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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ADENILSON VIANA NERY-12, 16, 39, 40, 47, 5, 55, 56, 60, 7, 8, 9 ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-54 ADRIANA ALVES DA COSTA-61 ADRIANE ALMEIDA DE OLIVEIRA-50 ADRIANE MARY DA SILVA VIEIRA-6 ALAN ROVETTA DA SILVA-54 ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES-53, 7 Aleksandro Honrado Vieira-63 Alexandre Hideo Wenichi-12, 9 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-51 ALINE TERCI BAPTISTI BEZZI-57 AMANDA MACEDO TORRES MOULIN OLMO-59 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-10, 45 ANA CRISTINA DELACIO ABREU-23 ANA MERCEDES MILANEZ-53 ANA PAULA CESAR-37 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-15, 59, 60, 64, 66, 8 ANDRÉ DIAS IRIGON-3 ANDRE LUIZ PEREIRA-43 ANDRESSA MARIA TRAVEZANI LOVATTI-36 antenor vinicius caversan vieira-22 ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-62 ARLETE AUGUSTA THOMAZ DE OLIVEIRA-13 BARBARA DENARDE NOGUEIRA-59 BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-26, 29 BRUNO MIRANDA COSTA-11, 22 CLEBER ALVES TUMOLI-46, 68 CLEBSON DA SILVEIRA-33, 51 CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-62 DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-52 EDGARD VALLE DE SOUZA-34, 38, 41 EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-63 EMILENE ROVETTA DA SILVA-54 ERIKA SEIBEL PINTO-67 ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-47 ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES-22 EUGENIO CANTARINO NICOLAU-57 FABIANO ODILON DE BESSA LURETT-65 FELIPE MIRANDA DE BRITO-17 FRANCISCO MALTA FILHO-43 FREDERICO AUGUSTO MACHADO-30 GEORGE ELLIS KILINSKY ABIB-67 GERONIMO THEML DE MACEDO-44 GIULIANA CAMPOS BURIM-2 HELTON TEIXEIRA RAMOS-23 ÍCARO DA CRUZ MATIELLO-17 Isabela Boechat B. B. de Oliveira-65 IZAEL DE MELLO REZENDE-53 JAILTON AUGUSTO FERNANDES-55 JAMILSON SERRANO PORFIRIO-58 JARDEL OLIVEIRA LUCIANO-35 JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-27, 29 JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-25, 28, 31, 32

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ADENILSON VIANA NERY-12, 16, 39, 40, 47, 5, 55, 56, 60, 7, 8, 9ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-54ADRIANA ALVES DA COSTA-61ADRIANE ALMEIDA DE OLIVEIRA-50ADRIANE MARY DA SILVA VIEIRA-6ALAN ROVETTA DA SILVA-54ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES-53, 7Aleksandro Honrado Vieira-63Alexandre Hideo Wenichi-12, 9ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-51ALINE TERCI BAPTISTI BEZZI-57AMANDA MACEDO TORRES MOULIN OLMO-59ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-10, 45ANA CRISTINA DELACIO ABREU-23ANA MERCEDES MILANEZ-53ANA PAULA CESAR-37ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-15, 59, 60, 64, 66, 8ANDRÉ DIAS IRIGON-3ANDRE LUIZ PEREIRA-43ANDRESSA MARIA TRAVEZANI LOVATTI-36antenor vinicius caversan vieira-22ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-62ARLETE AUGUSTA THOMAZ DE OLIVEIRA-13BARBARA DENARDE NOGUEIRA-59BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-26, 29BRUNO MIRANDA COSTA-11, 22CLEBER ALVES TUMOLI-46, 68CLEBSON DA SILVEIRA-33, 51CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-62DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-52EDGARD VALLE DE SOUZA-34, 38, 41EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-63EMILENE ROVETTA DA SILVA-54ERIKA SEIBEL PINTO-67ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-47ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES-22EUGENIO CANTARINO NICOLAU-57FABIANO ODILON DE BESSA LURETT-65FELIPE MIRANDA DE BRITO-17FRANCISCO MALTA FILHO-43FREDERICO AUGUSTO MACHADO-30GEORGE ELLIS KILINSKY ABIB-67GERONIMO THEML DE MACEDO-44GIULIANA CAMPOS BURIM-2HELTON TEIXEIRA RAMOS-23ÍCARO DA CRUZ MATIELLO-17Isabela Boechat B. B. de Oliveira-65IZAEL DE MELLO REZENDE-53JAILTON AUGUSTO FERNANDES-55JAMILSON SERRANO PORFIRIO-58JARDEL OLIVEIRA LUCIANO-35JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-27, 29JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-25, 28, 31, 32

JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-6JOSE IRINEU DE OLIVEIRA-13, 64JOSE OLIVEIRA DE SOUZA-66JÚLIA PENZUTI DE ANDRADE-17Lauriane Real Cereza-4LILIAN BELISARIO DOS SANTOS-48Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho-18, 62LUCIANO PEREIRA CHAGAS-46Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-13, 54, 61LUIZ BERNARD SARDENBERG MOULIN-46LUIZ MARIA BORGES DOS REIS-14MANOEL FERNANDES ALVES-15MARCELA REIS SILVA-1MARCIO SANTOLIN BORGES-14Marcos Figueredo Marçal-21, 23, 24, 25, 30, 32MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI-21, 22MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-14MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO-10MARIA DE LOURDES FLORENCIO-69MARIA ISABEL PONTINI-59, 64MARIA MIRANDA DE SOUZA POCAS-17MATHEUS GUERINE RIEGERT-43MICHELLE SANTOS DE HOLANDA-52NICOLLY PAIVA DA SILVA-6NUBIA LEMOS GUASTI-43OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-36, 37, 63PATRÍCIA GRECHI DE MELLO-43PAULA GHIDETTI NERY LOPES-55Paulo Henrique Vaz Fidalgo-42PEDRO INOCENCIO BINDA-49RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS-35, 48RODRIGO SALES DOS SANTOS-50RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-16, 34, 38, 39, 40, 41, 5ROGERIO SIMOES ALVES-23RONEY DUTRA MOULIN-44ROSEMAR POGGIAN CATERINQUE CARDOZO-42ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-26, 31SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-1, 3SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-17, 28, 56, 69TAIS MARIA ZANONI-20, 24THELMA SUELY DE F. GOULART-2UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-20, 58Valber Cruz Cereza-4VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI-57VANUZA CABRAL-49Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-19, 4WEBER CAMPOS VITRAL-46Zilerce Heringer Cordeiro Ornelas-18, 19

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). ROGERIO MOREIRA ALVES

Nro. Boletim 2012.000128 DIRETOR(a) DE SECRETARIA AUGUSTO S. F. RANGEL

05/07/2012Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0001485-07.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001485-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x MARIA CONCEIÇÃO BORGES DE SOUZA (ADVOGADO: SERGIO DE LIMAFREITAS JUNIOR.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0001485-07.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA CONCEIÇÃO BORGES DE SOUZARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE CONFIGURADA – ANÁLISESISTEMÁTICA DOS ELEMENTOS DE PROVA – PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO MISERO – CESSAÇÃO INDEVIDA DOBENEFÍCIO – RESTABELECIMENTO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 132/134, que julgouparcialmente procedentes os pleitos autorais, para condenar a autarquia previdenciária a restabelecer o beneficioprevidenciário de auxílio-doença desde a data da cessação administrativa (29.11.2008). Sustenta o recorrente, em suasrazões recursais, que, na ocasião em que foi constatada a incapacidade laboral (10.09.2010), a parte autora já haviaperdido a qualidade de segurada do RGPS. Contrarrazões às fls. 148/151.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devidoao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalhoou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, aposentadoria por invalidez, porforça do disposto no art.42 da Lei n.º 8.213/91, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. O perito do juízo, em laudo de fls. 101/103, constatou que a parte autora é portadora de epilepsia e depressão grave(resposta ao quesito 01), que a incapacitam de forma total e temporária para o exercício de sua atividade habitual delavadeira No entanto, o perito não soube precisar a data de início da incapacidade, afirmando, contudo, que há documentosnos autos que indicam a existência das mesmas doenças desde o ano de 2006 (fl.84).

4. Quadra destacar que a conclusão obtida pelo juiz a quo, e ora confirmada no presente acórdão, encontra abrigo nosartigos 131 e 436 do Código de Processo Civil. Tais dispositivos autorizam o magistrado a formar seu convencimento combase em outros elementos ou fatos provados nos autos, não ficando seu juízo adstrito à conclusão firmada pelo perito,desde que observada à motivação da decisão. Assim, no caso em apreço, analisando os laudos particulares acostados aosautos, verifico que a recorrida estava incapaz quando o benefício foi cessado. Frise-se, que, inclusive, ela já estava emtratamento ambulatorial com médico psiquiátrico (fls. 39/41). Desta forma, não merece amparo a alegação da AutarquiaPrevidenciária quanto à perda da qualidade de segurado, pois restou comprovado, por meio de laudos particulares que acessação do benefício foi indevida. Portanto, a recorrida mantinha a qualidade de segurado na data da cessação, fazendojus ao seu restabelecimento.

5. No que tange aos petitórios de fls. 153 e 157, como se sabe, o auxílio-doença constitui benefício transitório, por essência,eis que somente deve ser concedido nos casos de incapacidade temporária para o trabalho. Caso configurada aincapacidade definitiva (e total) para o labor, a hipótese será de concessão de aposentadoria por invalidez. Nesse passo,ainda que o auxílio-doença seja concedido ao segurado por força de determinação judicial, sua manutenção ad eternumnão tem lugar, em qualquer hipótese, porquanto há, sempre, dois caminhos inafastáveis: recuperação da capacidadelaborativa, ainda que com restrições, (caso em que será suspenso) ou configuração de incapacidade definitiva (caso emque será convertido em aposentadoria por invalidez). Nesses termos, verificada a ausência de incapacidade em períciaregular realizada pelo INSS, é possível a cessação do benefício, independentemente de autorização judicial. A discordânciado segurado em relação à decisão do INSS implica o surgimento de uma nova lide, que só pode ser resolvida em novoprocesso.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei n.º 9.099/95)

7. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n.º 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,fixados em 10% (dez por cento) do valor condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n.º 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

2 - 0005275-86.2008.4.02.5001/01 (2008.50.01.005275-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THELMA SUELY DE F. GOULART.) x MARA SOUZA DE AZEVEDO (ADVOGADO: GIULIANA CAMPOSBURIM.).RECURSO DE SENTENÇA N. 0005275-86.2008.4.02.5001/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO: MARA SOUZA DE AZEVEDORELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE CONFIGURADA– ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS ELEMENTOS DE PROVA – PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO MISERO – DEDUÇÃO DOSPERÍODOS TRABALHADOS – POSSIBILIDADE – APLICABILIDADE DO ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 RECONHECIDA –JUROS DE MORA – INÍCIO A PARTIR DA CITAÇÃO VÁLIDA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO –SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 141/146, que julgouprocedente o pedido autoral e condenou a autarquia federal ao pagamento do benefício previdenciário de aposentadoria porinvalidez com DIB em 21.05.2008, data da propositura da ação. Preliminarmente, requer o recorrente seja decretada anulidade da sentença pela suposta ocorrência do cerceamento de defesa, sob o argumento de que os seus quesitoscomplementares não teriam sido devidamente apreciados e respondidos pelo expert, o que afrontaria os princípios dodevido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. No mérito, alega que não seria devido à recorrida aaposentadoria por invalidez, mas sim, no máximo, o benefício de auxílio-doença, tendo em vista não haver comprovação daimpossibilidade de reabilitação da autora para outra função. Ademais, alega que a autora continuava trabalhando após adata da perícia, não se encontrando, pois incapacitada. Subsidiariamente, sustenta que a DIB do benefício deve ser fixadana data do laudo pericial (12/03/2010) e não da data do ajuizamento da ação e que sejam excluídos da condenação osmeses em que a requerente exerceu atividade remunerada. Por fim, quanto à correção monetária e aos juros de mora,requer a aplicação integral do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, na redação conferida pela Lei nº 11.960/09. Contrarrazões fls.168/174.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, aposentadoria por invalidez, por forçado disposto no art.42 da Lei n.º 8.213/91, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.3. No que tange à preliminar de cerceamento de defesa, não merece amparo o recurso do INSS. É sabido que o objetivodos quesitos complementares é o de, justamente, complementar a perícia judicial quando as respostas aos quesitos nãoforam respondidas de forma clara e precisa pelo jusperito, o que pressupõe a necessidade de se complementar o laudooficial para que o julgador possa apreciar melhor o mérito da causa e formar seu convencimento acerca da controversa.Nesses termos, pode o juiz indeferi-los se entender suficientemente instruído o feio. No mais, para que a sentença sejaanulada a fim de que sejam respondidos os quesitos complementares ou para que seja realizada nova perícia, deve serconstatada a essencialidade dos mesmos para a apreciação da questão de incapacidade. Assim, não sendo essencial asua realização, em observância ao princípio da celeridade processual no que tange ao sistema dos juizados especiais, aanulação da sentença se torna inviável, já que as questões relativas à incapacidade foram, eficazmente, comprovadasatravés do laudo pericial acostado às fls. 116/119. De todo modo, observo que a resposta aos quesitos complementaresveio aos autos por meio da petição de fl. 177, tendo sido oportunizado às partes se manifestar sobre ela. Desse modo,ainda que houvesse causa de anulação, esta teria sido sanada, pelo que, rejeito a preliminar de cerceamento de defesa.

4. Quanto ao mérito, verifica-se que a controvérsia erige-se sobre o requisito da incapacidade laboral. A primeira períciajudicial (fls. 87/88) não foi realizada por médico especialista em cardiologia, tendo o juiz a quo, sabiamente, anulado talperícia e determinado a realização de novo exame pericial (fl. 106). A nova perícia foi realizada (laudo de fls. 116/119)comprovou que a parte autora é portadora de doença arterial coronária aterosclerótica, dislipidemia mista, diagnosticada em10/2003 e diabetes mellitus tipo II, diagnosticada em 01/2010, esclarecendo o perito que se trata de patologia evolutiva(respostas aos quesitos 01 e 07). O perito do juízo afirmou, ainda, que a doença induz em incapacidade para o labor, hajavista a situação cardiovascular da autora ser considerada de extrema gravidade, havendo risco de morte. Isto porque,conforme laudo cineangiocoronariográfico, há comprometimento multiarterial, com cinco lesões e obstruções que variam de50% a 80% (uma de 50%, duas de 70% e uma de 80%).

5. Em resposta aos quesitos complementares (fl. 177), o perito afirma que se a autora foi submetida a revascularização domiocárdio deverá ser reavaliada em outro exame pericial. No entanto, não há notícias nos autos de que a recorrida foisubmetida a qualquer procedimento cirúrgico, destacando-se que, nos termos do art. 101 da Lei nº 8.213, “o segurado emgozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o pensionista inválido estão obrigados, sob pena de suspensão do

benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da Previdência Social, processo de reabilitação profissional por elaprescrito e custeado, e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que sãofacultativos”. Assim, o deferimento ou indeferimento da aposentadoria por invalidez não pode ser condicionada ànecessidade de revascularização, visto que a segurada não é obrigada a se submeter a tal procedimento, principalmentepor se tratar de cirurgia de alto risco de vida.

6. Quadra destacar que a conclusão obtida pelo juiz a quo no que tange a concessão da aposentadoria por invalidez e oraconfirmada no presente acórdão, encontra abrigo nos artigos 131 e 436 do Código de Processo Civil. Tais dispositivosautorizam o magistrado a formar seu convencimento com base em outros elementos ou fatos provados nos autos, nãoficando seu juízo adstrito à conclusão firmada pelo perito, desde que observada a motivação da decisão. Nesse sentido, oexpert foi taxativo em afirmar que a doença induz incapacidade para o trabalho, havendo, até mesmo, o risco de morte(resposta ao quesito 06). Salienta, ainda, que a autora não pode se submeter a qualquer nível de stress, sendorecomendado, acima de tudo, repouso e tranquilidade. Tais circunstância são suficientes a formar o convencimento desterelator no sentido de que a incapacidade laborativa da autora é total e definitiva, não havendo possibilidade de reabilitação.

7. No que tange à DIB do benefício comungo do entendimento de que ela deve sempre ser a data do requerimentoadministrativo, salvo se não houver requerimento administrativo, o laudo não especificar o termo inicial da incapacidade oupelos demais elementos dos autos não puder verificar-se o referido termo inicial. Assim, considerando que o laudo pericial,fundamentado nos exames médicos da autora, atesta a existência de incapacidade desde 2003, não há que se falar emfixação da DIB na data do laudo pericial. Pelo contrário, a meu ver, a DIB deveria ser fixada na data do requerimentoadministrativo. Contudo, o juiz entendeu por bem fixá-la na data do ajuizamento da ação, de modo que não havendorecurso da parte autora contra este ponto, deve ser mantida a DIB fixada pelo Juízo a quo.

8. Porém, o recurso do INSS merece provimento para que sejam descontados dos valores atrasados os meses em que aautora exerceu atividade remunerada, tendo em vista que a mesma manteve vínculo empregatício para prover a própriasubsistência, conforme CNIS de fl. 165. Com efeito, apesar do entender que o exercício de atividade remunerada, mesmoapós a prolação do laudo pericial que atestou a incapacidade, não afasta o direito ao benefício, tendo em vista anecessidade de manutenção da própria subsistência, não é lícita a acumulação de parcelas de benefício previdenciário comtrabalho remunerado dado o caráter substitutivo de renda daquele.

9. No tocante aos juros de mora e à correção monetária, também assiste razão à autarquia previdenciária. A despeito doentendimento originalmente adotado por este magistrado, tenho por bem acompanhar a orientação majoritária delineadapor este colegiado e consolidada no Enunciado n.° 5 4 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SeçãoJudiciária do Espírito Santo, no sentido de que deve ser aplicada a alteração legislativa engendrada no 1°-F da Lei n°9.494/97 com o advento da Lei n° 11.960/09 inclusiv e às causas de natureza previdenciária. Com efeito, na esteira najurisprudência do STF, a partir de 30.06.2009, impõe-se a aplicação imediata dos índices oficias da cardeneta de poupançapara efeito de cálculo de correção monetária e de juros de mora incidentes sobre as condenações pecuniárias impostas àfazenda pública, incluídas as verbas consideradas alimentares.10. Por fim, mesmo inexistindo impugnação específica, por se tratar de matéria de ordem pública, altero a data do início daincidência dos juros de mora. Segundo orientação firmada na Súmula n° 204 do STJ, nas ações relativas a benefíciosprevidenciários, os juros de mora devem incidir a partir da citação válida, razão pela qual a sentença impugnada tambémmerece reforma neste ponto. Para fins de aplicação da referida súmula do entendimento do SJT, a jurisprudência pátria nãotem feito distinção entre os casos em que houve ou não requerimento administrativo.

11. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em parte para: i) excluir da condenação dos atrasadosos meses correspondentes aos períodos em que a autora exerceu atividade remunerada, conforme CNIS de fls. 163/165; ii)declarar a aplicabilidade da disciplina prescrita no art. 1º-F da Lei n.º 9.494/97, com redação conferida pela Lei n.º11.960/09, à condenação imposta em face do recorrente a partir de 30/06/2009, mantida os juros de 1% no que tange àsparcelas anteriores à referida data; e, por fim, iii) fixa a data do início dos juros de mora a partir da data da citação válida,conforme Súmula nº 204 do STJ.

12. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95 c/cartigo 21, parágrafo único, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR PARCIALMENTE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar opresente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

3 - 0001339-63.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001339-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x IVONE SANTA THOMAZ MOREIRA (ADVOGADO: SERGIO DE LIMA FREITASJUNIOR.) x OS MESMOS.RECURSOS Nº 0001339-63.2009.4.02.5051/01RECORRENTE(S): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS e IVONE SANTA THOMAZ MOREIRARECORRIDO(S): OS MESMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSOS INOMINADOS – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVA –QUALIDADE DE SEGURADA COMPROVADA – CESSAÇÃO INDEVIDA DO BENEFÍCIO – DATA INICIAL –RESTABELECIMENTO – ANÁLISE DOS DEMAIS ELEMENTOS PROBATORIOS DOS AUTOS – RECURSO DA AUTORACONHECIDO E PROVIDO. RECURSO DO INSS CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMAPARTE.

1. Insurgem-se as partes autora e ré em face da sentença proferida às fls. 85/87, que julgou parcialmente procedente opedido autoral e condenou o INSS ao restabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença, desde a data dajuntada do laudo pericial em 22/08/2010, compensando-se os valares devidamente recebidos pela parte autora, a idênticotítulo.

2. O INSS (primeiro recorrente), em razões de fls. 82/98, alega a perda da qualidade de segurada especial da parte autorana data do início da incapacidade e sustenta que a certidão de casamento acostada aos autos (fl. 16), a qual informa que oesposo da requerente é lavrador, não condiz com a situação atual do mesmo, pois, conforme CNIS de fl.72, ele passou alaborar no serviço urbano desde 01.07.2006. Por fim, postula que seja reformada a sentença para que sejam julgadosimprocedentes os pedido iniciais. Subsidiariamente, requer que data do início do benefício seja alterada de 22/08/2010 para22/09/2010, sob o argumento de que esta foi efetivamente a verdadeira data da juntada do laudo pericial. Por fim, para finsde prequestionamento, pede que a Turma se manifeste expressamente quanto à violação dos dispositivos do arts. 11, §10°, 15, VII, e 59, parágrafo único, todos da Lei n º 8.213/91. Contrarrazões às fls. 102/105.

3. A autora (segunda recorrente), de sua parte, em recurso de fls. 93/97, questiona, igualmente, a data inicial do benefício,requerendo que o termo inaugural tenha por base o dia do requerimento administrativo (19.11.2007).

4. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigida, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, aposentadoria por invalidez, por forçado disposto no art.42 da Lei n.º 8.213/91, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

5. Os benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, no que concerne ao segurado especial - rural -, sãoconcedidos mediante a comprovação do efetivo exercício de atividade rural, por meio de prova material indiciáriadevidamente referendada pela prova testemunhal, pelo prazo correspondente à carência exigida, nos termos do art. 39,inciso I, c/c art. 25, inciso I, da Lei nº 8.213/91, quando for o caso, aliada à demonstração da incapacidade para o exercíciodo labor campesino. É pacífico o entendimento dos tribunais pátrios no sentido de que para o reconhecimento de tempo deserviço, seja na condição de trabalhador urbano ou rural, é exigido o início razoável de prova material, sendo inadmissível aprova exclusivamente testemunhal, ressalvada a ocorrência de força maior ou caso fortuito, previstos pelo § 3ª do art. 55 daLei nº 8.213/91.

6. No caso sob apreço, o laudo pericial do juízo (fl. 60) constatou que a parte autora é portadora de hipertensão arterialsistêmica (HAS – Cid: I10) – (reposta ao quesito n°01 do INSS), enfermidade que a incapacita de forma parcial e definitivapara o exercício de sua atividade laborativa habitual de lavradora. O perito, porém, em resposta ao quesito n° 07 do INSS,não soube precisar a data de início da incapacidade, motivo pelo qual a sentença fixou a data do início do benefício najuntada do laudo pericial aos autos.

7. O INSS alega que a autora não possuiria a qualidade de segurada especial na data da do início da incapacidade, ou seja,na data da juntada do laudo pericial aos autos. Contudo, discordo dessa premissa levantada pela autarquia previdenciária,na medida em que, apesar de o perito não ter fixado a data do início da incapacidade no laudo pericial, entendo que arecorrida nunca deixou de se encontrar incapacitada. Compulsando os autos, observa-se os exames periciais realizadospelo próprio INSS (fls. 40/55) demonstram que a parte autora, há muitos anos, tem a mesma doença que a incapacitaatualmente. Ademais, a autora juntou diversos laudos médicos aos autos (fls. 25/31), que indicam a presença das doençasortopédicas constatadas pelo perito em setembro de 2010, de modo que entendo que a inaptidão laboral da autora nuncasofreu solução de continuidade.

8. Com efeito, em casos análogos, tenho entendido que a DIB deve sempre ser a data do requerimento administrativo,salvo se não houver requerimento administrativo, o laudo não especificar o termo inicial da incapacidade ou pelos demaiselementos dos autos não puder verificar-se o referido termo inicial. Assim, considerando que os demais elementos dosautos levam-me ao convencimento de que a autora encontra-se incapacitada há muito tempo, a meu ver, o benefício deve

ser restabelecido desde a data da última cessação indevida. Forte em trais premissas, entendo que a incapacidadelaborativa instalou-se em momento que a autora era segurada do RGPS, na condição de segurada especial, condição estareconhecida pelo próprio INSS à época.

9. Em suma, concluo que a incapacidade laborativa estava instalada na paciente já na ocasião da suspensão do benefício eperdurou, ininterruptamente, até a detecção formal da moléstia por meio do exame judicial, não havendo que se falar emperda da qualidade de segurado, portanto. Isto porque, como é cediço, a ausência de contribuições e, analogamente, delabor rural, por motivo de incapacidade, não acarreta a perda da qualidade de segurado, conforme interpretação conferidaao art. 15, inciso I, da Lei nº 8.213/91. Assim, deve ser negado provimento ao recurso do INSS.

10. Por outro lado, a pretensão autoral merece acolhimento. A sentença de origem fixou a data do início do benefício nadata da juntada do laudo. No entanto, conforme já referido, embora o perito não tenha fixado expressamente a data doinício da incapacidade, do cotejo analítico do laudo pericial oficial e dos laudos particulares acostados pela autora, bemcomo das perícias realizadas pelo próprio INSS, dessume-se dos autos que a incapacidade já se encontrava instaladaquando da cessação do último benefício, tendo em vista que não se verifica solução de continuidade na situação de saúdeda autora. Nesses termos, por entender que a cessação do último benefício foi indevida, entendo que a condenação deveretroagir àquela data. Nesse sentido:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DIB (DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO) NA DATA DO REQUERIMENTOADMINISTRATIVO. 1.O benefício por invalidez é devido a partir da data do laudo pericial, quando não houver requerimentoadministrativo, o laudo não especificar o termo inicial da incapacidade e pelos demais elementos dos autos não puderverificar-se o referido termo inicial. 2.No caso em concreto, a parte autora juntou documentos que demonstram que suaincapacidade laboral é anterior à data do requerimento administrativo. 3.Apelação do INSS não provida. Apelação da parteautora provida.(AC 200338010033109, JUIZ FEDERAL MARK YSHIDA BRANDÃO, TRF1 - 1ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA:06/07/2011, PAGINA: 290)

11. Por fim, no que tange ao presquestionamento, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do�prequestionamento implícito e não caiba ao tribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível

violação constitucional suscitada pelas partes litigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojoda sentença recorrida tese de direito que possa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a qualquer dispositivodo texto constitucional, ressaltando-se que, no âmbito dos juizados especiais, não há que se falar em prequestionamento dedispositivo legal, ante a ausência de previsão de cabimento de recurso especial.

12. Recurso da autora conhecido e provido. Recurso do INSS conhecido e improvido. Sentença reformada em mínimaparte.

13. Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente vencido (INSS) ao pagamento de honorários advocatícios,fixados em 10% (dez por cento) do valor condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n.º 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DOS RECURSOS e, no mérito, DAR PROVIMENTO AORECURSO DA PARTE AUTORA E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da ementa constante dosautos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

4 - 0000669-88.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000669-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x MARIA DA GLORIA DOS SANTOS (ADVOGADO: Lauriane RealCereza, Valber Cruz Cereza.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000669-88.2010.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA DA GLORIA DOS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ –INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVA ATESTADA EM EXAME MÉDICO PERICIAL – ANÁLISE SISTEMÁTICA DOSDEMAIS ELEMENTOS DE PROVA E DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DA PARTE – CARACTERIZAÇÃO DE ESTADO DEINCAPACIDADE LABORATIVA TOTAL –APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DEVIDA – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 103/105, que julgouprocedentes os pleitos autorais, para condenar a autarquia previdenciária a conceder o beneficio previdenciário deauxílio-doença a autora desde a data da juntada do laudo pericial aos autos (18/05/2011), bem como a convertê-lo emaposentadoria por invalidez a partir da prolação da sentença. Em razões de recurso, o INSS alega que a parte autora nãodetinha qualidade de segurada no momento da instalação da incapacidade laborativa. Ademias, sustenta que a inaptidãodetectada tem natureza parcial, sendo cabível a reabilitação para outras funções. Contrarrazões às fls. 112/114.

