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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” Indisciplina: Causas e conseqüências. Por: Márcia Xavier de Souza Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

Indisciplina:

Causas e conseqüências.

Por: Márcia Xavier de Souza

Rio de Janeiro

2003

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Márcia Xavier de Souza,

Indisciplina:Causas e consequências. SOUZA, Márcia Xavier de, -

Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes,2003. 42p.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

Indisciplina:

Causas e consequências

Trabalho monográfico apresentado como

requisito parcial de conclusão do Curso de

PÓS-GRADUAÇÃO “Latu Sensu” na

habilitação Supervisão Escolar, orientado

por: Vilson Sergio de Carvalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aquele que reina para

todo o sempre. Aquele que com todo seu sublime

amor me permitiu chegar até aqui. DEUS, sempre

Deus.

Aos mestres, familiares e amigos, em especial

Fátima, Lurdinha, Alzira e Ivan que, direta ou

indiretamente, ajudaram para que o meu objetivo

se concretizasse.

Muito obrigada.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente ao meu

grandioso DEUS.

Ao meu único e eterno amor Armando que,

amoroso marido e pai, dedicou a maior parte do

seu tempo em me auxiliar.

Aos meus lindos filhos Brenda e Nathan, que

o meu esforço lhes sirva de estímulo no futuro.

Aos meus pais, Josué e Ilma, por terem me

ensinado o caminho certo e terem me dado os

melhores princípios e a melhor educação. Mãe,

OBRIGADA, por tanto ter me auxiliado, por ter

sido a mãe dos meus filhos para que eu pudesse

freqüentar a faculdade.

Obrigada,

de Coração!

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EPÍGRAFE

“A educação é a ação

exercida pelas gerações adultas

sobre as gerações que não se

encontram ainda preparadas

para a vida social; tem por

objetivo suscitar e desenvolver

na criança certos números de

estados físico, intelectuais e

morais reclamados pela

sociedade política no seu

conjunto e pelo meio especial a

que a criança particularmente se

destina.”

Durkh

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SUMÁRIO

Resumo

I Capítulo – Indisciplina

08

1.1 - O que é indisciplina? 10

1.2 – Comportamentos Violentos como forma de Indisciplina 15

1.3 – Indisciplina no contexto escolar 18

II Capítulo – O papel do professor e a indisciplina

2.1- Atuações docentes 22

2.2 - Relação Professor –Aluno 26

III Capítulo – Limites: como e porque utiliza-los.

3.1 - Limite, autoridade e autoritarismo na Educação 29

3.2 - Dar limites... Quais as conseqüências? 33

Conclusão 35

Anexos 37

Referências Bibliográficas 39

Folha de Avaliação 42

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RESUMO

Há muito, os distúrbios disciplinares deixaram de ser um evento esporádico

e particular no cotidiano das escolas brasileiras para se tornarem, talvez, um

dois maiores obstáculos pedagógicos dos dias atuais. Qual é o professor

que nunca sofreu com,estes comportamentos em sala de aula?

A falta de atenção, a dispersão, a inquietação, as atitudes impulsivas e as

desobediências às regras. No entanto, poucos sabem como lidar com essas

reações e sabemos que, mal administrado, o problema só pode ser

agravado.

Neste estudo buscaremos discutir possíveis elementos que, podem

desencadear esses comportamentos. Torna-se, então, necessário

destacarmos as condições ambientais de pobreza; a superexposição da

violência na mídia; os problemas de linguagem, de fala e de comunicação;

as propostas pedagógicas mal planejadas; as maneiras equivocadas de

interação professor-aluno; os padrões de relacionamento social entre pais e

mães e os traços de personalidade da criança.

Esperamos proporcionar uma leitura enriquecedora e que contribua para a

prática pedagógica de nossos professores.

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CAPÍTULO I

Indisciplina

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10

INTRODUÇÂO

1.1 O que é indisciplina?

Há muitas idéias acerca da indisciplina que estão longe de serem

consensuais. Isto se deve não somente à complexidade do assunto como

também à marcante ausência de pesquisa que contribuam para o estudo

deste problema bem como: a multiplicidade de interpretações que o tema

encerra.

