Índice -...

396
Índice BMJ 495 (2000) ÍNDICE JURISPRUDÊNCIA DIREITO CONSTITUCIONAL Conselho dos Oficiais de Justiça — Competência disciplinar — Conselho Superior da Magistratura — Ac. do Tribunal Constitucional, n.º 145/2000, de 21-3-2000 .......... Despacho que decreta a prisão preventiva — Dever de fundamentação — Deficiência formal da fundamentação por remissão — Ac. do Tribunal Constitucional, n.º 147/ 2000, de 21-3-2000 ..................................................................................................... Crime de desobediência por falta de entrega da carta ou licença de condução — Inibição de conduzir decretada por um tribunal ou por uma autoridade administrativa — Ac. do Tribunal Constitucional, n.º 149/2000, de 21-3-2000 ................................................. Pensão por acidente de trabalho — Prestação de caução — Fiança pessoal — Princípio da igualdade — Ac. do Tribunal Constitucional, n.º 150/2000, de 21-3-2000 ................ Processo abreviado — Debate instrutório — Falta de pressupostos legais do processo abreviado — Ac. do Tribunal Constitucional, n.º 158/2000, de 22-3-2000 ............... Depoimentos gravados no decurso da audiência — Transcrição oficiosa — Ac. do Tribu- nal Constitucional, n.º 159/2000, de 22-3-2000 .......................................................... Dívidas de contribuições à Segurança Social — Privilégio imobiliário geral — Hipoteca — Ac. do Tribunal Constitucional, n.º 160/2000, de 22-3-2000 ..................................... Pedido de suspensão de eficácia — Início da contagem do prazo da resposta — Princípio da igualdade — Ac. do Tribunal Constitucional, n.º 161/2000, de 22-3-2000 ................ Execução para pagamento de quantia certa baseada em título que não seja decisão judicial condenatória — Princípio do contraditório — Ac. do Tribunal Constitucional, n.º 162/ 2000, de 22-3-2000 ..................................................................................................... DIREITO PENAL Furto de objectos em veículo automóvel — Furto qualificado/furto simples — Crime de roubo — Tentativa/consumação — Crime de ofensa à integridade física qualificada — Crime de roubo e crime de ofensa à integridade física qualificada — Concurso apa- rente — Continuação criminosa — Jovem imputável — Atenuação especial — Ac. do S. T. J., de 1-3-2000, proc. n.º 17/2000 ....................................................................... Homicídio qualificado, forma tentada — Dolo eventual — Arguido toxidependente — Con- flito familiar — Medida da pena — Prevenção geral — Suspensão da pena — Regime de prova — Ac. do S. T. J., de 1-3-2000, proc. n.º 1165/1999 ................................... Pena de multa — Prisão em alternativa à multa — Prisão subsidiária — Ac. do S. T. J., de 2-3-2000, proc. n.º 1/2000 .......................................................................................... 5 15 27 31 34 41 45 51 55 59 79 88

Upload: phamnguyet

Post on 08-Feb-2019

220 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

ndiceBMJ 495 (2000)

NDICE

JURISPRUDNCIA

DIREITO CONSTITUCIONAL

Conselho dos Oficiais de Justia Competncia disciplinar Conselho Superior daMagistratura Ac. do Tribunal Constitucional, n. 145/2000, de 21-3-2000 ..........

Despacho que decreta a priso preventiva Dever de fundamentao Deficinciaformal da fundamentao por remisso Ac. do Tribunal Constitucional, n. 147/2000, de 21-3-2000 .....................................................................................................

Crime de desobedincia por falta de entrega da carta ou licena de conduo Inibio deconduzir decretada por um tribunal ou por uma autoridade administrativa Ac. doTribunal Constitucional, n. 149/2000, de 21-3-2000 .................................................

Penso por acidente de trabalho Prestao de cauo Fiana pessoal Princpio daigualdade Ac. do Tribunal Constitucional, n. 150/2000, de 21-3-2000 ................

Processo abreviado Debate instrutrio Falta de pressupostos legais do processoabreviado Ac. do Tribunal Constitucional, n. 158/2000, de 22-3-2000 ...............

Depoimentos gravados no decurso da audincia Transcrio oficiosa Ac. do Tribu-nal Constitucional, n. 159/2000, de 22-3-2000 ..........................................................

Dvidas de contribuies Segurana Social Privilgio imobilirio geral Hipoteca Ac. do Tribunal Constitucional, n. 160/2000, de 22-3-2000 .....................................

Pedido de suspenso de eficcia Incio da contagem do prazo da resposta Princpio daigualdade Ac. do Tribunal Constitucional, n. 161/2000, de 22-3-2000 ................

Execuo para pagamento de quantia certa baseada em ttulo que no seja deciso judicialcondenatria Princpio do contraditrio Ac. do Tribunal Constitucional, n. 162/2000, de 22-3-2000 .....................................................................................................

DIREITO PENAL

Furto de objectos em veculo automvel Furto qualificado/furto simples Crime deroubo Tentativa/consumao Crime de ofensa integridade fsica qualificada Crime de roubo e crime de ofensa integridade fsica qualificada Concurso apa-rente Continuao criminosa Jovem imputvel Atenuao especial Ac. doS. T. J., de 1-3-2000, proc. n. 17/2000 .......................................................................

Homicdio qualificado, forma tentada Dolo eventual Arguido toxidependente Con-flito familiar Medida da pena Preveno geral Suspenso da pena Regimede prova Ac. do S. T. J., de 1-3-2000, proc. n. 1165/1999 ...................................

Pena de multa Priso em alternativa multa Priso subsidiria Ac. do S. T. J., de2-3-2000, proc. n. 1/2000 ..........................................................................................

5

15

27

31

34

41

45

51

55

59

79

88

ndice BMJ 495 (2000)

Crime continuado Pressupostos Caso julgado Novos factos Ac. do S. T. J., de2-3-2000, proc. n. 2/2000 ..........................................................................................

Homicdio qualificado Motivo ftil Frieza de nimo Jovem imputvel Atenuaoespecial da pena Nulidade Erro de julgamento Ac. do S. T. J., de 2-3-2000,proc. n. 1292/1999 .....................................................................................................

Crime de furto Circunstncias qualificadoras do crime Determinao do conceito deentrada da alnea e) do n. 2 do artigo 204. do Cdigo Penal Ac. do S. T. J., de9-3-2000, proc. n. 1201/1999 ....................................................................................

Vantagens patrimoniais Perda a favor do Estado Restituio ao ofendido Ac. doS. T. J., de 29-3-2000, proc. n. 25/2000 .....................................................................

Inimputabilidade Embriaguez Ac. do S. T. J., de 29-3-2000, proc. n. 1175/1999 ...

DIREITO ADMINISTRATIVO

Recurso hierrquico necessrio Notificao incompleta Prazo de interposio Ac. do S. T. A., de 2-3-2000, rec. n. 42 552 ..............................................................

Apoio judicirio Concesso no pedido de suspenso de eficcia extensiva ao processoprincipal Artigo 17., n. 7, Decreto-Lei n. 387-B/87, de 27 de Dezembro Ac. doS. T. A., de 9-3-2000, rec. n. 45 852 ..........................................................................

Concurso Homologao de lista de classificao final de concurso Notificao epublicao de acto administrativo Notificao e publicao incompletas Pedidode certido Recurso hierrquico necessrio Prazo Suspenso do prazo Ac. do S. T. A., de 21-3-2000, rec. n. 32 973 ............................................................

Dever de deciso Indeferimento tcito Vcio de violao de lei Ac. do S. T. A., de22-3-2000, rec. n. 39 934 ...........................................................................................

Oposio de julgados Suspenso de eficcia Processo urgente Indicao doscontra-interessados Correco da petio Ac. do S. T. A., de 22-3-2000,rec. n. 43 813 ..............................................................................................................

Indeferimento tcito de pretenso renovada ao abrigo do artigo 9., n. 2, do Cdigo doProcedimento Administrativo Acto confirmativo Acto lesivo Competncia dosdirectores-gerais Competncia prpria mas no exclusiva Recurso hierrquiconecessrio Constitucionalidade Ac. do S. T. A., de 29-3-2000, rec. n. 38 894

DIREITO FISCAL

Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares Regime de deficientes Hipo-viso Atestado mdico Determinao da incapacidade Regime transitrio Ac. do S. T. A., de 1-3-2000, rec. n. 24 355 ..............................................................

Imposto sobre valor acrescentado Liquidao adicional Imposto sobre o rendimentodas pessoas colectivas Custos Caso decidido Ac. do S. T. A., de 1-3-2000,rec. n. 24 578 ..............................................................................................................

Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares Regime de deficientes Hipo-viso Atestado mdico Incapacidade relevante para efeitos fiscais Princpioda igualdade na repartio dos encargos pblicos Ac. do S. T. A., de 9-3-2000,rec. n. 24 492 ..............................................................................................................

Encargos recorrentes de frias e subsdio de frias Custos Contribuio industrial Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas Regime de transio Ac. doS. T. A., de 29-3-2000, rec. n. 24 617 ........................................................................

93

100

110

113120

126

131

133

138

142

149

163

177

180

205

ndiceBMJ 495 (2000)

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Exame crtico das provas que servem para formar a convico do tribunal Delimitaodo tribunal pela acusao Insuficincia para a deciso da matria de facto pro-vada Anulao do acrdo Reenvio do processo para novo julgamento Ac. doS. T. J., de 1-3-2000, proc. n. 1179/1999 ...................................................................

Processo penal Instruo Diligncias probatrias Ac. do S. T. J., de 15-3-2000,proc. n. 1145/1999 .....................................................................................................

Absolvio do crime Pedido cvel em processo crime Causa de pedir Enriqueci-mento sem causa Nexo de causalidade Ac. do S. T. J., de 29-3-2000, proc. n. 81/2000 ............................................................................................................................

Recursos Tribunais superiores e respectiva competncia Conhecimento dos vciosenunciados no artigo 410. do Cdigo de Processo Penal Ac. do S. T. J., de30-3-2000, proc. n. 105/2000 ....................................................................................

Escuta telefnica Requisitos Formalidades Ac. do S. T. J., de 30-3-2000, proc.n. 1145/1998 ..............................................................................................................

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Presuno Presuno legal Matria de facto Ac. do S. T. J., de 14-3-2000, proc.n. 77/2000 ..................................................................................................................

Tribunal da Relao Conhecimento do mrito da causa em substituio do tribunal de1. instncia Ac. do S. T. J., de 14-3-2000, revista n. 130/2000 ............................

Declarao de falncia Legitimidade Credor hipotecrio Terceiro Ac. doS. T. J., de 14-3-2000, agravo n. 150/2000 .................................................................

Procedimentos cautelares Arresto Embargos ao arresto nus da prova Ac. doS. T. J., de 22-3-2000, agravo n. 154/2000 .................................................................

DIREITO CIVIL

Parte geral

Assento para fixar jurisprudncia Acrdo para uniformizar jurisprudncia Efic-cia interna do acrdo Vinculao de assento ou acrdo anterior Acrdon. 2/97 Ac. do S. T. J., de 9-3-2000, proc. n. 1225/1999 .....................................

Representao Gesto de negcios Abuso de representao Ac. do S. T. J., de28-3-2000, revista n. 165/2000 ..................................................................................

