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Av. Defensores de Chaves n.º 23 5.º Dto. 1000-110 Lisboa . Tel: 21 799 85 20 . Fax: 21 799 85 24 . e-mail: [email protected] www.interfileiras.org Associação Nacional para a Recuperação, Gestão e Valorização de Resíduos de Embalagens Informação sobre a Evolução do Peso Unitário das Embalagens (Julho de 2012)

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Av. Defensores de Chaves n.º 23 5.º Dto. 1000-110 Lisboa . Tel: 21 799 85 20 . Fax: 21 799 85 24 . e-mail: [email protected] www.interfileiras.org

Associação Nacional para a Recuperação,

Gestão e Valorização de Resíduos de Embalagens

Informação sobre a Evolução

do Peso Unitário das Embalagens

(Julho de 2012)

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Informação sobre a Evolução do Peso das Embalagens (Julho de 2012) 2

INTRODUÇÃO

A redução do peso das embalagens é uma das vias de prevenção e redução na origem do

impacte ambiental dos resíduos de embalagens. Consiste no desenvolvimento de métodos

e processos de fabrico que permitam produzir embalagens capazes de assegurar as

mesmas funcionalidades – designadamente conter, proteger, transportar, preservar,

apresentar e promover o produto – com níveis de segurança equivalentes para os

utilizadores e consumidores finais, mas com menor utilização de matéria-prima ou

material.

A indústria de embalagem tem adoptado, ao longo dos anos, diversas medidas que visam

o princípio da prevenção / redução na fonte, área esta que tem merecido uma especial

atenção. A “redução” pode referir-se a múltiplos aspectos:

a) ao tamanho da embalagem (alteração de formas e volumes);

b) à quantidade de matérias-primas utilizadas para a fabricar (redução do peso e

espessura das embalagens);

c) às características dessas matérias-primas (embalagens mais fáceis de reciclar)

d) etc..

A redução tem evidentes vantagens ambientais (prevenção de resíduos) e económicas

(menos matéria-prima, menos valor ponto verde). Todavia, essas vantagens só são reais

se forem asseguradas as funções prioritárias da embalagem:

a) protecção do produto (contra danos ou contaminações externas),

b) conservação durante o tempo de vida útil especificado (evitando a degradação das

características, valor nutritivo, etc.)

c) informação ao consumidor (promoção, informação, rotulagem, etc,).

A redução só tem vantagem económica e ambiental se for uma optimização. Por outras

palavras: maximizar a protecção e conservação do produto minimizando custos e impactes

ambientais.

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Informação sobre a Evolução do Peso das Embalagens (Julho de 2012) 3

A procura da embalagem adequada não consiste em “reduzir por reduzir”, mas em reduzir

sem comprometer a função da embalagem. Do ponto de vista ambiental, o que se procura

é obter a mínima quantidade de material de embalagem para a mesma quantidade de

produto embalado (ou, dito de outro modo, a máxima quantidade de produto para a

mesma quantidade de material de embalagem).

O esforço dos profissionais da embalagem tem-se concentrado não só na eliminação da

quantidade de materiais de embalagem superior ao que é necessário, mas também na

procura de novas tecnologias e materiais que permitem reduzir ainda mais a embalagem.

Essa evolução tem sido muito expressiva nos últimos anos.

Ao alterar a relação entre quantidade de material de embalagem e quantidade de produto

embalado, reduz-se antecipadamente a quantidade de resíduos que irão ser gerados no

final do ciclo de vida da embalagem. Esta redução contribui para o efeito de “descolagem”,

no sentido em que ao crescimento económico, ao aumento do consumo e à melhoria do

nível de vida não corresponde um efeito proporcional na produção de resíduos de

embalagens. Esta “descolagem” tem evidência estatística na União Europeia, desde há

vários anos.

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Informação sobre a Evolução do Peso das Embalagens (Julho de 2012) 4

O peso unitário das embalagens, especialmente das embalagens de produtos de consumo

de elevada rotação, tem registado uma redução tão significativa que a sua relevância

ambiental é comparável à evolução da reciclagem.

