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Página 1 / 7 Informação para Doentes - Cancro da Próstata Diagnóstico e Classificação do Cancro da Próstata 2 Português Informação para Doentes Na maioria dos casos, o cancro da próstata é assinto- mático, o que significa que não existem sintomas que o indiquem de forma clara. A maioria dos cancros é detetada após um teste para verificar o nível de an- tigénio específico da próstata (PSA) no sangue. Se o nível de PSA no sangue for elevado, o seu médico irá recomendar mais exames para averiguar qual a causa deste aumento. Um teste PSA por si só nunca pode ser utilizado para diagnosticar cancro da prós- tata. Os instrumentos mais frequentes para avaliar a sua próstata são o teste PSA e um toque rectal (TR). O seu médico pode recomendar estes testes se apre- sentar sintomas urinários, que poderão incluir a ne- cessidade de urinar mais frequentemente do que o habitual, uma súbita vontade de urinar que é difícil de adiar, ou uma perda involuntária de urina ou gotejar de urina para as cuecas. Muitas vezes, estes sinto- mas apontam para outros problemas, mais frequen- temente a hiperplasia benigna da próstata (HBP). Também poderão ser um sinal de cancro da próstata avançado, razão pela qual poderá ser necessário fa- zer diversas análises antes do médico poder fazer um diagnóstico definitivo. Os termos sublinhados estão listados no glossário. Baseado nos resultados destes exames, o seu médico pode recomendar uma biópsia prostática. Tenha em mente que a biópsia prostática é o único exame que pode confirmar o diagnóstico de cancro da próstata. Visto o cancro da próstata ser geralmente assinto- mático, o seu médico poderá recomendar testes PSA regulares. O pedido desta análise depende de vários fatores, incluindo a política do seu médico ou hospi- tal, ou a política nacional de saúde do seu país. Os fatores mais importantes são sempre a sua idade e a sua história familiar. Se lhe for diagnosticado cancro da próstata, o uro- logista necessita de definir o estádio do tumor. Ana- lisando o tecido tumoral recolhido durante a cirurgia ou biópsia, o patologista determinará as caracterís- ticas do tumor e se é ou não uma forma agressiva. Em conjunto, o estádio e a agressividade do tumor formam a classificação. A classificação do tumor na próstata é usada para estimar o seu prognóstico individual. Baseado neste prognóstico individual, o seu médico irá discutir a me- lhor opção terapêutica para o seu caso.

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Page 1: Informação para Doentes Português - patients.uroweb.org · para diagnosticar doenças da próstata é uma análise ... vesículas seminais. Fig. 5: Um tumor da próstata T4 que

Página 1 / 7Informação para Doentes - Cancro da Próstata

Diagnóstico e Classificação do Cancro da Próstata32

PortuguêsInformação para Doentes

Na maioria dos casos, o cancro da próstata é assinto-

mático, o que significa que não existem sintomas que

o indiquem de forma clara. A maioria dos cancros é

detetada após um teste para verificar o nível de an-

tigénio específico da próstata (PSA) no sangue. Se

o nível de PSA no sangue for elevado, o seu médico

irá recomendar mais exames para averiguar qual a

causa deste aumento. Um teste PSA por si só nunca

pode ser utilizado para diagnosticar cancro da prós-

tata.

Os instrumentos mais frequentes para avaliar a sua

próstata são o teste PSA e um toque rectal (TR). O

seu médico pode recomendar estes testes se apre-

sentar sintomas urinários, que poderão incluir a ne-

cessidade de urinar mais frequentemente do que o

habitual, uma súbita vontade de urinar que é difícil de

adiar, ou uma perda involuntária de urina ou gotejar

de urina para as cuecas. Muitas vezes, estes sinto-

mas apontam para outros problemas, mais frequen-

temente a hiperplasia benigna da próstata (HBP).

Também poderão ser um sinal de cancro da próstata

avançado, razão pela qual poderá ser necessário fa-

zer diversas análises antes do médico poder fazer

um diagnóstico definitivo.

Os termos sublinhados estão listados no glossário.

