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Índice pág.

A UMAR: Intervenção na Violência de Género 3

Centros de Atendimento 5

Casas de Abrigo 18

Observatório de Mulheres Assassinadas 37

O Assédio Sexual no espaço público, na rua e no trabalho 52

Projectos POPH/QREN: 55

Mudanças com Arte 56

BIG 60

Laços e Fronteiras 63

3

UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA

umarfeminismos.org

A UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta, é uma associação de mulheres, sem

fins lucrativos, com o estatuto de Organização Não Governamental de Mulheres. É uma

associação de âmbito nacional, sedeada em Lisboa e constituída a 12 de Setembro de 1976.

Para além de intervir em diferentes regiões (nomeadamente, Açores, Almada, Braga,

Península de Setúbal, Lisboa e Porto), mantém ligações com grupos de mulheres e

mulheres individualmente, por todo o país e a nível internacional.

Tem como objectivo geral a defesa dos direitos das mulheres, desenvolvendo actividades,

mais especificamente nas seguintes áreas:

Apoio, atendimento e acompanhamento de mulheres vítimas de violência, a nível

nacional, através dos Centros de Atendimento de Almada e Porto, suportados por

Acordo de Cooperação com os respectivos Centros Distritais do ISSS;

Gestão de duas Casas de Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica e

seus filhos e filhas, distritos de Lisboa e Setúbal e financiados por Acordo de

Cooperação com o ISSS;

Elaboração de estudos sobre a situação da mulher;

Promoção e dinamização do primeiro e único Centro de Documentação e Arquivo

Feminista em Portugal;

Dinamização do Observatório das Mulheres Assassinadas - OMA, singular

observatório do tipo, em Portugal;

Promoção de Projectos de Intervenção Comunitária;

Dinamização de seminários, congressos, workshops e acções na área da Igualdade

de género;

A UMAR: Intervenção na violência de género

4

Tomada de posição quanto às estratégias na área da violência de Género e Direitos

das Mulheres e reivindicação de novos e velhos direitos;

Participação em movimentos internacionais feministas e de defesa de direitos

humanos, nestes se destacando a sua participação na MMM – Marcha Mundial de

Mulheres;

Promoção de Projectos de Formação, sendo entidade acreditada pela DGERT;

Prevenção da Violência de Género, aplicando uma metodologia construída e

teorizada pela UMAR;

Acaba de desenvolver 3 projectos no âmbito do POPH - QREN, relativos às

questões da igualdade e género, denominados: Laços e Fronteiras (Projecto que

trabalhou as questões do tráfico de seres humanos), BIG – Bibliotecas para a

Igualdade (um trabalho desenvolvido nas escolas e com as Bibliotecas Escolares) e

o Projecto Mudanças com Arte (um projecto de na zona do grande Porto que

pretendeu dar continuidade à intervenção nas escolas, na área da prevenção da

violência de género);

Recentemente a UMAR lançou a ROTA DOS FEMINISMOS CONTRA O ASSÉDIO

SEXUAL: um trabalho que visa sensibilizar para as questões do assédio sexual no

espaço público, na rua e no local trabalho.

A filosofia do trabalho da UMAR na área da violência de género articula reflexão,

investigação, a intervenção/resposta directa e acção política. É nesta articulação a

diversos níveis de intervenção feminista que os serviços, os projectos e os grupos de

trabalho se informam mutuamente para encontrar as medidas e as respostas sociais mais

adequadas ao contexto histórico e vida das mulheres.

Subjaz à intervenção desta ONG feminista uma perspectiva de construção de um sujeito

colectivo feminista onde a subjectividade e as necessidades de cada mulher se possam

articular com o colectivo, no sentido de uma sociedade mais justa.

São de salientar algumas das áreas temáticas de intervenção da UMAR, como sejam:

feminismos, direitos sexuais e reprodutivos, igualdade de oportunidades e igualdade de

género, formação de públicos estratégicos na área da igualdade e da intervenção com

mulheres vítimas de violência de género, a informação e orientação para o emprego, acção

política através de metodologias artísticas, produção de conhecimento e publicações no

campo dos feminismos e dos movimentos de mulheres.

5

CENTROS DE ATENDIMENTO

A) Centro de Atendimento: uma resposta na área da violência de género e violência

doméstica contra as mulheres – P’RA TI e CAM (Centro de Atendimento Mulher)

Os Centros de Atendimento da UMAR apresentam-se como um recurso na área da

violência doméstica para os Distritos de Porto e Setúbal. Têm por objectivo o apoio,

acompanhamento e protecção a mulheres vítimas de violência doméstica. Dispõem de

equipas com formação geral e específica nesta área que contam já com muitos anos de

especialização na área da violência de género.

Essencial para o trabalho desenvolvido por estes centros é o papel que assume a parceria,

no encaminhamento, articulação e apoio, no encontro de soluções para as situações aí

trabalhadas.

Neste sentido, com os recursos humanos e materiais e a sua estreita ligação aos serviços

de acção sociais locais e à linha nacional de emergência social (LNES) – 144, bem como

IPSS’s, hospitais, centros de saúde, escolas, CPCJ’s, autoridades policiais e judiciais e uma

rede de casas de abrigo a nível nacional, os Centros de Atendimento assumem-se como

resposta consistente no âmbito das respostas nacionais na área do apoio e

acompanhamento a mulheres vítimas de violência doméstica previstas nos termos da lei,

designadamente pela Lei n.º 112/2009, de 16 de Setembro e de outros instrumentos,

designadamente o IV Plano Nacional Contra a Violência Doméstica.

B) Serviços disponibilizados e objectivos dos Centros de Atendimento

Pese embora não se constituam como resposta 24 sobre 24 horas, os Centros de

Atendimento CAM e P’RA TI apresentam serviços de apoio em emergência, pela

disponibilização do recurso Banco de Crise/Risco. Dispõem igualmente de serviços de

atendimento permanente e respostas específicas, quer a nível psicológico, quer jurídico.

Pretendendo, em síntese, cumprir com o objectivo de se constituirem como resposta e

apoio a mulheres vítimas de violência doméstica promovem:

- O atendimento/acompanhamento psicossocial, psicoterapeutico e jurídico de mulheres

de violência doméstica;

- Um Banco/Diário de Crise/Risco para situações de emergência;

- Alojamento e acompanhamento em Emergência

6

C) Os Centros de Atendimento e a Comunidade

a) Como serviços especializados na área da violência doméstica recebem várias

solicitações da comunidade em que se inserem e que, embora não incluídas nos

Acordos de Cooperação celebrados, são assumidas como parte integrante do

trabalho a desenvolver por uma reposta desta natureza. Nestas, identificam-se as

acções de informação e divulgação dos serviços, acções de sensibilização nas

escolas e com alunos/as bem como junto de públicos estratégicos, assim como

desenvolver acções formativas, designadamente PSP e GNR (NIAVE) e outros

públicos estratégicos. Participam igualmente na divulgação das acções neles

desenvolvidas e da sua metodologia de trabalho, apresentando comunicações em

seminários, congressos e workshops.

b) Os Centros de Atendimento da UMAR são igualmente solicitados para responderem

a encontros formais e informais com entidades policiais, judiciais e outras, no

sentido de uma maior informação sobre serviços disponibilizados e procedimentos

nesta área e sua intervenção.

Pretende-se com estes encontros melhorar a articulação e aperfeiçoar a

intervenção das várias entidades envolvidas nas respostas a dar às mulheres

vítimas do crime de violência doméstica, respostas que devem ser estreitas e

articuladas, no melhor interesse dos direitos das mulheres que procuram esses

serviços;

c) No sentido de uma cada vez maior e melhor preparação para a intervenção, os

elementos das equipas dos Centros de Atendimento frequentam acções de

formação específica e participam em seminários, congressos e workshops.

d) Porque é determinante participar na implementação e no delinear de estratégias

políticas na área da violência doméstica, participam ainda no grupo de trabalho de

implementação dos Planos Nacionais Contra a Violência Doméstica e encontros

nacionais sobre as dinâmicas a serem desenvolvidas no âmbito desta medida

estratégica. A participação na avaliação destes instrumentos políticos e o contributo

nas estratégias de continuidade nesta matéria contam igualmente com a

participação destes centros. O seguimento da implementação da legislação em

matéria de violência doméstica e o seu impacto é igualmente uma área de trabalho

no sentido de se perceber a mudança operada pela mesma na vida concreta das

mulheres apoiadas pelos centros de atendimento.

e) A intervenção com dinâmicas de grupo é igualmente uma actividade que algumas

técnicas e voluntárias da UMAR assumem. De referir que esta resposta necessária e

7

que pode ser disponibilizada por um Centro de Atendimento, não se tem

constituído como resposta permanente, funcionando de acordo com a

disponibilidade e o pedido das utentes;

f) As técnicas participam ainda nas dinamicas da parceria, marcando presença e

desenvolvendo iniciativas em áreas que se cruzam com a intervenção dos Centros

de Atendimento, bem como se fazem representar nas estruturas concelhias como

sejam Concelhos Locais de Acção Social, CPCJ, Comissões Sociais de Freguesia, entre

outras.

Em conclusão diremos que o trabalho desenvolvido pelos Centros de Atendimento e

Acompanhamento a Mulheres Vítimas de Violência, têm-se constituído como uma resposta

na problemática da violência contra as mulheres, procurando responder às demandas das

mulheres que nos procuram, bem como da parceria que os integram, não esquecendo o

seu envolvimento na comunidade e no delinear das estratégias e políticas a desenvolver

em matéria de violência de género.

A) CAM – Centro de Atendimento Mulher

O Centro de Atendimento Mulher, sito em Almada – Monte de Caparica, tem como

população alvo mulheres vítimas de violência e seus filhos e filhas residentes na Península

de Setúbal. Teve origem em 1998 através de um Gabinete de Atendimento no âmbito do

Projecto VIRAR e destinado à população feminina do PIA – Plano Integrado de Almada.

Pretendeu-se então disponibilizar um espaço de atendimento às mulheres, embora não

especialmente para as situações de violência doméstica. Porém, esta viria a ser a

problemática mais trazida por quantas procuravam este espaço. Daí que em 2000 e no

âmbito do Programa de Luta Contra Pobreza tivesse surgido o projecto IAIÔ – Integração,

Autonomia e Igualdade de Oportunidades, um projecto que assumiu e proporcionou, numa

das suas vertentes, a abertura de um Centro de Atendimento para Mulheres Vítimas de

Violência Doméstica, o CAM. O trabalho desenvolvido pelo IAIÔ viria a ter continuidade

com a celebração de Acordo de Cooperação atípico, celebrado em 2006.

Identificação e Caracterização do Serviço e da Intervenção

8

B) P’RA TI – Centro de Atendimento

O Centro de Atendimento sito no Porto, tem como objectivo atender e acompanhar

mulheres vítimas de violência e seus filhos e filhas, no distrito do Porto. Com origem num

Projecto da Pequena Subvenção às ONG datado de 2003, o IMAN – Intervenção Mulher

Autónoma/Norte, este trabalho teve continuidade no Projecto Novos Olhares, Velhas

Causas, também do STAF ONG. Em Fevereiro de 2009 e com a celebração de Acordo de

Cooperação Atípico foi viabilizada a continuidade sustentada do trabalho que a UMAR

vinha a desenvolver na área da violência de Género na região do grande Porto, através do

P’RA TI.

