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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS CAMPUS ITACOATIARA TACIANE PINTO DA SILVA DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO E MORFOMETRIA DA ARBORIZAÇÃO URBANA NOS BAIRROS PEDREIRAS E COLÔNIA, ITACOATIARA, AMAZONAS Itacoatiara Am 2015

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO

AMAZONAS

CAMPUS ITACOATIARA

TACIANE PINTO DA SILVA

DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO E MORFOMETRIA DA ARBORIZAÇÃO

URBANA NOS BAIRROS PEDREIRAS E COLÔNIA, ITACOATIARA, AMAZONAS

Itacoatiara – Am

2015

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TACIANE PINTO DA SILVA

DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO E MORFOMETRIA DA ARBORIZAÇÃO

URBANA NOS BAIRROS PEDREIRAS E COLÔNIA, ITACOATIARA, AMAZONAS

Trabalho de Conclusão de Curso Técnico

apresentado ao Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia do Amazonas como pré-

requisito para a finalização do Curso Técnico em

Meio Ambiente.

Orientadora: Iane Barroncas Gomes, M.Sc.

Itacoatiara – Am

2015

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AGRADECIMENTOS

A minha Professora Orientadora Iane Barroncas, pelas orientações e

acompanhamento.

As minhas colegas Adriana Albuquerque e Daniele que ajudaram na coleta de dados.

Instituto Federal do Amazonas e a todos os meus professores pelos conhecimentos

transmitidos ao longo deste curso.

A minha família, pelo apoio e incentivo.

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RESUMO

A arborização possui um papel importante no meio urbano. Porém, quando sua implantação e

sua manutenção são mal planejadas acabam prejudicando sua eficiência. Partindo deste

princípio, o presente estudo teve por objetivo realizar o inventário quantitativo das árvores de

rua e de logradouros públicos dos bairros Pedreiras e Colônia do Município de Itacoatiara,

Amazonas. A arborização urbana foi analisada quantitativamente por meio de inventário

sistemático de todos os indivíduos presentes nos dois bairros. Foram contabilizados 564

indivíduos, distribuídos em 31 espécies e 20 famílias, do total de indivíduos inventariados 476

eram de espécies nativas e 88 exóticas. A maior frequência de indivíduos foi observada para as

espécies Licania tomentosa e Ficus benjamina, sendo este dois responsáveis por 84,8% do total

de árvores inventariados. Com relação à altura dos indivíduos inventariados a maior frequência

foi observada na classe A (0 a 4,5 m), e a classe C (6,7 a 8,2 m) foi que apresentou menor

quantidade de indivíduos. Quanto à altura da primeira bifurcação observou-se que a maioria

dos indivíduos analisados bifurcaram antes de 1,80m, indo contra a recomendação de que a

ramificação seja superior a 1,80m no momento do plantio. O DAP médio encontrado entre os

indivíduos amostrados foi de 40,6 cm. O diâmetro médio das copas (DMC) foi de 5,92 m e a

área média das copas foi de 32,2 m². O estudo concluiu que a espécie L. tomentosa predomina

na arborização dos bairros estudados e sugere maior diversidade nos plantios futuros.

Palavras-chave: árvores urbanas, inventário florístico, Itacoatiara, Licania tomentosa.

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ABSTRACT

The trees have an important role in the urban environment. But when its implementation and

its maintenance are poorly planned end up hurting their efficiency. Based on this principle, this

study aimed to conduct a quantitative inventory of street trees and public places of Quarries and

Cologne neighborhoods of the city of Itacoatiara, Amazonas. The urban forestry was analyzed

quantitatively through systematic inventory of all individuals present in the two neighborhoods.

They were recorded 564 individuals belonging to 31 species and 20 families, of all inventoried

476 individuals were native and 88 exotic species. The higher frequency of subjects were

observed for the species Licania tomentosa and Ficus benjamina, these two being responsible

for 84.8% of all inventoried trees. Regarding the height of individuals inventoried the highest

frequency was observed in class A (0 to 4.5 meters) and class C (6.7 to 8.2 m) that was presented

fewer individuals. As the height of the first bifurcation it was observed that most individuals

analyzed before bifurcated 1.80 m, against a recommendation that the branching is more than

1.80 m at the time of planting. The average DAP found among the sampled individuals was

40.6 cm. The average diameter of the canopy (DMC) was 5.92 m and the average area of the

crowns was 32.2 m². The study concluded that L. tomentosa species dominates the afforestation

of the studied neighborhoods and suggests greater diversity in future plantings.

Key-words: urban trees, floristic survey, Itacoatiara, Licania tomentosa.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Imagem de Satélite Itacoatiara/AM.

Figura 2. Imagem de satélite dos Bairros Pedreiras e Colônia, Itacoatiara/AM.

Figura 3. Metodologia utilizada para a coleta de dados dos indivíduos inventariados nos Bairros

Pedreiras e Colônia, Itacoatiara/AM.

