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  • www.dizerodireito.com.br

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    INFORMATIVO esquematizado

    Informativo 497 STJ

    Mrcio Andr Lopes Cavalcante Obs: no foram includos neste informativo esquematizado os julgados de menor relevncia para concursos pblicos ou aqueles decididos com base em peculiaridades do caso concreto. Caso seja de seu interesse conferi-los, os acrdos excludos foram os seguintes: SEC 5.709-US; MS 14.690-DF; AR 4.374-MA; AREsp 23.916-SP; REsp 1.251.162-MG; REsp 1.114.889-DF; REsp 1.046.603-RJ; REsp 724.015-PE; REsp 658.938-RJ; HC 202.048-RN.

    DIREITO ADMINISTRATIVO

    Improbidade administrativa 1 (defesa prvia)

    A falta de notificao do acusado para apresentar defesa prvia na ao de improbidade administrativa (art. 17, 7, da Lei n. 8.429/1992) causa de NULIDADE RELATIVA do feito, devendo ser alegada em momento oportuno e devidamente comprovado o prejuzo parte.

    Comentrios A improbidade administrativa regida pela Lei n. 8.429/92.

    Propositura da ao A ao de improbidade deve ser proposta pelo Ministrio Pblico ou pela pessoa jurdica interessada (art. 17).

    Defesa prvia Estando a inicial em devida forma, o juiz mandar autu-la e ordenar a notificao do requerido, para oferecer manifestao por escrito, que poder ser instruda com documentos e justificaes, dentro do prazo de 15 dias ( 7 do art. 17). Essa manifestao por escrito chamada por alguns de defesa prvia. Juzo de delibao Recebida a manifestao por escrito (defesa prvia), o juiz, no prazo de 30 dias, em deciso fundamentada, faz um juzo preliminar (juzo de delibao) e poder adotar uma das seguintes providncias: a) Rejeitar a ao, se convencido da inexistncia do ato de improbidade, da improcedncia

    da ao ou da inadequao da via eleita. b) Receber a petio inicial, determinando a citao do ru para apresentar contestao. Pergunta: A falta de notificao do acusado para apresentar defesa prvia nas aes submetidas ao rito da Lei de Improbidade Administrativa (art. 17, 7, da Lei n. 8.429/1992) causa de nulidade absoluta ou relativa? R: Trata-se de NULIDADE RELATIVA. Desse modo, para que seja anulado o processo, o ru dever:

    alegar esse vcio em momento oportuno (na primeira oportunidade em que falar nos autos); e

    comprovar que sofreu prejuzo. Pg

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    Este o entendimento consolidado no STJ: A no observncia da notificao prvia, em cumprimento ao artigo 17, pargrafo 7, da Lei de Improbidade Administrativa, no gera nulidade dos atos processuais seguintes quando no demonstrado o efetivo prejuzo (REsp n 1.184.973/MG, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, in DJe 21/10/2010 e REsp n 1.174.721/SP, Relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, in DJe 29/6/2010). (AgRg no REsp 1127400/MG, Min. Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, julgado em 08/02/2011)

    Processo Primeira Turma. EDcl no REsp 1.194.009-SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgados em 17/5/2012.

    VIDE INFO 507

    Improbidade administrativa 2

    Comete ato de improbidade administrativa prefeita municipal que autoriza a compra de um caminho de carga, sem examinar a existncia de gravames que impossibilitam a sua

    transferncia para o municpio. Comentrios O STJ entendeu que comete ato de improbidade administrativa prefeita municipal que

    autoriza a compra de um caminho de carga, sem examinar a existncia de gravames que impossibilitam a sua transferncia para o municpio. No caso concreto, a prefeita autorizou a aquisio de um caminho de carga pela prefeitura, no valor de R$ 66.000,00, que, contudo, estava alienado fiduciariamente a uma empresa privada, e, ainda, penhorado pelo Banco do Brasil, impossibilitando o respectivo registro em nome do municpio. Considerou-se que a prefeita foi negligente ao autorizar o pagamento de um bem sem avaliar a existncia de gravames que impossibilitaram a transferncia da propriedade. Nesse contexto, tem-se que a prefeita municipal descumpriu com o dever de zelo com a coisa pblica, pois efetuou a despesa sem tomar a mnima cautela de aferir que o automvel estava alienado fiduciariamente, bem como penhorado instituio financeira. O dano ao errio est caracterizado pela impossibilidade de se transferir o bem para o patrimnio municipal.

    Processo Segunda Turma. REsp 1.151.884-SC, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 15/5/2012.

    DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR (obs: este julgado somente interessa a quem presta concursos que exigem bastante esta matria)

    Penso especial prevista no art. 53, II do ADCT

    No faz jus penso especial prevista no art. 53, II, do ADCT o militar que apenas tenha prestado servio em zona de guerra, sem comprovar a participao no conflito nos termos

    previstos no art. 1 da Lei n. 5.315/1967. Os integrantes da Fora Area Brasileira somente podero ser considerados ex-combatentes se tiverem participado efetivamente das operaes de guerra, situao comprovada pelo diploma

    da Medalha de Campanha da Itlia para o seu portador ou o diploma da Cruz de Aviao para os tripulantes de aeronaves engajados em misses de patrulha.

    Comentrios No faz jus penso especial prevista no art. 53, II, do ADCT o militar que apenas tenha prestado servio em zona de guerra, sem comprovar a participao no conflito nos termos previstos no art. 1 da Lei n. 5.315/1967.

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    No caso, a viva de militar da Aeronutica juntou documentao diversa da prevista na lei para comprovar a condio de ex-combatente do marido, qual seja, certido emitida pelo comandante da Base Area na qual o militar serviu. O referido documento no indicou qualquer participao do militar em operaes de guerra. Apesar disso, a Terceira Seo do STJ, em 2005, com base na certido, concedeu a penso de ex-combatente viva. Essa deciso transitou em julgado e a Unio props ao rescisria por violao literal de dispositivo de lei (art. 485, V, do CPC). No julgamento da ao rescisria, o Min. Relator registrou que o acrdo proferido anteriormente pela Terceira Seo realmente violou o disposto no art. 1 da Lei n. 5.315/1967, pois no poderia aceitar outros meios de prova seno aqueles elencados na legislao de regncia, que foi recepcionada pela CF. Assim, foi reiterado o posicionamento de que os integrantes da Fora Area Brasileira somente podero ser considerados ex-combatentes se tiverem participado efetivamente das operaes de guerra, situao comprovada pelo diploma da Medalha de Campanha da Itlia para o seu portador ou o diploma da Cruz de Aviao para os tripulantes de aeronaves engajados em misses de patrulha. Com esses argumentos, foi julgada procedente a ao rescisria por violao literal de dispositivo de lei (art. 485, V, do CPC). Precedentes citados: AgRg nos EAg 1.092.899-SC, DJe 1/8/2011, e AR 3.906-SC, DJe 8/2/2010.

    Processo Terceira Seo. AR 3.830-SC, Rel. Min. Vasco Della Giustina (Des. convocado do TJ-RS), julgada em 9/5/2012.

    DIREITO CIVIL

    Responsabilidade civil (ofensas em redes sociais)

    a) A relao da GOOGLE com seus usurios uma relao de consumo, mesmo sendo gratuita. b) A GOOGLE no responde objetivamente pelos danos morais causados por mensagens

    publicadas pelos usurios do ORKUT. c) Ao ser comunicada de que determinado texto ou imagem possui contedo ilcito, deve a

    GOOGLE retirar o material do ar imediatamente, sob pena de responder solidariamente com o autor direto do dano, em virtude da omisso praticada.

    d) Ao oferecer um servio por meio do qual se possibilita que os usurios externem livremente sua opinio, deve o provedor de contedo ter o cuidado de propiciar meios para que se possa identificar cada um desses usurios.

