instituto nacional de pesquisas da amazÔnia · abelhas sem ferrão. 2. multiplicação induzida....

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA NO TRÓPICO ÚMIDO Multiplicação induzida de colmeias de abelhas Melipona seminigra Friese, 1903 (Hymenoptera, Apidae) submetidas a diferentes tipos de alimentação complementar, em Manaus AM HÉLIO CONCEIÇÃO VILAS BOAS Manaus, Amazonas Março de 2012

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  • INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA NO TRÓPICO ÚMIDO

    Multiplicação induzida de colmeias de abelhas Melipona seminigra Friese,

    1903 (Hymenoptera, Apidae) submetidas a diferentes tipos de

    alimentação complementar, em Manaus – AM

    HÉLIO CONCEIÇÃO VILAS BOAS

    Manaus, Amazonas

    Março de 2012

  • ii

    HÉLIO CONCEIÇÃO VILAS BOAS

    Multiplicação induzida de colmeias de abelhas Melipona seminigra

    Friese, 1903 (Hymenoptera, Apidae) submetidas a diferentes tipos de

    alimentação complementar, em Manaus – AM

    Orientadora: Gislene Almeida Carvalho-Zilse, Dra.

    Co-orientadora: Suely de Souza Costa, Dra.

    Manaus, Amazonas

    Março 2012

    Dissertação apresentada ao Instituto

    Nacional de Pesquisas da Amazônia

    como parte dos requisitos para

    obtenção do titulo de Mestre em

    Ciências Agrárias, na área de

    concentração em Agricultura no

    Trópico Úmido.

  • iii

    Sinopse:

    No presente estudo, fez-se a comparação de dois processos de multiplicação e

    de quatro tratamentos com alimentação complementar para aumento no numero

    de colmeias de abelhas Melipona seminigra no Meliponario Brasileirinho, região

    periférica de Manaus, AM no período de setembro/ 2010 a novembro/ 2011. Não

    houve diferença significativa entre os processos, sendo ambos eficientes para o

    aumento do numero de colmeias. Entre os tipos de alimento, o tratamento com

    xarope + pólen foi significantemente melhor que os demais.

    Palavras-chave: 1. Abelhas sem ferrão. 2. Multiplicação Induzida. 3. Alimentação

    Complementar. 4. Colmeia padronizada. 5. Meliponicultura.

    V697 Vilas Boas, Hélio Conceição Multiplicação induzida de colmeias de abelhas Melipona seminigra Friese, 1903 (Hymenoptera, Apidae) submetidas a diferentes tipos de alimentação complementar, em Manaus – AM / Hélio Conceição Vilas Boas. ---Manaus : [s.n.], 2012. xv, 79 f. : il. color. Dissertação (mestrado) --- INPA, Manaus, 2012 Orientadora: Gislene Almeida Carvalho-Zilse Co-orientador: Suely de Souza Costa Área de concentração : Agricultura no Trópico Úmido

    1. Abelhas sem ferrão. 2. Multiplicação Induzida. 3. Alimentação Complementar. 4. Colmeia padronizada. 5. Meliponicultura. I. Título.

    CDD 19. ed. 595.799

  • iv

    DEDICATÓRIA

    Á Deus Pai, por ter depositado em minha pessoa toda confiança,

    perseverança e saúde que um filho almeja.

    Ao meu pai Agenor (in memorian) e a minha mãe Júlia, que soube criar seus

    oito filhos, muitas vezes abdicando sua própria alegria.

    A minha querida esposa Alcinéia e meus filhos, Thiago e Sócrates pelo amor

    e alegria e companhia de todos os dias.

    Ao Dr. Warwick Estevam Kerr, pessoa humilde, alegre, que me encorajou a

    me dedicar ao estudo das abelhas e fazer o curso de Ciências Biológicas.

  • v

    AGRADECIMENTOS

    A Dra. Gislene que está comigo desde os primeiros dias que entrei no INPA,

    orientando-me na melhor formação na busca do conhecimento, ótima amiga e

    grande incentivadora pelo meu êxito, e em minha jornada no decorrer do meu

    estudo e meu trabalho no Grupo de Pesquisas em Abelhas.

    A Dra. Suely de Souza Costa pela co-orientação e auxilio nas análises

    estatísticas deste trabalho, muito obrigado.

    A todos os professores do Programa de Pós Graduação em Agricultura do

    Tropico Úmido, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – PPG ATU/INPA,

    pela árdua tarefa de formar novos conhecedores do conhecimento.

    A Bia (Secretária PPG ATU) pelo total apoio prestado a todos os Discentes.

    A Da. Socorro (copeira) pelo cafezinho diário, por sinal muito gostoso, que

    muitas vezes nos revigorava para retomada na volta a sala de aula.

    Ao Dr. Luiz Antonio de Oliveira pela motivação, idéias e pelo apoio logístico e

    financeiro por meio da coordenação do Projeto “Estudos Agronômicos e sociais em

    três comunidades rurais do Amazonas visando suas sustentabilidades ao longo

    prazo”, financiado pelo CNPq Edital CT - Amazônia.

    A FAPEAM, CNPq, SUFRAMA, UNISOL, SEBRAE, que concederam auxilio

    financeiro para o Grupo de Pesquisas em Abelhas – GPA, para que a pesquisa e a

    difusão do conhecimento científico na Amazônia não tenham fronteiras.

    A FINEP pelo apoio financeiro por meio do Projeto Fronteira no alto Rio

    Negro.

    Ao grupo de meliponicultores (Ramal do Brasileirinho) que foi formado

    durante o desenvolvimento da Dissertação e que colaborou na coleta de dados,

    alimentação e multiplicação das colmeias, sempre se mostrando ávidos em querer

    aprender as técnicas da Meliponicultura e a preservação do meio ambiente com a

    criação das abelhas: José Carlos dos Santos (Carlinhos), Da. Maria Celes Spíndola

    Soares, Maria das Graças Trindade da Silva, Sílvia Serra Rodrigues, José Carvalho

    Coutinho, Cleomar Alves da Costa, Maria Auxiliadora Traveira de Souza, Manoel

    Mamede Clemente, e Maria do Socorro Nunes Barros, além do casal, Sr. Anibal

  • vi

    Gomes da Costa (Monteiro) e Da. Maria Sefaír Costa (Da. Zezé), que permitiram a

    realização do projeto em sua propriedade e foram de suma importância para

    realização deste trabalho, muitas vezes acordando durante a noite para socorrer as

    colmeias do ataque de formigas. Considero-os exemplo de agricultores dedicados e

    futuros meliponicultores e, principalmente, como exemplo de pessoa. Meu grande

    obrigado.

    A turma do Mestrado Hellienay, Ederlon, Catique, Suellen, Bianca, Teo, Ariel,

    Duka, Augusto, Érca, Rozineide, Luzia, Karine, Tiago e Marina pelas alegrias das

    excursões e festinhas de confraternização.

  • vii

    Felizes aqueles cuja vida é pura e

    seguem a Lei do Senhor.

    Felizes, pois que guardam com esmero

    os seus preceitos e o procuram de todo o

    coração, e os que não praticam o mal, mais

    andam em seus caminhos.

    (Salmo 119:1-3)

  • 8

    RESUMO

    A criação técnica de abelhas sem ferrão (Meliponicultura) em pequenos Meliponários é uma atividade que vem sendo implementada no Estado do Amazonas, em propriedades de produtores rurais, com intuito de contribuir na geração de renda. Com o objetivo de verificar a capacidade de multiplicação induzida de colmeias de abelhas jandaíra (Melipona seminigra) submetidas a dois processos de multiplicação (processo ninho/sobreninho = N/S e processo sobreninho/sobreninho = S/S) e quatro tipos de alimentação complementar (T1 = xarope; T2 = xarope + Vitagold; T3 = xarope + pólen; T4 = sem alimento complementar), foram monitoradas 40 colônias matrizes e suas progênies. As colônias foram distribuídas aleatoriamente entre os processos de multiplicação (20 colmeias matrizes cada), separadas nos quatro subgrupos de alimentação (cinco colmeias cada), que receberam semanalmente 60 mL do alimento ao longo de 15 meses (setembro/ 2010 a novembro/ 2011). As colmeias foram avaliadas quinzenalmente e os dados experimentais foram analisados e comparados por análise de variância (ANOVA), teste F e quando os fatores foram significativos, foi aplicado o teste de Tukey de comparação de médias (ambos os testes foram realizados ao nível de 5% de probabilidade). Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente utilizando o programa MINITAB versão 1.4 e apresentados na forma gráfica por utilização da Planilha Excel (Microsoft Office Excel, 2007). Neste contexto o processo N/S formou 47 novas colmeias sendo: 31 colmeias na geração F1, 15 colmeias em F2 e uma colmeia em F3, enquanto o processo S/S formou 52 colmeias, sendo 35 colmeias em F1, 16 colmeias em F2 e uma colmeia em F3, totalizando 99 colmeias progenies. Houve 19 mortes de colmeias sendo 13 no processo N/S (6 matrizes e 7 progenies) e 6 no processo S/S (1 matriz e 5 progenies). O ataque de irara foi a principal causa de morte de colmeias filhas. Ambos os processos foram promoveram o aumento rápido do número de colmeias em Meliponario, sendo que o processo S/S apresentou o maior numero de colmeias filhas, o maior número de colmeias que alcançaram nota 5,0 (critério de sucesso da multiplicação), o maior número de colmeias filhas sobreviventes e o menor índice de mortalidade. No entanto, não diferiu estatisticamente do processo N/S. O tratamento T3 (xarope + pólen) apresentou o maior número de colmeias formadas e o menor número de colmeias mortas, em números absolutos, e se diferiu estatisticamente dos demais como o melhor tratamento para aumento do número de colmeias. Nenhum processo de multiplicação ou tratamento alimentar diferiu estatisticamente dos demais quanto ao tempo para formação de rainha fisogástrica e tempo para alcançar nota ≥ 5,0. Neste contexto pode-se concluir que ambos os processos de multiplicação foram eficientes para o aumento rápido no número de colmeias de abelhas Melipona seminigra em Meliponário e o melhor tratamento alimentar para esta finalidade consistiu de xarope + pólen. PALAVRAS CHAVE: 1. Abelhas sem ferrão. 2. Multiplicação induzida. 3. Alimentação complementar. 4. Colmeia padronizada. 5. Meliponicultura.

