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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI PAULO FALCÃO INFLUÊNCIA DO TAMANHO DE GRÃO ORIGINAL NA CINÉTICA DE FORMAÇÃO DA FASE SIGMA EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX SÃO BERNARDO DO CAMPO 2015

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FEI

PAULO FALCÃO

INFLUÊNCIA DO TAMANHO DE GRÃO ORIGINAL NA CINÉTICA DE

FORMAÇÃO DA FASE SIGMA EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2015

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PAULO FALCÃO

INFLUÊNCIA DO TAMANHO DE GRÃO ORIGINAL NA CINÉTICA DE

FORMAÇÃO DA FASE SIGMA EM AÇO INOXIDÁVEL SUPERDÚPLEX

Relatório final apresentado ao Centro

Universitário da FEI, como parte dos

requisitos estabelecidos pelo Programa

de Bolsas de Iniciação Científica

(PBIC), orientado pelo Prof. Dr. Rodrigo

Magnabosco.

São Bernardo do Campo

2015

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RESUMO

A fase sigma surge nas interfaces ferrita/ferrita e austenita/ferrita de aços inoxidáveis dúplex

quando o material é submetido a altas temperaturas de trabalho, tratamento térmico,

conformação a quente ou soldagem. É a fase intermetálica que surge mais facilmente no aço

inoxidável dúplex em temperaturas de 700 a 900°C. Diante disso, este trabalho busca

compreender a influência do tamanho de grão do aço inoxidável superdúplex SAF 2507 na

cinética de formação da fase sigma. Para isto, foi realizado tratamento térmico de

solubilização a 1200°C por 1h e 96h obtendo amostras com diferentes tamanhos de grão,

sendo posteriormente realizado tratamento de envelhecimento isotérmico a 850°C entre 1

minuto e 60 minutos. Essas amostras geraram corpos de prova que foram analisados através

de Microscopia Eletrônica de Varredura(MEV) gerando imagens que foram analisadas pelo

software AnalySIS-Docu. As amostras envelhecidas por 1minuto, 3minutos e 5 minutos não

apresentaram sigma. A partir de 8 minutos de envelhecimento observa-se nucleação e

crescimento de sigma e chi. A fase sigma precipita partir da ferrita preferencialmente nas

interfaces ferrita/ferrita, enquanto a fase chi surge preferencialmente nas interfaces

austenita/ferrita. Nos envelhecimentos de 10 a 60 minutos, verifica-se que quanto maior

tempo de envelhecimento maior a fração de sigma encontrada, com maior cinética de

formação entre 10 e 20 minutos de envelhecimento para amostra solubilizada por 1hora e

entre 20 e 40 minutos para amostra solubilizada por 96 horas. A quantificação de fases através

do uso do software AnalySIS-Docu mostrou que quanto menor tempo de tratamento de

solubilização maior é a fração de fases intermetálicas encontradas no material para um mesmo

temop de envelhecimento a 850ºC.

Palavras-chave: 1. Aço inoxidável superdúplex.

2. Fase sigma.

3. Transformação de fases.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Características dos grupos de aços inoxidáveis...................................................17

TABELA 2: fases intermetálicas e suas respectivas faixas de temperatura..............................33

TABELA 3: Composição química (%massa) do aço em estudo..............................................44

TABELA 4: Tratamentos térmicos realizados..........................................................................45

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Diagrama de Schaeffler para aços inoxidáveis....................................................12

FIGURA 2. Diagrama esquemático TTT para um aço inoxidável dúplex...............................16

FIGURA 3: Microestrutura de um aço inoxidável ferrítico......................................................19

FIGURA 4: Microestrutura típica de um aço inoxidável austenítico.......................................20

FIGURA 5: Representação tridimensional da microestrutura de um aço inox 2205

laminado....................................................................................................................................21

FIGURA 6: Micrografia ótica da seção longitudinal do aço inoxidável superdúplex 2507 do

material como recebido.............................................................................................................22

FIGURA 7. Seção isotérmica a 1300ºC do ternário Fe-Cr-Ni..................................................24

FIGURA 8. Seção isotérmica a 1200ºC do ternário Fe-Cr-Ni..................................................24

FIGURA 9. Seção isotérmica a 1100ºC do ternário Fe-Cr-Ni..................................................25

FIGURA 10. Seção isotérmica a 1000ºC do ternário Fe-Cr-Ni................................................25

FIGURA 11: Diagrama ternário Fe-Cr-Ni. Evidencia presença fase sigma em diferentes

temperauras e composições.......................................................................................................26

FIGURA 12: Ilustração microestrutura dúplex.........................................................................28

FIGURA 13: a) Amostra tratada a 1200°C por 10 min; b) Amostra tratada a 1200°C por 96 h.

Aumento:1000x........................................................................................................................30

FIGURA 14: Tratamento a 1200°C. Tamanho de grão vs tempo de solubilização..................30

FIGURA 15: Diagrama TTT; precipitação de segundas fases nos aços dúplex.......................33

FIGURA 16: Diagrama de fragilização de aços inoxidáveis dúplex........................................34

FIGURA 17. Modelo de nucleação e crescimento da fase sigma............................................36

FIGURA 18 – Coeficiente de cromo na ferrita e austenita em função da

temperatura................................................................................................................................38

FIGURA 19. Gráfico de J-M-A da formação de fase sigma para a temperatura de 850ºC: (1)

Trecho correspondente aos tempos de envelhecimento entre 1 minuto e 1 hora; (2) Trecho

correspondente aos tempos de envelhecimento entre 2 a 18 horas...........................................40

FIGURA 20. Diagrama TTP para fase sigma entre 700 e 900oC.............................................40

FIGURA 21- Morfologia da fase sigma em função da temperatura de tratamento (a) 950ºC,

(b) 850ºC e (c) 750ºC................................................................................................................42

FIGURA 22: Corpos de prova do aço UNS S32750................................................................44

FIGURA 23: amostra solubilizada por uma hora. Aumento 500x...........................................47

FIGURA 24: amostra solubilizada por 96 horas. Aumento 500x.............................................47

FIGURA 25: Amostra solubilizada por 1h (a) e por 96h (b) envelhecidas a 850oC por 5

minutos......................................................................................................................................48

FIGURA 26. Efeito de elementos da porcentagem de liga na precipitação da fase sigma......49

FIGURA 27: Ilustração da difusão atômica de X e Y para formar a fase hipotética

X30Y20..............................................................................................................................................................................................51

FIGURA 28: Influência da temperatura de solubilização numa liga 25%Cr-7%Ni- 3%Mo na

cinética de precipitação da fase σ..............................................................................................51

Figura 29: Amostra solubilizada por 1h envelhecida 8 minutos. Evidencias fase chi e

sigma.........................................................................................................................................52

FIGURA 30: Amostra solubilizada 96h, envelhecida 8 minutos..............................................53

FIGURA 31: Amostra solubilizada por 1h envelhecida por 10 minutos..................................54

FIGURA 32: Amostra Solubilizada por 96h, envelhecida 10 minutos.....................................54

FIGURA 33: Amostra solubilizada por 1h, envelhecida por 20 minutos.................................55

FIGURA 34: Amostra solubilizada por 96h, envelhecida por 20 minutos...............................55

FIGURA 35: Amostra solubilizada por 1h envelhecida por 40 minutos..................................56

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FIGURA 36: Amostra solubilizada 96h, envelhecida 40 minutos............................................57

FIGURA 37: Amostra solubilizada por 1h, envelhecida por 1h. Aumento 500x.....................58

FIGURA 38: Amostra solubilizada por 96, envelhecida por 1h. Aumento 500x.....................58

FIGURA 39: Quantificação de ferrita após envelhecimento....................................................60

FIGURA 40: Quantificação de chi............................................................................................61

FIGURA 41: Quantificação fase sigma....................................................................................62

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................8

2 OBJETIVO ..........................................................................................................................10

3 REVISÃO DA LITERATURA ..........................................................................................11

3.1 Elementos de liga .............................................................................................................14

3.2 Classificação dos aços inoxidáveis..............................................................................17

3.2.1 Aço inoxidável ferrítico................................................................................................18

3.2.2 Aço inoxidável austenítico............................................................................................19

3.2.3 Aços inoxidáveis dúplex ...............................................................................................20

3.3 Aço inoxidável superdúplex............................................................................................22

3.4 Transformação de fases no aço dúplex........................................................................23

3.4.1 Trabalho mecânico no aço dúplex ..........................................................................27

3.4.2 Tratamento térmico de solubilização ..................................................................,,,....29

3.5 Interfaces nos materiais..................................................................................................31

3.6 Nucleação homogênea e heterogênea............................................................................31

3.7 Fases intermetálicas.........................................................................................................32

3.8 Cinética da formação de sigma...........................................................................................36

4 Metodologia .........................................................................................................................44

4.1 Materiais..............................................................................................................................44

4.2 Tratamentos.........................................................................................................................45

4.3 Análise microestrurual........................................................................................................46

5 Resultados e discussões........................................................................................................47

6 CONCLUSÕES....................................................................................................................66

REFERENCIAS .....................................................................................................................67

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo dos tempos o homem vem manipulando matérias primas da natureza no

intuito de conseguir materiais que vão desde utensílios de trabalho para lavoura, construções

civis, utensílios domésticos, obras de arte a adornos e armas de guerra. De longe, os materiais

mais utilizados desde civilizações antigas são os cerâmicos e os metais. O caminho evolutivo

da manipulação e utilização dos materiais se confundem com a própria evolução humana.

Surge a Metalurgia, ciência que se dedica ao estudo dos metais e suas características

com o enfoque de produzir materiais que satisfaçam cada vez mais a propriedades mais

específicas. Durante as guerras mundiais essa necessidade de se obter ligas com propriedades

mais refinadas, e com processo de produção que permitia produzir réplicas, passaram a ser

fundamentais. Após esses períodos, durante as evoluções industriais, houve mais necessidade

de se melhorar as propriedades dos materiais para produção de automotores, aviões, utensílios

domésticos e máquinas que produzem bens que não necessariamente são metais.

No campo dos metais, o ferro e suas possíveis ligas continuam sendo os materiais

mais utilizados. Possuem diversas aplicações técnicas devido a suas amplas propriedades. Por

proporcionar ótimas combinações de resistência, tenacidade e ductilidade a custos

relativamente baixos, o Ferro e suas ligas, principalmente o aço, respondem por cerca de 90%

da produção mundial de metais. Os aços inoxidáveis respondem pela menor parcela, mas não

de menor importância.

Os aços inoxidáveis dúplex possuem aplicações na indústria química em

equipamentos submetidos a processos que contem ácido nítrico, na produção de polímeros e

óxidos e evaporadores cáusticos. Na indústria marinha, é utilizado na confecção de hélices,

eixos, bombas, parafusos, lemes, navios petrolíferos, dentre outros. Na indústria de petróleo e

gás é usado em tubulações, recipientes, bombas, válvulas e outros equipamentos, tanto de

extração como de refino e armazenamento. Na indústria de papel e celulose, em tubos de

aquecimento de licor negro, válvulas de alimentação e de descarga de digestores, lavadoras de

pasta marrom, precipitantes e componentes de branqueamento (CHARLES, 2008).

A proporção balanceada das fases austenita e ferrita do aço inoxidável dúplex lhe

confere propriedades superiores comparado aos aços inoxidáveis austeníticos e ferríticos

possibilitando sua aplicação em condições mais agressivas de trabalho. Entretanto, a

exposição desses aços a elevadas temperaturas, processos de soldagem e conformação pode

levar a precipitação de fases indesejáveis em especial a fase sigma e nitretos, que debilitam

suas propriedades como resistência à corrosão e tenacidade. O estudo dos diagramas Fe-Cr-

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Ni possibilita elaboração de composições de ligas que atendem as propriedades necessárias

para uma dada aplicação, bem como melhor rota econômica para tal. De acordo com a

literatura, o estudo do diagrama Fe-Cr-Ni mostra as três principais fases que o aço pode

apresentar, austenita (γ), ferrita (α) e a fase intermetálica sigma (σ) (Raynor; Rivlin, 1988).

