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De 28 de Maio a 1º de Junho de 2006 Unioeste - Campus de Toledo

INFLUÊNCIA DAS FONTES DIFUSAS DE POLUIÇÃO HÍDRICA NO COMPORTAMENTO DO PH NAS ÁGUAS DA SUB-BACIA DO

RIO OCOÍ, TRIBUTÁRIO DO RESERVATÓRIO DE ITAIPU – BACIA DO PARANÁ III

Patrícia C. CervelinP

1 P, Victor Hugo Dalla CostaP

2 P, Dr. Gilmar S. SilvaP

3 P, Dra.

Eliana R. SouzaP

4P

P

1 Tecnologo ambiental, Aluna do curso de Pós-Graduação (especialização), Unioeste, Rua da Faculdade, 645, J. La Salle, C.P. 520, CEP 85.903-

000, Toledo-Pr.

P

2 Tecnologo ambiental, Aluno especial do mestrado em Engenharia Química, Unioeste, Rua da Faculdade, 645, J. La Salle, C.P. 520, CEP

85.903-000, Toledo-Pr, email. HTU

[email protected]

P

3 Docente da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Medianeira – PR.

P

4 Docente da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Medianeira – PR.

TPALAVRAS-CHAVE:T pH, Rio Ocoí, Paraná III.

RESUMO

Influência das fontes difusas de poluição hídrica no comportamento do pH nas águas da Sub-bacia do Rio Ocoí é um estudo que leva em consideração a avaliação do pH das águas superficiais dos rios que compõem a Sub-bacia do Rio Ocoí, de acordo com a atuação de fontes difusas de poluição na área de estudo. A Sub-bacia do Rio Ocoí é tributária do reservatório de Itaipu, e pertence a Bacia do Paraná III. A avaliação desse parâmetro foi realizada por meio de metodologias analíticas descritas no Standard Methods. Essa variável foi monitorada em época de seca e de chuva. Na análise do pH pode-se observar um valor mínimo de 7,2 e um valor máximo de 7,65, respectivamente em época de seca e época de chuva. Mesmo com atuação das fontes difusas na análise o índice de pH nos pontos em estudo, as análises mostraram que os valores do potencial hidrogeniônico mantiveram-se em níveis aceitáveis, e relativamente estáveis, independente da época de chuva ou de seca.

INTRODUÇÃO

O pH de uma água representa uma medida da sua acidez (ou da sua alcalinidade), traduzida pela concentração de hidrogênio e influenciada pelo caráter tampão que lhe confere (MENDES e SANTOS OLIVEIRA, 2004). Segundo SPERLING (1996), o potencial hidrogeniônico (pH), representa a concentração de íons hidrogênio HP

+P, que fornece uma indicação sobre a

condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água. A faixa de pH varia de 0 a 14. Para ESTEVES (1998), a variação do pH da maioria dos corpos d’água continentais está entre 6 e 8, contudo, pode-se encontrar ambientes mais ácidos ou mais alcalinos. As comunidades animais e vegetais são