Baseado nos resultados destes exames, o seu médico

pode recomendar uma biópsia prostática. Tenha em

mente que a biópsia prostática é o único exame que

pode confirmar o diagnóstico de cancro da próstata.

Visto o cancro da próstata ser geralmente assinto-

mático, o seu médico poderá recomendar testes PSA

regulares. O pedido desta análise depende de vários

fatores, incluindo a política do seu médico ou hospi-

tal, ou a política nacional de saúde do seu país. Os

fatores mais importantes são sempre a sua idade e a

sua história familiar.

Se lhe for diagnosticado cancro da próstata, o uro-

logista necessita de definir o estádio do tumor. Ana-

lisando o tecido tumoral recolhido durante a cirurgia

ou biópsia, o patologista determinará as caracterís-

ticas do tumor e se é ou não uma forma agressiva.

Em conjunto, o estádio e a agressividade do tumor

formam a classificação.

A classificação do tumor na próstata é usada para

estimar o seu prognóstico individual. Baseado neste

prognóstico individual, o seu médico irá discutir a me-

lhor opção terapêutica para o seu caso.

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Página 2 / 7Informação para Doentes - Cancro da Próstata

Esta secção oferece informação geral que não é es-

pecífica para as suas necessidades individuais. Te-

nha em mente que as situações podem variar em

países diferentes.

Sintomas no diagnósticoO cancro da próstata é geralmente assintomático,

o que significa que não existem sintomas claros

que o indiquem. Na maioria dos casos, os sintomas

são causados pela hiperplasia benigna da próstata

(HBP), ou por uma infeção. Se o cancro da prósta-

ta causar sintomas, é habitualmente um sinal que a

doença progrediu. Por este facto, é importante que

seja observado por um médico para compreender o

que está a causar os sintomas.

Os sintomas podem incluir:

• Sintomas urinários como aumento da frequência

urinária ou um jato urinário fraco

• Sangue na urina

• Problemas de ereção

• Incontinência urinária

• Perda do controlo intestinal

• Dor nas ancas, costas, peito, ou pernas.

• Fraqueza muscular das pernas

A dor óssea pode ser um sinal que o cancro se

disseminou pelo organismo. Isto é conhecido como

doença metastática.

Instrumentos de diagnósticoUm dos instrumentos mais frequentemente utilizados

para diagnosticar doenças da próstata é uma análise

que avalia o nível de antigénio específico da próstata

(PSA) no sangue. Se o nível de PSA for demasiado

elevado, isto sugere que as células prostáticas se es-

tão a comportar de forma anormal. Pode acontecer

devido a um tumor na próstata, mas também devido

a uma infeção ou a uma hiperplasia benigna da prós-

tata.

O seu médico fará um exame retal com um dedo para

sentir o tamanho, a forma e consistência da próstata

(Fig. 1). Este exame é conhecido como toque retal

(TR).

Fig. 1: Toque retal para sentir o tamanho, forma e consistência da próstata.

próstata

reto

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Termos que o seu médico pode utilizar:

Tumor benigno → crescimento não cancerígeno que não se disseminará para outros órgãos

Tumor maligno → crescimento cancerígeno que evolui continuamente ou por surtos. Os tumores malignos

podem metastizar, o que significa que disseminam pelo organismo

Doença metastática → quando um tumor se disseminou para outros órgãos ou gânglios linfáticos distantes

Em alguns casos, o seu médico poderá recomen-

dar um exame imagiológico do trato urinário inferior.

Estão disponíveis diferentes tipos de exames, tais

como a ecografia, a TAC, a RMN e o cintigrama ós-

seo/cintigrafia óssea.

Nenhum destes instrumentos fornece uma resposta

definitiva sobre se tem ou não um cancro da prós-

tata. O seu médico utilizará o resultado destes exa-

mes, juntamente com a sua idade e história familiar,

para estimar o risco de ter este cancro.

Se o risco for elevado, poderá necessitar de realizar

uma biópsia prostática. Este exame é usado para

confirmar se tem ou não um tumor. Durante o pro-

cedimento, são retiradas entre 8 e 12 amostras de

tecido prostático. Se estiver a tomar medicação para

prevenir a formação de coágulos, discuta com o seu

médico a necessidade de a suspender antes do exa-

me. O seu médico prescrever-lhe-á um antibiótico

antes da biópsia, e certificar-se á que o reto e o cólon

estão limpos para prevenir uma infeção.

