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1. Introdução Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos 1.1. I 1.1. ISQUÉMIA SQUÉMIA C CEREBRAL EREBRAL O cérebro requer um fornecimento contínuo de oxigénio e glucose para manter a sua função (Nisticò et al., 2008). A actividade neuronal depende principalmente da disponibilidade de oxigénio e glucose e requer o aprovisionamento contínuo destes (Eschke et al., 2001; Pedersen et al., 1998). A hipóxia é definida como uma diminuição na concentração de oxigénio no tecido ou no meio tecidual, abaixo do normal. A isquémia é definida como uma diminuição do fluxo sanguíneo para o tecido, que impede a distribuição adequada de oxigénio e glucose e outros nutrientes (Para revisão ver Sharp et al., 2004). A anóxia pode ser definida como sendo privação total de oxigenação do cérebro (Centeno et al., 1999). A hipóxia e a isquémia, de duração ou severidade suficientes, podem alterar a função neuronal e a morfologia das células, o que pode levar à lesão celular ou mesmo morte celular (Eschke et al., 2001). Dados experimentais e clínicos sugerem que a privação de oxigénio e/ou glucose altera a produção de energia no cérebro e gera radicais livres, que podem levar à morte neuronal (Pedersen et al., 1998). Na isquémia cerebral (Fig. 1.1), os danos provocados ao cérebro são causados pela redução ou bloqueio completo do fluxo sanguíneo para as regiões do cérebro, resultando em deficiência de oxigénio e glucose (Para revisão ver Zemke et al., 2004). Desta forma, o acidente vascular cerebral (AVC) ou enfarte é definido como a morte da maioria ou mesmo de todas as células do tecido, ou seja, no cérebro corresponde à morte de neurónios, células da glia, e outras células, incluindo muitas vezes as próprias células vasculares (Para revisão ver Sharp et al., 2004). O AVC isquémico agudo é uma das principais causas de mortalidade e aproximadamente 80% dos acidentes vasculares cerebrais - 1 -

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1. Introdução Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

1.1. I1.1. ISQUÉMIASQUÉMIA C CEREBRALEREBRAL

O cérebro requer um fornecimento contínuo de oxigénio e glucose para manter a sua função (Nisticò et al., 2008). A actividade neuronal depende principalmente da disponibilidade de oxigénio e glucose e requer o aprovisionamento contínuo destes (Eschke et al., 2001; Pedersen et al., 1998).

A hipóxia é definida como uma diminuição na concentração de oxigénio no tecido ou no meio tecidual, abaixo do normal. A isquémia é definida como uma diminuição do fluxo sanguíneo para o tecido, que impede a distribuição adequada de oxigénio e glucose e outros nutrientes (Para revisão ver Sharp et al., 2004). A anóxia pode ser definida como sendo privação total de oxigenação do cérebro (Centeno et al., 1999).

A hipóxia e a isquémia, de duração ou severidade suficientes, podem alterar a função neuronal e a morfologia das células, o que pode levar à lesão celular ou mesmo morte celular (Eschke et al., 2001). Dados experimentais e clínicos sugerem que a privação de oxigénio e/ou glucose altera a produção de energia no cérebro e gera radicais livres, que podem levar à morte neuronal (Pedersen et al., 1998).

Na isquémia cerebral (Fig. 1.1), os danos provocados ao cérebro são causados pela redução ou bloqueio completo do fluxo sanguíneo para as regiões do cérebro, resultando em deficiência de oxigénio e glucose (Para revisão ver Zemke et al., 2004). Desta forma, o acidente vascular cerebral (AVC) ou enfarte é definido como a morte da maioria ou mesmo de todas as células do tecido, ou seja, no cérebro corresponde à morte de neurónios, células da glia, e outras células, incluindo muitas vezes as próprias células vasculares (Para revisão ver Sharp et al., 2004). O AVC isquémico agudo é uma das principais causas de mortalidade e aproximadamente 80% dos acidentes vasculares cerebrais são causadas por acidente vascular cerebral isquémico (Para revisão ver Dong et al., 2008).

A lesão celular isquémica tem sido implicada em complicações após vários tipos de cirurgia. Os procedimentos cirúrgicos muitas vezes envolvem a interrupção temporária ou permanente de fornecimento de sangue para as células ou tecidos e, assim, poderão induzir a dano celular isquémico (Yuan et al., 2004).

O cérebro é particularmente vulnerável à isquémia (Lee et al., 2000), nomeadamente, o cérebro adulto é extremamente vulnerável a diversos insultos (Nakatomi et al., 2002). A interrupção total do fluxo sanguíneo para o cérebro durante apenas 5 minutos provoca a morte de neurónios vulneráveis em diversas regiões cerebrais, enquanto que, 20-40 minutos de isquémia são necessários para matar os miócitos cardíacos ou as células de rins (Lee et al., 2000).

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Fig.1.1. Representação esquemática, de forma simplificada, da isquémia cerebral, e consequente indução da cascata que leva à disfunção sináptica. A privação de energia após insulto isquémico promove uma libertação exagerada de neurotransmissores excitatórios que, por sua vez, sobre-estimulam os receptores de glutamato, com consequente acumulação de cálcio citosólico. Este inicia a via de sinalização que promove a disfunção mitocondrial e posterior disfunção sináptica. DAG- diacilglicerol; STP - via de transdução de sinal; Cyt c – Citocromo c (Adaptado de Pérez - Pinzón, 2007).

Evidências recentes sugerem que os neurónios neocorticais e do hipocampo são particularmente sensíveis à hipóxia ou à isquémia. Em parte, a proeminente vulnerabilidade do tecido cerebral aos danos isquémicos reflecte-se pela sua elevada taxa metabólica. Embora, o cérebro humano represente apenas 2,5% do peso corporal é responsável por 25% do metabolismo basal. A sua taxa metabólica é 3,5 vezes superior comparada com o cérebro de outras espécies de primatas. Além disso, os neurónios centrais apresentam uma dependência exclusiva de glucose como substrato enérgico e as reservas de glucose ou glicogénio no cérebro são limitadas. No entanto, nos últimos 15 anos surgiram evidências que indicam que as considerações energéticas e as limitações do substrato energético não são as únicas responsáveis pela elevada vulnerabilidade do cérebro à isquémia. Pelo contrário, parece que os mecanismos de sinalização intracelular e intercelular intrínsecos do cérebro, normalmente responsáveis pelo processamento da informação, tornam-se nocivos em condições isquémicas, acelerando a falha de energia e activando as vias subjacentes à morte celular isquémica em todos os tecidos, incluindo a produção de radicais livres, a activação de enzimas catabólicas, ruptura da membrana plasmática, apoptose e inflamação (Lee et al., 2000).

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Relativamente aos mecanismos de lesão após a isquémia , a isquémia cerebral pode ser transitória e seguida de reperfusão, ou essencialmente permanente. Uma região do cérebro pode ser afectada, como ocorre durante um derrame cerebral arterial ou venoso, ou o todo o cérebro pode tornar-se globalmente isquémico, como ocorre durante uma paragem cardíaca (Lee et al., 2000).

Eschke et al. (2001) sugerem que principalmente os mecanismos pré-sinápticos são os que protegem os neurónios das alterações causadas pela hipóxia, ao inibir a libertação de neurotransmissores.

1.2. D1.2. DIFERENTESIFERENTES TIPOSTIPOS DEDE P PRÉRÉ--CONDICIONAMENTOCONDICIONAMENTO

O pré-condicionamento é definido como a obtenção de um estado de protecção celular, tecidual ou do organismo como um todo através da exposição a insultos subletais que conferem, assim, certa tolerância a um insulto letal posterior (Dirnagl et al., 2003).

Existe uma série de tipos de pré-condicionamento que têm vindo a ser estudados no: cérebro, coração, retina, fígado, rins e outros órgãos. Alguns desses estudos utilizam o pré-condicionamento isquémico (IPC), onde o fluxo sanguíneo é reduzido temporariamente antes de um insulto isquémico que normalmente produz enfarte. O pré-condicionamento hipóxico tem sido descrito no cérebro, coração, retina e outros tecidos. Outros tipos de pré-condicionamento foram descritos in vivo e in vitro, incluindo indução de hipertemia e hipotermia ou pré-condicionamento químico através do bloqueio do ciclo de krebs ou da cadeia respiratória, aplicação de glutamato, ácido linoléico, eritropoietina (ERO), factor de necrose tumoral (TNF), ceramida, desferroxamina e cobalto, isoflurano, trombina e outros (Para revisão ver Sharp et al., 2004).

1.2.1. 1.2.1. PPRÉRÉ--CONDICIONAMENTOCONDICIONAMENTO I ISQUÉMICOSQUÉMICO (IPC) (IPC)

Numerosos estudos têm demonstrado que breves períodos não neurotóxicos de isquémia são capazes de reduzir os efeitos nocivos perante um insulto isquémico posterior letal (de maior duração) no coração, cérebro e em outros órgãos. Esta protecção endógena desenvolvida é conhecida como pré-condicionamento isquémico (IPC) (Centeno et al., 1999; Dirnagl et al., 2003; Gage and Staton, 1996; Hassen et al., 2004; Pérez-Pinzón et al., 1996; Pérez-Pinzón et al., 1997; Xu et al., 2002; Yuan et al., 2004).

O pré-condicionamento, através de insultos isquémicos subletais, pode ter um impacto clínico significativo, uma vez que, certos procedimentos cirúrgicos podem exigir, ou produzir, vários períodos de isquémia cerebral (Pérez-Pinzón et al., 1996). A privação de oxigénio é determinante para a indução de pré-

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condicionamento (Fernández et al., 2008). Pensa-se que a falha de produção de energia que ocorre durante a isquémia seja o factor chave na indução do pré-condicionamento isquémico (Dirnagl et al., 1993).

O IPC tem sido descrito em muitos tecidos, incluindo o coração, cérebro, fígado e trato gastrointestinal (Para revisão ver Huang, 2004).

O IPC é uma condição intrínseca de adaptação que resulta em tolerância, em órgãos diferentes, quando são submetidas a leves insultos isquémicos antes de um insulto isquémico letal (Pérez-Pinzón, 2004;Raval et al., 2003). Vários estudos em animais e humanos demonstraram claramente a capacidade do IPC para proteger os órgãos contra a lesão isquémica (Dirnagl et al., 2003; Raval et al., 2006).

No cérebro, o IPC induz neuroprotecção robusta contra a isquémia na região CA1 do hipocampo em modelos in vivo e in vitro (Lange-Assehenfeldt et al., 2004; Pérez-Pinzón et al., 1997; Raval et al., 2003).

A protecção induzida pelo IPC apresenta duas fases temporais (Fig. 1.2): fase aguda (momentânea e transitória) e fase tardia (prolongada) (Atochin et al., 2002), com base no intervalo de tempo decorrido entre os episódios de pré-condicionamento e o insulto isquémico (Para revisão ver Huang, 2004).

A fase aguda aparece poucos minutos após um estímulo pré-condicionante, mantém-se por algumas horas e, geralmente, é mediada por alterações das funções de proteínas que já existem (Atochin et al., 2002; Nandagopal et al., 2001) e não requer a síntese de proteínas, devido ao inicio rápido da neuroprotecção (Yuan et al., 2004).

A fase tardia desenvolve-se algumas horas após um evento de pré-condicionamento, pode manter-se por vários dias e muitas vezes requer a síntese de novas proteínas (Atochin et al., 2002; Nandagopal et al. 2001).

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Fig. 1.2. Mediadores de neuroprotecção e tolerância. O pré-condicionamento isquémico ocorre em duas fases temporais distintas: aguda e tardia. A estimulação dos A1Rs e A3Rs resultam na activação da PKC, p38 MAPK, bem como, na abertura dos canais de KATP na fase aguda. NO a partir de activação da eNOS também contribuiu para a regulação dos canais de KATP. A fase tardia de pré-condicionamento pode envolver activação da PKC a partir dos ARs, eNOS forma NO, e peroxinitrito (ONOO-) o qual pode activar também a PKC. A PKC envolve uma complexa cascata de sinalização (Adaptado de Nandagopal et al., 2001).

A protecção conferida pelo IPC tardio dura mais tempo do que o IPC agudo. Em muitos modelos de IPC tardio, a síntese de novas proteínas é necessária, o que sugere que as subsequentes alterações na expressão genética são a razão pela demora do IPC de fase tardia. No entanto, é evidente que algumas alterações na expressão genética ocorrem extremamente rápido, por isso, pode haver uma considerável sobreposição nos mecanismos de IPC de fase aguda e tardia, coincidindo entre si no desenvolvimento de neuroprotecção – tolerância isquémica (Atochin et al., 2002; Para revisão ver Huang, 2004).

E ESTUDOSSTUDOS P PRÉVIOSRÉVIOS SOBRESOBRE IPC IPC

Kitagawa et al. (1990) utilizaram um modelo de isquémia global in vivo em gerbos e observaram que a oclusão de duas artérias por 5 minutos, provoca danos nos neurónios da região CA1 do hipocampo. Comprovaram que se a isquémia global for precedida de dois episódios de isquémia transitória, cada um com duração de 2 minutos, há menos danos neuronais na região CA1, o que sugere os breves

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episódios de isquémia resultam em protecção. A isquémia letal foi produzida 24 horas após pré-condicionamento. A protecção foi observada 1-2 dias mais tarde, constituindo um exemplo de IPC de fase tardia. O efeito do IPC dura vários dias.

Liu et al. (1992) testaram no rato se o IPC protege contra danos neuronais após subsequente insulto isquémico letal. Um IPC de 3 minutos, seguidos de 3 dias de reperfusão, protegeu contra os danos neuronais na região CA1 do hipocampo, após 6 minutos e 8 minutos de insulto isquémico, mas não protegeu após 10 minutos de insulto isquémico. Concluíram que o resultado sugere fortemente que a resposta ao stress induzido pela isquémia subletal protege contra danos cerebrais isquémicos. Também em ratos, Heurteaux et al. (1995) demonstraram que o pré-tratamento com um insulto isquémico não letal (3 minutos) protege o hipocampo de ratos adultos contra o dano neuronal provocado por um insulto isquémico posterior (6 minutos de isquémia). O intervalo entre os insultos isquémicos é um factor determinante, uma vez que, a indução de 3 minutos de isquémia seguidos de 6 minutos de isquémia, apenas com 1 hora de intervalo, causa a destruição de quase todas as células piramidais da região CA1. Em contraste, o dano neuronal na região CA1 pode ser prevenido quando o intervalo entre os dois insultos isquémicos for de 3 dias. Desta forma, o IPC confere protecção de quase 100% do dano provocado pela isquémia em CA1 (Heurteaux et al., 1995).

Utilizando fatias de hipocampo, Gage and Staton (1996) demonstraram que o IPC (5minutos) impediu a diminuição da transmissão sináptica induzida por privação de oxigénio e glucose (POG) prolongada (15 minutos). Este efeito foi eliminado quando o IPC e subsequente reoxigenação ocorreu na presença de inibidores da síntese de proteínas activas nas fases de transcrição e tradução. Usaram actinomicina D para inibir a transcrição génica e cicloheximida para inibir a síntese proteíca, respectivamente. Centeno et al. (1999) demonstraram também que, em fatias de hipocampo, 3 pequenos insultos subletais antes do insulto isquémico letal, conferia neuroprotecção.

Utilizando fatias organotípicas de hipocampo, Xu et al. (2002) comprovaram in vitro que, um insulto subletal isquémico in vitro protege contra a morte celular neuronal produzida por um insulto isquémico letal. Concretamente a aplicação de IPC de 15 minutos confere robusta neuroprotecção contra uma POG de 40 - 45 minutos, com intervalo de 48 horas entre os insultos (Lange-Asschenfeldt et al., 2004; Raval et al., 2003; Raval et al., 2006; Xu et al., 2002).

Raval et al. (2006) observaram que o intervalo de tempo para a indução de neuroprotecção, conferido pelo IPC, durou 96h.

