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artesanal Como é feita a Cerveja Artesanal Novos profissionais da química na área da beleza CRQ-V inaugura delegacia regional em Pelotas Mercado Especial Institucional Informativo do Conselho Regional de Química Jul-Ago-Set de 2012 | Ano XVI | N° 126

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Informativo CRQ-V

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artesanal

Como é feita a Cerveja ArtesanalNovos profissionais da química na área da beleza

CRQ-V inaugura delegacia regional em Pelotas

Mercado Especial Institucional

Informativo do Conselho Regional de QuímicaJul-Ago-Set de 2012 | Ano XVI | N° 126

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04 Mercado Novos profissionais da Química na área da beleza 06 Especial Cerveja Artesanal10 Perfil Josef Kumpfmueller 11 Institucional CRQ-V inaugura delegacia em Pelotas11 Agenda

INFORMATIVO CRQ-V AV. ITAQUI, 45 - CEP 90460-140 PORTO ALEGRE/RSFONE/FAX: 51-3330 5659 WWW.CRQV.ORG.BR

Nesta edição do Informativo investigamos como se dá o processo de fabricação da cerveja artesanal. A bebida, que atualmente agrada o paladar de várias classes sociais, requer um processo de fabricação complexo, que envolve a química desde o preparo mais básico. Conversamos com fabricantes e sommeliers para entender melhor o processo. Durante essa busca, nos deparamos com o químico industrial Thiago Santos, que conquistou o prêmio Projeto Inovador da Ulbra a partir de estudos sobre a cerveja artesanal. O projeto mostra a importância de transformarmos o conhecimento acadêmico em ideias que possam ser colocadas em prática.

Também trazemos uma notícia de extrema importância para os químicos do Estado: no final do mês de outubro o CRQ-V inaugurará mais uma delegacia no interior de Estado. Dessa vez, a iniciativa, que será em Pelotas, já começa em grande estilo: durante a Feira do Livro de Pelotas (www.feiradolivrodepelotas.com.br). De 31/10 até 18/11, o conselheiro Sérgio Pereira estará comandando o estande montado pelo CRQ-V, para marcar a inauguração. Lá, as questões mais diversas poderão ser resolvidas. Boa leitura!

PresidentePaulo Roberto Bello FallavenaVice-presidente:Estevão SegallaSecretárioRenato EvangelistaTesoureiroRicardo Noll

Assessoria de Comunicação do CRQ-V [email protected] resp.: Vanessa Valiati Mtb 13018 Edição de arteAssecom/CRQ-VDiagramaçãoCamila BesestilRedaçãoCarolina ReckTiragem3.000ImpressãoGráfica Ideograf

Você pode fazer download gratuito do livro no site http://www.ameninadovale.com

A Menina do ValeComo o empreendedorismo pode

mudar sua vida.

No livro, a empreendedora Bel Pesce relata como foi a sua jornada e conta casos de empreendedores de sucesso que conseguiram mudar suas vidas. A autora, que estudou no Massachussetts Institute of Technology (MIT) e trabalhou no Google e Microsoft e hoje vive no Vale do Silício, defende que todas as pessoas têm o poder de alcançar os seus objetivos.

Dica de site

Cursos do MIT e Havard em português e gratuitosInaugurado em maio deste ano, o Veduca (http://www.veduca.com.br) é um site que pretende democratizar o conhecimento. O site reúne vídeo-aulas de universidades renomadas, como Harvard e Massaschusetts Institut of Technology (MIT) e, mais recentemente, a Universidade de São Paulo (USP).

A tradução do material se sustenta na ideia de que todos devem e podem ter acesso ao site. Hoje, das mais de 5 mil aulas disponíveis no site, 250 já possuem o recurso. Até o fim do ano a intenção da equipe é traduzir mais 1.500 vídeos. O cadastro no site é feito de forma simples, e o participante não apenas assiste às aulas, como também pode ajudar na complementação de materiais ou ser voluntário colocando legendas nos vídeos.

