informativo - café com pp segurança pública

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News Edição n° 6 Novembro/2012 Informativo mensal do projeto de extensão Café com Políticas Públicas 6° encontro: Políticas Públicas de Segurança Pública O sexto Café com Políticas Públicas discutiu o tema Políticas Públicas de Segurança. Os especialistas do mês de outubro foram o Prof. Dr. Fernando Afonso Salla, Prof. Dr. Marcos César Alvarez e a Profª. Drª. Camila Nunes Dias, com a mediação do Dr. Artur Zimerman. Confira abaixo alguns momentos do debate: Há muita analise sobre o que se esta fazendo nas fronteiras, dizem “é preciso comprar equipamentos” mas a questão central é mesmo equipamento?! No entanto isso passa por necessidade pela pressão de empresas do setor privado e vão até pautar a agenda de políticas públicas daquele setor, hoje de certa forma pensar em Políticas Públicas vem mesclado com interesses, prioridades e necessidades muitas vezes definidos pelo setor privado. A desigualdade está relacionada com a criminalidade? Prof. Dr. Fernando Afonso Salla -Nos últimos anos o Brasil teve um estrondoso nível de distribuição de renda e diminuição do nível de pobreza, as áreas onde os homicídios tiveram uma explosão foram o Norte e Nordeste, o que nos leva a levantar como hipótese que não adianta pensar que uma única política vai resolver o problema, como uma reformulação na polícia civil na polícia militar, o que é preciso, é uma ação completa, integrando diversos setores problemáticos, políticas socias são cruciais, porém se não mexer nas políticas de segurança e gestão da criminalidade, nada disso pode ter efeito. Qual o papel das Academias (Universidades Públicas)? Prof. Dr. Marcos César Alvarez - Fica claro que o papel da academia (universidades públicas do Brasil) é fundamental, porque me parece que ela pode fazer expandir e qualificar o debate, ir alem da questão mais pragmática, dizer aos colegas que estão mais à frente da causa o que fazer, nessa direção o que me parece mais fundamental é que a área de Segurança Pública é mais sensível, mas a chave para pensar no papel do Estado. O que me admira é que o estado é capaz de eliminar qualquer setor econômico no Brasil como diversos setores da industria. Não há como neutralizar o trafico?! Ninguém vai fazer algo que não dê lucro. Essa medida seria a descriminalização da droga? Prof. Dr. Marcos César Alvarez - A ética do acadêmico não me permite falar sobre isso, porque não pesquiso esta área, mas quanto cidadão acredito que este debate deve que ser aberto, não é simples, mas me parece que a chave desse aspecto pode estar ai. . . . Qual a relação entre as Políticas Públicas de Segurança e a redução das taxas de homicídio? Profª. Drª. Camila Nunes Dias - O fracasso ou o sucesso das políticas públicas de segurança em São Paulo com relação à redução das taxas de homicídio é umas das questões mais polêmicas que nós temos discutido. Eu particularmente acho uma farsa relacionar a queda das taxas de homicídio em São Paulo pelos investimentos na PM (com o sucateamento da Polícia Civil) e com o aumento do encarceramento. O governo estadual defende a suposta eficiência de sua política de segurança em termos desses dois elementos, encarceramento e investimento na PM. Mas, por exemplo, se o aumento do encarceramento tem uma relação direta com os homicídios, por que as outras modalidades de crimes aumentam?! A maioria dos presos respondem processos por tráfico, roubo, furto e não homicídios. E o PCC, qual a relação dele com as taxas de homicídio? Profª. Drª. Camila Nunes Dias - Eu penso que a presença do PCC em SP, como uma organização que monopoliza a venda de drogas, sem outro grupo que ameace essa hegemonia contribui para a redução das taxas de homicídios em São Paulo. Porém no momento que estamos vivendo, esta acomodação está ameaçada (desde abril), vivemos uma guerra entre o PCC e a PM paulista e, por isso, a crise que atualmente percebemos em São Paulo. Se o Estado respeitasse os direitos dos presos, o PCC teria muito menos espaço para se fortalecer. Com o monopólio sobretudo do tráfico de drogas, muitos conflitos hoje são resolvidos dentro da organização, diminuindo os confrontos e portanto diminuindo as taxas de homicídios. Existe alguma relação do setor privado com essas Políticas de Segurança Pública? Prof. Dr. Fernando Afonso Salla - No início dos anos 90 apontava que existe uma reconfiguração na forma de ser do Estado e na forma de o Estado desenvolver suas políticas, essas novas políticas da parte do Estado pressupunham uma parceria com empresas privadas, tornando uma forma de gestão a qual não é 100% pública. . . ‘‘Na Europa praticamente não há violência no tráfico de drogas, essa violência esta em outro lugar, que envolve as instituições de repressão, como no México’’ Prof. Dr. Fernando Afonso Salla Composição da Mesa (da esquerda para direita): Prof. Dr. Fernando Afonso Salla, Profª. Drª. Camila Nunes Dias, Prof. Dr. Marcos César Alvarez com mediação do Prof. Dr.Artur Zimerman.

