inspeção de pintura

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ASPECTOS TCNICOS DE APLICAO DA PINTURA INDUSTRIAL NA PROTEO ANTICORROSIVA EM SUPERFCIE METLICA.Leonardo Albino dos Santos Carvalho.1 Antnio Freitas da S. Filho.2

Resumo:Este trabalho tem como objetivo apresentar os fundamentos tcnicos da pintura industrial, avaliando-se os mtodos de preparao de superfcie, de aplicao da pintura, bem como as aes de preveno durante a aplicao da pintura para com os problemas de corroso nas estruturas metlicas. As informaes tcnicas foram obtidas atravs de pesquisa em artigos tcnicos, apostilas, livros, internet e normas tcnicas, formulando um melhor contedo para o entendimento sobre a pintura industrial na proteo anticorrosiva. Palavras-chave: Proteo anticorrosiva, Pintura Industrial, Esquema de Pintura, Corroso.

1. INTRODUO Os processos corrosivos esto presentes em todos os locais e a todo instante da nossa vida. Assim, a deteriorao de automveis, eletrodomsticos, estruturas metlicas, instalaes industriais, etc so problemas com os quais o homem se depara a todo instante (NUNES, 1998 p-32). Para CALLISTER JR (2002) a corroso metlica apresenta propores significativas em termos econmicos. Foi estimado que aproximadamente 5% da receita de uma nao industrializada so gastos na preveno da corroso e na manuteno ou substituio de produtos danificados ou contaminados por reaes de corroso. Em termos de quantidade de material danificado pela corroso, estima-se que uma parcela superior a 30% do ao produzido no mundo seja usada para reposio de peas e partes de equipamentos e instalaes deterioradas pela corroso (TOMASHOV, 1986 p-26). A tecnologia da pintura industrial teve um grande desenvolvimento em todo o mundo, principalmente neste sculo, na proteo contra a corroso de estruturas,1

AUTOR: Leonardo Albino dos Santos Carvalho, graduando no Curso de Engenharia Civil da Universidade Catlica do Salvador. E-mail: [email protected]

ORIENTADOR: Prof. Antnio Freitas da S. Filho, mestre em Engenharia Civil (UFRGS), professor de Materiais de Construo da UFBA, UEFS e UCSAL. E-mail: [email protected]

especialmente do ao ( Apostila da ABRACO Associao Brasileira de Corroso, p12). A pintura industrial constitui-se no mtodo de proteo anticorrosiva de maior utilizao na vida moderna. Pela sua simplicidade, proteger por pintura tem sido o revestimento mais utilizado pelo homem nas suas construes e em materiais metlicos. O ao nos tempos atuais, e foi durante todo o sculo, o principal material de construo industrial (GENTIL 2007). Porm, devido corroso, s foi possvel o sucesso de sua utilizao com o emprego de revestimentos eficazes, destacando-se neste artigo o revestimento por pintura industrial, que um revestimento aplicado sobre a superfcie que se quer proteger. Este artigo tem como objetivo demonstrar a importncia dos fundamentos da pintura industrial, do esquema de pintura, da preparao de superfcie e mtodos de aplicao para com a proteo das estruturas metlicas contra a corroso. O artigo tambm fornecer informaes sobre aes de preveno durante aplicao, as tcnicas de aplicao, como a inspeo visual da superfcie a ser pintada, avaliao das condies atmosfricas, controle do grau de limpeza da superfcie, medio do perfil de rugosidade, medio das espessuras das pelculas de tintas, teste de adeso das pelculas de tintas e determinao de descontinuidades em pelculas de tintas. 2. CORROSO A importncia dos problemas de corroso decorre de dois aspectos principais. O primeiro, econmico, em rao do seu elevado custo. No Brasil, segundo dados de 2006, o custo anual da corroso foi de aproximadamente 40 bilhes de reais. O segundo aspecto esta correlacionado com a preservao das reservas minerais, face a necessidade de produo adicional por conta da reposio do que deteriorado (DUTRA e NEVES, 2006 p -132). Corroso a deteriorao dos materiais, especialmente metlicos, pela ao eletroqumica ou qumica do meio (Gentil, 2007). Ainda segundo o mesmo, corroso consiste na deteriorao dos materiais pela ao qumica ou eletroqumica do meio, podendo estar ou no associado a esforos mecnicos. Quando do emprego de materiais na construo de equipamentos ou instalaes necessrio que estes resistam ao do meio corrosivo, alm de apresentar propriedades mecnicas adequadas. A corroso pode incidir sobre diversos tipos de materiais, sejam metlicos como os aos ou as ligas de cobre, por exemplo, ou no metlicos, como plsticos, cermico ou concreto (TELLES, 1983 p-20). A nfase neste artigo ser dada corroso dos materiais metlicos. 2

