Índice de pesquisa da 1ª turma recursal relaÇÃo … · karime silva siviero-9 karina rocha...

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-17 ADENILSON VIANA NERY-76 ADMAR JOSE CORREA-70 ADRIANA ZANDONADE-122 ALEXANDRE MELO BRASIL-125 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-10, 126, 32, 36, 39, 42, 5, 88 ALLAN ESCÓRCIO BARBOSA-91 ALVARO JOSE GIMENES DE FARIA-97 AMANTINO PEREIRA PAIVA-102 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-126, 128, 97 ANA ELISA MOSCHEN-37 ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-3 ANA MERCEDES MILANEZ-68 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-76, 77 ANDRÉ DIAS IRIGON-89 ANDRE FACHETTI LUSTOSA-98 ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES-7, 90 ANDREA M. SANTOS SANTANA-111, 127, 84 ANTONIO DE OLIVEIRA NETO-75 ANTÔNIO JUSTINO COSTA-13, 89 ARMANDO VEIGA-115 BRUNO ÁLVARES-118 BRUNO MIRANDA COSTA-21, 22, 3, 40, 43, 88 BRUNO SANTOS ARRIGONI-86, 94 CARLOS AUGUSTO MENDES PEREIRA-83 CATARINE MULINARI NICO-37 CHRISTINNE ABOUMRAD R. AGUIAR LEITE-73 CLEBER ALVES TUMOLI-101, 110, 117, 119, 96, 99 CLEBSON DA SILVEIRA-24, 45, 69, 7, 87, 9 CRISTIANO TEIXEIRA PASSOS-100 DANILO THEML CARAM-14 EDGARD VALLE DE SOUZA-82 EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA-78, 80, 81, 88 ELINARA FERNANDES SOARES-66 EMILIO LUIZ CANDIDO DA SILVA-100 ERALDO AMORIM DA SILVA-4 ERANDI BARBOSA DE CASTRO-95 ERIKA SEIBEL PINTO-117 ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-17, 74 ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES-55 EUSEBIO VIZEU ALEXANDRE FERREIRA-104 EUSTACHIO DOMICIO L. RAMACCIOTTI-95 EVA PIRES DUTRA-128 FABIANO LARANJA RIBEIRO-109 FREDERICO AUGUSTO MACHADO-24, 45, 46, 47, 48, 56, 59 FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA-102 FREDERICO LYRA CHAGAS-100, 107 GILMAR ZUMAK PASSOS-104 GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO-4 GUSTAVO CABRAL VIEIRA-93 GUSTAVO DE ALMEIDA RIBEIRO-78 GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-11, 125 GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-121

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-17ADENILSON VIANA NERY-76ADMAR JOSE CORREA-70ADRIANA ZANDONADE-122ALEXANDRE MELO BRASIL-125ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-10, 126, 32, 36, 39, 42, 5, 88ALLAN ESCÓRCIO BARBOSA-91ALVARO JOSE GIMENES DE FARIA-97AMANTINO PEREIRA PAIVA-102ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-126, 128, 97ANA ELISA MOSCHEN-37ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-3ANA MERCEDES MILANEZ-68ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-76, 77ANDRÉ DIAS IRIGON-89ANDRE FACHETTI LUSTOSA-98ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES-7, 90ANDREA M. SANTOS SANTANA-111, 127, 84ANTONIO DE OLIVEIRA NETO-75ANTÔNIO JUSTINO COSTA-13, 89ARMANDO VEIGA-115BRUNO ÁLVARES-118BRUNO MIRANDA COSTA-21, 22, 3, 40, 43, 88BRUNO SANTOS ARRIGONI-86, 94CARLOS AUGUSTO MENDES PEREIRA-83CATARINE MULINARI NICO-37CHRISTINNE ABOUMRAD R. AGUIAR LEITE-73CLEBER ALVES TUMOLI-101, 110, 117, 119, 96, 99CLEBSON DA SILVEIRA-24, 45, 69, 7, 87, 9CRISTIANO TEIXEIRA PASSOS-100DANILO THEML CARAM-14EDGARD VALLE DE SOUZA-82EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA-78, 80, 81, 88ELINARA FERNANDES SOARES-66EMILIO LUIZ CANDIDO DA SILVA-100ERALDO AMORIM DA SILVA-4ERANDI BARBOSA DE CASTRO-95ERIKA SEIBEL PINTO-117ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-17, 74ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES-55EUSEBIO VIZEU ALEXANDRE FERREIRA-104EUSTACHIO DOMICIO L. RAMACCIOTTI-95EVA PIRES DUTRA-128FABIANO LARANJA RIBEIRO-109FREDERICO AUGUSTO MACHADO-24, 45, 46, 47, 48, 56, 59FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA-102FREDERICO LYRA CHAGAS-100, 107GILMAR ZUMAK PASSOS-104GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO-4GUSTAVO CABRAL VIEIRA-93GUSTAVO DE ALMEIDA RIBEIRO-78GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-11, 125GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-121

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HÉLIO JOSÉ BIANCARDI OLIVEIRA-49HELTON TEIXEIRA RAMOS-116, 117, 119, 53HENRIQUE SOARES MACEDO-86, 94ISAAC PAVEZI PUTON-35Isabela Boechat B. B. de Oliveira-83, 90IZAEL DE MELLO REZENDE-68IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR-62, 8JADIR CID SIMOES-38JAIMILTON CHAVES DE SOUSA LUCAS-77JARDEL CIPRIANO RAMOS-74JOANA D'ARC BASTOS LEITE-73JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-15, 16, 27, 34, 38, 48, 70, 80, 91JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-121, 20, 26, 29, 30, 43, 44, 52, 54, 60JOAO LUIZ DA SILVA JUNIOR-83JOCIANI PEREIRA NEVES-9JOSE GERALDO NUNES FILHO-65JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-63, 72JOSÉ NASCIMENTO-79JULIA LYRIO PEREIRA-9KARIME SILVA SIVIERO-9Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87KARLA AUER GUASTI-71KÉZIA NICOLINI-67LARA CHAGAS VAN DER PUT-9LEONARDO ALVES COLNAGO-25LEONARDO CARVALHO DA SILVA-123LEONARDO PIZZOL VINHA-1LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-95LIDIANE DA PENHA SEGAL-33LILIAN MAGESKI ALMEIDA-65LUCIANO ANTONIO FIOROT-103, 81LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO-126, 127LUCIANO PEREIRA CHAGAS-101, 118, 12LUIS FILIPE MARQUES PORTO SA PINTO-85Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-13LUIZ BERNARD SARDENBERG MOULIN-12LUIZ CLAUDIO SOBREIRA-100, 103, 106, 109, 116, 120, 99LUIZ HENRIQUE MIGUEL PAVAN-127MARCELA REIS SILVA-4, 62, 64, 66, 98MARCELE SILVEIRA VIDAL BALDANZA-5MARCELO CARVALHINHO VIEIRA-16MARCELO MARTINS ALTOÉ-124MARCELO MATEDI ALVES-1, 95MARCIA RIBEIRO PAIVA-25, 26, 29, 36, 46, 54, 6, 65Marcos Figueredo Marçal-19, 20, 23, 33, 44, 75, 92MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-123MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI-55MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-11, 114, 122, 19, 21, 22, 25, 27, 28, 50, 51, 57, 58, 61MARIA DE FATIMA MONTEIRO-83, 93maria eliana souza-70MARIA IVONETE RODRIGUES PEGO-41MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-68MARX LAYO KOGURE GANASIN-110MICHELA JACOMELI MARTINS-8MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO PIRES-65MICHELI JESUS VIEIRA DE MELO-61, 79

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NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-94NAYARA GRACELLI-106NEUZA SCHULTHAIS ANDRADE-107NICOLE PORCARO BRASIL-125OSIAS ALVES PENHA-2OSWALDO HORTA AGUIRRE FILHO-112, 113PABLO LUIZ ROSA OLIVEIRA-118PAULO CÉSAR ANTUNES BARBOSA-105PAULO CESAR CAETANO-123PAULO ROBERTO MENDONCA FRANCA-107PEDRO INOCENCIO BINDA-67Ramon Ferreira de Almeida-123RENATA GÓES FURTADO-118RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS-8RENATA STAUFFER DUARTE-107RENATO DEL SILVA AUGUSTO-120RENATO MIGUEL-105RENATO TOGNERE FERRON-99RICARDO LEAO DE CALAIS ROLDAO-15RODRIGO BARBOSA DE BARROS-114, 124RODRIGO COSTA BUARQUE-18, 28, 94RODRIGO MIGUEL VERVLOET-107RODRIGO OTTONI M. AMARANTE-110RODRIGO SALES DOS SANTOS-120RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-82ROGÉRIO KEIJÓK SPITZ-15ROGERIO SIMOES ALVES-116, 117, 119ROMULO BOTTECCHIA DA SILVA-34RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS-9ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-30, 35, 37, 42, 50, 51, 68, 73SANSÃO SILVA BORGES-108SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-68SEBASTIAO EDELCIO FARDIN-86SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS-67SEM ADVOGADO-101SERGIO PADILHA MACHADO-99SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS-52, 53, 55, 56, 57, 58SHIZUE SOUZA KITAGAWA-84SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-39, 47, 59, 60, 81SIMONE MALEK RODRIGUES PILON-96SIMONE SIQUEIRA MIGUEL FREITAS-41SIRO DA COSTA-64STEPHAN E. SCHNEEBELI-97SUELI DE PAULA FRANCA-107TAIS MARIA ZANONI-18TATIANA MARQUES FRANÇA-9TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-1THIAGO COSTA BOLZANI-94THYAGO BRITO DE MELLO-9TIBÉRIO VIANNA XAVIER-115, 41UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-49, 63, 71, 72UMBERTO PIZOLOTTO CASTANHO-99URBANO LEAL PEREIRA-79VALTEMIR DA SILVA-92VANDERLEI TOMAZ DE OLIVEIRA-10VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI-102, 72

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VERA LUCIA FAVARES BORBA-9VERA LUCIA SAADE RIBEIRO-2VITOR SEABRA SEIXAS PINTO-124WAGNER DE FREITAS RAMOS-102, 108WEBER CAMPOS VITRAL-12WILLIAN PEREIRA PRUCOLI-40WILMA CHEQUER BOU-HABIB-97

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). ROGERIO MOREIRA ALVES

Nro. Boletim 2010.000333 DIRETOR(a) DE SECRETARIA AUGUSTO S. F. RANGEL

29/11/2010Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 2007.50.50.004776-7/01 FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE - FUNASA (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DEFREITAS.) x LUIS CLAUDIO COAN (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.).2 - 2007.50.52.000451-8/01 FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE - FUNASA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.)x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: OSIAS ALVES PENHA.) x PAULO POSSMOSER.

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

3 - 2008.50.50.005945-2/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDACOSTA.) x MILTON NUNES NASCIMENTO (ADVOGADO: ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO.).EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. AUTOR NÃO DEMONSTROU INÍCIO DE PROVA MATERIAL DAATIVIDADE RURAL ANTERIOR À LEI 8.213/91. INAPLICABILIDADE DA TABELA TRANSITÓRIA DO ART. 142.DOCUMENTOS PRODUZIDOS ÀS VÉSPERAS DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. ATIVIDADE RURAL NÃOCOMPROVADA NO PERÍODO DE CARÊNCIA NECESSÁRIO (15 ANOS). RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDOPARA JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO DO AUTOR. AS VERBAS RECEBIDAS EM VIRTUDE DE ANTECIPAÇÃODE TUTELA NÃO SERÃO DEVOLVIDAS AO INSS, EM RAZÃO DE SUA NATUREZA ALIMENTAR.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo conhecer e por maioria, DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelo INSS, nos termos da ementa quefaz parte deste julgado.

4 - 2008.50.51.001113-0/01 MARIA DA PENHA VALADARES (ADVOGADO: GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO,ERALDO AMORIM DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REISSILVA.).EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. AUTORA DEMONSTROU INÍCIO DE PROVA MATERIAL DA ATIVIDADERURAL ANTES DA LEI 8.213/91. PROVA TESTEMUNHAL CORROBOROU A PROVA DOCUMENTAL. APLICABILIDADEDA TABELA TRANSITÓRIA DO ART. 142. ATIVIDADE RURAL PODE SER DESCONTÍNUA. BENEFÍCIO É DEVIDO.RECURSO DA AUTORA CONHECIDO E PROVIDO PARA CONCEDER A APOSENTADORIA RURAL POR IDADEDESDE O REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO DO BENEFÍCIO (06.05.2008 – FL. 16), BEM COMO, PAGAR ASPARCELAS VENCIDAS, ACRESCIDAS DE CORREÇÃO MONETÁRIA DESDE O MOMENTO EM QUE DEVERIAM TERSIDO PAGAS, CONFORME TABELA DO CJF, E JUROS DE MORA DE 1 % AO MÊS A CONTAR DA CITAÇÃO ATÉ AEDIÇÃO DA LEI 11960 / 2009, A PARTIR DE QUANDO DEVERÁ SER OBSERVADA SUA SISTEMÁTICA. SEMCONDENAÇÃO EM CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo conhecer e por maioria, DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela parte autora, nos termos daementa que faz parte deste julgado.

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

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91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

5 - 2007.50.50.007446-1/01 HILDO BARCELOS VIEIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELE SILVEIRA VIDAL BALDANZA.) x JuizFederal do 2º Juizado Especial Federal.

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

6 - 2008.50.50.005390-5/01 RAYMUNDO NATAL DA SILVA (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO INEXISTENTE – EMBARGOS REJEITADOS.1. O acórdão embargado anulou a sentença de ofício, pelos seguintes fundamentos: “A ausência de fundamentação dolaudo pericial é realçada diante dos exames e laudos médicos juntados com a inicial, que indicam a existência deincapacidade (fls. 11 / 13, fls. 18 / 19, fls. 25 / 31). Além disso, o problema de pressão arterial narrado na inicial sequer émencionado pelo perito, que se restringe a mencionar a existência de lombalgia e cervicalgia. A nulidade do laudocontamina integralmente a sentença proferida às fls. 80 / 81, posto que a decisão condicionou a concessão do benefício aoresultado do laudo pericial, sem acrescentar qualquer argumento que fosse capaz de, por si só, sustentar a improcedênciado pedido formulado pelo autor”.2. O INSS interpôs embargos alegando omissão no acórdão embargado, que não analisou a suposta perda da qualidade desegurado do autor na data do ajuizamento da presente demanda. A qualidade de segurado do autor deve ser aferida nadata do início da incapacidade; como o laudo pericial foi anulado, não há como analisar esta questão antes da realização deuma nova perícia judicial. Não há qualquer omissão a ser sanada.3. Embargos rejeitados. Sem custas e honorários advocatícios.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR os embargos de declaração, na forma da ementa queintegra este julgado.

7 - 2007.50.50.001024-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.)x DOIR MARQUES MADEIRA (ADVOGADO: ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES.).EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO – TAXA DE JUROS MORATÓRIOS – OMISSÃO – SENTENÇA PROLATADA APÓS ASMUDANÇAS DA LEI 11.960/2009 – EMBARGOS ACOLHIDOS.1. Embargos de declaração opostos pelo INSS contra acórdão proferido pela Turma Recursal dos Juizados EspeciaisFederais do Espírito Santo, que negou provimento ao recurso interposto pelo INSS e manteve a sentença. A sentençacondenou o INSS à obrigação de converter as atividades exercidas em caráter especial para comum nos períodos de04.02.1985 a 03.05.1993 (Chocolates Vitória S/A) e 04.11.1993 a 07.08.1997 (Tristão – Companhia de Comércio Exterior) econcedeu aposentadoria por tempo de contribuição ao autor.2. Sustenta o embargante a existência de omissão no julgado em relação à taxa de juros de mora devida, que na sentençafoi fixada em 1%. Alega que incide na hipótese dos autos a regra do art. 1º F da Lei 9494 / 97, com a redação que lhe foidada pela Lei 11960 / 2009.3. Assiste razão ao embargante. A sentença foi prolatada em 03/08/2009, ou seja, nesta data já estava em vigor a Lei11.960/2009, de 30.06.2009; assim sendo, fixo o percentual de aplicação dos juros de mora, de 1% a contar da citação até29.06.2009 (data do advento da Lei 11.960/2009). Após esta data, atualização na forma do art.1ºF da Lei 9494/97, com aredação que lhe foi dada pela Lei 11.960/2009.4. Embargos acolhidos, na forma do item anterior. Sem condenação em custas e honorários advocatícios.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo ACOLHER os embargos de declaração, na forma da ementa queintegra este julgado.

8 - 2009.50.51.000427-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RENATA PEDRO DEMORAES SENTO-SÉ REIS.) x MYLSI QUINTEIRO DE FREITAS (ADVOGADO: MICHELA JACOMELI MARTINS, IZAIASCORREA BARBOZA JUNIOR.).EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO INEXISTENTE – EMBARGOS REJEITADOS.1. O acórdão embargado – que deu parcial provimento ao recurso interposto pelo INSS apenas para fixar o termo inicial dobenefício assistencial – enfrentou as razões recursais formuladas pelo INSS às fls. 139/164, conforme se depreende daementa de fls. 173/174.2. A fundamentação dos embargos se limita a mencionar que o acórdão não enfrentou a questão sob o prismaconstitucional, não tendo se manifestado acerca dos artigos 1º, 2º, 195, §5º e 203, V, e não foi esclarecido se foi afastada aaplicação do art. 20, §3º da Lei nº 8.742/93. Inexistência de qualquer omissão a ser sanada. A referência a dispositivos de

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texto legal não é essencial à caracterização da omissão se a fundamentação como um todo discute todos os pontosquestionados de fato e de direito.3. Ademais, a simples oposição de embargos declaratórios é suficiente para o prequestionamento da matéria. Nessesentido:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. RENDA MENSAL INICIAL DE APOSENTADORIA PORINVALIDEZ PRECEDIDA DE AUXÍLIO-DOENÇA. INCIDÊNCIA DO § 5º DO ART. 29 DA LEI Nº 8.213/91. OMISSÃO.AUSÊNCIA. MATÉRIA CONSTITUCIONAL PREQUESTIONADA PELA MERA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DEDECLARAÇÃO (STJ:RESP. 383.492/MA). EMBARGOS REJEITADOS. 1. O acórdão decidiu a questão de forma clara ebem fundamentada, adotando uma linha de raciocínio razoável e coerente. Assim, não vislumbro a ocorrência de qualquerdos vícios que possam dar ensejo à oposição de embargos de declaração, uma vez que o julgador não está obrigado aanalisar cada um dos argumentos expendidos pelas partes, com o específico fim de satisfazer ao prequestionamento. 2. OSupremo Tribunal Federal, prestigiando sua Súmula n. 356, firmou posição no sentido de considerar prequestionada amatéria constitucional objeto do recurso extraordinário pela mera oposição de embargos declaratórios, ainda que o juízo aquo se recuse a suprir a omissão. (REsp 383.492-MA. Órgão Julgador: 2ª Turma. Relatora: Min. Eliana Calmon, julgado em11/02/2003). 3. Embargos de Declaração rejeitados. (TNU, PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL 200663050009638, Relator JUIZ FEDERAL OTÁVIO HENRIQUE MARTINS PORT, Fonte DJ 08/01/2010).4. Embargos rejeitados. Sem custas e honorários advocatícios.

ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR os embargos de declaração, na forma da ementa queintegra este julgado.

9 - 2008.50.50.007421-0/01 JANETE DA SILVA PIANCA (ADVOGADO: VERA LUCIA FAVARES BORBA, RONILCEALESSANDRA AGUIEIRAS, JOCIANI PEREIRA NEVES, KARIME SILVA SIVIERO, THYAGO BRITO DE MELLO, JULIALYRIO PEREIRA, LARA CHAGAS VAN DER PUT, TATIANA MARQUES FRANÇA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE NO JULGADO –INCONFORMISMO – EMBARGOS REJEITADOS.1. O acórdão embargado manteve a sentença de improcedência de pedido de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.Sustenta a embargante que não foram avaliadas suas condições sociais. Requer manifestação expressa acerca da violaçãoaos arts. 1º, III, e 5º, LV da CF.2. A decisão embargada foi fundamentada nas provas colhidas nos autos, concluindo que “as alegações da autora, oslaudos dos médicos assistentes e demais documentos juntados não são suficientes para afastar a conclusão do laudopericial, que foi no sentido de que a autora, por ora, não faz jus aos benefícios previdenciários pleiteados”. Ademais,aspectos sociais (idade, instrução,...) devem ser considerados quando alguma incapacidade foi detectada, e não no casodos autos, em que a autora não foi considerada incapaz.3. Inexistência de qualquer omissão, obscuridade ou contradição a ser sanada. A via dos embargos não é adequada para amanifestação de inconformismo com o que restou decidido pela Turma Recursal.4. De todo modo, a simples oposição de embargos declaratórios é suficiente para o prequestionamento da matéria. Nessesentido:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. RENDA MENSAL INICIAL DE APOSENTADORIA PORINVALIDEZ PRECEDIDA DE AUXÍLIO-DOENÇA. INCIDÊNCIA DO § 5º DO ART. 29 DA LEI Nº 8.213/91. OMISSÃO.AUSÊNCIA. MATÉRIA CONSTITUCIONAL PREQUESTIONADA PELA MERA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DEDECLARAÇÃO (STJ:RESP. 383.492/MA). EMBARGOS REJEITADOS. 1. O acórdão decidiu a questão de forma clara ebem fundamentada, adotando uma linha de raciocínio razoável e coerente. Assim, não vislumbro a ocorrência de qualquerdos vícios que possam dar ensejo à oposição de embargos de declaração, uma vez que o julgador não está obrigado aanalisar cada um dos argumentos expendidos pelas partes, com o específico fim de satisfazer ao prequestionamento. 2. OSupremo Tribunal Federal, prestigiando sua Súmula n. 356, firmou posição no sentido de considerar prequestionada amatéria constitucional objeto do recurso extraordinário pela mera oposição de embargos declaratórios, ainda que o juízo aquo se recuse a suprir a omissão. (REsp 383.492-MA. Órgão Julgador: 2ª Turma. Relatora: Min. Eliana Calmon, julgado em11/02/2003). 3. Embargos de Declaração rejeitados.

5. Embargos rejeitados. Sem condenação em custas e honorários advocatícios.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR os embargos de declaração, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

10 - 2007.50.50.011718-6/01 ROSA MARIA DE MOURA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO, Karina RochaMitleg Bayerl.) x JOANA GONÇALVES DE CARVALHO (ADVOGADO: VANDERLEI TOMAZ DE OLIVEIRA.).EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE – ALEGAÇÃO DENULIDADE QUE NÃO SE RECONHECE – EMBARGOS REJEITADOS.1. Insurge-se o embargante contra acórdão que manteve a sentença de improcedência de pedido de pensão por morte.

