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INFLUÊNCIA DO PARÂMETRO RUGOSIDADE NA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
EM JUNTAS COLADAS
Paula Vieira de Mello
Dissertação de Mestrado, apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Engenharia
Mecânica e Tecnologia de Materiais, do Centro
Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow
da Fonseca – CEFET/RJ, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Engenharia Mecânica e Tecnologia de
Materiais.
Prof. Orientador: Ricardo Alexandre Amar Aguiar
Coorientador: Juliana Primo Basílio de Souza
Rio de Janeiro
Dezembro de 2016
INFLUÊNCIA DO PARÂMETRO RUGOSIDADE NA TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM
JUNTAS COLADAS
Dissertação de Mestrado, apresentada ao Programa de Pós-graduação em
Engenharia Mecânica e Tecnologia de Materiais, do Centro Federal de Educação
Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET/RJ, como parte dos requisitos necessários
à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica e Tecnologia de Materiais.
Paula Vieira de Mello
Banca Examinadora:
_________________________________________________________________________________
Presidente, Prof. Ricardo Alexandre Amar de Aguiar (orientador)
_________________________________________________________________________________
Prof. Juliana Primo Basílio de Souza (co-orientadora)
_________________________________________________________________________________
Prof. Hector Reynaldo Meneses Costa (Centro Federal de Educação Tecnológica Celso
Suckow da Fonseca – CEFET/RJ)
Prof. João Marciano Laredo dos Reis (Universidade Federal Fluminense – UFF)
Rio de Janeiro
Dezembro de 2016
DEDICATÓRIA
“Dedico essa dissertação aos meus pais,
Gilmar e Patrícia Mello, e a minha avó, Marina
Vieira, com todo meu amor e gratidão por
tudo o que fizeram e fazem por mim.
Espero ser merecedora do esforço dedicado
por vocês em todos os aspectos, tanto da
minha vida pessoal quanto da profissional.
Obrigada por tudo!”
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus que, certamente, iluminou meu caminho e
minha mente durante esses anos de estudo e me deu forças para chegar ao fim desta
caminhada.
À minha família, pela capacidade de acreditar e investir sempre em mim, e que, com
muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da vida.
Aos amigos, pelo incentivo e apoio constantes. Agradeço aqui, em especial, ao
amigo Jorge Netto, que com toda paciência e dedicação me acompanhou ao longo de todo
o desenvolvimento experimental deste trabalho, perdendo horas do dia - e de vários dias -
no laboratório ao meu lado até que conseguíssemos produzir bons resultados para serem
utilizados, e esteve sempre a postos para me socorrer com minhas dúvidas até a última
semana de trabalho. Você tem um papel superimportante nesta produção! E às amigas
Rachel Pereira e Érica Malcher, pela ajuda e dicas com a formatação final do texto, além do
apoio de sempre e das palavras de incentivo, que revigoraram minhas forças para continuar.
Agradeço aos meus professores e orientadores, Ricardo Aguiar e Juliana Basílio, por
terem aceitado entrar nesse desafio comigo, por terem acreditado na minha capacidade de
desenvolver um bom trabalho, e por toda paciência e incentivo na orientação, tornando
possível a conclusão desta Dissertação.
RESUMO
INFLUÊNCIA DO PARÂMETRO RUGOSIDADE NA TRANSFERÊNCIA DE CALOR
EM JUNTAS COLADAS
Paula Vieira de Mello
Orientadores:
Ricardo Alexandre Amar Aguiar
Juliana Primo Basílio de Souza
Resumo da Dissertação de Mestrado, apresentada ao Programa de Pós-graduação em
Engenharia Mecânica e Tecnologia de Materiais, do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso
Suckow da Fonseca – CEFET/RJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de
Mestre em Engenharia Mecânica e Tecnologia de Materiais.
A resistência térmica de contato (RTC) é formada através do contato mecânico de
superfícies rugosas e é bastante aplicável quando se trata de transporte de calor, tal como
no gerenciamento térmico de dispositivos eletrônicos. Uma elevada RTC é um fator
importante para a causa do acúmulo de calor e aumento de temperatura (especialmente
para os casos de alto fluxo de calor) em dispositivos eletrônicos, o que não é benéfico para
o desempenho operacional dos dispositivos. Portanto, é crucial estudar maneiras de se
reduzir a RTC na interface dos materiais.
No caso específico de juntas coladas, o adesivo tende a preencher os vazios entre
os substratos, mas não completamente. Este processo depende, evidentemente, da
viscosidade do adesivo utilizado, assim como da rugosidade das superfícies unidas. Este
trabalho apresenta um método experimental para avaliar a resistência térmica de contato em
juntas coladas. Foi avaliada a RTC nas juntas preparadas com três diferentes graus de
tratamento superficial, produzindo assim três graus de rugosidade. Cada conjunto foi
aquecido e a transferência de calor através das juntas foi observada por termopares e
termografia infravermelha (TIV). Um modelo analítico e um modelo de elementos finitos
(FEM) foram ajustados com base nos dados experimentais, produzindo resultados
suficientes para a avaliação da influência da rugosidade na transferência de calor através
das juntas coladas.
Após as análises, ficou concluído que, para um acabamento superficial mais rugoso,
a resistência térmica de contato na interface colada do material apresenta um valor maior;
seguida do acabamento com rugosidade intermediária e por último de rugosidade bem
baixa. Ou seja, uma superfície mais lisa consegue dissipar mais calor quando colocada em
contato com outra do que uma superfície mais rugosa. Concluindo assim que o acabamento
superficial de fato influencia na transferência de calor através das juntas, quando duas
superfícies são unidas pelo processo de colagem.
Palavras-Chave: Rugosidade. Condução. Adesivo. Resistência térmica de contato.
Rio de Janeiro
Dezembro de 2016
ABSTRACT
INFLUENCE OF ROUGHNESS IN THE HEAT TRANSFER IN BONDED JOINTS
Paula Vieira de Mello
Advisors:
Ricardo Alexandre Amar Aguiar
Juliana Primo Basílio de Souza
Abstract of dissertation submitted to Post Graduate Program in Mechanical Engineering and
Materials Technology - Centro Federal de EducaçãoTecnológica Celso Suckow da Fonseca
CEFET/RJ - as partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Mechanical
Engineering and Materials Technology.
Thermal contact resistance (TCR) is formed by mechanical contact of rough surfaces
and is highly applicable in plenty of heat transport chains, such as thermal management of
electronic devices. High TCR is an important factor of causing heat accumulation and high
temperature rise (especially for the cases of high heat flux) in electronic devices, which is
unbeneficial to the operational performance of devices. Therefore, it is crucial to investigate
approaches of reducing the TCR at interface.
In the specific case of bonded joints, the adhesive tends to fill the space between the
substrates, but not completely. This process obviously depends on the viscosity of the
adhesive used, also the roughness of the joined surfaces. This dissertation presents an
experimental method for evaluating the thermal contact resistance in bonded joints. This
study evaluated the TCR in joints prepared with for three different degrees of superficial
treatment, producing three degrees of roughness. Each joint was heated and the heat
transfer through the joint was observed by thermocouples and infrared thermography (IRT).
An analytical model and finite element model (FEM) was adjusted by the experimental data
that produced results to evaluate the influence of the roughness in heat transfer through
bonded joints.
After the analysis, it was concluded that, for a rougher surface finish, the thermal
contact resistance at the bonded interface of the material presents a higher value; followed
by the finish with intermediate roughness and last of very low roughness. That is, a smoother
surface can dissipate more heat when placed in contact with another than a more rugged
surface. Concludingthat thesuperficial treatment in fact influences in the transfer of heat
through the joints whentwo surfaces are joined by the bonding process.
Keywords: Roughness. Conduction. Adhesive. Thermal contact resistance.
Rio de Janeiro
Dezembro de 2016
Lista de Símbolos
𝛼: difusividade térmica (m²/s)
𝛽: coeficiente de expansão térmica do fluido (𝐾−1)
A: área superficial (m2)
𝑔: aceleração da gravidade (m/s²)
h: Constante de convecção
ℎ̅:coeficiente de convecção
𝑘 : coeficiente de condutividade térmica (W/m)K
L: espessura (m)
𝑁𝑢: número de Nusselt
P: perímetro da placa (m)
q": fluxo de calor (W/m²)
𝑅𝑎: Número de Rayleigh
𝑅𝑡𝑐’’: Resistência térmica de contato (𝑚2𝐾
𝑊)
𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 : Resistência térmica total presente no conjunto
𝑅’’𝑐𝑜𝑛𝑣: Resistência de convecção natural (𝑚2𝐾
𝑊)
𝑇 : Temperatura (K)
𝑣: velocidade mássica média (m²/s)
Lista de Subscritos
∞: fluido ou ambiente (ºC)
1: superfície ou meio
2: superfície ou meio
𝑓: filme
s: superfície
Lista de Figuras
Figura II. 1 (a) Formula geral do anel de epóxi e (b) Reação química geral para epóxi
(Brewster, 2002) .................................................................................................................... 8
Figura II. 2 - Interligação pluridisciplinar para melhor entendimento da “ciência da adesão”
(Louro et al., 2011) ................................................................................................................ 9
Figura II. 3 - Diferença entre rugosidade e porosidade (Osanai, 2011). ............................... 11
Figura II. 4 - Evolução da resistência à ruptura em função da rugosidade (Quaresimin &
Ricotta, 2006) ...................................................................................................................... 12
Figura II. 5 - Carga de ruptura de juntas coladas em função da espessura do adesivo
(Monteiro, 1995) .................................................................................................................. 13
Figura II. 6 - Carga de ruptura em função do tipo de ranhura no substrato (Da Silva et al.,
2010) ................................................................................................................................... 15
Figura II. 7 - Transferência de calor entre corpos a diferentes temperaturas (Imagem
retirada da internet: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/oitava_serie/Calor3.php) ....... 19
Figura II. 8 - Transmissão de calor por condução em meio sólido (Ordenes et al., 2008) .... 19
Figura II. 9 - Queda de temperatura devido à resistência térmica de contato (Cordeiro,
2014) ................................................................................................................................... 21
Figura II. 10 - Condutância entre faces e analogia com a resistência elétrica (Cordeiro,
2014) ................................................................................................................................... 22
Figura II. 11 - Transferência de calor por convecção (Ordenes et al., 2008) ........................ 23
Figura II. 12 - Formação da corrente de convecção (Hernandez, 2014) .............................. 24
Figura II. 13 - Espectro visível e dos infravermelhos (Imagem retirada da internet:
http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2007/12/espectro-visivel-da-luz.jpg) ........... 27
Figura II. 14 - Emissividade de um corpo (Neto J. , 2014) .................................................... 28
Figura II. 15 Emissividade espectral de alguns metais: cobre (1); ferro(2); alumínio(3);
prata(4) (Barreira, 2004) ...................................................................................................... 29
Figura II. 16 - Emissividade de alguns não-metais: água(1); terra(2); plástico(3) (Barreira,
2004) ................................................................................................................................... 29
Figura II. 17 - Termografia em uma distribuição de linha de transmissão (Santos, 2006) .... 29
Figura III. 1 - Amostra de aço 1020 jateada ......................................................................... 30
Figura III. 2 - Amostra de aço 1020 sendo lixada com lixa 100 ............................................ 31
Figura III. 3 - Processo de polimento da amostra de aço 1020 ............................................ 32
Figura III. 4 - Diferentes acabamentos superficiais para amostras de aço 1020 ................... 32
Figura III. 5 - Rugosímetro portátil........................................................................................ 33
Figura III. 6 - Massa epóxi utilizada para colagem das amostras de aço.............................. 34
Figura III. 7 - Processo de colagem ..................................................................................... 35
Figura III. 8 - Processo de cura do adesivo .......................................................................... 35
Figura III. 9 - Aparato para isolamento térmico das amostras .............................................. 36
Figura III. 10 - Montagem experimental para análise de temperatura com termopar –
amostra com caixa isolante .................................................................................................. 38
Figura III. 11 - Comportamento da temperatura ao longo do tempo para a amostra de aço
jateada, isolada termicamente ............................................................................................. 39
Figura III. 12 - Comportamento da temperatura ao longo do tempo para a amostra de aço
lixada, isolada termicamente ................................................................................................ 39
Figura III. 13 - Comportamento da temperatura ao longo do tempo para a amostra de aço
polida, isolada termicamente. .............................................................................................. 40
Figura III. 14 - Montagem experimental para análise de temperatura com termopar –
amostra com convecção. ..................................................................................................... 40
Figura III. 15 - Comportamento da temperatura ao longo do tempo para a amostra de aço
jateada, sem isolamento térmico ......................................................................................... 41
Figura III. 16 - Comportamento da temperatura ao longo do tempo para a amostra de aço
lixada, sem isolamento térmico ............................................................................................ 42
Figura III. 17 - Comportamento da temperatura ao longo do tempo para a amostra de aço
polida, sem isolamento térmico. ........................................................................................... 42
Figura III. 18 - Montagem experimental para análise de temperatura com câmera
termográfica ......................................................................................................................... 43
Figura III. 19 - Imagens da câmera termográfica – Amostra com caixa isolante: início,
meio e fim, respectivamente. ............................................................................................... 44
Figura III. 20 - Imagens da câmera termográfica – Amostra sem caixa isolante: início,
meio e fim, respectivamente. ............................................................................................... 44
Figura III. 21 - Validação do ensaio termográfico – Comparação dos métodos .................... 45
Figura III. 22 - Variação da temperatura com o tempo, na superfície superior da primeira
peça – simulando condição de peça única –, para as 3 amostras de aço, obtida através
da imagem com a câmera termográfica ............................................................................... 47
Figura IV. 1 -Caso 1 – Equipamento-Aço jateado-Ar (Cordeiro, 2014) ................................. 48
Figura IV. 2 - Analogia elétrica do caso 1 – Equipamento-Aço jateado-Ar (Cordeiro, 2014) . 49
Figura IV. 3 - Caso 2 – Equipamento-Aço jateado-Adesivo-Aço jateado-Ar(Cordeiro,
2014) ................................................................................................................................... 54
Figura IV. 4 - Analogia elétrica do caso 2 – Equipamento-Aço jateado-Adesivo-Aço
jateado-Ar(Cordeiro, 2014) .................................................................................................. 55
Figura IV. 5 - Gráfico demonstrativo da variação do fluxo de calor emitido pela placa
térmica com o aumento da temperatura............................................................................... 58
Figura IV. 6 – Gráfico ilustrativo da variação da RTC com a temperatura, para o grupo de
amostras com convecção .................................................................................................... 60
Figura IV. 7 - Analogia elétrica para o experimento isolado termicamente: Equipamento-
Aço-Adesivo-Aço ................................................................................................................. 62
Figura IV. 8 - Gráfico demonstrativo da variação da RTC com a temperatura, para o grupo
de amostras isoladas termicamente ..................................................................................... 65
Figura V. 1 - Análise de convergência para uma malha plana com tamanho do elemento
igual a 4t .............................................................................................................................. 67
Figura V. 2 - Gráfico Txt para a simulação de malha plana com tamanho de elemento
igual a 4t .............................................................................................................................. 68
Figura V. 3 - Análise de convergência para uma malha plana com tamanho do elemento
igual a4t multiplicado a um fator K=0.5 ................................................................................ 68
Figura V. 4 - -Gráfico Txt para a simulação de malha plana com tamanho do elemento
igual a 4t multiplicado a um fator K=0.5 ............................................................................... 69
Figura V. 5 - Curva temperatura x tempo para o grupo de amostras isoladas
termicamente, obtidas através da simulação pelo programa computacional ANSYS
Mechanical APDL 16.0. ....................................................................................................... 70
Figura V. 6 - Fluxo de calor que atravessa a peça, para o grupo de amostras isoladas
termicamente, obtidas através da simulação pelo programa computacional ANSYS
Mechanical APDL 16.0 ........................................................................................................ 70
Figura V. 7 - Gráfico comparativo entre os resultados do experimento prático e numérico,
para o modelo de amostra isolada termicamente. ................................................................ 71
Lista de Tabelas
Tabela II. 1- Histórico do Desenvolvimento dos Adesivos (Osanai, 2011).............................. 5
Tabela III. 1- Medições dos parâmetros de rugosidade ........................................................ 33
Tabela III. 2 - Comparação entre os métodos de medição de temperatura por termopar e
termografia .......................................................................................................................... 46
Tabela III. 3 - Temperaturas obtidas para as três amostras de aço, na superfície superior
da primeira peça, através da imagem com a câmera termográfica ...................................... 47
Tabela IV. 1 - Temperaturas, em °C, a serem utilizadas no cálculo do Caso 1 .................... 50
Tabela IV. 2 - Valores encontrados para RTC entre placa e peça........................................ 53
Tabela IV. 3 - Temperaturas, em ºC, a serem utilizadas no cálculo do Caso 2 .................... 56
Tabela IV. 4 - Valores encontrados para RTC na junta colada de cada amostra, para o
experimento não isolado termicamente ............................................................................... 59
Tabela IV. 5 - Valores de temperatura na saída de cada peça, encontrados através do
experimento com o termopar ............................................................................................... 63
Tabela IV. 6 - Valores encontrados para RTC na junta colada de cada amostra, para o
experimento isolado termicamente ...................................................................................... 64
Tabela V. 1 - Valores da temperatura obtidos com o modelo prático e numérico para os
respectivos instantes, para a amostra isolada termicamente. .............................................. 72
SUMÁRIO
I. Introdução .................................................................................................................................... 1
Capítulo II. Fundamentação Teórica................................................................................................ 4
II.1 Adesivos estruturais ............................................................................................................................4
II.2 Histórico ..............................................................................................................................................4
II.3 Características .....................................................................................................................................5
II.4 Classificação ........................................................................................................................................6
II.5 Adesivos Epóxi .....................................................................................................................................7
II.6 Adesão .................................................................................................................................................9
II.7 Conceito de adesão e interface ...........................................................................................................9
II.8 Teorias da adesão ............................................................................................................................. 10
II.9 Processo de Colagem ....................................................................................................................... 11
II.10 Fatores que influenciam na resistência de juntas coladas ............................................................... 11
II.10.1 Rugosidade ............................................................................................................................... 11
II.10.2 Espessura do adesivo ............................................................................................................... 12
II.10.3 Temperatura e pressão decolagem .......................................................................................... 14
II.10.4 Tratamento Superficial ............................................................................................................. 14
II.10.5 Condições ambientais .............................................................................................................. 15
II.10.6 Pré-tratamento e preparação das superfícies .......................................................................... 16
II.11 Transferência de Calor ..................................................................................................................... 18
II.11.1 Condução .................................................................................................................................. 19
II.11.2 Convecção ................................................................................................................................ 23
II.11.3 Radiação ................................................................................................................................... 26
II.12 Termografia ...................................................................................................................................... 27
II.12.1 Fatores externos que influenciam na medição da termografia ............................................... 27
Capítulo III. Procedimento Experimental ....................................................................................... 30
III.1 Materiais ........................................................................................................................................... 30
III.2 Preparação dos Corpos de Prova ..................................................................................................... 30
III.3 Medição da Rugosidade ................................................................................................................... 32
III.4 Aplicação da massa epóxi nas amostras de aço ............................................................................... 34
III.5 Preparação e montagem do aparato ............................................................................................... 35
III.6 Medição via termopares .................................................................................................................. 36
III.7 Validação por análise termográfica .................................................................................................. 43
Capítulo IV.Modelo Analítico ......................................................................................................... 48
IV.1 Experimento com convecção (sem a caixa isolante) ........................................................................ 48
IV.1.1 Caso 1 – Amostra única ................................................................................................................ 48
IV.1.2 Caso 2 – Amostras unidas por adesivo ......................................................................................... 53
IV.2 Experimento isolado termicamente (sem convecção) ..................................................................... 61
Capítulo V. Modelo Numérico ........................................................................................................ 66
V.1 Modelagem numérica para o grupo deamostrasisoladastermicamente ......................................... 69
V.2 Resultados: Modelo Numérico versus Experimento ........................................................................ 71
Capítulo VI. Conclusões ................................................................................................................ 73
VI. 1 Trabalhos Futuros ......................................................................................................................... 73
Referências Bibliográficas ............................................................................................................. 74
Apêndice I ..................................................................................................................................... 78
Apêndice II .................................................................................................................................... 84
1
I. Introdução
É comum existirem, em diversas aplicações na engenharia, situações em que se faz
necessário o conhecimento da distribuição de temperatura no interior de dois corpos em contato e
a quantidade de calor trocada entre eles. Observa-se que, quando são submetidos a um fluxo de
calor, há um salto aparente de temperatura na sua interface, que tem sua origem nas
irregularidades das superfícies dos materiais (Filho, 2000). A relação entre a queda de temperatura
na interface e o fluxo de calor que passa através dela, permite definir uma grandeza chamada de
Resistência Térmica de Contato (RTC).
