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CORREIO BANCÁRIO www.bancarios-es.com.br Página 8 O pacote de Temer contra as liberdades individuais Sérgio Cardoso INFORMATIVO DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO ES FILIADO À INTERSINDICAL Nº 958 21/11/2016 A 12/12/2016 Terceirização irrestrita ameaça sobrepujar direitos trabalhistas e extinguir carreiras públicas Páginas 6 e 7 Superávit da Seguridade Social desmente rombo na Previdência Páginas 4 e 5 As ruas gritam “fora Temer” A recente onda de ataque aos di- reitos não passará sem resistên- cia. Toma corpo nas ruas do Espí- rito Santo e do país uma revolta popular que mobiliza trabalhadores e trabalha- doras de diversas categorias, além de estudantes secundaristas e universitá- rios que chacoalham as estruturas de um Estado cada dia mais opressor. O momento requer a organização de todos contra a retirada de direitos, o avanço do neoliberalismo e o predomí- nio do pensamento reacionário que pre- ga o fim das liberdades individuais, a in- tolerância sexista e a volta da ditadura. Por isso, essa edição do Correio Bancário é especial. Trata das ameaças contra o povo trabalhador proferidas pelo governo golpista de Temer e por seus aliados da elite política e econômi- ca. Mas fala também das resistências, porque além de construir nossas trin- cheiras, temos que romper com o silên- cio midiático que dá suporte e acoberta os poderosos, enquanto criminaliza as lutas do povo. O discurso da crise é facilmente disseminado para justificar as medidas de austeridade à população, mas quais medidas são impostas às instituições financeiras, cujos lucros bilionários são construídos com a exploração de nos- so trabalho e a agiotagem dos mais pobres? Que medidas são impostas às grandes poluidoras, que consomem nossos recursos naturais substituindo- -os por devastação? Ou aos políticos imorais que corrompem o sistema polí- tico brasileiro? É preciso conhecer o ajuste fis- cal, sua dimensão e suas consequências para combatê-lo. Não podemos pagar uma conta que não é nossa. Nos encon- tramos na luta. Boa leitura! Onda de indignação com ajuste fiscal, PEC 55 e MP do Ensino Médio cresce com ocupações do movimento estudantil e pressão dos trabalhadores do campo e cidade nas ruas brasileiras PEC 55, MP 746 e ajuste fiscal mobilizam resistência popular contra retirada de direitos Páginas 2 e 3 CB 958 - ESPECIAL CONJUNTURA - NOVEMBRO 2016.indd 1 18/11/2016 18:00:31

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CO

RREI

O

BANCÁRIO

www.bancarios-es.com.brPágina 8

O pacote de Temer contra as liberdades individuais

Sérgio Cardoso

INFORMATIVO DO SINDICATO DOS

BANCÁRIOS DO ESFILIADO À

INTERSINDICAL Nº 958

21/11/2016 A 12/12/2016

Terceirização irrestrita ameaça sobrepujar direitos trabalhistas e extinguir carreiras públicas

Páginas 6 e 7

Superávit da Seguridade Social desmente rombo na Previdência

Páginas 4 e 5

As ruas gritam “fora Temer”A recente onda de ataque aos di-

reitos não passará sem resistên-cia. Toma corpo nas ruas do Espí-

rito Santo e do país uma revolta popular que mobiliza trabalhadores e trabalha-doras de diversas categorias, além de estudantes secundaristas e universitá-rios que chacoalham as estruturas de um Estado cada dia mais opressor.

O momento requer a organização de todos contra a retirada de direitos, o avanço do neoliberalismo e o predomí-nio do pensamento reacionário que pre-ga o fim das liberdades individuais, a in-tolerância sexista e a volta da ditadura.

Por isso, essa edição do Correio Bancário é especial. Trata das ameaças contra o povo trabalhador proferidas pelo governo golpista de Temer e por seus aliados da elite política e econômi-ca. Mas fala também das resistências, porque além de construir nossas trin-

cheiras, temos que romper com o silên-cio midiático que dá suporte e acoberta os poderosos, enquanto criminaliza as lutas do povo.