Hassen et al. (2004) demonstraram in vitro que, em cultura de fatias de ratos adultos in vitro, um tratamento de 5 minutos de POG não é neurotóxico, enquanto, 10 minutos de tratamento com POG é altamente neurotóxico. Comprovaram que o tratamento com POG durante 5 minutos induz uma falha de

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produção de energia rápida e reversível nas culturas de fatias. Também demonstraram que o pré-condicionamento com 5 minutos de POG protege contra o subsequente tratamento com POG durante 10 minutos, realizado 24 horas após IPC.

Raval et al., (2006) verificaram que o intervalo de tempo para a indução de neuroprotecção, conferido pelo IPC, durou 96h. Demonstraram que 15 minutos de IPC, seguidos de 48 horas de reperfusão, induziram tolerância isquémica perante o teste isquémico (40 minutos de POG) em fatias organotípicas de hipocampo (Lange-Asschenfeldt et al., 2004; Raval et al., 2003; Xu et al., 2002).

1.2.2. 1.2.2. PPRÉRÉ--CONDICIONAMENTOCONDICIONAMENTO Q QUÍMICOUÍMICO (CPC) (CPC)

Um dos principais objectivos do estudo das vias envolvidas no IPC é a possibilidade de delinear novas terapias que permitem imitar o IPC farmacologicamente. Uma variedade de diferentes moléculas imita o IPC, tais como: sulfonilureias, anestésicos voláteis, levosimendan, eritropoietina, opioides, e estrogénio, entre outros (Dirnagl et al., 2003).

1.2.2.1. 1.2.2.1. AADENOSINADENOSINA EE OO S SISTEMAISTEMA N NERVOSOERVOSO

A Adenosina é um ribonucleósido constituído por uma base púrica (adenina) ligada a uma pentose (D-ribose). A adenosina é um nucleósido endógeno que modula diversos processos fisiológicos (Para revisão ver Feoktistov and Biaggioni, 1997). A adenosina modula a proliferação, sobrevivência e apoptose de muitos tipos diferentes de células, desde células epiteliais, endoteliais e células do músculo liso, a células de linhagens imunitárias e neuronais (Para revisão ver Jacobson et al., 1999). Desta forma, a adenosina é um mediador biológico potente que afecta numerosos tipos de células, incluindo células neuronais, plaquetas, neutrófilos e células do músculo liso (Para revisão ver Daval et al., 1991). A adenosina está envolvida em funções cruciais no sistema nervoso, tais como: neuromodolução da transmissão sináptica e neuroprotecção (Para revisão ver Dunwiddie and Masino, 2001).

A adenosina é libertada de células metabolicamente activas por difusão facilitada ou é gerada por degradação do ATP libertado no espaço extracelular (Para revisão ver Daval et al., 1991). O nucleósido adenosina é rapidamente formado durante a isquémia, como resultado da degradação intracelular de ATP e é posteriormente transportado para o espaço extracelular. Observou-se, assim, um aumento maciço de adenosina intersticial durante a isquémia, em diferentes áreas cerebrais (Rudolphi et al., 1992).

A adenosina é libertada para o meio extracelular em diversas situações, quer fisiológicas quer patológicas. A adenosina extracelular exerce os seus efeitos após

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activação de diferentes tipos de receptores localizados na membrana celular. A sua acção é mediada pela interacção com receptores específicos da membrana celular. Através da activação dos receptores específicos acoplados à proteína G presentes na superfície das células, a adenosina extracelular actua como neuromoduladora e reguladora parácrina e autócrina em vários órgãos e tecidos (para revisão ver Feoktistov and Biaggioni, 1997; Jacobson et al., 1999). A adenosina desempenha uma função parácrina porque é libertada em resposta ao stress isquémico e activa as células vizinhas dos locais da sua libertação (Fernández et al., 2008). Estão descritos 4 tipos de receptores da adenosina, acoplados a proteínas G, classificados como: A1, A2A, A2B e A3, sendo identificados por A1R, A2AR, A2BR e A3R (Para revisão ver Feoktistov and Biaggioni, 1997; Para revisão ver Jacobson et al., 1999).

O hipocampo é uma região do cérebro particularmente vulnerável aos insultos isquémicos, e a adenosina, principalmente por activação inibitória dos A1R, que desempenham um importante papel neuroprotector, reduz o dano neuronal provocado por hipóxia/isquémia (Rudolphi et al., 1992).

A adenosina é conhecida por actuar como neuromoduladora por inibir a transmissão sináptica (> 75%) no sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (Dunwiddie and Diao, 1994; Kurkley et al., 2005; Storr et al., 2002). A adenosina inibe a transmissão sináptica através da activação inibitória dos A1R, mas também pode facilitar a transmissão sináptica através da activação dos A2AR (Sebastião and Ribeiro, 1996; Para revisão ver Cunha, 2005). A adenosina inibe a adesão leucocitária, diminui a expressão de moléculas de adesão e inibe neutrófilos e a função plaquetária. Também, inibe a produção de radicais livres, que são mediadores importantes do dano celular durante a fase inicial da lesão isquémica.

A adenosina é neuroprotectora em condições tais como: hipóxia, isquémia e lesão cerebral, onde além da libertação de glutamato observa-se aumento dos níveis extracelulares de adenosina (Latini and Pedata, 2001). Parece provável que os níveis elevados de adenosina podem funcionar como uma adaptação fisiológica para limitar o dano nos tecidos, independentemente dos processos de transdução envolvidos (Fatokun et al., 2008).

O hipocampo apresenta elevada densidade de A1R (Fig. 1.4) e apresenta vulnerabilidade específica à isquémia (Rudolphi et al., 1992). Em diferentes modelos in vivo e in vitro de isquémia cerebral, a manipulação farmacológica do sistema adenosinérgico por antagonistas de ARs, tendem a agravar a lesão cerebral isquémica, ao passo que, o reforço da acção por agonistas dos AR ou inibidores da recaptação celular e inactivação, mostraram neuroprotecção (Rudolphi et al., 1992).

1.2.2.1.1. O1.2.2.1.1. ORIGEMRIGEM EE R REGULAÇÃOEGULAÇÃO DADA A ADENOSINADENOSINA E EXTRACELULARXTRACELULAR

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Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

A adenosina é sintetizada a partir do AMP tanto no meio intracelular como no meio extracelular (Fig. 1.3) através da acção de uma família de enzimas conhecidas como 5'-nucleotidases. Em tecidos de mamíferos há, pelo menos, quatro diferentes formas da enzima 5'-nucleotidase descritas. Todas apresentam diferentes propriedades moleculares e bioquímicas, sendo duas ectoenzimas, as quais estão inseridas na superfície da membrana e duas enzimas citosólicas (Para revisão ver Dunwiddie and Masino, 2001; Para revisão ver Latini and Pedata, 2001).

A adenosina pode atingir o espaço extracelular através da degradação de nucleotídos de adenina, como o ATP, ADP (difosfato de adenosina) libertados e que são convertidos em AMP e finalmente em adenosina por acção de ecto-nucleotidases. Além disso, a adenosina produzida intracelularmente pode sofrer translocação através de um transportador bidireccional (Para revisão ver Dunwiddie and Masino, 2001; Para revisão ver Latini and Pedata, 2001).

Outra possível fonte de adenosina no SNC é via libertação de AMPc para o meio extracelular através de um transportador dependente de energia não específico. O AMPc é convertido a AMP pela ectofosfodiesterase (Ecto-PDE) no meio extracelular (Para revisão ver Dunwiddie and Masino, 2001; Para revisão ver Latini and Pedata, 2001).

A adenosina pode ainda ser formada pela hidrólise da S-adenosilhomocisteína (SAH) pela enzima hidrolase da SAH, gerando adenosina e homocisteína a partir da SAH. Acredita-se que em condições normais, a maior fracção de adenosina é originada a partir da SAH. Contudo, em condições de hipóxia, isquémia e stress metabólico, a adenosina é derivada principalmente da acção da 5'-nucleotidase. Por outro lado, estudos demonstraram que um inibidor selectivo da hidrolase SAH (adenosina-2,3-dialdeído), não influenciou a libertação de adenosina tanto em condições normais como em condições de isquémia, indicando que esta via não apresenta uma contribuição significativa na produção de adenosina no cérebro (Para revisão ver Dunwiddie and Masino, 2001; Para revisão ver Latini and Pedata, 2001).

A remoção de adenosina extracelular ocorre em parte pela recaptação através do transportador bidireccional, sofrendo fosforilação a AMP pela enzima cinase de adenosina (AK) e outra parte pela degradação a inosina pela enzima desaminase da adenosina (ADA). Embora, a desaminase da adenosina seja principalmente encontrada no meio citosólico, foi descrito, em vários tecidos, inclusive no cérebro, na forma de uma ectoenzima. Inibidores da adenosina desaminase, como por exemplo, eritro-9-(2-hidroxi-3-nonil) adenosina (EHNA), aumentam a concentração extracelular de adenosina em diferentes condições experimentais. A maior parte da degradação de adenosina é, no entanto, intracelular, pelo que inibidores de transportadores da adenosina, como o dipiridamol, também aumentam a concentração intersticial de adenosina. Os

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transportadores são classificados em duas categorias: transportadores equilibradores de nucleósidos, o qual transporta tanto purinas e pirimidinas em ambas as direcções, segundo o gradiente de concentração; e transportadores concentradores de nucleosídos, aqueles que medeiam o influxo de nucleosídos acoplados ao gradiente de sódio transmembranar. No SNC, o transportador equilibrador de nucleósidos parece ser dominante. Estes tipos de transportadores são classificados quanto à sua sensibilidade a um inibidor selectivo, a nitrobenziltioinosina (NBMPR). O transportador equilibrador-sensível (es) é inibido por baixas concentrações (nM), ao passo que o transportador equilibrador-insensível (ei) é inibido por altas concentrações (μM). O dipiridamol inibe de forma mais potente os transportadores es que os transportadores ei. Contudo, em tecido de ratos, ambos os transportadores de nucleósidos exibem igual sensibilidade à inibição causada pelo dipiridamol (Para revisão ver Dunwiddie and Masino, 2001; Para revisão ver Latini and Pedata, 2001).

Fig. 1.3. Metabolismo e transporte da adenosina, com indicação dos locais de acção de vários inibidores de enzimas. ADA – Desaminase de adenosina; AK – Cinase de adenosina; AOPCP - , - metileno ADP; DCF – deoxicoformicina; EHNA - eritro-9-(2-hidroxi-3-nonil) adenosina; es - transportador de nucleósidos equilibrador-sensível; ei – transportador de

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Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

nucleósidos equilibrador-insensivel; 5-IT – Iodotubercidina; NBMPR – Nitrobenziltioinosina; PDE – Fosfodiesterase de AMPc; SAH – S-Adenosilhomocisteína (Adaptado de Latini and Pedata, 2001).

1.2.2.1.2. T1.2.2.1.2. TIPOSIPOS DEDE RECEPTORESRECEPTORES DEDE A ADENOSINADENOSINA: A: A11R, AR, A2A2AR, AR, A2B2BR R EE A A33RR

Quatro subtipos de receptores de adenosina acoplados à proteína G foram clonados até à data: A1, A2A, A2B e A3. Os subtipos dos receptores A2A e A2B

estimulam a ciclase do adenililo após activação e os receptores A1 e A3 são inibidores da ciclase do adenilo e também activam a fosfolipase C (Tucker et al, 1994; Eschkle et al., 2001). Cada tipo de receptor possui uma acção característica e é activado por diferentes concentrações de adenosina, mediando diferentes acontecimentos. A concentração de adenosina no meio extracelular, sob diferentes condições, é a que determina a activação de um ou outro tipo de receptor de adenosina (Para revisão ver Dunwiddie and Masino, 2001; Para revisão ver Fredholm et al., 2000).

De uma forma geral, os receptores A1 e A2A de adenosina são receptores de elevada afinidade pelo ligante, enquanto que, os A2BRs apresentam baixa afinidade e os A3Rs não são muito expressos nos tecidos, embora apresentem elevada afinidade (Para revisão ver Dunwiddie and Masino, 2001).

A adenosina é neuromoduladora, actuando através dos receptores inibitórios A1Rs, mais abundantes, e através dos menos abundantes mas comuns A2ARs (Para revisão ver Cunha, 2005). É comum assumir que os A1Rs desempenham um papel fundamental na neuroprotecção, uma vez que diminuem a libertação de glutamato e promovem a hiperpolarização neuronal. De facto, a activação dos A1Rs no inicio da lesão neuronal atenua os danos neuronais, enquanto que, o seu bloqueio agrava as lesões neuronais em animais adultos. No entanto, durante situações de doenças crónicas ocorre uma diminuição na regulação dos A1Rs centrais (Para revisão ver Cunha, 2005).

A activação dos A1R pela adenosina endógena desempenha uma acção neuroprotectora sob várias condições patofisiológicas incluindo a hipóxia (Eschke et al., 2001). Ao nível do sistema nervoso, a activação dos receptores A1 reduz a libertação de diversos neurotransmissores e diminui a excitabilidade neuronal, exercendo também um efeito neuroprotector face a diversas situações de stress. Os receptores A1 da adenosina estão acoplados negativamente à ciclase do adenililo via proteínas Gi/o, podendo no entanto accionar outras vias de segundo mensageiro (Para revisão ver Picano and Abbracchio, 2000; Sebastião and Ribeiro, 2000). Ao nível do sistema nervoso central, a concentração de receptores A1 é mais elevada

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ao nível do hipocampo (Fig. 1.4), constituindo assim esta região um bom modelo para o estudo destes receptores.

A distribuição dos diferentes tipos de receptores de adenosina no cérebro é representada na Fig. 1.4. O receptor A1 é o mais abundante no cérebro e é altamente expresso no córtex, cerebelo, hipocampo e coluna vertebral. Estes receptores são encontrados tanto no neurónio pré- como no pós-sináptico (Para revisão ver Ribeiro et al., 2003). Os receptores A2A são expressos, abundantemente, nos gânglios basais de várias espécies, incluindo humanos (Para revisão ver Fredholm, 2001).

Os receptores A2A são expressos em neurónios GABAérgicos do estriado e bolbo olfactivo, sendo expressos em baixos níveis noutras áreas do cérebro. Os receptores A2B possuem baixos níveis de expressão no cérebro. O A3R aparentemente apresenta níveis de expressão intermédios no cerebelo e hipocampo humano e baixos níveis na maior parte do cérebro. Os receptores de adenosina estão também presentes no sistema nervoso periférico (Para revisão ver Ribeiro et al., 2000).

Fig. 1.4. Distribuição dos receptores de adenosina de elevada afinidade (A1, A2A e A3 humanos) nas principais regiões do sistema nervoso central, onde a adenosina

tem sido proposta interferir com disfunções cerebrais e algumas patologias (Adaptado de Ribeiro et al., 2003).

Agonistas e Antagonistas dos AAgonistas e Antagonistas dos A11RsRs

Na Fig.1.5 estão representadas as estruturas químicas da adenosina, bem com a do agonista estável e selectivo (CPA: N6 - ciclopentiladenosina) e antagonista selectivo (DPCPX: 8-ciclopentil-1,3-dipropilxantina) dos A1Rs da adenosina.

Agonista selectivo A1 Antagonista selectivo de A1

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ADENOSINA CPA

DPCPX

Fig. 1.5. Estruturas moleculares da Adenosina, CPA e DPCPX (Adaptado de Eschke et al., 2001; Feoktistov and Biaggioni, 1997; Jacobson et al., 1999).

1.2.3. 1.2.3. RRELAÇÃOELAÇÃO ENTREENTRE IPC IPC EE A ACTIVAÇÃOCTIVAÇÃO DOSDOS A A11RRSS

Uma série de mecanismos e moléculas têm sido relacionadas com vários tipos de pré-condicionamento. Estes incluem: receptores A1 de adenosina (A1Rs), canais de potássio dependentes de ATP (KATP), factor nuclear B (NFB), factor de crescimento endotelial vascular (VEGF), eritropoietina (EPO), NOS, factor indutor de hipóxia (HIF), N-metil-D-aspartato (NMDA), MnSOD (Dismutase do superóxido dependente de manganês), TNF, glicogénio, lactato, e outros (Para revisão ver Sharp et al., 2004).