Figura 4. Número de indivíduos das dez espécies com maior representatividade na arborização

de vias públicas no bairro Pedreiras e Colônia, Itacoatiara, AM.

Figura 5. Número de indivíduos das dez espécies com maior representatividade na arborização

de vias públicas no bairro Pedreiras, Itacoatiara, AM.

Figura 6. Número de indivíduos das dez espécies com maior representatividade na arborização

de vias públicas no bairro Colônia, Itacoatiara, AM.

Figura 7. Número de indivíduos distribuídos nas classes de altura para o levantamento da

arborização urbana nos bairros Pedreiras e Colônia, Itacoatiara, Amazonas.

Figura 8. Número de indivíduos distribuídos nas classes de altura da primeira bifurcação para

o levantamento da arborização urbana nos bairros Pedreiras e Colônia, Itacoatiara, Amazonas.

Figura 9. Número de indivíduos distribuídos nas classes de diâmetro altura do peito (DAP)

para o levantamento da arborização urbana nos bairros Pedreiras e Colônia, Itacoatiara,

Amazonas.

.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Famílias, espécies, origem e número de indivíduos inventariados nos bairros

Pedreiras e Colônia, município de Itacoatiara, Amazonas.

Tabela 2- Diâmetro médio da copa (DMC) e Área média da copa (AMC) das dez espécies com

maior número de indivíduos nos Bairros Pedreiras e Colônia, zona oeste de Itacoatiara,

Amazonas.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 2

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ...................................................................................................... 5

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... 6

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 8

1 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 9

1.1 Geral ..................................................................................................................................... 9

1.2 Específicos ............................................................................................................................ 9

2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................... 9

2.1 Arborização urbana............................................................................................................... 9

2.1.1 Qualidade de vida e relação com a arborização urbana................................................... 10

2.2 Inventário da arborização de ruas ....................................................................................... 10

2.3 Diversidade de árvores urbanas .......................................................................................... 11

2.4 Morfometria de árvores urbanas ......................................................................................... 12

3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 12

3.1 Caracterização do município .............................................................................................. 12

3.2 Coleta de dados ................................................................................................................... 13

3.2.1 Dados quantitativos ......................................................................................................... 14

3.2.2 Identificação botânica ...................................................................................................... 15

3.3 Análise dos dados ............................................................................................................... 16

4 RESULTADOS ..................................................................................................................... 16

CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 23

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 24

APÊNDICES ............................................................................................................................ 27

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INTRODUÇÃO

As árvores urbanas e as vegetações associadas têm inúmeros usos e funções no ambiente

das cidades. As árvores urbanas são importantes para a sociedade porque a maioria das pessoas

vive nas cidades. Desde o ano 2000 mais de 80% da população brasileira mora em zonas

urbanas. As árvores ajudam na melhoria da qualidade de vida das pessoas, contribuem para o

lazer, conforto e bem-estar, além de fazer parte da vida cotidiana (ARAÚJO e ARAÚJO, 2011).

As árvores e florestas urbanas têm a função de diminuir os impactos ambientais da

urbanização, moderando o clima, conservando energia no interior de casas e prédios,

absorvendo o dióxido de carbono, melhorando a qualidade da água, controlando o escoamento

das águas e as enchentes, reduzindo os níveis de barulho, oferecendo abrigo para animais e aves

e melhorando o aspecto visual das cidades, entre os inúmeros benefícios que proporcionam.

A árvore de rua é definida como aquela crescendo na via pública, geralmente na calçada,

entre as propriedades e o meio-fio. São também árvores de rua aquelas árvores que estão

crescendo no canteiro central das avenidas, plantadas em ruas sem calçada ou meio-fio

(MARTINS et al., 2014).

Entre os estudos de arborização urbana o mais utilizado é o inventário, o qual tem como

objetivo conhecer o patrimônio arbustivo e arbóreo de uma localidade. Resultados desses

estudos podem subsidiar o planejamento e o manejo da arborização, fornecendo informações

sobre necessidade de poda, tratamentos fitossanitários e remoção de plantios, bem como, poderá

delinear prioridades de intervenções silviculturais (SILVA et al., 2007).

O modelo de inventário a ser utilizado deve seguir objetivos específicos e ser

fundamentado de acordo com métodos que garantam a máxima precisão dos dados. O

inventário pode ser feito por amostragem ou por censo total, sendo este mais adequado para

locais onde a frequência da arborização é heterogênea, tanto para bairros quanto para vias

públicas ou em cidades de pequeno porte.

No município de Itacoatiara, localizado na região metropolitana de Manaus, os estudos

sobre a arborização urbana são ainda muito escassos, não existe um censo das árvores das vias

públicas de todos os bairros e a Secretaria de Meio Ambiente dispõe de informações apenas das

árvores do canteiro central da principal avenida da cidade. Maciel (2008) avaliou a infestação

por ervas-de-passarinho e de parâmetros dendrométricos das espécies utilizadas na arborização

de dez logradouros públicos selecionados aleatoriamente, e indicou a necessidade de um

levantamento mais abrangente.