Direito das obrigaes

Sigilo bancrio Herdeiros Pedido de informao feito ao banco pelo vivo, relativo amovimentos de contas, operados antes do bito da esposa e relacionadas com contasem que a mesma esposa falecida figurava como titular ou co-titular Ac. do S. T. J.,de 21-3-2000, revista n. 113/2000 .............................................................................

Arrendamento urbano Uso para fim diverso Actividade principal Actividadeacessria Ac. do S. T. J., de 21-3-2000, revista n. 1134/1999 ..............................

209

213

219

227

230

261

265

268

271

276

283

288

292

ndice BMJ 495 (2000)

Acidente de viao Responsabilidade pelo risco Culpa no provada Condutor/proprietrio do veculo Peo Ac. do S. T. J., de 23-3-2000, proc. n. 142/2000

Contrato de trespasse Transmisso do passivo Assuno de dvidas Alterao dasclusulas acessrias Forma, validade e eficcia das alteraes Ac. do S. T. J., de28-3-2000, proc. n. 929/1999 ....................................................................................

Direito das coisas

Direito de propriedade Contrato-promessa de compra e venda Tradio da coisa Posse de boa f Usucapio Ac. do S. T. J., de 14-3-2000, revista n. 92/2000

Direito da famlia

Adopo Adoptabilidade Requisitos legais Equidade Interesse do menor Recurso de revista Confiana judicial Ac. do S. T. J., de 21-3-2000, proc. n. 50/2000 ............................................................................................................................

Aco de investigao de maternidade Posse de estado: incerteza quanto poca dosactos de tratamento Caducidade: nus da prova Ac. do S. T. J., de 30-3-2000,revista n. 377/1998 .....................................................................................................

Direito das sucesses

Inventrio Cumulao de inventrios Comunho geral de bens Licitaes Ac. do S. T. J., de 23-3-2000, proc. n. 109/2000 .......................................................

DIREITO COMERCIAL

Descoberto em conta Contrato de depsito bancrio Ac. do S. T. J., de 16-3-2000,proc. n. 1221/1999 .....................................................................................................

Aco de anulao de deliberaes sociais Prazo Providncia cautelar de suspensode deliberaes sociais Prazo Caducidade Renovao de deliberao social Inutilidade superveniente Ac. do S. T. J., de 29-3-2000, proc. n. 71/2000 ...........

Sumrios dos acrdos

Supremo Tribunal Administrativo

I Tribunal pleno:

Benefcios fiscais Acordos de cooperao Decreto-Lei n. 404/90, de 21 deDezembro, e nova redaco que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n. 143/94, de 24 deMaio Ac. de 15-3-2000 ..................................................................................

Execuo fiscal Caixa Geral de Depsitos Competncia dos tribunais tribut-rios Ac. de 15-3-2000 ....................................................................................

298

301

310

315

321

327

329

334

339

339

ndiceBMJ 495 (2000)

Oposio de julgados Suspenso de eficcia Processo urgente Indicao doscontra-interessados Correco da petio Ac. de 22-3-2000 ..................

Ratificao-sanao Substituio do acto primrio Extino da instncia Ac. de 21-3-2000 ................................................................................................

Recurso contencioso Legitimidade activa Interesse directo Ac. de 21-3-2000Responsvel subsidirio Reverso Artigo 146. do Cdigo de Processo das

Contribuies e Impostos Artigo 239., n. 2, do Cdigo de Processo Tribut-rio Ac. de 15-3-2000 .....................................................................................

II 1. Seco:

Actos recorrveis Recurso hierrquico necessrio Princpio da tutela efectiva Ac. de 14-3-2000 ................................................................................................

Classificao de imveis de valor cultural Recorribilidade contenciosa de actolesivo Competncia Audincia dos interessados Ac. de 30-3-2000 .....

Concurso de pessoal Anulao do concurso por ilegal composio do jri Auto-vinculao da administrao Prazo do recurso contencioso Correco dapetio Alegao do recurso contencioso Especificao dos preceitos legaisviolados Atendibilidade dos vcios Ac. de 8-3-2000 .................................

Concurso de provimento Avaliao curricular Experincia profissional Ac. de 1-3-2000 ..................................................................................................

Concurso de provimento Homologao da lista de classificao final Recursohierrquico Indeferimento tcito Fundamentao de acto tcito Princpioda igualdade Acesso s actas do jri Prazo para apresentao de documen-tos Ac. de 23-3-2000 .....................................................................................

Declarao de ilegalidade de normas com fora obrigatria geral Suplemento deservio areo Sargentos da Fora Area Legitimidade activa Ac. de2-3-2000 .............................................................................................................

Execuo de acrdo anulatrio Vcio de forma por falta de fundamentao Causa legtima de inexecuo Caso julgado Ac. de 23-3-2000 ................

Indeferimento tcito de pretenso renovada ao abrigo do artigo 9., n. 2, do Cdigodo Procedimento Administrativo Acto confirmativo Acto lesivo Compe-tncia dos directores-gerais Competncia prpria mas no exclusiva Recurso hierrquico necessrio Constitucionalidade Ac. de 29-3-2000 .....

Instituto da Vinha e do Vinho Ajuda destilao Recurso jurisdicional Ob-jecto Ac. de 15-3-2000 ...................................................................................

Licenciamento industrial Actos consequentes Legitimidade Notificao doacto administrativo Representao por advogado Legitimidade Ac. de30-3-2000 ...........................................................................................................

Liquidador tributrio Reposicionamento Efeitos remuneratrios Revogaode acto vlido Efeito retroactivo Acto interno Acto tcito de indeferi-mento Dever legal de decidir Ac. de 9-3-2000 .........................................

Magistrado do Ministrio Pblico Classificao de servio Fundamentao Erro sobre os pressupostos Ac. de 28-3-2000 ..............................................

Processo disciplinar Substituio da pena de aposentao compulsiva pela deperda do direito penso por 3 anos Ac. de 8-3-2000 .................................

Proteco na maternidade Lei n. 4/84, de 5 de Abril (redaco da Lei n. 17/95,de 9 de Junho) Licena devida pelo nascimento de nado-morto Ac. de29-3-2000 ...........................................................................................................

339

340340

340

341

341

341

342

342

343

343

344

344

345

346

346

346

347

ndice BMJ 495 (2000)

Recurso contencioso Freguesias Fundo de Equilbrio Financeiro Acto prepa-ratrio Ac. de 1-3-2000 .................................................................................

Responsabilidade civil extracontratual Autarquia local Junta de freguesia mbito do recurso jurisdicional Agente administrativo Danos causadospor agente em regime de direito privado Respostas aos quesitos Ac. de23-3-2000 ...........................................................................................................

Tabaco Incentivos produo Regime de prmios (In)existncia do acto Legitimidade Princpios constitucionais Fundamentao Interpretaoda lei Ac. de 8-3-2000 ...................................................................................

Transferncia de funcionrio Situao jurdica dos funcionrios Acto recor-rvel Acto interno Ac. de 1-3-2000 ............................................................

III 2. Seco:

Execuo fiscal Responsabilidade do gerente Insuficincia do patrimnio so-cial Ac. de 29-3-2000 ....................................................................................

Imposto de capitais Artigo 6., n. 10, do Cdigo do Imposto de Capitais Royaltiesintelectuais Tributao Ac. de 9-3-2000 ...................................................

Oposio Requisitos da dvida exequenda Suspenso da execuo Reclama-o contra o valor patrimonial dos bens imveis Ac. de 29-3-2000 ............

Tribunais de Segunda Instncia

I Relao de Lisboa:

Aco emergente de contrato de trabalho Processo sumrio Falta de contesta-o Condenao imediata no pedido Ac. de 22-3-2000 ...........................

Alegaes de recurso Juno de cpias de decises judiciais Inadmissibili-dade Ac. de 1-3-2000 ....................................................................................

Alterao substancial Ofensa corporal Leso Retorso Ac. de 16-3-2000Apoio judicirio Requerido aps deciso final e antes do trnsito em julgado

Iseno de custas Ac. de 15-3-2000 ..............................................................Cessao de contrato de trabalho Indemnizao do trabalhador Importncias

auferidas em actividades iniciadas posteriormente Dever de cooperao como tribunal Ac. de 22-3-2000 ..........................................................................

Competncia Varas e juzos criminais de Lisboa Sucesso de leis penais Ac. de23-3-2000 ...........................................................................................................

Conflito de competncia Extino de tribunal de crculo Ac. de 30-3-2000 .....Contra-ordenao Prescrio Ac. de 23-3-2000 .............................................Contrato de arrendamento urbano Obras no locado Alterao substancial de

estrutura externa Casos de resoluo pelo senhorio Ac. de 30-3-2000 ...Contrato de seguro Actas adicionais da aplice Acordo prvio Ac. de

23-3-2000 ...........................................................................................................Contrato de trabalho Regime de laborao contnua Trabalho prestado ao

domingo Trabalho suplementar Ac. de 29-3-2000 ...................................Contrato individual de trabalho Despedimento ilcito Reintegrao do trabalha-

dor Ac. de 23-3-2000 ....................................................................................

347

347

348

348

349

349

349

351

351351

352

352

352352352

353

353

353

353

ndiceBMJ 495 (2000)

Crime semipblico Queixa Legitimidade do Ministrio Pblico Ac. de1-3-2000 .............................................................................................................

Divrcio litigioso Processo pendente Juzos cveis Tribunais de famlia emenores Conflito de competncia Ac. de 2-3-2000 ...................................

Empreitada Reduo do preo Reduo oficiosa pelo tribunal Nulidade Ac. de 30-3-2000 ................................................................................................

Falta incorporao Crime permanente Ne bis in idem Ac. de 23-3-2000Interveno de terceiro Efeito til do recurso Subida em separado Efeito

devolutivo Ac. de 30-3-2000 .........................................................................Juzos criminais e varas mistas de Loures Competncia para a instruo Ac. de

21-3-2000 ...........................................................................................................Nulidade da sentena Arguio Ac. de 22-3-2000 ...........................................Omisso de pronncia Jovens delinquentes Regime Conhecimento oficioso

Ac. de 16-3-2000 ................................................................................................Priso preventiva Revogao Ac. de 16-3-2000 .............................................Procedimento cautelar comum Direitos de personalidade Pseudnimo Ac. de

9-3-2000 .............................................................................................................Recurso Priso preventiva Reexame oficioso dos pressupostos Inutilidade

superveniente Ac. de 16-3-2000 ....................................................................Recurso Falta de motivao Rejeio Ac. de 23-3-2000 .............................Regulamento interno de empresa Competncia do tribunal do trabalho Natureza

jurdica Ac. de 15-3-2000 ..............................................................................Reviso de sentena estrangeira Divrcio na sequncia de processo de separao

judicial de pessoas e bens Ac. de 9-3-2000 ...................................................Sentena Fundamentao Falta de exame crtico das provas Nulidade

Ac. de 15-3-2000 ................................................................................................Trfico de estupefacientes Priso preventiva Prazos Ac. de 20-3-2000 .....Transcrio Omisses ou imperfeies Irregularidades Ac. de 16-3-2000Transcrio da prova Ac. de 16-3-2000 ..............................................................Transferncia do local de trabalho Indemnizao Prejuzo srio Ac. de

22-3-2000 ...........................................................................................................