Heurteaux et al. (1995) investigaram, em ratos adultos, se o mecanismo endógeno de protecção durante a isquémia cerebral repetitiva poderia ser desencadeado pela activação de A1Rs. Utilizaram um antagonista de elevada afinidade do receptor A1 (DPCPX - 8-ciclopentil-1,3-dipropilxantina), bem como, um agonista (CPA: N6 – ciclopentiladenosina). Constataram que o DPCPX (1mg/kg) bloqueou os efeitos benéficos conferidos pelo IPC, enquanto, a CPA (1mg/kg) protegeu o cérebro, mas não tão bem como o obtido pelo IPC. A CPA conferiu apenas 70% da protecção neuronal, aplicada 15 minutos antes do primeiro insulto isquémico (não letal), após 3 dias de reperfusão. Assim sendo, os resultados obtidos por Heurteaux et al. (1995) sugerem assim, que durante o insulto isquémico não letal (IPC) causou libertação de adenosina (através da proteína G) e que a activação resultante dos A1Rs activa os canais de KATP, o que confere neuroprotecção contra o insulto isquémico letal (70% de neuroprotecção). Sugerem que o IPC também deve activar mecanismos adicionais de protecção para explicar a diferença de 30% obtida entre o IPC e o tratamento com CPA (CPC). Assim sendo, Heurteaux et al. (1995) comprovou o papel da adenosina no IPC (rápido).

Pérez-Pinzón et al. (1996) estudaram se o pré-condicionamento anóxico envolvia os A1R. Diversas moléculas sinalizadoras foram implicadas no IPC, incluindo a activação da proteína cinase C (PKC), canais KATP, PI 3-cinase, receptores de adenosina e receptores de glutamato (Dirnagl et al., 2003).

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Centeno et al. (1999) demonstraram que a adenosina e canais de KATP estão envolvidos nos mecanismos de IPC de fase aguda em fatias de hipocampo de ratos. Demonstraram que activação dos A1Rs induz a abertura de canais de K+ para promover a protecção do ATP.

Reshef et al. (2000) mostraram que a neuroprotecção conferida pelo pré-condicionamento é iniciada por activação dos receptores de adenosina, sendo mediada através da activação de PKC em culturas primárias de neurónios de ratos.

A activação dos receptores NMDA estimula a activação da ecto-5’-nucleotidase, que por sua vez, degrada a adenosina-5´-monofosfato (AMP) a adenosina, aumentando os níveis intracelulares de adenosina. A activação dos A1Rs pela adenosina inibe a excitabilidade neuronal, reduz o influxo de Ca2+ e inibe a libertação de aminoácidos excitatórios como glutamato e aspartato, contribuindo assim para a obtenção de um estado neuroprotecção (Boeck et al., 2007).

EESTUDOSSTUDOS DESENVOLVIDOSDESENVOLVIDOS PORPOR OUTROSOUTROS INVESTIGADORESINVESTIGADORES SOBRESOBRE A ADENOSINADENOSINA EE CPA CPA

Cunha et al. (1995) observou que em ratos adultos (24 meses de idade) ocorre diminuição A1Rs (33%) nas membranas do hipocampo, o que sugere uma menor capacidade da adenosina em modular a transmissão sináptica no hipocampo de ratos adultos. No entanto, o número de receptores é apenas um dos parâmetros que controlam a resposta a uma substância (Sebastião et al., 2000).

Em 1996, Pérez-Pinzón et al. descobriram que os receptores de adenosina podem mediar o pré-condicionamento anóxico (APC) em fatias de hipocampo. Comprovaram que o DPCPX (antagonista do A1R) bloqueia o APC. Por outro lado, a adenosina e a 2-Cado (2- Cloroadenosina, agonista do A1R) fornecem protecção semelhante à produzida pelo APC. Apesar da 2-CADO apresentar maior selectividade para o subtipo de receptores A1 que os A2, a concentração utilizada (10M) provavelmente activou ambos os receptores. Além disso, o bloqueio do pré-condicionamento anóxico pela DPCPX 5M sugere que a neuroprotecção envolve os receptores de adenosina do tipo A1 mas não rejeita o papel de outros factores, tais como, a activação dos A2Rs e A3Rs. Assim, tais resultados proporcionam suporte a pesquisas anteriores, que sugerem o envolvimento de receptores de adenosina no IPC no coração e cérebro.

Sebastião et al. (2000) investigaram especificamente se o papel neuromodulador dos A1Rs está modificado na transmissão sináptica no hipocampo de ratos adultos (24 meses) compartivamente a ratos jovens (6 semanas). Devido ao papel predominante dos A1Rs na resposta sináptica à hipóxia, Sebastião et al. (2000) também compararam a capacidade da adenosina endógena para mediar a diminuição da transmissão sináptica, durante a hipóxia, de ratos jovens e adultos. Com base nos resultados obtidos, concluíram que, em fatias de hipocampo de ratos

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adultos, a eficiência dos A1Rs em modular a transmissão sináptica está reduzida, mas tal facto pode ser compensado devido ao aumento inibitório provocado pela adenosina endógena (aumento da quantidade de adenosina endógena ao nível sináptico). Observaram que o agonista dos A1Rs, CPA, foi menos potente para inibir a transmissão sináptica em ratos adultos do que em ratos jovens, sendo esta inibição prevenida pela adição do antagonista do A1R (DPCPX). Em contraste com o baixo efeito do agonista dos A1Rs, observaram que o bloqueio dos A1Rs com DPCPX, ou a remoção da adenosina endógena extracelular por adição de adenosina desaminase (que converte adenosina em iosina - metabolito inactivo), provoca uma desinibição mais pronunciada da transmissão sináptica em ratos adultos. Também constataram que, em ratos adultos, foi necessária a adição de uma concentração de DPCPX superior (100 nM) à utilizada em ratos jovens (50 nM), para prevenir totalmente a diminuição da transmissão sináptica induzida por 3 minutos de hipóxia. Tal facto, é consistente com a ideia de que a inibição dos A1Rs, em ratos adultos, é mediada pela adenosina endógena, uma vez que, em fatias de hipocampo de ratos adultos, a hipóxia induz a libertação de grandes quantidades de adenosina ao nível sináptico. Desta forma, o aumento dos níveis de adenosina extracelular, em conjunto com uma menor eficiência A1Rs em ratos adultos, permite a manutenção do papel dos A1Rs durante a hipóxia em ratos adultos como em jovens (Sebastião et al., 2000).

Eschke et al. (2001) demonstraram que, em neurónios corticais provenientes de fatias de córtex, a despolarização induzida pela hipóxia é reduzida por adição de CPA (100 M). O que sugere que a inibição da despolarização é mediada via activação dos A1Rs. Também, demonstraram que, em fatias de hipocampo, a adição de CPA (100 M) inibe a libertação evocada de neurotransmissores, sugerindo que a libertação de neurotransmissores é modulada pré-sinapticamente via A1R. Ambos processos são bloqueados pela adição de DPCPX (0,1 M), que suprime o efeito conferido pela CPA (Eschke et al., 2001).

Lange-Assehenfeldt et al., (2004) testaram se o IPC em fatias organotípicas de hipocampo era medidado por A1R. As fatias foram perfundidas com um antagonista selectivo dos A1Rs (DPCPX 10 M) durante a duração do IPC (15 minutos). Para o ensaio do IPC, as fatias foram perfundidas durante 15 minutos de POG (IPC) e 48 horas depois, induzido o insulto isquémico durante 40 minutos de POG. Verificaram que o tratamento com DPCPX diminuía a protecção conferida pelo IPC. Para confirmar o papel dos A1R durante o IPC, examinaram se o IPC poderia ser imitado por um agonista selectivo dos A1Rs (R-PIA: N6- (R) - Fenilisopropiladenosina). As fatias foram perfundidas com R-PIA (50 nM e 100 M) durante 15 minutos, e 48 horas depois foi induzido o insulto isquémico (40 minutos). Embora, tenham utilizado duas concentrações distintas de R-PIA, apenas o tratamento com 100 M foi eficaz, isto é, neuroprotector contra o insulto isquémico aplicado, já com 50 nM

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não observaram nenhum efeito. Uma vez que 100 M também pode ter activado os A2R, Lange-Assehenfeldt et al., (2004) realizaram um conjunto de experiências para determinar se este receptor está envolvido no pré-condicionamento induzido pela R-PIA. Desta forma, as fatias foram submetidas a um pré-condicionamento farmacológico com 100M de R-PIA em presença de um inibidor selectivo dos A2R (DMPX 10 M) durante 15 minutos e 48 horas após insulto isquémico foi aplicado. Comparando, os resultados verificaram que não havia diferença significante entre o pré-condicionamento com R-PIA e R-PIA+DMPX. Assim sendo, os resultados sugerem que o pré-condicionamento isquémico em fatias organotípicas apenas requer activação dos A1Rs. Lange-Assehenfeldt et al., (2004) provaram também através deste estudo que os receptores de NMDA e A1Rs promovem neuroprotecção por IPC na região CA1 do hipocampo através de uma via de transdução de sinal semelhante.

1.2.4. 1.2.4. OOUTROSUTROS T TIPOSIPOS DEDE P PRÉRÉ--CONDICIONAMENTOCONDICIONAMENTO

Outros tipos de pré-condicionamento foram descritos in vivo e in vitro, incluindo hipertemia, hipotermia, pré-condicionamento químico, entre outros (Para revisão ver Sharp et al., 2004).

EEFEITOFEITO DADA HIPOTERMIAHIPOTERMIA

O efeito neuroprotector da hipotermia foi reconhecido há muito tempo (Hashimoto et al., 2003). Desde que, Busto et al., relataram em 1987, que a hipotermia (33ºC) tem um efeito neuroprotector, muita atenção tem sido dada à hipotermia leve para o tratamento da lesão isquémica cerebral.

Dietrich et al. (1990b) demonstraram que a falta de monitorização ou controlo da temperatura cerebral, pode introduzir variabilidade nos resultados de estudos experimentais sobre isquémia.

O tratamento com hipotermia, durante ou após isquémia, reduz significativamente as lesões no hipocampo e no restante cérebro (Preston and Webster, 2000), protegendo o cérebro contra danos neuronais (Dietrich et al., 1993; Hashimoto et al., 2003; Para revisão ver Lipton et al., 1999). Por exemplo, Busto et al. (1989) demonstraram que, a redução da temperatura do cérebro em 2-3ºC em ratos, protegeu significativamente as regiões do cérebro selectivamente vulneráveis de uma lesão grave (Busto et al., 1987; Dietrich et al., 1990a; Dietrich et al., 1990b).

Green et al. (1992), Dietrich et al. (1990b) demonstraram que enquanto a hipotermia leve (33ºC) protege o cérebro da isquémia, a hipertermia leve (39ºC e 36ºC respectivamente) piora significativamente resultados histopatológicos e comportamentais.

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A exposição a um breve período de hipotermia antes do insulto isquémico induz tolerância isquémica, em modelos animais de isquémia cerebral no cérebro de ratos, proporcionando protecção contra a morte celular durante a fase aguda (algumas horas após pré-condicionamento) (Yuan et al., 2004) e tardia (Busto et al., 1992). Yuan et al. (2004) demonstraram que o efeito neuroprotector do pré-condicionamento com hipotermia (20 minutos a 33ºC), em fatias de cerebelo de rato, durante a fase aguda, depende da activação dos receptores de adenosina do tipo A1, canais de KATP e Ras (Yuan et al., 2004).

O pré-condicionamento com hipoglicemia, em que se mantém a concentração de glucose no sangue abaixo do intervalo considerado normal, antes da isquémia reduz significativamente a extensão da lesão isquémica (Chopp et al., 1988).

EEFEITOFEITO DEDE ANESTÉSICOSANESTÉSICOS

Um dos principais objectivos para compreender as vias envolvidas no IPC é para estabelecimento de novas terapias para imitar IPC farmacologicamente. Um número de diferentes químicos imita o IPC, tais como: anestésicos voláteis, entre outros (Dirnagl et al., 2003).

Ao longo dos anos tem vindo a ser estudado a influência dos anestésicos voláteis utilizados na dissecação de animais. Estudos anteriores, em que usaram fatias de cérebro de ratos como modelo de isquémia cerebral referem que os anestésicos voláteis apresentam potencial neuroprotector.

A utilização de anestésicos inalatórios, durante o sacrifício de animais, está comprovado que apresentam efeito neuroprotector, como sucede com a hipotermia. O pré-condicionamento com isoflurano apresenta protecção semelhante ao pré-condicionamento com hipotermia leve, reduzindo a morte celular na mesma proporção, no modelo in vitro de isquémia cerebral em fatias de cérebro, em que a morte celular aguda é principalmente devido à activação do receptor NMDA (Popovic et al., 2000). O isoflurano reduz a perda neuronal e o número de neurónios intumescidos da região CA1 expostos a 10 ou 20 minutos de isquémia in vitro (Popovic et al., 2000).

O pré-condicionamento com anestésicos voláteis induz neuroprotecção tanto durante a fase aguda como na fase tardia (Zheng and Zuo, 2003; Zheng and Zuo, 2004).

Toner et al. (2002) descreveram que o halotano e sevofluorano reduzem a libertação de transmissores neurotóxicos. No entanto, elevadas concentrações de halotano, isoflurano e enflurano apresentam alguns efeitos tóxicos (Toner et al., 2002; Sigaut et al., 2009).

Wang et al. (2007) também observaram que a exposição prévia com anestésicos voláteis induz neuroprotecção em ratos. Investigaram se a potência dos

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anestésicos voláteis na indução de pré-condicionamento neuronal está relacionada com a potência em induzir anestesia. A teoria mais comum sobre a anestesia refere que é induzida pela inibição da neurotransmissão excitatória e/ou aumentando a neurotransmissão inibitória. Wang et al. (2007) demonstraram que o isoflurano, halotano, sevoflurano e desflurano induzem pré-condicionamento durante a fase aguda em fatias de cerebelo de rato. Estes resultados sugerem que a indução de pré-condicionamento é uma característica comum entre os anestésicos voláteis e pode ser mediada por vias comuns activadas pelos anestésicos voláteis. No entanto, não demonstraram se as baixas concentrações de halotano podem, ou não, ser prejudiciais ao cérebro após lesão isquémica. Em suma, comprovaram que o pré-condicionamento com anestésicos voláteis induz neuroprotecção e a que a potência deste efeito é linearmente correlacionada com a sua potência anestésica (Wang et al., 2007; Sigaut et al., 2009).

Sigaut et al. (2009) comprovaram que o sevoflurano, usado em concentrações clínicas, exerce um efeito de pré-condicionamento perante a lesão cerebral isquémica provocado por POG, em fatias de hipocampo.

1.3. 1.3. MMECANISMOSECANISMOS DEDE NEUROPROTECÇÃONEUROPROTECÇÃO ( (SOBREVIVÊNCIASOBREVIVÊNCIA NEURONALNEURONAL): ): TTOLERÂNCIAOLERÂNCIA I ISQUÉMICASQUÉMICA

O número de neurónios do cérebro dos mamíferos é determinado por um equilíbrio entre proliferação e morte celular programada (Kudryashov et al., 2001).

Cada vez mais torna-se evidente que o cérebro dos mamíferos também possui mecanismos de adaptação que podem conferir tolerância à isquémia e/ou hipóxia (Gage e Staton, 1996). A tolerância isquémica é alcançada quando um breve insulto isquémico subletal, seguido de um período de reperfusão, aumenta a resistência de um órgão à isquémia (Raval et al., 2006).

Gonzalez-Zulueta et al. (2000) mostraram que, durante o IPC, em culturas de neurónios, a cascata de sinalização que leva ao desenvolvimento de tolerância neuronal à isquémia foi iniciada pela activação de receptores de NMDA, influxo de cálcio e produção de óxido nítrico.

Zhang et al. (2002) demonstraram que o IPC diminui a fragmentação do DNA associada à apoptose após isquémia e que a atenuação da activação das caspases, da bax, e da expressão de PARP, bem como, alterações na fosforilação de proteínas estão envolvidas na neuroprotecção, embora o mecanismo molecular preciso através do qual IPC é protector, permanece por esclarecer (Zhang et al., 2002).

