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INPE-7117-TDI/669 DESENVOLVIMENTO DE UMA TECNOLOGIA FOTOGRAMÉTRICO- DIGITAL PARA A MEDIÇÃO E A DOCUMENTAÇÃO DE EDIFICAÇÕES Lília de Sá Silva Dissertação de Mestrado do Curso da Pós-Graduação em Computação Aplicada, orientada pelo Dr. José Antônio Gonçalves Pereira, aprovada em 03 de abril de 1998. INPE São José dos Campos 1998

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INPE-7117-TDI/669

DESENVOLVIMENTO DE UMA TECNOLOGIA FOTOGRAMÉTRICO-DIGITAL PARA A MEDIÇÃO E A DOCUMENTAÇÃO DE EDIFICAÇÕES

Lília de Sá Silva

Dissertação de Mestrado do Curso da Pós-Graduação em Computação Aplicada,orientada pelo Dr. José Antônio Gonçalves Pereira, aprovada em

03 de abril de 1998.

INPESão José dos Campos

1998

519.674

SILVA, L.S. Desenvolvimento de uma tecnologia fotogramétrico-digital para a medição e a documentação de edificações. /L.S. Silva – São José dos Campos: INPE, 1998. 115p. – (INPE-7117-TDI/669).

1.Computação gráfica. 2.CAD. 3.Arquitetura (computação). 4.Fotogrametria. 5.Estereofotogrametria. I.Título.

A Deus e à minha mãe querida,

com muito carinho, em sinal de

minha eterna gratidão.

AGRADECIMENTOS

Ao Dr. José Antônio Gonçalves Pereira, pela orientação positiva ao longo

dos estudos que nortearam a pesquisa.

Ao Mestre Paulo César Gurgel de Albuquerque e ao Mestre Ricardo

Rodrigues Rangel, pela gentil colaboração nos estudos sobre fotogrametria e

programação orientada a objetos.

Aos meus queridos amigos, pais e irmãos, pelo incentivo constante em meus

esforços.

RESUMO

Um projeto de restauração arquitetônica de um prédio antigo pode ser feito

com mais facilidade se for assistido por um sistema computacional capaz de gerar as

dimensões originais da construção. Neste trabalho foi desenvolvido um sistema

fotogramétrico-digital que oferece um método prático de determinação das dimensões

reais de um prédio para fins de restauração futura. Desenhos arquitetônicos inexistentes

de prédios antigos parcialmente danificados podem ser obtidos com razoável precisão

usando-se o sistema apresentado. O sistema é capaz de fornecer dados tridimensionais

da construção usando pares estereoscópicos de fotos do prédio e um microcomputador.

Com esta aplicação as tradicionais e caras câmeras estereométricas tanto quanto os

instrumentos restituidores de imagens são substituídos por câmeras comuns

relativamente baratas e um microcomputador. Após muitas experiências realizadas com

este método foram obtidos dados tridimensionais do objeto estudado com desvios de

medidas não superiores a 2,8% do valores reais. Por outro lado, apenas poucas

dimensões apresentaram desvios superiores a 1% e um número grande delas não

apresentou absolutamente qualquer desvio. Os desvios dos valores reais apresentados

foram atribuídos a falhas acontecidas durante a tomada das fotos e revelação das

mesmas. Foi pesquisada a qualidade esterescópica das imagens tomando-se vários

conjuntos de pares fotográficos esterescópicos do objeto, computando-se seus dados e

comparando-os com as dimensões reais do objeto. Imagens digitalizadas e o algoritmo

baseado na teoria das paralaxes forneceu os dados 3D os quais foram usados no projeto

de restauração. Pelo processamento destes dados em um programa CAD foi possível

obter os desenhos arquitetônicos do prédio original.

DEVELOPMENT OF A PHOTOGRAMMETRIC-DIGITAL TECHNOLOGY TO

MEASUREMENT AND DOCUMENTATION OF BUILDINGS

ABSTRACT

An architectonic restoration project of an old building can more easily made

when assisted by a computer system able to generate the original dimensions of the

construction. A photogrammetric digital system was developed in this work to offer a

very practical method for computing actual dimensions of a building for future

restoration. Non existing architectonic drawings of partially damaged old buildings can

be obtained with very acceptable precision using the system presented. By using

stereoscopic pairs of photos of the building and a microcomputer the system is

capable to produce construction´s tridimensional data. In this application the traditional

and expensive stereometric cameras as much as the restorative instruments of images

are replaced by relatively cheap usual photographic cameras and a microcomputer.

After several experiences carried out with this method, tridimensional data were

obtained from the studied object with deviations no greater than 2.8% of the real values.

On the other hand only few dimensions were above 1% deviation and a great number of

them did not show any deviation at all. The deviations of the real values were imputed

to faults brought about during the photos taking and photos developing. The

stereoscopic quality of the images was investigated by taking several sets of

stereoscopic pairs of photos, computing their data and comparing them with the real

object dimensions. Scanned images and the algorithm based on parallax theory supplied

reliable 3D data which were used in the restoration project. By processing these data

with a CAD system it was possible to obtaining the architectonic drawings of the

original building .

SUMÁRIO

Pág.

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................15

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. ...........................................................................................19

CAPÍTULO 2 - CONCEITOS DE FOTOGRAMETRIA.............................................................25

2.1 - Visualização Estereoscópica...................................................................................28

2.2 - Pares Estereoscópicos.............................................................................................28

2.3 - Câmeras...................................................................................................................31

2.4 - Elementos de Controle............................................................................................35

2.5 - Parâmetros para Cobertura Fotogramétrica.............................................................35

2.5.1 - Escala...................................................................................................................36

2.5.2 - Distância da câmera à edificação.........................................................................37

2.5.3 - Comprimento da área coberta .............................................................................37

2.5.4 - Altura da área coberta .........................................................................................38

2.5.5 - Elevação da câmera..............................................................................................38

2.5.6 - Superposição horizontal.......................................................................................39

2.5.7- Bases .....................................................................................................................40

2.5.8 - SuperposiçãoVertical...........................................................................................41

2.5.9 - Número de fotografias..........................................................................................42

CAPÍTULO 3 - REGISTRO DE IMAGENS.................................................................43

3.1 - Técnica baseada em feições ...................................................................................45

3.2 - Técnica baseada em área ........................................................................................46

3.2.1- Modelo Gaussiano para o Registro ......................................................................52

CAPÍTULO 4 - MÉTODO DA PARALAXE ............................................................................57

CAPÍTULO 5 - SISTEMAS CAD EM ARQUITETURA ..........................................................61

CAPÍTULO 6 - IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL ........................................................63

6.1 - Descrição dos Recursos de Programação ..............................................................63

6.2 - Metodologia de Programação Orientada a Objetos................................................63

6.3 - Recursos e Interface gráfica utilizada ...................................................................72

CAPÍTULO 7 -APLICAÇÃO E RESULTADOS ......................................................................79

7.1 - O Sistema Desenvolvido.........................................................................................79

7.2 - Levantamento de dados fotogramétricos ................................................................80

7.2.1 - Histórico da tomada de fotografias .....................................................................81

7.2.2.- Comentários ........................................................................................................92

7.3 - Processamento dos Dados Fotogramétricos ...........................................................94

7.3.1 - Abertura de Arquivos ..........................................................................................94

7.3.2 - Registro de Imagens ............................................................................................95

7.3.3 - Cálculo das Coordenadas 3D ..............................................................................98

7.3.4 - Criação de Desenhos .........................................................................................100

7.4 - Resultados da Aplicação .....................................................................................101

marciana
CAPÍTULO 3 - REGISTRO DE IMAGENS.................................................................
marciana
Fotogramétricos ...........................................................
marciana
COMPUTACIONAL ........................................................
marciana
COMPUTACIONAL ........................................................
marciana
ARQUITETURA ..........................................................
marciana
ARQUITETURA ..........................................................

CAPÍTULO 8 - CONCLUSÕES ...........................................................................................107

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................109

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ..................................................................................113

LISTA DE FIGURAS

Pág.

1.1 - Exemplo de um aparelho restituidor da Zeiss acoplado a uma plotadora............... 21

1.2 - Fases de implementação do sistema fotogramétrico-digital................................... 22

2.1 - Desenhos de elevação, seção e perspectiva de uma edificação...............................26

2.2 - Elevação de uma edificação documentada com vários componentes.................... 27

2.3 - Par estereoscópico de fotografias com superposição horizontal aproximada de

60%........................................................................................................................29

2.4 - Base geométrica de uma fotografia.........................................................................30

2.5 - Projeções perspectiva (a) e ortogonal (b).................................................................31

2.6 - Características de câmeras métricas ......................................................................32

2.7 - Câmera estereométrica Zeiss SMK5.5/0808/120 ..................................................33

2.8 - Fotografia obtida a partir de uma Rolleiflex 6006, contendo 121 cruzes

reseau em formato 60x60 mm..............................................................................34

2.9 - Vista de cima da cobertura fotogramétrica de uma edificação...............................36

2.10 - Relação Foto x Área coberta ................................................................................37

2.11 - Vista lateral da cobertura de uma edificação ......................................................38

2.12 - Superposição horizontal de fotos ........................................................................39

2.13 - Vista de cima da superposição horizontal ...........................................................40

2.14 - Superposição vertical de faixas ...........................................................................41

2.15 - Vista lateral da superposição vertical ..................................................................42

3.1 - Janelas do registro baseado em área ......................................................................47

3.2 - Representação dos limites de decisão do teste seqüencial de razão de

probabilidades sob modelo gaussiano...................................................................55

4.1 - Par estereoscópico de fotos terrestres horizontais obtidas através de

câmeras com eixos fiduciais paralelos entre si, a uma mesma elevação

e paralelos ao objeto fotografado..........................................................................57

6.1 - Notação Coad & Yourdon para Classe...................................................................64

6.2 - Declaração de atributos e serviços da classe Gerente.............................................65

6.3 - Funções Construtor e Destrutor...............................................................................66

6.4 - Notação para Herança.............................................................................................66

6.5 - Notação para Conexão de Mensagem.....................................................................67

6.6 - Notação para a estrutura Todo-Parte.......................................................................68

6.7 - Janela típica da aplicação........................................................................................69

6.8 - Botão para agilizar abertura de arquivos.................................................................70

6.9 - Tabela de associação de mensagens........................................................................70

6.10 - Janelas filhas dispostas lado a lado na janela principal.........................................72

6.11 - Código para organização horizontal das janelas...................................................72

6.12 - Janela do WorkShop apresentando o projeto desenvolvido..................................73

6.13 - Etapas de compilação no ambiente da Borland.....................................................73

6.14 - Código básico de um menu..................................................................................74

6.15 - Menu de interface para o usuário..........................................................................74

6.16 - Janela para seleção de nome de arquivo................................................................75

6.17 - Código do evento abertura de arquivo imagem...................................................75

6.18 - Cursor e marcadores de pixels..............................................................................76

6.19 -Edição de uma caixa de diálogo.............................................................................77

6.20 - Código para acesso à caixa de diálogo..................................................................77

7.1 - Imagens e respectivos histogramas da fachada da capela original..........................89

7.2 - Imagens e histogramas do segundo conjunto de fotos da fachada da maquete.......90

7.3 - Imagens e histogramas do quarto conjunto de fotos da fachada da maquete..........90

7.4 - Imagens e histogramas do sexto conjunto de fotos da fachada da maquete............91

7.5 - Imagens e histogramas do oitavo conjunto de fotos da fachada da maquete..........91

7.6 - Imagens e histogramas do oitavo conjunto de fotos da lateral da maquete............92

7.7 - Janela principal do sistema......................................................................................95

7.8 - Facilidade para seleção de pontos...........................................................................95

7.9 - Tela para definição de dimensões...........................................................................96

7.10 - Ponto de referência selecionado pelo usuário.......................................................96

7.11 - Ponto de registro identificado pelo sistema...........................................................97

7.12 - Menu para entrada de valores................................................................................98

7.13 -Menu para solicitação de cálculo de coordenadas..................................................99

7.14 - Seleção e busca do detalhe Cruz...........................................................................99

7.15 - Coordenadas 3D do detalhe Cruz........................................................................100

7.16 - Desenhos de fachada criados no AutoCAD........................................................100

7.17 - Vistas perspectivas no AutoCAD........................................................................101

19

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

No decorrer do tempo, as edificações sofrem alterações provocadas por fatores

ambientais ou por ação antrópica. Estas alterações conduzem a iniciativa de restauração,

visando manter as características primitivas da edificação ou promovendo a sua

reconstrução, modificando algumas vezes o estilo arquitetônico originalmente

concebido.

Restauração e reconstrução de edificações são projetos especializados que envolvem

conhecimentos técnicos, estéticos e históricos (Lemos, 1972) e requerem um

planejamento adequado para que sejam empreendidos com êxito.

Uma contribuição valiosa para o planejamento e a realização destes projetos de forma

rápida, precisa e econômica, é a disponibilidade de informações métricas e gráficas da

edificação, significativas para estas atividades, a partir de modelos tridimensionais que

representem parcial ou totalmente o objeto em questão.

A obtenção de medidas preliminares das edificações vem sendo realizada desde 1850

através de técnicas fotogramétricas (Karara, 1989). Por outro lado, a representação

geométrica computacional destas informações apresenta-se, a cada dia, mais realística,

com o aperfeiçoamento dos sistemas digitais de desenho.

Seguindo esta abordagem, o objetivo deste trabalho é desenvolver uma tecnologia

fotogramétrico-digital, utilizando-se máquinas fotográficas comuns (não-métricas), para

facilitar a construção de modelos geométricos, através dos quais seja possível realizar

medições e documentar as edificações de maneira satisfatória.

A maioria das fotografias de edificações existentes são imagens isoladas e, embora

possam fornecer considerável informação visual quanto às condições da edificação

(Ogleby, 1995), do ambiente onde esta foi construída e permitam extrair informações

métricas bidimensionais referentes à forma e às dimensões da edificação, pouco

20

contribuem para a obtenção de informações quantitativas tridimensionais necessárias

para a construção de modelos.

A partir de pares fotográficos especiais podem ser obtidas informações tridimensionais

(3D) relevantes. De fato, em 1867, o arquiteto alemão Albrecht Meydenbauer realizou

um levantamento de obras arquitetônicas através de um processo baseado no uso de

duas fotografias do mesmo objeto (Paredes, 1987), obtidas de pontos de vista diferentes.

As atividades para o traçado de edificações utilizando informações 3D, face ao

desenvolvimento das técnicas computacionais, tendem a se tornar mais precisas e

econômicas, dispensando operadores com habilidades de percepção estereoscópica e de

manuseio de equipamentos restituidores como era comum no passado.

A técnica tradicional para a construção de modelos tridimensionais emprega

instrumentos denominados restituidores, através dos quais a imagem tridimensional

gerada, denominada modelo estereoscópico, pode ser observada, medida e delineada.