II Relao do Porto:

354

354

354354

355

355355

355356

356

357357

357

357

358358358359

359

360360

360

360361

361361361361361362

Acidente de trabalho Clculo da penso Ajudas de custo Ac. de 27-3-2000Acidente de viao Indemnizao Reconstituio natural Ac. de 14-3-2000Acidente de viao Indemnizao Danos morais Nascituro Ac. de

30-3-2000 ...........................................................................................................Arrendamento para habitao Resoluo do contrato Falta de residncia per-

manente Doena do locatrio Ac. de 9-3-2000 .......................................Coaco Elementos da infraco Violncia moral Ac. de 1-3-2000 ..........Cdigo de Processo do Trabalho Rol de testemunhas Contagem do prazo

Ac. de 27-3-2000 ................................................................................................Competncia em razo da matria Conhecimento oficioso Ac. de 9-3-2000 .....Contrato de trabalho Danos no patrimoniais Ac. de 20-3-2000 ..................Contrato de trabalho Treinador de futebol Ac. de 27-3-2000 .........................Crime de dano Ac. de 1-3-2000 ...........................................................................Crime de falsificao Contrafaco de cunhos Ac. de 22-3-2000 ..................

ndi

III

362

362362362

362

Crime de falsificao Tribunal competente Ac. de 15-3-2000 .........................Descaminho de objectos colocados sob o poder pblico Bem jurdico protegido

Ac. de 29-3-2000 ................................................................................................Despedimento Direito indemnizao Reforma Ac. de 27-3-2000 ...........Direito de queixa Renncia Pedido de indemnizao civil Ac. de 29-3-2000Falncia Reclamao de crditos Aco declarativa Legitimidade passiva

Ac. de 14-3-2000 ................................................................................................

ce BMJ 495 (2000)

Relao de Coimbra:

Aco de despejo com fundamento em falta de pagamento das rendas e de habitao dolocado pelo inquilino Gesto imprpria do negcio Artigos 268., n. 1,334., 466., n. 2, 468., 469., 471., 1180. e 1184. do Cdigo Civil Ar-tigos 684., n. 3, e 690., n.os 1 e 4, do Cdigo de Processo Civil Artigo 64.,alneas a) e i) do n. 1, do Regime do Arrendamento Urbano (Decreto-Lei n. 321--B/90, de 15 de Outubro) Ac. de 22-3-2000 ..................................................

Aco de diviso de coisa comum nus da prova Indivisibilidade Diviso defacto Artigos 1053. e 1060. do Cdigo de Processo Civil Artigo 342.,n. 1, do Cdigo Civil Ac. de 28-3-2000 .......................................................

Aplicao da lei processual no tempo Falta a acto judicial Ac. de 16-3-2000Arrolamento Quem deve ser nomeado depositrio Artigos 421., n. 2, e 426. do

Cdigo de Processo Civil Ac. de 28-3-2000 .................................................Conflito negativo de competncia Data da produo de efeitos da reconveno

Artigo 308. do Cdigo de Processo Civil Ac. de 28-3-2000 ........................Contrato-promessa de arrendamento urbano para o exerccio de profisso libe-

ral Impossibilidade de execuo especfica do contrato-promessa, por este norevestir a forma legal Artigos 220., 289., n. 1, 410., 804., 830., n. 1,1029. e 1271. do Cdigo Civil Artigos 193., n.os 1 e 2, alnea c), 288., n. 1,300., 668. alnea d), 684., n. 3, e 690., n.os 1 e 4, do Cdigo de Processo Civil Artigos 7., n.os 2 e 3, 31., n. 7, alnea a), 9., n. 1, 32. e 33. do Regime doArrendamento Urbano (Decreto-Lei n. 321-B/90, de 15 de Outubro) Ac. de14-3-2000 ...........................................................................................................

363

363363363363364

364364364

364

365

365

366

366367

367

367

368

Interveno provocada Mandatrio judicial Honorrios Ac. de 21-3-2000Imposto sobre o Valor Acrescentado Penhor mercantil Graduao de crditos

Ac. de 16-3-2000 ................................................................................................Justificao notarial nus da prova Registo Presuno Ac. de 16-3-2000Medida de coaco Fortes indcios Ac. de 15-3-2000 .....................................Negligncia mdica Indemnizao Tribunal competente Ac. de 14-3-2000Penhora Bens da herana Ac. de 14-3-2000 ...................................................Prescrio do procedimento criminal Recurso Legitimidade do assistente

Ac. de 15-3-2000 ................................................................................................Prescrio Dvida Telefone Ac. de 20-3-2000 ............................................Processo tutelar Regulao do poder paternal Ac. de 28-3-2000 ...................Servido de aqueduto Servido no aparente Defesa da posse Ac. de

9-3-2000 .............................................................................................................Sociedade Inqurito judicial Arrolamento da quota social Poderes do fiel

depositrio Ac. de 13-3-2000 .......................................................................Transaco judicial Sentena homologatria Valor para efeito de registo pre-

dial Ac. de 9-3-2000 .....................................................................................

ndiceBMJ 495 (2000)

Contrato de seguro Suspenso temporria da garantia concedida pela segura-dora Aplicao no tempo do Decreto-Lei n. 105/94, de 23 de Abril Ar-tigo 19., alnea e), do Decreto-Lei n. 522/85, de 31 de Dezembro Artigos 5.,n. 1, e 6., n. 2, do Decreto-Lei n. 162/84, de 18 de Maio Artigos 11. e 12.do Decreto-Lei n. 105/94, de 23 de Abril Ac. de 22-3-2000 ........................

Contrato-promessa de compra e venda Extino do contrato-promessa Nova-o Simulao do preo Artigos 241., n. 1, 410. e 859. do Cdigo Civil Ac. de 14-3-2000 ................................................................................................

Convite para aperfeioamento de articulados correspondido. Prazo para exerccio docontraditrio Artigos 508., n.os 3 e 4, e 153., n. 1, do Cdigo de ProcessoCivil Ac. de 22-3-2000 ..................................................................................

Crime de conduo sem habilitao legal Medida acessria de proibio de con-duzir Ac. de 29-3-2000 ..................................................................................

Crime de falsificao Benefcio ilegtimo Ac. de 23-3-2000 .............................Crime de ofensa integridade fsica Consentimento do ofendido Prtica do

futebol Ac. de 16-3-2000 ...............................................................................Crime negligente Negligncia grosseira Unidade ou pluralidade de crimes

Ac. de 29-3-2000 ................................................................................................Despedimento promovido pela entidade empregadora Justa causa Desobedin-

cia ilegtima Ac. de 2-3-2000 .........................................................................Embargos de terceiro Possuidor Artigos 351. e 357. do Cdigo de Processo

Civil Ac. de 28-3-2000 ..................................................................................Embargos de terceiro penhora de mquinas adquiridas previamente executada,

pelo terceiro, nas instalaes da executada e no exercendo aquele actividadecompatvel com o uso de tais mquinas, quando o crdito j existia Artigos 369.e 393. do Cdigo Civil Artigos 3.-A, 357., 502., n. 1, 668., n. 1, alneas a)e d), 684., n. 3, e 690., n.os 1 e 4, do Cdigo de Processo Civil Ac. de14-3-2000 ...........................................................................................................

Erro na forma de processo Artigos 199. e 494. do Cdigo de Processo Civil Ac. de 14-3-2000 ................................................................................................

Erro sobre o objecto do negcio Limites reduo do negcio jurdico Usucapiosobre uma parcela de um terreno rstico Regime dos loteamentos urbanos Artigos 247., 251., 292., 1287. e 1296. do Cdigo Civil Ac. de 29-3-2000

Estado Contrato de trabalho sem termo Ac. de 9-3-2000 ...............................Execuo para prestao de facto Facto positivo Falta de indicao do prazo da

prestao no ttulo Fundamentos dos embargos Artigos 813., 939., n.os 1e 2, e 941., n. 2, do Cdigo de Processo Civil Ac. de 22-3-2000 ...............

Extenso do caso julgado material Artigos 271., n. 3, 288., n. 1, alnea e), 494.,n. 1, alnea i), 495., 510., 684., n. 3, e 690., n.os 1 e 4, 691., n.os 1 e 2, 715.e 733. do Cdigo de Processo Civil Ac. de 22-3-2000 ................................

Falta de transcrio da prova Irregularidade Anulao do julgamento Ac. de16-3-2000 ...........................................................................................................

Herana indivisa Responsabilidade da herana Legitimidade processual Artigos 2068., 2091., 2097. e 2098. do Cdigo Civil Artigo 26. do Cdigode Processo Civil Ac. de 14-3-2000 ..............................................................

Inobservncia do artigo 363. do Cdigo de Processo Penal Ac. de 1-3-2000 ......Inventrio Despacho sobre a forma de partilha Notificao dos interessados

Reclamaes contra o mapa Artigos 201., 229., n. 1, 1328., 1373. e 1379.do Cdigo de Processo Civil Ac. de 14-3-2000 ............................................

368

369

369

369369

369

370

370

370

371

371

371372

372

372

373

373373

373

ndice BMJ 495 (2000)

Letra de cmbio Nulidade da obrigao do avalizado Artigos 32. da Lei Unifor-me sobre Letras e Livranas e 260., n. 4, do Cdigo das Sociedades Comer-ciais Ac. de 22-3-2000 ...................................................................................

Medida da pena de proibio de conduzir Ac. de 1-3-2000 .................................O contrato de cedncia de casa do magistrado do Ministrio Pblico, pelo Ministrio

da Justia, durante o seu exerccio de funes na respectiva comarca de arren-damento e caduca logo que o magistrado deixe de exercer funes na comarca Artigos 65. e 67. da Constituio da Repblica Artigos 1022., 1023. e1278. do Cdigo Civil Artigos 274., n. 2, 684., n. 3, e 690., n.os 1 e 4, doCdigo de Processo Civil Artigos 1., 2. e 4., alneas f) e g), do Estatuto dosTribunais Administrativos e Fiscais Artigo 7., n. 2, do Decreto Regulamentarn. 56/79, de 22 de Setembro Artigo 102., n. 1, da Lei n. 60/98, de 27 deAgosto Ac. de 14-3-2000 ...............................................................................

O processamento do incidente de caducidade de providncia cautelar corre nos pr-prios autos da providncia Artigos 3.-A, 147., 279., 389., n.os 1, alnea b),e 4, 684., n. 3, 690., n.os 1 e 4, 736. e 737., n. 1, alnea a), do Cdigo deProcesso Civil Ac. de 28-3-2000 ...................................................................

Pena acessria da publicao da sentena Crime contra a genuinidade dos produ-tos alimentcios Ac. de 1-3-2000 ...................................................................

Primeiro interrogatrio judicial Audio prvia do arguido sobre a aplicao dasmedidas de coaco Ac. de 16-3-2000 ..........................................................

Procedimento cautelar comum Nexo de instrumentalidade Requisitos da provi-dncia Contrato-promessa de compra e venda Artigos 442. e 830. doCdigo Civil Artigo 381. do Cdigo de Processo Civil Ac. de 22-3-2000

Processo de recuperao de empresas e de falncia: recolha de elementos para adeciso sobre o prosseguimento do processo Fundamentao da deciso Princpio da plenitude da assistncia do juiz Artigo 25. do Cdigo dos Proces-sos Especiais de Recuperao da Empresa e de Falncia Artigos 653., n. 2, e654., n. 1, do Cdigo de Processo Civil Ac. de 14-3-2000 .........................