O estudo da RTC começou a ganhar uma grande importância a partir dos anos 50 na
área de transferência de energia. Atualmente, o interesse na determinação da RTC tem recebido
cada vez mais atenção, tendo em vista que, em algumas áreas, como a microeletrônica, por
exemplo, ela tem um papel extremamente importante na dissipação de calor. O grande número de
pesquisas sobre a RTC está ligado ao desenvolvimento de vários setores da atividade tecnológica,
como na indústria aeroespacial, nos propulsores nucleares, nos motores de automóveis, na
microeletrônica, entre outros.
A existência de uma resistência de contato se deve, principalmente, aos efeitos da
rugosidade da superfície. Uma observação mais aproximada mostrará que há apenas
determinados pontos de contato direto entre as peças, os quais se entremeiam com falhas que
são, na maioria dos casos, preenchidas com ar. Desta forma, a transferência de calor se dará
tanto pela condução de calor através da área de contato real, quanto pela condução e/ou radiação
através dos interstícios (Incropera et al., 2008).
No caso específico de juntas coladas, o adesivo tende a preencher o espaço entre os
substratos, porém não completamente. Esse processo vai depender não somente da viscosidade
do adesivo usado (ou de sua molhabilidade), como também da rugosidade das superfícies unidas.
Tendo em vista que a rugosidade é um aspecto de relevância significativa para a adesão, existe
uma correlação entre a rugosidade das superfícies e a resistência da junta. Além disso, esse
parâmetro geométrico também tem relação direta com a resistência térmica de contato entre o
substrato e o adesivo, formadores da junta colada.Verifica-se na literatura que o aumento dos
níveis de rugosidade das superfícies dos substratos, até determinado ponto – chamado de
‘rugosidade ótima’ – de forma preliminar aos processos de colagem adesiva, promove o aumento
da resistência das juntas coladas.
Neste trabalho foi desenvolvido um método experimental de avaliação da resistência
térmica de contato em juntas metálicas coladas, tendo como parâmetro de estudo a variação da
rugosidade e sua consequente influência na transferência de calor através dessas juntas. A partir
2
dos dados experimentais foram desenvolvidos um modelo teórico analítico e um modelo numérico
que pudesse relacionar a rugosidade e a capacidade de troca térmica através da junta.
.
I.1 Motivação
A utilização de juntas coladas em substituição aos tradicionais processos de junção
mecânica e processos de soldagem vem se tornando uma realidade cada vez maior na indústria.
No entanto, a grande maioria das análises realizadas para este tipo de junta visa avaliar sua
resistência quanto a esforços mecânicos. A motivação deste trabalho é apresentar uma avaliação
da junta colada em relação à sua resistência térmica e observando de que maneira a rugosidade
de uma superfície pode influenciar esta resistência, quando duas superfícies são postas em
contato. Tornando-o assim uma fonte de informação sobre a importância e relevância do
acabamento superficial em materiais que serão unidos mecanicamente por adesivos estruturais.
I.2 Objetivo
Nesta dissertação, objetiva-se analisar a influência do acabamento superficial de uma
peça, por meio do parâmetro geométrico denominado rugosidade, associado à transferência de
calor, na determinação da resistência térmica de contato de juntas coladas. Para isso, serão
analisadas três peças de mesmo material, porém com diferentes rugosidades (baixa, média e alta),
a fim de se obter uma comparação entre os resultados e, desta forma, comprovar a importância do
bom acabamento superficial.
I.3 Organização do Trabalho
A presente dissertação está dividida em seis capítulos. Neste primeiro, apresenta-se uma
descrição geral sobre o assunto, a motivação para o tema e os principais objetivos do trabalho.
No capítulo 2, é apresentada a Fundamentação Teórica acerca do tema, a fim de se
conhecerem as bases aplicadas ao trabalho, bem como alguns dos trabalhos já desenvolvidos e
que podem ser tomados como referência.
No capítulo 3, será descrita a metodologia Experimental, bem como o comportamento
térmico observado para a junta e os resultados e dados de entrada que servirão de base para os
capítulos de modelagem analítica e numérica.
O capítulo 4 é dedicado ao Modelo Analítico, desenvolvido a partir de premissas básicas
de transferência de calor, que, juntamente com os dados experimentais apresentados no capítulo
anterior, permite estimar a RTC e, consequentemente, sua relação com a rugosidade aplicada às
superfícies coladas.
3
O capítulo 5 descreve o Modelo Numérico, desde sua concepção e validação até o
resultado obtido para o comportamento térmico e distribuição de temperatura ao longo das peças.
A conclusão e as possibilidades de continuação deste estudo em trabalhos futuros são
descritos no capítulo 6.
4
Capítulo II. Fundamentação Teórica
II.1 Adesivos estruturais
A norma ANSI/ASTM D907 (2015) define adesivo como “uma substância capaz de unir
materiais através da fixação de suas superfícies”. Portanto, ao se inserir um material adesivo entre
duas superfícies sobrepostas, estas serão aderidas pela ação do mesmo, dando-se assim o
processo de junção destes materiais.
Nos dias atuais, diversas áreas da indústria já utilizam amplamente as juntas coladas, as
quais representam uma alternativa aos tradicionais processos de fixação, como soldagem,
rebitagem e aparafusamento.Vantagens como resistência, rigidez, versatilidade, durabilidade, peso
reduzido, alta resistência à corrosão e à fadiga, aliadas à não necessidade de processos de
usinagem ou alterações metalúrgicas, além de apresentarem custos de manutenção
significantemente reduzidos, tornam esta técnica um grande destaque no design e manutenção de
equipamentos (Osanai, 2011).
Desta forma, os processos de colagem representam uma maneira simples e eficiente de
junção mecânica sem a necessidade da inserção de concentradores de tensão na estrutura, tais
como orifícios usinados ou pontos de solda (Fonseca & da Silva, 2010).
II.2 Histórico
A ciência dos adesivos, assim chamada, surge com o intuito de estudar o
desenvolvimento de novos adesivos baseados em resinas sintéticas e outros materiais com
melhores propriedades e maior reprodutibilidade. A primeira resina a ser utilizada para colagem,
em 1910, foi a de fenolformaldeído, obtida através da reação de condensação entre o fenol e o
formaldeído. Essas resinas são resistentes e frágeis e possuem alta resistência ao calor. São
usadas, em especial, para a execução das juntas de madeira, porém a necessidade de adesivos
mais apropriados para a colagem de metais estimulou a descoberta dos adesivos de borracha
sintética (Shields, 1971; Esteves, 1990).
O aparecimento das resinas sintéticas, em torno dos anos 40, foi o que tornou possível o
desenvolvimento de adesivos mais resistentes, mais duradouros e versáteis na colagem de
superfícies, que antes não se colariam (Osanai, 2011). A Tabela II. 1 mostra, cronologicamente, o
histórico do desenvolvimento dos adesivos.
5
Tabela II. 1- Histórico do Desenvolvimento dos Adesivos (Osanai, 2011)
ANO ADESIVO
1910 Fenol-formaldeído
1930 Uréia-formaldeído
1940
Vitrilo-fenólico
Nitrilo-fenólico
Acrílico
Poliuretana
1950
Epóxi
Cianoacrilatos
Anaeróbicos
1960
Poliamida
Polibenzimidazol
Poliquinoxalina
1970 Segunda geração de
acrílicos
Com o desenvolvimento tecnológico dos adesivos, também se faz necessário o
desenvolvimento dos equipamentos e técnicas de colagem, além dos métodos de cálculo de
resistência mecânica e térmica, dada a sua grande importância na união de juntas em diversas
aplicações.
II.3 Características
Sabe-se que os adesivos utilizados em projetos mecânicos são, por natureza, materiais
poliméricos. O polímero é uma cadeia longa de átomos unidos entre si por ligações covalentes. A
sua produção acontece através de um processo designado polimerização, no qual as moléculas do
monômero reagem quimicamente para formar cadeias lineares ou uma rede tridimensional de
cadeias de polímeros (Osanai, 2011).
Estas cadeias possuem como principal característica uma ligação química forte e
direcional ao longo de seu comprimento, porém, lateralmente, são unidas por ligações de Van der
Waals (ligações fracas) ou, ocasionalmente, por ligações de hidrogênio. À molécula formada por
apenas um monômero é dado o nome de homopolímero. Já a utilização de diferentes monômeros
6
na formação de moléculas resulta aos chamados copolímeros, os quais se caracterizam,
normalmente pelo alcance de melhores propriedades.
Os adesivos sintéticos resultam, então, das reações de polimerização entre monômeros,
as quais dependendo da sua estrutura, reatividade e proporção na mistura originam polímeros de
cadeias macromoleculares lineares ou em rede tridimensional.
Estas reações contam ainda com outros componentes denominados agentes de cura (ou
endurecedores), catalisadores e solventes que, após a reação de cura, tornam o sistema bastante
complexo. Ainda é possível, para os mesmos parâmetros anteriores, variar as condições de
temperatura, pressão e tempo de cura, levando à obtenção de estruturas diferentes que,
consequentemente, apresentam propriedades distintas.
II.4 Classificação
Conforme o que foi descrito anteriormente, a grande variedade de estruturas possíveis
dentro do espectro polimérico torna muito difícil uma classificação que inclua todos os tipos de
adesivos. Porém, em geral, os adesivos são divididos em duas famílias e classificados como
termofixos (ou termorrígidos) e termoplásticos.
Os adesivos termofixos apresentam um alto módulo de rigidez quando comparados aos
termoplásticos e possuem um bom grau de resistência ao aquecimento e ao ataque químico
(Cotter, 1974; Scheneber, 2003). Esse tipo de adesivo é ativado pela aplicação de calor, por meio
de catalisadores ou pela combinação de ambos, ocorrendo, assim, a formação de ligações
cruzadas por meio de calor, pressão, radiação ou outro tipo de energia. Resinas fenólicas, epóxi e
poliéster são exemplos de termofixos, sendo as duas primeiras mais utilizadas em adesivos.
Os adesivos termoplásticos são caracterizados pela sua alta viscosidade a uma dada
temperatura, podendo ser conformados e moldados. Os adesivos do tipo “solvente” são
considerados termoplásticos. Além desses, as resinas acrílicas, celulósicas, vinílicas e poliamidas
também são bons exemplos.
Os adesivos podem ainda ser classificados de acordo com a sua aplicação: adesivos para
metais, madeira, vinilo, referem-se ao tipo de substrato para o qual são mais bem adaptados. Do
mesmo modo, adesivos resistentes aos ácidos, ao calor e ao meio ambiente indicam os meios
para os quais são mais indicados. Adicionalmente, os adesivos podem também ser classificados
de acordo com sua origem, estrutura molecular, composição química, modo de apresentação e de
aplicação, condições de cura, estabilidade e como estruturais ou não estruturais.
Existem ainda cinco grandes famílias de adesivos estruturais: anaeróbicos, acrílicos,
epóxi, cianocrilatos e poliuretanos.
7
II.5 Adesivos Epóxi
Sua exploração comercial teve início na década de 30, pela I.G. Farbenindustrie (Miles &
Briston, 1975). Trata-se de termofixos em forma de líquido viscoso ou sólidos quebradiços que,
devido à sua alta resistência mecânica e fácil aplicação, costumam ser os mais utilizados na
colagem de metais, além de apresentarem a maior diversidade de aplicações e poderem ser
utilizados em diversos tipos de materiais. O processo de colagem com estes tipos de adesivo
dispensa a aplicação de pressão, sendo necessário somente o posicionamento da peça.
O adesivo epóxi tem como principais vantagens:
Boa resistência mecânica, térmica e química;
Excelente dureza;
Ótima adesão a metais;
Possibilidade de cura rápida ou lenta, em diversas faixas de temperatura;
Alto índice de retração e capilaridade durante a cura;
Boas propriedades de molhabilidade sobre o aderente.
Podem ser comercializados tanto como um único componente, quanto como
componentes separados (geralmente dois). No caso de um único componente, a resina e o
endurecedor já vêm misturados e apresentam-se em forma de líquido, gel, barra, filme ou pastilha.
Apresentam melhores propriedades e maior durabilidade quando comparados aos de dois ou mais
componentes e sua cura é realizada em temperaturas acima de 120ºC. Já para o caso de
componentes separados, o endurecedor deverá ser adicionado posteriormente à resina. Podem
apresentar-se na forma de pasta, gel ou líquido e sua cura é realizada a baixas temperaturas.