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Alega que a Defensoria Pública da União não foi intimada pessoalmente para o julgamento do recurso inominadointerposto, não tendo se manifestado a Turma Recursal acerca da afronta aos artigos 5º, LXXIV e 134, ambos da CF.2. Nos termos da Portaria nº 03/2009 da Presidência da Turma Recursal do Espírito Santo, a intimação da pauta da sessãode julgamento será feita “somente pela imprensa oficial, salvo nos casos onde houver interesse do Ministério PúblicoFederal”.3. A Defensoria Pública da União alega nulidade do acórdão por ausência de intimação pessoal da pauta de julgamento. Oart. 44 - I da LC 80/94, de fato, prevê a intimação pessoal como prerrogativa dos membros da Defensoria Pública.Entretanto, a alegação de nulidade vem desacompanhada de demonstração de prejuízo. Em princípio, a ausência deintimação não causa prejuízo porque a presença do defensor na sessão de julgamento é destituída de sentido prático, umavez que não há oportunidade para sustentação oral no julgamento informal da turma recursal. Segundo art. 249, § 1º, doCPC, “o ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte”.4. Inexistência de qualquer omissão, obscuridade ou contradição a ser sanada. A via dos embargos não é adequada para amanifestação de inconformismo com o que restou decidido pela Turma Recursal. Nulidade alegada que não se reconhece.Embargos rejeitados.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR os embargos de declaração, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

91004 - RECURSO CIVEL / OUTROS

11 - 2008.50.50.007372-2/01 ROGERIO MUNIZ CARVALHO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) xUNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.).EMENTAAGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO EM FACE DE DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO A RECURSOINOMINADO CONTRA SENTENÇA QUE EXTINGUIU O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. AUSÊNCIA DECABIMENTO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO NÃO CONHECIDO.1. Agravo de instrumento interposto pela parte autora, contra decisão que negou seguimento a recurso inominadoapresentado em face de sentença que extinguiu o processo sem resolução do mérito. Em suas razões recursais, orecorrente afirma que houve violação ao artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal.2. Inicialmente, defiro o pedido de assistência judiciária gratuita, uma vez que o juízo de origem deixou de apreciar o pedidoformulado desde a inicial.3. A questão de fundo versa sobre a recorribilidade das decisões terminativas na sistemática dos juizados especiaisfederais. O art. 5º da Lei 10.259/2001 estabelece que, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, além das medidas deurgência, somente se admite recurso de sentenças definitivas. A utilização da expressão “sentença definitiva” levou parte dadoutrina e da jurisprudência a considerar irrecorríveis as sentenças terminativas, por exclusão.4. A tese da recorribilidade das sentenças terminativas nos juizados não merece prosperar se manejada com fundamentono princípio do duplo grau de jurisdição. A possibilidade de se rever decisões judiciais é objeto do tema da recorribilidadeque, ante o princípio da taxatividade, define quais decisões admitem ou não interposição de recurso e, admitindo, qual amodalidade de recurso adequado, dentro do sistema recursal. Via de regra, as decisões são recorríveis, em atenção aosprincípios da ampla defesa e do devido processo legal. Contudo, o princípio do duplo grau de jurisdição obrigatório nãoconstitui princípio constitucional explícito nem implícito. Assim restou reconhecido no STF quando do julgamento do RHC79785. Nesses termos, por opção de política legislativa e a fim de efetivar celeridade e efetividade do processo, pode a leilimitar a interposição de recursos, criando a classe das decisões irrecorríveis. A efetividade que se espera da prestaçãojurisdicional exige a celeridade dos procedimentos, incompatível com a revisibilidade de todas as decisões judiciais.5. O tema merece revisão, e ainda comporta discussões, em face da própria interpretação (sentido e alcance) que sepretende dar à expressão “sentença definitiva”. Teria o legislador utilizado essa expressão em seu sentido técnico,processual, mais restrito, em oposição à sentença terminativa, ou, em sentido contrário, teria o legislador utilizado aexpressão em sentido mais amplo, não tão técnico à luz da teoria geral do processo, no sentido de decisões que definem odesfecho do processo (abrangendo as sentenças definitivas propriamente ditas e as terminativas)?6. Seja qual for o posicionamento que se adote, o certo é que a questão deve necessariamente ser manejada pela via domandado de segurança, não cabendo a interposição de agravo de instrumento em face da decisão que negou seguimentoa recurso inominado interposto contra sentença terminativa, por absoluta ausência de previsão legal (princípio dataxatividade). Não há como receber o agravo de instrumento e processá-lo como mandado de segurança. Inaplicável oprincípio da fungibilidade, pois não há fungibilidade recursal entre recurso e ação autônoma de impugnação.

7. Recurso não conhecido. Sem custas. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados emR$ 50,00 (cinqüenta reais), com observância à regra do art. 12, da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo NÃO CONHECER o recurso, nos termos da ementa que integra este julgado.

12 - 2008.50.50.008271-1/01 ARTUR DA SILVA ALONSO (ADVOGADO: WEBER CAMPOS VITRAL, LUIZ BERNARDSARDENBERG MOULIN.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUCIANO PEREIRA CHAGAS.).EMENTA

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AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO EM FACE DE DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO A RECURSOINOMINADO CONTRA SENTENÇA QUE EXTINGUIU O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. AUSÊNCIA DECABIMENTO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO NÃO CONHECIDO.1. Agravo de instrumento interposto pela parte autora, contra decisão que negou seguimento a recurso inominadoapresentado em face de sentença que extinguiu o processo sem resolução do mérito. Em suas razões recursais, orecorrente afirma que houve violação ao artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal.2. Inicialmente, defiro o pedido de assistência judiciária gratuita, uma vez que o juízo de origem deixou de apreciar o pedidoformulado desde a inicial.3. A questão de fundo versa sobre a recorribilidade das decisões terminativas na sistemática dos juizados especiaisfederais. O art. 5º da Lei 10.259/2001 estabelece que, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, além das medidas deurgência, somente se admite recurso de sentenças definitivas. A utilização da expressão “sentença definitiva” levou parte dadoutrina e da jurisprudência a considerar irrecorríveis as sentenças terminativas, por exclusão.4. A tese da recorribilidade das sentenças terminativas nos juizados não merece prosperar se manejada com fundamentono princípio do duplo grau de jurisdição. A possibilidade de se rever decisões judiciais é objeto do tema da recorribilidadeque, ante o princípio da taxatividade, define quais decisões admitem ou não interposição de recurso e, admitindo, qual amodalidade de recurso adequado, dentro do sistema recursal. Via de regra, as decisões são recorríveis, em atenção aosprincípios da ampla defesa e do devido processo legal. Contudo, o princípio do duplo grau de jurisdição obrigatório nãoconstitui princípio constitucional explícito nem implícito. Assim restou reconhecido no STF quando do julgamento do RHC79785. Nesses termos, por opção de política legislativa e a fim de efetivar celeridade e efetividade do processo, pode a leilimitar a interposição de recursos, criando a classe das decisões irrecorríveis. A efetividade que se espera da prestaçãojurisdicional exige a celeridade dos procedimentos, incompatível com a revisibilidade de todas as decisões judiciais.5. O tema merece revisão, e ainda comporta discussões, em face da própria interpretação (sentido e alcance) que sepretende dar à expressão “sentença definitiva”. Teria o legislador utilizado essa expressão em seu sentido técnico,processual, mais restrito, em oposição à sentença terminativa, ou, em sentido contrário, teria o legislador utilizado aexpressão em sentido mais amplo, não tão técnico à luz da teoria geral do processo, no sentido de decisões que definem odesfecho do processo (abrangendo as sentenças definitivas propriamente ditas e as terminativas)?6. Seja qual for o posicionamento que se adote, o certo é que a questão deve necessariamente ser manejada pela via domandado de segurança, não cabendo a interposição de agravo de instrumento em face da decisão que negou seguimentoa recurso inominado interposto contra sentença terminativa, por absoluta ausência de previsão legal (princípio dataxatividade). Não há como receber o agravo de instrumento e processá-lo como mandado de segurança. Inaplicável oprincípio da fungibilidade, pois não há fungibilidade recursal entre recurso e ação autônoma de impugnação.

7. Recurso não conhecido. Sem custas. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados emR$ 50,00 (cinqüenta reais), com observância à regra do art. 12, da Lei 1.060/50.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo NÃO CONHECER o recurso, nos termos da ementa que integra este julgado.

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

13 - 2008.50.51.000744-8/01 MARIA LENIR CARARI COGO (ADVOGADO: ANTÔNIO JUSTINO COSTA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA, COM POSTERIOR CONVERSÃO EMAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA RECEBIDO POR MAIS DE TRÊS ANOS. LAUDO PERICIAL ELAUDOS PARTICULARES. CONDIÇÕES PESSOAIS DA AUTORA. INCAPACIDADE COMPROVADA. SENTENÇAREFORMADA. RECURSO PROVIDO.

1. Recurso interposto pela parte autora contra sentença que julgou improcedentes os pedidos de auxílio-doença eaposentadoria por invalidez, com base na conclusão do laudo pericial. Sustenta a recorrente que há nos autos outros laudosque atestam sua incapacidade, não estando o magistrado vinculado ao laudo produzido em juízo e que, em virtude da suarealidade sócio-cultural e impossibilidade de reabilitação profissional, faria jus aos benefícios em discussão. Contrarrazõesàs fls. 110/112.

2. O perito do juízo, às fls. 81/82, descreveu que a autora é portadora de artrose em coluna lombar e cervical, abaulamentosdiscais em coluna lombar e hipertensão arterial (quesito 4 do INSS), de forma irreversível. Concluiu não haver incapacidadepara a atividade habitual (lavradora), considerando que a autora apresenta “marcha atípica, ausência de restrições demovimentos de extensão e flexão de tronco, lasegue duvidoso” (quesito 13 do INSS), e que, “se o paciente observar asrecomendações médicas e fisioterápicas e não exercer atividades além de sua capacidade física os riscos de agravamentosão pequenos” (quesito 10 da autora).

3. É certo que o juiz não fica adstrito às conclusões do laudo pericial. Dessa forma, no caso concreto, as alegações daautora e os documentos juntados são suficientes para afastar a conclusão do perito do Juízo, uma vez que os laudosparticulares, expedidos em 2006, 2007, 2008 e 2009 (fls. 28/43 e 91/94), atestam a necessidade da autora se afastar do

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trabalho, evitando a realização de esforço físico. Cumpre esclarecer, ainda, que o próprio laudo pericial produzido em juízoatesta que não houve qualquer melhora no seu quadro clínico, e que se trata de enfermidade irreversível.

4. Os extratos de fls. 59/60 e 63 comprovam que a autora recebeu beneficio de auxílio-doença por mais de três anos, nosperíodos de 19.04.2002 a 31.05.2002, de 25.10.2004 a 10.01.2006 e de 08.03.2006 a 28.02.2008, o que demonstra que opróprio INSS reconheceu a sua incapacidade para a atividade habitual. A recorrente, em decorrência de seus problemas desaúde, não tem condições de exercer a atividade de lavradora, pois, necessita carregar peso e caminhar por longasdistâncias, o que acaba por agravar o problema lombar e cervical. Ademais, a análise de outros fatores, tais como a idadeda autora (49 anos) e suas condições sócio-culturais, levam ao deferimento do benefício. Isto posto, entendo devido opagamento de auxílio-doença desde a cessação administrativa indevida (28.02.2008 – fl. 59) até 19.09.2008 (citação doINSS – fl. 79/verso).

5. O benefício de aposentadoria por invalidez também é devido. Ao analisarmos as condições pessoais da autora, como,idade (49 anos – fl. 14), natureza do trabalho habitual (trabalhadora rural), cujo desempenho exige plenas condições físicas,natureza da doença que a acomete (degenerativa e irreversível – fl. 81), bem como o fato da recorrida possuir baixaescolaridade (4º série – fl. 19), resta incontroversa a dificuldade de colocação no mercado de trabalho para o exercício deoutra atividade que lhe promova o sustento. Assim, conclui-se que os fatos supramencionados autorizam a concessão deaposentadoria por invalidez. Desconsiderar as condições pessoais da recorrida seria atentar contra os paradigmasaxiológicos que norteiam o ordenamento jurídico, visto que, aplicar a lei não é somente subsumir a norma ao caso concreto,pelo contrário, é efetivar os princípios elencados na Carta Magna de 1988, sobretudo o postulado da Justiça. Ressalta-se,ainda, que a recorrente recebeu benefício de auxílio-doença entre 19.04.2002 e 28.02.2008, sem qualquer melhora em seuquadro clínico, o que ratifica que a concessão da aposentadoria por invalidez é devida, desde a data da citação do INSS,ressalvando os termos do art. 47 da Lei 8.213/91.

6. Recurso interposto pela autora conhecido e provido, para reformar a sentença e condenar o INSS a restabelecer oauxílio-doença desde a data da indevida cessação administrativa (28.02.2008 – fl. 59) até a citação da autarquiaprevidenciária (19.09.2008). A partir de 19.09.2008, o auxílio-doença deve ser convertido em aposentadoria por invalidez. OINSS deverá, ainda, pagar os atrasados, acrescidos de correção monetária, conforme tabela do CJF, e juros moratórios de1% ao mês a contar da citação até 29.06.2009 (data do advento da Lei 11960 / 2009). Após essa data, atualização na formado art. 1º F da Lei 9494 / 97, com a redação que lhe foi dada pela Lei 11960 /2009. Sem custas e honorários (art. 55 da Leinº. 9.099/95).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo conhecer e DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela autora, nos termos da ementa – parteintegrante deste julgado.

14 - 2008.50.50.005783-2/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: DANILO THEML CARAM.) x MARIA CLAUDIA DE GARCIAPAULA ALLEMAND.EMENTA

SERVIDOR PÚBLICO. AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA INDENIZATÓRIA.

1. Recurso interposto pela União Federal alegando, em síntese: (a) que a verba denominada auxílio-creche possui naturezaremuneratória, incidindo sobre ela imposto de renda; (b) que caso seja mantida a sentença de procedência, sejam abatidasdo valor a ser restituído as deduções permitidas por lei sobre as despesas com creche.

2. Com relação à incidência de imposto de renda sobre as verbas controvertidas, a sentença merece ser mantida por seuspróprios fundamentos, com base no art. 46 da Lei 9099 / 95. De fato, é pacífico no âmbito do STJ que as verbas recebidaspelo servidor a título de auxílio-creche possuem natureza indenizatória, pois se destinam a recompensar o servidor que tevegastos dessa natureza em razão da ausência de cumprimento por parte do órgão público ou do empregador da obrigaçãolegal de manter no estabelecimento local próprio para este fim. Nesse sentido há decisões tanto da 1ª como da 2ª Turma doSTJ – aquelas que formam a 1ª Seção e possuem competência em matéria tributária. Veja-se o RESP 1.019.017, Rel. Min.Teori Albino Zavascki, DJE 29.04.2009 e o RESP 625506, Rel. Min. João Otávio Noronha, DJ 06.03.2007.

3. Assentada a não incidência do imposto de renda sobre as verbas mencionadas pela autora na inicial, outra questãosurge, veiculada nas razões recursais, referente à possibilidade de despesas com creche serem deduzidas da base decálculo do imposto de renda por ocasião do ajuste anual. O raciocínio da União Federal é o seguinte: caso se entenda queos valores recebidos a título de auxílio-creche são indenizatórios, e considerando que os gastos do contribuinte com crechesão dedutíveis do imposto de renda até determinado limite (R$ 2830,84 para o ano de 2010, conforme Lei 11482 / 2007),até esse limite não haveria como autorizar a restituição do imposto de renda ante a ausência de dano.

4. A tese da União Federal não merece ser acolhida. São duas coisas distintas: o fato de as despesas com creche poderemser abatidas na rubrica geral gastos com instrução constitui fenômeno ligado à política tributária de isenções, nãointerferindo na (in) existência ou não de relação jurídica tributária que (não) permite a incidência de imposto de renda sobreas verbas denominadas auxílio-creche. Sendo as mesmas indenizatórias, não há alternativa que não a não incidência deimposto de renda. Não há como autorizar a compensação pretendida pela União Federal entre o imposto de renda a

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restituir e o montante que serviu de dedução no imposto de renda.

5. Recurso conhecido e não provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos da ementa – parte integrante destejulgado.

15 - 2008.50.50.003885-0/01 GUIOMAR BONINO GASPARINI FRAGA (ADVOGADO: RICARDO LEAO DE CALAISROLDAO, ROGÉRIO KEIJÓK SPITZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAOCARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE PENSÃO POR MORTE DERIVADA DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO.DECADÊNCIA DO DIREITO À REVISÃO DO BENEFÍCIO ORIGINÁRIO (ATO CONCESSÓRIO ANTERIOR A 28/06/1997 EAJUIZAMENTO POSTERIOR A 01/08/2007). CONDENAÇÃO LIMITADA ÀS PARCELAS REFERENTES AO BENEFÍCIODERIVADO. DIB DO BENEFÍCIO ORIGINÁRIO COMPREENDIDA NO PERÍODO DE 21/06/1977 A 04/10/1988. REVISÃOPELA OTN/ORTN. RECURSO DA PARTE AUTORA PARCIALMENTE PROVIDO.1. Recurso inominado interposto pela parte autora contra sentença que reconheceu a decadência (art. 103 da Lei 8.213/91)do direito à revisão de renda mensal inicial de benefício previdenciário, mediante aplicação da variação nominal OTN/ORTNaos 24 primeiros salários de contribuição, anteriores aos 12 últimos. Contrarrazões às fls. 87/95.

2. A Turma Regional de Uniformização, em sessão realizada em 29.06.2009, apreciou a matéria em exame e editou oenunciado nº 8 de sua súmula, nos seguintes termos: Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem àrevisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0.

3. Neste sentido, verifica-se a decadência do direito do titular do benefício originário (Jocelyn ferreira Fraga) de rever o atode concessão de sua aposentadoria por tempo de contribuição com DIB em 03.02.1986 (fl. 51), uma vez que não houve oexercício do direito de ação no prazo de dez anos, a contar da edição da Medida Provisória 1523, de 27 de junho de 1997.

4. Assentadas estas premissas, outra questão que se abre é a verificação da decadência para revisão de atos deconcessão de benefícios derivados como, por exemplo, da pensão por morte concedida em decorrência de falecimento desegurado em gozo de aposentadoria. Entendo que o reconhecimento da decadência do direito do titular do benefíciooriginário revisar o seu ato de concessão não pode prejudicar terceiros, por isso que não implica a decadência do direito dotitular do benefício derivado de rever seu próprio ato de concessão, ainda que pelo recálculo do ato de concessão dobenefício originário. A inércia do titular do primeiro benefício não pode prejudicar o exercício do direito de revisão do titularde benefício derivado. Seria, até mesmo, absurdo, o entendimento contrário, uma vez que implicaria reconhecer que otitular do benefício derivado sofreu efeitos da decadência antes mesmo de seu direito nascer. Não pode o titular do direitosofrer os efeitos do tempo antes mesmo do nascimento do seu direito. Os efeitos financeiros, contudo, serão somente osdecorrentes das diferenças devidas em razão da revisão do ato de concessão do benefício derivado.5. No presente caso, a pensão por morte da autora foi concedida em 25.03.2004 (fl. 50), sujeitando-se, portanto, ao prazodecadencial de dez anos fixado pela Lei 10.839/2004 (de 06.02.2004), vigente à data da concessão. Assim, considerandoque a presente ação foi ajuizada em 09.07.2008, não ocorreu a decadência do direito da autora de revisar seu benefício depensão por morte.6. O cálculo da revisão do benefício originário, entretanto, deve servir apenas como instrumento para calcular-secorretamente a RMI do benefício derivado, deixando de gerar qualquer efeito patrimonial em relação ao primeiro benefício(diferenças devidas em relação ao benefício originário).7. A revisão do benefício de pensão por morte deve ser calculada com base no valor da aposentadoria que o seguradoinstituidor receberia na data de seu falecimento (art. 75 da Lei 8213 / 91), considerando-se a revisão do benefício originário.8. O titular do benefício derivado somente tem direito às diferenças relativas ao seu próprio benefício, ainda que tenham porfundamento a alteração da RMI do benefício originário; esta alteração, contudo, far-se-á somente para apurar diferenças nobenefício derivado.9. A parte autora pleiteou a revisão da RMI do benefício de pensão por morte mediante a aplicação da variação nominal daOTN/ORTN, a fim de corrigir monetariamente os salários-de-contribuição do PBC do benefício originário. Para que a autorafaça jus à revisão, é necessário que o benefício originário seja aposentadoria por tempo de serviço, aposentadoria por idadeou aposentadoria especial, devendo ainda a DIB do benefício estar compreendida no período de 21 de junho de 1977, datada publicação da Lei n.º 6.423 (assinada em 17 de junho de 1977), a 04 de outubro de 1988, data que antecede apromulgação da Constituição Federal (05/10/1988).10. No caso dos autos, verifica-se que o benefício de aposentadoria por tempo de serviço, que antecedeu a pensão pormorte, teve início em 03/02/1986 (fl. 51), fazendo a recorrente jus a tal revisão.11. Os documentos acostados aos autos, apresentados pela parte autora e pelo INSS, todavia, não são suficientes pararealização do cálculo da revisão, uma vez que não se prestam a demonstrar todos os salários-de-contribuição queintegraram o período básico de cálculo. Desse modo, “aplica-se subsidiariamente a Tabela de Cálculos de Santa Catarinaaos pedidos de revisão de RMI - OTN/ORTN, na atualização dos salários de contribuição” (Súmula 38 da Turma Nacionalde Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais).

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12. Recurso conhecido e parcialmente provido, para, em que pese a decadência do direito de rever o ato de concessão dobenefício originário, julgar procedente o pedido de revisão do benefício de pensão por morte da parte autora, mediante arevisão do benefício originário pela variação nominal da OTN/ORTN, mediante arbitramento, com base na tabela decálculos de Santa Catarina. A nova renda mensal inicial do benefício de pensão por morte deverá ser calculada com baseno valor da aposentadoria que o segurado instituidor receberia na data de seu falecimento (art. 75 da Lei 8213 / 91), após arevisão pela OTN/ORTN. Condeno o INSS, ainda, ao pagamento das diferenças relativas ao benefício de pensão por morte,observada a prescrição qüinqüenal, com correção monetária e juros de mora de 1 % ao mês a contar da citação até aedição da Lei 11960 / 2009, a partir de quando deverá ser observada sua sistemática. Sem condenação em custas ehonorários (art. 55 da Lei 9.099/95).A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO daparte autora, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

16 - 2008.50.50.007158-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DEGOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x VANDER LUCAS DOS SANTOS (ADVOGADO: MARCELO CARVALHINHOVIEIRA.).EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. RMI. DECADÊNCIA CONFIGURADA. RECURSO INTERPOSTO PELO INSS PROVIDO.1. Recurso inominado contra sentença que julgou procedente o pedido de revisão de aposentadoria por invalidez, mediantea revisão de auxílio-doença anterior, pela variação do IRSM de fevereiro de 1994. O INSS sustenta a decadência do direitoda parte autora à revisão da RMI do benefício, nos termos do art. 103 da Lei 8213 / 91 e do Enunciado 63 das TurmasRecursais do Rio de Janeiro. Contrarrazões às fls. 109/111.2. A Turma Regional de Uniformização, em sessão realizada em 29.06.2009, editou o enunciado nº 8 de sua súmula, nosseguintes termos: “Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefícioprevidenciário instituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 daLei nº 8.213/91”. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0.3. No caso dos autos, todovia, o benefício foi deferido após 28.06.1997, não se aplicando o enunciado acima transcrito, massim o disposto no art. 103 da Lei 8213 / 91, que estipula em dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ouação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mêsseguinte ao do recebimento da primeira prestação.4. O recorrido busca a revisão da RMI de benefício deferido em 26.11.1997 (fl. 15), e ajuizou a presente ação em19.11.2008 – portanto, depois do transcurso do prazo decadencial de 10 anos, com observância ao disposto no art. 103 daLei 8213/91. Decadência configurada.5. Recurso provido. Extinção do feito com resolução do mérito, na forma do art. 269, IV do CPC. Sem condenação emcustas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei 9099 / 95).ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos da ementa que integrao presente julgado.

17 - 2010.50.53.000004-1/01 ORLANDA OVERNEI (ADVOGADO: ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. RMI. DECADÊNCIA CONFIGURADA. RECURSO INTERPOSTO PELA PARTE AUTORANÃO PROVIDO.1. Recurso inominado interposto pela parte autora contra sentença que reconheceu a decadência de direito à revisão derenda mensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 103 da Lei 8213 / 91.2. A Turma Regional de Uniformização, em sessão realizada em 29.06.2009, apreciou a matéria em exame e editou oenunciado nº 8 de sua súmula, nos seguintes termos: Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem àrevisão de ato concessório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0.3. No caso dos autos, a parte autora busca a revisão de RMI de benefício concedido em 15.11.1996, mas só veio a ajuizara presente ação em 07.01.2010, configurando-se a decadência.4. Recurso não provido. Condenação da parte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em R$ 50,00,com fundamento no art. 20 §4º – CPC c / c art. 55 da Lei 9099 / 95, observando-se o disposto no art. 12 da Lei 1060 / 50.Sem custas (art. 4º II – Lei 9289 / 96).ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos da ementa queintegra o presente julgado.