Remunerao da pessoa que venha a ser designada para a realizao da transcrioda prova Ac. de 29-3-2000 ...........................................................................

Salrios em atraso Resciso do contrato de trabalho Abuso de direito Ac. de9-3-2000 .............................................................................................................

Unio de facto Alimentos Caducidade Artigos 333. e 2020., n.os 1 e 2, doCdigo Civil Ac. de 28-3-2000 ......................................................................

IV Relao de vora:

Aco de diviso de coisa comum Contestao Ac. de 2-3-2000 ....................Acidente de viao Matria de facto dada como assente Responsabilidade pelo

risco Ac. de 30-3-2000 ..................................................................................Acidente de viao Prescrio do direito de indemnizao Constituio de assis-

tente em processo penal Contrato de seguro Ac. de 23-3-2000 ...............Actividade sindical Faltas Regulamento interno Prmio de assiduidade

Ac. de 14-3-2000 ................................................................................................Ampliao do mbito do recurso a requerimento do recorrido Ac. de 2-3-2000 ...Crime de emisso de cheque sem proviso Primariedade Pena de multa

Determinao da medida da pena Ac. de 21-3-2000 ....................................

374374

374

375

375

375

375

376

376

376

377

378

378

378

379379

380

ndiceBMJ 495 (2000)

Deciso da matria de facto Contrato de trabalho Contrato de prestao deservio Indcios de subordinao jurdica Ac. de 14-3-2000 ...................

Falncia Direito de reteno Restituio provisria de posse Violncia Ac. de 23-3-2000 ................................................................................................

Ineptido da petio inicial Cumulao de pedidos e causas de pedir substancial-mente incompatveis Ac. de 16-3-2000 ..........................................................

Partes civis em processo penal Litigncia de m f Ac. de 21-3-2000 ............Pedido de indemnizao civil em processo penal Reenvio para os tribunais civis

Ac. de 14-3-2000 ................................................................................................Processo de contra-ordenao Impugnao judicial Rejeio Ac. de

21-3-2000 ...........................................................................................................Rejeio do recurso penal Falta de concluses Ac. de 21-3-2000 ...................Requisitos da sentena penal Enumerao dos factos no provados Ac. de

21-3-2000 ...........................................................................................................

V Tribunal Central Administrativo:

I Seco do Contencioso Administrativo:

Abono para falhas Forma de clculo Ac. de 2-3-2000 ....................................Concesso da penso de aposentao ao abrigo do Decreto-Lei n. 362/78 No

inconstitucionalidade do artigo 1., n. 1, deste diploma Interpretao do n. 2do artigo 1. do Decreto-Lei n. 315/88 Ac. de 2-3-2000 ..............................

Competncia disciplinar Presidente da cmara municipal Ac. de 2-3-2000 ...Actos dos secretrios de Estado Sua competncia Natureza verticalmente defini-

tiva dos seus actos Recurso hierrquico interposto daqueles actos para oministro Ac. de 16-3-2000 .............................................................................

Acto plural Divisibilidade Impugnao do acto administrativo Acto invlidoinimpugnvel Revogao anulatria Revogao ab-rogatria Ac. de16-3-2000 ...........................................................................................................

Conferncia Constitucionalidade do artigo 15. da Lei de Processo nos TribunaisAdministrativos face ao artigo 20. da Constituio da Repblica Portuguesa Ac. de 23-3-2000 ................................................................................................

Acto interno Rejeio liminar do recurso hierrquico [artigo 173., alnea b), doCdigo do Procedimento Administrativo] Ac. de 30-3-2000 ........................

Deficientes das Foras Armadas Reviso da penso ao abrigo do disposto noDecreto-Lei n. 134/97, de 31 de Maio Ac. de 30-3-2000 .............................

Publicitao da lista de classificao final em concurso interno geral de acesso navigncia do Decreto-Lei n. 498/88, com as alteraes constantes do Decreto-Lein. 215/95 Contagem do prazo de interposio do recurso hierrquico do actohomologatrio dessa lista Aplicao analgica do n. 4 do artigo 24. Ac. de 30-3-2000 ................................................................................................

Priso disciplinar A Lei n. 29/99, de 12 de Maio Ac. de 30-3-2000 ...............

II Seco do Contencioso Tributrio:

Contribuio autrquica Acto de fixao de valores patrimoniais Ac. de21-3-2000 ...........................................................................................................

380

381

381381

382

382382

382

383

383384

384

384

385

386

386

386387

387

ndice BMJ 495 (2000)

Juros vencidos e vincendos Oposio ao montante Artigo 176., alnea g), doCdigo de Processo das Contribuies e Impostos Ac. de 21-3-2000 ..........

Sociedade Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares Facto tribu-trio Ac. de 21-3-2000 ..................................................................................

388

388

5 Direito ConstitucionalBMJ 495 (2000)

Conselho dos Oficiais de Justia Competncia disciplinar Conselho Superior da Magistratura

As normas constantes dos artigos 95. e 107., alnea a), do Decreto-Lei n. 376/87,de 11 de Dezembro, que estabelecem a competncia do Conselho dos Oficiais de Justiapara apreciar o mrito e para exercer o poder disciplinar relativamente aos oficiais dejustia ofendem o artigo 218., n. 3, da Constituio e so, por isso, materialmenteinconstitucionais.

TRIBUNAL CONSTITUCIONALAcrdo n. 145/2000, de 21 de Maro de 2000Processo n. 323/99 1. Seco

ACORDAM no Tribunal Constitucional:

I Relatrio

1. Fernando de Almeida Pereira interpsrecurso contencioso para o Tribunal Adminis-trativo de Crculo de Coimbra da deliberao doConselho dos Oficiais de Justia que lhe aplicoua pena nica de demisso, nos termos dos artigos127., n. 1, alnea g), 132., n. 2, 137., n. 1,alnea b), e 138. e com os efeitos do artigo 149.,todos do Decreto-Lei n. 376/87, de 11 de De-zembro.

O Tribunal Administrativo de Crculo deCoimbra, por deciso de 23 de Janeiro de 1998,resolveu negar provimento ao recurso, no jul-gando verificadas as inconstitucionalidades sus-citadas relativamente aos artigos 95. a 176. doDecreto-Lei n. 376/87, de 11 de Dezembro, e,quanto ao fundo, julgou improcedente a preten-so do recorrente.

Inconformado com o assim decidido, Fernandode Almeida Pereira interps recurso para o Tri-bunal Central Administrativo, tendo nas suasconcluses apontado a inconstitucionalidade or-gnica e material das normas dos artigos 97. a176. do Decreto-Lei n. 376/97, de 11 de De-zembro.

2. O Tribunal Central Administrativo, poracrdo de 26 de Novembro de 1998, decidiunegar provimento ao recurso e confirmar a deci-so recorrida.

Quanto s questes de constitucionalidadesuscitadas pelo requerente, escreveu-se noacrdo:

Comecemos pelo problema da inconstitu-cionalidade, aflorado nas duas primeiras conclu-ses da alegao, o qual se desdobra em duasquestes, conexionadas com as duas alneas don. 1 do artigo 168. da Lei Fundamental, preten-samente ofendidas.

O Decreto-Lei n. 376/87, de 11 de Dezem-bro, aprovou a Lei Orgnica das Secretarias Judi-ciais e Estatuto dos Funcionrios de Justia,tendo introduzido um regime disciplinar espe-cial para esses funcionrios (cfr. artigos 123. a176.) e consagrado um novo rgo o Conse-lho dos Oficiais de Justia a que atribuiu com-petncia para apreciar o mrito e exercer o poderdisciplinar relativamente aos oficiais de justia[artigos 95. e 107., alnea a)]. Para alm disso, omesmo diploma, no seu artigo 122., estabeleceuque das deliberaes do Conselho dos Oficiaisde Justia cabe recurso para o tribunal adminis-trativo de circulo competente.

Segundo o recorrente, a previso de um re-gime disciplinar novo, aplicvel a uma determi-nada classe de funcionrios pblicos (no caso,os funcionrios judiciais), estava relativamentereservada Assembleia da Repblica, nos ter-mos do disposto do artigo 168., n. 1, alnea d),da Constituio [actual artigo 165., n. 1, al-nea d)]; e igual reserva existiria no que toca transferncia, para o Conselho dos Oficiais deJustia, de um poder (o de aplicar penas expul-sivas) que a lei geral (no artigo 17., n. 4, do

6 BMJ 495 (2000)Direito Constitucional

Estatuto Disciplinar, aprovado pelo Decreto-Lein. 24/84, de 16 de Janeiro) atribui ao membro doGoverno competente. No tendo a sentena re-corrida reconhecido estas inconstitucionalidades,viciantes do Decreto-Lei n. 376/87 e, por exten-so, do acto impugnado, justifica-se, na pers-pectiva do recorrente, a revogao do decididona 1. instncia.

O aludido preceito constitucional dispe que da exclusiva competncia da Assembleia daRepblica, salvo autorizao que ela conceda aoGoverno, legislar sobre regime geral de puniodas infraces disciplinares, bem como dosactos ilcitos de mera ordenao social e do res-pectivo processo. Ora, admitindo o prpriorecorrente que o regime disciplinar inserto noDecreto-Lei n. 376/87 se aplica exclusivamentea funcionrios com estatuto especial, dvidas nopode haver de que tal regime comunga da espe-cialidade inerente a esse estatuto. Dado que ne-nhuma especialidade concebvel fora de umgnero em que se entronque, tem de se concluirque esse gnero , precisamente, o regime geralde punio das infraces disciplinares dos fun-cionrios e agentes da Administrao Pblica; e,como a reserva de competncia da Assembleiada Repblica s se refere a esse gnero, e j no aregulamentaes especiais em que ele eventual-mente se desdobre, torna-se claro que as peculia-ridades do regime disciplinar aplicvel a corposespeciais da funo pblica no esto contem-pladas na reserva de competncia prevista naaludida norma.

Sendo assim, o facto de o Decreto-Lei n. 376/87 emanar do Governo sem prvia autorizaoda Assembleia da Repblica no o fere de incons-titucionalidade orgnica, como o recorrente re-clama, no havendo razo para assim sustentar ainconstitucionalidade global dos artigos 95. a176. do diploma. Portanto, e por esta via, nopode dizer-se que o acto punitivo se tenha ba-seado em preceitos ofensivos da Lei Fundamen-tal e que padea, por isso, de violao de lei.

Por outro lado, e no seguimento da compe-tncia j acima reconhecida ao Governo para, semprecedncia de autorizao legislativa, legislarsobre o regime disciplinar de corpos especiais,no pode duvidar-se que o Governo podia criarum novo rgo administrativo encarregado deexercer o poder disciplinar em relao aos fun-

cionrios de um qualquer desses corpos. Foi oque sucedeu, atravs da criao do Conselho dosOficiais de Justia, relativamente aos oficiais dejustia. Neste domnio e ao invs do que o recor-rente afirma, o Governo, mediante o Decreto-Lein. 376/87, no abdicou de uma competncia quedetivesse, j que, anteriormente ao citado diplo-ma, a aco disciplinar sobre os funcionrios dejustia era exercida pelo Conselho Superior daMagistratura [cfr. artigo 149., alnea b), da Lein. 21/85, de 30 de Julho] ou pelo ConselhoSuperior do Ministrio Pblico [cfr. artigo 24.,alnea b), da Lei n. 47/86, de 15 de Outubro].E no se v, nem o recorrente aponta, em quemedida uma tal transferncia de competncias,encarada de per si, poderia apresentar-se comoorgnica ou materialmente inconstitucional.