2. Primeiramente, cabe destacar que o auxílio-doença, como se extrai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido aosegurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho oupara a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, aposentadoria por invalidez, por forçado disposto no art.42 da Lei n.º 8.213/91, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. Os benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, no que concerne ao segurado especial - rural -, sãoconcedidos mediante a comprovação do efetivo exercício de atividade rural, por meio de prova material indiciáriadevidamente referendada pela prova testemunhal, pelo prazo correspondente à carência exigida, nos termos do art. 39,inciso I, c/c art. 25, inciso I, da Lei nº 8.213/91, quando for o caso, aliada à demonstração da incapacidade para o exercíciodo labor campesino. É pacífico o entendimento dos tribunais pátrios no sentido de que para o reconhecimento de tempo deserviço, seja na condição de trabalhador urbano ou rural, é exigido o início razoável de prova material, sendo inadmissível aprova exclusivamente testemunhal, ressalvada a ocorrência de força maior ou caso fortuito, previstos pelo § 3ª do art. 55 daLei nº 8.213/91.

4. No caso sob apreço, o perito do juízo, em laudo de fls. 62/64, constatou que a autora é portadora de Artrose comPinçamento de Espaço Discal em C5-C6, Artrose Lombar e Gonartrose Bilateral (resposta ao quesito n° 01 do INSS).Informa o expert, ainda, que a doença é degenerativa e que a autora apresenta incapacidade parcial e definitiva para oexercício de atividades laborativas. O perito, contudo, não fixa a data do início da incapacidade da autora, limitando-se aafirmar que, segundos relatos da própria autora, há dor lombar desde o ano de 2006. Nesse quadro, a sentença fixou a datado início do benefício em 18/05/2011, data da juntada do laudo pericial aos autos.

5. O INSS alega que a autora não estava incapacitada para o trabalho no período de 20/10/2008, data da cessação doúltimo auxílio-doença gozado pela autora, a 18/05/2011, data da juntada do laudo pericial aos autos, pelo que ela nãopossuiria a qualidade de segurada especial na data da do início da incapacidade. Contudo, discordo dessa premissalevantada pela autarquia previdenciária, na medida em que, apesar de o perito não ter fixado a data do início daincapacidade no laudo pericial, entendo que a recorrida nunca deixou de se encontrar incapacitada. Compulsando os autos,observa-se que a autora juntou diversos laudos médicos, datados de 2006 a 2009 (fls. 23/40), que indicam a presença dasdoenças ortopédicas constatadas pelo perito em maio de 2011, de modo que entendo que a inaptidão laboral da autoranunca sofreu solução de continuidade. Ressalte-se que o próprio INSS reconheceu as mesmas patologias nos exames queconstam às fls. 62 e 64/66 e, em conseqüências das mesmas, deferiu benefício auxílio-doença.

6. Com efeito, em casos análogos, tenho entendido que a DIB deve sempre ser a data do requerimento administrativo,salvo se não houver requerimento administrativo, o laudo não especificar o termo inicial da incapacidade ou pelos demaiselementos dos autos não puder verificar-se o referido termo inicial. Assim, considerando que os demais elementos dosautos levam-me ao convencimento de que a autora encontra-se incapacitada há muito tempo, a meu ver, o benefíciodeveria ter sido restabelecido desde a data da última cessação indevida. A sentença, no entanto, fixou a DIB na data dajuntada do laudo. Mesmo em desacordo com meu posicionamento, a ausência recurso da parte autora quanto ao ponto nãopermite a alteração da DIB, em obediência ao princípio da non reformatio in pejus. No entanto, forte em trais premissas,entendo que a incapacidade laborativa instalou-se em momento que a autora era segurada do RGPS, na condição desegurada especial, condição esta reconhecida pelo próprio INSS.

7. Em suma, concluo que a incapacidade laborativa estava instalada na paciente já na ocasião da suspensão do benefício eperdurou, ininterruptamente, até a detecção formal da moléstia por meio do exame judicial.8. Subsidiariamente, o INSS impugna a concessão da aposentadoria por invalidez, aduzindo que, tendo em vista o caráterparcial da incapacidade, a autora poderia ser reabilitada para outra função, sendo devido, assim, apenas o auxílio-doença.Tal argumento, entretanto, também não merece guarida. Embora o perito registre, em seu parecer, que a autora apresentaincapacidade parcial, o histórico médico reincidente da paciente, aliado à sua idade (57 anos – fl. 16) e à natureza dotrabalho habitualmente realizado (rural), conduz à conclusão de que a inaptidão laborativa assume natureza total edefinitiva, já que a enfermidade diagnosticada (degenerativa) e as condições pessoais da autora certamente impedem aparte de realizar qualquer função possível de garantir-lhe a manutenção financeira, diante da conjuntura atual do mercadode trabalho, a qual, inegavelmente, privilegia os mais jovens e os que detêm maior e mais variada formação educacional eprofissional. Doutro giro, tais patologias, de caráter degenerativo, incidentes em indivíduo com a idade da recorrente, nãoparecem contar com grandes chances de reversão.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei n.º 9.099/95)

10. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n.º 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honoráriosadvocatícios, fixados em 10% (dez por cento) do valor condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n.º 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

5 - 0000060-73.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000060-8/01) DIESSICA MONTEIRO BATISTA (REPRESENTADA PORSEU GENITOR LAURO BATISTA) (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000060-73.2008.4.02.5052/01RECORRENTE: DIESSICA MONTEIRO BATISTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI N.º8.742/93 – LAUDO PERICIAL – IMPROPRIEDADES – ANÁLISE DOS DEMAIS ELEMENTOS DE PROVA –INCAPACIDADE RECONHECIDA (HIDROCEFALIA E RETARDO MENTAL) – RENDA PER CAPITA INFERIOR A ¼ DOSALÁRIO MÍNIMO VIGENTE – ESTADO DE VULNERABILIDADE CONFIGURADO – BENEFÍCIO DEVIDO – RECURSOCONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

6 - 0005570-73.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.005570-7/02) ANGELICA ALMEIDA DA SILVA ROMANHA (ADVOGADO:NICOLLY PAIVA DA SILVA, ADRIANE MARY DA SILVA VIEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005570-73.2008.4.02.5050/02RECORRENTE: ANGELICA ALMEIDA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LEI N.º 8.742/93. RENDAPER CAPITA DO GRUPO FAMILIAR. CONFIGURAÇÃO DE ESTADO DE VULNERABILIDADE. QUADRO DE SEQUELADE DESARTICULAÇÃO DA PERNA ESQUERDA (AMPUTAÇÃO). INCAPACIDADE RECONHECIDA. BENEFÍCIOASSISTENCIAL DEVIDO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

7 - 0000463-13.2006.4.02.5052/01 (2006.50.52.000463-0/01) VALDENIR DA CONCEIÇÃO (ADVOGADO: ADENILSONVIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRALOPES.).

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000463-13.2006.4.02.5052/01RECORRENTE: VALDENIR DA CONCEIÇÃORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA –ART. 20 DA LEI 8.742/93 – AUSÊNCIA DE CONFIGURAÇÃO DE INCAPACIDADE – RENDA MENSAL FAMILIAR PERCAPITA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE – PREENCHIMENTO DO REQUISITO ETÁRIO EM 25/04/2012 –BENEFÍCIO DEVIDO A PARTIR DO IMPLEMENTO DO ÚLTIMO REQUISITO LEGAL – BENEFÍCIOS FUNGÍVEIS –RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

8 - 0000391-55.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000391-9/01) LUIZ RODRIGUES PEREIRA (ADVOGADO: ADENILSONVIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECAFERNANDES GOMES.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000391-55.2008.4.02.5052/01RECORRENTE: LUIZ RODRIGUES PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA –ART. 20 DA LEI 8.742/93 – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE DO AUTOR ANTES DA PERCEPÇÃO DA PENSÃO PORMORTE ATESTADA POR PERÍCIA MÉDICA REGULAR – BENEFÍCIO INDEVIDO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 107/109, quejulgou improcedente o pedido inicial de concessão do Amparo Assistencial à pessoa portadora de deficiência, previsto naLei nº 8.742/93 (LOAS). Em razões recursais, o autor alega que possui direito à percepção do benefício de prestaçãocontinuada desde o requerimento administrativo (18/09/2002) até o dia anterior do recebimento de pensão por morte(16/04/2005), já que, à época, não possuía condições de saúde para a realização de trabalho capaz de lhe garantir asubsistência. Contrarrazões à fl. 116/118.

2. A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).

3. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de prestação continuada é garantido no valor de um saláriomínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família.

4. Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, segundo dispõe o art. 20, §2º e §3º, considera-se pessoa portadora dedeficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, eminteração com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condiçõescom as demais pessoas. Por outro lado, considera-se incapaz de prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso,a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente.

5. No que se refere à alegação do autor de que, à época do requerimento administrativo, se encontrava incapaz,vislumbra-se que os documentos juntados aos autos não comprovam tal afirmação. Os documentos médicos acoplados àinicial (fls. 26/30), de datas contemporâneas a do requerimento administrativo ou anteriores a percepção, pelo autor, depensão por morte, não indicam a existência de incapacidade. De fato, se limitam a informar os medicamentos que o autorfazia uso para o controle da diabete ou apenas informam a existência da doença em questão.

6. No mais, o próprio perito do juízo, em exame médico pericial (fls. 101/103), além de constatar que o requerente padecede diabetes tipo 1, amputação do pé direito (devido a sequela de diabetes), hipertensão arterial crônica, lombalgia e déficit

visual, informou também que a incapacidade do periciado somente se instalou em 21/05/2007, concluindo, ainda, que suaincapacidade para o labor é total de definitiva.

7. Dessa forma, não há como concluir pela incapacidade do autor com base em simples alegações, se não há provas noprocesso capazes de comprovar a efetiva inaptidão do recorrente para o exercício de trabalho que lhe garanta subsistência.Assim, comprovada a inaptidão somente em período em que o autor já era beneficiário de pensão por morte, indevida é aconcessão do benefício assistencial, ante o não preenchimento do requisito da miserabilidade.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.

9. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerando-se acomplexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita àfl. 61, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

9 - 0000833-55.2007.4.02.5052/01 (2007.50.52.000833-0/01) MARIA HONORATO FAMILIA (ADVOGADO: ADENILSONVIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Alexandre Hideo Wenichi.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000833-55.2007.4.02.5052/01RECORRENTE: MARIA HONORATO FAMILIARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA –ART. 20 DA LEI 8.742/93 – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE ATESTADA PELA PERÍCIA MÉDICA REGULAR – RENDAPER CAPITA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE À ÉPOCA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO –BENEFÍCIO INDEVIDO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 58/59, que julgouimprocedente o pedido de concessão do Amparo Assistencial à pessoa portadora de deficiência, previsto na Lei nº 8.742/93(LOAS). Em razões recursais, a autora alega, preliminarmente, ter havido cerceamento de defesa, haja vista não ter sidoapreciado o pedido de juntada de documentos médicos em poder do INSS. No mérito, sustenta se encontrar incapacitadapara o labor e para a vida independente. Contrarrazões à fl. 62v.

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de prestação continuada é garantido no valor de um saláriomínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família.

3. Para efeitos de aplicação do citado dispositivo, segundo dispõe o art. 20, §2º e §3º, considera-se pessoa portadora dedeficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, eminteração com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condiçõescom as demais pessoas. Por outro lado, considera-se incapaz de prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso,a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo vigente.

4. Primeiramente, entendo não ter havido cerceamento de defesa, pois, ainda que o INSS não tenha juntado aos autoseventuais documentos referentes à parte autora, cabe precipuamente a esta a demonstração de provas que comprovem oseu sustentado estado de incapacidade. Assim, o ônus da prova é da parte que alega a incapacidade, não podendo omesmo ser transferido à autarquia federal.

5. Em exame médico pericial (fls. 51/54), o perito do juízo concluiu que a requerente não apresenta nenhuma doençaespecífica, informando que a mesma se encontra apta para o exercício de atividade laborativa que lhe garanta subsistência.Há que se ressaltar, ainda, que a autora não juntou nenhum documento médico aos autos que comprovasse a alegadaincapacidade para o labor e para a vida independente.

6. No mais, observa-se que a renda per capita familiar da recorrente supera o teto de ¼ do salário mínimo vigente à épocado requerimento administrativo (fl. 29), eis que no ano de 2007 (ano do requerimento do benefício assistencial – fl. 07) ovalor do salário mínimo vigente à época era igual a R$ 380,00 (trezentos e oitenta reais). Desse modo, o salário recebido

pelo marido da autora, que em idêntico período oscilava em valor aproximado a R$ 550 (quinhentos e cinqüenta reais), erasuperior ao limite estabelecido pela Lei para efeitos de configuração da hipossuficiência do grupo familiar.

7. Ante o exposto, conclui-se que a autora não preencheu nenhum dos requisitos necessários à percepção do benefício deprestação continuada, seja quanto ao estado de incapacidade, seja no que se refere à renda per capita inferior a ¼ dosalário mínimo.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.

9. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerando-se acomplexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita àfl. 11, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

10 - 0000329-44.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000329-0/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINSBARBOSA.) x ADNA DE SOUZA LIRIA (ADVOGADO: MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000329-44.2010.4.02.5052/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): ADNA DE SOUZA LIRIARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDENTE UNIVERSITÁRIO MAIOR DE 21ANOS. PRORROGAÇÃO DO BENEFÍCIO ATÉ 24 ANOS OU ATÉ CONCLUSÃO DE CURSO SUPERIOR.IMPOSSIBILIDADE. ART. 217 E 222 DA LEI Nº 8.112/91. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. SÚMULA Nº 37 DA TNU.ENUNCIADO Nº 30 DA TR/ES. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

11 - 0000515-10.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000515-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x GEANNE CASTELLO AMADO.RECURSO DE SENTENÇA Nº 2009.50.50.000515-0/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO: GEANNE CASTELLO AMADORELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – QUALIDADE DE SEGURADO DOINSTITUIDOR DO BENEFÍCIO CONFIRMADA – SITUAÇAO DE DESEMPREGO COMPROVADA – EXTENSÃO DOPERÍODO DE GRAÇA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face de sentença de fls. 32/35, que julgouprocedente o pleito inaugural de concessão do benefício previdenciário de pensão por morte, ante a constatação de que, nomomento do óbito, o instituidor era segurado do RGPS. Em razões de recurso, alega o recorrente que não poderia haver,neste caso, a prorrogação do período de graça pelo fato de o de cujus encontrar-se desempregado, posto que a situaçãode desemprego deve ser comprovada de alguma maneira, não podendo ser presumida pela simples falta de anotação na

CTPS. Sem contrarrazões.

2. O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do artigo 74 da Lei nº 8.213/91. Sua concessão não exige o recolhimento de número mínimo de contribuições(carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91, bastando, para tanto, que o instituidor da pensão esteja filiadoà Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito.

3. A disciplina legal do RGPS estabelece, no art. 15 da Lei nº 8.213/91, o denominado “período de graça”, durante o qual osegurado mantém esta qualidade e, por conseguinte, a proteção previdenciária, independentemente do recolhimento decontribuições ao regime. A regra geral (art. 15, caput e incisos) fixa em 12 (doze) meses o período de graça para ossegurados que deixarem de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social (inciso II). Em seguida, olegislador cria duas ampliações, acrescendo 12 (doze) meses para os casos em que o segurado tiver acumulado mais de120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção (art. 15, §1º) e mais 12 (doze) meses para as hipóteses decomprovada situação de desemprego (art. 15, §2º).

4. No caso em questão, a controvérsia cinge-se à admissibilidade da ausência de anotação em CTPS como provasuficiente para demonstração da situação de desemprego que autoriza a prorrogação prevista no art.15 §2º da Lei nº8.213/91.

5. Segundo extrato do CNIS anexado à fl. 30 e CTPS de fl. 18, o último vínculo empregatício do marido da autora findou-seem 07/12/2005. Após essa data, não há registro de recolhimento de contribuição previdenciária. Logo, como o seguradonão perde esta qualidade pelo período de 12 meses, conforme o art. 15, inciso II, da Lei nº 8.213/91, entende-se que omesmo manteve a sua qualidade até 07/12/2006. Para que ocorra a prorrogação da qualidade de segurado por mais 12

�(doze) meses, deve o beneficiário da pensão comprovar, por qualquer dos meios admitidos em direito , o desemprego dosegurado, tendo em vista que a anotação na CTPS goza de presunção apenas relativa em relação às suas anotações.

6. Neste passo, com vistas à comprovação da situação de desemprego do de cujus e de sua manutenção até a data doóbito, foi convertido o feito em diligência para que a parte autora promovesse a produção de prova suplementar(documental, testemunhal, entre outras), de modo a se obter subsídios para o julgamento seguro da causa (fl. 54).Conforme requerido, foi designada audiência para a oitiva da demandante e da testemunha arrolada. A parte autora, emseu depoimento, afirmou que o seu marido, após ter ficado desempregado no ano de 2005, não mais laborou, tendo amesma que sustentar a família com o seu labor. A testemunha da parte autora, Sr. Ernesto Martins, afirmou que o maridoda autora havia laborado de carteira assinada, mas não sabia informar se, no lapso de tempo em que ficou desempregado,o de cujos havia prestado serviço para alguma empresa. A testemunha afirmou, ainda, que o segurado possuía problemascom “drogas” e que, devido a isso, tinha dificuldades de se manter no trabalho e de encontrar emprego. Diante disso,entendo que a prova material, corroborada pela prova testemunhal, comprovam a situação de desemprego do de cujos, fatoeste que autoriza a prorrogação prevista no art. 15 §2º da Lei nº 8.213/91, de modo que o falecido manteve, portanto, aqualidade de segurado até a sua morte.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Sem custas (art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,arbitrados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

12 - 0000365-23.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000365-1/01) JOCIONARA RIBEIRO BENEDITO E OUTROS(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Alexandre Hideo Wenichi.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000365-23.2009.4.02.5052/01RECORRENTE: JOCIONARA RIBEIRO BENEDITO E OUTROSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL DOINSTITUIDOR DO BENEFÍCIO AFASTADA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face de sentença de fls. 62/64, que julgou

improcedente o pleito inaugural de concessão do benefício previdenciário de pensão por morte, ante a constatação de que,no momento do óbito, o instituidor não era mais segurado do RGPS. Em razões de recurso, a autora alega que existe nosautos prova material suficiente a comprovar a qualidade de segurado especial rural de seu esposo quando do seufalecimento. Por fim, requer seja reformada a sentença para que sejam julgados procedentes os pedidos iniciais.Subsidiariamente, ante o indeferimento da produção de prova material, requer seja anulada a sentença, sob pena decerceamento de defesa. Contrarrazões às fls. 69/70.

O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do artigo 74 da Lei nº 8.213/91. Sua concessão não exige o recolhimento de número mínimo de contribuições(carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91, bastando, para tanto, que o instituidor da pensão esteja filiadoà Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito.

A disciplina legal do RGPS estabelece, no art. 15 da Lei nº 8.213/91, o denominado “período de graça”, durante o qual osegurado mantém esta qualidade e, por conseguinte, a proteção previdenciária, independentemente do recolhimento decontribuições ao regime. A regra geral (art. 15, caput e incisos) fixa em 12 (doze) meses o período de graça para ossegurados que deixarem de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social (inciso II). Em seguida, olegislador cria duas ampliações, acrescendo 12 (doze) meses para os casos em que o segurado tiver acumulado mais de120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção (art. 15, §1º) e mais 12 (doze) meses para as hipóteses decomprovada situação de desemprego (art. 15, §2º).

No caso em questão, a controvérsia reside apenas em analisar se, à época do óbito, o falecido ostentava a condição desegurado, já que restou comprovado nos autos a existência de união estável pela apresentação das certidões denascimento de fls. 12/15, em que constam quatro crianças registradas no nome do falecido e da autora.

Compulsando os autos verifica-se que, conforme extrato do CNIS anexado à fl.20, o de cujus efetuou a sua últimacontribuição ao regime de previdência em 06/07/2006, mantendo a sua qualidade de segurado por doze meses, ou seja, até16/09/2007. Logo, tendo o de cujus falecido em 28/12/2009 e não havendo que se falar em quaisquer das hipóteses deprorrogação do período de graça, há que se concluir que a morte do segurado ocorreu em momento em que ele já haviaperdido a qualidade de segurado empregado rural.

Alega, porém, a recorrente que, na data do óbito o falecido seria segurado obrigatório da previdência na categoria seguradoespecial trabalhador rural. Nesse contexto, contudo, insta ressaltar que o segurado não trouxe aos autos nenhuma provamaterial contemporânea e idônea acerca do alegado trabalho rural, em regime de economia familiar, na medida em quenenhum documento juntado ao processo é posterior a 06/07/2006. Assim, diante da ausência de início de prova material, denada iria adiantar a produção de prova testemunhal, tendo em vista que a mesma, por si só, não basta à comprovação daatividade rurícola (Súmula nº 149 do STJ). Diante disso, entendo que não deve prosperar a arguição de cerceamento dedefesa, devendo ser mantida a sentença de primeiro grau que indeferiu o pleito autoral.

Finalmente, insta registrar que, após a perda da qualidade de segurado, o óbito não mais gera benefício de pensão pormorte aos dependentes, exceto na hipótese em que o falecido tenha preenchido requisitos para obtenção de aposentadoria(art. 102, §2º, da Lei n.º8.213/91), o que não ocorre in casu. Diante desse cenário, imperioso concluir que a autora nãologrou êxito em comprovar a qualidade de segurado do falecido, razão pela qual não lhe assiste direito ao benefíciopleiteado.

Vale ressaltar, que o Ministério Público Federal se manifestou pela improcedência da pretensão autoral (fls.39/43),corroborando com entendimento desta turma.

Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).

Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas e de honorários advocatícios, cujo valor, considerada asituação financeira da parte, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciáriagratuita (fl. 31), suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

13 - 0001041-71.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001041-5/01) JOSE CARLOS DIAS (ADVOGADO: ARLETE AUGUSTA

THOMAZ DE OLIVEIRA, JOSE IRINEU DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0001041-71.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: JOSÉ CARLOS DIASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA ESPECIAL – ATIVIDADES EXERCIDAS SOBCONDIÇÕES ESPECIAIS – EXPOSIÇÃO A RUÍDO – DESNECESSIDADE DE O LAUDO TÉCNICO SER ASSINADOPELO MÉDICO OU ENGENHEIRO DO TRABALHO - UTILIZAÇÃO DE EPI NÃO DESCARACTERIZA ESPECIALIDADEDA ATIVIDADE – BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA EPECIAL DEVIDO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

14 - 0002157-15.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002157-7/01) ALARICO HUMBERTO MAZIOLI (ADVOGADO: MARCIOSANTOLIN BORGES, LUIZ MARIA BORGES DOS REIS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0002157-15.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: ALARICO HUMBERTO MAZIOLIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA ESPECIAL – ATIVIDADES EXERCIDAS SOBCONDIÇÕES ESPECIAIS – EXPOSIÇÃO A RUÍDO, AGENTES QUÍMICOS E FRIO – COMPROVAÇÃO – CONVERSÃO –BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA DEVIDO – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

15 - 0000011-61.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000011-1/01) DERENATO MENDES DEMENJOUR (ADVOGADO:MANOEL FERNANDES ALVES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRECOUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 2010.50.52.000011-1/01RECORRENTE: DERENATO MENDES DEMENJOURRECORRIDO (A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – TEMPO DE ATIVIDADE ESPECIAL – EXPOSIÇÃO A RUÍDO E A

PRODUTOS QUÍMICOS – COMPROVAÇÃO – CONVERSÃO – NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS PARAAPOSENTADORIA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 155/159, quejulgou parcialmente procedentes os pedidos autorais, afastando a concessão do benefício de aposentadoria por tempo decontribuição, mas reconheceu o enquadramento de alguns períodos de trabalho como de atividade especial,convertendo-os em tempo comum. Em razões de recurso, a parte autora requer que sejam reconhecidos todos os períodospresentes no quadro demonstrativo constante às fl. 05 da sentença que não foram reconhecidos como especial, tendo emvista que todas as funções exercidas pelo recorrente naqueles períodos seriam consideradas atividades especiais.Manifestação do INSS no verso da fl.184.

Em termos gerais, até 28/04/1995, a caracterização de tempo de serviço prestado sob condições especiais poderia dar-sepelo enquadramento em alguma das categorias profissionais elencadas nos Decretos nº 53.831/64 e n.º 83.080/79 ou,ainda, pela presença, no ambiente laboral, de algum dos agentes físicos, químicos e biológicos listados nos referidosdecretos. Com o advento da Lei nº 9.032/95, a comprovação da atividade especial passou a ter por base os formuláriosSB-40 e DSS-8030. Finalmente, a partir da edição do Decreto n.º 2.172/97 – que regulamentou a Medida Provisória n.º1.523/96, convertida na Lei n.º 9.528/97 –, a prova passou a ser feita por meio de laudo técnico.

Ao contrário de outros agentes nocivos, a exposição a ruídos sempre exigiu comprovação por meio de laudo técnico. Nostermos do art. 38, §2º do Decreto 3048/99, com redação conferida pelo Decreto 4032/01, a comprovação da efetivaexposição do segurado aos agentes nocivos é feita mediante formulário denominado perfil profissiográfico previdenciário,na forma estabelecida pelo INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condiçõesambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho (não se exigindo, contudo,a sua apresentação perante a autarquia previdenciária), devendo a empresa zelar pela conformidade entre a declaraçãoprestada no formulário e a conclusão do laudo pericial.

No caso sob apreço, os PPPs anexados às fls. 34/48, devidamente subscritos pelo representante legal do empregador,atestam que, somente nos períodos de 16/04/1985 a 31/03/1987; 01/05/1987 a 30/11/1987; 04/01/1988 a 27/09/1996;01/03/2000 a 31/05/2000; 01/06/2001 a 17/08/2001 e 01/10/2002 a 12/02/2008, o autor esteve sujeito à exposição sonorana intensidade de 92,3 dB. Assim, considerando que o limite máximo admitido em todo o histórico normativo nunca foiinferior a 90dB, resta concluir pelo enquadramento da atividade desenvolvida nos períodos indicados como especial. Poroutro lado, os demais períodos requeridos pela parte autora devem ser enquadrados como atividade comum, tendo emvista que não houve a comprovação por meio de laudo técnico da efetiva exposição do segurado a ruídos.

Além desses períodos já reconhecidos pelo Juízo de origem, verifico que o autor também exerceu atividade especial noperíodo de 01/11/1979 a 10/04/1981, quando trabalhou como calafate (reparos navais) em empresa de reparos e pinturasnavais – enquadramento no item 2.4.2 do quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64. Como os decretos de 1964 e de 1979tiveram vigência concomitante, poderiam surgir situações de conflitos entre as disposições de um e outro. Nesses casos, oconflito será resolvido pela aplicação da regra mais benéfica para o trabalhador, como in casu.

Finalmente, com relação ao pedido do autor para que seja reconhecido como atividade especial o período de 01/07/1981 a04/05/1985, entendo que não há como enquadrar esse tempo como atividade especial, tendo em vista que a exposição aruídos sempre exigiu comprovação por meio de laudo técnico e que a função de “ajudante de operador” não consta dosanexos dos Decretos nº 53.831/64 e n.º 83.080/79. Ademais, com relação ao período de 01/10/2002 a 30/04/2010, sendoque, neste período, já está incluso o período de 01/10/2002 a 12/02/20008, que foi considerado pela sentença comoatividade especial, conclui-se que, de 12/02/2008 a 30/04/2010, conforme PPP de fl. 180, o segurado estava exposto aníveis de ruído inferiores a 85dB (Decreto 4882/03), não sendo considerado, portanto, esse período como especial.

Ante todo o exposto, resta concluir que, mesmo reconhecendo o período de 01/11/1979 a 10/04/1981 como de atividadeespecial, o autor não alcança os 25 (vinte e cinco) anos de contribuição exigidos em lei para a concessão da aposentadoriaespecial, visto que totalizou, tão somente, 18 (dezoito) anos, 6 (seis) meses e 19 (dezenove) dias de atividade especial.Após a conversão do tempo especial em comum, também não alcançou os 35 (trinta e cinco) anos de contribuição exigidospara a aposentadoria por tempo de contribuição, na medida em que o período especial ora reconhecido soma, apenas, 7(sete) meses aos 32 (trinta e dois) anos, 3 (três) meses e 28 (vinte e oito) dias já reconhecidos em sentença. Assim, até adata do requerimento administrativo (12/02/2008), o autor contava com 32 (trinta e dois) anos, 10 (dez) meses e 28 (vinte eoito) dias.

