualidade.

Considerações: Além de formados, os condutores precisam estar organizados (grupo, associação, cooperativa, o que couber no contexto). Poucas pessoas estão geralmente disponíveis para acompanhar visitantes, pois trabalham em fazendas ou por conta própria (roça). Muitos cursos, tanto da parte de atendimento quanto da parte de primeiros socorros e resgate na selva, precisam ser realizados. Os condutores precisam entender a necessidade de priorizar a segurança e de sensibilizar os visitantes sobre as normas das unidades de conservação.

Potenciais Parceiros:

Bombeiros Militar do Pará (BM/PA); Batalhão da Polícia Ambiental do Estado do Pará (BPA); Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA); Associação Brasileira de esportes de Aventura (Abeta).

04 DIVULGAÇÃO

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Situação atual A divulgação é mínima.

Futuro desejado: Divulgação das unidades por meio de panfletos, mapas informativos e em sítios na internet.

Considerações: A divulgação deverá ocorrer, enfatizando a disponibilidade de atrativos no decorrer do ano (praias, cachoeiras, sítios arqueológicos e outros), levando em conta as estações de estiagem e cheia, que influenciam diretamente na variação do nível do rio Araguaia e demais corpos d’água. A divulgação deverá acompanhar a estruturação dos atrativos, com fins a reduzir riscos para os visitantes e danos aos recursos naturais.

Potenciais Parceiros:

Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema); Companhia Paraense de Turismo (Paratur); Fundação da Casa da Cultura de Marabá (FCCM); Conselhos Gestores do Pesam e APA Araguaia; Secretarias Municipal de Meio Ambiente (Semma), de Educação (Semed), de Turismo (SEMTUR), e de Cultura (SEMCULT).

05 ESTRUTURAÇÃO FÍSICA DA UNIDADE

Situação atual Unidades não adaptadas para receber visitantes.

Futuro desejado: Centro de visitantes, instalação de pontes e guarda-corpos, sinalização de trilhas e mapas de risco.

Considerações: No caso da APA Araguaia, os investimentos devem se feitos pelos proprietários de terras, comunidades e particulares (áreas de uso comum), cabendo ao órgão gestor o papel de orientar a estruturação dos atrativos para visitação, bem como estabelecer regras para os proprietários e comunidades, quando couber. No caso do Pesam, a elaboração e execução de projetos para estruturação da UC para receber visitantes, deverão ser desenvolvidos pelo órgão gestor da UC. O parque precisa de um pórtico para controlar fluxo de entrada e saída de pessoas e veículos. As estruturas devem ser pensadas para reduzir os danos ambientais às unidades, bem como os riscos para os visitantes.

Potenciais Parceiros:

Sema

06 HOSPEDAGEM

Situação Atual Qualidade fica a desejar, com destaque para a falta de meios de comunicação.

Futuro desejado: Acomodação com qualidade para os visitantes.

Considerações: A pousada que existe, somada às residências dos moradores que dispõem de espaço e às áreas potenciais para camping, poderiam atender inicialmente a demanda. A maior necessidade é a capacitação para atendimento ao visitante. Uma capacitação voltada para os moradores que querem e têm condições dereceber visitantes em casa também é interessante. Um forte limitador para os meios de hospedagem é a falta de comunicação

Potenciais Parceiros:

Sistema "S"; Cadastur (Sistema de Cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor do turismo); Iniciativa Privada

07 INFORMAÇÃO TURÍSTICA

Situação Atual Órgão local de turismo desestruturado.

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Futuro desejado: Inventário da oferta turística municipal elaborado e órgão local de gestão de turismo estruturado.

Considerações: Quando chega ao município, o visitante não tem nenhum ponto de referência para obter informações turísticas. Muitas vezes adentram o parque e APA sem saber que estão em uma unidade de conservação e, portanto, não buscam orientação/autorização junto ao órgão gestor.

Nos hotéis da cidade pouco se sabe a respeito dos atrativos que podem ser visitados, para poder indicá-los. Um reduzido número atrativos é conhecido pelos moradores da cidade e hoteleiros, logo são saturados por visitantes, como a Cachoeira Três Quedas e a do Paulinho do Peixe (Parque das Águas).

Potenciais Parceiros:

Secretaria de Estado de Turismo do Pará (Setur/PA); Secretaria Municipal de Turismo (SEMTUR), Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM).

08 PONTOS DE COMERCIALIZAÇÃO DE ARTESANATO

Situação Atual Comercialização caseira da produção (incipiente).

Futuro desejado: Casa do artesão estruturada.

Considerações: Hoje pouco artesanato é produzido na região, tendo em vista as poucas oportunidades de escoamento. Foi estimulado o grupo Mulheres Artesãs da Serra das Andorinhas (Musas), com moradoras especialmente da vila de Santa Cruz dos Martírios e há produção artesanal do óleo do côco babaçu na vila Ilha de Campo. Não há, porém, local onde essa produção possa ser concentrada, servindo de ponto de referência para visitantes.

Potenciais Parceiros:

Secretaria de Estado de Emprego e Renda - SETER; Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER; Secretaria Municipal de Cultura; Ação Social municipal; Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR.

09 QUALIFICAÇÃO

Situação Atual Mão-de-obra não-qualificada para o turismo.

Futuro desejado: Rede de atendimento turístico qualificada.

Considerações: Apesar de existirem serviços de transporte, alimentação e meios de hospedagem, esses são prestados geralmente em residência de moradores, que não estão bem preparados para lidar com o visitante. As demandas e padrões diferenciados dos residentes que precisam ser compreendidos e respeitados, para melhorar a qualidade dos serviços prestados, devendo o morador entender que não está prestando favor, e sim um serviço.

