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RENATA FERNANDES CADORNA CERVO INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE CONSULTORIA EMPRESARIAL Trabalho apresentado ao curso MBA em Gerenciamento de Projetos, Pós- Graduação lato sensu, da Fundação Getulio Vargas como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Gerenciamento de Projetos. ORIENTADOR: André Baptista Barcaui Rio de Janeiro Novembro/2017

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RENATA FERNANDES CADORNA CERVO

INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO

GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE CONSULTORIA

EMPRESARIAL

Trabalho apresentado ao curso

MBA em Gerenciamento de Projetos, Pós-

Graduação lato sensu, da Fundação

Getulio Vargas como requisito parcial para

a obtenção do Grau de Especialista em

Gerenciamento de Projetos.

ORIENTADOR: André Baptista Barcaui

Rio de Janeiro

Novembro/2017

Page 2: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

PROGRAMA FGV MANAGEMENT

MBA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS

O Trabalho de Conclusão de Curso

Influência da Cultura Organizacional no Gerenciamento de Projetos de Consultoria

Empresarial

elaborado por Renata Fernandes Cadorna Cervo

e aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso de MBA em Gerenciamento de

Projetos, foi aceito como requisito parcial para a obtenção do certificado do curso de

pós-graduação, nível de especialização do Programa FGV Management.

Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2017.

André Baptista Barcaui

Coordenador Acadêmico Executivo e Orientador

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TERMO DE COMPROMISSO

A aluna Renata Fernandes Cadorna Cervo, abaixo assinada, do curso de

MBA em Gerenciamento de Projetos, Turma (GP 96) do Programa FGV

Management, realizado nas dependências da FGV, no período de setembro/2013 a

novembro/2017, declara que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso

intitulado Influência da Cultura Organizacional no Gerenciamento de Projetos de

Consultoria Empresarial é autêntico, original e de sua autoria exclusiva.

Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2017.

Renata Fernandes Cadorna Cervo

Page 4: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.

Ao meu amado marido e melhor amigo, companheiro de todas as horas e

situações.

À Petróleo Brasileiro S.A. que investiu em mim, proporcionando meu

desenvolvimento profissional.

Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

Aos meus queridos amigos, que sempre torceram por mim e estiveram ao meu

lado, compartilhando momentos inesquecíveis.

A esta instituição, seu corpo docente, além da direção e da administração, que

realizam seu trabalho com tanto amor e dedicação, trabalhando incansavelmente

para que nós, alunos, possamos contar com um ensino de extrema qualidade.

Ao meu orientador André Baptista Barcauí, pelo suporte no pouco tempo que

lhe coube, compartilhando sua sabedoria e me inspirando com suas experiências.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte desta formação, o meu

muito obrigada!

Page 5: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

RESUMO

Em um projeto de consultoria, a interação entre o consultor e os membros de uma organização corresponde de uma relação inevitável com a cultura organizacional que pode viabilizar ou inibir o desenvolvimento das atividades. Este trabalho tem por objetivo analisar a influência da cultura organizacional no gerenciamento de projetos de consultoria empresarial. Primeiramente, foi desenvolvido um estudo teórico sobre os tipos de consultoria, suas diferentes práticas e o mercado no qual se encontra e, como a cultura organizacional afeta o trabalho do consultor. Num segundo momento, foi aplicado um estudo de caso que consiste na elaboração e aplicação de um questionário a consultores, visando o aumento do conhecimento acerca desta atividade e, a forma como eles lidam com a cultura organizacional das empresas.

Palavras-Chave: Consultoria empresarial; Cultura organizacional; Mudança cultural.

Page 6: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

ABSTRACT

In a consulting project, the interaction between the consultant and the members of an organization corresponds to an inevitable relationship with the organizational culture that can enable or inhibit the development of activities. This work aims to analyze the influence of organizational culture in the management of business consulting projects. Firstly, a theoretical study was developed on the types of consulting, its different practices and the market in which it is found, and how the organizational culture affects the work of the consultant. In a second moment, a case study was applied, which consists in the elaboration and application of a questionnaire to consultants, aiming to increase the knowledge about this activity and the way in which they deal with the organizational culture of the companies.

Keywords: Business consulting; Organizational culture; Cultural change.

Page 7: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Faixa etária.................................................................................................44

Figura 2: Tipo de

consultor........................................................................................Erro! Indicador não

definido.45

Figura 3: Porte da empresa-cliente...........................................................................45

Figura 4: Estrutura.....................................................................................................46

Figura 5: Metodologia................................................................................................47

Figura 6: Abrangência...............................................................................................47

Figura 7: Forma de relacionamento..........................................................................48

Figura 8: Tempo de atuação.....................................................................................49

Figura 9: Áreas de atuação.......................................................................................50

Figura 10: Ferramentas.............................................................................................51

Figura 11: Escolha do consultor................................................................................52

Figura 12: Principais desafios...................................................................................53

Page 8: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................10

1.1. Objetivo Geral....................................................................................................11

1.2. Objetivos Específicos.......................................................................................11

1.3. Problema da Pesquisa......................................................................................11

1.4. Relevância da Pesquisa....................................................................................11

2. CONSULTORIA EMPRESARIAL..........................................................................12

2.1. Conceito de Consultoria Empresarial.............................................................12

2.1.1. O Profissional de Consultoria...........................................................................13

2.2. O Mercado de Consultoria: Evolução e Tendências......................................14

2.3. Tipos de Consultoria Empresarial...................................................................15

2.3.1. Quanto ao Consultor........................................................................................16

2.3.1.1. Consultor Interno...........................................................................................16

2.3.1.2. Consultor Externo..........................................................................................17

2.3.2. Quanto à Estrutura...........................................................................................18

2.3.2.1. Consultoria de Pacote...................................................................................18

2.3.2.2. Consultoria Artesanal....................................................................................19

2.3.3 Quanto à Abrangência ou Amplitude.................................................................20

2.3.3.1. Consultoria Especializada.............................................................................21

2.3.3.2. Consultoria Total...........................................................................................21

2.3.3.2.1. Consultoria Total Integrada........................................................................22

2.3.3.3. Consultoria Globalizada................................................................................22

2.3.4. Quanto às Formas de Relacionamento............................................................23

2.3.4.1. Consultor Associado......................................................................................23

2.3.4.2. Consultor Autônomo......................................................................................24

2.3.4.3. Consultor Virtual............................................................................................25

2.4. Ética na Consultoria..........................................................................................25

2.4.1. Conceito de Ética.............................................................................................26

2.4.2. Ética Empresarial.............................................................................................27

2.4.3. Ética e Consultoria...........................................................................................28

3. CULTURA ORGANIZACIONAL............................................................................30

3.1. Conceito de Cultura Organizacional................................................................30

3.1.1. Definição de Cultura.........................................................................................30

Page 9: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

3.1.2. Definição de Cultura Organizacional................................................................31

3.2. Elementos da Cultura Organizacional.............................................................33

3.2.1. Crenças............................................................................................................33

3.2.2. Valores.............................................................................................................33

3.2.3. Artefatos...........................................................................................................34

3.2.4. Tecnologia........................................................................................................34

3.2.5. Símbolos...........................................................................................................34

3.2.6. Conjunto de Valores.........................................................................................35

3.2.7. Normas.............................................................................................................35

3.2.8. Recompensas...................................................................................................36

3.3. Finalidade da Cultura Organizacional.............................................................36

3.3.1. Funções da Cultura Organizacional.................................................................36

3.3.1.1. Convivência Interna.......................................................................................36

3.3.1.2. Convivência com o Mundo Exterior...............................................................37

3.3.2. Disfunções da Cultura Organizacional.............................................................38

3.4. Formação da Cultura Organizacional: O Papel do Líder...............................38

3.5. Mudança da Cultura Organizacional...............................................................39

4. ENFRENTADO A CULTURA ORGANIZACIONAL DAS EMPRESAS.................42

4.1. Resultados da Pesquisa...................................................................................43

4.1.1. Perfil dos Entrevistados....................................................................................43

4.1.2. Tipo de Consultoria..........................................................................................44

4.1.3. A Prática da Consultoria...................................................................................50

4.1.4. Enfrentando a Cultura Organizacional.............................................................52

5. CONCLUSÃO........................................................................................................55

REFERÊNCIAS..........................................................................................................57

APÊNDICE I...............................................................................................................60

ANEXO A...................................................................................................................62

Page 10: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

10

1. INTRODUÇÃO

A consultoria empresarial é um projeto desenvolvido por profissionais

especializados de modo a diagnosticar problemas de uma organização, formulando

soluções, a fim de atingir o resultado esperado (CROCCO; GUTTMANN, 2010).

O objetivo da consultoria é traçar o melhor caminho num cenário de riscos,

indefinições e competição, constituindo para os executivos da organização um

problema complexo, embora de grande relevância.

No desenvolver das atividades de consultoria empresarial, a interação entre o

consultor e os membros da organização forma uma relação indispensável com a

cultura organizacional, a qual pode propiciar ou impossibilitar o projeto de consultoria

(OLIVEIRA, 2015).

A cultura organizacional pode ou não influenciar o sucesso deste projeto,

dependendo da decisiva participação dos executivos da empresa. Desta maneira, o

papel dos gestores é imprescindível na relação entre os princípios culturais

presentes e as soluções de negócio por parte da consultoria.

O presente Trabalho de Conclusão de Curso é dividido em duas partes

principais, a primeira que revela um estudo teórico, baseado em um levantamento

de dados secundários sobre o tema “Influência da Cultura Organizacional no

Gerenciamento de Projetos de Consultoria Empresarial” e, conhecendo a

abrangência do assunto, buscou-se delimitar o tema abordando os tipos de

consultoria, suas diferentes práticas e o mercado no qual se encontra, qual a relação

da ética na consultoria e, como a cultura organizacional afeta o trabalho do

consultor.

Num segundo momento faz-se necessária a busca prática do conhecimento

teórico obtido e, para tanto, vislumbra-se um estudo de caso que consiste na

elaboração e aplicação de um questionário a consultores, visando o aumento do

conhecimento acerca desta atividade e, a forma como eles lidam com a cultura

organizacional das empresas.

O tema foi escolhido em razão do aumento da prática de serviços de

consultoria no Brasil e no mundo, sendo de relevada importância que os projetos de

consultoria mantenham padrões de qualidade neste processo de expansão de oferta

para atender adequadamente, orientando e melhorando os resultados dos negócios

das empresas-clientes.

Page 11: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

11

Verifica-se, ainda, que os profissionais que prestam serviços de consultoria

devem estar preparados para atuar de maneira ética e saberem lidar com a cultura

organizacional das empresas-clientes.

O presente trabalho tem, ainda, por finalidade atender os seguintes

pressupostos abaixo descritos:

1.1. Objetivo Geral

Identificar como os consultores enfrentam a cultura organizacional das

empresas.

1.2. Objetivos Específicos

a) Pesquisar as teorias de consultoria;

b) Amadurecer o conhecimento a respeito de cultura organizacional;

c) Conhecer o perfil dos consultores.

1.3. Problema da Pesquisa

Como os consultores enfrentam a cultura organizacional das empresas de

modo a terem sucesso em seus projetos?

1.4. Relevância da Pesquisa

O sucesso do projeto de consultoria empresarial depende diretamente da

cultura organizacional da empresa-cliente, possibilitando ou não que haja a

interação desta com seu consultor. Sendo o consultor um agente possuidor de uma

visão diferenciada, este tem a responsabilidade de apoiar a alta administração na

tomada de decisão mais apropriada, de modo a atender os objetivos e anseios da

organização. Desta forma, vê-se que a consultoria é capaz de auxiliar eficazmente

na melhoria e consolidação das empresas, desde que aliada à sua cultura

organizacional.