Nestes instrumentos, duas fotografias especiais, denominadas par estereoscópico, são

ajustadas e acomodadas, uma a uma, aos olhos do observador por meios óptico-

mecânicos, conforme mostra a Figura 1.1. Este ajuste é feito de modo a permitir a

visualização e traçado do modelo pelo operador, através de um lápis acoplado ao

restituidor e um pantógrafo. Com engrenagens ajustadas manualmente, mantém-se as

relações entre as escalas do modelo fotográfico e do modelo restituído. Após traçado o

desenho, este pode ser apresentado na tela do computador e impresso em plotadoras ou

impressoras.

21

Nas aplicações fotogramétricas mais recentes, as imagens fotográficas são digitalizadas

ou senão obtidas diretamente por câmeras digitais, e os dados das imagens são

processados em computadores. O operador não precisa mais ter habilidade em

visualização estereoscópica para a construção de modelos tridimensionais. Ele pode

dedicar-se exclusivamente às tarefas de desenho, utilização de recursos de cores,

perspectivas, textura, contornos e animação proporcionadas pelo sistema gráfico que

estiver usando. Porém, as informações geométricas do modelo terão sido introduzidas

através da combinação de técnicas computacionais e fotogramétricas.

Estas idéias conduziram o desenvolvimento do trabalho atual, tendo em vista a

construção de uma ferramenta de auxílio para os levantamentos arquitetônicos que

subsidiasse as tarefas de mensuração, análise e avaliação de edificações.

A Figura 1.2 ilustra as fases de implementação do sistema fotogramétrico-digital

proposto.

Fig. 1.1 - Exemplo de um aparelho restituidor daZeiss

l d l d

22

Obtenção de imagenscom câmeras baseadas

em filme

Obtenção de imagenscom câmeras digitais

ProcessamentoFotográfico

Digitalização

Dados das imagens digitais

Identificação e casamento depontos nas imagens

Determinação das coordenadas3D do objeto

Transferência dos dados parasistema CAD

Modelo CAD

Fig. 1.2 - Fases de implementação do sistema fotogramétrico-digital.

Processamento de Imagens

23

As imagens de entrada deverão ser obtidas através de câmeras fotográficas digitais ou

baseadas em filme. Estas fotografias serão tomadas aos pares e com uma determinada

relação entre si. Se a câmera for baseada em filme, as imagens precisarão ser

digitalizadas. Após digitalizadas, as imagens podem necessitar passar por algum tipo de

processamento, tal como realce, correções geométricas e outros.

Em seguida, serão identificados e casados pontos homólogos de interesse entre as

imagens digitalizadas e, a partir destes pontos, serão calculadas as coordenadas 3D da

edificação fotografada.

As informações tridimensionais obtidas na fase anterior servirão de base para a

construcão de modelos em Projetos Assistidos por Computador (Computer Aided

Design – CAD), os quais poderão ser acessados de imediato ou futuramente para

auxiliar as tarefas de restauração, reconstrução ou reforma de edificações.

Os conceitos estudados para a realização de cada uma destas fases do sistema serão

mencionados nos capítulos a seguir.

No Capítulo 2, são descritos os conceitos básicos de fotogrametria e apresentada a

forma de obtenção de parâmetros de cobertura fotogramétrica.

As técnicas de registro de imagens e método da paralaxe são abordados nos Capítulos 3

e 4 respectivamente.

No Capítulo 5, é apresentado resumidamente o estudo sobre os sistemas CAD.

As ferramentas e técnicas empregadas para a implementação do sistema proposto são

descritas no Capítulo 6.

A aplicação e resultados do sistema desenvolvido são apresentadas no Capítulo 7.

No Capítulo 8 é descrita a conclusão final deste trabalho.

25

CAPÍTULO 2

CONCEITOS DE FOTOGRAMETRIA

A fotogrametria é a ciência aplicada, a técnica e a arte de extrair a forma geométrica, as

dimensões e a posição dos objetos através de medidas efetuadas sobre sua imagem

fotográfica (Tavares et. al, 1991). Em outras palavras, a combinação de técnicas

fotográficas e propriedades geométricas, resulta em um método pelo qual informações

métricas podem ser obtidas a partir de fotografias, evitando, assim, o trabalho exaustivo

ou senão difícil de medição manual do objeto.

Para a obtenção de informações tridimensionais de edificações, faz-se necessário o

emprego de, no mínimo, duas fotografias da mesma edificação para a obtenção de seus

parâmetros geométricos. Seguindo esta abordagem, considerar-se-á neste trabalho as

bases da fotogrametria terrestre à pequena distância, onde os processos fotogramétricos

permitem que pares de fotografias (pares estereoscópicos) sejam observados,

interpretados e medidos. Além da realização de medições precisas e adequadas (Lyons

et. al, 1984), a fotogrametria terrestre permite:

• Fazer medições de componentes da edificação inacessíveis e, portanto, não

possíveis de serem medidos diretamente (Wolf, 1983) ou de edificações

grandes, complexas ou que apresentem perigo para o trabalho de medição

manual (Burns, 1984);

• Obter medidas de objetos e detalhes delicados sem precisar tocá-los. Como este

método utiliza nenhum ou mínimo contato físico com o objeto, em comparação

à medição manual (Wolf, 1983), é mais indicado para os trabalhos realizados em

monumentos históricos e obras de arte;

• Criar desenhos que permitam documentar a edificação de modo preciso em

elevação, seção, plano e perspectiva (Fetterman, 1984), como exemplo ilustrado

na Figura 2.1;

26

• Produzir um conjunto de desenhos que subsidiem a reconstrução ou restauração

de uma edificação, mesmo que esta tenha sido total ou parcialmente destruída;

• Documentar, a partir das elevações, os componentes da edificação, conforme

apresenta-se na Figura 2.2. Este levantamento, um primeiro passo essencial em

preservação, documenta não apenas os materiais da edificação e sua posição,

mas também proporciona uma avaliação subjetiva de sua condição;

Fig 2.1 - Desenhos de elevação, seção e perspectiva de uma edificação.

27

• Facilitar a obtenção de um amplo domínio de informações sobre a edificação

devido à coletânea de dados em geral, enquanto a medição à mão registra, em

determinado momento, apenas a informação desejada; as informações não

levantadas que possam ser necessárias futuramente são perdidas. Além disto,

devido à precisão da fotogrametria, pode-se detectar irregularidades e

deformações em uma edificação, com melhor desempenho que o dos

levantamentos manuais (Burns, 1984).

Fig. 2.2 - Elevação de uma edificação documentada com vários componentes.

28

• Documentar a edificação em menor tempo, face aos riscos de desmoronamento

ou devido à sua localização em área restrita, onde as tarefas de documentação

manual tornar-se-iam perigosas, impossíveis ou nada econômicas;

• Obter menor custo-benefício em relação aos métodos não fotogramétricos.

Todavia, ao decidir-se pelo método fotogramétrico, certos aspectos devem ser levados

em consideração (Fetterman, 1984), tais como: condições da edificação existente, tempo

e recursos econômicos disponíveis, capacidade dos instrumentos utilizados e a

qualidade do resultado final desejado.

Além disto, um dos pré-requisitos para a obtenção de um bom produto fotogramétrico é

a aquisição de fotografias de boa qualidade, que contenham detalhes bem definidos, os

quais possam ser observados e medidos com grande precisão (Karara, 1989).

2.1 VISUALIZAÇÃO ESTEREOSCÓPICA

Visualização estereoscópica é a reprodução artificial da visão binocular humana a partir

de um par de fotografias (Tavares et. al, 1991). São apresentadas aos olhos do

observador um par de fotografias de um mesmo objeto, obtidas de pontos de vista

diferentes. O olho esquerdo visualiza a imagem da fotografia tomada do ponto de vista à

esquerda e o olho direito, a imagem da fotografia tomada á direita. O cérebro recebe as

duas imagens fundindo-as imediatamente em uma única imagem que reproduz a

tridimensionalidade do objeto.

2.2 PARES ESTEREOSCÓPICOS

Par estereoscópico é o termo empregado para definir o par de fotografias que

enquadram total ou parcialmente um alvo, que contenham pontos homólogos do mesmo

e obtidas a partir de dois pontos de vista diferentes. A Figura 2.3 ilustra um par

estereoscópico.

29

A quantidade de pares estereoscópicos necessária para documentar uma edificação

depende da natureza e das dimensões da edificação e de seu ambiente (Burns, 1984). Os

obstáculos (árvores e estruturas adjacentes) que prejudicam a obtenção das fotografias

da edificação podem elevar o número de pares estereoscópicos necessário. Caso a

estrutura analisada apresente detalhes muito complexos, o número de pares

estereoscópicos requerido também aumentará, pois o levantamento irá requerer maior

definição de detalhe e, em conseqüência, uma escala maior da foto. Porém, no mínimo

um par estereoscópico é necessário para reproduzir características tridimensionais de

uma edificação (Karara, 1989).

A principal função da estereofotogrametria é possibilitar a reconstrução geométrica de

um objeto tridimensional para propósitos de medição a partir de duas ou mais projeções

perspectivas diferentes do objeto. Enquanto os métodos e os equipamentos utilizados

para a aquisição e a transformação das imagens se diferenciam muito em sofisticação,

as propriedades geométricas das imagens fotográficas são as mesmas.

A fotografia é uma projeção (perspectiva central) onde a imagem de um objeto é

formada em um plano-imagem (local da imagem negativa) após os raios perspectivos

atravessarem o centro de perspectiva (centro óptico da objetiva), como mostra a Figura

2.4. A distância entre o centro de perspectiva e o plano-imagem é denominada distância

focal da câmera.

Fig. 2.3 - Par estereoscópico de fotografias com superposição horizontal aproximada de 60%.

30

Como uma fotografia, a projeção ortogonal também é uma perspectiva central, porém,

se difere da fotografia por ser formada por raios perspectivos que tendem a se encontrar

no infinito.

Pode-se observar em uma fotografia que alguns elementos parecem estar mais próximos

do observador e outros mais afastados. Isto ocorre devido a variação de escala dos

elementos da fotografia situados em planos de afastamento diferentes no espaço-objeto.

A escala das imagens fotográficas de todos os objetos do plano 1 é constante e maior

que a escala das imagens dos objetos do plano 2, como ilustrado na Figura 2.5 (a). Na

projeção ortogonal a escala é única qualquer que seja o afastamento, como pode-se

observar na Figura 2.5 (b). A escala é obtida pela razão entre a extensão da imagem e a

extensão do objeto correspondente, sendo o plano-objeto paralelo ao plano-imagem.

Negativo

distância focal

o

centro deperspectiva

raios perspectivos

Objeto

Fotografia

Fig. 2.4 - Base geométrica de uma fotografia.

31

2.3 CÂMERAS

Desde o surgimento da fotogrametria a aquisição de pares fotográficos de uma

edificação era realizada somente a partir de câmeras métricas terrestres com seus eixos

ópticos apontando para determinados pontos do alvo (Ogleby, 1995). Atualmente,

câmeras semi-métricas e não-métricas vêm sendo empregadas nesta atividade, face ao

seu custo de aquisição e a possibilidade atual de se controlar as distorções geradas pela

objetiva.

As câmeras métricas terrestres, assim denominadas por serem apoiadas no solo, são

projetadas especialmente para propósitos de fotogrametria terrestre. Além das partes

comuns de todas as câmeras fotográficas (objetivas, diafragma e obturador), as câmeras

métricas apresentam as seguintes características: marcas fiduciais (marcas de referência,

dispostas no ponto médio dos lados ou nos cantos do quadro do plano imagem, cujas

diagonais se interceptam no ponto central denominado ponto principal) e dispositivos

Fig. 2.5 - Projeções perspectiva (a) e ortogonal (b).

Plano-Imagem

Centro dePerspectiva

Plano-Referência Plano-Imagem Plano-Referência

Plano 1Plano 2

(a) (b)

32

para manter o filme plano, tais como as placas de vidro ou as placas para aderência a

vácuo, colocados no clichê (quadro do negativo). Algumas destas características são

ilustradas na Figura 2.6. Além disto, a orientação das fotografias fica totalmente a cargo

do operador da câmera, que controla o seu posicionamento manualmente. Embora estas

câmeras sejam, em geral, grandes, difíceis de manusear e caras em relação às não-

métricas, produzem fotografias com as especificações técnicas desejadas para a

utilização no processo fotogramétrico de delineamento do modelo da edificação

(Ogleby, 1995).

O sistema ilustrado na Figura 2.7 a seguir, composto por duas câmeras métricas

idênticas fixadas às extremidades de uma base rija apoiada no solo e com eixos ópticos

paralelos entre si, é denominado câmera estereométrica.

Câmera métrica

placa de nivelamentodo filme

oo

eixo óptico

objetivas

filme

Tipos de marcas fiduciaisobturador

diafragma

Fig. 2.6 - Características de câmeras métricas.

33

Apesar da grande adequação das câmeras métricas à fotogrametria, com os avanços da

tecnologia computacional e dos processos analíticos, as câmeras semi-métricas e mesmo

as não-métricas vêm sendo empregadas com bastante freqüência.

As câmeras semi-métricas e não métricas, muito bem projetadas, apresentam adequada

qualidade geométrica das imagens para o processo de restituição. Podem ser suspensas

por balões ou aeromodelos, apoiadas em tripés, seguradas à mão no solo, em andaimes,

em telhados e em helicópteros ou ultraleves e, ainda, utilizadas em plataformas móveis.

Também aceitam uma grande variedade de filmes e são facilmente encontradas no

mercado. Portanto, são mais conhecidas que as métricas.

A Figura 2.8 a seguir ilustra uma fotografia obtida através de uma câmera semi-métrica.

A câmera semi-métrica é assim considerada por incorporar uma placa de réseau, ou

seja, uma placa de vidro contendo marcas gravadas a distâncias uniformes (Karara,

1989) que servem para corrigir o efeito combinado de deformação e deslocamento do

plano-imagem.

Fig. 2.7 - Câmera estereométrica Zeiss SMK5.5 / 0808 / 120.

34

Em fotogrametria terrestre, também pode ser utilizada a combinação de uma câmera

acoplada a um teodolito, denominada fototeodolito. Podem ser empregados dois

fototeodolitos, apoiados um em cada estação câmera a uma certa distância, para a

tomada de fotos .

Atualmente, estão sendo empregadas câmeras não-métricas baseadas em filme ou

câmeras digitais para a obtenção das imagens para o estudo fotogramétrico. As câmeras

baseadas em filme produzem imagens com resolução fotográfica melhor que as digitais

(Streilein et. al, 1992), embora sejam menos práticas, considerando os processos de

revelação do filme e digitalização do produto fotográfico.

Fig. 2.8 - Fotografia obtida a partir de uma Rolleiflex 6006, contendo 121 cruzes réseau em formato 60x60mm.

35

2.4 ELEMENTOS DE CONTROLE

Para ajustar as fotografias a uma determinada escala, bem como para orientar os eixos

ópticos das câmeras e a posição das mesmas em relação a um sistema de projeção

adotado, devem ser estabelecidos pontos ou detalhes bem definidos, localizados na

edificação a ser fotografada ou próximos desta, ou também inseridos posteriormente nas

imagens fotográficas. Estes elementos são conhecidos como pontos de controle

fotogramétrico (Loch, 1985).

