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“Influência da educação do paciente e do familiar no ambiente hospitalar” por Jorge Luiz da Silveira Silva Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre Modalidade Profissional em Saúde Pública. Orientadora principal: Prof.ª Dr.ª Cristiane Machado Quental Segundo orientador: Prof. Dr. Marcelino José Jorge Rio de Janeiro, agosto de 2011.

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Page 1: “Influência da educação do paciente e do familiar no ... · Jorge Luiz da Silveira Silva ... Orientadora principal: Prof.ª Dr.ª Cristiane Machado Quental ... com sua dimensão

“Influência da educação do paciente e do familiar no ambiente hospitalar”

por

Jorge Luiz da Silveira Silva

Dissertação apresentada com vistas à obtenção do título de Mestre Modalidade Profissional em Saúde Pública.

Orientadora principal: Prof.ª Dr.ª Cristiane Machado Quental Segundo orientador: Prof. Dr. Marcelino José Jorge

Rio de Janeiro, agosto de 2011.

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Esta dissertação, intitulada

“Influência da educação do paciente e do familiar no ambiente hospitalar”

apresentada por

Jorge Luiz da Silveira Silva

foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Dr. Geraldo Luiz Moreira Guedes

Prof.ª Dr.ª Marizete Pereira da Silva

Prof.ª Dr.ª Cristiane Machado Quental – Orientadora principal

Dissertação defendida e aprovada em 10 de agosto de 2011.

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Catalogação na fonte Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica Biblioteca de Saúde Pública

S586 Silva, Jorge Luiz da Silveira

Influência da educação do paciente e do familiar no ambiente hospitalar. / Jorge Luiz da Silveira Silva. -- 2011.

64 f. : tab. ; graf.

Orientador: Quental, Cristiane Machado Jorge, Marcelino José

Dissertação (Mestrado) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2011

1. Educação de Pacientes como Assunto. 2. Família. 3. Ambiente de Instituições de Saúde. 4. Hospitais. 5. Gerenciamento de Segurança. 6. Acreditação. 7. Inovação Organizacional. 8. Controle de Qualidade. I. Título.

CDD - 22.ed. – 362.11068

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4

Dedico esta dissertação a meus filhos

Tiago, Lívia e Júlia que me permitiram descobrir minha maior emoção e

o amor que dá sentido à vida. A Regina, minha esposa, em especial, por

toda dedicação e companheirismo. A meus pais, em memória, pelo que

me ensinaram.

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5

AGRADECIMENTOS

Aos meus orientadores Profs. Drs. Cristiane Machado Quental e Marcelino José

Jorge, pelo apoio de forma especial, pelo aprendizado e sugestões para a realização

desta dissertação e pelo dispêndio incansável de seus tempos nesta trajetória.

Aos Profs. Drs.Geraldo Luiz Moreira Guedes e Marizete Pereira da Silva por

aceitarem participar da banca examinadora.

Ao Prof. Dr. Frederico Antônio Azevedo de Carvalho que participou da banca

de qualificação, as sugestões para o trabalho.

À Direção, Vice-Direção e colegas de trabalho do IPEC o apoio e compreensão

durante os afastamentos para o curso.

A minha família por todo o incentivo e apoio desde o “pensar o mestrado”,

preparar o projeto e finalizar a dissertação.

Aos colegas de turma, e docentes o muito que contribuíram nas discussões de

curso, além dos momentos alegres que suavizaram o dia a dia.

À FIOCRUZ que possibilitou a minha pós-graduação.

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“Existem momentos na vida onde a questão de saber se se pode

pensar diferentemente do que se pensa e perceber diferentemente

do que se vê, é indispensável para continuar a olhar e refletir.”

Michel Foucault

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RESUMO

Com foco empírico em unidades hospitalares (UHs), esta dissertação testa a

associação entre Educação do Paciente e do Familiar (EPF) e Gerenciamento do

Ambiente Hospitalar e Segurança (GAS). A amostra de conveniência é composta de 33

relatórios de avaliação da Acreditação Hospitalar (AH) sobre 27 UHs não-identificadas

concluídos entre 2004 e 2009. Para tratar o material empírico, primeiro foi desenvolvida

uma análise confirmatória dos dados sobre as unidades de observação amostradas,

apoiada em técnicas paramétricas, visando confirmar a associação da função gerencial

EPF com a função GAS e, em seguida, foi feito um estudo de caso sobre o resultado da

última avaliação da função EPF do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas

(IPEC) pela AH, realizada em 2006, com vistas a produzir contribuições gerenciais

relativas à sua conformidade. Os objetivos propostos foram atingidos com o auxílio da

Análise Fatorial, em parte devido ao reduzido tamanho da amostra e também em

decorrência de elevada colinearidade, além da reduzida variação dos escores usados

como variáveis independentes. Como contribuição metodológica, a dissertação divulgou

uma fonte de dados inédita na pesquisa sobre economia da gestão. Como contribuição

gerencial, identificou os fatores componentes de EPF influentes na GAS e esclareceu as

relações entre as funções organizacionais da AH e o desempenho em GAS, contribuindo

para o empenho de gestores e profissionais de saúde na mudança na organização.

Palavras-chave: Educação do Paciente e do Familiar, Ambiente Hospitalar, Custos de

Transação, Acreditação Hospitalar, Contribuição Gerencial

Rio de Janeiro

2011

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ABSTRACT

By empirically focusing on hospital units this master dissertation tests whether

Education of Patients and Relatives is useful to manage health services environment.

The convenience sample consisted of 33 assessment reports relating to 27 unidentified

hospitals and completed between 2004 and 2009. To investigate the empirical

information confirmatory analysis were performed with the help of statistical

techniques. Factoral Analysis was used with Multiple Regression Model to complete

stated research goals which were only partially attained due to both the small sample

and collinearity problems, as well as to the small range of most independent variables in

the study. With views to produce managerial contribution about Education of Patients

and Relatives in Evandro Chagas Clinical Research Institute of Oswaldo Cruz

Foundation in Brazil (IPEC/FIOCRUZ), a case study was developed using data of

Hospital Accreditation report. Two contributions of the dissertation should be noted:

first, its pioneering use of Hospital Accreditation reports as a data source on the

economics of organizations; second, the managerial implications stemming from its

investigation of the organizational environment around hospital units and pointing to a

necessary compromise of managers and professionals toward organizational change.

Keywords: Patient Promotion, Health Services Environment, Transaction Costs,

Accreditation Standards for Hospitals, Management Solutions

Rio de Janeiro

2011

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SUMÁRIO

1. Introdução ................................................................................................................. 12

2. Objetivos.................................................................................................................... 16

2.1. Objetivo geral ...................................................................................................... 16

2.2. Objetivos específicos........................................................................................... 16

3. Justificativa ............................................................................................................... 17

4. Marco Conceitual ..................................................................................................... 20

4.1. Educação do paciente e do familiar ..................................................................... 20

4.2. Complexo Econômico-Industrial da Saúde, unidade hospitalar e inovação

organizacional............................................................................................................. 24

4.3. Organização, estrutura hierárquica e governabilidade na unidade ...................... 29

4.4. Mudança tecnológica, inovação e treinamento na unidade hospitalar ................ 32

4.5. Bens comercializados com base na experiência de uso e sinal de qualidade ...... 33

4.6. Sistema de certificação do controle de qualidade e incentivo ............................. 35

4.7. Acreditação hospitalar, inovação gerencial e gerência do ambiente hospitalar .. 36

5. Material e Métodos................................................................................................... 40

6. Resultados e Discussão ............................................................................................. 44

6.1. Associação estatística entre educação do paciente e familiar e ambiente

hospitalar da UH......................................................................................................... 44

6.2. Influência efetiva e perspectivas de aperfeiçoamento dos fatores componentes da

educação do paciente e familiar na gerência do ambiente hospitalar do IPEC .......... 47

7. Conclusões ................................................................................................................. 55

8. Referências Bibliográficas ....................................................................................... 60

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Lista de Quadros

Quadro 1: Acreditação Hospitalar: EMs exemplificativos dos esforços de inovação da

educação do paciente e do familiar na UH. .................................................................... 39

Quadro 2: Conformidade dos EMs representativos dos esforços de inovação da

educação do paciente e do familiar na UH: IPEC - 2006. .............................................. 48

Lista de Tabelas

Tabela 1: Matriz de Cargas Fatoriais. ........................................................................... 45

Tabela 2: Resultados da Regressão Múltipla. ............................................................... 46

Tabela 3: Frequências absoluta e relativa do Elemento de Mensuração da função

educação do paciente e do familiar da UH: IPEC - nov/2006........................................ 49

Lista de Figuras

Figura 1: Frequência dos rótulos dados à atividade educativa...................................... 22

Figura 2: Complexo Econômico-Industrial da Saúde - Caracterização Geral. ............. 24

Figura 3: Sistema Nacional de Inovação em Saúde. ..................................................... 26

Figura 4: Arcabouço conceitual para o desempenho hospitalar.................................... 30

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Lista de abreviaturas, siglas e símbolos

ACC Acesso ao Cuidado e Continuidade do Cuidado

AH Acreditação Hospitalar

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AP Avaliação dos Pacientes

C Conformidade

CBA Consórcio Brasileiro de Acreditação

CEIS Complexo Econômico-Industrial da Saúde

CP Conformidade Parcial

CPa Cuidados ao Paciente

CT Custo de Transação

DPF Direitos dos Pacientes e Familiares

EM Elementos de Mensuração

ENSP Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca

EPF Educação de Pacientes e Familiares

EQP Educação e Qualificação dos Profissionais

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

GAI Gestão da Atividade Inovadora

GAS Gerenciamento do Ambiente Hospitalar e Segurança

GI Gerenciamento de Informação

GLD Governo, Liderança e Direção

GUM Gerenciamento e Uso de Medicamentos

IPEC Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas

JCI Joint Commission International

NC Não Conformidade

NEI Nova Economia Institucional

OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OMS Organização Mundial da Saúde

ONA Organização Nacional de Acreditação

OPAS Organização Pan-Americana de Saúde

PCI Prevenção e Controle de Infecções

PINTEC Pesquisa Industrial sobre Inovação Tecnológica

QSP Melhoria da Qualidade e Segurança do Paciente

UH Unidade Hospitalar

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INFLUÊNCIA DA EDUCAÇÃO DO PACIENTE E DO FAMILIAR NO

AMBIENTE HOSPITALAR

1. Introdução

Com o crescimento econômico e a Reforma do Estado no Brasil, a prestação de

serviços de saúde tornou-se uma atividade crescentemente suprida através do mercado.

Face ao seu caráter especializado, o crescimento da produção desses serviços depende

da efetividade em custo e também da qualidade do serviço prestado, o que tornam

necessário, considerá-los como um dos critérios de avaliação das Unidades Hospitalares

(UHs).

Nessas organizações, no entanto, é comum a dispersão dos microdados - ou seja,

o menor nível de desagregação dos dados de uma pesquisa, apresentado nesta

dissertação pelas notas dos Elementos de Mensuração (EM) nos relatórios educativos -

necessários à pesquisa sobre recursos, processos e resultados, bem como o

desconhecimento a priori das rotinas das atividades, tornando difícil a sua avaliação

pelo observador externo.

A participação do paciente e familiar no processo de cuidado e em sua

recuperação apresenta-se como um alvo importante das instituições de saúde modernas.

Compreender a inter-relação entre o ambiente hospitalar, o paciente e o familiar, em sua

internação, é de extrema importância para que se possa aperfeiçoar a contribuição de

cada participante indissociável deste processo.

Esse ambiente hospitalar quase sempre negligencia as necessidades emocionais

do paciente bem como o seu conhecimento da doença. Porém, quando o paciente vê

suas necessidades individuais serem satisfeitas e percebe a atenção e o cuidado da

equipe, ele se sente mais seguro. Esta sensação de segurança, por sua vez, contribui de

forma efetiva para a sua melhora.

Lidar com pessoas, com sua dimensão social e subjetiva e não somente

biológica, é um desafio para a saúde em geral, inclusive a clínica realizada nos

hospitais.

Nesta dissertação, portanto, foram utilizadas informações disponíveis nos

relatórios educativos da Acreditação Hospitalar (AH) e ainda pouco exploradas na

literatura, com vistas a comparar o desempenho das UHs. Com isso pode-se usar

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medidas quantitativas sobre os esforços de inovação em funções micro-organizacionais

das UHs, que sejam reconhecidas como de fonte independente de avaliação e observar

sua influência no ambiente hospitalar, de forma a subsidiar a gestão destas organizações

e, em particular, a formulação de diretrizes gerenciais para a promoção da educação do

paciente e do familiar e da melhoria da qualidade dos serviços de saúde.

A AH é um processo de avaliação externa, contratado de forma voluntária

pelas UHs, através do qual uma organização, em geral não-governamental, avalia

periodicamente se elas atendem um conjunto de padrões de qualidade do cuidado ao

paciente que são reconhecidos.

Sob a ótica da AH, a educação do paciente e dos familiares ajuda-os a terem o

conhecimento e as informações necessárias para que possam participar e tomar decisões

sobre o seu cuidado (CBA, 2003).

Como um resultado específico da análise, o conhecimento da influência de

algumas “funções de organização” examinadas pelos relatórios educativos da AH na

gerência do ambiente hospitalar serve de referência da avaliação das soluções a serem

propostas com respeito ao Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (IPEC),

Unidade Técnico-Científica da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), com vistas ao

aperfeiçoamento das características micro-organizacionais relativas à educação do

paciente e do familiar nesta UH.