Raval et al. (2003) sugerem que um dos mecanismos pelos quais o pré-condicionamento promove tolerância isquémica em culturas organotípicas envolve activação dos receptores de NMDA. Testaram esta hipótese por adição de 1 µM de NMDA durante 15 minutos, 48 horas antes do insulto isquémico em culturas de

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fatias organotípicas. Ao aumentar o tempo de exposição do NMDA de 15 minutos para 30 ou 60 minutos, aumentou a protecção perante o insulto isquémico. Para uma melhor caracterização do papel dos receptores de NMDA durante o IPC, o receptor de NMDA foi bloqueado durante o pré-condicionamento. Este tratamento eliminou significativamente a neuroprotecção induzida pelo pré-condicionamento isquémico. A via sugerida por Raval et al. (2003) através do qual NMDA promove tolerância isquémica envolve influxo de cálcio para o citoplasma. Para determinarem se o influxo de cálcio desempenha um papel na neuroprotecção induzida pelo pré-condicionamento em fatias organotípicas, Raval et al. (2003) removeram o cálcio extracelular e citoplasmático administrando quelantes de cálcio e observaram que a sua administração antes e durante o pré-condicionamento isquémico bloqueia a protecção conferida pelo IPC. Para examinarem se o pré-condicionamento induzido por NMDA também ocorre via influxo de cálcio, administraram quelantes de cálcio durante o pré-condicionamento com NMDA. Observaram que a tolerância isquémica conferida pelo pré-tratamento com NMDA era suprimida, devido à adição dos quelantes de cálcio (Raval et al., 2003). Desta forma, o aumento de cálcio citosólico desempenha um papel chave na indução de neuroprotecção mediada por IPC e NMDA, pelo que estes resultados, sustentam a hipótese que a mediação do IPC implica os receptores de NMDA (Fig. 1.6; 1.7) (Raval et al., 2003). Outros estudos sugerem que a activação do receptor NMDA, necessária para IPC tardio, requer a síntese de proteínas (Para revisão ver Huang, 2004).

Fig.1.6. Esquema simplificado que descreve as vias de sinalização básicas envolvidas no IPC e na isquémia em mamíferos. O IPC desencadeia vias que incluem a activação dos receptores NMDA e de adenosina do tipo A1 que, por sua vez, estão envolvidas na activação da isoforma PKC (Cinase C de proteína do tipo epsilon). Esta via é conhecida por proteger os neurónios de

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mamíferos da excitotoxicidade e contra a disfunção mitocondrial (Adaptado de Pérez-Pinzón, 2007).

Fig. 1.7. Esquema simplificado que resume algumas vias básicas de sinalização envolvidas na neuroprotecção conferida pelo IPC cerebral. O IPC desencadeia vias que incluem activação de NMDA e A1Rs, que por sua vez, estão envolvidas na activação de algumas vias de sinalização intracelular, tais como, cinases de proteínas activadas por mitógenios (MAPKs), cinase C de proteína (PKC), bcl-2, proteínas de choque térmico (HSPs), via da ubiquitina-proteossoma e via autofágica-lisossomal. Receptor NMDA (N-metil-D-aspartato); NOS: síntase do óxido nítrico; CREB: Proteína de ligação ao elemento reactivo ao AMP cíclico elemento responsável de ligação às proteínas; ROS: espécies reactivas de oxigénio (Adaptado de Liu et al., 2000).

1.4. 1.4. MMETODOLOGIASETODOLOGIAS UTILIZADASUTILIZADAS NONO ESTUDOESTUDO DODO P PRÉRÉ--

CCONDICIONAMENTOONDICIONAMENTO

MMODELOSODELOS EXPERIMENTAISEXPERIMENTAIS DEDE ISQUÉMIAISQUÉMIA CEREBRALCEREBRAL ININ VITROVITRO VERSUSVERSUS ININ VIVOVIVO

As propriedades neuroprotectoras do IPC têm sido bem estabelecidas em vários modelos de isquémia cerebral, in vivo e in vitro (Xu et al., 2002).

O ATP diminui mais durante a isquémia in vitro do que durante a isquémia global (in vivo) e diminuiu mais lentamente na presença de glucose (Para revisão ver Lipton, 1999).

Os modelos in vitro de IPC, com culturas de fatias de cérebro, permitem um grande número de amostras a serem tratados e analisados em apenas uma experiência. Também oferecem um ambiente mais controlado para o teste de fármacos potencialmente neuroprotectores (Hassen et al., 2004). Os modelos in vitro fornecem dados mais uniformes, porque: um número maior de experiências

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pode ser realizado simultaneamente; a temperatura e a pressão parcial de oxigénio são melhor monitorizadas e a aplicação/remoção de fármacos potencialmente neuroprotectores é mais controlada (Hassen et al., 2004). No modelo in vitro, os danos ocorrem dentro dos primeiros 30 minutos e persistem ao longo do período de reperfusão (Para revisão ver Lipton, 1999). Assim sendo, os modelos de isquémia cerebral in vitro com ratos apresenta várias vantagens relativamente aos modelos in vivo. Como por exemplo, as pequenas variações de temperatura podem afectar significativamente o resultado da lesão isquémica, bem como, influenciar a reprodutibilidade do método (Dietrich, 1992).

Os modelos in vitro, com culturas de fatias frescas de cérebro, fornecem informação suplementar à já existente in vivo e em modelos in vitro de IPC. Os modelos in vivo imitam (quase integralmente) a fisiopatologia do pré-condicionamento em animais. As fatias agudas/frescas são mais sensíveis à POG do que as culturas de fatias de animais. As fatias frescas podem ser usadas para estudar mudanças de curto prazo na sequência de pré-condicionamento, mas a sua curta vida in vitro impede a sua utilização para o estudo de alterações de longo prazo. Investigadores consideram que ao usarem-se fatias como modelo também se deve estar consciente das suas desvantagens, pelo que, a remoção e corte transversal do hipocampo remove todas as conexões neuronais extrínsecas e intrínsecas (Hassen et al., 2004).

Os modelos in vivo sofrem os inconvenientes da influência sistémica ou vascular que podem afectar as propriedades neuronais intrínsecas e a administração de drogas é mais complicada. Estas limitações tornam os modelos in vivo menos adequados que os modelos in vitro, para o estudo dos mecanismos moleculares subjacentes à morte celular isquémica (Xu et al., 2002). Os modelos experimentais de isquémia in vivo podem ser globais, quando afectam todo o cérebro, ou focais, quando afectam uma pequena região; permanentes quando sem reperfusão ou transitórios quando seguidos de reperfusão. Nos modelos experimentais para a isquémia cerebral global são interrompidos os grandes vasos extra-cranianos, simulando distúrbios circulatórios globais que acontecem durante um ataque cardíaco ou hipotensão severa (Para revisão ver Lipton et al., 1999). Estes modelos in vivo, mostram exactamente o pré-condicionamento, no entanto, são tecnicamente difíceis, demorados e dispendiosos, ao passo que, os modelos in vitro de pré-condicionamento são tecnicamente mais fáceis e menos dispendiosos (Goldberg et al., 1997; Hassen et al., 2004).

Os modelos in vitro diferem em muitos aspectos do cérebro intacto, pelo que, a extrapolação dos resultados obtidos in vitro para animais em condições in vivo nem sempre é apropriada (Popovic et al., 2000; Yuan et al., 2004), bem como, nem sempre é apropriado a extrapolação para humanos dos resultados obtidos em experiências realizadas em tecido cerebral de ratos (Yuan et al., 2004).

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Entre os vários aspectos que diferem entre os modelos in vitro e in vivo, refira-se que durante a simulação de isquémia, a PCO2, [H+] e os níveis de lactato não são alterados como sucede in vivo, devido à separação das fatias que permite a difusão (Popovic et al., 2000).

Os modelos in vitro oferecem algumas vantagens quando comparados com os modelos in vivo (Yuan et al., 2004). Os modelos in vitro permitem a comparação entre vários tratamentos sem os problemas associados aos modelos in vivo, como as diferenças no fluxo sanguíneo cerebral entre os grupos de tratamento (Popovic et al., 2000). Isto é, o modelo in vitro elimina a interferência de variáveis sistémicas, como pressão arterial e fluxo sanguíneo cerebral existentes nos modelos in vivo (Yuan et al., 2004). Além disso, é mais fácil realizar manipulações farmacológicas para averiguar os mecanismos de neuroprotecção em fatias de cérebro do que modelos in vivo (Popovic et al., 2000; Yuan et al., 2004). Além do facto de que variáveis como pressão parcial de oxigénio do tecido cerebral, temperatura e ambiente químico podem ser controladas com precisão.

Por último, umas das vantagens do modelo de fatias de hipocampo in vitro sobre as culturas de neurónios, é que os neurónios nas fatias apresentam sensibilidade semelhante à hipóxia como os neurónios em cérebro intactos (Popovic et al., 2000).

As fatias de cérebro, particularmente, fatias de hipocampo, tornaram-se modelos amplamente utilizados para estudar os danos anóxicos ou isquémicos. As propriedades que estão alteradas incluem: a transmissão sináptica, a síntese de proteínas, a manutenção dos níveis de ATP, a integridade do citoesqueleto e a morfologia neuronal. A composição das fatias do cérebro é mais próximo ao do tecido in vivo do que as culturas de células. No entanto, as fatias estão num estado metabólico comprometido, com baixos valores de ATP e glicólise aeróbia elevada e são hipersensíveis a insultos isquémicos (Para revisão ver Lipton, 1999).

A preparação de fatias de cérebro frescas oferece muitas das vantagens relativamente à cultura de células, especialmente no estudo agudo de inibição metabólica (isquémia in vitro). No entanto, as fatias deterioram-se durante um período de 12-24 horas, resultando numa mistura de células lesadas e saudáveis. Esta deterioração torna o modelo pouco adequado para experiências de morte celular, particularmente morte celular tardia (Xu et al., 2002).

Xu et al. (2002) e Popovic et al. (2000) concluíram que o modelo experimental com fatias organotípicas de hipocampo de ratos é eficaz para estudar o pré-condicionamento isquémico tardio (prolongado), em que se estuda o fenómeno de pré-condicionamento desde horas a dias.

A viabilidade das fatias e a severidade do insulto isquémico (POG) são factores-chave que determinam o sucesso deste método. É importante garantir que o insulto seja severo o suficiente para permitir a diferença entre os grupos controlo

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e em estudo, embora não tão severo que coloque em risco a perda total das células na região de interesse (Monette et al., 1998).

De acordo com Dahmani et al. (2005) e Popovic et al. (2000), o modelo experimental, de isquémia cerebral, com fatias de hipocampo representa um modelo in vitro robusto e de confiança para examinar o papel de intervenções farmacológicas que modulam a lesão isquémica do tecido cerebral. Hassen et al. (2004) constataram que a utilização de fatias de hipocampo agudas (ratos com 20-30 dias) como método fornece um adequado modelo in vitro de IPC, em que se usam insultos comparáveis aos que causam danos no cérebro adulto (Hassen et al., 2004).

1.4.1. 1.4.1. MMETODOLOGIASETODOLOGIAS PARAPARA AVALIARAVALIAR EE QUANTIFICARQUANTIFICAR AA

SSOBREVIVÊNCIAOBREVIVÊNCIA/M/MORTEORTE N NEURONALEURONAL

A capacidade para determinar a localização e a extensão das áreas lesadas no tecido cerebral após lesão isquémica é essencial para a avaliação do médico ou intervenções cirúrgicas, para a confirmação dos resultados clínicos, e para a avaliação de novas técnicas de diagnóstico (Bederson et al., 1986).

TTC (CTTC (CLORETOLORETO DEDE 2,3,5- 2,3,5-TRIFENILTETRAZÓLIOTRIFENILTETRAZÓLIO))

Há mais de duas décadas que a coloração com TTC tem sido usada para a identificação e determinação da extensão da lesão cerebral, em diferentes modelos animais de isquémia cerebral in vivo (Joshi et al., 2004; Toner et al., 2002), bem como, em fatias de cérebro in vitro (Bederson et al., 1986), No entanto, não há nenhum procedimento standard disponível (Joshi et al., 2004).

O TTC pode-se utilizar como parâmetro bioquímico para avaliar a viabilidade de neurónios em fatias de cérebro, pois constitui um marcador da actividade mitocondrial, formando um precipitado vermelho (formazan) em células com as mitocôndrias activas.

A conversão do TTC como método de quantificação do dano celular não permite determinar quais os tipos de células que são danificadas pelo POG e as que são protegidas pelos efeitos do pré-condicionamento. No entanto, como os neurónios são geralmente mais sensíveis à isquémia do que as células da glia, é provável que os resultados reflictam principalmente as alterações dos neurónios em fatias de cerebelo (Wang et al., 2007). Benedek et al. (2006) sugerem que o TTC pode não detectar baixa viabilidade nos tecidos quando o número de células sobreviventes está abaixo do limite detectável pelo método, bem como, refere que

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o TTC pode ser sob ou subvalorizado, uma vez que, é afectado por alterações metabólicas já que responde as danos provocadas na mitocôndria.

Uma das limitações do TTC é a reprodutibilidade, sendo normalmente necessário 5 a 8 experiências para se observarem diferenças significativas entre condições aplicadas (Wang et al. (2007); Monette et al. (1998); Lee et al. (2008).

Apesar das desvantagens acima descritas, o TTC é um procedimento relativamente simples e rápido realizado em fatias frescas de hipocampo e pode ser avaliado ao fim 1hora e 30minutos de perfusão com tampão contendo TTC, pelo que, a avaliação das fatias nem requer microscópio (Benedek et al., 2006; Joshi et al., 2004). Mathews et al., (2000) consideram a coloração com TTC, uma técnica totalmente validada para avaliação da disfunção cerebral metabólica celular no modelo de isquémia cerebral por eles usado.

CCASPASEASPASE-3-3

A apoptose ou morte celular programada é um processo fisiológico normal que ocorre durante o desenvolvimento embrionário, bem como na manutenção da homeostase do tecido (Wang et al., 2005).

A activação das caspases é uma característica da apoptose. A caspase-3 tem sido identificada como principal membro da família das caspases e é caracterizada como uma caspase efectora ou caspase executora. Durante a apoptose, a caspase-3 cliva os substratos proteicos dentro da célula, o que resulta na formação de características morfológicas de células apoptóticas (processo apoptótico).

As caspases são mediadores cruciais da morte celular programada (apoptose). Entre elas, a caspase-3, protease frequentemente activada na apoptose, catalisa a clivagem específica de muitas proteínas celulares chave. No entanto, os requisitos específicos da caspase-3 (ou de qualquer outra caspase) na apoptose permanecem desconhecidos até ao momento. As vias de activação da caspase-3 foram identificadas como sendo dependentes ou independentes da libertação do Citocromo c e da função da caspase-9. A caspase-3 é essencial para o desenvolvimento normal do cérebro e é importante ou essencial em outros cenários apoptóticos, sendo indispensável para a condensação da cromatina apoptótica e fragmentação do DNA. Assim, a caspase-3 é essencial para alguns processos associados à desintegração da célula e na formação de corpos apoptóticos, mas também pode funcionar antes ou na fase determinante em que ocorre a perda da viabilidade das células (Para revisão ver Porter and Jänicke, 1999).

Kudryashova et al. (2009a) comprovaram que a caspase-3 está envolvida nos mecanismos de aprendizagem e memória na reorganização dos contactos sinápticos durante o período crítico de desenvolvimento. Observaram a participação da caspase-3 durante o desenvolvimento da plasticidade sináptica das células nervosas, uma vez que, durante a ontogenese inicial e desenvolvimento de

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comportamentos adaptativos ocorre activação natural da caspase-3 (Kudryashova et al., 2009a).

Kudryashov et al. (2001) revelaram que, nos estudos sobre o desenvolvimento pós-natal do hipocampo, ocorria a activação natural da caspase-3 durante um curto período de tempo (que dura várias dias). Observaram um aumento transitório na actividade da caspase-3 no hipocampo em ratos com 17 dias de idade (Kudryashov et al., 2001).