Existem algumas condições para a distribuição dos pontos de controle sobre a

edificação (Loch, 1985):

• que estejam à maior distância possível entre si, para que a determinação da

escala possa ser feita com maior rigor;

• que sejam pontos de fácil identificação, para evitar enganos;

• que estejam em região de boa estereoscopia, ou seja, em região cujos pontos em

sua grande maioria possuam correspondentes homólogos no par estereoscópico,

para que a observação destes pontos seja a mais correta possível;

• que estejam em região de fácil acesso, para facilitar a medição.

É conveniente que todos os pontos de controle existentes na edificação a fotografar

sejam marcados de antemão de tal modo que apareçam o mais nitidamente possível nas

fotografias. Geralmente, as marcas são feitas em forma de cruz com cores que se

destacam bem no ambiente local.

2.5 PARÂMETROS PARA COBERTURA FOTOGRAMÉTRICA

Como já mencionado, para a realização do levantamento de uma edificação através da

estereoscopia, são necessárias, no mínimo, duas fotografias tomadas de posições

diferentes.

36

Se uma fotografia da edificação é obtida de uma determinada posição e, após deslocada

a câmera horizontalmente, outra fotografia for obtida, produz-se duas imagens que serão

adequadas à observação estereoscópica, desde que haja, entre estas, uma área comum.

Para o projeto de obtenção das fotos, deve-se ter como elementos conhecidos e pré-

estabelecidos as indicações da edificação a fotografar, tais como forma, dimensões e sua

localização. Deve-se também conhecer a escala em que pretende-se obter as fotografias

(Wolf, 1983).

2.5.1 ESCALA

A Figura 2.9 ilustra duas fotografias obtidas a uma mesma distância de uma edificação,

de dois pontos de vista semelhantes.

L

D

lf

o1 o2

Fig. 2.9 - Vista de cima da cobertura fotogramétrica de uma edificação.

A razão entre o comprimento l do clichê e o comprimento L da área coberta é igual à

razão entre a distância focal f da câmera e a distância D da câmera à edificação. Esta

razão é conhecida como escala da foto e pode ser representada por:

ElL

fD

= =

37

Por convenção (Wolf, 1983), a escala de uma representação gráfica é uma fração de

numerador unitário; sendo assim, a escala de uma fotografia pode ser expressa por uma

fração do tipo:

E Df

=1

.

2.5.2 DISTÂNCIA DA CÂMERA À EDIFICAÇÃO

Estabelecendo-se a escala da fotografia, pode-se calcular a distância D da câmera à

edificação, representada por: DfE

= , visto que a distância focal f é conhecida “a

priori”.

2.5.3 COMPRIMENTO DA ÁREA COBERTA

Uma fotografia pode cobrir uma área contendo a edificação inteira ou apenas uma parte

da edificação. Na fotografia, esta área é reproduzida em tamanho menor, conforme

ilustrado na Figura 2.10.

Área coberta

Foto

Para a determinação do comprimento da área coberta por uma única fotografia, utiliza-

se a relação: LlE

= , proveniente de El

L= , onde l é o comprimento do clichê e

L é o comprimento da área coberta pela fotografia.

Fig. 2.10 - Relação Foto x Área coberta

L

l

hH

38

2.5.4 ALTURA DA ÁREA COBERTA

Analogamente, para a determinação da altura da área coberta por uma única fotografia,

utiliza-se a relação: HhE

= , proveniente de EhH

= , onde h é a altura do clichê e H

é a altura da área coberta pela fotografia.

2.5.5 ELEVAÇÃO DA CÂMERA

A câmera deve ser elevada a uma altura que proporcione a cobertura completa da área

de interesse da edificação. Para isto, a altura Hc da câmera adicionada á metade da

altura L2 da área total coberta pela fotografia deve resultar em um valor igual ou maior

que a altura H da área de interesse contendo a edificação a ser coberta, o que pode ser

observado na Figura 2.11, onde D é a distância da câmera à edificação.

Representando matematicamente o que foi mencionado anteriormente, tem-se:

HLHc ≥+2

2

2.5.6 SUPERPOSIÇÃO HORIZONTAL

L2

H

Hc

D

Fig. 2.11 - Vista lateral da cobertura de uma edificação.

39

Para disponibilizar as fotografias para observação estereoscópica é necessário que as

mesmas sejam tomadas com suficiente superposição horizontal.

Para a determinação desta superposição, a distância entre os centros das câmeras deve

ser menor que o comprimento da área coberta.

Na tomada das fotografias, 50% da imagem da primeira deveria se repetir na segunda e

assim sucessivamente para as demais fotografias necessárias. Entretanto, é muito

grande a possibilidade de uma fotografia apresentar um pouco menos de 50% da

imagem da fotografia adjacente. Por exemplo, se a fotografia superpor apenas 49% da

anterior adjacente, 1% da imagem ficará descoberta estereoscopicamente. A parte que

não é coberta por ambas as fotografias gera uma lacuna estereoscópica. Para evitar

lacunas estereoscópicas, os fotogrametristas costumam prevenir-se obtendo fotografias

com uma superposição superior a 50% ; em geral, da ordem de 60% da extensão da

foto, como ilustrado na Figura 2.12, tendo por centros das fotos o1 e o2 e onde l é o

comprimento do clichê, B é a base e Sh a superposição estereoscópica, conhecida

como superposição horizontal ou cobertura longitudinal.

Na fotografia, a superposição horizontal corresponde a 60% do comprimento do clichê

e pode ser representada por S lhf = ⋅0 6, . Na área coberta da edificação esta

superposição é representada por E

lLSh⋅

=⋅=6,06,0 , considerando E l

L= ,

onde L é o comprimento da área coberta e l o comprimento do clichê.

Foto1

Foto2

o1 o2

Fig. 2.12 - Superposição horizontal de fotos.

Sh

B

l

40

De acordo com a Figura 2.13, a relação matemática empregada para a obtenção da

superposição horizontal das fotografias pode ser expressa em porcentagem de L por:

SL B

Lh =− ⋅( ) 100

∴ B LSh= ⋅ −( )1

100 ∴ B

lE

Sh= ⋅ −( )1100

onde Sh é a superposição horizontal, L é o comprimento da área coberta, E a escala

empregada e B é a distância entre os pontos principais das fotografias.

De modo geral, convém tomar como referência as medidas da fotografia para a dedução

das relações matemáticas envolvidas a fim de facilitar os cálculos.

2.5.7 BASES

Havendo a superposição horizontal de duas fotografias consecutivas, tem-se conhecido

o deslocamento da segunda fotografia em relação à primeira. No caso da superposição

de 60% , o deslocamento ou a distância entre os centros das fotografias denominado

base das fotos será de 40% e representado por: b l= ⋅0 4, . No terreno, o valor

correspondente à base das fotos será determinado por: B Ll

E= ⋅ =

⋅0 4

0 4,

,, ou seja, o

valor de B corresponde a 40% de L , o que corresponde à extensão do trecho onde não

houve superposição.

L

l

o2o1B

Fig. 2.13 - Vista de cima da superposição horizontal.

41

Quando a área da edificação a fotografar abranger dimensões que não possam ser

cobertas por uma única faixa de fotografias superpostas na horizontal, haverá a

necessidade de adicionar outras faixas fotográficas na vertical.

O ideal seria que as faixas fossem apenas justapostas na vertical. Porém, com este

procedimento, corre-se o risco de se gerar lacunas entre as faixas verticais.

Na prática, para prevenir isto, as faixas verticais devem apresentar uma superposição

vertical de 30%, o que corresponde, com base na medida da fotografia, a S lvF = ⋅0 3, e,

na área da edificação a fotografar, S Ll

Ev = ⋅ =⋅

0 30 3

,,

. Para garantir esta superposição,

é preciso dispor as faixas com uma distância entre seus eixos a cerca de 70% da altura

H da área fotografada, ou seja: E

hHD f⋅

==7,0.7,0 ; onde h é a altura da foto.

A distância fD entre as faixas será, então, representada pelo deslocamento entre os

eixos e das faixas, conforme apresentado na Figura 2.14.

Examinando a Figura 2.15, a relação matemática genérica para o cálculo da distância

Df entre os eixos das faixas é determinada por:

SH D

Hvf

=− ⋅( ) 100

∴ D HS

fv= ⋅ −( )1

100 ∴ D

hE

Sf

v= ⋅ −( )1100

e

fD

Fig. 2.14 - Superposição vertical de faixas.

H

30%L

marciana
2.5.8 SUPERPOSIÇÃO VERTICAL
marciana

42

onde Sv é a superposição vertical, h é a altura da foto, H é a altura da área coberta e

E a escala de trabalho.

2.5.9 NÚMERO DE FOTOGRAFIAS

Na direção horizontal, o número de fotografias necessário para a cobertura

fotogramétrica é obtido pela razão entre o comprimento L da área da edificação a ser

coberta e a base ou distância B entre os centros das cameras, ou seja: NLBh = .

Na direção vertical, o número de fotografias será: NHDv

f= , onde H é a altura da área

da edificação a ser coberta e Df a distância entre os eixos das faixas.

o1

H

h

Dfo2

Fig. 2.15 - Vista lateral da superposição vertical.

43

CAPÍTULO 3

REGISTRO DE IMAGENS

Em várias aplicações de processamento de imagens é necessário realizar uma

comparação pixel-a-pixel de duas imagens do mesmo espaço-objeto obtidas a partir de

diferentes sensores ou a partir de um mesmo sensor em tempos diferentes. Para isto, é

necessário registrar espacialmente as imagens e, deste modo, corrigir os deslocamentos

de translação e rotação entre as imagens e as diferenças de escala e de vista perspectiva

(Pratt, 1991). Geralmente é possível eliminar ou minimizar muitas destas fontes de erro

de registro pela calibração correta do sensor. Entretanto, em muitos casos, uma detecção

de erro de registro “a posteriori” e subseqüente correção devem ser realizadas.

Fundamental em vários problemas práticos nas área de sensoriamento remoto,

reconhecimento de padrões e análise de imagens médicas, o processo de registro de

imagens também é aplicado em visão computacional para a obtenção da informação

tridimensional de uma edificação a partir de um par estereoscópico de imagens

(Fonseca, 1995).

Registrar duas imagens de uma mesma cena significa superpô-las de modo que pontos

comuns das imagens coincidam espacialmente com seus correspondentes pontos no

objeto originalmente imageado (Mascarenhas, 1989).

Este processo de casamento ou sobreposição é realizado através de uma transformação

espacial que relaciona as coordenadas espaciais das imagens e modela a distorção

geométrica entre estas. A imagem considerada como o padrão de referência, sobre a

qual a segunda é sobreposta, é denominada imagem de referência, e a imagem a ser

casada com a imagem de referência é denominada imagem de busca.

O processo de registro de imagens é realizado em quatro fases (Fonseca, 1995):

a) Identificação de feições: é identificado um conjunto de feições (objetos)

relevantes nas duas imagens, tais como interseções de linhas, contornos de

44

regiões, regiões, pontos de borda, marcas inseridas antes da obtenção da

imagem e outras. Estas feições devem estar presentes e, de preferência, bem

delineadas em ambas as imagens.

b) Casamento das feições: é estabelecida a correspondência entre as feições. Cada

feição da imagem de busca é casada com a correspondente feição na imagem

de referência. As feições, assim casadas, são identificadas por coordenadas

espaciais que identificam as suas posições nas imagens.

c) Transformação espacial: são determinadas as funções de mapeamento. Estas

funções modelam a transformação espacial que será aplicada à imagem de

busca, usando a informação dos pontos obtidos na fase anterior.

d) Interpolação: aplica-se a transformação espacial sobre a imagem de busca e

esta, após transformada, é exibida sobre a grade de pontos da imagem de

referência.

As feições geralmente consideradas em estudos de edificações são cantos de portas e

janelas, arestas de paredes, pontos relevantes em rachaduras, irregularidades e detalhes

arquitetônicos clararamente visíveis. Para a determinação de coordenadas reais destas

feições, as fases de identificação e casamento das mesmas em pares de imagens

estereoscópicas são essenciais. Para efetuar o registro das imagens, pode ser empregado

o método manual ou o método automático.

No método manual, as fases de identificação das feições nas imagens e o casamento

destas feições são realizadas simultaneamente e com a assistência de um intérprete. As

imagens são visualizadas na tela do computador e o usuário escolhe as feições

correspondentes que aparecem nas duas imagens.

A cada feição identificada é designada uma coordenada-imagem (x,y) de um ponto

contido nesta feição e os pares de coordenadas correspondentes nas duas imagens são

especificados como pontos de controle.

45

Para se obter um registro de boa precisão, uma grande quantidade de pontos de controle,

bem distribuídos em toda a extensão da imagem, devem ser selecionados. Esta tarefa é

tediosa e repetitiva e, muitas vezes, o processo não é eficiente quando a quantidade de

dados é muito grande (Fonseca, 1995). Neste caso, torna-se importante empregar

técnicas de registro automático ou semi-automático que requeiram mínima ou nenhuma

supervisão humana.

Tomando por base a natureza das feições utilizadas, os métodos de registro automático

podem ser agrupados em duas categorias: técnicas baseadas em feições e técnicas

baseadas em área.

3.1 TÉCNICA BASEADA EM FEIÇÕES

Neste método, a imagem é representada de forma compacta por um conjunto de feições

e o processo de casamento é realizado neste mesmo espaço de representação. Contornos

de regiões e bordas são freqüentemente usados como feições e são extraídos por meio

de técnicas computacionais de segmentação e detecção de bordas, tais como Operador

de Canny, Operador Laplaciano da Gaussiana e Crescimento de Região (Fonseca,

1995). Geralmente, os algoritmos de casamento de feições utilizam os parâmetros:

atributos de forma (perímetro e extensão), cor, textura e parâmetros relacionados ao

arranjo das feições, por exemplo, distância entre estas. Os centróides de regiões

fechadas, pontos salientes ao longo de contornos ou posições de máxima curvatura

podem ser usados como pontos de controle. Cada feição na primeira imagem é

comparada com as feições candidatas em potencial ao casamento na segunda imagem,

usando os seus atributos. O par de feições que possuir atributos similares será aceito

como par casado.

Seja qual for a técnica utilizada, para que um registro baseado em feições de boa

precisão seja garantido é fundamental que a feições escolhidas satisfaçam as seguintes

condições (Fonseca, 1995):

a) estejam presentes em ambas as imagens;

46

b) sejam bem distribuídas em toda a imagem;

c) estejam localizadas em áreas de alto contraste;

d) sejam únicas nas suas áreas de vizinhança.

3.2 TÉCNICA BASEADA EM ÁREA

Quando uma imagem é adquirida por câmeras fotográficas esta pode conter distorções

radiométricas, provocadas por variações atmosféricas e erros de medição dos

instrumentos utilizados, e distorções geométricas, provocadas pela posição angular e

por deslocamentos da câmera em relação ao objeto fotografado. As distorções

radiométricas afetam os valores de cor dos pixels da imagem; as distorções geométricas

modificam a geometria da imagem de modo que a posição, o tamanho e a forma do

pixel são alterados durante o processo de aquisição das imagens (Fonseca, 1995).