Os Centros de Atendimento distinguem dois tipos de intervenção:

A) Banco de Crise/Risco - A intervenção em crise/risco ocorre quando são necessarias

medidas urgentes e imediatas, decorrente da situaçao de violencia a que a mulher e seus

filhos/as estão sujeitos/as, de forma a ser garantida a sua protecçao, procurando

minimizar não só a situaçao de desprotecçao social bem como o salvaguardar a sua

CENTRO ATENDIMENTO

BANCO CRISE/RISCO

ATENDIMENTO PERMANENTE

ATENDIMENTO TELEFÓNICO

TRIAGEM

ACOMP. PSICOLÓGICO

ACOMP. JURÍDICO

ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

OUTROS ENCAMINHAMENTOS

ACOMP. PSICOSOCIAL

Organograma do Serviço de Atendimento da UMAR

9

integridade fisica e psiquica. Neste tipo de intervençao as situaçoes sao consideradas de

emergencia e despoletam uma intervençao também ela emergente.

B) Permanente – este tipo de intervençao ocorre em situaçoes em que o risco

aparentemente está controlado ou apresenta-se, na maioria dos casos como sendo baixo.

Apos atendimento, avaliaçao e atendendo-se ao pedido da utente é construido um projecto

de intervençao com vista à sua reorganização.

Instrumentos de trabalho

Ficha de Triagem

Esta ficha visa, acima de tudo, possibilitar a pré-avaliação do risco a que as referidas

utentes se encontram submetidas, com vista a uma maior compreensão por parte da

equipa técnica no que concerne à urgência dos atendimentos.

Ficha de Atendimento – Instrumento que contém, para além dos dados sócio-

demográficos de auto preenchimento, uma parte de preenchimento técnico que

constitui uma ferramenta de trabalho técnico. Nela retrata-se e contextualiza-se da

história de vida e da vitimação, avaliação de risco (padrão, severidade, frequência,

extensão das agressões), história de violência, redes de suporte, vitimação ao longo da

vida, pretensão, percurso institucional, pedidos de ajuda anteriores, processos

judiciais em curso e sua tipologia. A ficha de atendimento contém ainda elementos

úteis relativos ao agressor/autor do crime importantes na sua caracterização/perfil e

estabelecimento do plano de segurança à utente, assim como, em conjugação com a

informação anterior nos permitirá determinar a urgência no requerimento de medidas

de coacção que melhor respondam à situação concreta.

Plano de intervenção

Plano de Segurança

Diagnóstico e Parecer técnico

Folha de Registo e Acompanhamento

Articulação interinstitucional

Base de dados

10

Os dados que constam neste breve estudo referem-se aos processos de 2010, em

atendimento e acompanhamento nos dois centros de atendimento geridos pela UMAR

(Centro Atendimento Mulher em Almada e o P’RA TI no Porto).

Durante o ano de 2010, os Centros de Atendimento receberam um total de 405 utentes em

atendimento presencial e 468 em atendimento telefónico.

Dos dados do atendimento presencial, 338 utentes recorreram ao serviço de atendimento

permanente e 67 ao serviço de Banco de Crise/Risco. Das utentes em situação de

Crise/Risco, 22 foram acolhidas em unidades hoteleiras, 33 recorreram à sua rede

familiar/amigos e 12 foram acolhidas em emergência em Casas de Abrigo.

Da totalidade dos atendimentos efectuados, foram encaminhadas e acolhidas em Casas de

Abrigo da Rede Pública, 42 utentes e seus filhos e filhas.

Globais CAM P’RA TI Total

N.º total de de atendimentos efectuados 2342 1063 3405

N.º de vítimas directas e indirectas 1059 223 1282

Serviço de atendimento telefónico CAM P’RA TI Total

N.º de atendimentos telefónicos 352 116 468

Dos atendimentos telefónicos:

Marcaram atendimento presencial 217 113 330

Vieram a atendimento 175 87 262

Atendimento Telefónico

Dados Relativos ao Atendimento

2010

Dados Globais Gerais

11

Serviço de Atendimento Presencial CAM P’RA TI Total

Utentes acompanhadas em 2010 287 118 405

No acompanhamento a estas utentes:

N.º de atendimentos presenciais 460 429 889

N.º de atendimentos telefónicos 696 784 1480

N.º de atendimentos em permanente 249 89 338

N.º de situações em Emergência – Banco Crise/Risco 38 29 67

Encaminhamentos para Casa Abrigo 30 12 42

Serviço Banco Crise/Risco

Serviço de Crise/Risco (Emergência) CAM P’RA TI Total

N.º de situações em Crise/Risco 38 29 67

N.º de acolhimentos de emergência com recurso a

pensões

15 7 22

N.º de acolhimentos com recurso à rede

familiar/amigos

11 22 33

N.º de acolhimentos de emergência em Casas de

Abrigo

12 0 12

Atendimento Específico

Atendimento Jurídico CAM P’RA TI Total

N.º mulheres acompanhadas em Jurídico 320

N.º de atendimentos Jurídicos 611 109 720

Atendimento Psicológico CAM P’RA TI Total

N.º de mulheres acompanhadas em Psicológico 21 51 72

N.º de sessões psicoterapia 575 321 896

Atendimento Presencial

12

A – Acesso aos Centros de Atendimento/Entidades que encaminham

A forma como as mulheres vítimas de violência chegam até aos serviços especializados de

atendimento e acompanhamento é diversa e em termos numéricos verifica-se uma

diferença de Centro para Centro.

Assim no CAM verificamos que a grande maioria das utentes procura o recurso aos

Centros de Atendimento pela sua iniciativa (84), por encaminhamento de IPSS/ONG (28),

assim como por familiares e amigos (27), seguida do encaminhamento de outros serviços

de apoio a vítimas (18), bem como pela LNES – 144 (18). No CAM assumem igualmente

expressão significativa os encaminhamentos efectuados pelo MP, forças de segurança e

serviços de saúde.

Já no P’RATI, a maioria das mulheres que recorre a este serviço fá-lo por encaminhamento

de familiares e amigos (29) e de outras entidades (25) e por IPSS/ONG (12) a LNES- 144

(8) surgindo de seguida uma grande variedade de entidades que encaminharam as

utentes.

B – Caracterização sócio-demográfica da Vítima

No que concerne à caracterização das utentes verificamos que a grande maioria é do sexo

feminino (403), portuguesas (318), têm uma média de idades correspondente a 39,2 e 41

anos e uma moda que corresponde a 34 anos.

São maioritariamente casadas (181) ou solteiras vivendo em situação análoga à dos

cônjuges (158) e residem na sua maioria nos Concelhos onde os Centros de atendimento

se encontram localizados: Almada e Porto.

Estudo transversal sobre o atendimento

13

Sexo CAM P’RA TI Total

F 285 118 403

M 2 0 2

Total 287 118 405

Nacionalidade CAM P’RA TI Total

Angolana 9 - 9

Bielorrussa 2 1 3

Brasileira 12 22 34

Cabo-verdiana 18 - 18

Chinesa - 1 1

Espanhola 1 - 1

Filipina 1 - 1

Guineense 2 - 2

Francesa 1 - 1

Marroquina 1 - 1

Moçambicana 1 - 1

Portuguesa 224 94 318

Romena 3 - 3

Santomense 12 - 12

Total 287 118 405

Idade CAM P’RA TI Total

Média 39,2 41 403

Moda 34 34 2

Total 287 118 405

14

Estado Civil CAM P’RA TI Total

Solteira 117 41 158

Casada 123 58 181

Divorciada 40 18 58

Viúva 5 1 6

ni 2 - 2

Total 287 118 405

No que concerne à escolaridade das utentes verificamos que a grande maioria tem uma

escolaridade compreendida entre o 2º (90) e o 3º ciclo (91).

Ao nível profissional embora a prevalência face ao universo da amostra que é de 405

indivíduos, vá para as mulheres que se encontram empregadas (182), encontramos de

seguida as que se encontram em situação de desemprego (153). (cf. tabelas)

Já ao nível das remunerações, a média prevalente é a das utentes que auferem

rendimentos compreendidos no intervalo entre os 500 a 700 euros mensais.

Habilitações Escolares CAM P’RA TI Total

s/ escolaridade 10 0 10

sabe ler e escrever 13 0 13

1º ciclo 45 31 76

2º ciclo 67 23 90

3º ciclo 72 19 91

Secundário 50 22 72

Bacharelato 5 2 7

Licenciatura 13 18 31

ni 12 3 15

Total 287 118 405

15

Situação Profissional CAM P’RA TI Total

Desempregada 98 55 153

Doméstica 18 2 20

Empregada 130 52 182

Estudante 7 4 11

Formanda 4 - 4

Procura 1º Emprego 3 - 3

Reformada 19 5 24

ni 8 - 8

Total 287 118 405

C – Caracterização das e dos filhos

Ao analisarmos as idades dos/as filhos/as das utentes que recorreram aos Centros de

Atendimento da UMAR e a residir no agregado, num total de 523, verificamos que a

maioria se situa num intervalo de idades entre os 6 e os 10 anos. (cf. tabela).

De referir que a maioria dos e das menores encontra-se enquadrada em equipamento

escolar ou de infância, sendo que a maioria frequenta o 1.º ciclo de escolaridade.

Para além destas crianças e jovens são ainda identificados pelas utentes, outros menores e

maiores dependentes, não residentes do agregado da utente. Quanto a estes encontram-se

na maioria, aos cuidados do pai biológico e/ou avós, assim como com outros familiares e

ainda em acolhimento institucional.

Ainda relativamente aos menores, um dado importante a assinalar é o de que 1/3 deles

tem processo de promoção e protecção, na maioria não judicial.

Filhos/as Dependentes a Residente no agregado CAM P’RA TI Total

405 118 523

16

Classe Etária CAM P’RA TI Total

]0,3] 65 20 85

]3,6] 61 18 79

]6,10] 83 24 107

]10,12] 33 12 45

]12,15] 68 19 87

]15,17] 28 10 38

mais 17 67 15 82

Total 405 118 523

Relativamente ao parentesco entre os menores e o alegado agressor, a maioria é de filiação

em 1.º grau (pai), seguido de pessoa com quem a mãe mantém uma relação análoga à dos

cônjuges.

D – Do alegado Agressor

Quanto à caracterização do alegado agressor são conclusões da análise dos relatos das

utentes que os agressores são:

casados ou vivendo em união de facto;

na sua maioria de nacionalidade portuguesa;

em média têm entre 40 e 45 anos de idade;

estão empregados e o sector de actividade prevalente é o terciário e,

Em média auferem rendimentos superiores a 900 euros mensais

É de notar que um número significativo de utentes não tem conhecimento quanto ao

montante do vencimento dos maridos ou companheiros.

20% dos agressores possui ou tem acesso a armas de fogo e a armas brancas e destes

só 5% têm licença de uso e porte de arma e arma legalizada.