Page 12: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

12

2. CONSULTORIA EMPRESARIAL

Dentre os diversos desafios enfrentados pelas empresas em um mundo

globalizado, o qual muda a todo o momento, vê-se a busca dos administradores por

novas opções de melhoria, ideias inovadoras e auxílio na gestão empresarial

(CHIAVENATO, 2005).

Já é passada a época dos líderes autocratas que se julgam soberanos e

absolutos na tomada de decisões. A diretriz atual é que se chegue a um consenso e,

quanto maior o número de alternativas ou possibilidades de ideias e inovação as

empresas apresentarem, melhor será seu desempenho perante a concorrência.

Os projetos de consultoria vêm sendo uma ferramenta de grande auxílio na

apresentação de soluções para os desafios empresariais, bem como no

acompanhamento da consolidação de empresas no mercado (OLIVEIRA, 2015).

2.1. Conceito de Consultoria Empresarial

Existem duas linhas gerais que conceituam a consultoria. A primeira mais

generalista, ressalta a relação de ajuda consultor-cliente na resolução de problemas

pertinentes à organização. Oliveira (2015, p. 21) define a consultoria empresarial

como sendo:

[...] um processo interativo de um agente de mudanças externo à empresa,

o qual assume a responsabilidade de auxiliar os executivos e profissionais

da referida empresa na tomada de decisões, não tendo, entretanto, o

controle direto da situação.

Assim, Oliveira (2015, p. 21) conclui que processo interativo:

[...] é o conjunto estruturado de atividades sequenciais, que desenvolvem ação recíproca, lógica e evolutiva, visando atender e, preferencialmente, suplantar as expectativas e necessidades dos clientes internos e externos da empresa” e que agente de mudanças é o “profissional capaz de desenvolver comportamento. Atitudes e processos que possibilitem à

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13

empresa transacionar, proativa e interativamente, com diversos fatores do ambiente empresarial.

Já a segunda linha analisa e complementa o processo de consultoria,

utilizando-se da definição fornecida pelo Instituto Brasileiro de Consultores de

Organização (n.d.):

Entende-se Consultoria de Organização (CO) a atividade que visa à

investigação, identificação, estudo e solução de problemas, gerais ou

parciais, atinentes à estrutura, ao funcionamento e à administração de

empresas e entidades privadas ou estatais.

De tal modo, pode-se observar que a consultoria empresarial vem se

difundindo rapidamente, no tocante à prática profissional. Na avaliação de Oliveira

(2015, p. 24), “a consultoria empresarial é um dos segmentos de prestação de

serviços que mais tem crescido no mundo”. Segundo Quintella (1994), essa

atividade movimentará mais de um trilhão de dólares até 2020, com

aproximadamente um milhão de consultores e dez milhões de clientes diretos.

2.1.1. O Profissional de Consultoria

O consultor é um profissional contratado para auxiliar na identificação das

necessidades da organização, a partir levantamento da situação atual e dos

objetivos propostos no projeto de consultoria. Este, em conjunto com a empresa, irá

desenvolver planos de implementação das ações definidas conforme definido no

plano de trabalho. Cabe ressaltar que o consultor não possui poder de decisão, este

sempre é da organização, que pode estar representada por um gestor, membro da

alta administração, ou até mesmo algum profissional da instituição.

Segundo Crocco e Guttmann (2010), alguns atributos são considerados

básicos para desempenho da função de consultor, estes estão agrupados em três

blocos, a saber:

Page 14: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

14

� Comportamento: define o posicionamento adotado pelo consultor quando em

situações sensíveis para ambas as partes, consultor e empresa-cliente. Pode

ser definido como sendo a exteriorização dos valores, emoções e da

aplicação do conhecimento do consultor;

� Habilidade: é o conhecimento específico aplicado que proporciona

flexibilidade do consultor na proposta de otimização de resultados, o consultor

deve possuir habilidades técnicas, administrativas, de comunicação, de

relacionamento humano e, motivação;

� Conhecimento: o conhecimento do consultor deve abranger conceitos

generalistas de gestão, tais como: competências essenciais, inteligência

emocional, motivação humana, liderança orientada para resultados,

aprendizagem organizacional, dentre outros, assim como, conhecimentos

específicos, focados no setor de sua atuação.

2.2. O Mercado de Consultoria: Evolução e Tendências

Diferentes sociedades significam diferentes necessidades. Assim, o consultor

precisa estar atento às características do cliente, de forma a abranger todos os

aspectos envolvidos: cultural, econômico, legal e fiscal, pois isso é fator

determinante para o sucesso do projeto.

Nos Estados Unidos e Europa, por exemplo, o papel principal dos consultores

é auxiliar os homens de negócios a lidarem com as constantes mudanças,

especialmente àquelas que se utilizam da introdução de novas tecnologias,

causando incertezas (administração de riscos).

Atualmente, as grandes mudanças que vem ocorrendo no mundo corporativo,

em decorrência da abertura de mercados, têm contribuído de forma decisiva para o

aperfeiçoamento das técnicas adotadas pelos profissionais de consultoria,

possibilitando, assim, a previsão de tendências e resultados desejados ou não.

Jovens consultores independentes, antenados às mudanças no ambiente

empresarial e sempre bem informados, surgem no mercado como especialistas e

são procurados para atuarem em pequenas e grandes empresas.

O grande tormento que aflige os consultores empresariais, de modo a

influenciar nas contratações de seus serviços, é a necessidade de estarem sempre

Page 15: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

15

bem inteirados quanto às tendências, qualificando-os para o direcionamento de seus

clientes sobre as mudanças do mercado.

Devem os consultores, portanto, buscar constantemente: a atualização das

informações; a utilização de ferramentas adequadas para cada situação; o

desenvolvimento de habilidades para criar cenários e soluções.

Oliveira (2015) identifica algumas tendências da consultoria empresarial:

� Fusões entre empresas que prestam serviços de consultoria empresarial;

� Busca de novos conhecimentos e inovações para enfrentar a globalização na

economia;

� Aumento da demanda de consultoria para que as empresas possam

consolidar suas vantagens competitivas;

� Aumento pelo número de consultorias, causado pelos processos de

terceirização;

� Representatividade dos serviços de consultoria por professores e

universidades;

� Necessidade das empresas crescerem de forma organizada e sustentada;

� Busca incessante do aumento de produtividade, com rentabilidade e

diferenciação;

� Necessidade de padrões e obtenção de certificados como International

Organization for Standardization (ISO).

As empresas vislumbram hoje, o trabalho de consultoria empresarial como

uma ferramenta de grande auxílio na apresentação de soluções para os desafios

empresariais bem como acompanhamento da consolidação de empresas no

mercado, fazendo desta, uma atividade crescente em todo o mundo (OLIVEIRA,

2015).

2.3. Tipos de Consultoria Empresarial

O tipo de consultoria é a maneira pela qual um produto de consultoria é

oferecido e este é um fator de fundamental importância na relação entre o consultor

e seu cliente. Segundo Oliveira (2015), o tipo de consultoria é uma das bases da

contratação, uma vez que a partir dessa classificação o cliente tem condições de

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16

planejar a satisfação de suas necessidades e desejos, bem como conhecer o grau

de aceitação ou resistência ao trabalho do consultor.

Em contraposição, para o consultor, definir qual o tipo de consultoria que

deseja trabalhar infere-lhe uma vantagem competitiva no mercado, uma vez que ela

oportuna maior fixação de sua imagem.

No mercado, podem ser encontrados os seguintes tipos de consultoria:

� Quanto ao consultor: consultor interno e consultor externo;

� Quanto à estrutura: consultoria de pacote e consultoria artesanal;

� Quanto à abrangência ou amplitude: consultoria especializada, consultoria

total e consultoria globalizada.

A forma como o consultor se relaciona com seu cliente também é

especificamente apontada e, de acordo com Crocco e Guttmann (2010) se distribui

da seguinte maneira: consultor associado, consultor autônomo e consultor virtual.

2.3.1. Quanto ao Consultor

No que tange a atuação do consultor, verifica-se que este pode atuar de duas

maneiras, sendo elas: consultor interno e consultor externo.

A consultoria interna é uma prática recente na qual, surgida dentre as várias

formas de dinamizar as relações de ajuda dentro da organização, um empregado, de

destacada competência e conhecimento específico, passa a atuar como consultor na

empresa, orientando gerentes, líderes e clientes internos.

Por outro lado, a consultoria externa caracteriza-se por ser um processo de

caráter temporário, exercido por profissionais específicos, autônomos ou integrantes

de organizações especializadas na prestação de serviços e não possuem vínculo

empregatício com a empresa-cliente (OLIVEIRA, 2015).

Segue de maneira mais detalhada, cada tipo de consultoria.

2.3.1.1. Consultor Interno

A consultoria interna caracteriza-se, normalmente, por um profissional que é

funcionário da empresa-cliente, isto é, pertence a uma unidade que presta serviços

dentro da organização e, portanto, faz parte do cotidiano da empresa. Assim sendo,

Page 17: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

17

tal profissional está subordinado à estrutura hierárquica da empresa, respondendo

diretamente a um gestor, respeitando e obedecendo as normas e regulamentos da

organização.

Por fazer parte da empresa, o consultor interno já está familiarizado com a

cultura organizacional da mesma, o que de certa forma é uma vantagem, pois além

de viver o dia a dia da organização, domina seus processos, compreende seus

aspectos informais, está mais próximo das partes interessadas e, de mais a mais,

atua nas atividades de avaliação e controle do projeto de consultoria.

Por outro lado, o consultor interno, por pertencer à empresa, enfrenta um

obstáculo que é a própria hierarquia organizacional, uma vez que esta tende a limitar

o acesso do consultor a determinadas pessoas que tenham nível hierárquico

superior, tardando ações e soluções, que dependem de tempo hábil, velocidade.

Outro fator determinante é que este profissional carece de atualização prática, uma

vez que sua experiência é voltada, exclusivamente, às atividades que atua, o que

muitas das vezes não passam de conhecimentos teóricos, não sendo possível

participar das mais variadas situações.

Por tal razão, o consultor interno, normalmente, tem menos know-how do que

o externo. Comumente, a receptividade da alta administração por suas ideias é

menor e, por estar subordinado à estrutura organizacional, tem menos liberdade de

atuação, além de, em determinados casos, ter que reprimir sua opinião.

2.3.1.2. Consultor Externo

Normalmente, o consultor interno é substituído por um consultor externo, que

tanto pode ser um freelancer como um profissional de determinada empresa de

consultoria.

Tal consultor está suscetível aos padrões, práticas, princípios e relações

estabelecidos no contrato de trabalho, tendo o compromisso de subsidiar demandas

pontuais e propiciar a tomada de decisão mais pertinente ao atendimento das

necessidades estabelecidas previamente.

Geralmente este profissional tem maior experiência, uma vez que realiza os

serviços em diferentes casos e empresas, possui, também, maior aceitação nos

escalões superiores da empresa-cliente, uma vez que, normalmente sua contratação

é realizada pela alta administração desta, proporcionando maior acesso a diferentes

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18

pessoas e níveis hierárquicos da empresa. Outra vantagem é a maior imparcialidade

que incorre neste tipo de serviço, dado que este profissional não está envolvido na

rotina do cliente e, ainda, é mais ousado e pode correr riscos no que tange a

concessão de informações e/ou sugestões (OLIVEIRA, 2015).

