inibição de acetilcolinesterase a partir de extratos de bauhinia l

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Doenças Negligenciadas: Epidemiologia, Diagnóstico e Tratamento - Perspectivas para atuação do Profissional Farmacêutico 1° Congresso de Farmácia da UFSJ Divinópolis-MG, 20, 21 e 22 de outubro de 2010. INIBIÇÃO DE ACETILCOLINESTERASE A PARTIR DE EXTRATOS DE Bauhinia L. SANTOS, Kamilla Monteiro dos (IC)*; GONÇALVES, Priscila Sant’ana (IC); LACERDA, Guilherme Araújo (PQ); PAIVA, Maria José Nunes de (PQ). *[email protected] Palavras chave: acetilcolinesterase, Bauhinia, Cromatografia em camada delgada (CCD) Introdução A doença de Alzheimer (DA) é uma patologia progressiva, hoje ainda incurável, e que tem acometido milhares de pessoas acima de 65 anos em todo o mundo 1 . Uma das causas da sintomatologia é a diminuição de acetilcolina na fenda sináptica. Atualmente, o tratamento que tem demonstrado maior eficácia consiste basicamente na inibição da enzima acetilcolinesterase, responsável pelo controle de acetilcolina na fenda sináptica 2 . O uso de plantas medicinais tem sido intensamente difundido, dentre estas plantas, as consideradas adaptógenas são cada vez mais utilizadas pela população para o melhoramento da memória. Espécies do gênero, Bauhinia endêmicas do Cerrado são utilizadas popularmente principalmente como hipoglicemiantes sendo consideradas adaptógenas. Conhecidas como pata-de-vaca, possuem vários compostos de interesse medicinal. Por apresentarem tais características, estas espécies representam exemplos a serem usados como possíveis inibidores da acetilcolinesterase e futuramente auxiliar no tratamento da DA, visto que outras plantas, com este potencial comprovado, possuem características similares 3. Metodologia As amostras de folhas, flores e ramos de Bauhinia ungulata, Bauhinia variegata e Buhinia var. cândida foram coletadas, suas esxicatas produzidas e depositadas no herbário da Unifenas – Divinópolis. As amostras foram secas em estufa a 45ºC durante 5 dias e em seguida, trituradas. Em seguida, 116 g de cada amostra seca foram adicionadas a 1L de hexano protegidos da luz. Os frascos foram então agitados mecanicamente e posteriormente deixados em repouso por 72 horas para que se realizasse a maceração. O filtrado obtido do macerado foi destilado em banho de água à 60°C 4 . Para a análise da inibição da acetilcolinesterase foi utilizada a prática de Cromatografia em Camada Delgada (CCD) preconizada por Moraes (2008). Os fatores de Retenção foram calculados e a análise estatística das duplicatas realizada (TABELA 01) Resultados e discussão A partir das análises cromatográficas foi possível detectar a presença de borrões brancos representantes qualitativamente da inibição da acetilcolinesterase principalmente nas flores (FIG.01), porém sendo detectadas também, com menor intensidade das manchas brancas, nos ramos (FIG. 02). As folhas não apresentaram ação inibitória da enzima (FIG. 03). . As amostras trabalhadas foram coletadas no período de floração e a partir daí, sugere-se que a presença dos inibidores de acetilcolinesterase, evidenciados nas flores, ocorreu devido as possíveis funções de defesa contra herbívoros, atrativos para polinizadores e ferormônios que estes compostos possuem 5 . Conforme o crescimento folhear, os compostos secundários tendem a migrar para outras partes da planta, e como foram selecionadas as folhas maduras para a produção dos extratos, acredita-se que esta seleção possa ter influenciado nos resultados obtidos das folhas. FIGURA 01 FIGURA 02 FIGURA 03 FIGURA 01: Perfil Cromatográfico das flores de 1: B. ungulata, 2: B. variegata, 3: B. var. cândida. FIGURA 02: Perfil Cromatográfico dos ramos de 1: B. ungulata, 2: B. variegata, 3: B. var. cândida. FIGURA 03: Perfil Cromatográfico das folhas de 1: B. ungulata, 2: B. variegata, 3: B. var. cândida. TABELA 01 Valores médios dos fatores de retenção Plantas Folhas Ramos Flores B.variegata 0,00 aA 0,12 aA 0,31 aA B.var.candida 0,00 aA 0,26 aA 0,31 Aa B. ungulata 0,00 aA 0,12 AB 0,46 aB Conclusão A partir dos resultados obtidos das análises cromatográficas, foi possível perceber que os extratos das flores e dos ramos das três espécies apresentam inibição da enzima acetilcolinesterase. E a partir dos resultados obtidos das análises estatísticas pode-se chegar à conclusão que o extrato das flores de Bauhinia ungulata, colhidas dentro do período de floração, é o mais indicado a servir de base para novos estudos sobre esta inibição. Agradecimentos Agradecimento a FAPEMIG, pela bolsa de Iniciação Científica. 1 PASCALE, Maria Aparecida. 2002. Dissertação (Mestrado em Engeharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2 MORAES, Lígia Tereza. 2008. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) – Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto. 3 FILHO, Valdir Cechinel; SILVA, Karina Luize da. Química Nova, v.25, n.3, p.449-454, Set. 2002. 4 SOUZA, Weslei Maurício de. Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 5 GATTI, Ana Beatriz; PEREZ, Sonia Cristina Juliano Gualtieri de Andrade; LIMA, Maria Inês Salgueiro.. Acta bot. bras. 1V. 8 N: 3, p.459-472. 2004

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Page 1: Inibição de acetilcolinesterase a partir de extratos de bauhinia l

Doenças Negligenciadas: Epidemiologia, Diagnóstico e Tratamento - Perspectivas para atuação do Profissional Farmacêutico

1° Congresso de Farmácia da UFSJ Divinópolis-MG, 20, 21 e 22 de outubro de 2010.

INIBIÇÃO DE ACETILCOLINESTERASE A PARTIR DE EXTRATOS DE Bauhinia L.

SANTOS, Kamilla Monteiro dos (IC)*; GONÇALVES, Priscila Sant’ana (IC); LACERDA, Guilherme Araújo (PQ); PAIVA, Maria José Nunes de (PQ).

*[email protected]

Palavras chave: acetilcolinesterase, Bauhinia, Cromatografia em camada delgada (CCD)

Introdução

A doença de Alzheimer (DA) é uma patologia progressiva, hoje ainda incurável, e que tem acometido milhares de pessoas acima de 65 anos em todo o mundo

1. Uma das causas da sintomatologia é a

diminuição de acetilcolina na fenda sináptica. Atualmente, o tratamento que tem demonstrado maior eficácia consiste basicamente na inibição da enzima acetilcolinesterase, responsável pelo controle de acetilcolina na fenda sináptica

2. O uso de plantas

medicinais tem sido intensamente difundido, dentre estas plantas, as consideradas adaptógenas são cada vez mais utilizadas pela população para o melhoramento da memória. Espécies do gênero, Bauhinia endêmicas do Cerrado são utilizadas popularmente principalmente como hipoglicemiantes sendo consideradas adaptógenas. Conhecidas como pata-de-vaca, possuem vários compostos de interesse medicinal. Por apresentarem tais características, estas espécies representam exemplos a serem usados como possíveis inibidores da acetilcolinesterase e futuramente auxiliar no tratamento da DA, visto que outras plantas, com este potencial comprovado, possuem características similares3.

Metodologia

As amostras de folhas, flores e ramos de Bauhinia ungulata, Bauhinia variegata e Buhinia var. cândida foram coletadas, suas esxicatas produzidas e depositadas no herbário da Unifenas – Divinópolis. As amostras foram secas em estufa a 45ºC durante 5 dias e em seguida, trituradas. Em seguida, 116 g de cada amostra seca foram adicionadas a 1L de hexano protegidos da luz. Os frascos foram então agitados mecanicamente e posteriormente deixados em repouso por 72 horas para que se realizasse a maceração. O filtrado obtido do macerado foi destilado em banho de água à 60°C

4.

Para a análise da inibição da acetilcolinesterase foi utilizada a prática de Cromatografia em Camada Delgada (CCD) preconizada por Moraes (2008). Os fatores de Retenção foram calculados e a análise estatística das duplicatas realizada (TABELA 01)

Resultados e discussão

A partir das análises cromatográficas foi possível detectar a presença de borrões brancos representantes qualitativamente da inibição da acetilcolinesterase principalmente nas flores (FIG.01), porém sendo detectadas também, com menor intensidade das manchas brancas, nos ramos (FIG. 02). As folhas não apresentaram ação inibitória da enzima (FIG. 03). . As

amostras trabalhadas foram coletadas no período de floração e a partir daí, sugere-se que a presença dos inibidores de acetilcolinesterase, evidenciados nas flores, ocorreu devido as possíveis funções de defesa contra herbívoros, atrativos para polinizadores e ferormônios que estes compostos possuem

5. Conforme

o crescimento folhear, os compostos secundários tendem a migrar para outras partes da planta, e como foram selecionadas as folhas maduras para a produção dos extratos, acredita-se que esta seleção possa ter influenciado nos resultados obtidos das folhas. FIGURA 01 FIGURA 02 FIGURA 03

FIGURA 01: Perfil Cromatográfico das flores de 1: B. ungulata, 2: B. variegata, 3: B. var. cândida. FIGURA 02: Perfil Cromatográfico dos ramos de 1: B. ungulata, 2: B. variegata, 3: B. var. cândida. FIGURA 03: Perfil Cromatográfico das folhas de 1: B. ungulata, 2: B. variegata, 3: B. var. cândida.

TABELA 01 Valores médios dos fatores de retenção Plantas Folhas Ramos Flores

B.variegata 0,00 aA 0,12 aA 0,31 aA

B.var.candida 0,00 aA 0,26 aA 0,31 Aa

B. ungulata 0,00 aA 0,12 AB 0,46 aB

Conclusão

A partir dos resultados obtidos das análises cromatográficas, foi possível perceber que os extratos das flores e dos ramos das três espécies apresentam inibição da enzima acetilcolinesterase. E a partir dos resultados obtidos das análises estatísticas pode-se chegar à conclusão que o extrato das flores de Bauhinia ungulata, colhidas dentro do período de floração, é o mais indicado a servir de base para novos estudos sobre esta inibição.

Agradecimentos Agradecimento a FAPEMIG, pela bolsa de Iniciação Científica. 1 PASCALE, Maria Aparecida. 2002. Dissertação (Mestrado em Engeharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2 MORAES, Lígia Tereza. 2008. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) – Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto. 3 FILHO, Valdir Cechinel; SILVA, Karina Luize da. Química Nova, v.25, n.3, p.449-454, Set. 2002. 4 SOUZA, Weslei Maurício de. Tese (Doutorado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 5 GATTI, Ana Beatriz; PEREZ, Sonia Cristina Juliano Gualtieri de Andrade; LIMA, Maria Inês Salgueiro.. Acta bot. bras. 1V. 8 N: 3, p.459-472. 2004