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 http://grupos.ebeji.com.br   Informativo de Jurisprudência Nº 34  Mar o/2012 Este informativo é uma cortesia da Escola Brasileira de Ensino Jurídico na Internet - EBEJI.  1 Estudando para a AGU? Não deixe de conhecer o Curso Preparatório para as carreiras da Advocacia-Geral da União (AGU) Totalmente online e com todos os pontos do edital! www.ebeji.com.br  Selecionado a partir dos informativos 652 a 655 do STF ADMINISTRATIVO 01. Desapropriação e área aproveitável: O Plenário, por maioria, denegou mandado de segurança impetrado contra decreto desapropriatório de área rural. Sustentava-se que o imóvel em comento não poderia ser objeto de reforma agrária, uma vez que não caracterizaria grande propriedade rural, visto que 90% da área seria de preservação permanente, ou seja, inaproveitável. Preliminarmente, superou-se alegação de decadência da impetração, pois teria ocorrido, por fac-símile, 120 dias depois da publicação do ato atacado no diário oficial. Observou-se que o envio por fax realizara-se numa sexta-feira, de modo que o termo inicial do quinquídio recaíra na segunda-feira subsequente, a teor do art. 184, § 1º, I, do CPC. Ademais, admitiu-se a juntada posterior de documentos constantes da inicial, uma vez que a peça ulteriormente anexada seria fotocópia de processo administrativo que tramitara no Instituto Nacional de Colonização e Reforma  Agrária - INCRA. Em razão de essas informações se encontrarem, à época da impetração, na aludida autarquia, evocou- se, em favor do impetrante, o art. 6º, parágrafo único, da Lei 1.533/51, na redação conferida pela Lei 4.166/62 (“Parágrafo único. No caso em que o documento necessário a prova do alegado se acha em repartição ou estabelecimento público, ou em poder de autoridade que recuse fornecê-lo por certidão, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará para cumprimento da ordem o prazo de dez dias. Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento da notificação. O escrivão extrairá cópias do documento para  juntá-las à segunda via da petição”). Além disso, acrescentou-se discrepar do razoável exigir-se o envio de, aproximadamente, 250 páginas por fac-símile. O Min. Luiz Fux, ao superar as preliminares, fizera-o com fundamento no art. 249, § 2º, do CPC. No mérito, prevaleceu o voto do Min. Luiz Fux. Aduziu que, para fins de desapropriação, deveria ser considerada a área total do imóvel, inclusive suas frações inaproveitáveis. Ressurtiu que essas áreas, consideradas isoladamente, serviriam para cálculo de imposto e aferição da produtividade do imóvel. Concluiu não haver o alegado direito de a parte ver excluída uma parcela do imóvel no que concerne à desapropriação  (MS 25066/DF / i-652). 02. CNJ: dispensa de sindicância e interceptação telefônica: Em conclusão, o Plenário, por maioria, denegou mandado de segurança impetrado por juíza de direito contra decisão do CNJ que, nos autos de reclamação disciplinar, determinara a instauração de processo administrativo em seu desfavor, bem como em relação a outros juízes, desembargadores e servidores do tribunal de justiça local. A impetrante requeria a declaração de nulidade da decisão impugnada, com o consequente arquivamento do processo. Sustentava, em síntese, que: a) o  julgamento teria sido presidido por conselheiro do CNJ; b) o processo administrativo estaria fundado em escutas telefônicas autorizadas por juízo incompetente, as quais seriam oriundas de inquérito cujo objeto seria distinto das supostas irregularidades a ela atribuídas; e c) o CNJ obstara o processamento de sindicância no âmbito da Corte estadual  v. Informativo 619. Preliminarmente, reconheceu-se a competência do STF para o exame da matéria e a possibilidade de o Presidente do CNJ delegar a sua atribuição de presidir as sessões plenárias e de se licenciar (RICNJ, artigos 3º, 4º, III, IV, XXVI, 5º, 6º, IV, e 23, I).  Acrescentou-se, inclusive, alteração regimental para permitir ao Vice-Presidente do Supremo substituir o Presidente do CNJ. Ressaltou-se, todavia, que, na época do julgamento da reclamação disciplinar, esta regra ainda não estaria em vigor. Anotou-se que a exigência constitucional de que o Presidente do STF, em sua condição institucional de Presidente do CNJ, fosse substituído em seus impedimentos e ausências eventuais pelo Vice-Presidente do STF teria surgido com a redação da EC 61/2009. No ponto, em obiter dictum, o Min. Luiz Fux, ao invocar o princípio da segurança Dr. George Felício, advogado do Banco do Nordeste do Brasil S/A. Informativo de Jurisprudência Su remo Tribunal Federal

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Curso Preparatório para

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Advocacia-Geral da

União (AGU)Totalmente online e com

todos os pontos do edital!

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Selecionado a partir dos informativos 652 a 655 do STF 

ADMINISTRATIVO

01. Desapropriação e área aproveitável: O Plenário, pormaioria, denegou mandado de segurança impetrado contradecreto desapropriatório de área rural. Sustentava-se que oimóvel em comento não poderia ser objeto de reforma

agrária, uma vez que não caracterizaria grande propriedaderural, visto que 90% da área seria de preservaçãopermanente, ou seja, inaproveitável. Preliminarmente,superou-se alegação de decadência da impetração, poisteria ocorrido, por fac-símile, 120 dias depois da publicaçãodo ato atacado no diário oficial. Observou-se que o envio porfax realizara-se numa sexta-feira, de modo que o termoinicial do quinquídio recaíra na segunda-feirasubsequente, a teor do art. 184, § 1º, I, doCPC. Ademais, admitiu-se a juntadaposterior de documentos constantes dainicial, uma vez que a peça ulteriormenteanexada seria fotocópia de processoadministrativo que tramitara no Instituto

Nacional de Colonização e ReformaAgrária - INCRA. Em razão de essasinformações se encontrarem, à época daimpetração, na aludida autarquia, evocou-se, em favor do impetrante, o art. 6º,parágrafo único, da Lei 1.533/51, naredação conferida pela Lei 4.166/62(“Parágrafo único. No caso em que odocumento necessário a prova do alegado se achaem repartição ou estabelecimento público, ou em poder deautoridade que recuse fornecê-lo por certidão, o juizordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição dessedocumento em original ou em cópia autêntica e marcarápara cumprimento da ordem o prazo de dez dias. Se a

autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própriacoatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento danotificação. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição”). Além disso,acrescentou-se discrepar do razoável exigir-se o envio de,aproximadamente, 250 páginas por fac-símile. O Min. LuizFux, ao superar as preliminares, fizera-o com fundamento noart. 249, § 2º, do CPC. No mérito, prevaleceu o voto do Min.Luiz Fux. Aduziu que, para fins de desapropriação,deveria ser considerada a área total do imóvel, inclusive

suas frações inaproveitáveis. Ressurtiu que essas áreaconsideradas isoladamente, serviriam para cálculo dimposto e aferição da produtividade do imóvel. Conclunão haver o alegado direito de a parte ver excluída umparcela do imóvel no que concerne à desapropriaçã(MS 25066/DF / i-652).

02. CNJ: dispensa de sindicância e interceptação telefônicEm conclusão, o Plenário, por maioria, denegou mandadde segurança impetrado por juíza de direito contra decisãdo CNJ que, nos autos de reclamação disciplinadeterminara a instauração de processo administrativo eseu desfavor, bem como em relação a outros juíze

desembargadores e servidores do tribunal de justiçlocal. A impetrante requeria a declaração d

nulidade da decisão impugnada, com consequente arquivamento do process

Sustentava, em síntese, que: a)  julgamento teria sido presidido pconselheiro do CNJ; b) o process

administrativo estaria fundado eescutas telefônicas autorizadas por juízincompetente, as quais seriam oriunda

de inquérito cujo objeto seria distinto dasupostas irregularidades a ela atribuídas;

c) o CNJ obstara o processamento dsindicância no âmbito da Corte estadual —

Informativo 619. Preliminarmente, reconheceu-sa competência do STF para o exame da matéria e

possibilidade de o Presidente do CNJ delegar a suatribuição de presidir as sessões plenárias e de se licencia(RICNJ, artigos 3º, 4º, III, IV, XXVI, 5º, 6º, IV, e 23, Acrescentou-se, inclusive, alteração regimental para permi

ao Vice-Presidente do Supremo substituir o Presidente dCNJ. Ressaltou-se, todavia, que, na época do julgamento dreclamação disciplinar, esta regra ainda não estaria evigor. Anotou-se que a exigência constitucional de que Presidente do STF, em sua condição institucional dPresidente do CNJ, fosse substituído em seus impedimentoe ausências eventuais pelo Vice-Presidente do STF tersurgido com a redação da EC 61/2009. No ponto, em obitdictum, o Min. Luiz Fux, ao invocar o princípio da seguranç

 

Dr. George Felício, advogado

do Banco do Nordeste do Brasil S/A.

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 jurídica, vislumbrou a possibilidade de modulação dosefeitos da decisão, com a finalidade de preservar-se ahigidez dos atos realizados pelo CNJ em sessões pretéritaspresididas por conselheiro não integrante do Supremo. Nomérito, aduziu-se competir ao CNJ o controle documprimento dos deveres funcionais dos magistrados

brasileiros, cabendo-lhe receber e conhecer dereclamações contra membros do Poder Judiciário (CF,art. 103-B, § 4 º, III e V). Consignou-se que, tendo emconta o princípio da hermenêutica constitucional dos“poderes implícitos”, se a esse órgão administrativo

fora concedida a faculdade de avocar processosdisciplinares em curso, de igual modo, poderia obstar oprocessamento de sindicância em tramitação no tribunalde origem, mero procedimento preparatório. Ademais,realçou-se que, no caso, o CNJ concluíra pela existência deelementos suficientes para a instauração de processoadministrativo disciplinar, com dispensa da sindicância.Rechaçou-se, ainda, a alegação de invalidade da primeira

interceptação telefônica. Registrou-se que, na situação emapreço, a autoridade judiciária competente teria autorizado oaludido monitoramento dos telefones de outros envolvidosem supostas irregularidades em execuções de convêniosfirmados entre determinada prefeitura e órgãos do governofederal. Ocorre que a impetrante teria mantido contatos,principalmente, com o secretário municipal de governo, cujonúmero também seria objeto da interceptação. Assim,quando das degravações das conversas, teriam sidoverificadas condutas da impetrante consideradas, emprincípio, eticamente duvidosas — recebimento devantagens provenientes da prefeitura —, o que ensejara ainstauração do processo administrativo disciplinar. Acresceu-se que a descoberta fortuita ou casual do possívelenvolvimento da impetrante não teria o condão de qualificaressa prova como ilícita. Dessa forma, reputou-se não serrazoável que o CNJ deixasse de apurar esses fatos apenasporque o objeto da citada investigação criminal seriadiferente das supostas irregularidades imputadas àimpetrante. Discorreu-se, ademais, não poder o Judiciário,do qual o CNJ seria órgão, omitir-se no tocante àaveriguação de eventuais fatos graves que dissessemrespeito à conduta de seus magistrados, ainda que colhidosvia interceptação de comunicações telefônicas judicialmenteautorizada em inquérito instaurado com o fito de investigar

outras pessoas e fatos diversos. Por fim, ponderou-se — apesar da tese defendida por alguns Ministros desta Corteno sentido da competência subsidiária do CNJ relativamentea processos disciplinares instaurados para apurar condutasfuncionais de magistrados em seus tribunais de origem — que esse órgão já teria apreciado o processo de outrosmagistrados, inclusive, de desembargadores tambémenvolvidos. Vencido o Min. Marco Aurélio, que concedia owrit e determinava a extinção do processo administrativocontra a juíza, haja vista a redação constitucional à época, a

qual apontaria a imposibilidade de o Presidente do CNJ ssubstituído por integrante de outro tribunal que não Supremo. Igualmente, aludia ilegítimo o CNJ tanto instauracontra magistrada processo administrativo, ante sua atuaçãsubsidiária, quanto fazê-lo a partir de prova emprestada (M28003/DF / i-654).

03. MS N. 26.294-DF / RELATOR: MIN. RICARDLEWANDOWSKI / EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇACONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. ANULAÇÃO DNOMEAÇÃO. CONCURSO PÚBLICO PARA OFICIAL DJUSTIÇA PARA PROVIMENTO DE VAGA NO TRIBUNADE JUSTIÇA NO ESTADO DO MARANHÃO. NOMEAÇÃNOS QUADROS DA JUSTIÇA DE 1º GRAU. DIFERENÇDE QUADROS NO TOCANTE AO TRIBUNAL E A JUSTIÇDE 1º GRAU. AUSÊNCIA DE PREVISÃO NO EDITASOBRE O APROVEITAMENTO DE LISTA DCANDIDATOS. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DPUBLICIDADE, DA ISONOMIA E DA IMPESSOALIDADSEGURANÇA DENEGADA. I  –  Não é possível nomeação de candidato em quadro diverso do qual f

aprovado, ainda que os cargos tenham a mesmnomenclatura, atribuições iguais, e idênticremuneração, quando inexiste essa previsão no editdo concurso. II  – A falta de previsão no edital sobre possibilidade de aproveitamento de candidato aprovado ecertame destinado a prover vagas para quadro diverso dque prestou o concurso viola o princípio da publicidadnorteador de todo concurso público, bem como o dimpessoalidade e o da isonomia. III  – Segurança denegad(i-655).