Em contrapartida, o consultor externo possui menor conhecimento de

aspectos informais da empresa-cliente, não tem poder formal para a tomada de

determinadas decisões, podendo sofrer atrasos e desvios de rumos de seus

trabalhos. Ainda, possui pouco acesso informal a pessoas e grupos, geralmente não

tem visão do conjunto, uma vez que não participa frequentemente das etapas do

processo, sendo solicitado somente se ocorrerem desvios importantes que

necessitem de sua intervenção e sua presença é pré-programada (não diária)

interferindo na rotina empresarial.

2.3.2. Quanto à Estrutura

A estrutura de uma consultoria pode ser classificada conforme determinados

aspectos: prazo de contratação; complicação no processo de negociação;

sistemática do trabalho, versatilidade; adaptação às necessidades do cliente.

Abaixo um descritivo das consultorias de pacote e artesanal.

2.3.2.1. Consultoria de Pacote

Esta estrutura de consultoria pode comparar-se a um desenho metodológico,

específico e abrangente, utilizado para diferentes situações existentes em diferentes

empresas, buscando atender, através de produtos pré-formatados (sistemáticas e

procedimentos), os resultados esperados pelos clientes, ainda que, sem se

preocupar em desenvolver um trabalho específico que se adeque às necessidades

da empresa.

A consultoria de pacote por empregar uma metodologia engessada, a partir

da aplicação de conceitos pré-estabelecidos e técnicas comprovadas, acaba

apresentando um alto grau de rigidez.

No início da atividade de consultoria no Brasil, na década de 1960, a

consultoria por pacote possuía forte atuação no mercado, porém, segundo Oliveira

Page 19: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

19

(2015), este tipo de consultoria está em queda, atualmente, salvo em segmentos

muito específicos tal qual em alguns sistemas informatizados.

Pode-se destacar como causa do declínio desse tipo de consultoria o fato dos

clientes não terem conhecimento de como serão realizadas as atividades do

consultor e, sobretudo, os objetivos que serão alcançados ao final do projeto de

consultoria. Outra razão é que tais trabalhos não são adaptados às necessidades

dos clientes, de forma que estes devem se ajustar à metodologia e não esta às suas

realidades.

Contudo a consultoria de pacote apresenta algumas vantagens, a saber:

maior rapidez na realização dos serviços, uma vez que os métodos já foram

testados e as tarefas amplamente definidas e detalhadas; possibilidade de menor

custo quando comparada ao custo da consultoria que exige um desenvolvimento

próprio, isto é, aquisição de novos conhecimentos, métodos, técnicas e ferramentas

e; por fim; possibilidade de mudanças de alto impacto, visto que seus resultados

vêm em curto prazo.

Quando se opta pela consultoria de pacote, a empresa-cliente deve atentar-se

para alguns fatores, tais quais: normalmente a consultoria de pacote não se

preocupa com o processo de mudança planejada, de uma situação atual para uma

situação futura desejada e, cabe aos executivos das empresas-clientes entender a

finalidade e o processo aplicativo da consultoria, atuando como cúmplices e

parceiros do consultor, gerando comportamentos sustentáveis (OLIVEIRA, 2015).

Outro aspecto a ser considerado é que a consultoria de pacote pode não

apresentar o nível de treinamento conceitual, metodológico e na tarefa que se

espera de um serviço mais adequado de consultoria, ou seja, quando se opta pela

consultoria de pacote, deve-se adequar a empresa-cliente a assimilar a nova

realidade estabelecida, para que fiquem independentes da consultoria.

2.3.2.2. Consultoria Artesanal

A consultoria artesanal compõe uma estrutura que busca atender às

necessidades das empresas-clientes por meio de uma metodologia e técnicas

administrativas específicas para cada situação ou empresa, ou seja, atende às

necessidades de seus clientes por meio de soluções específicas, desenvolvidas

particularmente para determinado cliente ou situação (OLIVEIRA, 2015).

Page 20: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

20

Neste tipo de consultoria, a metodologia e as técnicas aplicadas surgem de

experiências anteriores, porém, são adaptadas para melhor atender às

necessidades e expectativas específicas das empresas-clientes.

Conforme Crocco e Guttmann (2010), a habilidade e perspectiva de

adaptação (adaptabilidade) somada a ação de adequar-se a acontecimentos e

circunstâncias, definem o grau de flexibilidade da consultoria artesanal. Afinal, os

cenários são diversos e podem mudar a todo momento, então absorver essas

mudanças e colocá-las em prática é um fator fundamental nessa consultoria.

Uma vez que a contratação da consultoria artesanal ocorre no nível da alta

administração, esta encontra baixa resistência nesta e nos demais níveis

hierárquicos, visto que o trabalho de consultoria será elaborado conjuntamente, cuja

efetivação pode abranger todos os níveis da organização.

Pode-se citar como vantagens da consultoria artesanal uma maior velocidade

na execução das atividades; capacitação adequada dos participantes; maior

aceitação aos trabalhos desenvolvidos pelos consultores; maior qualificação dos

serviços e; certo grau de autonomia da empresa-cliente quanto à consultoria.

De certo modo, a empresa deverá estar segura de que a consultoria a ser

contratada tem ampla competência e experiência, de forma a realizar um diagnóstico

preciso da causa dos problemas. Deve também focar em objetivos abrangentes,

utilizando, se preciso, de meios e procedimentos para atingimento dos resultados,

pois quanto mais peculiar for o problema, maiores são as opções padronizadas de

resolução, restringindo, assim, o aumento da percepção da situação.

2.3.3 Quanto à Abrangência ou Amplitude

Outro fator de fundamental importância na tipologia de consultoria é a

abrangência, ou amplitude do trabalho do consultor. Neste contexto, as consultorias

podem ser classificadas, segundo Oliveira (2015), em consultoria especializada, total

ou globalizada.

A seguir, o detalhamento de cada uma delas.

Page 21: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

21

2.3.3.1. Consultoria Especializada

A consultoria especializada restringe sua atuação a assuntos específicos

dentro dos mais variados segmentos, sendo a que mais tem se destacado

atualmente, cujos trabalhos podem se desenvolver, ou não, para uma consultoria

total.

Como exemplos deste tipo de consultoria podem ser citados: consultoria em

planejamento estratégico; em planejamento mercadológico; em administração

hospitalar ou educacional; em gestão de pessoas; entre outros.

Pode-se destacar como características marcantes deste tipo de consultoria:

serviços mais qualificados, devido à expertise do profissional de consultoria em

temas específicos; facilidade na utilização dos mais variados sistemas da

organização, em virtude do amplo domínio de métodos e práticas relacionados ao

tema; velocidade na execução das atividades, com custos reduzidos e com mais alto

grau de capacitação.

Como precauções neste tipo de contratação, a empresa-cliente deve

considerar àquelas principalmente relacionados à boa definição do foco de trabalho

do consultor e ao nível de especialização do consultor, considerando suas

competências para desempenhar determinada atividade.

2.3.3.2. Consultoria Total

A consultoria total, ao contrário da especializada, atua em praticamente todos

os setores e procedimentos da empresa-cliente, apresentado soluções para as mais

diversas áreas de conhecimento.

O consultor que presta este tipo de serviço, possui alguns produtos, mas

ainda, mantém contato com outros consultores que podem complementar a

abrangência, evitando o questionamento de seu profissionalismo, bem como

promover a integração entre produtos e consultores.

A consultoria total, no primeiro momento, interage diretamente com a alta

administração, devido seu trabalho estar focado em assuntos estratégicos da

empresa, relacionados às mais diversas áreas da corporação. Posteriormente, o

consultor interage com os demais níveis, onde serão desenvolvidas as atividades de

consultoria. Por conseguinte, na fase de implementação, o profissional irá se

Page 22: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

22

relacionar com toda organização, pois cada atividade compreende um setor, um

segmento, um grupo de interessados.

Segundo Oliveira (2015, p. 63), a consultoria total, em sua abordagem

genérica:

[...] tem sofrido várias restrições e questionamentos das empresas-clientes,

pois pode estar atacando vários problemas de maneira não-interligada, bem

como pode estar dando tiros para todos os lados, provocando desperdícios

de esforços da empresa-cliente.

Portanto, Oliveira (2015) apresenta uma abordagem ainda mais estruturada

para este tipo de consultoria, representando-a pela consultoria total integrada.

2.3.3.2.1. Consultoria Total Integrada

Utilizada como alternativa à consultoria total, a consultoria total integrada age

em todos os setores da organização, ocasionando uma maior interação entre as

mais variadas atividades do projeto de consultoria e diversos processos existentes

na empresa.

A diferença entre a consultoria total e consultoria total integrada é que a

segunda utiliza as diferentes metodologias e técnicas administrativas de maneira

integrada e interativa, conferindo maior amplitude e possibilidade de atuação nos

mais variados processos da organização, aprimorando o nível de capacitação dos

envolvidos e otimizando os custos.

Deve-se tomar algumas precauções quando for realizar a contratação dos

serviços desta consultoria, como por exemplo a observância de que os pontos a

serem analisados nesse projeto estão totalmente relacionados e a necessidade de

um profissional especializado dedicado a cada tema abordado, conforme a

conveniência da organização.

2.3.3.3. Consultoria Globalizada

Page 23: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

23

De acordo com Oliveira (2015), consultoria globalizada é aquela que unifica

atividades em companhias globais, operando em diversas regiões.

Neste tipo de consultoria a amplitude é basicamente territorial e não se refere

aos assuntos abordados (assim como nos tipos de consultoria descritos

anteriormente). Apresenta as seguintes características genéricas (OLIVEIRA, 2015):

� Quando da contratação, a negociação é demorada e ocorre juntamente com a

alta administração da empresa-cliente e, sua resistência pode ser baixa,

desde que já exista uma interação profissional anterior com a sede da

empresa-cliente;

� No decorrer do trabalho e em sua implementação, o consultor pode manter

interação com a média administração, embora a negociação também seja

morosa e o nível de resistência tende a aumentar.

Como exemplo deste tipo de consultoria, pode-se citar, casos comuns de

consultorias globais propiciando e facilitando a interação entre empresas de países

diferentes através de estratégias, tais quais: aquisições; joint ventures e; outros tipos

de alianças entre empresas.

2.3.4. Quanto às Formas de Relacionamento

De acordo com Crocco e Guttmann (2010), as consultorias possuem, ainda,

diferentes tipos de relacionamento com seus clientes, com seus parceiros e outros

consultores. Segue análise de cada um deles:

2.3.4.1. Consultor Associado

Os consultores associados são aqueles profissionais que atuam de maneira

conjunta e, o ponto principal nesta forma de relacionamento é a busca de uma

parceria.

Os principais motivos dessa busca por parcerias devem-se por: diferentes

capacitações dos associados, podendo ser complementares, aprimorando o

trabalho, ou semelhantes, porém com amplitudes distintas, favorecendo a cada um a

possibilidade de aprendizado; fazer com que um consultor passe seus

Page 24: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

24

conhecimentos a outro (s); facilidade para divulgar os produtos e; finalmente,

motivação para o trabalho em equipe (CROCCO; GUTTMANN, 2010).

A associação pode-se dar, fundamentalmente, de duas maneiras: formal, na

qual existe algum documento comprovando a veracidade desta parceria e; informal,

garantida pela palavra e comportamento dos envolvidos.

Em outra esfera de análise, verifica-se que a associação pode ocorrer entre

(CROCCO; GUTTMANN, 2010):

� Pessoa Física x Pessoa Física: o que, normalmente, gera a criação de uma

cooperativa, na qual todos são sócios, podendo contratar empregados;

� Pessoa Física x Pessoa Jurídica: havendo a possibilidade de um vínculo

empregatício, ou contratação por período pré-estabelecido;

� Pessoa Jurídica x Pessoa Jurídica: possuindo contrato específico, de

natureza comercial e emissão de notas fiscais de serviços.

