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  • 7/22/2019 Info 492 STJ

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    www.dizerodireito.com.br

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    INFORM TIVO esquem tiz oInformativo 492 STJ

    Mrcio Andr Lopes Cavalcante

    Obs: no foram includos neste informativo esquematizado os julgados de menor relevncia para concursos pblicosou aqueles decididos com base em peculiaridades do caso concreto. Caso seja de seu interesse conferi-los, os acrdosexcludos foram os seguintes: AR 3.688-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgada em 29/2/2012; RMS 34.556-RS, Rel.Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 1/3/2012; REsp 1.166.340-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em1/3/2012; REsp 1.018.392-SE, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 6/3/2012; HC 155.840-MG, Rel. Min. MariaThereza de Assis Moura, julgado em 1/3/2012.

    DIREITO ADMINISTRATIVO

    Processo administrativo

    Em processo administrativo disciplinar no considerada comunicao vlida a remessa detelegrama para o servidor pblico recebido por terceiro.

    Comentrios X servidor pblico federal e respondeu a processo administrativo disciplinar tendo sidoabsolvido. Por uma deciso administrativa posterior, o processo administrativo disciplinarfoi desarquivado, tendo sido anulado o ato de sua absolvio, iniciando-se novo processoadministrativo.Para comunicar o servidor X da deciso administrativa de desarquivamento do processo,a Administrao expediu um telegrama, que, no entanto, no foi recebido pelo servidor X,mas sim por um terceiro.O servidor X no apresentou qualquer defesa ou impugnao contra esta deciso dedesarquivamento, tendo sido demitido.

    Esta comunicao foi vlida?NO. O STJ entendeu que Unio no conseguiu atestar, por meio de prova manifesta, aefetiva cincia do servidor, por meio de notificao pessoal, do desarquivamento doprocesso administrativo disciplinar e do ato de anulao de sua absolvio.A entrega de telegrama a terceiro no constitui prova suficiente de que seu destinatrio otenha recebido.Na hiptese de citao pelo correio, necessria a entrega da correspondnciapessoalmente ao destinatrio, sob pena de vcio insanvel.Diante do evidente prejuzo suportado pelo servidor, que no teve assegurados osprincpios da ampla defesa e do contraditrio, o STJ anulou o ato demissrio do servidor edeterminou que ele seja notificado pessoalmente para que se manifeste acerca da anulaodo ato de sua absolvio e da possibilidade de ser aplicada a pena de demisso.

    Processo Terceira Seo. MS 14.016-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 29/2/2012.

    DIREITO ADMINISTRATIVO MILITAR

    Servio militar obrigatrio e Lei n.

    5.292/67(obs: este julgado somente interessa a quem presta concursos federais)

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    Estudantes de Medicina, Farmcia, Odontologia e Veterinria dispensados por excesso decontingente at a entrada em vigor da Lei n. 12.336/2010, NO ESTO sujeitos prestao do

    servio militar obrigatrio aps o trmino do curso.Comentrios A Lei n.5.292/67 dispe sobre a prestao do Servio Militar pelos estudantes de Medicina,

    Farmcia, Odontologia e Veterinria e pelos Mdicos, Farmacuticos, Dentistas e Veterinrios.Estas pessoas so chamadas pela Lei de MFDV, sigla formada pela inicial das profisses.

    O estudo deste tema precisa ser dividido em antes e depois da Lei n. 12.336/2010, que

    modificou diversos dispositivos da Lei n.5.292/67.

    ANTES da Lei n. 12.336/2010Se o homem fosse convocado pelo servio militar obrigatrio e estivesse cursandomedicina, farmcia, odontologia ou veterinria, poderia adiar sua incorporao at otrmino do curso. Nesse caso, os MFDV prestariam o servio militar inicial obrigatrio noano seguinte ao fim do curso.

    O STJ, interpretando a Lei, possui entendimento pacfico de que os estudantes de MFDV,dispensados por excesso de contingente, antes da Lei n. 12.336/2010, no precisam sesubmeter ao servio militar obrigatrio aps conclurem a faculdade.Assim, os estudantes de MFDV somente seriam obrigados a prestar servio militarobrigatrio aps a faculdade se eles foram dispensados pelo simples fato de seremestudantes de tais cursos (o que chamado de adiamento de incorporao).

    Resumindoestudantes de MFDV:

    Dispensados por serem estudantes de MFDV (adiamento de incorporao): no primeiroano aps terminarem a faculdade devero prestar o servio militar obrigatrio;

    Dispensados por excesso de contingente: no precisaro prestar o servio militarobrigatrio aps conclurem o curso.

    Obs: as dispensas ocorridas antes da Lei n.12.336/2010 seguem esta disciplina, ainda queo curso tenha terminado aps a nova lei.

    At aqui foi o que decidiu o STJ neste julgado. Vejamos agora como ficou o tema com a

    edio da Lei n.12.336/2010.

    DEPOIS da Lei n. 12.336/2010Com a alterao ocorrida no art. 4 da Lei n 5.292/67, alm dos que adiaram aincorporao, tambm os que foram dispensados por excesso de contingente devero

    prestar o servio militar ao trmino da concluso do curso ou da realizao de programa deresidncia mdica.O objetivo do Governo foi o de conseguir a convocao dos MFDV dispensados por excessode contingente.

    Veja como a nova redao do art. 4:Art. 4 Os concluintes dos cursos nos IEs destinados formao de mdicos, farmacuticos,dentistas e veterinrios que no tenham prestado o servio militar inicial obrigatrio nomomento da convocao de sua classe, por adiamento ou dispensa de incorporao,devero prestar o servio militar no ano seguinte ao da concluso do respectivo curso ouaps a realizao de programa de residncia mdica ou ps-graduao, na forma

    estabelecida pelo caput e pela alnea a do pargrafo nico do art. 3, obedecidas asdemais condies fixadas nesta Lei e em sua regulamentao. (Redao dada pela Lei n12.336/10)

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    Desse modo, o estudante de MFDV dispensado por excesso de contingente do servio

    militar obrigatrio aps a Lei n. 12.336/2010 poder ser chamado a prestar o serviomilitar aps concluir a faculdade.

    Vale ressaltar, mais uma vez, que a Lei n.12.336/2010 no pode retroagir para alcanaradiamentos de incorporao ou dispensas ocorridas antes de sua vigncia.

    A Lei n.12.336/2010 entrou em vigor em 27 de outubro de 2010.

    Processo Primeira Turma. AgRg no REsp 1.204.816-RS, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 28/2/2012.

    Reforma de militar incapacitado(obs: este julgado somente interessa a quem presta concurso da DPU e militares)

    O militar considerado incapaz total e permanentemente para qualquer trabalho faz jus

    reforma na mesma graduao, mas com remunerao calculada com base no soldocorrespondente ao grau hierrquico imediato ao que possuir na ativa.Comentrios Este julgado reafirmou o entendimento de que o militar considerado incapaz total e

    permanentemente para qualquer trabalho faz jus reforma na mesma graduao, mas comremunerao calculada com base no soldo correspondente ao grau hierrquico imediato aoque possuir na ativa (art. 110 da Lei n. 6.880/1980).Ressaltou-se que a doutrina, a legislao e a jurisprudncia distinguem a promoo de militarpor ocasio de sua reforma, que efetivamente vedada, da hiptese dos autos, em que areforma d-se na mesma graduao, conquanto a remunerao seja calculada com base nosoldo correspondente ao grau hierrquico imediato ao da ativa, sem qualquer promoo.

    Outros

    precedentes

    REsp 1.291.905-RS, DJe 9/12/2011; AgRg no REsp 1.168.919-RS, DJe 16/8/2011; AgRg no AgRg no REsp 942.795-RS, DJe 1/6/2011, e AgRg no REsp 1.212.668-RS, DJe 1/3/2011.

    Processo Sexta Turma. RMS 28.470-AM, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 1/3/2012.

    DIREITO CIVIL

    Teoria da impreviso

    A resoluo contratual pela onerosidade excessiva reclamasupervenincia de evento extraordinrio, impossvel s partes antever,no sendo suficientes alteraes que se inserem nos riscos ordinrios.

    Comentrios Situao fticaDeterminados agricultor de soja firmou, em 2003, contrato com indstria, para vender suasafra futura de 2003/2004, estipulando, desde logo, o valor de 10 dlares por saca.Aps a assinatura do contrato, houve "exagerada elevao do preo da soja, mormente emvista da baixa produtividade da safra americana em face de adversidades climticas, a altado dlar e, sobretudo, a baixa produtividade da safra brasileira, tambm em face deadversidades climticas e da devastadora ferrugem asitica", chegando a cotao doproduto a atingir o valor de 16 dlares por saca.Este agricultor ajuizou ao contra a indstria objetivando a resciso do contrato sob oargumento de que houve onerosidade excessiva segundo a teoria da impreviso.

    O STJ acolheu a tese defendida por este produtor de soja?NO. O STJ entendeu que a variao do preo da saca da soja ocorrida aps a celebrao docontrato no se consubstancia acontecimento extraordinrio e imprevisvel, inapto,portanto, reviso da obrigao, com fundamento em alterao das bases contratuais.

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    Citando Caio Mrio, o Ministro Relator afirmou que "nunca haver lugar para a aplicaoda teoria da impreviso naqueles casos em que a onerosidade excessiva provm da leanormal e no do acontecimento imprevisto, como ainda nos contratos aleatrios, em que o

    ganho e a perda no podem estar sujeitos a um gabarito determinado (Instituies dedireito civil. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003, v. III, p. 167).

    As oscilaes no preo da soja so previsveis no momento da assinatura do contrato, vistoque se trata de produto de produo comercializado na bolsa de valores e sujeito sdemandas de compra e venda internacional.

    A alegao do vendedor de que o preo da soja deveria ser maior que o fixado no contratoporque ele teve prejuzos imprevisveis com a peste chamada de ferrugem asiticatambm no foi aceita pelo STJ porque esta uma doena que atinge as lavouras do Brasildesde 2001, no sendo imprevisvel, alm de poder ser controlada.

    Processo Quarta Turma. REsp 945.166-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 28/2/2012.

    Alienao fiduciria em garantia(vide julgado indexado em Direito Notarial e Registral)

    Responsabilidade civil (critrios para aferio do valor da indenizao)

    No momento da fixao do valor da indenizao por danos morais deve-se levar emconsiderao as circunstncias objetivas e subjetivas da ofensa. Assim, devem ser analisadas:a) As consequncias da ofensa;b) A capacidade econmica do ofensor;c) A pessoa do ofendido.Comentrios Este julgado refere-se ao de indenizao por danos morais proposta pelo ex-Presidente

    e atual Senador Fernando Collor por conta de artigo publicado na Revista Veja.

    Na reportagem da revista, Collor foi chamado de corrupto desvairado.

    Em primeira instncia, o juiz julgou improcedente a ao.

    O TJ-RJ reformou a sentena, condenado a editora, o presidente do Conselho deAdministrao e o autor do artigo a uma indenizao e R$ 60.000,00.