Potenciais Parceiros:

Secretaria de Estado de Turismo do Pará (SETUR/PA); Sistema “S”.

10 SENSIBILIZAÇÃO TURÍSTICA

Situação Atual Individualismo e desorganização da iniciativa privada.

Futuro desejado: População organizada e sensibilizada para a atividade turística.

Considerações: Mais do que saber que a atividade turística existe e gera renda, tanto os comunitários como as organizações do setor público e privado, precisam entender a atividade, com seus riscos e potencialidades. Saber o papel de cada setor da sociedade e as possibilidades de colaboração em prol da atividade é

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fundamental para desenvolvê-la. Fatores sociais, econômicos, culturais, ambientais, tudo está relacionado com a atividade, e desenvolvê-la quer dizer conviver com todos esses fatores.

Potenciais Parceiros:

Secretaria de Estado de Turismo do Pará (Setur/PA); Sistema “S”; Conselhos do Pesam e APA Araguaia.

11 SERVIÇO DE TRANSPORTE TERRESTRE

Situação Atual Inexistente.

Futuro desejado: Carros específicos para cada necessidade.

Considerações: Hoje não existe transporte para atender aos visitantes. O único meio de transporte que acessa o setor 03 é um caminhão tipo “pau-de-arara” utilizado pela população, com único horário de saída (06h00min vila-sede; 14h00min sede-vila), em dias alternados. Os transportes utilizados pelos visitantes são sempre particulares ou fretados, são poucos e precisam ser programados com antecedência. Somente carros tracionados e motos conseguem acessar esse setor. É difícil (e caro) estar na sede municipal e acessar o setor 03 em um único dia.

Potenciais Parceiros:

Cadastur(Sistema de Cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor do turismo); Arcon-PA (Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Estado do Pará); Iniciativa Privada.

12 COMUNICAÇÃO

Situação Atual Telefonia fixa restrita e precária, funcionado o sinal de telefonia móvel somente na Ilha de Campo.

Futuro desejado: Telefonia fixa e móvel em todas as comunidades.

Considerações: A falta de telefonia (fixa e móvel) foi um fato apontado por todos como grande fator de limitação, pois sem comunicação ou os visitantes chegam e os comunitários não estão preparados para servi-los em suas demandas, ou os visitantes se desencorajam de ir por não saber se terão disponibilidade de serviços como hospedagem e alimentação. Uma vez melhorada a comunicação, o limitador será o transporte.

Potenciais Parceiros:

Particular; Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel; Ministério das Telecomunicações.

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4.3.2. Infraestrutura e serviços básicos relacionados com a visitação

13 ENERGIA ELÉTRICA

Situação Atual Não tem

Futuro desejado: Energia elétrica 24 horas.

Considerações: A falta de energia elétrica não está relacionada somente com a demanda de conforto dos visitantes, embora seja muito importante. Ela está relacionada à conservação de alimentos e bebidas que os mesmos desejam consumir.

Potenciais Parceiros:

Programa Luz Para Todos do Governo Federal.

14 ESTRADAS

Situação Atual BR 153 satisfatória; as vicinais estão em péssimas condições de trafegabilidade, principalmente no inverno.

Futuro desejado: BR 153 e estradas vicinais em boas condições de trafegabilidade o ano todo.

Considerações: As estradas precisam de manutenção periódica, o que inclui as pontes sobre os córregos, pois após as chuvas os mesmos ficam cheios e impedem a passagem, deixando as pessoas “ilhadas”.

Potenciais Parceiros:

Departamento Nacional e Infraestrutura de Trânsito – DNIT; Secretaria Municipal de Obras.

15 POSTO DE SAÚDE

Situação Atual Inexistência de atendimento nas comunidades

Futuro desejado: Atendimento de saúde qualificada, com ponto de atendimento para turismo de natureza.

Considerações: O posto de saúde não está preparado para atender os acidentes mais possíveis de acontecerem durante a visitação, tais como torções, fraturas ou picadas de animais peçonhentos.

Potenciais Parceiros:

Secretaria Municipal de Saúde

16 RODOVIÁRIA

Situação Atual Não existe.

Futuro desejado: Implantação de terminal rodoviário.

Considerações: A via pública é usada como terminal para embarque e desembarque de passageiros. As informações sobre horários de partida, destinos são concentrados em pessoas e pouco acessíveis no final de semana, quando há potencial de maior fluxo de visitantes.

Potenciais Parceiros:

Prefeitura Municipal; Secretaria de Estado de Integração Regional, Desenvolvimento Urbano e Metropolitano – SEIDURB.

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17 SEGURANÇA

Situação Atual Não tem policiamento especializado para receber turistas.

Futuro desejado: Policiamento turístico.

Considerações: Mesmo sem grandes índices de violência no município, é desejável se ter policiais prontos para orientar os turistas e agir preventivamente, evitando que a violência se propague e dando mais segurança aos visitantes e população.

Potenciais Parceiros:

Polícia Civil do Estado do Pará; Polícia Militar do Pará; Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social – SEGUP/PA.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Além de ser uma atividade permitida em todas as categorias de manejo de

unidades de conservação (UCs), ainda que em algumas seja mais restritiva do que

em outras, a atividade de Uso Público possibilitam a integração das pessoas com

esses espaços protegidos; quando além de contemplá-los, esses usuários podem

criar laços e perceber a necessidade de conservação dessas áreas.

O Uso Público trata do aproveitamento das unidades de conservação por

turistas e moradores do entorno, com fins de lazer e educação ambiental; bem como

por pesquisadores, no desempenho de suas atividades de pesquisa científica. Esse

entendimento veio a partir do juízo de que esses usuários requerem infraestrutura

similar para estarem presente nas UC.

