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Indigenismo e mediação: uma análise da exposição “O Nu e o Vestido” da Comissão Pró-Índio de Sergipe Diogo Francisco Cruz Monteiro 1 Kléber Rodrigues 2 Resumo A Comissão Pró-Índio de Sergipe (CPI/SE), instalada no ano 1981, tinha como objetivos reconhecer, respeitar e apoiar a autonomia cultural e o direito a autodeterminação dos povos indígenas do Brasil; assessorar grupos indígenas e pessoas, grupos e entidades que com eles estejam trabalhando, além de estimular e promover estudos e atividades culturais, tendo como tema o índio brasileiro. Esse artigo analisa as ações da CPI/SE através da observação do projeto de exposição fotográfica “O Nu e o Vestido”; destaca a importância das exposições da CPI/SE como instrumentos de mediação entre as questões indígenas e a opinião pública; identifica ainda o tipo de indigenismo praticado pela CPI/SE por meio da análise dos discursos presentes nos documentos das exposições: projetos, folders, relatórios de atividades, listas de presença dos visitantes, ofícios expedidos e recebidos. Palavras-chave: Comissão Pró-Índio de Sergipe, Indigenismo, mediação. Introdução A Comissão Pró-Índio de Sergipe (CPI/SE) foi fundada em 1981. Ela corroborava as ideias da Comissão Pró-Índio de São Paulo, e tinha como objetivo reconhecer, respeitar e apoiar a autonomia cultural e o direito à autodeterminação dos povos indígenas do Brasil. Tendo como tema o índio brasileiro, a CPI/SE se dispunha a assessorar grupos, pessoas ou entidades que com eles estivessem trabalhando, além de promover estudos e atividades culturais sobre a temática indígena. As exposições fotográficas (algo novo para a época) foram o meio encontrado para divulgar o conhecimento acadêmico, subsidiando a opinião pública com informações sobre a situação indígena. A primeira exposição promovida pela CPI/SE foi intitulada “Xocó Hoje”. A segunda exposição, denominada “O Nu e o Vestido”, objeto de nossa investigação, tinha objetivo de introduzir a discussão sobre a diversidade dos índios brasileiros e o contato com a civilização. 1 Mestre em Antropologia pela Universidade Federal de Sergipe e professor adjunto da Faculdade Pio Décimo. E-mail: [email protected] 2 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe e professor da Secretaria Estadual de Educação. E- mail: [email protected]

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Indigenismo e mediação: uma análise da exposição “O Nu e o Vestido” da Comissão

Pró-Índio de Sergipe

Diogo Francisco Cruz Monteiro1

Kléber Rodrigues2

Resumo

A Comissão Pró-Índio de Sergipe (CPI/SE), instalada no ano 1981, tinha como objetivos

reconhecer, respeitar e apoiar a autonomia cultural e o direito a autodeterminação dos povos

indígenas do Brasil; assessorar grupos indígenas e pessoas, grupos e entidades que com eles

estejam trabalhando, além de estimular e promover estudos e atividades culturais, tendo como

tema o índio brasileiro. Esse artigo analisa as ações da CPI/SE através da observação do

projeto de exposição fotográfica “O Nu e o Vestido”; destaca a importância das exposições da

CPI/SE como instrumentos de mediação entre as questões indígenas e a opinião pública;

identifica ainda o tipo de indigenismo praticado pela CPI/SE por meio da análise dos

discursos presentes nos documentos das exposições: projetos, folders, relatórios de atividades,

listas de presença dos visitantes, ofícios expedidos e recebidos.

Palavras-chave:

Comissão Pró-Índio de Sergipe, Indigenismo, mediação.

Introdução

A Comissão Pró-Índio de Sergipe (CPI/SE) foi fundada em 1981. Ela corroborava as

ideias da Comissão Pró-Índio de São Paulo, e tinha como objetivo reconhecer, respeitar e

apoiar a autonomia cultural e o direito à autodeterminação dos povos indígenas do Brasil.

Tendo como tema o índio brasileiro, a CPI/SE se dispunha a assessorar grupos, pessoas ou

entidades que com eles estivessem trabalhando, além de promover estudos e atividades

culturais sobre a temática indígena.

As exposições fotográficas (algo novo para a época) foram o meio encontrado para

divulgar o conhecimento acadêmico, subsidiando a opinião pública com informações sobre a

situação indígena. A primeira exposição promovida pela CPI/SE foi intitulada “Xocó Hoje”.

A segunda exposição, denominada “O Nu e o Vestido”, objeto de nossa investigação, tinha

objetivo de introduzir a discussão sobre a diversidade dos índios brasileiros e o contato com a

civilização.