No começo do nosso século, vários autores se perguntavam por que as

crianças obedeciam. Foram em busca de resposta e várias foram

encontradas: superego, sentimento do sagrado, hábito, etc. Respostas

diferentes entre si, mas que levam em conta o que era considerado um fato:

as crianças obedecem a seus pais e em geral, também aos seus

professores.

Hoje a pergunta formulada seria a inversa: porque as crianças não

obedecem, nem a seus pais e muito menos a seus professores?

Se verificarmos os sentidos que a língua portuguesa reserva para os

conceitos de indisciplina, disciplina e violência, encontraremos algumas

definições, tais como: todo ato ou dito contrário à disciplina que leva à

desordem, à rebelião constituir-se-ia em indisciplina. A disciplina enquanto

regime de ordem imposta ou livremente consentida que convém ao

funcionamento regular de uma organização (militar, escola, etc...), implicaria

na observância a preceitos ou normas estabelecidas. A violência, por sua

vez, seria caracterizada por qualquer ato violento que, no sentido jurídico,

provocasse, pelo uso da força, um constrangimento físico ou moral.

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O próprio conceito de indisciplina, como toda a criação cultural, não é

estático, uniforme e , tão pouco, universal. Ele se relaciona com o conjunto

de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as

diferentes culturas numa mesma sociedade: nas diversas classes sociais,

nas diferentes instituições e até dentro de uma mesma camada social.

Também no plano individual a palavra “indisciplina” pode ter diferentes

sentidos que dependem das vivências de cada sujeito e do contexto em que

forem aplicadas.

Como decorrência, os padrões de disciplina que pautam a educação das

crianças e jovens, assim como os critérios adotados para identificar um

comportamento indisciplinado, não somente se transformam ao longo do

tempo como também se diferenciam no interior da dinâmica social.

Nesse contexto, o processo dinâmico de formação do conceito de

indisciplina na história humana e as diversas conotações que o termo pode

sugerir na sociedade atual estão sujeitos a inúmeros enfoques e

interpretações geralmente atribuídos na nossa sociedade, especialmente no

meio educacional, à palavra “indisciplina”.

Segundo Sacconi 1996, o termo disciplina pode ser definido como

“treinamento da mente para defender o autocontrole”.O caráter, a eficiência

e o senso de obediência e de hierarquia. Resulta desse treinamento o

autocontrole, a sujeição às regras, a submissão ao controle, à disciplina

militar. É disciplinar, o ato relativo à disciplina exige disciplina. Impor

disciplina é exigir obediência às leis ou normas. Já o termo “indisciplina”, de

acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa, refere-se à “falta da

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disciplina, desordem total, caos”. Sendo assim, conforme Chico Buarque de

Holanda, indisciplinado é aquele que: “não tem disciplina; que se insurge

contra a disciplina; rebeldes”.

Á partir destas definições percebe-se que o termo poderá ser interpretado de

diversas formas e que disciplinável é aquele que se deixa submeter, que se

sujeita, de modo passivo, ao conjunto de prescrições normativas geralmente

estabelecidas por outrem, relacionadas à necessidades externas a este.

Disciplinado é, portanto, aquele que obedece, que cede, sem questionar, às

regras e preceitos vigentes em determinada organização.

Nessa perspectiva, disciplinador é aquele que molda, leva o individuo ou o

conjunto de indivíduos à submissão, à obediência e à acomodação. Já o

indisciplinado é o que se rebela, que não acata e não se submete, nem

tampouco se acomoda, e, agindo assim, provoca rupturas e

questionamentos.

A indisciplina é uma das queixas mais freqüentes de pais e professores. O

número de crianças encaminhadas por apresentar comportamentos

indisciplinados é crescente. Discussões sobre violência nas escolas estão na

pauta de várias reuniões entre professores e psicólogos.

Prevalece a concepção de que os comportamentos indisciplinados são atos

de transgressão de normas e regras escolares, realizadas por indivíduos que

não suportam as questões impostas pelo encontro com a realidade; no caso,

práticas escolares que exigem esforços e conciliação próprio e naturais aos

processos históricos no interior dos quais elas têm lugar: econômico,

jurídico, políticos, científicos, etc. Esse raciocínio permite classificar alguns

alunos como indisciplinados.

