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Info 560 Stj

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  • Informativo 560-STJ (17/04 a 03/05) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 1

    Mrcio Andr Lopes Cavalcante Julgados no comentados por terem menor relevncia para concursos pblicos ou por terem sido decididos com base em peculiaridades do caso concreto: REsp 1.178.616-PR; REsp 1.214.790-SP. Leia-os ao final deste Informativo.

    NDICE DIREITO ADMINISTRATIVO

    PERSONALIDADE JUDICIRIA Personalidade judiciria das Cmaras de Vereadores. SERVIDORES PBLICOS Auxlio-recluso previsto para servidores pblicos federais (art. 229 da Lei 8.112/90). SERVIDORES TEMPORRIOS Contratao temporria de servidor pblico para atividades de carter permanente. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Aplicao da pena de perda da funo pblica a membro do MP em ao de improbidade administrativa.

    DIREITO CIVIL

    PRESCRIO Termo inicial da prescrio da pretenso de cobrana de honorrios ad exitum. CONTRATO DE SEGURO Ilegitimidade ativa do fiador para pleitear em juzo a reviso do contrato principal. CONTRATO DE SEGURO Clusulas RCF-V e APP. DIREITOS REAIS Eficcia subjetiva da coisa julgada de ao reintegratria proferida em processo no qual o possuidor de boa-f no

    participou. CONDOMNIO EDILCIO Legitimidade passiva em ao de cobrana de dvidas condominiais. USUCAPIO Impossibilidade de declarao de ofcio da usucapio.

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    LITISCONSRCIO O prazo em dobro dos litisconsortes com procuradores diferentes aplica-se aos processos judiciais eletrnicos? CUMPRIMENTO DE SENTENA Requisitos para a imposio da multa prevista no art. 475-J do CPC no caso de sentena ilquida.

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    EXECUO Execuo de ttulo extrajudicial que contenha clusula compromissria.

    DIREITO PENAL

    CRIME DO ART. 10 DA LEI 7.347/85 Para que se configure o delito indispensvel que as informaes requisitadas sejam indispensveis propositura

    de ACP.

    CRIME DO ART. 7, IX DA LEI 8.137/90 Necessidade de percia para demonstrar para a configurao do delito.

    CRIME DO ART. 183 DA LEI 9.472/97 Prestao de servio de internet por meio de radiofrequncia sem autorizao da ANATEL.

    DIREITO PROCESSUAL PENAL

    COMPETNCIA Crimes cometidos a bordo de navio.

    PRISO E LIBERDADE Priso cautelar e ru condenado a regime semiaberto ou aberto.

    ASSISTENTE DE ACUSAO Impossibilidade de seguradora intervir como assistente da acusao em processo que apure homicdio do

    segurado.

    EXCEO DE SUSPEIO Procurao com poderes especiais para oposio de exceo de suspeio.

    NULIDADES Hiptese em que a ausncia de intimao pessoal do defensor dativo no gera reconhecimento de nulidade.

    DIREITO TRIBUTRIO

    REPETIO DE INDBITO Taxa de juros de mora aplicvel na devoluo de tributo estadual pago indevidamente.

    IMPOSTO SOBRE SERVIOS (ISSQN) Base de clculo no caso de servio prestado por empresa de trabalho temporrio.

    DIREITO ADMINISTRATIVO

    PERSONALIDADE JUDICIRIA Personalidade judiciria das Cmaras de Vereadores

    Smula 525-STJ: A Cmara de vereadores no possui personalidade jurdica, apenas personalidade judiciria, somente podendo demandar em juzo para defender os seus direitos institucionais.

    STJ. 1 Seo. Aprovada em 22/04/2015, DJe 27/4/2015.

    Capacidade de ser parte Um dos pressupostos de existncia do processo a capacidade de ser parte. Diz-se que algum tem capacidade de ser parte quando possui a aptido (a possibilidade) de ser autor ou ru em qualquer processo.

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    Em regra, pode ser parte qualquer sujeito que tenha personalidade jurdica, podendo ser pessoa fsica ou pessoa jurdica. Personalidade judiciria Existem alguns sujeitos que no tm personalidade jurdica (civil), mas que podem ser parte. Nesse caso, dizemos que gozam de personalidade judiciria. Exemplos: Ministrio Pblico, Defensoria Pblica, Tribunais de Justia, Tribunais de Contas, Procon, Assembleias Legislativas, Cmaras Municipais, nascituro, massa falida, comunidade indgena. A Cmara Municipal e a Assembleia Legislativa Tanto a Cmara Municipal (Cmara de Vereadores) como a Assembleia Legislativa possuem natureza jurdica de rgo pblico. Os rgos integram a estrutura do Estado e, por isso, no tm personalidade jurdica prpria. Apesar de no terem personalidade jurdica, a Cmara Municipal e a Assembleia Legislativa possuem personalidade judiciria. A personalidade judiciria da Cmara Municipal e da Assembleia Legislativa ampla? Elas podem atuar em juzo em qualquer caso? NO. Elas at podem atuar em juzo, mas apenas para defender os seus direitos institucionais, ou seja, aqueles relacionados ao funcionamento, autonomia e independncia do rgo. Exemplo concreto: a Cmara dos Vereadores de determinada localidade ajuizou ao contra a Unio pedindo que esta liberasse os repasses do Fundo de Participao do Municpio (FPM) que tinham sido retidos. A Cmara possui legitimidade ativa para essa demanda? NO. Para se aferir se a Cmara de Vereadores tem legitimao ativa, necessrio analisar se a pretenso deduzida em juzo est, ou no, relacionada a interesses e prerrogativas institucionais do rgo. Para o STJ, uma ao pedindo a liberao de FPM uma pretenso de interesse apenas patrimonial do Municpio e que, portanto, no est relacionado com a defesa de prerrogativa institucional da Cmara Municipal. No se trata de um direito institucional da Cmara (STJ. 2 Turma. REsp 1.429.322-AL, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 20/2/2014. Info 537). Resumindo A Cmara de Vereadores, por ser um rgo, no possui personalidade jurdica (no pessoa jurdica). Apesar de no ter personalidade jurdica (civil), a Cmara pode ser parte em algumas causas judiciais em virtude de gozar de personalidade judiciria. No entanto, essa personalidade judiciria no ampla e ela s pode demandar em juzo para defender os seus direitos institucionais (aqueles relacionados ao funcionamento, autonomia e independncia do rgo).

    SERVIDORES PBLICOS Auxlio-recluso previsto para servidores pblicos federais (art. 229 da Lei 8.112/90)

    O art. 229 da Lei 8.112/90 prev a concesso de auxlio-recluso para os dependentes dos servidores pblicos federais que estiverem presos.

    Ao contrrio do auxlio-recluso do RGPS, previsto no art. 201, IV, da CF/88, o auxlio-recluso da Lei 8.112/90 no exige que o servidor pblico preso seja enquadrado como pessoa de baixa renda.

    O art. 13 da EC 20/98 traz uma regra para que o segurado seja considerado de baixa renda para fins de pagamento do auxlio-recluso. Essa regra, contudo, somente vale para servidores pblicos que forem vinculados ao RGPS.

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    Assim, para a concesso do auxlio-recluso da Lei 8.112/90 no se aplica aos servidores pblicos estatutrios ocupantes de cargos efetivos a exigncia de baixa renda prevista no art. 13 da EC 20/98.

    Assim, conclui-se que o art. 13 da EC 20/98 no afeta a situao jurdica dos servidores ocupantes de cargo pblico de provimento efetivo, mas apenas dos servidores vinculados ao RGPS, isto , empregados pblicos, contratados temporariamente e ocupantes de cargos exclusivamente em comisso.

    STJ. 2 Turma. AgRg no REsp 1.510.425-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 16/4/2015 (Info 560).

    Auxlio-recluso para trabalhadores em geral Muita gente conhece o auxlio-recluso que pago aos dependentes do segurado do RGPS que foi preso. O auxlio-recluso dos trabalhadores em geral (segurados do RGPS) previsto no art. 201, IV, da CF/88. Veja o que diz o art. 201, IV, que teve a sua redao alterada pela EC 20/98:

    Art. 201. A previdncia social ser organizada sob a forma de regime geral, de carter contributivo e de filiao obrigatria, observados critrios que preservem o equilbrio financeiro e atuarial, e atender, nos termos da lei, a: IV - salrio-famlia e auxlio-recluso para os dependentes dos segurados de baixa renda; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 20/98)

    O auxlio-recluso do RGPS ... - um benefcio previdencirio, - pago aos dependentes do segurado que for preso, - desde que ele (segurado) tenha baixa renda, - no receba remunerao da empresa durante a priso, - nem esteja em gozo de auxlio-doena, de aposentadoria ou de abono de permanncia. O que considerado baixa renda? Vimos acima que o auxlio-recluso no RGPS somente pago aos beneficirios do segurado preso que tiver baixa renda. Assim, indispensvel a baixa renda para a concesso do benefcio. A EC 20/98, que alterou o art. 201, IV, da CF/88 previu que, at que a lei discipline o auxlio-recluso, esse benefcio ser concedido apenas queles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00, valor esse que dever ser corrigido pelos mesmos ndices aplicados aos benefcios do Regime Geral de Previdncia Social (art. 13 da Emenda). Em outras palavras, a EC determinou que a lei estabelecesse um critrio para definir o que baixa renda. Enquanto a lei no fizer isso, o Governo dever atualizar todos os anos o valor que comeou em R$ 360,00. At hoje, essa lei no existe. Logo, todos os anos publicada uma Portaria Interministerial, assinada pelos Ministros da Previdncia e da Fazenda, atualizando o valor.

    Para o ano de 2015, o valor foi atualizado para R$ 1.089,72 (Portaria Interministerial n. 13/2015). Assim, o auxlio-recluso somente ser pago se o ltimo salrio-de-contribuio do segurado, antes de ser preso, era igual ou inferior a essa quantia. At aqui, tudo bem. Vamos agora falar de um instituto que tem o mesmo nome, parecido ao que expliquei, mas apresenta diferenas. Auxlio-recluso para servidores pblicos federais O que pouca gente sabe que existe um benefcio parecido ao que foi explicado acima e que est previsto

    no art. 229 da Lei n. 8.112/90, sendo destinado aos dependentes dos servidores pblicos federais. Trata-

    se do auxlio-recluso da Lei n. 8.112/90. Veja o que diz o dispositivo:

    Art. 229. famlia do servidor ativo devido o auxlio-recluso, nos seguintes valores: I - dois teros da remunerao, quando afastado por motivo de priso, em flagrante ou preventiva,

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    determinada pela autoridade competente, enquanto perdurar a priso; II - metade da remunerao, durante o afastamento, em virtude de condenao, por sentena definitiva, a pena que no determine a perda de cargo. 1 Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor ter direito integralizao da remunerao, desde que absolvido. 2 O pagamento do auxlio-recluso cessar a partir do dia imediato quele em que o servidor for posto em liberdade, ainda que condicional.