    Comentrios A ajuizou ao de indenizao por danos morais contra a GOOGLE, alegando ter sido alvo de ofensas em pgina na internet da rede social ORKUT, mantida pela GOOGLE. Vejamos as principais concluses do STJ sobre este assunto: 1) No caso do ORKUT, rede social virtual na qual foram veiculadas as informaes tidas por

    ofensivas, verifica-se que a GOOGLE atua como provedora de contedo, pois o site disponibiliza informaes, opinies e comentrios de seus usurios;

    2) Os servios prestados pela GOOGLE na internet, como o caso do ORKUT, mesmo sendo gratuitos, configuram relao de consumo. Assim, o ORKUT , para os fins do CDC, fornecedor de servios e o usurio considerado consumidor;

    3) Apesar disso, a responsabilidade do ORKUT/GOOGLE deve ficar restrita natureza da atividade por ele desenvolvida no site, que, como visto, corresponde a de um provedor de contedo, disponibilizando na rede as informaes inseridas por seus usurios;

    4) Nesse aspecto, o servio da GOOGLE deve garantir o sigilo, a segurana e a inviolabilidade dos dados cadastrais de seus usurios, bem como o funcionamento e a manuteno das pginas na internet que contenham as contas individuais e as comunidades desses usurios;

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    5) A fiscalizao prvia do contedo das informaes que so postadas por cada usurio no responsabilidade da GOOGLE, de modo que no se pode reputar defeituoso, nos termos do art. 14 do CDC, o site que no examina previamente e filtra o material nele inserido;

    6) Tambm no se pode falar que o ORKUT/GOOGLE tenha responsabilidade objetiva pelas mensagens que so publicadas em seu site. No se pode falar em risco da atividade como meio para a responsabilizao do provedor por danos causados pelo contedo de mensagens publicadas pelos usurios. Em outras palavras, no se aplica o art. 927, pargrafo nico, do CC GOOGLE quanto s mensagens postadas no ORKUT;

    7) No entanto, ao ser comunicada de que determinado texto ou imagem possui contedo ilcito, deve a GOOGLE agir de forma enrgica, retirando o material do ar imediatamente, sob pena de responder solidariamente com o autor direto do dano, em virtude da omisso praticada;

    8) Ao oferecer um servio por meio do qual se possibilita que os usurios externem livremente sua opinio, deve o provedor de contedo ter o cuidado de propiciar meios para que se possa identificar cada um desses usurios, coibindo o anonimato e atribuindo a cada manifestao uma autoria certa e determinada. Sob a tica da diligncia mdia que se espera do provedor, deve este adotar as providncias que, conforme as circunstncias especficas de cada caso, estiverem ao seu alcance para a individualizao dos usurios do site, sob pena de responsabilizao subjetiva por culpa in omittendo.

    9) Ainda que no exija os dados pessoais dos seus usurios, o provedor de contedo que registra o nmero de protocolo (IP) na internet dos computadores utilizados para o cadastramento de cada conta mantm um meio razoavelmente eficiente de rastreamento dos seus usurios, medida de segurana que corresponde diligncia mdia esperada dessa modalidade de provedor de servio de internet.

    Posio consolidada na 3 Turma

    Essas concluses acima expostas configuram o entendimento consolidado da Terceira Turma do STJ, tendo sido proferido recentemente outro precedente no mesmo sentido: REsp 1.306.066-MT, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 17/4/2012.

    Ponto interessante

    Um ponto interessante no julgado noticiado neste informativo foi o fato de as partes terem formulado pedido de desistncia do recurso, aps a incluso do processo em pauta (na vspera da sesso de julgamento). O art. 501 do CPC afirma que o recorrente poder, a qualquer tempo, sem a anuncia do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. A despeito dessa previso legal, a Turma indeferiu o pedido de desistncia afirmando que este dispositivo, que anterior existncia do STJ, no deveria ser interpretado literalmente, ignorando-se o contexto em que est inserido. O julgamento dos recursos submetidos ao STJ ultrapassa o interesse individual das partes nele envolvidas, alcanando toda a coletividade para a qual suas decises irradiam efeitos. A Min. Nancy Andrighi afirmou que o pedido de desistncia no deve servir de empecilho a que o STJ prossiga na apreciao do mrito recursal, consolidando orientao que possa vir a ser aplicada em outros processos versando sobre idntica questo de direito. Do contrrio, estar-se-ia chancelando uma prtica extremamente perigosa e perniciosa, conferindo parte o poder de determinar ou influenciar, arbitrariamente, a atividade jurisdicional que cumpre o dever constitucional do STJ, podendo ser caracterizado como verdadeiro atentado dignidade da Justia. Em sntese, deve prevalecer, como regra, o direito da parte desistncia, mas verificada a existncia de relevante interesse pblico, pode o Relator, mediante deciso fundamentada, promover o julgamento do recurso especial para possibilitar a apreciao da respectiva questo de direito, sem prejuzo de, ao final, conforme o caso, considerar prejudicada a sua aplicao hiptese especfica dos autos.

    Processo Terceira Turma. REsp 1.308.830-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/5/2012.

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    DPVAT

    O beneficirio do DPVAT pode acionar qualquer seguradora integrante do grupo para receber a complementao da indenizao securitria, ainda que o pagamento administrativo feito a

    menor tenha sido efetuado por seguradora diversa. A jurisprudncia do STJ sustenta que as seguradoras integrantes do consrcio do seguro DPVAT so solidariamente responsveis pelo pagamento das indenizaes securitrias,

    podendo o beneficirio reclamar de qualquer uma delas o que lhe devido. Comentrios DPVAT

    O DPVAT um seguro obrigatrio de danos pessoais causados por veculos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou no. Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um veculo automotor, ou por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a indenizao do DPVAT. Isso abrange os motoristas, os passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os seus respectivos herdeiros. Ex: dois carros batem e, em decorrncia da batida, acertam tambm um pedestre que passava no local. No carro 1, havia apenas o motorista. No carro 2, havia o motorista e mais um passageiro. Os dois motoristas morreram. O passageiro do carro 2 e o pedestre ficaram invlidos. Os herdeiros dos motoristas recebero indenizao de DPVAT no valor correspondente morte. O passageiro do carro 2 e o pedestre recebero indenizao de DPVAT por invalidez. Para receber indenizao no importa quem foi o culpado. Ainda que o carro 2 tenha sido o culpado, os herdeiros do motorista, o passageiro e o pedestre sobreviventes recebero a indenizao normalmente. O DPVAT no paga indenizao por prejuzos decorrentes de danos patrimoniais, somente danos pessoais. Quem custeia as indenizaes pagas pelo DPVAT? Os proprietrios de veculos automotores. Trata-se de um seguro obrigatrio. Assim, sempre que o proprietrio do veculo paga o IPVA, est pagando tambm, na mesma guia, um valor cobrado a ttulo de DPVAT. O STJ afirma que a natureza jurdica do DPVAT a de um contrato legal, de cunho social.

    O DPVAT regulamentado pela Lei n. 6.194/74. Qual o valor da indenizao de DPVAT: I no caso de morte: R$ 13.500,00 (por vtima) II no caso de invalidez permanente: at R$ 13.500 (por vtima) III no caso de despesas de assistncia mdica e suplementares: at R$ 2.700,00 como reembolso cada vtima. Como a pessoa faz para receber o DPVAT? Para receber o DPVAT, basta que a pessoa acidentada ou seu beneficirio entre em contato com as seguradoras credenciadas que formam o consrcio do DPVAT, apresentando em seguida a documentao necessria.

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    Desse modo, existem diversas empresas de seguro que so credenciadas para pagar o DPVAT. A pessoa poder procurar qualquer uma delas para receber o seguro. E se a seguradora no aceitar pagar ou quiser pagar um valor menor que o devido? A pessoa poder ajuizar uma ao de cobrana do DPVAT. Esta ao prescreve em 3 anos (Smula 405-STJ). O que decidiu o STJ neste informativo sobre o tema? O beneficirio do DPVAT pode acionar qualquer seguradora integrante do grupo para receber a complementao da indenizao securitria, ainda que o pagamento administrativo feito a menor tenha sido efetuado por seguradora diversa. Ex: Jos sofreu um acidente de trnsito, ficou com invalidez permanente e procurou extrajudicialmente a seguradora X, devidamente credenciada, para receber seu DPVAT. A seguradora X pagou a Jos a quantia de R$ 5 mil. Jos no concordou com o valor pago e ingressou com uma ao cobrando a complementao da indenizao at o teto (R$ 13.500,00). Esta ao deve ser ajuizada contra a seguradora X ou pode ser proposta contra a seguradora Y, tambm credenciada para pagamento de DPVAT? R: Pode ser ajuizada contra a seguradora Y. A jurisprudncia do STJ sustenta que as seguradoras integrantes do consrcio do seguro DPVAT so solidariamente responsveis pelo pagamento das indenizaes securitrias, podendo o beneficirio reclamar de qualquer uma delas o que lhe devido. Aplica-se, no caso, a regra do art. 275, caput e pargrafo nico, do CC:

    Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dvida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Pargrafo nico. No importar renncia da solidariedade a propositura de ao pelo credor contra um ou alguns dos devedores.