18 - 2008.50.50.006592-0/01 JACIMARA NASCIMENTO (ADVOGADO: TAIS MARIA ZANONI.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. PEDIDO DESOBRESTAMENTO DO PROCESSO INDEFERIDO. BENEFICIO COM DIB ANTERIOR A 29/11/99. RECURSO DAPARTE AUTORA CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido derevisão do benefício na forma do art. 29, §5º, da Lei 8.213/91. Em suas contrarrazões, o INSS requer, preliminarmente, asuspensão do processo até o julgamento da petição 7114-RJ, em cujo rosto o STJ deferiu o sobrestamento dos processosnos quais tenha sido estabelecida a controvérsia acerca da aplicação do art. 29 §5º da Lei 8.213/91.

2. Indefiro, inicialmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo tribunal de origemque fica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a remessa do recurso especial eventualmente interposto:o procedimento compreende a escolha de alguns recursos especiais “modelo”, dentre outros repetitivos e conexos, pararemessa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recursorepresentativo da controvérsia. Ademais, não existe previsão de recurso especial no microssistema dos juizados especiaisfederais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ após o julgamento do pedido de uniformizaçãopela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). Mesmo nesta última hipótese, contudo, são os pedidos de uniformização idênticosque ficam sobrestados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.

3. O recurso não merece ser provido. A redação original do caput do art. 29 limitava o período básico de cálculo para aaposentadoria por invalidez aos meses anteriores ao afastamento do trabalho (e, pelo óbvio, no caso de prévio recebimentode auxílio – doença, ambos teriam mesmo período básico de cálculo). O § 5º permite que o período de gozo de auxílio –doença anterior (e seu respectivo salário de benefício) seja computado como salário de contribuição da aposentadoria porinvalidez.

4. O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos antes daLei 9.876 / 99, o período base a ser considerado para a concessão da aposentadoria por invalidez será, via de regra, operíodo imediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipótese do § 5º (ou seja, utilização, no período básicode cálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido nesseperíodo como salário de contribuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção debenefícios por incapacidade intercalados com retorno à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra noplural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).

5. A tese do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29caput da Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5ºfoi revogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anterioresao do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não háfundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.

6. Assim, considerando que o benefício da parte autora (DIB 01/08/1997) foi concedido antes da alteração determinada pelaLei 9876 / 99, bem como que não houve percepção de benefícios por incapacidade intercalados com retornos à atividade(fls. 30/ 32), não assiste razão ao recorrente.

7. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º - II, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em R$ 50,00 (cinquenta reais, ficando sua execução suspensa, na forma do art. 12 da Lei1.060/50).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO ao recurso da parte autora, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

19 - 2008.50.50.003573-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos FigueredoMarçal.) x OIRAM DA FONSECA LAMAS (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DECORRENTE DE CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA.NULIDADE RECONHECIDA DE OFÍCIO: SENTENÇA EXTRA-PETITA NA PARTE EM QUE DETERMINOU A APLICAÇÃODA REGRA DO ART. 29 – II DA LEI 8213 / 91, COM AFASTAMENTO DA REGRA DO ART. 32 § 20 DO DECRETO 3048 /99, TENDO EM VISTA QUE O PEDIDO DO AUTOR SE LIMITOU À CONTROVÉRSIA SOBRE A APLICAÇÃO DA REGRADO ART. 29 § 5º DA LEI 8213 / 91. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99.JUROS DE MORA. ART. 1º. – F DA LEI 9.994/97, COM A REDAÇÃO DA LEI 11.960/09. RECURSO CONHECIDO EPARCIALMENTE PROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando orecorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a Lei 9.876/99, considerando-se, comosalário-de-contribuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei 8.213 / 91. O

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INSS requereu a reforma da sentença e, ainda, (1) a suspensão do processo até o julgamento da petição 7114-RJ, em cujorosto o STJ deferiu o sobrestamento dos processos nos quais tenha sido estabelecida a controvérsia acerca da aplicaçãodo art. 29 §5º da Lei 8.213/91 e (2) a aplicação da Lei 11.960/2009, a partir de sua vigência. Em contrarrazões, a parteautora requereu o sobrestamento do feito até o julgamento final do RE 583.834.Indefiro, inicialmente, o requerimento do recorrido. Não é o julgamento do recurso inominado pela Turma Recursal que ficasuspenso na sistemática da repercussão geral (art. 543-B do CPC), mas sim a remessa do recurso extraordinárioeventualmente interposto: o procedimento compreende a escolha de alguns recursos extraordinários “modelo”, dentreoutros repetitivos e conexos, para remessa ao STF, e o sobrestamento dos demais, cuja apreciação fica condicionada aojulgamento do mérito do recurso representativo da controvérsia.Indefiro, também, a suspensão do feito requerido pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo tribunal de origem que ficasuspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a remessa do recurso especial eventualmente interposto: oprocedimento compreende a escolha de alguns recursos especiais “modelo”, dentre outros repetitivos e conexos, pararemessa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recursorepresentativo da controvérsia. Ademais, não existe previsão de recurso especial no microssistema dos juizados especiaisfederais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformizaçãopela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). Mesmo nesta última hipótese, contudo, são os pedidos de uniformização idênticosque ficam sobrestados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.Pela leitura da inicial depreende-se que a questão controvertida se refere, única e exclusivamente, à aplicação da regra do§ 5º do art. 29 da Lei 8213 / 99, ou seja, em casos de concessão de aposentadoria por invalidez decorrentes de conversãode auxílio-doença, se no cálculo da RMI daquele devem ser considerados como salário-de-contribuição osalário-de-benefício deste. Agora, qual a definição do salário-de-benefício, se a média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo (art. 29 – II da Lei 8213 / 99) oua soma dos salários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições apurado para o caso de contar o segurado commenos de cento e quarenta e quatro contribuições mensais no período contributivo, trata-se de questão estranha ao objetoda lide e não passível de resolução na sentença por ausência de pedido expresso, contraditório e ampla defesa sobre oponto. Por conseguinte, o tópico da sentença em que se determina a aplicação da regra do art. 29 – II da Lei 8213 / 91 coma redação dada pela Lei 9876 / 99 e não a regra do art. 32 § 20 do Decreto 3048 / 99 com a redação dada pelo Decreto5545 / 2005, ao fundamento de ter este extrapolado os limites do poder regulamentar, está nitidamente em descompassocom os limites objetivos da lide. Nesse sentido, ocorreu julgamento extra-petita.A redação original do caput do art. 29 limitava o período básico de cálculo para a aposentadoria por invalidez aos mesesanteriores ao afastamento do trabalho (e, pelo óbvio, no caso de prévio recebimento de auxílio – doença, ambos teriammesmo período básico de cálculo). O § 5º permite que o período de gozo de auxílio – doença anterior (e seu respectivosalário de benefício) seja computado como salário de contribuição da aposentadoria por invalidez.O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos antes da Lei9.876 / 99, o período base a ser considerado para a concessão da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o períodoimediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipótese do § 5º (ou seja, utilização, no período básico decálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido nesseperíodo como salário de contribuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção debenefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra noplural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).A tese do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caputda Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foirevogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anteriores aodo afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não háfundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qualconsidera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviude base para a concessão do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais deatualização.Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede arevisão pleiteada.Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da ConstituiçãoFederal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao casoconcreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas refletea adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao processo nº.2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, deforma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 extrapolou, nesse ponto, sua funçãoregulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinentes, percebe-se a existência de afronta aoprincípio da hierarquia das leis”.As decisões proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos especiais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /RS cuidam de benefícios concedidos antes da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação do §5º. emconsonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipótese, portanto, não se assemelha ao

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caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 / 99.Assiste razão ao INSS quanto aos juros de mora. A sentença foi prolatada em 15/07/2010, ou seja, já na vigência da Lei11.960/2009, de 30.06.2009. Assim, o recurso do INSS deve ser provido, neste particular, para estabelecer que, a partir davigência da Lei 11.960/09, incidirá atualização exclusivamente na forma do art.1ºF da Lei 9494/97, com a redação que lhefoi dada pela Lei 11.960/2009.Sentença reformada de ofício, reconhecido o julgamento extra-petita, para excluir da condenação o comando de aplicaçãoda regra do art. 29 – II da Lei 8213 / 99. Recurso do INSS conhecido e parcialmente provido para estabelecer que, a partirda vigência da Lei 11.960/09, incidirá atualização exclusivamente na forma do art.1º F da Lei 9494/97, com a redação quelhe foi dada pela Lei 11.960/2009. Sem custas e honorários (art. 55 da Lei 9.099/95).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, REFORMAR A SENTENÇA DE OFÍCIO, RECONHECENDONULIDADE PARCIAL E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da ementa constante dos autos,que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

20 - 2008.50.50.002730-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos FigueredoMarçal.) x IZABEL MARIA THOMAS STEINER (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. SOBRESTAMENTO DOFEITO INDEFERIDO. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando orecorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,considerando-se, como salário-de-contribuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §5º da Lei nº 8.213/91. Contrarrazões às fls. 119/124.Indefiro, inicialmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo tribunal de origem quefica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a remessa do recurso especial eventualmente interposto: oprocedimento compreende a escolha de alguns recursos especiais “modelo”, dentre outros repetitivos e conexos, pararemessa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recursorepresentativo da controvérsia. Ademais, não existe previsão de recurso especial no microssistema dos juizados especiaisfederais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformizaçãopela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). Mesmo nesta última hipótese, contudo, são os pedidos de uniformização idênticosque ficam sobrestados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos antes da Lei9.876 / 99, o período base a ser considerado para a concessão da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o períodoimediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipótese do § 5º (ou seja, utilização, no período básico decálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido nesseperíodo como salário de contribuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção debenefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra noplural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).A tese do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caputda Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foirevogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anteriores aodo afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não háfundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qualconsidera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviude base para a concessão do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais deatualização.Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede arevisão pleiteada.Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da ConstituiçãoFederal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao casoconcreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas refletea adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao processo nº.2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, deforma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 extrapolou, nesse ponto, sua funçãoregulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinentes, percebe-se a existência de afronta aoprincípio da hierarquia das leis”.

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As decisões proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos especiais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos antes da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicaçãodo §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipótese, portanto, não seassemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 /99.Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei 9.099/95).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

21 - 2008.50.50.006305-4/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDACOSTA.) x JOSEMAR LIRIO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIBPOSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando orecorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,considerando-se, como salário-de-contribuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §5º da Lei nº. 8.213/91. Contrarrazões às fls. 78/91, em que a parte autora requereu o sobrestamento do feito até ojulgamento final do RE 583.834.Indefiro, inicialmente, o requerimento do recorrido. Não é o julgamento do recurso inominado pela Turma Recursal que ficasuspenso na sistemática da repercussão geral (art. 543-B do CPC), mas sim a remessa do recurso extraordinárioeventualmente interposto: o procedimento compreende a escolha de alguns recursos extraordinários “modelo”, dentreoutros repetitivos e conexos, para remessa ao STF, e o sobrestamento dos demais, cuja apreciação fica condicionada aojulgamento do mérito do recurso representativo da controvérsia.O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos antes da Lei9.876 / 99, o período base a ser considerado para a concessão da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o períodoimediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipótese do § 5º (ou seja, utilização, no período básico decálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido nesseperíodo como salário de contribuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção debenefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra noplural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).A tese do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caputda Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foirevogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anteriores aodo afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não háfundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qualconsidera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviude base para a concessão do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais deatualização.Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede arevisão pleiteada.Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da ConstituiçãoFederal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao casoconcreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas refletea adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao processo nº.2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, deforma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 extrapolou, nesse ponto, sua funçãoregulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinentes, percebe-se a existência de afronta aoprincípio da hierarquia das leis”.As decisões proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos especiais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos antes da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicaçãodo §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipótese, portanto, não seassemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 /99.Registro, por fim, que a sentença já ressalvou a prescrição qüinqüenal.

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Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei 9.099/95).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

22 - 2008.50.50.003605-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDACOSTA.) x JOAO GUELLER ZANELATTO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIBPOSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando orecorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,considerando-se, como salário-de-contribuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §5º da Lei nº 8.213/91. Contrarrazões às fls. 87/100, requerendo o sobrestamento do feito até o julgamento final do RE583.834.Indefiro, inicialmente, o requerimento do recorrido. Não é o julgamento do recurso inominado pela Turma Recursal que ficasuspenso na sistemática da repercussão geral (art. 543-B do CPC), mas sim a remessa do recurso extraordinárioeventualmente interposto: o procedimento compreende a escolha de alguns recursos extraordinários “modelo”, dentreoutros repetitivos e conexos, para remessa ao STF, e o sobrestamento dos demais, cuja apreciação fica condicionada aojulgamento do mérito do recurso representativo da controvérsia.O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos antes da Lei9.876 / 99, o período base a ser considerado para a concessão da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o períodoimediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipótese do § 5º (ou seja, utilização, no período básico decálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido nesseperíodo como salário de contribuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção debenefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra noplural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).A tese do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caputda Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foirevogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anteriores aodo afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não háfundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qualconsidera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviude base para a concessão do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais deatualização.Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede arevisão pleiteada.Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da ConstituiçãoFederal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao casoconcreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas refletea adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao processo nº.2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, deforma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 extrapolou, nesse ponto, sua funçãoregulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinentes, percebe-se a existência de afronta aoprincípio da hierarquia das leis”.As decisões proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos especiais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos antes da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicaçãodo §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipótese, portanto, não seassemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 /99.Registro, por fim, que a sentença já ressalvou a prescrição qüinqüenal.Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação, art. 55 da Lei 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

23 - 2007.50.50.010639-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos FigueredoMarçal.) x CELINA SILVA AUER.EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PEDIDO DE SOBRESTAMENTO DO PROCESSOINDEFERIDO. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99. RECURSOCONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando orecorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,considerando-se, como salário-de-contribuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §5º da Lei nº 8.213/91. Sem contrarrazões.Indefiro, inicialmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo tribunal de origem quefica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a remessa do recurso especial eventualmente interposto: oprocedimento compreende a escolha de alguns recursos especiais “modelo”, dentre outros repetitivos e conexos, pararemessa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recursorepresentativo da controvérsia. Ademais, não existe previsão de recurso especial no microssistema dos juizados especiaisfederais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformizaçãopela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). Mesmo nesta última hipótese, contudo, são os pedidos de uniformização idênticosque ficam sobrestados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos antes da Lei9.876 / 99, o período base a ser considerado para a concessão da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o períodoimediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipótese do § 5º (ou seja, utilização, no período básico decálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido nesseperíodo como salário de contribuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção debenefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra noplural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).A tese do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caputda Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foirevogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anteriores aodo afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não háfundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qualconsidera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviude base para a concessão do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais deatualização.Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede arevisão pleiteada.Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da ConstituiçãoFederal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao casoconcreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas refletea adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao processo nº.2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, deforma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 extrapolou, nesse ponto, sua funçãoregulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinentes, percebe-se a existência de afronta aoprincípio da hierarquia das leis”.As decisões proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos especiais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos antes da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicaçãodo §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipótese, portanto, não seassemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 /99.Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, umavez que a recorrida não está assistida por advogado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da

Page 18: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

24 - 2007.50.50.009324-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DASILVEIRA.) x NIRCA PEREIRA DE OLIVEIRA (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SOBRESTAMENTO DO FEITO INDEFERIDO. ART. 29, §5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando orecorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,considerando-se, como salário-de-contribuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §5º da Lei nº 8.213/91. Contrarrazões às fls. 86/87.Indefiro, inicialmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo tribunal de origem quefica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a remessa do recurso especial eventualmente interposto: oprocedimento compreende a escolha de alguns recursos especiais “modelo”, dentre outros repetitivos e conexos, pararemessa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recursorepresentativo da controvérsia. Ademais, não existe previsão de recurso especial no microssistema dos juizados especiaisfederais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformizaçãopela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). Mesmo nesta última hipótese, contudo, são os pedidos de uniformização idênticosque ficam sobrestados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos antes da Lei9.876 / 99, o período base a ser considerado para a concessão da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o períodoimediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipótese do § 5º (ou seja, utilização, no período básico decálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido nesseperíodo como salário de contribuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção debenefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra noplural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).A tese do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caputda Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foirevogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anteriores aodo afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não háfundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qualconsidera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviude base para a concessão do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais deatualização.Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede arevisão pleiteada.Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da ConstituiçãoFederal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao casoconcreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas refletea adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao processo nº.2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, deforma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 extrapolou, nesse ponto, sua funçãoregulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinentes, percebe-se a existência de afronta aoprincípio da hierarquia das leis”.As decisões proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos especiais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos antes da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicaçãodo §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipótese, portanto, não seassemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 /99.Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação, na forma do art. 55 da Lei 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

25 - 2008.50.50.003619-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO

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PAIVA.) x VERA LUCIA MATHIAS FRAGA (ADVOGADO: LEONARDO ALVES COLNAGO, MARIA DE FÁTIMADOMENEGHETTI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIBPOSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando orecorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,considerando-se, como salário-de-contribuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §5º da Lei nº 8.213/91. Contrarrazões às fls. 92/99, em que a parte autora requereu o sobrestamento do feito até ojulgamento final do RE 583.834.Indefiro, inicialmente, o requerimento da recorrida. Não é o julgamento do recurso inominado pela Turma Recursal que ficasuspenso na sistemática da repercussão geral (art. 543-B do CPC), mas sim a remessa do recurso extraordinárioeventualmente interposto: o procedimento compreende a escolha de alguns recursos extraordinários “modelo”, dentreoutros repetitivos e conexos, para remessa ao STF, e o sobrestamento dos demais, cuja apreciação fica condicionada aojulgamento do mérito do recurso representativo da controvérsia.O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos antes da Lei9.876 / 99, o período base a ser considerado para a concessão da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o períodoimediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipótese do § 5º (ou seja, utilização, no período básico decálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido nesseperíodo como salário de contribuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção debenefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra noplural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).A tese do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caputda Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foirevogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anteriores aodo afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não háfundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qualconsidera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviude base para a concessão do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais deatualização.Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede arevisão pleiteada.Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da ConstituiçãoFederal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao casoconcreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas refletea adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao processo nº.2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, deforma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 extrapolou, nesse ponto, sua funçãoregulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinentes, percebe-se a existência de afronta aoprincípio da hierarquia das leis”.As decisões proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos especiais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos antes da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicaçãodo §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipótese, portanto, não seassemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 /99.Registro, por fim, que a sentença já ressalvou a prescrição qüinqüenal.Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei 9.099/95).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

26 - 2007.50.50.002329-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIROPAIVA.) x JOSEMAR COSME COSTA DO ESPIRITO SANTO (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMONHOLLIDAY.).EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. SOBRESTAMENTO DOFEITO INDEFERIDO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. FALTA DE INTERESSE RECURSAL. BENEFICIO COM DIBPOSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOSFUNDAMENTOS.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando orecorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,considerando-se, como salário-de-contribuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §5º da Lei nº. 8.213/91.

2. Indefiro, inicialmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo tribunal de origemque fica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a remessa do recurso especial eventualmente interposto:o procedimento compreende a escolha de alguns recursos especiais “modelo”, dentre outros repetitivos e conexos, pararemessa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recursorepresentativo da controvérsia. Ademais, não existe previsão de recurso especial no microssistema dos juizados especiaisfederais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformizaçãopela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). Mesmo nesta última hipótese, contudo, são os pedidos de uniformização idênticosque ficam sobrestados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.

3. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei 9099 / 95 – art. 46). Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à Previdência Social (seletividade, o carátercontributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial), especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88,visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei de benefícios. O acolhimento do pedido também nãoimplica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição Federal, pois não se trata de criarcritério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso concreto. Ademais, sequer acarretamajoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete a adequação do critério de apuraçãoda RMI ao comando legal em vigor.

4. A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao processo nº.2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, deforma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 extrapolou, nesse ponto, sua funçãoregulamentar. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinentes, percebe-se a existência de afronta ao princípioda hierarquia das leis”.

5. As decisões proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos especiais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG, 1.016.678 /RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos antes da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicaçãodo §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipótese, portanto, não seassemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez da parte autor foi concedida já sob a égide da Lei9.876 / 99.

6. Quanto ao pedido de reconhecimento da prescrição, verifico a ausência de interesse recursal, uma vez que a sentença járessalvou a prescrição quinquenal.

7. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO ao recurso do INSS, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

27 - 2008.50.50.003818-7/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DEGOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x ROGERIO FRANCISCO ALVES (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMADOMENEGHETTI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. SOBRESTAMENTO DOFEITO INDEFERIDO. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou parcialmente procedente o pedido,condenando o recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei9876 / 99, considerando-se, como salário-de-contribuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos doart. 29, § 5º da Lei nº. 8.213/91. Em contrarrazões, requer a parte autora o sobrestamento do feito até o julgamento final doRE 583.834.

Page 21: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

2. Indefiro, inicialmente, o requerimento do recorrido. Não é o julgamento do recurso inominado pela Turma Recursal quefica suspenso na sistemática da repercussão geral (art. 543-B do CPC), mas sim a remessa do recurso extraordinárioeventualmente interposto: o procedimento compreende a escolha de alguns recursos extraordinários “modelo”, dentreoutros repetitivos e conexos, para remessa ao STF, e o sobrestamento dos demais, cuja apreciação fica condicionada aojulgamento do mérito do recurso representativo da controvérsia.

3. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei 9099 / 95 – art. 46). Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à Previdência Social (seletividade, o carátercontributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial), especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88,visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei de benefícios. O acolhimento do pedido também nãoimplica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição Federal, pois não se trata de criarcritério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso concreto. Ademais, sequer acarretamajoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete a adequação do critério de apuraçãoda RMI ao comando legal em vigor.

4. A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao processo nº.2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, deforma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 extrapolou, nesse ponto, sua funçãoregulamentar. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinentes, percebe-se a existência de afronta ao princípioda hierarquia das leis”.

5. As decisões proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos especiais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG, 1.016.678 /RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos antes da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicaçãodo §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipótese, portanto, não seassemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez da parte autora foi concedida já sob a égide da Lei9.876 / 99.

6. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, art. 55 da Lei 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO ao recurso do INSS, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

28 - 2008.50.50.003626-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTABUARQUE.) x JOAO ANTONIO DE SOUZA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. SOBRESTAMENTO DOFEITO INDEFERIDO. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou parcialmente procedente o pedido,condenando o recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei9876 / 99, considerando-se, como salário-de-contribuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos doart. 29, § 5º da Lei nº. 8.213/91. O INSS requer ainda a suspensão do processo até o julgamento da petição 7114-RJ, emcujo rosto o STJ deferiu o sobrestamento dos processos nos quais tenha sido estabelecida a controvérsia acerca daaplicação do art. 29 §5º da Lei 8.213/91. Em contrarrazões, requer a parte autora o sobrestamento do feito até o julgamentofinal do RC 583.834-0.

2. Indefiro, inicialmente, o requerimento do recorrido. Não é o julgamento do recurso inominado pela Turma Recursal quefica suspenso na sistemática da repercussão geral (art. 543-B do CPC), mas sim a remessa do recurso extraordinárioeventualmente interposto: o procedimento compreende a escolha de alguns recursos extraordinários “modelo”, dentreoutros repetitivos e conexos, para remessa ao STF, e o sobrestamento dos demais, cuja apreciação fica condicionada aojulgamento do mérito do recurso representativo da controvérsia.

3. Indefiro, igualmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo tribunal de origemque fica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a remessa do recurso especial eventualmente interposto:o procedimento compreende a escolha de alguns recursos especiais “modelo”, dentre outros repetitivos e conexos, pararemessa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recursorepresentativo da controvérsia. Ademais, não existe previsão de recurso especial no microssistema dos juizados especiaisfederais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformizaçãopela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). Mesmo nesta última hipótese, contudo, são os pedidos de uniformização idênticosque ficam sobrestados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.

Page 22: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

4. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei 9099 / 95 – art. 46). Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à Previdência Social (seletividade, o carátercontributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial), especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88,visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei de benefícios. O acolhimento do pedido também nãoimplica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição Federal, pois não se trata de criarcritério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso concreto. Ademais, sequer acarretamajoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete a adequação do critério de apuraçãoda RMI ao comando legal em vigor.

