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Revista especial sobre os 80 anos do Simepe.

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3 REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

SIMEPE | EDITORIAL

Celebrar 80 anos é antes de tudo prestar contas ao tempo, acender os passos do passado e iluminar o futuro. Uma instituição que se consegue jovem e pulsando em seus ideais nesta idade é algo rara e

especial. Médicos e médicas que passaram pelo chão de Pernambuco têm sua parcela de glória nesta data. São 80 anos, são 80 pedaços, passos encharcados de suor, são 80 gotas de sangue, são 80 gritos no ar, são 80 arremates e 80 partidas, são 80 chegadas e muita saudade. Vidas que se foram e vidas que virão. São médicos e médicas que em luta e em emoções fizeram também a vida de outros tantos, e nelas influenciaram para o bem a vida de centenas de milhares. Enumerar conquistas, derrotas e vitórias em tão poucas linhas e por tantos anos é tarefa inglória, pois a ronda o perigo da omissão e do esquecimento, à fragilidade de nossa memória e de nossos arquivos emocionais. A imortalidade devemos sim, aos nossos atos quando feitos com amor e pelo amor. Foi assim, no vislumbre profético de formação da entidade de uma das classes mais laborativas e pujantes de Pernambuco, que às 20 h do dia 14 de outubro de 1931, partindo de uma comissão formada na Associação Médica de PE, um grupo de 33 médicos liderados pelos médicos – Barros Lima, Edgar Altino, Ageu Magalhães, Geraldo de Andrade e Jorge Lobo - fundaram o Sindicato dos Médicos de Pernambuco, tendo como seu primeiro presidente o professor João Marques. Hoje, esse jovem combativo, ao invés de deitar nos louros da fama que as conquistas poderiam lhe proporcionar,

não descansa. É símbolo de luta para todo o país, e segue se renovando sempre, para se manter fiel ao conceito original de sua fundação: Lutar pelos médicos do estado para que possam exercer dignamente sua nobre profissão, em locais dignos e com o merecido reconhecimento por toda a sociedade, proporcionando o que a medicina possa oferecer de melhor para os pacientes, de todas as classes sociais, sem distinção. Caro colega médico pernambucano, você pode ter orgulho de seu sindicato: forte, transparente, combativo e sempre ao seu lado. Preparado para os próximos 80 anos. Venha celebrar conosco durante todo 2011, seja bem vindo, a casa é nossa.

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Há cerca de aproximadamente um ano, os médicos vinculados a rede municipal de saúde de Camaragibe, preocupados e desgostosos com a situação da saúde pública municipal, resolveram procurar o

Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), para que o mesmo pudesse intermediar soluções junto à prefeitura. O Simepe já apresentava em sua história várias negociações exitosas em muitos municípios - Recife, Olinda, Caruaru, Jaboatão, Petrolina, Cabo de Santo Agostinho, assim como com o Governo do Estado. A gravidade da situação exigia uma construção conjunta entre trabalhadores e gestão. Em Camaragibe, encontramos escalas de plantão desfalcadas em CEMEC`s, como também na Maternidade, PSF`s sem médicos, além de possuírem uma estrutura física extremamente precária ocorrendo inclusive falta d’água de forma corriqueira em algumas unidades, falta de medicações nas urgências e emergências assim como também de materiais, as ambulâncias que além de sucateadas servem para outros fins que não o transporte de pacientes . Os funcionários de Camaragibe, além de conviverem com esta realidade, enfrentam situações absurdas como o desconto de seus vencimentos quando se encontram afastados de suas atividades para tratamento de saúde, ou mesmo quando as senhoras funcionárias públicas municipais entram em licença maternidade, sendo isto uma grave infração aos direitos trabalhistas conquistados com muito esforço e luta.

Negociações - As tentativas de negociação do Sindicato durante quase 12 meses com o prefeito João Lemos, não avançaram. Foram várias reuniões, que contaram com a participação de alguns secretários municipais, de médicos do município e de representantes do Simepe. Esbarramos na falta de autonomia dos secretários municipais para que pudéssemos chegar às decisões finais. O prefeito João Lemos, que por sinal é médico, se fez presente em apenas dois encontros, no início das negociações se ausentando posteriormente. O processo travou.

O município de Camaragibe possui atualmente cerca de 140 médicos em seu quadro de funcionários - número este já deficitário, sendo apenas uma minoria concursada. Alguns médicos possuem contratos que vêm sendo renovados por vários anos, outros nem contrato possuem “trabalham por empenho”. Portanto, diante dessa realidade caótica, cerca de 30 médicos em uma atitude heroica e de honradez pediram exoneração - demissão de seus vínculos. O Simepe formalizou todas estas denúncias nas instâncias competentes, Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MPPE), Superintência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/PE), como também no Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe). Estaremos sempre ao lado do médico, sobretudo daqueles que honram a profissão com dignidade e caráter, e sempre buscaremos o caminho do diálogo, para que de fato possamos construir uma saúde pública eficiente.

Camaragibe: médicos pedem demissão e o impasse continua

Médicos protocolaram pedido de exoneração

SIMEPE | AÇÃO SINDICAL

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Recife sedia I Encontro Nacional de Mulheres das Entidades Médicas

6REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

A atuação feminina no mercado de trabalho foi tema do I Encontro Nacional de Mulheres das Entidades Médicas, realizado

no dia 10 de setembro de 2010, na Associação Médica de Pernambuco (AMPE), em Recife. O Encontro partiu da iniciativa do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), da AMPE e do Departamento Mulher da Federação Nacional dos Médicos - Fenam Mulher. Na pauta, questões como atuação feminina no mercado de trabalho, a relação da mulher com a política e o papel delas nas entidades médicas, vulnerabilidade nos serviços de saúde, condições de trabalho, valorização do trabalho e o papel nas entidades médicas. Na ocasião, representantes de vários estados estiveram presentes. A diretora do Simepe e organizadora do evento, Malu David, descreveu o momento como muito importante por abordar temas, ligados ao gênero e que ficam à margem nas pautas das entidades. Baseadas nos temas discutidos, as mulheres construíram uma pauta que será defendida junto às entidades médicas.

SIMEPE | VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL

Temas relevantes sobre a saúde pautaram o I Encontro das Mulheres das Entidades Médicas

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7 REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

O I Encontro Nacional de Mulheres das Entidades Médicas, com a participação de lideranças femininas no movimento médico brasileiro, foi realizado em Recife, no dia 10/09/2010 na sede da Associação Médica de Pernambuco (AMPE), com o fim de debater questões específicas do gênero no exercício da profissão e, também, a inserção nas lutas da categoria dentro da política médica e nacional.

Foram discutidos temas como vulnerabilidade e discriminação de gênero, salário e condições de trabalho, violência, legislação e direitos da mulher e a imperiosidade da ação política.As análises relevaram a importância dos seguintes fatos:

Reiteramos nossos princípios na defesa intransigente de mudanças que alicerçarão relações éticas entre médicos e a ampliação da cidadania brasileira, na perspectiva da equidade de gênero.

- A presença expressiva de mulheres médicas na sociedade brasileira;

- O número crescente de mulheres nas escolas de medicina nos anos mais recentes;

- As peculiaridades do mercado de trabalho para a mulher médica, suas dificuldades de progressão nos estudos de pós-graduação, por ter mais incumbências em outras esferas;

- O desrespeito às características da condição feminina em vários serviços que não oferecem acomodações e/ou sanitários diferenciados;

- A necessária participação feminina nas entidades médicas como garantia de equidade e equilíbrio nas lutas da categoria;

- A sub-representação de mulheres nas entidades médicas, notadamente em funções decisórias ou de maior visibilidade política;

- O reconhecimento governamental da baixa representatividade de mulheres nas eleições gerais, mediante a promulgação da lei de número 9.504- 30/09/1997, para assegurar um número mínimo de 30% de candidaturas femininas, por partido político;

- A essencialidade da discussão livre e democrática sobre a realidade das mulheres médicas para a efetivação de mudanças deste cenário restritivo.

Diante desta realidade, as médicas reunidas no plenário decidiram constituir e defender uma pauta de reivindicações e comunicá-la às diretorias de todas as Entidades Médicas Nacionais (CFM, FENAM, AMB), bem como suas filiadas regionais e Sociedades de Especialidades, expressa a seguir:

- Realização de Fóruns de Discussão organizados pelas entidades médicas sobre discriminação de gênero, assim como espaço permanente para esta temática nas diversas publicações institucionais;

- Fiscalização sistemática e efetiva dos locais de trabalho para assegurar o cumprimento das leis trabalhistas e dos direitos consagrados da mulher, além das condições de segurança, conforto e higiene necessários para o desempenho das funções;

- Formulação, pelas entidades nacionais, de programas de esclarecimento e estímulo à plena qualificação profissional da mulher médica nos processos de educação continuada, especialização e pós-graduação;

- Estabelecimento da obrigatoriedade de cota mínima de 30% de mulheres na composição das diretorias de todas as entidades médicas;

- Discussão, nas respectivas entidades, das necessárias modificações estatutárias para assegurar a participação de cota mínima de mulheres em suas diretorias;

- Definição e ampla divulgação de cronograma de revisão estatutária pelas respectivas entidades, objetivando o estabelecimento da cota mínima de 30% de mulheres na composição das diretorias;

- Revisão do estatuto da FENAM para assegurar a representação democrática de todos os estados da federação em sua diretoria;

- Suporte técnico e financeiro das entidades médicas, para a realização do II Encontro Nacional de Mulheres nas Entidades Médicas, a ser realizado em março de 2011 no Rio Grande do Sul, em reconhecimento da importância presente e futura da presença feminina na medicina.

Assinam esta carta mulheres participantes das entidades médicas abaixo:

Associação Médica BrasileiraAssociação Brasileira de Mulheres MédicasAssociação Paulista de Mulheres MédicasAssociação Médica de PernambucoConselho Federal de MedicinaConselho Regional de Medicina da BahiaConselho Regional de Medicina de BrasíliaConselho Regional de Medicina PernambucoConselho Regional de Medicina de SergipeFederação Nacional dos Médicos

Sindicato dos Médicos de AlagoasSindicato dos Médicos da BahiaSindicato dos Médicos de BrasíliaSindicato dos Médicos de PernambucoSindicato dos Médicos do PiauíSindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte Sindicato dos Médicos do Rio Grande do SulSindicato dos Médicos de São PauloSindicato dos Médicos de SergipeSindicato dos Médicos do Tocantins

Carta do Recife

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8REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

Comunicação, Publicidade e Marketing pautam seminário

Profissionais de comunicação debateram atuação da mídia no contexto social

Nomes e produtos - Outro momento importante da I ª Jornada de Comunicação foi a palestra “Marketing pessoal do médico com ética”, ministrada pelo cardiologista e diretor do Simepe, Mario Fernando Lins. Entre tantas explicações, ele enfatizou que o médico em nenhum momento deve associar seu nome a produtos para ganhar ou destinar publicidade a terceiros, tampouco, oferecer consultas grátis em troca de votos, quando o mesmo estiver participando de uma campanha eleitoral. Vários outros grandes nomes da comunicação pernambucana marcaram presença no evento, entre eles, o publicitário Giovani Di Carlli, editor executivo do Grupo Nove, a jornalista Andréa Trigueiro, e o jornalista e apresentador do NE TV – 1ª Edição, Márcio Bonfim. O diretor de Imprensa do Simepe, Assuero Gomes, encerrou o evento assinalando a satisfação que a entidade sindical médica tem em promover encontros que, sem dúvida alguma, engrandecem o relacionamento entre os profissionais da saúde e os da área de comunicação.