Analisando os resultados da pesquisa, notou-se que essa infraestrutura está

dividida em infraestrutura e serviços básicos (água encanada, energia elétrica,

saneamento básico, e outros) e infraestrutura e serviços de apoio à visitação

(sinalização, estradas, pontes, pontos de apoio, transporte, alimentação,

hospedagem, guia, outros).

Deste modo, entende-se que, embora haja impactos negativos inerentes ao

Uso Público nas UCs, essa atividade pode, mediante planejamento, gerar impactos

positivos que possam superar os riscos da atividade, sejam estes sociais,

econômicos, ambientais ou culturais. Nesse âmbito, o Plano de Uso Público (PUP)

surge como alternativa para otimizar os benefícios advindos da visitação nas UC.

Porém, o modo como esse documento é elaborado influi diretamente na

qualidade dos seus resultados e recomendações. Assim, considerando que as

unidades de conservação não são vazios demográficos; que estão inseridas num

contexto sócio econômico local/regional, com comunidades residentes e em seus

entornos, e uma gama de instituições atuantes, a participação social na composição

do Plano de Uso Público contribui com a qualidade e aplicabilidade do mesmo.

Assim, participação social precisa ser compreendida não somente em seu

sentido filosófico, no ponto em que permite às pessoas ou grupos decidirem sobre

ações que irão resvalar diretamente sobre suas vidas; seu futuro, mas também no

sentido pragmático dessa participação, a partir do momento que soma esforços e

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saberes (científico e empírico) para resolução de problemas práticos e orgânicos

que afetam o grupo.

Desse modo, o Diagnóstico Rural Participativo (DRP) e o Planejamento

Participativo mostraram-se valorosos para a composição do Plano de Uso Público

do Setor 03 do Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas e Área de

Proteção Ambiental de São Geraldo do Araguaia, uma vez que possibilitaram a

participação social nas etapas de diagnóstico e planejamento refletidos no

documento.

Realizar as oficinas e aplicar as ferramentas participativas permitiu uma real

imersão, não somente no local da pesquisa, mas em seu contexto, em nada

violando a orientação técnica do trabalho, mas ampliando sua perspectiva e

abrangência para a compreensão e análise da realidade a qual se propôs entender e

dissertar.

Nessa perspectiva, atingiram-se os objetivos desse estudo, que foram: (1)

identificar os principais agentes relacionados às atividades de Uso Público do Setor

03 do Parque e APA, para que estes componham o universo a ser pesquisado; (2)

buscar informações e gerar reflexão junto aos agentes para subsidiar a elaboração

do Plano de Uso Público.

Alcançar o primeiro objetivo, com a realização da primeira oficina, possibilitou

a percepção preliminar da ampla gama de atores sociais relacionados com a

atividade de Uso Público nas unidades de conservação, indo muito além das

comunidades e do órgão gestor. Foram identificados órgãos públicos de apoio ao

desenvolvimento do turismo e empresas de turismo; escolas, universidades,

secretarias de cultura, educação, infraestrutura (obras), saúde e outros que tem

relação direta com essa atividade.

O segundo objetivo, intimamente ligado aos momentos participativos que

subsidiaram a elaboração do plano – em especial as oficinas -, revelou dois fatos

importantes: a do quanto é trabalhoso realizar esses momentos, especialmente na

mobilização dos atores para participar das oficinas; e a do quanto isso é factível,

uma vez que as pessoas que se fazem presente, geralmente estão dispostas a

colaborar com a realização do trabalho.

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Com isso, acredita-se ter alcançado os resultados esperados pelo trabalho,

que foram: a identificação dos agentes relacionados ao uso público do Pesam e APA

Araguaia; e a participação dos agentes não somente como informantes, mas como

tomadores de decisão, mediante o processo reflexivo sobre o Uso Público no Setor

03 dessas UCs.

Por fim, analisa-se que a composição do plano Participativo de Uso Público

permitiu visualizar a amplitude da atividade, com apontamentos dos passos a serem

tomados em direção à viabilização da atividade de visitação, e potencial melhoria na

qualidade de vida da comunidade residente e de entorno.

Cabe ainda uma consideração no que tange à implementação do plano, uma

vez que essa, apesar de não estar entre os objetivos dessa pesquisa, foi bastante

discutida nas oficinas e abraçada pela gestão das unidades de conservação,

estando inserida inclusive nas discussões dos Conselhos dessas UC como potencial

ferramenta para a gestão da matéria pelo órgão gestor do Pesam e APA Araguaia e

seus conselheiros. O órgão gestor das UCs manifestou interesse na publicação dos

resultados e inserção das atividades previstas neste PUP no Planejamento

Operacional Anual (POA) das unidades a partir do ano de 2014.

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ANEXOS

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ANEXO A: LEI DE CRIAÇÃO DO PESAM

