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COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA NÚMERO 0 | ANO I JANEIRO 2015 BIMESTRAL BEATRIZ FRANCK 5 607727 107279

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Número 0 da nova revista online INsights CPLP

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COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

A FASHIONISTA EMPREENDEDORA

NÚMERO 0 | ANO IJANEIRO 2015 BIMESTRAL

BEATRIZFRANCK

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O ELIXIR DA INTELIGÊNCIA

A ANOREXIA E A BULIMIA NA ADOLESCÊNCIA

KARYNA GOMESA REVELAÇÃO DA MÚSICA GUINEENSE

INSUCESSO ESCOLAR EVENTO COM APOIO INSIGHTS

CONTO PSICOLÓGICODESAFIO AOS LEITORES INSIGHTS

BERTA RODRIGUESAUTORA DE AS AVENTURAS DE

GUITOTELA

JUIZ CONSELHEIRO ONOFRE DOS SANTOS– AUTOR DE “O ASTRÓNOMO DE HERODES“ – EM ENTREVISTA

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REVISTA INSIGHTS | AGOSTO/SETEMBRO 20142

BREVEMENTE

NAS BANCAS,

COM MAIS

CONTEÚDOS

E EM MELHOR

FORMA!

[email protected]

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EDITORIALFICHA TÉCNICA

Directora Elsa Carvalheiro

Director Adjunto Paulo Gonçalves

Editora Elsa Carvalheiro

Jornalistas Eduardo Almeida Inês Ruivo Luís de Freitas Mariana Araújo Paulo Duarte

Revisão Paulo Gonçalves

Colaboradores Carlos Céu e Silva Fernando Fonseca Joaquim Caeiro Luísa Coutinho Márcia Gonçalves Maria Helena Estevão Vânia Fernandes

Periodicidade Bimestral

Paginação PáginaCarmim – César Évora

Serviço de imagens e fotografia Depositphotos

Depósito Legal N.º 357158/13

ISSN n.º 2182/8032

N.º de inscrição ERC 126344

Proprietário Editora Ómega Rua Guilherme Marconi, n.º 13 loja 10 Bons Dias 2620-448 Ramada

ASSINATURAS [email protected]

COORDENAÇÃO MARKETING, IMAGEM E COMUNICAÇÃO Alexandre Ruivo [email protected]

MARKETING Denise Silva [email protected]

CONTACTOS 91 680 69 09 [email protected] [email protected]

www.revistainsights.pt www.facebook.com/RevistaInsights www.facebook.com/editora.omega

Esta obra não pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer processo, à excepção de excertos para divulgação. Reservados todos os direitos, de acordo com a legislação em vigor. Os conteúdos são da responsabilidade do(s) autor(es).

A Insights Comunidade dos Países Língua Portuguesa aparece em suporte digi-tal como alavanca maior para uma cobertura planetária, melhor, para chegar aos países (e continentes) da CPLP, à distância de um “clique”.A Insights CPLP procurará radiografar a idiossincrasia destes países, designa-damente doenças endémicas, investigação, desenvolvimento, turismo e cultura, mantendo, naturalmente, as linhas programáticas da irmã em papel: saúde, bem-estar e desenvolvimento pessoal; mediante artigos de opinião fornecidos por cidadãos a viver na diáspora, no próprio país; mas também na forma de reportagens, crónicas e entrevistas produzidas pela nossa Equipa.Certamente que a Insights CPLP que o estimado leitor tem à sua frente – este é o número zero – tem um longo percurso pela frente: deverá já na próxima edição (daqui a dois meses) ter distribuição diversificada e representativa de todos os nove países que compõem este grémio, coisa que, no número zero, ainda não acontece.Preferimos, todavia, avançar desde já, que esperar reunir todas as condições – até porque “reunir tudo” numa estrutura empresarial fora dos grandes grupos de Media é (quase) utópico; acreditamos no Caminho realizado passo-a-pas-so: hoje um metro, depois um quilómetro, amanhã teremos dado a volta ao Planeta.Como é Natal, onde quer que esteja AMIGO LEITOR, na Guiné-Bissau, na Guiné Equatorial, em Timor Leste, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Angola, Brasil, ou Portugal, queremos, na língua que nos une, desejar Feliz Natal e próspero Ano Novo – com saúde, em boa-forma, partilha (tudo é partilhável), como estes conteúdos, e com muita, muita espiritualidade.PS: Mande as suas sugestões e críticas, Amigo Leitor, certamente serão perti-nentes.

Elsa Carvalheiro Directora

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NOTÍCIAS

DOENÇAS CARDIOVASCULARES COM TENDÊN-CIA PARA AUMENTARAs doenças cardiovasculares são a principal causa de morte da população a nível mundial e a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que esse número venha a aumentar. Manuel Carrageta, Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, foi peremptório na afirmação “A forma como nós vivemos é que vai condicionar a forma como adoecemos e morremos”. Este tipo de doenças é, por norma, resultado de uma combinação de vários fatores de risco no dia-a-dia — como o tabagismo, o colesterol alto, a diabetes e a pressão arterial alta. Um estudo apresentado no 23º Congresso da

Sociedade Europeia de Cardiologia, na Suécia, mostra que o consumo exagerado de carnes, de gordura animal, de derivados do leite, de açúcar e de cerveja leva a problemas cardiovasculares. Além do sal, que em excesso também é perigoso — es-pecialmente para quem tem pressão arterial alta. Uma boa alimentação pode evitar problemas de colesterol, pressão alta e obesidade. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, só no Brasil as doenças cardiovasculares matam, por ano, mais de 300 mil pessoas. A OMS estima que o número de mortes por doenças cardíacas aumente de 17 para 24 milhões de pessoas até 2030.

OMS – ALERTA PARA POSSÍVEL CATÁSTROFEA Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para a probabilidade das infec-ções pelo vírus Ébola poderem aumentar de forma exponencial, caso os esforços de retenção não sejam fortemente reforçados. “Se não travarmos a epidemia muito em breve, isto vai passar de um desastre para uma catástrofe”, confessou o responsável da estratégia da OMS, Christopher Dye. Caso o surto de vírus não seja controlado, pode arrastar-se por vários anos e possivelmente tornar-se epidémico na África Oci-dental – onde já matou mais de 3 mil pessoas.

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ONU – PRIMEIRA MISSÃO PARA UMA EMERGÊNCIA DE SAÚDE PÚBLICAÉ a primeira vez na história da Organização das Nações Unidas (ONU) que se cria uma missão para uma emergência de saúde pública. A Missão consiste na união de recursos das várias agências das Nações Unidas e de fundos e programas, para reforçar a qualidade técnica e a experiência da OMS nestes surtos de epidemias.Segundo a Diretora-Geral da OMS, Dra. Margaret Chan, “esta não é apenas uma crise de saúde pública. É também uma crise social, uma crise humanitária, uma crise económica e uma ameaça à segurança nacional, bem além das zonas do surto (…) por estas razões, o Secretário-Geral da ONU, Sr. Ban Ki-moon, e eu estamos a aclamar uma iniciativa através de todo o conjunto das Nações Unidas, para convergir todas as capacidades das agências relevantes para o assunto dentro da ONU”.

APTO 8ª EDIÇÃO “PENSAR A PRÁTICAE OLHAR O FUTURO”; FÁTIMA, ABRIL 2015O Congresso Nacional de Terapia Ocupacional realizará a sua 8ª edição em Fátima, dias 16,17 e 18 de Abril, no Centro de Apoio a Deficientes João Paulo II; hasteando

como bandeira temática “Pensar a prática, olhar o futuro”. Há 54 anos que a Associação Portuguesa de Terapeutas Ocu-pacionais exerce a sua actividade em prol da Terapia Ocupacional e dos terapeutas ocupacionais em Portugal. A APTO tem sede em Benfica, Lisboa, é membro do Conselho Europeu de Terapeutas Ocupacionais e da Federação Mundial de Terapeu-tas Ocupacionais. O manifesto desta Associação assenta as suas linhas programáticas na defesa da ética, na deontologia e na qualificação profissional. Segundo Elisabete J. C. Roldão, Presidente da APTO, terapeuta profissional, “desempenhamos um papel primordial ao nível da formação contínua organizando cursos, workshops, jornadas e outros eventos”. A Terapia Ocupacional nasceu após a segunda guerra mundial (1939-1945) como necessidade de reabilitar e integrar na sociedade os milhares de soldados feridos nos diferentes cenários de guerra, muitos deles com lesões graves, a necessitar de reapren-der a viver. Foi de capital importância a criação, pelos vários países europeus flagelados pela guerra, de departamentos de Terapia Ocupacional. Actualmente o curso de Licenciatura em Terapia Ocupacional é ministrado em seis escolas do Ensino Politécnico, de norte a sul de Portugal. Os terapeutas ocupacionais intervêm numa plêiade de lesões e diversas patologias físicas e psicossociais.

Há 4 anos a editar novos autores e areeditar outros sob o signo do compromisso

+351 211 920 730 — [email protected]

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Há um livro que nos liga

NOTÍCIAS

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SAÚDE

PORTUGAL

ANOREXIA E BULIMIA NA ADOLESCÊNCIA

DEVEMOS SUSPEITAR DA POSSIBILIDADE DE ANOREXIA E BULIMIA QUANDO O ADOLESCENTE SE RECUSA A MANTER O PESO MÍNIMO PARA A IDADE E ALTURA; TEM UM MEDO EXAGERADO DE GANHAR PESO OU DE SE TORNAR OBESO, MESMO ESTANDO ABAIXO DO PESO ESPERADO; PERDE PESO SEM UMA CAUSA APARENTE; APRESENTA COMPLICAÇÕES MÉDICAS DEVIDO AO ABUSO DE EXERCÍCIOS FÍSICOS. GRUPOS DE RISCO: ATLETAS, BAILARINOS, DANÇARINOS, GINASTAS E MODELOS.

Cada vez mais se ob-serva um aume nto significativo no nú-mero de casos de

transtornos alimentares, no-meadamente, a Anorexia e Bulimia. O tema tem vindo a ser abordado sob vários as-petos, especialmente do pon-to de vista psicológico, fisioló-gico e social nos mais diversos meios de comunicação social. Neste artigo, o público-alvo será apenas o sexo feminino, ainda que os transtornos ali-mentares se verifiquem igual-mente no sexo masculino, no entanto em menor número. Abordar este tema constitui, sempre, um desafio. A inves-tigação revela que revistas e reportagens sobre beleza em que se evidenciam padrões estéticos rígidos, compromete seguramente a sua saúde físi-ca e mental das adolescentes. É evidente que com a puber-dade surge uma maior acu-mulação de gordura corporal no sexo feminino. Esta altera-ção/mudança desencadeia uma maior insatisfação com a imagem corporal e senti-mentos negativos em relação ao seu tamanho e forma. As adolescentes que revelam um medo exagerado de engor-dar desenvolvem comporta-

mentos de risco, tais como, dietas exageradas, exercício físico excessivo, medicação (laxantes, diuréticos e outros) e provocação de vómitos, que promovem os transtornos ali-mentares. A investigação in-dica que as perturbações ali-mentares, habitualmente, têm início na adolescência, mas poderá acontecer na infância ou, após os 20, e até após os 40 anos de idade. As práticas inadequadas de controlo de peso entre adolescentes, apre-sentam dados alarmantes.

CAUSAS DA ANOREXIA E BULIMIA Alguns estudos indicam que a baixa auto estima e a distor-ção da imagem corporal são os principais responsáveis pe-la procura de um emagreci-mento rápido e continuado, recorrendo permanentemen-te ao jejum, exercício físico exagerado e uso de laxan-tes ou diuréticos. A investiga-ção sugere também que os transtornos alimentares são mais comuns quando na fa-mília, nomeadamente a mãe, já passou por algum. O am-biente familiar constitui um dos fatores que contribuem, significativamente, tanto pa-ra o desencadeamento como

Márcia GonçalvesPsicóloga ClínicaMestrado em Psicologia Clínica

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O autor escreve em conformidadecom o Novo Acordo Ortográfico

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para a manutenção da per-turbação. Outras pesquisas mostram que as raparigas provenientes de meios socio económicos e culturais mais elevados e diferenciados têm uma maior incidência desta perturbação. Outros estudos consideram que a ocorrência de episódios traumáticos, no-meadamente, a rejeição fami-liar, abuso psicológico, físico ou sexual, constitui-se como fator de risco para desenvol-vimento destas problemáticas. Outros autores mencionam que uma das principais cau-sas será a obesidade na in-fância. A investigação sugere, também, que estas adolescen-

tes são oriundas de famílias com comportamentos obses-sivos, com tendência para a exigência e o perfeccionismo.

ANOREXIAEmbora existam vários si-nais físicos e comportamen-tais associadas aos sintomas de anorexia nervosa, nem to-dos os sinais se manifestam em todas as pessoas. Alguns sinais de alerta: perda exces-siva de peso; medo de engor-dar intenso e irracional; ne-gação quando questionadas sobre o transtorno; restrição da alimentação; obsessão com as calorias e gorduras; recusa a comer junto a outras

pessoas; prática excessiva de exercício físico; depressão (tristeza e/ou apatia); soli-dão (evita amigos e familia-res); torna-se intolerante ao frio, devido à perda de isola-mento de gordura corporal; e os períodos menstruais tor-nam-se irregulares ou mesmo inexistentes. Importa salien-tar que é comum a anorexia ter início nas vulgares dietas das adolescentes. O quadro desenvolve-se para anore-xia quando a dieta e a per-da de peso permanecem, até que são atingidos níveis de peso muito inferiores aos esperados para a sua ida-de, perdendo a autocrítica

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SAÚDE

«ALGUNS SINAIS DE ALERTA: PERDA EXCESSIVA DE PESO; MEDO DE ENGORDAR INTENSO

E IRRACIONAL; NEGAÇÃO QUANDO QUESTIONADAS SOBRE O TRANSTORNO...»

sobre a situação. As adoles-centes com anorexia nervosa não ingerem uma quantida-de de alimentos necessária para suprir as necessidades nutricionais de calorias, pro-teínas, vitaminas e minerais. Geralmente, diminuem o nú-mero de refeições e preferem alimentos com baixa calo-ria ou permanecem em je-jum por tempo prolongado. O resultado final é a perda excessiva de peso com gran-des consequências físicas e psicológicas. As adolescen-tes com anorexia têm uma imagem corporal distorcida e, mesmo estando extrema-mente magras, vêem-se gor-das. Isso justifica para elas a restrição alimentar cada vez mais rigorosa e a utiliza-ção e abuso de drogas laxa-tivas e inibidoras do apetite. Poderão apresentar um atra-so na maturidade sexual e no crescimento físico, e muitas vezes não atingem a estatura esperada. Existe um grande risco de desnutrição grave e redução perigosa dos ní-veis corporais de água, mi-nerais e vitaminas, podendo comprometer as funções de órgãos como pulmões, co-ração, vasos sanguíneos, in-

testinos e pele. Pode incluir, também, possível infertili-dade e depressão grave. Se a anorexia não for correta-mente tratada tem alta pro-babilidade de evolução para a morte.

BULIMIA A Bulimia nervosa manifes-ta-se através de uma alimen-tação compulsiva seguida de purgação ou comportamen-tos compensatórios inade-quados (jejuns e/ou exercí-cios físicos excessivos). É um distúrbio alimentar caracte-rizado por um ciclo de atra-ção/purgação de alimentos. Existe um consumo de ali-mentos muito superior ao que seria ingerido pela maioria das pessoas num determina-do período de tempo, acom-panhado de sensação de perda de controlo. Através da indução do vómito, uso de laxantes e exercícios físi-cos excessivos, as bulímicas conseguem perder peso mas, por outro lado, têm episódios de alimentação compulsiva que não conseguem contro-lar (comem em pouco tempo vários pacotes de bolachas, chocolates, etc.). Depois des-tes episódios, a bulímica irá

induzir o vómito e sentir-se--á muito culpada e deprimi-da. Surge, então, um ciclo vicioso e este padrão caóti-co de alimentação instala-se. Alguns sinais de que estamos na presença de Bulimia: me-do de engordar; mentir so-bre os alimentos que inge-rem; comer compulsivamente em segredo; demonstrar uma preocupação profunda em relação ao peso; esconder-se em roupas largas e soltas; es-conder laxantes e diuréticos; vomitar em segredo; deixar água da torneira ou duche a correr na casa de banho pa-ra disfarçar os episódios de purgação; queixas em rela-ção a problemas dentários; e outros. A bulimia nervosa parece ser mais comum que a anorexia, mas não com-promete tanto o estado nu-tricional como acontece na anorexia. A adolescente po-derá manter o peso dentro da normalidade.

PERFIL DA BULÍMICA Apresenta autoestima flu-tuante; ansiedade excessiva; perfeccionismo; exigência al-ta; pensamento do tipo “tudo ou nada”; dificuldade de en-contrar formas de prazer e

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satisfação; e incapacidade de “ser feliz”.

PERFIL DA ANORÉTICARevela baixa autoestima; sentimento de desesperan-ça; tendência a procurar aprovação externa; desen-volvimento insatisfatório da identidade; extrema sensibili-dade a críticas; conflitos rela-tivos aos temas autonomia ou dependência.

SINAIS DE ALERTA PARA A FAMÍLIADevemos suspeitar da possi-bilidade de anorexia e bu-limia quando o adolescen-te se recusa a manter o peso mínimo para a idade e altu-ra; tem um medo exagerado de ganhar peso ou de se tor-nar obeso, mesmo estando abaixo do peso esperado; perde peso sem uma causa aparente; apresenta compli-cações médicas devido ao abuso de exercícios físicos. Grupos de risco: atletas, bai-larinos, dançarinos, ginastas e modelos.

PRÁTICA CLÍNICA Na minha prática clínica, sempre que se questiona o seu transtorno e a sua resistência à mudança, as Anoréxicas e Bulímicas enunciam sem qual-quer dificuldade vários mo-tivos que sustentam o seu comportamento alimentar, nomeadamente, “Gosto de como me sinto quando es-tou magra”; “Ouço elogios”; “sinto-me mais respeitada”;

“gosto da atenção que rece-bo”; “gosto das roupas que já posso usar”; “fico mais boni-ta”; “sinto nojo de ter gordu-ra no meu corpo”; “quando estou magra, percebo melhor as coisas”; “a minha família e o meu médico preocupam--se comigo”, “sinto-me mais saudável e com mais energia quando estou com pouco pe-so”; “gosto do sentimento de autocontrole”; “sinto-me mais confiante e capaz quando es-tou magra”; “sinto-me espe-cial, pura e diferenciada”.

