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INOVAÇÕES EM BIOTECNOLOGIA E NANOTECNOLOGIA NO BRASIL A PARTIR DA PINTEC 2011 Moises Israel Belchior de Andrade Coelho (UEA) [email protected] Renata Syallen de Sousa Veiga (UFAM) [email protected] Este trabalho tem como objetivo analisar os resultados das empresas que implementaram inovações em produtos e/ou processos em atividades de biotecnologia e nanotecnologia no Brasil, no período de 2009 a 2011 de acordo com a PINTEC 2011. Do ponto de vista metodológico, esta pesquisa caracteriza-se como quantitativa, descritiva e documental. A delimitação do universo englobou as empresas que implementaram inovações em biotecnologia e nanotecnologia no estudo do IBGE. Os resultados indicam que as empresas que realizaram atividades em biotecnologia e nanotecnologia são mais inovadoras do que a média nacional e as conclusões demonstram que essas áreas são altamente inovadoras apesar das concentrações regionais. A relevância da pesquisa está em fornecer um panorama das empresas brasileiras que inovaram em atividades de biotecnologia e nanotecnologia de forma a auxiliar na criação de cenários em nível local, regional e nacional. Palavras-chave: Inovação; Biotecnologia; Nanotecnologia; PINTEC; Brasil. XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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INOVAÇÕES EM BIOTECNOLOGIA E

NANOTECNOLOGIA NO BRASIL A PARTIR DA

PINTEC 2011

Moises Israel Belchior de Andrade Coelho (UEA)

[email protected]

Renata Syallen de Sousa Veiga (UFAM)

[email protected]

Este trabalho tem como objetivo analisar os resultados das empresas que

implementaram inovações em produtos e/ou processos em atividades de

biotecnologia e nanotecnologia no Brasil, no período de 2009 a 2011 de

acordo com a PINTEC 2011. Do ponto de vista metodológico, esta pesquisa

caracteriza-se como quantitativa, descritiva e documental. A delimitação do

universo englobou as empresas que implementaram inovações em

biotecnologia e nanotecnologia no estudo do IBGE. Os resultados indicam

que as empresas que realizaram atividades em biotecnologia e

nanotecnologia são mais inovadoras do que a média nacional e as conclusões

demonstram que essas áreas são altamente inovadoras apesar das

concentrações regionais. A relevância da pesquisa está em fornecer um

panorama das empresas brasileiras que inovaram em atividades de

biotecnologia e nanotecnologia de forma a auxiliar na criação de cenários em

nível local, regional e nacional.

Palavras-chave: Inovação; Biotecnologia; Nanotecnologia; PINTEC; Brasil.

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INTRODUÇÃO

A moderna biotecnologia se caracteriza pela complexidade e sofisticação de seus

métodos, pelo emprego de enfoques multidisciplinares, bem como, pelos altos custos

envolvidos nas pesquisas. Além da base tecnológica exigida é inquestionável a necessidade de

uma gestão diferenciada para tornar a biotecnologia competitiva (AUCÉLIO & SANT´ANA,

2006). Segundo a OECD (2006) a biotecnologia corresponde à aplicação da ciência e da

tecnologia para gerar organismos, ou partes destes, produtos e mesmos modelos, com a

finalidade de alterar os seres vivos ou materiais de origem biológica destinados à geração de

conhecimento, bens e serviços.

No caso da nanotecnologia, especula-se que tornará os processos de produção mais

baratos, menos danosos ao meio ambiente e com menor consumo de energia, mesmo nas

indústrias tradicionais, oferecendo produtos mais funcionais e com maior valor agregado. A

percepção de que a nanotecnologia e a nanociência representam um novo patamar de

conhecimento levou países líderes, tais como EUA, Japão e Comunidade Europeia, a desenhar

iniciativas nacionais ou regionais de incentivo e de financiamento privilegiado para a área

objetivando novos patamares de competitividade de suas empresas (ABDI, 2010a).

Neste contexto de crescimento da importância estratégica em nível regional e nacional

das ações em biotecnologia e nanotecnologia, a última edição da Pesquisa de Inovação

Tecnológica (PINTEC) trouxe como novidade a avaliação das atividades inovativas em

biotecnologia e nanotecnologia no Brasil.