Face aos resultados obtidos sobre a associação positiva entre, de um lado, a

conformidade aos padrões da AH da capacitação de pessoal, da gerência da informação

e da gestão participativa com governabilidade e, de outro, a qualidade do ambiente

hospitalar da UH, foi avaliado o efeito da educação do paciente e do familiar na

gerência do ambiente hospitalar.

O motivo de interesse pelo tema foi a observação, nestes tempos de altas

tecnologias e que tanto se discute inovação em saúde, de como os pacientes de modo

geral desejam fazer uso dessas inovações tecnológicas, e as formas dos profissionais a

utilizarem e, a necessidade de olhar o básico e tão essencial para o ser humano, que é a

educação e conhecimento, permitindo ao paciente (re)pensar sobre suas aspirações e

expectativas em saúde.

Essa dissertação está organizada, além desta introdução, em seis capítulos

divididos em assuntos que subsidiam e fundamentam a discussão principal e, ao final,

inclui as referências bibliográficas.

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O próximo capítulo explicita os objetivos geral e específicos da dissertação que

buscam, a partir da avaliação da importância da educação do paciente, aperfeiçoar o

ambiente hospitalar.

No terceiro capítulo se justifica a importância do estudo considerando sua

relevância para a gestão participativa entre a administração, os profissionais de saúde e

os pacientes e seus familiares e a baixa exploração na literatura da utilização de

microdados.

O quarto capítulo é dedicado à formulação do marco teórico da análise.

Encontra-se dividido em sete subitens que apresentam conceitos relativos à educação

em saúde de uma forma mais geral e no ambiente hospitalar, mais especificamente; ao

Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) e inovação organizacional na

perspectiva do Manual de Bogotá; comercialização de bens com base na experiência de

uso e sinal de qualidade; custos de transação e assimetria de informação. Descrevem-se

brevemente os conceitos de certificação de controle de qualidade, AH e gerência do

ambiente hospitalar.

No quinto capítulo se explicita o material utilizado para pesquisa e o método

para sua análise. Foi usada uma amostra de conveniência composta de 33 relatórios de

avaliação educativa da AH produzidos pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação

(CBA), de acesso disponível para este estudo. Esses relatórios foram concluídos entre

2004 e 2009 e realizados em 27 UHs, não-identificadas. Serviram de referência os

padrões da AH do Manual de Certificação Hospitalar da Joint Commission

International (JCI), que são de dois tipos: Padrões com Foco no Paciente e Padrões de

Administração de Instituições de Saúde. Foram usadas técnicas paramétricas para uma

análise confirmatória dos dados, que permitiu identificar o tipo de influência exercido

pelas funções organizacionais.

Para a pesquisa empírica com vistas às contribuições gerenciais relativas às

características micro-organizacionais da Educação do Paciente e Familiar (EPF) foi

elaborado um quadro com os Elementos de Mensuração (EM) relativos à EPF, a partir

do relatório de avaliação educativa do IPEC, realizado pelo CBA, em novembro de

2006.

O sexto capítulo apresenta a análise estatística confirmatória da hipótese sobre a

influência da educação do paciente e do familiar na gerência do ambiente hospitalar.

Explora os resultados dos relatórios educativos da AH para discutir contribuições

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gerenciais sobre o aperfeiçoamento da educação do paciente e familiar e melhoria do

ambiente hospitalar do IPEC.

No sétimo capítulo é feita uma síntese das questões levantadas tentando

estabelecer uma relação entre funções organizacionais a priori levantadas e sua

influência no ambiente hospitalar. São feitas, ainda, considerações sobre função EPF

que se espera poder contribuir na gerência do Hospital do IPEC com respeito a essa

função.

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2. Objetivos

2.1. Objetivo geral

Analisar os efeitos das características organizacionais e funções gerenciais

relativas a tamanho, tipo de propriedade, capacitação do pessoal, educação do paciente e

do familiar, gestão participativa com governabilidade e gerência da informação na

qualidade do ambiente hospitalar da UH e avaliar a importância da educação do

paciente e do familiar para propor esforços de inovação de características

organizacionais de educação do paciente e do familiar, com vistas a aperfeiçoar o

ambiente hospitalar.

2.2. Objetivos específicos

a) caracterizar os esforços de inovação relativos à educação do paciente e do

familiar e a sua influência na qualidade do ambiente hospitalar;

b) avaliar a influência dos esforços de inovação relativos à educação do paciente

e do familiar na qualidade do ambiente hospitalar;

c) extrair contribuições gerenciais relativas à educação do paciente e do familiar;

d) avaliar a influência dos esforços de inovação relativos à capacitação

profissional na qualidade do ambiente hospitalar;

e) avaliar a influência dos esforços de inovação relativos à gestão participativa

com governabilidade na qualidade do ambiente hospitalar;

f) avaliar a influência dos esforços de inovação relativos à gerência da

informação e da comunicação na qualidade do ambiente hospitalar;

g) avaliar a influência do tipo de propriedade na qualidade do ambiente

hospitalar;

h) avaliar a influência do tamanho na qualidade do ambiente hospitalar; e

i) produzir contribuições gerenciais para a melhoria do ambiente hospitalar do

IPEC como resultado do aperfeiçoamento da função gerencial de educação do paciente

e do familiar da UH.

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3. Justificativa

Na área da saúde receber o cliente que vem em busca de assistência envolve os

aspectos comerciais, culturais, receptivos, além de toda infraestrutura específica

oferecida pelo hospital. O paciente vem em busca de tratamento, de médicos e de

enfermagem competentes, mas ele também deseja qualidade, segurança e conforto no

seu período de internação.

É a partir dessa necessidade do paciente que o hospital deve se adaptar e buscar

um ambiente acolhedor e menos hostil. Mas, para isso não bastam apenas mudanças na

estrutura física do hospital, tornam-se indispensáveis mudanças na estrutura

organizacional.

Segundo o Ministério da Saúde (2000), harmonizar “é garantir à palavra a sua

dignidade ética”. Essa linguagem precisa ser decodificada, ou seja, o outro deve

reconhecer o seu significado. No ambiente hospitalar, dor e sofrimento precisam ser

reconhecidos e compreendidos de maneira humanizada, pois só assim o paciente

percebe que todos no hospital têm um objetivo comum, atendê-lo bem.

Esta preocupação deve levar em consideração a necessidade de saber falar e

ouvir o outro, respeitando as diferenças existentes. Enfim, deve ser uma constante

procura de meios que facilitem a comunicação entre as pessoas.

No processo de AH, na função EPF, “a educação ocorre quando o paciente

interage com seu médico ou com o corpo de enfermagem” (CBA, 2003). Esse momento

pode influenciar positivamente o ambiente hospitalar. Daí o interesse em poder estudar

esta relação, por meio dos relatórios educativos da AH na função EPF.

Ainda que pouco explorada na literatura, a utilização de microdados para o

estudo da inovação organizacional na UH e para a avaliação comparativa de

organizações do tipo almejado nesta dissertação, justifica-se uma vez que as UHs são

organizações peculiarmente complexas devido à diversidade de produtos e serviços que

as UHs utilizam e proporcionam à sociedade, seja na forma de assistência, seja na forma

de conhecimentos científicos de qualidade.

Organizações com esse perfil defrontam-se, no entanto, com dificuldades críticas

de obter e manter dados básicos com abrangência significativa, assim como de construir

inventários (de estoques e de fluxos) de recursos e de resultados de forma exaustiva,

razoavelmente precisa e sistemática.

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Consequentemente, a obtenção de medidas diretas de avaliação de efetividade

organizacional, como as medidas de cumprimento dos padrões de qualidade que são

estabelecidos pelo sistema de certificação do controle da qualidade da AH e

monitoradas por meio dos relatórios educativos da AH, visa evitar que a avaliação

comparativa das UHs fique comprometida, ou tenha o seu escopo excessivamente

circunscrito à disponibilidade de informações.

Tratando-se de serviços de saúde, a avaliação do desempenho do produtor e a

sua comparação com os seus concorrentes não pode considerar só os seus preços;

precisa também levar em conta a qualidade dos serviços que ele comercializa no

mercado.

Isso porque, praticamente todas as relações de troca, tanto as que ocorrem entre

as UHs, como as que ocorrem entre os agentes econômicos no interior destas unidades –

produtores ou consumidores envolvem custos adicionais aos do preço que é pago pelo

serviço objeto da transação (DJELLAL; GALLOUJ, 2005, p. 818).

Quando o usuário deseja serviços escolhidos com base na experiência de uso, do

tipo dos serviços de saúde, tem que investir tempo e fazer despesas para avaliar a

qualidade da assistência que lhe é oferecida, assim como o prestador do serviço depende

de informações sobre os pacientes de que ele não dispõe e que não consegue obter com

facilidade nestas ocasiões, como está explicitado no capítulo 4, subitem 4.4.

Em ambos os casos surgem dificuldades para concretizar um acordo entre as

partes envolvidas na transação do serviço. Tais dificuldades introduzem ineficiências na

relação de atendimento que não existiriam se o conhecimento necessário fosse

disponível sem custos.

Nas aplicações da teoria do consumidor às condições da concorrência em

mercados imperfeitos de bens e serviços é destacado que esses ‘custos de transação’

incorridos na conciliação dos interesses entre os produtores e os consumidores de fato

existem, e que uma parcela relevante deles decorre das ‘assimetrias’ entre as

informações sobre a qualidade de que os produtores e consumidores dispõem no

momento da transação (ENGEL, 1995, p. 9).

Os custos de transação podem, além disso, ser tipicamente altos em alguns

mercados, impedindo as transações entre as partes e, em alguns casos, bloqueando

completamente a formação do mercado.

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19

Diante das dificuldades daí decorrentes para o desenvolvimento das atividades

econômicas, ganha destaque, então, a informação adequada sobre a qualidade do bem

ou serviço ao consumidor.

A avaliação do desempenho das organizações públicas de prestação de serviços,

em particular, apresenta pelo menos três traços que traduzem a sua complexidade e, por

isso mesmo, conferem interesse acadêmico à dissertação:

(1) utilizam múltiplos insumos e funcionam sob limitação orçamentária, de

modo que faz todo o sentido avaliar como são empregados esses recursos variados,

porém limitados;

(2) frequentemente, para os serviços prestados, não existem “preços de

mercado” que pudessem servir como sinalizadores da alocação de recursos, ao contrário

do que ocorre na contabilidade gerencial privada, configurando, neste sentido, mais um

desafio à avaliação do desempenho organizacional; e

(3) são organizações multipropósito, para as quais existem não somente

dificuldades de mensuração de resultados, mas nas quais também pode acentuar-se o

problema da subotimização por dificuldades de coordenação.

Face ao aguçamento do fenômeno da crescente judicialização das transações e

aos limites da regulamentação de tipo comando e controle no mercado de serviços de

saúde a dissertação pode, em primeiro lugar, trazer uma contribuição objetiva para a

percepção da influência da educação do paciente e do familiar na redução dos custos de

transação do ambiente hospitalar. Pode, em segundo lugar, sugerir aplicações a respeito

dos mecanismos operacionais passíveis de serem acionados para a gestão das tensões

entre a administração, os profissionais de saúde e os pacientes e familiares nas UHs.

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4. Marco Conceitual

O marco de referência da análise está fundamentado em conceitos da literatura

sobre educação em saúde e economia da gestão, tais como: a participação do usuário

durante a prestação de serviço de saúde (CAMPOS, 1997); a construção de sujeitos

autônomos ((SCHIMITH; LIMA, 2004); a função da organização na Nova Economia

Institucional (NEI) (NORTH, 1994); a natureza da inovação (DJELLAL; GALLOUJ,

2005) no CEIS (GADELHA, 2003); o contexto de ajuste mútuo e de falha de

governabilidade na Teoria das Configurações (MINTZBERG, 1995); a abrangência da

inovação organizacional conforme a Organização para Cooperação e Desenvolvimento

Econômico (OCDE) (TIGRE, 2006), o Manual de Bogotá (RICYT/OEA/CYTED,

2001) e Birkinshaw, Hamel e Mol (2005); a busca de vantagem competitiva através do

treinamento dos funcionários (BATESON; HOFFMAN, 2001); a certificação da

qualidade (ENGEL, 1995); e a satisfação do consumidor pela qualidade (IACOBUCCI

et al., 2004).

4.1. Educação do paciente e do familiar

A educação em saúde pode ser definida como um campo multifacetado para o

qual convergem diversas concepções, tanto da área da educação quanto da área da

saúde, que retratam diferentes concepções de mundo, de acordo com distintas posições

político-filosóficas sobre o homem e a sociedade (SHCHALL; STRUCHINER, 1999).

Apesar dessa definição, ainda persiste, na prática, a educação em saúde ser vista

como a transmissão de conhecimentos, de alguém detentor do conhecimento, para

alguém sem conhecimentos. Esse problema denota, ainda, apesar de esforços em

contrário, uma acentuada ênfase no biologismo, com profunda raiz, o que não só

restringe a visão dos outros horizontes, como cria sérias dificuldades pelo seu sentido

unilateral.