A precipitação da fase sigma se inicia nos contornos de grão ou nas regiões de

interface e é intensificada pela exposição a altas temperaturas, entre 600 e 1000ºC

(SOLOMON; DEVINE, 1982). Compromete propriedades como tenacidade e ductilidade

resultando em falhas frágeis nos equipamentos em serviço na indústria. (Padilha, 1990)

O aço UNS S32750, tratado neste trabalho é um exemplo de aço superdúplex. Como

este aço é submetido a extremas condições de trabalho e é susceptível a formação da fase

sigma, justifica-se neste trabalho a importância do estudo da cinética de formação desta fase.

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2 OBJETIVO

Uma vez que a fase sigma é constituída também por elementos contidos tanto na ferrita

quanto austenita, o objetivo desse trabalho é avaliar a cinética da formação da fase sigma, em

função dos tamanhos de grãos austeníticos e ferríticos, já que essa fase se forma

preferencialmente nas interfaces desses grãos e quanto menor o tamanho de grãos,

teoricamente há mais interfaces onde podem surgir a fase sigma. Amostras do aço SAF 2507

foram solubilizadas por 1 e 96 h a 1200oC e posteriormente envelhecidas isotermicamente a

850oC em tempos variando de 1 a 60 min, para avaliação da cinética de formação da fase

sigma e sua relação com o tamanho de grão das amostras solubilizadas

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3 REVISÃO DA LITERATURA

Aços inoxidáveis tradicionais não apresentam as características adequadas entre a

combinação de resistência mecânica e de resistência a corrosão, especialmente por pite,

necessárias para sua aplicação em ambientes de trabalho extremo. Surge uma nova categoria

de aços inoxidáveis denominados dúplex e superdúplex, originada na década de 1970. São

aços de baixo teor de carbono (menor do que 0,03% massa). Produzidos através de

deformação a quente e tratamento de solubilização a temperaturas até 1200ºC, seguido de

resfriamento rápido (MAGNABOSCO e ALONSO-FALLEIROS, 2005a). Na década de 1930

iniciou-se o desenvolvimento do aço inoxidável dúplex nos Estados Unidos e na Europa,

porém foi apenas na década de 1970 que se chegou a um material mais refinado, com um

controle mais efetivo da sua composição. Este material somente começou a ser utilizado no

Brasil na década de 1990 (MARTINS E CASTELETTI, 2007). Aços inoxidáveis, que contém

austenita e ferrita em quantidades aproximadamente iguais, são denominados dúplex

(SEDRIKS, 1996). Combinam as propriedades da austenita e ferrita. A presença das duas

fases aumenta a resistência mecânica, se comparada a de aços unifásicos.

Segundo Padilha e Plaut,2009, os aços inoxidáveis com microestrutura dúplex podem

ser classificados em dois subgrupos :

1) Ligas com baixo teor de carbono (0,01%p ≤ C ≤ 0,08%p), geralmente trabalhadas

mecanicamente, que apresentam uma interessante combinação de propriedades, tais como

resistência à corrosão, resistência mecânica, ductilidade, tenacidade e soldabilidade.

2) Ligas com alto teor de carbono (0,3%p≤ C ≤ 0,5%p), usadas na condição fundida.

Essas ligas de alto teor de C apresentam baixa tenacidade e ductilidade, mas têm uma

excelente resistência ao desgaste.

Os aços inoxidáveis dúplex são produzidos através do sistema de descarburação por

sopro combinado de oxigênio e argônio (AOD), e por isso podem apresentar baixíssimo teor

de carbono (BORSATO, 2006). O processo de solidificação de um aço inoxidável dúplex

depende, essencialmente, da composição química. A Figura 1 apresenta o diagrama de

Schaeffler usado para prever a microestrutura com base no cromo equivalente e níquel

equivalente (RIBEIRO e SANTOS, 2009). As faixas de composição típica dos aços

inoxidáveis ferríticos, martensíticos, austeníticos, e ligas dúplex foram sobrepostas sobre este

diagrama.

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Figura -1: Diagrama de Schaeffler para aços inoxidáveis (PADILHA e PLAUT, 2009).

O método Schaeffler permite uma avaliação aproximada da microestrutura em função

da composição do aço; entretanto esse método não leva em conta a influência da taxa de

resfriamento e os tratamentos térmicos de envelhecimento (PADILHA e PLAUT, 2009). Os

aços inoxidáveis podem solidificar por vários mecanismos ou modos: ferrítico ou modo F (L

→ L+α→α ); ferríticos-austeníticos ou modo FA (L → L+α→ L+α+γ→ γ+α); austenítico-

ferríticos ou modo AF (L → L+γ → L+γ+α→ γ+α) e austeníticos ou modo A (L → L+γ→γ).

A previsão do seu modo e da sequência de solidificação também pode ser avaliada

previamente com sucesso usando as proporções de cromo e níquel equivalentes (PADILHA,

PLAUT e RIOS, 2006).

Os aços inoxidáveis dúplex e super dúplex são ligas do sistema Fe-Cr-Ni-Mo que

possuem o nitrogênio, substituindo parcialmente o níquel, com o objetivo de melhorar tanto

as propriedades mecânicas como as de resistência à corrosão, além de diminuir o custo destes

aços (HERRERA et al., 2008; MOTTA et al). A denominação dúplex é advinda desses aços

serem compostos pelas fases alotrópicas do ferro ferrita e austenita em quantidade balanceada.

A denominação Superdúplex advém dos altos teores dos elementos de liga, cromo,

molibdênio e níquel que confere maior resistência à corrosão. A resistência à corrosão de um

aço é classificado de acordo com seu PREN ( Pitting Resistance Equivalent Number), que é

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uma equação empírica que mensura o quanto o aço é resistente à corrosão por pite e que está

diretamente ligado à composição química do aço.

O número PREN é comumente usado para classificar a família à qual pertence uma

liga. Os elementos de liga que afetam o valor do número PREN, Cr, Mo e N, não estão

uniformemente distribuídos nas fases ferrita e austenita, indicando um valor de PREN

diferente para cada fase (WEI, et al, 2008). Em geral, os materiais com PREN inferior ou

igual a 30 são classificados como lean duplex, aqueles com PREN acima de 30, como duplex,

e aqueles com PREN de 40 ou mais são conhecidos como ligas superduplex (ARMAS, 2008).

Para atingirem a condição que os tornam inoxidáveis, formam um filme de óxido

de pequena espessura, invisível e aderente à sua superfície. O filme de óxido se deve a

presença de elementos de liga como cromo, níquel e molibdênio que reagem com o oxigênio

atmosférico. Para ser denominado como aço inoxidável, a liga deve ter um teor mínimo de

12% em massa de cromo. Já o molibidênio tem por papel aumentar resistência a corrosão por

pite ou fresta. O cromo reage com o oxigênio do meio formando uma película protetora

(óxido de cromo) auto-regenerativa que protege o material da corrosão generalizada

(MAGNABOSCO, 2001).

As propriedades superiores dos aços inoxidáveis dúplex são obtidas da composição

química, que apresenta altos teores de cromo (Cr), molibdênio (Mo), nitrogênio (N)

(BATISTA et al., 2011a) e de um tratamento termomecânico durante a conformação

mecânica a aproximadamente 1200°C, o que origina uma microestrutura balanceada,

composta de, aproximadamente, 50% de ferrita e 50% de austenita, precipitada na forma de

ilhas, com uma quantidade de contornos de grão alfa/alfa e gama/gama similar a quantidade

de interfaces alfa/gama (ASM HANDBOOK, 1992; MACHADO e PADILHA, 2000).

Tal microestrutura permite uma combinação excelente de propriedades mecânicas,

especialmente um alto limite de escoamento e uma alta tenacidade, com uma alta resistência à

corrosão por pites e sob tensão em meios contendo cloretos (PADILHA e PLAUT, 2009).

Os aços inoxidáveis são selecionados como materiais de engenharia devido às suas

propriedades mecânicas e principalmente à sua resistência a corrosão (SEDRIKS, 1996),

sendo que os aços inoxidáveis dúplex são interessantes nas indústrias de prospecção de

petróleo, química, petroquímica, de energia elétrica, papel e celulose, observando sua alta

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resistência e alta tenacidade em combinação com resistência à corrosão e corrosão sob-tensão

(NILSON, 1992; MENEZES et al., 2005).

Devido à estrutura de grãos muito finos e à mistura de ferrita e austenita, a resistência

mecânica destes aços é muito alta, portanto, podem ser usados em muitos ambientes

corrosivos dentro de uma faixa de temperatura de -50ºC a 300ºC (ALVAREZ-ARMAS,

2008), como componentes das indústrias nucleares e de extração de petróleo, carcaças de

bombas, válvulas, dutos, elementos estruturais, componentes rotativos e tubos de trocadores

de calor (MOTTA et al. 2009)

3.1 Elementos de liga

A adição de elementos de liga visa conferir aos aços inoxidáveis propriedades como

resistência à corrosão, resistência mecânica, além de outros. Enquanto alguns são adicionados

intencionalmente, outros são inerentes do processo de obtenção de ligas (SMITH 1981).

Cromo: Sua adição é reportada como sendo o principal responsável pela resistência à corrosão

dos aços inoxidáveis. É um elemento menos nobre que o ferro nas séries eletroquímicas, e por

isso reage com o oxigênio do meio formando uma camada de óxido de cromo (Cr2O3) mais

facilmente que o óxido de ferro. Essa camada é denominada passivadora ou passivante. O

efeito favorável de cromo na resistência à corrosão existe mesmo em quantidades menores

que 11%, sendo esse valor considerado como necessário para atingir uma razoável resistência

à corrosão atmosférica. (SEDRIKS, 1996) Para meios mais agressivos, teores maiores de

cromo são necessários. Porém, altas adições de cromo podem afetar negativamente as

propriedades mecânicas do material, em particular a tenacidade, além da soldabilidade e da

aplicação em meios de alta temperatura, que favorece formação de fases intermetálicas,

notadamente da fase sigma, cuja cinética de formação é o objetivo de estudo desse trabalho

Níquel: Sua adição favorece formação de filme óxido especialmente em ambientes redutores,

além de melhorar a resistência à corrosão em meios ácidos. Adicionado em quantidade

suficiente, o níquel estabiliza a estrutura austenítica. Confere resistência à corrosão em

conjunto com boa resistência mecânica e ductilidade. (SEDRIKS, 1996). Com o aumento da

concentração de níquel, a cinética de precipitação de fase sigma é acelerada em aços

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austeníticos, uma vez que há diminuição da fração volumétrica de ferrita delta na

microestrutura antes do tratamento térmico de envelhecimento.

Manganês: Também elemento austenitizante. Propicia aumento de solubilidade no nitrogênio

na matriz. Confere efeitos semelhantes aos do níquel, além de formar sulfetos na

microestrutura do aço susceptíveis à corrosão seletiva. Reduz o teor de níquel adicionado à

liga subistituindo-o, melhorando a relação custo-benefício (MARTINS e BONAVINA, 2003.

O Mn acelera as precipitações de fase σ(LI et al., 2009).

