infocafau 1ª edição

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CAFAU UFRJ BEM- VINDO, CALOURO! A VIDA É A ARTE DO ENCONTRO MORRE O BRASILEIRO CONCURSO CINE ICARAÍ REFORMA DA GRADE CURRICULAR EBSERH CONCURSOS 1 2 3 5 8 10 11 12 1ª EDIÇÃO 12 abril 2013

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Infocafau é um projeto do Centro Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo -CAFAU- da UFRJ. Esta é a primeira edição da nossa revista e visa trocar informações e experiências entre os estudantes.

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CAFAU UFRJBEM- VINDO, CALOURO!A VIDA É A ARTE DO ENCONTRO

MORRE O BRASILEIROCONCURSO CINE ICARAÍREFORMA DA GRADE CURRICULAR

EBSERHCONCURSOS

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O Centro Acadêmico é a entidade que representa os estudantes de um curso. É através do Centro Acadêmico que as relações dentro da universidade podem ficar mais estreitas, os diálogos mais claros e mais fáceis e os objetivos mais próximos. Atividades (acadêmicas ou lúdicas), disseminação de informações, representatividade nos espaços de organização da faculdade, aproximação com outros cursos e universidades, representatividade na FENEA, questões internas: tudo isso fica mais fácil de acontecer se a gente tem um C.A. organizado e ativo. Cada Centro Acadêmico se organiza da forma que acha mais adequada para si. Nós, do CAFAU UFRJ, nos organizamos da seguinte forma:Gestão Horizontal: Apesar de termos disputado uma eleição, o grupo que hoje se dispõe a organizar o CAFAU acredita que isso só pode ser feito em grupo – construção coletiva. As reuniões, assim como os Grupos de Trabalho, são abertos a qualquer estudante da FAU que queira contribuir e todos tem mesmo poder de voz, voto e ação.Grupos de Trabalho: Para organizar o trabalho, nós funcionamos com grupos de trabalho. Cada um deles pensa e age por um tema. São 5 GTs fixos e as atividades além das incluídas neles surgem como GTs temporários, comissões que organizam cada uma delas de forma autônoma. Cada GT tem um porta-voz que é quem representa o grupo, pra ficar mais fácil saber a quem recorrer quando você quiser saber mais sobre cada grupo.Representatividade: ocupa os espaços de diálogo e representação dentro e fora da FAU. Exemplos: reuniões de departamentos, congregação, conselho de CAs, reuniões do DCE, FENEA. Porta-voz: Mariana Bicalho

Ensino: debate o nosso ensino, principalmente, a nossa grade curricular. Tem o papel de promover a troca de informação e conhecimento acadêmico entre os estudantes e promover, também, atividades como, por exemplo, concurso de ideias, semana acadêmica, debates sobre arquitetura. Porta-voz: Tamar FirerComunicação: é o responsável por todos os meios de comunicação e divulgação do CAFAU. Cuida do e-mail, página do facebook, atas das reuniões, divulgação de atividades, boletim informativo. Porta-voz: Isabela PecciniInfra: trata do espaço físico do CA. As nossas três ótimas salas precisam estar bem cuidadas para que seja um bom ambiente e o trabalho desse GT é cuidar para que isso aconteça. Porta-voz: Mikhaila CopelloFinanças: administra o dinheiro do CAFAU. Porta-voz: Ricardo KranenAssim, nós acreditamos que podemos ser organizados e melhorar a nossa passagem por esses, pelo menos, 5 anos na faculdade. Só que isso tudo só pode funcionar se construído amplamente pelos alunos. Agora, você já sabe como funciona, então, se quiser participar de alguma coisa relacionada ao CAFAU ou qualquer dúvida é só procurar: tem reunião toda quarta feira às 11:30h na sala 317, tem o nosso e-mail: [email protected] e tem o nosso perfil no facebook também: CAFAU UFRJ. Seja bem-vindo!

Texto de Isabela Peccini

CAFAU UFRJCentro Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. Você sabe o que significa?

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BEM- VINDO, CALOURO!Mensagem de boas vindas aos calouros de 2013.1.