Sendo assim, este trabalho tem como objetivo analisar os resultados das empresas que

implementaram inovações em produtos e/ou processos em atividades de biotecnologia e

nanotecnologia no Brasil, no período de 2009 a 2011 de acordo com a PINTEC 2011. O

trabalho está estruturado em três partes: a primeira trata de uma revisão da literatura

relacionada aos indicadores de inovação e biotecnologia/nanotecnologia; na segunda parte

ocorre a descrição da metodologia; e por fim, na terceira parte apresentam-se os resultados, a

discussão, as considerações finais e as referências.

1. REVISÃO DA LITERATURA

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1.1 INDICADORES DE INOVAÇÃO

No início da década de 60, os indicadores de desenvolvimento da OECD (Organização

para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) possuíam foco na relação entre pesquisa e

desenvolvimento, este quadro se alterou nos últimos 20 anos tendo a discussão se ampliado

para trabalhos nas áreas de inovação; propriedade intelectual; medidas para a gestão do

conhecimento e programas governamentais de apoio direto e indireto a tecnologia e pesquisa

e desenvolvimento – P&D (GAULT, 2011).

Os indicadores de CT&I tem se tornado um ingrediente essencial nas pesquisas com

foco nos modos de operação dos subsistemas de CT&I e suas relações com o amplo sistema

social. A insatisfação com os indicadores de P&D foi a base para o sucesso no

desenvolvimento de novos indicadores de output de CT&I dentro do quadro do Manual de

Oslo (1992) em conjunto com as diferentes ondas de surveys ocorridas no início da década de

90 por diferentes atores, como União europeia na aplicação do Comunnity Innovation Survey

(CIS), por exemplo (FREEMAN & SOETE, 2007).

O primeiro CIS ocorreu em 1993 com o objetivo de ser uma grande fonte de dados de

novas inovações na época. A proposta do CIS e de outros surveys de inovação baseou-se na

primeira edição do Manual de Oslo e buscava a superação de algumas limitações dos

tradicionais questionários de P&D. Eles possuíam duas metas principais, uma era

providenciar dados de atividades de inovação, que não eram contempladas em P&D, e outra

era providenciar medidas de saídas de inovação (ARUNDEL, 2007).

Outro exemplo de survey chama-se Nordic Innovation Monitor, esse instrumento

mede a capacidade de inovação dos países da OECD e evidencia áreas onde a inovação

precisa ser fortalecida. Acredita-se que para ter um grande impacto na capacidade de inovação

quatro condições estruturais são necessárias: (1) recursos humanos; (2) criação de

conhecimento; (3) inovação e comunicação tecnológica (TICs); e (4) empreendedorismo. O

Nordic Innovation Monitor mede a força das quatro condições, bem como de seus outputs

(NORDEN, 2009).

A inovação tem se tornado uma política prioritária em muitos países apoiados pelas

estratégias nacionais e grandes orçamentos. Posteriormente, a inovação tomou um papel

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central e muitos governos têm estabelecido ministérios, departamentos e escritórios para

apoiar estudos, integração e implementação de políticas de inovação. Com o intuito de avaliar

a efetividade das intervenções governamentais, vários índices de inovação tem sido

desenvolvidos nos últimos anos para medir o desempenho de inovação em nível nacional e

sub-nacional (MAHROUM & ASALEH, 2012).

No caso do Brasil, em 2001 o IBGE firmou convênio com a Financiadora de Estudos e

Projetos (FINEP) para a realização da primeira Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC)

que resultou em um grupo de trabalho formado por representantes do IBGE, do Ministério da

Ciência, Tecnologia e Inovação e da FINEP (IBGE, 2002).