Ressalte-se que, caso o autor tenha continuado a trabalhar, de forma ininterrupta, até a presente data, é possível que tenhaalcançado o tempo de contribuição necessário para a aposentadoria. Para tanto, porém, deverá formular novo requerimentoadministrativo, mormente porque não há prova nos autos com relação ao período posterior ao requerimento de 12/02/2008.

Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em mínima parte, tão somente para reconhecer o períodode 01/11/1979 a 10/04/1981 como especial, tendo em vista o enquadramento legal da profissão no item 2.4.2 do quadroanexo ao Decreto nº 53.831/64.

Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerando-se a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistênciajudiciária gratuita à fl. 137, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

16 - 0000077-41.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000077-9/01) JOSE VIEIRA LIMA (ADVOGADO: ADENILSON VIANANERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO DE SENTENÇA N. 0000077-41.2010.4.02.5052/01RECORRENTE: JOSE VIEIRA LIMARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – TRABALHADOR URBANO -PREENCHIMENTO DE TODOS OS REQUISITOS - APOSENTADORIA DEVIDA - RECURSO CONHECIDO E, NOMÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

17 - 0000222-74.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.000222-3/01) HERMINIO BARBOSA DE JESUS (ADVOGADO: MARIAMIRANDA DE SOUZA POCAS, JÚLIA PENZUTI DE ANDRADE, ÍCARO DA CRUZ MATIELLO, FELIPE MIRANDA DEBRITO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZROSSONI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 2008.50.50.000222-3/01RECORRENTE: HERMINIO BARBOSA DE JESUSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO – ANOTAÇÃONA CPTS – PRESUNÇÃO IURIS TANTUM NÃO ILIDIDA PELA PARTE CONTRÁRIA – AVERBAÇÃO DO PERÍODO –PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS PARA APOSENTADORIA PROPORCIONAL – CUMPRIMENTO DO PEDÁGIOPREVISTO NA EC Nº 20/98 – APOSENTADORIA DEVIDA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

18 - 0000602-60.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000602-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho.) x MARIA DAS GRAÇAS DE SOUZA (ADVOGADO: ZilerceHeringer Cordeiro Ornelas.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000602-60.2009.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA DAS GRAÇAS DE SOUZARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADA ESPECIAL –PRESENÇA DE INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL - EXTENSÃO DA EFICÁCIA – PROVA TESTEMUNHAL –EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls.65/68, que julgouprocedente a pretensão autoral de obtenção do benefício previdenciário de aposentadoria rural por idade. Em razões derecurso, a autarquia sustenta que não houve início de prova suficiente da atividade rural e ainda que os depoimentos dastestemunhas não foram coerentes, acarretando fragilidade a todo o contexto fático apresentado nos autos. Por fim, postulapela reforma da sentença. Contrarrazões às fls. 81/91.

Em primeiro lugar, deve-se ressaltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento deaposentadoria rural por idade, o segurado especial do inciso VII do artigo 11 desta lei, além de comprovar a idade mínima(55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos moldes do artigo 48, § 1º, do mesmo diploma normativo, deve demonstrar o efetivoexercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado.

Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início razoávelde prova material contemporânea dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei nº 8.213/91, e, para que tal atividade seenquadre no regime de economia familiar, faz-se necessário que o trabalho dos membros da família seja indispensável àprópria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e que seja exercido em condições de mútuadependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 da supracitada lei. Valemencionar que o inciso VII do artigo 11 da Lei nº 8.213/91 permite, ainda, que a atividade rural seja exercidaindividualmente.

Com efeito, os documentos anexados aos autos compõem início razoável de prova material do trabalho no campo, dentreos quais podem ser citados: i) certidão de casamento realizado em 1975, constatando a profissão do marido da autoracomo lavrador (fl. 11); ii) carteira do Sindicato dos Agricultores Familiares e Assalariados Rurais de Irupi- ES, onde consta aprofissão da autora como lavradora (fl. 10); iii) contrato de parceria agrícola firmado em 2007 pelo cônjuge da autora (fls.23/25). Vale ressaltar que, nos termos do enunciado da Súmula nº 6 da Turma Nacional de Uniformização, a comprovaçãoda condição de rurícola pode ser feita por certidão de casamento ou outro documento que evidencie a condição detrabalhador rural do cônjuge, uma vez que tais documentos constituem início razoável de prova material.

5. Acresça-se, por fim, que o E. TRF da 2ª Região já ressaltou ser desnecessário que a prova material se refira a todo operíodo de carência, desde que a prova testemunhal a complemente e demonstre o labor rural em regime de economiafamiliar à época. Vejamos: “(...) Os documentos pertinentes ao marido aproveitam-se para a situação da esposa,relativamente à condição de segurada especial, sendo ilegítima a exigência de prova material exclusivamente em nomepróprio, consoante precedentes do STJ. 4) Ainda que a prova material não seja abrangente para todo o período, admite-sea complementação através de prova testemunhal, como no caso, a indicar também o cumprimento da carência necessária.5) Em se tratando de segurado especial, ainda que não haja prova do recolhimento das respectivas contribuições, restaassegurada a concessão do benefício no valor de um salário mínimo, em consonância com a interpretação sistemáticaprevisto no art. 39, I, c/c art. 26, III, da Lei nº 8.213/91. 6) Os efeitos financeiros devem ser fixados a partir da DER, ou seja,em 01/10/03, conforme requerido na petição inicial, sob pena de violação aos arts. 128 e 460 do CPC. 7) Recursoconhecido e parcialmente provido.” (AC 200602010067083, Desembargadora Federal ANDREA CUNHA ESMERALDO,TRF2 - SEGUNDA TURMA ESPECIALIZADA, 10/06/2009).

6. Finalmente, a prova testemunhal produzida nos autos (CD-R de áudio – fl. 64) confirmou que a recorrida sempretrabalhou no campo. Diante disso, reputo que os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente àprova testemunhal, proporcionam a satisfatória caracterização da recorrida como segurada especial. Aliás, conformeafirmado, é prescindível que o início de prova material seja contemporâneo de todo o período controvertido, desde que aprova testemunhal estenda a sua eficácia probatória. A Súmula 14 da TNU, nesse sentido, permite a ampliação dos efeitosprobatórios da prova material pela prova testemunhal, salvo em caso de contradição, imprecisão ou inconsistência entre os

depoimentos colhidos e os documentos presentes nos autos. Desta feita, considerando que a prova testemunhal produzidanos autos confirma o início de prova material, de modo a abranger todo o período em que se discutia o efetivo exercício daatividade rural, entendo comprovado o exercício de atividade rural por tempo equivalente ao período de carência dobenefício.

7. Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142da Lei n.º 8.213/91), resta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitradosem 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

19 - 0000547-46.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000547-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x MARIA ALVES CHAGAS (ADVOGADO: Zilerce Heringer CordeiroOrnelas.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000547-46.2008.4.02.5051/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): MARIA ALVES CHAGASRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADA ESPECIAL –INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADA POR PROVA TESTEMUNHAL – BREVE VÍNCULO URBANO –DESCONTINUIDADE ADMITIDA (PRECEDENTES) – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls.175/178, que julgou procedente o pedidoautoral de concessão de aposentadoria rural por idade. Em razões de recurso, a autarquia previdenciária alega que nãorestou comprovado nos autos o efetivo exercício de atividade rural pelo tempo equivalente à carência exigida para obenefício. Sustenta, ainda, que o(s) vínculo(s) urbano(s) desempenhado(s) pela autora descaracteriza(m) a condição desegurada especial do RGPS. Contrarrazões às fls.191/199.

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que nos termos do art. 39, I, da Lei 8.213/91, para fins de recebimento deaposentadoria rural por idade, o segurado especial previsto no inciso VII do artigo 11 desta lei, além de contar com a idademínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos moldes do artigo 48, § 1º, do mesmo diploma normativo, deve demonstrar oefetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento dobenefício, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefício postulado.

Cumpre rememorar que, conforme orientação sedimentada no enunciado da Súmula 06 da TNU, a comprovação dacondição de rurícola pode ser feita por certidão de casamento ou outro documento que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge, uma vez que tais documentos constituem início razoável de prova material. É exatamente o que ocorre incasu. A recorrida apresentou como início de prova material: certidão de casamento, realizado em 30/04/1969, constando aprofissão do marido da autora como lavrador (fl. 70); contrato de parceria agrícola, firmado em 21/06/2002, com três anosde vigência, em que figuram como parceiros outorgados a parte autora e seu esposo (fl. 51); declaração do Sindicato dosAgricultores Familiares e Assalariados Rurais de Iúna e Irupi/ES com registro de vários períodos de atividade rural (fl. 17).

Como se sabe, é prescindível que o início de prova material seja contemporâneo de todo o período controvertido, desdeque a prova testemunhal estenda a sua eficácia probatória. A Súmula 14 da TNU, nesse sentido, permite a ampliação dosefeitos probatórios da prova material pela prova testemunhal, salvo em caso de contradição, imprecisão ou inconsistênciaentre os depoimentos colhidos e os documentos presentes nos autos.

No caso sob exame, a prova testemunhal produzida nos autos (CD-R de áudio – fl.174) confirmou que a recorrida sempretrabalhou no campo junto com o seu esposo e seus filhos. Desta feita, considerando que a prova testemunhal produzidanos autos confirma o início de prova material, de modo a abranger todo o período em que se discutia o efetivo exercício daatividade rural, entendo comprovado o exercício de atividade rural por tempo equivalente ao período de carência dobenefício.

Finalmente, a circunstância de ter laborado em outros vínculos, no caso concreto, não retira da autora a qualidade desegurada especial do RGPS. E isto porque, o único vínculo formal comprovado nos autos às fls. 73/74 e 112 (10/1999 a06/2002) não ultrapassa o limite de 03 (três) anos tolerado pela jurisprudência desta turma. A própria TNU já sedimentou oentendimento no sentido de que a descontinuidade admitida pelo art. 143 da Lei nº 8.213/91 é aquela que não importa emperda da condição de segurado especial rural, ou seja, é aquela em que o exercício de atividade urbana de formaintercalada não supera o período de três anos (PEDILEF 200783045009515, Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva,TNU - Turma Nacional de Uniformização, DJ 13/10/2009). Por outro lado, não houve comprovação de outro vínculo urbanohábil a descaracterizar o labor rural em regime de economia familiar, sendo certo que a prova oral produzida nos autosapenas revelou que a parte fazia faxina num restaurante, uma vez por semana (quarta-feira), fato insuficiente a retirar aindispensabilidade da renda proveniente do trabalho na lavoura.

Isto posto, preenchido o requisito da idade (completou 55 anos em 2004) e comprovado tempo de exercício de atividaderural pelo período exigido em lei (138 meses, conforme tabela do art. 142 da Lei n.º 8.213/91), resta concluir que a recorridafaz jus ao benefício de aposentadoria por idade, desde a data do requerimento administrativo.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federaisda Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

20 - 0000664-31.2008.4.02.5053/01 (2008.50.53.000664-4/01) DILMA FRAGA RIBEIRO (ADVOGADO: TAIS MARIAZANONI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0000664-31.2008.4.02.5053/01RECORRENTE: DILMA FRAGA RIBEIRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. CONFIGURAÇÃO. ENUNCIADON.º 08 DA TRU-JEFS 2ª REGIÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido inicialde revisão do benefício previdenciário de aposentadoria, ante a configuração da decadência do direito revisional. Em sedede recurso, sustenta-se que o benefício previdenciário foi concedido antes do advento da Medida Provisória nº 1.523-9/97(reeditada e posteriormente convertida na Lei n.º 9.528/97), pelo que não estaria sujeito ao prazo decadencial por elainstituído. Contrarrazões às fls. 380/382.

A despeito de corrente jurisprudencial em sentido contrário, a Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dasTurmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região, em sessão realizada em 29.06.2009, apreciou a matériaem exame e editou o Enunciado nº 08, fixado nos seguintes termos: “Em 01.08.2007 operou-se a decadência das açõesque visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição daMP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91”. Precedente: Processo nº 2008.50.50.000808-0.

No caso concreto, verifica-se que o benefício de pensão por morte foi implantado no ano de 14.10.1994 (fl. 45), o que atraia incidência da decadência sobre o direito revisional, com prazo a contar da data da edição da medida provisória. Nessepasso, considerando que a presente ação somente foi ajuizada em 20.11.2008, resta concluir pela decadência do direito àrevisão.

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Condenação do(a) recorrente vencido(a) ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, arbitrados novalor de R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl. 14, suspendo aexigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

21 - 0009183-04.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.009183-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x ROSEANE DA HORA GALDINO (ADVOGADO: MARIA DA CONCEICAOSARLO BORTOLINI.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0009183-04.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ROSEANE DA HORA GALDINORELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - ART. 29, II, DA LEI 8.213/91 – ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO ÀREVISÃO – MEMORANDOS CIRCULARES Nº 21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN – RECONHECIMENTO DOPEDIDO – JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA – LEI Nº 11.960/2009 - APLICABILIDADE - RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, ora recorrente, contra a sentença que julgou procedentes ospedidos de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º edo inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. A recorrente discute a interpretação do art. 29, § 5º, para efeito de revisão darenda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença(não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Contrarrazões às fls. 80/94.

2. No que tange à aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. SupremoTribunal Federal decidiu, em recurso submetido à sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991é aplicável somente nos casos em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sidoauferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que estejaem gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Quanto ao pedido de incidência do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/91, há reiterados pronunciamentos desta Turma

Recursal no sentido de que, ausente requerimento administrativo, há carência de ação, pois o ato normativo interno(Memorandos Circulares Nº 21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN), que reconheceu administrativamente a procedênciado pedido, obriga todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada na presente demanda judicial,de modo que seria desnecessário o ajuizamento da ação sem o prévio indeferimento de requerimento administrativo derevisão.

5. Contudo, no caso dos autos, considerando que o ajuizamento da ação ocorreu antes da edição do dos MemorandosCirculares Nº 21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN, entendo não se tratar de hipótese de ausência de interesse deagir, mas de reconhecimento da procedência do pedido do autor, devendo ser mantida a condenação de revisar a rendamensal inicial nos moldes do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/91.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar opresente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

22 - 0007175-54.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007175-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ROSANGELA DE OLIVEIRA CABRAL (ADVOGADO: MARIA DA CONCEICAOSARLO BORTOLINI, ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES, antenor vinicius caversan vieira.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 2008.50.50.007175-0/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ROSANGELA DE OLIVEIRA CABRALRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - ART. 29, II, DA LEI 8.213/91 – ATO NORMATIVO RECONHECENDO DIREITO ÀREVISÃO – MEMORANDOS CIRCULARES Nº 21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN – RECONHECIMENTO DOPEDIDO – JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA – LEI Nº 11.960/2009 - APLICABILIDADE - RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, ora recorrente, contra a sentença que julgou procedentes ospedidos de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º edo inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. A recorrente discute a interpretação do art. 29, § 5º, para efeito de revisão darenda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença(não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição, bem como requer o afastamento da aplicação doart. 29, inciso II da mesma lei, para que a renda inicial do benefício não seja calculada sobre os 80% (oitenta por cento)maiores salários de contribuição. Contrarrazões às fls. 122/136.

2. No que tange à aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. SupremoTribunal Federal decidiu, em recurso submetido à sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991é aplicável somente nos casos em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sidoauferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que estejaem gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Quanto ao pedido de incidência do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/91, há reiterados pronunciamentos desta TurmaRecursal no sentido de que, ausente requerimento administrativo, há carência de ação, pois o ato normativo interno(Memorandos Circulares Nº 21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN), que reconheceu administrativamente a procedênciado pedido, obriga todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada na presente demanda judicial,de modo que seria desnecessário o ajuizamento da ação sem o prévio indeferimento de requerimento administrativo derevisão.

5. Contudo, no caso dos autos, considerando que o ajuizamento da ação ocorreu antes da edição do dos MemorandosCirculares Nº 21/DIRBEN/PFEINSS E 28/INSS/DIRBEN, entendo não se tratar de hipótese de ausência de interesse deagir, mas de reconhecimento da procedência do pedido do autor, devendo ser mantida a condenação de revisar a rendamensal inicial nos moldes do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/91.

6. Por fim, no tocante aos juros de mora, a despeito do entendimento originalmente adotado por este magistrado, tenho porbem acompanhar a orientação majoritária delineada por este colegiado e consolidada no Enunciado n.º 54 da TurmaRecursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, razão pela qual assiste razão aorecorrente ao requerer a aplicabilidade da alteração legislativa engendrada no 1º-F da Lei n.º 9.494/97 com o advento da Lein.º 11.960/09, inclusive às causas de natureza previdenciária.

7. Com efeito, na esteira na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a partir de 30.06.2009, impõem-se a aplicaçãoimediata dos índices oficiais da caderneta de poupança para efeito de cálculo de correção monetária e de juros de moraincidentes sobre as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública, incluídas as verbas consideradas alimentares.Até esta data, mantém-se a fixação de juros, a partir da citação, na taxa de 1% (um por cento) ao mês, nos termos do art.406, do CC/02, e por analogia ao § 1º do art. 161, do CTN, e de correção monetária a partir do vencimento das parcelasdevidas.

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários, bem como para determinar aaplicação do art. 1º-F da Lei n.º 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.º 11.960/09, para o cálculo dos juros e daatualização monetária, a partir de 30/06/2009.

9. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar opresente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

23 - 0005603-63.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005603-7/01) GERALDO GOMES DA SILVA (ADVOGADO: HELTONTEIXEIRA RAMOS, ROGERIO SIMOES ALVES, ANA CRISTINA DELACIO ABREU.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 2008.50.50.005603-7/01RECORRENTE: GERALDO GOMES DA SILVARECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL – ART. 29, II, DA LEI 8.213/91 – BENEFÍCIO ANTERIOR A 29/11/1999 – REVISÃOINDEVIDA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, ora recorrente, contra a sentença que julgou improcedenteos pedidos de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nos moldes do §5º e do inciso II do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. A recorrente discute a interpretação do art. 29, § 5º, para efeito de revisãoda renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo deauxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição, bem como requer a aplicação doart. 29, inciso II da mesma lei, para que a renda inicial do benefício seja calculada sobre os 80% (oitenta por cento) maioressalários de contribuição. Em sede de contrarrazões (fl. 57), o INSS reiterou o que exposto em contestação.

2. No que tange à aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. SupremoTribunal Federal decidiu, em recurso submetido à sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991é aplicável somente nos casos em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sidoauferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que estejaem gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. O pedido de incidência do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/91 também mostra-se indevido, uma vez que somente podemser objeto da referida revisão os benefícios por incapacidade e as pensões deles derivadas, com data de início a partir de29/11/1999, data da edição da Lei nº 9.876 que alterou o respectivo dispositivo legal, o que não se aplica ao caso em tela,em que a aposentadoria do autor foi concedida em 07/05/1999.

5. Em conclusão, não merece reparo, portanto, a sentença recorrida quanto ao indeferimento dos pedidos de revisão,motivo pelo qual conheço do recurso e a ele nego provimento.

6. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 17, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar opresente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

24 - 0006633-36.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006633-0/01) FLORIANO TESCH (ADVOGADO: TAIS MARIA ZANONI.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 2008.50.50.006633-0/01RECORRENTE: FLORIANO TESCHRECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, ora recorrente, contra a sentença que julgou improcedente opedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º doart. 29 da Lei nº 8.213/1991, e sucessiva aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competênciade março de 1994. A recorrente discute a interpretação do citado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial dobenefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado comperíodos de atividade) como salário-de-contribuição. As contrarrazões encontram-se nas fls. 116-136.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

7. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, cujo valor,considerada a complexidade da causa, arbitro em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuitadeferida à fl. 30, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar opresente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

25 - 0010233-02.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.010233-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x WALDEMAR FERREIRA BATISTA (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELOCALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0010233-27.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): WALDEMAR FERREIRA BATISTARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Semcontrarrazões.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

26 - 0011557-27.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.011557-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x JOSE VIANA SANT' ANA (ADVOGADO: BRUNO DE CASTROQUEIROZ.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0011557-27.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): JOSE VIANA SANT’ANARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Ascontrarrazões encontram-se nas fls. 108/113.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto o

inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

27 - 0005608-85.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005608-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x RITA DE CASSIA CASOTTI CUNHA.RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005608-85.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): RITA DE CÁSSIA CASOTTI CUNHARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Semcontrarrazões.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.

2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

28 - 0010226-10.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.010226-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x GIOVANY CARLOS MARCOALAN RAVARA (ADVOGADO:JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0010226-10.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): GIOVANY CARLOS MARCOALAN RAVARARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Semcontrarrazões.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como

tempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Desacolhido o pedido revisional na perspectiva do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, encontra-se prejudicada a análisedo pedido sucessivo de aplicação do índice IRSM aos salários-de-contribuição anteriores à competência de março de 1994.

5. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

7. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

29 - 0006548-84.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.006548-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x ANTONIO MARTINS DE QUEIROZ FILHO(ADVOGADO: BRUNO DE CASTRO QUEIROZ.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006548-84.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ANTONIO MARTINS DE QUEIROZ FILHORELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação do

citado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Ascontrarrazões encontram-se nas fls. 131/136.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

30 - 0009383-45.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.009383-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x CLARICE FREDERICH (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0009383-45.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): CLARICE FREDERICHRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Ascontrarrazões encontram-se nas fls. 96/97.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

31 - 0002333-65.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.002333-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x ARILDO MARQUES CHAVES (ADVOGADO: JOAO FELIPE DEMELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002333-65.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): ARILDO MARQUES CHAVESRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,contra a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário deaposentadoria por invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação docitado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagemdo tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Ascontrarrazões encontram-se nas fls. 107/114.

2. Em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recurso submetido àsistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que oauxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebidodurante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

6. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

32 - 0006933-95.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006933-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x RAFAELA FOERSTE DE BARROS (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELOCALMON HOLLIDAY.).RECURSO DE SENTEÇA N.º 0006933-95.2008.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO(A): RAFAELA FOERSTE DE BARROSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. JUROS DE MORA. ART. 1º-F DA LEI N.º9.494/97 COM REDAÇÃOCONFERIDA PELA LEI N.º11.960/09. APLICABILIDADE RECONHECIDA. TERMO FINAL. HOMOLOGAÇÃO DEFINITIVADOS VALORES EXEQUENDOS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

33 - 0002974-19.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.002974-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x CLOTILDE SOARES COSTA.EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0002974-19.2008.4.02.5050/01EMBARGANTE: INSTITUNO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): CLOTILDES SOARES COSTARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁIRO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNIA. INOCORRÊNCIA.VIOLAÇÃO AO ART. 5º, INCISOS XXXVI, DA CF. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. EMBARGOSREJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls.170/171, por intermédio dos quais postula a manifestação do órgão colegiado acerca da incidência do art. 5º, inciso XXXVIda CF/1998 à hipótese dos autos, visando suprir a exigência de prequestionamento para eventual manejo de recursoextraordinário.

II. De início, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

�III. Doutra parte, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitada pelas parteslitigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito quepossa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional, notadamente em relação aoart. 5º, incisos XXXVI, da CF, que estatui que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisajulgada”.

IV. No caso dos autos, restou claro o entendimento desta turma no sentido de que, nos casos de revisão de RMI de pensãodecorrente da morte de titular de outro benefício previdenciário, o termo inicial do prazo decadencial deve ter por base adata do ato concessório da própria pensão por morte e não do benefício originário. Assim, não há que se falar em omissão.

V. Embargos de declaração não acolhidos. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

34 - 0000200-73.2009.4.02.5052/02 (2009.50.52.000200-2/02) MARLENE COELHO PIANNA (ADVOGADO: EDGARDVALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DEALMEIDA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2009.50.52.000200-2/02EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): MARLENE COELHO PIANNARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – REGIME DEECONOMIA FAMILIAR – REQUISITOS EXPRESSAMENTE EXAMINADOS – PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITORECURSAL – JUROS DE MORA – TAXA DE 1% (UM POR CENTO) AO MÊS ATÉ 30.06.2009 – OMISSÃO PARCIALRECONHECIDA –EMBARGOS ACOLHIDOS EM MÍNIMA PARTE – ACÓRDÃO COMPLEMENTADO

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 317/322, porintermédio dos quais a autarquia embargante aponta supostos vícios de omissão e de contradição no julgado, quanto aoreconhecimento do regime de economia familiar diante da existência de mão-de-obra assalariada e das dimensões dapropriedade rural da parte autora e, ainda, no tocante à sistemática de juros legais aplicável às condenações da FazendaPública.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida.Ademais, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

Em relação ao reconhecimento do trabalho em economia familiar, verifica-se que o acórdão embargado analisou todas ascondições do caso concreto – inclusive a presença de mão-de-obra assalariada sazonal e o tamanho da propriedade rural –e concluiu pela caracterização do especial regime de produção previsto em lei. Sobre esse respeito, o julgado impugnadoregistrou, in verbis:

“Conforme restou consignado nos autos (fls. 181/183), a autora possui três propriedades: duas em Nova Venécia, sendoque uma delas possui 21,2ha e a outra 99,9 ha, e uma em Vila Pavão, com 55,1ha. Ao todo, as propriedades possuem 7,77módulos fiscais, o que já ultrapassaria o limite de 4 (quatro) módulos fiscais previsto na Lei nº 8.213/91, com as alteraçõesda Lei nº 11.718/08. Porém, a extensão da propriedade, por si só, não é fator que descaracterize o regime de economiafamiliar. Nos termos da Súmula 30 da TNU, “Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior aomódulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nosautos, a sua exploração em regime de economia familiar”. Isso porque a área pode ser de tamanho médio, mas a áreacultivada pode ser pequena, devido ao fato de naquela propriedade ter mata, pasto, pedras, morros, ou seja, fatores estesque limitam a área cultivada, o que ocorre in casu. Neste sentido: [...]

Quanto à utilização de trabalhadores rurais, o auxílio eventual de terceiros não descaracteriza o regime de economiafamiliar. O mesmo raciocínio vale para a existência de diaristas em épocas de plantio ou colheita. São períodos em que aatividade rural deve ser feita em prazo reduzido, sob pena de perda da própria atividade, sendo o grupo familiar insuficientepara cobrir toda a extensão da terra, fato este confirmado pela prova testemunhal colhida em audiência. Nesse sentido: [...]

Saliento, ainda, que o simples enquadramento da requerente como empregadora rural II-B ou II-C em cadastros do INCRAe documentos referentes ao ITR, isoladamente considerado, não descaracteriza o regime de economia familiar, uma vezque essa classificação pode ser motivada, exclusivamente, pelo tamanho da propriedade, nos termos do art. 1º - II, alínea"b", do Decreto-Lei nº 1.166/71. Neste sentido: [...]

Por fim, quanto à inscrição do marido e da própria autora como contribuintes individuais, o recolhimento de contribuiçõespode ter se dado apenas para resguardar benefício previdenciário, com exercício de atividade rural. Assim, tal fato não éapto a descaracterizar a condição de segurada especial da autora.

E, neste sentido, como na ementa acima transcrita, os elementos dos autos levam a crer que toda a atividade rural daautora e sua família se desenvolveu em torno da lavoura de café e da pequena criação de gado que ajudava das despesas

da casa, em regime de economia familiar, sem utilização de empregados, havendo mão de obra de terceiros apenas emépocas de colheitas – o que a jurisprudência não considera fora do regime de economia familiar. A prova testemunhal foiunânime em afirmar que autora sempre laborou no meio rural em regime de economia familiar e que a propriedade de seuesposo era de pequeno porte. (fragmentos extraídos do voto de fls. 317/321 – sem grifos no original)

Logo, vislumbra-se que, neste tópico, o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já decidido em sede dejulgamento do recurso inominado, suscitando questões diretamente enfrentadas no julgado embargado.

No tocante à sistemática de juros moratórios aplicável à condenação pecuniária imposta, contudo, verifica-se parcialomissão quanto à taxa aplicável até 30.06.2009. No entendimento deste relator, as demandas que envolvem o pagamentode verbas de caráter alimentar (benefícios previdenciários, por exemplo) devem observar a incidência da taxa de 1% (umpor cento) ao mês, não se aplicando, no caso, a antiga redação do art. 1º-F, da Lei 9.494/97 (incluído pela MP 2.180-35/01),que apenas diz respeito às verbas remuneratórias devidas a servidores e a empregados públicos. Nesse ponto, portanto, osembargos aviados merecem provimento, para que o parágrafo que tratou da matéria passe a contar com a seguinteredação: “Condeno o INSS ao pagamento das parcelas não prescritas, acrescidas de correção monetária desde a data emque deveriam ter sido pagas e de juros de mora à taxa de 1% (um por cento) ao mês a contar da citação, observada, apartir de 30.06.2009, a nova regra de atualização/juros prevista no 1º-F da Lei n.º 9.494/97 (redação conferida pela Lei n.º11.960/09), ressalvado o entendimento pessoal deste magistrado.”

