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A vigilância da Influenza é realizada por meio de notificação e investigação de casos de internações hospitalares por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), caracterizada por um quadro de Síndrome Gripal 1 (SG), associado à dificuldade respiratória ou aos seguintes sinais de gravidade: saturação de oxigênio < 95% em ar ambiente, piora das condições clínicas de doença de base e hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente. Os casos de SG são monitorados a partir de Unidades Sentinelas (US) em cinco municípios do estado. Para cada caso notificado são realizados testes laboratoriais para Influenza e 05 outros vírus respiratórios. A descrição abaixo se refere aos casos de SRAG hospitalizados notificados e aos casos de SG das US. AMÉRICA DO NORTE Na América do Norte a atividade da gripe continuou a aumentar no Canadá, no México e nos Estados Unidos. O vírus influenza A (H3N2) e influenza B co-circulam na região. Nos Estados Unidos, a temporado tem sido a mais severa da última década. Figura 1 Número de casos positivos de Influenza por semana epidemiológica no Hemisfério Norte, 2017-2018 Fonte: Organização Mundial de Saúde, Influenza Laboratory Surveillance Information, atualizado em 05/03/2018 Informe de Vigilância da Influenza/RS Semana epidemiológica 9/2018 (até 03/03)

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A vigilância da Influenza é realizada por meio de notificação e investigação de casos de internações hospitalares por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), caracterizada por um quadro de Síndrome Gripal1 (SG), associado à dificuldade respiratória ou aos seguintes sinais de gravidade: saturação de oxigênio < 95% em ar ambiente, piora das condições clínicas de doença de base e hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente. Os casos de SG são monitorados a partir de Unidades Sentinelas (US) em cinco municípios do estado. Para cada caso notificado são realizados testes laboratoriais para Influenza e 05 outros vírus respiratórios. A descrição abaixo se refere aos casos de SRAG hospitalizados notificados e aos casos de SG das US.

AMÉRICA DO NORTE

Na América do Norte a atividade da gripe continuou a aumentar no Canadá, no México e nos

Estados Unidos. O vírus influenza A (H3N2) e influenza B co-circulam na região. Nos Estados

Unidos, a temporado tem sido a mais severa da última década.

Figura 1 Número de casos positivos de Influenza por semana epidemiológica no Hemisfério

Norte, 2017-2018

Fonte: Organização Mundial de Saúde, Influenza Laboratory Surveillance Information, atualizado em

05/03/2018

Informe de Vigilância da Influenza/RS – Semana epidemiológica 9/2018 (até 03/03)

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PERFIL DOS CASOS DE SRAG HOSPITALIZADOS

Até a Semana Epidemiológica (SE) 9,foram notificados 119 casos de SRAG. Foram

processadas 116 amostras (97,5%), destas 3,4% (4/116) foram classificadas como SRAG por

influenza e 2,6% (3/116) como SRAG por outros vírus respiratórios. Dentre os casos de

influenza, 50,0% (2/4) confirmaram para influenza A(H3N2) e 50% (2/4) para influenza B.

(Figura 1).

No país a positividade para Influenza entre as amostras processadas até a SE 8 foi de 9,9%,

ocorrendo o predomínio de Influenza A(H3N2).

Figura 1 Número de casos e óbitos segundo a classificação final dos casos de

Síndrome Respiratória Aguda Grave e vírus respiratórios identificados, 2018, RS

Classificação final CASOS ÓBITOS

Influenza 4 0

Influenza A (H1N1) 0 0

Influenza A (H3N2) 2 0

Influenza A não subtipado 0 0

Influenza B 2 0

outros vírus 3 0

Vírus sincicial respiratório (VSR) 1 0

Adenovírus 1 0

Parainfluenza 1 0

Sem identificação viral 107 15

Outro agente etiológico 2 0

Em investigação 3 0

Notificados 119 15

Fonte: Sinan Influenza Web, download de 05/03/2017.

1 SG: Febre de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos

sintomas: cefaleia, mialgia ou artralgia na ausência de outro diagnóstico específico.

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A distribuição dos casos notificados de SRAG é apresentada na figura 2, onde observa-se uma

positividade desde a primeira SE com dois casos de Influenza A(H3N2) e um de Influenza B. A

partir da SE 03 não ocorreu mais casos de influenza entre os hospitalizados. Os dois casos de

SRAG por outros agentes foram causados pela bactéria Legionella, em comum estes casos

tem histórico de viagem ao parque de águas termas em São José do Oeste, Santa Catarina.