Molibdênio: Elemento ferritizante. Estabiliza o filme óxido de cromo na superfície do aço,

melhorando substancialmente a resistência à corrosão por pites e por frestas. O teor máximo

que o molibdênio pode ter na composição da liga é 4% em massa, pois esse elemento amplia

o campo da fase sigma. Apresenta efeito benéfico nas propriedades mecânicas e de corrosão,

mas afeta a microestrutura do material, tornando o aço susceptível à precipitação de fases

intermetálicas, tais como fase de Laves (Fe2Mo), fase chi (χ) e fase sigma (σ), aumentando a

cinética de precipitação e fração volumétrica de fase σ (NILSON, 1992; MARTINS e FORTI,

2008).

Nitrogênio: tem a função de estabilizar a fase austenita. Retarda a formação de fases

intermetálicas. Por ser um elemento intersticial, aumenta o limite de escoamento e de

resistência do material à temperatura ambiente. Aumenta a resistência à corrosão por pite.

Verificou-se que o molibdênio melhora os efeitos positivos gerados pelo nitrogênio.

Carbono: Conhecido por conferir aumento da resistência mecânica do aço, pode ser

prejudicial à resistência à corrosão dos aços inoxidáveis. Isto se explica devido a combinação

do carbono com o cromo formando carbonetos que se formam preferencialmente nos

contornos de grão. As regiões adjacentes são empobrecidas de cromo e em determinadas

condições apresentam comportamento anódico em relação à matriz promovendo pilha de

corrosão denominada sensitização. Além disso, o carbono reduz a tenacidade nas ligas.

Titânio e Nióbio: são elementos estabilizadores da fase ferrítica e apresentam alta reatividade

com elementos residuais, como Si, S e P. Formam carbonetos mais estáveis que o carboneto

de cromo. Por evitar a combinação do cromo com o carbono, reduz a probabilidade do

fenômeno de sensitização.

Silício: Proporciona o aumento de resistência à corrosão sob tensão fraturante da liga. Teores

maiores do que 1% em massa geram maior formação de fase sigma.

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Convém notar que os elementos de liga quando usados em conjunto com outros

podem originar nos aços propriedades ligeiramente diferentes das que lhe dariam se usados

isoladamente, já que um elemento pode aumentar ou diminuir a solubilidade e as propriedades

requeridas no aço por outro elemento. Vale ressaltar que os mesmos elementos adicionados

também podem alterar o campo de surgimento de fases indesejáveis como mostra a figura 2.

Figura-2: Diagrama esquemático TTT (Tempo - Temperatura-Transformação) para um aço inoxidável

dúplex (Davis, 1994).

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3.2 Classificação dos aços inoxidáveis

Os aços inoxidáveis trabalhados são comumente divididos dentro de quatro grupos

classificados com base nas características da estrutura; martensíticos (não tratado neste

trabalho), ferríticos, austeníticos e dúplex. A tabela 1 resume as propriedades destes materiais.

Tabela 1: Características dos grupos de aços inoxidáveis (FEDELE et al., 1999)

Austeníticos

Fe, Cr, Ni

Excelente resistência a alta temperatura.

Excelente resistência a baixa temperatura.

Excenlente resistência à corrosão.

Ferríticos

Fe, Cr

Boa resistência a alta temperatura.

Boa ductilidade e resistência a corrosão.

Dúplex Resistência à corrosão e resistência ao desgaste.

Maior limite de escoamento que aços inoxidáveis austeníticos

Maior resistência a trincas a quente.

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3.2.1 Aços inoxidáveis ferríticos (α)

Aços inoxidáveis ferríticos, essencialmente ligas binárias Fe-Cr, possuem estrutura

cúbica de corpo centrado (CCC) com teores de Cr que varia de 12 a 30%. Com altos teores de

Cr, a ferrita se frágil e apresenta transição dúctil-frágil em qualquer teor de Cr presente. O

tamanho de grão dos aços inoxidáveis ferríticos cresce rapidamente a partir de 600ºC,

enquanto os austeníticos apresentam crescimento acentuado a partir de 900ºC

(SEVRYUKOV, 1960). Possuem limite de escoamento maior que dos austeníticos, porém

encruam em taxa menos acentuada. Apresentam menor resistência à corrosão, menor

deformabilidade e tenacidade que os aços inoxidáveis austeníticos, mas são mais baratos por

não possuírem Ni. Os principais elementos de liga dos aços inoxidáveis ferríticos são;

Molibidênio (Mo), Silício (Si), Alumínio(Al, Nióbio(Nb), Titânio(Ti). Mo, Si, Al são

estabilizadores da ferrita. Nb e Ti formam carbonetos e nitretos, removendo C e N da solução

sólida (SMITH, 1981).

São usados principalmente como materiais de construção onde é requeridas boas

resistência à corrosão e ao calor. Contrariamente aos aços austeníticos, os ferríticos são

praticamente imunes à fratura transgranular por corrosão sob tensão, tornando-os indicados

para indústrias químicas em que o meio corrosivo não seja muito agressivo. São aços muito

resistentes a atmosferas urbanas e rurais e pouco resistentes a atmosferas marinhas e

industriais. São sensíveis à corrosão intergranular a faixa de temperaturas acima de 900ºC

(SEVRYUKOV, 1960). A microestrutura de um aço ferrítico é composta por grãos

homogêneos de ferrita, conforme mostra a figura 3.

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Figura-3: Microestrutura de um aço inoxidável ferrítico (Tebecherani, 2008).

Até sua fusão, possuem geralmente estrutura predominantemente ferrítica. Não são

endurecíveis por têmpera porque não podem ser completamente austenitizados. Sua

granulação só pode ser refinada por uma combinação adequada de trabalho mecânico e

recozimento de recristalização. Possui boa resistência à corrosão e oxidação, inclusive a alta

temperatura. No estado recozido, com uma granulação fina, sua ductilidade e tenacidade à

temperatura ambiente podem ser consideradas satisfatórias (Matlakhov, 2008).

3.2.2 Aços inoxidáveis austeníticos (γ)

Aços inoxidáveis austeníticos são essencialmente ligas ternárias de Fe-Cr-Ni,

possuem estrutura cúbica de face entrada (CFC), e geralmente melhor resistência à corrosão

que aços ferríticos, contendo de 16 a 25% Cr e de 7 a 20% Ni (SMITH, 1981).

Apresentam altos teores de Ni que amplia o domínio da austenita com dois efeitos

sobra a microestrutura:

* aumenta a quantidade de austenita na temperatura de tratamento de solubilização (a baixos

teores de Ni a austenita pode se transformar em martensita).

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* abaixa a temperatura Mi (início de formação de martensita; teores próximos de 8% de Ni

são suficientes para que a Mi fique abaixo da temperatura ambiente o que garante que o aço se

mantenha austenítico nessa temperatura.

Os aços inoxidáveis austeníticos são muito resistentes à corrosão em vários meios,

exceto atmosferas marinhas em que são atacados severamente por cloretos, que penetram

através da película passiva e causam corrosão por pite. A adição de Mo melhora a resistência

à corrosão por pite. A estrutura cristalina CFC confere a esses aços alta capacidade de

deformação. Não podem ser endurecidos por tratamento térmico, mas sim por trabalho a frio.

A estrutura é constituída de grãos poligonais que contém maclas, como se verifica na figura 4.

Não são endurecíveis por tratamento térmico. São os mais númerosos e utilizados dos aços

inoxidáveis e os que apresentam melhor soldabilidade e resistência geral à corrosão

(Matlakhov, 2008).

Figura-4: Microestrutura típica de um aço inoxidável austenítico (Callister, 2002)

3.2.3 Aços dúplex

O descobrimento da estrutura dúplex em sistemas Fe-Cr-Ni foi feito por Bain e

Griffithis em 1927, depois de estudar 65 ligas com grande variedade de composição.

Entretanto esses aços dúplex só se tornaram disponíveis para o comércio na década de 1930.

Em 1950 e 1960 extensos estudos foram feitos sobre a trabalhabilidade à quente,

soldabilidade, resistência à corrosão e degradação a estrutura por tratamento térmico.

Atualmente esses aços são obtidos sob um controle de composição e um baixo nível de

resíduos como Fósforo,Oxigênio e outros. Outros elementos como C, N, Mo e Cu também

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podem ser incluídos para controlar o balanço estrutural e propriedades de resistência à

corrosão e tenacidade do material (Shek, 1996).

O balanço austenita-ferrita confere ao material um nível ótimo de propriedades

mecânicas e de resistência à corrosão (ASM Handbook, 1990). A microestrutura dúplex

(Figura 5) pode ser obtida através do balanceamento dos elementos de liga e de tratamento

termomecânico.

Figura-5: Representação tridimensional da microestrutura de um aço inox 2205 laminado. A fase clara é

austenita e a escura ferrita (Mateo et al, 2003).

O balanceamento dos elementos de liga, nos aços inoxidáveis dúplex tem, por

objetivo, controlar os teores de elementos estabilizadores de austenita, ou gamagênicos, tais

como níquel, carbono, nitrogênio e de elementos estabilizadores da ferrita, ou alfagênicos,

cromo, molibdênio e silício. Esses elementos constituem a composição química típica dos

dúplex.

O tratamento termomecânico é, usualmente, realizado em temperaturas entre 1000 e

1250ºC. Nessa faixa de temperatura, os aços inoxidáveis apresentam um comportamento

muito próximo do equilíbrio estável, produzindo uma estrutura lamelar com grãos alongados

na direção de laminação e composta por uma matriz ferrítica com ilhas de austenita (Senatore

et al., 2007).

A resistência à corrosão nos aços dúplex é semelhante a dos aços inoxidáveis

austeníticos com conteúdo de elementos de liga similares. Porém o aço dúplex possui tensão

de ruptura e de escoamento maior e melhor resistência à corrosão sob tensão do que os

austeníticos. Níveis de resistência à tração podem ser aumentados por trabalho a frio. Menores

ductilidade e resistência ao impacto na direção transversal podem ser esperadas por causa da

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natureza direcional da microestrutura forjada composta por ilhas de austenita- (mais na

figura 6) tipicamente alongadas em uma matriz ferrítica- (mais escura na figura 6) (ASM

Handbook, 1990), com porcentagens de ferrita e austenita de aproximadamente 50% de cada

fase e características intermediárias entre estas. Na figura 6 observa-se uma micrografia na

qual consegue-se distinguir as duas diferentes fases do aço dúplex.

Figura-6: Micrografia ótica da seção longitudinal do aço inoxidável superdúplex 2507 do material como

recebido (Armas et.al.,2006).

3.3 Aços superdúplex

Um subconjunto dos aços inoxidáveis dúplex com elevada resistência a corrosão

porpite são chamados de superdúplex. Comparados com aços austeníticos, apresentam maior

resistência mecânica e maior resistência à corrosão sob tensão. Comparados aos aços

ferríticos tem menor suscetibilidade à fragilização pelo hidrogênio, maior tenacidade à fratura

e podem operar em temperaturas mais baixas sem ocorrência de fratura frágil. (Nilsson,

1992). Possuem maiores concentrações de Cr, Mo e N que os aços dúplex, o que os conferem

resistência à corrosão mais elevada, mas a concentração aceita na prática é limitada pela

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solubilidade do Ni juntamente com o fato de que a cinética de formação de fases

intermetálicas pode ser aumentada pela adição desses elementos (Charles,1991).

São utilizados, principalmente, em ambientes agressivos, como em plantas químicas,

na produção de óleo e gás, em plataformas petrolíferas (em bombas centrífugas e cordões

umbilicais) e equipamentos de aplicação offshore, tanto em países tropicais quanto em países

de temperaturas extremamente baixas. Combinam características mais desejáveis dos aços

ferríticos e austeníticos com excelente resistência à corrosão numa ampla variedade de meios

e expressiva resistência ao ataque por pite e frestas em ambientes marinhos ou que contenha

cloretos.

