informaÇÕes agronÔmicas -...

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 149 – MARÇO/2015 1 INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASIL Avenida Independencia, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - CEP13419-160 - Piracicaba-SP, Brasil Website: http://brasil.ipni.net - E-mail: [email protected] - Twitter: @IPNIBrasil - Facebook: https://www.facebook.com/IPNIBrasil Desenvolver e promover informações científicas sobre o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o benefício da família humana MISSÃO 1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Centro de Solos do Instituto Agronômico de Campinas, IAC, Campinas-SP; e-mail: [email protected] 2 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Centro de Solos do Instituto Agronômico de Campinas, IAC, Campinas-SP; e-mail: [email protected] Abreviações: AIA = ácido indolacético; ATR = açúcar total recuperável; B = boro; Cl = cloro, Cu = cobre; Fe = ferro; KCl = cloreto de potássio; Mn = manganês; Mo = molibdênio; Ni = níquel; Si = silício; TCH = tonelada de cana por hectare; Zn = zinco. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS N o 149 MARÇO/2015 ISSN 2311-5904 USO DE MICRONUTRIENTES EM CANA-DE-AÇÚCAR Estêvão Vicari Mellis 1 José Antonio Quaggio 2 1. INTRODUÇÃO A cana-de-açúcar ocupa atualmente cerca de 8,8 milhões de hectares agricultáveis do País, sendo 60% des- ses localizados no Estado de São Paulo. Na safra 2013/2014, a produção nacional de cana-de-açúcar atingiu a marca de 658,8 milhões de toneladas, o que confere ao Brasil o título de maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, título esse que deve perdurar por muitos anos, pois esta cultura encontra-se em plena expansão em todo o território nacional. Apesar desses números serem bastante expressivos, a produtividade média da cana-de-açúcar está em torno de 74 t ha -1 , e pode ser considerada baixa, diante de todo o potencial genético apresentado principalmente pelas novas variedades disponíveis no mercado (CONAB, 2014). Segundo Orlando Filho et al. (2001), essa baixa produtivi- dade é consequência da expansão da cultura não apenas em áreas tradicionais de cultivo, mas também em áreas com solos de baixa fertilidade, especialmente no Estado de São Paulo e regiões do cerrado brasileiro. Esses solos muitas vezes são arenosos e nor- malmente são ácidos, com baixa capacidade de retenção de água e disponibilidade de macro e micronutrientes, o que exige manejo mais aprimorado dessas áreas para se obter produções de cana-de- açúcar economicamente viáveis. Além disso, o cultivo de vários ciclos dessa cultura em áreas tradicionais das unidades de produção tem levado ao empobrecimento do solo em micronutrientes, devido à remoção contínua com as colheitas e também pela erosão do solo (MELLIS; QUAGGIO; CANTARELLA, 2008). Por essa razão, observa-se que os teores de micronutrientes tornam-se muito baixos, como mostraram os resultados apresentados por Vale, Araújo e Vitti (2008), que avaliaram os teores de micronutrientes em 890 amostras de solos e folhas diagnósticas de cana-de-açúcar coletadas no Estado de São Paulo, em áreas cultivadas com e sem aplicação de vinhaça, e constataram que mais de 80% dessas amostras apresentavam teores de micronutrientes abaixo dos níveis considerados críticos para a cultura. Para que o Brasil continue sendo líder nesta cultura é neces- sário utilizar tecnologia de ponta para produzir em quantidade e qualidade (BECARI, 2010). Para o desenvolvimento e crescimento da cana-de-açúcar, como também para a produção de álcool e açú- car em quantidades rentáveis, é necessário avançar no programa nutricional, que envolve diversas práticas agrícolas, como calagem, adubação NPK, rotação de culturas, adubação verde e adubação com micronutrientes (MELLIS; QUAGGIO; CANTARELLA, 2008). 2. FUNÇÕES E SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA DOS MICRONUTRIENTES Os micronutrientes desempenham funções vitais no meta- bolismo das plantas, fazendo parte de compostos responsáveis por processos metabólicos e da ativação enzimática, atuando, assim, no crescimento, perfilhamento, resistência às doenças, qualidade e produtividade. Os micronutrientes essenciais para a cana-de- açúcar são: boro (B), cloro (Cl) cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn). Apesar de não

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 149 – MARÇO/2015 1

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE - BRASILAvenida Independencia, nº 350, Edifício Primus Center, salas 141 e 142 - Fone/Fax: (19) 3433-3254 - CEP13419-160 - Piracicaba-SP, Brasil

Website: http://brasil.ipni.net - E-mail: [email protected] - Twitter: @IPNIBrasil - Facebook: https://www.facebook.com/IPNIBrasil

Desenvolver e promover informações científicas sobre o manejo responsável dos nutrientes das plantas para o benefício da família humana

MISSÃO

1 Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Centro de Solos do Instituto Agronômico de Campinas, IAC, Campinas-SP; e-mail: [email protected] Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia, Centro de Solos do Instituto Agronômico de Campinas, IAC, Campinas-SP; e-mail: [email protected]

Abreviações: AIA = ácido indolacético; ATR = açúcar total recuperável; B = boro; Cl = cloro, Cu = cobre; Fe = ferro; KCl = cloreto de potássio; Mn = manganês; Mo = molibdênio; Ni = níquel; Si = silício; TCH = tonelada de cana por hectare; Zn = zinco.

INFORMAÇÕESAGRONÔMICAS

No 149 MARÇO/2015

ISSN 2311-5904

USO DE MICRONUTRIENTES EM CANA-DE-AÇÚCAR

Estêvão Vicari Mellis1

José Antonio Quaggio2

1. INTRODUÇãO

A cana-de-açúcar ocupa atualmente cerca de 8,8 milhões de hectares agricultáveis do País, sendo 60% des-ses localizados no Estado de São Paulo. Na safra

2013/2014, a produção nacional de cana-de-açúcar atingiu a marca de 658,8 milhões de toneladas, o que confere ao Brasil o título de maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, título esse que deve perdurar por muitos anos, pois esta cultura encontra-se em plena expansão em todo o território nacional. Apesar desses números serem bastante expressivos, a produtividade média da cana-de-açúcar está em torno de 74 t ha-1, e pode ser considerada baixa, diante de todo o potencial genético apresentado principalmente pelas novas variedades disponíveis no mercado (CONAB, 2014).