    O STJ aumentou a indenizao devida a Collor para R$ 500.000,00.

    No entendimento da Terceira Turma do STJ, o termo usado pela revista corruptodesvairado , sim, ofensivo. Segundo o Relator, o termo usado no pura crtica; tambm injurioso. Por esse motivo impossvel concordar com qualquer motivo alegadopela editora, como o interesse pblico informao. A injria, de acordo com o Ministro, a conduta mais objetiva e inescusvel das trs modalidades de ofensa honra injria,calnia e difamao e, por esse motivo, no admite exceo de verdade. Na injria, noh atribuio de fato, mas de qualidade negativa do sujeito passivo.

    Portanto, ainda que o ex-presidente Collor tenha sido absolvido apenas por questesprocessuais, e no por afastamento da acusao de corrupo, e que tenha sofridoimpeachment, a ofensa no deixa de existire injria.

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    Punitive dammageQuanto ao valor da reparao, a Turma entendeu que pelo fato de o escrito injurioso tersido divulgado em grande e respeitado veculo de comunicao a indenizao deveria ser

    mais elevada, moda dopunitive dammagedo direito anglo-americano.

    Qualidades pessoais do ofendidoPara a maioria da Turma, no clculo do valor da indenizao deve-se tambm considerar aqualidade da ofensa pessoal, tendo em vista que o ofendido foi absolvido, mesmo que pormotivos formais, da acusao da prtica do crime de corrupo e ainda que sancionado como julgamento poltico do impeachment, veio a cumprir o perodo legal de excluso daatividade poltica e, posteriormente, eleito senador da Repblica, chancelado pelorespeitvel fato da vontade popular.

    O ministro Beneti e o ministro Paulo de Tarso Sanseverino se posicionaram no sentido de

    aumentar o valor para R$ 150 mil. No entanto, os ministros Nancy Andrighi, Massami Uyedae Villas Bas Cueva votaram para fixar a indenizao em R$ 500 mil, o que acabouprevalecendo.

    Processo Terceira Turma. REsp 1.120.971-RJ. Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 28/2/2012.

    Responsabilidade civil (falso positivo em exame de HIV)

    O laboratrio que fornece laudo positivo de HIV, REPETIDO E CONFIRMADO, ainda que com aressalva de que poderia ser necessrio exame complementar, responsvel pelo defeito no

    fornecimento do servio, uma vez que causou sofrimento a que a paciente no estava obrigada.Comentrios O hospital X emitiu trs exames de HIV, referentes mesma pessoa (aqui chamada de

    A),com o resultado positivo. Posteriormente, A descobriu que no tinha HIV e que osresultados do hospital X estavam equivocados.

    A ingressou com ao de compensao por danos morais contra o hospital X alegando

    que o fato de ter recebido a notcia por trs vezes de que estava acometida pelo HIVcausou transtornos sua vida, como o fim de um relacionamento, a humilhao pblica emsua vizinhana e a perda de um trabalho.

    A ter direito compensao por danos morais?SIM. O laboratrio que fornece laudo positivo de HIV, repetido e confirmado, ainda quecom a ressalva de que poderia ser necessrio exame complementar, responsvel pelo

    defeito no fornecimento do servio, uma vez que causou sofrimento a que a paciente noestava obrigada.Com efeito, nenhuma pessoa fica indiferente ou simplesmente aborrecida, ao receber porduas ou mais vezes um resultado de exame laboratorial que constata seu acometimentopelo vrus HIV.

    O STJ determinou o pagamento da quantia de R$ 15.000,00 a ttulo de compensao.

    Temapolmico eque irdepender das

    circunstnciasdo casoconcreto

    Vale ressaltar que se deve ter cuidado porque as peculiaridades do caso concreto podemfazer com que a soluo dada seja diferente. Desse modo, as concluses acima expostasno so absolutas.Digo isso porque neste outro julgado, igualmente recente e tambm da 3 Turma, o STJ

    entendeu que o laboratrio no tinha o dever de indenizar diante do falso positivo.A situao foi a seguinte: realizado o exame no paciente, o resultado foi positivo. Esteexame foi realizado segundo o Mtodo ELISA, que vinha apresentando elevado nmero

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    de falsos-positivos, razo pela qual a Secretaria de Vigilncia Sanitria do Ministrio daSade editou portaria (Portaria n 488 de 17/06/1998), vigente poca dos fatos,determinando que, em caso de resultado positivo, fosse determinada a realizao deoutros exames, com outras tcnicas.

    Neste caso, o laboratrio cumpriu a Portaria n. 488/98 e, ao realizar outros exames,percebeu que se tratava de falso positivo.O paciente mesmo assim no se conformou e ingressou com ao de compensao pordanos morais, tendo o STJ negado o direito afirmando que no cabe indenizao no caso deo laboratrio, diante de diagnstico falso-positivo de HIV, nos termos da Portaria MS488/98, solicitar que o paciente se submeta a novo exame, diante do fato de o MtodoELISA, ento utilizado, apresentar elevado nmero de falsos-positivos.(REsp 1248996/RS, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 27/09/2011)

    Processo Terceira Turma. REsp 1.291.576-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/2/2012.

    DIREITO NOTARIAL E REGISTRAL

    Registro de Ttulos e Documentos (notificaes e atribuio territorial)

    A notificao extrajudicial realizada e entregue no endereo do devedor, por via postal e comaviso de recebimento, vlida quando realizada por Cartrio de Ttulos e Documentos de

    outra Comarca, mesmo que no seja aquele do domiclio do devedor

    vlida a notificao extrajudicial exigida para a comprovao da mora do devedor/fiduciantenos contratos de financiamento com garantia de alienao fiduciria realizada por via postal,

    no endereo do devedor, ainda que o ttulo tenha sido apresentado em cartrio de ttulos e

    documentos situado em comarca diversa daquela do domiclio do devedor.Comentrios Alienao fiduciria em garantia

    A alienao fiduciria em garantia um contrato instrumental em que uma das partes, emconfiana, aliena a outra a propriedade de um determinado bem, ficando esta parte (umainstituio financeira, em regra) obrigada a devolver quela o bem que lhe foi alienadoquando verificada a ocorrncia de determinado fato. (RAMOS, Andr Luiz Santa Cruz.Direito Empresarial Esquematizado. So Paulo: Mtodo, 2012, p. 565).

    Antnio quer comprar um carro de R$ 30.000,00, mas somente tem R$ 10.000,00. Antnioprocura o Banco X, que celebra com ele contrato de financiamento com garantia dealienao fiduciria. Assim, o Banco X empresta R$ 20.000,00 a Antnio, que compra o

    veculo. Como garantia do pagamento do emprstimo, a propriedade resolvel do carroficar com o Banco Xe a posse direta com Antnio. Em outras palavras, Antnio ficarandando com o carro, mas, no documento, a propriedade do automvel do Banco X(constar alienado fiduciariamente ao Banco X).Diz-se que o banco tem a propriedaderesolvel porque, uma vez pago o emprstimo, a propriedade do carro pelo banco resolve-se (acaba) e este passa a pertencer a Antnio.

    Em caso de inadimplemento do muturio (Antnio): o mutuante (Banco X) ingressa comao de busca e apreenso.

    Essa busca e apreenso no a do CPC, mas sim a do Decreto-Lei n. 911/69:

    Art. 3 O Proprietrio Fiducirio ou credor, poder requerer contra o devedor ou terceiro abusca e apreenso do bem alienado fiduciariamente, a qual ser concedida Iiminarmente,desde que comprovada a mora ou o inadimplemento do devedor.

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    Segundo a Smula 72 do STJ, a comprovao da mora imprescindvel busca eapreenso do bem alienado fiduciariamente.

    De acordo com a jurisprudncia do STJ, a mora do devedor neste caso constitui-se ex re, ouseja, uma vez no paga a prestao no vencimento, j se configura a mora do devedor quedever, no entanto, ser provada:a) por carta registrada expedida por intermdio de Cartrio de Ttulos e Documentos; oub) pelo protesto do ttulo, a critrio do credor.Desse modo, se Antnio no pagar a prestao do financiamento no dia previsto, j estarem mora (mora ex re), no entanto, o Banco dever provar esta mora. Para isso, poderpedir que o RTD (Registro de Ttulos e Documentos) envie uma carta registrada ao endereode Antnio comunicando que este se encontra inadimplente.

    Segundo o STJ, suficiente a entrega da correspondncia no endereo do devedor, aindaque no pessoalmente. Assim, se o primo de Antnio, que mora na mesma casa que ele,receber a carta registrada, considera o STJ que Antnio foi notificado.

    Qual o RTD competente para expedir a notificao para o devedor? A notificaopoder ser expedida pelo RTD de um municpio diferente daquele onde domiciliado odevedor?A notificao extrajudicial realizada e entregue no endereo do devedor, por via postal ecom aviso de recebimento, vlida quando realizada por Cartrio de Ttulos e Documentosde outra Comarca, mesmo que no seja aquele do domiclio do devedor.No existe norma no mbito federal relativa ao limite territorial para a prtica de atos

    registrais, especialmente no tocante aos Ofcios de Ttulos e Documentos, razo pela qual possvel a realizao de notificaes.Assim, se o Banco X for at um RTD em So Paulo (capital) poder requerer a notificaoextrajudicial de Antnio, que mora em Campinas. A notificao ser expedida por meio decarta registrada e, se recebida por qualquer pessoa na casa de Antnio, em Campinas, servlida.

    Concursosde notrio eregistrador

    Algumas informaes adicionais sobre o assunto, mas que so importantes apenas paraaqueles que se preparam para concursos de notrio e registrador. Se voc no tiverestudando para tais certames no precisa ler:

    A Lei n.8.935/94 estabelece:

    Art. 9 O tabelio de notas no poder praticar atos de seu ofcio fora do Municpio para oqual recebeu delegao.

    Art. 12. Aos oficiais de registro de imveis, de ttulos e documentos e civis das pessoasjurdicas, civis das pessoas naturais e de interdies e tutelas compete a prtica dos atosrelacionados na legislao pertinente aos registros pblicos, de que so incumbidos,independentemente de prvia distribuio, mas sujeitos os oficiais de registro de imveis ecivis das pessoas naturais s normas que definirem as circunscries geogrficas.

    Princpio da territorialidade:Verifica-se o princpio da territorialidade quando a lei estabelecer limitaes quanto ao

    espao territorial para o exerccio da atividade do notrio ou registrador.

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    Existe divergncia sobre o tema, mas a posio que prevalece a seguinte:

    Aplica-se integralmente o princpio da territorialidade aos registradores de imveis eaos registradores civis das pessoas naturais, como se observa pela parte final do art. 12;

    livre a escolha do tabelio de notas, qualquer que seja o domiclio das partes ou olugar de situao dos bens objeto do ato ou negcio. No entanto, o tabelio de notasno poder praticar atos de seu ofcio fora do Municpio para o qual recebeu delegao.Assim, a escolha de tabelio de notas fora do domiclio ou sede das partes impe a elaso deslocamento at a circunscrio em que atue, permanecendo este adstritorigorosamente aos limites territoriais da delegao. Trata-se de uma territorialidadefuncional, no sentido de que o tabelio no pode lavrar atos fora de seu municpio.