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Diante do exposto, o presente trabalho propôs-se a realizar um diagnóstico quantitativo

da arborização urbana dos bairros Pedreiras e Colônia, zona oeste do município de Itacoatiara

como forma de subsidiar o planejamento e execução de políticas ambientais urbanas dos

agentes públicos e instituições de ensino e pesquisa.

1 OBJETIVOS

1.1 Geral

Realizar o inventário quantitativo das árvores de rua e de logradouros públicos dos

bairros Pedreiras e Colônia, zona oeste de Itacoatiara, Amazonas.

1.2 Específicos

Quantificar os indivíduos e determinar variáveis biométricas (abundância de árvores, altura

total, circunferência à altura do peito – CAP, altura da primeira bifurcação e área de projeção

da copa) das árvores de rua dos bairros Pedreiras e Colônia, Itacoatiara/AM;

Identificar os indivíduos inventariados ao menor nível taxonômico possível;

Agrupar as espécies inventariadas quanto à sua origem: nativa ou exótica;

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Arborização urbana

Em sentido físico-territorial, compreende-se por arborização urbana o conjunto de terras

públicas e particulares com cobertura arbórea apresentado por uma cidade (GREY e DENEKE,

1978). Milano (1990) afirma que este conceito, relativamente restrito, é normalmente

considerado de forma mais abrangente, aproximando-se do conceito de área livre, assim, no

contexto da arborização urbana, incluem-se áreas que independentemente do porte da

vegetação, apresentam-se predominantemente naturais e não ocupadas, incluindo áreas

gramadas, lagos, entre outros.

Para RODRIGUES et al. (2002), entende-se por arborização urbana toda cobertura

vegetal de porte arbóreo existente nas cidades. Essa vegetação ocupa, basicamente, três espaços

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distintos: as áreas livres de uso público e potencialmente coletivas, as áreas livres particulares

e as áreas acompanhando o sistema viário.

2.1.1 Qualidade de vida e relação com a arborização urbana

As áreas livres, as áreas verdes e a arborização das vias assumem um papel importante

na melhoria da qualidade ambiental das cidades. Melhoram a composição atmosférica por

fixarem resíduos em suspensão e por reciclares gases pelo processo de fotossíntese. As árvores

melhoram o clima por promoverem o equilíbrio entre solo-planta-atmosfera, suavizando

temperaturas extremas, conservando a umidade do solo, reduzindo a velocidade do vento,

mantendo a fertilidade e a permeabilidade do solo e influenciando no balanço hídrico (GUZZO,

1999).

Peper et al. (2001) estudaram a contribuição da vegetação para o ambiente,

desenvolvendo modelos de avaliação do sequestro de carbono, da retirada de poluentes do ar,

da interceptação da chuva e das mudanças microclimáticas em função de dados como diâmetro

à altura do peito (DAP), altura, dimensões da copa e área foliar das árvores.

Os benefícios econômicos da arborização urbana podem ser classificados como diretos

e indiretos. Os mais significativos são os indiretos como por exemplo o efeito da sombra das

árvores na redução do consumo de energia por condicionadores de ar ou a contribuição de

espécies deciduais para a redução do consumo de energia por aquecedores de ambiente.

Estudando parques e praças urbanas nas regiões industriais de Santo André e São

Bernardo do Campo, Matarazzo-Neuberger (1995) verificou que uma diversidade maior de

espécies arbóreas de ocorrência regional pode atrair para os centros urbanos uma avifauna mais

significativa, dependendo, também, do tamanho dos maciços encontrados. No entanto, o

objetivo da atração de fauna através da arborização urbana nem sempre tem sentido, conforme

Milano (1996), se avaliadas as condições desfavoráveis do meio urbano, podendo ter

consequências negativas como a infestação por erva-de-passarinho (Struthantus flexicaulis).

Além disso eles podem provocar aumento da população de vetores de doenças.

O valor ambiental e ecológico das árvores deve-se adicionar o valor estético e social.

Tais benefícios podem ser relacionados como melhoria da paisagem como contraponto das

paisagens construídas.

2.2 Inventário da arborização de ruas

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O inventário de árvores é um sistema de registro detalhado que contém a localização,

características selecionadas e da condição das árvores dentro de uma determinada área

geográfica (BOND, 2006). É uma atividade que visa obter informações qualitativas e

quantitativas dos recursos florestais existentes em uma determinada área.

Sendo assim, os inventários de árvores de rua são um método convencional de estimar

populações de árvores para fins de elaboração de políticas, planejamento e decisão de gestão

(PATTERSON, 2012). Um inventário também oferece oportunidades de identificar as áreas

que podem ser arborizadas, bem como para planejar o cuidado da árvore e a manutenção de

uma forma sistemática e estratégica. Outras finalidades que podem ser relacionadas ao uso de

inventários, seriam gerar informações a respeito da quantidade e do valor de árvores ou

aumentar a eficiência dos serviços e ser utilizado para aumentar a consciência do público e da

gestão pública acerca do valor da arborização (MILLER, 1997).

