informativo b&m - setembro/2012

4
setembro 2012 2. Liminares afastam o pagamento do FGTS sobre verbas trabalhistas 3. Ferramentas para o planejamento sucessório 4. STJ afasta JSCP da base de cálculo do PIS/COFINS Dedutibilidade de obrigações tributárias suspensas para fins de CSLL É comum verificar que a Receita Federal, quando trata de considerar indedutíveis determinadas despesas, estende as regras do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) também para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Exemplos disso são situações em que a exigibilidade do tributo encontra-se suspensa por conta de decisão judicial que permite ao contribuinte não pagar a obrigação tributária. Nessa hipótese, embora haja previsão legal exclusivamente para o IRPJ, com o fim de considerar indedutível despesa relacionada a obrigação tributária, mesmo assim as autoridades fiscais se manifestaram por diversas vezes no sentido de que essa disposição legal se aplica também à CSLL. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão de 2ª instância administrativa que congrega julgadores indicados pelo Fisco e pelo contribuinte, recentemente, se posicionou favoravelmente aos contribuintes, afirmando que a extensão de normas de apuração do IRPJ para a CSLL somente seria cabível para regras gerais que envolvem o conceito de lucro. Assim, o CARF trouxe posicionamento de que, para regras que possuem disposições específicas disciplinando o IRPJ, como é o caso de obrigações tributárias que possuem exigibilidade suspensa, embora indedutíveis para aquele imposto, para a CSLL seriam dedutíveis. Referido julgamento retoma importante discussão em favor dos contribuintes, uma vez que abarca argumento utilizado por estes no sentido das diferenças conceituais entre obrigações e provisões para fins de dedutibilidade de despesas para o IRPJ e CSLL. Isto porque as autoridades fiscais equiparavam as obrigações tributárias com exigibilidade suspensa como provisões, que caracterizam incerteza de exigência e contém previsão de indedutibilidade. Nesse julgamento, foi reafirmado pelo CARF que, ocorrido o fato gerador, a obrigação tributária não se equipara a provisão, vez que aquela possui fundamento legal de exigência e - portanto - presume-se válida e dedutível. Embora essa posição, ainda, possa ser alterada pelo próprio CARF, referido posicionamento retoma importante discussão em favor dos contribuintes, devendo nortear decisões por parte do contribuinte com o fim de considerar dedutíveis despesas tributárias com exigibilidade suspensa, ou ao menos, representar importante precedente para reversão de julgamentos eventualmente desfavorável ao contribuinte perante os tribunais administrativos. FERNANDO GRASSESCHI MACHADO MOURÃO Sócio da Divisão do Contencioso Acompanhe a B&M nas redes sociais: twitter.com/bragamoreno facebook.com/bragamoreno.adv

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Faça seus comentários e apresente sugestões sobre matérias a serem

abordadas por nossos consultores.Av. Eusébio Matoso, 1375, 1º andar05423-180 São Paulo SPTel: 55 (11) 3038 5222Fax: 55 (11) 3814 [email protected]

blog.bragamoreno.com.br

Este Informativo é destinado exclusivamente a clientes e amigos da B&M. Caso não seja do

seu interesse recebê-lo, favor nos informar pelo telefone (11) 3038 5222 ou pelo email

[email protected]. Todos os direitos autorais pertencem a Braga & Moreno

Consultores Jurídicos e Advogados, sendo permitida a reprodução, desde que citada a fonte.

Os artigos publicados neste informativo não esgotam as respectivas matérias, as quais

devem ser analisadas à luz de cada caso concreto. Este informativo foi encerrado em

29.08.12, de modo que não contempla a legislação e a jurisprudência posteriores.

Acompanhe também nossos artigos e novidades através das redes sociais, siga-nos em

twitter.com/bragamoreno e curta nossa página em facebook.com/bragamoreno.adv .

setembro

2012

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lett

erp

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2. Liminares afastam o pagamento do FGTS sobre verbas trabalhistas

3. Ferramentas para o planejamento sucessório

4. STJ afasta JSCP da base de cálculo do PIS/COFINS

Dedutibilidade de obrigações tributárias suspensas

para fins de CSLL

É comum verificar que a Receita Federal, quandotrata de considerar indedutíveis determinadasdespesas, estende as regras do Imposto de Renda daPessoa Jurídica (IRPJ) também para a ContribuiçãoSocial sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Exemplos disso são situações em que a exigibilidadedo tributo encontra-se suspensa por conta de decisãojudicial que permite ao contribuinte não pagar aobrigação tributária.