1 Mestre em Antropologia pela Universidade Federal de Sergipe e professor adjunto da Faculdade Pio Décimo.

E-mail: [email protected] 2 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe e professor da Secretaria Estadual de Educação. E-

mail: [email protected]

Dessa forma, Beatriz Góes Dantas explicitou as motivações da exposição “O Nu e o

Vestido”:

As demandas colocadas por parte das escolas fez com que se montasse uma

outra exposição. Tendo a primeira [“Xocó Hoje”] mostrado e debatido a

situação específica de um grupo indígena local, a intenção era agora ampliar

a discussão para as populações indígenas espalhadas pelas diferentes regiões

do país, trabalhando a diversidade cultural e situacional dos índios. Usou-se

a metáfora das vestes e sua representatividade visual para introduzir a

discussão da diversidade de situações vividas pelos grupos indígenas e suas

variações em função de diferenças próprias dos grupos e das resultantes do

contato com a sociedade nacional (DANTAS, 1998, p. 9).

A exposição foi coordenada por Beatriz Góis Dantas. A pesquisa básica ficou a cargo

de Hélia Maria de Paula Barreto. A reprodução fotográfica estava sob a responsabilidade do

repórter fotográfico Jairo Andrade. Os registros de itinerância da “O Nu e o Vestido” mostram

que essa exposição foi montada a partir de 1982, tendo percorrido museus como o Museu

Histórico de Sergipe, unidades escolares como o Instituto de Educação Rui Barbosa e galerias

de arte como a Jordão de Oliveira da Universidade Federal de Sergipe.

Com o presente artigo, propomos analisar as ações da CPI/SE através da observação

do projeto de exposição fotográfica “O Nu e o Vestido”. Pretendemos destacar a importância

dessa exposição da CPI/SE como instrumento de mediação entre as questões indígenas e a

opinião pública, identificando o tipo de indigenismo praticado pela CPI/SE por meio da

análise dos discursos presentes nos documentos da exposição: projetos, folders, relatórios de

atividades, listas de presença dos visitantes, ofícios expedidos e recebidos.

Todos os documentos que compõem a exposição “O Nu e o Vestido” se encontram no

Museu do Homem Sergipano (MUHSE). O acesso ao material da exposição é difícil, já que o

MUHSE encontra-se fechado para visitação pública desde 2011. Por autorização da Prefeitura

do Campus da UFS, em virtude de problemas nos edifícios, todas as exposições foram

desmontadas como medida de salvaguarda dos objetos museológicos. Para acessar o arquivo

do MUHSE foi necessário solicitar autorização à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos

Comunitários da UFS. Apesar disso, nem todos os materiais que fazem parte da exposição se

encontravam alocados no arquivo do MUHSE. Eles estavam dispersos, guardados em

condições precárias no almoxarifado do prédio do CULTART.

Após a reunião de todos os documentos da “O Nu e o Vestido”, realizamos o processo

de leitura, interpretação e análise dos textos que constituíam os módulos da exposição, dos

folders, registros fotográficos e itinerância.

Referencial teórico

De modo genérico, de acordo com Antonio Carlos de Souza Lima, o indigenismo

designa

... o conjunto de ideias (e ideais, isto é, aquelas elevadas à qualidade de

metas a serem atingidas em termos práticos) relativas à inserção de povos

indígenas em sociedades subsumidas a Estados nacionais, com ênfase [...] na

formulação de métodos para o tratamento das populações nativas, operados,

em especial, segundo uma definição do que seja índio (LIMA, 1995, p. 14-

15).

A partir da década de 1980, o indigenismo no Brasil assumiu uma postura ética e

crítica adotada por setores da sociedade civil (antropólogos, indigenistas, membros da igreja e

de organizações não-governamentais), que rompiam com o modelo administrativo instituído

pela FUNAI durante o período da gestão militar.

Essa ruptura entre setores indigenistas da sociedade civil e a FUNAI pode ser

observada como resultado das contradições entre as formas de atuação desse órgão, que

atendia aos interesses dos grandes projetos das frentes de expansão econômica – energética,

mineral, transportes, comunicação, extrativista e de colonização – e relegava a um segundo

plano as demandas pelas demarcações e homologações das terras indígenas (OLIVEIRA,

1995, p. 71).

Dessa forma, os antropólogos, desvinculados do indigenismo oficial, com larga

experiência universitária e que atuavam no interior de organizações não-governamentais, com

o apoio das lideranças indígenas e de setores da igreja, assumem o protagonismo nas tarefas

de monitoramento das terras e dos recursos ambientais nas áreas indígenas, no intuito de

garantir o respeito ao direito territorial desses povos (OLIVEIRA, 1995, p. 72).