Pode haver, ainda, outras variações, tais quais: terceirização (transferência de

trabalho e responsabilidade técnica) e; subcontratação (transferência do trabalho,

apenas).

2.3.4.2. Consultor Autônomo

Na figura do consultor autônomo, encontram-se profissionais liberais, que são

admitidos pela empresa-cliente, sem intermédio de terceiros, a partir de um contrato

estabelecido entre as partes.

O consultor autônomo atua de forma independente, executando todos os

serviços de uma empresa de consultoria, isto é, divulgação e comercialização dos

produtos, administração das atividades, diagnóstico da problemática e apresentação

de soluções a serem implementadas.

É muito comum que estes consultores sejam, também, palestrantes

frequentes, uma vez que esta atividade possibilita, de maneira significativa, a

divulgação e promoção do consultor autônomo.

Page 25: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

25

2.3.4.3. Consultor Virtual

O consultor virtual caracteriza-se pelo não relacionamento com seu cliente,

isto é, trabalha de maneira remota. Todo o trabalho deste consultor é realizado à

distância, por meio de correspondências, papéis, contato telefônico ou eletrônico

(CROCCO; GUTTMANN, 2010).

Neste tipo de trabalho, o cliente descreve suas necessidades, o consultor

emite uma proposta e, caso ocorra a contratação, todo o processo de consultoria

(contratação, levantamentos, diagnósticos, trabalhos, implementação e resultados) é

realizado à distância.

Na prática, é comum que existam deferentes combinações entre estes tipos e

maneiras de consultoria. É possível haver, por exemplo, um consultor interno, com

estrutura de pacote, especialista, ou ainda, um consultor interno, artesanal, total, ou

diferentes tipos de combinação (OLIVEIRA, 2015).

2.4. Ética na Consultoria

Atualmente, a ética aparece nos cenários das organizações mais

frequentemente e sua preocupação é, cada vez mais, emergente e crescente. Não é

por acaso o acontecimento deste fenômeno (ARRUDA, 2009).

No que tange ao ambiente externo das empresas, é crescente o

aventureirismo, muitas vezes confundido com empreendedorismo. A ideia do próprio

negócio se estendeu por toda a sociedade, fazendo com que entrassem em

decadência alguns limites e censuras, os quais inibiam a ousadia e a falta de

escrúpulos.

Tal fenômeno levou com que as empresas de maior porte percebessem que a

competitividade poderia tornar-se desigual e, buscaram, na ética, uma maneira de

discriminação, colocando em suspeita aquelas empresas que não apresentavam

uma boa conduta (ARRUDA, 2009).

Já no ambiente interno à empresa, verifica-se que a tensão criada entre

empregados e empregadores, provocada, principalmente, pela busca incansável de

redução de custos, reduziu a relação de lealdade de ambas as partes.

Page 26: INFLUÊNCIA DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO …

26

Não obstante a falta de lealdade, é comum, observar também, a corrupção

crescente existente nas empresas. Este fenômeno pode ser atribuído ao famoso

processo do “salve-se quem puder”, introduzido e dinamizado na sociedade global.

2.4.1. Conceito de Ética

Constata-se, historicamente, uma certa construção em mosaico do conceito

de ética. Isto é, diferentes autores, diferentes filosofias que se fundem e podem

facultar um conceito mais contemporâneo (VALLS, 2008).

Segundo Valls (2008, p. 7): "A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe

o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta". Já Arruda

(2009, p. 42), define ética como sendo:

[...] a parte da filosofia que estuda a moralidade dos atos humanos,

enquanto livres e ordenados ao seu fim último. De modo natural, a

inteligência adverte a bondade ou malícia dos atos livres, haja vista o

remorso ou satisfação que se experimenta por ações livremente realizadas.

Cabe sempre a dúvida, no entanto, sobre o que é o bem e o mal, ou por que

tal ação é boa ou má. A resposta a tais questões conduz a um estudo

científico dos atos humanos enquanto bons ou maus.

Segundo o Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2004), ética é o

“estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do

bem e do mal".

Do ponto de vista de Pena (2000), ética precede de duas palavras gregas que

podem ser traduzidas como êthos e éthos, na qual: êthos significa “morada habitual,

ou espaço do mundo construído para abrigo do homem”, traduzido na vida cotidiana

através de normas, costumes e, proibições, mostrando a dimensão social da ética.

Enquanto éthos expressa a “maneira pessoal de proceder e denota constância de

conduta” refletindo a dimensão individual do ser, a conduta.

Para a filosofia, o estudo do comportamento, atitudes e convicções de uma

sociedade, em função das concepções culturais, é definido como ética.

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27

Verifica-se que a ética reúne e trata do conjunto de valores assumidos em

sociedade. E pode ser caracterizada como uma ciência social, pois é produto da

ação pessoal na sociedade, sobredeterminado por esta sociedade (PENA, 2000).

2.4.2. Ética Empresarial

Apesar dos princípios gerais fazerem parte do bom funcionamento social,

existe, dentro de alguns grupos ou locais específicos, a ética. Podemos, neste

contexto, destacar a ética empresarial.

É cada vez mais imprescindível uma postura ética perante o segmento

empresarial, o que contribuirá para os bons resultados da empresa, bem como para

sua reputação perante à sociedade. Observa-se que empresas estão cada vez mais

preocupadas com a questão da ética e, muito já se tem feito para incorporar a ética

nas organizações.

Para o desenvolvimento de atividades empresariais socialmente responsáveis,

faz-se necessário a valorização dos princípios éticos e morais dentro da cultura

organizacional.

Dar sentido aos gestores e colaboradores de uma organização é o principal

objetivo da ética empresarial determinando, assim, o modo pelo qual devem

desenvolver suas funções.

Ultimamente, as empresas têm se preocupado com o atendimento às normas

vigentes, em decorrência do compromisso ético assumido, ao invés de,

simplesmente, evitar as sanções legais.

A evolução da ética empresarial deu-se pela adoção de princípios e regras

gerais definidos no âmbito corporativo. Para isso, as corporações buscaram atitudes

mais conscientes e responsáveis, não somente objetivando o aumento de seus

lucros mas, evitar lesar os demais agentes econômicos e colaborar na formação de

uma sociedade mais ética.

Para tanto, muitas empresas passaram a adotar os códigos de ética, que,

Arruda (2009, p. 53) define como sendo:

[...] um instrumento de realização dos princípios, visão e missão das

empresas que serve como orientador das ações de colaboradores

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28

explicitando a postura social da empresa em face dos diferentes públicos

que ela interage. Seu conteúdo deve ser refletido nas atitudes das pessoas

a que se dirige e encontre respaldo na alta administração da empresa, que

tanto quanto o último empregado contratado tem a responsabilidade de

vivenciá-lo.

A ética empresarial fornece diretrizes para uma postura adequada, a qual

deverá permear por todos os níveis do planejamento estratégico. As empresas têm

se preocupado em atender, cada vez mais, as expectativas de seus clientes em

relação ao seu compromisso ético, formulando, assim, códigos de ética e guias de

conduta, bem como cuidando para realização de práticas responsáveis.

2.4.3. Ética e Consultoria

Independentemente do tipo ou duração da consultoria, o profissional que

desenvolve esse projeto deve atuar de maneira ética e comprometida com os

resultados e interesses do cliente, assegurando que o seu objetivo e sucesso

também sejam alcançados.

O Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização (IBCO) é uma entidade

bem-conceituada de 48 anos de existência, pioneira na área de consultoria. Reúne

somente profissionais da consultoria organizacional, acolhendo consultores e

empresas de consultorias de todos os portes, que estejam em consonância com seu

código de ética (Anexo A).

Para associar-se ao IBCO, o candidato precisa submeter-se a exames que

avaliam sua formação acadêmica, experiência profissional e como desempenham

suas atividades, assegurando assim, a participação de membros altamente

qualificados e eticamente comprometidos. A principal atuação do Instituto é a

atualização frequente das ferramentas, técnicas, ética e qualidade na consultoria

(INSTITUTO BRASILEIRO DOS CONSULTORES DE ORGANIZAÇÃO, 2017).

O código de ética do IBCO serve como referência para o exercício da

profissão de consultor no Brasil e a essencial conduta para a associação no Instituto.

Este é dividido em três aspectos: relação com o cliente; com a comunidade e; com a

categoria profissional.

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29

A ética deve estar presente em todas as fases do projeto de consultoria,

iniciando pelo contrato de trabalho, seguido pelo diagnóstico, planejamento e

implementação de mudanças, até a avaliação ou término do serviço (CROCCO;

GUTTMANN, 2010).

A conduta ética deve, ainda, se estender após o momento da prestação do

serviço, uma vez que o consultor precisa manter sua imagem confiável no mercado,

isto é, toda a experiência e informações adquiridas em trabalhos anteriores devem

ser zeladas com cuidado.

Em alguns casos, existe no próprio contrato de consultoria, um termo de sigilo

de informações, não obstante, mesmo quando da falta desta cláusula, o consultor

deve resguardar indícios que possam prejudicar ou onerar pessoas ou

organizações. Deve, ainda, evitar divulgar dados, números ou informações

privilegiadas das empresas-clientes que possam ser usados por seus concorrentes

(CROCCO; GUTTMANN, 2010).

Na atividade de consultoria, o contexto ético não se refere, somente, a

conceitos e discursos, mas sim às atitudes de responsabilidade a curto, médio e

longo prazos. Deve-se salientar que o consultor é um modelo de comportamento

para a empresa-cliente, todo o seu trabalho, atitudes e condutas são mais

importantes para o aprendizado e desenvolvimento organizacional do que sua

especialização.

Partindo do princípio que toda consultoria nasce de uma situação que

demanda a intervenção de um especialista, o que a empresa-cliente pretende,

quando da contratação de um consultor, é contar com um profissional capacitado,

confiável e acima de tudo, parceiro. As relações entre o consultor e empresa-cliente,

devem propiciar a aprendizagem contínua e a conduta ética (CROCCO;

GUTTMANN, 2010).

O consultor deve atentar-se de que suas ações geram reações, seu

comportamento individual influencia os diferentes grupos ao qual mantém contato e

pode construir paradigmas organizacionais. A postura do consultor afeta, não

apenas suas relações individuais, assim como pode contribuir, de maneira positiva

ou negativa, para o desenvolvimento da cultura e das interações organizacionais.

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30

3. CULTURA ORGANIZACIONAL

Para que o projeto de consultoria obtenha sucesso, o profissional responsável

deve conhecer a cultura organizacional da empresa-cliente. Segue detalhamento

deste fator imprescindível de compreensão.

3.1. Conceito de Cultura Organizacional

Antes de um detalhamento de cultura organizacional, faz-se necessário

entender o conceito de cultura, que se segue:

3.1.1. Definição de Cultura

Conforme Laraia (2001), a concepção de cultura, empregada nos dias de

hoje, foi definida pela primeira vez por Tylor que (1871, p. 1, apud LARAIA, 2001):

[...] tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que

inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra

capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma

sociedade.

A definição de cultura pode ser compreendida por dois conceitos: o

antropológico e o sociológico. No conceito antropológico, esta pode seguir duas

vertentes, uma subjetiva e outra objetiva.

Subjetivamente, a cultura é encontrada em manifestações vagas, a partir de

padrões de comportamento sustentados pelas crenças, valores e conhecimentos de

cada indivíduo.

Já no sentido objetivo, a cultura consiste nas manifestações geradas pela

sociedade, como a linguagem, a ciência e a arte, ou seja, todo conjunto da obra

humana de modo geral.

A cultura também pode ser vista sob a perspectiva do inconsciente humano,

conforme definição de Motta e Caldas (1997, p. 16):

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31

Outra forma de ver a cultura parte do inconsciente humano. Todas as

configurações culturais estariam previamente inscritas no inconsciente.