O procedimento realiza-se sob anestesia local; o mé-

dico insere uma agulha na próstata, através do reto,

e as amostras são retiradas de diferentes áreas da

glândula prostática. Se realizou um exame imagioló-

gico, a biópsia poderá ser mais direcionada para a

área da próstata que mostrou um possível tumor. As

amostras dos tecidos são analisadas por um patolo-

gista para ajudar a determinar o tratamento futuro.

Após a realização da biópsia prostática, poderá ter

algum sangue na urina ou sémen. Se desenvolver

febre, deverá contactar o médico imediatamente.

Apesar de a biópsia ser considerado um instrumen-

to de diagnóstico fiável, é possível que um tumor na

próstata não seja diagnosticado.

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Teste PSA

O cancro da próstata é geralmente assintomático, mas existem vários fatores de risco conhecidos, que são o au-

mento da idade, uma história familiar de cancro da próstata e a sua etnia. Se tiver um risco aumentado de poder ter

cancro da próstata, o seu médico poderá recomendar uma análise que mede os níveis de antigénio específico da

próstata (PSA) no seu sangue, conhecida como o teste PSA.

A principal vantagem do teste PSA é avaliar regularmente os homens que tenham um risco aumentado de desenvol-

ver um cancro da próstata. Isto significa que os tumores podem ser encontrados mais cedo, com maior probabilidade

de serem curados.

A maior desvantagem do teste PSA é diagnosticar igualmente tumores que não causariam problemas graves de

saúde. O tratamento destes tumores pode conduzir a efeitos secundários físicos desagradáveis; um diagnóstico de

cancro pode levar a ansiedade e stress. Para prevenir o chamado sobre-tratamento, alguns urologistas opõem-se

ao rastreio do cancro da próstata com testes PSA regulares.

Discuta com o seu médico as vantagens e as desvantagens do teste PSA e se este será correto para o seu caso.

Classificação e estratificação de risco Os tumores prostáticos são classificados de acordo

com o estádio do tumor e o grau de agressividade das

células tumorais. Estes dois elementos são a base

para a opção de tratamento possível indicada para si.

O médico realiza uma série de exames para com-

preender melhor a sua situação específica. O exame

físico e os exames imagiológicos são utilizados para

determinar o estádio da doença. O cancro da próstata

é classificado de acordo com o grau de avanço do tu-

mor e considerando se o cancro se disseminou ou não

para os gânglios linfáticos ou outros órgãos.

O estadiamento dos tumores da próstata é baseado

na classificação TNM. O urologista verifica o tama-

nho e a invasão do tumor (T) e determina o quanto

avançado se encontra, com base em 4 estádios. O

seu médico também assinalará um a, b, ou c ao está-

dio, dependendo das dimensões do tumor.

Também será verificado se algum gânglio linfático à

volta da próstata está afetado (N) ou se o cancro se

disseminou para outra parte do organismo (M). Se

os tumores da próstata metastizarem, fazem-no ha-

bitualmente para os ossos, frequentemente para a

A pontuação de Gleason

A pontuação de Gleason varia de 6 a 10.

Os tumores com pontuação maior são mais

agressivos e mais difíceis de curar.

A pontuação é baseada no padrão das células

cancerígenas. Cada padrão recebe um valor

entre 1 e 5. O patologista soma as pontuações

dos dois padrões que aparecem na maioria das

amostras de tecido.

Por exemplo: o padrão mais frequente tem uma

pontuação de 3, e o segundo mais comum tem

uma pontuação de 4. Neste caso, a pontuação

de Gleason será 3 + 4 = 7.

coluna, ou para os pulmões, fígado ou cérebro. As

Figuras 2 a 6 ilustram os diferentes estádios.