    Veja que em nenhum momento o art. 229 falou em baixa renda. Diante disso, indaga-se: para a

    concesso do auxlio-recluso de que trata a Lei n. 8.112/90 necessrio que o servidor pblico federal seja de baixa renda? Aplica-se a mesma regra prevista no art. 13 da EC 20/98 e que vlida para o auxlio-recluso do RGPS?

    NO. Para a concesso do auxlio-recluso da Lei n. 8.112/90 no se aplica aos servidores pblicos estatutrios ocupantes de cargos efetivos a exigncia de baixa renda prevista no art. 13 da EC 20/98. Isso porque o art. 13 da EC 20/98, apesar de falar em servidores, segurados e seus dependentes, somente aplicvel aos servidores pblicos vinculados ao Regime Geral da Previdncia Social (RGPS). O art. 13 da EC 20/98 no se aplica para os servidores pblicos federais estatutrios porque o auxlio-

    recluso deles previsto no art. 229 da Lei n. 8.112/90, que no exige baixa renda. Assim, conclui-se que o art. 13 da EC 20/98 no afeta a situao jurdica dos servidores ocupantes de cargo pblico de provimento efetivo, mas apenas dos servidores vinculados ao RGPS, isto , empregados pblicos, contratados temporariamente e ocupantes de cargos exclusivamente em comisso.

    SERVIDORES TEMPORRIOS Contratao temporria de servidor pblico para atividades de carter permanente

    O art. 37, IX, da CF/88 autoriza que a Administrao Pblica contrate pessoas, sem concurso pblico, tanto para o desempenho de atividades de carter eventual, temporrio ou excepcional, como tambm para o desempenho das funes de carter regular e permanente, desde que indispensveis ao atendimento de necessidade temporria de excepcional interesse pblico. Esse o entendimento do STF (Plenrio. ADI 3247/MA, Rel. Min. Crmen Lcia, julgado em 26/3/2014. Info 740).

    O STJ adotou essa mesma concluso. No caso concreto, o Ministrio da Sade autorizou a contratao de 200 profissionais para a Agncia Nacional de Sade Suplementar ANS. O sindicato dos servidores pblicos impetrou MS contra este ato alegando que os servidores estavam sendo contratados para a anlise de processos administrativos do rgo, o que no uma atividade temporria, mas sim permanente e, portanto, no se enquadraria no art. 37, IX, da CF/88, devendo ser desempenhada por servidores estatutrios da autarquia. O MS foi julgado improcedente. Segundo decidiu o STJ, admite-se a contratao por tempo determinado para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico (art. 37, IX, da CF/88) ainda que para o exerccio de atividades permanentes do rgo ou entidade. No caso concreto, as contrataes temporrias se fazem necessrias em decorrncia do crescente nmero de demandas e do enorme passivo de procedimentos administrativos que esto parados junto ANS. Ademais, o quadro de pessoal da agncia j est completo, inexistindo, portanto, cargos vagos para a realizao de concurso pblico.

    STJ. 1 Seo. MS 20.335-DF, Rel. Min. Benedito Gonalves, julgado em 22/4/2015 (Info 560).

    Exceo ao princpio do concurso pblico A CF/88 instituiu o princpio do concurso pblico, segundo o qual, em regra, a pessoa somente pode ser

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    investida em cargo ou emprego pblico aps ser aprovada em concurso pblico (art. 37, II). Esse princpio, que na verdade uma regra, possui excees que so estabelecidas no prprio texto constitucional. Assim, a CF/88 prev situaes em que o indivduo poder ser admitido no servio pblico mesmo sem concurso. Podemos citar como exemplos: a) cargos em comisso (art. 37, II); b) servidores temporrios (art. 37, IX); c) cargos eletivos; d) nomeao de alguns juzes de Tribunais, Desembargadores, Ministros de Tribunais; e) ex-combatentes (art. 53, I, do ADCT); f) agentes comunitrios de sade e agentes de combate s endemias (art. 198, 4). Vamos estudar agora apenas a hiptese dos servidores temporrios (art. 37, IX, da CF/88). Redao do art. 37, IX O art. 37, IX, prev o seguinte:

    IX a lei estabelecer os casos de contratao por tempo determinado para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico;

    O inciso IX do art. 37 consiste em uma norma constitucional de eficcia limitada, dependendo, portanto, de lei para produzir todos os seus efeitos. Mais abaixo veremos que lei essa. Servidores temporrios Os servidores que so contratados com base nesse fundamento so chamados de servidores temporrios. Caractersticas Para ser vlida, a contratao com fundamento no inciso IX deve ser... - feita por tempo determinado (a lei prev prazos mximos); - com o objetivo de atender a uma necessidade temporria; e - que se caracterize como sendo de excepcional interesse pblico. Atividades de carter regular e permanente No servio pblico h algumas atividades que so regulares e permanentes. Exs.: servidores das reas de sade, educao e segurana pblica. Por outro lado, existem atividades que possuem carter eventual, temporrio ou excepcional. Ex.: servidores para a realizao do censo pelo IBGE. possvel que, com fundamento no inciso IX, a Administrao Pblica contrate servidores temporrios para o exerccio de atividades de carter regular e permanente ou isso somente permitido para atividades de natureza temporria (eventual)? O art. 37, IX, da CF/88 autoriza que a Administrao Pblica contrate pessoas, sem concurso pblico, tanto para o desempenho de atividades de carter eventual, temporrio ou excepcional, como tambm para o desempenho das funes de carter regular e permanente, desde que indispensveis ao atendimento de necessidade temporria de excepcional interesse pblico. STF. Plenrio. ADI 3068, Rel. p/ Ac. Min. Eros Grau, julgado em 25/08/2004. STF. Plenrio. ADI 3247/MA, Rel. Min. Crmen Lcia, julgado em 26/3/2014 (Info 740). STJ. 1 Seo. MS 20.335-DF, Rel. Min. Benedito Gonalves, julgado em 22/4/2015 (Info 560). A natureza da atividade a ser desempenhada (se permanente ou eventual) no ser o fator determinante para se definir se possvel ou no a contratao de servidor com base no art. 37, IX, da CF/88.

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    Para saber se legtima a contratao com base no art. 37, IX, devero ser analisados dois aspectos: a) a necessidade da contratao deve ser transitria (temporria); b) deve haver um excepcional interesse pblico que a justifique. Ex.1: a atividade de um mdico em um Estado possui natureza permanente (regular), considerando que dever do ente estadual prestar sade populao (art. 196 da CF/88). Em regra, os mdicos devem ser selecionados por meio de concurso pblico. Ocorre que se pode imaginar situaes em que haja uma necessidade temporria de mdicos em nmero acima do normal e de forma imediata, o que justifica, de forma excepcional, a contratao desses profissionais sem concurso pblico, por um prazo determinado, com base no inciso IX do art. 37 da CF/88. o caso de uma epidemia que esteja ocorrendo em determinada regio do Estado, na qual haja a necessidade de mdicos especialistas no tratamento daquela molstia especfica para tentar erradicar o surto. Logo, ser permitida a contratao de tantos mdicos quantos sejam necessrios para solucionar aquela demanda (exemplo da Min. Crmem Lcia). Ex.2: em um caso concreto julgado pelo STF, estava sendo impugnada uma lei do Estado do Maranho que permite a contratao, com base no art. 37, IX, da CF/88, de professores para os ensinos fundamental e mdio, desde que no existam candidatos aprovados em concurso pblico e devidamente habilitados. A Lei maranhense prev que essa contratao dever ocorrer pelo prazo mximo de 12 meses e o STF conferiu interpretao conforme para que esse prazo seja contado do ltimo concurso realizado para a investidura de professores. Desse modo, durante o perodo de 1 (um) ano, haveria necessidade temporria que justificaria a contratao sem concurso at que fosse concludo o certame. STF. Plenrio. ADI 3247/MA, rel. Min. Crmen Lcia, julgado em 26/3/2014 (Info 740). Ex.3: o Ministrio da Sade autorizou a contratao de 200 profissionais para a Agncia Nacional de Sade Suplementar ANS. O sindicato dos servidores pblicos impetrou mandado de segurana contra este ato alegando que os servidores estavam sendo contratados para a anlise de processos administrativos do rgo, o que no uma atividade temporria, mas sim permanente e, portanto, no se enquadraria no art. 37, IX, da CF/88, devendo ser desempenhada por servidores estatutrios da autarquia. O mandado de segurana foi julgado improcedente. Segundo decidiu o STJ, admite-se a contratao por tempo determinado para atender a necessidade temporria de excepcional interesse pblico (art. 37, IX, da CF/88) ainda que para o exerccio de atividades permanentes do rgo ou entidade. No caso concreto, as contrataes temporrias se fazem necessrias em decorrncia do crescente nmero de demandas e do enorme passivo de procedimentos administrativos que esto parados junto ANS. Ademais, o quadro de pessoal da agncia j est completo, inexistindo, portanto, cargos vagos para a realizao de concurso pblico (STJ. 1 Seo. MS 20.335-DF, Rel. Min. Benedito Gonalves, julgado em 22/4/2015. Info 560). Em resumo, mesmo em atividades pblicas de natureza permanente, como as desenvolvidas nas reas de sade, educao e segurana pblica, possvel, em tese, a contratao por prazo determinado para suprir uma demanda eventual ou passageira.

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    IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Aplicao da pena de perda da funo pblica

    a membro do MP em ao de improbidade administrativa

    Importante!!!

    Ateno! Ministrio Pblico

    O membro do Ministrio Pblico pode ser processado e condenado por ato de improbidade administrativa?

    SIM. pacfico o entendimento de que o Promotor de Justia (ou Procurador da Repblica) pode ser processado e condenado por ato de improbidade administrativa, com fundamento na Lei 8.429/92.

    Mesmo gozando de vitaliciedade e a Lei prevendo uma srie de condies para a perda do cargo, o membro do MP, se for ru em uma ao de improbidade administrativa, poder ser condenado perda da funo pblica? O membro do MP pode ser ru em uma ao de improbidade de que trata a Lei 8.429/92 e, ao final, ser condenado perda do cargo mesmo sem ser adotado o procedimento da Lei 8.625/93 e da LC 75/93?

    SIM. O STJ decidiu que possvel, no mbito de ao civil pblica de improbidade administrativa, a condenao de membro do Ministrio Pblico pena de perda da funo pblica prevista no art. 12 da Lei 8.429/92.

    A Lei 8.625/93 (Lei Orgnica Nacional do MP) e a LC 75/93 preveem uma srie de regras para que possa ser ajuizada ao civil pblica de perda do cargo contra o membro do MP. Tais disposies impedem que o membro do MP perca o cargo em ao de improbidade?

    NO. Segundo o STJ, o fato de essas leis preverem a garantia da vitaliciedade aos membros do MP e a necessidade de ao judicial para a aplicao da pena de demisso no significa que elas probam que o membro do MP possa perder o cargo em razo de sentena proferida na ao civil pblica por ato de improbidade administrativa.

    Essas leis tratam dos casos em que houve um procedimento administrativo no mbito do MP para apurao de fatos imputados contra o Promotor/Procurador e, sendo verificada qualquer das situaes previstas nos incisos do 1 do art. 38, dever obter-se autorizao do Conselho Superior para o ajuizamento de ao civil especfica.