Quando da corroso, os metais reagem com os elementos no metlicos presentes no meio, O2, S, H2S, CO2 entre outros, produzindo compostos semelhantes aos encontrados na natureza, dos quais foram extrados. Conclui-se, portanto, que nestes casos a corroso corresponde ao inverso dos processos metalrgicos (MUNGER, 1987, p-32). Conforme figura 1, mostrando o ciclo dos metais.

Figura 1 Ciclo dos metais. (Fonte: Evangelista Livro Pintura Industrial, p 4, 1984).

3. PINTURA INDUSTRIAL. Para Nunes, (1998), a pintura industrial consiste na aplicao de uma pelcula, em geral orgnica, entre o meio corrosivo e o material metlico que se quer proteger, os quais so revestimentos com espessuras inferiores a 1 mm, aplicados em instalaes industriais, instalaes porturias, embarcaes, estruturas metlicas diversas, etc. A pintura industrial um sistema (Evangelista, Isaac, 1984) e, portanto, deve ser vista como tal. Esta viso sistmica caracteriza quatro fases importantes com a seleo adequada dos esquemas de pintura; aquisio tcnica das tintas; seleo do mtodo de aplicao e o controle de qualidade de aplicao e inspeo e acompanhamento da pintura.

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4. SISTEMA DE PINTURA. De acordo com LOBO, (1998), as tintas de manuteno so formuladas para permitirem que as estruturas e equipamentos permaneam por grandes perodos sem corroso, e periodicamente sofram uma manuteno, que pode ser desde um simples retoque at substituio de toda tinta. As pinturas podem ter um desempenho que, em condies favorveis, chega a uma vida til de 20 anos ou mais. Em condies adversas, a mesma pintura poder durar cerca de 1 ou 2 anos. Tudo vai depender do meio ambiente e do sistema de pintura empregado. As tintas de manuteno industrial podem ser classificadas em:

Tintas de fundo; Tintas intermedirias; Tintas de acabamento.

4.1 Tintas de fundo ou primers So tintas com a finalidade de promoverem aderncia do esquema de pintura ao substrato ou com pigmentos que possuem propriedades anticorrosivas (N-13 Petrobras). So elas que devem ter contato direto com o substrato metlico. Estas tintas no so formadas para resistirem sozinhas ao meio ambiente, elas devem fazer parte de um esquema de pintura completo contendo tinta de acabamento.

4.2 Tintas Intermedirias Estas tintas no possuem as mesmas propriedades das tintas de fundo anticorrosiva, mas auxiliam na barreira, dando espessura ao sistema de pintura. So tintas mais baratas que as de fundo e acabamento e servem como enchimento para aumentar a barreira ( Apostila da ABRACO, p-21). 4.3 Tintas de Acabamento As tintas de acabamento so aplicadas por ltimo, e tm a funo de proteger o sistema contra o meio ambiente e dar a cor desejada (N-13 Petrobras). Elas devem ser resistentes ao intemperismo, produtos qumicos e ter cores estveis, pois so de grande importncia na identificao de equipamentos e do contedo de tanques e tubulaes, alm da finalidade esttica( Apostila da ABRACO, p-21).

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A Norma NBR-54 recomenda o uso das seguintes cores para identificao de tubulaes: Verde Branco Azul Alumnio Preto Vermelho Laranja Lils Cinza-claro : gua. : vapor. : ar comprimido. : combustveis e inflamveis de baixa viscosidade. : combustveis e inflamveis de alta viscosidade. : sistema de combate a incndio. : cidos. : lcalis. :vcuo.