  • 9

    ABSTRACT

    The stingless bees beekeeping (Meliponiculture) in small Meliponaries is an activity that has been implemented in the State of Amazonas, on properties of rural farmers, in order to contribute to income generation. 40 colonies and their progenies were monitored with the aim of verifying the multiplication capacity induced in Jandaira bee hives (Melipona seminigra); they underwent two processes of multiplication (nest/super nest process = N/S and super nest / super nest process = S/S) and four types of supplementary feeding (T1= syrup; T2= syrup + Vitagold; T3=syrup + pollen; T4= no supplementary feeding). The bee colonies were randomly distributed among the multiplication processes (20 hives for each one) separated into the four feeding subgroups (5 hives for each one) which weekly received 60 mL of food during 15 months (from September 2010 to October 2011). Fortnightly the hives were evaluated and the experimental data were analyzed and compare by Analysis of Variance (ANOVA) F-test and the Tukey main comparison was applied when the factors were significant (both tests were carried out at the 5% probability). The results were statistically analyzed using the MINITAB version 1.4 program and presented in graphical form, by use of the Excel spreadsheet (Microsoft Office Excel, 2007). In this context, the N/S process generated 47 new hives like this: 31 hives in F1, 15 in F2 and 1 in F3, totaling 99 progeny hives. There were 19 deaths, being 13 in the N/S process (6 main hives and 7 progenies) and 6 in the S/S process (1 main hive and 5 progenies). The leading cause of death in offspring hives was the Irara’s attack. A rapid increased in the number of hives in Meliponaries was promoted in both processes; however the S/S process got the highest number of offspring hives, the highest number of hives which achieved grade 5 (criterion of multiplication success), the highest number of surviving offspring hives and the lowest mortality. Even so, no statistically significant difference was attained with N/S process. The T3 treatment (syrup + pollen) showed the highest number of formed colonies and the lowest number of dead hives, in absolute numbers, and it differed significantly from the others as the best treatment for increasing the number of hives. No statistically significant difference was attained among the multiplication processes or the feeding treatments concerning the time of physogastric queen formation and time to reach grade ≥ 5. In this context it can be concluded that both multiplication processes were efficient for the rapid increase in the number of Melipona seminigra beehives in Meliponaries, and the best feeding treatment for this purpose was syrup + pollen.

    Key words: 1. Stingless bees. 2. Induced multiplication. 3. Supplementary feeding. 4.

    Standardized hive. 5. Meliponiculture.

  • 10

    SUMÁRIO

    RESUMO ................................................................................................................................. 8

    ABSTRACT.............................................................................................................................. 9

    INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 14

    1 - As abelhas .............................................................................................................14

    2 - Meliponicultura .......................................................................................................18

    JUSTIFICATIVA ..................................................................................................................... 21

    OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 23

    Objetivos específicos .............................................................................................. 23

    MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................................... 24

    RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 33

    1 – Formação de novas colmeias e mortalidade ..................................................... 33

    2 – Comparação dos processos de multiplicação N/S e S/S ................................... 40

    3 – Comparação dos tratamentos com alimento complementar .............................. 45

    CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 52

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ....................................................................................... 53

    ANEXO I ................................................................................................................................ 59

    Histórico do Projeto Participativo na Comunidade Brasileirinho, Manaus – AM....... 60

    Fotodocumentação histórica do Projeto Participativo .............................................. 63

    ANEXO II ............................................................................................................................... 69

  • 11

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 – Mapa com a distribuição dos Meliponini segundo Camargo e Pedro (2008)

    sendo 397 espécies na região tropical, 192 no Brasil e 102 no Estado do

    Amazonas. .............................................................................................................. 14

    Figura 2 - Abelha Melipona seminigra. A - Entrada da colmeia com abelhas guarda. B

    – Vista interna de uma colônia. ............................................................................... 17

    Figura 3 - Caixa padronizada Modelo INPA. Em detalhe os cinco módulos

    componentes. Foto: acervo GPA. ........................................................................... 25

    Figura 4 - Meliponário na Comunidade Brasileirinho. A - Suporte coletivo com

    colmeias abelhas Melipona seminigra. B – Proteção contra formiga ...................... 26

    Figura 5 - Processos utilizados na multiplicação induzida de colmeias de Melipona

    seminigra. N/S – processo de multiplicação ninho/sobreninho; S/S – processo de

    multiplicação sobreninho/sobreninho. Modulos em cinza escuro – povoados com

    abelhas; modulos em cinza claro – vazios. Para detalhes, consultar o texto. ......... 27

    Figura 6 - Diferenciação visual, em campo, das colmeias de cada grupo de

    multiplicação (processos N/S e S/S) e subgrupo de tratamento (T1, T2, T3, T4) por

    placas de identificação com sistema de cores (consultar texto para detalhes). ...... 28

    Figura 7 - Alimentador utilizado para fornecimento dos tratamentos de alimentação

    complementar às colmeias. ..................................................................................... 30

    Figura 8 - Número de colmeias de Melipona seminigra, sobreviventes e mortas, no

    Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, durante o experimento. N/S = processo de

    multiplicação ninho/sobreninho; S/S = processo de multiplicação

    sobreninho/sobreninho. T1 = xarope; T2 = xarope + Vitagold; T3 = xarope + pólen;

    T4 = sem alimento. .................................................................................................. 34

    Figura 11 - Número de colmeias filhas mortas de Melipona seminigra no Meliponário

    Brasileirinho por tipo de tratamento alimentar recebido durante o experimento. N/S

    = processo de multiplicação ninho/sobreninho; S/S = processo de multiplicação

    sobreninho/sobreninho. T1 = xarope; T2 = xarope + Vitagold; T3 = xarope + pólen;

    T4 = sem alimento. .................................................................................................. 37

    Figura 12: Causas de morte de colmeias filhas de Melipona seminigra no Meliponário

    Brasileirinho durante o experimento. NFR = não formou rainha, Manaus – Am, no

    periodo de setembro/2010 a novembro/2011.......................................................... 38

    Figura 13 - Suporte PVC para controle de formigas no Meliponário do Brasileirinho,

    Manaus – AM. ......................................................................................................... 39

    Figura 14 - Comparação, pelo Teste de Tukey, dos intervalos de confiança das

    médias do número de colmeias de Melipona seminigra formadas pelos processos

    N/S e S/S no Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, no periodo de setembro/

    2010 a novembro/ 2011. A – média do número total de colmeias (F1+F2+F3),

  • 12

    independente da nota; B – média do número total de colmeias em F1,

    independente da nota; C – média do número total de colmeias (F1+F2+F3) que

    atingiram nota ≥ 5,0; D – média do número total de colmeias em F1 que atingiram

    nota ≥ 5,0. ............................................................................................................... 42

    Figura 15 - Comparação, pelo Teste de Tukey, dos intervalos de confiança das

    médias do tempo (em dias) para formação de rainhas em colmeias recem

    produzidas de Melipona seminigra em ambos os processo N/S e S/S no

    Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, no periodo de setembro/ 2010 a

    novembro/ 2011. A – média do tempo para formação de rainhas em colmeias

    recem produzidas nas três gerações; B – média do tempo para formação de

    rainhas em colmeias recem produzidas na geração F1; C – média do tempo para

    alcançar nota ≥ 5,0 em colmeias formadas em todas as gerações; D - média do

    tempo para alcançar nota ≥ 5,0 em colmeias formadas na geração F1. ................. 44

    Figura 16 - Comparação, pelo Teste de Tukey, dos intervalos de confiança das

    médias do número de colmeias de Melipona seminigra obtidas por subgrupos de

    tratamentos com alimento complementar, no Meliponário Brasileirinho, Manaus –

    AM, no periodo de setembro/ 2010 a novembro/ 2011. A – media do número de

    colmeias formadas nas três gerações por tipo de tratamento; B – média do número

    de colmeias formadas na geração F1 por tipo de tratamento. ................................ 46

    Figura 17 - Comparação, pelo Teste de Tukey, dos intervalos de confiança das

    médias do número de colmeias de Melipona seminigra que atingiram nota ≥ 5,0

    obtidas por subgrupos de tratamento com alimento complementar, no Meliponário

    Brasileirinho, Manaus – AM, no periodo de setembro/ 2010 a novembro/ 2011. A –

    média do número de colmeias com nota ≥ 5,0 formadas nas três gerações por tipo

    de tratamento; B – média do número de colmeias com nota ≥ 5,0 formadas na

    geração F1 por tipo de tratamento. ......................................................................... 47

    Figura 18 - Comparação, pelo Teste de Tukey, dos intervalos de confiança das

    médias do tempo (em dias) para formação de rainhas em colmeias de Melipona

    seminigra obtidas por subgrupos de tratamento com alimento complementar, no

    Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, no periodo de setembro/ 2010 a

    novembro/ 2011. A – média do tempo para formação de rainhas em colmeias

    formadas nas três gerações por tipo de tratamento; B – média do tempo para

    formação de rainhas em colmeias formadas na geração F1 por tipo de tratamento.