Segundo Orlando Filho et al. (2001), essa baixa produtivi-dade é consequência da expansão da cultura não apenas em áreas tradicionais de cultivo, mas também em áreas com solos de baixa fertilidade, especialmente no Estado de São Paulo e regiões do cerrado brasileiro. Esses solos muitas vezes são arenosos e nor-malmente são ácidos, com baixa capacidade de retenção de água e disponibilidade de macro e micronutrientes, o que exige manejo mais aprimorado dessas áreas para se obter produções de cana-de- açúcar economicamente viáveis. Além disso, o cultivo de vários ciclos dessa cultura em áreas tradicionais das unidades de produção tem levado ao empobrecimento do solo em micronutrientes, devido à remoção contínua com as colheitas e também pela erosão do solo (MElliS; QUAGGiO; CANTAREllA, 2008). Por essa razão,

observa-se que os teores de micronutrientes tornam-se muito baixos, como mostraram os resultados apresentados por Vale, Araújo e Vitti (2008), que avaliaram os teores de micronutrientes em 890 amostras de solos e folhas diagnósticas de cana-de-açúcar coletadas no Estado de São Paulo, em áreas cultivadas com e sem aplicação de vinhaça, e constataram que mais de 80% dessas amostras apresentavam teores de micronutrientes abaixo dos níveis considerados críticos para a cultura.

Para que o Brasil continue sendo líder nesta cultura é neces-sário utilizar tecnologia de ponta para produzir em quantidade e qualidade (BECARi, 2010). Para o desenvolvimento e crescimento da cana-de-açúcar, como também para a produção de álcool e açú-car em quantidades rentáveis, é necessário avançar no programa nutricional, que envolve diversas práticas agrícolas, como calagem, adubação NPK, rotação de culturas, adubação verde e adubação com micronutrientes (MElliS; QUAGGiO; CANTAREllA, 2008).

2. FUNÇõES E SINTOMAS DE DEFICIêNCIA DOS MICRONUTRIENTES

Os micronutrientes desempenham funções vitais no meta-bolismo das plantas, fazendo parte de compostos responsáveis por processos metabólicos e da ativação enzimática, atuando, assim, no crescimento, perfilhamento, resistência às doenças, qualidade e produtividade. Os micronutrientes essenciais para a cana-de- açúcar são: boro (B), cloro (Cl) cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), níquel (Ni) e zinco (Zn). Apesar de não

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2 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 149 – MARÇO/2015

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS

NOTA DOS EDITORES

Todos os artigos publicados no Informações Agronômicas estão disponíveis em formato pdf no website do IPNI Brasil: <http://brasil.ipni.net>

Opiniões e conclusões expressas pelos autores nos artigos não refletem necessariamente as mesmas do IPNI ou dos editores deste jornal.

N0 149 MARÇO/2015

CONTEÚDO

Uso de micronutrientes em cana-de-açúcarEstêvão Vicari Mellis e José Antonio Quaggio ..........................................1

Interações iônicas e seus efeitos na nutrição das plantas

Maria Ligia de Souza Silva e Anderson Ricardo Trevizam .....................10

Selênio: um elemento benéfico ao homem e aos animais e essencialàs plantas Letícia de Abreu Faria e Felippe Hoffmann Silva Karp ..........................17

Percepção versus realidadeTerry Roberts ............................................................................................23

Divulgando a Pesquisa ...........................................................................24

IPNI em Destaque ..................................................................................25

Painel Agronômico .................................................................................26

Cursos, Simpósios e outros Eventos .....................................................27

Publicações Recentes .............................................................................30

Ponto de Vista .........................................................................................32

FOTO DESTAQUE

Publicação trimestral gratuita do international Plant Nutrition institute (iPNi), Programa Brasil. O jornal publica artigos técnico-científicos elaborados pela

comunidade científica nacional e internacional visando o manejo responsável dos nutrientes das plantas.

COMISSÃO EDITORIAL

EditorValter Casarin

Editores Assistentesluís ignácio Prochnow, Eros Francisco, Silvia Regina Stipp

Gerente de DistribuiçãoEvandro luis lavorenti

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE (IPNI)

Presidente do Conselho Steve Wilson (CF industries Holdings, inc.)

Vice-Presidente do ConselhoMhamed ibnabdeljalil (OCP Group)

TesoureiroJim Prokopanko (Mosaic Company)

PresidenteTerry l. Roberts

Vice-Presidente, Coordenador do Grupo da Ásia e ÁfricaAdrian M. Johnston

Vice-Presidente, Coordenadora do Grupo do Oeste Europeu/Ásia Central e Oriente Médio

Svetlana ivanova

Vice-Presidente Senior, Diretor de Pesquisa eCoordenador do Grupo das Américas e Oceania

Paul E. Fixen

PROGRAMA BRASILDiretor

luís ignácio Prochnow

Diretores AdjuntosValter Casarin, Eros Francisco

PublicaçõesSilvia Regina Stipp

Analista de Sistemas e Coordenador AdministrativoEvandro luis lavorenti

Assistente AdministrativaElisangela Toledo lavorenti

SecretáriaKelly Furlan

ASSINATURAS Assinaturas gratuitas são concedidas mediante aprovação prévia da diretoria. O cadastramento pode ser realizado no site do iPNi:

http://brasil.ipni.netMudanças de endereço podem ser solicitadas por email para:

[email protected] ou [email protected]

ISSN 2311-5904

Deficiência de potássio em soja – foto vencedora do concurso Crop Nutrient Deficiency Photo Contest 2014, promovido pelo IPNI. Crédito: Dr. Claudinei Kappes, Fundação MT.

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ser essencial, o silício (Si) também se destaca por ser um elemento benéfico para a cultura, fortalecendo a estrutura celular e aumen-tando a resistência ao acamamento e ao ataque de pragas e patógenos (KORNdöRFER; PEREiRA; CAMARGO, 2002).

• BoroO B atua na complexação e transporte de carboidratos das

folhas para os outros órgãos; na divisão, maturação e diferencia-ção celular; na lignificação da parede das células e na inibição da formação do amido pela combinação do B com o local ativo da fosforilase, o que impede a polimerização excessiva dos açúcares nos locais de síntese dos mesmos (SOBRAl; WEBER, 1983). Além de exercer importante papel no transporte e acúmulo de açúcares, o B atua no crescimento e formação de raízes, influenciando o perfilhamento da cana-de-açúcar. Devido à mobilidade deste ele-mento dentro da planta ser baixa, os sintomas de deficiência de B aparecem nas folhas mais novas. Quando deficiente em B, a cana- de-açúcar pode apresentar folhas novas e imaturas torcidas, com pregas e vincos, curtas, deformadas, enrugadas e ásperas, podendo apresentar necrose. Entre as nervuras, aparecem lesões translúcidas. As folhas de cana tendem a ficar quebradiças, podendo haver morte do meristema apical e, em condições de deficiência severa, da planta inteira (TOKESHi, 1991; ORlANdO FilHO; ROSSETO; CASAGRANdE, 2001).