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Observamos que muitas vezes as atitudes disciplinares funcionam cada vez

mais como técnicas que fabricam indivíduos úteis. É possível constatar que

a indisciplina (como problema teórico e prático) em geral é tratada de

maneira imediatista, sem o circunstanciamento conceitual necessário.

A escola, se espaço de violência e de indisciplina, é percorrida por um

movimento ambíguo de um lado, pelas ações que visam ao cumprimento

das leis e das normas determinadas pelos órgãos centrais e, de outro, pela

dinâmica de seus grupos internos que estabelecem interações, rupturas e

permitem a troca de idéias, palavras e sentimentos numa fusão provisória e

conflitual.

A agressividade não é em si uma coisa má. É um modo que permitiu ao ser

humano definir o seu território e diferenciar-se de outros seres. A criança

não necessita ser reprimida para ficar quieta, se lhe possibilitarmos um

tempo e um espaço de descoberta.

A violência infantil pode ter uma raiz biológica, mas na maior parte das vezes

resulta de uma violenta. Crianças que são negligenciadas, abusadas ou

maltratadas e sofrem punições disciplinares humilhantes e/ou violentas

exemplificam a afirmação. É bom não esquecer que a sociedade tem uma

atitude ambivalente face à violência, particularmente no que diz respeito à

violência sobre crianças, uma vez que o castigo físico e a humilhação são

socialmente aceitos. Embora essa aceitação esteja cada vez mais a ser

posta em causa?e o adágio popular diz: que é de pequenino que se torce o

pepino e por isso há de se castigar violentamente os menores através de

castigos físicos que deixem marcas e de intensas humilhações psicológicas.

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A violência ocorre sempre que alguém ataca a integridade física ou

psicológica de outra pessoa, podendo ser feito de maneira explícita ou

simbólica.

Na escola, nos deparamos muitas vezes com a violência simbólica seja na

desconfiança das potencialidades dos alunos ou mesmo no uso de ameaças

de punições humilhantes.

Jung, ao discutir a personalidade, nos fala do que chama de “complexos”,

sendo estes “agrupamentos de conteúdos psíquicos carregados de

afetividade”. Em Sartre vemos que “a existência do outro o atinge em pleno

coração...” Logo, conclui-se que as respostas comportamentais(dos

alunos)ditas agressivas são linearmente relacionadas às atitudes daqueles

que os cercam.

Devemos observar,então, a realidade em sala de aula. Nosso próximo item

de estudo.

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1.2 - Os comportamentos Violentos como forma de

indisciplina

Comportamentos violentos na escola têm uma intencionalidade que

raramente os professores conseguem compreender. Para isto seria

necessário que primeiro identificassem a raiz de tais reações, se provém da

descarga emocional oriunda de uma observação direta da violência do

cotidiano, como acontece na maioria dos bairros invadidos pela miséria e

pelo tóxico ou se do simples conflito de interesses, por exemplo.

Pode tratar-se da violência contra a escola, em que estudantes- problema

assumem um verdadeiro desafio à ordem e à hierarquia escolar, destruindo

material e impondo um clima de desrespeito permanente ou simplesmente

comportamentos violentos na escola, que ocorrem, sobretudo, quando a

escola não organiza um clima suficientemente tranqüilo para a construção

de valores característicos do estabelecimento. Verificam-se, ainda, casos de

auto-agressão onde a criança dirige à si própria o motivo de queixa, de

frustração.

Poderíamos dizer que a violência toma corpo em muitas situações de

indisciplina que não foram resolvidas e que constituem a semente de um

comportamento mais agressivo.Quando o ambiente à volta da escola é

ameaçador, é preciso protegê-la do exterior, controlando minimamente as

estradas e exercendo vigilância adequada; mas o problema só avança para

a solução se a comunidade circundante for envolvida e criar soluções para

as suas próprias dificuldades.

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A escola deve fornecer ao aluno espaços de convívio onde ele possa

crescer livremente e onde tenha liberdade para estar sem grande controle.