Nessa hipótese, embora haja previsão legalexclusivamente para o IRPJ, com o fim de considerarindedutível despesa relacionada a obrigaçãotributária, mesmo assim as autoridades fiscais semanifestaram por diversas vezes no sentido de queessa disposição legal se aplica também à CSLL.

O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão de 2ªinstância administrativa que congrega julgadores indicados pelo Fiscoe pelo contribuinte, recentemente, se posicionou favoravelmente aoscontribuintes, afirmando que a extensão de normas de apuração doIRPJ para a CSLL somente seria cabível para regras gerais que envolvemo conceito de lucro.

Assim, o CARF trouxe posicionamento de que, para regras que possuemdisposições específicas disciplinando o IRPJ, como é o caso deobrigações tributárias que possuem exigibilidade suspensa, emboraindedutíveis para aquele imposto, para a CSLL seriam dedutíveis.

Referido julgamento retoma importante discussãoem favor dos contribuintes, uma vez que abarcaargumento utilizado por estes no sentido dasdiferenças conceituais entre obrigações e provisõespara fins de dedutibilidade de despesas para o IRPJ eCSLL.

Isto porque as autoridades fiscais equiparavam asobrigações tributárias com exigibilidade suspensacomo provisões, que caracterizam incerteza deexigência e contém previsão de indedutibilidade.Nesse julgamento, foi reafirmado pelo CARF que,ocorrido o fato gerador, a obrigação tributária não seequipara a provisão, vez que aquela possuifundamento legal de exigência e - portanto -presume-se válida e dedutível.

Embora essa posição, ainda, possa ser alterada pelo próprio CARF,referido posicionamento retoma importante discussão em favor doscontribuintes, devendo nortear decisões por parte do contribuintecom o fim de considerar dedutíveis despesas tributárias comexigibilidade suspensa, ou ao menos, representar importanteprecedente para reversão de julgamentos eventualmente desfavorávelao contribuinte perante os tribunais administrativos.

FERNANDO GRASSESCHI MACHADO MOURÃO

Sócio da Divisão do Contencioso

STJ afasta JSCP da base de cálculo do PIS/COFINS

VALDIRENE LOPES FRANHANI

Sócia da Divisão do Contencioso

Desde que foram criados como forma deremuneração de sócios e acionistas pelaLei nº 9.249/95, os Juros sobre o CapitalPróprio - JSCP, têm sido alvo de grandepolêmica quanto à sua natureza etributação.

De fato, embora sob a nomenclatura de“juros”, os JSCP tratam-se, na verdade, desistemática opcional para distribuição dedividendos, na qual se permite que partedos resultados da pessoa jurídica,distribuída aos sócios e acionistas, sejadeduzida na apuração do lucro real (IR) eda CSLL.

A confusão foi criada a partir da IN/SRFnº 11/96, que, ao dispor sobre a forma decontabilização dos JSCP, definiu quequando forem recebidos por pessoasjurídicas, devem ser registrados em contade “receita financeira”.

Recentemente, uma dessas disputaschegou ao STJ, em sede de recursorepetitivo, o qual analisou a matéria sob aégide do regime cumulativo (Leinº 9.718/98) e proferiu decisão favorávelao contribuinte, reconhecendo o direitoa não tributação pelo PIS/COFINS.

A decisão seguiu a linha do decidido peloSTF, em 2005, quando da análise dainconstitucionalidade da majoração dasbases de cálculo pela Lei nº 9.718/98 (art.3º, §1º), excluindo da tributação tudoaquilo que não corresponde aofaturamento, no caso, entendido comosendo, tão somente, a receita decorrenteda venda de bens e serviços.

Embora favorável, a decisão passou aolargo da análise da matéria, pois, semaprofundar-se no tema, partiu dapremissa de que os JSCP são meras

receitas financeiras, sem considerar sua verdadeira natureza,qual seja, de dividendos.