• CloroO Cl atua principalmente em reações da fotossíntese, como

a fotólise da água e no fotossistema ii, sendo importante para o bom desenvolvimento da cana-de-açúcar (SOBRAl; WEBER, 1983). Conforme Anderson e Bowen (1992), a deficiência de cloro na cana provoca encurtamento e deformação das raízes, além do aumento no número de raízes laterais. Em solos brasileiros, a deficiência de Cl em cana-de-açúcar dificilmente será verificada, devido à utiliza-ção em larga escala de cloreto de potássio (KCl) como fonte de K para a cultura (ORlANdO FilHO; ROSSETO; CASAGRANdE, 2001). devido ao uso excessivo de KCl, em casos raros e geralmente associados a aplicação de doses muito elevadas de KCl no sulco de plantio, pode-se verificar a fitotoxicidade de Cl em cana-de-açúcar, que caracteriza-se pelo aparecimento de raízes curtas e anormais, porém, com poucas ramificações laterais.

• CobreO Cu é um dos micronutrientes de maior importância para

a cana-de-açúcar, atuando como ativador de diversas enzimas, tais como a fenolase, a lacase, a polifenoxolidase e outras. Atua também no processo da fotossíntese, apresentando papel importante no transporte eletrônico via plastocianina (TAiZ; ZEiGER, 2004). Outra importante função do Cu para a cana-de-açúcar é a resistência a doenças. Na planta, o Cu é considerado parcialmente móvel e, como consequência, os sintomas de deficiência ocorrem primeiramente nas folhas mais novas. Em plantas deficientes, as folhas mais novas tornam-se clo-róticas e murchas e há envergamento excessivo das lâminas foliares, inclusive com quebra. A deficiência de Cu provoca a perda de turgi-dez dos colmos e do meristema, provocando a quebra do ponteiro da cana- de-açúcar, cujo sintoma é conhecido como topo caído ou “droopy top”. Em casos mais severos, aparecem manchas verdes nas lâminas foliares descoloridas (SOBRAl; WEBER, 1983; TOKESHi, 1991; ORlANdO FilHO; ROSSETO; CASAGRANdE, 2001).

• FerroO Fe atua principalmente no transporte de elétrons nas células

sendo fundamental na síntese de clorofila, além de participar como ativador enzimático (SOBRAl; WEBER, 1983). A deficiência desse

nutriente é temporária, tornando o enraizamento mais superficial num período no qual os brotos estão sendo nutridos por reservas do colmo das mudas ou pelas raízes das soqueiras. Nessa fase, a cana- de-açúcar apresenta clorose internerval, formando estrias paralelas longitudinais em toda a extensão foliar. Nos casos mais severos, as folhas tornam-se brancas, com secamento das pontas. Embora possa se observar frequentemente esses sintomas nos canaviais brasileiros, principalmente em soqueiras, normalmente não há necessidade de suprir a cana-de-açúcar com esse micronutriente, pois esses sintomas são efêmeros e desaparecem com o estabeleci-mento pleno das raízes que encontram normalmente Fe disponível em abundância nos solos brasileiros (TOKESHi, 1991; ORlANdO FilHO; ROSSETO; CASAGRANdE, 2001).

• ManganêsO Mn participa na síntese de proteínas, multiplicação celular,

fotossíntese e na ativação enzimática da cana-de-açúcar. Sua prin-cipal atuação é na respiração das plantas e na fotossíntese devido à sua participação em diversas reações no ciclo de Krebs (SOBRAl; WEBER, 1983). Os sintomas de deficiência de Mn são semelhan-tes aos do Fe, com a diferença de que a clorose internerval pode ocorrer do meio para a ponta das folhas mais novas. Além disso, em estágios mais avançados da deficiência, pode ocorrer necrose longitudinal entre as nervuras e sofrer fendilhamento (ORlANdO FilHO; ROSSETO; CASAGRANdE, 2001).

• MolibdênioO Mo tem ação direta sobre as enzimas redutase do nitrato

e nitrogenase, diretamente relacionadas ao metabolismo de nitro-gênio, bem como na fixação de N pela cana-de-açúcar (SOBRAl; WEBER,1983; ORlANdO FilHO; ROSSETO; CASAGRANdE, 2001). dessa forma, a falta de Mo pode limitar a resposta da cana- de-açúcar ao nitrogênio, nutriente muito importante à produtividade e qualidade dessa cultura. As plantas deficientes em Mo apresentam pequenas estrias cloróticas longitudinais, iniciando no terço apical das folhas mais velhas. isto se deve à alta mobilidade do nutriente na planta. Se não for corrigida, a deficiência de Mo aumenta, provocando o secamento prematuro das folhas do meio para as pontas. Além disso, os colmos tornam-se mais curtos e finos, prejudicando o rendimento agrícola (ORlANdO FilHO; ROSSETO; CASAGRANdE, 2001).

• NíquelO Ni é componente da urease e está diretamente relacionado

ao metabolismo do N. Plantas deficientes em Ni podem acumular ureia e apresentar nas folhas novas manchas escuras e arredondadas, que podem se tornar necróticas com o aumento da severidade da defi-ciência (lEVy, 2013). Apesar de essencial, sintomas de deficiência dificilmente são detectados em plantas, sendo mais comum ocorrer toxicidade de plantas por esse elemento. Segundo Paiva et al. (2003), os sintomas de excesso de Ni muitas vezes são confundidos com os sintomas de deficiência de outros micronutrientes, como Mn e Fe. Embora seja essencial para a cana-de-açúcar, ainda não há estudos na literatura sobre extração, exportação e necessidade de aplicação desse micronutriente para a cultura.

• Zincodentre os micronutrientes, o Zn tem sido o mais impor-

tante, pois a sua deficiência é frequentemente observada na cul-tura da cana-de-açúcar. Ele afeta diretamente o perfilhamento e o crescimento da planta, os quais são dois fatores fundamentais à produtividade da cana e, ainda, à longevidade das soqueiras. No metabolismo da planta, o Zn é essencial para a síntese do triptofano, que é o precursor do ácido indolacético (AiA), que irá

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formar as enzimas responsáveis pelo alongamento e crescimento celular. Este micronutriente também está envolvido na ativação de diversas enzimas (SOBRAl; WEBER, 1983; ORlANdO FilHO; ROSSETO; CASAGRANdE, 2001; TAiZ; ZEiGER, 2004). O Zn é parcialmente móvel nas plantas e, dessa forma, sua deficiência ocorrerá primeiramente nas folhas mais novas. A cana-de-açúcar, quando deficiente em Zn, apresenta estrias cloróticas na lâmina foliar. Em casos mais severos, ocorre necrose das folhas, a partir da ponta, encurtamento de internódios dos colmos, formando “carretéis”, redução do perfilhamento e colmos mais finos, que podem perder a turgidez. A deficiência de Zn na cana-de-açúcar pode provocar também o chamado lequeamento das folhas. Nas plantas deficientes em Zn as folhas saem do vértice foliar, todas na mesma altura, formando o aspecto de leque. É comum, também, a observação de manchas vermelhas em folhas de cana deficiente em Zn. Estas lesões estão associadas a um fungo que se desenvolve em condições de baixos teores de Zn (SOBRAl; WEBER, 1983; ORlANdO FilHO; ROSSETO; CASAGRANdE, 2001; TAiZ; ZEiGER, 2004).