    Processo Quarta Turma. REsp 1.108.715-PR, Rel. Min. Luiz Felipe Salomo, julgado em 15/5/2012.

    Contrato de seguro

    Se a aplice do seguro previa a cobertura apenas para furto e roubo, a seguradora no ter que pagar indenizao caso ocorra uma apropriao indbita, considerando que tal risco no

    estava previsto no contrato de seguro, que um contrato restritivo. Comentrios A empresa X assinou um contrato de seguro com a seguradora Y.

    A aplice do seguro previa a cobertura para furtos e roubos de veculos da empresa X. Determinada funcionria da empresa X tinha a posse de um dos veculos da empresa por conta de seu cargo. Ocorre que essa funcionria desligou-se da empresa e resolveu no devolver o carro. A empresa tentou reaver o veculo por meio de uma ao de busca e apreenso, mas no teve xito. Por isso, acionou a seguradora pedindo a indenizao relativa ao valor do carro. A seguradora Y negou-se a pagar a indenizao afirmando que a aplice do seguro previa a cobertura para furtos e roubos e que, no caso relatado, o que houve foi uma apropriao indbita, risco no coberto pela aplice.

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    A questo chegou at o STJ. O que decidiu a Corte? A 4 Turma do STJ, por maioria, concordou com a tese da seguradora. Para o STJ, a hiptese em anlise no est coberta pelo seguro, por no se configurar em furto ou roubo. O risco envolvendo a no devoluo de um bem por empregado (como ocorrido na hiptese) distinto daquele relacionado ao furto e roubo. No da essncia do contrato de seguro que todo prejuzo seja assegurado, mas somente aqueles predeterminados na aplice, pois se trata de um contrato restritivo em que os riscos cobertos so levados em conta no momento da fixao do prmio (art. 757 do CC). A segurada s teria direito indenizao caso tivesse contratado um seguro especfico para tal hiptese de risco (o chamado seguro fidelidade, o qual cobre atos cometidos pelo empregado) mediante o pagamento de prmio em valor correspondente. Entendendo algumas nomenclaturas tpicas do contrato de seguro: Risco: a possibilidade de ocorrer o sinistro. Ex: risco de morte. O sinistro o risco concretizado. Ex: morte. Aplice (ou bilhete de seguro): A aplice um documento emitido pela seguradora no qual esto previstos os riscos assumidos, o incio e o fim de sua validade, o limite da garantia e o prmio devido e, quando for o caso, o nome do segurado e o do beneficirio. Prmio: Prmio a quantia paga pelo segurado para que o segurador assuma o risco. O prmio deve ser pago depois de recebida a aplice. O valor do prmio fixado a partir de clculos atuariais e o seu valor leva em considerao os riscos cobertos. Indenizao: o valor pago pela seguradora caso o risco se concretize (sinistro). Franquia: A franquia um valor fixo previsto no contrato de seguro e que corresponde quantia que dever ser paga pelo segurado para acionar o seguro no caso do sinistro. Assim, em caso de sinistro, esse valor previsto como franquia dever ser suportado pelo prprio segurado para que possa receber a indenizao. As despesas alm desse valor sero de responsabilidade da seguradora. A franquia muito comum no caso de seguro de veculos.

    Processo Quarta Turma. REsp 1.177.479-PR, Rel. originrio Min. Luis Felipe Salomo, Rel. para o acrdo Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 15/5/2012.

    Direito autoral (reproduo de rdio e TV em clnicas mdicas)

    O ECAD pode cobrar direito autoral de clnicas mdicas pela disponibilizao de aparelhos de rdio e televiso nas salas de espera.

    Para caracterizar o dever de pagar retribuio autoral irrelevante que se esteja auferindo lucro.

    Comentrios O STJ possui entendimento consolidado de que legtima a cobrana de direito autoral de clnicas mdicas pela disponibilizao de aparelhos de rdio e televiso nas salas de espera.

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    Segundo a legislao de regncia, a simples circunstncia de promover a exibio pblica da obra artstica em local de frequncia coletiva caracteriza o fato gerador da contribuio, sendo irrelevante o auferimento de lucro como critrio indicador do dever de pagar retribuio autoral.

    Nos termos do disposto nos arts. 28 e 29, VIII, da Lei n. 9.610/1998, a utilizao direta ou indireta de obra artstica por meio de radiodifuso sonora ou televisiva enseja direito patrimonial ao autor, titular exclusivo da propriedade artstica.

    Smula relacionada

    Smula 63 do STJ: So devidos direitos autorais pela retransmisso radiofnicas de msicas em estabelecimentos comerciais.

    Processo Quarta Turma. REsp 1.067.706-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 8/5/2012.

    DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL

    Registro de Ttulos e Documentos (notificaes e atribuio territorial)

    A notificao extrajudicial realizada e entregue no endereo do devedor, por via postal e com aviso de recebimento, vlida quando realizada por Cartrio de Ttulos e Documentos de

    outra Comarca, mesmo que no seja aquele do domiclio do devedor Comentrios A Lei n. 8.935/94 (Lei dos Notrios e Registradores) estabelece:

    Art. 9 O tabelio de notas no poder praticar atos de seu ofcio fora do Municpio para o qual recebeu delegao. Art. 12. Aos oficiais de registro de imveis, de ttulos e documentos e civis das pessoas jurdicas, civis das pessoas naturais e de interdies e tutelas compete a prtica dos atos relacionados na legislao pertinente aos registros pblicos, de que so incumbidos, independentemente de prvia distribuio, mas sujeitos os oficiais de registro de imveis e civis das pessoas naturais s normas que definirem as circunscries geogrficas. Princpio da territorialidade: Verifica-se o princpio da territorialidade quando a lei estabelecer limitaes quanto ao espao territorial para o exerccio da atividade do notrio ou registrador. Existe divergncia sobre o tema, mas a posio que prevalece a seguinte:

    Aplica-se integralmente o princpio da territorialidade aos registradores de imveis e aos registradores civis das pessoas naturais, como se observa pela parte final do art. 12;

    livre a escolha do tabelio de notas, qualquer que seja o domiclio das partes ou o lugar de situao dos bens objeto do ato ou negcio. No entanto, o tabelio de notas no poder praticar atos de seu ofcio fora do Municpio para o qual recebeu delegao. Assim, a escolha de tabelio de notas fora do domiclio ou sede das partes impe a elas o deslocamento at a circunscrio em que atue, permanecendo este adstrito rigorosamente aos limites territoriais da delegao. Trata-se de uma territorialidade funcional, no sentido de que o tabelio no pode lavrar atos fora de seu municpio.

    No se aplica o princpio da territorialidade aos Oficiais dos Registros de Ttulos e Documentos (RTD). Por isso, no h qualquer vedao de que o Oficial do RTD da comarca X expea uma notificao extrajudicial, mediante carta registrada, para uma pessoa domiciliada na comarca Y.

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    Ento, o que decidiu o STJ: A Segunda Seo do STJ, no regime dos recursos repetitivos, firmou entendimento de que vlida a notificao extrajudicial realizada por via postal, com aviso de recebimento, no endereo do devedor, ainda que o ttulo tenha sido apresentado em cartrio de ttulos e documentos situado em comarca diversa do domiclio daquele. No existe norma no mbito federal relativa ao limite territorial para a prtica de atos registrais, especialmente no tocante aos Ofcios de Ttulos e Documentos, razo pela qual possvel a realizao de notificaes. Assim, por exemplo, se o Banco X for at um RTD em So Paulo (capital), poder requerer a notificao extrajudicial de Antnio, que mora em Campinas. A notificao ser expedida por meio de carta registrada e, se recebida por qualquer pessoa na casa de Antnio, em Campinas, ser vlida.

    Posio pacfica do STJ

    J havia outros precedentes do STJ no mesmo sentido. Se quiser maiores informaes, consulte o Informativo Esquematizado 492. O destaque neste caso que o julgamento foi prolatado sob o regime de recurso repetitivo.

    Processo Segunda Seo. REsp 1.184.570-MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 9/5/2012.