5. A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao processo nº.2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, deforma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 extrapolou, nesse ponto, sua funçãoregulamentar. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinentes, percebe-se a existência de afronta ao princípioda hierarquia das leis”.

6. As decisões proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos especiais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG, 1.016.678 /RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos antes da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicaçãodo §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipótese, portanto, não seassemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez da parte autora foi concedida já sob a égide da Lei9.876 / 99.

7. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, art. 55 da Lei 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO ao recurso do INSS, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

29 - 2007.50.50.006729-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIROPAIVA.) x ANTONIO MIRANDA SIMOES (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIBPOSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOSFUNDAMENTOS.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando orecorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,considerando-se, como salário-de-contribuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §5º da Lei nº. 8.213/91.

2. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei 9099 / 95 – art. 46). Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à Previdência Social (seletividade, o carátercontributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial), especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88,visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei de benefícios. O acolhimento do pedido também nãoimplica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição Federal, pois não se trata de criarcritério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso concreto. Ademais, sequer acarretamajoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete a adequação do critério de apuraçãoda RMI ao comando legal em vigor.

3. A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao processo nº.2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, deforma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 extrapolou, nesse ponto, sua funçãoregulamentar. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinentes, percebe-se a existência de afronta ao princípioda hierarquia das leis”.

4. As decisões proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos especiais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG, 1.016.678 /RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos antes da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicaçãodo §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipótese, portanto, não seassemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez da parte autor foi concedida já sob a égide da Lei9.876 / 99.

5. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Page 23: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

30 - 2007.50.50.000787-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIODA SILVA.) x NILO DARE RIQUIERE (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIBPOSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOSFUNDAMENTOS.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando orecorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,considerando-se, como salário-de-contribuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §5º da Lei nº. 8.213/91.

2. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei 9099 / 95 – art. 46). Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à Previdência Social (seletividade, o carátercontributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial), especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88,visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei de benefícios. O acolhimento do pedido também nãoimplica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição Federal, pois não se trata de criarcritério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso concreto. Ademais, sequer acarretamajoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete a adequação do critério de apuraçãoda RMI ao comando legal em vigor.

3. A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao processo nº.2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, deforma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 extrapolou, nesse ponto, sua funçãoregulamentar. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinentes, percebe-se a existência de afronta ao princípioda hierarquia das leis”.

4. As decisões proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos especiais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG, 1.016.678 /RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos antes da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicaçãodo §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipótese, portanto, não seassemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez da parte autor foi concedida já sob a égide da Lei9.876 / 99.

5. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento dehonorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos JuizadosEspeciais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

31 - 2009.50.50.002642-6/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) KELLY MOREIRA OKAMOTO REBECCHI (DEF.PUB: KarinaRocha Mitleg Bayerl.) x ESTADO DO ESPIRITO SANTO x MUNICÍPIO DA SERRA x Juizo Federal do 1º Juizado EspecialFederal Do E.S. E OUTRO.PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 2009.50.50.002642-6/01

V O T O

Trata-se de Mandado de Segurança impetrado por Kelly Moreira Okamoto Rebecchi contra ato jurisdicional da JuízaFederal do 1º Juizado Especial Federal do Espírito Santo que, entendendo pela ilegitimidade passiva da União Federal nasações de fornecimento de medicamento e de tratamento médico pelo SUS, declinou da competência e determinou aremessa dos autos a regular distribuição junto às Varas Cíveis da Comarca com abrangência sobre o Município onde a

Page 24: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

autora tem residência, e contra a União Federal, o Estado do Espírito Santo e o Município da Serra. Requer a impetrante aconcessão de medida liminar para que seja imediatamente incluída a União no pólo passivo da demanda, determinando oprosseguimento do feito no Juizado Especial Federal.

Foi concedida a liminar (fls. 192/194), determinando que a autoridade impetrada se abstivesse de encaminhar para aJustiça Estadual os autos do processo ou, caso já os tivesse encaminhado, que solicitasse imediatamente a respectivadevolução, dando prosseguimento à instrução processual.

Contestação da União Federal às fls. 199/209. Aduz a União que não há presença de direito líquido e certo da impetrante.Alega ser parte ilegítima para figurar no pólo passivo da demanda, uma vez que, na qualidade de gestora federal do SUS,vem cumprindo fielmente com o dever de repasse de recursos financeiros, cabendo aos Municípios e, supletivamente, aosEstados, a aquisição e adequada distribuição de medicamentos.

Contestação do Município da Serra às fls. 210/217. Afirma que não deve prosperar a arguição da União Federal acerca dadescentralização do SUS ou sua redução a mero repassador de recursos, como razões fortes o bastante para deslocar acompetência, vez que é responsabilidade comum da União, Estados e Municípios zelar pela saúde dos cidadãos.

O Estado do Espírito Santo optou por não apresentar defesa (petição de fl. 229).

O Ministério Público Federal foi intimado, mas não se manifestou nos autos, conforme certidões de fls. 230/231.

É o breve relatório. Passo a votar.

O Mandado de Segurança tem como pressuposto proteger direito líquido e certo, violado ou em vias de o ser. Entende-secomo direito líquido e certo o que resulta de fato certo, ou seja, aquele apto a ser comprovado de plano, por documentoinequívoco, independente de posterior produção de provas. O direito que depende de dilação probatória está excluído daapreciação por esta via judicial.

In casu, ressalta-se a excepcionalidade do cabimento do Mandado de Segurança, em face de a parte autora não poderesperar a decisão de um possível conflito de competência, visto que o direito tutelado é o direito a saúde, que requerprovidência imediata.

Quanto à legitimidade da União, nos termos do posicionamento consolidado dos Tribunais Superiores, conclui-se quedetém capacidade para ocupar o pólo passivo das ações em que se pleiteia a concessão de medicamentos e tratamento desaúde, tendo em vista que a Constituição Federal é expressa ao determinar que a Saúde é dever do Estado, não excluindodessa responsabilidade qualquer de seus entes, razão pela qual cabe também à União responder por tal tarefa.Precedentes do STF: AI 418.320, rel. Ministro Carlos Velloso; RE 259.415, rel. Ministro Sepúlvera Pertence; RE 198.263,rel. Ministro Sydney Sanches; RE 242.859, rel. Ministro Ilmar Galvão e RE 271.286-AgR, rel. Ministro Celso Melo e do STJ:AgRg no REsp 1065672/SC, Rel. Ministro Francisco Falcão, DJ 06/10/2008 e AgRg no Ag 886.974/SC, Rel. Ministro JoãoOtávio de Noronha, DJ 29/10/2007.

A Carta Política consagra o direito à saúde e o consequente inequívoco dever do Estado em garanti-la (art. 196, CRFB).Continua asseverando que as ações e serviços públicos de saúde constituem um sistema único, que tem como diretriz oatendimento integral (art. 196, CRFB).

Nesse diapasão, entendo como solidária a responsabilidade dos entes políticos das três esferas da Federação.

Não tendo a parte autora condições financeiras de suportar o tratamento recomendado para o seu mal, cabe ao Estado(gênero) providenciar o suporte necessário a tanto, atendendo à exigência do art. 196 da CRFB.

Do exposto, CONCEDO A SEGURANÇA para incluir a União Federal no pólo passivo da demanda e para, confirmando aliminar deferida, determinar que, nos termos da legislação, das normas e convênios aplicados ao SUS, haja solidariedadeentre os entes federativos: União Federal, Estado do Espírito Santo e Município da Serra.Sem condenação em honorários.

É como voto.

Page 25: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

E M E N T A

MANDADO DE SEGURANÇA – MEDICAMENTO – CABIMENTO – DECISÃO DECLINATÓRIA DE COMPETÊNCIA –JUSTIÇA ESTADUAL –– LEGITIMIDADE DA UNIÃO – CONCESSÃO DA SEGURANÇA.

1. Trata-se de Mandado de Segurança impetrado pela parte autora contra ato jurisdicional da Juíza Federal do 1º JuizadoEspecial Federal que, entendendo pela ilegitimidade passiva da União Federal nas ações de fornecimento de medicamentoe de tratamento médico pelo SUS, declinou da competência para uma das Varas Cíveis da Comarca de abrangência sobreo Município onde a autora tem residência.2. Concedida a liminar conforme decisão de fls. 192/194.3. Quanto à legitimidade da União, nos termos do posicionamento consolidado dos Tribunais Superiores, conclui-se quedetém capacidade para ocupar o pólo passivo das ações em que se pleiteia a concessão de medicamentos e tratamento desaúde, tendo em vista que a Constituição Federal é expressa ao determinar que a Saúde é dever do Estado, não excluindodessa responsabilidade qualquer de seus entes, razão pela qual cabe também à União responder por tal tarefa.4. A Carta Política consagra o direito à saúde e o consequente inequívoco dever do Estado em garanti-la (art. 196, CRFB).Continua asseverando que as ações e serviços públicos de saúde constituem um sistema único, que tem como diretriz oatendimento integral (art. 196, CRFB). Nesse diapasão, entendo como solidária a responsabilidade dos entes políticos dastrês esferas da Federação.6. Não tendo a parte autora condições financeiras de suportar o tratamento recomendado para o seu mal, cabe ao Estado(gênero) providenciar o suporte necessário a tanto, atendendo à exigência do art. 196 da CRFB.7. Mandado de Segurança concedido.

A C O R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo CONCEDER A SEGURANÇA no presente mandamus, na forma do voto e ementa dorelator, que passam a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Osair Victor de Oliveira JuniorJuiz Federal Relator

32 - 2009.50.50.004752-1/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) REGINA GOMES (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECOSARTÓRIO.) x UNIÃO FEDERAL x MUNICÍPIO DA SERRA x ESTADO DO ESPIRITO SANTO x Juizo Federal do 1ºJuizado Especial Federal Do E.S..PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 2009.50.50.004752-1/01

V O T O

Trata-se de Mandado de Segurança impetrado por Regina Gomes contra ato jurisdicional da Juíza Federal do 1º JuizadoEspecial Federal do Espírito Santo que, entendendo pela ilegitimidade passiva da União Federal nas ações de fornecimentode medicamento e de tratamento médico pelo SUS, declinou da competência e determinou a remessa dos autos a regulardistribuição junto às Varas Cíveis da Comarca com abrangência sobre o Município onde a autora tem residência, e contra aUnião Federal, o Estado do Espírito Santo e o Município da Serra. Requer a impetrante a concessão de medida liminar paraque seja imediatamente incluída a União no pólo passivo da demanda, determinando o prosseguimento do feito no JuizadoEspecial Federal.

Foi concedida a liminar (fls. 143/145), determinando que a autoridade impetrada se abstivesse de encaminhar para aJustiça Estadual os autos do processo ou, caso já os tivesse encaminhado, que solicitasse imediatamente a respectivadevolução, dando prosseguimento à instrução processual.

Contestação da União Federal às fls. 149/158. Aduz a União que não há presença de direito líquido e certo da impetrante.Alega ser parte ilegítima para figurar no pólo passivo da demanda, uma vez que, na qualidade de gestora federal do SUS,vem cumprindo fielmente com o dever de repasse de recursos financeiros, cabendo aos Municípios e, supletivamente, aosEstados, a aquisição e adequada distribuição de medicamentos.

Contestação do Município da Serra às fls. 159/166. Afirma que não deve prosperar a arguição da União Federal acerca da

Page 26: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

descentralização do SUS ou sua redução a mero repassador de recursos, como razões fortes o bastante para deslocar acompetência, vez que é responsabilidade comum da União, Estados e Municípios zelar pela saúde dos cidadãos.

O Estado do Espírito Santo quedou-se inerte após ser devidamente citado.

O Ministério Público Federal foi intimado, mas não se manifestou nos autos, conforme certidões de fls. 179/180.

É o breve relatório. Passo a votar.

O Mandado de Segurança tem como pressuposto proteger direito líquido e certo, violado ou em vias de o ser. Entende-secomo direito líquido e certo o que resulta de fato certo, ou seja, aquele apto a ser comprovado de plano, por documentoinequívoco, independente de posterior produção de provas. O direito que depende de dilação probatória está excluído daapreciação por esta via judicial.

In casu, ressalta-se a excepcionalidade do cabimento do Mandado de Segurança, em face de a parte autora não poderesperar a decisão de um possível conflito de competência, visto que o direito tutelado é o direito a saúde, que requerprovidência imediata.

Quanto à legitimidade da União, nos termos do posicionamento consolidado dos Tribunais Superiores, conclui-se quedetém capacidade para ocupar o pólo passivo das ações em que se pleiteia a concessão de medicamentos e tratamento desaúde, tendo em vista que a Constituição Federal é expressa ao determinar que a Saúde é dever do Estado, não excluindodessa responsabilidade qualquer de seus entes, razão pela qual cabe também à União responder por tal tarefa.Precedentes do STF: AI 418.320, rel. Ministro Carlos Velloso; RE 259.415, rel. Ministro Sepúlvera Pertence; RE 198.263,rel. Ministro Sydney Sanches; RE 242.859, rel. Ministro Ilmar Galvão e RE 271.286-AgR, rel. Ministro Celso Melo e do STJ:AgRg no REsp 1065672/SC, Rel. Ministro Francisco Falcão, DJ 06/10/2008 e AgRg no Ag 886.974/SC, Rel. Ministro JoãoOtávio de Noronha, DJ 29/10/2007.

A Carta Política consagra o direito à saúde e o consequente inequívoco dever do Estado em garanti-la (art. 196, CRFB).Continua asseverando que as ações e serviços públicos de saúde constituem um sistema único, que tem como diretriz oatendimento integral (art. 196, CRFB).

Nesse diapasão, entendo como solidária a responsabilidade dos entes políticos das três esferas da Federação.

Não tendo a parte autora condições financeiras de suportar o tratamento recomendado para o seu mal, cabe ao Estado(gênero) providenciar o suporte necessário a tanto, atendendo à exigência do art. 196 da CRFB.

Do exposto, CONCEDO A SEGURANÇA para incluir a União Federal no pólo passivo da demanda e para, confirmando aliminar deferida, determinar que, nos termos da legislação, das normas e convênios aplicados ao SUS, haja solidariedadeentre os entes federativos: União Federal, Estado do Espírito Santo e Município da Serra.Sem condenação em honorários.

É como voto.

E M E N T A

MANDADO DE SEGURANÇA – MEDICAMENTO – CABIMENTO – DECISÃO DECLINATÓRIA DE COMPETÊNCIA –JUSTIÇA ESTADUAL –– LEGITIMIDADE DA UNIÃO – CONCESSÃO DA SEGURANÇA.

1. Trata-se de Mandado de Segurança impetrado pela parte autora contra ato jurisdicional da Juíza Federal do 1º JuizadoEspecial Federal que, entendendo pela ilegitimidade passiva da União Federal nas ações de fornecimento de medicamentoe de tratamento médico pelo SUS, declinou da competência para uma das Varas Cíveis da Comarca de abrangência sobreo Município onde a autora tem residência.2. Concedida a liminar conforme decisão de fls. 143/145.3. Quanto à legitimidade da União, nos termos do posicionamento consolidado dos Tribunais Superiores, conclui-se quedetém capacidade para ocupar o pólo passivo das ações em que se pleiteia a concessão de medicamentos e tratamento desaúde, tendo em vista que a Constituição Federal é expressa ao determinar que a Saúde é dever do Estado, não excluindodessa responsabilidade qualquer de seus entes, razão pela qual cabe também à União responder por tal tarefa.4. A Carta Política consagra o direito à saúde e o consequente inequívoco dever do Estado em garanti-la (art. 196, CRFB).Continua asseverando que as ações e serviços públicos de saúde constituem um sistema único, que tem como diretriz oatendimento integral (art. 196, CRFB). Nesse diapasão, entendo como solidária a responsabilidade dos entes políticos dastrês esferas da Federação.6. Não tendo a parte autora condições financeiras de suportar o tratamento recomendado para o seu mal, cabe ao Estado(gênero) providenciar o suporte necessário a tanto, atendendo à exigência do art. 196 da CRFB.7. Mandado de Segurança concedido.

A C O R D Ã O

Page 27: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo CONCEDER A SEGURANÇA no presente mandamus, na forma do voto e ementa dorelator, que passam a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Osair Victor de Oliveira JuniorJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

33 - 2009.50.50.003831-3/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) ALAÍDE MARGARETH CANDIDO LIMA (DEF.PUB: LIDIANEDA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 2009.50.50.003831-3/01E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – DOCUMENTOS EXTEMPORÂNEOS – AUTORA DEVE PROVAR OSFATOS ALEGADOS – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls.63/64, que julgou improcedente oseu pedido de concessão do benefício de pensão por morte. Alega a recorrente, em suas razões recursais, que há provasdocumentais de que seu marido estaria incapacitado desde 1992. Ademais, afirma que deveria ter sido feita a oitiva dosmédicos assistentes do falecido. Pugna, por tais razões, pela reforma da sentença. O INSS apresentou contrarrazões,pugnando pela manutenção da sentença.No presente caso, a parte autora carreou documentos extemporâneos ao fato que pretende provar. Verifica-se nos autos,que a maior parte dos receituários médicos juntados foram subscritos em datas recentes. Diante disso, não servem comoprova para atestar a incapacidade do falecido no período de 1992 a 1997. Ademais, cabe ressaltar que os documentosacostados aos autos atestam apenas que o marido da parte autora iniciou tratamento de hipertensão arterial grave desde1992 e não que o mesmo estava incapaz nesta época.Não obstante a recorrente alegar que deveria haver a oitiva dos médicos assistentes e ter sido requisitada a cópia doprontuário médico, esses argumentos não merecem prosperar. Os fatos que a parte pretende provar tem essênciadocumental. Os atestados médicos dispensam a necessidade de oitiva de quem os emitiu. A relação médico-paciente temnatureza técnico-profissional. A falta de oitiva dos médicos assistentes não implica violação aos princípios do contraditório,ampla defesa e livre produção de provas.Diante da não apresentação dos fatos constitutivos do direito pela parte autora, não merece reforma a sentença prolatadapelo Juízo a quo.Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Osair Victor de Oliveira JuniorJuiz Federal Relator

34 - 2009.50.50.007082-8/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) HERLON PINHEIRO DOS SANTOS (ADVOGADO: ROMULOBOTTECCHIA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DEGOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 2009.50.50.007082-8/01

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – DOENÇA PREEXISTENTE AOINGRESSO AO RGPS – RECEBIMENTO DE BOA FÉ – SENTENÇA REFORMADA– RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO.

Page 28: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 61/62, que julgou improcedente opedido de condenação do INSS em restabelecer o auxílio-doença à parte autora e ainda restituir os valores recebidos emrazão do beneficio cancelado. O recorrente alega, em síntese, que apesar de a data do início de sua doença ser anterior aoseu ingresso ao RGPS, se incapacitou posteriormente, devido a um agravamento em seu quadro de saúde. Aduz, também,que os valores recebidos foram de boa fé em razão da incapacidade para o trabalho, não sendo cabível a devolução. Portais motivos, requer a reforma da sentença.2. In casu, verifica-se que o autor fez seu primeiro recolhimento em 07/02/2008 (fl. 16). Conforme laudo médico (fl. 14) restaclaro que a incapacidade já acompanhava o autor desde setembro de 2007, momento anterior ao ingresso na Previdência,incidindo a aplicação normativa do art. 59, § único, da Lei 8.213/91.3. No que tange à devolução dos proventos recebidos, entretanto, não se pode perder de vista que os valores pagos aoautor têm caráter alimentar e foram recebidos de boa-fé. A jurisprudência reconhece a irrepetibilidade das prestações denatureza alimentar. Ademais, o pagamento supostamente indevido – não cabe aqui examinar a legalidade do ato quedeterminou o pagamento dos valores retroativos, mas tão-somente o ato que determinou o desconto mensal do benefíciodo autor – decorreu, em tese, de erro administrativo. Não houve fraude. O autor não pode ser prejudicado por suposto erroda Administração.4. Ante o exposto, não há má-fé no recebimento de valores que foram regularmente concedidos pelo INSS, estando orecorrente devidamente contemplado pelo beneficio a que se submeteu.5. Recurso conhecido e parcialmente provido.6.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, ante a sucumbência recíproca.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo em conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, na forma daementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Dr. Osair Victor de Oliveira JuniorJuiz Federal Relator

35 - 2009.50.50.003517-8/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) NEUZA LIMA RIBAS (ADVOGADO: ISAAC PAVEZI PUTON.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 2009.50.50.003517-8/01E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – AUSÊNCIA DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA –PERÍODO DE CARÊNCIA NÃO PREENCHIDO – DECLARAÇÕES DAS TESTEMUNHAS INSUFICIENTES – SENTENÇAMANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face da sentença de fls.61/64, que julgou improcedente o pedidode concessão do benefício de aposentadoria rural por idade. Alega a recorrente, em síntese, que há documentos acostadosaos autos que comprovam a sua qualidade de rurícola, acompanhada de robusta prova testemunhal. Pugna, portanto, pelareforma da sentença.A aposentadoria do trabalhador rural tem como requisitos a idade mínima de 60 (sessenta) anos para homens e 55(cinquenta e cinco) anos para mulheres; e o desempenho de atividade rural em regime de economia familiar pelo númerode meses estabelecido pelo art. 142 da Lei 8.213/91.O requisito etário é o único ponto incontroverso nos autos. A controvérsia reside no início de prova material capaz decomprovar atividade rural durante o tempo de carência. Compulsando os autos, verifica-se que a prova documental éinsuficiente para demonstrar o exercício de atividade rural pelo período de 1992 a 2001, pois a autora somente foi laborarna roça depois do marido se aposentar como trabalhador urbano. Ademais, a certidão de casamento da autora qualifica omarido como industriário e a declaração do sindicato dos trabalhadores rurais foi emitida em 2007, sendo extemporâneaaos fatos que se pretende provar. No mais, acostou apenas declarações.Vale ressaltar que as declarações das testemunhas informaram que a autora e o marido sempre moraram na zona urbana,passando a residir em zona rural apenas depois de o cônjuge da autora ser beneficiário de aposentadoria urbana. Alegaramtambém que a produção da autora era muito pequena, não demonstrando que essas atividades garantiam a subsistênciado núcleo familiar.Diante do que fora exposto e analisado, não merece qualquer reforma a sentença.Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.Custas ex lege. Sem condenação a honorários advocatícios, visto que a parte autora é beneficiária da assistência judiciáriagratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos, e que

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passa a integrar o presente julgado.