A activação de caspase-3 pode ocorrer na presença de alterações patológicas no tecido nervoso. Há razões experimentais que sugerem que a activação da caspase-3 parece ser necessária para a viabilidade das células normais. Pelo que, comprovam que activação da caspase-3 no SN não é restrita apenas ao seu papel na apoptose (Kudryashova et al. 2009b).

Durante a isquémia, a caspase-3 é clivada e activada levando à degradação de vários substratos no citoplasma e núcleo, conduzindo à morte celular (Le et al., 2002). A quantificação da actividade da caspase-3 permite avaliar a extensão de células que iniciarem a apoptose.

Por outro lado, o aumento da viabilidade celular é acompanhado por redução significativa na actividade da caspase-3 (Armugan et al., 2009).

A fase final da morte celular pode-se iniciar 10 horas ou mesmo dias após a recepção do sinal apoptótico (Kudryashova et al. 2009b).

LDH (DLDH (DESIDROGENASEESIDROGENASE DODO L LACTATOACTATO))

A morte celular (por necrose) pode ser avaliada por medição espectrofotométrica (UV) da actividade da LDH libertada para o meio, usando um método enzimático para a determinação da actividade da LDH (Takuma et al., 2005).

CCOMPARAÇÃOOMPARAÇÃO ENTREENTRE OSOS MÉTODOSMÉTODOS DEDE AVALIAÇÃOAVALIAÇÃO DADA VIABILIDADEVIABILIDADE CELULARCELULAR (TTC/C(TTC/CASPASEASPASE-3/LDH)-3/LDH)

Xue et al. (2004) demonstraram que a percentagem de dano celular em fatias corticais de cérebro de rato, em resposta ao POG, apresenta uma correlação positiva entre dois métodos adoptados: a quantificação do celular através do TTC e a libertação de LDH.

Takuma et al. (2005) verificaram que quando há um aumento da actividade da caspase-3 em culturas de neurónios, ocorre também a perda da viabilidade celular, quantificada pelo aumento da libertação de LDH.

Chong et al. (2006) examinaram o grau de morte celular pela quantificação da captação de Iodeto de Propídeo e a libertação de LDH.

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2. Objectivos

Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

Os objectivos gerais do presente trabalho de investigação foram os seguintes:- estabelecimento de um modelo experimental de isquémia cerebral in

vitro , com fatias frescas de hipocampo provenientes de ratos adultos;- a implementação de um sistema de perfusão adequado ao modelo

experimental in vitro com fatias de hipocampo;- estudar o efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-

condicionamentos (isquémico e químico) a insultos isquémicos em cérebros de mamíferos, por avaliação e quantificação da viabilidade celular (sobrevivência)/morte neuronal através dos métodos: TTC, caspase-3 e libertação da Lactato desidrogenase (LDH);

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3. Parte Experimental

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- comparar o efeito neuroprotector obtido por pré-condicionamento isquémico com o efeito obtido por pré-condiciomanento químico com agonistas do receptor A1 da adenosina.

3.1. 3.1. RREAGENTESEAGENTES

Os reagentes utilizados ao longo do trabalho experimental foram obtidos a partir dos seguintes fabricantes: Sigma-Aldrich Co. (St. Louis, MO, USA), Pronalab S.A. (Lisboa, Portugal), Panreac Química SA (Barcelona, Spain) e Merck KGaA (Darmstadt, Germany), excepto quando discriminados ao longo do procedimento experimental.

3.2. 3.2. MMATERIALATERIAL EE I INSTRUMENTAÇÃONSTRUMENTAÇÃO

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O material utilizado no decorrer do trabalho laboratorial foi o corrente num laboratório de investigação em Bioquímica, destacam-se apenas os mais relevantes:

Material de dissecação; “Cell strainers” (70μm Nylon; Becton Dickinson Lab-ware, Franklin Lakes, NJ); Garrafa de azoto (100% N2); Garrafa de carbogénio (95% O2 + 5% CO2); Guilhotina; Termómetro;

Aparelhos/equipamentos utilizados na realização do presente trabalho de investigação:

Agitador de vórtice: Velp scientific; Agitador orbital: GFL; 300S; Banho termostatizado com agitação: Bibby; SBS 30; Balança Analítica: Startorius; CP225D; precisão: ± 0,00001g; Balança Técnica; Bomba peristáltica: MiniPuls 3 (Gilson);Centrifuga de alta velocidade: Sigma, 3-18K; Centrifuga de Bancada: Eppendorf, até 14000 r.p.m. 5415R;Espectrofotómetro UV/Visivel: Biothec, Ultrospec 3000; Estufa a 37ºC; Fluorímetro: Horiba Jobin Yvon (Fluoromax-4+Micromax 384);Homogeneizador: Ika-werke; T25;Leitor de microplacas de Elisa: Benchmark (Biorad);Medidor de pH: Metrohm;Micrótomo: McIlwain Tissue Chopper (Campden Instruments); Placa opaca de 96 poços para fluorimetro: Corning; Sonicador: Elma; 570H;

Fig. 3.2. Micrótomo (http://www.campdeninstruments.com/

product_list.asp?SubCatID2=19 - Consultado em 10-09-2010).

3.3. P3.3. PROCEDIMENTOROCEDIMENTO E EXPERIMENTALXPERIMENTAL

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http://www.bdbiosciences.com/ptProduct.jsp?

prodId=364195&key=cell+strainer&param=search&mterms=true - Consultado em 10-09-2010).

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Nesta secção são descritas as técnicas gerais que foram rotineiramente usadas ao longo do trabalho laboratorial objecto desta dissertação de mestrado.

3.3.1. Sistema de perfusão – Implementação e 3.3.1. Sistema de perfusão – Implementação e

Optimização Optimização

O sistema de perfusão (Fig. 3.3) implementado consiste num circuito de tubagens transparentes de PVC (Cloreto de Polivinilo), ligados a câmaras de perfusão (Fig. 3.4). O sistema de perfusão é constituído por 8 câmaras de perfusão individuais. Cada circuito é composto por uma câmara de perfusão e tubagens, em que compreende uma porção inicial de tubagem, seguido de um bubble trap (“apanha bolhas”) para reter as bolhas de ar, a câmara de perfusão e porção final de tubagem. As câmaras de perfusão encontram-se submersas no banho termostatizado.

Fig. 3.3. Sistema de perfusão.

Fig. 3.4. Circuito de perfusão individual.A bomba peristáltica (Fig. 3.5) permite que a perfusão esteja continuamente

a decorrer com um fluxo determinado 1 mL/minuto.

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Fig. 3.5. Bomba peristáltica.

As câmaras de perfusão (Fig.3.6) são hermeticamente fechadas e de pequeno volume. Foram construídas a partir de um tubo falcon, em que se introduziu no seu interior um cell strainner (Fig. 3.1) para suportar as fatias de cérebro de rato.

Fig. 3.6. Ilustração

A temperatura foi monitorizada ao longo do procedimento experimental.As condições de perfusão foram ajustadas, de forma a que a temperatura no

interior das câmaras permanecesse a 37ºC, pelo que, se testou diferentes velocidades de perfusão, em tubagens com diferentes diâmetros, a diferentes temperaturas do banho termostatizado.

A temperatura do banho termostatizado foi mantida a 38ºC, para que nas câmaras de perfusão a temperatura esteja a 37ºC, para o fluxo de 1mL/min. Dietrich et al. (1990b) demonstraram que a falta de monitorização ou controlo da temperatura cerebral, pode introduzir variabilidade nos resultados de estudos experimentais sobre isquémia.

Green et al. (1992), Dietrich et al. (1990b) demonstraram que enquanto a hipotermia leve (33ºC) protegia o cérebro da isquémia, a hipertermia leve (39ºC e 36ºC respectivamente) piora significativamente resultados histopatológicos e comportamentais.

VVANTAGENSANTAGENS DODO S SISTEMAISTEMA DEDE P PERFUSÃOERFUSÃO O sistema de câmaras de perfusão adoptado oferece vantagens em relação

a modelos convencionais utilizados por outros investigadores (Monette et al., 1998; Toner et al., 2002; Xue et al., 2004; Zhang et al., 2008); tais como:

- fluxo constante ao longo de toda a experiência (1mL/min), o que permite uma perfusão continuada sem interrupções, com a vantagem de que os gases estão dissolvidos no tampão de perfusão (equilibrado com carbogénio ou azoto), evitando

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o borbulhamento directo de gases sobre as fatias. Desta forma, evitam-se os danos mecânicos que poderiam ocorrer durante o processo de gaseamento.

- evita a necessidade de transferência das fatias entre diferentes câmaras, que seriam necessária para aplicar os diferentes tratamentos efectuados;

- o acondicionamento das fatias é estável, uma vez que, não são movidas nem deslocadas, estando melhor acondicionadas e sempre nas mesmas condições durante todo o protocolo experimental, evitando, assim, danos devido ao manuseamento mecânico destas.

De acordo com as condições utilizadas, neste sistema de perfusão implementado verificou-se que as fatias de hipocampo mantiveram-se viáveis até pelo menos 7horas-8horas. O período máximo estudado foi 8horas. No entanto, os testes de viabilidade e/ou morte celular utilizados (TTC, Caspase-3 e LDH) foram aplicados até um máximo de 8horas.

3.3.2. Preparação de fatias de hipocampo 3.3.2. Preparação de fatias de hipocampo

A utilização de fatias de hipocampo, como modelo experimental, tem como finalidade estudar mecanismos de neurotoxicidade induzidos por isquémia e avaliar o potencial neuroprotector de novos agentes terapêuticos. Um certo número de parâmetros morfológicos e funcionais está disponível para avaliação da viabilidade neuronal. O recurso a este modelo experimental com fatias também permite o estudo de populações neuronais selectivamente vulneráveis dentro da mesma preparação (Monette et al., 1998).

Os modelos experimentais in vitro com fatias de cérebro proporcionam vantagens sobre os modelos in vivo, uma vez que, são menos dispendiosos, demorados e complexos, permitem o melhor controlo dos parâmetros, o que vai facilitar a investigação dos mecanismos de acção (Goldberg et al., 1997).

Procedimento: As fatias de hipocampo foram obtidas a partir de ratos Wistar adultos: 2 a 3 meses de idade. Os animais foram fornecidos pelo biotério presente na Faculdade de Ciências da Saúde (Universidade da Beira Interior). Os ratos foram anestesiados com halotano1 (2-bromo-2-cloro-1,1,1-trifluoetano) e sacrificados por decapitação utilizando uma guilhotina. O cérebro foi removido rapidamente dos crânios (Fig. 3.7) e colocado em krebs2 gelado (4ºC), gaseado (Fig. 3.7). O tampão Krebs (ligeiramente modificado), saturado com carbogénio (95% CO2 e 5% O2) é constituído pela seguinte composição (em mM): 118 NaCl; 25 NaHCO3; 4,7 KCl; 11,6 glucose; 1,2 KH2PO4; 1,2 MgSO4 e 1,3 CaCl2 e tem um pH final de 7,4 (Adaptado de Cascalheira et al., 2002; Pugliese et al., 2003). Uma vez isolados os hipocampos

1 Halotano: anestésico inalatório.2 aCSF - Fluído cérebro-espinal artificial consiste no tampão Krebs - Henseleit, ligeiramente modificado.

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(direito e esquerdo) (Fig.3.8), estes foram seccionados com o micrótomo (Fig. 3.2) em fatias transversais com 350 m de espessura (Wang et al., 2007). Após seccionados os hipocampos, as fatias foram colocadas num recipiente contendo krebs, em cells strainers à temperatura ambiente (25ºC), gaseadas continuamente com carbogénio (Zhang et al., 2008), antes de se proceder à transferência das fatias para as câmaras de perfusão (15 fatias/câmara). A selecção das fatias foi realizada ao acaso. Procedeu-se à transferência das fatias para as câmaras de perfusão, a partir do momento em que as bolhas de ar presentes nas tubagens do sistema de perfusão foram removidas e as tubagens equilibradas com tampão krebs, previamente equilibrado com carbogénio durante 30 minutos a 37ºC. As câmaras de perfusão foram divididas em diferentes grupos consoante o tratamento a realizar (controlo, pré-condicionamento isquémico ou químico, privação de oxigénio e glucose). Após a transferência das fatias para as câmaras de perfusão, estas permaneciam durante 1hora a recuperar (a 37ºC), até se iniciar os diferentes tipos de tratamentos.

Fig. 3.7. Extracção do cérebro dos ratos.

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Fig.3.8. Extracção do hipocampo de cérebros de ratos (Adaptado de http://media.wiley.com/CurrentProtocols/NS/ns0604/ns0604-fig-0002-1-full.gif -

Consultado em 10-09-2010).

Popovic et al. (2000), Wang et al. (2007) e Zhang et al. (2008) realizaram a recuperação das fatias de hipocampo de ratos adultos (2-3 meses de idade: 200g-250g) à temperatura ambiente (25ºC), permanecendo durante 1hora em krebs gaseado, para recuperar a função sináptica. Toner et al. (2002) descreve que as fatias deviam permanecer incubadas à temperatura ambiente (24ºC) durante 1-4horas, para permitir a recuperação do trauma induzido pela preparação.

Para evitar o efeito da hipotermia (outro tipo de pré-condicionamento) no nosso modelo experimental de pré-condicionamento e dado que se pretende estuda-los isoladamente, é importante eliminar todas as possíveis interferências. Constatado que a diminuição da temperatura reduz a extensão dos danos (Para revisão ver Lipton et al., 1999), ou seja, a hipotermia protege contra lesões isquémicas ou traumáticas (Dietrich et al., 1993; Para revisão ver Lipton, 1999) procedeu-se a um processo de optimização de determinados parâmetros como a temperatura.

Inicialmente, durante as primeiras experiências, enquanto se procedia à dissecação dos 3 ratos, à medida que as fatias que iam sendo isoladas, as fatias já isoladas permaneciam em Krebs gelado (4ºC), gaseado. Contudo, como o objectivo deste trabalho de investigação é o estudo de diferentes tipos de pré-condicionamento na isquémia cerebral, está descrito que a hipotermia apresenta efeito neuroprotector na isquémia cerebral. Desta forma, excluímos esta possível interferência que poderia “falsear” os resultados. Dado que a exposição a um breve período de hipotermia antes do insulto isquémico induz tolerância isquémica, em modelos animais de isquémia cerebral no cérebro de ratos, proporcionando protecção contra a morte celular durante a fase aguda (algumas horas após pré-condicionamento) (Yuan et al., 2004) e tardia (Busto et al., 1992).

Desta forma, para excluir esta possível interferência, as fatias passaram a permanecer à temperatura ambiente (25ºC), evitando-se assim o risco de falso-positivos. No entanto, todas as fatias (incluindo os controlos) foram submetidas a um breve período de hipotermia, durante o processo de preparação das fatias de hipocampo (Yuan et al., 2004).

3.3.3. POG 3.3.3. POG in vitro in vitro (Privação de oxigénio e glucose)(Privação de oxigénio e glucose)

A isquémia cerebral pode ser simulada in vitro pela privação de oxigénio e glucose (POG) (Toner et al., 2002). Desta forma, POG in vitro consiste na aplicação simultânea de hipóxia e hipoglicemia, que representam a forma de insulto isquémico in vitro (Toner et al., 2002)

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Hipoglicemia é induzida pela transferência para um meio livre de glucose, contendo sacarose para manter a osmolaridade (Pedersen et al., 1998).

De acordo com Calabresi et al. (1995a), (1995b), citado por Pedersen et al. (1998) referem que a h ipóxia é conseguida pela troca da perfusão da preparação com solução de krebs gaseada com carbogénio para uma solução de krebs (mesma composição), gaseada com a mistura de 95% N2 e 5% CO2.Desta forma, a isquémia é induzida por privação simultânea do oxigénio e glucose (Pedersen et al., 1998).