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    Competncia 1 (Justia do Trabalho)

    A ao de indenizao ajuizada pelo trabalhador em face do ex-empregador com vista ao ressarcimento dos honorrios advocatcios contratuais despendidos em reclamatria

    trabalhista deve ser julgada pela Justia do Trabalho. Comentrios Imaginemos o seguinte exemplo hipottico:

    A trabalhava para a empresa X e foi demitida sem justa causa. A contratou um advogado e ajuizou uma reclamao trabalhista, na Justia do Trabalho, pleiteando o recebimento de suas verbas laborais. A reclamao foi julgada procedente e A recebeu as verbas trabalhistas que lhe eram devidas. Ocorre que, no processo do trabalho, no existe, como regra, a condenao da parte vencida em honorrios advocatcios. No se aplica ao processo do trabalho a regra do art. 20 do CPC. Logo, a empresa X no foi condenada a pagar honorrios ao advogado de A. Em outras palavras, para fazer valer o seu direito, A teve que gastar contratando um advogado e no foi ressarcida por isso. Inconformada com este fato, A ajuizou, na Justia Comum, uma ao de indenizao por danos materiais contra a empresa X cobrando da r o valor que ela havia gasto com a contratao do advogado para propor a reclamao trabalhista. Qual a fundamentao jurdica deste pedido de A? R: a parte final do art. 389 do Cdigo Civil: Art. 389. No cumprida a obrigao, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualizao monetria segundo ndices oficiais regularmente estabelecidos, e honorrios de advogado. Em contraposio ao argumento de A, a empresa X alega que, na Justia do Trabalho, vigora o princpio do ius postulandi, ou seja, o obreiro poder reclamar pessoalmente

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    perante a Justia, isto , sem advogado, e acompanhar a sua reclamao at o final. Logo, a contratao do advogado por parte de A era facultativa, no podendo X responder tambm por esse dbito. Isso tudo que expliquei acima apenas para que voc saiba que existe essa discusso jurdica, mas o que foi decidido pelo STJ vem agora: O STJ entendeu que a Justia Comum incompetente para julgar essa ao proposta por A. A ao de indenizao ajuizada pelo trabalhador em face do ex-empregador com vista ao ressarcimento dos honorrios advocatcios contratuais despendidos em reclamatria trabalhista deve ser julgada pela Justia do Trabalho. O reconhecimento da competncia da Justia comum para julgar essas causas geraria um enorme desajuste no sistema, porquanto, para cada ao tramitando na Justia do Trabalho, haveria mais uma a tramitar na Justia comum. Por outro lado, no mbito da Justia especializada, o pedido de indenizao pode ser feito na prpria reclamatria trabalhista, no onerando em nada aquele segmento do Judicirio.

    Processo Segunda Seo. REsp 1.087.153-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 9/5/2012.

    Competncia 2 (Justia Federal) (obs: este julgado somente interessa a quem se prepara para concursos federais,

    pois se trata de assunto muito especfico)

    A Unio dever figurar como litisconsorte necessria em ao na qual se discute com particulares se determinada rea remanescente das comunidades dos quilombos (art. 68 do ADCT), mesmo

    que na ao j exista a presena da Fundao Cultural Palmares (fundao federal) Comentrios Quilombolas

    O art. 68 do ADCT da CF/88 estabelece:

    Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os ttulos respectivos.

    O que so remanescentes das comunidades dos quilombos? Existe uma grande discusso antropolgica sobre isso, mas de maneira bem simples, os grupos que hoje so considerados remanescentes de comunidades de quilombos so agrupamentos humanos de afrodescendentes que se formaram durante o sistema escravocrata ou logo aps a sua extino e que se originaram no apenas por causa das fugas de escravos, mas tambm em decorrncia de heranas, doaes, recebimento de terras como pagamento de servios prestados etc. O Decreto 4.887/2003 assim os define:

    Art. 2 Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste Decreto, os grupos tnico-raciais, segundo critrios de autoatribuio, com trajetria histrica prpria, dotados de relaes territoriais especficas, com presuno de ancestralidade negra relacionada com a resistncia opresso histrica sofrida.

    Fundao Cultural Palmares (FCP)

    Por meio da Lei n. 7.668/88, a Unio foi autorizada a constituir a Fundao Cultural Palmares, uma fundao pblica federal, que possui, dentre outras atribuies, a de realizar a identificao dos remanescentes das comunidades dos quilombos, proceder ao reconhecimento, delimitao e demarcao das terras por eles ocupadas e conferir-lhes a correspondente titulao (art. 2, III).

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    Fundao federal competncia da Justia Federal (art. 109, I, da CF) Sendo a Fundao Cultural Palmares uma fundao federal (autarquia fundacional), se ela for interessada no processo na condio de autora, r, assistente ou oponente, a competncia para esta causa ser da Justia Federal:

    Art. 109. Aos juzes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a Unio, entidade autrquica ou empresa pblica federal forem interessadas na condio de autoras, rs, assistentes ou oponentes, exceto as de falncia, as de acidentes de trabalho e as sujeitas Justia Eleitoral e Justia do Trabalho;

    Caso julgado pelo STJ A ingressou com ao possessria contra B por conta de uma rea X. Est ao tramita na Justia estadual. Ocorre que dentro desta rea X, h terras ocupadas por remanescentes de comunidades de quilombo. Por essa razo, a Fundao Cultural Palmares requereu seu ingresso no feito, o que foi deferido pelo juzo singular, que declinou de sua competncia e remeteu os autos Justia Federal. A discusso residiu no seguinte: Alm da interveno da FCP, obrigatrio que a Unio tambm esteja presente neste processo em que se discute eventuais terras quilombolas? SIM. A Unio litisconsorte necessria nesta demanda. A Unio ostenta a qualidade de litisconsorte necessria em razo da defesa do seu poder normativo e da divergncia acerca da propriedade dos imveis ocupados pelos remanescentes das comunidades dos quilombos, ainda mais quando h indcios de que a rea em disputa, ou ao menos parte dela, seja de titularidade da Unio. Ressaltou-se que a FCP foi instituda para dar cumprimento ao art. 68 do ADCT. Entretanto, isso no retira da Unio a legitimidade para figurar na ao, porquanto a questo no envolve apenas a prtica de atos de natureza administrativa, mas engloba tambm discusses relativas defesa do poder normativo da Unio e a sua possvel titularidade, total ou parcial, em relao ao imvel que constitui o objeto da ao possessria que recai sobre rea ocupada pelos remanescentes das comunidades dos quilombos. Assim, reputou-se que a Unio tem interesse jurdico e deve participar da relao jurdica de direito material, independentemente da existncia da FCP, sendo, portanto, parte legtima para figurar na relao processual como litisconsorte necessria nos termos do art. 47, caput, do CPC.

    Processo Terceira Turma. REsp 1.116.553-MT, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 17/5/2012.

    Suspenso do processo

    O art. 265, I, do CPC determina que se suspende o processo pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes.

    O STJ decidiu que a inobservncia desse art. 265, I, do CPC, enseja apenas nulidade relativa, sendo vlidos os atos praticados, desde que no haja prejuzo aos interessados, sendo certo

    que tal norma visa preservar o interesse particular dos herdeiros do falecido. Comentrios obrigatria a suspenso do processo diante do bito do ru?

    SIM, conforme prev o art. 265, I, do CPC:

    Art. 265. Suspende-se o processo: I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;

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    Se esse art. 265, I no for observado, ou seja, se o processo prosseguiu mesmo tendo uma das partes morrido, haver nulidade? Esta nulidade ser absoluta ou relativa? A Quarta Turma do STJ entendeu que a inobservncia do art. 265, I, do CPC, que determina a suspenso do processo a partir da morte da parte, enseja apenas nulidade relativa, sendo vlidos os atos praticados, desde que no haja prejuzo aos interessados, visto que a norma visa preservar o interesse particular dos herdeiros do falecido. Somente deve ser declarada a nulidade que sacrifica os fins de justia do processo.

    Processo Quarta Turma. REsp 959.755-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 17/5/2012.

    Astreintes (destinatrio da multa)

    O CPC permite que o juiz fixe multa cominatria para compelir o ru ao cumprimento de obrigao de fazer (art. 461, 4). Essa multa conhecida como astreinte.

    Caso a obrigao no seja cumprida conforme a determinao do juiz,

    incidir a referida multa, que dever ser paga pelo ru.

    A 4 Turma do STJ decidiu que o destinatrio do valor dessa multa (astreinte) o AUTOR DA DEMANDA (e no o Estado).

