informativo da provincia nov a dez 2014

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Neste novo número do nosso Informativo Provincial começamos traçando um itinerário espiritual, apresentando três chaves para compreendermos melhor a espiritualidade redentorista.

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3Informativo da Província

Sumário.2. Palavra do Editor

4. História e Espiritualidade RedentoristaItinerário espiritual alfonsianoItinerário de devoção: de Creta a Campo Grande

11. Ações PastoraisSantuários de Devoção Popular – Pe. Júlio J. Brustoloni, C.Ss.R.Eis a História – “Cadê a sombrinha?”

17. Nossa História RecuperadaEditora Santuário, uma história mais que centenária – Elisângela Cavalheiro

20. Família RedentoristaOs Redentoristas no Brasil – Uma história de amor e dedicaçãoAmor a Maria, história dos redentoristas em Aparecida

25. Pelas Províncias e Vice-ProvínciasPresença Redentorista no Nordeste do Brasil – Pinceladas históricas

28. Notícias e InformaçõesVibremos, já é festa da Mãe!Entrevista – Pe. Michael Brehl

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1. Palavra do Editor

No dia 21 de outubro de 1894, depois de 27 dias de viagem, aqui desembarcavam os primeiros redentoristas da Missão Bávaro- -Brasileira. Eles assumiriam com bravura o novo campo de missão em terras goianas e paulistas. Sete dias depois, a equipe destinada a Aparecida era recebida calorosamente pelo povo e pelas autoridades, na estação ferroviária. Quase na mesma época, um ano depois, outra turma chegaria para reforçar a missão. Outras turmas viriam, os brasileiros começaram a se formar e, ao longo desses quase 120 anos, centenas de missionários alemães, brasileiros e de outras nacionalidades deram sua vida pela “Copiosa Redenção”.

A missão prosperou e 50 anos depois, no dia 15 de outubro de 1944, era erigida canonicamente a Província de São Paulo. O Pe. Geraldo Pires de Souza foi nomeado o seu primeiro provincial.

A caminhada foi longa, difi culdades existiram, mas sempre contamos com as bênçãos da mãe Aparecida nos caminhos da missão e por isso perseveramos. Hoje, passados tantos anos, é tempo de renovar o vigor, tempo de buscar um novo “encantamento”, para que sejamos fi éis ao nosso carisma fundacional, fi delidade esta que passa necessariamente pelos nossos destinatários.

Neste novo número do nosso Informativo Provincial começamos traçando um itinerário espiritual, apresentando três chaves para

compreendermos melhor a espiritualidade redentorista. Falando ainda de itinerário, mostramos o caminho da devoção ao Perpétuo Socorro, de Creta a Campo Grande. Depois, desfi amos alguns textos que nos mostram a nossa atuação pastoral. Um deles fala de nossa presença nos santuários de devoção popular; contamos um pouco da história centenária da Editora Santuário, falamos das diversas unidades redentoristas existentes no Brasil, com destaque para a presença redentorista no Nordeste, e fechamos com um texto do Pe. Domingos Sávio e com uma entrevista feita com o Pe. Michael Brehl, Superior-Geral da Congregação.

Quando nós escalamos uma alta montanha não o fazemos com pressa, mas vamos passo a passo, até alcançarmos o seu cimo e, lá do alto, descortinamos um vasto horizonte. Assim também se dá com a nossa história centenária. Ela não foi construída do nada, mas feita com calma e determinação. Por isso chegamos aonde chegamos!

Que agora possamos encher nossas vistas com o lindo horizonte que descortinamos, mas que voltemos à planície de nossas vidas, pois ainda existe muito futuro por vir.

Bom proveito e boa leitura!Pe. Inácio Medeiros, C.Ss.R.

[email protected]

Redentoristas,120 anos de Brasil

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Expediente.Capa.

INFoRmAtIVo dA PRoVíNcIAÓrgão da Província Redentorista de São Paulo Edição N. 239, Novembro e Dezembro de 2014

superior ProvincialPe. Luís Rodrigues Batista, C.Ss.R.

coordenador EditorialPe. José Uilson Inácio Soares Junior, C.Ss.R.

EditorPe. José Inácio Medeiros, C.Ss.R.

RevisãoLeila Cristina Dinis FernandesLuana Galvão

design e diagramaçãoHenrique BaltazarPamela Prudente

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6 Informativo da Província6

2. História e Espiritualidade Redentorista

Itinerário espiritual alfonsiano

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Informativo da Província

As famílias carregam consigo as marcas do caminho percorrido pelos seus antepassados. Os filhos e netos podem conhecer o modo como viveram e lutaram seus pais e avós. A história de cada uma delas torna-se motivo de interesse e de honra para as novas gerações. Coisa semelhante sucede com congregações religiosas, como a dos missionários redentoristas.

A inspiração do nosso fundador, a contribuição dos grandes santos, canonizados ou não, que povoaram nossa história desde a modesta comunidade de Scala, na belíssima costa de Amalfi, na Itália, apontam para um itinerário espiritual de imenso valor que até hoje encontra peregrinos interessados em empreendê-lo. O caminho espiritual dos redentoristas não é restrito

a padres e religiosos, mas está aberto a todos os cristãos que querem amar a Jesus Cristo e a proclamar – pela palavra e pelo testemunho – a notícia jubilosa de que sua redenção é abundante, copiosa.

Amalfi é uma pequena cidade italiana da região da Campania, província de Salerno, com cerca de 5.421 habitantes

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7Informativo da Província

JoVENs PoRtuguEsEs, dA comuNIdAdE dE dAmAIA, ENcANtAdos com EssE cAmINHo, PRoduzIRAm umA síNtEsE INtEREssANtE quE Você PodE lER AquI:

A espiritualidade é condição para não sermos figueiras estéreis, cristãos de muita folha e pouco fruto; uma caminhada interior de aprofundamento é a atitude pessoal que constrói o “quarto secreto” dentro do nosso ser, em que o encontro transformador com o Pai acontece e possibilita uma nova densidade a todos os outros encontros, nos quais a nossa vida se vai construindo. Sem o rosto do Deus-Amor, é impossível a espiritualidade cristã. O selo da espiritualidade cristã é sua dimensão de resposta amorosa ao Amor Primeiro de Deus.

A explicação disso está no próprio rosto de Deus revelado em Jesus de Nazaré: Deus é Amor. Então, Deus é, em si mesmo, proposta de Aliança. Se falar no Deus cristão é falar em proposta de Aliança, falar em espiritualidade cristã é falar em resposta de Aliança, resposta à Aliança. Dizer “Espiritualidade” é dizer “SIM”, é dizer namoro, é dizer relação.

O Espírito Santo é a pessoa divina que possibilita a reciprocidade (relação) amorosa entre o Pai e o Filho, foi Ele o possibilitador da nova relação de Deus com a humanidade, em Jesus Cristo. Mas, além disso, é Ele também quem nos habita e nos apela a uma dinâmica relacional de densidade humano-divina (entre o Homem e Deus), ao jeito de Jesus de Nazaré. Assim, Ele é o Cristo, o Redentor do Homem: pelo seu Espírito Santo somos resgatados do pecado para entrarmos na comunhão com Deus. Anunciar Jesus como o Redentor é anunciar o Amor de Deus como iniciativa de reconciliação, esse Amor primeiro, que não tem em conta o nosso pecado. Porque o Amor de Deus é maior que todas as infidelidades do homem.

Por isso, de modo particular, Afonso e os redentoristas dirigem-se aos mais abandonados, anunciando a Boa-Nova do Amor não desistente

“Jesus estremeceu de alegria sob a ação do Espírito Santo e disse: ‘Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado!’” (Lc 10,21).

A espiritualidade alfonsiana é um convite à transformação pessoal, que nos conduz a uma sempre renovada atitude de resposta fiel ao Amor Primeiro revelado em Jesus. Para entendermos melhor as características da espiritualidade vivida e proposta por Afonso, vamos conhecer “os três pilares” em que ele assentava sempre o mais importante da vida e da fidelidade a Cristo. São o Distacco, a Uniformidade com a Vontade de Deus e a Oração.

tRês cHAVEs dA EsPIRItuAlIdAdE AlFoNsIANA

de Deus! A vivência da espiritualidade não é inconsequente no nosso agir e ser no mundo e para o mundo. Porque não se trata de um intimismo alienante, compromete-nos de uma “forma nova” com o real que nos rodeia.