O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) promoveu em setembro de 2010, a Iª Jornada de Comunicação, Publicidade e Marketing. O objetivo do evento foi proporcionar aos estudantes e profissionais

das áreas de comunicação e saúde, uma discussão aprofundada sobre temas atuais como: política, ética, prestação de serviços, marketing do médico, entre outros. O presidente do Simepe, Silvio Rodrigues, iniciou a Jornada de Comunicação comentando sobre a importância da informação no cotidiano das pessoas, principalmente, do profissional médico que na maioria das vezes tem uma vida agitada e corrida. Além dele, também esteve presente na abertura, o diretor do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco (Sinjope), Osnaldo Moraes. Ele, por sua vez, elogiou a iniciativa do sindicato, e chamou a atenção para questão do diploma, defendendo a formação superior e qualificação do profissional de jornalismo.

Eleição e pesquisa – Logo depois, o jornalista e publicitário, Ivan Mauricio, ministrou uma aula abordando os principais assuntos discutidos atualmente como as eleições, inclusive, revelando dados que são desconhecidos por muitos, como a quantia gasta pelo cofre público nos guias eleitorais. De acordo com ele, são gastos R$ 850 milhões. “O eleitor deve estar atento e super informado, pois as pesquisas têm o poder de induzir o voto, não se pode deixar influenciar”, destacou. O uso da internet foi outro assunto bastante debatido sob a coordenação do editor executivo do Jornal do Commercio (JC), Laurindo Ferreira que frisou a importância dessa ferramenta como meio de comunicação rápida e eficaz. “Podemos entender a capacidade que a web possui, através dos portais dos sindicatos, por exemplo, que hoje utilizam vídeos, áudios e até redes sociais para gerar e viabilizar a informação de imediato, tornando-se independentes de outras mídias”, acrescentou.

SIMEPE | EM DEBATE

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Por Natália Gadelha

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O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), através da Defensoria Médica, teve concedido, pela Corte Especial do TJPE, por unanimidade, o direito aos médicos

servidores estaduais de requererem a aposentadoria especial com 25 anos de serviço. Essa decisão favorece todos os médicos do Serviço Público Estadual, sejam eles da Administração Direta ou Indireta. Na verdade, em 2010 o Simepe já havia tido julgado procedente um outro Mandado de Injunção individual que mandou conceder Aposentadoria Especial a uma determinada médica servidora estadual. Inicialmente, esse Mandado de Injunção Coletivo pretendia garantir o direito a todos os médicos servidores públicos que trabalham em Pernambuco, inclusive os das prefeituras. Entretanto, este pedido não foi aceito pela Corte, visto que cada município tem autonomia para se autogerir, devendo o Simepe agora entrar com outros Mandados de Injunção que beneficiem os médicos servidores de municípios pernambucanos.

Quais são as regras e quando será possível se aposentar?

No Mandado de Injunção as regras que devem ser aplicadas para concessão da Aposentadoria dos médicos pela Fundação de Aposentadorias e Pensões dos Servidores do Estado de Pernambuco (Funape), enquanto o Governador do Estado não editar lei para regrar a situação, são as mesmas aplicadas pelo INSS, (Lei nº 8.213/91).

Mandado de Injunção e Aposentadoria Especial para médicos de Pernambuco

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Essa é mais uma conquista da Defensoria Médica em favor da Categoria Médica do Estado de Pernambuco. De parabéns todos os médicos servidores do Governo do Estado de Pernambuco.

Assim, as regras para o médico são:

25 anos de serviço como médico, atendendo a pacientes, inclusive fazendo ou participando de cirurgias, ou manuseando substâncias nocivas à saúde ou manuseando cadáveres, ou seja, que tenha sido submetido nesse período a condições insalubres.

Não existe pré-requisito de idade mínima. Os vencimentos deverão ser concedidos na sua integralidade, excluindo-se apenas as gratificações, neste caso, exceto quando houve direito adquirido a manutenção/incorporação da gratificação.

Cada vínculo tem que ter os requisitos de maneira independente um do outro, logo, se o médico tiver 26 anos em um vínculo e 15 em outro, poderá se aposentar no vínculo que contar 26 e terá de aguardar completar ao menos 25 no outro.

Todavia, antes de buscar a aposentadoria especial, orientamos a procurar a Defensoria Médica do SIMEPE, que mais informações

serão passadas, após análise de cada caso.

Já sobre a questão de ser ou não sindicalizado, o Acórdão fala em todos os médicos servidores do Estado. Porém, a Funape pode suscitar a questão e não querer conceder o direito àqueles que não são associados ao SIMEPE. Aconselhamos aos médicos que ainda não são sócios do Simepe, que se associem o quanto antes. Ao requerer a Aposentadoria Especial, juntar aos documentos a “declaração de sócio do Simepe”, a fim de agilitar os trâmites na Funape. Outrossim, o tempo e os resultados estão nos mostrando o quanto é verdadeira a assertiva: “médico sindicalizado é médico forte”.

SIMEPE | DEFENSORIA

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Em outubro de 2010, o Hospital Regional Professor Agamenom Magalhães (Hospam), em

Serra Talhada, foi pauta de reunião entre a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), Sindicato dos Médicos e o Conselho Regional de Medicina. Na ocasião, o diretor do Sindicato, Tadeu Calheiros, acompanhado pelo diretor do Cremepe, Roberto Tenório, apresentaram as principais dificuldades enfrentadas pela categoria, como: escalas incompletas, ineficiência no serviço de remoção, acompanhamento nas transferências de pacientes na região e interferência do gestor na autonomia do profissional. Na época, o secretário de saúde de Pernambuco, Frederico Amâncio, comprometeu-se em conversar com o governador, Eduardo Campos, na tentativa de resolver a situação em relação ao déficit nas escalas. No que se refere ao serviço de remoção, explicou que apartir deste ano, Pernambuco estará implantando o Plano de Regionalização do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que visa atingir 100% de cobertura no Estado. Em relação ao acompanhamento nas transferências, o secretário se dispôs a discutir a criação de uma proposta, com o objetivo de formar um grupo de profissionais com disponibilidade para acompanhar o paciente

Entidades médicas e SES discutem soluções para Hospam, em Serra Talhada

Em reunião com a Secretária Municipal de Saúde de Igarassu, em outubro passado, representantes do Sindicato dos Médicos de

Pernambuco (Simepe) e do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), juntos ao corpo clínico da Unidade Mista de Igarassu, expuseram a realidade da saúde pública no município. O Simepe recebeu denúncias de que a Unidade Mista de Igarassu funcionava em seu limite, com escalas de plantão desfalcadas, excesso de atendimentos, inclusive com a estrutura precária. O salário do médico diarista e plantonista pagos pela Prefeitura é um dos menores no Estado. Por essas razões, muitos profissionais pediram demissão. Tendo em vista essa situação, a secretária de saúde, Shirley Correia, apresentou durante a reunião algumas novidades na tentativa de uma solução paliativa. Ela reconheceu que o cenário da saúde pública no município é uma preocupação da gestão. Segundo ela, será feito um diagnostico para traçar o perfil do hospital, e partindo desse estudo, ampliar a estrutura e o funcionamento da unidade. No que se refere aos salários, também garantiu acréscimo na remuneração dos médicos.

Concurso Público O diretor e fiscal do Cremepe, José Carlos de Alencar, chamou a atenção para a importância de ter médicos em todos os plantões, isso é de responsabilidade da direção do hospital. “Se os médicos estão saindo da unidade é preciso resolver o problema, que os levam a tomar essa decisão”, disse. Em relação às escalas incompletas, a procuradora do município, Ezi Francisca, sinalizou a realização de um concurso público para fevereiro de 2011. Para o presidente do Simepe, Silvio Rodrigues, as alternativas apresentadas pela gestão foram passos positivos, deixando aberto um canal de negociação para uma discussão mais ampliada sobre os serviços de saúde e os servidores. “Houve demonstração de boa vontade, mas teremos de sentar e rever algumas coisas essências para garantir uma assistência de qualidade à população e assegurar boas condições de trabalho, para então, fixar o médico no município”, explicou. Segundo ele, a iniciativa de melhorar o salário foi digna, mas o valor ainda é defasado. O Sindicato e a Secretaria de Saúde voltarão a se reunir para analisar profundamente os pontos apresentados pela gestão.

Após denúncias Prefeitura de Igarassu promete melhorias na saúde

Redução do número de médicos por plantão do Hospital Municipal Raymundo Francelino

Aragão, com a extinção do atendimento da clínica médica e da pediatria, ambulâncias sucateadas, superlotação, distorções salariais dos médicos em geral, foram os pontos discutidos em reunião realizada em novembro, entre a Secretária Municipal de Saúde de Caruaru e o Simepe. Os representantes do Simepe, José Tenório e Danilo Souza cobraram providências em relação às condições de trabalho nas unidades de saúde, implantação de política de recursos humanos e do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV), e realização de concurso público. Os sindicalistas reivindicaram aos gestores municipais melhorias urgentes na infraestrutura física do hospital, ampliação das equipes de Saúde da Família e, sobretudo, valorização do trabalho médico. A secretária de Saúde, Maria Izalta, reconheceu os problemas, argumentando a falta de recursos financeiros, a queda do repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e limitações da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). No entanto, assegurou que está aplicando o percentual 18,5% no setor e continua trabalhando junto ao prefeito Antônio Figueirôa de Siqueira (Toinho do Pará) alternativas para a saúde do município. A Prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe vai apresentar respostas às reivindicações do Simepe, principalmente, em relação à redução dos plantonistas do Hospital Municipal Raymundo Francelino Aragão.

Reivindicações e melhorias para a saúde de Santa Cruz do Capibaribe

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IgarassuSerra Talhada

Santa Cruz do Capibaribe

SIMEPE | MOMENTO SINDICAL

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11 REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011 REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

Os médicos da rede municipal de saúde de São Lourenço da Mata, dispensados sem aviso prévio de suas funções desde

outubro passado, por conta do fechamento do Hospital Geral Petronila Campos, cobram da Prefeitura Municipal os pagamentos do 13º salário de 2009, do 13º salário e férias proporcionais de 2010. O grupo de profissionais denunciou o fato ao Sindicato dos Médicos (Simepe). Em conversa informal com os sindicalistas, os médicos informaram que os contratos de trabalho com a prefeitura, apesar de regidos pela CLT, não foram cumpridos nem respeitados pelo prefeito Ettore Labanca e pelo ex-secretário de saúde, Humberto Antunes. “Não tivemos comunicação oficial da Prefeitura de São Lourenço da Mata sobre nossa dispensa. O fechamento do hospital soubemos através da imprensa” frisou um médico. O vice-presidente do Simepe, Mário Jorge Lobo, disse que a entidade não medirá esforços para garantir os pagamentos dos direitos dos médicos afastados sumariamente de suas funções. “Vamos buscar a negociação, através do entendimento com o prefeito para o pagamento dos direitos trabalhistas. Os médicos não podem ser tratados com descaso e indiferença pelos gestores municipais”, enfatizou.

Os médicos do Hospital da Restauração, principal referência de Pernambuco apontaram como principais problemas a superlotação, déficit da escala de plantão, falta de materiais e de condições de trabalho. A denúncia foi feita ao Simepe, eles entregaram um

documento contendo a pauta de reivindicações dos profissionais do HR. Segundo o presidente do Simepe, Silvio Rodrigues, esses problemas são preocupantes e comprometem a qualidade da assistência prestada. “As coisas não podem continuar assim”, argumentou. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) prometeu, por meio de documento enviado ao Conselho Regional de Medicina de Pernambuco, a contratação de mais 21 clínicos e oito neurologistas para a emergência clínica do HR. Segundo a SES, todos os profissionais já foram nomeados.

