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www.dizerodireito.com.br Página1 INFORMATIVO esquematizado Informativo 512 – STJ Márcio André Lopes Cavalcante Obs: não foram incluídos neste informativo esquematizado os julgados de menor relevância para concursos públicos ou aqueles decididos com base em peculiaridades do caso concreto. Caso seja de seu interesse conferi-los, os acórdãos excluídos foram os seguintes: AgRg no Ag 1.428.564-DF; AgRg no REsp 1.304.317- SP; AgRg no AREsp 242.466-MG; REsp 1.166.600-RJ; REsp 1.345.653-SP. DIREITO ADMINISTRATIVO Responsabilidade civil do Estado (prazo prescricional) O prazo prescricional aplicável às ações de indenização contra a Fazenda Pública é de 5 (CINCO) anos, conforme previsto no Decreto 20.910/32, e não de três anos (regra do Código Civil), por se tratar de norma especial, que prevalece sobre a geral. Comentários Caso alguém tenha sofrido um dano causado pelo Estado, qual é o prazo que essa pessoa dispõe para ajuizar ação de reparação? Em outras palavras, qual é o prazo prescricional para a propositura de ação de indenização contra a Fazenda Pública? Havia duas correntes sobre o tema: 1ª) 3 anos. Fundamento: art. 206, § 3º, V do Código Civil. 2ª) 5 anos. Fundamento: art. 1º do Decreto n. 20.910/1932. O que prevaleceu? O prazo prescricional é de 5 (cinco) anos (não há mais polêmica no STJ). Qual é o argumento? Segundo o STJ, o art. 1º do Decreto n. 20.910/1932 é norma especial porque regula especificamente os prazos prescricionais relativos às ações ajuizadas contra a Fazenda Pública. Por sua vez, o art. 206, § 3º, V, do Código Civil seria norma geral, tendo em vista que regula a prescrição para os demais casos em que não houver regra específica. Logo, apesar do Código Civil ser posterior (2002), segundo o STJ, ele não teve o condão de revogar o Decreto n. 20.910/1932, tendo em vista que norma geral não revoga norma especial. Informações extras Veja, em resumo, os principais pontos abordados pelo Min. Mauro Campbell: Os dispositivos do CC/2002, por regularem questões de natureza eminentemente de direito privado, nas ocasiões em que abordam temas de direito público, são expressos ao afirmarem a aplicação do Código às pessoas jurídicas de direito público, aos bens públicos e à Fazenda Pública. No caso do art. 206, § 3º, V, do CC/2002, em nenhum momento foi indicada a sua aplicação à Fazenda Pública. Não se pode falar que houve uma mera omissão legislativa neste caso, pois o art. 178, § 10, V, do CC/1916 estabelecia o prazo prescricional de cinco anos para as ações contra a Fazenda Pública, o que não foi repetido no atual código, tampouco foi substituído por outra norma infraconstitucional. Os defensores do prazo trienal invocam o art. 10 do Decreto n. 20.910/1932, que Página1

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    INFORMATIVO esquematizado

    Informativo 512 STJ

    Mrcio Andr Lopes Cavalcante Obs: no foram includos neste informativo esquematizado os julgados de menor relevncia para concursos pblicos ou aqueles decididos com base em peculiaridades do caso concreto. Caso seja de seu interesse conferi-los, os acrdos excludos foram os seguintes: AgRg no Ag 1.428.564-DF; AgRg no REsp 1.304.317-SP; AgRg no AREsp 242.466-MG; REsp 1.166.600-RJ; REsp 1.345.653-SP.

    DIREITO ADMINISTRATIVO

    Responsabilidade civil do Estado (prazo prescricional)

    O prazo prescricional aplicvel s aes de indenizao contra a Fazenda Pblica de 5 (CINCO) anos, conforme previsto no Decreto 20.910/32, e no de trs anos (regra do Cdigo

    Civil), por se tratar de norma especial, que prevalece sobre a geral. Comentrios Caso algum tenha sofrido um dano causado pelo Estado, qual o prazo que essa pessoa

    dispe para ajuizar ao de reparao? Em outras palavras, qual o prazo prescricional para a propositura de ao de indenizao contra a Fazenda Pblica? Havia duas correntes sobre o tema: 1) 3 anos. Fundamento: art. 206, 3, V do Cdigo Civil.

    2) 5 anos. Fundamento: art. 1 do Decreto n. 20.910/1932. O que prevaleceu? O prazo prescricional de 5 (cinco) anos (no h mais polmica no STJ). Qual o argumento?

    Segundo o STJ, o art. 1 do Decreto n. 20.910/1932 norma especial porque regula especificamente os prazos prescricionais relativos s aes ajuizadas contra a Fazenda Pblica. Por sua vez, o art. 206, 3, V, do Cdigo Civil seria norma geral, tendo em vista que regula a prescrio para os demais casos em que no houver regra especfica. Logo, apesar do Cdigo Civil ser posterior (2002), segundo o STJ, ele no teve o condo de

    revogar o Decreto n. 20.910/1932, tendo em vista que norma geral no revoga norma especial.

    Informaes extras

    Veja, em resumo, os principais pontos abordados pelo Min. Mauro Campbell:

    Os dispositivos do CC/2002, por regularem questes de natureza eminentemente de direito privado, nas ocasies em que abordam temas de direito pblico, so expressos ao afirmarem a aplicao do Cdigo s pessoas jurdicas de direito pblico, aos bens pblicos e Fazenda Pblica.

    No caso do art. 206, 3, V, do CC/2002, em nenhum momento foi indicada a sua aplicao Fazenda Pblica.

    No se pode falar que houve uma mera omisso legislativa neste caso, pois o art. 178, 10, V, do CC/1916 estabelecia o prazo prescricional de cinco anos para as aes contra a Fazenda Pblica, o que no foi repetido no atual cdigo, tampouco foi substitudo por outra norma infraconstitucional.

    Os defensores do prazo trienal invocam o art. 10 do Decreto n. 20.910/1932, que Pg

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    estabelece o seguinte o disposto nos artigos anteriores no altera as prescries de menor prazo, constantes das leis e regulamentos, as quais ficam subordinadas s mesmas regras.

    Ocorre que esse dispositivo no pode ser utilizado para dizer que o prazo do CC-2002 deve ser aplicado Fazenda Pblica. Isso porque o art. 10 prev expressamente que o disposto no referido decreto no altera eventuais prescries de menor prazo constantes em leis e regulamentos, o que significa que essa previso s excepcionava da regra dos 5 anos as prescries que estivessem em vigor quando surgiu o Decreto. Logo, no serve para excepcionar o CC/2002, que surgiu posteriormente e que no era especfico para o Poder Pblico.

    Ademais, vale consignar que o prazo quinquenal foi reafirmado no art. 2 do Dec.-lei n. 4.597/1942 e no art. 1-C da Lei n. 9.494/1997, includo pela MP n. 2.180-35, de 2001.

    Processo Primeira Seo. REsp 1.251.993-PR, Rel. Min. Mauro Campbell, julgado em 12/12/2012.

    DIREITO CIVIL

    Nome da pessoa natural

    possvel a alterao no registro de nascimento para dele constar o nome de solteira da genitora, excluindo o patronmico do ex-padrasto.

    Comentrios Exemplo hipottico (baseado no caso concreto): No momento do nascimento de Aline, sua me (Maria Barbosa Carvalho) estava casada com Joo Carvalho, que no era o pai biolgico da recm nascida. Aline foi registrada com o pai ignorado e o nome de sua me (Maria Barbosa Carvalho). O nome completo de Aline ficou sendo Aline Barbosa j que o patronmico Carvalho era de seu padrasto (Joo). Aps alguns anos, Maria e Joo se divorciam e, no processo judicial, a divorcianda opta por voltar a usar seu nome de solteira, qual seja, Maria Barbosa. Diante disso, nos documentos pessoais de Maria consta atualmente seu nome como sendo Maria Barbosa, mas no registro de nascimento de sua filha Aline, no campo no qual mencionada a genitora, o nome que aparece o de Maria Barbosa Carvalho. possvel a retificao do registro de nascimento? SIM. Segundo decidiu o STJ, possvel a alterao no registro de nascimento para dele constar o nome de solteira da genitora, excluindo o patronmico do ex-padrasto. O nome civil reconhecidamente um direito da personalidade, porquanto o signo individualizador da pessoa natural na sociedade, conforme preconiza o art. 16 do CC. O registro pblico da pessoa natural no um fim em si mesmo, mas uma forma de proteger o direito identificao da pessoa pelo nome e filiao, ou seja, o direito identidade causa do direito ao registro. O princpio da verdade real norteia o registro pblico e tem por finalidade a segurana jurdica, razo pela qual deve espelhar a realidade presente, informando as alteraes relevantes ocorridas desde a sua lavratura. Assim, possvel a averbao do nome de solteira da genitora no assento de nascimento, excluindo o patronmico do ex-padrasto. Ademais, o art. 3, pargrafo nico, da Lei 8.560/1992 prev expressamente a possibilidade de averbao, no termo de nascimento do filho, da alterao do patronmico materno em decorrncia do casamento:

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    Art. 3 (...) Pargrafo nico. ressalvado o direito de averbar alterao do patronmico materno, em decorrncia do casamento, no termo de nascimento do filho.

    Logo, tambm deve ser reconhecida a possibilidade de fazer o inverso, ou seja, alterar o patronmico da me da pessoa quando a genitora, em decorrncia de divrcio ou separao, deixa de utilizar o nome de casada.