Todavia, as condições ambientais internas e externas à comunidade seriam

responsáveis pelas combinações diversas dos traços presentes no

inconsciente. Essas combinações apresentam-se sob forma de símbolos,

cujo, o significado nos dá a chave de uma cultura e, portanto, de uma

comunidade humana.

Essas visões são algumas das diferentes possibilidades teóricas e

metodológicas do estudo da cultura. Existem, todavia, alguns principais focos de

análise que estão em base de muitos estudos atuais sobre cultura, dos quais a

cultura organizacional ou empresarial (SCHEIN, 2009).

3.1.2. Definição de Cultura Organizacional

Dentro da sociedade as diversas raças e etnias levam ao surgimento de

diferentes culturas. Além disso, outros aspectos contribuem de forma direta na

constituição desta, como, por exemplo, as organizações e as classes sociais.

Em virtude da globalização, apesar de existirem diferentes culturas nas

sociedades, há uma propensão à padronização cultural de acordo com as classes

dominantes em todo mundo. Tal unificação teve início nas organizações a partir da

ideologia tecnocrata, a qual introduziu uma forma similar de raciocínio e

comportamento.

A partir da década de 80, com a ascensão do modelo japonês de

administração, o foco das organizações voltou-se para sua cultura. Segundo Fleury;

Fischer (1996, p. 20, apud SCHEIN, 2009), cultura organizacional:

[...] é o conjunto de pressupostos básicos (basic assumptions) que um

grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os

problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionaram

bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos

membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a

esses problemas.

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32

Para Griffin (2007, p. 80), a cultura de uma organização “é o conjunto de

valores, crenças, comportamentos, costumes e atitudes que ajudam os membros de

uma organização a entenderem o que ela representa, como realiza suas tarefas e o

que considera relevante”.

Entende-se por cultura organizacional o conjunto de particularidades

inerentes ao universo corporativo, concebidas pela equipe, de modo a influenciar a

conduta de cada um. Contempla, também, regras informais que acabam por

adequar o comportamento dos membros da organização, orientando suas atitudes

para atingir os objetivos da empresa. A cultura empresarial constitui o conjunto de

crenças e hábitos definidos através dos valores, atitudes, expectativas e normas

partilhados pelos integrantes de uma organização.

De acordo com Marras (2011, p. 289), “toda organização possui uma cultura

própria que a identifica e que forma o conjunto que realça os seus costumes – seu

way of life – suas crenças e seus valores”.

Mais ainda, Marras (2011, p. 289) considera que “é pela sua cultura que uma

empresa fixa a marca do seu perfil e também orienta ou controla o comportamento

daqueles que a formam”.

A cultura empresarial está presente em todas as atividades desenvolvidas no

ambiente de trabalho, estabelecendo, assim, um modo institucional de pensar e agir,

o que contribui para que todos sejam direcionados ao mesmo propósito.

Sem referências próprias, as organizações ficariam diante de situações

suscetíveis às convicções individuais de seus membros e, certamente sofreriam

prejuízo, dado à disparidade de procedimentos e orientações.

A identidade de uma organização é determinada por sua cultura. Esta é

formada com o passar dos anos e contribui para distinguir os mais diversos grupos.

Por serem muito diferentes, o entendimento das culturas organizacionais é vital para

a concepção da organização, sobretudo quando ocorrem as aquisições, as

incorporações ou as fusões de empresas, situações estas que tornam ainda mais

evidentes tais diversidades (SROUR, 2012).

Segundo Torquato (2002), são quatro os principais fatores que corroboram

com a cultura organizacional: a história da empresa; seu modelo de gestão; sua

natureza técnica e; a influência cultural de outras empresas.

Os elementos determinantes da cultura organizacional, dentre eles: crenças,

valores, artefatos, etc., carregam consigo traços equivalentes aos dos aspectos

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33

culturais do país. Assim sendo, não se pode deixar de entender a cultura da

sociedade, visto que essa influencia na cultura das organizações.

3.2. Elementos da Cultura Organizacional

A organização é uma entidade abstrata formada principalmente por

indivíduos. O indivíduo ou a coletividade de indivíduos é a face concreta da

organização e, é ao mesmo tempo seu criador, mantenedor e destruidor

(MARQUES, 1994).

Uma organização é, na verdade, o reflexo das crenças, atitudes, valores e

comportamentos (artefatos) dos indivíduos que a compõem. Segue detalhamento

destes elementos:

3.2.1. Crenças

São usadas pelas organizações para expressar tudo aquilo que entendem

como verdade. Pode-se dispor as crenças ou pressupostos conforme conceitos

definidos, a partir do entendimento real ou do ambiente de trabalho.

Na grande maioria das situações, as crenças são firmadas além da

compreensão, obscuras à consciência do indivíduo, correspondendo a previsão de

como as coisas são. Retratam o que os indivíduos entendem como real, induzindo

nas suas percepções, bem como nos seus modos de pensar e sentir.

3.2.2. Valores

São conceitos e juízos adotados na cultura organizacional, que determinam a

importância dada pelos indivíduos a determinados padrões, como: reputação,

merecimento, talento, os quais são demonstrados por afirmações de como as coisas

devem ser, fazendo parte da concepção do que é certo ou errado.

Pode-se distinguir crenças de valores a partir do estágio de consciência de

cada membro estabelecido de forma objetiva, conforme suas preferências. Valores

são mais racionais do que as crenças, embora, comumente, não fazem parte do

ápice da mentalidade dos indivíduos.

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34

3.2.3. Artefatos

São fatores visíveis na organização, ou seja, todos os aspectos percebidos

assim que um indivíduo entre em contato com esta. Apesar de serem facilmente

observados, sua compreensão é bastante difícil. Como categorias dos artefatos

podem-se citar: verbais, comportamentais e físicos.

Os artefatos são observáveis na linguagem organizacional como: jargões;

metáforas; histórias; mitos; celebrações; os chamados “heróis”; sagas; legendas;

padrões de vestimenta; arranjos dos espaços físicos; documentos e memorandos

organizacionais; recursos e mobílias usadas nos escritórios; arquitetura e; objetos

decorativos.

3.2.4. Tecnologia

São ferramentas utilizadas pela organização e seus membros visando

diagnosticar o problema, formulando soluções, com a finalidade de obter a mudança

desejada. A cultura tecnológica surge através dos artefatos, de modo que em

culturas organizacionais mais evoluídas, esta é mais competitiva, pois os artefatos

são o caminho para a resolução dos problemas.

3.2.5. Símbolos

São aspectos tangíveis que auxiliam no modo de ver, ouvir, sentir e incorporar

a cultura organizacional. Podem ser ações ou objetos que disseminam significados

aos membros da organização. Podem ser mais visíveis em certas organizações,

como por exemplo, igrejas e instituições militares.

Os símbolos dividem-se em (MAXIMIANO, 2010):

� Linguagem: se expressa por meio de um idioma ou de jargões;

� Arquitetura e vestuário: o tamanho e a imponência de algumas instalações,

uniformes;

� Histórias, mitos e heróis: as histórias são narrativas sobre os fundadores, as

crises, os sucessos e outros episódios marcantes. Os mitos são fictícios e os

heróis são personagens de histórias e mitos, eles personificam os valores e

representam modelos de comportamento;

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35

� Rituais e cerimônias: são eventos estruturados e coreografados que revivem

as tradições da organização ou não.

Embora frequentemente entendamos o mito como lenda, falsidade ou

mentira, uma compreensão mais profunda revela justamente o oposto: o mito como

um modelo por meio dos quais percepções, sentidos, pensamentos e ações são

codificados e organizados (ZIEMER, 1996).

Os mitos organizacionais têm a função organizadora e estruturadora, dentre

as quais (ZIEMER, 1996):

� Explicar rotinas e procedimentos;

� Interpretar os eventos do passado, direcionar o presente e o futuro;

� Diminuir a complexidade e instabilidades;

� Ajudar a criar uma identidade organizacional;

� Estabelecer um compromisso com os valores ou ideais da organização.

Há uma necessidade de rever os mitos constantemente para assegurar sua

atualidade, caso contrário (ZIEMER, 1996):

� Limitam-se as habilidades técnicas relacionais;

� Reduz-se a capacidade crítica;

� Gera conformidade das regras e valores superados da empresa;

� Produz- se aparente coesão e espírito de equipe;

� Torna-se deficiente o processo de tomada de decisões.

3.2.6. Conjunto de Valores

É tudo aquilo que os membros da organização entendem como positivo ou

negativo, podendo-se destacar ideologias e julgamentos partilhados por todos no

ambiente de trabalho.

3.2.7. Normas

São padrões ou regras de conduta a serem seguidas pelos membros da

organização. Não há uma dualidade ou uma visão de um lado bom ou mau. As

pessoas simplesmente obedecem. Podem ser: explícitas, na forma de manuais,

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36

regulamentos e estatutos, quando os indivíduos têm conhecimento; ou implícitas,

quando os indivíduos seguem instintivamente. Quanto mais consonante for a

aplicabilidade dos dois tipos, mais facilmente a organização atingirá seus objetivos.

3.2.8. Recompensas

É o processo pelo qual uma organização incentiva e motiva seus funcionários.

Em troca de seu esforço e desempenho, os empregados recebem estímulos e

gratificações. Portanto, é imprescindível que se analise se o processo de

recompensas não somente gratifica os profissionais de melhor desempenho, como

também os menos esforçados.

3.3. Finalidade da Cultura Organizacional

A cultura organizacional existe, segundo Schein (2009), com a finalidade de

promover a sobrevivência da organização, adaptando-se ao meio externo e

promovendo a coerência interna. A seguir, as funções e disfunções da cultura

organizacional.

3.3.1. Funções da Cultura Organizacional

A cultura organizacional orienta como seus membros devem se comportar.

Suas funções se subdividem em:

3.3.1.1. Convivência Interna

Uma das principais funções exercidas pela cultura é de regular as relações

entre os membros da organização, como devem interagir, qual tratamento adotado

uns com os outros, como resolver seus conflitos, dentre outros. A cultura,

basicamente, define:

� Critérios para avaliação de resultados e desempenho, bem como as ações

corretivas, recompensas e punições;

� O comportamento em relação à autoridade;

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37

� A tendência à solidariedade e ao associativismo em contraposição ao

individualismo.

3.3.1.2. Convivência com o Mundo Exterior

Outra função importante que a cultura desempenha é regular as relações com

outros grupos e com o ambiente de forma geral, determinando também

(MAXIMIANO, 2010):

� A missão da organização e seu papel em relação ao meio ambiente,

projetando uma imagem para os clientes, fornecedores e outros;

� As fronteiras dos grupos, quem faz ou não parte da organização, o tempo e

as condições para os recém-chegados serem aceitos;

� A posição relativa do grupo em relação a outros grupos de igualdade,

superioridade ou inferioridade.

Além disso, a cultura organizacional promove (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL,

2010):

� Identidade organizacional: valorização e satisfação do funcionário e lealdade

do cliente aos lucros corporativos;

� Compromisso coletivo: compromisso com a alta qualidade e dedicação no

atendimento ao cliente, sempre com uma noção de afeto, amizade, orgulho

individual e espírito de empresa, havendo um comprometimento com a

missão da empresa;

� Estabilidade do sistema social: é a cara da empresa, seu ambiente de

trabalho positivo e reforçador, como os conflitos e mudanças são encarados.

Festas, comemorações e prêmios estimulam o desenvolvimento e serviço do

funcionário;

� Dispositivo consensual: é uma função que ajuda os funcionários a entender

por que a organização faz o que faz e como pretende realizar suas metas a

longo prazo.