    ................................................................................................................................ 48

    Figura 19 - Comparação, pelo Teste de Tukey, dos intervalos de confiança das

    médias do tempo (em dias) para colmeias formadas de Melipona seminigra

    alcançarem nota ≥ 5,0 por subgrupos de tratamentos com alimento complementar,

    no Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, no periodo de setembro/ 2010 a

    novembro/ 2011. A – média do tempo para alcançar nota ≥ 5,0 em colmeias

    formadas nas três gerações por tipo de tratamento; B – média do tempo para

    alcançar nota ≥ 5,0 em colmeias formadas na geração F1 por tipo de tratamento. 49

  • 13

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Vitaminas presentes no Complexo Vitamínico Vitagold conforme fabricante

    Tortuga sob registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento SP-

    00403-00018, Código do Produto 2155, em frasco de 250 mL. .............................. 29

    Tabela 2: Sistema de identificação alfanumérico das colmeias matrizes e suas

    progênies utilizadas no experimento. ...................................................................... 32

    Tabela 3: Analise de Variância (ANOVA) aplicada ao experimento. ........................... 32

    Tabela 4: Número de colmeias filhas geradas a partir de 40 colmeias matrizes de

    Melipona seminigra em cada processo de multiplicação e tipo de tratamento no

    Meliponario Brasileirinho, Manaus-AM. ................................................................... 33

    Tabela 5: Numero total de colmeias de Melipona seminigra formadas pelos

    processos de multiplicação (N/S e S/S) e alimentadas de acordo com os subgrupos

    de tratamento (T1 a T4) no Meliponário do Brasileirinho, Manaus – AM, no período

    de setembro/ 2010 a novembro/ 2011. ................................................................... 41

    Tabela 6: Número total de colmeias de abelhas Melipona seminigra que conseguiram

    atingir nota ≥ 5,0 a partir da formação pelos processos N/S ou S/S e tratadas com

    os diferentes no Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, no período de setembro/

    2010 a novembro/ 2011. ......................................................................................... 45

    Tabela 7 – Perfil de evolução das colônias de Melipona seminigra ao longo do

    período de 3 setembro/ 2010 a 11 de novembro/ 2011 no Meliponario Brasileirinho,

    Manaus – AM. ......................................................................................................... 70

    Tabela 8 – Tempo para formação de rainha (TFR) e para alcançar nota 5,0 (TN5) em

    colmeias de Melipona seminigra formadas pelo processo N/S no Meliponario

    Brasileirinho, Manaus – AM. ................................................................................... 78

    Tabela 9 – Tempo para formação de rainha (TFR) e para alcançar nota 5,0 (TN5) em

    colmeias de Melipona seminigra formadas pelo processo N/S no Meliponario

    Brasileirinho, Manaus – AM. ................................................................................... 79

  • 14

    INTRODUÇÃO

    1 - As abelhas

    As abelhas são insetos que juntamente com as formigas e vespas constituem a

    ordem Hymenoptera. Nesta ordem existem diversas famílias das quais se destaca

    Apidae, onde se inserem todas as espécies de abelhas sociais, ou seja, as que

    formam colônias e que vivem em sociedade com sobreposição de gerações (Silveira

    et al. 2002). Michener (2007) propõe para esta família a existência de três subfamílias

    (Apinae, Nomadinae e Xylocopinae) sendo Apinae a mais diversificada. Dezenove

    tribos compõem os Apinae, incluindo a Meliponini composta pelas “abelhas sem

    ferrão” ou com ferrão residual. Os meliponíneos estão distribuídos em toda região

    tropical do globo, sendo mais diversificados na bacia Amazônica (Camargo e Pedro

    2008).

    Figura 1 – Mapa com a distribuição dos Meliponini segundo Camargo e Pedro (2008) sendo

    397 espécies na região tropical, 192 no Brasil e 102 no Estado do Amazonas.

    397 spp. 192

    102

  • 15

    Os meliponíneos, em sua maioria, nidificam em ocos de árvores, cavidades

    subterrâneas, termiteiros mortos, fendas em paredes e rochas, ninhos de formiga

    arborícola, ninhos de aves abandonados, entre outros (Schwarz 1948; Kerr et al.

    1967; Camargo e Pedro 2003). Estas abelhas se defendem de seus predadores,

    dependendo da espécie, por meio da camuflagem da entrada, fortes mordidas, uso de

    resina para imobilização e liberação de substância cáustica como na espécie

    Oxytrigona tataira Smith, 1863 (Kerr 1996; Kerr et al. 1996). Desta forma mantém uma

    relação direta e ampla com o meio ambiente, especialmente, com as plantas.

    A grande diversidade das matas tropicais esta associada à grande variedade

    dos insetos polinizadores (Roubik 1989). As abelhas sem ferrão são consideradas

    generalistas, pois visitam uma ampla diversidade de espécies de plantas (Aizen et al.

    2008; Kleinert et al. 2009) sendo importantes polinizadores em vários ecossistemas

    (Lanham 1993; Carvalho e Bego, 1996; Marques-Souza 1996; Kerr et al. 2001;

    Silveira et al. 2002; Imperatriz Fonseca et al. 2006). Cada espécie de planta tem uma

    ou mais espécies de abelhas responsáveis pelo eficiente transporte do pólen das

    anteras para o estigma das flores. Assim, as abelhas são como parte integrante do

    ecossistema em que vivem, e podem ser responsáveis, de acordo com o

    ecossistema, por 30 até 90% da polinização das árvores nativas, como é o caso da

    Amazônia (Kerr et al. 2001). Estudo sobre a associação de abelhas nativas e plantas

    no município de Manaus, AM, constatou a importância das abelhas na preservação e

    manutenção dos ecossistemas amazônicos (Absy e Kerr 1977; Absy et al. 1984).

    Diversos autores consideram, portanto, que a extinção de espécies de abelhas pode

    acarretar na extinção de várias espécies vegetais e possível desequilíbrio nos

    ecossistemas (Kerr et al. 1978; Roubik 1989; Kerr et al. 2001).

    Conclui-se que apesar do reconhecimento que as abelhas são de fundamental

    importância como agentes polinizadores (Kerr et al. 1996), percebe-se que o número

    de colônias de abelhas sem ferrão tem diminuído em decorrência aos grandes

    desmatamentos, queimadas, uso indiscriminados de agrotóxicos e ação predatória e

    efetivas de meleiros, ribeirinhos e populações indígenas, que após a derrubada de

    arvores contendo a colônia de abelhas, o mel é coletado para seu uso, e o restante é

    jogado fora e consumido pelas formigas (Aidar 1996; Kerr et al. 1996).

  • 16

    Os ninhos de abelhas sem ferrão do gênero Melipona são compostos de 4000

    a 5000 abelhas (Wilson 1971) que convivem socialmente e desempenham diferentes

    funções para o bem comum da colônia. Estas abelhas apresentam desenvolvimento

    holometábolo, pois possuem metamorfose completa (Kerr et al. 1996). Quanto à

    organização interna do ninho, as espécies de Melipona são diferentes das demais,

    não apresentando células reais, ou seja, os machos, as operárias e as rainhas se

    desenvolvem dentro de células de igual tamanho (Nogueira-Neto 1997).

    Os machos apresentam papel reprodutivo e, em pouquíssimos casos, realizam

    trabalhos dentro da colônia (Bustamante 2006). As fêmeas se dividem em castas:

    operárias e rainha. A rainha é responsável pela postura, consequentemente, pela

    perpetuação da colônia. As operárias constituem a casta que realiza a quase

    totalidade dos trabalhos dentro de uma colônia, desde a limpeza da colônia até o

    forrageamento, ou seja, coleta de néctar e pólen (Kerr et al. 1996).

    A estrutura da colônia é formada de discos de cria sobrepostos contendo ovos,

    larvas e imagos, envoltos geralmente por camadas de lâminas de cera denominadas

    coletivamente de invólucro, circundados por potes de cerume contendo mel ou pólen

    (Nogueira-Neto 1997).

    A espécie Melipona seminigra Friese, (1903), conhecida na região pelo nome

    de jandaíra ou uruçú-boca-de-renda, amplamente criada no Estado do Amazonas e

    nos arredores da cidade de Manaus (Peralta 1999; Carvalho-Zilse et al. 2005), além

    de ser boa produtora de mel, pólen e de fácil de ser manejada em caixas

    padronizadas (Marialva et al. 2007). Esta espécie promove a dispersão de semente,

    Melitocoria, como afirma Barcelar-Lima et al. (2006), que verificou a dispersão de

    sementes da espécie de Zygia racemosa (Ducke), uma espécie arvore madeireira da

    Amazônia, conhecida como angelim rajado, muito utilizada na confecção de moveis

    na região e de possuir alto valor de mercado.

    De acordo com Peralta et al. (1999), a uruçu-boca-de-renda é amplamente

    encontrada no Estado do Amazonas, porém seus limites não são ainda conhecidos. A

    espécie (Figura 1) constrói uma entrada característica do seu ninho que é constituído

    por, aproximadamente, 1300 indivíduos adultos. São abelhas que produzem mel de

    ótima qualidade e podem armazenar até 3 litros mel/colméia/ano (Portugal-Araújo

    1978; Carvalho-Zilse 2006).

  • 17

    A espécie M. seminigra tem grande potencial polinizador de várias espécies

    vegetais, tais como tarumã (Vitex cymosa - Verbenaceae), Mouriria ulei

    (Melastomataceae), Aparisthmium cordatum, Bellucia grossularioides, Cassia grandis,

    Cecropia sp., Leucaena sp., Matayba sp., Miconia myrianthera, Myrcia amazonica,

    Tapirira guianensis, Stryphnodendron guianensei, dentre outras (Portugal-Araújo,

    1978; Marques-Souza et al. 2002).

    Figura 2 - Abelha Melipona seminigra. A - Entrada da colmeia com abelhas guarda. B – Vista

    interna de uma colônia.

    A alimentação dos meliponineos é constituída basicamente de pólen e néctar

    provenientes das flores, exceto para a Trigona hypogea que se alimenta de proteína

    animal (Roubik 1989; Noll 1997; Mateus e Noll 2004). Estes recursos são necessários

    para todas as fases de desenvolvimento destes insetos, desde a fase de larva até a

    fase adulta. O néctar é a fonte de carboidratos na forma de vários açúcares,

    enquanto que o pólen fornece proteínas, lipídios, vitaminas e minerais (Winston

    2003).

    De acordo com Portela e Gallego (1999), a composição química do néctar

    depende da espécie vegetal, da fisiologia da planta, condições do solo e clima e

    fatores genéticos da planta.

    B A

  • 18

    Zucoloto (1994) afirma que o pólen possui uma variação nutritiva muito grande,

    dependendo da espécie botânica, entre outros fatores. Estudos demonstraram que o

    pólen possui alto poder energético quando comparado com outras partes da planta

    (Petanidou 1992).

    O pólen é manipulado pelas abelhas com auxilio das mandíbulas; durante

    este processo são acrescentadas secreções das glândulas mandibulares e

    hipofaringeanas. Neste processo ocorre o crescimento de leveduras e bactérias,

    principalmente do gênero Bacillus, que produzem enzimas extracelulares auxiliando

    na pré-digestão desse alimento, após este processamento o pólen estocado recebe o

    nome de saburá (Nogueira-Neto 1970; 1997). Embora o pólen possua sua importância

    nutricional na colmeia, a falta temporária deste não é tão importante para a vida das

    abelhas quanto à ausência do mel (Nogueira-Neto 1997).

    O alimento (néctar e pólen) é transportado para as colônias por abelhas

    campeiras, responsáveis pelo forrageamento, e armazenado em potes construídos de

    cerume (Nogueira-Neto 1997). Para elaboração do mel, o néctar sofre dois processos: 1)

    modificação física - quando acontece a evaporação do excesso de água do néctar; 2)

    modificação química – quando a enzima invertase é acrescentada pelas operárias

    transformando a sacarose, existente no néctar, em glicose e frutose (Venturieri et al.