    Desse modo, tais leis no cuidam de improbidade administrativa e, portanto, nada interferem nas disposies da Lei 8.429/92.

    Em outras palavras, existem as aes previstas na LC 75/93 e na Lei 8.625/93, mas estas no excluem (no impedem) que o membro do MP tambm seja processado e condenado pela Lei 8.429/92. Os dois sistemas convivem harmonicamente. Um no exclui o outro.

    Se o membro do MP praticou um ato de improbidade administrativa, ele poder ser ru em uma ao civil e perder o cargo? Essa ao dever ser proposta segundo o rito da lei da carreira (LC 75/93 / Lei 8.625/93) ou poder ser proposta nos termos da Lei 8.429/92?

    SIM. O membro do MP que praticou ato de improbidade administrativa poder ser ru em uma ao civil e perder o cargo. Existem duas hipteses possveis:

    Instaurar o processo administrativo de que trata a lei da carreira (LC 75/93: MPU / Lei 8.625/93: MPE) e, ao final, o PGR ou o PGJ ajuizar ao civil de perda do cargo contra o membro do MP.

    Ser proposta ao de improbidade administrativa, nos termos da Lei 8.429/92. Neste caso, no existe legitimidade exclusiva do PGR ou PGJ. A ao poder ser proposta at mesmo por um Promotor de Justia (no caso do MPE) ou Procurador da Repblica (MPF) que atue em 1 instncia.

    STJ. 1 Turma. REsp 1.191.613-MG, Rel. Min. Benedito Gonalves, julgado em 19/3/2015 (Info 560).

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    Improbidade administrativa De acordo com o 4 do art. 37 da CF/88, se a pessoa praticar um ato de improbidade administrativa, estar sujeita s seguintes sanes: suspenso dos direitos polticos; perda da funo pblica; indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao errio. O membro do Ministrio Pblico pode ser processado e condenado por ato de improbidade administrativa? SIM. pacfico o entendimento de que o Promotor de Justia (ou Procurador da Repblica) pode ser processado e condenado por ato de improbidade administrativa, com fundamento na Lei n. 8.429/92. Vitaliciedade Os membros do MP gozam de vitaliciedade e somente podem perder o cargo por sentena judicial transitada em julgado (art. 128, 5, I, a, da CF/88). Alm da CF/88, essa vitaliciedade foi regulamentada pelo art. 38, 1 da Lei n. 8.625/93 (Lei Orgnica Nacional do MP) e pelo art. 57, XX, da LC 75/93 (Estatuto do MPU). Essas leis preveem uma srie de requisitos e condies para que o membro perca seu cargo. Veja: O 2 do art. 38 da Lei n. 8.625/93 (que trata sobre os membros do MP estadual) exige que a ao para perda do cargo seja proposta contra o Promotor de Justia pelo Procurador-Geral de Justia, aps autorizao do Colgio de Procuradores:

    Art. 38. (...) 1 O membro vitalcio do Ministrio Pblico somente perder o cargo por sentena judicial transitada em julgado, proferida em ao civil prpria, nos seguintes casos: I - prtica de crime incompatvel com o exerccio do cargo, aps deciso judicial transitada em julgado; II - exerccio da advocacia; III - abandono do cargo por prazo superior a trinta dias corridos. 2 A ao civil para a decretao da perda do cargo ser proposta pelo Procurador-Geral de Justia perante o Tribunal de Justia local, aps autorizao do Colgio de Procuradores, na forma da Lei Orgnica.

    Por outro lado, o inciso XX do art. 57 da LC 75/93 (que versa sobre os membros do MPU) afirma que a ao para perda do cargo deve ser proposta pelo PGR, aps autorizao do Conselho Superior do MPF:

    Art. 57. Compete ao Conselho Superior do Ministrio Pblico Federal: XX - autorizar, pela maioria absoluta de seus membros, que o Procurador-Geral da Repblica ajuze a ao de perda de cargo contra membro vitalcio do Ministrio Pblico Federal, nos casos previstos nesta lei; (...) Art. 239. Os membros do Ministrio Pblico so passveis das seguintes sanes disciplinares: (...) IV - demisso; e (...) Art. 240. As sanes previstas no artigo anterior sero aplicadas: (...) V - as de demisso, nos casos de: (...) b) improbidade administrativa, nos termos do art. 37, 4, da Constituio Federal;

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    Diante disso, indaga-se: mesmo gozando de vitaliciedade e a Lei prevendo uma srie de condies para a perda do cargo, o membro do MP, se for ru em uma ao de improbidade administrativa, poder ser condenado perda da funo pblica? O membro do MP pode ser ru em uma ao de improbidade de que trata a Lei n. 8.429/92 e, ao final, ser condenado perda do cargo mesmo sem ser adotado o procedimento da Lei n. 8.625/93 e da LC n. 75/93? SIM. O STJ decidiu que possvel, no mbito de ao civil pblica de improbidade administrativa, a condenao de membro do Ministrio Pblico pena de perda da funo pblica prevista no art. 12 da Lei n. 8.429/92. Mas e a LC n. 75/93 e a Lei n. 8.625/93? Segundo o STJ, o fato de essas leis preverem a garantia da vitaliciedade aos membros do MP e a necessidade de ao judicial para a aplicao da pena de demisso no significa que elas probam que o membro do MP possa perder o cargo em razo de sentena proferida na ao civil pblica por ato de improbidade administrativa. Essas leis tratam dos casos em que houve um procedimento administrativo no mbito do MP para apurao de fatos imputados contra o Promotor/Procurador e, sendo verificada qualquer das situaes previstas nos incisos do 1 do art. 38, dever obter-se autorizao do Conselho Superior para o ajuizamento de ao civil especfica. Desse modo, tais leis no cuidam de improbidade administrativa e, portanto, nada interferem nas disposies da Lei n. 8.429/92. Em outras palavras, existem as aes previstas na LC n. 75/93 e na Lei n. 8.625/93, mas estas no excluem (no impedem) que o membro do MP tambm seja processado e condenado pela Lei n. 8.429/92. Os dois sistemas convivem harmonicamente. Um no exclui o outro. Por isso, o STJ decidiu que a previso legal de que o Procurador-Geral de Justia ou o Procurador-Geral da Repblica ajuizar ao civil especfica para a aplicao da pena de demisso ou perda do cargo, nos casos elencados na lei, no obsta que o legislador ordinrio, cumprindo o mandamento do 4 do art. 37 da CF, estabelea a pena de perda do cargo do membro do MP quando comprovada a prtica de ato mprobo, em ao civil pblica prpria para sua constatao. (REsp 1.191.613-MG). A competncia para ajuizar ao contra o membro do MP e que poder resultar na perda do seu cargo no exclusiva do PGR / PGJ?

    Se a ao a ser ajuizada for a da LC n. 75/93 ou a da Lei n. 8.625/93, nestes casos, a competncia exclusiva do PGR ou do PGJ.

    Se a ao a ser ajuizada for uma ao de improbidade administrativa (Lei n. 8.429/92), esta ser proposta pelo Ministrio Pblico ou pela pessoa jurdica interessada (art. 17). No h, portanto, competncia exclusiva do Procurador-Geral. Percebe-se que o a Lei n. 8.429/92 ampliou a legitimao ativa.

    Dessa forma, no h somente uma nica via processual adequada aplicao da pena de perda do cargo a membro do MP. Uma ltima pergunta para ver se voc entendeu bem: se o membro do MP praticou um ato de improbidade administrativa, ele poder ser ru em uma ao civil e perder o cargo? Essa ao dever ser proposta segundo o rito da lei da carreira (LC 75/93 / Lei 8.625/93) ou poder ser proposta nos termos da Lei n. 8.429/92? SIM. O membro do MP que praticou ato de improbidade administrativa, poder ser ru em uma ao civil e perder o cargo. Existem duas hipteses possveis:

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    Instaurar o processo administrativo de que trata a lei da carreira (LC 75/93: MPU / Lei 8.625/93: MPE) e, ao final, o PGR ou o PGJ ajuizar ao civil de perda do cargo contra o membro do MP.

    Ser proposta ao de improbidade administrativa, nos termos da Lei n. 8.429/92. Neste caso, no existe legitimidade exclusiva do PGR ou PGJ. A ao poder ser proposta at mesmo por um Promotor de Justia (no caso do MPE) ou Procurador da Repblica (MPF) que atue em 1 instncia.

    Pode parecer um pouco estranho, mas foi como decidiu o STJ: Assim, a demisso ou perda do cargo por ato de improbidade administrativa (art. 240, V, b, da LC 75/1993) no s pode ser determinada por sentena condenatria transitada em julgado em ao especfica, cujo ajuizamento deve ser provocado por procedimento administrativo e da competncia do Procurador-Geral, como tambm pode ocorrer em decorrncia do trnsito em julgado da sentena condenatria proferida em ao civil pblica prevista na Lei n. 8.429/92. (REsp 1.191.613-MG). Em suma, os dispositivos da a LC n. 75/93 e da Lei n. 8.625/93 tratam sobre outra hiptese de ao civil pblica para perda do cargo e tais leis no impedem que seja proposta ao especfica de improbidade (Lei n. 8.429/92) contra o membro do MP, podendo ele, inclusive, perder o cargo em decorrncia dela.

    DIREITO CIVIL

    PRESCRIO Termo inicial da prescrio da pretenso de cobrana de honorrios ad exitum

    Imagine que o advogado celebrou contrato de prestao de servios advocatcios com seu cliente, tendo sido acertado que os honorrios contratuais seriam pagos pelo cliente somente ao final da causa, se esta fosse exitosa. A isso chamamos clusula ad exitum ou quota litis.

    O advogado elaborou e protocolizou a petio inicial da ao. Ocorre que durante a tramitao do processo, o cliente e o advogado se desentenderam e o cliente revogou o mandato outorgado (revogou a procurao) e constituiu outro causdico para acompanhar a causa.

    Alguns anos depois, a ao foi julgada procedente (o cliente ganhou a causa).

    O prazo prescricional para a cobrana de honorrios advocatcios de 5 anos (art. 25 da Lei 8.906/94). A dvida que surgiu foi a seguinte: qual o termo inicial deste prazo? Ele deve ser contado do dia em que a procurao foi revogada ou da data em que a ao foi julgada?

    A contagem do prazo prescricional comeou na data do xito da demanda, ou seja, no dia em que houve a sentena favorvel ao cliente.

    No caso de contrato advocatcio com clusula de remunerao quota litis, a obrigao de resultado (e no de meio), ou seja, o direito remunerao do profissional depender de um julgamento favorvel ao seu cliente na demanda judicial.

    No caso em anlise, no momento da revogao do mandato, o advogado destitudo ainda no tinha o direito de exigir o pagamento da verba honorria, uma vez que, naquela altura, o processo no havia sido julgado e o cliente no era vencedor da demanda.

    Segundo o princpio da actio nata, o prazo prescricional somente se inicia quando o direito for violado. Desse modo, se no momento da revogao da procurao, o advogado ainda no tinha direito aos honorrios, no se pode dizer que ele foi inerte porque simplesmente no tinha como ingressar com ao cobrando os honorrios.