Nesse contexto, o termo indigenismo assumiu uma polissemia. Designou “aquele que

trabalha direta ou indiretamente em atividades de tutela”; “aquele que faz pesquisas

engajadas”; “o defensor dos direitos das populações indígenas” (LIMA, 2002, p. 178).

Dessa forma, a análise aqui proposta busca extrapolar as caracterizações do

indigenismo como prática estreitamente associada aos órgãos oficias do Estado. O que se

pretende é entender o indigenismo como uma noção ampla, atrelada ao campo das

representações, do imaginário e das construções discursivas sobre os indígenas, sobretudo

daquelas elaboradas por setores da sociedade civil organizada, tais como a CPI/SE.

Nesse sentido, dialogaremos com as perspectivas da teoria social crítica de Axel

Honneth acerca da luta por reconhecimento. Para Honneth (2003), o reconhecimento jurídico,

identitário e social do sujeito resulta de uma ação recíproca entre indivíduos. O indivíduo,

num contexto específico de interação, apenas se conceberia enquanto sujeito através da sua

consideração positiva pelos demais parceiros de socialização, numa espécie de construção

recíproca da “consciência de si através do outro”.

Dessa forma, as experiências restritas a um grupo particular, politicamente isolado,

tornam-se “motivos morais” capazes de envolver um círculo maior de agentes em uma luta

por reconhecimento. As experiências particulares, mediadas por diversos atores externos,

devem se transformar em tensões públicas, para que o caso privado ingresse na esfera pública

conectando-se a outras diversas experiências restritas de desrespeito (HONNETH, 2003 apud

ARRUTI, 2009, p. 14).

Nesse sentido, conceberemos o indigenismo praticado pela CPI/SE como um

mecanismo de mediação entre as experiências particulares de desrespeito vivenciadas pelos

índios e a opinião pública, transformando-as em questões morais, de abrangência coletiva,

colaborando efetivamente na luta pelo reconhecimento dos direitos indígenas.

Os discursos emanados pelos membros da CPI/SE – através do projeto de exposição

“O Nu e o Vestido” – serão observados aqui como importantes instrumentos de mediação

entre as experiências privadas dos índios e as perspectivas externas da sociedade sobre a

questão indígena.

Relação com o público

Na exposição fotográfica “O Nu e o Vestido”, a relação com o público foi estabelecida

através de fotos, textos, mapas, painéis e maquetes, palestras direcionadas a professores e

alunos de 1º e 2º graus que eram ministradas por pesquisadores da temática indígena,

buscando introduzir uma discussão sobre a diversidade da realidade indígena após variados

períodos de contato com os não índios.3

A exposição era estruturada com painéis onde eram inseridas imagens seguidas de

textos que abordavam as culturas indígenas presentes nas cinco regiões brasileiras: Norte,

Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste (provavelmente adotou-se o critério de divisão espacial

3 Entre as palestras inseridas na programação da exposição “O Nu e o Vestido”, citamos as intituladas “O Índio

Brasileiro Ontem e Hoje” de Fernando Lins de Carvalho e “O Nu e o Vestido” de Beatriz Góis Dantas proferidas

no Museu Histórico de Sergipe, na cidade de São Cristóvão, durante as comemorações da Semana do Índio em

1991.

do país estabelecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE), com

destaque para o estado de Sergipe. Na exposição, havia ainda textos com a apresentação,

síntese da situação atual dos índios no Brasil, além de uma breve explicação sobre o título “O

Nu e o Vestido”.

O texto que tratava dos grupos indígenas da região Norte destacava que a ocupação da

Amazônia decorrentes dos projetos desenvolvimentistas, a partir da década de 1970,

intensificou a expulsão das terras, a destruição das culturas e extermínio físico dos povos

indígenas. Os índios dessa região escolhidos para a exposição foram: Caiapó, Macuxis,

Ingaricó, Patamina, Acuntisum, Assurini, Araweté, Mayruna, Wai-Wai, Ianomami, Avá-

Canoeiro, Suruí, Tucano, Nambiguara, Tucuna e Mayruna.

O texto que abordava os povos indígenas do Nordeste apontou para os aspectos do

contato histórico com os brancos e a consequente miscigenação como fator de aculturação dos

índios. Discutiu também o recente processo de emergência étnica desses indígenas, que

culminou com o aumento populacional desses grupos. Os grupos indígenas selecionados pela

exposição foram: Pataxó, Kaimbé, Tuxá, Pankararé, Fulni-ô, Pitaguary.

Os povos indígenas que habitam o Sudeste foram apresentados como grupos que

sofreram com saques, invasões e perdas de terras desde a época dos primeiros contatos com

os não índios. Através de mecanismos de resistência adaptativa, esses povos conseguiram

conviver com a sociedade nacional, reativar suas tradições e identidades étnicas. Os índios

dessa região escolhidos para a exposição foram: Krenak, Guarani, Maxacali, Guarany Mbyá,

Terena, Xavante, Kaingang.