    Processo Quarta Turma. REsp 1.072.402-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 4/12/2012.

    Contratos (doao)

    A pessoa que tenha herdeiros necessrios s pode doar at o limite mximo da metade de seu patrimnio, considerando que a outra metade a chamada legtima (art. 1.846 do CC) e

    pertence aos herdeiros necessrios. Doao inoficiosa a que invade a legtima dos herdeiros necessrios, sendo vedada pelo

    ordenamento jurdico (art. 549 do CC). O excesso na doao (invaso da legtima) apurado levando-se em conta o valor do

    patrimnio do doador ao tempo da doao, e no o patrimnio estimado no momento da abertura da sucesso do doador.

    Comentrios DOAO Conceito Considera-se doao o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimnio bens ou vantagens para o de outra (art. 538 do CC). Restries liberalidade de doar Em regra, a pessoa sendo proprietria da coisa, pode do-la para quem quiser. A lei impe, contudo, algumas restries ao exerccio desse direito. Veja:

    SITUAO RESTRIO

    1) Doao feita por pessoa casada

    O cnjuge que for casado, para doar, precisa da autorizao do outro, exceto: a) no regime da separao absoluta; b) na doao remuneratria; c) nas doaes propter nuptiaes de bens feitos aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.

    2) Doao feita por incapaz O absolutamente incapaz no pode realizar doaes. Se fizer, nula.

    3) Doao universal Doao universal aquela que engloba a totalidade de bens do devedor.

    Art. 548. nula a doao de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistncia do doador.

    4) Doao inoficiosa Doao inoficiosa a que invade a legtima dos herdeiros necessrios.

    A pessoa que tenha herdeiros necessrios s pode doar at o limite mximo da metade de seu patrimnio, considerando que a outra metade a chamada legtima (art. 1.846 do CC) e pertence aos herdeiros necessrios.

    5) Doao colacionvel A pessoa pode doar para seus ascendentes, descendentes ou cnjuges. No entanto,

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    isso ser considerado adiantamento da legtima, ou seja, um adiantamento do que o donatrio iria receber como herdeiro no momento em que o doador morresse.

    6) Doao fraudulenta aquela realizada pelo devedor insolvente ou que, com a doao, torna-se insolvente. Obs: devedor insolvente aquele cujo patrimnio passivo (dvidas) maior que o ativo (bens).

    A doao nesses casos somente vlida se foi realizada com o consentimento de todos os credores. Se feita sem tal consentimento, configura fraude contra os credores, sendo, portanto, anulvel.

    7) Doao do cnjuge adltero a seu cmplice

    Art. 550. A doao do cnjuge adltero ao seu cmplice pode ser anulada pelo outro cnjuge, ou por seus herdeiros necessrios, at dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.

    O prdigo pode realizar doaes? R: Sim, desde que assistido pelo curador.

    Art. 1.782. A interdio do prdigo s o privar de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitao, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que no sejam de mera administrao.

    Doao inoficiosa O julgado noticiado no informativo trata sobre doao inoficiosa. Como visto acima, a pessoa que tenha herdeiros necessrios s pode doar at o limite mximo da metade de seu patrimnio, considerando que a outra metade a chamada legtima (art. 1.846 do CC) e pertence aos herdeiros necessrios. Se o doador no tiver herdeiros necessrios, poder doar livremente, contanto que no seja doao universal. Quem so os herdeiros necessrios? Ascendentes, descendentes e cnjuge suprstite, ou seja, cnjuge sobrevivente (art. 1.845). A doao inoficiosa nula ou anulvel? O art. 549 do CC afirma que nula.

    Art. 549. Nula tambm a doao quanto parte que exceder de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.

    Apesar disso, a doutrina sustenta que se trata de negcio jurdico anulvel. Ao cabvel para se obter a anulao: ao de querela inoficiosa. Quem pode propor: apenas os herdeiros do donatrio. Prazo da ao: 4 anos. Quando se inicia esse prazo? A ao dever ser ajuizada a partir do instante em que ocorrer a doao inoficiosa ou somente aps a morte do doador? O prazo decadencial inicia-se no momento da doao.

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    A nulidade abrange toda a doao, ou s a parte inoficiosa? Em outras palavras, tudo que foi doado ser anulado ou somente o montante que atingir a legtima? A invalidade do ato s alcana o excesso, ou seja, o montante que a pessoa no poderia doar por atingir a legtima. O excesso na doao (invaso da legtima) apurado levando-se em conta o valor do patrimnio do doador ao tempo da doao ou ao tempo da abertura da sucesso (morte)? Deve-se considerar o patrimnio existente no momento da liberalidade, isto , na data da doao, e no o patrimnio estimado no momento da abertura da sucesso do doador. Exemplo: Joo, vivo e pai de dois filhos, possua um patrimnio de um milho de reais. Em um determinado dia, decide doar uma casa de 500 mil reais para seu melhor amigo. Essa doao possvel? SIM, considerando que no invadiu a legtima, ou seja, no doou a metade destinada aos herdeiros necessrios (seus filhos). Meses depois, os negcios empresariais de Joo comeam a ruir e ele perde 400 mil reais em dvidas. Quando Joo morre, seu patrimnio era de 100 mil reais. A doao feita por Joo continua sendo vlida, tendo em vista que, quando foi realizada, seu patrimnio era maior e no houve invaso da legtima. A doutrina costuma utilizar a seguinte frase para explicar essa soluo jurdica: o posterior empobrecimento do doador no anula as doaes feitas quando ainda era homem rico. No julgado noticiado neste informativo, o STJ adotou esse raciocnio e afirmou, embora a soluo legal seja menos favorvel para os herdeiros necessrios, atende melhor aos interesses da sociedade, pois no deixa inseguras as relaes jurdicas, dependentes de um acontecimento futuro e incerto, como o eventual empobrecimento do doador. O que o legislador do Cdigo Civil quis, afastando-se de outras legislaes estrangeiras, foi dar segurana ao sistema jurdico, garantindo a irrevogabilidade dos atos jurdicos praticados ao tempo em que a lei assim permitia.

    Processo Segunda Seo. AR 3.493-PE, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 12/12/2012.

    Contrato de seguro de vida

    A doena preexistente no informada no momento da contratao do seguro de vida no exime a seguradora de honrar sua obrigao se o bito decorrer de causa diversa da doena omitida.

    Comentrios Ainda que o segurado omita doena existente antes da assinatura do contrato e mesmo que tal doena tenha contribudo indiretamente para a morte, enseja enriquecimento ilcito permitir que a seguradora celebre o contrato sem a cautela de exigir exame mdico, receba os pagamentos mensais e, aps a ocorrncia de sinistro sem relao direta com o mal preexistente, negue a cobertura.

    Processo Quarta Turma. REsp 765.471-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgamento em 6/12/2012.

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    Responsabilidade civil (estado de necessidade)

    O ato praticado em estado de necessidade lcito, conforme previsto no art. 188, II, do CC. No entanto, mesmo sendo lcito, no afasta o dever do autor do dano de indenizar a vtima quando

    esta no tiver sido responsvel pela criao da situao de perigo (art. 929). Desse modo, o causador do dano, mesmo tendo agido em estado de necessidade, dever indenizar

    a vtima e, depois, se quiser, poder cobrar do autor do perigo aquilo que pagou (art. 930). O art. 950 afirma que, se leso provocada reduzir ou impossibilitar a capacidade de trabalho, o autor do dano dever pagar como indenizao vtima: a) despesas do tratamento de sade; b)

    lucros cessantes at ao fim da convalescena; c) penso correspondente importncia do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciao que ele sofreu.

    A penso correspondente incapacidade permanente, regulada pelo art. 950 do CC vitalcia. Comentrios Imagine a seguinte situao hipottica (adaptada do caso concreto):

    Jos estava conduzindo normalmente seu veculo em uma via de mo dupla quando foi fechado pelo carro de Paulo, que dirigia imprudentemente. Em razo desse fato, o veculo de Jos entrou na contramo e atingiu Pedro, que pilotava uma moto. Por conta do acidente, Pedro teve amputada uma das pernas. Ao de indenizao Pedro ingressou com ao de indenizao contra Jos cobrando danos materiais, morais e estticos. No que tange aos danos materiais, o autor pediu que o ru fosse condenado a custear as despesas com o tratamento de sade e a pagar uma penso mensal at o final da vida de Pedro.

    Contestao Em sua contestao, Jos alegou que: a) No foi o culpado pelo acidente, tendo agido com base em estado de necessidade; b) Ainda que fosse culpado, no havia fundamento jurdico para que fosse condenado a

    pagar uma penso mensal vtima; c) Ainda que fosse condenado a pagar uma penso mensal, esta deveria ser fixada at o

    dia em que a vtima completasse 65 anos; d) No seria possvel a cumulao de danos morais e estticos, considerando que este

    estaria necessariamente abrangido por aquele.

    Segundo a jurisprudncia do STJ, veja como esta demanda seria resolvida:

    a) Jos tem o dever de indenizar a vtima, mesmo tendo agido sob estado de necessidade? SIM, persiste seu dever de indenizar. O ato praticado em estado de necessidade lcito, conforme previsto no art. 188, II, do CC:

    Art. 188. No constituem atos ilcitos: I - os praticados em legtima defesa ou no exerccio regular de um direito reconhecido; II - a deteriorao ou destruio da coisa alheia, ou a leso a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Pargrafo nico. No caso do inciso II, o ato ser legtimo somente quando as circunstncias o tornarem absolutamente necessrio, no excedendo os limites do indispensvel para a remoo do perigo.