Alis, se o recorrente porventura cr que oConselho dos Oficiais de Justia carece de com-petncia para aplicar penas disciplinares de na-tureza expulsiva, por tal incumbir ao Sr. Ministroda Justia nos termos gerais do artigo 17., n. 4,do Estatuto, aprovado pelo Decreto-Lei n. 24/84, de 16 de Janeiro, ento seria lgico que ti-vesse interposto, para aquele membro do Go-verno, recurso hierrquico do acto que o puniucom a pena de demisso ou, ao menos, que tives-se arguido a incompetncia do Conselho dosOficiais de Justia no recurso contencioso quededuziu. No tendo assim procedido, e havendolimitado a sua crtica questo de inconstitucio-nalidade, o recorrente debilitou ainda mais esseseu ataque ao acto inteiramente se justifi-cando a correctssima pronncia que, sobre o as-sunto que nos vem ocupando, a sentena veio aemitir.

O recorrente disse ainda que o Decreto-Lein. 376/87, ao atribuir competncia aos tribunaisadministrativos de crculo para conhecer das de-liberaes do Conselho dos Oficiais de Justia(cfr. o seu artigo 122.), invadiu a esfera de com-petncia da Assembleia da Repblica no queconcerne organizao e competncia dos tribu-nais, assim ocorrendo uma inconstitucionalidadealicerada na alnea q) do n. 1 do artigo 168. daConstituio (na redaco anterior). E afirmouque a sentena deve ser revogada por no terreconhecido esta ofensa da Lei Fundamental.

Este raciocnio do recorrente est claramenteviciado. A competncia dos tribunais, cuja defi-

7 Direito ConstitucionalBMJ 495 (2000)

nio a Constituio reserva Assembleia da Re-pblica, alcana-se atravs da enunciao, gen-rica e abstracta, do elenco de situaes tpicasque lhes incumbe resolver. Respeitada a invarin-cia desses tipos, nada obsta a que o Governo, noexerccio dos poderes que lhe so prprios, mo-difique a organizao administrativa, ainda que,por via dessa mudana, certos actos, que antescabiam num daqueles tipos, venham assim asubsumir-se a um outro. Nesses casos, a actuaogovernamental exerce-se exteriormente e a jusanteda definio reservada Assembleia da Rep-blica, sendo absolutamente impotente para inva-dir a esfera de competncia legislativa que a Cons-tituio a esta confiou. Alis, e mesmo que ocitado artigo 122. no existisse, a mera criaodo Conselho dos Oficiais de Justia sempre obri-garia a que os recursos interpostos das suas deli-beraes fossem interpostos nos tribunais admi-nistrativos de crculo e isto por fora de umdecreto-lei precedido da indispensvel autoriza-o legislativa [cfr. o artigo 51., n. 1, alnea a), doEstatuto dos Tribunais Administrativos e Fiscais].

Nesta conformidade, o artigo 122. do De-creto-Lei n. 376/87 no padece das inconstitucio-nalidades arguidas (cfr., neste sentido, os acr-dos do Supremo Tribunal Administrativo de 6de Maio de 1993, 24 de Fevereiro de 1993, 19 deJaneiro de 1995 e 5 de Junho de 1997, proferi-dos, respectivamente, nos recursos n.os 31 508,31 431, 34 134 e 42 388), pelo que a sentena, aotambm assim considerar, decidiu de modo irre-preensvel.

O acrdo do Tribunal Central Administra-tivo teve um voto de vencido e uma declaraode voto. O voto de vencido incide em partesobre a questo de constitucionalidade: aquele,entendendo que a norma que cria o Conselho dosOficiais de Justia inconstitucional, por violaro artigo 218., n. 3, da Constituio da RepblicaPortuguesa, por no ser conforme Constituioa opo entre um rgo de Estado independentee um rgo administrativo inserido na trama daAdministrao Pblica encimada pelo Governo.

deste acrdo que vem interposto o presen-te recurso de constitucionalidade, pretendendo orecorrente que se aprecie a conformidade Cons-tituio dos artigos 95. a 176., inclusive, doDecreto-Lei n. 376/87, de 11 de Dezembro, pois

estas normas violaram, em seu entender, os arti-gos 168., n. 1, alneas d) e q) (verso de 1982),e 218., n. 3 (verso de 1997).

Neste Tribunal, o recorrente apresentou ale-gaes, em que concluiu da seguinte forma:

1. O Decreto-Lei n. 376/87, de 11 deDezembro, faz uma caracterizao prpria dapena disciplinar e estabelece novos pressupos-tos da sua aplicao, bem como cria uma novapena disciplinar a pena de transferncia.

2. Alm disso cria um novo rgo Con-selho dos Oficiais de Justia , que no fazparte do Governo, para aplicar as penas de de-misso e aposentao compulsiva, ao contrriodo que dispe o artigo 17., n. 4, do Decreto-Lein. 24/84, de 16 de Janeiro.

3. Verifica-se, por isso, que aquele De-creto-Lei n. 376/87 procede transferncia dopoder disciplinar que competia ao Governo paraum rgo fora deste rgo da Administrao P-blica.

4. A opo entre um rgo de Estado in-dependente e um rgo administrativo inseridona trama da Administrao Pblica, encimadapelo Governo, no est na livre disponibilidadedo legislador ordinrio, mas sim atravs de umalei da Assembleia da Repblica, como resulta doartigo 218., n. 3, da Constituio da RepblicaPortuguesa.

5. O Decreto-Lei n. 376/87 ao atribuiraos tribunais administrativos de crculo compe-tncia para conhecer das decises do Conselhodos Oficiais de Justia est a invadir a com-petncia da Assembleia da Repblica no queconcerne ao regime jurdico da organizao e fun-cionamento dos tribunais.

6. As normas dos artigos 95. a 176. doDecreto-Lei n. 376/87, de 11 de Dezembro, somaterial e organicamente inconstitucionais porviolao do princpio constitucional de no in-tromisso da Administrao na jurisdio, porviolao do artigo 168., n. 1, alneas d) e q), daConstituio da Repblica Portuguesa, na ver-so da reviso de 1982.

Pelo seu lado, o Conselho dos Oficiais de Jus-tia formulou as seguintes concluses:

1 As normas constantes dos artigos 95. a176. do Decreto-Lei n. 376/87, de 11 de De-

8 BMJ 495 (2000)Direito Constitucional

zembro, no violam o artigo 168., n. 1, alneas d)e q), da Constituio da Repblica Portuguesa(na verso resultante da reviso de 1982), nosendo por isso orgnica e materialmente incons-titucionais.

2 Consequentemente, a douta sentena re-corrida no violou o artigo 204. da Lei Funda-mental.

Corridos que foram os vistos legais, o pro-cesso foi discutido, tendo havido mudana dorelator.

Cumpre, pois, apreciar e decidir.

II Fundamentos

3. O recorrente suscita a inconstitucionalidadedas normas dos artigos 95. a 176. do Decreto--Lei n. 376/87, de 11 de Dezembro, por um lado,na perspectiva da violao da reserva de compe-tncia legislativa da Assembleia da Repblica[alneas d) e q) do n. 1 do artigo 168. da Cons-tituio (verso de 1982 hoje, artigo 165.)],e, por outro, na perspectiva da violao materialdo artigo 218., n. 3, da Constituio (verso de1997), enquanto tais normas atribuem ao Conse-lho dos Oficiais de Justia competncia paraapreciar o mrito e exercer o poder disciplinarrelativamente aos oficiais de justia.

O Tribunal ir comear a apreciao das ques-tes suscitadas pela questo da invocada incons-titucionalidade material, s passando apreciaodos fundamentos da inconstitucionalidade org-nica se tal se mostrar indispensvel deciso doprocesso.

4. Para a perspectiva agora relevante, interes-sa considerar essencialmente as normas do di-ploma em causa que se referem competnciaatribuda ao Conselho dos Oficiais de Justia paraapreciar o mrito e exercer o poder disciplinarrelativamente aos oficiais de justia. Estas nor-mas so, antes de mais, o artigo 95., que defineas atribuies do Conselho dos Oficiais de Jus-tia, e o artigo 107., que estabelece a competn-cia do Conselho dos Oficiais de Justia.

As restantes normas que vm questionadaspelo recorrente referem-se composio e formade designao, eleio e estatuto dos membrosdo Conselho dos Oficiais de Justia (artigos 96.

a 106.) e ao seu modo de funcionamento (artigos108. a 114.); aos servios de inspeco (artigos115. a 117.); aos servios de apoio (artigo 118.),s reclamaes e recursos (artigos 119. a 122.),ao procedimento disciplinar (artigos 123. a126.), s penas (artigos 127. a 151.) e ao pro-cesso disciplinar( artigos 152. a 176.).

O artigo 95. do Decreto-Lei n. 376/87 tem oseguinte teor:

Artigo 95.

Ao Conselho dos Oficiais de Justia cabe apre-ciar o mrito e exercer o poder disciplinar relati-vamente aos oficiais de justia

Artigo 107.

Compete ao Conselho dos Oficiais de Justia:

a) Apreciar o mrito profissional e exercer aaco disciplinar sobre os oficiais de jus-tia, sem prejuzo da competncia disci-plinar atribuda a juzes;

b) ..............................................................

No caso em apreo est em causa o estatutodisciplinar dos funcionrios de justia, pois doque se trata neste processo da aplicao de umapena disciplinar.

A este respeito importa salientar que, na vi-gncia do Estatuto Judicirio, os funcionrios dejustia estavam sujeitos a um regime disciplinarprprio e ao poder disciplinar dos chefes da se-cretaria, dos escrives de direito, dos presiden-tes dos tribunais e dos presidentes das Relaes,competindo ao Conselho Superior Judicirio exer-cer a jurisdio disciplinar sobre todos os fun-cionrios (artigos 403., 404., n. 1, e 459. doEstatuto Judicirio).

Com a Constituio de 1976, o artigo 223.,n. 1, e o n. 2 do artigo 226. remeteram para a leias regras de composio do Conselho Superiorda Magistratura e da Procuradoria-Geral da Re-pblica. Em 31 de Dezembro de 1976, o Go-verno, invocando uma lei de autorizao legisla-tiva para legislar sobre as matrias referidas nosartigos 223., n. 1, e 226., n. 2, da Constituio,editou o Decreto-Lei n. 926/76, que constituiu aLei Orgnica daquele Conselho. Este diploma,emitido ao abrigo da Lei n. 5-B/76, de 30 deDezembro, e no qual se definiu a estrutura, orga-

9 Direito ConstitucionalBMJ 495 (2000)

nizao, competncia e funcionamento do Con-selho Superior da Magistratura, veio a incluir apossibilidade de fazerem parte do Conselho qua-tro funcionrios de justia, justificando-se estaopo, no prembulo do diploma nos termos se-guintes: Tal como configurado, o ConselhoSuperior da Magistratura constitudo basica-mente por magistrados, com a s excepo dedele passarem a fazer parte quatro funcionriosde justia, de interveno restrita s matrias quelhes digam directamente respeito. Trata-se de umaopo que o texto constitucional, rigorosamente,nem anima nem desanima. A este respeito, limi-ta-se a consignar que o Conselho dever incluirmembros de entre si eleitos pelos juzes.