A PINTEC tem por objetivo a construção de indicadores nacionais das atividades de

inovação tecnológica nas empresas industriais brasileiras, em consonância com as

metodologias internacionais em termos conceituais e metodológicos. O referencial conceitual

e metodológico da pesquisa é o Manual de Oslo e o modelo utilizado pela EUROSTAT,

Community Innovation Survey (CIS). O universo da pesquisa trata das empresas com dez ou

mais pessoas ocupadas (IBGE, 2002). A primeira edição da pesquisa ocorreu em 2000 com

dados relativos ao período de 1998 a 2000. A segunda edição (2003) avaliou os dados do

período de 2001 a 2003, a terceira edição (2005) avaliou os dados de 2003 a 2005; a quarta

edição (2008), avaliou os dados temporais do período de 2006 a 2008 e a quinta e última

edição (2011) avaliou os dados entre os anos de 2009 e 2011 (IBGE, 2002; 2005; 2007; 2010;

2013).

Como diferencial, a terceira edição da PINTEC (2005) passou a avaliar as atividades

relacionadas aos serviços na qual se incluem as telecomunicações, as atividades de

informática e os serviços relacionados a pesquisa e desenvolvimento (IBGE, 2007). Na edição

de 2008 ocorreu uma ampliação das atividades de serviços avaliadas com a adição de

serviços, tais como, edição e gravação de música; atividades dos serviços de tecnologia da

informação; e tratamentos de dados, hospedagem na internet e outras atividades relacionadas

IBGE (2010). Na edição de 2011 passou-se a avaliar as atividades inovativas em

biotecnologia e nanotecnologia (IBGE, 2013).

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1.2 BIOTECNOLOGIA E NANOTECNOLOGIA

A multidisciplinaridade e a complexidade das atividades biotecnológicas levam-na à

dispersão pelas mais variadas atividades econômicas. As atividades distribuem-se por um

longo período de tempo desde a concepção da ideia original até a comercialização do produto

final. Todos os estágios assim compreendidos muitas vezes totalizam dez a quinze anos de

desenvolvimento, seja no caso de novas variedades vegetais seja no contexto do

desenvolvimento de medicamentos para uso humano (FREITAS et al., 2013).

A indústria biotecnológica é formada basicamente por laboratórios que ativamente

testam novos produtos e processos. Seu potencial reside em desenvolver algo efetivo ou se

sucesso, raramente comercializando-o diretamente, ou mais provavelmente, na forma de uma

licença para uma empresa de porte bem maior (MACHADO, 2001). Visando o

desenvolvimento biotecnológico é fundamental um ambiente apropriado fundamentado na

pesquisa tecnológica básica e de impacto, incentivos para a criação de empresas embrionárias

(startups), experiência para transformar o conhecimento em produtos, serviços e processos.

(AUCÉLIO & SANT´ANNA, 2006).

Entre tantas inovações convergentes, a nanociência e a nanotecnologia surgem como

alternativa para o estudo dos fenômenos e manipulação de materiais na escala atômica,

molecular e macromolecular, quando as propriedades diferem daquelas observadas na escala

macro e a realização do desenho, caracterização, produção de estruturas, peças e sistemas pelo

controle do seu tamanho e forma na escala nanométrica, ou 10-9 (ABDI, 2010a).

Em estudo, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) realizou

estudo prospectivo com o objetivo de fornecer as bases para a estruturação de uma agenda

INI-Nanotecnologia robusta. O resultado foi uma análise estruturada destacando as aplicações

consideradas estratégicas para o país em três níveis: (1)“apostas”, referentes a tópicos que

foram classificados como de alta sustentabilidade e cujos desenvolvimentos requerem alto

grau de esforço, na grande maioria dos casos pelo estágio embrionário em que se encontram;

(2) “situação ideal”, quando os tópicos são de alta sustentabilidade e seus desenvolvimentos

requerem pouco esforço; e (3)“situação desejável”, quando os tópicos são de alta

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sustentabilidade e seu desenvolvimento irá requerer um esforço médio (ABDI, 2010b).

2. METODOLOGIA

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa caracteriza-se como quantitativa, do ponto de vista da abordagem do

problema. Nesse tipo de pesquisa considera-se que tudo pode ser quantificável, ou seja, traduz

em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las (SILVA & MENEZES,

2005). No que trata esta pesquisa, busca-se analisar setorialmente as empresas que realizaram

inovações em biotecnologia e nanotecnologia no Brasil.