Procedimento: Para provocar o insulto isquémico, utilizou-se o tampão krebs sem glucose e sem bicarbonato (pH=7,4), em que, a glucose é substituída por sacarose equimolar e o bicarbonato por hepes equimolar. O tampão Krebs-Hepes, saturado com N2 é constituído pela seguinte composição (em mM): 118 NaCl; 25 Hepes sódio; 4,7 KCl; 11,6 sacarose; 1,2 KH2PO4; 1,2 MgSO4; 1,3 CaCl2; 1 ditionito de sódio (Sigma) e tem um pH final de 7,4. O ditionito foi adquirido pela Sigma. Como o hepes é sensível à luz, o tampão krebs-Hepes foi protegido da luz durante o tempo que permaneceu no banho a 37ºC. O ditionito de sódio foi adicionado momentos antes de ser utilizado (Wang et al., 2007). A POG foi conseguida por perfusão do Krebs-Hepes, deficiente em glucose e oxigénio, borbulhado com 100% de azoto (N2) durante 20 minutos (Monette et al., 1998; Xue et al., 2004; Zhang et al., 2008). O tampão Krebs-Hepes antes de ser utilizado, foi equilibrado com N2 durante 15-30 minutos para assegurar máxima remoção de oxigénio (Moroni et al., 2001), permitindo assim reduzir o oxigénio contido na solução (Wang et al., 2007) e nas tubagens.

IIMPORTÂNCIAMPORTÂNCIA DADA A ADIÇÃODIÇÃO DEDE DITIONITODITIONITO

Ao tampão Krebs sem glucose, utilizado para induzir POG, foi adicionado ditionito (hidrossulfito de sódio). O ditionito é um captador de oxigénio (Dahmani et al., 2005; Sigaut et al., 2009) e um agente fortemente redutor, usado para criar a pressão zero de oxigénio (Gebhardt and Heinemann, 1999).

Popovic et al. (2000), Yuan et al. (2004) e Dahmani et al. (2005) utilizaram 1 mM de ditionito, ao passo que, Sigaut et al. (2009) utilizou 5mM de ditionito para diminuir a pressão parcial de O2, durante os períodos de POG, isto é, capta o oxigénio presente no tampão, bem como, nas tubagens, removendo o oxigénio presente nas soluções (Gebhardt and Heinemann, 1999). Contudo, Gebhardt and Heinemann (1999) demonstraram que o ditionito (2mM) consome oxigénio em paralelo com a produção de radicais superóxido e afecta os neurónios independentemente da privação de oxigénio. Portanto, não podemos excluir que o ditionito por si só, pode ter afectado a sobrevivência celular em condições de POG (Siguat et al., 2009).

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3.3.4. Diferentes tipos de Pré-condicionamento 3.3.4. Diferentes tipos de Pré-condicionamento

A partir do momento em que sistema de perfusão implementado estava optimizado, iniciou-se o estudo dos objectivos propostos neste trabalho de investigação: efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento, em um modelo in vitro de fatias de hipocampo, na isquémia cerebral.

Os tipos de pré-condicionamento em estudo foram: pré-condicionamento isquémico (IPC) e pré-condicionamento químico (CPC). 3.3.4.1. Pré-condicionamento isquémico (IPC) 3.3.4.1. Pré-condicionamento isquémico (IPC)

O IPC é um mecanismo endógeno e potente, desenvolvido por repetidos insultos isquémicos não letais, que conferem um nível de protecção contra a um insulto isquémico posterior letal.

Procedimento: Após a transferência das fatias de hipocampo para as câmaras de perfusão e consequente recuperação durante 1hora, procedeu-se ao IPC. O IPC consistiu em dois insultos subletais consecutivos (não neurotóxicos) de POG com duração de 3minutos cada. O intervalo entre o primeiro e segundo insultos subletal foi de 17 minutos. A seguir ao IPC, as fatias permanecem em reperfusão3/reoxigenação durante 3h (Sigaut el al., 2009). Após o período de recuperação, submeteram-se as fatias agudas à POG durante 20 minutos (insulto neurotóxico). Realizaram-se também dois ensaios controlo: um ensaio idêntico ao anterior mas em que o período de IPC foi omitido e outro ensaio em que não foi aplicado qualquer período de POG.

3.3.4.2. Pré-condicionamento químico (CPC) 3.3.4.2. Pré-condicionamento químico (CPC)

Procedimento: Após a transferência das fatias de hipocampo para as câmaras de perfusão e consequente recuperação durante 1hora, procedeu-se ao pré-condicionamento químico (CPC). O CPC consistiu na perfusão das fatias com tampão krebs contendo os seguintes fármacos: CPA 1-30 M e adenosina (100M) durante 20-60 minutos. A solução de perfusão era saturada com carbogénio antes e durante o pré-condicionamento. A seguir ao pré-condicionamento químico, as fatias permanecem em reperfusão/reoxigenação durante 3h (Sigaut et al., 2009). Após o período de recuperação, submeteram-se as fatias agudas à POG durante 20 minutos. Realizaram-se também dois ensaios

3 Reperfusão é o nome dado ao retorno do sangue a todos os órgãos que estiveram privados dele por algum tempo. Quando há anóxia ou hipóxia num tecido e a oxigenação retorna antes do “ponto de não retorno” é a reperfusão que pode devolver o tecido ao seu estado normal ou induzir necrose/apoptose.

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controlo: um ensaio idêntico ao anterior mas em que o período de CPC foi omitido e outro ensaio em que não foi aplicado qualquer período de POG (insulto neurotóxico). Realizaram-se também dois ensaios controlo: um ensaio idêntico ao anterior mas em que o período de CPC foi omitido e outro ensaio em que não foi aplicado qualquer período de POG.

Fig.3.9. Pré-condicionamento químico com CPA e adenosina.

3.3.5. Métodos para avaliação e quantificação da 3.3.5. Métodos para avaliação e quantificação da sobrevivência/morte neuronalsobrevivência/morte neuronal

A avaliação e quantificação da sobrevivência/morte neuronal face aos insultos isquémicos (POG) foi avaliada através de três métodos, que nos permitiram quantificar os danos neuronais: TTC, Caspase-3 e Libertação da LDH.

3.3.5.1. Método do TTC 3.3.5.1. Método do TTC (Avaliação da viabilidade celular(Avaliação da viabilidade celular através da actividade respiratória mitocondrial)através da actividade respiratória mitocondrial)

O TTC pode ser usado como um método simples, objectivo e sensível na avaliação da isquémia cerebral in vitro (Mathews et al., 2000; Preston and Webster, 2000). A coloração com TTC detecta a viabilidade de neurónios, bem como, células da glia (Toner et al., 2002).

Em tecido saudável, o TTC é enzimaticamente reduzido a formazan (Fig. 3.10), vermelho insolúvel, por desidrogenases, que são mais abundantes na mitocôndria (Benedek et al., 2006; Mathews et al., 2000). Desta forma, o TTC é reduzido a formazan pela succinato desidrogenase presente nas mitocôndrias de células vivas (Lee et al., 2008; Preston and Webster, 2000). Assim, as células que estão mortas ou que tenham sido prejudicadas pelo metabolismo oxidativo não coram, ou coram menos que as células saudáveis (Toner et al., 2002).

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Fig. 3.10 – Conversão do TTC em formazan: 1,3,5-trifenillformazan (Adaptado de http://www.righthealth.com/topic/Formazan - Consultado em 10-09-2010). O sal de tetrazólio é reduzido por enzimas a formazan de cor vermelha e lipossolúvel (Joshi et al., 2004).

A intensidade de coloração correlaciona-se com o número e actividade funcional da mitocôndria (Goldlust et al., 1996) e claramente delineia as áreas lesadas (Bederson et al., 1986). Por isso, o TTC define-se como um marcador da actividade enzimática mitocondrial (Mathews et al., 2000).

Como o formazan do TTC é lipossolúvel, rapidamente se difunde para as células adjacentes/tecidos, especialmente os ricos em lipídos (Joshi et al., 2004).

Procedimento: Após os diferentes tipos de pré-condicionamento efectuados (isquémico ou químico), período de reperfusão (3horas) e consequente POG (20 minutos), as fatias permanecem 1hora em perfusão antes de se aplicar o TTC. Para avaliar a extensão dos danos provocados pela POG perfundiu-se as fatias com tampão Krebs-TTC durante uma 1hora e 30 minutos. O tampão Krebs-TTC é constituído pela seguinte composição (em mM): 140 NaCl; 5 KCl; 1 CaCl2; 10 Hepes sódio e 3 glucose (Lee et al., 2008; Wang et al., 2007). Uma vez que, o hepes e o TTC são fotossensíveis, o tampão krebs-TTC estava protegido da luz, bem como o sistema de perfusão. Adicionou-se TTC o,o5% (m/v) de ao krebs-TTC imediatamente antes de o utilizar (Joshi et al., 2004). O TTC utilizado (Cloreto de 2,3,5-trifeniltetrazólio) foi fornecido pela Fluka. A perfusão com tampão contendo TTC foi realizada na ausência de carbogénio. Após a coloração com TTC, as fatias foram transferidas das câmaras de perfusão para uma placa de 12 poços, efectuando-se lavagem intermédia com Krebs-Hepes. Uma vez na placa, e após se remover o tampão, adicionou-se 1mL da mistura de etanol absoluto com DMSO (solvente de extracção), numa proporção 1:1 (v:v) (Lee et al., 2008), (Wang et al., 2007). A placa era selada e guardada no escuro durante 12horas, para extrair a cor adquirida (formazan) pelas fatias. As fatias viáveis apresentam cor rosa vivo, ao passo que, as fatias que sofreram lesão apresentam menor coloração ou mesmo ausência de cor, consoante a extensão do insulto isquémico aplicado (Bederson et al., 1986; Joshi et al., 2004; Mathews et al., 2000). Após 12horas, quantificou-se a viabilidade celular das amostras, espectrofotometricamente a 485nm, medindo o formazan produzido (Fig 3.10). A absorvência foi normalizada pelo número de fatias presentes em cada câmara.

Para testar qual a concentração mais adequada de TTC no modelo experimental implementado de isquémia cerebral, testou-se a aplicação de TTC a 2% e 0,05% (m/v), tendo-se observado que os valores de absorvência não diferem muito entre as duas condições.

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A comparação entre a incubação com TTC a 0,05 e 2% (m/v) foi realizada quer mantendo as fatias nas câmaras de perfusão, quer colocando-as em reservatórios de incubação (gobelés). Durante a incubação com Krebs-TTC, os gobelés foram verificados periodicamente com leve agitação (15 em 15 minutos) para assegurar que porções de tecido não aderissem às extremidades do cell strainer ou para evitar a sobreposição das fatias entre si.

Fig.3.11. Imagem representativa de fatias coradas pelo TTC a 0,05%.

Comparando o sistema onde foi realizada a incubação com o TTC, se foi efectuada no sistema de perfusão ou em gobelés de incubação, conclui-se que o sistema de perfusão oferece melhor acomodação e estabilidade das fatias, já que os resultados obtidos não diferem significativamente entre os dois métodos (consultar tabela 4.1).

Tabela 4.1. Absorvência obtida (a 485nm) após incubação das fatias com TTC (0,05% e 2%, m/v) durante 1hora e 30 minutos em câmaras de perfusão (1mL/min) e em gobelés. As fatias foram previamente perfundidas a 37ºC com krebs saturado com carbogénio durante 5 horas, antes da incubação como TTC. Os resultados são expressos como média ± desvio padrão de n replicados.

[TTC] (m/v)

Sistema de incubação 0,05% 2%

Câmaras de perfusão

0,184 ± 0,075 (n=4)

0,071 ± 0,030 (n=2)

Gobelés0,130 ± 0,066

(n=4)0,118 ± 0,059

(n=2)

Como se pode observar na tabela 4.1, a utilização de uma concentração de TTC 2% não apresenta vantagens em relação à concentração de 0,05%,

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observando-se inclusive uma tendência para a obtenção de valores de absorvência inferiores para TTC 2%. Embora, as diferenças não sejam estatisticamente significativas (p>0,05).

Joshi et al. (2004) estudaram a aplicação de diferentes concentrações de TTC (1%; 0,05% e 0,01%) em fatias frescas de cérebro de ratos adultos, a 37ºC durante 20 a 45 minutos. Concluíram que as fatias incubadas com TTC 0,05%, durante 30 minutos, apresentavam óptima coloração, excelente contraste e melhor demarcação entre as áreas saudáveis e isquémicas (Joshi et al., 2004). Portanto, todas as experiências em que se utilizou o TTC, utilizou-se uma concentração de 0,05% (m/v) durante 1hora e 30minutos de incubação a 37ºC com Krebs-TTC.

3.3.5.2. Actividade da Caspase-3 (Morte neuronal por 3.3.5.2. Actividade da Caspase-3 (Morte neuronal por

apoptose)apoptose)

Os métodos fluorimétricos baseados em substratos peptídicos marcados com fluorocromo clivável têm sido amplamente utilizados na quantificação de diferentes proteases, incluindo caspases, que são enzimas determinantes para a apoptose (Wang et al., 2005).

A activação de caspase-3 ocorre em resposta a uma ampla variedade de factores desfavoráveis, particularmente na lesão cerebral traumática. Alterações semelhantes também são observadas em fatias de cérebro devido aos danos mecânicos. A actividade da caspase-3 também é alterada consoante o estado de fatias (Kudryashova et al. 2009b). A activação da caspase-3 tem um papel central e exclusivo na iniciação e execução de apoptose neuronal. A caspase-3 é uma das principais proteases efectoras de morte celular no adulto e no sistema nervoso neonatal (Le et al., 2002). A caspase-3 foi identificada como um mediador determinante de apoptose em modelos animais de AVC isquémico (Para revisão ver Broughton et al., 2009).

De acordo com Gurtu et al. (1997), citado por Wang et al. (2005), os substratos da caspase-3 (Exemplo: Ac-DEVD-AFC4) são baseados em corantes de cumarina sendo geralmente usados para determinar a actividade da caspase-3 em homogeneizados celulares. Na maioria dos substratos de caspase-3, a sequência de reconhecimento do péptido é DEVD e a clivagem ocorre após o segundo D. O AFC conjugado normalmente emite luz azul ( max = 400 nm), mas sob clivagem proteolítica, o AFC livre emite uma fluorescência verde-amarela a 505 nm (Wang and Johnson, 2007).

No cérebro, a expressão da caspase-3 está aumentada quando os tecidos são sujeitos a isquémia e hipoperfusão (Pape et al., 2006; Sigaut et al., 2009). 4 Ac-DEVD-AFC: N-acetil-Asp-Glu-Val-Asp-7-amino-4-trifluorocumarina (Kudryashov et al., 2001; Kudryashova et al., 2008).

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Dahmani et al. (2005) observaram um aumento da expressão da caspase-3 em resposta à POG.

Wang and Johnson (2007) observam que em fatias organotípicas, a actividade enzimática da caspase-3 é detectável ao fim de duas horas (no córtex) após tratamento como fenciclidina, que activa a caspase-3 e induz apoptose. O pico máximo de actividade observado foi às 12horas, quer no hipocampo, estriado e córtex frontal (Wang and Johnson, 2007). Asahi e colaboradores demonstraram aumento de mRNA da caspase-3 no cérebro de ratos 1hora após o início da isquémia focal. Além disso, Namura e associados detectaram a caspase-3 e seus produtos de clivagem no cérebro de ratos durante a reperfusão precoce, 2 horas após oclusão da artéria cerebral média (MCAO) (Para revisão ver Broughton et al., 2009).

Procedimento: Após os diferentes tratamentos (quer IPC ou pré-condicionamento químico) e consequente insulto isquémico (20 minutos de POG), procedeu-se à recolha das fatias para a determinação da caspase-3. As fatias foram recolhidas para cell strainers contidos em placas de petri mantidas em gelo, escorrendo-se o tampão krebs. Às fatias escorridas, adicionou-se 2 mL de tampão de lise gelado. O tampão de lise é constituído por (mM): Hepes 25; MgCl2 5; DTT 1; EDTA 1,5; EGTA 1 e Triton x-100 0,1% (v/v), inibidores de proteases: aprotinina 10 g/mL; pepstatina A 10 g/mL; fluoreto de fenilmetilsulfonilo (PMSF) 1 mM; pH final de 7,4 (Adaptado de Wang and Johnson, 2007). O PMSF foi adicionado 1hora antes da utilização e o tampão foi protegido da luz. As fatias foram transferidas para tubos de propileno de fundo plano e mantidos em gelo. As amostras foram homogeneizadas com ultrasons durante 10 segundos em gelo (ver Kudryashova et al., 2009b). Após homogeneizadas, as amostras permaneceram em gelo durante 15 minutos. Centrifugaram-se durante 10 minutos a 15000g a 4ºC (Chong et al., 2006). Recolheram-se os sobrenadantes e congelaram-se a -80ºC na eventualidade de não se realizar de seguida a determinação da actividade da caspase-3 fluorimetricamente (Wang and Johnson, 2007).