Se tem uma fase pela qual todo mundo em qualquer faculdade já passou, é a de calouro. E, assumindo a importância do papel de todo “veterano” como anfitrião dessa nova fase na vida de cada novo membro da FAU, fizemos algumas conversas no CAFAU sobre como poderíamos revitalizar essa recepção e melhorar a troca entre os estuantes como um todo na faculdade.Junto ao nosso trote habitual, com as diversas brincadeiras e apresentações, tivemos dois novos momentos nessa primeira semana de aula. O primeiro foi uma conversa entre veteranos e calouros no CAFAU na terça feira, dia 2 de abril: falamos sobre nossas diversas possibilidades de participação como estudante de Arquitetura e da UFRJ. Aliás, muito foi relatado pelos veteranos a falta que fez esse papo inicial em sua época de calouro e, possivelmente, ainda haja dúvida para muitos veteranos! Pudemos então apresentar a eles o que é o CAFAU e o seu papel de representante dos estudantes da faculdade, como ele age e se organiza e o quanto é importante essa participação e pertencimento. Falamos também sobre como nos organizamos nacionalmente, através da FENEA – Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e os diversos eventos que ela promove, nacionais e regionais.Na sexta feira, dia 5 de abril, antes da tradicional Pizzada, convidamos os calouros a pintarem uma das paredes do nosso C.A, como há muito não fazíamos - pra quem não sabe, antigamente, o CAFAU era todo pintado pelos estudantes - e vimos essa ação como forma de trazer o sentimento de pertencimento àquele espaço, afinal, ele é de todos nós.

Queremos, assim, dar as boas vindas a todos os 120 novos estudantes da FAU/UFRJ. Mostrar que tanto o espaço do CAFAU como o da Universidade é de todos nós e construímos ele juntos. Dividimos, então, tudo o que levamos certo tempo e sensibilidade para perceber: o universo novo que é entrar na faculdade, para, além de se tornar um profissional, se tornar um atuante consciente, alguém que pode e deve pensar a Universidade em que estuda, os lugares que utiliza e a cidade que vive.Sejam bem-vindos e aproveitem cada momento!

Texto de Isabela Peccini, Yana Inoue e Vítor Halfen

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A VIDA É A ARTE DO ENCONTROA Cidade dos SonhosImagine que houvesse um espaço que pu-desse conter e permitir os sonhos de todas as pessoas que ali se encontrassem, por mais loucos ou incríveis que o fossem, e que ainda assim, esses sonhos individu-ais nunca se chocassem, mas se comple-mentassem, preenchendo todos os vazios entre eles e formando uma trama com-plexa. Imagine que essa ausência de vazio não desse espaço ao conflito e que essa trama fosse percorrida por todos e todos fossem conhecendo e reconhecendo uns aos outros através da descoberta do sonho alheio.

Imagine que houvesse uma sociedade constituída dessa forma e imagine agora viver cinco ou seis dias nessa “sociedade alternativa”, conhecendo semelhantes e estranhos a você, descobrindo os seus sonhos e contando os seus. Nessa cidade invisível nunca descrita por Ítalo Calvino os habitantes viveriam os dias aprenden-do, dançando e sonhando. A música, incessante na cidade, embalaria ao mesmo tempo os ébrios e os sérios, os que cantam e os que dormem, e nada ga-rantiria mais o equilíbrio do que o próprio contraste entre os indivíduos, somado a ele o seu espírito coletivo.

Entretanto, a cidade só existe por seis dias. Enfim, a trama de sonhos se desfaz e a realidade anterior recai sobre cada ser. Mas, por algum motivo, os sonhos nunca se rompem na costura e cada um leva de volta consigo o seu pedaço no retalho de pano, unido agora à pedaços de sonhos alheios. Assim, cada habitante ganha sonhos novos. E quando revisitar a cidade por mais cinco ou seis dias, unirá o seu a outros retalhos, antigos e novos, formando mais uma trama.

O texto ao lado é uma tentativa amadora de descrever a utopia que permeia os En-contros de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo. Nenhuma vivência na facul-dade ou fora dela foi pra mim tão intensa, plural e significativa quanto participar de um EREA. E até mesmo mergulhar no mundo das siglas incontáveis da FeNEA (mais uma!) é, de certa forma, fascinante. Explicando como dá, pra não parecer chato, o EREA é o Encontro Regional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo e a FeNEA é a Federação Nacional de Estu-dantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil. Chega. Há muito pra ser dito disso tudo, mas quero me ater a uma visão mais pessoal. Admito a pretensão.Dentro de um EREA acontece muita coisa: mesas, palestras, congressos, oficinas... Algumas eu participei, outras eu só ouvi falar. Isso porque, na prática, rola tanta coisa que você acaba tendo que escolher o que vai fazer e, às vezes, passar horas da tarde sentado sob uma árvore toman-do uma cerveja e conversando com seus novos amigos dos quatro cantos do Brasil pode ser a melhor opção que você tem. Na verdade é isso que me impressiona muito: perder uma oficina ou perder o ônibus da vivência que saiu às 7 horas da manhã pode ser um erro acertado e te render boas conversas e novos amigos. Ou até uma aventura em grupo por aí.Não há dúvida de que participar das ativi-dades é essencial, ainda mais quando elas são de alta qualidade, como é o caso desse EREA Niterói semana que vem. Mas aquela trama de sonhos de que o texto fala é tecida de forma muito subjetiva, nas relações de troca e reciprocidade que se estabelecem com o lugar e com as pes-soas que estão ali. E isso tudo vai muito além de apenas conhecer estudantes de outras faculdades e cidades. Trata-se de