    Comentrios Se o autor ajuza uma ao pretendendo que o ru seja obrigado a fazer ou no fazer alguma coisa, o juiz, atendidos os requisitos legais, poder conceder a tutela antecipada, na forma de tutela especfica, determinando que o ru adote o comportamento que objeto da ao. Vamos tomar um exemplo hipottico (no o que foi julgado pelo STJ): A, atriz, ingressa com ao de obrigao de fazer contra o site X, especializado em celebridades, tendo como pedido (objeto) que o referido site retire de suas pginas fotos ntimas da autora e cuja publicao ela no autorizou. O juiz analisa a petio inicial e entende que relevante o fundamento da demanda e que h justificado receio de ineficcia do provimento final, razo pela qual concede liminarmente a tutela antecipada determinando que o site retire, em 24 horas, as fotos de suas pginas. Essa deciso interlocutria est fundada no 3 do art. 461 do CPC:

    Art. 461. Na ao que tenha por objeto o cumprimento de obrigao de fazer ou no fazer, o juiz conceder a tutela especfica da obrigao ou, se procedente o pedido, determinar providncias que assegurem o resultado prtico equivalente ao do adimplemento. (...) 3 Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficcia do provimento final, lcito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificao prvia, citado o ru. A medida liminar poder ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em deciso fundamentada.

    O juiz, para que a sua deciso tenha fora e desperte no ru a nsia de cumpri-la, deve determinar alguma medida coercitiva. A mais conhecida delas a multa cominatria, prevista no 4 do art. 461 do CPC:

    4 O juiz poder, na hiptese do pargrafo anterior ou na sentena, impor multa diria ao ru, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatvel com a obrigao, fixando-lhe prazo razovel para o cumprimento do preceito.

    ATENO

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    Essa multa coercitiva tornou-se conhecida no Brasil pelo nome de astreinte em virtude de ser semelhante (mas no idntica) a um instituto processual previsto no direito francs e que l assim chamado.

    Astreintes:

    A finalidade dessa multa coercitiva, isto , pressionar o devedor a realizar a prestao.

    No tem finalidade ressarcitria, tanto que pode ser cumulada com as perdas e danos ( 2 do art. 461).

    Pode ser imposta, de ofcio ou a requerimento, pelo juiz, na fase de conhecimento ou de execuo.

    Apesar de ser comum ouvirmos a expresso multa diria como sinnimo de astreinte isso no correto uma vez que essa multa no precisa ser, necessariamente, diria, podendo ser em meses, anos ou, como mais comum, em horas.

    Desse modo, em nosso exemplo, o juiz concedeu liminarmente a tutela antecipada para que o site retirasse as fotos em at 24 horas, sob pena de multa de R$ 10 mil por cada dia de descumprimento.

    A direo do site recebeu a intimao, mas somente retirou as fotos trs dias depois. Logo, ter que pagar uma multa de R$ 30 mil pelo atraso no cumprimento da obrigao de fazer estabelecida pela deciso judicial.

    A questo polmica e que foi decidida pelo STJ a seguinte: Para quem revertido o valor da multa cominatria? 1 corrente: para o Estado. a posio de boa parte da doutrina. 2 corrente: para a prpria parte. Foi o entendimento do STJ (4 Turma)

    A Quarta Turma, por maioria, assentou o entendimento de que o autor da demanda o destinatrio da multa diria prevista no art. 461, 4, do CPC fixada para compelir o ru ao cumprimento de obrigao de fazer.

    Principais argumentos do Min. Marco Buzzi (Relator para o acrdo):

    Quando o legislador pretendeu atribuir ao Estado a titularidade de uma multa, ele o fez expressamente, como, por exemplo, no caso do art. 14, pargrafo nico, do CPC, em que se visa coibir o descumprimento e a inobservncia de ordens judiciais.

    Para que o Estado seja o beneficirio de qualquer pena ou multa contra um particular necessrio que isso esteja taxativamente previsto em lei, sob pena de afronta ao princpio da legalidade estrita.

    No caso da multa do art. 461, 4, o legislador no a atribuiu ao Estado. Logo, de se concluir que tal valor pertence parte.

    Vale ressaltar, ainda, que a astreinte possui natureza jurdica hbrida: a) tem funo processual, pois instrumento voltado a garantir a eficcia das decises judiciais; b) tem tambm carter preponderantemente material, pois serve para compensar o demandante pelo tempo em que ficou privado de fruir o bem da vida que lhe fora concedido seja previamente, por meio de tutela antecipada, seja definitivamente, em face da prolao da sentena.

    Como prova de que a astreinte no tem natureza apenas processual, vale ressaltar que, no caso de improcedncia do pedido, a multa cominatria no subsiste. Assim, o pagamento da multa vai depender, ao final, do reconhecimento do mrito da demanda.

    Processo Quarta Turma. REsp 949.509-RS, Rel. originrio Min. Luis Felipe Salomo, Rel. para o acrdo Min. Marco Buzzi, julgado em 8/5/2012.

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    Honorrios advocatcios

    O fato de o precatrio ter sido expedido em nome da parte no exclui a titularidade do advogado para o recebimento dos crditos oriundos dos honorrios de sucumbncia, nos

    termos do art. 23 do Estatuto da Advocacia. O crdito consubstanciado nos honorrios de sucumbncia pertence ao advogado, que detm o

    direito material de execut-lo ou, se assim o preferir, ced-lo a terceiro. Comentrios Honorrios advocatcios

    Os honorrios advocatcios dividem-se em: a) Contratuais (convencionados): ajustados entre a parte e o advogado por meio de um contrato. Ex: Jos quer ajuizar uma ao de despejo contra Joo. Procura ento um advogado e faz com ele um contrato para ajuizar e acompanhar a demanda. b) Sucumbenciais: so arbitrados pelo juiz e pagos, em regra, pela parte vencida na demanda ao advogado da parte vencedora, na forma do art. 20 do CPC. Ex: Jos foi a parte vencedora na ao de despejo e Joo a parte vencida. A sentena que julgou procedente a ao tambm condenou Joo a pagar honorrios ao advogado de Jos. O advogado da parte vencedora ter direito aos honorrios contratuais (que pode ser at que j tenha recebido integralmente, se assim foi combinado) e aos honorrios sucumbenciais, que sero pagos pela parte sucumbente (vencida). O advogado da parte vencida, por sua vez, ter direito apenas aos honorrios contratuais (ele no perde ou deixa de receber os honorrios contratuais pelo fato de seu cliente ter perdido a causa. Isso porque a obrigao do advogado, em regra, de meio e no de resultado. Existe polmica sobre a possibilidade de o contrato prever uma obrigao de resultado, mas isso excepcional e no interessa no momento). Tanto os honorrios contratuais como os sucumbenciais pertencem ao advogado e so considerados verba alimentar. Desse modo, correto dizer que os honorrios de sucumbncia constituem direito autnomo do advogado. Isso significa que o valor previsto na sentena como sendo de honorrios advocatcios pertence somente ao advogado e no tem qualquer relao com a parte vencedora. Como os honorrios sucumbenciais constituem-se em direito autnomo do advogado, caso a parte vencida no pague, espontaneamente, esta quantia ao advogado, este poder executar o valor:

    nos prprios autos onde tramita a ao de seu cliente;

    ou ento em uma outra ao executiva ajuizada apenas para este fim. Se a Fazenda Pblica for condenada, ela tambm ter que pagar honorrios sucumbenciais? SIM. Neste caso, os honorrios sero fixados segundo apreciao equitativa do juiz:

    CPC/Art. 20 (...) 4 Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimvel, naquelas em que no houver condenao ou for vencida a Fazenda Pblica, e nas execues, embargadas ou no, os honorrios sero fixados consoante apreciao equitativa do juiz, atendidas as normas das alneas a, b e c do pargrafo anterior.

    ATENO PGE

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    Regime de precatrios Se a Fazenda Pblica Federal, Estadual, Distrital ou Municipal for condenada, por sentena judicial transitada em julgado, a pagar determinada quantia a algum, este pagamento ser feito sob um regime especial chamado de precatrio (art. 100 da CF/88). Precatrio dever prever o valor a ser pago parte (crdito principal objeto da condenao) e a quantia a ser paga ao advogado da parte (honorrios advocatcios) No precatrio dever estar discriminado, de forma separada:

    o valor a ser pago pela Fazenda Pblica para a parte vencedora, constando o nome da parte como beneficiria;

    o valor a ser pago pela Fazenda Pblica para o advogado da parte vencedora, a ttulo de honorrios sucumbenciais, constando o nome do advogado como beneficirio.