    2007). De acordo com a Instrução Normativa 11 (20/10/2000) do Ministério da

    Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (Brasil, 2000), o mel é considerado

    um fluido viscoso, aromático e doce elaborado pelas abelhas a partir do néctar (e/ou

    exsudados sacarínicos) de plantas, principalmente de origem floral, que depois de ser

    levado para as colmeias, e ser desumificado, é amadurecido em potes de cerume

    para a sua alimentação.

    2 - Meliponicultura

    Uma excelente estratégia para conservação e uso destes polinizadores é a

    prática da criação das abelhas sem ferrão, denominada Meliponicultura (Carvalho-

    Zilse 2006). A criação de abelhas é milenar entre os povos indígenas e da América

  • 19

    Latina, principalmente no México e América Central, onde muito do que se emprega

    nos meliponários (local de criação das abelhas sem ferrão) é resultado de anos de

    manejo na prática com as abelhas sem ferrão (Nogueira-Neto 1997; Imperatriz

    Fonseca et al. 2005; Cortopassi Laurino et al. 2006). A criação de abelhas integrada

    ao Sistema Agroflorestal (SAF), com produção de fruteiras ou hortaliças, pode

    contribuir para o aumento da produção agrícola familiar e geração de renda

    (Venturieri 2003; Sarto et al. 2004), uma vez que aproveita a mão-de-obra familiar,

    fixa o homem no campo e tal atividade se caracteriza por ser praticada por pequenos

    agricultores (Pereira et al. 2007).

    A criação de abelhas é uma atividade que depende exclusivamente dos

    recursos naturais, por esta razão possui oscilação na produção de acordo com as

    variações das condições climáticas e ambientais de cada região. Na ausência de

    floradas, quando o estoque de alimento na colônia é insuficiente, é aconselhável o

    fornecimento de alimentação artificial complementar às abelhas (Wiese 1986). Esse

    fornecimento possibilita o aumento da postura da rainha, diminui a perda de peso

    das colônias e se relaciona positivamente com a produção de mel no período da safra

    (Jean-Prost 1981).

    Várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de encontrar

    substitutos para o mel e o pólen e manter as colônias em boas condições de

    produção, mesmo quando há pouca disponibilidade de flores no ambiente. Um bom

    substituto para o pólen deve ter características semelhantes ao do estocado no ninho

    (Fernandes e Zucoloto 1990). Camargo (1976) foi o primeiro a fazer estudos sobre

    dieta alimentar semi-artificial que substituísse o pólen, usando o pólen de Typha

    dominguensis, mais mel e saburá da espécie que receberia a dieta. Kerr et al. (1996)

    utilizou uma pastilha de vitamina do complexo B e sais minerais para enriquecimento

    da formulação de água e açúcar. De acordo com Parras (1990) os insetos necessitam

    de quantidades de minerais, principalmente do complexo B, suficientes para o

    crescimento e seu desenvolvimento, além de ser importante no balanceamento iônico

    e permeabilidade celular. Costa (2008) conclui que xarope contendo 60% de açúcar

    invertido e enriquecido com minerais e a formulação de extrato de soja, açúcar, água

    e inoculo de pólen (saburá) pode ser uma alternativa para a substituição do alimento

    natural, mel e pólen.

  • 20

    Outro ponto relacionado à nutrição seria a disponibilidade de alimento para a

    colônia; quanto maior a quantidade de recursos disponíveis maior será o estímulo das

    abelhas em voar para realizar o forrageamento, acelerando assim a sua senescência e

    sua taxa de mortalidade (Biesmeijer 1997; Page e Peng 2001; Amdam e Omholt

    2002).

    Diversos tipos de caixas para criação de abelhas sem ferrão têm sido propostas

    e testadas por pesquisadores, com objetivo de facilitar a multiplicação dos ninhos de

    abelhas sem ferrão, além da coleta de mel, pólen, resina e outras necessidades do

    meliponicultor (Portugal Araújo 1955; Nogueira-Neto 1970-1997; Oliveira e Kerr

    2000; Carvalho-Zilse et al. 2005; Cortopassi-Laurino et al. 2006; Bustamante et al.

    2008; Venturieri 2008).

    Vários processos de multiplicação de colmeias já foram testados com diferentes

    métodos e caixas, a fim de facilitar a multiplicação induzida de ninhos de abelhas.

    Entretanto, sempre é necessário aperfeiçoar as metodologias de multiplicação

    (Nogueira-Neto 1970; Kerr et al. 1996; Aidar e Campos 1998; Baquero et al. 2004).

    Oliveira e Kerr (2000) desenvolveram o Método Perturbação Mínima que

    consiste na formação de novas colmeias de abelhas sem ou com a mínima

    manipulação dos discos de cria pelo meliponicultor.

    As abelhas do gênero Melipona apresentam um intrigante mecanismo de

    determinação de sexo, ainda não totalmente desvendado, mas que não suporta a

    endogamia. Tal mecanismo requer que existam numa mesma área de reprodução,

    pelo menos 44 colônias da mesma espécie para se evitar o efeito de endogamia.

    Desta forma, pequenas populações isoladas podem levar a morte de colônias e perda

    de toda a população (Carvalho 2001). Portanto, há necessidade de se saber e

    dominar corretamente o seu processo reprodutivo de maneira a colaborar no

    conhecimento e domínio da técnica da criação das diferentes espécies que existem

    em cada região e Estado do País (Kerr et al. 1996; Carvalho 2001; Mickch e Bernils

    2004).

  • 21

    JUSTIFICATIVA

    Considerando-se que na Amazônia estão presentes, aproximadamente, 46%

    das espécies (88 espécies) dos meliponíneos brasileiros, a viabilização e a

    tecnificação da sua exploração econômica e ecológica podem contribuir no melhor

    aproveitamento destes insetos e melhoria das condições de vida do caboclo

    amazônico por meio da Meliponicultura.

    A tecnologia implantada para a criação de abelhas sem ferrão na Amazônia

    vem sendo consolidada e pode alcançar ampla aplicação. Essas abelhas

    normalmente são criadas em caixas de madeira para a produção de mel, pólen,

    própolis, cera e também enxames. A caixa de madeira facilita o manejo e a

    manipulação dos ninhos para produção e colheita dos produtos das colônias as quais,

    inclusive, podem ser multiplicadas de maneira induzida a fim de formar novas

    colmeias. Vários modelos de caixas já foram propostos e testados, com a finalidade

    de simular as características que a abelha encontra na natureza para se obter melhor

    rendimento, melhoria do manejo empregado e facilitar a colheita dos produtos

    produzidos.

    As abelhas sem ferrão são fáceis de ser manejadas tornando importante o

    desenvolvimento de técnicas de manejo para aumentar rapidamente o número de

    colméias. Desta maneira a atividade pode ser integrada com diversos tipos de

    plantios agro-florestais de produção frutífera ou de ciclo curto, frutíferas, entre outras

    podendo, ainda, contribuir potencialmente para o aumento da produção agrícola no

    Amazonas e geração de renda para agricultura familiar.

    Desde o ano de 2006, o Grupo de Pesquisas em Abelhas vem atendendo a

    uma demanda da Comunidade Brasileirinho (Manaus – AM) quanto a capacitação

    teórica e prática dos comunitários na atividade de Meliponicultura. Tal demanda foi

    inicialmente atendida pelo desenvolvimento do projeto “Estudos agronômicos e

    sociais de três comunidades rurais do Amazonas visando suas sustentabilidades a

    longo prazo” (CT-Amazônia/CNPq). Durante o projeto surgiu a necessidade de avaliar

    a eficiência de diferentes processos de multiplicação induzida de colmeias submetidas

    ou não a alimentação complementar com a finalidade de aumento rápido do número

    de colmeias no Meliponário. Tal resposta auxiliará na expansão da Meliponicultura

  • 22

    como uma atividade dentro da agricultura familiar e permitir o aumento da

    disponibilidade destes polinizadores contribuindo diretamente com a polinização de

    pomares, plantações e cultivos nas propriedades rurais e Sistemas Agroflorestais

    (SAFs) e geração de renda.

  • 23

    OBJETIVO GERAL

    Comparar a eficiência de dois processos de multiplicação induzida de colônias

    de abelhas Melipona seminigra, submetidas a diferentes tipos de alimentação

    complementar, para aumento do número de colmeias.

    Objetivos específicos

    Verificar o número de colmeias filhas obtidas pelos processos de multiplicação

    induzida de colmeia “ninho/sobreninho” e “sobreninho/sobreninho”;

    Comparar os processos de multiplicação em colmeias submetidas a diferentes

    tipos de alimentação complementar.

  • 24

    MATERIAL E MÉTODOS

    O trabalho foi realizado, no período de setembro de 2010 a novembro de 2011,

    na comunidade do Brasileirinho, situada no Ramal do Brasileirinho, sub-ramal do Km

    10, Km 01 nº 827, município de Manaus – AM. Foi montado um Meliponário

    Demonstrativo Experimental (doravante denominado Meliponário Brasileirinho)

    instalado na propriedade do Sr. Aníbal Gomes da Costa (Sr. Monteiro) (03° 00’ 27.20’’

    S; 59° 51’ 49.23” W).

    De acordo com Willerding e Oliveira (2005), a comunidade do Brasileirinho

    situa-se no limite da cidade de Manaus com as bordas da floresta, constituída por

    vários sítios que apresentam plantações de diferentes espécies frutíferas nativas e

    exóticas, sendo uma área de pressão para o desmatamento. No local, sitio, onde foi

    instalado o Meliponário Brasileirinho existem plantações de diversas plantas frutíferas

    assim como nos demais sítios ao redor da localidade. Nos arredores também existem

    áreas protegidas constituídas de mata primária e secundaria, com flores poliníferas e

    nectaríferas disponíveis às abelhas, além de fonte de água, resina e barro que as

    abelhas utilizam nas tarefas de construção e manutenção da estrutura da colônia.

    O material biológico utilizado para o trabalho foi 40 colmeias matrizes de

    abelhas Melipona seminigra (Figura 1) oriundas de: 10 colmeias do Meliponário do

    Grupo de Pesquisas em Abelhas – GPA/INPA (Manaus-AM, 3º 05’ 50.91”S, 59˚59’

    06.32”W), 10 colmeias do Meliponário do Sr. Robervalter (Iranduba-AM, 3º 12’ 59.72

    S, 60˚07’41.89” W), 15 colmeias do Meliponário Sr. Ribamar, comunidade do

    Brasileirinho (Manaus-AM, 3º 00’51.16”S, 59˚11’12.32”W) e 5 colmeias da localidade

    do bairro do Monte Pascoal (Manaus – AM, 3º 00’ 24.64”S, 60˚00’ 04.22”W).