Atendendo à presença de antecedentes criminais:

17

33% da amostra tinha já praticado ilícitos penais. A maioria destes referia-se a crimes

contra as pessoas ou a crimes previstos em legislação avulsa como tráfico de

estupefacientes, condução sem habilitação legal e em estado de embriaguês e porte

ilegal de arma.

E – Da relação abusiva e relação com os serviços

No que concerne à relação que as utentes mantêm com os agressores verificamos que na

sua maioria são os seus maridos, companheiros. Ou indivíduos com quem haviam já

terminado a relação de intimidade. Salientamos também que na maioria das utentes os

anos de relação coincidem com os anos da relação abusiva.

Na tipologia das agressões surgem as agressões físicas e psicológicas, seguidas da

violência económica, stalking e, por fim, a agressão sexual (sob a forma de violação).

Quanto às razões evocadas para o despoletar dos episódios violentos são salientados os

ciúmes e o autoritarismo. As utentes referem ainda neste item, outros factores que estão

na origem dos episódios violentos como sejam as questões relativas à educação dos e das

filhas, o consumo alcoólicos e ainda, “sem razão aparente”.

Dos relatos das utentes apurou-se que 2/3 delas não recorre a serviços médicos após a

agressão física ou sexual (sob a forma de violação).

Já quanto ao recurso às forças policiais solicitando intervenção e apoio destas, verifica-se

que em ½ das situações ocorreu intervenção das forças policiais. No entanto, foi possível

verificar que tal não se traduziu na existência de processo crime por maus tratos, violência

doméstica ou outro tipo de crime p.p. pelo Código Penal Português.

Quanto à motivação das utentes e pretensão quanto aos serviços disponibilizados pelos

Centros de Atendimento da UMAR, o pedido inicialmente verbalizado é o de, e por ordem

decrescente de pretensão verbalizada, esclarecimento/aconselhamento; informação

jurídica e, apoio na reorganização.

É de salientar que a grande maioria das utentes dá continuidade ao seu pedido de ajuda.

18

CASAS DE ABRIGO

Início da Actividade

Dezembro de 2002 e Setembro 2006

Financiamento

Acordos Atípicos celebrados com o ISS, IP

População Abrangida

Mulheres vitimas de violência doméstica e suas/seus filhas/os.

Capacidade

Casa Abrigo Distrito de Lisboa - 40 Utilizadoras/res

Casa Abrigo Distrito de Setúbal – 18 utilizadoras/res

Total: 58 camas

Área Geográfica

A área geográfica de origem da população acolhida é de âmbito nacional.

Objectivos Gerais

As Casas de Abrigo geridas pela UMAR têm como objectivo fundamental o de proporcionar

à mulher vítima de violência doméstica e suas/seus filhas/os, alojamento provisório,

segurança e apoio na definição e concretização de um projecto de vida alternativo, capaz

de quebrar o modelo relacional violento, vivido até então.

Objectivos Específicos

Acolher as mulheres vítimas de violência doméstica e suas/seus filhas/os num

espaço onde se possam sentir seguras, onde respeitem as suas opções e direitos

fundamentais.

Que fomente a sua autonomia, auto estima e respeito próprio.

Que reforce as suas competências pessoais, relacionais e parentais.

Que as apoie na delineação e concretização de um novo projecto de vida que vise a

sua autonomia e empoderamento.

19

A – Dados do Acolhimento em Casas de Abrigo

Durante o ano de 2010 foram acolhidas 252 clientes/utilizadoras, dos quais 102 são

mulheres e 150 são crianças/jovens, conforme tabela abaixo.

Integração de utilizadoras/es

Mulheres Crianças Total

Transitadas 2009 20 30 50

Integrações 2010 82 120 202

Total 102 150 252

Sexo das Crianças/Jovens Acolhidas

Raparigas Rapazes Total

Transitadas 2009 17 13 30

Integrações 2010 50 70 120

Total 67 83 150

Do universo de mulheres acolhidas em 2010, isto é, 82 (exceptuando as vinte situações em

curso, cujo percurso não é ainda passível de ser analisado), verifica-se que a 71% saiu do

equipamento após concretização do Projecto Individual de Intervenção, que haviam

delineado.

Na mesma linha, análise do percurso efectuado, verifica-se que:

9% das situações correspondem a acolhimentos de emergência;

1% foi transferida por questões de segurança para equipamento similar;

4% das mulheres acolhidas optaram por reatar a relação abusiva, interrompendo o

seu Projecto Individual de Intervenção;

3% saíram do equipamento sem dar conhecimento à equipa técnica, dessa decisão;

Acolhimentos em Casas de Abrigo

2010

20

4% incumpriram o Regulamento Interno, deixando de reunir as condições para

permanecerem acolhidas;

8% das mulheres não delineou qualquer Projecto Individual de Intervenção, dado

o pouco tempo que por sua opção, permaneceram acolhidas.

Movimento Utilizadoras Mulheres

Concretização PII 58

Acolhimento Emergência 7

Transferência Questões de Segurança 1

Sem conhecimento equipa 3

Incumprimento Regulamento Int. 2

Interrupção do PII 3

Situações Permanência Breve 8

Situações em curso 20

Total 102

No que se refere ao tempo de permanência na casa de abrigo, verificou-se que a maioria

das utilizadoras permanece até 6 meses com 84% dos casos. Já em 16% das situações, a

permanência no equipamento ultrapassou os 6 meses. É importante reforçar que ao se

analisarem estes dados não foram contabilizadas as situações em curso, dado ainda não

haver uma determinação do tempo de permanência destas.

Tempo de permanência na Casa Abrigo Total

Até 6 meses 69

Mais de 6 meses 13

Em curso 20

Total 102

B - Entidades Encaminhadoras

Verifica-se que a maioria dos encaminhamentos é feita pelos Centros e Núcleos de

atendimento especializados com 64% dos casos, seguindo-se a Segurança Social com 20%

dos encaminhamentos.

21

Entidades Encaminhadoras

CIG 4

Centros e Núcleos de Atendimento 65

Segurança Social 20

Acção Social dos Municípios 2

Outras Casas de Abrigo 8

Forças Policiais 2

Outros – SEF 1

Total 102

C - Caracterização das Utilizadoras/Clientes

No que se refere à faixa etária das utilizadoras, verificou-se predominância nos grupos dos

18-24 anos (20%), dos 25-30 anos (25%) e dos 36-40 anos (20%), sendo que 75% são de

nacionalidade Portuguesa.

Idade <18 18-24

25-30

31-35

36-40

41-45

46-50

>51 Total

N.º Mulheres 1 20 26 15 20 12 4 4 102

Nacionalidade

Portugal 76

Brasil 5

São Tomé 2

Angola 2

Guiné 3

Bulgária 1

Roménia 3

Marrocos 1

França 3

Tanzânia 1

Moldávia 1

Bielorrússia 2

Inglaterra 1

República Dominicana 1

Total 102

22

No que se reporta à relação que as utilizadoras mantinham com os agressores, constata-se

que a maioria vivia em união de facto, sendo o estatuto de companheiro o que mais se

destaca (46%), seguindo-se o de marido com 33%.

Relação com os agressores

Marido 36

Ex-marido 4

Companheiro 47

Ex-companheiro 6

Ex-namorado 2

Pais 5

Economia Comum 1

Outros Familiares Indirectos 1

Total 102

No que se refere à composição do agregado verifica-se que a maioria das utentes acolhidas

é acompanhada por 1 filho (30%), seguindo-se 2 filhos (27%) e 3 filhos (14%). Até ao

momento verificou-se que 24% das utilizadoras foram acolhidas sem filhos, na maioria

das situações por não os terem ou estes, serem maiores de idade.

Composição do Agregado

n.º de filhos/as p/ utente Total de mulheres

Sem filhos/as 24

1 Filho 31

2 Filhos/as 28

3 Filhos/as 14

4 Filhos/as 4

5 Filhos/as 1

Total 102

Quanto ao distrito de origem verificou-se que a maioria das utentes acolhidas é oriunda do

distrito de Setúbal (42%), seguindo-se dos distritos de Lisboa (14%) e do Porto (12%).

23

Distrito de Origem

Aveiro 4

Beja 2

Braga 2

Bragança 1

Castelo Branco 3

Coimbra 3

Évora 4

Faro 4

Guarda 2

Leiria 4

Lisboa 14

Porto 12

Santarém 1

Setúbal 43

Vila Real 1

Viseu 2

Total 102

Quanto à escolaridade das utilizadoras verificou-se que a maioria tem entre o 2º ciclo

(31%) e o 3º ciclo (25%). De referir que 22% das utilizadoras possuem apenas o 1º ciclo

de escolaridade e que 5% não chegou a atingir este patamar.

Escolaridade

Sem o 1º Ciclo 5

1º Ciclo 22

2º Ciclo 32

3º Ciclo 26

Ensino Secundário 7

Bacharelato 2

Licenciatura 5

Desconhecido 3

Total 102

24

No que concerne à situação profissional, verificou-se que a maioria, aquando da

integração, encontrava-se desempregada (66%).

Situação Profissional

Emprego 32

Desemprego 67

Estudantes 2

Reformadas 1

Total 102

No que respeita à situação das utilizadoras face ao crime perpetrado verificou-se que a

esmagadora maioria das utilizadoras, apresentou denúncia pelo crime de violência

doméstica de que foi vítima (84%).

Situação das utilizadoras face ao crime perpetrado

Com denúncia 86

Sem denúncia 12

Desconhecido 4

Total 102

D - Caracterização da Violência

No que respeita à caracterização da violência verificou-se que todas as mulheres acolhidas

foram vítimas de violência psicológica. Com elevada prevalência destaca-se também a

violência física, sendo que 94% das utilizadoras reportaram episódios desta natureza.

Tipologia da Violência Física Psicológica Sexual Económica

Sim 96 102 37 60

Não 6 - 65 42

Total 102 102 102 102

25

E - Caracterização das e dos Menores Acolhidos

Em relação à idade dos menores verificou-se que das 150 crianças/jovens acolhidos a

maioria inclui-se na faixa etária entre os 6-10 anos (35%) e são do sexo feminino (62%).

Abaixo desta faixa etária (< de 6 anos) encontram-se 41% dos menores. Os restantes 24%,

têm mais de 10 anos.

Do universo dos menores acolhidos, 52% são raparigas e 48% rapazes.

Idade/Sexo M F T

< 1 4 6 10

1 1 5 6

2 11 8 19

3 4 2 6

4 2 11 13

5 4 4 8

6 - 10 20 32 52

11 - 12 12 4 16

13 - 14 9 3 12

15 - 16 2 3 5

17 2 1 3

Total 71 79 150

Quanto à escolaridade, 33% encontram-se no 1º ciclo, seguindo-se os menores com

integração nas valências de berçário e creche (24%).

