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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO TRABALHO DO FORO CENTRAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA TOMI LEE GANDO, brasileiro, casado, técnico eletricista, portador da cédula de CPF/MF nº 111.111.111-11, do CTPS nº 01010, e inscrito no PIS sob o nº 010.010.010-10 residente e domiciliado na Rua das Luzes, nº 20, CEP nº 80.111- 111, Curitiba Paraná; vem, através de seu Advogado que esta subscreve, impetrar com uma RECLAMATÓRIA TRABALHISTA em face de seu antigo empregador, a empresa L&VE CHOQUE Ltda. pessoa jurídica de direito privado, portadora do CNPJ/MF nº 001.001.001/0001-01, com sede na Avenida das Araucárias, nº 222, em Curitiba, Paraná. Com o intuito de receber seus direito por esta, sonegados; conforme as razões a seguir expostas. DOS FATOS 1. O Reclamante foi contratado pela reclamada no dia 01/02/2001, para que trabalhasse como técnico eletricista na sede da reclamada, entregando-lhe neste momento o contrato de trabalho assinado. 2. O reclamante recebe o valor mensal atual de R$ 800,00, constante dos recibos salariais que lhe são entregues neste momento. E além deste salário constante no contra-cheque, era pago o valor de R$ 200,00 mensais pagos extra-folha, que não eram considerados no cômputo dos demais direitos trabalhistas. 3. O Reclamante cumpria jornada de trabalho variada, trabalhando seis dias por semana, usufruindo uma folga semanal, conforme escala.

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Page 1: Inicial reclamatória

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO TRABALHO DO FORO CENTRAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

TOMI LEE GANDO, brasileiro, casado, técnico eletricista, portador da cédula de CPF/MF nº 111.111.111-11, do CTPS nº 01010, e inscrito no PIS sob o nº 010.010.010-10 residente e domiciliado na Rua das Luzes, nº 20, CEP nº 80.111-111, Curitiba Paraná; vem, através de seu Advogado que esta subscreve, impetrar com uma

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA em

face de seu antigo empregador, a empresa L&VE CHOQUE Ltda. pessoa jurídica de direito privado, portadora do CNPJ/MF nº 001.001.001/0001-01, com sede na Avenida das Araucárias, nº 222, em Curitiba, Paraná. Com o intuito de receber seus direito por esta, sonegados; conforme as razões a seguir expostas.

DOS FATOS

1. O Reclamante foi contratado pela reclamada no dia 01/02/2001, para que trabalhasse como técnico eletricista na sede da reclamada, entregando-lhe neste momento o contrato de trabalho assinado.

2. O reclamante recebe o valor mensal atual de R$ 800,00, constante dos recibos salariais que lhe são entregues neste momento. E além deste salário constante no contra-cheque, era pago o valor de R$ 200,00 mensais pagos extra-folha, que não eram considerados no cômputo dos demais direitos trabalhistas.

3. O Reclamante cumpria jornada de trabalho variada, trabalhando seis dias por semana, usufruindo uma folga semanal, conforme escala.

4. Os horários de trabalho eram semanalmente alternados, de forma que uma semana trabalhava das 7h20 às 15h20, na outra das 15h20 às 23h10, e em outra das 23h10 às 06h20.

5. O reclamante possuía 40 minutos de intervalo intrajornada. Sabendo que nos últimos dois anos havia um acordo coletivo que autorizava a redução da do intervalo para refeição.

6. Nos últimos cinco dias de cada mês, o reclamante realizava duas horas extras por dia, para conseguir dar conta do excesso de serviço havido nesta época.

7. O reclamante, além de toda esta carga absurda de trabalho, permanecia ainda uma vez por semana, em plantão de doze horas em sua residência, aguardando ser chamado para trabalhar, caso ocorresse alguma pane elétrica na empresa.