A relevância da natureza dos JSCP é imprescindível, sobretudona tributação não-cumulativa do PIS/COFINS, onde, pelas Leisnºs 10.637/02 e 10.833/04, passou-se a tributar a totalidadedas receitas da pessoa jurídica e não apenas o faturamento.Além disso, pelos Decretos nºs 5.164/04 e 5.442/05 as receitasfinanceiras passaram a ser tributadas à alíquota zero, exceto osJSCP. Entretanto, se considerada sua natureza de dividendos, osvalores recebidos a título de JSCP deveriam ser excluídos dabase de cálculo, como admitido pelas próprias leis.

Espera-se que a matéria seja revista no STJ sob esse prisma ouainda levada à apreciação do STF. Enquanto isso, os contribuintesdevem ficar atentos à tributação dos JSCP pelo PIS/COFINS,seja na sistemática cumulativa ou não-cumulativa, bem comolevantar eventuais créditos dos últimos cinco anos a fim depleiteá-los perante o Judiciário.

“... os contribuintes devem ficar atentos

à tributação dos JSCP pelo PIS/COFINS,

seja na sistemática cumulativa ou

não-cumulativa, bem como levantar

eventuais créditos dos últimos cinco anos

a fim de pleiteá-los perante o Judiciário.”

Nessa toada, tanto o Fisco como os contribuintes passaram aquestionar se os valores recebidos a este título deveriam serconsiderados faturamento e/ou receita da pessoa jurídicarecebedora, de modo a ser incluídos na base de cálculo dascontribuições ao PIS e COFINS.

Acompanhe a B&M nas redes sociais: twitter.com/bragamoreno facebook.com/bragamoreno.adv

Liminares afastam o pagamento do FGTS

sobre verbas trabalhistas

MARCELO BRAGA COSTRUBA

Gerente da Divisão do Contencioso

O Fundo de Garantia do Tempode Serviço - FGTS, atualmenteregido pela Lei nº 8.036/90 eregulamentado pelo Decreto99.684/90, de um modo geral, éassegurado aos trabalhadoresurbanos e rurais, exceto os casosespecíficos previstos na lei, e temcomo principal finalidade protegeros trabalhadores em algumassituações de encerramento dovínculo empregatício, podendotambém ser utilizado em casos dedoenças graves ou até na aquisiçãode moradia própria.

Desavenças entre os herdeiros e a dilapidação dopatrimônio podem ser evitados por meio deplanejamento sucessório, ou seja, pela adoção dediversas ferramentas permitidas na legislaçãobrasileira para nortear a sucessão.

As ferramentas de sucessão permitem aoempresário definir, ainda em vida, a forma pela qualo seu patrimônio será transferido aos seus herdeiros.

Dessa forma, questões de suma importância, comoa transição do controle dos negócios e a atuação demembros da família na gestão da empresa, poderãoser delineados de forma antecipada pelo próprioempresário.

Além das questões relacionadas à manutenção dopatrimônio e ao convívio entre os herdeiros, oplanejamento sucessório pode, ainda, culminar emdiversos outros benefícios.

Nesse aspecto, o planejamento sucessório pode minimizar ouaté mesmo eliminar a carga tributária incidente sobre atransferência do patrimônio aos herdeiros.

Uma das ferramentas há muito existente e bastante utilizada éa Fundação no exterior, como é o caso da Fundação PrivadaPanamenha.

Trata-se de uma entidade jurídica separada das pessoas deseus constituintes, criada a partir da conferência de umdeterminado patrimônio (participações societárias, imóveis,moeda corrente, etc) por seus fundadores, formando, assim,um patrimônio independente e autônomo, para um propósitodefinido.

Ferramentas para o planejamento sucessório

RENATA FREIRE DE ALMEIDA

Gerente da Divisão de Consultoria Societária

Dessa forma, a Fundação pode ser constituida por uma oumais pessoas físicas ou jurídicas, mediante a celebração do"Ato de fundação", por meio do qual os respectivos fundadoresse comprometem a transferir bens/recursos financeiros em

“... dependendo da folha

de salário do contribuinte, a

discussão judicial pode

representar uma economia

significativa ao caixa da

empresa.”

“... existem pagamentos que são devidos

aos empregados sem que tenham o

condão de retribuir o trabalho, e sim de

indenizar o trabalhador, razão pela qual

não se enquadram no conceito de salário

e, consequentemente, não devem compor

a base de cálculo do FGTS.”