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O Centro Acadêmico é a entidade que representa os estudantes de um curso. É através do Centro Acadêmico que as relações dentro da universidade podem ficar mais estreitas, os diálogos mais claros e mais fáceis e os objetivos mais próximos. Atividades (acadêmicas ou lúdicas), disseminação de informações, representatividade nos espaços de organização da faculdade, aproximação com outros cursos e universidades, representatividade na FENEA, questões internas: tudo isso fica mais fácil de acontecer se a gente tem um C.A. organizado e ativo. Cada Centro Acadêmico se organiza da forma que acha mais adequada para si. Nós, do CAFAU UFRJ, nos organizamos da seguinte forma:Gestão Horizontal: Apesar de termos disputado uma eleição, o grupo que hoje se dispõe a organizar o CAFAU acredita que isso só pode ser feito em grupo – construção coletiva. As reuniões, assim como os Grupos de Trabalho, são abertos a qualquer estudante da FAU que queira contribuir e todos tem mesmo poder de voz, voto e ação.Grupos de Trabalho: Para organizar o trabalho, nós funcionamos com grupos de trabalho. Cada um deles pensa e age por um tema. São 5 GTs fixos e as atividades além das incluídas neles surgem como GTs temporários, comissões que organizam cada uma delas de forma autônoma. Cada GT tem um porta-voz que é quem representa o grupo, pra ficar mais fácil saber a quem recorrer quando você quiser saber mais sobre cada grupo.Representatividade: ocupa os espaços de diálogo e representação dentro e fora da FAU. Exemplos: reuniões de departamentos, congregação, conselho de CAs, reuniões do DCE, FENEA. Porta-voz: Mariana Bicalho

reconhecer a si mesmo no outro e no espaço. Permitirmo-nos essa experiência é a grande oportunidade que um Encontro oferece pra gente. E desperdiçá-la não é sensato.Todos que quiserem visitar a cidade dos sonhos poderão o fazer na semana que vem, durante o EREA Niterói. Lá cada um poderá descobrir como são as cores e as ruas da sua cidade dos sonhos e passear por ela com seus vizinhos. Apenas um lembrete: pós-EREA pode causar depressão.

Nos encontramos em Niterói a partir da próxima terça-feira! Texto de Vítor Halfen

MANIFESTO ZEBRAA cidade do capital, o capital-cidade,Sufocando multiculturasResta apenas ausência.

Não cantarei essa cidade vazia,Do vazio, sai o grito.O grito calado, reprimido, oprimido!

Quero pintar essa cidade cinzaCriar diversidade na unidadeQuero cores!

A vida não está numa prateleiraAo alcance de uma nota fria.Fria indiferença nossa.

O que faz da sua cidade o seu lar?(O que faz da minha cidade o meu lar?)Até onde vão seus muros?(Até onde vão meus muros?)Todo muro tem dois lados.

A zebra quer dobrar as barras dos códi-gos,Torcer as grades e rasgar as redes.

Retomemos as cidadesComo um incêndio que se alastraE não escolhe a quem atinge.

Entre pangarés e baluartesSeja zebra

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Se tem uma fase pela qual todo mundo em qualquer faculdade já passou, é a de calouro. E, assumindo a importância do papel de todo “veterano” como anfitrião dessa nova fase na vida de cada novo membro da FAU, fizemos algumas conversas no CAFAU sobre como poderíamos revitalizar essa recepção e melhorar a troca entre os estuantes como um todo na faculdade.Junto ao nosso trote habitual, com as diversas brincadeiras e apresentações, tivemos dois novos momentos nessa primeira semana de aula. O primeiro foi uma conversa entre veteranos e calouros no CAFAU na terça feira, dia 2 de abril: falamos sobre nossas diversas possibilidades de participação como estudante de Arquitetura e da UFRJ. Aliás, muito foi relatado pelos veteranos a falta que fez esse papo inicial em sua época de calouro e, possivelmente, ainda haja dúvida para muitos veteranos! Pudemos então apresentar a eles o que é o CAFAU e o seu papel de representante dos estudantes da faculdade, como ele age e se organiza e o quanto é importante essa participação e pertencimento. Falamos também sobre como nos organizamos nacionalmente, através da FENEA – Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e os diversos eventos que ela promove, nacionais e regionais.Na sexta feira, dia 5 de abril, antes da tradicional Pizzada, convidamos os calouros a pintarem uma das paredes do nosso C.A, como há muito não fazíamos - pra quem não sabe, antigamente, o CAFAU era todo pintado pelos estudantes - e vimos essa ação como forma de trazer o sentimento de pertencimento àquele espaço, afinal, ele é de todos nós.