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8. O reclamante exercia serviços como instalação, conservação e reparos em fusíveis e condutores, armava e desarmava chaves no quadro de força elétrica da empresa, realizava manutenção no interior da cabine de distribuição de alta voltagem com rede energizada.

9. Mesmo com toda esta jornada de trabalho, e com a periculosidade que tal trabalho apresentava, o reclamante NUNCA recebeu hora extra, ou qualquer outro valor além do salário de R$ 800,00 e os R$ 200,00 extra-folha.

10. A reclamada não paga o salário e nem deposita o FGTS ao reclamante desde maio de 2005, sendo que o ultimo depósito feito na conta vinculada é datado de abril de 2005.

11. Em razão do não pagamento dos salários, o reclamante tornou-se inadimplente no pagamento das mensalidades escolares de seu único filho, obrigando-o a tirar a criança do colégio particular que estudava, causando assim à ele, uma profunda humilhação perante seus colegas e familiares,

12. O contrato do reclamante ainda encontra-se em vigor, visto que, ele não pôde pedir

demissão por ser extremamente injusta tal situação.

DO DIREITO

A - Conforme exposto no item 8, o reclamante executava tarefas de risco, e conforme o artigos que seguem, Sabe-se que as funções executadas pelo Reclamante, como eletricista, apresentam alto grau de periculosidade, expondo o reclamante ao risco constante de morte, ou grave acidente. Também deve-se lembrar que conforme os aritigos supra sitados, é dever da contratante fornecer e exigir o uso dos EPI’S, bem como treinar os seus operários quanto ao uso, e também, repor tais equipamentos que se encontrarem danificados, sob pena de multa em face do Ministério do Trabalho, bem como responsabilização civil e penal.

        Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.

Art . 193 - São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.

        § 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.

Também, há jurisprudências confirmando a aceitação de tais decisões:

"Adicional de periculosidade. Setor de energia elétrica. Intermitência. Lei nº 7.369/85. Decreto nº 93.412/86. 1. A Lei nº 7.369/85, ao instituir o adicional de periculosidade aos empregados que exercem atividade 'no setor de energia elétrica, em condições de periculosidade' não condicionou o pagamento do adicional à sua regulamentação pelo Poder Executivo, quanto à intermitência (Decreto n" 93.412/86). Cabia a este apenas especificar as atividades 'que se exercem em condições perigosas' (art. 2º da Lei nº

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7.369/85) e não impor condições impeditivas do direito à vantagem. 2. A intermitência não afasta o direito ao referido adicional, diante da impossibilidade de se eliminar o risco a que se expõe o trabalhador, em virtude da natureza da prestação laboral e da imprevisibilidade do momento em que o infortúnio pode acontecer. É, portanto, devido o adicional de periculosidade de forma integral, mesmo que o ingresso do empregado em área de risco seja feito de modo intermitente." (Acórdão unânime da 3a Turma do TST-RR 159.100/95.8-Rel. Min. Francisco Fausto Paula de Medeiros - DJU 1 de 17.11.95, pág. 39.456).

"Adicional de periculosidade. Pagamento integral e não proporcional. O acidente decorrente do risco, como se deduz do próprio conceito, não avisa hora em que vai acontecer. Assim, o contato habitual, ainda que intermitente, pode expor o empregado a um acidente que aconteça em questão de segundos ou minutos, exatamente no momento em que se encontrava. Correto o pagamento integral do Adicional de Periculosidade (... (Acórdão unânime da 2a Turma do TST - RR 100.35 93.9 - Rel. Min. Vantuil Abdala - DJU 1 de 07.12.9 pág. 42.960/1).

B - Conforme o item 4, tendo em vista que alguns períodos de trabalho exercidos pelo reclamante se encontram dentro do período conhecido como “noturno”, dentre as 22hrs e as 05hrs, o mesmo deve receber adicional noturno referente a estes períodos. Hora noturna, por disposição legal, nas atividades urbanas, é computada como sendo de 52 (cinqüenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos. Ou seja, cada hora noturna sofre a redução de 7 minutos e 30 segundos ou ainda 12,5% sobre o valor da hora diurna. Conforme expresso no artigo 73 e seus parágrafos.