    A possibilidade do precatrio ser expedido em nome do advogado, quanto verba

    honorria, est prevista, inclusive, na Lei n. 8.906/94 (Estatuto da OAB): Art. 23. Os honorrios includos na condenao, por arbitramento ou sucumbncia, pertencem ao advogado, tendo este direito autnomo para executar a sentena nesta parte, podendo requerer que o precatrio, quando necessrio, seja expedido em seu favor. E se o precatrio tiver sido expedido apenas em nome da parte vencedora, sem mencionar o nome do advogado? Isso far com que o advogado tenha algum prejuzo? NO. No julgado noticiado no Informativo, a Corte Especial do STJ decidiu que o fato de o precatrio ter sido expedido em nome da parte no repercute na disponibilidade do crdito referente mencionada verba advocatcia, tendo o advogado o direito de execut-lo ou ced-lo a terceiro. No caso julgado pelo STJ, o precatrio foi expedido em nome apenas da parte, mas constava expressamente o valor que seria devido parte e o valor que seria relativo aos honorrios sucumbenciais. Com base nisso, o advogado fez uma cesso desse crdito (cedeu seu direito aos honorrios) a um terceiro. Discutiu-se ento se ele podia fazer isso, tendo o STJ decidido que sim. Leia agora a notcia do julgamento e veja se entendeu: A Corte Especial, por maioria, assentou que, considerando que os honorrios de sucumbncia constituem direito autnomo do advogado (Lei n. 8.906/1994) e podem ser executados em nome prprio ou nos mesmos autos da ao em que tenha atuado o causdico, o fato de o precatrio ter sido expedido em nome da parte no repercute na disponibilidade do crdito referente mencionada verba advocatcia, tendo o advogado o direito de execut-lo ou ced-lo a terceiro. Sendo assim, comprovada a validade do ato de cesso dos honorrios advocatcios sucumbenciais realizado por escritura pblica, bem como discriminado no precatrio o valor devido a ttulo da respectiva verba advocatcia, deve-se reconhecer a legitimidade do cessionrio (pessoa que recebeu a cesso) para se habilitar no crdito consignado no precatrio.

    Outro precedente no mesmo sentido

    1. O fato de o precatrio ter sido expedido em nome da parte no exclui a titularidade do advogado para o recebimento dos crditos oriundos dos honorrios de sucumbncia, nos termos do art. 23 do Estatuto da Advocacia. 2. O crdito consubstanciado nos honorrios de sucumbncia pertence ao advogado, que detm o direito material de execut-lo ou, se assim o preferir, ced-lo a terceiro. 3. O cessionrio, no processo de execuo, no necessita da prvia anuncia do devedor para assumir a legitimao superveniente, podendo, inclusive, promover a execuo, ou nela prosseguir, quando o direito resultante do ttulo executivo lhe foi transferido por ato entre vivos. (...) (REsp 1220914/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 22/02/2011, DJe 16/03/2011)

    Processo Corte Especial. REsp 1.102.473-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 16/5/2012.

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    Mandado de segurana

    pacfico que, na ao de mandado de segurana, no se admite condenao em honorrios advocatcios.

    No entanto, apesar disso, so devidos honorrios advocatcios nos embargos execuo

    opostos pela Fazenda Pblica execuo de deciso em mandado de segurana.

    Justificativas: 1) quando a Lei fala que no cabem honorrios no caso de condenao em MS, ela no menciona os embargos execuo, devendo a interpretao ser restritiva. 2) Os embargos execuo so ao autnoma que demanda novo trabalho do patrono. Comentrios Imagine a seguinte situao hipottica:

    Antnio, servidor pblico estadual, impetrou mandado de segurana pleiteando que a gratificao X fosse incorporada aos seus vencimentos pagos mensalmente. Poder ser concedida medida liminar?

    NO, considerando que existe expressa vedao na Lei n. 12.016/2009 (art. 7, 2):

    Art. 7 (...) 2 No ser concedida medida liminar que tenha por objeto a compensao de crditos tributrios, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificao ou equiparao de servidores pblicos e a concesso de aumento ou a extenso de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

    Na sentena, o juiz julgou procedente o MS acolhendo o pleito do servidor e condenando o Estado a incorporar mensalmente a gratificao X aos vencimentos de Joo e condenando ainda a Fazenda ao pagamento das parcelas retroativas da gratificao desde o

    ajuizamento da Inicial, nos termos do art. 14, 4, da Lei n. 12.016/2009:

    Art. 14 (...) 4 O pagamento de vencimentos e vantagens pecunirias assegurados em sentena concessiva de mandado de segurana a servidor pblico da administrao direta ou autrquica federal, estadual e municipal somente ser efetuado relativamente s prestaes que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.

    O Estado ser condenado tambm ao pagamento de honorrios advocatcios? NO. No h condenao de honorrios advocatcios no MS. o que est previsto expressamente na Lei do MS e em duas smulas anteriores Lei.

    Lei n. 12.016/2009 Art. 25. No cabem, no processo de mandado de segurana, (...) a condenao ao pagamento dos honorrios advocatcios, sem prejuzo da aplicao de sanes no caso de litigncia de m-f. Smula 512-STF: No cabe condenao em honorrios de advogado na ao de mandado de segurana. Smula 105-STJ: Na ao de mandado de segurana no se admite condenao em honorrios advocatcios.

    Essa sentena poder ser executada provisoriamente ou dever aguardar o trnsito em julgado? Dever aguardar o trnsito em julgado, no podendo ser executada provisoriamente,

    conforme prev o 3 do art. 14 da Lei n. 12.016/2009:

    Art. 14 (...) 3 A sentena que conceder o mandado de segurana pode ser executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concesso da medida liminar.

    ATENO PGE

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    Imaginemos que o TJ manteve a sentena do juiz e o Estado no recorreu, ocorrendo o trnsito em julgado. Assim, somente a partir desse trnsito em julgado que a vantagem X dever ser includa na folha de pagamento de Antnio. E as parcelas atrasadas da gratificao X podero ser exigidas por Antnio de que modo?

    Parcelas que venceram aps o ajuizamento do MS e at o trnsito em julgado

    Podem ser cobradas nos autos do prprio MS, mediante execuo contra a Fazenda Pblica, seguindo-se a sistemtica do precatrio (arts. 730 e 731, CPC) ou do RPV.

    Parcelas que venceram antes do ajuizamento do MS

    No podem ser cobrados nos autos do MS. Antnio ter que ajuizar uma ao de cobrana (vide Smula 271 STF).

    Voltando ao nosso exemplo hipottico, o juiz julgou procedente o MS de Antnio e o TJ manteve a sentena. A Fazenda Pblica no recorreu e transitou em julgado. Com o trnsito em julgado, o Estado comeou a pagar mensalmente a gratificao X. Ocorre que o Estado no pagou os valores atrasados, ou seja, as parcelas que venceram aps o ajuizamento do MS e at o trnsito em julgado. O que Antnio dever fazer?

    Dever executar a Fazenda Pblica, nos autos do prprio MS, mediante o procedimento previsto nos arts. 730 e 731 do CPC. Dessa feita, a Fazenda ser citada para, se quiser, opor embargos em 30 dias (o art. 1 B da Lei 9.494/97 ampliou o prazo previsto no art. 730, caput, do CPC). Se os embargos no forem apresentados ou ento forem rejeitados, o juiz requisitar o pagamento do precatrio por intermdio do presidente do tribunal competente. Finalmente chegamos pergunta do Informativo: Antnio executa a Fazenda, nos autos do MS, para cobrar as parcelas posteriores ao ajuizamento do writ e anteriores ao trnsito em julgado, e a Fazenda ope embargos execuo. Os embargos so julgados improcedentes. A Fazenda ter que pagar honorrios advocatcios? SIM. So devidos honorrios advocatcios nos embargos execuo opostos execuo de deciso em mandado de segurana. Segundo o STJ, sabido que no so devidos honorrios sucumbenciais em mandado de segurana (Sm. n. 105/STJ e art. 25 da Lei n. 12.016/2009). No entanto, esta regra que isenta do pagamento de honorrios, como se trata de privilgio dado Fazenda Pblica, deve ser interpretada restritivamente. Assim, sendo os embargos execuo ao autnoma que demanda novo trabalho do patrono, so cabveis os honorrios advocatcios sucumbenciais.

    Processo Primeira Seo. AR 4.365-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgada em 9/5/2012.