    As colmeias foram alojadas em caixas de madeira, padronizadas no modelo

    INPA 2005 (Carvalho-Zilse et al. 2005), compostas de cinco módulos sobrepostos

    (lixeira, ninho, sobreninho, melgueira e tampa), com as seguintes dimensões internas

    e funções (Figura 3).

    a) Lixeira (15x15x1 cm) – local de depósito de lixo, fezes e restos de alvéolos.

    b) Ninho (15x15x7cm) – destinado aos discos de crias (filhotes) e, algumas vezes,

    potes de alimento.

  • 25

    c) Sobreninho (15x15x7cm) – destinado aos discos de cria. Possui um furo na

    parede traseira para ventilação da colmeia.

    d) Melgueira (15x15x7cm) – destinado ao armazenamento de potes com mel e

    pólen. Seu assoalho é formado por duas pequenas tábuas separadas entre si,

    espaços que servem de acesso ao sobreninho.

    e) Tampa (21x21x3cm) – para fechar a parte superior da colmeia.

    Figura 3 - Caixa padronizada Modelo INPA. Em detalhe os cinco módulos componentes. Foto: acervo GPA.

    Estas colmeias foram mantidas sobre suportes coletivos e individuais, tendo na

    base de cada suporte, um recipiente cilíndrico construído de cimento e areia,

    contendo óleo queimado de motor para proteção contra formigas e outros inimigos

    naturais (Figura 4).

  • 26

    Figura 4 - Meliponário na Comunidade Brasileirinho. A - Suporte coletivo com colmeias abelhas Melipona seminigra. B – Proteção contra formiga.

    As 40 colmeias matrizes foram sorteadas ao acaso formando dois Grupos (1 e

    2) que foram submetidos a dois processos de multiplicação induzida pelo “Método

    Perturbação Mínima” visando a formação de novas colmeias de abelhas. As

    multiplicações ocorreram ao longo do período do experimento.

    O Grupo 1 consistiu de 20 colmeias matrizes e sua progênie submetidas ao

    processo de multiplicação “ninho/sobreninho (N/S)”. No processo N/S, uma colmeia

    povoada (colmeia mãe) era aberta entre os módulos “ninho” e “sobreninho”, os quais

    eram separados entre a colmeia mãe e a filha, de maneira que cada colmeia recebia

    os módulos faltantes (vazios) para recompor duas colmeias completas com lixeira +

    ninho + sobreninho + tampa (Figura 4).

    O Grupo 2 foi formado por 20 colmeias matrizes e sua progênie submetidas ao

    processo de multiplicação denominado “sobreninho/sobreninho (S/S)”. No processo

    S/S uma colmeia povoada também foi dividida doando um modulo sobreninho à

    colmeia filha de maneira que ambas recebiam os módulos faltantes vazios e ficavam

    constituídas com lixeira + sobreninho + sobreninho + tampa. Neste processo o

    sobreninho era colocado diretamente sobre a lixeira e sobre este o sobreninho era

    acrescentado outro sobreninho vazio (Figura 5).

    A B

  • 27

    Figura 5 - Processos utilizados na multiplicação induzida de colmeias de Melipona seminigra. N/S – processo de multiplicação ninho/sobreninho; S/S – processo de multiplicação sobreninho/sobreninho. Modulos em cinza escuro – povoados com abelhas; modulos em cinza claro – vazios. Para detalhes, consultar o texto.

    Para diferenciar visualmente as colmeias (matrizes ou progênie) de cada Grupo

    foi estabelecido um sistema de identificação consistindo de uma placa metálica com

    cores diferentes: cor cinza para colmeias do processo N/S e cor branca para as do

    processo S/S (Figura 6). Todas as colmeias matrizes possuíam notas equiparadas no

    momento do sorteio para formação dos grupos.

    As 20 colmeias matrizes de cada grupo foram subdivididas, por sorteio, em

    quatro subgrupos contendo cinco (5) colmeias cada (Figura 6), que receberam

    diferentes tipos de alimento complementar (que foram diferenciadas visualmente com

    placas de identificação por cores), a saber:

    Tratamento 1 (T1): cinco (5) colmeias e sua progênie que receberam 60 mL / por

    semana de alimentação complementar composta de xarope feito com 1 kg de

    açúcar cristal + 600 mL de água.

    N/S S/S

  • 28

    Tratamento 2 (T2): cinco (5) colmeias e sua progênie que receberam 60 mL / por

    semana de alimentação complementar composta de xarope feito com 1 kg de

    açúcar cristal + 600 mL de água + 1 mL de complexo vitamínico.

    Tratamento 3 (T3): cinco (5) colmeias e sua progênie que receberam 60 mL / por

    semana de alimentação complementar, composta de xarope feito com 1 kg de

    açúcar cristal + 600 mL de água + 20 gramas de pólen de Melipona seminigra.

    Tratamento 4 (T4): cinco (5) colmeias e sua progênie que não receberam nenhum

    tipo de alimentação complementar.

    Os tratamentos T1, T2 e T3 receberam 60 mL de alimento por semana, fornecido

    em duas vezes de 30 mL cada, esse volume foi estabelecida por que as abelhas

    possam consumir em menor tempo possível, sem que o mesmo possa fermentar

    e passar a ser um foco de possíveis predadores.

    Figura 6 - Diferenciação visual, em campo, das colmeias de cada grupo de multiplicação

    (processos N/S e S/S) e subgrupo de tratamento (T1, T2, T3, T4) por placas de identificação com sistema de cores (consultar texto para detalhes).

    Processo S/S

    Processo N/S

    Placas de identificação

    T1

    T2

    T3

    T4

    T1

    T2

    T3

    T4

    Placas de identificação

  • 29

    A preparação do xarope de açúcar utilizado nos três tratamentos (T1, T2 e T3)

    foi realizada com o seguinte procedimento: 600 mL de água e 1 kg de açúcar cristal.

    Esta mistura foi levada ao fogo por 5 minutos, somente para dissolver o açúcar (água

    morna, não fervida). Somente após o completo resfriamento do xarope era

    acrescentado 20 g de pólen (Saburá) coletado por abelhas M. seminigra ou 1 mL de

    complexo vitamínico, de acordo com seu tratamento. Duas vezes por semana as

    colmeias foram alimentadas com 30 mL da solução respectiva para cada subgrupo,

    totalizando 60 mL de alimento por semana, durante os 15 meses.

    Segundo Parras (1990) e Kerr et al. (1996) o metabolismo das abelhas

    necessitam de vitamina A e vitaminas do complexo B. Portanto, foi escolhido o

    complexo vitamínico Vitagold por ser rico nestes nutrientes (Tabela 1) e por ser um

    produto fácil de ser encontrado em casas que vendem produtos agrícolas, além de

    vários meliponicultores já utilizam empiricamente para alimentação das abelhas na

    região de Manaus.

    Tabela 1: Vitaminas presentes no Complexo Vitamínico Vitagold conforme fabricante

    Tortuga sob registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento SP-00403-00018, Código do Produto 2155, em frasco de 250 mL.

    Fórmula do Vitagold Cada 1L contém:

    Vitamina A 15.000.000 UI

    Vitamina D3 4.000.000 UI

    Vitamina E 1.000 mg

    Vitamina B1 4.000 mg

    Vitamina B2 1.500 mg

    Vitamina B6 2.000 mg

    Vitamina B12 4.800 mcg

    Nicotinamida 10.000 mg

  • 30

    A alimentação complementar foi oferecida internamente às colmeias, dentro de

    um copo cilíndrico de plástico, com três pedaços de madeira que serviram de suporte

    para que as abelhas não morressem afogadas no alimento. Em cima da caixa foi

    colocada uma placa de PVC cristal, com 2 mm de espessura, com um furo numa das

    extremidades para o abastecimento do alimento sem a necessidade da abertura da

    caixa. A abertura freqüente da caixa poderia alterar a temperatura interna da colmeia,

    podendo levar à perda de abelhas jovens, enfraquecimento da colmeia, ruptura dos

    favos ou até mesmo o vôo prematuro da rainha virgem e consequentemente, a perda

    da mesma. Esse conjunto (copo+madeira+placa com furo) foi denominado de

    “alimentador” (Figura 7).

    Figura 7 - Alimentador utilizado para fornecimento dos tratamentos de alimentação complementar às colmeias.

    Para fins de comparação entre os grupos propostos, foi estabelecido um

    delineamento ao acaso em esquema fatorial de 2 tipos de arranjos de divisões (G1 x

    G2) e 4 tipos de alimentação (T1, T2, T3 e T4).

    As colônias foram avaliadas visualmente a cada quinze dias e atribuídas notas

    de 1 a 10 conforme sistema proposto por Kerr (1987) e Nogueira-Neto (1970), num

    padrão de notas levando-se em conta as características descritas abaixo:

    A B

  • 31

    Colônia muito forte (nota de 8,0 a 10,0): colônias com grande número de

    campeiras, seis ou mais discos de crias e, pelo menos, a metade da melgueira

    com potes contendo mel ou pólen.

    Colônia forte (nota 7,0 a 7,9): colônia com número grande de abelhas, com

    alimento no ninho e sobreninho, cinco ou seis discos de crias.

    Colônia estável (nota de 5,0 a 6,9): colônias com aproximadamente 500 abelhas

    adultas, três a cincos discos de cria e poucos potes com mel ou pólen.

    Colônia fraca (nota de 3,6 a 4,9): colônia com poucas campeiras, discos de cria

    menores e pouquíssimos potes com mel ou pólen.

    Colônia fraca (nota de 2,5 a 3,5): colônia recém-dividida, com poucas campeiras,

    discos de crias e potes com mel ou pólen oriundos da multiplicação, sem rainha.

    Colônia fraca (nota de 1,0 a 2,4): colônia com poucas campeiras, sem discos de

    cria ou rainha, pouquíssimos potes com mel ou pólen e cera fungada.