No meio do mundo, todo o cristão tem algumas vocações fundamentais. Destacamos ser sábio. Basta olharmos para Jesus para compreendermos que ser sábio, ao seu jeito, implica inevitavelmente ser profeta, porque saborear a realidade com o paladar de Deus implica provocá-la e transformá-la segundo a vontade de Deus!

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Muitas traduções têm sido feitas desse conceito e quase todas redutoras… Desprendimento, desapego, renúncia, desprezo? Falemos apenas em Amor Absoluto. Este conceito remete-nos para uma atitude de seriedade perante os apelos do amor, no seguimento do Evangelho: “Quem não está comigo, está contra mim” (Mt 12,30); “Seja esta a vossa linguagem: ‘sim, sim’; ‘não, não’. Tudo o que for além disto procede do espírito do mal” (Mt 5,37). Eis o Amor: não aceita demissões, passividade ou meios-termos! Quando Afonso fala do distacco, as expressões que superabundam são Tudo e Todo… São palavras típicas da santidade, que é exatamente, no caminhar do amor, nunca se contentar com o mediano: “amar a Jesus Cristo de todo o coração”; “Jesus Cristo quer todo o nosso amor”; “Senhor, prefi ro-vos a tudo”; “a Vós só quero e nada mais”; “é preciso deixar tudo para ganhar tudo”; “és o meu único amor, Tu só”; “ser todo de Deus”; “deixar tudo para ser todo”… (Prática de Amar Jesus Cristo, cap. XI).

Se queremos compreender esse Amor Absoluto, olhemos para Jesus: “O meu alimento é fazer a vontade de meu Pai” (Jo 4,34). O amor ao Pai, que se manifesta na fi delidade à sua vontade, ocupa lugar central na pessoa de Jesus; o amor a Deus abarca e unifi ca a totalidade da sua existência. Só um Amor absoluto unifi ca a existência humana, porque o Amor ou compromete a totalidade da pessoa, ou não é Amor. Desta característica do distacco, enquanto amor absoluto e unificador, muitas vezes se depreende uma outra característica: dizer distacco é dizer amor exclusivo. Mas amor absoluto e amor exclusivo não são sinônimos: o distacco é, antes, amor inclusivo. “Procurai primeiro as coisas do Alto, e todo o resto vos será dado por acréscimo” (Mt 6,33). O que Jesus diz é o seguinte: submetei a vossa vida e o vosso amor a uma escala gradativa de importância. Nessa linha, falar em distacco é falar em escolher o amor a Deus como primazia, como prioridade.

O distacco não é o centro da vida nem a meta do itinerário espiritual, funciona, no entanto, como um ótimo termômetro do amor a Deus. Quando o amor a Deus é uma primazia, muito se relativiza e secundariza espontaneamente… Quando o amor a Deus está no topo da escala, todas as coisas são usadas e apreciadas no seu devido valor… Quando o amor a Deus nos possui, vivemos na plena liberdade dos fi lhos de Deus, perante tudo e todos… É certo que o amor não obedece a leis matemáticas, mas tem no seu centro uma lógica muito séria de opções, exigências e consequências; e o distacco é uma das linhas mestras dessa lógica que não tem apenas a ver com os outros ou com os bens materiais. Está sobretudo relacionado com o ser mais íntimo da pessoa humana.

O essencial do distacco não se encontra no desapego livre das coisas ou das pessoas, mas na passagem pessoal “do eu ao Tu” de Deus. É este o itinerário do distacco. É um esforço que deve ser assumido conscientemente e apoiado na força de Deus que nos leva a derrotar forças egocêntricas fortíssimas que nos habitam e nos tentam fechar numa espiral de autoenroscamento, em que tudo e todos vivem “em função de mim e apenas à medida das minhas necessidades”. Para Afonso, era isto o mais fundamental do distacco: ser caminhada pascal, êxodo espiritual, de mim e das minhas coisas para Deus e suas coisas.

1. dIstAcco

caminhada pascal, êxodo espiritual, de mim e das minhas coisas para Deus e suas coisas.

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9Informativo da Província 9Informativo da Província

2. uNIFoRmIdAdE com A VoNtAdE dE dEus

Falar de distacco é dizer que o amor secundariza; falar em uniformidade é dizer que o amor me secundariza e ao mesmo tempo me unifi ca. Chegamos, assim, ao ideal do amor: a união com o amado. “Todo o amor aspira sempre e tende à união.” É nesse amor unitivo que tem lugar a uniformidade com a vontade de Deus: amo-o de tal maneira e aspiro tão ardentemente ser com Ele, unir-me com Ele, que estou disposto a aceitar tudo que me permita unir-me mais a Ele, mesmo que seja a maior injustiça ou a maior dor. O meu amor tudo acolherá como mediação de união com o meu Amado.

O importante nesse acolhimento é o motivo: porque isso me permite unir-me mais a Deus. E aqui faz pleno sentido usar a palavra tudo, porque “nada nos separará do amor de Deus” (cf. Rm 8,35), se soubermos acolher tudo como mediação de encontro, de união. Tocamos em algo central: compreendermos qual é a vontade de Deus e de que forma se revela. “Esta é, na verdade, a vontade de Deus a vosso respeito: a vossa santifi cação” (1Ts 4,3). A uniformidade essencial é com esta vontade de Deus: a nossa santifi cação, ou seja, a nossa perfeição no amor. Mas Deus revela-se de forma pessoal, isto é, sempre de maneira nova, original e irrepetível. Além disso, a revelação de Deus nunca acontece em “estado quimicamente puro”, mas sempre através de mediações. Para aceitar a realidade como mediação de cumprimento dessa vontade é que nem sempre estamos despertos… “Tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28) e “nada nos poderá separar do

amor de Deus” (Rm 8,35). Por isso, a concretização prática da uniformidade com a vontade de Deus na nossa vida passa por uma interiorização espiritual da realidade com que nos confrontamos, de modo que cada situação, acontecimento ou encontro sejam interiormente acolhidos como possibilidade de crescimento no amor a Deus e aos irmãos e aí transformados em degrau de santifi cação. Acolhe- -se a realidade como mediação de santifi cação à medida que se saboreia interiormente, que se espiritualiza, que se olha com critérios de essencialidade.

Na nossa vida, podemos catalogar os acontecimentos, encontros ou momentos de dois modos: agradáveis – desagradáveis; positivos – negativos. Ora, ao tratarmos do tema da uniformidade, é fundamental compreendermos que “agradável e positivo” não são sinônimos, bem como não o são “desagradável e negativo”. Viver em uniformidade é saber discernir o positivo do agradável, sabendo que tudo é mediação de crescimento no amor, na medida em que for tomado positivo, e não por ser simplesmente agradável. Além disso, é necessário cultivar uma atitude teologal, isto é, de fé, esperança e amor, que nos capacita tirar, até do desagradável, frutos positivos para a nossa vida. Com efeito, a vida humana pode ser vivida a vários níveis. A

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3. oRAção

Se toda a vida espiritual é a dinâmica de reciprocidade eu-Tu animada pelo Espírito Santo, a oração é o contexto interior privilegiado para o amadurecimento espiritual, já que é por ela que Deus deixa de ser um Ele para ser um Tu. Jesus é o Messias dos encontros, encontros transformadores e profundos, nos quais se cumpria sua missão de revelar o rosto paterno de Deus e atuava o seu amor redentor. Mas o encontro por excelência, no qual todos os outros ganhavam lugar e sentido, era o encontro com o Pai. Com Cristo aprendemos que a oração é o encontro com o Pai que vai moldar todos os outros encontros da nossa vida. Um encontro é sempre um sair de si próprio em direção ao outro. Portanto, é isto a oração ao jeito de Cristo, um sair de si próprio para se colocar em Deus, numa dinâmica de dom e abandono totalmente gratuito e desinteressado, como exige o verdadeiro amor.

A principal originalidade da oração cristã, encontramo-la logo como porta de entrada do modelo de oração que Jesus propôs aos discípulos: Pai (Mt 6,9-13). Mas só compreendemos profundamente a importância dessa originalidade quando Marcos nos diz qual a palavra usada por Jesus para dizer pai: “Abba” (Mc 14,36). Abba e Imma são as primeiras palavrinhas que qualquer bebê judeu aprende a dizer. Correspondem ao nosso papá-mamã que, com tanto agrado, ouvimos os bebês aprenderem e repetirem vezes sem-fi m quando ainda quase não se endireitam sozinhos… Portanto, numa tradução literal, o abba de Jesus signifi ca papai. É exatamente nesta intimidade que Jesus coloca a oração que deve ser feita pelos seus discípulos.