No que respeita aos funcionrios de justia, odiploma orgnico do Conselho Superior da Ma-gistratura estabeleceu como competncia prpriado Conselho a de apreciar o mrito profissionale exercer a aco disciplinar sobre os funcion-rios de justia, sem prejuzo do disposto no ar-tigo 461. do Estatuto Judicirio [cfr. n. 2 doartigo 1. e alnea b) do n. 1 do artigo 9.].

Esta matria foi justificada no prembulo dodiploma da forma seguinte: Por outro lado, emobedincia ao facto de o Governo ser o rgosuperior da Administrao Pblica (artigo 185.da Constituio) e de, nessa qualidade, lhe com-petir a prtica de todos os actos exigidos pela leirespeitantes aos funcionrios e agentes do Es-tado [alnea e) do artigo 202.], manteve-se narbita do Executivo a gesto dos funcionrios dejustia. Abriu-se to-s uma excepo para a res-pectiva aco disciplinar por bvias razes deeficincia e por se ter entendido que no contra-ria frontalmente a letra do n. 2 do artigo 223. daConstituio. No deixa a excepo, no entanto,de justificar algumas dvidas.

Esta orientao de manter no mbito de com-petncia do Conselho Superior da Magistraturaas matrias relativas apreciao do mrito pro-fissional e do exerccio da funo disciplinar dosfuncionrios de justia continuou atravs do Es-tatuto dos Magistrados Judiciais de 1977 [Lein. 72/77, de 30 de Dezembro, artigo 149., al-nea b)] e de 1985 (Lei n. 21/85, de 30 de Julho,artigo 137., n. 2).

Importa, ento, descobrir e explicitar os fun-damentos desta opo do legislador ordinrio e,bem assim, os motivos que levaram depois o

legislador constitucional a proceder a uma modi-ficao substancial no respectivo ordenamento apartir de 1982.

Efectivamente, com a reviso constitucionalde 1982 (Lei Constitucional n. 1/82, de 30 deSetembro) procurou superar-se qualquer dvidaque porventura existisse. De facto, o artigo 223.teve nova redaco, tendo-lhe sido acrescentadoum n. 3, com o seguinte teor:

3 A lei poder prever que do ConselhoSuperior da Magistratura faam parte funcion-rios de justia, eleitos pelos seus pares, com in-terveno restrita discusso e votao dasmatrias relativas apreciao do mrito profis-sional e ao exerccio da funo disciplinar sobreos funcionrios de justia.

Esta redaco do n. 3 no voltou a ser modi-ficada, mas a numerao do preceito sofreu alte-raes com as revises constitucionais poste-riores, sendo actualmente o artigo 218. e tendo orespectivo n. 3 o mesmo contedo.

Assim, a orientao tradicionalmente adop-tada pelo legislador ordinrio quanto aprecia-o do mrito profissional e ao exerccio da funodisciplinar foi considerada como regulando demodo adequado e eficaz tal matria, que obteve oreconhecimento da comunidade, e o legisladorconstitucional resolveu elev-lo categoria deprincpio jurdico-constitucional, incluindo-o naConstituio em 1982 e no mais o retirando.

A finalidade do legislador constituinte, ao aco-lher o que antes apenas constava da lei ordinria,foi necessariamente a de dar execuo ao man-dato que conferiu ao Conselho Superior da Ma-gistratura a respeito dos funcionrios de justia:o legislador constitucional decidiu atribuir ao Con-selho Superior da Magistratura a competnciapara discutir e votar as matrias relativas apreciao do mrito profissional e ao exerccioda funo disciplinar sobre os funcionrios dejustia.

5. A Constituio de 1976, ao definir os tri-bunais como rgos de soberania com compe-tncia para administrar a justia em nome dopovo, logo cuidou de referir que os tribunaisso independentes e apenas esto sujeitos leie, bem assim, de estabelecer que os juzes dostribunais judiciais formam um corpo nico e

10 BMJ 495 (2000)Direito Constitucional

regem-se por um s estatuto, sendo inamovveise no podendo ser responsabilizados pelas suasdecises, salvas as excepes legais. Tambm aConstituio estabeleceu logo as respectivas in-compatibilidades e, para garantir o conjunto eunidade desta estrutura, criou o Conselho Supe-rior da Magistratura, a quem cometeu a tarefa deproceder nomeao, colocao, transfernciae promoo dos juzes e, ainda, o exerccio daaco disciplinar, nesta se incluindo a apreciaodo mrito profissional. A Constituio, na suaverso originria, remeteu para a lei a composi-o do Conselho, mas desde logo estabeleceu queo mesmo deveria incluir membros de entre si elei-tos pelos juzes.

A independncia dos tribunais e dos respecti-vos juzes uma das garantias essenciais doscidados do Estado de direito democrtico, vi-sando defender os tribunais de ingerncias inde-vidas dos demais poderes do Estado e garantindoque a defesa dos direitos e interesses legtimosdos cidados se far por rgos do Estado inde-pendentes e imparciais.

A independncia dos juzes constitui umagarantia essencial da independncia dos tribu-nais. Foi tambm para realizar estes valores cons-titucionalmente relevantes que a Constituiocriou um rgo prprio de governo da magistra-tura judicial o Conselho Superior da Magis-tratura , que passou a ter como funo essenciala gesto e a disciplina dos juzes dos tribunaisjudiciais, colocando-os a coberto de ingernciasdo Governo e da Administrao, uma vez quefica proibida toda a interveno externa directana nomeao, colocao, transferncia e promo-o dos juzes, bem como na respectiva disci-plina.

ainda esta necessidade e finalidade de garan-tir a independncia dos tribunais da forma maiscompleta possvel que vem justificar que ao Con-selho Superior da Magistratura seja tambm atri-buda a competncia para decidir as matriasrelativas apreciao do mrito profissional e aoexerccio da funo disciplinar sobre os funcio-nrios de justia.

Com efeito, desenvolvendo estes funcion-rios a sua actividade nos diferentes tribunais,coadjuvando os magistrados judiciais e o Minis-trio Pblico na realizao das tarefas cuja finali-dade ltima a realizao da justia, atravs da

prtica dos mais diversos actos processuais, bemse compreende que a matria da avaliao profis-sional e da disciplina de tais funcionrios venha acaber, necessariamente, ao rgo constitucionalautnomo, cuja finalidade a de ser garante daindependncia dos tribunais.

Na verdade, no pode deixar de se considerarque os funcionrios de justia tambm fazemparte da estrutura dos tribunais, e, por isso, soelementos fundamentais para a realizao pr-tica da garantia constitucional da respectiva in-dependncia.

Assim, a norma do n. 3 do artigo 223. (actualartigo 218.) da Constituio, ao estabelecer quea lei poder prever que do Conselho Superiorda Magistratura faam parte funcionrios de jus-tia, eleitos pelos seus pares, com intervenorestrita discusso e votao das matrias relati-vas apreciao do mrito profissional e ao exer-ccio da funo disciplinar dos funcionrios dejustia, est a criar, para estes funcionrios, re-lativamente quelas matrias, um estatuto parti-cular que se justifica luz da garantia da indepen-dncia dos juzes e da autonomia do MinistrioPblico. Ou seja: a independncia dos tribunaisque explica que s o Conselho Superior da Ma-gistratura possa exercer tal competncia em rela-o aos funcionrios de justia. Por isso, a leiordinria no pode afectar essa competncia aqualquer outra entidade, uma vez que a sua atri-buio ao Conselho Superior da Magistraturaconstitui uma verdadeira imposio constitu-cional.

A Constituio da Repblica Portuguesa,quando prescreve que do Conselho Superior daMagistratura podem fazer parte funcionrios dejustia que interviro apenas na apreciao domrito profissional e no exerccio da funo dis-ciplinar relativa a tais funcionrios, autoriza a leia prever que do Conselho Superior da Magistra-tura faam parte funcionrios. No impe, po-rm, tal interveno. A Constituio no con-sente, porm, que o legislador atribua tal compe-tncia a rgo diferente do Conselho Superior daMagistratura. Essa competncia s o ConselhoSuperior da Magistratura a pode exercer.

Assim, aquela norma do n. 3 do artigo 223.(hoje artigo 218.) , efectivamente, o parmetrode aferio da constitucionalidade das normasinfraconstitucionais que criam o Conselho dos

11 Direito ConstitucionalBMJ 495 (2000)

Oficiais de Justia, fixam as respectivas atribui-es, competncias, forma de designao ou elei-o, bem como o respectivo funcionamento.

Ora, assim entendido o n. 3 do artigo 223.(actual artigo 218.) da Constituio, no pode alei ordinria atribuir a competncia para se pro-nunciar sobre aquelas matrias (apreciao domrito profissional e exerccio da funo disci-plinar) relativas aos funcionrios de justia aoConselho dos Oficiais de Justia ou a qualqueroutra entidade que no seja o Conselho Superiorda Magistratura, sem modificao da norma cons-titucional.

O que vale por dizer que so materialmenteinconstitucionais as normas infraconstitucionaisque disponham em sentido contrrio ao da refe-rida disposio da Lei Fundamental. Nem estaconcluso prejudicada pela deciso tomadapelo Tribunal no acrdo n. 589/99, de 20 deOutubro de 1999, ainda indito. Nele, a normaconstante do artigo 122. do Decreto-Lei n. 376/87, de 11 de Dezembro, no foi julgada incons-titucional. No entanto, nesse acrdo, a questoapreciada foi unicamente a de saber se o mencio-nado artigo 122. ao dispor que os recursosinterpostos das deliberaes do Conselho dosOficiais de Justia em matria disciplinar so in-terpostos para os tribunais administrativos, emvez de o serem para o Supremo Tribunal de Jus-tia, como sucedia quando a competncia para oexerccio da aco disciplinar era do ConselhoSuperior da Magistratura organicamenteinconstitucional. O Tribunal concluiu negativa-mente, por ter entendido que no ocorre qual-quer modificao na distribuio da competnciamaterial entre tribunais e que portanto no haviaqualquer inconstitucionalidade orgnica. Tal con-cluso no impede, porm, que, agora, em sedede inconstitucionalidade material, se conclua emsentido positivo.

Assim, as normas do Decreto-Lei n. 376/87,de 11 de Dezembro, que estabelecem a compe-tncia do Conselho dos Oficiais de Justia paraapreciar o mrito e para exercer o poder discipli-nar relativamente aos oficiais de justia ofendemo artigo 218., n. 3, da Constituio e so, porisso, materialmente inconstitucionais.

Tais normas so concretamente as dos arti-gos 95. e 107., alnea a), do referido decreto-lei,enquanto determinam as atribuies e compe-

tncia do Conselho dos Oficiais de Justia. Talinconstitucionalidade afecta tambm conse-quentemente as restantes normas abrangidas nopedido formulado nos autos, na medida em quetenham a ver com o exerccio e concretizaodaquelas atribuies e competncia legalmentefixadas.