04. RE N. 594.296-MG / RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLIRECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITADMINISTRATIVO. EXERCÍCIO DO PODER DAUTOTUTELA ESTATAL. REVISÃO DE CONTAGEM D

TEMPO DE SERVIÇO E DE QUINQUÊNIOS DSERVIDORA PÚBLICA. REPERCUSSÃO GERARECONHECIDA. 1. Ao Estado é facultada a revogação datos que repute ilegalmente praticados; porém, se dtais atos já decorreram efeitos concretos, sedesfazimento deve ser precedido de regular processadministrativo. 2. Ordem de revisão de contagem de tempde serviço, de cancelamento de quinquênios e de devoluçãde valores tidos por indevidamente recebidos apenas podser imposta ao servidor depois de submetida a questão adevido processo administrativo, em que se mostra dobrigatória observância o respeito ao princípio dcontraditório e da ampla defesa. 3. Recurso extraordinário que se nega provimento (i-655).

CIVIL E PROCESSO CIVIL

01.  RE N. 363.889-DF / RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLIEmenta: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITPROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAREPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. AÇÃO DINVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE DECLARADEXTINTA, COM FUNDAMENTO EM COISA JULGADA, E

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RAZÃO DA EXISTÊNCIA DE ANTERIOR DEMANDA EMQUE NÃO FOI POSSÍVEL A REALIZAÇÃO DE EXAME DEDNA, POR SER O AUTOR BENEFICÁRIO DA JUSTIÇAGRATUITA E POR NÃO TER O ESTADOPROVIDENCIADO A SUA REALIZAÇÃO.REPROPOSITURA DA AÇÃO. POSSIBILIDADE, EMRESPEITO À PREVALÊNCIA DO DIREITO

FUNDAMENTAL À BUSCA DA IDENTIDADE GENÉTICADO SER, COMO EMANAÇÃO DE SEU DIREITO DEPERSONALIDADE. 1. É dotada de repercussão geral amatéria atinente à possibilidade da repropositura de ação deinvestigação de paternidade, quando anterior demandaidêntica, entre as mesmas partes, foi julgada improcedente,por falta de provas, em razão da parte interessada nãodispor de condições econômicas para realizar o exame deDNA e o Estado não ter custeado a produção dessa prova.2. Deve ser relativizada a coisa julgada estabelecida emações de investigação de paternidade em que não foipossível determinar-se a efetiva existência de vínculogenético a unir as partes, em decorrência da nãorealização do exame de DNA, meio de prova que podefornecer segurança quase absoluta quanto à

existência de tal vínculo. 3. Não devem serimpostos óbices de natureza processual aoexercício do direito fundamental à buscada identidade genética, como naturalemanação do direito de personalidadede um ser, de forma a tornar-seigualmente efetivo o direito àigualdade entre os filhos, inclusive dequalificações, bem assim o princípioda paternidade responsável. 4.Hipótese em que não há disputa depaternidade de cunho biológico, emconfronto com outra, de cunho afetivo.Busca-se o reconhecimento de paternidadecom relação a pessoa identificada. 5.

Recursos extraordinários conhecidos e providos(i-652).

02.  AR N. 1.478-RJ / RELATOR: MIN. RICARDOLEWANDOWSKI / EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃORESCISÓRIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ART. 8º DOADCT. DECISÃO QUE AFASTOU A PRETENSÃO DOAUTOR EM RELAÇÃO ÀS PROMOÇÕES PORMERECIMENTO COM BASE NA ENTÃOJURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. MODIFICAÇÃOJURISPRUDENCIAL PARA CONSIDERAR QUE A NORMADO CITADO ART. 8º ABARCA AS PROMOÇÕES PORMERECIMENTO. SÚMULA 343/STF. MATÉRIACONSTITUCIONAL. INAPLICABILIDADE. VIOLAÇÃO ALITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI. CONFIGURAÇÃO. AÇÃORECISÓRIA PROVIDA. I  –  Cabe ação rescisória porofensa à literal disposição constitucional, ainda que adecisão rescindenda tenha se baseado em interpretaçãocontrovertida, ou seja, anterior à orientação fixada peloSupremo Tribunal Federal. II  – A atual jurisprudência doTribunal é no sentido de que a norma do art. 8º do ADCTapenas exige, para concessão de promoções, naaposentadoria ou na reserva, a observância dos prazos depermanência em atividade inscritos em lei e regulamentos.III  – Decisão que, ao aplicar o art. 8º do ADCT, afasta as

promoções por merecimento ou condicionadas por lei aprovação em curso de admissão e aproveitamento no cursexigido, autoriza sua rescisão, com base no art. 485, V, dCPC. IV - Ação Rescisória julgada procedente (i-653).

03. ADI N. 2.415-SP / RELATOR: MIN. AYRES BRITTOEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDAD

PROVIMENTOS N. 747/2000 E 750/2001, DO CONSELHSUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DE SÃPAULO, QUE REORGANIZARAM OS SERVIÇONOTARIAIS E DE REGISTRO, MEDIANTE ACUMULAÇÃODESACUMULAÇÃO, EXTINÇÃO E CRIAÇÃO DUNIDADES. 1. REGIME JURÍDICO DOS SERVIÇONOTARIAIS E DE REGISTRO. I  – Trata-se de atividade jurídicas que são próprias do Estado, porém exercidas pparticulares mediante delegação. Exercidas otraspassadas, mas não por conduto da concessão ou dpermissão, normadas pelo caput do art. 175 da Constituiçãcomo instrumentos contratuais de privatização do exercícdessa atividade material (não jurídica) em que se constitueos serviços públicos. II  – A delegação que lhes timbra

funcionalidade não se traduz, por nenhuma forma, e

cláusulas contratuais. III  – A sua delegaçãsomente pode recair sobre pessoa natural,não sobre uma empresa ou pesso

mercantil, visto que de empresa opessoa mercantil é que versa a MagnCarta Federal em tema de concessãou permissão de serviço público. IVPara se tornar delegatária do PodPúblico, tal pessoa natural há de ganhhabilitação em concurso público dprovas e títulos, e não por adjudicaçã

em processo licitatório, regrado, este, peConstituição como antecedente necessár

do contrato de concessão ou de permissãpara o desempenho de serviço público. V

Cuida-se ainda de atividades estatais cuexercício privado jaz sob a exclusiva fiscalizaçã

do Poder Judiciário, e não sob órgão ou entidade dPoder Executivo, sabido que por órgão ou entidade dPoder Executivo é que se dá a imediata fiscalização daempresas concessionárias ou permissionárias dserviços públicos. Por órgãos do Poder Judiciário é quse marca a presença do Estado para conferir certeza liquidez jurídica às relações inter-partes, com estconhecida diferença: o modo usual de atuação do PodeJudiciário se dá sob o signo da contenciosidadenquanto o invariável modo de atuação das serventiaextra-forenses não adentra essa delicada esfera dlitigiosidade entre sujeitos de direito. VI  –  Enfim, aatividades notariais e de registro não se inscrevem nâmbito das remuneráveis por tarifa ou preço públicmas no círculo das que se pautam por uma tabela demolumentos, jungidos estes a normas gerais que seditam por lei necessariamente federal. 2. CRIAÇÃO EXTINÇÃO DE SERVENTIAS EXTRAJUDICIAIS. Aserventias extrajudiciais se compõem de um feixe dcompetências públicas, embora exercidas em regime ddelegação a pessoa privada. Competências que fazem dtais serventias uma instância de formalização de atos dcriação, preservação, modificação, transformação e extinçã

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de direitos e obrigações. Se esse feixe de competênciaspúblicas investe as serventias extrajudiciais em parcela dopoder estatal idônea à colocação de terceiros numacondição de servil acatamento, a modificação dessascompetências estatais (criação, extinção, acumulação edesacumulação de unidades) somente é de ser realizada pormeio de lei em sentido formal, segundo a regra de que

ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algumacoisa senão em virtude de lei. Precedentes. 3. PROCESSODE INCONSTITUCIONALIZAÇÃO. NORMAS “AINDACONSTITUCIONAIS”. Tendo em vista que o SupremoTribunal Federal indeferiu o pedido de medida liminar hámais de dez anos e que, nesse período, mais de setecentaspessoas foram aprovadas em concurso público e receberam,de boa-fé, as delegações do serviço extrajudicial, adesconstituição dos efeitos concretos emanados dosProvimentos n. 747/2000 e 750/2001 causariadesmesurados prejuízos ao interesse social. Adoção da teseda norma jurídica “ainda constitucional”. Preservação: a) davalidade dos atos notariais praticados no Estado de SãoPaulo, à luz dos provimentos impugnados; b) das outorgasregularmente concedidas a delegatários concursados

(eventuais vícios na investidura do delegatário, máxime aausência de aprovação em concurso público, não seencontram a salvo de posterior declaração de nulidade); c)do curso normal do processo seletivo para o recrutamentode novos delegatários. 4. Ação direta julgada improcedente(i-654).

04. HC N. 101.131-DF / REDATOR PARA O ACÓRDÃO:MIN. MARCO AURÉLIO / PROCESSO  – DUPLICIDADE  – SENTENÇAS CONDENATÓRIAS. Os institutos dalitispendência e da coisa julgada direcionam àinsubsistência do segundo processo e da segundasentença proferida, sendo imprópria a prevalência doque seja mais favorável ao acusado (i-654).

CONSTITUCIONAL

01.  Itaipu Binacional e competência do STF: O Plenário julgou parcialmente procedente reclamação proposta contraos juízos federais de Foz do Iguaçu/PR e Umuarama/PRque, em diversas ações civis originárias ajuizadas peloMinistério Público Federal, assentavam inexistir interessedireto da ora reclamante, República do Paraguai, nasdemandas, haja vista que a Itaipu Binacional possuiriapersonalidade jurídica própria. Consignavam, ainda, que,não sendo parte, nem havendo lide, a intervenção da

reclamante somente poderia ser admitida em assistênciasimples, a não configurar, então, litígio entre Estadoestrangeiro e a União, condição para que o processotramitasse diretamente no Supremo. Aludiam ao fato de apersonalidade jurídica da sociedade não se confundir com ados sócios — República Federativa do Brasil e República doParaguai. O Colegiado reconheceu a competênciaoriginária desta Corte [CF: “Art. 102. Compete ao

Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda daConstituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar,

originariamente: ... e) o litígio entre Estado estrangeirou organismo internacional e a União, o Estado, Distrito Federal ou o Território”] e determinou, ainda,

remessa imediata dos processos ao STF. Consignou-sque, embora a parte autora das ações fosse o parquefederal, seria inegável que este possuiria a natureza d

órgão da União. Assinalou-se estar revelada competência desta Corte porque seria possível concluque a República do Paraguai teria interesses jurídicos serem afetados se sobreviesse sentença condenatóriPonderou-se que, a partir dos pedidos formulados peMinistério Público nas ações, fixar-se-ia o interesse dEstado estrangeiro. Após explicitá-los e da leitura de algunartigos constantes do Tratado de Itaipu, acentuou-se quseria pressuposto lógico de todos os pleitos do parquet submissão da Binacional a regras do direito brasileiatinentes ao exercício da atividade administrativAsseverou-se que a Itaipu possuiria posição peculiar nordenamento pátrio, ainda a ser definitivament

assentada pelo Supremo. Acrescentou-se quconsoante o próprio acordo, a usina hidrelétrica poderser considerada um condomínio binacional instauradsobre o transfronteiriço rio Paraná. Registrou-se ópticsegundo a qual estaria submetida exclusivamente adisposto no aludido tratado, sob a competência de made um Estado em situação de igualdade jurídica, revelar que toda ingerência brasileira em seu regimjurídico violaria a soberania do Paraguai e, assimsurgiria o interesse na intervenção processuaEvidenciou-se que procedentes, ou não, os pedidoapresentados nas ações civis públicas afetariaprerrogativas reconhecidas à República do Paraguai ntocante à atividade da hidrelétrica, tendo em conta a dupnacionalidade da pessoa jurídica e as previsões do tratadinternacional. Dessa feita, pretensão de submetê-integralmente ao direito brasileiro teria o condão de interfenos interesses do país na atuação daquela sociedade. Min. Luiz Fux realçou que, a fortiori, o Ministério PúblicFederal seria a União em juízo e, no caso, contra uorganismo internacional que teria um sentido mais lato dque se poderia imaginar. Pessoa jurídica internacional criadpelo Brasil/Paraguai, com fundamento de sua jurisdicidadnum tratado internacional em que previsto o cumprimento dobrigações. Estas não poderiam ser superadas pe

aplicação unilateral da legislação de um só dos Estadosoberanos que participaram da empreitada. O Min. AyreBritto acresceu que a Constituição referir-se-ia a empresasupranacionais no inciso V do art. 71 da CF, a propósito dacompetências do TCU. Aduziu que na expressã“supranacional” estaria embutida a binacionalidade, trinacionalidade, a plurinacionalidade. Sublinhou que competência judicante seria nitidamente do SupremSalientou que o Estado do Paraguai poderia sair prejudicadcom eventuais decisões naquelas causas. Observou have

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informação de que 98% da energia do Paraguai seriaproduzida pela hidrelétrica em questão. O Min. GilmarMendes aduziu que se o país é de bases continentais, comoo Brasil, acabaria por necessitar celebrar um tratado paraengendrar um ente binacional. Reputou que demandadecorrente desse tipo de conflito haveria de ser dirimida por

esta Corte. Por fim, o Tribunal considerou improcedente opedido relativamente a uma das ações civis públicas quetramita em Umuarama/PR, ajuizada por particulares.Esclareceu-se, no ponto, que não se configuraria acompetência originária, haja vista não estar nela presentequalquer das pessoas jurídicas de direito público internoversadas no texto constitucional (Rcl 2937/PR / i-652).