A oração de Cristo não é um formulário recitado a uma divindade sem nome e sem rosto, impessoal e distante, mas um recolhimento íntimo no amor e na confi ança do qual brota a palavra “Abba, Papai”, não aprendida de um devocionário ou decorada pela inteligência, mas emergindo do coração, em que a presença do Pai é uma certeza e o seu amor é acolhido.

espiritualidade cristã conduz-nos a vivê-la ao nível do essencial, daquilo que é realmente importante.

O itinerário espiritual que percorremos exige também esse itinerário que nos faz passar de uma vida ao nível do acidental (exterioridade) ao nível do essencial (interioridade). É aqui que se apoia também a uniformidade com a vontade de Deus (essencial) e as mediações quotidianas nas quais se manifesta (acidental).

Saborear a vida, a história, a realidade, os acontecimentos, ao nível do essencial, é penetrar na própria vida de Deus e caminhar no acidental com critérios de essencialidade, continuidade e infi nitude. É necessário “nascer de novo” (cf. Jo 3,7) para um novo nível de vida, vivida na sua essência, onde encontraremos o porquê e o para que da nossa uniformidade com a vontade de Deus.

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Itinerário de devoção: de Creta a Campo Grande

Um quadro bizantino da Mãe de Jesus, mais precisamente chamado de ícone, pintado no século XIV e do qual se tem notícia de culto desde aquela época, passando por uma forte influência junto ao povo de Roma no século XIX, chega hoje como uma devoção altamente popular na cidade de Campo Grande, no oeste brasileiro, onde se realiza o primeiro Congresso Internacional sobre Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. O encontro conta com a participação de missionários redentoristas representando os cinco continentes onde a devoção está presente.

O espanhol Adelino M. Garcia Paz, em obra conhecida sobre a devoção mariana mostrada no Congresso, relata que o documento histórico mais antigo e substancioso que existe sobre Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é um resumo em italiano e latim, repassado para a posteridade por Francisco M. Torrigio, em 1642. Esse texto era chamado “Tala”, um pedaço de pergaminho ou de outro material que trazia as informações básicas de um ícone ou de uma imagem e era sempre colocado ao lado ou debaixo das peças nas igrejas. Na igreja de São Mateus, entre as basílicas de Santa Maria Maior e de São João de Latrão, em Roma, havia uma “Tala” ao lado do quadro de grande veneração. Nele se dizia que aquele ícone havia sido trazido da ilha de Creta e se tratava de um quadro milagroso da Virgem Maria.

Um ícone é, na verdade, um quadro pintado sobre a madeira, utilizando tintas ou outro material natural, e traz nele sempre uma mensagem teológica, catequética. Os estudiosos esclarecem que o ícone é uma imagem, mas nem toda imagem

é um ícone. Há regras para se fazer e usar um ícone e todas elas estão ligadas à oração. Portanto, o ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é um quadro feito para a oração do cristão. Desde o momento que o artista encerrou a composição de um ícone, passa a ser uma obra para exposição e para ajudar o cristão a rezar.

Santuário do Perpétuo Socorro - Campo Grande MS

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro com Santos Redentoristas

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Apesar de não existirem registros precisos sobre o autor do quadro e da veneração, a partir de sua exposição na ilha de Creta, a fama de ser uma milagrosa imagem da Mãe de Deus sugere que ele era amplamente conhecido e de grande importância na oração daquela que era uma comunidade primitiva que chegou a merecer do Apóstolo Paulo uma atenção especial, quando era levado para Roma como prisioneiro. Garcia Paz considera a possibilidade de o Apóstolo ter ficado um período relativamente longo na ilha, de que ele se preocupava com a igreja daquele lugar e, como prova disso, cita uma passagem da Carta a Tito: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam” (Tt 1,5). Outra evidência bíblica da importância dessa comunidade é a notícia da presença de cretenses no dia de Pentecostes (At 2,11).

O ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, segundo estimam os estudiosos, deve ter permanecido exposto em um lugar de grande presença cristã, por quase um século antes de ser roubado por um comerciante que o levou a Roma. Lá permaneceu como posse da família do comerciante por alguns anos até ser entregue para a igreja dos agostinianos, nas proximidades da Basílica de Santa Maria Maior, onde foi venerado por trezentos anos. O avassalador movimento de dominação, realizado por Napoleão Bonaparte e iniciado em fevereiro de 1798, depois da tomada de Roma, acabou por destruir muitas igrejas e uma

delas foi a de São Mateus. Desse modo, o quadro de Nossa Senhora deixou de ter veneração pública e foi guardado pelos agostinianos num convento perto do Rio Tibre. Ali nas instalações da casa religiosa permaneceu por muitos anos e quase desapareceu.

Os redentoristas chegaram a Roma em 1855 e adquiriram o terreno onde exatamente estava o quadro exposto durante séculos. Eles reconstruíram a igreja, dedicaram o novo templo a Santo Afonso e receberam um jovem romano, Miguel Marchi, que se tornou padre da congregação; e foi justamente ele quem contou a história de veneração do quadro que conheceu quando ainda era criança no convento dos agostinianos. Auxiliados pelo testemunho de Marchi e por vontade do Papa Pio IX, os redentoristas passaram a ser, a partir de 1866, os guardiões do quadro de Nossa Senhora, que volta ao altar da Via Merulana.

Com a missão recebida do pontífice de proclamar as bem- -aventuranças de Maria diante daquele ícone, os redentoristas espalharam a devoção para os quatro cantos da terra. No Brasil, os redentoristas chegam ao final do século XIX, e uma cópia do ícone de Creta chegou, finalmente, às terras do Mato Grosso do Sul, no início do século XX. Campo Grande, a capital do estado, foi escolhida para ser um ambiente propício para se realizar o I Congresso Internacional sobre o significado, a história, a teologia e a espiritualidade desse ícone de Nossa Senhora que atravessou os séculos e mostra, com beleza e simplicidade, Maria, que aponta Jesus, seu filho, o Redentor do mundo. Em Campo Grande também se anuncia um grande movimento mundial para se celebrar, com entusiasmo, em 2016, os 150 anos da entrega do quadro aos redentoristas.

Andor e Procissão - Roma

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13Informativo da Província

Ações Pastorais 3.

Santuários deDevoção Popular

sANtos E sANtAs do PoVo

Os santuários mais importantes e mais antigos do Brasil quase sempre foram instituídos pelo povo e não pelas autoridades da Igreja- -instituição. E os devotos, quando fundaram ou instituíram seus santuários, buscavam criar um lugar sagrado para seu encontro íntimo com Deus. Para isso, procuraram a mediação da Mãe de Deus ou dos santos de sua devoção. Isto é, mais que claro e evidente no surgimento dos santuários dedicados a Nossa Senhora, como o de Aparecida, da Penha, da Abadia e tantos outros títulos da Mãe de Deus, como também os santuários dedicados a Cristo, como o de Bom Jesus, existente na Lapa- BA, Perdões-SP, Iguape, de Tremembé, em São Paulo, Congonhas do Campo-MG e diversos outros. O mesmo pode-se afirmar dos santuários dedicados ao Jesus do Bonfim, em Salvador e em Porto Alegre.

Alguns teólogos gostam de unir este título Bom Jesus ou Senhor do Bonfim à situação de sofrimento do povo e de sua exclusão dos bens da sociedade civil constituída. Deixemos, entretanto, esse enfoque de lado para analisarmos, neste artigo, o surgimento dos santuários como um fenômeno da religiosidade popular que instituiu

Quem imaginaria, afirmou na homilia da missa celebrada em Aparecida o Papa Francisco, que após uma pesca infrutífera o povo criasse esse lugar sagrado onde os brasileiros se encontram como irmãos. E ali buscam seu contato imediato com Deus, renovando sua fé e sua pertença à

os santuários como “lugares sagrados” para seu encontro com Deus e para desabafo de suas ansiedades e sofrimentos, mas principalmente lugares de renovação de sua fé e de pertença a Cristo e sua Igreja.