Por meio do inventário da arborização ainda pode ser obtida a composição, os principais

problemas de cada espécie, de cada rua ou ainda da cidade e fornecer informações para novos

plantios e para adequação das práticas de manejo. A realização dos inventários serve para

quantificar custos; identificar problemas possíveis de redefinição das diretrizes de manejo,

programas de conscientização ou educação ambiental; e para divulgar os resultados obtidos,

mostrando produtividade e buscando apoio da população (PIVETTA e SILVA FILHO, 2002).

De acordo com Lima Neto (2011), os inventários florestais urbanos podem ser

classificados quanto ao tipo, à forma de coleta, também com a abordagem da população no

tempo estabelecendo previsões orçamentárias e quanto ao detalhamento se relaciona à

quantidade de informações necessárias ao manejo das árvores urbanas. Para cada problema a

ser solucionado existe uma definição específica do inventário quanto ao tipo, podendo ser:

inventário de sobrevivência, inventário florestal contínuo, para planos de manejo e outros.

2.3 Diversidade de árvores urbanas

A biodiversidade é importante na arborização urbana desde que antes de efetuar a

introdução de uma nova espécie no meio, seja realizado um histórico da mesma, verificando se

ela já apresentou características de invasora em outros países e se possui potencial para se tornar

uma nova espécie invasora (PIVETTA e SILVA FILHO, 2002).

Meneguetti (2003), em estudo realizado com a arborização dos bairros da orla marítima

de Santos – SP, concluiu que o uso de índices de diversidade e similaridade (Shannon-Weaver

e Jaccard) também são úteis para as ações de manejo da arborização de ruas. Bobrowski (2011),

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ao estudar a arborização viária de Curitiba – PR, utilizou índices de diversidade, similaridade e

equabilidade que indicaram maior harmonia na mistura e uniformidade de espécies, porém mais

associada a plantios irregulares do que a esforços da municipalidade em diversificar a

composição da arborização. Entretanto, há novos plantios experimentais com espécies nativas

não tradicionais.

Atualmente é crescente a preocupação com a biodiversidade nas áreas urbanas e isto se

reflete na diversificação do número de espécies produzidas em viveiro. Esta preocupação com

a diversificação do número de espécies é problemática, por muitas vezes não há tempo

suficiente para realizar pesquisas sobre as espécies introduzidas e, desta forma, ocorre a

produção e a utilização de espécies indesejáveis para o ambiente e para o homem, tais como as

plantas tóxicas e as plantas exóticas invasoras (LIMA NETO, 2014).

2.4 Morfometria de árvores urbanas

Morfometria de árvores é um tipo de estudo onde se observa a forma, as dimensões e as

relações morfométricas ou interdimensionais das copas das árvores, visando compreender o

espaçamento e o grau de competição entre as plantas. Muitos autores conduziram estudos sobre

a forma das árvores. Atualmente, o diâmetro à altura do peito (DAP), a área basal, a altura

(total, comercial e dominante), a área de projeção da copa e o volume da copa são conceitos

bem conhecidos. Menos conhecidos, entretanto, são o manto de copa, o índice de abrangência,

o formal de copa, o grau de esbeltez, o índice de saliência e o índice de espaço vital (TONINI

et al., 2008).

O ritmo de crescimento de árvores solitárias (como no caso das árvores urbanas) é um

crescimento livre de concorrência e deve ser levado em consideração no manejo destas árvores.

Nesse sentido, interessa não apenas o crescimento volumétrico, expresso pelo incremento em

diâmetro e altura e pela modificação do fator de forma, mas também o crescimento e as

modificações da forma da copa. As formas e dimensões da copa das árvores de crescimento

solitário são balizas para as intervenções silviculturais, em arborização urbana especialmente,

no que diz respeito à interferência nas redes de energia (DURLO et al., 2004).

3 METODOLOGIA

3.1 Caracterização do município

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O município de Itacoatiara situa-se na região do médio Amazonas e limita-se com os

municípios de Manaus, Rio Preto da Eva, Urucará, Nova Olinda do Norte, Silves, Itapiranga e

São Sebastião do Uatumã. Abrange uma área total de 8,9 milhões de km², destes 10.240 km²

são de área urbana. O município faz parte da região metropolitana de Manaus e dista cerca de

270 km da capital. A população é estimada em 95.714 habitantes, de acordo com o censo 2014

do IBGE. Estes números fazem de Itacoatiara o terceiro município mais populoso do Estado do

Amazonas.

Com relação à estrutura urbana, de acordo com o IBGE (2010), 81,56% dos domicílios

do município eram atendidos pela rede geral de abastecimento de água e 92,8% possuíam coleta

de lixo, no entanto, apenas 42% das residências possuíam escoadouro sanitário.