Expediente

Índice Editorial

Números do Conselho

Dica de Livro

DOCS JUL AGO Total

AFTs Emitidas

684 594 1278

Registros Definitivos

84 102 186

Registros Provisórios

11 109 120

Certidões 9 9 18

Processos Analisados

225 377 602

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Projeto de cientistas da USP é financiado por vaquinha virtual

Buscando uma maneira de arrecadar dinheiro para concorrer em uma das maiores competições de biologia sintética do mundo, um grupo de pesquisadores da USP encontrou a resolução em ferramenta da internet: o crowdfunding.

Traduzido para o português como Financiamento Colaborativo ou Coletivo, o crowdfunding se baseia em obter capital para atividades de interesse coletivo. É como uma “rifa” na web. Muitas vezes utilizado para arrecadar fundos para atividades culturais, campanhas políticas, pequenos negócios e até mesmo financiar artistas, tem seu espaço garantido no futuro.

Visando competir na iGEM (Competição Internacional de Máquinas Geneticamente Modificadas), a equipe da USP usou do serviço de ”vaquinha” online. O resultado rendeu foi além do esperado. Em pouco mais de um mês, a arrecadação chegou a US$ 3.000 para custear a inscrição da equipe.

Conforme o depoimento

do professor do Instituto de Química e líder da equipe brasileira na competição, Carlos Hotta, a maior inspiração para fazer parte do crowdfunding foi o desespero. ”Não conseguimos dinheiro com empresas. Tivemos que buscar alternativas”, revela.

Utilizar o crowdfunding também possibilitou lidar com problemas burocráticos. O grupo usou o site RocketHub, que mesmo não sendo exclusivo para a ciência, contém vários projetos na área. Na segunda semana a equipe da USP lançou um vídeo explicativo na rede, conquistando a credibilidade de quem pretendia investir no projeto. O próprio site recomenda que o quesito vídeo de apresentação é um dos trunfos de quem busca financiamento.

Mesmo com o sucesso da iniciativa, o grupo ainda precisa de dinheiro para pagar as passagens e a estadia das pessoas que irão participar da competição.

Ideias como o crowdfunding não param de se difundir pelo mundo. A ferramenta é uma possibilidade de influenciar estudos e avanços tecnológicos, tirando boas ideias do papel e as tornando reais.

Mais informações podem ser obtidas em: www.ecocell.com.br ou pelo telefone (53)3228 7929

Assista o vídeo: www.youtu.be/t2eJOhvC4gg

Confira o site: www.rockethub.com

O Baroxímetro, desenvolvido pela Ecocell – Projetos e Consultoria Ambiental, com sede em Pelotas, RS, tem como função calcular a toxidade em efluentes. É um respirômetro portátil, fácil de usar e preciso. Além disso, sua praticidade possibilita que um resultado seja obtido em apenas 10 minutos depois de ser utilizado. Em relação a outros métodos para medir a toxidade, é o mais

econômico e também confiável.

Pode ser aplicado em diversos casos, como: Avaliação direta da toxidade em efluentes tratados, auxílio na tomada de decisões para a redução da toxidade, verificação e performance de sistemas biológicos de tratamento. Seu uso pode ocorrer tanto em laboratórios como em ensaios em campo.

Empresa desenvolve aparelho para ensaios de toxicidade em efluentes.

Divulgação

Divulgação

Academia

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Mercado

Ser um profissional da área da beleza vai além de apenas cuidar do visual alheio. Por trás do método existe a teoria. Essa é a

visão do técnico de Imagem Pessoal da Fórmula- Escola de Educação Profissional. Baseado em uma instrução diferenciada, voltada para a química e a cosmética, o curso tem duração de 18 meses e surgiu em 2010, por demanda dos profissionais da área de salões de beleza. O currículo do curso de Imagem Pessoal inclui disciplinas como biologia do cabelo, química dos cosméticos, toxicologia, microbiologia e psicologia. A amplitude dos conhecimentos se dá pela busca de um especialista intelectualmente melhor equipado para encarar as dificuldades e exigências do mercado de trabalho. “Optamos, dentro das possibilidades que o MEC estabelece, pelo título de técnico em imagem pessoal porque abrange também o campo da saúde, além da química, e assim, possibilita um alcance maior de opções”, explica Thayse Goetze, fonoaudióloga pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFSCPA) e educadora da Escola Fórmula.Um dos focos diferenciados é o ensinamento de visagismo – a arte de criar uma identidade visual e estilo pessoal de acordo com o principal teórico da especialidade, Philip Hallawell. Com professores e doutores de formações distintas, o curso oferece desde química