    No se aplica o princpio da territorialidade aos Oficiais dos Registros de Ttulos eDocumentos (RTD). Por isso, no h qualquer vedao de que o Oficial do RTD dacomarca X expea uma notificao extrajudicial, mediante carta registrada, para umapessoa domiciliada na comarca Y.

    Processo Segunda Seo. REsp 1.283.834-BA, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 29/2/2012.

    DIREITO DO CONSUMIDOR

    Momento de inverso do nus da prova

    A inverso do nus da prova de que trata o art. 6, VIII, do CDC REGRA DE INSTRUO,devendo a deciso judicial que determin-la ser proferida preferencialmente na fase de

    saneamento do processo ou, pelo menos, assegurar parte a quem no incumbia inicialmenteo encargo a reabertura de oportunidade para manifestar-se nos autos.

    Comentrios Um dos aspectos mais relevantes do Cdigo de Defesa do Consumidor a possibilidade de

    inverso do nus da prova prevista no art. 6, VIII, com a seguinte redao:Art. 6 So direitos bsicos do consumidor:VIII - a facilitao da defesa de seus direitos, inclusive com a inverso do nus da prova, aseu favor, no processo civil, quando, a critrio do juiz, for verossmil a alegao ouquando

    for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinrias de experincia;

    Antes de adentrarmos no julgado do STJ, faamos algumas observaes importantes sobreesta inverso de que trata o art. 6, VIII do CDC:

    possvel em duas situaes, que no so cumulativas, ou seja, ocorrer quando aalegao do consumidor for verossmil OU quando o consumidor for hipossuficiente(segundo as regras ordinrias de experincia);

    ope iudicis(a critrio do juiz), ou seja, no se trata de inverso automtica por forade lei (ope legis);

    Pode ser concedida de ofcio ou a requerimento da parte; Revela que o CDC, ao contrrio do CPC, adotou a regra da distribuio dinmica do nus

    da prova, ou seja, o magistrado tem o poder de redistribuir (inverter) o nus da prova,caso verifique a verossimilhana da alegao ou a hipossuficincia do consumidor.

    O ponto mais polmico deste assunto (e que foi respondido por este julgado) era o seguinte:Qual o momento de inverso do nus da prova?Trata-se de regra de julgamento ou de regra de procedimento (de instruo)?

    R: Trata-se de REGRA DE INSTRUO, devendo a deciso judicial que determin-la ser

    proferida preferencialmente na fase de saneamento do processo ou, pelo menos,assegurar parte a quem no incumbia inicialmente o encargo a reabertura deoportunidade para manifestar-se nos autos.

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    Importnciado julgado

    O STJ era completamente dividido sobre o tema.Da a grande importncia do julgado noticiado neste informativo considerando que o temafoi pacificado pela Segunda Seo (que engloba a 3 e 4 Turmas).Arrisco dizer que este ser o julgado mais importante sobre direito do consumidor do ano

    de 2012. Portanto, ser cobrado, com certeza, nas provas.Processo Segunda Seo. EREsp 422.778-SP, Rel. originrio Min. Joo Otvio de Noronha, Rel. para o acrdo Min. Maria

    Isabel Gallotti (art. 52, IV, b, do RISTJ), julgados em 29/2/2012.

    Plano de sade

    Os trabalhadores demitidos sem justa causa tm direito a manter, pelo perodo mximo de 24meses, o plano de sade com as mesmas condies que gozavam durante o contrato de

    trabalho, desde que assumam o pagamento integral da contribuio.Comentrios Antnio era empregado de um banco e possua plano de sade oferecido aos funcionrios

    do banco. Antnio foi demitido sem justa causa e deseja continuar no plano de sade comas mesmas condies de cobertura assistencial que gozava. Antnio tem esse direito?

    R: SIM. Tal previso est na Lei n.9.656/98 (que trata sobre os planos de sade):Art. 30. Ao consumidor que contribuir para produtos de que tratam o inciso I e o 1 do art.1 desta Lei, em decorrncia de vnculo empregatcio, no caso de resciso ou exonerao docontrato de trabalho sem justa causa, assegurado o direito de manter sua condio debeneficirio, nas mesmas condies de cobertura assistencial de que gozava quando davigncia do contrato de trabalho, desde que assuma o seu pagamento integral.

    Repare que, para o trabalhador continuar tendo direito, dever cumprir duas exigncias:a) Ter sido demitido sem justa causa;b) Assumir o pagamento integral das parcelas.O trabalhador ter direito de continuar com o plano de sade por um tempo mximode 24

    meses, conforme prev o 1 do art. 30 da Lei n.9.656/98.

    Se antes de completar os 24 meses, o consumidor for admitido em um novo empregotambm perder o direito de continuar com as mesmas condies no plano de sade ( 5do art. 30).

    Processo Quarta Turma. REsp 925.313-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 6/3/2012.

    DIREITO IMOBILIRIOResponsabilidade do incorporador imobilirio

    O incorporador e o construtor so solidariamente responsveis por eventuais vcios e defeitosde construo surgidos no empreendimento imobilirio, sendo que o incorporador responde

    mesmo que no tenha assumido diretamente a execuo da obra.Comentrios Quem o incorporador imobilirio?

    a pessoa fsica ou jurdica que coordena e viabiliza o empreendimento imobilirio, sendoresponsvel pela alienao das unidades em construo e sua entrega aos adquirentes,depois de concluda, com a adequada regularizao no Registro de Imveis.

    o incorporador imobilirio que realiza a construo do empreendimento?Na grande maioria dos casos, o incorporador imobilirio no quem realiza a construo doempreendimento.

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    Assim, na prtica, uma pessoa jurdica o incorporador imobilirio e outra quem constrio edifcio.

    Os vcios na construo de edifcio de apartamentos em condomnio so de

    responsabilidade apenas do construtor ou o incorporador tambm respondesolidariamente?R: o incorporador responde solidariamente.

    Ainda que o incorporador no seja o executor direto da construo do empreendimentoimobilirio, mas contrate construtor, permanece responsvel juntamente com ele pelasolidez e segurana da edificao (art. 618 do CC).O incorporador o principal garantidor do empreendimento no seu todo, solidariamenteresponsvel com outros envolvidos nas diversas etapas da incorporao. Essa solidariedadedecorre da natureza da relao jurdica estabelecida entre o incorporador e o adquirente deunidades autnomas e tambm de previso legal, no podendo ser presumida (art. 942,

    caput, do CC; art. 25, 1, do CDC e arts. 31 e 43 da Lei n. 4.591/1964).

    Conclui-se, assim, que o incorporador e o construtor so solidariamente responsveis poreventuais vcios e defeitos de construo surgidos no empreendimento imobilirio, sendo queo incorporador responde mesmo que no tenha assumido diretamente a execuo da obra.

    Processo Quarta Turma. REsp 884.367-DF, Rel. Min. Raul Arajo, julgado em 6/3/2012.

    DIREITO EMPRESARIAL

    Falncia (juzo universal)

    Depsito recursal em caso de empresa falida: Quem movimenta os valores do depsito recursal: JUZO TRABALHISTA. Quem define a destinao desses valores: JUZO FALIMENTAR.Comentrios Determinados recursos para serem conhecidos, no processo trabalhista, exigem o

    recolhimento do chamado depsito recursal.Atualmente, o depsito recursal somente previsto no direito processual do trabalho eserve para garantir uma possvel futura execuo. Assim, s cabe o depsito recursalquando o recurso for contra deciso que condenou o empregador a pagar determinadaquantia. Se o vencido for o empregado, no h necessidade do recolhimento do depsitorecursal.

    O depsito recursal deve ser efetivado na conta vinculada do empregado, ou seja, em suaconta do Fundo de Garantia por Tempo de Servio, por meio de uma guia denominada deGFIP, no mesmo prazo do recurso a ser interposto.Transitada em julgado a deciso recorrida, a parte vencedora tem direito ao levantamentoimediato da quantia depositada como depsito recursal, por simples despacho do Juiztrabalhista. Assim, por exemplo, se o recurso da empresa foi provido, esta empresa terdireito ao valor que havia depositado mediante despacho do juiz trabalhista.

    Se a sociedade empresria que tiver interposto o recurso trabalhista estiver em processode falncia, de quem ser a competncia para liberar o valor do depsito recursal? Serdo juzo trabalhista ou do juzo falimentar?

    R: Juzo trabalhista.

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    O STJ entendeu que a movimentao dessas contas da alada exclusiva do juzo laboral, atporque a destinao dos respectivos valores depende do julgamento final da reclamaotrabalhista, cujo processamento, mesmo com a decretao da falncia, permanece sob acompetncia material da Justia do Trabalho, ao menos at a fase de execuo.

    No entanto, a destinaodo valor do depsito recursal deve ser dada pelo juzo universalda falncia, a fim de garantir a observncia dapar conditio creditorum.

    Deve ento ser oficiado ao respectivo juzo do trabalho para que, oportunamente isto ,aps o trnsito em julgado da reclamao trabalhista , transfira o valor consignado paraconta judicial disposio do juzo falimentar, que decidir sobre a ordem de pagamentodos credores.

    Sntese Depsito recursal em caso de empresa falida:

    Quem movimenta os valores:juzo trabalhista. Quem define a destinao dos valores:juzo falimentar.Obs: tanto na hiptese de provimento como na de improvimento do recurso da empresa, osvalores depositados a ttulo de depsito recursal devero ser colocados disposio dafalncia, considerando que, se a empresa perdeu o recurso, o trabalhador receber os valoressegundo a ordem de pagamento da falncia; se a empresa venceu o recurso, ter direito aoreembolso do depsito e este ser utilizado para pagar os credores da massa falida.

    Processo Terceira Turma. RMS 32.864-SP, Min. Rel. Nancy Andrighi, julgado em 28/2/2012.

    ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    Ao de destituio do poder familiar

    Na ao de destituio do poder familiar proposta pelo Ministrio Pblico no cabe anomeao da Defensoria Pblica para atuar como curadora especial do menor.

    Comentrios Caso o Ministrio Pblico perceba que os pais do menor no esto cumprindo regularmentesuas atribuies e que a criana ou o adolescente encontra-se em situao de risco, poderajuizar ao de destituio do poder familiar.

    Sendo ajuizada ao de destituio do poder familiar contra ambos os pais, ser necessrionomear a Defensoria Pblica como curadora especial deste menor?R: NO.

    Argumentos:

    No existe prejuzo ao menor apto a justificar a nomeao de curador especialconsiderando que a proteo dos direitos da criana e do adolescente uma dasfunes institucionais do MP (arts. 201 a 205 do ECA);

    Cabe ao MP promover e acompanhar o procedimento de destituio do poder familiar,atuando o representante do Parquet como autor, na qualidade de substitutoprocessual, sem prejuzo do seu papel como fiscal da lei;

    Dessa forma, promovida a ao no exclusivo interesse do menor, despicienda aparticipao de outro rgo para defender exatamente o mesmo interesse pelo qualzela o autor da ao;

    No h sequer respaldo legal para a nomeao de curador especial no rito prescritopelo ECA para ao de destituio.