Admitindo que as fotografias sejam obtidas por instrumentos corretamente calibrados,

sob condições metereológicas favoráveis e que o planejamento fotogramétrico garanta a

produção de imagens com aproximadamente a mesma escala e isentas de rotação, a

distorção geométrica que certamente estará contida nas imagens terá sido produzida

pela tomada das fotos em posições diferentes.

Neste caso, a técnica de registro utilizada para a identificação e casamento dos pontos

homólogos de interesse reduz-se a encontrar a translação conveniente entre as duas

imagens; daí a denominação registro translacional. O procedimento mais comum usado

é definir uma medida de similaridade entre as imagens, computá-la para cada translação

possível e tomar a translação de melhor medida (Mascarenhas, 1989). Como medida de

similaridade podemos considerar, por exemplo, a somátoria dos desvios quadraticos das

tonalidades de cinza de pixels homologos de duas imagens fotográficas comparadas. A

somatória de menor valor é o melhor resultado de similaridade entre as imagens

comparadas.

47

Procedimentos de registro translacional podem ser usados para a determinação dos

pontos homólogos. Em geral, considera-se pequenas regiões da imagem que contenham

características atípicas e procura-se encontrar estas mesmas características na outra

imagem. Segundo Mascarenhas (1989), este método produz bons resultados desde que

as diferenças (distorções) entre as duas imagens não sejam grandes, pelo menos para as

pequenas regiões consideradas.

Nos métodos baseados em área sob as condições acima, uma pequena janela de pontos

na imagem de referência é estatisticamente comparada com janelas de mesmo tamanho

na imagem de busca

Seja a imagem de busca B contendo L linhas e C colunas, e n janelas Jv ,

v n= 1 2, ,..., , contendo M linhas e N colunas cada e centro em ( , )a bv v extraídas da

imagem R de referência, de ′L linhas e ′C colunas, conforme ilustrado na Figura 3.1.

Seja SB uma subimagem de B com M linhas e N colunas, sendo M L< e N C< .

O valor de cada pixel de SB localizado na posição ( )i l j m+ +, em B pode ser

representado por ( )B i l j m+ +, , onde i e j são as coordenadas do canto superior

Fig. 3.1 - Janelas de registro baseado em área.

L

C

(i,j)

M

N

L’

C’

M

N

SBJv

*( , )a bv v

B R

(0,0)

48

esquerdo de SB , variando de 0 ≤ ≤ −i L M e 0 ≤ ≤ −j C N ; l e m variam de

0 1≤ ≤ −l M , 0 1≤ ≤ −m N .

O método consiste em comparar cada janela Jv de R com todas as subimagens SB de

B. Após encontrar a subimagem SB que “melhor casa” com Jv , seus centros ( , )a bv v e

( )( ) ( )( )( )M i N j− + − +1 2 1 2, são tomados como pontos correspondentes.

O processo de comparação utiliza medidas de similaridade entre duas janelas contendo

as imagens estereoscópicas. Existem vários métodos para a obtenção das medidas de

similaridade, porém, as técnicas de correlação (correlação normalizada e o coeficiente

de correlação) e a detecção de similaridade seqüencial são os métodos mais empregados

(Pratt, 1991).

A correlação normalizada para a janela de referência Jv e a subimagem SB , definidas

acima, pode ser matematicamente representada por:

( )( ) ( )

( ) ( )R i j

J l m SB l m

J l m SB l m

m o

N

l

M

v

m

N

l

M

vm

N

l

M,

, * ,

, * ,= =

=

=

=

=

=

∑∑

∑∑ ∑∑

1

0

1

0

1

0

12 2

0

1

0

1

O melhor casamento ocorre quando o valor de ( )R i j, for máximo.

Outra alternativa, o coeficiente de correlação, representado por:

( )( )( ) ( )( )

( )( ) ( )( )R i j

j l m SB l m

j l m SB l m

vm o

N

l

M

vm

N

l

M

m

N

l

M,

, * ,

, * ,=

− −

− −

=

=

=

=

=

=

∑∑

∑∑∑∑

µ µ

µ µ

1

1

20

1

12

22

0

1

0

1

0

1

0

1

determina a medida de similaridade entre as duas janelas sobre uma escala absoluta em

[ ]−11, , onde µ1 e µ2 são as médias, ou seja, valores de intensidade média de pixels da

janela Jv e da subimagem SB , respectivamente.

49

Por muito tempo, o método da correlação limitava-se ao problema de registro de

imagens com uma pequena diferença de rotação entre si. Em 1993, Zheng e Chellapa

propuseram uma solução em que o problema de rotação era primeiramente corrigido

(Fonseca, 1995).

Embora a técnica de correlação seja extremamente eficiente, seu custo computacional é

elevado. Para uma dada posição de referência ( )i j, M N* pontos da subimagem SB

são comparados com os correspondentes M N* pontos na janela Jv . Na correlação, é

examinado o número máximo ( ) ( ) ( )[ ]M N L M C N* * *− − destes pares, ou

seja, cada posição de referência é examinada exaustivamente com alta precisão. Assim,

muito esforço computacional é desperdiçado (Pereira, 1983) pela grande quantidade de

cálculos realizados, sendo que apenas para um conjunto restrito de pontos na

vizinhança do ponto de registro é importante obter-se extrema precisão.

Por outro lado, no intuito de reduzir os cálculos na busca da similaridade entre imagens,

foi proposta em 1972 por Barnea e Silverman (Mascarenhas, 1989) uma classe de

algoritmos mais eficientes, por realizarem uma busca sequencial que pode terminar

antes que todos os MxN pares para uma determinada posição de referência sejam

testados. Estes são conhecidos como Algoritmos de Detecção Seqüencial de

Semelhança (Sequential Similarity Detection Algoritms - SSDA).

O método de Barnea e Silverman implementa a diferença absoluta entre os valores dos

pixels das duas imagens; diferença esta representada por ( ) ( )J l m SB l mvm

N

l

M

, ,−=

=

∑∑0

1

0

1

e em

um método de busca seqüencial. Este método consiste em acumular a medida de

similaridade definida pela equação acima para todos os valores de nível de cinza dos

pixels dentro de uma janela até que esta medida ultrapasse um valor de limiar pré-

estabelecido. Ao ser encontrada a medida acumulada que ultrapassa o limiar, armazena-

se o número de pixels examinados e este servirá como uma taxa de avaliação do teste.

Após examinadas todas as subimagens, considerar-se-á o melhor casamento a

subimagem que possuir a maior taxa.

50

Para uma melhor estimação dos limiares do teste dos algoritmos de SSDA, foi proposta

por Pereira (1983) uma abordagem baseada no Teste Seqüencial de de Wald.

A teoria do teste seqüencial de hipóteses de Wald apresenta uma regra para se tomar,

em qualquer etapa de um experimento, uma das seguintes decisões:

1) aceitar uma hipótese H ;

2) rejeitar uma hipótese H ;

3) continuar o experimento com nova observação.

Baseando-se na primeira observação, é tomada uma das três decisões acima. Se uma das

duas primeiras decisões for tomada, o experimento termina. Se for tomada a terceira

decisão, faz-se uma segunda observação e, baseando-se nas duas primeiras observações,

toma-se novamente uma das três decisões. Caso a decisão 3 for novamente escolhida,

faz-se uma terceira observação e assim sucessivamente até que se tome uma das duas

primeiras decisões.

Deste modo, o experimento é conduzido seqüencialmente.

Os procedimentos que utilizam os métodos seqüenciais aplicados a testes estatísticos de

hipóteses têm o mérito de reduzir muito o número de observações necessárias (Erthal,

1985) , quando comparados com procedimentos igualmente confiáveis baseados em

tamanhos fixos de amostra.

Seja X uma variável aleatória com densidade ( )f X ,θ , onde θ é o parâmetro a ser

testado. Baseado nas observações sucessivas x x1 2, , ... de X (observações

consideradas independentes), o problema consiste em testar a hipótese H0 (hipótese

nula) de que θ θ= 0 contra a hipótese H1 (hipótese alternativa) de que θ θ= 1 e, deste

modo, determinar qual a função densidade que governa as observações (Erthal, 1985).

51

Segundo Wald, o teste seqüencial é efetuado da seguinte maneira: para cada amostra

( )x x xn1 2, , ... , é calculada a razão de verossimilhança ff

n

n

1

0, onde

( )( )

ff

f xf x

n

n

i

ii

m1

0

1

01

==∏

,,θ

θ (1)

( m n= 1 2, , ... , ; m e n denotam estados intermediário e final respectivamente, n é uma

variável aleatória)

Se Bff

An

n< <1

0, (2)

o experimento continua com uma observação adicional;

Se ff

An

n

1

0≥ , (3)

o processo termina com a rejeição de H0 (aceitação de H1);

Se ff

Bn

n

1

0≤ , (4)

o processo termina com a aceitação de H0 .

As constantes A e B são determinadas a partir da escolha dos valores das

propabilidades de erro α e β (α é a probabilidade de rejeição de H0 quando esta for

verdadeira e β é a probabilidade de aceitação de H0 quando esta for falsa). Os valores

aproximados de A e B (Pereira, 1983) são obtidos por:

A =−1 βα

(5)

B =−βα1

(6)

52

3.2.1 MODELO GAUSSIAN O PARA O REGISTRO

Uma aplicação do teste seqüencial de Wald utilizando a variância de erro de registro de

imagens foi realizada pioneiramente por Pereira (Erthal, 1985) .

Duas imagens esteroscópicas apresentam diferenças entre si do ponto de vista

geométrico. Pode-se imaginar que pequenos segmentos destas imagens, que coincidem

aproximadamente um com o outro, apresentariam pequenas variações em escala e

orientação. Pereira simulou esta situação adicionando o ruído Gaussiano de média zero,

independente de sinais e independentes entre si nas duas imagens.

Admitindo-se que as duas imagens tenham distribuição normal, a distribuição da

imagem ruidosa também será gaussiana, com média equivalente a média da imagem

original e com variância dada pela soma das variâncias da imagem original e do ruído,

ou seja:

V V VI S N= + (7)

onde VS é a variância da cena original e VN é a variância do ruído.

A idéia apresentada por Pereira é testar a variância da diferença entre as duas imagens

para cada posição de referência.

Para ponto situado fora da região de registro, a variância da diferença entre as duas

imagens é dada por

V V V V V VDij

I I S N N= + = + +1 2 1 22 (8)

E para ponto situado dentro da região de registro, esta variância é determinada por

$V V VDij

N N= +1 2 (9)

53

admitindo-se que a cena original é a mesma e apenas os ruídos associados com cada

imagem sejam, em geral, não correlacionados e com variâncias diferentes.

Um teste seqüencial de razão de probabilidades com probabilidades de erro α e β

pode ser realizado para testar a hipótese H0 de que σ σ= 0 contra a hipótese

alternativa H1 de que σ σ σ= ≠1 0 .

Sejam x x xn1 2, , ... , as sucessivas observações do pixel x. O conjunto ( , , ... , )x x xn1 2

representa uma amostra e cada observação xi (i-ésima observação) desta amostra

resulta na diferença de valor de cor entre dois pixels. A função densidade de

probabilidade de casamento das amostras ( , , ... , )x x xn1 2 é dada por

( )

f en n

x

n

ii

n

=∑−

=1

22

22

1

12

π σσ* (10)

A independência das amostras, que encontra-se implícita na equação anterior, é

garantida pela varredura aleatória dos pixels na janela.

A razão ff

n

n

1

0 é calculada a cada estágio do experimento e observações adicionais são

realizadas se as seguintes desigualdades forem satisfeitas:

βα

βα1

11

0−< <

−ff

n

n (11)

O teste termina com a aceitação de H0 se

ff

n

n

1

0

1≤

− βα

(12)

e com a rejeição de H0 se

54

ff

n

n

1

0

1≥

− βα

(13)

Considerando D = −1 1

02

12σ σ

e S = logσσ

12

02 estas desigualdades podem ser expressas por:

xnS

DAi

i

n

n2

1

21

=∑ ≤ −

+=

logβα (14)

e xnS

DRi

i

n

n2

1

21

=∑ ≥

−+

=log

βα (15)

Uma representação gráfica das três decisões acima é apresentada na Figura 3.2 onde

lD0

21= −

logβα , (16)

lD1

21

=

−log

βα (17)

e a inclinação das retas é dada por SD

.

55

Nesta Figura, l0 é o limiar de rejeição do ponto, para um valor acima deste limiar o

ponto analisado não é de registro e l1 é o limiar de aceitação do ponto, todo valor

abaixo deste indica que o ponto analisado é de registro. O intervalo entre estes dois

limiares representa a fase de continuidade do teste.

aceitaçãode H0

o testecontinua

rejeiçãode H0

l0

xi2∑

l1

(erro acumulado)

m (tamanho da amostra)

Fig. 3.2 - Representação dos limites de decisão do teste seqüencial de razão de probabilidades sob modelo Gaussiano

57

CAPÍTULO 4

MÉTODO DA PARALAXE

As imagens de um par estereoscópico não são iguais, porém, registram uma área

comum contendo imagens de pontos do objeto fotografado deslocadas horizontalmente

e verticalmente do centro óptico da fotografia. Estes deslocamentos são denominados

paralaxes (Paredes, 1987).

Considere-se um par estereoscópico obtido a partir de câmeras elevadas a uma mesma

altura localizadas em C e C’ como ilustrado na Figura 4.1. Um sistema de coordenadas

do espaço-objeto XYZ arbitrário é adotado com origem em C. O eixo Y é horizontal e

coincide com o eixo óptico o da foto esquerda. O eixo X é horizontal e coincide com a

base B (distância entre as câmeras) e o eixo Z é vertical e aponta para cima.

.

Um ponto-objeto A qualquer apresenta-se imageado na área de superposição do par

estereoscópico nos pontos-imagem a e ′a respectivamente. As fotocoordenadas do

ponto A , medidas em relação aos sistemas de eixos fiduciais xy e x' y' , são xa e ya na

o’o

O

N A

M

O’

Z

XC’

C

a a’

Y

B

XA

nm’m

n’

xa x a'

ya y a'

YA

ff

Fig. 4.1 - Par estereoscópico de fotos terrestres horizontais obtidas através de câmeras com eixos fiduciais paralelos entre si, a uma mesma elevação e paralelos ao objeto fotografado.

58

foto esquerda e x a' e y a' na foto direita. O eixo X do objeto e o eixo x da imagem são

paralelos e o eixo Z do objeto e o eixo y da imagem também.

A diferença algébrica dos deslocamentos horizontais xa e x a' do ponto-imagem A em

relação ao centro óptico da fotografia é denominada paralaxe absoluta do ponto A e

pode ser representada por p x xa a a= − ' . A paralaxe é medida ao longo das abcissas das

imagens de um par estereoscópico devidamente orientado no espaço-fotografia.

Se um par estereoscópico de fotos terrestres horizontais é obtido com duas câmeras

cujos eixos sejam perpendiculares à base, equações da paralaxe podem ser

desenvolvidas para calcular as coordenadas tridimensionais dos pontos de interesse

situados na área de sobreposição. Neste trabalho, são apresentadas as equações da

paralaxe para o caso de fotografias obtidas a partir de câmeras elevadas a uma mesma

altura do solo. O caso de câmeras elevadas a alturas diferentes é encontrado em Wolf

(1983).