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Page 1: Informativo - Café com PP Segurança Pública

News

Edição n° 6Novembro/2012

Informativo mensal do projeto de extensão Café com Políticas Públicas

6° encontro: Políticas Públicas de Segurança Pública

O sexto Café com Políticas Públicas discutiu o tema Políticas Públicas de Segurança.Os especialistas do mês de outubro foram o Prof. Dr. Fernando Afonso Salla, Prof. Dr. Marcos César

Alvarez e a Profª. Drª. Camila Nunes Dias, com a mediação do Dr. Artur Zimerman. Confira abaixo alguns momentos do debate:

Há muita analise sobre o que se esta fazendo nas fronteiras, dizem “é preciso comprar equipamentos” mas a questão central é mesmo equipamento?! No entanto isso passa por necessidade pela pressão de empresas do setor privado e vão até pautar a agenda de políticas públicas daquele setor, hoje de certa forma pensar em Políticas Públicas vem mesclado com interesses, prioridades e necessidades muitas vezes d e f i n i d o s p e l o s e t o r p r i v a d o .

A desigualdade está relacionada com a criminalidade?Prof. Dr. Fernando Afonso Salla -Nos últimos anos o Brasil teve

um estrondoso nível de distribuição de renda e diminuição do nível de pobreza, as áreas onde os homicídios tiveram uma explosão foram o Norte e Nordeste, o que nos leva a levantar como hipótese que não adianta pensar que uma única política vai resolver o problema, como uma reformulação na polícia civil na polícia militar, o que é preciso, é uma ação completa, integrando diversos setores problemáticos, políticas socias são cruciais, porém se não mexer nas políticas de segurança e gestão da criminalidade, nada disso pode ter efeito.

Qual o papel das Academias (Universidades Públicas)?Prof. Dr. Marcos César Alvarez - Fica claro que o papel da

academia (universidades públicas do Brasil) é fundamental, porque me parece que ela pode fazer expandir e qualificar o debate, ir alem da questão mais pragmática, dizer aos colegas que estão mais à frente da causa o quefazer, nessa direção o que me parece mais fundamental é que a área de Segurança Pública é mais sensível, mas a chave para pensar no papel do Estado.O que me admira é que o estado é capaz de eliminar qualquer setor econômico no Brasil como diversos setores da industria. Não há como neutralizar o trafico?! Ninguém vai fazer algo que não dê lucro.

Essa medida seria a descriminalização da droga? Prof. Dr. Marcos César Alvarez - A ética do acadêmico não me

permite falar sobre isso, porque não pesquiso esta área, mas quanto cidadão acredito que este debate deve que ser aberto, não é simples, mas me parece que a chave desse aspecto pode estar ai.

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Qual a relação entre as Políticas Públicas de Segurança e a redução d a s t a x a s d e h o m i c í d i o ? Profª. Drª. Camila Nunes Dias - O fracasso ou o sucesso das políticas públicas de segurança em São Paulo com relação à redução das taxas de homicídio é umas das questões mais polêmicas que nós temos discutido. Eu particularmente acho uma farsa relacionar a queda das taxas de homicídio em São Paulo pelos investimentos na PM (com o sucateamento da Polícia Civil) e com o aumento do encarceramento. O governo estadual defende a suposta eficiência de sua política de segurança em termos desses dois elementos, encarceramento e investimento na PM. Mas, por exemplo, se o aumento do encarceramento tem uma relação direta com os homicídios, por que as outras modalidades de crimes aumentam?! A maioria dos presos respondem processos por tráfico, roubo, furto e não homicídios.

E o PCC, qual a relação dele com as taxas de homicídio? Profª. Drª. Camila Nunes Dias - Eu penso que a presença do PCC em SP, como uma organização que monopoliza a venda de drogas, sem outro grupo que ameace essa hegemonia contribui para a redução das taxas de homicídios em São Paulo. Porém no momento que estamos vivendo, esta acomodação está ameaçada (desde abril), vivemos uma guerra entre o PCC e a PM paulista e, por isso, a crise que atualmente percebemos em São Paulo.Se o Estado respeitasse os direitos dos presos, o PCC teria muito menos espaço para se fortalecer. Com o monopólio sobretudo do tráfico de drogas, muitos conflitos hoje são resolvidos dentro da organização, diminuindo os confrontos e portanto diminuindo as taxas de homicídios.