    Aplica-se aqui o brocardo latino contra non valentem agere non currit praescriptio, que significa a prescrio no corre contra quem no pode agir.

    STJ. 4 Turma. REsp 805.151-SP, Rel. Min. Raul Arajo, Rel. para acrdo Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 12/8/2014 (Info 560).

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    Imagine a seguinte situao hipottica: Dr. Rui (advogado) celebrou contrato de prestao de servios advocatcios com Joo (seu cliente). No ajuste, ficou previsto que os honorrios contratuais seriam pagos por Joo somente ao final da causa, se esta fosse exitosa. Assim, se a ao de indenizao a ser proposta por Joo fosse julgada procedente, este deveria pagar ao advogado R$ 5 mil. Se no obtivesse xito, Joo no pagaria nada. Clusula quota litis Quando isso ocorre, diz-se que o contrato de honorrios possui uma clusula ad exitum ou quota litis. Na hiptese de prestao de servios advocatcios com clusula de remunerao quota litis, o compromisso do advogado, que, em regra, uma obrigao de meio porque no depende do sucesso da causa, torna-se uma obrigao de resultado, j que o advogado somente ir receber os honorrios contratuais se o julgamento for favorvel ao seu cliente. Como tradicionalmente a doutrina sempre disse que a obrigao do advogado de meio (e no de resultado), havia uma resistncia do Conselho Federal da OAB em aceitar a validade da clusula quota litis, havendo muitas vozes afirmando que ela violaria o Cdigo de tica e Disciplina da OAB. Em outras palavras, existia uma presso muito forte da OAB para proibir que os advogados fizessem contratos de honorrios com clusula ad exitum. Em 2010, o Conselho Federal da OAB decidiu que o contrato de prestao de servios jurdicos com clusula quota litis, em princpio, por si s, no fere o regime tico-disciplinar. No entanto, segundo a OAB, este tipo de contrato deve ser excepcional (quando a parte no tiver condies de pagar antecipadamente), no podendo o advogado transform-lo em algo corriqueiro (Consulta 2010.29.03728-01). Voltando ao nosso exemplo: O advogado elaborou e protocolizou a petio inicial da ao. Ocorre que durante a tramitao do processo, Joo e Dr. Rui se desentenderam e, no dia 02/02/2010, o cliente revogou o mandato outorgado (revogou a procurao) e constituiu outro advogado para acompanhar a causa. Em 03/03/2015, a ao foi julgada procedente (Joo ganhou a causa), tendo havido o trnsito em julgado. No dia seguinte, quando Dr. Rui soube do resultado da ao, procurou imediatamente Joo cobrando os R$ 5 mil que eles haviam combinado como clusula ad exitum. Joo disse que no iria pagar nada e, ainda, de forma irnica, mandou Dr. Rui procurar um advogado. Qual o prazo prescricional para que Dr. Rui cobre os honorrios advocatcios?

    5 anos, nos termos do art. 25 da Lei n. 8.906/94 (Estatuto da OAB) e do art. 206, 5, II, do CC:

    Art. 25. Prescreve em cinco anos a ao de cobrana de honorrios de advogado, contado o prazo: (...)

    Ao proposta por Dr. Rui e argumento da prescrio Dr. Rui ajuza, ento, ao exigindo os honorrios advocatcios. Joo defende-se alegando que a pretenso est prescrita considerando que o prazo de 5 anos teria comeado no dia em que houve a revogao do mandato, ou seja, em 02/02/2010. Para tanto, Joo fundamentou-se no art. 25, V, do Estatuto da OAB:

    Art. 25. Prescreve em cinco anos a ao de cobrana de honorrios de advogado, contado o prazo: (...) V - da renncia ou revogao do mandato.

    E agora? A tese de Joo est correta? A pretenso est prescrita? NO. No houve prescrio. Isso porque o termo inicial do prazo, ao contrrio do que alegou Joo, no comeou no dia em que o mandato foi revogado. A contagem do prazo prescricional comeou na data do xito da demanda, ou seja, no dia em que houve a sentena favorvel a Joo.

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    Por qu? No caso de contrato advocatcio com clusula de remunerao quota litis, a obrigao de resultado (e no de meio), ou seja, o direito remunerao do profissional depender de um julgamento favorvel ao seu cliente na demanda judicial. No caso em anlise, no momento da revogao do mandato, o advogado destitudo ainda no tinha o direito de exigir o pagamento da verba honorria, uma vez que, naquela altura, o processo no havia sido julgado e Joo no era vencedor da demanda. Segundo o princpio da actio nata, o prazo prescricional somente se inicia quando o direito for violado. Desse modo, se no momento da revogao da procurao o advogado ainda no tinha direito aos honorrios, no se pode dizer que ele foi inerte porque simplesmente no tinha como ingressar com ao cobrando os honorrios. Aplica-se aqui o brocardo latino contra non valentem agere non currit praescriptio, que significa a prescrio no corre contra quem no pode agir. Se Dr. Rui, logo depois de ter sido destitudo do caso, tivesse ajuizado ao exigindo os honorrios, esta demanda nem sequer seria conhecida porque faltaria interesse de agir ao autor.

    CONTRATO DE FIANA Ilegitimidade ativa do fiador para pleitear em juzo a reviso do contrato principal

    Pedro faz um contrato de mtuo bancrio, ou seja, toma dinheiro emprestado de um banco. Joo aceita figurar no contrato como fiador. Depois de algum tempo, Joo v que os juros bancrios so muito altos e, preocupado com eventual inadimplncia, resolve ingressar, em nome prprio, com uma ao contra o Banco pedindo a reviso do contrato sob a alegao de que os juros so abusivos e, por isso, merecem ser reduzidos. Joo tem legitimidade para propor essa demanda?

    NO. O fiador de mtuo bancrio NO tem legitimidade para, exclusivamente e em nome prprio, pleitear em juzo a reviso e o afastamento de clusulas e encargos abusivos constantes do contrato principal.

    O fiador at possui interesse de agir, mas falta-lhe LEGITIMAO , j que ele no titular do direito material que se pretende tutelar em juzo (no foi ele quem assinou o contrato de mtuo).

    STJ. 3 Turma. REsp 1.178.616-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 14/4/2015 (Info 560).

    O que fiana? Fiana um tipo de contrato por meio do qual uma pessoa (chamada de fiadora) assume o compromisso junto ao credor de que ela ir satisfazer a obrigao assumida pelo devedor, caso este no a cumpra (art. 818 do Cdigo Civil). Imagine a seguinte situao hipottica: Pedro faz um contrato de mtuo bancrio, ou seja, toma dinheiro emprestado de um banco. Joo, melhor amigo de Pedro, aceita figurar no contrato como fiador. Aps um ano, Pedro procura Joo e diz que os juros cobrados pelo banco esto muito altos e que, desse jeito, daqui a um tempo no mais conseguir pagar a dvida. Joo, como fiador, fica preocupado e resolve ingressar, em nome prprio, com uma ao contra o Banco pedindo a reviso do contrato sob a alegao de que os juros so abusivos e, por isso, merecem ser reduzidos.

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    Joo tem legitimidade para propor essa demanda? O indivduo tem legitimidade para ajuizar ao de reviso de contrato bancrio no qual figurou como fiador pedindo que os encargos cobrados sejam declarados abusivos? NO. O fiador de mtuo bancrio NO tem legitimidade para, exclusivamente e em nome prprio, pleitear em juzo a reviso e o afastamento de clusulas e encargos abusivos constantes do contrato principal. A fiana obrigao acessria, assumida por terceiro, que garante ao credor o cumprimento total ou parcial da obrigao principal de outrem (o devedor) caso este no a cumpra ou no possa cumpri-la conforme o avenado (art. 818 do CC). A relao jurdica que se estabelece entre o credor e o devedor do negcio jurdico principal no se confunde com a relao construda no contrato secundrio (de fiana), firmado entre o credor e o fiador, que se apresenta como mero garantidor do adimplemento da obrigao principal. Em outras palavras, uma coisa o contrato principal (no caso, um contrato de mtuo), outra o contrato de fiana (que s um acessrio do principal). Desse modo, tais contratos, apesar de vinculados pela acessoriedade, dizem respeito a relaes jurdicas diferentes. O fiador no tem relao direta com o contrato de mtuo. Logo, ele parte ilegtima para, exclusivamente e em nome prprio, postular em juzo a reviso e o afastamento de clusulas e encargos abusivos constantes deste contrato. O mtuo bancrio fruto da comunho de vontades entre o mutuante (credor) e o muturio (devedor), sendo o fiador parte estranha nesta relao jurdica. Mas neste caso, o fiador no teria interesse de agir j que, se a dvida no for paga, ele quem ir responder? SIM. O fiador tem interesse de agir. O que lhe falta, no entanto, legitimidade para agir. No se pode confundir legitimidade para agir com interesse de agir.

    Quem possui interesse de agir: a pessoa que necessita da tutela requerida em juzo.

    Quem possui legitimidade para agir: a pessoa que seja titular do direito material discutido em juzo. A legitimidade est prevista no art. 18 do CPC 2015 (art. 6 do CPC 1973):

    Art. 18. Ningum poder pleitear direito alheio em nome prprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurdico.

    Para postular em juzo, necessrio ter interesse E legitimidade (art. 17 do CPC 2015) (art. 3 do CPC 1973). No basta um ou outro. indispensvel que estejam presentes os dois. Desse modo, apesar de o fiador possuir interesse na diminuio da dvida que se comprometeu garantir perante o credor, ele no tem legitimidade para demandar a reviso das clusulas apostas no contrato principal, j que no foi ele quem assinou o contrato de mtuo (ele s assinou o contrato de fiana) (obs: o instrumento, ou seja, o papel que o fiador assinou pode ser at o mesmo onde est previsto o contrato de mtuo, mas o fiador, ao assin-lo, est firmando apenas o contrato de fiana). O legitimado para pedir a reviso do contrato o titular do direito material discutido em juzo, isto , o devedor principal (em nosso exemplo, Pedro).

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    CONTRATO DE SEGURO Clusulas RCF-V e APP

    No momento em que a pessoa celebra um contrato de seguro de veculos, importante verificar o tipo de cobertura contratada:

    Se houver apenas a clusula RCF-V (Responsabilidade Civil Facultativa de Veculos): isso significa que o seguro est se obrigando a cobrir apenas as despesas que o segurado tiver com danos corporais que forem causados a terceiros, no servindo para danos corporais sofridos pelo prprio condutor do veculo ou seus passageiros. Em outras palavras, a clusula RCF-V determina que a seguradora reembolse, at o limite previsto na aplice, as indenizaes que o segurado seja obrigado a pagar, judicial ou extrajudicialmente, por ter provocado prejuzos pessoais ou materiais a outras pessoas de fora do carro (terceiros).