    A fim de quantificar as multiplicações bem sucedidas oriundas de ambos os

    processos de multiplicação, estabeleceu-se como critério o fato da colmeia filha

    alcançar nota ≥ 5,0 (cinco). O critério definido para que uma colmeia pudesse ser

    multiplicada foi de ter atingido nota 7,0 (sete). Todas as informações sobre as

    colmeias foram registradas em planilhas individuais, quanto à evolução que a mesma

    apresentava a fim de promover análise da influência do alimento complementar e dos

    processos de multiplicações, no aumento do número de colmeias no Meliponário.

    As colmeias foram identificadas ainda por um sistema alfanumérico para

    diferenciar as colmeias mães e suas respectivas progênies. As colmeias matrizes

    receberam uma numeração de 01 a 40 e suas descendentes receberam a numeração

    da caixa mãe seguida de uma letra (ordem alfabética) e o número correspondente a

    sua sequencia de origem (1ª, 2ª ou 3ª colmeia filha gerada por uma única colmeia

    mãe) de maneira a não permitir numeração repetida de colmeias em nenhuma

    geração (Tabela 2).

  • 32

    Tabela 2: Sistema de identificação alfanumérico das colmeias matrizes e suas

    progênies utilizadas no experimento.

    Nº colmeia mãe Geração Nº da 1ª colmeia filha Nº da 2ª colmeia filha

    01 F1 01A 01B

    01A F2 01A1 01A2

    01A1 F3 01A1A 01A1B

    01A1A F4 01A1A1A 01A1A1B

    Os dados experimentais foram analisados e comparados por análise de

    variância (ANOVA), o teste F (Tabela 3) e quando os fatores foram significativos, foi

    aplicado o teste de comparação de média pelo teste de Tukey (ambos os teste foram

    realizados ao nível de 5% de probabilidade).

    Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente utilizando o programa

    MINITAB versão 1.4 e apresentados na forma gráfica por utilização da Planilha Excel

    (Microsoft Office Excel versão 2007).

    Tabela 3: Analise de Variância (ANOVA) aplicada ao experimento.

    Fonte de Variação GL

    Processo de Multiplicação (M) 1

    Tratamentos de alimentação (T) 3

    Interação (M x T) 3

    Resíduo 32

    Total 39

  • 33

    RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Ao longo deste trabalho ocorreram atividades de extensão junto aos

    meliponicultores do ramal do Brasileirinho cujo histórico e resultados estão

    apresentados no Anexo I. A evolução do desenvolvimento das colmeias matrizes, e

    suas progênies, ao longo deste trabalho estão apresentadas no Anexo II.

    1 – Formação de novas colmeias e mortalidade

    Produção de novas colmeias

    De maneira geral, ambos os processos de multiplicação se mostraram

    eficientes para aumento do numero de colmeias em Meliponário (Tabela 4).

    Tabela 4: Número de colmeias filhas geradas a partir de 40 colmeias matrizes de Melipona seminigra em cada processo de multiplicação e tipo de tratamento no Meliponario Brasileirinho, Manaus-AM.

    Gerações N/S S/S Total

    geral T1 T2 T3 T4 T1 T2 T3 T4

    F1 10 6 10 5 7 9 12 7 66

    F2 5 1 6 3 3 5 6 2 31

    F3 1 0 0 0 0 0 1 0 2

    Total filhas / tratamento 16 7 16 8 10 14 19 9 99

    Total geral filhas 47 (47,5%) 52 (52,5%) 99

    Filhas com nota ≥ 5,00 36 47 83

    Filhas mortas / tratamento 0 1 4 2 0 4 0 1 12

    Matrizes mortas / tratamento 1 1 1 3 0 0 1 0 7

    Total mortas / tratamento 1 2 5 5 0 4 1 1 19

    Total mortas (filhas + matrizes) 13 (68,4%) 6 (31,6%) 19

    Matrizes vivas / tratamento 4 4 4 2 5 5 4 5 33

    Total filhas vivas 40 (46,0%) 47 (54,0%) 87

    Total vivas (filhas + matrizes) 54 (45,0%) 66 (55,0%) 120

    N/S – processo de multiplicação “ninho/sobreninho”; S/S – processo de multiplicação “sobreninho/sobreninho”; T1 = xarope; T2 = xarope + Vitagold; T3 = xarope + pólen; T4 = sem alimento complementar.

  • 34

    O sucesso de ambos os processos de multiplicação pelo Método Perturbação

    Mínima permitiu triplicar o número de colmeias em 15 meses (atingiu 158 colmeias a

    partir de 40 matrizes), com 72,5% de sobrevivência das colmeias formadas (87

    colmeias filhas sobreviventes). O processo S/S produziu o maior número de progênies

    sobreviventes (= 47 colmeias, 54,0%) e o tratamento T3 apresentou o maior número

    de colmeias filhas sobreviventes (= 29 colmeias; 33,3%) entre os subgrupos de

    tratamento. O total de colmeias no Meliponario Brasileirinho ao final dos 15 meses de

    trabalho foi de 120 colmeias vivas (sendo 33 colmeias matrizes vivas e 87 colmeias

    filhas sobreviventes) (Figura 8).

    Figura 8 - Número de colmeias de Melipona seminigra, sobreviventes e mortas, no Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, durante o experimento. N/S = processo de multiplicação ninho/sobreninho; S/S = processo de multiplicação sobreninho/sobreninho. T1 = xarope; T2 = xarope + Vitagold; T3 = xarope + pólen; T4 = sem alimento.

    Carvalho et al. (2001), utilizando o mesmo “Método Perturbação Mínima”

    obtiveram 117 novas colmeias (=137,6%) a partir de 85 colmeias matrizes de abelhas

    jupará, Melipona compressipes (M. interrupta), totalizando 202 colmeias ao final de 10

    meses. O método também foi aplicado para a formação de abelhas urucu-boca-de-

  • 35

    renda, Melipona seminigra, e, de um total de 15 colmeias matrizes, foram formadas

    18 novas colmeias (=120,0%), totalizando 33 colmeias durante o mesmo período.

    Considerando outros métodos de multiplicação induzida de colmeias, Carvalho

    (1996) realizou multiplicações de abelhas uruçu (Melipona scutellaris) em um período

    de 60 meses comparando três métodos de multiplicação (1:1; Introdução de Rainha;

    Cria Total) ao Método Perturbação Mínima. De 401 colmeias filhas obtidas dentre

    todos os métodos usados, o Método Perturbação Mínima formou 242 colmeias filhas,

    o que representa 60,3% do total de multiplicações. Os números indicam que o Método

    Perturbação Mínima foi o mais eficiente para multiplicação de colmeias de M.

    scutellaris e aumento do numero de colmeias em Meliponário.

    Neste trabalho, os resultados corroboram os dados de literatura demonstrando

    que o Método Perturbação Mínima é eficiente para o aumento rápido do numero de

    colmeias em Meliponário, independente dos processos de distribuição das alças ninho

    ou sobreninho entre as colmeias filhas. No entanto, constatou-se que o processo S/S

    foi o que alcançou maior numero de colmeias filhas e apresentou o menor numero de

    colmeias mortas.

    Comparando-se os processos N/S e S/S quanto às gerações das colmeias

    formadas, observa-se que ambos produziram colmeias até a geração F3, com

    exceção do subgrupo de colmeias submetidas ao tratamento T2 (xarope + Vitagold) e

    T4 (sem alimento) (Figura 9).

    Foi possível realizar multiplicações durante todo o período do experimento

    sendo que o maior número de divisões ocorreu entre os meses de março a setembro/

    2011 (Figura 10),pois de acordo como a classificação climática de Köppen-Geiger o

    clima de Manaus é considerado tropical úmido, com temperatura média anual de

    30 °C, e umidade relativa do ar em médias entre 76 a 89%, com duas estações do

    ano bem definida: um periodo chuvoso que vai de novembro a abril, e outro seco que

    vai de maio a outubro, o que pode ter favorecido o aumento de colmeias neste

    periodo seco. Vilas Boas (2008), trabalhando com o mesmo “Método de Perturbação

    Mínima”, verificou que o maior número de multiplicações de colmeias de abelhas

    jupará (M. interrupta) ocorreu entre os meses de agosto a outubro/ 2006 e entre julho

    a outubro/ 2007, no Meliponário Renascer na comunidade Brasileirinho, Manaus-AM.

  • 36

    Figura 9 - Número de colmeias de Melipona seminigra formadas em cada geração de

    acordo com os processos de multiplicação e por tipo de tratamento alimentar recebido durante o período do experimento no Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM. F1 – 1ª geração F1, F2 – 2ª geração, F3 – 3ª geração; N/S = processo de multiplicação ninho/sobreninho; S/S = processo de multiplicação sobreninho/sobreninho. T1 = xarope; T2 = xarope + Vitagold; T3 = xarope + pólen; T4 = sem alimento.

    Figura 10 - Número mensal de colmeias formadas e de colmeias mortas de Melipona seminigra no Meliponario Brasileirinho, Manaus – AM, no período de outubro/ 2010 a novembro/ 2011.

  • 37

    Mortalidade

    Durante o experimento houve 19 mortes de colmeias das quais 7 (sete) eram

    matrizes e 12 filhas. Portanto, o índice de sobrevivência entre as colmeias filhas foi de

    86,2% e entre as colmeias matrizes foi de 82,5%. As duas causas de morte das

    colmeias matrizes foram florídeos (Pseudohypocera kertezi - Diptera), 4 colmeias, e

    ataque de irara (Eira Barbara), 3 colmeias.

    O maior índice de mortalidade de colmeias filhas foi observado para o processo

    N/S (= 7; 58,3%). Nenhuma morte de colmeia foi registrada para o subgrupo de

    tratamento T1 em ambos os processos, assim como nenhuma morte ocorreu nas

    colmeias T3 do processo S/S (Figura 11).

    Figura 11 - Número de colmeias filhas mortas de Melipona seminigra no Meliponário

    Brasileirinho por tipo de tratamento alimentar recebido durante o experimento. N/S = processo de multiplicação ninho/sobreninho; S/S = processo de multiplicação sobreninho/sobreninho. T1 = xarope; T2 = xarope + Vitagold; T3 = xarope + pólen; T4 = sem alimento.

    Entre as colmeias filhas, a principal causa de morte (Figura 12) foi o ataque de

    irara ou papa mel (Eira barbara), que é uma espécie de mamífero nativo das florestas

    tropicais (Emmons e Feer, 1990). As colmeias foram atacadas à noite ou ao

    amanhecer e em dias nublados. O animal derruba a colmeias ao chão ou, se a caixa

    está amarrada, ele perfura buracos nas laterais das colmeias com suas garras, por

  • 38

    onde são retirados os discos de crias e potes contendo mel ou pólen. Para evitar sua

    aproximação, foram utilizados foguetes de artifícios (catolé) para espantar o animal.