Embargos parcialmente acolhidos. Acórdão complementado apenas no tocante à sistemática de juros de mora aplicável incasu.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER PARCIALMENTE OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, naforma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

35 - 0001287-04.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001287-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x ODETE SOARES DE SOUZA (ADVOGADO: JARDELOLIVEIRA LUCIANO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0001287-04.2008.4.02.5051/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): ODETE SOARES DE SOUZARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – TRABALHO RURALANTERIOR AO IMPLEMENTO DO REQUISITO ETÁRIO – BENEFÍCIO DEVIDO – COMPLEMENTAÇÃO DAFUNDAMENTAÇÃO – EMBARGOS PARCIALMENTE ACOLHIDOS – ACÓRDÃO COMPLEMENTADO APENAS NAFUNDAMENTAÇÃO

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 100/103, porintermédio dos quais a autarquia embargante aponta suposto vício de omissão no julgado, no tocante à análise doimplemento do requisito de tempo de atividade rural equivalente à carência do benefício em momento imediatamenteanterior à formalização do requerimento administrativo.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida.Ademais, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

No caso concreto, verifico que, efetivamente, o acórdão embargado não abordou, de forma expressa, a questão ventiladapelo INSS na peça de embargos. Contudo, referida omissão tem lugar apenas na fundamentação do julgado, eis que aconclusão pelo deferimento do benefício de aposentadoria rural por idade, in casu, mantém-se inalterada. Isto posto,entendo que o acórdão impugnado deve ser complementado, para fazer constar os seguintes fundamentos:

“Insta ressaltar que, embora a parte reconheça que já não mais labora no campo há cerca de 20-25 anos, tenho que talcircunstância não tem o condão de afastar o direito ao benefício previdenciário de aposentadoria por idade na condição desegurada especial.Como se sabe, TNU finalmente pacificou o entendimento acerca da exigibilidade do preenchimento simultâneo dos

requisitos legais de idade e de tempo de atividade rural (carência) para a concessão das aposentadorias rurais por idade eeditou a Súmula n.º 54, cuja redação enuncia que: ‘Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, otempo de exercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior ao requerimentoadministrativo ou à data do implemento da idade mínima’.Contudo, verifico que, no caso sob exame, a autora preencheu requisitos para aposentação antes do advento da Lei n.º8.213/91, é dizer, sob a égide da Lei Complementar n.º 11/71, eis que atingiu a idade de 65 (sessenta e cinco) anos em04.09.1990. Nessa ocasião, a autora, segundo prova dos autos, também já contava com mais de 15 (quinze) anos deatividade rural, embora a legislação então vigente não exigisse tal condição, o que importa dizer que implementou,simultaneamente, os requisitos de idade e tempo, segundo a nova regra. Assim, se a recorrida – que nem mesmo recebeuqualquer benefício sob a vigência da lei anterior – preencheu, igualmente, os requisitos exigidos pela lei antiga (afastada alimitação ao arrimo de família, em homenagem ao princípio da igualdade) e pela lei nova (inclusive, observada asimultaneidade), inexiste óbice à concessão do benefício de aposentadoria rural, notadamente porque a limitação a um entefamiliar não mais subsiste, sendo desimportante que somente tenha exercitado o direito já adquirido (formalização dorequerimento administrativo) alguns anos depois.”

Embargos de declaração parcialmente acolhidos, para, sanando a omissão apontada, complementar a fundamentação dojulgado embargado nos tópicos acima referenciados, mantendo-se, contudo, a conclusão principal adotada no julgamentodo recurso inominado (deferimento do benefício de aposentadoria rural por idade).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER PARCIALMENTE OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, naforma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

36 - 0000565-33.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000565-1/01) CELENITA MARIA JUSTI CICILIOTTI (ADVOGADO:ANDRESSA MARIA TRAVEZANI LOVATTI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIABRAZ VIEIRA DE MELO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000565-33.209.4.02.5051/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): CELENITA MARIA JUSTI CICILIOTTIRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. OMISSÃO ECONTRADIÇÃO. VÍNCULO URBANO EXERCIDO POR FILHO MAIOR E CASADO. ESCLARECIMENTOS. JUROS DEMORA. TAXA DE 1% (UM POR CENTO) AO MÊS. VERBA ALIMENTAR. PRECEDENTES. EMBARGOS PARCIALMENTEACOLHIDOS. ACÓRDÃO COMPLEMENTADO APENAS NA FUNDAMENTAÇÃO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 97/100,por intermédio dos quais a autarquia embargante aponta supostos vícios de omissão e de contradição no julgado, notocante à análise sobre a (in)dispensabilidade da renda proveniente do trabalho rural na hipótese de vínculo urbanoexercido por outro membro da família (filho, in casu) e à taxa de juros arbitradas até 30.06.2009 (1% ao mês).

Embora as conclusões finais adotadas no acórdão embargado não mereçam qualquer reparo, entendo que, no tocante àsquestões ventiladas pelo embargante, o julgado carece de fundamentação mais detalhada.

Com efeito, ao analisar a circunstância de o filho deter vínculo de trabalho urbano e efetuar o recolhimento de contribuiçõesao RGPS, este órgão colegiado apenas registrou, genericamente, a impotencialidade deste fato para a descaracterizaçãoda condição de segurada especial da parte autora, na esteira da orientação sedimentada na Súmula n.º 41 da TNU (fl. 98,in fine). Nesse ponto, entendo que o acórdão impugnado deve ser complementado, para fazer constar os seguintesfundamentos:

“Fixada essa premissa, é possível vislumbrar que, no caso concreto, os elementos de prova noticiam a percepção de rendae o recolhimento de contribuições sociais por parte do filho, Paulo Roberto Cicilioti, apenas a partir do ano de 1985 (fls.72/79). Nessa época (ou logo em seguida, é dizer, no ano seguinte), tal filho já se encontrava casado, conforme se extrai desua qualificação lançada no contrato de parceria de fl. 34, firmado em 06.08.1986. Nessa circunstância, o filho já eraresponsável pela manutenção de sua própria família e não mais integrava o grupo familiar da autora, conforme preceitua o

�art. 7ª, §11, da Instrução Normativa INSS/PRES n.º 45, de 06.08.2010 (DOU de 11.08.2010) .Ademais, na passagem aos 5m15s do depoimento testemunhal, a Sra. Iria afirmou que autora mora sozinha, embora seustrês filhos residam em áreas próximas.Isto posto, resta concluir que eventual renda percebida pelo filho Paulo não pode ser considerada como fonte de recursospara provimento das despesas da autora, eis que ele não integra, há muito, o seu núcleo familiar. Logo, reputo que a renda

proveniente do trabalho na lavoura, no caso concreto, revelou-se indispensável ao sustento da parte autora.”

Doutra parte, a fixação de juros de mora à taxa de 1% ao mês pode ser assim fundamentada:

“Quanto aos juros de mora, ressalto que, considerando que a demanda envolve verba de caráter alimentar (benefícioprevidenciário), impõe-se a incidência da taxa de 1% (um por cento) ao mês, não se aplicando, no caso, o art. 1º-F, da Lei9.494/97 (incluído pela MP 2.180-35/01), tendo em vista que não se trata de pagamento de verbas remuneratórias devidasa servidores e empregados públicos. Nesse sentido, confira-se:‘AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. VERBAS DE CARÁTER ALIMENTAR. JUROS DEMORA. 1% AO MÊS. PRECEDENTES. AGRAVO IMPROVIDO. 1. De acordo com a iterativa jurisprudência deste SuperiorTribunal de Justiça, nas demandas previdenciárias, por envolverem verbas de natureza alimentar, deve incidir juros de morade 1% ao mês, nos termos do art. 3º do Decreto-Lei 2.322/87.2. Agravo regimental improvido.’ (929339 SP 2007/0041478-4,Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 26/10/2010, T6 - SEXTA TURMA, Data dePublicação: DJe 22/11/2010)Desta feita, a taxa de juros aplicável in casu é a de 1% (um por cento), até 30.06.2009, a partir do que devem incidir osparâmetros fixados na nova redação do art. 1º-F da Lei n.º 9.494/97 (Lei n.º 11.960/09).”

Embargos de declaração parcialmente acolhidos, para, sanando as omissões apontadas, complementar a fundamentaçãodo julgado embargado nos tópicos acima referenciados.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER PARCIALMENTE OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, naforma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

37 - 0000386-02.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000386-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x MARIA DA PENHA LUCIO SANTECE (ADVOGADO: ANA PAULACESAR.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000386.02.2009.4.02.5051/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): MARIA DA PENHA LUCIO SANTECERELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. OMISSÃO ECONTRADIÇÃO. VÍNCULO URBANO EXERCIDO POR CÔNJUGE. INDISPENSABILIDADE DA RENDA PROVENIENTEDO TRABALHO RURAL. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DO CASO CONCRETO. FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. MEROINCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. VÍCIOS NÃO RECONHECIDOS. EMBARGOSREJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 147/149, porintermédio dos quais a autarquia embargante aponta supostos vícios de omissão e de contradição no julgado, no tocante àanálise sobre a (in)dispensabilidade da renda proveniente do trabalho rural na hipótese de vínculo urbano exercido pelocônjuge.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida.Ademais, a contradição sanável pela via dos embargos de declaração somente se configura nas hipóteses em que odecisum apresenta, em seu interior, assertivas antinômicas, inconciliáveis entre si, capazes de torná-lo incoerente ou dedeixarem dúvidas acerca do posicionamento do julgador em relação a determinados pontos.

No caso sob apreço, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já decididoem sede de julgamento do recurso inominado, suscitando questões diretamente enfrentadas no julgado embargado. Ora,este órgão colegiado manifestou-se, ampla e expressamente, sobre a possível influência da renda auferida pelo esposo daautora, reconhecendo, no caso concreto, a imprescindibilidade do labor na lavoura para o sustento do grupo familiar, diantede todas as provas produzidas nos autos. Nesse ponto, o acórdão impugnado registrou, in verbis:

“6. Finalmente, registra-se que o vínculo urbano do esposo desempenhado desde 1993 não descaracteriza, no casoconcreto, a condição de segura especial da autora. Segundo entendimento da TNU, a circunstância de um dos integrantesda família exercer atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial(súmula 41 da TNU). Na hipótese dos autos, as provas produzidas revelaram que a autora labora no meio rural desde

quando morava com os seus pais, não tendo nunca se afastado do campo. Nesse passo, a análise das condições do casoconcreto conduz à conclusão de que a manutenção do núcleo familiar não se baseava, preponderantemente, nos ganhosdo marido, restando configurada a indispensabilidade da renda proveniente da lavoura para a subsistência da autora e deseu grupo familiar.” (fragmento do acórdão embargado à fl. 149 – sem grifos no original).

Desta feita, não se vislumbra qualquer vício de omissão ou de contradição no julgado impugnado, mas, tão somente,adoção de tese jurídica – suficientemente fundamentada, nos termos do art. 93, IX, da CF – conflitante com os interessesdo embargante, razão pela qual não merecem acolhida os embargos aviados.

Embargos de declaração conhecidos e rejeitados, em razão da inexistência de vício passível de saneamento por esta viaprocessual. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

38 - 0000298-92.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000298-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x MARIA ANTONIO DA ROCHA (ADVOGADO: EDGARD VALLE DESOUZA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2008.50.52.000298-8/01EMBARGANTE: MARIA ANTÔNIA DA ROCHAEMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. PRETENSÃO DE REVISÃO DOMÉRITO RECURSAL. VÍCÍOS DE OMISSÃO E DE CONTRADIÇÃO NÃO RECONHECIDOS. EMBARGOS REJEITADOS.INTUITO PROTELATÓRIO. MULTA DE 1% SOBRE O VALOR DA CAUSA. ACÓRDÃO MANTIDO.

Trata-se dos terceiros Embargos de Declaração opostos nos presentes autos, desta feita em face do acórdão proferido pelaTurma Recursal às fls. 119/120, por intermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão no julgado. Sustenta aembargante que a questão constitucional veiculada nos embargos de declaração precedentes não teria sido respondida. Nomais, invoca a embargante razões de mérito, tais como a tese da inovação em sede de recurso, demonstrando o seuinconformismo com o acórdão que deu provimento ao recurso inominado aviado pelo INSS.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida. Nocaso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que a embargante pretende, mais uma vez, a rediscussão do mérito jádecidido em sede de julgamento do recurso.

O acórdão embargado manifestou-se, explicitamente, sobre as questões constitucionais trazidas nos embargosprecedentes, senão vejamos: “Finalmente, embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamentoimplícito e não caiba ao tribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucionalsuscitada pelas partes litigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargadotese de direito que possa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional,notadamente em relação aos arts. 5º, LV e 201, I da CF, já que este órgão colegiado ponderou as provas produzidas nosautos e, em decisão fundamentada, concluiu pelo não preenchimento dos requisitos necessários ao deferimento dobenefício de auxílio-doença”.

As demais questões suscitadas, a saber, inovação de tese em sede de recurso, existência de incapacidade temporária,ônus probatório da data do início da incapacidade, entre outras, cingem-se ao mérito do recurso, já tendo sido analisadasquando do seu julgamento, não caracterizando, portanto, questões omissas, obscuras ou contraditórias. Tais argumentosdemonstram, tão somente, a intenção da embargante de revolver o mérito da decisão, o que não é possível em sede deembargos de declaração.

Considerando que, pela terceira vez, a embargante busca revolver o mérito do julgamento do recurso inominado, mostra-sepatente o seu intuito protelatório, a ensejar a aplicação do art. 538, parágrafo único, do CPC. Assim, aplico à embargantemulta de 1% (um por cento) sobre o valor da causa, ressaltando que, no caso de reiteração de embargos protelatórios, amulta poderá ser aumentada para 10% (dez por cento) do valor da causa.

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido. Aplicação de multa de 1% (um por cento) sobre o valor da causa, emrazão do caráter protelatórios dos embargos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, aplicando multa de1% (um por cento) sobre o valor da causa, em razão do caráter protelatórios dos mesmos, na forma da ementa constantedos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

39 - 0000890-05.2009.4.02.5052/02 (2009.50.52.000890-9/02) IZABEL DE JESUS SANTOS (ADVOGADO: ADENILSONVIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DEALMEIDA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000890-05.2009.4.02.5052/02EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): ISABEL DE JESUS SANTOSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. RECORRIBILIDADE DE SENTENÇASEXTINTIVAS. DIB. AMPLA FUNDAMENTAÇÃO. MERO INCONFORMISMO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITORECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 80/85, porintermédio dos quais a autarquia embargante aponta supostos vícios de omissão e de contradição no julgado, no tocante à(ir)recorribilidade de sentenças terminativas e à DIB fixada para o benefício de aposentadoria.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida.

No caso sob apreço, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já decididoem sede de julgamento do recurso inominado, suscitando questões diretamente enfrentadas no julgado embargado.

Ora, este órgão colegiado manifestou-se, ampla e expressamente, sobre a temática da recorribilidade de sentençasterminativas no âmbito dos Juizados Especiais Federais, ao registrar, in verbis: “antes de adentrar o mérito da presentecontrovérsia, suscitando questão preliminar de ofício, ressalto que, apesar de a presente hipótese tratar de sentençaparcialmente terminativa, reputo inteiramente admissível o recurso, conforme entendimento exposto em decisão liminarconstante de diversos mandados de segurança dos quais sou relator. Naquelas oportunidades, fiz constar que: [...]”(fragmento do acórdão embargado – fl. 80).

De Igual modo, o acórdão impugnado consignou, pormenorizadamente, as razões para o deferimento do benefício deauxílio-doença a partir da suspensão administrativa. Nesse passo, o julgado embargado registrou: “a autora colacionou àinicial diversos laudos particulares que demonstram que as enfermidades apontadas pelo perito judicial existem há muitotempo. Destaco, em especial, o laudo de fl. 25, assinado por medido especialista em ortopedia e traumatologia,devidamente registrado no CRM, e datado de 06/05/2009, apenas 5 (cinco) dias após a cessação do benefício NB5341942082, que indica que a recorrente já se encontrava acometida de gonartrose e bursite de ombros, doenças que aincapacitam para o trabalho, segundo o perito judicial. Assim, no meu entender, de fato, não há como indicar com precisãoa data do início da incapacidade. Contudo, é de se concluir que na data da cessação do último benefício auxílio-doença aautora já estava incapaz para atividades remuneradas, de modo que a cessação do benefício decorreu de um entendimentoequivocado da autarquia previdenciária, havendo direito, pois, à percepção das parcelas devidas, mas negadas” (excerto doacórdão embargado – fl. 82).

Como se pode ver, o julgado atacado não padece de qualquer vício de fundamentação, sendo certo que todas asconclusões nele adotadas foram amplamente fundamentadas, nos termos do art. 93, IX, da CF, pelo que não merecemacolhida os embargos aviados.

Embargos de declaração conhecidos e rejeitados, em razão da inexistência de vício passível de saneamento por esta viaprocessual. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

40 - 0001146-45.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001146-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x MARINALVA ALVES DA SILVA (ADVOGADO: ADENILSON VIANANERY.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0001146-45.2009.4.02.5052/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): MARINALVA ALVES DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. INCAPACIDADE. INCAPACIDADE TEMPORÁRIA ATESTADA EMPERÍCIA MÉDICA. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS. INCAPACIDADE DEFINITIVA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO OUCONTRADIÇÃO. JUROS DE MORA. LIMITES OBJETIVOS DA DEVOLUTIVIDADE RECURSAL. RATIFICAÇÃO DA TAXAARBITRADA PELO JUÍZO DE ORIGEM. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃOMANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 88/89,por intermédio dos quais a autarquia embargante aponta suposta omissão e contradição no julgado sob o argumento deque o laudo pericial teria atestado apenas incapacidade temporária, não sendo permitido ao juiz conceder, desde logo, aaposentadoria por invalidez, sem a submissão do segurado a programa de reabilitação. Ademais, alega suposta omissão noque toca à taxa de juros aplicada à condenação pecuniária imposta no feito.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida.Ademais, a contradição sanável pela via dos embargos de declaração somente se configura nas hipóteses em que odecisum apresenta, em seu interior, assertivas antinômicas, inconciliáveis entre si, capazes de torná-lo incoerente ou dedeixarem dúvidas acerca do posicionamento do julgador em relação a determinados pontos. Doutra parte, não é demaisrememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a se pronunciar a respeito de todosos argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

No caso sob apreço, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já decididoem sede de julgamento do recurso inominado ao argumentar que a Turma, paradoxalmente ao entendimento do peritonomeado, que constatou incapacidade temporária, teria concedido à autora a aposentadoria por invalidez, sem a suasubmissão a processo de reabilitação. A questão suscitada foi expressamente enfrentada por esta Turma Recursal nosseguintes termos: “A controvérsia dos autos cinge-se à configuração da incapacidade total e definitiva para o exercício dequalquer atividade laborativa. O laudo pericial de fls. 56/58 atesta que a autora/recorrida encontra-se incapacitada total etemporariamente para as suas atividades habituais de lavradora rural. No entanto, em consonância com o MM. Juiz deorigem, entendo que as condições pessoais da autora (58 anos de idade e baixo grau de escolaridade), aliadas à naturezadegenerativa de sua enfermidade (espondiloartrose lombar) e a sua atividade habitual (labor rural, que demanda grandeesforço físico), permitem a conclusão de que há incapacidade laborativa total e definitiva. Assim, correto o deferimento dobenefício aposentadoria por invalidez”. Assim, não há que se falar em omissão, nem em contradição no julgado.

III. Quanto aos juros de mora, quadra ressaltar que o acórdão embargado não se manifestou sobre a taxa de juros fixadapelo juízo a quo porque esta matéria sequer foi suscitada em sede de recurso inominado. Ora, a sentença de origemregistra, expressamente, que a aplicação de “juros de mora de 1¢ ao mês a contar da citação e até 26.06.2009 (data doadvento da Lei 11960/2009). Após essa data, atualização na forma do art. 1º-F da Lei 9494/97, com a redação que lhe foidada pela Lei 11960/2009”, tópico que, integrante do dispositivo do provimento, deveria ter sido oportunamente impugnadopelo INSS, em caso de discordância. Destarte, observados os limites da matéria devolvida à Turma Recursal, o feito foiapreciado em toda a sua extensão, não havendo omissão no julgamento.

IV. De toda sorte, este colegiado ratifica a taxa de juros de mora arbitrada pelo juízo de origem, na esteira da jurisprudênciados tribunais pátrios, senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. JUROS DE MORA. SÚMULA N.º 204/STJ.INCIDÊNCIA. 1. A Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão segundo a qual, em razão docaráter alimentar dos benefícios previdenciários, os juros de mora devem ser fixados no importe de 1% (um por cento) ao

�mês, nos termos da Súmula n.º 204/STJ. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AGRESP 200801247827, OGFERNANDES - SEXTA TURMA, DJE DATA:22/11/2010.)

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO. JUROS DE MORA. 1. Trata-se de agravo interno contra decisão monocrática emação ajuizada em face do INSS, que negou seguimento à remessa necessária, com base no art. 557, caput, do CPC. 2. Osjuros de mora incidem a partir da citação, conforme a Súmula nº 204 do STJ que dispõe: “Os juros de mora nas açõesrelativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”. O índice aplicável é de 1% (um por cento) ao mês,porquanto resta firmado, atualmente, no âmbito da Primeira Turma Especializada, o entendimento de que a taxa de jurosincide na ordem de 1% (um por cento) ao mês, alinhando-se à orientação jurisprudencial do eg. STJ sobre a matéria. 3.Agravo interno não provido.(REO 200851020009029, Desembargador Federal ABEL GOMES, TRF2 - PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R- Data::03/02/2011 - Página::11/12.)

PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS À EXECUÇÃO - EXCESSO DE EXECUÇÃO - JUROS DE MORA NO PERCENTUALDE 1% (UM POR CENTO) AO MÊS - AÇÃO DE CONHECIMENTO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DO ART. 1º-F DA LEI9.494/97 - JUROS DE MORA DE 1% (UM POR CENTO) AO MÊS - VÍNCULO DO EMBARGADO AO REGIME DAPREVIDÊNCIA SOCIAL - NATUREZA ALIMENTAR - POSSIBILIDADE - MP 2.180-35/2001 - ART. 1º - F DA LEI Nº9.494/97 - INAPLICABILIDADE - NORMA EM COMENTO REFERE-SE A VERBAS REMUNERATÓRIAS DEVIDAS ASERVIDORES E EMPREGADOS PÚBLICOS - PRECEDENTES. 1. No que diz respeito aos juros de mora, perfilha-se oentendimento de que em se tratando de débitos relativos a benefícios previdenciários, dado o caráter alimentar da dívida,são incidentes juros moratórios no percentual de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação válida (Súmula 204 do STJ),não se aplicando, no caso, o art. 1º-F, da Lei 9.494/97, tendo em vista que não se trata de pagamento de verbasremuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, hipótese esta não verificada na espécie, porquanto o autor,ora apelado, é vinculado ao regime geral da previdência social, não sendo atingido pela norma em comento. Assim, não sepode estender o julgado pelo Supremo Tribunal Federal (RE 453740/RJ) a presente demanda, pois naquele julgado foireconhecida à constitucionalidade da referida norma, aplicável, como já dito, unicamente, a servidores e empregadospúblicos.1º-F9.4942. "Deve se operar de forma restritiva o comando legal do art. 1º.- F da Lei 9.494/97, com redação dadapela MP 2.180-35-01, pois a sua dicção é clara ao direcionar-se ao pagamento das verbas remuneratórias devidas aservidores e empregados públicos." (TRF 5ª Região, AC427685/PE, Segunda Turma, Rel. Des. Federal MANOELERHARDT, Julg. 23/10/2007, decisão unânime, DJ. 19/11/2007, pág. 366/361). Votaram com o Relator osDesembargadores Federais LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA e JOANA CAROLINA LINS PEREIRA(CONVOCADO).1º.-9.4943. Apelação improvida. (430157 RN 2007.84.00.004956-3, Relator: Desembargador FederalFrancisco Cavalcanti, Data de Julgamento: 31/01/2008, TRF5 - Primeira Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário daJustiça - Data: 29/08/2008 - Página: 690 - Nº: 167 - Ano: 2008)

V. Omissão não reconhecida. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

41 - 0000996-64.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000996-3/01) DEUZIMAR PINTO DA PENHA (ADVOGADO: EDGARDVALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DEALMEIDA.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000996-64.2009.4.02.5052/01EMBARGANTE: DEUZIMAR PINTO DA PENHAEMBARGADO(A): INSTITUNO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS.VIOLAÇÃO AO ART. 5º, INCISO LV E ART. 203, INCISOS IV E V, DA CF. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DEOMISSÃO. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo autor em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls.156/157, por intermédio dos quais postula a manifestação do órgão colegiado acerca da incidência do art. 5º, inciso LV, eart. 203, incisos IV e V, da CF/1998 à hipótese dos autos, visando suprir a exigência de prequestionamento para eventualmanejo de recurso extraordinário.

II. De início, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

�III. Doutra parte, muito embora o Supremo Tribunal Federal admita a figura do prequestionamento implícito e não caiba aotribunal de origem manifestar-se, propriamente, sobre o mérito de possível violação constitucional suscitada pelas parteslitigantes, cumpre registrar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo do acórdão embargado tese de direito quepossa ensejar, nem mesmo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto constitucional, notadamente em relação aoart. 5º, inciso LV, e ao art. 203, incisos IV e V, da CF/1998.

IV. No caso dos autos, restou claro o entendimento desta turma no sentido de que “não se reputou necessária a produçãode outras provas – inclusive a testemunhal – para a aferição da condição médica da parte, ao se registrar, in verbis, que ‘asindagações relativas à incapacidade já são eficazmente esclarecidas no laudo pericial acostado às fls. 107/111 e a aptidãoda parte para o labor já está suficientemente demonstrada em perícia regular e sem vícios’ (fragmento da ementa – fl. 141).Nesse passo, a alegação de nulidade da sentença por cerceamento de defesa foi expressamente afastada no item “4” doacórdão impugnado”. Assim, não há que se falar em omissão.

V. Embargos de declaração não acolhidos. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

42 - 0000998-96.2007.4.02.5054/01 (2007.50.54.000998-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x GERALDA PEREIRA DA SILVA (ADVOGADO: ROSEMAR POGGIANCATERINQUE CARDOZO.).EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000998-96.2007.4.02.5054/01EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEMBARGADO(A): GERALDA PEREIRA DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. JUROS DE MORA. LIMITES OBJETIVOS DA DEVOLUTIVIDADERECURSAL. RATIFICAÇÃO DA TAXA ARBITRADA PELO JUÍZO DE ORIGEM. OMISSÃO NÃO RECONHECIDA.EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos pelo INSS em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls.186/189, por intermédio dos quais a autarquia embargante aponta suposta omissão no julgado, no que toca à taxa de jurosaplicada à condenação pecuniária imposta no feito.

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismoda parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como instrumento de rediscussão de matéria já debatida.Doutra parte, não é demais rememorar que, de acordo com a jurisprudência nacional, o julgador não está obrigado a sepronunciar a respeito de todos os argumentos suscitados pelas partes litigantes, afastando-os ou acolhendo-os, um a um.

III. No caso sob apreço, quadra ressaltar que o acórdão embargado não se manifestou sobre a taxa de juros de mora fixadapelo juízo a quo porque esta matéria sequer foi suscitada em sede de recurso inominado. Ora, a sentença de origem,expressamente, condenou o requerido ao “pagamento das parcelas vencidas, estas consideradas entre a data do início dobenefício e a do início do pagamento, incidindo-se juros de mora de 1% ao mês a partir da citação até a vigência da Lei11.960/2009, quando, então, passarão a ser nos termos do artigo 1º-F da referida Lei, para posterior expedição de RPV”,tópico que, integrante do dispositivo do provimento, deveria ter sido oportunamente impugnado pelo INSS, em caso dediscordância. Destarte, observados os limites da matéria devolvida à Turma Recursal, o feito foi apreciado em toda a suaextensão, não havendo omissão no julgamento.