Maior Emergência do Nordeste No dia 11 de novembro de 2010, os problemas enfrentados pelos profissionais e pacientes do Hospital da Restauração ficaram nacionalmente conhecidos, após a reportagem exibida pelo programa Profissão Repórter – TV Globo. A equipe de reportagem esteve no Sindicato dos Médicos de Pernambuco durante a pré-produção do programa apurando sobre o dia a dia de uma das maiores emergências do Brasil. “O programa mostrou o retrato da realidade”, assinalou Silvio Rodrigues.

Médicos querem receber salários atrasados

Hospital da Restauração

Sobrecarga de trabalho na emergência clínica

São Lourenço da Mata

Após reivindicação dos médicos da rede municipal, a Prefeitura de Petrolina efetuou o pagamento do 13° salário da categoria.

A categoria esteve reunida por várias vezes com representantes do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), em assembleia geral, no final do ano passado, denunciando a situação. Na ocasião, os médicos, em defesa aos seus direitos, demonstraram o desejo de acionar judicialmente a Prefeitura. Em janeiro de 2011, a secretária de Saúde, Lúcia Cristina Soares, enviou ao Simepe um oficio garantindo que até a primeira quinzena de fevereiro, todos os problemas referentes aos atrasos salarias estariam devidamente solucionados. Entretanto, o correto é que o salário seja depositado na conta do servidor até o 5° dia útil do mês, o que não vem ocorrendo em Petrolina. Porém, o atraso do salário não é o único problema para os servidores. Durante as assembleias, os médicos fizeram uma avaliação do movimento naquela região e afirmaram que, parte do Termo de Compromisso de 2009 não foi cumprida. Diante dessa constatação, o presidente do Simepe, Silvio Rodrigues, informou que a entidade irá cobrar o cumprimento dos itens ainda não contemplados do Termo e as novas demandas que estão aparecendo. “A gestão municipal precisa honrar seus compromissos com os médicos”, ressaltou.

Medicos se mobilizam e Prefeitura atualiza salário

Petrolina

Representantes do Simepe, Cremepe, gestores, diretores e médicos do Cravo Gama, Helena Moura, Arnaldo Marques, Amaury Coutinho e Barros Lima, debateram a crise no setor de pediatria. Proposta emergencial da Secretaria de Saúde do Recife

para minimizar as dificuldades existentes no setor: 1) Seleção simplificada, com a contratação imediata de 21 médicos pediatras, sendo 10 por portaria da secretaria e os 11 através de autorização do prefeito João da Costa. 2) Formação de grupo de trabalho para revisão dos critérios de política de recursos humanos, formatação do termo do concurso público e outras diretrizes.

Pediatria da rede municipal de saúde em crise

Em dezembro, as diretoras do Simepe, Claúdia Beatriz, Carla Bezerra e Tilma Belfort, participaram de reunião com a Secretaria de Saúde do Recife, através das diretorias do Distrito Sanitário III, de gestão de trabalho, de atenção à saúde, e da Policlínica

Professor Barros Lima, em Casa Amarela/Recife. Na ocasião foi discutida a falta de segurança na unidade de saúde. Na oportunidade, foi comunicado que as câmeras internas e externas já estão em funcionamento, inclusive com infravermelho (utilizadas várias vezes para averiguação das fotografias). Além disso, a lavanderia está toda montada, aguardando apenas recursos humanos capacitado e qualificado.

Simepe e Prefeitura do Recife discutem insegurança da Maternidade Barros Lima

Policlínica

Recife

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Os médicos residentes de Pernambuco deram inÍcio em agosto de 2010, a um grande movimento de paralisação dos serviços na residência, que durou 29 longos dias. O movimento foi de caráter nacional,

com atos públicos e assembleias. Após inúmeras rodadas de negociações com o Ministério da Saúde e da Educação, foi votada e homologada em Assembleia Geral, em 15 de setembro, a proposta do governo, provocando de imediato o retorno dos médicos às atividades. Entre os itens acordados destacaram-se: reajuste da bolsa-auxílio em 22% incorporado a partir de 1° de janeiro de 2011; licença maternidade ampliada de 4 para 6 meses; licença paternidade de 5 dias e convocação do Grupo de Trabalho instituído por portaria interministerial n° 2352/2010 com pautas

a serem discutidas como: reajuste residual de 16,7% (38,7% – 22%), adicional de insalubridade, 13° bolsa, auxílio moradia e valorização da preceptoria, entre outras demandas. Em Pernambuco, a participação dos médicos residentes durante o movimento foi intensa. A diretoria da Associação Pernambucana dos Médicos Residentes (APMR) foi fortalecida bravamente com a atuação e a disposição dos que se uniram e resistiram aos 29 dias de paralisação. “É um orgulho ver que apesar de novos, esses médicos têm força de vontade e garra para valorizar nossa profissão e lutar por melhorias na saúde do nosso Estado e País”, disse o presidente do Simepe, Silvio Rodrigues. A diretoria da APMR acredita que a luta está apenas começando e ainda há muito que construir.

Avanços na luta pela valorização da Residência Médica

Qual é o papel da residência médica? É uma modalidade de pós-graduação que prima pela capacitação de médicos em atendimento especializado nos serviços de assistência pública à saúde; incentivando ao médico residente a produção científica, a práxis e o cuidado com o paciente.

O quê interfere na formação do residente à realidade da saúde pública?Tudo! Para o aprendizado adequado do médico residente é necessário que o serviço ao qual esteja vinculado tenha uma boa estrutura, onde não faltem exames, medicações, leitos e principalmente preceptoria em tempo integral. Infelizmente, o que vivenciamos são hospitais lotados, pacientes morrendo à míngua sem atendimento adequado, longa espera nas emergências e inclusive déficit de recursos humanos. O médico residente muitas vezes é utilizado como mão de obra barata, contabilizado no corpo clínico do hospital e submetido, ainda em

Shirlene Mafra, 29 anos, médica formada pela UPE e atualmente residente de Pediatria do Hospital das Clínicas da UFPE.

aprendizado, a assumir responsabilidades de um especialista, num momento em que não desenvolveu habilidade para tal atividade.

Como você avalia o recente movimento de paralisação da categoria?Que a indignação social tem a capacidade de mobilizar pessoas em prol de uma causa. E só quando isso acontece é que percebermos o poder de transformação da realidade que cada um de nós tem dentro da sociedade.

O médico residente muitas vezes é utilizado como mão de obra barata

Entrevista

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SIMEPE | MOBILIZAÇÃO

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Representantes dos diretórios acadêmicos de medicina da Universidade Federal de Pernambuco(UFPE), Universidade de Pernambuco (UPE) e da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) participaram do II

Fórum das Entidades Representativas Médicas e Estudantis - “Abertura de Novas Escolas Médicas” – Uma Visão Crítica do Tema, realizado em 16 de dezembro, na sede da Associação Médica de Pernambuco (Ampe). O evento foi organizado pelas entidades médicas de Pernambuco – Cremepe, Simepe e AMPE – e teve como objetivo levantar a discussão no Estado, tendo em vista a inciativa de algumas instituições de ensino em apresentar o desejo em oferecer também o curso de medicina. O médico Guido Correia de Araújo, Assessor de Relações Internacionais da UPE, foi um dos palestrantes, ele

falou sobre o regimento para abertura de novas escolas médicas. De acordo com ele, o principal questionamento é a respeito da verdadeira necessidade dessas novas escolas. Em seguida, o médico e superintendente adjunto de Ensino, Pesquisa e Extensão do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira – Imip, Fernando Menezes, afirmou que é preciso estar atento às políticas públicas na formação do médico e na estrutura do sistema de educação e treinamento. “Em primeiro lugar, deve ser questionado o compromisso e a qualidade dessas escolas na formação dos futuros médicos”, ressaltou. “Algumas escolas médicas não têm as mínimas condições para funcionar. Outras precisam de atenção, investimentos. Essa discussão continuará sendo acompanhada”, afirmou o presidente do Cremepe, André Longo.

Estudantes de Medicina e entidades médicas questionam abertura de novas escolas

A nova invasão holandesa em Pernambuco Em 1630 uma expedição holandesa liderada pelo Príncipe Maurício de Nassau culminou com o domínio de grande parte do nosso estado. Em 2010, 380 anos mais tarde, estamos à beira de uma ameaça mais profunda, talvez pouco perceptível a curto prazo. Uma ameaça que, se consolidada, irá influenciar de forma crítica um direito essencial do cidadão: a Saúde. Hoje, tramita silenciosamente a abertura de mais uma Escola Médica em Recife, desta vez vinculada a uma faculdade privada sem o devido conhecimento prévio de nenhuma entidade médica: Cremepe, Simepe ou Associação Médica de Pernambuco. Algumas vistorias em hospitais públicos já foram realizadas e segundo o Governo do Estado, não existe notícia formal de tal tramitação. Lançamos mão, então, dos seguintes questionamentos:Há necessidade de abertura de uma nova escola médica em Recife? Qual é o projeto político-pedagógico que faculdade tem para esse curso de Medicina? Quais os critérios de qualidade e o compromisso com a formação de um profissional qualificado? O que norteará e em que se fundamentará a educação médica oferecida por essa entidade? Que compromisso social poderemos esperar dessa faculdade e dos estudantes que ela formará? Pernambuco atualmente oferece 500 vagas anuais para medicina, das quais 380 são ofertadas na capital. A abertura de uma nova escola médica deve ser fundamentada em uma necessidade social real, e todos nós sabemos que a necessidade por médicos é muito maior no interior do estado. Além disso, nossos campos de prática estão nitidamente superlotados de forma que o ingresso de mais estudantes irá comprometer não só a formação dos alunos advindos dessa nova faculdade, como também a daqueles que já estão no serviço. E os reflexos danosos à prestação do serviço a população? Imaginem a qualidade de um atendimento realizado com um amontoado de estudantes. E em que poderá repercutir futuramente a assistência realizada por profissionais desqualificados?

SIMEPE | ENSINO MÉDICO

Diretório Acadêmico de Medicina Umberto Câmara Neto/UFPEDiretório Acadêmico Josué de Castro – Medicina UPE

Diretório Acadêmico Fernando Figueira – Faculdade Pernambucana de Saúde

Preocupados com a criação de outro curso de medicina em faculdades na capital de Pernambuco, os representantes dos diretórios acadêmicos fizeram uma carta aberta levantando alguns questionamentos a respeito das intenções da instituição e as condições na qual o curso seria aplicado.

Carta Aberta

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Por Natália Gadelha

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14REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

O câncer de pele é atualmente o tipo de câncer mais comum, e o número de casos vem aumentando em todo o mundo nas últimas décadas, pesquisas indicam ainda que esta tendência crescente na sua incidência

deverá aumentar até 2040, ocorrendo preferencialmente em pessoas consideradas suscetíveis à RUV. Inúmeras causas têm sido apontadas como responsáveis por esse aumento: mudanças dos hábitos de vida com exposição solar excessiva; rarefação da camada de ozônio e envelhecimento populacional.

Envelhecimento - Destacam-se ainda fatores fenotípicos que oferecem susceptibilidade ao câncer cutâneo como fototipos de pele mais baixos, que correspondem àqueles pacientes com cor da pele, olhos e cabelos claros, presença de sardas e nevus (diferentes tipos de células na pele) e, principalmente, história pessoal ou familiar de câncer cutâneo. As RUV contribuem para o envelhecimento cutâneo, desenvolvimento de queimaduras solares, produção de lesões pré-cancerosas e cancerosas e imunossupressão. A radiação ultravioleta B (UVB) é a responsável pelas queimaduras solares e pela maioria dos efeitos carcinogênicos na pele. A UVB é mais intensa entre 10h e16h, sendo aconselhável evitar exposição solar durante este período. A radiação ultravioleta A (UVA) está associada ao fotoenvelhecimento cutâneo, com surgimento de manchas, rugas, lise do colágeno e aumento da fragilidade cutânea e também contribui para a carcinogênese.