    A Relatora entendeu que a nomeao de curador ao menor deve ocorrer nos casosprevistos no art. 142, pargrafo nico do ECA, o que no se verificava no caso.

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    Dispositivoslegaisimportantes

    ECA:Art. 142. Os menores de dezesseis anos sero representados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e umanos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislao civil ou processual.Pargrafo nico. A autoridade judiciria dar curador especial criana ou adolescente, sempre que osinteresses destes colidirem com os de seus pais ou responsvel, ou quando carecer de representao ou

    assistncia legal ainda que eventual.

    LC 80/94:Art. 4 So funes institucionais da Defensoria Pblica, dentre outras:XVIexercer a curadoria especial nos casos previstos em lei;

    Ateno Este julgado ir ser cobrado nos concursos do Ministrio Pblico estadual.

    Processo Quarta Turma. REsp 1.176.512-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 1/3/2012.

    Remisso

    possvel cumular a remisso com a aplicao de medida socioeducativa que no implique

    restrio liberdade do adolescente infrator.Em outras palavras, possvel a concesso de remisso cumulada com medida socioeducativa,

    desde que no a semiliberdade e a internao.Comentrios A 6 Turma entendeu ser possvel cumular a remisso (art. 126 do ECA) com a aplicao de

    medida socioeducativa que no implique restrio liberdade do menor infrator, nostermos do art. 127 do ECA.

    O STJ considerou que, no caso concreto, no se mostrou incompatvel a medidasocioeducativa de liberdade assistida cumulada com a remisso concedida pelo Parquet,porquanto aquela no possui carter de penalidade.

    Ademais, a remisso pode ser aplicada em qualquer fase do procedimento menorista, umavez que prescinde de comprovao da materialidade e da autoria do ato infracional, nemimplica reconhecimento de antecedentes infracionais. Dessa forma, no ocorre violao dosprincpios do contraditrio e da ampla defesa quando a proposta oferecida pelo MinistrioPblico homologada antes da oitiva do adolescente, como na espcie.

    Obs: quando se diz que a remisso foi homologada antes da oitiva do adolescente, o quese quis dizer que foi homologada antes de ele ser ouvido sobre os fatos infracionais, ouseja, antes de ele ser interrogado(expresso que no utilizada pelo ECA).

    Vale ressaltar, no entanto, que a aplicao cumulativa de remisso e medida socioeducativa

    precisa contar com a adeso e concordncia do adolescente e seu advogado (ou defensorpblico).

    Smula Cumpre relembrar, ao final, a existncia de smula sobre o tema:Smula 108-STJ: A aplicao de medidas scio-educativas ao adolescente, pela prtica deato infracional, da competncia exclusiva do juiz.

    Processo Sexta Turma. HC 177.611-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 1/3/2012.

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL

    Momento de inverso do nus da prova(vide julgado indexado em Direito do Consumidor)

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    Coisa julgada

    A incluso de juros moratrios CAPITALIZADOS nos clculos de liquidao,sem que tenha havido tal previso no ttulo executivo,

    implica violao da coisa julgada, e no mero erro de clculo.Comentrios Um dos requisitos da sentena que ela seja lquida.

    Para o CPC, sentena lquida aquela que define o quantum debeatur, ou seja, aquela quefixa o valor da obrigao devida.Pode acontecer de a sentena prolatada ser ilquida, isto , no fixar o valor certo que o rufoi condenado a pagar.Neste caso, dever ser realizada a liquidao da sentena, conforme prev o CPC:

    Art. 475-A. Quando a sentena no determinar o valor devido, procede-se sua liquidao.

    A liquidao de sentena deve guardar consonncia com o que foi decidido no processo deconhecimento, de forma que proibido, na liquidao, modificar a sentena que julgou alide ou mesmo utilizar de critrios outros que no aqueles estabelecidos pela deciso. o

    que a doutrina chama de regra da fidelidade ao ttulo executivo, prevista no CPC:Art. 475-G. defeso, na liquidao, discutir de novo a lide ou modificar a sentena que a julgou.

    A regra da fidelidade ao ttulo executivo (art. 475-G) absoluta?No. Entende-se que possvel incluir na liquidao da sentena algumas situaes que,apesar de no terem sido expressamente previstas na deciso, so decorrncia da prpria lei.

    Exemplo de situao que pode ser includa na liquidao ainda que a sentena seja omissa arespeito: os juros moratrios (simples) e a correo monetria. Assim, mesmo que asentena no mencione que sobre o valor da condenao devero ser acrescidos jurosmoratrios e correo monetria, no momento da liquidao, devero ser consideradospara a obteno do valor final da condenao.

    Smula 254-STF: Incluem-se os juros moratrios na liquidao, embora omisso o pedidoinicial ou a condenao.

    O que o STJ decidiu neste julgado foi que os juros moratrios e remuneratrioscapitalizadosque no foram previstos na sentena, no podemser includos na liquidao.

    A razo de ser desta distino est no fato de que a deciso do juiz quanto capitalizaoou no dos juros no pode ser presumida, uma vez que no decorre automaticamente dalei, dependendo da interpretao e do entendimento do magistrado quanto incidncia ouno de capitalizao naquela determinada situao.

    O que so juros capitalizados?A capitalizao de juros ocorre quando os juros so calculados sobre os prprios jurosdevidos. So comumente chamados de juros sobre juros, sendo tambm conhecidos comojuros compostos. Normalmente, so verificados em contratos de financiamento bancrio.

    Sintetizandoo tema

    Juros moratrios: podem ser includos na liquidao, embora omisso o pedido inicial oua condenao (Smula 254-STF).

    Juros moratrios capitalizados: NO podem ser includos na liquidao se no foramprevistos na condenao.

    Juros remuneratrios: nunca podem ser includos na liquidao se no foram previstosna sentena, sejam eles juros remuneratrios simples ou capitalizados. Diversamentedo que sucede com os juros moratrios, ofende a coisa julgada a incluso, em fase de

    liquidao, de juro remuneratrio no expressamente fixado em sentena (AgRg no Ag1339464/RJ, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 20/10/2011)

    Processo Segunda Seo. EInf nos EDcl na AR 3.150-MG, Rel. Min. Massami Uyeda, julgados em 29/2/2012.

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    Ao Civil Pblica (execuo)

    O MP possui legitimidade para promover a execuo do montante residual depositado em juzo

    em razo de acordo extrajudicial firmado entre o Parquet e o ru em ao civil pblica desdeque decorrido o prazo de 1 (um) ano sem habilitao de interessados em nmero compatvelcom a gravidade do dano.

    Comentrios O Ministrio Pblico possui legitimidade para executar o montante residual depositado emjuzo em razo de acordo extrajudicial firmado entre o Parquete o ru em ao civil pblicacujo objetivo seja a reparao de dano coletivo a consumidores.

    Tal possibilidade est prevista no art. 100 do CDC:Art. 100. Decorrido o prazo de 1 (um) ano sem habilitao de interessados em nmerocompatvel com a gravidade do dano, podero os legitimados do artigo 82 promover aliquidao e execuo da indenizao devida.

    Art. 82. Para os fins do art. 81, pargrafo nico, so legitimados concorrentemente:I - o Ministrio Pblico;

    Destinao do dinheiro executado pelo MP:Art. 100 (...) Pargrafo nico. O produto da indenizao devida reverter para o Fundocriado pela Lei n 7.347, de 24 de julho de 1985.

    Vale ressaltar que no necessrio que a possibilidade de destinao para o fundo sejapedida expressamente na inicial da ACP, j que tal hiptese uma opo de execuo,prevista em lei, somente possvel caso os cidados lesados permaneam inertes por mais de

    1 (um) ano.Processo Quarta Turma. REsp 996.771-RN, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 6/3/2012.

    DIREITO PENAL

    Leso corporal qualificada pelo resultado morte e nexo de causalidade

    De acordo com o art. 13 do CP, o resultado do crime, somente imputvel a quem lhe deucausa. Considera-se causa a ao ou omisso sem a qual o resultado no teria ocorrido.Este art. 13, contudo, deve ser interpretado em conjunto com o art. 18, segundo o qual aresponsabilidade somente pode ser imputada ao agente quando o resultado puder ser

    atribuvel a ele ao menos culposamente.A desfere chutes e joelhadas contra a regio abdominal de B, fazendo com que este caia,

    bata a cabea e morra. O laudo prova que a causa mortisfoi a ruptura de um aneurismacerebral e no o choque da cabea no meio-fio. Neste caso, A no responder pelo resultado

    morte porque este no lhe pode ser atribudo nem mesmo culposamente.Comentrios Como foi o fato:

    Segundo o informativo do STJ, o fato apurado teria sido o seguinte:A, durante um baile de carnaval, sob efeito de lcool e por motivo de cimes de sua

    namorada, agrediu a vtima B, com chutes e joelhadas na regio abdominal, ocasionandosua queda contra o meio-fio da calada, onde bateu a cabea, vindo a bito.

    A foi denunciado pela prtica do crime de leso corporal qualificada pelo resultado morte(art. 129, 3, do CP).

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    Ocorre que, segundo o laudo pericial, a causa da morte foi hemorragia enceflicadecorrente da ruptura de um aneurisma cerebral congnito, situao clnica desconhecidapela vtima e seus familiares.

    O que decidiu o juiz de 1 instncia:Reconheceu que houve crime de leso corporal simples, visto que restou dvida sobre aexistncia do nexo de causalidade entre a leso corporal e o falecimento da vtima.

    O que decidiu o TJ-RS:Entendeu ter ocorrido leso corporal seguida de morte (art. 129, 3), sob o argumento deque a agresso perpetrada pelo recorrente contra a vtima deu causa ao bito.

    Questo discutida no STJ:Examinar se existe nexo de causalidade entre a conduta de Ae o resultado morte (art. 13).Em outras palavras, no h dvidas de que a leso corporal praticada por A contra B foi

    dolosa (consciente e voluntria). No entanto, A deve responder tambm pelo resultadomorte?

    Anlise do art. 129, 3 do CP:Antes de continuarmos a examinar a deciso do STJ, vamos entender um pouco mais sobreo art. 129, 3 do CP:

    Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a sade de outrem:Pena - deteno, de trs meses a um ano.(...) 3 Se resulta morte e as circunstncias evidenciam que o agente no quis o resultado, nemassumiu o risco de produzi-lo:

    Pena - recluso, de quatro a doze anos.

    A leso corporal seguida de morte tambm chamada de homicdio preterintencional ouhomicdio preterdoloso.

    Trata-se, portanto, de crime preterdoloso.Crime preterdoloso aquele cometido com dolo no antecedente e culpa no consequente.