básica (para se compreender o conteúdo de um produto), até essa questão de como captar e ler um cliente, oferecendo a ele o visual que lhe convém melhor. A aluna e cabeleireira Carla Ruvinski, 28 anos, que o diga. Interessada por cosméticos e fórmulas desde pequena, quando tomou conhecimento do curso logo se matriculou. Ela afirma que conseguir avaliar cada ingrediente e não ser mais enganada pelos fornecedores, que batem na sua porta diariamente, são vitórias que o curso garantiu. Além disso, Carla completa que os novos saberes vieram a calhar no seu cotidiano profissional, pois se tornou mais crítica em relação aos produtos que recebe e compra, além de que agora sabe buscar por produtos de melhor qualidade. Ela enfatiza a importância de fazer parte de um curso como esse para sua carreira, alegando que os conhecimentos químicos são essenciais para ser um profissional qualificado na área. ”A química é tudo. Porque uma formulação errada, mal feita ou algum insumo trocado na hora de manipulação podem trazer grandes estragos e danos ao consumidor e à indústria”, enfatiza.Para Adriana Antuner Bonczynski, 45 anos, também cabeleireira, o curso abriu um novo caminho: a inserção no mercado industrial. Ao procurar por algo diferente no segmento de cabelos, Adriana resolveu fazer o técnico da Fórmula. ”O curso me permite atuar na função técnica,

como profissional diferenciada, na manufatura e comércio de produtos cosméticos. É possível, ainda, prestar consultoria à salões de beleza e atuar como visagista”, ela descreve.Contente com a nova formação, a esteticista assegura que fazer cosmética decifrando química pode ser muito recompensador. Claro que esse caminho não foi fácil, muitos obstáculos tiveram de ser removidos para que ela alcançasse o seu ideal. ”É um curso novo na área, o público é pequeno, as colegas, da mesma forma que eu, fazem um grande esforço para não desistir e estão aqui em busca de conhecimento”, conta. Com Alzira Lima Lopes, 55 anos, cabeleireira, não foi diferente. Cortando e pintando cabelos há 23 anos, ela sentiu que a experiência que tinha não era suficiente para crescer. “Sou perfeccionista, o que para uns é demais para mim não é. Amo o que faço e estou sempre a procura de respostas”, diz.Alzira enfatiza: “Tudo que aprendi no curso já coloquei na pratica dentro do meu salão. Pretendo até formular uma linha própria de cosméticos.”Além de poder criar novos cremes e concentrados, o curso também proporciona mais autoconfiança. Aulas sobre normas de higiene e segurança do trabalho tornam os estudantes profissionais capacitados e com maior desenvoltura.

Mais informações no site www.escolaformula.com.br ou pelo telefone (51) 3072-6508.

Novos profissionais da química na área da beleza

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Um dos locais mais comuns de se encontrar química diariamente são os salões de beleza. Apesar de parecer muito simples, cada processo realizado por profissionais da área necessita cuidados específicos, por isso o conhecimento químico pode ser o futuro certo para muitos salões.

Partilhando dessa opinião, o cabeleireiro e presidente do sindicato da área da beleza, Marcello Chiodo, foi um dos responsáveis por mudanças no setor da estética. Chiodo regulamentou a lei que impõe

regras trabalhistas e de higiene para os cabeleireiros. Preocupado com a saúde de seus clientes, ele também implementou a lei que exige o uso de auto-clave e não de apenas estufas para o processo de esterilização. ”Com auto-clave o processo de esterilização dura uma hora, é mais seguro e estimula os salões a usarem mais instrumentos descartáveis e se preocupar com a hepatite e outras doenças que podem ser transmitidas nos salões”, relata.