02.  ADI N. 94-RO / RELATOR: MIN. GILMAR MENDES / Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Constituição doEstado de Rondônia. Artigos 252, 253, 254 e 255das Disposições Gerais da Constituição Estaduale do art. 10 das Disposições Transitórias. 3.Ausência de alteração substancial e de

prejuízo com a edição da EmendaConstitucional estadual n. 54/2007. 4.Alegação de ofensa aos artigos 22, I; 37,II; 131; 132; e 135, da ConstituiçãoFederal. 5. Reconhecimento dapossibilidade de existência deprocuradorias especiais pararepresentação judicial da AssembleiaLegislativa e do Tribunal de Contas noscasos em que necessitem praticar emjuízo, em nome próprio, série de atosprocessuais na defesa de sua autonomia eindependência em face dos demais poderes, asquais também podem ser responsáveis pelaconsultoria e pelo assessoramento jurídico de seusdemais órgãos. 6. A extensão estabelecida pelo § 3º do art.253 não viola o princípio da isonomia assentado no artigo135 da CF/88 (redação anterior à EC 19/98), na medida emque os cargos possuem atribuições assemelhadas. 7. Aalteração do parâmetro constitucional, quando o processoainda em curso, não prejudica a ação. Precedente: ADI2189, rel. Min. Dias Toffoli, DJe 16.12.2010. 8. A investidura,em cargo ou emprego público, depende de aprovação préviaem concurso público de provas ou de provas e títulos,ressalvados os cargos em comissão declarados em lei delivre nomeação e exoneração. 9. Não é permitido oaproveitamento de titulares de outra investidura, uma vezque há o ingresso em outra carreira sem o concurso exigidoconstitucionalmente. 10. Ação Direta de

Inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente paraconfirmar a medida liminar e declarar inconstitucionais oartigo 254 das Disposições Gerais e o artigo 10 dasDisposições Transitórias da Constituição do Estado deRondônia; e assentar a constitucionalidade dos artigos 252,253 e 255 da Constituição do Estado de Rondônia (i-652).

03. ADC e Lei Maria da Penha: O Plenário julgou procedenteação declaratória, ajuizada pelo Presidente da República,para assentar a constitucionalidade dos artigos 1º, 33 e

41 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Inicialmentdemonstrou-se a existência de controvérsia judicial relevanacerca do tema, nos termos do art. 14, III, da Lei 9.868/9tendo em conta o intenso debate instaurado sobre constitucionalidade dos preceitos mencionados, mormenno que se refere aos princípios da igualdade e d

proporcionalidade, bem como à aplicação dos institutocontidos na Lei 9.099/95. No mérito, rememorou-sposicionamento da Corte que, ao julgar o HC 106212/M(DJe de 13.6.2011), declarara a constitucionalidade do a41 da Lei Maria da Penha (“Aos crimes praticados coviolência doméstica e familiar contra a mulheindependentemente da pena prevista, não se aplica a Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995”). Reiterou-se a ideia dque a aludida lei viera à balha para conferir efetividade a

art. 226, § 8º, da CF. Consignou-se que o dispositivlegal em comento coadunar-se-ia com o princíp

da igualdade e atenderia à ordem jurídicconstitucional, no que concerne a

necessário combate ao desprezo àfamílias, considerada a mulher como sucélula básica. Aplicou-se o mesmraciocínio ao afirmar-se constitucionalidade do art. 1º da aludidlei (“Esta Lei cria mecanismos para coib

e prevenir a violência doméstica e familicontra a mulher, nos termos do § 8º do ar

226 da Constituição Federal, da Convençãsobre a Eliminação de Todas as Formas d

Violência contra a Mulher, da ConvençãInteramericana para Prevenir, Punir e Erradicar

Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionaratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe soba criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familicontra a Mulher; e estabelece medidas de assistência proteção às mulheres em situação de violência doméstica familiar”). Asseverou-se que, ao criar mecanismoespecíficos para coibir e prevenir a violência domésticcontra a mulher e estabelecer medidas especiais dproteção, assistência e punição, tomando como base gênero da vítima, o legislador teria utilizado meadequado e necessário para fomentar o fim traçado pereferido preceito constitucional. Aduziu-se não sdesproporcional ou ilegítimo o uso do sexo com

critério de diferenciação, visto que a mulher sereminentemente vulnerável no tocante constrangimentos físicos, morais e psicológicosofridos em âmbito privado. Frisou-se que, na searinternacional, a Lei Maria da Penha seria harmônica coo que disposto no art. 7º, item “c”, da Convenção d

Belém do Pará  (“Artigo 7. Os Estados Partes condenatodas as formas de violência contra a mulher e convêm eadotar, por todos os meios apropriados e sem demorpolíticas destinadas a prevenir, punir e erradicar tal violênc

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e a empenhar-se em: ... c. incorporar na sua legislaçãointerna normas penais, civis, administrativas e de outranatureza, que sejam necessárias para prevenir, punir eerradicar a violência contra a mulher, bem como adotar asmedidas administrativas adequadas que forem aplicáveis ”) ecom outros tratados ratificados pelo país. Sob o enfoque

constitucional, consignou-se que a norma seriacorolário da incidência do princípio da proibição deproteção insuficiente dos direitos fundamentais.Sublinhou-se que a lei em comento representaria movimentolegislativo claro no sentido de assegurar às mulheresagredidas o acesso efetivo à reparação, à proteção e à justiça. Discorreu-se que, com o objetivo de proteger direitosfundamentais, à luz do princípio da igualdade, o legisladoreditara microssistemas próprios, a fim de conferir tratamentodistinto e proteção especial a outros sujeitos de direito emsituação de hipossuficiência, como o Estatuto do Idoso e oda Criança e do Adolescente - ECA. Reputou-se, por suavez, que o art. 33 da lei em exame (“Enquanto não

estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiarcontra a Mulher, as varas criminais acumularão ascompetências cível e criminal para conhecer e julgar ascausas decorrentes da prática de violência doméstica efamiliar contra a mulher, observadas as previsões do TítuloIV desta Lei, subsidiada pela legislação processualpertinente”) não ofenderia os artigos 96, I, a, e 125, § 1º,ambos da CF, porquanto a Lei Maria da Penha não implicaraobrigação, mas faculdade de criação dos Juizados deViolência Doméstica e Familiar contra a Mulher, conformedisposto nos artigos 14, caput, e 29, do mesmo diploma.Lembrou-se não ser inédita no ordenamento jurídico pátrio aelaboração de sugestão, mediante lei federal, para criaçãode órgãos jurisdicionais especializados em âmbito estadual.Citou-se, como exemplo, o art. 145 do ECA e o art. 70 doEstatuto do Idoso. Ressurtiu-se incumbir privativamente àUnião a disciplina do direito processual, nos termos do art.22, I, da CF, de modo que ela poderia editar normas queinfluenciassem a atuação dos órgãos jurisdicionais locais.Concluiu-se que, por meio do referido art. 33, a Lei Maria daPenha não criaria varas judiciais, não definiria limites decomarcas e não estabeleceria o número de magistrados aserem alocados nos Juizados de Violência Doméstica eFamiliar. Apenas facultaria a criação desses juizados eatribuiria ao juízo da vara criminal a competência cumulativa

de ações cíveis e criminais envolvendo violência domésticacontra a mulher, haja vista a necessidade de conferirtratamento uniforme, especializado e célere, em todoterritório nacional, às causas sobre a matéria (ADC 19/DF / i-654).

ELEITORAL

01.  Lei da “Ficha Limpa” e hipóteses de inelegibilidade:Lei da “Ficha Limpa” é compatível com a Constituição

pode ser aplicada a atos e fatos ocorridos anteriormenà edição da LC 135/2010. Essa a conclusão do Plenário a julgar procedente pedido formulado em duas açõedeclaratórias de constitucionalidade e improcedente o e

ação direta de inconstitucionalidade, todas por votaçãmajoritária. As primeiras foram ajuizadas pelo PartidPopular Socialista - PPS e pelo Conselho Federal da Ordedos Advogados do Brasil, tendo por objeto a integralidade dLC 135/2010 — que alterou a LC 64/90, para instituhipóteses de inelegibilidade —, e a última, peConfederação Nacional das Profissões Liberais - CNPL, eface do art. 1º, I, m, do mesmo diploma [“Art. 1º Sinelegíveis: I - para qualquer cargo: ... m) os que foreexcluídos do exercício da profissão, por decisãsancionatória do órgão profissional competente, edecorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de (oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspens

pelo Poder Judiciário”] — v. Informativos 647 e 65Preliminarmente, reiterou-se que a análise do Colegiadcingir-se-ia às hipóteses de inelegibilidade introduzidas peLC 135/2010. No mérito, ressaltou-se que o diplomnormativo em comento representaria significativo avançdemocrático com o escopo de viabilizar o banimento da vidpública de pessoas que não atenderiam às exigências dmoralidade e probidade, considerada a vida pregressa, eobservância ao que disposto no art. 14, § 9º, da CF (“Lcomplementar estabelecerá outros casos de inelegibilidadeos prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidadadministrativa, a moralidade para exercício de mandaconsiderada vida pregressa do candidato, e a normalidade legitimidade das eleições contra a influência do podeeconômico ou o abuso do exercício de função, cargo oemprego na administração direta ou indireta”). Enf atizou-soutrossim, que a norma seria fruto de iniciativa popular, evidenciar o esforço da população brasileira em traznorma de aspecto moralizador para a seara política. Nãobstante, assinalou-se eventual caráter contramajoritário dSupremo, o qual não estaria vinculado às aspiraçõepopulares. Assentou-se que os critérios eleitos pelegislador complementar estariam em harmonia com Constituição e que a LC 135/2010 deveria ser apreciada soa ótica da valorização da moralidade e da probidade no tra

da coisa pública, da proteção ao interesse público. Alédisso, os dispositivos adversados ostentariam o beneplácida adequação, da necessidade e da razoabilidade. O MiLuiz Fux, relator, teceu considerações sobre o princípda presunção de inocência e repeliu a alegação de que norma o ofenderia. Aduziu que o exame desse postuladnão deveria ser feito sob enfoque penal e processupenal, e sim no âmbito eleitoral, em que poderia serelativizado. O Min. Joaquim Barbosa, na assentadanterior, relembrara que inelegibilidade não seria pen

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Defensor Público Federal

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motivo pelo qual incabível a incidência do princípio dairretroatividade da lei, notadamente, da presunção deinocência às hipóteses de inelegibilidade. A Min. RosaWeber, após escorço histórico sobre o tema, discorreu que oprincípio estaria relacionado à questão probatória noprocesso penal, a obstar a imposição de restrições aos

direitos dos processados antes de um julgamento. Sinalizou,todavia, que a presunção de inocência admitiria exceçõespor não ser absoluta. Ademais, frisou que o postulado nãoseria universalmente compreendido como garantia queperdurasse até o trânsito em julgado e que irradiaria efeitospara outros ramos do direito. No campo eleitoral,especialmente no que se refere à elegibilidade, consignou aprevalência da proteção do público e da coletividade.Explicitou, ainda, que as inelegibilidades decorreriam de julgamento por órgão colegiado, sem necessidade detrânsito em julgado. Esclareceu, no ponto, que a própria leicomplementar teria previsto a possibilidade de correção, porórgão recursal, de eventuais irregularidades na decisão (“Art.

26-C. O órgão colegiado do tribunal ao qual couber aapreciação do recurso contra as decisõescolegiadas a que se referem as alíneas d, e,h, j, l e n do inciso I do art. 1º poderá, emcaráter cautelar, suspender ainelegibilidade sempre que existirplausibilidade da pretensão recursal edesde que a providência tenha sidoexpressamente requerida, sob pena depreclusão, por ocasião da interposiçãodo recurso”). Na sequência, a Min.Cármen Lúcia ressurtiu que nos debatesda constituinte, adotara-se o princípio danão culpabilidade penal e que, no caso, estar-se-ia em sede de direito eleitoral. Relativamente ànão exigência de trânsito em julgado, o Min. RicardoLewandowski rechaçou eventual conflito com o art. 15, III, daCF, ao ponderar que o legislador escolhera por sobrelevaros direitos previstos no art. 14, § 9º, do mesmo diploma. OMin. Ayres Britto asseverou que a Constituição, na defesa daprobidade administrativa, teria criado uma espécie deprocesso legal eleitoral substantivo, que possuiria doisconteúdos: o princípio da respeitabilidade para arepresentação da coletividade e o direito que tem o eleitor deescolher candidatos honoráveis. Arrematou que a lei

complementar seria decorrência da saturação do povo comos maus-tratos infligidos à coisa pública e que as matériasrelativas a retroação, corporação, órgão colegiado,presunção de inocência já teriam sido exaustivamentedebatidas no Congresso Nacional quando da análise da lei.O Min. Marco Aurélio, por sua vez, anotou que o conceitoalusivo à vida pregressa seria aberto. Aquiesceu aoelastecimento do prazo de inelegibilidade previsto emalíneas da lei vergastada e salientou tratar-se de opçãopolítico-normativa — a não implicar inelegibilidade por prazo

indeterminado —, a qual não permitiria ao STF atuar comlegislador positivo e adotar, impropriamente, a detraçãMencionou, ainda, que esta Corte proclamara não podehaver a execução da pena antes do trânsito em julgado ddecisão condenatória e que o preceito não versaria sobrinelegibilidade. Assim, no pertinente à ação declaratór

proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogadodo Brasil (ADC 30/DF), ficaram parcialmente vencidos oMinistros Luiz Fux, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Celso dMello e Cezar Peluso, Presidente. O relator declaravinconstitucionais, em parte, as alíneas e [“os que forecondenados, em decisão transitada em julgado ou proferidpor órgão judicial colegiado, desde a condenação até transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento dpena, pelos crimes: ...”] e l [“os que forem condenados suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada e julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por adoloso de improbidade administrativa que importe lesão apatrimônio público e enriquecimento ilícito, desde

condenação ou o trânsito em julgado até o transcursdo prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento d

pena”] do inciso I do art. 1º da LC 64/90, comredação conferida pela LC 135/2010, par

em interpretação conforme a Constituiçãadmitir a redução, do prazo de 8 anos dinelegibilidades posteriores acumprimento da pena, do prazo dinelegibilidade decorrido entre a condnação e o seu trânsito em julgad