Quando o comportamento constitui alguma forma de ameaça para os outros

ou para si próprio, os órgãos diretivos da escola devem intervir. Michael

Foucalt em seu livro “ Vigiar e punir” (1995), que trata das Instituições Penais

à partir do século XVI, referindo-se ao resquadrinhamento disciplinar da

sociedade, contribui para o avanço da teoria da violência, ao elucidar a

política de coerção e de dominação exercida por meio de vigilância e

punição sobre os intelectos e as reações dos indivíduos.

Na escola e na prisão de acordo com Foucalt (1995), “a recompensada por

comportamentos disciplinados ocorre através da participação em jogos e por

meio de promoções, retaliando, punindo ou mesmo rebaixando e

degradando os mal-comportados”. Na escola a penalidade,

hierarquicamente, tem dois efeitos: a seleção dos melhores, quando a

distribuição dos alunos acontece de acordo com suas aptidões e seus

comportamentos adequados, o que gera competição, baixa ou excessiva

auto-estima e outros elementos de rivalidade. E, concomitantemente, coloca-

se pressão constante sobre os alunos, para que se submetam ao mesmo

modelo de subordinação, docilidade, etc. Focault denomina de uma “

anatomia política”, uma mecânica do poder, os métodos disciplinares em

que se permite um minucioso controle das operações do corpo do aluno e

que lhe impõe uma relação de docilidade/utilidade. Desta forma, justificam-

se os métodos de gratificação, como as boas notas e os maiores pontos, o

treinamento para a sobrevivência dentro de uma sociedade manipuladora e

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egocêntrica. Constituindo-se, assim, em técnicas que fabricam indivíduos

úteis ao sistema dominante na consecução de papéis ideológicos.

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1.3 Indisciplina no contexto escolar

O ponto a ser refletido é sobre qual indisciplina estamos falando e sobre

como ela pode adquirir um significado de ousadia, de criatividade, de

conformismo e resistência. Nesse sentido, entendemos que o fato

pedagógico, enquanto momento de construção de conhecimento, não

precisa ser um ato silenciado, que reduz o aluno à única condição de “sujeito

que aprende”. Ao contrário, o ato pedagógico é o momento de emergir as

falas e a ânsia de descobrir e construir juntos, professores e alunos.

Segundo à linha pedagógica de “Paulo Freire”

A aula “corre” melhor se for preparada, como sabem os professores

experientes. Se o grupo não parecer motivado, é importante repensar a

estratégia, torná-la mais flexível ou transformá-la por completo, O ideal é a

prevenção da indisciplina, é não inventar formas sofisticadas de controlar. A

convicção que diferencia práticas pedagógicas no grupo/turma pode levar à

disciplina consentida.

Ingredientes essenciais para esse objetivo são procedimentos que

mantenham os alunos ativos durante o tempo escolar, bem como os apoios

audiovisuais para servir de suporte à exposição ou à troca de idéias.

Consideramos que, no limite, não existem “a pior turma ou o pior aluno” pois

é muito difícil generalizar à partir de comportamentos turbulentos, mesmo

que freqüentes. É claro que devemos considerar quando a constituição da

turma tenha obedecido a estranhos critérios, como “colocar as chamadas

ovelhas ranhosas todas no mesmo redil-altura”. Neste caso, o Conselho

Diretivo da escola, deverá ser responsabilizado e estar preparado para lidar,

observar e tentar solucionar todas as questões que por certo surgirão. A

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turma é um conjunto complexo, onde a comunicação que une,

artificialmente, alunos e professores possuem diferenças básicas entre si.

Quando o professor intimida ou demonstra, pelo contrário, o seu próprio

medo, sua comunicação passa a ser uma estratégia defensiva, onde todos

desconfiam. Se são permitidos insultos ou palavras obscenas, a

comunicação centra-se completamente no controle de parte a parte e não

flui acerca do muito que há numa sala de aula.

É importante da parte do professor nos primeiros dias de aula criar um clima

favorável à aprendizagem que leva a uma comunicação eficaz. O tipo de

comunicação deve ter em conta, tanto quanto possível, a origem social do

aluno. Um estudante de classe média tem discursos e hábitos certamente

muito diferentes de um estudante de baixa renda. Dessa forma, certos

comportamentos podem ser erradamente tomados quando apenas

prefiguram realidades diversas.