    No entanto, mesmo sendo lcito, no afasta o dever do autor do dano de indenizar a vtima quando esta no tiver sido responsvel pela criao da situao de perigo. o que preconiza o art. 929 do CC:

    Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, no forem culpados do perigo, assistir-lhes- direito indenizao do prejuzo que sofreram.

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    Desse modo, o causador do dano, mesmo tendo agido em estado de necessidade, dever indenizar a vtima e, depois, se quiser, poder cobrar do autor do perigo aquilo que pagou:

    Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este ter o autor do dano ao regressiva para haver a importncia que tiver ressarcido ao lesado.

    Logo, Jos, mesmo tendo agido em estado de necessidade, tem o dever de indenizar Pedro, considerando que este no foi o autor do perigo. Aps pagar a vtima, Jos poder ajuizar ao regressiva cobrando de Paulo o que pagou. Repare que se trata de algo bem interessante: o autor do dano agiu de forma LCITA uma vez que estava sob o manto do estado de necessidade, no entanto, mesmo assim tem o dever de indenizar. E qual o fundamento jurdico para este dever? O Min. Sanseverino explica que o fundamento para essa opo legislativa a equidade, aplicando-se a chamada teoria do sacrifcio, bem desenvolvida pelo doutrinador portugus J.J. Gomes Canotilho (O problema da responsabilidade do estado por actos lcitos. Coimbra: Almedina, 1974). Pela teoria do sacrifcio, diante de uma coliso entre os direitos da vtima e os do autor do dano, estando os dois na faixa de licitude (os dois comportamentos so lcitos), o ordenamento jurdico opta por proteger o mais inocente dos interesses em conflito (o da vtima), sacrificando o outro (o do autor do dano). b) H fundamento jurdico para que Jos seja condenado a pagar uma penso mensal vtima? SIM, havendo previso no art. 950 do CC:

    Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido no possa exercer o seu ofcio ou profisso, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenizao, alm das despesas do tratamento e lucros cessantes at ao fim da convalescena, incluir penso correspondente importncia do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciao que ele sofreu. Pargrafo nico. O prejudicado, se preferir, poder exigir que a indenizao seja arbitrada e paga de uma s vez.

    O art. 950 afirma que, a se leso provocada reduzir ou impossibilitar a capacidade de trabalho da vtima, o autor do dano dever pagar como indenizao:

    Despesas do tratamento de sade;

    Lucros cessantes at ao fim da convalescena;

    Penso correspondente importncia do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciao que ele sofreu.

    c) At quando essa penso dever ser paga? At 65 anos, com base na expectativa de vida da vtima? NO. No se considera para efeito de concesso da penso a expectativa de vida do ofendido, como ocorre no caso de homicdio:

    Art. 948. No caso de homicdio, a indenizao consiste, sem excluir outras reparaes: II - na prestao de alimentos s pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a durao provvel da vida da vtima.

    No caso de indenizao por dano sade da vtima que gerou reduo ou impossibilidade permanente de trabalho, o fundamento para a indenizao o art. 950 do CC, que no estabelece limite de tempo para essa penso. Logo, entende-se que se trata de uma penso vitalcia, ou seja, que perdurar at a morte do ofendido.

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    Trata-se de uma soluo legal justa e lgica, considerando que, aps atingir essa idade-limite (65 ou 70 anos de idade), o ofendido continuar necessitando da penso e talvez de modo ainda mais agudo, em funo da velhice e do incremento das despesas com sade. possvel a cumulao de danos morais e estticos? Claro, trata-se de tema pacificado. Nesse sentido: Smula 387-STJ: possvel a acumulao das indenizaes de dano esttico e moral.

    Processo Terceira Turma. REsp 1.278.627-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/12/2012.

    Responsabilidade civil (assalto em banco)

    A instituio financeira no pode ser responsabilizada por assalto sofrido por sua correntista em via pblica, isto , fora das dependncias de sua agncia bancria, aps a retirada, na

    agncia, de valores em espcie, sem que tenha havido qualquer falha determinante para a ocorrncia do sinistro no sistema de segurana da instituio.

    Comentrios Se o cliente assaltado no interior da agncia, o banco tem o dever de indeniz-lo? SIM. Trata-se de responsabilidade objetiva do banco, em razo do risco inerente atividade bancria (art. 927, pargrafo nico do CC e art. 14 do CDC).

    Art. 927 (...) Pargrafo nico. Haver obrigao de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Art. 14. O fornecedor de servios responde, independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos prestao dos servios, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre sua fruio e riscos.

    O banco poder alegar caso fortuito ou fora maior? NO. Para o STJ, em se tratando de instituio financeira, os roubos s agncias so eventos totalmente previsveis e at esperados, no se podendo admitir que o banco invoque as excludentes de responsabilidade do caso fortuito ou fora maior e culpa de terceiros (REsp 1.093.617-PE). Se o cliente assaltado no estacionamento do banco, a instituio tambm ter o dever de indeniz-lo? SIM. Continua havendo responsabilidade civil objetiva do banco (REsp 1.045.775/ES). Com efeito, o estacionamento pode ser considerado como uma extenso da prpria agncia. E se o cliente assaltado na rua, aps sacar dinheiro na agncia, haver responsabilidade civil do banco? NO. No h como responsabilizar a instituio financeira na hiptese em que o assalto tenha ocorrido fora das dependncias da agncia bancria, em via pblica, sem que tenha havido qualquer falha na segurana interna da agncia bancria que propiciasse a atuao dos criminosos aps a efetivao do saque, tendo em vista a inexistncia de vcio na prestao de servios por parte da instituio financeira. A mera alegao do cliente de que o autor do roubo deve t-la observado sacar dinheiro do banco no suficiente para imputar responsabilidade instituio bancria. Alm do mais, se o ilcito ocorre em via pblica, do Estado, e no do banco, o dever de garantir a segurana dos cidados e de evitar a atuao dos criminosos.

    Processo Terceira Turma. REsp 1.284.962-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/12/2012.

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    Direito de famlia (adoo brasileira X paternidade biolgica)

    possvel o reconhecimento da paternidade biolgica e a anulao do registro de nascimento na hiptese em que isso for pleiteado pelo filho que foi registrado conforme prtica conhecida

    como adoo brasileira. Caracteriza violao ao princpio da dignidade da pessoa humana cercear o direito de

    conhecimento da origem gentica, respeitando-se, por conseguinte, a necessidade psicolgica de se conhecer a verdade biolgica

    Comentrios O que a chamada adoo brasileira? Adoo brasileira ou adoo moda brasileira ocorre quando o homem e/ou a mulher declara, para fins de registro civil, o menor como sendo seu filho biolgico sem que isso seja verdade. Ex: Carla tinha um namorado (Bruno), tendo ficado grvida desse relacionamento. Ao contar a Bruno sobre a gravidez, este achou que era muito novo para ser pai e sumiu, no deixando paradeiro. Trs meses depois, Carla decide se reconciliar com Andr, seu antigo noivo, que promete amada que ir se casar com ela e assumir o nascituro. No dia em que nasce a criana, Andr vai at o registro civil de pessoas naturais e, de posse da DNV (declarao de nascido vivo) fornecida pela maternidade, declara que o menor recm nascido (Vitor) seu filho e de Carla, sendo o registro de nascimento lavrado nesses termos. Por que recebe esse nome? Essa prtica chamada pejorativamente de adoo brasileira porque como se fosse uma adoo feita sem observar as exigncias legais, ou seja, uma adoo feita segundo o jeitinho brasileiro. Tecnicamente, contudo, no se trata de adoo, porque no segue o procedimento legal. Consiste, em verdade, em uma perfilhao simulada. A adoo brasileira permitida? NO. Formalmente, essa conduta at mesmo prevista como crime pelo Cdigo Penal:

    Parto suposto. Supresso ou alterao de direito inerente ao estado civil de recm-nascido Art. 242. Dar parto alheio como prprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recm-nascido ou substitu-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: Pena - recluso, de dois a seis anos. Pargrafo nico - Se o crime praticado por motivo de reconhecida nobreza: Pena - deteno, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.

    Vale ressaltar, entretanto, que, na prtica, dificilmente algum condenado ou recebe pena por conta desse delito. Isso porque, no caso concreto, poder o juiz reconhecer a existncia de erro de proibio ou, ento, aplicar o perdo judicial previsto no pargrafo nico do art. 242 do CP. preciso, no entanto, que seja investigada a conduta porque, embora a adoo brasileira, na maioria das vezes, no represente torpeza de quem a pratica, pode ela ter sido utilizada para a consecuo de outros ilcitos, como o trfico internacional de crianas.

    Situao 1: Pai registral quer anular o registro

    Imagine que, depois de alguns anos, Andr (o pai registral) termina seu relacionamento com Carla. Com raiva, ele procura um advogado pretendendo que seja reconhecido judicialmente que ele no o pai de Vitor. Qual a ao que dever ser proposta pelo advogado de Andr? R: ao negatria de paternidade cumulada com nulidade do registro civil.