MORRE O BRASILEIROHomenagem de Gustavo Rocha Peixoto e José Barki ao professor e historiador da arquitetura Roberto Segre

Faleceu na manhã ensolarada do último domingo, 10 de março de 2013, o profes-sor e historiador da arquitetura Roberto Segre aos 78 anos de idade.Professor dedicado, amigo leal, escritor decidido, pesquisador animado, colecio-nou ao longo da vida uma rede mundial de amizades. Íntimo amigo das mais impor-tantes personalidades da história da ar-quitetura nos quatro cantos do Planeta, Segre era, ao mesmo tempo, diligente ori-entador de pesquisa e atento professor de alunos da graduação ao doutoramento. Além das aulas vivas e cheias de conheci-mento, disponibilizava para os alunos livros da sua biblioteca pessoal tornando assim acessíveis, obras indisponíveis ou difíceis por outros meios.Nasceu em Milão em 1934, filho de um financista e amante das artes que reunira uma vasta biblioteca artística. Judeu e antifascista, seu pai escreveu artigos contra o regime de Mussolini e foi preso em 1938. No ano seguinte, a família con-seguiu autorização para emigrar e fixou-se em Buenos Aires onde Segre viveu sua infância e os anos de formação.Assistindo a uma aula de Bruno Zevi sobre o espaço barroco, decidiu estudar ar-quitetura. Fiquei chocado com a cenográ-fica exposição sobre o espaço na arquite-tura barroca italiana, no relacionamento teatral entre a fala e os slides com as ima-gens das obras de Bernini, Borromini, Pietro da Cortona. Desde a escolha, por-tanto, estava definido o perfil de interess-es pela arquitetura fortemente compro-metido com uma visão histórica e com o fascínio pelo domínio dos meios de ex-pressão. Na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Buenos Aires, onde estudou entre 1953 e 1960, o ensino de História era comandado pelo lendário professor Mario Buschiazzo.

Segre tornou-se assistente da disciplina de História da Arquitetura I em 1957. Du-rante o período de estudante, aproxi-mou-se da Organização de Arquitetura Moderna (OAM), escritório de orientação moderna que se orientava pela vanguarda comandada por Tomás Maldonado. Nesse tempo, desenvolveu amizade com Enrico Tedeschi professor italiano fixado em Córdoba que promoveu uma revisão moderna da arquitetura colonial do norte da Argentina. No fim do curso foi ainda marcado pelas aulas de projeto de Wladi-miro Acosta.Depois de diplomado, partiu para uma es-tadia de estudos em Roma onde travou contatos com figuras da magnitude de Gae Aulenti, Aldo Rossi, Vittorio Gregotti, Giulio Carlo Argan, Paolo Portoghesi, além, evidentemente, de Bruno Zevi, por quem foi convidado a palestrar sobre a arquite-tura argentina no Istituto Nazionale di Ar-chitettura.No ano de 1963, quando iniciava carreira promissora como professor em Buenos Aires, foi convidado a lecionar história da arquitetura na Universidade de Havana que passava por profunda crise com evasão de velhos professores em decor-rência da Revolução Cubana. Renuncian-do aos confortos de uma vida burguesa na capital argentina, Segre conformou-se à austeridade da Cuba socialista e logo as-sumiria o comando do ensino de história da arquitetura, imprimindo orientação moderna e socialista ao curso, com forte influência da historiografia de Zevi e Argan.Desde apostilas para os alunos até os pri-meiros livros com o tema da arquitetura hispano-americana – e, em especial, – antilhana, começou então a prolífica e profícua produção bibliográfica de Rober-to Segre, publicada em diversos países do