Figura 1. Imagem de Satélite Itacoatiara/AM. (Fonte: Google Earth)

3.2 Coleta de dados

O levantamento das árvores públicas dos bairros Pedreiras e Colônia, pertencentes à

zona oeste do município de Itacoatiara foi realizado por meio de inventário sistemático em todas

as ruas. As informações foram coletadas entre os meses de abril e setembro de 2015. Foram

incluídos no levantamento todos os indivíduos com CAP ≥ 10 cm (circunferência à altura do

peito) presentes em calçadas, canteiros, praças e órgãos públicos. Para a localização das vias

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públicas foi utilizada uma planta planialtimétrica na escala 1:10000. As informações foram

registradas em fichas de campo elaboradas especificamente para este fim (Apêndice 1).

Figura 2. Imagem de satélite dos Bairros Pedreiras e Colônia, Itacoatiara/A.M. (Fonte: Google Earth)

3.2.1 Dados quantitativos

A altura total foi registrada obedecendo às quatro classes propostas por Meneghetti

(2003): A – para alturas até os cabos telefônicos (0-4,5 m); B – para alturas até o fio mais alto

da rede secundária (4,5 a 6,7 m); C – do fio mais alto da rede secundária até a rede primária

(6,7 a 8,2 m) e D – acima da rede primária (acima de 8,2 m). A circunferência à altura do peito

(CAP) foi auferida com uma fita métrica graduada em centímetros e posteriormente os dados

foram transformados em diâmetro à altura do peito (DAP) por feio da equação DAP = CAP/π.

A altura da primeira bifurcação foi medida com uma trena de haste rígida graduada em

centímetros e agrupados em classes com amplitude de 20 cm. A área de projeção da copa foi

estimada com o auxílio de uma trena, a partir da medição de quatro raios da copa da árvore

amostrada conforme a orientação norte-sul leste-oeste. De posse destes valores obteve-se o

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diâmetro médio de copa (DMC) e a área de projeção da copa (APC) por meio da aplicação da

fórmula APC= (π/4)*dc².

Figura 3. Metodologia utilizada para a coleta de dados dos indivíduos inventariados nos Bairros Pedreiras e

Colônia, Itacoatiara/AM. (A) Medição do CAP. (B) Medição da altura da 1ª bifurcação. (C) Medição dos raios da

copa da arvore. (Fonte: Iane Gomes, 2015)

3.2.2 Identificação botânica

Todos os indivíduos inventariados foram identificados com o nome vulgar e

posteriormente foi feita a classificação taxonômica ao menor nível possível por meio de

A B

C

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consulta à literatura especializada, com confirmação da nomenclatura no sistema MOBOT

(www.tropicos.org). De posse da classificação taxonômica, os indivíduos foram agrupados em

duas classes distintas quanto à sua origem: espécie nativa, quando sua origem e distribuição

pertencem ao território brasileiro; e espécie exótica, quando sua origem e distribuição

pertencem a outros países.

3.3 Análise dos dados

Para os dados quantitativos foi utilizada a estatística descritiva com construção de tabela

dinâmica e gráficos no Excel 2010.

4 RESULTADOS

O censo das espécies nos bairros registrou um total de 564 indivíduos, distribuídos em

31 espécies, 30 gêneros e 20 famílias botânicas (Tabela 1). No bairro Pedreiras foram

observados 348 indivíduos e no bairro Colônia, 216. A análise quantitativa demonstrou que as

famílias botânicas representadas pelo maior número de espécies foram: Fabaceae, com cinco

espécies (16,1%); Anacardiaceae, Arecaceae e Myrtaceae, com três espécies cada, (9,7%)

(Tabela 1). Com relação ao número de indivíduos por família, os maiores destaques foram para

Chrysobalanaceae, com 453 indivíduos (80,3%); Moraceae, com 25 indivíduos (4,4%) e

Arecaceae, com 15 indivíduos (1,8%).

Em outros trabalhos onde também foi feito o levantamento da arborização, as 10

espécies mais frequentes, corresponderam a 48,33% em águas de São Pedro-SP (BORTOLETO

et al. 2007), 71,25% em Jaboticabal-SP (SILVA FILHO, 2002) e 48,3% em Brasília-DF

(RODRIGUES et al. 1994), mostrando que nos bairros Pedreiras e Colônia, na cidade de

Itacoatiara, a distribuição de espécies é irregular quando comparados com os trabalhos citados,

devendo se adequar melhor esta proporção. A diversidade de espécies de árvores na paisagem

urbana se faz necessária justamente para garantir uma melhor estética, maior disponibilidade

de recursos para a fauna urbana e o máximo de proteção contra pragas e doenças (SILVA,

2000).

Tabela 1. Famílias, espécies, origem e número de indivíduos inventariados nos bairros Pedreiras e Colônia,

município de Itacoatiara, Amazonas.