Lei Estadual no. 5982 de 25/07/1996

Cria o Parque Estadual da Serra dos Martírios / Andorinhas e dá outras providências.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º - Fica Criado o Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, no Município de São Geraldo do Araguaia, na região Sudeste do Pará. § 1º - O Parque de que trata este artigo tem por objetivo preservar os ecossistemas naturais englobados, contra quaisquer alterações que os desvirtuem, conciliando a proteção integral dos recursos naturais e das belezas cênicas, com a utilização para fins científicos, culturais, educacionais, recre Art. 2º - O Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas possui uma área com forma de um polígono irregular, envolvendo uma superfície de 248,9738 Km2 (24.897,38ha) e perímetro de 176,7634 Km, entre as coordenadas geográficas aproximadas, cujos pontos extremos localizam-se ao Norte em 48o32’09’’ Long. W. Gr. x 06o04’36’’ Lat. Sul, UTM 772.746,10m E x 9.327.675,00 m N, ao Sul em 48o23’10’’ Long. W. Gr. x 06o22’39’’ Lat. Sul, UTM 789.148,60 m E x 9.294.302,00 m N, a Leste em 48o23’06’’ Long. W. Gr x 06o22’09’’ Lat. Sul, UTM 789.282,90 m E x 9.295.251,00 m N, e a Oeste em 48o35’20’’ Long. W. Gr. x 06o12’53’’ Lat. Sul, UTM 766,774,40m E x 9.312.424m N. Seu limite e confrontações iniciam no Marco I de coordenadas geográficas aproximadas de 48o27’23’’ Long. W. Gr. x 06o12’48’’ Lat. Sul, UTM 781.486,10m E x 9.312.211,00m N, confrontando com o lote no 12 da Banda Leste da Gleba Andorinhas; daí, segue em direção geral Sudeste, confrontando com os lotes 11, 10, 08, 06, 18, 19 e 20 (A, B, C, D, E, F, e G) da referida Banda e Gleba, passando pelos pontos de no 01 a 18, somando distâncias de 7.106,25m, de onde segue em direção geral Leste, a uma distância de 616,79m, chegando ao Marco II de coordenadas geográficas aproximadas 48o26’01’’ Long. W. Gr. x 06o15’31’’ Lat. Sul e UTM 785.738,40m E x 9.305.229m N; daí, segue em direção geral Sul, pela margem esquerda do Rio Araguaia, até o Marco IV de coordenadas geográficas aproximadas de 48o24’30’’ Long. W. Gr. x 06o18’45’’ Lat. Sul e UTM 786.728,70m E x 9.301.506,00m N, confrontando com o lote 22 da Banda Sudeste da Gleba Andorinhas; daí, segue os limites dos lotes 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28, passando pelos pontos 01 a 19, somando distâncias de 7.727,01m; deste ponto, segue em direção Sul, pela margem esquerda do Rio Araguaia, até alcançar o Marco V, no extremo Sul do Parque, de coordenadas geográficas aproximadas de 48o23’10’’ Long. W. Gr. x 06o22’39’’ Lat. Sul e UTM 789.148,60m E x 9.294.302,00m N; toma a direção geral Noroeste, ainda pela margem esquerda do Rio Araguaia, até confrontar com o lote 29 da Banda Sudeste da Gleba Andorinhas, seguindo pelos limites dos Lotes 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 38, 39 e 45 (B e C), passando pelos pontos 01 a 25, somando distâncias de 11.082,34m; daí, segue em direção Sudoeste, em linha de 115,29m, até alcançar o Marco VI, localizado entre os lotes 45 e 46, de coordenadas geográficas aproximadas 48o26’57’’ Long. W. Gr. x 06o18’23’’ Lat. Sul e UTM 782.191,80m E x 9.302.214,00m N; daí passa a confrontar com os lotes 46, 48, 49, 51, 52, 53, 54, 56, 57, 58 (D e H) da Banda Central (Vale do Sucupira) da Gleba Andorinhas, cuja linha une os pontos 01 a 28, com distâncias que somam 13.137,44m; daí, segue em direção Noroeste, em linha de 909,81m, até o Marco VII, de coordenadas geográficas aproximadas de 48o28’41’’ Long. W. Gr. x 06o12’53’’ Lat. Sul e UTM 779.076,60m E x 9.312.391,00m N; deste Marco, passa a limitar com a reserva particular do patrimônio natural da Fundação Serra das Andorinhas, que envolve as nascentes do Rio Sucupira, passando pelos pontos 01 a 19; daí, segue em direção Leste até o Marco VIII de coordenadas geográficas aproximadas de 48o30’03’’ Long. W. Gr. x 06o13’52’’ Lat. Sul e UTM 776.552,40m E x 9.310.566,00m N; deste Marco, toma a direção geral Sul, confrontando com os lotes 60 e 61, passando pelos pontos 01 a 06, somando retas de 2.523.34m, de onde segue em direção geral Oeste, limitando com os lotes 65, 66, 67 e 68, passando pelos pontos 07 a 15, somando distância de 6.048,05m; daí, segue a direção geral Sudeste, pelo limite do lote 68, numa distância de 2.096,12m, atingindo o ponto extremo, de onde toma a direção geral Nordeste, limitando os lotes 68, 67 e 66, passando pelos pontos 16 a 19, somando distâncias de 2.457,56m; deste ponto, toma a direção Sudeste, limitando os lotes 69, 70, 71 e 50, passando pelos pontos 20 a 30, somando distâncias de 7.042,29m; daí, segue a direção geral Sudoeste, limitando com o lote 46, passando pelos pontos 31 e 32, somando distância de 2.298,70m (estes lotes pertencem à Banda Central (Vale do Sucupira) da Gleba Andorinhas); deste último ponto, segue a direção Sul, com distância de 283,40m, até o Marco IX, entre os lotes 46 e 07 de coordenadas geográficas aproximadas de 48o29’08’’ Long. W. Gr. x 06o18’53’’ Lat. Sul e UTM 778.188,90m E x 9.301.305,00m N; deste marco, segue a direção geral Noroeste, limitando com os lotes 07, 98, 14, 15, 16, 23 e 97 da Banda Sul da Gleba Andorinhas, passando pelos pontos 01 a 06, somando distâncias de 7.214,60m, de onde segue a direção geral Oeste, com uma distância de 2.674,07m até o Marco X, localizado entre os lotes 97 e 74 de coordenadas geográficas aproximadas de 48o33’31’’ Long. W. Gr. x 06o17’29’’ Lat. Sul e UTM 770.097,30m E x 9.303.928,00m N, segue limitando o lote 74 da Banda Sudoeste, com distâncias de 1.727.95m, até o Marco XI, início da Banda Oeste da Gleba Andorinhas de coordenadas geográficas aproximadas de 48o33’46’’ Long. W. Gr. x 06o16’50’’ Lat. Sul e UTM 779.631,10m E x 9.305.123,00m N; deste marco, toma a direção geral Norte, confrontando com os lotes 75 A, 79, 78, 81, 82, 85, 09, 19, 02 e 18, somando distâncias de 21.769,83m, passando pelos pontos 01 a 35. No limite dos lotes 18 e 21, localiza-se o Marco XII, de coordenadas geográficas aproximadas de 48o34’30’’ Long. W. Gr. x 06o07’03’’ Lat.