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mundo. Seu currículo ostenta uma pro-dução bibliográfica impressionante. (650 títulos distribuídos assim: 250 artigos, 101 capítulos de livros, 54 notícias em jornais e revistas, 23 trabalhos completos em anais de congressos, 87 apresentações de trabalhos, e 101 produções bibliográficas de outras naturezas) Além desses, Segre escreveu nada menos que 34 livros mono-gráficos, alguns com muitas reedições, publicados no Brasil, em Cuba, Argentina, Colômbia, Estados Unidos, Itália, França e Espanha entre outros. Entre seus editores internacionais constam os prestigiosos editorial Gustavo Gili, de Barcelona e a Electa Editrice de Milão.Toda essa impressionante produção foi amparada por pesquisa extensiva, pela ávida leitura e sistemático fichamento de milhares de livros, por uma curiosidade que o levou a correr o mundo como pal-estrante, pesquisador convidado, profes-sor visitante em diversas universidades e como turista curioso e fotógrafo habilido-so. Juntou, ao longo da vida, um acervo de 40 mil slides. Mais que uma série infini-ta de imagens elas constituem o registro de uma vida dedicada a transmitir o con-hecimento através de um olhar pessoal, e de um profundo amor pela arquitetura.Em 1994 aceitou o convite da Universi-dade Federal do Rio de Janeiro (formulado pelo reitor Nelson Maculan, pelo diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Luis Paulo Conde e pela coordenadora do Programa de Pós-graduação em Urbanis-mo, Denise Pinheiro Machado) e veio residir no Brasil. No ano 2000 tornou-se Professor Titular da FAU/UFRJ. No PROURB organizou o Laboratório de Análise Urbana e Gráfica Digital – LAURD que vinha coordenando até seu faleci-mento. Quartel general de suas pesquisas no Brasil, o LAURD se destaca por

Quartel general de suas pesquisas no Brasil, o LAURD se destaca por promover pesquisa sistemática de história da ar-quitetura e da cidade em que se alia a investigação documental e a análise críti-ca dos objetos com os mais modernos recursos de representação digital. Con-duzido pela experiência de Roberto Segre, as pesquisas do Laboratório e seus resul-tados finais refletem aquele choque inicial que Segre sentiu ao assistir à aula espe-tacular de Zevi no início dos anos 1950.Estava especialmente feliz, na última quinzena, com a chegada da prova eletrônica de um livro de 500 páginas sobre o edifício do antigo Ministério da Educação e Saúde (atual Palácio Gustavo Capanema). Produto de 15 anos de pesquisas ele parecia reconhecer nesse livro sua obra mais importante. Este é o grande livro da minha vida – repetia aos amigos e colegas que encontrava pelos corredores da FAU. Concentrado em um único edifício, ponto nodal da arquitetura moderna no Mundo, esse livro trança uma rede de relacionamentos com a arquitetu-ra brasileira e mundial, com um complexo conjunto de textos, críticas, conceitos e personagens somente possível pela matu-ridade intelectual atingida por Segre, pela sua disciplina rigorosa de trabalho e ca-pacidade de liderança.Na apresentação do livro, preparada em fevereiro último, ele lembra que A men-sagem que [o edifício] traz nunca se apagou, continua viva e acesa, e eu tenho a esperança que o modelo ético e estético que representa, constitua neste século 21, um exemplo válido para as gerações pre-sentes e futuras.Intensamente comprometida com a valo-rização do acervo brasileiro, sua pesquisa, docência e produção nas suas duas dé-cadas cariocas, foi marcada pela maturi

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dade e segurança adquiridas durante a vida. Mas longe de tornar-se um velho professor, Segre manteve até o fim a curiosidade aventureira. Seus textos e aulas; as pesquisas e fotos e mesmo as conversas privadas são registros vivos de uma vida inconformista de incansáveis aventuras guiadas pela curiosidade e sensibilidade arquitetônicas. O amor que nutria pelo Brasil parece autorizar que o consideremos como também brasileiro, sem que isso diminua sua condição de cubano, argentino, italiano ou sua identidade judaica.Dono de notável vigor físico e intelectual e enérgica disposição para o trabalho, sempre disposto a novos desafios, Segre morre sem ver publicado o grande livro da sua vida, mas deixou marcada sua esperança de que o esforço desenvolvido nesses quase vinte anos de trabalho permita valorizar em toda a sua dimensão a significação e transcendência do Ministério... É certo que o esforço de sua vida inteira de historiador e pesquisador ensejará que, a partir de agora, sua obra se torne objeto de pesquisa... e que a dimensão, o significado e a transcendência de seu legado o inscrevam definitivamente entre os maiores da historiografia contemporânea da arquitetura.Roberto Segre (ou Bob, como se apresentava para os amigos) morreu jovem aos 78 anos de idade num domingo de sol, junto às águas da baía de Guanabara.

Roberto Segre

Publicado no site http://www.iab.org.br/ no dia 12/03/2013

* Gustavo Rocha Peixoto é Professor Titu-lar na Faculdade de Arquitetura e Urban-ismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi Diretor de 2006 a 2010. José Barki é também professor na mesma unidade, tendo ocupado o cargo de

vice-diretor no mesmo período.