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38

3.3.2. Disfunções da Cultura Organizacional

Uma empresa com forte cultura organizacional, geralmente, tende a possuir

algumas disfunções provocadas, provavelmente, pelo comportamento e valores dos

próprios funcionários, gerando alguns impactos leves que podem ser tidos como

negativos e que podem ser melhorados (MAXIMIANO, 2010).

São caracterizadas como desvios da conduta do grupo, representadas pela

decadência social, dificultando, assim, a resolução dos conflitos de relacionamento

interno e adequação ao ambiente externo, as quais não são identificadas pela

organização.

Como exemplos de disfunções da cultura organizacional relacionam-se

(MAXIMIANO, 2010):

� Dificuldade de entender e processar mudanças ambientais;

� Resistência generalizada à necessidade de mudança interna;

� Tendência a subestimar outros grupos;

� Tendência a usar mais recursos para cuidar da própria organização do que no

desempenho da missão;

� Uso excessivo de jargão ou vocabulário ocupacional.

3.4. Formação da Cultura Organizacional: O Papel do Líder

A liderança tem papel fundamental na formação e sustentabilidade da cultura

da organização. Os líderes e fundadores são, indiscutivelmente, a fonte suprema da

cultura de uma organização (SCHEIN, 2009).

Dentro de uma organização, o papel desempenhado pelo líder sobrepõe sua

função propriamente dita, resulta da relação sincera, natural e sem formalidades,

desenvolvida pelo líder e seus subordinados. O líder conduz seus liderados porque

se identifica com eles, expressa seus interesses e propõe ações consoantes às

expectativas destes. A riqueza no conceito de liderança, por via de consequências,

ultrapassa, de longe, a figura do chefe ou do gestor.

Todos os costumes, tradições, procedimentos e o modo geral de realizar as

tarefas de uma organização são devidos ao que foi feito antes e ao grau de sucesso

obtido com esses esforços. Os fundadores de uma organização, tradicionalmente,

têm um impacto importante sobre a cultura inicial dessa organização. São eles que

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39

visam o que a organização deve ser e não possuem restrições de costumes ou

ideologias anteriores (SCHEIN, 2009).

Quando da necessidade de mudança cultural, processo comum dependendo

do projeto de consultoria realizado, os líderes é que são os responsáveis pelos

esforços motivacionais destas mudanças. São eles que reestruturam, reorganizam a

empresa e repassam a nova cultura aos demais membros da empresa, seja por

procedimentos obrigatórios e, que depois passam a ser rotina dos colaboradores, ou

por conscientização destes membros para a necessidade da mudança.

3.5. Mudança da Cultura Organizacional

Abordar o tema mudança organizacional tem grande profundidade e

complexidade, esse tema tem sido largamente explorado atualmente, a seguir

apresenta-se abordagens e conceitos encontrados em pesquisas secundárias.

Conforme Herzog (1991 apud WOOD, 1992), a mudança no ambiente

organizacional é caracterizada pelas transformações nos hábitos dos indivíduos, nos

procedimentos institucionais, bem como nos princípios em resposta às alterações

estratégicas.

De forma bem simplificada, o assunto “mudança organizacional” pode ser

definido sob duas óticas: mudanças estruturais – relacionadas aos conceitos da

administração clássica e; as mudanças comportamentais – relativas aos conceitos

das relações humanas (WOOD, 1992).

A mudança é o momento de se vislumbrar novos conceitos, de forma que, os

indivíduos começam a refletir e atuar de forma diferenciada. Conhecer meramente a

nova pratica não é suficiente. A incorporação ao comportamento e a prática bem-

sucedida são os objetivos finais da fase de mudança.

De acordo com Chiavenato (2008), o processo de mudança fracassa por dois

principais motivos: os indivíduos são contrários ou incapazes de transformar suas

condutas convencionadas há muito tempo, isto é, existem pessoas que não

suportam a mudança por determinado motivo, ou os indivíduos não conseguem

introduzir a mudança, por não serem capaz ou desconhecerem como realizar.

Segundo Chiavenato (2005, p. 139), durante o processo de mudança, o

agente

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40

[...] deve promover novos valores, atitudes e comportamentos através de

processos de identificação e internalização. Isso significa que os membros

da organização precisam identificar-se com novos valores, atitudes e

comportamentos do agente de mudança para então internalizá-los, desde

que percebam sua eficácia em seu desempenho.

O agente de mudança é a pessoa que conduz ou guia o processo de

mudança em uma organização. Pode ser um membro da própria organização ou um

consultor externo. Geralmente, o consultor externo oferece habilidades

especializadas e não fica absorvido pelas responsabilidades operacionais e, por ser

um elemento externo à empresa, pode ter mais influência e prestígio se comparado

a um elemento interno, além de não sinalizar nenhum interesse pessoal na

organização (CHIAVENATO, 2005).

Analisa-se, portanto, que o agente de mudança é aquele que inicia a

mudança e ajuda a fazê-la acontecer. A administração da organização nem sempre

é a fonte principal das mudanças organizacionais, boa parte das mudanças se

originam no ambiente externo.

Figuras como o governo, legislação concorrente, clientes, tecnologia,

sindicatos caracterizam-se como sendo elementos externos que influenciam,

poderosamente, as empresas e nelas provocam mudanças. Naturalmente o volume

de mudança de uma organização depende do ambiente onde ela opera. Ambientes

estáveis requerem pouca mudança, ambientes dinâmicos e turbulentos exigem

constantes e rápidas mudanças (CHIAVENATO, 2008).

Podem-se destacar forças que tanto contribuem positivamente quanto

negativamente dentro do processo de mudança. Tais forças atuam dentro da

organização de forma equilibrada, de modo que algumas sustentam, enquanto

outras limitam a mudança. O equilíbrio dessa balança é vencido toda vez que ocorre

uma tentativa de mudança com a atuação de forças positivas ou negativas, criando

assim, um momento de forças que posteriormente voltarão a se anular.

Existem vários meios para se montar um esquema de apoio e suporte para

facilitar a mudança. Quase todos eles buscam a aprovação das pessoas para as

mudanças, a busca de uma pessoa, que atue como líder para orientar o processo de

mudança, é indispensável (CHIAVENATO, 2005).

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41

A escolha de pessoas que trabalhem em equipe para programar a mudança,

a intensa participação e o envolvimento de todos no processo de mudança auxiliam

neste processo. A comunicação ampla e detalhada a respeito da mudança, de sua

necessidade, de sua natureza e de seu andamento deve iniciar o processo, a

preservação do emprego e da segurança das pessoas é importante para obter sua

aceitação e apoio. Para que a mudança possa ser incorporada definitivamente, todo

o sistema, isto é, toda organização, deve estar envolvido.

O acontecimento da mudança decorre do aumento das forças positivas ou da

redução das negativas. Para a mudança ocorrer, necessita-se provocar ambas as

forças, apoiando, assim, a aceitação da transformação, bem como a integração aos

novos padrões.

Atualmente as empresas têm se confrontado com cenários altamente

mutáveis e dinâmicos quando comparados ao passado. Estas têm procurado se

adaptar à nova realidade, uma vez que não possuem outra alternativa a não ser

aceitar a mudança. Desse modo, as organizações têm adotado uma postura muito

mais proativa quanto às mudanças.

Aperfeiçoar a compreensão da situação, assim como perceber os

instrumentos de mudança são primordiais para acompanhar o mercado atual e, faz

parte do papel do consultor estar atento a todos estes fatores, auxiliando nas

mudanças organizacionais.

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4. ENFRENTADO A CULTURA ORGANIZACIONAL DAS EMPRESAS

Este capítulo tem por objetivo apresentar a pesquisa realizada com o tema:

“Influência da Cultura Organizacional no Gerenciamento de Projetos de Consultoria

Empresarial”, bem como os resultados e análises da mesma.

A metodologia de pesquisa utilizada no presente trabalho tem caráter

exploratório, isto é, caracteriza-se por ser um método de pesquisa que tem como

principal objetivo o aprimoramento de ideias e/ou levantamento de novas

informações. Esse tipo de pesquisa tem por finalidade proporcionar maiores dados

sobre o assunto e facilitar a delimitação temática do estudo.

A pesquisa deu-se por meio de coleta de dados, com auxílio de questionário

(Apêndice 1) preenchido pelos informantes, sem a presença do pesquisador,

buscando preservar a identidade dos respondentes.

Durante a sua construção, teve-se o cuidado de limitar o questionário em sua

extensão e finalidade, a fim de que pudesse ser respondido num curto período de

tempo, com limite máximo de 30 minutos.

Na elaboração do questionário foi importante determinar as questões mais

relevantes a serem propostas, relacionando cada item a pesquisa que estava sendo

feita e as hipóteses que se queria demonstrar.

A pesquisa foi aplicada, a consultores que atuam na cidade do Rio de Janeiro

(individual ou coletivamente) e possui caráter não amostral devido à dificuldade de

contabilização do total de profissionais que prestam serviços de consultoria na

cidade.

Os questionários foram distribuídos a profissionais que atuam na área de

consultoria empresarial, no período de junho a julho de 2017, com uma carta de

apresentação da pesquisa. A distribuição do material foi feita com o auxílio de

consultores colaboradores. Após o período da pesquisa, procedeu-se, então, a

análise individualizada dos questionários preenchidos, que serviram para formulação

deste trabalho.

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43

4.1. Resultados da Pesquisa

A pesquisa de caráter exploratório, a seguir apresentada, não tem por

finalidade sanar todas as questões a respeito do papel do consultor no que tange ao

seu enfrentamento da cultura organizacional das empresas.

Entretanto, retrata a opinião de profissionais que atuam na área sobre

aspectos relevantes e suas características e experiências que venham a enriquecer

o tema tratado. Através desta pesquisa, vislumbram-se possíveis linhas de análise

quantitativa e qualitativa objetivando futuros estudos ainda mais profundos acerca da

questão.

No que tange ao instrumento de pesquisa, elaborou-se um questionário

estruturado (Apêndice 1), constituído de perguntas fechadas e padronizadas, para

melhor quantificar e analisar as respostas, visto que são mais fáceis de codificar e

tabular, propiciando comparações com outros dados relacionados ao tema

pesquisado.

A amostra pesquisada abrangeu 27 consultores que atuam, na cidade do Rio

de Janeiro, tanto internos quanto externos e que trabalham nos mais variados

campos de atuação: Estratégia, Finanças, Logística, Marketing, Produção/Operação,

Recursos Humanos, dentre outros.

Abaixo, segue o detalhamento da pesquisa:

4.1.1. Perfil dos Entrevistados

A maioria dos consultores respondentes possui mais de 50 anos (49%), 38%

possuem idade que varia entre 41 e 50 anos e, 13% possuem idade entre 31 e 40

anos.

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Figura 1 – Faixa etária

Fonte: Elaboração própria.

Quanto ao sexo, observou-se que 75% dos consultores são do sexo

masculino, enquanto 25% do sexo feminino.

Já no que tange à escolaridade, verifica-se que todo o universo pesquisado

possui curso superior, dos quais, 70% têm pós-graduação.

4.1.2. Tipo de Consultoria

Quanto ao tipo de consultor, revela-se que 85% dos respondentes são

consultores externos, enquanto 15% consultores internos.

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Figura 2 – Tipo de consultor

Fonte: Elaboração própria.

Em se tratando das empresas às quais prestam serviços, os consultores

internos revelam que: 75% atuam em empresas de grande porte e 25% em

empresas de médio porte.

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Figura 3 – Porte da empresa-cliente

Fonte: Elaboração própria.