    Ao Civil Pblica 1 (legitimidade)

    O Ministrio Pblico tem legitimidade para propor ao civil pblica que trate da proteo de quaisquer direitos transindividuais, tais como definidos no art. 81 do CDC.

    Comentrios No Estado do Rio de Janeiro, o Ministrio Pblico ajuizou ao civil pblica contra a Federao das Empresas de Transporte de Passageiros questionando o fato da operadora do sistema de vale-transporte ter deixado de informar aos consumidores, na roleta do nibus, o saldo do vale-transporte eletrnico, passando a exibir apenas um grfico quando o usurio passava pela roleta.

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    O caso chegou at o STJ. O que decidiu a Corte? 1 questo decidida: legitimidade do MP para a tutela desse direito A Turma, por maioria, reiterou que o Ministrio Pblico tem legitimidade para propor ao civil pblica que trate da proteo de quaisquer direitos transindividuais, tais como definidos no art. 81 do CDC. Isso decorre da interpretao do art. 129, III, da CF em conjunto com o art. 21 da Lei n. 7.347/1985 e arts. 81 e 90 do CDC e protege todos os interesses transindividuais, sejam eles decorrentes de relaes consumeristas ou no. Ressaltou a Min. Relatora que no se pode relegar a tutela de todos os direitos a instrumentos processuais individuais, sob pena de excluir do Estado e da democracia aqueles cidados que mais merecem sua proteo. 2 questo decidida: quanto ao mrito da demanda A Turma entendeu que o MP possua razo em questionar a mudana. A conduta de no informar na roleta do nibus o saldo do vale-transporte eletrnico viola o direito plena informao do consumidor (art. 6, III, do CDC). No caso, a operadora do sistema de vale-transporte deixou de informar o saldo do carto para mostrar apenas um grfico quando o usurio passava pela roleta. O saldo somente era exibido quando inferior a R$ 20,00. Caso o valor remanescente fosse superior, o portador deveria realizar a consulta na internet ou em validadores localizados em lojas e supermercados. Nessa situao, a Min. Relatora entendeu que a operadora do sistema de vale-transporte deve possibilitar ao usurio a consulta ao crdito remanescente durante o transporte, sendo insuficiente a disponibilizao do servio apenas na internet ou em poucos guichs espalhados pela regio metropolitana. A informao incompleta, representada por grficos disponibilizados no momento de uso do carto, no supre o dever de prestar plena informao ao consumidor.

    Cuidado Este tema bastante polmico, no sendo posio pacfica no STJ. importante conhecer o precedente, mas sem esquecer que no se trata de entendimento consolidado.

    Processo Terceira Turma. REsp 1.099.634-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 8/5/2012.

    Ao Civil Pblica 2 (Termo de Ajustamento de Conduta)

    A pessoa interessada no tem o direito de exigir que o Ministrio Pblico aceite firmar um termo de ajustamento de conduta com ela.

    Do mesmo modo que o MP no pode obrigar qualquer pessoa fsica ou jurdica a assinar TAC, o Parquet tambm no obrigado a aceitar a proposta de ajustamento formulada pelo particular.

    Comentrios Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)

    A Lei de Ao Civil Pblica (Lei n. 7.347/85) prev, em seu art. 5, 6, que os rgos pblicos legitimados para propor a ACP podero celebrar, com os interessados (eventuais violadores de direitos difusos, coletivos ou individuais homogneos), compromisso de ajustamento de sua conduta s exigncias legais. Trata-se de uma espcie de acordo, com finalidade conciliatria, celebrado para evitar ou fazer cessar violaes a direitos difusos, coletivos ou individuais homogneos. Repare que o TAC no exclusividade do Ministrio Pblico. A Lei afirma que podem celebrar TAC todos os rgos pblicos legitimados para a ACP (exs: a Unio, os Estados, os Municpios, a Defensoria Pblica). O que privativo do MP a instaurao de inqurito civil.

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    A pessoa interessada tem o direito de exigir que seja firmado um TAC? (ex: determinada empresa est poluindo o meio ambiente e o MP instaura um inqurito civil para apurar o fato; a empresa pode obrigar o MP a celebrar com ela um TAC ao invs de ajuizar a ao civil pblica?) NO. Do mesmo modo que o MP no pode obrigar qualquer pessoa fsica ou jurdica a assinar termo de cessao de conduta, o Parquet tambm no obrigado a aceitar a proposta de ajustamento formulada pelo particular. O compromisso de ajustamento de conduta um acordo semelhante ao instituto da conciliao e, como tal, depende da convergncia de vontades entre as partes. A Lei prev que os legitimados para a propositura da ao civil pblica "podero tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta s exigncias legais".

    Precedente em sentido semelhante

    (...) O ordenamento jurdico brasileiro no confere ao Termo de Ajustamento de Conduta carter obrigatrio, a ponto de exigir que o Ministrio Pblico o proponha antes do ajuizamento da ao civil pblica, em que pese a notria efetividade de tal instrumento. (...) (REsp 895443/RJ, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20/11/2008)

    Processo Quarta Turma. REsp 596.764-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 17/5/2012.

    Cumprimento de sentena (parcelamento)

    Na execuo de pagar quantia certa (ttulo extrajudicial), o art. 745-A do CPC prev expressamente a possibilidade do devedor parcelar em at seis vezes o valor cobrado na execuo, desde que depositado 30% do valor e preenchidos os demais requisitos legais.

    Apesar de no haver previso legal expressa, o STJ admite essa possibilidade de

    parcelamento tambm ao devedor no caso de cumprimento de sentena. Comentrios Execuo ...

    - o conjunto de meios - colocados disposio do juzo - pela lei - para que a pretenso do credor - seja satisfeita pelo devedor. Atualmente, a execuo no processo civil obedece, como regra, seguinte sistemtica:

    Ttulo executivo Forma executiva

    Ttulo executivo judicial Cumprimento de sentena (arts. 475-I e 475-J, CPC)

    Ttulo executivo extrajudicial Processo de execuo (arts. 612 e ss do CPC)

    Obs: h, no entanto, ttulos executivos judiciais que ainda so executados por processo autnomo. Exs: sentena condenatria contra a Fazenda Pblica, sentena penal condenatria transitada em julgado, sentena arbitral, sentena homologatria de sentena estrangeira. Vejamos o seguinte exemplo hipottico de execuo de pagar quantia certa (execuo de ttulo extrajudicial): Maria decide cobrar judicialmente um cheque (art. 585, I, CPC) emitido por Joo. Maria contrata um advogado e este apresenta em juzo a petio inicial de uma execuo de pagar quantia certa.

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    Joo citado e, segundo o CPC, poder adotar uma das seguintes condutas: a) Permanecer inerte, quando ento poder ser realizada a penhora de seus bens. b) Pagar integralmente o dbito. c) Opor embargos execuo no prazo de 15 dias; d) Requerer o parcelamento do dbito, no prazo de 15 dias, conforme o art. 745-A. Vamos estudar esta ltima hiptese (parcelamento do dbito):

    Art. 745-A. No prazo para embargos, reconhecendo o crdito do exequente e comprovando o depsito de 30% (trinta por cento) do valor em execuo, inclusive custas e honorrios de advogado, poder o executado requerer seja admitido a pagar o restante em at 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correo monetria e juros de 1% (um por cento) ao ms. (Includo pela Lei n 11.382/2006).

    Desse modo, para requerer o parcelamento, o executado dever preencher os seguintes requisitos: a) Requerer no prazo de at 15 dias a contar da citao; b) Reconhecer a dvida; c) Depositar 30% do valor em execuo, incluindo custas e honorrios; Nesse caso, o executado poder requerer que pague o restante do dbito em at 6 prestaes mensais, corrigidas monetariamente, com juros de 1% ao ms. Sendo a proposta deferida pelo juiz: o exequente levantar a quantia depositada e sero suspensos os atos executivos. Sendo a proposta indeferida pelo juiz: seguir-se-o os atos executivos, mantido o depsito. Se o juiz aceitar o parcelamento e o devedor no pagar alguma das parcelas: Haver o prosseguimento do processo, com o imediato incio dos atos executivos; Ser imposta ao devedor uma multa de 10% sobre o valor das prestaes no pagas; Haver o vencimento antecipado das demais parcelas ainda no pagas; O devedor no poder mais embargar para discutir a dvida porque j h

    reconhecimento do dbito. A pergunta mais importante e que foi respondida pelo STJ a seguinte: Esse parcelamento previsto no CPC apenas para o processo de execuo de ttulos extrajudiciais. Poder ser aplicado esse direito de parcelamento tambm ao cumprimento de sentena? SIM. Na fase de cumprimento de sentena, aplica-se a mesma regra que rege a execuo de ttulo extrajudicial quanto ao parcelamento da dvida. Qual o fundamento para isso? que o art. 475-R do CPC prev expressamente a aplicao subsidiria das normas que regem o processo de execuo de ttulo extrajudicial naquilo que no contrariar o regramento do cumprimento de sentena, no havendo bice relativo natureza do ttulo judicial que impossibilite a aplicao da referida norma, nem impeditivo legal.

    Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentena, no que couber, as normas que regem o processo de execuo de ttulo extrajudicial.

    O parcelamento da dvida um direito potestativo do devedor? A 4 Turma do STJ decidiu que no.

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    Assim, mesmo que o devedor (executado) cumpra os requisitos acima explicados, o credor (exequente) poder impugnar o pedido de parcelamento, desde que o faa de forma fundamentada e apresente um motivo justo. Se o juiz considerar que o motivo alegado pelo exequente para impugnar o parcelamento no justo, considerar abusiva a atitude do credor e deferir o parcelamento. Se o juiz deferir o parcelamento, o devedor no ter que pagar a multa prevista no 4 do art. 475-J, do CPC uma vez que o depsito dos 30% do valor devido tem o condo de demonstrar o cumprimento espontneo da obrigao.

    4 Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de dez por cento incidir sobre o restante.

    Processo Quarta Turma. REsp 1.264.272-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 15/5/2012.

    DIREITO PENAL

    Crime de descaminho

    O descaminho tambm um crime tributrio material? Para o ajuizamento da ao penal pelo crime de descaminho necessria a constituio definitiva do crdito tributrio?

    Aplica-se a Smula Vinculante 24 ao descaminho?

    1 corrente: SIM (STJ) 2 corrente: NO (2 Turma do STF)

    Comentrios A jurisprudncia pacfica entende que, para a caracterizao de crime tributrio (ou para que seja ajuizada ao penal por crime tributrio), indispensvel a constituio definitiva do crdito tributrio. H, inclusive, smula vinculante nesse sentido.

    Smula Vinculante 24: No se tipifica crime material contra a ordem tributria, previsto no art. 1, incisos I a IV, da Lei n 8.137/90, antes do lanamento definitivo do tributo.

    Assim, no caso de crimes tributrios, enquanto o crdito tributrio estiver sendo impugnado administrativamente, diz-se que ainda no houve constituio definitiva do crdito tributrio, de modo que no permitido o ajuizamento de ao penal at mesmo porque no se sabe se esse crdito vai ser mantido ou no pelo Fisco. Pode acontecer de o rgo recursal do Fisco entender que as razes invocadas pelo contribuinte so pertinentes e que no h crdito tributrio. Logo, seria temerrio ajuizar ao penal por conta de um crdito que ainda no est definitivamente constitudo na esfera administrativa. O crime de descaminho est previsto na segunda parte do art. 334 do Cdigo Penal (a primeira parte do artigo traz o delito de contrabando):

    Contrabando ou descaminho Art. 334. Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela sada ou pelo consumo de mercadoria: Pena - recluso, de um a quatro anos.

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    O delito de descaminho est classificado, topograficamente, no Cdigo Penal, como crime praticado por particular contra a administrao em geral. A questo relevante a seguinte: O descaminho tambm um crime tributrio? Para o ajuizamento da ao penal pelo crime de descaminho necessria a constituio definitiva do crdito tributrio? Aplica-se a Smula Vinculante 24 ao descaminho?

    SIM Posio do STJ

    NO Posio da 2 Turma do STF

    Tal como nos crimes contra a ordem tributria, o incio da persecuo penal no delito de descaminho pressupe o esgotamento da via administrativa, com a constituio definitiva do crdito tributrio. (HC 201.164/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 08/11/2011) (...) A Sexta Turma desta Corte firmou o entendimento de que o tratamento conferido aos delitos previstos no art. 1 da Lei n 8.137/1990 deve tambm ser aplicado ao descaminho, por se tratarem todos, em ltima anlise, de crimes contra a ordem tributria. 2 - Se na data do oferecimento da denncia no havia se encerrado o processo administrativo fiscal falta condio objetiva de punibilidade exigida pelo tipo penal, devendo ser trancada a ao penal que apura o descaminho, sem prejuzo de que nova denncia seja oferecida aps o trnsito em julgado na esfera administrativa e a respectiva constituio definitiva do crdito tributrio. (HC 137.628/RJ, Rel. Min. Haroldo Rodrigues (Des. Conv. do TJ/CE), Sexta Turma, julgado em 26/10/2010)

    (...) a consumao do delito de descaminho e a posterior abertura de processo-crime no esto a depender da constituio administrativa do dbito fiscal. Primeiro, porque o delito de descaminho rigorosamente formal, de modo a prescindir da ocorrncia do resultado naturalstico. Segundo, porque a conduta materializadora desse crime iludir o Estado quanto ao pagamento do imposto devido pela entrada, pela sada ou pelo consumo de mercadoria. E iludir no significa outra coisa seno fraudar, burlar, escamotear. Condutas, essas, minuciosamente narradas na inicial acusatria. (HC 99740, Rel. Min. Ayres Britto, Segunda Turma, julgado em 23/11/2010)

    Processo Quinta Turma. RHC 31.368-PR, Rel. Min. Marco Aurlio Bellizze, julgado em 8/5/2012.

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    EXERCCIOS DE FIXAO

    Julgue os itens a seguir: 1) O fato de o precatrio ter sido expedido em nome da parte no exclui a titularidade do advogado para

    o recebimento dos crditos oriundos dos honorrios de sucumbncia. ( ) 2) O crdito consubstanciado nos honorrios de sucumbncia pertence ao advogado, que detm o direito

    material de execut-lo ou, se assim o preferir, ced-lo a terceiro. ( ) 3) invlida a notificao extrajudicial exigida para a comprovao da mora do devedor/fiduciante nos

    contratos de financiamento com garantia de alienao fiduciria realizada por via postal, no endereo do devedor, caso o ttulo tenha sido apresentado em cartrio de ttulos e documentos situado em comarca diversa daquela do domiclio do devedor. ( )

    4) pacfico que, na ao de mandado de segurana no se admite condenao em honorrios advocatcios. ( )

    5) Conforme entendimento sumulado do STJ e do STF, na ao de mandado de segurana no se admite condenao em honorrios advocatcios. Logo, so indevidos honorrios advocatcios nos embargos execuo opostos pela Fazenda Pblica execuo de deciso em mandado de segurana. ( )

    6) A ao de indenizao ajuizada pelo trabalhador em face do ex-empregador com vista ao ressarcimento dos honorrios advocatcios contratuais despendidos em reclamatria trabalhista deve ser julgada pela Justia do Trabalho. ( )

    7) A ausncia da notificao prvia tratada no art. 17, 7, da Lei 8.429/1992 somente acarreta nulidade processual se houver comprovao de efetivo prejuzo, de acordo com a parmia pas de nullit sans grief. ( )

    8) Apesar de ser tema polmico na doutrina e mesmo no havendo previso legal expressa, o STJ admite o parcelamento do dbito previsto no art. 745-A do CPC tambm ao devedor no caso de cumprimento de sentena. ( )

    9) O parcelamento da dvida de que trata o art. 745-A do CPC um direito potestativo do devedor. ( ) 10) Do mesmo modo que o MP no pode obrigar qualquer pessoa fsica ou jurdica a assinar TAC, o Parquet

    tambm no obrigado a aceitar a proposta de ajustamento formulada pelo particular. ( ) 11) O ordenamento jurdico brasileiro confere ao TAC o carter de propositura obrigatria considerando

    que possui notria efetividade. ( ) 12) A inobservncia do art. 265, I, do CPC, que determina a suspenso do processo a partir da morte da

    parte, enseja apenas nulidade relativa, sendo vlidos os atos praticados, desde que no haja prejuzo aos interessados. ( )

    13) pacfico na jurisprudncia que, para o ajuizamento de ao penal pelo crime de descaminho, indispensvel a constituio definitiva do crdito tributrio. ( )

    Gabarito

    1. C 2. C 3. E 4. C 5. E 6. C 7. C 8. C 9. E 10. C

    11. E 12. C 13. E