    Para que o contrato abranja tambm danos causados ao motorista e demais passageiros do veculo, necessrio que preveja a clusula APP (Acidentes Pessoais de Passageiros). Por fora da clusula APP, a seguradora obrigada a pagar a indenizao ao segurado ou aos seus beneficirios na ocorrncia de acidentes pessoais que causem a morte ou a invalidez permanente total ou parcial dos passageiros do veculo segurado, respeitados os critrios quanto lotao oficial do veculo e o limite mximo de indenizao por passageiro estipulado na aplice.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.311.407-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 5/3/2015 (Info 560).

    Imagine a seguinte situao hipottica: Joo fez um contrato de seguro de veculos com a Seguradora X. O tipo de contrato celebrado por Joo foi o de Responsabilidade Civil Facultativa de Veculos, mais conhecido pela seguinte sigla, que utilizada na prtica securitria: RCF-V. Alguns meses depois, o filho de Joo estava dirigindo o carro e, em virtude de uma forte chuva, derrapou o veculo e bateu em um poste, causando a sua morte. Joo acionou o seguro pedindo o pagamento da indenizao prevista no contrato. O seguro negou o pedido argumentando que a clusula RCV - Danos Corporais cobre apenas as despesas que o segurado tiver com danos corporais que forem causados a terceiros, no servindo para danos corporais sofridos pelo prprio condutor do veculo ou seus passageiros. Em outras palavras, o RCF-V determina que a seguradora reembolse, at o limite previsto na aplice, as indenizaes que o segurado seja obrigado a pagar, judicial ou extrajudicialmente, por ter provocado prejuzos pessoais ou materiais a outras pessoas de fora do carro (terceiros). A tese da seguradora aceita pela jurisprudncia? SIM. No contrato de seguro de automvel, a cobertura de Responsabilidade Civil Facultativa de Veculos (RCF-V) Danos Corporais no assegura o pagamento de indenizao pelas leses sofridas pelo condutor e por passageiros do automvel sinistrado, compreendendo apenas a indenizao a ser paga pelo segurado a terceiros envolvidos no acidente. A RCF-V assegura o reembolso ao segurado das quantias pelas quais vier a ser responsvel civilmente, em sentena judicial transitada em julgado ou em acordo autorizado de modo expresso pela seguradora, relativas a reparaes por danos corporais causados a terceiros, pelo veculo segurado, durante a vigncia da aplice. Logo, como a vtima do dano foi o prprio condutor, a seguradora no obrigada a indenizar por fora deste contrato.

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    O que seria necessrio para que o contrato abrangesse tambm a indenizao pelos danos causados ao condutor e aos passageiros do veculo? Para que o contrato de seguro abrangesse tais sinistros, seria necessrio que houvesse uma clusula prevendo a cobertura de Acidentes Pessoais de Passageiros, conhecida na prtica pela sigla APP. Se no contrato estiver presente a clusula APP, a seguradora obrigada a pagar a indenizao ao segurado ou aos seus beneficirios na ocorrncia de acidentes pessoais que causem a morte ou a invalidez permanente total ou parcial dos passageiros do veculo segurado, respeitados os critrios quanto lotao oficial do veculo e o limite mximo de indenizao por passageiro estipulado na aplice. Resumindo:

    Clusula RCF-V: cobre os danos causados a terceiros.

    Clusula APP: cobre os danos causados ao motorista do veculo segurado e seus passageiros. Joo no poderia alegar que houve falha do seguro em seu dever de informao no momento da celebrao do contrato? Ele alegou isso. No entanto, o Tribunal de Justia e depois o STJ entenderam que no houve deficincia de informao ao consumidor ou tentativa de ludibri-lo, visto que a cobertura de Responsabilidade Civil Facultativa de Veculos (RCF-V) de regular conhecimento dos segurados, do corretor que lhes estava auxiliando, alm do que isso estava escrito, de forma discriminada, na aplice do seguro, havendo ainda a explicao sobre a cobertura do seguro no Manual do Segurado, que foi entregue ao consumidor.

    DIREITOS REAIS Eficcia subjetiva da coisa julgada de ao reintegratria proferida em processo no qual o

    possuidor de boa-f no participou

    Fernando vendeu um imvel para Pedro. Este, por sua vez, alienou o bem para Joo.

    Ocorre que Pedro no pagou Fernando, razo pela qual este props ao de resciso contratual cumulada com reintegrao de posse unicamente contra Pedro.

    A sentena foi procedente, determinado a resciso da venda feita para Pedro e determinado que ele devolvesse a posse do imvel para Fernando.

    Sucede que Pedro no mais reside no imvel. Quem est na posse do imvel Joo, que assumiu o local antes de a ao de reintegrao ser proposta.

    Os efeitos da sentena de reintegrao de posse estendem-se a Joo (terceiro de boa-f)?

    NO. No est sujeito aos efeitos de deciso reintegratria de posse proferida em processo do qual no participou o terceiro de boa-f que, antes da citao, adquirira do ru o imvel objeto do litgio.

    Em regra, a sentena faz coisa julgada somente para as partes do processo, no beneficiando nem prejudicando terceiros (art. 472 do CPC 1973; art. 506 do CPC 2015). Tambm no caso de aplicar o art. 42, 3 do CPC 1973 (art. 109, 3 do CPC 2015) porque Joo (terceiro) adquiriu o imvel ANTES da ao proposta pelo autor. No momento em que ele comprou a coisa, esta ainda no era litigiosa, ou se seja, ainda no havia nenhuma demanda judicial disputando este bem. O bem ou direito somente se torna litigioso com a litispendncia, ou seja, com a lide pendente. A lide considerada pendente, para o autor, com a propositura da ao, enquanto que, para o ru, com a citao vlida (art. 219 do CPC 1973) (art. 240 do CPC 2015). Se o bem adquirido por terceiro de boa-f antes de configurada a litigiosidade, no h falar em extenso dos efeitos da coisa julgada ao adquirente.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.458.741-GO, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 14/4/2015 (Info 560).

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    Imagine a seguinte situao hipottica: Fernando era proprietrio de um imvel e fez uma promessa de compra e venda com Pedro. Por meio do contrato, Fernando (promitente vendedor) comprometeu-se a vender a Pedro um stio. Em contrapartida, Pedro (promitente comprador) obrigou-se a pagar o valor do imvel em 24 parcelas. Aps os pagamentos, Fernando deveria fazer a transferncia do bem no registro de imveis para Pedro. Depois de alguns meses, Pedro, mesmo sem poder fazer isso, vendeu informalmente o imvel para Joo. Diz-se que ele vendeu informalmente porque recebeu o dinheiro, transferiu a posse para Joo, mas no fez a escritura nem o registro desta transao, considerando que ainda no era proprietrio do bem e, portanto, no conseguiria fazer isso no Cartrio. Aps vender o imvel, Pedro deixou de pagar as prestaes que faltavam para Fernando. Diante disso, Fernando ajuizou ao de resciso contratual cumulada com reintegrao de posse contra Pedro. A sentena foi procedente, determinado a resciso do compromisso de compra e venda e a devoluo da posse do imvel para Fernando. O oficial de Justia foi at o stio, onde atualmente quem mora Joo, e lhe entregou uma intimao determinando que ele saia do imvel em at 24h. Angustiado, Joo procurou a Defensoria Pblica, que props, em nome do assistido, embargos de terceiro alegando que ele possuidor de boa-f e que no participou da ao de reintegrao de posse, no podendo, assim, ser obrigado a sair do imvel por fora daquela deciso judicial. Fernando contestou os embargos de terceiro afirmando que, como Joo adquiriu imvel que era objeto do litgio, ele passou a ficar vinculado aos efeitos da deciso judicial no qual se discutia a sua titularidade. Segundo sustentou Fernando, deve-se aplicar ao caso a regra do art. 42, 3 do CPC 1973 (art. 109, 3 do CPC 2015):

    Art. 42. (...) 3 A sentena, proferida entre as partes originrias, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionrio.

    Art. 109 (...) 3 Estendem-se os efeitos da sentena proferida entre as partes originrias ao adquirente ou cessionrio.

    O argumento de Fernando est correto? Os efeitos da sentena de reintegrao de posse estendem-se a Joo (terceiro de boa-f)? NO. No est sujeito aos efeitos de deciso reintegratria de posse proferida em processo do qual no participou o terceiro de boa-f que, antes da citao, adquirira do ru o imvel objeto do litgio. Mas e o art. 42, 3 (art. 109, 3)? No se aplica ao presente caso. Isso porque o terceiro adquiriu o imvel antes da ao proposta pelo autor. No momento em que ele comprou a coisa, esta ainda no era litigiosa, ou seja, ainda no havia nenhuma demanda judicial disputando este bem. O bem ou direito somente se torna litigioso com a litispendncia, ou seja, com a lide pendente. A lide considerada pendente, para o autor, com a propositura da ao, enquanto que, para o ru, com a citao vlida (art. 219 do CPC 1973) (art. 240 do CPC 2015). Se o bem adquirido por terceiro de boa-f antes de configurada a litigiosidade, no h falar em extenso dos efeitos da coisa julgada ao adquirente. Mas e o proprietrio (Fernando) ficar no prejuzo? NO. Ele poder ajuizar ao possessria (se a posse de Joo tiver menos de um ano e dia) ou, ento, ingressar com ao reivindicatria pedindo a retomada do bem com base em seu direito de propriedade.

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    CONDOMNIO EDILCIO Legitimidade passiva em ao de cobrana de dvidas condominiais

    A responsabilidade pelo pagamento das despesas condominiais sempre do proprietrio?

    NO. As despesas condominiais constituem-se em obrigaes propter rem e so de responsabilidade no apenas daquele que detm a qualidade de proprietrio da unidade imobiliria. As cotas condominiais podem ser de responsabilidade da pessoa que, mesmo ser proprietria, titular de um dos aspectos da propriedade, tais como a posse, o gozo ou a fruio, desde que esta tenha estabelecido relao jurdica direta com o condomnio. o caso, por exemplo, do promitente comprador que j est morando no imvel e que j fez todos os cadastros no condomnio como sendo o novo morador da unidade.

    Em caso de compromisso de compra e venda, a legitimidade passiva para ao de cobrana ser do promitente-comprador ou do promitente vendedor?

    Depende. Em caso de promessa de compra e venda, a responsabilidade pelas despesas de condomnio pode recair tanto sobre o promitente vendedor quanto sobre o promissrio comprador, dependendo das circunstncias de cada caso concreto:

    1) A responsabilidade ser do PROMITENTE COMPRADOR se ficar comprovado que:

    a) o promissrio comprador se imitiu na posse (ele j est na posse direta do bem); e

    b) o condomnio teve cincia inequvoca da transao (o condomnio sabe que houve a venda).

    Nesta hiptese, o condomnio no poder ajuizar ao contra o promitente vendedor pelas cotas condominiais relativas ao perodo em que a posse foi exercida pelo promissrio comprador.

    O fato de o compromisso de compra e venda estar ou no registrado ir interferir?

    NO. No h nenhuma relevncia, para o efeito de definir a responsabilidade pelas despesas condominiais, se o contrato de promessa de compra e venda foi ou no registrado. O que importa realmente a relao jurdica material com o imvel, representada pela imisso na posse pelo promissrio comprador e pela cincia inequvoca do condomnio acerca da transao.