(detração). O Min. Dias Toffoli, tendo econta a aplicação do princípio d

presunção de inocência às causas dinelegibilidade previstas na LC 135/201

entendia incompatível com a Constituição vedar participação no pleito eleitoral de condenados p

suposta prática de ilícitos criminais, eleitorais oadministrativos, por órgãos judicantes colegiados, mesmantes da definitividade do julgado. Razão pela qudeclarava a inconstitucionalidade das expressões “oproferida por órgão colegiado” contidas nas alíneas d, [“que tenham contra sua pessoa representação julgadprocedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada e julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo dapuração de abuso do poder econômico ou político, para

eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, becomo para as que se realizarem nos 8 (oito) anoseguintes”], e, h [“os detentores de cargo na administraçpública direta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou políticque forem condenados em decisão transitada em julgado oproferida por órgão judicial colegiado, para a eleição na quconcorrem ou tenham sido diplomados, bem como para aque se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes”] e l do incisodo art. 1º e “ou proferida por órgão colegiado da Justi

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Eleitoral” dispostas nas alíneas j [“os que forem condenados,em decisão transitada em julgado ou proferida por órgãocolegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, porcaptação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastosilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aosagentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem

cassação do registro ou do diploma, pelo prazo de 8 (oito)anos a contar da eleição”] e p [“a pessoa física e osdirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doaçõeseleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgadoou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, peloprazo de 8 (oito) anos após a decisão, observando-se oprocedimento previsto no art. 22”] do preceito. Emconsequência, enunciava a inconstitucionalidade, porarrastamento: a) do caput do art. 15; b) da expressão“independente da apresentação de recurso” inserida noparágrafo único do art. 15; c) dos artigos 26-A e 26-C, capute §§ 1º, 2º e 3º, todos da LC 64/90, com as alteraçõespromovidas pela LC 135/2010; e d) do art. 3º da LC

135/2010. Além disso, conferia interpretação conforme àsalíneas m e o [“os que forem demitidos do serviço públicoem decorrência de processo administrativo ou judicial, peloprazo de 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o atohouver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário”] doinciso I do art. 1º, I, para esclarecer que a causa deinelegibilidade somente incidiria após a condenaçãodefinitiva no âmbito administrativo, de forma que o prazo deinelegibilidade começaria a contar a partir da decisão finaladministrativa definitiva. Igual solução propugnava quanto àalínea q [“os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente pordecisão sancionatória, que tenham perdido o cargo porsentença ou que tenham pedido exoneração ouaposentadoria voluntária na pendência de processoadministrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos”], nointuito de que: a) a expressão “por decisão sancionatória”pressupusesse decisão administrativa definitiva e b) o termo“sentença” fosse interpretado como decisão judicialtransitada em julgado, consoante o art. 95, I, da CF. Atribuíainterpretação conforme à expressão “aplicando-se o dispostono inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos osordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários quehouverem agido nessa condição”, prevista na parte final daalínea g [“os que tiverem suas contas relativas ao exercício

de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidadeinsanável que configure ato doloso de improbidadeadministrativa, e por decisão irrecorrível do órgãocompetente, salvo se esta houver sido suspensa ou anuladapelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizaremnos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data dadecisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 daConstituição Federal, a todos os ordenadores de despesa,sem exclusão de mandatários que houverem agido nessacondição”], com o objetivo de explicar que os Chefes do

Poder Executivo, ainda quando atuassem como ordenadorede despesas, submeter-se-iam aos termos do art. 71, I, dCF. Por fim, declarava a inconstitucionalidade da alínea [“os que forem condenados, em decisão transitada e julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razãde terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal o

de união estável para evitar caracterização dinelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisãque reconhecer a fraude”], uma vez que instituíra ilícautônomo capaz de gerar, por si, espécie de condenação ohipótese autônoma de inelegibilidade. O Min. GilmMendes, de início, enfatizava o forte teor simbólico da lcomplementar e, no ponto, vislumbrava não ser possívrelativizar princípios constitucionais para atender anseiopopulares. Ressaltava a existência de outros mecanismopostos à disposição dos cidadãos e dos diversos grupocom o fulcro de impedir a candidatura e a consequeneleição de pessoas inaptas, sob o enfoque da probidadadministrativa e da moralidade para o exercício do manda

eletivo, a saber: o voto, a escolha de candidatos no âmbitdos partidos políticos e o controle das candidaturas pelocidadãos eleitores, cidadãos candidatos e partidoReprochava a dispensa do trânsito em julgado. Enaltecque a exigência de coisa julgada para a suspensão ddireitos políticos como sanção em ação de probidade nãsignificaria dispensa da probidade administrativa ou dmoralidade para o exercício de mandato eletivo. Todaviconsagraria a segurança jurídica como fundamenestruturante do Estado Democrático de Direito. Em passseguinte, também dava interpretação conforme Constituição à parte final da alínea g, no sentido de que Chefe do Poder Executivo, ainda quando atuasse comordenador despesa, sujeitar-se-ia aos termos do art. 71, I, dCF. Quanto à alínea m, registrava que essa disposição trarrestrição grave a direito político essencial a ser praticada poórgãos que não possuiriam competência constitucional parfazê-lo e que operariam segundo uma miríade de regradisciplinares a dificultar fiscalização segura e eficiente pparte do Estado. Relativamente à alínea o, asseverava qupara que se amoldasse à dogmática constitucional drestrição de direito fundamental, impenderia emprestinterpretação conforme a Constituição ao dispositivo a fim drestringir a pena de inelegibilidade às hipóteses de demissãque guardassem conexão direta com a sanção d

improbidade administrativa. Acompanhava o Min. DiaToffoli no que se referia à alínea n. No mesmo diapasãdeclarava a inconstitucionalidade da expressão “ou proferidpor órgão colegiado” inserta nas alíneas e e l, ponecessário o trânsito em julgado, além de caracterizado excesso do legislador, em ofensa ao princípio dproporcionalidade. Vencido no tópico, acatava a detraçãsugerida pelo relator. Ao seu turno, o Min. Celso de Melobservava que a iniciativa popular não poderia legitimar ne justificar a formulação de leis que transgredissem

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Constituição e que pudessem implicar, a partir de suaincidência, supressão ou limitação de direitos fundamentais, já que estes comporiam núcleo insuscetível de reforma, atémesmo por efeito de deliberação do Congresso Nacionalquando no desempenho de seu poder reformador. Emseguida, distinguia inelegibilidade inata — resultante

diretamente da existência de certas situações, a exemplodas relações de parentesco ou conjugais — da cominada — típica sanção de direito eleitoral que restringiria acapacidade eleitoral passiva de qualquer cidadão, na medidaem que o privaria, mesmo que temporariamente, doexercício de um direito fundamental, qual seja, o departicipação política. Abordava a questão da presunção deinocência, no sentido de não admitir a possibilidade de quedecisão ainda recorrível pudesse gerar inelegibilidade.Confirmava a validade constitucional das alíneas c, d, f, h, j,p e q do inciso I do art. 1º da LC 135/2010. Relativamente àalínea g, na mesma linha dos votos proferidos pelosMinistros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, dava interpretação

conforme, de sorte que o inciso II do art. 71 da CFfosse aplicado a todos os ordenadores dedespesa, mas elucidava que o Chefe doExecutivo, ainda quando atuasse nessacondição de ordenador de despesas,submeter-se-ia ao tribunal de contas e aoPoder Legislativo, nos termos do inciso Ida citada norma constitucional. Acatavaa interpretação conforme atribuída peloMin. Dias Toffoli no que dizia respeito àsalíneas m e o, contudo, acrescentava aesta última, consoante defendido pelo Min.Gilmar Mendes, a necessidade de que ademissão do serviço público guardasseconexão com atos de improbidade administrativa.Assentava, ainda, a inconstitucionalidade das alíneas e e l.Por derradeiro, vencido na parte referente à presunção deinocência, acolhia a proposta do relator no tocante àdetração, bem como sua formulação original quanto à alíneak [“o Presidente da República, o Governador de Estado e doDistrito Federal, o Prefeito, os membros do CongressoNacional, das Assembleias Legislativas, da CâmaraLegislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem aseus mandatos desde o oferecimento de representação oupetição capaz de autorizar a abertura de processo por

infringência a dispositivo da Constituição Federal, daConstituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ouda Lei Orgânica do Município, para as eleições que serealizarem durante o período remanescente do mandatopara o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos subsequentesao término da legislatura”] com o fito de que compreendessesomente a renúncia efetivada após a instauração deprocesso, não em face de mera representação ou de sim-ples denúncia que qualquer cidadão pudesse fazer àCâmara contra o Presidente da República ou deputado. O

Presidente dessumiu que, para a presunção de inocêncinão importaria que as medidas gravosas ou lesivas fossede ordem criminal ou não, haja vista que se objetivarpreservar a condição do réu, enquanto não julgado, de nãser tratado como coisa. Logo, se não condenado, nenhummedida restritiva em sua esfera jurídica lhe poderia se

imposta com base em juízo de culpabilidade ainda nãformado em caráter definitivo. Seguia o Min. Gilmar Mendeno concernente à alínea m, ao fundamento de que a causde inelegibilidade vinculada a decisões de órgãocorporativos e profissionais conferiria a ente não estatal poder de retirar um direito público subjetivo, que deveria stratado no campo da área pública. Assentia com ainconstitucionalidades por arrastamento sugeridas pelo MiDias Tofolli e, no mais, acompanhava-o integralmente. Ntocante à ação declaratória ajuizada pelo PPS (ADC 29/DF— na qual requerida também a incidência do diplomadversado a atos e fatos jurídicos anteriores ao seu adven—, o Min. Luiz Fux afirmou que a consideração desses, par

fins de aplicação da LC 135/2010, não maculariaprincípio constitucional da irretroatividade da

leis. O Min. Dias Toffoli, ao destacar inexistência de direito adquirido a regim jurídico de elegibilidade, reputou que

aplicação do diploma não diria respeito retroatividade ou a novas causas dinelegibilidade, mas sim à incidência eprocessos eleitorais vindouros, cumarco temporal único para o exame da

condições de elegibilidade seria o registda candidatura. Se assim não fosse, ter-s

ia duplo regime jurídico de inelegibilidadenum mesmo processo eleitoral, a concorr

candidatos submetidos à LC 135/2010 e outros, legislação anterior. Sublinhou que, se uma norma passassa exigir novas condições para que alguém fosse candidatessa inovação, não obstante pautada em fato pretéritsomente deveria valer para processos eleitorais futurovisto que a criação de novo critério selecionador dcondições subjetivas de elegibilidade — qunecessariamente, operar-se-ia para o futuro —, buscaresses requisitos no passado. Concluiu que o princípio danterioridade eleitoral (CF, art. 16) evitaria a criação dcláusulas de inelegibilidade casuísticas. Nesse contexto,

Min. Rosa Weber vislumbrou que a elegibilidade sercondição a ser averiguada por ocasião de cada pleiteleitoral segundo a lei da época, não havendo que se falaem direito adquirido. Ademais, as hipóteses dinelegibilidade consagradas na norma em tela teriam carátgeral e aplicar-se-iam a todos, para o futuro, ou seja, apenapara as próximas eleições. A Min. Cármen Lúcia realçou quo que se passaria na vida de alguém não se desapegaria dsua história, de forma que, quando um cidadão spropusesse a ser o representante dos demais, a vid

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pregressa comporia a persona que se ofereceria ao eleitor eseu conhecimento haveria de ser de interesse público, a fimde se chegar à conclusão de sua aptidão — que aConstituição diria moral e proba — para esse mister. Odireito marcaria, traçaria a etapa e os dados dessa vidapassada que precisariam ser levados em conta. Apontou

que a norma impugnada pregaria e confirmaria cada qualdos princípios constitucionais. O Min. Ricardo Lewandowskirememorou inexistir retroatividade, porquanto não secuidaria de sanção, porém de condição de elegibilidade. OMin. Ayres Britto citou que a Constituição, em seu § 9º doart. 14, teria autorizado a lei complementar a criar,estabelecer requisitos (pré-requisitos) de configuração dodireito de se candidatar. Não dissera restrições ao exercíciode direito. Seriam, ao contrário, pressupostos que, se nãopreenchidos, afastariam o próprio direito à candidatura.Vencido o relator, que julgava o pleito parcialmenteprocedente, nos termos já explicitados. Vencidos, em maiorextensão, os Ministros Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso

de Mello e Presidente, que, por rejeitarem a retroação,reputavam-no improcedente. O primeiro acentuava o caráterretroativo da lei complementar e determinava sua aplicaçãoapenas aos fatos ocorridos após a sua vigência, respeitadaa anualidade eleitoral (CF, art. 16). O segundo, tendo emconta o princípio da segurança jurídica, aludia ser cláusulapétrea o respeito às situações aperfeiçoadas nos termos dalegislação da época, de forma que a lei seria válida eabarcaria atos e fatos que tivessem ocorrido após junho de2010. Abordava que, se assim não fosse, aqueles queclaudicaram deveriam ter tido uma premonição quanto avinda à balha dessa lei. O terceiro afastava a incidênciadessas novas hipóteses de inelegibilidade a contextospretéritos, bem como desses novos prazos, dilatados de trêspara oito anos. Advertia que o reconhecimento dapossibilidade de o legislador imputar a situações jáconsumadas e aperfeiçoadas no passado, conforme oordenamento positivo então vigente, a irradiação de novo esuperveniente efeito limitador do direito fundamental departicipação política, importaria em ofensa à cláusula inscritano art. 5º, XXXV, da CF. Reconhecia que esta teria porfinalidade impedir formulações casuísticas ad personam ouad hoc de leis, considerados fatos pretéritos conhecidos dolegislador. Por sua vez, o último manifestava que a extensãode efeitos restritivos para atos jurídicos stricto sensu

cometidos no passado trataria os sujeitos desses atos comoabsolutamente incapazes, ao abstrair a vontade na suaprática e a esta atribuir um efeito jurídico. Além disso,transformar-se-ia a lei em ato estatal de caráter pessoal, deprivação de bem jurídico de pessoas determinadas, acaracterizar confisco de cidadania. Ao cabo, no queconcerne à ação direta, repeliu-se a alegação deinconstitucionalidade da alínea m, ao fundamento de que,em suma, a condenação por infração ético-profissionaldemonstraria a inaptidão para interferência em gestão da

coisa pública. Vencidos os Ministros Dias Toffoli, Celso dMello e Presidente, que julgavam o pedido parcialmenprocedente pelas razões já referidas. Vencidintegralmente, o Min. Gilmar Mendes, que declarava pretensão procedente, na íntegra, pois a permissãconcedida atentaria contra o direito, pela inseguranç

 jurídica que geraria, ao conferir a decisão disciplinar dórgão de controle profissional eficácia de restrição a direitopolíticos (ADC 29/DF e ADC 30/DF e ADI 4578/DF / i-655).