As equações da paralaxe para calcular as coordenadas tridimensionais X A , YA e ZA

do ponto A podem ser desenvolvidas através de semelhança de triângulos.

Da semelhança dos triângulos Com e COM , tem-se:

XY

xf

A

A

a=

onde f é a distância focal da câmera.

Assim, Xxf

YAa

A= ⋅ (a)

Também, dos triângulos semelhantes ′ ′ ′C o m e ′ ′ ′C O M , tem-se:

B XY

xf

A

A

a−=− '

59

Assim, X Bxf

YAa

A= + ⋅'

(b)

Resolvendo o sistema de equações (a) e (b) e substituindo xa - x a' por pa , tem-se:

YB f

pAa

=⋅

(4.1)

Substituindo (4.1) em (a), extrai-se:

XB x

pAa

a=

⋅ (4.2)

Dos triângulos semelhantes Con e CON , tem-se:

ZY

yf

A

A

a= (c)

Substituindo a equação (4.1) em (c), tem-se:

ZB y

pAa

a=

⋅ (4.3)

As equações (4.1), (4.2) e (4.3) são as coordenadas tridimensionais no espaço-objeto de

quaisquer pontos cujas paralaxes tenham sido medidas a partir de um estereopar

terrestre. Se as seguintes condições: fotos horizontais, mesmas elevações das estações

câmera e eixos das câmeras perpendiculares à base forem encontradas na prática, estas

equações serão quase exatas e muito convenientes (Wolf, 1983). Na prática, uma

câmera estereométrica adequadamente nivelada produz estereopares que satisfazem as

condições acima. Também se o terreno for aproximadamente plano, estas condições

podem ser obtidas usando um fototeodolito. A abordagem de equação da paralaxe

possui vantagem de requisitar cálculos simplificados.

61

CAPÍTULO 5

SISTEMAS CAD EM ARQUITETURA

Os sistemas CAD são sistemas gráficos baseados em pontos, vetores e técnicas de

computação gráfica interativa, que permitem operações tais como produção de desenhos

bi e tridimensionais, geração de perspectivas, mudanças de escala, alterações de layout,

criação de bibliotecas de símbolos e outras (Gobbi, 1994). Com estes sistemas pode-se

criar, manipular e representar computacionalmente desenhos de melhor qualidade e de

forma mais rápida que com os métodos tradicionais de representação em papel. Isto

tudo, através de bons programas e equipamentos a custo acessível. Estes programas são

eficazes na realização de tarefas minuciosas, repetitivas, trabalhosas e que exigem muita

habilidade e muito tempo no caso de serem executadas manualmente.

Atualmente, muitos projetos arquitetônicos têm sido subsidiados por modelos

tridimensionais gerados em sistemas CAD a partir de dados provenientes do processo

fotogramétrico.

Streilein (1992) desenvolveu um sistema digital capaz de gerar informações

tridimensionais geométricas e semânticas (com significado histórico) de objetos

arquitetônicos a partir de produtos fotogramétricos, de tal modo que pudessem ser

prontamente utilizadas em projetos de arquitetura. Para a demonstração deste sistema

foi escolhida a igreja “Chiesa de Nostre Signora di Fatima”, situada em Giova, na

Suiça, com 14 m de comprimento e 10 m de altura e profundidade.

Além deste projeto outros, como a restauração da Capela do Mosteiro Snagov - um

monumento histórico do século 14 situado na Romênia (Gutu, 1992), a documentação

do exterior da Torre de Pisa (Baji et. al, 1992) e a reconstrução das edificações

danificadas por incêndio - Milford House, em Surrey - Inglaterra, St. Mary-at-Hill, em

Londres e a Uppark House em West Sussex - Inglaterra (Stevens et al, 1990) são

projetos que foram significantemente beneficiados por sistemas fotogramétrico-digitais.

62

Dentre os vários sistemas CAD existentes dirigidos à aplicações arquitetônicas os mais

utilizados (D’issy, 1995) são o AutoCAD da AutoDesk e o MicroStation da Intergraph.

Para a criação de desenhos nestes sistemas introduz-se coordenadas de pontos,

comandos e outras informações necessárias, através de arquivos ou em linha de

comando. Por exemplo, rotinas em linguagem AutoLisp (Kramer, 1995) podem ser

desenvolvidas para entrada de pontos e operações dentro do sistema gráfico do

AutoCAD e Scripts (Omura, 1995) também podem ser construídas para a execução de

comandos do AutoCAD em seqüência pré-determinada.

De posse dos dados de entrada obtidos por uma das técnicas mencionadas

anteriormente, e do conhecimento de uso dos recursos gráficos do sistema empregado é

possível recuperar os desenhos das formas originais da edificação ou elaborar novos

desenhos para o caso de reforma da edificação. Junto com os desenhos podem ser

armazenadas informações métricas e semânticas significativas da edificação que podem

ser acessadas a qualquer momento.

63

CAPÍTULO 6

IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL

6.1 DESCRIÇÃO DOS RECURSOS DE PROGRAMAÇÃO

Para a implementação computacional do sistema apresentado neste trabalho intitulado

Estereofotogrametria Digital foi empregada a metodologia de Programação Orientada a

Objetos por melhor atender as necessidades de programação, principalmente, aquelas

relacionadas ao desenvolvimento da interface sistema-usuário.

Com a abordagem de orientação a objetos para Windows tornou-se possível a criação de

janelas, caixas de diálogos, gerenciamento de múltiplas janelas, seleção de regiões das

imagens e outros benefícios, tais como reutilização de partes do código e redução do

esforço de manutenção do mesmo.

Os recursos de software e hardware utilizados foram a linguagem C, o compilador

Borland C++, ambiente operacional Windows 95 e um microcomputador Pentium 166

Mhz com 32 Mb de RAM.

6.2 METODOLOGIA DE PROGRAMAÇÃO ORIENTADA A OBJETOS

A metodologia orientada a objetos engloba os conceitos de objetos, classes e serviços.

Objetos são entidades modeladas por uma classe.

Classe é uma entidade abstrata composta por nome, atributos e serviços.

Como apresentada nos métodos de Análise e Projeto Orientados a Objetos propostos por

Peter Coad e Eduard Yourdon (Rangel, 1998), uma classe pode ser apresentada segundo a

notação da Figura 6.1. O retângulo externo indica que a classe pode ter pelo menos um

objeto, ou seja, pode ser instanciada.

64

Nome da classe representa o conjunto dos objetos que estão sendo modelados.

Atributos da classe são as informações que devem ser armazenadas sobre cada objeto que

está sendo modelado.

Serviços da classe são as operações, simples ou complexas, oferecidas pela classe, que

podem ser utilizadas sobre qualquer objeto que está sendo modelado.

Os atributos e serviços podem ser declarados como public (que podem ser acessados por

quem instancia um objeto desta classe) ou private (que só podem ser manipulados por

rotinas internas da classe).

Como exemplo, no código do sistema desenvolvido, foi definida a classe Gerente,

responsável pelos serviços de abertura de arquivos de imagens, solicitação ao usuário para

entrada de dados, chamada de funções para o tratamento dos dados e de gerenciamento de

múltiplas janelas.

A Figura 6.2 ilustra a declaração dos atributos e serviços da classe Gerente.

Fig. 6.1 - Notação Coad & Yourdon para Classe.

65

Class Gerente:: public TMDIClient

{// atributos privadosprivate:

Valor *pValor;Tamanho *pTamanho;BaseFoco *pBaseFoco;CentroOtico * pCentroOtico;

void CeExisteJanelaFilha (TCommandEnabler& item);

DECLARE_RESPONSE_TABLE(Gerente);

// atributos públicospublic:TStatusBar *pBarraDeStatus;

Gerente();~Gerente();

// serviços da classevirtual void SetupWindow();void CmArquivoAbrir1();void CmArquivoAbrir2();

void CmDefinirJanelas();void CmEntraDados();void CmDefinirBaseFoco();void CmDefinirCentroOtico();void CmGravarPontos3D();

void CmLadoALadoHorizontal();void CmFecharJanelas();void CmRestaurarJanelas();

}

As funções-membro denominadas construtores permitem a preparação inicial do objeto

(por exemplo, alocação de memória e definição de variáveis), enquanto as destrutores

permitem a preparação do objeto para sua destruição (por exemplo, desalocação de

memória e eliminação de variáveis dinâmicas).

A função construtor Gerente() e da função destrutor ~Gerente() são apresentadas na

Figura 6.3.

Fig. 6.2 - Declaração de atributos e serviços da classe Gerente.

66

// ConstrutorGerente::Gerente ():TMDIClient(){ pValor = new Valor; pTamanho = new Tamanho; pBaseFoco = new BaseFoco; pCentroOtico = new CentroOt;

}

// DestrutorGerente::~Gerente (){ delete pValor; delete pTamanho; delete pBaseFoco; delete pCentroOtico;}

Uma das grandes características do desenvolvimento baseado em objetos é a herança entre

classes (Rangel, 1998). Herança é a capacidade de uma classe filha herdar todos os

atributos e os serviços do tipo public e private de uma outra classe, conhecida como classe

pai.

A notação para herança proposta por Coad & Yourdon é ilustrada na Figura 6.4.

Fig. 6.3 - Funções Construtor e Destrutor.

Fig. 6.4 - Notação para Herança.

67

A informação ‘class Gerente:public TMDIClient’ que é apresentada na definição da classe

Gerente da Figura 6.2 informa ao compilador que a classe Gerente herda todos os

atributos e serviços públicos e privados da classe TMDIClient além daqueles que já

contém.

Na Análise e Projeto Orientados a Objetos, quando uma classe (emissora) acessa serviços

de outra classe (receptora), diz-se que houve uma Conexão de Mensagem entre elas. Pode-

se definir polimorfismo como a possibilidade de se enviar uma mensagem a um objeto,

cuja execução irá depender do tipo de objeto instanciado.

A notação para conexão de mensagem encontra-se na Figura 6.5.

Fig 6.5 - Notação para Conexão de Mensagem.

O Windows permite que se prepare aplicações compatíveis com diferentes máquinas. Para

proporcionar esta interface entre seu programa e os vários periféricos do equipamento, tais

como impressoras e placas de video, foi criada uma biblioteca de rotinas a ser empregada

no desenvolvimento de sistemas, denominada camada “Application Programming

Interface” (API).

Como a API não é orientada a objetos, a Borland projetou a biblioteca “Object Windows

Library” (OWL) que se encontra entre as rotinas do programa e a API e que permite o

desenvolvimento de sistemas totalmente orientados a objetos. Quando se programa sobre

a biblioteca OWL, somente são acessadas as rotinas oferecidas pela OWL e não

diretamente as da API, o que permite que o software continue estável e possa ser utilizado

mesmo que a API seja alterada. A OWL possui mais de 200 classes prontas para as mais

68

diversas tarefas, como, por exemplo, a criação de janelas, caixas de diálogos, multitarefa,

gerenciamento de janelas múltiplas e outras (Rangel, 1998).

Uma das classes da OWL de maior utilidade, a TApplication, fornece os procedimentos

básicos necessários a uma aplicação, tais como a criação da janela principal do sistema e o

processamento de mensagens entre aplicações. Esta classe é descendente da classe

TModule.

Um objeto da classe TApplication não possui rotinas de interface para a criação de

janelas, caixas de diálogo e outros. Funcionalmente, esta classe apenas possibilita a

existência da aplicação no ambiente e se responsabiliza pelo tratamento das mensagens

que recebe do Gerente de Tarefas do Windows.

A função InitMainWindow, descrita na classe Tapplication inicializa dinamicamente um

objeto da classe TFrameWindow, uma classe descendente direto da classe TWindow.

Na classe TFrameWindow são descritos todos os procedimentos básicos necessários à

criação, manutenção e controle de janelas.

Na Análise e Projeto Orientados a Objetos entende-se que a classe Tapplication possui um

objeto da classe TFrameWindow. Segundo o método Coad & Yourdon, trata-se de uma

estrutura Todo-Parte, como ilustrado na Figura 6.6, onde Tapplication é o todo e

TFrameWindow a parte.

Fig. 6.6 - Notação para a estrutura Todo-Parte.

69

O valor 1 da Figura 6.6 indica que a classe Todo possui exatamente um objeto da classe

Parte a faixa 0,n assinala que um objeto da classe Parte pode pertencer a nenhum ou a

muitos objetos da classe Todo. Não há herança entre as classes envolvidas na estrutura

Todo-Parte.

Quando a classe TFrameWindow é instanciada, uma janela típica do Windows é

apresentada na tela, conforme apresentado na Figura 6.7. Esta janela, que pode ser vista e

manuseada , representa o objeto da classe TFrameWindow.

Fig. 6.7 - Janela típica da aplicação.

Para aperfeiçoar e agilizar a interação sistema-usuário a janela principal foi decorada com

a barra de status e a barra de ferramentas. Estas barras de auxílio são janelas filhas

apresentadas na janela principal.

Na biblioteca OWL encontra-se a classe TStatusBar, contendo recursos necessários para a

construção da Barra de Status e as classes TControlBar, TButtonGadget e

TSeparatorGadget, que possibilitam a construção e a utilização da Barra de Ferramentas.

A finalidade da barra de status é apresentar mensagens informativas de uma situação e a

barra de ferramentas contém botões que aceleram a abertura de arquivos e permitem a

organização das janelas em cascata ou lado a lado. O botão com desenho da letra R da

Figura 6.8 é apresentado na janela principal da aplicação. Ao ser pressionado,

rapidamente abre-se uma janela solicitando ao usuário a seleção do nome do arquivo a ser

aberto correspondente à imagem de referência.

70

Fig. 6.8 - Botão para agilizar abertura de arquivos.

No Windows, uma porção do sistema é dedicada ao controle de eventos que podem

ocorrer por muitos motivos diferentes, tais como acionamentos do mouse, entradas via

teclado, tarefas finalizadas. Estas rotinas fazem parte do Componente Gerenciamento de

Tarefas, como conhecido na orientação a objetos (Rangel, 1998).

Quando o Gerente de Tarefas percebe um evento ou uma solicitação do usuário,

imediatamente prepara uma mensagem de aviso e a envia à aplicação correspondente.

Assim, na descrição de uma classe, deve-se definir quais serviços serão acionados com a

chegada de uma mensagem. Essas associações são feitas dentro de uma macro

padronizada, a tabela de associação de mensagens, denominada

DEFINE_RESPONSE_TABLE1, onde normalmente, precisamos mencionar os nomes

das classes filha e pai.

Por exemplo, quando um objeto da classe Gerente receber uma mensagem

CM_ARQUIVOABRIR1 deverá acionar o serviço CmArquivoAbrir1. Na Figura 6.9 é

descrito o código de uma tabela de associação de mensagens.

DEFINE_RESPONSE_TABLE1(Gerente, TMDIClient)

EV_COMMAND (CM_ARQUIVOABRIR1, CmArquivoAbrir1), EV_COMMAND (CM_LADOALADOHORIZONTAL, CmLadoALadoHorizontal), EV_COMMAND (CM_FECHARJANELAS, CmFecharJanelas),

END_RESPONSE_TABLE;

Para o sistema desenvolvido houve a necessidade de se trabalhar com mais duas janelas,

além da principal, nas quais seriam apresentadas as imagens de busca e de referência. Para

Fig. 6.9 - Tabela de associação de mensagens.