No que diz respeito à estrutura, 70% afirmam praticar a consultoria artesanal,

enquanto 30% utilizam-se da técnica por pacote.

Figura 4 – Estrutura

Fonte: Elaboração própria.

Quanto à metodologia utilizada, 67% dos consultores possuem uma

metodologia própria, enquanto 33% utilizam-se de uma metodologia adquirida.

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Figura 5 – Metodologia

Fonte: Elaboração própria.

No que tange à abrangência do trabalho de consultoria, 62% dos

respondentes dizem abordar a consultoria total, contratando outros consultores para

projetos específicos, praticando assim o modelo de parceria por projeto.

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Figura 6 – Abrangência

Fonte: Elaboração própria.

A forma de relacionamento dos consultores respondentes é de maioria

autônoma (68%), 28% são associados e 4% se relacionam virtualmente.

Figura 7 – Forma de relacionamento

Fonte: Elaboração própria.

Quando se trata do tempo de atuação em consultoria, verifica-se que 73%

dos pesquisados prestam serviços de consultoria há mais de cinco anos, enquanto

19% há mais de 20 anos, mostrando profissionalismo, perenidade e senioridade.

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Figura 8 – Tempo de atuação

Fonte: Elaboração própria.

Já no que tange às áreas de atuação dos consultores, observa-se que as

áreas variam entre: Estratégia (21%), Marketing (18%), Processos (13%), Gestão de

Mudança/Inovação (12%), Tecnologia da Informação (12%), Recursos Humanos

(6%), Finanças (6%), Logística (6%), Coaching (3%) e Produção/Operação (3%).

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Figura 9 – Áreas de atuação

Fonte: Elaboração própria.

Quando questionados quanto à atuação profissional anterior à atividade de

consultoria, pôde-se verificar que a média é de 11 a 20 anos na área em que atuam

os consultores.

4.1.3. A Prática da Consultoria

As ferramentas comumente utilizadas citadas pelos respondentes são: Matriz

SWOT (27%), 5W2H (15%), Matriz BCG (12%), Diagrama de Causa e Efeito (12%),

BSC (10%), PDCA (10%), 6 Sigma (7%), Matriz GUT (5%) e 5S (2%). Vale destacar

que em um mesmo questionário poderá ser indicada mais de uma ferramenta.

Além das ferramentas mencionadas anteriormente, foi citada a técnica ACME,

desenvolvida pelo consultor respondente em conjunto com sua equipe. Esta

ferramenta consiste em desenvolver a atividade de consultoria criando uma parceria

com a empresa-cliente, a partir da realização de três etapas:

� Conhecer: tomar conhecimento acerca da empresa, sua missão, visão,

valores, cultura organizacional, metas, objetivos, dentre outros;

� Analisar: em posse das informações acima citadas, é possível analisar a

situação da empresa e, portanto, destacar os aspectos que podem ser

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51

melhorados e/ou otimizados. É importante salientar que esta fase é realizada

em conjunto com a empresa-cliente, fazendo com que esta reconheça os

pontos de melhoria;

� Fazer: consiste em implementar, em conjunto com a empresa-cliente, as

melhorias propostas, tomando cautela para que todas as ações sejam

executadas com a participação efetiva do cliente, visando a durabilidade e

assertividade das ações.

Também foi comentada a utilização do Planejamento Participativo nos

trabalhos de consultoria. Esta ferramenta promove a integração das áreas, isto é,

força a cooperação e o trabalho em equipe, voltando para os resultados. Segundo o

consultor, esta técnica faz com que os colaboradores pensem sobre a importância

de seus papéis na empresa, bem como nas necessidades dos seus colegas de

trabalho (das diferentes áreas) resultando num olhar holístico por parte dos mesmos.

Figura 10 – Ferramentas

Fonte: Elaboração própria.

Quando questionados sobre a forma como as empresas escolhem seus

consultores, a grande maioria (34%) salienta a importância das indicações, por se

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tratar de um serviço. Desta forma, o trabalho realizado em uma empresa-cliente,

serve de exemplo a outros potenciais clientes.

Um consultor precisa estar em constante desenvolvimento e atualização,

participando de palestras e eventos, reforçando seu networking e, utilizando de

instrumentos de marketing conforme suas necessidades. Estar associado a uma

entidade séria é um diferencial que pode pesar a favor nos referenciais do

profissional.

Figura 11 – Escolha do consultor

Fonte: Elaboração própria.

4.1.4. Enfrentando a Cultura Organizacional

Quando questionados sobre os principais desafios enfrentados na realização

do trabalho de consultoria, foram observados os seguintes resultados ilustrados na

figura 12. Vale ressaltar que em um mesmo questionário poderá ser indicado mais

de um desafio.

Além das dificuldades apresentadas, foi destacado que muitos dos

empreendedores desconhecem detalhes de suas organizações, não conseguindo

apresentar informações fidedignas.

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Também foi citada a dificuldade ao acesso às informações, gerada pelo

receio da perda de sigilo, o que daria margem a uma concorrência desleal.

Outro fator identificado foi a falha na comunicação interna, dificultando tanto a

atividade de consultoria como o ambiente de trabalho.

Além disso, foi pontuado certo receio, por parte das empresas-clientes, de

virarem reféns da consultoria, atribuindo este fato aos próprios consultores que não

trabalham uma imagem duradoura da consultoria, ou, ainda pior, talvez por algumas

empresas de consultoria atuarem exatamente dessa maneira, fazendo com que

seus clientes tornem-se dependentes.

Figura 12 – Principais desafios

Fonte: Elaboração própria.

Quanto à forma como lidam com estes desafios, foi argumentado que a

melhor maneira é buscar o apoio das lideranças, bem como capacitar os

colaboradores da empresa-cliente, fazendo com que entendam a importância do

trabalho de consultoria e, ainda, como este pode beneficiar a empresa.

Também foi colocado que a transparência é o melhor caminho, no qual é

imprescindível que a alta administração tenha conhecimento e participação nas

atividades da consultoria.

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54

Outra questão pontuada foi o desenvolvimento de simulações que visualizem

os resultados do projeto de consultoria, na busca pelo entendimento do trabalho,

deixando a empresa-cliente mais confortável.

Ao serem questionados sobre como identificam a necessidade de mudança

na cultura organizacional das empresas-clientes, foi colocado que o próprio

ambiente de trabalho já demonstra a necessidade de mudança, no qual um

diagnóstico bem fundamentado aliado a simulações, relatórios e exemplos práticos

auxiliam no desenvolvimento do processo.

Outra situação levantada é quando há resistência ao novo, de modo que foi

pontuado que: “[...] sempre existe incerteza sobre a intenção da mudança e como

ela irá impactar na estrutura da organização. Isso gera insegurança e até mesmo

desconfiança, muitas das vezes apenas medo dos gestores em saber como a

mudança irá afetar seu poder, prestigio, e em algumas situações, salário”. Cabe ao

consultor gerenciar esta insegurança e ao mesmo tempo implementar suas

estratégias, de modo a atingir os resultados desejados.

Auxiliando na identificação da necessidade de mudança, foi citada a

ferramenta Pesquisa de Clima Organizacional, através da qual pode-se avaliar a

situação do ambiente de trabalho e perceber onde existem pontos que podem ser

melhorados. É possível identificar fatores internos e externos que interferem na

produtividade das pessoas, na interação da equipe e mensurar a satisfação dos

colaboradores perante a organização de um modo geral. Havendo a necessidade de

mudança, o consultor deve elaborar uma proposta de trabalho, em conjunto com a

alta direção, implementando estratégias, políticas, metas e capacitação, que

auxiliarão na harmonia e foco dos colaboradores.

Também foi apresentado que o consultor deve trabalhar como um facilitador,

identificando os conflitos, através do mapeamento em entrevistas e, expondo-os de

forma a fazer com que os próprios colaboradores sejam parte da solução. Desta

maneira, utilizando-se do Planejamento Participativo, acredita-se que os

colaboradores trabalhem de maneira mais integrada, de modo a melhorar o clima e

cultura organizacional da empresa-cliente.

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5. CONCLUSÃO

Diante deste cenário, observou-se que é cada vez mais comum os projetos de

consultoria visando o auxílio empresarial. Neste trabalho foi possível verificar o

correto conceito de consultoria, qual o perfil deste profissional, a caracterização do

cenário atual do mercado de consultoria e os diferentes tipos existentes.

Ainda, apresentou-se a importância da ética nos projetos de consultoria e

como é possível observá-la nesta prática. Outro conceito bastante enfatizado neste

trabalho foi o de cultura organizacional, levantando-se, portanto, sua definição, os

elementos que a compõem, sua finalidade, o papel do líder na sua formação e como

decorre a mudança deste fator.

O objetivo deste trabalho foi estudar as teorias e práticas do setor de

consultoria e cultura organizacional, contemplando aspectos tais como:

a) Pesquisa das teorias de consultoria;

b) Amadurecimento do conhecimento a respeito de cultura organizacional;

c) Conhecimento do perfil dos consultores;

d) Identificação de como os consultores enfrentam a cultura organizacional

das empresas.

Em pesquisa realizada com 27 consultores que atuam no Rio de Janeiro,

analisou-se que, independentemente do tipo de consultoria prestada, seja ela interna

ou externa, do tipo artesanal ou por pacote, especializada ou total, consultor

autônomo ou associado, temas tratados no Capítulo 2 deste trabalho, há, por parte

dos consultores questionados, uma preocupação com a cultura organizacional das

empresas-clientes. Esta afeta o trabalho de consultoria e revela-se em todas as

fases da mesma.

Durante toda a execução do trabalho verificou-se a importância da cultura

organizacional na atividade de consultoria e, por fim identificou-se como os

consultores enfrentam a cultura organizacional das empresas das mais diversas

maneiras:

� Buscando apoio das lideranças, além da capacitação dos colaboradores da

empresa-cliente, fazendo com que entendam a importância do trabalho de

consultoria e, ainda, como este pode beneficiar a empresa;

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� Trabalhando com transparência, sendo imprescindível o conhecimento e

participação dos dirigentes da empresa quanto ao projeto de consultoria;

� Alcançando o entendimento, através de simulações que visualizem os

resultados da consultoria, deixando a empresa-cliente mais confortável.

É importante frisar que em diversas afirmações dos consultores, existe a

preocupação destes em fazer com que a empresa faça parte do processo de

mudança e/ou desenvolvimento.

Os desafios empresariais são contínuos e mutáveis e, o papel do consultor é

auxiliar as empresas no enfrentamento destes, fazendo com que elas percebam que

são capazes de superá-los, através de um trabalho integrado, participativo,

fortalecido por uma cultura organizacional de excelência.

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57

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59

ZIEMER, Roberto. Mitos Organizacionais: O Poder Invisível na Vida das

Empresas. São Paulo: Atlas, 1996.

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60

APÊNDICE I – Questionário de Pesquisa

Esta pesquisa foi elaborada com a finalidade de conhecer, de uma maneira mais detalhada, o perfil dos consultores que atuam na

cidade do Rio de Janeiro e a forma como eles lidam com a cultura organizacional das empresas.

1. Faixa etária: de 21 a 30 anos de 31 a 40 anos de 41 a 50 anos acima de 50 anos

2. Sexo: Feminino Masculino

3. Escolaridade:

2º grau completo 3º grau incompleto 3º grau completo

Latu Sensus :

Especialização MBA

Stricto Sensus :

Mestrado Doutorado Pós-doutorado

Você já ministrou/elaborou:

Palestras Seminários Cursos

Livros Outros:

4. Tipo de consultoria:

Consultor Interno Consultor Externo

Caso atue como consultor interno, qual o porte da sua empresa?