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FAMÍLIAS ESPÉCIES NOME COMUM

ORIGEM Nº DE

INDIVÍDUOS

Anacardiaceae

Spondias mombin Cajazeiro N 1

Anacardium occidentale Cajueiro N 5

Mangifera indica Mangueira E 2

Annonaceae Annona squamosa Ata E 1

Apocynaceae Thevetia peruviana Castanha-da-índia E 6

Plumeria pudica Jasmim-manga E 2

Arecaceae

Cocos nucifera Coqueiro E 6

Veitchia merrilli Palmeira-de-manila E 5

Roistonea oleraceae Palmeira-imperial E 4

Bignoniaceae Crescentia cujete Cuieira N 1

Chrysobalanaceae Licania tomentosa Oitizeiro N 453

Combretaceae Terminalia catappa Castanholeira E 3

Euphorbiaceae Jatropha gossypifolia Pião-roxo E 1

Fabaceae

Erythrina variegata Brasileirinho E 3

Delonix regia Flamboyant E 1

Clitoria racemosa Paliteira E 3

Adenanthera pavonina Tento E 1

Tamarindus indica Tamarindo E 1

Flacourtiaceae Casearia sp. Casearia N 3

Lauraceae Persea americana Abacateiro E 1

Malpighiaceae Malphigia glabra Aceroleira E 5

Malvaceae Theobroma cacao Cacaueiro N 1

Meliaceae Azadirachta indica Nim-asiático E 8

Mimosaceae Acacia sp. Acácia-amarela N 6

Moraceae Ficus benjamina Benjaminzeiro E 25

Myrthaceae

Eugenia cumini Azeitona-preta E 2

Eugenia malaccensis Jambeiro E 4

Psidium guajava Goiabeira N 5

Nyctaginaceae Bougainvillea glabra Primavera N 1

Oxalidaceae Averrhoa carambola Caramboleira E 2

Rutaceae Citrus limonum Limoeiro E 2

N = nativa; E = exótica.

A predominância de indivíduos pertencentes à família Chrysobalanaceae deve-se ao uso

da espécie Licania tomentosa (oitizeiro) nas principais avenidas dos bairros estudados como

parte do planejamento urbano destes locais, uma vez que os bairros fazem parte da região mais

antiga da cidade. Esta espécie também apresentou a maior porcentagem de ocorrência no

levantamento da arborização da cidade de Manaus e é facilmente encontrada em outros

levantamentos em todas as regiões do Brasil (COSTA e HIGUSHI, 1999; FREITAS et al.,

2015).

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Figura 4. Número de indivíduos das dez espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas

no bairro Pedreiras e Colônia, Itacoatiara, AM.

No bairro Pedreiras, os maiores destaques, em termos de presença de indivíduos, além

de L. tomentosa, com 287 (82,5%), foram Ficus benjamina, 12 (3,4%) e Azadirachta indica,

com 8 (2,3%) (Figura 5). No bairro Colônia, L. tomentosa, com 166 (76,9%), F. benjamina, 13

(6,0%) e Acacia sp., 6 (2,8%) (Figura 6). Redin et al. (2010) recomendam que cada espécie que

compõe a arborização de uma localidade não deva ultrapassar 15% do total de indivíduos por

razões estéticas e fitossanitárias, a predominância de uma ou poucas espécies pode ocasionar

riscos relacionados à longevidade por meio do declínio populacional e ataque de pragas e

doenças. Neste estudo apenas a espécie Licania tomentosa não respeita esta recomendação. Isto

deve-se ao fato de que o oitizeiro, apresenta copa frondosa e, por isso, tem sido largamente

usada para fornecer sombra em arborização urbana por quase todo o Brasil, especialmente a

partir do estado de São Paulo em direção ao Norte do país, entretanto seu uso na arborização

deve ser evitado em grande escala devido à possibilidade de infestação por fungos do gênero

Colletotrichum sp., que tem atacado esta espécie frequentemente (FERREIRA et al. 2001;

AZEVEDO et al 2011).

Do total de espécies encontradas, 84,4% são nativas do Brasil e 15,6% são exóticas, ou

seja, são oriundas de diversas partes do mundo, especialmente a Ásia. O uso de espécies nativas

da região para compor a arborização, trazem diversas vantagens, como exemplo: maior

resistência a pragas, a criação de um banco genético ex-situ, a minimização do risco de uso de

espécies exóticas invasoras, dentre outros (BIONDI e LEAL, 2008). Outros benefícios são

reportados por Brun et al. (2007), que afirmam que espécies animais nativas dos arredores

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urbanos podem beneficiar-se com as fontes de abrigo e alimento (flores e frutos) geradas pelas

árvores urbanas.

Figura 5. Número de indivíduos das dez espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas

no bairro Pedreiras, Itacoatiara, AM.