PENAL E PROCESSO PENAL

01.  Defesa preliminar e foro por prerrogativa de função: Plenário negou provimento a agravo regimental interposto ddecisão proferida pelo Min. Ricardo Lewandowski, em sedde ação penal, da qual relator, em que se determinara queProcuradoria Geral da República oferecesse manifestaçãacerca de defesa preliminar apresentada quando o feito e

de competência de juízo de 1º grau. Na espécie, o parquestadual denunciara diversos réus pelo suposcometimento dos delitos descritos nos artigos 46 e 6cumulados com o art. 2º, todos da Lei 9.605/98, bem comdo crime objeto do art. 299 do CP. A denúncia fora recebidanos moldes do art. 396 do CPP, ocasião em que se ordenara citação dos acusados para resposta. Posteriormente, udeles assumira o cargo de deputado federal encaminhados os autos ao STF, houvera desmembramento em relação aos demais réus. Verificadque aquele fora citado, na origem, para apresentação ddefesa preliminar, nos termos do art. 396-A do CPP, becomo que estaria pendente apreciação de eventual causa dabsolvição sumária, consoante o art. 397 do mesmdiploma, abrira-se vista ao Ministério Público, para que smanifestasse sobre a defesa apresentada, nos termos dart. 5º da Lei 8.038/90. A Procuradoria Geral da Repúblicagravara desta decisão, ao ponderar que o art. 397 dCPP não seria aplicável no âmbito desta Corte e que sdeveria seguir o rito da Lei 8.038/90, de modo que demanda prosseguisse com a oitiva das testemunhaarroladas pela acusação. Considerou-se a peculiaridade do acusado, não obstante se encontrar no exercício do cargde Deputado Federal, haver sido citado em cumprimento mandado expedido pelo juízo de 1º grau, nos termos do

artigos 396 e 397 do CPP. Destacou-se que, quando drecebimento da peça acusatória, a diplomação no cargo nãteria ocorrido, mas, quando oferecida a defesa, na forma daregras processuais do CPP, o réu já era deputadSalientou-se que, naquele momento, inexistente qualqunotícia nos autos a respeito da posse do réu comparlamentar, não seria razoável exigir que o juízmonocrático atuasse de modo diverso. Inexistiria, portantmá-fé ou desvio processual a ser censurado. Acrescentose que, a prevalecer o intento do agravante, o réu ser

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duplamente prejudicado, com restrição ao exercício daampla defesa, pois seria tolhido seu direito à absolviçãosumária. Ademais, admitindo-se que — por ter a citaçãoocorrido após o início do exercício do mandato parlamentar— o rito a ser seguido fosse o da Lei 8.038/90, retirar-se-iado acusado o direito de apresentar defesa preliminar, nos

termos do art. 4º do aludido diploma. Asseverou-se existircerta fungibilidade entre os institutos contidos no art.397 do CPP e no art. 4º da Lei 8.038/90, diferentessomente quanto ao momento processual em quesurgem. Seriam, contudo, figuras processuais deobjetivos análogos (AP 630 AgR/MG / i-652).

02.  HC N. 102.002-RS / RELATOR: MIN. LUIZ FUX / Ementa: PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO IMPRÓPRIO.ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA.INAPLICABILIDADE. HIPÓTESE EM QUE O PACIENTEADMITE FATO DIVERSO DO COMPROVADO NOSAUTOS. INCOMPATIBILIDADE DA CONFISSÃOESPONTÂNEA COM A PRISÃO EM FLAGRANTE. ORDEM

DENEGADA. 1. A atenuante prevista no art. 65, III, “d”,do Código Penal (ter o agente confessadoespontaneamente, perante a autoridade, aautoria do crime), configuradora daconfissão, não se verifica quando serefere a fato diverso, não comprovadodurante a instrução criminal,porquanto, ao invés de colaborar como Judiciário na elucidação dos fatos,dificulta o deslinde do caso.Precedentes: HC 108148/MS, rel. Min.Ricardo Lewandowski, 1ª Turma, DJ de1/7/2011; HC 94295/SP, rel. Min. CármenLúcia, 1ª Turma, DJ de 31/10/2008. 2. Incasu, o paciente admitiu a subtração dos

bens, mas não a violência e a graveameaça, que restaram comprovadas nosautos, sendo certo que tal estratégia, ao invés decolaborar com os interesses da Justiça na busca daverdade processual, visou apenas a confundir o Juízo dianteda prisão em flagrante do paciente. 3. A atenuante daconfissão espontânea é inaplicável às hipóteses em queo agente é preso em flagrante, como no caso sub judice.Precedentes: HC 101861/MS, rel. Min. Marco Aurélio, 1ªTurma, DJ de 9/5/2011; HC 108148/MS, rel. Min. RicardoLewandowski, 1ª Turma, DJ de 1/7/2011. 4. Parecer doMinistério Público Federal pela denegação da ordem. 5.Ordem denegada (i-652).

03.  HC N. 108.138-MS / RELATOR: MIN. JOAQUIMBARBOSA / Ementa: Habeas Corpus. Utilização dedocumento falso para ocultar a condição de foragido.Tipicidade. Conduta adequada ao tipo penal descrito no art.304 do Código Penal. Precedentes. Dosimetria da pena.Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes.Pretensão de compensação. Inviabilidade. Precedentes. Ajurisprudência desta Corte é firme no sentido de que autilização de documento falso para ocultar a condiçãode foragido não descaracteriza o delito de uso dedocumento falso (art. 304 do CP) e não se confunde com

o crime de falsa identidade (art. 307 do CP), uma vez quneste não há apresentação de qualquer documentfalsificado ou alterado, mas apenas a atribuição, a mesmo ou a outrem, de falsa identidade. Igualmensedimentado é o entendimento de que, nos termos do art. 6do Código Penal, a agravante da reincidência prepondesobre a atenuante da confissão espontânea, razão pela qu

é inviável a compensação entre circunstâncias agravantes atenuantes. Ordem denegada (i-652).

04. HC N. 104.290-RJ / RELATOR: MIN. MARCO AURÉLI / PROCESSO – RETENÇÃO. Implica o tipo do artigo 35do Código Penal postura de profissional da advocacque, atuando em causa própria, deixa de devolver processo para procrastinar o normal andamento (i-653)

05. HC N. 108.037-ES / RELATOR: MIN. MARCO AURÉLI / CRIME TRIBUTÁRIO  – PROCESSO ADMINISTRATIVOPERSECUÇÃO CRIMINAL – NECESSIDADE. Caso a casé preciso perquirir a necessidade de esgotamento dprocesso administrativo-fiscal para iniciar-se persecução criminal. Vale notar que, no tocante ao

crimes tributários, a ordem jurídica constitucional nãprevê a fase administrativa para ter-se judicialização. CRIME TRIBUTÁRIO  – JUST

CAUSA. Surge a configurar a existência d justa causa situação concreta em que

Ministério Público haja atuado a partir dprovocação da Receita Federal tendo econta auto de infração relativa sonegação de informações tributárias desaguarem em débito do contribuinte 653).

06. HC N. 105.551-SP / RELATOR MINAYRES BRITTO / EMENTA: EXECUÇÃ

PENAL. PROGRESSÃO DE REGIM

PENITENCIÁRIO. REQUISITSUBJETIVO. EXAME CRIMINOLÓGICO

REDAÇÃO DO ART. 112 DA LEP. L10.792/2003. HABEAS CORPUS INDEFERIDO. 1.

jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme nsentido de que o deferimento da progressão no regimprisional está vinculado ao preenchimento, pecondenado, de requisitos objetivos e subjetivos (art. 11da Lei 7.210/1984). Sendo certo que, na aferição dopressupostos subjetivos, bem pode o órgão judicantcompetente fazer do exame criminológico um doelementos de sua convicção pessoal. Isto sempre que julgador entender que tal exame é necessário verificação do processo de reinserção social dapenado. Precedentes: HC 71.703, da relatoria do MinistCelso de Mello; HC 86.631, da relatoria do Ministro RicardLewandowski; HC 94.625, da relatoria da Ministra ElleGracie; e HC 101.561, da minha relatoria. 2. Habeas corpuindeferido (i-653).

07.  Lei Maria da Penha e ação penal condicionada representação: Em seguida, o Plenário, por maioria, julgoprocedente ação direta, proposta pelo Procurador Geral dRepública, para atribuir interpretação conforme

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Constituição aos artigos 12, I; 16 e 41, todos da Lei11.340/2006, e assentar a natureza incondicionada daação penal em caso de crime de lesão corporal,praticado mediante violência doméstica e familiar contraa mulher. Preliminarmente, afastou-se alegação do Senadoda República segundo a qual a ação direta seria imprópria,

visto que a Constituição não versaria a natureza da açãopenal — se pública incondicionada ou pública subordinada àrepresentação da vítima. Haveria, conforme sustentado,violência reflexa, uma vez que a disciplina do tema estariaem normas infraconstitucionais. O Colegiado explicitou que aConstituição seria dotada de princípios implícitos eexplícitos, e que caberia à Suprema Corte definir se aprevisão normativa a submeter crime de lesão corporal levepraticado contra a mulher, em ambiente doméstico, ensejariatratamento igualitário, consideradas as lesões provocadasem geral, bem como a necessidade de representação.Salientou-se a evocação do princípio explícito da dignidadehumana, bem como do art. 226, § 8º, da CF. Frisou-se a

grande repercussão do questionamento, no sentido dedefinir se haveria mecanismos capazes de inibir e coibir aviolência no âmbito das relações familiares, no que aatuação estatal submeter-se-ia à vontade da vítima. Nomérito, evidenciou-se que os dados estatísticos no tocante àviolência doméstica seriam alarmantes, visto que, na maioriados casos em que perpetrada lesão corporal de naturezaleve, a mulher acabaria por não representar ou por afastar arepresentação anteriormente formalizada. A respeito, o Min.Ricardo Lewandowski advertiu que o fato ocorreria,estatisticamente, por vício de vontade da parte dela.Apontou-se que o agente, por sua vez, passaria a reiterarseu comportamento ou a agir de forma mais agressiva.Afirmou-se que, sob o ponto de vista feminino, a ameaça eas agressões físicas surgiriam, na maioria dos casos, emambiente doméstico. Seriam eventos decorrentes dedinâmicas privadas, o que aprofundaria o problema, já queacirraria a situação de invisibilidade social. Registrou-se anecessidade de intervenção estatal acerca do problema,baseada na dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), naigualdade (CF, art. 5º, I) e na vedação a qualquerdiscriminação atentatória dos direitos e liberdadesfundamentais (CF, art. 5º, XLI). Reputou-se que a legislaçãoordinária protetiva estaria em sintonia com a Convençãosobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra

a Mulher e com a Convenção de Belém do Pará. Sob oângulo constitucional, ressaltou-se o dever do Estado deassegurar a assistência à família e de criar mecanismospara coibir a violência no âmbito de suas relações. Não seriarazoável ou proporcional, assim, deixar a atuação estatal acritério da vítima. A proteção à mulher esvaziar-se-ia,portanto, no que admitido que, verificada a agressão comlesão corporal leve, pudesse ela, depois de acionada aautoridade policial, recuar e retratar-se em audiênciaespecificamente designada com essa finalidade, fazendo-o

antes de recebida a denúncia. Dessumiu-se que deixar mulher — autora da representação — decidir sobre o inícda persecução penal significaria desconsiderar a assimetrde poder decorrente de relações histórico-culturais, becomo outros fatores, tudo a contribuir para a diminuição dsua proteção e a prorrogar o quadro de violênci

discriminação e ofensa à dignidade humana. Implicarrelevar os graves impactos emocionais impostos à vítimaimpedindo-a de romper com o estado de submissãEntendeu-se não ser aplicável aos crimes glosados pelei discutida o que disposto na Lei 9.099/95, de maneirque, em se tratando de lesões corporais, mesmo que dnatureza leve ou culposa, praticadas contra a mulher eâmbito doméstico, a ação penal cabível seria públicincondicionada. Acentuou-se, entretanto, permanecer necessidade de representação para crimes dispostos em lediversas da 9.099/95, como o de ameaça e os cometidocontra a dignidade sexual. Consignou-se que o Tribunal, a julgar o HC 106212/MS (DJe de 13.6.2011), declarara, e

processo subjetivo, a constitucionalidade do art. 41 da L11.340/2006, no que afastaria a aplicação da Lei doJuizados Especiais relativamente aos crimes cometidos coviolência doméstica e familiar contra a mulheindependentemente da pena prevista. Vencido o Min. CezPeluso, Presidente. Aduzia que o legislador não poderia tesido leviano ao estabelecer o caráter condicionado da açãpenal. Afirmava que eventual existência de vício de vontadda mulher ofendida, ao proceder à retratação, não poderser tida como regra. Alertava para a possibilidade dintimidação da mulher em levar a notícia-crime, por sabque não poderia influir no andamento da ação penal, assicomo para a excepcionalidade de os crimes serenoticiados por terceiros. Assinalava que a meincondicionalidade da ação penal não constituirimpedimento à violência familiar, entretanto acirraria possibilidade dessa violência, por meio de atitudes drepresália contra a mulher. Asseverava, por fim, que decisão do Tribunal estaria concentrada na situação dmulher — merecedora de proteção por parte dordenamento jurídico —, mas se deveria compatibilizar essvalor com a manutenção da situação familiar, a envolvoutros entes (ADI 4424/DF / i-654).