Figura 2 Distribuição dos casos notificados de SRAG segundo a classificação final por

semana epidemiológica de início dos sintomas, 2018, RS

0

5

10

15

20

25

30

Influenza A(H1N1) Influenza A(H3N2) Influenza A(não subtipado)

Influenza B SRAG por outros vírus respiratórios SRAG outro agente etiológico

SRAG sem ident viral Em investigação

Fonte: Sinan Influenza Web, download de 05/03/2018.

Após o ano pandêmico em 2009, o influenza A(H1N1)pdm09 circulou com maior frequência

nos anos 2012 e 2013. Nos dois anos seguintes, o vírus influenza predominante foi o influenza

A(H3N2). Em 2016, novamente, o influenza A(H1N1)pdm09 volta a ser o principal agente da

temporada. A circulação de influenza em 2016 ocorreu antes do período de sazonalidade.

Em 2017, o predomínio, entre os vírus influenza, foi o A(H3N2) que ultrapassou o padrão de

circulação dos anos de 2014 e 2015, anos em que o predomínio também foi deste subtipo de

influenza (Figura 3).

A previsão para 2018 é que se repita o predomínio do vírus influenza A(H3N2), seguido do

vírus influenza B como está ocorrendo na América do Norte.

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Figura 3 Número de casos de influenza por semana epidemiológica de início dos

sintomas, 2012-2018, RS

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53

me

ro d

e c

aso

s

semanas epidemiológicas

2016 2015 2014 2013 2012 2017 2018

Fonte: Sinan Influenza Web, download de 05/05/2017.

Até o momento, os casos confirmados de influenza ocorreram em 3 municípios do estado,

Porto Alegre (2), Eldorado do Sul (1) e Canoas (1). Não há ocorrência de óbitos por Influenza.

Foram identificados casos positivos para influenza em 3 regiões de saúde. Ressalta-se que a

maioria das regiões do estado não apresentaram positividade para doença, no entanto 14

delas já notificaram casos de SRAG, sinalizando a sensibilidade do sistema de vigilância

(Figura 4).

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Figura 4 Casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e casos

confirmados de Influenza segundo região de Saúde de residência, 2018, RS

Fonte: Sinan Influenza Web, download de 05/03/2018.

Ao comparar-se o número de casos e óbitos com o mesmo período de 2017, observa-se que,

no ano passado, o número de casos de influenza foi um pouco maior e com o mesmo perfil de

co-circulação entre influenza A(H3N2) e influenza B(Figura 5).

Figura 5 Número de casos e óbitos por Influenza até a semana epidemiológica 9, 2017-

2018, RS

Casos Óbitos Casos Óbitos

Influenza A (H1N1) 1 0 0 0

Influenza A (H3N2) 3 0 2 0

Influenza B 3 0 2 0

TOTAL 7 0 4 0

Tipo e subtipo de InfluenzaSE 9_2017 SE 9_2018

Fonte: Sinan Influenza Web, download de 05/03/2018.

Os casos ocorreram na seguinte distribuição por faixa etária: 1 caso entre 1 a 4 anos, 1 caso

entre 5 a 9 anos, 1 caso entre 50 a 59 anos e 1 caso em maior ou igual a 60 anos. O

coeficiente de incidência está em 0,04/100.000 habitantes.

Todos os casos confirmados para influenza apresentavam um fator de risco. A condição de

risco mais frequente foram as pneumopatias crônicas (75,0%). A utilização de antiviral entre os

casos ocorreu em 25,0% (Figura 6).

confirmados notificados

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A campanha de vacinação de Influenza 2018, na rede pública, está prevista para iniciar em 16

de abril. A composição da vacina de influenza deste ano, comparada a com a vacina de 2017,

apresenta alteração de 2 cepas: influenza A/Singapore/INFIMH-16-0019/2016 (H3N2) e

influenza B/Puket/3073/2013. Dos 4 casos de influenza, 2 relataram ter recebido a vacina

somente em 2017.