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características em ambos os casos. Quando um ecossistema aquático apresentar valores de pH baixo, tem altas concentrações de ácidos orgânicos dissolvidos de origem alóctone e autóctone, ao passo que, ecossistemas aquáticos com elevados valores de pH, são encontrados, geralmente, em regiões com balanço hídrico negativo, ou seja, onde a precipitação é menor que a evaporação. Essa diferença nos índices de pH de uma comunidade aquática pode ser influenciada pelo despejo de efluentes e resíduos agrícolas e/ou industriais, que contaminam os corpos d’água. Os resíduos agrícolas englobam-se como fontes difusas de poluição. A poluição gerada por fontes difusas diz respeito a situações em que os pontos de emissão não são possíveis de identificar ou de controlar, não podendo ser efetuada uma medição pontual da carga ou do caudal envolvidos. O processo poderá estar espalhado de forma direta ou dispersa em toda a bacia de recepção (MENDES e SANTOS OLIVEIRA, 2004). Incluem-se neste contexto exemplos vários, como os da poluição de origem agrícola e da poluição veiculada pela atmosfera, quer os poluentes sejam originados por poluição difusa (exemplo: gases de escape) ou pontual (exemplo: emissões de centrais elétricas ou de outras unidades industriais). A principal distinção entre as descargas pontuais e difusas (independente do mecanismo de dispersão da poluição e da sua migração) diz respeito à capacidade de remoção dos poluentes, que estão disponíveis no primeiro caso, enquanto que tal não se verifica no segundo caso (ou, pelo menos, não de forma eficiente ou imediata). No caso dos episódios de poluição difusa, o processo mais óbvio de controle reside numa ação preventiva a montante, tendente à redução das quantidades aplicadas (exemplo: redução no uso de pesticidas não biodegradáveis ou dos fertilizantes aplicados. Por se tratar de uma sub-bacia predominantemente agrícola, a análise da poluição por fontes difusas se faz importante para o conhecimento dos seus efeitos, especialmente da variável pH, a qual representa o grau de acidez da água, podendo ser a atuação dessas fontes difusas de poluição a responsável por um aumento excessivo na acidificação ou alcalinização das águas superficiais.

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi desenvolvido na sub-bacia do Rio Ocoí (Figura 1), pertencente à bacia hidrográfica do Paraná III, que corresponde à totalidade da área de drenagem dos afluentes pertencentes ao território paranaense que lançam suas águas diretamente no Rio Paraná (Reservatório de Itaipu), localizadas entre os afluentes do Rio Piquiri e do Rio Iguaçu, perfazendo uma área de 8.389 kmP

2P. A bacia em estudo é formada, entre outros rios, pelo Rio Alegria, o

qual corta a cidade de Medianeira, recebendo esgoto tratado e não-tratado, bem como efluentes industriais. Além disso, essa região tem forte atividade agrícola e pecuária, possuindo intensa produção de suínos e aves, cujos resíduos podem ser utilizados na fertilização dos solos. Aliado a esse intenso potencial poluidor soma-se a precariedade das matas ciliares, permitindo que as fontes difusas possam comprometer a qualidade das águas superficiais. As amostras utilizadas para as análises laboratoriais foram coletadas de acordo com as recomendações do Standard Methods (APHA, 1992). Desse modo, as

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amostras foram coletadas na superfície da coluna d’água, de forma cautelosa e acondicionadas em frascos de 5 L. Para a obtenção dos dados, referentes aos resultados das análises físico-químicas, que atestam o comportamento do pH da bacia, dividiu-se a área em seis pontos para a captação das amostras d’água (FIGURA 1), divididos entre os três principais rios constituintes da bacia. Estes caracterizam-se pela pouca profundidade, com média normal de 0,8 m, velocidade da água relativamente alta e temperatura amena, com média de 20ºC. O Ponto 1, está situado no Rio Ocoí, antes deste receber contribuições de qualquer afluente. É o ponto mais próximo da área de afloramento do rio e está localizado em área com atividade agrícola e pecuária intensa. O Ponto 2 localiza-se no Rio Ouro Verde, o qual é oriundo do município de Matelândia, recebendo além de dejetos da agricultura, efluentes industriais e domésticos. O Ponto 2 situa-se pouco antes do rio Ouro Verde desaguar no Ocoí. O Ponto 3 situa-se no Rio Ocoí logo após a junção deste com o Rio Ouro Verde. É uma área de grande velocidade e pouca profundidade. O Ponto 4, visualizado na Figura 5, é localizado no Rio Ocoí e corresponde ao local de passagem da rodovia estadual que liga Medianeira a Missal sobre suas margens. O Ponto de coleta 5 está situado no Rio Alegria, representando um dos pontos mais críticos da área de estudo, uma vez que este corpo d’água recebe grande quantidade de esgoto doméstico não tratado, efluentes industriais, além do efluente da estação de tratamento de esgotos de Medianeira. O Rio Alegria é, dentre os três rios estudados, o com menor incidência de floresta ripária próximo aos pontos de coleta. O Ponto 6 é localizado após a afluência do Rio Alegria com o Rio Ocoí,e representa uma dinâmica das águas que compõem o Reservatório de Itaipu por sua proximidade com um dos braços do reservatório.