INTERVENÇÃO As perturbações alimentares implicam, não poucas vezes, complicações médicas e psi-cológicas sérias. O tratamen-

to psicológico é complexo, no entanto, os e studos de-monstram que a abordagem Cognitivo-Com portamental revela-se como a mais efi-caz nestas perturbações. Após uma profunda análi-se dos resultados da avalia-ção médica e psicológica, poderá, se necessário, ser in-dicada intervenção farma-cológica. O tratamento da anorexia nervosa e da buli-mia deve envolver, necessa-riamente, uma equipa multi-disciplinar, nomeadamente, médico de família, pediatra, psicólogo, pedopsiquiatra e nutricionista. Não esquecer que o apoio familiar em to-do o processo terapêutico é essencial. •

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SAÚDE

Uma noite de sono cal-mo é de uma impor-tância extrema na vida de uma crian-

ça ou adolescente. A pertur-bação do sono pode ter con-sequências significati vas a nível do comportamento, hu-mor, aprendizagem, saúde e qualidade de vida da crian-ça. No entanto, são entre 25 a 40 por cento o número mé-dio de crianças que apresen-tam algum tipo de problema de sono durante a infância.A ideia de que o problema é ultrapassado com o cresci-mento nem sempre é corre-ta. Pois, a falta de orientação adequada pode favorecer o prolongamento do problema até à adolescência ou idade adulta tornando-o crónico. Os problemas de sono que se apresentam na infância e adolescência são múltiplos e variam com a idade da criança. Um dos problemas mais frequentes que atraves-sa todos os grupos etários re-laciona-se com as dificulda-des de adormecimento e da manutenção do sono: resis-tência/recusa em ir para a cama, dificuldade no ador-mecimento por necessida-

de de determinados rituais e acordares múltiplos. A ansiedade da separação é uma característica do de-senvolvimento das crianças pequenas. Para estas, a ho-ra de deitar constitui um mo-mento de separação que al-gumas tentarão evitar a todo o custo, recorrendo a todo o tipo de estratagemas ou rituais. A repetição destes mesmos rituais de adorme-cimento (por exemplo a pre-sença dos pais, adormecer na cama dos pais, beber lei-te) são habitualmente exigi-dos, de cada vez que há um acordar durante a noite, pa-ra que o sono seja restabele-cido. A falta de consistência e de observância das regras de higiene do sono está habi-tualmente na base deste gru-po de manifestações. Na adolescência, associam--se à ocorrência (fisiológi-ca) mais tardia da sonolên-cia noturna hábitos de sono cada vez menos saudáveis – resultantes não só pelo au-mento da pressão social e escolar, mas também pe-la expansão das tecnologias informáticas. A presença de vários equipamentos, como

PORTUGAL

O DESCANSO SUSTENTAO SONO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE

VIVER SEM DORMIR É IMPOSSÍVEL, MAS SABER DORMIR BEM É ALGO QUE NEM TODOS CONSEGUEM. QUANDO SE TRATA DE CRIANÇAS OU ADOLESCENTES O PROBLEMA COMPLICA-SE – POIS ESSA PATOLOGIA AFETA EM GRANDE PARTE O SEU DESENVOLVIMENTO.

Maria Helena EstêvãoPediatra, diferenciada em MedicinaPediátrica do Sono

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O autor escreve em conformidadecom o Novo Acordo Ortográfico

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televisão, consola, computa-dor e telemóvel no quarto po-de condicionar o sono – tor-nando-o muito tardio e curto e, por vezes, ainda altamen-te fragmentado (por receção de mensagens ou luminosi-dade). Neste grupo etário, a incidência dos problemas de sono tem vindo a aumentar.Durante o sono, tanto na criança como no adolescen-te, podem também ocorrer determinados fenómenos de-

signados de parassónias. Os exemplos mais frequentes são os pesadelos, os terrores noturnos, bruxismo (ranger de dentes), sonambulismo, sonilóquio (falar alto a dor-mir) e enurese (urinar na ca-ma). O facto de alguns destes fenómenos estarem ligados a uma determinada fase do so-no, condiciona o predomínio da sua ocorrência, na primei-ra ou na segunda parte da noite. As parassónias podem

ser desencadeadas por uma variedade de estímulos físi-cos (ex. febre), psicológicos (ex. ansiedade) e ambientais (ex. mudança de ambiente) e habitualmente têm tendência a desaparecer com o cres-cimento. A existência de um historial familiar com o mes-mo problema é frequente. Mais raramente, a criança pode manifestar uma neces-sidade de dormir considera-da excessiva, quer em termos de duração de sono quer nas circunstâncias de adormeci-mento – adormecer frequen-temente durante o dia ou em situações inapropriadas ape-sar de ter efetuado um pe-ríodo de sono noturno. Uma doença neurológica ou o efei-to de determinados medica-mentos podem estar na ori-gem destas manifestações.Grande parte das perturba-ções do sono são resultantes de alterações do comporta-mento ou variantes fisiológi-cas. Uma proporção menor, mas ainda assim de prevalên-cia significativa, é constituída por patologias orgânicas que se manifestam pela perturba-ção da respiração durante o sono. A causa mais frequen-te é representada pela obs-trução das vias aéreas supe-riores, mas surge também por compromisso dos pulmões ou dos músculos respiratórios em algumas doenças.O aumento das dimensões das amígdalas e das adenoi-des (que atingem o seu auge entre os 3 e os 6 anos de ida-de), constitui um dos fatores

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SAÚDE

«A PRESENÇA DE VÁRIOS EQUIPAMENTOS, COMO TELEVISÃO, CONSOLA, COMPUTADOR E TELEMÓVEL

NO QUARTO PODE CONDICIONAR O SONO»

com maior responsabilida-de na obstrução das vias áreas superiores. Outros fa-tores, isolados ou em asso-ciação, podem ainda estar na origem desta obstrução – tais como obesidade (cuja incidência tem vindo a au-mentar), rinite alérgica, ex-posição a fumo de tabaco, características faciais parti-culares, entre outros. O res-sonar é o sintoma mais fre-quente desta obstrução e ocorre em 10 a 15% das crianças em idade escolar. Nos casos em que o quadro é mais grave, pode mesmo haver paragens da respira-ção durante o sono, denomi-nadas de apneias obstrutivas do sono. Esta perturbação ocorre entre 2 a 3 por cen-to das crianças deste grupo etário. A falta de tratamen-to pode facilitar a ocorrência de hipertensão arterial, obe-sidade, diabetes e depressão entre outros, numa fase mais tardia até à idade adulta.O tipo e a frequência dos problemas de sono ao longo da noite são variáveis e di-tados pela fase do sono em que predominam. Quer re-sulte num período mais cur-to de sono ou numa fragmen-tação do mesmo, a privação

de sono poderá resultar em diversa manifestações:Nas crianças mais pequenas – Irritabilidade (birras fre-quentes), instabilidade emo -cional, palidez, cansaço, lap sos de memória, hiperati-vidade, dificuldades de con-centração e aprendizagem, problemas de crescimentoNos adolescentes – Difi cul-dade de aprendizagem, fra co desempenho escolar, emo ções negativas e de di-fícil controlo, problemas de comportamento, maior pro-babilidade de utilização de estimulantes (cafeína, nicoti-na), álcool e substâncias si-milares, risco acrescido de acidentes não intencionais.Muitas das doenças do so-no têm recorrência familiar. No entanto, as suas manifes-tações, por serem variadas e subtis, podem passar desper-cebidas durante muito tem-po, sendo necessário estar atento para o seu despiste. A relação intrínseca entre o sono e os vários sistemas or-gânicos está cada vez mais fundamentada e já é possível concluir que uma boa noi-te de sono é um fator a ter em conta para um adequa-do funcionamento intelectual, psicológico, cardiovascular,

metabólico, endocrinológico. Sempre que há dú vidas so-bre o sono dos fi lhos, os pais devem abordar o assunto com o seu médico. Em ca-so de persistência de dúvi-das, po derá haver recurso a um mé dico com competên-cia na área da medicina pe-diátrica do sono e, em casos particula res, a exames espe-cíficos do sono. “A necessidade de dormir é biológica, a arte de bem dor-mir é aprendida”. Os proble-mas decorrentes da má hi-giene do sono são os que ocorrem com maior frequên-cia. Assim, o cumprimento das regras de higiene do so-no, desde os primeiros dias de vida, constitui um passo fundamental na aquisição de bons hábitos de sono numa criança ou num adolescente. A educação na família, na escola e na sociedade assu-me um papel preponderante na consolidação destes há-bitos com contribuição para uma vida mais saudável de toda a família. O sono deve ser encarado co mo uma função básica do nosso organismo e, do mes-mo modo que não conse gui-mos viver sem respirar, é im-possível viver sem dormir. •

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REGRAS DE HIGIENE DO SONO DO ADOLESCENTE• Ter horário regular de deitar e acordar com 8 a 9 horas de sono/noite• Ser encorajado a ter rotina re-laxante antes de deitar – leitura, banho, música• Ter condições adequadas no quarto – temperatura agradá-vel, escuro e calmo• Ter ambiente com claridade de manhã e evitá-la ao fim do dia• Manter televisão, computa-dor, consola e telemóvel fora do quarto• Evitar cafeína depois da hora do almoço• Ter o exemplo dos pais e diá-logo sobre a importância do sono

REGRAS DE HIGIENE DO SONO DA CRIANÇA• Ter esquemas regulares de sono• Ter ambiente do quarto sos-segado e escuro, temperatura agradável• Fazer sestas adaptadas ao desenvolvimento (evitar ses-tas muito prolongadas ou fre quentes)• Evitar alimentos ou bebidas com estimulantes nas várias ho-ras que antecedem o sono• Evitar a fome ao deitar• Não ingerir líquidos excessi-vos ao deitar nem durante as horas noturnas• Evitar atividades vigorosas nas 1 a 2 horas que antecedem a hora de deitar • Ter rotina da hora de deitar• Adormecer sozinha, sem in-tervenção dos pais

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SAÚDE

O FACTO DE TRATAR DAS DOENÇAS E PERTURBAÇÕES DO SISTEMA MÚSCULO-ESQUELÉTICO TORNA COMPREENSÍVEL QUE OS CONHECIMENTOS DE ORTOPEDIA TENHAM ACOMPANHADO A MEDICINA AO LONGO DOS SÉCULOS, JÁ QUE AS DEFORMIDADES DO APARELHO LOCOMOTOR NÃO SÃO DESTE SÉCULO

PORTUGAL

DAR VIDA AOS ANOS!

A história da ortope-dia e da medicina andaram sempre de braço dado. Hipó-

crates, pai da medicina, fez a primeira descrição e trata-mento de uma luxação reci-divante do ombro, afecção do foro ortopédico que tra-tava de uma forma lógica mas que actualmente é mui-to cruel. Um ferro em brasa aplicado à pele!O facto de tratar das doen-ças e perturbações do siste-ma músculo-esquelético tor-na compreensível que os conhecimentos de ortopedia tenham acompanhado a me-dicina ao longo dos séculos, já que as deformidades do aparelho locomotor não são deste século. Quem não se lembra das figuras do alei-jadinho com as costas tortas que faz furor nas feiras me-dievais, ou do “corcunda” tão bem retratado no cine-ma de animação no filme “O corcunda de Notre-Dame”! A palavra ortopedia é tam-bém um ensinamento sobre a especialidade. Resulta da jun-ção de duas palavras gregas que em tradução livre desig-nariam “crianças direitas”,

uma clara alusão às malfor-mações e anomalias do apa-relho locomotor. Também os tratamentos ortopédicos es-tão ligados a um imaginário de aparelhos e técnicas pare-cidas com as torturas infligi-das aos condenados na ida-de média. Num auto-retrato, a pintora mexicana Frida Kahlo junta as deformidades que padecia aos complicados aparelhos utilizados para as tratar, contribuindo para que este imaginário e a realidade andassem juntos durante mui-tos e longos anos.Os tratamentos ortopédicos no início do século XX eram essencialmente de preven-ção ou pouco interventivos: ora recorrendo à exposição solar, como apresentado por Bissaya Barreto nas sua te-se de doutoramento, ora uti-lizando ortótese ou gessos. Tratavam-se casos de infec-ção óssea, fracturas, deformi-dades da coluna ou dos mem-bros com talas, tracções e outros métodos que retinham o doente no leito muitos me-ses ou, na melhor das hipóte-ses, lhe alteravam a forma de vida durante largos períodos de tempo, num raro exercício

Fernando FonsecaDirector Serviço de Ortopedia do CHUC

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de paciência e resiliência da parte de doentes e médicos.Nas Faculdades, o ensino da ortopedia passou à dignida-de de cadeira quando, na re-forma de 1911, foi instituída a disciplina de ortopedia na Faculdade de Medicina de Coimbra, dotando-a de um lente responsável, no caso, Bissaya Barreto.

A importância desta especiali-da de nas estruturas hos pita-lares pode-se aferir por uma “Ordem de Serviço” data-da de 1940 e assinada pe-lo Director dos Hospitais da Universidade de Coimbra, que estabelecia a tabela de preços relativa aos serviços prestados no Laboratório de Ortopedia da instituição, lo-

cal onde se tratavam os doen-tes e se ensinavam os alunos. A título de exemplo, para o tratamento de uma artrose da anca o hospital cobrava 40$00 (20 cêntimos).Foi sobre o tratamento da artrose da anca (coxar-trose) que Fernando Serra de Oliveira elaborou, em 1955, a primeira tese de

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doutoramento de ortopedia em Portugal estudando os fundamentos e os resultados da utilização da prótese acrí-lica de Judet na coxartrose.Uma das evoluções marcan-tes na ortopedia estabelece--se há cerca de 50 anos com o desenvolvimento por John Charnley da sua prótese total da anca, solução que, com-binando metal com polieti-leno (produto derivado do petróleo) se mostrou eficaz relativamente às existentes na altura e permitiu a muitos doentes o alívio das dores e o retorno a uma vida normal.A evolução da ortopedia não parou fornecendo aos doen-tes soluções práticas e efi-cazes, permitindo-lhes au-tonomia e independência numa sociedade em profun-da transformação que já não aceita uma articulação imo-bilizada ou um doente amar-rado a um aparelho de trac-ção durante muitos meses. Há trinta anos, quando tomei contacto com a ortopedia pela primeira vez, os doen-tes estavam longos perío-dos imobilizados. Hoje, tal já não é aceite por doentes, fa-miliares e sociedade em ge-

ral que pretendem respostas que os devolvam rapidamen-te à vida activa.Dentro da ortopedia assiste-se à ramificação dos saberes di-vididos em subespecialidades como: ombro e cotovelo, cirur-gia da mão, cirurgia da anca, cirurgia do joelho e traumato-logia desportiva, cirurgia do pé, cirurgia da coluna, ortope-dia infantil e ortopedia onco-lógica, entre outras. Também aqui o Serviço de Ortopedia, impulsionado pela visão pio-neira de Norberto Canha, criou pela primeira vez con-sultas de subespecialidade que se foram desenvolvendo e permitem, actualmente, dis-por de um tratamento de ele-vada diferenciação e excelên-cia, para os problemas mais complexos.Na actualidade, a ortopedia utiliza técnicas de videocirur-gia (artroscopia) para tratar problemas articulares (trata-mento da cartilagem, repara-ção de roturas ligamentares), cirurgia percutânea para tra-tar problemas do pé, micro-cirurgia e cirurgia nervosa no tratamento de lesões do plexo (na criança e no adul-to). Além de se implantarem

próteses em articulações com artrose, já se substituem as mesmas quando se desgas-tam devido à utilização in-tensiva por parte do doente. O tratamento de articulações destruídas por doenças reu-matismais permite fornecer ao doente, que delas neces-sita, uma grande autonomia e melhor qualidade de vida.Apesar da sua grande evolu-ção, a ortopedia não se de-senvolveu tanto como outros ramos da medicina. Fruto deste desenvolvimento da medicina, temos assistido a um aumento da longevida-de das pessoas, isto é, dá-se mais anos à vida. A ortope-dia de hoje é uma especia-lidade amadurecida com so-luções técnicas inovadoras e em evolução constante, que contribui para fornecer uma melhor qualidade de vida aos doentes que padecem de doenças do aparelho loco-motor que lhe causam defor-midades, dores e limitações de vária ordem. No Serviço de Ortopedia do CHUC, po-demos não dar anos à vida, mas certamente que dare-mos, aos que necessitam, vi-da aos anos! •

SAÚDE

«NA ACTUALIDADE, A ORTOPEDIA UTILIZA TÉCNICAS DE VIDEOCIRURGIA (ARTROSCOPIA) PARA TRATAR

PROBLEMAS ARTICULARES (TRATAMENTO DA CARTILA-GEM, REPARAÇÃO DE ROTURAS LIGAMENTARES)»

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SAÚDE

PORTUGAL

O MAGO DA COLUNA VERTEBRALHARUO NISHIMURA

Médico com uma pós-graduação na Chiba Univer-sity, no Japão, a

sua origem familiar, Haruo Ni-shimura dedicou cerca de 15 anos ao estudo e pesquisas di-recionadas para a complexa vida da coluna vertebral. Pre-tendia com isso combater os males que afetam esta zona tão sensível do nosso corpo.A sua metodologia assenta fundamentalmente na fusão das medicinas convencional e oriental, onde oriente e oci-dente se complementam com funcionalidade.Desde 2012 que o nosso an-fitrião decidiu radicar-se em Portugal, tendo o seu espaço clínico em Azeitão, onde tem ao seu dispor tecnologia de última geração, isto apesar de, tal como realça “só faço a cirurgia em último recurso”.Depois de muitos anos em São Paulo e com uma varie-dade de pacientes, repleta de celebridades vindas de todo o mundo, estabeleceu-se em terras de sobreiros e oliveiras: “Agora sou imigrante por cá, e minha família está a ado-rar”, esclarece convicto. “Já tínhamos pensado em mu-

dar há já algum tempo, que-ríamos novas etapas, e a for-ma como se vive em Portugal agradou-nos bastante, te-mos casa, escola, a vivência com as pessoas, foi uma boa adaptação”, diz-me sempre divertido, e acrescenta mais um dado: “sabe, até a minha mãe, com 92 anos, apesar de inválida, está a viver connos-co aqui em Portugal. Estamos felizes”.Ainda assim, há um detalhe que Nishimura não esque-ce: “A nossa clínica continua a ter muitos pacientes estran-geiros, que estão satisfeitos com a nossa deslocação pa-ra Portugal e nos visitam. Os pacientes brasileiros conti-nuam fiéis e eles sabem que podem desfrutar do país en-cantador que é Portugal”.A movimentação na clínica é grande com os pacientes a serem encaminhados aos ga-binetes terapêuticos depois de diagnosticados pelo Dr. Nishimura. “Claro que ca-da caso tem uma duração de tratamento diferente, depen-de da especificidade da le-são”, esclarece. Certo é que ao nível dos custos, a consul-ta se situa nos 60 euros.