Pequeno Médio Grande

5. Quanto à estrutura:

Consultoria Artesanal Consultoria de Pacote

6. Quanto à metodologia:

Própria Adquirida

7. Quanto à abrangência:

Consultoria Especializada Consultoria Total

8. Quanto a forma de relacionamento:

Consultor Associado Consultor Autônomo Consultor Virtual

9. Tempo de atuação em consultoria:

até 5 anos de 11 a 20 anos

de 6 a 10 anos acima de 20 anos

10. Área de atuação:

Coaching Gestão de Mudanças/Inovação Processos RH

Estratégia Logística Produção/Operação T&D

Finanças Marketing Qualidade TI

Outros _________________________

11. Experiência profissional anterior a atividade de consultoria:

até 5 anos de 6 a 10 anos de 11 a 20 anos acima de 20 anos

Estratégia

Finanças

Logística

Marketing

Produção/Operação

Recursos Humanos

Tecnologia da Informação

Outros:

Pesquisa:

Influência da Cultura Organizacional no Gerenciamento de Projetos de

Consultoria Empresarial

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12. Quais as ferramentas, comumente utilizadas, para a realização de seu trabalho de consultoria?

BSC Matriz BCG Matriz SWOT 6 Sigma

Diagrama de Causa e Efeito Matriz GUT PDCA TGN

Matriz BASICO Matriz Mckinsey 5 S 5W2H

Outros _________________________

13. Como você identifica que as empresas escolhem seus consultores?

Anúncios em Jornais Mala Direta Redes Sociais Associações Networking Revistas Especializadas

Blogs Palestras/Eventos Site

Indicações Portfólio Outros _________________________

14. Quais as principais dificuldades enfrentadas no trabalho de consultoria no que tange a cultura organizacional?

Acesso às informações Falta de credibilidade no trabalho de consultoria Insegurança no trabalho

Conflito de liderança Falta de implementação das conclusões Resistência a mudança

Falta de competências essenciais Outros _________________________

15. Como você lida com estes desafios?

16. Como é identificada a necessidade de mudança na cultura organizacional de uma empresa? Qual o seu papel nesta mudança?

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ANEXO A – Código de Ética

IBCO - Código de Ética do Consultor Organizacional

(Atualizado em Assembléia Geral Ordinária de 17/05/90)

O papel do Consultor de Organização no desempenho de suas atividades é o

de assistir aos clientes na melhoria do seu desempenho, tanto nos aspectos de

eficiência como na introdução de tecnologia, ou seja, no aprimoramento das

relações interpessoais.

Em função de seu papel de inovador, adquire uma grande influência sobre a

organização-cliente e sobre as pessoas com quem interage, tendo, portanto, uma

correspondente responsabilidade profissional e social.

A fim de identificar claramente estas responsabilidades elaborou-se o

presente código de ética, que representa uma garantia ao usuário dos serviços de

Consultoria e um guia para o Consultor da organização, entendido como empresa de

Consultoria, colaboradores de empresas de Consultoria, Consultores autônomos e

internos.

FUNDAMENTOS DO CÓDIGO

Há necessidade de um código de ética na medida em que surgem interesses

a serem compatibilizados e compartilhados.

Este código procura compatibilizar quatro instâncias de interesse, quais sejam

da comunidade em geral, dos clientes de Consultoria, de categoria profissional e do

Consultor como indivíduo. Instâncias estas que sobrepõem-se e influenciam-se

mutuamente, causando muitas dúvidas e dificuldades para serem compatibilizadas.

Este documento expõe o resultado do consenso existente quanto à interação

necessária entre as várias instâncias de interesse, desenvolvido por um grupo de

empresas de Consultoria, de Consultores autônomos e de Consultores internos que

formam o IBCO (Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização).

Espelha uma conduta praticada por aqueles que pertencem ao IBCO e,

provavelmente, pela maioria dos que prestam serviços em Consultoria de

organização, não traduzindo, portanto, uma intenção, mas sim um conjunto de

valores compartilhados por toda uma categoria profissional.

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O IBCO elaborou-o como instrumento de monitoramento e acompanhamento

da conduta do Consultor de Organização, seus associados, para que constitua,

desta forma, um órgão apropriado para o julgamento de quaisquer deslizes éticos

que porventura venham a ser cometidos por seus associados.

ABRANGÊNCIA DO CÓDIGO

O presente código de ética abrange todo Consultor de Organização,

entendido como tal qualquer profissional ou empresa que se enquadre na definição

estabelecida pelo Artigo 4o dos estatutos do IBCO, transcrito abaixo:

IBCO

“Art. 4o – Para os propósitos do IBCO, ficam estabelecidas as seguintes

definições:

1. a) Entende-se por Consultoria de Organização (CO) a atividade que visa a

investigação, identificação, estudo e solução de problemas gerais ou parciais,

atinentes à estrutura, ao funcionamento e à administração de empresas e

entidades privadas ou estatais;

Compreende a indicação dos métodos e soluções a serem adotados e a

criação de condições para sua implantação nas organizações assessoradas.

É exercida por Consultores de Organização, individualmente, ou através da

direção técnica de empresas compostas de profissionais com formação adequada

para essa atividade, dedicada à prestação desses serviços especializados para

terceiros.

1. b) Consultor de Organização é o profissional qualificado por instrução superior

e experiência específica, cuja principal atividade é a prática da Consultoria de

Organização acima definida, de forma continuada e nitidamente predominante

sobre outras eventuais atividades que porventura exerça”.

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CÓDIGO DE ÉTICA

PARTE I

Relação com o Cliente de Consultoria

1. É essencial que o Consultor estabeleça de inicio com o cliente, de forma

clara, os objetivos do trabalho previsto, dos meios a serem utilizados, das

dificuldades e limitações prováveis, bem como, na medida do possível, da

estimativa de tempo e gastos envolvidos;

2. Os trabalhos desenvolvidos pelo Consultor de Organização devem ser

realizados visando a introdução de inovações que objetivem auferir um

melhor desempenho do cliente, transferindo-lhe todos os conhecimentos

necessários à perfeita continuidade do funcionamento dos serviços

implantados, jamais retendo elementos ou mantendo reserva sobre

conhecimentos que seriam importantes para que o cliente se tome

independente em relação ao Consultor;

3. Ao trabalhar para clientes que atuam num mesmo ramo de negócio, sendo

concorrentes entre si, e ainda prestando serviços em áreas de natureza

similar, o Consultor de Organização deve deixar clara tal situação tanto para

seus clientes atuais como para os potenciais;

Nos casos de desenvolvimento de projetos de caráter exclusivo, o Consultor

de Organização deve obter a anuência do cliente atual antes de atuar em uma

empresa concorrente e, uma vez terminado aquele trabalho, deve acordar um

espaço de tempo sem que venha a aceitar um trabalho de natureza semelhante em

empresas do mesmo ramo de negócio.

4. O Consultor de Organização deve adotar todas as medidas necessárias à

preservação de sigilo com relação às atividades e informações de seus

clientes, inclusive na guarda de documentos e na fidelidade de seus

funcionários;

5. O Consultor de Organização não se deve valer de sua condição de “insider” a

fim de se utilizar de conhecimentos adquiridos no exercício de suas atividades

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junto ao cliente, para qualquer tipo de negócio em benefício próprio, de outros

clientes ou de terceiros a ele ligados;

Quando um Consultor de Organização, trabalhando para órgãos do governo,

fornece instrumentos destinados ao exercício de controle e fiscalização sobre o setor

privado, deve agir consciente de sua dupla responsabilidade, perante o setor privado

e o governo, jamais utilizando seus conhecimentos de “insider” ou revelando fatos

que possam prejudicar uma das partes.

6. O Consultor de Organização pode recomendar outros profissionais ou

equipamentos, obrigando-se a adotar todas as precauções possíveis para

que a solução seja a melhor para o cliente, independentemente de suas

relações de amizade ou de seus interesses pessoais ou comerciais com

fornecedores indicados;

O cliente deve ser comunicado sobre a existência de laços de interesses que

possam influir em decisões relativas à contratação de serviços ou equipamentos.

Quando o Consultor de Organização atuar de forma consorciada com outros

profissionais ou fornecedores, esta ligação deve ser de conhecimento prévio do

cliente.

7. Na determinação de seus honorários, o Consultor de Organização deve levar

em consideração prioritariamente as características dos serviços por ele

prestados, e nos casos em que eles estiverem vinculados aos resultados

alcançados pelo cliente em função de seus serviços, é essencial que o

referencial para os resultados seja a longo prazo, ultrapassando o período de

sua atuação direta;

8. O Consultor de Organização deve propor a execução de serviços para os

quais está plenamente capacitado, evitando assumir tarefas em campos onde

não se encontre tecnicamente atualizado ou não tenha experiência;

9. No início e no desenvolvimento do trabalho de uma organização, o Consultor

de Organização deve considerar a filosofia e os padrões culturais e políticos

nela vigentes, interrompendo o contrato de trabalho sempre que as normas e

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costumes daquela contrariem seus princípios éticos e sua consciência

profissional e pessoal;

10. O Consultor de Organização não deve procurar contratar, para si ou para

outra empresa, qualquer funcionário de seu cliente, exceto quando for

autorizado;

11. O Consultor de Organização não deve impor ou tentar impor suas próprias

convicções ao cliente, mas sim procurar caminhos para o desenvolvimento

dele a partir dos objetivos e da cultura organizacional existentes;

PARTE II

Relações com a Comunidade

12. É conduta óbvia para atuação do Consultor de Organização a observância ao

cumprimento das leis e regulamentos legais vigentes;

13. A profissão do Consultor de Organização implica um aporte de conhecimento

às empresas, criando perante a sociedade uma imagem de saber e influência.

Este prestígio caracteriza a visibilidade da profissão, gerando vínculos de

responsabilidade para com a sociedade que devem ser respeitados e levados

em consideração;

14. A sociedade espera que o Consultor de Organização atue como um agente

de mudança e esta expectativa deve ser atendida pela contribuição que ele

pode prestar ao desenvolvimento técnico, administrativo e tecnológico, bem

como à modernidade e eficiência organizacional, observando o respeito à

natureza, às pessoas e suas oportunidades de desenvolvimento, e aos

princípios da cidadania;

15. Em casos de prestação de serviços a órgãos do governo, empresas estatais e

instituições ligadas ao Estado, surge uma responsabilidade adicional, na

medida em que os recursos destas organizações provêm do público.

Portanto, os resultados do trabalho devem atender à demanda contratante e,

concomitantemente, aos interesses da sociedade civil;

PARTE III

Relações com a Categoria Profissional

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16. O Consultor de Organização não deve se envolver em atividades paralelas ou

comportamentos públicos que possam significar conflitos de interesses, afetar

sua isenção ou distorcer a imagem da categoria profissional;

17. Ao utilizar-se de ideias, esquemas e conhecimentos elaborados por terceiros,

o Consultor de Organização deve deixar claros a origem e o crédito, evitando

passar a imagem de que os mesmos foram por ele desenvolvidos;

18. A forma de divulgação de serviços de Consultoria por qualquer Consultor de

Organização pode afetar a categoria como um todo, especialmente quando

suscita quaisquer suspeitas de oferecimento de benefícios duvidosos ou

outras formas menos dignas de atuação;

O principal critério deve ser o respeito à credibilidade própria e da categoria.

A forma de despertar o interesse de potenciais clientes variará de acordo com

o mercado e com a natureza dos serviços oferecidos.

19. Na hipótese de estarem atuando em questões correlatas, numa mesma

empresa, mais de um Consultor de Organização, é importante evitar o conflito

de interesses e as interferências. Para isto, recomenda-se um entendimento

entre a empresa-cliente e os Consultores, a fim de coordenar a atuação de

todos.