influência da nutrição sobre a produtividade e a qualidade do leite

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Page 1: Influência da nutrição sobre a produtividade e a qualidade do leite

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas,

Agrárias e da Saúde

ISSN: 1415-6938

[email protected]

Universidade Anhanguera

Brasil

Netto, Arlindo Saran; Greghi, Gisele Fernanda; Maciel Brunoro, Priscila; Felício Porcionato, Marco

Aurélio de

Influência da nutrição sobre a produtividade e a qualidade do leite de búfala

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. 14, núm. 1, 2010, pp. 137-146

Universidade Anhanguera

Campo Grande, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26018705011

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Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Page 2: Influência da nutrição sobre a produtividade e a qualidade do leite

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Ensaios e Ciência Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde Vol. 14, Nº. 1, Ano 2010

Arlindo Saran Netto Universiadade de São Paulo - USP [email protected]

Gisele Fernanda Greghi Centro Universitário Anhanguera - Unifian [email protected]

Priscila Maciel Brunoro Universidade Paulista - UNIP [email protected]

Marco Aurélio de Felício Porcionato Universidade de São Paulo - USP [email protected]

INFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO SOBRE A PRODUTIVIDADE E A QUALIDADE DO LEITE DE BÚFALA

Influence of the nutrition on the productivity and quality of the buffalo milk

RESUMO

Tendo em vista a escassez de dados na literatura sobre a nutrição de bubalinos e a importância que essas informações representam para a melhora na produtividade animal, este trabalho teve como objetivo avaliar o leite de búfala no que diz respeito a seus aspectos qualitativos e quantitativos, influenciados pelo uso diário de concentrado na alimentação dos animais. No experimento foram utilizadas 10 búfalas Murrah em lactação, mantidas a pasto. Os animais foram divididos em dois lotes, sendo um suplementado durante a ordenha com 1,5 kg de concentrado diário (20%PB; 74%NDT). Foram realizadas determinações da produtividade e análises da composição do leite semanalmente. Os valores obtidos foram analisados pelo pacote estatístico SAS e adotado nível de 5% de significância. A partir dos resultados, não se recomenda a suplementação de concentrado em búfalas com produção média inferior a 5 kg/ dia quando mantidas em regime de pastagem de boa qualidade.

Palavras-Chave: suplementação; concentrado; composição; produção; leite; búfala.

ABSTRACT

In view of the scarcity of data in literature on the nutrition of bubalinos and the importance that these information represent for the improvement in the productivity of the animal, this work had as objective to evaluate the milk of buffalo in what it says respect its qualitative and quantitative aspects, influenced for the concentrated daily use of in the feeding of the animals. In the experiment 10 Murrah buffalos had been used in lactation, kept the grass. The animals had been divided in two lots, being one supplemented during milk with 1,5 kg/day of concentrate (20%PB; 74%NDT). Determination of the productivity and analyses of the composition of milk had been carried through weekly. The gotten values had been analyzed by the package statistical SAS and adopted level of 5% of significance. From the results, the intent supplementing of in buffalos with inferior average production the 5 kg/day does not send regards day, when kept in regimen of pasture of good quality.

Keywords: supplementing; concentrated; composition; production; milk; buffalo.

Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato

Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected]

Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

Informe Técnico Recebido em: 30/10/2009 Avaliado em: 27/04/2011

Publicação: 27 de maio de 2011

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1. INTRODUÇÃO

Devido à superioridade econômica que pode apresentar em relação a outros ruminantes

domésticos, a criação de búfalos vem se difundindo mundialmente, principalmente no

que diz respeito à rusticidade e adaptação às variadas condições climáticas e diferentes

tipos de manejo.

No Brasil, a bubalinocultura é considerada uma grande opção para a pecuária

nacional, pois fornece produtos e subprodutos similares aos dos bovinos em condições

mais econômicas. Segundo a ABCB (2008), a produção de leite de búfalas no Brasil é de

92,3 milhões de litros, produzidos por aproximadamente 82 mil animais em 2.500

rebanhos e que existam pelo menos 150 indústrias produzindo derivados deste tipo de

leite no país. Tais laticínios transformam anualmente 45 milhões de litros de leite em 18,5

mil toneladas de derivados, o que gera um faturamento bruto de U$ 55 milhões aos

laticínios e de U$ 17 milhões aos criadores.

A importância econômica na exploração desses animais consiste também nas

vantagens proporcionadas quanto à fertilidade, longevidade, eficiência de conversão

alimentar e aptidão para a produção de leite, carne e trabalho (RIBEIRO, 2006), além de

serem animais de grande inteligência e docilidade.

