inflamação e reparo tecidual

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Curso de Inflamação e Reparo Tecidual MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada.

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  • Curso de

    Inflamao e Reparo Tecidual

    MDULO I

    Ateno: O material deste mdulo est disponvel apenas como parmetro de estudos para este Programa de Educao Continuada. proibida qualquer forma de comercializao do mesmo. Os crditos do contedo aqui contido so dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada.

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    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    MDULO I

    CURSO DE INFLAMAO E REPARO TECIDUAL SUMRIO MDULO I 1. MECANISMOS DA INFLAMAO 1.1. Introduo inflamao 1.2. Clulas inflamatrias 1.3. Fases do processo inflamatrio 1.4. Processo de fagocitose MDULO II 1. MEDIADORES QUMICOS DA INFLAMAO 1.1. Aminas vaso ativas: histamina e serotonina 1.2. Sistemas plasmticos 1.3. Metablitos do cido aracdnico 1.4. Fator ativador de plaquetas 1.5. Citocinas MDULO III 1. INFLAMAO AGUDA 1.1. Classificao das inflamaes 1.2. Evoluo das inflamaes agudas 1.3. Fatores que alteram a resposta inflamatria 1.4. Farmacologia da inflamao MDULO IV 1. INFLAMAO CRNICA

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    1.1. Conceito e caractersticas da inflamao crnica 1.2. Classificao das inflamaes crnicas 1.3. Agentes etiolgicos 1.4. Formao dos granulomas MDULO V 1. REPARO TECIDUAL 1.1. Clulas lbeis, estveis e permanentes 1.2. Regenerao 1.3. Cicatrizao 1.4. Fatores que interferem no processo de reparao 1.5. Reparo dos tecidos especializados 2. Bibliografia Consultada

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    1. MECANISMOS DA INFLAMAO 1.1. Introduo inflamao A inflamao ou flogose (derivado de "flogstico" que, em grego, significa

    "queimar") a reao local dos tecidos a uma agresso, que, portanto, perderam

    sua homeostase e morfostase. Ela ocorre como uma resposta inespecfica,

    caracterizada por uma srie de alteraes que tendem a limitar os efeitos da

    agresso.

    A inflamao pode ser conceituada, portanto, como uma resposta local do

    tecido vascularizado agredido, caracterizada por alteraes do sistema vascular, dos

    componentes lquidos e celulares, bem como por adaptaes do tecido conjuntivo

    vizinho. Desta forma, pode ser considerada uma reao de defesa local.

    Inmeras so as causas ou os agentes responsveis pelas alteraes

    encontradas na inflamao, sendo divididos em grupos conforme a natureza do

    agente. Assim, tm-se os agentes qumicos, para designar o grupo das substncias

    qumicas, endgenas ou exgenas, que causam injrias s clulas (ex.: tetracloreto

    de carbono, lcool); os agentes fsicos, que agrupam as causas de natureza

    mecnica, eltrica, radioativa, de mudanas na temperatura etc.; e os agentes

    biolgicos, englobando todos os seres vivos capazes de alterar a funo celular (ex.:

    vrus, bactrias, fungos).

    Para tornar-se um agente inflamatrio, ou seja, um estmulo que

    desencadeie esses fenmenos de transformao nos tecidos, o agente lesivo tem

    que ser suficientemente intenso para provocar tais reaes e ultrapassar as

    barreiras de defesa externas (como a derme, por exemplo), sem contudo alterar a

    vitalidade do tecido em que atua.

    Por muito tempo, a inflamao foi considerada uma doena, e somente

    a partir do sculo XVIII que Hunter props que a mesma fosse uma resposta

    benfica. Desde Celsus (contemporneo de Cristo) que se caracteriza a

    inflamao por quatro sinais "cardinais": rubor, calor, tumor e dor. Virchow, no

    sculo XIX, acrescentou um quinto sinal: a perda da funo.

  • Fig. 1. Esquema mostrando os sinais cardinais da inflamao.

    Fonte: http://www.biomaterial.com.br/ inflama/Image120.gif

    O rubor e o calor so o resultado de um aumento da circulao na rea

    inflamada. O tumor a conseqncia do aumento local do lquido intersticial e a

    dor depende do acmulo, no local, de substncias biolgicas que atuam sobre

    as terminaes nervosas. A perda da funo a conseqncia do somatrio de

    vrios fatores, especialmente do edema e da dor. Os sinais cardinais referem-

    se a inflamaes da superfcie corprea ou das articulaes, porm,

    inflamaes com as mesmas caractersticas ocorrem em todos os tecidos e

    rgos agredidos.

    Dependendo de sua durao, as inflamaes so divididas em agudas e

    crnicas. Assim, inflamaes que duram desde poucos minutos at poucos dias

    so chamadas de agudas, enquanto que as que persistem por semanas e

    meses so chamadas de crnicas.

    Do ponto de vista funcional e morfolgico, as inflamaes agudas se

    caracterizam pelo predomnio de fenmenos exsudativos, ou seja, conseqentes

    a alteraes da permeabilidade vascular, permitindo o acmulo na regio

    inflamada de lquido (edema), fibrina, leuccitos, especialmente os neutrfilos, e

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    hemcias. Nas inflamaes crnicas, alm destes elementos, ocorrem, no local,

    fenmenos produtivos, ou seja, proliferao de vasos, fibroblastos (com

    conseqente deposio de colgeno), como tambm migrao e proliferao

    local de moncitos e linfcitos.

    1.2. Clulas inflamatrias As clulas que participam da reao inflamatria foram classificadas por

    Spector (1980), da seguinte forma:

    Clulas endoteliais; Clulas prprias do tecido (mastcitos, fibroblastos e macrfagos fixos); Clulas migratrias (leuccitos sangneos).

    Os leuccitos so as clulas sangneas de maior importncia no

    processo inflamatrio. Podem ser divididos em dois grupos: um primeiro grupo das

    clulas que possuem granulaes especficas visveis por ao de corantes

    especiais em seu citoplasma (denominadas de leuccitos granulcitos) ou com

    vrias formas de ncleo (polimorfonucleares). E um segundo grupo das clulas que

    possuem granulaes, porm essas no so visveis com o auxlio desses corantes,

    denominadas de leuccitos agranulcitos. No primeiro grupo temos neutrfilos,

    eosinfilos e basfilos e, no segundo, linfcitos e moncitos. Esses ltimos so

    tambm considerados mononucleares, ou seja, seus ncleos possuem forma

    constante, invarivel.

    Alm dos leuccitos, muitas outras clulas do tecido conjuntivo esto

    envolvidas em diferentes etapas do processo inflamatrio.

  • Fig. 2. Ilustrao esquemtica dos componentes das respostas inflamatrias agudas e crnicas: clulas e protenas circulantes, clulas dos vasos sangneos e clulas e protenas da matriz

    extracelular. Fonte: http://www.elseviermedicina.com.br/downloads/PartesProduto/sample_robbins.pdf

    I. Clulas endoteliais H poucos anos ainda se considerava a clula endotelial como uma

    membrana celular passiva, que forma a interface entre o sangue e os tecidos, dado

    a sua estrutura simples, com escassez de organelas celulares quando vista ao

    microscpio de luz. Na atualidade, nosso conceito de endotlio foi radicalmente

    mudado, pois ficou claro que a clula endotelial um componente funcionalmente

    ativo da parede vascular, capaz de mostrar diversas propriedades metablicas, de

    sntese e regenerativas, estando implicada na regulao de vrios fenmenos, tais

    como: fluxo sangneo, coagulao, proliferao de clulas da parede vascular,

    reatividade imunolgica, resposta do organismo a estmulos patognicos.

    O endotlio formado por um epitlio pavimentoso simples. A clula

    endotelial pobre em mitocndrias e lisossomas, mas possui uma quantidade

    regular de retculo endoplasmtico rugoso (RER), complexo de Golgi proeminente e

    citomembrana rica em sistemas enzimticos. importante ressaltar a presena de

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  • miofibrilas e de protenas no citoplasma, como actina e miosina, relacionadas com

    sua capacidade contrtil.

    Fig. 3. Detalhe das clulas endoteliais (1) de pequenos capilares no tecido conjuntivo (2)

    Fonte: http://www.micron.uerj.br/atlas/celula/cel10.htm

    Entre as funes do endotlio podemos citar: limitada capacidade

    fagocitria, sntese de colgeno tipo IV, elastina, laminina, fibronectina e

    glucosaminoglicanos e, talvez, outros componentes da membrana basal. Participam

    da formao de elementos da cascata da coagulao e do fenmeno da aderncia

    leucocitria, graas secreo da molcula de adeso do endotlio a leuccitos

    (ELAM). Estes, por sua vez, contribuem com o mesmo fenmeno, secretando

    molculas de adeso intracitoplasmtica (ICAM).

    II. Neutrfilos So leuccitos granulcitos polimorfonucleares (PMN), formados na medula

    ssea, e como o prprio nome diz, possuem ncleo pleomrfico, multilobulado,

    citoplasma granuloso e medem cerca de 10 m de dimetro. Os neutrfilos jovens

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  • apresentam ncleo em forma de ferradura (neutrfilo bastonete), enquanto os mais

    adultos, maduros, mostram ncleo bastante lobulado (neutrfilo segmentado).

    Fig. 4. Detalhe microscpico do neutrfilo. Fonte: http://www.virtual.epm.br

    O citoplasma dos neutrfilos rico em granulaes, que no se coram pelos

    mtodos usuais de colorao, pois no possuem afinidade por tais corantes por

    isso so denominados neutrfilos. Estes grnulos, que so classificados em

    primrios, secundrios e tercirios, de acordo com suas caractersticas de

    eletrodensidade microscopia eletrnica, so ricos em enzimas digestivas, como

    hidrolases, peroxidases e fosfatases cidas, lisozima, etc.

    Fig. 5. Detalhe da microscopia eletrnica do neutrfilo.

    Fonte: http://www.sbi.org.br/sbinarede/ SBInarede35/index.html

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    Os grnulos azurfilos ou primrios so os mais densos e contm

    mieloperoxidase, lisozima, elastases, catepsinas, proteinases, colagenase, N-

    acetil- glucoronidase e glicerofosfatase. Os grnulos secundrios contm

    lisozima, colagenase, gelatinase, fosfatase alcalina, lactoferrina, citocromo b-

    245 e receptores para laminina.