Igreja do Bonfim - Salvador

Papa Francisco no santuário de Nossa Senhora Aparecida - Aparecida, SP

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14 Informativo da Província

Igreja Católica. Aliás, esta última afirmação já havia sido constatada pelos bispos que chamaram os missionários redentoristas para assumirem a pastoral do Santuário de Aparecida: “O povo brasileiro deve a graça de ter conservado a fé católica à devoção a Nossa Senhora Aparecida”.

Como se pode ver, o objetivo principal da instituição destes santuários foi sempre a busca de Deus por intercessão de sua Mãe, Maria Santíssima, ou de seus santos, com a renovação da fé.

Nós redentoristas temos um exemplo concreto de que não somos nós que criamos um santuário, como aconteceu na cidade de São João da Boa Vista, São Paulo, na década de 1940, onde se construiu uma belíssima igreja em louvor de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro para ser Santuário do Estado de São Paulo. Mas não pegou... Lá uma ou outra vez chegam devotos de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro para fazer suas devoções. Mas, apesar disso, a construção da igreja e a fundação de uma comunidade redentorista tiveram um mérito, pois lá, em 1946, foram instituídas na Província Redentorista de São Paulo as “Novenas Perpétuas”, que ganharam força popular em outras comunidades nossas, especialmente na cidade de Araraquara. São nove os horários das Novenas que se celebram todas as quartas-feiras em nossa igreja da Santa Cruz. E para facilitar a locomoção do povo para a igreja de Santa Cruz, onde se celebram as Novenas, o município chegou a criar uma linha especial de trólebus. Na mesma época, já eram célebres e frequentadíssimas pelo povo as Novenas Perpétuas de Belém do Pará e de Curitiba.

Como podemos ver, foi o povo que instituiu nossos santuários, sempre com o objetivo de favorecer sua pertença a Cristo e à sua Igreja. Na Assembleia dos Bispos do Brasil, realizada em São Paulo, em agosto do ano de 1890, sob a liderança do afamado bispo Dom Macedo Costa, fora decido chamar da Europa Congregações Religiosas de missionários para auxiliar a Igreja no Brasil a se renovar e se atualizar após

dA Fé do PoVo A cENtRos dE EVANgElIzAção

a supressão do Regime do Padroado, que mantivera a Igreja manietada ao poder político, impedindo sua ação missionária. Foi nessa ocasião e com esse objetivo que o bispo de São Paulo, Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, enviou à Europa seu bispo auxiliar, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, para providenciar missionários para São Paulo, especialmente para Aparecida. O bispo de Goiás, Dom Eduardo Duarte da Silva, viajou também para buscar missionários para sua diocese, particularmente para o Santuário do Barro Preto de Trindade.

Em Roma, ambos conseguiram os missionários redentoristas bávaros que vieram para renovar a pastoral dos Santuários de Aparecida-SP e do Divino Pai Eterno, em Trindade, Goiás. A primeira equipe que aqui chegou era de sete padres e seis irmãos leigos.

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15Informativo da Província

E comEçARAm As PEREgRINAçõEs PARA o sANtuáRIo

E começaram as peregrinações, propositalmente uso esse termo em vez do atual romaria. O primitivo dá-nos mais acertadamente o sentido da visita a um Santuário e ainda nos lembra de nossa condição humana de viandantes, dos que caminham para a casa definitiva, a felicidade junto da casa do Pai das Misericórdias que nos criou e que nos recriou novamente em Jesus Cristo para podermos chegar até lá. Estamos, pois, de passagem e em peregrinação. A peregrinação é um modo, uma maneira de viver esta realidade terrena.

Desde eras primitivas e, especialmente, durante a Idade Média, era costume para muitos cristãos fazerem sua caminhada a pé até Roma, para renovar junto dos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo sua fé e sua pertença a Cristo e sua Igreja.

E apresento o exemplo da vida de São Roque. Roque era um jovem rico da cidade de Mont Pelié, na França do século doze. Desejando seguir mais de perto Jesus Cristo, distribuiu seus bens para os pobres, tomou o chapéu e o bastão de viagem e, a pé, pôs- -se a caminho de Roma. Ao chegar, porém, a Aquisgrana, teve que se deter, pois deparou com o terrível surto da peste negra que dizimava milhares de pessoas. Ele que buscava pela fé o Cristo vivo, encontra-o vivente nas pessoas dos empestados. Como havia estudado medicina em sua cidade natal, pôs-se logo a ajudar os pobres doentes. Começou tratando pessoalmente deles e dando normas de higiene para que a peste não se propagasse ainda mais. Só depois desse serviço aos pobres, atendendo o Cristo sofredor, ele retoma o caminho de Roma para se encontrar com o Cristo glorioso de sua fé. Não preciso acrescentar que lá ele renovou sua fé e, com intensidade, a prática das virtudes, iniciando a caminhada do santo popular que hoje conhecemos.

Bom Jesus dos Perdões

Povo - Rampa de Acesso do Santuário em Aparecida

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16 Informativo da Província

Voltando ao nosso tema, afirmamos que, em Aparecida, as peregrinações começaram ainda no Oratório do Itaguaçu, pelo ano de 1732. Antes, porém, as pessoas próximas já procuravam este encontro com Deus, mediante sua Mãe Santíssima, no singelo altar-oratório da casa de Domingos Garcia, situada primeiro no Ribeirão do Sá, recitando e cantando o terço aos sábados. A região estava localizada nas proximidades da atual Santa Casa, e elas continuaram quando ele se mudou para a região chamada Ponte Alta. Conforme os documentos, por seis anos na primeira casa e por nove, na segunda. A região da Ponte Alta estava situada próxima da atual torre da Basílica Nova. É verossímil o topônimo “Ponte Alta”, porque corria ali o ribeirão, depois chamado da Ponte Alta, que hoje está canalizado e passa na Praça das Palmeiras, exatamente debaixo do Auditório Dom Aloísio.

O povo fez desses locais e do primitivo Oratório, depois da pesca infrutífera, como afirmou o Papa Francisco, o lugar onde o povo brasileiro se encontra para buscar o sobrenatural. Foi ali que seus devotos queriam encontrar-se com Deus pela intercessão de sua Mãe, substanciada na pequena Imagem que chamavam carinhosamente de “Minha Nossa Senhora Aparecida”. Mas não é o lugar topográfico de qualquer santuário que, na verdade, importa; é o lugar escolhido pelo povo, onde, mediante a mediação de Cristo, de Maria, sua mãe, ou de seus santos, acontece o encontro íntimo do peregrino com Deus. No caso de Aparecida, seja no Oratório simples e humilde do Itaguaçu, seja na primeira igreja ampla e aconchegante e artística do alto da colina, a partir de 1745, ou na atual majestosa, atraente, também artística e ampla, a partir de 1959, a mediadora desse encontro pessoal é a Mãe Deus, que nas Bodas de Caná intercedeu junto de seu Divino Filho para que acontecesse o primeiro milagre.

Depois que foi construído o Oratório em Itaguaçu pelo filho de Domingos Martins, Atánasio Pedroso, a devoção foi ampliando-se cada vez mais no Estado de São Paulo e Minas Gerais. E a causa externa foi a localização do Oratório, junto da estrada que vinha de São Paulo e seguia para Minas Gerais. Temos como prova dessa expansão a anotação com a qual o Pe. João de Moraes e Aguiar conclui a narrativa do encontro da Imagem do ano de 1757: “A Senhora continua ainda com seus prodígios, acudindo à sua Santa Casa romeiros de partes muito distantes”.

Em seguida, temos o testemunho que o padre jesuíta nos deixou em sua descrição do encontro da Imagem no

Redentoristas com a imagem de Nossa Senhora diante da Matriz Basílica - Aparecida, SP

Santuário Nacional hoje - Aparecida, SP

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17Informativo da Província

relatório da Santa Missão, pregada no povoado de Aparecida, em 1748: “Muitos romeiros afl uem de lugares afastados, pedindo ajuda para suas próprias necessidades”. A mais antiga notícia de romeiros que vinham de mais longe consta num dos processos de casamentos da cidade de Curitiba do ano 1754. Num processo de 1740, consta que estava ausente uma das testemunhas, porque havia viajado em romaria para Aparecida.

Outras datas da extensão da devoção a Nossa Senhora Aparecida são: o alvará de 4 de junho do Bispo de São Paulo, concedendo ao Sr. Antônio José da Silva a licença de construir uma capela dedicada a Nossa Senhora no município de Sorocaba-SP, em 1816; a capela fundada, em 1814, na cidade de Alegrete-RJ; e em 1827 a ereção da capela em louvor de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Passo Fundo- RS.

1Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo, livro de Registros de Casamentos da cidade de Curitiba.

Pe. Júlio J. Brustoloni, C.Ss.R.Comunidade Ir. Bento - Potim, SP

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Basílica de Nossa Senhora da Penha - São Paulo, SP

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18 Informativo da Província

Eis a História “Cadê a sombrinha?”

“Mãe, cadê a sombrinha que a sinhora falô e que eu queria tanto vê? Tava lá, pindurada lá em cima. Eu vi, o pai viu, a vó viu...

Mais por que foi que a sombrinha foi pará lá em cima, conforme a sinhora falô?

A moça veio de um baile de carnavar, fantasiada e com uma sombrinha colorida, virané, viraho... Quis entrá na igreja daquele jeito e o padre não deixô. Pensa que ela si conformô?

De jeito nenhum. Fico rodiano, rodiano a capela. Foi só o padre lerdiá, a moça intrô na igreja... Entrô e foi dançano, dançano até o artar. Chegano no artar a sombrinha escapuliu sozinha,da mão dela e... zupt! Foi pará lá cima. Eu vi com esse zóio que a terra vai cumê...”.

Essa é a história inventada não sei quando nem por quem!

Mas o que é verdade é o que se segue: Eu também vi! Não uma sombrinha, mas um GONFALONE, que explico: Gonfalone tem o formato de um guarda-chuva e as cores de papa: amarelo e branco. É um dos presentes que o papa dava, juntamente com o título de BASÍLICA.

Quando o Papa Pio X concedeu o título de Basílica Menor ao Santuário de Aparecida, em 1908, doou também o Gonfalone, símbolo da Basílica, e o Tintinábulo, duas sinetas que fi cavam

no portal que dá acesso da sacristia para o altar- -mor da Basílica Velha. O tecido do Gonfalone não resistiu ao tempo. Por isso foi retirado do topo do altar e o povo, que nunca soube o que é um GONFALONE, deixou de ver o que supunha ser uma sombrinha carnavalesca. Mas o Tintinábulo está lá, testemunhando a predileção de um papa por Nossa Senhora Aparecida. O mesmo que a declarou Rainha, em 1904.

A palavra basílica signifi ca “sala real”. Era um título concedido pelo imperador Constantino. Hoje, cabe ao papa conceder esse título. Se a igreja agraciada estiver dentro dos limites de Roma, ela será Basílica Maior; se estiver fora de Roma, será Basílica Menor. O Papa João Paulo II concedeu o título de Basílica Menor ao novo Santuário, quando nos visitou, em 1980. Como presente, junto ao título, não nos deu um Gonfalone, mas os mosaicos do Cordeiro e dos Quatro Evangelistas que, hoje, adornam o altar do Santíssimo, em sua Capela.

Acho que é isso que a senhora estava interessada em esclarecer!

Zilda Augusta Ribeiro - Oblata Redentorista

no portal que dá acesso da sacristia para o altar- -mor da Basílica Velha. O tecido do Gonfalone não resistiu ao tempo. Por isso foi retirado do topo do altar e o povo, que nunca soube o que é um GONFALONE, deixou de ver o que supunha ser uma sombrinha carnavalesca. Mas o Tintinábulo está lá, testemunhando

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19Informativo da Província

A Editora Santuário completa agora, em 2014, 114 anos de existência. Uma história centenária que foi construída graças ao pioneirismo e ousadia do missionário redentorista padre Valentim Mooser. O primeiro produto da Editora Santuário foi o Jornal Santuário d’Apparecida, publicado no

Nossa História Recuperada 4.

Editora Santuário,uma história mais que centenária

Fachada antiga da Editora Santuário

Redentoristas e funcionários da “Oficinas Gráficas de Aparecida”

dia 10 de novembro de 1900. O exemplar histórico tinha como proposta ensinar o devoto de Nossa Senhora a praticar o bem.

Rompendo décadas, a Editora Santuário ultrapassou o seu primeiro centenário consolidando- -se como uma marca de referência em livros e subsídios de temas religiosos, no nicho editorial

católico, e solidificando o Jornal Santuário como um veículo de evangelização imprescindível para aqueles que desejam saber notícias da Casa da Mãe Aparecida e de relevância social e religiosa.

Ao completar 114 anos, a Editora e o Jornal Santuário desejam reafirmar sua missão junto ao público católico.

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20 Informativo da Província

EdItoRA E JoRNAl sANtuáRIo: INstRumENtos coNcomItANtEs No tEmPo

O diretor da Editora Santuário, o missionário redentorista padre Marcelo Conceição Araújo, contou, numa entrevista concedida ao Portal A12.com, como a Editora e o Jornal Santuário buscam atualizar sua missão diante dos desafios e complexidades da atualidade.

É muito interessante essa percepção de que a Editora e o Jornal Santuário são dois instrumentos concomitantes no tempo, apresentando uma convergência de missão. Basicamente há três anos, com o processo de autonomia que vínhamos criando para a Editora Ideias & Letras, reafirmamos a missão da Editora Santuário e, por conseguinte, do Jornal, na perspectiva religiosa, voltados especialmente para o público católico.

Em relação à Editora, a atualização se dá no sentido de se trabalhar a linguagem e o modo de apresentação dos conteúdos. De um lado, acompanhar a Igreja em sua evolução, todavia sem corresponder a um mero continuísmo. Entendemos que o trabalho da Editora é um trabalho catequético-reflexivo, que deve abrir perspectivas na reflexão e prática pastorais. Nos próximos anos, investiremos no fortalecimento do segmento catequético e na atualização dos devocionários. Hoje, a mentalidade e a demanda dos cristãos católicos são bem diferentes que há cinco, dez anos. Não podemos manter o mesmo discurso, porque as necessidades e as exigências são outras.

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21Informativo da Província

Por Elisângela Cavalheirowww.a12.com

Ante essa evolução, o Editorial é convidado a se atualizar, a se renovar. Quanto ao Jornal, percebe-se que há uma mentalidade de que esse tipo de instrumento já esteja superado. Claro, ao se manter um mesmo esquema por décadas, vai perceber-se que os interesses e as buscas do público-alvo vão migrando para outros meios. Por isso, temos trabalhado no sentido de atualizar o Jornal Santuário, não só no conteúdo, mas também em sua apresentação e forma de distribuição. Em seu nascimento, o Jornal estava totalmente vinculado à pastoral redentorista no Santuário. Há algumas décadas, o trabalho vem funcionando num misto entre proximidade e distanciamento. No entanto, o Jornal mantém sua missão que corrobora com a pastoral do Santuário. Nos últimos tempos, buscamos estabelecer parceria com o Santuário, realizando a distribuição massiva do Jornal aos romeiros que frequentam Aparecida nos fi ns de semana. Ao mesmo tempo, buscamos tornar o Jornal mais presente, no sentido de ecoar os acontecimentos de Igreja e fatos do cotidiano que interferem na vivência cristã.

No aspecto de agilidade, há também a disponibilização dos conteúdos pelas novas mídias. E claro, é nossa pretensão manter os assinantes, porque ainda que tenhamos mudança no formato do Jornal, manteremos sua missão de ser um instrumento pastoral, que sirva de suporte também às comunidades mais carentes de materiais e de formação pastoral.

Os 114 anos, com toda a história que nos antecedeu, dá-nos autoridade para olharmos o futuro e compreendermos que, mesmo com as limitações do tempo e das pessoas que atuaram na Editora e no Jornal, manteremos nossa perspectiva pastoral, buscando atingir as pessoas e locais mais abandonados e pobres, ansiosos pelo anúncio da abundante redenção trazida por Cristo, Filho da Virgem Maria.

mIssão do JoRNAl sANtuáRIo AcomPANHAR A EVolução dIgItAl

olHANdo o FutuRo

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22 Informativo da Província

Desde 1893/94 os redentoristas estão presentes no Brasil. Durante esses anos, modéstia à parte, puderam fazer muita coisa. Com a ajuda de Deus, é claro, e com a intercessão de Maria, como nunca deixamos de dizer. Em muitos lugares fomos pioneiros da evangelização; já em outros chegamos depois que o campo já estava desbravado. Em algumas coisas fomos inovadores, em outras fomos um pouco medrosos, aliás, como qualquer grupo que se preze.