    Este método tem efeito imediato, porém, em poucos dias, o animal retorna.

    A segunda principal causa de morte (3 colmeias) foi a não formação de

    rainhas, uma vez que as rainhas ficaram nos módulos que estavam os discos de crias

    nascentes e somente foi percebido após 10 dias após a multiplicação. Assim, as

    colmeias não iniciaram postura e, consequentemente enfraqueceram e morreram, já

    que o modulo que estava sem rainha, somente continha discos de postura nova. Não

    foi dado nenhum tipo de reforço às colmeias, a não ser a alimentação estabelecida

    pelos tratamentos, a fim de não comprometer a análise final das comparações.

    Figura 12: Causas de morte de colmeias filhas de Melipona seminigra no Meliponário

    Brasileirinho durante o experimento. NFR = não formou rainha, Manaus – Am, no periodo de setembro/2010 a novembro/2011.

    O ataque de forídeos (Pseudohyposera Kerstezi - Diptera, Phoridae) foi a

    terceira causa de morte das colmeias filhas. Os florídeos foram combatidos com

    armadilhas contendo vinagre com aroma de maça (Nogueira-Neto, 1997) e com uso

    da “Tela Barreto” (Carvalho et al., 2001). A tela mostrou-se bastante eficaz quando a

    infestação era muito grande.

  • 39

    Registrou-se a perda de uma colmeia devido ao saqueamento por abelhas da

    mesma espécie (M. seminigra). Também se anotou a morte de uma colmeia por

    ataque de formigas. As formigas (“correição ou tauoca”) invadiram o Meliponário

    Brasileirinho aproveitando o escoamento de óleo protetor dos pés dos suportes das

    colméias por lavagem pela água da chuva e invadiram orifícios no suporte de madeira

    que servia de passagem das mesmas sem entrar em contato com o óleo protetor.

    Para impedir este caminho, foi confeccionado suporte com tubo de PVC de 100 mm

    (1m de altura), haste de ferro em cruz e concreto, deixando de 5 a 7 cm sem o

    preenchimento do concreto para formar um depósito de óleo (Figura 13). Apesar de

    este suporte elevar o custo de implantação do Meliponário, se mostrou eficiente e de

    proteção definitiva às colméias.

    Figura 13 - Suporte PVC para controle de formigas no Meliponário do Brasileirinho, Manaus – AM.

    Coletto-Silva (2006); Kerr et al., (1996) e Nogueira-Neto (1970 e 1997), relatam

    vários inimigos naturais das abelhas com potencial para o extermínios da colmeias,

    entre eles os mais comuns são: forídeos (Diptera), largatos, formigas (Himenoptera,

    Formicidae), cupins, aranhas (Arachnideos), espécies de abelhas saqueadoras,

    principalmente do Gênero Lestrimellita. Vale ressaltar que, praticamente, todos os

    inimigos naturais em potencial que tem ação predatória sobre colmeias de abelhas

  • 40

    podem ser combatidos ou controlados. Porem a “abelha limão” (Lestrimellita sp),

    considerada o principal inimigo natural em áreas onde a floresta permanece quase

    intacta como no caso do município de São Gabriel da Cachoeira – AM (Fernandes et

    al., 2009), é fator limitante da criação de abelhas em função dos danos provocados às

    colmeias e não existir técnica para seu controle.

    De maneira geral, os resultados comparativos entre os processos e

    tratamentos alimentares indicam que o processo S/S formou o maior número de

    colmeias filhas (52,5%), teve o maior número de colmeias que alcançaram nota 5,0

    (critério de sucesso da multiplicação; 56,6%), apresentou o maior numero de colmeias

    filhas sobreviventes (54,0%) e teve o menor número de colmeias filhas mortas

    (41,7%). O tratamento T3 (xarope + pólen) apresentou o maior número de colmeias

    formadas e o menor número de colmeias mortas. Portanto, tomados juntos, o

    processo S/S e o tratamento alimentar T3, em números absolutos, alcançaram maior

    eficiência para o aumento do numero de colmeias em Meliponario. No entanto, os

    processos e tratamentos foram analisados estatisticamente e os resultados estão

    apresentados na subseção seguinte.

    2 – Comparação dos processos de multiplicação N/S e S/S

    A comparação dos dados por ANOVA indicou que não houve diferença

    estatística significativa entre os processos de multiplicação (N/S ou S/S) e nem entre

    a interação destes com os subgrupos tratamento. No entanto, o tratamento T3

    (xarope + pólen) foi estatisticamente diferente do grupo controle (T4 – sem alimento),

    mas não diferiu dos outros tratamentos de alimentação complementar (Tabela 5).

  • 41

    Tabela 5: Numero total de colmeias de Melipona seminigra formadas pelos

    processos de multiplicação (N/S e S/S) e alimentadas de acordo com os subgrupos de tratamento (T1 a T4) no Meliponário do Brasileirinho, Manaus – AM, no período de setembro/ 2010 a novembro/ 2011.

    Tratamentos Tipo de alimento N/S S/S Total de colmeias

    T3

    T1

    xarope + pólen

    xarope

    16 (34,0%)

    16 (34,0%)

    19 (36,5%)

    10 (19,2%)

    35 (35,4%) a

    26 (26,2%) ab

    T2 xarope + Vitagold 07 (14,9%) 14 (26,9%) 21 (21,2%) ab

    T4 sem alimento 08 (17,0%) 09 (17,3%) 17 (17,2%) b

    Total de colmeias

    47 (47,5%) A 52 (52,5%) A 99

    Números seguidos de mesma letra não diferem entre si. Letras minúsculas entre as linhas (tipo de alimentos) e maiúscula nas colunas (grupos) ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

    2.1. Número de colmeias formadas

    Comparando-se, pelo teste de Tukey, os intervalos de confiança das medias

    do número de colmeias filhas produzidas por ambos os processos (N/S e S/S) e do

    total de colmeias somente da geração F1; assim como as médias do número de

    colmeias que atingiram nota ≥ 5,0 nas três gerações ou apenas na geração F1 não foi

    observada diferença estatística significativa entre os processos de multiplicação N/S e

    S/S (Figura 14).

    Vilas Boas (2008) utilizando o método de perturbação mínima (processo N/S)

    comparou a eficiência da alimentação complementar (xarope) x alimentação natural

    (controle sem alimento complementar) em abelhas jupará (Melipona interrupta) na

    localidade do Brasileirinho (Sitio Renascer). A partir de 12 colmeias obteve 56

    progênies vivas (59 colmeias no total), em um período de 14 meses (agosto/2006 a

    outubro/2007), representando um acréscimo de 466,7% de novas colmeias. Mesmo

    com este número expressivo, o autor comenta que período das chuvas foi fator

    limitante para as multiplicações de colmeias, uma vez que não havia pólen estocado

    nas colméias. Na ocasião foram formados 8 (oito) meliponicultores e as colmeias

    vivas foram distribuídas entre os mesmos.

  • 42

    Os resultados aqui obtidos demonstram a mesma eficiência no aumento rápido

    do número de colmeias em Meliponário independente do processo de multiplicação.

    Figura 14 - Comparação, pelo Teste de Tukey, dos intervalos de confiança das médias do número de colmeias de Melipona seminigra formadas pelos processos N/S e S/S no Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, no periodo de setembro/ 2010 a novembro/ 2011. A – média do número total de colmeias (F1+F2+F3), independente da nota; B – média do número total de colmeias em F1, independente da nota; C – média do número total de colmeias (F1+F2+F3) que atingiram nota ≥ 5,0; D – média do número total de colmeias em F1

    que atingiram nota ≥ 5,0.

    Comparação pelo teste de Tukey dos intervalos de confiança das médias

    Total de colmeias formadas

    Processos Média --------+---------+---------+---------+-

    N/S 2,35 (--------------*--------------)

    S/S 2,60 (--------------*--------------)

    --------+---------+---------+---------+-

    2,10 2,45 2,80 3,15

    Total de colmeias formadas em F1

    Processos Médias -+----------+----------+----------+-----

    N/S 1,55 (------------*------------)

    S/S 1,75 (------------*------------)

    -+----------+----------+----------+-----

    1,25 1,50 1,75 2,00

    Total de colmeias formadas que atingiram nota ≥ 5,0

    Processos Médias ------+---------+---------+---------+---

    N/S 1,80 (----------*----------)

    S/S 2,35 (-----------*----------)

    ------+---------+---------+---------+---

    1,60 2,00 2,40 2,80

    Total de colmeias formadas em F1 que atingiram nota ≥ 5,0

    Processos Médias --+---------+---------+---------+-------

    N/S 1,25 (-----------*-----------)

    S/S 1,65 (-----------*-----------)

    --+---------+---------+---------+-------

    1,00 1,25 1,50 1,75

    A

    B

    C

    D

  • 43

    2.2. Tempo de formação de rainhas e de alcançe da nota ≥ 5,0 nas colmeias filhas

    Os resultados comparativos dos intervalos de confiança das medias, pelo teste

    de Tukey, do tempo de formação de rainhas em colmeias formadas nas três gerações

    ou apenas na geração F1 em ambos os grupos de multiplicação (N/S e S/S) não

    apresentaram diferença estatística significativa. Também não foi observada diferença

    estatística significativa entre os processos quando comparado o tempo para alcançar

    nota ≥ 5,0 (critério estabelecido como parâmetro de sucesso da multiplicação) em

    colmeias formadas em todas as gerações ou em colmeias formadas apenas na

    geração F1 (Figura15).

    De acordo com Aidar (2001), em colmeias de Melipona quadrifasciata, o

    surgimento e inicio da postura é de 22 dias para colmeias recém-formadas e de 18

    dias para colmeias que foram orfanadas, ou seja, cuja rainha fisogástrica foi retirada

    da colmeia. Carvalho et al. (2001) constataram que para formação e estabelecimento

    de uma nova rainha em M. compressipes o tempo médio foi de 15,8 dias (n = 111

    colmeias), enquanto para M. seminigra foi de 12 dias (n = 19 colmeias). Carvalho e

    Kerr (2004) registraram que o tempo para formação e o de sobrevivência da rainha

    fisogástrica em M. scutellaris, respectivamente, foi de 6 dias e 22 meses, sendo que a

    sobrevivência máxima chegou a 84 meses (~ 7 anos). Para M. compressipes, Kerr

    (1996) constatou que em condições adequadas de clima e pasto apícola, o tempo

    médio obtido para a formação da rainha foi de 14 a 15 dias, compreendendo desde o

    processo de escolha da nova rainha, realização do vôo nupcial e início de postura.