71

isto, foi identificada uma classe responsável pela coordenação e gerenciamento de todas as

janelas no interior da janela principal da aplicação.

Foi definida, então a classe Aplicação, responsável pela existência da aplicação no

Windows e uma classe JanelaPrincipal, herdeira de TDecoratedMDIFrame, preparada

para proporcionar toda a interação esperada de uma janela principal da aplicação dentro

da área do cliente da janela principal. Entre estas duas classes há uma relação do tipo

Todo-Parte onde a classe Aplicação possui um objeto de JanelaPrincipal.

Uma nova classe denominada Gerente, descendente de TMDIClient, que também herda de

TWindow, foi adicionada ao projeto para permitir o gerenciamento das janelas filhas. A

relação Todo-Parte entre as classes JanelaPrincipal e Gerente indica que existirá um

objeto de Gerente durante toda a vida útil do objeto de JanelaPrincipal.

A classe TMDIChild, descendente de TWindow, foi preparada para representar as janelas

filhas, que devem ser coordenadas por um descendente de TMDIClient.

Na relação Todo-Parte entre as classes TMDIChild e Gerente a classe TMDIChild

participa como Parte. Nesta estrutura, a classe Gerente pode possuir de 0 a infinitos

objetos de TMDIChild. Cada um destes objetos corresponderá, na prática, a uma janela

filha contida na janela principal.

Na Figura 6.10 são apresentadas as duas janelas filhas criadas após solicitação de abertura

de arquivos das imagens no início de execução do programa .

72

Fig. 6.10 - Janelas filhas dispostas lado a lado na janela principal.

O código que permite a organização das janelas lado a lado na horizontal é ilustrado na

Figura 6.11.

void Gerente::CmLadoALadoHorizontal(){

TileChildren(MDITILE_HORIZONTAL);}

6.11 - Código para organização horizontal das janelas

6.3 RECURSOS E INTERFACE GRÁFICA UTILIZADA

Para simplificar e agilizar a implementação de facilidades de interação com o usuário, o

ambiente de programação da Borland definiu um arquivo de recursos para conter a

descrição de todos os recursos disponíveis na aplicação: menus, bitmaps, identificadores,

caixas de diálogo, ícones, cursores, tabelas de associação de textos e teclas aceleradoras.

O arquivo de recursos é um arquivo texto com extensão .rc que descreve tudo o que foi

criado ou adicionado ao projeto através do WorkShop.

O WorkShop é um aplicativo acoplado ao ambiente de desenvolvimento da Borland que

permite a editoração visual e interativa dos recursos do projeto. A janela do WorkShop

ilustrada na Figura 6.12 apresenta os arquivos que foram incluídos no projeto deste

trabalho.

73

Fig. 6.12 - Janela do WorkShop apresentando o projeto desenvolvido.

O processo de criação do executável envolve as fases de compilação e ligação, conforme

apresentado na Figura 6.13.

Fig. 6.13 - Etapas de compilação no ambiente da Borland.

Na primeira fase, os arquivos correspondentes aos recursos (de extensão .rc) e rotinas

(.cpp e .h) são compilados, resultando na preparação de arquivos temporários (.obj e .res)

necessários à construção do executável (.exe).

CPP

H

OBJ

CPP

H

OBJ

.

.

.

.

.

.

DEF

RC RES

MNURH CURACC DLGICO BMPTAB

EXE

compilação

compilação

compilação

Ligação

inclusão

74

Para cada arquivo fonte .cpp teremos um arquivo temporário .obj e para cada arquivo de

recursos .rc, um arquivo temporário .res.

Na segunda fase, os arquivos temporários são ligados e também os arquivos de definições

.def resultando no arquivo executável.

O arquivo .rc pode então conter os arquivos de descrição de identificadores do projeto

(.rh), de menus do projeto (.mnu). de teclas aceleradoras do projeto (.acc), de desenho de

cursor (.cur), de desenho de ícones (.ico), de descrição das caixas de diálogo (.dlg), de

tabelas de associação de textos (.tab) e de imagem no padrão BMP (.bmp). Todos estes

arquivos foram utilizados no desenvolvimento do sistema Estereofotogrametria Digital.

Um dos recursos mais significativos no processo de interação humana é o menu, contendo

as ferramentas do sistema. O código do menu Arquivo existente no sistema atual que foi

programado no ambiente da Borland é apresentado na janela do WorkShop da Figura

6.14.

6.14 Código básico de um menu.

O menu que o usuário terá acesso é exatamente este ilustrado na Figura 6.15.

Fig. 6.15 - Menu de interface para o usuário.

75

Ao selecionar um item para abertura de um arquivo será apresentada ao usuário uma

janela básica do Windows para abertura de arquivos semelhante à da Figura 6.16.

Fig. 6.16 - Janela para seleção de nome de arquivo.

O código que apresenta na tela a solicitação de escolha do nome do arquivo e providencia

a abertura do mesmo é ilustrado na Figura 6.17.

void Gerente::CmArquivoAbrir1()

{

JanelaFilha1 *pJanelaFilha1;

charc szTemp[MAXPATH]; char szTemp1[50];

pTamanho->aux2=0; pTamanho->aux=0; pTamanho->flag=0;

// prepara o título da janela filhasprintf(szTemp,"Imagem de Referência");

// instancia um objeto da classe JanelaFilhapJanelaFilha1=new JanelaFilha1(*this,pBarraDeStatus,pValor,pTamanho,pCentroOtico,szTemp);

// prepara um cursor para a janela filhapJanelaFilha1->SetCursor(GetModule(),CUR_CRUZETA);// prepara um ícone para a janela filhapJanelaFilha1->SetIcon(GetModule(), ICO_JANELAFILHA1);

if (pTamanho->flag==0) {

// cria a interface gráfica da janela filhapJanelaFilha1->Create();

}}

Fig. 6.17 - Código do evento abertura de arquivo imagem.

76

Cursores coloridos foram criados a fim de apresentar na tela a posição atual do mouse e

principalmente facilitar a seleção de pixels e regiões de interesse das imagens. Marcação e

enumeração na tela de pixels selecionados é também um recurso extra implementado para

fins de orientação e organização das seleções. A Figura 6.18 apresenta a criação de um

cursor pelo programador e dois pixels na imagem selecionados pelo usuário e detacados

pelo sistema.

Fig. 6.18 - Cursor e marcadores de pixels.

O valor de uma aplicação também está na forma de comunicação do software com o

usuário. Janelas interativas do Windows, denominadas caixas de diálogo, facilitam a

recepção e a apresentação de dados.

No ambiente de programação da Borland, uma caixa de diálogo é tratada como um

recurso da aplicação e deve ser criada através do WorkShop e manipulada diretamente nas

rotinas do programa.

Da mesma forma como acontece com os menus, teclas aceleradoras, cursores e ícones, o

Borland oferece muitas facilidades para a criação e a edição interativa das caixas de

diálogo.

A Figura 6.19 ilustra uma caixa de diálogo editada visualmente através do WorkShop

durante a sua criação no projeto atual.

77

Fig. 6.19 -Edição de uma caixa de diálogo

Para a construção de uma caixa de diálogo, deve-se criar uma classe descendente da classe

TDialog, capaz de herdar as rotinas de acesso aos controles da caixa de diálogo e de

acrescentar as particularidades da aplicação.

Para se programar um serviço que acesse uma caixa de diálogo, instancia-se um objeto de

uma classe descendente de TDialog, no caso da Figura 6.20 este objeto chama-se dialogo

e a classe DlgTamanho, passando como parâmetros o ponteiro da estrutura que

armazenará os dados de entrada (pTamanho) e o endereço da janela principal (this).

void Gerente::CmEntraDados(){ DlgTamanho dialogo(pTamanho,this); dialogo.Execute();}

6.20 - Código para acesso à caixa de diálogo.

Todas as janelas e recursos do projeto são identificados por números. Para facilitar o

trabalho de programação, costuma-se substituir os números por nomes sugestivos.

O arquivo projeto.rh responsável por descrever os identificadores do projeto contém

linhas como a apresentada a seguir:

#define DLG_TAMANHO 101

Neste caso, DLG_TAMANHO está definido como o identificador da caixa de diálogo

“EntraDados”.

78

A API do Windows foi projetada de tal modo que as rotinas básicas foram padronizadas

para serem executadas sobre qualquer tipo de equipamento gráfico, interface esta

conhecida como “Graphics Device Interface” (GDI).

Para que as funções da GDI reconheçam cada dispositivo, as características do dispositivo

devem ser agrupadas em um único contexto denominado Contexto de Dispositivo. Os

parâmetros necessários à criação de desenhos, tais como cor atual, estilo de linha, paleta

de cores e tipo de preenchimento, estarão armazenados no Contexto do Dispositivo.

Para a manipulação gráfica de um dispositivo é preciso instanciar um objeto que sirva

como interface a este dispositivo.

A Borland preparou classes específicas para a representação de contextos de dispositivos,

conjunto conhecido como Subsistema Gráfico. A mais importante é a classe TDC, cujo

conteúdo encapsula todas as variáveis e funções da API, proporcionando atributos e

serviços capazes de acessar qualquer dispositivo gráfico.

A classe TDC e as suas descendentes criam uma interface entre as funções da sua

aplicação e as rotinas gráficas da interface de programação do Windows.

Neste trabalho, foi empregada a classe TClientDC, descendente da TDC, segundo a qual

foi instanciado um objeto para representar o contexto da área do cliente.

Também foram utilizadas, durante a programação, as classes TColor, TPen, TBrush,

TFont, TBitmap e TPalette, entre outras, para permitir a personalização do tipo de caneta,

do padrão de preenchimento, da fonte de texto, da manipulação de imagens bitmap e da

paleta de cores do contexto de dispositivo, respectivamente.

79

CAPÍTULO 7

APLICAÇÃO E RESULTADOS

7.1- O SISTEMA DESENVOLVIDO

O sistema desenvolvido se aplica ao levantamento de dados de edificações visando a

documentação e o armazenamento destes dados para sua utilização imediata ou futura

em projetos arquitetônicos de reconstrução e restauração.

Para a demonstração da eficácia do sistema foi inicialmente escolhida uma edificação

de pequeno porte, com riqueza de detalhes suficiente para o teste pretendido.

O objetivo do teste foi comprovar a confiabilidade do sistema computacional quanto à

obtenção de informações tridimensionais (3D) do objeto (edificação) dentro dos limites

de precisão pré-estabelecidos pelo cliente e com a utilização de máquinas fotográficas

comuns (não-métricas). A princípio, foi estabelecido como limite de aceitação das

medidas um desvio máximo de 5%.

O teste consiste em três etapas:

a) Levantamento de dados fotogramétricos:

• tomada de fotos da edificação, revelação e ampliação das fotos ;

• digitalização e análise das imagens;

a) Processamento dos dados fotogramétricos:

• obtenção das dimensões de elementos significativos da edificação pelo

processo computacional desenvolvido;

• confecção de desenhos com o auxílio do CAD a partir de dados obtidos por

medição direta no objeto e dados fornecidos pelo sistema desenvolvido

80

b) Resultados da aplicação

• comparação dos desenhos para a verificação dos desvios resultantes;

• julgamento da confiabilidade do sistema pela comparação dos desvios

apresentados com o desvio máximo esperado

7.2- LEVANTAMENTO DE DADOS FOTOGRAMÉTRICOS

A primeira etapa do teste compreendeu a escolha da edificação a ser fotografada, a

tomada das fotos, revelação, ampliação e digitalização das fotos e análise das imagens

digitalizadas.

O objeto de estudo escolhido, a princípio, foi a capela de Santa Cruz, localizada na

estrada do Bom Sucesso, nas proximidades do Km10, em São José dos Campos - SP.

A escolha desta capela baseou-se no atendimento dos seguintes itens :

• local aberto, sem sombras de edifícios vizinhos, facilitando a iluminação da

capela;

• dimensões gerais da capela (altura: 6,0 m - largura: 4,5 m - profundidade: 6,5

m) favoráveis ao levantamento fotogramétrico;

• condições do terreno com afastamento necessário para a tomada das fotos;

• apresentação de detalhes com linhas de contorno bem definidas;

• riqueza de detalhes suficiente para o estudo (cruz, varanda, frontão, realces da

parede, detalhes arquitetônicos na parte superior da fachada e colunas na

varanda);

• estado geral da construção com sinais de envelhecimento de pintura e alvenaria;

Para comprovar a confiabilidade do sistema computacional implementado seria

necessário realizar tarefas repetitivas e exaustivas de medição de vários detalhes

81

arquitetônicos (elementos) da capela para a comparação e reavaliação das medidas reais

com as medidas resultantes do algoritmo.

Para simplificar este procedimento e realizá-lo em condições mais facilmente

controláveis, decidiu-se utilizar uma maquete da capela Santa Cruz em escala 1:14.

As fotos da capela original e da maquete foram digitalizadas por meio de um scanner de

mesa HPScanJet 4c/3c produzindo imagens de 256 níveis de cinza e resolução de 250

dpi, com boa qualidade visual e no formato BMP.

Através de um estereoscópio de bolso de marca OPTO-EB1 foram analisadas as

imagens quanto à qualidade estereoscópica.

Para a obtenção dos pares estereoscópicos foram tomados os seguintes cuidados:

câmera fixa em altura constante, deslocamento da maquete, plano da câmera paralelo à

face da edificação, iluminação geral difusa, utilização de flash, distância fixa do objeto

à câmera, nivelamento da base de apoio da maquete e marcação de pontos de controle.

7.2.1 HISTÓRICO DA TOMADA DE FOTOGRAFIAS

A obtenção de fotos com a qualidade estereoscópica adequada para fins fotogramétricos

somente foi possível após várias tentativas.

À medida que se foi descobrindo a influência dos parâmetros das técnicas fotográficas

sobre a qualidade das imagens e conseqüentemente sobre os resultados do cálculo das

coordenadas tridimensionais, novos conjuntos de fotos foram sendo tomados, são estes:

• Primeiro Conjunto De Fotos

Objeto: Capela Santa Cruz

O objetivo da tomada das primeiras fotos foi a familiarização com as técnicas de

tomadas de fotografias para fins fotogramétricos; o conhecimento de parâmetros de

maquinas fotográficas e medidas a serem efetuadas em campo; o uso de marcas de

82

referência, niveladores e teodolito e aprendizagem em contornar as dificuldades do

terrreno.

Dados:

Máquina: Vivitar V3000S 50 1:1.7 dia.52 mm

Número de fotos: 6

Altura da máquina: constante

Escala: Fachada 1/100 Lateral varanda 1/46

Distância do objeto: 15 metros

Distância focal: 50 mm

Abertura do diafragma: f8

Filme : ASA 100 colorido

Cópias: 10x15 (cm)

Fator de ampliação : 150/36

Bases: 2,88 metros

O objetivo foi alcançado.