Com 25 anos de trabalho na área, Chiodo também é responsável por estimular o Curso Técnico em Imagem Pessoal - Química e Cosmética. Revela a importância de alguém dotado de conhecimentos químicos em um salão de beleza. ”Acredito que futuramente todo salão vai exigir alguém com curso ou especialização em química. É uma melhora considerável no atendimento, passa credibilidade para os clientes sem contar a relevância de saber que produtos são adequados, quais suas fórmulas e como aplicá-los sem prejudicar pessoas alérgicas, por exemplo”, revela o cabeleireiro.

Segundo o profissional, a inspiração em lutar pela valorização e profissionalização da sua área

tem influências da filha, que faz o curso Técnico em Imagem Pessoal - Química e Cosmética. ”Ela começou fazendo o curso, gostou tanto que passou a fazer faculdade de química e futuramente vai usar seus conhecimentos para auxiliar aqui no salão. É muito gratificante saber que vou trabalhar com ela um dia e ver o interesse dela no que faz”, comenta Chiodo.

Conta também que depois de realizar o curso, o profissional tem muitas chances no mercado. Os estudos de química valorizam o trabalho e também o atendimento que vai ser disponibilizado para seus clientes. Muitos profissionais pensam em abrir seu próprio empreendimento ou até mesmo em produzir tinturas e produtos, e com conhecimentos sobre química esse é um avanço significativo para suas vidas profissionais, é o diferencial que todo salão procura ao contratar alguém.

”Meu sonho é que todo profissional da beleza seja reconhecido pela qualidade de seu trabalho, por isso luto por melhoras no nosso setor”, explana o cabeleireiro. Quanto ao curso, Chiodo não deixa de ressaltar o impacto positivo que ele terá no futuro.

Cabelereiro luta por melhorias no setor

“Acredito que futuramente todo salão vai exigir alguém com curso ou especialização em química.”

De acordo com a Portaria nº 010/2012, todos os estabelecimentos de prestação de serviços da química cosmética receberão um selo de qualidade quando apresentarem em seu quadro funcional um químico da área cosmética. A medida foi tomada pela diretoria do Conselho Regional de Química, buscando favorecer o atendimento e a qualidade de instituições como salões de beleza e afins. Visa também salvaguardar

a saúde dos clientes e profissionais da área pelo uso adequado de equipamentos, insumos e produtos químicos em geral. O selo de qualidade será concedido ao salão que contar com um profissional da química regularmente registrado no CRQ-V. A validade do selo será de um ano e apenas será renovada após a comprovação da presença do profissional da área química no salão.

Salões terão selo de qualidade

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Mercado

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As cervejas artesanais fazem parte de um ramo do mercado em forte crescimento no Brasil. Com seu gosto elaborado e produzidas de uma forma especial, se tornaram um verdadeiro agrado para o paladar de seus apreciadores. São aquelas que fazem a produção se tornar um processo complexo e repleto de cuidados. Dos ingredientes básicos, passando pela receita de preparo e chegando até aos conservantes finais, a cerveja artesanal alcança diferentes resultados para os mais diversos degustadores.

Produzindo a cervejaA produção da cerveja artesanal consiste

em uma série de passos até o resultado final. Todos devem ser bem elaborados e necessitam paciência e atenção. Tudo começa com a vontade de fazer cerveja, revela o cervejeiro Mauricio Gutierres. Com apenas 21 anos, o jovem largou a faculdade de publicidade pelo amor às cervejas artesanais. “Meu curso não era exatamente o que eu procurava. A primeira instância a família achou que eu era louco. Mas depois que eu mostrei as opções de trabalho e a felicidade que eu teria em trabalhar na área cervejeira, compreenderam minha decisão”, conta. Após largar a faculdade, fez cursos básicos em Porto Alegre e em seguida foi para o Rio de Janeiro, onde fez um curso de tecnologia cervejeira. Seus planos futuros envolvem uma ida para São José dos Campos e outro curso, o de Sommelier de cervejas.

Gutierres ressalta que cada passo até o processo final é essencial e necessita instrumentos específicos. Para ele, o que define a boa qualidade da bebida vai além de matéria prima, fonte de água, equipamentos, viabilidade da levedura e formulações da receita. ”Amor e dedicação fazem a boa cerveja”, brinca, revelando que tendo isso todas as outras etapas ocorrem naturalmente.