É EXPRESSIVO E FALA SEMPRE COM UM SORRISO GENEROSO, RODEIA AS PESSOAS COM UM PENSAMENTO POSITIVO E DE FRANCO OPTIMISMO. SENDO MÉDICO, CIRURGIÃO, A SUA POSTURA AS-SEMELHA-SE AO QUE NA REALIDADE É: UM CIDADÃO DE ASCEN-DÊNCIA JAPONESA QUE SE TORNOU UM CASO RARO DE SUCES-SO E POPULARIEDADE. CHAMAM-LHE MESMO “MAGO” DA COLUNA VERTEBRAL.Luís de Freitas

O autor escreve em conformidadecom o Novo Acordo Ortográfico

Fotos: Orlando Teixeira

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O que o levou a especiali-zar-se na coluna vertebral? Algum caso familiar? Foi intuitivo?Desde jovem sou pratican-te de Judo e isso direcionou as minhas atenções à colu-na vertebral, dada a sua im-portância frente à anatomia corporal.Além de a coluna ser uma estrutura fundamental pa-ra a mobilidade e locomo-ção, é nela onde se encontra o canal vertebral abrigan-do a medula espinhal que faz parte do sistema nervo-so central e de onde se ori-ginam as raízes nervosas. Estas se ramificam por to-do o organismo, induzin-do direta e indiretamente ao bom funcionamento do cor-po humano.

DIAGNÓSTICO AO DETALHE

No fundo as pessoas devem estar atentas a sintomas?Sim, claro, apesar de o pro-blema mais comum ser a hér-nia de disco, há também a escoliose (coluna em S), hi-percifose, hiper-lordose, do-res ciáticas e outros.Os males da coluna vertebral podem repercutir em altera-ções que irradiam por todo o corpo sob diversos sintomas, como dores de cabeça, per-da de sensibilidade, tonturas, depressão, angústia, stress, osteoporose precoce e irrita-bilidade aumentada.

No seu caso particular, co-mo soluciona esse ramalhe-te de lesões?

Como em toda a medicina, “cada caso é um caso”, daí existir um diagnóstico que depois é estudado em deta-lhe e o tratamento pode ser modificado em função da evolução do processo.É importante que o pacien-te tenha confiança nos nossos profissionais, na metodologia, para que as coisas corram de forma a alcançar um êxito to-tal. Mas cuidado, para o per-feito funcionamento da coluna após um tratamento inicial, é fundamental a constante ma-nutenção da mesma, pois es-tamos diante de uma estrutu-ra de vital dinâmica, que está em continuo movimento, sen-do ainda o eixo que sustenta o nosso corpo.O que pretendo é evitar da-nos irreversíveis.

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A manutenção favorece a lu-brificação das facetas articu-lares das vértebras, fortalece a musculatura de sustenta-ção, impedindo a compres-são intervertebral e mantém--se, acima de tudo, o corpo em perfeito estado de funcio-namento e maleabilidade.

Deixe-me rever uma questão: o seu foco como médico está muito centrado no tratamen-to sem recorrer à cirurgia?!Certo. Um dos maiores trun-fos da Clínica Nishimura é o sucesso no tratamento da hérnia discal sem interven-ção cirúrgica. Porque aci-ma de tudo, sendo cirurgião, penso no paciente.Então, tudo começa no diag-nóstico meticuloso e preciso, porque as dores nem sempre são causadas pela hérnia de disco em si. Ela pode resultar de outras estruturas como as articulações das vértebras, li-

gamentos longitudinais ante-riores e posteriores, a cáp-sula sinovial, o ligamento amarelo, os nervos, a muscu-latura, etc. Portanto, através do critério de avaliação, de-tectamos o ponto exato que provoque os sintomas e só aí decidimos sobre o tipo de tratamento.Ao longo destes anos a lidar com tudo que diz respeito à coluna, a nossa clínica tem auxiliado variados colunopa-tas a desviarem-se das cirur-gias, isto porque elas, além de altos riscos, podem ter consequências nem sempre agradáveis e até em alguns casos irreversíveis. Como ci-rurgião, procuro recorrer a esse meio somente quando todos os outros recursos se es-gotaram. Há que se ter sem-pre cautela e discernimento.

De entre seus ilustres pacien-tes está o cantor Português

Emanuel. Em que consistia seu caso?Aproximadamente há qua-tro anos, meu querido ami-go Emanuel, ao tomar co-nhecimento da nossa clínica, deslocou-se de imediato ao Brasil, pois ainda lá vivíamos. Lembro-me de ter chegado com dores insuportáveis, sob stresse ao limite e à base de medicamentos, além do que ainda vinha com indicação cirúrgica para o seu proble-ma, pois a coluna apresenta-va 3 hérnias discais.Decidi então por um “tra-tamento de choque” inten-sivo e em pouco tempo ele estava de volta a Portugal li-vre da dor lancinante e com perspectivas animadoras pa-ra a sua total recuperação. Atualmente retorna à clínica para a manutenção regular de sua coluna, concedendo-a um padrão normal e saudá-vel, como deve ser.

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Podemos pensar que num conjunto de pessoas com a mesma lesão, cada uma de-las terá o seu próprio tempo de cura?Tudo está relacionado com um diagnóstico muito com-pleto e preciso. Logo, não se pode pré-determinar o tem-po exato da cura, dado que existem fatores intrínsecos e diferenciados para cada pa-ciente. Aliás, a meta princi-pal é aliviar as dores o mais rápido possível.A cura poderá vir natural-mente conforme a sequência dos tratamento. Afinal não sou um curador, muito me-nos milagroso! Nós, profis-sionais da área médica que trabalhamos em prol da vi-da, estamos cientes da imen-sa responsabilidade e do ri-gor absoluto a que somos constantemente submetidos e nada pode abrilhantar nos-

sa carreira mais do que ver a felicidade estampada na face de cada paciente.Ao vê-los a abandonar as suas cadeiras de rodas, ben-galas e canadianas, regozi-jamo-nos imenso.É justamente para isso que vale todo o conhecimento, estudo, pesquisa e principal-mente a fé, a perseverança e o amor pela preservação da vida.Quando conseguimos dimi-nuir o sofrimento do próxi-mo, tornamo-nos seres mais completos, conquistamos amigos para toda a vida.E diga-se em síntese: o segre-do da Clínica Nishimura não se ampara somente na medi-cina em si, mas também na simplicidade, na conduta sé-ria e no prazer de se alegrar com os que se alegram.Inspira-nos o senso de dever cumprido. •

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VIVER CADA MOMENTO, CADA SEGUNDO, NA CONSCIÊNCIA QUE APENAS EXISTE UMA OPORTUNIDADE PARA ESSE MOMENTO. VIVER CADA INSTANTE SABENDO QUE SE TRATA DO ÚNICO QUE NOS É POSSÍVEL EXPERIENCIAR NESTA CONDIÇÃO HUMANA.

A credito numa filo so fia de vida intemporal, antes de tudo o que exprime a essência e

o coração de todas as religiões e linhas espirituais. É aí que eu descanso… é isso que eu sou: o fluir da existência divina!Envolvidos pela azáfama do dia-a-dia e pela ação hipnó-tica condicionada por uma sociedade baseada em ob-jetivos específicos de con-cretização, materialismo e alcance de algo, esquecemo--nos muitas vezes que o ver-dadeiro propósito é VIVER. Viver cada momento, ca-da segundo, na consciência que apenas existe uma opor-tunidade para esse momen-to. Viver cada instante sa-bendo que se trata do único que nos é possível experien-ciar nesta condição humana. Afastamo-nos de tal forma da lembrança de quem real-mente somos que, facilmen-te responsabilizamos o mun-do e tudo o que escolhemos viver como responsáveis pe-los nossos fracassos, insatis-fações e frustrações.

DESPERTAR PARA A EXIS-TÊNCIASe parar e observar a vida a

acontecer em si, entende que tudo funciona sem o seu co-mando. Cada órgão, cada célula, cada parte do seu cor-po sabe exatamente o que fa-zer para o manter vivo. Se criar o hábito em parar e de-dicar apenas 10 minutos de manhã e 10 minutos à noi-te para observar a vida, irá mostrar ao seu corpo e tudo o que nele funciona que reco-nhece esta perfeição, esta in-teligência, esta presença de algo divino e grandioso. Este hábito diário irá permitir-lhe lentamente, dia após dia inte-grar e aceitar a ideia de que a única condição para alcan-çar seja o que for, é estar vi-vo! Isto irá despertar em si a consciência que afinal basta existir… independentemente da sua situação, das suas es-colhas ou de qualquer com-portamento – ser apenas o que é, é suficiente para dar continuidade à sua manifes-tação aqui na terra.

TUDO COMEÇA E TERMI-NA EM SI EM CADA INS-TANTEEstar desperto para a sua própria e simples existên-cia, como vida e manifesta-ção inteligente, permite-lhe

PORTUGAL

O CÓDIGO DA VIDAO EU DIVINO É A FONTE DE TUDO O QUE EXISTE

DESENVOLVIMENTO PESSOAL

Joaquim CaeiroPsicoterapeuta da Alma & Life Coachhttps://www.facebook.com/joaquim.caeiro.1

O autor escreve em conformidadecom o Novo Acordo Ortográfico

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criar condições para saber que tudo começa e termina em si, que é você o criador de tudo o que acontece e é na sua vida. Que afinal, até tem dentro de si e em toda a sua manifestação o poder da criação, a inteligência su-prema a acontecer sem pa-ragens ou dúvidas. Olhe à sua volta. Aquilo que os seus olhos enxergam e todos os seus sentidos percecionam é a realidade que conside-ra real. Cada detalhe, cada forma, cada reconhecimento e identificação do local on-de se encontra, é processado de acordo com o seu conhe-cimento, com as suas memó-

rias e associações. Aquela cadeira pode ser a mesma cadeira que outra qualquer pessoa pode percecionar, mas a forma como essa ca-deira entra no historial inter-no da pessoa é diferente da sua. Aquela janela, observar o exterior através do vidro pode ser o mesmo que qual-quer pessoa observa e con-templa… mas a forma como tudo isso é processado den-tro de cada um é diferente da forma como é processado dentro de si. Recordações, associações, vivências, con-ceitos, estilos de vida, famí-lia e tudo o que é, acredita e manifesta, nesse momen-

to em que observa esse lo-cal, tudo isso é responsável pela criação desse momento e dessa realidade dentro de si. Portanto, faça o que fizer, ande por onde andar e seja quem for, está sempre a criar o momento… está sempre a criar tudo… porque tudo é observado com os seus senti-dos, que só sabem processar à sua semelhança.

EXISTE APENAS UMA OPORTUNIDADE PARA VIVERNão importa a sua situação, a sua origem, a sua raça, a sua linha espiritual, ou a sua filosofia de vida. Esteja onde

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«SE OLHAR À SUA VOLTA E OBSERVAR A VIDA, TUDO EXISTE NUMA PERFEIÇÃO E NUMA INTELIGÊNCIA QUE

TRANSCENDE A CAPACIDADE HUMANA...»

estiver, faça o que fizer, acon-teça o que acontecer, apenas existe uma verdade – este mo-mento em que está a ler estas linhas já passou. Na sua ma-nifestação única, cada mo-mento, corresponde a uma única oportunidade em ser apenas aquilo que deseja ser. Por outro lado, graças a to-do o mecanismo inteligente que é o seu corpo-mente e o seu corpo-coração, cada ins-tante é registado internamen-te como mais um passo, o que não lhe dá a possibilida-de de ser exatamente a mes-ma manifestação, no momen-to que se segue ao que está a viver agora – por outras pala-vras só vive exatamente como é, uma única vez, por cada momento! E se é o momento que dá origem ao próximo, já parou para observar o que está a ser cada momento? Já pensou que, se cada momento é único, se existe apenas uma oportunidade, pode estar apenas a tentar ser algo no futuro, ficando apenas nesse círculo vicioso em que o resul-tado fica apenas pelo tentar?

A MENTE E O CORAÇÃO SÃO UM SÓEstamos habituados a refe-rir-nos aos pensamentos e às emoções como se fossem se-

parados um do outro. Como se a mente tivesse que coman-dar o coração ou vice-versa. Na realidade, tudo acontece em simultâneo, senão tería-mos de ter dois momentos em vez de um momento. Já ima-ginou um pensamento sem uma emoção? Já sentiu uma emoção sem pensar? Prisioneiros de um esqueci-mento quase irresponsável, longe estão as memórias que nos poderia ajudar a lembrar que a separação apenas exis-te na ilusão e na necessidade de identificarmos partes do to-do que somos. Da mesma for-ma que a mente e o coração acontecem e são em simultâ-neo, tudo em si é em simultâ-neo. Não existe espaço para “duas existências” no pró-prio momento. Devido à nos-sa condição de sermos ape-nas o momento e podermos viver apenas um instante de cada vez, que por cada vez que observamos apenas o fa-zemos numa direção de cada vez, criamos a ideia de que cada momento é separado do todo. O seu coração bate em todo o corpo, em cada célula, em cada órgão interno o co-ração está presente, no pulsar na lembrança que está liga-do à vida. O seu fígado, rea-liza as suas funções em todo

o seu corpo, porque é graças ao resultado das mesmas que se mantem o equilíbrio em to-do o corpo. Os seus pulmões e todos os restantes órgãos in-ternos fazem a mesma coisa. O que quer dizer que afinal cada parte de si é insepará-vel da outra parte e integrada num todo que só existe por-que cada parte existe.

É INSEPARÁVEL DO COS-MOSSe olhar à sua volta e obser-var a vida, tudo existe numa perfeição e numa inteligência que transcende a capacidade humana. Cada forma de vi-da, cada ciclo, cada aconte-cimento parece estar divina-mente organizado por uma força lógica que dita a sua essência única na sua pró-pria manifestação. Tudo está ligado, tudo está a acontecer ao seu ritmo, aparentemente isolado, mas ligado à rede e malha da vida. Observe o seu dia e tudo o que faz parte de-le para compreender melhor esta consciência. Ao acordar, centenas de outras pessoas o estão a fazer. Ao sair de sua casa, cada passo, cada ação, centenas, milhares de outras pessoas o fazem em simul-tâneo. A cada amanhecer, o sol, a luz volta e são criadas

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as condições para que tu-do possa existir mais um dia. Agora observe mais perto de si – sempre que age e se ma-nifesta como ser, é “obrigado” a fazer parte de todas as ou-tras manifestações. Nada in-terrompe a sua existência pa-ra que você aconteça – tudo está em simultâneo a aconte-cer, interligado e perfeitamen-te sincronizado. Está sempre onde tem de estar, nem mais nem menos. Primeiro porque o tempo não existe, a sepa-ração do passado, presen-te e futuro, mais uma vez foi uma ação para percebermos e situarmos a nossa existên-cia – o passado são memó-rias, o presente já é passado por cada vez que se manifes-ta e o futuro são sonhos, pos-sibilidades baseadas no que acreditamos e manifestamos agora. Portanto cada instan-te da sua vida é perfeito, por-

que usa tudo o que dispõe para escolher e ser. A ideia da imperfeição, insatisfa-ção ou desilusão, está direta-mente associada ao desfasa-mento entre a ilusão de uma concretização controlada an-tecipadamente no mundo in-terno do processamento geral e a lembrança que afinal essa concretização nunca corres-ponderá exatamente ao que prevê, pois se cada momento é diferente pela experiência e por estar sempre a acrescen-tar “tempo” de vida e conhe-cimento, quando o que deseja acontece está num momento diferente daquele em que es-tava quando pensou ou criou a possibilidade disso.

COMO CONCRETIZAR E SER TUDO O QUE DESEJA?Se tudo já é perfeitamente or-ganizado e sábio. Se tudo faz parte de uma consciência glo-

bal inseparável de si mesma. Se apenas existe uma única oportunidade para ser, então só conseguirá alcançar condi-ções para criar o caminho e, tudo o que precisa para che-gar aos seus sonhos e à sua realização feliz, sendo ape-nas o que é. Sim, nada existe a curar, a transformar ou a al-terar em si, talvez aquilo que desejamos fazer é criar con-dições para sermos com tu-do o que faz parte de nós em paz, sem rejeições, zangas ou necessidade de acrescentar ou retirar seja o que for. Mas se o momento é único, fazer qualquer cosia diferente da-quilo que é a naturalidade da manifestação é distanciarmo--nos da lembrança de quem realmente somos – a fonte, o tudo e o nada, o Deus em ma-nifestação. Seja apenas você mesmo e o mundo será ele mesmo. •

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DESENVOLVIMENTO PESSOAL

PORTUGAL

A DEFICIÊNCIAA QUESTÃO DA DEFICIÊNCIA, POR TER UM CUNHO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO, ACABA POR ENTRAR EM DOMÍNIOS SENSÍVEIS, DEPARANDO-SE COM MUITOS OLHARES E PARECERES DIFERENTES, E ASSIM SENDO, MUITAS VEZES, A NECESSÁRIA COMPREENSÃO DO PROBLEMA, É POSTA NUM PLANO ALTERNATIVO.