Escolaridade das crianças

Berçário/ Creche 36

Jardim Infância 26

1º Ciclo 50

2º Ciclo 17

3º Ciclo 16

Ensino Secundário 2

Curso Profissional 2

Sem idade 1

Total 150

26

Integração das e dos Menores em Equipamento Escolar

Ama 7

Berçário 6

Creche 14

Jardim Infância 22

1º Ano 10

2º Ano 9

3º Ano 10

4º Ano 8

5º Ano 9

6º Ano 4

7º Ano 5

8º Ano 5

9º Ano 1

10º Ano 1

11º Ano 1

Curso Formação 2

Não Integrados 36

Total 150

No que se refere aos resultados escolares dos menores, tendo-se como universo apenas

aqueles que terminaram o ano lectivo de 2009/2010, apenas dois reprovaram.

Resultados Escolares dos Menores que Terminaram Ano Lectivo na C.A.

Transitou Não transitou

1º Ano - 1

2º Ano 3 -

3º Ano 2 -

4º Ano 2 1

5º Ano 1 -

6º Ano 1 -

7º Ano - -

8º Ano 1 -

9º Ano - -

10º Ano - -

11º Ano - -

12º Ano - -

Curso Formação 1 -

Total 11 2

27

No que respeita às integrações em equipamento de infância e escolas verificou-se que 36

menores não foram integrados sendo que, as causas de não integração se devem a

situações de permanência breve do agregado, menores acolhidos em período de férias

escolares e por opção do Plano Individual de Intervenção (situações de saída do país). De

referir que 5 dos menores integraram o equipamento recentemente.

Apesar da grande maioria das e dos menores estarem integrados, salientamos o facto de

existem dificuldades na integração dos mesmos em equipamentos de infância (berçário,

creche e pré-escolar) na rede pública, sendo a rede privada um recurso a que as Casas de

Abrigo põe mão, com consequente onerosidade para os equipamentos.

Não Integrações - Valências/Anos

Não Integrado/Idade 1

Berçário 5

Creche 5

Jardim Infância 3

1º Ano 3

2º Ano 5

3º Ano 1

4º Ano 4

5º Ano 1

6º Ano 3

7º Ano 2

8º Ano 1

9º Ano 2

10º Ano -

11º Ano -

12º Ano -

Formação Profissional -

Total 36

28

Causas de Não Integração dos Menores

Saída C.A. sem conhecimento equipa Técnica -

Acolhimento Emergência 3

Opção PII 10

Permanência Breve 9

Acolhimento no período de Férias Escolares 10

Sem Idade 1

Chegada Recente C.A. 3

Sem vaga -

Total 36

E - Caracterização dos Agressores

Quanto aos agressores verificou-se que a maioria inclui-se na faixa etária dos 41-45 anos

(19%) logo seguida da faixa etária 25-30 anos (18%), 43% casados e 42% solteiros, de

nacionalidade Portuguesa (74%). Dos cidadãos estrangeiros (23%), estão em situação

ilegal no País (17%).

Idades

18-24 7

25-30 18

31-35 15

36-40 14

41-45 19

46-50 16

>51 8

nr 5

Total 102

29

Estado Civil do Agressor

Casado 44

Solteiro 43

Divorciado 11

Viúvo -

nr 4

Total 102

Nacionalidade do Agressor

Portugal 75

Brasil 3

São Tomé 4

Angola 6

Guiné 3

Roménia 2

Bielorrússia 1

Marrocos 1

Tanzânia 1

Moldávia 2

Inglaterra 1

Alemanha 1

nr 2

Total 102

Situação dos agressores no país

Legal 19

Ilegal 4

nr 4

na 75

Total 102

Quanto aos antecedentes criminais verifica-se que 46% dos agressores não os possuem,

bem como não possuem problemáticas físicas e mentais associadas (38%). Refere-se em

relação a este último parâmetro que 29% dos agressores apresenta um quadro de

alcoolismo e 14% de dependência de drogas.

30

O universo de 110 situações verifica-se por haver agressores com mais do que 1

problemática identificada.

Antecedentes Criminais

Agressão 4

Agressão Forças Policiais 1

Pena Suspensa – Agressão 4

Condução s/ carta 5

Condução/álcool 4

Pena Suspensa – VD/ Utilizadora 2

Pena Suspensa – Agressão Forças Policiais 1

Pena Suspensa – Receptação 1

Furto 6

Homicídio 3

Sem antecedentes 47

Tráfico Droga 4

Posse Droga 2

Prisão Efectiva - Tráfico droga 1

Prisão Efectiva – Tráfico droga e assalto à mão armada 1

Atentado ao Pudor 1

Posse Ilegal Arma Fogo 1

Desconhece 5

nr 9

Problemática Identificada no Agressor

Sem Problemática 39

Alcoolismo 30

Asma 2

31

Quadro Psiquiátrico 7

Diabetes 4

Toxicodependência 14

AVC 1

Epilepsia 2

Hipertensão 1

Psoríase 1

Jogador Compulsivo 1

Desconhece 2

nr 6

Total 110

Em relação à escolaridade (25%) completou o 1º ciclo, (23%) o 2º ciclo e (18%) o 3º ciclo.

Em 12% das situações, a vítima desconhecia a escolaridade do agressor.

Com escolaridade superior ao Ensino Básico encontram-se (4%) dos agressores, sendo

que retirando do universo em análise as 26 situações sobre as quais não foi possível

recolher informação, 1% com o Ensino Secundário e 4% com Licenciatura.

Em relação a 25% dos agressores, não foi possível a recolha de informação.

Escolaridade do Agressor

Sem Escolaridade 5

1.º Ciclo 26

2.º Ciclo 23

3.º Ciclo 18

Secundário 1

Licenciatura 3

Desconhece 12

nr 14

Total 102

32

Referente à situação profissional dos agressores, a maioria encontra-se na situação de

desemprego (49%).

Situação Laboral do Agressor

Desempregado 49

Desempregado de longa duração 1

Empregado 46

Reformado 1

nr 5

Total 102

Sobre as diferentes profissões exercidas, destacam-se as ligadas à área da construção civil,

como o sector mais representativo na análise.

Desenvolvendo actividade empresarial encontram-se 7% dos agressores.

Em 4% das situações, as vítimas desconheciam a actividade profissional do agressor,

acrescendo os casos em que afirmaram que este não possuía profissão alguma (6%). Na

categoria sem profissão inclui-se ainda um agressor o qual a utente identifica como

proxeneta.

Profissão do Agressor

Ajudante de cozinha 1

Auxiliar Acção Médica 1

Calceteiro 2

Canalizador 1

Carpinteiro 2

Comerciante 1

Coveiro 2

Designer Gráfico 1

Distribuidor de Publicidade 1

33

Electricista 2

Empregado Balcão 2

Empregado Mesa 2

Empreiteiro 1

Empresário 7

Estivador 1

Fotógrafo 1

Ladrilhador 1

Lojista 1

Gestor Comercial 1

Informático 1

Manobrador Máquinas 5

Mecânico 5

Motorista 3

Operário Construção Civil 12

Operário Fabril 5

Pedreiro 6

Pescador 1

Pintor Construção Civil 2

Segurança 2

Serralheiro Mecânico 2

Servente de Pedreiro 3

Soldador 1

Trabalhador Rural 2

Vendedor 1

Taxista 1

Desconhece 4

Sem Profissão 6

nr 9

Total 102

34

Questões finais:

Após uma breve caracterização sócio-demográfica e características de vítimas de

agressores, deixaremos, à laia de conclusão, breves notas relativas a constrangimentos

sentidos no processo e reorganização da maioria das mulheres que integram as Casas de

Abrigo.

Infelizmente, não podemos deixar de reiterar, que nenhumas das dificuldades que vimos

sistematicamente apontando não se encontram debeladas. Acresce, que foi gorada a

expectativa de resolução de algumas dessas dificuldades tendo por base a implementação

de medidas previstas na Lei nº 112/2009 de 16 de Setembro, uma vez que à data, tais

medidas não produziram efeitos práticos significativos.

Assim e explicitando, continuam a fazer sentir-se os seguintes constrangimentos:

Arrendamento. Continuamos a assistir a atitudes pouco colaborantes, mesmo

discriminatórias, por parte dos senhorios em relação às utilizadoras que procuram

arrendar casa e que dificultam a celebração de um contrato de arrendamento; por

outro lado, a disponibilização de fogos sociais ou de alternativa que permita o acesso

ao direito à habitação não se efectivou até ao momento. Esta situação afecta

directamente o processo de autonomia das mulheres e condu-las a vivências diárias

precárias.

Custos elevados de alojamento. Continuam a constituir um entrave no processo de

reorganização das utilizadoras. Para além disso, condicionam fortemente as condições

económicas com que as mulheres saem da Casa de Abrigo e consequentemente, a

qualidade de vida que usufruem bem como a qualidade de vida que proporcionam às

crianças a seu cargo. Grande parte do rendimento familiar fica desde logo, afecto aos

custos habitacionais acarretando dificuldades económicas acrescidas para fazer face a

despesas correntes;

Cortes nos apoios sociais. Os recentes cortes efectuados nos apoios sociais,

constituem uma perda importante de rendimentos para as mulheres com filhos a

cargo, aumentando a sua dificuldade em assegurar despesas quotidianas. Aqui

referimo-nos designadamente, à contabilização das pensões de alimentos e ao novo

conceito de agregado familiar, assim como ao conjunto mais alargado dos rendimentos

a considerar no cálculo do Rendimento Social de Inserção que se traduziu numa

diminuição nos rendimento mensais disponibilizados às mulheres, nomeadamente

aquelas que eram acolhidas por familiares, embora não em economia comum com

estes.

35

Apoios Judiciários. Continuamos a assistir a situações em que para a mesma vítima,

são nomeados vários advogados; na prática, verificamos o seguinte: em relação às

denúncias de Violência Doméstica, o advogado nomeado é por regra afecto à comarca

onde foi praticado o crime, para as acções de Divórcio e RRP assistimos à nomeação de

um advogado para cada uma das acções referidas.

Indemnização a Vítimas de Crime. Temos assistido à frágil eficácia das medidas

previstas, assim como da sua inoperância. Em nossa opinião a previsão não responde

às necessidades das vítimas do crime de violência doméstica, nem à tutela os seus

direitos e interesses legítimos.

A morosidade da justiça. Em relação às denúncias apresentadas pelas utilizadoras

verificamos grandes delongas na fase de inquérito, e no decurso do processo até final.

Por outro lado, as medidas de coacção decretadas continuam a não ser eficazes no seu

objectivo de proteger a vítima. Face à entrada em vigor da actual Lei que estabelece o

Regime Jurídico Aplicável às Vítimas de Violência, não se assistiu a mudanças

significativas, quer no número quer na natureza das medidas de coacção decretadas.

Insensibilidade dos magistrados nas acções de RRP intentadas, que não valorizam a

problemática da Mulher Vítima de Violência Doméstica e seus/suas filhos/as, nem a

especificidade desta situação. Continuamos a assistir a fixação de regimes de visitas

dos menores acolhidos em Casa de Abrigo aos pais agressores, sem que haja muitas

vezes, receptividade a propostas alternativas (como seja a colaboração de um familiar

que assegure a deslocação dos menores ao progenitor), colocando frente a frente e

sem qualquer garantia de segurança, a mulher vítima e o seu agressor. Por outro lado o

estabelecimento de um regime de visitas em situação de acolhimento, é sempre um

factor de risco acrescido para todo o agregado, dado a possibilidade do agressor seguir

a mulher ou pressionar os menores a divulgar a morada do equipamento

comprometendo de imediato a permanência de todos/as na Casa de Abrigo e,

consequentemente, todo o trabalho ao nível do alcance de autonomia, que já tiver sido

realizado. A utilizadora para continuar a garantir a sua protecção, terá

necessariamente que mudar de equipamento e recomeçar tudo de novo.