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O projeto apresenta proposta de inter-venção para revitalização e recuperação arquitetônica do Cinema Icaraí. O edifício localiza-se em frente à Praia de Icaraí em Niterói, com vista privilegiada para a Baía de Guanabara e Rio de Janeiro. Possui três pavimentos e foi construído na década de 1940 em estilo art-déco para abrigar uma sala de cinema e apartamen-tos residenciais. A intervenção conserva o uso original de cinema, adaptando o conjunto para espaço de apresentações dos distintos grupos musicais que integram a Universi-dade Federal Fluminense, espaço empre-sarial, restaurante, café literário, sala de exposições e demais espaços culturais e de lazer. O projeto adota como partido a flexibili-dade, tratando de interpretá-la em dis-tintas escalas. Os espaços que ancoram as principais atividades do complexo são adaptáveis o suficiente a novos arranjos e atividades, dispensando intervenções futuras que ameacem a integridade do bem e da sua reforma. Assim, do térreo ao terceiro pavimento, todos os andares contam com espaços abertos, passíveis de exercer mais de uma função, integra-dos e integrantes do todo. No térreo localizam-se o hall da sala de projeção e concertos, hall de elevadores, bilheteria, bombonière, backstage e infraestrutura. A sala de projeção do cinema é adaptada para também receber concertos e con-ferências, mantidas suas principais carac-terísticas espaciais e decorativas que jus-tificam o tombamento do bem. No pri-meiro pavimento, o espaço multiuso abriga, área para exposições, café e livrar-ia. No segundo pavimento, a área reser-vada às empresas é pensada em continui-dade, com partições móveis e rearranjo conforme o perfil e número de ocupantes.

perspectiva externa do Cine Icaraí

O terceiro pavimento abriga o restaurante, a sala de dança e uma parte do programa de apoio à orquestra: sala de assessoria e camarins. O restaurante dispõe de salão com vista para a praia, banheiro para cli-entes e ambientes de serviço, o pátio aberto proposto universaliza a intenção que se manifesta no restante do edifício: um espaço ora ocupado por sessões de cinema, ora palco de ensaios ao ar livre, ora complemento à galeria de arte.O programa abraça o exterior da edifi-cação a partir de três intervenções: 1 . Propõe-se a conexão física e visual com a praça Getúlio Vargas, objeto de tutela do bem tal como o processo de tombamento define, através da retirada das grades e criação de traffic calming na Rua Jornalista Alberto Torres, entre a calçada do cinema e a praça. 2. A marquise da fachada frontal, com vista privilegiada para a Baía, é adaptada para se tornar varanda aberta ao público, como extensão das atividades do 1o pavi-mento. 3. No último pavimento, a cobertura cen-tral é retirada para dar lugar a um pátio ao ar livre, rebaixado em relação ao restante da cobertura e sem visibilidade no nível da rua, sem interferir na fachada original.

CONCURSO CINE ICARAÍApresentação do projeto vencedor do concurso Cine Icaraí

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O Cine Icaraí não deve ser acessível para alguns: deve ser acessível para todos. Do nível da rua ao terceiro pavimento, todos os espaços abertos ao público reservam ao menos um ambiente acessível a porta-dores de necessidades especiais. Todos os andares contam com banheiros adap-tados, todos os desníveis podem ser ven-cidos utilizando o elevador e rampas con-fortáveis, com declividade adequada.As principais atividades do complexo compartilham do mesmo acesso principal, uma vez que seus usos não são confli-tantes por natureza. Tal estratégia garan-te o movimento contínuo de pessoas nos espaços coletivos e minimiza a área res-ervada para circulações. Os espaços técnicos da sala de cinema e backstage, em virtude da especificidade de seu pro-grama, conservam acessos e circulações exclusivos. Equipe: Orientadora -Rosina Trevisan. Co-orientador- Andrés Pássaro. Consultoria técnica- Maria Lygia Niemeyer e Patrizia Di Trapano. Alunos- Bruno Amadei Machado, David Baptista Lima de Mendonça, Lívia Borges Romariz, Natália Asfora Moutinho e Raissa Macedo Gerheim. Texto de David Babtista

Entrega da premiação. Da esquerda para a direita: Maria Lygia Niemeyer, Rosina Trevisan, David Mendonça, Raissa Macedo Gerheim, Bruno Amadei Machado, Lívia Borges Romariz, Natália Asfora Moutinho e o Reitor da UFF Roberto