Sabendo que nunca se deve recorrer a genera-lizações, é sempre difí-cil, quando refletimos

em torno de temas complexos, não cair, em divagações, mui-tas vezes contaminadas com impressões pessoais, que pe-las razões mais óbvias, não nos levam ao fundo das ques-tões. E os debates sérios, refle-tidos, ficam lesados.Esta realidade ocorre muito quando nos debruçamos so-bre a deficiência, e em parti-cular, quando queremos per-ceber o que é que ainda está mal e precisa ser resolvido.A pessoa com deficiência, ain-da é confundida quase na ge-neralidade, como um todo e a sociedade atual rege-se (e bem) no dever ético da assis-tência, onde a promoção de acessibilidades, a integração profissional e a defesa dos di-reitos, sejam uma realidade concreta.No entanto, não separando “o trigo do joio” e não queren-do “complicar” o que é fácil de entender, coloquemos, em abstrato, alguns pontos:• Como é lidar com uma situa-ção de limitação motora, após um acidente rodoviário? Ou ficar imobilizado, após situa-ções de violência física, ou de-vido a um assalto, a uma que-

da no trabalho (ou em casa)?• Como será sentido o mundo, com o aparecimento inespera-do de uma cegueira?• O que é ficar com mobilida-de reduzida aos 20 anos, aos 40?• E a “compreensão” da de-ficiência no feminino? Numa adolescente?• E no homem? Num jovem? A deficiência não é uma situa-ção marginal da vida. Não pode existir como um “outro corpo” que acompa-nha a pessoa, em todos os seus momentos.A pessoa com deficiência já carregava consigo a sua iden-tidade, que acaba por ser re-duzida, se não apagada, quando o que é colocado à sua frente, é a aceitação for-çada de uma nova situação, sem tempo de preparação e assimilação.E esta “coisa” ainda quase sem nome que se torna impla-cavelmente visível, por vezes, o que causa é um afastamen-to e não, como devia ser, uma aproximação.Mesmo sabendo que a socie-dade atual, está realmente fo-cada na inclusão natural das pessoas com privações físicas, na prática, e muitas vezes, em nome de “boas práticas” nem sempre as coisas ocorrem

Carlos Céu e SilvaPsicólogo ClínicoPresidente da Olhar – Associação pela Prevenção e Apoio à Saúde Mental

O autor escreve em conformidadecom o Novo Acordo Ortográfico

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idealmente, como deveria ser.Acontece na família, repete--se nas instituições, e confron-tamo-nos com surpresas desa-gradáveis no espaço público e urbano.A família, é quase sempre, o primeiro elemento a desagre-gar-se. Baralha-se e desgas-ta as suas energias em torno de tantas situações, por serem novas e imprevistas, que aca-ba por retardar o seu papel de intervenção, com o elemento atingido.A sociedade, principalmen-te as instituições responsáveis, nem sempre são hábeis nas respostas e acabam por criar barreiras, mais psicológicas que físicas, na pessoa com de-ficiência e na própria família.As instituições atuais, estão quase todas preparadas para acolher com qualidade uma pessoa com deficiência. O que acontece ainda, e não vale a pena falar da boa vontade de cada um, é existir uma im-preparação de determinados profissionais, que lidam com a pessoa com deficiência, atra-vés de um aliança de emocio-nalidades ambíguas, que pro-duzem efeitos, muitas vezes, nocivos e causadores de des-confortos permanentes.Outro fator institucional pena-lizante, são as horas excessi-vas de reuniões e planeamen-tos a que as variadas equipas são forçadas a ter, afastando a sua prestação no que seria mais útil e benéfico, que seria o estabelecimento de relações mais próximas com o utente.

Os profissionais atuais vivem subjugados a critérios avalia-tivos permanentes, o que os desvia do seu trabalho. Eles ocupam-se mais com pla-nos, programas, iniciativas, no fundo, ações de afirma-ção e valorização profissio-nais, em detrimento dos seus desempenhos como técnicos de saúde.E quem é penalizado des-caradamente é a pessoa institucionalizada. As suas necessidades não são satis-feitas num tempo razoável e a atenção que deveria ser dada é eliminada.Um outro ponto, e retornamos à família, é o caso das institu-cionalizações de longa dura-ção, onde os familiares vão reduzindo cada vez mais as suas visitas, quando não dei-xam mesmo de aparecer.Ou então, os familiares “fal-sos-ausentes” que só apare-

cem em situações de conflito ou para exigirem determina-dos direitos.A pessoa com deficiência tem uma identidade. E o que mui-tas vezes acontece, é a ine-xistência de um entendimen-to saudável entre as partes. É frequente ouvir-se muitos pro-fissionais acusarem a pessoa com deficiência, de intoleran-tes e impacientes. Talvez, mui-tos o sejam. Mas, estas atitudes ganham grandes proporções, porque a sua satisfação para ser ouvida, é muitas vezes só depois de protestos audíveis significativos. Esquecemo-nos, porém, do óbvio: uma pessoa sem deficiência, autonomiza--se a qualquer momento, até em pensamento. Uma pessoa com deficiência, sente a par-tir do seu corpo, que a auto-nomia só existe dentro dele. Porque visto de fora, as dúvi-das mantêm-se... •

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DESENVOLVIMENTO PESSOAL

TÊM SIDO CADA VEZ MAIS RECORRENTES OS ARTIGOS E FILMES QUE SE REFEREM À AVIDEZ DE DESCOBRIR UMA FORMA DE AUMENTAR A CAPACIDADE DE INTELIGÊNCIA HUMANA, ALEGANDO QUE USAMOS APENAS 10% DA NOSSA CAPACIDADE CEREBRAL O QUE PRESSUPÕE QUE HAVERÁ UMA FORMA DE O POTENCIAR MUITO MAIS.

PORTUGAL

O ELIXIR DA INTELIGÊNCIA

Tendemos a associar a capacidade de Inteli-gên cia ao Sucesso, es-quecendo muitas ve zes

o impacto que as Emo ções re-presentam. Esta ideia reflecte--se na forma como educamos os nossos filhos por isso impor-ta repensar a forma de olhar-mos para os seu desempenho, para o potenciar de uma for-ma mais saudável e realmen-te eficaz.Têm sido cada vez mais re-correntes os artigos e filmes que se referem à avidez de descobrir uma forma de au-mentar a capacidade de in-teligência humana, alegando que usamos apenas 10% da nossa capacidade cerebral o que pressupõe que have-rá uma forma de a potenciar muito mais.Procuramos a inteligência como quem procura o elixir da juventude, como se qui-sessemos encontrar uma cha-ve mágica para o sucesso.Mas afinal o que entendemos por inteligência? Em 1905, Alfred Binet intro-duziu o conceito de idade mental, o qual traduz o nível intelectual médio correspon-dente a uma determinada

idade. O QI, Quociente de Inteligência resultaria assim da divisão da idade men-tal com a idade cronológica, multiplicado por cem, indi-cando a capacidade de uma pessoa para resolver um de-terminado tipo de problema. Deste modo, quando a idade cronológica e a mental coin-cidem, o QI é de 100, ou se-ja, igual à média. Mais tarde, em 1995, Daniel Goleman viria a criar o con-ceito de inteligência emo-cional (QE, Quociente Emocional) para contrapor a ideia de que a nossa in-teligência é apenas intelec-tual. O Quociente Emocional ou a Inteligência Emocional descreve a capacidade (ou incapacidade) de nos li-garmos aos outros seres hu-manos. Em outras palavras, a Inteligência Emocional cor-responde ao modo como nós nos entendemos a nós mes-mos e como nós conseguimos estabelecer relações com as outras pessoas. Este concei-to, contribuiria assim para contrabalançar a ideia de que a nossa capacidade cog-nitiva é a única responsável no nosso desempenho tendo

Vânia FernandesPsicóloga Clínica

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sido mais valorizada no pró-prio sistema educativo.Mas afinal que ideia temos nós do que é a Inteligência? O aluno mais inteligente é o que tem melhores notas? Caímos muitas vezes no er-ro de associar a qualidade do desempenho à capacida-de de inteligência e ao suces-so obtido, mas será mesmo a capacidade de inteligência o factor principal para que se-jamos melhor sucedidos? O que consideramos nós que é um aluno ou pessoa bem su-cedida? Em que critérios nos baseamos?Existem muitos pais que nos chegam à consulta convic-tos de que o filho é muito es-forçado, pois para ter boas

notas tem que estudar muito mais do que os outros cole-gas que precisam de menos horas de estudo. “A inteligên-cia não é o seu forte, talvez não tenha muito jeito para os estudos…” como se a capa-cidade de inteligência fosse o único factor determinante.A verdade é que existem vá-rias questões adjacentes a esta ideia que é muitas vezes errada. Por um lado, após a avaliação psicológica verifi-camos muitas vezes que es-tas crianças chegam a apre-sentar um valor de QI até superior ao esperado para a sua faixa etária, o que é cla-ramente contraditório com o seu desempenho escolar. Por outro lado, emocionalmen-

te são muitas vezes crian-ças que têm subjacente algu-ma falta de confiança ou um lado mais triste que dificul-ta que tenham um maior in-teresse e energia necessários ao bom desempenho escolar. Menosprezamos muitas ve-zes o impacto das competên-cias emocionais por isso, ve-jamos a importância que elas podem assumir.Pensemos que em termos es-colares, para se ser bom alu-no é preciso ter capacidade de concentração para ad-quirir novas aprendizagens e que esta capacidade só é possível, em parte, tal como nos adultos, se tivermos apa-ziguados por dentro, se não estivermos inquietos, se não

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«TENHAMOS EM CONTA QUE CRIANÇAS FELIZES SERÃO MUITO PROVAVELMENTE ADULTOS MAIS INTELIGENTES E MELHOR SUCEDIDOS A NÍVEL

PROFISSIONAL E PESSOAL.»

houver nada de maior que nos preocupe. Será mais di-fícil para uma criança es-tar concentrada nas aulas se perceber que o ambiente es-tá mais tenso e que existe al-gum problema de maior na família, por exemplo.Por sua vez, se a criança for mais ansiosa, consequente-mente irá ter um sono pre-judicado, logo a capacida-de de reter informação e de memorizar diminui. É mui-to comum termos pais em consulta que não se aper-cebem da qualidade de so-no dos filhos. Recordo o caso do André de 8 anos que ti-nha medo do escuro mas que tinha vergonha de dizer aos pais, por isso demorava mui-to mais tempo que o habitual para poder adormecer, con-sequentemente an dava mais cansado e com um menor rendimento escolar apesar do seu esforço.A capacidade de integração na escola, nomeadamente na relação com os pares é certa-mente um factor fundamental no bom desempenho esco-lar. Nunca uma criança sen-tirá vontade de ir para a es-cola se tiver uma má relação

com os colegas ou se não se sentir integrado. Portanto, as competências sociais desem-penham um papel bastante relevante.O desempenho nos trabalhos de grupo será tanto melhor se a criança tiver confiança em expor as suas opiniões e se souber gerir melhor os conflitos inerentes a um gru-po com diferentes personali-dades, da mesma forma que se tiver maior resistência à frustração ou for mais capaz de ultrapassar as dificulda-des que naturalmente ocor-rem não só dentro do gru-po mas em contexto escolar, contornando melhor os pro-blemas, não as tornando tão derrotistas perante uma difi-culdade, poderá melhorar o seu desempenho.A demonstração de interes-se na sala de aula é também um contributo relevante na avaliação do aluno. A crian-ça terá maior à vontade para colocar dúvidas ou para ten-tar responder a questões na sala de aula se for mais con-fiante e se não tiver medo de errar em público. O bom desempenho do alu-no depende também, muitas

vezes, mais da capacidade criativa de pensar de for-ma divergente, e com imagi-nação para criar desenhos, composições ou mesmo des-cobrir novas soluções pa-ra um problema do que pro-priamente da quantidade de conhecimento que este ad-quire. A Joana, de 5 anos, tinha vindo à consulta de Psicologia a pedido dos pais com um pedido de avaliação psicológica para perceber se estava apta a entrar para es-cola naquele ano lectivo da-do que só iria completar 6 anos em Novembro. Como já tinha muitos conhecimen-tos de leitura e de escrita, en-tre outros mais avançados para a sua idade, era, apa-rentemente, óbvio que esta-va apta a ir para a escola, mas a verdade é que a Joana não sabia brincar ao faz de conta e isolava-se bastan-te dos colegas no jardim in-fantil a par de alguma falta de confiança na relação com o outro e alguma irrequie-tude, o que nos fez prever desde logo que estes aspec-tos emocionais iriam dificul-tar a sua adaptação na esco-la, levando-nos a propor um

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acompanhamento da Joana que permitiu melhorias bas-tante significativas a este ní-vel, facilitando a sua integra-ção na escola.Vivemos numa sociedade ca-da vez mais competitiva e por isso os pais tendem a achar que se os filhos tiverem mais actividades extracurricula-res que proporcionem mais conhecimento e mais cultura vão estar mais aptos para o sucesso.Confundimos muitas vezes quantidade com qualidade e achamos que se os nossos fi-lhos passarem muitas horas seguidas a estudar vão ter melhores resultados, esque-cendo a importância do méto-do de estudo e a importância de haver intervalos com acti-vidade física tão importante no dispêndio de energia e au-mento de concentração.Lembremo-nos que existem factores que irão contribuir de forma mais significativa para o nosso sucesso pessoal e profissional, e que mais fa-cilmente poderemos propor-cionar aos nossos filhos, co-mo a qualidade do afeto e da segurança que lhes po-demos dar desde bebés pois é na relação e no olhar com o adulto que, desde o nasci-mento, se pode construir uma imagem de si próprio mais segura e mais confiante e em que se adquire capacidades tão importantes como a de empatia, tão importante na relação com os pares ou na leitura adequada das regras.

É também nos momentos de brincadeira livre e espontâ-nea, ao qual tantas vezes se retira importância, sobretu-do na diminuição dos inter-valos da escola, que se regu-larizam as emoções, dando lugar à expressão saudável de preocupações e sentimen-tos mais inquietantes, para que haja um dispêndio maior de energia, aumentando a concentração e a diminuição da irrequietude. É ainda na brincadeira de faz de con-ta que a criança poderá de-senvolver a sua imaginação, criatividade e capacidade de representação.Por isso, não nos deixemos le-var pela ideia de que o au-mento do conhecimento e de actividades múltiplas é a úni-ca forma dos nossos filhos se-

rem melhor sucedidos, nem nos deixemos levar pela ideia, também ela errada, de que o sucesso associado à qualida-de dos resultados obtidos é garantia de bem-estar emo-cional. Alguns dos melhores alunos chegam-nos, na maior parte das vezes, numa idade mais avançada com sintomas como ansiedade, dificuldade em dormir ou falta de apetite num nível mais agravado, por-que afinal o aparente sossego dos bons alunos, com boas notas raramente revela sinais de alerta de que o seu estado emocional poderá não ser tão favorável como aparenta.Tenhamos em conta que crian-ças felizes serão muito prova-velmente adultos mais inteli-gentes e melhor sucedidos a nível profissional e pessoal. •

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DESTINA-SE A PESSOAS ENTRE OS 18 E OS 30 ANOS E PODE DURAR ENTRE DUAS SEMANAS A UM ANO. DECORRE EM PAÍSES DOS ESTADOS-MEMBROS, PAÍSES VIZINHOS E PARCEIROS DO MUNDO. PARA PARTICIPAR, BASTA PROCURAR UMA ORGANIZAÇÃO DE ENVIO E ESCOLHER O PROJETO.Inês Ruivo

PORTUGAL

RUMO A UM VOLUNTARIADO SEGURO

Ter entre os 18 e os 30 anos e a procura de uma organização de envio, como a Pro-

Atlântico, a Rota Jovem ou a Global Volunteer Network, por exemplo, são as primei-ras etapas para quem pre-tende passar algum tem-po noutro país em ações de voluntariado.Após o contacto e a acei-tação por parte de alguma dessas associações é o vo-luntário que escolhe o proje-to em que deseja participar, a duração (entre seis meses a um ano – dependendo dos projetos) e o país para onde mais lhe interessa ir. Nos sites online das várias organiza-ções à disposição encontra-mos desde projetos ligados ao apoio de crianças ou ido-sos até projetos de limpeza de áreas costeiras ou ajuda no tratamento e preservação da vida marinha. Os países à disposição dependem das organizações. Desde as ilhas Fiji e Seychelles até Espanha, Roménia ou países africanos.Por norma, as organizações de acolhimento baseiam-se nas cartas de motivação e no currículo para selecionarem os voluntários. Ainda assim,

umas preferem ter formulá-rios próprios ou recorrer  a entrevistas telefónicas ou via Skype. Já os prazos de can-didatura são definidos por elas e a seleção pode ser fei-ta meses antes do início do projeto. Nuno Camejo, voluntário em Itália durante oito meses, afir-ma que “A escolha do projeto é crucial. O país onde se rea-liza deve ser um aspeto se-cundário na escolha. Este de-ve adaptar-se aos objetivos do voluntário para que não se sinta desiludido posterior-mente com a sua escolha.”Também a cultura e língua diferentes podem ser uma barreira às boas relações entre voluntários ou coorde-nadores. Alguns voluntários desistem dos projetos devi-do a quezílias que surgem entre eles. Foi o que aconte-ceu a Sílvia Camejo, volun-tária no Quénia. Segundo ela, o não cooperativis-mo entre membros da ins-tituição em que estava in-tegrada, fê-la desistir três semanas após iniciar o vo-luntariado e alerta para que o jovem esteja prepara-do para certas dificuldades que possa encontrar nas

O autor escreve em conformidadecom o Novo Acordo Ortográfico

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relações interpessoais. Para tentar colmatar possí-veis discrepâncias culturais, é dada formação inicial ao vo-luntário, de modo a conhecer melhor o país onde se desen-volve o projeto e incentivar a interação com os colegas. Durante o horário de servi-ço é também dada forma-ção linguística. Como ponto positivo, Nuno Camejo real-ça a aprendizagem de uma nova língua – através do vo-luntariado, aprendeu a fa-lar fluentemente italiano. Já o convívio com pessoas de di-ferentes países fê-lo conhe-cer novas culturas e receitas gastronómicas.