• Segundo Conjunto De Fotos

Objeto: casa de fazenda

Dados:

Máquina: Vivitar V3000S 50 mm 1:1.7 dia.52 mm

Número de fotos: 11

Escala: 1/100

Distância do objeto : menor 7,33 metros ; maior 10 metros

Distância focal: 50 mm

Abertura: f 8

Filme: ASA 100 preto e branco

Cópias: 10x15 (cm)

83

Fator de ampliação : 150/36

Bases: 4 bases de 2,80 metros para cobrir toda a casa. (deslocamento horizontal e

paralelo à fachada).

O mesmo para a cobertura com superposição vertical.

As fotos foram tomadas com sobreposição horizontal e vertical. A superposição

vertical foi necessária pois o espaço de terreno na frente da casa era pequeno. A

superposição horizontal foi obtida com altura constante da máquina. A superposição

vertical foi obtida inclinando-se a máquina em direção ao telhado.

Seria necessária uma rotina adicional no algoritmo para corrigir os valores obtidos com

a câmera rotacionada.

As fotos obtidas produziram efeito estereoscópico razoável.

A partir do terceiro conjunto de fotos, foi empregada a maquete da capela.

As razões pelas quais a maquete foi utilizada em substituição à capela original foram:

• Disponibilidade do objeto ao lado do computador para verificação constante de

medidas calculadas pelo algoritmo;

• Possibilidade de movimentar rapidamente a equipe para tomada de novas fotos.

• Facilidade na tomada de fotos considerando diversas bases sem as dificuldades

de terreno.

• Possibilidade de se controlar a iluminância independente das condições

climáticas.

84

• Terceiro Conjunto De Fotos

Objeto: Maquete da capela Santa Cruz.

Dados:

Local: Studio São Paulo

Fotógrafo: Donizetti

Máquina: Vivitar V3000S 50 mm 1:1.7 dia.52 mm

Número de fotos: 20

Escala: 1/7

Distância do objeto: 1,375 metros

Distância focal: 50 mm

Abertura: f 8

Filme: ASA 100 preto e branco

Cópias : 8x13 (cm)

Fator de ampliação : 130/36

Bases: 30 cm; 36cm; 40 cm

O objetivo foi alcançado quanto ao aprendizado de tomada de fotos em estudio. Erros

de iluminação e má qualidade das cópias impediram a utilização destas para teste do

algoritmo.

• Quarto Conjunto De Fotos

Objeto: Maquete da capela Santa Cruz

Dados:

Local : Estúdio Fotoptica Sérgio

Fotógrafo: Sérgio

Máquina: Nikon F4 - 100 mm

85

Número de fotos: 20

Escala: 1/6

Distância do objeto: 2,8 metros

Distância focal: 100 mm

Abertura : f 8

Filme: ASA 100

Cópias: 10x15 (cm)

Fator de ampliação ; 150/36

Bases: 36 cm; 55,7 cm

Estas foram as primeiras fotos que apresentaram resultados satisfatórios.

A menos de alguns desvios inaceitáveis, como no caso da coluna vista da lateral da

varanda, os demais pontos foram considerados bons.

• Quinto Conjunto De Fotos

Objeto: Maquete da capela Santa Cruz

Objetivou-se com estas fotos encontrar as causas de discrepância de algumas medidas.

Dados:

Local : Estúdio Fotoptica Sérgio

Fotógrafo: Sérgio

Máquina: Nikon F4 - 100 mm profissional

Número de fotos: 10

Escala: 1/6

Distância do objeto: 2,8 metros

Distância focal: 100 mm

Abertura: f 8

Filme: ASA 100

Cópias: 10x15 (cm)

86

Fator de ampliação : 150/36

Bases: 36cm ; 55,7 cm

Estas fotos foram tomadas focalizando-se um ponto de referência previamente afixado e

destacado no plano de fundo da fotografia. Desta forma, as coordenadas do ponto de

interseção do eixo óptico com o plano de fundo da fotografia podem ser extraídas das

imagens na tela. Este ponto passou a ser a origem do sistema de referência de

coordenadas da foto para a determinação das paralaxes.

Nas fotos anteriores a origem do sistema de coordenadas de referência, para a medição

das paralaxes, era considerado como o centro geométrico das imagens. Com a mudança

acima mencionada os resultados melhoraram sensivelmente. Tal providência se fez

necessária visto que os profissionais dedicados à revelação e ampliação das fotografias

não se preocupam em fazer coincidir o centro geométrico da ampliação com o centro de

interseção do eixo óptico com o plano da foto.

• Sexto Conjunto De Fotos

Objeto: Maquete da capela Santa Cruz

Dados:

Local : Sítio do Dr. José Antônio Gonçalves Pereira

Fotógrafo : Dr. José Antonio Gonçalves Pereira

Máquina: Leica FIII - Elmar 50mm 1:3,5

Número de fotos: 8

Escala: 1/4

Distância do objeto: 0,91 metros

Distância focal: 50 mm

Abertura : f16

Filme : ASA 100 preto e branco

Cópias: 10x15 (cm)

Fator de ampliação: 150/36

87

Bases: 10 cm ; 20 cm; 30 cm; 40 cm; 50cm .

As fotos foram tomadas no fim da tarde, com o tempo nublado, tendo sido prejudicadas

por esse motivo.

Assim mesmo foram obtidos alguns bons resultados com estas fotos.

• Sétimo Conjunto De Fotos

Objeto: Maquete da capela Santa Cruz

Dados:

Local: Residência da orientanda

Fotógrafa: Lília

Máquina: Vivitar V3000S 50 mm 1:1.7 semi profissional

Número de fotos: 30

Escala: 1/ 6

Distância do objeto: 1,425 m

Distância focal: 50 mm

Abertura: f 16

Filme: ASA 125

Cópias: 10x15 (cm)

Fator de ampliação : 150/36

Bases: 30 cm; 36 cm; 46 cm; 56 cm; 60cm; 66 cm.

Pretendia-se obter fotos com melhor estereocopia para aprimorar resultados. Porém

houve falhas na iluminação do ambiente que prejudicaram o resultado destas fotos.

• Oitavo Conjunto De Fotos

Objeto : Maquete da capela Santa Cruz

Dados:

88

Local: Estúdio Fotoptica Sérgio

Fotógrafo: Sérgio

Máquina: Nikon F4 - 50 mm

Número de fotos: 28

Escala: 1/6

Distância objeto: 1,25 m

Distância focal: 50 mm

Filme: ASA 125 preto e branco

Cópias: 10x15 (cm)

Fator de ampliação: 150/36

Abertura: f 16

Bases: 20 cm; 26cm; 30 cm; 36cm;40 cm; 46 cm; 50 cm; 56 cm; 60 cm; 66 cm.

Foram tomadas fotos da fachada e da lateral da varanda somente.

Os resultados foram satisfatórios. Este conjunto foi utilizado para a apresentação dos

resultados finais.

As Figuras 7.1 a 7.6 apresentadas a seguir ilustram alguns dos vários pares de

fotografias obtidos neste trabalho.

89

Fig. 7.1 - Imagens e respectivos histogramas da fachada da capela original.

90

Fig. 7.2 - Imagens e histogramas do segundo conjunto de fotos da fachada da maquete.

Fig. 7.3 - Imagens e histogramas do quarto conjunto de fotos da fachada da maquete.

91

Fig. 7.4 - Imagens e histogramas do sexto conjunto de fotos da fachada da maquete.

Fig. 7.5 - Imagens e histogramas do oitavo conjunto de fotos da fachada da maquete.

92

Fig. 7.6 - Imagens e histogramas do oitavo conjunto de fotos da lateral da maquete.

7.2.2 COMENTÁRIOS

Da seqüência de tentativas acima mencionadas, o melhor resultado foi obtido após

ajustados parâmetros de técnica fotográfica antes desconhecidos.

Descobriu-se que a distância focal da lente utilizada e a abertura do diafragma eram

extremamente importantes para se garantir uma profundidade de campo adequada.

A nitidez da fotografia precisa ser garantida para todos o planos de profundidade do

objeto.

A boa definição dos pixels é importante quando se utiliza o processo computacional de

determinação do ponto de registro.

93

Pontos situados na fronteira entre regiões de duas cores nitidamente distintas como no

caso do telhado marrom e da parede branca da maquete precisam ser melhor focalizados

para se obter a estereoscopia de qualidade suficiente para a determinação de pequenos

relevos. Mais crítico ainda são os pontos situados em profundidades muito diferentes.

Neste caso, é preciso escolher o ponto de focalização da objetiva para que a

profundidade de campo cubra toda a região em estudo à frente e atrás do ponto

focalizado.

Sabe-se que quanto menor a abertura do diafragma maior será a profundidade de

campo (Busselle,1977). Também quanto menor a distancia focal maior será a

profundidade de campo.

Os três primeiros conjuntos de fotos foram tomados com abertura f8 e distancia focal 50

mm. Estas fotos não apresentaram boa estereoscopia em toda a sua extensão, por isso

foram desconsideradas.

Inicialmente, entendeu-se que a distancia focal pudesse estar introduzindo distorções

importantes e passou-se a utilizar lentes com distancia focal 100 mm. Mais tarde

percebeu-se que tal distorção não era significativa para a aplicação do método, e que a

mudança para uma lente de 100 mm implicava em perda da profundidade de campo, o

que aumentava o risco de perda de nitidez. A profundidade de campo é muito mais

sensível às variações de abertura do diafragma do que às variações da distância focal.

Assim sendo optou-se finalmente por uma lente de distancia focal de 50 mm e abertura

f16. Como esta abertura é bastante pequena, maiores cuidados quanto a iluminação são

necessários.

Sabe-se também que a qualidade da foto está diretamente ligada a quantidade de luz

recebida pelo filme. Uma exposição com luz em excesso torna as imagens dos objetos

muito claras e uma exposição com pouca luz torna as imagens dos objetos muito

escuras. Nos dois casos não se obtém uma boa definição dos contornos das imagens

desses objetos o que torna o método proposto sujeito a erros na determinação dos

pontos de registro.

94

Como já mencionado anteriormente, o conjunto de fotos da oitava experiência

apresentou os melhores resultados. Mesmo no caso de pequenos relevos na edificação

os desvios das medidas calculadas não ultrapassou 2,8%. As medidas reais foram

obtidas com régua em escala milimétrica. Portanto, para uma medida com menos de 10

mm, como é o caso da profundidade do batente da porta na maquete, a possibilidade de

erro na leitura da régua é muito grande. Para medidas maiores o erro relativo de leitura

com régua é menor. Nos casos de dimensões muito pequenas observou-se que as

medidas calculadas pelo programa foram mais confiáveis do que as medidas feitas com

régua sobre a maquete.

7.3 PROCESSAMENTO DOS DADOS FOTOGRAMÉTRICOS

As imagens digitalizadas provenientes das fotos de boa qualidade estereoscópica são

transferidas para o sistema computacional implementado.

O sistema oferece as facilidades para a abertura de arquivos, o registro das imagens, o

cálculo da coordenadas 3D e a criação de desenhos, nesta seqüência.

Os recursos gráficos disponíveis no sistema: menus, botões, barras de rolagem, janelas e

caixas de diálogo facilitam muito a interação sistema-usuário.

7.3.1 ABERTURA DOS ARQUIVOS

No sistema desenvolvido, o usuário deve iniciar sua aplicação abrindo as imagens de

referência e de busca, correspondentes ao par estereoscopico de fotografias tomadas do

lado esquerdo e direito da câmera, respectivamente. As opções Imagem de Referência e

Imagem de Busca do menu Arquivo e os botões R e B na barra de ferramentas do

aplicativo possibilitam que o usuário informe ao sistema os nomes de arquivos que

deseja abrir, como ilustrado na Figura 7.7.

95

Fig. 7.7 - Janela principal do sistema.

O próximo passo é a busca de pontos homólogos de interesse nas imagens. Para isto o

sistema permite que o usuário organize as imagens lado a lado horizontalmente na tela

através da opção Lado a Lado Horizontalmente do menu Janela. A Figura 7.8 apresenta

esta facilidade.

Fig. 7.8 - Facilidade para seleção de pontos.

7.3.2 REGISTRO DAS IMAGENS

Para o registro das imagens o usuário deve proceder da seguinte maneira:

1) determinar as dimensões desejadas paras as subimagens denominadas janelas

de referência e área de busca a partir do item Definir Janelas no menu

Entrada, como ilustrado na Figura 7.9.

96

Fig. 7.9 - Tela para definição de dimensões.

2) selecionar um pixel na imagem de referência, como apresenta a Figura 7.10.

Após usuário clicar com o mouse na tela o sistema armazenará a janela de

referência de dimensões especificadas pelo usuário que contém o pixel

selecionado como ponto central.

Fig. 7.10 - Ponto de referência selecionado pelo usuário.

3) selecionar uma região na imagem de busca. Esta região é denominada neste

trabalho área de busca e deve ser interpretada pelo usuário como contendo um

segmento de imagem semelhante à janela de referência selecionada na fase

anterior, ou seja, o usuário deve perceber que o pixel que ele selecionou da

imagem de referência está contido nesta área da imagem de busca. Informada

a área de busca, o sistema automaticamente destaca na tela o pixel desta área

97

que melhor casa com o pixel selecionado pelo usuário na imagem de

referência. Assim, a cada par: ponto selecionado pelo usuário na imagem de

referência e área selecionada na imagem de busca, o algoritmo identifica o

ponto de registro e o armazena, como ilustrado na Figura 7.11.

Fig. 7.11 - Ponto de registro identificado pelo sistema.

Para a implementação da busca dos pontos de registro, inicialmente foi empregada a

técnica de Detecção Seqüencial de Similaridade baseado na teoria do teste seqüencial

de hipóteses de Wald aplicado ao modelo Gaussiano mencionado neste trabalho,

supondo-se que os valores dos pixels das imagens teriam distribuição próxima da

normal. Pretendia-se com esta técnica, agilizar o processo de busca.

Entretanto, conforme observado no histograma das fotos da Figura 7.4, por exemplo, a

distribuição de freqüências de níveis de cinza das imagens se apresentam nitidamente

multimodal. Uma das concentrações do nível do cinza se deve à contribuição do

panorama de fundo do objeto.

A partir desta constatação passou-se a considerar que o método de busca baseado na

teoria da correlação poderia ser eleito como um bom método de determinação dos

pontos de registro. Das alternativas apresentadas pela teoria, optou-se pela função de

98

correlação normalizada a qual apresentou bons resultados, conforme se pode verificar

na aplicação do algoritmo.

7.3.3 CÁLCULO DAS COORDENADAS 3D

Após efetuado o registro dos pontos das imagens, o usuário solicitará o cálculo das

coordenadas tridimensionais da edificação. Para isto, ele deve informar através de

caixas de diálogo disponíveis, os valores da base (distância entre as posições da câmera

na tomada do par estereoscópico), distância focal da câmera utilizada, distância da

câmera ao objeto e centros principais das imagens de referência e de busca, através de

itens do menu Entrada da Figura 7.12.

Fig. 7.12 - Menu para entrada de valores.

Após selecionada a opção Gerar Coords 3D do menu Ferramenta, como apresenta a

Figura 7.13, o sistema se encarrega de efetuar o processamento dos pontos de registro

armazenados na etapa anterior para gerar as coordenadas 3D dos pontos de interesse da

edificação.