O outro elemento de classificação é a pontuação de

Gleason. Esta pontuação é determinada por um pa-

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tologista, com base no tecido recolhido durante a biópsia. Fornece informações sobre a agressividade do tumor e,

com base no padrão demonstrado pelas células cancerígenas, o patologista poderá verificar a velocidade de cres-

cimento do tumor.

Para formar a estratificação de risco da sua doença, a classificação do tumor é combinada com a sua idade, história

clínica e familiar, e estado geral de saúde.

Tenha em consideração que a classificação definitiva do tumor só é possível após ter sido submetido a cirurgia para

remoção de toda a próstata.

Ilustrações dos diferentes estádios do cancro da próstata

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Fig. 3: Um tumor da próstata T2 está limitado à próstata.

tumor em ambos os lobos da próstata

Fig. 2: Um tumor da próstata T1 é demasiado pequeno para ser sentido no toque retal ou visualizado num exame.

osso púbico

tumor

próstata

bexiga

vesículas seminais

reto

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A equipa médica multidisciplinar

Urologista: urologista é o especialista nas

doenças do trato urinário e é geralmente um

cirurgião

Oncologista médico: oncologista médico é o

especialista em todos os tipos de cancro e usa

fármacos para os tratar

Uro-oncologista: uro-oncologista é o

especialista em tumores urológicos como, por

exemplo, bexiga, rim, próstata ou testículos.

Radioncologista: o radioncologista usa

radioterapia para tratar o cancro

Patologista: o patologista estuda os tecidos, o

sangue, ou urina para perceber as características

das doenças. No tratamento do cancro, o

patologista ajuda a classificar os tumores

Radiologista: radiologista é o especialista nas

técnicas imagiológicas e analisa ecografias, TAC,

RM e outros exames utilizados para diagnosticar

ou monitorizar os tumores

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Fig. 4: Um tumor da próstata T3 que alastrou para as vesículas seminais.

Fig. 5: Um tumor da próstata T4 que alastrou para o colo vesical, esfíncter urinário e reto.

osso púbico

tumor

bexigacolo vesical

vesículas seminais

reto reto

próstata

tumor

esfíncter urinário

metástases cerebrais

metástases ósseas

metástases espinhais

metástases pulmonares

metástases hepáticas

tumor da próstatagânglios linfáticos pélvicos

Fig. 6: O cancro da próstata metastático pode alastrar para os ossos, coluna vertebral, pulmões ou cérebro.

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Esta informação foi atualizada em janeiro de 2015.

Este folheto é parte integrante da Informação da EAU para Doentes, sobre Cancro da Próstata. Contém informação geral sobre esta doença. Se tiver questões específicas sobre a situação médica individual deverá consultar o seu médico ou outro profissional de saúde. Nenhum folheto pode substituir uma conversa pessoal com o seu médico.

Esta informação foi produzida pela Association of Urology (EAU) [Associação Europeia de Urologia] em colaboração com a EAU Section of Uro-Oncology (ESOU) [Secção de Uro-oncologia da EAU], os Young Academic Urologists (YAU) [Jovens Urologistas Académicos], a European Association of Urology Nurses (EAUN) [Associação Europeia de Enfermeiros de Urologia], e a Europa Uomo.

O conteúdo deste folheto está em linha com as Guidelines da EAU.

Pode obter estas e outras informações sobre doenças urológicas no nosso website: http://patients.uroweb.org

Colaboradores:Dr. Roderick van den Bergh Utrecht, HolandaProf. Dr. Zoran Culig Innsbruck, ÁustriaProf. Dr. Louis Denis Antuérpia, BélgicaProf. Bob Djavan Viena, ÁustriaMr. Enzo Federico Trieste, ItáliaMr. Günter Feick Pohlheim, AlemanhaDr. Pirus Ghadjar Berlim, AlemanhaDr. Alexander Kretschmer Munique, AlemanhaProf. Dr. Feliksas Jankevičius Vilnius, LituâniaProf. Dr. Nicolas Mottet Saint-Étienne, FrançaDr. Bernardo Rocco Milão, ItáliaMs. Maria Russo Orbassano, Itália

Tradutores:Dr. Frederico Furriel Leiria, PortugalDr. Pedro Eufrásio Leiria, Portugal