A primeira etapa é a elaboração da receita, que pode ser livre ou seguir diretrizes de estilo. Atualmente existem softwares desenvolvidos para ajustes na fórmula da produção, que antecipam informações que contribuirão no controle de qualidade do processo cervejeiro.

O segundo passo é a limpeza e sanatização de todos os equipamentos e instrumentos utilizados durante o processo de produção da cerveja (brassagem). Após a limpeza, ocorre a terceira etapa, que é a moagem do malte (quando o cereal maltado passa pelo moinho e é triturado). Aqui, os grãos são quebrados e expõe o amido contido em seu interior, que será convertido em açucares fermentáveis durante a mosturação pela ação de enzimas presentes na casca do malte.

Depois, é feita a mosturação, que consiste na mistura do malte moído com a água para que o amido e as proteínas presentes nos grãos sejam convertidos em componentes menores e solúveis em água. Nessa fase que o cervejeiro

Especial

Etapas

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confere as características que a cerveja vai adotar e também explora o que se deseja para o resultado final. No início da mostura ocorre a ativação enzimática, onde o amido começa a se solubilizar e as enzimas que se encontram no malte entram em solução. Esta solução, quando em repouso de sacarificação (60° a 65°C), gera os açúcares fermentescíveis, que futuramente servirão como alimento para as leveduras. Depois do repouso, chega a hora da inativação enzimática (entre os 76° e 78°C).

A etapa cinco consiste no procedimento de clarificação (filtragem), onde o líquido é separado do bagaço. A filtragem geralmente é realizada com o auxílio de uma tina (panela de fundo falso). O líquido passa pelas ranhuras do fundo falso e através de uma válvula de vazão

(torneira) vai para outra tina, a de fervura. Durante este processo é necessária muita paciência, pois a clarificação deve ser feita lentamente para evitar ao máximo o arraste de sólidos não solubilizados (polifenóis). Depois da primeira clarificação despejamos mais água sobre o bagaço do malte (ainda contido na tina de clarificação) e fazemos o que chamamos de lavagem, com o intuito de aproveitar todo extrato ainda contido no

malte.Depois da clarificação,

acontece a fervura, que dura de 60 a 90 minutos. Nessa fase é necessário manter uma temperatura alta e intensa, possibilitando

que o mosto seja esterilizado e que os micro-organismos que poderiam concorrer com a levedura no processo de fermentação sejam eliminados. De acordo com a Sommelier Aline Bernd, nesta etapa também ocorre a adição de lúpulo, que se dá normalmente em duas etapas: A primeira, no inicio da fervura, que confere amargor à cerveja. E a segunda, no final da fervura, que confere aromas florais, herbais e condimentados dependendo do tipo de lúpulo utilizado.

O próximo passo é pegar uma espécie de ”pá” e fazer o famoso whirlpool, um redemoinho de cerca de vinte minutos. Este redemoinho acarreta no acúmulo de ”trub” (aglomeração de proteínas de alto peso molecular sedimentadas no fundo da tina). Esse sedimento deve ser retirado do mosto para alcançar a próxima etapa do processo cervejeiro. A etapa é importante para manter a estabilidade coloidal (brilho, evitar surgimento de turvação) e sabor da cerveja.

Sete: O resfriamento. Aqui o mosto é resfriado por meio de ”chillers” ou trocadores de placas. O processo deve ser realizado de forma rápida para que não haja contaminação. Por fim, o mosto é areado para fornecer oxigênio à levedura. Feito isso é adicionada a levedura (já hidratada) no fermentador, e em seguida o mosto.

Próxima da fase final está a fermentação, um dos processos mais conhecidos e complexos

Especial

Processo de produção da cerveja artesanal Rasen de Gramado

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da fabricação da cerveja artesanal. Nele é necessário todo o cuidado possível. É quando a levedura transforma os açúcares em dióxido de carbono (co2) e etanol. Nesse período os principais compostos formados são os alcoóis superiores, aldeídos, ésteres e outros subprodutos que podem atribuir características aromáticas à cerveja e responsáveis pelas notas frutadas que algumas apresentam.