O discurso da crise é facilmente disseminado para justificar as medidas de austeridade à população, mas quais medidas são impostas às instituições financeiras, cujos lucros bilionários são construídos com a exploração de nos-so trabalho e a agiotagem dos mais pobres? Que medidas são impostas às grandes poluidoras, que consomem nossos recursos naturais substituindo--os por devastação? Ou aos políticos imorais que corrompem o sistema polí-tico brasileiro?

É preciso conhecer o ajuste fis-cal, sua dimensão e suas consequências para combatê-lo. Não podemos pagar uma conta que não é nossa. Nos encon-tramos na luta. Boa leitura!

Onda de indignação com ajuste fiscal, PEC 55 e MP do Ensino Médio cresce com ocupações do movimento estudantil e pressão dos trabalhadores do campo e cidade nas ruas brasileiras

PEC 55, MP 746 e ajuste fiscal mobilizam resistência popular contra retirada de direitos

Páginas 2 e 3

CB 958 - ESPECIAL CONJUNTURA - NOVEMBRO 2016.indd 1 18/11/2016 18:00:31

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www.bancarios-es.com.br

CO

RREI

O

BANCÁRIOInformativo do Sindicato dos Bancários do Espírito SantoRua Wilson Freitas, 93, Centro, Vitória/ES - 29016-340 Tel: (27) 3331-9999 Colatina (3722-2647), Cachoeiro (3522-7975) e Linhares (3371-0092)

Coordenador Geral: Jonas Freire SantanaDiretor de Imprensa: Carlos Pereira de Araújo Editores: Bruna Mesquita Gati - MTb 3049-ES, Elaine Dal Gobbo - MTb 2381-ES, Ludmila Pecine - MTb 2391-ES e Haroldo Ferreira Lima - MTb 2886-ES Estagiária: Júlia ZumerleEditoração: Jorge Luiz R. da Costa MTb 041/96 -ESImpressão: Grafita - Gráfica e EditoraE.mail: [email protected]: 10.000 exemplaresDistribuição gratuita

Fotos: Sérgio Cardoso

Centenas de milhares de brasilei-ros foram às ruas no último dia 11 iniciar o processo de constru-

ção da grande greve geral contra a PEC 55/2016 e o ajuste fiscal impostos pelo governo golpista, mas a imprensa tra-tou de ocultar as imagens da indigna-ção que tomou praças e avenidas.

Em Vitória, mais de cinco mil ca-pixabas disseram ao governador Pau-lo Hartung (PMDB), fiel escudeiro dos golpistas que agora tratam de impor uma agenda de retirada de direitos no Congresso Nacional, que os retrocessos vão ser respondidos com a luta que leva cidadãos às ruas, às ocupações estudantis e às greves de diversas ca-tegorias ao redor do país.

O protesto aconteceu no estado e em outros 20, além do Distrito Federal, de acordo com apuração do Fórum Na-cional da Democratização da Comunica-ção, que monitorou as manifestações e a co-bertura midiática delas ao redor do Brasil.

O ato capixaba reuniu estudantes se-cundaristas e universi-tários, centrais sindicais e entidades de classe, dezenas de categorias profissio-nais e movimentos sociais do campo e da cidade agregados pela Frente Esta-dual em Defesa da Previdência Social, dos Direitos Trabalhistas e do Serviço Público, entre eles o Sindibancários/ES.

“A PEC 55, a MP 746, a reforma da previdência e trabalhista, o PL 4330, da terceirização, e todo o pacote do ajuste

Resistência ao ajuste fiscal toma escolas e ganha as ruas

ATO NO DIA 11

LEVOU MAIS DE 5

MIL CAPIXABAS

ÀS RUAS DE

VITÓRIA CONTRA

O AJUSTE FISCAL

Próximo ato nacional na sexta (25)

Grandes mobilizações volta-rão a ocorrer na próxima sexta (25) de forma coordenada. Em Vitória, o protesto mais uma vez será convo-cado pelas entidades reunidas na Frente Capixaba. “Na data, conta-mos com a participação integral da categoria para marcar nossa posi-ção contra a investida neoliberal e a possibilidade de privatização dos bancos públicos”, explica Carlão.

fiscal, inclusive com a intenção de priva-tizar os bancos públicos, vão continuar sendo combatidos nas ruas de forma uni-ficada. Nossa pauta é legítima e apoia-da de forma indiscriminada pela popu-lação, que sempre disse não nas urnas aos retrocessos agora colocados por um executivo golpista e um Congresso etica-mente deplorável. Vamos continuar nas

ruas, quer a televisão mostre o tamanho da nossa indignação ou não”, explica o diretor do Sindicato Carlos Pe-reira Araújo, o Carlão.