A actividade da caspase foi determinada fluorimetricamente (Chong et al., 2006; Kudryashov et al, 2001; Wang and Johnson, 2007), em que se usou o substrato Ac-DEVD-AFC e o inibidor Z-DEVD-FMK (Tocris Bioscience). Numa placa opaca (Corning) de 96 poços (Fig. 3.12), especial para fluorescência, procedeu-se à adição de 40 L de amostra ou de tampão de incubação (branco), 20 l tampão de incubação ou de tampão de incubação contendo inibidor Z-DEVD-FMK 0,5 M e agitou-se no leitor de microplacas de Elisa durante 60 segundos (Wang and Johnson, 2007). Deixou-se incubar à temperatura ambiente durante 15 minutos. O tampão de incubação ou de análise era constituído por (mM): Hepes 20; NaCl 100; EDTA 1; DTT 10; CHAPS 0,1% (v/v); sacarose 10% (m/v); pH final de 7,4. O tampão

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de incubação era protegido da luz. Após os 15 minutos de incubação, adicionaram-se 140 L de substrato Ac-DEVD-AFC 25 M em tampão de incubação e agitou-se novamente durante 60 segundos, protegendo-se da luz (Wang and Johnson, 2007), pois o substrato Ac-DEVD-AFC é fotossensível. Seguidamente, incubou-se a placa durante 60 minutos na estufa a 37ºC (Chong et al., 2006). Finalmente, procedeu-se à leitura da fluorescência no fluorímetro (Fig. 3.12), utilizando excitação = 405 nm e emissão = 510 nm, fenda = 5nm (Chong et al., 2006). A actividade da caspase-3 foi estimada fluorimetricamente, em termos da taxa de clivagem do substrato fluorogénico sintético. A fluorescência do AFC formado é resultado da clivagem proteolítica do substrato (Chong et al., 2006; Kudryashova et al., 2009b). A actividade da caspase-3 foi calculado como a diferença entre a taxa de degradação em amostras de substrato que contém e não contém inibidor específico da caspase-3 (Z-DEVD-FMK) (Kudryashov et al., 2001). A actividade da caspase-3 foi expressa como pmoles AFC/mg protein/60 min. A determinação das proteínas totais presentes em cada amostra recolhida realizou-se colorimetricamente através do kit Biorad-DC5.

Fig. 3.12. Fluorímetro e placa opaca de 96 poços para fluorescência (Adaptado de http://www.scientiis.com/laboratorium/catalog/ - consultado em 20-09-2010).

A curva de calibração obtida para a determinação de proteínas totais realizada pelo kit BioRad DC, realizada com diferentes concentrações de BSA, encontra-se na figura 3.13.

5 É um método simples, rápido e preciso para a detecção e quantificação colorimétrica de proteínas totais, compatível com detergentes e inibidores de proteases.

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0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 10

0.050.1

0.150.2

0.250.3

0.350.4

f(x) = 0.291736375158428 x + 0.065384030418251R² = 0.995871470684288

Proteinas totais

[proteina] g/µL

Abso

rvên

cia (

= 62

0 nm

)

Fig. 3.13. Gráfico representativo da determinação de proteínas totais de amostras de fatias de cérebro, através do Kit BioRad DC.

3.3.5.3. Actividade da LDH libertada (Morte neuronal por 3.3.5.3. Actividade da LDH libertada (Morte neuronal por

necrose)necrose)

A isquémia induz uma pequena, mas progressiva, libertação da enzima desidrogenase do lactato (LDH) do tecido lesado para o meio externo durante a fase de reperfusão (Pedersen et al., 1998). A LDH, enzima citoplasmática, é frequentemente utilizada como marcador bioquímico, de necrose tecidual (Pedersen et al., 1998), em estudos isquémicos (Büyükuysal, 2005).

A actividade da enzima citosólica (LDH) foi determinada no meio de reperfusão, 2horas e 30 minutos após a isquémia e serviu para avaliar a necrose celular (Pedersen et al., 1998; Moroni et al., 2001), isto é, serve para avaliar e quantificar extensão das células lisadas (Büyükuysal, 2005; Chong et al., 2006).

Procedimento: As fatias de hipocampo submetidas aos diferentes tipos de pré-condicionamento (isquémico e químico) e posterior reperfusão, foram sujeitas a POG de 20 minutos (insulto isquémico). A avaliação da morte neuronal, provocada por POG, foi efectuada através da libertação da LDH para o meio de perfusão. Após a aplicação da POG, procedeu-se à reperfusão do meio de incubação durante 2horas e 30 minutos através do sistema de perfusão. Depois de se desprezar o meio de incubação nos primeiros 30 minutos de reperfusão, a solução de perfusão das diferentes câmaras foi recolhida para tubos falcons individuais, durante 10 minutos (Fig. 3.14). Seguidamente, procedeu-se à recirculação, do meio de perfusão recolhido nos tubos, através das câmaras respectivas durante mais duas horas. Uma vez concentrada a LDH libertada para o meio de perfusão, procedeu-se à recolha de diferentes alíquotas correspondentes a cada câmara (Chong et al., 2006).

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Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

A LDH libertada foi medida no meio de incubação recirculado (Xue et al., 2004). A LDH basal libertada para o meio extracelular foi também determinada nos ensaios controlo que não foram expostos ao POG, tem sido este valor subtraído a todos os valores experimentais obtidos (Moroni et al., 2001).

Fig. 3.14. Recolha e concentração de LDH libertada.

Para a determinação quantitativa in vitro da actividade enzimática da LDH nas fatias agudas de hipocampo, utilizou-se um kit obtido da Randox (LDH P-L Manual). Resumidamente, mediu-se a absorvência a 340 nm num espectrofotómetro durante 30 minutos de incubação à temperatura ambiente (25ºC), após se adicionar 50 L de amostra e 100 L de reagente (Fig. 3.15) contendo os substratos da enzima. Registou-se a absorvência ao longo do tempo, aos seguintes tempos de reacção: 1, 5, 10, 15 e 20 minutos. Realizou-se as leituras em triplicado para cada amostra recolhida. Durante o período de incubação, as amostras foram protegidas da luz, uma vez que, o NADH é sensível à luz.

Fig.3.15. Reacção de conversão do piruvato a lactato, catalisada pela LDH.

A quantidade de LDH libertada pelas células foi expressa em termos de actividade total de LDH (Takuma et al., 2005).

3.4. A3.4. ANÁLISENÁLISE ESTATÍSTICAESTATÍSTICA

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Os resultados são apresentados como média ± desvio padrão ou como mediana. A análise estatística dos dados das proteínas totais e LDH foi realizada através do Microsoft Office Excel 2007 para Windows.

Cada condição experimental foi repetida pelo menos 2-3 vezes, com fatias de cérebro de ratos diferentes.

A análise estatística foi realizada com o programa SPSS (PASW Statistics 18). A diferença entre a média foi analisada através do teste T de Student emparelhado ou desemparelhado ou através da Análise de variância (ANOVA). A diferença entre mediana foi analisada através do teste Wilcoxon (amostras emparelhadas) ou de Mann-Whitney (amostras desemparelhadas). As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas quando p<0,05.

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4. Resultados e Discussão

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Um dos objectivos deste trabalho de investigação foi estudar o fenómeno do pré-condicionamento isquémico a insultos neurotóxicos, determinando se aplicação prévia de um insulto subletal ligeiro (não neurotóxico) previne o dano causado por um insulto maior aplicado posteriormente. No entanto, o efeito do IPC, em animais adultos não está esclarecido, apesar da resistência à isquémia ser menor em animais adultos.

O efeito do pré-condicionamento a insultos isquémicos neurotóxicos, por aplicação de insultos isquémicos ligeiros será comparado com o efeito do pré-condicionamento por aplicação de agonistas do A1R, em fatias recém preparadas de hipocampo de ratos adultos. O efeito neuroprotector será avaliado por quantificação da sobrevivência celular e da morte celular (apoptose/necrose).

4.1. E4.1. EFEITOFEITO NEUROPROTECTORNEUROPROTECTOR DODO P PRÉRÉ--CONDICIONAMENTOCONDICIONAMENTO ISQUÉMICOISQUÉMICO (IPC) (IPC)

Começou-se por avaliar o efeito do número de insultos não neurotóxicos no IPC. Para tal procedeu-se ao estudo do IPC na presença de um insulto de 3 minutos de POG e na presença de dois insultos repetidos (3 minutos de POG, com intervalo de tempo de 17 minutos entre o primeiro e o segundo insulto subletal). O intervalo de tempo de recuperação entre o IPC e a aplicação do insulto neurotóxico (POG) foi de 3 horas. A duração do insulto neurotóxico foi de 20 minutos, com uma hora de recuperação após POG.

Como se pode observar pela figura 4.1., os resultados sugerem que no pré-condicionamento isquémico, a aplicação de dois insultos subletais repetidos confere maior sobrevivência neuronal face a aplicação de um insulto isolado (aumentou 25% a taxa sobrevivência neuronal). A percentagem de viabilidade do controlo (20 minutos POG, sem IPC) obtida para 1xIPC foi de 116% ± 12% (n=3) e para 2xIPC foi de 145% ± 18% (n=3), embora a diferença não seja estatisticamente significativa. Como os resultados sugerem que a neuroprotecção conferida pelo IPC seja superior

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Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

quando se aplica dois estímulos de pré-condicionamento isquémico passou-se a utilizar este protocolo de IPC nas experiências posteriores.

Os efeitos da isquémia são dependentes do tempo (Toner et al., 2002). Toner et al. (2002) observou que à medida que a duração de POG aumentava (10-30 minutos), as fatias de cérebro ficavam menos coradas porque estavam mais lesadas, ou seja, comprovou uma diminuição acentuada da coloração do TTC com o aumento da duração de POG.

Inicialmente, realizava-se no final de cada experiência, após aplicação do TTC, a contagem do número de fatias, bem como, a pesagem das massas. Dado que a pesagem das fatias revelou-se um procedimento difícil de concretizar devido ao estado de deterioração das fatias, com a evolução do trabalho experimental optou-se por realizar apenas as contagens do número de fatias por experiência para normalizar a absorvência, pelo que, todos os valores de absorvência tratados são valores corrigidos.

1 x IPC 2 x IPC60708090

100110120130140150

Pré-condicionamento isquémico (IPC)

1 x IPC versus 2x IPC

% V

iabi

lidad

e Ce

lula

r

n=3 n=3

Fig. 4.1. Comparação entre a aplicação de um insulto não tóxico (1xIPC) versus aplicação de dois insultos não neurotóxicos (2xIPC) no pré-condicionamento isquémico. As fatias foram submetidas a zero (controlo), um e dois insultos não tóxicos, 3 horas antes da aplicação de um insulto neurotóxico (20 minutos de POG). A viabilidade celular foi analisada 1 hora depois através da incubação com TTC (0,05%). Os resultados representam a percentagem (%) de sobrevivência do ensaio controlo, no qual não foi aplicado IPC. Os resultados apresentados são a média ± epm (erro padrão da média) correspondentes a 3 experiências independentes, realizadas em duplicado.

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Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

Controlo POG IPC0

0.02

0.04

0.06

0.08

0.1

0.12

0.14

0.16

0.18

Via

bilid

ade

celu

lar (

Abso

rvên

cia)

Fig. 4.2. Efeito do IPC no decréscimo da viabilidade celular induzida por um insulto isquémico. As fatias foram submetidas (IPC) ou não (Controlo, POG) a dois insultos não tóxicos de 3 minutos e 3 horas depois foi aplicado (IPC, POG) ou não (controlo) um insulto neurotóxico (20 minutos de POG). A viabilidade celular foi analisada 1hora depois, através da incubação com TTC (0,05%). Os resultados representam a mediana das absorvências (=485 nm) correspondentes a 6 experiências estatisticamente diferentes (Mann-Whitney).

Como podemos observar na Fig. 4.2., a aplicação de um insulto isquémico de 20 minutos de POG produziu uma redução significativa da viabilidade celular, obtendo-se uma mediana das absorvências igual a 0,0475, em relação ao grupo controlo que apresentou a mediana de absorvência igual a 0,1558. No entanto, a aplicação de IPC antes do insulto isquémico produziu aumento na viabilidade celular em relação ao ensaio com POG mas sem IPC, tendo-se obtido uma mediana da absorvência igual a 0,099 para o IPC.

Como podemos observar na Fig. 4.3, a neuroprotecção conferida pelo IPC na isquémia cerebral foi de 22,8% (n=6) em relação ao ensaio com insulto isquémico mas sem IPC.

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Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

POG IPC60

70

80

90

100

110

120

130

Pré-condicionamento versus % Mediana B

% S

obre

vivê

ncia

Cel

ular

Fig. 4.3. Efeito neuroprotector conferido pelo IPC na isquémia cerebral. As fatias foram submetidas (IPC) ou não (POG) a dois insultos isquémicos não tóxicos de 3 minutos e 3 horas

depois foi aplicado um insulto neurotóxico (20 minutos de POG). A viabilidade celular foi analisada 1hora depois através da incubação com TTC (0,05%). Os resultados representam a

percentagem de absorvência do ensaio sem IPC (POG). Os resultados são a mediana das absorvências (=485 nm) correspondentes a 6 experiências independentes, *

Estatisticamente diferente de 100% (p = 0,047), Teste de Wilcoxon.

4.2. E4.2. EFEITOFEITO NEUROPROTECTORNEUROPROTECTOR DODO P PRÉRÉ--CONDICIONAMENTOCONDICIONAMENTO QQUÍMICOUÍMICO: CPA : CPA EE A ADENOSINADENOSINA

Estudos anteriores indicam que em culturas de fatias de cérebro, obtidas a partir de ratos recém-nascidos, o efeito protector obtido através do pré-condicionamento com um insulto isquémico ligeiro (IPC), é dependente da activação dos A1R. Além disso, a aplicação de agonistas dos A1R antes do insulto neurotóxico (pré-condicionamento químico), diminuem o dano celular provocado por este. No entanto, o efeito quer do IPC quer do pré-condicionamento químico, com agonistas do A1R, em animais adultos não está esclarecido, apesar da resistência à isquémia ser menor em animais adultos.

Para o estudo do pré-condicionamento químico com agonistas dos A1Rs (CPA) começou-se por estudar o pré-condicionamento com diferentes concentrações de CPA (1-30M) (ver Fig. 4.4).

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Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

0 1 10 306065707580859095

100105110

10092

107 †99

Pré-Condicionamento Químico: CPA

[CPA] (µM)

% V

iabi

lidad

e ce

lula

r

n=4

n=2 n=2n=8

Fig. 4.4. Efeito do pré-condicionamento com CPA (1-30 µM) no decréscimo da viabilidade celular induzida por um insulto isquémico. As fatias foram perfundidas na ausência (controlo) ou na presença de CPA (1-30 µM) durante 20 minutos e 3 horas depois foi aplicado um insulto neurotóxico (20 minutos de POG). A viabilidade celular foi analisada através da incubação com TTC (0,05%), durante 1hora e 30 minutos. Os resultados representam a percentagem da absorvência do ensaio sem CPA (controlo). Os resultados são a mediana das absorvências (=485 nm) correspondentes a 2-8 experiências independentes realizadas em quadruplicado. † p = 0,068 (Teste de Wilcoxon).