As cores de identificao podem ser pintadas no tubo todo, ou apenas em faixas de espao em espao (TELLES, 1983, p-26). Geralmente, tintas que ficam expostas ao intemperismo devem ser brilhantes e ter boa resistncia perda de cor e brilho. O sistema de pintura planejado em funo do meio ambiente, da importncia do equipamento e da disponibilidade de verbas para a proteo (NUNES, 1998 p-46). O sistema de pintura completo abrange: preparo de superfcie, tipo de tinta de fundo e de acabamento, nmero de demos, espessura por demo e mtodo de aplicao. Na tabela 01 a seguir apresentamos a classificao das tintas quanto a ordem de aplicao no esquema de pintura segundo a NR-13 Petrobras.

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Foto 01: Vaso de presso devidamente com tintas de fundo, intermediria e acabamento. (acervo pessoal). Tabela 01: Classificao das tintas quanto ordem de aplicao no esquema de pintura. Fonte: (Apostila do curso de Inspetor de pintura ABRACO).

ORDEM

DENOMINAOTINTAS DE FUNDO: a. Temporrias.

FUNO-proteger temporariamente o preparo de superfcie do ao; otimizar as operaes de pintura. -promover aderncia sobre metais no ferrosos. -promover proteo anticorrosiva. Podem ser aplicados sobre temporri- as, condiconadoras e sela- doras. -espessar a barreira anticorrosiva. - espessar a barreira com fim de melhor acabamento esttico na repintura autoMotiva. -pode ser aplicado como 1 demo sobre superfcies porosas como madeira e concretos ou sobre primer de zinco. -demo esttica colorida e protetora de todo sistema. -acabamentos transparente quando se quer o substrato aparente.

ESPESSURA SECA (m)15 20 10 15 25 120

1

b. Condicionadora de aderncia. c. Primria.

INTERMEDIRIAS: a. Intermediria. b. Uniformizador. 2 c. Selador.

50 130 30 50

10 20

3

ACABAMENTOS: a. Esmalte b. Verniz

30 150 20 - 30

5. PREPARAO DE SUPERFCIE. Segundo Norma N-13 Petrobras 2009, a preparao da superfcie consiste em remover qualquer contaminao do substrato, eliminando xido de metal, carepas, velhos revestimentos, poeiras, sujeiras e contaminaes similares. A preparao da superfcie extremamente importante na ligao do revestimento ao substrato (LOBO, 1998 p-158). O objetivo principal da preparao de superfcie prover aderncia mxima para uma pintura sobre uma superfcie e a remoo de contaminantes que porventura possa causar danos a pintura ( N-13 Petrobras). 6

A NACE3 e SSPC4 estabeleceram especificaes para limpeza de superfcie metlica e a efetividade deste sistema decresce com a quantidade da contaminao deixada na superfcie. Em outras palavras, uma superfcie jateada ao metal branco teria a melhor oportunidade para adeso uma vez que teria nmero de locais de ligao disponveis para a pintura. Jateamento ao metal quase branco fornece quase a mesma superfcie, uma vez que a quantidade de contaminao deixada em tal superfcie extremamente pequena. Jateamento comercial deixa alguma contaminao na superfcie, e com tal, existe alguma porcentagem a menos de rea para ligaes ocorrerem. Jateamento ligeiro, o chamado bruchs, deixa uma quantidade substancial de contaminao na superfcie, por esta razo, reduziria substancialmente a possibilidade de adeso. No CEMPES5 vrios trabalhos foram executados para demonstrar que o desempenho de uma mesma tinta est intimamente ligado ao preparo de superfcies. Um dos trabalhos mostra a aplicao de um sistema vinlico sobre painis jateados, enferrujados e com a carepa de laminao. Eles foram expostos a 9 anos em atmosfera martima. Como previsto o painel com adequado preparo de superfcie apresentou pequena corroso aps 9 anos. O painel enferrujado e com carepa mostraram substancial corroso e desprendimento de filme. 5.1 NORMAS SIS 055900 e ISO 8.501-1; GRAUS DE OXIDAO EM SUPERFCIES DE AO: Grau A: Superfcie de ao com a carepa de laminao praticamente intacta em toda a superfcie e sem corroso. Representa a superfcie de ao recentemente laminada. Grau B: Superfcie de ao com princpio de corroso, quando a carepa de laminao comea a desprender-se. Grau C: Superfcie de ao onde a carepa de laminao foi eliminada pela corroso ou poder ser removida por raspagem ou jateamento, desde que no tenha formado ainda cavidades muito visveis (pites) em grande escala. Grau D: Superfcie de ao onde a carepa de laminao foi eliminada pela corroso com formao de cavidades visveis em grande escala. A foto 02 mostra equipe montando rea para jateamento abrasivo com escria de cobre em tanques de leo.3 4

NACE: National Association of Corrosion Engineers. SSPC: The Society Protective Coatings. 5 CENPES: Centro de Pesquisa da Petrobras.