Conforme é sabido, o empregador é obrigado depositar 8% daimportância correspondente à remuneração paga ou devidano mês anterior, a cada trabalhador, em uma conta vinculada àCaixa Econômica Federal, excluindo-se da base de cálculo doFGTS o valor correspondente ao Vale-Transporte e os gastosefetuados com bolsas de aprendizagem.

Além dessas duas verbas trabalhistas que por força de lei nãodevem compor a base de cálculo do FGTS, algumas empresasvêm buscando o Judiciário para discutir acerca da naturezasalarial de outras verbas que integram a folha de salários.

Isso porque, no conceito de salário - base de cálculo do FGTS -não estão contidas as verbas de natureza indenizatória ou atítulo de ressarcimento, de modo que a tributação deve se darapenas sobre os valores pagos ao empregado, que tenhamcomo objetivo remunerar o trabalho efetivamente prestado.

De fato existem pagamentos quesão devidos aos empregados semque tenham o condão de retribuiro trabalho, e sim de indenizar otrabalhador, razão pela qual não

se enquadram no conceito de salário e, consequentemente,não devem compor a base de cálculo do FGTS.

Vale lembrar, que a tese aplicável ao FGTS é semelhante àdiscussão já conhecida no tocante a Contribuição Previdenciária(INSS), na qual, da mesma forma, não se tratando de salário ouqualquer outro valor pago em razão do trabalho prestado peloempregado, verbas trabalhistas como o aviso prévio indenizado,auxílio-creche, auxílio-doença, adicional constitucional de férias(1/3), dentre outros, não devem se sujeitar à incidência daContribuição Previdenciária. O Superior Tribunal de Justiça,inclusive, já decidiu favoravelmente aos contribuintes nessescasos.

Já com relação ao FGTS, recentemente, a mídia veiculou umanotícia em que empresas obtiveram liminares perante a JustiçaFederal de Belo Horizonte - MG, afastando o recolhimento doFGTS sobre o adicional de férias, auxílio-doença e acidente eaviso prévio indenizado, justamente pelo fato de que tais verbasteriam natureza indenizatória e não salarial.

Embora referidas decisões tenham sido proferidas em juizoprovisório (liminar), acreditamos que o Judiciário mantenha omesmo entendimento que hoje é aplicado às ContribuiçõesPrevidenciárias, pois em ambos os casos a discussão é sobrequais verbas não integram o salario contribuição - base decálculo dos dois tributos.

Diante disso, dependendo da folha de salário do contribuinte,a discussão judicial pode representar uma economia significativaao caixa da empresa.

“... o planejamento sucessório pode

minimizar ou até mesmo eliminar a carga

tributária incidente sobre a transferência

do patrimônio aos herdeiros.”

“... a sucessão ainda é um

tema bastante evitado,

quanto mais o planejamento

sucessório. Afinal, o que se

quer é desenvolver e realizar

projetos de “vida” e não o

contrário.”

montante não inferior a US$ 10 mil, patrimônio que seráadministrado pelo "Conselho da Fundação", sob o controle ounão de protetores e para o benefício de um ou maisbeneficiários.

O regulamento da Fundação, que é um documento particularda entidade, pode estabelecer diversas regras acerca dopatrimônio e de sua administração. Pode designar osbeneficiários, a distribuição dos rendimentos entre eles, etc.Por isso, costuma-se dizer que a Fundação Privada funcionaquase que como um testamento, mas de maneira muito maisflexível, pois não está obrigada a observar qualquerproporcionalidade na divisão do patrimônio ou de seus frutosentre os beneficiários/herdeiros.

Apesar de fazer parte da trajetória de todas as pessoas físicas,dos pequenos aos grandes empresários dos mais variadosramos de atividade, a sucessão ainda é um tema bastanteevitado, quanto mais o planejamento sucessório. Afinal, o quese quer é desenvolver e realizar projetos de “vida” e não ocontrário.

No entanto, cada vez mais os exemplos do cotidiano mostramcomo é importante planejar a sucessão. Da mesma forma, esse“planejamento” não deixa de ser mais um projeto de vida dequem o realiza, pois, na realidade, sua principal função é amanutenção do patrimônio e a garantia dos projetos de vidade seus sucessores.