PLANEAR A VIAGEMO voluntário é orientado du-rante o projeto. O promo-tor tem como função apoiar o voluntário nas tarefas e dar apoio linguístico e administra-tivo. Já o orientador fornece assistência pessoal e ajuda-o a integrar-se na comunidade local. O voluntário conta ain-

da com apoio logístico, ali-mentação, plano de seguro e despesas de deslocação (que incluem apenas transportes económicos, como o autocar-ro). A viagem de avião tem de ser assegurada pelo voluntário em dez por cento. Nuno Camejo fazia parte do Serviço Voluntário Europeu (SVE) e todas as suas des-pesas foram pagas pela Comissão Europeia. Em con-trapartida, a sua irmã, Sílvia Camejo, fê-lo através de uma associação e o custo da via-gem teve de ser suportado por ela. Ambos concluem que é importante estar infor-mado de quais as despesas que serão asseguradas pa-ra evitar perdas de dinheiro substanciais. Outro aspeto que estes dois jovens realçam ser necessá-rio é ter noção de que a bol-sa atribuída não é suficien-te para passear e conhecer o país. “Se o voluntário não le-var dinheiro, estará confina-do ao espaço onde se reali-

za o trabalho e sentir-se-á «preso» durante todo o pro-jeto”, refere Nuno Camejo. O SVE permite a participa-ção de voluntários com me-nos oportunidades ou neces-sidades especiais. Para tal, têm de o justificar no formu-lário de candidatura e apre-sentar faturas/recibos em to-das as despesas efetuadas. Com esses comprovativos, todo o dinheiro gasto ser--lhes-á reembolsado. Estes jovens podem fazer volunta-riado europeu a partir dos 16 anos. Na execução da carta de mo-tivação e do currículo, o vo-luntário pode pedir ajuda à organização. Nos programas de voluntariado com duração superior a seis meses, o jovem é obrigado a uma avaliação intercalar. Esta decorre num outro local fora dos campos onde estão inseridos e pode assim conhecer voluntários envolvidos em diferentes pro-jetos noutros locais do país de acolhimento. •

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[...] ”O COACHING NÃO É UM MÉTODO DE LUNÁTICOS IDEALISTAS, EM ABSOLUTO. É, ANTES DE TUDO, UM PROCESSO QUE FAZ A PONTE ENTRE A SUA REALIDADE E O SEU OBJECTIVO, SENDO ESTE TANGÍVEL, MENSURÁVEL, RELEVANTE...” [...]Eduardo Almeida

BRASIL

POP COACHING

Sendo a criadora do Pop Coaching como define este processo/conceito?

Uma assessoria para a toma-da de decisão profissional, baseada em valores, talentos e propósito de vida.

Qual foi a sua inspira-ção para criar este tipo de coaching? Estava fazendo formação em coaching em 2008 e durante uma sessão sobre missão de vida me dei conta de que se tivesse tido aquele tipo de re-flexão na minha adolescên-cia, teria tomado menos ata-lhos duvidosos na juventude. Então decidi testar a ferra-menta com meu próprio filho adolescente, então com 14 anos. Senti que ele respon-deu bem e aumentou consi-deravelmente o nível de cons-ciência de si mesmo. Nesse instante, tive a ideia: “Por que não ajudar muitos jovens a se descobrirem através do coaching?”

Imagino que tenha sido pa-ra suprir lacunas no merca-do. Que lacunas eram essas e qual a sua opinião relati-vamente a outras técnicas de orientação profissional, co-

mo testes vocacionais, etc? É verdade. Fui pesquisar o que estava sendo feito nes-se sentido e encontrei coa-ching para atletas, para ca-sais, para grávidas, além de muita gente voltada para os executivos, mas para adoles-centes nada... Quem se lem-bra deles, a não ser na ho-ra do consumo desenfreado? Essa constatação me estimu-lou ainda mais. O que eu via até então eram processos de orientação vo-cacional clássicos muito cal-cados em testes padroniza-dos e que pouco pareciam ter a ver com a realidade do brasileiro de hoje. Sou um pouco reticente quando se trata de teste, porque mui-to da subjectividade se per-de quando se tenta objectivar questões pouco tangíveis, co-mo o contexto social, as moti-vações intrínsecas e a própria história de vida do sujeito.

Tecnicamente, digamos as-sim, como idealizou es-te processo? Qual é a sua estrutura? Tomei como premissa o mo-delo FARM, proposto pe-lo Behavioral Coaching Institute, entidade com se-de na Califórnia que me

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certificou, a saber: Foco, Acção, Resultado e Melhoria Contínua. Sendo assim, o Foco corres-ponde à escolha da profis-são, a Acção consiste nas etapas do processo de au-to-conhecimento que em-basaria a tomada de deci-são (Resultado) e Melhoria Contínua sendo o planea-mento estratégico pessoal e profissional para 5 anos, ou seja, não apenas a escolha do curso ou instituição co-mo um fim, mas os passos seguintes, como especializa-ção, busca por estágio, en-trevistas de emprego, estudo de línguas e tudo o mais que

se faça necessário para atin-gir o ponto B corresponden-te à “vida ideal” que o jovem desenhou para si. De acordo com o mode-lo FARM, planei um proces-so em 10 sessões e adaptei as ferramentas à linguagem e estética da geração digital.

Sabendo que cada cliente é único e apresenta um ca-so também único (o seu pró-prio caso), por favor descre-va a metodologia que, em geral, mais utiliza durante o processo. Seguindo o modelo FARM, distribuo o processo em 10 sessões, sendo as 5 primeiras

relativas ao auto-conhecimen-to e as 5 últimas à explora-ção de possibilidades profis-sionais e planeamento em si. Penso que antes de ir às lo-jas comprar roupas deve-mos verificar o guarda-rou-pa para ver o que temos e o que nos falta. Com a escolha profissional ocorre o mesmo: primeiro precisamos saber quem somos e o que busca-mos, para depois ir ao en-contro do que nos cai bem.

Como decorre um proces-so típico/médio de Pop Coaching? Quais são as suas fases/passos, desde o início até à conclusão? Acho que expliquei um pou-co nas anteriores. Durante as 5 sessões de auto-conhe-cimento, investigamos valo-res, crenças, talentos e o pró-prio conceito de sucesso do indivíduo. Isso é feito atra-vés de uma ferramenta que, apesar de pré-formulada, contém perguntas podero-sas que vão eliciar em cada um, uma resposta personali-zada. Durante as 5 sessões de exploração de possibili-dades profissionais, eles são guiados a descobrir o tipo de trabalho que os atrai, o am-biente em que preferem es-tar, as condições de traba-lho, os cursos que os atraem e se utilizam do mesmo tipo de análise e cenários de que empresários e executivos lan-çam mão: a que leva em con-ta aspectos emocionais e ra-cionais da decisão.

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Em geral, testes como os vocacionais não são muito bem vistos no mercado, sen-do considerados pouco fiá-veis e precisos. Nesta me-dida, o Pop Coaching deve substituir os testes vocacio-nais (ou outras técnicas exis-tentes para este fim) ou am-bos devem completar-se no processo? Penso que auto-conhecimen-to nunca é demais! Se eu ti-vesse de optar por uma meto-dologia ou outra, ficaria com coaching, pela possibilidade de aprofundar a reflexão e a percepção de si, mas penso que se, ao final do processo e com a decisão já tomada, o jovem quiser uma resposta padronizada, ele pode com-plementar o trabalho com um teste de personalidade de credibilidade, como o MBTI, por exemplo.

Como encontrar o equilíbrio entre a real vocação/pai-xão de um jovem, as neces-sidades do mercado laboral e uma profissão promissora, bem remunerada? Com criatividade e, sobre-tudo, atitude empreendedo-ra, você sempre vai encon-

trar quem precise da sua paixão ou vocação. Ou me-lhor, essa pessoa vai encon-trar você... Um senso de mis-são muito forte vai levá-lo a ser mais competitivo, a bus-car novas formas de resolver velhos problemas e a se fa-zer visível. Para o jovem que desen-volve a mentalidade de ser um resolvedor de proble-mas, nunca faltam clientes ou emprego.

Da sua experiência, de que é que os jovens que a pro-curam estão mais dispostos a abdicar: da sua paixão a favor de uma carreira bem remunerada, que lhes po-de conferir bom status social mas que não os realizam profissional e pessoalmente ou o contrário? Vejo os dois casos com fre-quência. O Coaching não é um método de lunáticos idea-listas, em absoluto. É, an-tes de tudo, um processo que faz a ponte entre a sua rea-lidade e o seu objectivo, sen-do este tangível, mensurável, relevante... Então, considerando ecolo-gicamente a realidade do jo-

vem, se estabilidade finan-ceira é um valor muito forte para ele e sua família, é na-tural que ele seja mais con-servador em suas escolhas, optando por carreiras clás-sicas como o Direito ou que estejam em alta no mercado, como as Engenharias. Nesse caso, quando a escolha não é necessariamente uma gran-de paixão, ajudo-o a encon-trar um meio de compensar o sacrifício ou o esforço da abdicação, como um hobbie em paralelo. Por outro lado, em muitas famílias em que não há a pressão pelo rápi-do retorno financeiro do in-vestimento feito em educa-ção, tenho percebido que os pais estão mais suportivos a qualquer que seja a escolha de seus filhos, desde que seja uma decisão consciente. Não tenho visto pais apavorados porque um filho quer ser mú-sico ou estilista. Vejo-os mui-to preocupados em que seus filhos desejem ardentemente qualquer curso e que sejam capazes de concluí-los com êxito. A ascensão de novas carrei-ras como a dos web desig-ners e analistas de mídias

«EM GERAL, O QUE ACONTECE É QUE, COM O DECORRER DAS SESSÕES, OS PAIS PERCEBEM

MUDANÇAS POSITIVAS NO COMPORTAMENTO DOS FILHOS, COMO AUMENTO DO COMPROMETIMENTO

COM OS ESTUDOS»

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sociais, bem como o adven-to das startups e o sucesso estrondoso das empresas da nova economia dão ao jo-vem a sensação de que ele pode ser o que quiser, basta encontrar o seu nicho.

Em que fase da escolaridade são mais procurados os ser-viços de Pop Coaching? Nos anos de transição, em que o aluno tem que tomar op-ções para escolher a área a seguir? Sem dúvida, quando passam do Ensino Fundamental pa-ra o Médio e começa-se a se questionar quanto ao futuro.

Quais são as maiores dificul-dades e preocupações apre-sentadas pelos seus clientes? Optar entre tantas possibili-dades; Medo de não passar no processo selectivo (ves-tibular, aqui no Brasil) pa-ra a universidade almeja-da; medo de não conseguir emprego.

Que papel têm os pais/edu-cadores/encarregados de educação ao longo de todo o processo de Pop Coaching? Cuidar da auto-estima do jo-vem, sempre. Mesmo os mais populares sofrem com ranhu-ras no seu auto-conceito, en-tão é fundamental que to-do educador, tutor, familiar, coach reforce e reconheça os talentos que fazem daque-le menino ou menina cheios de borbulhas uma pessoa es-pecial. É a percepção que o

jovem tem de sua capacida-de que determina o estabele-cimento de objectivos. Pouca auto-confiança significa me-tas pequenas e metas peque-nas não motivam ninguém. Uma pessoa só abre mão de prazeres imediatos se tiver um grande sonho e só tem um grande sonho quem con-fia em si mesmo.

Como gere as discrepâncias que eventualmente existam entre a vocação/vontade dos jovens e a vontade dos pais quanto à profissão a escolher? Mesmo quando há concor-dância, toda escolha impli-ca perdas e ganhos. Se os

pais chegam com uma de-manda diferente da do coa-chee, coloco a questão às claras à frente de todos e fa-ço com que reflictam sobre os riscos e ganhos de aquele jo-vem abdicar de uma missão de vida e também das impli-cações de contrariar a famí-lia. O meu compromisso é com a felicidade do meu coa-chee, sempre, e sei que difi-cilmente ele será feliz se esti-ver em guerra com a família ou em guerra com o trabalho que exerce. Se se estabele-ce um impasse, exercitamos a habilidade de negociação (necessária para toda a vi-da, aliás). Geralmente, ou os pais dão um prazo para que o filho tenha êxito an-tes de abandonar a carreira X ou o jovem aceita transfor-má-la em um hobbie lucra-tivo ou ainda adia por uns anos até poder custear o pró-prio estudo, enfim, sempre é possível estabelecer consen-so quando todos partem da mesma premissa: o mais im-portante é ser feliz, saudável e auto-sustentável.

As sessões de coaching são por norma confidenciais. Nesta medida, como gere esta questão, ou seja, quais os limites que impõe ao feed-back que passa aos pais? Eu estabeleço com o coachee que só vou levar aos pais al-go que se torne potencial-mente ameaçador à integri-dade física e psicológica do jovem. Uso de substâncias

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ilegais, por exemplo, caso o assunto surja em sessão. Via de regra, estimulo o jovem a partilhar suas reflexões e re-sultados com os pais, mas junto a esses me comprome-to apenas a revelar se o jo-vem tiver algum problema que deva ser de seu conhe-cimento (para que o encami-nhe a um especialista) e o re-sultado final do processo em termos de ter feito efectiva-mente uma escolha profissio-nal congruente ou não. Em geral, o que acontece é que, com o decorrer das ses-sões, os pais percebem mu-danças positivas no com-portamento dos filhos, como aumento do comprometimen-to com os estudos, mais foco, atenção e até mesmo mesmo melhora na comunicação em casa. Raramente as famílias querem saber pormenores do processo, porque o coaching só acontece num ambien-

te de autonomia e responsa-bilidade, os quais já devem existir no seio familiar.

Este processo tem sido apli-cado apenas no âmbito es-colar e universitário ou tam-bém ao nível da formação profissional? Predominantemente no âm-bito escolar, mas não é ra-ro eu ser procurada por profissionais mais velhos descontentes com a escolha que fizeram e em busca de redireccionamento.

Trabalha sempre com alunos que a procuram individual-mente ou Estabelece parce-rias com instituições de en-sino? Neste caso, o pop coaching é utilizado no ensi-no público ou privado? O processo foi concebido para ser aplicado em grupos de até 20 participantes, no ambiente escolar. Contudo, também po-

de ser conduzido individual-mente, com muito sucesso. Infelizmente, minha experiên-cia aconteceu predominante-mente em parceria com ins-tituições privadas. A mim me encantaria poder ser mais útil aos que mais necessitam de suporte e apoio, que são os jo-vens do ensino público.

Costuma fazer o follow--up dos seus clientes, isto é, anos mais tarde contacta-os para saber qual o impacto que as sessões de pop coa-ching tiveram na sua vida a nível da sua realização pes-soal e profissional? Que ila-ções tira da aplicação deste processo? Tenho muita sorte de manter contacto com meus ex-coa-chees pelas redes sociais. O mais fascinante de se traba-lhar com jovens é que, uma vez conquistada sua confian-ça, você se torna um mentor

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dele para toda a vida. Tenho histórias lindas de coachees que me procuraram para aju-dá-los no processo selectivo de grandes empresas e que conquistaram a vaga. Outro que, integrante da comissão de eventos académicos, con-vidou-me a fazer uma pales-tra na universidade... Fora os que simplesmente deixam mensagens agradecendo o benefício que o coaching te-ve em suas vidas. O que pos-so concluir é que a juventu-de precisa apenas de que alguém aposte nela e que a ajude a pensar o futuro com esperança e coragem.

No âmbito do processo está prevista a realização de vi-sitas ou mini-estágios atra-vés de parcerias com vá-rias empresas como forma de proporcionar aos jovens um contacto real com a pro-fissão para a qual se sen-tem vocacionados e desta forma concluir se esta cor-responde de facto às suas expectativas? O coaching não se restringe ao setting da sala de aula ou consultório. Visitas são possí-veis e muito úteis quando o jovem não tem absoluta cla-reza quanto à rotina de de-terminada profissão.

Costumo transferir esta tarefa a eles: a de pesquisar empre-sas, pedir para fazer a visita, conversar com um parente ou amigo dos pais sobre os desafios da profissão, enfim, o jovem tem de assumir a res-ponsabilidade por sua esco-lha, ou seja, eu não planeio essa visita de antemão, mas o convido a fazê-lo, munin-do-o em uma carta de apre-sentação ou acompanhando--o se for o caso. O importante é o jovem encarar sua carrei-ra como um empreendimento o quanto antes.

Existe procura deste proces-so por parte de adultos que queiram prosseguir ou reto-mar os seus estudos? Ou se-ja, este processo visa tam-bém expandir-se para as áreas da formação de adul-tos/formação ao longo da vida e até mesmo para alu-nos de instituições como uni-versidades seniores ou não é esse o seu objectivo? É muito comum adultos insa-tisfeitos verem no pop coa-ching uma oportunidade de corrigir a rota e ser mais rea-lizado. A partir do trabalho com os jovens, muitas mães vieram até mim e me sur-preendi como as mulheres passam uma vida sem saber

quem são, o que querem e a que vieram! Iniciei um traba-lho com mulheres e percebi que, através delas, meu im-pacto positivo sobre a socie-dade seria maior, uma vez que são multiplicadoras em potencial. Entre 2010 e 2011 comecei, então, a formar outros coa-ches (desde que sejam tam-bém psicólogos) no méto-do Pop Coaching, para que cuidem dos jovens enquan-to eu me dedico às mulheres. Tenho tido resultados igual-mente extraordinários com esse público e continuo co-mo trainer a supervisionar os coaches que seguem o meu método para jovens.