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    Contra quem a ao proposta? R: contra Vitor (no proposta em face da me de Vitor). Se Vitor for menor, ser assistido (entre 16 e 18 anos) ou representado (menor de 16 anos) por sua me. Se Vitor j for falecido, a ao ser ajuizada contra seus herdeiros. No havendo herdeiros conhecidos (lembre-se que a sua me herdeira), Andr dever pedir a citao, por edital, de eventuais interessados. Qual o prazo desta ao? R: imprescritvel (art. 1.601 do CC). Onde esta ao dever ser proposta (de quem a competncia)? R: no foro da comarca onde reside o ru (Vitor), mais especificamente na vara de famlia (no deve ser ajuizada na vara de registros pblicos). Participao do Ministrio Pblico: atuar como fiscal da lei (custos legis), considerando que se trata de ao concernente ao estado da pessoa (art. 82 do CPC). Provas produzidas: Atualmente, a principal prova produzida nestas aes o exame pericial de DNA. Se o exame de DNA provar que Vitor no filho biolgico de Andr, o juiz ter que, obrigatoriamente, julgar procedente o pedido, declarar/desconstituir a paternidade e anular o registro? NO. Segundo j decidiu o STJ, o xito em ao negatria de paternidade, consoante os princpios do CC/2002 e da CF/1988, depende da demonstrao, a um s tempo, de dois requisitos: a) Inexistncia da origem biolgica; b) No ter sido construda uma relao socioafetiva entre pai e filho registrais. Assim, para que a ao negatria de paternidade seja julgada procedente no basta apenas que o DNA prove que o pai registral no o pai biolgico. necessrio tambm que fique provado que o pai registral nunca foi um pai socioafetivo, ou seja, que nunca foi construda uma relao socioafetiva entre pai e filho. (STJ Quarta Turma. REsp 1.059.214-RS, Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 16/2/2012). Em se tratando de adoo brasileira, a melhor soluo consiste em s permitir que o pai-adotante busque a nulidade do registro de nascimento quando ainda no tiver sido constitudo o vnculo de socioafetividade com o adotado (REsp 1088157/PB). Em alguns julgados mais rigorosos, o STJ j decidiu tambm que o pai que questiona a paternidade de seu filho socioafetivo (no biolgico), que ele prprio registrou conscientemente, est violando a boa-f objetiva, mais especificamente a regra da venire contra factum proprium (proibio de comportamento contraditrio) (Terceira Turma. REsp 1.244.957-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 7/8/2012). Percebe-se, portanto, que a paternidade, atualmente, deve ser considerada gnero do qual so espcies: a) a paternidade biolgica e b) a paternidade socioafetiva.

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    A doutrina familiarista moderna unnime em reconhecer a filiao socioafetiva. Por todos, cite-se o pioneiro e mais genial: a verdadeira paternidade pode tambm no se explicar apenas na autoria gentica da descendncia. Pai tambm aquele que se revela no comportamento cotidiano, de forma slida e duradoura, capaz de estreitar os laos de paternidade numa relao psico-afetiva, aquele, enfim, que alm de poder lhe emprestar seu nome de famlia, o trata verdadeiramente como seu filho perante o ambiente social (FACHIN, Luiz Edson. Estabelecimento da Filiao e Paternidade Presumida. Porto Alegre: SAFE, 1992, p. 169).

    Situao 2: Filho deseja que seja reconhecido seu pai biolgico

    Imagine agora que Vitor, j maior, descubra que Andr no seu pai biolgico, mas sim Bruno. Vitor ajuza ao de reconhecimento de paternidade cumulada com nulidade do registro contra Andr e Bruno. A ao ter xito segundo o entendimento do STJ? SIM. possvel o reconhecimento da paternidade biolgica e a anulao do registro de nascimento na hiptese em que pleiteados pelo filho adotado conforme prtica conhecida como adoo brasileira. O direito da pessoa ao reconhecimento de sua ancestralidade e origem gentica insere-se nos atributos da prpria personalidade. Caracteriza violao ao princpio da dignidade da pessoa humana cercear o direito de conhecimento da origem gentica, respeitando-se, por conseguinte, a necessidade psicolgica de se conhecer a verdade biolgica (REsp 833.712/RS). A prtica conhecida como adoo brasileira, ao contrrio da adoo legal, no tem a aptido de romper os vnculos civis entre o filho e os pais biolgicos, que devem ser restabelecidos sempre que o filho manifestar o seu desejo de desfazer o liame jurdico advindo do registro ilegalmente levado a efeito, restaurando-se, por conseguinte, todos os consectrios legais da paternidade biolgica, como os registrais, os patrimoniais e os hereditrios. A ao ser julgada procedente e o registro ser anulado mesmo que tenha se estabelecido uma relao socioafetiva entre Vtor e Andr? SIM. O STJ entende que, mesmo que o filho tenha sido acolhido e tenha usufrudo de uma relao socioafetiva, nada lhe retira o direito, em havendo sua insurgncia ao tomar conhecimento de sua real histria, de ter acesso sua verdade biolgica que lhe foi usurpada, desde o nascimento at a idade madura. Presente o dissenso, portanto, prevalecer o direito ao reconhecimento do vnculo biolgico (REsp 833.712/RS). Dessa forma, a filiao socioafetiva desenvolvida com o pai registral no afasta o direito do filho de ver reconhecida a sua filiao biolgica.

    Comparao Vamos comparar as duas situaes:

    PAI registral ajuza ao negatria de paternidade e de nulidade do registro

    FILHO ajuza ao de investigao de paternidade e de nulidade do registro

    Para que seja julgada procedente necessrio que no tenha sido construda uma relao socioafetiva entre ele e o filho.

    A ao poder ser julgada procedente mesmo que tenha sido construda uma relao socioafetiva entre ele e o pai registral.

    Fundamento: princpios do melhor interesse do menor e da boa-f objetiva (vedao ao venire contra factum proprium).

    Fundamento: dignidade da pessoa humana e reconhecimento da ancestralidade biolgica como direito da personalidade.

    Processo Quarta Turma. REsp 1.167.993-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 18/12/2012.

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    Ao de investigao de paternidade e coisa julgada material

    possvel o ajuizamento de nova ao de investigao de paternidade caso a primeira

    tenha sido julgada improcedente sem a realizao de exame de DNA? Regra geral: SIM

    possvel a flexibilizao da coisa julgada material nas aes de investigao de paternidade, na situao em que o pedido foi julgado improcedente por falta de prova.

    Exceo: No se admite o ajuizamento de nova ao para comprovar a paternidade mediante a utilizao de exame de DNA em caso no qual o pedido anterior foi julgado improcedente com base em prova pericial produzida de acordo com a tecnologia ento disponvel.

    Comentrios Imagine a seguinte situao hipottica:

    Em 1995, Daniel ajuizou uma ao de investigao de paternidade contra Honofre, seu suposto pai, tendo esta sido julgada improcedente. Vale ressaltar que, na poca, no foi realizado exame de DNA, que ainda era raro no Brasil. A sentena transitou em julgado.

    Daniel poder ajuizar nova ao de investigao de paternidade contra Honofre pedindo agora a realizao do exame de DNA?

    possvel flexibilizar a coisa julgada material formada em investigao de paternidade julgada improcedente e na qual no foi feito exame de DNA? SIM, possvel a flexibilizao da coisa julgada material nas aes de investigao de paternidade, na situao em que o pedido foi julgado improcedente por falta de prova.

    Esse o entendimento do Plenrio do STF: (...) Deve ser relativizada a coisa julgada estabelecida em aes de investigao de paternidade em que no foi possvel determinar-se a efetiva existncia de vnculo gentico a unir as partes, em decorrncia da no realizao do exame de DNA, meio de prova que pode fornecer segurana quase absoluta quanto existncia de tal vnculo. (...) (STF RE 363889, Rel. Min. Dias Toffoli, Tribunal Pleno, julgado em 02/06/2011)

    Cuidado: o STJ, at bem pouco tempo, vinha adotando entendimento diverso sob o argumento de que haveria violao segurana jurdica (nesse sentido: AgRg no REsp 1257855/RS, AgRg no REsp 1236166/RS). No entanto, como a deciso do STF foi tomada pelo Plenrio, o STJ vem, aos poucos, tambm decidindo que possvel a relativizao da coisa julgada nesses casos (AgRg no REsp 929.773-RS).

    Exceo: No ser cabvel a nova propositura de ao de investigao de paternidade, caso a primeira tenha sido julgada improcedente pelo fato de ter sido comprovado, segundo as tcnicas cientficas existentes poca, que o autor no pode ser filho do ru (ex: o exame de sangue atestou que o grupo sanguneo do suposto pai incompatvel com o do autor): No se admite o ajuizamento de nova ao para comprovar a paternidade mediante a utilizao de exame de DNA, em caso no qual o pedido anterior foi julgado improcedente com base em prova pericial produzida de acordo com a tecnologia ento disponvel, a qual excluiu expressamente o pretendido vnculo gentico, em face da impossibilidade de duas pessoas do tipo sanguneo "O gerarem um filho do grupo A. Hiptese distinta da julgada pelo STF no RE 363.889. (STJ AgRg no REsp 929773/RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 06/12/2012).

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    Resumo

    possvel o ajuizamento de nova ao de investigao de paternidade caso a primeira tenha sido julgada improcedente sem a realizao de exame de DNA?

    Regra geral: SIM possvel a flexibilizao da coisa julgada material nas aes de investigao de paternidade, na situao em que o pedido foi julgado improcedente por falta de prova.