Suas propriedades vão depender do tipo de endurecedor utilizado.
O termo epóxi vem do grego “EP” (sobre ou entre) e do inglês “OXI” (oxigênio),
significando um átomo de oxigênio entre carbonos. Em um sentido geral, refere-se a um grupo
constituído por um átomo de oxigênio ligado a dois átomos de carbono. O grupo epóxi mais
simples é aquele formado por um anel de três elementos (Figura II. 1). Em seu processo de cura,
ocorre primeiramente um processo inicial termicamente ativado no qual, para iniciar a reação
química de cura, um catalisador reage com um endurecedor para formar uma união química
(Brewster, 2002).
8
Figura II. 1 (a) Formula geral do anel de epóxi e (b) Reação química geral para epóxi (Brewster,
2002)
Alguns termos também são importantes serem conhecidos para melhor compreensão do
processo de cura das resinas epóxis.
a. Tempo de uso: também conhecido como “potlife”, é o tempo decorrido desde o
início da mistura até atingir um aumento de viscosidade considerável, a ponto de
não ser mais possível a sua aplicação no dispositivo. Quanto menor a
reatividade do sistema, maior é seu tempo de uso.
b. Tempo de gelatinação: também chamado de “tempo gel” ou “gel time”, é o
tempo decorrido a partir da mistura até que o sistema adquira consistência entre
líquido altamente viscoso e sólido. Quanto maior a reatividade do sistema, mais
curto será a faixa do “gel time”. O “gel time” será sempre maior que o “potlife”.
c. Ciclo completo de cura: dividido em dois tempos – endurecimento e cura total –,
é o tempo total necessário para o sistema atingir as resistências mecânicas e
térmicas exigidas.
d. Endurecimento: trata-se do período necessário, a partir da aplicação, para que
os sistemas envolvidos adquiram estabilidade, ou seja, propriedades mecânicas
suficientes para suportar os esforços que sofrerão posteriormente durante as
etapas de fabricação da estrutura.
e. Tempo de cura: a partir da aplicação, é o tempo decorrido até que sejam
atingidas as máximas resistências mecânicas e térmicas, isto é, o tempo ideal
que se deve aguardar antes de submeter a junta adesivada às exigências de
trabalho.
Em trabalho realizadopor Prolongo et. al (2014) e por Jiwon Kim (2012) foi comprovado
que resinas epóxi reforçadas com nanofolhas de grafeno (PNB) têm suas características térmicas
(a) (b)
9
bastante melhoradas. A adição de PNB induz a um aumento da temperatura de transição vítrea e
do módulo de armazenamento referenciados para a matriz de termoendurecimento, além de
provocar um acentuado aumento da difusividade térmica (cerca de 300%) e da condutividade
elétrica. Também aumenta o grau de molhabilidade do adesivo e induz a uma alteração do
mecanismo de falha das articulações.
II.6 Adesão
As ligações adesivas são um tema pluridisciplinar que necessita do conhecimento de
diferentes áreas. Para a melhor compreensão de toda a “ciência da adesão”, é necessário recorrer
às ciências primárias como a física, química e mecânica, que, por sua vez se interligam, dando
origem às disciplinas de ciência das superfícies, materiais poliméricos e projeto de junta. Cada
uma destas áreas contribui de forma muito significativa na “ciência da adesão” e na forma como
esta é aplicada na indústria (Figura II. 2). É essencial estabelecer esta interligação de modo a
garantir o sucesso da adesão e o total conhecimento do processo (Louro et al., 2011).
Figura II. 2 - Interligação pluridisciplinar para melhor entendimento da “ciência da adesão” (Louro
et al., 2011)
II.7 Conceito de adesão e interface
O termo adesão é geralmente usado para se referir à adesão entre substâncias, sendo
portanto uma manifestação de forças atrativas entre os átomos e/ou superfícies. Em outras
palavras, a adesão existe quando uma quantidade mensurável de trabalho mecânico se faz
necessária para separar duas superfícies de diferentes composições químicas ou formas.
As moléculas na superfície de um líquido ou de um sólido são influenciadas por forças
moleculares desbalanceadas, possuindo, portanto, energia adicional em contraste com as
moléculas no interior do líquido ou sólido. Esta energia livre adicional localizada na superfície, ou
10
na interface entre duas fases condensadas é conhecida como tensão superficial. Importantes
aplicações tecnológicas dos materiais requerem que os mesmos sejam aderentes a outras
substâncias e têm influência preponderante em muitas aplicações práticas, como adesão e
molhabilidade de sólidos por líquidos. Para medir a modificação superficial ocorrida em materiais,
alguns parâmetros são utilizados na caracterização, como por exemplo, o ângulo de contato, a
força de adesão e estimativas de energia livre de superfície (Neto & Pardini, 2006).
II.8 Teorias da adesão
Diferentes teorias servem como modelo para tentar descrever o mecanismo de adesão,
levando em consideração a microestrutura dos materiais envolvidos nesse processo. A seguir,
serão descritas sucintamente as principais delas.
A Teoria da Interdifusão fala da ligação de duas superfícies através da interdifusão de
átomos ou moléculas presentes nas interfaces, que pode ser promovida pela presença de
solventes. Neste caso, a adesão dependerá do entrelaçamento molecular, do número de
moléculas envolvidas e da resistência da ligação molecular (Osanai, 2011), e a quantidade de
difusão dependerá da conformação molecular, dos constituintes envolvidos e da facilidade de
movimento molecular.
Além disso, a diferença de carga eletrostática entre os constituintes na interface pode
também contribuir para a adesão, devido à força de atração entre as cargas. Este fenômeno é
chamado de Teoria da Atração Eletrostática. Embora esta atração possa não ter uma contribuição
significativa à resistência da interface – que, por sua vez, dependerá da densidade da carga -,
pode ser importante quando a superfície de uma fibra é tratada como agente de ligação.
Outra teoria importante é a da Ligação Química, sendo a mais antiga e mais conhecida
entre todas. Ela defende que a adesão ocorre através de ligações primárias (iônicas/covalentes)
e/ou, através de forças secundárias intermoleculares e que a resistência adesiva dependerá do
número e tipo de ligações.
E, por último, a Teoria do Interbloqueamento Mecânico, que envolve o ancoramento
através de ligações mecânicas na interface. Este tipo de interface tem a resistência à tensão
transversal aumentada, desde que haja um grande número de reentrâncias, na forma de
porosidade, na superfície do reforço,enquanto que a resistência ao cisalhamento é aumentada de
maneira significativa quanto maior for o grau de rugosidade de sua superfície, conforme mostrado
na Figura II. 3.
11
Figura II. 3 - Diferença entre rugosidade e porosidade (Osanai, 2011).
II.9 Processo de Colagem
O processo de colagem inicia-se com o espalhamento do adesivo sobre a superfície do
substrato, iniciando as fases de movimento, e finaliza-se com a sua solidificação, formando o
ancoramento ou ganchos entre duas superfícies coladas. O grau de adesão depende da
intensidade de cada elo, ou seja, dos aderentes, do adesivo e das interfaces (Schultz & Nardin,
1994)
Segundo o trabalho de Quaresimin & Ricotta (2006), a primeira condição para que se
estabeleça uma ligação adesiva é que o adesivo, que deve ser líquido no momento da aplicação,
molhe o substrato, isto é, espalhe-se espontaneamente sobre ele.
II.10 Fatores que influenciam na resistência de juntas coladas
A previsão da resistência de juntas coladas é ainda um fator controverso, já que envolve
muitos fatores de difícil quantificação: como o comprimento do overlap, o escoamento do
substrato, a plasticidade do adesivo e a espessura do adesivo (Goyal & Jhonson, 2008) . Além
disso, o cálculo da durabilidade é ainda mais complexo e também um desafio no projeto de juntas
coladas.
Em Quaresimin & Ricotta (2006), o autor classifica os fatores que influenciam na
resistência de uma junta colada da seguinte forma: características mecânicas dos substratos e do
adesivo, geometria da junta, tratamento superficial, solicitações externas e condições ambientais.
A seguir, serão descritos os principais deles e os mais importantes para este trabalho.
II.10.1 Rugosidade
No mecanismo de ancoragem, a presença de asperezas ou de poros permite a infiltração
natural do adesivo. A rugosidade favorece um aumento da área de contato entre os dois materiais
e um aumento das ligações da interface (Cunha, 2012). A rugosidade é o conjunto de desvios
microgeométricos, caracterizado pelas pequenas saliências e reentrâncias presentes em uma
12
superfície. Essa desempenha um papel importante no comportamento dos componentes
mecânicos (Agostinho et al., 1995).
No entanto, existe uma rugosidade ótima que proporciona a máxima resistência da junta
(conforme mostra a Figura II. 4.b). Abaixo dessa rugosidade, por exemplo, em uma superfície lisa,
conforme mostrada na Figura II. 4.a), a colagem pode ser defeituosa, pois o adesivo não encontra
nenhum ponto de ancoragem, o que dificulta sua adesão; assim como, acima dela, em uma
superfície muito rugosa, conforme mostrado na Figura II. 4.c), o adesivo não penetra o suficiente
nas cavidades.
Figura II. 4 - Evolução da resistência à ruptura em função da rugosidade (Quaresimin & Ricotta,
2006)
II.10.2 Espessura do adesivo
A espessura da camada adesiva é uma característica funcionalmente importante na
resistência das juntas coladas. O seu efeito é ainda mais acentuado na colagem com adesivos de
alta performance (Monteiro, 1995).
Deve-se ter o cuidado de não confeccionar juntas com espessuras de adesivo muito
pequenas, pois a adesão pode não ser eficiente e sua resistência decresce rapidamente. No
entanto, o aumento demasiado da espessura do adesivo introduz defeitos de difícil ou impossível
remediação, como, por exemplo, as chamadas bolhas de ar e microtrincas; reduzindo também a
resistência da junta.
13
Experiências mostram que a resistência de uma junta aumenta com uma espessura
menor do adesivo e, por isso, muitos argumentos foram propostos na literatura para explicar a
influência da espessura.
Ascione (2009) atribui a diminuição da resistência da junta com o aumento da espessura
ao fato de que espessuras maiores contêm mais defeitos, isto é, vazios e microtrincas, do que
juntas com espessuras menores, enquanto Grant et al.(1989), explica a influência da espessura do
adesivo com o momento fletor: uma junta sob tração, a tensão normal longitudinal e o momento
criam uma deformação plástica nas bordas dooverlap, causando a falha do adesivo. A tensão
longitudinal - originada da carga aplicada - junto com a tensão normal devido ao
momentosobrepõem-se. Assim, para atingir o mesmo nível de tensão com o aumento do
momento, a tensão, devido ao carregamento, tem que diminuir. E no caso de aumentar a
espessura do adesivo, aumenta-se a tensão devido ao momento e a tensão normal longitudinal
permanece constante, visto que a força aplicada aos substratos não é alterada e,
consequentemente, a resistência da junta é reduzida.
O modelo de Goland e Reissner (1944) e a introdução da tensão de descascamento
também surgem como uma forma de explicar esse efeito da espessura. A tensão de
descascamento é a gerada pelo momento proveniente da distância entre os substratos. Com o
aumento da espessura da camada adesiva, aumenta-se a tensão de descascamento, como pode
ser observado na Figura II. 5..
Figura II. 5 - Carga de ruptura de juntas coladas em função da espessura do adesivo (Monteiro,
1995)
14
II.10.3 Temperatura e pressão decolagem
A temperatura de colagem é outro fator importante para a qualidade da colagem. A
temperatura controla o tempo de cura e a viscosidade, que, diretamente afetam a capacidade do
adesivo espalhar-se e ser absorvido. Cada tipo de adesivo apresenta uma temperatura ideal de
boa adesão, na qual a capacidade de absorção do adesivo é aumentada.
A pressão influencia na penetração do adesivo no substrato. Pressões muito altas podem
gerar uma movimentação excessiva do adesivo, fazendo com que ele transborde para fora da
junta colada, enquanto que pressões muito baixas podem diminuir a penetração do adesivo
(Tienne, 2006).
II.10.4 Tratamento Superficial
A aplicação de diferentes tratamentos superficiais, como jateamento, lixamento, ranhuras
e tratamentos químicos são considerados por alguns autores como fatores principais na obtenção
de juntas adesivas resistentes. Entretanto, o tema ainda é controverso e não há ainda um
parâmetro de melhor tratamento para o alcance de uma maior resistência, mas sim melhores
tratamentos para situações específicas de adesivo e substrato.
Da Silva (2009) realizou um estudo sobre a influência de tratamentos químicos e
mecânicos na resistência de juntas, utilizandodiferentes adesivos, através de ensaios
experimentais, concluindo que seus efeitos foram desprezíveis. Já em Pereira et al.(2010), é
realizada uma análise inversa: foram feitos ensaios de tração com adesivos apenas do tipo epóxi,
porém para diferentes tratamentos superficiais do substrato e, através dos resultados, concluiu-se
que a resistência ao cisalhamento dos corpos de prova aumenta com a diminuição da rugosidade
superficial, até o ponto de rugosidade ótima, conforme já citado no primeiro tópico desta seção.
Segundo Goyal e Jhonson (2008), com a utilizaçãodo método de Taguchi para otimização
dos ensaios, o efeito dos tratamentos mecânico e químico se mostrou inferior aos efeitos
geométricos, como os parâmetros comprimento do overlap e espessuras do substrato e camada
adesiva.
Em Da Silva et al. (2010) é feita a análise da influência de ranhuras na preparação de
superfícies coladas. Os resultados obtidos mostram que estas inclusões e sua forma de
distribuição possuem uma grande influência na superfície colada, conforme pode ser visualizado
na Figura II. 6.
15
Figura II. 6 - Carga de ruptura em função do tipo de ranhura no substrato (Da Silva et al., 2010)
II.10.5 Condições ambientais
a. Temperatura
A interferência dos fatores ambientais na resistência das juntas adesivas dependerá,
basicamente, do tempo de exposição a que estas estarão submetidas. Em longo prazo, substratos,
adesivos e produtos colados deterioram a uma taxa determinada pelos níveis de temperatura,
umidade, tensão e, em alguns exemplos, por concentrações de certas substâncias químicas.
As juntas podem estar expostas a condições extremas de temperatura, sendo este um
dos fatores que mais interfere no bom desempenho dos adesivos estruturais, visto que altera as
suas propriedades mecânicas. Quando sujeitos a temperaturas elevadas, os materiais poliméricos
degradam-se. Se a exposição for por um período curto de tempo, o primeiro efeito manifesta-se
por um aumento da mobilidade molecular levando o adesivo a apresentar uma maior tenacidade e
uma menor resistência mecânica. No entanto, se a exposição for prolongada, podem
desencadear-se fenômenos de oxidação e pirólise do adesivo e começam a manifestarem-se
alterações químicas e/ou físicas (Louro et al., 2011).
A oxidação térmica tem efeitos consideráveis na estabilidade das juntas adesivas uma
vez que inicia um processo de seccionamento da cadeia molecular, havendo uma perda de peso
molecular, diminuição de resistência, capacidade de alongamento e tenacidade.
Muitos adesivos sintéticos degradam-se rapidamente quando expostos a altas
temperaturas. Para aumentar esta resistência, um adesivo deve apresentar características
16
específicas, tais como um elevado ponto de fusão ou de amolecimento e resistência à oxidação.
Os adesivos termoendurecíveis têm ponto de fusão a uma temperatura muito elevada. Nestes
materiais, a resistência à oxidação e a pirólise são os principais fatores a serem levados em
consideração.
b. Umidade
A água é a substância que gera os maiores problemas à durabilidade de uma junta
adesiva (Kinloch, 2012). É fortemente polar e muitos materiais poliméricos são permeáveis a ela. A
sua presença em uma ligação pode influenciar o adesivo e, nos casos em que o substrato é
permeável, alterar as propriedades do próprio substrato.
A água que entra na junta degrada as propriedades mecânicas do adesivo, as
propriedades de adesão da interface, causa alterações dimensionais, como o inchamento, cria
tensões que provocam fissuração, baixa a temperatura de transição vítrea do adesivo e pode levar
à hidrólise do próprio adesivo. Alguns dos processos que podem ocorrer são reversíveis e
acompanhados pela recuperação da resistência, quando a água é retirada; outras são irreversíveis
e a recuperação da resistência é, nestes casos, impossível.
Monteiro (1995) enfatizou a forte influência da umidade na perda de resistência de juntas
coladas. Em consequência, Kalnis (1997) realizou ensaios com diferentes tratamentos superficiais,
mostrando acentuadas perdas de adesão com o aumento da umidade e Taib (2006) estudou os
efeitos da umidade em juntas coladas com adesivo epóxi, através de envelhecimento das
amostras em meios com umidade controlada, encontrando perdas relativamente baixas de
resistência de 15% com umidade relativa de 85% à temperatura de 63°C.