IV. De toda sorte, este colegiado ratifica a taxa de juros de mora arbitrada pelo juízo de origem, na esteira da jurisprudênciados tribunais pátrios, senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. JUROS DE MORA. SÚMULA N.º 204/STJ.INCIDÊNCIA. 1. A Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão segundo a qual, em razão do

caráter alimentar dos benefícios previdenciários, os juros de mora devem ser fixados no importe de 1% (um por cento) ao�mês, nos termos da Súmula n.º 204/STJ. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AGRESP 200801247827, OG

FERNANDES - SEXTA TURMA, DJE DATA:22/11/2010.)

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO INTERNO. JUROS DE MORA. 1. Trata-se de agravo interno contra decisão monocrática emação ajuizada em face do INSS, que negou seguimento à remessa necessária, com base no art. 557, caput, do CPC. 2. Osjuros de mora incidem a partir da citação, conforme a Súmula nº 204 do STJ que dispõe: “Os juros de mora nas açõesrelativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”. O índice aplicável é de 1% (um por cento) ao mês,porquanto resta firmado, atualmente, no âmbito da Primeira Turma Especializada, o entendimento de que a taxa de jurosincide na ordem de 1% (um por cento) ao mês, alinhando-se à orientação jurisprudencial do eg. STJ sobre a matéria. 3.Agravo interno não provido.(REO 200851020009029, Desembargador Federal ABEL GOMES, TRF2 - PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, E-DJF2R- Data::03/02/2011 - Página::11/12.)

PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS À EXECUÇÃO - EXCESSO DE EXECUÇÃO - JUROS DE MORA NO PERCENTUALDE 1% (UM POR CENTO) AO MÊS - AÇÃO DE CONHECIMENTO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DO ART. 1º-F DA LEI9.494/97 - JUROS DE MORA DE 1% (UM POR CENTO) AO MÊS - VÍNCULO DO EMBARGADO AO REGIME DAPREVIDÊNCIA SOCIAL - NATUREZA ALIMENTAR - POSSIBILIDADE - MP 2.180-35/2001 - ART. 1º - F DA LEI Nº9.494/97 - INAPLICABILIDADE - NORMA EM COMENTO REFERE-SE A VERBAS REMUNERATÓRIAS DEVIDAS ASERVIDORES E EMPREGADOS PÚBLICOS - PRECEDENTES. 1. No que diz respeito aos juros de mora, perfilha-se oentendimento de que em se tratando de débitos relativos a benefícios previdenciários, dado o caráter alimentar da dívida,são incidentes juros moratórios no percentual de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação válida (Súmula 204 do STJ),não se aplicando, no caso, o art. 1º-F, da Lei 9.494/97, tendo em vista que não se trata de pagamento de verbasremuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, hipótese esta não verificada na espécie, porquanto o autor,ora apelado, é vinculado ao regime geral da previdência social, não sendo atingido pela norma em comento. Assim, não sepode estender o julgado pelo Supremo Tribunal Federal (RE 453740/RJ) a presente demanda, pois naquele julgado foireconhecida à constitucionalidade da referida norma, aplicável, como já dito, unicamente, a servidores e empregadospúblicos.1º-F9.4942. "Deve se operar de forma restritiva o comando legal do art. 1º.- F da Lei 9.494/97, com redação dadapela MP 2.180-35-01, pois a sua dicção é clara ao direcionar-se ao pagamento das verbas remuneratórias devidas aservidores e empregados públicos." (TRF 5ª Região, AC427685/PE, Segunda Turma, Rel. Des. Federal MANOELERHARDT, Julg. 23/10/2007, decisão unânime, DJ. 19/11/2007, pág. 366/361). Votaram com o Relator osDesembargadores Federais LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA e JOANA CAROLINA LINS PEREIRA(CONVOCADO).1º.-9.4943. Apelação improvida. (430157 RN 2007.84.00.004956-3, Relator: Desembargador FederalFrancisco Cavalcanti, Data de Julgamento: 31/01/2008, TRF5 - Primeira Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário daJustiça - Data: 29/08/2008 - Página: 690 - Nº: 167 - Ano: 2008)

V. Omissão não reconhecida. Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

43 - 0002094-58.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.002094-1/01) EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS -ECT (ADVOGADO: ANDRE LUIZ PEREIRA, MATHEUS GUERINE RIEGERT, FRANCISCO MALTA FILHO, NUBIALEMOS GUASTI.) x ADILSON GELANDE DA SILVA (ADVOGADO: PATRÍCIA GRECHI DE MELLO.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0002094-58.2007.4.02.5051/01RECORRENTE: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECTRECORRIDO: ADILSON GELANDE DA SILVARELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – SERVIÇO POSTAL – DANO MORAL – ECT – REDUÇÃO DOQUANTUM INDENIZATÓRIO – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PARCIALMENTE PROVIDO –– SENTENÇAREFORMADA EM MÍNIMA PARTE.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT em face da sentençade fls. 42/45, que julgou procedente o pleito autoral de condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais.Preliminarmente, alega a empresa recorrente que o está equiparada a Fazenda Pública, com os mesmos privilégios

processuais, dentre eles a isenção de custas processuais e a dispensa de preparo. No mérito, postula a reforma dasentença, sustentando a inexistência de ato ilícito praticado por ela, sob o argumento de que não entregavacorrespondência no domicílio do autor porque o seu endereço não atendia aos requisitos legais para a prestação regular doserviço postal. Subsidiariamente, requer a recorrente a redução do quantum indenizatório. Contrarrazões às fls. 55/57.

2. O instituto da responsabilidade civil está previsto no artigo 927 do Código Civil de 2002, o qual possui a seguinte redação:“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”. Por sua vez, o artigo 186 domesmo diploma normativo dispõe como ato ilícito a ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, que violardireito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral.

3. A conduta ilícita da recorrente encontra-se comprovada por meio dos documentos de fls. 13/17, que demonstram aindividualização suficiente do endereço do autor. Com efeito, observa-se que, desde 2005, a rua do autor encontra-sedevidamente nomeada, tendo sido feita a numeração das casas da rua em maio de 2007. A ausência de caixa coletora nãopode justificar a ausência de entrega das mercadorias na residência do autor, na medida em que entendo que a Portaria n.311/98 do Ministério das Comunicações extrapola seu poder regulamentar.

4. Provada a conduta ilícita da recorrente, inexigível se perfaz a demonstração da efetiva ocorrência de dano moral, que,por ser inerente à ilicitude do ato praticado, decorre do próprio fato, operando-se in re ipsa, entendimento este do STJ(AgRg no Ag 1235525 / SP). No entanto, indubitável se mostra a ocorrência de ofensa ou abalo à esfera moral do autor,diante dos fatos apontados, o que ocorreu in casu, devendo ser mantida a sentença de origem.

5. Contudo, o montante fixado para a indenização por danos morais merece reparos. A indenização por danos morais deveatender ao seu caráter compensatório, punitivo e educativo, de forma a não representar enriquecimento sem causa emfavor do requerente. O quantum fixado em sentença não se mostra razoável, eis que, a meu ver, excede o seu dever decompensar o autor pelo dano sofrido, assim como de punir a ECT pela falha na prestação do serviço. Encontra-se, portanto,flagrantemente desequilibrada quanto à satisfação dos referidos objetivos.

6. Na sentença, o magistrado arbitrou a indenização no montante de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Entretanto, tal valormostra-se inadequado, pois não se pode afirmar que o autor sofreu grandes prejuízos, assim como não há notícia nosautos de qualquer acontecimento que tivesse violado drasticamente a moral, a imagem ou a intimidade do mesmo.Portanto, reduzo a indenização por danos morais a R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais).

7. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada, em mínima parte, para reduzir o quantum indenizatórioda condenação.

8. Sem custas (art. 12 do Decreto-Lei n.º 509/69). Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, ante oprovimento parcial do recurso (art. 55 da Lei 9.099/95).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por maioria, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIALPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

44 - 0008524-29.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008524-0/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GERONIMO THEML DEMACEDO.) x PATRICIA DAMACENO AZEVEDO (ADVOGADO: RONEY DUTRA MOULIN.).RECURSO DE SENTENÇA Nº 0008524-29.2007.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: PATRÍCIA DAMACENO AZEVEDORELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - RESPONSABILIDADE CIVIL – DANOS MORAIS E DANOS MATERIAIS – INCLUSÃOINDEVIDA NO CADIN – AJUIZAMENTO DE EXECUÇÃO FISCAL – TENTATIVA DE REALIZAÇÃO DE ATOSCONSTRITIVOS - DANO MORAL E MATERIAL CARACTERIZADOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal, ora recorrente, em face da sentença de fls. 99/104, que julgouparcialmente procedente o pleito autoral para condenar a ré a indenizar a autora no montante de R$ 5.000,00 (cinco milreais) a título de danos morais e de R$ 705,10 (setecentos e cinco reais e dez centavos) a título de prejuízos materiais.

Em suas razões (fls. 117/123), a recorrente sustenta não ser devida qualquer indenização à autora, visto que a suainscrição no CADIN e o conseqüente ajuizamento da competente execução fiscal decorreram de culpa da própria recorridaque, além de não ter informado a perda de seus documentos à União, mudou de endereço sem atualizar seu endereçojunto à Receita Federal. Ademais, alega não haver a comprovação de qualquer dissabor ou prejuízo pela inscrição do seunome no CADIN. Por fim, postula a reforma da sentença, para que sejam julgados improcedentes os pedidos iniciais ou,subsidiariamente, seja reduzida a condenação à metade, face à culpa concorrente da autora. Contrarrazões às fls. 126/133,em que se pugna pela manutenção da sentença.

A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).

Primeiramente, registro que o instituto da responsabilidade civil está previsto no artigo 927 do Código Civil de 2002, o qualpossui a seguinte redação: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”.Por sua vez, o artigo 186 do mesmo diploma normativo dispõe que comete ato ilícito aquele que, por ação ou omissãovoluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral.

Especificamente quanto à indenização contra a Fazenda Pública, estabelece o art. 37, § 6º, da Constituição da República,que “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelosdanos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsávelnos casos de dolo ou culpa”.

Nesses termos, vê-se que, para a configuração do dever de indenizar, devem restar demonstrados a conduta, o dano e onexo causal entre ambas, sendo que, em se tratando de responsabilidade da Fazenda Pública, tem-se responsabilidadeobjetiva, não havendo que se aferir se a conduta foi culposa ou dolosa. Trata-se da aplicação da Teoria do RiscoAdministrativo. Assim, a responsabilidade objetiva do Estado somente é afastada quando presentes determinadassituações, aptas a excluir o nexo causal entre a conduta do Estado e o dano causado ao particular, quais sejam, a forçamaior, o caso fortuito o estado de necessidade e a culpa exclusiva da vítima ou de terceiro.

No caso dos autos, segundo a autora, seu nome teria sido indevidamente inscrito no CADIN em virtude de débitodecorrente de declarações de Imposto de Renda realizadas por terceiros, que teriam se utilizado ilegalmente de seusdocumentos pessoais. Além disso, por esse fato, fora ajuizada ação de execução fiscal contra si para a cobrança de débitoinexistente.

Pois bem. Embora este relator guarde reservas quanto ao instituto dos danos morais, o caso dos autos revela situação queenseja indenização por parte do Estado. De fato, conforme argui a recorrente, o ajuizamento da competente execução fiscale a inscrição do nome da autora no CADIN são conseqüências do inadimplemento no pagamento de tributos por parte docontribuinte, estando a Fazenda Pública respaldada pelo exercício regular de direito nestes casos. Também é certo quecabe à parte autora comunicar ao Poder Público a perda de seus documentos.

Contudo, ao contrário do que afirma a União, não há que se falar, in casu, em desídia ou omissão da ora recorrida.Compulsando os autos, observo que a autora comunicou o extravio de seus documentos à Receita Federal, conformeprotocolo de atendimento realizado em 23/10/2002, o qual originou o procedimento nº 11962.000477/2002-11. Calharegistrar que a própria recorrente, citando Ofício nº 181/2007/DRF/VIT/SEORT, de 11 de outubro de 2007 (fl. 119),reconhece o comparecimento da autora à Receita Federal, em 23/10/2002, aduzindo que “as alegações foram acolhidas,resultando em despacho da titular da DRF Vitória (ES) – datado de 23/10/2003 – que determinou o cancelamento dasdeclarações de 2000 a 2002”. Ocorre que, posteriormente, a administração reviu seu posicionamento (em 24/09/2004),determinando o prosseguimento do feito, voltando atrás, novamente, em 29/12/2006, para cancelar definitivamente asdeclarações de 2000 a 2002 e a cobrança do IRPF. Nesse meio tempo, foi formalizado o processo administrativo fiscal(PAF) nº 45/2007, o qual originou, posteriormente a execução fiscal em desfavor da autora.

Diante do que foi exposto, entendo configurada a conduta danosa da União, uma vez que a comunicação do extravio dedocumentos foi feita mais de 2 (dois) anos antes do ajuizamento da execução fiscal, interstício de tempo que reputo maisdo que suficiente para a análise do processo administrativo de nº 11962.000477/2002-11. Ressalte-se que, nos termos doart. 5º, inciso LXXVIII, da Constituição, “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração doprocesso e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”, cláusula que não foi observada pela administraçãoneste caso.

Ademais, mostra-se ausente de comprovação nos autos a alegação da ré no sentido de que teria sido enviada notificaçãode lançamento fiscal para o endereço da autora, a qual teria se mudado sem comunicar o novo endereço à Fazenda. Istoporque a recorrente não junta sequer um documento apto a demonstrar que a recorrida somente atualizou seu endereçoapós o envio da notificação, deixando de carrear os autos cópias do procedimento administrativo em questão.

Nesses termos, reputo configurada a conduta omissiva da Fazenda, destacando-se a desnecessidade aqui de se aferir setal conduta decorreu de culpa ou dolo, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição, sendo certo que o cancelamentodefinitivo das declarações em 2006 demonstra que a retomada do procedimento de cobrança em 2004 decorreu de umentendimento equivocado da Fazenda. Por outro lado, afasto a argüição de culpa concorrente da autora, tendo em vista acomprovação de comunicação da perda dos documentos à Fazenda.

Assim, estando presentes a conduta dano, resta verificar a ocorrência do dano e do nexo causal. A situação em que se viu

a autora gerou-lhe dispêndios financeiros com a contratação de advogado (fls. 68/69 e fl. 72), havendo, pois, danosmateriais a ressarcir. Já o dano moral, que decorre da situação de angústia e abalo a que foi submetida a recorrida,também restou caracterizado, na medida em que a questão não se resumiu a um mero dissabor, havendo conseqüênciasque se estenderam desde 2004 a 2007 – inscrição do nome da autora no CADIN e submissão a atos preparatórios deconstrição judicial de bens no bojo de execução fiscal. Ressalte-se, aliás, que, nos termos da jurisprudência do SuperiorTribunal de Justiça, a inscrição indevida em cadastros de proteção ao crédito, por si só, justifica o pedido de ressarcimentopor danos morais. Nesse sentido:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DANO MORAL. INSCRIÇÃO NO CADIN. PRESUNÇÃO.1. É indenizável por dano moral a simples circunstância de inscrição indevida em cadastro de inadimplentes. Precedentesda Turma (Recursos Especiais 639.969/PE e 690.230/PE, Rel. Min. Eliana Calmon). 2. Retorno dos autos à origem, paraque seja fixado o valor da indenização. 3. Recurso especial provido em parte. (STJ, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, REsp915593/RS, j. em 10/04/2007)

Por fim, registro que o quantum indenizatório de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) mostra-se condizente com o habitual, tendo oJuízo de origem analisado devidamente os fatores da condição econômica da vítima e do responsável, da repercussão egravidade do ilícito, da intensidade do sofrimento da vítima e do grau de culpa do responsável.

Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.

Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação da União ao pagamento de honorários advocatícios no montante de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, conforme o artigo 20, § 3º do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

45 - 0002213-53.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.002213-1/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINSBARBOSA.) x LUCIANA DE SOUZA BAIENSE.RECURSO DE SENTENÇA Nº 0002213-53.2006.4.02.5051/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL - UFRECORRIDO: LUCIANA DE SOUZA BAIENSERELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTO. LEGITIMIDADEPASSIVA DA UNIÃO RECONHECIDA. DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela União Federal em face de sentença que julgou procedente a pretensãoautoral, para condenar, solidariamente, a recorrente e o Estado do Espírito Santo ao fornecimento gratuito do medicamentoGLIVEC 400mg em favor da parte recorrida. Sem contrarrazões.

Em razões de recurso, a União Federal, preliminarmente, suscita sua ilegitimidade passiva ad causam e, por conseqüência,a incompetência da Justiça Federal para processamento e julgamento do feito. No mérito, alega que a materialização dodireito à saúde encontra limites na disponibilidade de recursos financeiros do Estado e na reserva do possível, não cabendoao Judiciário imiscuir-se nas questões orçamentárias, e, por fim, pugna pela ponderação dos interesses envolvidos.

Preliminarmente, rejeita-se a argüição de ilegitimidade passiva do ente federal. Sobre a matéria, o Supremo TribunalFederal e o Superior Tribunal de Justiça já consolidaram firme orientação no sentido de que os entes federativos devemresponder, solidariamente, em demandas que envolvam o fornecimento gratuito de medicamentos pelo Poder Público.Nesse sentido: STA 175 AgR, Relator Min. Gilmar Mendes (Presidente), STF - Tribunal Pleno, 30/04/2010; AGA200802301148, Relator Min. Herman Benajmin, STJ – Segunda Turma, 14/09/2010; e AGA 200700312404, Relator Min.José Delgado, STJ – Primeira Turma, 30/08/2007.

Com efeito, a CRFB/88 elencou a saúde como direito de todos e dever do Estado, na acepção genérica do termo, de sorteque representa obrigação dos três entes federados a prestação de medicamentos àqueles que não detêm recursosfinanceiros suficientes para o suprimento de tal necessidade. Ademais, o Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelaUnião Federal, pelos Estados e pelos Municípios, de modo que deve ser imputada a todos esses entes a responsabilidade

pelos serviços prestados pelo sistema. Reconhecida a legitimidade da União para figurar no polo passivo da demanda,resta concluir pela competência dos Juizados Especiais Federais para processamento e julgamento do feito. Preliminarafastada.

No mérito principal, consabido é que a execução de políticas públicas encontra limites nas possibilidades financeiras doEstado. Por envolver a execução de ações positivas, com o objetivo de concretizar direitos fundamentais, é essencial aexistência de verba para a sua realização. Noutros termos, a concretização de um direito fundamental deve, principalmente,harmonizar-se com o princípio da reserva do possível, ficando a sua materialização condicionada à disponibilidade de verbaorçamentária suficiente.

Entretanto, a mera alegação de insuficiência de recursos, por si só, não afasta a responsabilidade do Estado na�concretização de direito assegurado pela carta constitucional. Sobre o assunto, leciona Nagibe de Melo Jorge Neto :

“Quanto às possibilidades materiais para o deferimento do pedido ou cumprimento da ordem judicial, é muito comum adefesa alegar inexistência de recursos orçamentários. [...] A mera alegação de inexistência de verbas orçamentárias para aimplementação de políticas públicas exigidas judicialmente, contudo, não é motivo suficiente a caracterizar aimpossibilidade material ou jurídica. [...] Nesses casos, deverá demonstrar a absoluta ausência de recursos orçamentários,a inexigibilidade de sua transferência de uma rubrica para outra ou a contabilização de muitos maiores prejuízos quebenefícios caso a medida venha a ser deferida e o poder público veja-se obrigado a implementá-la.”

7. No caso sob exame, a União Federal somente invoca, de forma genérica, a escassez de recursos públicos e aslimitações orçamentárias como obstáculos à concessão do medicamento pleiteado pela via judicial. Tais fundamentos,contudo, não merecem acolhida. O art. 6º da Constituição Federal elenca a saúde como um direito social de todos oscidadãos brasileiros; no mesmo sentido, o art. 196 da Carta Maior garante aos cidadãos o direito à saúde, impondo aoEstado (gênero) o dever de preservá-la mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença ede outros agravos e preservem, ainda, o acesso universal e igualitário de todos a ações e serviços adequados à promoção,proteção e recuperação da saúde.

8. Por sua vez, a Lei n.º 8.080/90, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação dasaúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, determina que o Estado deve garantir a saúde atodos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) que possui, dentre suas diversas atribuições, a competência de formularpolítica de medicamentos a fim de proporcionar tal assistência de forma integral e adequada. Na mesma toada, odenominado princípio da universalidade, previsto no artigo 7º, II, do mesmo diploma legal, estabelece que a assistência àsaúde deve ser proporcionada por um conjunto articulado e contínuo de ações e de serviços preventivos e curativos,individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade.

9. Deste modo, constitui dever constitucional do Estado, em todas as suas instâncias (União, Estados eMunicípios), proporcionar atendimento adequado em termos de saúde a todos os cidadãos, especialmente àqueles semcondições financeiras de custear o tratamento de suas enfermidades.

10. No caso sob apreço, os receituários médicos apresentados pela parte recorrida revelam-se satisfatórios para acaracterização da necessidade pungente do fármaco GLIVEC 400mg para tratamento satisfatório da paciente/autora,portadora de leucemia mielóide crônica.

11. Por conclusão, acertada a condenação imposta na sentença recorrida, eis que configurada a responsabilidade solidáriados entes estatais pela prestação do medicamento de que necessita a parte.

12. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

13. Sem custas, na forma da lei (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, já que aparte recorrida não está assistida por patrono constituído nos autos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

46 - 0008271-07.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.008271-1/02) ARTUR DA SILVA ALONSO (ADVOGADO: WEBERCAMPOS VITRAL, LUIZ BERNARD SARDENBERG MOULIN.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x CAIXAECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVES TUMOLI, LUCIANO PEREIRA CHAGAS.).MANDADO DE SEGURANÇA: 2008.50.50.008271-1/02IMPETRANTE: ARTUR DA SILVA ALONSOIMPETRADO: JUÍZO FEDERAL DO 2ª JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE VITÓRIA/ESLISTISCONSORTE PASSIVO: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEFRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTAMANDADO DE SEGURANÇA – SENTENÇA TERMINATIVA – POSSIBILIDADE DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSOINOMINADO – ENUNCIADO Nº 12 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO CANCELADO NA SESSÃO DEJULGAMENTO DE 14/04/2009 (PUBLICAÇÃO NO D.I.O. DE 22/04/2009) – RECORRIBILIDADE ADMITIDA–SEGURANÇA CONCEDIDA1. Trata-se de mandado de segurança impetrado em face de decisão judicial proferida pelo Juízo Federal do 2º JuizadoEspecial Federal de Vitória/ES (cópia à fl. 66), que deixou de receber o recurso inominado aviado pela parte impetrante nosautos originários, ao argumento de que fora manejado em face de sentença terminativa (art. 5º da Lei n.º 10.259/01).2. A questão de fundo versa sobre a recorribilidade das decisões terminativas na sistemática dos Juizados EspeciaisFederais. O art. 5º da Lei nº 10.259/01 estabelece que, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, além das medidas deurgência, somente se admite recurso de sentenças definitivas. A utilização da expressão “sentença definitiva” levou parte dadoutrina e da jurisprudência a considerar irrecorríveis as sentenças terminativas, por exclusão.3. A impossibilidade de interposição de recurso de sentença terminativa, no âmbito dos Juizados, merece revisão em faceda própria interpretação que se pretendeu dar à expressão “sentença definitiva”. Em análise do termo, entendo que olegislador utilizou a expressão numa concepção mais ampla, e não em sentido estritamente técnica à luz da teoria geral doprocesso, é dizer, de forma a significar decisões que definem o desfecho do processo. Enunciado n.º 12 da TR/EScancelado na sessão de julgamento do dia 14.04.2009. Assim, cabível a interposição de recurso inominado em face desentenças terminativas, visto que estas também encerram o processo.4. Segurança concedida.5. Sem condenação em custas processuais e em honorários advocatícios.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONCEDER A SEGURANÇA, nos termos do voto do Relator, quepassa a integrar o presente julgado.

Vitória/ES, 04 de junho de 2012.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

47 - 0000681-33.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000681-8/01) MARENES GAMA SAMARITANO (ADVOGADO:ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITEVIEIRA.).PROCESSO N.º 2009.50.53.000681-8/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO(A): MARENES GAMA SAMARITANORELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

DECISÃO

Trata-se de pedido de uniformização de jurisprudência formulado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, aofundamento de suposta divergência entre a conclusão adotada por esta Turma Recursal no julgamento do recursoinominado epigrafado e a orientação jurisprudencial consolidada na Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudênciados Juizados Especiais Federais (TNU), no tocante à influência de vínculo urbano exercido por cônjuge sobre acaracterização da qualidade de segurado especial do(a) requerente e à investigação acerca da (in)dispensabilidade dotrabalho rural na hipótese de existência de outra fonte de renda no grupo familiar.

Em juízo de admissibilidade do incidente (decisão de fls. 87/88), a Presidência da TR/SJES ponderou que, sobre a matéria,

a TNU já pacificou o entendimento no sentido de que a circunstância de um dos integrantes do núcleo familiardesempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,consoante enunciado consolidado na Súmula n.º 41 da corte nacional.

Por outro lado, contudo, advertiu que a própria TNU ressalva a obrigatoriedade de análise aprofundada, no caso concreto,acerca da (in)dispensabilidade do labor na lavoura diante dos ganhos auferidos por outro membro do grupo familiaroriundos de vínculo urbano de trabalho, requisito este não observado na fundamentação do acórdão impugnado.

Por fim, admitiu o processamento do incidente e determinou o retorno dos autos ao relator do acórdão recorrido “paraadequação do julgado à tese jurídica firmada pela TNU”.

É o sucinto relatório.

Diante da determinação lançada na decisão de fls. 87/88, este relator promoveu detida análise do acórdão que é objeto deimpugnação e concluiu que o julgado não padece de qualquer vício de fundamentação no que toca à matéria questionada,mas, ao contrário, esclarece, clara e suficientemente, os motivos que subsidiaram a conclusão do órgão colegiado peloreconhecimento da qualidade de segurada especial da parte recorrente.

De início, não é demais rememorar que o rito próprio dos Juizados Especiais Federais orienta-se pelos princípios dainformalidade e da celeridade processual, fundamentos que autorizam aos magistrados que atuam nessa seara jurisdicionala prolação de provimentos sintéticos e objetivos, sempre respeitado, à evidência, o direito constitucionalmente asseguradoà motivação das decisões judiciais (art. 93, IX, CF).

Tal peculiar orientação pode ser extraída do próprio regramento interno dos órgãos colegiados desta Justiça Especializada.A título de exemplo, o Regimento Interno da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária doEspírito Santo determina que a fundamentação das decisões do órgão seja objetiva e sucinta e autoriza o julgamento por

�meio de ementa simples, nos casos de manutenção da sentença de primeiro grau .

Fixadas essas premissas, insta concluir que os provimentos emanados das turmas recursais podem – e, mais que isso,devem – pautar-se nos critérios da objetividade e da sinteticidade, de modo a otimizar a prestação da tutela jurisdicional nasdemandas sujeitas a este rito especial.

Pois bem.

Em exame do acórdão recorrido, tenho que este órgão colegiado enfrentou, diretamente, a temática referente ao vínculourbano desempenhado pelo cônjuge da parte e concluiu, fundamentadamente, que as provas produzidas nos autosrevelaram que a autora enquadra-se na categoria legal de segurada especial.

Nesse passo, não identifico hipótese de divergência entre o acórdão impugnado e a tese jurídica firmada pela TNU,porquanto reputo plenamente apreciada a quaestio referente à atividade urbana desempenhada pelo esposo da parteautora, bem como sua impotencialidade para a descaracterização da condição de segurada especial da requerente.

Sobre esse aspecto, o acórdão impugnado registra a seguinte passagem, in verbis:

“A sentença considerou que a autora, beneficiária de pensão por morte previdenciária de natureza urbana, não exerciaatividade rural imprescindível para o sustento da família, de modo a não lhe ser devida a aposentadoria por idade rural.Com efeito, as despesas para o sustento da casa eram arcadas por seu marido, que trabalhava como ‘cabo de turma’, deforma a receber remuneração equivalente a dois salários mínimos, sendo a renda da autora apenas complementar.Em que pese o entendimento defendido na sentença, importa destacar que o fato de ter o marido trabalhado por anos comvínculo empregatício urbano não desnatura, por si só, o regime de economia familiar no qual vivia a família da autora. Esta,por sua vez, logrou êxito em comprovar ser trabalho no campo.(...)Das provas testemunhais colhidas, extrai-se que a autora trabalhava como lavradora na mesma fazenda em que o maridoexercia a função de ‘cabo de turmas’ (profissional que gerencia os empregados que laboram em regime de meação).Restou claro, ainda, que a autora exercia, além do trabalho na lavoura, os serviços domésticos.” (excertos do voto condutor– fls. 57/58)

Desta feita, entendo que a análise da relevância das condições da renda do trabalho rural diante da renda auferida pelomarido com a atividade urbana encontra-se clara e suficientemente registrada no julgado recorrido, razão pela qual nãoencontro lugar para adequação dos termos do acórdão à orientação jurídica sedimentada no âmbito da TNU.