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Sul e UTM 768.392,20m E x 9.323.203,00m N; deste marco, segue confrontando com o lote 21 da Banda Noroeste, com uma distância de 3.090,10m, até o Marco XIII, localizado entre os lotes 21 e 26 de coordenadas geográficas aproximadas de 48o33’34’’ Long. W. Gr. x 06o06’19’’ Lat. Sul e UTM 769.786,00m E x 9.324.536,00m N; deste marco, segue confrontando com os lotes 26, 27, 31, 32 e 34 da Banda Norte, passando pelos pontos 01 a 11, com distância que somam 8.804,52m; daí, segue em direção Nordeste, ainda confrontando com o lote 34, em uma linha de 1.324,50m até o Marco XIV, de coordenadas geográficas aproximadas de 48o30’01’’ Long. W. Gr. x 06o05’28’’ Lat. Sul e UTM 776.697,00m E x 9.326.067,00m N; deste marco, segue a direção geral Sudeste, limitando com os lotes 32, 31, 29, 28, 27, 25, 24, 22, 20 e 21 da Banda Nordeste, passando pelos pontos 01 a 30, somando distâncias de 14.249,1; daí toma a direção Sudeste, com distância de 116,99m, até o Marco XV, localizado nas coordenadas geográficas aproximadas de 48o27’24’’ Long. W. Gr. x 06o11’05’’Lat. Sul e UTM 781.438,80m E x 9.315.698,00m N; daí, segue limitando os lotes 14, 15, 13, 16, 17 e 12 da Banda Leste da Gleba Andorinhas, passando pelos pontos 01 a 25, somando distâncias de 11.416,17m; deste último ponto, segue na direção Sudoeste, com distância de 66,05m, até o Marco XVI, localizado nas coordenadas geográficas aproximadas de 48o27’38’’Long. W. Gr. x 06o13’00’’Lat. Sul e UTM 781.010,80m E x 9.312.162,00m N; daí, segue em direção Leste, limitando a parte Sul do lote 12, com distância de 277,85m, até o Marco I, inicial da descrição. O lote de no 47 da Banda Central (Vale do Sucupira), da Gleba Andorinhas, que se encontra dentro do polígono, não pertence ao Parque. Art. 3º - Fica estabelecido o prazo de 3 (três) anos para a elaboração do Plano de Manejo e implantação da infra-estrutura do Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (SECTAM) e pelo Instituto do Desenvolvimento Econômico-Social do Pará (IDESP). Art. 4º - As terras, os ecossistemas, a biodiversidade e as belezas naturais ficam sujeitas à legislação ambiental em vigor, especialmente o que trata a Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, que "Institui o Novo Código Florestal"; a Lei no 5.197, de 3 de janeiro de 1967, que "Dispõe sobre a proteção à fauna, e dá outras providências"; a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, que "Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências"; a Lei no 7.754, de 14 de abril de 1989, que "Estabelece medidas para a proteção das florestas existentes nas nascentes dos rios, e dá outras providências"; o artigo 255 da Constituição do Estado do Pará, suas regulamentações e alterações; e a Lei no 5.887, de 9 de maio de 1995, que "Dispõe sobre a Política Estadual do Meio Ambiente e dá outras providências". Art. 5º - Pelas características de seus ecossistemas, a conservação da biodiversidade e a localização geográfica, são consideradas de interesse para área de expansão do Parque os lotes 14, com 129,4685 ha; 15, com 47,0614 ha; 16, com 180,3182h e 17 com 132,4550 ha da Banda Leste; os lotes 47, com 102,1705 ha, 66, com 83,5690 ha; 67, com 119.5920 ha e 68, com 150, 4745 ha da Banda Central (Vale do Sucupira); os lotes 01 com 24,9409 ha; 02, com 157,4158 ha; 21, com 779,4523 ha; 22, com 173,5040 ha; 23, com 89,0000 ha; 24, com 227,7127 ha e o lote 26 com 336,6954 ha da Banda Nordeste. Art. 6º - Compete à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente administrar e estabelecer o regulamento para o pleno funcionamento do Parque, de acordo com os objetivos do art. 1o e da legislação ambiental em vigor, necessário à execução do disposto nesta Lei. Art. 7º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 8º - Revogam-se as disposições em contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ, 25 de julho de 1996

ALMIR GABRIEL Governador do Estado

NILSON PINTO DE OLIVEIRA

Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente

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ANEXO B: LEI DE CRIAÇÃO DA APA ARAGUAIA