Liminares afastam o pagamento do FGTS

sobre verbas trabalhistas

MARCELO BRAGA COSTRUBA

Gerente da Divisão do Contencioso

O Fundo de Garantia do Tempode Serviço - FGTS, atualmenteregido pela Lei nº 8.036/90 eregulamentado pelo Decreto99.684/90, de um modo geral, éassegurado aos trabalhadoresurbanos e rurais, exceto os casosespecíficos previstos na lei, e temcomo principal finalidade protegeros trabalhadores em algumassituações de encerramento dovínculo empregatício, podendotambém ser utilizado em casos dedoenças graves ou até na aquisiçãode moradia própria.

Desavenças entre os herdeiros e a dilapidação dopatrimônio podem ser evitados por meio deplanejamento sucessório, ou seja, pela adoção dediversas ferramentas permitidas na legislaçãobrasileira para nortear a sucessão.

As ferramentas de sucessão permitem aoempresário definir, ainda em vida, a forma pela qualo seu patrimônio será transferido aos seus herdeiros.

Dessa forma, questões de suma importância, comoa transição do controle dos negócios e a atuação demembros da família na gestão da empresa, poderãoser delineados de forma antecipada pelo próprioempresário.

Além das questões relacionadas à manutenção dopatrimônio e ao convívio entre os herdeiros, oplanejamento sucessório pode, ainda, culminar emdiversos outros benefícios.

Nesse aspecto, o planejamento sucessório pode minimizar ouaté mesmo eliminar a carga tributária incidente sobre atransferência do patrimônio aos herdeiros.

Uma das ferramentas há muito existente e bastante utilizada éa Fundação no exterior, como é o caso da Fundação PrivadaPanamenha.

Trata-se de uma entidade jurídica separada das pessoas deseus constituintes, criada a partir da conferência de umdeterminado patrimônio (participações societárias, imóveis,moeda corrente, etc) por seus fundadores, formando, assim,um patrimônio independente e autônomo, para um propósitodefinido.

Ferramentas para o planejamento sucessório

RENATA FREIRE DE ALMEIDA

Gerente da Divisão de Consultoria Societária

Dessa forma, a Fundação pode ser constituida por uma oumais pessoas físicas ou jurídicas, mediante a celebração do"Ato de fundação", por meio do qual os respectivos fundadoresse comprometem a transferir bens/recursos financeiros em

“... dependendo da folha

de salário do contribuinte, a

discussão judicial pode

representar uma economia

significativa ao caixa da

empresa.”

“... existem pagamentos que são devidos

aos empregados sem que tenham o

condão de retribuir o trabalho, e sim de

indenizar o trabalhador, razão pela qual

não se enquadram no conceito de salário

e, consequentemente, não devem compor

a base de cálculo do FGTS.”

Conforme é sabido, o empregador é obrigado depositar 8% daimportância correspondente à remuneração paga ou devidano mês anterior, a cada trabalhador, em uma conta vinculada àCaixa Econômica Federal, excluindo-se da base de cálculo doFGTS o valor correspondente ao Vale-Transporte e os gastosefetuados com bolsas de aprendizagem.

Além dessas duas verbas trabalhistas que por força de lei nãodevem compor a base de cálculo do FGTS, algumas empresasvêm buscando o Judiciário para discutir acerca da naturezasalarial de outras verbas que integram a folha de salários.

Isso porque, no conceito de salário - base de cálculo do FGTS -não estão contidas as verbas de natureza indenizatória ou atítulo de ressarcimento, de modo que a tributação deve se darapenas sobre os valores pagos ao empregado, que tenhamcomo objetivo remunerar o trabalho efetivamente prestado.

De fato existem pagamentos quesão devidos aos empregados semque tenham o condão de retribuiro trabalho, e sim de indenizar otrabalhador, razão pela qual não

se enquadram no conceito de salário e, consequentemente,não devem compor a base de cálculo do FGTS.

Vale lembrar, que a tese aplicável ao FGTS é semelhante àdiscussão já conhecida no tocante a Contribuição Previdenciária(INSS), na qual, da mesma forma, não se tratando de salário ouqualquer outro valor pago em razão do trabalho prestado peloempregado, verbas trabalhistas como o aviso prévio indenizado,auxílio-creche, auxílio-doença, adicional constitucional de férias(1/3), dentre outros, não devem se sujeitar à incidência daContribuição Previdenciária. O Superior Tribunal de Justiça,inclusive, já decidiu favoravelmente aos contribuintes nessescasos.