Em termos da dinâmica processual, continuamos a assistir a uma desarticulação

entre tribunais e decisões judiciais estritamente ligada a questões materiais da

competência os mesmos. Na prática, assistimos a decisões desarticuladas, sendo bem

exemplo desta realidade a existência de decisões judiciais que decretam o afastamento

do agressor e/ou a proibição de contacto (Tribunal Judicial), que coexistem com

decisões que decretam um regime de visitas dos menores ao agressor (Tribunal de

36

Família e Menores), sendo obrigação da mulher/mãe assegurar que essas visitas se

concretizam.

Formação e especialidade para a intervenção. Chamamos ainda a atenção para a

necessidade de aumentar a formação específica de todos os agentes judiciários em

matéria de violência de género e intervenção com vítimas.

37

UNIÃO DE MULHERES ALTERNATIVA E RESPOSTA

umarfeminismos.org

Observatório de Mulheres Assassinadas

OMA – Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR

Objectivos:

Desenvolver o estudo do homicídio e tentativas de homicídio por violência de

género;

Conhecer o seguimento dos casos em consequência da violência contra as

mulheres ou violência de género;

Desocultar esta realidade;

Valorizar as mulheres vítimas desta violência extrema;

Propor medidas que auxiliem na prevenção deste crime.

Fontes:

Imprensa escrita

Acórdãos

Recursos humanos:

Voluntariado

Metodologia de Trabalho:

Recolha de notícias

Recolha das informações por variáveis

Reporte em ficha de leitura

Cruzamento das Fontes

Fotocópia das notícias

Revisão de conteúdo

38

Leitura e análise do conteúdo das notícias

Preenchimento da base de dados

Arquivo de original, cópia e ficha de leitura

Instrumentos de Trabalho:

Imprensa Escrita

Acórdãos

Ficha de Leitura

Base de Dados

Site da UMAR

Comunicação Social

Outros instrumentos: Literatura, pensamento crítico, produção de conhecimento,

O número de mulheres assassinadas por violência doméstica e de género volta a

aumentar em relação ao ano anterior. Em 2009, tivemos 29 mulheres assassinadas, e no

ano 2010, o OMA regista um total de 43 homicídios.

Também as tentativas de homicídio subiram para 39 em 2010, tendo sido 28 no ano

anterior.

Dados OMA

2010

39

RELAÇÃO DA VÍTIMA COM O AGRESSOR NOS HOMICÍDIOS

Tal como nos anos anteriores, continua a ser o grupo dos homens com quem as mulheres

mantém uma relação de intimidade, aquele que surge com maior expressividade,

correspondendo este ano a 67,4% do total de vítimas que foram assassinadas às mãos

daqueles com quem ainda mantinham uma relação. Segue-se, tal como nos anos

anteriores, o grupo daqueles de quem elas já se tinham separado, ou mesmo obtido o

divórcio (20,9%). A violência intra-familiar dá conta de 11,6% de crimes de homicídio de

mulheres : 7% vítimas de descendentes directos e 4,6% de outros familiares.

Olhando os dados dos anos anteriores, podemos verificar que a relação percentual se

mantém, sendo o maior grupo, o das mulheres que mantinham uma relação com os

agressores, fosse ela de casamento, união de facto, namoro ou outro tipo relação de

intimidade, logo seguido pelo grupo dos ex-maridos, ex-companheiros e ex-

namorados.

40

Relação com a Vítima: 2004-2010

Homicídios 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Marido, companheiro, namorado,

relação de intimidade 28 25 23 16 27 17 31

Ex-marido, ex-companheiro, ex-

namorado 3 6 9 4 13 11 9

Descendentes directos 7 1 0 1 2 0 3

Outros Familiares 2 2 4 0 1 0 2

Desconhecida 0 0 0 1 3 1 0

40 34 36 22 46 29 43

RELAÇÃO DA VÍTIMA COM O AGRESSOR NAS TENTATIVAS DE HOMICÍDIO

Em relação às tentativas de homicídio identificou-se em 2010 que a em termos da

relação existente entre vítima e homicida, a relação percentual é semelhante,

correspondendo 56,4% a maridos, companheiros, namorados e outras relações de

intimidade, 33,3% a relações que tinham terminado e os restantes 11,4% a

descendentes directos e descendentes directos, cada um com 5,2%.

Tal como temos vindo a assinalar, quer nos homicídios, quer nas tentativas, o facto de

se separarem ou divorciarem não livra as vítimas da perseguição, violência e muitas vezes

a morte : 9 vítimas mortais e 13 vítimas de tentativas constituem o conjunto das vítimas

de homens de quem já se tinham separado.

41

IDADE DAS VÍTIMAS DE HOMICÍDIO

A idade das vítimas onde, no ano de 2010, aconteceram mais homicídios foi no intervalo

dos 24-35 anos, correspondendo a (32,6%) das vítimas. Seguem-se os grupos etários

das vítimas com idade entre os 36 e os 50 anos e com mais de 50 anos, ambas com

(30,2%) e a faixa etária entre os 18-23 anos com (6,9) %.

42

Homicídios Idade da Vítima de 2004 a 2010

Comparando os diversos anos desde 2004, podemos observar que o grupo etário mais

vitimizado pelo homicídio por violência de género tem oscilado. Se nos anos de 2004

e 2005, como podemos verificar pela tabela infra, os grupos das mais velhas eram os mais

atingidos, já nos anos de 2006 e 2007, são o grupo das mulheres com idades

compreendidas entre os 36 e os 50 anos. No ano de 2010, tal como em 2008, regressa o

grupo etários das mulheres com idades entre os 24 e os 35 anos a ser o grupo das

mais atingidas (14 situações), embora sem grande diferença dos grupos etários 36-50

anos e com mais de 50 anos, ambos com (13).

Homicídios Idade da Vítima de 2004 a 2010

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Até 17 anos 1 0 0 1 0 0 0

Dos 18 aos 23 anos 2 2 3 3 4 4 3

Dos 24 aos 35 anos 6 7 9 6 19 8 14

Dos 36 aos 50 anos 14 11 12 8 10 13 13

> 50 anos 16 12 10 4 9 3 13

Desconhecido 1 2 2 0 4 1 0

Totais/ano 40 34 36 22 46 29 43

43

IDADE DAS VÍTIMAS DAS TENTATIVAS DE HOMICÍDIO

No que se refere às tentativas de homicídio, exceptuando o número de mulheres que não

conhecemos a idade (10 situações), o grupo com maior incidência é o das mulheres com

mais de 50 anos (14), seguido do intervalo entre os 36 e os 50 anos (10). No grupo

etário entre os 24-35 anos, o OMA regista 4 situações em 2010 e 1 situação com menos de

18 anos.

IDADE DO AGRESSOR/HOMICIDA: Nos Homicídios

No que se refere à idade dos agressores do crime de homicídio contra mulheres nas

relações de intimidade, podemos observar que segue o padrão das vítimas, sendo o grupo

etário entre os 36 e os 50 anos o que inclui maior número de agressores (41,8 %),

logo seguido do grupo dos mais idosos, com mais de 50 anos (30,2%).

44

Apresentamos, ainda, a tabela comparativa das idades dos agressores ao longo dos

anos em que o Observatório de Mulheres Assassinadas tem trabalhado na denúncia deste

tipo extremado de violência de género e doméstica. As idades dos agessores seguem o

mesmo padrão das vítimas, sendo que não temos o mesmo número total, devido a

duplos homicídios, como aconteceu em dois casos este ano e em outros casos dos anos

anteriores.

Idade do Agressor de 2004 a 2010

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Até 17 anos 0 1 0 0 0 0 0

18 - 23 anos 0 0 0 2 1 3 3

24 –35 anos 2 6 7 4 10 4 6

36 - 50 anos 7 5 9 3 20 13 18

> 50 anos 7 16 9 4 8 4 13

Desc 24 6 11 9 7 4 3

Totais/ano 40 34 36 22 46 28 43

45

IDADE DO AGRESSOR: Nas Tentativas de Homicídio

Em relação às tentativas de homicídio, ressalvando o facto de que desconhecemos as

idades de muitos agressores, o grupo etário mais presente é o dos homens com mais

de 50 anos, despertando a nossa atenção, como temos vindo a sinalizar, que o facto de o

casal conviver há diversos anos não significa que a vítima esteja mais protegida do

homicídio.

HOMICÍDIOS POR MÊS

À semelhança de anos anteriores são os meses de Maio a

Outubro que registam o maior número de homicídios,

registando Julho o maior número com 8 mortes, seguido

de Setembro e Outubro, ambos com 6 registos. Junho

regista 5 e Maio 3 homicídios, assim como Janeiro.

Homicídios 2010 por MÊS

Janeiro 3

Fevereiro 0

Março 2

Abril 2

Maio 3

Junho 5

Julho 8

Agosto 4

Setembro 6

Outubro 6

Novembro 2

Dezembro 2

Total 43

46

HOMICÍDIOS POR MÊS 2004-2010

Esta tendência pode ser melhor percepcionada comparando os registos ao longo

dos anos. Como se verifica, no período de 2004 a 2010 têm sido os meses de

Abril a Outubro, os meses em que a maioria dos homicídios ocorre, perfazendo

um total de 251 homicídios.

Homicídios por Mês 2004 a 2010

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAIS

Janeiro 3 2 4 0 1 3 3 16

Fevereiro 4 3 1 2 2 1 0 13

Março 2 1 0 2 2 3 2 12

Abril 4 5 3 2 7 1 2 24

Maio 3 3 7 3 5 2 3 26

Junho 4 1 1 1 3 2 5 17

Julho 1 5 1 5 10 3 8 33

Agosto 8 4 5 0 3 0 4 24

Setembro 4 4 7 4 4 2 6 31

Outubro 4 3 3 1 3 4 6 24

Novembro 0 3 2 1 4 6 2 18

Dezembro 3 1 2 1 2 2 2 13

Totais/mês 40 35 36 22 46 29 43 251

47

HOMICÍDIOS POR DISTRITO

Quanto aos distritos, este ano, destacam-se negativamente Lisboa (9) e

Setúbal (com 8), seguidos de Porto (6) Faro (5) e Madeira com (4). Importa

aqui referir que, relacionando com a população de cada distrito, alguns surgem

como manifestamente fatídicos.