Neste momento, Portugal atravessa momentos muito difíceis em termos sociais, económicos e financeiros, com diversas medidas de austeridade a sufocarem a população. Mais de nove mil alunos do ensino superior já abandonaram a faculdade, só desde o início do ano lec-tivo. Muitos outros fizeram o mesmo no ensino secundá-rio. Por outro lado, a exces-siva oferta de cursos está a ser limitada, com a extinção de alguns cursos que não têm absorção de licenciados

«O COACHING NÃO SE RESTRINGE AO SETTINGDA SALA DE AULA OU CONSULTÓRIO»

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«TENHO VISTO MUITOS PORTUGUESES DAREM UM EXEMPLO DE SUPERAÇÃO, DE CRIATIVIDADE,

DE FLEXIBILIDADE, DE PERSEVERANÇA…»

no mercado de trabalho. A reforma em curso inclui também a fusão de univer-sidades, cujas contas se re-velam, em muitos casos, ca-lamitosas. Tendo em conta estas variáveis, o que pode-ria o Pop Coaching fazer pe-los estudantes portugueses? É muito desafiador man-ter a motivação em um mo-mento como o que Portugal está passando. O que pos-so dizer, como bisneta de portugueses e brasileira que nasceu em tempos de hipe-rinflação, que se licenciou Jornalista e Psicóloga em um país que trata ambas as pro-fissões como sacerdócio (e que portanto são mal remu-neradas), que o principal be-nefício do Pop Coaching pa-ra a juventude portuguesa sem sombra de dúvida é aju-dá-la a expandir a visão pa-ra além dos limites da crise, das medidas de austeridade, dos horizontes conhecidos. A mensagem do coaching é que todos somos maiores do que os “nãos” que recebe-mos diariamente. Todos te-mos um potencial que pode ser despertado através da coragem, da ousadia, do tra-balho consistente e, sobretu-do, do amor pelas pessoas. Tenho visto muitos portugue-

ses darem um exemplo de su-peração, de criatividade, de flexibilidade, de perseveran-ça. Vários estão prosperando porque se recusam a perma-necer no espaço-problema e expandem a visão para o espaço-solução. Se olharmos com atenção, há exemplos inspiradores, aí mesmo em Portugal. É preci-so, porém, não nos confor-marmos com os limites que os outros dizem que temos, buscar o especial em nós e nos prender a uma razão forte para existir. A economia é dinâmica e lo-go o país vai dar sinais de recuperação, mas o que ca-da um pode fazer é actuar como “coach” do próximo, legitimando-o, validando seus esforços e se recusan-do a ocupar o lugar de ví-tima das circunstâncias. O coaching é muito útil nesse processo de desligar a cha-ve geral das desculpas, das acusações e das lamúrias e de motivar pessoas a tentar de um jeito diferente, a assu-mir o controlo sobre a pró-pria vida e a realizar o que pode com os recursos de que dispõe.

Já expandiu o conceito de Pop Coaching a outros

países? A ideia de ser reconhecida internacionalmente é mais sedutora pela vaidade que pela missão, que é em que me atenho. Restringi-me ao Brasil e com menos intensidade a Portugal porque coaching é pensamento e linguagem e me sinto mais à vontade para “brincar” com a língua por-tuguesa, que é a minha lín-gua-mãe. Penso que antes de pensar em me expandir mun-do afora, tenho muita gente a ajudar ao meu redor...

Estatisticamente, qual tem sido a taxa de sucesso do Pop Coaching? 97%, considerando suces-so, nesse caso, a capacida-de de optar por uma única profissão.

Projetos para o futuro? Capacitar 500 pop-coaches a atender jovens brasileiros e portugueses e preparar, atra-vés de coaching, palestras e livros, pelo menos 1000 mulheres líderes até 2015. Mulheres na liderança costu-mam ser mais justas e social-mente responsáveis e quero que em um futuro próximo elas possam ser também coa-ches de seus filhos. •

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DOENÇAS TROPICAIS

APOIO HUMANITÁRIO

DESENVOLVIMENTOPESSOAL

SAÚDE PÚBLICA

ROTASTURÍSTICAS

MEDICINAS NATURAIS

CULTURA

ÉBOLA - SINTOMAS

COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

PUBLICAÇÃO ONLINE

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DESENVOLVIMENTO PESSOAL

É IMPORTANTE SABER COMO ORGANIZAR AS NOSSAS VIDAS, E NEM O ARGUMENTO DO BULIÇO DIÁRIO PODER SERVIR DE DESCULPA PARA A FALTA DE REGRAS. ORGANIZAR É UM BOM DESAFIO, E PROPORCIONA-NOS UMA VIDA MELHOR.

TIMOR

ORGANIZEMO-NOS

A organização é o modo como se orga-niza um sistema. É a forma escolhi-

da para arranjar, dispor, classificar ou resolver situa-ções, espaços, objectos, do-cumentos e informações. Fundamentalmente são méto-dos para melhorar o desem-penho pessoal e profissional. A falta de organização é um problema para muitas pes-soas. Manter a vida em or-dem não é uma tarefa fácil. O estudo realizado pela NAPO (Associação Nacional de Organizadores Profissionais - EUA) em 2008, sobre a ne-cessidade de se estar e de se permanecer organizado, re-velou que: • 71% consideraram que se fossem mais organizados, a sua vida melhoraria; • 65% referiram que a sua casa era moderadamente desorganizada; • 27% afirmaram que a sua desordem os impede de ser eficazes no trabalho.A falta de organização pre-judica o enfoque, a produti-vidade, e consequentemente pode gerar stress e proble-mas de saúde adjacentes. Uma vida organizada eli-mina todos esses efeitos no-

civos. De entre os benefícios da organização nas nossas vidas, podemos encontrar: • Optimização e economia do tempo; • Economia financeira; • Melhoria da auto-estima e qualidade de vida; • Equilíbrio no trabalho, vida pessoal e familiar; • Possibilidade se dedicar às pessoas e actividades que lhe proporcionam prazer; • Estratégias para a delega-ção das tarefas; • Controlo do stress e da frustração; • Liberdade; • Estilo de vida prático e simplificado; Um método eficaz para orga-nização pessoal deve inspi-rar as pessoas. Especialistas em organização como: per-sonal organizers, psicólogos, decoradores e empregadas domésticas são unânimes em afirmar que não existem so-luções prontas. Há diferentes personalidades e estilos, pe-lo que a solução perfeita é a que funciona melhor com ca-da um de nós. É fundamental dar o primeiro passo. Ao or-ganizar a sua vida, vai aper-ceber-se de que não existe falta de tempo, mas sim tem-po mal administrado.

Luísa CoutinhoConsultora em Organização

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Adopte hábitos que possam contribuir para o equilibro entre a vida pessoal e profis-sional. Organizar é um desa-fio, uma vez que exige uma mudança de comportamento, é controlar a sua própria vi-da, escolher prioridades, de-terminar o que realmente é importante.

PRIORIDADES Dê prioridade ao que real-mente é importante para si! São diversificadas as técnicas de organização, mas uma absolutamente recomendável é esta: separe os seus objec-tivos de vida de longo, médio e curto prazo. A técnica de David Allen, criador do mé-todo GTD (recolha, proces-

samento, acção e revisão), permite fazê-lo. Esta técnica dos objectivos é muito bené-fica porque nos faz analisar e decidir o que realmente é importante nas nossas vidas. Há projectos que nos em-polgam momentaneamente, mas que quando realmen-te os analisamos, vemos que se não estiverem relaciona-dos com os nossos objectivos, não valem a pena ser feitos. E isso faz-nos estabelecer a prioridade das coisas e per-mite-nos viver a vida mais tranquila e integralmente. As prioridades devem guiar as nossas escolhas, mas quan-do temos tantas actividades no quotidiano pode ser difí-cil decidir o que é mais im-

portante e que deve ser feito em primeiro lugar. Para defi-nir as suas prioridades, deve atribuir um significado a tudo na sua vida. Pergunte-se por-que está a fazer determina-das actividades? Porque está a trabalhar no seu actual em-prego? Porque escolheu de-terminado curso? David Allen utiliza uma ana-logia espacial para o(a) aju-dar a organizar a sua vida, através do método GTD: • Objectivos de Vida (longo prazo) – 50.000 pés*; • Objectivos de 3 a 5 anos (visão: médio prazo) – 40.000 pés;

* Um “pe” equivale a, aproximadamente, 30cm.

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DESENVOLVIMENTO PESSOAL

• Objectivos actuais e/ou até 2 anos (curto prazo) – 30.000 pés; • Áreas de responsabilidade – 20.000 pés; • Projectos em curso – 10.000 pés; • Acções em curso – nível térreo.

OBJECTIVOS DE VIDA Esse é o grande quadro – en-quadra os seus valores, a sua missão de vida. Tente responder às se-guintes perguntas: Quem é? Onde gostaria de che-gar? Quais são os seus so-nhos? Como gostaria de ser reconhecido(a)? Se estives-se velhinho(a) e olhasse pa-ra trás, o que gostaria de ver, de ter feito, de ter sido? Todos temos sonhos, mas na maio-ria das vezes acabamos por deixá-los de lado por cau-sa do frenesim do dia-a-dia. Gostaria que transformasse os seus sonhos em objectivos, em torná-los alcançáveis. Quer ser o melhor pai pos-sível? Ser uma boa compa-nheira? Ser saudável? Ter a casa e o carro dos seus so-nhos? Ter liberdade finan-ceira? Viajar para os seus destinos preferidos no mun-do? Poder ajudar os outros? Então transponha isso para a

sua vida: o que tem feito ac-tualmente para contribuir pa-ra esse objectivo de vida? Por exemplo: se trabalhar num emprego que não este-ja minimamente relacciona-do com os seus objectivos a médio e longo prazo, então talvez tenha chegado a ho-ra de mudar. Ou então, o seu emprego aparentemente não tem ligação com os mesmos objectivos, mas você tem um plano. Tem gerido as suas fi-nanças para alcançar os seus objectivos? Tem desenvolvido no dia-a-dia comportamen-tos e atitudes coerentes com o que pretende alcançar? O que importa é que tudo o que faz hoje esteja ligado aos seus objectivos de longo pra-zo, pois definirá quem é. Estabelecer prioridades é, antes de tudo, viver uma vi-da coerente, de acordo com os seus valores. E isso tem tu-do a ver com organização! Saber quem é e para onde vai, é a única maneira de ter uma vida organizada.

VISÃO DE 3 A 5 ANOS (OBJECTIVOS A MÉDIO PRAZO) Saber o que pretende fa-zer daqui a cinco anos deve constituir um exercício cons-

tante de revisão de metas e do que é importante para si. Por exemplo: o nascimen-to de um filho, uma viagem mais longa, um mestrado, planos estratégicos para a empresa. Todas essas metas são decisões importantes que podem guiar as suas acções ainda hoje.

OBJECTIVOS ACTUAIS E/OU ATÉ 2 ANOS (CURTO PRAZO) O que espera fazer e/ou concluir actualmente ou no máximo em dois anos po-de ajudá-la(o) a definir o seu trabalho no dia-a-dia. Muitas vezes desanimamos com a rotina porque nos es-quecemos desses objectivos e sentimo-nos como se esti-véssemos a fazer as coisas sem um sentido orientador, sem objectivos que nós que-remos atingir. Ter estas metas em mente, também nos ajuda a recordar o que já fizemos, o que nos falta fazer, orien-tando as próximas acções e ajudando a planeá-las com maior antecedência, assim como a lembrarmo-nos da razão por que as fazemos.

MEIOS No mercado existem milhares

«AS PRIORIDADES DEVEM GUIAR AS NOSSAS ESCOLHAS, MAS QUANDO TEMOS TANTAS

ACTIVIDADES NO QUOTIDIANO PODE SER DIFÍCIL DECIDIR O QUE É MAIS IMPORTANTE...»

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de instrumentos de organiza-ção pessoal e de gestão de tempo. Equipamentos co-mo: notebooks, smartphones, iPads, além da tradicional agenda, todos são auxilia-res úteis no processo. O pla-neamento é a ferramenta mais importante para quem se quer organizar. Após es-colhermos a melhor solução, devemos ter disciplina. Faça um mapa mental de ca-da um desses objectivos, re-lacionando-os a tudo o que acredita ser necessário fazer para os atingir. Mapa mental é uma técnica de organiza-ção do pensamento que pas-sa por relacionar as infor-mações de forma intuitiva e apresentar um cenário bem organizado dos conceitos principais. Por exemplo, se o seu objectivo de longo-prazo é ser uma pessoa saudável, pode escrever agora no ma-pa mental que um meio para alcançar é praticar activida-de física. Se pretende alcan-çar liberdade financeira, que tal contratar um bom finan-cial coach? Defina meios pa-ra todos os seus objectivos.

PROJECTOS Vamos agora começar a esta-belecer propósitos mais pal-páveis, que basicamente se tornarão nos seus projectos. Continuando o exemplo em que o objectivo principal é ter uma vida saudável, po-demos definir que, para praticar uma actividade fí-sica, quer fazer uma cami-nhada diária de 30 minutos,

de manhã. Isto é um projec-to, ou seja: o que tem de fa-zer para praticar uma acti-vidade física? Quais são as suas ideias? Ginásio, cami-nhar, praticar um desporto? Decida de acordo com a sua personalidade e com o que sabe que gosta de fazer. Os projectos são constituídos por diversas tarefas e etapas. Por exemplo: arranjar o com-putador, preparar um dia es-pecial, livrar-se de tudo o que tem em casa e que não preci-sa, arrumar a arrecadação. Todos nós temos sempre pro-jectos em curso para fazer. David Allen diz que uma pes-soa comum tem, em média,

60 projectos em curso na sua vida. Quantos projectos em curso tem para realizar?

ÁREAS DE RESPONSABILI-DADE Temos projectos e tarefas em andamento porque so-mos responsáveis por diver-sas áreas nas nossas vidas. Temos funções em casa, no emprego, na faculdade, no grupo de estudos, no gru-po de amigos, na equipa de futebol. Temos cerca de 15 áreas de responsabilida-de, tais como: família, saú-de, trabalho, finanças, espi-ritualidade, educação, etc. Fazer uma revisão dessas

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DESENVOLVIMENTO PESSOAL

«OS PROFESSIONAL ORGANIZERS MUNEM-SE DE PRINCÍPIOS E CONHECIMENTOS TESTADOS PARA

MELHORAR A VIDA DOS CLIENTES.»

responsabilidades pode aju-dá-lo a definir prioridades na sua lista de projectos.

TAREFAS / ACÇÕES Por último, desmantele os seus projectos em pequenas tare-fas. Sendo o seu projecto ca-minhar todos os dias de ma-nhã, pode estabelecer como tarefas: programar o alarme para acordar mais cedo, dei-xar a roupa da caminhada se-parada de noite, informar os seus familiares que sairá mais cedo. São tarefas imediatas, para fazer já ou umas na se-quência das outras. As tarefas são acções diárias a fazer: te-lefonemas a fazer, os e-mails para responder, as pendên-cias na rua, as tarefas diárias no trabalho, as tarefas do-mésticas e os compromissos a cumprir. É exactamente assim que se começa. Dê um passo de cada vez, sem perder de vista o horizonte. Enfoque-se na sua vida!

PROFESSIONAL ORGANIZERSe tem dificuldade em or-ganizar-se sozinho ou se ti-ver uma imensidão de áreas para organizar, aconselho-o a recorrer a um Professional Organizer. A indústria de organiza-

ção profissional tem cresci-do constantemente nos últi-mos anos, uma vez que cada vez mais as pessoas tentam obter um melhor controlo das suas vidas. Enfrentando cada vez mais exigências e com cada vez menos tem-po livre, os consumidores es-forçam-se por gerir os seus dias, evitar a desordem e o caos e construir as suas vi-das. Cada vez mais, re-correm ao apoio prestado pelos organizadores profis-sionais (NAPO – National Association of Professional Organizers – EUA).

O QUE FAZEM OS PRO-FESSIONAL ORGANI-ZERS?Os Professional Organizers munem-se de princípios e co-nhecimentos testados para melhorar a vida dos clientes. Ao projectarem sistemas de organização personalizados e ao ensinarem competências de organização, eles ajudam os indivíduos e as empresas a assumirem o controlo do seu tempo, do seu ambiente, das suas pilhas de papel, das suas vidas! Os serviços oferecidos pelos Professional Organizers po-dem variar: desde organizar

eficientemente um armário a organizar uma empresa. Aos proprietários de casas, po-dem oferecer planeamento dos espaços e reorganização da propriedade, a melhoria da gestão dos arquivos em suporte papel e informático, sistemas para a gestão das finanças pessoais e outros re-gistos, e/ou formação sobre gestão do tempo e definição de metas. Alguns organizadores pro-fissionais trabalham com po-pulações específicas, tais co-mo com pessoas com déficit de atenção, pessoas cronica-mente desorganizadas, estu-dantes, crianças ou idosos. Os organizadores profissio-nais vêm de diversas origens e profissões. Alguns têm experiência em-presarial anterior, alguns são jovens profissionais que fize-ram uma mudança de carrei-ra e outros são pessoas que escolheram a organização profissional como a sua pri-meira carreira.

Mantenha em mente que pa-ra se sentir realizado e feliz deve agir de acordo com os seus valores, e expressá-los na sua vida quotidiana atra-vés das suas acções. •

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CONVIDAMOS OS NOSSOS LEITORES A PARTICIPAR NA INICIATIVA DA REVISTA INSIGHTS

O CONTO PSICOLÓGICO!

“Conto Psicológico” é um projecto criado em colaboração com a Associação Olhar, Associação Pela Prevenção e Apoio à Saúde Mental. 

Para participar, basta enviar-nos um texto (que não deverá ultrapassar os 5000 caracteres) que envolva uma experiência individual com significado emocional relevante.Juntamente com cada texto, deverão figurar: contacto, título, nome ou pseudó-nimo do autor, idade, profissão (opcional) e localidade.

O melhor texto será publicado na Revista Insights!Envie-nos o seu texto até ao dia 31 de Janeiro de 2015

[email protected]

INICIATIVA INSIGHTS

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EM 2003 FOI MISS CABINDA, HOJE É UMA DAS EMPRESÁRIAS DE MAIOR SUCESSO NA ÁREA DA MODA EM ANGOLA. ABRIU A SUA PRÓPRIA BOUTIQUE E CRIOU A REVISTA SUPER FASHION ANGOLA. UM EXEMPLO DE EMPREENDEDORISMO E SUCESSO EM VERSÃO FEMININA. Mariana Araújo

Beatriz da Conceição Pemba Franck, ango-lana, dona de uma das maiores e mais

lu xuosas boutiques angola-nas e empresária de suces-so no país. O seu maior ob-jetivo de vida é vir a ser uma das mulheres mais influentes de Angola ou, até mesmo, de África.Em 2003 foi miss cabinda, um sonho tornado realidade. Desde então, criou a sua pró-pria marca – “Boutique BIBI” – e a revista Super Fashion Angola.Beatriz Franck é acima de tu-do o exemplo de uma mu-lher que para chegar ao sucesso não deixou de par-te a determinação e o empreendedorismo.