Já com relação ao FGTS, recentemente, a mídia veiculou umanotícia em que empresas obtiveram liminares perante a JustiçaFederal de Belo Horizonte - MG, afastando o recolhimento doFGTS sobre o adicional de férias, auxílio-doença e acidente eaviso prévio indenizado, justamente pelo fato de que tais verbasteriam natureza indenizatória e não salarial.

Embora referidas decisões tenham sido proferidas em juizoprovisório (liminar), acreditamos que o Judiciário mantenha omesmo entendimento que hoje é aplicado às ContribuiçõesPrevidenciárias, pois em ambos os casos a discussão é sobrequais verbas não integram o salario contribuição - base decálculo dos dois tributos.

Diante disso, dependendo da folha de salário do contribuinte,a discussão judicial pode representar uma economia significativaao caixa da empresa.

“... o planejamento sucessório pode

minimizar ou até mesmo eliminar a carga

tributária incidente sobre a transferência

do patrimônio aos herdeiros.”

“... a sucessão ainda é um

tema bastante evitado,

quanto mais o planejamento

sucessório. Afinal, o que se

quer é desenvolver e realizar

projetos de “vida” e não o

contrário.”

montante não inferior a US$ 10 mil, patrimônio que seráadministrado pelo "Conselho da Fundação", sob o controle ounão de protetores e para o benefício de um ou maisbeneficiários.

O regulamento da Fundação, que é um documento particularda entidade, pode estabelecer diversas regras acerca dopatrimônio e de sua administração. Pode designar osbeneficiários, a distribuição dos rendimentos entre eles, etc.Por isso, costuma-se dizer que a Fundação Privada funcionaquase que como um testamento, mas de maneira muito maisflexível, pois não está obrigada a observar qualquerproporcionalidade na divisão do patrimônio ou de seus frutosentre os beneficiários/herdeiros.

Apesar de fazer parte da trajetória de todas as pessoas físicas,dos pequenos aos grandes empresários dos mais variadosramos de atividade, a sucessão ainda é um tema bastanteevitado, quanto mais o planejamento sucessório. Afinal, o quese quer é desenvolver e realizar projetos de “vida” e não ocontrário.

No entanto, cada vez mais os exemplos do cotidiano mostramcomo é importante planejar a sucessão. Da mesma forma, esse“planejamento” não deixa de ser mais um projeto de vida dequem o realiza, pois, na realidade, sua principal função é amanutenção do patrimônio e a garantia dos projetos de vidade seus sucessores.

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4. STJ afasta JSCP da base de cálculo do PIS/COFINS

Dedutibilidade de obrigações tributárias suspensas

para fins de CSLL

É comum verificar que a Receita Federal, quandotrata de considerar indedutíveis determinadasdespesas, estende as regras do Imposto de Renda daPessoa Jurídica (IRPJ) também para a ContribuiçãoSocial sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Exemplos disso são situações em que a exigibilidadedo tributo encontra-se suspensa por conta de decisãojudicial que permite ao contribuinte não pagar aobrigação tributária.

Nessa hipótese, embora haja previsão legalexclusivamente para o IRPJ, com o fim de considerarindedutível despesa relacionada a obrigaçãotributária, mesmo assim as autoridades fiscais semanifestaram por diversas vezes no sentido de queessa disposição legal se aplica também à CSLL.

O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão de 2ªinstância administrativa que congrega julgadores indicados pelo Fiscoe pelo contribuinte, recentemente, se posicionou favoravelmente aoscontribuintes, afirmando que a extensão de normas de apuração doIRPJ para a CSLL somente seria cabível para regras gerais que envolvemo conceito de lucro.

Assim, o CARF trouxe posicionamento de que, para regras que possuemdisposições específicas disciplinando o IRPJ, como é o caso deobrigações tributárias que possuem exigibilidade suspensa, emboraindedutíveis para aquele imposto, para a CSLL seriam dedutíveis.

Referido julgamento retoma importante discussãoem favor dos contribuintes, uma vez que abarcaargumento utilizado por estes no sentido dasdiferenças conceituais entre obrigações e provisõespara fins de dedutibilidade de despesas para o IRPJ eCSLL.