No presente documento, apresentam-se dados relativos à evolução registada no mercado

português nos anos mais recentes. Dada a extrema diversidade dos materiais, tipos e

formatos de embalagens, não é possível nem se reveste de especial interesse apresentar

dados estatísticos agregados e totalizados. No entanto, a informação contida no presente

documento evidencia que a evolução registada no mercado português está em linha com a

tendência de redução registada na União Europeia e na generalidade das economias

desenvolvidas.

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Informação sobre a Evolução do Peso das Embalagens (Julho de 2012) 5

VIDRO

A evolução da tecnologia de produção de embalagens de vidro tem permitido melhorar e

optimizar a forma como o material vidro se distribui ao longo das paredes da embalagem.

Essa distribuição permite manter ou mesmo aumentar a resistência das embalagens com

menor utilização de matéria-prima.

Esta evolução tem sido contínua e com especial incidência nas embalagens de vidro para

produtos de maior relevância em termos de quantidade colocada no mercado, como é o

caso das garrafas de cerveja e das garrafas de vinho.

A CERV (fileira do vidro) forneceu os seguintes dados relativos à evolução do peso unitário

médio das embalagens.

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Informação sobre a Evolução do Peso das Embalagens (Julho de 2012) 6

MADEIRA

As embalagens de madeira com maior expressão no mercado são paletes e caixas para

hortofrutícolas. Pelas características do próprio material utilizado, e também pelo facto de

as embalagens terem formatos e configurações objecto de normalização, e segundo a

informação coligida pela EMBAR (fileira da madeira), não se regista evolução significativa

dos pesos médios desde 2005.

As paletes de madeira são, predominantemente, reutilizáveis, percorrendo circuitos e

“rotações” múltiplas ao longo do seu ciclo de vida. A reutilização implica a necessidade de

garantir maior resistência mecânica, o que exige a observância de normas específicas

quanto à estrutura das paletes e quanto à espessura das peças de madeira que delas

fazem parte.

Embora não estejam sujeitas às mesmas limitações, as paletes de uso único também não

são passíveis de redução de peso unitário sem comprometer a resistência mecânica. O

mesmo se passa com as caixas para hortofrutícolas.

Em geral, pode afirmar-se que as paletes e caixas de hortofrutícolas já estão optimizadas

para as suas utilizações, quer sejam reutilizáveis, quer de uso único.

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Informação sobre a Evolução do Peso das Embalagens (Julho de 2012) 7

METAL

Para a análise da evolução do peso médio das embalagens metálicas, importa considerar

que uma parte significativa das embalagens colocadas no mercado português são

importadas. É o que sucede com a generalidade das latas para bebidas. Por isso, importa

considerar dados europeus, na medida em que se trata das mesmas embalagens. Noutros

segmentos de mercado, como é o caso das embalagens metálicas para conservas

alimentares, aerossóis (produtos pulverizáveis) colas tintas, vernizes e produtos similares,

predomina a produção nacional. Neste segmento, a evolução tecnológica dos fabricantes

nacionais no sentido da redução das espessuras e pesos está em linha com as tendências

registadas a nível europeu, tendo em conta que as empresas utilizam as mesmas

matérias-primas (ex: folha-de-flandres) e as mesmas tecnologias de transformação.

Está em fase final de elaboração um estudo europeu sobre a evolução do peso médio das

embalagens metálicas. De acordo com a informação fornecida pela FIMET (fileira do

metal), registou-se a seguinte evolução dos pesos médios das embalagens metálicas:

- Entre 1991 e 2005 – cerca de 15 %

- Entre 2005 e 2012 – cerca de 20 %

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Informação sobre a Evolução do Peso das Embalagens (Julho de 2012) 8

PLÁSTICO

A enorme diversidade de tipologias e formatos das embalagens de plástico, incluindo

rígidas, semi-rígidas e flexíveis, faz com que a aferição de reduções de espessura e peso

seja mais útil de forma desagregada, de modo a proporcionar uma informação de cariz

mais prático. A informação coligida pela PLASTVAL (fileira do plástico), dá conta da

evolução registada em alguns dos tipos/formatos de embalagem plástica com maior

expressão no mercado.