Os indígenas da região Sul abordados no projeto da exposição “O Nu e o Vestido”

foram descritos como vítimas do genocídio praticados por portugueses e espanhóis nos anos

iniciais da colonização. A resistência desses povos se deu através da união entre lideranças e

por meio da luta jurídica, empregadas como alternativa à luta armada. Os povos selecionados

para a mostra foram: Guarani e Kaingang.

Os indígenas da região Centro-Oeste abordados na exposição, segundo o projeto,

foram dizimados em decorrência da mineração, Guerra do Paraguai e por conta da

transferência da capital federal para o Planalto Central. Atualmente, grande parte dos grupos

remanescentes habitam o Parque Nacional do Xingu, já que foram expulsos dos seus

territórios. Os povos selecionados para a mostra foram: Kaiapó, Bororo, Suyá, Guarani-

Kaiwá, Kamaiurá, Txucarramãe, Guarani, Nambiquara e Yawalapiti.

Além desses textos que tratam dos povos indígenas presentes nas cinco regiões

brasileiras, a exposição reservou um espaço de destaque para refletir sobre os Xocó, povo que

habita a ilha de São Pedro em Porto da Folha, Sergipe. Esse grupo foi apresentado como uma

comunidade ribeirinha que se confunde cultural e fenotipicamente com os locais. Apesar da

mestiçagem, os Xocó preservaram sua identidade através de manifestações tradicionais como

o Toré.

É importante destacar o viés didático que permeava a exposição. A atuação

pedagógica e a natureza educativa estavam explicitas no projeto. Nesse sentido, os seus

idealizadores se indagavam sobre as possibilidades de uso da exposição fotográfica como

instrumento capaz de divulgar os conhecimentos acadêmicos sobre os povos indígenas ao

público mais amplo:

Como fazer chegar a um público maior as imagens quietamente postas no

silêncio e escuro dos arquivos ao fim da pesquisa de campo? Mais que isto,

como fazer o resultado dessas pesquisas realizadas sob os auspícios das

Universidades chegar ao público mais amplo, aquele que não participa de

encontros de cientistas, não lê livros ou revistas especializadas e, às vezes, lê

apenas os “livros de escola”, ou mesmo nenhum livro? (DANTAS, 1998, p.

4).

Dessa forma, uma das propostas centrais da CPI/SE para o desenvolvimento dos

projetos de exposição, como a “O Nu e o Vestido”, era destacar o uso da fotografia como

meio de divulgação mais adequado de pesquisas etnográficas entre um público abrangente,

que incluía pessoas de diferentes idades e dos mais diversos níveis de ensino.

O projeto da exposição “O Nu e o Vestido” não estabeleceu um diagnóstico sobre a

recepção do público. Provavelmente, o público manifestava espontaneamente suas opiniões

sobre o material apresentado. Porém, não existia no projeto um instrumento, mecanismo ou

meio mais formal para o registro da apreciação e sugestões dos espectadores. Em outras

palavras, faltava a avaliação da exposição, definida como:

... processo para obtenção de informações sobre visitantes que, em última

instância, podem contribuir para a eficácia de uma exposição e seus

componentes interpretativos sobre o comportamento do visitante, seus

interesses, ou capacidade de comunicação da exposição (SCREVEN, 1990,

p.36 apud ALMEIDA, 1995, p.47).

Ao planejar uma exposição é importante saber quais foram as experiências sensoriais e

cognitivas vivenciadas pelo público. O comportamento dos espectadores pode variar muito de

acordo com sua orientação dentro do espaço da exposição. O próprio posicionamento de uma

fotografia, texto ou legenda pode também afetar esse comportamento.

Dentro dos critérios da comunicação, a exposição e seu público são vistos,

respectivamente, como emissor e receptor. A relação entre eles não deve ser pautada no

predomínio de um sobre outro. De acordo com Sousa (1995, p.14):

A relação de predomínio do emissor sobre o receptor é a idéia que primeiro

desponta, sugerindo uma relação básica de poder, em que a associação entre

passividade e receptor é evidente. Como se houvesse uma relação sempre

direta, linear, unívoca e necessária de um pólo, o emissor, sobre o outro, o

receptor; uma relação que subentende um emissor genérico, macro, sistema,

rede de veículos de comunicação, e um receptor específico, indivíduo

despojado, fraco, micro, decodificador, consumidor de supérfluos; como se

existissem dois pólos que necessariamente se opõem, e não eixos de um

processo mais amplo e complexo, por isso mesmo, permeado por

contradições.