Isto porque as autoridades fiscais equiparavam asobrigações tributárias com exigibilidade suspensacomo provisões, que caracterizam incerteza deexigência e contém previsão de indedutibilidade.Nesse julgamento, foi reafirmado pelo CARF que,ocorrido o fato gerador, a obrigação tributária não seequipara a provisão, vez que aquela possuifundamento legal de exigência e - portanto -presume-se válida e dedutível.

Embora essa posição, ainda, possa ser alterada pelo próprio CARF,referido posicionamento retoma importante discussão em favor doscontribuintes, devendo nortear decisões por parte do contribuintecom o fim de considerar dedutíveis despesas tributárias comexigibilidade suspensa, ou ao menos, representar importanteprecedente para reversão de julgamentos eventualmente desfavorávelao contribuinte perante os tribunais administrativos.

FERNANDO GRASSESCHI MACHADO MOURÃO

Sócio da Divisão do Contencioso

STJ afasta JSCP da base de cálculo do PIS/COFINS

VALDIRENE LOPES FRANHANI

Sócia da Divisão do Contencioso

Desde que foram criados como forma deremuneração de sócios e acionistas pelaLei nº 9.249/95, os Juros sobre o CapitalPróprio - JSCP, têm sido alvo de grandepolêmica quanto à sua natureza etributação.

De fato, embora sob a nomenclatura de“juros”, os JSCP tratam-se, na verdade, desistemática opcional para distribuição dedividendos, na qual se permite que partedos resultados da pessoa jurídica,distribuída aos sócios e acionistas, sejadeduzida na apuração do lucro real (IR) eda CSLL.

A confusão foi criada a partir da IN/SRFnº 11/96, que, ao dispor sobre a forma decontabilização dos JSCP, definiu quequando forem recebidos por pessoasjurídicas, devem ser registrados em contade “receita financeira”.

Recentemente, uma dessas disputaschegou ao STJ, em sede de recursorepetitivo, o qual analisou a matéria sob aégide do regime cumulativo (Leinº 9.718/98) e proferiu decisão favorávelao contribuinte, reconhecendo o direitoa não tributação pelo PIS/COFINS.

A decisão seguiu a linha do decidido peloSTF, em 2005, quando da análise dainconstitucionalidade da majoração dasbases de cálculo pela Lei nº 9.718/98 (art.3º, §1º), excluindo da tributação tudoaquilo que não corresponde aofaturamento, no caso, entendido comosendo, tão somente, a receita decorrenteda venda de bens e serviços.

Embora favorável, a decisão passou aolargo da análise da matéria, pois, semaprofundar-se no tema, partiu dapremissa de que os JSCP são meras

receitas financeiras, sem considerar sua verdadeira natureza,qual seja, de dividendos.

A relevância da natureza dos JSCP é imprescindível, sobretudona tributação não-cumulativa do PIS/COFINS, onde, pelas Leisnºs 10.637/02 e 10.833/04, passou-se a tributar a totalidadedas receitas da pessoa jurídica e não apenas o faturamento.Além disso, pelos Decretos nºs 5.164/04 e 5.442/05 as receitasfinanceiras passaram a ser tributadas à alíquota zero, exceto osJSCP. Entretanto, se considerada sua natureza de dividendos, osvalores recebidos a título de JSCP deveriam ser excluídos dabase de cálculo, como admitido pelas próprias leis.

Espera-se que a matéria seja revista no STJ sob esse prisma ouainda levada à apreciação do STF. Enquanto isso, os contribuintesdevem ficar atentos à tributação dos JSCP pelo PIS/COFINS,seja na sistemática cumulativa ou não-cumulativa, bem comolevantar eventuais créditos dos últimos cinco anos a fim depleiteá-los perante o Judiciário.

“... os contribuintes devem ficar atentos

à tributação dos JSCP pelo PIS/COFINS,

seja na sistemática cumulativa ou

não-cumulativa, bem como levantar

eventuais créditos dos últimos cinco anos

a fim de pleiteá-los perante o Judiciário.”

Nessa toada, tanto o Fisco como os contribuintes passaram aquestionar se os valores recebidos a este título deveriam serconsiderados faturamento e/ou receita da pessoa jurídicarecebedora, de modo a ser incluídos na base de cálculo dascontribuições ao PIS e COFINS.

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