Embora os sintomas de deficiência visual de micronutrien-tes em cana-de-açúcar sejam conhecidos, dificilmente esses são encontrados no campo, o que não significa que necessariamente os canaviais brasileiros estejam bem nutridos com esses elementos. Orlando Filho, Rosseto e Casagrande (2001) alertam que a cana-de- açúcar apresenta frequentemente o fenômeno da “fome oculta” em relação aos micronutrientes, ou seja, a deficiência existe limitando economicamente a produtividade, mas a planta não mostra sinto-mas visíveis. isso ressalta ainda mais a importância de se utilizar métodos de diagnóstico, como as análises de solo e de folhas, para auxiliar no manejo nutricional da cana-de-açúcar.

3. ExTRAÇãO E ExpORTAÇãO DE MICRONUTRIENTES

A importância dos micronutrientes para a cultura da cana-de- açúcar é evidenciada quando se observam as quantidades extraí-das dos mesmos. São quantidades relativamente baixas, quando comparadas à extração de macronutrientes, porém de fundamental importância ao desenvolvimento da cultura, cuja deficiência pode afetar significativamente a produção de colmos (ViTTi; OliVEiRA; QUINTINO, 2006). A deficiência de micronutrientes em cana-de- açúcar pode provocar reduções na produtividade e até morte de plantas (ORlANdO FilHO, 1993).

Diversos fatores influenciam a absorção de micronutrientes pela cana-de-açúcar, sendo os principais: tipo de solo, variedade cultivada e idade da planta (ORlANdO FilHO; SilVA; lEME, 1983). Observa-se na Tabela 1 que a exportação de micronutrientes pela cana-de-açúcar segue geralmente a seguinte ordem: Fe > Mn > Zn > Cu > B > Mo, tanto para a cana-planta quanto para a soqueira. No caso do Fe, a maior extração é devida a grande abundância do nutriente nos solos brasileiros bem drenados.

Para avaliar se a cana-de-açúcar está bem nutrida com micro-nutrientes deve-se utilizar a diagnose foliar. Para isso, deve-se coletar

Tabela 1. Quantidades de micronutrientes exportadas pela parte aérea da cana-planta (CP) e pela soqueira (soca).

PlantaB Cu Fe Mn Zn Mo*

CP Soca CP Soca CP Soca CP Soca CP Soca CP Soca

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (g/100 t colmos) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -Colmos 195 102 194 273 2.378 1.207 1.188 916 440 298 1,0 1,0Folhas 116 55 93 116 6.512 4.538 1.651 1.189 282 163 1,0 1,0Total 311 157 287 389 8.890 5.745 2.839 2.105 722 461 2,0 1,0

Fonte: Orlando Filho (1993); * Malavolta (1990).

no mínimo 30 folhas +1 (folha diagnóstica) por talhão, durante a fase de maior desenvolvimento vegetativo da cultura, geralmente 270 dias após o plantio ou o corte das soqueiras. Após a retirada da folha diagnóstico da planta, deve-se coletar apenas os 20 cm cen-trais das folhas, descartando-se as nervuras centrais. Em seguida, esse material deve ser armazenado em saco de papel devidamente identificado para ser encaminhado para análise em laboratório.

Para a interpretação dos teores de micronutrientes adequados para a cana-de-açúcar, deve-se utilizar as faixas de concentrações da Tabela 2.

Tabela 2. Teores foliares adequados de micronutrientes em cana-de-açúcar.

B Cu Fe Mn Zn Mo - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (mg kg-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

10-30 6-15 40-250 25-250 10-50 0,05-0,20

Fonte: Spironello et al. (1996).

4. RESpOSTAS DA CANA-DE-AÇÚCAR à AplICAÇãO DE MICRONUTRIENTES

São escassos na literatura os trabalhos sobre a resposta da cana- de-açúcar aos micronutrientes. Os primeiros relatos de experimen-tação ocorrem em meados de 1960, quando o instituto Agronômico realizou os primeiros estudos sobre o efeito da adubação da cana-de- açúcar com micronutrientes. Alvarez e Wutke (1963) estudaram o efeito da aplicação de 10 kg ha-1 de sulfato ferroso, 10 kg ha-1 de tetra-borato de sódio, 20 kg ha-1 de sulfato de cobre, 20 kg ha-1 de sulfato de manganês, 20 kg ha-1 de sulfato de zinco e 500 g ha-1 de molibdato de amônio, aplicados isoladamente e em conjunto no sulco de plantio, em três locais, com dois tipos de solo, Terra-roxa misturada, atual latos-solo Vermelho (dois locais), e Massapê-salmourão, atual Argissolo Vermelho Amarelo, na produtividade da cana-de-açúcar. Os autores verificaram respostas positivas no Argissolo para as aplicações isoladas de B, Mo, Fe e Cu, que aumentaram a produção de cana- de-açúcar em 21 t ha-1, 6 t ha-1, 12 t ha-1, 11,6 t ha-1 e 8,3 t ha-1 res-pectivamente (Tabela 3).

Com o intuito de confirmar a eficiência da aplicação de micronutrientes, Alvarez et al. (1979) instalaram 23 experimentos com tratamentos idênticos aos descritos acima em 23 locais do Estado de São Paulo. Os autores observaram respostas significativas apenas para os tratamentos com Cu e Mo em apenas um dos locais estudados (Tabela 4), e concluíram que a resposta da cana-de-açúcar à aplicação de micronutrientes até então ocorria ocasionalmente.

Alvarez (1984) também encontrou respostas significativas de produção de colmos em um latossolo Vermelho, textura arenosa, com a aplicação de Cu e Zn na forma de quelatos. Azeredo e Bol-sanello (1981) obtiveram aumentos de até 27 % na produtividade da cana-planta com o uso de 5 kg ha-1 no sulco ou pulverizações com solução contendo 5 g l-1 de Mn.

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Tabela 3. Produções médias de cana-de-açúcar da variedade Co419 obti-das em cana-planta, de acordo com os tratamentos nas Usinas itaiquara, Junqueira e Tamoio.