II.10.6 Pré-tratamento e preparação das superfícies
Para a ligação de dois componentes ser perfeita, é necessário que se realizem
previamente certas operações (Louro et al., 2011). A primeira consiste em obter uma superfície
apropriada, ou seja, uma área sem corpos estranhos (poeiras, água, gordura) que seriam
obstáculos à aproximação dos dois materiais. A segunda baseia-se em aplicar o adesivo tendo em
atenção alguns princípios básicos:
Uma vez que os materiais têm grande resistência, é o adesivo, que se liga às
rugosidades da superfície aderente, sendo necessário que possua uma boa
fluidez.
Ao unir as duas superfícies, deve-se evitar a formação de bolhas de ar,
aumentando os pontos de contato entre os dois componentes.
17
O pré-tratamento correto das superfícies é necessário para que ocorra uma ótima adesão
e o substrato possa envolver as seguintes operações: desengorduramento, abrasão mecânica,
ionização das superfícies e aplicação de primários (Louro et al., 2011).
a. Desengorduramento das superfícies
Para uma melhor união possível do adesivo, é exigida a remoção completa de óleo,
massa, poeira e outros resíduos das superfícies. Os solventes que evaporam sem
resíduos são adequados para isso. No caso das superfícies de ferro fundido de cor
acinzentada, é necessária a limpeza mecânica adicional para remover o grafite da área
superficial.
b. Abrasão Mecânica
As superfícies metálicas manchadas são frequentemente cobertas de óxido que não
pode ser removido pelo desengorduramento. Nesses casos, o pré-tratamento das
superfícies pode ser efetuado por meio de lixamento ou com uma escova provida de
cerdas metálicas.
O lixamento promove uma boa rugosidade superficial. Nesse caso, é importante
utilizar uma lixa com aspereza adequada. Por exemplo, para o alumínio, o grão da lixa
deve estar compreendido entre 300 a 600. Trata-se de um grão ultrafino. Para o aço
recomenda-se uma lixa com grão 100, ou seja, uma lixa com grão fino. Peças muito sujas
devem ser desengorduradas antes do tratamento mecânico para garantir que os
abrasivos utilizados na lixa não venham contaminar as superfícies que devem ser limpas.
c. Ionização da superfície
O pré-tratamento das superfícies muda a sua polaridade e a energia. Dependendo do
material, da geometria da peça de trabalho, da sequência da produção e do número de
peças, a ionização pode ser efetuada por chama, pelo processo corona ou por plasma de
baixa pressão.
d. Aplicação de Primários
Primários são revestimentos aplicados à superfície antes da aplicação de um
adesivo; para melhorar o desempenho da adesão.
Uma vantagem importante dos primários, comparados aos outros métodos de pré-
tratamento de ionização, consiste na sua forma simples de utilização. Ele é vaporizado ou
pincelado sobre os substratos com uma camada tão fina quanto possível. Após um breve
período de secagem (10 a 60 s), o adesivo é aplicado normalmente.
18
O tempo máximo permitido entre o tratamento superficial e a aplicação do adesivo
depende de como a superfície vai se alterar no meio-ambiente da oficina e da adesão dos
produtos formados à superfície. Por exemplo, após contato da superfície de cobre com o
ambiente, forma-se rapidamente um óxido que é muito fracamente ligado à superfície. Por outro
lado, no caso dos alumínios, o óxido formado tem muito boa adesão com o metal base e não
causa grandes problemas. Algumas superfícies poliméricas perdem a sua eficácia muito
rapidamente devido à grande “atividade” superficial das moléculas do polímero. De uma maneira
geral, os metais têm uma pequena vida de armazenamento e devem ser usados o mais
rapidamente possível após a preparação da superfície.
Segundo trabalho realizado por Louro et al.(2011), caso seja necessário um
armazenamento prolongado, pode-se resolver o problema de três formas:
1. Colocar as partes num recipiente de ambiente controlado;
2. Usar uma proteção “mecânica”, constituindo um filme (em geral polímero) na
superfície;
3. Revestir as partes a colar com um primário após a preparação da superfície.
O primário protege a superfície tratada e interage depois com o adesivo. Muitos primários
são vendidos em conjunto com o adesivo para esse efeito. Alguns também aumentam a
resistência à corrosão e continuam a proteger a superfície quando posta em serviço.
II.11 Transferência de Calor
Em (Silva, 2006), transferência de calor (ou somente calor) é definido como a energia em
trânsito, capaz de cruzar a fronteira de um sistema devido a uma diferença de temperatura, ouseja,
sempre que existir diferença de temperatura em um meio, ou entre meios, ocorrerá transferência
de calor. A Figura II. 7 exemplifica esse processo: se dois corpos a diferentes temperaturas são
colocados em contato direto, ocorrerá uma transferência de calor do corpo de temperatura mais
elevada para o corpo de menor temperatura, até que haja equivalência de temperatura entre eles.
Quando isto acontece, diz-se que o sistema atingiu o equilíbrio térmico.
19
Figura II. 7 - Transferência de calor entre corpos a diferentes temperaturas (Imagem retirada da
internet: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/oitava_serie/Calor3.php)
Existem três diferentes processos de transmissão de calor, também chamados de
mecanismos de transferência de calor: condução, convecção e radiação. A seguir, cada um
desses processos será descrito de forma mais detalhada.
II.11.1 Condução
A transferência de calor por condução consiste na transferência de energia térmica entre
as partículas que compõem o sistema. Essas partículas que formam o sistema recebem energia e,
desta forma, passam a agitar-se com maior intensidade. Essa agitação transfere-se de partícula
para partícula até que se propague por toda a extremidade do sistema, ou seja, este tipo de
transferência de calor ocorre de átomo para átomo, em virtude de um gradiente de temperatura, de
acordo com o demonstrado na Figura II. 8.
Figura II. 8 - Transmissão de calor por condução em meio sólido (Ordenes et al., 2008)
20
A transferência de calor por condução em uma parede plana obedece à Lei de Fourier,
conforme indicado na Equação 1.
𝑞" = −𝐾𝑇2−𝑇1
𝐿 (1)
Onde:
q": fluxo de calor (W/m²)
K: constante de condutividade térmica (W
m²K)
II.11.1.1 Resistência Térmica de Contato (RTC)
Quando duas superfícies condutoras são postas em contato uma com a outra e
submetidas a um fluxo de calor, uma resistência térmica relativamente elevada de temperatura é
encontrada na região de contato, fazendocom que haja um degrau de temperatura na interface dos
materiais. Essa resistência é denominada resistência térmica de contato (RTC) e surge quando os
dois materiais não são ajustados perfeitamente, aprisionando uma camada composta.
O exame de uma área da zona de contato mostra que os corpos sólidos se tocam
somente no pico da superfície e que o espaço entre eles é ocupadopor um fluido ou pelo vácuo
(Quaresimin & Ricotta, 2006). A existência de uma resistência de contato se deve, principalmente,
aos efeitos da rugosidade da superfície. Pontos de contato se entremeiam com falhas que são, na
maioria dos casos, preenchidas com ar, conforme se pode observar na Figura II. 9. A transferência
de calor é, portanto, devido à condução de calor através da área de contato real e à condução e/ou
radiação através dos interstícios (Incropera et al., 2008).
21
Figura II. 9 - Queda de temperatura devido à resistência térmica de contato (Cordeiro, 2014)
Ao longo dos anos, diversos trabalhos foram realizados com o objetivo de se determinar a
RTC em diferentes tipos de juntas. No trabalho de Gaynes et al.(1995) foi avaliada a resistência de
contato para adesivos isotrópicos eletricamente condutivos. Já em Yeh & Lin (2003), o estudo
experimental da resistência térmica de contato foi realizado para contatos metálicos em juntas
aparafusadas, analisando três tipos de interfaces diferentes: Al / Al, Cu / Al e contatos S / Al.
Em Merril & Garimella (2011), foi feita a medição e predição da resistência térmica de
contato para juntas revestidas, através dos métodos experimental e numérico. Foram utilizados
três substratos (cobre, latão e alumínio) com três revestimentos (prata, níquel e estanho), para
uma grande variedade de espessuras de revestimento, rugosidade do substrato e carga de
contato. O modelo determina a área efetiva de contato e o número de contato de asperezas de
uma articulação; a resistência é determinada através de cada aspereza de contato individual.
O trabalho realizado por Zheng et al.(2013), propõe um modelo melhorado para a RTC
em contatos sólido/sólido mecanicamente prensados, com colagem intersticial, o qual considera
tanto as deformações elásticas quanto as plásticas. Este modelo de RTC melhorada, com base na
análise da transferência de calor através das juntas coladas, mostra que a resistência térmica
conjunta, RTJ, é modelada como a soma da RTC e a resistência do material de colagem. O
modelo indica que a RTJ depende da área de ligação, espessura da linha de ligação,condutividade
térmica do material de ligação, pressão aplicada inicialmente, rugosidade da superfície e da
resistência térmica dos contatos nus.
Existem diferentes formas de se reduzir a resistência de contato entre duas superfícies;
uma delas é com a redução da rugosidade superficial, ou seja, ao aumentar a área dos pontos de
22
contato entre as paredes – esse mesmo efeito também pode ser conseguido ao se aumentar a
pressão de junção. Outra forma é com a utilização de um fluido com elevada condutividade térmica
para preencher o espaço entre as falhas ou o uso de materiais intersticiais (metais macios e
graxas térmicas) ou de juntas (resinas epóxi, soldas ricas em chumbo, ligas de ouro e estanho)
entre as paredes.
A resistência térmica de contato pode ser determinada de três formas: método
experimental, método misto (análise experimental e análise numérica) e método teórico. Este
trabalho busca realizar a demonstração pelométodo misto erealizar uma comparação dos
resultados. Será analisada a influência dos diferentes tipos de rugosidade na resistência térmica
de contato de duas peças metálicas unidas por uma resina epóxi.
A análise pelo método experimental busca determinar a temperatura na interface das
peças, através da medição direta das temperaturas superficiais. Já o método misto consiste na
comparação das curvas experimentais de resfriamento da amostra com as curvas teóricas de
resfriamento da mesma, calculadas para valores arbitrários da RTC. O valor procurado
corresponderá a apenas uma das curvas teóricas, mais especificamente àquela que mais se
aproxima da curva experimental.
Para o cálculo teórico, sempreque existir uma resistência térmica de contato, é necessário
que apareça uma condutância ℎ𝐶 entre as faces. Esta é posta em série com o meio condutor, em
ambos os lados, conforme mostra a Figura II. 10, que, além de demonstrar a variação da
temperatura ao longo da superfície entre dois materiais, também faz uma analogia com a
resistência elétrica relativa ao problema.
Figura II. 10 - Condutância entre faces e analogia com a resistência elétrica (Cordeiro, 2014)
23
Para uma área de superfície unitária, a resistência térmica de contato é definida pela
Equação 2 :
𝑅𝑡𝑐 =𝑇1−𝑇2
𝑞" (2)
Onde :
𝑇1 : Temperatura na superfície1 da interface
𝑇2 : Temperatura no superficie 2 da interface
𝑞" : Fluxo de calor
II.11.2 Convecção
A transferência de calor por convecção é a forma de transferência de calor comum para
os gases e líquidos. Ocorre entre um fluido em movimento e uma superfície quando os dois se
encontram a diferentes temperaturas, conforme indicado na Figura II. 11.
Figura II. 11 - Transferência de calor por convecção (Ordenes et al., 2008)
A transferência acontece tanto pelo movimento molecular aleatório quanto pelo
movimento global do fluido. Ela pode ser natural (também chamada de livre), na qual o movimento
do fluido é dado somente por diferenças de densidade, que ocorrem devido aosgradientes de
24
temperatura; ou forçada, no qual o movimento do fluido é gerado por uma fonte externa (bomba,
ventilador, dispositivo de sucção, entre outros).
Uma forma simples de se explicar o mecanismo de convecção natural é imaginar a
situação de uma água sendo posta para ferver em um fogão (Figura II. 12). Aparte que está
próxima ao fogo será a primeira a aquecer. Quando isso ocorre, sofre expansão e fica menos
densa que a água da superfície, deslocando-se para cima, enquanto a parte mais fria e densa
move-se para baixo. Esse ciclo repete-se várias vezes formando a chamada corrente de
convecção, que é ocasionada pela diferença entre as densidades. A parte aquecida entra em
contato inúmeras vezes com a parte fria até que o calor seja transferido para todo o líquido,
aquecendo-o igualmente.
Figura II. 12 - Formação da corrente de convecção (Hernandez, 2014)
Considerando que a temperatura da superfície é maior que a do fluido, o fluxo de calor
pode ser definido pela lei de Newton, representada na Equação 3:
𝑞" = ℎ(𝑇𝑠 − 𝑇∞) (3)
Onde:
q": Fluxo de calor convectivo
h: Constante de convecção
Ts: Temperatura da superfície (ºC)
T∞: Temperatura do fluido (ºC)
25
II.11.2.1 Convecção Natural
Nos casos de convecção natural, a troca de calor acontece entre um sólido (superfície
plana) e um fluido (ar), mas o movimento do fluido não é forçado externamente por bombas,
ventiladores mecânicos ou vento, conforme ocorre na convecção forçada. As situações de
convecção natural são originadas por duas forças: o peso próprio do fluido (campo gravitacional) e
as forças devidas ao gradiente de densidade de massa no fluido relacionado com sua variação de
temperatura (Ordenes et al., 2008).
Na transmissão de calor por convecção, existe um grupo de parâmetros adimensionais
que descrevem o processo na camada limite. Sendo assim, um deles é o número de Grashof,
representativo da relação entre a força de empuxo e as forças viscosas no fluído (Ordenes et al.,
2008), conforme Equação 4.
𝐺𝑟 =(𝑔𝛽(𝑇𝑠−𝑇∞)𝐿3)
𝑣² (4)
Onde:
𝑔: aceleração da gravidade (m/s²)
𝛽: coeficiente de expansão térmica do fluido (𝐾−1)
𝑇𝑠: temperatura da superfície (ºC)
𝑇∞: temperatura ambiente (ºC)
L: espessura (m)
𝑣: velocidade mássica média (m²/s)
É usual correlacionar sua ocorrência em termos de número de Rayleigh, que é o
produto dos números de Grashof e Prandtl (Incropera et al., 2008). Para placas planas, o número
de Rayleigh crítico é expresso pela Equação 5.
𝑅𝑎 =(𝑔𝛽(𝑇𝑠−𝑇∞)𝐿3)
𝑣𝛼 (5)
Onde:
𝛼: difusividade térmica (m²/s)
Sendo o comprimento característico definido pela Equação 6.
𝐿 =𝐴
𝑃 (6)
26
Sendo:
A: área superficial (m2)
P: perímetro da placa (m)
O cálculo do coeficiente convectivo para a convecção natural depende do coeficiente de
expansão térmica do fluido, 𝛽, que a partir de uma aproximação para os gases perfeitos, pode ser
calculado pela Equação 7.
𝛽 =1
𝑇𝑓 (7)
Onde 𝑇𝑓: temperatura de filme (K)
Para placas horizontais com a troca de calor na superfície superior, usa-se a Equação 8
como forma de encontrar o número de Nusselt, que proporciona uma medida da transferência
convectiva de calor na superfície:
𝑁𝑢 = 0,54𝑅𝑎1 4⁄ (105 ≤ 𝑅𝑎 ≤ 107) (8)
Sendo:
𝑅𝑎: Número de Rayleigh
Por fim, tem-se o coeficiente de convecção associado às faces, sendo representado pela
Equação 9.
ℎ̅ =𝑁𝑢̅̅ ̅̅ 𝑘
𝐿 (9)
Onde 𝑘 : coeficiente de condutividade térmica (W/m)K
II.11.3 Radiação
A radiaçãotérmica, também conhecida como irradiação, é uma forma de transferência de
calor que ocorre por meio de ondas eletromagnéticas. Como essas ondas podem propagar-se no
vácuo, não é necessário que haja contato entre os corpos para existir transferência de calor.
Todos os corpos emitem radiações térmicas que são proporcionais à sua temperatura. Quanto
maior a temperatura, maior a quantidade de calor que o objeto irradia (Hernandez, 2014).
Ao longo do desenvolvimento deste trabalho, a radiação emitida pelo corpo de prova será
percebida pela câmera termográfica, que fará a imagem da variação de temperatura na peça
através dessas ondas, conforme será explicado mais à frente.