Como considera ter conse-guido o sucesso que tem ho-je em dia?Consegui o sucesso de hoje com muita luta, persistência, sempre tive os meus objeti-vos bem traçados e sempre soube exatamente o que que-ria ser no futuro. Traço as mi-nhas metas e corro atrás pa-ra alcançar uma por uma.

Considera-se um exemplo para outras mulheres?  Considero-me um exemplo para a juventude de Angola, pois sou a prova de que com luta, trabalho árduo e persis-tência conseguimos atingir os nossos objetivos. Venho duma família humilde e ho-je consegui o meu lugar na sociedade, por mérito pró-prio – por isso sirvo de inspi-ração para muitas mulheres e jovens em Angola. Recebo inúmeras mensagens nas mi-nhas páginas nas redes so-cias, de pessoas a dizerem que tomaram a “tal” decisão porque ouviram uma entre-vista minha na televisão, na revista ou numa mensagem que deixei nas minhas pági-nas nas redes sociais.

É diretora-geral da revista Super Fashion Angola e pro-prietária da “Boutique BIBI”, em Luanda – Pretende ex-pandir ainda mais os seus ne gócios? Sou uma mulher muito am-biciosa e, como já disse, sei bem o que quero e luto pa-ra tal objetivo. Tenho em men-te vários negócios que estou

ANGOLA

BEATRIZ FRANCK; FASHIONISTA

TEMA DE CAPA

Esta entrevista teve ajuda à produção de:

Produtora: Fátima Magalhães, Focus Imagem e ConsultingFotografo: Elton VarelaMaquilhagem: Digo MagalhãesCabelo: Mulher Cheirosa Hair StyleAgradecimentos: Stivali, Loja das Meias,Residence Estoril Sol

O autor escreve em conformidadecom o Novo Acordo Ortográfico

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a concretizar por etapas até os concluir todos. Ainda que ache que será impossível “concluir propriamente di-to”, porque quando concre-tizo um projeto, tenho logo um novo em manga e assim sucessivamente.

Como começou o projeto da revista?O projeto da revista começou por amor à moda. Comecei a folhear a revista Vogue e co-mecei a quere-la muito para mim, porque julgava que fa-zia todo sentido ver a moda divulgada e as pessoas bem vestidas nas revistas. Depois de uma tentativa fracassada de criar a Vogue Angola, dis-se por que não fazer a mi-nha Vogue com moda an-golana? E foi assim tracei o projeto, coloquei em papel e concretizei-o.

Como concilia a vida fami-liar com a vida profissional? Separa-os como sendo am-bientes distintos ou expõe-se com facilidade? A vida familiar acaba sem-pre por perder um pouco, porque levanto-me cedo para

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trabalhar e às vezes chego a casa tarde. Sou viciada no bom sentido no meu trabalho, mas sempre que estou fora do trabalho tiro o maior proveito da minha família – o meu ma-rido em particular – sempre que estamos juntos, é como se nos estivéssemos a conhecer naquele dia. Ele também é empresário, por isso entende-mo-nos perfeitamente quanto às ausências.Mas sempre que estou em fa-mília, estou 100% para eles, esqueço os telefones, não ve-jo os emails e, por vezes, não quero nem sequer ouvir falar de trabalho.

Pensa em ter filhos e cons-truir família ou isso não se coloca como prioridade no

momento?Penso sim, como a maior parte das mulheres pensa em ter filhos e constituir família. Está dentro dos meus planos para breve. O relógio bioló-gico já está a tocar e a dizer que preciso já de ter um fi-lho, hoje em dia já sinto essa necessidade.

Formou-se em contabilida-de. Quando se formou já ti-nha ideia do que queria fa-zer no futuro?Já tinha ideia do que queria, ser, sim. Desde cedo tive in-clinação para o empreende-dorismo, por isso, formei-me em contabilidade. Mas julguei que não era suficiente para gerir as minhas futuras empre-sas e voltei a fazer uma for-

mação Gestão de Empresas. Com isso, hoje consigo gerir as minhas empresas.

Sonha estar entre as mulhe-res mais influentes de África. Porque é que isso é algo tão importante para si? Estar entre as mulheres mais influentes de África não é tão importante para mim. É im-portante para mim ser uma mulher muito influente no meu país, acho que hoje em Angola exerço certa influên-cia em alguns níveis (por exemplo na moda) e sou uma referência. Quando concreti-zar todos meus projetos,  com certeza serei uma referência em África, porque o mundo tem sempre como referência histórias de pessoas que vie-ram do nada, vingaram na vida e alcançaram o sucesso por esforços próprios.

Porque o nome Bibi Boutique e qual é o perfil da marca?Decidi chamar BIBI às mi-nhas lojas porque era o no-me de carinho pelo qual as minhas amigas me chama-vam. Eramos um grupo de cinco amigas e estávamos na 6ª classe (tinha 14 anos na al-tura).  O meu como é Beatriz (ficou BIBI), a Tatiana (Tati), a Patrícia (Pati), a Vanessa (Vani) e a Ariente (Ari). Foi daí que nasceu o BIBI e fi-cou. São lojas que vendem multimarcas. A maior loja, em Cabinda, está dividida em secções – infantil, feminina, carteiras e sapatos, masculino, ca-ma, mesa, banho, artigos

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decorativos e mobiliário. Na loja de Luanda é apenas ves-tuário feminino.

A sua marca aposta essen-cialmente no público femini-no. Há algum motivo espe-cial para isso?Não há nenhum motivo espe-cial para tal, apenas revejo--me no público feminino, sou mulher e quero que todas as mulheres percebam de moda e se vistam bem como eu.

Diz ser viciada em moda. Como se sentiria se tivesse de andar na rua com uma rou-pa vulgar e desmaquilhada?Sentia-me na mesma, tenho a minha personalidade própria e meus princípios, ganhei res-peito na sociedade não pelo que visto, mas sim pelo que sou. Por isso, com roupa vul-gar e desmaquilhada seria na mesma a Beatriz Franck, até porque tenho os meus dias “N” em que não me apetece maquilhar. Nesses dias saio sem maquilhagem e de roupa vulgar, chinelos e não faz di-ferença – as pessoas reconhe-ce-me na mesma e vêm falar comigo, claro que com cer-ta deceção porque estão ha-bituados a verem-me sempre bem apresentada.

Qual é a sua marca preferi-da e com a qual se identifi-ca mais? Não tenho uma marca espe-cífica, porque faço o uso de todas as marcas, desde que goste do item. Acho que cada marca tem uma particularida-de e às vezes a coleção é das

melhores e outras não. Por is-so, sou fashion mania, ou se-ja, uso de todas marcas. Claro que, como qualquer pessoa tenho umas que estão sem-pre entre as primeiras opções quando vou às compras – en-tre Dolce Gabbana, Prada, Chanel, Louis Vuitton, Jimmy Choo, Cristian Louboutin, Dior e Gucci.

Que qualidades suas acha que a ajudaram a atingir o sucesso?Atingi o meu sucesso e acho que, além de qualquer quali-dade, foi com muito trabalho, trabalho árduo – essa sempre foi a minha palavra de or-dem para chegar onde che-guei. Hoje não tem sido di-ferente, continuo a trabalhar muito. Além disso, penso que sempre tive muita humildade,

senso de justiça apurado, ho-nestidade, acima de tudo, e inteligência.

Tinha algum ídolo em men-te enquanto percorria o seu “caminho” para o sucesso? Os meus ídolos mudam con-soante a idade aumenta. Já tive como ídolo a Madonna, a Beyoncé e hoje é a Oprah Winfrey (quero ter o sucesso dela). 

Ser empreendedor é a chave do sucesso para os dias de hoje ou há algo mais? Além do empreendedorismo, temos que ter objetivos bem traçados e claros, ao ponto de visualizarmos aquilo que traçamos – foco, persistência, trabalho árduo e disciplina profissional tudo isso equiva-le a sucesso. •

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ESTA GUINEENSE TEM NAS SUAS RAÍZES MESTIÇAS E CRISTÃS O FERMENTO PARA A SUA MÚSICA

Mindjer – significa Mulher em criou-lo – é uma das canções grava-

das pela nova mulher-re-velação da África que fala português e que acaba de lançar em Outubro o seu pri-meiro trabalho discográfico: Karyna Silva Gomes Sequei-ra, melhor, Karyna Gomes, nome artístico, é natural da Guiné-Bissau.Esta guineense tem nas suas raízes mestiças e cristãs o fer-mento para a sua música; a viver em Portugal há 3 anos, Mestre em Comunicação e Cultura pela Faculdade de Letras de Lisboa, foi forma-dora de jornalistas, asses-sora de imprensa para as Nações Unidas, tem uma fi-lha, a viver em Bissau, tem, como todos nós, família e amigos, tem, e aqui é dife-rente de todos nós, um ta-lento para a música que a acompanha desde a sua me-ninice e juventude.Ouvia no gira-discos do Tio-Avô os diferentes estilos da Pop ao Soul, do Jazz aos Blues, escutava música afro--cubana trazida por um fa-miliar regressado de Cuba,

trauteava música guineen-se emitida pela rádio local, bamboleava o quadril ao som das guitarras nas fes-tas das famílias mestiças dos anos 80 e 90, passadas nos quintais de Bissau – e no quintal dos Tios-Avós – afi-nal, como a Artista afirma, “o guineense faz música do nascimento até à morte”.A transcendência espiritual de Karyna Gomes é simbió-tica às suas raízes e é deter-minante na sua vida musical.Foi no Brasil que esta trans-cendência ganhou relevân-cia; Karyna Gomes em 96 saí da Guiné-Bissau para es-tudar jornalismo em S. Paulo, torna-se solista um ano mais tarde no coro Gospel do gru-po Rejoincing Mass Choir de uma igreja Evangélica; o re-gresso a Bissau, aos 25 anos, leva-a ao encontro da música sacra crioula guineense e a cantá-la na Igreja Evangélica Central foi um passo.Igualmente transcen dente para Karyna Gomes são as mandjuadadi (cantadeiras em crioulo) da sua terra natal, que cantam e dançam impul-sionadas por um som fantás-tico – porque transcendente

GUINÉ-BISSAU

“MINDJER”O DISCO DA GUINEENSE KARYNA GOMES

BEM-ESTAR

Paulo Duarte

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– produzido por uma caba-ça imersa de água, à guisa de tambor.Karyna Gomes com toda es-ta musicalidade sobrepos-ta em camadas dentro da sua alma e coração vai pa-ra 38 anos – das festas dos quintais da sua meninice, das mandjuadadi, das divas

do soul e do blues, à músi-ca sacra, a participação em 2006 no festival da CPLP em Bissau, ao lado de nomes de vulto, como Tito Paris, o con-vite em 2007 por parte de Adriano Ferreira para inte-grar o aclamado grupo gui-neense Super Mama Djombo – é um Vesúvio a ameaçar

formidável erupção de lava e tinha de dar o passo que faltava: mostrar uma maque-te a uma editora – a Get! Records, encontrar um pro-dutor – Paulo Borges, o ho-mem que trabalha com Tito Paris e Nancy Vieira, o resul-tado é um disco à conquista do Mundo – Mindjer. •

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Depois do sucesso al-cançado com as Eco Houses, o Pedras Sal-gadas spa & Nature

Park aposta agora, por en-tre as copas das árvores, em duas novas casas. As cha-madas “casas da árvore” re-metem-nos para o imaginá-rio infantil e para cenários românticos. Já desde 2012 que a vila ter-mal de Pedras Salgadas es-tá a ganhar um novo en-canto graças ao PEDRAS SALGADAS spa & natu-re park, um projeto hotelei-ro inovador orientado para famílias e amigos que gos-tam de disfrutar de ativida-des ao ar livre. Trata-se de um turismo de natureza, com conforto e ambiente de luxo, integrado num parque cente-nário com 20 hectares de flo-ra natural.Fica a uma hora de distância de carro da cidade do Porto e sugere uma estadia em mo-dernas Eco Houses, com a oportunidade de experimen-tar os benefícios de um Spa Termal que se encontra alo-jado no edifício recupera-do. O poder das águas, as suas fontes e a beleza natural do parque são algumas das

mais-valias deste novo desti-no de lazer, que se apresen-ta em plena harmonia com a natureza para agradar a to-das as gerações. Localizadas no coração do Parque, as Eco Houses vão--se descobrindo por entre ár-vores centenárias e a vege-tação do parque. Todas as Eco Houses incluem tecno-logia topo de gama e estão equipadas para receber até seis pessoas, dispondo tam-bém de um generoso deck exterior. Para além das novas e sur-preendentes casas da árvore, o PEDRAS SALGADAS tam-bém contemplou a renova-ção de espaços emblemáticos existentes no parque – como é o caso do antigo edifício do Casino das Termas que reto-mou a sua anterior funcio-nalidade de salão de festas e conferências, e a Capela construída no início do sécu-lo XX, que renovada permite a realização de casamentos e batizados.O Parque vai-se revelando por entre os oito quilómetros de caminhos, onde é inevitá-vel uma visita às diversas fon-tes termais que contêm água com benefícios comprovados

BEM-ESTAR

PORTUGAL

AS CASAS DA ÁRVOREPEDRAS SALGADAS SPA & NATURE PARK

REMETEM PARA O IMAGINÁRIO DA INFÂNCIA E PARA O ROMANTISMO. ESTÃO NO MEIO DA IMENSA NATUREZA DO PARQUE NATURAL DE PEDRAS SALGADAS E JUNTAMENTE COM O SPA TERMAL SÃO “UM TESOURO À ESPERA DE SER DESCOBERTO”.

Texto — Gabinete de comunicação do Pedras Salgadas SPA & NATURE

O autor escreve em conformidadecom o Novo Acordo Ortográfico

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O PARQUE O Parque Termal de Pedras Salgadas é um dos mais be-los parques do interior de Portugal e existe desde a se-gunda metade do séc. XIX. É dotado de uma fauna e flora característica espalhada ao longo de 20 hectares e a 580 metros de altitude, gozando de um microclima que poten-cia o esplendor da natureza que o rodeia. Por entre o valioso patrimó-nio edificado destaca-se o Bal neário Termal, o antigo Casino e as várias fontes ter-mais – a Fonte D. Fernando, a Fonte D. Maria Pia (situa-da no interior de uma peque-na gruta), a Fonte Penedo, a Grande Alcalina, a Fonte Pe dras Salgadas e a Fonte Pre ciosa.Percorrendo os caminhos do Parque, descobre-se o den-so e valioso património natu-ral, com exemplares notáveis de sequóia-sempre-verde, de sequóia-gigante, de abeto--de-Douglas, de cedro-do--Atlas, de cipreste-do-Buçaco, de faia, ou exemplares ad-miráveis de espécies raras como a cuningamia, ou a metasequoia.

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para o organismo. O percur-so pela alameda principal do Parque mostra a riqueza da sua história, ao mesmo tempo que dá acesso a outros servi-ços do PEDRAS SALGADAS spa & nature park como, por exemplo, piscina exte-rior, campo de minigolfe, par-que infantil e um atraente la-go, com uma área superior a 3000 m2, onde se pode reali-zar passeios de barco. Este novo destino turístico su-gere ainda um vasto leque de atividades ao ar livre, tais como, a ciclovia, que li-ga Pedras Salgadas a Vila Pouca de Aguiar, e circuitos de BTT devidamente identifi-

cados. Também são possíveis experiências mais radicais, como slide, rafting, ou outras mais tranquilas, como visitas guiadas às Minas de Ouro Romanas, aos museus locais ou passeios pelo rio Douro. O Spa Termal, renovado pelo Arquiteto Álvaro Siza Vieira, disponibiliza uma vasta se-leção de tratamentos ter-mais, de bem-estar e de esté-tica, tirando o maior partido dos benefícios da água ter-mal das fontes de Pedras Salgadas. A maior parte dos espaços do spa aproveita a luz exterior, permitindo sem-pre o contacto com a nature-za, como é o caso da piscina

interior com os seus circuitos de águas.

ECO HOUSES O conceito ecológico que está na génese deste Spa & Nature Park teve como prin-cipal preocupação preser-var o perfil natural do terre-no e a flora existente. Assim, o alojamento faz-se em mo-dernas casas modulares, que surgem por entre as árvores, adaptando-se à topografia do terreno e reduzindo o im-pacto da sua interferência no subsolo. As Eco Houses foram de-senvolvidas especificamen-te para o Parque de Pedras

A água mineral natural • Hipersalina • PH da água: 6,3 • Temperatura da água (ºC): 15 • Terapêutica: doenças metabólico-endócrinas, do aparelho

digestivo, do aparelho respiratório, reumáticas e músculo-esqueléticas • Tipo de água: Gaso car bónica, Bicarbonatada, Sódica

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BEM-ESTAR

«EM TODA A ÁREA DO PARQUE PODE-SE DESCOBRIR DIFERENTES ESPÉCIES DE FAUNA OU, MESMO,

DAR UM PASSEIO DE BARCO E OBSERVAR AS CARPAS COLORIDAS, AS KOI»

Salgadas. Pensadas ao por-menor para garantir um conforto absoluto – com um quarto, sala, kitchenette, ca-sa de banho, hall e deck ex-terior. A forma fragmenta-da, bem como as coberturas de duas águas facetadas – sempre nos três volumes que compõem cada uma das ca-sas – procuram criar jogos de luz e de sombra, enfati-zando texturas e tonalida-des, reforçando assim a per-tinência da sua implantação no espaço envolvente. Cada Eco House valoriza e cumpre os parâmetros ideais no que respeita à orientação solar, exposição à luz, vistas privilegiadas, privacidade e segurança dos utentes. Os revestimentos em ardósia e madeira, matéria-prima au-tóctone, fomentam a integra-ção e conferem invisibilida-de a estas pequenas casas, não deixando que sejam as protagonistas deste parque centenário.

TREE HOUSES – CASAS DA ÁRVORE Inserido no projeto do Parque de Pedras Salgadas e da au-toria do arquiteto Luís Rebelo de Andrade, as casas da ár-vore surgiram do desafio de

criar um elemento que pu-desse ir ao encontro do ima-ginário das casas da árvore.Os revestimentos em ardó-sia e em madeira, matéria--prima autóctone, ajudam a fomentar a integração na paisagem e conferem invisi-bilidade a estas casas arqui-tetónicas, mantendo assim o protagonismo que pertence a este parque centenário. No interior, as casas da árvo-re têm duas janelas, uma que permite observar a vida que corre no parque e outra para olhar as estrelas, uma casa de banho dividida em duas par-tes, uma kitchenette, uma ca-ma de casal e um sofá. Os conceitos de sustentabi-lidade e ecologia estiveram sempre presentes no desen-volvimento deste projeto – a não impermeabilização do solo, os revestimentos e isola-mentos reforçados, o reapro-veitamento de águas negras, os sistemas de iluminação de baixíssimo consumo recor-rendo a tecnologia LED.