Lei Estadual no. 5983 de 25/07/1996

Cria a Área de Proteção Ambiental de São Geraldo do Araguaia, no Município de São Geraldo do Araguaia, e dá outras providências.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º - Fica criada a Área de Proteção Ambiental, denominada São Geraldo do Araguaia, a seguir designada pela abreviatura de APA Araguaia, no Município de São Geraldo do Araguaia. Art. 2º - Na elaboração do plano de manejo será realizado o zoneamento ecológico-econômico, com o objetivo de conservar e recuperar os ecossistemas ou parte destes, visando à melhoria da qualidade de vida das populações locais, através de programas e projetos de desenvolvimento sustentado. Art. 3º - A APA Araguaia é composta de 3 (três) partes descontínuas da Gleba Andorinhas, sendo que a maior envolve a superfície de 287,8041 Km2 (28.780,41 ha), medindo um perímetro de 266,8151 Km. A segunda parte é formada pelos lotes 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28 da banda Sudeste, somando uma área de 7,7281 Km2 (772,81 ha) e com perímetro de 15,6969 Km. E a terceira parte é o lote 47 da Banda Central, com área de 1,0217 Km2 (102,17 ha) e perímetro de 4,6248 Km. O total envolve a superfície de 296,5539 Km2 (29.655,39 ha), medindo um perímetro de 287,1368 Km. localizam-se entre as coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas de 06o03’30’’Lat. Sul a 06o22’44’’ (9.329.695,0m N a 9.293.774,0m N) e 48o23’27’’ a 48o36’13’’ Long. W. Gr. (788.762,9m E a 765.116,2m E). A delimitação inicia no Marco I, localizado no Lote 29 da Banda Sudeste, margem esquerda do Rio Araguaia, com coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas de 48o23’44’’ Long. W. Gr. x 06o22’01’’ Lat. Sul (788.105,8m E x 9.295.487,0m N); deste marco, segue na direção geral Noroeste, confrontando com a margem esquerda do Rio Araguaia e limitando os lotes 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36 e 37 da Banda Sudeste, passando pelos pontos 01 a 09, somando distâncias de 5.612,12m, localizados entre os referidos lotes; daí, toma a direção geral Oeste, ainda confrontando com a margem esquerda do rio Araguaia e limitando com os lotes 40, 41, 42, 43 e 44 da Banda Sudeste e os lotes 01, 02, 03, 04, 06, 08 e 11 da Banda Sul, passando pelos pontos 10 a 20, com distâncias de 6.957,32m, localizados entre os citados lotes; do ponto 20, segue limitando o lote 11, a uma distância de 1.567,15m, até a foz do Córrego Tira-Catinga, onde se encontra o Marco II, com coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas de 48o30’22’’ Long. W. Gr. x 06o20’37’’ Lat. Sul (775.915,4m E x 9.298.116,0m N); daí, segue pela margem direita do Córrego Tira-Catinga em direção montante, até encontrar seu maior afluente desta margem, com coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas de 48o33’27’’ Long. W. Gr. x 06o17’51’’ Lat. Sul (770.221,2m E x 9.303.263,0m N), passando pelos pontos 01 a 09, nos lotes 19, 92, 28, 32, 34, 35 e 97 da Banda Sul, somando distâncias de 9.593,24m; daí, segue limitando pelo lado Sul do lote 74 da Banda Sudoeste, com 3.359,25m, até o ponto 10, de onde segue limitando pelo mesmo lado os lotes 75 e 76 da Banda Oeste, numa distância de 3.450,78m, passando pelo ponto 11, até atingir o Marco III, no limite do lote 76 e a Rodovia PA-153, com coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas de 48o36’01’’ Long. W. Gr. x 06o16’36’’ Lat. sul (765.508,9m E x 9.305.589,0m N), deste marco, segue a direção geral Norte, confrontando com a PA-153 e, limitando os lotes 76, 79, 81 e 83, atravessa os lotes 86, 09, Fernando L. F. Côrtes, Gonçalves e 14 e volta a limitar os lotes 17 e 40 da Banda Oeste, passando pelos pontos 01 e 10, somando distâncias de 19.748,48m, alcançando o Marco IV, com coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas de 48o35’28’’ Long. W. Gr. x 06o07’12’’ Lat. Sul (766.589,0m E x 9.322.927,0m N); daí, segue a direção geral Nordeste, limitando com os lotes 40 e 18 da Banda Oeste, o lote 21 da Banda Noroeste e o lote 26 da Banda Norte, passando pelos pontos 01 a 04, localizados entre esses lotes, somando distâncias de 6.184,74m, onde alcança o Córrego Água-Fria, seguindo pela margem esquerda do mesmo, atravessando os lotes 27, 31 e 32 da Banda Norte, numa distância de 5.383,64m, até a sua foz, onde se localiza o Marco V de coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas de 48o31’16’’ Long. W. Gr. x 06o03’42’’ Lat. Sul (774.375,6m E x 9.329.319,0m N), de onde segue pela margem direita do Rio Gameleira, confrontando com o lote 34 da Banda Norte e os lotes 33, 32, 31, 30, 29, 28, 27, 26, 13, 12, 11, 09 e 10 da Banda Nordeste, passando pelos pontos 01 e 13, somando distâncias de 22.231,18m, onde se localiza o Marco VI, com coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas de 48o23’34’’ Long. W. Gr. x 06o08’12’’ Lat. Sul (788.541,4m E x 9.320.989,0m N); daí, segue pela margem esquerda do Rio Araguaia em direção à montante, limitando com os lotes 10, 09, 08, 07, 06, 05, 04, 03, 02, 01 e 21 da Banda Nordeste; os lotes 01, 03, 06, 18, 19 e 20 da Banda Leste e o lote 21 da Banda Sudeste, passando pelos pontos 01 e 17, localizados entre os lotes, somando distâncias de 20.216,10m, onde alcança o Marco VII, com coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas de 48o25’03’’, Long. W. Gr. x 06o16’44’’ Lat. Sul (785.738,4m E x 9.305.229,0m N). Neste marco começa o limite interno da APA Araguaia, que em toda sua extensão limita com o Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, até encontrar o Marco I, início desta descrição. A segunda parte começa no Marco VIII, com coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas de 48o24’30’’ Long. W. Gr. x 06o18’45’’ Lat. Sul (786.728,7m E x 9.301.506,0m N); daí, segue na direção geral Sul, pela margem esquerda do Rio Araguaia, limitando com os lotes 22, 23, 24, 25, 26, 27 e 28 da Banda Sudeste, passando pelos pontos de 01 a 06,