27
II.12 Termografia
A termografia é uma técnica de ensaio não destrutivo que se baseia no mapeamento
térmico para obtenção de regiões danificadas ou defeituosas do objeto, dentre outras aplicações.
O ensaio termográfico mede as perturbações do fluxo de calor, gerado interna ou externamente
pelos objetos estudados. Esta perturbação do meio produz um desvio na distribuição da
temperatura superficial da peça captada através da câmera termográfica, gerando uma imagem.
A transferência de calor por radiação é primordial para a medição da temperatura através
da termografia infravermelha, que detecta a radiação proveniente do objeto sob inspeção, mais
especificamente a radiação infravermelha (Figura II. 13). O aparelho usado para a análise
termográfica visual é uma câmera infravermelha, a qual através das ondas infravermelhas, capta a
radiação emitida pelos corpos; estas variações de temperatura são convertidas em imagens
coloridas, nas quais cada cor corresponde a uma determinada temperatura.
Figura II. 13 - Espectro visível e dos infravermelhos (Imagem retirada da internet:
http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2007/12/espectro-visivel-da-luz.jpg)
II.12.1 Fatores externos que influenciam na medição da termografia
Segundo (Barreira, 2004), por mais simples que pareça este ensaio não destrutivo, a
análise dos resultados pode ser complicada e até conduzir a conclusões erradas se certos
cuidados não forem tomados antes e durante a realização do ensaio. De acordo com o autor, é
possível confundir defeitos da peça analisada com irregularidades na temperatura superficial,
devido a alguns fatores externos como:
28
condições térmicas do objeto e do meio em que se encontra, antes e durante o
ensaio;
presença de fontes externas (sombra, reflexão, superfícies com diferentes
acabamentos);
condições de medição (emissividade temperatura do ar, distância entre a câmera
e o objeto, ângulo de observação).
A emissividade pode ser definida pela razão entre a energia radiante emitida por uma
superfície real e a energia emitida pelo corpo negro. Mediante isso a capacidade de emissão dos
corpos reais tem valor 0<ε<1.
A Figura II. 14 demonstra a emissividade como uma propriedade de superfície que
determina a capacidade dessa superfície em emitir radiação. Os valores de emissividade vão de
zero (refletor perfeito) a um (emissor perfeito - corpo negro).
Figura II. 14 - Emissividade de um corpo (Neto, 2014)
Onde:
𝐸𝑟: Energia refletida pelo corpo
E0: Energia emitida pelo corpo
Et: Energia transferida para o corpo
Fatores como a qualidade da superfície, o comprimento de onda, o formato do objeto, a
temperatura, o ângulo de visão, além da presença de sujeira, oxidação e corrosão, fazem com que
o valor da emissividade varie (Epperly et al., 1997). A Figura II. 15 apresenta a variação da
emissividade espectral de alguns metais em relação ao comprimento de onda, mostrando que,
29
quanto maior for este comprimento,a emissividade tende a diminuir. Já para o casodos não-metais,
a mesma tende a aumentar, apesar de apresentar uma forma aleatória (Figura II.16).
Figura II. 15 Emissividade espectral de alguns metais: cobre (1); ferro(2); alumínio(3); prata(4)
(Barreira, 2004)
Figura II. 16 - Emissividade de alguns não-metais: água(1); terra(2); plástico(3) (Barreira, 2004)
Como os Termovisores não medem diretamente a temperatura, mas a radiação, as
leituras de temperatura fornecidas por estes tornam-se muito dependentes dessa propriedade,
como mostra a Figura II. 17.
Figura II. 17 - Termografia em uma distribuição de linha de transmissão (Santos, 2006)
30
Capítulo III. Procedimento Experimental
III.1 Materiais
Para a realização do experimento, foram utilizados os seguintes materiais:
- Seis amostras de aço 1020, de dimensões 100 x 50 x 20 mm;
- Máquina polidora - modelo aropol 2V (Arotec – Brasil)
- Rugosímetro - modelo rugosurf 10 (TESA–Brasil);
- Massa epóxi bi componente – Polimetálico 2040 HTS (Polinova – Brasil);
- Aparato com madeira MDF e lã de vidro;
- Forno com controlador PID (JUNG – Brasil)
- Placa aquecedora - Modelo C-MAG HP 7 (IKA – China);
- Dois termopares do tipo K (ECIL – Brasil)
- Câmera termográfica FLIR A-320 IR (FLIR – USA)
III.2 Preparação dos Corpos de Prova
Inicialmente, todas as seis amostras de aço 1020 com espessura de 20 mm, largura de
50mm e comprimento de 100mm, sofreram um jateamento superficial com granalha do tipo G40,
como forma de encontrar uma mesma superfície externa entre elas, para, quando em contato com
a placa térmica, a transferência de calor da placa para o corpo de prova se dê da mesma maneira
para as três amostras.
O jateamento teve como objetivo proporcionar à peça uma superfície com alta
rugosidade, impedindo que houvesse reflexos durante a filmagem com a câmera termográfica;
além de resultar numa amostra limpa, com a retirada total dos óxidos e carepas de laminação, a
superfície do metal ficou conforme mostrado pela Figura III. 1.
Figura III. 1 - Amostra de aço 1020 jateada
31
Entretanto, com o objetivo de proporcionar três superfícies de análise distintas, duas das
amostras sofreram lixamento em apenas uma de suas superfícies (que será colada), através do
método manual, com a utilização de uma lixa 100, de forma a reduzir a rugosidade, conforme
mostrado na Figura III. 2.
Figura III. 2 - Amostra de aço 1020 sendo lixada com lixa 100
Por último, outras duas peças passaram pelo processo de polimento (também apenas na
superfície que será colada), de forma a se obter uma rugosidade ainda menor, quase mínima, para
posterior observação do comportamento da resistência térmica de contato nos diferentes
acabamentos.
Esse processo também consistiu no lixamento manual, com a utilização de 6 lixas
metalográficas (de números 100 a 600) em ordem crescente – do grão mais grosseiro ao mais
fino. Ao final do lixamento manual, passou-se para a máquina de polimento, onde as mesmas
foram polidas com pastas de diamante de 6µm, 3µm e 1µm – até atingir o melhor acabamento –, e
o resultado foi uma superfície espelhada, com poquíssima rugosidade, conforme mostrado na
Figura III. 3.
A Figura III. 4 apresenta o resultado final das três peças lado a lado.
32
Figura III. 3 - Processo de polimento da amostra de aço 1020
Figura III. 4 - Diferentes acabamentos superficiais para amostras de aço 1020
III.3 Medição da Rugosidade
Após a preparação das superfícies dos corpos de prova, foi realizada a verificação do
valor da rugosidade nos três tipos de acabamento superficial, para confirmar se de fato haviauma
diferença relevante entre eles, validando, assim, as amostras como ideais para a realização do
experimento.
Foram realizadas três medições em cada peça, em pontos e direções diferentes, e tomou-
se como resultado a média dessas três medidas.
A Figura III. 5 mostra o rugosímetro utilizado (modelo rugosurf 10 da marca TESA–Brasil)
e o ensaio na amostra lixada. Os resultados obtidos podem ser observados na Tabela III. 1 abaixo,
sendo:
comprimento de ensaio utilizado: 2.5mm;
número de Cut-off: 5.
33
Figura III. 5 - Rugosímetro portátil
Tabela III. 1- Medições dos parâmetros de rugosidade
Placa Jateada
Placa Lixada
Placa Polida
1ªmed
(µm)
2ªmed
(µm)
3ªmed
(µm)
Média
(µm)
1ªmed
(µm)
2ªmed
(µm)
3ªmed
(µm)
Média
(µm)
1ªmed
(µm)
2ªmed
(µm)
3ªmed
(µm)
Média
(µm)
Ra 2,31 2,97 2,83 2,70 0,64 0,54 0,65 0,61 0,04 0,06 0,04 0,05
Rq 2,71 3,79 3,42 3,31 0,79 0,70 0,89 0,79 0,06 0,07 0,05 0,06
Rt 14,68 20,81 15,93 17,14 5,64 4,84 6,35 5,61 0,40 0,52 0,35 0,42
Rz 10,02 15,43 13,17 12,87 3,76 3,55 4,43 3,91 0,31 0,39 0,28 0,33
Rc 6,99 8,99 7,89 7,96 1,77 1,46 1,97 1,73 0,10 0,12 0,11 0,11
Rsm 83,00 92,00 82,00 85,67 29,00 36,00 40,00 35,00 9,00 13,00 10,00 10,67
Onde:
Ra: rugosidade média ou aritmética, determinada em função da linha média do perfil de
rugosidade.
Rq: rugosidade quadrática média. Este parâmetro acentua o efeito dos valores do perfil
que se afastam da média.
Rt: rugosidade máxima, definido como o maior valor das rugosidades parciais que se
apresenta no percurso da medição
Rz: corresponde à distância vertical entre o pico mais alto e o vale mais profundo no
comprimento de medição, independente dos valores de rugosidade parcial
Rc: valor médio aritmético das amplitudes de todos os picos e vales.
Rsm: largura média de um elemento do perfil
34
O parâmetro utilizado para comparação das rugosidades foi o Ra, ou seja, a rugosidade
média do perfil. Os resultados corresponderam ao esperado: a amostra jateada, apresentou a
maior rugosidade (2,70µm), a amostra lixada apresentou um valor de rugosidade intermediário
(0,61µm) e a polida apresentou a menor rugosidade (0,05µm); com diferenças significativas entre
as três. Desta forma obtiveram-se três acabamentos superficiais diferentes e suficientes para dar
segmento ao experimento a fim de posterior comparação da influência da rugosidade na
resistência térmica de contato de juntas coladas.
III.4 Aplicação da massa epóxi nas amostras de aço
Foi aplicada sobre as superfícies das amostras a massa epóxi, preparada conforme
instrução do fabricante (Figura III. 6). As amostras foram coladas duas a duas, conforme seus
acabamentos superficiais (polida, lixada e jateada). Duas placas de aço, com espessura de
0,75mm, foram utilizadas como gabarito para garantir a espessura de adesivo (Figura III.7).
Figura III. 6 - Massa epóxi utilizada para colagem das amostras de aço
35
Figura III. 7 - Processo de colagem
A seguir, as amostras seguiram para o forno a 100ºC (Figura III. 8), onde ficaram durante
24h, respeitando o tempo de cura do adesivo indicado pelo fabricante. O forno utilizado foi da
marca JUNG, modelo 1813, com controlador PID, que atinge temperatura máxima de 1300°C
Figura III. 8 - Processo de cura do adesivo
III.5 Preparação e montagem do aparato
Ao longo do desenvolvimento experimental foram feitos dois tipos de análises: a primeira
considerando o corpo de prova posicionado sobre a fonte térmica e em contato com o ar ambiente,
havendo assim a troca de calor por convecção natural entre a peça e o meio. A segunda análise
36
será feita de forma a evitar a perda de calor da peça para o meio, para isto, foi necessária a
construção de um aparato com função de isolante térmico.
O material escolhido foram placas de madeira MDF, com 3mm de espessura, compostas
por uma mistura de fibras de madeira com resina. As placas foram montadas de maneira a se
formar uma caixa com abertura em apenas uma de suas laterais (onde será posicionada a câmera
para filmagem termográfica). Em seu interior, a caixa foi recoberta com lã de vidro (Figura III. 9),
que, devido suas propriedades, é um dos mais tradicionais isolantes térmicos utilizados. Além de
sua baixíssima condutividade térmica, não atacadas superfícies com as quais está em contato.
O aparato foi construído de forma que a peça se encaixe perfeitamente em seu interior, a
fim de não sobrar espaços para que exista a troca de calor por convecção.
O acúmulo de calor no interior da caixa fará com que se alcance a temperatura ideal na
superfície superior em um intervalo de tempo menor que o modelo aberto, fazendo assim com que
a resistência térmica de contato para esse grupo de amostras, tenda a zero mais rapidamente que
o grupo de amostras não isolado; porém em nada vai alterar o valor do fluxo de calor que
atravessa a peça, já que a placa térmica utilizada emitirá calor a temperatura constante e igual em
todos os casos, e a superfície inferior da peça, em contato com a placa, é igual para todas as
amostras.
Figura III. 9 - Aparato para isolamento térmico das amostras
III.6 Medição via termopares
O modelo experimental tem como objetivo uma comparação da influência do parâmetro
rugosidade na resistência térmica de contato de juntas coladas. Para a obtenção desta resistência
através do método experimental, é essencialmente importante a determinação das temperaturas
na interface das juntas coladas, baseadas na medição direta das temperaturas das superfícies
superiores e inferiores.
37
Para isso, as três amostras de aço com diferentes rugosidades, citadas anteriormente,
unidas com adesivo de base epóxi, foram encaixadas no aparato construído como isolante térmico
e colocadas sobre uma fonte de calor, com a superfície inferior apoiada na placa, que emite calor
de maneira constante durante um determinado período de tempo. Termopares foram fixados na
superfície superior da amostra, em pontos diferentes, a uma profundidade de 0,004m, a fim de
medir a variação da temperatura de saída com o tempo.
Foi utilizada uma fonte térmica, do modelo C-MAG HP 7, da marca IKA, com temperatura
de entrada fixada em 70°C. O termopar escolhido foi do tipo K da marca ECIL, que apresenta
baixo custo e de fácil utilização. A faixa de leitura deste sensor varia de -100 °C a 300 °C, e tem
um erro de aproximadamente 2°C. A temperatura do ambiente onde foi realizado o experimento foi
mantida durante todo o tempo, variando entre 28 a 30ºC.
Os termopares foram conectados a um sistema de aquisição de dados (HBM Spider 8) e
utilizou-se também o software de medição Catman da HBM. Em todos os experimentos usou-se
uma taxa de aquisição de 50 Hz.
A Figura III. 10 a, b, c, a seguir, mostram a montagem do experimento.
Cada amostra foi observada isoladamente durante 1 hora e 10 minutos (4200 segundos),
tempo necessário para que a temperatura na superfície superior estabilizasse e se igualasse à
inferior. Neste momento, considera-se que o sistema encontra-se em equilíbrio térmico, facilitando
a posterior análise analítica.
38
Figura III. 10 - Montagem experimental para análise de temperatura com termopar –
amostra com caixa isolante
A seguir são apresentadas as curvas obtidas através dos termopares - conectados na
superfície superior de cada uma das amostras-, que demonstram o comportamento da
temperatura ao longo do tempo para o conjunto de amostras isoladas termicamente (Figuras III.
11, III. 12 e III. 13).
39
Figura III. 11 - Comportamento da temperatura ao longo do tempo para a amostra de aço jateada,
isolada termicamente
Figura III. 12 - Comportamento da temperatura ao longo do tempo para a amostra de aço lixada,
isolada termicamente
40
Figura III. 13 - Comportamento da temperatura ao longo do tempo para a amostra de aço
polida, isolada termicamente.
Logo após, foi feita a mesma análise, agora para a amostra sem a caixa isolante. A Figura
III. 14 mostra a montagem experimental para este caso.
Figura III. 14 - Montagem experimental para análise de temperatura com termopar – amostra com convecção.
41
Quando se retira o aparato de isolamento térmico, a peça passa a perder calor mais
rapidamente para o meio e, consequentemente, demora mais tempo até que a temperatura na
superfície superior se estabilize e se crie a condição de equilíbrio térmico. Portanto, para este tipo
de ensaio, considerando as mesmas condições, foi necessário um tempo de observação de uma
1h e 30min (5400 seg.) até que houvesse a estabilização da temperatura.
As curvas representadas nas Figuras III. 15, III. 16 e III. 17 foram obtidas através dos
termopares conectados na superfície superior de cada uma das amostras, e demonstram o
comportamento da variação da temperatura ao longo do tempo para o conjunto de amostras sem
isolamento térmico, durante o período de 1 hora e 30 minutos (5400 segundos), juntamente com
as respectivas tabelas, para cada uma das peças.
Figura III. 15 - Comportamento da temperatura ao longo do tempo para a amostra de aço jateada,
sem isolamento térmico
42
Figura III. 16 - Comportamento da temperatura ao longo do tempo para a amostra de aço lixada,
sem isolamento térmico
Figura III. 17 - Comportamento da temperatura ao longo do tempo para a amostra de aço polida, sem isolamento térmico.
43
Os valores das temperaturas encontrados ao longo do experimento com o termopar serão
utilizados para o posterior cálculo analítico, na intenção de se achar o valor da RTC na junta
colada, além de serem primordiais para a calibração da câmera termográfica e do modelo
numérico.