Filtros solares - Para ajudar na proteção contra os efeitos nocivos da RUV podemos contar com os filtros solares, os quais podem ser químicos (contém substâncias que absorvem a luz solar) ou físicos (contém substâncias que refletem e dispersam

a RUV). O fotoprotetor deve ser de amplo espectro contra raios UVA e UVB. O valor FPS (fator de proteção solar) indica a proteção anti-UVB, enquanto que o PPD (persistent pigment darkening) indica a proteção anti-UVA. O fotoprotetor ideal deve ter FPS de no mínimo 15 e PPD (= 4). Os produtos podem ser creme, loção, spray ou gel e sua indicação vai depender do tipo de pele e região do corpo onde será utilizado. Os fotoprotetores devem ser aplicados 30 minutos antes da exposição solar e reaplicados a cada 2 horas ou após transpiração excessiva e mergulhos prolongados. As medidas importantes para prevenção do câncer de pele são: limitar a exposição à RUV a partir de idades mais precoces, prevenir-se quanto às queimaduras pela RUV, encorajar o indivíduo com história familiar de melanoma maligno ao auto-exame dos sinais pela regra do ABCDE. Além de observar a presença de assimetria, alterações das bordas ou contorno, da cor, dimensão e qualquer outra modificação evolutiva apresentada pela lesão.

Radiação - É importante ter em mente que o fotoprotetor não deve ser encarado como um passaporte para se expor à vontade ao sol, pois os filtros apenas amenizam os efeitos da radiação sobre a pele. É necessário o uso de meios físicos de fotoproteção como roupas apropriadas, principalmente os tecidos sintéticos e de cor, a exemplo da seda e poliéster que cubram a área fotoexposta, chapéus de aba larga (7,5 cm) e óculos escuros. A conscientização da população quanto a essas medidas relativamente simples de prevenção são muito importantes no combate ao crescente aumento do câncer de pele em todo o mundo.

Fotoproteção e prevenção do câncer de pele

SIMEPE | SAÚDE

*médicas dermatologistas

Por Mecciene Rodrigues, Juliana Fontan e Mecleine Mendes

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16REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

A noite de 29 de outubro de 2010 foi só alegria para os médicos de Pernambuco, no show comemorativo realizado

no Clube Português, e organizada pelo Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), em parceria com o Conselho Regional de Medicina (Cremepe) e Associação Médica (AMPE), para festejar o dia da classe médica. A abertura da noite tão esperada por todos, ficou por conta dos médicos Racine Cerqueira, Eduardo Leite, Flávio Sivini, Giordano Bruno, Fernando Azevedo, Zé Maria, Carlos Reinaldo, que além do compromisso com a medicina, sobra talento no que se refere à musicalidade. Médicos e músicos, em cima do palco, eles deram um brilho a mais à comemoração, foi um show à parte. Sem grandes discursos, o presidente do Simepe, Silvio Rodrigues, agradeceu a presença de todos. “A noite

Contagiante e animada, festa em comemoração ao Dia do Médico foi um sucesso

Festa ficará marcada na história das entidades médicas de Pernambuco

hoje é de festa. Vamos comemorar entre amigos e familiares o Dia do Médico”, disse. A grande atração do show, o cantor paraibano Chico Cesar, principal encarregado de garantir a empolgação do público cumpriu bem sua missão. Cantando músicas de seu novo trabalho, “Francisco, Frevo e Forro” e sucessos antigos como, Mama África e A primeira vista, embalou a todos com os ritmos de festas populares do nordeste, como o carnaval e São João. O presidente do Cremepe, André Longo, parabenizou a iniciativa do Simepe e afirmou que essas ocasiões aproximam a categoria das entidades. Ainda foi possível estender um pouco mais a animação, com a apresentação do médico Marcelo Viana, cover de Tim Maia, ele relembrou canções marcantes do cantor. A festa encerrou as comemorações do Dia do Médico.

Os médicos Luis Villar, Marcelo Falcão e Mário Fernando Lins foram homenageados com a outorga da 12ª edição da

Comenda do Mérito Sindical. A solenidade foi realizada na noite de 27 de Outubro, no Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe). O evento faz parte do calendário oficial do Simepe em homenagem ao mês do médico. “É inegável que Luis Villar, Marcelo Falcão e Mário Fernando Lins merecem essa homenagem, porque são profissionais que sempre honraram a medicina, através de luta, responsabilidade e determinação”, afirmou o presidente do Simepe, Silvio Rodrigues. História - A Comenda do Mérito Sindical começou em 1999, na primeira gestão do presidente Ricardo Albuquerque Paiva que, na ocasião homenageou todos os ex-presidentes do Simepe com a outorga da comenda. Em síntese: o bom exemplo começou em casa.

Outorga da Comenda do Mérito Sindical

Da esq pra dir. Mário Fernando Lins, Luís Villar e Marcelo Falcão

No Recife, o Dia do Médico (18) foi marcado por serviços gratuitos, orientações e esclarecimentos à população. Para celebrar a data

o Cremepe, Simepe e Ampe – promoveram uma ação social em dois locais diferentes.Duas equipes médicas estiveram em pontos estratégicos na Zona Sul da cidade e na Zona Norte, oferecendo serviços gratuitos até às 17h. Profissionais montaram tendas nesses locais, a partir das 08h30, onde fizeram exames de glicose e aferição de pressão arterial. A população também recebeu panfletos de orientação sobre doenças como hanseníase, diabetes e dengue. Foram contabilizados mais de 500 atendimentos nos turnos da manhã e da tarde.

Ação de saúde para a população

SIMEPE | DIA DO MÉDICO

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17 REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

A medalha de São Lucas foi Criada em 1969 pelos presidentes em exercício das três entidades médicas de Pernambuco, Cremepe, Simepe e Ampe. Em 19 de outubro, em solenidade na Associação Médica de Pernambuco, a Medalha foi entregue a três médicos que desenvolveram um trabalho reconhecidamente importante

para a medicina pernambucana ao longo de sua trajetória profissional. Foram eles: José Nivaldo (indicado pelo Cremepe), Ângela Rocha (indicada pelo Simepe) e Gustavo Trindade Henriques (indicado pela Ampe). Os três, agora, fazem parte do grupo de 116 médicos agraciados com a homenagem.

Festa especial para a outorga da Medalha São Lucas

Brasília, terça-feira, 26/10/10. Com a proposta de chamar a atenção de gestores públicos, parlamentares e a sociedade civil, a Federação

Nacional dos Médicos (Fenam), Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Medicina (CFM), realizaram na capital federal a Mobilização Nacional pela Valorização da Profissão Médica e a Assistência à Saúde. 300 profissionais de todas as regiões do país estiveram nas ruas de Brasília, para reivindicar por melhores condições de trabalho, mais financiamento para o setor Saúde e assistência de qualidade à população.

Destaques - Os representantes das entidades médicas pernambucanas AMPE, Cremepe e Simepe participaram da mobilização que teve como destaques os bonecos gigantes de Olinda, representados por Hipócrates (pai da medicina) e do Caboclo de Lança. Vestidos de capas cirúrgicas brancas, com faixas e cartazes, os médicos se concentraram em frente ao Ministério da Saúde, onde enfatizaram suas preocupações em relação aos problemas que atingem a saúde nacional. Após a concentração, os manifestantes fizeram caminhada até o Congresso Nacional e em coro diziam as palavras de ordem: “O médico vai lutar e a Saúde vai mudar!” e “Médicos na rua, a luta continua!”.

Movimento - “Lutamos por um Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS), melhor qualidade no SUS, regulamentação da emenda 29, a não abertura de escolas médicas, entre outras reivindicações, fazem parte desse movimento”, assinalou o presidente do Simepe, Silvio Rodrigues No Congresso Nacional, foi protocolado junto às presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, um documento em nome das três entidades médicas nacionais apontando as principais reivindicações da categoria e sugeridas soluções para o processo de valorização da Medicina.

Foi grande a animação dos médicos de Petrolina, sertão de Pernambuco, em comemoração ao Dia do Médico. O evento

aconteceu no Sesi Petrolina, realizado pelo Simepe, Cremepe e AMPE e reuniu mais de 300 colegas de diversas especialidades. “Apesar da distância geográfica que existe entra Petrolina e Recife, onde funciona a sede do sindicato, a entidade está muito bem representada aqui, pelos diretores regionais, a nossa vinda ao município só fortalece ainda mais essa interação”, disse presidente do Simepe, Silvio Rodrigues.

Serra Talhada - Esta foi a primeira vez que o evento aconteceu, mas já esta garantido que a partir deste ano, a festa passa a fazer parte do calendário oficial do Sindicato dos Médicos de Pernambuco ( Simepe ) e do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe). A Banda Alpercata de Rabicho, com seu forró arrastado, foi responsável por grande parte da animação da noite. O diretor regional do Simepe, em Serra Talhada, Antônio Rodrigues, parabenizou a atual gestão do sindicato pela iniciativa. Segundo ele, a entidade tem contribuído muito nas lutas e conquistas da categoria dentro município. “A festa é uma maneira a mais de aproximar e reunir os médicos do interior”disse.

Festa tambémno sertão

Mobilização e caminhada histórica em BrasíliaPor Chico Carlos

A festa é uma maneira a mais

de aproximar e reunir os médicos do

interior

Antônio Rodrigues diretor regional do Simepe, em

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José Nivaldo, Ângela Rocha e Gustavo Trindade

André Longo, Antonio Rodrigues, Sílvio Rodrigues e Roberto Vieira em noite festiva

Almoço reuniu médicos

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Combatividade e luta

A luta do Simepe é permanente contra toda forma de repressão aos médicos, promovendo assembléias, reuniões, manifestações, debates, sobretudo, conscientizando os estudantes e profissionais da medicina. No período de sua trajetória no cenário sindical, o Simepe conviveu com 30 anos de regime democrático e 40 anos de ditadura. É negável que fazer sindicalismo em nosso País não é simplesmente defender a corporação. Nem edificar o horizonte da sociedade civil. Mas, será, com igual prioridade, testemunhar a cidadania. O espaço público, mais largo do que a esfera estatal é seu território de combate e luta. Os anos se passaram e atividade médica ganhou força e expressão em Pernambuco, somada ao mérito e empreendimento, envolve centro de pesquisa e pólo de serviços, combina talento pessoal e ação coletiva, justapõe memória e confiante futuro. Nesta diversidade, a medicina pernambucana não perdeu a vocação histórica que a tem distinguido, isto é, o sentido social de sua ação. Porque, extrapolando limites da corporação, se identifica com os anseios e as angústias da população da qual é integrante ativo. No âmbito da representação profissional, o Simepe confirma a cada dia essa destinação honrando sua finalidade. Ao lutar pelo aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (SUS), o Sindicato tem defendido a população mais carente e humanizar a prática da medicina transformou-se numa realidade dentro das Universidades brasileiras.

Dia 14 do mês de outubro de 1931, 20h, Sala de Reuniões do Departamento de Saúde Pública. Uma Assembléia reunindo 33 médicos e liderada por uma comissão eleita pela Sociedade de

Medicina de Pernambuco composta pelos médicos – Barros Lima, Edgar Altino, Ageu Magalhães, Geraldo de Andrade e Jorge Lobo – fundavam o Sindicato dos Médicos de Pernambuco. O primeiro presidente foi o professor João Marques, que viria renunciar por motivos pessoais em 17 de maio de 1932. Iniciava-se ali a caminhada, perseverante e construtiva que, em 2011, alcança 80 anos de fundação, como um dos mais antigos e atuantes do Brasil. O Simepe está cada vez socialmente mais vigoroso. Determinado a patrocinar a causa e a garantir o registro de sua atuação médica no movimento sindical brasileiro. Na verdade, a presença mais efetiva do sindicalismo ocorreu a partir de 1920, quando do Tratado de Versalhes e da filiação do País à Organização Internacional do Trabalho (OIT), implicando no maior controle nas relações entre o operariado e o patronato. Criam-se as primeiras leis trabalhistas. A Revolução de 1930 daria impulso a Velha República. Articulada e liderada por Getúlio Vargas, que chega triunfante em 31 de outubro de 1930 a cidade do Rio de Janeiro, então, capital federal, dando início a uma nova etapa na história brasileira. Período este que duraria 15 anos, é nele que se consolidariam as Leis Trabalhistas.

18REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

SIMEPE | MEMÓRIA SINDICAL

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Por Chico Carlos

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REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

Emenda 29 Faz-se necessário garantir a aprovação imediata da regulamentação da Emenda Constitucional 29, que vincula recursos nas três esferas de gestão e define o que são gastos em saúde. O adiamento causa danos ao Sistema Único de Saúde (SUS) e compromete sua sobrevivência nos próximos anos. Avaliamos que o papel do médico dentro do SUS deve ser repensado a partir do estabelecimento de políticas de recursos humanos que garantam condições de trabalho, educação continuada, respeito profissional e remuneração adequada. O país precisa acabar com as filas de espera por consultas, exames e cirurgias, com o sucateamento dos hospitais e o estrangulamento das urgências e emergências, além de redirecionar a formação médica de acordo com as necessidades brasileiras. Por isso, a proposta de criação da Carreira de Estado do Médico deve ser implementada, como parte de uma necessária política pública de saúde, para melhorar o acesso da população aos atendimentos médicos, especialmente no interior e em zonas urbanas de difícil provimento. A qualificação da assistência pelo resgate da valorização dos médicos deve permear outras ações da gestão nas esferas pública e privada. Temos que eliminar distorções, como contratos precários, inexistência de vínculos, sobrecarga de trabalho e ausência de estrutura mínima para oferecer o atendimento ao qual o cidadão merece e tem direito.

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Rebeldia e indignação

A nossa história é, principalmente, uma história de gente. Ou seja, de médicos e médicas, que, ao longo desses 80 anos, sempre estiveram junto à sua entidade de classe e, em todos os momentos lutando pela valorização do servidor médico e do serviço público; concurso e carreira públicos; condições de trabalho, remuneração e em ação com o Cremepe e AMPE. Nas campanhas memoráveis, por melhorias nas condições de trabalho, de salário, registradas nas décadas de 80, 90 e 2000, estivemos em sintonia com a classe médica e a sociedade, cobrando atendimento de qualidade à população. Do Simepe sempre partiu o brado de rebeldia e indignação contra os que usam e abusam do poder. Realizamos assembleias, atos públicos, manifestações, paralisações, que mantiveram o movimento médico ativo, coeso e mobilizado e podemos afirmar que o saldo foi positivo nas negociações com o Estado e as prefeituras do Recife, Petrolina, Caruaru, Cabo, Olinda e Jaboatão dos Guararapes. A mobilização para a implementação da CBHPM – Classificação Brasileira Hierarquizada se Procedimentos Médicos está na ordem do dia. Além disso, nos últimos anos ampliamos nossas parcerias, visando trazer novos benefícios para os médicos associados, entre eles: Rede UCI de cinemas, Mirabilândia, Veneza Water Park, PREVI (Fundo de Previdência da Petrobrás) Unimed e Unicred. Enfim, estamos fazendo um sindicato amplo, ágil e plural, sempre em busca de respostas rápidas aos desafios que surgem diariamente. Nos setores administrativo, financeiro, jurídico, comunicação e tecnologia., introduzimos mudanças estruturadoras e necessárias. Em 2011, estaremos promovendo uma série de atividades para comemoramos 80 anos lutas, desafios e conquistas. Contamos com você!

REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

fotos: Arquivo Simepe

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O Brasil está vivenciando uma acirrada luta de combate ao Crack, uma das drogas de maior circulação no País e inegável poder de destruição. A rápida e incontrolável

disseminação do crack não é uma preocupação exclusiva dos governos, ela atinge diretamente os profissionais de saúde que precisam lidar com os pacientes dependentes da droga. Por essa razão, uma parceria entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), com o objetivo de ampliar a discussão sobre o assunto, realizou o I Fórum Sobre Aspectos Médicos e Sociais Relacionados ao Uso do Crack, em Brasília, no dia 25/11/10, onde estiveram presentes representantes governamentais e das entidades médicas. Diversos temas foram abordados durante o evento, entre eles: modelos de tratamento aos usuários, dilemas éticos e clínicos na assistência, papel institucional do Governo, aspecto jurídicos, a visão da sociedade, além dos aspectos epidemiológicos e da proposta do Ministério da Educação (MEC) para combater o uso do crack. O principal aspecto ressaltado no encontro foi a importância de se empreender esforços conjuntos para enfrentar o problema. O ex presidente do Cremepe, Ricardo Paiva, um dos organizadores do Fórum, também defendeu a importância do trabalho conjunto: “Quem tentar resolver sozinho esse problema, não vai conseguir. Temos que fixar alguns conceitos, educar e sermos educados”. Ainda de acordo com ele, o plano do

Fórum Nacional discute formas de prevenção e combate ao uso do

Quem tentar resolver sozinho esse problema, não vai conseguir

Cresce o número de usuários no País e entidades médicas estão em alerta.

SIMEPE | CRACK

Por Natália Gadelha

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CFM e das demais entidades médicas é construir um protocolo de tratamento ao crack e a capacitação dos profissionais. Um dos palestrantes do encontro, o promotor José Theodoro Correa de Carvalho, da 7° Promotoria de Justiça de Entorpecentes do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios, analisou uma perspectiva futura sobre o assunto e depositou esperanças na medicina para a solução do problema.“Embora eu ache que afastar o usuário do consumo de drogas seja difícil, e que a repressão à oferta tenha um resultado parcial e que a efetividade das ações de prevenção seja de difícil aferição, penso que devemos continuar no caminho atual, até que a Medicina nos ofereça alguma ajuda maior, por exemplo, manipulando substâncias que inibam a compulsão por drogas”, avaliou. Em relação ao modelo de assistência à saúde, apesar das frequentes discussões sobre o tratamento adequado ao dependente do crack, os sistemas de saúde e educação, principalmente na rede pública, deixam muito a desejar. No Brasil, não há números de leitos suficientes que comporte

essa população consumidora da droga. Segundo dados do Ministério da Saúde, já existem cerca de 2 milhões de brasileiros usuários do crack. No que se trata da educação, a falta de incentivo a prevenção e o despreparo dos profissionais em relação a tal problema aparentemente novo, é uma brecha para que o efeito social do uso do crack seja devastador. Ricardo Paiva avaliou como positivo os temas debatidos no Fórum, mas concordou que as discussões precisam estar sempre nas pautas dos grandes debates, pois o assunto está associado a várias esferas da sociedade, como por exemplo, o controle da violência e a criminalidade. Porém, o Fórum foi apenas o inicio da longa discussão dentro das entidades médicas para o enfrentamento do crack, o projeto dos Conselhos de Medicina foi mais audacioso, e para dar continuidade às ações de combate a droga, criaram na internet o site www.enfrenteocrack.org.br, onde diariamente são postadas noticias relacionadas ao assunto, além de locais para tratamento e documentários.

É uma droga ilegal derivada da planta de coca. A cocaína é conhecida como “a droga dos ricos”, pelo alto custo. Esse foi o principal motivo para a criação de uma droga

mais acessível, então, em meados da década de 80 surge o Crack. A fumaça produzida pela queima da pedra, chega ao sistema nervoso central (cérebro) em aproximadamente 10 segundos, devido a grande absorção pulmonar e seu efeito dura cerca de 5 a 10 minutos. Por essa razão, a droga é a que mais preocupa a sociedade brasileira, pelo seu potencial poder de destruir, de aviltar e de transformar o usuário em fera social. O seu poder de destruição é tão potente que dificilmente o dependente em crack consegue manter uma rotina de trabalho ou escola diário, passando a viver basicamente em busca da droga, não medindo esforços para consegui-la. Ela produz muita depressão, o que leva o usuário a usar novamente para compensar o mal-estar, provocando intensa dependência. O crack está presente em todas as classes sociais, independete da escolaridade. Não há diferença no cosumo entre mulheres e homens. Infelizmente, a droga está associada ao aumento da violência, pois ainda não se sabe controlar a epidemia já instalada. A depedência estimula o

tráfico de drogas, e sustenta um sistema cruel, muitas vez de um caminho de ida sem volta. A boa notícia é que a sociedade não está disposta a perder a luta contra essa epidemia. Organizações socias não governamentais, instiuições de saúde e educação, grupos de auto-ajuda e orgãos de justiça tem desenvolvido vários projetos sociais de prevenção ao consumo e de tratamento aos dependentes. Essas ações, provavelmente, têm colaborado para a situação ainda não ter se tornado insustentavél.

Hiperatividade

Insônia

Desnutrição

Cansaço intenso

Forte depressão

Desinteresse sexual

Tremores

Paranoia

Problemas no sistema respiratório

Tosse e sérios danos nos pulmões

Comportamento violento

Falta de incentivo à prevenção e o despreparo dos profissionais é uma

brecha para que o efeito social do uso do crack seja devastador

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O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) participou nos dias 8, 9 e 10 de dezembro de 2010, do Fórum Nacional das Entidades Médicas, na cidade de Aracajú/SE, organizado pelo Conselho Federal

de Medicina (CFM), Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e Associação Médica Brasileira (AMB). Na ocasião, foram discutidos temas polêmicos como: abertura de novas escolas médicas, recertificação de títulos de especialistas, revalidação de diplomas médicos, Organizações Sociais, Fundações Estatais Públicas de Direito Privado, Oscips e Serviços Públicos de qualidade, além de outros assuntos.

Escolas Médicas O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em número de instituições que ensinam a arte de Hipócrates. O País perde apenas para a Índia(272), que tem um bilhão e cem milhões de habitantes e ganha da China (150), com um bilhão e trezentos milhões de habitantes. Ainda não existe estudo sério que contemple as reais necessidades de um país, no que diz respeito ao número de médicos por habitante. O número indicativo: um médico para cada mil habitantes atribuído a Organização Mundial de Saúde – OMS, na realidade é uma falácia. Nunca se conseguiu provar a sua origem, a OMS é claro, nega a paternidade. Em alguns países do primeiro mundo, tais como EUA – 131 escolas médicas, 16 no Canadá, 27 na Inglaterra e 47 na França – existem projetos para aumentar o número dessas escolas pela necessidade de se prover os hospitais e serviços públicos com especialistas e por conta da carência de médicos para o atendimento da população. No Brasil, o número de escolas médicas gira em torno de 183 escolas. Não há por parte das entidades médicas nenhum impedimento contra a abertura de escolas médicas de qualidade, desde que esteja condicionado a um ensino em unidades hospitalares conceituadas com instalações adequadas e um corpo de professores qualificados.

Temas polêmicos marcam Fórum das Entidades Médicas

SIMEPE | PAUTA NACIONAL

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Por Mário Fernando Lins*

O Simepe questionou a abertura de novas escolas médicas

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23 REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

Interiorização Em um universo de 6.565 municípios faltam profissionais médicos em cerca de mil cidades brasileiras que, em sua esmagadora maioria ocorre devido à inexistência de uma política pública voltada para a realidade nacional. É preciso haver vontade política para prover esses municípios de infraestrutura adequada, além da implantação de uma carreira de estado, como forma de estimular o médico e fixá-lo nos municípios a exemplo do que ocorrem com as carreiras de juízes, promotores e delegados.