08.  Contrabando e princípio da insignificância: A 2ª Turm

denegou habeas corpus em que se requeria a aplicação dprincípio da insignificância em favor de pacientesurpreendidos ao portarem cigarros de origem estrangeidesacompanhados de regular documentação. De inícidestacou-se a jurisprudência do STF no sentido dincidência do aludido postulado em casos de prática dcrime de descaminho, quando o valor sonegado nãultrapassar o montante de R$ 10.000,00 (Lei 10.522/200art. 20). Em seguida, asseverou-se que a conduconfiguraria contrabando, uma vez que o objeto materi

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do delito em comento tratar-se-ia de mercadoriaproibida. No entanto, reputou-se que não se cuidaria de,tão somente, sopesar o caráter pecuniário do impostosonegado, mas, principalmente, de tutelar, entre outrosbens jurídicos, a saúde pública. Por fim, consignou-senão se aplicar, à hipótese, o princípio da insignificância,

pois neste tipo penal o desvalor da ação seria maior. OMin. Celso de Mello destacou a aversão da Constituiçãoquanto ao tabaco, conforme disposto no seu art. 220, § 4º, apermitir que a lei impusse restrições à divulgação publicitária(HC 110964/SC / i-654).

09.  Denunciação caluniosa contra autoridade detentora deprerrogativa de foro e tipicidade: A 2ª Turma denegouhabeas corpus no qual pleiteada a atipicidade da condutadescrita como denunciação caluniosa (CP, art. 339: “Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquéritocivil ou ação de improbidade administrativa contra alguém,imputando-lhe crime de que o sabe inocente”) sob alegaçãode inexistência dos elementos objetivo e subjetivo do tipo.Na espécie, juiz federal requerera instauração deprocedimento investigatório denominado representaçãocriminal — que tramitara perante órgão especial de tribunalregional federal — em face de outro magistrado e demembro do Ministério Público, dando-lhes como incursosnos crimes de prevaricação e abuso de autoridade. Esseprocedimento fora arquivado, sem a instauração deprocesso penal contra os representados. O parquet federaloferecera, então, denúncia contra o paciente, de forma aimputar-lhe a prática dos crimes de denunciação caluniosa e

abuso de autoridade, a qual fora recebida e resultara em suacondenação. A defesa arguia ausência de justa causa para apersecução criminal, ante o arquivamento liminar do feito,porquanto hipoteticamente não teria havido a deflagração deinvestigação administrativa, de inquérito policial ou civil oude ação judicial. Sustentava, igualmente, que arepresentação não se amoldaria às elementares dacapitulação penal. No tocante ao elemento objetivo do tipo,entendeu-se que a representação criminal subscrita pelopaciente preencheria a finalidade do art. 339 do CP, com aredação da Lei 10.028/2000. Isso porque elaconsubstanciaria modalidade de “investigaçãoadministrativa”, cujo escopo seria apurar a veracidade das

infrações penais atribuídas aos representados. Asseverou-se que a referida medida contivera os seguintesprocedimentos: a) o chamamento dos representados,mediante notificação, para o exercício da ampla defesa,diante das imputações então formalizadas; b) o ônus daapresentação de resposta escrita, no prazo legal,acompanhada dos necessários esclarecimentos; c) oencaminhamento de todas as peças informativas aoMinistério Público Federal para pronunciar-se sobre a

procedência das acusações; e d) a deliberação de órgãcolegiado do tribunal de origem quanto ao mérito do pedidveiculado na representação. Nesse contexto, rechaçou-se assertiva de que houvera arquivamento liminar. Corelação ao elemento subjetivo do tipo, rememorou-sjurisprudência desta Corte no sentido de que

configuração do tipo incriminador em causa exigirdolo direto quanto ao conhecimento, por parte dacusado, da inocência dos representados, de modo qua presença de dolo eventual do agente seria insuficientA respeito, extraíram-se dos autos elementos bastantes qucomprovariam a consciência da falsidade da imputaçãrealizada. Salientou-se, por fim, que não seria esta a vadequada para renovação de atos próprios de instruçãprocessual a fim de se concluir que o acusado não deterpleno conhecimento da inocência dos representados (H106466/SP / i-655).

10. INQ N. 2.559-MG / RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI

INQUÉRITO. DENÚNCIA. ART. 350 DO CÓDIGELEITORAL. DENUNCIADO QUE SUBSCREVEU NOVPRESTAÇÃO DE CONTAS EM SUBSTITUIÇÃO DOCUMENTO ANTERIORMENTE APRESENTADPERANTE A JUSTIÇA ELEITORAL, AO INVÉS DPROVIDENCIAR SUA RETIFICAÇÃO. AUSÊNCIA DDOLO. ATIPICIDADE RECONHECIDA. ERRO DPROIBIÇÃO IGUALMENTE VERIFICADO. AUSÊNCIA DJUSTA CAUSA. DENÚNCIA REJEITADA. 1. Para quocorra o crime, o sujeito ativo deve estar consciente dque está praticando o falso ideológico, segundo descrição da norma. O elemento subjetivo está nintenção livre de falsificar, com perfeita noção dreprovabilidade do ato. 2. Interpretou o denunciado norma proibitiva que concerne diretamente ao fato

tomando seu comportamento como permitido aprovado pelo Direito, em evidente ocorrência de erro dproibição (CP, art. 21). 3. Denúncia rejeitada (i-655).

PREVIDENCIÁRIO

01. ADI N. 3.138-DF / RELATOR: MIN. CÁRMEN LÚCIAEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADART. 149, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLIC(ALTERADO PELA EMENDA CONSTITUCIONAL N41/2003). 1. A norma que fixa alíquota mínim(contribuição dos servidores titulares de cargos efetivona União) para a contribuição a ser cobrada peloEstados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios dseus servidores, para o custeio, em benefício destes, dregime previdenciário de que trata o art. 40 dConstituição da República não contraria o pactfederativo ou configura quebra de equilíbrio atuarial . A observância da alíquota mínima fixada na EmendConstitucional n. 41/2003 não configura quebra dautonomia dos Estados Federados. O art. 201, § 9º, dConstituição da República, ao estabelecer um sistemgeral de compensação, há ser interpretado à luz doprincípios da solidariedade e da contributividade, quregem o atual sistema previdenciário brasileiro. 3. Açã julgada improcedente (i-655).

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Selecionado a partir dos informativos 489 a 491 do STJ 

ADMINISTRATIVO

01. Concurso público. Validade. Contratação temporária.Preterição: Na hipótese, a recorrente foi aprovada emconcurso público para o cargo de professor fora do númerode vagas previsto no edital. Entretanto, durante o prazo devalidade do certame, houve a contratação precária deoutrem para o exercício das funções para as quais elaobteve aprovação. A Turma deu provimento ao recurso aoreiterar que a mera expectativa de nomeação doscandidatos aprovados em concurso público (fora donúmero de vagas) convola-se em direito líquido e certoquando, dentro do prazo de validade do certame, hácontratação de pessoal de forma precária para opreenchimento de vagas existentes, com preteriçãodaqueles que, aprovados, estariam aptos a ocupar omesmo cargo ou função. In casu, comprovou-seque o prazo de validade do concurso não haviaexpirado por ocasião do concurso paracontratação. Ademais, registrou-se que, naespécie, a contratação temporária de

professores somente seria possívelquando não existissem mais candidatosaprovados em concurso público edevidamente habilitados (art. 2º, VII, daLei estadual n. 6.915/1997). (RMS34.319-MA / i-489).

CIVIL E PROCESSO CIVIL

01. Antecipação. Tutela. AG. Conversão. Agravoretido. A Turma reafirmou que, em se tratando dedecisões liminares ou antecipatórias da tutela, oagravo contra elas interposto deve ser,obrigatoriamente, de instrumento. Ressaltou-se que

esse entendimento se sustenta no fato de que, dada aurgência dessas medidas e os sensíveis efeitosproduzidos na esfera de direitos e interesses das partes,não haveria interesse em aguardar o julgamento daapelação. Ademais, salientou-se que, consoante novasistemática imposta pela Lei n. 11.187/2005, os agravoscontra decisões interlocutórias serão interpostos naforma retida, salvo quando se tratar de decisãosuscetível de causar à parte lesão grave e de difícilreparação, bem como quando houver casos deinadmissão da apelação e naqueles relativos aos efeitos

em que a apelação é recebida, quando será admitida sua interposição por instrumento. Na hipótese dos autocuidou-se, na origem, de ação de repetição de indébicumulada com indenização por danos materiais e moraisob a alegação de que a instituição financeira (recorrenteter-se-ia equivocado na realização de depósitos bancáriodestinando indevidamente valores para a conta de terceiroO juiz singular deferiu o pedido de antecipação de tutela drecorrido (município), determinando ao banco que restituíssàs contas do promovente a quantia de R$ 174.896,85 nprazo de 72 horas, sob pena de imposição de multa de R$mil por dia de atraso no cumprimento. Dessa forma, odanos decorrentes da antecipação da tutela são evidentena medida em que obrigam o recorrente a repassar arecorrido a quantia referida, sob pena de pagamento dmulta diária, sendo que a eventual improcedência dopedidos formulados na ação principal sujeitarão a instituiçã

financeira ao moroso processo executivo. Assim, a Turmdeu provimento ao recurso para determinar

regular processamento do agravo dinstrumento interposto pelo recorrente (RM

31.445-AL / i-489).

02. Embargos de terceiro. CitaçãExecutado. Existência. Litisconsórcnecessário unitário. Nos embargos dterceiro, deve-se promover também citação do executado quando eindicar o bem sobre o qual recaiu constrição. No caso, a indicação do be

se deu em momento anterior à execuçãquando o devedor ofereceu o imóvel e

garantia hipotecária, circunstância quensejou o arresto na forma do disposto no a

655, § 1º, do CPC. A nulidade estabelecida nart. 47 do CPC, incidente apenas em caso d

litisconsórcio necessário unitário, fulmina por completa eficácia da sentença, a qual não produz efeito seque

entre as partes citadas. Por esses motivos, a Turma deprovimento ao recurso especial para julgar procedente pedido rescisório e invalidar a sentença nos embargos dterceiro por falta de citação de litisconsorte necessár(REsp 601.920-CE / i-489).

03. DPVAT. Pagamento a menor. Prescrição trienal. Cingse a questão em saber qual o prazo prescricional aplicávelpretensão de receber complementação da indenização dseguro obrigatório de danos pessoais causados por veículoautomotores de vias terrestres (DPVAT), quando paga

 

Dr. George Felício, advogado

do Banco do Nordeste do Brasil S/A.

Informativo de Jurisprudência

Superior Tribunal de Justiça

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menor no âmbito administrativo. Os recorridos ajuizaramação de cobrança de seguro obrigatório de danos pessoais  – DPVAT a companhia de seguros, ora recorrente, objetivandoa complementação do que lhes foi pago extrajudicialmenteaduzindo que sua filha faleceu em virtude de acidenteautomobilístico, em razão do qual os recorridos pleitearamadministrativamente o valor da indenização securitária fixada

em lei, pagamento realizado pela recorrente em quantiainferior à devida. Sustenta a companhia de seguros que apretensão dos recorridos está fulminada pela prescriçãotrienal. No caso, o acidente que vitimou a filha dos recorridosocorreu no dia 9/9/2004, e o pagamento administrativo doseguro DPVAT, em 12/11/2004. Considerando a última datao marco interruptivo da prescrição trienal prevista no art.206, § 3º, IX, do CC, data em que o prazo voltou a correr doinício, a Turma deu provimento ao recurso da seguradora aoentender que a pretensão ao recebimento dacomplementação do seguro prescreveu em 12/11/2007, vistoque a ação foi ajuizada somente em 20/8/2008. Assim, oprazo de prescrição para o recebimento dacomplementação do DPVAT é trienal (art. 206, § 3º, IX, doCC)  – porque trienal também é o prazo para o

recebimento da totalidade do seguro  – e se inicia com opagamento administrativo a menor, marco interruptivoda prescrição iniciada para o recebimento da totalidadeda indenização securitária (art. 202, VI, do CC) (REsp1.220.068-MG / i-489).