III.7 Validação por análise termográfica
Dando prosseguimento, foi realizada uma análise termográfica das amostras, usando-se
uma câmera do tipo FLIR A-320 IR, com o objetivo de se conhecer o perfil de temperatura atuante
na peça.
Como já citado anteriormente, a câmera utilizada para a análise termográfica visual é do
tipo infravermelha, que capta a radiação proveniente dos corpos de prova através das ondas
infravermelhas e converte as variações de temperatura em imagens coloridas; cada cor
corresponde a uma determinada temperatura.
Objetiva-se, através desta análise, ter uma ideia visual do momento e do lugar em que
ocorre a resistência térmica de contato na amostra e, além disso, obter a temperatura que ocorre
na junta colada, para posterior cálculo analítico que mostrará o valor da RTC para cada
rugosidade.
A Figura III. 18 mostra a montagem do experimento; posiciona-se a câmera termográfica
de frente para a amostra e a imagem gerada é enviada em tempo real para o computador. Para
este ensaio, o ambiente mantido é de 28ºC, e todas as luzes apagadas, a fim de que não aconteça
nenhuma interferência nos resultados.
Figura III. 18 - Montagem experimental para análise de temperatura com câmera termográfica
44
O tempo de observação com a câmera infravermelha foi exatamente o mesmo tempo de
observação da análise com o termopar, ou seja, 4200 segundos para cada amostra isolada
termicamente e 5400 segundos para cada amostra sem isolamento térmico (tempo suficiente para
a estabilização da temperatura).
A sequência de imagens a seguir (Figura III. 19 e Figura III. 20) mostrará as fotos obtidas
através da câmera no início do experimento (t=5s), durante– no momento em que fica mais
evidente a resistência térmica de contato (t=1400s para a amostra isolada e t=1800 para a amostra
com convecção) – e ao final (t=4200s para a amostra isoladae t=5400s para a amostra com
convecção), para o modelo isolado e não isolado.
Figura III. 19 - Imagens da câmera termográfica – Amostra com caixa isolante: início (t=5s), meio
(t=1400s) e fim (t=4200s), respectivamente.
Figura III. 20 - Imagens da câmera termográfica – Amostra sem caixa isolante: início (t=5s), meio
(t=1800s) e fim (t=5400s), respectivamente.
Além das imagens, o método de análise por termografia também fornece um gráfico
temperatura versus tempo para qualquer ponto ou região escolhido da peça, desta forma,
podemos tirar algumas das temperaturas necessárias para o cálculo analítico.
45
Para a validação por análise termográfica, foi feita uma comparação entre os dois
métodos: termopar e termografia. A Figura III. 21 representa a validação para a amostra jateada
com caixa isolante. Nas imagens geradas pela câmera, os pontos foram posicionados exatamente
no mesmo lugar onde esteve posicionado o termopar, e com isso pôde-se comparar a variação da
temperatura obtida por cada método e ajustar os parâmetros da câmera (emissividade, distância,
entre outros) de forma a deixar a curva de temperatura o mais próximo possível da curva do
termopar.
A curva utilizada para o termopar foi uma média das outras duas curvas encontradas
anteriormente.
Figura III. 21 - Validação do ensaio termográfico – Comparação dos métodos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
Tem
per
atu
ra (
°C)
Tempo (s)
Comparação dos métodos (câm x termopar)
Média Termopar (°C) Câmera (°C)
46
Tabela III. 2 - Comparação entre os métodos de medição de temperatura por termopar e
termografia
Dados - Jateada com caixa
Tempo (s) Termopar 1 (°C) Termopar 2 (°C) Média
Termopar (°C) Câmera (°C) Erro
300 31,78 33,36 32,57 34,30 2%
600 37,40 39,28 38,34 40,10 2%
1200 47,03 48,89 47,96 48,80 1%
1800 54,47 56,22 55,35 55,20 0%
2400 60,02 62,35 61,19 60,20 -1%
3000 64,59 66,82 65,71 63,90 -2%
3600 68,08 70,60 69,34 67,10 -2%
4140 69,59 71,01 70,30 70,10 0%
Conforme pode ser observado pela Tabela III. 2 acima, o erro associado aos dois
métodos é, em geral, muito baixo, não ultrapassando 2%, que se enquadra à faixa de erro
esperado do termopar, informado pelo fabricante; estando as temperaturas bem próximas para
ambos os métodos. Portanto, pode-se considerar válido o ensaio termográfico.
Após a validação foi possível então realizar a medição da temperatura na superfície
superior da primeira amostra, imediatamente antes do adesivo, pois esta será necessária para o
cálculo da RTC entre a placa e a peça.
A Figura III. 22 mostra o comportamento da variação desta temperatura nas três amostras
de aço, na superfície superior da primeira peça, obtida através da imagem com a câmera
termográfica, seguido da Tabela III. 3, com o valor das temperaturas para os respectivos instantes.
47
Figura III. 22 - Variação da temperatura com o tempo, na superfície superior da primeira peça –
simulando condição de peça única –, para as 3 amostras de aço, obtida através da imagem com a
câmera termográfica
Tabela III. 3 - Temperaturas obtidas para as três amostras de aço, na superfície superior da primeira
peça, através da imagem com a câmera termográfica
Jateada Lixada Polida
Tempo
Temp.°C
(Cam)
Temp.°C
(Cam)
Temp.°C
(Cam)
300 36,1 40,2 45,7
600 41,7 45,2 49,2
1200 50,6 53,2 54,8
1800 57,5 59 59,5
2400 62,7 63,2 63,4
3000 66,4 66,4 66,2
3600 69,6 68,7 68,4
4140 71 70,2 70
48
Capítulo IV.Modelo Analítico
IV.1 Experimento com convecção (sem a caixa isolante)
O modelo analítico utilizado terá como base o modelo realizado no trabalho de Cordeiro
(2014). Antes da formulação dos cálculos que indicarão o valor da Resistência Térmica de Contato
para cada amostra, é apresentada, uma analogia entre o circuito térmico e umcircuito elétrico,
como forma defacilitar avisualizaçãodo problema e montagemdas equações necessárias.
Foi necessário separar a análise em dois casos: o caso 1, simulando a presença de
apenas uma peça e a fonte térmica, de forma a descobrir a resistência térmica de contato atuante
entre a peça e a placa, e utilizá-la, posteriormente, no caso 2 – fonte térmica e amostras coladas –
para enfim descobrir o valor da resistência térmica de contato na junta colada.
IV.1.1 Caso 1 – Amostra única
A Figura IV. 1 representa o caso 1 com a esquematização do problema placa aquecedora
- aço jateado. Conforme foi dito anteriormente, todas as amostras passaram antes por um
processo de jateamento e apenas a superfície a ser colada foi modificada, tem-se então que a
superfície em contato com a placa aquecedora é a mesma em todos os casos. Portanto, o modelo
do caso 1 terá um único resultado, que servirá para todas as amostras.
Figura IV. 1 -Caso 1 – Equipamento-Aço jateado-Ar (Cordeiro, 2014)
Onde:
𝑇P: Temperatura da placa (ou fonte térmica)
T1:Temperatura na amostra de aço jateado base inferior
T2: Temperatura na amostra de aço jateado base superior, obtida através da câmera
termográfica
T∞: Temperatura ambiente, no local do experimento
49
A Figura IV. 2 ilustra uma analogia à resistência elétrica, possibilitando um melhor
entendimento das variáveis presentes.
Figura IV. 2 - Analogia elétrica do caso 1 – Equipamento-Aço jateado-Ar (Cordeiro, 2014)
Onde:
𝑅𝑡𝑐1’’: Resistência térmica de contato entre a placa aquecedora e a amostra de aço
jateado por unidade de área de transferência de calor (𝑚2𝐾
𝑊)
𝐿2
𝐾2: Resistência de condução do açojateado por unidade de área (
𝑚2𝐾
𝑊)
𝑅’’𝑐𝑜𝑛𝑣: Resistência de convecção natural (𝑚2𝐾
𝑊)
Conforme dito anteriormente, a primeira incógnita a ser descoberta será a resistência
térmica de contato entre a placa aquecedora e a superfície inferior da peça, chamada aqui de
𝑅𝑡𝑐1". Para isso, é necessário conhecer a temperatura na superfície superior da peça. Esta será
obtida através da câmera termográfica e, como todas as amostras têm a superfície inferior iguais
(jateada), o resultado da 𝑅𝑡𝑐1" será o mesmo para todos os casos; então, a temperatura a ser
considerada para os cálculos será uma média das temperaturas encontradas para as três
amostras.
A Tabela IV. 1 a seguir, seleciona as temperaturas a serem utilizadas para posterior
cálculo, nos instantes de 1200, 2400 e 3600 segundos, com base nas imagens obtidas através da
câmera termográfica.
50
Tabela IV. 1 - Temperaturas, em °C, a serem utilizadas no cálculo do Caso 1
É necessário encontrar o valor da resistência térmica de contato entre a placa e a peça,
conforme para posteriormente encontrar o valor da RTC na junta colada. A metodologia de cálculo
para esse primeiro caso é apresentada a seguir.
Os cálculos apresentados a partir de agora serão apenas para o instante de 1200
segundos, considerando que para todas as outras amostras, em qualquer dos instantes, o cálculo
será exatamente o mesmo, alterando somente o valor da temperatura o valor da temperatura
respectiva para cada amostra.
Primeiramente se faz necessário o cálculo da temperatura de filme, que representa a
temperatura de um fluido em uma superfície interna de um aquecedor. A mesma é encontrada
através da média da temperatura da superfície superior da peça jateada (T2) e a temperatura de
corrente livre (T∞). Sendo a última medida e conservada a 28°C durante todos os experimentos,
como forma de minimizar os erros e manter o ambiente experimental igual para todos os casos
estudados; e a primeira obtida através da câmera termográfica como uma média das 3 amostras,
conforme dito anteriormente.
A temperatura de filme pode ser encontrada utilizando a Equação 10, que segue:
𝑇𝑓 =𝑇2+𝑇∞
2 (10)
Onde:
T∞ = 28ºC
T2 = 52,87°C
𝑇𝑓 =52,87 + 28
2= 40,43°𝐶 + 273 = 313,43 𝐾
1200s 2400s 3600s
Aço jateado 50,6 62,7 68,6
Aço lixado 53,2 63,2 67,7
Aço polido 54,8 63,4 67,4
Média 52,9 63,1 67,9
Tempos
Temp. na superfície superior primeira peça
(ºC), obtida através da câmera termográfica
Amostras
51
As propriedades da temperatura de filme (Tf = 313,43K) foram encontradas através da
interpolação dos valores encontrados na tabela de propriedades termofísicas de gases na pressão
atmosférica para o ar atmosférico (Incropera et al., 2008), e estão mostradas abaixo:
ρ = 1,104Kg/m3
𝐶𝑃= 1,007KJ
KG. K
µ = 1,909 x 10−5N s/m2
ʋ = 1,724x 10−5m2/s
ƙ = 0,0273(W/m)K
α = 2,449 x 10−5m2 /s
Pr = 0,705
O cálculo do coeficiente convectivo para a convecção natural, β, é dependente do
coeficiente de expansão térmica do fluído, que, utilizando uma aproximação para os gases
perfeitos, é calculado através da Equação 11:
𝛽 =1
𝑇𝑓 (11)
Portanto:
β = 1
313,43= 0,00319
A transição da camada limite da convecção natural depende da grandeza relativa das
forças do empuxo e das forças viscosas no fluido. É usual correlacionar sua ocorrência em termos
de número de Rayleigh, que é o produto dos números de Grashof e Prandtl. Para placas, o
número de Rayleigh crítico é expresso pela Equação 12:
Ra =(gβ(T2− T∞ )L3)
vα (12)
O comprimento característico é definido por:
L = A/P
52
Onde A é a área superficial e P o perímetro da amostra de aço polida.
Para este caso:
A=0.005 m3
P= 0.3m
L=0.005/0.3 = 0.017 m2
Com isto, pode-se, portanto, encontrar o valor de Ra:
Ra =(9.81 x 3.19 x 10−3 x (52,87 − 27)0.0173)
1.724x10−5 x 2.449x10−5= 9.056 x103
Para placas horizontais com a troca de calor na superfície superior, usa-se a Equação
13como forma de encontrar o número de Nusselt, que proporciona uma medida da transferência
convectiva de calor na superfície:
𝑁𝑢 = 0,54𝑅𝑎1 4⁄ (13)
Desta forma:
Nu̅̅ ̅̅ = 0,54 x (9,056𝑥10³)1
4⁄ = 5,27
O coeficiente de convecção associado às faces é definido pela Equação 14 e, portanto,
igual a:
h̅ =Nu̅̅ ̅̅ k
L (14)
h̅ =5.27 x 2.73 x 10−2
0.02= 7,19
W
m2. k
Por fim, pode-se encontrar o fluxo de calor através da Equação15:
q′′ = h̅ (T2 − T∞) (15)
q′′ = 7,19 (52,87 − 28) = 178,77 W/m2
Com base na analogia elétrica apresentada naFigura IV. 2, pode-se encontrar então,
através da Equação 16, o valor da temperatura na base inferior da amostra - T1-, e,
53
consequentemente, a Rtc1” pela Equação 17, que corresponde ao valor da resistência térmica de
contato entre a placa e a amostra de aço jateado.
q′′ =(T1− T2)
R′′cond=
(T1− T2)
𝐿𝐾⁄
(16)
178,77 =(T1 − 52,87 )
0.02/60,5
T1 = 52,93
Portanto:
Rtc1" =Tp – T1
q′′ (17)
Rtc1" =70 − 52,93
178, 77= 0.096
WK
m2.
A Tabela IV. 2 relaciona os resultados encontrados para a RTC entre placa/peça para
cada um dos instantes pré-determinados:
Tabela IV. 2 - Valores encontrados para RTC entre placa e peça
Valor da RTC entre placa e peça
Tempo
1200s 2400s 3600s
Rtc1" 0,096 0,025 0,006
Conclui-se que, quanto maior o tempo em que o calor é transferido da placa aquecedora
para a peça – ou seja, quanto mais próximo se chega do equilíbrio térmico – menor é a resistência
térmica de contato, já que as temperaturas tendem a se igualar, fazendo com que a RTC,
consequentemente, tenda a zero. Com isso, os resultados coerentes comprovam que o modelo
analítico utilizado funciona corretamente.
IV.1.2 Caso 2 – Amostras unidas por adesivo
A Figura IV. 3 apresenta o caso 2, que representa o experimento prático, onde as
amostras coladas são postas sobre a placa aquecedora. Para esta figura em específico, está
sendo representado o caso das amostras jateadas, porém o mesmo modelo servirá também para
as amostras lixadas e polidas.
54
Figura IV. 3 - Caso 2 – Equipamento-Aço jateado-Adesivo-Aço jateado-Ar (Cordeiro, 2014)
Sendo:
𝑇P: Temperatura da Placa
𝑇s1: Temperatura na primeira placa de aço jateado base inferior
𝑇1: Temperatura na primeira placa de aço jateado base superior
𝑇′1:Temperatura no adesivo base inferior
𝑇′2: Temperatura no adesivo base superior
𝑇2: Temperatura na segunda placa de aço jateado base inferior
𝑇s2: Temperatura na segunda placa de aço jateado base superior - Medida pelo termopar
T∞: Temperatura no local do experimento
De maneira semelhante ao que foi feito no caso anterior, a Figura IV. 4 ilustra uma
analogia à resistência elétrica, possibilitando um melhor entendimento das variáveis presentes.
55
Figura IV. 4 - Analogia elétrica do caso 2 – Equipamento-Aço jateado-Adesivo-Aço jateado-Ar
(Cordeiro, 2014)
Onde:
𝑅𝑡𝑐1’’:Resistência térmica de contato entre a placa aquecedora e a amostra de aço
jateadopor unidade de área de transferência de calor (𝑚2𝐾
𝑊 )
𝐿1
𝐾1: Resistência de condução do aço jateado por unidade de área (
𝑚2𝐾
𝑊 )
𝑅𝑡𝑐3’’: Resistência térmica de contato entre a amostra de aço jateado e o adesivo por
unidade de área de transferência de calor (𝑚2𝐾
𝑊)
𝐿3
𝐾3: Resistência de condução do adesivo por unidade de área (
𝑚2𝐾
𝑊 )
𝑅’’𝑐𝑜𝑛𝑣: Resistência de convecção natural (𝑚2𝐾
𝑊)
Tendo agora conhecido o valor da RTC entre a placa e a peça, pode-se entãocalcular
finalmente o valor da RTC na junta colada de cada amostra, que é o objetivo deste trabalho. Para
isso, é necessário conhecer o valor da temperatura na superfície superior da amostra colada, que
foi obtida através da utilização do termopar.