O público de uma exposição deve ser entendido como sujeito, capaz de entender,

interpretar e reinterpretar o que lhe foi transmitido. Num processo de assimilação, ele aceita

ou rejeita as mensagens fornecidas. Ele não absorve as informações de maneira passiva

(CURY; CARNEIRO, 2010, p. 738). O potencial educativo de uma exposição só pode ser

dimensionado através da forma como o público se apropria, repercute, dissemina ou

transforma seus conteúdos.

A falta de um registro de avaliação sobre a exposição pode torná-la menos eficaz, pois

não se saberia ao certo se, por exemplo, o público entendeu ou não os objetivos da mostra.

Esse tipo de registro pode desvelar a importância didático-pedagógica dos materiais

apresentados para os espectadores, revelar quais aspectos sensibilizaram os visitantes,

definindo mudanças ou alterações no ordenamento espacial da exposição.

Mesmo sem um registro de avaliação, alguns indícios podem apontar que o público

(geralmente formado por alunos de 1º e 2º graus) era incentivado a realizar pequenas

redações, desenhos ou cartazes no espaço em que a exposição ocorria. Apesar de não

constituírem dados totalmente conclusivos, os trabalhos feitos pelos alunos durante as visitas

podem indicar a forma como o material exposto era avaliado ou como eram retrabalhadas as

informações obtidas pelo contato com os monitores.

O projeto da exposição previa atividades ligadas ao aperfeiçoamento da formação dos

professores das escolas de 1º e 2º graus. Os antropólogos da UFS, membros da CPI/SE,

promoviam reuniões onde ministravam palestras e discutiam a bibliografia da exposição com

os professores. Além disso, uma bibliografia complementar era apresentada, adicionando-se

sugestões de como os professores poderiam trabalhar com os conteúdos específicos sobre a

temática indígena.

Interpretando e reinterpretando os conteúdos passados nessas palestras, os professores

deixavam de ser meros receptores de informações e tornavam-se novos mediadores entre a

exposição e a sala de aula. Os debates e palestras com os professores tinham como objetivo a

formação continuada, porém acabavam se tornando verdadeiros espaços de troca de vivências

e experiências:

Encontrar fios condutores que ligassem a proposta da exposições aos

programas específicos das diferentes disciplinas foi, decerto, um desafio que

ia sendo vencido através da troca de experiências e do trabalho continuado

com os professores. A experiência de trabalhar o mesmo tema com

pesquisadores e professores de diferentes disciplinas permitiu a troca de

informações não só a nível de conteúdo, como de práticas didáticas sobre o

modo de retomar em sala de aula a problemática posta em questão. Neste

sentido foi bastante proveitoso o contato de professores de diferentes escolas

no espaço da exposição (DANTAS, 1998, p.14).

Ao promover exposições como a “O Nu e o Vestido”, a CPI/SE demonstrava forte

preocupação com a ampliação do contingente de mediadores. Suas atividades de

aperfeiçoamento da formação docente vislumbravam, na figura do professor de 1º e 2º graus,

novos agentes da mediação entre o conhecimento acadêmico e o saber escolar relacionados à

questão indígena.

As primeiras exposições realizadas pelas CPI/SE não tinham uma equipe específica

para desenvolver os trabalhos museográficos e de apoio. Porém, em “O Nu e o Vestido”, além

dos professores que apresentavam a exposição para seus alunos, a mediação passou a ser

praticada também por monitores (figura 1). Esses mediadores “concretizam a comunicação da

instituição com o público e propiciam o diálogo com os visitantes acerca das questões

presentes no museu, ressignificando-as junto a esses.” (STANDERSKI, 2007, p.2-3).

O trabalho de mediação feito pelos monitores não se reduzia a uma mera transmissão

impositiva de conhecimentos sobre os povos indígenas, pois o saber prévio do público era

considerado. A intenção era ajudar os visitantes a desenvolver de forma ativa aquilo que já

tinham em mente sobre o assunto abordado na exposição:

Figura 1 – Estudantes em pé atentos à explicação do monitor Oliveira (de óculos).

Fonte: ficha de tombamentos e descrição de documentos fotográficos e fotogramas do Museu do Homem Sergipano.

Nesse sentido mediar não é informar e fornecer respostas aos visitantes, mas

promover diálogos que possibilitem a todos avançarem naquilo que já

conhecem, sempre com a ajuda de alguém que conhece mais. Mediar é a

ação do outro que ajuda a aprender, a dar um passo adiante naquilo que já se

conhece. Não se trata de pretender ensinar algo diretamente ao outro,

pretender passar informações e conhecimentos, mas desafiar o outro a se

envolver na reconstrução do que já conhece, em ele mesmo produzir mais

conhecimento. Mediar neste sentido não é descobrir, nem ajudar a fazê-lo. É

auxiliar o outro a ir além do que já conhece, a apropriar-se de forma mais

intensa de discursos em que já está envolvido (MORAES et al, 2007, p. 56-

57).