Homicídios, Distritos /2004 a 2010

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Totais

Desconhecido 19 0 0 0 0 1 0 20 Aveiro

1 2 1 0 2 0 2

8 Beja

1 0 1 1 0 1 0

4 Braga

2 2 0 0 2 1 2

9 Bragança

0 1 1 0 0 1 0

3 Ctl. Branco

2 3 0 0 1 3 0

9 Coimbra

2 0 0 1 3 1 2

9 Évora

0 0 0 0 1 0 0

1 Faro

0 0 3 1 1 2 5

12 Guarda

0 0 0 1 1 0 0

2 Leiria

1 1 4 2 1 1 1

11 Lisboa

5 8 6 6 9 6 9

49 Portalegre

0 0 3 0 2 0 0

5 Porto

3 10 8 3 7 2 6

39 Santarém

0 1 3 1 2 1 0

8 Setúbal

0 4 3 2 4 3 8

24 Vila Real

1 0 1 0 0 3 2

7 Viana do Ctl.

2 0 0 2 0 0 0

4 Viseu

1 3 2 1 4 1 1

13 Madeira

0 0 0 0 0 1 4

5 Açores

0 0 0 1 6 1 1

9 40 35 36 22 46 29 43 251

Mais ainda, podemos verificar que no ano de 2010, não existem registos relativamente a

alguns distritos – Beja, Bragança, Castelo Branco, Évora, Guarda, Portalegre,

Santarém e Viana do Castelo. Isto pode não significar a garantia de ausência de

homicídio de mulheres por violência nas relações de intimidade, antes alguma eventual

falta de informação.

48

TENTATIVAS DE HOMICÍDIO POR MÊS

Quanto às tentativas de homicídio sobressaem os meses de

Março e Julho, cada um com 5 tentativas bem como o mês de

Agosto que regista o maior número de tentativas de

homicídio assinalando 6 tentativas. Ainda os meses de Abril,

Maio, Setembro e Novembro registando, cada um, 4

tentativas.

Tentativas 2010 por MÊS

Janeiro 1

Fevereiro 2

Março 5

Abril 4

Maio 4

Junho 2

Julho 5

Agosto 6

Setembro 4

Outubro 1

Novembro 4

Dezembro 1

Total 39

49

TENTATIVAS 2004-2010

No período 2004 a 2010, são os meses de Maio a Outubro, os que registam o maior número de

tentativas de homicídios.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAIS

Janeiro 1 3 1 4 2 4 1 16

Fevereiro 1 1 0 11 4 1 2 20

Março 1 4 0 3 4 5 5 22

Abril 1 2 1 3 4 4 4 19

Maio 0 4 2 9 8 0 4 27

Junho 0 4 1 1 2 3 2 13

Julho 3 5 6 6 2 3 5 30

Agosto 1 1 7 5 5 4 6 29

Setembro 7 11 9 5 3 2 4 41

Outubro 5 5 9 6 2 0 1 28

Novembro 2 3 6 3 0 1 4 19

Dezembro 4 1 4 3 4 1 1 18

Totais/mês 26 44 46 59 40 28 39 282

TENTATIVAS POR DISTRITO

Em 2010, nas tentativas de homicídio, destacam-se os distritos de Lisboa (9) e o Porto

(5) sendo que Açores, Aveiro, Braga e Setúbal apresentam igualmente 4 tentativas de

homicídio, cada.

Nestes seis anos de OMA – UMAR, sinalizando os distritos com maior incidência de tentativas de

homicídio de mulheres por violência de género, Lisboa já somou 52 tentativas de homicídio, Porto

43, Aveiro 34 e Braga e Viseu, cada um com 20.

50

Tentativas de Homicídio, Distritos 2004 a 2010

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Totais

Desconhecido 18 0 1 1 0 0 0 20

Aveiro 0 5 8 11 4 2 4 34

Beja 0 1 0 0 1 0 0 2

Braga 0 2 4 5 1 4 4 20

Bragança 0 1 2 0 0 0 0 3

Castelo Branco 0 1 0 1 1 0 1 4

Coimbra 0 2 0 2 3 3 2 12

Évora 0 0 0 0 0 0 1 1

Faro 0 1 2 2 3 1 2 11

Guarda 1 0 1 0 0 1 1 4

Leiria 0 0 2 3 6 1 1 13

Lisboa 3 4 8 16 7 5 9 52

Portalegre 0 0 1 0 0 1 0 2

Porto 1 13 6 7 8 3 5 43

Santarém 1 1 1 3 2 1 0 9

Setúbal 1 3 0 1 2 2 4 13

Vila Real 0 2 3 0 0 0 0 5

Viana 0 2 0 0 0 0 0 2

Viseu 1 5 5 4 0 4 1 20

Madeira 0 1 1 2 0 0 0 4

Açores 0 0 1 1 2 0 4 8

26 44 46 59 40 28 39 282

No total, podemos observar que 282 mulheres foram alvo desta forma extremada de

violência doméstica que, até onde pudemos apurar, não foram fatais. Mesmo não tendo

sido fatais, a severidade das agressões deixou muitas destas mulheres com graves

incapacidades para toda a vida, para além das marcas psicológicas com que ficaram e que

se estendem a todas as pessoas que com elas vivem ou viveram na altura do crime.

51

CONCLUSÕES:

Uma importante conclusão a retirar dos dados do Observatório de Mulheres

Assassinadas da UMAR relativamente ao homicídio e tentativas de homicídio de

mulheres por violência de género é que, apesar de todos os avanços da legislação

portuguesa, este tipo de crime não está a diminuir. 40 homicídios em 2004, 35 em

2005, 36 em 2006, 22 em 2007, 46 em 2008, 29 em 2009 e 43 em 2010 mostram que

não estamos a ser eficazes no combate a este tipo extremado de violência

doméstica.

A UMAR reitera a necessidade de reforçar as medidas de polícia, avaliação de risco e

aplicação de medidas de coacção, no sentido de melhor preservar a segurança e protecção

das vítimas. Reitera igualmente a pertinência para a tipificação autónoma do crime de

homicídio por violência de género.

Da análise efectuada pelo Observatório de Mulheres Assassinadas verifica-se que, na

maioria das situações, existiam antecedentes relativamente ao crime de violência

doméstica registando-se mesmo processos-crime em curso. É também de reportar que o

conhecimento da situação de violência é, na maioria das vezes do conhecimento da

comunidade, e que em algumas situações esta se mobilizou no sentido da denúncia e

apoio.

Contudo, o sistema não se mostrou eficaz acabando por se tornar fatal ou quase fatal a

violência até ai exercida.

A UMAR salienta o papel que os média têm prosseguido no registo da informação nesta

área contribuindo, para o aumento do conhecimento sobre o homicídio na conjugalidade e

relações de intimidade e sua caracterização, fontes do OMA.

52

Assédio Sexual

ROTA DOS FEMINISMOS CONTRA O ASSÉDIO SEXUAL

O ASSÉDIO SEXUAL no espaço público, na rua e no trabalho

blogue https://sites.google.com/site/rotadosfeminismos

Introdução

O assédio sexual é um problema que afecta milhões de mulheres que, enquanto vítimas,

enfrentam enormes dificuldades de se livrarem dos seus perpetradores, tendo que optar,

muitas vezes, por sofrer em silêncio. Sendo a UMAR uma organização de carácter feminista

e que luta pelos direitos humanos das mulheres, não poderá alhear-se deste problema

social.

O problema do assédio sexual (assim como a violação por estranhos, o stalking e outras

formas de violência contra as mulheres fora do âmbito da violência doméstica) não tem,

em Portugal, nem visibilidade, nem legislação adequada, e, consequentemente, não

existem as respostas sociais necessárias às vítimas.

Durante o ano de 2011 a UMAR desenvolverá este projecto com o financiamento da

Embaixada dos Países Baixos que consiste numa Rota dos Feminismos percorrendo

diversas cidades do país e culminando com um Seminário Internacional, na cidade de

Lisboa, a 24 de Setembro de 2011.

A UMAR tem vindo a trazer a público este problema, tendo realizado diversas acções que

visam a sensibilização da sociedade civil, tais como tertúlias, debates, acções de rua, entre

outras. Todavia, a nossa avaliação consiste em que o seu impacto não tem sido o suficiente,

tornando-se, por isso, premente levar a cabo acções mais focalizadas e continuadas para

que a sensibilização tenha maior impacto. Este tipo de actividades permitem não apenas a

denúncia do problema mas constituem igualmente estratégias de prevenção que poderão,

como finalidade, conduzir à mudança da legislação e à criação de dispositivos de apoio às

vítimas.

53

Em 2008, a UMAR levou a cabo a ‘Rota dos Feminismos’ com o tema dos estereótipos

sobre as mulheres, realizando pequenas performances em diversos pontos do país. Esta

iniciativa, além de ter permitido a sensibilização em torno da estereotipia que ainda recai

sobre as raparigas e as mulheres, possibilitou perceber que, fora dos grandes centros

urbanos, permanecem uma ideologia e pensamento patriarcais muito arreigados que se

constituem como obstáculos à emancipação enquanto raparigas e jovens mulheres e à

erradicação da violência contra as mulheres.

Apesar da progressiva consciencialização acerca do problema da violência doméstica, a

cultura patriarcal persiste e sustenta práticas sociais que impedem um combate efectivo à

violência contra as mulheres. Isto é ainda mais problemático no que concerne ao assédio

sexual.

Este projecto visaria focar este problema contribuindo para a mudança social neste

âmbito. Através da realização de uma ‘Rota dos Feminismos’ subordinada ao tema do

Assédio Sexual, pretende-se alertar, consciencializar e espoletar políticas sociais para

combater este atentado aos direitos humanos das mulheres.

Objectivos

Sensibilizar o público em geral, através de actividades artísticas (performances e

instalações), para o problema do assédio sexual (e do stalking) na rua, nos espaços

públicos, no trabalho;

Contribuir para colocar o problema do assédio sexual na agenda política;

Contribuir para a criação de condições para que as vítimas possam denunciar e

apresentar queixas, solicitarem protecção e serem ressarcidas.

Público-alvo

Sociedade civil;

Mulheres vítimas e não vítimas;

Jovens;

Mulheres imigrantes;

Associações de Desenvolvimento Local, Associações Culturais e Associações de

Mulheres e Feministas, Associações de imigrantes, ONG’s em geral.

54

Acções a desenvolver

Elaboração de um dossier sobre o tema do assédio sexual, com artigos de

imprensa, artigos teóricos, estudos empíricos;

Organização de uma Rota, esta repartida em diversos momentos ao longo do ano,

por várias cidades do país, como por exemplo: Braga, Porto, Coimbra, Viseu,

Setúbal, Beja, Faro e Lisboa;

Em cada cidade, seriam promovidas:

1 performance com tertúlia / debate sobre o tema;

1 instalação com a participação de associações locais

Estas actividades seriam filmadas e fotografadas com a realização de um Diário de Bordo

disponível online, através de um blog.

Acções de sensibilização em escolas.

Associações de sensibilização para mulheres imigrantes.

Elaboração de 2 pequenos questionários sobre o tema do assédio sexual, um a ser

aplicado às/aos participantes nas iniciativas da Rota e o outro a ser aplicado

às/aos alunas/os nas escolas. O questionário teria duas dimensões, uma

questionando o conhecimento sobre o assédio sexual e outra sobre eventuais

experiências de vitimização por assédio sexual.