REDES SOCIAIS

Apesar do silenciamento pro-movido pelos veículos hegemônicos, as mobilizações contaram com ampla cobertura de veículsos independentes que precisam ganhar a atenção dos brasileiros, como a Mídia Ninja, os Jor-nalistas Livres, o Intercept Brasil e as agências Pública e Democratize, todas hospedadas nas redes sociais.

Vamos continuar nas ruas, quer a televisão mostre o tamanho da nossa indignação ou não

Carlos Pereira Araújo, o Carlão Diretor do Sindibancários

Com uma mobilização sem pre-cedentes no movimento estudantil ca-pixaba, secundaristas e universitários ocuparam escolas estaduais, Institutos Federais e prédios da Ufes em resis-tência à PEC 55, à MP 746/2016 e ao pacote fiscal. À pauta nacional foram somadas demandas locais que colocam em questão a privatização da educação simbolizada pelo projeto Escola Viva e a necessidade de eleições diretas para a direção das escolas.

Estudantes de mais de 50 escolas participaram do movimento, criminaliza-do pelo governo e o judiciário local com multa para os familiares dos ocupantes e perseguição aos profissionais que fortale-ceram a mobilização secundarista.

#OcupaTudoES mostra resistência capixaba

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Em 2036 a população brasileira terá quase 225 milhões de habitantes.

O número representa um cresci-mento expressivo, de nove por cento, algo em torno de 18 mi-

lhões em 20 anos. Nesse período, o número de idosos e idosas, parcela representativa de usuários do serviço público de saúde, terá dobrado. A pre-visão do Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE) diz muito sobre o golpe contra os direitos constituídos representado pela Proposta de Emenda à Constituição 55/2016, aprovada na Câmara dos Deputados em dois turnos e com votação agendada no Senado para o próximo dia 28. Caso aprovada e sancionada por Temer, como garantir di-reitos básicos à uma população maior e com necessidades mais complexas com o orçamento de 2016, apenas corrigida a inflação?

É impossível, afirma a professo-ra Maria Helena Elpídio Abreu, do Pro-grama de Serviço Social da UFES, “e de pleno conhecimento do governo”. De acordo com a docente, o que o go-verno pretende realizar de forma con-tundente com a PEC é a privatização de direitos constituídos em 1988 que nem sequer foram universalizados.

“Há um passivo de demandas sociais expresso pelas desigualdades sociais, como a pobreza de parcela da população, o analfabetismo e o de de-semprego. Ao substituir valores míni-mos a serem investidos por máximos, com uma régua deturpada, como foi o orçamento de 2016 pelo ajuste fiscal, vamos sucatear até matar por inanição a educação e a saúde do brasileiro”, explica Elpídio Abreu.

A professora aponta como con-sequência direta da aprovação da PEC

a severa intensificação do empobreci-mento entre segmentos sociais mais frágeis com a desqualificação da saú-de e o abandono do projeto de escola pública universal e de qualidade até agora garantido pela Constituição. “A pobreza é altamente lucrativa e inte-ressante para o comércio de serviços. O governo cede ao lobby dos grupos empresariais interessados em controlar a educação e a saúde de forma plena-mente ideologizada”, de acordo com a professora.

MP 746: empobrecimento da experiência educacionalColocada de goela abaixo pelo

governo Temer, a Medida Provisória 746/2016 propõe drástica mudança no escopo do ensino médio sem qual-quer discussão com a sociedade civil. O texto retira do currículo básico sa-

beres imprescindíveis à formação ga-rantida pela Constituição. A proposta também inviabiliza a carreira docente em várias áreas e desconsidera os sa-beres produzidos por elas, seja a so-ciologia ou as artes. “Uma reforma é

necessária, mas algo assim precisa de discussão ampla entre sociedade civil e setores da educação”, explica o pro-fessor da rede estadual capixaba e in-tegrante da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, Swami Cordeiro.

confisca direitosSérgio Cardoso

Segundo boletim da Consul-toria Legislativa do Senado Federal, a PEC 55 é inconstitucional por des-respeitar o parágrafo quarto do Ar-tigo 60 da Constituição Federal, que estabelece os direitos e garantias individuais do cidadão – como saú-de e educação, abordados no texto soberano a partir da delimitação de valores mínimos a serem investidos anualmente, de acordo com a arre-cadação. O relatório jurídico aponta também a inevitabilidade de uma ação direta de inconstitucionalida-de a ser apresentada ao STF caso o texto seja aprovado pelo Senado e publicado pelo Executivo.