Figura 6. Número de indivíduos das dez espécies com maior representatividade na arborização de vias públicas

no bairro Colônia, Itacoatiara, AM.

Com relação à altura, houve predominância do número de indivíduos na classe A (0 a

4,5 m) nos dois bairros, este fato se deve ao sistema de podas praticado pelo órgão ambiental

municipal que preza pelo rebaixamento de copa para que os galhos não atinjam a rede de fios

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elétricos. A classe C (6,7 a 8,2 m) foi a que apresentou menor número de indivíduos amostrados

considerando-se o levantamento total (Figura 7).

Figura 7. Número de indivíduos distribuídos nas classes de altura para o levantamento da arborização urbana nos

bairros Pedreiras e Colônia, Itacoatiara, Amazonas.

No levantamento da arborização urbana de ruas dos bairros da orla marítima de Santos,

SP, Meneghetti (2003), observou-se a predominância dos indivíduos amostrados na classe C

(6,7 a 8,2 metros). Naquela situação, o fato foi atribuído à idade dos mesmos e à prática de

podas de controle da copa.

Figura 8.Número de indivíduos distribuídos nas classes de altura da primeira bifurcação para o levantamento da

arborização urbana nos bairros Pedreiras e Colônia, Itacoatiara, Amazonas.

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Das árvores analisadas, mas de 60% apresentou uma altura de bifurcação abaixo do

valor estabelecido como padrão para a arborização de ruas que é de 1,80 m de altura. De acordo

com Biondi e Althaus (2005), para que a árvore tenha maior adequabilidade nas calçadas, sem

transtornos para os pedestres e pequenos veículos, é necessário que seu fuste esteja livre de

ramificações até o valor referido anteriormente. Silva et al (2007), afirmam que esta altura é

ideal no momento em que as mudas forem levadas a campo para o plantio.

Os valores auferidos nesta pesquisa mostram a necessidade de maior tempo de

permanência das mudas no viveiro, com a finalidade de formação da copa, ou mesmo, de modo

a adequar o porte das árvores.

Figura 9. Número de indivíduos distribuídos nas classes de diâmetro altura do peito (DAP) para o levantamento

da arborização urbana nos bairros Pedreiras e Colônia, Itacoatiara, Amazonas.

O DAP médio encontrado considerando todos os indivíduos amostrados foi de 40,6

cm, o que evidencia que a arborização dos bairros é antiga, com indivíduos robustos e bem

estabelecidos. Para as espécies com maior ocorrência os diâmetros médios encontrados foram

de 41,9 cm (L. tomentosa); 45,2 cm (F. benjamina) e 16,9 cm (A. indica). Esta última compõe

a arborização mais recente e, portanto, seu porte é menor que o das outras espécies. Em um

estudo realizado no município de Araçoiaba da Serra, São Paulo, Silva et al (2014), verificaram

a predominância de indivíduos com DAP entre 5,0 e 35,0 cm, indicando a ocorrência de

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indivíduos jovens que ainda estão em desenvolvimento, este foi atribuído ao constante

desenvolvimento urbano do município, abertura de novas ruas e acessos recém-planejados.

Tabela 2. Diâmetro médio da copa (DMC) e Área média da copa (AMC) das dez espécies com maior número de

indivíduos nos Bairros Pedreiras e Colônia, zona oeste de Itacoatiara, Amazonas.

ESPÉCIES DMC (m) AMC (m²)

Licania tomentosa 6,01 32,11

Ficus benjamina 5,59 36,65

Azadirachta indica 6,73 36,34

Cocus nucifera 5,64 26,18

Acacia sp. 5,52 25,62

Veitchia merrilli 2,79 6,24

Anacardium occidentale 5,08 23,36

Roistonea oleraceae 5,04 19,95

Psidium guajava 3,31 10,38

Eugenia malaccensis 6,92 37,87

Total 5,93 32,02

A média geral encontrada para o diâmetro médio da copa (DMC) foi de 5,93 m. Copas

com diâmetro pequeno que avançam até 1,5 m sobre a rua são consideras boas por não

atrapalharem o trânsito de veículos altos e nem dificultarem a visualização da sinalização das

avenidas. Por outro lado essa situação pode ser desfavorável em relação ao provimento de

sombra para os veículos estacionados (ALMEIDA, 2009; MAZIOLI, 2012). Assim, é desejável

que o diâmetro da copa esteja dentro de um intervalo que possa beneficiar ambas as situações.

Os valores médios encontrados para o DMC nos dois bairros estudados encontram-se dentro de

um intervalo aceitável. É importante ressaltar que as espécies C. nucifera, V. merrilli e R.

oleraceae pertencem à famílias das palmeiras e portanto não formam copa com volume

suficiente para o fornecimento de sombra, os valores registrados neste trabalho referem-se ao

diâmetro médio alcançado pelas folhas (palmas). Não se recomenda o uso de palmeiras em ruas

onde é necessário o provimento de conforto térmico e sombreamento, sendo reservadas para

praças, parques e jardins com função ornamental. O diâmetro da copa é uma variável importante

quando se discute os benefícios da arborização urbana, quanto maior e mais densa a copa, maior

o seu poder de sombreamento (MILANO, 1988).