A bubalinocultura vem demonstrando ser viável técnica e economicamente,

porém a produtividade dos rebanhos de búfalos varia conforme o manejo geral adotado

na propriedade e a carga genética existente.

O Brasil dispõe de criações predominantemente extensivas com o uso de

pastagens nativas ou cultivadas como principal fonte de alimentação. Porém, para que

haja uma melhor expressão do potencial produtivo dos animais, muitas vezes é necessária

à suplementação destes com o auxílio de concentrado.

Os búfalos têm se tornado uma boa opção econômica, principalmente, pela

exploração leiteira e pela conseqüente elaboração de produtos, que possuem uma ótima

aceitação pelo mercado, sendo comercializado a altos preços, devido à baixa oferta

(TONHATI, 2002). O leite de búfala possui excelente qualidade, propriedades

organolépticas, nutricionais e funcionais inquestionáveis, além de possuir os seus

constituintes em maior porcentagem, o que promove grandes rendimentos na produção

de seus derivados, com alto valor nutricional (BERNARDES, 2007).

Hoje, pode-se afirmar que o búfalo não é mais o animal do futuro e, sim, do

presente, fazendo parte da pecuária mundial.

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2. MATERIAL E MÉTODO

O Experimento foi realizado na Fazenda São Vicente, de búfala leiteira, na região de

Ribeirão Bonito-SP. Foram utilizadas 10 búfalas da raça Murrah, que pariram no mês de

Fevereiro de 2008 e foram acompanhadas durante quatro meses. Tais animais foram

divididos em dois grupos que permaneceram a pasto com sal mineral e água à vontade,

sendo que um dos grupos foi suplementado durante a ordenha com 1,5 kg de concentrado

diário (20%PB, 74% NDT). A dieta foi composta por 60% de fubá de milho, 30% de farelo

de soja, 8% de farelo de trigo e 2% de uréia a fim de atender o valor médio de energia

metabolizável de 1.230 kcal/ kg de leite a 4% de gordura (KEARL, 1982).

A produção diária de leite foi acompanhada e registrada a partir da leitura em

balão volumétrico e amostras foram coletadas semanalmente para a determinação dos

teores de gordura, proteína, lactose, sólidos totais, extrato seco desengordurado e

contagem de células somáticas. As coletas foram individuais e após o término da ordenha

de cada animal. O leite foi homogeneizado e transferido para o frasco de colheita

contendo uma pastilha de bronopol.

As amostras foram encaminhadas ao laboratório via correio e as análises de

composição e CCS foram realizadas pela Clínica do Leite, Departamento de Zootecnia da

Escola de Agricultura Luis de Queiroz da Universidade de São Paulo. As metodologias

utilizadas para contagem de células somáticas e para análise de composição foram

citometria de fluxo e infra-vermelho, respectivamente.

O delineamento estatístico foi do tipo inteiramente casualizado. Os dados foram

analisados pelo pacote estatístico SAS (SAS Institute Inc., Cary, NC, 1988), através da

análise de variância e, se verificada diferença significativa, aplicado o teste de Tukey

considerando o nível de 5% de significância para todos os dados.

3. RESULTADOS

Não houve diferença significativa (P>0,05) na produção diária média de leite dos dois

grupos, sendo a média do grupo controle de 5,12 litros/dia e do tratamento de 4,87

litros/dia. Ambos obedeceram à curva de lactação padrão, formada por uma fase

ascendente de produção até o pico de lactação com subseqüente declínio em direção à

secagem (AMARAL; ESCRIVÃO, 2005) (Figura 1).

A média de produção de leite dos dois grupos também foi semelhante (P>0,05), o

grupo de animais não suplementados atingiu média de 5,31 litros de leite/dia, enquanto

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que o grupo de animais que receberam suplementação alcançou média de 4,98 litros de

leite/dia (Figura 2).

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Figura 1. Média de produção diária de leite em litros durante cada mês do período

experimental nos grupos controle e tratamento (P>0,05).

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ControleTratamento

Figura 2. Média de leite produzido por dia durante o período experimental nos

grupos controle e tratamento (P>0,05).

Da mesma forma, o teor médio de gordura, proteína, sólidos totais, extrato seco

desengordurado e lactose foram semelhantes entre os grupos (P>0,05), sendo o valor

encontrado para sólidos totais o único abaixo do esperado para a espécie bubalina.

(Figuras 3, 4, 5, 6, e 7- respectivamente).

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Figura 3. Produção de leite e Teor médio de gordura do leite produzido pelas búfalas do

grupo controle e tratamento durante o período experimental (P>0,05).