    Perceba que o 3 exige dolo + culpa:

    Dolo no crime antecedente: leso corporal; Culpa no crime subsequente (resultado agravador): homicdio.Hipteses possveis segundo o elemento subjetivo do agente:

    Se o agente agiu com... Praticou qual crime:

    Dolo no antecedente+

    Dolo direto no resultado agravador

    Homicdio dolosoEx: ao desferir os golpes, o agente queria no apenas que avtima fosse lesionada, mas tambm que morresse.Caso este resultado acontea, ou seja, a vtima morra, oagente responder por homicdio.

    Dolo no antecedente+

    Dolo eventual no resultado agravador

    Homicdio dolosoEx: ao desferir os golpes, o agente queria diretamente que avtima fosse apenas lesionada.O agente previu que, com os golpes, a vtima poderia cair ebater a cabea, vindo inclusive a falecer em decorrncia da

    queda, mas mesmo assim assumiu o risco deste resultadoacontecer (demonstrou indiferena ao bem jurdico vida).Caso este resultado acontea, ou seja, a vtima morra, oagente responder por homicdio.

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    Dolo no antecedente+

    Culpa no resultado agravador

    Leso corporal seguida de morteEx: ao desferir os golpes, o agente queria apenas que a vtimafosse lesionada (no queria o resultado nem assumiu o risco deproduzi-lo).Pode ser culpa inconsciente: o agente no previu (embora fosse

    previsvel) que, com os golpes, a vtima poderia cair e bater acabea, vindo inclusive a falecer em decorrncia da queda.Pode ser culpa consciente: o agente previu o resultado, masacreditou sinceramente que no iria acontecer.

    Dolo no antecedente+

    Sem culpa no resultado agravador

    Leso corporal simplesEx: ao desferir os golpes, o agente queria apenas que a vtimafosse lesionada (no queria o resultado nem assumiu o risco deproduzi-lo).O resultado que aconteceu no era previsvel ao agente, ouseja, ele no poderia prever que acertando os golpesocasionaria a morte da vtima.A morte aconteceu no pelo simples fato de terem sidodesferidos os golpes ou por ter a vtima cado, mas

    principalmente em decorrncia de uma debilidade de sade davtima, que era desconhecida at ento.

    Obs: somente o terceiro exemplo caso de crime preterdoloso.

    O que o STJ decidiu:A 6 Turma do STJ decidiu que, no caso julgado, houve leso corporal simples e no lesocorporal qualificada pelo resultado morte (crime preterdoloso).

    Argumentos do STJ:Incialmente, afirmou-se que a leso corporal qualificada pelo resultado morte umaespcie de crime preterdoloso, no qual h dolo no comportamento do agente e o resultadoagravador punido a ttulo de culpa.

    Nesse tipo penal, a conduta precedente e o resultado mais grave devem guardar entre siuma relao de causalidade, de modo que o resultado mais grave decorra sempre da aoprecedente, e no de outras circunstncias. Em outras palavras, o resultado morte devedecorrer da leso corporal e no de outros fatores.

    A relao de causalidade est prevista no art. 13 do Cdigo Penal:Art. 13. O resultado, de que depende a existncia do crime, somente imputvel a quem lhedeu causa. Considera-se causa a ao ou omisso sem a qual o resultado no teria ocorrido.

    Deve-se interpretar este art. 13 em conjunto com o art. 18 do Cdigo Penal, que determinaque a responsabilidade somente pode ser imputada ao agente quando o resultado puderser atribuvel a ele ao menos culposamente.

    Segundo o STJ, A, ao desferir golpes contra uma vtima bbada, poderia prever que avtima viesse a cair e bater a cabea no meio-fio. Assim, A teria previsibilidade objetiva doadvento da morte.

    No entanto, na hiptese julgada, o laudo realizado afirma que a causa da morte de B nofoi o choque de sua cabea contra o meio-fio (choque craniano). A causa mortis foi umahemorragia enceflica decorrente da ruptura de um aneurisma cerebral congnito, situao

    clnica de que sequer a vtima tinha conhecimento.

    Ademais, no houve golpes perpetrados pelo recorrente na regio do crnio da vtima.

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    Portanto, no se mostra razovel reconhecer como tpico o resultado morte, considerandoque ele no foi nem mesmo culposo uma vez que A no poderia prever que B possua

    esta enfermidade cerebral congnita.

    Processo Sexta Turma. AgRg no REsp 1.094.758-RS, Rel. originrio Min. Sebastio Reis Jnior, Rel. para acrdo Min.Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ-RS), julgado em 1/3/2012.

    Aplicao da pena

    I O fato de o paciente registrar uma nica condenao transitada em julgado no pode servalorado, ao mesmo tempo, como circunstncia judicial desfavorvel e agravante de

    reincidncia, sob pena de bis in idem.

    II Configura constrangimento ilegal o aumento da pena no crime de roubo, na terceira fase deindividualizao, acima do patamar mnimo (um tero), com base apenas nos nmeros de

    majorantes (Sm. n. 443/STJ).Comentrios Smula 443-STJ: O aumento na terceira fase de aplicao da pena no crime de roubo

    circunstanciado exige fundamentao concreta, no sendo suficiente para a suaexasperao a mera indicao do nmero de majorantes.

    Julgado importante para os candidatos a Defensor Pblico.

    Processo Sexta Turma. HC 147.202-MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/2/2012.

    Estelionato previdencirio (art. 171, 3 do CP)

    O estelionato previdencirio crime permanente ou instantneo?

    Entendimento do STF e da 6 Turma do STJ: Quando praticado pelo prprio beneficirio: PERMANENTE Quando praticado por terceiro diferente do beneficirio: INSTANTNEO de efeitos permanentesComentrios O chamado estelionato previdencirio est previsto no art. 171, 3 do CP:

    Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilcita, em prejuzo alheio, induzindo oumantendo algum em erro, mediante artifcio, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:Pena - recluso, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. 3 - A pena aumenta-se de um tero, se o crime cometido em detrimento de entidade dedireito pblico ou de instituto de economia popular, assistncia social ou beneficncia.

    O STF e a 6 Turma do STJ possuem o seguinte entendimento:a) Para aquele que comete a fraude contra a Previdncia e no se torna beneficirio da

    aposentadoria: o crime instantneo, ainda que de efeitos permanentes.b) Para o beneficirio: o delito continua sendo permanente, consumando-se com a

    cessao da permanncia.

    O Min. Ayres Britto chama essa distino de natureza binria, ou dual, da infrao (HC104880/RJ).

    Esta distino possui grande importncia prtica no caso do incio da prescrio, conformeveremos a seguir:

    Ex: Pedro comete uma falsidade para permitir que Raimunda obtenha aposentadoriaindevida, induzindo o INSS em erro, o que efetivamente acaba ocorrendo em 20/05/2006,

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    data em que Raimunda tem deferida sua aposentadoria e passa a receber o benefciomensalmente.Ambos respondero por estelionato previdencirio. Contudo, o prazo de prescrio terincio diferente para os dois:

    a) Quanto a Pedro, o crime instantneo de efeitos permanentes, de forma que o prazoprescricional iniciou-se dia 20/05/2006.b) Quanto a Raimunda, o crime permanente considerando que a conduta cometida pela

    prpria beneficiria renovada mensalmente tendo em vista que ela tem o poder de, aqualquer tempo, fazer cessar a ao delitiva. Assim, a consumao protrai-se no tempoe o prazo prescricional somente se inicia com o fim do recebimento do benefcio.

    Processo Sexta Turma. HC 216.986-AC, Rel. originrio Min. Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ-RS),Rel. para acrdo Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 1/3/2012.

    Estelionato judicirio (art. 171 do CP)

    O estelionato judicirio(ou estelionato judicial)NO crime, por ser atpico.Comentrios O que o estelionato judicirio?

    Alguns doutrinadores defendem que, se a pessoa, em uma relao processual na searacvel, por exemplo, usar de expedientes e manobras de inverdades, entre outras condutas,com o objetivo de induzir ou manter o juzo cvel em erro, poderia responder pelo crime deestelionato, previsto no art. 171, do CP. Como a vtima seria o prprio Poder Judicirio, aisso chamaram em estelionato judicirio.

    O estelionato judicirio crime?NO. Esta a posio do STJ, que foi reafirmada neste julgado noticiado no informativo.

    Quais os argumentos para no ser considerado crime?A Min. Relatora asseverou que admitir tal conduta como ilcita violaria o direito de acesso

    justia (art. 5, XXXV, da CF).No se pode punir aquele que, a despeito de formular pedido descabido ou estapafrdio,obtm a tutela pleiteada.A natureza dialtica do processo possibilita o controle pela parte contrria, atravs doexerccio de defesa e do contraditrio, bem como a interposio dos recursos previstos noordenamento jurdico.Ademais, o magistrado no est obrigado a atender os pleitos formulados na inicial.Dessa forma, diante de tais circunstncias, incompatvel a ideia de ardil ou induo emerro do julgador, uma das elementares para a caracterizao do delito de estelionato.Eventual ilicitude na documentao apresentada juntamente com o pedido judicial pode,em tese, constituir crime autnomo, que no se confunde com a imputao de estelionato

    judicial.

    Em uma anlise mais detida sobre os elementos do delito de estelionato, no se podeconsiderar a prpria sentena judicial como a vantagem ilicitamente obtida pelo agente,uma vez que resultante do exerccio constitucional do direito de ao.O Direito Penal a ultima ratioe no deve se ocupar de questes que encontram respostano mbito extrapenal.A deslealdade processual pode ser combatida com as regras dispostas no CPC, por meio daimposio de multa ao litigante de m-f, alm da possibilidade de punio disciplinar nombito do Estatuto da Advocacia.

    Processo Sexta Turma. REsp 1.101.914-RJ, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 6/3/2012.

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    DIREITO PROCESSUAL PENAL

    Denncia em crimes de autoria coletiva

    Nos crimes de autoria coletiva, no necessria a descrio MINUCIOSA e INDIVIDUALIZADAda ao de cada acusado.

    Basta que o MP narre as condutas delituosas e a suposta autoria, com elementos suficientespara garantir o direito ampla defesa e ao contraditrio.

    Embora no seja necessria a descrio PORMENORIZADA da conduta de cada denunciado, oMinistrio Pblico deve narrar qual o vnculo entre o denunciado e o crime a ele imputado,

    sob pena de ser a denncia inepta.Comentrios Nos crimes de autoria coletiva, prescindvel (dispensvel) a descrio MINUCIOSA e

    INDIVIDUALIZADA da ao de cada acusado, bastando a narrativa das condutas delituosas eda suposta autoria, com elementos suficientes para garantir o direito ampla defesa e ao

    contraditrio.

    Entretanto, embora no seja indispensvel a descrio PORMENORIZADA da conduta decada denunciado em tais delitos, no se pode conceber que o rgo acusatrio (MP) deixede estabelecer qualquer vnculo entre o denunciado e a empreitada criminosa a eleimputada.