P1

Rio Alegria

Rio Ouro VerdeP2P3P4

P5P6

Fonte: ITAIPU Binacional

FIGURA 1 – Pontos de Coleta de Amostra na Sub-bacia do Rio Ocoí As análises físico-químicas foram realizadas no laboratório de físico-química da UTFPR, no período de 14/03 a 18/05/2006.

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Para a análise da variável em questão seguiram-se as determinações do Standard Methods (APHA, 1992). As medidas de pH foram realizadas com a utilização do aparelho potenciométrico pHmetro digital.

RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 2 demonstra que os valores do potencial hidrogeniônico, pH, mantiveram-se em níveis aceitáveis de acordo com a Resolução CONAMA nº357, que permite valores de pH entre 6 e 9. Observando a Figura 2 veremos que não houve muita oscilação nos valores de pH, registrando um valor mínimo de 7,2 e um valor máximo de 7, 65, o que nos permite evidenciar que os valores são relativamente estáveis, independente de época de chuva ou de seca. Os resultados mostram-se satisfatórios, pois de acordo com MENEGOL ET AL (2002), valores de pH acima dos padrões ou abaixo causam significativo impacto ao leito do rio, podendo haver a mortandade de peixes e de outros constituintes da flora e fauna aquática. MOSCA (2003), ressalva ainda que águas de rios isentas de poluentes possuem valores de pH oscilando entre 6,5 e 8,5. Tais resultados podem estar relacionados ao fato de que as fontes difusas, como a atividade agrícola e pecuária da bacia em questão, atuaram significativamente nesse parâmetro, já que se trata de um ponto que não recebe contribuições de qualquer afluente e não se situa em área industrial, pois as maiores alterações referentes ao potencial hidrogeniônico são provocadas por despejos de origem industrial, indicando valores de pH abaixo de 4,5 (SPERLING, 1996).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

P1 P2 P3 P4 P5 P6

pH

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

CO

NAM

A (p

H 6

- 9)

época de seca época de chuva CONAMA (Ph 6 - 9)

FIGURA 2 – pH de acordo com os pontos de coleta x CONAMA.

CONCLUSÕES De acordo com os resultados encontrados e metodologia utilizada conclui-se que as análises de pH nos pontos em estudo mostraram que os valores do potencial hidrogeniônico mantiveram-se em níveis aceitáveis, e relativamente

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estáveis, independente da época de chuva ou de seca, de acordo com a Resolução CONAMA nº357, que permite valores de pH entre 6 e 9. Tal resultado pode estar relacionado ao fato de somente as fontes difusas, como a atividade agrícola e pecuária da bacia em questão, atuaram nesse parâmetro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. 2P

aP Edição, Rio de Janeiro: Ed.

Interciência 602p. 1988. • MENDES, B.; SANTOS OLIVEIRA, J.F. Qualidade da Água para Consumo

Humano. Lisboa, Portugal. Lidel Edições Técnicas ltda. 626 p. 2004. • MENEGOL, S.; MUCELIN, C.A.;JUCHEN, C.R. Avaliação de

Características Físico-químicas do Leito do Rio Alegria. Revista Sanare, vol.18, nº 8, Julho-Dezembro, Curitiba, 2002.

• MOSCA, A.A; Caracterização Hidrológica de duas Microbacias visando a identificação de indicadores hidrológicos para o monitoramento ambiental do manejo de florestas plantadas. Dissertação de Mestrado. Escola Superior de Agricultura. São Paulo, 2003.

• SPERLING, M. V. Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento de Esgotos. 2 ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais. 243p. 1996.

• CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA. RESOLUÇÃO NP

oP 357, DE 17 DE MARÇO DE 2005. Acessado em 22/11/2006

ás 19:20 hs. On line. Disponível na Internet no site: http://www.mpes.gov.br/sitenovo/anexos