04. Recurso repetitivo. Condenação solidária de seguradoradenunciada à lide. A Seção firmou o entendimento de que,em ação de reparação de danos movida em face dosegurado, a seguradora denunciada e a elelitisconsorciada pode ser condenada, direta esolidariamente, junto com este, a pagar a indenizaçãodevida à vítima nos limites contratados na apólice. Nahipótese, a seguradora compareceu a juízo aceitando adenunciação da lide feita pelo réu e contestou o pedido,

assumindo a condição de litisconsorte passiva. Assim,discutiu-se se a seguradora poderia ser condenadasolidariamente com o autor do dano por ela segurado.Reconhecida a discussão doutrinária sobre a posiçãoassumida pela denunciada (se assistente simples oulitisconsorte passivo), o colegiado entendeu como melhorsolução a flexibilização do sistema, de modo a permitir acondenação direta e solidária da seguradora litisdenunciada,atendendo ao escopo social do processo de real pacificaçãosocial. Esse posicionamento privilegia o propósito maior doprocesso, que é a pacificação social, a efetividade da tutela judicial prestada, a duração razoável do processo e aindenizabilidade plena do plenamente o dano sofrido. Issoporque a vítima não será obrigada a perseguir seu direitosomente contra o autor do dano, o qual poderia não tercondições de arcar com a condenação. Além disso,impossibilitando a cobrança direta da seguradora, poderia oautor do dano ser beneficiado pelo pagamento do valorsegurado sem o devido repasse a quem sofreu o prejuízo. Asolução adotada garante, também, a celeridade processual epossibilita à seguradora denunciada o contraditório e aampla defesa, com todos os meios e recursos disponíveis(REsp 925.130-SP / i-490).

05. Fornecimento. Medicamentos. Chamamento. ProcessUnião. A questão versa sobre a possibilidade dchamamento ao processo da União nos termos do art. 7III, do CPC. No entanto, é pacífico no STJ o entendimentde que o chamamento ao processo não é adequado àações que tratam de fornecimento de medicamentoIsso porque tal hipótese, prevista no dispositivo leg

mencionado, é típica de obrigações solidárias de pagaquantia. Tratando-se de hipótese excepcional dformação de litisconsórcio passivo facultativpromovida pelo demandado, não se admitinterpretação extensiva para alcançar prestação dentrega de coisa certa. O Min. Relator também destacorecente julgado do STF cuja conclusão foi de que chamamento ao processo da União por determinadestado-membro revela-se medida protelatória que nãtraz nenhuma utilidade ao processo, além de atrasar resolução do feito, revelando-se meio inconstitucionpara evitar o acesso aos remédios necessários para restabelecimento da saúde do enfermo. Com essas outras ponderações, a Turma deu provimento ao recurs(REsp 1.009.947-SC / i-490).

06. Taxa de juros. Novo código civil. Coisa julgada. A Turmratificou o entendimento firmado na Corte Especial desTribunal Superior de que a alteração de juros de mora nfase de execução não ofende a coisa julgada, quandrealizada para adequar o percentual aplicado à novlegislação civil. Com base nesse posicionamento, negou-sprovimento ao agravo regimental, pois a decisão recorridestá em consonância com a jurisprudência do STJ (Súm. 83-STJ) (AgRg no Ag 1.229.215-RS / i-490).

07. Honorários advocatícios sucumbenciais. SentençCálculo. Liquidação. A quaestio juris consiste em saber quo critério para a apuração dos honorários advocatíciosucumbenciais de modo a ser observada a coisa julgad

material, tendo em vista a imprecisão do dispositivo dsentença liquidanda. In casu, cuidou-se, na origem, de açãde execução por título extrajudicial (cédulas de crédito rurana qual, em embargos à execução, o embargado (banco) fcondenado em custas e honorários advocatíciosucumbenciais fixados em 16% sobre o montante atualizaddas parcelas excluídas. Ocorre que, fixado o valor relativaos honorários advocatícios (correspondentes a R6.657.010,45), o banco interpôs agravo de instrumento poentender que o referido valor foi exorbitante, pois houve inclusão de seguro Proago, previsto em apenas uma dacédulas exequendas. O recurso foi provido, ensejando novocálculos. Entretanto, após a homologação dos novocálculos efetuados pela perita, o banco interpôs novamenagravo de instrumento, sustentando que a decisão fequivocada e que, transitada em julgado, resultaria ehonorários no valor de R$19.364.849,61, representand13,68 vezes mais do que o valor da execução. No REsp, recorrente (banco) sustenta, entre outros temas, excesso dexecução e afirma que é incorreta a interpretação da cois julgada que não tem critérios claros. Nesse panorama, Turma reiterou que a jurisprudência do STJ dispõe queprocesso de execução deve observar, fielmente, comando sentencial inserido na ação de conhecimenttransitado em julgado, sob pena de malferir a cois

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julgada. Porém, isso não significa que a sentençaexequenda seja avessa a investigações ouinterpretações. Ressaltou-se que tal procedimento nãoimplica a relativização da coisa julgada, mas apenasreconhece que a imprecisão terminológica com que foiredigido o julgado lhe confere mais de umainterpretação possível, sem, com isso, agredir sua

imutabilidade. Dessa forma, destacou-se que, nos casosem que a sentença permite mais de uma interpretação,deve-se adotar a mais razoável e coerente com a causa.Assim, para o Min. Relator, no caso, o único entendimentorazoável, coerente com a causa em que atuou o recorrido éaquele que parte da premissa de que o título executivo nãoquis promover a iniquidade, concedendo, em causa de baixacomplexidade, honorários vultuosos que suplantam o valorde R$ 20 milhões, de modo a solucionar a questão cominterpretação que se infere do título, qual seja, a de que osencargos afastados não podem ser projetados para o futuro,mas somente até a data do ajuizamento da execuçãooriginária. Dessarte, concluiu-se que o cálculo da diferençasobre a qual incidirão os honorários deve tomar por base omontante existente na data do ajuizamento da execução

originária (REsp 991.780-RS / i-490).

08. Reclamação. Usurpação de competência.IRPF. Auxílio-creche. Matéria disciplinadapelo CJF. A Corte Especial reafirmou oentendimento de que não usurpa acompetência deste Tribunal Superior adecisão do juiz de primeira instânciaque, antecipando os efeitos de tutelajurisdicional requerida no bojo deação ordinária, suspende ato praticadopela administração judiciáriafundamentado em decisão do Conselhoda Justiça Federal (CJF). Na espécie,servidor público federal questiona a incidência

de imposto de renda sobre o auxílio-creche porele percebido, considerada legítima pelo colegiadodo CJF. Preliminarmente, observou-se não haverinsurgência direta contra ato do CJF, buscando suasuspensão ou anulação. Asseverou-se, em seguida, que acircunstância de a matéria em debate ter sido examinadae disciplinada, de alguma forma, pelo CJF nãotransforma o STJ, por si só, em único órgão jurisdicionalcompetente para a apreciação da causa, a ser julgadaexclusivamente em mandado de segurança, sob pena deimpedir que o jurisdicionado escolha o meio processualque entenda mais adequado, de acordo com as matériasde fato e de direito deduzidas, em que haja, inclusive, sefor o caso, fase probatória. Conclui-se, assim, querestringir a competência apenas a esta Corte resultaria emevidente cerceamento ao direito constitucional de ação antea dificuldade imposta para o seu exercício, infringindo, emseu alcance, a garantia inscrita no inciso XXXV do art. 5º daCF (Rcl 4.298-SP / i-491).

09. Penhora online. Novo pedido. Situação econômica.Modificação. Na espécie, a controvérsia diz respeito àpossibilidade de condicionar novos pedidos de penhoraonline à existência de comprovação da modificaçãoeconômica do devedor. In casu, cuidou-se, na origem, de

ação de execução de título extrajudicial em que, diante dausência de oferecimento de bens à penhora e dinexistência de bens em nome da recorrida, foi deferidpedido de penhora online de quantias depositadas einstituições financeiras. Entretanto, como não foraidentificados valores aptos à realização da penhora, o juízsingular condicionou eventuais novos pedidos de bloque

eletrônico à comprovação, devidamente fundamentada, dexistência de indícios de recebimento de valor penhorávesendo que tal decisão foi mantida pelo tribunal a quo. Nesscontexto, a Turma negou provimento ao recurso ao reiteraque a exigência de condicionar novos pedidos dpenhora online à demonstração de indícios de alteraçãda situação econômica do devedor não viola o princípde que a execução prossegue no interesse do credo(art. 612 do CPC). Consignou-se que, caso não sobtenha êxito com a penhora eletrônica, é possível novpedido de bloqueio online, demonstrando-se provas oindícios de modificação na situação econômica ddevedor; pois, de um lado, protege-se o direito dcredor já reconhecido judicialmente e, de outro

preserva-se o aparato judicial, por não transfer

para o Judiciário os ônus e as diligências qusão de responsabilidade do credor (REs1.284.587-SP / i-491).

10. Cirurgia estética. Danos morais. Noprocedimentos cirúrgicos estéticos, responsabilidade do médico subjetiva com presunção de culpEsse é o entendimento da Turma quao não conhecer do apelo especiamanteve a condenação do recorrente

médico  – pelos danos morais causadoao paciente. Inicialmente, destacou-se

vasta jurisprudência desta Corte no sentidde que é de resultado a obrigação na

cirurgias estéticas, comprometendo-se profissional com o efeito embelezador prometido. E

seguida, sustentou-se que, conquanto a obrigação seja dresultado, a responsabilidade do médico permanecsubjetiva, com inversão do ônus da prova, cabendo-lhcomprovar que os danos suportados pelo paciente advierade fatores externos e alheios a sua atuação profissionaVale dizer, a presunção de culpa do cirurgião por insucessna cirurgia plástica pode ser afastada mediante provcontundente de ocorrência de fator imponderável, apto eximi-lo do dever de indenizar. Considerou-se, ainda, quapesar de não estarem expressamente previstos no CDC caso fortuito e a força maior, eles podem ser invocadocomo causas excludentes de responsabilidade dofornecedores de serviços. No caso, o tribunal a quamparado nos elementos fático-probatórios contidos noautos, concluiu que o paciente não foi advertido dos riscoda cirurgia e também o médico não logrou êxito em provar ocorrência do fortuito. Assim, rever os fundamentos dacórdão recorrido importaria necessariamente no reexamde provas, o que é defeso nesta fase recursal ante incidência da Súm. n. 7/STJ (REsp 985.888-SP / i-491).

COMERCIAL / EMPRESARIAL

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01. Falência. Direito intertemporal. Inteligência do art. 192, §4º, da Lei n. 11.101/2005. Na hipótese dos autos, adiscussão cinge-se à seguinte questão de direitointertemporal: qual a lei aplicável, tendo em conta que opedido de falência da recorrente foi ajuizado em 2000 e afalência decretada em 2007? A Turma entendeu que a

interpretação da Lei n. 11.101/2005 conduz às seguintesconclusões: (a) à falência ajuizada e decretada antes dasua vigência aplica-se o antigo DL n. 7.661/1945, emdecorrência da interpretação pura e simples do art. 192,caput, da Lei n. 11.101/2005; (b) à falência ajuizada edecretada após a sua vigência aplica-se a Lei n.11.101/2005, em virtude do entendimento a contrariosensu do art. 192, caput; e (c) à falência requerida antes,mas decretada após a sua vigência aplica-se o DL n.7.661/1945 até a sentença e a Lei n. 11.101/2005 a partirdesse momento, em consequência da exegese do art.192, § 4º. No caso, ocorreu a hipótese da letra "c", com afalência decretada à luz do anterior diploma. Diante dessa ede outras considerações, a Turma negou provimento aorecurso. REsp 1.105.176-MG, Rel. Min. Antonio Carlos

Ferreira, julgado em 6/12/2011.

CONSUMIDOR

01. Instituição financeira. Indenização. Prestação de serviçodefeituoso. Contrato de fundo de investimento. CDC. Trata-se de apelo especial em que mantida a condenação deinstituição financeira ao pagamento de indenização pordanos materiais e morais ao cliente, em decorrência daprestação defeituosa do serviço, na administração de fundode investimentos, pois não observado o dever de informaçãoe comprovada a má gestão nas aplicações financeiras.Inicialmente, sustentou-se a aplicabilidade do Código deDefesa do Consumidor (CDC) aos contratos de fundo deinvestimento, uma vez que caracterizada a relação deconsumo entre a instituição financeira  – prestadora doserviço de administração de fundo de investimento  – e oinvestidor – tomador de tal serviço (Súm. n. 297-STJ). Emseguida, destacou-se a responsabilidade solidária entre osintegrantes da cadeia de consumo nos exatos termos do art.7º, parágrafo único, do CDC. Dessa forma, assentada nasinstâncias ordinárias a responsabilidade de ambas asinstituições financeiras pelos danos causados ao cliente,qualquer entendimento em sentido contrário, para acolher asalegações trazidas pelo recorrente, exigiria o amplorevolvimento do conteúdo probatório, vedado na via eleita(Súm. n. 7-STJ). No tocante às causas excludentes do nexode causalidade levantadas no apelo especial, nenhuma se

mostrou apta a afastar a responsabilidade das instituiçõesfinanceiras na prestação do serviço defeituoso. Asseverou aMin. Relatora que, não obstante fosse imprevisível amaxidesvalorização sofrida pelo real em janeiro de 1999, seobservada pelas instituições financeiras, na gestão dosfundos, a conduta proba imposta pela legislaçãoconsumerista, em especial a atenção ao dever deinformação e transparência, os prejuízos suportados pelorecorrido poderiam ser amenizados. Acrescentou, ademais,que a má gestão dos fundos, consubstanciada nasarriscadas e temerárias operações realizadas pelas

instituições financeiras com o capital do recorrido, ultrapassa razoabilidade prevista no art. 14, § 1º, II, do CDC,  justificar a não aplicabilidade da excludente do nexo dcausalidade, ainda que se trate de aplicações de risco. Pofim, considerou-se serem devidos os juros de mora pedemora no cumprimento da obrigação, que não sconfundem com os juros remuneratórios ou compensatório

 já englobados no retorno financeiro de um fundo dinvestimento (REsp 1.164.235-RJ / i-489).