Massapê-salmourãoTerra Roxa misturada

Usina Itaiquara

Usina Junqueira

Usina Tamoio

- - - - - - - - - - - (t ha-1) - - - - - - - - - - - - Controle 123,9 104,1 114,7

Fe 135,5 106,5 117,0B 145,5 110,3 111,5

Cu 132,2 103,5 111,0Mn 126,6 105,5 113,9Mo 135,9 110,8 117,5Zn 127,7 106,5 113,8

Completo (Fe+B+Cu+Mn+Mo+Zn) 127,2 104,1 112,6

d.m.s (dunnett unilateral) 6,3 ns ns

Fonte: Alvarez e Wutke (1963).

Cambria, Boni e Strabelli (1989) também observaram res-postas positivas da cana-de-açúcar em um latossolo à aplicação de doses de Zn, verificando que a dose máxima econômica estava em torno de 10 kg ha-1 (Figura 1). Malavolta (1990), com duas aplicações foliares de 0,175 kg ha-1 de B, conseguiu aumento da ordem de 18% na produtividade da cana-de-açúcar.

Tabela 4. Produtividades médias da cana-planta em 23 experimentos realizados no Estado de São Paulo.

Local Município NPK NPKFe

NPKB

NPKCu

NPKZn

NPKMn

NPKMo

d.m.s.(Dunnet) 5% C.V.

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (t ha-1) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (%)1 Nova Europa 125,8* 129,8 122,3 129,9 130,4 127,4 127,8 14,0 7,42 Nova Europa 149,2 136,1 149,1 145,6 144,2 146,4 154,5 ns 8,83 Nova Europa 95,9 94,9 99,5 110,5* 101,6 94,1 115,0* 13,2 8,94 Tapiratiba 120,5* 114,7 113,7 118,7 127,2 121,0 111,0 12,9 7,35 Tapiratiba 135,1* 142,2 141,1 138,5 146,2 135,2 149,2 20,2 9,76 Tapiratiba 132,5 140,5 142,5 134,0 136,7 127,5 132,5 ns 9,87 Guariba 149,5 153,5 147,4 150,2 144,9 152,7 150,7 ns 6,98 Guariba 137,0 130,0 135,0 138,0 131,0 136,0 134,0 ns 8,99 Guariba 122,0 120,0 128,0 129,0 121,0 121,0 126,0 ns 7,6

10 Guariba 82,2* 80,9 74,9 80,1 82,9 80,1 73,1 14,9 12,911 Araraquara 117,4 116,1 111,9 122,2 122,6 117,8 113,2 ns 13,312 Araraquara 95,5* 87,4 82,7 91,2 92,3 95,7 91,6 ns 11,713 Araraquara 114,7* 100,5 120,2 116,0 120,8 108,8 123,1 14,8 8,714 Piracicaba 107,9* 112,1 112,5 112,6 109,9 102,4 116,4 18,1 11,815 Sertãozinho 84,3* 80,8 85,0 77,4 84,0 73,8 75,9 16,6 11,816 Sertãozinho 86,7* 92,9 93,0 97,4 98,0 106,0 95,2 9,8 6,917 Barra Bonita 53,4* 63,9 58,1 48,4 54,8 53,4 59,8 10,7 13,118 Barra Bonita 76,5* 64,7 65,6 63,9 74,7 68,2 65,4 12,8 12,519 Penápolis 138,5* 135,7 137,6 143,0 134,6 144,3 133,0 15,0 7,320 Cosmópolis 99,4* 93,2 103,7 101,9 99,7 98,5 105,9 16,0 10,921 Cosmópolis 120,3 121,6 122,7 114,4 121,6 112,9 120,3 11,2 6,322 Sertãozinho 100,7 100,3 100,5 99,7 105,3 105,7 98,1 ns 8,823 Sertãozinho 111,3* 112,8 114,8 108,4 111,1 112,8 122,4 16,3 8,5

Fonte: Alvarez et al. (1979).

Por outro lado, a maior parte das pesquisas sobre a aplicação de micronutrientes em cana-de-açúcar não apresentou respostas positivas (ESPiRONElO, 1972; SiQUEiRA; SilVEiRA; GUE-dES, 1979; PENATTi, 2013). Andrade et al. (1995) estudaram os efeitos das aplicações de fritas e de fontes solúveis de B, Cu e Zn, via solo, no plantio da variedade SP 70-1143 (cana-planta e primeira soca) em um Latossolo Vermelho distrófico, de baixa fertilidade natural, na região de Matão, SP. de maneira geral, as aplicações

Figura 1. Resposta da cana-planta à aplicação de doses de Zn em um latossolo Vermelho Amarelo no Oeste do Estado de São Paulo.

Fonte: Cambria, Boni e Strabelli (1989).

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isoladas de B, Cu e Zn, na forma de sais solúveis, assim como as aplicações conjuntas destes micronutrientes (fonte solúvel ou fritas), não apresentaram alteração significativa nos teores foliares, nas características tecnológicas e nos rendimentos de colmos, açúcar ou álcool por hectare de cana-planta.

Franco et al. (2011) estudaram a resposta da cana-de-açúcar à aplicação de B e Zn em um latossolo Vermelho-Amarelo em Pirassununga, SP, e verificaram que a aplicação de 2 e 4 kg ha-1 de B no plantio promoveu efeito fitotóxico, diminuindo a produção de colmos na cana-planta em até 24 toneladas em relação ao trata-mento sem aplicação do micronutrientes (Tabela 5). O Zn também não promoveu ganhos em produtividade na cana-planta. Por outro lado, observou-se incrementos significativos na produtividade e na quantidade de Açúcar Total Recuperável (ATR) da soqueira, devido ao efeito residual da aplicação de 3 e 6 kg ha-1 de Zn. Os ganhos de produtividade devido ao efeito residual da aplicação de Zn chegaram a 14 t ha-1 a mais em relação à testemunha (Tabela 5).

cana-de-açúcar do Estado de São Paulo. Apesar de haver grande variação na amplitude de resposta da cana aos micronutrientes, o ganho médio de produtividade nesses experimentos foi de 17,6% na produção de colmos. Embora tenham sido observadas respostas positivas da cana-de-açúcar a todos os micronutrientes estudados, elas foram mais frequentes e intensas para o Zn e o Mo (Tabela 6). A aplicação de micronutrientes não afetou significativamente a qua-lidade industrial da cana-de-açúcar, porém, devido ao aumento na produção de colmos, os pequenos incrementos de ATR obtidos com a aplicação de Zn, Cu, Mn e Mo, promoveram aumentos significa-tivos na estimativa da produção de açúcar e etanol. Esses resultados demonstram a importância da aplicação de micronutrientes em cana-de-açúcar. Além disso, comparando os resultados obtidos nesse trabalho com os demais trabalhos encontrados na literatura, pode-se levantar a hipótese de que para alguns micronutrientes, como Zn, Cu e Mn, as doses recomendadas atualmente podem estar subestimadas.