3.4 TRANSFORMAÇÕES DE FASES NO AÇO DÚPLEX

Através do estudo do diagrama Fe-Cr-Ni é possível a elaboração de múltiplas ligas de

aços inoxidável dúplex. As seções isotérmicas entre 1000 e 1300°C dos diagramas ternários

Fe – Cr - Ni são apresentados nas Figuras 7, 8, 9 e 10 em que aparecem os campos de

domínio de ferrita, austenita e o campo de estrutura dúplex (ferrita e austenita). A estrutura

em frações desejadas de austenita/ferrita se dá pela correta escolha da composição química e

da execução do tratamento de solubilização seguido de um rápido resfriamento

(MAGNABOSCO, 2001).

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Figura-7: Seção isotérmica a 1300ºC do ternário Fe-Cr-Ni (RAYNOR e RIVLIN,1988).

Com a diminuição da temperatura, fica evidente que há um aumento do campo onde se

encontra austenita e ferrita, como mostra a figura 8, 9 e 10.

Figura-8: Seção isotérmica a 1200ºC do ternário Fe-Cr-Ni (RAYNOR e RIVLIN, 1988).

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Figura-9: Seção isotérmica a 1100ºC do ternário Fe-Cr-Ni (RAYNOR e RIVLIN, 1988).

Figura-10: Seção isotérmica a 1000ºC do ternário Fe-Cr-Ni (RAYNOR e RIVLIN, 1988).

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Através de uma visão tridimensional do diagrama Fe-Cr-Ni, nota-se basicamente três

fases sólidas são encontradas no ternário Fe-Cr-Ni. Duas são soluções sólidas, a saber:

austenita (γ), ferrita (α) e a terceira fase sólida é intermetálica, sigma (σ).

O diagrama ternário Fe-Cr-Ni é o diagrama básico de aços inoxidáveis (ver Figura

11). Ele mostra a presença de apenas três fases sólidas: austenita, ferrita e fase sigma. Para

uma alta razão Cr/Ni, a ferrita delta pode ocorrer durante a solidificação e a fase sigma pode

ocorrer durante o envelhecimento em temperaturas entre 550°C e 900°C. O intervalo

composicional do campo da fase sigma aumenta, quando a temperatura está abaixo de 900°C,

como mostrado na Figura 11 (PADILHA, PLAUT e RIOS, 2006).

Figura-11: Diagrama ternário Fe-Cr-Ni. Evidencia presença fase sigma em diferentes temperauras e

composições. (PADILHA, PLAUT e RIOS, 2006).

Por conter altas concentrações de Cr e Mo, em altas temperaturas pode surgir nos aços

inoxidáveis superdúplex, a fase intermetálica sigma. A separação da ferrita em α (rica em

ferro) e α’ (rica em cromo) se dá entre 900ºC e 800ºC.A fase σ não ocorre para teores de

níquel acima de 10% e nem quando a temperatura do sistema está acima dos 900 °C. A

presença de sigma ocorre para uma larga faixa de teores de cromo. A formação de fase sigma

ocorre entre 600 e 1000ºC nos aços inoxidáveis dúplex (NILSSON, 1992)

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3.4.1 Obtenção do aço dúplex

Durante a solidificação da liga, forma-se geralmente uma microestrutura

completamente ferrítica, já que o modo principal de solidificação para aços dúplex é o

ferrítico. Durante o resfriamento ocorre transformação parcial de ferrita em austenita,

produzindo precipitados de austenita na matriz ferrítica. A formação de austenita ocorre entre

650ºC e 1.200ºC por nucleação e crescimento. A transformação ferrita→austenita em aço

inoxidável dúplex é muito semelhante à transformação austenita→ferrita proeutetóide em

aços carbono de baixa liga. Inicialmente, a austenita precipita nos contornos de grão

ferrita/ferrita e cresce com morfologia Widmanstätten dentro dos grãos. Mais tarde, a

austenita também precipita-se na forma de ilhas de lamelas intragranulares (PADILHA e

PLAUT, 2009). Durante o trabalho a quente (entre 1.050ºC e 1.200ºC) a microestrutura

formada é de lamelas alternadas de ferrita e austenita. O fato da energia de interface α/γ ser

menor que as energias dos contornos de grão α/α e γ/γ, induz à formação de uma típica

microestrutura lamelar (PADILHA e PLAUT, 2009).

Em temperaturas abaixo de 650°C, a ferrita de um aço inoxidável dúplex se transforma

em austenita por meio de um mecanismo muito semelhante ao da formação da martensita.

Assim, durante o resfriamento a austenita precipita isotermicamente e não apresenta diferença

em sua composição quando comparada com a matriz ferrítica, indicando uma transformação

adifusional (MARTINS e FORTI, 2008).

Durante a laminação a quente e o recozimento, a microestrutura permanece dentro do

campo bifásico do diagrama de fases Fe-Cr-Ni, com lamelas alternadas de ferrita e austenita.

Os aços inoxidáveis dúplex são processados por laminação ou forjamento a quente, e

laminação a frio seguido pelos tratamentos térmicos de recozimento e de têmpera para

equilibrar a proporção das duas fases (REICK, POHL e PADILHA, 1998)

As fases ferrita e austenita têm composições químicas diferentes. A obtenção da

proporção 1:1 das fases austenita e ferrita em um aço inoxidável dúplex é atingida

principalmente pelo controle dos elementos estabilizadores da austenita (carbono, níquel,

nitrogênio, cobre e manganês) e ferrita (cromo, molibdênio, tungstênio, nióbio, ferro e silício)

(REICK, POHL e PADILHA, 1998). O nitrogênio é o elemento mais importante na

determinação do balanço adequado de fases pelo seu forte poder estabilizador da austenita e

pela sua elevada difusividade, uma vez que é um elemento intersticial (RIBEIRO e SANTOS,

2009).

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A partição dos elementos entre austenita e ferrita é conduzida pelo fenômeno da

difusão, ou seja, o coeficiente de partição depende da taxa de resfriamento. No resfriamento

lento existe uma excelente partição dos elementos entre as duas fases, baseado nas

características termodinâmicas de cada elemento, já quando o resfriamento é rápido, a difusão

é inibida, produzindo austenita e ferrita de composição homogênea, conduzindo a coeficientes

de partição com valores muito próximos de 1 (BONOLLO, TIZIANI e FERRO, 2009).

Geralmente as taxas de resfriamento mais rápidas, favorecem a retenção de ferrita

(ALVAREZ-ARMAS, 2008).

Segundo Padilha (PADILHA, 2000) um material bifásico pode apresentar diferentes

tipos de microestrutura, dependendo da quantidade, tamanho, distribuição e morfologia das

fases. A microestrutura dúplex ideal ilustrada na figura 12, deve apresentar:

Fração volumétrica das fases VV(α) = VV(γ) = 0,5

Parâmetro dúplex (Δ) = 1

Parâmetro de dispersão (δ) = 2

Razão de contiguidades Cα/Cγ = 1

O parâmetro Δ representa a razão entre a quantidade de contornos de grãos da fase γ

pela quantidade de contornos de grãos da fase α; o parâmetro δ representa a razão entre a

quantidade de interfaces α/γ pela quantidade de contornos α/α (α é a fase matriz); a

contiguidade representa o grau de adjacência ou continuidade de cada fase.

Figura-12: Ilustração microestrutura dúplex (PADILHA 2000).

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3.4.2 Tratamento térmico de solubilização

Consiste em aquecer dado material a uma temperatura e tempo tal, que precipitados

ou outras fases contidas no material se dissolvam na matriz. De acordo com Callister (2002),

no tratamento térmico de solubilização, os átomos de soluto possuem energia de difusão tal

que migram pela solução sólida sendo os precipitados e fases dissolvidos para formar uma

solução sólida monofásica. Como resultado tem-se uma estrutura monofásica composta

apenas por grãos de solução sólida. Em seguida é realizado resfriamento rápido para que essa

condição se mantenha. Obtém-se assim, uma solução sólida supersaturada, ou seja, uma

condição que não é estável (metaestável)

No caso dos aços inoxidáveis dúplex, os dois principais objetivos do tratamento

térmico de solubilização são: o ajuste das proporções das fases ferrita e austenita, e solubilizar

as fases secundárias formadas durante o resfriamento realizado após a conformação mecânica

a quente, em geral realizada entre 1000 e 1050ºC (RIBEIRO e SANTOS, 2009). O tratamento

térmico de solubilização, geralmente é feito entre 1.000ºC e 1.200ºC (NILSON, 1992), e

portanto é obtida a microestrutura recristalizada, composta de lamelas alternadas de ferrita e

austenita e isenta de precipitados.

O tratamento de solubilização também interfere no tamanho de grãos constituintes do

material. O calor fornecido pelo tratamento é a energia que causa difusividade atômica,

movimentação de contornos de grãos e coalescimento de partículas. Assim, grãos maiores

crescem “às custas” de grão menores, e o coalescimento destes formam grãos ainda maiores.

LEANDRO (2013), trabalhando com aço inoxidável dúplex UNS S31803, verificou como as

variáveis tempo e temperatura afetam a microestrutura do aço em estudo, concluindo que para

um mesmo volume de material, quanto maior a temperatura de solubilização e maior tempo

nessa temperatura, maiores serão os tamanhos de grãos finais. A figura 13, obtida através de

microscopia óptica, mostra a diferença dos tamanhos de grãos do material solubilizado a

1200ºC por 10min e 96h. Enquanto a figura 14, mostra a curva de crescimento de grão do

material a 1200ºC em tempos diferentes.

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Figura-13: a) Amostra tratada a 1200°C por 10 min; b) Amostra tratada a 1200°C por 96 h. Aumento:

1000x. (LEANDRO,2013).

Figura-14: Tratamento a 1200°C. Tamanho de grão vs tempo de solubilização. (LEANDRO,2013.)

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3.5 Interfaces nos materiais

As interfaces encontradas nos materiais podem ser contornos de grão de alto e baixo

ângulo, superfícies livres, falhas de empilhamento, contornos de maclas entre outras e podem

ser descritas muitas vezes como defeitos de superfície e são áreas que separam ou se formam

entre cristais que possuem diferentes orientações cristalográficas. No caso específico dos aços

inoxidáveis dúplex as interfaces entre os mesmos grãos ou contornos de grão (), ( e

entre os grãos diferentes () afetam tanto seu comportamento mecânico quanto ao modo em

que transformações de fase ocorre neste material.

A região desordenada atomicamente dentro do material onde dois grãos se encontram

é a área chamada de contorno de grão. Os contornos de grão exercem uma grande influência

na determinação das propriedades dos metais, porque as propriedades mecânicas e também

físicas destes dependem das propriedades e natureza das interfaces. Os contornos de grão têm

maior entropia e são quimicamente mais reativos do que o interior dos grãos propriamente

ditos, devido ao fato da energia de contorno. Isto resulta, por exemplo, que os contornos são

os locais preferenciais para a nucleação de segundas fases (Padilha, 1994).

3.6 Nucleação Homogênea e Heterogênea

A nucleação de uma nova fase inicia-se pela formação de pequenos agregados de

átomos na fase α, com a composição química e a estrutura muito próxima de β. Esses

agregados podem formar-se aleatoriamente na matriz e diz-se então que a nucleação é

homogênea ou podem formar-se preferencialmente em defeitos estruturais como

discordâncias, fronteiras de grão, maclas e inclusões e neste caso diz-se que a nucleação é

heterogênea (PORTER, 1996).

A maioria das transformações de fases nos aços em estado sólido, como nucleação e

crescimento de fases nos aços se dão por nucleação heterogênea. Os locais propícios para a

nucleação heterogênea são defeitos contidos no material (inclusões, contornos de grão, falhas

de empilhamento, etc) que aumentam a energia livre do material. (PORTER,1996)

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3.7 Fases Intermetálicas

Há tempos que o aço vem sendo desenvolvido com complexas composições químicas

no intuito de se melhorar suas propriedades de modo que os aços mais modernos possuem

quantidade e variedade substancial de elementos de liga segundo sua aplicação de trabalho.