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Dr. Osair Victor de Oliveira JuniorJuiz Federal Relator

36 - 2009.50.50.006190-6/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) AROLDO DAS GRAÇAS MOREIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPEPACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 2009.50.50.006190-6/01

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS -DOENÇA PREEXISTENTE AO REINGRESSO AO RGPS - SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 66/67, que julgou improcedente opedido de condenação do INSS à concessão de auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoria por invalidez, porentender que o início da incapacidade foi anterior ao reingresso da parte autora na Previdência Social. O recorrente alega,em síntese, que a data do início de sua doença é anterior ao seu reingresso ao RGPS, mas que se incapacitouposteriormente, devido a um agravamento em seu quadro de saúde. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pelamanutenção da sentença.2. In casu, os requisitos foram devidamente preenchidos pelo autor. A controvérsia cinge-se quanto à data de início daincapacidade, se anterior ou posterior ao seu reingresso ao RGPS.3. Compulsando os autos, verifica-se que o autor ingressou na Previdência Social, como segurado obrigatório, emdezembro de 1975 (fls. 49/53). Verteu contribuições até junho de 2004. Em seguida, permaneceu longo período sem aqualidade de segurado, voltando a se filiar ao RGPS somente em junho de 2008.4. A perícia médica judicial confirmou a existência da doença renal sem precisar a data de início da incapacidade.Entretanto, o próprio autor juntou aos autos um laudo médico particular datado em 20/06/2008 (fl. 13) em que o médicodeclarou que o recorrente possuía insuficiência renal crônica e que já estava, naquele momento, em tratamento no Hospitaldos Ferroviários em Vila Velha. Nesse sentido, o autor já apresentava incapacidade para o trabalho (mecânico demanutenção), e pelo fato de sua primeira contribuição, após o reingresso, ter sido efetuada em 13/06/2008 (fl. 54),entende-se que o autor não detém o direito de receber o benefício previdenciário.5. Diante disso, percebe-se que o autor não possuía qualidade de segurado quando iniciou sua incapacidade. A Lei8.213/91 somente confere o direito ao benefício previdenciário por incapacidade ao segurado que for considerado incapaz einsuscetível de reabilitação. Se, no momento da incapacidade, a autora não comprova que ostentava a qualidade desegurado, não faz jus ao recebimento do benefício.6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, já que o recorrente é beneficiário da assistência judiciáriagratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo em conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

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Dr. Osair Victor de Oliveira JuniorJuiz Federal Relator

37 - 2009.50.50.003597-0/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) GETULIO FERREIRA COSTA (ADVOGADO: CATARINEMULINARI NICO, ANA ELISA MOSCHEN.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 2009.50.50.003597-0/01E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADELABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDOS PARTICULARES – SENTENÇA MANTIDA –

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RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 67/68, que julgou improcedente oseu pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, emsuas razões recursais, que os laudos médicos juntados na inicial demonstram sua incapacidade. Pugna, portanto, pelareforma da sentença.Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica de fls. 44/49, que a parteautora não se encontra incapacitada para o trabalho, estando apta a exercer qualquer atividade, inclusive a que exercehabitualmente, qual seja, carpinteiro naval.Vale ressaltar quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo:“O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razões recursais.Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Dr. Osair Victor de Oliveira JuniorJuiz Federal Relator

38 - 2009.50.50.003868-4/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) MANOEL FAUSTINO PEREIRA (ADVOGADO: JADIR CIDSIMOES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRADOS SANTOS.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 2009.50.50.003868-4/01E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –PREVALÊNCIA SOBRE LAUDOS PARTICULARES – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fl. 37, que julgou improcedente o seupedido de concessão de benefício de auxílio-doença. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que está incapacitadopara o labor habitual. Pugna, portanto, pela reforma da sentença.Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica de fls. 22/24, que a parteautora não se encontra incapacitada para o trabalho, estando apta a exercer qualquer atividade, inclusive a que exercehabitualmente, qual seja, porteiro.Vale ressaltar quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo:“O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razões recursais.Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

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Dr. Osair Victor de Oliveira JuniorJuiz Federal Relator

39 - 2009.50.50.005750-2/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) DEROTILDES MARIA DE JESUS GONÇALVES (DEF.PUB:ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE

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LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 2009.50.50.005750-2/01

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – INÍCIO DE INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA – SÚMULA Nº 204 DOSTJ – INÍCIO DO BENEFÍCIO A PARTIR DO REQUERIMENTO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face da sentença de piso (fls. 56/57) que condenou o INSS àconcessão do benefício de pensão por morte. A irresignação do recorrente se limita à fixação dos juros legais, pugnandopela incidência dos juros de mora de 1% e alegando a inconstitucionalidade da Lei 11.960/2009.2. Não assiste razão ao recorrente.3. De acordo com a súmula nº 204 do STJ, “os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários incidem apartir da citação válida”.4. Cabe ressaltar que a Lei 11.960/2009 impõe que os juros de mora deverão ser calculados com base nos índices oficiaisde remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. Diante disso, não merece reforma a decisão domagistrado de piso, uma vez que a citação válida do INSS ocorreu apenas em 02/10/2009 (fl. 39). Logo, a forma de cálculodos juros de mora foi aplicada de maneira correta, devendo assim, ser mantida.5. Recurso conhecido e improvido.6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

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Dr. Osair Victor de Oliveira JuniorJuiz Federal Relator

40 - 2008.50.50.009225-0/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE GERALDO BERTHOLDO (ADVOGADO: WILLIANPEREIRA PRUCOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 2008.50.50.009225-0/01E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADETOTAL E DEFINITIVA PARA ATIVIDADE HABITUAL – LIMITAÇÕES PARA CARREGAR PESO – POSSIBILIDADE DEREABILITAÇÃO EM OUTRAS ATIVIDADES – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 57/58, que julgou improcedente oseu pedido de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em suas razões recursais, queestá incapaz definitivamente para o labor habitual. Pugna, portanto, pela reforma da sentença. O INSS apresentoucontrarrazões pugnando pela manutenção da sentença.A parte autora foi submetida à perícia médica judicial (fls. 46/48), que constatou ser a mesma portadora de “osteoartrosegleno umeral esquerda e tendinopatia de ombro esquerdo”. O perito médico concluiu que as lesões incapacitam a parteautora totalmente para o trabalho de mecânico de refrigeração, sendo esta incapacidade definitiva. O perito pondera, ainda,que o autor não pode levantar peso, nem carregar peso acima dos ombros. Entretanto, ao final, relata que a parte autorapode exercer atividades que não exijam a elevação de carga acima dos ombros, podendo ser reabilitado para outrasfunções, como a de porteiro.Compulsando os autos, verifica-se que o autor tem 40 anos de idade e apenas apresenta limitação para atividades queexijam sobrecarga de peso acima da linha dos ombros. Deste modo, verifico a possibilidade de reabilitação do autor paraoutras atividades laborativas, não fazendo jus ao benefício de aposentadoria por invalidez.Havendo possibilidade de reabilitação, não merecem guarida os argumentos expostos nas razões recursais.Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa

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constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

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41 - 2006.50.50.007102-9/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) ABINAIR MARIA CALLEGARI DE OLIVEIRA (ADVOGADO:MARIA IVONETE RODRIGUES PEGO, SIMONE SIQUEIRA MIGUEL FREITAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: TIBÉRIO VIANNA XAVIER.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 2006.50.50.007102-9/01E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – SEPARAÇÃO CONSENSUAL– NÃO COMPROVADA A QUALIDADE DEDEPENDENTE DA PARTE AUTORA - SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de piso (fls. 97/99), que julgouimprocedente o seu pedido de concessão do benefício de pensão por morte. Alega a recorrente, em suas razões recursais,que era dependente economicamente do ex-marido. Ademais, ressalta o fato que tem um filho do de cujus. Pugna,portanto, pela reforma da sentença.O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, nostermos do artigo 74 da Lei 8.312/91. Para a sua concessão é necessária, no momento do óbito, a qualidade de seguradoou de aposentado do de cujus.No que tange ao requisito de dependência econômica, a partir da análise dos autos, é possível observar que a autora,apesar de casada com o autor desde 1984 (fl. 16), encontrava-se separada consensualmente há mais de 05 anos, nãorecebendo qualquer tipo de pensão, mas apenas um auxílio financeiro espontâneo do ex-marido. A situação fáticaimpossibilita a concessão do benefício, já que o art. 76, §2, da Lei 8.213/91, regulamenta que a dependência econômicasomente é presumida quando o cônjuge, separado de fato e independentemente do tempo de separação, recebe pensãoalimentícia, o que não aconteceu in casu.No caso em tela, a prova exclusivamente testemunhal é frágil para caracterizar a parte autora como dependente do decujus. As testemunhas não sabiam informar se a autora tinha outra fonte de renda, se o dinheiro depositado informalmentepelo ex-marido destinava-se unicamente ao sustento do filho ou se abrangia também as despesas pessoais da autora.Não restou demonstrada a qualidade de dependente da parte autora, motivo pelo qual não merece reforma a sentença.Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Osair Victor de Oliveira JuniorJuiz Federal Relator

42 - 2009.50.50.003277-3/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x SEBASTIANA OLMO DE MOURA (DEF.PUB: ALINE FELLIPEPACHECO SARTÓRIO.) x OS MESMOS.PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 2009.50.50.003277-3/01VOTOA sentença (fl. 50/52) julgou procedente o pedido inicial de concessão de pensão por morte previdenciária, por entender querestou configurada a dependência econômica entre a autora e seu filho, instituidor da pensão por morte. O INSS argumenta,em sede recursal, que o instituidor da pensão tinha apenas 19 anos, trabalhou aproximadamente 06 meses de carteiraassinada, e na data do óbito estava desempregado. Aduz, ainda, que inexiste nos autos qualquer prova material capaz desustentar as alegações da autora.Foram apresentadas contrarrazões pela parte autora, pugnando pela manutenção da sentença.É o relatório do necessário. Passo a votar.A concessão do benefício de pensão por morte pressupõe que o falecido, à época do óbito, estivesse vinculado à

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Previdência Social na qualidade de segurado (arts. 10 e 11 da Lei nº. 8.213/91), sendo tal requisito indispensável para que opostulante, que se encontra no conjunto de dependentes do segurado, faça jus ao benefício. Com exceção dos casosprevistos pelo art. 16, inciso I e parágrafo 4º dessa mesma lei, casos de presunção da dependência, esta deve serefetivamente comprovada.A qualidade de segurado do falecido é fato incontroverso nos autos. A controvérsia cinge-se, portanto, ao preenchimento dadependência econômica. Se por um lado a dependência econômica do pai ou mãe em relação ao filho não precisa serexclusiva, por outro deve ser mais do que um simples auxílio financeiro, ou seja, verdadeiramente essencial para asobrevivência da demandante, sendo esse o parâmetro utilizado na presente decisão.In casu, alguns aspectos importantes merecem destaque: o filho da autora teve contribuições previdenciárias recolhidas noperíodo de 02/05/2006 a 07/10/2006, quando trabalhou em uma loja de autopeças (fl. 43); na data do óbito (04/04/2007) omesmo estava desempregado; o núcleo familiar era composto pela autora, que é vendedora autônoma, e pelo seu filho, oinstituidor da pensão.Embora a colaboração financeira do filho falecido fosse importante para quitar as despesas da casa, tal auxílio não ésuficiente para classificação da dependência econômica, pois não se demonstra essencial para a sobrevivência do núcleofamiliar, servindo apenas para melhorar as condições de vida da família.A autora não juntou qualquer prova material capaz de comprovar suas alegações. Prova que, apesar de nãoexpressamente exigida pela lei, seria fundamental para comprovar eventual dependência econômica, ante o recebimentode renda própria pela parte autora.Como restou demonstrado, o filho da autora estava desempregado há aproximadamente seis meses quando veio a falecer,não contribuindo desde outubro de 2006 para as despesas da casa, o que descaracteriza a dependência econômica darecorrida, mãe do instituidor, à época do óbito de seu filho, motivo pelo qual deve ser reformada a sentença.As parcelas já recebidas em função da decisão antecipatória da tutela não devem ser restituídas ante o caráter alimentardas mesmas.Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E, NO MÉRITO, DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentença recorridae JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO DA PARTE AUTORA, conforme fundamentação supra, devendo ser revogada aantecipação de tutela.Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei n.º. 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº. 10.259/01.EMENTAPREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃO COMPROVADA – FILHODESEMPREGADO NO MOMENTO DO ÓBITO – MERO AUXÍLIO FINANCEIRO – AUSÊNCIA DE PROVA MATERIAL–SENTENÇA REFORMADA - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.A sentença de fls. 50/52 julgou procedente o pedido inicial de concessão de pensão por morte previdenciária, por entenderque restou configurada a dependência econômica entre a autora e seu filho, instituidor da pensão por morte. O INSSargumenta, em sede recursal, que o instituidor da pensão tinha apenas 19 anos, e que, na data do óbito, estavadesempregado. Aduz, ainda, que inexiste nos autos qualquer prova material capaz de sustentar as alegações da autora.In casu, alguns aspectos importantes merecem destaque: o filho da autora teve contribuições previdenciárias recolhidas noperíodo de 02/05/2006 a 07/10/2006, quando trabalhou em uma loja de autopeças (fl. 43); na data do óbito (04/04/2007) omesmo estava desempregado; o núcleo familiar era composto pela autora, que é vendedora autônoma, e pelo seu filho, oinstituidor da pensão.Embora a colaboração financeira do filho falecido fosse importante para quitar as despesas da casa, tal auxílio não ésuficiente para classificação da dependência econômica, pois não se demonstra essencial para a sobrevivência do núcleofamiliar, servindo apenas para melhorar as condições de vida da família.Conclui-se, por fim, que apesar de o “de cujus” ajudar economicamente a autora, tal auxílio não se demonstrou substanciale indispensável para a sobrevivência da mesma, o que inviabiliza a classificação da dependência econômica. Diante de talsituação, merece reforma a sentença a quo.Recurso conhecido e provido. Sentença reformada. Antecipação da tutela revogada.As parcelas já recebidas em função da decisão antecipatória da tutela não devem ser restituídas ante o caráter alimentardas mesmas.Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementaconstantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Osair Victor de Oliveira JuniorJuiz Federal Relator

43 - 2007.50.50.008511-2/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDACOSTA.) x ERILDO VIEIRA RAMOS (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A

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PARTIR DE 29/11/1999 – JUROS DE MORA NA FORMA DO ART. 1º-F DA LEI 9.494/97, COM REDAÇÃO DADA PELALEI 11.960/2009 – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente. Alega que devem incidir os índices decorreção conforme o art. 1º-F, da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei 11.960/09.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Quanto aos juros de mora, tem-se que a condenação ao pagamento das parcelas vencidas deve ser acrescida decorreção monetária desde o momento em que deveriam ter sido pagos, com base na tabela de precatórios, e juros de morade 1% ao mês a contar da citação até 30/06/2009 e 0,5% a partir de então, nos termos da Lei 11.960/2009.10. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença parcialmente reformada.11. Custas ex lege. Sem condenação em honorários ante a sucumbência recíproca.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integraro presente julgado.

44 - 2008.50.50.003283-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos FigueredoMarçal.) x EURICO MURTA (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,

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COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – JUROS DE MORA NA FORMA DO ART. 1º-F DA LEI 9.494/97, COM REDAÇÃO DADA PELALEI 11.960/2009 – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente. Alega que devem incidir os índices decorreção conforme o art. 1º-F, da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei 11.960/09.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Quanto aos juros de mora, tem-se que a condenação ao pagamento das parcelas vencidas deve ser acrescida decorreção monetária desde o momento em que deveriam ter sido pagos, com base na tabela de precatórios, e juros de morade 1% ao mês a contar da citação até 30/06/2009 e 0,5% a partir de então, nos termos da Lei 11.960/2009.10. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença parcialmente reformada.11. Custas ex lege. Sem condenação em honorários ante a sucumbência recíproca.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integraro presente julgado.

45 - 2009.50.50.002214-7/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DASILVEIRA.) x BARBARA LUCIA RODRIGUES MORAIS (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).EMENTA

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PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

46 - 2008.50.50.000491-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIROPAIVA.) x PAULO SANTOS ROCHA (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,

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COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

47 - 2007.50.50.001406-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBERDARROZ ROSSONI.) x ALVANY BARBOSA RODRIGUES (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A

Page 38: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

48 - 2007.50.50.002978-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DEGOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x ELIZIA VIANA DE SOUZA (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

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1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

49 - 2010.50.53.000086-7/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZRODRIGUES.) x ANTONIO GOMES PEREIRA (ADVOGADO: HÉLIO JOSÉ BIANCARDI OLIVEIRA.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, o

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salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

50 - 2008.50.50.003627-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIODA SILVA.) x BENJAMIM PEREIRA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.

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2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

51 - 2008.50.50.003571-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIODA SILVA.) x EUCLIDES ROCHA SOBRINHO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,

Page 42: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

52 - 2008.50.50.006043-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTOLEAL DOS SANTOS.) x RUBVAL ELIAS PEREIRA (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1

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(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

53 - 2007.50.50.007699-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTOLEAL DOS SANTOS.) x MARIA DAS GRAÇAS VARNIER (ADVOGADO: HELTON TEIXEIRA RAMOS.) x OS MESMOS.EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por

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incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

54 - 2007.50.50.001491-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIROPAIVA.) x JOSÉ RIVALDO DA COSTA E OUTRO (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da

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aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

55 - 2008.50.50.009136-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTOLEAL DOS SANTOS.) x MARIA DA PENHA DOS SANTOS (ADVOGADO: ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES, MARIA DACONCEICAO SARLO BORTOLINI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,

Page 46: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

56 - 2008.50.50.004927-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTOLEAL DOS SANTOS.) x ELIAS DA SILVA (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de

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salários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

57 - 2008.50.50.003964-7/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTOLEAL DOS SANTOS.) x JOAO AUGUSTO MAZUCO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deve

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ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

58 - 2008.50.50.003948-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTOLEAL DOS SANTOS.) x MARIA DAS GRAÇAS BELZOFF BOTELHO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMADOMENEGHETTI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).

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5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

59 - 2006.50.50.005236-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBERDARROZ ROSSONI.) x MARCELINA GUEZI PERINNI (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo

Page 50: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · KARIME SILVA SIVIERO-9 Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87 KARLA AUER GUASTI-71 KÉZIA NICOLINI-67

são incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

60 - 2007.50.50.011261-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBERDARROZ ROSSONI.) x MANOEL ESTEVAM (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmo

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auxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

61 - 2008.50.51.001383-7/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MICHELI JESUS VIEIRADE MELO.) x AILTON DARIO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atual

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entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

62 - 2008.50.51.001915-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.)x MARCOS SERGIO RIBEIRO VESOLA (ADVOGADO: IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO APARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão darenda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-contribuição, osalário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reformado julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.2. A pretensão deduzida em juízo pressupõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, noperíodo básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo darenda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1(um) salário mínimo".3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício porincapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-contribuição, não havendo quese falar em interpretação que vise a contrariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início daaposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,§ 5º deve ser aplicada.4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto desalários-de-contribuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91).� E o acima transcrito § 5º do mesmo artigo 29 dispõe claramenteque, para a delimitação desse conjunto de salários-de-contribuição em cima dos quais se extrai a média aritmética, deveser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é espécie de benefício por incapacidade).5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada combase no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculosão incluídos os salários-de-contribuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-contribuiçãodurante o período de gozo do auxílio-doença originário corresponde ao valor do salário-de-benefício do mesmoauxílio-doença.6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso está em conformidade com o atualentendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo transcrito, publicado em 22/04/2009:

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PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DEAUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem destoa do entendimento adotado porTurmas Recursais de outras regiões, acerca de questão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial desta deve ser calculada combase em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial doauxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vezes desalário-de-contribuição, nos meses que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz Federal Sebastião OgêMuniz

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na espécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis àPrevidência Social (seletividade, o caráter contributivo do RGPS e a preservação do equilíbrio financeiro-atuarial),especialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado está previsto na própria lei debenefícios.8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos daConstituição Federal, pois não se trata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei aocaso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenasreflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar opresente julgado.

63 - 2008.50.53.000266-3/01 EDVALDO ANTONIO DA SILVA (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – TEMPO DE ATIVIDADE ESPECIAL –ATIVIDADE DE PATROLEIRO –CONVERSÃO EM TEMPO COMUM – INEXISTÊNCIA DE LAUDO TÉCNICO – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 134/137 e fls. 147/148, que julgouimprocedente o pedido de concessão de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição devido ao fato de o autornão ter preenchido o tempo mínimo definido por lei. O recorrente alega, em suas razões recursais, que exerceu atividade deoperador de patrol e sempre esteve em contato com outros agentes nocivos. Por trabalhar em condições especiais, afirmaser possível enquadrar sua atividade nos códigos 1.2.9 (trabalhos permanentes expostos à poeira) e 2.3.3 (trabalhadoresem edifícios, barragem, pontes) do Decreto 53.831/61, e considerar o período trabalhado, antes de 1995, como tempo deatividade especial.2. Com relação ao reconhecimento e ao cômputo de atividade considerada especial, é importante salientar que na vigênciados Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79 bastava o enquadramento da atividade desenvolvida como exposta a um dosagentes nocivos (físicos, químicos ou biológicos) previstos no Anexo integrante ao Decreto ou o enquadramento pelacategoria profissional. Somente após o advento da Lei nº 9.032, em 28/04/1995, surgiu a necessidade de prova da realexposição do trabalhador/segurado aos agentes nocivos.3. No tocante aos períodos de trabalho anteriores a 1995, nos quais desempenhou as atividades de patroleiro, o autoranexou aos autos apenas cópia da sua Carteira de Trabalho. Considerando que tais atividades não estão relacionadas nosDecretos 53.831/64 e 83.080/79 como atividades especiais, que expõem o trabalhador a algum agente nocivo ou pelacategoria profissional, tais períodos devem ser computados como tempo de atividade comum.4. A atividade do autor não se encontra elencada nos decretos, nem mesmo há nos autos documentos que comprovam aexposição do mesmo aos agentes nocivos.5. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário de assistênciajudiciária.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos, e quepassa a integrar o presente julgado.

64 - 2008.50.51.002056-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.)

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x GABRIEL RONQUETE (ADVOGADO: SIRO DA COSTA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – SEGURADO ESPECIAL – PREENCHIMENTO DOSREQUISITOS – REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR - PRESENÇA DE PROVA MATERIAL E TESTEMUNHAL –SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 75/77, que julgou procedente o pedidoinicial, condenando o INSS a conceder o benefício de aposentadoria rural por idade. Alega a autarquia, em suas razõesrecursais, que a autora não apresentou documentos hábeis à comprovação de atividade rural em regime de economiafamiliar, durante o período de carência exigido em lei, o que evidencia a ausência de início razoável de prova documental.Por tal razão, pugna pela reforma da sentença.2. A concessão do benefício de aposentadoria por idade rural exige que o demandante atenda aos requisitos legaisdispostos pela Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado especial, atender a carência e, ainda, ter otrabalhador rural 60 anos completos, caso homem, e 55 anos, se mulher (art. 48, §1º).3. Ao se analisar o conjunto probatório constante nos autos, pode-se concluir que a parte autora preencheu a carêncianecessária para perceber o benefício ora pleiteado, pois deveria comprovar 162 meses de exercício rural (requerimento em2008), e há documentos que comprovam sua condição de trabalhador rural desde 1993 (escritura de compra e venda – fls.73/74). Ademais, destacam-se, neste sentido, cópias de outras documentações como: contrato de parceria agrícola,realizado em 15/07/2001, em que consta o autor e sua esposa como parceiros outorgados (fls. 12/14); certidão decasamento, constando a profissão do autor como lavrador (fl. 15); declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de RioNovo do Sul/ES sobre o exercício de atividade rural (fl. 24); contrato de parceria agrícola firmado em 2000, no qualmenciona o autor como parceiro outorgado (fl. 28); inscrição do autor no CNIS como segurado especial efetuada em16/012001 (fl. 29); ITR’s de propriedade em nome do autor de 1992 a 1998 (fl. 30/37); notas fiscais de produtos em nomedo autor (fls. 38/47); comprovante de aposentadoria por invalidez da esposa do recorrido como segurada especial (fl. 66).Ademais, o depoimento testemunhal foi claro e coerente com as alegações da parte autora.4. Relevante mencionar, quanto à prova documental colacionada, o teor da súmula nº 14, da Turma Nacional deUniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais: “para a concessão de aposentadoria rural por idade, nãose exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”.5. Diante do que fora exposto e argumentado, vislumbra-se que existe início de prova material do exercício de atividaderural pela parte autora, com o preenchimento do período exigido pela carência, inexistindo, assim, qualquer fundamentolegal para negar provimento à demanda do autor.6. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.7. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor dacondenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos e quepassa a integrar o presente julgado.