    Caso no seja demonstrada a mnima relao entre os atos praticados pelo denunciado comos delitos que lhe foram imputados, isto , o efetivo nexo de causalidade entre a conduta eos crimes pelos quais responde, haver ofensa ao princpio da ampla defesa e a dennciaser inepta.

    Sendo a denncia rejeitada por ser inepta (art. 395, I, do CPP), o Ministrio Pblico podeoferecer nova denncia contra o mesmo ru, pelos mesmos fatos, mas desta vez, narrandoadequadamente o vnculo entre os delitos e o denunciado?SIM. A deciso que rejeita a denncia por inpcia faz apenas coisa julgada formal, podendoser reapresentada com a correo dos vcios.

    Concurso MP Julgado fundamental para concursos do MP.

    Processo Quinta Turma. HC 214.861-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 28/2/2012.

    Competncia por prerrogativa de funo

    A CF/88 no previu foro por prerrogativa de funo aos vereadores.Apesar disso, no h bice de que as Constituies estaduais prevejam foro por prerrogativa

    de funo aos vereadores.Assim, a Constituio do Estado pode estabelecer que os vereadores sejam julgados pelo TJ.

    Comentrios Vereadores possuem foro por prerrogativa de funo? Os crimes eventualmente praticadospor vereadores so julgados pela 1 instncia ou pelo Tribunal?

    A Constituio Federal no previu foro por prerrogativa de funo aos vereadores.Apesar disso, no h bice de que as Constituies estaduais prevejam foro porprerrogativa de funo aos vereadores.

    Desse modo, a Constituio do Estado pode estabelecer que os vereadores sejam julgadospelo Tribunal de Justia.

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    Vamos agora ao caso concreto julgado pelo STJ:X vereador em Silvianpolis/MG e foi acusado de praticar crime em Araruama/RJ.X dever ser julgadopela Justia de MG ou do RJ?X dever ser julgadopor juiz de 1 instncia ou pelo Tribunal de Justia?

    A Constituio do RJ prev que os vereadores sero julgados criminalmente pelo TJ.A Constituio de MG no prev foro por prerrogativa de funo para os vereadores.

    Logo, como X vereador de municpio mineiro, no detm foro privativo, devendo serjulgado criminalmente na 1 instncia.

    Ser julgado na 1 instncia de Silvianpolis/MG ou de Araruama/RJ?Na 1 instncia de Araruama/RJ, considerando que, supostamente, o crime teria sidocometido neste municpio. Aplica-se o art. 70 do CPP:

    Art. 70. A competncia ser, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a

    infrao, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o ltimo ato de execuo.Processo Terceira Seo. CC 116.771-MG, Rel. Min. Sebastio Reis Jnior, julgado em 29/2/2012.

    Procedimento do jri (desaforamento)

    No caso de desaforamento do julgamento para outra comarca, deve-se preferir as mais prximas.No entanto, em caso de desaforamento fundado na dvida de imparcialidade do corpo de

    jurados, o foro competente para a realizao do jri deve ser aquele em que esse risco noexista. Assim, o deslocamento da competncia nesses casos no geograficamente limitado s

    comarcas mais prximas.Comentrios O que o desaforamento?

    Desaforamento o deslocamento do julgamento do caso para outra comarca, alterando-sea competncia territorial do jri, em virtude de motivos previstos taxativamente na lei.

    Motivos que autorizam o desaforamento (arts. 427 e 428 do CPP):a) interesse da ordem pblica;b) dvida sobre a imparcialidade do jri;c) falta de segurana pessoal do acusado;d) em razo do comprovado excesso de servio, se o julgamento no puder ser realizado

    no prazo de 6 (seis) meses, contado do trnsito em julgado da deciso de pronncia.

    Quem pode requerer: Ministrio Pblico; Assistente de acusao; Querelante; Acusado; Tambm possvel o desaforamento mediante representao do juiz competente.Quem decide se realmente caso de desaforamento: o Tribunal de Justia (ou TRF).

    Para onde ocorre o desaforamento?O art. 427 fala que o desaforamento do julgamento ser para outra comarca da mesmaregio, onde no existam aqueles motivos, preferindo-se as mais prximas.

    Qual era o caso julgado pelo STJ?Determinado ru foi denunciado, processado e pronunciado por tentativa de homicdioqualificado. Este processo tramitou em uma comarca do interior do RJ.

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    Aps o trnsito em julgado da pronncia, o juiz de 1 instncia requereu o desaforamentodo julgamento para a capital do Estado.O pedido de desaforamento foi motivado porque havia dvida sobre a imparcialidade docorpo de jurados considerando que o acusado teria grande influncia poltica na regio do

    distrito da culpa e acusado de ser integrante de organizao criminosa (milcia) atuanteem vrias comarcas do estado.O TJRJ aceitou o pedido de desaforamento e determinou que a sesso de julgamento doJri ocorresse na capital do Estado.A defesa do acusado impetrou habeas corpus contra esta deciso no STJ alegando que:a) a suposta parcialidade dos jurados estaria pautada unicamente no fato de o paciente

    ocupar o cargo de Vereador, no havendo elementos concretos para respaldar odeslocamento da ao penal;

    b) teriam sido preteridas comarcas mais prximas a do local dos fatos no desaforamentodo feito para a Capital, o que violaria as determinaes do art. 427 do CPP.

    O que o STJ decidiu?A 5 Turma entendeu que a deciso do TJRJ estava correta.

    Argumentos do STJ que refutaram as teses defensivas:a) conforme sustenta a doutrina e a jurisprudncia, no desaforamento de enorme

    relevncia a opinio do magistrado que preside a causa por estar mais prximo dacomunidade da qual ser formado o corpo de jurados e, por conseguinte, tem maioraptido para reconhecer as hipteses elencadas no art. 427 do CPP. Tendo o juiz de 1instncia apontado concretamente os motivos nos quais se funda a dvida quanto imparcialidade dos jurados, no h qualquer ilegalidade na deciso;

    b) o foro competente para a realizao do jri deve ser aquele em que o risco deimparcialidade no exista, ainda que mais longe. Assim, o deslocamento dacompetncia neste caso no geograficamente limitado s comarcas mais prximas,devendo ser escolhida aquela na qual a alegada influncia do acusado e o eventualreceio pelos jurados seja menor.

    Concurso Esta concluso expressada pelo STJ na letra bir ser cobrada nas provas de concurso.

    Atentar paraascircunstnciasdo casoconcreto

    A anlise da procedncia das razes que autorizam o desaforamento deve ser feita no casoconcreto. No caso acima analisado, alm do fato do acusado ser vereador na cidade,tambm foi considerado que ele participaria, em tese, de uma organizao criminosa(milcia) atuante na regio.Digo isso porque no se deve considerar como correta alternativas em prova que digam queo simples fato de ser vereador na cidade autoriza o desaforamento. Ao contrrio, tal

    situao, por si s, insuficiente, conforme j decidiu o STF na hiptese de um ru que eravereador na cidade, tendo sido o mais votado nas eleies:(...) Ressaltou-se doutrina segundo a qual no seria motivo suficiente para o desaforamentoa situao de a vtima, ou agressor, ou ambos, serem pessoas conhecidas no local dainfrao, o que, certamente, provocaria o debate prvio na comunidade a respeito do fato.

    Assim, a situao deveria ser considerada normal, pois seria impossvel evitar que pessoasfamosas, ou muito conhecidas, ao sofrer ou praticar crimes, deixassem de despertar acuriosidade geral em relao ao julgamento. Vencido o Min. Marco Aurlio (...)HC 103646/GO, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 24.8.2010

    Processo Quinta Turma. HC 219.739-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 6/3/2012.

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    Juizado Especial Criminal (Transao Penal)

    possvel a propositura de ao penal quando descumpridas as condies impostas emtransao penal.

    Comentrios Em caso de descumprimento da pena restritiva de direitos imposta em virtude de transaopenal, no se pode fazer a converso da medida em pena privativa de liberdade, j que, seassim ocorresse, haveria ofensa ao devido processo legal.No lugar da converso, deve o juiz determinar a abertura de vista ao MP para que esteoferea denncia e assim d incio ao processo criminal.Tal entendimento baseado no fato de que a deciso homologatria da transao penalno faz coisa julgada material.Dessa forma, diante do descumprimento das clusulas estabelecidas na transao penal,retorna-se ao status quo ante, viabilizando-se, assim, ao Parquet a continuidade dapersecuo penal.

    Questo

    pacfica

    Este tambm o entendimento do STF e da 5 Turma do STJ sobre o tema.

    Assim, atualmente, trata-se de questo pacfica.Processo Sexta Turma. HC 217.659-MS, Rel. originria Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acrdo Min. Og

    Fernandes, julgado em 1/3/2012.

    Execuo penal (remio)

    O condenado que cumpre pena no regime aberto NO TEM direito remio pelo trabalhonos termos do art. 126 da LEP

    Comentrios Este entendimento baseado na literalidade da LEP:Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime FECHADO ou SEMIABERTO poderremir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execuo da pena.

    O condenado no tem este direito porque o dispositivo no fala em regime aberto.

    Temapacfico

    Esta tambm a posio da 2 Turma do STF:O apenado que cumpre pena em regime aberto no tem jus remio pelo trabalho, nostermos do art. 126 da Lei de Execuo Penal - LEP (...) Entendeu-se que a norma seria clarano sentido de somente ser beneficiado pelo instituto da remio quem cumpra pena emregime fechado ou semiaberto. Asseverou-se que a racionalidade disso estaria no art. 36, 1, do CP, que aduz ser necessrio que o apenado que cumpre pena em regime abertotrabalhe, freqente curso ou exera outra atividade autorizada (O regime aberto baseia -sena autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. 1 - O condenado dever,

    fora do estabelecimento e sem vigilncia, trabalhar, freqentar curso ou exercer outraatividade autorizada, permanecendo recolhido durante o perodo noturno e nos dias de

    folga.). Evidenciou-se, destarte, que a realizao de atividade laboral nesse regime decumprimento de pena no seria, como nos demais, estmulo para que o condenado,trabalhando, tivesse direito remio da pena, na medida em que, nesse regime, o laborno seria seno pressuposto da nova condio de cumprimento de pena.HC 98261/RS, rel. Min. Cezar Peluso, 2.3.2010

    Processo Sexta Turma. HC 186.389-RS, Rel. Min. Sebastio Reis Jnior, em 28/2/2012.

    Execuo penal (unificao de penas e novo prazo para concesso de benefcios)

    Sobrevindo nova condenao ao apenado no curso da execuo, a contagem do prazo paraconcesso de benefcios interrompida, devendo ser feito novo clculo com base no somatrio

    das penas restantes a serem cumpridas.

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    Comentrios Sobrevindo nova condenao ao apenado no curso da execuo da pena, seja por fatoanterior ou, seja posterior ao incio do cumprimento da reprimenda, a contagem do prazopara concesso de benefcios interrompida, devendo ser feito novo clculo com base nosomatrio das penas restantes a serem cumpridas.