Isto posto, rejeito o pedido de uniformização de jurisprudência e mantenho, integralmente, os termos do acórdão dejulgamento do recurso inominado.

É a decisão.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

Juiz Federal Relator

48 - 0002072-63.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002072-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x GUINELHA RODRIGUES HELKER (ADVOGADO:LILIAN BELISARIO DOS SANTOS.).PROCESSO N.º 2008.50.51.002072-6/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRECORRIDO(A): GUINELHA RODRIGUES HELKERRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

DECISÃO

Trata-se de pedido de uniformização de jurisprudência formulado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, aofundamento de suposta divergência entre a conclusão adotada por esta Turma Recursal no julgamento do recursoinominado epigrafado e a orientação jurisprudencial consolidada na Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudênciados Juizados Especiais Federais (TNU), no tocante à influência de vínculo urbano exercido por cônjuge sobre acaracterização da qualidade de segurado especial do(a) requerente e à investigação acerca da (in)dispensabilidade dotrabalho rural na hipótese de existência de outra fonte de renda no grupo familiar.

Em juízo de admissibilidade do incidente (decisão de fls. 121/122), a Presidência da TR/SJES ponderou que, sobre amatéria, a TNU já pacificou o entendimento no sentido de que a circunstância de um dos integrantes do núcleo familiardesempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,consoante enunciado consolidado na Súmula n.º 41 da corte nacional.

Por outro lado, contudo, advertiu que a própria TNU ressalva a obrigatoriedade de análise aprofundada, no caso concreto,acerca da (in)dispensabilidade do labor na lavoura diante dos ganhos auferidos por outro membro do grupo familiaroriundos de vínculo urbano de trabalho, requisito este não observado na fundamentação do acórdão impugnado.

Por fim, admitiu o processamento do incidente e determinou o retorno dos autos ao relator do acórdão recorrido “paraadequação do julgado à tese jurídica firmada pela TNU, a fim de aprofundar a análise da relevância das condições da rendado trabalho rural diante da renda auferida pelo marido com a atividade urbana.”

É o sucinto relatório.

Diante da determinação lançada na decisão de fls. 121/122, este relator promoveu detida análise do acórdão que é objetode impugnação e concluiu que o julgado não padece de qualquer vício de fundamentação no que toca à matériaquestionada, mas, ao contrário, esclarece, clara e suficientemente, os motivos que subsidiaram a conclusão do órgãocolegiado pelo reconhecimento da qualidade de segurada especial da parte recorrida.

De início, não é demais rememorar que o rito próprio dos Juizados Especiais Federais orienta-se pelos princípios dainformalidade e da celeridade processual, fundamentos que autorizam aos magistrados que atuam nessa seara jurisdicionala prolação de provimentos sintéticos e objetivos, sempre respeitado, à evidência, o direito constitucionalmente asseguradoà motivação das decisões judiciais (art. 93, IX, CF).

Tal peculiar orientação pode ser extraída do próprio regramento interno dos órgãos colegiados desta Justiça Especializada.A título de exemplo, o Regimento Interno da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária doEspírito Santo determina que a fundamentação das decisões do órgão seja objetiva e sucinta e autoriza o julgamento por

�meio de ementa simples, nos casos de manutenção da sentença de primeiro grau .

Fixadas essas premissas, insta concluir que os provimentos emanados das turmas recursais podem – e, mais que isso,devem – pautar-se nos critérios da objetividade e da sinteticidade, de modo a otimizar a prestação da tutela jurisdicional nasdemandas sujeitas a este rito especial.

Pois bem.

Em exame do acórdão recorrido, tenho que este órgão colegiado enfrentou, diretamente, a temática referente ao vínculourbano desempenhado pelo cônjuge da parte e concluiu, fundamentadamente, que a autora laborava de forma individual,hipótese que, conforme previsão expressa do art. 11, inciso VII, da Lei n.º 8.213/91, igualmente tipifica vinculação ao RGPSna condição de segurado especial.

Nesse passo, não identifico hipótese de divergência entre o acórdão impugnado e a tese jurídica firmada pela TNU,porquanto reputo plenamente apreciada a quaestio referente à atividade urbana desempenhada pelo esposo da parteautora, bem como sua impotencialidade para a descaracterização da condição de segurada especial da requerente.

Sobre esse aspecto, o acórdão impugnado registra, em seu item 10, a seguinte passagem, in verbis:

“A alegação do INSS de que a recorrida não poderia se enquadrar no regime de economia familiar, devido à atividadeurbana de seu cônjuge, não procede, tendo em vista que a atividade exercida pela mesma, principalmente no que tange às

parcerias agrícolas, fundamentais para a comprovação do exercício de atividade rural nos moldes da Lei n. 8.213/91, tinhacaráter individual, sendo exercida sempre sozinha, com o auxílio esporádico dos filhos, em dias de folga dos mesmos emseus respectivos empregos. A atividade exercida individualmente também encontra guarida na Lei n. 8.213/91, no artigo 11,de modo a não ser necessária a análise de exercício de atividade rural em regime de economia familiar.” (excerto daementa de fls. 106/108)

Desta feita, entendo que a “análise da relevância das condições da renda do trabalho rural diante da renda auferida pelomarido com a atividade urbana” encontra-se clara e suficientemente registrada no julgado recorrido, razão pela qual nãoencontro lugar para adequação dos termos do acórdão à orientação jurídica sedimentada no âmbito da TNU.

Isto posto, rejeito o pedido de uniformização de jurisprudência e mantenho, integralmente, os termos do acórdão dejulgamento do recurso inominado.

É a decisão.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

49 - 0000269-02.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000269-0/01) ANEZIO TEIXEIRA DA SILVA (ADVOGADO: VANUZACABRAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).E M E N T A

APOSENTADORIA POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL SUFICIENTE. CASO CONCRETO CARACTERIZAREGIME FAMILIAR RURAL NOS TERMOS DA SÚMULA 41 DO TNU. SENTENÇA REFORMADA PARA ACOLHER OPEDIDO AUTORAL. RECURSO PROVIDO.1) Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Sustenta o recorrente que, ao contrário do decidido pelo Juízo deprimeira instância, apresentou os documentos mínimos exigidos para a averiguação da carência necessária ao benefício, eas testemunhas depuseram coincidentemente às suas alegações. Requer a reforma da sentença, julgando-se procedente opedido inicial.2) Para a concessão do benefício de aposentadoria por idade, na condição de trabalhador rural, é necessário o implementodo requisito etário bem como comprovação do efetivo exercício de atividade rural, individualmente ou em regime deeconomia familiar, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, portempo igual ao número de meses de contribuição correspondentes à carência do benefício pretendido (art. 39, I e art. 48,ambos da Lei n. 8.213/91).3) Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável àprópria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem utilização de empregado (art.11, § 1º, da Lei 8.213/91).4) No caso dos autos, percebe-se que o labor da cônjuge do recorrente como professora não afastou a necessidade dotrabalho rural por parte do autor, o que não desconfigura o regime de economia familiar mencionado nas normas. Tal é osentido da Súmula nº 41 da TNU. Nem se pode dizer que o benefício percebido pela esposa seja suficiente para, somadoaos proventos da atividade rural, permitir um estilo de vida dispendioso, tal que fugiria ao escopo de proteção dessebenefício. Percebe-se claramente que o exercício da atividade rural por parte do autor ocorre em regime de economiafamiliar no sentido pretendido pela lei, que é a de prover um auxílio às pessoas que laboram na atividade rural de formadependente. Ademais, mostram-se presentes os demais requisitos para a concessão do benefício, o início da provamaterial (fls. 10, sendo exigência descabida requerer que o documento seja original ou cópia do livro de registro do cartório,afinal à entidade pública é vedado recusar fé aos documentos públicos (art. 19, II, da Constituição, e art. 364 do CPC)) edepoimentos diversos atestando o labor rural do casal.5) Aplicação analógica da Súmula 33 da TNU, fixando o termo a quo para o início da concessão do benefício daaposentadoria como sendo o do requerimento administrativo. Juros de mora e correção monetária devidos a partir dacitação válida (Súmula 204 do STJ e art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009).Observar-se-á, no que tange ao pagamento dos atrasados, o valor do teto dos Juizados Especiais Federais, de 60(sessenta) salários mínimos (art. 3º da Lei 10.259/2001), como o montante máximo a ser percebido pelo autor nopagamento destas prestações passadas.6) Pelo exposto, conheço do recurso e dou-lhe provimento.7) Sentença reformada para acolher o pedido autoral.8) Sem custas, nos termos da lei, nem honorários, em face do provimento.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado

Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO E CONCEDER-LHEPROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURÍCIO JUNIORJuiz Federal Relator

50 - 0009954-03.2006.4.02.5001/01 (2006.50.01.009954-0/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGOSALES DOS SANTOS.) x ODILIO DE PAULA HONORIO (ADVOGADO: ADRIANE ALMEIDA DE OLIVEIRA.).E M E N T A

CIVIL – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO – PETIÇÃO INICIAL – INÉPCIA –PRECLUSÃO – SALDO DEVEDOR – ACORDO – QUITAÇÃO – PAGAMENTO A MENOR – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO –RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz FederalRelator

51 - 0002546-03.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002546-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x MARIA ZILDA PEREIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO – RMI FIXADA EM PROCESSO JUDICIAL ANTERIORCOM TRÂNSITO EM JULGADO – REVISÃO ADMINISTRATIVA – DESRESPEITO À COISA JULGADA – RECURSOCONHECIDO E PROVIDO.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

52 - 0000284-43.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000284-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO.) x SILVANA MARIA COSTALONGA (ADVOGADO: MICHELLESANTOS DE HOLANDA.).003 - Processo: 0000284-43.2010.4.02.5051/01 ORIGEM: 1ª VF Cachoeiro - Cível/Juizado Especial Federal

Relator: BOAVENTURA JOAO ANDRADE

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Adv/Proc.: DANILOPEREIRA MATOS FIGUEIREDO

Recorrida:SILVANA MARIA COSTALONGA Adv/Proc.: MICHELLE SANTOS DE HOLANDA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL PREEXISTENTE ÀFILIAÇÃO AO RGPS. CIRCUNSTÂNCIAS MÉDICAS EXCEPCIONAIS E EM CONFORMIDADE COM A SEGUNDAPARTE DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 59 DA LEI Nº 8.213/1991. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autarquia-ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de auxílio-doença. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a concessão do beneficioauxílio-doença mostra-se impossível perante a Lei, tendo em vista que a incapacidade da recorrida é preexistente à datada filiação. Alega que a cessação do recebimento da aposentadoria se deu pela constatação de data de início daincapacidade (DII) diversa daquela aduzida inicialmente, uma vez que a concessão do referido benefício decorreu de erroinduzido pela autora. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedentes os pedidosdeduzidos na inicial. Contrarrazões apresentadas às fls. 157-159.O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.O ponto controvertido nos autos está adstrito à preexistência ou não da incapacidade laboral ao reingresso no RegimeGeral da Previdência Social (RGPS).Na análise pericial do Juízo (fl. 133), a recorrente (42 anos) foi examinada e diagnosticada com outras síndromessuperpostas, patologias de ordem adquirida, que a incapacitam temporariamente para o exercício de sua atividadelaborativa habitual de “sacoleira”, bem como para o exercício de qualquer atividade que lhe garanta a subsistência (quesitosnºs 9 e 10). Ao ser questionado sobre as características da doença/lesão a que está acometida a autora, o perito respondeuque se trata de lúpus eritematoso sistêmico e esclerodermia (quesito nº 4). No quesito nº 3, asseverou que a data de inícioda doença foi em 01.01.1993, ao passo em que a data de início da incapacidade se deu em 01.03.2001 (quesito nº 7).O último vínculo de trabalho da recorrida findou em 31.12.1993 (fl. 142), donde se extrai a manutenção da qualidade desegurada até 15.02.1995. Em março de 2002 até outubro do mesmo ano foram vertidas contribuições na qualidade decontribuinte facultativa; registre-se, após a data de início da incapacidade laborativa fixada pela Autarquia Previdenciária,em procedimento revisional.Registre-se, embora o INSS em sua contestação tenha alegado a perda da qualidade de segurada, o MM Juiz Federalprolator da sentença no sentido da procedência do pedido, não se pronunciou sobre o ponto. Quadra realçar, no entanto,que os autos dão conta de histórico clínico e de diagnóstico os quais ensejaram a concessão de auxílio-doença; enquantoque a recorrida – em razão de seu reingresso no RGPS – encontra-se recebendo auxílio-doença vale dizer, em razão damesma patológica (lúpus eritematoso sistêmico e esclerodermia) doença crônica e, em regra, associada a outras afecções.Percebe-se, destarte, a presença de quadro fático curioso, ou seja: considerando a causa de pedir recursal, mesmo emvirtude do reingresso no RGPS, considerando que a recorrida padece da mesma patologia crônica, toda vez que postularadministrativamente o benefício de auxílio-doença, o INSS irá indeferir, à conta da regra do parágrafo único do art. 59 daLei nº 8.213/1991.Acontece que, tanto o quadro clínico e o histórico que ensejaram a sentença favorável à recorrida; quanto seu estado desaúde atual e que motivou o auxílio-doença em curso, têm rigorosamente a mesma gênese, sem que se possa, nocontexto, separar o quadro antecedente do contínuo e consequente. De maneira que, claramente se observa que aconcessão do benefício atual decorre da progressão e da evolução dinâmica da mesma doença.Assim colocado, a subsunção dessa realidade à regra do parágrafo único do art. 59 da Lei nº 8.213/1991, vale dizer: “nãoserá devido o auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou dalesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ouagravamento dessa doença ou lesão” (grifei), conduz à única compreensão possível, na perspectiva do justo e do jurídico,no sentido de que – já por ocasião da prolação da sentença e, desta feita –, ante a singularidade de sua situação de saúde,a recorrida encontra abrigado na segunda parte do dispositivo legal ora reproduzidoAssim, não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento, para manter a sentença do juízo de primeiro grau.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996, conjugada com o art. 55 da Lei nº 9.099/1995. Orecorrente pagará a título de honorário o valor de R$ 500,00 (quinhentos reais).

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

53 - 0009192-05.2004.4.02.5050/02 (2004.50.50.009192-5/02) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x ANTONIOCARLOS TEIXEIRA DO NASCIMENTO (ADVOGADO: ANA MERCEDES MILANEZ, IZAEL DE MELLO REZENDE.).Processo nº 2004.50.50.009192-5/02Impetrante : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSImpetrado : 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL E OUTRO

VOTO

Trata-se de mandado de segurança impetrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social em virtude de ato tido como coator,

praticado pelo 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL, que, afastando o argumento de que as prestações vincendasultrapassam o limite de alçada dos Juizados em 19,76%, excepcionalmente manteve a competência desse Juízo para oprocessamento e julgamento do feito, determinando a expedição de precatório em nome do autor. Sustentou o impetrante,em breve síntese, que a competência da Vara Cível ordinária foi usurpada, eis que o valor das prestações vincendasultrapassou o teto dos Juizados Especiais Federais. Alegou que à época do ajuizamento da ação, o valor de 60 saláriosmínimos correspondia a R$ 15.600,00 (quinze mil e seiscentos reais), ao passo em que o valor de 12 (doze) prestaçõesvincendas, nessa mesma época, foi equivalente a R$ 19.375,98 (dezenove mil, trezentos e setenta e cinco reais e noventae oito centavos). Alegou, ademais, que a incompetência absoluta deve ser declarada de ofício, em conformidade com o art.113 do Código de Processo Civil, não se cogitando, no caso, de prorrogação da competência. Requereu, liminarmente, asustação da eficácia do aludido ato; e, mediatamente, a concessão da segurança para que seja extinta sem julgamento domérito a ação tombada sob o nº 2004.50.50.009192-5 ou, subsidiariamente, tornados nulos os atos decisórios, com aremessa dos autos a uma das Varas Federais Comuns da Capital.

Liminar denegada nas fls. 251-252, ante o bloqueio da conta relativa ao requisitório, informado pelo Tribunal RegionalFederal da 2ª Região a fls. 235.

Informações prestadas nas fls. 257-261, reiterando os fundamentos da decisão impugnada.

O litisconsorte passivo não se manifestou, consoante o disposto na certidão a fls. 266.

O Ministério Público Federal opinou à fl. 267 pelo prosseguimento normal do feito, considerando que as partes estãoregularmente representadas e a inexistência, nesta ação, de interesse individual ou coletivo apto a ensejar a suaintervenção.

É o relatório. Passo a votar.

Nos termos consagrados no § 3º do art. 3º da Lei nº 10.259/2001, no foro onde instalada Vara do Juizado Especial Federala sua competência é absoluta, pelo que as regras sobre o valor da causa são cogentes, se lhes conferindo o atributo daimunidade a prorrogações.

Nessa linha, sabemos que o valor da causa, na seara dos Juizados Especiais Federais, está adstrito à alçada de 60(sessenta) salários mínimos, aferidos por ocasião da propositura da ação, convindo recordar que, em versando a pretensãosobre obrigações vincendas, para fins de competência, a soma de 12 (doze) parcelas não poderá exceder o referido valor(caput e §2º do art. 3º da Lei nº 10.259/2001).

Questão prenhe de dúvidas surge quando se está diante de situações em que se cobram parcelas vencidas e vincendas, oque sói ocorrer nas denominadas prestações de trato sucessivo, que ora se pleiteiam.

Sobre a matéria, a Coordenadoria dos Juizados Especiais Federais do Rio de Janeiro e do Espírito Santo (TribunalRegional Federal da 2ª Região) editou o Provimento nº 2, de 10 de janeiro de 2002, estabelecendo, no parágrafo único doseu art. 4º, que “quando o autor pleitear prestações vencidas e vincendas, será considerado, para a atribuição do valor dacausa, a soma do total destas com doze prestações daquelas, tal como dispõe o art. 3º, §2º, da Lei nº 10.259/2001, de 12de julho de 2001, combinado com o art. 260 do Código de Processo Civil”.

Sem embargo do respeitável posicionamento, entendo que o valor da causa deve ser o de doze parcelas vincendas,independentemente de a soma com o valor das vencidas da mesma natureza ser superior à alçada dos Juizados EspeciaisFederais.

De fato, entendimento contrário representaria obrigar o autor a ingressar com ações diversas para cada período vencido,até 60 (sessenta) salários mínimos por processo, e nova ação para as parcelas vincendas, circunstância que não se afinacom os critérios orientadores dos Juizados Especiais Federais, notadamente os da simplicidade e celeridade (art. 2º da Leinº 9.099/1995 conjugado com art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

Feitas essas considerações, cabe analisar as especificidades do caso em tela.

Da análise do caderno processual exsurge que, no momento da propositura da ação, a soma das parcelas vincendasultrapassava o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, seja pela metodologia de cálculo da AutarquiaPrevidenciária, na qual se aferiu o importe de R$ 19.375.98 (dezenove mil, trezentos e setenta e cinco reais e noventa e oitocentavos), seja pela metodologia adotada pelo magistrado, consistente na projeção de 12 (doze) vezes a prestação paga nomês do ajuizamento da causa, no montante de R$ 18,638,40 (dezoito mil, seiscentos e trinta e oito reais e quarentacentavos).

Nesse diapasão, é sobremodo importante estabelecer a sede e o momento processual oportuno para o controle dacompetência absoluta, cuja atribuição concerne tanto ao magistrado, ex officio, como à parte independentemente deexceção, diferentemente do que se sucede em relação à competência relativa.

No que tange ao réu, o momento adequado para argüir a incompetência absoluta é a contestação, não sob pena depreclusão, mas de responder integralmente pelas custas (Código de Processo Civil, §1º do art. 113). Não obstante,enquanto o juiz tiver o poder de realizar o controle, assim também a parte poderá provocá-lo.

O órgão judicial, por sua vez, deve realizar o controle da competência em qualquer grau ordinário de jurisdição, mas otrânsito em julgado da sentença é o limite nos Juizados Especiais Federais: uma vez transitada em julgado, a regra doexaurimento da competência proíbe que o juiz inove no processo (CPC, art. 463), o que o impede de apreciar até mesmo aquestão que se põe acerca da incompetência absoluta.

Consigne-se, o rito procedimental que orienta os Juizados Especiais não admite o manejo de ação rescisória (Lei nº9.099/1995, art. 59), não se mostrando lícita, desta feita, a utilização da via mandamental com o fim de desconstituição dacoisa julgada. De fato, o ordenamento jurídico pátrio não tolera que se obtenha por via oblíqua o que a lei não permite obterpor via direta.

Ademais, como bem lançado no voto do Recurso nº 0000705-04.2008.4.02.5051/01, julgado na sessão de 18.05.2012 poresta Turma Recursal, da Relatoria do Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes, “a autoridade da coisa julgada material épreponderante, seja porque tem matriz constitucional, estando inserta no rol dos direitos fundamentais, seja porque temprevisão no âmbito processual, especificamente no art. 474 do Código de Processo Civil, que assim dispõe: passada emjulgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia oporassim ao acolhimento como à rejeição do pedido”.

De par com isso, não se deve perder de vista que a garantia do juiz natural à luz do processo civil não possui as mesmascores com que delineada no processo penal, sendo certo que “seu significado político-liberal associa-se mais de perto àsgarantias do processo penal que do processo civil, resolvendo-se na preocupação de preservar o acusado e sua liberdadede possíveis desmandos dos detentores do poder: daí a idéia, sempre presente entre os estudiosos daquela matéria, deque a garantia do juiz natural impõe que o processo e julgamento sejam feitos pelo juiz que já fosse competente aomomento em que praticado o ato de julgar. No processo Civil, em que as pessoas comparecem com suas pretensões eestas são julgadas – não os fatos, em si mesmos, ou a “pessoa” – tal aspecto da garantia do juiz natural deixa de ter toda agrande importância que tem no processo penal. A preexistência do órgão judiciário não se confunde com a preexistência de

�sua competência par o caso” .

Com efeito, a garantia do juiz natural no processo civil diz antes com a repartição do exercício da jurisdição, segundoconveniências de especialidade, do que com a preservação do status libertatis da parte, pelo que, nessa perspectiva,escorreita e conforme a Constituição a decisão que manteve a competência dos Juizados Especiais para o processamentoe julgamento do feito.

Assim, em conformidade ao § 4º do art. 17 da Lei nº 10.259/2001, nenhum óbice há a que a autora, diante do contextofático específico, receba o pagamento que lhe é devido mediante precatório ou requisitório de pequeno valor – RPV, casorenuncie ao excedente.

Por todo o exposto, DENEGO A SEGURANÇA.

Descabe, na espécie, condenação em custas e honorários de advogado.

Dê-se ciência ao MM Juiz Federal de primeiro grau, encaminhando-lhe cópia do julgado.

É o voto.

E M E N T A

MANDADO DE SEGURANÇA. LIMITAÇÃO DE CONDENAÇÃO NOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS AO PATAMARDE SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS, NO MOMENTO DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. DECISÃO ACOBERTADA PELACOISA JULGADA. UTILIZAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA EM SUBSTITUIÇÃO À AÇÃO RESCISÓRIA.IMPOSSIBILIDADE. SEGURANÇA DENEGADA.

A C O R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo denegar a segurança no presente mandamus, na forma do voto e ementa que passam aintegrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

54 - 0001804-72.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001804-9/01) MARIA DE FATIMA MELLO FERNANDES (ADVOGADO:ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.).Processo nº. 0001804-72.2009.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: MARIA DE FATIMA MELLO FERNANDESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL NÃO CONSTATADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente apretensão de restabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou concessão de aposentadoria por invalidez. Sustenta arecorrente, em suas razões recursais, que, apesar de não ter sido constatada a incapacidade laborativa no exame pericial,esta é um fenômeno multidimensional, que não pode ser avaliado somente do ponto de vista médico, devendo seranalisados também os aspectos sociais, ambientais e pessoais. Alega que a autora encontra-se em tratamento ambulatorialdesde o ano de 2007, com uso constante de medicação psicotrópica que tem como efeito a diminuição dos reflexos ecoordenação motora, o que compromete o desempenho de suas atividades laborativas com segurança. Invoca, ainda, obaixo grau de instrução, experiência profissional limitada ao trabalho braçal e idade como fundamentos para a concessãode benefício por incapacidade. Dessa forma, requer seja reformada a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzidona inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 110-112.

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 doaludido diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ounão em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de qualqueratividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

Desnecessária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade da recorrente.

Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 74-76), a recorrente (53 anos) foi examinada e diagnosticada com transtornoesquizofrênico – F: 20.9 (quesito n° 1). Consignou o perito que os transtornos esquizofrênicos caracterizam-se, em geral,por distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção, e por afetos inapropriados ou embotados. Aevolução pode ser contínua, episódica com ocorrência de um déficit progressivo ou estável, ou comportar um ou váriosepisódios seguidos de uma remissão completa ou incompleta (quesito n° 4). A recorrente, no entanto, nã o apresentaincapacidade para o exercício de suas atividades habituais de doméstica, por apresentar-se, no momento do examepericial, com quadro psíquico estável e controlado pelos medicamentos (quesitos n° 9, 10 e 13).

Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. Na hipótese emapreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, este Juízo entende que omaterial probatório acostado aos autos sinaliza o demérito da pleiteante aos pretendidos benefícios.

Contra a alegação recursal de que há documento médico particular que ateste a incapacidade da recorrente, importadestacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária doEspírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzidopelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.