A Tabela IV. 3 indica os valores médios de temperatura que serão utilizados durante os
cálculos, para cada amostra e em cada um dos instantes selecionados no item anterior.
56
Tabela IV. 3 - Temperaturas, em ºC, a serem utilizadas no cálculo do Caso 2
Média das temperaturas (°C) fornecidas pelo
termoparna superf. superior das amostras coladas
Amostras Tempos (s)
1200 2400 3600
Aço jateado 49,98 59,39 65,85
Aço lixado 49,44 58,81 64,2
Aço polido 51,25 60,9 66,09
Assim como nos cálculos do Caso 1, os cálculos apresentados a partir de agora são
apenas para a amostra de aço jateada no instante de 1200 segundos, considerando que, para
todas as outras amostras, em qualquer dos instantes, o cálculo será exatamente o mesmo,
alterando somente o valor da temperatura para cada amostra e substituindo o valor da Rtc1" para
o respectivo instante.
Seguindo a mesma linha de desenvolvimento que foi previamente realizada para o caso
1, o caso 2 será baseado nas mesmas expressões matemáticas.
Sendo assim:
T f =49,98 + 28
2= 38.98°C = 311,98K
As propriedades da temperatura de filme (T f = 311,98K) foram encontradas através da
interpolação dos valores encontrados na tabela de propriedades termofísicas de gases na pressão
atmosférica para o ar atmosférico(Incropera et al., 2008).
ρ = 1.1107 Kg/m3
Cp = 1.0074KJ
KG. K
μ = 1.902 x 10−5 N s/m2
v = 1.709 x 10−5m2 /s
k = 2.718 x 10−2 (W/m)K
α = 2.427 x 10−5m2 /s
Pr = 0.705
Sendo, portanto, o valor do coeficiente de expansão térmica:
57
β =1
Tf=
1
311,98= 3.20 x 10−3K−1
O comprimento característico será o mesmo apresentado anteriormente, já que o
tamanho das amostras de aço são os mesmos. Portanto:
L = A/P=0.005/0.3 = 0.017 m2
Desta forma, pode-se encontrar o valor de Ra:
Ra =(9.81 x 3.20 x 10−3 x (49,98 − 27)0.0173)
1.711x10−5 x 2.429x10−5= 7,69 x 103
Sendo o número de Nusselt igual a:
Nu̅̅ ̅̅ = 0,54 x (8,18𝑥10³)1
4⁄= 5,05
E o coeficiente de convecção associado às faces:
h̅ =Nu̅̅ ̅̅ k
L=
5,05 x 2.719 x 10−2
0.04075= 3,375
W
m2. k
Onde L aqui significa a espessura total da amostra, ou seja, duas peças de 20mm mais
0,75mm de espessura de adesivo, totalizando uma amostra com espessura igual a 40,75mm.
Por fim, torna-se possível encontrar o fluxo de calor:
q′′ = 3,375 (49,98 − 28 ) = 74,17 W/m2
Abaixo apresenta-se o gráfico correlacionando o fluxo de calor emitido pela placa térmica
com a temperatura (Figura IV. 5). O comportamento da curva comprova que, com o aumento da
temperatura, o fluxo aumenta de maneira constante e linear, e se comporta da mesma maneira
para os três grupos de amostra. O resultado de R² bem próximo a 1, confirma o ajustamento da
regressão linear aos dados observados e que mais de 99% da variável dependente consegue ser
explicada pelos regressores presentes neste modelo.
58
Figura IV. 5 - Gráfico demonstrativo da variação do fluxo de calor emitido pela placa térmica com o
aumento da temperatura
Desta forma, pode-se, portanto, encontrar a temperatura T2 na base inferior da segunda
amostra de aço jateado através da Equação 16, explicitada anteriormente; e a temperatura T1 na
base superior da primeira amostra pela Equação 18:
74,17 =(T2 − 49,98 )
0.02/60,5
T₂ = 50,01°𝐶
Tp − T1 = q′′(Rtc1′′ +L1
K1) (18)
70 − T1 = 74,17 (0.096 +0.02
60,5)
T1= 62,89°C
Pela analogia elétrica, sabe-se que o somatório das resistências é o resultado da divisão
entre a diferença das temperaturas das superfícies coladas e o fluxo de calor através dela, como
mostrado na Equação 19:
59
∑ R′′ =∆T
q′′ (19)
Portanto, substituindo na equação, consegue-se chegar à resistência térmica de contato
na junta colada:
2Rtc3′′ +L3
K3=
(T1 − T2)
q′′
2Rtc3′′ +0.00075
0.302=
(62,89 − 50,01)
74,17
Rtc3′′= 0.086WK
m2 .
A Tabela IV. 4 relaciona os resultados da RTC na junta colada, obtidos para cada amostra
com convecçãonos instantes pré-determinados.
Tabela IV. 4 - Valores encontrados para RTC na junta colada de cada amostra, para o
experimento não isolado termicamente
Valor da Rtc nas juntas coladas
Amostras Tempo
1200s 2400s 3600s
Aço jateado 0,086 0,032 0,01
Aço lixado 0,094 0,036 0,016
Aço polido 0,069 0,023 0,009
A Figura IV. 6 mostra o gráfico que correlaciona a variação da RTC, para as três
amostras, com a temperatura, de forma a facilitar a comparação visual. Foi criada uma linha de
tendência linear sobre cada curva e o resultado do R² próximo a 1 para todos os casos, comprova
o ajustamento do modelo em relação aos valores observados.
60
Figura IV. 6 – Gráfico ilustrativo da variação da RTC com a temperatura, para o grupo de amostras
com convecção
Os resultados obtidos, com base na linha de tendência encontrada para cada curva,
demonstram uma resistência térmica de contato ligeiramente maior na peça com a junta jateada,
seguida da lixada e menor na polida. Significando que, para um acabamento superficial com
rugosidade maior, a resistência ao fluxo de calor na interface de contato é maior, permitindo que o
calor passe mais lentamente de uma peça para outra; enquanto que um acabamento superficial
com rugosidade quase mínima – como no caso da peça polida – faz com que a resistência térmica
seja bem menor, deixando que o calor seja transferido de uma peça para outra mais rapidamente.
Cabe ressaltar que, apesar dos resultados demonstrados terem sido apenas para três
instantes de tempo (1200, 2400 e 3600s), foi feita também a simulação para instantes aleatórios e,
em todos os casos, o valor da RTC encontrada coincindia com a curva apresentada. Portanto, os
três pontos demonstrados foram considerados válidos e suficientes para demonstrar o
comportamento da variação da RTC com a temperatura.
Além disso, o comportamento da resistência térmica de contato encontrado condiz com a
imagem visualizada através da câmera termográfica, onde nos instantes iniciais do experimento, o
61
fluxo de calor fica retido na peça inferior, significando que há ali uma alta resistência, até
determinado instante onde a resistência começa a diminuir, permitindo que o fluxo atravesse de
uma peça para outra. Portanto, conforme a temperatura vai atingindo o equilíbrio térmico, a RTC
tende a zero, até que não exista mais.
IV.2 Experimento isolado termicamente (sem convecção)
O método analítico apresentado a seguir será referente ao segundo grupo de
experimentos, onde as amostras foram colocadas sob uma caixa isolante, de forma que não
houvesse troca de calor com o meio externo e, neste caso, a transmissão de calor por convecção
deve ser desprezada, sendo a condução a única forma de troca de calor presente.
Portanto, para este segundo caso, podemos considerar que o fluxo de calor que passa da
placa térmica para a peça é exatamente o mesmo do encontrado no caso anterior, pois, como já
foi explicado anteriormente, a base da peça em contato com a placa térmica é igual para todas as
amostras e o fluxo de calor emitido pela placa é constante ao longo de todos os experimentos.
Desta forma, também pode ser utilizado, neste modelo, o mesmo valor da RTC entre placa e peça
encontrado anteriormente; visto que esta depende apenas do fluxo que atravessa a peça e da
temperatura da placa e da base da peça, que não se altera nos dois grupos de amostras.
Apenas o que diferencia um grupo do outro é que, com o isolamento térmico, haverá um
acúmulo de calor no interior da peça, fazendo com que se atinja o equilíbrio térmico em um
período de tempo mais curto e, com isso, a RTC na junta colada tenderá a zero mais rapidamente.
A Figura IV. 7 a seguir apresenta a analogia elétrica para o experimento isolado
termicamente, diferenciando-se do modelo anterior por não levar em consideração a perda de
calor por convecção; considerando aqui apenas as resistências por condução.
62
Figura IV. 7 - Analogia elétrica para o experimento isolado termicamente: Equipamento-Aço-
Adesivo-Aço
Sendo:
TP: Temperatura da Placa
Rtc1’’:Resistência térmica de contato entre a placa aquecedora e a amostra de aço por
unidade de área de transferência de calor (m2K
W )
Ts1: Temperatura na primeira placa de aço, base inferior
L1
K1: Resistência de condução do aço por unidade de área (
m2K
W )
T1: Temperatura na primeira placa de aço, base superior
Rtc3’’: Resistência térmica de contato entre a amostra de aço e o adesivo por unidade de
área de transferência de calor (m2K
W)
T′1:Temperatura no adesivo base inferio
L3
K3: Resistência de condução do adesivo por unidade de área (
m2K
W )
T′2: Temperatura no adesivo base superior
T2: Temperatura na segunda placa de aço, base inferior
Ts2: Temperatura na segunda placa de aço, base superior - Medida pelo termopar
Tem-se então a Equação 20 para o cálculo da 𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙:
63
𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 =𝑇𝑝−𝑇𝑠2
𝑞" (20)
Onde:
𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = Resistência térmica total presente no conjunto
𝑞"= fluxo de calor que atravessa o conjunto
Assim como, a resistência total também pode ser expressa pela Equação 21:
𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = Rtc1’’+L1
K1 + Rtc3’’ +
L3
K3 + Rtc3’’ +
L1
K1 (21)
𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 =Rtc1’’+2 L1
K1 + 2Rtc3’’ +
L3
K3
Já tendo conhecido todos os valores das variáveis necessárias para o cálculo, pode-se
então descobrir o valor da resistência térmica de contato na junta colada das amostras isoladas
termicamente.
A Tabela IV. 5 abaixo mostra os valores de temperatura encontrados com o termopar na
saída do conjunto, para os instantes de 1200, 2400 e 3600 segundos, que serão utilizados para os
cálculos.
Tabela IV. 5 - Valores de temperatura na saída de cada peça, encontrados através do
experimento com o termopar
Temperaturas T(t) ºc
t Jateada Lixada Polida
1200 47,96 51,15 49,34
2400 61,18 63,42 62,25
3600 68,08 68,85 68,66
Assim como foi feito nos cálculos anteriores, os cálculos apresentados a partir de agora
serão apenas para a amostra de aço jateada, no instante de 1200 segundos; visto que, para todas
as outras amostras o cálculo é exatamente o mesmo, alterando apenas o valor da temperatura
encontrada pelo termopar. Além disso, como foi provado que o fluxo de calor atua de maneira
constante para todas as amostras, pode-se utilizar para estes cálculos o mesmo valor do fluxo
encontrado anteriormente.
Tem-se então que:
𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 =𝑇𝑃 − 𝑇𝑠2
𝑞"
64
𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 =70−47,96
74,19 = 0,2971
Com isso torna-se possível a obtenção da RTC na junta colada:
𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 =Rtc1’’+2 L1
K1 + 2Rtc3’’ +
L3
K3
2Rtc3’’=𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − (2 L1
K1 +
L3
K3)
Rtc3’’= 𝑅𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙−(2
L1K1
+ L3K3
)
2
Rtc3’’=0,2971−(2
0,02
60,5 +
0,00075
0,302)
2= 0,0990
A Tabela IV. 6 abaixo relaciona os resultados da RTC na junta colada, obtidos para cada
amostra isolada termicamente, nos instantes pré-determinados.
Tabela IV. 6 - Valores encontrados para RTC na junta colada de cada amostra, para o experimento
isolado termicamente
RTC na junta colada
t Jateada Lixada Polida
1200 0,0990 0,0815 0,0803
2400 0,0241 0,0151 0,0176
3600 0,0025 0,0001 0,0005
O gráfico ilustrado na Figura IV. 8 correlaciona a variação da RTC na junta coladacom a
temperatura, para as três amostras isoladas termicamente, de forma a facilitar uma comparação
visual. Assim como no caso anterior, foi criada uma linha de tendência linear sobre cada curva e o
resultado do R² muito próximo a um, para todos os casos, comprova o ajustamento do modelo em
relação aos valores observados.
65
Figura IV. 8 - Gráfico demonstrativo da variação da RTC com a temperatura, para o grupo de
amostras isoladas termicamente.
Com os resultados obtidos graficamente e com os valores encontrados na regressão
linear, é visível o comportamento bem semelhante ao obtido no caso anterior, com a amostra
jateada apresentando um valor de RTC ligeiramente maior que as demais, seguido da lixada e por
último a polida. O que condiz com as análises descritas nas literaturas, que a rugosidade exerce
influência significativa na transmissão de calor entre superfícies coladas.
Assim como foi feito no caso anterior, a validação dos resultados foi feita com a simulação
do valor da RTC para instantes aleatórios (além dos definidos anteriormente) e confirmando se os
valores condiziam com a curva encontrada.
Além disso, os resultadosda RTC encontrados para as amostras isoladas e não isoladas
termicamente foram bem próximos, confirmando o que foi dito anteriormente, que realizar a análise
da peça criando-se um isolamento térmico, de forma a impedir que esta perca calor para o meio,
apenas faz com que se atinja o equilíbrio térmico em um período de tempo mais curto, porém, em
nada altera o valor da resistência térmica de contato na junta colada, visto que o fluxo de calor que
passa por esta, emitido pela fonte térmica, é constante para todos os experimentos.
66
Capítulo V. Modelo Numérico
A modelagem numérica é uma alternativa aos métodos experimentais e analíticos,
quando se tem um grupo muito grande a ser analisado. Com uma boa modelagem numéricaé
possível reproduzir com erros bem pequenos os resultados obtidos experimentalmente, tornando-
se possível utilizar esta modelagem em outros trabalhos, bastando para isso alguns ajustesnos
parâmetros do modelo para que se obtenha bons resultados.
A modelagem numérica realizada (Apêndice I) é ainda um modelo introdutório, que
precisa de mais estudos para de fato simular a diferença entre o comportamento das três
amostras, não sendo possível ainda, simular a diferença das rugosidades.
A modelagem numérica terá o objetivo de simular a saída de temperatura nas peças, com
base na média dos resultados obtidos para o grupo de amostras durante o experimento.
Inicialmente a modelagem é realizada empregando o valor da condutividade térmica informado
pelo fabricante da cola, ou seja, 0,302 W/mK, a fim de se obter uma curva de temperatura para
posterior aproximação com o modelo real.
O fato deste valor ser muito pequeno indica que a cola é um isolante e, portanto, apenas
uma pequena parcela do calor será capaz de atravessar da peça inferior para a superior. Na
prática, acontece que as peças não são perfeitamente lisas esuas rugosidades permitem que as
peças toquem umas nas outras em determinados pontos. Isto possibilitará, então, maior condução
de calor entre as mesmas. Conclui-se que, a segunda parte da modelagem numérica tem o
objetivo de obter o valor mais aproximado da condutividade térmica que realmente está ocorrendo
para as diferentes rugosidades. Para tanto, tem que se fazer uma aproximação da curva
encontrada anteriormente (com o valor da condutividade térmica real da cola) com a curva
experimental, para cada um dos casos.
O método numérico utilizado para a simulação destes experimentos foi o método de
elementos finitos, através do programa computacional ANSYS Mechanical APDL 16.0. A peça foi
plotada fixando a temperatura da base em 70°C, a temperatura ambiente em 28°C e o tempo de
variação da temperatura foi correspondente ao experimento realizado. As variações de
temperatura serão analisadas em dois pontos na superfície com profundidade de 4mm, que
representam os dois pontos onde foram fixados os termopares na análise experimental.
Além disso, foram utilizados os seguintes parâmetros para modelagem do aço:
Coeficiente de condutividade térmica (K) = 60,5 𝑊 𝑚𝐾⁄
Massa específica (ρ) = 7860 𝑘𝑔 𝑚³⁄
Calor específico (C) = 486 𝐽 𝑘𝑔𝐾⁄
67
E os mesmos parâmetros para a modelagem do adesivo, de acordo com as informações
obtidas diretamente pelo fabricante:
Coeficiente de condutividade térmica (K) = 0,302 𝑊 𝑚𝐾⁄
Massa específica (ρ) = 6558 𝑘𝑔 𝑚³⁄
Massa específica (ρ) = 6558 𝑘𝑔 𝑚³⁄
As dimensões da peça são exatamente iguais às peças reais, sendo duas peças de aço
de 100x50x20mm e o adesivo com espessura de 0,75mm entre as duas peças.