Salles

Perspectiva interna

Perspectiva externa - deck na cobertura

Primeiro pavimento - cafeteria multiuso

Perspectiva interna

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REFORMA DA GRADE CURRICULARA FAU/UFRJ passa, hoje, por um processo de transformação. A sua Grade Curricular está sendo repensada e debatida. De acordo com o MEC, é necessária a ex-istência de um “Núcleo Docente Estrutur-ante” como forma de acompanhar, con-ceber e consolidar uma constante atual-ização do projeto pedagógico de todo curso de graduação. É esse grupo de pro-fessores, portanto, que discute e constrói uma proposta de transformação na grade curricular atual da FAU. Nesse sentido, nós, estudantes, assim que soubemos da construção dessa proposta de transfor-mação, sentimos a necessidade de en-tender melhor essa proposta e, principal-mente, entender o que pensamos ser o melhor para a nossa grade curricular, afinal, é ela que nos guia em nossa for-mação como arquiteto e Urbanista.Seres BH (Seminário Regional de Ensino): Como primeira forma de ação na busca desse entendimento, um grupo de alunos da FAU foi ao Seminário Regional de Ensino em Belo Horizonte. Este é um evento promovido pela Federação Nacio-nal dos Estudantes de Arquitetura (Fenea) e visa, justamente, manter o debate sobre como é o ensino de Arquitetura e Urbanis-mo nos diferentes lugares do país. O evento aconteceu em novembro de 2012 e nos deu a oportunidade de conhecer alguns modelos diferentes de grade cur-ricular. Os dois exemplos mais significati-vos foram os da EAU da UFMG e a de São João Del Rei. UFMG: Existem dois currículos diferentes. O diurno possui uma grade mais fechada (mais parecida com a nossa atual). Com matérias obrigatórias e divididas nas dif-erentes áreas da Arquitetura. O curso no-turno, criado mais recentemente, é mais flexível. Com matérias optativas e focado em habitação social e urbanismo.

UFSJ: Não existe uma grade fixa por período para os alunos, eles precisam ter conhecimento suficiente em áreas espe-cíficas até o 6º período, quando eles são avaliados pelo seu caminho no curso até então para poder ou não passar para a etapa final da graduação. Os alunos da UFSJ possuem um professor orientador, que o ajuda nas escolhas das disciplinas, entendendo o que eles querem e precisam se dedicar mais. A duração das discipli-nas é bimestral.SOFA/Caravanas São João Del Rei: Em um segundo momento, um grupo de alunos da FAU foi a um evento promovido pelos estudantes da UFSJ com o objetivo de trocarmos experiências sobre ensino, Centro Acadêmico e Escritório Modelo. Lá, entendemos melhor como funciona a grade curricular deles. Dividida em 3 partes, fundamentação, intermediário e avançado. As disciplinas são bimestrais e os projetos são “estúdios” ou “oficinas” que, em sua maioria, possuem temática fixa mas terreno e programa livres. Existe um grupo de disciplinas, chamadas panorâmicas que, dentre a oferta, pos-suem um mínimo a ser cumprido. No Intermediário, eles cursam um período como o nosso Atelier Integrado e, no sexto, precisam produzir um portfolio resumo do seu aprendizado até então no curso. Esse portfolio é avaliado para en-tender quais as deficiências do aluno, se ele já cursou o mínimo de cada “eixo” e se ele pode seguir para a próxima fase da faculdade. O 7º período é dedicado so-mente ao estágio, eles viajam para cidades maiores e não existem disciplinas a serem cursadas na faculdade. Na volta, eles cursam já uma preparação para o Trabalho Final de Graduação.É importante lembrar que essas são faculdades em es-calas bem diferentes da nossa, o número

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de alunos é muito menor, então, alguns problemas são resolvidos mais facilmente e pessoalmente. Porém, é interessante entender as diversas possibilidades de formas de ensinar a Arquitetura e o Ur-banismo. Nós, estudantes, continuamos debatendo esse assunto em nossas reuniões e acreditamos que o amadureci-mento dessa discussão pode trazer bons frutos à reforma da grade curricular. Par-ticipem, discutam, discordem, concordem, se façam ouvir! Texto de Isabela Peccini e Tamar Firer

Quinze disciplinas por semestre, que tal?Já pensou uma proposta assim? Já pensou se, de repente, você recebesse um comunicado te obrigando a cursar cada vez mais matérias independente-mente de sua vontade e sem nenhuma relação com a sua lógica de aprendiza-gem? Pois bem, para os servidores, médi-cos e professores dos hospitais universi-tários, algo parecido está sendo construí-do: o nome disto é Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a EBSERH. O gov-erno federal, depois de nos impor uma greve longa e de precarizar a carreira dos professores (vocês sabem que os novos professores, quando houver concurso, receberão menos e terão menor aposen-tadoria que os atuais?) agora está quer-endo submeter os Hospitais Universitários ao ritmo de uma empresa que tem cara de pública, mas com uma gestão privada, lucrativa... O que significa isso? Significa que a Universidade, caso a UFRJ assine contrato com essa Empresa, deixará de ter autonomia na gerência sobre os seus hospitais (todos eles, pois são vários) e, por exemplo, a lógica de funcionamento destes equipamentos que tem o ensino e