Durante o período higienista (final do século XIX e início do século XX) não se

percebe a preocupação com a educação em saúde, pois, ao se atribuir a doença a um

agente específico, bastava eliminar o causador e a saúde estaria restabelecida. A

transmissão de informações era uma das poucas atividades educativas relacionadas à

saúde. Somente no início dos anos 40, com a criação do Serviço Especial de Saúde, no

Brasil, inicia-se uma nova fase onde a educação sanitária é reconhecida como uma

atividade básica e se atribui a vários profissionais a sua responsabilidade. A população

ainda continua a ser considerada como passiva e incapaz de iniciativas próprias.

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A partir dos anos 60, com o novo enfoque trazido pela medicina comunitária,

que prioriza a participação ativa e consciente dos indivíduos e grupos sociais, inicia-se

uma nova mudança.

A maioria das intervenções em saúde pode envolver interação, direta ou não,

entre sujeitos (profissional e usuário), o que implica em ações pedagógicas que podem

se dar de forma autoritária (como historicamente esteve presente em várias abordagens

da Saúde Pública), ou pode se revestir de uma concepção interpretativa sobre o processo

saúde-doença.

Campos (1997) afirma que o vínculo dos usuários com o serviço de saúde

amplia a eficácia das ações de saúde e favorece a participação do usuário durante a

prestação de serviço. Esse espaço deve ser utilizado para a construção de sujeitos

autônomos, tanto profissionais quanto pacientes, pois não há construção de vínculos

sem que o usuário seja reconhecido na condição de sujeito, que fala, julga e deseja

(SCHIMITH; LIMA, 2004).

Assim, podemos superar a visão centrada em conhecimentos biológicos aliados

às técnicas pedagógicas voltadas apenas para a transmissão de conhecimentos não

pertinentes às necessidades sociais e desvinculadas das condições de vida dos

indivíduos, que fazem com que as informações fornecidas pelos profissionais,

geralmente, consideradas essenciais por estes, não sejam informações consideradas

necessárias pelo próprio paciente (FALVO, 2004).

Em nível conceitual, a atividade educativa tem recebido diferentes

denominações, e em alguns trabalhos, dois ou três nomes são utilizados. Entre as

denominações utilizadas, o rótulo orientação, como mostra a Figura 1, encontra-se

citado com maior frequência (38,57 %), seguido de educação em saúde (21,43%), ação

educativa (11,43%) e aconselhamento na saúde (4,29%). O conteúdo informativo dos

programas educativos apresentados foi classificado em dois tipos: informações

processuais e sensoriais, ambos com conteúdos sobre a doença e não da visão da saúde

(MELLES; ZAGO, 1999).

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Figura 1: Frequência dos rótulos dados à atividade educativa.

Ação Educativa11,43% (8) Aconselhamento na

Saúde4,29% (3) Educação

2,86% (2)

Educação do Paciente

1,43% (1)

Educação em Saúde21,43% (15)

Educação Popular1,43% (1)

Educação Sanitária2,86% (2)Ensino

4,29% (3)

Orientação38,57% (27)

Orientação Planejada1,43% (1)

Orientação Sistematizada

2,86% (2)

Processo Educativo5,71% (4)

Treinamento do Paciente

1,43% (1)

Fonte: Adaptado de MELLES; ZAGO, 1999

Para Zago (1994 apud MELLES; ZAGO, 1999), a desvantagem da prática

ritualística da orientação está na negação do paciente como agente ativo do processo

com sua singularidade e suas necessidades específicas de aprendizagem, tendente a ser

excluída do processo ou pouco considerada.

A educação do paciente é uma experiência planejada, que usa uma combinação

de métodos como ensino, aconselhamento e técnicas de modificação do comportamento

que influenciam o conhecimento do paciente e, consequentemente, o seu

comportamento de saúde (BARTLETT, 1985). Para a mesma autora, aconselhamento é

um processo individualizado que envolve soluções de problema colaborativo para

ajudar o paciente a melhor lidar com o problema da saúde

No internamento do paciente, as relações existentes entre este e os profissionais

criam uma negociação visando à identificação de suas necessidades e uma busca de

produção de vínculo. É necessário ampliar o foco para além da doença, agregando a esta

também situações que ampliam o risco ou vulnerabilidade das pessoas.

O Ministério da Saúde (BRASIL, 2007) tem a proposta da clínica ampliada, que

visa o compromisso com o sujeito, assumindo a responsabilidade sobre ele, buscando a

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intersetorialidade, reconhecendo os limites de conhecimento e das tecnologias usadas

que são baseadas em princípios éticos. Desse modo, a ampliação mais importante,

contudo, seria considerar que, concretamente, não há problema de saúde ou doença sem

que esteja encarnado em sujeitos, em pessoas.

Os pacientes são consumidores diretos e imediatos do hospital, mas a família do

paciente está também envolvida e influencia a visão deste de si mesmo e do que é

esperado (BELL; ZUCKER, 1968).

Segundo Corraliza (1998), um dos processos mais relevantes da interação

indivíduo-ambiente está relacionado à conversão do espaço físico em um espaço

significativo para o paciente.

Santos e Silva (2002) lembram, por sua vez, que a educação desempenha papel

de destaque na equipe multidisciplinar, para a promoção do autocuidado no sujeito. A

educação para o autocuidado enfoca as necessidades e objetivos do sujeito, promovendo

um aumento do vínculo do paciente com a instituição e com os profissionais que atuam

nesta atividade. Além disso, proporciona um momento de troca de experiência com

outros usuários do serviço de saúde e, consequentemente, redução da ansiedade

relacionada ao período de internação, entre outras dúvidas comuns que ocorrem neste

período.

Assim, essa troca de experiências e de conhecimento entre os profissionais de

saúde, pacientes e seus familiares, voltada à condição de saúde do paciente como um

sujeito, pode ter um impacto positivo para a sua recuperação durante o seu período de

internação e após sua alta.

A construção de uma função gerencial de educação do paciente e do familiar

deve ampliar o grau de autonomia dos usuários para compreenderem e atuarem sobre si

mesmos e sobre o mundo da vida. O grau de autonomia pode ser medido pela

capacidade de autocuidado, de compreensão sobre o processo saúde/enfermidade e pela

capacidade de usar o poder de estabelecer compromissos e contratos com outros.

A educação inclui os conhecimentos necessários durante o processo do cuidado

e aqueles após a alta do paciente e sua transferência para outro local de cuidado ou para

sua residência. A educação efetiva em uma instituição emprega os formatos eletrônicos

e visuais disponíveis e uma variedade de técnicas, como ensino à distância e outras

(CBA, 2008).

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4.2. Complexo Econômico-Industrial da Saúde, unidade hospitalar e inovação

organizacional

As atividades de assistência e de desenvolvimento científico e tecnológico na

área da saúde estão inseridas num contexto produtivo e econômico que conforma o

CEIS, que apresenta relações de interdependência entre as diversas atividades

econômicas, a saber:

• o subsistema de base química e biotecnológica, envolvendo a indústria

farmacêutica, de vacinas, hemoderivados e reagentes para diagnóstico;

• o subsistema de base mecânica, eletrônica e de materiais, envolvendo as

indústrias de equipamentos médico-hospitalares e materiais médicos; e

• o subsistema de serviços, envolvendo a produção hospitalar, laboratorial e

serviços de diagnóstico e tratamento (Figura 2).

Figura 2: Complexo Econômico-Industrial da Saúde - Caracterização Geral.

Setores industriais

Indústrias de base químicae biotecnológica• Fármacos e medicamentos• Vacinas• Hemoderivados•Reagentes para diagnóstico

Indústrias de base mecânica,eletrônica e de materiais• Equipamentos mecânicos• Equipamentos eletroeletrônicos• Próteses e órteses• Materiais de consumo

Setores prestadores de serviço

Hospitais Ambulatórios Serviços de diagnósticoe tratamento

Fonte: (GADELHA, 2003)

A conceituação do CEIS ressalta, portanto, a relação entre inovações, estruturas

produtivas e serviços de saúde cuja interdependência na evolução dos paradigmas

tecnológicos aponta o caráter sistêmico deste Complexo Produtivo (GADELHA, 2003).

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Essa relação evidencia uma dinâmica de compra e venda na cadeia produtiva,

com fortes interações na geração e difusão de conhecimento, nas relações políticas e nas

estratégias competitivas vigentes.

A saúde, dessa forma, pode ser vista como um espaço econômico

interdependente que configura um sistema de inovação (conhecimento transformado em

bens e serviços) e um sistema produtivo, com alto potencial de geração de

conhecimentos e uma base econômica setorial de alta importância - o consumo de

massa e a presença do Estado na sua regulação e promoção.

Esse conceito de CEIS procura captar, ao mesmo tempo, a dimensão sanitária e

econômica, numa perspectiva de pensar a interação entre saúde e desenvolvimento, ou

seja, uma relação que vai além da concepção de um sistema de atenção adequado e nos

remete, também, para uma inserção estratégica de desenvolvimento que privilegie, ao

mesmo tempo, a atenuação da dependência econômica em áreas estratégicas no

contexto atual, tais como as de equipamentos eletrônicos, biotecnologia e novos

materiais.

A não observação desta relação fez com que este complexo se configurasse sem

considerar o seu caráter sistêmico, prejudicando a entrega de bens e serviços de saúde

com resultado social e econômico insatisfatório.

Nesta perspectiva, ao invés da saúde ser considerada apenas como um

“problema” a ser enfrentado com mais despesa e aumento de sua eficiência, passa a ser

vista como uma parte da solução que abre frentes de expansão econômica e de geração

de renda e emprego em segmentos de alta densidade de conhecimento e de inovação,

como é o caso da biotecnologia, da química fina, da eletrônica e dos novos materiais.

No Sistema Nacional de Inovação, o CEIS encontra-se como o local deste

sistema produtivo ocupado pela empresa (setores industriais e serviços de saúde) como

agente transformador do conhecimento em inovação.

Essa concepção nos permite ressaltar a interface entre sistemas e políticas

voltadas ao “desenvolvimento econômico como processo de mudança social pelo qual o

crescente número de necessidades humanas, pré-existentes ou criadas pela própria

mudança, são satisfeitas através de uma diferenciação no sistema produtivo, gerado pela

introdução de inovações tecnológicas” (FURTADO, 1964, apud GADELHA, 2005).

O grande desafio estratégico é justamente o de viabilizar uma expansão e

transformação articulada de todo o sistema produtivo da saúde para permitir o

atendimento, a um só tempo, da expansão das ações e serviços de saúde com o

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desenvolvimento do potencial nacional produtivo e de inovação. A configuração

sistêmica do CEIS no Brasil permite, portanto, se desenhar perspectivas políticas

articuladas de médio e longo prazo.

A Figura 3 apresenta o Sistema Nacional de Inovação em Saúde, identificando a

estrutura do seu sistema produtivo, o sócio-institucional e político que o envolve.

Figura 3: Sistema Nacional de Inovação em Saúde.

Estado 1

Instituições 2Sociedade

civilorganizada

População

Complexo econômico-industrial da saúde

Setoresindustriais

Serviçosde saúde

Fonte: GADELHA; MALDONADO, 2007

1. Incorpora relações de poder, estrutura decisória, e a formulação e

implementação de políticas implícitas e explícitas.

2. Desde instituições formais de C&T e de educação, agências de fomento,

órgãos de financiamento, entre outras, até de normas de conduta institucionalizadas na

sociedade.

Sob a perspectiva da dinâmica do CEIS, a inovação organizacional na UH é um

tema desafiador na literatura econômica, face às dificuldades envolvidas em: (a)

representar esta organização econômica; (b) caracterizar a inovação na unidade de

produção em geral e a produção da UH em particular; (c) mapear a inovação

organizacional; e (d) compreender a inovação neste setor para além da lógica

organizacional-administrativa ou da mera dependência da absorção de tecnologia da

indústria.

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Algumas contribuições mais recentes sobre a inovação na UH merecem ser, a

propósito, destacadas, a saber, (a) os agentes econômicos não contam, de fato, com

informação completa para tomar decisões sobre suas transações no mercado de serviços

de saúde; (b) o conhecimento sobre a natureza diversificada da produção e da inovação

na UH é necessário ao conhecimento das causas da inovação na UH; e (c) os resultados

da pesquisa empírica devem subsidiar a formulação de modelos teóricos sobre o

desenvolvimento da inovação organizacional (DJELLAL; GALLOUJ, 2005).

Como destacam os autores da chamada Teoria do Crescimento Endógeno por

sua vez, o conhecimento tratado como “bem livre”, a inovação exógena, a eficiência

absoluta e a ausência de desequilíbrios com ineficiência no curto prazo são hipóteses

equivalentes à hipótese de informação completa na construção do modelo de equilíbrio

da firma em concorrência perfeita no curto prazo (ROMER, 1994). O custo da

informação, em particular, implica no reconhecimento da presença de estruturas de

organização interna que substituem a regulação do mercado e a regulamentação

(HARRIS, 1977), das eventuais ineficiências na escolha de técnicas (OZCAN, 2008), da

heterogeneidade tecnológica, do aprendizado, da inovação adaptativa (DJELLAL;

GALLOUJ, 2005, p. 829) e da inovação incremental – todas estas premissas devem

então incorporar-se à axiomática dos modelos de determinação da firma em

concorrência imperfeita. Em particular, o custo da informação incorpora o custo da

chamada “sinalização da qualidade” (ENGEL, 1995), que é incorrido pelo produtor para

viabilizar a comercialização dos bens cujo consumo depende da experiência de uso.

Durante o processo de produção de serviço ocorre um encontro que vai impactar

a percepção total da qualidade de um serviço. Segundo Grönroos (1995, p.55), esses

momentos representam oportunidades para o prestador de serviço demonstrar ao cliente

a qualidade de seus serviços. É quando o cliente sente o serviço acontecendo.

Segundo a representação em Djellal e Gallouj (2005, p. 820), por exemplo, a UH

é um “prestador de serviço e ponto focal (hub) do sistema de saúde”, cuja produção é

uma atividade complexa. Como ressalta Gradey (2001), cada serviço é frequentemente

prestado a partir da interação de diferentes operações de serviço. Neste sentido, o

resultado esperado pelo cliente, as características do serviço esperado, são valores

buscados a partir de um processo de produção multifuncional. A inovação tem um

espectro mais amplo nesse tipo de organização multiprodutora: pode ser de natureza

tecnológica, organizacional ou de produtos e serviços; pode ser de grau de novidade

absoluto ou relativo – inovação radical, incremental ou adaptativa; e é extensiva quanto

à sua origem, ou seja, é desenvolvida internamente ou obtida de fonte externa.

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Quanto à inovação organizacional, em particular, Birkinshaw, Hamel e Mol

(2005) concluem que é limitada a contribuição da literatura sobre suas diferentes formas

e processos constituintes e sobre seu elo com a inovação tecnológica, e formulam,

então, o seu modelo teórico sobre inovação organizacional a partir do estudo de sua

natureza e de suas causas.

Examinando as causas da inovação organizacional, por seu turno, propõem

conceituar o estágio inicial como resultado do ajustamento do “mercado de práticas e

ideias de gestão”. Do lado da demanda, o usuário das práticas de gestão, sujeito à

“racionalidade limitada”, substitui ou não as “melhores práticas”, já incorporadas à

“moda da gestão” no seu ambiente institucional pela experimentação interna, com vistas

a preencher uma defasagem percebida entre o desempenho corrente e o desempenho

potencial de sua firma com a introdução de novas práticas de gestão que concorram para

estender seus objetivos e metas. Os fornecedores de práticas e ideias de gestão incluem

as organizações de comunicação de massa, os formadores de opinião, os acadêmicos e

os consultores, que são os responsáveis pelo estabelecimento da “norma de

racionalidade da indústria” nesse mercado que consideram sujeito a “falhas”, até torná-

las aceitáveis e apropriadas às necessidades dos usuários (BIRKINSHAW; HAMEL;

MOL, 2005, p. 27-33, 36).

Face, então, às relações existentes entre os diferentes tipos de inovação, sob

condições de informação incompleta: a confirmação de que certos tipos de inovação

organizacional contribuem mais para a criação de vantagens competitivas ainda depende

de novas evidências que permitam separar suas consequências em termos do impacto no

desempenho da firma inovadora, do impacto do processo de difusão nas organizações e

dos benefícios para a sociedade como um todo (BIRKINSHAW; HAMEL; MOL, 2005,

p. 44).

Para distinguir uma inovação na gestão, três fatores são propostos por

Birkinshaw et al. (2008): i) é impossível proteger por patente uma inovação na gestão;

ii) poucas organizações têm conhecimentos especializados neta área de estudo, assim

como os possuem na gestão tecnológica e iii) a introdução de algo novo cria

ambiguidade e incerteza para os indivíduos em uma organização.

A referência conceitual e metodológica mais utilizada para analisar o processo

de inovação é o Manual de Oslo, desenvolvido pela OCDE. Ele permite a comparação

de estatísticas internacionais e serve como base para a pesquisa da União Europeia

sobre inovação. No Brasil inspirou a Pesquisa Industrial sobre Inovação Tecnológica

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(PINTEC). Ambas monitoram três tipos de inovação: produtos, processos e mudanças

organizacionais (TIGRE, 2006, p.72).

Nesse Manual, a política de inovação é considerada como uma ligação entre a

política científica e tecnológica e a industrial. A inovação é mais enfocada em termos de

interação entre oportunidades de mercado e a base de conhecimentos e as competências

das empresas.

O Manual, entretanto, identifica a inovação mais com a inovação tecnológica, ou

seja, com a geração de novos produtos e processos no âmbito do setor produtivo, dando

pouca atenção às inovações organizacionais e às inovações nos serviços (CONDE;

ARAÚJO-JORGE, 2003).

O Manual de Bogotá (RICYT/OEA/CYTED, 2001) tem como referência os

países em desenvolvimento e mais particularmente, os países da América Latina e

Caribe. Este manual apresentou uma adaptação do Manual de Oslo às especificidades

desses países.

A acumulação de mudanças menores e de pequenas inovações pode ter grande

impacto em produtos e processos e essas mudanças incrementais desempenham, nos

países em desenvolvimento, um papel tão importante quanto as radicais

(RICYT/OEA/CYTED, 2001).

O Manual de Bogotá sugere a introdução do conceito de Gestão da Atividade

Inovadora (GAI) que inclui não somente a inovação em sentido estrito, mas também o

conjunto de atividades constitutivas do esforço tecnológico. A GAI tem, entre suas

premissas, o reconhecimento da necessidade de dar uma maior importância aos

mecanismos de reconversão, como modernização organizacional, monitoramento,

avaliação e adoção de adaptação tecnológica.

4.3. Organização, estrutura hierárquica e governabilidade na unidade

Os hospitais, sobretudo os que pertencem ao âmbito público, são organizações

que traduzem os arranjos institucionais expressos no ambiente externo pelas leis, pelas

instituições políticas e pelas normas para a provisão de bens e serviços públicos

(Ministério da Saúde, 1999).

Os arranjos organizacionais (ambiente organizacional) vão responder aos

incentivos produzidos pelo ambiente externo. É no ambiente interno que se observa a

influência dos ambientes anteriores. Dessa forma, o resultado do desempenho hospitalar

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(qualidade no tratamento, equidade, eficiência) é o conjunto direto dessas três esferas,

conforme ilustrado na Figura 4 (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2008).

Figura 4: Arcabouço conceitual para o desempenho hospitalar.

Fonte: LA FORGIA; COUTTOLENC, 2008

A Nova Economia Institucional, por seu turno, sustenta que o desempenho

econômico está fortemente associado à função e à evolução das instituições (NORTH,

1994). Especifica que, em uma sociedade, as instituições constituem as regras de um

jogo em que os “jogadores” são as organizações, tais como as firmas e os consumidores

(GARCIA; GOLDBAUM, 2001): as instituições representam os limites estabelecidos

pela sociedade para disciplinar as interações humanas, enquanto que as organizações

são compostas de grupos de indivíduos dedicados a alguma atividade executada com

determinado fim (NORTH, 1994).

Como decorrência, vale sublinhar, as instituições podem ser restrições formais

ou informais, ou, ainda, ser os mecanismos responsáveis pelo cumprimento dessas

regras e restrições (GARCIA; GOLDBAUM, 2001), enquanto as organizações surgem

da estrutura institucional de uma sociedade e passam a interagir com outras

organizações, com as próprias instituições e com as restrições de ordem econômica. As

Ambiente organizacional(arranjos organizacionais e de governança)

Ambiente interno

Práticas de gestão

Estruturas Processos

Desempenho organizacional(Resultados, eficiência, qualidade, equidade, satisfação dos pacientes)

Ambiente externo(políticas, regulamentos, mercados e sistemas de pagamentos)

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agências reguladoras, as firmas, as cooperativas, os clubes, os hospitais, as escolas e as

universidades são exemplos de organizações (NORTH, 1994).

O conceito de custo de transação (CT) de Arrow (1969) define que estes são os

custos associados à administração do sistema econômico. Para o autor, os custos de

produção formam a variável de que se ocupou detidamente a Economia Neoclássica, os

CT caracterizam-se por serem aqueles que ocorrem ao se colocar em funcionamento o

sistema econômico.

Coase (1980) assinala, por sua vez, que os resultados neoclássicos sobre

mercados eficientes só são obtidos quando não há custos de transação e que as

instituições passam a adquirir importância quando estes são consideráveis. Assim, a

existência de mercados eficientes de produtos e de fatores, necessários ao crescimento

econômico, será viabilizada por um conjunto de instituições políticas e econômicas que

ofereçam transações de baixo custo (NORTH, 1994). Sob a ótica da NEI, portanto, o

fator decisivo para o desempenho econômico não é o avanço tecnológico ou a

acumulação de capital, mas as regras ou arranjos institucionais que estimulam ou

inibem as transações neste sentido (NORTH; THOMAS, 1973). Para que a eficiência

econômica seja duradoura, é essencial haver instituições que se adaptem às novas

oportunidades, ofereçam incentivos para a obtenção de conhecimento e instrução,

promovam inovações, e estimulem a disposição de correr riscos e a criatividade

(NORTH, 1994).

Segundo a Teoria das Configurações (MINTZBERG, 1995), por sua vez, a

configuração da organização interage com diversos outros aspectos organizacionais, tais

como a forma de gestão, as relações de poder, os mecanismos de coordenação e os

parâmetros de desenho, assim como com a efetivação das formas de padronização,

considerada particularmente importante, para eliminar aquelas dificuldades de

organização interna das UHs mais persistentes dentre as identificadas na literatura

(HARRIS, 1977).

O ‘ajuste mútuo’ entre a administração e os prestadores de serviços clínicos da

UH (HARRIS, 1977) depende da governabilidade por meio, por exemplo, de instâncias

deliberativas e consultivas substitutas da supervisão direta, estruturadas na forma de

colegiados de gestão participativa da organização (MINTZBERG et al., 2006, p. 187).

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4.4. Mudança tecnológica, inovação e treinamento na unidade hospitalar

Quanto ao efeito do avanço científico e da mudança tecnológica na pesquisa

biomédica, pode-se afirmar que as grandes descobertas, aquelas que levam a um salto

de desenvolvimento e a uma cura diferenciada, são relativamente poucas, como é o caso

de certas vacinas, dos transplantes de órgãos, de um novo medicamento e de novos

procedimentos diagnósticos. Persiste, sim, a busca de inovação incremental que, de

tempos em tempos, leva a uma evolução em sua prática. O volume de informações

geradas nesta busca tornou a atualização da prática médica mais rápida nos últimos

anos. Inúmeros estudos, com resultados por vezes conflitantes, são publicados. Esses

novos métodos de atendimento, por sua vez, introduzem novos riscos para os pacientes

e custos cada vez maiores, tornando a medicina cada vez mais complexa e

transformando a atualização em uma tarefa a ser perseguida pelo esforço individual e

coletivo, acionando meios institucionais e requerendo o desenvolvimento de estruturas

organizacionais apropriadas.

Diante da dificuldade para padronização do atendimento com que se defronta, o

corpo médico empenha a reputação dos seus membros como especialistas e, sendo

independente o seu compromisso com o paciente, reivindica soberania na elaboração do

protocolo clínico, com vistas à eficácia do atendimento. Dessa forma, as regras internas,

formais e informais, que regem a alocação de recursos em uma UH são complexas.

Além disso, a influência dessas regras na escolha de técnicas com mais amplitude de

tratamento muitas vezes prevalece em detrimento de protocolos clínicos mais efetivos

em custo (HARRIS, 1977).

Nesse contexto, uma UH é uma organização complexa – “architectural in

nature” (DJELLAL; GALLOUJ, 2005, p. 826) - devido à pauta diversificada de

produtos e serviços, de forma que os estudos recentes associam a percepção da

qualidade do serviço de saúde prestado, condicionada pela experiência de uso (ENGEL,

1995), à preocupação de introduzir novos processos de gerência da informação para

monitorar e coordenar as atividades de assistência em situações de informação

incompleta, visando a eficácia da gestão na UH - “target of measurement” (DJELLAL;

GALLOUJ, 2005, p. 829). Além disso, associam, ainda, o aumento dos custos

decorrentes da mudança tecnológica na assistência a partir dos anos 70 (UBEL, 1999) à

busca de eficiência e à utilização de recursos especializados de assistência

multiprofissional na UH.

No mercado de saúde, em especial, “a omissão frente a aspectos referentes ao

desenvolvimento dos recursos humanos é tender à negligência na prestação de qualquer

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dos seus tipos de serviço que lhe são potencialmente atribuíveis.” (MALIK, 1992).

Funcionários adequadamente preparados para o trabalho, que possuam atitude adequada

em relação ao serviço e que saibam aproveitar com eficácia o suporte de sistemas, de

tecnologias, dos demais prestadores de serviços internos e de seus gerentes e

supervisores, são uma das condições para o sucesso de uma organização. Desse modo, é

estratégico o estabelecimento de práticas que visem assegurar que os funcionários

contribuam para o desempenho externo da organização, apesar do desenvolvimento da

tecnologia de informação e do crescimento dos serviços de alta tecnologia

(GRÖNROOS, 2003).

Para Lovelock e Wright (2004), capacitação significa dotar os funcionários das

habilidades, das ferramentas e dos recursos de que necessitam para utilizar seu próprio

arbítrio profissional com confiança e eficácia. Cenzo e Robbins (1996) afirmam, por sua

vez, que o treinamento pode envolver uma mudança de habilidades, conhecimento,

atitudes ou comportamento. O propósito do treinamento é aumentar a produtividade do

funcionário em seu cargo, influenciando seu comportamento (CERTO, 1994), fazendo-o

contribuir melhor para os objetivos organizacionais, ou seja, é uma via para um melhor

desempenho competitivo (BATESON; HOFFMAN, 2001). Isso significa mudar o que

os funcionários conhecem, como trabalham, suas atitudes perante o trabalho ou suas

interações com os colegas ou supervisor.