    Portanto, os resultados aqui obtidos (média de 14,00 ± 2,99) corroboram com os

    registrados em outras espécies de Melipona.

  • 44

    Figura 15 - Comparação, pelo Teste de Tukey, dos intervalos de confiança das médias do tempo (em dias) para formação de rainhas em colmeias recem produzidas de Melipona seminigra em ambos os processo N/S e S/S no Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, no

    periodo de setembro/ 2010 a novembro/ 2011. A – média do tempo para formação de rainhas em colmeias recem produzidas nas três gerações; B – média do tempo para formação de rainhas em colmeias recem produzidas na geração F1; C – média do tempo para alcançar nota ≥ 5,0 em colmeias formadas em todas as gerações; D - média do tempo para alcançar nota ≥ 5,0 em colmeias formadas na geração F1.

    Comparação pelo teste de Tukey dos intervalos de confiança das médias

    Tempo de formação de rainha (dias)

    Processos Médias --+---------+---------+---------+-------

    N/S 12,07 (-----------*------------)

    S/S 14,17 (-----------*------------)

    --+---------+---------+---------+-------

    10,5 12,0 13,5 15,0

    Tempo de formação de rainha em F1 (dias)

    Processos Médias ----+---------+---------+---------+---

    N/S 12,08 (----------*-----------)

    S/S 14,45 (-----------*-----------)

    ----+---------+---------+---------+---

    11,2 12,8 14,4 16,0

    Tempo para alcançar nota ≥ 5,0 (dias)

    Processos Médias +---------+---------+---------+---------

    N/S 60,55 (---------*---------)

    S/S 86,49 (---------*---------)

    +---------+---------+---------+---------

    45 60 75 90

    Tempo para alcançar nota ≥ 5,0 em F1 (dias)

    Processos Médias +---------+---------+---------+---------

    N/S 60,83 (----------*---------)

    S/S 79,75 (---------*----------)

    +---------+---------+---------+---------

    45 60 75 90

    A

    B

    C

    D

  • 45

    3 – Comparação dos tratamentos com alimento complementar

    Conforme mencionado (Tabela 4), não houve diferença estatística significativa

    entre o número total de colmeias formadas em ambos os processos e nem quanto à

    interação entre os processos e os tipos de alimentação. Entre os tratamentos

    alimentares, o T3 se destacou sendo estatisticamente diferente do grupo sem

    alimentação complementar (T1).

    Da mesma forma, comparando-se o número total apenas de colmeias que

    atingiram nota ≥ 5,0 formadas por ambos os processos e submetidas aos tratamentos

    com alimentação complementar, observa-se que os processos de multiplicação não

    diferem entre si. Mas, entre os tipos de alimento, o T3 (xarope + pólen) foi melhor que

    o T4 (sem alimento complementar) e também que o T2 (xarope + Vitagold) (Tabela 6).

    Tabela 6: Número total de colmeias de abelhas Melipona seminigra que conseguiram atingir nota ≥ 5,0 a partir da formação pelos processos N/S ou S/S e tratadas com os diferentes no Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, no período de setembro/ 2010 a novembro/ 2011.

    Números seguidos de mesma letra não diferem entre si. Letras minúsculas entre as linhas (tipo de alimentos) e maiúscula nas colunas (grupos) ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

    Seguindo-se o mesmo procedimento de comparação, pelo teste Tukey, dos

    intervalos de confiança das médias dos diferentes parâmetros analisados verificou-se

    que houve diferença entre os subgrupos de tratamento com alimento complementar,

    destacando-se o tratamento T3 como o melhor relativamente ao grupo controle (T4 –

    sem alimento complementar).

    Tratamentos Tipos de alimentos N/S S/S Total de colmeias

    T3

    T1

    xarope + pólen

    xarope

    13 (36,0%)

    14 (39,0%)

    19 (40,4%)

    10 (21,3%)

    32 (38,0%) a

    24 (29,0%) ab

    T2 xarope + Vitagold 4 (11,0%) 10 (21,3%) 14 (17,0%) b

    T4 sem alimento 5 (14,0%) 8 (17,0%) 13 (16,0%) b

    Total de colmeias (G1+G2 = nota ≥ 5,0) 36 (43%) A 47 (57%) A

  • 46

    3.1. Numero de colmeias formadas

    Comparando-se as medias do numero de colmeias formadas por subgrupo de

    tratamento (T1 a T4) nas três gerações ou apenas na geração F1 pode-se verificar

    que o T3 apresentou o melhor resultado sendo estatisticamente diferente de T4 (sem

    alimento) (Figura 16).

    Figura 16 - Comparação, pelo Teste de Tukey, dos intervalos de confiança das médias do número de colmeias de Melipona seminigra obtidas por subgrupos de tratamentos com

    alimento complementar, no Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, no periodo de setembro/ 2010 a novembro/ 2011. A – media do número de colmeias formadas nas três gerações por tipo de tratamento; B – média do número de colmeias formadas na geração F1 por tipo de tratamento.

    3.2. Número de colmeias formadas que atingiram nota ≥ 5,0

    Comparando o numero de colmeias que atingiram nota ≥ 5,0 formadas por

    subgrupo de tratamento (T1 a T4) nas três gerações ou apenas na geração F1 pode-

    se verificar que o tratamento T3 (xarope + pólen) foi melhor que os tratamentos T2

    (xarope + Vitagold) e T4 (sem alimento) (Figura 17).

    Comparação pelo teste de Tukey dos intervalos de confiança das médias

    Total de colmeias formadas por tratamento

    Tratamentos Média +---------+---------+---------+---------

    Xarope + pólen 3,5 (------*------)

    Xarope 2,6 (------*------)

    Xarope + Vitagold 2,1 (------*------)

    Sem alimento complementar 1,7 (------*------)

    +---------+---------+---------+---------

    1,0 2,0 3,0 4,0

    Total de colmeias formadas em F1 por tratamento

    Tratamentos Média -----+---------+---------+---------+----

    Xarope + pólen 2,2 (--------*--------)

    Xarope 1,7 (--------*--------)

    Xarope + VitaGold 1,5 (--------*--------)

    Sem alimento complementar 1,2 (--------*--------)

    -----+---------+---------+---------+----

    1,00 1,50 2,00 2,50

    B

    A

  • 47

    Figura 17 - Comparação, pelo Teste de Tukey, dos intervalos de confiança das médias do número de colmeias de Melipona seminigra que atingiram nota ≥ 5,0 obtidas por subgrupos

    de tratamento com alimento complementar, no Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, no periodo de setembro/ 2010 a novembro/ 2011. A – média do número de colmeias com nota ≥ 5,0 formadas nas três gerações por tipo de tratamento; B – média do número de colmeias

    com nota ≥ 5,0 formadas na geração F1 por tipo de tratamento.

    3.3. Tempo de formação de rainha

    Comparando-se o tempo de formação de rainhas em colmeias filhas por

    subgrupo de tratamento (T1 a T4) nas três gerações ou apenas na geração F1 pode-

    se verificar que não houve diferença estatística significativa entre os tipos de

    alimentos (Figura 18).

    Comparação pelo teste de Tukey dos intervalos de confiança das médias

    Total de colmeias formadas que atingiram nota ≥ 5,0

    Tratamentos Média --+---------+---------+---------+-------

    Xarope + pólen 3,2 (-------*-------)

    Xarope 2,4 (-------*-------)

    Xarope + VitaGold 1,4 (-------*--------)

    Sem alimento complementar 1,3 (-------*-------)

    --+---------+---------+---------+-------

    0,80 1,60 2,40 3,20

    Total de colmeias formadas em F1 que atingiram nota ≥ 5,0

    Tratamentos Média --------+---------+---------+---------+-

    Xarope + pólen 2,1 (-------*-------)

    Xarope 1,6 (-------*-------)

    Xarope + VitaGold 1,1 (-------*-------)

    Sem alimento complementar 1,0 (-------*-------)

    --------+---------+---------+---------+-

    1,00 1,50 2,00 2,50

    B

    A

  • 48

    Figura 18 - Comparação, pelo Teste de Tukey, dos intervalos de confiança das médias do tempo (em dias) para formação de rainhas em colmeias de Melipona seminigra obtidas por subgrupos de tratamento com alimento complementar, no Meliponário Brasileirinho, Manaus – AM, no periodo de setembro/ 2010 a novembro/ 2011. A – média do tempo para formação de rainhas em colmeias formadas nas três gerações por tipo de tratamento; B – média do tempo

    para formação de rainhas em colmeias formadas na geração F1 por tipo de tratamento.

    3.4. Tempo para alcançar nota ≥ 5,0

    As médias, em dias, referente ao tempo que cada colmeia por Grupo (G1 e G2)

    e subgrupo (T1 a T4) atingiu nota ≥ 5,0 foram comparadas, pois se esperava que

    quanto menor o tempo para atingir nota ≥ 5,0 mais rápido seria o desenvolvimento da

    colmeia e menor o tempo entre as multiplicações. No entanto, não se verificou

    diferença estatística significativa entre os tratamentos com alimentos complementares

    (Figura 19).

    Comparação pelo teste de Tukey dos intervalos de confiança das médias

    Tempo para formar rainha

    Tratamentos Média ------+---------+---------+---------+---

    Xarope + VitaGold 11,249 (----------*----------)

    Xarope + pólen 13,357 (---------*----------)

    Xarope 13,361 (---------*----------)

    Sem alimento complementar 14,516 (----------*----------)

    ------+---------+---------+---------+---

    10,0 12,5 15,0 17,5

    Tempo para formar rainha em F1

    Tratamentos Média -----+---------+---------+---------+----

    Xarope + VitaGold 11,450 (----------*----------)

    Xarope + pólen 12,999 (----------*----------)

    Xarope 13,600 (---------*----------)

    Sem alimento complementar 15,000 (----------*----------)

    -----+---------+---------+---------+----

    10,0 12,5 15,0 17,5

    B

    A

  • 49

    Figura 19 - Comparação, pelo Teste de Tukey, dos intervalos de confiança das médias do tempo (em dias) para colmeias formadas de Meli