a aprendizagem como centralidade, pas-sará a ter a “eficiência” de mercado como condutora... A produtividade vai imperar sobre o ensino, sobre o atendimento, sobre a qualidade... Caso a Empresa queira obrigar que o atendimento seja maior, por exemplo, no setor pediátrico, ao invés de contratar mais professores médicos ela poderá obrigá-los a atender cada vez mais paci-entes (mesmo que isso prejudique os atendimentos e o ensino). Se o profes-sor/médico não concordar, quem decid-irá seu destino será a Empresa... Já imagi-nou a lógica privada dos planos de saúde, das empresas de telefonia, de tv a cabo agindo sobre os Hospitais Universitários? Pois é. Não podemos deixar isso aconte-cer. Da mesma forma, não podemos deixar que os Hospitais continuem como estão. Portanto, temos que dar a resposta adequada, reorganizando nossos hospi-tais com as propostas que já existem e mantém a autonomia universitária; exigin-do que o governo volte a investir nos mesmos (ao invés de gastar bilhões com engenhões); e principalmente, dizendo não à EBSERH (algumas universidades já

EBSERHEmpresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Entenda o que é:

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CONCURSOSSeleção de concursos abertos para a participação de estudantes, lembrando que em breve será lançado um concurso organizado pela FAU e pelo CAFAU!

negaram, mas outras aceitaram e estão sofrendo as conseqüências)! É importante que todos se envolvam, participem dos debates, conversem com seus colegas, debatam no CAFAU. A votação sobre a EBSERH será dia 09 de maio no CONSUNI (ali embaixo na reitoria). Temos que nos organizar para mostrar aos conselheiros (que votarão em nosso nome) o desejo de que a Universidade siga autônoma e mantenha a qualidade que a faz tão reconhecida. Só com muita pressão poderemos mantê-la pública para as futuras gerações da mesma forma que aqueles que nos antecederam fizeram por nós. A história está sendo escrita, qual será o seu recado?

Texto de Claudio Ribeiro

Centro Histórico de Calpe - Espanha

O objetivo é pesquisar, propor e implementar ações de curto e médio prazo que façam uma revitalização econômica, social e ambiental no Centro Histórico de Calpe, Espanha.

Inscrições: até 30 de Abril de 2013Envio de Trabalhos: até 15 de setembroResultado �nal: 23 de Dezembro de 2013

6º Concurso CBCA para Estudantes de Arquitetura – Estruturas em Aço

O tema é Biblioteca Mediateca Pública. O vencedor do “Concurso CBCA 2013 para Estudantes de Arquitetura” participará como representante do Brasil, do “6º Concurso ALACERO de Diseño en Acero para Estudiantes de Arquitectura 2013”.

Inscrições: 01 de Março a 31 de Junho de 2013Envio de Trabalhos: de 20 a 31 de Agosto de 2013Resultado �nal: 10 de Setembro de 2013

Rio de Janeiro CityVision

O objetivo deste concurso é proporcionar uma visão sobre o futuro do Rio de Janeiro. Os projetos serão avaliados de acordo com o “potencial visionário” (originalidade e inovação) e a “qualidade arquitetônica” (composição formal, integração com o meio urbano) da proposta.

Inscrições: até 10 de Junho de 2013Envio de Trabalhos: 11 de Junho de 2013Resultado �nal: Julho de 2013

Kaunas Architecture Festival 2013 – Lituânia

Os trabalhos devem apresentar propostas para a cidade de Kaunas, na Lituânia, expondo ideias de revitalização da paisagem urbana do centro histórico, da orla, dos territórios patrimoniais ou dos blocos industriais abandonados nas regiões ribeirinhas. Os projetos podem incluir museus, edifícios institucionais e governamentais, habitação, entre outros usos públicos.Envio de Trabalhos: 01 de Julho até 01 de Agosto de 2013Abertura da Exposição – 01 de Outubro de 2013

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Essa revista é um projeto do Centro Acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. INFOCAFAU é um canal para trocarmos informações e experiências sobre assuntos de nosso interesse. Qualquer um pode participar da elaboração das edições da Revista, é só entrar em contato com o e-mail do CAFAU, todos serão muito bem-vindos!

Opiniões? Sugestões? Alguma ideia de pauta? Quer publicar aqui algum projeto, texto, desenho, ideia?

Fale com a gente!e-mail: [email protected] e nosso perfil no facebook:

CAFAU UFRJ.

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