    Exceo: No se admite o ajuizamento de nova ao para comprovar a paternidade mediante a utilizao de exame de DNA, em caso no qual o pedido anterior foi julgado improcedente com base em prova pericial produzida de acordo com a tecnologia ento disponvel.

    Processos Quarta Turma. AgRg no REsp 929.773-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 6/12/2012. REsp 1.223.610-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 6/12/2012.

    DIREITO NOTARIAL/REGISTRAL

    Nome da pessoa natural possvel a alterao no registro de nascimento para dele constar o nome de solteira da genitora,

    excluindo o patronmico do ex-padrasto. Vide julgado indexado em Direito Civil.

    Responsabilidade pela baixa do registro aps o pagamento

    Depois do ttulo ter sido protestado, caso o devedor efetue a quitao da dvida, a responsabilidade por promover o cancelamento do protesto no do credor, mas sim do

    devedor ou de qualquer outro interessado, bastando que faa a prova do pagamento junto ao tabelionato de protesto.

    Comentrios O que um protesto de ttulo? Protesto de ttulos o ato pblico, formal e solene, realizado pelo tabelio, com a finalidade de provar a inadimplncia e o descumprimento de obrigao constante de ttulo de crdito ou de outros documentos de dvida.

    Regulamentao: o protesto regulado pela Lei n. 9.492/97. Procedimento at ser registrado o protesto do ttulo: 1) O credor leva o ttulo at o tabelionato de protesto e faz a apresentao, pedindo que

    haja o protesto e informando os dados e endereo do devedor; 2) O tabelio de protesto examina os caracteres formais do ttulo; 3) Se o ttulo no apresentar vcios formais, o tabelio realiza a intimao do suposto

    devedor no endereo apresentado pelo credor (art. 14); 4) A intimao realizada para que o apontado devedor, no prazo de 3 dias, pague ou

    providencie a sustao do protesto antes de ele ser lavrado;

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    Aps a intimao, podero ocorrer quatro situaes: 4.1) o devedor pagar (art. 19); 4.2) o apresentante desistir do protesto e retirar o ttulo (art. 16); 4.3) o protesto ser sustado judicialmente (art. 17); 4.4) o devedor ficar inerte ou no conseguir sustar o protesto.

    5) Se ocorrer as situaes 4.1, 4.2 ou 4.3: o ttulo no ser protestado; 6) Se ocorrer a situao 4.4: o ttulo ser protestado (ser lavrado e registrado o protesto). Imaginemos que o devedor foi intimado (etapa 4), mas no pagou nem conseguiu sustar o protesto. O que aconteceu ento? O ttulo foi protestado. Aps um tempo, esse devedor quis comprar um carro financiado, no entanto, no conseguiu porque o banco constatou a existncia desse ttulo protestado e, por essa razo, no liberou o crdito. O devedor decidiu, ento, pagar o ttulo protestado. Com o pagamento do dbito, ser possvel retirar a anotao desse ttulo protestado? SIM. Aps o pagamento do ttulo protestado, o credor que foi pago tem a responsabilidade de retirar o protesto lavrado? NO. A 4 Turma do STJ entendeu que, no caso de protesto regularmente lavrado, no do credor a responsabilidade pela baixa do registro aps a quitao da dvida.

    Segundo o STJ, a Lei n. 9.492/97 no impe esse dever ao credor. Veja:

    Art. 26. O cancelamento do registro do protesto ser solicitado diretamente no Tabelionato de Protesto de Ttulos, por qualquer interessado, mediante apresentao do documento protestado, cuja cpia ficar arquivada.

    Desse modo, nos termos do art. 26 da Lei n. 9.492/1997, o cancelamento do registro de protesto pode ser solicitado pelo devedor ou qualquer interessado, bastando que apresente no tabelionato o ttulo protestado ou a carta de anuncia do credor, a fim de provar que houve a quitao. J havia precedentes do STJ nesse mesmo sentido: Protestado o ttulo pelo credor, em exerccio regular de direito, incumbe ao devedor, principal interessado, promover o cancelamento do protesto aps a quitao da dvida. (REsp 842092/MG, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, Quarta Turma, julgado em 27/03/2007) Esse entendimento vale mesmo que se trate de uma relao de consumo, ou seja, que o devedor seja um consumidor e o credor um fornecedor.

    Ateno A posio acima explicada vale para os casos de cancelamento de ttulo protestado. No caso de devedor inserido em cadastro de inadimplentes (ex: SERASA, SPC), a soluo diferente. Veja:

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    CADASTRO DE INADIMPLENTES REGISTRO DE PROTESTO

    Se a dvida paga, quem tem o dever de retirar o nome do devedor do cadastro negativo (exs: SPC ou SERASA)?

    Se o ttulo pago, quem tem o dever de retirar o protesto que foi lavrado?

    O CREDOR (no prazo mximo de 5 dias) O prprio DEVEDOR

    Fundamento: art. 43, 3 do CDC (aplicvel por analogia).

    Fundamento: art. 26 da Lei n. 9.492/1997

    Para maiores informaes sobre incluso de consumidores em cadastro de inadimplentes, veja o INFO Esquematizado 501 do STJ.

    Processo Quarta Turma. REsp 959.114-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 18/12/2012.

    DIREITO DO CONSUMIDOR Vide julgado sobre Responsabilidade Civil dos bancos indexado em Direito Civil.

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    Julgamento por amostragem de recursos especiais repetitivos

    Ser cabvel agravo regimental, a ser processado no Tribunal de origem, destinado a impugnar deciso monocrtica que nega seguimento a recurso especial

    com fundamento no art. 543-C, 7, I, do CPC. O recurso cabvel contra essa deciso no o agravo de instrumento.

    Comentrios Observou-se que havia no STF e no STJ milhares de recursos que tratavam sobre os mesmos temas jurdicos. Em outras palavras, identificou-se que existiam inmeros recursos repetitivos endereados aos Tribunais Superiores.

    Diante disso, a fim de otimizar a anlise desses recursos, a Lei n. 11.672/2008 acrescentou os arts. 543-B e 543-C ao CPC, prevendo uma espcie de julgamento por amostragem dos recursos extraordinrios e recursos especiais que tiverem sido interpostos com fundamento em idntica controvrsia ou questo de direito. Vamos estudar, agora, o julgamento por amostragem no caso dos recursos especiais repetitivos, o que previsto no art. 543-C do CPC:

    Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idntica questo de direito, o recurso especial ser processado nos termos deste artigo.

    Procedimento (art. 543-C do CPC e Resoluo n. 08/2008-STJ): 1) O Presidente ou Vice-Presidente do tribunal de origem (TJ ou TRF) ir identificar e separar todos os recursos especiais interpostos que tratem sobre o mesmo assunto. Exemplo: reunir os recursos especiais nos quais se discuta se o prazo prescricional das aes contra a Fazenda Pblica de 3 ou 5 anos. 2) Desses recursos, o Presidente do tribunal selecionar um ou mais recursos que representem bem a controvrsia discutida e os encaminhar ao STJ. Sero selecionados os que contiverem maior diversidade de fundamentos no acrdo e de argumentos no recurso especial.

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    Os demais recursos especiais que tratem sobre a mesma matria e que no foram remetidos como paradigma (modelo) ficaro suspensos no tribunal de origem at que o STJ se pronuncie sobre o tema central. 3) Pode acontecer de o Presidente do tribunal de origem no perceber que haja essa multiplicidade de recursos sobre o mesmo assunto e no tomar essas providncias explicadas acima. Nesse caso, o Ministro Relator do REsp, no STJ, ao identificar que sobre a controvrsia j existe jurisprudncia dominante ou que a matria j est afeta ao colegiado, poder determinar a suspenso, nos tribunais de segunda instncia, dos recursos nos quais a controvrsia esteja estabelecida. 4) Antes de decidir o Resp submetido ao regime de recurso repetitivo, o Ministro Relator poder solicitar informaes, a serem prestadas no prazo de 15 dias, aos tribunais federais ou estaduais a respeito da controvrsia. 5) Se o matria for relevante, o Ministro Relator poder admitir manifestao de pessoas, rgos ou entidades com interesse na controvrsia, que atuaro como amicus curiae. 6) Aps as informaes prestadas pelos Tribunais e pelos amici curiae (plural de amicus curiae), o Ministrio Pblico ser ouvido no prazo de 15 dias. 7) Transcorrido o prazo para o Ministrio Pblico e remetida cpia do relatrio aos demais Ministros, o processo ser includo em pauta na seo ou na Corte Especial do STJ, devendo ser julgado com preferncia sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam ru preso e os pedidos de habeas corpus. 8) Aps todas essas providncias, o STJ ir julgar o recurso especial que foi submetido ao regime de recurso repetitivo. Essa deciso ir afetar os recursos que ficaram suspensos nos TJs ou TRFs. Veja o que diz o 7 do art. 543-C:

    7 Publicado o acrdo do Superior Tribunal de Justia, os recursos especiais sobrestados na origem: I - tero seguimento denegado na hiptese de o acrdo recorrido coincidir com a orientao do Superior Tribunal de Justia; ou II - sero novamente examinados pelo tribunal de origem na hiptese de o acrdo recorrido divergir da orientao do Superior Tribunal de Justia.