O primeiro grupo de redentoristas, vindos da Holanda, fundou a primeira comunidade em Juiz de Fora (MG), no dia 26 de abril de 1894. Outro grupo veio da Alemanha, Baviera, e começou a primeira comunidade em Aparecida (SP), no dia 28 de outubro de 1894, e a primeira comunidade no bairro Campininhas de Goiás (hoje Goiânia), no dia 12 de dezembro de 1894.

Depois foram chegando os outros: norte- -americanos para o Paraná, Mato Grosso do Sul

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5. Família Redentorista

Os Redentoristas no BrasilUma história de amor e dedicação

(1930) e para a Amazônia (1943); irlandeses para o Tocantins e o Ceará (1958 e 1962); os belgas para o Sergipe (1963); os canadenses para a Bahia (1965); os poloneses para a Bahia (1972).

Só por isso já se pode ver que os redentoristas no Brasil são internacionais, gente de muitas culturas e de diversas tradições, mas que aos poucos foram pegando o jeito brasileiro de ser, mesmo que às vezes com um pouco de sotaque. Mas são todos redentoristas, tendo todos o mesmo jeito de viver e a mesma mensagem para anunciar.

Somos agora mais ou menos 600 homens plenamente ligados à Congregação do Santíssimo Redentor (este é o nome oficial, muitas vezes abreviado como C.Ss.R.), padres, diáconos e leigos. Há, porém, um número muito maior de redentoristas em formação, fazendo o noviciado e as faculdades de filosofia, teologia ou de outras especializações. E mais ainda: temos ao nosso redor um grupo crescente de leigos, homens e

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23Informativo da Província

mulheres, que cada vez mais estão integrando--se em nossa vida e em nossa evangelização. Somos uma família bastante grande e muito variada.

A Congregação Redentorista divide--se em regiões e sub-regiões, chamadas de Província ou Vice-Província (quando ainda não plenamente autossuficiente), que geralmente são denominadas conforme a cidade onde têm sua sede. No Brasil existem cinco Províncias e quatro Vice-Províncias:

Abrange atualmente o Estado de São Paulo e o Triângulo Mineiro. Durante o Capítulo Geral dos Redentoristas em 1894, foi decidido que a Congregação devia assumir novas fundações em terras de missão. Em meados do mesmo ano D. Eduardo da Silva, bispo de Goiás, e D. Joaquim Arcoverde, bispo auxiliar de São Paulo, solicitaram em Roma a vinda de redentoristas para suas dioceses. Em São Paulo, os missionários deveriam assumir o atendimento do Santuário de Nossa Senhora Aparecida; em Goiás, além dos trabalhos em Campininhas e das missões, havia o Santuário do Divino Pai Eterno, na atual Trindade.

A nova fundação foi confiada à Província de Munique, na Alemanha. Sob a direção do Pe. Gebardo Wiggermann, cinco redentoristas chegaram a Aparecida (SP) em 28 de outubro

sEdEs PRoVINcIAIs de 1894. Alguns dias depois partiram de São Paulo os destinados para a fundação em Campininhas (GO), aonde chegaram no dia 12 de dezembro. Também eles, logo que puderam falar um pouco em português, começaram seus trabalhos missionários com todo o ardor.

Atualmente no Estado de São Paulo as comunidades redentoristas estão em São Paulo, Aparecida, Potim, Campinas, Araraquara, São João da Boa Vista, Diadema, Tietê, Sorocaba, Santa Bárbara D’Oeste e Miracatu, entre outras. Trabalham no Santuário de Aparecida, nos Meios de Comunicação, nas Missões Populares, em algumas paróquias e igrejas não paroquiais e existem muitas obras sociais como a que está em Sacramento, MG, e na cidade de Potim, SP.

A Província do Rio de Janeiro começou com o trabalho dos redentoristas holandeses, da Província de Amsterdã, em Juiz de Fora, MG, em 1894. O trabalho missionário da Província inclui os Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro

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24 Informativo da Província

Abrange o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Foi em 1920 que a Vice-Província de São Paulo começou a pregar Missões no Rio Grande do Sul e, nesse mesmo ano, foi iniciada a primeira comunidade redentorista em Cachoeira do Sul. Em 1956 foi criada a Vice-Província, elevada a Província em 1964.

Atualmente, no Rio Grande do Sul, há comunidades redentoristas em Porto Alegre, Viamão e Passo Fundo. Em Santa Catarina, há comunidades redentoristas em Lages. A Província de Porto Alegre mantém ainda uma comunidade missionária em Belém, PA.

Em 1924 foram chamados de volta para a Áustria dois redentoristas da Província de Viena que, desde 1921, estavam tentando uma fundação em Campo Grande (MS), então diocese de Corumbá. Em janeiro de 1930, dois redentoristas da Província de Baltimore (EUA) chegaram a Aquidauana-MS, tomaram posse da paróquia e

A primeira comunidade redentorista surgiu em Campininhas de Goiás (atualmente Goiânia) com a chegada de oito missionários, em 12 de dezembro de 1894. Em 1964 foi criada a Vice-Província de Brasília (DF), que em 1994 passou a ser a Província de Goiás. Nossas comunidades estão em Goiânia, Trindade, Rio Verde, no Estado de Goiás. Em Brasília, Distrito Federal, em Tocantins e no Mato Grosso.

Em dezembro de 1972, redentoristas da Província de Varsóvia (Polônia) assumiram o Santuário do Bom Jesus da Lapa (BA), até então sob os cuidados da Vice-Província de Recife. Em 1993, a missão foi elevada à Vice-Província. Suas comunidades estão em Salvador, Bom Jesus da Lapa e Arraial da Ajuda.

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F.D.

Província de Porto Alegre

Província de Goiás

Vice-Província da BahiaProvíncia de

Campo Grande

deram início à presença estável de redentoristas no Mato Grosso do Sul.

Em 1934 foi feita a primeira fundação no Paraná. Em 1936 foi criada a Vice-Província que, em 1942, teve sua sede transferida para Campo Grande. Em 1971 a sede foi novamente mudada para Curitiba (PR), mantendo, porém, o mesmo nome também depois da elevação à Província em 1990. No Mato Grosso do Sul as comunidades estão em: Campo Grande, Aquidauana, Ponta Porã. No Paraná: Curitiba, Londrina, Paranaguá, Guaratuba e Telêmaco Borba.

Missionários dos iníciosNoviciado de Pindamonhangaba, SP - 1925

e Espírito Santo. Atualmente, os redentoristas desta Província trabalham em paróquias, rádios, santuários, formação de lideranças leigas, bem como pregam algumas Missões Populares ocasionais, conforme a tradição de Santo Afonso e na formação de novos missionários (seminários). Têm comunidades na cidade do Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, Coronel Fabriciano, Campos dos Goytacazes, Curvelo, entre outras.

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25Informativo da Província

Em 1943, os redentoristas da Província de Saint Louis (EUA) começaram uma comunidade em Manaus (AM). Em 1947, começavam a comunidade de Belém (PA), sendo que no mesmo ano foi criada a Vice-Província de Manaus. Posteriormente, a Vice-Província deixou o território do Pará, como também o território do Piauí, restringindo-se ao Amazonas. Em 2013 abriram uma frente missionária em Cruzeiro do Sul-AC e hoje as comunidades estão em Manaus, Coari, Manacapuru e Cruzeiro do Sul.

Em 1951, quando foi criada a Província do Rio de Janeiro, as comunidades redentoristas de Garanhuns (PE) e Juazeiro (BA) formaram a Missão de Garanhuns, dependendo diretamente da Província de Amsterdam (Holanda). Em 1953 foi elevada a Vice-Província de Pernambuco, depois do Recife, cuja sede foi transferida para Recife (PE), em 1959. Em 1996 passou a depender da Província de São Paulo. Suas comunidades atualmente estão em Recife, Garanhuns, no Pernambuco; Campina Grande, na Paraíba, Natal no Rio Grande do Norte, Nossa Senhora Aparecida em Sergipe e Arapiraca em Alagoas.

Em 1957 vieram redentoristas da Província de Dublin, na Irlanda, para começar uma fundação em Pedro Afonso, no norte de Goiás, hoje Estado do Tocantins. Expandiram-se depois para o Piauí e Ceará. Em 1962 foi criada a Vice-Província, que passou a se chamar de Fortaleza, depois da transferência da sede. Atualmente suas comunidades estão em Fortaleza, Teresina, Aracati, no Ceará, contando com comunidade no Estado do Maranhão entre outras.