Se de alguma forma o professor sentir o comportamento ou discurso do

aluno como provocatório, é fundamental não responder no mesmo sentido.

Provocação após provocação, o diálogo continua em escaladas simétricas,

onde cada um tenta ser o mais forte, mas onde no fim a derrota acompanha

os dois. Do adulto espera-se, a priori, um comportamento mais lúcido, logo

deve ter mais autocontrole e ser capaz de rapidamente encontrar uma

alternativa que promova a eficácia da comunicação. Ao grito ou ironia

provocatória do aluno, a resposta deverá ser complementar, isto é,

acentuando a diferença, nunca estimulando a semelhança.

Estão representadas, através das diferenças pessoais em sala de aula, as

estruturas emocionais de cada aluno. Seja como for, haverá pelo menos um

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ou dois que poderão ser os aliados do professor na manutenção de um clima

pedagógico que possibilite a aprendizagem. É necessário discutir claramente

com os alunos as dificuldades que estão sendo encontradas ali como por

exemplo, dizer-lhes que a maioria dos professores tem dificuldades com

aquela turma, construindo significados e criando sentido no trabalho

conjunto.

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CAPÍTULO II

O papel do professor e a indisciplina

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2.1 Atuações docentes

Segundo Libâno, uma das dificuldades que o professor enfrenta no cotidiano

escolar é manter a disciplina porque esta depende da competência

profissional do regente da turma. A disciplina da classe está diretamente

ligada ao estilo da prática docente, ou seja, à autoridade profissional, moral

e técnica do professor. Compreende-se autoridade profissional como

domínio da matéria/conteúdo, dos métodos, procedimentos de ensino e as

formas de como lidar com as diferenças individuais, modo de controlar e

avaliar o trabalho dos alunos e, até mesmo, a auto-avaliação docente. A

autoridade moral é o conjunto das qualidades de personalidade do

professor: sua dedicação profissional, sensibilidade, senso de justiça, traços

de caráter.

A assimilação da autoridade técnica torna-se concreta quando os princípios

didáticos e as metodologias adotadas contextualizem a matéria-conteúdo à

vida prática dos alunos. Discute-se muito o aluno ideal. No entanto, pouco se

analisa de maneira crítica como esse aluno está sendo trabalhado. O aluno

traz consigo a sua individualidade e liberdade, e cabe ao professor

desenvolver nele a consciência da autonomia e do seu papel enquanto

sujeito ativo plenamente capaz de, à partir de seus próprios pensamentos,

elaborar e construir seu conhecimento.

Um professor competente se preocupa em dirigir e orientar a atividade

mental dos alunos e para ser desenvolvido um bom trabalho, depende-se de

uma boa organização de ensino: um bom plano de aula, coerente com os

objetivos, os conteúdos, os métodos e os procedimentos adequados, será

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fonte de estímulo para o aprendizado do aluno. Este plano deve orientar e

motivar, tanto professor quanto aluno, na distribuição harmoniosa do tempo.

A heterogeneidade de interesses muitas vezes impede que essa distribuição

de tempo seja recebida com igual aceitação pela turma, mesmo que o

professor consiga motivar, estimular ou incentivar a maioria, sempre haverá

aqueles que precisarão fazer o que não querem. Muitas vezes o aluno não

cumpre determinadas tarefas solicitadas pelo professor, pois deseja usar

aquele momento para brincar, conversar ou despender sua energia em

qualquer outra atividade que julgue melhor surgindo, então, conseqüências

desagradáveis e a relação em sala torna-se tensa devido à frustrações de

ambas as partes.

Surge, então, a necessidade de observarmos como está se dando a relação

pessoal professor-aluno. Carl Rogers 1972, dentro de seu estudo do

relacionamento interpessoal tipicamente centrado no aluno afirma a

necessidade em se criar um clima, um espaço que realmente facilite a

aprendizagem “? ( Rogers 1972p. 105-106). É necessário, segundo Roger,

que o professor seja autêntico e tenha real carinho pelo seu aluno, “ o

apreço ao aprendiz, a seus sentimentos, suas aptidões, sua pessoa”

(Rogers, 1972,p. 109), é importante também que exista verdadeira empatia,

ou seja, o professor deve conseguir “ se colocar “ no lugar do aluno, de suas

dificuldades, para poder ajudá-lo verdadeiramente a alcançar o sucesso na

aprendizagem.