    Explicando melhor esse 7: Inciso I: se o recurso especial sobrestado na origem defender a tese jurdica que no foi aceita pelo STJ, este recurso ter seu seguimento negado e, portanto, nem ser enviado ao STJ. Exemplo: o TJ decidiu que o prazo prescricional contra a Fazenda Pblica era de 5 anos. A Fazenda interps recurso especial alegando que esse prazo era de 3 anos. O REsp estava aguardando a definio do tema em sede de recurso repetitivo. O STJ decidiu que o prazo de 5 anos. Logo, este recurso da Fazenda, que estava sobrestado, ter seu seguimento negado e nem ser mais apreciado pelo STJ. Inciso II: se o recurso especial sobrestado na origem defender a tese jurdica que foi acolhida pelo STJ, o acrdo que estava sendo impugnado ser novamente analisado pelo Tribunal de origem que poder modificar sua deciso para adequ-la ao entendimento firmado pelo STJ. Exemplo: o TJ decidiu que o prazo prescricional contra a Fazenda Pblica era de 3 anos. O particular interps recurso especial alegando que esse prazo era quinquenal. O REsp estava aguardando a definio do tema em sede de recurso repetitivo. O STJ decidiu que o prazo

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    de 5 anos. Logo, o TJ ter a oportunidade de analisar novamente esta questo e poder modificar sua deciso com base na orientao firmada pelo STJ. Em outras palavras, o TJ poder voltar atrs e decidir que o prazo prescricional de 5 anos realmente. Vale ressaltar, no entanto, que nesse reexame, o Tribunal poder manter sua deciso, considerando que o posicionamento adotado pelo STJ no vinculante. 9) Se o tribunal de origem mantiver a deciso divergente, ir ser realizado o exame de admissibilidade do recurso especial para que seja encaminhado ao STJ. Exemplo: o TJ decidiu manter seu entendimento de que o prazo prescricional de 3 anos, mesmo o STJ tendo afirmado que era quinquenal. Logo, o recurso especial interposto pelo particular ser examinado e, se preencher os pressupostos de admissibilidade, ser encaminhado ao STJ para anlise do mrito. 10) Voltando hiptese do inciso I do 7 do art. 543-C. Pode acontecer de o Presidente do tribunal de origem negar seguimento a um recurso especial aplicando o entendimento do STJ e a parte recorrente no concordar com isso sob o argumento de que o caso que envolve o seu processo diferente do que foi examinado pelo STJ. Em outros termos, a parte afirma que h um distinguishing. A pergunta que surge a seguinte: Ser possvel que esta parte interponha algum recurso contra a deciso do Presidente do tribunal de origem que negou seguimento ao recurso especial com base no inciso I do 7 do art. 543-C do CPC? SIM. Ser cabvel agravo regimental, a ser processado no Tribunal de origem, destinado a impugnar deciso monocrtica que nega seguimento a recurso especial com fundamento no art. 543-C, 7, I, do CPC. Segundo entende o STJ, dessa deciso denegatria pode a parte interpor agravo regimental, que ser processado e julgado no Tribunal a quo. Vale ressaltar que um erro muito comum tanto dos candidatos em concurso pblico como dos profissionais na prtica forense, imaginar que seria possvel o ajuizamento de agravo de instrumento contra essa deciso. Na verdade, firme o entendimento do STJ de que no cabe agravo de instrumento contra deciso que nega seguimento a recurso especial com base no art. 543, 7, inciso I, do CPC (QO no Ag 1154599/SP, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, Corte Especial, DJe 12/05/2011). Para o STJ a mencionada deciso somente pode ser atacada por agravo regimental a ser processado e julgado no tribunal de origem.

    Processo Segunda Turma. REsp 1.346.362-RS, Rel. Min. Benedito Gonalves, julgado 4/12/2012.

    Embargos de divergncia

    Nos embargos de divergncia, apenas as decises proferidas em RECURSO ESPECIAL so admitidas para comprovar os dissdios jurisprudenciais entre as Turmas do STJ, entre as

    Turmas e a Seo ou entre as Turmas e a Corte Especial. Logo, so inadmissveis embargos de divergncia na hiptese em que o julgado paradigma

    invocado tenha sido proferido em sede de recurso ordinrio em mandado de segurana. Comentrios Os embargos de divergncia so um recurso previsto nos arts. 496, VIII e 546 do CPC, bem

    como nos regimentos internos do STF e do STJ.

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    Este recurso possui dois objetivos: 1) Obter a reforma ou anulao do acrdo embargado; 2) Uniformizar a jurisprudncia interna do STF e do STJ, evitando que prevaleam decises

    conflitantes. S cabem os embargos de divergncia contra deciso de:

    turma do STJ em julgamento de Recurso especial;

    turma do STF em julgamento de Recurso extraordinrio. A deciso da turma do STJ deve ter sido divergente em relao ao julgamento de outra turma, da seo ou do rgo especial do STJ. A deciso da turma do STF deve ter sido divergente em relao ao julgamento de outra turma ou do plenrio do STF. Ao propor este recurso, o recorrente dever realizar uma comparao entre o acrdo recorrido e um acrdo paradigma do mesmo Tribunal, provando que o acrdo recorrido foi divergente do acrdo paradigma. Neste julgado, a 1 Seo do STJ reafirmou que, nos embargos de divergncia, apenas as decises proferidas em recurso especial so admitidas para comprovar os dissdios jurisprudenciais entre as Turmas deste Tribunal, entre estas e a Seo ou Corte Especial (art. 546, I, do CPC e art. 266 do RISTJ). No caso concreto julgado, a parte queria opor embargos de divergncia utilizando como paradigma uma deciso proferida em recurso ordinrio, razo pela qual no foi admitido pelo STJ.

    Processo Corte Especial. AgRg nos EREsp 1.182.126-PE, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 17/12/2012.

    Execuo (penhora)

    No possvel equiparar, para os fins do art. 655, I, do CPC, as cotas de fundos de investimento a dinheiro em aplicao financeira quando do oferecimento de bens

    penhora. Comentrios O Cdigo de Processo Civil prev a ordem de penhora nos seguintes termos:

    Art. 655. A penhora observar, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espcie ou em depsito ou aplicao em instituio financeira;

    Desse modo, a primeira opo de penhora segundo o CPC dinheiro. O dinheiro penhorado poder ser em espcie. Ex: o juiz determina a penhora na boca da bilheteria do estdio de futebol. O dinheiro penhorado poder estar depositado. Ex: penhora on line de valores presentes em conta-corrente. O dinheiro penhorado poder estar em aplicao em instituio financeira. Ex: penhora de valores que esto aplicados em CDB. possvel que o devedor oferea para penhora as suas cotas de fundos de investimento, com base nesse inciso, alegando que se trata de dinheiro em aplicao financeira? NO. Para o STJ, no possvel equiparar, para os fins do art. 655, I, do CPC, as cotas de fundos de investimento a dinheiro em aplicao financeira quando do oferecimento de

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    bens penhora. Embora os fundos de investimento sejam uma espcie de aplicao financeira, eles no se confundem com a expresso dinheiro em aplicao financeira. Ao se proceder penhora de dinheiro em aplicao financeira, a constrio processual atinge numerrio certo e lquido que fica bloqueado ou depositado disposio do juzo da execuo fiscal. Por sua vez, o valor financeiro referente a cotas de fundo de investimento no certo e pode no ser lquido, a depender de fatos futuros imprevisveis para as partes e juzos. Dessa forma, quando do oferecimento de bens penhora, deve-se respeitar a ordem de preferncia prevista na legislao.

    Processo Primeira Turma. REsp 1.346.362-RS, Rel. Min. Benedito Gonalves, julgado 4/12/2012.

    Bens impenhorveis

    Segundo o art. 649, IX, do CPC, so absolutamente impenhorveis os recursos pblicos recebidos por instituies privadas para aplicao compulsria em educao, sade ou

    assistncia social. Assim, se ficar provado que os recursos recebidos por um hospital privado so oriundos dos

    servios por ele prestados ao SUS, tais valores so impenhorveis. Comentrios O art. 649 do CPC estabelece um rol de bens que no podem ser penhorados.

    Dentre eles, veja o que diz o inciso IX:

    Art. 649. So absolutamente impenhorveis: IX - os recursos pblicos recebidos por instituies privadas para aplicao compulsria em educao, sade ou assistncia social;

    Exemplo: O hospital privado X presta servios ao SUS atendendo pessoas carentes e recebe, mensalmente, determinada verba a ttulo de contraprestao. O STJ entendeu que esses valores no podem ser penhorados para pagar dvidas do hospital. Isso por conta do art. 649, IX do CPC. O STJ confere uma interpretao ampliativa ao dispositivo legal e afirma que, no importa que o recebimento dos recursos pblicos pelas entidades privadas tenham sido antes ou depois dos servios de sade prestados pela instituio. Logo, o fato do hospital j ter prestado os servios de sade e, aps isso, receber os valores correspondentes do SUS, no afasta a impenhorabilidade dessa verba. Isso porque a transferncia desses recursos s ocorre porque os servios de sade foram prestados pela instituio, de forma que h uma efetiva aplicao dos recursos pblicos na sade, conforme exige o art. 649, IX, do CPC. A doutrina aponta no mesmo sentido: Em termos prticos, o art. 649, IX, protege o dinheiro recebido (...) por hospitais, seja a fundo perdido (p. ex. para adquirir equipamentos), seja em contraprestao aos servios prestados no mbito do SUS (Servio nico de Sade). (Manual da Execuo. 11 ed., So Paulo: RT, 2007, p. 224).

    Processo Terceira Turma. REsp 1.324.276-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012.