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Foto 02: Equipe sinalizando rea do compressor para jateamento de superfcie (Fonte: Acervo Pessoal).

5.2 NORMAS DE LIMPEZA DE SUPERFCIE DA PETROBRAS: 5.2.1 Norma N-5 Petrobras, Limpeza de superfcie de ao por ao Fsico Qumico Segundo a N-5 Petrobras, a limpeza de superfcie por ao fsico qumica, no mbito desta Norma, bastante abrangente, pois se destina a remoo de leo, graxa, terra, compostos usados para o corte de chapas e outros contaminantes das superfcies do ao, mediante o emprego de solventes, emulses, compostos para limpeza, vapor ou outros materiais e mtodos de ao solvente. Apesar da abrangncia desta norma, na grande maioria dos casos a limpeza por ao fsico qumica usada para remover leos e graxas da superfcie metlica antes da aplicao de tintas ou da remoo de carepa de laminao enferrujada, ferrugem e tinta antiga. A presena destes contaminantes (leos e graxas) na superfcie, por menor que seja, extremamente prejudicial adeso das tintas aos substratos metlicos, bem como poder ocasionar defeitos superficiais na pintura como, por exemplo, o aparecimento de crateras (N-5 Petrobras). 5.2.2 Norma N-6 Petrobras, Tratamento de superfcie de ao com ferramentas Manuais e Mecnicas. 8

Conforme a N-6 Petrobras, o tratamento de superfcie atravs de ferramentas manuais e mecnicas um procedimento bem antigo e tambm aceitvel no preparo de superfcies expostas a atmosfera e interiores em condies normais, aplicvel a grande parte dos trabalhos de pintura de manuteno. Trata-se de um procedimento bem limitado pois remove somente ferrugem e carepa da laminao soltas, bem como tintas antigas e outros materiais no aderentes. Por se tratar de um mtodo pouco eficiente na remoo dos produtos de corroso, as tintas devem possuir boas propriedades para umidade, para se obter melhor desempenho da pintura. As ferramentas manuais normalmente utilizadas neste processo so: escovas de arame de ao, lixas, raspadores, martelos e picadores (ferramentas de impacto) ( Apostila da ABRACO, p-42). As ferramentas mecnicas utilizadas so: escova de ao rotativa, lixadeira rotativa, pistolete de agulha ou desincrustador, esmeril e outras ferramentas com ao rotativa( Apostila da ABRACO, p-42). 5.2.3 Norma N-9 Petrobras, Limpeza de Ao com Jateamento Abrasivo. De acordo com N-9 Petrobras, a limpeza de superfcie por meio de jateamento abrasivo um dos processos mais largamente utilizados e eficientes na preparao de superfcie ferrosas para aplicao de sistemas de pintura. Alm disso, proporciona excelentes condies para a aderncia e desempenho dos sistemas de pintura. O processo consiste na remoo da camada de xidos e outras substncias depositadas sobre a superfcie, por meio da aplicao de um jato com materiais abrasivos, como por exemplo, a granalha de ao, por meio de ar comprimido, atravs de bicos aplicadores. Os graus de preparao de superfcie por meio de jateamento abrasivo so classificados, segundo a Norma ISO 8501-1, em: - Sa6 1 Limpeza por jateamento abrasivo ligeiro carepas de laminao soltas, ferrugem e outros materiais estranhos devem ser removidos. A superfcie deve ser limpa, imediatamente, com aspirador, ar comprimido limpo e seco ou escova limpa. - Sa 2 Limpeza por jateamento abrasivo comercial quase toda carepa de laminao, ferrugem e material estranho devem ser removidos. A superfcie deve ser limpa, imediatamente, com aspirador, ar comprimido limpo e seco ou escova limpa. - Sa 2 1/2 Limpeza por jateamento abrasivo ao metal quase branco as carepas de laminao, ferrugens e material estranho devem ser removidos de maneira to perfeita que seus vestgios apaream somente como manchas tneas e que correspondam no mximo a 5% da superfcie. A superfcie deve ser limpa, imediatamente, com aspirador, ar comprimido limpo e seco ou escova limpa.6

Sa-1, Sa-2, Sa-21/2, Sa-3 Nomenclatura para limpeza por jateamento abrasivo segundo a Norma ISO 8501-1.