PEC 55

BANCÁRIOS COMPÕEM A FRENTE ESTADUAL QUE COMBETE O AJUSTE GOLPISTA

SAÚDE

R$ 295,9 bilhões

EDUCAÇÃO

R$ 377,7 bilhões

OS NÚMEROS

Perdas estimadas entre 2002 e 2015, caso o ajuste tivesse começado a valer naquele ano.

PEC 55 É inconstitucional, segundoespecialistas

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“Défi cit” da Previdência é golpe nos trabalhadores

Fonte: MTPS, STN, RFB, SIAFI e Siga Brasil. Elaboração ANFIP

2011 527.080

2012 595.737

2013 650.996

2014 686.091

*2015 707.117

SEGURIDADE SOCIAL

RECEITAS DESPESASEM BILHÕES DE REAIS

451.322

513.046

574.753

632.198

683.169

Um suposto déficit é o argumento usado pelo governo Temer (PMDB)

e por seus aliados para mudar as regras da aposentadoria dos brasileiros, impondo ainda mais empecilhos para que os traba-lhadores acessem esse direito. No entanto, uma rápida avalia-ção das contas da Previdência é suficiente para desmascarar essa mentira.

De acordo com a Consti-tuição Federal (CF) de 1988, a Previdência Social faz parte da Seguridade Social, junto com as áreas da Saúde e Assistência Social, e não está, portanto, isolada

O mito do déficit da Previdência é facilmente der-rubado com a análise dos da-dos das receitas e despesas da Seguridade Social. De acordo com relatório apresentado pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (ANFIP), a Seguridade Social apresenta superávit ano após ano. So-mente em 2015, sobraram mais de R$ 23 bilhões nos cofres da Seguridade, como destaca o vice-presidente de Assuntos da Seguridade Social da ANFIP, Décio Bruno Lopes.

“A emenda constitucio-nal n° 20 de 1998 vinculou a contribuição sobre para a fo-lha do pagamento exclusiva-mente para o pagamento dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. A partir de então, as informações oficiais de que a Previdência está com rombo compara apenas as contribuições incidentes sobre a folha, e deixa de lado o res-tante das contribuições da Se-

guridade Social. Se tomar por base apenas as contribuições sobre a folha, evidentemente terá uma necessidade de fi-nanciamento. Por isso que o governo fala de um déficit”, explica o auditor.

Outra incoerência do governo ao apresentar os da-dos da Previdência é incluir nas despesas o pagamento dos be-nefícios dos Regimes Próprios de Previdência, por exemplo dos servidores públicos, como se fossem despesas da Seguri-dade Social, mas eles não são.

“Se colocar como recei-tas somente as contribuições sobre a folha e incluir no pa-gamento as despesas dos ser-vidores públicos, dos benefícios da área rural e urbana, não há receita para você comparar as despesas. É nisso que ocorre o tal rombo que todos os meios de comunicação divulgam. No entanto, não há que se falar em rombo na previdência enquanto a Seguridade Social for supera-vitária”, enfatiza Lopes.

com uma única fonte de recurso para

os benefícios previdenciários. O artigo

Além de um rigoroso e inconstitucional pacote de ajuste fiscal, o presidenteilegítimo Michel Temer (PMDB) já articula a reforma da Previdência Social

Seguridade Social é superavitária

195 da CF garante que a Se-guridade Social será financia-da com recursos dos Governos Federal, Estadual e Municipal, além de contribuições do em-pregador, do empregado, dos impostos de Contribuição para o financiamento da Seguridade Social (Cofins) e a Contribuição Social sobre o Lucro (CSL), en-tre outros.

Isso significa que todos esses recursos arrecadados são distribuídos para o pagamento das despesas das três áreas que formam a Seguridade Social: Saúde, Assistência Social e, evi-

dentemente, a Previdência Social.