Organizações Sociais Na visão das entidades médicas as OSs representam a privatização da saúde, o que contraria o artigo 196, contido na Constituição Federal – “A saúde é direito de todos e dever do Estado...”. Atualmente, ocorre um sucateamento e desmobilização de pessoal nos hospitais, policlínicas e postos de saúde que atendem à 80% da população dependente do SUS, em detrimento das Unidades de Pronto Atendimentos (UPAs)S e novas unidades hospitalares sob administração das OSs. As entidades médicas em nível nacional acreditam que as OSs estão sob a tutela do capital privado e não filantrópica, cujo, o objetivo final é o lucro. A saúde pública é um investimento no qual o retorno é a preservação ou a restituição do bem estar dos cidadãos, não devendo assim, ser um negócio explorado pelo capital privado. O diretor financeiro do Simepe, Mario Fernando Lins, participou do encontro e afirmou que as leis das licitações e da Responsabilidade Fiscal dificultam a aquisição de medicamentos, insumos hospitalares e contratação de pessoal qualificado, que se dê um crédito ao funcionário público de carreira, responsável pela unidade, no sentido de defender a saúde de quem utiliza a instituição. “Necessitamos de uma gestão voltada para políticas públicas sob controle do Estado; de trabalhadores nos serviços públicos motivados, com salários decentes e cientes do seu dever para com os usuários dos serviços públicos”, finalizou.

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Autor: Ronaldo Cunha Dias**

*Diretor do Simepe e Presidente da Comissão Estadual de Honorários Médicos (CEHM-PE)

** É médico cirurgião e cartunista, nasceu em Vacaria, no Rio Grande do Sul, onde atua com médico há 30 anos

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24REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

Cordel e cartum para repensar a medicina

“Meu pai ia ao doutor. E saía com a receita. E dizia lá em casa: Eita consulta bem feita! Hoje, quando me consulto, o doutor é só vexame. Não me deixa nem falar. Diz logo: Faça os exames!” Esses versos de cordel, ilustrados com cartum, são um dos pontos de partida para uma leitura crítica da relação entre profissional, serviço e paciente dos tempos modernos. Compõem um dos mais de 60 quadros retratados no livro Medicina humanizada com arte, recém-lançado no País para provocar jovens e experientes praticantes da área, gestores, mestres e todo cidadão. A crítica bem-humorada, recheada de referências históricas da saúde e da literatura nordestina, é um trabalho conjunto de três médicos precursores da arteterapia. O mentor da publicação, o pneumologista e professor de arteterapia Paulo Barreto Campello, da Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco, explica que “é preciso utilizar uma linguagem direta, simples e da cultura popular para alcançar todas as camadas sociais”. A arte é o remédio prescrito pelo trio, diante da medicina distanciada do homem. Para materializar a ideia, Paulo Campello convidou o gastroenterologista, sanitarista, cineasta e cordelista Wilson Freire, também pernambucano, e o cirurgião e cartunista Ronaldo Cunha Dias, do Rio Grande do Sul, colaborador do Jornal Zero Hora, de Porto Alegre.

“Eu quero cutucar o cão com vara curta, como diz o ditado popular. Em quem a carapuça couber. Quero incomodar aos que se sentem bem acomodados com o que aí está. Queria que esse livro fosse distribuído a todos os que já utilizaram serviços de saúde público ou privado e refletissem sin perder la ternura... hahahahaha”, completa Wilson Freire, emendando frases consagradas pelo tempo e fazendo arte até na entrevista. Essa leveza, que marca também a relação dos três médicos artistas, está ao longo de todo o livro. A realidade trágica da desumanização da saúde traz reflexão, mas ao mesmo tempo arranca risos. O leitor se identifica com os personagens em diferentes situações bem típicas da saúde brasileira. Numa delas, o paciente diz “Doutor, meu problema é muito grave”, e o médico responde: “O meu também, não consigo me aposentar”. Em outra, um cidadão que passou a vida toda esperando a cirurgia de fimose finalmente chega ao segundo lugar na fila de marcação, mas idoso e com problema na próstata. Um dos cartuns mostra o dinheiro carregado na maca e o paciente no chão. Outro fala da jornada excessiva. Há espaço ainda para criticar o ensino médico que, por excesso de obrigações deixa o estudante estressado, o preconceito entre pacientes, a falta de ética profissional, a estrutura precária dos

Livro produzido por médicos arteterapeutas provoca os profissionais e a sociedade para a trágica e insuportável realidade de hospitais e consultórios, despertando a reflexão de forma bem-humorada

SIMEPE | MEDICINA E ARTE

Por Veronica Almeida / Texto publicado originalmente no JC em 05.12.2010

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serviços e a frieza nos hospitais e postos, onde prevalecem as máquinas e a segurança ostensiva em vez da confiança mútua, tão necessária entre o doutor e o doente. Na capa, o convite ao leitor compara os últimos 200 anos da medicina. “Antes, palpar e ouvir eram soberanos. Hoje, a tecnologia impera”, provoca o livro, que defende a inclusão da arte como facilitadora da relação médico-paciente. Segundo Paulo Barreto, os temas foram escolhidos a partir das experiências pessoais dos três autores, vivenciadas durante o longo exercício da medicina. Ele é médico desde 1979, Ronaldo atua há 30 anos como cirurgião em Vacaria, onde nasceu, no Rio Grande Sul, e Wilson Freire começou a trajetória em 1986. Paulo escolhia o assunto, Ronaldo criava o cartum e Wilson, inspirado, completava a obra com sua literatura. Essa criação compartilhada gera dividendos positivos. “A arte pode oferecer ao médico a oportunidade de exercer suas atividades com uma visão mais holística e não fragmentada do paciente. Proporciona também momentos de contato com seu self, harmonizando corpo e quietude de alma”, define o músico pneumologista. O cineasta e cordelista define a arte como “tudo de bom, alegria, paz, diversão, solidariedade, compromisso, humanismo e um monte de coisas boas”. A humanização na medicina é uma prioridade universal, é urgente e fundamental, afirma Paulo Barreto Campello. “Não podemos pensar em avanços na área de saúde sem ter ações

com bases humanísticas. É um grito mundial reverberando e ecoando em todos os continentes, contaminando e formando um exército cada vez maior de conspiradores pela causa”, destaca. O livro, que traz também um cordel sobre a peleja de um marciano doente, foi lançado nacionalmente em outubro no Congresso Brasileiro do Ensino Médico, em Goiânia, Goiás, e no mês passado, em Natal (RN), no Congresso Norte/Nordeste de Arteterapia. Em dezembro será apresentado a Brasília a convite do Conselho Federal de Medicina, no Congresso Brasileiro de Direito Médico. A data, no Recife, está sendo agendada. A publicação pode ser adquirida na Editora da Universidade de Pernambuco (Edupe) ou no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, na sede do programa Arte na Medicina, no castelo ao lado da Oncologia Pediátrica. O programa Arte na Medicina, coordenado por Paulo Barreto Campello na UPE, completa 15 anos em 2011. Nada menos que 15 projetos já foram executados, visando incentivar uma conduta humanitária na saúde. Oficinas, encontros culturais e inclusão de música no ambiente hospitalar são algumas das experiências. As duas últimas realizações são a inclusão da disciplina arteterapia nos cursos de saúde da universidade estadual e a especialização em humanização da saúde.

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Os médicos que atendem às operadoras de planos de saúde, reunidos em Assembleia Geral Extraordinária, no dia 15/12/2010, deliberaram por unanimidade, entrar com uma Ação Civil Coletiva,

para recomposição do equilíbrio econômico/financeiro sobre consultas e exames complementares prestados, com efeito retroativo aos últimos dez anos, contra as operadoras de planos de saúde vinculadas à Abramge: Amil; Medial/Saúde Excelsior; Ideal; Santa Clara/Ops. Vale salientar que todos os recibos relativos a serviços prestados a usuários daqueles planos de saúde devem ser conservados em poder do médico que prestou o atendimento, até o fim da ação judicial. O presidente da CEHM, Mario Fernando Lins, coordenou os trabalhos que contou com as presenças dos representantes do Simepe, Cremepe, AMPE e Fenam.

Unidade - De acordo com o presidente do Simepe, Silvio Rodrigues, o movimento é pautado pela unidade dos médicos e será responsável pelo sucesso no Estado. “O reajuste aos médicos quando concedido, foi feito de forma irrisória e a maioria destes, principalmente os ligados ao grupo ABRAMGE, não reajustaram em nada os nossos honorários e ainda utilizam as extintas tabelas da AMB 90 a 96”, acentuou. Por sua vez, Mario Lins, destacou importância da peça jurídica produzida pela Defensoria Médica do Simepe que, hoje, serve de modelo para outras entidades médicas em nível nacional. Em seguida comentou sobre as respostas enviadas pelas prestadoras de planos de saúde ao Simepe, depois de serem notificadas extrajudicialmente. Ele também informou que foi julgado o mérito do processo, que tramitava na Justiça Federal do DF, favorável ao CFM. “Isso significa dizer que a Resolução 1.673/2003, que tem a CBHPM como referência ética deve ser acatada por todos os médicos, sem distinção”, assinalou. O secretário de Saúde Suplementar da Fenam, Márcio Bichara, enfatizou em suas declarações a posição equivocada e parcial da Agência Nacional de Saúde (ANS) que concedeu um aumento de até 136,65% aos planos de saúde. Enquanto o reajuste aos médicos nesse período, no entanto, não chega a 10%.

Mobilização - A vice-presidente do Cremepe, Helena Carneiro Leão, salientou que o momento é de mobilização e que a união das entidades médicas em Pernambuco tem sido um fator muito importante para que os médicos sintam-se fortalecidos em busca de seus objetivos. “Acredito que este começo é positivo em vários aspectos”, assinalou. Os médicos reivindicam por reajuste do valor das consultas. Em média é pago pelos convênios R$ 30. O custo de uma consulta médica é de R$ 23,50. Para o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), o razoável seria R$ 60,00 por consulta. A ação coletiva, além do reajuste imediato nos valores cobrados pela consulta, irá cobrar um retroativo relativo aos últimos dez anos.

Em relação a GREMES/UNIDAS, a CEHM anunciou que o acordo foi fechado: Consulta Eletiva em Consultório: R$ 50,00. Portes com redutor de 3,5% e redutor de 20% na UCO. Vigência: 01 de novembro de 2010. CBHPM em vigor no Estado de Pernambuco. Esse foi um dos melhores acordos feito no País.!

Ação Civil Coletiva contra operadoras de planos de saúde

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O presidente da CEHM, Mario Fernando Lins, coordenou os trabalhos que contou com as presenças dos representantes do Simepe, Cremepe, AMPE e Fenam.