4.5. Bens comercializados com base na experiência de uso e sinal de qualidade

Já no que diz respeito à decisão do consumidor, a maioria dos autores postula

que a sua satisfação para com um serviço é função da qualidade percebida, e, por

conseguinte, da disparidade entre a expectativa prévia do consumidor e sua percepção

quanto à utilização do produto ou serviço (IACOBUCCI et al., 2004; BATESON;

HOFFMAN, 2001). Aquilo que se entrega ao consumidor não é um objeto, mas um

desempenho, uma performance, que não pode ser sentida, tocada ou experimentada da

mesma forma que se faz com todos os bens tangíveis.

Quanto aos serviços escolhidos com base na experiência de uso, por exemplo,

surgem dificuldades para concretizar um acordo entre as partes envolvidas na transação.

Tais dificuldades introduzem ineficiências na relação de atendimento, que não

existiriam se a informação necessária fosse disponível sem custos. Segundo os

pressupostos da economia da informação (ENGEL, 1995), quando deseja serviços com

essas características, o usuário tem que investir tempo e fazer despesas para avaliar a

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qualidade do que lhe é oferecido, assim como o prestador do serviço depende de

informações sobre os usuários de que ele não dispõe e que não consegue obter com

facilidade nestas ocasiões.

Nas aplicações da teoria do consumidor às condições da concorrência em

mercados imperfeitos de bens e serviços é destacado que esses custos de transação de

fato existem e que uma parcela relevante deles decorre das ‘assimetrias’ entre as

informações de que os produtores e consumidores dispõem no momento da transação

(ENGEL, 1995, p. 9). O grande desafio que a informação assimétrica impõe é a

formulação de contratos completos que busquem minimizar as perdas de bem-estar

decorrentes deste tipo de problema. O mercado de saúde apresenta características

bastante peculiares e é cercado por algumas falhas de mercado, basicamente

relacionadas à assimetria de informações entre administração, médicos, usuários,

familiares e demais profissionais da área. Apresenta ainda uma demanda irregular,

imprevisível e se comporta de maneira diferenciada em relação à demanda de outro bem

qualquer.

Os custos de transação podem, além disso, ser muito altos em alguns mercados,

impedindo as transações entre as partes e, em alguns casos, bloqueando completamente

a formação do mercado. Os custos de transação estão associados aos custos relativos ao

planejamento, à adaptação e ao monitoramento da execução de ações em diferentes

estruturas de governança; aos custos para medir os atributos do que está sendo

negociado e aos custos de proteger os direitos de propriedade e monitorar e implantar

acordos (NORTH, 1994)

Diante das dificuldades decorrentes para o desenvolvimento das atividades

econômicas (VISCUSI; VERNON; HARRINGTON, 1997, p. 716-717), seja pelas vias

da regulação direta ou judicial, seja pela via do mercado, ganha destaque, então, o

incentivo que o produtor possa ter para proporcionar a informação adequada sobre o

produto (ou serviço) ao consumidor. O fato de ser dispendioso avaliar se o serviço

prestado corresponde às características anunciadas pelo produtor ou decidir a adequada

compensação devida ao consumidor em caso contrário concorre para essa situação

(ENGEL, 1995, p. 24).

No mercado de serviços de saúde, em particular, tal tipo de garantia de exclusão

a priori das distorções associadas à presença de assimetria de informação costuma ser

descartado (HARRIS, 1977), uma vez que são transacionados serviços cuja qualidade,

em geral, só é percebida após terem sido adquiridos: são tipicamente “bens de

experiência” (OZCAN, 2009, p. 289).

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35

Todas as transações, seja entre as UHs, seja entre os produtores ou consumidores

no seu interior, envolvem custos adicionais aos do preço pago pelo serviço, considerado

“especialmente adaptadas para um paciente em particular” (DJELLAL; GALLOUJ,

2005, p. 818). Por força desses ‘custos de transação’, o aumento da satisfação dos

clientes assegura maior rentabilidade no futuro, menores custos relacionados a produtos

e serviços defeituosos e níveis superiores de retenção e de lealdade do consumidor. A

chave para a satisfação de longo prazo e para a retenção de clientes é focalizar o

desenvolvimento de produtos e serviços de alta qualidade e adaptados para a satisfação

das necessidades do cliente.

Existirão, então, transações envolvendo barganha entre a administração da UH e

o profissional prestador de serviços clínicos, entre a administração e o paciente e seus

familiares, entre os prestadores de serviços clínicos e o paciente e seus familiares, e

entre a administração e a coletividade. Resumindo, transações desse tipo são realizadas

a custos muitas vezes elevados, porque dizem respeito ao valor de preservação da vida e

se espraiam no interior do ambiente hospitalar, assim como nas interfaces da UH com

seu ambiente externo. Nessa atividade, portanto, a questão central para o bom

funcionamento do mercado é saber se os produtores têm o incentivo suficiente para

informar o consumidor sobre as características do bem e saber o que fazer a respeito de

forma adequada (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2008, p. 264).

O reconhecimento de que os consumidores mais bem educados beneficiam tanto

a si próprios, quanto promovem um “efeito aprendizado” sobre a qualidade do serviço

prestado para benefício da sociedade como um todo, explica a importância hoje

atribuída ao efeito conjunto do treinamento do prestador de serviço clínico, da educação

do paciente e do familiar e da gestão participativa com governabilidade para o controle

das perdas de terceiros, para a expansão da UH e para o desenvolvimento do mercado

de serviços de saúde em geral.

4.6. Sistema de certificação do controle de qualidade e incentivo

Quando não há incentivo para que a informação suprida pelo prestador de

serviço seja suficiente, então pode ser vantajoso para o prestador e para o consumidor

do serviço que a informação seja suprida por terceiros. A moderna teoria do consumidor

destaca, a propósito, os mecanismos usados pela regulação direta para a promoção do

consumidor e os chamados mecanismos orientados pelo mercado – market-based

remedies (ENGEL, 1995, p. 24-33).

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36

Os mecanismos do primeiro tipo, que incluem políticas governamentais e não-

governamentais destinadas a auxiliar o consumidor, podem levar longo tempo antes que

produzam o efeito desejado; descartam qualquer tentativa de modificar o ambiente e, ao

invés disso, têm em comum o objetivo de mudar o próprio comportamento do

consumidor.

Dentre os chamados mecanismos orientados pelo mercado, os sistemas de

certificação do controle de qualidade são um caso importante. Com o efeito direto, em

primeiro lugar, de aumentar o número de consumidores informados de imediato, tais

sistemas ainda dão origem a externalidades positivas que beneficiam os consumidores

desinformados de maneira mais geral. Um exemplo desse tipo de sistema é o da AH,

surgida no Brasil na década de 1980 e regulamentada pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA). São considerados estratégicos para o desenvolvimento

da qualidade da assistência em saúde na América Latina pela Organização Mundial de

Saúde (OMS) desde 1989 e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) desde

1992 (SCHIESARI; KISIL, 2003; FELDMAN; GATTO; CUNHA, 2005).

4.7. Acreditação hospitalar, inovação gerencial e gerência do ambiente hospitalar

Os sistemas de acreditação hoje existentes no país incluem o Consórcio

Brasileiro de Acreditação (CBA), o da Organização Nacional de Acreditação (ONA) e o

do Controle de Qualidade Hospitalar (CQH), baseados nas normas da Joint Comission

on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO) (LA FORGIA;

COUTTOLENC, 2008). O CBA foi constituido em 1998, por cooperação entre a

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a Fundação CESGRANRIO da UFRJ, o

Colégio Brasileiro de Cirurgiões e a Academia Nacional de Medicina (CBA, 2011).

O uso de sistemas de certificação cresceu entre as UHs brasileiras, inclusive em

inúmeras UHs governamentais. Há evidências de que contribui para ganhos de

eficiência e de qualidade bem significativos (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2008).

O Manual Internacional de Padrões de Acreditação Hospitalar da Joint

Commission International (JCI) contém todos os padrões, propósitos, elementos de

mensuração dos padrões, políticas e procedimentos de AH. Esses padrões são

organizados em funções comuns a todas as UHs, divididas em dois grupos: (i) as

relacionadas com o cuidado ao paciente e (ii) as relativas à garantia de uma organização

segura, eficaz e bem gerenciada.

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Os Elementos de Mensuração (EMs) de um padrão são os requisitos do padrão e

dos seus propósitos, que são avaliados e verificados e aos quais é atribuída uma

pontuação durante a avaliação da AH. São classificados de duas formas nas avaliações:

Padrões com Foco no Paciente e Padrões de Administração de Organizações de Saúde.

(CBA, 2003).

O manual é dividido em onze capítulos. Os seis primeiros compreendem os

Padrões com Foco no Paciente: (a) o de Acesso ao Cuidado e Continuidade do Cuidado

(ACC); (b) o de Direitos dos Pacientes e Familiares (DPF); (c) o de Avaliação dos

Pacientes (AP); (d) o de Cuidado aos Pacientes (CPa)1; (e) o de Educação de Pacientes e

Familiares (EPF); e (f) o de Prevenção e Controle de Infecções (PCI). Os outros cinco

contemplam os Padrões de Administração de UHs: (g) o de Melhoria da Qualidade e

Segurança do Paciente (QSP); (h) o de Governo, Liderança e Direção (GLD); (i) o de

Gerenciamento do Ambiente Hospitalar e Segurança (GAS); (j) o de Educação e

Qualificação dos Profissionais (EQP); e (l) o de Gerenciamento de Informação (GI).

Cabe destacar que o padrão de Gerenciamento do Ambiente Hospitalar e

Segurança (GAS) trabalha para assegurar uma estrutura segura, funcional e assistencial

aos pacientes, familiares, profissionais e visitantes. Para atingir essa meta, a estrutura

física, equipamentos médicos e outros equipamentos e pessoas devem ser administradas

efetivamente. O gerenciamento efetivo inclui planejamento, educação e monitoramento

(CBA, 2008).

Leis, regulamentos e inspeções realizadas por autoridades locais determinam, em

grande parte, como as instalações são projetadas, utilizadas e mantidas. Todas as

instituições, independentemente de seu tamanho ou dos recursos disponíveis, devem

cumprir essas exigências como parte de suas responsabilidades perante os pacientes,

familiares, funcionários e visitantes (CBA, 2008).

Cada padrão é composto de um ou mais EMs, aos quais é atribuída uma das

seguintes opções ordinais de pontuação: “Conformidade” (C); “Conformidade Parcial”

(PC); ou “Não Conformidade” (NC). Ao fim do processo, é elaborado um relatório

completo com os resultados e as pontuações da avaliação. (CBA, 2003).

A avaliação verifica a conformidade da UH com base em: (a) entrevistas com

profissionais e pacientes; (b) observações locais, feitas pelos avaliadores e outros

documentos fornecidos pela UH; e (c) resultados de autoavaliações, quando fizerem

parte do processo de AH. (CBA, 2003). A visita é o momento em que todos os setores e

1 Para esta Dissertação foi usada a sigla CPa para Cuidados ao Paciente como forma de diferenciar da sigla CP de Conformidade Parcial.

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unidades são avaliados por uma equipe de avaliadores externos, seguindo-se uma

programação definida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999). Um relatório dos avaliadores

a respeito da indicação ou não da UH para a AH é gerado ao final da avaliação. O

certificado emitido tem um prazo de validade, ao término do qual a UH deve submeter-

se a novo processo de avaliação (QUINTO NETO; BITTAR, 2004; FELDMAN;

GATTO; CUNHA, 2005).

Face à realização de avaliações periódicas independentes, as pontuações

conferidas pelos avaliadores externos e sua evolução no tempo são consideradas

manifestações objetivas do desenvolvimento organizacional das UHs neste estudo

(GINKEL; DIAS, 2006).

O manual do CBA possui 959 EMs para avaliação na AH. No Quadro 1 são

apresentados alguns exemplos de EMs quanto à sua identificação com os aspectos de

educação do paciente e do familiar da UH.

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Quadro 1: Acreditação Hospitalar: EMs exemplificativos dos esforços de inovação

da educação do paciente e do familiar na UH.

Funções de Organização EM relativo à Educação do Paciente e do Familiar

EPF-Educação de Pacientes e Familiares

Existe uma estrutura ou mecanismo apropriado para educação em toda a instituição.

DPF-Direito dos Pacientes e Familiares

A instituição desenvolve políticas e procedimentos para apoiar e promover a participação do paciente e de seus familiares nos processos de cuidado.

ACC-Acesso e Continuidade do Cuidado

Os pacientes recebem informações suficientes para tomar decisões informadas.

AP-Avaliação dos Pacientes

O paciente e sua família são informados sobre o plano de cuidado e tratamento e participam das decisões sobre as prioridades a serem atendidas.

CPa-Cuidado aos Pacientes

Os pacientes e seus familiares são informados sobre os resultados do seu cuidado e tratamento.

GUM-Gerenciamento e Uso de Medicamentos

Políticas e procedimentos estão implementados para orientar a autoadministração de medicamentos.

QSP-Melhoria da Qualidade e em Segurança do Paciente

A liderança da instituição participa do monitoramento do programa de melhoria da qualidade e segurança do paciente.

PCI-Prevenção e Controle de Infecções

Os pacientes e familiares são incentivados a participar no programa de prevenção e controle de infecção.

GLD-Governo Liderança e Direção

A instituição participa na educação da comunidade sobre promoção da saúde e prevenção de doenças.

GAS-Gerenciamento do Ambiente Hospitalar e Segurança

A instituição implementou um plano para eliminar ou restringir o tabagismo, que aplica-se a pacientes, familiares, profissionais e visitantes.

EQP-Educação e Qualificação dos Profissionais

A instituição integra os indivíduos em treinamento aos seus programas de orientação, qualidade, segurança do paciente, prevenção e controle de infecções e outros.

Fonte: CBA, 2003; 2008

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5. Material e Métodos

Para a escolha da metodologia de avaliação dos efeitos das características

organizacionais e funções gerenciais na qualidade do ambiente hospitalar da UH foram

feitas considerações relacionadas com: as características específicas dos serviços de

saúde; as peculiaridades das organizações públicas; e a disponibilidade dos dados

necessários à sua avaliação.

Usou-se uma amostra de conveniência composta de 33 relatórios de avaliação

educativa da AH produzidos pelo CBA, de acesso disponível para este estudo. Esses

relatórios foram concluídos entre 2004 e 2009 e realizados em 27 UHs, não-

identificadas, para avaliar a influência da capacitação profissional, da gestão

participativa com governabilidade, da educação do paciente e do familiar, da

informação e da comunicação, do tipo de propriedade e do tamanho da UH na qualidade

do ambiente hospitalar.

Em termos operacionais, as avaliações da AH obedecem a princípios e

procedimentos regulados por manuais normativos do processo de certificação. Para esta

dissertação foram utilizados os padrões da AH do Manual de Certificação Hospitalar da

JCI, já discriminados em 4.6, que são de dois tipos: Padrões com Foco no Paciente e

Padrões de Administração de Instituições de Saúde.

Seis funções de organização da UH são do primeiro tipo: ACC; DPF; AP; CPa;

EPF; e PCI. Cinco funções são do segundo tipo: QSP; GLD; GAS; EQP; e GI.

Cada padrão da AH do manual é composto de um ou mais EMs, que recebem

pontuação ou ‘achado’ de avaliação educativa ou de certificação da UH de:

Conformidade – C, ou Conformidade Parcial – PC, ou Não Conformidade – NC.

Uma vez que o mecanismo de sinalização da qualidade da assistência através

da certificação inclui a realização de avaliações periódicas independentes orientadas

para os stakeholders, que têm validade por três anos e podem ser suspensas, as

pontuações conferidas pelos avaliadores externos e a sua evolução no tempo são

consideradas manifestações objetivas do desenvolvimento organizacional da UH na

dissertação.

Nesta dissertação foram considerados todos os EMs classificados em cada uma

das cinco funções de interesse da análise e obtidos os dados necessários ao uso das

características organizacionais ‘tamanho’ e ‘tipo de propriedade’ como variáveis

independentes dummy.

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Foram usadas técnicas paramétricas para uma análise confirmatória dos dados

que permitiu identificar o tipo de influência exercido pelas funções organizacionais (ou

grupos de padrões de AH) de Educação e Qualificação dos Profissionais, de Governo,

Liderança e Direção dos objetivos e metas fixados, de Educação de Pacientes e

Familiares, de Adesão a Rotinas e Normas e de Informação e Comunicação sobre a

função (ou grupo de padrões de AH) de Gerência do Ambiente Hospitalar,

A primeira etapa da análise para testar as hipóteses da pesquisa do estudo

consistiu em identificar o conjunto de todos os EMs das cinco “funções” que foram

avaliadas em pelo menos um dos relatórios das amostras de conveniência utilizada:

(a) 92 EMs da função Educação e Qualificação dos Profissionais – EQP;

(b) 91 EMs da função Governo, Liderança e Direção - GLD;

(c) 25 EMs da função Educação de Pacientes e Familiares – EPF;

(d) 104 EMs da função Gerenciamento de Informação - GI; e

(e) 85 EMs da função Gerenciamento do Ambiente Hospitalar e Segurança – GAS.

A nota de avaliação conferida a cada EM das cinco funções nos relatórios

educativos da AH examinados foi apurada a seguir.

A soma das frequências absolutas das diferentes notas de avaliação (C, NC e

PC) que foram atribuídas aos EMs de cada função nos relatórios foi, então, obtida.

A quarta etapa envolveu calcular a frequência relativa das diferentes notas de

avaliação dadas aos EMs em cada uma das cinco funções nos relatórios.

A média ponderada das notas de avaliação da UH em cada EM das 5 funções de

interesse foi calculada em seguida, utilizando-se os pesos de valoração das diferentes

notas que são atribuídos pelos avaliadores responsáveis pelos relatórios.

As médias ponderadas resultantes foram transformadas em sete variáveis

métricas contínuas representativas da consolidação das notas de avaliação que foram

dadas nos K relatórios para o conjunto dos EMs de cada função ou escores:

a) o escore conferido à função EQP no K-ésimo relatório – MEDEQPK;

b) o escore conferido à função GLD no K-ésimo relatório – MEDGLDK;

c) o escore conferido à função EPF no K-ésimo relatório – MEDEPFK;

d) o escore conferido à função GI no K-ésimo relatório – MEDMCIK; e

e) o escore conferido à função GAS no K-ésimo relatório – MEDGASK.

Esses escores são definidos como as médias aritméticas das notas de avaliação

calculadas (em cada EM) da função de organização correspondente.

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Para completar, foram definidas duas variáveis qualitativas com o objetivo de

representar os atributos organizacionais que influenciam o comportamento das variáveis

MEDGASK e MEDQSPK:

f) o tamanho da UH avaliada no K-ésimo relatório – DPORTEK; e

g) o tipo de propriedade da UH avaliada no K-ésimo relatório – DPROPRK.

Na primeira dummy, UH grande = 1 e UH pequena = 0; na segunda, UH privada

= 1 e UH pública = 0.

A seleção dessas variáveis, vale reiterar, foi decisiva para a opção pela técnica

multivariada para o teste da hipótese neste estudo e foi respaldada em questões

conceituais e não apenas em bases empíricas.

Quantificadas as variáveis explicativas MEDEQP (capacitação dos

profissionais), MEDGLD (governabilidade), MEDEPF (educação do paciente),

MEDMCI (gerência da informação), DPORTE (tamanho da UH) e DPROPR (tipo de

propriedade da UH) e a variável explicada MEDGAS (conformidade do ambiente

hospitalar), foi analisada a correlação entre as variáveis da pesquisa, que revelou altos

coeficientes positivos e significativos entre a variável dependente e cada variável

independente, além de forte colinearidade entre os pares das variáveis independentes,

sugerindo que poderia ser difícil determinar, separadamente, os efeitos individuais de

algumas delas sobre a variável dependente.

No entanto, os modelos de regressão múltipla têm longa tradição nas aplicações

da Estatística a problemas reais e, durante muito tempo, foram a opção preferida na

maioria das aplicações “práticas” de técnicas multivariadas. A regressão múltipla

fornece uma forma de avaliar objetiva e, simultaneamente, o grau e natureza da

associação entre uma variável dependente e várias outras independentes (ou

explicativas). A interpretação mais direta para o uso da equação de regressão é a

determinação da importância relativa de cada variável independente para o

comportamento da mesma variável dependente.

A pesquisa empírica com vistas às contribuições gerenciais relativas ao

aperfeiçoamento de características micro-organizacionais da educação do paciente e

familiar foi conduzida segundo o método do estudo de caso do IPEC nesta dissertação.

Para essa pesquisa foi elaborado um quadro com os EMs relativos à educação do

paciente e familiar com respectivas notas, a partir do relatório de avaliação educativa do

IPEC, realizado pelo CBA, em novembro de 2006. Em seguida foram identificadas 09

(nove) EMs com Não Conformidades, que foram agrupadas em três tipos: i) à

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insuficiência dos esforços de inovação relativos à sistematização do diagnóstico sobre

quais são as carências existentes; ii) à insuficiência dos esforços de inovação relativos à

sistematização do diagnóstico sobre quais são as vias mais promissoras de melhoria da

interação educativa com os pacientes e familiares; e iii) à insuficiência dos esforços de

inovação relativos à educação de caráter preventivo do paciente e familiar, tendo em

vista o pós-alta do paciente

Finalmente, foi feita análise à luz da bibliografia relacionada aos padrões dos

EMs para sugestão de ações em busca de alcançar suas conformidades.

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6. Resultados e Discussão

Nas duas seções a seguir são apresentados, respectivamente: o resultado do

teste estatístico desta pesquisa sobre a influência da educação do paciente e familiar

na gerência do ambiente da UH; e o resultado do estudo desenvolvido sobre as

possibilidades de aumentar a contribuição dos fatores componentes da educação do

paciente e do familiar examinados no relatório educativo da AH de 2006 para a

melhoria do ambiente hospitalar do IPEC.

6.1. Associação estatística entre educação do paciente e familiar e ambiente

hospitalar da UH

Realizadas as primeiras estimativas com as variáveis originais, confirmou-se a

suspeita, anteriormente comentada, sobre presença de multicolinearidade, manifestada

em um alto R2 lado a lado com baixa significância e/ou sinais diferentes dos esperados

para os coeficientes de algumas variáveis. Embora a maioria dos livros considere que a

multicolinearidade é um problema da amostra disponível, seria útil dispor de uma forma

prática para contorná-lo. Mostrou-se desejável, então, proceder a uma Análise Fatorial

antes de usar a equação de regressão múltipla para testar a hipótese nula (GUJARATI,

2006).

Como o objetivo era isolar as variáveis originais em “fatores” (ou subgrupos)

com menor colinearidade, o próximo passo foi escolher empiricamente o número de

fatores, pois, em geral, não existe base quantitativa definitiva para a escolha desse

número (HAIR et al., 1998). Tentado o critério dos eigenvalues maiores ou iguais a 1,

resultou apenas um fator, solução descartada por não atender o objetivo. Foi tentado,

então, o caminho de fixar o número de fatores, experimentando a partir de dois em

diante. Utilizando rotações Varimax, a solução com dois fatores ortogonais foi

considerada suficiente e promissora, sendo então escolhida. Os dois fatores resultantes

aparecem na Tabela 1.

Incidentalmente, o isolamento da variável MED_EPF (educação do paciente) em

um fator exclusivo é por si só interessante, pois a variável destacada nesta análise, em

oposição às outras três, se refere aos atores externos à UH, fato intuitivamente aceitável,

mas ainda não registrado na literatura.

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Tabela 1: Matriz * de Cargas Fatoriais.

Cargas Fatoriais **

Variáveis FATOR 1 FATOR 2

MED_EQP (capacitação) 0,925

MED_GLD (governabilidade) 0,904

MED_GI (grau de informação) 0,891

MED_EPF (educação do paciente) 0,939 Notas - * - rotação varimax com normalização de Kaiser20

** - extração dos fatores por Componentes Principais (id.).

A seguir, a equação completa foi especificada, incluindo as quatro dummies de

ano (de 2005 a 2008) – para tentar captar diferenças temporais, as duas dummies

demográficas – tamanho e propriedade - e os dois fatores de agrupamento das quatro

variáveis explicativas da conformidade do ambiente hospitalar - que foram fornecidos

pela Análise Fatorial. Os resultados aparecem na Tabela 2.

A despeito da limitação imposta pela multicolinearidade, esses resultados podem

ser considerados bastante bons. Todos os coeficientes significativos têm sinal positivo,

correspondente ao esperado, e sua significância conjunta foi confirmada pelo teste F,

que indica que a probabilidade de que todos os coeficientes sejam simultaneamente

nulos é menor ou igual a 0,1 %, ou seja, é melhor usar os valores estimados pela

equação do que a média da variável dependente.

A significância isolada de cada variável independente, aí incluídas as dummies,

pode ser avaliada pela estatística T de Student, que aparece na quinta coluna da tabela.

Em termos do coeficiente beta, que permite comparar quaisquer pares de coeficientes,

independentemente da unidade de medida, o impacto mais importante se deve ao Fator

1, que representa os aspectos (ou atores) internos influentes no ambiente hospitalar –

profissionais de saúde e administração, seguido do Fator 2, que é essencialmente a

variável relativa aos atores externos, a saber, os pacientes e suas famílias. O tipo de

propriedade da UH também foi significativo; seu sinal positivo indica que as UH

privadas estão mais direcionadas à conformidade na gerência do ambiente hospitalar.

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Tabela 2: Resultados da Regressão Múltipla.

Coeficientes Padronizados Variáveis

Coeficientes

Erro padrão

(Beta)

T de Student

p valor

Constante 5,604 0,929 6,032 0,000***

DUM_2005 0,841 1,095 0,097 0,768 0,450

DUM_2006 0,135 1,049 0,017 0,129 0,899

DUM_2007 - 0,986 1,053 - 0,124 - 0,937 0,359

DUM_2008 - 0,815 0,978 - 0,123 - 0,833 0,414

DUM_2009 - 0,546 1,065 - 0,074 - 0,512 0,613

DUM_PROP 1,386 0,596 0,244 2,325 0,029*

DUM_TAM 0,344 0,728 0,052 0,472 0,641

FATOR 1 2,355 0,337 0,816 6,990 0,000***

FATOR 2 1,147 0,336 0,398 3,414 0,002** Nota – N = 33; R2 ajust = 0,712; F = 9,805, p < 0,1%.