    O marco inicial da contagem do novo prazo o trnsito em julgado da sentenacondenatria superveniente.Quem decide sobre a soma ou unificao das penas o juzo das execues (art. 66, III, a, LEP).

    Dispositivoslegaisrelacionados

    Lei de Execuo PenalArt. 111. Quando houver condenao por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, adeterminao do regime de cumprimento ser feita pelo resultado da soma ou unificao das penas, observada,quando for o caso, a detrao ou remio.Pargrafo nico. Sobrevindo condenao no curso da execuo, somar-se- a pena ao restante da que estsendo cumprida, para determinao do regime.

    Art. 118. A execuo da pena privativa de liberdade ficar sujeita forma regressiva, com a transferncia paraqualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:II - sofrer condenao, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execuo, torne incabvel o

    regime (artigo 111).Posio doSTF

    Trata-se tambm do entendimento do STF:A supervenincia de sentena condenatria no curso de execuo criminal determina o reincio da contagem doprazo para concesso do benefcio da progresso de regime, tendo como base a soma das penas restantes aserem cumpridas. (...) Asseverou-se que, uma vez ocorrida a unificao da pena, pouco importaria a data daprtica do delito referente condenao subseqente, pois o somatrio apurado nortearia a fixao do seuregime de cumprimento.STF. 1 Turma. HC 96824/RS, rel. Min. Marco Aurlio, 12.4.2011.

    Processo Sexta Turma. HC 210.637-MA, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 6/3/2012.

    DIREITO TRIBUTRIO

    Imposto sobre produtos industrializados (crdito-prmio de IPI)(obs: este julgado somente interessa a quem presta concursos federais)

    I - possvel a juntada de nova prova para demonstrar o quantum debeaturem liquidao de sentena.

    II dispensvel, na petio inicial da ao de conhecimento, que se exiba toda adocumentao alusiva ao crdito-prmio de IPI das operaes realizadas no perodo cujo

    ressarcimento pleiteado, considerando que na liquidao ser permitida nova prova.Comentrios Vejamos inicialmente algumas noes sobre o IPI:

    Nomenclatura: IPI significa Imposto sobre Produtos Industrializados.

    Sujeito ativo: o IPI um imposto de competncia da Unio (art. 153, IV, da CF/88).Sujeito passivo: previsto no art. 51 do CTN.Sero contribuintes do IPI:I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar;III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os fornea a industriais;IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilo.

    Fato gerador:Situaes em que poder ser cobrado o IPI, segundo o art. 46 do CTN:a) Importao de produto industrializado (o incio do desembarao aduaneiro);b) Sada de produto industrializado do estabelecimento industrial, ou equiparado a

    industrial;c) Aquisio em leilo de produto industrializado abandonado ou apreendido;

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    Produto industrializado: considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido aqualquer operao que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeioe para oconsumo (art. 46, pargrafo nico do CTN).

    Crdito-prmio do IPI:O Governo Federal, visando aumentar as exportaes do Brasil, editou, em 1969, o Decreto-

    Lei n. 491, instituindo o chamado crdito-prmio do IPI, que consistia em um estmulofiscal s empresas fabricantes e exportadoras de produtos manufaturados.Desse modo, as empresas fabricantes e exportadoras de produtos manufaturados, aovenderem seus produtos para o exterior, adquiriam crditos e podiam utiliz-los paracompensar com o pagamento do IPI devido nas operaes realizadas dentro do mercadobrasileiro.Segundo entendimento do STJ e do STF, o benefcio fiscal do crdito-prmio do IPIpermaneceu em vigor at 05 de outubro de 1990, quando ento foi revogado, com base noart. 41, 1 do ADCT, em razo de no ter sido editada nenhuma lei confirmando o referido

    incentivo.

    ADCT/Art. 41 (...) 1 - Considerar-se-o revogados aps dois anos, a partir da data da promulgao daConstituio, os incentivos que no forem confirmados por lei.

    Agora que aprendemos um pouco mais sobre o IPI e o crdito prmio, vamos analisar ojulgamento do STJ.

    Empresa A ingressou com ao declaratria cumulada com pedido condenatrio,objetivando a declarao de seu direito e o ressarcimento do incentivo fiscal do crdito-

    prmio relativo ao perodo de 07.12.1979 a 31.03.1981, e que havia sido indevidamentesuprimido pela Portaria 960 do Ministrio da Fazenda.

    Com a petio inicial, a autora juntou algumas guias que provavam que ela realizouoperaes de exportao no perodo mencionado.

    A ao foi julgada totalmente procedente, tendo sido reconhecido que a mencionadaempresa tinha, realmente, direito ao crdito-prmio de IPI referente ao perodo alegado, ouseja, de 07.12.1979 a 31.03.1981.

    No momento de liquidar a sentena, calculando o valor devido a ttulo de crdito-prmio, as

    instncias ordinrias afirmaram que a empresa somente tinha direito ao crdito-prmioreferente s guias de exportao juntadas com a petio inicial.

    A empresa, por outro lado, queria, na liquidao da sentena, juntar outras guias deexportao e receber o crdito de todas as guias juntadas na liquidao.

    A tese da empresa, portanto, era a seguinte: no h empecilho para a juntada das guias detodas as operaes de exportao realizadas no perodo por ocasio da apurao doquantum debeatur, na fase de liquidao de sentena, no estando o valor do crdito aser recebido limitado s guias anteriormente apresentadas com a petio inicial.

    Esta tese da empresa foi acolhida pelo STJ?SIM. A Primeira Seo (que engloba a 1 e 2 Turmas) entendeu que possvel a juntada daprova demonstrativa do quantum debeaturem liquidao de sentena.Assim, dispensvel, na petio inicial da ao de conhecimento, que se exiba toda a

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    documentao alusiva ao crdito-prmio de IPI das operaes realizadas no perodo cujoressarcimento pleiteado.Na ao de conhecimento, a parte dever comprovar a sua legitimidade ad causam, o seuinteresse e o direito alegado.

    Na liquidao da sentena que ser provado o quantum do crdito-prmio devido,sendo, ento, possvel a juntada de novos documentos, sem que isso viole a coisa julgadaou a precluso.

    Segundo entendimento do STJ, nos casos de crdito-prmio, a liquidao da sentenadever ser feita por artigos.CPC/Art. 475-E. Far-se- a liquidao por artigos, quando, para determinar o valor dacondenao, houver necessidade de alegar e provar fato novo.

    A parte dever apresentar toda a documentao que comprove a efetiva operao deexportao, bem como o ingresso de divisas no Pas, sem o que no se habilita fruio do

    benefcio, mesmo estando reconhecido na sentena.Recursorepetitivo

    Atentar para o fato de que se trata de REsp apreciado sob o rito do art. 543-C do CPC. Dessemodo, publicada esta deciso do STJ, os recursos especiais sobrestados na origem:I - tero seguimento denegado na hiptese de o acrdo recorrido (deciso do TJ ou TRF)coincidir com a orientao do STJ; ouII - sero novamente examinados pelo tribunal de origem na hiptese de o acrdorecorrido (deciso do TJ ou TRF) divergir da orientao do STJ.

    Processo Primeira Seo. REsp 959.338-SP, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 29/2/2012.

    PIS/Cofins

    (obs: este julgado somente interessa a quem presta concursos federais)

    No incide PIS/COFINS sobre o JCP (juros sobre capital prprio) recebidodurante a vigncia da Lei 9.718/98 at a edio da Lei 10.637/02.

    Comentrios Os chamados PIS e COFINS so duas diferentes contribuies de seguridade social,institudas pela Unio, e destinadas a custear os servios de sade, previdncia e assistnciasocial (art. 194 da CF/88).Atualmente o PIS chamado de PIS/PASEP.

    PIS/PASEPO sentido histrico dessas duas siglas a seguinte:

    PIS: Programa de Integrao Social. PASEP: Programa de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico.O PIS e o PASEP foram criados separadamente, mas desde 1976, foram unificados epassaram a ser denominados de PIS/PASEP.

    O art. 239 da CF/88 determinou que a arrecadao decorrente das contribuies para oPIS/PASEP, passasse, a partir da promulgao da CF, a financiar o seguro-desemprego e oabono salarial (previsto no 3 da CF/88).

    Em suma, atualmente, a arrecadao do PIS/PASEP destinada a pagar o seguro-desemprego e o abono salarial.

    Um dos sujeitos passivos do PIS/PASEP so as pessoas jurdicas de direito privado (e asequiparadas), sendo esta contribuio cobrada com base no faturamento mensal.

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    COFINS:Significa Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social.Tem como sujeito passivo as pessoas jurdicas de direito privado (e as equiparadas).A COFINS tambm cobrada com base no faturamento mensal ou receita brutada pessoa,

    aps a deduo das parcelas do faturamento.

    Lei n. 9.718/98

    A Lei n.9.718/98 estabeleceu, em seu art. 2, que a base de clculo do PIS e da CONFINS o faturamento.No art. 3, esta mesma lei previu que o faturamento corresponde receita bruta da pessoa

    jurdica.

    Resumindo (Lei n.9.718/98):BC do PIS e da COFINS = FATURAMENTO

    Faturamento = RECEITA BRUTA

    Art. 2 As contribuies para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurdicas dedireito privado, sero calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislaovigente e as alteraes introduzidas por esta Lei.

    Art. 3 O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde receita bruta dapessoa jurdica.

    O 1 do art. 3 desta Lei conceituava receita bruta: 1 Entende-se por receita bruta a totalidade das receitas auferidaspela pessoa jurdica,sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificao contbil adotada

    para as receitas. (Revogado pela Lei n 11.941/2009)

    Com base neste 1 do art. 3 da Lei n.9.718/98 (atualmente revogado) o Fisco inclua osjuros sobre capital prprio JCP, no conceito de receita financeira, fato que permitia acobrana do PIS/COFINS sobre ele.

    O que so juros sobre capital (JCP)Os juros sobre capital prprio so uma forma de se distribuir o lucro entre os acionistas,titulares ou scios de uma sociedade empresria, em substituio distribuio dedividendos.Se uma sociedade empresria acionista, titular ou scio de outra sociedade empresria erecebe JCP, ir contabilizar tais valores como receita financeira.

    Assim, na viso do Fisco, os juros sobre capital prprio (JCP) integravam o conceito defaturamento e, por isso, seu valor era calculado no momento de cobrar o PIS e a COFINS.

    Todavia, o STF declarou inconstitucional o 1 do art. 3, da Lei 9.718/98, tendo em vistaque este dispositivo ampliou indevidamente o conceito de faturamento, ao prever que areceita bruta (que igual a faturamento) seria a totalidade das receitas auferidas.

    Por que o STF decidiu assim?A redao original do art. 195 da CF/88 dizia que as contribuies sociais dos empregadoresincidiriam sobre a folha de salrios, o faturamentoe o lucro.

    O que era faturamento, na viso do STF?Segundo o STF, faturamento era sinnimo de receita bruta e significava apenas a receitadecorrente da venda de mercadorias ou prestao de servios.