Durante o processo de fermentação, uma substância exerce papel vital: o diacetil. Ele é formado pela levedura ao longo da fermentação e sua alta concentração provoca um aroma que lembra manteiga rançosa. No final, se a fermentação for bem executada, o diacetil é reabsorvido pela levedura e sua intensidade se torna aceitável ou não para o estilo proposto no início da receita. É na fermentação que se define o tipo de levedura cervejeira. As Lagers (baixa fermentação), cuja temperatura ideal para trabalhar fica em torno de 10° a 14°C, e as Ales (alta fermentação), com temperatura ideal em torno de 18° a 23°C. O período de fermentação é relativo. Tudo depende da viabilidade das células e do trabalho designado à elas. Existem levas que fermentam em quatro dias, outras em dez.

Um processo feito por cervejeiros que produzem sua bebida em casa é o priming. Onde é calculada a quantidade adequada de açúcar a ser adicionada para a refermentação. Além de concluir o trabalho de fermentação, o priming é importante para a carbonatação, ou seja, o gás. A carbotação pode ser feita também através de cilindros de Co2, manômetros para indicar pressão e kegs ou post-mix.

Após a fermentação, surge a maturação, a fase mais fria de todo processo cervejeiro. Geralmente ocorre entre os 0° e 4°C, é nela que acontecem as ações físico-químicas que contribuem com o aspecto visual, deixando as cervejas mais límpidas ou até mesmo aprimorando seus aromas e sabores. Uma espécie de afinamento da cerveja. Conforme o depoimento de Gutierres, o tempo de maturação é relativo, dependendo do estilo que é proposto para o resultado final da bebida e também da ansiedade do cervejeiro. Aline ressalva que nesta etapa que ocorre a ”lapidação” da cerveja, onde as células que ainda se encontram em suspensão, assim como complexos de proteínas e polifenóis, se sedimentam no fundo do tanque.

Penúltima fase do processo: a filtração, que é a passagem da cerveja por um meio filtrante com o objetivo de dar um acabamento brilhante à bebida, removendo quase totalmente a levedura ainda restante. Por fim, e segundo especialistas, a parte mais divertida: hora de experimentar sua cerveja.

Os processos de fabricação da cerveja artesanal são realizados de maneiras diferentes. Tudo depende da receita, do estilo escolhido pelos cervejeiros e do conhecimento sobre as técnicas apropriadas para determinado estilo. ”Essa é a parte prazerosa da alquimia, aliar o conhecimento com a liberdade e a busca sobre um futuro desconhecido como resultado final”, explana Gutierres, completando que o ensinamento número um deve acompanhar sempre um mestre cervejeiro: se apaixone perdidamente pelo que faz.

O que é a parada diacetílica? Ocorre após a fermentação primária. Nesse momento é

preciso elevar um pouco a temperatura para ativar a levedura (ainda presente) e assim fazê-la consumir o diacetil produzido pela mesma. O repouso diacetílico varia de um a dois dias. Nas cervejas lagers a presença do diacetil é considerada um defeito. É uma parada feita para reduzir a percepção do diacetil. Se for bem realizada, ficará abaixo do limite de percepção sensorial (0,10pp). Se não for feita, ou ficar acima do valor médio, o gosto será facilmente percebido (manteiga rançosa).

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Projeto para melhorarqualidade da cervejavence prêmio da Ulbra O químico industrial Thiago

Rocha dos Santos uniu seu amor por cerveja artesanal com os conhecimentos químicos. O prêmio Projeto Inovador da Ulbra foi conquistado pelo jovem, que com apenas 25 anos garantiu espaço e oportunidade de iniciar a incubação tecnológica pelo iUlbra.

Seu projeto, ”A influência da parada diacetílica no consumo de diacetil na produção de cerveja artesanal”, consiste na melhora da qualidade das cervejas artesanais. Tem como objetivo se voltar para a produção e o consumo do composto químico que deixa a cerveja com o gosto amanteigado, o diacetil.

Para a pesquisa ser feita, foram produzidas duas cervejas a partir do mesmo mosto. Uma delas com a parada diacetílica que consiste apenas no processo de fermentação, e a outra sem. Após o tempo de maturação, foram realizadas análises de cromatografia no diacetil das duas cervejas, que obtiveram resultados muito distintos entre si. A parada diacetílica apresentou uma quantidade de diacetil abaixo do limite de percepção enquanto a outra apresentou um resultado acima do limite.