Farias et al. (2009) estudaram o efeito da aplicação de doses de micronutrientes em cana irrigada no nordeste brasileiro e também não observaram aumento na qualidade da cana-planta.

Apesar de boa parte dos trabalhos realizados na região Centro- Sul do Brasil não terem mostrado respostas consistentes da cana-de- açúcar à aplicação de micronutrientes, elas são muito frequentes em solos de tabuleiros costeiros no Nordeste, zona tradicional de produção de cana-de-açúcar do País (FERNANdES, 1972; SUl-TANUN, 1974). Ganhos de produção superiores a 40 t ha-1 para cana-planta foram obtidos por Marinho e Albuquerque (1981) com a aplicação de Cu em várias unidades de produção do Nordeste brasileiro. Esses ensaios permitiram construir a curva de calibra-ção de análises de solo para Cu em cana-de-açúcar, que mostra alto potencial de resposta dessa cultura ao Cu em solos com teores inferiores 0,5 mg dm-3, extraídos pelo extrator de Mehlich 1 (SAN-TOS; SOBRAl, 1980; MARiNHO; AlBUQUERQUE, 1981).

Estudos sobre respostas da cana-de-açúcar aos micronutrien-tes foram retomados por Mellis et al. (2009), onde avaliaram a res-posta da cana-planta a B, Cu, Zn, Mn e Mo em uma rede de ensaios conduzidos em oito locais em importantes regiões produtoras de

Tabela 6. Perfilhamento, produtividade e qualidade industrial da cana- planta em função da aplicação de micronutrientes no sulco de plantio em oito unidades produtoras do Estado de São Paulo.

Tratamento Perfilhamento1

(1.000 ha-1)TCH 12

(t ha-1)ATR 22

(kg t-1)

Controle 91,0 106 15410 kg ha-1 de Zn 95,2** 126 ** 154 ns10 kg ha-1 de Cu 91,1 119 ** 152 ns10 kg ha-1 de Mn 91,8 117 ** 152 ns3 kg ha-1 de B 96,0** 114 ns 152 ns2 kg ha-1 de Mo 93,3 117 ** 154 nsCompleto (B + Cu + Mn + Mo) 94,9 114 ns 153 ns

1 Valores seguidos de dois asteriscos diferem estatisticamente a 10% pelo teste de dunnett em relação ao tratamento controle (sem aplicação de micronutrientes).

2 TCH = tonelada de cana por hectare; ATR = açúcar total recuperável.Fonte: Mellis et al. (2009), Becari et al. (2009).

Tabela 5. Efeito da aplicação de doses de B e Zn no sulco de plantio, na produção de colmos e na quantidade de Açúcar Total Recuperável (ATR) da cana-planta e da primeira soqueira.

Tratamento(kg ha-1)

Produção de colmos(t ha-1)

ATR(%)

Cana- planta Soqueira Cana-planta Soqueira

Boro0 156 a 82 15,8 15,22 132 b 79 16,3 15,84 142 ab 90 15,5 15,3

CV (%) 7,22 10,84 6,30 4,67F-test 5,33** 1,66 ns 0,56 ns 0,70 ns

Zinco0 141 71 b 14,8 b 15,13 138 83 a 16,5 a 15,66 137 80 a 16,5 a 15,8

CV (%) 7,55 5,20 3,76 4,11F-test 0,20 ns 10,50** 11,26** 1,12 ns

** e ns: significância pelo teste de Tukey a 5%. Fonte: Adaptada de Franco et al. (2011).

Esses mesmos autores avaliaram o efeito da aplicação de micronutrientes na soqueira dessas áreas e verificaram respostas positivas para perfilhamento com a aplicação de Zn e B (Tabela 7) no sulco de plantio, mesmo após 3 anos da aplicação. Foram obser-vadas também respostas significativas na produção de colmos dessas soqueiras para Zn, Cu, Mn e Mo. Esses resultados demonstram que a aplicação de doses mais altas de micronutrientes no sulco de plantio pode ser a forma mais viável para manejar micronutrientes na cultura da cana-de-açúcar (MElliS et al., 2010).

Recentemente, em continuidade aos estudos com micronu-trientes conduzidos pelo iAC, foram realizadas pesquisas com doses (0 kg ha-1, 5 kg ha-1, 10 kg ha-1 e 20 kg ha-1) e fontes (quelato, sulfato e óxido) de Cu, Zn e Mn em solos com baixos teores disponíveis des-ses micronutrientes. Os experimentos estão sendo conduzidos desde 2011 e o objetivo da pesquisa é avaliar se a aplicação de altas doses de micronutrientes no plantio da cana-de-açúcar é capaz de suprir a necessidade da cultura em todo o ciclo da cana-de-açúcar. Os resultados observados nas duas primeiras safras foram semelhantes aos anteriores, especialmente para Zn, que proporcionou os maiores ganhos em produtividade, média de 10 t ha-1 por safra (MElliS et al., 2014), enquanto a aplicação de Mn e Cu praticamente não aumentou a mesma. Em relação ao Zn, foi observado que a dose de máxima eficiência econômica está em torno de 10 kg ha-1 e que o óxido e o sulfato de zinco foram mais eficientes que o uso de que-

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latos nos solos estudados, principalmente nos solos mais arenosos, onde o uso de sulfato de zinco proporcionou maiores incrementos em produtividade, especialmente na cana-planta (MElliS et al., 2014). O programa de pesquisa com micronutrientes em cana-de- açúcar do iAC desenvolveu também, nesse período, estudos com doses (0 kg ha-1, 0,3 kg ha-1, 0,6 kg ha-1, 1,2 kg ha-1 e 2,4 kg ha-1) e modos de aplicação (via solo ou foliar) de Mo na cana-de-açúcar. A aplicação via solo foi efetuada no sulco de plantio, enquanto a aplicação foliar foi efetuada todos os anos, 4 meses após a brota-ção da cana-de-açúcar. Segundo Vieira et al. (2014), diante dos resultados parciais obtidos em duas safras de cana-de-açúcar (cana--planta e primeira soqueira), o incremento médio em produtividade com a aplicação de 0,6 a 1,0 kg ha-1 de Mo foi de 8 t ha-1 por safra, independentemente da forma como o micronutriente foi aplicado.

4. RECOMENDAÇõES pARA AplICAÇãO DE MICRONUTRIENTES

Embora existam algumas recomendações de adubação para micronutrientes, estas ainda não fazem parte das operações tradicio-nais de adubação da cana-de-açúcar, o que pode estar contribuindo para deprimir o potencial produtivo da cultura, especialmente em solos de baixa fertilidade natural, nos quais está ocorrendo a maior expansão da fronteira agrícola da cana-de-açúcar na atualidade (BECARi, 2010).