* 2015, DADOS AINDA PRELIMINARES

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R$

145,1bilhões

Renúnciasprevidenciárias

2011 a 2016

Fonte: MTPS, STN, RFB, SIAFI e Siga Brasil. Elaboração ANFIP

5

Desde a sua concepção, a Previ-dência Social foi cobiçada pela elite econômica do país como

fonte a ser explorada para obtenção de mais lucros, e pelos governos, que sem-pre viram na arrecadação previdenciá-ria a possibilidade de ter mais recursos para outros fins.

Além de o Governo omitir a verdadeira origem da fonte de re-cursos da Previdência Social, o que também não é divulgado são os des-vios históricos de dinheiro da Previ-dência. A construção de Brasília, da ponte Rio-Niterói e a Transamazôni-ca são apenas alguns dos exemplos das grandes obras financiadas com dinheiro dos trabalhadores e que nunca mais voltaram aos cofres da Previdência.

E o uso indevido do dinheiro dos

“Défi cit” da Previdência é golpe nos trabalhadores Além de um rigoroso e inconstitucional pacote de ajuste fiscal, o presidente

ilegítimo Michel Temer (PMDB) já articula a reforma da Previdência Social

O esvaziamento da Previdênciatrabalhadores não parou por aí. A partir da década de 90, teve início uma série de políticas de renúncias fiscais, deso-nerações e desvinculações de receitas pelos sucessivos governos. Se há algum rombo na Previdência, esse foi causado pelo próprio Estado, a serviço dos inte-

resses dos grandes grupos econômicos que dominam o país.

Para se ter uma ideia, somente nos últimos cinco anos, as perdas com a renúncias fiscais somaram 145,1 bi-lhões , sendo que em 2015 foi de mais de R$ 64 bilhões, e em 2016 a previsão é de R$ 56 bilhões.

Todo esse montante de recursos que o governo simplesmente abriu mão foi, portanto, transformado em lucros para os grandes empresários do país, dos setores de rádio, televisão, tecnolo-gia e informação, entre outros. Enquan-to mantém essa “cesta de bondades” para a elite econômica, o governo arro-cha os trabalhadores e quer impor uma reforma que viola os direitos sociais dos brasileiros, com corte de benefícios e imposição de uma idade mínima para aposentadoria.

JUROS E AMORTIZAÇÕES

DA DÍVIDA 42,43%PREVIDÊNCIA

SOCIAL 22,69%

TRANSFERÊNCIAS A ESTADOS E MUNICÍPIOS

8,96%

SAÚDE4,14%

TRABALH

O 2,88

%ED

UCAÇ

ÃO 3

,91%

* OUTROS14,99%

* Recursos destinados para Ciência e Tecnologia , Saneamento, Habitação, Cultura, Transporte, Agricultura, Segurança Pública, Assistência Social, entre outras áreas.

ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO 2015

Dívida Pública consome orçamento da UniãoPagar a dívida pública e fazer o

Brasil voltar a crescer. Esse é o discurso de Temer (PMDB) e seus aliados para impor um rigoroso ajuste fiscal com corte de direitos. Mas, que dívida é essa? Qual a sua origem? Quanto o Brasil pegou emprestado? A quem deve? Essas são perguntas que este e os últimos go-vernos se negam a responder.

Em 2015, o pagamento de ju-ros e amortizações da dívida pública consumiu 42,43% do total do orça-mento do Governo Federal, ou seja, R$ 962.210.391.323,00. Apesar de abocanhar quase 50% dos recursos públicos, a dívida pública segue livre de qualquer auditoria.

Por outro lado, áreas essenciais como saúde, educação amargam par-cos investimentos, de 4,14 % e 3,91% do total do orçamento da União, res-pectivamente. A Previdência Social, tida como deficitária e onerosa para o governo, fica com cerca de apenas

22% do orçamento. Diante desses dados, seriam

mesmo as políticas públicas que estão quebrando o Brasil? Com certeza não. No entanto, o governo Temer e a elite

econômica e política omitem, ou sim-plesmente descartam o real orçamento e tentam a todo custo aprovar a PEC 241 e acelerar a reforma trabalhista e a da Previdência Social.