SIMEPE | DIGNIDADE MÉDICA

Por Chico Carlos

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Sete de novembro é um dia de júbilo. Um amigo completa 185 anos, em plena vitalidade. Essencial na sua existência, tem se mantido guardião da liberdade e do tempo. Conseguíssemos alinhar suas palavras,

uma atrás da outra, quantas voltas ao planeta poderíamos dar? Algumas instituições encarnam o sonho de seu fundador e se mantêm fiéis por longo tempo, até que o tempo do carisma inicial se desmanche na chama cadente desse tempo e aos poucos se petrifique em arcaica construção, sem brilho, sem garra, sem ânimo, sem alma. Outras instituições conseguem beber da fonte misteriosa da juventude, e quanto mais o tempo trafega nas suas entranhas, mas sua chama brilha. Talvez seja o segredo do ideal ou da utopia revolucionária, que rega a seiva dos jovens idealistas. O Diario consegue beber da fonte da juventude e se manter detentor da melhor tradição libertária de um povo, o povo pernambucano, fundador do Brasil. Imagino quantos olhos carregados de emoção já desfolharam o Diario nestes 185 anos, quantas informações vitais, quantas fantasias, quanta companhia a almas solitárias, quanta solidariedade não foi aspergida sobre seu povo? As pessoas que aqui trabalharam que derramaram suas vidas e suas horas no tempo do Diario, as que virão, as que se tornarão colaboradoras eventuais, espontâneas, que serão notícia ou farão notícia, as que terão noticiadas suas vidas em noivados, casamentos, batizados e celebrações, até mesmo em suas notas fúnebres. Hoje é dia de festa, de celebrar, comemorar, fazer refeição juntos, partilhar o futuro, assegurar um cantinho

de democracia e liberdade neste templo da imprensa livre, patrimônio do povo pernambucano, do Brasil. Penso nas mudanças pelas quais o mundo e nosso estado passou nesta linha de tempo de 185 anos. Algumas pessoas refletem se o papel e a tinta perdurarão por muito mais tempo, tendo em vista, os avanços tecnológicos na área da informação. Lembro que o papel tem a idade de 2115 anos e nunca foi tão atual, precioso eimprescindível, quanto hoje e a tinta (nanquim) tem mais de 4000 anos, presentes da genialidade do povo chinês à humanidade. Certamente nos próximos 185 anos nossos descendentes continuarão tendo o prazer inolvidável de manusear o Diario de manhãzinha. Aprouve a Deus que neste tempo festivo, o amigo Joezil esteja à frente desta grande família. Família tão premiada que é reconhecida como essencial nas nossas vidas. Gostaria, hoje, de abraçar a cada um da grande equipe que faz este orgulho de Pernambuco. Levaria com certeza o abraço fraterno e de reconhecimento das pessoas e instituições onde partilho minha vida. O pessoal da Unimed Recife, na pessoa da Dra. Maria de Lourdes, o pessoal da Unicred Recife com Floriano Quintas, o pessoal do Sindicato dos Médicos, em nome do colega Silvio Rodrigues, o pessoal da Igreja, em nome de D. Fernando Saburido, que estará celebrando conosco este dia, o pessoal de D. Helder (IDHEC), do Conselho Regional de Medicina, da Associação Médica de PE, do Rotary Club, enfim,dos leitores e leitoras razão primeira e última da existência do tão querido aniversariante.

O Diario na linha do tempo Por Assuero Gomes

Imagino quantos olhos carregados de emoção já desfolharam o Diario nestes 185 anos, quantas informações vitais, quantas fantasias, quanta companhia a almas solitárias, quanta solidariedade não foi aspergida sobre seu povo?

*Assuero Gomes é pediatra e diretor de comunicação do Simepe.

SIMEPE | ARTIGO

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É cada vez maior o número de trabalhadores que se dizem vítima de assédio moral e que objetivam reparação, por meio de ações ajuizadas contra os empregadores. Esse crescimento pode ser medido pelo recente lançamento

por uma seguradora de uma apólice para casos de assédio moral. O site www.assediomoral.org conceitua o assédio moral como “a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações humanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinados, desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego”. A prática configura ato ilícito, tal como o define o artigo 186, do Código Civil: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

Novas tecnologias e flexibilização Os direitos violados são aqueles assegurados pelos artigos 5º, III e X, 7º, I, VI, XXII e XXVIII, da Constituição Federal, e 157, da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). O dano físico evidencia-se na perda da capacidade laborativa. Já o dano moral decorre da dor sofrida pela vítima, no sentido mais amplo da palavra. A médica do trabalho e professora da Universidade de São Paulo (USP),Margarida Barreto, traçou um perfil das mudanças organizacionais no mundo do trabalho nas últimas décadas, passando pelo desenvolvimento das novas tecnologias, a flexibilização de trabalhador para “colaborador” e o aumento das terceirizações e quarteirizações (nas administrações públicas). Para Barreto, a piora nas condições de trabalho desencadeia fatores psico-sociais irreparáveis nos trabalhadores, já que grande parte de suas vidas se passam dentro das empresas. “O ambiente de trabalho está deixando os trabalhadores doentes, essa deteriorização tem dizimado muitas vidas e o assédio moral tem sido o grande responsável por essa situação”. A prática do Assédio Moral é visto como um problema de saúde pública e um dos novos riscos no mundo do trabalho - devido ao alto índice de suicídios - uma preocupação presente em todas as áreas e que mobiliza gestores de empresas públicas e privadas.

Como acontece o Assédio Moral A prática é reconhecida por diversos órgãos como a Organização Mundial de Saúde (OMS) que a define como “o

uso deliberado de força e poder contra uma pessoa, grupo ou comunidade que causa danos físicos, mentais e morais através de poder ou força psicológica gerando uma atitude discriminatória e humilhante”. Em sua maioria, impera em um ambiente de excessiva competetividade, sustentados por relações hierárquicas assimétricas e desiguais, que gera rivalidade entre os funcionários. O assédio ocorre independente do sexo, idade, cor e cargo. Qualquer pessoa pode ser vitimizada Desde 2005, houve um pico de aumento nos casos de Assédio Moral entre colegas de trabalho e descumprimento deliberado das Consolidações das Leis do Trabalho (CLT), com o intuito de desmotivar e prejudicar, uma intenção clara de eliminar a concorrência e fazer com que a pessoa desista de seu emprego. Assédio Moral no Serviço Público No serviço público, a situação tende a ser pior, devido às mudanças constantes de governo e nas administrações de cada setor da instituição, uma dificuldade enfrentada em todas as esferas do poder público. Um campo de batalha, difícil e complexo para atuar, com poucas leis contra a prática do Assédio Moral e as que existem são parcamente cumpridas, além de as administrações públicas mostrarem se resistentes em tocar no assunto, tão praticado nas esferas do poder público. As organizações devem priorizar projetos para coibir essa prática desumana e até algumas mudanças na cultura organizacional, como a participação dos empregados tomada de decisões da empresa, atividades externas para fortalecer as equipes, diálogos abertos, incentivar as denúncias de casos, ações educativas e estimular o respeito entre os colegas. O trabalho é uma extensão de nossas vidas e também o local onde encontramos doenças e em casos mais graves a morte, devido a pressão e opressão. Temos que ter um ambiente sadio e em paz para laborar. A punição para o agressor é admitir o erro e pedir desculpas, servindo como atenuante, mas não é o suficiente para reparar o dano causado.

Mais sobre Assédio Moral: www.assediomoral.org.br

SIMEPE | ÉTICA

Assédio Moral: violência contra o trabalhador

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Música é arte. Música é amor. Música é poesia. Música é Choro. Choro é Brasileirinho. Para quem não sabe, o Choro é o ritmo musical genuinamente brasileiro. Surgido no final do século XIX, conquistou corações das mais diferentes pessoas e continua fazendo a cabeça de qualquer idade e época.

O choro surgiu por volta de 1870 no Rio de Janeiro. Ainda não era um gênero musical definido, mas um jeito brasileiro de se tocar valsas, polcas, xotes, mazurcas e quadrilhas. Não se sabe ao certo porque o gênero foi batizado por choro. O escritor Ary Vasconcelos em seu livro Carinhoso ETC, discorre sobre a possível origem deste nome e dá o seu parecer, concluindo que “a designação deriva de choromeleiros, corporação de músicos de atuação importante no período colonial brasileiro” (VASCONCELOS, Ary. Carinhoso ETC: História e inventário do Choro. Pag 17). Choromeleiros é aquele que toca chorumela, que é um antigo instrumento de sopro, ancestral da flauta. A discussão da nomenclatura deste gênero musical não é tão importante quando ouvimos os instrumentos chorarem na mão dos músicos chorões. E, como não poderia ser diferente, Recife é um dos pólos de divulgação desta melodia, e na terrinha temos muitos chorões que embalam os dias ou as noites da cidade. O Choro em Recife começa no programa de Rádio Esse Tal Chorinho, todo sábado a partir das 19h, na Rádio Folha FM (96.7 MHz). José Arimatéa, Carlos Dantas e Evelynne Oliveira apresentam o melhor do choro de Pernambuco, trazendo grupos e artistas que fazem parte deste cenário tão importante na história do nosso Estado. Esse tal chorinho é um projeto desenvolvido pelo músico flautista José Arimatéa no intuito de divulgar os artistas regionais e nacionais, além, claro de divulgar o próprio gênero musical. Além do Rádio, Recife conta ainda com bares, restaurantes e festivais que os amantes do choro podem apreciar a música. Promovido também por José Arimatéa, o Circuito Pernambucano de Choro, que aconteceu em Agosto e o Circuito Recife de Choro que teve início no dia 27 de novembro e terminou no dia 11 de dezembro de 2010. Onde se chora não importa, o que interessa mesmo são os sons entoados pelos cavaquinhos, violões, flautas, percussões, bandolins e outros instrumentos que compõem o chorinho. Choro é música brasileira. Aprecie e desfrute desta melodia que invadiu as mentes e os corações do Recife e dos quatro cantos do Brasil. Sugestão: Você quer mais Choro? Visite o blog Choroteria Recife, afinal é a única “mídia” do choro por aqui. Nem pense duas vezes.

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* Evelynne Oliveira é Jornalista. Produz e apresenta junto com José Arimatéa e Carlos Dantas o programa Esse Tal Chorinho da Rádio Folha FM (96.7 MHz).

O choro invade corações e mentes do Recife

Integrantes do Grupo Arabiando em visita ao programa

Esse tal Choro, da Rádio Folha FM

Por Evelynne Oliveira

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Talvez esta seja a definição mais clara sobre o trabalho realizado pela Associação Espírita Lar Transitório de Christie (AELTC). E o começo dessa história? Há 31 anos, a professora Maria José Cabral deixou o bairro de

Casa Amarela, mais precisamente, o Alto José Bonifácio para viver em Rio Doce, Olinda. No caminhão de mudanças pela poeira das ruas das Marin dos Caetés levou em seu coração um sonho: o de construir uma escola comunitária. Corações e mentes dispararam. As células cinzentas fervilharam na magia do tempo. Sob a orientação e liderança de amigos da doutrina espírita, o casal José Vitorino Cabral Neto e Maria José Cabral, ambos falecidos, deram início ao Lar Transitório de Christie, entidade nascida do amor e, sobretudo, da reafirmação de afinidades não só conjugal mas também reencarnatório. No começo, mutirões foram organizados, campanhas e pedágios, recursos financeiros recebidos, através de solicitações, convites e chamados, irmãos e amigos deram as mãos. A entidade foi fundada no dia 10 de junho de 1979, em um terreno doado. O casal construiu o que se transformou em realidade.Cooperações - Com recursos arrecadados, através de campanhas, colaborações e cooperações solidárias, o Lar avançou pela estrada do tempo, tornou-se um exemplo de cultivar o bem, do respeito, sem medo de ser feliz. Gerações passaram ao longo dos anos, educando e cuidando de cerca de 200 crianças de zero a seis anos e mais de 145 crianças/adolescentes de sete a 15 anos em jornada ampliada. Tudo isso em nome do amor próximo.