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    Qual era a inconstitucionalidade do 1 do art. 3 da Lei n.9.718/98?Inclua no conceito de faturamento (receita bruta) no apenas as receitas decorrentes davenda de mercadorias ou prestao de servios, mas sim todos os tipos de receitasexistentes.

    Assim, segundo este dispositivo, na receita bruta estavam includas as receitas financeiras.

    Resumindo:

    Lei n.9.718/98: faturamento (receita bruta) inclui receita financeira. STF: faturamento (receita bruta) NO inclui receita financeira.JCP receita financeira (no decorre da venda de mercadorias ou prestao de servios).Logo, os juros sobre capital prprio no integram o conceito de faturamento definido pelo STF.

    Para a Lei n.9.718/98: faturamento (receita bruta) inclui JCP STF: faturamento (receita bruta) NO inclui JCP.

    Alterao do art. 195 da CF pela EC 20/98:A EC 20/98 alterou o art. 195 da CF.O art. 195 passou a dizer que a seguridade seria financiada, dentre outras formas, porcontribuies sociais do empregador incidentes sobre a receita ou o faturamento(art. 195, I, a).

    Incluso da receita na BC:A EC 20/98 incluiu, portanto, a receita (de qualquer tipo) na base de clculo dascontribuies sociais.Assim, atualmente, possvel cobrar contribuies sociais sobre qualquer espcie dereceita (inclusive a receita financeira).

    Atualmente possvel cobrar PIS/COFINS sobre o JCP?SIM. Tendo em vista a mudana no art. 195 da CF, com a incluso da palavra receita, oque engloba a JCP, que uma espcie de receita financeira.Com a edio da EC 20/98 foi possvel a incluso da totalidade das receitas - incluindo o JCP- como base de clculo do PIS/COFINS. Esta possibilidade foi materializada com a edio dasLeis 10.637/02 e 10.833/03.

    Houve a constitucionalizao do 1 do art. 3 da Lei n.9.718/98?Alguns tributaristas alegaram que a EC 20/98 constitucionalizou este dispositivo, ou seja,fez com que ele se tornasse compatvel com a CF/88.

    O STF no aceitou esta tese, considerando que o sistema jurdico brasileiro no contemplaa figura da constitucionalidade superveniente, ou seja, se a lei era incompatvel com otexto constitucional, no se torna vlida com a mudana da Constituio (RE 346.084/PR).

    Algumas concluses:

    O 1 do art. 3 da Lei n.9.718/98 no produziu nenhum efeito jurdico nem mesmoaps a EC 20/98;

    A incidncia de PIS/COFINS sobre as receitas financeiras (no caso, o JCP), somentepassou a ser constitucional a partir da EC 20/98;

    A incidncia de PIS/COFINS sobre as receitas financeiras (no caso, o JCP), somentepassou a ter previso em lei vlida a partir da edio da Lei n.10.637/02;

    No perodo entre a EC 20/98 at a Lei n.10.637/02 era constitucional a incidncia dePIS/COFINS sobre as receitas financeiras (no caso, o JCP), mas ainda no havia Leiprevendo, razo pela qual no podia ser cobrado.

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    Tudo isso, para explicar a seguinte concluso do STJ:No incide PIS/COFINS sobre o JCP recebido durante a vigncia da Lei 9.718/98 at aedio das Leis 10.637/02 (cujo art. 1 entrou em vigor a partir de 01.12.2002) e10.833/03.

    Observao menos importante, mas que fica registrada apenas para constar:Existe divergncia acerca da natureza jurdica do JCP (se equivalente a dividendos ou areceita financeira).

    Precedente Havia precedente do STJ no mesmo sentido: REsp. 1.018.013/SC (1 Turma), Rel. Min. Jos Delgado, DJe 28.04.2008.

    Recursorepetitivo

    Atentar para o fato de que se trata de REsp apreciado sob o rito do art. 543-C do CPC.

    Processo Primeira Seo. REsp 1.104.184-RS, Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, julgado em 29/2/2012.

    DIREITO PREVIDENCIRIO

    Ato de interventor em entidade fechada de previdncia complementar e mandado de segurana

    Os atos do interventor em entidade fechada de previdncia complementar podem serquestionados em mandado de segurana.

    Comentrios Entidade fechada de previdncia complementarEFPCEntidade fechada de previdncia complementar uma instituio, sem fins lucrativos, queadministra os planos de previdncia:I - dos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e dos servidores da Unio, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municpios; eII - aos associados ou membros de pessoas jurdicas de carter profissional, classista ou

    setorial.

    Patrocinador: empresa ou grupo de empresas, a Unio, os Estados, o Distrito Federal e osMunicpios, suas autarquias, fundaes, sociedades de economia mista e outras entidadespblicas que instituam, para seus empregados ou servidores, plano de benefcios de carterprevidencirio, por intermdio de entidade fechada.

    Instituidor: pessoa jurdica de carter profissional, classista ou setorial, que oferece aos seusassociados ou membros, plano de benefcios de natureza previdenciria, operado por EFPC,sem finalidade lucrativa.

    chamada de "entidade fechada" pelo fato de atender exclusivamente aos empregados eservidores das patrocinadoras ou aos associados ou membros do instituidor.

    Entidade aberta de previdncia complementarEAPCA entidade aberta de previdncia complementar, por outro lado, pode ter fins lucrativos eseu objetivo administrar planos de previdncia de qualquer pessoa interessada. Essas soas instituies privadas, normalmente ligadas a seguradoras.

    A legislao que rege o tema a Lei Complementar 109/2001, que dispe sobre o regime deprevidncia complementar.

    Interveno em entidade fechada de previdncia complementarA LC 109/2001 prev que poder ser decretada a interveno na entidade de previdnciacomplementar para resguardar os direitos dos participantes e assistidos (art. 44).

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    Atos do interventor: podem ser questionados em MSOs atos do interventor em entidade fechada de previdncia complementar podem serquestionados em mandado de segurana. Isso porque, segundo a LC 109/2001, o Estado

    responsvel pela fiscalizao das instituies previdencirias, sendo-lhe autorizada ainterveno para proteo dos interesses dos participantes e assistidos.No caso de interveno, situao excepcionalssima, o Estado que exerce, por intermdiodo interventor, sua autoridade na relao privada. Em outras palavras, o interventor agecomo um delegado do poder pblico.Esse entendimento reforado pelo disposto no art. 59 da LC 109/2001, que prev recursoadministrativo contra ato do interventor, o qual dever ser apreciado pelo ministro deEstado da rea a que estiver vinculada a entidade.Segundo a Min. Relatora, embora a previdncia complementar seja uma relao denatureza privada, este fato, por si s, no afasta a possibilidade de utilizao do mandadode segurana. Em verdade, a natureza da relao afetada no ser determinante para o

    cabimento do mandado de segurana, mas a natureza do ato imputado ilegal e seurespectivo executor.

    Processo Quarta Turma. REsp 262.793-CE, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 28/2/2012.

    SISTEMA FINANCEIRO DE HABITAO

    Competncia no caso de aes contra a POUPEX(obs: este julgado somente interessa a quem presta concursos nos quais seja exigida SFH)

    da competncia da JUSTIA ESTADUAL o julgamento de ao de consignao em pagamento

    ajuizada por muturio contra a Associao de Poupana e Emprstimo (POUPEX)Comentrios O entendimento baseia-se no fato de a POUPEX ser entidade de direito privado (sociedade

    simples) e, na hiptese, no est em questo qualquer interesse da Unio, entidadeautrquica ou empresa pblica federal.Sabe-se que a POUPEX supervisionada por fundao pblica (Fundao Habitacional doExrcitoFHE), mas esta no participa da lide como r, assistente ou oponente, razo pelaqual no atrai o disposto no art. 109, I, da CF.Ademais, a lide no envolve discusso sobre o Fundo de Compensao de VariaesSalariaisFCVS, o que tambm justifica a fixao da competncia da Justia estadual paraapreciar o feito.

    O que a

    POUPEX?

    A Associao de Poupana e Emprstimo - POUPEX uma instituio civil mutualista, sem fins lucrativos, criada

    e gerida pela Fundao Habitacional do Exrcito (FHE) nos termos da Lei n 6.855/80.A POUPEX submetida s normas do Sistema Financeiro de Habitao (SFH) e opera com recursos captados emcaderneta de poupana, tendo por objetivos permanentes: captar, incentivar e disseminar a poupana, propiciando ou facilitando a aquisio e a construo da casa

    prpria aos seus associados; possibilitar, por meio de emprstimos de recursos da poupana, que a FHE promova empreendimentos

    habitacionais nas melhores condies de preo, qualidade e segurana, com vista ao atendimento de seusassociados.

    Qualquer pessoa fsica ou jurdica pode se associar POUPEX.

    Processo Quarta Turma. REsp 948.482-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 6/3/2012.

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    EXERCCIOS DE FIXAO

    Julgue os itens a seguir:1) Em processo administrativo disciplinar no considerada comunicao vlida a remessa de telegrama

    para o servidor pblico recebido por terceiro. ( )2) A resoluo contratual pela onerosidade excessiva reclama supervenincia de evento extraordinrio,

    impossvel s partes antever, no sendo suficientes alteraes que se inserem nos riscos ordinrios. ( )3) Segundo entende o STJ, no momento da fixao do valor da indenizao por danos morais no

    possvel a considerao de circunstncias pessoais do ofendido. ( )4) invlida a notificao extrajudicial exigida para a comprovao da mora do devedor/fiduciante nos

    contratos de financiamento com garantia de alienao fiduciria realizada por via postal, no endereodo devedor, caso o ttulo tenha sido apresentado em cartrio de ttulos e documentos situado emcomarca diversa daquela do domiclio do devedor. ( )

    5) Como se trata de mora ex re, a comprovao da mora dispensvel busca e apreenso do bemalienado fiduciariamente. ( )

    6) Segundo a jurisprudncia, a inverso do nus da prova de que trata o art. 6, VIII, do CDC regra dejulgamento. ( )7) (MP/ES2010) A inverso do nus da prova direito bsico do consumidor, todavia, no absoluto,

    que s ser a este concedido quando o juiz verificar, de forma cumulativa, sua hipossuficincia e averossimilhana de suas alegaes. ( )

    8) (DPE/AL 2009) Considere que Carla tenha firmado contrato de prestao de servios de engenhariacom a XY Engenharia Ltda e, na execuo dos servios, a fornecedora tenha carreado consumidoradanos materiais e morais. Nesse caso hipottico, ajuizada ao de reparao de danos, o juzocompetente deve inverter o nus da prova automaticamente em favor de Carla. ( )

    9) Os trabalhadores demitidos com justa causa tm direito a manter, pelo perodo mximo de 24 meses, oplano de sade com as mesmas condies que gozavam durante o contrato de trabalho, desde que

    assumam o pagamento integral da contribuio. ( )10)O incorporador responsvel por eventuais vcios e defeitos de construo surgidos noempreendimento imobilirio se estiver executando diretamente a obra. Caso tenha contratado umaconstrutora, o incorporador ser respons