Todas essas medidas são for-mas de mascarar os gastos públicos e manter uma política econômica de privilégios e enriquecimento ilícito da elite financeira.

“Com a PEC 241, se a arrecada-ção nos próximos anos for melhor, as receitas serão destinadas para o paga-mento de juros da dívida. A justificativa é atrair investimentos, principalmente estrangeiro, mas colocando em execu-ção medidas econômicas de ajuste fis-cal mais rigorosas e nocivas do que as previstas pelo governo Dilma para sair da crise. O que vem são privatizações, terceirização, arrocho salarial e retira-da de direitos, enfatiza a coordenadora da associação Auditoria Cidadã da Dí-vida, Maria Lúcia Fatorelli.

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O PLC 30/15, aprovado na Câmara dos Deputados em 2015 sob o nome de PL 4330, será votado

no Senado na próxima quinta-feira, 24. O projeto regulamenta a terceirização nas atividades-fim, ou seja, naquelas que são inerentes ao objetivo principal de uma empresa.

Caso seja aprovada, a iniciativa significará uma redução drástica da ca-tegoria bancária, já que no setor finan-ceiro as atividades exercidas por caixas, tesoureiros, gerentes e escriturários, por exemplo, poderão ser terceirizadas.

Foi exatamente isso o que acon-teceu no México, onde, em 2012, foi aprovada a Nova Lei Federal do Tra-balho, que incluiu a terceirização nos moldes que querem implantar no Bra-sil. Com a nova lei em vigor, as institui-ções financeiras mexicanas demitiram

os bancários e contrataram empresas terceirizadas.

Todos os trabalhadores mexica-nos foram prejudicados, mas nenhu-ma categoria foi tão impactada como a dos bancários em termos de preca-rização do trabalho. O exemplo mais emblemático é o do Bancomer, que criou uma empresa de mão de obra e transferiu para ela 100% de seus fun-cionários, tornando-se um banco sem bancários.

“O Bancomer não precisou mais cumprir os acordos coletivos de traba-lho negociados e assinados até então, levando os trabalhadores e trabalha-doras a perdas de inúmeros direitos já conquistados. A iniciativa do Bancomer foi seguida por outros bancos e, além da perda de direitos e maior precariza-ção das condições de trabalho, trouxe o

enfraquecimento dos sindicatos. Alguns deles chegaram a desaparecer, dando lugar a entidades sindicais criadas pe-los patrões e donos de empresas que prestam serviços terceirizados”, diz o coordenador geral do Sindicato dos Bancários/ES, Jonas Freire.

DOIS PROJETOS EM DEBATE

No Brasil o Senado terá de de-cidir entre duas visões opostas de ter-ceirização, previstas em propostas que tramitam na Casa. Em contraposição ao PLC 30/15, que permite a terceirização ampla e irrestrita, o senador Randol-fe Rodrigues (Rede/AP) apresentou o Projeto de Lei do Senado (PLS) 339/16, que consagra o entendimento do Tribu-nal Superior do Trabalho (TST) de que a terceirização só poderá ser feita em atividades-meio.

Terceirização será votada no Senado

O Sindibancários já se uniu a várias categorias profissionais em diversas manifestações no Espírito San-to e em Brasília contra a terceirização. Na foto, bancá-rios e bancárias na greve geral de 11 de julho de 2013, que reuniu trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, estudantes e movimentos sociais.

Além de se posicionar contra o PL 4330, hoje PLC 30/2015 e que será votado no Senado, os manifestantes incluíram em sua pauta de reivindicações a realização da auditória da dívida pública, o fim do fator previden-ciário, a reforma agrária, a democratização dos meios de comunicação, entre outros.

A luta contra a terceirização irrestrita não é de hoje

Sérgio Cardoso

PLC 30/2015

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Segundo relatório divulgado pelo Dieese, o lucro líquido dos cinco maiores bancos que atuam no

Brasil somou R$ 29,7 bilhões somente no primeiro semestre deste ano. Apesar da alta lucratividade, os banqueiros in-sistem em ampliar o número de traba-lhadores e trabalhadoras terceirizados no setor bancário e apoiam a terceiriza-ção nas atividades-fim como forma de aumentar ainda mais seus lucros.