A área média encontrada para as copas das árvores analisadas foi de 32,02 m². Este

valor, no entanto, foi consideravelmente inferior para algumas espécies e superior para outras

espécies, que, por apresentarem menor número de indivíduos não influenciaram no valor médio

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final. Para a espécie L. tomentosa, a área média foi de 32,11 m² e, considerando ter sido a

espécie mais abundante, influenciou o resultado da média final.

CONCLUSÃO

Embora tenham sido inventariadas 31 espécies diferentes, a arborização dos bairros

Pedreiras e Colônia, no município de Itacoatiara, é composta predominantemente por Licania

tomentosa (Chrysobalanaceae). Os valores dos diâmetros médios encontrados, bem como as

áreas de copa das espécies mais abundantes demonstram que a arborização é antiga e que o

bairro não recebeu novos plantios nos últimos anos.

Observou-se que nos dois bairros analisados há uma falta de planejamento com relação

à escolha de uma única espécie para compor a maior parte da arborização e que os métodos de

plantio utilizados não favoreceram a exigência mínima de 1,8 m de altura para a primeira

bifurcação.

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APÊNDICE 1

FICHA DE COLETA DE DADOS QUANTITATIVOS

Data: __________________________ Localização

CAP

(cm)

Altura 1ª

Bifurc.

(cm)

APC

Nº da

árvore Nome da Rua Bairro Ref. R1 R2 R3 R4

Nome vulgar:

Qualidade da copa

( ) Vigorosa

( ) Clorótica

( ) Estressada

( ) Prejudicada eventos naturais

( ) Prejudicada vandalismo

Adequabilidade quanto à área

livre de pavimentação junto ao

tronco:

( ) Adequada

( ) Pequena

( ) Ausente

Qualidade do tronco

( ) Íntegro

( ) Injuriado

( ) Oco

( ) Anelado

( ) Prejudicado por vandalismo

Tipo de poda ( )sim ( )não

( ) Levantamento de copa

( ) Levantamento excessivo

( ) Rebaixamento de copa

( ) Outros

Adequabilidade da espécie

escolhida ao local do plantio:

( ) Adequada

( ) Peq. p/o espaço disponível

( ) Parcialmente compatível

( ) Inadequada

( ) Grde p/o espaço disponível

Altura:

( ) A – para alturas até os cabos telefônicos (0 a 4,5

m) ( ) B – para alturas até o fio mais alto da rede

secundária (4,5 a 6,7m)

( ) C – do fio mais alto da rede secundária até a rede primária (6,7 a 8,2 m)

( ) D – acima da rede primária (acima de 8,2 m)

Adequabilidade quanto à condição da calçada:

( ) Danos severos ao calçamento

( ) Danos leves

( ) Ausência de danos

Fitossanidade

( ) Cupins

( ) Insetos sugadores ( ) Manchas foliares

( ) Ferrugens

( ) Plantas parasitas ( ) Lagartas

( ) outros Observações:

Localização CAP

(cm)

Altura 1ª

Bifurc.

(cm)

APC

Nº da

árvore Nome da Rua Bairro Ref. R1 R2 R3 R4

Nome vulgar:

Qualidade da copa

( ) Vigorosa

( ) Clorótica

( ) Estressada

( ) Prejudicada eventos naturais

( ) Prejudicada vandalismo

Adequabilidade quanto à área

livre de pavimentação junto ao

tronco:

( ) Adequada

( ) Pequena

( ) Ausente

Qualidade do tronco

( ) Íntegro

( ) Injuriado

( ) Oco

( ) Anelado

( ) Prejudicado por vandalismo

Tipo de poda ( )sim ( )não

( ) Levantamento de copa

( ) Levantamento excessivo

( ) Rebaixamento de copa

( ) Outros

Adequabilidade da espécie

escolhida ao local do plantio:

( ) Adequada

( ) Peq. p/o espaço disponível

( ) Parcialmente compatível

( ) Inadequada

( ) Grande p/o espaço

disponível

Altura:

( ) A – para alturas até os cabos telefônicos (0 a 4,5

m) ( ) B – para alturas até o fio mais alto da rede

secundária (4,5 a 6,7m) ( ) C – do fio mais alto da rede secundária até a rede

primária (6,7 a 8,2 m)

( ) D – acima da rede primária (acima de 8,2 m)

Adequabilidade quanto à condição da calçada:

( ) Danos severos ao calçamento

( ) Danos leves

( ) Ausência de danos

Fitossanidade

( ) Cupins

( ) Insetos sugadores ( ) Manchas foliares

( ) Ferrugens

( ) Plantas parasitas ( ) Lagartas

( ) outros

Observações: