infornativo 5ª edição

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ANO 1 / JULHO 2012 / NÚMERO GRATUITO N os últimos anos, bairros como San Martin, Mangueira e Mustardinha tiveram suas ruas calçadas, uma antiga reinvidicação dos moradores. No entanto, nem por isso, alguns problemas, já bem conhecidos, deixaram de existir, como o saneamento básico. Exemplo é a Rua do Poço, localizada na Mangueira, próxi- ma à estação do metrô do bairro. O local é um verdadeiro esgoto a céu aberto, onde proliferam doenças, mau cheiro, entre outros problemas. A moradora do local, Suely Claudino, doméstica, sabe muito bem o que é viver nessas condições. “Isso sem- pre foi assim. Quando calçou, melhorou um pouco, mas o problema ainda persiste”, diz. “Quando chove, então, é que alaga tudo, e vivemos embaixo d’água. As crianças, inclusive, de tão acostumadas, brincam nessas fossas a céu aberto. Outro morador da rua que enfrenta sérios problemas é o auxiliar de vendas Marcelo Freitas. Entre uma ou outra dificuldade natural, o pior foi reservado para a mãe dele, que teve um dos dedos do pé amputados por causa de doenças proeminentes da falta de saneamento do local. “Aqui, o sofrimento é total. Muitas vezes, temos que tirar do próprio bolso para fazer uma ligação, a fim de limpar a rua”, afirma Marcelo. “O ruim é que pagamos taxas de todos os tipos, de esgoto e iluminação, e não temos resultado.” por: Erick Silva SANATIVO SANEAMENTO: AINDA UM SÉRIO PROBLEMA A situação dos moradores da rua do Poço não é muito diferente de tantas outras localidades. Estima-se que apenas cerca de 30% de quem reside na Região Metropilitana do Recife têm acesso à água encanada. Segundo cálculos, em uma década a população da cidade será de cerca de 4,5 milhões de habitantes, no qual dois terços desse total não terão condições básicas de saneamento. Ainda segundo estudos, o atual modelo de investimentos da Compesa seria capaz de universalizar o atendimento a esta população somente daqui a 30 anos. Espera-se que, pelo fato de Pernambuco passar por um momento crescente de desenvolvimento social e econômico, os investimentos nessas áreas, principalmente, por causa do aglomerado cada vez maior do meio urbano, sejam mais administrados, e a população possa colher os frutos disso. Para quem precisar fazer alguma denúncia ou reclamação de falta de saneamento do local onde mora, basta procurar o SANEAR, órgão da Prefeitura do Recife que cuida dessas questões. O endereço fica na Rua Luiz Guimarães, nº 207, Poço da Panela. O telefone de lá é (81) 3355.1917 e o e-mail da pessoa responsável pelo setor é [email protected]. R.do Poço | foto: Osvaldo Morais

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Jornal Infornativo do bairro de San Martin

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Page 1: Infornativo 5ª Edição

ANO 1 / JULHO 2012 / NÚMERO GRATUITO

Nos últimos anos, bairros como San Martin, Mangueira e Mustardinha tiveram suas ruas calçadas, uma antiga reinvidicação dos moradores. No entanto, nem por isso, alguns problemas, já bem conhecidos,

deixaram de existir, como o saneamento básico. Exemplo é a Rua do Poço, localizada na Mangueira, próxi-ma à estação do metrô do bairro.O local é um verdadeiro esgoto a céu aberto, onde proliferam doenças, mau cheiro, entre outros problemas. A moradora do local, Suely Claudino, doméstica, sabe muito bem o que é viver nessas condições. “Isso sem-pre foi assim. Quando calçou, melhorou um pouco, mas o problema ainda persiste”, diz. “Quando chove, então, é que alaga tudo, e vivemos embaixo d’água. As crianças, inclusive, de tão acostumadas, brincam nessas fossas a céu aberto.Outro morador da rua que enfrenta sérios problemas é o auxiliar de vendas Marcelo Freitas. Entre uma ou outra dificuldade natural, o pior foi reservado para a mãe dele, que teve um dos dedos do pé amputados por causa de doenças proeminentes da falta de saneamento do local. “Aqui, o sofrimento é total. Muitas vezes, temos que tirar do próprio bolso para fazer uma ligação, a fim de limpar a rua”, afirma Marcelo. “O ruim é que pagamos taxas de todos os tipos, de esgoto e iluminação, e não temos resultado.”

por: Erick Silva

SANATIVO SANEAMENTO: AINDA UM SÉRIO PROBLEMA

A situação dos moradores da rua do Poço não é muito diferente de tantas outras localidades. Estima-se que apenas cerca de 30% de quem reside na Região Metropilitana do Recife têm acesso à água encanada. Segundo cálculos, em uma década a população da cidade será de cerca de 4,5 milhões de habitantes, no qual dois terços desse total não terão condições básicas de saneamento. Ainda segundo estudos, o atual modelo de investimentos da Compesa seria capaz de universalizar o atendimento a esta população somente daqui a 30 anos. Espera-se que, pelo fato de Pernambuco passar por um momento crescente de desenvolvimento social e econômico, os investimentos nessas áreas, principalmente, por causa do aglomerado cada vez maior do meio urbano, sejam mais administrados, e a população possa colher os frutos disso.

Para quem precisar fazer alguma denúncia ou reclamação de falta de saneamento do local onde mora, basta procurar o SANEAR, órgão da Prefeitura do Recife que cuida dessas questões. O endereço fica na Rua Luiz Guimarães, nº 207, Poço da Panela. O telefone de lá é (81) 3355.1917 e o e-mail da pessoa responsável pelo setor é [email protected].

R.do Poço | foto: Osvaldo Morais

Page 2: Infornativo 5ª Edição

Há alguns anos, muitas ruas do Recife eram desprovidas de calçamento. Essa situação começou a mudar recentemente, em que várias delas foram calçadas, facilitando, as-sim, a vida de seus moradores. No entan-to, após a conclusão dessas obras, muitos, por conta própria, começaram a construir lombadas artesanais em suas ruas, alegando maior segurança no tráfego local, já que elas inibem qualquer motorista de dirigir em alta velocidade.

No entanto, existem aqueles que reclamam que essas construções facilitam a ação de assaltantes, principalmente à noite. O pro-blema é que a maioria dessas lombadas não possui sinalização adequada e estão fora dos padrões da legislação brasileira. Quebra--molas mal-construídos podem provocar desde avarias em veículos, até graves aciden-tes de trânsito.

A colocação de lombadas na zona urbana, portanto, está a cargo da Prefeitura, que deve indicar, conforme a legislação, a loca-lização, o espaçamento e o padrão necessá-rios. Cabe ao poder público do município apontar a sinalização adequada, com base na legislação, colocando placas de indica-ção de velocidade máxima permitida. Para quem não sabe, são 2 tipos de lombadas: uma com largura de 1,50 metros, em vias que não há veículos pesados trafegando, e outra com largura de 3,70 metros, em vias que trafegam veículos pesados. A distância mínima entre uma e outra deve ser de 50 metros.

É bom lembrar também que existem leis que regulamentam a construção dessas lombadas. A resolução Nº 39/98 é bem clara nesse aspecto: “Estabelece os padrões e critérios para a instalação de ondulações transversais e sonorizadores nas vias públi-cas disciplinados pelo Parágrafo único do art. 94 do Código de Trânsito Brasileiro”.Por fim, o art. 15 menciona que: “A co-locação de ondulação transversal sem per-missão prévia da autoridade de trânsito em circunscrição sobre a via sujeitará o infrator às penalidades previstas no inciso 3° do art. 95 Código de Trânsito Brasileiro”.

Para maiores informações a respeito da construção adequada de lombadas nas ruas, basta procurar a CTTU. Esse órgão da Pre-feitura localiza-se na Rua Frei Cassimiro, nº 91, em Santo Amaro. Os telefones de lá são: (81) 3355.5300 ou 0800 081 1078. Pra quem preferir, pode mandar um e-mail para: [email protected].

A Escola Municipal do Bongi, locali-zada na Rua Avertano Rocha, 330, próxima ao terminal das vans que fa-

zem trajeto de San Martin a Boa Viagem, abriga uma iniciativa que merece destaque: a ONG Filadélfia. Projeto e instituição nas-ceram praticamente na mesma época, há 30 anos. Foram cinco fundadores: Reverendo Benedito Matos, Joselita e Alfredo Rosset, Letícia Gomes (a primeira presidente da escola) e Ingrid Newman. Originalmente, foi feita a Escola Municipal, mas depois viu--se a necessidade da implantação de cursos profissionalizantes. Por fim, surgiu a ONG Filadélfia, para que se pudesse fazer um tra-balho de prevenção de riscos entre crianças e jovens.

“A organização surgiu devido às necessida-des visíveis das comunidades de San Martin e do Bongi”, explica Carmy Beltrão, co-ordenadora do projeto. “Verificou-se que muitos ali estavam com alto índice de peri-culosidade, relacionado desde o saneamen-to precário do local até o analfabetismo e desnutrição”. A Filadélfia abriga crianças a partir dos 3 anos, e adolescentes até os 17. É bom frisar que esse trabalho de preven-ção não é realizado somente com crianças e jovens, mas com seus pais também. O projeto dispõe de psicólogo e assistente so-cial para fazer um acompanhamento com a família por completo. “Isso faz com que tenhamos a confiabilidade desses pais, que buscam constantemente nosso apoio”, diz Carmy Beltrão.

Atualmente a ONG disponibiliza cursos profissionalizantes nas áreas de Indústria, Alimentação, Escritório, Higiene e Beleza. Os parceiros da instituição para a realização

LOMBADAS: ENTRE ALTOS E BAIXOS

ONG FILADÉLFIA:CAPACITANDO PARA O FUTURO

por: Erick Silva

por: Erick Silva | fotos: arquivo da ONG

RUAS DESAN CITY INICIATIVA

desses cursos são a Primeira Igreja Presbi-teriana do Recife e a Secretaria Municipal de Educação. Já, para eventos esportivos, o Clube de Cabos e Soldados cede seu espa-ço. Porém, a Organização Filadélfia, ape-sar da ajuda de algumas instituições como a Igreja Presbiteriana e da Chesf, depende muito de concursos para atrair parcerias que possam ajudar na manutenção do projeto. “Hoje, vivemos basicamente através de vo-luntários. O que precisamos é de um man-tenedor fixo que possa dar apoio constante aos nossos projetos”, salienta Carmy.

Mesmo com dificuldades, os resultados da Filadélfia são nítidos. Muitos que já pas-saram pelo projeto conseguiram se firmar profissionalmente. Alguns estão fazendo estágio em empresas como a EMPREL e a JUSTIÇA FEDERAL. “Vemos outros concluindo seus cursos universitários ou montando seus próprios projetos”, diz Car-my. “Além disso, no cotidiano também ve-mos resultados simples, mas muito impor-tantes, como mudança de comportamento, inclusive dos pais, ganho de peso de algu-mas crianças que chegam aqui em estado de subnutrição e até prevenção ao mundo das drogas”.

Para o próximo semestre, a expectativa é de agregar 150 pessoas na instituição, entre crianças e jovens. Em decorrência das limi-tações, porém, talvez elas sejam divididas em 3 turmas, e para quem não puder parti-cipar, haverá eventos esportivos.

Quem se interessou pelo projeto ONG Fi-ladélfia, e quiser ajudar, seguem contatos: (81) 3227-6046, (81) 3355-4995 ou [email protected].