Analisar a indisciplina de um aluno deve perpassar pela discussão da

atuação do professor, pois uma ação está indiscutivelmente atrelada à outra.

Verificamos que um professor facilitador não somente utiliza-se de aulas

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expositivas centradas em sua pessoa, mas busca diversas maneiras de

explicar ou exemplificar os fenômenos observados, relacionando os

conteúdos às experiências pessoais dos alunos. Quando adotada esta

metodologia de trabalho o resultado quase sempre é o de um grupo de

alunos tão envolvidos na produção em sala de aula que pouco sobra de

manifestações indisciplinadas e, até mesmo, ocorre por parte dos outros

alunos a iniciativa de desestimular tais manifestações. A turma passa a ser,

então, uma grande aliada.

“Na medida em que organizamos o trabalho, teremos

resolvido os principais problemas de ordem e disciplina; não de

uma ordem e uma disciplina formal e superficial, que não se

mantém senão por um sistema de sanções, previsto como uma

camisa de força que pesa tanto a quem recebe como ao

mestre que a impõe...A preocupação com a disciplina está em

razão inversa com a perfeição na organização do trabalho e no

interesse dinâmico e ativo dos alunos.”( Freinet,1974, p.292)

Paulo Freire, 1996 (Pedagogia da Autonomia), já afirmava que “o bom senso

me faz ver que o problema não está nos outros meninos, na sua inquietação,

no seu alvoroço, na sua vitalidade” mas sim na relação de respeito, ou falta

de, que se estabelece em sala de aula.

No entanto, sempre se associa esta chamada falta de respeito às atitudes do

aluno e nunca às do professor. Alguns professores compreendem ser

extremamente normal e necessário um comentário irônico ou mesmo

carregado de agressividade. Em algumas situações, a atitude desrespeitosa

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do professor é tão gratuita que nem mesmo o próprio saberia explicá-la

coerentemente.

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2.2 Relação Professor X Aluno

A relação professor/aluno já vem abalada por embates e desafios: os

problemas infra-estruturais tais como os salários e a precariedade das

condições físicas; os problemas sociais e de relacionamento como os de

segurança e ameaças ao exercício de sua função por alunos e outros grupos

institucionais; os problemas técnicos e de formação que parecem

eternamente desencontrados das demandas e das condições dos

aprendizes; e assim por diante. A esse cenário acrescentam-se entre nós ,

há duas décadas, pesquisas acadêmicas, livros e textos que, partindo de

uma análise “progressista”, incriminam os professores como autoritários,

como braços do Estado na perpetuação da ordem burguesa, como

mandatários quase irrecuperáveis das instituições educativas.

No mínimo, para um professor, é importante estar atento para que os alunos

não o dominem, façam-no de “bobo” ou identifiquem suas regiões de

ignorância. Mas, se o mesmo professor é também um pesquisador ou um

teórico sobre os problemas da relação professor/aluno, vai apresentar outro

discurso pois sua observação sobre esta realidade, irá descrever por outro

ângulo as atribuições de conduta do alunado, provavelmente destacando os

conhecimentos já adquiridos pelos alunos e suas possibilidades de

crescimento cognitivo. Se o professor hipotético fosse, agora, um leitor

desse trabalho monográfico, docente mas não necessariamente

pesquisador, e um estudioso das teorias e dos trabalhos afeitos à sua

questão profissional de pensar o que é que se passa em sua relação com as

turmas que ano a ano habitam as salas de aula.

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As idéias de Foucault contribuem principalmente quando trazem à luz as

setas de culpas, o jogo de empurra-empurra onde os professores (braços do

poder do Estado, como querem algumas teorias) ou os alunos (por natureza

indolentes e irresponsáveis, como sugerem outras) são os causadores dos

embates do ensino.

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CAPÍTULO III

Limites: como e porque utiliza-los.