02. Contrato. Plano. Saúde. Cláusula abusiva. O cerne dquestão cinge-se à análise da existência de abuso ncláusula do contrato de plano de saúde que prevê limite dvalor para cobertura de tratamento médico-hospitalar. casu, a beneficiária de plano de saúde foi internada ehospital conveniado, em razão de moléstia grave permaneceu em UTI. Todavia, quando atingido o limifinanceiro (R$ 6.500,00) do custo de tratamento previsto ncontrato celebrado entre as partes, a recorrida (mantenedodo plano de saúde) negou-se a cobrir as despesas médichospitalares excedentes. De fato, o sistema normativvigente permite às seguradoras fazer constar da apólice d

plano de saúde privado cláusulas limitativas de riscoadicionais relacionados com o objeto da contratação, dmodo a responder pelos riscos somente na extensãcontratada. No entanto, tais cláusulas limitativas não sconfundem com as cláusulas que visam afastar responsabilidade da seguradora pelo próprio objeto nucleada contratação. Na espécie, a seguradora de plano de saúdassumiu o risco de cobrir o tratamento da moléstia quacometeu a segurada. Porém, por meio de cláusula limitative abusiva, reduziu os efeitos jurídicos dessa cobertura aestabelecer um valor máximo para as despesahospitalares, tornando, assim, inócuo o próprio objeto dcontrato. É que tal cláusula não é meramente limitativa dextensão de risco porque excludente da própria essência drisco assumido. O Min. Relator ressaltou que não se pod

equiparar o seguro-saúde a um seguro patrimonial, no qualpossível e fácil aferir o valor do bem segurado, criandlimites de reembolso/indenização. Pois, quem segura saúde de outrem está garantindo o custeio de tratamento ddoenças que, por sua própria natureza, são imprevisíveisendo essa uma das razões que leva a pessoa a contratseguro de saúde. Assim, seja por violação das normas dCDC (arts. 4º, 6º, 51) ou do disposto na Lei n. 9.656/199e no DL n. 73/1966, deve ser considerada abusiva cláusula contratual de seguro-saúde que crie limitaçãde valor para o custeio de tratamento de saúde ou dinternação hospitalar de segurado ou beneficiário. Coefeito, em observância à função social dos contratos, boa-fé objetiva e à proteção à dignidade humana, devser reconhecida a nulidade de tal cláusula . Com essasoutras considerações, a Turma deu provimento ao recurspara, julgando procedente a ação e improcedente reconvenção, condenar a seguradora ao pagamento dadespesas médico-hospitalares (deduzindo-se as suportadas pela recorrida) a título de danos materiais e dodanos morais decorrentes da cláusula abusiva e da injusrecusa da cobertura securitária pela operadora do plano dsaúde, o que causou aflição à segurada (acometida dmoléstia grave que levaria a estado terminal) qunecessitava dar continuidade à sua internação em UTI e a

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tratamento médico hospitalar adequado (REsp 735.750-SP / i-491).

PENAL E PROCESSO PENAL

01. Interrogatório. Último ato processual. Ações penaisoriginárias nos tribunais. A previsão do interrogatóriocomo último ato processual, nos termos do disposto noart. 400 do CPP, com a redação dada pela Lei n.11.719/2008, por ser mais benéfica à defesa, deve seraplicada às ações penais originárias nos tribunais,afastada, assim, a regra específica prevista no art. 7º daLei n. 8.038/1990, que rege a matéria. Esse é oentendimento do STJ, ao rever seu posicionamento paraacompanhar decisão proferida pelo Plenário do SupremoTribunal Federal, no julgamento do AgRg 528-DF. Nessestermos, a ordem foi concedida para que ointerrogatório do paciente, prefeito municipalacusado da prática dos crimes de lesãocorporal e ameaça, detentor de foro por

prerrogativa de função no Tribunal deJustiça, seja realizado ao término dainstrução processual, conforme ritocomum ordinário previsto no CPP (HC205.364-MG / i-489).

02. Gratuidade judiciária. Declaração depobreza. Falsidade. A Turma reiterou oentendimento de que a apresentação dedeclaração de pobreza com informaçõesfalsas para obtenção da assistênciajudiciária gratuita não caracteriza os crimesde falsidade ideológica ou uso de documentofalso. Isso porque tal declaração é passível decomprovação posterior, de ofício ou a requerimento, jáque a presunção de sua veracidade é relativa. Alémdisso, constatada a falsidade das declarações constantes nodocumento, pode o juiz da causa fixar multa de até dezvezes o valor das custas judiciais como punição (Lei n.1.060/1950, art. 4º, § 1º). Com esses fundamentos, ocolegiado trancou a ação penal pela prática de falsidadeideológica e uso de documento falso movida contra acusado(HC 217.657-SP / i-490).

03. Interceptação telefônica. Investigação em curso. Opedido de interceptação telefônica não pode ser aprimeira providência investigatória realizada pelaautoridade policial. In casu, ao formular o pedido de quebrado sigilo telefônico, a autoridade policial descreveu quais

eram os ilícitos que estariam sendo praticados, quais tiposde pessoas integravam a organização criminosa, bem comoqual era a sua forma de atuação no cometimento doscrimes. Ficou evidenciado que a quebra do sigilo telefôniconão foi a primeira medida efetivada pela autoridade policial.Pelo contrário, tal providência teve suporte em elementos jácolhidos que demonstravam que as investigações em cursolevantaram indícios da prática criminosa e apontavam para aimprescindibilidade do deferimento da medida excepcional,segundo o disposto no art. 2º da Lei n. 9.296/1996 (HC130.054-PE / i-490).

04. Testemunhas. Inquirição. Juiz. Depoimento policiaLeitura. Ratificação. A discussão diz respeito à maneirpela qual o magistrado efetuou a oitiva de testemunhade acusação, ou seja, a forma como a prova ingressonos autos. Na espécie, o juiz leu os depoimentoprestados perante a autoridade policial, indagando, e

seguida, das testemunhas se elas ratificavam tadeclarações. O tribunal a quo afastou a ocorrência dnulidade, por entender que a defesa encontrava-se presenna audiência na qual teve oportunidade para formulperguntas para as testemunhas. Nesse panorama, destacoa Min. Relatora que, segundo a inteligência do art. 203 dCPP, o depoimento da testemunha ingressa nos autos dmaneira oral. Outrossim, frisou que, desse comandretiram-se, em especial, duas diretrizes. A primeira, ligadao relato, que será oral, reforçado, inclusive, pelo art. 204 dCPP. A segunda refere-se ao filtro de fidedignidade, ou sej

ao modo pelo qual a prova ingressa nos autos. Dessforma, ressaltou que a produção da prov

testemunhal, por ser complexa, envolve não so fornecimento do relato oral, mas também

filtro de credibilidade das informaçõeapresentadas. In casu, tal peculiaridade fmaculada pelo modo como empreendida instrução, na medida em que depoimento policial foi chancelado com judicial com uma simples confirmaçãnão havendo como, dessa maneira, afesua credibilidade. Assim, concluiu não s

mostrar lícita a mera leitura dmagistrado das declarações prestada

na fase inquisitória, para que testemunha, em seguida, ratifique-a. Co

essas, entre outras considerações, a Turmprosseguindo o julgamento, concedeu a ordem pa

anular a ação penal a partir da audiência de testemunhas d

acusação, a fim de que seja refeita a colheita da provtestemunhal, mediante a regular realização das oitivas, coa efetiva tomada de depoimento, sem a mera reiteração dadeclarações prestadas perante a autoridade policial (H183.696-ES / i-491).

05. Imunidade relativa. Relação de parentesco. Ausência dcoabitação. Mera hospedagem ocasional. In casu, recorrido foi denunciado como incurso nas sanções do a155, § 4o, II, do CP em virtude de ter subtraído para si, dinterior da residência do seu tio, dois revólveres. O juízo quo julgou extinta sua punibilidade com fundamento noarts. 107, IV, e 182, ambos do CP, ao argumento de ter-simplementado a decadência do direito de representaçãIngressou o parquet com recurso em sentido estrito ao quse negou provimento, razão pela qual interpôs o presenREsp. Sustenta o MP que não havia entre vítima e recorrid(tio e sobrinho) relação de coabitação, mas sim mehospitalidade, haja vista o recorrido ter passadaproximadamente três semanas na casa de seu tio. A Turmdeu provimento ao recurso ao entender que, para incidir imunidade trazida no art. 182, III, do CP, deve secomprovada a relação de parentesco entre tio sobrinho, bem como a coabitação, a residência conjuntquando da prática do crime, que não se confunde com

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mera hospedagem, a qual tem caráter temporário e, incasu, durou apenas três semanas. Assim, afastada adenominada imunidade penal relativa, deve ser retomado oregular curso da ação penal, porquanto desnecessária, incasu, a apresentação de representação pela vítima (REsp1.065.086-RS / i-491).

PREVIDENCIÁRIO

01. Pensão especial. Filha desquitada. Equiparação. Filhasolteira. Na espécie, trata-se de demanda em que arecorrida visa à percepção de pensão especial disciplinadapela Lei n. 6.782/1980 nos mesmos moldes em quepercebida por sua mãe, falecida em 1994. A Turma manteveo entendimento do tribunal a quo que condenou a União apagar pensão especial à demandante que, embora tenhaperdido a condição de solteira, regra estabelecida peloparágrafo único do art. 5º da Lei n. 3.373/1958, após seudivórcio, voltou a depender economicamente de seu pai(instituidor da pensão) e, depois do falecimento dele,manteve essa condição ao conviver com sua mãe,

beneficiária da pensão especial. O STF e o STJreconhecem que, na aplicação da Lei n. 3.373/1958, afilha separada, desde que comprovada a dependênciaeconômica em relação ao instituidor do benefício, éequiparada à filha solteira (REsp 1.297.958-DF / i-491).

TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

01. Conflito de competência. Servidor público municipal.Regime celetista. Expressa disposição legal. A Justiça doTrabalho é a competente para processar e julgar asreclamações trabalhistas propostas por servidorespúblicos municipais contratados sob o regime celetistainstituído mediante legislação municipal própria.Acolhido esse entendimento, a Primeira Seção deuprovimento ao agravo regimental para reformar a decisãoatacada, reconhecendo a competência do Juízo da Vara doTrabalho para análise da matéria. No caso dos autos, osservidores públicos municipais foram contratadostemporariamente, com base em legislação municipalespecífica na qual foi determinada a aplicação do regime jurídico da CLT. Desse modo, diante da expressadeterminação legal de que os servidores públicos municipaistêm seu vínculo com o poder público regido pela CLT, ficaafastada a competência da justiça comum para processar e julgar a demanda (AgRg no CC 116.308-SP / i-490).

TRIBUTÁRIO01. Direito intertemporal. Crédito tributário. Novaclassificação. Falências em curso. Como consabido, a Lei n.11.101/2005 e a LC n. 118/2005 alteraram sensivelmente aclassificação dos créditos tributários na falência, deixandoeles de ocupar posição privilegiada em relação aos créditoscom garantia real. Assim, no caso dos autos, a quaestio juriscinge-se à seguinte questão de direito intertemporal: no quetange à classificação dos créditos na falência, aplica-se oart. 186 do CTN (alterado pela LC n. 118/2005) a falências

decretadas sob a égide da anterior Lei de Falências (DL 7.661/1945)? O tribunal a quo reconheceu a naturezprocessual da alteração do codex tributário, fazendaplicá-la de imediato às falências já em curso. Nesscontexto, a Turma entendeu que o marco para incidêncda Lei n. 11.101/2005 é a data da decretação da falênciou seja, da constituição da sociedade empresária com

falida. Consignou-se que a lei em comento (art. 192) deixclaro que, constituída a situação de falido antes da vigêncdo novo estatuto legal a disciplinar a falência, as normas quregerão o concurso serão aquelas constantes no DL 7.661/1945. Assim, visto que, no decreto em questão, crédito tributário tem prevalência, sendo privilegiado erelação ao crédito com garantia real, não há falar esatisfazerem-se os credores com referidas garantias, antede se esgotarem os créditos tributários. Ademais, destacose a natureza material contida na alteração do privilégio dpagamento do crédito tributário, ou seja, na ordem dclassificação dos créditos na falência (novel redação do a186 do CTN, alterado pela LC n. 118/2005). Dessa formnão há confundir a norma que disciplina o privilégio docréditos, ou seja, que lhes agrega certa prerrogativa em fac

de outros, com norma procedimental, cuja aplicação alcanços processos em andamento. Dessarte, com essas, entoutras considerações, a Turma, prosseguindo o julgamentdeu provimento ao recurso, declarando aplicável o DL 7.661/1945 no que tange à classificação dos créditos nfalência, inclusive dos créditos fiscais. REsp 1.096.674-MGRel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado e13/12/2011.

02. ICMS. Depósito administrativo. LevantamentLegitimação subjetiva ativa. Cuida-se, na espécie, dlevantamento de valores depositados administrativamenrelativos à cobrança de ICMS sobre serviços de instalaçãde linhas telefônicas. A Turma, prosseguindo o julgamentpor maioria, deu provimento ao agravo; assim, afastou-se

levantamento do depósito administrativo pela empresa dtelefonia, por se entender que somente o contribuinte dfato (o que suporta efetivamente o ônus financeiro dtributo) é que está legitimado para o pedido de repetiçãde valores indevidamente pagos ao Fisco. In casu, o valdepositado foi repassado para o consumidor final, ou seja, usuário do serviço de telefonia. Assim, apenas o usuário dserviço tem legitimidade subjetiva ativa para requerer levantamento do depósito em função de haver suportado ônus indevido (art. 166 do CTN e Súm. n. 546-STFAdemais, consignou-se que o depósito realizado peempresa de telefonia não diminuiu seu patrimônio, tendo evista que essa quantia foi repassada ao contribuinte, sendque o levantamento pleiteado acabaria por beneficiaindevidamente pessoa que não sofreu o encargcaracterizando enriquecimento ilícito. Outrossim, anotou-sque o recurso especial do estado-membro agravante seoportunamente julgado (AgRg no Ag 1.365.535-MG / i-490)