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- Sa 3 Limpeza por jateamento abrasivo ao metal branco as carepas de laminao, ferrugens e material estranho devem ser completamente (100%) removidos. A superfcie deve ser limpa, imediatamente, com aspirador, ar comprimido limpo e seco ou escova limpa. As fotos 3, 4 e 5 mostram o processo de jateamento abrasivo do antes e depois do jateamento e aplicao de primer selador no substrato do equipamento.

Foto 3 - Bia fabricada, na fila para limpeza de superfcie. (Fonte: Acervo Pessoal).

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Foto 4 - Superfcie da bia, aps limpeza com jato abrasivo. (Fonte: Acervo Pessoal).

Foto 5 - Bia pintada com uma demo de primer selador. (Fonte: Acervo Pessoal).

6. MTODOS DE APLICAO DE TINTAS. Na pintura industrial os dispositivos mais usuais para aplicao de tintas so: trincha, rolo, pistola convencional e pistola airless (LOBO, 1998 p-34). A finalidade destes dispositivos so as mesmas, ou seja, aplicar a tinta para obteno de uma pelcula uniforme sobre uma superfcie. Os mtodos podem ser classificados em 2 grupos(NUNES, 1998 p-28): 11

Espalhamento Trincha e rolo. A tinta lquida, como se encontra no recipiente, aplicada espalhando-se na superfcie. Normalmente, a espessura aplicada no uniforme e no se consegue aplicar espessuras elevadas com as tintas de alta espessura, requerendo, neste caso, maior nmero de demos. Seu rendimento produtivo bastante baixo (N-13 Petrobras; 2009). Para tal emprega-se trincha e rolo. Pulverizao Pistola convencional e Pistola de ar (AIRLESS). A tinta lquida pulverizada antes de chegar superfcie. Esta pulverizao se faz usando-se pistola convencional com auxilio de ar comprimido, e com pistola sem ar (airless) mediante elevada presso na tinta e posterior descompresso atravs de um bico com geometria especial (N-13 Petrobras; 2009). Para Camorim (1978), a pulverizao tem vantagens sobre o espalhamento, por conseguir maior rendimento produtivo, melhor acabamento da pelcula, uniformidade e espessuras mais elevadas. 6.1 DISPOSITIVOS DE APLICAO. 6.1.1 APLICAO COM TRINCHA. o mtodo de aplicao mais antigo e at hoje de grande utilidade, sendo considerada uma ferramenta insubstituvel na pintura industrial (NUNES, 1998 p-24). Para pintura de grandes reas, utilizam-se trinchas de 5 e para pequenas reas trinchas de 1 e 1 . Requisitos importantes a serem considerados na trincha so: largura, dimetro, e dureza das fibras. Segundo a Norma N-13 Petrobras muito importante observar se est ocorrendo desprendimento das fibras da trincha durante a aplicao. Fibras deixadas na pelcula da tinta so possveis pontos de corroso no futuro. Na pintura industrial, a trincha deve ser utilizada para recorte ou pintura de reforo em cordes de solda, cantos vivos, quinas, acessrios, e locais de difcil acesso (N-13 Petrobras; 2009). A trincha deve ser usada para pintura de peas de pequena dimenso, tipo tubulaes de pequeno dimetro, estruturas leves e cantoneiras. 6.1.2 APLICAO COM ROLO. Este mtodo tem a vantagem de proporcionar maior rendimento produtivo do que a pintura com trincha. Por ser tambm um mtodo de aplicao por espalhamento, a espessura final pode apresentar bastante variao. O movimento do rolo no deve 12