Por derradeiro, neste caso, as condições pessoais da recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc.), em cotejocom os demais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicional adotada.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

55 - 0000824-59.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000824-3/01) PRISCO FERNANDES BALEEIRO (ADVOGADO: PAULAGHIDETTI NERY LOPES, ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).Processo n.º 0000824-59.2008.4.02.5052/01– Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : ADENILSON VIANA NERYRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMARECURSAL/ES. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razõesrecursais, que o magistrado utilizou somente o laudo pericial para formar seu convencimento, o qual não corresponde à suarealidade incapacitante. Alega que as suas condições pessoais (idade e grau de escolaridade) inviabilizam o ingresso nomercado de trabalho. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzidona inicial. Não fora apresentadas contrarrazões.O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 doaludido diploma, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou nãoem gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhegaranta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condiçãoDesnecessária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa dorecorrente.Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 25-28), o recorrente (56 anos) foi examinado e diagnosticado com seqüelaneuromotora de acidente vascular cerebral isquêmico, patologia de ordem adquirida (quesito nº 3 – fl. 26) que, no entantonão o incapacita para o exercício de sua atividade habitual de vigia (quesito nº 4 – fl. 26). Ao ser questionado, no quesito nº5 (fl. 26) sobre a relação entre a patologia diagnosticada e eventual impedimento, asseverou o perito que “ (...)o autordesempenhava a função de vigia, função que não exige esforço físico. Apresenta discreta diminuição de força muscular namão esquerda, mas que não impede o exercício das suas atividades habituais.” Questionado sobre as características dadoença/lesão, consignou que “o periciado sofreu um AVC isquêmico, ocasionado por obstrução aguda do fluxo sanguíneode um ramo arterial cerebral, gerando uma isquemia cerebral, com conseqüente morte de neurônios. Acometeu a áreamotora que comanda a mão esquerda, com discreta repercussão na diminuição da força muscular nesse membro. Oquadro clínico de um AVC pode ser bem rico em sintomas, mas no caso em questão foi observado apenas este sintoma járelatado. Não houve prejuízo cognitivo ou motor limitante”.Em resposta ao pedido de esclarecimentos (fl.65), reafirmou o diagnóstico de acidente vascular cerebral isquêmico, compoucas seqüelas neuro-motoras e nenhum déficit cognitivo significativo, pelo que não há incapacidade para desenvolver asfunções de vigia.Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. Na hipótese emapreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, este Juízo entende que omaterial probatório acostado aos autos sinaliza o desmérito do pleiteante aos pretendidos benefícios.Contra a alegação recursal de que há documento médico particular que ateste a incapacidade do recorrente, importa

destacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária doEspírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzidopelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.Por derradeiro, neste caso, as condições pessoais do recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc.), em cotejocom os demais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicional adotada.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

56 - 0000784-43.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000784-0/01) BENEDITO CARRILIO FILHO (ADVOGADO: ADENILSONVIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZROSSONI.).Processo n.º 0000784-43.2009.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : BENEDITO CARRILHO FILHORecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL NÃO VERIFICADA.RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente opedido de concessão de auxílio-doença. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que houve cerceamento dedefesa ante o indeferimento do pedido de complementação dos quesitos apresentados às fls. 79-81. Alega, ademais, que aperícia judicial não corresponde à sua realidade incapacitante. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,anulando-se a sentença. Eventualmente, pugna pela procedência do pedido deduzido na Inicial. Não foram apresentadascontrarrazões.O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.Desnecessária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa darecorrente.Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 86-88), o recorrente (57 anos) relatou ter sofrido dois acidentes vascularescerebrais, o primeiro em 2003, com hemiparesia esquerda, e novo acidente em 2010, com piora do quadro clínico existente;consignou o perito, no excerto da anamnese (fl. 86), que o recorrente é hipertenso crônico e diabético sem controlemedicamentoso, mas que as patologias diagnosticadas não implicam o reconhecimento da incapacidade para o exercícioda atividade habitual de motorista. Ao exame físico, o periciado apresentou-se “lúcido e orientado no tempo e espaço,respondendo bem às solicitações com boa mobilidade dos membros, andando com marcha hemiparética, com muleta namão direita”, ressaltando-se a ausência de colaboração e acentuação da sintomatologia (fl. 87).Por oportuno cabe transcrever integralmente a conclusão pericial:“O autor relata ter sofrido acidente vascular cerebral que causou hemiparesia esquerda.O acidente vascular cerebral é uma patologia causada por isquemia (entupimento de um vaso sanguíneo que deixa de levarsangue e oxigênio para uma parte do corpo) ou por hemorragia.A hemiparesia é quando uma área do cérebro sofre isquemia causado perda de força de um lado do corpo.Secundária à hemiparesia há hipotofia da musculatura que sofreu alteração por falta de estímulos nervosos.O autor não apresenta hipotrofias musculares nem alterações da mão que são características desse tipo de lesão. Ahipotrofia e espasmo muscular causam uma alteração da mão chamada de garra devido à postura dos dedos que ficamcom a função alterada.Segundo o exame clínico e a ausência das características do AVC podemos concluir que o autor sofreu uma isquemiatransitória que é um AVC que sofre reversão.Como o autor não apresentou nenhum exame de tomografia cerebral, alegando não ter realizado, podemos concluir que oquadro, no ato da internação não foi grave, ratificando a suspeita de ataque transitório.Durante o exame pericial não encontramos no autor a incapacidade alegada.Devemos ressaltar que o autor renovou a carteira de motorista em 2008 na categoria E em período que relata que estava

afastado do trabalho.” (grifei)

Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatosprovados nos autos. E, em seu art. 437, a Lei processual não exige, mas, simplesmente, atribui ao juiz o poder dedeterminar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida. Na hipótese emapreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, este Juízo entende que omaterial probatório acostado aos autos sinaliza o desmérito do pleiteante ao pretendido benefício.Contra a alegação recursal de que há documento médico particular que ateste a incapacidade da recorrente, importadestacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária doEspírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzidopelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.Descabido o pleito de anulação em razão do indeferimento dos quesitos complementares. O direito de produzir provas nãoé absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, não implica cerceamento de defesa, sobretudo quando o quesitoproposto é prescindível à elucidação do quadro clínico, como neste caso. Como bem lançado pelo magistrado, os quesitosformulados às fls. 79-80 encontram-se superados pela firme conclusão pericial.Por derradeiro, as condições pessoais do recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc.), em cotejo com osdemais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicional adotada.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. Arguição de cerceamento de defesa rejeitada.Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

57 - 0000113-17.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000113-4/01) JOSÉ DOMINGOS BERGAMINI (ADVOGADO: VANESSAMARIA BARROS GURGEL ZANONI, ALINE TERCI BAPTISTI BEZZI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).Processo n.º 0000113-17.2009.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente : JOSÉ DOMINGOS BERGAMMIRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea concessão de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razõesrecursais, que o magistrado utilizou somente o laudo pericial para formar seu conhecimento. Alega que os laudos médicosapresentados ao INSS no ato do requerimento e da perícia médica atestam a incapacidade para exercer qualquer atividadelaborativa. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.Não foram apresentadas contrarrazões.O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 doaludido diploma, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou nãoem gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhegaranta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condiçãoA condição de segurado e o período de carência são incontroversos. Assim, a questão que remanesce diz com aincapacidade ou não para o trabalho.Na análise pericial do Juízo (fls. 141-144), o recorrente (59 anos) foi examinado e diagnosticado com discopatia e artroseem coluna lombar e cervical (quesito nº1 – fl. 141), patologias de ordem degenerativa que, no entanto, não o incapacitampara o exercício de sua atividade habitual de caminhoneiro (quesitos nºs 5 a 9– fl. 141). Ao ser questionado sobre ascaracterísticas da doença/lesão apresentada pelo autor, no quesito nº 4 (fl. 141),o perito asseverou que “a artrose é uma

afecção de caráter degenerativo das articulações do corpo humano, de evolução lenta e normal a todos os seres humanos.Ao exame clínico pericial, não se evidenciou sinal ou sintomas de lesão que o incapacite para o trabalho”.Embora o perito judicial tenha concluído pela capacidade laborativa, é necessário recapitular que o juiz não está adstrito aolaudo pericial, seja judicial ou administrativo, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nosautos (Código de Processo Civil, art. 436)Assim, considerando o laudo da ressonância magnética da coluna cervical (fl. 11), cuja conclusão evidencia expressivacompressão sobre a raiz nervosa, bem como o laudo médico de fl. 125, expedido por especialista em neurologia, pelo qualse atesta doença degenerativa grave de coluna lombo-sacra com compressão e lesão radicular associada, complicadas porhérnia discal cervical – com indicação cirúrgica-, Síndrome do Túnel do Carpo bilateral, radiculopatia de L5-S1 ehipertensão arterial sistêmica conjugada, tenho que o recorrente não está apto, por ora, ao exercício da profissão decaminhoneiro, a qual demanda solicitações repetitivas e cumulativas do aparelho locomotor.Dessa forma, faz jus o recorrente ao benefício de auxílio-doença até a plena recuperação da capacidade laborativa oureabilitação para profissão compatível com a limitação física apresentada.Presentes os requisitos peculiares para a antecipação tutelar, quais sejam, o “convencimento de verossimilhança” e“fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação” (CPC, art. 273), este imanente ao caráter alimentar dasprestações previdenciárias. Somente são objeto de antecipação as parcelas vincendas, necessárias à subsistência darecorrente.

Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento para condenar a Autarquia previdenciária a implantar obenefício de auxílio-doença no prazo de trinta dias da intimação deste julgado, devendo comprovar a implantação até odecurso final do aludido prazo. São devidos atrasados desde 26.12.2008, data do requerimento administrativo (fl. 06), anteo teor dos documentos de fls. 08-11. Sobre as prestações vencidas incidem, até 30.06.2009, correção monetária e juros demora à taxa de 1% ao mês a partir da citação. Desta data em diante, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básicae juros próprios da caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, consoante disposição contida no art. 55 daLei nº 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar parcial provimento, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

58 - 0000756-72.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000756-2/01) MARIA APARECIDA LOZORIO PAGUNG (ADVOGADO:JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATANCRUZ RODRIGUES.).Processo n.º 0000756-72.2009.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente : MARIA APARECIDA LOZORIO PAGUNGRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADENÃO CONSTATADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUSPRÓPRIOS FUNDAMENTOS.Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente, emsuas razões recursais que os documentos presentes nos autos comprovam sua incapacidade laborativa. Dessa forma,requer seja reformada a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, requer sejarealizada uma nova perícia na área de ortopedia, já que é portadora de problemas ortopédicos. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 79-85.

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 doaludido diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ounão em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade quelhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“No caso dos autos, o cumprimento do período de carência e a qualidade de segurado são fatos incontroversos. Acontrovérsia cinge-se, pois, ao fato de estar ou não a Autora definitiva ou parcialmente incapacitado para o trabalho, o quecorresponde às teses antagônicas sustentadas pelas partes.

A perícia médica constatou que a autora submeteu-se a uma nefrectomia direita em novembro/2008, mas que,no momento,apresenta capacidade laborativa (fl. 58/63).

Ausente a incapacidade para o trabalho, a pretensão autoral não encontra guarida no ordenamento jurídico pátrio.”

Por fim, descabido o pleito de realização de nova perícia médica por especialista em ortopedia, sob pena de se negarvigência à legislação que regulamenta a profissão de médico, que não exige especialização para o diagnóstico de doençasou para a realização de perícias.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

59 - 0001012-18.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001012-6/01) GILSON GOMES (ADVOGADO: AMANDA MACEDOTORRES MOULIN OLMO, BARBARA DENARDE NOGUEIRA, MARIA ISABEL PONTINI.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).Processo n.º 0001012-18.2009.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : GILSON GOMESRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORATIVA NÃO VERIFICADA. AUXÍLIO-ACIDENTE. INOVAÇÃO RECURSAL. RECURSO CONHECIDO E, NOMÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, emsuas razões recursais, que a perda da capacidade auditiva gera incapacidade para o labor. Alega, ainda, que diante dessequadro é impossível sua reinserção no mercado de trabalho, pois nenhum empregador contrataria alguém com limitaçõesfuncionais. Alega que, no mínimo, faz jus ao auxílio-acidentário. Dessa forma, requer seja reformada a sentença,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 75-77.

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 doaludido diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ounão em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade quelhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

A condição de segurado e o período de carência são incontroversos. Assim, a questão que remanesce diz com aincapacidade ou não, para o trabalho.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais

Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A questão de mérito controvertida, no caso dos autos, se restringe à existência de incapacidade que autorize conceder àautora aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença.

O auxílio doença é benefício legalmente previsto no caput do art. 59 da Lei 8.213/1991:Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carênciaexigido nesta lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) diasconsecutivos.

No tocante à aposentadoria por invalidez, dispõe a Lei 8.213/91, no art. 42, que:Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 49/53 e 59/60, informa que o autor é portador de disacusia neurossensorialem ambos os ouvidos. Informa ainda que o requerente pode realizar qualquer atividade que não dependa da comunicaçãoauditiva total. Pode realizar as atividades de marteleteiro ou várias outras, tais como a de pedreiro, pintor, etc. Concluiu operito que o paciente não se encontra incapacitado para o trabalho.

Inexistindo qualquer incapacidade laboral, não faz jus a parte autora ao benefício previdenciário pleiteado na inicial.”

Em acréscimo, quadra registrar que o pleito eventual de concessão de auxílio-acidente não cabe ser aqui examinado, umavez que somente integrou a lide a partir da interposição do recurso, de modo a configurar inovação recursal vedada peloordenamento jurídico.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

60 - 0000074-86.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000074-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x CARMELITA GOMES GONÇALVES(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).Processo n.º 0000074-86.2010.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : CARMELITA GOMES GONÇALVESRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. REQUISITOS LEGAISPREENCHIDOS. TEORIA DA EFICÁCIA RETROSPECTIVA E PROSPECTIVA. SENTENÇA MANTIDA POR SEUSPRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que o fato de omarido da recorrida ter desempenhado atividade urbana descaracteriza a sua qualidade de segurada especial. Alega, ainda,que não há nos autos início de prova material apto a comprovar o labor rural antes do ano de 2004, pelo que não foicumprida a carência legal. As contrarrazões encontram-se nas fls. 65-68.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade

rural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Na hipótese dos autos, temos que a parte autora completou o requisito de idade em 2008, assim, a carência a serconsiderada é de 162 meses ou 13 anos e 06 meses, a teor do artigo 142 da Lei 8.213/91.

No presente caso, é de se notar que há nos autos, ainda que tênue, início de prova material que comprova a qualidade desegurado especial da autora.

Realizada audiência, de seu depoimento pessoal, infere-se que a autora é viúva, mas não recebe pensão. Seu maridotrabalhava em roça, panhando café e capinando. Ele parou de trabalhar porque ficou doente, apenas a autora continuoutrabalhando. Antes, o casal trabalhava junto como diarista, mas moravam na cidade. A autora panhava pimenta napropriedade de Marcelo, próxima ao km 35, perto de Nova Venécia. Quando seu marido era vivo, trabalhavam com Marceloe quando terminou o serviço lá, passaram a trabalhar na em outras propriedades. A autora agora mora em São Mateus,tendo se mudado para essa cidade há uns 5 ou 6 anos. Depois que se mudou para São Mateus, trabalhava cortando canae capinando, catando pimenta, em diversas propriedades. Antes de vir para São Mateus, morava em Nova Venécia etrabalhava como diarista, juntamente com o marido, em várias propriedades, cada dia em uma propriedade. Seu maridotinha carteira assinada, mas não sabe porque a da depoente não era assinada. Somente foi assinada recentemente em2004. Antes disso, às vezes o marido trabalhava em um lugar e a autora trabalhava em outro. Trabalharam juntos napropriedade de Marcelo Martins. Esclarece que a casa onde morava não era na cidade de Nova Venécia, mas sim narodovia que liga São Mateus a Nova Venécia, na beira da pista e era mais perto de trabalhar nas propriedades de SãoMateus. Agora é que a autora mora na cidade de São Mateus.A testemunha ALTENOR EDUARDO DE ALMEIDA disse que conhece a autora há aproximadamente 20 anos, desde 1990,sendo que ela trabalhava na roça, desde essa época. Somente tinha contato com ela na roça. O depoente começou atrabalhar na VAVERSA em 1980 e morava em Posto Floresta. Em 1990 o depoente se mudou para a cidade de São Mateuse continuou trabalhando na roça. Sempre encontrava a autora trabalhando na roça, em capina, adubação, colheita e plantiode mamão, de macadâmia. Explica que a Vaversa é uma empresa que fica no km 13 da estrada para Nova Venécia, masantes era apenas uma fazenda. Hoje é uma grande empresa e cultiva macadâmia e seringa, não tem mais lavoura demamão. O depoente trabalhou na Vaversa de 1985 até 1990, onde conheceu a autora que também trabalhava lá. Depois,foram trabalhar no km 35, em cultivo de mamão, pimenta. Em quase todos os lugares em que o depoente trabalhou, adepoente também trabalhou. O depoente também não tinha carteira assinada nesses lugares onde trabalhava, sendo quegeralmente era contratado como diarista. Ainda hoje o depoente trabalha na roça, apesar de receber um benefício no valormínimo. Apenas no ano em curso é que o depoente não trabalhou na mesma propriedade que a autora, pois antes sempretrabalharam nas mesmas propriedades. Geralmente, quando tinha o serviço para fazer, o caminhão parava e os bóias-friassubiam e iam para a lavoura. O marido da autora, quando estava desempregado, acompanhava a autora e o depoente paratrabalhar como diarista. Quando o marido dela estava fichado em algum emprego, a autora estava trabalhando em outraspropriedades. Sempre tinha serviço como diarista para trabalhar. Na época em que o serviço estava bom, trabalhavam desegunda a sexta-feira.

Já a testemunha LUCIENE PINTO DE OLIVEIRA afirmou que conhece a autora há aproximadamente 15 anos. Sabe que aautora sempre trabalhou muito em roça. Sempre trabalha junto com a autora, em diversas propriedades diferentes. Noserviço de roça, a depoente sempre está junto com a autora. A depoente trabalha em roça há uns 20 anos e teve suacarteira assinada apenas duas vezes, em colheita de café. A depoente conheceu o marido da autora e ele faleceu por voltade 2006, Sr. Romildo. Ele trabalhava em firma e também trabalhava na roça junto com a depoente e a autora, sem carteiraassinada, em lavouras de café, pimenta.

Portanto, as testemunhas ouvidas em audiência confirmaram o labor rural desenvolvido pela autora. Saliento, ainda, que aautora tem aparência de trabalhadora rural, o que corrobora a natureza campesina da atividade desenvolvida no núcleofamiliar.

A objeção que se poderia fazer ao pleito autoral repousa nos diversos, embora curtos, vínculos urbanos que teve o esposoda autora, a qual, contudo, deve ser rechaçada, pois não prejudica o reconhecimento da condição de segurado especial daautora, que sempre trabalhou no meio rural.

Com efeito, a interpretação do disposto no art. 9 º, § 8º, do Decreto 3.048/99 e no art. 7, § 4º, da Instrução Normativa INSSnº 11/2006, evidencia que a qualidade de segurado especial é excluída somente em relação ao cônjuge que exerce aatividade urbana, contanto que seus rendimentos não sejam suficientes para tornar desnecessária a atividade rural do outrocônjuge, o que não restou demonstrado no caso concreto.

Assim, o regime de economia familiar, em casos que tais, somente é descaracterizado quando se comprova que a renda

obtida em razão da atividade urbana é suficiente para a manutenção da família, tornando dispensável a atividade rural ou,noutros termos, se a renda auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família. Nesse sentido foipacificada a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, conforme segue:PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. INÍCIO DE PROVAMATERIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. INDISPENSABILIDADE DO TRABALHO RURAL. 1. Para fins decomprovação de tempo de serviço exercido em regime de economia familiar afigura-se necessária a apresentação de iníciode prova material, conforme exigido pelo § 3º do art. 55 da Lei nº 8.213/91. 2. O indício também pode ser considerado iníciode prova material, por configurar, juntamente com a presunção, modalidade de prova indireta, consistindo na prova que,resultante de um fato, convence a existência de outro fato, desde que mantenha nexo lógico e próximo com o fato a serprovado. 3. Neste sentido, no caso, ainda que esteja em nome do marido da autora, a escritura pública de compra e vendade propriedade rural datada em 04.10.89 serve como início de prova material. 4. O fato de um dos membros do grupofamiliar ser trabalhador urbano ou titular de benefício previdenciário urbano não descaracteriza, por si só, o regime deeconomia familiar em relação aos demais membros do grupo familiar. 5. Nesse contexto, o regime de economia familiarsomente restará descaracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício urbano for suficiente para amanutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou, noutros termos, se a renda auferida com aatividade rural não for indispensável à manutenção da família. 6. Caso em que, em conformidade com a jurisprudênciadesta Turma Nacional, examinando o conjunto probatório, o Juizado de origem considerou presente início de prova materialdo desempenho de atividade rural em regime de economia familiar desde 04.10.89, bem como que o trabalho rural eraindispensável à manutenção da família, cujos entendimentos devem prevalecer sobre os entendimentos do acórdãorecorrido. 7. Pedido de uniformização provido (TNU – PEDILEF 200770630002109 – Juíza Federal Jacqueline MichelsBilhalva - DJ 08/01/2010).

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. ALEGADA DESCARACTERIZAÇÃO DOTRABALHO RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR, DIANTE DA EXISTÊNCIA DE RENDA URBANA RECEBIDAPELO CÔNJUGE DA AUTORA. JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE FIRMADA NO MESMO SENTIDO DO ACÓRDÃORECORRIDO. QUESTÃO DE ORDEM N.º 13. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVA. PEDIDO DEUNIFORMIZAÇÃO NÃO CONHECIDO. I - No acórdão recorrido firmou-se entendimento no sentido de que os vínculosurbanos do cônjuge não são hábeis a descaracterizar a qualidade de segurada especial da autora. II - Esta Corte temdecidido que o regime de economia familiar somente restará descaracterizado se a renda obtida com a atividade urbana oucom o benefício urbano for suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou,noutros termos, se a renda auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família. (...) (TNU -PEDILEF 200840007028291 – Juiz Federal Ivori Luis da Silva Scheffer - DJ 08/01/2010).

Dessa forma, tenho que a prova produzida em audiência foi satisfatória e o contexto probatório é favorável, havendo, aindaque tênue, o início de prova material, podendo a autora ser enquadrada como segurada especial.

Portanto, verifico a existência de início de prova material contemporânea e idônea acerca do trabalho rural da partedemandante. E, como dispõe o art.55, §3º, da Lei 8.213/91, a comprovação de tal labor pode ser corroborada pela provatestemunhal.

Nesse passo, torna-se necessário ressaltar que o depoimento pessoal da parte autora e das testemunhas, colhidos emaudiência, mostraram-se coerentes e harmônicos entre si, no sentido da atividade rural.

Assim, cotejando as provas documentais apresentadas com a testemunhal, resta comprovado o exercício de atividaderurícola, realizado pela parte autora, quanto ao tempo de atividade, cumprindo assim a carência necessária para obtençãodo benefício.”

Em acréscimo, quadra registrar que à luz do verbete nº 14 da Tuma Nacional de Uniformização “para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”, pelo que o início de prova material apresentado merece ser estendido, inclusive com efeitoretrospectivo, por força dos depoimentos testemunhais, todos coerentes e coesos.Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como neste caso.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

61 - 0002441-23.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002441-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x NORMA ALVES PEÇANHA (ADVOGADO: ADRIANA ALVES DACOSTA.).Processo n.º 0002441-23.2009.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : NORMA ALVES PEÇANHARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. REQUISITOS LEGAISPREENCHIDOS. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que não há nosautos início de prova material apto a comprovar o labor rural pelo período de carência exigido. Requer, de par com isso, aatribuição de efeito suspensivo à antecipação dos efeitos da tutela. As contrarrazões encontram-se nas fls. 118-122.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 06/11/1953 (fl. 14), estando atualmente com 57 (cinqüenta e sete) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 08/10/2009 (fl. 28), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade de pescador artesanal pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento dacarência exigida à concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) contribuições feitas a colônia de pescadores, referente ao período de 1991 a 2003 (fls. 18/19);b) carteira da colônia de pescadores Z-10 (fl.20);c) declaração da empresa Atum do Brasil Captura Ind. e Com.LTDA, declarando que a autora vende mariscos desde 1991até a atual data (fl.23);d) declaração de exercício de atividade rural (fls.25/26);e) declarações de confrontantes, afirmando ser a autora marisqueira (fls. 54,57, 62,66).

Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

A parte autora em seu depoimento pessoal, disse que foi marisqueira por cerca de 20 anos. Afirma que pescava na praia deItaoca. Afirma que rendia cerca de R$ 150 a 200 reais por mês. Não se recorda dos mariscos que pescava devido a suadoença. Afirma que cuidava da casa e dos filhos junto com a atividade de marisqueira.

O Informante ouvido, Sr. Dorian Rodrigues Peçanha, marido da autora, disse que é pescador. O marido afirma que nãotrabalha com muita freqüência, porque a autora está adoentada e necessita dos cuidados dele. Conta com a ajuda dafamília para custear os gastos da família. O marido afirma que já foi motorista, quando era jovem. Depois tirou adocumentação pra exercer a atividade de pesca. Disse que a autora tirava mariscos. O marido afirmou que há 3 anos aautora ficou muito adoentada e há 2 anos e meio a mesma não trabalha mais. O marido afirma que trabalhou com a pesca,já teve barco, mas hoje já o vendeu, nunca contratou terceiros para trabalhar com ele. O marido afirma que a autora vendiade casa em casa o marisco que colhia.

A primeira testemunha ouvida, Dilcineia de Freitas, afirma que colhe sururu nas pedras em Itaipava e Itaoca. Afirma que hádois anos a autora não trabalha mais. Afirma que trabalha há cerca de 20 anos e que desde essa época a autora játrabalhava com o sururu. Não conhece o marido da autora, mas sabe que o mesmo é pescador. Não possui conhecimentose a autora tinha outra atividade, porque só conhecia a mesma no trabalho. Podia colher os mariscos de acordo com a lua:cheia e nova, esse ciclo dura 7 dias cada.

A segunda testemunha ouvida, Almelina de Oliveira, disse que trabalha há 16 anos como marisqueira, nessa época aautora já trabalhava como marsiqueira. Afirma que há dois anos a autora não trabalha mais, devido as doenças. Não sabese autora tinha outras atividades, porque só conhece a autora no trabalho. Sabe que o marido da autora é pescador.

O INSS (fls.100/101), alegou que a autora não trouxe início de prova material e que a atividade do seu esposo eramotorista. Tal alegação não merece prosperar. A autora juntou vários documentos que comprovam a sua atividade, taiscomo, filiação a colônia de pescadores, carteira de pescador profissional, declaração de confrontantes, e os depoimentosdas testemunhas. Em audiência, o esposo da autora esclareceu que a atividade de motorista foi exercida por um curtoperíodo. Após, continuou a sua profissão como pescador até os dias atuais. De acordo com a tabela de transição da Lei8.213/91 em seu artigo 142, a autora quando completou a idade em 2008, deve comprovar a carência de 162 meses deefetivo trabalho rural. A autora demonstrou que exerce atividade de marisqueira há mais de 15 anos.

Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a autora efetivamente laborou em atividadecomo pescador artesanal em regime de economia familiar, comprovando assim sua condição de segurada especial. Assim,não encontro óbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadora (especial)como pescadora artesanal ostentada pela autora.

Da antecipação da tutela

Examinando os elementos reunidos nos autos, especialmente a prova testemunhal produzida, verifico que a parte autorareúne os requisitos para ser beneficiária da aposentadoria por idade (rural), nos termos da Lei 8.213/91. Em razão do juízode certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC.

O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da parte autora, é necessária a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto àsprestações vencidas, não há urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes para asatisfação das necessidades básicas e prementes do segurado.”

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como neste caso.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

62 - 0001713-79.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001713-6/01) LUZIA SUDRE DE AMORIM (ADVOGADO: ANTONIO JOSEPEREIRA DE SOUZA, CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho.).Processo n.º 0001713-79.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : LUZIA SUDRE DE AMORIMRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIMEDE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. SENTENÇA REFORMADA.RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão da sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente que há nosautos provas documentais e testemunhais que comprovam o preenchimento dos requisitos exigidos para a concessão dobenefício. Aduz que o curto período em que manteve vínculo urbano não descaracteriza a qualidade de segurada especial,pois a atividade rural era exercida de forma simultânea com a urbana. Dessa forma, requer seja conhecido e provido orecurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 143-145.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrente nasceu em 13.07.1953 (fl. 16) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 18.09.2008 (fl.45), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrente juntou aos autos: certidão decasamento, realizado em 11.09.1971, constando a profissão do marido como lavrador (fl. 20); declarações particulares queatestam o exercício de atividade rural (fls. 22 e 29), datadas em 09.09.2008; carteira do sindicato dos trabalhadores ruraisde Ibatiba, emitida em 15.03.1988, atestando a profissão da recorrida como trabalhadora rural (fl. 34), e ficha de matrículado filho atestando a profissão de lavradora (fl. 35), datada em 30.07.2008, dentre outros.

A Certidão de Casamento, contraído em 11.09.1971 e contendo a qualificação profissional do marido da recorrente comolavrador, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada peloverbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o início deprova material, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, na interpretação do conceito de documento novo quando se trata de comprovação de atividade rurícola, emfunção das peculiaridades e do caráter social e alimentar, é necessário um pouco mais de acuidade ao se analisar provasnesse contexto, cujas práticas contratuais são verbais e não contam com a efetiva fiscalização do cumprimento dasobrigações trabalhistas. Se a prova acostada é contemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refereao período exigido pela lei, deve ser considerada válida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que sejacorroborada pela prova oral.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo tempo necessário aoadimplemento da carência exigida, 162 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991. Poroportuno, trago à colação resumo dos depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“A primeira testemunha ouvida, Sr. Aderino José Amaro, afirma que a autora trabalhou para o depoente há cerca de 10anos atrás. Questionado, não sabe informar se a autora já trabalhou na Prefeitura Municipal de Ibatiba ou como doméstica.Relata que já viu a autora trabalhando em propriedades rurais de outros proprietários da região”.