O resultado é curioso, pois a cerveja artesanal não foi pasteurizada e mesmo assim as leveduras em suspensão não

conseguiam consumir todo o diacetil formado após 45 dias de maturação. Também foi feita uma análise sensorial com grupos de juízes cervejeiros de concursos e com pessoas sem conhecimento prévio do assunto. Nos resultados, ambos identificaram a cerveja com mais diacetil.

Thiago é admirador de cervejas artesanais há tempo. ”Tenho paixão pelo assunto, produzo cerveja artesanal como hobby. A cultura cervejeira é algo que me fascina, quem participa dessa produção visa resgatar parte da história perdida” revela vitorioso.

As cervejas artesanais estão em alta no mercado, o que viabiliza o projeto do jovem, que antes de ganhar o prêmio já as fabricava. Juntando sua prática com o conhecimento químico, o projeto foi adiante. O químico, e também cervejeiro, sonha com abrir uma indústria microcervejeira aliada a um brewpub. Graças ao prêmio do Projeto Inovador, o jovem é capaz de tornar esse sonho real por meio da incubação tecnológica do iUlbra.

A concepção do Prêmio Projeto Inovador consiste em dar espaço para alunos mostrarem suas habilidades, objetivando o reconhecimento e estimulo às ideias inovadoras. O projeto, que teve início no começo deste ano, é dividido por categorias, que são individualizadas por curso de graduação e pós-graduação. O prêmio é uma bolsa de pré-incubação, e para alcançá-lo

é necessário ter eficácia em critérios de inovação, criatividade, viabilidade tecnológica e potencial de mercado. Ganhar o curso dá visibilidade ao aluno e seu projeto, facilitando a busca de investidores e proporcionando capacitações para transformar a ideia em negócio. Segundo o professor e coordenador do curso de química da Ulbra, Joel Cardoso, o Prêmio Projeto Inovador é uma chance de transformar sonhos em realidade.

Prêmio Projeto Inovador

Mais informações: www.ulbratech.com.br

Thiago recebe o certificado

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O crescimento acelerado da economia brasileira virou um fator de atração para europeus e americanos. O número de estrangeiros cresceu cerca de 5o% nos primeiros seis meses de 2011, de acordo com dados do site do governo federal. Com a crise na Europa, muita mão-de-obra especializada veio para o país, e alguns profissionais, dos mais diversos ramos, procuram seu lugar no Brasil.

O austríaco Josef Kumpfmueller, 28 anos, é químico de polímeros e seus planos futuros envolvem nosso país. Nascido na vila de Schärding, na Aústria, decidiu estudar química após prestar serviço militar obrigatório em seu país. No começo seu interesse era relacionado às ciências naturais, por isso fez um curso técnico de biotecnologia. Durante o curso, percebeu que precisava se concentrar em uma área e a química o atraiu mais que a biologia.

Após decidir a área em que atuaria, Kumpfmueller iniciou seu bacharelado de bioquímica na Ludwig Maximilian Univesität, em Munique. Na época do bacharelado começou a surgir seu interesse por polímeros, e com isso decidiu fazer mestrado em Tecnologia Química de Síntese, no Vienna University of Technology. Com tese em fotopolimerização, desenvolveu projetos relacionados ao transporte de fibra óptica e espera a conclusão

do doutorado, que ocorre no final do ano, para se mudar para o Brasil.

Durante estes anos de envolvimento no cenário químico, o austríaco fez estágios em diferentes áreas. Enquanto fazia o curso de biotecnologia, trabalhava para uma empresa que desenvolvia e fabricava próteses de colágeno. Também cursou em um intercâmbio a faculdade Newsouth Sidney Wales, onde trabalhou com polimerização.