Em 1963, redentoristas vindos da Bélgica iniciaram uma comunidade em Propriá (SE). Atualmente estão presentes, com apenas um padre. Redentoristas de outras nacionalidades, como portugueses, italianos e canadenses, aqui já gastaram os dias em missões próprias ou integrados a outra unidade.

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Redentoristas de Sergipe e outrasnacionalidades

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Missionários dos inícios

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26 Informativo da Província

“Amigos, essa história começou há muito tempo. Mas já que estão curiosos, vamos contar um pouco mais. Como vocês sabem, a imagem da Mãe Aparecida foi encontrada no ano de 1717, por três pescadores, que primeiro pescaram o corpo e depois a cabeça da imagem da santa. Logo, logo, a história se espalhou e a região do Porto de Itaguaçu começou a ser destino de romarias.

Vocês devem estar se perguntando: e onde entram os missionários redentoristas nessa história? Bom, tudo começou quando o bispo da Diocese de Goiás iniciou o projeto de entregar os santuários brasileiros a Ordens Religiosas. Em viagem à Europa, ele e Dom Joaquim Arcoverde, da diocese de São Paulo, bateram à porta dos redentoristas, isso lá pelos anos de 1894. Por intercessão divina, seriam eles, os missionários de batina preta, a atravessarem o oceano Atlântico para se instalarem em Aparecida.

Amor a MariaHistória dos Redentoristas em Aparecida

Os missionários redentoristas se desdobraram no início, por conta do pouco contingente de padres e irmãos no local e também da difi culdade com a língua portuguesa. Mas logo perceberam que a empreitada daria certo. O zelo daqueles homens para com o povo encantava os que vinham de tão longe para passar um momento com Nossa Senhora Aparecida.

Foi assim, com muito trabalho e oração, que os nossos irmãos redentoristas conseguiram fi rmar os alicerces do maior Santuário Mariano do mundo. E continuam, até os dias de hoje, a propagar o amor a Maria em Aparecida e em tantos outros lugares no Brasil e no mundo.

Esperamos ter conseguido explicar um pouco dessa história. Em breve, voltaremos com mais ‘causos’ dos missionários redentoristas. Viva Nossa Senhora Aparecida!”

Nossos companheiros de missão estão de volta! Afonso e geraldo vão contar um pouco sobre a bonita relação entre os missionários

redentoristas e Nossa senhora Aparecida.

Em parceria, Afonso e Geraldo.

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27Informativo da Província 27Informativo da Província

Pelas Províncias e Vice-Províncias 6.

Presença Redentoristano Nordeste do Brasil - Pinceladas históricas

Depois de estarem presentes e organizados no sul e sudeste do Brasil, desde 1894, chegou a vez de o Nordeste receber a presença dos redentoristas. Isto aconteceu em 1947, com a constituição da primeira comunidade redentorista em Garanhuns. Esta primeira comunidade era formada por quatro missionários holandeses, que já trabalhavam no país, tendo eles vindo de Minas Gerais. Os fundadores foram: Pe. Adriano, Pe. Inácio Fenstra, Joaquim Van Dongem e Miguel Radermacher.

Primeiro viveram alguns anos no seminário Diocesano São José (de 1947 a 1952), depois se mudaram para o convento redentorista (de 1952 a 1970), atual casa de saúde Perpétuo Socorro, e por fi m ocuparam a atual casa da comunidade, a partir de 1970.

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Depois de se estabelecerem no Nordeste, Campina Grande foi a terceira comunidade a ser fundada pelos redentoristas na região. Isto se deu no ano de 1952. O objetivo primeiro da fundação em Campina Grande foi ter uma casa que funcionasse como ponto de partida para a pregação das Santas Missões e onde também se pudesse organizar uma casa de formação, nos níveis ginasial e clássico. Mas junto com esses objetivos veio, também da parte do

Desta casa os redentoristas saíam para atender toda a Paróquia do Arraial e também para os trabalhos das Santas Missões Populares.

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28 Informativo da Província

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Durante as décadas de 70/80, a equipe missionária fixa foi desativada e as missões eram pregadas apenas ocasionalmente. Isso se deu por causa da diminuição do grupo dos redentoristas holandeses e pelas mudanças no apostolado da Igreja. Em 1988 foi constituída em Garanhuns (PE) uma comunidade interprovincial, com a finalidade de pregar missões, trabalhar a pastoral vocacional e acolher, numa casa de formação, os candidatos à vida religiosa.

Com isso, essa equipe missionária, reforçada por um grupo de missionários leigos, voltou a pregar as missões também em Campina Grande. Entre os anos 1992 e 1993 foram missionadas as Paróquias de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e a Paróquia do Boqueirão. Em 1994, a pedido do Pe. José Assírio, então pároco da Paróquia do Sagrado Coração, as suas comunidades também foram evangelizadas.

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bispo diocesano, o desejo de que ser organizasse uma paróquia na periferia oeste da cidade. A nova paróquia, dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, teria uma grande extensão rural e uma parte urbana concentrada ao redor das casas e das fábricas existentes ao lado do açude de Bodocongó. A primeira habitação dos redentoristas começou por São José da Mata, até que se organizasse a sua residência definitiva.

Neste tempo todo se dedicaram muito à pregação das Santas Missões e ao atendimento paroquial. Na década de 70, as missões foram pregadas num outro estilo, chamado de AÇÃO MISSIONÁRIA, mais ao estilo da época, na influência do Concílio Vaticano II. E com a mudança do seminário menor em colégio e depois na Escola Técnica Redentorista, o apostolado passou a ser feito numa nova modalidade. Merece destaque também todo o trabalho desenvolvido pelo PATAC, programa de assistência técnica aplicado às comunidades, trabalho este levado a cabo graças à persistência de Ir. Urbano.

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29Informativo da Província

Mostra a crônica dessa missão que, entre os dias 4 e 21 de agosto de 1994, foram missionadas sete comunidades por uma equipe composta por nove missionários redentoristas, religiosos e leigos.

Apesar da dificuldade de preparação, devido à realidade muito variada da paróquia, as missões atingiram seus objetivos, pois era desejo do pároco, com as missões, dar um novo rumo na caminhada da paróquia. Essa missão veio a se constituir num passo a mais, no amplo relacionamento acontecido entre a Congregação Redentorista e os missionários do Sagrado Coração, desde que os redentoristas se estabeleceram em Campina Grande. Essa amizade e bom relacionamento vêm pelo fato de serem congregações religiosas e por comungarem as mesmas metas e objetivos de trabalho.

Essa presença dos redentoristas em Campina Grande não se restringe apenas à sede da diocese, cidade bem localizada e conceituada no estado e em toda a região, mas se estende também a muitas outras comunidades da diocese que

foram missionadas nestes últimos anos, desde que os redentoristas retomaram a pregação das Santas Missões, com uma equipe estavelmente constituída a partir de 1988.

Mas em 2012, depois de várias incertezas, a equipe foi novamente desativada, estando adormecido o desejo de se ter novamente uma equipe estável para missionar todos os estados do Nordeste.

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30 Informativo da Província

7. Notícias e Informações

Vibremos,já é festa da Mãe!

Nós amamos a vida, que é um dia depois do outro. Mas um fi nal de semana, um domingo, um feriado, uma festa religiosa nós os vivemos de modo mais vibrante.

Intensidade ainda maior vivemos nos tempos de preparação para datas mais signifi cativas. Novena e tríduo de uma festa são já certa antecipação da própria festa. Nesse clima muito especial, eu já estou sentindo-me ao viver este ano de 2014. Esta data é o início do triênio – três anos – de preparação imediata do aniversário da Mãe Aparecida, dos 300 anos da pesca miraculosa de sua Imagem querida no Rio Paraíba do Sul em outubro de 1717.

Vem-me assim agora aquela vontade quase irresistível de já começar a cantar os parabéns para Ela! De já lhe agradecer – é demais esperar

ainda três anos! – seu carinho tão grande por nós, aparecendo, como que nascendo, em sua imagem aqui tão perto de nós! De já lhe agradecer esses centenários de bênçãos, de especiais olhares maternos cuidadosos para com cada um de nós em nossa saúde e também na doença e necessidades que nos visitam! Sim, sem sua presença materna, teríamos naufragado nos mares revoltos da vida!