A recomendação de adubação com micronutrientes para a cana-de-açúcar deve ser sempre baseada na análise de solo, sendo que a aplicação dos mesmos somente deve ser recomendada quando o solo apresentar teores disponíveis baixos (Tabela 8). A disponibilidade desses elementos, principalmente Cu, Zn, Mn e Fe, sofre grande influência da acidez do solo, diminuindo consi-deravelmente com o aumento do pH do mesmo. Com a expansão da cana-de-açúcar para áreas de baixa fertilidade natural e elevada acidez, nas quais é necessária a prática da calagem, a deficiência de micronutrientes pode limitar ainda mais a produtividade da cultura. A adubação foliar pode ser uma alternativa para sanar esse problema de manejo, porém, resultados de pesquisa mostram que esta prática é menos eficiente do que a adubação tradicional via solo para B, Cu, Mn e Zn (ORlANdO FilHO; ROSSETO; CASAGRANdE, 2001). Por isso, a pulverização foliar tem sido recomendada apenas para corrigir as deficiências detectadas durante o desenvolvimento

da cultura. Entretanto, quando essas deficiências ocorrem, parte da produção potencial da planta já está comprometida, e a correção apenas diminui a intensidade das perdas.

Atualmente, recomenda-se a aplicação via solo de 1 a 2 kg ha-1 de B; 2,5 a 6,0 kg ha-1 de Cu; 5,0 a 8,0 kg ha-1 de Zn; 3,0 a 6,0 kg ha-1 de Mn; e 6,0 a 10,0 kg ha-1 de Fe em solos com baixos teores disponíveis desses micronutrientes (SPiRONEllO et al., 1996; OliVEiRA et al., 2007; ViTTi, 2010; Faroni et al. (2012), segundo PENATTi, 2013). Em relação ao Mo, a recomendação atual é a aplicação foliar de 0,1 kg ha-1 de Mo (EMBRAPA, 2007).

As recomendações atuais para adubação com micronutrien-tes no Estado de São Paulo (Boletim 100) deverão ser atualizadas ainda esse ano, principalmente para Zn e Mo, considerando: 1) os resultados obtidos pelo programa de pesquisa com micronutrientes em cana-de-açúcar do iAC, os quais indicam que o uso de doses mais altas no sulco de plantio, comparadas às recomendadas atual mente, proporcionam ganhos de produtividade consideráveis na cana-planta, e 2) o efeito residual nas safras subsequententes. deverá ser recomendada a aplicação de até 10 kg ha-1 de Zn no sulco de plantio em solos com teores disponíveis abaixo de 0,5 mg dm-3. Quanto ao Mo, deverá ser recomendada a aplicação de 0,6 a 1,0 kg ha-1 no sulco de plantio em solos de baixa fertilidade; neste caso, a textura dos solos e o custo da aplicação deverão ser levados em consideração para a recomendação.

Atualmente, o principal entrave na aplicação de doses mais altas de micronutrientes em cana-de-açúcar está na dificuldade para a distribuição uniforme de pequenas quantidades de fertilizantes em grandes áreas (kg ha-1). Para solucionar esse problema, as empresas de fertilizantes têm disponibilizado formulações NPK contendo micronu-trientes, porém, essa prática pode não ser eficaz devido à segregação dos grânulos, que resultam em uma aplicação desuniforme. Na busca por melhor eficiência na aplicação de micronutrientes em cana-de--açúcar, muitas empresas tem disponibilizado no mercado soluções multielementares para aplicações na cobertura do tolete e foliares. Embora seja uma opção viável, essas formulações têm custo elevado para o produtor. Além disso, a maior parte delas apresenta baixos teores de micronutrientes, podendo não fornecer as quantidades adequadas para aumentar a produtividade e suprir a necessidade da cana-de-açúcar em todo o período cultivado (5 anos em média), exi-gindo novas aplicações, o que encarece ainda mais o procedimento.

Uma das alternativas testadas pelo iAC, em parceria com outras empresas, para viabilizar a aplicação de 10 kg ha-1 de Zn no sulco de plantio, foi a aplicação de 100 kg ha-1 no sulco de plantio de um fertilizante granulado contendo 2% de B; 2,3% de Cu; 6,2% de Mn; 0,3% de Mo e 9,12% de Zn solúveis. Para se evitar problemas de desuniformidade na distribuição do adubo, devido à segregação, acoplou-se ao sulcador uma terceira caixa para aplicar exclusivamente micronutrientes no sulco de plantio (Figura 2). Esse tratamento foi comparado

Tabela 7. Efeito residual da aplicação de micronutrientes no sulco de plantio, no perfilhamento, na produção de colmos e qualidade industrial da primeira soqueira em 6 unidades produtoras do Estado de São Paulo.

Tratamento Perfilhamento1

(1.000 ha-1)TCH2

(t ha-1)ATR2

(kg t-1)

Controle 76,2 76,9** 159,210 kg ha-1 de Zn 92,5** 86,7** 158,610 kg ha-1 de Cu 88,0** 83,1** 155,610 kg ha-1 de Mn 91,0** 83,4** 159,73 kg ha-1 de B 92,4** 82,8** 160,72 kg ha-1 de Mo 92,9** 86,6** 158,6Completo (B + Cu + Mn + Mo) 88,7** 81,2** 160,3

1 Valores seguidos de dois asteriscos diferem estatisticamente a 10% pelo teste de dunnett em relação ao tratamento controle (sem aplicação de micronutrientes).

2 TCH = tonelada de cana por hectare; ATR = açúcar total recuperável.Fonte: Mellis et al. (2010).

Tabela 8. limites de interpretação dos teores disponíveis de micronu-trientes nos solos.

Teor B(água quente)

Cu Fe Mn Zn(DTPA)

- - - - - - - - - - - - - - - - (mg dm-3) - - - - - - - - - - - - - - - - -Baixo < 0,2 < 0,2 < 4 < 1,4 < 0,5Médio 0,2-0,6 0,3-0,8 5-12 1,5-5,0 0,6-1,2Alto > 0,6 > 0,8 > 12 > 5,0 > 1,2

Fonte: Spironello et al. (1996).

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ao da aplicação de 5 kg ha-1 de um fertilizante comercial (5,1% de B; 3,3% de Mo e 18,4% de Zn), aplicado simultaneamente com inseticida e cupinicida em volume de calda de 150 l ha-1, na cobertura dos toletes, e a um tratamento onde não foram aplicados micronutrientes. O experimento foi conduzido em um Neossolo Quartzarênico de baixa fertilidade, em um talhão de 30 ha cultivado com cana-de-açúcar, variedade RB92579. A produtividade da cana- planta, com a aplicação da fonte de micronutrientes granulados, foi de 104 t ha-1, 15 t ha-1 a mais de colmos em relação ao trata-mento que não recebeu aplicação de micronutrientes, e 8 t ha-1 a mais de colmos em relação ao produto aplicado na cobertura dos toletes. O efeito residual na primeira soqueira foi ainda maior, sendo a produtividade média da cana-soca tratada com a fonte de micronutrientes granulados de 107 t ha-1, enquanto nas parcelas tratadas com produto aplicado na cobertura dos toletes e sem micronutrientes a produtividade média de colmos foi de 81 e 89 t ha-1, respectivamente. Somando-se as duas safras, a cana plan-tada com doses elevadas de micronutrientes produziu em média 33 t ha-1 de colmos a mais que os demais tratamentos (Figura 3). isso demonstra que, em solos arenosos com baixos teores de micronu-trientes, especialmente de Zn, é necessária a aplicação de dose mais alta (10 kg ha-1 de Zn) do que a recomendada atualmente.