Figura 6 Casos e Óbitos de SRAG Confirmados para influenza segundo fator de risco,

situação vacinal, uso de antiviral, internação em Unidade de Terapia Intensiva, 2017, RS

Nº % Nº %

Com Fatores de Risco 4 100,0 0 0,0

Adulto ≥60 anos 1 25 0 0,0

Criança < 5 anos 1 25 0 0,0

Gestante 0 0 0 0,0

Indígena 0 0 0 0,0

Puérpera (até 42 dias do parto) 0 0 0 0,0

Pneumopatias crônicas 3 75,0 0 0,0

Doença cardiovascular crônica 0 0,0 0 0,0

Diabetes mellitus 1 25,0 0 0,0

Obesidade 1 25,0 0 0,0

Imunodeficiência/Imunodepressão 0 0,0 0 0,0

Doença neurológica crônica 1 25,0 0 0,0

Doença renal crônica 0 0,0 0 0,0

Doença hepática crônica 0 0,0 0 0,0

Síndrome de Down 0 0,0 0 0,0

Que utilizaram antiviral 1 25,0 0 0,0

Que utilizaram antiviral oportuno* 1 25,0 0 0,0

Receberam a vacina em 2018 0 0,0 0 0,0

Considerados vacinados em 2018** 0 0,0 0 0,0

Internados em UTI 2 50,0 0 0,0

** Vacinado se recebeu 1 dose de vacina em 2017,em 15 ou mais dias antes do

início dos sintomas

Descrição

Confirmados para Influenza

Casos (N=4) Óbitos (N=0)

* Antiviral oportuno = administrado até 48 horas após o início dos sintomas

Fonte: Sinan Influenza Web, download de 05/03/2018.

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PERFIL DOS CASOS DE SÍNDROME GRIPAL (SG) DAS UNIDADES SENTINELAS (US)

A rede de US é composta por serviços de saúde definidos a partir do critério populacional

descrito na Portaria do Ministério da Saúde de número 183 de 30 de janeiro de 2014. Os

municípios que compõe esta rede são: Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul, Pelotas e

Uruguaiana. O objetivo principal das US é acompanhar o perfil de ocorrência de SG e coletar

amostra destes casos para envio à rede mundial de Influenza com o propósito de subsidiar a

composição da vacina anual.

O padrão de ocorrência da SG é acompanhado através da proporção de SG em relação a

outras causas de atendimentos nas US. No diagrama de controle observa-se uma proporção

de ocorrência de SG dentro do esperado (Figura 7).

Figura 7 Diagrama de controle da proporção de Síndrome Gripal (SG), 2005-2017, RS

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

Limite endêmico superior 2009 2018

Fonte: Sivep_gripe

Até o momento foram coletadas 40 amostras das 315 preconizadas até a SE 9. Destas, um

caso de SG foi positivo para influenza A(H3N2) (2,5%).

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Figura 8 Distribuição dos vírus respiratórios nos casos de Síndrome Gripal segundo

semana epidemiológica de início dos sintomas, 2018, RS

Fonte: Sivep_gripe

Ressalta-se que as US realizaram um número de coletas muito abaixo do preconizado (5

coletas por semana), prejudicando a avaliação do perfil de circulação dos vírus respiratórios.

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Referências Bibliográficas

1. BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Informe Epidemiológico-

Influenza. Semana Epidemiológica 22.Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

2. BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Doenças Infecciosas e

Parasitárias - Guia de Bolso. 8ª ed. Brasília: MS, 2010. 448 p.

3.VACCINES against influenza WHO position paper – November 2012.Weekly Epidemiological Record, Genebra, v. 87, n. 47, p. 461-476, 2012. 4. WORLD Health Organization. Media centre. Influenza (seasonal). Fact sheet. November 2016 [Internet]. 2016 [atualizado 2016 Nov; citado 2017 Fev 06]. Disponível em: <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs211/en/>. 5. MICHIELS, B.; GOVAERTS, F.; REMMEN, R.; VERMEIRE, E.; COENEN, S. A systematic review of the evidence on the effectiveness and risks of inactivated influenza vaccines in different target groups. Vaccine, Amsterdam , v.29, n.49, p.9159-9170, 2011 6. TRICCO, A.C.; CHIT, A.; SOOBIAH, C.; HALLET, D.; MEIER, G.; CHEN, M.H.; TASHKANDI, M.; BAUCH, C.T.; LOEB, M. Comparing influenza vaccine efficacy against mismatched and matched strains: a systematic review and meta-analysis. BMC Medicine, Londres, doi: 10.1186/1741-7015-11-153, 2013.