Com relação aos objetivos, classifica-se como descritiva, pois tem como finalidade

descrever as características de determinada população, fenômeno ou estabelecimento de

relações entre variáveis (SILVA & MENEZES, 2005). No que tange o delineamento (design),

a pesquisa caracteriza-se como documental (GIL, 2002) utilizando dados secundários

quantitativos baseados na Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) avaliando os

resultados no período de 2009 a 2011.

2.3 MÉTODOS PARA COLETA DE DADOS

O universo desta pesquisa foi composto por todas as empresas participantes da

PINTEC no Brasil. A delimitação do universo englobou as empresas que implementaram

inovações em biotecnologia e nanotecnologia no estudo do IBGE ao longo do período

mencionado. O Quadro 1 apresenta os constructos e as métricas utilizadas no estudo.

Constructo Métrica Consolidação do

autor

Comportamento das

empresas brasileiras que

inovaram em atividades

Taxa de inovação das empresas que desenvolveram

atividades de biotecnologia e nanotecnologia no período

de 2009 a 2011, por setor

Figura 1

Quadro 1: Constructos e métricas do estudo

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de biotecnologia e/ou

nanotecnologia Taxa de inovação da indústria de transformação e serviços

em biotecnologia no período de 2009 a 2011, por

principais atividades

Figura 2

Taxa de inovação da indústria de transformação e serviços

em nanotecnologia no período de 2009 a 2011, por

principais atividades

Figura 3

Distribuição das empresas brasileiras que desempenharam

atividades em Biotecnologia e Nanotecnologia no período

de 2009 a 2011, por região

Figura 4

Uso da biotecnologia por

empresas brasileiras com

potencial de inovação

Taxa de inovação de empresas que desenvolveram

atividades em Biotecnologia, distribuídas por regiões, no

período de 2009 a 2011

Figura 5

Modos de uso da biotecnologia por empresas brasileiras

que inovaram em biotecnologia no período de 2009 a

2011 (nº de empresas)

Tabela 1

Modos de uso das empresas brasileiras que inovaram em

biotecnologia, por região, no período de 2009 a 2011 (nº

de empresas)

Tabela 2

Uso da nanotecnologia

por empresas brasileiras

com potencial de inovação

Taxa de inovação de empresas que desenvolveram

atividades em Nanotecnologia, distribuídas por regiões,

no período de 2009 a 2011

Figura 6

Modos de uso da nanotecnologia por empresas brasileiras

que inovaram em nanotecnologia no período de 2009 a

2011 (nº de empresas)

Tabela 3

Modos de uso das empresas brasileiras que inovaram em

nanotecnologia, por região, no período de 2009 a 2011 (nº

de empresas)

Tabela 4

2.4 MÉTODOS PARA ANÁLISE DE DADOS

Elaboração: Autores.

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Para análise dos relatórios, foi necessário o tratamento das informações

disponibilizadas pelo IBGE de forma que estivessem alinhadas com os objetivos desse estudo.

Essa análise foi feita em quatro etapas:

1. Consolidação das informações da última edição da PINTEC em única base de dados.

Com isso, buscou-se organizar os dados de forma que apresentassem a mesma

estrutura;

2. Obtenção das informações referentes aos resultados das áreas de biotecnologia e

nanotecnologia dando origem a uma nova base de dados;

3. Organização das métricas com seus respectivos constructos (Quadro 1);

4. Tabulação e análise dos dados do Amazonas.

Concluindo, no tratamento estatístico dos dados, optou-se por uma análise que

permitisse uma adequada visualização por meio de figuras e tabelas.

3. RESULTADOS

3.1 COMPORTAMENTO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS QUE INOVARAM EM

ATIVIDADES DE BIOTECNOLOGIA E/OU NANOTECNOLOGIA

De um universo de 128.699 empresas pesquisadas dos setores industriais (extrativas e

transformação), serviços e eletricidade e gás, 35,7% lançaram produtos e/ou implementaram

processos considerados novos ou bastantes aprimorados, dos quais 1.820 empresas (4%)

declararam ter realizado alguma atividade relacionada ao uso, produção e pesquisa e

desenvolvimento (PD&I) em biotecnologia, sendo que 65,1% delas foram inovadoras. Das

1.132 empresas (2,5%) que desenvolveram estas atividades para a nanotecnologia, 86,1%

foram inovadoras.