Art. 73 - Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna.

        § 1º - A hora do trabalho noturno será computada como de 52 (cinqüenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos.

        § 2º - Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte.

        § 3º - O acréscimo a que se refere o presente artigo, em se tratando de empresas que não mantêm, pela natureza de suas atividades, trabalho noturno habitual, será feito tendo em vista os quantitativos pagos por trabalhos diurnos de natureza semelhante. Em relação às empresas cujo trabalho noturno decorra da natureza de suas atividades, o aumento será calculado sobre o salário mínimo geral vigente na região, não sendo devido quando exceder desse limite, já acrescido da percentagem.

        § 4º - Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos.

C - Conforme o item 6, o reclamante executava regularmente horas extra e, conforme o artigo que segue a remuneração do serviço extraordinário, desde a promulgação da Constituição Federal/1988, que deverá constar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença normativa, será, no mínimo, 50% (cinqüenta por cento) superior à da hora normal. O reclamante realiza sempre nos últimos cinco dias de cada mês, duas horas extras, as horas extras prestadas com habitualidade, integram o salário para todos os efeitos legais, inclusive aviso prévio, 13º salário e férias, pela média aritmética dos períodos correspondentes, observados o salário e o adicional vigentes por ocasião do pagamento de cada direito; por tanto, o reclamante tem o direito de integrar todas estas horas extras em seu salário.

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  Art. 241 - As horas excedentes das do horário normal de oito horas serão pagas como serviço extraordinário na seguinte base: as duas primeiras com o acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o salário-hora normal; as duas subseqüentes com um adicional de 50% (cinqüenta por cento) e as restantes com um adicional de 75% (setenta e cinco por cento).

D - Tem-se também, conforme o item 11, comprovando e violento dano moral, conforme segue, o conceito de Dano Moral para o Professor Yussef Said Cahali,

“dano moral é a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos, classificando-se desse modo, em dano que afeta a parte social do patrimônio moral(honra, reputação, etc.) e dano que molesta a parte afetiva do patrimônio moral (dor, tristeza, saudade, etc.), dano moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante, etc.) e dano moral puro (dor, tristeza, etc.)"

Conforme o Novo Código Civil brasileiro:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

A inadimplência, mesmo que forçada, como foi o caso do Reclamante, com relação ao colégio de seu único filho, o faz sentir-se incapaz de manter sua familia. Além do mais, isso não foi um dano moral apenas ao reclamante, pois o seu filho foi razão de chacotas, risos e piadas de seus colegas de escola, e isto é grave para uma criança, podendo traumatizá-la de forma que ela perderá a vontade de estudar, de freqüentar novamente uma escola.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer-se, humildemente perante Vossa Excelência:

I - Deferimento da presente ação;II - O pagamento de todos os vencimentos atrasados desde maio de 2005, já com o acréscimo da integração das horas extras, adicional noturno, o adicional de periculosidade, férias, e também com a integração ao salário dos R$ 200,00 que eram pagos extra-folha, juntamente com juros e correção monetária, sob pena de multa cominatória diária por dias de atraso deste acerto, com valor a ser estipulado pelo juiz;III - O Deposito de todos os FGTS em atraso, desde maio de 2005;IV - A indenização por danos morais, com valor a ser estipulado pelo Excelentíssimo Senhor Juiz; V - A possibilidade do uso de todas as provas permitidas em direito, como documentais, pericial ou testemunhal;

Atribuí-se à causa, para fins de alçada, o valor de R$ 15.000,00

Curitiba, 10 de novembro de 2008

Nestes termos, peço deferimento;

Conrado Fernando SchrammeOAB/PR 100.000

Rol de Testemunhas

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Tony Tornado – RG nº 012345678-90Bob Marley – RG nº 123458687-90