Significância dos valores do t de Student: * - 5%; ** - 1%; *** - 0,1%.

Com os dados disponíveis, mesmo sem ter sido possível individualizar

completamente os impactos de EQP (treinamento), GLD (governabilidade) e GI

(gerência da informação), os testes da hipótese revelaram:

(a) associações positivas e significativas entre, de um lado, o grupamento das

funções organizacionais EQP, GLD e GI selecionadas (FATOR 1) e o tipo de

propriedade da UH e, de outro, a Gerência do Ambiente Hospitalar; e

(b) associação positiva e significativa entre a função organizacional Educação do

Paciente e Familiar (FATOR 2) e a função Gerência do Ambiente Hospitalar (GAS),

com influência inferior à das funções de gerência agrupadas no FATOR 1.

.Quanto à época em que foi feita a avaliação da UH (dummies de ano) e à

característica demográfica Tamanho, finalmente, não foram confirmadas associações

significativas com a função gerência do ambiente hospitalar. Isso não quer dizer que não

haja tal associação, mas que sua confirmação empírica fica aguardando novos dados.

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6.2. Influência efetiva e perspectivas de aperfeiçoamento dos fatores componentes

da educação do paciente e familiar na gerência do ambiente hospitalar do IPEC

Durante o processo de avaliação da AH são coletadas informações sobre a

conformidade com os padrões. A estrutura organizacional, os processos e a performance

são avaliadas em relação aos padrões pré-determinados.

A avaliação verifica a conformidade da UH com base em entrevistas com

profissionais e pacientes e outras informações obtidas verbalmente: observações locais

feitas pelos avaliadores dos processos de cuidado ao paciente; políticas; procedimentos;

e outros documentos fornecidos pela UH (CBA, 2003).

Avaliações educativas no mesmo molde da realizada para AH são realizadas

antes do processo de avaliação final.

O Quadro 2 apresenta os 25 (vinte e cinco) EMs da função Educação do

Paciente e Familiar com as suas respectivas pontuações. Essa avaliação educativa foi

realizada no IPEC em 2006, e os EMs avaliados são os requisitos dos padrões a que se

atribui uma nota durante o processo de avaliação da AH.

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Quadro 2: Conformidade dos Elementos de Mensuração Representativos dos

Esforços de Inovação da Educação do Paciente e do Familiar na Unidade

Hospitalar: IPEC - 2006.

EM relativo à Educação do Paciente e do Familiar Nota

01- A instituição planeja a educação de acordo com sua missão, escopo dos serviços prestados e perfil dos pacientes. PC

02- Existe uma estrutura ou mecanismo apropriado para a educação em toda a instituição C

03- Os recursos educacionais estão organizados de modo eficiente e eficaz. C 04- As necessidades de educação do paciente e familiares são avaliadas. PC 05- A capacidade e a prontidão de aprendizagem do paciente e familiares são avaliadas. NC

06- Os resultados da avaliação são anotados no prontuário do paciente. NC 07- Existe um processo uniforme para registrar a informação sobre educação do paciente. NC

08- O paciente e familiares tomam conhecimento sobre o consentimento informado. PC

09- O paciente e familiares tomam conhecimento sobre participação nas decisões de cuidado. C

10- O paciente e familiares tomam conhecimento sobre participação no processo de cuidado. C

11- O paciente e familiares tomam conhecimento sobre quaisquer implicações financeiras acarretadas pelas decisões relativas ao cuidado. NA

12- Pacientes e familiares recebem educação e treinamento para o atendimento de suas necessidades continuadas de saúde ou para alcançar suas metas de saúde. C

13- A instituição identifica e estabelece relações com os recursos comunitários que apoiam a promoção continuada da saúde e a educação para prevenção da doença. C

14- O paciente é referido a essas fontes quando apropriado. C 15- Quando apropriado, pacientes e familiares são educados quanto ao uso seguro e efetivo de medicamentos e seus possíveis efeitos colaterais. PC

16- Quando apropriado, paciente e familiares são educados quanto à segurança e uso efetivo de equipamentos médicos. C

17- Quando apropriado, pacientes e familiares são educados quanto à prevenção de interações entre medicamentos e alimentos. PC

18- Quando apropriado, pacientes e familiares são educados quanto à dieta e nutrição adequada. PC

19- Quando apropriado, pacientes e familiares são educados quanto às técnicas de reabilitação. C

20- Os métodos de educação são selecionados de acordo com os valores e preferências do paciente e familiares. C

21- A interação entre os profissionais, o paciente e familiares confirma que as informações foram entendidas. C

22- O paciente e familiares são educados de forma compreensível. C 23- O paciente e familiares são educados em uma linguagem que possam entender. C 24- A informação e o treinamento do paciente são realizados de forma colaborativa, quando apropriado C

25- Aqueles que proveem educação têm conhecimento e capacidade de comunicação para fazê-lo. C Fonte: Relatório de avaliação educativa do IPEC pelo CBA; Nov/2006.

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Como descrito na seção 4.6, uma das seguintes opções é atribuída na pontuação:

1) Conformidade (C) - quando o EM atende aos requisitos estabelecidos;

2) Não Conformidade (NC) - quando o EM não atende aos requisitos

estabelecidos; e

3) Parcialmente em Conformidade (PC) - quando atende parcialmente os

requisitos naquele EM.

Usou-se, ainda, a classificação Não se Aplica (NA) – quando, por algum motivo,

o EM não pode ser avaliado, por não fazer parte das atividades da instituição. Portanto,

esse EM foi desconsiderado para efeito de cálculos.

A Tabela 3 apresenta as frequências das pontuações obtidas para a função EPF:

15 (C); 6 (PC) e 3 (NC). Isso representa, respectivamente, 62,5%, 25,0% e 12,5%, para

cada uma dessas notas de avaliação.

Tabela 3: IPEC - Frequências Absoluta e Relativa do tipo de Pontuação dos

Elementos de Mensuração na Função de Organização EPF da UH: Nov/2006.

Opções de

pontuação

Frequência

Absoluta

Frequência

Relativa (%)

C 15 62,5

PC 6 25,0

NC 3 12,5

Total 24 100

Fonte: Relatório de avaliação educativa do IPEC pelo CBA; nov 2006

Como se pode observar na Tabela 3, o IPEC apresenta 62,5% de conformidade

na função EPF, ou seja, esses EMs atenderam plenamente aos critérios de avaliação. Os

restantes, 37,5% (NC e PC), demonstram a necessidade de alguma melhoria, para

atenderem às exigências do padrão da função, de modo que tenham, como resultado,

uma influência positiva na gerência do ambiente hospitalar.

Assim, como já foi confirmada a associação direta entre a função EPF e a função

Gerência do Ambiente Hospitalar (tabelas 1 e 2 ) e, tendo os EMs desta função que se

encontram com as pontuações PC e NC sido identificados e a sua importância relativa

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quantificada (Quadro2 e Tabela 3), estas evidências serão discutidas a seguir e,

posteriormente, algumas sugestões de melhoria para esta função no IPEC serão

apresentadas.

Nesse sentido, o Quadro 2 evidencia que as deficiências de conformidade da

EPF no IPEC estão concentradas, de um lado, na insuficiência dos esforços de

sistematização do diagnóstico sobre quais são as carências existentes (EMs 1 e 4) e

sobre quais são as vias mais promissoras de melhoria da interação educativa com os

pacientes e familiares (EMs 5, 6, 7 e 8) e, de outro, na insuficiência da educação de

caráter preventivo tendo em vista o pós-alta do paciente (EMs 15, 17 e 18) .

É preciso considerar a propósito da primeira deficiência registrada que, no plano

das práticas institucionais, a educação do paciente e familiar em saúde envolve toda a

equipe da UH, exercitando o agir educativo, que decorre de práticas pedagógicas

participativas e dialogadas entre os serviços e os usuários.

Os diversos profissionais da UH, principalmente aqueles que atuam diretamente

com o paciente e seus familiares, têm a oportunidade e a responsabilidade de manter

atividades educativas.

Os momentos para essas atividades ocorrem quando o paciente recebe cuidados

médicos, de enfermagem, na coleta de material para exame e nos diversos momentos de

relacionamento com a UH, desde o primeiro contato.

Com relação ao planejamento das atividades de educação, este deve ocorrer de

modo que seja garantida a cada paciente a educação de que necessita. Percebe-se que

esse é um desafio a ser enfrentado no cotidiano das práticas de saúde existentes, que

residem mais nos modos verticalizados de planejamento, levando a uma separação entre

os que planejam, os que executam e os que recebem os cuidados e tornando a prática de

gestão reduzida à administração da UH, à figura dos gestores.

A interação do paciente e/ou dos seus familiares com as equipes de cuidado e

com os gestores na elaboração do planejamento favorece a boa evolução do processo de

aprendizagem do paciente, determinando o que aprender e a melhor maneira do

aprendizado.

Essa prática transdisciplinar se materializa na relação entre os sujeitos

envolvidos com a construção do cuidado, nos modos de acolher, de fazer a escuta de

saberes diferentes. Como sinaliza Benevides (2005, p. 23), “é no entre os saberes que a

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invenção acontece, é no limite de seus poderes que os saberes têm o que contribuir para

o outro mundo possível, para uma outra saúde possível.”

Para planejar a educação sintonizada com o escopo do serviço prestado e com o

perfil dos pacientes e humanizar as práticas de gestão e de cuidados, é importante que se

incluam os diferentes sujeitos que participam desde as suas singularidades no

planejamento, na implementação e na avaliação dos processos de produção de saúde,

entendendo a UH como uma unidade de produção de ações de saúde e que as práticas de

educação fazem parte desta produção.

Para identificação do diagnóstico das necessidades de educação do paciente e

familiar, pode-se realizar uma entrevista com os pacientes internos e seus

acompanhantes. Essa entrevista, após seu término, deverá ser redigida e anexada ao

prontuário do paciente, no local referente ao período da internação, junto à primeira

evolução.

Na entrevista deverão ser considerados os métodos preferenciais de aprendizado

pelo paciente, os fatores intervenientes na aprendizagem e os familiares a serem

envolvidos no processo de educação. As ações educativas devem ser realizadas por

todas as categorias profissionais de assistência durante o período de internação seus

registros anexados ao prontuário do paciente, em local referente à sua última evolução.

É preciso considerar, por exemplo, que as condições socioeconômicas, culturais

e mesmo clínicas de um paciente são igualmente fundamentais, tendo em vista que

podem ser determinantes, até mesmo em relação à forma de encarar a sua própria

doença (MARIN, 2003).

Com relação ao consentimento informado, o médico deve prover o paciente de

todas as informações que sejam necessárias para que se tome uma decisão, assim como

deve informar sobre as consequências da decisão tomada pelo paciente. Tal atitude

requer esforço por parte do médico, que precisa dispor de tempo, paciência e

conhecimento para esclarecer sobre diagnóstico, prognóstico e tratamento, em uma

linguagem simples, para ter certeza de que foi entendido. Todas as dúvidas do paciente

devem ser esclarecidas, bem como o propósito da realização de exames, cirurgias e

medicamentos. Um paciente adulto mentalmente sadio, com tais informações, possui o

direito de dar ou não consentimento para qualquer diagnóstico ou tratamento, mesmo

quando a recusa redundar em seu próprio prejuízo.

O consentimento pode ser explícito de forma verbal ou por escrito, ou implícito,

em casos, por exemplo, em que o paciente estica o braço para a aplicação de alguma

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medicação. Para tratamentos que envolvem risco ou grande desconforto, é preferível

obter consentimento explícito por escrito, com um termo de consentimento esclarecido.

Esse termo tem, por finalidade, garantir a autonomia do paciente e delimitar a

responsabilidade do médico que realiza os procedimentos. O texto deve ser desprovido

de termos técnicos e detalhes excessivos, permitindo que o paciente ou seu

representante legal, antes da realização do procedimento médico, entenda o que será

feito e possa mudar de opinião se desejar. Em linhas gerais, o modelo do consentimento

deve conter:

• identificação do paciente ou de seu responsável;

• nome do procedimento;

• descrição técnica (em termos claros);

• possíveis insucessos;

• complicações pré e pós-operatórias;

• descrição da anestesia;

• destino da peça operatória;

• explicação quanto à possibilidade de modificação de conduta durante o

procedimento;

• declaração de que as explicações foram efetivamente entendidas;

• confirmação de autorização, com local e data da intervenção cirúrgica;

• modelo para revogação da cirurgia; e

• assinatura de testemunhas.

Quanto à segunda deficiência registrada, por sua vez, um resumo de alta relativa

à educação de pacientes e familiares deverá ser preenchido ao final do período de

internação, com orientações para o paciente que segue para outro local de cuidado ou

para sua residência.

Quando identificadas barreiras de linguagem ou de outros tipos, serão

convocados intérpretes ou outro profissional com capacidade para mediar a consulta. A

cada “visita” realizada pelo profissional, este anotará sua avaliação sobre a compreensão

do paciente acerca das orientações ou explicações fornecidas e as dúvidas trazidas pelo

paciente, como no exemplo a seguir:

“- O paciente perguntou sobre a mudança de sua alimentação.

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- Conduta: paciente foi orientado sobre o motivo da mudança em sua dieta;

Considero que houve entendimento total ou considero entendimento parcial,

necessitando de esforço ao longo do acompanhamento.”