• SACO DE PLÁSTICO (Saco de caixa - Hipermercado)

Evolução do peso médio do saco de plástico (saco de caixa) e respectiva taxa de redução

Anos

1980 1991 1996 2001 2005 2011

peso médio (g) 14,26 g 11,88 g 9,5 g 8,55 g 7,13 g 6,65 g

redução (%) - -17% -20% -10% -17% -7%

Fonte: PLASTVAL, Indústria transformadora nacional

Evolução do Peso médio do

Saco de Plástico (saco de caixa)

0

5

10

15

20

1980 1991 1996 2001 2005 2011

Horizonte Temporal (anos)

Pe

so m

éd

io (

g)

Peso médio do saco de caixa (g)

Entre 2005 e 2011, os sacos de caixa sofreram uma redução de cerca de 7%.

- em 30 anos verificou-se uma redução de 53% -

(em média, um saco de 6 g pode transportar até 10 kg de produtos / bens).

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Informação sobre a Evolução do Peso das Embalagens (Julho de 2012) 9

• GARRAFAS E GARRAFÃO DE PLÁSTICO PARA ÁGUAS

Evolução do peso médio das garrafas e garrafão de plástico para águas e respectiva taxa de redução

Anos 1997 2002 2006 2012

peso médio (g) 14 g 13 g 11,5 g 10,5 g garrafa 0,33 L

redução (%) - -7% -12% -9%

peso médio (g) 18 g 16,5 g 15 g 13,5 g garrafa 0,5 L

redução (%) - -8% -9% -10%

peso médio (g) 35 g 31 g 29,5 g 25 g garrafa 1,5 L

redução (%) - -11% -5% -15%

peso médio (g) 100 g 82,6 g 80 g 72,5 g garrafão 5 L

redução (%) - -17% -3% -9%

Fonte: PLASTVAL, Indústria Transformadora Nacional

Evolução do Peso médio da

garrafa de água 0,33 L de plástico

0

5

10

15

20

1997 2002 2006 2012

Horizonte Temporal (anos)

Pe

so m

éd

io (

g)

Peso médio da garrafa 0,33 L (g)

Evolução do Peso médio da

garrafa de água 0,5 L de plástico

0

5

10

15

20

1997 2002 2006 2012

Horizonte Temporal (anos)

Pe

so m

éd

io (

g)

Peso médio da garrafa 0,33 L (g)

Entre 2005 e 2011, as garrafas de água em plástico sofreram uma redução de 9% a 15%.

- em 15 anos verificou-se uma redução de 25% a 29% -

(apenas 25 g de plástico são suficientes para conter e transportar litro e meio de água).

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Informação sobre a Evolução do Peso das Embalagens (Julho de 2012) 10

Evolução do Peso médio da

garrafa de água 1,5 L de plástico

0

10

20

30

40

1997 2002 2006 2012

Horizonte Temporal (anos)

Pe

so m

éd

io (

g)

Peso médio da garrafa 0,33 L (g)

Evolução do Peso médio do

garrafão de água 5 L de plástico

0

20

40

60

80

100

120

1997 2002 2006 2012

Horizonte Temporal (anos)

Pe

so m

éd

io (

g)

Peso médio da garrafa 0,33 L (g)

Esta prática de redução na fonte tem ocorrido em muitas outras embalagens de plástico

nos seus mais diversos sectores / aplicações, como sejam na área alimentar (sumos/

refrigerantes, produtos lácteos, etc.), nos bens de higiene pessoal (champôs,

amaciadores, etc.), produtos de limpeza (detergentes), no sector das tintas, etc.. A

evolução registada em Portugal, em matéria de redução do peso de diversas embalagens

de plástico, é idêntica à que observa a nível europeu, tendo em conta a importância das

embalagens importadas e o facto de as embalagens com origem nacional serem fabricadas

com tecnologia idêntica.