Nas empresas industriais (extrativas e transformação) que desenvolveram atividades

de biotecnologia, a taxa de inovação foi de 63,3%, enquanto que nas empresas que

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desenvolveram atividades de nanotecnologia a taxa de inovação apresentou um resultado

melhor, na ordem de 86,2%. No setor de eletricidade e gás, a taxa de inovação das empresas

que realizaram atividades em biotecnologia atingiu 100%, enquanto nas empresas que

utilizaram nanotecnologia a taxa alcançou 67,4%. No caso dos serviços, as empresas que

realizaram atividades em biotecnologia foram mais inovadoras com 97,3% do que aquelas que

utilizaram nanotecnologia com 83,6% (Figura 1).

Dentre as empresas industriais que desenvolveram atividades de biotecnologia, cinco

atividades da indústria de transformação se destacaram pela taxa de inovação, a saber:

fabricação de produtos alimentícios (57,8%), fabricação de produtos químicos (87,4%),

fabricação de artigos de borracha e plástico (96,1%) e a fabricação de produtos de minerais

não-metálicos (96,3%), com destaque a fabricação de produtos químicos inorgânicos com

96,6%, conforme mostra a Figura 2. Em serviços, se destacaram os Serviços de arquitetura e

engenharia, testes e análises técnicas (98,3%) e Pesquisa e desenvolvimento (93,8%).

Figura 2: Taxa de inovação da indústria de transformação e serviços em

biotecnologia no período de 2009 a 2011, por principais atividades.

Fonte: IBGE (2013).

Figura 1: Taxa de inovação das empresas que desenvolveram

atividades de biotecnologia e nanotecnologia no período de

2009 a 2011, por setor.

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Com relação às atividades de nanotecnologia, três atividades da indústria de

transformação se destacaram como inovadoras, a saber: fabricação de artigos de borracha

(57,3%), fabricação de produtos químicos (90,4%) e destaque para a fabricação de produtos

de minerais não-metálicos com 100%. Em serviços, as atividades de Serviços de arquitetura e

engenharia, testes e análises técnicas e Pesquisa e desenvolvimento se destacaram com 100%

(Figura 3).

Fonte: IBGE (2013).

Figura 3: Taxa de inovação da indústria de transformação e serviços em

nanotecnologia no período de 2009 a 2011, por principais atividades.

Fonte: IBGE (2013).

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Comparando a distribuição das empresas brasileiras que inovaram nessas áreas por

regiões, a Região Sudeste se destaca como a mais inovadora com 49,4% em Biotecnologia e

57,1% em Nanotecnologia no que tange as empresas que desempenharam atividades

inovativas nessas duas áreas. A Região Norte representa apenas 1,8% das empresas com

atividades inovativas em biotecnologia e 0,6% em nanotecnologia em relação ao Brasil

(Figura 4).

Existe predominância de inovações em biotecnologia nas Regiões Nordeste, Centro-

Oeste e Norte, ao passo que nas Regiões Sudeste e Sul acontecem o predomínio de inovações

em nanotecnologia.

3.2 USO DA BIOTECNOLOGIA POR EMPRESAS BRASILEIRAS COM

POTENCIAL DE INOVAÇÃO

A taxa de inovação das empresas que desenvolveram atividades em Biotecnologia no

Brasil foi de 69,4% no período analisado, as regiões Norte (82%) e Centro-Oeste (81%) foram

as mais inovadoras, seguidas pelo Nordeste (75%), Sudeste (66%) e Sul (43%). As Regiões

Sul e Sudeste ficaram abaixo da média nacional. No caso da Região Norte, das 24 empresas

que realizaram atividades em biotecnologia, 20 empresas implementaram inovações em

produtos e/ou processos (Figura 5).

Fonte: IBGE (2013).

Figura 4: Distribuição das empresas brasileiras que desempenharam atividades em

Biotecnologia e Nanotecnologia no período de 2009 a 2011, por região.