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Figura 4. Produção de leite e Teor médio de proteína do leite produzido pelas búfalas do

grupo controle e tratamento durante o período experimental (P>0,05).

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Figura 5. Produção de leite e Teor médio de lactose do leite produzido pelas búfalas do

grupo controle e tratamento durante o período experimental (P>0,05).

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Figura 6. Produção de leite e Teor médio de sólidos totais do leite produzido pelas búfalas do

grupo controle e tratamento durante o período experimental (P>0,05).

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Figura 7. Produção de leite e Teor médio de extrato seco desengordurado do leite produzido

pelas búfalas do grupo controle e tratamento durante o período experimental (P>0,05).

Já para os valores da contagem de células somáticas do leite, houve diferença

entre os grupos estudados, sendo o valor médio de 35,73 mil células/mL para o controle e

183,8 mil células/mL para o tratamento (P< 0,05) (Figura 8). Contudo, ainda assim, ambos

os valores registrados mantiveram-se abaixo do limiar estabelecido de 200 mil células/mL

(JORGE et al., 2005).

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Figura 8. Média de contagem de células somáticas no leite dos grupos controle e

tratamento durante o período experimental (P<0,05).

4. DISCUSSÃO

No estado de São Paulo, os valores de produção de leite de búfala variam entre 4,83 e 8,94

litros de leite/dia (MATTOS, 2005). Portanto, em média de produção de leite, ambos os

grupos ficaram dentro da margem citada (Figura 2). Contudo, existem animais

geneticamente selecionados para a produção de leite com capacidade de atingirem

quantidades de 15 a 20 litros de leite/dia durante o pico de lactação sendo a produção

média de 5 a 10 litros de leite/dia (ZICARELLI, 2001).

A suplementação adotada neste estudo foi baseada na produtividade média do

rebanho, no entanto, deve-se considerar que os animais apresentam potenciais diferentes

para a produção de leite. Assim, pensando apenas em volume de produção, seria mais

rentável para o produtor adotar um sistema de fornecimento individual, porém tal

sistema depende das condições de manejo da propriedade.

Em relação aos constituintes do leite, a gordura e a proteína são os principais

responsáveis pelas características físicas do leite, além de serem os componentes de

maiores valores econômicos para os laticínios, proporcionando maior rendimento na

obtenção de derivados (BRITO; DIAS, 1998).

As porcentagens de gordura oscilam entre 4,1 e 9,6% para o leite de búfalas

(MATTOS, 2005), sendo verificado um aumento do teor lipídico do leite após a metade da

lactação, pois é nesta época em que se eleva a insulina e aumentam os triglicerídeos no

sangue em razão de nutrir a prole (ZICARELLI, 2001). Também se deve ressaltar que

conforme o processo de lactação avança a produção de leite diminui, portanto o teor de

gordura aumenta uma vez que o leite fica mais concentrado (Figura 3). Diante dos valores

encontrados, embora semelhantes (P>0,05), o grupo controle apresentou um valor

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discretamente superior, pois os animais deste grupo ingeriram uma maior proporção de

volumoso, caracterizando uma dieta com maior teor de fibra, o que aumenta a gordura do

leite, uma vez que o ácido acético, principal responsável pela síntese de gordura do leite, é

produzido em maior quantidade em dietas mais ricas em fibras.

Corroborando com os resultados obtidos no presente estudo, Zicarelli (2001)

afirma que aumentos no teor protéico do leite não podem ser atribuídos ao maior

emprego de concentrado no arraçoamento, pois o aporte protéico está estritamente

relacionado com a produção total de leite e não com o teor protéico do leite.

É importante ressaltar a relação dos teores de gordura e proteína do leite quando

se utiliza uma dieta que eleva a produtividade dos animais, na qual geralmente, com

aumento da produção de leite ocorre a diminuição dos teores médios de gordura e

proteína, porém, aumentam a gordura e proteína total do leite.

Quanto ao teor de sólidos totais, representado por todos os componentes do leite

com exceção da água, sendo constituído pelos teores de gordura, proteínas, lactose,

vitaminas e minerais, possui como valores para estes constituintes 17,1% a 17,4%

(MATOS, 2005). Sendo assim, tanto a média de teor de sólidos totais do grupo controle

quanto do tratamento, estão abaixo dos valores de referência (Figura 6). Tal fato pode ser

explicado uma vez que os maiores valores de sólidos totais estão presentes imediatamente

após o parto e no estágio de secagem (FAO, 1991) e, neste estudo, os animais

encontravam-se no período médio de lactação, entre dois e quatro meses.