2017 é vosso aniversário de 300 anos, ó Mãe! E convosco, naquele ano, queremos poder perceber um crescimento também nosso não só em idade, mas igualmente em graça, em vida divina! Queremos nos perceber um pouco mais fi lhos e fi lhas vossos, um pouco mais parecidos

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convosco na fi sionomia, no coração! Mais parecidos com vosso Filho Jesus, com esse Deus que vós possibilitastes tornar-se humano, o Irmão Primogênito de todos e de cada um de nós.

Essa realidade tão íntima, não conseguimos vivê-la só no coração! Transborda para fora de nós! E um dos sonhos que alimentamos para a Mãe Aniversariante é concluir as obras internas de sua Casa, nosso querido Santuário! Esse novo brilho para sua casa será, aliás, sua casa mais bonita onde Ela nos acolherá como peregrinos quando até Ela viermos!

Sonhamos que sua TV Aparecida, sua Rádio, seu A12.com – essa grande rede de comunicação – tenham crescido e assim estejam levando sua voz, sua imagem, sua mensagem de Mãe a sempre mais corações, lares e comunidades! E que com Ela – o que é impossível não acontecer – estejam levando Jesus a muitos mais corações! Que muitos novos irmãos e irmãs tenham chegado a conhecer, a acolher e a viver Jesus a partir de nosso Santuário, de suas atividades pastorais e sociais!

Caríssimo irmão e irmã, você já entrou nesse clima de triênio preparatório? Como seu fi lho ou fi lha, você já está vibrando com o aniversário da Mãe Aparecida, com essa nossa especial data de família?

De um lado, agradecemos-lhe ter vindo somar-se aos peregrinos da

Mãe Aparecida! Agradecemos-lhe ter ingressado nessa grande família que é a Campanha dos Devotos! Agradecemos- -lhe esse seu dedinho mágico – silencioso, despretensioso, escondido, carinhoso – que vai deixando sua marca de afeto para com a Mãe em sua casa, em tudo aquilo que é dela: a TV, a Rádio, o A12.com, as tantas outras obras de seu Santuário!

De outro, deixe-se contagiar sempre mais por essa vibração jubilar! Vibração que parte especialmente do coração de quem aniversaria! Ninguém mais que a Mãe anseia que semelhante data signifi que gratidão ao bom Deus! Que signifi que crescimento, renovação no ardor de sua vida e missão!

Mas compartilhe também de nossa vibração de fi lhos e fi lhas seus! Queremos nossa Mãe sempre mais conhecida e amada! Sempre mais reconhecida em sua missão de Estrela da Evangelização, sempre mais apontando para o Evangelho, para Deus, para o Reino dos Céus a serem sempre mais implantados no coração da humanidade! Em jubilosa antecipação, iniciamos o triênio e já a festa de aniversário da querida Mãe Aparecida!

Pe. Domingos Sávio da Silva, C.Ss.R.Santuário Nacional 31Informativo da Província

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EntrevistaPe. Michael Brehl

O Jornal Santuário conversou com o Superior-Geral da Congregação do Santíssimo Redentor, o missionário redentorista canadense padre Michael Brehl. Padre Michael atendeu a reportagem em passagem por Campo Grande (MS), quando da celebração do Congresso de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Ele falou sobre diversos assuntos, como a reestruturação da Congregação e o importante papel dos missionários brasileiros ante o trabalho de evangelização promovido pelos redentoristas em todo o mundo. O religioso também citou a fundamental participação dos leigos redentoristas nas missões populares, não só rezando, mas principalmente unindo forças com os padres e irmãos para levar a Boa-Nova a muitas comunidades.

Padre michael Brehl – É um grande privilégio ser o Superior-Geral da Congregação, por se tratar de um ato da Conferência de meus confrades redentoristas que me pediram que assumisse esse cargo. Realmente, o suporte, o amor e todo o auxílio que tenho recebido tornaram possível a realização desse trabalho. Sinto-me muito bem pelo fato de meus confrades estarem comigo nessa caminhada.

Padre michael – O processo de reestruturação é lento. Mas como somos uma congregação com membros no mundo todo, isso não é surpresa. Afinal, leva muito tempo para colhermos os frutos desse trabalho. Precisamos reestruturar-nos e estamos trabalhando para isso. Porém, é necessária grande colaboração entre os redentoristas de diferentes países, vindos de diferentes partes do mundo.

“A contribuição do Brasil para a reestruturação da Congregação é imensa, porque são muitos dons e talentos. Uma delas é no campo da teologia...”

Jornal santuário de Aparecida – como é ocupar o mais alto cargo dos redentoristas no mundo?

Js – como corre o processo de reestruturação da congregação Redentorista no mundo?

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Padre michael – É importante dizer que há mais missionários redentoristas brasileiros na Congregação que em qualquer outro país. Há brasileiros trabalhando em diferentes partes do mundo, como Estados Unidos, Roma, Suriname, entre outros países, em missão. A contribuição do Brasil para a reestruturação da Congregação é imensa, porque são muitos dons e talentos. Uma delas é no campo da teologia. Temos muitos brasileiros ensinando teologia, tanto no Brasil como em outros países. Outra contribuição é na área de liturgia e da música. Outro destaque é a área de comunicação, na qual temos exemplos como a Rede Aparecida de Comunicação, o Divino Pai Eterno e emissoras de rádio em Coari, Manaus, Bahia e diferentes províncias redentoristas. Há também os jornais, publicações e livros. Penso que o Brasil está mostrando como proclamar o Evangelho, através de modernas técnicas de comunicação. E isso é muito importante. E, claro, a contribuição à Congregação no trabalho nos santuários. Temos Bom Jesus da Lapa (BA), Aparecida (SP), Divino Pai Eterno (GO) e todos os santuários de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, como Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Belém (PA), Manaus (AM), Teresina (PI) e Fortaleza (CE). Provavelmente esqueci algum e peço

Padre michael – Os santuários têm várias funções especiais. A primeira é ser um ponto de reunião de pessoas de diferentes paróquias e de diferentes partes de um país a se unir em orações e em devoção. São pontos de encontro que vão além da paróquia ou da diocese e nos fazem lembrar de que pertencemos a uma grande Igreja. Os santuários marianos têm um papel especial, porque a mãe é sempre mais feliz ao reunir seus filhos, de todos os lugares. O santuário promove isso também. Nas regiões onde as pessoas não vão à Igreja todos os domingos, elas ainda vão aos santuários para praticar sua espiritualidade. Na Europa, por exemplo, onde as pessoas estão mais secularizadas, os santuários como Lourdes continuam a receber muita gente.

Js – que contribuição o Brasil tem dado a essa reestruturação?

Js – como avalia o papel dos santuários, de modo geral, na propagação da devoção mariana?

desculpas se isso ocorreu. Temos ainda uma rica variedade de ministérios, devoções, teólogos e comunicadores. E, em todos esses aspectos, os redentoristas no Brasil contribuem. Não posso esquecer-me dos missionários leigos que trabalham junto com os religiosos nas missões, não apenas rezando como irmãos, mas também ajudando a evangelizar.

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Padre michael – A história de Aparecida é muito especial. No passado, três pobres pescadores encontraram a imagem de Nossa Senhora. A devoção é muito forte e, por 300 anos, os fiéis têm ido a Aparecida. O santuário atrai grande devoção e pessoas de todos os cantos do Brasil e do mundo. Aparecida vai celebrar 300 anos de graças. E a mensagem de Aparecida é muito simples: é o sinal do que Deus pode fazer por amor ao seu povo. Já Fátima veio em um momento muito crítico na história da Igreja da Europa. Um tempo de guerra, violência e desespero. Um tempo em que o comunismo nasceu, as pessoas negaram a fé e ocorreram assassinatos em massa. Maria veio como um sinal de que isso não era a vontade do povo de Deus. Cada santuário tem uma mensagem. Em cada aparição, Maria vem para trazer uma mensagem de Deus, a fim de nos lembrar do grande valor de ser cristão. Comemorar essas datas é uma chance de lembrar a mensagem essencial que Maria nos traz. Ela está sempre por perto para nos ajudar. E, para nós, povo de Deus, é sempre bom saber que há alguém ao nosso lado.

Js – Em 2017, os santuários de Aparecida e Fátima vão fazer uma comemoração conjunta. qual sua opinião sobre isso?

Fonte: Jornal SantuárioDeniele Simões

“Cada santuário tem uma mensagem. Em cada aparição, Maria vem para trazer uma mensagem de Deus, a fim de nos lembrar do grande valor de ser cristão.”

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