A terceirização possibilita aos patrões a redução com gastos relacio-nados à mão de obra, já que terceiriza-dos ganham cerca de 1/3 do salário dos bancários e não usufruem dos mesmos direitos previstos na Convenção Coleti-va da categoria. Isso já acontece, por exemplo, com os correspondentes ban-cários, cujo enquadramento sindical é como comerciários. Mesmo prestando serviços semelhantes ou iguais aos dos bancários, o correspondente, que atua em lotéricas, lojas e mercados, tem condições de trabalho inferiores e não usufrui dos mesmos direitos que a cate-goria bancária.

TENTATIVA DE APROVAÇÃO VIA STF

Foi suspenso o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), mar-cado para o dia 09 de novembro, de uma ação movida pela empresa Ceni-bra que tramita desde 2001. Por meio desse julgamento, o STF permitiria ou não a terceirização nas atividades-fim dessa empresa. A decisão seria em ca-ráter de repercussão geral, ou seja, a sentença dada valeria para todas as outras ações.

“O STF está passando por cima da justiça do Trabalho, que reconhece a súmula 331, que proíbe a terceirização nas atividades-fim. A atitude do STF mostra que o judiciário está atendendo aos interesses dos patrões e do gover-no do Temer, e não dos trabalhadores”, declara o diretor do Sindicato dos Ban-cários/ES, Idelmar Casagrande.

Terceirização nos bancos interessa aos banqueiros

Pesquisa mostra desigualdades entreterceirizados e trabalhadores diretos

A pesquisa Terceirização e DesenvolvimentoUma Conta que não Fecha, realizada pelo

Dieese, mostra a desigualdade existente entre os trabalhadores terceirizados e diretos.

MAIOR JORNADA DE TRABALHOOs trabalhadores terceirizados reali-zam uma jornada de

três horas a mais semanalmente, sem considerar horas extras ou banco de horas realizados, que não são objeto do Ministério do Trabalho, o que mos-tra a limitação das estatísticas ofi ciais brasileiras.

REDUÇÃO DE POSTOSDE TRABALHOSe a jornada dos trabalhadores ter-ceirizados fosse igual a dos con-

tratados diretamente, seriam criados cerca de 882.959 vagas de trabalho a mais. Isso sem considerar hora extra, bancos de horas e o ritmo de trabalho que, como relatado pelos dirigentes sindicais, são maiores e mais intensos entre os terceirizados.

MAIS ROTATIVIDADEHá diferença no tempo de emprego entre tercei-rizados e trabalhadores diretos. Enquanto a per-manência no trabalho

é de 5,8 anos para os trabalhadores diretos, em média, para os terceiros é de 2,7 anos. Esse fato decorre da

alta rotatividade dos terceirizados - 64,4% contra 33% dos diretamente contratados. Isso faz com que o traba-lhador tenha que alternar períodos de trabalho e de desemprego, resultando na falta de condições para organizar e planejar sua vida, inclusive no que diz respeito a projetos pessoais, como formação profi ssional.

MENORESSALÁRIOSA remuneração dos trabalhado-res terceirizados,

segundo a pesquisa, é cerca de 24,7% menor do que a dos contra-tados diretos.

MENORESSALÁRIOS IITentam justificar os baixos salários dos trabalhadores terceirizados com

o argumento de estarem alocados em pequenas empresas e de que elas não têm possibilidadede de pa-gar melhores salários. Porém, 52,6% dos trabalhadores terceirizados tra-balham em empresas com mais de 100 empregados contra 55,2% dos trabalhadores em setores tipicamen-te contratantes, percentuais bastan-te próximos, que desconstroem essa ideia.

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Page 8: INFORMATIVO DO BANCÁRIOS DO ES SINDICATO DOS FILIADO À ... · As ruas gritam “fora Temer” A recente onda de ataque aos di-reitos não passará sem resistên-cia. Toma corpo

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BANCÁRIO

Mala Direta PostalBásica

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... CORREIOS ...

Ainda no período em que foi pre-sidente interino, Temer e sua equipe deixaram evidente que

aquele não seria um governo interes-sado em manter um diálogo honesto com as demandas dos movimentos populares. Ao anunciarem as linhas gerais da nova gestão, todas as refor-mas estavam pautadas em medidas impopulares e que afetariam substan-cialmente as camadas mais pobres da população brasileira.