Já o extrato seco desengordurado, representado pelos mesmos componentes dos

sólidos totais excluindo-se os teores de gordura (TONHATI; CANAES; LIMA, 2004) com

variação entre 9,32 e 10,24% (NADER FILHO et al., 1996), apresentou em ambos os grupos

os valores esperados (Figura 7).

Da mesma forma, o teor de lactose, principal açúcar do leite e fundamental para a

obtenção de derivados lácteos através do processo de fermentação, nos dois grupos

registrou médias dentro dos limites padrão para a espécie (Figura 5), ou seja, valores entre

4,78 a 5,05% (MATTOS, 2005).

Quanto à contagem de células somáticas (Figura 8), único parâmetro analisado

neste estudo que apresentou diferença entre os grupos (P<0,05), pode ser a plausível

explicação para a suplementação não ter gerado influências positivas sobre os índices

qualitativos e produtivos do leite, pois búfalas com elevada CCS apresentam redução na

produção de leite e alteração dos teores dos seus constituintes (JORGE et al., 2005).

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Em resumo, a qualidade e a produtividade do leite de búfalas são influenciadas

conforme o genótipo do animal, a idade, a raça, a fase de lactação, a sanidade, a estação

do ano e a nutrição. No presente estudo, os animais utilizados pertenciam à mesma raça,

estando na mesma fase de lactação e parindo na mesma estação do ano, bem como

equilibrados em relação à ordem de parição. Assim, baseado nos fatores citados, podemos

afirmar que neste experimento a suplementação com concentrado não foi eficiente para

influenciar positivamente na composição e na produção do leite.

Portanto, a suplementação com concentrado oferecido de forma coletiva para

búfalas com produção média inferior a 5 kg/ dia quando mantidas em pastagem de

qualidade não é economicamente viável.

REFERÊNCIAS

ABCB divulga nova estimativa sobre a Bubalinocultura no Brasil. Portal do Agronegócio. 20 jun. 2008. Disponível em: <http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=24584>. Acesso em: 13 jul 2008.

AMARAL, F.R.; ESCRIVÃO, S.C. Aspectos relacionados à búfala leiteira. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v. 29, n.2, p.111-117, abr./jun. 2005. Disponível em: <http://www.cbra.org.br>. Acesso em: 13 jul 2008.

BERNARDES, O. Bubalinocultura no Brasil: situação e importância econômica. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.31, n.3, p.293-298, jul./set. 2007. Disponível em: <http://www.cbra.org.br>. Acesso em: 13 jul 2008.

BRITO, J.R.F.; DIAS, J.C. A qualidade do leite. Juiz de Fora: Embrapa/São Paulo: Tortuga, 1998. p.88.

FAO. O Búfalo. Brasília: Ministério da Agricultura/São Paulo: Associação Brasileira de Criadores de Búfalos, 1991, 320p.

JORGE, A.M. et al. Correlação entre o Califórnia Mastitis Test (CMT) e a Contagem de Células Somáticas (CCS) do Leite de Búfala Murrah. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.6, 2005, p.2039-2045.

KEARL, L.C. Nutrição de búfalos em regiões tropicais. Tradução e adaptação por Alcides de Amorim Ramos, 1982.

MATTOS, B.C. Aspectos qualitativos do leite bubalino. Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia, Jaboticabal., v.1, n.9, 01 dez. 2005. Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=91>. Acesso em: 04 jul. 2008.

NADER FILHO, A. et al. Variação das características físico-químicas do leite de búfala, durante os diferentes meses do período de lactação. ARS Veterinária, v.12, n. 2, p. 148-153,1996.

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TONHATI, H.; CANAES, T.S.; LIMA, A.L.F. Palestra Buiatria. 2004. Fatores que afetam a contagem de células somáticas e suas relações com a composição e produção de leite de búfalas. 2004.

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ZICARELLI, L. Alimentação da Búfala Leiteira. In: II Simpósio Paulista de Bubalinocultura. Pirassununga, 2001.

Arlindo Saran Netto

Pós-doutorando da Universidade de São Paulo- FZEA, Campus Pirassununga-SP.

Gisele Fernanda Greghi

Discente do curso de Medicina Veterinária. Centro Universitário Anhanguera - Unifian, unidade Leme.

Priscila Maciel Brunoro

Discente do curso de Medicina Veterinária- UNIP.

Marco Aurélio de Felício Porcionato

Pós-doutorando da Universidade de São Paulo- FZEA, Campus Pirassununga - SP.