[ines heleno] efeitos do stress térmico na produtividade e sinistralidade laboral

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SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho 1 Efeitos do Stress Térmico na produtividade e sinistralidade laboral A exposição a ambiente térmico pode originar situações de stress térmico, que se traduzem em alterações comportamentais e físicas. No estudo do ambiente térmico é essencial ter em conta a susceptibilidade individual dos trabalhadores expostos. Com a chegada do Verão e consequentemente as temperaturas elevadas, as actividades profissionais que se desenvolvem no exterior ganham contornos de extremo relevo e importância. Os indicadores associados à exposição a ambiente térmico (calor radiante, temperatura, humidade e velocidade do ar) têm influência directa na produtividade e sinistralidade nos locais de trabalho, devido aos impactes nas actividades. Os ambientes térmicos quentes são meios para os quais o balanço térmico entre o corpo e o exterior é positivo. Assim sendo, os sensores presentes na pele, ao detectarem as diferenças de temperatura entre os dois meios, informam o hipotálamo para que este inicie o processo de vasodilatação, que permitirá que uma maior quantidade de sangue flua nos vasos superficiais. Devido a este acontecimento, a temperatura da pele aumenta gradualmente, propiciando uma maior dissipação de calor, através da sudorese.

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Page 1: [Ines heleno] efeitos do stress térmico na produtividade e sinistralidade laboral

SafeMed – O Blog de Segurança e Saúde no Trabalho 1

Efeitos do Stress Térmico na produtividade e

sinistralidade laboral

A exposição a ambiente térmico pode originar situações de stress térmico, que se

traduzem em alterações comportamentais e físicas. No estudo do ambiente térmico

é essencial ter em conta a susceptibilidade individual dos trabalhadores expostos.

Com a chegada do Verão e consequentemente as temperaturas elevadas, as actividades

profissionais que se desenvolvem no exterior ganham contornos de extremo relevo e

importância. Os indicadores associados à exposição a ambiente térmico (calor radiante,

temperatura, humidade e velocidade do ar) têm influência directa na produtividade e

sinistralidade nos locais de trabalho, devido aos impactes nas actividades.

Os ambientes térmicos quentes são meios para os quais o balanço térmico entre o

corpo e o exterior é positivo. Assim sendo, os sensores presentes na pele, ao

detectarem as diferenças de temperatura entre os dois meios, informam o hipotálamo

para que este inicie o processo de vasodilatação, que permitirá que uma maior

quantidade de sangue flua nos vasos superficiais. Devido a este acontecimento, a

temperatura da pele aumenta gradualmente, propiciando uma maior dissipação de

calor, através da sudorese.

Page 2: [Ines heleno] efeitos do stress térmico na produtividade e sinistralidade laboral

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Efeitos do Stress Térmico na produtividade e

sinistralidade laboral

Actividades profissionais com principal desenvolvimento no exterior, como por exemplo

trabalhadores na construção civil, trabalhadores em pedreiras, área da agricultura, pesca,

forças especiais e bombeiros, tendem a registar determinados sintomas como

consequência da exposição prolongada e sistemática. Sintomas estes que se podem

traduzir em alterações comportamentais e de humor, distracção, fadiga física, diminuição

do ritmo de trabalho, desmotivação, diminuição do grau de concentração e aumento do

absentismo. Paralelamente a estes, salientam-se problemas mais graves como o choque

térmico, colapso térmico, desidratação e desmineralização, que conduzem a uma

diminuição da capacidade mental, diminuição da destreza e aumento do tempo de

reacção. Em situações extremas, pode ocorrer morte, associada ao choque térmico.

De acordo com estudos realizados [1][2][3], o calor tem influência na produtividade e

sinistralidade laboral, devido aos efeitos acima apresentados. Os trabalhadores tendem a

perder a concentração e o ritmo de trabalho, levando à necessidade de efectuar mais

pausas e despender menos energia nas actividades, aumentando o risco de acidentes por

distracção.

Devido à dificuldade de controlar os índices no exterior, devem ser adoptadas medidas

organizacionais e de protecção individual, ao nível da limitação do tempo de exposição,

introdução de intervalos de descanso e utilização do EPI (Equipamento de Protecção

Individual) e vestuário adequados.

[1] Zhao, J., & Neng Zhu, S. L. (2009). Productivity model in hot and humid environment

based on heat tolerance time analysis (Elsevier, Ed.)

[2] Giampaoli, E., Atete, M. W., Zidan, L. N. (1985) Riscos Físicos., Editora Fundacentro.

SãoPaulo

[3] Silva, Robert Guimarães, Fernando Falquetto, António da Silva M Júnior and Cunha,

Carlos Elpídio Lago. Identificação de riscos do posto de trabalho do forneiro em uma

indústria de cerâmica de imperatriz. Revista Ingepro. Brasil

Inês Heleno

Inês Heleno Vicente, 25 anos, natural de Loures. Licenciada em Saúde Ambiental pela Escola

Superior de Tecnologia da Saúde em Lisboa, uma escolha que se deveu à sua ligação como

ambiente, uma temática que a cativa. Após 3 anos de estudo, 2 estágios curriculares e um

projecto de investigação de onde resultou um artigo científico, iniciou a busca no mercado de

trabalho. Actualmente desempenha funções numa empresa prestadora de serviços externos, no

âmbito da Segurança e Saúde no Trabalho, Segurança Alimentar e Segurança em Obra.

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