Elaboração de um folheto informativo sobre o tema a ser distribuído na Rota, nas

escolas, e em outras associações.

Realização de um Seminário alusivo ao tema “Assédio Sexual – O despertar de uma

violência”, em Lisboa, cidade onde terminaria a Rota.

Publicação de uma brochura com as conclusões do seminário.

55

PROJECTOS POPH/QREN

56

Mudanças com Arte

Como surgiu?

Resultado de uma candidatura ao Programa Operacional Potencial Humano, no âmbito

do QREN, eixo 7 – Igualdade de Género, tipologia 7.3 – Apoio Técnico e Financeiro às

ONG, constituiu-se o mais recente projecto da UMAR na zona Norte do país, designado

Mudanças com Arte – Jovens Protagonistas na Prevenção da Violência de Género, em

implementação desde o dia 3 de Novembro de 2008.

A quem se destina?

Este projecto desenvolvido prioritariamente em escolas, tem como objectivo a prevenção

da violência de género e a promoção dos direitos humanos junto de jovens alunos/as do

3º ciclo e do ensino secundário.

Concomitantemente, e na percepção que a conscientização dos/as jovens só se dará com

a intervenção dos diversos agentes educativos, o projecto contempla também o trabalho

com os pais e/ou encarregados de educação, os/as professores/as e os /as auxiliares de

acção educativa, através de sessões de sensibilização.

Como funciona?

A UMAR implementa um programa de acção sistemática com os/as jovens, por turmas,

explorando diversos temas no domínio da prevenção de comportamentos de violência.

É de salientar que apesar do projecto ter sido financiado apenas desde Novembro de

2008, esse já se encontra em funcionamento pela UMAR, em diversas escolas, há cerca de

sete anos lectivos.

A aplicação do Programa pressupõe a utilização de uma abordagem metodológica

qualitativa, de base participativa, onde sejam desenvolvidas vivências pessoais e grupais,

com o recurso a dinâmicas e estratégias de sensibilização, que impulsionem uma

mudança de atitude dos/as jovens, no sentido do aumento da auto-estima, bem como o

compromisso e a co-responsabilidade necessária ao desafio de um processo de

discussão/informação sobre a violência e a construção de uma cultura de paz. A proposta

é favorecer um grupo, pensante, reflexivo e sensibilizado, capaz de mudar e agir em

situações ligadas às temáticas trabalhadas, envolvendo os demais actores sociais das

suas comunidades, nomeadamente família e docentes/as.

57

As sessões deverão desenvolver-se em três momentos:

1) Momento organizador: lembrar os conteúdos da sessão anterior (5 minutos iniciais) e

explicitar os conteúdos a tratar na respectiva sessão;

2) Momento de desenvolvimento: exploração dos temas e actividades propostos para a

sessão;

3) Momento de avaliação: reflectir sobre o que se aprendeu e como decorreram as

actividades (5 minutos finais).

O programa será implementado de acordo com o estabelecimento de um protocolo com a

escola, e decorrerá na aula de Formação Cívica, na presença do respectivo/a Director/a

de Turma, e com carácter quinzenal. O objectivo é a realização de um mínimo de 15

sessões, durante o ano lectivo, e a aplicação do programa na mesma turma em dois anos

lectivos consequentes.

Quais os objectivos?

Assim, a intervenção com jovens no contexto das sessões do Projecto visam:

- Aumentar a sensibilidade dos/as jovens para o respeito pela diferença e pela Igualdade

de Oportunidades e empoderá-los/as, construindo-se como sujeitos e agentes da sua

própria mudança;

- Contribuir para a tomada de consciência quanto aos temas desenvolvidos;

- Capacitar os/as jovens na recusa efectiva da violência como forma de relacionamento

entre géneros sensibilizando para novos comportamentos e prevenindo a violência de

género;

- Desenvolver com os/as jovens valores, atitudes e princípios saudáveis, no sentido de os

capacitar a construir relações afectivas, de amizade e de trabalho assentes na paz e no

respeito por si mesmos/as e pelos/as outros/as;

Quais os temas explorados?

Por conseguinte, os objectivos anteriormente referidos deverão ser alcançados no

decurso das sessões promovidas pelas técnicas do projecto, e nas quais serão explorados

os seguintes temas:

- Direitos Humanos;

- Direitos das Crianças;

- Direitos das Mulheres;

- (Des) Igualdades de Género;

- Naturalizações e causas de violência na sociedade (casa, estrada, escola, recreio, café,

58

estádio...);

- Violência Doméstica;

- Violência no Namoro;

- Bullying;

- Sexualidades;

- Treino de competências pessoais e sociais.

Estes são os temas propostos pelo Projecto, contudo poderão ser trabalhados outros, de

acordo com as necessidades e interesses dos grupos-turma.

O Seminário Final

Durante as sessões, será ainda solicitado que os/as alunos/as construam um produto

final de base artística (ex: peça de teatro, dança, musica,..) que se relacione com as

temáticas abordadas, e que possa ser mostrado a todos/as os/as alunos/as participantes

deste projecto, e oriundos de diferentes escolas do distrito do Porto, num Seminário

Final a realizar entre Maio e Junho, em cada ano lectivo, em local a divulgar.

Contactos: UMAR - Projecto Mudanças com Arte

Rua da Cruz, número 13, 4200-247 Porto

Mail: [email protected]

Tel: 220938046 Tlm: 962912618

Projecto Mudanças com Arte - Ano lectivo 2008/2009

O trabalho no ano lectivo 2008/2009 do Projecto Mudanças com Arte, pode ser

resumido nas seguintes actividades:

Estabelecimento de Protocolos com as Escolas:

EB 2,3 Frei Manuel de Santa Inês, Baguim do Monte, Gondomar

EB 2,3 de Fânzeres, Gondomar

Escola Secundária/3º Ciclo de Valbom, Gondomar

Escola EB 2,3 da Areosa, Porto

Implementação do Programa de Prevenção da Violência de Género, nas seguintes

turmas:

59

Escolas Turmas Rapazes Raparigas Total

EB 2,3 Frei

Manuel de Santa Inês

7ºB, 7ºE, 8ºA, 8ºB,

8ºC, 8ºE

54 81 135

EB 2,3 de Fânzeres 7ºB, 7ºE, 8ºC, 8ºD,

8ºF, 8ºE

78 74 152

Escola Secundária/3º Ciclo

de Valbom

7ºA, 7ºC,

8ºB, 9ºB

40 45 85

Escola EB 2,3 da Areosa 8ºC 11 7 18

4 escolas 17 turmas 183 207 390

Desenvolvimento de acções destinadas a Docentes

Escola EB 2,3 de Baguim do Monte – 7 mulheres, 1 homem

Escola EB 2,3 de Fânzeres – 12 mulheres, 1 homem

Escola Sec/3º Ciclo de Valbom – 4 mulheres, 1 homem

Envolveu 26 docentes.

Dinamização de acções destinadas a Famílias e Encarregados/as de Educação

Escola EB 2,3 de Fânzeres – 14 mulheres, 8 homens

Escola EB 2,3 da Areosa – 36 mulheres, 20 homens

Escola EB 2,3 de Baguim do Monte – 8 mulheres, 4 homens

Atingiu 90 famílias e encarregados/as de educação.

Seminário Final do Ano Lectivo 2008/2009

Realizado a 3 de Junho de 2009, no Auditório Municipal da Câmara Municipal de

Gondomar.

Acções destinadas à equipa técnica e de voluntariado técnico

Realizada a 14/01/2008 – 11 mulheres

Acções pontuais desenvolvidas pelo Projecto Mudanças com Arte

Palestra organizada pela Agorarte, na Junta de Freguesia de Ermesinde;

Palestra organizada pela Junta de Freguesia de Rio Tinto;

Sessão de sensibilização na EB 2,3 de Aver-o-Mar, destinada a formandos/as de

um curso EFA.

60

BIG

Apresentação e Objectivos

Uma cidadania plena só será alcançada se existir por parte de mulheres e homens a

consciência da necessidade de eliminar discriminações baseadas em estereótipos sociais e

de género (re)produtoras de mecanismos de exclusão. A promoção da Igualdade de

Género e da Cidadania só será eficazmente efectivada mediante a acção sobre públicos

estratégicos que permitam multiplicar as ideias de transformação, assentes numa

participação cidadã e numa cultura de igualdade.

Com o projecto BIG pretendemos:

Orientar e apoiar as/os responsáveis das bibliotecas municipais e escolares na selecção de

monografias relacionadas com as temáticas da Igualdade de Género, dos Direitos Humanos

das Mulheres e da Cidadania, encaminhando também gratuitamente para estas bibliotecas

títulos por nós ofertados ou títulos que são propriedade de outras entidades, como por

exemplo a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG).

Dinamizar sessões de sensibilização e debates nas áreas da Igualdade de Género, da

Cidadania e dos Direitos Humanos das Mulheres nas bibliotecas municipais/escolares ou

no espaço mais lato da Escola.

Criar kits bibliográficos, segundo níveis de escolaridade, atentos, sensíveis e adequados às

temáticas da Igualdade de Género, dos Direitos Humanos das Mulheres e da Cidadania

disponibilizando-os às bibliotecas municipais e escolares para que estas possam mais

efectivamente promover os valores da Igualdade de Género e da Cidadania.

Promover a Igualdade de Género e a Cidadania junto de jovens utentes de Bibliotecas

municipais e escolares, inserindo-os/as num trabalho em rede (Rede pela Igualdade de

Género), projectado para o futuro e potenciador da eliminação de estereótipos e da

promoção de boas práticas.

Criar uma exposição itinerante alusiva à temática das Mulheres no Espaço Público e Novas

Masculinidades que percorrerá todas as bibliotecas escolares abrangidas pelo BIG.

Divulgar o Centro de Documentação e Arquivo Feminista Elina Guimarães (CDAF) no

espaço das bibliotecas municipais/escolares, e no espaço mais lato da Escola, na medida

em que o Centro possui inúmeros recursos (como por exemplo, documentação

digitalizada) que decerto possibilitarão a realização de trabalhos escolares.

61

Facilitar a promoção de factores de coesão social, pois o envolvimento dos diferentes

actores, nomeadamente de jovens de diferentes sectores sociais, poderá contribuir para a

eliminação de estereótipos sociais e de género e dos respectivos mecanismos de

discriminação e exclusão social.

Consulte alguns dos materiais de divulgação:

Folheto

Brochura

Cartaz

Onde está o BIG

Escolas de Lisboa e Vale do Tejo

Mais informações em www.big.cdocfeminista.org

Bibliotecas Municipais

Biblioteca Municipal David Mourão Ferreira

Biblioteca Municipal Natália Correia

Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro

Biblioteca Municipal de S. Lázaro

Biblioteca-Museu República e Resistência

Biblioteca Municipal Central (Galveias)

Biblioteca Municipal Manuel Giraldes da Silva

Biblioteca Municipal dos Olivais

Olimpíadas da Igualdade

As “Olimpíadas da Igualdade” é uma iniciativa do Projecto BIG cujo objectivo principal é

sensibilizar a população juvenil para os problemas da desigualdade de género e visa

estimular a produção de trabalhos artísticos e jornalísticos sobre o tema, bem como

divulgar o projecto “BIG – Bibliotecas pela Igualdade de Género” junto da população

escolar.