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A PINTEC 2011 investigou os modos de uso de biotecnologia (2009 a 2011), de

forma a expressar o emprego da aplicabilidade do uso da biotecnologia nas empresas

pesquisadas. Foram identificados quatro modos de uso: (a) usuário final (compreende a

simples compra ou aquisição de produto acabado), (b) usuário integrador (refere-se à compra

de insumos ou processos biotecnológicos para incorporar aos bens e serviços produzidos pelas

empresas), (c) produtor (de insumos, produtos ou processos biotecnológicos que compreende

a produção ou desenvolvimento da técnica de incorporação de insumos, produtos ou

processos biotecnológicos) e (d) P&D (pesquisa e desenvolvimento de produtos, insumos ou

processos biotecnológicos), que se distribuem nas empresas pesquisadas com potencial de

inovação nas Indústrias, Eletricidade e gás, e nos Serviços que compõem o âmbito da

pesquisa (IBGE, 2013).

A Tabela 1 evidencia a predominância do modo de uso da biotecnologia para o usuário

final nas indústrias de transformação e serviços e do modo de uso em pesquisa e

desenvolvimento (P&D) nas indústrias extrativas e eletricidade e gás. Desta forma, tem-se a

empregabilidade da biotecnologia voltada para a simples compra ou aquisição de produto

acabado nas indústrias de transformação e serviços e o processo de P&D de produtos,

insumos ou processos biotecnológicos nas indústrias extrativas e eletricidade e gás.

Fonte: IBGE (2013).

Figura 5: Taxa de inovação de empresas que desenvolveram atividades em

Biotecnologia, distribuídas por regiões, no período de 2009 a 2011.

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Total Usuário final

Usuário

integrador Produtor P&D

Indústrias extrativas 3 1 0 4

Indústrias de transformação 515 354 315 126

Eletricidade e gás 0 0 2 13

Serviços 65 5 10 18

Total 583 360 327 160

Quando relacionamos os modos de uso da biotecnologia distribuídos por região, a

Região Sudeste demonstra um predomínio da utilização da biotecnologia no modo usuário

integrador, na Região Centro-Oeste ocorre a predominância do tipo produtor e nas demais

regiões para o modo usuário final (Tabela 2).

Usuário final Usuário

integrador Produtor P&D

Norte 8 6 0 6

Nordeste 164 77 24 3

Sudeste 203 231 191 71

Sul 127 32 36 27

Centro-Oeste 16 8 64 22

3.3 USO DA NANOTECNOLOGIA POR EMPRESAS BRASILEIRAS COM

POTENCIAL DE INOVAÇÃO

Fonte: IBGE (2013).

Tabela 2: Modos de uso das empresas brasileiras que inovaram em biotecnologia, por região, no

período de 2009 a 2011 (nº de empresas)

Fonte: IBGE (2013).

Tabela 1: Modos de uso da biotecnologia por empresas brasileiras que inovaram em

biotecnologia no período de 2009 a 2011 (nº de empresas)

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Com um resultado melhor em relação ao ramo da Biotecnologia, a Nanotecnologia

obteve uma taxa de inovação de 86,2% no período 2009 a 2011, com o destaque nas regiões

Sudeste (94,1%) e Centro-Oeste (94,1%), consideradas as mais inovadoras nessa área. A

Região Nordeste (89,7%) alcançou resultado próximo à média nacional e as regiões Norte e

Sul ficaram abaixo do resultado nacional. No caso da Região Norte, das oito empresas que

realizaram atividades em nanotecnologia, cinco empresas implementaram inovações em

produtos e/ou processos (Figura 6).