restringir a um sentido apenas. Devem-se fazer passes cruzados com o rolo para obter melhor uniformizao na pelcula quanto espessura (N-13 Petrobras; 2009). O rolo utilizado em pintura industrial confeccionado com pelos de carneiro. Rolos de espuma no resistem a solventes orgnicos e se desmancham deixando grumos na pelcula( Apostila da ABRACO, p-16). Os defeitos mais comuns na aplicao a trincha e rolo so: espessuras variveis, estrias, impregnao de pelos e fibras e acabamento rugoso.( Apostila da ABRACO, p16). 6.1.3 APLICAO COM PISTOLA CONVENCIONAL. Na pintura por pulverizao utilizando pistola convencional, a atomizao feita com o auxlio de ar comprimido que entra na pistola por passagem distinta da tinta e so misturados e expelidos pela capa de ar, formando leque cujo tamanho e forma so controlveis (N-13 Petrobras). Para NUNES, 1998 a alimentao da tinta pode ser por suco, presso e gravidade. Os mais comuns na pintura industrial so alimentao por presso e por suco. Segundo a N-13 Petrobras, a pintura deve ser executada com a pistola em posio perpendicular a superfcie a ser pintada, mantendo a distncia entre 15 a 20 cm. O movimento circular com a pistola resulta em aplicao com espessura desigual. Inicie a pintura pelos cantos e reas de difcil acesso. Este mtodo no deve ser utilizado em dias de muito vento ou em estruturas delgadas cuja geometria resultem em perda alta de tinta. 6.1.4 APLICAO COM PISTOLA SEM AR (AIRLESS). Conforme a N-9 Petrobras, 1998 a pintura com pistola airless ou pistola sem ar, tambm conhecida como pistola hidrulica, um mtodo de aplicao por pulverizao indicado para pintura de grandes reas, como cascos de navios e tanques de armazenamento de petrleo, devido ao elevado rendimento. Ideal para pintura por pulverizao de tintas com elevada viscosidade. A produo com pistola convencional de aproximadamente 60m/h enquanto com pistola sem ar a produo mdia de 250m/h. Este mtodo requer maiores cuidados quanto a segurana por operar com presses bastante elevadas. Na pintura convencional, a presso de pulverizao de 0,8 MPa (8 Kgf/cm) . J na pistola sem ar comum ter presso de pulverizao na ordem de 25 MPa (250 Kgf/cm). Um jato de tinta a esta presso pode perfurar a pele e causar srios danos. 13

Existem dois tipos de equipamentos de pintura AIRLESS: com motor eltrico ou motor pneumtico. 7. AES DE PREVENO DURANTE A APLICAO DO SISTEMA DE PINTURA. Segundo Nunes, (1998), uma srie de aes de preveno contra defeitos devem ser conduzidas durante a aplicao, de forma a evitar o aparecimento de problemas futuros no sistema de pintura. 7.1 INSPEO VISUAL DA SUPERFCIE A SER PINTADA. De acordo com a NBR-15239, em termos de aes preventivas durante a aplicao do esquema de pintura, esta a primeira atividade. Objetiva avaliar a eventual presena de substncias contaminantes da superfcie, que possam prejudicar suas condies de limpeza ou prejudicar a adeso do esquema de pintura. A inspeo feita visualmente, objetivando identificar a eventual presena de leo ou graxa sobre a superfcie, que devem ser removidos por solvente, alm de identificar o estado inicial de oxidao da superfcie, que devem ser removidos por solvente. 7.2 AVALIAO DAS CONDIES ATMOSFRICAS. As condies atmosfricas influenciam todas as etapas do processo de aplicao do esquema de pintura, desde o preparo da superfcie at a cura das tintas (Evangelista; 1984). Devem ser determinadas a umidade relativa do ar, a temperatura ambiente e a temperatura do substrato no momento do inicio dos trabalhos. A superfcie, aps a limpeza, fica sensvel a umidade do ar. Aps um jateamento ao metal quase branco, qualquer contato com o ar mido provoca oxidao da superfcie (ALFREDO; 1998). Por isto desejvel que durante o jateamento seja feito um controle de umidade relativa do ar, procurando somente execut-lo quando a URa for menor que 85%. O controle da umidade relativa do ar feita normalmente com o higrmetro conforme foto abaixo.

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Foto 6 Higrmetro equipamento de inspeo da umidade relativa do ar. (Fonte: Acervo Pessoal).

