inmetro - contencioso - legalidade da autuação - etiquetas de produtos têxteis

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INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL – INMETRO LEGALIDADE DA AUTUAÇÃO INDICATIVO DE COMPOSIÇÃO TÊXTIL Fevereiro/2008 AÇÃO: Ação ordinária anulatória/Embargos à Execução Fiscal SÍNTESE DO PEDIDO: busca anular penalidades de multa aplicadas em processos administrativos de apuração de infrações (irregularidade na indicação de composição têxtil - etiqueta), sob o argumento de afronta ao princípio constitucional da legalidade. SITUAÇÕES ABRANGIDAS: Em execuções fiscais, para cobrança de créditos do INMETRO, de natureza não-tributária, através de discussão de mérito em embargos à execução; ou em ação ordinária anulatória de procedimentos administrativos que culminaram na aplicação de multa. ELEMENTOS DE FATO: Processos Administrativos para apuração de infrações, objeto de discussão, cujas cópias podem ser requisitadas diretamente às Assessorias Jurídicas das Representações do INMETRO, nos respectivos Estados da Federação. PRESCRIÇÃO: PREQUESTIONAMENTO: artigos 1.°, 3.°, 5.°, 7.° e , 8.° da Lei 9.933/99. OBSERVAÇÕES:

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Page 1: INMETRO - Contencioso - legalidade da  autuação - etiquetas de produtos têxteis

INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL – INMETRO

LEGALIDADE DA AUTUAÇÃOINDICATIVO DE COMPOSIÇÃO TÊXTIL

Fevereiro/2008

AÇÃO: Ação ordinária anulatória/Embargos à Execução Fiscal

SÍNTESE DO PEDIDO: busca anular penalidades de multa aplicadas em processos administrativos de apuração de infrações (irregularidade na indicação de composição têxtil - etiqueta), sob o argumento de afronta ao princípio constitucional da legalidade.

SITUAÇÕES ABRANGIDAS: Em execuções fiscais, para cobrança de créditos do INMETRO, de natureza não-tributária, através de discussão de mérito em embargos à execução; ou em ação ordinária anulatória de procedimentos administrativos que culminaram na aplicação de multa.

ELEMENTOS DE FATO: Processos Administrativos para apuração de infrações, objeto de discussão, cujas cópias podem ser requisitadas diretamente às Assessorias Jurídicas das Representações do INMETRO, nos respectivos Estados da Federação.

PRESCRIÇÃO:

PREQUESTIONAMENTO: artigos 1.°, 3.°, 5.°, 7.° e , 8.° da Lei 9.933/99.

OBSERVAÇÕES:

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TESE DA DEFESA

PRELIMINARES

MÉRITO DA DEFESA

Os comandos legais dos arts. 1.º e 5.º da Lei 9933/99, ao tipificarem a conduta, remetem à observação de Regulamentos Técnicos expedidos pelo Conmetro e pelo Inmetro, consoante os termos que segue:

Lei Federal n. 9.933/99;

Art. 1º - Todos os bens comercializados no Brasil, insumos, produtos finais e serviços, sujeitos a regulamentação técnica, devem estar em conformidade com os regulamentos técnicos pertinentes em vigor.

Art. 5º - As pessoas naturais e as pessoas jurídicas, nacionais e estrangeiras, que atuem no mercado para fabricar, importar, processar, montar, acondicionar ou comercializar bens, mercadorias e produtos e prestar serviços ficam obrigadas à observância e ao cumprimento dos deveres instituídos por esta Lei e pelos atos normativos e regulamentos técnicos e administrativos expedidos pelo Conmetro e pelo Inmetro.

O art. 2.º da Lei n.º 9.933/99 determina que o Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Conmetro, órgão colegiado da estrutura do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, criado pela Lei nº 5.966, de 11 de dezembro de 1973, é competente para expedir atos normativos e regulamentos técnicos, nos campos da Metrologia e da Avaliação da Conformidade de produtos, de processos e de serviços.

O Presidente do CONMETRO, no uso de suas atribuições, através da Resolução n.º 02, de 13 de dezembro de 2001, aprovou o Regulamento Técnico de Etiquetagem de Produtos Têxteis.

No capítulo II, do referido Regulamento, determinou-se:

CAPÍTULO II - INFORMAÇÕES QUE DEVERÃO CONSTAR NA ETIQUETA1. Os produtos têxteis de procedência nacional ou estrangeira deverão apresentar, obrigatoriamente, na etiqueta as seguintes informações:a) nome ou razão social e identificação fiscal do fabricante nacional ou do importador, conforme o caso.a.1) O nome ou a razão social do fabricante ou importador poderá ser substituído pela marca registrada do fabricante ou importador no órgão competente do país de consumo.b) País de origem:b.1) Não serão aceitas somente designações de blocos econômicos.c) A indicação do nome das fibras ou filamentos e sua composição expressa em percentual, na forma contida no capítulo IV.d) Tratamento de cuidado para conservação, conforme previsto no capítulo V.e) Uma indicação de tamanho.