6. Uma vez adquirido que as normas ques-tionadas pelo recorrente sofrem de inconstitucio-nalidade material, nos termos que ficam expostos,no se torna necessrio tratar das questes deinconstitucionalidade orgnica que o recorrentetinha suscitado.

III Deciso

Nestes termos, o Tribunal Constitucional de-cide julgar inconstitucionais as normas dos arti-gos 95. e 107., alnea a), do Decreto-Lei n. 376/87, de 11 de Dezembro, por violao do n. 3 doartigo 218. da Constituio da Repblica Portu-guesa, e, em consequncia, conceder provimentoao recurso, determinando-se a reformulao dadeciso recorrida em consonncia com o pre-sente juzo de inconstitucionalidade.

Lisboa, 21 de Maro de 2000.

Vtor Nunes de Almeida (Relator) LusNunes de Almeida Maria Helena Brito Artur Maurcio (vencido nos termos da declara-o junta) Jos Manuel Cardoso da Costa.

Declarao de voto:

Votei vencido pela seguinte ordem de razes:

Da evoluo legislativa relativa disciplinados funcionrios resulta que:

a) Desde o Estatuto Judicirio que os entodesignados funcionrios de justia es-to sujeitos a um regime disciplinar pr-prio, primeiro com aquele diploma edepois com os Decretos-Leis n.os 376/87e 364/93;

b) Em matria disciplinar a competncia re-servada da Assembleia da Repblica temsido limitada ao regime geral de puniodas infraces disciplinares;

12 BMJ 495 (2000)Direito Constitucional

c) Tambm desde o Estatuto Judicirio queo Governo no detm poder disciplinarsobre os funcionrios de justia, poderesse que primeiro se encabeava no Con-selho Superior Judicirio, chefes de se-cretaria, escrives de direito, presidentesde todos os tribunais e presidentes dasRelaes, depois no Conselho Superiorda Magistratura e Conselho Superior doMinistrio Pblico, sem prejuzo da com-petncia dos magistrados, e, por ltimo,no Conselho dos Oficiais de Justia;

d) Os Estatutos Disciplinares de 1979 e1984 (Decretos-Leis n.os 191-D/79 e 24/84), aprovados mediante autorizaolegislativa, no so aplicveis ao pessoalcom estatuto especial e apenas no m-bito de aplicao daqueles Estatutos queos membros do Governo detm poder dis-ciplinar para aplicar as penas de aposen-tao compulsiva e de demisso;

e) A Constituio da Repblica Portuguesa,a partir da reviso de 1982, define ex-pressamente um ncleo impostergvel decompetncia do Conselho Superior daMagistratura;

f) Esta imposio constitucional reporta-seunicamente s funes de gesto da ma-gistratura judicial que tambm por forada Constituio da Repblica Portuguesaesto cometidas ao Conselho Superior daMagistratura;

g) Elevada dignidade constitucional a com-posio do Conselho Superior da Magis-tratura, primeiro apenas com a exignciade fazerem parte do rgo juzes eleitos,depois com a indicao dos membros queobrigatoriamente o devam integrar, a re-viso de 1982 unicamente autorizou oupermitiu que dele fizessem igualmenteparte funcionrios de justia.

Ora destas concluses e do que a seguir sedir resulta, necessariamente, a improcednciadas arguies de inconstitucionalidade feitas pelorecorrente.

Em primeiro lugar, o Decreto-Lei n. 376/87enquanto define um regime disciplinar prpriodos funcionrios de justia, no infringe o dis-posto no artigo 168., n. 1, alnea d), da Consti-

tuio da Repblica Portuguesa, na verso de1982, como alis nas subsequentes de 1989 e1997.

Na verdade, sempre a Constituio da Rep-blica Portuguesa reservou a competncia da As-sembleia da Repblica em matria disciplinar definio do regime geral de punio das infrac-es disciplinares.

Dizem, a propsito, G. Canotilho e V. Moreirasobre o alcance da reserva de competncia legis-lativa da Assembleia da Repblica enquanto re-portada definio de um regime geral:

[...] compete Assembleia da Repblica de-finir o regime comum ou normal da matria, semprejuzo, todavia, de regimes especiais que po-dem ser definidos pelo Governo [...]

E logo a seguir:

[...] a Assembleia da Repblica deve definirtodo o regime geral ou comum sem prejuzo dosregimes especiais (que, todavia, ho-de respeitar asbases gerais do regime geral, devendo a lei indicaros pontos que consentem especialidade) [...]

Foi sem coliso com estes preceitos que oDecreto-Lei n. 191-D/79, autorizado pela Lein. 17/79, excluiu do mbito de aplicao do di-ploma os funcionrios com estatuto especialcujos regimes deveriam, no entanto, ser adapta-dos ao que nele se dispunha, sem prejuzo daaplicao imediata das normas relativas s garan-tias de defesa do arguido e, em matria de incri-minao ou qualificao, as mais favorveis aosarguidos.

Nada, pois, impediu quer a sobrevivnciado regime definido no Estatuto Judicirio quer aconsagrao de um regime disciplinar prprio dosfuncionrios de justia no uso de uma competn-cia prpria do Governo como veio a acontecercom o Decreto-Lei n. 376/87.

Por outro lado, no a circunstncia de nosEstatutos de 1979 e 1984 se ter conferido aosmembros do Governo competncia para aplicaras penas de demisso e aposentao compulsivaque obstava a que no regime especial dos fun-cionrios de justia a mesma competncia fosseatribuda como foi primeiro ao ConselhoSuperior da Magistratura (ou ao Conselho Supe-rior do Ministrio Pblico) e depois ao Conse-lho dos Oficiais de Justia.

13 Direito ConstitucionalBMJ 495 (2000)

A opo legislativa nos Estatutos reportou-se repete-se ao regime geral e no parece quea norma atributiva de competncia ao Governose deva configurar como uma base geral a sernecessariamente respeitada na regulamentaodos regimes especiais.

E certo que repete-se tambm de hmuito que o Governo no detinha poder discipli-nar sobre os funcionrios de justia, sendo porisso de todo inadequado dizer-se, como faz orecorrente, que o Decreto-Lei n. 376/87 proce-de transferncia do poder disciplinar que com-petia ao Governo para rgo fora deste rgo daadministrao pblica.

Convoca, depois, o recorrente a norma do ar-tigo 218., n. 3, da Constituio da RepblicaPortuguesa, agora para sustentar que no estna livre disponibilidade do legislador ordinrioa opo entre um rgo de Estado indepen-dente e um rgo administrativo inserido natrama da administrao pblica encimada peloGoverno, o que s poderia ocorrer atravs deuma lei da Assembleia da Repblica.

A alegao pouco compreensvel, ou con-traditria, considerando o que o recorrente sus-tentou quanto competncia disciplinar doGoverno.

Por outro lado, no se v que a invocao doartigo 218., n. 3, da Constituio da RepblicaPortuguesa legitime a concluso que a atribuioda competncia disciplinar sobre os funcion-rios de justia se pudesse fazer atravs de umalei da Assembleia da Repblica.

Na verdade, e supondo que o recorrente serefere transferncia do poder disciplinar doConselho Superior da Magistratura para o Con-selho dos Oficiais de Justia, se a norma do ar-tigo 218., n. 3, da Constituio da RepblicaPortuguesa a impedisse no seria, obviamente,uma lei da Assembleia da Repblica que a pode-ria permitir, j que o comando constitucional seimpe tambm quele rgo de soberania.

Entende-se, contudo, que a norma do artigo218., n. 3, da Constituio da Repblica Portu-guesa no obsta a que o Governo atribua ao Con-selho dos Oficiais de Justia poder disciplinarsobre os funcionrios de justia.

Trata-se, na verdade, de uma norma relativa composio do Conselho Superior da Magistra-tura e que disse-se j apenas autorizou que

fizessem parte do rgo funcionrios de justiaeleitos pelos seus pares.

Estabelecida pela Constituio a composiodo Conselho Superior da Magistratura, impu-nha-se que, tambm, o texto constitucional legi-timasse a integrao de funcionrios de justianaquele rgo e, do mesmo passo, impusesseque ela se fizesse atravs de eleio.

No , expressamente, uma norma de compe-tncia do Conselho Superior da Magistraturacomo por exemplo a do artigo 223., n. 2, daConstituio da Repblica Portuguesa, na ver-so original (artigos 222., n. 1, 219., n. 1, e217., n. 1, nas verses de 1982, 1989 e 1997,respectivamente) que respeita s funes doConselho como rgo de gesto dos magistradosjudiciais e cuja insero no texto constitucionalse justifica como decorrncia do princpio fun-damental do autogoverno da magistratura.

Mas tambm o no implicitamente. certo que o preceito constitucional admite

que a lei inclua na composio do Conselho fun-cionrios de justia com interveno restrita discusso e votao das matrias relativas apre-ciao do mrito profissional e ao exerccio da fun-o disciplinar sobre os funcionrios de justia.

Isto supe, logicamente, que o Conselho Su-perior da Magistratura detenha essas funes e no se pode excluir que a lei atribua ao Conse-lho outras funes para alm das que so consti-tucionalmente impostas.

Ora o legislador constituinte de 1982 no po-dia ignorar que o Decreto-Lei n. 926/76 e a Lein. 85/77 j atribuam ao Conselho Superior daMagistratura competncia para apreciar o mri-to profissional e exercer a aco disciplinar sobreos funcionrios de justia, prevendo ainda que oConselho Superior da Magistratura integrasse nasua composio funcionrios de justia eleitos.

E para legitimar esta ltima disposio, noentendimento de que a Constituio da Rep-blica Portuguesa fixava a composio do Conse-lho, que o artigo 223., n. 3 (reviso de 1982),permite a incluso de funcionrios de justia.

Se, porventura, como veio a acontecer, as re-feridas funes fossem cometidas a outro rgo,a norma perderia a sua utilidade, podendo, noentanto, sustentar-se que ela, de todo o modo,alguma manteria (como manteve, subsistindo nasverses de 1989 e 1997) uma vez que a lei ordi-

14 BMJ 495 (2000)Direito Constitucional

nria viesse, ou venha, a devolver ao ConselhoSuperior da Magistratura aquelas funes.

O artigo 218., n. 3, da Constituio da Re-pblica Portuguesa no pois infringido com acriao do Conselho dos Oficiais de Justia e adefinio da sua competncia operadas pelo De-creto-Lei n. 376/87, no podendo ainda sufragar--se a tese de que a independncia dos tribunaisexplica que o poder disciplinar sobre os fun-cionrios de justia se encabece no rgo de ges-to e disciplina da magistratura dos tribunaisjudiciais a competncia disciplinar na titulari-dade de rgos distintos poder, eventualmente,contender com a funcionalidade do sistema, masno tem necessariamente a ver com aquela inde-pendncia.

No deixar ainda de se dizer que a competn-cia do Conselho dos Oficiais de Justia para apre-ciar o mrito profissional dos funcionrios dejustia no estava em causa no presente recurso,pois a que foi exercida reportou-se exclusiva-mente matria disciplinar.