Em síntese, as atividades desenvolvidas pelos membros da CPI/SE, destacando-se a

exposição “O Nu e o Vestido”, buscavam a promoção do debate sobre a diversidade indígena

e o contato com a sociedade nacional. Através de suas fotografias, textos, painéis, além da

formação de professores e estudantes das escolas de 1º e 2º graus, a exposição traçou uma

importante relação com o público, efetivando a mediação entre o conhecimento acadêmico, o

saber escolar e o senso comum.

Indigenismo na exposição “O Nu e o Vestido”

Nesta seção do artigo, pretendemos identificar o tipo de indigenismo praticado pela

CPI/SE por meio da análise dos discursos presentes nos documentos da exposição “O Nu e o

Vestido”. A intenção é extrapolar as caracterizações do indigenismo como prática

estreitamente associada aos órgãos oficias do Estado, abordando-o como uma noção ampla,

atrelada ao campo das representações, do imaginário e das construções discursivas sobre os

indígenas, sobretudo daquelas elaboradas por setores da sociedade civil organizada, como a

CPI/SE.

Nesse sentido, observaremos o indigenismo proposto pela CPI/SE como uma arena

prático-discursiva, um conjunto de mediações simbólicas e de estratégias dos setores não

indígenas da sociedade, utilizadas como instrumentos políticos nas lutas pelo reconhecimento

dos direitos dos índios.

Os objetivos propostos pela exposição “O Nu e o Vestido” revelam importantes

indícios acerca da noção de indigenismo proposta pela CPI/SE. Dessa forma, ao analisar a

diversidade dos índios brasileiros e o contato com a civilização, a CPI/SE buscava se afastar

de uma perspectiva sobre os povos indígenas que os ligava recorrentemente ao passado, à

ideia de inferioridade e assimilação.

Nessa perspectiva, o índio era enxergado como o outro, o primitivo, o maléfico ou

bárbaro. A conformação do índio como o outro pretendia, de acordo com Skliar (2003,

p.116):

Mitologizar o outro. Fixá-lo em um ponto estático de um espaço

preestabelecido. Localizá-lo sempre no espaço outro de nós mesmos.

Traduzi-lo para nossa língua, para nossa gramática. Despojá-lo de sua

língua. Fazer do outro um parecido, mas um outro parecido nunca idêntico

ao mesmo. Negar sua disseminação, sua pluralidade inominável, sua

multiplicidade. E designá-lo, inventá-lo, fixá-lo, para apagá-lo (massacrá-lo)

e para fazê-lo reaparecer cada vez, em cada lugar que (nos) seja necessário.

A exposição focava suas atenções na dinâmica existente entre a identidade étnica

indígena e o processo de contato com a sociedade brasileira, algo que ocorreu historicamente

desde os primeiros anos de colonização e ocorre intensamente até a atualidade. O esforço se

mantinha em discutir sobre as identidades indígenas e afastar a visão que homogeneizava

esses grupos como se ainda fossem iguais ou vivessem da mesma forma que se vivia há 500

anos:

Para muita gente o índio é o indivíduo que anda nú, pinta o corpo, se enfeita

de penas e traz sempre consigo arcos e flechas. Este é um estereótipo que

nos foi transmitido na escola, reforçado por outros meios e assenta

confortavelmente na cabeça de um certo público urbano e letrado, mas que

não corresponde à realidade da maior parte dos índios. Se uns ainda exibem

sinais externos diferenciadores, muitos outros não mais os retém. Nem por

isso deixam de ser índios, e escondidos debaixo do chapéu de palha e de uma

roupa qualquer que não os distinguisse dos regionais, conservam sua

identidade através de mecanismos nem sempre visíveis na aparência (O NU

E O VESTIDO, 1982, p.1).

A homogeneização das culturas indígenas, a tentativa de reduzi-los ao passado

histórico e à ideia de inferioridade sempre marcaram a relação estabelecida entre a sociedade

brasileira e os povos indígenas. No entender de intelectuais como o professor Gersem dos

Santos Luciano (2006, p.34), tal perspectiva:

... limitada e discriminatória, que pautou a relação entre índios e brancos no

Brasil desde 1500, resultou numa série de ambigüidades e contradições ainda

hoje presentes no imaginário da sociedade brasileira e dos próprios povos

indígenas. A sociedade brasileira majoritária, permeada pela visão

evolucionista da história e das culturas, continua considerando os povos

indígenas como culturas em estágios inferiores, cuja única perspectiva é a

integração e a assimilação à cultura global.