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3.1 Limite, autoridade e autoritarismo na educação

“A educação, para contribuir na revolução, deveria

formar homens livres que saberiam como agir em

sociedade. Para isso, a escola deveria abolir todo

instrumento de coerção e repressão. A tarefa da

educação seria preparar os futuros revolucionários; a

ação política e social seria mediatizada pela pedagógica.”

Guardia

A autoridade não é o mesmo que autoritarismo. Esta frase já tornou-se

corriqueira. No entanto o que vemos na prática?

Para que possamos compreender esta premissa é necessário conhecer

alguns pressupostos da Psicologia sobre o desenvolvimento do juízo moral

na criança.

Piaget nos deixou uma expressiva contribuição a esse respeito. De acordo

com sua obra, a criança passa por fases distintas na construção do juízo

moral. São elas:

• Anomia – quando a criança compreende que as regras devem ser

obedecidas pois foram criadas pelos outros. No entanto, é comum a

criança mudar as regras de um jogo para se favorecer.

• Autonomia – a criança é capaz de construir e respeitar as regras.

Quando a educação visa o desenvolvimento da autonomia deve privilegiar a

construção coletiva das regras de convivência, pois é mais fácil respeitar as

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regras construídas do que as impostas. A criança deve compreender o valor

da regra estabelecida e, conseqüentemente, da sanção recebida quando a

transgredir.

No entanto, o professor deverá conhecer as diferenças entre punir e

sancionar.

A sanção apresenta uma relação direta com o limite transgredido fazendo

com que o aluno perceba a extensão de sua atitude. Podemos citar o

exemplo fictício porém sempre constante em escolas principalmente de

educação infantil, da criança que morde o colega e é colocada para pensar

isoladamente. Detectamos aqui o uso da punição pois, pensar isoladamente

não apresenta relação com a mordida.

A corrente comportamentalista, representada por Thorndike (por volta de

1900), por Hull, Ghthrie e Skniner, em épocas mais recentes, apregoa a

funcionalidade dos reforços positivos e negativos, limitando-se na

observação dos comportamentos observáveis e mensuráveis apenas.

Alguns educadores, ainda nos dias atuais, utilizam o argumento de estarem

justificados na teoria dos reforços ao aplicarem castigos ou punições no trato

com seus alunos.

Uma educação com proposta de desenvolvimento da autonomia deve

propiciar uma saudável discussão sobre as regras que devem nortear as

relações daquela comunidade. É importante que os elementos da mesma

percebam a importância de respeitar as regras para o bem-estar de todos.

Se nos dedicarmos, professores e demais interessados, encontraremos na

literatura sugestões que podem contribuir para a formação de sujeitos

autônomos e conscientes dos seus direitos e deveres. Apenas impor limites

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quando a criança não apresentar o discernimento necessário para

compreender suas ações; não punir e sim sancionar; não comprar as

atitudes da criança com pontos, presentes e dinheiro; evitar fazer chantagem

emocional, dizendo que não gostará mais dela e etc...

Para que a relação de autoridade ocorre de maneira harmoniosa é preciso,

apenas, que se conheça e se vivencie os dois sentidos da palavra limites:

superação e restrição. O indivíduo, que por natureza é agente

transformador, necessita superar limites. Se compreendermos que a

restrição é apenas o limite físico, uma impossibilidade de realizar , que o

limite é uma norma indicadora de algo que é proibido realizar que superação

é a busca por ultrapassar estes limites e que o indivíduo, por natureza

agente transformador, necessita superar limites, saberemos entender as

atitudes dos alunos.

Não estamos fazendo apologia ao liberalismo/libertinagem pelo contrário.

Acreditamos que é necessário colocar limites, ensinar que os limites devem

ser iguais para todos, fazer a criança compreender que seus direitos acabam

onde começam os direitos dos outros.

Todavia, este estudo pretende assinalar que dar limites não é ser autoritário,

dando ordens sem explicar o porquê, agindo de acordo apenas com seu

próprio interesse, da forma que lhe aprouver, mesmo que cada dia sua

vontade seja inteiramente oposta à do outro dia. Esse tipo de autoritarismo,

de dar limites? muito se observa hoje nas crianças. E não encontramos um

adulto relatando que seu filho lhe deu limites ao agir assim, não é?