65 - 2008.50.50.003779-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIROPAIVA.) x MARIA ZANONI ALIPRANDI (ADVOGADO: JOSE GERALDO NUNES FILHO, MICHELE ITABAIANA DECARVALHO PIRES, LILIAN MAGESKI ALMEIDA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – EXISTÊNCIA DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR –DECLARACÕES DA RECORRENTE E DAS TESTEMUNHAS COERENTES – SENTENÇA MANTIDA - RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls.171/176, que julgou procedente o pedido decondenação da autarquia à concessão do benefício de aposentadoria rural por idade. Alega o recorrente, em síntese, que aárea total das propriedades da parte autora ultrapassa o número de módulos fiscais permitidos em lei. Aduz, ainda, que astestemunhas afirmaram à existência de meeiros na propriedade. Pleiteia, por tais razões, a reforma da sentença.A concessão da aposentadoria por idade rural exige que o demandante atenda aos requisitos legais dispostos pela Lei nº.8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado especial, atender a carência e, ainda, ter o trabalhador rural 60anos completos, caso homem, e 55 anos, se mulher. (art. 48 §1º.)O requisito etário é incontroverso nos autos. A verdadeira controvérsia reside no exercício de atividade rural em regime deeconomia familiar. Apesar de a Autarquia Ré alegar que a parte autora possui três imóveis com extensão superior a exigidaem lei, totalizando mais de 04 módulos fiscais (Sitio Alto de Piabas, nº de módulos fiscais 2,05 (fl.33); Fazenda SantoAntônio, nº de módulos fiscais 1,60 (fl.49); Fazenda Bom Jesus, nº de módulos fiscais 1,27 (fl.75)), esse fato por si só nãodescaracteriza o regime de economia familiar.Verifico que a autora e suas testemunhas foram uníssonas em seus depoimentos, informando que a autora exerceuatividade rural em regime de economia familiar em sua propriedade, sem nenhuma ajuda de trabalhadores assalariados.Diante disso, resta claro o efetivo exercício em regime de economia familiar desempenhado pela parte autora.Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ora fixados em 10% sobre o valor da

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condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos, e quepassa a integrar o presente julgado.

66 - 2008.50.51.001215-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.)x TERESA MACHADO DE ASSIS (ADVOGADO: ELINARA FERNANDES SOARES.).E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – REQUISITOS PREENCHIDOS –INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA – RENDA MENSAL FAMILIAR PER CAPITA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIOMÍNIMO - ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença (fls. 66/70) que julgou parcialmente procedenteo pedido da autora, condenando a autarquia a conceder o benefício de prestação continuada. Alega o recorrente, em suasrazões recursais, que a renda familiar per capita é superior a ¼ do salário mínimo. Afirma ainda, que a parte autora não seencontra incapacitada para o labor, pois a perícia médica judicial constatou incapacidade parcial e definitiva. Pleiteia, assim,a reforma da sentença. Foram apresentadas contrarrazões pela parte autora.2. Nos termos do art. 20 da lei 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.3. No que tange à incapacidade, a autora foi submetida à perícia médica judicial, onde ficou constatado que a mesmaencontra-se com “gonartrose bilateral avançada e espondilodiscoartrose em coluna lombar” (fl.41). O médico peritocaracterizou a incapacidade da autora como sendo parcial e definitiva (resposta ao quesito 06), afirmando que a recorridapode se locomover dentro do lar, mas apresenta restrições para distâncias maiores, bem como para transpor obstáculos.Nesse sentido, a incapacidade parcial atestada, aliada às condições pessoais da autora, como limitação física, idadeavançada (57 anos), nenhuma experiência profissional, baixo grau de instrução, são circunstâncias que acabamimpossibilitando a volta ao labor. Por isso, mesmo sendo a incapacidade objetivamente tida por parcial, tenho que, narealidade, ela é total e definitiva. Neste caso, além da incapacidade por si só, existem fatores de ordem pessoal que nãopodem ser desconsiderados.4. In casu, com base no laudo socioeconômico (fls. 31/32), o núcleo familiar considerado é composto por três pessoas (arecorrida, seu companheiro e seu filho de 20 anos), sendo que a renda familiar oficial é composta por uma aposentadoriapor invalidez no valor de um salário mínimo (fl. 23) recebida pelo companheiro (75 anos – fl. 14) e por um benefício de bolsafamília no valor de R$ 70,00.5. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquermembro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.6. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idosopossibilitando a desconsideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos poroutros membros da família do interessado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento contrário, defendidopela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial podeser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,haja vista que aquele que nunca contribuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valorexcluído para fins de percepção do mesmo benefício por outro idoso da família, ao passo que aquele que contribuiu para oINSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar oprincípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limites da razoabilidade.7. Tal entendimento está em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz que “Arenda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos deidade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da LeiOrgânica da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003”.8. Assim, com a desconsideração do benefício de aposentadoria por invalidez recebido pelo companheiro da autora,percebe-se que a sua única renda é o benefício de bolsa família (R$ 70,00), sendo este valor inferior ao limite objetivodeterminado em lei. Dessa forma, a parte autora faz jus ao recebimento do benefício de prestação continuada, por terpreenchido todos os requisitos legais.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

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67 - 2008.50.54.000119-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIOBINDA.) x CONCEIÇÃO ALVES AMANCIO (ADVOGADO: SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS, KÉZIA NICOLINI.).E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DOESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – ALTERAÇÃO DOS JUROS DEMORA – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 77/82) que julgou procedente o pedidoinicial, condenando a autarquia a conceder o benefício assistencial de prestação continuada à parte autora. Alega o INSS,em suas razões recursais, que não se verifica o requisito objetivo de miserabilidade da recorrida, pois não é devida aaplicação analógica do art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e, por isso, a renda da aposentadoria do marido nãodeve ser excluída do cômputo para cálculo da renda per capita da autora. Em caráter subsidiário, caso seja mantida asentença a quo, a autarquia requer a alteração da aplicação dos juros de mora. Foram apresentadas contrarrazões pelaparte autora.2. Os requisitos do benefício pleiteado encontram-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício seráconcedido à pessoa portadora de deficiência ou ao idoso e que não possuam meios de prover o próprio sustento. Acondição de pessoa idosa da autora é fato incontroverso nos autos.3. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquermembro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.4. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idosopossibilitando a desconsideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos poroutros membros da família do interessado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento contrário, defendidopela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial podeser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,haja vista que aquele que nunca contribuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valorexcluído para fins de percepção do mesmo benefício por outro idoso da família, ao passo que aquele que contribuiu para oINSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar oprincípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limites da razoabilidade.5. Tal entendimento está em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz que “Arenda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a pessoa com mais de 65 anos deidade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da LeiOrgânica da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003”.6. Os documentos de fls. 53/54 comprovam que o marido da autora de 71 anos recebe, a título de aposentadoria, o valor deum salário mínimo, o qual constitui a única fonte de renda da família. Deve-se, portanto, ser desconsiderada aaposentadoria do mesmo no cálculo da renda per capita. Resta, por conseguinte, preenchido o requisito objetivo para aconcessão do benefício de amparo assistencial.7. Com relação à alegação subsidiária, deve ser feita correção quanto à fixação dos juros de mora em 1% ao mês a partirda citação. A citação do réu aperfeiçoou-se antes de 30/06/2009 (fl. 54-verso), data da entrada em vigor da Lei11.960/2009. Como a citada lei tem aplicação imediata sobre os processos pendentes (Precedente: STF - RE 559.445 –Rel. Ellen Gracie – DJe 10/06/2009), a partir desta data deve ser aplicada a nova redação do artigo 1º-F da Lei 9.494/97,que segue abaixo:

Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária,remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índicesoficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. (Redação dada pela Lei nº 11.960, de 2009)

8. Desta sorte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de prestação continuada. Quanto aosjuros de mora, será dado parcial provimento ao recurso interposto pelo INSS, nos termos da fundamentação acima,devendo incidir juros de mora no percentual de 1 % ao mês, a partir da citação e até 29.06.2009. Após 30.06.2009, deve-seaplicar a correção prevista no art. 1º - F da Lei 9.494 / 97, com a nova redação dada pela Lei 11.960/2009.9. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença parcialmente reformada.10. Custas ex lege. Sem condenação a honorários advocatícios ante a sucumbência recíproca.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma daementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

68 - 2008.50.50.005197-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIODA SILVA.) x BENILDA FREIRE (ADVOGADO: IZAEL DE MELLO REZENDE, SARITA DO NASCIMENTO FREITAS,MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS, ANA MERCEDES MILANEZ.).EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DA PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – RENDA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO –RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

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1. No caso dos autos, o núcleo familiar é composto por quatro pessoas: a recorrida, o pai da autora de 70 anos, sua mãe de68 anos, e seu irmão incapaz. A renda familiar é composta por dois benefícios: amparo social ao idoso, recebido pelogenitor da parte autora, e amparo social à pessoa portadora de deficiência, recebido pelo irmão da recorrida (fls. 52/53). Éfato incontroverso a deficiência da autora.2. Na hipótese em questão, mesmo utilizando o art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03), edesconsiderando a renda auferida pelo pai da autora, que é idoso e recebe amparo social, o cálculo da renda familiar ésuperior ao requisito de miserabilidade exigido por lei (renda per capita inferior a ¼ do salário mínino).3. Tal fato impossibilita o recebimento do benefício assistencial pela recorrida, visto que a renda per capita do núcleofamiliar é superior ao que a lei exige. Diante disso, a parte autora não faz jus ao recebimento do benefício de prestaçãocontinuada.4. Não pode ser desconsiderado o benefício assistencial recebido pelo irmão da recorrida. Ainda que o valor de 02 (dois)salários mínimos se mostre insuficiente para as despesas familiares, a assistência busca retirar o núcleo familiar dasituação de miserabilidade, e não da pobreza.5. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença recorrida e julgar improcedente o pedido da parte autora.6. Dado o caráter alimentar dos valores recebidos, os mesmos não deverão ser restituídos.7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente évencido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AO RECURSO, reformando-se a sentença, naforma do voto e ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

69 - 2008.50.50.007864-1/01 SEBASTIAO RODRIGUES DURUTEIA (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - AUSÊNCIA DE INCAPACIDADELABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 85/86, que julgou improcedente oseu pedido de concessão do benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente (49 anos), emsuas razões recursais, que se encontra incapacitado para o trabalho, por apresentar doenças que o impedem dedesempenhar sua atividade habitual, além de não ter condições de se reabilitar profissionalmente. Alega, ainda, queacostou laudos médicos que atestam sua incapacidade. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção dasentença.2. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica judicial de fls. 56/57, quemesmo sendo constatado o diagnóstico de hipotireoidismo não iodo radioativo com desenvolvimento de hipertireoidismoiatrogênico decorrente do tratamento, e sendo portador de fibrilação atrial secundária à tireotoxicose, o autor não seencontra incapacitado para o trabalho, estando apto ao exercício de sua atividade habitual, qual seja, a de vigia. O peritomédico concluiu pela capacidade do autor baseando-se na avaliação clínica e nos laudos e exames apresentados pelomesmo. Afirma que a doença que acomete o autor não interfere em sua vida civil e em sua capacidade laborativa.3. Vale ressaltar quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do EspíritoSanto: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.4. Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razões recursais.5. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

70 - 2008.50.50.006758-8/01 HELENA MARTINS MOREIRA (ADVOGADO: maria eliana souza, ADMAR JOSE CORREA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOSSANTOS.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –PREVALÊNCIA SOBRE LAUDOS PARTICULARES – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

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Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 103/104, que julgou improcedente oseu pedido de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, em suas razões recursais, querecebeu orientações médicas alertando que não pode fazer força com seu braço, devido a sua enfermidade. Pugna,portanto, pela reforma da sentença.Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, consoante perícias médicas de fls. 73/76 – 91/95, quea parte autora não se encontra incapacitada para o trabalho, estando apta a exercer qualquer atividade, inclusive a queexerce habitualmente, qual seja, a de costureira industrial.Vale ressalvar quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo:“O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razões recursais.Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

71 - 2009.50.53.000387-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZRODRIGUES.) x CLEUSA MOREIRA SANTANA (ADVOGADO: KARLA AUER GUASTI.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – INCAPACIDADEAFERIDA DO CONJUNTO PROBATÓRIO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 53/54, que julgou procedente o pedido derestabelecimento do benefício de auxílio-doença. Alega o recorrente, preliminarmente, que a competência do feito é daJustiça Estadual. Aduz, ainda, que o laudo pericial é claro ao atestar a capacidade da parte autora. Pugna, portanto, pelareforma da sentença.Para o recebimento da aposentadoria por invalidez, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditadospelo art. 42 da Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 contribuiçõesmensais e ter constatado a incapacidade total e permanente para o exercício de atividade profissional que lhe garanta asubsistência com insuscetibilidade de reabilitação.Inicialmente, rejeito a preliminar de incompetência absoluta deste juízo, visto que a incapacidade não decorreu diretamentedo acidente de trabalho. Ademais, a Autarquia Ré na época que concedeu o benefício à autora a classificou como auxíliodoença previdenciário.A parte autora foi submetida à perícia médica judicial (fls. 35/40), que constatou ser a mesma portadora de “hérnia de discoao nível da região lombar”. O perito médico concluiu que as lesões não incapacitam a parte autora para o trabalho, qualseja, auxiliar de serviços gerais. Em audiência de instrução e julgamento, realizada em 18/06/2010, a autora relata asatividades exercidas: “trabalhava subindo no pé de mamão, subindo escada, debastando, tirando tudo na escada ou emcima da plataforma do trator”. Logo, verifica-se que o vigor físico é requisito fundamental para o exercício de suas funções.Não obstante as conclusões do laudo pericial, a legislação processual permite ao juiz formar seu convencimento com baseem outros elementos ou fatos provados, não estando adstrito tão somente à conclusão obtida pelo perito. Diante de talperspectiva, em que pese a perícia médica ter concluído que não há incapacidade, ao se cotejar o histórico clínico da parteautora, bem como os fatores de cunho pessoal, como sua idade relativamente avançada (atualmente com 46 anos), operíodo em que trabalhou como auxiliar de serviços gerais e os laudos particulares, resta comprovada a incapacidade paraexercer suas atividades habituais.A deficiência que a acomete, somado ao fato de exercer atividades que necessitam de elevado esforço físico, impedirão oretorno, nesse momento, ao seu local de trabalho, tornando recomendável a concessão do auxílio-doença.Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

72 - 2009.50.53.000106-7/01 MARIA DA GRAÇA ZANIBONI ZAUBINI (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES,VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –PREVALÊNCIA SOBRE LAUDOS PARTICULARES – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 102/104, que julgou improcedente o

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seu pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Alegaa recorrente, em suas razões recursais, que não foram analisadas as condições de exercício do seu trabalho rural. Aduz,ainda, a dificuldade de reabilitação para outra profissão, pelo fato de ser uma pessoa idosa, iletrada e apresentar problemasde saúde. Pugna, por tais razões, pela reforma da sentença.Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, consoante perícias médicas de fls. 87/91, que a parteautora não se encontra incapacitada para o trabalho, estando apta a exercer qualquer atividade, inclusive a que exercehabitualmente, qual seja, a de trabalhadora rural.Vale ressaltar quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo:“O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razões recursais.Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

73 - 2007.50.50.009367-4/01 JOSE FERREIRA DE SOUSA (ADVOGADO: CHRISTINNE ABOUMRAD R. AGUIAR LEITE,JOANA D'ARC BASTOS LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERGANTONIO DA SILVA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDOMÉDICO PERICIAL – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 94/95, que julgou improcedente oseu pedido de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que seencontra incapacitado para o trabalho por apresentar hipertensão arterial severa. O INSS apresentou contrarrazões,pugnando pela manutenção da sentença.2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que, estando ou não emgozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhegaranta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.3. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica judicial de fls. 73/78, quemesmo sendo constatado o diagnóstico de hipertensão arterial, a parte autora não se encontra incapacitada para a suaatividade laboral de soldador, sendo apenas necessário fazer um adequado controle pressórico para diminuir riscos decomplicações futuras da doença (quesito 09 – fl. 76).4. Vale ressaltar quanto aos laudos particulares, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudomédico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. Olaudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.5. Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razões recursais.6. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

74 - 2008.50.53.000614-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITEVIEIRA.) x SEBASTIÃO CORDEIRO DE SOUZA (ADVOGADO: JARDEL CIPRIANO RAMOS.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE COMPROVADA –LAUDO PERICIAL FAVORÁVEL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 115/117, que julgou procedente opedido, condenando o recorrente a conceder o benefício de auxílio-doença. Alega o INSS, em suas razões recursais, quenão há exames que demonstrem a existência da doença alegada pelo autor, e que, por isso, há ausência de prova capazde comprovar a incapacidade laborativa.2. Para o recebimento do auxílio-doença, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditados pelo art. 59da Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 contribuições mensais e terconstatado a incapacidade para o exercício de sua atividade profissional por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.3. Na presente questão, não restam dúvidas acerca da qualidade de segurado especial do autor, já demonstrada através de

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prova documental, ou mesmo no que tange ao período de carência necessário para a obtenção do benefício pretendido.4. Com relação à incapacidade, a autora já obteve administrativamente auxílio-doença. Sabe-se que a percepção dobenefício previdenciário de auxílio-doença pressupõe o devido cumprimento de determinados requisitos. Quando obenefício previdenciário foi cessado em abril de 2008, a parte autora efetuou pedido de sua prorrogação, porém, não foiconhecido o direito de continuação pela autarquia.5. Diante disso, pleiteou seu direito em juízo, juntando aos autos declarações e receituários médicos anteriores quecomprovam sua doença. Foi realizada perícia médica (fls. 94/97) a fim de diagnosticar as moléstias que acometem o autor.O perito judicial constatou que o autor é portador de obstrução intestinal, encontrando-se parcial e temporariamenteincapacitado para exercer sua atividade laborativa, qual seja, a de lavrador. Nesse sentido, a alegação do INSS de queinexistem exames capazes de comprovar a incapacidade do recorrido não merece prosperar, pois foi feito exame clínicopelo médico perito judicial, e este é absolutamente competente para constatar a presença de uma doença, mesmo semterem sido feitos exames radiológicos. O caso em análise é de um paciente que já se submeteu por três vezes aprocedimentos cirúrgicos relacionados com a sua doença intestinal, logo, a análise feita pelo expert é apta a confirmar aexistência de incapacidade mesmo sem a realização de exames.6. Pelo exposto, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de auxílio-doença, devendo o mesmoser restabelecido desde a data da cessação (20/04/2008 – fl. 112).7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.8. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor dacondenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

75 - 2008.50.54.000004-3/01 ANACIREMA CARVALHO GOMES (ADVOGADO: ANTONIO DE OLIVEIRA NETO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – PERCEPÇÃO ANTERIOR DE AMPARO ASSISTENCIAL – LEI 6.179/74 –NÃO PREENCHIMENTO DE REQUISITOS PARA APOSENTADORIA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 44/47, que julgou improcedente oseu pedido de concessão do benefício de pensão por morte. Alega a recorrente, em suas razões recursais, que tem direitoao recebimento da pensão visto que seu falecido esposo, ainda em vida, fazia jus à aposentadoria por idade. Pugna,portanto, pela reforma da sentença. O INSS apresentou contrarrazões pugnando pela manutenção da sentença.Depreende-se dos autos que o de cujus era beneficiário de amparo previdenciário por invalidez rural, com início em01/03/1977, quando contava com 59 anos de idade. O benefício retro foi concedido com base na Lei 6.179/74, queconsiderava que fazia jus a este benefício os maiores de 70 (setenta) anos e os inválidos, definitivamente incapacitadospara o trabalho.No momento da concessão do amparo previdenciário, a Lei que regulamentava a concessão de benefícios previdenciáriosaos trabalhadores rurais era a Lei Complementar 11/1971, que instituiu o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural –PRORURAL. A aposentadoria por invalidez era devida ao trabalhador vítima de enfermidade ou lesão orgânica, total oudefinitivamente incapaz para o trabalho. Já a aposentadoria por velhice tinha como requisito a implementação da idade de65 anos, que não era o caso do de cujus. Em qualquer um dos casos, era necessária a contribuição para o custeio doPrograma. Assim, foi correta a concessão do amparo previdenciário por invalidez, nos moldes da Lei 6.179/74.A autora requer que seja reconhecido o direito à aposentadoria por idade do falecido esposo, nos moldes da Lei 8.213/91.As provas colacionadas aos autos são: a certidão de casamento (1967) e a escritura de compra e venda de terreno rural emnome da recorrente (1980). A parte autora, em seu depoimento pessoal, afirmou que seu esposo ficou por 15 anos usandocadeira de rodas e muletas, sendo totalmente dependente de terceiros para as atividades diárias. Daí conclui-se que ofalecido, desde a época da concessão do amparo social, não exerceu qualquer atividade, estando totalmente incapacitadopara a vida laboral. As testemunhas ouvidas em audiência disseram ter conhecido o falecido quando este ainda trabalhavano labor rural, por volta de 1965/1968. Foram uníssonas em afirmar que o mesmo estava incapacitado há alguns anos (07 a08 anos) antes do falecimento, porém, não sabiam informar qual a doença que o incapacitou. Assim, resta demonstrada adescaracterização da condição de segurado especial do falecido.Desta forma, não fazendo jus o de cujus ao benefício de aposentadoria, não é cabível a concessão de pensão por morte àautora. O benefício concedido administrativamente pelo INSS (amparo previdenciário por invalidez) não gera direito àpercepção de pensão.Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.Custas ex lege. Condenação da recorrente em honorários advocatícios, que ora fixo em R$ 100,00.ACÓRDÃOVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

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91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL

76 - 2008.50.52.000638-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DAFONSECA FERNANDES GOMES.) x JOSE AGNALDO REIS SANTANA (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).E M E N T ARECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA INTERPOSTO(A) PELO INSS EM FACE DE DECISÃO LIMINAR QUE DEFERIU AANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, PARA DETERMINAR A IMPLANTAÇÃO IMEDIATA DE BENEFÍCIOASSISTENCIAL - PERIGO DE DANO IRREPARÁVEL E VEROSSIMILHANÇA DA ALEGAÇÃO DEMONSTRADOS -RECURSO NÃO PROVIDO - DECISÃO LIMINAR CONFIRMADA - SEM CUSTAS E HONORÁRIOS.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO /MEDIDA DE URGÊNCIA, na forma do voto e ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presentejulgado.

77 - 2009.50.52.000132-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DAFONSECA FERNANDES GOMES.) x ANTONIO ELIAS MORONARI (ADVOGADO: JAIMILTON CHAVES DE SOUSALUCAS.).E M E N T ARECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA INTERPOSTO(A) PELO INSS EM FACE DE DECISÃO LIMINAR QUE DEFERIU AANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, PARA DETERMINAR A IMPLANTAÇÃO IMEDIATA DE BENEFÍCIO DEAUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DA QUALIDADE DE SEGURADO – INCAPACIDADE NÃO COMPROVADA –VEROSSIMILHANÇA DA ALEGAÇÃO NÃO DEMONSTRADA - RECURSO PROVIDO - DECISÃO DESCONSTITUÍDA -SEM CUSTAS E HONORÁRIOS.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO /MEDIDA DE URGÊNCIA, na forma do voto e ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presentejulgado.