SPA TERMAL É o edifício do antigo Balneário Termal que aco-lhe o novo Spa Termal. Siza Vieira, devolveu ao espaço o carisma de outros tempos.

O aproveitamento da luz na-tural e as amplas janelas des-tacam-se na traça moderna que os interiores do edifício art nouveau ganharam. A natureza está também na essência do SPA TERMAL. O poder terapêutico da água natural gasocarbónica de Pedras Salgadas, reconheci-do há muito por entre a co-munidade científica nacional e internacional, é utilizado no vasto leque de tratamentos de saúde e bem-estar. Através de novos conceitos, métodos e equipamentos as terapias dis-poníveis pretendem renovar o espírito do turismo termal. O SPA TERMAL contempla uma zona húmida e destinada aos tratamentos com água mine-ral – benéfica para proble-mas do foro digestivo, respi-ratório e muscular – e uma zona seca, para tratamentos de beleza e bem-estar. O spa disponibiliza catorze salas de tratamento (que in-cluem cinco hidroterapias e duas salas duplas). As ins-talações contemplam ainda uma piscina interior aqueci-da com corredor de marcha, sauna, hammam (banho tur-co), hidromassagem, duche de agulheta, duche vichy e duas salas de relaxamento. •

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MEDIA PARTNER

PORTUGAL

INSUCESSO ESCOLAR

Insucesso Escolar é o Assun-to proposto pela Clínica da Educação para uma Refle-xão colectiva por parte de

um ecléctico painel de psicó-logos, professores, educado-res, clínicos de outras áreas da saúde, bem como encar-regados de educação, em dois locais – a 21 de Feve-reiro, em Lisboa, no auditório do IPJ, e a 28 de Fevereiro, no Porto, no Espaço Atmos-fera M.A Clínica da Educação as-senta o seu trabalho na área do desenvolvimento e da edu-cação; tem vindo a realizar eventos similares ao propos-to, visando cambiar, partilhar informação e experiências.O Evento em epígrafe – Insucesso Escolar – conside-rará, sobretudo, o ambien-te da aprendizagem, formal e informal, por parte de to-dos os agentes envolvidos, buscando práticas e políticas conducentes ao combate ao Insucesso Escolar.

Os temas em equação nos Encontros agendados estão na ordem do dia, conforme a grelha de trabalho apon-ta: “Não quero ir à Escola” (o impacto das emoções na aprendizagem); “Até me es-forço mas não consigo” (os erros de processo); “Estou desmotivado, a Escola não é para mim” (dificuldades mo-tivacionais); “Sozinho no re-creio” (dificuldades relacio-nais); “A instabilidade da mudança” (que influência na aprendizagem); “Não sei o que quero ser” (indefinição vocacional). As comunicações por parte dos vários oradores sobre os temas indicados, o intercâm-bio das opiniões por parte da vasta comunidade que gravi-ta à volta da educação, são razões mais do que suficien-tes para a Insights se associar a este Evento na qualida-de de Parceiro – o Insucesso Escolar segue dentro de mo-mentos. •

Paulo Duarte

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COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

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COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

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CULTURA

ANGOLA

ONOFRE DOS SANTOSO JUIZ QUE ESCREVE CONTOS

M ais do que um es-critor lusófono, nascido em An-gola, é juiz conse-

lheiro do Tribunal Constitucio-nal de Angola e foi advogado no período da independência nacional do país. Daí resul-tou o seu primeiro livro “Os (meus) dias da independên-cia”. Mais tarde, a propósito do seu então cargo de Diretor Geral das Eleições publicou “Eleições Angolanas 1992 – Uma lição para o futuro”. Participou ainda na prepa-ração das eleições de outros países africanos e escrevia uma crónica semanal para o Semanário de Luanda, tendo mais tarde optado por com-pila-las no livro “Eleições em Tempos de Cólera”.Desde 2008 que exerce o seu atual cargo e mais re-centemente tem-se dedicado à escrita de contos. “O con-to da sereia” e o “Astrónomo de Herodes” são as suas mais recentes publicações e a inspiração veio-lhe, segun-do diz, da ilha do Cabo, em Luanda, e do mar.

Só mais recentemente se de-dicou à escrita de contos, sempre sentiu que teve a imaginação fértil, nesse sen-

tido, ou foi algo que foi apa-recendo com o passar dos anos?Passei a vida toda a escre-ver peças profissionais, como advogado e como juiz... É preciso escrever bem e sem-pre me esmerei com as pa-lavras... Publiquei um diário “Os (meus) dias da indepen-dência” publicado em 2001 e que acaba de ser reedita-do. Cada um desses noventa dias de novembro de 1975 é uma mini história... Mais tar-de, transformei em livro as crónicas que durante qua-se três anos escrevi durante um período em que estive ao serviço das Nações Unidas em diversos processos elei-torais. Chamei-lhe “Eleições em Tempo de Cólera”. Isto, para lhe dizer que a escrita é um hábito que cultivo com re-gularidade e até alguma dis-ciplina. Quando me decidi a dar uma passo em direção à ficção nasceram os meus contos semanais que venho publicando sem interrupção há mais de dois anos num se-manário em Luanda.

“O conto da sereia” foi um momento de inspiração ou há alguma mensagem por detrás do que escreveu?

É JUIZ CONSELHEIRO EM ANGOLA, MAS AQUILO QUE REALMENTE LHE DÁ PRAZER É ESCREVER E “SER LIDO”.A ESCRITA DE CONTOS É O SEU ESTILO LITERÁRIO DE ELEIÇÃO E DEPOIS DE ANOS A PUBLICÁ-LOS NUM SEMANÁRIO EM LUANDA DECIDIU AGORA ESCREVER EM LIVRO.Mariana Araújo

O autor escreve em conformidadecom o Novo Acordo Ortográfico

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O meu primeiro conto “Diálogos na areia” foi ins-pirado numa conversa en-tre dois miúdos numa praia de Luanda... Enquanto ca-minhava pela areia jun-to ao mar foi-me surgindo uma história que nesse mes-mo dia escrevi... Enviei a al-guns amigos e um deles que trabalhava no semanário “O País” pediu-me para a pu-blicar. Na semana seguinte procurei escrever outro con-to. Não podia imaginar na-quela altura que iria escrever um conto todas as semanas... Eram sempre pequenas his-tórias de amor, uma forma de glosar o mesmo tema de forma diferente. “O Conto da Sereia”, título de um dos meus contos, agrupa os pri-meiros onze contos que en-tão escrevi e quase todos no

ambiente da ilha de Luanda, com personagens que aflo-ram de algum modo em to-dos eles.

Saltando para o seu mais re-cente livro. Como é que de Angola lhe surgiu inspiração para uma história acerca de lugares tão distantes como Israel e Jerusalém?O “Astrónomo de Herodes” foi um conto de Natal que es-crevi em Dezembro de 2012 porque achava que escreven-do um conto por semana po-deria dedicar um deles ao acontecimento mais impor-tante que se celebra nesse úl-timo mês do ano. Depois es-crevi outros contos inspirados na Bíblia, a história de João Baptista e Salomé e de Jesus e a Samaritana, que deram para alguns quantos contos

semanais, divididos digamos assim, em episódios. Podiam ter um subtítulo: “da Bíblia com amor!” Sempre me fas-cinaram as histórias bíblicas, e conhecendo bem os textos sagrados achei que podia escrever em forma de con-to algumas histórias que não escapam ao meu padrão de escrever pequenas histórias de amor impossível.

Não considera arrojado es-crever contos relacionados com algo tão delicado como a história de uma religião?A literatura está cheia de histórias inspiradas nos tex-tos sagrados. Eu sempre fui imbuído dos seus ensina-mentos e acho que eles pre-tendem ser uma fonte de inspiração... Que é inesgotá-vel... Mentalmente, visualizei

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«O MEU PRIMEIRO CONTO “DIÁLOGOS NA AREIA” FOI INSPIRADO NUMA CONVERSA ENTRE DOIS MIÚ-

DOS NUMA PRAIA DE LUANDA »

CULTURA

aquelas sequências e decidi--me a contá-las, como podia contar um sonho... São histó-rias de amor... Sem pecado...

Alguma das personagens principais dos livros é ins-pirada em alguém (a se-reia, o Octávio ou Daniel, o Astrónomo de Herodes)?Acho que a resposta é sem-pre diferente conforme os lei-tores das minhas histórias. Seria um desmancha-praze-res se lhe respondesse de for-ma concreta... Nem eu tenho a certeza de o poder fazer com sentido da realidade. Quando se imagina, está--se quase sempre muito lon-ge desse sentido. Nem isso importa... E o que é que o Astrónomo de Herodes (Daniel) tem em comum com a Sereia ou com o Octávio? Talvez formem um triângulo...

A que tipo de triângulo se refere?O astrónomo do meu con-to é um homem que passa por anjo junto dos magos e cujo destino se cruza com os dos magos no momen-to certo. Enquanto Octávio e

a Sereia têm destinos cruza-dos mas nunca no momento perfeito. Os três completam--se na harmonia de um triân-gulo. Daniel, ao contrário de Octávio e da Sereia (que são movidos pela paixão) é um personagem ideal ocupando o vértice do topo do triângu-lo. Na base, Octávio gosta-ria de ser Daniel, e a Sereia é uma mulher impossível pa-ra Octávio que encontra em Daniel a sua opção...

Para quem costuma escrever?Tenho um “público” penso que diferente dos escritores... Eu conto histórias para entre-ter um grupo de pessoas que de algum modo me conhe-cem ou com quem estou rela-cionado. Envio-lhes regular-mente os contos por e-mail. Para além dos que me leem no semanário ainda me po-dem ler todas as semanas no Facebook e no meu blogue “Dark Horse”... Tenho, po-rém, a ambição de vir a ser lido por quem não seja ape-nas meu amigo... Daí a pu-blicação em livro. Tem sido fácil conciliar a vida profissional com a escrita?De facto, a minha atual vida

profissional tem sido propícia à escrita. Divido o meu tem-po entre Angola e Portugal. Mas em Angola, onde passo a maior parte do ano, estou quase sempre sozinho e dis-ponho de muito tempo livre para ler, ver filmes, e tam-bém para escrever... A soli-dão e o recolhimento na mi-nha casa de Luanda também ajuda.

Que sentimentos lhe trans-mite a escrita e que sen-timentos tenta passar ao escrever?Gosto muito de ler, procu-ro ler de tudo mas há auto-res que me seduzem mais e onde certamente procuro en-contrar a inspiração da for-ma de que preciso. O amor é o tema central de quanto leio e também do que escrevo... Acho que o amor é sempre surpreendente e não é por acaso que já se escreveram milhares de livros e outros tantos se continuarão a es-crever sobre o mesmo tema mas sempre com alguma coi-sa que os torna diferentes. Eu procuro fazer uma surpresa a quem me lê... É também a única forma de me continua-rem a ler. •

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É PORTUGUESA, MAS GRANDE PARTE DA SUA VIDA FOI PASSADA EM ANGOLA. AGORA, BERTA RODRIGUES EDITA O PRIMEIRO DE VÁRIOS LIVROS DE AVENTURAS INFANTIS, BASEANDO-SE NA REALIDADE DE VÁRIAS CRIANÇAS ANGOLANAS.Mariana Araújo

N asceu em Lisboa, mas grande par-te da sua vida foi passada em Ango-

la. Retornou a Portugal em 1975. Licenciou-se em Ciên-cias Sociais e Políticas, mas a arte e a criatividade são algo que lhe esteve sempre intrín-seco. Foi uma doença grave que a levou a mudar as ro-tinas e a dedicar-se mais à pintura e gravura, tendo che-gado a expor individualmen-te não só em Portugal, mas também noutros cantos da Europa e no Japão. Já escri-ta esteve sempre presente na sua vida, mas nem por isso hesita em afirmar que desde que é avó que ganhou uma nova dimensão.

No prefácio do livro diz que as aventuras surgem em re-sultado de um pacto en-tre crianças e animais, ins-pirou-se nalguma situação verídica?Na ação, não. Nas persona-gens, sim. Todos os animais existiram ou ainda existem. Claro que ficcionei a histó-ria. O Guitotela, não sendo um menino que eu conhe-ça é, contudo, o espelho de crianças cujas vidas são au-tênticos dramas. Foi pensan-

do nelas e em homenagem a elas que criei o Guito.

Que crianças são essas?Basta olhar em volta e ver quantas crianças são usa-das na mendicidade. Que dramas se esconderão por detrás de cada uma delas? Refiro-me particularmente a estas porque, na história que conto, este é o tipo de explo-ração infantil de que a per-sonagem principal é vítima. Infelizmente, por todo o mun-do, há outras formas de ex-ploração das crianças. É uma realidade para a qual todos devemos estar desper-tos e disponíveis, contribuin-do, na medida das possibili-dades de cada um, para que este flagelo seja extirpado da sociedade.

Pessoalmente identifica-se com a personagem?Nos ideais, sim.

E quais são esses ideiais?Não vejo como escolher entre os ideais que refiro. Muitos outros haveria a acrescen-tar. Contudo, posso resumi--los numa única frase: “amor ao próximo”.Qual é a mensagem ou a li-ção de moral que pretende

PORTUGAL

BERTA RODRIGUESA AUTORA DE AS AVENTURAS DE GUITOTELA

CULTURA

O autor escreve em conformidadecom o Novo Acordo Ortográfico

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que os mais novos retirem da leitura de “O Segredo”?O respeito pelas pessoas e animais, a solidariedade, a coragem e a consciência de que se deve ser parte ativa na sociedade. Nem que seja com um sorriso!

Dedica este livro ao Max, quem é ele?O Max, um dos grandes amores da minha vida, é o meu neto que tem cinco anos e é louco por animais. O pri-meiro livro que editei e que se chama “Flô e o regador de cristal” e inclui um CD

com música, também, de mi-nha autoria, foi dedicado a um outro amor: a minha ne-ta Nina que tem nove anos. Os netos brotaram como flo-res do primeiro amor, a mi-nha filha Sofia que me deu a alegria de casar com uma pessoa que me é muito queri-da: o Grant.

Porquê escrever para crianças?Porque eles serão os homens e mulheres de amanhã.

É com facilidade que coloca as suas emoções na escrita

ou prefere a pintura e a gravura por serem mais indiretas?Na escrita deixo voar a criança que há em todos nós. A história aparece como um filme que eu vou relatando. É tudo fantasia e liberdade. Na pintura e na gravura tudo es-tá contido.

O livro dirige-se a crianças entre que idades?Em princípio, dirige-se à fai-xa etária dos oito aos doze anos, mas eu gostaria que os educadores também o les-sem. Há tanto para aprender com as crianças!

Sempre sentiu necessidade de escrever?A escrita esteve sempre pre-sente na minha vida, quer em prosa quer em verso.

Escrever faz-lhe bem em que sentido?Em muitos! Liberta-me, faz--me sonhar, diverte-me e dá-me a ilusão de podermos ter um mundo melhor.

Em quantas aventuras pensa vir a repartir a coleção?Isso vai depender da minha imaginação.

Há uma história contínua entre os vários livros?Não, necessariamente! Tudo pode acontecer.

Para quando podemos espe-rar por uma novidade?Vou no quinto capítulo do próximo e o texto estará con-cluído muito em breve. •

Quando Guitotela, um garoto de oito anos, falou

com o Pé de Café, percebeu que, com o dom que dele recebera, podia ajudar os

mais fracos. Com o apoio dos seus dois cães e fiéis amigos, Malhitas e Achado, prepa-rou-se para dar início às suas aventuras,

sendo “O Segredo” a primeira de várias que se lhe irão seguir.

O Segredo

Berta Rodrigues

9 789898 720085

ISBN 978-989-8720-08-5

Com o livro “O Segredo”, Berta Rodrigues, dá início à coleção “As Aventuras de Guitotela”. A história leva o leitor a olhar para acontecimentos reais, nos quais os personagens simpáticos, diverti-dos e cheios de ação interferem.As aventuras surgem em resultado de um pacto entre crianças e ani-mais que, unidos, resolvem ajudar os mais fracos, num exemplo de coragem e determinação.

Editora com certificação do Instituto Europeu da Inteligência

As aventuras de G

uitotelaO

Segredo

Berta Rodrigues

Em cada livro, € 1 reverte a favor de uma instituição de apoio a animais abandona-dos ou maltratados.

1

Para o Guitotela O natal é um dos tais momentos em que queremos acreditar que chegou finalmente o momento de mudarmos todos, e de todos mudarmos tudo, mais que não seja, por um momento apenas. É que, se nesse momento con-seguirmos modificar alguma coisa, mesmo em nós próprios, então ficará para sempre provado que há momen-tos em que, apesar de pequenos, valeu a pena parar e tentar repensar tudo. Será assim tão difícil pensar em todos os dias, como se fosse natal? Em ajudar um amigo, dar de comer a um cão, salvar alguém da tristeza, ajudar um pobre, fazer algo por nós próprios, para que amanhã possamos gostar mais de nós próprios do que gostamos hoje? O natal, quer queiram quer não, até mesmo para quem dele foge, traz um subtil medo de se ficar de fora, de se ver exposto por uma coisa tão simples como o festejar da esperança. Só que essa esperança não passa pelo cinismo do “temos de acabar com as guer-ras”, pela falsa filantropia do “mas as crianças, meu Deus, e as crianças...?”, ou ainda do “coitados dos animais... porque são filhos de Deus”. A espe-rança é, apenas e tão só, o acto mais sereno que um natal em qualquer parte do mundo pode comportar. E a espe-rança pode estar no amor que desco-brimos por uma flor, por um cão, ou pelo desejo de mudarmos para melhor. Vale a pena pensar nisto. “Tudo vale a pena...” como diz o poeta... RUY DE CARVALHO

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