No seu bacharelado em Munique, se hospedava em uma casa de estudantes, e foi lá que conheceu a brasileira que passou a ser sua esposa. Vieram para o Brasil algumas vezes para visitar a família dela. Kumpfmueller se apaixonou pelas belezas naturais e hospitalidade do povo brasileiro, e revela que cogita construir sua vida aqui. ”Adoro a comida brasileira, a simpatia do povo e a natureza. Acho que o Brasil vai ter um bom futuro em termos econômicos e químicos, há muito espaço, muitos recursos naturais e as pessoas são muito

jovens e dispostas”, relata. Este mês, Josef visitou o Brasil

a negócios. Buscava informações sobre a química no país e como seria possível se estabelecer financeiramente trabalhando na área de polímeros. Ressalva que seu interesse em morar aqui envolve diversos critérios que vão além do charme brasileiro e sua vida pessoal. Acredita que o Brasil é ótimo para criar seus dois filhos, e que como está em desenvolvimento, ele poderá ser útil para estimular o crescimento econômico. Conta também que não se importa em trabalhar na área de pesquisa ou acadêmica.

A sugestão é que após se formar trabalhe por algum tempo na Europa, se especialize e espere a área de polímeros progredir cientificamente no Brasil. Kumpfmueller não tem certeza de quando virá para o Brasil, mas aguarda ansiosamente por este momento. ”Com certeza será um desafio, mas gosto muito do Brasil e quero um dia morar aqui”, expõe.

PerfilJosef Kumpfmueller

“Acho que o Brasil vai ter um bom

futuro em termos econômicos e

químicos”

Divulgação/CRQ-V

Josef Kumpfmueller

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14 e 18 outubro 52º Congresso Brasileiro de Química – Recife

Informações:Centro de Eventos do Mar Hotel RecifeRua Barão de Souza Leão, 451, Boa Viagem.www.abq.org.br/cbq/programa.html 18 e 19 de outubro Encontro de Debates sobre o Ensino de Química 2012

UFRGS - Porto alegreInformações:www.abq.org.br 19, 20, 26 e 27 de outubro Extensão para professores de nível fundamental e médio

Informações e Inscrições:O valor de inscrição é de R$17,00. Fones:(51) 3353-6063 ou (51) 3353-6064.

22 a 27 de outubroMostratec 2012

Com o objetivo de expor os mais diversos projetos de pesquisa realizados por jovens cientistas do ensino médio e da educação profissional de nível técnico, a Mostratec é uma feira de ciência e tecnologia realizada anualmente na cidade de Novo Hamburgo.

Informações e Inscrições:www.mostratec.com.br/mostratec

10 de novembroCurso de tratamento de águas de balneabilidade – piscinas

Informações e Inscrições:Sede Escola Fórmula Rua Baronesa do Gravataí, 700 Cidade Baixa, Porto Alegrewww.iapc.org.br

Agenda Eventos

Wolmar Severo, representante do CRQ-V na formatura do curso técnico em Química da Univates

Fotos: Divulgação

Conselheiro Sergio Pereira entrega carteira profissional para os formandos do curso técnico da escola Dom Feliciano

Alunos do curso de Química Industrial da Unisc comemoram formatura

Formandas do curso Técnico em Imagem Pessoal

Será inaugurada no mês de outubro uma delegacia regional do CRQ-V na cidade de Pelotas. O objetivo é facilitar o contato com os municípios mais distantes da sede na Capital, beneficiando químicos e estudantes que tem interesse em realizar seu registro ou resolver questões relacionadas à química.

A inauguração irá ocorrer na feira do livro da cidade, que começa dia 31 do próximo mês e vai até

o dia 18 de novembro. Será disponibilizado um estande da CRQ-V, onde será possível esclarecer dúvidas.

Durante a feira, o estande funcionará como a própria delegacia. Lá, o conselheiro responsável pela delegacia de Pelotas, o engenheiro químico Sergio Pereira, estará recolhendo a documentação dos interessados em fazer registro.

Além disso, o CRQ-V realizará o sorteio

de livros para os visitantes da feira.

Ao término da feira, a delegacia realizará seu trabalho na Rua Andrade Neves, 1742/ 406, bloco B, que se localiza no centro da cidade.

Contatos com o E.Q Sérgio Pereira podem ser feitos pelo telefone (53) 3027 7451 - (51) 9830 9285 ou pelo e-mail [email protected]

CRQ-V inaugura delegacia regional em Pelotas

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