Quanto ao uso de medicamentos, a comunicação com o paciente terá, como

finalidades principais, o aconselhamento e a educação quanto à administração e

cuidados corretos do medicamento e quanto aos procedimentos de garantia da

terapêutica e a promoção da adesão, bem como quanto à consequente melhoria da

eficiência do tratamento e redução dos riscos (MARIN, 2003).

Apesar de não ser a única, a falta de informação sobre os medicamentos é

apontada como uma das variáveis mais significativas e de maior impacto, em termos

mundiais, sobre as razões pelas quais os indivíduos não cumprem adequadamente seus

tratamentos.

No hospital, por exemplo, a administração dos medicamentos geralmente não se

faz acompanhar da correspondente informação, nem mesmo naquelas situações em que

se faz necessário o aconselhamento ao paciente ou responsável para garantir adequada

sequência ao tratamento a partir da alta hospitalar (MARIN, 2003).

No atendimento ambulatorial, o fluxo da informação, iniciado pela consulta

médica, tem continuidade na farmácia, onde o paciente vai ser esclarecido sobre itens da

prescrição médica, dose, posologia, cuidados especiais na reconstituição e/ou

armazenamento, considerações ao tomar o medicamento, possíveis interações

(medicamento e/ou alimento), efeitos adversos etc. (CASTRO, 2000).

As interações medicamentosas e os efeitos adversos dos medicamentos estão

entre as informações de maior impacto que o farmacêutico pode oferecer a quem

prescreve e a quem utiliza determinado medicamento (CASTRO, 2000).

Orientar o usuário e desenvolver ações educativas sobre medicamentos não são

atividades exclusivas do farmacêutico; ao contrário, devem estar intimamente

relacionadas às atribuições de todos os profissionais da equipe de saúde (MARIN,

2003).

É preciso saber se o paciente sabe ler e se tem capacidade de ler a receita e/ou o

nome descrito na caixa ou no envelope do medicamento. É importante saber como o

paciente se orienta para o cumprimento do horário (muitos deles não têm relógio ou não

sabem ler as horas). No caso do paciente analfabeto, devem-se usar alternativas para

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controle do uso, como diferenciar os medicamentos utilizando fitas, adesivos, canetas

coloridas, números ou sinais para facilitar a compreensão do paciente.

O médico deve sempre ouvir e considerar as preferências do paciente, mesmo

quando elas não possam ser atendidas. Os procedimentos devem ser explicados, bem

como os motivos pelos quais o paciente está sendo submetido, mesmo contra a sua

vontade.

Esse documento, depois de preenchido, deve ser anexado ao prontuário do

paciente. Além disso, lembrar ao paciente que o seu direito acerca de informações sobre

sua saúde se estende também ao prontuário, podendo ter acesso ao mesmo e solicitar

cópias, se assim o desejar.

As atividades educativas a serem realizadas com os pacientes e familiares

deverão ocorrer durante todo o período da sua permanência de internação. Podem se dar

por encontros individuais entre os profissionais da assistência e os pacientes ou em

reuniões programadas com os familiares e acompanhantes e um profissional de forma

periódica, para realizar uma abordagem mais geral sobre a sua área de atuação.

Os temas devem abranger todos os assuntos que estão no padrão da função EPF,

considerando as necessidades de cada paciente, o planejamento realizado com a

participação de gestores profissionais da assistência e usuários e observando,

principalmente, onde os requisitos dos EMs não estavam em conformidade no relatório

da avaliação educativa.

Independente do grupo de deficiências registrado, serão utilizados os seguintes

recursos para educação:

- Folders educativos.

- Painéis expositivos

- Palestras em sala de espera

- Grupo com pacientes internados

- Grupo com pacientes do ambulatório

- Vídeos institucionais em sala de espera e internação

- Orientações individualizadas

Todas essas orientações, atividades desenvolvidas em sala de espera e reuniões

devem ser registradas no prontuário, em local previamente estabelecido para este fim.

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7. Conclusões

O objetivo da dissertação foi quase que integralmente atingido, uma vez que foi

confirmada a influência das funções de organização a priori identificadas pela

Acreditação Hospitalar sobre a gerência do ambiente e, em particular, da Educação do

Paciente e Familiar, mesmo que não tenha sido possível quantificá-la, em parte devido à

elevada correlação entre as variáveis independentes, que dificultou individualizar sua

influência sobre a gerência do ambiente hospitalar e em parte devido à pequena

variância dos escores usados como variáveis independentes (GUJARATI, 2006).

Em outras palavras, a confirmação desse tipo de associação e a estimativa de

medidas da influência de cada variável sobre a gerência do ambiente hospitalar não foi

em geral possível, em função das dificuldades encontradas para obter estimadores com

pequeno erro padrão para esses coeficientes, por força da soma dos problemas de

multicolinearidade com aqueles relacionados ao tamanho da amostra e à pequena

variância das variáveis definidas no modelo que foram enfrentados na análise de

regressão múltipla.

Em termos agregados, porém, o resultado da Análise Fatorial permite confirmar,

sem perda de generalidade, a associação entre, de um lado, o treinamento, a gestão

participativa com governabilidade, a educação do paciente e familiar e a gerência da

informação pelo prestador de serviço e, de outro lado, a melhoria da gerência do

ambiente hospitalar, identificando a contribuição potencial do aperfeiçoamento destas

funções para a expansão da UH e para o desenvolvimento do mercado de serviços de

saúde.

Em primeiro lugar, a menção detalhada aos dados contidos nos relatórios

educativos, assim como ao grande número de unidades amostrais cujos dados estão

potencialmente ao alcance da pesquisa sobre a gestão das UHs, visou despertar:

a) o interesse dos pesquisadores pelo estudo de diferentes representações dessas

organizações como unidades produtivas (DJELLAL; GALLOUJ, 2005; OZCAN, 2009)

e de diferentes mecanismos orientados pelo mercado que podem suprir o incentivo para

a prestação de serviços de saúde; e

b) um novo tipo de engajamento da administração e dos profissionais na

experiência da Acreditação Hospitalar, em que a percepção de ambos sobre as relações

existentes entre os padrões das rotinas de atividades específicas, as funções da

organização e os objetivos de posicionamento estratégico da UH pode contribuir para o

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compromisso do gerente com o suporte à rotina das unidades operacionais, ao mesmo

tempo em que pode descentralizar o incentivo (FAÇANHA; RESENDE, 2010) e

motivar o especialista a partir de um horizonte de inserção mais abrangente e

funcionalmente promissor.

Quanto ao tamanho da amostra, em segundo lugar, cabe mencionar que os

resultados obtidos em relação aos objetivos anteriores encorajam futuras replicações

desta pesquisa empírica em amostras maiores, como caminho promissor para estudar a

reconhecida influência dos diversos mecanismos internos de aperfeiçoamento da gestão

sobre o desempenho das UHs (LA FORGIA; COUTTOLENC, 2008) e o

desenvolvimento do mercado de serviços de saúde.

Espera-se, finalmente, que a análise de um número maior de unidades de

observação também possa amenizar o problema de especificação das variáveis

independentes que foi apontado como terceiro óbice a um resultado mais completo, uma

vez que a opção atual decorreu de limitações incontornáveis da escala com três

categorias de mensuração de conformidade que é usada na avaliação educativa.

As ressalvas são as variáveis representativas do tipo de propriedade e do

tamanho. Com respeito à primeira dessas variáveis, que se mostrou significativa a 5%, a

evidência extraída da análise aponta que a organização privada é relativamente mais

propensa à conformidade dos padrões de gerência do ambiente hospitalar do que a UH

sujeita à administração pública, desta forma revelando mais capacidade de resposta às

limitações do marco regulatório e dos canais judiciais para a solução dos conflitos entre

a administração, os usuários e os profissionais.

Em contrapartida, não foi possível confirmar a influência do tamanho da UH

sobre a conformidade dos padrões observados de gerência do ambiente hospitalar.

Como se pode ver, a dificuldade para gerenciar o ambiente da UH representa um

handicap para o sucesso da estratégia de prestação de serviço da organização e pode

constituir um obstáculo ao desenvolvimento do mercado de serviços de saúde,

corroborando a importância do resultado acerca do efeito ampliado que o gasto em

informação tem no ambiente hospitalar, embutido no coeficiente do Fator 1.

Recentemente, com a reforma do Estado e maior ênfase na busca de eficiência

(SMITH; STREET, 2005) no uso dos recursos da assistência à saúde no país, a adesão

aos princípios da administração pública gerencial deu origem à utilização da

Certificação Hospitalar também nas organizações governamentais (LA FORGIA;

COUTTOLENC, 2008).

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57

Nessas organizações, particularmente caracterizadas por colegiados de tomada

de decisão descentralizados, o modelo da Acreditação Hospitalar reveste-se de grande

importância como um modelo de aprendizado em que os relatórios da Acreditação são

usados para catalisar a adesão da administração e dos profissionais a padrões de

atendimento de forma coordenada.

A influência da cultura em questões dessa natureza já é conhecida. As

conclusões obtidas a partir desta dissertação contribuem, portanto, para elucidar

elementos da doutrina da Acreditação Hospitalar, facilitam o entendimento dos

profissionais a respeito da integração das suas atividades específicas com o conjunto das

funções gerenciais da UH e proporcionam o incentivo para o seu engajamento com a

dinâmica de mudança com vistas à certificação.

Também favorecem o entendimento da necessidade de compromisso da

administração da UH com a gerência do ambiente hospitalar e esclarecem a potencial

importância desta função organizacional para a busca de posicionamento estratégico da

UH e, em última análise, para o desenvolvimento do mercado de serviços de saúde.

Tendo em vista a oportunidade que a representação das características de

organização da UH segundo o manual da Certificação Hospitalar nos abre para conhecer

os fatores internos influentes sobre o desempenho destas organizações, recomenda-se

(a) o desdobramento do marco analítico aqui utilizado para explorar outras relações de

influência entre as funções de organização que são avaliadas nos relatórios para

Acreditação, (b) a extensão deste tipo de pesquisa empírica para amostras maiores e (c)

que novas pesquisas sejam direcionadas às organizações da esfera pública de prestação

de serviços de saúde (SMITH; STREET, 2005).

A importância que outras pesquisas deste tipo podem ter para o compromisso da

administração e dos profissionais com a reestruturação interna dessas organizações deve

ser em particular mencionada com relação às UHs da rede pública (VAKKURI, 2003),

para as quais o conhecimento das implicações do processo de decisão colegiada no

‘ajuste mútuo’ abarca outras funções de organização não cobertas nesta dissertação

(MINTZBERG et al, 2006).

Com relação ao objetivo específico de produção de contribuição gerencial de

interesse do IPEC, finalmente, o estudo de caso:

a) permitiu caracterizar a busca de conformidade dos padrões da Educação do

Paciente e Familiar como exemplo de esforço de inovação; de que “a acumulação de

mudanças menores e de pequenas inovações pode ter grande impacto em produtos e

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processos. [...] não somente a inovação em sentido estrito, mas também o conjunto de

atividades constitutivas de esforços tecnológicos (RICYT/OEA/CYTED, 2001);

b) permitiu acumular evidências, vale dizer, de que a inovação tem espectro mais

amplo na organização de produção multifuncional do tipo da UH; de que pode ser de

natureza tecnológica, organizacional ou de produtos e serviços (GRADEY, 2001);

c) confirmou, nesse sentido, a influência estatisticamente significativa da

educação do paciente e do familiar na qualidade do ambiente hospitalar, ou seja, de que

a influência dos esforços de inovação relativos à educação do paciente e familiar,

embora não quantificada, é positiva; e

d) sugeriu, com respeito ao IPEC, que, dada a situação diagnosticada pelo

processo educativo da AH em 2006, as deficiências de Educação do Paciente e Familiar

desta UH, potencialmente impactantes na sua Gerência do Ambiente Hospitalar,

estavam concentradas nas Não-Conformidades com respeito:

d.1) à insuficiência dos esforços de inovação relativos à sistematização do

diagnóstico sobre quais são as carências existentes;

d.2) à insuficiência dos esforços de inovação relativos à sistematização do

diagnóstico sobre quais são as vias mais promissoras de melhoria da interação educativa

com os pacientes e familiares; e

d.3) à insuficiência dos esforços de inovação relativos à educação de caráter

preventivo do paciente e familiar, tendo em vista o pós-alta do paciente; e

e) apontou a efetividade da inovação incremental focalizada nos seguintes tipos

de esforços de inovação:

e.1) relativos ao diagnóstico das carências existentes e à identificação de

soluções:

- práticas institucionais em que a educação do paciente e familiar em saúde

envolve toda a equipe da UH;

- planejamento das atividades de educação com práticas transdisciplinares;

- entrevista com os pacientes e/ou familiares para identificação do diagnóstico

das necessidades de educação;

- registro das informações relativas à educação do paciente realizado por todos

os profissionais;

- registro das informações relativas à educação do paciente anotado no

prontuário; e

- prover o paciente de todas as informações que sejam necessárias para tomar

decisão consciente em relação ao consentimento informado; e

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e.2) relativos à educação preventiva do paciente e familiar para a alta:

- um resumo de alta relativo à educação do paciente e familiar com orientações

apropriadas ao seu caso;

- orientação quanto ao armazenamento, possíveis interações (entre

medicamentos e/ou alimentos) e efeitos adversos; e

- orientações quanto à participação do processo do seu cuidado e também do

autocuidado.

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60

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