Existe alguma relação do setor privado com essas Políticas de Segurança Pública? Prof. Dr. Fernando Afonso Salla - No início dos anos 90 apontava que existe uma reconfiguração na forma de ser do Estado e na forma de o Estado desenvolver suas políticas, essas novas políticas da parte do Estado pressupunham uma parceria com empresas privadas, tornando uma forma de gestão a qual não é 100% pública.

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‘‘Na Europa praticamente não há violência no tráfico de drogas, essa violência esta em outro lugar, que envolve as instituições de repressão, como no México’’

Prof. Dr. Fernando Afonso SallaComposição da Mesa (da esquerda para direita): Prof. Dr. Fernando Afonso Salla, Profª. Drª. Camila Nunes Dias, Prof. Dr. Marcos César Alvarez com mediação do Prof. Dr.Artur Zimerman.

Page 2: Informativo - Café com PP Segurança Pública

Apresentação artística“Não encaro a música com relação com minha vida acadêmica, e sim

como refúgio, do estresse e o cansaço da semana..”André Luiz – membro da Camerata Antonio Manzione/ Discente do BC&T e integrante do projeto de extensão Batuclagem/ PROEX/ UFABC

Informes: Confira o vídeo do debate na íntegra no nosso canal no youtube:CafecomPP

Dúvidas, sugestões, reclamações? [email protected]

Curta nossa página no faceboook: http://www.facebook.com/CafeComPp

Saiba mais em: http://bpp.ufabc.edu.br/

http://cafecompp.blogspot.com.br/

ExpedienteResponsável pela edição: Ulisses Martins Coordenadora do informativo: Ana Maria Dietrich (docente UFABC)Coordenador do projeto: Ramon Garcia Fernandez (docente UFABC)Equipe do projeto: Artur Zimerman e Ana Maria Dietrich (docentes UFABC); Flavia Lima e Lucas Furtado (técnicos administrativos) Equipe de estagiários: Ana Carolina E. Barbosa; Mariane Zavatieri (discentes do BCH) e Ulisses Martins (discente do BCT)

Café com PP News São Bernardo do Campo, novembro de 2012

O encontro do mês de dezembro terá como tema as políticas públicas de Informação e Arquivo será realizado dia 7, as 19 horas na Casa da Palavra (Praça do Carmo, 171, Centro – Santo André, SP), contará com a presença dos especialistas Mariana Zenaro e Alexandre de Almeida.

“”

- Um convite à expressão, o III Sarau e troca de livros acontece sexta, 9 de novembro de 2012, as 15 h, no Campus Alfa, UFABC São Bernardo do Campo.

- O projeto de extensão Desigualdade Regional e as Políticas Públicas, terá seu próximo encontro segunda-feira, 3 de dezembro de 2012, às 15 h, no Campus Alfa, UFABC - São Bernardo do Campo.

Realização: Apoio:

A apresentação Artística do mês de outubro demonstrou um dos intuitos do nosso projeto: vivenciar a arte e a extensão. Os convidados para apresentação do mês de outubro foram os membros da Camerata Antonio Manzione, que vieram diretamente do Guarujá para o Café com PP. Confira abaixo uma entrevista com o responsável por essa interação, o discente André Luiz, que também é membro da Camerata e intermediou o contato:

Como o Projeto começou?A camerata iniciou em junho de 2012 por um grupo de amigos em parceria com a Secretaria de Cultura de Guarujá. Um projeto inovador que

permite jovens das mais variadas idades ingressar em um grupo de alto nível musical, sendo necessário para tal muito estudo e dedicação. Ela é composta por jovens que mais se destacaram no curso de violão ministrado em Guarujá. Os ensaios acontecem todos os finais de semana com cerca de 20 membros.

O que ele proporciona para as crianças e jovens? A Camerata vem gerando oportunidades aos jovens na arte e cultura através do violão utilizando-se de repertório de resgate desde música

renascentista, até o moderno, mostrando valores culturais de musicas de qualidade e também trabalham inclusão de cultura, onde eles aprendem a valorizar a cultura de uma forma mais ampla, também formando o cidadão para a vida e seu futuro, incentivando em sua continuação, visando a nível e l e v a d o , c o m o p o r e x e m p l o , c u r s o s t é c n i c o s , c o n s e r v a t ó r i o s , o u a t é m e s m o a f a c u l d a d e d e m ú s i c a .

Como você faz para part ic ipar do projeto, mesmo morando em outra c idade? Meus pais residem em Guarujá, sendo assim, exceto em semana de prova, retorno para Guarujá nos finais de semanas e aproveito a

oportunidade para rever amigos e participar dos ensaios da camerata.

Qual a relação da música com sua vida acadêmica?Na verdade não encaro a música com relação com minha vida acadêmica, e sim como refúgio, do estresse e o cansaço da semana.

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Camerata de violões Antonio Manzione (Guarujá)