Como visto anteriormente no tópico Elementos de Liga, estes são adicionados com objetivo

final de obter melhores propriedades mecânicas e resistência à corrosão. Porém tais adições

estão ligadas a inevitáveis desvantagens, dentre as quais, a mais importante é instabilidade

estrutural do material. Durante o processamento ou uso, o aço está sujeito a várias

transformações de fase, desde o estado líquido até temperaturas abaixo de zero. Na maioria

das vezes, as fases formadas são indesejadas sendo necessário o uso de artifícios e cuidados

buscando evitar ou minimizar a formação destas (PADILHA e PLAUT,2009). As fases

indesejadas podem se formar durante a solidificação da liga, durante tratamentos térmicos ou

processos de deformação plástica, processo de soldagem com aporte de calor entre 300 e

1000ºC ou mesmo devido ao envelhecimento durante seu uso.

Quando um aço superdúplex é exposto a temperaturas entre 550ºC e 1000ºC por um

período de tempo determinado, o equilíbrio termodinâmico metaestável é quebrado e o

material busca uma condição termodinâmica mais estável através da precipitação de fases

intermetálicas, fases de carbonetos e do desbalanceamento microestrutural entre ferrita e

austenita. (MARTINS e CASTELETTI, 2005). A ocorrência de precipitados indesejáveis

como mostrado na figura 15 que representa as curvas C do diagrama Temperatura-Tempo-

Transformação (TTT), onde essas fases surgem de acordo com a temperatura em que o aço é

exposto. Estes precipitados podem ser as fases sigma (σ), chi (χ) e pi (π), além de carbonetos

e nitretos. Essas fases geralmente coexistem e é muito difícil separar as contribuições relativas

de cada fase (NILSON, 1992). O efeito da fase chi aparece bem acentuado em aços dúplex

ligado com tungstênio e é formada após 10 a 30 segundos à temperatura de 850°C. Ela foi

observada no aço dúplex SAF 2507 com 4% de Mo (NILSSON,1996). A tabela 2 mostra a

faixa de temperaturas em que surgem essas fases. Na figura 16 pode-se observar um diagrama

TTP de aços inoxidáveis dúplex e superdúplex com tempo de envelhecimento e temperatura.

Percebe-se a formação de fases deletérias como chi, sigma e nitretos, sendo que essas fases

podem levar a fragilização do aço Neste diagrama percebe-se que as fases intermetálicas

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precipitam-se mais rapidamente nos aços superdúplex, com maiores porcentagens de

nitrogênio, cromo e níquel, do que nos dúplex.

Figura-15: Diagrama TTT; precipitação de segundas fases nos aços dúplex (CHARLES, 1991)

Tabela 2: fases intermetálicas e suas respectivas faixas de temperatura.

Fonte: KARLSSON, RIDGAL e LAKE, 2000.

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Figura-16: Diagrama de fragilização de aços inoxidáveis dúplex. (SANDVIK steel)

Como os aços inoxidáveis são ricos em nitrogênio, ocorre precipitação de nitreto de

cromo entre as temperaturas de 700ºC a 900°C e/ou durante o resfriamento pós solubilização.

Ocorre nas interfaces ferrita/ferrita e ferrita/austenita durante tratamento isotérmico ou pela

supersaturação de nitrogênio na austenita durante resfriamento.

Para aços inoxidáveis dúplex contendo altos teores de nitrogênio em solução sólida,

nos estágios iniciais de envelhecimento em torno de 850 ~860ºC pode ocorrer a precipitação

de nitretos (Fe2N, Cr2N) a partir da austenita.

Já as fases R, Pi (π), Laves (ἠ) são fases indesejáveis no aço pelos mesmos motivos

que σ e χ. A fase R (Fe2Mo, conhecida como Laves) é rica em molibdênio, precipitando na

maioria dos aços inoxidáveis dúplex entre 550ºC e 700ºC. A fase Laves é o maior grupo de

fases intermetálicas conhecida genericamente pela fórmula estrutural AB2, precipitando na

maioria dos aços inoxidáveis dúplex entre 550ºC e 700ºC.

A fase chi tem estrutura cúbica ordenada, com composição Fe36Cr12Mo10

(SOLOMON e DEVINE, 1982) e se forma na mesma faixa de temperatura de formação de

sigma. Assim como sigma é indesejável por ser frágil e comprometer as propriedades, como

tenacidade e resistência à corrosão do aço inoxidável. Sua presença é sempre associada à

presença de fase sigma, particularmente no envelhecimento entre 600ºC e 700ºC por períodos

de 6 a 10 horas (MAGNABOSCO, 2001).

A fase chi nucleia antes da fase sigma (AHN,KANG 2000) e serve como sítio para

nucleação de fase sigma ocorrendo sempre em menor quantidade que sigma. No entanto

existe certa dificuldade em separá-las, (JACKSON et al 1993) dado que geralmente coexistem

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e em dadas temperaturas podem ocorrer simultaneamente. Como sua fração volumétrica é

menor no aço, seu efeito deletério é menor que sigma, mas não deve ser desconsiderado.

Como qui é rica em Mo e em menor grau em Cr, essa fase provoca deficiência significativa

desses elementos nas regiões vizinhas aos contornos de grão, deixando os propensos a

corrosão ( SOLOMON e DEVINE 1982).

Fase Sigma (σ)

É composta de estrutura tetragonal de corpo centrado (TCC) com 30 átomos por

célula unitária. É rica em elementos estabilizadores da ferrita. Sua formação se dá

basicamente a partir da ferrita devido a difusão de elementos formadores de sigma, por

exemplo a difusão do cromo é 100 vezes mais rápida na ferrita que na austenita, fato que

acelera sua formação na ferrita. A presença de sigma compromete a resistência à corrosão

devido ao empobrecimento do Cr e Mo aos arredores da fase sigma. Compromete

propriedades como tenacidade e ductilidade resultando em falhas frágeis nos equipamentos

em serviço na indústria (BRANDI e PADILHA, 1990).

A fase sigma é a que mais deteriora a tenacidade e a resistência à corrosão dos aços

inoxidáveis dúplex e superdúplex, pois surge mais facilmente graças a sua rápida cinética de

formação. É a fase mais estudada devido a alta fração volumétrica em que surge nos aços

inoxidáveis dúplex e superdúplex e tem grande influência nas propriedades do material como

dureza, tenacidade, ductilidade e na resistência à corrosão. Segundo Nilson (1992) a fase

sigma é mais rica em Cr e Mo que a matriz constituinte do dúplex sendo também rica também

em silício.

Há casos em que o aumento das frações da fase sigma são requeridos para aços de

alto teor cromo, para se ter endurecimento pela fase sigma (que é estável a altas temperaturas)

o que contribui para a manutenção da dureza a quente dos aços dúplex que a possuem em sua

microestrutura (GILMAN, 1951).

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3.8 Cinética da formação de sigma

A precipitação da fase sigma pode ocorrer por causa de processos industriais de

produção (ciclos térmicos de soldagem, tratamentos térmicos ou fundição) ou devido às

condições de operação do componente (operação em determinadas faixas de temperaturas

onde ocorre a precipitação). A fase sigma surge, nos contornos de grão nas interfaces

ferrita/ferrita e austenita/ferrita, quando o material é submetido a altas temperaturas de

trabalho, tratamento térmico, conformação a quente ou soldagem. É a fase intermetálica que

surge mais facilmente no aço inoxidável em temperaturas de 700 a 900°C (BRANDI e

PADILHA, 1990).

Vários autores da literatura sugerem que a precipitação de fase sigma se dá por

nucleação heterogênea e ocorre preferencialmente nos contornos de grão (Figura 17), que são

as interfaces ferrita/ferrita, austenita/ferrita. Atamert e King (1993) afirmam que a formação

de sigma se dá por nucleação heterogênea, independentemente de orientações cristalográficas

entre as fases envolvidas na reação. Por se tratar de uma fase rica em elementos que

constituiem a ferrita, a precipitação de sigma torna as regiões próximas aos contornos de grão

pobres em cromo e molibdênio levando ao fenômeno de sensitização, tornando o aço

susceptível à corrosão.

Figura-17: Modelo de nucleação e crescimento da fase sigma (VASCONCELLOS, 2008)

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Como o Cr e o Mo são elementos alfagênicos e a ferrita é rica nestes elementos, isso é

uma das razões para que a nucleação da fase sigma se inicie na ferrita (SEDRIKS, 2006).

Segundo MAGNABOSCO (2009), em seu trabalho com aço dúplex UNS S31803, a

nucleação e crescimento de sigma ocorre preferencialmente nas interfaces ferrita/austenita, e

seu crescimento está fortemente relacionada com o consumo de ferrita. A fase ferrita é a

maior fonte de Cr para formação de sigma por alguns motivos, dentre os quais:

*É a fase de maior concentração de Cr e Mo.

*A difusividade do Cr e do Mo na ferrita é muito maior que na austenita.

*A energia de ativação para difusão do Cr na ferrita é semelhante a energia de

ativação para formação da fase sigma.

Santos (2010), estudando a formação da fase sigma em amostras do aço UNS

S31803 reporta que a difusividade de Cr na ferrita varia com a temperatura, (Figura 18) mas

que é sempre maior na ferrita que na austenita. Como exemplo, para a temperatura de

solubilização de 1000ºC o coeficiente de difusão da ferrita é cerca de 50 vezes superior em

relação à austenita e para a temperatura de 600ºC esta diferença é de aproximadamente 580

vezes. A 800°C a difusão de cromo na ferrita é cerca de 166 vezes maior que na austenita.

Magnabosco (2009) reporta que a energia de ativação tanto para nucleação e

crescimento de fase sigma foi determinado em 185 kJ.mol-1. O valor da difusão do Cr na

ferrita (235 ± 15 kJ.mol-1) é menor que a difusão do Cr na austenita (278 ± 10 kJ.mol-1) e

mais próximo do valor da ativação de sigma, o que sugere que é para o sistema, mais fácil

formar sigma a partir da ferrita, afim de diminuir sua energia indicando que a difusão de Cr é

provavelmente o principal processo ativado termicamente envolvido na formação de fase

sigma.

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Figura-18: Coeficiente de cromo na ferrita e austenita em função da temperatura.

Fonte: Santos, 2010.

A cinética da nucleação e crescimento da fase sigma pode ser estudada pela teoria de

Johnson-Mehl-Avrami-Kolmogorov (JMAK), que determina a taxa de transformação global

de fases, levando em consideração a fração volumétrica da transformação em relação ao

tempo, representada pela Equação 1.

Equação 1.

Em que f é a fração de fase transformada (0 < f < 1). O expoente n, geralmente está

relacionado a diferentes tipos de condições de nucleação e crescimento, e é um indicador da

cinética responsável pela transformação. Neste modelo, o fator K é uma função da

temperatura e representa a influência da taxa de aquecimento sobre as taxas de nucleação e

crescimento, e é dado pela equação de Arrhenius na equação 2:

K = K0.e(-Q0/R.T) Equação 2.

Onde, K0 é o coeficiente pré-expoencial, Qσ é a energia de ativação para a formação

de fase sigma e R é a constante universal dos gases perfeitos (8,31 J. mol-1.K-1).

Desta forma, o aumento da fração de fase sigma possui um comportamento sigmoidal

em função do tempo (ELMER, 2006) Os valores de k e n são determinados ajustando a

equação de JMAK aos valores experimentais, permitindo com que se avalie a influência de

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fatores como temperatura e composição por meio da comparação entre valores de k e n.