    STJ. 2 Seo. REsp 1.345.331-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 8/4/2015 9 (recurso repetitivo) (Info 560).

    CONDOMNIO EDILCIO Ocorre o condomnio edilcio quando se tem a propriedade exclusiva de uma unidade autnoma combinada com a copropriedade de outras reas de um imvel. Ex1: prdio residencial com seis andares de apartamentos e dois apartamentos por andar. Tem-se um condomnio edilcio, considerando que cada dono do apartamento possui a propriedade exclusiva da sua unidade autnoma (apartamento), e as reas comuns do edifcio (piscina, churrasqueira, quadra de esportes etc.) pertencem a todos os condminos. Ex2: prdio comercial com vrias salas. Se determinado advogado compra uma das salas para servir como seu escritrio, ele ter a propriedade individual sobre a sala (unidade autnoma) e a copropriedade sobre as partes comuns (corredores, recepo etc.). NOMENCLATURA A expresso condomnio edilcio um neologismo criado por Miguel Reale, com inspirao no direito italiano, e quer dizer condomnio resultante de uma edificao. O condomnio edilcio tambm chamado de condomnio em edificaes ou ainda de condomnio horizontal.

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    Vale ressaltar que, apesar de o condomnio edilcio ser tambm chamado de condomnio horizontal, ele pode ser horizontal ou vertical. O condomnio edilcio conhecido como condomnio horizontal por razes histricas, uma vez que, quando surgiu esta forma de propriedade, o condomnio edilcio era apenas horizontal. Atualmente, contudo, muito comum vermos condomnios edilcios verticais. DESPESAS CONDOMINIAIS (COTA OU TAXA CONDOMINIAL) Um dos deveres dos condminos o de pagar as despesas condominiais, que, na linguagem cotidiana, so chamadas de cotas ou taxas condominiais. Esse dever est previsto no art. 1.336 do CC:

    Art. 1.336. So deveres do condmino: I - contribuir para as despesas do condomnio na proporo das suas fraes ideais, salvo disposio em contrrio na conveno;

    RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DA COTA CONDOMINIAL E COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA

    Feitos os devidos esclarecimentos, imagine a seguinte situao hipottica: Joo celebrou um compromisso de compra e venda com Pedro. Por meio do contrato, Pedro (promitente vendedor) comprometeu-se a vender a Joo um apartamento no edifcio Jardim Feliz. Em contrapartida, Joo obrigou-se a pagar o valor do imvel, parcelado. Ao final, tendo sido efetuado todo o pagamento, Pedro transferiria a propriedade do bem. Durante a vigncia do contrato, Joo ficaria na posse do apartamento e l j iria morar. Vale ressaltar que o compromisso de compra e venda no foi registrado em cartrio (Registro de Imveis). Joo comeou a morar no apartamento e, por conta de dificuldades financeiras, ficou inadimplente com as despesas condominiais. O condomnio deseja ingressar com ao de cobrana das dvidas condominiais, mas surgiu a dvida: contra quem ele dever propor a demanda? A responsabilidade pelo pagamento das despesas condominiais sempre do proprietrio? NO. As despesas condominiais constituem-se em obrigaes propter rem e so de responsabilidade no apenas daquele que detm a qualidade de proprietrio da unidade imobiliria. As cotas condominiais podem ser de responsabilidade da pessoa que, mesmo sem ser proprietria, titular de um dos aspectos da propriedade, tais como a posse, o gozo ou a fruio, desde que esta tenha estabelecido relao jurdica direta com o condomnio. o caso, por exemplo, do promitente comprador que j est morando no imvel e que j fez todos os cadastros no condomnio como sendo o novo morador da unidade. Tudo bem. Sendo, no entanto, mais especfico: em caso de compromisso de compra e venda, a legitimidade passiva para ao de cobrana ser do promitente-comprador ou do promitente vendedor? Depende. Em caso de promessa de compra e venda, a responsabilidade pelas despesas de condomnio pode recair tanto sobre o promitente vendedor quanto sobre o promissrio comprador, dependendo das circunstncias de cada caso concreto:

    DE QUEM SER A RESPONSABILIDADE PELAS DESPESAS CONDOMINIAIS?

    Promitente-COMPRADOR Promitente-VENDEDOR

    1) A responsabilidade ser do PROMITENTE COMPRADOR se ficar comprovado que: a) o promissrio comprador se imitiu na posse (ele j est na posse direta do bem); e b) o condomnio teve cincia inequvoca da transao (o condomnio sabe que houve a venda).

    1) A responsabilidade ser do PROMITENTE VENDEDOR se: a) o promissrio comprador ainda no est na posse do imvel (no houve imisso de posse); ou b) se o condomnio no teve cincia de que ocorreu esse contrato de compromisso de compra e venda.

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    Obs1: os dois requisitos devem estar preenchidos. Obs2: neste caso, o condomnio no poder ajuizar ao contra o promitente vendedor pelas cotas condominiais relativas ao perodo em que a posse foi exercida pelo promissrio comprador.

    Se houve um compromisso de compra e venda e se o condomnio foi informado disso, como se j tivesse havido a venda realmente e, portanto, deve-se aplicar ao caso o art. 1.345 do CC:

    Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos dbitos do alienante, em relao ao condomnio, inclusive multas e juros moratrios.

    O fato de o compromisso de compra e venda estar ou no registrado ir interferir? NO. No h nenhuma relevncia, para o efeito de definir a responsabilidade pelas despesas condominiais, se o contrato de promessa de compra e venda foi ou no registrado. O que determina a responsabilidade pelo pagamento das obrigaes condominiais no o registro do compromisso de compra e venda. Isso porque o responsvel por pagar a cota condominial no necessariamente aquele que figura no registro como proprietrio. O que importa realmente a relao jurdica material com o imvel, representada pela imisso na posse pelo promissrio comprador e pela cincia inequvoca do condomnio acerca da transao. Relao jurdica material com o imvel = verificar se houve imisso na posse e se o condomnio sabe que houve a transao. Teses firmadas para fins de recurso repetitivo: O presente julgado foi apreciado sob a sistemtica do recurso repetitivo, na qual o STJ define teses que sero aplicadas para casos semelhantes. Confira as teses que foram aprovadas: a) O que define a responsabilidade pelo pagamento das obrigaes condominiais no o registro do compromisso de compra e venda, mas a relao jurdica material com o imvel, representada pela imisso na posse pelo promissrio comprador e pela cincia inequvoca do condomnio acerca da transao. b) Havendo compromisso de compra e venda no levado a registro, a responsabilidade pelas despesas de condomnio pode recair tanto sobre o promitente vendedor quanto sobre o promissrio comprador, dependendo das circunstncias de cada caso concreto. c) Se ficar comprovado: (i) que o promissrio comprador se imitira na posse; e (ii) o condomnio teve cincia inequvoca da transao, afasta-se a legitimidade passiva do promitente vendedor para responder por despesas condominiais relativas a perodo em que a posse foi exercida pelo promissrio comprador.

    USUCAPIO Impossibilidade de declarao de ofcio da usucapio

    Importante!!!

    Alguns autores afirmam que a USUCAPIO tambm pode ser chamada de prescrio aquisitiva.

    Assim, existiriam em nosso ordenamento jurdico, duas formas de prescrio:

    a) Prescrio extintiva (prescrio propriamente dita).

    b) Prescrio aquisitiva (usucapio).

    O 5 do art. 219 do CPC 1973 prev que o juiz pronunciar, de ofcio, a prescrio.

    Essa regra do art. 219, 5 do CPC 1973 aplica-se apenas para a prescrio extintiva ou tambm para a prescrio aquisitiva (usucapio)? O juiz pode reconhecer, de ofcio, a usucapio? Ex: Pedro, mesmo sem ser proprietrio, est morando em um imvel h mais de 20

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    anos sem ser incomodado por ningum; determinado dia, Joo (que figura no registro de imveis como proprietrio do bem) ajuza ao de reintegrao de posse; o juiz, mesmo sem que Pedro alegue, poder declarar que houve usucapio (prescrio aquisitiva)?

    NO. O 5 do art. 219 do CPC 1973 no autoriza a declarao, de ofcio, da usucapio. Em outras palavras, o juiz no pode reconhecer a usucapio a no ser que haja requerimento da parte. No se aplica o 5 do art. 219 do CPC 1973 usucapio.

    O disposto no 5 do art. 219 est intimamente ligado s causas extintivas, conforme expressamente dispe o art. 220.

    Alm disso, a prescrio extintiva e a usucapio so institutos diferentes, sendo inadequada a aplicao da disciplina de um deles frente ao outro, uma vez que a expresso prescrio aquisitiva como sinnima de usucapio, tem razes mais ligadas a motivos fticos/histricos.

    Essa concluso acima exposta persiste com o CPC 2015? SIM. Mesmo com o novo CPC, o juiz continuar sem poder declarar de ofcio a usucapio.

    STJ. 4 Turma. REsp 1.106.809-RS, Rel. originrio Min. Luis Felipe Salomo, Rel. para acrdo Min. Marco Buzzi, julgado em 3/3/2015 (Info 560).

    Usucapio Usucapio ... - um instituto jurdico por meio do qual a pessoa que fica na posse de um bem (mvel ou imvel) - por determinados anos - agindo como se fosse dono - adquire a propriedade deste bem ou outros direitos reais a ele relacionados (exs: usufruto, servido) - desde que cumpridos os requisitos legais. Relao entre a usucapio e a prescrio Alguns autores, especialmente mais antigos, afirmam que a usucapio tambm pode ser chamada de prescrio aquisitiva. Assim, existiriam em nosso ordenamento jurdico duas formas de prescrio: a extintiva e a aquisitiva. a) Prescrio extintiva (prescrio propriamente dita): faz com que a pessoa perca a pretenso de

    defender um direito em virtude de ter sido negligente e no ter exercido essa pretenso no prazo previsto na lei. Ex: o indivduo credor de algum, porm demora mais que 5 anos para exigir o pagamento da dvida.

    b) Prescrio aquisitiva: faz com que a pessoa adquira um determinado direito em virtude de ter ficado na posse daquele bem como se fosse o dono durante alguns anos, perodo no qual o proprietrio original manteve-se inerte e no questionou essa posse. A prescrio aquisitiva a chamada de usucapio.

    Ambas tm em comum os elementos tempo e inrcia do titular. A diferena, no entanto, est no fato de que, na primeira espcie, a prescrio gera a extino do direito, e, na segunda, ela acarreta a aquisio do direito. Regra do art. 219, 1 do CPC 1973 O 5 do art. 219 do CPC 1973 prev o seguinte:

    5 O juiz pronunciar, de ofcio, a prescrio.

    Desse modo, mesmo sem requerimento das partes, o juiz poder reconhecer que houve prescrio. Obs: o CPC 2015 continua permitindo que o juiz decida, de ofcio, sobre a ocorrncia da prescrio (art. 487, II).