O projeto da exposição nos aponta que é necessário superar o caldeamento das raças,

discurso que apregoava o desaparecimento de raças inferiores ou selvagens por meio da

mestiçagem. De acordo com o projeto, a formação de uma sociedade verdadeiramente

igualitária passaria pelo reconhecimento de minorias como as indígenas:

O nosso tempo parece ser o do ressurgimento das minorias, que se tornam

visíveis e exigem reconhecimento. Como lembra a antropóloga Manuela

Carneiro da Cunha: “talvez se tenha superado enfim a ideologia do

“caldeamento das raças” que nega a legitimidade a qualquer grupo étnico

que proclame a especificidade de seus problemas, e se esteja chegando ao

reconhecimento da diversidade. Ora, saber respeitar a diversidade é a pedra

de toque de uma sociedade realmente igualitária. É preciso substituir o

projeto ditatorial de “deixar os índios serem como nós”, pela generosidade

de deixá-los ser como são e como virão a ser”. (O NU E O VESTIDO, 1982,

p.2)

Em “O Nu e o Vestido”, o indigenismo da CPI/SE se pautou também na discussão

sobre a diversidade dos índios brasileiros nos contextos de contato com a sociedade brasileira.

As interações sociais ocorridas durante o processo de globalização ocasionariam além de um

descentramento identitário homogeneizador, o fortalecimento e a produção de novas

identidades indígenas (HALL, 2000).

Os discursos inseridos no projeto da exposição buscavam deslegitimar as ideias do

senso comum acerca da evanescência das culturas indígenas como consequência do contato

com a sociedade abrangente. As imagens dos índios puros, que viviam nus nas ocas das matas

isoladas, confinados a um passado remoto, apenas idealmente acessíveis, são substituídas por

perspectivas mais realistas sobre os povos indígenas do presente, diversos ainda que

miscigenados.

Sem negar a permanência de índios isolados ou de contato apenas intermitente, que

mantêm seus traços culturais e fenotípicos diferenciados, a exposição anuncia a preservação

da identidade cultural indígena mesmo para aqueles casos em que os índios têm as suas

culturas transformadas devido à miscigenação oriunda das interações intensas com os não

índios.

Nesse sentido, o projeto da exposição, ao tratar da situação étnica dos índios na

atualidade, destaca que:

Se uns ainda exibem esses sinais externos diferenciadores [andam nus, pitam

o corpo, se enfeitam de penas e portam arco e flechas], muitos outros não

mais os retêm. Nem por isso deixam de ser índios, e escondidos debaixo de

um chapéu de palha e de uma roupa qualquer que não os distingue dos

regionais, conservam sua identidade através de mecanismos nem sempre

visíveis na aparência. Desse modo, o nu é índio, mas o vestido também o é

desde que conserve sua identidade étnica. Uns, só agora estão sendo

alcançados por nós, enquanto outros estão em contato conosco há séculos,

como é o caso dos índios do Nordeste. No entanto, mesmo após prolongado

contato com os chamados “brancos” e “civilizados”, se conseguem

sobreviver, modificam-se na sua aparência física e na sua cultura, mas não

deixam de ser índios (O NU E O VESTIDO, 1982, p. 2).

Os discursos transmitidos pela exposição acerca do indígena imerso no cenário de

contato parecem remeter à imagem do “caboclo”, o índio integrado na periferia da sociedade

nacional, oposto ao “índio selvagem”, nu ou semivestido, hostil ou arredio. Ele é visto como o

resultado da interiorização do mundo dos brancos pelo índio, dividida que está sua

consciência em duas: uma voltada para seus ancestrais, outra para os poderosos homens que o

circundam (OLIVEIRA, 1972).

Os indígenas contemporâneos, hibridizados, lutam pela permanência física e cultural

de suas populações, imiscuindo-se com a sociedade nacional como estratégia de resistência. O

processo de integração do índio não significou a perda total, por assimilação, dos seus traços

culturais singulares. Os índios resistiram às pressões externas, por meio de uma nova

configuração cultural que visava à coexistência entre as instituições tradicionais e as

instituições modernas.

Os índios têm conservado a língua original, mesmo quando dominam também o

idioma nacional, mantêm tradições que recordam tempos passados em que viviam

autonomamente antes de serem conquistados, cultuam crenças e ritos religiosos que

funcionam como intensificadores da solidariedade étnica e detém usos e costumes próprios, às

vezes de influência europeia, como a vestimenta indígena do Altiplano (RIBEIRO, 1979).