Analogamente à área de biotecnologia, foram identificadas quatro modos de uso da

nanotecnologia nas empresas pesquisadas: (a) usuário final (compreende a simples compra ou

aquisição de produto acabado que emprega a nanotecnologia), (b) usuário integrador (refere-

se à compra de insumos ou processos nanotecnológicos para incorporar aos bens e serviços

produzidos pelas empresas), (c) produtor (de insumos, produtos ou processos

nanotecnológicos que compreende a produção ou desenvolvimento da técnica de incorporação

de insumos, produtos ou processos nanotecnológicos) e (d) P&D (pesquisa e desenvolvimento

de produtos, insumos ou processos nanotecnológicos), que se distribuem nas empresas

pesquisadas com potencial de inovação nas Indústrias, Eletricidade e gás, e dos Serviços que

compõem o âmbito da pesquisa (IBGE, 2013).

Fonte: IBGE (2013).

Figura 6: Taxa de inovação de empresas que desenvolveram atividades em

Nanotecnologia, distribuídas por regiões, no período de 2009 a 2011.

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A Tabela 3 evidencia a predominância do modo de uso da nanotecnologia para o

usuário final nas indústrias de transformação e serviços e do modo de uso em pesquisa e

desenvolvimento (P&D) nas indústrias extrativas e eletricidade e gás. Desta forma, tem-se a

empregabilidade da nanotecnologia voltada para a simples compra ou aquisição de produto

acabado nas indústrias de transformação e serviços e o processo de P&D de produtos,

insumos ou processos nanotecnológicos nas indústrias extrativas e eletricidade e gás.

Usuário final

Usuário

integrador Produtor P&D

Indústrias extrativas 1 1 1 5

Indústrias de

transformação 555 315 62 112

Eletricidade e gás 0 0 2 4

Serviços 7 1 1 2

Total 563 317 66 123

Quando relacionamos os modos de uso da nanotecnologia distribuídos por região, com

exceção da Região Norte, as demais demonstram um predomínio da utilização da

nanotecnologia para o usuário final. Na Região Norte ocorre um equilíbrio entre as atividades

para o usuário final e produtor (Tabela 4).

Usuário final Usuário

integrador Produtor P&D

Norte 3 1 3 -

Nordeste 120 19 14 4

Sudeste 297 188 31 72

Sul 129 104 10 30

Tabela 4: Modos de uso das empresas brasileiras que inovaram em nanotecnologia, por região, no

período de 2009 a 2011 (nº de empresas)

Fonte: IBGE (2013).

Tabela 3: Modos de uso da nanotecnologia por empresas brasileiras que inovaram em

nanotecnologia no período de 2009 a 2011 (nº de empresas)

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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Centro-Oeste 7 3 4 10

CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo analisar os resultados das empresas que

implementaram inovações em produtos e/ou processos em atividades de biotecnologia e

nanotecnologia no Brasil de acordo com a PINTEC 2011. Conclui-se que o objetivo da

pesquisa foi alcançado a partir dos resultados e da discussão apresentada no trabalho.

Entre os principais resultados encontrados destacam-se: (1) empresas que realizaram

atividades em biotecnologia e nanotecnologia representam uma pequena parcela da pesquisa;

(2) essas empresas são mais inovadoras do que a média nacional; (3) empresas que

desenvolveram atividades em nanotecnologia são mais inovadoras do que as biotecnológicas;

(4) serviços de arquitetura e engenharias, testes e análises técnicas se destacaram tanto nas

atividades que mais desenvolveram inovações em biotecnologia quanto em nanotecnologia; e

(5) quanto ao modo de uso, as empresas das duas áreas encontram-se em um estágio inicial a

intermediário no processo de agregação de valor.

Como limitações, a pesquisa tratou apenas dos resultados em nível nacional e

regional. Como sugestões para pesquisas futuras, a metodologia possibilita a comparação

entre regiões e UFs, portanto sugere-se a análise mais detalhada em nível regional e a

caracterização em nível estadual.

Concluindo, os resultados da PINTEC relativos às atividades de biotecnologia e

nanotecnologia, demonstram áreas altamente inovadoras que ainda possuem pequena

participação dentro da matriz produtiva brasileira dentro de um cenário de concentração

geográfica na Região Sudeste. A relevância da pesquisa está em fornecer um panorama das

empresas brasileiras que inovaram em atividades de bio e nanotecnologia de forma a auxiliar

na criação de cenários em nível local, regional e nacional em áreas fundamentais para o

desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do país.

Fonte: IBGE (2013).

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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