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    Processo coletivo e legitimidade dos sindicatos

    O sindicato tem legitimidade para ajuizar protesto interruptivo do prazo prescricional da ao executiva de sentena proferida em ao coletiva na qual foram reconhecidos direitos da

    respectiva categoria. Comentrios Os sindicatos podem propor aes coletivas em favor da categoria que representam?

    SIM. A CF/88 autoriza que os sindicatos faam a defesa, judicial ou extrajudicial, dos direitos e interesses individuais e coletivos da categoria que representam. Veja:

    Art. 8 livre a associao profissional ou sindical, observado o seguinte: III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questes judiciais ou administrativas;

    Segundo a jurisprudncia consolidada no STJ, o sindicato tem legitimidade para defender em juzo os direitos da categoria mediante substituio processual, seja em ao ordinria, seja em demandas coletivas (AgRg nos EREsp 488.911/RS). O sindicato pode defender direitos difusos e individuais homogneos da categoria? SIM. A doutrina afirma que, quando o inciso III do art. 8 da CF/88 fala em direitos e interesses coletivos, est utilizando a palavra coletivo em sentido amplo, de forma que os sindicatos podem defender direitos difusos, coletivos (stricto sensu) e individuais homogneos da categoria. O sindicato, ao propor uma ao coletiva defender o direito apenas dos filiados ou poder atuar em favor de toda a categoria (independente de pertencerem ou no ao sindicato)? O sindicato tem legitimidade para defender judicialmente o interesse coletivo de toda a categoria, e no apenas de seus filiados. Essa, inclusive, a redao do inciso III do art. 8 da CF/88 que menciona a palavra categoria (e no apenas filiados). Ateno: a opinio acima a majoritria. No entanto, a Fazenda Pblica defende, normalmente, tese em sentido contrrio, pugnando que seja aplicado s aes coletivas

    propostas por sindicatos o disposto no art. 2-A da Lei n. 9.494/97:

    Art. 2-A. A sentena civil prolatada em ao de carter coletivo proposta por entidade associativa, na defesa dos interesses e direitos dos seus associados, abranger apenas os substitudos que tenham, na data da propositura da ao, domiclio no mbito da competncia territorial do rgo prolator. (Artigo includo pela Medida provisria n 2.180-35, de 24.8.2001)

    O STJ possui julgados determinando a aplicao do referido art. 2-A aos sindicatos sob o argumento de que a Lei, ao falar em entidade associativa, engloba toda e qualquer corporao legitimada propositura de aes judiciais, sem restringir-se s associaes (STJ AgRg no REsp 1279061/MT; AgRg no REsp 1.338.029-PR). Ao mesmo tempo, o STJ afirma que os sindicatos defendem o interesse de toda a categoria e no apenas dos filiados (AgRg no REsp 1303343/PE). H, portanto, uma contradio aparente entre os julgados do STJ. Sei que um tema difcil e para o qual ainda no h uma resposta definitiva. Para fins de concurso, fiquem com a informao que me parece ser a mais segura e acertada: (...) A jurisprudncia do STJ est pacificada no sentido de que a coisa julgada formada em ao coletiva ajuizada por sindicato no se restringe somente queles que so a ele filiados,

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    j que a entidade representa toda a sua categoria profissional. (...) (AgRg no REsp 1303343/PE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 24/04/2012, DJe 02/05/2012)

    O sindicato precisa da autorizao dos membros da categoria (trabalhadores) para propor a ao na defesa de seus interesses supraindividuais? O sindicato precisa apresentar a relao nominal dos substitudos juntamente com a petio inicial da ao proposta? NO. As associaes e sindicatos, na qualidade de substitutos processuais, tm legitimidade para a defesa dos interesses coletivos de toda a categoria que representam, sendo dispensvel a relao nominal dos afiliados e suas respectivas autorizaes. Smula 629-STF: A impetrao de mandado de segurana coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorizao destes.

    Por que os sindicatos no precisam da autorizao dos membros? Porque o sindicato, quando atua na defesa dos direitos supraindividuais da categoria, age como substituto processual (legitimado extraordinrio) e no como representante processual. O substituto processual no precisa da autorizao dos substitudos porque esta foi dada pela lei (no caso do sindicato, esta autorizao foi dada pela CF/88, art. 8, III).

    a posio pacfica do STJ: O sindicato, como substituto processual, tem legitimidade para defender judicialmente interesses coletivos de toda a categoria, e no apenas de seus filiados, sendo dispensvel a juntada da relao nominal dos filiados e de autorizao expressa. (AgRg no REsp 1195607/RJ, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 10/04/2012)

    A jurisprudncia do STJ firme no sentido de que as entidades sindicais podero atuar como substitutas processuais da categoria que representam, sendo desnecessria a autorizao expressa do titular do direito subjetivo, bem como a apresentao de relao nominal dos associados e a indicao de seus respectivos endereos. A Lei 9.494/1997, ao fixar requisitos ao ajuizamento de demandas coletivas, no poderia se sobrepor norma estabelecida nos arts. 5, LXX, e 8, III, da Constituio Federal. (AgRg no AREsp 108.779/MG, Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 17/04/2012)

    Legitimidade extraordinria (substituio processual): Ocorre quando algum, em nome prprio, pleiteia em juzo interesse alheio (de outrem). Confere-se legitimidade a algum para discutir em juzo direito que no dele. A legitimidade extraordinria somente admitida de forma excepcional no CPC. A legitimao extraordinria somente pode ser estabelecida por meio de lei (art. 6 do CPC) ou, em alguns casos, como uma decorrncia lgica do sistema. Ao contrrio do CPC, na tutela coletiva, a legitimidade extraordinria a regra geral. Para a maioria da doutrina, substituio processual sinnimo de legitimidade extraordinria (nesse sentido: Dinamarco).

    A legitimidade para que o sindicato atue em favor da categoria abrange apenas a fase (processo) de conhecimento ou tambm a fase (processo) de execuo? Essa legitimidade abrange, tambm, as fases de liquidao e execuo de ttulo judicial. Logo, o sindicato pode ajuizar a execuo em favor da categoria. Assim como o sindicato pode ajuizar a execuo, ele tambm pode fazer o protesto interruptivo do prazo prescricional da ao executiva. Em outras palavras, o STJ decidiu que o sindicato, antes de ingressar com a execuo, pode fazer o protesto do ru para que cumpra a deciso, o que interrompe o prazo prescricional.

    Processo Primeira Turma. AgRg no Ag 1.399.632-PR, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 4/12/2012.

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    DIREITO PROCESSUAL PENAL

    Suspenso condicional do processo (art. 89 da Lei n. 9.099/95)

    Dentre as outras condies previstas no 2 do art. 89, da Lei 9.099/95, o juiz poder determinar que o acusado cumpra PRESTAO PECUNIRIA ou PRESTAO DE SERVIOS COMUNIDADE?

    1 corrente: SIM (5 Turma do STJ e 1 Turma do STF) 2 corrente: NO (6 Turma do STJ) Conceito Suspenso condicional do processo :

    - um instituto despenalizador - oferecido pelo MP ou querelante ao acusado - que tenha sido denunciado por crime cuja pena mnima seja igual ou inferior a 1 ano - e que no esteja sendo processado ou no tenha sido condenado por outro crime, - desde que presentes os demais requisitos que autorizariam a suspenso condicional da

    pena (art. 77 do Cdigo Penal)

    Caso o acusado aceite a proposta, o processo ficar suspenso, pelo prazo de 2 a 4 anos (perodo de prova), desde que ele aceite cumprir determinadas condies. Perodo de prova , portanto, o prazo no qual o processo ficar suspenso, devendo o acusado cumprir as condies impostas neste lapso temporal. O perodo de prova estabelecido na proposta de suspenso e varia de 2 at 4 anos.

    Obs: a proposta de suspenso somente vlida se aceita pelo acusado e seu defensor, na presena do Juiz, desde que este entenda ser o caso de receber a denncia.

    Previso A suspenso condicional do processo est prevista no art. 89 da Lei n. 9.099/95. No entanto, vale ressaltar que no se aplica apenas aos processos do juizado especial (infraes de menor potencial ofensivo), mas sim em todos aqueles cuja pena mnima seja igual ou inferior a 1 ano, podendo, portanto, a pena mxima ser superior a 2 anos.

    Condies Condies legais a que o acusado dever se submeter: I - reparao do dano, salvo impossibilidade de faz-lo; II - proibio de frequentar determinados lugares; III - proibio de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorizao do Juiz; IV - comparecimento pessoal e obrigatrio a juzo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades.

    O Juiz poder especificar outras condies a que fica subordinada a suspenso, desde que adequadas ao fato e situao pessoal do acusado.

    Outras condies

    O 2 do art. 89 da Lei n. 9.099/95 estabelece: 2 O Juiz poder especificar outras condies a que fica subordinada a suspenso, desde que adequadas ao fato e situao pessoal do acusado.

    Dentre estas outras condies previstas no 2 do art. 89, o juiz poder determinar que o acusado cumpra PRESTAO PECUNIRIA ou

    PRESTAO DE SERVIOS COMUNIDADE?