    Todas estas enzimas so essenciais para lisar as substncias

    fagocitadas, porm, no s quando da fagocitose, como tambm quando o

    neutrfilo ativado, ou quando se desintegra, so elas liberadas no interstcio,

    onde agem agredindo os tecidos inflamados.

    Os neutrfilos se originam de clulas da medula ssea e levam cerca

    de seis dias para atingir a maturao. Quando maduros, podero continuar na

    medula por alguns dias antes de passar circulao. Na circulao,

    permanecem cerca de 6h a 7h e, a seguir, deixam os vasos e se instalam no

    interstcio. Fora dos vasos vivem pouco, morrendo aps o mximo de dois

    dias. Logo, necessrio que a produo de neutrfilos pela medula seja capaz

    de compensar a sua contnua destruio para manter o nmero fisiolgico

    circulante. O fato de serem clulas com uma vida mdia curta e extremamente

    mvel, explica, em parte, porque predominam nas fases iniciais do processo

    inflamatrio em relao s demais clulas.

    Denomina-se de neutrofilia e neutropenia, respectivamente, o aumento e a

    diminuio do nmero de neutrfilos na circulao perifrica.

  • Fig. 6. Microscopia de um caso de neutrofilia.

    Fonte: http://library.med.utah.edu/WebPath/ INFLHTML/INFL001.html

    Os polimorfonucleares neutrfilos constituem a primeira onda de

    migrao. Nos tecidos inflamados, o neutrfilo se movimenta e aparentemente

    se locomove melhor, quando pode se apoiar em estruturas pr-formadas. A

    fibrina conseqente polimerizao de fibrinognio exsudado dos vasos pode

    servir de apoio a esta movimentao.

    Tanto substncias exgenas quanto endgenas podem ser

    quimiotticas. Dentre as mais importantes esto: produtos bacterianos, compo-

    nentes do complemento, especialmente o C5a, produtos da lipoxigenao do

    cido araquidnico, especialmente o leucotrieno B4. Alm de seu papel na

    quimiotaxia, os agentes quimiotticos exercem outras funes, entre as quais a

    de ativao dos leuccitos. Esta ativao se acompanha de ativao de

    fosfolipases, com conseqente produo dos metablitos do cido

    araquidnico, degranulao com liberao para o interstcio de enzimas, alm

    de modulao das molculas de adeso da membrana do leuccito.

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  • III. Eosinfilos Como os neutrfilos, os eosinfilos so clulas fagocitrias que se

    originam na medula ssea. Na circulao, permanecem por 6h a 12h,

    passando a seguir para os interstcios, onde desagregam aps alguns dias.

    Os grnulos dos eosinfilos so lisossomas especiais; contm algumas

    enzimas semelhantes s dos neutrfilos, porm possuem maior quantidade de

    peroxidases que, aparentemente, so as responsveis pelo aspecto cristalino

    do contedo de alguns dos grnulos. Na sua membrana, h receptores para IgE

    e fraes do complemento.

    Fig. 7. Detalhe microscpico do eosinfilo.

    Fonte: http://www.virtual.epm.br

    Os eosinfilos maduros desenvolvem receptores para imunoglobulinas e

    complemento, e podem ser ativados por muitos fatores como IL-2, fatores

    derivados de linfcitos T, de macrfagos, do endotlio, PAF, TNF, interferons e

    fatores derivados de parasitas. Uma vez ativados se degranulam e liberam seus

    produtos. Diferentemente dos neutrfilos, tm vida longa (vrios dias e mesmo

    semanas) e, desta forma, agem por muito mais tempo.

    O papel dos eosinfilos, na inflamao, vem sendo esclarecido. Eles

    esto relacionados com a destruio de complexos antgeno-anticorpo, sendo

    11 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • muito encontrados em reaes de hipersensibilidade, especialmente naquelas

    relacionadas a anticorpos de tipo IgE. Os eosinfilos contm substncias

    bloqueadoras da ao da histamina, e substncias bloqueadoras de leucotrienos

    liberados pelos mastcitos. Assim sendo, desempenham papel nas fases tardias

    de algumas das inflamaes, colaborando para a recuperao da rea lesada e

    na modulao das reaes alrgicas.

    IV. Basfilos e Mastcitos Os basfilos e os mastcitos originam-se dos mesmos precursores da

    medula ssea. No so propriamente elementos do exsudato inflamatrio, mas

    desempenham funes importantes na inflamao. Os basfilos so clulas

    circulantes, enquanto os mastcitos s vo se diferenciar quando saem dos

    vasos e se localizam nos interstcios dos rgos e tecidos.

    Os basfilos so as clulas brancas menos numerosas no sangue circulante,

    correspondendo a 0,5 a 1,5% do total de leuccitos nas espcies animais. Medem

    de 10 a 12 m de dimetro, possuem um ncleo bilobulado ou de formato irregular e

    citoplasma com grnulos basoflicos, cuja tonalidade varia do azul escuro ao roxo.

    So, portanto, classificados como granulcitos PMN.

    Fig 8. Basfilo em detalhe

    http://www.fcf.usp.br/Ensino/Graduacao/Disciplinas/Exclusivo/Inserir/Anexos/

    LinkAnexos/C%C3%A9lulas%20sangu%C3%ADneas.pdf

    Assim como os mastcitos, armazena uma rica bateria de mediadores

    12 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • qumicos, como a histamina e a serotonina. E, semelhana dos mastcitos, so

    caracterizados por receptores que se ligam com grande afinidade poro Fc da

    IgE. Apesar das semelhanas, no so idnticos quelas clulas. Tm sido

    relacionados a reaes de hipersensibilidade tardia. Os mastcitos de diferentes tecidos assumem caractersticas prprias

    destes tecidos, que se definem por diferenas na sua secreo e nos seus

    receptores. Assim, os mastcitos da mucosa intestinal diferem daqueles da pele

    ou do interstcio pulmonar. Tanto os mastcitos quanto os basfilos tm

    receptores com grande afinidade para IgE e so ativados por poucas molculas

    desta imunoglobulina. Ambos desempenham papel importante em reaes de

    hipersensibilidade.

    Fig. 9. Ilustrao esquemtica dos mastcitos liberando histamina.

    Fonte: http://pwp.netcabo.pt/ sistema.imune/mastocitos2.jpg

    V. Linfcitos e Plasmcitos Os linfcitos e plasmcitos constituem a populao de clulas

    associadas resposta imune. Eles se originam na medula ssea e

    posteriormente colonizam os rgos do sistema linfide, onde se reproduzem.

    13 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

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    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Desempenham importante papel no s nas inflamaes relacionadas

    resposta imunolgica, como tambm pelos seus numerosos produtos, as

    linfocinas (secretadas pelos linfcitos T) e as imunoglobulinas (secretadas pelos

    linfcitos B, plasmcitos). Participam tambm das reaes inflamatrias ori-

    ginariamente no imunes.

    Existem trs grupos diferentes de linfcitos: os linfcitos B relacionados

    produo de imunoglobulinas, os linfcitos T e suas diferentes subpopulaes (T

    auxiliares e T supressores-citotxicos), e os linfcitos NK (natural Killer) que so

    citotxicos independentemente de estimulao antignica.

    Os linfcitos B so derivados de uma clula-tronco (clula-me) da medula ssea, e amadurecem at transformarem-se em plasmcitos, os quais secretam

    anticorpos.

    Os linfcitos T so formados quando as clulas-tronco migram da medula ssea at a glndula timo, onde eles se dividem e amadurecem. Os linfcitos T

    aprendem como diferenciar o que prprio do organismo do que no o , no timo.

    Os linfcitos T maduros deixam o timo e entram no sistema linftico, onde eles

    atuam como parte do sistema imune de vigilncia.

    Os linfcitos NK, discretamente maiores que os linfcitos T e B, so assim denominados por atacarem determinados microorganismos e clulas cancerosas. O

    natural de seu nome indica que elas esto prontas para destruir uma variedade de

    clulas-alvo, assim que so formadas, em vez de exigirem a maturao e o processo

    educativo que os linfcitos B e T necessitam. As clulas assassinas naturais tambm

    produzem algumas citocinas, substncias mensageiras que regulam algumas das

    funes dos linfcitos T, dos linfcitos B e dos macrfagos.

  • Fig. 10. Figura mostrando quatro linfcitos NK atacando uma clula neoplsica.

    Fonte: http://www.ciencianews.com.br/universo.htm

    Os linfcitos apresentam grande heterogeneidade morfolgica e funcional,

    visto serem extremamente plsticos, e possuem considervel capacidade para

    mudar de tamanho e formato. Possuem ncleo esfrico, oval ou denteado, mas no

    lobulado, e so destitudos de grnulos especficos citoplasmticos; por isso so

    classificados como agranulcitos mononucleares (MN).

    Fig. 11. Detalhe microscpico dos linfcitos. Fonte: http://www.ff.ul.pt/paginas/jvitor/Labio/a_h_foto3.jpg

    Ao contrrio dos leuccitos PMN, no so clulas terminais, uma vez que os

    linfcitos B podem se diferenciar em plasmcitos, clulas produtoras de anticorpos

    (imunoglobulinas). Estes possuem um ncleo excntrico ou perifrico e um

    citoplasma bem acidfilo, associado a uma intensa sntese protica; microscopia

    eletrnica de transmisso mostram no citoplasma RER bem desenvolvido.

    15 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • Fig.12. Desenho que demonstra as caractersticas ultra-estruturais dos plasmcitos. Observe a imensa quantidade de retculo endoplasmtico rugoso e o complexo de Golgi desenvolvido no

    citoplasma. O ncleo possui cromatina condensada na periferia dando um aspecto de roda de

    carroa. As mitocndrias esto aumentadas e desenvolvidas (muitas cristas alongadas).

    Fonte: http://ioh.medstudents.com.br/imuno2.htm

    VI. Macrfagos Os macrfagos, como a maioria das clulas que participam da

    inflamao, originam-se na medula ssea. A clula precursora do macrfago dos

    tecidos o moncito do sangue, o qual se origina na medula ssea a partir de

    monoblastos.

    Fig. 13. Detalhe microscpico do moncito.

    Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/ patoarteinfl7.htm

    16 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • Diferentemente do que acontece com neutrfilos e eosinfilos, quando o

    moncito cai na circulao, ainda no uma clula perfeitamente amadurecida;

    mantm a capacidade de se reproduzir e pode sobreviver por longo tempo nos

    tecidos. Da medula ssea, os moncitos passam circulao, e desta para os

    tecidos, onde recebem a denominao de histicitos ou macrfagos.

    Fig. 14. Ilustrao esquemtica mostrando o fenmeno de diapedese do moncito e migrao para o interstcio, resultando na diferenciao do macrfago.

    Fonte: http://cristiana7.blogspot.com

    Embora desempenhem funes importantes de defesa, suas atividades

    so muito variadas, indo da apresentao de antgenos at a produo de vrias

    citocinas essenciais, no s na inflamao, como tambm nos fenmenos

    imunolgicos.

    So especialmente preparados para a fagocitose, apresentando

    receptores para o segmento Fc de imunoglobulinas, para fraes de

    complemento e para muitas outras substncias, inclusive carboidratos; sua

    membrana apresenta vrios antgenos, entre eles os antgenos de

    histocompatibilidade do grupo II (MCA lI-Major histocompatibility antigens),

    essenciais na apresentao de antgenos aos linfcitos T.

    Os macrfagos so encontrados em praticamente todos os rgos e

    tecidos e, como os mastcitos, tm caractersticas diferentes conforme o rgo

    em que se situam. So exemplos de macrfagos fixos: as clulas de Kupffer do

    fgado, a micrglia do tecido nervoso, os osteoclastos e as clulas de

    17 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • Langerhans da pele.

    Nem todos os macrfagos teciduais so iguais. Alguns deles so

    estimulados e se diferenciam em clulas exclusivamente fagocitrias; estas

    possuem um sistema de lisossomas que contm numerosas enzimas hidro-

    lticas, algumas das quais com importante ao microbicida. Outros macrfagos

    podem se diferenciar em clulas capazes de agir sobre clulas neoplsicas, ou

    ainda, exercer outros tipos de atividade ltica. Sob a ao de determinados

    estmulos, podem se transformar em clulas epiteliides, que tm a

    capacidade de se unir umas s outras formando estruturas nodulares, os

    granulomas. Nestes, as clulas epiteliides podem fundir seus citoplasmas

    formando clulas gigantes. As clulas epiteliides so clulas especiais que

    perdem parte de sua capacidade fagocitria, adquirindo o poder de produzir e

    excretar enzimas lticas para o interstcio.

    MACROFAGOS (Clulas gigantes)MACROFAGOS (Clulas gigantes)

    Fig. 15. Detalhe microscpico dos macrfagos formando clulas gigantes. Fonte:http://torre.fffcmpa.tche.br/Volumes/Prof.+Claudio/inflama%C3%A7%C3%A3o+1.ppt#348,88,

    Slide 88

    Os macrfagos secretam vrias substncias que podem ter papel

    importante na defesa ou na destruio dos tecidos, tais como a lisozima (um

    potente agente bactericida), o fator ativador do plasminognio, fatores

    estimuladores da proliferao de fibroblastos e de vasos, colagenase, elastase,

    18 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • alm de metablitos derivados de oxignio e araquidonatos. Secretam ainda

    fatores do complemento (C2, C3, C4, C5), interferon e pirognio. Podem

    tambm ter imunoglobulinas presas membrana, o que aumenta o seu poder

    para destruir microrganismos.

    VII. Fibroblastos a clula mais comum do tecido conjuntivo frouxo e seu formato depende

    essencialmente de sua localizao. De um modo geral, uma clula fusiforme ou

    estrelada, com ncleo alongado e hipocrmico nas clulas jovens (fibroblastos) ou

    fusiforme e hipercrmico nas adultas (fibrcitos).

    O desenvolvimento de seu RER e a existncia de um nuclolo muito

    evidente, indicam uma capacidade de sntese protica intensa. Seu papel principal

    a sntese de colgeno para a reparao de tecidos; um tipo especial desta linhagem

    celular, o miofibroblasto, fundamental para a retrao cicatricial.

    microscopia eletrnica, as fibrilas de colgeno apresentam uma

    periodicidade com bandas transversais, semelhana de fibras musculares

    estriadas.

    Fig. 16. Detalhe de microscopia eletrnica do fibroblasto (1) envolto por fibras colgenas (2) em corte transversal e (3) em corte longitudinal.

    Fonte: http://www.micron.uerj.br/atlas/Conjuntivo/conjem.htm

    19 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • Fig. 17. Detalhe de microscopia eletrnica das fibras de colgeno (1) com as estriaes tpicas Fonte: http://www.micron.uerj.br/atlas/Conjuntivo/conjem.htm

    1.3. Fases do processo inflamatrio Classicamente, existem alguns fenmenos bsicos comuns a qualquer tipo

    de inflamao, que independem do agente inflamatrio. Esses momentos ou fases

    caracterizam a inflamao do tipo aguda, a qual sempre antecede a inflamao do

    tipo crnica. A diviso desses momentos em cinco itens, a seguir explicitados,

    meramente didtica. Todos eles acontecem como um processo nico e

    concomitante, o que caracteriza a inflamao como um processo dinmico.

    I. Fenmenos irritativos O primeiro momento do processo inflamatrio se caracteriza pela agresso

    (o tecido destrudo por uma queimadura, por exemplo), que resultar em importantes

    modificaes morfolgicas e funcionais dos tecidos agredidos, promovendo a

    liberao de mediadores qumicos, que iro desencadear as demais fases

    inflamatrias.

    Essas substncias atuam principalmente na microcirculao do local

    inflamado, provocando, dentre outras modificaes, o aumento da permeabilidade

    vascular. Vale dizer que em qualquer fase da inflamao observa-se a fase irritativa;

    em cada uma delas, h liberao de mediadores qumicos diferentes.

    20 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • II. Fenmenos vasculares Os fenmenos vasculares ocorrem como alteraes hemodinmicas da

    circulao e de permeabilidade vascular no local da agresso. Isso acontece aps

    alguns minutos do incio da ao do agente flogstico, intervalo em que se processa

    a liberao dos mediadores qumicos.

    A primeira alterao que se observa, uma fugaz vasoconstrio

    arterial, que logo seguida por dilatao ativa e intensa de arterolas, capilares

    e veias do local. Os esfncteres pr-capilares se relaxam e, como

    conseqncia, numerosos capilares, que estavam fechados, em repouso, se

    abrem, aumentando significativamente o nmero de capilares funcionantes.

    Em toda a rea se observa um grande nmero de capilares dilatados e

    ingurgitados. Diz-se que a rea ficou hiperemiada, que representa a

    observao microscpica do "rubor" e do "calor", h sculos conhecidos como

    caractersticas da inflamao.

    Fig. 18. Ilustrao esquemtica da anatomia da microcirculao normal e na inflamao aguda, quando ocorre vasodilatao e aumento da permeabilidade vascular.

    21 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • VASODILATAOVaso

    VASODILATAOVaso

    Fig. 19. Detalhe microscpico da vasodilatao. Fonte:http://torre.fffcmpa.tche.br/Volumes/Prof.+Claudio/

    inflama%C3%A7%C3%A3o+1.ppt#346,40,Slide 40

    II. Fenmenos exsudativos Os fenmenos exsudativos so uma das principais caractersticas do

    processo inflamatrio. O fenmeno ocorre devido a um aumento da

    permeabilidade dos capilares e vnulas e se caracteriza pela migrao, para o

    foco inflamatrio, de lquidos e clulas. Distinguem-se dois tipos de exsudao

    nessa fase: a exsudao plasmtica, composta essencialmente por lquidos, e a

    exsudao celular.

    Fig. 20. Detalhe microscpico dos espaos alveolares do pulmo, apresentando vasodilatao com exsudao plasmtica e de PMN.

    Fonte: http://library.med.utah.edu/WebPath/INFLHTML/INFL005.html

    22 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • O aumento da permeabilidade vascular pode ser originado de mecanismos

    diretos, em que o prprio agente agressor atua sobre a parede vascular, ou

    indiretos, em que h a ao de mediadores qumicos. Nesse caso, o aumento da

    permeabilidade pode ser devido ao surgimento de fendas na parede, isto , surgem

    poros entre as clulas endoteliais. Os capilares e vnulas tm paredes muito

    finas, constitudas principalmente pelo endotlio, membrana basal e alguns

    pericitos. As clulas endoteliais (endotelicitos) e os pericitos contm em seu

    citoplasma, actina e miosina, sendo contrteis. Devido a sua contrao, podem

    modificar as junes intercelulares, ampliando-as. A exsudao plasmtica a

    responsvel pela formao do edema inflamatrio.

    Fig. 21. Ilustrao esquemtica mostrando o fenmeno exsudativo, resultante da contrao das clulas endoteliais e vasodilatao, o que normalmente mais acentuado nas vnulas.

    Fonte: http://library.med.utah.edu/WebPath/INFLHTML/INFL071.html

    Fig. 22. Aspecto clnico do edema inflamatrio resultante de abscesso mandibular, associado hiperemia da regio.

    Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/patoarteinfl3.htm

    23 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • Na inflamao, existe um aumento da permeabilidade vascular, que

    pode variar com o tipo de agressor e sua intensidade. O aumento imediato e

    de curta durao da permeabilidade vascular inicia-se rapidamente aps a

    agresso, atinge o mximo aps 10min a 35min, e termina em 30min a 45min.

    Este tipo de resposta ocorre aps agresses leves e de pouca durao e pode

    ser produzido pela injeo de histamina. Depende de aumento de permeabi-

    lidade das vnulas e ocorre como conseqncia da abertura das junes entre

    as clulas endoteliais.

    O aumento imediato e prolongado ocorre quando a agresso mais

    intensa e depende de alteraes graves da parede vascular, com necrose do

    endotlio, tanto de capilares quanto de vnuIas, o que explica a rpida e

    prolongada passagem do contedo dos vasos para o interstcio.

    O aumento retardado pode ocorrer at dias aps a agresso, e

    envolve os capilares e as vnulas. Um exemplo conhecido de todos a

    exposio ao sol. Somente aps vrias horas de exposio que vamos notar

    o rubor, calor e dor e eventualmente o edema (bolhas). A permeabilidade au-

    menta em conseqncia de alteraes do endotlio dos capilares, levando a

    "vazamentos", pelas reas de endotlio lesado, assim como pelas junes

    intercelulares.

    Fig. 23. Aspecto clnico da inflamao da pele (queimadura) por exposio excessiva radiao solar. Fonte: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/riscos.htm

    Na inflamao, como conseqncia do aumento da permeabilidade

    vascular, ocorre o aumento da concentrao dos elementos figurados do

    sangue, isto , ocorre uma hemoconcentrao, o que aumenta a viscosidade

    sangnea. Como conseqncia disso, h lentificao da circulao (estase) e,

    depois, marginao leucocitria. As hemcias tm fluxo axial; os leuccitos, fluxo

    24 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • mais marginal.

    Esta alterao aumenta o contato das clulas com o endotlio,

    facilitando sua sada dos vasos. Por outro lado, com a progressiva queda da

    velocidade da circulao, a rea inflamada passa a ser mal oxigenada, o que

    traz vrios tipos de conseqncias, inclusive a prpria morte dos tecidos

    envolvidos na inflamao.

    Os fenmenos celulares da inflamao envolvem o acionamento das

    capacidades celulares de movimentao, de adeso e de englobamento de

    partculas. O principal fenmeno sada de leuccitos da luz vascular e sua

    migrao para o local agredido.

    Esse fenmeno segue algumas fases:

    1) Marginao: compreende a aproximao das clulas do sangue ao

    endotlio. Ou seja, os leuccitos saem da poro central do fluxo sangneo (local

    onde so comumente encontrados) e vo para a periferia do fluxo. Isso possvel

    graas diminuio da velocidade do fluxo (estase sangnea), decorrente dos

    fenmenos vasculares.

    Fig. 24. Aspecto microscpico da marginao leucocitria numa vnula. Percebe-se como um leuccito neutrfilo aproxima-se do endotelicito (setas), praticamente aderindo-se nessa clula. A

    marginao leucocitria uma das etapas da leucodiapedese; fora do vaso j se notam alguns

    leuccitos que j completaram a leucodiapese. Em algumas situaes, os leuccitos do tipo

    25 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • macrfagos (quando esto no interior dos vasos so denominados de moncitos) podem se unir e

    formar as chamadas clulas gigantes (G).

    Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/Banco_de_imagens/patoarteimages1Infltext10.htm

    2) Pavimentao: adeso dos leuccitos ao endotlio. Ultimamente, tm

    sido descritas protenas, as adesinas, que so induzidas ou ativadas pelos

    mediadores qumicos e participam da pavimentao. Algumas destas adesinas

    so prprias dos leuccitos, outras do endotlio, outras ainda existem nas duas

    clulas. Nos leuccitos normais no-estimulados, as adesinas encontram-se

    em vesculas do citoplasma e na superfcie; sob ao de vrios fatores

    quimiotticos, alm de fraes do complemento, elas aumentam em

    quantidade, favorecendo a adeso. Existem casos em que h deficincia

    gentica destas protenas e os pacientes sofrem de infeces bacterianas

    freqentes, por falta de resposta inflamatria adequada.

    As molculas de adeso so representadas por trs famlias: selectinas

    (principalmente no endotlio) E, P e L, integrinas e imunoglobulinas.

    MolMolculas de adeso envolvidasculas de adeso envolvidas

    Na migraNa migrao o leucocitleucocitriaria Selectinas Integrinas Superfamlia das imunoglobulinas

    algumas so constitutivas e outras so induzidas

    Fig. 25. Adesinas. Fonte: http://www.lia.ufsc.br/Inata_Inflama2.ppt#562,33,Slide 33

    26 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • 27

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Selectinas: O aumento de aderncia entre o leuccito e o endotlio gerado pelas selectinas, importante no fenmeno de rolamento. Algumas das selectinas,

    como a selectina P, so restritas ao endotlio e existem pr-formadas na

    membrana da clula endotelial e no interior dos corpsculos de Weibel-Palade,

    caractersticos da clula endotelial. Quando o endotlio estimulado, ele

    aumenta a expresso da selectina P na sua membrana, aumentando a adesi-

    vidade do endotlio aos leuccitos, explicando as primeiras fases da

    marginao e pavimentao.

    A selectina E, tambm chamada de ELAM (endotheliaI-Ieukocyte-adhesion-

    moIecuIe), produzida pelas clulas endoteliais e pelas plaquetas, porm,

    dever ser sintetizada aps estmulo por mediadores como a histamina, a

    trombina e o PAF (pIateIet-activation-factor). Sua sntese leva algum tempo e

    mantida enquanto o estmulo persistir - o que assegura a permanncia do au-

    mento de adesividade do endotlio. As selectinas L so produzidas pela

    maioria dos leuccitos.

    SELECTINAS Componentes Distribuio Ligantes L-selectina Maioria dos leuccitos Endotlio E-selectina Clulas endoteliais Granulcitos P-selectina Clulas endoteliais e plaquetas Neutrfilos

    Integrinas: A segunda famlia de adesinas composta pelas integrinas, que so glicoprotenas transmembrana dos leuccitos, e que, alm de interagir

    com as molculas de adeso do endotlio, tambm se comportam como

    receptores para componentes da matriz extracelular. Elas esto presentes em

    forma inativa na membrana dos leuccitos e, na presena dos mediadores, so

    ativadas.

    Imunoglobulinas: A famlia das imunoglobulinas composta pelas ICAMs (intercelluIar-adhesion-moIecuIes) e pelas VCAMs (vascuIar-celluIar-

  • 28

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    adhesion-moIecuIes). Como no caso da selectina "P", elas no esto pr-

    formadas, sendo necessrio estmulo para que se desencadeie sua sntese, o

    que, como j referido, exige certo tempo.

    Logo no incio da resposta inflamatria, como conseqncia das

    alteraes do padro circulatrio, os leuccitos aproximam-se e aderem ao

    endotlio de forma frouxa (selectina "P"). Porm, medida que mediadores se

    liberam, ou so sintetizados, a adeso torna-se mais forte (ICAM-VCAM-

    integrinas ativadas dos leuccitos).

    3) Diapedese: fenmeno em que os leuccitos, por meio de seus

    movimentos, atravessam a parede vascular e o fazem passando pelas

    junes intercelulares alargadas. Uma vez aderidos ao endotlio, os leuccitos

    emitem pseudpodos, que se introduzem nas junes intercelulares e vo se

    espremendo, de forma a passar para fora do endotlio. So

    momentaneamente contidos pela membrana basal. Como produzem

    proteases, com facilidade lesam a membrana basal e acabam saindo para o

    interstcio.

    Juntamente com o leuccito, podem passar passivamente eritrcitos.

    Denomina-se de leucodiapedese os movimentos diapedticos dos leuccitos; dos

    eritrcitos, so denominados de eritrodiapedese.

  • Fig. 26. Aspecto microscpico da leucodiapedese. Observa-se o momento em que o leuccito sai do vaso (leucodiapedese) por poros (P) ou fendas que se abrem na parede vascular. As clulas

    endoteliais (setas) se separam, permitindo a passagem dos leuccitos. Veja que, fora do vaso, j

    existem clulas inflamatrias do tipo neutrfilos e linfcitos (cabeas de seta). Lquido plasmtico (L)

    tambm visvel, mostrando que, juntamente com as clulas, h exsudao plasmtica. No crculo

    cinza (parte superior da figura), vemos um leuccito na transio entre o meio intra e extravascular.

    Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/ Banco_de_imagens/patoarteimages1Infltext11.htm

    29 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • Inflamao

    Fases da reacFases da reaco o InflamatInflamatriaria

    1- aumento de fluxo sanguneo rea afectada

    2- aumento da permeabilidade capilar local

    3- migrao de clulas da via sangunea para a rea afectada

    Fig. 27. Resumo das primeiras fases da inflamao. Fonte: http://imunologia.ufp.pt/Imuno_MED/ TeoricasImunologia2006/Teorica07.ppt#258,5,Slide 5

    Fig. 28. Nesse corte histolgico, temos um resumo das etapas de exsudao celular da inflamao. Os leuccitos saem da regio central do fluxo sangneo e migram para a regio da parede vascular

    30 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • 31

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    (M); depois, ocorre pavimentao dessas clulas (P), ou seja, elas se aderem s clulas endoteliais

    para poderem sair pela fenda aberta na parede vascular, migrando para o interstcio (MI); por fim, a

    leucodiapedese se completa, quando a clula atinge o interstcio (CI). Veja que as clulas elegem

    uma via preferencial de sada, como se nota pelo acmulo de leuccitos em uma determinada regio

    da parede vascular (no caso dessa figura, prximo letra P). Fonte:

    http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/ Banco_de_imagens/patoarteimages1Infltext12.htm

    4) Quimiotaxia: Uma vez fora dos vasos, os leuccitos migram pelo

    interstcio em uma direo predominante, dirigindo-se para o foco da

    agresso. Esta migrao dirigida a conseqncia da presena de

    substncias quimiotticas no foco inflamatrio. A clula possui, em sua

    membrana plasmtica, receptores para algumas substncias e parece existir um

    mecanismo, baseado na mudana conformacional do receptor, que faz com que a

    clula "perceba" a existncia de maior quantidade dessa substncia em locais

    especficos. Percebendo essa maior quantidade, a clula migra para o local.

    A migrao das clulas, da luz do vaso ao foco inflamatrio, no se faz

    de modo aleatrio. De fato, os polimorfonucleares neutrfilos (PMNs) so as

    clulas dominantes nas primeiras 24h a 48h aps a agresso. A seguir,

    comeam a migrar os moncitos do sangue que, ativados nos tecidos,

    recebem a denominao de macrfagos; seguem-se os eosinfilos, e as

    clulas imunologicamente ativas como os linfcitos. As hemcias migram em

    menor nmero, porm, quando a agresso muito grave, levando a

    comprometimento grave dos vasos, podem vir a serem as clulas dominantes.

    O exsudato inflamatrio, conseqente do aumento da permeabilidade

    vascular, importante na conteno e limitao da agresso, pois dilui o

    agente agressor, facilita a sua retirada do local e traz para o interstcio

    anticorpos, complemento e outras macromolculas envolvidas na inibio. Ou

    mesmo destruio de certos agressores, assim como na modulao da

    prpria resposta inflamatria.

    Outro elemento que sai do vaso o fibrinognio que, em contato com

    o interstcio, se polimeriza, constituindo a fibrina, importante elemento nas

    inflamaes agudas.

  • 32

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Mais recentemente, os mecanismos responsveis pelas diferentes

    fases do processo inflamatrio vm sendo esclarecidos. Assim, substncias

    farmacologicamente ativas so liberadas ou sintetizadas como conseqncia

    da agresso. Elas so conhecidas como os mediadores qumicos da inflamao

    e sero consideradas mais adiante.

    III. Fenmenos reparativos e produtivos Os ltimos fenmenos do processo inflamatrio esto relacionados aos

    aumentos de quantidade dos elementos teciduais - principalmente de clulas -,

    resultado das fases anteriores do processo inflamatrio. H uma grande formao

    de vasos sangneos (angiognese) e uma substituio do parnquima (a parte

    funcional do rgo) por fibras colgenas (fibrose). Essas fases da reao

    inflamatria visam destruir o agente agressor e reparar o tecido injuriado e sero

    estudadas em outro mdulo.

  • Fig. 29. Resumo das fases da inflamao aguda.

    Fonte: http://www.biologymad.com/ Immunology/inflammation.jpg

    1.4. Processo de fagocitose Uma das principais funes dos PMNs e dos macrfagos a

    fagocitose. Atrados para o foco inflamatrio, estes fagcitos procuram englo-

    bar os agentes da agresso ou outras estruturas anmalas ali encontradas.

    33 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • Fig. 30. Processo de fagocitose.

    Fonte: http://medicina.med.up.pt/bcm/20042005/trabalhos/2005/ mediadoresinflamacao.pdf

    O fagcito reconhece s estruturas que sero fagocitadas, quando elas

    tm certas caractersticas como estarem recobertas por fatores do soro, as

    opsoninas. Entre as opsoninas mais importantes esto as IgGs e o fragmento

    C3b do complemento.

    Fig. 31. Ilustrao esquemtica mostrando a opsonizao dos microorganismos antes da fagocitose pelos macrfagos. Fonte: http://cristiana7.blogspot.com

    34 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • As partculas opsonizadas prendem-se a receptores especficos da

    membrana dos fagcitos. Uma vez aderidas, elas desencadeiam reaes no

    citoplasma do fagcito, que promovem o englobamento da partcula e sua

    internalizao, Assim se forma uma estrutura intracitoplasmtica revestida por

    membrana, o fagolisossoma.

    Fig. 32. Processo de fagocitose. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/28/ Fagocitose.png

    Lisossomas do fagcito aderem-se superfcie do fagossoma e se

    abrem, liberando enzimas para o seu interior. Uma vez destruda ou neutraliza-

    da a partcula, os receptores so reciclados para a membrana celular e pode

    sobrar do fagossoma um "corpo residual".

    A ligao da partcula opsonizada ao receptor para IgG suficiente

    para desencadear a fagocitose. A ligao com o receptor de C3b requer a

    ligao simultnea com a fibronectina e a laminina dos tecidos ou ainda com

    produtos solveis de linfcitos T. A internalizao da partcula pela clula se

    inicia pela formao de pseudpodos a sua volta, que acabam por envolv-la,

    com a formao do fagossoma.

    Segue-se a fuso da membrana do fagossoma com a membrana dos

    lisossomas, formando-se os fagolisossomas. Os lisossomas descarregam sua

    bateria de grnulos na luz do fagolisossomas. Durante este processo, h

    vazamento de produtos metablicos e enzimas para fora do fagcito. O

    fenmeno da fagocitose regulado pelos mesmos processos que regulam a

    formao de pseudpodos na movimentao celular.

    35 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • A morte do agente ou a degradao da partcula fagocitada depende de

    dois tipos de fenmenos: um dependente de oxignio e outro no.

    Mecanismo dependente de O2 - a fagocitose um mecanismo dependente de oxignio que estimula numerosos eventos intracelulares, incluindo uma exploso

    respiratria (burst), glicogenlise, oxidao de glicose aumentada via ciclo da

    hexose-monofosfato e produo de metablitos reativos de oxignio (radicais livres).

    A gerao dos metablitos do oxignio atribuda rpida ativao de uma oxidase

    (NADPH oxidase), que oxida o NADPH (dinucleotdeonicotinamida adenina); no

    processo reduz o oxignio ao on superxido (O-

    2 ), de acordo com a seguinte

    equao qumica:

    O on superxido (2 O2) ento convertido em gua oxigenada ou perxido

    de hidrognio (H O2 2), principalmente por desmutao espontnea. A oxidase

    NADPH est presente na membrana ou, quando a membrana est invaginada, no

    fagolisossoma. Assim, o perxido de hidrognio produzido no lisossoma. Esses

    metablitos do oxignio so as principais armas matadoras de bactrias.

    Nos grnulos dos neutrfilos, existe outra enzima, a mieloperoxidase

    que, em presena de cloro, converte o H2O2 em HOCl, um poderoso oxidante

    com maior poder microbicida. A mieloperoxidase tambm encontrada nos

    grnulos dos macrfagos, que se valem do mesmo sistema.

    Mecanismo independente de O2 a morte bacteriana pode tambm ocorrer na ausncia de uma exploso oxidativa, por substncias presentes nos

    grnulos dos leuccitos. Estas incluem:

    1. protena aumentadora da permeabilidade bacteriana (BPI), uma protena

    altamente catinica associada ao grnulo e que causa alteraes na permeabilidade

    da membrana mais externa de microorganismos;

    36 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • 2. lisozima, que hidroliza as ligaes cido-N-acetil-glucosamina murmica,

    presentes no revestimento glicopeptdeo de todas as bactrias;

    3. lactoferrina, uma protena fixadora de ferro presente em grnulos

    especficos;

    4. protena bsica principal, uma protena catinica de eosinfilos, que

    possui uma ao bactericida limitada, mas que citotxica para muitos parasitas.

    Aps a morte bacteriana, hidrolases cidas presentes em grnulos azurfilos

    degradam a bactria no interior do fagolisossoma. O pH do fagolisossoma diminui

    para 4 a 5 aps a fagocitose, sendo este o pH timo para a ao dessas enzimas.

    A atividade de muitas destas enzimas controlada por antienzimas, um

    bom exemplo sendo a alfa-1-antitripsina, produzida pelo fgado, que inibe a

    ao da elastase. Na sua falta, ocorre aumento da atividade da elastase com

    srias conseqncias, como, por exemplo, nos pulmes, em que a progressiva

    degradao das fibras elsticas (causada pelas freqentes e passageiras

    infeces pulmonares, acompanhadas de migrao e degranulao de

    fagcitos) leva ao desenvolvimento do enfisema.

    Fig. 33. Processo de fagocitose. Fonte: http://kepler.uag.mx/uagwbt/microbiologia/ciencias/ imagenes.cfm

    ---------------------------------FIM DO MDULO I------------------------

    37 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

  • Curso de

    Inflamao e Reparo Tecidual

    MDULO II

    Ateno: O material deste mdulo est disponvel apenas como parmetro de estudos para este Programa de Educao Continuada. proibida qualquer forma de comercializao do mesmo. Os crditos do contedo aqui contido so dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada.

  • 39

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    MDULO II

    1. MEDIADORES QUMICOS DA INFLAMAO Os mediadores qumicos podem ser definidos como substncias

    endgenas ou exgenas que, uma vez ativadas, participam da resposta

    inflamatria, desencadeando, mantendo e amplificando seus processos.

    Esses mediadores podem ser detectados no plasma, sob a forma de

    pr-enzimas, estocados no interior de clulas, ou sintetizados durante o

    processo inflamatrio.

    MEDIADORES QUMICOS

  • 40

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    A seguir, sero relacionados os principais grupos de mediadores qumicos

    que atuam na inflamao. Eles so divididos em dois grupos, segundo o tempo de

    contato dos tecidos com o agente inflamatrio: mediadores de ao rpida e

    mediadores de ao prolongada.

    Mediadores de ao rpida: liberados imediatamente aps a ao do estmulo agressor. Tm ao principalmente sobre os vasos e envolvem o grupo das

    aminas vasoativas. Incluem as aminas vasoativas.

    Mediadores de ao prolongada: liberados mais tardiamente, diante da persistncia do agente flogstico. Atuam nos vasos e, principalmente, nos

    mecanismos de quimiotaxia celular, contribuindo para a HTexsudao celular TH.

    Compreendem substncias plasmticas e lipdios cidos.

    Fig. 1. Grfico mostrando a ao de alguns mediadores qumicos e a sua influncia, no decorrer do tempo, em relao quantidade de lquido de edema (exsudao plasmtica) que extravasa a parede

    vascular. Veja que a HThistamina e a serotoninaTH atuam nas primeiras horas, sendo de mediao rpida.

    J as HTcininasTH atuam mais tardiamente, mas no provocam tanto aumento da permeabilidade vascular

    (h diminuio da quantidade de edema).

    Fonte: http://www.fo.usp.br/lido/patoartegeral/patoarteintr.htm

    1.1. Aminas vasoativas: histamina e serotonina Acredita-se que a vasodilatao e o aumento da permeabilidade

    vascular, que ocorre na fase imediata do processo inflamatrio, so mediados

    pela histamina e serotonina. No ser humano, a histamina armazenada nos

  • 41

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    mastcitos, basfilos e plaquetas, e a serotonina, nas plaquetas. Em roedores

    (ratos e camundongos), a serotonina estocada tambm nos mastcitos.

    Estes mediadores se encontram estocados no interior dos lisossomas, e so

    liberados em decorrncia de estmulo apropriado.

    A liberao de histamina no foco inflamatrio pode ser desencadeada

    por injria tecidual, complexo antgeno-anticorpo, sendo esse anticorpo da

    classe IgE, e pelos componentes C3a e C5a do sistema complemento. Esses

    fatores promovem a degranulao dos mastcitos e basfilos, com posterior

    liberao da histamina no meio extracelular.

    A histamina exerce suas funes interagindo com receptores, que

    podem ser de trs tipos: H1, H2 e H3. A interao com receptores do tipo H1

    desencadeia aumento de permeabilidade vascular no nvel de vnulas ps-

    capilares. Alm disso, o receptor H1 est envolvido com contrao de msculo

    liso em brnquios, intestino e tero, aumento da secreo de muco nasal, pro-

    duo de prostaglandinas pelo tecido pulmonar, aumento da quimiotaxia de

    leuccitos, etc. A ativao de receptores H2 inibe a quimiotaxia de leuccitos

    e estimula linfcitos T supressores, entre outras funes. A estimulao

    concomitante de receptores H1 e H2 promove vasodilatao mxima.

    Finalmente, a interao com receptores H3, a qual tem sido melhor estudada

    no sistema nervoso central, promove inibio da sntese e secreo de

    histamina.

    HISTAMINA

    Vasodilatao Aumento da permeabilidade

    vascular Contrao da musculatura

    lisa Estimulao da secreo

    gstrica Estimulao cardaca Dor

  • 42

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    A deteco das vrias atividades biolgicas da histamina, s foi

    possvel atravs do emprego de anti-histamnicos especficos para cada tipo

    de receptor. As drogas anti-histamnicas empregadas nos processos

    inflamatrios, como por exemplo, nas alergias, bloqueiam especificamente os

    receptores do tipo H1.

    A serotonina quimicamente representada pela 5-hidroxitriptamina (5-HT),

    sendo tambm frequentemente designada por este nome. encontrada nas

    plaquetas, na mucosa intestinal e no SNC e tem uma provvel ao vasodilatadora e

    de aumento da permeabilidade vascular.

  • 43

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    1.2. Sistemas plasmticos A resposta inflamatria parcialmente mediada pelos componentes de

    alguns dos maiores sistemas enzimticos dos fluidos corpreos. Quatro deles

    participam da reao inflamatria: sistema de coagulao, sistema fibrinoltico,

    sistema de cininas e sistema complemento.

    Esses quatro sistemas so constitudos por vrios componentes que

    se encontram presentes no sangue na forma inativa, e so ativados

    seqencialmente em processo denominado ativao em cascata. Alm disso,

    os quatro sistemas apresentam pontos de interao entre si. Talvez o ponto

    de interao mais importante seja o fator Hageman que, uma vez ativado,

    inicia a ativao seqencial do sistema de coagulao, das cininas e do

    sistema fibrinoltico. Este ltimo, por sua vez, estimula o sistema

    complemento.

  • 44

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Sistemas Plasmticos

    FatorFator HagemanHageman

    Sistema de coagulao

    Sistemafibrinoltico

    Sistema decininas

    Sistema complemento

    O fator Hageman uma protena globular, uma betaglobulina, que

    encontrado no plasma na forma inativa. Em sua forma inativa, conhecida

    como pr-fator Hageman, no apresenta atividade enzimtica. Sua ativao

    o resultado de contato com superfcies estranhas como, por exemplo,

    colgeno, complexos imunes, polissacardeos da parede bacteriana e, talvez,

    a membrana basal da parede vascular. Essa ativao por contato no parece

    requerer clivagem, e provavelmente resultante da exposio de stios ativos

    atravs de modificao estrutural na molcula. Um segundo mecanismo de

    ativao envolve clivagem do fator Hageman atravs de enzimas proteolticas

    como plasmina e calicrena.

  • 45

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Fator Hageman (XII)

    Betaglobulina- forma inativa no plasma

    Ativao: contato com superfcies

    estranhas

    exposio de stios ativos:

    colgeno, complexos imunes, LPS,

    membrana basal da parede vascular

    clivagem: plasmina e calicrena

    a) Sistema da coagulao A funo final do sistema de coagulao a produo de fibrina,

    elemento essencial para a formao de trombo sangneo. Como ilustrado na

    Fig. 6.4, a ativao do sistema de coagulao pode ser desencadeada pelo

    fator Hageman ativado, o qual atua em um conjunto de enzimas plasmticas,

    denominado tromboplastina. Esta, por sua vez, converte a protrombina em

    trombina, que transforma o fibrinognio em monmeros de fibrina, os quais se

    organizam em filamentos, originando polmeros.

  • 46

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Sistema de CoagulaoSuperfcie de contato

    Fator de Hagemanativado

    Danotecidual

    Fator tecidual

    Cascata enzimtica que leva ativao da tromboplastina

    Protrombina Trombina

    Fibrinognio Fibrina

    Os produtos gerados na ativao do Sistema de Coagulao

    apresentam propriedades pr-inflamatrias. No processo de formao da fibri-

    na, a molcula de fibrinognio perde peptdeos, fibrinopeptdeos A e B, os

    quais so quimiotticos e aumentam a permeabilidade vascular. Alm disso, a

    trombina gerada neste sistema promove aumento na adeso de leuccitos e

    na proliferao de fibroblastos.

    Fig. 2. Desenho esquemtico mostrando a formao do cogulo

    Fonte: http://www.ameo.org.br/ interna2.php?id=4

  • 47

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    b) Sistema fibrinoltico Uma funo bvia deste sistema dissolver os trombos formados por

    polmeros de fibrina, e deste modo manter o sangue em fluxo contnuo. Este

    sistema tambm ativado pelo fator Hageman, o qual catalisa a converso do

    pr-ativador de plasminognio, dando origem formao de plasmina. Esta

    enzima proteoltica, que cliva a fibrina em produtos solveis. Uma segunda via

    de formao de plasmina decorrente de dano tecidual, a qual estimula a

    liberao do fator ativador de plasminognio das paredes dos pequenos vasos

    sangneos. A participao da plasmina na resposta inflamatria envolve a

    ativao da via alternada do sistema complemento. Alm disso, a degradao

    da fibrina e do fibrinognio pela pIasmina, gera produtos com capacidade de

    aumentar a permeabilidade vascular.

    A pIasmina promove ainda a ativao do fator Hageman, promovendo

    a amplificao na ativao dos sistemas enzimticos envolvidos no processo

    inflamatrio.

    Sistema FibrinolticoSuperfcie de contato

    Fator Hagemanativado

    Ativador deplasminognio

    Pr-ativador deplasminognio

    Plasminognio

    Danotecidual

    Fator ativador deplasminognio tecidual

    Plasmina

    Fibrina Produto solveis

    c) Sistema de cininas A gerao de cininas no plasma obtida pela seqncia de trs

    reaes enzimticas: ativao do fator Hageman, ativao de pr-calicrena

    em calicrena, e clivagem do cininognio em cininas, usualmente a

  • 48

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    bradicinina.

    A ativao deste sistema durante a reao inflamatria promove o

    aumento da permeabilidade vascular, uma vez que a bradicinina potente

    agente vasoativo. A bradicinina induz tambm vasodilatao, contrao de

    musculatura lisa e produz dor. Alm disso, a calicrena apresenta atividade

    quimiottica para neutrfilos.

    Sistema de CininasFator Hageman

    Fator Hagemanativado

    Cininases

    Calicrena

    Cininognio Cininas

    Pr-calicrena

    Produtos inativos

    d) Sistema complemento O sistema complemento (SC) o principal mediador humoral do processo

    inflamatrio junto aos anticorpos. Est constitudo por um conjunto de protenas,

    tanto solveis no plasma como expressas na membrana celular, e ativado por

    diversos mecanismos por duas vias, a clssica e a alternativa.

    Os componentes da via clssica, assim como da via terminal, so

    designados com o smbolo C seguidos com o nmero correspondente (C1, C3,

    etc.). J os componentes da via alternativa, exceto C3, so designados com nomes

    convencionais ou smbolos diferentes (exemplo: fator D, fator B, properdina). Os

    produtos da clivagem enzimtica so designados por letras minsculas, que seguem

    o smbolo de determinado componente (exemplo: C5a, C5b). Quando o componente

    ou fragmento inativado, adicionada a letra i (exemplo: C3bi, Bbi).

  • 49

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Tabela 1. Componentes plasmticos da cascata do sistema complemento. Adaptado de ITURRY-YAMAMOTO & PORTINHO, 2001.

    As protenas do SC so sintetizadas principalmente nos hepatcitos e

    macrfagos/moncitos, alm de outros tecidos. As protenas reguladoras ligadas

    membrana celular so sintetizadas nas clulas sobre as quais esto expressas.

    O SC participa dos seguintes processos biolgicos: fagocitose, opsonizao,

    quimiotaxia de leuccitos, liberao de histamina dos mastcitos e basfilos, e de

    espcies ativas de oxignio pelos leuccitos, vasoconstrio, contrao da

    musculatura lisa, aumento da permeabilidade dos vasos, agregao plaquetria e

    citlise.

  • 50

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Para que o SC exera as suas funes, deve ser ativado, originando assim

    uma srie de fragmentos com diferentes caractersticas e funes especificas. Esta

    ativao ocorre por duas vias: a clssica e a alternativa. Cada uma delas

    desencadeada por fatores diversos, sendo o incio da ativao diferente para cada

    uma, mas que convergem em uma via comum a partir da formao de C3b. Sua

    ativao, tanto pela via clssica como pela via alternativa, leva formao do

    complexo ltico de membrana (CLM), que destri as clulas.

    FUNES DO SISTEMA COMPLEMENTO

    FUNES DO SISTEMA COMPLEMENTO

    Fig. 3. Funes do sistema complemento.

    Fonte: http://www.labimuno.org.br/aulas/ SISTEMA%20COMPLEMENTO-AULA.ppt

    A via clssica ativada principalmente por complexos antgeno-anticorpo e

    imunoglobulinas agregadas. As imunoglobulinas humanas que iniciam a ativao do

    complemento pela via clssica, pertencem s classes IgM e s subclasses IgG1,

    IgG2, IgG3. A ativao da via clssica inicia-se com a ativao de C1. A reao

    entre o antgeno e o anticorpo forma um imunocomplexo criando um stio na poro

    Fc da imunoglobulina acessvel ligao com C1q, iniciando-se assim a ativao de

    C1.

  • 51

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    ATIVAO DA VIA CLSSICA I

    C1: a primeira proteina da via clssica do Sistema complemento

    ATIVAO DA VIA CLSSICA I

    C1: a primeira proteina da via clssica do Sistema complemento

    Fig. 4. Ativao da via clssica do sistema complemento.

    Fonte: http://www.labimuno.org.br/aulas/ SISTEMA%20COMPLEMENTO-AULA.ppt

    Aps a gerao seqencial de diferentes stios enzimticos em C1r,

    exposto um novo stio enzimtico em C1s transformando-se em uma enzima

    proteoltica, a C1-esterase. A C1-esterase cliva dois outros componentes do

    complemento: C4 e C2, formando C4b que se adere membrana celular atravs de

    sua ligao tioster, e C2a que permanece ligado a C4b na presena de ons Mg,

    formando assim C4b2a, chamada tambm de C3-convertase da via clssica, a qual

    por sua vez cliva C3 em C3a e C3b.

    Seqencialmente, o C3b se liga C3-convertase, formando o C4b2a3b; este

    novo complexo molecular pode agora clivar C5, sendo por isso chamado de C5-

    convertase da via clssica, formando-se C5a e C5b. Este ltimo inicia a formao do

    CLM.

    As molculas de C3b, formadas atravs da via clssica, podem servir de

    substrato para a ativao da via alternativa. Este mecanismo chamado de ala de

    amplificao. A presena de certos agentes como determinados fungos e bactrias,

    alguns tipos de vrus, e helmintos com determinadas caractersticas, especialmente

    a ausncia de cido silico na membrana, so suficientes para ativar a via

  • 52

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    alternativa, atravs da ligao de uma ou mais molculas de C3b na sua superfcie.

    A via alternativa pode tambm ser ativada por lipopolissacardeos presentes em

    membranas de vrias bactrias, protenas da superfcie viral e de parasitas, enzimas

    tipo tripsina, alguns imunocomplexos e o fator de veneno de cobra. H evidncias de

    que alguns constituintes subcelulares do msculo cardaco podem ativar a via

    alternativa.

    O C3 tambm ativado continuamente em pouca intensidade na fase fluda.

    Isto ocorre atravs de proteases sricas, molculas nucleoflicas ou gua, que

    atacam a ligao tioster. Quando esta ligao hidrolisada, forma-se C3(H B2 BO). A

    molcula de C3(HB2 BO) formada, com uma conformao similar a C3b, na presena de

    ons Mg, interage com o fator B formando C3(H B2 BO)B, sobre o qual atua o fator D

    para formar C3(HB2 BO)Bb, complexo chamado de C3-convertase de iniciao. Esta

    enzima, por sua vez, cliva novas molculas de C3 em C3a e C3b.

    A ligao tioster das molculas de C3b sofre hidrlise, depositando-se

    sobre receptores da superfcie celular das partculas ativadoras da via alternativa,

    como clulas infectadas por vrus, clulas tumorais, bactrias gram-negativas,

    fungos, protozorios. Na presena de ons Mg, o C3b pode tambm se ligar ao fator

    B para formar C3bB.

    O fator D que circula como enzima ativa e no consumido na reao, atua

    ento na poro B da molcula, para formar C3bBb, molcula lbil, sendo porm

    estabilizada pela agregao de uma molcula de properdina (P). A enzima C3bBbP

    resultante denominada de C3-convertase de amplificao da via alternativa,

    clivando a seguir novas molculas de C3 em C3a e C3b, sendo que este ltimo pode

    ingressar na chamada ala de amplificao, oferecendo mais C3b para a fase

    inicial desta via, ou se ligar ao complexo molecular C3bBb para formar C3bBb(C3b),

    denominada de C5-convertase da via alternativa que, assim como C4b2a3b da via

    clssica, cliva C5 em C5a e C5b. Esta ltima molcula inicia a formao do CLM

    (C5b6789).

    Esse complexo liga-se membrana das clulas-alvo e provoca a formao

    de poros, que permitem um influxo descontrolado de gua e ons, com turgncia e

    lise celular subseqentes. Para controlar a atividade do SC, h inibidores endgenos

  • 53

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    regulados pela prpria citlise. Essa regulao protege as clulas autlogas do

    ataque do SC.

    Fig. 5. Cascata do sistema complemento. As vias clssica e alternativa terminam na via efetora comum, que gera o complexo ltico de membrana. Adaptado de ITURRY-YAMAMOTO & PORTINHO,

    2001.

    1.3. Metablitos do cido aracdnico Os produtos do metabolismo do cido araquidnico compem um

    conjunto de mediadores que modulam a resposta inflamatria e imunolgica.

    Esses mediadores s aparecem aps a estimulao das clulas, e so

    decorrentes da oxidao do cido araquidnico, o qual gerado pela ao da

    enzima fosfolipase A2 sobre fosfolipdios da membrana celular. A oxidao do

    cido araquidnico pode ser realizada por duas vias enzimticas: via da PGH

    sintetase (anteriormente conhecida como cicloxigenase) e via da lipoxigenase.

    A ao do sistema enzimtico da PGH sintetase sobre fosfolipdios de

    membrana, leva formao de prostaglandinas da srie E B2 B, FB

    2 B e D B

    2 B (PGEB

    2 B,

  • 54

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    PGFB2 B, PGD B

    2 B), prostaciclina (PGIB2B) ou tromboxano AB2 B (TXAB2 B).

    A outra via de metabolizao do cido araquidnico, pela lipoxigenase,

    leva produo de um conjunto de mediadores denominados leucotrienos. Os

    quatro principais leucotrienos (LT) conhecidos at o momento so: LTB B4B, LTC B4B,

    LTD B4B, LTEB4B. Esse conjunto de leucotrienos denominado de substncia

    anafiltica (SRS-A), por ser liberado durante a reao anafiltica em pulmo,

    promovendo a contrao lenta em preparaes em msculo liso isolado.

    Fig. 6. Desenho esquemtico da sntese de prostaglandinas e leucotrienos.

    Fonte: http://www.ufrgs.br/laprotox/eicosanoids.htm

    As prostaglandinas (PGs), por terem sido primeiramente descobertas e

    isoladas de lquido seminal, como secreo da prstata, foram assim denominadas,

    sendo o sufixo glandinas associado glndula. Atualmente sabe-se que as PGs

    esto presentes em todos os tecidos animais, exercendo vrias funes.

    As prostaglandinas (assim como os leucotrienos) tm sua sntese

    desencadeada por estmulos nas membranas celulares, que podem ser de natureza

  • 55

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    fisiolgica, farmacolgica ou patolgica. Por ao da fosfolipase A2, o cido

    araquidnico, constituinte normal dos fosfolipdios das membranas, ento

    convertido. Tais estmulos ativam receptores de membrana, acoplados a uma

    protena reguladora, ligada a um nucleotdeo guannico (protena G). A partir desta

    ligao, ativa-se a fosfolipase A2 especfica. Faz parte deste complexo ainda, uma

    elevao da concentrao de clcio (CaP++

    P) no meio intracelular.

    A fosfolipase A2 hidrolisa fosfolipdios da membrana, particularmente

    fosfatidilcolina e fosfatidiletanolamina, liberando assim o cido araquidnico. Este

    cido liberado , ento, substrato para duas vias enzimticas, a das cicloxigenases

    (COX), que desencadeiam a sntese das prostaglandinas e dos tromboxanos, e a via

    das lipoxigenases, responsvel pela sntese dos leucotrienos.

    Fig. 7. Desenho esquemtico do metabolismo do cido aracdnico. Fonte: http://HTwww.sistemanervoso.com/ images/pgc/iac_09.jpg TH

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    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Estas PGs primrias, por assim dizer, tm pouca atividade, mas so

    substratos para formao das diversas PGs com atividade, como PGDB2 B, PGEB

    2 B,

    PGFB2 B, prostaciclinas (PGIB

    2 B) e tambm dos tromboxanos (TX).

    As prostaglandinas promovem vasodilatao, potencializam a dor

    promovida pela bradicinina, modulam a funo de macrfagos e clulas NK,

    estimulando-as quando em baixa concentrao e inibindo-as quando em altas

    concentraes. So substncias que agem como HThormnios TH locais, so HTcidos

    graxos TH produzidos por quase todas as clulas do corpo. Sua ao varia de acordo

    com a clula alvo, sendo sua vida til muito curta. Os tromboxanos promovem a

    vasoconstrio e a agregao plaquetria.

    TOs leucotrienos promovem a liberao de citocinas, quimiotaxia para

    eosinfilos e neutrfilos, broncoconstrio, edema e aumento da produo de muco.

    Metabolizao do cido araquidnico

    fosfolipase A2

    Lipoxigenase

    LTE4aum permeabilidade

    vascular

    LTD4

    LTC4Vasoconstrictor

    LeucotrienosLTA4

    5HPETE

    cido araquidnico

    Fosfolpideos de membranamastcitos,basfilos e neutrfilos

    5HETE-quimiot.

    LTB4-quimiot.

    1.4. Fator ativador de plaquetas Outro fosfolipdio que participa da resposta inflamatria o fator ativador

    de plaquetas. Esse fator foi obtido pela primeira vez a partir de leuccitos

    sensibilizados incubados com antgeno, tendo sido observado que ele induzia a

  • 57

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    liberao de aminas vasoativas, pelas plaquetas. Apesar dos leuccitos terem

    sido identificados como basfilos, sabe-se atualmente que eosinfilos,

    neutrfilos, mastcitos, moncitos e macrfagos, tambm podem liberar PAF,

    aps estimulao adequada.

    FATOR ATIVADOR DE PLAQUETAS

    Mastcitos Basfilos Plaquetas Neutrfilos

    Moncitos Clulas endoteliais Eosinfilos

    Sntese na membrana plasmtica

    O PAF um fosfolipdio de membrana sensvel a fosfolipase A2 (PLA2)

    caracterizado quimicamente como alquil-acetil-glicerofosfocolina. O PAF no

    estocado na clula, mas est presente na forma de precursor inativo ligado

    membrana. A ativao da PLA2 converte esse precursor em liso-PAF, o qual

    sob ao da acetil coenzima A d origem ao PAF-aceter. O PAF no meio

    extracelular apresenta vida mdia muito curta, sendo rapidamente convertido a

    liso-PAF, perdendo suas atividades biolgicas.

  • 58

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    FATOR ATIVADOR DE PLAQUETAS

    Acil-PAF

    Liso-PAF

    PAF

    Acetil-hidrolase Acetil-transferase

    Fosfolipase A2

    O PAF promove os seguintes efeitos durante a resposta inflamatria:

    FATOR ATIVADOR DE PLAQUETAS

    Vasodilatao arteriolar Aumento da permeabilidade vascular Promove a broncoconstrio Produz agregao plaquetria Estimula a liberao de mediadores

    plaquetrios Adeso e quimiotaxia leucocitrias Estimula a sntese de metablitos do cido

    aracdnico Hiperalgesia

    1.5. Citocinas As citocinas so protenas de baixo peso molecular secretadas pelos

    leuccitos e vrias outras clulas no organismo, em resposta a inmeros estmulos.

    De um modo geral, as citocinas esto envolvidas em vrios processos celulares,

  • 59

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    incluindo: ativao celular; fatores de crescimento; proliferao celular; diferenciao

    celular; maturao celular; migrao celular; secreo de anticorpos.

    Dentre as vrias citocinas descritas, a interleucina 1 (1L-1) e o fator de

    necrose tumoral (TNF) participam ativamente da resposta inflamatria e, por

    isso, sero detalhadas.

    Fig. 9. Desenho esquemtico da ao das citocinas.

    Fonte: HThttp://library.med.utah.edu/WebPath/ INFLHTML/INFL066.htmlTH

    A 1L-1 uma protena que pode ocorrer em duas formas moleculares:

    1L-1 e 1L-1. Embora exista alguma controvrsia, dados experimentais

    demonstram que 1L-1 age como mediador solvel, enquanto que a 1L-1

    permanece associada clula, tendo sua ao potencializada no contato

    clula-clula. A 1L-1 pode ser produzida por todas as clulas nucleadas. No

    foco inflamatrio, sintetizada por macrfagos, neutrfilos, clulas endoteliais,

    fibroblastos e linfcitos. A 1L-1, em suas duas formas moleculares, apresenta

    efeito pleiotrpico, ativando a prpria clula que o produziu (efeito autcrino),

    clulas circunvizinhas (efeito parcrino), e atuando em outros rgos de forma

    sistmica (efeito endcrino).

  • 60

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    O mecanismo de ao da 1L-1 envolve a presena de receptores

    especficos na superfcie da clula-alvo; entretanto, o mecanismo que leva

    ativao celular ainda no foi esclarecido. A atividade da 1L-1 pode ser

    controlada por fatores endgenos que modulam a expresso de receptores na

    membrana, ou interferem no metabolismo celular, impedindo que ocorra a

    transmisso de sinais de transduo aps estmulo no receptor.

    Fig. 10. Esquema ilustrativo mostrando a ao da IL-1.

    Fonte: http://bvs.sld.cu/revistas/mil/vol28_1_99/mil09199.htm

    As prostaglandinas, particularmente as PGE2, inibem a sntese de

    liberao de 1L-1, enquanto que os leucotrienos estimulam sua produo.

    Outro mediador que pode modular a sntese de 1L-1 o PAF. Experimentos in

  • 61

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    vitro demonstram que baixas concentraes de PAF (10nM) inibem a sntese de 1L-1. Alm disso, o fator de crescimento

    transformante beta (TGF-) e corticoesterides, tambm apresentam efeito antagonista sobre a IL-1.

    O TNF foi descrito pela primeira vez como sendo uma substncia com

    capacidade de induzir necrose hemorrgica in vivo em certos tumores, e

    posteriormente como responsvel pelo emagrecimento durante infeces

    parasitrias. Atualmente, sabe-se que o TNF um mediador que apresenta

    mltiplas atividades, no nvel de resposta inflamatria e imune, promovendo

    efeitos locais e a distncia.

    O TNF uma protena que ocorre em duas formas moleculares

    distintas: TNF e TNF. O TNF produzido principalmente por macrfagos,

    mas muitas clulas podem tambm produz-Io, como por exemplo: clula

    endotelial, fibroblasto, linfcitos T e B (em baixas quantidades). O TNF,

    tambm conhecido como linfotoxina, sintetizado por linfcitos T auxiliares

    (TH1).

    semelhana do que ocorre com a IL-1, o TNF atua sobre a clula-

    alvo, mediante interao com receptores de membrana. Vrios mediadores

    endgenos podem estimular a liberao de TNF (leucotrieno B4, IL-1, PAF,

    interferon-gama; IL-3 produzida por mastcitos; o prprio TNF, etc.)

    promovendo aumento na expresso de receptores de membrana.

  • 62

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Fig. 11. Esquema ilustrativo mostrando a ao da IL-1.

    Fonte: http://www.australianprescriber.com/magazine/27/2/43/6/

    Tanto a IL-1 quanto o TNF podem apresentar efeitos sistmicos,

    induzindo:

    Febre: estes mediadores agem no nvel de centro termorregulador no

    hipotlamo, promovendo aumento da temperatura corporal;

    Hematopoese: por estimulao de fatores estimuladores de colnia

    (CSF), que induzem proliferao de clulas precursoras em medula ssea;

    Liplise: por aumento na atividade da lipoprotena-lipase em

    adipcitos, isso explicaria o emagrecimento observado em indivduos com

    infeces crnicas;

    Protenas de fase aguda: sntese estimulada em nvel de clulas

    hepticas.

    Um fato importante que ao mesmo tempo em que a IL-1 e TNF esto

    envolvidas com a inflamao aguda e crnica, elas tambm iniciam o

    processo de reparao tecidual.

    Pode-se concluir que todos os mediadores envolvidos na resposta

    inflamatria agem de forma integrada, e que os mecanismos fisiolgicos se

    encarregam de mant-Ios em equilbrio. Alm disso, vrios mediadores

    apresentam a mesma atividade biolgica, de forma que um mesmo fenmeno

  • 63

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    pode ser decorrente da ao de mais de um mediador.

    Tabela 2. Principais mediadores endgenos da inflamao. Adaptado de ANDRADE, 2002.

  • 64

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Efeitos inflamatrios dos componentes do sistemas enzimticos

    Deposiode fibrina

    Degranul mastcito Aumpermeabil

    vascular

    vasodilatao

    Lise celular

    Neutrfilo-ativao

    quimiotaxiafagocitose

    Dor- bradicinina

    C3a-C5a

    trombina

    C5a, C3a,plasmina

    Bradicinina

    Histamina

    Compl.

    Histamina

    bradicinina

    C5a, C3a

    Alm disso, a intensidade e a evoluo de um processo inflamatrio

    sero determinadas por vrios fatores relacionados ao tipo de agente

    agressor, tecido onde o processo est se desenvolvendo, e s condies

    gerais do hospedeiro.

    --------------------------FIM DO MDULO II---------------------------

  • Curso de

    Inflamao e Reparo Tecidual

    MDULO III

    Ateno: O material deste mdulo est disponvel apenas como parmetro de estudos para este Programa de Educao Continuada. proibida qualquer forma de comercializao do mesmo. Os crditos do contedo aqui contido so dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada.

  • 66

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    MDULO III

    1. INFLAMAO AGUDA 1.1. Classificao das inflamaes O processo inflamatrio, de um modo geral, pode ser classificado de

    acordo com diferentes variveis.

    TEMPO (Durao)

    Superaguda: horas a dias.

    Aguda: dias a semanas.

    Subaguda: semanas a meses.

    Crnica: meses (Segundo BOGLIOLO, 1978, acima de trs meses a

    anos).

    Em relao durao do processo, a classificao muitas vezes

    baseada em aspectos clnicos e feita de forma arbitrria, pois nem sempre

    corresponde ao quadro histolgico encontrado.

    Quanto ao quadro histolgico, os critrios para a classificao das

    inflamaes so os seguintes:

    Aguda: Predomina fenmenos vasculares - exsudativos (hiperemia ativa patolgica, edema, e infiltrado de PMN, principalmente neutrfilos). A

    exceo ocorre na hepatite viral aguda, na qual o infiltrado sempre de

    mononucleares.

    Crnica: Predomina fenmenos proliferativos (Proliferao fibroblstica e angioblstica, e infiltrado de clulas mononucleares, principalmente de

    linfcitos, plasmcitos e macrfagos). Uma exceo acontece na

    osteomielite crnica, na qual o infiltrado sempre de PMN.

  • 67

    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Subaguda: Caracteriza-se por fenmenos tanto vasculares - exsudativos quanto proliferativos, ocorrendo hiperemia, edema, proliferao fibroblstica

    e angioblstica, com infiltrado de PMN - principalmente eosinfilos, e

    tambm de MN - linfcitos, plasmcitos e macrfagos.

    Crnica Ativa: Trata-se da inflamao crnica reagudizada, isto , com superposio de fenmenos vasculares exsudativos em rea inflamada

    cronicamente.

    As inflamaes agudas so classificadas de acordo com as

    caractersticas do exsudato. Conforme o tipo, a intensidade e a durao da

    agresso, haver maior ou menor alterao da permeabilidade vascular e,

    como conseqncia, haver variao na proporo dos elementos do

    exsudato.

    Quando o exsudato predominantemente constitudo por lquido, as

    inflamaes so denominadas inflamaes serosas. As inflamaes serosas

    so principalmente observadas nas cavidades pr-formadas como a pleura, o

    pericrdio, o peritnio e as cavidades articulares. Nestes casos, o lquido que

    se acumula contm macromolculas (albumina) e algumas clulas, especial-

    mente neutrfilos e hemcias. Desta forma, possvel distingui-lo dos

    transudatos, que podem se formar nas cavidades em condies de aumento

    da presso hidrosttica, como na insuficincia cardaca; neste caso, o lquido

    acumulado muito pobre em clulas e praticamente no contm

    macromolculas.

    Outro exemplo de inflamao serosa so as bolhas que podem se

    formar na pele, como conseqncia de agresses leves, como queimaduras

    ou traumatismos. O lquido, com macromolculas e poucas clulas, se

    acumula logo abaixo da epiderme.

  • Fig. 1. Histolgico de bolha intra-epitelial, caracterstica da inflamao serosa.

    Fonte: http://www.fcm.unicamp.br/deptos/anatomia/lampele1a.html

    Fig. 2. Contedo da bolha intra-epitelial.

    Fonte: http://www.fcm.unicamp.br/deptos/ anatomia/lampele1a.html

    68 Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

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    Este material deve ser utilizado apenas como parmetro de estudo deste Programa. Os crditos deste contedo so dados aos seus respectivos autores

    Na verdade, as primeiras fases de quase todas as inflam