Evolução do peso médio de diversas embalagens de plástico

e respectiva taxa de redução (UE)

Evolução do peso das embalagens

Embalagem de plástico Há 20 anos Hoje % redução

Saco de compras 24 g 5,5 g -77%

Boião de iogurte 125 g 5,8 g 4,8 g -17%

Garrafa de água 1,5 l 40 g 25 g -38%

Tampa de garrafa 3,1 g 1,8 g -42%

Saco de legumes congelados 1 kg 12,65 g 7,5 g -37,5%

Tabuleiro de pré-cozinhado 40 g 23 g -40%

Bidão 20 l 1200 g 900 g -25 %

Caixa de peixe EPS (esferovite) 100 g 87 g -13 %

Fonte: CSEMP – Emballage Plastique

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Informação sobre a Evolução do Peso das Embalagens (Julho de 2012) 11

PAPEL/CARTÃO

A evolução do peso das embalagens reflecte o esforço que o sector papeleiro tem feito na

redução e minimização do impacte das suas embalagens. Este factor está associado à

inovação, que por sua vez leva à optimização de processos. Com a optimização dos

processos é possível garantir as mesmas especificações técnicas, utilizando menor

quantidade de matéria-prima.

No universo das embalagens de papel/cartão, o sector do cartão canelado é um dos mais

representativos. No entanto, existem também outras embalagens que merecem aqui ser

alvo de análise, nomeadamente os sacos de papel. Em seguida, apresentam-se dados

essenciais sobre redução de gramagens, coligidos pela RECIPAC (fileira do papel/cartão).

• Cartão Canelado

Sobre a evolução do peso médio das embalagens de papel/cartão existe informação

disponibilizada pela FEFCO relativa ao sector do cartão canelado no período de 1996 a

2007. A FEFCO é uma federação europeia de fabricantes de cartão canelado, constituída

por associações deste sector. Até 2005 o representante de Portugal na FEFCO era o Grupo

Português de Fabricantes de Cartão Canelado, tendo terminado a sua contribuição com

dados estatísticos nesse mesmo ano. Desde o início de 2012 que Portugal voltou a estar

representado nesta federação europeia através de um associado da RECIPAC, a ANIPC.

Evolução da gramagem média (g/m2) das embalagens de cartão canelado em Portugal e na União Europeia no período entre 1996 e 2007.

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Gramagem média em Portugal (g/m2)

545 550 543 545 540 529 518 509 517 511 511* 511*

Variação anual (%)

0,92% -1,27% 0,37% -0,92% -2,04% -2,08% -1,74% 1,57% -1,16% 0,00% 0,00%

Gramagem média na UE (g/m2)

556 558 555 551 549 544 543 542 540 540 540 535

Variação anual (%)

0,36% -0,54% -0,72% -0,36% -0,91% -0,18% -0,18% -0,37% 0,00% 0,00% -0,93%

*Dados estimados pela FEFCO. Fonte: (www.fefco.org).

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Informação sobre a Evolução do Peso das Embalagens (Julho de 2012) 12

Pela observação dos valores do quadro anterior constata-se que do ano 1996 para 2007,

em média as embalagens de cartão canelado em Portugal registaram uma variação na sua

gramagem (g/m2) em cerca de - 6,24%, superior à média da União Europeia que foi

aproximadamente - 3,78%.

A variação média anual da gramagem das embalagens de cartão canelado (g/m2), que se

verificou em Portugal no período de 1996 até 2007 foi de - 0,58%, superior à média da

união Europeia - 0,35%.

Evolução da gramagem média (g/m2) das embalagens de cartão canelado em Portugal no período entre 1996 e 2007

A melhor estimativa da gramagem média das embalagens de cartão canelado no ano de

2011, em Portugal, aponta para um valor de aproximadamente 500 g/m2 (Fonte: ANIPC -

Associado da RECIPAC).

Assim, no período de 2005 para 2011 verifica-se uma variação na gramagem de

aproximadamente -2,21%, correspondendo a uma variação média anual neste período de

aproximadamente -0,37%.

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Informação sobre a Evolução do Peso das Embalagens (Julho de 2012) 13

• Sacos de Papel

Actualmente, o peso médio de um saco de papel é cerca de 130 gramas, menos 25% do

que há 15 anos atrás. Há cerca de 10 anos, seriam necessárias 3 folhas de papel kraft

para produzir um saco de papel standard, hoje em dia são necessárias apenas 2 folhas, ou

até mesmo uma. (Fonte: www.eurosac.org)

Segundo informação recolhida junto dos associados da RECIPAC o peso dos sacos de papel

baixou também em meados da década de 2000, fundamentalmente porque se deixou de

usar 3 folhas de kraft no saco para passar a duas (mais resistentes). Desde então não se

têm verificado oscilações significativas.