    1 corrente: SIM

    (5 Turma do STJ; 1 Turma do STF; Mirabete)

    Esta Corte j firmou o entendimento de ser possvel a imposio de prestao de

    2 corrente: NO

    (6 Turma do STJ; Pacelli) Interpretando a Lei n. 9.099/1995, a Sexta Turma adotou o entendimento de que

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    servios comunidade, ou prestao pecuniria, como condio de suspenso condicional do processo, desde que se mostrem pertinentes ao caso concreto, devendo-se observar os princpios da adequao e da proporcionalidade. (HC 152.206/RS, Rel. Min. Adilson Vieira Macabu (Des. Conv. do TJ/RJ), Quinta Turma, julgado em 25/10/2011). Na doutrina, o entendimento sustentado no livro de Mirabete.

    inadmissvel a fixao de prestao de servios comunidade ou de prestao pecuniria, que tm carter de sano penal, como condio para a suspenso condicional do processo. (AgRg no HC 232.793/BA, Rel. Ministro SEBASTIO REIS JNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 18/12/2012, DJe 01/02/2013) Na doutrina, a posio de Pacelli.

    No julgado noticiado neste Informativo, a 5 Turma do STJ reafirmou sua posio, que deve ser considerada majoritria, no sentido de que cabvel a imposio de prestao de servios comunidade ou de prestao pecuniria como condio especial para a concesso do benefcio da suspenso condicional do processo, desde que observados os princpios da adequao e da proporcionalidade.

    Processo Quinta Turma. RHC 31.283-ES, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/12/2012.

    DIREITO TRIBUTRIO

    Crdito tributrio (pagamento indevido e repetio de indbito)

    cabvel a repetio do indbito tributrio no caso de pagamento de contribuio para custeio de sade considerada inconstitucional em controle concentrado, independentemente de os

    contribuintes terem usufrudo do servio de sade prestado pelo Estado. Se o tributo pago era indevido, o contribuinte tem direito restituio dos valores pagos

    (repetio do indbito) sem qualquer empecilho ou outras consideraes. Comentrios Ao de repetio de indbito (ou ao de restituio de indbito) a ao na qual o

    requerente pleiteia a devoluo de determinada quantia paga indevidamente. A ao de repetio de indbito, ao contrrio do que muitos pensam, no restrita ao direito tributrio. Assim, por exemplo, se um consumidor cobrado pelo fornecedor e paga um valor que no era devido, poder ingressar com ao de repetio de indbito para pleitear valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correo monetria e juros legais, salvo hiptese de engano justificvel (art. 42, pargrafo nico do CDC).

    No mbito tributrio, o direito repetio de indbito est previsto no art. 165 do CTN. Dessa feita, o contribuinte que pagar tributo indevido ter direito repetio de indbito, ou seja, poder ajuizar ao cobrando a devoluo do tributo pago indevidamente. O mencionado art. 165 afirma que o sujeito passivo tem direito restituio, independentemente de prvio protesto (isto , mesmo que na hora de pagar no tenha reclamado do tributo indevido ou tenha feito qualquer ressalva).

    Feitas estas consideraes preliminares, vamos ao caso julgado pelo STJ: Determinada Lei de Minas Gerais instituiu uma contribuio para o custeio da assistncia sade no Estado a ser pago pelos servidores estaduais. Esta contribuio foi julgada inconstitucional pelo STF (ADI 3106).

    Com a declarao de inconstitucionalidade, os servidores que haviam tido seus vencimentos descontados durante vrios meses ingressaram com aes de repetio de indbito, afirmando que se tratava de uma contribuio social inconstitucional. Como a

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    contribuio era inconstitucional, os valores pagos pelos servidores eram indevidos e, portanto, teriam direito restituio.

    O Estado de Minas Gerais alegou, em defesa, que os servidores somente teriam direito repetio de indbito caso provassem que no utilizaram os servios de sade oferecidos.

    O STJ concordou com essa tese? NO. A 2 Turma do STJ afirmou que cabvel a repetio do indbito tributrio no caso de pagamento de contribuio para custeio de sade considerada inconstitucional em controle concentrado, independentemente de os contribuintes terem usufrudo do servio de sade prestado pelo Estado. A declarao de inconstitucionalidade de lei que instituiu contribuio previdenciria suficiente para justificar a repetio dos valores indevidamente recolhidos. Alm do mais, o fato de os contribuintes terem usufrudo do servio de sade prestado pelo Estado no retira a natureza indevida da exao cobrada. O nico pressuposto para a repetio do indbito a cobrana indevida de tributo, conforme dispe o art. 165 do CTN. O art. 165 do CTN traz regra clara: se o tributo pago era indevido, o contribuinte tem direito restituio sem qualquer empecilho ou outras consideraes.

    Processo Segunda Turma. AgRg no AREsp 242.466-MG, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 27/11/2012.

    DIREITO PREVIDENCIRIO

    Penso previdenciria de ex-combatente

    No possvel a cumulao de penso previdenciria de ex-combatente com a penso especial prevista no art. 53 da ADCT, se possurem o mesmo fato gerador.

    Comentrios A jurisprudncia do STJ assegura a possibilidade de cumulao dos benefcios previdencirios com a penso especial de ex-combatente, desde que no possuam o mesmo fato gerador. Caso a penso especial e o benefcio previdencirio tenham o mesmo fato gerador, qual seja, a condio de ex-combatente do de cujos, restar impossibilitada a cumulao, conforme preceitua o art. 53, II, do ADCT. Assim, por exemplo, a penso especial, prevista no art. 53 do ADCT, no pode ser cumulada com a penso de ex-combatente, j concedida filha de militar.

    Processo Primeira Turma. AgRg no REsp 1.314.687-PE, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 27/11/2012.

    Penso previdenciria de ex-combatente 2

    O absolutamente incapaz tem direito ao benefcio de penso por morte desde o bito do segurado, uma vez que no se sujeita aos prazos prescricionais.

    Comentrios As pessoas que tenham participado de operaes blicas durante a Segunda Guerra Mundial, assim como seus dependentes, possuem direito a uma penso especial prevista no

    art. 53, II e III, do ADCT da CF/88 e na Lei n. 8.059/90. A penso especial devida ao ex-combatente e, somente em caso de sua morte, ser revertida aos dependentes (art. 6 da Lei). No caso concreto, o autor, na condio de filho invlido de ex-combatente falecido em 05.11.2001, ajuizou ao ordinria para obter o reconhecimento do direito penso especial titulada pelo seu genitor. A Fazenda Pblica alegou a prescrio.

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    Ocorre que a penso de ex-combatente, nos termos do art. 53, II, do ADCT, pode ser requerida a qualquer tempo. Alm disso, o autor encontrava-se interditado em razo de sua incapacidade mental. Logo, sendo pessoa absolutamente incapaz, contra ele no corre a prescrio, nos termos do art. 198, I, do CC:

    Art. 198. Tambm no corre a prescrio: I - contra os incapazes de que trata o art. 3; Art. 3 So absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: II - os que, por enfermidade ou deficincia mental, no tiverem o necessrio discernimento para a prtica desses atos;

    Processo Sexta Turma. REsp 1.141.465-SC, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ-PE), julgado em 11/12/2012.

    EXERCCIOS DE FIXAO

    Julgue os itens a seguir: 1) O prazo prescricional aplicvel s aes de indenizao contra a Fazenda Pblica de 3 anos segundo

    entendimento pacificado do STJ. ( ) 2) (PGM/Macei 2012) O prazo prescricional referente pretenso de reparao civil contra a Fazenda

    Pblica quinquenal. ( ) 3) (Juiz Federal TRF1 2011) Segundo o STJ, as aes por responsabilidade civil do Estado no se submetem

    ao prazo prescricional de cinco anos. ( ) 4) possvel a alterao no registro de nascimento para dele constar o nome de solteira da genitora,

    excluindo o patronmico do ex-padrasto. ( ) 5) Doao inoficiosa a que invade a legtima dos herdeiros necessrios, sendo vedada pelo ordenamento

    jurdico. ( ) 6) O excesso na doao (invaso da legtima) apurado levando-se em conta o valor do patrimnio do

    doador ao tempo da doao, e no o patrimnio estimado no momento da abertura da sucesso do doador. ( )

    7) O ato praticado em estado de necessidade um ilcito civil. ( ) 8) O ato praticado em estado de necessidade, por no ser um ilcito civil, no gera o dever de indenizar a

    vtima mesmo quando esta no tiver sido responsvel pela criao da situao de perigo. ( ) 9) Se o cliente assaltado no interior da agncia, o banco tem o dever de indeniz-lo. ( ) 10) Se o cliente assaltado no estacionamento do banco, a instituio ter o dever de indeniz-lo. ( ) 11) Se o cliente assaltado na rua, aps sacar dinheiro na agncia, a instituio ter o dever de indeniz-lo.

    ( ) 12) Se a dvida paga, quem tem o dever de retirar o nome do devedor do cadastro negativo o credor. ( ) 13) Depois do ttulo ter sido protestado, caso o devedor efetue a quitao da dvida, a responsabilidade por

    promover o cancelamento do protesto do credor. ( ) 14) Ser cabvel agravo de instrumento para impugnar deciso monocrtica que nega seguimento a recurso

    especial com fundamento no art. 543-C, 7, I, do CPC. ( ) Questes discursivas 1) Discorra sobre a adoo brasileira e sua relao com a paternidade socioafetiva. 2) possvel o ajuizamento de nova ao de investigao de paternidade caso a primeira tenha sido julgada improcedente sem a realizao de exame de DNA?

    Gabarito

    1. E 2. C 3. E 4. C 5. C 6. C 7. E 8. E 9. C 10. C 11. E 12. C 13. E 14. E