(FONSECA, 2010) Em certos casos, é possível atribuir significados mais precisos a valores

de n e k, relacionados a conceitos de nucleação e crescimento. (RIOS, 2007) Ainda que o

expoente JMAK (n) não possa ser usado para identificar com precisão o mecanismo de

nucleação, pode ser usado como um indicador do tipo de condições de nucleação e

crescimento que estão ocorrendo (ELMER, 2006).

Através da literatura, percebe-se que os valores de n varia com o tempo durante a

cinética de nucleação e crescimento. K é uma função da temperatura e representa a influência

da taxa de aquecimento sobre as taxas de nucleação e crescimento. Os parâmetros Qσ e ko de

um aço, também variam em função da temperatura em estudo.

Em seu estudo, Santos (2010) reporta a variação dos valores de n e k (Figura 19)

durante o processo de precipitação da fase sigma ao longo do tempo. Isso se deve a mudança

no mecanismo que controla a formação de sigma com o aumento do tempo de

envelhecimento. Santos (2010) relata que pode ocorrer inicialmente a nucleação de sigma em

contorno de grão de ferrita e/ou nos pontos triplos do material após a saturação, crescimento a

partir de pequenas dimensões com diminuição na taxa de nucleação. Após este processo

ocorre o crescimento destes núcleos com volume inicial apreciável, ou o espessamento das

partículas formadas.

No mesmo trabalho, Santos (2010) verifica a cinética de formação de sigma e relata

que comparando-se as temperaturas de envelhecimento de 850 e 900ºC percebe-se para a

primeira uma maior cinética de formação de sigma. Já Magnabosco (2009) reporta que os

valores de Qσ e ko encontrados para o aço UNS S31803 a 700 e 850ºC não podem ser

empregados a 900 ° C, uma vez que que esses possuem outros valores para essa faixa de

temperatura. Neste mesmo trabalho o autor obteve o diagrama TTP para fase sigma entre 700

e 900°C, mostrando a cinética mais elevadas de formação de fase sigma a 850oC (Figura 20).

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Figura-19: Gráfico de J-M-A da formação de fase sigma para a temperatura de 850ºC: (1) Trecho

correspondente aos tempos de envelhecimento entre 1 minuto e 1 hora; (2) Trecho correspondente aos

tempos de envelhecimento entre 2 a 18 horas. SANTOS,2010.

Figura-20: Diagrama TTP para fase sigma entre 700 e 900oC. Magnabosco 2009.

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Pode-se listar três tipos de reações de decomposição de ferrita para a formação de

fase sigma nos aços inoxidáveis dúplex (BRANDI e PADILHA, 1990):

1) precipitação contínua e descontínua (α → σ + α empobrecida em cromo e

molibdênio);

2. eutetóide lamelar (α → σ + γnova);

3. eutetóide divorciado (α → σ + γnova).

Em torno de 900 °C ocorre a precipitação da fase sigma na estrutura de ferrita com

morfologia de partículas isoladas. Entre 700°C e 800°C pode ocorrer a decomposição

eutetóide da ferrita resultando em uma morfologia lamelar da fase sigma e austenita nova

(também chamada de secundária, em referência ao fato desta austenita ser empobrecida de Cr

e Mo quando comparada à austenita originalmente presente na estrutura). De forma mais

detalhada, a 850 °C a formação da fase sigma pode ser originada por três (3) mecanismos

(MAGNABOSCO,2009):

1) nucleação e crescimento a partir da ferrita originalmente presente na microestrutura;

2) decomposição eutetóide de ferrita em fase sigma e austenita secundária;

3) formação de sigma a partir da austenita secundária (MAGNABOSCO, 2009).

A morfologia da fase sigma pode ser resultante de uma reação eutetóide. A figura 21

ilustra e traz micrografias de diferentes morfologias de sigma segundo a temperatura de sua

precipitação. Para temperaturas de transformações transformação mais baixas sua morfologia

é lamelar decorrente do crescimento competitivo. Para temperaturas mais elevadas a

morfologia passa a ser não lamelar, decorrente de uma reação eutetóide divorciada

(BARBOSA, 1976). A diferença da morfologia se associa ao potencial termodinâmico

disponível para criar interfaces entre σ/γ. Em temperaturas mais elevadas o potencial

termodinâmico é menor, devido a diminuição da supersaturação da ferrita com relação à

precipitação de sigma.

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Figura-21: Morfologia da fase sigma em função da temperatura de tratamento (a) 950ºC, (b) 850ºC e (c)

750ºC (POHL, STORZ, 2007).

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JUSTIFICATIVA DESTE TRABALHO

Trabalhos do grupo de pesquisa do proponente deste projeto investigaram a formação

de fase sigma em aço UNS S32750 durante envelhecimento isotérmico entre 550°C e 900°C,

mostrando que a formação de fase sigma é um fenômeno fortemente governado pela

nucleação heterogênea nas interfaces ferrita/ferrita e ferrita/austenita Assim, a avaliação da

cinética de formação desta fase em função de diferentes tamanhos de grão das fases ferrita e

austenita, e portanto em função de diferentes quantidades de interfaces ferrita/ferrita e

ferrita/austenita disponíveis passa a ter relevância e foi explorada por este projeto de

iniciação científica.

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4 METODOLOGIA

Nessa sessão serão abordados os procedimentos adotados para realização deste

trabalho, bem como o material e os equipamentos utilizados para tal.

4.1 Material

Para este estudo, o material utilizado foi o aço UNS S32750, cuja composição química

é apresentada na tabela 3. O material foi recebido em formas de discos (Figura 22) com 20mm

de diâmetro com 3 e 5 mm de espessura.

Tabela 3: Composição química (%massa) do aço em estudo.

Figura-22: Corpos de prova do aço UNS S32750. Fonte: Autor.

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4.2 Tratamento térmico

Os tratamentos térmicos foram realizados no Centro de Desenvolvimento de Materiais

Metálicos da FEI (CDMatM-FEI).

Foram separados dois lotes de amostras que receberam tratamento térmico de

solubilização por 1h e 96h a 1200oC e de envelhecimento conforme tabela 4. A solubilização

foi realizada para garantir que haja no material somente as fases ferrita e austenita e para que

houvesse diferentes tamanhos de grãos entre os lotes de amostra solubilizadas por 1h e 96h, a

fim de se avaliar após o envelhecimento, havia diferenças na precipitação da fase sigma. O

tratamento de solubilização foi efetuado em forno do tipo mufla, seguido por resfriamento em

água.

Para as amostras envelhecidas por 8, 10, 20, 40, e 60 minutos foi utilizado forno

tubular, sob vácuo, a fim de se evitar a oxidação destas. Já o envelhecimento nos tempos de 1,

3 e 5 minutos foi conduzido em banho de alumínio garantindo que o aquecimento e

resfriamento dos corpos de prova seja realizado de forma homogênea. Todas as amostras

foram resfriadas em água.

Tabela 4: Tratamentos térmicos realizados.

Autor.

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4.3 Análise Microestrutural

As amostras foram cortadas e embutidas em resina fenólica de cura a quente gerando

corpos de prova metalográficos para caracterização microestrutural. Com uso do equipamento

de polimento semi-automático Abramim do CDMatM-FEI, os corpos de prova foram lixados

até granulometria de 600 mesh, e em seguida foram polidos com pasta de diamante de

granulação de 6 µm, 3 µm e 1 µm utilizando álcool etílico como lubrificante das etapas de

polimento. Posteriormente as amostras solubilizadas foram atacadas eletroliticamente com

solução 10% de ácido oxálico a 6Vcc por 20 segundos, para evidenciar a diferença de

tamanhos de grãos das amostras em função do tempo de solubilização usando microscopia

ótica. As demais amostras não foram atacadas para etapa de análise por MEV do CDMatM-

FEI.

Nas análises por MEV, foram obtidas imagens resultantes de vinte (20) campos de

varredura de cada amostra com seu respectivo tempo de solubilização e envelhecimento.

Essas imagens foram analisadas através do software AnalySIS-docu do CDMatM-FEI para

quantificação das fases chi e sigma.

Como forma de comparação, foram quantificadas as porcentagens de ferrita não

transformada em sigma em ambos os lotes de amostras envelhecidas, através do uso do

equipamento ferritoscópio do CDMatM-FEI.

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5 Resultados e discussão

O intuito de se envelhecer as amostras a partir de uma microestrutura composta apenas

de ferrita e austenita, foi satisfeito com o tratamento de solubilização a 1200ºC. A

permanência das amostras no tratamento de solubilização por 1h e 96h resultou também em

diferentes tamanhos de grãos como pode ser visto nas figuras 23 e 24. Verifica-se que a

amostra solubilizada por 96h –Figura 24-possui tamanhos de grão substancialmente maiores

que a amostra solubilizada por 1h –Figura 23. As imagens foram obtidas por microscopia

ótica, após ataque eletrolítico de ácido oxálico a 6 Vcc por 20 segundos.

Posteriormente foram feitas análises através do equipamento MEV, dos lotes de

amostras solubilizados por 1h e 96h em todos os tempos de envelhecimento. Para cada

amostra analisada foram feitas vinte imagens para avaliação da fração da fase sigma e chi.

Figura-23: amostra solubilizada por uma hora, observada por microscopia ótica. Aumento 500x. Autor.

Figura-24: amostra solubilizada por 96 horas, observada por microscopia ótica. Aumento 500x. Autor.

Através das imagens obtidas pelo MEV, observa-se que para as amostras solubilizadas

tanto por 1h quanto por 96h, a precipitação de sigma se inicia apenas após tempos de

envelhecimento acima de 5 minutos. Sendo que no tempo de envelhecimento de 5 minutos

(Figura 25 a e b) não é encontrado a fase sigma, tão pouco a fase chi.

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Figura-25: Amostra solubilizada por 1h (a) e por 96h (b) envelhecidas a 850oC por 5 minutos. Autor.

Ficou estabelecido neste trabalho o envelhecimento isotérmico em tempos variados

como mostrado na tabela 4. Após análise das imagens das amostras envelhecidas por 5

minutos (Figura 25) geradas através do equipamento MEV e constatando-se que não houve

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precipitação de fases intermetálicas, as amostras de tempos menores não foram analisadas.

Contudo as amostras envelhecidas por 5 minutos ou menos não houve formação de sigma

gerando uma inevitável comparação com resultados de outros trabalhos realizados com aços

inoxidáveis dúplex e superdúplex que mostram a formação de sigma nestes períodos de

tempo.

Como visto na literatura, a variação de composição química afeta a cinética de

precipitação de sigma. É sabido que elementos de liga tem forte influência sobre as curvas

TTT de um aço, como visto neste trabalho a respeito dos elementos de liga, provocando

mudanças nos campos de dadas fases e influenciando na cinética de precipitação destas fases.

Os elementos agem em sinergia com os demais provocando flutuações de comportamento

microestrutural e mecânico da liga. Como exemplo, pode-se citar como o efeito que o

nitrogênio provoca sobre a atividade do cromo, que influencia a formação de fases

intermetálicas, em especial, sigma. Estudos termodinâmicos (Figura 26) mostram que o

nitrogênio abaixa a atividade do cromo, diminuindo a propensão de formação de fase

intermetálica Analisando a figura 26, fica evidente como o teor de um elemento afeta a

cinética de precipitação de sigma. A figura 26 mostra que quanto maior o teor de Ni, menor a

fração total de sigma. Cada gráfico abaixo, foi construído analisando a influência de cada

elemento (nos casos Cr, Ni e Mo) de forma isolada. Não se sabe, até onde essas curvas podem

mudar quando esses elementos são adicionados à uma liga agindo sinergicamente sobre as

curvas TTP da fase sigma. O que reforça a ideia que a cinética de formação de sigma é função

da composição química e que pequenas variações das concentrações de elementos de liga para

um mesmo aço, pode levar a pequenas variações nas curvas TTP.