Lar Transitório de Christie: amor ao próximo à flor da pele

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A cultura da paz, o respeito ao próximo, a questão de gênero, a luta contra todas as formas de exploração, violação de direitos e discriminação pautam as atividade cotidianas do Lar de Christie. Nesse sentido a instituição que completou 31 anos em 2010 tem contribuído para o aprimoramento social, prestando serviços na área da educação formal e não formal, da saúde, da assistência religiosa, valorizando a pessoa humana, e integrando crianças, adolescentes e adultos na sociedade.Integração - O Departamento Neo-Natal Irmã Josefa atende mulheres mães, gestantes adolescentes e adultas de famílias cadastradas orientadas por voluntárias e uma educadora capacitada no Programa Família Brasileira Fortalecida. A oficina “Mamãe com Artes “ desenvolve a produção de artesanato como fonte de ocupação e geração de renda, e de programas para solução de conflitos familiares: violência doméstica, abuso sexual e casos de drogas ocorridos nas famílias, além do respeito mútuo e ética. Em verdade, as crianças têm o direito de estar completamente seguras contra o medo, o pânico, a situação real ou potencial de abuso físico e emocional. O Programa de Adoção Fraterna estimula pessoas e famílias acolhedoras para receber as crianças em seus lares, colaborando através do apoio material, moral, espiritual e ou financeiro. No Lar Transitório de Christie, o exercício prático é fazer o bem, ver o ser humano como irmão (a) que, em muitas situações precisa de atenção, carinho e solidariedade. Isso faz a diferença. Os interessados em ajudar podem ligar para os telefones 3431-4775 ou 3491-0409. Ou ir ao Lar de Christie, na IV Etapa de Rio Doce, em Olinda.

Por Chico Carlos

SIMEPE | SOLIDARIEDADE

Lazer e diversão são parceiros

Cultivar o bem é prioridade na creche.

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O médico e escritor Antônio Mendes relançou, em outubro de 2010, o livro de sua autoria “Delicadeza Esquecida”, que traz uma avaliação a respeito da qualidade das emergências dos hospitais e unidades

de alta complexidade em Pernambuco. Segundo Antônio Mendes, o objetivo do livro não é avaliar a implantação de políticas de qualificação das unidades de urgência, mas tem como objeto a qualidade da assistência da urgência em si. O livro aborda temas como: satisfação dos usuários, condições de trabalho oferecidas pelos hospitais, preenchimento dos prontuários por médicos e enfermeiros e o olhar do gestor hospitalar.

Além de médico e escritor, Antônio Mendes é professor, PhD pela Fundação Oswaldo Cruz e mestre pelo Instituto de Saúde Coletiva da UFBA.

“Delicadeza Esquecida” avalia as emergências de hospitais em Pernambuco

A médica e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz/ Centro de Pesquisas Ageu Magalhães, em Pernambuco, Lia Giraldo da Silva Augusto, lançou o livro“ Saúde do Trabalhador e Sustentabilidade

Humano Local”, da Editora Universitária da UFPE. A noite de autógrafos foi realizado no Simepe, no mês de outubro. A autora comentou sobre a proposta e concepção do trabalho focalizado em aspectos da saúde do trabalhador e ambiental. A pesquisa durou cerca de dois anos e abrangeu as regiões de Petrolina, do Sertão do Araripe, do Polo de Confecções do Agreste, do setor de serviços Região Metropolitana e do Polo Petroquimico em Suape. Este seu livro “Saúde do Trabalhador e Sustentabilidade Humano Local, ensaios em Pernambuco” é um capítulo expressivo de sua vida profissional construída no campo da ação coletiva, com responsabilidade e compromisso social.

livro defende a saúde do trabalhador como prioridade

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Em 16 de dezembro foi realizada na sede da Sociedade de Medicina - Av. Portugal/bairro Universitário, em Caruaru, a solenidade das novas obras e ampliações daquela entidade médica. O evento contou com as

presenças dos presidentes do Simepe, Silvio Rodrigues, do Cremepe, André Longo, da Associação Médica, Jane Lemos e da própria Sociedade de Medicina, José Alberto de Melo. Em seus discursos, foram destacados que a integração e o fortalecimento das atividades dos médicos são objetivos comuns na região do Agreste. Estiveram presentes também na festividade os representantes da Prefeitura de Caruaru, da Unimed, Unicred, diretores regionais do Simepe e Cremepe, além de médicos, familiares e convidados. As novas obras incluem banheiros, três salas – onde funcionava o restaurante do primeiro andar – passará a funcionar a secretaria da entidade, do Cremepe e Simepe, uma nova biblioteca, galeria de ex-presidentes, copa/cozinha, sala de reuniões e uma nova fachada. O presidente da Associação Médica de Caruaru, José Alberto de Melo, disse que a reinauguração da sede foi uma maneira de trazer os médicos, aproximando- os de suas

entidades representativas, oferecendo lazer, diversão e serviços de qualidade. Para os diretores regionais do Simepe em Caruaru, Marcos Bezerra e Danilo Souza, a presença das entidades médicas em um único local vai possibilitar maior participação, integração, além do fortalecimento das lutas dos médicos naquela região do Agreste. Todos estão confiantes e otimistas neste processo de aproximação. A reforma da sede ganhou também um novo piso em toda a área térrea, uma piscina remodelada e um parque infantil. O Simepe e o Cremepe contribuíram no projeto da reforma das novas salas e do auditório

Obras e ampliações marcam evento em Caruaru

André Longo, Jane Lemos, José Alberto de Melo e Silvio Rodrigues

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SIMEPE | LANÇAMENTO

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SIMEPE | PERFIL

Mais uma vez passamos pelo dia 8 de dezembro e uma legião de fãs lembraram do aniversário da morte de John Lennon, um dos grandes mitos da música. Só que desta vez foram 30 anos de seu

inesperado e trágico desaparecimento. Segunda-feira, 23horas, em frente ao edifício Dakota, no Central Park, em Nova Iorque. O estúpido assassino, Mark David Chapman, chamou Lennon depois sacou a arma e disparou cinco vezes. John Lennon cambaleou até uma pequena sala instalada no Dakota, gemeu e caiu de bruços. A inveja, o ódio e a insânia jamais desacompanharam os célebres se fizeram por qualquer motivo ou causa. Assim foi com Gandhi, Luther King, os Kennedy, entre outros. Infelizmente, ele pagou o tributo de quem estava no centro da celebridade. Afastado da vida artística, assumiu o papel de “dono-de-casa” em tempo integral. No recolhimento, fazia pão e cuidava de seu filho Sean. Com sua guitarra, poesia, belas e instigantes músicas espalharam-se pelos quatro cantos do mundo. Influência musical - Após o fim dos Beatles em 10 de abril de 1970, grupo que marcou sua vida artística, Lennon passou a se preocupar com assuntos pacifistas, como o repúdio à Guerra do Vietnã. È provável que ele tenha exercido uma influência maior e mais profunda nos movimentos sociais do que a maioria das figuras políticas. Na carreira profissional gravou 12 discos, com destaque para Plastic Ono Band, Imagine, Mind Games, Walls And Bridges, Rock´n´ Roll e Double Fantasy. As atitudes que Lennon tomava não parecem pertencer a uma espécie de antepassado histórico dos nossos atormentados dias. Lennon mesmo diria numa frase lapidar: “ Parte de minha política e a de Yoko e não sermos levados à sério. Somos humoristas – o Gordo e o Magro. “Nós queremos ser os palhaços do mundo”. O sopro da violência sequer respeitou os palhaços. Ele anteviu, de certa forma, as quedas dos muros e das fronteiras como o hino musical “Imagine”. A

idéia da música era anárquica, ultrapassava os ideais utópicos. Nenhuma religião, nenhuma norma, homem natural, sem fronteiras os países. Todas as pessoas vivendo em paz. “Talvez me julguem um sonhador, mas eu não sou o único”. Desigualdades - Enfim, pediu pelo desarmamento no momento certo e clamou pela paz ao mundo marcado por guerras, exclusões e desigualdades sociais. As músicas – Imagine, Power To The People, Happy Xmas, Mother, Instant Karma, Mind Games, Woman, Just Like, Only People e Give Peace a Chance, formam na verdade um dos mosaicos mais contemporâneos e pungentes da inquietação que dominou a juventude. Podem ter certeza que a obra musical de John Lennon não foi assassinada pelo “beatlemaníaco” Mark David Chapman. Ela sobreviveu ao seu autor e permanece sendo ouvida em todo o mundo. Lennon foi um iconoclasta dele próprio, derrubando, quebrando e desfazendo suas próprias loucuras e fantasias, em busca da verdade e de uma mais perfeita forma de liberdade. Ele estimulou rebeldias, defendeu proscritos, exaltou a força popular contra os governantes lacaios. Nova forma - Em sua carreira, ganhou 235 milhões de dólares. Deixou somente 30 milhões. Doou a metade de seus bens à Fundação Espírita que fundou, em favor das crianças abandonadas, dos órfãos e dos idosos. “Tudo o que eu estou dizendo é: Dê à Paz Uma Chance, e que não temos nenhuma resposta, nem o segredo de uma nova forma para a sociedade. Porque não tenho nem acredito que qualquer pessoa tenha” acentuou. Nem os homens sérios, nem palhaços são respeitados. Mas, belas mesmas eram as guitarras, o som novo, os jovens faquirizados na coreografia alucinante da vida, as canções de paz, os gritos de protesto contra a guerra, a opressão e a pobreza. John Lennon não desconfiou da rapidez e do radicalismo que o sonho terminou.

O gênio indomável da música

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Por Chico Carlos

REVISTA DO SIMEPE | N.37 | Janeiro 2011

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CDS que devemos ouvir antes de morrer

Filmes que devemos assistir antes de morrerPor Assuero Gomes

Por Chico Carlos

Trilha sonora original do filme que retrata a história do jornal O Sol, um dos primeiros veículos da imprensa alternativa brasileira. Criado num período conturbado, em 1968, momentos antes de o governo militar decretar o AI-5, o diário impresso falava de cultura, política e educação por meio de sátiras. Não por acaso, o elenco do filme conta com a participação de personalidades como Ziraldo, Zuenir Ventura, Arnaldo Jabor, Chico Buarque, Caetano Veloso, Carlos Heitor Cony e Fernando Gabeira.

Monumento Nordestino – Forró tem que ser coladinho

Seu som autêntico do Nordeste atravessou barreiras, superou preconceitos, depois foi reconhecido e exaltado. Soube como poucos cantar a alma de um povo sofrido, narrando suas histórias de maneira simples e com muita dignidade. Luiz Gonzaga tornou-se ídolo de muitas gerações, além de influenciar muitos outros músicos da música brasileira. Gonzagão continua sendo o eterno Rei do Baião, e sempre deve ser lembrado como um dos maiores músicos e cantadores do Brasil. Muito obrigado Luiz Gonzaga!

Sol- Caminhando contra o vento

SinopseAos quinze anos de idade, Hermie vai passar as férias na praia. Durante esta viagem, ele procura respostas para suas dúvidas sobre a vida, a guerra, o amor e o sexo. Com a cabeça repleta de interrogações e sonhos, Hermie conhece uma mulher mais velha e se apaixona. Começa assim, uma intensa relação onde Hermie busca aprofundar seu conhecimento sobre o mundo. E ela, por sua vez, busca no jovem, o amor ausente de seu marido que partiu para a Guerra. Dentro de uma atmosfera romântica, Verão de 42 se transforma numa apaixonante história de amor.

SinopseFim do século XIX, em meio à pobreza e miséria que causavam guerras e emigração para terras estrangeiras, em algumas regiões do Japão, numa luta dura pela sobrevivência, instituí-se uma tradição amarga : Ao completar 70 anos de idade, os moradores dos humildes vilarejos deveriam subir ao topo da montanha local, uma região sagrada e, como elefantes velhos, deveriam esperar pela hora da própria morte, sozinhos.

Balada de Narayama Verão de 42

Ficha Técnica: Shohei Imamura, 1982, Japão / Drama, cor, 130mim

Comentário: Filme atualíssimo para uma reflexão sobre a condição dos miseráveis irmãos brasileiros que ainda comem lixo e têm seus idosos abandonados.

Ficha Técnica: Robert Mulligan, 1971, EUA/ Romance, cor, 104min

Comentário: Todo homem deveria assistir esse filme pelo menos duas vezes na vida: aos 16 anos e aos 40

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