Podem participar todos/as os/as alunos/as do Ensino Secundário (ou equiparados) dos

concelhos de Lisboa, Odivelas, Oeiras, Loures, Montijo, Almada e Seixal, de escolas públicas

e privadas.

As equipas serão convidadas a elaborar trabalhos no âmbito de pelo menos duas

modalidades das “Olimpíadas da Igualdade": artes plásticas (pintura, desenho, banda-

62

desenhada ou cartaz), literatura (conto ou poesia), fotografia, reportagem e/ou vídeo e

Área de projecto.

A equipa cujo trabalho se destaque dos restantes fará uma visita de estudo a

Amesterdão, ao Centro de Documentação IIAV (International Information Centre and

Archives for the Women's Movement), o maior centro de documentação nas temáticas

abrangidas pelo projecto BIG.

Em breve terás novas informações!

Vai consultando o nosso site em www.big.cdocfeminista.org

Parcerias

Câmara Municipal de Lisboa / Rede Municipal de Bibliotecas de Lisboa

Câmara Municipal do Montijo / Biblioteca Municipal Manuel Giraldes da Silva

Ministério da Educação / Rede de Bibliotecas Escolares (RBE)

Contactos

Rua de S. Lázaro, 111, 1º - 1150-330 Lisboa

21 887 30 05

[email protected]

63

Laços e Fronteiras

Novas Metodologias de Apoio às Mulheres Vítimas de Tráfico

Tráfico de Seres Humanos: definição e enquadramento legal

É consensual que o Tráfico de Seres Humanos se assume como um vil atentado contra os

direitos humanos. É uma prática ilícita que movimenta avultadas somas de dinheiro. É um

crime equiparado, em termos de lucros, ao tráfico de armas e ao tráfico de droga. É um

crime que não conhece fronteiras e que atinge sobretudo as mulheres e as crianças. De

facto são as mulheres (em criança, na juventude e idade adulta) que, estão mais propensas

a ser vítimas de tráfico, na medida em que apresentam uma maior vulnerabilidade

económica e social fruto de uma marcada e persistente desigualdade em função do género.

Em países onde os direitos humanos e os direitos das mulheres não são respeitados, as

mulheres constituem-se como alvo fácil das redes de tráfico, tornando-se o tráfico, ele

mesmo, como mais uma forma de violação dos direitos humanos e das mulheres, numa

espiral contínua de abuso. Assim, o tráfico de mulheres é simultaneamente consequência e

causa da violação dos direitos humanos das mulheres.

A Lei n.º 59/2007, de 4 de Setembro, artigo 160º do Código Penal Português,

enquadra e tipifica o crime de Tráfico de Pessoas: quem oferecer, entregar, aliciar,

aceitar, transportar, alojar ou acolher pessoa para fins de exploração sexual, exploração do

trabalho ou extracção de órgãos: a) por meio de violência, rapto ou ameaça grave; b)

através de ardil ou manobra fraudulenta; c) com abuso de autoridade resultante de

uma relação de dependência hierárquica, económica, de trabalho ou familiar; d)

aproveitando-se de incapacidade psíquica ou de situação de especial

vulnerabilidade da vítima; ou e) mediante a obtenção do consentimento da pessoa

que tem o controlo sobre a vítima; é punido com pena de prisão de três a dez anos.

De acordo com o acima exposto, verifica-se que o crime de Tráfico de Seres Humanos

contempla diversas etapas: recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou

acolhimento de pessoas.

Saliente-se que Portugal tem actualmente em vigor o I Plano Nacional contra o Tráfico de

Seres Humanos (2007-2010) ramificado em 4 grandes áreas estratégicas: 1) conhecer e

disseminar informação; 2) prevenir, sensibilizar e formar; 3) proteger, apoiar e integrar;

64

4) investigar criminalmente e reprimir o tráfico. Cada uma destas áreas integra, por sua

vez, um pacote de medidas a implementar.

De entre as estruturas de apoio criadas recentemente em Portugal para assistência e

protecção às vítimas de tráfico salienta-se o Centro de Acolhimento e Protecção (CAP)

para Mulheres Vítimas de Tráfico e seus/suas filhos/as menores (Protocolo celebrado

entre o Governo e a Associação para o Planeamento da Família - APF) e as linhas

telefónicas que devem ser accionadas para informação, atendimento e ajuda: Linha SOS

Imigrante (808 257 257) e Equipa Multidisciplinar (964 608 288).

De entre as estruturas de apoio criadas recentemente em Portugal para assistência e

protecção às vítimas de tráfico salienta-se o Centro de Acolhimento e Protecção (CAP)

para Mulheres Vítimas de Tráfico e seus/suas filhos/as menores (Protocolo celebrado

entre o Governo e a Associação para o Planeamento da Família - APF) e as linhas

telefónicas que devem ser accionadas para informação, atendimento e ajuda: Linha SOS

Imigrante (808 257 257) e Equipa Multidisciplinar (964 608 288).

Três ideias centrais estão na origem do Projecto Laços e Fronteiras:

♀ A cooperação nacional e internacional entre as entidades (governamentais; ONG; forças

policiais) que intervêm no terreno é fundamental para o efectivo combate ao tráfico de

seres humanos (TSH) e para a ajuda às vítimas;

♀ Sendo a cooperação e o trabalho em rede vitais para o combate ao TSH é necessário

aproveitar e fortificar as redes e as sinergias que estiveram na génese e resultaram do

projecto CAIM. Neste sentido, o Projecto Laços e Fronteiras pretende ser edificado em

estreita correlação com estas entidades;

♀ Urge perceber os mecanismos de resistência que impedem as mulheres traficadas de

procurar o apoio que a lei portuguesa já prevê.

Decorrente das três ideias centrais é possível delinear os objectivos gerais e

específicos do Projecto Laços e Fronteiras:

Objectivos Gerais:

♀ Alargar a intervenção da UMAR na área da violência de género;

♀ Contribuir para o reconhecimento público do TSH em Portugal, em particular do Tráfico

de Mulheres, alargando a sua visibilidade a outras formas de Tráfico - exploração laboral

65

(sobretudo no trabalho doméstico)/tráfico de órgãos/adopção ilegal - que não a

exploração sexual;

♀ Fortalecer a colaboração entre as ONG portuguesas que trabalham no âmbito do tráfico

de mulheres e áreas próximas e entre estas e as congéneres internacionais (sobretudo dos

países identificados enquanto de origem);

♀ Colaborar estreitamente com os Órgãos de Polícia Criminal (OPC) na salvaguarda da

defesa dos direitos humanos das mulheres vítimas de tráfico;

♀ Promover a discussão entre as entidades que trabalham nesta área (Governo, ONG e

OPC) por forma a detectar as lacunas existentes na legislação portuguesa em matéria de

TSH e propondo alterações.

Objectivos Específicos:

♀ Elaboração e distribuição de uma Brochura em várias línguas (português, russo, inglês e

francês) sobre violência de género, com ênfase no TSH, e sobre o trabalho desenvolvido

pela UMAR neste âmbito;

♀ Promoção de Campanhas de Sensibilização/Prevenção do TSH (em particular do Tráfico

de Mulheres) em Portugal e no estrangeiro, em parceria com entidades privadas, dirigidas

a potenciais vítimas de tráfico e à população em geral;

♀ Organização de um Seminário Internacional de Trabalho Intensivo em 2010 (Lisboa)

destinado exclusivamente a técnicas/os que trabalhem no âmbito do TSH e áreas

próximas na medida em que são necessários espaços de reflexão informais por forma a

que as entidades que intervêm no terreno possam quer partilhar e actualizar

metodologias e estratégias quer perspectivar formas conjuntas de prevenção/actuação;

♀ Elaboração de um Manual de Boas Práticas (português/inglês) com base no que foi

discutido e concluído no Seminário Internacional;

♀ Dinamizar sessões de esclarecimento para jovens sobre TSH em escolas e bibliotecas,

articulando assim o Projecto Laços e Fronteiras com o Projecto BIG – Bibliotecas pela

Igualdade de Género;

66

♀ Estreitar as relações e a cooperação com os OPC por forma a que o combate ao TSH seja

efectivo e efectuado sempre numa óptica de promoção dos direitos humanos das vítimas.

Em suma, o Projecto Laços e Fronteiras pretende actuar sobretudo ao nível da

prevenção do TSH (e nomeadamente do Tráfico de Mulheres) em Portugal.

Filmografia sobre questões Tráfico de Seres Humanos/Tráfico de Mulheres

Anjos do Sol, de Rudi Lageman, 92’, Brasil, 2006

Hotel Terra Prometida (Promised Land), de Amos Gitai, 120’, Reino Unido, 2004

Human Trafficking (Tráfico Humano), de Christian Duquay, 162’, Canadá/EUA, 2005

Lilja 4-ever (Para Sempre Lilja), de Lukas Moodysson, 109’, Suécia/Dinamarca, 2002

Princesas, de Fernando León de Aranoa, 113’, Espanha, 2005

Transe, de Teresa Villaverde, 126’, Portugal, 2006

Para aprofundar os conteúdos abordados, consulte/a:

Entidades Nacionais

AMCV – Associação de Mulheres Contra a Violência

APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

APF - Associação para o Planeamento da Família

Autoestima

CAIM – Cooperação. Acção. Investigação. Mundivisão

CIG – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género

Linha SOS Imigrante

Observatório do Tráfico de Seres Humanos

Polícia Judiciária

SEF – Serviço de Estrangeiros e Fronteiras

Entidades Internacionais

AFRUCA

Amnesty for Women

Ban Ying

BlinN - Bonded Labour in Nederland

67

CATW - Coalition Against Trafficking in Women

GAATW – Global Alliance Against Traffic in Women

La Strada International

Colectivo Hetaira

ECPAT International

European Women’s Lobby

Halley Movement

HDI – Human Development Initiatives

Human Rights Watch

IOM

NAPTIP

On the Road

PAG ASA

Payoke

Poppy Project

Proyecto Esperanza

Reaching Out – Roménia

Rede Came

SMM – Serviço à Mulher Marginalizada

TAMPEP International

Terre des Homes

WOCON

Bibliografia

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Tráfico de Seres Humanos (2007-2010), Lisboa: CIG.

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Europa relativa à Luta contra o Tráfico de Seres Humanos. Resolução da Assembleia da

República n.º 1/2008, Lisboa: CIG.

Grupo Davida (2005) «Prostitutas, ‘Traficadas’ e Pânicos Morais: uma Análise da Produção

de Fatos e Pesquisas sobre o ‘Tráfico de Seres Humanos’»;

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Disponível em:

http://www.umarfeminismos.org/grupostrabalho/pdf/prostituicaomantavares.pdf (último

acesso a 04/11/2009).

Contactos: UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta

Projecto Laços e Fronteiras - Rua de S. Lázaro, nº 111, 1º, 1150-330 Lisboa tel: 21 887 30 05.