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localizados entre os referidos lotes, somando distâncias de 7.903,02m, onde se localiza o Marco IX, com coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas de 48o23’07’’ Long. W. Gr. x 06o22’06’’ Lat. Sul (789.262,3m E x 9.295.300,0m N); daí, passa a limitar, pela sua parte interna, com o Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, até o Marco VIII, fechando o polígono. Finalmente, o lote 47 da Banda Central, que se encontra envolvido pelo Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas, começa no Marco X, com coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas de 48o26’13’’ Long. W. Gr. x 06o17’47’’ Lat. Sul (783.583,0m E x 9.303.332,0m N), situado na margem direita do Igarapé Sucupira, de onde segue em direção à jusante, numa distância de 1.529,14m, até o Marco XI, de coordenadas geográficas e planas (UTM) aproximadas 48o25’18’’ Long. W. Gr. x 06o17’59’’ Lat. Sul (785.272,7m E x 9.302.922m N), de onde segue no Azimute 156o59’25’’, com 308,15m, até o ponto 01, seguindo no AZ 213o41’58’’, com 152,13m, até o PT 02, seguindo no AZ 245o05’39’’, com 630,35m, até o PT 03, seguindo no AZ 301o22’59’’, com 621,81m, até o PT 04, seguindo no AZ 260o39’25’’, com 443,07m, até o PT 05, seguindo no AZ 337o17’52’’, com 561,02m até o PT 06, seguindo no AZ 48o22’00’’, com 379,18m, até o Marco X, fechando o polígono. Art. 4º - Na implantação e funcionamento da APA Araguaia serão adotadas, entre outras, as seguintes medidas: 1. o plano de manejo e a implantação da APA Araguaia serão realizados pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTAM e pelo Instituto do Desenvolvimento Econômico-Social do Pará - IDESP, ouvida a Prefeitura Municipal de São Geraldo do Araguaia e a Fundação Serra das Andorinhas - FSA; 2. o gerenciamento da APA Araguaia será realizado pela SECTAM, com a colaboração do IDESP e participação e apoio da Prefeitura Municipal de São Geraldo do Araguaia e da FSA; 3. a utilização dos instrumentos legais e dos incentivos financeiros governamentais, para assegurar a proteção da área, a conservação dos recursos naturais e a utilização racional do solo; 4. aplicação, quando cabível, de medidas destinadas a impedir ou evitar o exercício de atividades causadoras de degradação da qualidade ambiental, em especial as atividades agropecuárias e minerárias; 5. a divulgação das medidas previstas nesta Lei, visando ao esclarecimento do povo, em especial da comunidade local, sobre a APA Araguaia e suas finalidades. Art. 5º - Na APA Araguaia ficam proibidas ou restringidas: 1. a implantação de atividades industriais potencialmente poluidoras; 2. a realização de obras de terraplanagem e abertura de canais, quando essas iniciativas importarem em alteração das condições ecológicas locais, principalmente da Zona de Vida Silvestre, onde a biota será protegida com maior rigor; 3. o exercício de atividades capazes de provocar erosão das terras ou assoreamento das condições hídricas; 4. o exercício de atividades que ameacem as espécies da biota regional, as espécies migratórias e as nascentes dos cursos d’água; 5. o uso de biocidas, quando indiscriminado ou em desacordo com as normas ou recomendações técnicas oficiais. Art. 6º - Em caso de epidemias e endemias veiculadas por animais domésticos ou silvestres, incumbirá à Secretaria de Saúde do Estado do Pará, isoladamente ou em convênio com o Ministério da Saúde e órgãos estaduais de meio ambiente, promover programas especiais, para o controle dos referidos vetores. Art. 7º - A abertura de vias de comunicação, de canais, barragens em cursos d’água e a implantação de projetos de urbanização, sempre que importarem na realização de escavação e obras que causem alterações ambientais, dependerão da autorização prévia da SECTAM, que somente poderá concedê-la: 1. após estudo do projeto, exame das alterações possíveis e a avaliação de suas conseqüências ambientais; 2. mediante a indicação das restrições e medidas consideradas necessárias a salvaguarda dos ecossistemas atingidos. Parágrafo Único - As autorizações concedidas pela SECTAM não dispensarão outras autorizações e licenças federais e municipais exigíveis. Art. 8º - Para melhor controlar seus afluentes e reduzir o potencial poluidor das construções destinadas ao uso humano na APA Araguaia, não serão permitidas: 1. a construção de edificações em terrenos que, por suas características, não comportarem a existência simultânea de poços para receber o despejo de fossa séptica e poços de abastecimento d’água que fiquem a salvo da contaminação, quando não houver rede de coleta e estação de tratamento de esgoto em funcionamento; 2. a execução de projetos de urbanização sem as devidas autorizações, alvarás, licenças federais, estaduais e municipais exigíveis; 3. o despejo, por rios, igarapés e praias, de esgotos e outros afluentes, sem tratamento adequado que impeça a contaminação das águas.