Na modelagem numérica com a caixa isolante foi considerado um coeficiente convectivo
igual a 0, pois mesmo que haja uma pequena troca de calor devido à abertura na frente da caixa –
onde foi posicionada a câmera –, esta será pequena, podendo ser desconsiderada.
Primeiramente, foi necessário realizar uma análise de convergência de malha a fim de
verificar se, para uma malha mais refinada, existia significativa diferença na variação da
temperatura.
Para análise de convergência foram feitas simulações considerando o modelo isolado
termicamente. Primeiramente foi usada uma malha plana com tamanho do elemento igual a 4t, ou
seja, quatro vezes a espessura da cola (0,75mm), e utilizando-se o K real da cola (Figura V. 1).
Com esta malha obteve-se os resultados apresentados na Figura V. 2.
Figura V. 1 - Análise de convergência para uma malha plana com tamanho do elemento igual a 4t.
68
Figura V. 2 - Gráfico Txt para a simulação de malha plana com tamanho de elemento igual a 4t.
Na segunda análise foi utilizada uma malha plana com tamanho do elemento
aproximadamente igual a igual a 4t multiplicado por um fator K=0,5, ou seja,uma malha bem mais
refinada (Figura V. 3). Para esta análise, os resultados para a variação da temperatura são
apresentados na Figura V. 4.
Figura V. 3-Análise de convergência para uma malha plana com tamanho do elemento igual a 4t
multiplicado por um fator K=0,5.
69
Figura V. 4-Gráfico Txt para a simulação de malha plana com tamanho do elemento igual a 4t
multiplicado por um fator K=0,5.
Observa-se que as curvas são muito próximas para os dois tipos de malhas estudados.
Foi utilizada neste estudo a malha mais refinada.
V.1 Modelagem numérica para o grupo deamostrasisoladastermicamente
Conforme já foi falado anteriormente, para a modelagem da amostra isolada, foi
considerado um coeficiente convectivo igual a 0, significando que não há troca de calor por
convecção da peça com o meio. Então, utilizando os parâmetros e condições de contorno
mencionadas anteriormente, o resultado obtido para a saída da temperatura é em torno dos 66ºC,
como mostrado no gráfico anterior. Porém, no experimento, uma média da temperatura de saída
das três amostras com diferentes rugosidades, mostra um resultado em torno de 69,5°C.
Para a aproximação da curva do modelo numérico com a curva real, podemos concluir
que no ponto de contato entre peça e cola, a resistência térmica passa a ser um somatório da
condutividade térmica da cola com a resistência térmica de contato nas juntas coladas. Portanto,
alterando na programação o valor da condutividade térmica da cola de 0,302 para 0,409 𝑊 𝑚𝐾⁄ ,
obtém-se a curva de temperatura mostrada na Figura V. 5.
70
Figura V. 5 - Curva temperatura x tempo para o grupo de amostras isoladas termicamente, obtidas
através da simulação pelo programa computacional ANSYS Mechanical APDL 16.0.
Figura V. 6 - Fluxo de calor que atravessa a peça, para o grupo de amostras isoladas
termicamente, obtidas através da simulação pelo programa computacional ANSYS Mechanical
APDL 16.0.
71
O fluxo de calor através das peças fica melhor representado pela Figura V. 6, onde é
possível visualizar claramente a RTC na junta colada, visto que, imediatamente antes dela, o fluxo
de calor flui livremente; após encontrar resistência no contato entre a peça e a cola, apenas uma
parcela do calor é capaz de atravessar para a peça superior.
Com esta nova suposição para o K da cola, obtém-se ao final, uma temperatura de saída
em torno de 69,4°C, correspondendo à curva obtida na análise experimental
V.2 Resultados: Modelo Numérico versus Experimento
No modelo numérico não foi possível – a princípio – simular a diferença da rugosidade
entre as amostras, o gráfico representando o experimento será então uma média dos valores
encontrados para as três amostras.
A Figura V. 7, seguida da Tabela V. 1, apresenta a comparação entre os valores de
temperatura para os métodos experimental e numérico no modelo isolado termicamente.
Figura V. 7 - Gráfico comparativo entre os resultados do experimento prático e numérico, para o
modelo de amostra isolada termicamente.
72
Tabela V. 1 - Valores da temperatura obtidos com o modelo prático e numérico para os respectivos
instantes, para a amostra isolada termicamente.
O modelo numérico apresentou bom resultado, visto que as curvasencontradas
apresentaram comportamento semelhante e erro pequeno ao final.
Tempo Termopar (MÉDIA) ANSYS
0 28,1936 28
300 34,54945 35,15473
600 40,01785 44,51442
1200 49,3396 56,21286
1800 56,56705 62,63109
2400 62,2597 66,0655
3000 66,6745 67,88516
3600 68,0145 68,88003
4200 69,5445 69,4177
COM CAIXA
73
Capítulo VI.Conclusões
Ao término deste trabalho, foi possível concluir que, de fato, o acabamento superficial de
uma peça influencia na troca de calor entre peças unidas mecanicamente pelo processo de
colagem. Foi visto que para um valor de rugosidade muito alto, a resistência térmica na junta
colada é maior, diminuindo com a redução da rugosidade. Portanto, dependendo da aplicação do
projeto, deve-se tomar um cuidado especial ao preparar a superfície da peça antes da aplicação
do adesivo.
No caso específico de dispositivos eletrônicos, por exemplo, uma elevada RTC causa o
acúmulo de calor e aumento de temperatura, o que não é benéfico para o desempenho
operacional destes dispositivos. Portanto, é crucial verificar maneiras de se reduzir a RTC na
interface dos materiais, sendo um acabamento superficial específico a principal delas. Assim
como, para determinadas outras aplicações, o oposto se faz necessário.
Outra conclusão é que o isolamento térmico da peça de forma a impedir que ela troque
calor com o meio, em nada influi no comportamento da resistência térmica da mesma, apenas faz
com que se atinja a temperatura de equilíbrio mais rápido – devido ao aprisionamento do calor no
interior da peça – e, com isso, a RTC tenda a zero mais rapidamente também.
Com este trabalho também foi possível concluir a validação da utilização do método de
termografia infravermelha para obtenção de dados significativos para a análise.
VI. 1 Trabalhos Futuros
Como sugestões para trabalhos futuros, aconselha-se o aprimoramento dos
modelosanalítico e numérico. Para o modelo analítico sugere-se simular o experimento
considerando a condução 2D e transiente, visto que o problema de transferência de calor é
dependente do tempo. Já o refinamento proposto para o modelo numérico busca reproduzir de fato
a diferença entre as três rugosidades e, ao invés de criar uma curva única, consiga-se reproduzir
uma curva para cada rugosidade. Desta forma, o modelo numérico será o ideal para este tipo de
análise, não necessitando passar pela realização do modelo experimental, que demanda em casos
mais complexos de um tempo maior e ainda da confecção de protótipos.
74
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78
Apêndice I
Modelagem numérica para o grupo de amostras isoladas termicamente:
finish
/clear,nostart
/REP,FAST
/COLOR,PBAK,OFF
/REPLOT
/FILNAME,ColagemTemp,1
/PREP7
/TITLE,Placas Coladas - Temperatura
C*** ========== Parametros de Entrada ==========
L=100e-3
e=50e-3
a=25e-3
c=20e-3
t=75e-5
b=3e-3
Tini=28
T_Placa=70
Tfluido=Tini
K_1=60.5
Ro_1=7860
C_1=486
K_2=60.5
Ro_2=7860
79
C_2=486
K_3=0.409
Ro_3=6558
C_3=295
h=0
h1=0
fator=0.5
C*** ========== Propriedades dos Materiais ==========
MP,KXX,1,K_1 ! Define material properties - Material 1
MP,C,1,C_1 ! Define material properties
MP,Dens,1,Ro_1 ! Define material properties
MP,KXX,2,K_2 ! Define material properties - Material 2
MP,C,2,C_2 ! Define material properties
MP,Dens,2,Ro_2 ! Define material properties
MP,KXX,3,K_3 ! Define material properties - Material 3
MP,C,3,C_3 ! Define material properties
MP,Dens,3,Ro_3 ! Define material properties
C*** ========== Definicao dos Elementos ==========
ET,1,MESH200,7 ! Elemento para malha plana
ET,2,SOLID90, ! Analise Térmica
C*** ========== Definicao das Constantes Geometricas ==========
C*** ========== Geometria(SECAO INTERMEDIARIA) ==========
x1= 0
y1= 0
80
x2= a
y2= 0
x3= L-a
y3= 0
x4= L
y4= 0
x5= 0
y5= c
x6= a
y6= c
x7= L-a
y7= c
x8= L
y8= c
x9= 0
y9= c+t
x10= a
y10= c+t
x11= L-a
y11= c+t
x12= L
y12= c+t
x13= 0
y13= (2*c+t)-b
x14= a
y14= (2*c+t)-b
x15= L-a
y15= (2*c+t)-b
x16= L
y16= (2*c+t)-b
x17= 0
y17= 2*c+t
x18= a
81
y18= 2*c+t
x19= L-a
y19= 2*c+t
x20= L
y20= 2*c+t
x21= 0
y21= 0
z21= e
k,1,x1,y1
k,2,x2,y2
k,3,x3,y3
k,4,x4,y4
k,5,x5,y5
k,6,x6,y6
k,7,x7,y7
k,8,x8,y8
k,9,x9,y9
k,10,x10,y10
k,11,x11,y11
k,12,x12,y12
k,13,x13,y13
k,14,x14,y14
k,15,x15,y15
k,16,x16,y16
k,17,x17,y17
k,18,x18,y18
k,19,x19,y19
k,20,x20,y20
k,21,x21,y21,z21
A,1,2,6,5
A,2,3,7,6
82
A,3,4,8,7
A,5,6,10,9
A,6,7,11,10
A,7,8,12,11
A,9,10,14,13
A,10,11,15,14
A,11,12,16,15
A,13,14,18,17
A,14,15,19,18
A,15,16,20,19
L,1,21
TYPE,1 ! Escolhe o tipo do elemento
MAT,1 ! Escolhe o numero do material
ESIZE,4*t*fator ! Tamanho do elemento nas áreas
AMESH,all ! Coloca malha nas áreas
TYPE,2 ! Escolhe o tipo do elemento
MAT,1 ! Escolhe o numero do material
ESIZE,,4*t *fator ! Tamanho do elemento na área do Material 1
VDRAG,1,2,3,,,,32 ! === GERAÇÃO DOS ELEMENTOS SÓLIDOS AO LONGO DA LINHA GUIA
TYPE,2 ! Escolhe o tipo do elemento
MAT,2 ! Escolhe o numero do material
ESIZE,,4*t *fator ! Tamanho do elemento na área do Material 1
VDRAG,4,5,6,,,,32 ! === GERAÇÃO DOS ELEMENTOS SÓLIDOS AO LONGO DA LINHA GUIA
TYPE,2 ! Escolhe o tipo do elemento
MAT,3 ! Escolhe o numero do material
ESIZE,,4*t fator ! Tamanho do elemento na área do Material 1
VDRAG,7,8,9,10,11,12,32 ! === GERAÇÃO DOS ELEMENTOS SÓLIDOS AO LONGO DA LINHA GUIA
83
nummrg,all,1e-6
C*** Condicoes de Contorno e Carregamento
TUNIF,Tini
ASEL,S,LOC,Y,0,0 ! Aplicação da temperatura na placa
DA,ALL,TEMP,T_Placa
ALLSEL,ALL,ALL
ASEL,S,LOC,Y,(c+t+c),(c+t+c) ! Seleção das áreas externas
SFA,ALL,,CONV,h,Tfluido,
ASEL,S,LOC,X,0,0 ! Seleção das áreas externas
SFA,ALL,,CONV,h1,Tfluido,
ASEL,S,LOC,X,L,L ! Seleção das áreas externas
SFA,ALL,,CONV,h1,Tfluido,
ASEL,S,LOC,Z,0,0 ! Seleção das áreas externas
SFA,ALL,,CONV,h1,Tfluido,
ASEL,S,LOC,Z,e,e ! Seleção das áreas externas
SFA,ALL,,CONV,h1,Tfluido,
ALLSEL,ALL,ALL
C*** Solução
PLOT
FINISH
/SOL
ANTYPE,TRANS
KBC,1 ! degrau
!KBC,0 ! rampa
TIME,4200
NSUBST,100
OUTRES,ALL,ALL
OUTPR,ALL,ALL
84
/STATUS,SOLU
SOLVE
/POST26
KSEL,S, , ,86676
NSLK,S
*GET,n86676,NODE,0,NUM,MAX
!KSEL,S, , , 43
!NSLK,S
!*GET,n43,NODE,0,NUM,MAX
!KSEL,S, , , 35
!NSLK,S
!*GET,n35,NODE,0,NUM,MAX
ALLSEL,ALL,ALL
NSOL,2,n86676,TEMP,, TEMP_2
!NSOL,3,n43,TEMP,, TEMP_3
!NSOL,4,n35,TEMP,, TEMP_4
XVAR,1
PLVAR,2
85
Apêndice II
Produções Associadas
O presente trabalho, ao longo de seu desenvolvimento, foi apresentado em dois
congressos em forma de papers. Abaixo seguem os resumos enviados para publicação em cada
um deles, respectivamente.
1- Congresso Luso-Brasileiro de Adesão e Adesivos (CLBA - Portugal, cidade do Porto,
2014)
Estudo da resistência térmica de contato em juntas metálicas coladas
R.A.A. Aguiar, P.M.C.L. Pacheco, P.V. Mello, S. de Barros
Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET/RJ), Rio de Janeiro/RJ – Brasil.
Quando duas superfícies condutoras de calor são colocadas em contato uma resistência
térmica está presente na interface desses dois corpos sólidos. Ela é chamada resistência térmica
de contato e surge quando os dois materiais não são ajustados perfeitamente, aprisionando uma
camada composta. O exame de uma área da zona de contato mostra que os corpos sólidos se
tocam somente no pico da superfície e que o espaço entre eles são ocupados por um fluido, um
líquido ou pelo vácuo. A existência de uma resistência de contato se deve principalmente aos
efeitos da rugosidade da superfície. Pontos de contato se entremeiam com falhas que são, na
maioria dos casos, preenchidas com ar. A transferência de calor é, portanto, devida à condução de
calor através da área de contato real e à condução e/ou radiação através dos interstícios. No caso
específico de juntas coladas, o adesivo tende a preencher o espaço entres os substratos, porém
não completamente. Esse processo vai depender obviamente da viscosidade do adesivo usado,
mas também da rugosidade das superfícies unidas. Neste trabalho é apresentado um método
experimental de avaliação da resistência térmica de contato em juntas metálicas coladas.
86
2- Congresso Luso-Brasileiro de Adesão e Adesivos (CLBA - Brasil, cidade do Rio de
Janeiro, 2016)
The influence of the roughness in heat transfer through bonded joints.
P.V. Mello1, J.S.S. Neto1, P.M.C.L. Pacheco, S. de Barros1, J.P.B. Souza1, R.A.A. Aguiar1
1Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
(CEFET/RJ), Rio de Janeiro/RJ – Brasil.
Thermal contact resistance (TCR) is formed by mechanical contact of rough surfaces and
is highly applicable in plenty of heat transport chains, such as thermal management of electronic
devices. High TCR is an important factor of causing heat accumulation and high temperature rise
(especially for the cases of high heat flux) in electronic devices, which is unbeneficial to the
operational performance of devices. Therefore, it is crucial to investigate approaches of reducing
the TCR at interface.
In the specific case of bonded joints, the adhesive tends to fill the space between the
substrates, but not completely. This process obviously depends on the viscosity of the adhesive
used, also the roughness of the joined surfaces. This paper presents an experimental method for
evaluating the thermal contact resistance in bonded joints. This study evaluated the TCR in joints
prepared with for three different degrees of superficial treatment, producing three degrees of
roughness. Each joint was heated and the temperature through the joint was measured by
thermocouples and infrared thermography (IRT). An one-dimensional analytical model and finite
element model (FEM) was adjusted by the experimental data that produced results to evaluate the
influence of the roughness in heat transfer through bonded joints.
[1] P. Zang, Y. Xuan and Q. Li, Exp. Therm. Fluid Sci., 54, 204 (2014).
[2] T. Cui, Q. Li, P. Zang and Y. Xuan, Int. J. Therm. Sci., 83, 16 (2014).
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