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Referida Resolução foi revogada pela Resolução CONMETRO n.º 06, de 19 de dezembro de 2005, que aprovou novo Regulamento Técnico de Etiquetagem de Produtos Têxteis.

Não se perca de vista que a Resolução apenas regulamenta Lei Federal, encontrando nesta, porém, os limites e nortes da matéria a ser tratada. Neste passo, os arts. 1.º e 5.º da Lei n.º 9.933/99 são claros suficientes a estabelecer que todos os bens comercializados no país, devem estar em conformidade com os respectivos regulamentos técnicos em vigor, estando, as pessoas que atuam no mercado para fabricar ou comercializar esses bens, obrigados à observância e ao cumprimento dos deveres instituídos na Lei 9.933/99, atos normativos e regulamentos técnicos e administrativos expedidos pelo Conmetro e pelo Inmetro.

Portanto, ao contrário do que sustentado em inicial pela Autora, nada há de ilegal na autuação procedida, na medida em que os arts. 1.º e 5.º da Lei n.º 9.933/99 expressamente remetem a Autora e os produtos objeto de fiscalização à observância e ao cumprimento dos deveres instituídos pela citada Lei, bem como pelos atos normativos e regulamentos técnicos e administrativos expedidos pelo Conmetro e pelo Inmetro.

E as Resoluções supracitadas estabelecem de forma cogente as informações que devem constar nas etiquetas dos produtos têxteis.

Ao flagrar-se que os produtos expostos à venda, não estavam em conformidade com os regulamentos técnicos pertinentes em vigor, sua conduta comissiva ou omissiva é considerada infração à Lei n.º 9.933/99, nos termos do art. 7.º e parágrafo único, verbis:

Art. 7º Constituir-se-á em infração a esta Lei, ao seu regulamento e aos atos normativos baixados pelo Conmetro e pelo Inmetro a ação ou omissão contrária a qualquer dos deveres jurídicos instituídos por essas normas nos campos da Metrologia Legal e da Certificação Compulsória da Conformidade de produtos, de processos e de serviços.Parágrafo único. Será considerada infratora das normas legais mencionados no caput deste artigo a pessoa natural ou a pessoa jurídica, nacional ou estrangeira, que, no exercício das atividades previstas no art. 5º, deixar de cumprir os deveres jurídicos pertinentes a que estava obrigada.

Cumpre esclarecer que se tratam de infrações formais, não havendo no que se perquirir acerca dos elementos subjetivos da conduta – culpa ou dolo do agente infrator.

Havendo infração legal - desatenção às normas e regulamentos – o Inmetro está compelido por lei, e segundo o seu poder de polícia, a processar e julgar as infrações, bem assim aplicar ao infrator, isolada ou cumulativamente, as penalidades, não havendo no que se cogitar dos elementos subjetivos da conduta, eis que desprovida a Administração, neste ponto, dos atributos de conveniência e oportunidade. Desta forma é o que dispõe o art. 8.º da Lei n.º 9.933/99.

Não há, portanto, ofensa ao princípio da legalidade, uma vez que a lei 9.933/99 estabeleceu as penalidades e limites a serem aplicados aos infratores de normas técnicas, reservando para os atos administrativos tão somente a regulamentação destas normas. Este entendimento é intransponível e a interpretação tendenciosa deve cessar diante da clareza e objetividade das normas legais invocadas.

Não fere o princípio da legalidade, insculpido nos arts. 5º, II, da CR/88, o fato de a lei atribuir a posterior normatização administrativa detalhes técnicos que, por necessitarem de conhecimento técnico-científico

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apurado, evoluindo rapidamente e necessitando de atualização constante, encontra neste nível a melhor forma de regulação.

Não se admite que decretos e atos normativos de autoridades administrativas inovem, originariamente, no mundo jurídico. No entanto, regulamentar ou adequar à execução concreta os dispositivos legais, de modo a lhes conferir a necessária efetividade, é função típica dos instrumentos jurídicos de gênese administrativa.

Face ao exposto, perfeitamente legal a lavratura do auto de infração, bem como os demais atos constantes do processo administrativo.

PREQUESTIONAMENTO

Desde já, requer-se o prequestionamento dos artigos 1.°, 3.°, 5.°, 7.° e , 8.° da Lei 9.933/99, a fim de evitar-se negativa de vigência a artigo de lei federal.

CONCLUSÃO

Sejam julgados improcedentes os embargos à execução e ações anulatórias, que se pretende discutir o mérito do ato administrativo de imposição de penalidade de multa, por ofensa ao princípio da legalidade (reserva legal).