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Art. 9º - As Zonas de Vida Silvestre e Uso Especial são destinadas, prioritariamente, à salvaguardar da biota nativa, em especial das espécies ameaçadas de extinção, e proteção de ecossistemas aquáticos. Art. 10º - Com vistas a atingir os objetivos previstos para a APA Araguaia, bem como definir as atribuições e competências no controle de suas atividades, a SECTAM e o IDESP poderão firmar convênios com órgãos e entidades públicas ou privadas. Art. 11º - As penalidades previstas na legislação em vigor serão aplicadas aos transgressores das disposições desta Lei, pela SECTAM, com vistas ao cumprimento das medidas previstas e correlativas necessárias à conservação da qualidade ambiental. Parágrafo Único - Dos atos e decisões da SECTAM, referentes a esta APA, caberá recursos junto ao Conselho Estadual de Meio Ambiente - COEMA do Estado do Pará. Art. 12º - Os investimentos e a concessão de financiamentos e incentivos da administração pública federal e estadual, direta ou indireta, destinados à APA Araguaia, serão previamente compatibilizados com as diretrizes estabelecidas neste Lei. Art. 13º - As instruções que se fizerem necessárias à execução do disposto nesta Lei serão expedidas pela SECTAM. Art. 14º - A APA Araguaia terá a característica de ser a zona-tampão do Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas. Art. 15º - A administração da APA Araguaia será realizada pela administração do Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas. Art. 16º - Esta Lei entre em vigor na data de sua publicação. Art. 17º - Revogam-se as disposições em contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ, 25 de julho de 1996.

ALMIR GABRIEL Governador do Estado

NILSON PINTO DE OLIVEIRA

Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente

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ANEXO C: AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA EMITIDA PELA SEMA/PA

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ANEXO D: AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA EMITIDA PELO COMITÊ DE ÉTICA

DO INPA

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APÊNDICES

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APÊNDICE: MODELO TCLE

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA DA AMAZÔNIA

MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM GESTÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS NA AMAZÔNIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Projeto: A CONSTRUÇÃO PARTICIPATIVA DO PLANO DE USO PÚBLICO DO SETOR 03 DO PARQUE

ESTADUAL SERRA DAS ANDORINHAS E DA APA ARAGUAIA, ESTADO DO PARÁ.

O aluno e pesquisador Abel Pojo Oliveira, solicita sua colaboração em participar com informações

sobre o Uso Público no Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas e APA Araguaia, para a realização

de oficinas de planejamento participativo e entrevistas semiestruturadas que abordarão os seguinte

eixos/questões: 1) Quais os agentes envolvidos com o Uso Público no Parque Serra das Andorinhas e APA

Araguaia?; 2) O que queremos alcançar com o Uso Público do Parque Serra das Andorinhas?; 3) O que deverá

ser feito para alcançar o que queremos?; e 4) Quem será o responsável por essa ação? No caso das oficinas,

estes questionamentos serão postos por meio de ferramentas participativas, com a construção de matrizes,

diagramas e tabelas que permitam a construção e visualização coletiva. Nos casos das entrevistas

semiestruturadas, as perguntas serão formuladas de modo direto, sendo a mesma gravada (em áudio). Os

resultados obtidos serão sistematizados em relatório, por meio de programas de edição de texto, com o auxílio

de programa de edição de imagens, para os casos do diagrama.

A participação é voluntária e o participante não terá despesa ou receberá algo em troca. A

pesquisa envolve o risco potencial, para o indivíduo e coletividade, de criar expectativas em relação a

posterior aplicação do Plano, o que não dependerá do pesquisador ou da pesquisa, mas da

instituição que faz a gestão das unidades de conservação, neste caso, a SEMA/PA.

Consequentemente, a vantagem de sua participação é apenas de caráter científico. Mesmo após sua

autorização terá o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa,

independente do motivo e sem qualquer prejuízo a sua pessoa e as informações fornecidas serão

utilizadas apenas na realização desse projeto. Caso forneça alguma informação considerada como

um conhecimento tradicional, os pesquisadores jamais a utilizarão para obter patente ou a

divulgarão em publicações técnico-científicas de circulação nacional ou internacional e em outros

veículos de divulgação de informação para a sociedade. As demais informações não relacionadas

com o conhecimento tradicional serão sistematizadas e os resultados serão divulgados, porém sua

identidade será mantida em sigilo para sempre.

Uma cópia dos resultados será entregue à gerência destas unidades, ao finalizar esta

pesquisa, os seus resultados serão publicados em um meio de comunicação popular, para o

conhecimento e divulgação para a sociedade. Se você quiser saber mais detalhes, pode fazer contato

com o pesquisador pelo endereço Av. Dom Pedro I, 260 – Centro – São Geraldo do Araguaia/PA –

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CEP: 68.570-000; pelo telefone (63) 8131-8930 ou pelo E-mail: [email protected];

[email protected]. Para denuncias/reclamação, favor entrar em contato com o Comitê de Ética

em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, Av. André

Araújo, nº 2.936, Petrópolis, Manaus – Amazonas, Brasil, ou por meio eletrônico:

[email protected] – site: http://www.inpa.gov.br/comites/cep.php. Telefone/fax: (92) 3643-

3287.

Consentimento Pós-Informação

Eu, ________________________________________ residente ______________________________

entendi o que a pesquisa vai fazer e aceito participar de livre e espontânea vontade. Por isso dou

meu consentimento para inclusão como participante da pesquisa e atesto que me foi entregue uma

cópia desse documento.

..................................................................... ............/........../.............

Assinatura do entrevistado Data

Impressão do polegar,

caso não saiba escrever o

nome.

___________________________________________________ Data: ........../........../.............

Nome do profissional que realizou a entrevista