E ainda que as razes aduzidas no acrdopara fundamentar o juzo de inconstitucionalidadese possam transpor para aquela competncia,nada justifica, do ponto de vista processual, quese amplie o objecto do recurso, sendo irrelevanteque ambas as competncias, substancialmente dis-tintas, se contenham num mesmo preceito legal.

Por ltimo, o Governo ao editar a norma doartigo 122. do Decreto-Lei n. 376/87 no inva-diu a esfera de competncia reservada da Assem-bleia da Repblica no que concerne fixao dacompetncia dos tribunais [artigo 168., n. 1,alnea q), da Constituio da Repblica Portu-guesa, verso de 1982].

Na verdade, a norma em causa no alterouqualquer regra de competncia dos tribunais ad-ministrativos de crculo fixada no artigo 51. doEstatuto dos Tribunais Administrativos e Fis-cais (Decreto-Lei n. 129/84, de 27 de Abril, apro-vado no uso de autorizao legislativa conferidaao Governo pela Lei n. 29/83, de 8 de Setembro)ou do Supremo Tribunal de Justia.

E isso comprova-se, desde logo, pelo facto deno deixar de competir aos tribunais administra-tivos de crculo conhecer dos recursos interpos-tos de deliberaes do Conselho dos Oficiais deJustia [por fora ou da alnea a) ou da alnea j)do n. 1 do citado artigo 51.] ainda que o De-

creto-Lei n. 376/87 no contivesse a norma queconsta do artigo 122.

O que no caso sucede to-s uma transfe-rncia de competncias do Conselho Superior daMagistratura para o Conselho dos Oficiais deJustia, o que implica, por fora do quadro decompetncias dos tribunais definido pela Assem-bleia da Repblica ou pelo Governo medianteautorizao legislativa, a alterao do tribunalcompetente para conhecer dos recursos de actosadministrativos praticados no uso das compe-tncias transferidas.

Finalmente, e sem conceder relativamente aoque se deixou dito, assinala-se que as questesde constitucionalidade orgnica relativas defi-nio do regime disciplinar dos funcionrios dejustia, criao e competncia do Conselho dosOficiais de Justia e atribuio de competnciaao tribunal administrativo de crculo para conhe-cer dos recursos de deliberaes daquele rgoperderam qualquer sentido a partir da Lein. 54/93 e do Decreto-Lei n. 364/93 cujas prin-cipais disposies se transcreveram supra, sen-do certo que todo o procedimento disciplinarinstaurado ao recorrente ocorreu muito depoisda publicao daqueles diplomas.

Na verdade, a Assembleia da Repblica, porrazes que se desconhecem mas admitindo quepor dvidas sobre a constitucionalidade do De-creto-Lei n. 376/87, autorizou o Governo alegislar nos termos supratranscritos com indica-es precisas relativamente quelas matrias: oregime disciplinar seria o previsto nos artigos123. a 176. do Decreto-Lei n. 376/87, a com-petncia para apreciao do mrito profissionale exerccio do poder disciplinar relativamente aosoficiais de justia caberia ao Conselho dos Ofi-ciais de Justia, a composio do Conselho dosOficiais de Justia integraria membros a designarpela Direco-Geral dos Servios Judicirios, peloConselho Superior da Magistratura e pela Pro-curadoria-Geral da Repblica e membros eleitospelos oficiais de justia e seria presidido pelodirector-geral dos Servios Judicirios e haveriarecurso das deliberaes do Conselho dos Ofi-ciais de Justia para o tribunal administrativo decrculo competente.

Na parte que interessa, o Decreto-Lei n. 364/93 observou com rigor o sentido e extenso daautorizao dada.

15 Direito ConstitucionalBMJ 495 (2000)

F-lo, dispondo no artigo 3. como atrs setranscreveu, reproduzindo quase ipsis verbis oque constava da lei autorizante.

Embora se mantivesse o Decreto-Lei n. 376/87, com as alteraes de redaco introduzidas,os comandos respeitantes estrutura, organiza-o e competncia do Conselho dos Oficiais deJustia, e ao regime disciplinar dos oficiais dejustia ainda que por economia de tcnica legis-lativa se reportassem quele diploma, so objectode um preceito prprio (o citado artigo 3.).

No se tratou, pois, de convalidar, ratifican-do-o, um diploma que poderia supor-se, em cer-tos dispositivos, organicamente inconstitucional,por inobservncia da reserva de competncia daAssembleia da Repblica.

Sucedeu foi que este rgo de soberania assu-me para si, embora em termos de autorizaolegislativa, o contedo perceptivo de algumasdisposies do Decreto-Lei n. 376/87, repor-tando-o a este mesmo diploma, com o que o ttulolegitimador da emisso das normas em causa(e elas passaram a constar do artigo 3. do De-creto-Lei n. 364/93) se consubstancia em lei daAssembleia da Repblica.

Em suma, pois, em contrrio do decidido, nose verifica a inconstitucionalidade material dasnormas dos artigos 95. a 176. do Decreto-Lein. 376/87, de 11 de Dezembro, no enfermandoelas, igualmente, de inconstitucionalidade org-nica.

Artur Maurcio.

Acrdo ainda indito.(G. R.)

Despacho que decreta a priso preventiva Dever defundamentao Deficincia formal da fundamentao porremisso

Por no atentar contra os direitos de defesa do arguido, conforme Constituioa norma do artigo 123., n. 1, do Cdigo de Processo Penal, interpretada no sentido dese considerar como mera irregularidade, sanvel por falta de impugnao, o despachoque decreta a priso preventiva fundamentada por remisso para as razes que fazsuas de outras peas processuais.

TRIBUNAL CONSTITUCIONALAcrdo n. 147/2000, de 21 de Maro de 2000Processo n. 56/2000 1. Seco

ACORDAM na 1. Seco do Tribunal Cons-titucional:1. Marco Alaimo, com os sinais dos autos,

foi, por fora de despacho judicial de fls. 153,preso preventivamente.

Desse despacho recorreu para a Relao deLisboa que, por acrdo de fls. 192 e seguintes,negou provimento ao recurso.

Na motivao do recurso ento interpostoalegou o recorrente, no essencial, a falta de fun-damentao do despacho impugnado, arguindoainda a inconstitucionalidade das normas que re-gulam o regime das nulidades em processo penal(artigos 118. a 122. do Cdigo de Processo Pe-nal) por violao de vrios preceitos constitu-cionais, no ponto em que permitissem que a faltade fundamentao pudesse ser objecto de sanaoou constituir mera irregularidade (sendo aqui

16 BMJ 495 (2000)Direito Constitucional

invocada a norma do artigo 123. do Cdigo deProcesso Penal).

Ouvido sobre parecer emitido pelo magis-trado do Ministrio Pblico junto da Relao, orecorrente invocou, ainda, a inconstitucionalidadedas normas dos artigos 97., n. 4, e 194., n. 3,ambos do Cdigo de Processo Penal, quando in-terpretadas no sentido de que elas autorizam asimples remisso para as razes invocadas peloMinistrio Pblico noutro momento processualanterior, achando-se com ela preenchido o deverconstitucional de fundamentao das decises quedecretam a priso preventiva.

No j citado acrdo de fls. 192 e seguintes,que negou provimento ao recurso, entendeu-se,entre o mais, que o despacho impugnado, encon-trando-se embora fundamentado, enfermava deuma deficincia formal na medida em que fize-ra suas, reportando-se a elas mas sem contudo asreproduzir, razes constantes de outras peasprocessuais; tal constituiria uma mera irregula-ridade que, por no ter sido arguida no prprioacto, se encontraria sanada nos termos do artigo123. do Cdigo de Processo Penal; no atin-gindo aquela deficincia a substncia do despa-cho, violado no seria nenhum dos princpiosconstitucionais que norteiam o citado artigo 205.,n. 1, da Constituio.

Requereu, ainda, o recorrente a aclaraodeste aresto, aproveitando a oportunidade parapedir a apreciao da constitucionalidade do ar-tigo 202., n. 1, do Cdigo de Processo Penal, se,aclarado o sentido em que fora aplicado, estefosse o de que os fortes indcios de prtica decrime doloso, que justificam a priso preventiva,pudesse ter assento na convico pessoal daentidade policial.

Indeferido o pedido de aclarao, interps,ento, o recorrente recurso para o Tribunal Cons-titucional, atravs do requerimento de fls. 212 eseguintes que se transcreve na ntegra:

Marco Alaimo, recorrente nos autos emepgrafe, no se conformando, salvo o devidorespeito, com o douto acrdo que negou provi-mento ao recurso, vem respeitosamente atravsdeste requerimento interpor recurso para o Tri-bunal Constitucional, fazendo-o ao abrigo da al-nea b) do n. 1 do artigo 70. da Lei n. 18/82, de

15 de Novembro, razo porque passa a expor erequerer igualmente o seguinte:

1 O douto acrdo que negou provimentoao recurso interposto pelo recorrente interpre-tou e aplicou os artigos 97., n. 4, e 194., n. 3,do Cdigo de Processo Penal, no sentido de queautorizam a simples remisso para outra mani-festao processual anterior, como suficiente paraa fundamentao do despacho que decreta a pri-so preventiva.

2 Contudo, salvo o devido respeito, o re-corrente destaca para fins do n. 2 do artigo 75.-Ada Lei n. 28/82, de 15 de Novembro, que desdelogo na pea processual de resposta manifesta-o do Ministrio Pblico, efectuada perante oTribunal da Relao, suscitou a inconstitucio-nalidade dos citados artigos 97., n. 4, e 194.,n. 3, ambos do Cdigo de Processo Penal, nainterpretao e aplicao promovidas pelo doutoacrdo, no sentido de autorizarem a referidaremisso.

3 E isto, salvo sempre o devido respeito,por considerar que tal interpretao e aplicaocausam a inconstitucionalidade material dosreferidos artigos, por violao dos artigos 1., 2.,9., alnea b), 12., n. 1, 17., 18., n. 1, 20.,n.os 1, 2, 4 e 5, 27., 28., 32., n. 1, 205., n. 1,todos da Constituio da Repblica Portuguesa,bem ainda do artigo 6. da Conveno Europeiados Direitos do Homem e, ainda, dos artigos 8.e 11., n. 1, da Declarao Universal dos Di-reitos do Homem.

4 E o douto acrdo interpretou e aplicouos artigos 118., 119., 121., 122. e 123., todosdo Cdigo de Processo Penal, no sentido de quea deficincia formal da fundamentao implicasimples irregularidade da deciso, passvel desanao.

5 O recorrente suscitou, salvo sempre odevido respeito, a inconstitucionalidade de talinterpretao e aplicao dos referidos artigos,na pea processual de interposio de recurso dodespacho que decretou sua priso preventiva, oque igualmente destaca para fins do n. 2 do ar-tigo 75.-A da Lei n. 28/82, de 15 de Novembro.

6 O douto acrdo, salvo o devido res-peito, aplicou e interpretou o artigo 202., n. 1,do Cdigo de Processo Penal no sentido de queos fortes indcios de prtica de crime doloso,

17 Direito ConstitucionalBMJ 495 (2000)

que justificam a priso preventiva, podem terassento na convico pessoal de entidade poli-cial (o que decorre claramente de sua afirmao,no sentido de que [...] manifesto que o M.mo Juizacolheu, implicitamente, no seu despacho, as ra-zes de facto e de direito que a constam [],sendo que de tal manifestao da entidade poli-cial, que