99

Fig. 7.13 - Menu para solicitação de cálculo de coordenadas.

Conforme solicitação do sistema, o usuário deve confirmar se deseja que as

coordenadas determinadas sejam apresentadas na tela ou armazenadas em um arquivo

do tipo texto. A Figura 7.14 apresenta uma janela do sistema com os pixels de um

objeto selecionado pelo usuário na imagem de referência e os seus correspondentes

encontrados pelo algoritmo na imagem de busca.

Fig. 7.14 - Seleção e busca do detalhe Cruz.

O resultado desta aplicação armazenado em arquivo é ilustrado na Figura 7.15.

100

Fig. 7.15 - Coordenadas 3D do detalhe Cruz.

7.3.4 CRIAÇÃO DE DESENHOS

Neste trabalho, as coordenadas 3D do objeto foram transferidas para o sistema

AutoCAD e processadas para a criação de desenhos da edificação.

Uma script composta por comandos do AutoCAD foi desenvolvida para a produção de

desenhos tridimensionais da edificação.

Esta rotina efetua o traçado da edificação, conforme ilustrado na Figura 7.16, a partir

das coordenadas 3D de entrada, através de comandos para confecção de linhas

coloridas, polilinhas e faces 3D (comandos Linetype, Color, Pline e 3Dface).

Fig. 7.16 - Desenhos de fachada criados no AutoCAD.

101

Com os recursos de rotação do AutoCAD (Rotate3D), diferentes vistas da edificação

podem ser observadas e nesta etapa são visualizadas as profundidades calculadas pelo

aplicativo, como apresentado na Figura 7.17.

Fig. 7.17 - Vistas perspectivas no AutoCAD.

7.4 RESULTADOS DA APLICAÇÃO

Os resultados da aplicação do sistema computacional desenvolvido são apresentados na

Tabela 1.1. As medidas são apresentadas em centímetros.

102

TABELA 1.1 - RESULTADOS COMPARATIVOS

Foto 2 : coord. Centro (665,432) Foto 1 : coord. Centro (667,422) base: 20cmFrontão

Coluna A Coluna B Coluna C Coluna DValores Calculados Valores Reais

(+ ou - 0.1cm)Diferença Absoluta

C=|A-B|Desvio Percentual

Ponto X Y Z X Ymédio Z Dx Dy Dz X Y Z1 3.6 126.1 6.8 3.6 125.9 6.7 0 0.2 0.1 0 0.2 1.52 3.6 125.6 7.8 3.6 125.9 7.8 0 0.3 0 0 0.2 03 36.8 125.6 7.7 36.6 125.9 7.8 0.2 0.3 0.1 0.5 0.2 1.54 37.0 126.1 6.8 36.6 125.9 6.7 0.4 0.2 0.1 1.1 0.2 1.5

PortaPonto X Y Z X Ymédio Z Dx Dy Dz X Y Z

1 15.2 124.8 -22.2 15.2 125.4 -22.3 0 0.6 0.1 0 0.4 0.42 15.3 125.2 -0.7 15.2 125.4 -0.7 0.1 0.2 0 0.7 0.2 03 24.7 125.6 -0.7 24.7 125.4 -0.7 0 0.2 0 0 0.2 04 24.6 125.6 -22.3 24.7 125.4 -22.3 0.1 0.2 0 0.4 0.2 05 24.1 126.1 -22.4 24.1 125.4 -22.3 0 0.7 0.1 0 0.5 0.46 24.1 125.6 -1.4 24.1 125.4 -1.4 0 0.2 0 0 0.2 07 15.9 125.2 -1.3 15.9 125.4 -1.3 0 0.2 0 0 0.2 08 15.8 124.8 -22.2 15.9 125.4 -22.3 0.1 0.6 0.1 0.6 0.5 0.4

CruzPonto X Y Z X Ymédio Z Dx Dy Dz X Y Z

1 19.7 126.1 17.5 19.7 125.5 17.5 0 0.6 0 0 0.5 02 19.7 125.2 20.3 19.7 125.5 20.3 0 0.3 0 0 0.3 03 18.4 126.1 20.3 18.3 125.5 20.3 0.1 0.6 0 0.5 0.5 04 18.4 126.1 21.1 18.3 125.5 21.0 0.1 0.6 0.1 0.5 0.5 0.55 19.7 125.6 21.2 19.7 125.5 21.0 0 0.1 0.2 0 0.1 1.06 19.8 125.6 23.0 19.7 125.5 23.0 0.1 0.1 0 0.5 0.1 07 20.5 125.2 23.0 20.5 125.5 23.0 0 0.3 0 0 0.2 08 20.5 125.2 21.0 20.4 125.5 21.0 0 0.3 0 0 0.2 09 22.1 125.2 21.0 22.0 125.5 21.0 0.1 0.3 0 0.5 0.2 010 22.1 125.2 20.3 22.0 125.5 20.3 0.1 0.3 0 0.5 0.2 011 20.6 125.2 20.3 20.6 125.5 20.3 0 0.3 0 0 0.2 012 20.6 125.2 17.4 20.6 125.5 17.5 0 0.3 0.1 0 0.2 0.6

(continua)

103

Tabela 1.1 – Conclusão

Ponta EsquerdaColuna A Coluna B Coluna C Coluna D

Valores Calculados Valores Reais(+ ou - 0.1cm)

Diferença AbsolutaC=|A-B|

Desvio Percentual

Ponto X Y Z X Ymédio Z Dx Dy Dz X Y Z1 3.5 126.1 12.8 3.6 125.8 12.7 0.1 0.3 0.1 2.8 0.2 0.82 3.6 126.1 15.7 3.6 125.8 15.7 0 0.3 0 0 0.2 03 4.1 126.1 15.8 4.1 125.8 15.7 0 0.3 0.1 0 0.2 0.64 3.6 125.6 16.8 3.6 125.8 16.8 0 0.2 0 0 0.1 05 4.6 125.6 18.5 4.6 125.8 18.5 0 0.2 0 0 0.1 06 5.5 125.6 16.9 5.6 125.8 16.8 0.1 0.2 0.1 1.8 0.1 0.67 4.9 125.6 15.7 4.9 125.8 15.7 0 0.2 0 0 0.1 08 5.5 125.6 15.6 5.6 125.8 15.7 0.1 0.2 0.1 1.8 0.1 0.69 5.4 125.6 12.8 5.6 125.8 12.7 0.2 0.2 0.1 3.6 0.1 0.8

FachadaPonto X Y Z X Ymédio Z Dx Dy Dz X Y Z

1 3.6 126.1 -22.3 3.6 126.3 -22.5 0 0.2 0.2 0 0.2 0.92 3.4 125.6 7.8 3.5 126.3 7.8 0.1 0.7 0 2.8 2.2 03 1.7 126.1 7.2 1.7 126.3 7.1 0 0.2 0.1 0 0.2 1.44 0.4 126.5 7.8 0.4 126.3 7.6 0 0.2 0.2 0 0.2 2.65 0.3 126.5 9.4 0.3 126.3 9.2 0 0.2 0.2 0 0.2 2.16 3.5 126.1 10.7 3.6 126.3 10.5 0.1 0.2 0.2 2.8 0.2 1.97 3.5 126.1 12.1 3.6 126.3 11.9 0.1 0.2 0.2 2.8 0.2 1.78 5.7 125.6 12.0 5.6 126.3 11.9 0.1 0.3 0.1 1.8 0.2 1.79 17.3 124.8 16.6 17.1 126.3 16.6 0.2 1.5 0.2 1.2 1.2 1.2

10 23.1 125.2 16.6 22.9 126.3 16.6 0.2 1.1 0 0.9 1.3 1.211 34.7 126.5 11.8 34.6 126.3 11.9 0.1 0.2 0.1 0.3 0.2 0.812 36.8 126.5 11.8 36.5 126.3 11.9 0.3 0.2 0.1 0.5 0.2 0.813 36.8 126.5 10.3 36.5 126.3 10.5 0.3 0.2 0.2 0.5 0.2 1.914 39.9 126.9 9.0 39.5 126.3 9.2 0.3 0.6 0.2 1.5 0.4 2.115 39.8 126.9 7.4 39.5 126.3 7.6 0.4 0.6 0.2 0.5 0.4 2.616 39.0 126.9 7.0 38.7 126.3 7.1 0.3 0.6 0.1 0.2 0.4 1.417 36.6 126.1 7.8 36.5 126.3 7.8 0.3 0.2 0.1 0.3 0.2 1.318 36.6 128.1 -22.6 36.5 126.3 -22.5 0.1 1.8 0.1 0.3 1.4 0.4

Coluna e Parede Foto 20: ccord. Centro (669,438) Foto19 : coord. Centro (671,422) base: 40 cm(vista lateral)

Ponto X Y Z X Ymédio Z Dx Dy Dz X Y Z1 (coluna) 40.1 125.4 0.1 40.4 125.4 0.1 0.3 0 0 0.7 0 02 (parede) 27.8 136.9 0.6 28.0 136.9 0.6 0.2 0 0 0.7 0 0

104

Na primeira coluna desta tabela são apresentadas as coordenadas 3D de pontos

singulares da maquete da capela Santa Cruz obtidas por processamento computacional.

As coordenadas dos mesmos pontos correspondentes no objeto, medidas diretamente

sobre a maquete com o auxílio de régua graduada em milímetros são apresentadas na

segunda coluna. Na terceira coluna são apresentados os desvios absolutos entre os

valores da primeira e da segunda colunas. Na quarta coluna são apresentados os desvios

percentuais tomando-se por base a medida real.

O sistema computacional foi aplicado aos detalhes arquitetônicos da fachada na

seguinte ordem: frontão, porta, cruz, ponta esquerda e fachada. Coordenadas de um

ponto situado na parede lateral da maquete, lado da varanda e coordenadas de um ponto

de uma das colunas da mesma varanda foram considerados.

Os valores desta tabela foram extraídos do sistema com a finalidade de se calcular os

desvios absolutos e relativos para comprovar a confiabilidade do método. Entretanto

para a criação dos desenhos 3D em AutoCAD um número muito maior de coordenadas

de pontos situados em toda a extensão da capela foram processados.

Analisando-se os resultados apresentados observa-se para os detalhes arquitetônicos a

seguir que:

• Frontão

O desvio relativo máximo é de 1,5% . O desvio absoluto máximo é de 4 milímetros, o

qual é correspondente a um desvio relativo de 1,1 %.

• Porta

O desvio relativo máximo é de 0,7% correspondente a um desvio absoluto de 1

milímetro. O desvio absoluto máximo foi de 7 milímetros o que corresponde a um

desvio relativo de 0,5%.

105

• Cruz

O desvio relativo máximo é de 0,6% correspondente a um desvio absoluto de 1

milímetro. O desvio absoluto máximo é de 6 milímetros correspondente a um desvio

relativo de 0,5 %.

• Ponta Esquerda

O desvio relativo máximo é de 3,6% correspondente a um desvio absoluto de 2

milímetros. O desvio absoluto máximo é de 3 milímetros correspondente a um desvio

relativo de 0,2%.

• Fachada

O desvio relativo máximo é de 2,8% correspondente a um desvio absoluto de 1

milímetro O desvio absoluto máximo é de 18 milímetros correspondente a um desvio

relativo de 1,4%.

• Coluna e Parede

O desvio relativo máximo foi de 0,7% correspondente a um desvio absoluto de 3

milímetros. O desvio absoluto e relativo na medida da distância da coluna da varanda à

parede lateral foi zero.

Os desvios relativos são menores do que o limite máximo arbitrado no início do

trabalho como sendo satisfatório. Este limite de desvio foi estabelecido como sendo

igual a 5%.

As coordenadas no eixo dos Y que representam a distância aproximada do centro da

objetiva ao objeto fotografado são calculadas uma a uma pelo procedimento

computacional, o mesmo não acontecendo quando se considera a medida real deste

afastamento. Neste caso seria impraticável medir-se uma a uma com trena as distâncias

da parede ao centro da objetiva. Adota-se portanto como medida real de afastamento a

média das medidas calculadas pelo computador.

106

A distância medida com trena durante a tomada de fotos , da maquina fotográfica ao

objeto fotografado, entre o plano da face da objetiva e um ponto da face da fachada,

foi de 125 cm. Dado que a parede não é completamente plana, nem rigorosamente

paralela a face da objetiva preferiu-se usar a média dos valores calculados pelo

computador. O procedimento computacional apresenta esta medida variando no entorno

de 126,3 cm o que é mais correto, já que esta medida deve ser feita considerando-se o

ponto de encontro dos raios luminosos em um plano no interior da objetiva e não em

sua face como é possível medir.

A maioria dos desvios apresentados são mais facilmente atribuídos a erros feitos com a

utilização de régua na medição feita sobre a maquete. Observou-se que as medidas

calculadas pelo procedimento computacional são bastante confiáveis.

As coordenadas da tabela acima foram fornecidas ao sistema AutoCAD para a criação

de desenhos de detalhes da maquete. Foram criados desenhos de vistas semelhantes da

maquete a partir de dados calculados pelo programa e de dados obtidos por medição

direta sobre a maquete. Tranparências de vistas semelhantes obtidas a partir dos dados

acima foram comparadas por sobreposição das mesmas. O resultado da comparação das

transparências foi considerado satisfatório.

107

CAPÍTULO 8

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos com o sistema computacional ora apresentado para restituir

edificações através de levantamento fotogramétrico terrestre mostram a viabilidade do

método fotogramétrico digital.

Muito ainda falta em matéria de pesquisa e desenvolvimento do método e acredita-se

que muito trabalho computacional em cima dos dados levantados ainda precisa ser

executado.

Uma análise das imagens mais aprofundada seria necessária para se determinar qual o

modelo matemático que melhor resultados traria na determinação dos pontos de

registro.

Também é necessária a busca de maiores conhecimentos na tomada de fotografias para

fins fotogramétricos, para se determinar quais são os fatores que afetam mais a precisão

das medidas e desta forma orientar o trabalho das equipes envolvidas na tomada das

fotos.

Para se evitar o desperdício de tempo e trabalho os pares estereoscópios obtidos devem

ser selecionados previamente quanto à qualidade estereoscópica com auxílio de um

estereoscópio antes da digitalização dos mesmos. As fotografias que não apresentarem

boa estereoscopia quando examinadas com o estereoscópio devem ser descartadas, pois

os valores de coordenadas tridimensionais calculados a partir destes pares não serão

satisfatórios.

Na tomada de fotos em campo é necessário que as condições climáticas sejam

favoráveis, ou seja , que haja suficiente luminosidade, de preferência de igual

intensidade, para o par de fotos a serem superpostas.

108

Enfim, é fácil perceber o vastíssimo campo de conhecimentos que precisa ser dominado

por um grupo de pessoas interagindo entre si para que os resultados finais sejam

satisfatórios.

No caso de trabalhos de pequeno e médio porte, envolvendo fotogrametria digital, o

sistema desenvolvido pode ser utilizado, desde que os desvios das medidas reais

apresentados pelo sistema estejam de acordo com as exigências do cliente.

109

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