7.3 AVALIAO DO GRAU DE LIMPEZA DA SUPERFCIE. A inspeo deve ser visual ou eventualmente com auxlio de uma lupa. A luminosidade do ambiente deve ser a mais adequada possvel. A aceitao ou rejeio deve ser feita atravs de comparao com os padres visuais das Normas ISO 8.501-1 (5) e SIS 05 59 00. 7.4 MEDIO DO PERFIL DE RUGOSIDADE. O instrumento mais comum para determinao do perfil de rugosidade o relgio apalpador ou rugosmetro de agulha, que contm uma haste metlica na extremidade em forma de agulha (CAMORIM, 1978). Uma vez apoiado o instrumento (agulha) sobre a superfcie limpa e zerado o relgio para valores positivos ou negativos em funo de a haste ter percorrido, respectivamente, picos ou vales. O range entre o valor mais negativo e o mais positivo o perfil de rugosidade. A foto 7 ilustra o medidor do perfil de rugosidade.

Foto7 Rugosmetro equipamento de inspeo do perfil de rugosidade. (Fonte: Acervo Pessoal).

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7.5 MEDIO DAS ESPESSURAS DAS PELCULAS DE TINTA. Esta a mais tradicional das aes de controle da qualidade durante a aplicao de um esquema de pintura. A medio da espessura feita inicialmente com a pelcula mida durante a aplicao e finalmente com a pelcula seca. Deve ser feita para cada demo de tinta aplicada. A medio da espessura da pelcula mida normalmente feita pelo prprio pessoal de execuo, pois visa a controlar as condies de aplicao, evitando descontinuidades ou consumo exagerado de tinta. A medio da espessura da pelcula seca feita para cada 250m de rea pintada, a foto a seguir mostra o equipamento para medir espessura de pelcula seca. Os instrumentos utilizados devem obedecer a seguintes faixas de medio conforme (Norma PETROBRAS N-2135):

0 (zero) a 100(cem) m, com exatido de 5 m. 0 (zero) a 500(quinhentos) m, com exatido de 5 m. 0 (zero) a 1000(mil) m, com exatido de 10 m.

Foto8 Equipamento de medir espessura de pelcula seca. Fonte: Acervo pessoal. (Fonte: Acervo Pessoal).

7.6 TESTE DE ADESO DAS PELCULAS DE TINTA. Trata-se tambm de um teste freqentemente utilizado para efeito de controle da qualidade na aplicao das tintas. Existem dois mtodos para execuo do teste de adeso. O primeiro o mtodo do corte em X, que particularmente empregado para avaliar a adeso de tintas inorgnicas 16

de Zinco e outras tintas com espessura superior a 100m por demo. O segundo o teste quadriculado, que empregado para as demais tintas. O teste de adeso em forma de quadriculado deve ser efetuado conforme (N-2241 PETROBRAS): 1. Efetuar cinco cortes com 50 mm de comprimento, espaados de 5 mm; 2. Efetuar cinco cortes com a mesma caracterstica perpendicular aos primeiros; 3. Colar uma fita adesiva; 4. Arrancar a fita adesiva instantaneamente. O teste de adeso em forma de X assemelha-se ao quadriculado e deve ser conduzido em conformidade com a (Norma ASTM D -3359). O resultado do teste de adeso consiste na avaliao da quantidade de pelcula de tinta arrancada pela fita adesiva aplicada sobre a regio do corte. As tintas que apresentam excelente adeso no so removidas pela fita.

7.7 DETERMINAO DE DESCONTINUIDADE EM PELCULA DE TINTA. O teste de descontinuidade normalmente ocorre aps a concluso da aplicao de esquemas de pintura de alto desempenho. Quando efetuado, deve abranger toda a superfcie pintada. especialmente recomendado para esquemas de pintura que iro trabalhar em imerso permanente ( Apostila da ABRACO, p-55). Segundo a N-2137 Petrobras, existem dois diferentes aparelhos para avaliar eventuais descontinuidades no esquema de pintura. Ambos tm como mesmo objetivo avaliar a capacidade de uma corrente eltrica atravessar a pelcula da tinta. A foto 9 mostra equipamento holliday detector que identifica descontinuidades na pelcula da tinta sobre o substrato. A seqncia, a seguir, descreve o procedimento para o teste de descontinuidade de pelculas de tinta (N-2137 Petrobras): 1. Selecionar na superfcie a ser testada uma regio isenta de falhas visuais e com espessura idntica especificada para o esquema de pintura; 2. Passar a escova metlica do aparelho detector (superfcies planas ou cilndricas de pequeno dimetro ), inicialmente uma voltagem mnima, elevando-se a tenso de 500 em 500 volts at o disparo do alarme ou at um mximo de 15.000 volts; 3. Lixar superficialmente a pelcula da tinta numa rea mnima de 25 cm, de modo a reduzir a espessura de 20% da espessura original; 4. Diminuir a tenso em 500 e em seguida passar a escova nas regies no lixadas e lixadas; 5. O aparelho esta regulado quando o alarme soar na regio lixada e no soar na regio no-lixada; 17