Inicialmente, estudou-se o efeito do pré-condicionamento com CPA 1M (n=2) durante 20 minutos, no efeito neurotóxico produzido por um insulto isquémico de 20 minutos, tendo-se observado que esta concentração de CPA não apresentava qualquer efeito neuroprotector. Dado que o tratamento com CPA 1M não induziu tolerância isquémica, procedeu-se ao pré-condicionamento com CPA 10M. Os resultados obtidos com concentração de CPA sugerem uma tendência para um aumento da viabilidade celular produzido pelo pré-condicionamento com CPA, face ao insulto isquémico (†=0,068) (ver Fig. 4.4). Embora, este aumento estatisticamente significativo não seja o aumento da viabilidade celular (7%) comparado com o aumento obtido com o IPC (22,8%). Para tentar aumentar a neuroprotecção conferida pela CPA 10 M, prolongou-se o período de pré-condicionamento com CPA para 1 hora, em vez de, 20 minutos como nas experiências anteriores. No entanto, não se observou neuroprotecção produzida pela CPA 10 M. O valor da mediana da absorvência foi igual a 0,046 no ensaio controlo (POG) e o valor da mediana no ensaio em que se aplicou pré-condicionamento foi de 0,0445 (n=2). A aparente ausência de efeito do pré-condicionamento com CPA 10 M durante uma hora poderá reflectir dessensibilização do receptor ao se utilizar tempo de incubação prolongado com CPA. Para estudar se o efeito da activação dos A1Rs depende da concentração de

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Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

agonista aplicado, testou-se a concentração de CPA de 30 M (n=2). De facto, constata-se que o aumento da concentração de CPA não induziu tolerância isquémica face ao controlo (POG) Fig. 4.4. Depreende-se que possivelmente ocorre uma dessensibilização dos receptores, deixando de exercer o seu efeito neuroprotector. Dado que o tratamento com CPA 10M foi o que sugeriu um efeito neuroprotector, utilizando esta concentração de CPA, estudou-se ainda se o pré-condicionamento com CPA 10 M durante 20 minutos produziria uma maior neuroprotecção face à aplicação de um insulto isquémico inferior ao normalmente aplicado, para testar se por ventura o insulto isquémico seria demasiado neurotóxico. Foi testada a aplicação de 10 minutos e 12 minutos de POG. Constatou-se que a duração do insulto isquémico não foi suficiente para induzir danos.

O facto de se observar efeito neuroprotector um efeito neuroprotector significativo (+23%) do IPC face a um insulto isquémico neurotóxico, o qual foi apenas parcialmente mimetizado pelo pré-condicionamento químico com CPA 10 M, sugere que, em ratos adultos, a activação dos A1Rs no hipocampo não é suficiente para induzir uma resposta neuroprotectora adequada face ao insulto neurotóxico aplicado, embora segundo estudos anteriores a activação dos A1Rs seja necessária para a indução de neuroprotecção por IPC. Os nossos resultados contrastam com os obtidos em culturas organotípicas de ratos recém-nascidos (Raval et al., 2003;2006), onde o pré-condicionamento com agonistas dos A1Rs é suficiente para induzir para induzir um efeito neurotóxico máximo. A diferença obtida entre os resultados poderá ser devido à menor concentração de A1R observada em ratos adultos.

Desta forma, depreende-se que a tolerância isquémica induzida pelo IPC, embora possa ser dependente da activação dos A1Rs, no entanto, eles por si só, não são suficientes para reproduzir o efeito do IPC. Ou seja, a neuroprotecção conferida depende da activação de A1R como sendo parte integrante de um conjunto de vias necessárias para a constituição do processo de neuroprotecção, conferindo tolerância isquémica transitória ou prolongada. Relativamente à duração do efeito promovido pelo pré-condicionamento, não sabemos se se trata de um efeito momentâneo de curta duração (transitório) ou tardio (prolongado).

Para avaliar o pré-condicionamento químico através da activação dos receptores de adenosina, testou-se ainda o pré-condicionamento com adenosina. O pré-condicionamento com adenosina não conferiu qualquer neuroprotecção face ao insulto isquémico (POG) de 20 minutos, inclusive os resultados sugerem uma tendência para o agravamento do efeito neurotóxico (- 6%) obtido pela mediana de

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Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

n= 4 experiências realizadas em quadruplicados. De facto, a adenosina na concentração utilizada (100 µM) não activa apenas os receptores A1

(neuroprotectores) mas também A2Rs e A3Rs. Está descrito que activação destes últimos pode induzir apoptose (Abbracchio et al., 1997).

CCASPASEASPASE-3-3

Em relação aos resultados obtidos pela caspase-3 não são apresentados uma vez que não foi detectada actividade da caspase-3 nas nossas amostras. Por outro lado, o fluorímetro disponível não se encontrava nas melhores condições de funcionamento

LDHLDH

Em relação aos resultados obtidos pela determinação actividade da LDH não são apresentados, dado que, os valores lidos de absorvência no espectrofotómetro são insignificantes, devido ao volume do meio de incubação, para que seja detectáveis alterações.

4.3.4.3. D DISCUSSÃOISCUSSÃO SOBRESOBRE ASAS M METODOLOGIASETODOLOGIAS U UTILIZADASTILIZADAS

A morte celular no cérebro induzida por insultos isquémicos envolve uma cascata de acontecimentos que podem levar à morte celular por necrose precoce e morte celular tardia com características de necrose ou apoptose. No nosso modelo experimental só foi possível a avaliação das consequências de acontecimentos no início desta cascata, até às 8horas, duração de tempo estudado. Por conseguinte, é possível que subestimemos a extensão da eventual morte celular, considerando que as fatias não terão tido tempo suficiente para desenvolver a lesão, no entanto, com o aumento do tempo alguns dos efeitos neuroprotectores eventualmente poderiam desaparecer (Popovic et al., 2000).

Mathews et al., (2000) consideram a coloração com TTC, uma técnica totalmente validada para avaliação da disfunção cerebral metabólica celular no modelo de isquémia cerebral por eles usado.

Em relação à detecção da caspase-3, a fase final da morte celular pode-se iniciar 10 horas ou mesmo dias após a recepção do sinal apoptótico (Kudryashova et al. 2009b) e o tempo que decorre desde o momento da decapitação até ao congelamento das fatias para análise posterior da caspase-3, não supera as 6-8 horas, pelo que, o tempo foi claramente muito curto.

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Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

EEFEITOFEITO DEDE ANESTÉSICOSANESTÉSICOS ((NONO MODELOMODELO EXPERIMENTALEXPERIMENTAL COMCOM FATIASFATIAS DEDE HIPOCAMPOHIPOCAMPO) )

Neste trabalho de investigação, os ratos foram anestesiados com halotano antes da extracção dos cérebros para a preparação das fatias e provavelmente as fatias podem ter sido pré-condicionadas com halotano. Contudo, como foi demonstrado por Zheng and Zuo (2003), uma exposição inferior a 5 minutos provoca um efeito mínimo induzido pelo pré-condicionamento. Considerando que durou menos de 2 minutos para anestesiar cada rato com anestésico, o efeito do pré-condicionamento por esta breve exposição de halotano deve ser mínima. Além disso, todas as fatias de cérebro, utilizadas nos diversos tratamentos foram igualmente submetidas a exposição de halotano, assim sendo, foram todas afectadas da mesma forma.

DDURAÇÃOURAÇÃO DODO TEMPOTEMPO DEDE REPERFUSÃOREPERFUSÃO//RECUPERAÇÃORECUPERAÇÃO

Alguns autores sugerem que o tempo após a preparação das fatias de hipocampo, deveria ser mais longo. No nosso modelo experimental, as fatias recuperam durante 1hora incubadas a 37ºC em perfusão contínua de tampão krebs gaseado. Toner et al. (2002) descreve que as fatias deviam permanecer incubadas à temperatura ambiente (24ºC) durante 1hora-4horas, para permitir a recuperação do trauma induzido pela preparação.

Em relação à duração do tempo após pré-condicionamento, Sigaut et al. (2009) utilizaram entre 5-6horas de tempo de reperfusão. No nosso modelo após IPC, as fatias permanecem em perfusão de tampão krebs gaseado durante 3horas a 37ºC.

Outros autores sugerem que, após o período pretendido de isquémia simulada in vitro (POG) , as fatias permaneçam em recuperação em tampão Krebs gaseado a 37ºC durante 4 - 5 horas (Popovic et al., 2000; Wang et al., 2007; Zheng and Zuo, 2003). Salientam que este período de recuperação, foi utilizado para permitir o desenvolvimento da lesão e morte celular que podem não ser evidentes imediatamente após o insulto isquémico (Popovic et al., 2000; Wang et al., 2007).

Zheng and Zuo (2003) avaliaram a lesão/morte celular ao fim 4horas após POG, porque a morte neuronal em fatias de cérebro só se manifesta dentro de 4 a 5 horas após OGD e hipóxia (Popovic et al., 2000).

Wang et al., (2007) referem que as fatias após insulto isquémico (POG), permanecem em recuperação em tampão Krebs em perfusão durante 5horas a 37ºC, para permitir que a lesão e a morte celular que podem não ser evidentes logo após o insulto isquémico, se torne aparente.

No nosso modelo experimental, após a simulação de isquémia in vitro, 20 minutos de POG, aplicamos os métodos de avaliação/quantificação de sobrevivência

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Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

neuronal 1hora e 30 minutos a 2horas e 30 minutos após o insulto isquémico. No caso do TTC e no caso da caspase-3, as fatias após POG são perfundidas durante 1hora e 30minutos com krebs TTC. No caso da LDH, as fatias permaneceram durante 2horas e 30 minutos a recuperar e a concentrar a LDH libertada para o meio pelas fatias danificadas.

A utilização de tempos de recuperação, após insulto isquémico neurotóxico, menores poderá explicar porque razão não foi possível quantificar a actividade da caspase-3 na nossa preparação. No entanto, outros autores conseguem detectar activação da caspase-3 em fatias de hipocampo 1hora após aplicação de insulto isquémico (Dahmani et al., 2005).

4.4.4.4. P PERSPECTIVASERSPECTIVAS F FUTURASUTURAS

Com base nos resultados obtidos ao longo deste trabalho de investigação, propõe-se novas perspectivas para a continuação e desenvolvimento/optimização deste projecto, tais como:

- estudo do marcador bioquímico, S100B. Büyükuysal (2005) estudou a libertação da proteína S100B durante e após isquémia em fatias de cérebro de rato (in vitro). De acordo com Donato (2003), citado por (Büyükuysal, 2005), a proteína S100B pertence à família das proteínas S-100 e é expressa principalmente em astrócitos, sendo libertada a partir destas células. Quanto maior a concentração de S100B induzida por trauma e isquémia cerebral maior será a extensão de dano cerebral. Observou-se um aumento significativo na libertação da proteína S100B, uma hora após isquémia, para o meio extracelular sem alterar a libertação da LDH. Pelo que, tal facto nos permite comparar com os resultados obtidos através da actividade da LDH. Büyükuysal (2005) conclui que a proteína S100B apresenta maior sensibilidade à isquémia do que a LDH em modelos in vitro com fatias agudas de cérebro.

Considerando a libertação da LDH, como sendo o método mais sensível e reprodutível, ou seja, o mais adequado ao nosso modelo experimental para avaliar a sobrevivência neuronal a insultos isquémicos, é importante estudar a evolução da aplicação de diferentes períodos de OGD a fatias agudas e estudar o seu efeito na libertação da LDH. O que nos permitiria estudar se a LDH libertada apresenta relação linear com a duração do período de OGD aplicado, ou seja, se apresenta proporcionalidade directa consoante o aumento do insulto isquémico (danos provocados).

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Com a finalidade de melhorar e optimizar a funcionalidade do método de avaliação da sobrevivência neuronal com base na libertação da LDH, seria importante estudar o tempo de reperfusão necessário, após insultos isquémico, para que a actividade da LDH medida seja máxima. Perdersen et al. (1998) estudaram a progressão da LDH libertada ao longo do tempo de reperfusão, durante 60 minutos, em fatias de córtex e estriado, após 30 minutos de isquémia. Uma vez que, a reoxigenação das fatias após isquémia aumenta a expressão deste marcador bioquímico no meio extracelular (Büyükuysal, 2005). A fim de determinar a dependência do tempo de reoxigenação (após isquémia) sobre a quantidade de LDH libertada, Büyükuysal (2005) estudou o seu comportamento durante 3 horas de incubação, em que o meio de incubação foi substituído de hora em hora, durante esse período e recolheram amostras do meio. Observou-se então que, em fatias de córtex de cérebro, a libertação de LDH é significativamente elevada durante a primeira hora de reoxigenação após isquémia (1hora). Após uma hora, a libertação de LDH diminui gradualmente ao longo do tempo, pelo que, após 1hora até 2horas, atinge metade da percentagem alcançada durante a primeira hora. Por conseguinte, ao fim de duas horas de reoxigenação, a libertação de LDH para o meio extracelular é reduzida a um terço da quantidade registada durante a primeira hora. Büyükuysal (2005) determinou ainda os níveis basais de LDH libertada para o meio de incu bação em condições normóxicas nas fatias de cérebro e verificou que nas fatias de hipocampo, o nível basal de LDH libertada era bastante superior em comparação com o corpo estriado e o córtex.

Outra hipótese para a optimização do modelo experimental de isquémia cerebral com fatias de cérebro in vitro seria alterar o nosso sistema de perfusão por um sistema com reservatórios de incubação (Fig. 4.5) continuamente gaseado, para diminuir os volumes de perfusão do sistema de perfusão e assim obter maiores valores de actividade de LDH libertada. Vários autores optaram por este modelo de incubação: Hassen et al., 2004; Moroni et al. (2001); Toner et al. (2002); Wang et al. (2007).

Fig 4.5. Exemplificação do sistema com reservatórios de incubação.

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5. Conclusões

Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

Outra opção consistiria mesmo, na criação de um novo sistema de perfusão com câmaras de perfusão com metade do volume, bem como, tubagens mais estreitas e de menores dimensões, que reduziriam o volume de perfusão total para metade do volume actual.

Relativamente ao tempo de recuperação após pré-condicionamento deveria ser alterado, isto é, prolongado para estudar se o efeito neuroprotector do pré-condicionamento se manifesta na fase aguda ou tardia. Ou mesmo dividido em duas análises distintas, diminuir o tempo de 3horas de recuperação utilizado para apenas duas horas e outra análise com um período de recuperação de 5 horas. Bem como, o aumento de tempo de recuperação após POG, no caso da Caspase-3, para que a lesão e morte celular se tornem evidentes.

Outra perspectiva seria comparar os métodos de quantificação da sobrevivência (viabilidade celular)/morte neuronal utilizados ao longo deste trabalho experimental entre si: TTC, Caspase-3 e LDH libertada, para estabelecer o método mais adequado (sensível e reprodutível) para avaliação da viabilidade celular de fatias frescas de hipocampo de ratos adultos.

Com o presente trabalho de investigação podemos concluir que:- foi possível o estabelecimento de um modelo experimental de isquémia

cerebral in vitro , com fatias de hipocampo de cérebros de ratos adultos;- foi possível a implementação de um sistema de perfusão adequado ao

modelo experimental;- o pré-condicionamento isquémico, com dois breves insultos isquémicos

subletais, conferiu neuroprotecção perante um insulto isquémico grave de 20minutos de duração;

- o pré-condicionamento químico com CPA 10M durante 20 minutos poderá conferir neuroprotecção perante um insulto isquémico de 20minutos, através do TTC;

- o efeito neuroprotector promovido pelo pré-condicionamento com agonistas selectivos da adenosina (CPA) poderá mimetizar parcialmente o efeito promovido pelo IPC na indução de tolerância isquémica;

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6. Referências Bibliográficas

Efeito neuroprotector de diferentes tipos de pré-condicionamento a insultos isquémicos

- um período de 1hora e 30 minutos após aplicação de um insulto isquémico neurotóxico de 20 minutos não foi suficiente para induzir activação de caspase-3 no nosso modelo experimental;

- relativamente à duração do efeito promovido pelo pré-condicionamento, não sabemos se se trata de um efeito momentâneo de curta duração (transitório) ou tardio (prolongado).

Em suma, conclui-se que o pré-condicionamento isquémico e provavelmente, embora em menor grau o pré-condicionamento químico, por activação dos A1Rs, conferem neuroprotecção perante a isquémia cerebral in vitro.

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