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

78 - 2006.50.50.002384-9/01 UNIÃO FEDERAL x ERIVALDO FERREIRA DOS SANTOS (DEF.PUB: EDUARDO JOSÉTEIXEIRA DE OLIVEIRA, GUSTAVO DE ALMEIDA RIBEIRO.).EMENTA

ATO ADMINISTRATIVO – SEGURO-DESEMPREGO – PRESUNÇÃO DE VERACIDADE – PROVA DOS FATOSCONSTITUTIVOS INCUMBE AO AUTOR – ART. 333 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – FATOS NÃODEMONSTRADOS - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA

Trata-se de recurso inominado interposto pela União Federal em face da sentença de fls. 59/61, que julgou procedente opedido autoral, condenando a recorrente a realizar o pagamento administrativo do seguro desemprego à parte autora,representada por Laurineyde Ferreira dos Santos Damasceno, em decorrência da dispensa sem justa causa efetuada pelaempresa “Vila Velha Transporte Coletivo Ltda-ME”. Aduz a recorrente que o autor foi notificado do indeferimento doseguro-desemprego pela falta de comprovação da existência de vínculo empregatício e deveria interpor recurso perante oMinistério do Trabalho e Emprego no prazo de 02 (dois) anos, o que não foi feito pelo mesmo. Foram apresentadascontrarrazões pelo recorrido.No caso dos autos, o autor alega que após dar entrada no seu requerimento de seguro-desemprego e constatar que omesmo havia sido indeferido, solicitou à sua procuradora que se dirigisse a uma Delegacia Regional do Trabalho. Aindaconforme alegações do autor, sua procuradora foi impedida de dar continuidade ao processo administrativo, visto que oseguro-desemprego é direito pessoal e intransferível.A pretensão do autor tem natureza condenatória, objetivando que a União Federal realize o pagamento das parcelas doseguro-desemprego, através de sua procuradora. Porém, não ficou provado nos autos que a sua procuradora, de fato,compareceu ao Ministério do Trabalho e Emprego para dar continuidade ao processo administrativo de concessão dobenefício. Conforme o art. 333, I, do Código de Processo Civil, cabe ao autor o ônus de provar os fatos constitutivos de seudireito. Não logrando êxito em comprovar os fatos que ocorreram, não merece guarida o pedido autoral.O programa de seguro-desemprego tem por finalidade prover assistência financeira temporária ao trabalhadordesempregado em virtude de dispensa sem justa causa. In casu, o autor, assim que foi dispensado pela empresa VilaVelha Transporte Coletivo Ltda-ME, saiu do país. Não consta dos autos documentação de que realmente estava prestando

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auxílio ao irmão adoentado em Portugal, como alegou na peça exordial.Ademais, os atos administrativos são dotados de presunção de legitimidade e veracidade, o que acarreta que eles sejamconsiderados verdadeiros até que seja comprovado o contrário. A notificação ao autor de que era indispensável aapresentação de recurso para dar continuidade ao processo de concessão do seguro-desemprego é plenamente válida,gozando de legitimidade.Recurso conhecido e provido para afastar a condenação da União Federal ao pagamento administrativo doseguro-desemprego. Sentença reformada.Custas ex lege. Sem condenação em honorários, já que devidos somente nos casos em que o recorrente sair vencido.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

79 - 2007.50.51.002240-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MICHELI JESUS VIEIRADE MELO.) x MARIA DA GLORIA CAÇANDRE RIBEIRO (ADVOGADO: JOSÉ NASCIMENTO, URBANO LEAL PEREIRA.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NOACÓRDÃO EMBARGADO – DESNECESSIDADE DE CONFRONTAR TODOS OS ARGUMENTOS INTERPOSTOS –EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS em face deacórdão que negou provimento ao recurso inominado. Alega o embargante que a decisão deixou de apreciar dois pontoscentrais do recurso interposto, quais sejam: que uma testemunha em sede administrativa teria afirmado que a autora, apósa mudança para a cidade, não mais estaria laborando na roça e sobre o patrimônio da família.O fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre todos os argumentos que a parte alega incidirà espécie não leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do CPC, pois o julgador, desde que fundamentesuficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações das partes, a ater-se aos fundamentos porelas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de tal sorte que a insatisfação quanto aodeslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que esteja presente alguma das hipótesesdo art. 535 do CPC.In casu, a parte autora completou o requisito “idade” em 1997. Desde 1992 havia se mudado para a zona urbana. Porém, adistância entre a residência da família e a propriedade rural é de apenas 05 quilômetros, o que possibilitava que a autoracontinuasse a trabalhar na roça diariamente. O fato foi confirmado pelos depoimentos das testemunhas em audiência. Nãodescaracteriza o trabalho rural o fato de o embargado residir na zona urbana e trabalhar na propriedade rural da família,uma vez que o exercício de atividade rural independe do local onde o trabalhador possui residência, desde que próximos oslocais.Embargos de declaração não providos em razão da inexistência de vício a ser sanado, restando demonstrada tão-somentea inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

80 - 2007.50.50.001598-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DEGOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x MONICA RAMOS DA SILVA JORGE (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl,EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – AUXÍLIO-RECLUSÃO – OMISSÃO - PREQUESTIONAMENTO – PRINCÍPIO DARAZOABILIDADE E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA – INCIDÊNCIA DA SÚMULA 356 DO STF - INEXISTÊNCIADE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor em face do acórdão de fls. 84/87 que deu provimento ao recursoinominado. Alega o embargante que a decisão seria omissa quanto à aplicação dos princípios da razoabilidade e dadignidade da pessoa humana.A jurisprudência pátria, ao decidir questionamentos quanto às possibilidades de interposição dessa via recursal, assim jádecidiu: “Mesmo nos embargos de declaração com fim de prequestionamento, devem ser observados os limites traçadosno art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, contradição, omissão e, por construção pretoriana integrativa, a hipótese de erromaterial). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”. (STJ - Primeira Turma, Resp. 11465-0-SP, rel. Min.Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada. O fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os princípiosque a parte alega incidir à espécie não leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do CPC, pois o julgador, desde

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que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações das partes, a ater-se aosfundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de tal sorte que ainsatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que esteja presentealguma das hipóteses do art. 535 do CPC.Embargos de declaração não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, restando demonstrada tão-somentea inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

81 - 2009.50.50.001386-9/01 DELVAIR CRUZ DOS SANTOS (DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT, EDUARDO JOSÉTEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBERDARROZ ROSSONI.).E M E N T AEMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INTIMAÇÃO – SESSÃO DE JULGAMENTO –DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO –DESNECESSÁRIA – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.A Defensoria Pública da União arguiu a nulidade do acórdão por não ter sido pessoalmente intimada da pauta dejulgamento. O art. 44, inciso I, da Lei Complementar 80/94 realmente prevê como prerrogativa dos membros da DefensoriaPública a intimação pessoal. Entretanto, a Defensoria não explicou qual teria sido o prejuízo causado pela falta deintimação. A ausência de intimação não causa prejuízo porque a presença do defensor na sessão de julgamento édestituída de sentido prático, uma vez que não há oportunidade para sustentação oral no julgamento informal da TurmaRecursal. Segundo o art. 249, § 1º, do CPC, “o ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte”.A interposição de embargos declaratórios possui função corretiva e integradora, exigindo que o próprio prolator da decisãoexerça sua função jurisdicional com acerto e precisão. Os embargos opostos não apontam qualquer, dúvida, omissão,contradição ou obscuridade a esclarecer, apenas relatam a inconformidade da Defensoria Pública devido à ausência daintimação pessoal.Assim, restam ausentes os requisitos do art. 535 do CPC.Embargos conhecidos e improvidos.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

82 - 2009.50.52.000228-2/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DEALMEIDA.) x IRACY AYRES DE FARIAS RUELA (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE SOUZA.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO - PREQUESTIONAMENTO – VIOLAÇÕES CONSTITUCIONAIS –INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 356 DO STF - INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO – RECURSOCONHECIDO E NÃO PROVIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS em face doacórdão de fls. 132/133 que negou provimento ao recurso inominado. Alega o embargante que a decisão seria omissaquanto às violações constitucionais suscitadas.2. Não assiste razão ao embargante. A Jurisprudência pátria, ao decidir questionamentos quanto às possibilidades deinterposição dessa via recursal, assim já decidiu: “Mesmo nos embargos de declaração com fim de prequestionamento,devem-se observar os limites traçados no art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, contradição, omissão e, por construçãopretoriana integrativa, a hipótese de erro material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”. (STJ - PrimeiraTurma, Resp. 11465-0-SP, rel. Min. Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).3. Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada. O fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigosconstitucionais que a parte alega incidir à espécie não leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do CPC, pois ojulgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem queesteja presente alguma das hipóteses do art. 535 do CPC.4. Embargos de declaração conhecidos e não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, restandodemonstrada tão-somente a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

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83 - 2007.50.50.010312-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. deOliveira.) x ANGELINO TAVARES (ADVOGADO: MARIA DE FATIMA MONTEIRO, JOAO LUIZ DA SILVA JUNIOR,CARLOS AUGUSTO MENDES PEREIRA.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – VIOLAÇÕES CONSTITUCIONAIS – INCIDÊNCIA DASÚMULA N. 356 DO STF - INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO – RECURSO CONHECIDO E NÃOPROVIDO.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor em face do acórdão de fls. 116/118 que deu provimento aorecurso inominado interposto pela autarquia previdenciária. Alega o embargante que houve violação a preceitosconstitucionais, motivo pelo qual deve ser reformado o acórdão.2. Não assiste razão ao embargante. A Jurisprudência pátria, ao decidir questionamentos quanto às possibilidades deinterposição dessa via recursal, assim já decidiu: “Mesmo nos embargos de declaração com fim de prequestionamento,devem-se observar os limites traçados no art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, contradição, omissão e, por construçãopretoriana integrativa, a hipótese de erro material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”. (STJ - PrimeiraTurma, Resp. 11465-0-SP, rel. Min. Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).3. Inexiste qualquer vício no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada. O fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os princípiosconstitucionais que a parte alega incidir à espécie não leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do CPC, pois ojulgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem queesteja presente alguma das hipóteses do art. 535 do CPC.4. Embargos de declaração conhecidos e não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, restandodemonstrada tão-somente a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

84 - 2007.50.52.000453-1/01 FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE - FUNASA (PROCDOR: SHIZUE SOUZA KITAGAWA.) xUNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANDREA M. SANTOS SANTANA.) x JOAO CELESTINO DE OLIVEIRA.E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO – PREQUESTIONAMENTO – VIOLAÇÕES CONSTITUCIONAIS –INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 356 DO STF - INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO – RECURSOINOMINADO PROVIDO AFASTANDO A CONDENAÇÃO DOS RECORRENTES – EMBARGOS DECLARATÓRIOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela FUNASA em face do acórdão de fls. 134/137 que deu provimento aorecurso inominado interposto pela União Federal e pela própria embargante. Alega a embargante que houve violação apreceitos constitucionais, omitindo-se esta Turma sobre o princípio da solidariedade que rege o regime previdenciário doservidor público. Aduz ainda que não foi analisado o art. 40, § 20 da CRFB/88.2. A Jurisprudência pátria, ao decidir questionamentos quanto às possibilidades de interposição dessa via recursal, assim jádecidiu: “Mesmo nos embargos de declaração com fim de prequestionamento, devem-se observar os limites traçados noart. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, contradição, omissão e, por construção pretoriana integrativa, a hipótese de erromaterial). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”. (STJ - Primeira Turma, Resp. 11465-0-SP, rel. Min.Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).3. Inexiste qualquer vício no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada. O fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os princípiosconstitucionais que a parte alega incidir à espécie não leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do CPC, pois ojulgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem queesteja presente alguma das hipóteses do art. 535 do CPC.4. Ademais, verifica-se que o recurso da União Federal foi provido, considerando esta Turma que não é cabível a devoluçãodos valores recolhidos a título de contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias vez que toda acontribuição social é compensada pelo abono de permanência recebido nos termos do parágrafo 19, artigo 40 daConstituição da República.4. Embargos de declaração conhecidos e não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

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91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

85 - 2002.50.50.001103-9/03 MARIA DA PENHA DE AGUIAR DIBE (ADVOGADO: LUIS FILIPE MARQUES PORTO SAPINTO.) x Juizo Federal do 1º Juizado Especial Federal Do E.S..E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – MANDADO DE SEGURANÇA – OMISSÃO – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS –DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA – INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA –INEXISTÊNCIADE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO – EMBARGOS CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS.

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor em face do acórdão de fls. 94/97 que, em sede de mandado desegurança, reconheceu a decadência e julgou extinto o processo, com julgamento do mérito, nos termos do art. 269, IV, doCPC. Alega o embargante que houve violação a preceitos constitucionais, tais como os princípios do devido processo legal,contraditório e ampla defesa, motivo pelo qual deve ser reformado o acórdão.2. Inexiste qualquer vício no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada. O fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os princípiosconstitucionais que a parte alega incidir à espécie não leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do CPC, pois ojulgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem queesteja presente alguma das hipóteses do art. 535 do CPC.3. O acórdão guerreado deixou claro que só é cabível recurso inominado de sentença definitiva, conforme estabelece o art.5º da Lei 10.259/01. Se a parte autora insurgiu-se contra decisão interlocutória proferida pelo Juízo a quo, em momentoposterior à sentença, deveria ter escolhido a via correta para impugná-la e, ainda, no prazo adequado.4. Embargos de declaração conhecidos e não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, restandodemonstrada tão-somente a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

86 - 2009.50.54.000243-3/01 EROIZA DA SILVA DIAS (ADVOGADO: BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARESMACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SEBASTIAO EDELCIO FARDIN.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – CONTRADIÇÃO – INEXISTÊNCIA – PRESENÇA DOS REQUISITOS PARA ACONCESSÃO DE APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – ACÓRDÃO MANTIDO – EMBARGOS NÃO PROVIDOS.

Trata-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão de fls. 137/142, proferido pela Turma Recursal, porintermédio do qual aduz o INSS que houve contradição no referido acórdão, no que tange à utilização da certidão decasamento da parte autora como início de prova material, visto que o marido da autora, qualificado na certidão comolavrador, exerceu posteriormente atividade urbana.Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, se limitam a suprir omissões, aportar clareza ou retificareventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura das argumentações doembargante, verifica-se que esta aponta a existência de contradição na decisão proferida por este Juízo.O acórdão embargado não padece de contradição passível do manejo da referida peça processual. No supracitadoacórdão, verifica-se que foi colocado de forma clara e coerente o início de prova material considerado para concessão dobenefício: a certidão de casamento datada de março de 1970, quando o marido da autora era lavrador (fl. 16); declaraçãode exercício de atividade rural datado de setembro de 2005 (fl. 18); carteira do sindicato dos trabalhadores rurais deColatina, com data de admissão em 04 de novembro de 1982 (fl. 15). O início de prova produzido foi corroborado por provatestemunhal colhida em audiência.Tendo sido preenchidos os requisitos para a concessão do benefício de aposentadoria rural por idade, previsto no artigo 48,§ 2º da Lei 8.213/91, o que foi demonstrado pelo acórdão embargado, não há que se falar em contradição, pois mesmo omarido da parte autora tendo exercido atividade urbana, restou comprovado que a autora continuou exercendo o laborrurícola.Embargos de declaração não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, restando demonstrada tão-somentea inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.

A C Ó R D Ã O

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

87 - 2008.50.50.006994-9/01 JOÃO SIQUEIRA (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INTIMAÇÃO – SESSÃO DE JULGAMENTO – DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO –DESNECESSÁRIA – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. A Defensoria Pública da União arguiu a nulidade do acórdão por não ter sido pessoalmente intimada da pauta dejulgamento. O art. 44, inciso I, da Lei Complementar 80/94 realmente prevê como prerrogativa dos membros da DefensoriaPública a intimação pessoal. Entretanto, a Defensoria não explicou qual teria sido o prejuízo causado pela falta deintimação. A ausência de intimação não causa prejuízo porque a presença do defensor na sessão de julgamento édestituída de sentido prático, uma vez que não há oportunidade para sustentação oral no julgamento informal da TurmaRecursal. Segundo o art. 249, § 1º, do CPC, “o ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte”.2. A interposição de embargos declaratórios possui função corretiva e integradora, exigindo que o próprio prolator dadecisão exerça sua função jurisdicional com acerto e precisão. Os embargos opostos não apontam qualquer, dúvida,omissão, contradição ou obscuridade a esclarecer, apenas relatam a inconformidade da Defensoria Pública devido àausência da intimação pessoal.3. Assim, restam ausentes os requisitos do art. 535 do CPC.4. Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

88 - 2008.50.50.004955-0/01 CENIRA DE AVILA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO, EDUARDO JOSÉTEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDACOSTA.).E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INTIMAÇÃO – SESSÃO DE JULGAMENTO –DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO –DESNECESSÁRIA – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. A Defensoria Pública da União arguiu a nulidade do acórdão por não ter sido pessoalmente intimada da pauta dejulgamento. O art. 44, inciso I, da Lei Complementar 80/94 realmente prevê como prerrogativa dos membros da DefensoriaPública a intimação pessoal. Entretanto, a Defensoria não explicou qual teria sido o prejuízo causado pela falta deintimação. A ausência de intimação não causa prejuízo porque a presença do defensor na sessão de julgamento édestituída de sentido prático, uma vez que não há oportunidade para sustentação oral no julgamento informal da TurmaRecursal. Segundo o art. 249, § 1º, do CPC, “o ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte”.2. A interposição de embargos declaratórios possui função corretiva e integradora, exigindo que o próprio prolator dadecisão exerça sua função jurisdicional com acerto e precisão. Os embargos opostos não apontam qualquer, dúvida,omissão, contradição ou obscuridade a esclarecer, apenas relatam a inconformidade da Defensoria Pública devido àausência da intimação pessoal.3. Assim, restam ausentes os requisitos do art. 535 do CPC.4. Embargos conhecidos e improvidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

89 - 2008.50.51.001228-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) xGERSON JOSE CANAL (ADVOGADO: ANTÔNIO JUSTINO COSTA.).Processo nº 2008.50.51.001228-6/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

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Recorrido : GERSON JOSÉ CANAL

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO - CONVERSÃODE PERÍODO TRABALHADO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS - EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL contra a r. sentença que ocondenou a reconhecer e computar, em benefício do autor, o período de 01/02/1980 a 25/04/2008, trabalhado emcondições especiais, bem como a converter o referido período em tempo de serviço comum, julgando, ao final, procedenteo pedido de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição.2. Segundo o juízo de origem, o autor trabalhou a partir de 01/02/1980 na Viação Itapemirim S.A. (fl. 18), como auxiliar demecânico, mecânico montador, mecânico e “montador esp” (fls. 27/32), devendo ser computados como especiais o períodode 01/02/1980 a 25/04/2008 (data do requerimento administrativo – fl. 33), pelo fato de o mesmo ter sido exposto a ruídoequivalente 92,4dB (noventa e dois vírgula quatro decibéis), durante todo o período em que trabalhou na empresa.Destacou ser de conhecimento daquele Juízo que a empresa Tecnobus Serviços Comércio e Indústria Ltda. (que emitiu oPerfil Profissiográfico Previdenciário de fls. 29/30) faz parte do mesmo grupo econômico da Viação Itapemirim, situação quetambém se evidencia através do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) de fl. 26, onde se constata que omesmo vínculo está informado para as duas empresas.3. Em suas razões recursais, alega o recorrente que os agentes físicos ruído e calor sempre exigiram a comprovação daexposição por meio de laudo técnico, não incidindo sobre os mesmos a presunção legal dispensada aos demais agentes;que não há prova nos autos da efetiva exposição para o período posterior a 1997; que a atividade de mecânico não seencontra elencada pelo Decreto n. 83.030/79 como atividade especial; que o período posterior a 1997 não vemacompanhado de LTCAT – Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho; que os Perfis ProfissiográficosPrevidenciários juntados aos autos, além de não contemporâneos, não esclarecem se a atividade desenvolvida pela parteautora está ou não sujeita à exposição perene aos agentes nocivos, não fazendo qualquer referência à exposição nãoocasional nem intermitente aos fatores prejudiciais à saúde.4. Segundo a jurisprudência do Egrégio STJ, até a edição da Lei nº 9.032/95, o desempenho da atividade de mecânicogozava de presunção de exposição a agentes nocivos:“PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO. EXERCÍCIO EM CONDIÇÕESESPECIAIS. LAVADOR E MECÂNICO. PRESUNÇÃO DE EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS ATÉ A EDIÇÃO DA LEI9.032/95. MP 1.523/96. EXIGÊNCIA DE LAUDO TÉCNICO PERICIAL. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.1. As Turmas da Terceira Seção deste Superior Tribunal já consolidaram o entendimento no sentido de que o período detrabalho exercido em condições especiais em época anterior à MP 1.523/96, convalidada pela Lei 9.528/97, não seráabrangido por tal lei, em respeito ao direito adquirido incorporado ao patrimônio do trabalhador. A caracterização e acomprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor à época daprestação do serviço.2. In casu, o recorrido exerceu a função de lavador de ônibus, no período compreendido entre 9/1/1979 e 30/4/1986,exposto a agentes nocivos como a umidade e o calor, constantes dos anexos do Decretos 53.831/64 e 83.030/79. Existia apresunção absoluta de exposição aos agentes nocivos relacionadas nos mencionados anexos. Posteriormente, passou aexercer a função de mecânico, exposto a graxas, óleos, calor e poeira, até a data de 28/5/1998. 3. Contudo, tal presunçãosó perduraria até a edição da Lei 9.032/95, que passou a exigir a comprovação do exercício da atividade por meio dosformulários de informações sobre atividades com exposição a agentes nocivos ou outros meios de provas, o que foi feitopor meio do Formulário SB-40. 4. Destarte, merece parcial reforma o acórdão recorrido, na parte em que entendeu estarcomprovado o exercício de atividade especial em período posterior à MP 1.523/96, convalidada pela Lei 9.528/97, visto quea partir de então, como dito acima, passou-se a exigir laudo técnico pericial para comprovação da exposição a agentesinsalubres, o que não se verificou nos presentes autos. 5. Recurso especial a que se dá parcial provimento. STJ, REsp200200425692/RS, 5.ª Turma, Relator Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ 07/11/2005, página 327. (sem grifos nooriginal)

5. Quanto ao período posterior à edição da referida lei, não se pode rejeitar os Perfis Profissiográficos Previdenciários defls. 21/32, em razão da inexistência de laudo, vez que referidos formulários, além de consignar os nomes dos profissionaisresponsáveis pelos registros ambientais e seus respectivos registros em conselhos de classe, informam que as respectivasempresas possuem laudo técnico pericial, sendo desnecessária a sua apresentação na ocasião do requerimento dobenefício. Além disso, no PPP, a empresa expõe os fatores de risco apurados nos PPRA, PCMSO, PGR e LTCAT, sendoresponsável pelas informações prestadas. Tais aferições permanecem em poder da empresa podendo ser consultadaspelos peritos do INSS, nos termos da legislação previdenciária. Ademais, não existe qualquer disposição legal quanto ànecessidade de que tais formulários sejam contemporâneos aos períodos nele informados, devendo apenas retratar ascondições em que o segurado exerceu a sua atividade laboral, sendo certo que o requisito da atualidade resta atendidaenquanto a ambiente não houver sofrido alteração para melhor ou para pior em relação aos riscos existentes para otrabalhador.6. Na hipótese em apreço, os Perfis Profissiográficos Previdenciários de fls. 21/32 evidenciam que o autor, durante todo operíodo apontado na inicial, estava exposto a ruído de 92,4 dB “de modo habitual e permanente” (fl. 27), estando atendidosos requisitos de habitualidade, permanência e não intermitência, devendo o referido período computado como atividadeespecial, nos termos da Súmula 32 da TNU.7. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicávelsubsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.8. Recurso conhecido e improvido.