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    A regra do art. 219, 5 do CPC 1973 aplica-se apenas para a prescrio extintiva ou tambm para a prescrio aquisitiva (usucapio)? O juiz pode reconhecer, de ofcio, a usucapio? Ex: Pedro, mesmo sem ser proprietrio, est morando em um imvel h mais de 20 anos sem ser incomodado por ningum; determinado dia, Joo (que figura no registro de imveis como proprietrio do bem) ajuza ao de reintegrao de posse; o juiz, mesmo sem que Pedro alegue, poder declarar que houve usucapio (prescrio aquisitiva)? NO. O 5 do art. 219 do CPC 1973 no autoriza a declarao, de ofcio, da usucapio. Em outras palavras, o juiz no pode reconhecer a usucapio a no ser que haja requerimento da parte. No se aplica o 5 do art. 219 do CPC 1973 usucapio. Por qu? O 5 do art. 219 do CPC 1973 no estabeleceu qualquer distino em relao espcie de prescrio. Sendo assim, num primeiro momento, at se poderia cogitar ser possvel ao juiz declarar de ofcio a aquisio mediante usucapio de propriedade. Entretanto, em uma anlise mais calma, percebe-se que no se pode chegar a essa concluso. Primeiro, porque o disposto no 5 do art. 219 est intimamente ligado s causas extintivas, conforme expressamente dispe o art. 220. Segundo, porque a prescrio extintiva e a usucapio so institutos diferentes, sendo inadequada a aplicao da disciplina de um deles frente ao outro, uma vez que a expresso prescrio aquisitiva como sinnima de usucapio, tem razes mais ligadas a motivos fticos/histricos do que a contornos meramente temporais. Essa diferenciao imprescindvel, sob pena de ocasionar insegurana jurdica, alm de violao aos princpios do contraditrio e ampla defesa, pois, no processo de usucapio, o direito de defesa assegurado ao confinante impostergvel, eis que lhe propicia oportunidade de questionar os limites oferecidos ao imvel usucapiendo. Como simples exemplo, se assim fosse, nas aes possessrias o demandante poderia obter um julgamento de mrito, pela procedncia, antes mesmo da citao da outra parte, afinal, o magistrado haveria de reconhecer a prescrio (na hiptese, a aquisitiva-usucapio) j com a petio inicial, no primeiro momento. Consequentemente, a outra parte teria eliminada qualquer possibilidade de defesa do seu direito de propriedade constitucionalmente assegurado, sequer para alegar uma eventual suspenso ou interrupo daquele lapso prescricional. Ademais, conforme a doutrina, o juiz, ao sentenciar, no pode fundamentar o decidido em causa no articulada pelo demandante, ainda que por ela seja possvel acolher o pedido do autor. Trata-se de decorrncia do dever de o juiz decidir a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questes, no suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte (art. 128 do CPC). Ainda de acordo com a doutrina, essa vedao, em razo do princpio da igualdade das partes no processo, aplica-se no s ao demandado, mas, tambm, ao ru, de sorte que o juiz no poderia reconhecer ex officio de uma exceo material em prol do ru, como por exemplo, a exceo de usucapio. Essa concluso acima exposta persiste com o CPC 2015? SIM. Mesmo com o novo CPC, o juiz continuar sem poder declarar de ofcio a usucapio.

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    DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    LITISCONSRCIO O prazo em dobro dos litisconsortes com procuradores diferentes

    aplica-se aos processos judiciais eletrnicos?

    Importante!!!

    Quando houver litisconsrcio, seja ele ativo (dois ou mais autores) ou passivo (dois ou mais rus), caso os litisconsortes tenham advogados diferentes, os seus prazos sero contados em dobro. o que determina o art. 191 do CPC 1973.

    O art. 229 do CPC 2015 tambm traz regra semelhante, exigindo, contudo, que, alm de serem procuradores (advogados) diferentes, os causdicos tambm sejam de escritrios de advocacia diferentes: Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritrios de advocacia distintos, tero prazos contados em dobro para todas as suas manifestaes, em qualquer juzo ou tribunal, independentemente de requerimento.

    O benefcio do prazo em dobro para os litisconsortes vale para processos eletrnicos?

    No CPC 1973: SIM. O objetivo do prazo em dobro facilitar o acesso aos autos, j que, havendo advogados diferentes, eles no poderiam tirar os autos do cartrio. Com base nisso, o STJ entende que no haveria justificativa para o prazo em dobro nos processos eletrnicos, contudo, como o art. 191 do CPC 1973 no faz qualquer distino entre processos fsicos e eletrnicos, o STJ afirma que no se pode excluir o prazo em dobro mesmo nos processos eletrnicos, sob pena de haver uma afronta ao princpio da legalidade.

    No CPC 2015: NO. O 2 do art. 229 do CPC 2015 corrige essa falha da lei e determina expressamente que no se aplica o prazo em dobro para litisconsortes diferentes se o processo for em autos eletrnicos.

    Desse modo, quando o CPC 2015 entrar em vigor, os litisconsortes no tero prazo em dobro no processo eletrnico mesmo que possuam procuradores diferentes. At l, contudo, continua sendo aplicado o prazo em dobro tanto para processos fsicos como eletrnicos.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.488.590-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 14/4/2015 (Info 560).

    BENEFCIO DO PRAZO EM DOBRO

    Em que consiste: Quando houver litisconsrcio, seja ele ativo (dois ou mais autores) ou passivo (dois ou mais rus), caso os litisconsortes tenham advogados diferentes, os seus prazos sero contados em dobro. o que determina o art. 191 do CPC 1973:

    Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-o contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

    O CPC 2015 tambm traz regra semelhante, exigindo, contudo, que, alm de serem procuradores (advogados) diferentes, os causdicos tambm sejam de escritrios de advocacia diferentes. Veja:

    Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritrios de advocacia distintos, tero prazos contados em dobro para todas as suas manifestaes, em qualquer juzo ou tribunal, independentemente de requerimento.

    Por que existe esse benefcio? Essa regra justifica-se pela dificuldade maior que os advogados dos litisconsortes encontram em cumprir os prazos processuais e, principalmente, em consultar os autos do processo (STJ AgRg no Ag 963.283/MG).

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    Em outras palavras, havendo mais de uma parte e, sendo estas representadas por advogados diferentes, fica mais difcil para os advogados para prepararem as peas processuais, j que eles no podero, em tese, retirar os autos do cartrio considerando que a outra parte pode tambm querer v-los. Se os advogados dos litisconsortes forem diferentes, mas pertencerem ao mesmo escritrio de advocacia, ainda assim eles tero direito ao prazo em dobro?

    No CPC 1973: SIM No CPC 2015: NO

    O STJ entendia que persistia o prazo em dobro, ainda que os advogados pertencessem mesma banca de advocacia (STJ REsp 713.367/SP).

    O art. 229 do CPC exige, expressamente, para a concesso do prazo em dobro, que os advogados sejam de escritrios diferentes. Assim, se os litisconsortes tiverem advogados diferentes, mas estes forem do mesmo escritrio, o prazo ser simples (no em dobro).

    Persiste o prazo em dobro mesmo na hiptese dos litisconsortes serem marido e mulher? SIM, considerando que a Lei no faz qualquer ressalva quanto a tanto, exigindo apenas que tenham diferentes procuradores (STJ REsp 973.465-SP). Esse prazo em dobro vale apenas na 1 instncia? NO, abrange tambm as instncias recursais. Imagine que so dois rus em litisconsrcio (Joo e Pedro), representados por advogados diferentes, de escritrios distintos. Ocorre que apenas um deles (Joo) apresentou defesa, sendo Pedro revel. Joo continuar tendo prazo em dobro para as demais manifestaes nos autos? NO. Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 rus, oferecida defesa por apenas um deles (art. 229, 1 do CPC 2015). O benefcio do prazo em dobro para os litisconsortes vale para processos eletrnicos?

    No CPC 1973: SIM No CPC 2015: NO

    Como vimos acima, o objetivo do prazo em dobro facilitar o acesso aos autos j que, havendo advogados diferentes, eles no poderiam tirar os autos do cartrio. Com base nisso, o STJ entende que no haveria justificativa para o prazo em dobro nos processos eletrnicos, contudo, como o art. 191 do CPC 1973 no faz qualquer distino entre processos fsicos e eletrnicos, o STJ afirma que no se pode excluir o prazo em dobro mesmo nos processos eletrnicos, sob pena de haver uma afronta ao princpio da legalidade.

    O 2 do art. 229 do CPC 2015 corrige essa falha da lei e determina expressamente que no se aplica o prazo em dobro para litisconsortes diferentes se o processo for em autos eletrnicos. Desse modo, quando o CPC 2015 entrar em vigor, os litisconsortes no tero prazo em dobro no processo eletrnico mesmo que possuam procuradores diferentes. At l, contudo, continua sendo aplicado o prazo em dobro tanto para processos fsicos como eletrnicos.

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    CUMPRIMENTO DE SENTENA Requisitos para a imposio da multa prevista no art. 475-J do CPC no caso de sentena ilquida

    Importante!!!

    O art. 475-J do CPC 1973 (art. 523, 1 do CPC 2015) prev que o devedor ser intimado para pagar a quantia na qual ele foi condenado no prazo de 15 dias. Caso no pague, o valor da condenao ser acrescido de multa de 10%.

    A liquidez da obrigao pressuposto para o pedido de cumprimento de sentena. Assim, essa multa do art. 475-J do CPC 1973 (art. 523, 1 do CPC 2015) s ser imposta se a obrigao j estiver lquida, ou seja, se houver o valor certo que o devedor dever pagar.

    Se a sentena foi ilquida, antes de intimar o devedor para pagar sob pena da multa do art. 475-J do CPC 1973 (art. 523, 1 do CPC 2015), ser necessrio fazer a sua liquidao.

    Desse modo, para fins de recurso especial repetitivo, o STJ fixou a seguinte tese:

    No caso de sentena ilquida, para a imposio da multa prevista no art. 475-J do CPC, revela-se indispensvel (i) a prvia liquidao da obrigao; e, aps, o acertamento, (ii) a intimao do devedor, na figura do seu Advogado, para pagar o quantum ao final definido no prazo de 15 dias.

    Em outras palavras, somente aps ter certeza do valor devido (liquidao) que se poder intimar o devedor para pagar. Se ele, mesmo depois de intimado, no quitar a dvida no prazo de 15 dias, a sim haver a imposio da multa de 10% do art. 475-J do CPC 1973 (art. 523, 1 do CPC 2015).

    STJ. 2 Seo. REsp 1.147.191-RS, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 4/3/2015 (recurso repetitivo) (Info 560).