Apesar do uso da terceira caixa exclusiva para aplicação de micronutrientes ter demonstrado ser eficiente para a aplicação de doses mais elevadas de micronutrientes, esta alternativa ainda não é viável comercialmente e necessita de aprimoramentos para facilitar as operações no campo.

O uso de fontes solúveis de micronutrientes, como sulfato de zinco heptahidratado e molibdato de sódio, em aplicações conjun-tas com defensivos, na cobertura do sulco, tem sido adotado pelos produtores de cana, apresentando resultados positivos. Porém, esta alternativa não permite a aplicação de doses de Zn superiores a 7 kg ha-1. O volume de calda utilizado na aplicação dos defensivos normalmente está em torno de 150 l ha-1, o que dificulta a solubi-lização de doses maiores. Outro ponto a ser considerado é a ordem de adição dos sais contendo micronutrientes na calda. O produtor deve sempre dissolver o molibdato primeiro, antes do sulfato de zinco, caso contrário ocorre a precipitação, o que pode entupir os bicos do pulverizador, além de não permitir uma aplicação uniforme. Uma das alternativas usadas pelos produtores para a aplicação dos 10 kg ha-1 de Zn é utilizar, no plantio, uma fórmula NPK contendo de 0,5 a 1% de Zn, na forma de óxido ou oxi-sulfato, em mistura de grânulos ou incorporado, complementando o restante com sul-fato de zinco na aplicação dos defensivos na cobertura dos toletes. Alguns óxidos silicatados-FTE contendo micronutrientes também têm sido recomendados para a cultura da cana-de-açúcar, porém, sem o suporte de trabalhos científicos (ANdRAdE et al., 1995).

Em relação ao B, as fontes mais utilizadas na cana-de-açúcar são as fontes solúveis bórax e ácido bórico, sendo este último nor-malmente aplicado em superfície juntamente com herbicidas.Porém, Vitti et al. (2006) alertam que, devido à alta solubilidade, o uso dessas fontes tornam o B muito suscetível à lixiviação, podendo prejudicar a eficiência da adubação com o micronutriente. Esses autores sugerem, então, a substituição dessas fontes por fontes menos solúveis, como a ulexita e a colemanita. Além disso, o uso de fontes menos solúveis pode evitar a fitotoxicidade da cultura. O B é um micronutriente cuja faixa entre a essencialidade e a toxidez é bastante estreita, o que torna comum na literatura a descrição de efeitos deletérios da aplicação de doses mais elevadas de B, principalmente no sulco de plantio. Para evitar os riscos de toxidez, os produtores têm aplicado B na operação de nivelamento do solo (“quebra lombo”).

A aplicação de resíduos provenientes da indústria cana-vieira, vinhaça e torta de filtro, apresentam teores razoáveis de micronutrientes, podendo suprir, através da disposição destes nas

Figura 2. Aplicação de micronutrientes na forma granulada com terceira caixa de adubo.

Figura 3. Produtividade da cana-de-açúcar em função de doses e formas de aplicação de micronutrientes no sulco de plantio.

Terceira caixa exclusiva paraadubação com micronutrientes

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lavouras, a necessidades de micronutrientes requeridas pela cul-tura (ORlANdO FilHO et al., 2001). isso pode ser facilmente observado através das análises de solo de áreas de vinhaça, as quais geralmente apresentam teores mais elevados de micronutrientes do que as áreas que recebem somente adubação mineral.

5. CONSIDERAÇõES FINAIS

Os ganhos de produtividade proporcionados pelos micro-nutrientes na cultura da cana-de-açúcar vão além do aumento de produção e rentabilidade. Atualmente, com o interesse crescente por biocombustíveis no mundo, há uma grande demanda pela produção de etanol de cana-de-açúcar no País, o que tem propor-cionado crescimento da área ocupada pela cultura. Essa expansão tem gerado críticas por parte da comunidade internacional, que apontam o Brasil como o principal responsável pela crise mundial de alimentos, alegando que a cana-de-açúcar tem ocupado áreas antes destinadas à produção de grãos. Essa expansão também é apontada como uma das causas do aumento do desmatamento da Amazônia.

Portanto, o uso de micronutrientes na cana-de-açúcar poderá vir a ser uma solução eficaz no aumento da produção de cana com menor expansão da área cultivada, reduzindo-se, assim, as pressões internacionais sobre o etanol brasileiro. Além disso, o aumento na produtividade da cana com a adubação com micronutrientes irá proporcionar ganhos de eficiência na logística de transporte até as unidades de produção, resultando, portanto, em balanço energético ainda mais eficiente e competitivo, comparado a outras fontes de energia renovável, como, por exemplo, o etanol de milho, tornando a produção de etanol de cana-de-açúcar ainda mais sustentável.

6. REFERêNCIAS

AlVAREZ, V. C. Efeitos da aplicação de micronutrientes por via foliar na cultura da cana-de-açúcar. 1984. 47 p. Tese (Mestrado) – Faculdade de Ciências Agronômicas e Veterinárias de Jaboticabal/ Universidade Julio de Mesquita Filho, Jaboticabal, 1984.

AlVAREZ, R.; WUTKE, A. C. P. Adubação de cana-de-açúcar. iX. Experimentos preliminares com micronutrientes. Bragantia, v. 22, p. 647-650, 1963.

AlVAREZ, R.; WUTKE, A. C. P.; ARRUdA, H. V.; GOdOy JUNiOR, C. Adubação de cana-de-açúcar. XV. Experimentos com micronutrientes nas regiões canavieiras do Estado de São Paulo. Bragantia, v. 38, p. 19-26, 1979.

ANdERSON, d. l.; BOWEN, J. E. Nutrição da cana-de-açúcar. Piracicaba: POTA-FOS, Piracicaba, 1992.

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AZEREdO, d. F.; BOlSANEllO, J. Efeito de micronutrientes na produção e na qualidade da cana-de-açúcar no Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais (Zona da Mata) - estudo preliminar. Brasil Açucareiro, v. 93, p. 9-17, 1981.

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