Dessa forma, a exposição “O Nu e o Vestido” destacou o exemplo histórico de povos

como os Xavante, Guarani e Terena que, após o impacto inicial do contato, desenvolveram

mecanismos de defesa ativa que tornaram possíveis a sua convivência com a sociedade

nacional e o seu crescimento populacional (O NU E O VESTIDO, 1982, p. 2).

Os índios do Brasil, apesar da diversidade de suas culturas, concordam em aceitar a

denominação genérica “índio” ou “indígena” como uma identidade que une, articula e

fortalece todos os povos originários do atual território brasileiro e, principalmente, para

demarcar a fronteira étnica entre eles e os indivíduos de várias procedências, africana, asiática

e europeia.

Constatações dessa natureza são corroboradas pela visão sobre o índio e a sua

situação sociocultural contemporânea difundida pela CPI/SE através da exposição:

Vivem realidades bastante diversificadas [...], apresentando diferentes

situações quanto à ocupação e ainda condições de sobrevivência as mais

variadas [...]. Apesar da diversidade, apresentam vários pontos em comum,

ressaltando-se o fato de serem descendentes dos primitivos povoadores do

nosso país (O NU E O VESTIDO, 1982, grifos nossos).

O que criou este vínculo entre grupos indígenas de etnias, modos de vida, línguas e

territórios distintos, foi o sentimento de comunhão de uma trajetória histórica comum,

marcada pelo sofrimento oriundo da dominação e exploração, e pelas constantes lutas em

defesa da garantia de seus interesses diante da sociedade global.

Dessa forma, os critérios de raça, língua, religião e territórios compartilhados não são

suficientes para o esclarecimento da pertença à nação indígena. A nação, como sugeriu Renan

(2010), é uma grande solidariedade, constituída pelo sentimento dos sacrifícios que fizeram e

daqueles que estão dispostos a fazer ainda, supõe um passado e se resume no presente ao

desejo exprimido de continuar a vida comum.

O projeto da exposição “O Nu e o Vestido” destaca o processo de retomada das

identidades e a questão da diversidade cultural indígena. Sobre a diversidade, ele aponta a

existência de 150 povos indígenas no Brasil, falando mais de 100 línguas diferentes. Um

conjunto de indivíduos que formam uma população de mais de 230 mil pessoas.

O processo de retomada das identidades ou “etnogênese” foi um dos pontos-chave

discutidos pela exposição. Os índios protagonistas desse fenômeno, que se desenvolve tanto

no Brasil quanto no exterior desde a década de 1970, possuem uma inesgotável capacidade

para redefinir suas identidades e diferenças em meio à complexa interação com outros grupos

e com os Estados-nações, englobando tanto a emergência de novas identidades como a

reinvenção de etnias já reconhecidas (NAVARRETE apud OLIVEIRA, 1998; MARTINS,

2009).

Dessa forma, a exposição “O Nu e o Vestido” traçou um breve relato sobre as

experiências de emergência étnica vivenciadas pelos índios do Brasil:

Muitos grupos estão retomando suas tradições e reavivando sua identificação

étnica: é o caso dos Tupiniquim do Espírito Santo, dos Guató de Mato

Grosso e de muitos grupos indígenas do Nordeste, entre os quais os Xocó da

Ilha de São Pedro aqui em Sergipe (O NU E O VESTIDO, 1982, p. 2).

Portanto, o indigenismo praticado pela CPI/SE através da exposição “O Nu e o

Vestido” indicou que, nos contextos de contatos interétnicos entre os índios e a sociedade

nacional, houve o fortalecimento e a produção de novas identidades, além da homogeneização

cultural dos povos indígenas como estratégia para a manutenção da sua existência enquanto

grupos diferenciados.

Considerações finais

Lançada em 1982 e organizada pelos membros da CPI/SE, a exposição “O Nu e o

Vestido” tinha o objetivo de introduzir a discussão sobre a diversidade dos índios brasileiros e

o contato com a civilização.

A natureza educativa estava explícita na exposição. Seus idealizadores vislumbravam

a fotografia como ferramenta capaz de divulgar os conhecimentos acadêmicos sobre os povos

indígenas ao público mais amplo. Através do aperfeiçoamento na formação de alunos e

professores de 1º e 2º graus, a CPI/SE se consolidou como mediadora do problema indígena

diante do público sergipano.

A partir do indigenismo praticado pela CPI/SE, a exposição discutiu a relação entre

povos indígenas e a sociedade nacional, processo que acabou gerando a homogeneização das

culturas, o fortalecimento e emergência de novas identidades indígenas.

Nesse artigo, analisamos a importância da exposição “O Nu e o Vestido” como

instrumento de mediação entre as questões indígenas e a opinião pública e identificamos o

tipo de indigenismo praticado pela CPI/SE por meio da análise dos discursos presentes nos

documentos da exposição.

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