    CUMPRIMENTO DE SENTENA O procedimento para execuo de quantia pode ser realizado de duas formas: a) execuo de quantia fundada em ttulo executivo judicial (cumprimento de sentena) (art. 513 e ss do

    CPC 2015). b) execuo de quantia fundada em ttulo executivo extrajudicial (art. 771 e ss do CPC 2015). Neste julgado iremos tratar sobre o cumprimento de sentena. MULTA PELO NO PAGAMENTO VOLUNTRIO E SENTENA LQUIDA Imagine a seguinte situao hipottica: A ajuza uma ao de cobrana contra B. O juiz julga a sentena procedente, condenando B a pagar 1 milho de reais a A. B perdeu o prazo para a apelao, de modo que ocorreu o trnsito em julgado. O que acontece agora? A ter que ingressar com uma petio em juzo requerendo o cumprimento da sentena. O incio da fase de cumprimento da sentena pode ser feito de ofcio pelo juiz? No. O cumprimento da sentena no se efetiva de forma automtica, ou seja, logo aps o trnsito em julgado da deciso. Cabe ao credor o exerccio de atos para o regular cumprimento da deciso condenatria, especialmente requerer ao juzo que d cincia ao devedor sobre o montante apurado, consoante memria de clculo discriminada e atualizada (STJ REsp 940274/MS). Em outras palavras, o incio da fase de cumprimento da sentena exige um requerimento do credor. Esse era o entendimento da jurisprudncia na vigncia do CPC 1973 e passou agora a ser texto expresso do CPC 2015:

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    Art. 513 (...) 1 O cumprimento da sentena que reconhece o dever de pagar quantia, provisrio ou definitivo, far-se- a requerimento do exequente.

    A partir do requerimento do credor, o que faz o juiz? O juiz determina a intimao do devedor para pagar a quantia em um prazo mximo de 15 dias, sob pena do valor da condenao ser acrescido de multa de 10%, conforme o art. 475-J do CPC 1973 (art. 523 do CPC 2015):

    Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou j fixada em liquidao, no o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenao ser acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se- mandado de penhora e avaliao.

    Art. 523. No caso de condenao em quantia certa, ou j fixada em liquidao, e no caso de deciso sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentena far-se- a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o dbito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver. 1 No ocorrendo pagamento voluntrio no prazo do caput, o dbito ser acrescido de multa de dez por cento e, tambm, de honorrios de advogado de dez por cento. 2 Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput, a multa e os honorrios previstos no 1o incidiro sobre o restante. 3 No efetuado tempestivamente o pagamento voluntrio, ser expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliao, seguindo-se os atos de expropriao.

    Esse prazo de 15 dias, previsto no art. 475-J do CPC 1973 (art. 523 do CPC 2015), contado a partir de quando? Da intimao do devedor para pagar. No basta que o devedor j tenha sido intimado anteriormente da sentena que o condenou. Para comear o prazo de 15 dias para pagamento, necessria nova intimao. Assim, a multa de 10% depende de nova intimao prvia do devedor. A intimao para que o devedor pague, nos termos do art. 475-J do CPC 1973 (art. 523 do CPC 2015), precisa ser pessoal (ou seja, para o prprio devedor) ou pode ser feita no nome de seu advogado por meio de publicao na imprensa oficial? No precisa haver intimao pessoal. A intimao pode ser realizada na pessoa do advogado do devedor, por meio de publicao na imprensa oficial. O tema agora tratado de forma detalhada pelo CPC 2015:

    Art. 513 (...) 2 O devedor ser intimado para cumprir a sentena: I - pelo Dirio da Justia, na pessoa de seu advogado constitudo nos autos; II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pblica ou quando no tiver procurador constitudo nos autos, ressalvada a hiptese do inciso IV; III - por meio eletrnico, quando, no caso do 1 do art. 246, no tiver procurador constitudo nos autos; IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento.

    3 Na hiptese do 2, incisos II e III, considera-se realizada a intimao quando o devedor houver mudado de endereo sem prvia comunicao ao juzo, observado o disposto no pargrafo nico do art. 274.

    4 Se o requerimento a que alude o 1 for formulado aps 1 (um) ano do trnsito em julgado da sentena, a intimao ser feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de recebimento encaminhada ao endereo constante dos autos, observado o disposto no pargrafo nico do art. 274 e no 3 deste artigo.

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    Essa multa de 10% pode ser aplicada em caso de execuo provisria ou somente se houver trnsito em julgado? Este tema muito importante porque houve alterao com o CPC 2015. Veja:

    CPC 1973: somente na execuo definitiva CPC 2015: execuo definitiva ou provisria

    A multa de 10% prpria da execuo definitiva, de modo que deve ter havido o trnsito em julgado da sentena. A execuo provisria de sentena no comporta a cominao da multa prevista no art. 475-J do CPC (STJ AgRg nos EDcl no REsp 1229705/PR).

    A multa a que se refere o 1 do art. 523 tambm devida no cumprimento provisrio de sentena condenatria ao pagamento de quantia certa. Trata-se de previso expressa do novo CPC (art. 520, 2).

    Se o devedor condenado intimado para pagar e no efetua o pagamento no prazo de 15 dias, o que acontecer em seguida? 1) o montante da condenao ser automaticamente acrescido de multa de 10%; 2) ser expedido mandado para que sejam penhorados e avaliados os bens do devedor para satisfao

    do crdito. Neste momento, inicia-se a execuo forada do ttulo, diante do no cumprimento espontneo.

    CPC 2015/Art. 523 (...) 1 No ocorrendo pagamento voluntrio no prazo do caput, o dbito ser acrescido de multa de dez por cento e, tambm, de honorrios de advogado de dez por cento. (...) 3 No efetuado tempestivamente o pagamento voluntrio, ser expedido, desde logo, mandado de penhora e avaliao, seguindo-se os atos de expropriao.

    MULTA PELO NO PAGAMENTO VOLUNTRIO E SENTENA ILQUIDA Imagine agora outra situao hipottica: Joo ajuizou ao de cobrana contra Pedro. O juiz julgou o pedido procedente, condenando Pedro a pagar, mas sem especificar o valor exato, j que seria necessria a liquidao da sentena. Aps o trnsito em julgado, o autor requereu a intimao do condenado para o cumprimento da sentena com o pagamento da dvida, no prazo de 15 dias, sob pena de aplicao da multa de 10% prevista no art. 475-J do CPC. O pedido de Joo tem fundamento jurdico? Pode-se aplicar o art. 475-J do CPC 1973 (art. 523, 1 do CPC 2015) mesmo antes da liquidao da sentena? NO. No caso de sentena ILQUIDA, para a imposio da multa de 10%, necessrio que, antes, tenham sido adotadas as seguintes providncias: 1) Deve ser feita a liquidao da sentena; e 2) Aps o acertamento (liquidao), o devedor dever ser intimado, na figura do seu advogado, para

    pagar o quantum ao final definido no prazo de 15 dias. Assim, somente aps ter certeza do valor devido (liquidao) que se poder intimar o devedor para pagar. Se ele, mesmo depois de intimado, no quitar a dvida no prazo de 15 dias, a sim haver a imposio da multa de 10% do art. 475-J do CPC 1973 (art. 523, 1 do CPC 2015).

  • Informativo 560-STJ (17/04 a 03/05) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 28

    EXECUO Execuo de ttulo extrajudicial que contenha clusula compromissria

    Imagine que um contrato preveja uma confisso de dvida (lquida, certa e exigvel). Neste mesmo contrato, h uma clusula compromissria dizendo que eventuais divergncias sobre o ajuste devero ser dirimidas via arbitragem.

    Se a parte que se obrigou a pagar o valor confessado mostrar-se inadimplente, a parte credora poder executar o contrato na via judicial ou ter que instaurar o procedimento arbitral?

    Poder propor diretamente a execuo na via judicial. Ainda que possua clusula compromissria, o contrato assinado pelo devedor e por duas testemunhas pode ser levado a execuo judicial relativamente clusula de confisso de dvida lquida, certa e exigvel. Isso porque o juzo arbitral no possui poderes coercitivos (executivos). Ele no pode penhorar bens do executado, por exemplo, nem lev-los hasta pblica. Em outras palavras, o rbitro at decide a causa, mas se a parte perdedora no cumprir voluntariamente o que lhe foi imposto, a parte vencedora ter que executar esse ttulo no Poder Judicirio. Logo, no h sentido instaurar a arbitragem para exigir o valor que j est lquido, certo e exigvel por fora uma confisso de dvida.

    STJ. 3 Turma. REsp 1.373.710-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bas Cueva, julgado em 7/4/2015 (Info 560).

    ARBITRAGEM, CONVENO DE ARBITRAGEM E CLUSULA COMPROMISSRIA

    Em que consiste a arbitragem: Arbitragem representa uma tcnica de soluo de conflitos por meio da qual os conflitantes aceitam que a soluo de seu litgio seja decidida por uma terceira pessoa, de sua confiana. Vale ressaltar que a arbitragem uma forma de heterocomposio, isto , instrumento por meio do qual o conflito resolvido por um terceiro. Regulamentao

    A arbitragem, no Brasil, regulada pela Lei n. 9.307/96, havendo tambm alguns dispositivos no CPC versando sobre o tema. Conveno de arbitragem As partes interessadas podem submeter a soluo de seus litgios ao juzo arbitral mediante conveno de arbitragem (art. 3). Conveno de arbitragem o gnero, que engloba duas espcies: a clusula compromissria e o compromisso arbitral. Em que consiste a clusula compromissria: A clusula compromissria, tambm chamada de clusula arbitral, ... - uma clusula prevista no contrato, - de forma prvia e abstrata, - por meio da qual as partes estipulam que - qualquer conflito futuro relacionado quele contrato - ser resolvido por arbitragem (e no pela via jurisdicional estatal).

    A clusula compromissria est prevista no art. 4 da Lei n. 9.307/96:

    Art. 4 A clusula compromissria a conveno atravs da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter arbitragem os litgios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.

  • Informativo 560-STJ (17/04 a 03/05) Esquematizado por Mrcio Andr Lopes Cavalcante | 29

    CLUSULA COMPROMISSRIA PRESENTE EM CONTRATO QUE J E TTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL Feitos os devidos esclarecimentos, imagine a seguinte situao hipottica: A empresa AA fez um contrato com a empresa BB, sendo assinado por duas testemunhas. Uma das clusulas do contrato previa que a empresa BB reconhecia uma dvida de R$ 500 mil que ela tinha com a empresa AA e se comprometia a pag-la no prazo de 60 dias. Ao final do contrato, havia uma clusula compromissria dizendo que: Fica ajustado pelas Partes que qualquer controvrsia ou reivindicao decorrente ou relativa a este Contrato ser dirimida por arbitragem de acordo com as regras do Centro de Arbitragem e mediao da Cmara de Comrcio Brasil-Canad. Ao de execuo Passado o prazo estipulado no contrato, a empresa BB no pagou a dvida. Diante disso, a empresa AA ajuizou ao de execuo de ttulo extrajudicial cobrando os R$ 500 mil, na forma do art. 585, II, do CPC 1973 (art. 784, III, do CPC 2015):

    Art. 585. So ttulos executivos extrajudiciais: (...) II - a escritura pblica ou outro documento pblico assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transao referendado pelo Ministrio Pblico, pela Defensoria Pblica ou pelos advogados dos transatores;

    Art. 784. So ttulos executivos extrajudiciais: (...) III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;

    A empresa executada alegou que, havendo clusula compromissria (espcie de conveno de arbitragem), no seria possvel executar o contrato, devendo as partes se valer da arbitragem. O juiz concordou com o argumento e extinguiu a execuo sem resoluo de mrito, n