Figura-26: Efeito de elementos da porcentagem de liga na precipitação da fase sigma

(Machado e Padilha, 1996).

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No trabalho de Santos (2010) com o aço UNS S31803, foi realizado tratamento

térmico de solubilização a 1175°C por 30 minutos e produzidos dois lotes de amostras através

de envelhecimento isotérmico nas temperaturas de 850 e 900°C, por tempos variando de 1

minuto a 360 horas. Encontra-se presença da fase Sigma para amostra envelhecida a 850ºC

em apenas 1 min de envelhecimento. Já Valeriano (2012), trabalhando com aço UNS

S32520, realizou tratamento térmico de solubilização por 30 minutos nas temperaturas de

1050, 1150, 1250oC e envelhecimento por 5 e 10 min, reporta o surgimento de sigma no

envelhecimento a 5 minutos e que as frações volumétricas de fase σ são muito semelhantes

para as condições envelhecidas por 5 minutos, independente da temperatura de solubilização.

Moreira (2010), trabalhando com aço UNS S32250, não menciona que foi feito tratamento

térmico de solubilização e realizou tratamento térmico de envelhecimento a 800, 850 e 900ºC

e verificou que a fase sigma apresenta uma cinética elevada, sendo detectável a sua ocorrência

ao fim de 5 minutos de envelhecimento.

Os aços citados anteriormente possuem diferenças de composição química em relação

ao aço tratado neste projeto, já o aço UNS S32760 possui composição química bastante

similar, sendo mais interessante compará-los quanto a formação de fases intermetálicas.

O trabalho de Barreto( 2015) faz uso do aço UNS S32760. Foram realizados diferentes

tratamentos isotérmicos de envelhecimento, a 850°C durante os tempos de 1 min, 10 min, 30

min, 1 h, 1,5 h e 10 h, obtendo frações de sigma para amostra envelhecida a 1 minuto. Porém

os envelhecimentos foram realizados com as amostras como foram recebidas, sem tratamento

prévio de solubilização. Como não foi realizado o tratamento de solubilização, os tamanhos

de grãos do UNS S32760 usado pelos autores são menores que as amostras solubilizadas a

1200ºC por 1h, deste projeto, tendo então maior número de interfaces ferrita/ferrita e

ferrita/austenita, o que pode facilitar a nucleação e o início da formação de sigma.

Tomando hipoteticamente duas amostras de aço com grãos de tamanhos A e B

(Figura 27), ambas tratadas isotermicamente a uma temperatura T e pelo mesmo tempo t, e

tendo A grãos com diâmetro de 10 µm e B 5 µm, e essas amostras sujeitas a precipitarem a

fase C de composição hipotética X30Y20. A nucleação em B será maior que em A, já que

possui maior número de sítios para nucleação, para um mesmo volume de material. Como a

nucleação e o crescimento dependem da difusão atômica, o tempo necessário para que um

átomo X ou Y se difundam do centro do grão até a interface de nucleação e atinja uma

concentração local tal que permita observar a formação do composto X30Y20 , certamente será

menor para B.

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Figura-27: Ilustração da difusão atômica de X e Y para formar a fase hipotética X30Y20. Autor.

Outro fator não menos importante que pode ter influenciado na não precipitação de

sigma nas amostras envelhecidas por 5 minutos, é o tratamento de solubilização realizado

anterior ao envelhecimento. Todos os trabalhos comparados tiveram temperatura de

solubilização inferior a 1200oC, ou não foi realizada a solubilização. Como mostrado na

figura 28, quanto maior de solubilização anterior ao envelhecimento isotérmico, maior será o

tempo necessário para o início da precipitação de sigma e que o patamar das curvas ocorre

também para frações volumétricas menores.

Figura-28: Influência da temperatura de solubilização numa liga 25%Cr-7%Ni- 3%Mo na cinética de

precipitação da fase σ (Machado e Padilha, 1996).

A comparação dos resultados supracitados, obtendo frações de sigma em tempos

menores de 5 minutos, enquanto que neste projeto, não se nota a precipitação dessa fase,

reforça o conceito de que a cinética de precipitação da fase sigma não somente é função da

composição química como também é fortemente influenciada pelo tratamento de

solubilização.

A partir da amostra solubilizada por 1h e envelhecida por 8 minutos (Figura 29) e da

amostra solubilizada por 96h e envelhecida por 8 minutos (Figura 30), nota-se a presença de

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52

nitretos (pequenos pontos pretos) bem como a fase chi associada a presença de sigma. A

precipitação de nitretos evidencia as posições dos os contornos dos grãos anteriores ao

tratamento de envelhecimento. As fases chi (fase mais clara, praticamente branca) e sigma

(cinza mais claro), nucleadas nas interfaces ferrita/ferrita e ferrita/austenita, crescem em

direção do interior do grão ferrítico (cinza mais escuro).

Figura-29: Amostra solubilizada por 1h envelhecida 8 minutos. Evidencias fase chi e sigma Autor.

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53

Figura-30: Amostra solubilizada por 96h, envelhecida 8 minutos. Autor.

Nas imagens das amostras envelhecidas por 10 minutos (Figuras 31 e 32), nota-se

pouco aumento na quantidade das fases intermetálicas, tendo as amostras deste tempo pouca

diferença na quantidade de fases em relação às amostras envelhecidas por 8 minutos.

Observa-se que há grãos onde a nucleação e crescimento de sigma se deram em seu interior,

provavelmente pela presença de uma inclusão, facilitando a nucleação heterogênea.

A amostra solubilizada por 1h envelhecidas por 20 minutos (Figura 33) difere-se

muito da amostra envelhecida por 10 minutos (Figura 31) quanto a quantidade de sigma

presente. Proporcionalmente, observa-se também nas imagens que as áreas contendo sigma na

amostra solubilizada por 1h e envelhecida por 20 minutos (Figura 33), são maiores se

comparadas as amostras solubilizadas por 96h (Figura 34). A maior parte das imagens obtidas

da amostra solubilizada por 1h, para o tempo de envelhecimento de 20 minutos, apresentam

os grãos ferríticos com cerca de mais de 30% de área transformada em sigma. Esse

comportamento não é observado nas imagens da amostra solubilizada por 96h e envelhecida

no mesmo tempo (Figura 34). Comparando as imagens da amostra solubilizada por 96h e

envelhecida por 20 minutos (Figura 34) com as imagens da amostra solubilizada pelo mesmo

tempo e envelhecida por 10 minutos (Figura 32), nota-se visualmente, um aumento

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54

semelhante ao ocorrido entre os tempos de 8 minutos (Figura 29) e 10 minutos (Figura 31) da

amostra solubilizada por 1 hora.

Figura-31: Amostra solubilizada por 1h envelhecida por 10 minutos. Autor.

Figura-32 Amostra Solubilizada por 96h, envelhecida 10 minutos. Autor.

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55

Figura-33: Amostra solubilizada por 1h, envelhecida por 20 minutos. Autor.

Figura-34: Amostra solubilizada por 96h, envelhecida por 20 minutos. Autor

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56

Para o tempo de envelhecimento de 40 minutos, as imagens da amostra solubilizada

por 1h (Figura 35) mostram que a cinética do crescimento de sigma é similar ao da amostra

solubilizada pelo mesmo tempo e envelhecida por 20 minutos, não havendo grande variação

no aumento da área dos grãos ferríticos transformados em sigma entre os tempos de 20 e 40

minutos. Já para a amostra solubilizada por 96h e envelhecida por 40 minutos (Figura 36)

ocorre uma maior cinética da transformação de ferrita em sigma. A variação do aumento de

crescimento de sigma citado anteriormente entre as amostras solubilizadas por 1h e

envelhecidas por 10 e 20 minutos agora é perceptível entre as amostras solubilizadas por 96h

e envelhecidas por 20 e 40 minutos (Figuras 34 e 36).

Figura-35: Amostra solubilizada por 1h envelhecida por 40 minutos. Autor.

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57

Figura-36: Amostra solubilizada 96h, envelhecida 40 minutos. Autor.

Entre os tempos de envelhecimento de 40 e 60 minutos, há uma diminuição da

cinética de crescimento de sigma para os dois lotes de amostras, sendo que esse declínio é

mais evidente a amostra solubilizada por 1h. Pela análise das imagens obtidas das duas

amostras, percebe-se que para o tempo de envelhecimento de 60 minutos, ambas apresentam

presença de sigma de forma maciça, tendo diminuta presença de ferrita não transformada em

sigma na amostra solubilizada por 1h (Figura 37) e uma quantidade de ferrita restante um

pouco maior na amostra solubilizada por 96h (Figura 38). Aparentemente há uma

estabilização da transformação da ferrita entre os tempos de 40 minutos e 60 minutos para as

duas amostras. Para o tempo de 60 minutos de envelhecimento, nota-se maior presença de

sigma na amostra solubilizada por 1h. As figuras 37 e 38, foram obtidas com aumento menor

(500x) que as demais apresentadas (1000x ) para melhor visualizar a quantidade de sigma

neste envelhecimento final.

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58

Figura-37: Amostra solubilizada por 1h, envelhecida por 1h. Aumento 500x. Autor.

Figura-38: Amostra solubilizada por 96, envelhecida por 1h. Aumento 500x. Autor.

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59

As análises visuais sugerem que as amostras solubilizadas por 96h (Figuras 30, 32 e 34)

apresentam menor quantidade de fase sigma, se comparadas com as amostras solubilizadas

por 1h (Figuras 29, 31 e 33) em cada tempo de envelhecimento estudado e que a fase chi é

encontrada por mais vezes, nas interfaces austenita/ferrita que ferrita/ferrita (Figuras 30 e 32).

Pode haver uma preferência por essa interface ou o tempo no qual se observa essa

precipitação pode ser longo para se verificar que antes da fase sigma nas interfaces

ferrita/ferrita havia precipitado chi primeiramente. É possível observar que entre as interfaces

dos grãos ferrita/ferrita (Figura 29) a presença e distribuição da fase sigma se encontra de

modo mais drástico, comparada à sua presença nos grãos de interface ferrita/austenita. Algo

que poderia ser esperado, já que a fronteira entre dois grãos ferríticos fornecem mais

facilmente os elementos formadores de sigma se comparado a fronteira entre grãos

ferríticos/austeníticos. Observa-se que há grãos onde a nucleação e crescimento de sigma se

deu em seu interior pela presença provavelmente de uma inclusão, facilitando a nucleação

heterogênea (Figura 32).

Os trabalhos com aços inoxidáveis que tratam da fase sigma citados neste trabalho, se

referem a diferentes tratamentos térmicos estando a maioria entre 700 e 900oC. Em

temperaturas menores, próximo de 700oC, sabe-se que o potencial termodinâmico para

nucleação de sigma é maior mas que a difusão atômica é menor que a 900oC, o que resulta em

muitos núcleos com crescimento demais restrito na forma conhecida como coral. A 900oC a

fase sigma é maior e mais compacta nestas temperaturas, tendo menor potencial de nucleação

mas uma alta taxa de difusão. Como o presente trabalho foi realizado a 850oC e com tempos

de solubilização que favorecem ou atrasam a formação de sigma, é possível notar morfologias

diferentes numa mesma amostra.

Ao longo da análise visual das figuras é possível verificar que a fase sigma apresenta

duas morfologias distintas; compacta (Figura 34) e descontínua (Figura 32). A presença de

sigma na forma descontínua, também chamada de forma “coral” é relatada por autores como

morfologia encontrada em temperaturas próximas de 700oC. Já a forma compacta ou maciça,

é observado em temperaturas maiores em torno de 900oC. A forma de precipitação

descontínua (coral) pode ser confundida com a compacta quando descontínua se dá por uma

precipitação com menor número de núcleos e maior taxa de difusão atômica devido a maior

temperatura.