6. O aparelho deve ser passada na superfcie pintada com uma velocidade mxima de 20cm/s; 7. Ao se examinar a superfcie pintada, o soar do alarme denota existncia de descontinuidade.

Foto 9 Holliday Detector equipamento de inspeo de descontinuidade em pelcula seca. (Fonte: Acervo Pessoal).

8. CONSIDERAOES FINAIS:Este artigo abordou aspectos que demonstram a importncia da pintura industrial anticorrosiva, levando-se em conta a grande deteriorao de elementos metlicos e considerando a proporo significativa da mesma em termos econmicos, j que o custo anual da corroso, segundo CALLISTER 2006, de ordem de 40 bilhes de reais. A pintura muitas vezes confundida como uma coisa simples e de menor importncia na confeco de um projeto industrial, devido a ser conhecido por um pequeno grupo de especialistas e que apesar de longos anos de estudo pouco divulgado nas escolas de engenharia civil. Porem este um engano que gera custos astronmicos. A preparao da superfcie como mostrado no trabalho de fundamental importncia para a realizao do sistema de pintura. Pois dela que ira formar a aderncia no substrato para a pelcula da tinta. As inspees de qualidade tambm so importantes para conferir a qualidade dos servios executados. Este artigo uma contribuio para um melhor conhecimento desta vasta rea, ainda pouco explorada e conhecida pelos engenheiros no Brasil.

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REFERNCIAS: ABRACO Apostilas Tcnicas do Curso de Inspetor de Pintura (Nvel I), Rio de Janeiro, 2008. ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS (ABNT). NBR 15239: Tratamento de superfcie de ao com ferramentas manuais e mecnicas; 2005. CALLISTER JR, W.D. Cincia e Engenharia de Materiais: Uma Introduo. Rio de Janeiro: Ed. LTC, 2002, 589p. CAMORIM, Paulo C. L.- Apostila de Pintura Industrial, ABRACO, 1978. DUTRA, A.C. NUNES, L.P. Proteo Catdica Tcnica de Combate a Corroso. Rio de Janeiro: Ed. Intercincia, 4 edio, 2006. 262p. EVANGELISTA, Isaac N. M.- Abordagem Sistmica da Pintura Industrial, ABRACO,1984. GENTIL, Vicente corroso, Livros tcnico e cientficos Corroso / Vicente Gentil. 5 ed.- Rio de Janeiro : Guanabara HOART, T. P. Proceedings Royal Society, A 348, 1976. LOBO, Alfredo C. O.; Aquisio e Controle de Qualidade de Tintas para pintura de Tanques no CREVAP; 1998. MUNGER, C. G., Corrosion Protective Coatings, NACE, 1987. NORMA ASTM D-3359, Measuring Adhesion by tape test, 1983. NORMA ISO 8.501-1, Preparation of Steel Substrates before application-1988. NORMA SIS-05-59 00, - Pictorial Surface Preparation Standards for pinting steel surfaces 1967. NORMA PETROBRAS N-5 Limpeza de superfcie de ao por ao fsico qumico, 1998. NORMA PETROBRAS N-6 Tratamento de Superfcies do Ao com Ferramentas Manuais e Mecnicas, 1998. NORMA PETROBRAS N-9 Tratamentos de superfcies de Ao com Jateamento Abrasivo, 1998. NORMA PETROBRAS N-13 Aplicao de Tintas, 2009. NORMA PETROBRAS N-2135 Determinao de espessuras de pelculas secas de tintas, 1992. 19 Dois, 2007.il.

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