“A segunda testemunha ouvida, a Srª. Jovelina Dias de Souza, afirma que, hoje, a autora mora na rua, mas não sabeprecisar a quanto tempo. Não sabe informar a quanto tempo a autora se separou do marida. Relata que a autora játrabalhou como empregada doméstica. Questionado, não sabe se a autora trabalhou em alguma Prefeitura. Informa quedurante o tempo em que a autora morava perto da depoente a mesma trabalhava na roça. A autora já trabalhou para adepoente de 2001 a 2004. Afirma que a autora ficava responsável pelo cultivo de milho, feijão para sua própria despesa eda plantação de café a meia”

Importa salientar que o fato de a recorrente ter desenvolvido atividade urbana, auferindo o mínimo legal, de 03.05.1982 a30.06.1983, 01.07.1988 a 19.08.1995 (fl. 32), e 01.04.2005 a 02.01.2007 (fl. 103) não prejudica a contagem do tempo deatividade rural em outros períodos. A legislação previdenciária permite que a atividade rural seja exercida em períodosdescontínuos (art. 39, inciso I, da Lei nº 8.213/1991). Ao depois, restou demonstrado pela prova oral que não houve soluçãode continuidade do exercício da lida rural, caso em que se impõe o cômputo do período trabalhado para os fins de carência.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável à

subsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, inciso VII, § 1º da Lei nº. 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no casoconcreto.

Presentes os requisitos peculiares para antecipação tutelar, quais sejam, o “convencimento de verossimilhança” e “fundadoreceio de dano irreparável ou de difícil reparação” (CPC, art. 273), este imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. Somente são objeto de antecipação as parcelas vincendas, necessárias à subsistência da recorrente.

Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar a Autarquia Previdenciária a implantar o benefíciode aposentadoria rural por idade em favor da recorrente no prazo de 30 (trinta) dias, devendo comprovar a implantação atéo decurso final do aludido prazo. São devidos atrasados desde a data do requerimento administrativo (18.09.2008 – fl. 45).Sobre as prestações vencidas incidem, até 30.06.2009, correção monetária e juros de mora à taxa de 1% ao mês a partirda citação. Desta data em diante, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros próprios da caderneta depoupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei9.099/1995.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, reformando-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

63 - 0000544-23.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000544-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x MARIA DAS GRAÇAS SOUZA LEITE (ADVOGADO: Aleksandro HonradoVieira, EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.).Processo n.º 0000544-23.2010.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA DAS GRAÇAS SOUZA LEITERelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. REQUISITOS LEGAISPREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que arecorrida não apresentou início de prova material consistente indicando atividade rural pelo período de carência necessáriopara a concessão do benefício. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente opedido deduzido na inicial. Não foram apresentadas contrarrazões.

2. Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos, se homem, e 55, se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei Nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

3. A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

4. Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A Parte Autora nasceu em 15/03/1949, fls. 07. Requereu o benefício de aposentadoria por idade em 15/05/2009 (fls. 09),tendo sido o mesmo indeferido por falta de comprovação da atividade rural pelo período necessário ao preenchimento dacarência exigida a concessão do benefício.A prova material trazida aos autos consistiu:

Contrato de parceria agrícola às fls. 15/16,Certidão de nascimento .fls. 17,Escritura pública de compra e venda – fls.19/21,Entrevista rural - fls. 29/30,Em seu depoimento pessoal afirmou que trabalha na roça, trabalhava para Jota Ferreira, depois do falecimento dele,passou a trabalhar para seu filhos, Cleve Ferreira da Rocha. Sua mãe está muito idosa, mas não precisa de cuidados todoo tempo. Um sobrinho que tem deficiência na mão mora com sua mãe, e fica com ela. Não mora na propriedade dele, masmora na roça, em Rio Claro. Sua casa fica a uns cinco minutos a pé da propriedade. Reside na casa do irmão, que já éaposentado, como trabalhador rural, acha que ele recebe um salário mínimo. Não é casada. Já teve um companheiro, queera mecânico, e às vezes trabalhava na roça. Está separada há uns vinte anos. Teve dois filhos com ele, que estão comvinte e nove e vinte e quatro anos. Quando morava com ele, moravam no Rio de Janeiro, não trabalhava na roça. Nestaépoca, ela trabalhou numa empresa. Depois que se separaram, foi morar na roça, com a mãe. Desde que veio do Rio deJaneiro, mora e trabalha nesta mesma propriedade. Afirma que trabalha com a ajuda de um sobrinho (que mora napropriedade do Sr. Cleve). Cuida de aproximadamente mil pés de café. O sobrinho é quem compra o adubo. O filho maisvelho nasceu no Rio de Janeiro, a filha de 24 anos nasceu em São Mateus, acha que ficou menos de um ano lá. Quandosua filha nasceu, praticamente não moravam mais juntos. Mora na casa de um irmão com a cunhada, a mãe, e o sobrinho,que tem problema na mão. Não sabe qual o tamanho da propriedade do Sr. Cleve, onde trabalha. Relata que o Sr. Clevenão mora nesta propriedade. O sobrinho que mora na propriedade é quem toma conta da propriedade. Pelo que sabe,nesta propriedade só possui esta casa, onde seu sobrinho mora. Acha que trabalha lá há uns vinte anos, mas só fezcontrato depois.A testemunha Sr. Antonio Carlos afirmou que conhece a Autora da região de Rio Claro, onde ele e a Autora residem. Afirmaque conhece a Autora há vinte e nove anos. Conhece o companheiro dela, mas sabe que eles estão separados. Pelo quesabe, ele nunca trabalhou lá. Declara que a Autora trabalha na propriedade do Sr. Clévio. Afirma que a Autora reside naroça, na casa com o irmão, é bem próximo (um quilômetro) de onde ela trabalha. Pelo que sabe, a Autora é responsável porcuidar de mil pés de café. Afirma que conhece a Autora desde 1982. Desde então, tem conhecimento de que ela sempretrabalhou na roça. Não se recorda quantos anos os filhos da Autora tinham quando ela foi morar lá. Pelo que sabe, a Autoranão trabalhou em outra atividade. Afirma que nesta propriedade tem uma casa de colono, onde o sobrinho da Autora, sr.Amilton, mora.Registro que a Autora possui vínculo tipicamente urbano, entretanto este é longínquo e curto, o que , a meu ver, nãodescaracteriza a atividade rural.As testemunhas foram unânimes em confirmar o trabalho da Autora, razão pela qual lhe assiste direito ao benefício.Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado , ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorarural ostentada pela Autora.”

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

64 - 0000452-76.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000452-7/01) JORGE LUIZ DE ANGELO (ADVOGADO: JOSE IRINEU DEOLIVEIRA, MARIA ISABEL PONTINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRECOUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).Processo n.º 0000452-76.2009.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : JORGE LUIZ DE ANGELORecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL TOTAL E DEFINITIVA NÃO VERIFICADA. CONVERSÃO INDEVIDA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,

IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de auxílio-doença e improcedente sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta orecorrente, em suas razões recursais que a não conversão do benefício em aposentadoria por invalidez lhe trará prejuízos,pois a qualquer momento o recorrido poderá cessar arbitrariamente o seu benefício de auxílio-doença. Alega, ainda, que ofato de sua lesão ser degenerativa, bem como suas condições pessoais, o tornam incapaz para qualquer tipo de trabalho,em definitivo. Dessa forma, requer seja reformada a sentença, julgando-se procedente a conversão de auxílio-doença emaposentadoria por invalidez. As contrarrazões encontram-se nas fls. 118-120.

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendocumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividadehabitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 doaludido diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ounão em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade quelhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A questão controvertida no caso dos autos se restringe à existência de incapacidade que autorize conceder ao autoraposentadoria por invalidez ou auxílio-doença – benefícios legalmente previstos nos arts. 42 e 59 da Lei 8.213/1991.

A perícia médica judicial, conforme laudo de fls. 89/93 – que não foi impugnado pelas partes –, comprova que o autor éportador de alterações no tornozelo esquerdo que o incapacitam para o exercício de sua atividade habitual, havendo,contudo, possibilidade de reabilitação. Consoante o laudo, a incapacidade persistia à época da cessação administrativa. Àsfls. 95/96, o INSS apresentou proposta de acordo não aceita pelo demandante.

Pelo exposto, julgo procedente o pedido de auxílio-doença, condenando o réu a restabelecer o benefício a partir dacessação (28.02.2009), bem como a pagar as parcelas vencidas, com incidência de correção monetária, conforme tabelado CJF, desde a data em que foram devidas, e de juros mora de 1% ao mês a contar da citação e até 26.06.2009 (data doadvento da Lei 11960/2009). Após essa data, atualização na forma do art. 1º F da Lei 9494/97, com a redação que lhe foidada pela Lei 11960/2009.”

Em acréscimo, quadra registrar que ainda não é possível descartar a possibilidade de reabilitação profissional, pois orecorrente encontra-se, em verdade, incapacitado somente para o desempenho de sua atividade profissional habitual, porconseguinte, não há de se falar em conversão de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

Por derradeiro, na hipótese vertente, as condições pessoais do recorrente (idade, condição social, grau de instrução, etc),em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão jurisdicional adotadapelo magistrado.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

65 - 0005190-21.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.005190-0/01) ROMANO FERNANDES (ADVOGADO: FABIANO ODILONDE BESSA LURETT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. deOliveira.).Processo nº. 0005190-21.2006.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 1º JEFRecorrente : ROMANO FERNANDESRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Relator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. CTPS.RASURA. PRESUNÇÃO IURIS TANTUM. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL. RECURSO CONHECIDO E, NOMÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de revisão da renda mensal inicial de sua aposentadoria por tempo de contribuição, observados os valores dossalários-de-contribuição no período de 1996 a 2002. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que não houvefraude nas anotações da Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS, mas sim o equívoco de quem, sem lançar ocarimbo “sem efeito”, rasurou o registro. Alega que a análise global da CTPS evidencia que o registro está correto, pois asdatas estão seqüenciadas, além do que somente rasuras lançadas de má-fé têm o condão de infirmar sua credibilidade.Alega, ademais, que não pode ser penalizado pela mora do empregador no recolhimento das contribuições previdenciárias.Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, anulando-se a sentença. Eventualmente, requer a procedência dopedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 213-214.

A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei nº 9.099/1995 conjugado com art. 1º da Leinº 10.259/2001).

De fato, a alteração salarial anotada pela sociedade empresária Kiepper Transporte Ltda., especificamente em relação a1996, encontra-se rasurada (fl. 48), inexistindo elementos de prova aptos a corroborar o vínculo empregatício nesse ano.

O recorrente alega que a análise global da CTPS permite concluir pela veracidade dos dados lançados. Não concordo. Aorevés, a ausência de anotação das férias relativamente ao período aquisitivo de 1996 (fl. 49), somente corrobora ainveracidade da alteração.

Consigne-se, intimada a organização para apresentar os livros contábeis e financeiros no período de 1995 a 2002, informouum dos sócios, na fl. 182, que esta “encerrou duas atividades em 1995, por motivo de situação financeira insuficiente para odevido funcionamento da mesma. Porém, o funcionário Romano Fernandes, que naquela época era motorista da empresaacima, permaneceu prestando serviços diversos para a família pertencente ao quadro de sócios da Kiepper TransporteLtda, até junho de 2002, e por conseqüência, não foram recolhido a previdência, pela empresa, por motivos já mencionadoacima. Quanto aos documentos solicitados no período de 1995 a 2002, não será possível serem apresentados por motivosdos mesmos terem sido extraviados e ou perdidos” (sic).

Decerto o recolhimento das contribuições previdenciárias é atribuição inafastável do empregador (art. 30, inciso V, da Lei nº8.212/1991), não podendo, por si só, significar prejuízos para o empregado (Precedente: AC 9802215236, DesembargadoraFederal MARIA HELENA CISNE, TRF2 - PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, DJU - Data::30/06/2008 - Página::313).Entretanto, do substrato fático-probatório acostado não emergem elementos suficientes para a inclusão, no cômputo darenda mensal inicial, dos alegados salários-de-contribuição entre os anos de 1996 e 2002.

Por fim, descabido o pleito de anulação da sentença, ante a desnecessidade de audiência de instrução e julgamento, haja avista a inexistência de razoável início de prova material e demais diligências realizadas pela magistrada.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo “a quo”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios ante o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que passa a integraro julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

66 - 0000695-20.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000695-0/01) MARIA MAGNOLIA BADA MATURANA (ADVOGADO: JOSEOLIVEIRA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DAFONSECA FERNANDES GOMES.).Processo n.º 0000695-20.2009.4.02.5052/01 - Juízo de Origem: 1ª VF São Mateus

Recorrente : MARIA MAGNOLIA BADA MATURANARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIMEDE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

1.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão da sentença que julgouimprocedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta a recorrenteque o auxílio eventual de terceiros não descaracteriza o regime de economia familiar. Alega, ainda, que o tamanho dapropriedade não obsta a concessão do benefício. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seprocedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se na fls. 276 verso.

2.Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

3.A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

4.Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“No presente caso, não visualizo a comprovação do regime de economia familiar.Realizada audiência, em depoimento pessoal, a autora informou que está com 57 anos e mora em Nova Venécia/ES.Também argumentou que reside com seu marido, de 62 anos, na zona urbana, mas assegurou que ambos trabalham nomeio rural, em imóvel rural de propriedade do casal. Ponderou que a terra tem 40 alqueires de extensão e trabalha nessalocal há 8 anos, sendo que antes tiveram outras propriedades, onde também trabalharam. Confirmou todo o depoimentoprestado administrativamente na entrevista rural do INSS.A Testemunha Jorge Rigoni disse que conhece a autora desde criança, tendo confirmado o depoimento autoral, masesclareceu que na atual propriedade dela, em Nova Venécia, são contratados diaristas na época da colheita, já que se tratade grande propriedade, o que não ocorria em Bananal.Por seu turno, a Testemunha José Marcos Pereira afirmou conhecer a autora há 8 anos e confirmou o depoimento da outratestemunha, ressaltando que todo ano eles contratam uns dois ou três diaristas para ajudar na colheita.Já a Testemunha Ivete Destéfani Morelo afirmou que conhece a autora há 4 anos e nunca viu pessoas estranhas à famíliatrabalhando na propriedade, porém salientou que nunca esteve lá na época de colheita.Nesse passo, verifico trata-se de grande propriedade de terra, com significativa produção, sendo imprescindível acontratação de mão de obra (diaristas), para ajudar, o que descaracteriza o regime de economia rural familiar. As duasprimeiras testemunhas confirmaram a contratação de mão obra de forma usual na propriedade em Nova Venécia/ES.Nesse aspecto, necessário ressaltar que a opção legislativa ao prever o benefício de aposentadoria por idade rural, denatureza eminentemente assistencial, com isenção de contribuições a uma quantidade limitada de indivíduos, foi deassegurar a subsistência do trabalhador. É que, este, após dedicar toda a sua vida ao pesado labor rural exercidoindividualmente ou em regime de economia familiar, que pouco ou nenhum retorno financeiro traz, e tampouco permiteque esse trabalhador verta contribuições à seguridade social, não teria outra fonte de sustento senão o benefícioprevidenciário, em virtude das péssimas condições educacionais e econômicas a que sempre esteve sujeito.Desta forma, conforme demonstrado nesta sentença, a prova dos autos é no sentido de inexistência da qualidade desegurada especial em regime de economia familiar, motivo pelo qual concluo pela improcedência do pleito autoral”.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.6. Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em Honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do pedidode assistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

67 - 0009628-56.2007.4.02.5050/03 (2007.50.50.009628-6/03) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ERIKASEIBEL PINTO.) x ORLANDO ALVES DOS REIS (ADVOGADO: GEORGE ELLIS KILINSKY ABIB.).Processo nº. 0009628-56.2007.4.02.5050/03 – Juízo de Origem: 2º JEF

Recorrente: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL -CEFRecorrida: ORLANDO ALVES DOS REISRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. TAXA PROGRESSIVA DE JUROS. FGTS. LEI Nº 5.107/1966. EXTRATOS.RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. REDUÇÃO. CONDENAÇÃO COINCIDENTECOM O VALOR ATRIBUÍDO À CAUSA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PARCIALMENTE PROVIDO.SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte Ré, ora recorrente, em razão da sentença que julgou procedente apretensão de aplicação da taxa progressiva de juros sobre o saldo da conta vinculada ao Fundo de Garantia do Tempo deServiço – FGTS, na forma da Lei nº 5.107/1966.

Sustenta a recorrente, em suas razões recursais, que i) o autor não interpôs recurso inominado da decisão que julgouextinto o processo sem resolução de mérito (fl. 41), nos moldes do inciso III do artigo 267 do Código de Processo Civil, massimples petição de reconsideração, pugnando, na eventualidade, pelo seu recebimento como “apelação” (fls. 43-44); ii) omagistrado recebeu a precitada petição como embargos de declaração, conferindo a ela efeitos infringentes – anulação dasentença terminativa - sem intimar a parte contrária para apresentar contrarrazões (fl. 46); iii) da sentença anulatória não foiaberta vista, senão que proferida decisão para, invertendo o ônus da prova, intimá-la a comprovar que os juros progressivosjá foram aplicados à atualização dos saldos das contas vinculadas do FGTS (fl. 47-48); e iv) da decisão que anulou asentença terminativa foi interposto recurso ( fls. 49-56), o qual não foi recebido em virtude da ausência de preparo,proferindo o juiz nova sentença (fls. 99-102), desta feita julgando procedente o pedido. Alega que esta última sentença énula, ante o não processamento do primeiro recurso interposto e recebimento da petição de reconsideração, apresentadapelo autor, como embargos de declaração. Alega, ademais, que há regra legal expressa dispensando-a do recolhimento decustas judiciais, pelo que não se lhe pode ser exigida prévia efetuação de preparo. Aduz, ainda, que a condenação arbitradaem R$ 36.000 (trinta e seis mil reais), correspondente ao triplo dos valores previstos na Circular Caixa nº 506, é excessiva,carecendo de legalidade e razoabilidade. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, anulando-se a sentençade fl. 46, a decisão de fls. 47-48, bem como todos os atos posteriores; ou a anulação da sentença de fls. 99-102 e arestituição do valor recolhido a título de preparo. Eventualmente, pugna pelo afastamento da condenação que lhe foiimposta, determinando-se a produção de prova com o fim de apurar o quantum debeatur.

Inicialmente, cabe ressaltar, à luz do princípio da singularidade, que será objeto de apreciação por esta Turma Recursalapenas o segundo recurso interposto, a uma, porque a sentença nos embargos de declaração não se pronunciou sobre omérito da ação, tratando-se, em verdade, de decisão saneadora do processo, da qual, como é cediço, não é interponívelrecurso imediato na Seara dos Juizados Especiais Federais (art. 5º da Lei nº 10.259/2001), e a duas, porque as razões doprimeiro recurso estão contidas no segundo, pelo que, em obséquio à boa técnica, cabe desentranhar o recurso de fls.49-56, eis que ocioso nessa perspectiva.

No que tange à alegada incorreção da decisão a fls. 46, que recebeu a petição de fls. 43-44 como embargos de declaração,vejamos, resumidamente, as condições da aplicação do princípio da fungibilidade: “a) dúvida objetiva sobre qual o recurso aser interposto; b) inexistência de erro grosseiro, que se dá quando se interpõe recurso errado quando o correto encontra-seexpressamente indicado na lei e sobre o qual não se opõe nenhuma dúvida; e c) que o recurso erroneamente interpostotenha sido agitado no prazo do que se pretende transformá-lo” (1ª T. do STJ, RMS 888-DF, 02.10.1995, Rel. Min. Gomesde Barro, DJU 25.03.1996, p. 8.544).

Nessa ordem de idéias, afigura-se lícito o recebimento como embargos de declaração da petição juntada pela parte autora,eis que a1) presente dúvida objetiva sobre a espécie recursal adequada, diante do exposto no art. 5º da Lei nº 10.259/2001,que, em seus estritos moldes, não prevê o cabimento de recurso de sentença terminativa; b1) inexistente erro grosseiro àvista da conjuntura fático-jurídica objetivamente verificada no processo; e c1) respeitado o qüinqüídio previsto para aoposição de embargos de declaração; de par com a necessidade de sanear o processo, escoimando-o da irregularidadeconsistente na extinção do feito pela ausência de manifestação sobre acordo de pronto materialmente inexeqüível.

Para mais, descabida a anulação da sentença pela ausência de intimação para apresentar contrarrazões aos embargos dedeclaração. Com a intimação da sentença a CEF efetivamente teve ciência do teor dos embargos, facultando-se-lhetransferir ao Juízo “ad quem” o exame de eventual impugnação, mercê do efeito devolutivo em profundidade do recursoinominado.

Doutro vértice, relativamente ao preparo, há regra legal explícita dispensando a Caixa Econômica Federal de recolhê-lo emmatérias ligadas ao FGTS (art. 24-A da Lei nº 9.028/1995). Consigne-se, nenhuma inconstitucionalidade há em talregramento, porquanto somente com a Emenda Constitucional nº 32, de 12.09.2001, institui-se rol expresso limitativo dasmatérias objeto de regulação por meio de medidas provisórias, dentre as quais se insere a matéria relativa a direitoprocessual civil. Aplicação do clássico brocardo tempus regit actum.

Ainda que assim não fosse, a matéria tratada no precitado art. 24-A da Lei nº 9.028/1995, qual a da isenção de custas,emolumentos e demais taxas judiciárias, subsume-se ao campo do Direito Tributário, pois o referido artigo abriga típicanorma excludente do crédito tributário, na medida em que isenta as pessoas referidas em seu caput e parágrafo único dopagamento de espécie tributária.

Ademais, por se tratar de regra tuteladora do interesse público – de todos os trabalhadores que contribuem para o FGTS –emergem claros os requisitos materiais da urgência e relevância.

Passo à análise de mérito. Para ter direito à aplicação dos juros progressivos, é preciso preencher, cumulativamente, osseguintes requisitos: 1) ter sido contratado como empregado entre 01.01.1967 e 22.09.1971; 2) ter feito a opção originalpelo FGTS na vigência da Lei nº 5.107/1966 ou a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis nºs 5.958/1973,7.839/1989 e 8.036/1990); e 3) ter permanecido na mesma empresa por mais de 2 (dois) anos.

Aos trabalhadores que não preencherem os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.

No caso sob exame, verifica-se que a aplicação dos juros progressivos sobre o FGTS do autor encontra amparo narealidade fático-jurídica e legal retratada, porquanto o autor/recorrente foi admitido no emprego em 17.07.1956 (fl. 10), lápermanecendo até 02.10.1987 e fez opção retroativa (fl.11).

Por sua vez, a base de cálculo será aquela estampada nos extratos analíticos cuja exibição é de responsabilidade exclusivada CEF, observado o entendimento expresso no enunciado da Súmula nº 398 do egrégio Superior Tribunal de Justiçaacerca da prescrição, conjugada com o Enunciado nº 61 das Turmas Recursais dos JEFS da Seção judiciária do Estado doRio de Janeiro. Registre-se que deverão ser deduzidas eventuais quantias pagas administrativamente a esse título, desdeque comprovadas.

Para a hipótese de não apresentação dos extratos analíticos do período, como in casu, presumir-se-á verdadeiro aquelereclamado pelo autor, ante a conformidade com a legislação própria.

Assim, considerando o valor atribuído à causa, o qual expressa, tanto quanto possível, o proveito econômico pretendidopelo autor, afigura-se adequado estabelecer o valor devido em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), seja em virtude daresponsabilidade exclusiva da CEF acerca dos extratos (REsp 717.469-PR, DJ 23.5.2005, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em911.2005), seja porque a controvérsia recai apenas sobre o montante devido à parte autora e não sobre a existência dodireito.

Quanto à restituição do valor pago a título de preparo (fl. 151), deverá ser buscado na via judicial própria.

Merece parcial reparo, portanto, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento, somente para fixar a condenação em R$ 20.000,00(vinte mil reais), em conformidade com o valor atribuído à causa. Desentranhem-se as fls. 49-56, afixando-as nacontracapa, e renumerem-se as demais páginas.

Descabem custas e honorários, ante a reciprocidade sucumbencial.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar parcial provimento, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

68 - 0003983-16.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003983-0/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBERALVES TUMOLI.) x JAIR SANTOS FILHO.Processo nº. 2008.50.50.003983-0/01 – Juízo de origem: 2º JEFRecorrente: CAIXA ECONÔMICA FEDERALRecorrido: JAIR SANTOS FILHORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO DO NOMENO SPC. CABIMENTO. QUANTUM ARBITRADO. MANUTENÇÃO. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, ora recorrente, em razão da sentença que julgou procedente a pretensãode indenização por danos morais e parcialmente procedente a de indenização por danos materiais. Sustenta a recorrente,em suas razões recursais, que não restou configurado dano moral neste caso, ante a ausência de demonstração do abalosofrido. Alega que meros dissabores não ensejam condenação em danos morais. Dessa forma, requer seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, pugna pela redução do quantumindenizatório. Não foram apresentadas contrarrazões.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

A Ré, Caixa Econômica Federal, admitiu o erro do caixa eletrônico e, portanto, não havia motivo para descontar serviçosreferentes a “cheque sem fundos” tendo em vista que isso só ocorreu por falha no serviço prestado pela ré. Ademais, osbancos, como prestadores de serviços, mediante o Código de Defesa do Consumidor, têm responsabilidade objetiva, ouseja, independente de culpa devem reparar os danos referentes a defeitos nas prestações de serviços. (ADIN 2.591/DF).

Quanto ao dano moral, decerto é analisado o grau de culpa da Ré, assim como a extensão do dano (a gravidade,repercussão e extensão da ofensa junto com a intensidade do sofrimento acarretado).

Nesse caso, a culpa é exclusiva da Ré, sendo que existe dano moral, sobretudo por a mesma ter incluído o nome do Autorno CCF e SPC. É sabido que isso acarreta preocupação e desgaste psicológico, sendo um transtorno para qualquerindivíduo que tem seu nome incluso no SPC. E, mesmo que o autor não precise primordialmente usar seu nome, paraemissão de cheques, dentre outros mecanismos de crédito, a fim de exercer seu trabalho; há constrangimento em não tercredibilidade para efetuar compras.

Apesar de solicitada a retirada do nome, do Autor, do Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundo – assim que o mesmofoi atendido na agência bancária –, o gerente já sabia do ocorrido, através de aviso prévio pelo Autor, antes da tentativa decompensar o cheque no valor de R$345,00 (trezentos e quarenta e cinco reais), Mesmo assim, tal correção não ocorreu.

Com isso, mediante o ora exposto, conclui a existência de dano leve. Levando em consideração o princípio daproporcionalidade e razoabilidade, como também primando por não dar margem ao enriquecimento ilícito, JULGOPARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido de indenização por danos materiais e morais. Destarte, o Autor deve serressarcido pelas taxas e juros decorrentes das operações contestadas e ser indenizado no valor de R$5.000,00 (cinco milreais), sendo depositado em sua conta.”

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente arbitrados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer o recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

69 - 0002866-24.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.002866-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x GILSON RISSI (ADVOGADO: MARIA DE LOURDESFLORENCIO.) x OS MESMOS.RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.50.002866-9/01RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS E GILSON RISSIRECORRIDOS: OS MESMOSRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – ATIVIDADEEXERCIDA SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS – VIGILANTE – NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE USO DE ARMA DEFOGO – PREMISSA JURÍDICA UNIFORMIZADA – ADEQUAÇÃO DO ACÓRDÃO À ORIENTAÇÃO EXARADA PELA TNUNO JULGAMENTO DE INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO – EXCLUSÃO DA CONTAGEM ESPECIAL – RECURSO DOINSS CONHECIDO E PROVIDO – APOSENTADORIA COM PROVENTOS PROPORCIONAIS – PREENCHIMENTO DOSREQUISITOS – PEDIDO CONTIDO NO OBJETO DA AÇÃO – BENEFÍCIO DEVIDO – SENTENÇA REFORMADA

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO DOINSS e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91009 - CONFLITO DE COMPETÊNCIA

70 - 0001069-39.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001069-5/01) Juizo Federal do 1º Juizado Especial Federal Do E.S. xJUIZO FEDERAL DA 1A. VARA DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM/ES.E M E N T A

CONFLITO DE COMPETÊNCIA – RESOLUÇÃO Nº 42 DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO, DE01/09/2011 – ALTERAÇÃO DA EXTENSÃO TERRITORIAL DAS SUBSEÇÕES DA CAPITAL E DE CACHOEIRO DEITAPEMIRIM – AFRONTA AO ART. 87 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – PERPETUATIO JURISDICTIONIS –PROCESSO AJUIZADO ANTERIORMENTE À ALTERAÇÃO – JUÍZO COMPETENTE: JUÍZO SUSCITADO

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO CONFLITO E DECLARAR A COMPETÊNCIA DOJUÍZO SUSCITADO, na forma do voto e ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presentejulgado.

Acolher os embargosTotal 3 : Dar parcial provimentoTotal 7 : Dar provimentoTotal 22 :

Dar provimento ao rec. do autor e negar o do réuTotal 1 : Negar provimentoTotal 28 : Rejeitar os embargosTotal 7 :