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60

É possível que, como previsto pela equação de Avrami, do início ao fim das

transformações observadas neste trabalho, haja uma evolução de um modo de nucleação e

crescimento para outro, ou ainda, como este trabalho fez uso de uma temperatura

intermediária aos dois extremos (700 e 900oC) os dois mecanismos ocorreram ao mesmo

tempo resultando em morfologia intermediária.

A figura 33 da amostra solubilizada por 1h e envelhecida por 20 minutos apresenta

maior parte de sigma na morfologia compacta. Na figura 36, correspondente a amostra

solubilizada 96h e envelhecida 40 minutos é possível ver a forma tipo descontínua (ou

lamelar). Já a figura 38, da amostra solubilizada por 96 e envelhecida por 1h mostra com mais

evidência a ocorrência das duas morfologias.

Aparentemente existe uma relação entre, o tamanho do grão ferrítico e se este faz

fronteira com outro grão ferrítico ou austenítico e a morfologia encontrada. Há uma tendência

nas amostras solubilizadas por 1h já começarem a precipitação (Figura 29) e crescimento de

sigma na forma lamelar e finalizar com porcentagem maior dessa morfologia (Figura 37) do

que as amostras solubilizadas por 96h, que já no inicio da precipitação e crescimento de sigma

(Figura 32) apresentam mais a morfologia coral e mantêm no final do envelhecimento maior

proporção desta morfologia (Figura 38).

Com uso do ferritoscópio, fez-se litura da porcentagem de ferrita restante em todas as

amostras solubilizadas e envelhecidas. Os valores encontrados estão plotados na figura 39.

Figura-39: Quantificação de ferrita após envelhecimento. Autor.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0 10 20 30 40 50 60 70

% F

erri

ta

Tempo de envelhecimento (min)

Solibilizado 1h

Solubilizado 96h

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61

Nota-se diminuição da fração volumétrica de ferrita com o aumento do tempo de

envelhecimento nos dois lotes solubilizados, decorrente da transformação de ferrita em sigma.

A brusca queda da fração volumétrica de ferrita nos primeiros instantes sugere alta cinética de

nucleação nos dois lotes e que para os tempos de 10 a 40 minutos é o lote solubilizado por 1

hora que possui maior cinética de transformação da ferrita com o crescimento de sigma. Nesse

intervalo de tempo aparentemente o lote solubilizado por 96 horas apresenta retardamento na

taxa de crescimento da fase sigma quando comparado ao primeiro lote.

A quantificação das fases chi e sigma foi realizada através do analisador de imagens

AnalySIS-docu do CDMatM-FEI que usa, como referência para contagem, os diferentes tons

de cinza pré-estabelecidos quantificando assim as fases presentes das imagens. A figura 40

refere-se as curvasde quantificação da fase chi para amostras solubilizadas por 1h e 96h. Já a

figura 41 ilustra o gráfico da quantificação da fase sigma para as mesmas amostras.

Figura-40: Quantificação fase Chi. Autor.

0

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

0.12

0.14

0.16

0.18

0.2

0 20 40 60 80

% C

hi

Tempo de envelhecimento (min)

Solubilização 1h

Solubilização 96h

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62

Figura-41: Quantificação de fase sigma. Autor.

Nota-se que, embora a quantidade da fase chi (Figura 40) seja menor para todas as

amostras solubilizadas por 96 horas, a cinética de sua precipitação é semelhante para ambas

amostras no início da formação desta fase, tendo ambos os lotes maior presença de chi para o

tempo de 20 minutos de envelhecimento.

Já a analise das curvas de formação de sigma (Figura 41) evidencia que o lote de

amostras solubilizadas por 1 hora apresenta maior quantidade desta fase em todos os tempos

de envelhecimento, sendo que a maior cinética de formação acontece entre os tempos de 10 a

20 minutos para o lote solubilizado por 1 hora e entre os tempos de 20 a 40 minutos para o

lote solubilizado por 96 horas.

Através da figura 41 nota-se que a curva sigmoidal, que caracteriza a nucleação e

crescimento de sigma dos dois lotes de amostras envelhecidas tem seu início com acentuada

inclinação nos primeiros tempos de envelhecimento. Isso sugere que a nucleação da fase

sigma ocorreu em tempos menores ao qual pôde ser observada sua presença e que detectar os

primeiros instantes de nucleação desta fase exige estudos mais minuciosos em tempos

menores que 8 minutos para o aço estudado e sua respectiva condição de solubilização. Já aos

8 minutos de envelhecimento nota-se que a fase sigma se encontra em crescimento em ambos

os lotes

Outro fenômeno que possivelmente ocorre nas duas curvas nos primeiros tempos de

precipitação de sigma é o coalescimento desta fase durante seu crescimento que acontece

paralelo a nucleação em outros pontos. Enquanto os primeiros núcleos precipitam,

0

5

10

15

20

25

0 10 20 30 40 50 60 70

% S

igm

a

Tempo de envelhecimento(min)

Solubilização 1h

Solubilização 96h

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63

paralelamente núcleos maiores crescem em função de núcleos menores e para que isso ocorra

o núcleo menor que fornece elementos para o núcleo maior é dissolvido e as análises não

quantificam essa quantidade de sigma no momento em que o núcleo menor se dissolve e os

átomos migram para o núcleo maior.

A curva do lote de amostra solubilizada por 1h está mais a esquerda do gráfico e com

inclinação mais acentuada que a curva do lote de amostra solubilizada por 96 h, o que indica

que a cinética de crescimento na primeira curva é e atinge patamares máximos em tempos

diferentes da segunda. Nota-se também que a condição de equilíbrio não é atingida aos 60

minutos de envelhecimento para ambos os lotes, já que neste tempo há ferrita presente ainda

não transformada como ilustra a figura 38. Para o lote solubilizado por 1h a taxa de

crescimento de sigma é mais significativa que o outro lote até os 20 minutos de

envelhecimento, tempo em que o segundo lote de amostras apresenta maior taxa de

crescimento porém com frações de sigma presente ainda menores. Enquanto o lote de amostra

solubilizado por 96h possui máxima cinética de crescimento de sigma aos 40 minutos de

envelhecimento, o lote de amostras solubilizado por 1h continua com crescente taxa de

crescimento tendo maior de frações de sigma. A partir de 40 minutos, a curva do lote

solubilizado por 1h mantém inclinação positiva, evidenciando progressivo crescimento de

sigma, enquanto que a segunda curva sofre declínio e supostamente atingiria a condição de

transformação total de ferrita em sigma em um tempo maior. Os fenômenos de crescimento da

fase sigma observados nestes comportamentos sugerem que o lote de amostras solubilizadas

por 1h apresenta maior potencial de nucleação da fase sigma, já que possui maior número de

interfaces que possibilitam a nucleação heterogênea, bem como apresenta também maior

potencial termodinâmico que favorece a maior taxa de crescimento desta fase nos grãos

ferríticos. Isto é compreensível tendo como princípio do menor tamanho do grão nestas

amostras, facilitando a difusão atômica do interior dos grãos até a interface de crescimento

como foi sugerido através da figura. Se o grão ferrítico é menor, certamente menor será o

tempo para que os átomos de Cr e Mo se difundem do interior do grão até a interface

apresentando maior taxa de crescimento quando comparada com o lote de amostras de

tamanho de grãos maiores, no caso, as amostras solubilizadas por 96 horas.

É possível correlacionar o declínio da curva de formação de chi do lote solubilizado

por 1h (Figura 40) com o aumento da formação de sigma do mesmo lote, mesmo que a

quantificação tenha sido realizada ao mesmo tempo, comparando paralelamente as curvas

entre os tempos menores para os maiores. Isso se justifica pela fase chi se formar previamente

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64

nas interfaces e com a continuidade da mobilização atômica de Cr e Mo para a interface,

transforma-se em sigma. Já essa correlação não é tão acentuada para o lote solubilizado por

96h possivelmente porque enquanto no primeiro lote a maior parte de chi se transforma em

sigma, no segundo lote além de chi preceder sigma, pode ainda ter seu crescimento

simultaneamente com o crescimento de sigma.

Já o declínio da curva de formação de sigma para o lote solubilizado a 96h (Figura

41), pode ser explicado por duas razões; o manejo do contraste da imagem antes de ser

quantificada, já que todas os contrastes das imagens foram todos realizados para cada uma das

imagens separadamente, uma a uma, ou, para este lote houve um remanejamento entre as

fases nesse tempo de envelhecimento. Outro fator poderia ser os diferentes aumentos de

imagens utilizados para os lotes de amostras.

Os valores dos desvios padrões das análises de quantificação de chi são

consideravelmente altos. Isso se explica estatisticamente pela alta variação da quantidade de

chi contabilizado nas imagens, sendo de melhor trato, a realização da quantificação em um

maior espaço amostral, analisando maior número de imagens. Outro fator não menos

importante que influencia nestes resultados é a variação de interfaces das imagens (do lote

solubilizado por 96 horas e que tem maior aumento) decorrente dos grãos encontrados em

cada imagem analisada. Há imagens em que são encontrados maior número de grãos

ferríticos, outras em que há maior número de grãos austeníticos e neste caso a quantificação

de ambas as fases é menor já que o software realiza a quantificação pela leitura da área e não

em função do número de grãos e tipo de interface de cada imagem. Essa variação não é tão

acentuada no lote solubilizado por 1 hora.

Já o ultimo ponto da curva do lote solubilizada por 96h, na quantificação de sigma

(Figura 41) apresenta valor inesperado e menor que o estimado. Esse desvio pode ser

resultante do desvio padrão amostral, consequência da dispersão dos valores de sigma

encontrados devido a heterogeneidade das imagens, o que sugere a necessidade de um maior

campo amostral para análise de quantificação e novamente, que pode estar ocorrendo neste

momento o fenômeno de coalescimento das partículas de sigma como descrito anteriormente.

Ainda tendo como discussão o número e tipos de interface de cada imagem, maiores

quantidades de sigma certamente são encontradas nas imagens em que há maior número de

interfaces ferrita/ferrita já que ambos os grãos possuem maior mobilidade dos elementos

formadores de sigma. A nucleação e cresimento de sigma é, neste aspecto, menor quando uma

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65

área possui maior número de interface ferrita/austenita, já que a mobilidade do Cr na austenita

é substancialmente menor, havendo maior dificuldade de fornecer o elemento para o

crescimento de sigma. Isso pode explicar ainda o fato de que a fase chi é encontrada por mais

vezes nas interfaces ferrita/austenita. Uma vez que a mobilidade dos elementos é menor na

austenita, pode ser que a fase chi nesta interface, seja observada por maior tempo antes que se

transforme em sigma.

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66

6 CONCLUSÕES

O presente trabalho traz resultados satisfatórios quanto sua justificação. Através deste

projeto é possível afirmar que:

A precipitação das fases chi e sigma se dá preferencialmente nas interfaces

ferrita/ferrita e ferrita/austenita.

A fase chi é encontrada preferencialmente nas interfaces ferrita/austenita e

cresce em direção ao grão ferrítico.

A presença de sigma é encontrada de forma mais severa entre as interfaces

ferrita/ferrita que austenita/ferrita.

A cinética de precipitação e crescimento das fases chi e sigma mostra-se

dependente do número de interfaces do material, portanto, do tamanho de

grãos da amostra.

Quanto menor o tamanho médio dos grãos do material, maior a quantidade de

fase sigma encontrada.

A cinética do crescimento de sigma no grão ferrítico provavelmente é

dependente do tamanho e tipo de grão que faz fronteira com o grão que contém

sigma.

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