Ganham fôlego as agendas con-

Medidas impopulares e ataques às liberdades

GOVERNO TEMER

VEJA ALGUNS RETROCESSOS BANCADOS POR TEMER

servadoras e o país vive uma nítida tendência de se dobrar às políticas de direita. A PEC 241 (55 no Senado), a reforma da previdência e o projeto que prevê a terceirização das atividades-fim nas empresas engrossam a lista de pau-tas de retrocessos bancadas por Temer, mas não são as únicas.

Com uma base de aliados no Congresso que dá suporte à aprovação dos projetos do governo golpista, me-didas de austeridade e pautas preju-

diciais aos trabalhadores e às minorias têm grandes chances de serem sancio-nadas com folga. Na formação dos mi-nistérios de Temer, onze siglas partidá-rias compõem a base governamental. Dessa maneira, o governo possui ao seu lado uma maioria esmagadora de deputados e senadores para ratificar qualquer mudança pretendida. Só mes-mo a organização dos trabalhadores e trabalhadoras nas ruas terá força para barrar os retrocessos.

RECUO NO MINHA CASA, MINHA VIDANo dia 16 de maio fo-ram revogadas duas portarias publicadas no Diário Ofi cial nos dias

10 e 12 de maio - pré impeachment - que viabilizavam a construção de 33 mil unidades habitacionais pelo Minha Casa, Minha Vida.

REFORMA DAPREVIDÊNCIAAnunciada como prio-ridade por Temer, a Reforma da Previdên-cia deve aumentar a idade mínima de apo-

sentadoria para 65 anos e igualar a idade en-tre homens e mulheres e entre trabalhadores do campo e da cidade.

MEDIDA PROVISÓRIA 726Com a aprovação da MP 726 (dia 08 de setembro) foi reduzido de 39 para 24

o número de ministérios. Dentre os retro-cessos causados pela MP estão a extinção

do Ministério das Comunicações - com a incorporação de suas atribuições ao novo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações; a restituição da Secreta-ria de Política para as Mulheres ao Ministé-rio da Justiça e Cidadania, que também se tornou responsável por temas relacionados à igualdade racial e aos direitos humanos e a transferência do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), ligado ao Mi-nistério do desenvolvimento Agrário, para o recém-criado Ministério da Educação e Cultura, passando a ser deste ministério a obrigação de determinar as demarcações de terras dos remanescentes das comuni-dades quilombolas.

PEC 241 Aprovada no dia 25 de ou-tubro, a PEC 241 (55 no Senado) prevê o congela-mento em investimentos públicos para os próximos

20 anos. A medida interfere diretamente nas verbas destinadas à saúde e educa-ção, já que os repasses de verbas serão reajustados apenas de acordo com a in-flação.

TERCEIRIZAÇÃOTramita no Senado o PLC 30, que prevê a terceiriza-ção das atividades-fim nas empresas. O projeto autori-

za a precarização do trabalho e enfraque-ce a CLT, liberando inclusive subcontrata-ções infinitas.

PRÉ-SALA aprovação do PL 4567/2016 altera o papel da Petrobras na explora-ção do pré-sal. Além de não ser mais operadora

única, a empresa também não terá direito ao mínimo de 30% da produção.

LICENÇAMATERNIDADEMulheres grávidas deve-rão ter, no mínimo, dez meses de contribuição à Previdência para ter

direito à licença-maternidade. A propos-ta do projeto de lei foi encaminhada pelo governo Temer ao Congresso no dia 7 de novembro.

RECUO NO MINHA CASA, MINHA VIDANo dia 16 de maio fo-ram revogadas duas portarias publicadas no Diário Ofi cial nos dias

Aprovada no dia 25 de ou-tubro, a PEC 241 (55 no Senado) prevê o congela-mento em investimentos

Anunciada como prio-

cia deve aumentar a

PRÉ-SALA aprovação do PL 4567/2016 altera o papel da Petrobras na explora-ção do pré-sal. Além de não ser mais operadora

MEDIDA PROVISÓRIA 726Com a aprovação da MP 726 (dia 08 de setembro) foi reduzido de 39 para 24

TERCEIRIZAÇÃOTramita no Senado o PLC 30, que prevê a terceiriza-ção das atividades-fim nas empresas. O projeto autori-

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