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Outros erros relacionados ao dar limites ocorrem quando há o incentivo,

expresso ou omisso, da professora que compreende a reação dos pais ao

darem palmadinhas, chegando a espancar.

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3.2 - DAR LIMITES ... Quais as Conseqüências ?

“O que repreende ao homem

achará depois mais favor do que

aquele que lisonjeia com a

língua.”

( Provérbios 28:23)

Algumas pessoas acham que dar limites aos filhos é uma questão de opção,

mas essas pessoas não sabem que há uma progressão de problemas que

podem derivar da falta de limites.

Ao contrário do que parece, educar uma criança é um processo complexo,

com situações totalmente inesperadas para a maioria dos pais e que nós,

professores, temos que estar atentos.

De maneira geral, a criança não aceita logo nem as explicações que a nós,

adultos, nos parecem as mais claras e simples de serem atendidas. Muitas

vezes isto ocorre porque em casa, a criança atua como pequeno ditador pois

seus pais, ao ouvirem falar em limites, interpretam logo como licença para

exercer uma postura autoritária, de controle total ou até violenta. O que fazer

então na escola com essa criança? Devemos nos lembrar, sempre, que

realmente é difícil saber quando acaba a autoridade e quando começa o

autoritarismo.

O pai que tem autoridade, por outro lado, ouve e respeita seu filho, mas

pode, por vezes, ter de agir de forma mais dura do que gostaria, às vezes

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até impositivamente, mas sempre o objetivo será o bem – estar do filho,

protegê-lo de algum perigo ou orientá-lo em direção à cidadania.

O que queremos mostrar aqui é que, se agirmos com segurança e firmeza

de propósitos, mas com muito afeto e carinho, poderemos atingir nossos

objetivos educacionais sem autoritarismo e, muito menos, sem bater uma

vez sequer nos nossos filhos.

Assim sendo, concluímos que dar limites absolutamente não se choca – nem

é o oposto, como muitos pensam – com dar amor, carinho, atenção e

segurança. É apenas a maneira mais amorosa de preparar a criança para a

vida adulta.

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Conclusão

Neste trabalho procurou-se refletir a problemática da indisciplina no cotidiano

escolar. Suas causas, comportamentos, situações em fim formas

fundamentais que possivelmente causa ou motive um comportamento

caracterizado como indisciplinado.

É possível compreender que a agressividade do aluno não é

necessariamente um ato de indisciplina mas um sintoma de que algo está

errado, a reação natural descarrega aos outros o que recebe.

O comportamento indisciplinar que um aluno possa apresentar não deve ser

rotulado para a caracterização dos mesmos, mas sim um motivo de

reflexão, para que as possíveis causas poção ser descobertas e

amenizadas.

É necessário que se construa um espaço de colaboração, solidariedade e

respeito mútuo onde se aprenda através da experiência de vida em grupo de

um contexto escolar.

Aos pais, cabe ressaltar que muitas vezes, a violência que eles tanto temem

para seus filhos são aquelas que eles mesmo incentivam, seja através de

games ou da permissão para assistirem determinadas programações dadas.

Por outro lado, os docentes devem rever seus planos, recolocar seus

objetivos e acima de tudo reconsiderar sua própria conduta, pois um

comportamento só é incorporado quando vivido em situações concretas da

vida cotidiano.

É importante ressaltar que para tudo à limites e diretrizes para se alcançar

objetivos.

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Diversas causa podem levar um aluno a não se comportar de “forma

adequada” em atividades que necessitam de uma integração funcional com

outras pessoas, dentre elas destaca-se as considerações ambientais, de

pobreza; a superposição de violação na mídia;os problemas de linguagem,

de falta e de comunicação.

Ao término dessas linhas finais compreendemos que,a indisciplina no

contexto escolar é um sistema muita mais amplo e eficaz do que

entendemos.

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ANEXOS

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE Pós-Graduação “ Latu Sensu” Título: Indisciplina:Causas e consequências Data de Entrega: Auto Avaliação: Como você avaliaria este livro? ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ Avaliado por: __________________________________ Grau:_________________ _____________________________________, ________de______________2003