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9. Custas na forma da lei. Condenação da parte recorrente ao pagamento dos honorários advocatícios, que fixo em 10% dovalor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

90 - 2007.50.50.002601-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. deOliveira.) x ENILZA PINTO BARCELOS (ADVOGADO: ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES.).Processo nº 2007.50.50.002601-6/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : ENILZA PINTO BARCELOS

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – PREENCHIMENTO SIMULTÂNEODOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO – PRESCINDIBILIDADE MESMO ANTES DA EDIÇÃO DA LEI N. 10.666/2003 -PRESCRIÇÃO QUINQUENAL – JUROS DE MORA – INCIDÊNCIA A PARTIR DA CITAÇÃO - RECURSO CONHECIDO EPARCIALMENTE PROVIDO.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL contra a r. sentença quejulgou procedente o pedido inicial, condenando o réu a conceder à parte autora a aposentadoria por idade.2. Em suas razões recursais, alega a autarquia previdenciária que não foi observada a prescrição quinquenal, vez que,embora a ação tenha sido ajuizada em 24/044/2007, foi condenada a pagar atrasados retroativos a agosto de 2000. Nomérito, afirma que, em agosto de 2000, data do primeiro requerimento administrativo, ainda não vigorava a Lei n.10.666/2003, dispondo que a perda da qualidade de segurado não prejudicaria a concessão de aposentadoria por idade,desde que o requerente já contasse com o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na datade requerimento do benefício. Sustenta que, embora a jurisprudência admitisse que os requisitos para a obtenção dobenefício pudessem ser preenchidos em momentos distintos e de forma dissociada, a Administração Pública atua emobediência ao princípio da legalidade e jamais poderia conceder um benefício previdenciário com base em construçõesjurisprudenciais. Afirma que, inconformada com o indeferimento administrativo do primeiro requerimento de aposentadoria,a autora poderia ter buscado tutela judicial desde então, mas manteve-se inerte, formulando novo pedido apenas em 2005,quando obteve êxito. Aduz que ocorreu preclusão lógica da faculdade de insurgir-se contra a decisão administrativa tomadano primeiro requerimento. Conclui que se encontra correta tanto a decisão tomada no primeiro requerimento administrativo,formulado em agosto de 2000, quanto a decisão administrativa que deferiu o pedido formulado em 2005, apenas sebasearam em realidades jurídicas distintas. Ao final, pugna pela incidência de juros a partir da citação.3. Acolhe-se a prefacial de prescrição quinquenal, uma vez que, em se tratando de benefício previdenciário, somenteprescrevem as parcelas anteriores ao qüinqüênio que antecedeu o ajuizamento da ação, consoante estabelece o parágrafoúnico do art. 103 da Lei nº 8.213/91. Considerando que a presente ação objetiva o pagamento do benefício previdenciáriodesde o primeiro requerimento administrativo, em 22/08/2000 (fl. 48) e tendo sido a ação ajuizada em 24/04/2007,encontram-se alcançadas pela prescrição as parcelas anteriores a 24/04/2002.4. A preclusão é a perda de uma faculdade processual pelo seu não exercício no prazo oportuno. Como observa TeresaCelina de Arruda Alvim Pinto, a preclusão é endoprocessual: “A matéria acobertada pela preclusão não pode ser rediscutidano mesmo processo em que se terá operado esta preclusão. O mandado de segurança interposto contra matéria, a respeitode que houve preclusão, porque não se tenha interposto o recurso adequado, leva à formação de ‘outro processo’. Nãocabe, pois, falar-se em preclusão como circunstância apta a obstar propositura de outra ação” (Reflexões a respeito domandado de segurança contra ato judicial. Revista de Processo, (48):64-95, out./dez., 1987).5. Sendo assim, é irrelevante a circunstância de haver a parte não ter interposto recurso contra a decisão que indeferiu obenefício previdenciário, não se podendo falar em preclusão, já que abriu mão do direito de recorrer administrativamente,mas não o de propor ação.6. Ainda que o primeiro requerimento administrativo tenha sido indeferido em 2000, quando ainda não vigorava a Lei n.10.666/2003, prevalecia na jurisprudência pátria o entendimento de que seria prescindível o preenchimento simultâneo dosrequisitos para a concessão da aposentadoria por idade, sendo irreparável a r. sentença que deferiu a concessão dobenefício desde a data do primeiro requerimento administrativo.7. Os juros moratórios só começam a correr a partir do momento em que o devedor é constituído em mora. Não existe leique eleja o ato ilícito como instrumento de constituição em mora. De acordo com o art. 219 do CPC, é a citação válida queconstitui em mora o devedor. Aplicação da Súmula 204 do STJ, do seguinte teor: “Os juros de mora nas ações relativas abenefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”.8. Recurso conhecido e parcialmente provido.9. Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Sem honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei n.º.9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº. 10.259/01.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

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Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

91 - 2008.50.50.000380-0/01 ZENILTO ZAMBALDI (ADVOGADO: ALLAN ESCÓRCIO BARBOSA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).Processo nº 2008.50.50.000380-0/01

Recorrente : ZENILTO ZAMBALDIRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – INÍCIO DE PROVA MATERIAL– INDEFERIMENTO DE OITIVA DE TESTEMUNHAS – AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE – CERCEIO AO DIREITO DEPRODUZIR PROVA – NULIDADE DA SENTENÇA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO1. Trata-se de recurso inominado interposto por ZENILTO ZAMBALDI contra a r. sentença de fls. 146/147, que julgouimprocedente o pedido formulado na inicial.2. Em suas razões, argúi o recorrente a preliminar de nulidade da sentença por cerceio de defesa, por ausência da oitiva desuas testemunhas e por não lhe ter sido concedido prazo para se manifestar sobre a contestação. No mérito, afirma quenunca foi patrão ou possuiu empregados, apenas trabalhava nas terras de seu genitor; que sempre trabalhou em regime deeconomia familiar; que possui tempo suficiente à concessão da aposentadoria; que se encontra com 63 anos de idade, comsérios problemas de coluna e não podendo mais trabalhar.3. O direito de produzir provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, não se caracteriza comocerceamento de defesa, principalmente quando se mostra desnecessária à elucidação do caso concreto.4. Na hipótese em apreço, a tese que fundamentou o indeferimento do pedido inicial foi a grande extensão da propriedaderural do segurado. Segundo o juízo de origem, os documentos demonstraram que o autor tinha sob sua responsabilidadepropriedades rurais no montante de 471,7ha, dimensão que ultrapassa a previsão de 04 módulos fiscais como limite decaracterização do segurado especial, nos termo do art. 11, VII, a, 1, da Lei nº 8.213/91 (com redação dada pela Lei11.718/08), não havendo como considerá-lo segurado especial no período de 1961 a 1974.5. O entendimento acima, todavia, antes perfilhado por este Relator, não é acolhido pelos demais integrantes desta TurmaRecursal, razão pela qual, por uma questão de disciplina judiciária, revejo posicionamento anterior e curvo-me ao dispostona Súmula nº 30 da TNU, no sentido de que “Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior aomódulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nosautos, a sua exploração em regime de economia familiar”.6. A certidão de casamento de fl. 10, emitida em outubro de 1964, indica que o autor exercia a profissão de lavrador,constituindo início de prova material suficiente a demonstrar o exercício de atividade rural do autor, cuja eficácia probatóriapoderia ter sido ampliada pela prova testemunhal que a parte autora pretendia produzir, razão pela qual se conclui que ojulgamento imediato do processo cerceou seu direito de produzir prova capaz de influenciar no resultado da ação.7. Recurso conhecido e provido, anulando-se a r. sentença de origem para determinar a reabertura da instrução processuale a oitiva de testemunhas da parte autora.8. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

92 - 2008.50.50.005033-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos FigueredoMarçal.) x LUIZ FERNANDO DE PAIVA BARCELOS (ADVOGADO: VALTEMIR DA SILVA.).Processo nº 2008.50.50.005033-3/01

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : LUIZ FERANDO DE PAIVA BARCELOS

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA ESPECIAL – CONVERSÃO DE TEMPO COMUM EMESPECIAL ANTERIORMENTE À LEI N. 9.032/95 – POSSIBILIDADE – JUROS DE MORA – INCIDÊNCIA A PARTIR DACITAÇÃO – LEI N. 11.960/2009 – APLICABILIDADE - RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS contra a r.sentença que julgou procedente o pedido inicial para condenar o réu a conceder à parte autora a aposentadoria especial.2. Em suas razões recursais, alega o INSS a impossibilidade de conversão do tempo comum em especial do períodocompreendido entre 02/02/1981 a 26/05/1982, pois o art. 57, §3º, da Lei n. 8.213/91 permite apenas a conversão daatividade especial em comum, mas não o contrário; a impossibilidade de se considerar especial a atividade exercida noperíodo de 01/07/1982 a 08/03/1987, pois o autor somente apresentou sua CTPS como prova das condições especiais; a

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impossibilidade de se considerar especial o período 23/03/1993 a 11/07/2007, pois o Perfil Profissiográfico Previdenciário defls. 105/106 demonstra que houve efetiva e eficaz utilização do Equipamento de Proteção Individual, o que descaracteriza aatividade como especial, ao menos no período posterior à edição da Lei n. 9.732/98. Requer que os juros de mora incidama partir da citação e que haja aplicação imediata da Lei n. 11.960/2009.3. A Lei nº 9.032, de 28-04-1995, ao alterar o § 3º do art. 57 da Lei n. 8.213/91, vedando a possibilidade de conversão detempo de serviço comum em especial (para fins de concessão do benefício de aposentadoria especial) não atinge osperíodos anteriores à sua vigência, ainda que os requisitos para a concessão da aposentadoria venham a ser preenchidosposteriormente, uma vez que o tempo de serviço é disciplinado pela lei em vigor à época em que efetivamente exercido,passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador. Sendo assim, não há obstáculo a impedira conversão do tempo comum em especial do período compreendido entre 02/02/1981 a 26/05/1982.4. Deve ser considerada especial a atividade exercida no período de 01/07/1982 a 08/03/1987. O exercício da atividade deAuxiliar Técnico de Raio-x encontra-se comprovado pelo registro de fl. 21 (Carteira de Trabalho e Previdência Social),sendo oportuno observar que a comprovação do exercício de atividade sob condições especiais, em tal período, exigia osimples enquadramento do segurado em alguma das atividades profissionais consideradas prejudiciais à saúde ou àintegridade física, às quais a legislação vigente conferia presunção absoluta de nocividade. De acordo com o item 1.1.4. doquadro a que se refere o art. 2º do Decreto n. 53.831/64, o profissional que trabalha com exposição a raio-x tem direito a terreconhecido como especial tal período, sendo desnecessária a apresentação de formulário comprovando exposição aagentes nocivos.5. Quanto ao período 23/03/1993 a 11/07/2007, é pacífico o entendimento jurisprudencial de que o uso de equipamento deproteção individual, ainda que obrigatório, não desqualifica o tempo de serviço especial do segurado, nem exclui o direito àaposentadoria especial. O equipamento de proteção, seja individual, seja coletivo, tem o escopo de proteger a saúde dotrabalhador, a fim de que não sofra lesões, mas não descaracteriza a situação agressiva ou nociva. Nesse sentido,encontra-se o disposto na Súmula nº 09 da Turma Nacional de Uniformização: “Ainda que o EPI elimine a insalubridade, nocaso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.”6. Os juros moratórios só começam a correr a partir do momento em que o devedor é constituído em mora. Não existe leique eleja o ato ilícito como instrumento de constituição em mora. De acordo com o art. 219 do CPC, é a citação válida queconstitui em mora o devedor. Aplicação da Súmula 204 do STJ, do seguinte teor: “Os juros de mora nas ações relativas abenefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”.

7. Considerando que a r. sentença de fls. 123/126 foi prolatada em 05/07/2010, ou seja, posteriormente à edição da Lei n.11.960/2009, devem ser observados os índices de correção nela previstos, a partir de sua edição.

8. Recurso conhecido e parcialmente provido.9. Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Sem honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei n.º.9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº. 10.259/01.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

93 - 2007.50.50.009793-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRALVIEIRA.) x ZILDA RODRIGUES TEIXEIRA (ADVOGADO: MARIA DE FATIMA MONTEIRO.).Processo nº. 2007.50.50.009793-0/01Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ZILDA RODRIGUES TEIXEIRA

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – CONTRADIÇÃO EXISTENTE ENTRE O DISPOSITIVO E A FUNDAMENTAÇÃO DOACÓRDÃO – EMBARGOS ACOLHIDOS.

Cuida-se de Embargos de Declaração interpostos em face do acórdão de fls. 132/133, proferido pela Turma Recursal, porintermédio dos quais aduz o INSS que houve contradição entre o dispositivo do mesmo e sua fundamentação, tendo emvista que todos os pedidos da autarquia foram julgados procedentes, não devendo constar do dispositivo que houve parcialprovimento do recurso.Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, limitam-se a suprir omissões, aportar clareza ou retificareventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, nada mais. A hipótese dos autos caracteriza contradiçãoentre a fundamentação e o dispositivo do acórdão, devendo prosperar o recurso interposto, uma vez que presentes um dos

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requisitos previstos no art. 535 do CPC.No presente caso, verifica-se que o acórdão proferido julgou procedentes os pedidos do recurso impugnatório da sentençainterposto pela autarquia previdenciária. Desse modo, deve ser realizada pequena correção no referido acórdão, quanto aoseu dispositivo, de modo que onde consta “CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO”, passe aconstar “CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO”. Esta retificação faz com que o item 8 do acórdão, ondeconsta “Recurso conhecido e parcialmente provido”, passe a constar “Recurso conhecido e provido”.Deve, também, por estar diretamente relacionado com a alteração acima procedida, haver retificação quanto ao motivo deisenção do pagamento de honorários advocatícios. Onde consta “devido à sucumbência recíproca”, passará a constar“devido à previsão contida no artigo 55 da Lei 9.099/95”.Embargos de declaração acolhidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na formada ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

94 - 2007.50.54.000960-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDADOMINGUES CARVALHO, RODRIGO COSTA BUARQUE, THIAGO COSTA BOLZANI.) x ORLANDINA NUNESCARNEIRO (ADVOGADO: BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.).Processo nº 2007.50.54.000960-1/01

Embargante : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

Embargada : ORLANDINA NUNES CARNEIRO

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO - INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO – LIVREAPRECIAÇÃO DAS PROVAS PELO JUIZ – ART. 131 DO CPC – RECURSO NÃO PROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração interpostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL em face de acórdãoque negou provimento ao recurso inominado. Alega a embargante que a decisão seria omissa quanto aos argumentossuscitados por ocasião da impetração do recurso inominado contra a sentença guerreada, deixando de analisar provasjuntadas aos autos.

Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, limitam-se a suprir omissões, aportar clareza ou retificareventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura das argumentações doembargante, verifica-se que esta aponta a existência de omissão na decisão proferida por este Juízo. Todavia, a hipótesedos autos não caracteriza omissão, contradição ou obscuridade, não podendo prosperar o recurso interposto, uma vez queausentes os requisitos previstos no art. 535 do CPC.

Conforme se observa nos autos, a decisão colegiada analisou sim os argumentos recursais ao entender que o alegadohistórico de vínculos urbanos do cônjuge da embargada não obstava o reconhecimento do regime de economia familiarrural desta, em observância à Súmula 41 da TNU. Deveras, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestadoexpressamente sobre determinada prova dos autos, ou sobre determinado argumento recursal, não leva à conclusão deque restou ofendido o art. 535 do CPC, pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não estáobrigado a responder todas as alegações das partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um aum todos os argumentos levantados, de tal sorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposiçãode embargos de declaração, sem que presente alguma das hipóteses do art. 535 do CPC.

Impera ressaltar, ainda, a liberdade de apreciação das provas inerentes à atuação jurisdicional, desde que cumprida acondição da devida fundamentação do ato decisório, conforme preceitua o art. 131 do CPC. Na hipótese em apreço, apósminuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, este Juízo entendeu que o material probatórioacostado aos autos é elucidativo no sentido de satisfazer ao requisito previdenciário para concessão da aposentadoria rural.

Embargos de declaração não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, restando demonstrada tão-somente

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a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

95 - 2005.50.54.000219-1/01 FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE - FUNASA (PROCDOR: LEONARDO QUEIROZBRINGHENTI.) x ANOEL DE PAULA (ADVOGADO: EUSTACHIO DOMICIO L. RAMACCIOTTI, ERANDI BARBOSA DECASTRO, MARCELO MATEDI ALVES.).Processo nº 2005.50.54.000219-1/01

Recorrente : FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARecorrido : ANOEL DE PAULA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – DESCABIDA A ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO NO PRESENTECASO – DEVIDAS AS DIFERENÇAS RELATIVAS À INDENIZAÇÃO DE CAMPO NO PERÍODO DE OUTUBRO/1995 AJULHO/2002 – RESPEITO À PROPORCIONALIDADE DE 46,87% DO VALOR DAS DIÁRIAS – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente a pretensãoexternada na inicial, condenado a autarquia federal a pagar, ao autor, as diferenças relativas à indenização de campo, noperíodo que se estende de outubro/1995 a julho/2002, para voltar a ser respeitada a proporcionalidade de 46,87% do valordas diárias. Alega a recorrente, em suas razões recursais, que há prescrição da pretensão autoral (prescrição do própriofundo de direito) e, mais adiante, reitera os argumentos apresentados em sede de contestação, apresentando tese nosentido de que o autor não faz jus ao benefício concedido.

Inicialmente, cumpre registrar que, no que tange à prescrição suscitada, conforme destacou a decisão guerreada, não háque se falar em sua incidência no presente caso, uma vez que, em 2002, a recorrente reconheceu o direito ao reajustepleiteado pela parte recorrida, por ato oficial, nos termos da peça de defesa acostada aos autos. Assim, não se pode negarque o reconhecimento de um direito implica na interrupção do prazo prescricional, nos termos do art. 172, V, e 173, ambosdo CCB, o qual passar a ser contado a partir do ato ou fato que interrompeu a prescrição. Ora, a presente ação foi ajuizadaem 12.12.2005.

Não obstante, vale apontar que a prescrição pressupõe lesão e inércia do titular na propositura da ação e se inaugura como inadimplemento da obrigação. Tratando-se de obrigação de trato sucessivo, a violação do direito ocorre de formacontínua. Dessa forma, o prazo prescricional é renovado em cada prestação periódica não-cumprida, podendo cada parcelaser fulminada isoladamente pelo decurso do tempo, sem, contudo, prejudicar as posteriores. Aplicação da Súmula n.85/STJ (REsp 801.291/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/09/2007, DJ 18/10/2007 p. 277;REsp 752.822/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/10/2006, DJ 13/11/2006 p.231). No caso dos autos, por se tratar de relação jurídica de trato sucessivo, cuja lesão se renova a cada mês, a teor doque preceitua a Súmula nº 85/STJ, a prescrição não atinge o fundo de direito (Precedentes: REsp 956.844/RS, Rel. MinistroARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 26/05/2009, DJe 29/06/2009; REsp 980.680/RS, Rel. MinistroARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 12/08/2008, DJe 06/10/2008)Deveras, a Lei nº 8.270/91 estabeleceu que a indenização de campo, instituída pela Lei nº 8.216/91, seria reajustada namesma base das diárias, época em que o valor da primeira correspondia a 46,87% do valor das segundas.

De fato, houve reconhecimento administrativo de que o reajuste pleiteado seria devido, mas um mero ato administrativonormativo não pode contrariar os termos de uma lei prévia, que tratou do mesmo assunto, uma vez que configurariaviolação manifesta do Princípio da Legalidade.

Na verdade, aplica-se, ao caso, o Enunciado nº 32 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo, neste sentido: “É devido aos servidores o reajuste da vantagem pecuniária prevista no art. 16 da Lei n.º8.216/91 (gratificação de campo), desde a edição do Decreto n.º 1.665/95, não se aplicando a restrição temporal

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estabelecida na Portaria n.º 406, de 02 de outubro de 2002, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que oreconhecia, porém somente a partir de 1.º de agosto de 2002”.

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.

Sem custas, na forma da lei. Condeno a recorrente em honorários advocatícios que fixo em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC, combinado com o art. 55 da Lei n. 9.099/95.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

96 - 2008.50.50.001483-3/01 SIMONE MALEK RODRIGUES PILONE (ADVOGADO: SIMONE MALEK RODRIGUESPILON.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVES TUMOLI.).Processo nº. 2008.50.50.001483-3/01

Recorrente : SIMONE MALEK RODRIGUESRecorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DESCABIDO O SUSCITADO CERCEAMENTO DE DEFESA,POSTO QUE O JUIZ PODE JULGAR A LIDE ANTECIPADAMENTE QUANDO FORMADO SEU CONVENCIMENTO -MANIFESTO O ABALO PSÍQUICO PELA SUBTRAÇÃO FRAUDULENTA DO PATRIMÔNIO DA PARTE AUTORA, ORARECORRENTE – CABÍVEL A INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS NA HIPÓTESE COM BASE NA JURISPRUDÊNCIADO E. STJ - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial desta ação, em que se pleiteava a condenação da ré ao pagamento da diferença dos valorescobrados a título de juros, imposto de operação financeira, CPMF e de outros encargos, como também ao pagamento dedanos morais. Em suas razões recursais, a recorrente aduz preliminarmente cerceamento de defesa, posto que não houveabertura de instrução probatória na hipótese, embora se trate de matéria fática. No mérito, reitera a tese inicial de que odano moral restou configurado na hipótese.

Inicialmente, cumpre registrar que não se vislumbra, no caso, cerceamento de defesa, posto que o juiz tem o poder-deverde julgar a lide antecipadamente, desprezando a realização de audiência para a produção de provas ao constatar que oacervo documental é suficiente para nortear e instruir seu entendimento. Na verdade, é do seu livre convencimento odeferimento de pedido para a produção de quaisquer provas que entender pertinentes ao julgamento da lide.

A Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º), estabelecendo como objetiva aresponsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dos seguintes pressupostos: fato, dano enexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituiçõesfinanceiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

In casu, a parte recorrente sofreu prejuízo patrimonial em sua conta bancária, em razão de diversos saques fraudulentos,todavia tal quantia foi administrativamente restituída pela parte recorrida.

Incontroversa, portanto, a ocorrência de furto na hipótese. Ora, nos termos do art. 14 da Lei n. 8.078/1990, aplicável àsrelações bancárias, o fornecedor de serviços responde objetivamente pelos danos causados ao consumidor, decorrentes deserviços defeituosos.

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Não há dúvidas de que o furto em questão ocasionou constrangimentos e dissabores injustificados, passíveis deindenização por dano moral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se registre que a pretensa reparação do dano moral não seresolve numa indenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências,na medida em que a dor, o sofrimento e o constrangimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniáriaatende a dois pressupostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte lesada, procure minimizaros efeitos do evento danoso; b) uma afetação no patrimônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdopunitivo/educativo. Todavia, a condenação pecuniária decorrente de dano moral deve ser fixada com moderação, vez queseu objetivo não é o enriquecimento da parte que a pleiteia, devendo ser levada em conta a dimensão do evento danoso esua repercussão na esfera do ofendido.

Consoante jurisprudência do e. Superior Tribunal de Justiça, "... os saques irregulares efetuados na conta corrente do autoracarretaram situação evidente de constrangimento para o correntista (que, como reconhece, expressamente, o Tribunal'perdeu quase todo o seu dinheiro que tinha em sua conta corrente'), caracterizando, por isso, ato ilícito, passível deindenização a título de danos morais. Segundo precedentes desta Corte, em casos como este, o dever de indenizarprescinde da demonstração objetiva do abalo moral sofrido, exigindo-se como prova apenas o fato ensejador do dano, ouseja, os saques indevidos por culpa da instituição ora recorrida: 'a exigência de prova do dano moral se satisfaz com acomprovação do fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam'. Precedentes." (REsp 797689/MT,Rel. Ministro Jorge Scartezzini, Quarta Turma, DJ de 11/09/2006).

Inegável, portanto, o fato de que qualquer subtração fraudulenta do patrimônio de uma pessoa é causa suficiente a ensejartranstornos e abalo psíquico, ainda mais no caso dos autos, no qual o valor furtado é de monta considerável.

Ante o exposto, merece reforma a sentença guerreada, devendo a parte recorrida indenizar a parte autora, ora recorrente, atítulo de danos morais, os quais devem ser fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais).

11. Recurso conhecido e, no mérito, provido.

Custas, na forma da lei. Sem a condenação da parte recorrida em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na formado voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

97 - 2004.50.50.011396-9/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x DINAH RAMOS DOSSANTOS (ADVOGADO: STEPHAN E. SCHNEEBELI, WILMA CHEQUER BOU-HABIB, ALVARO JOSE GIMENES DEFARIA.).Processo nº. 2004.50.50.011396-9/01

Recorrente : UNIÃORecorrida : DINAH RAMOS DOS SANTOS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – DEVIDA A RESTITUIÇÃO DO VALOR RETIRADO INDEVIDAMENTE DA CONTA CORRENTEDA PARTE AUTORA - NÃO HÁ COMO AFERIR SE O SALDO EXISTENTE NA DATA DA REVERSÃO CONSISTIAUNICAMENTE NO VALOR DE DEPOSITADO A TÍTULO DE PROVENTOS DO SERVIDOR – A FAZENDA PÚBLICAPOSSUI OUTROS MEIOS PARA OBTENÇÃO DOS SEUS CRÉDITOS - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO -SENTENÇA MANTIDA.

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Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, em face da sentença que julgou procedente a pretensão externadana inicial desta ação, em que se pleiteava a condenação da UNIÃO a restituir o valor retirado indevidamente de sua contacorrente conjunta, a título de reversão de crédito decorrente de pagamento indevido de proventos de aposentadoria. Alega arecorrente, em suas razões recursais, que não há nenhuma razão de lógica ou moral que justifique a restituição do valorpleiteado à parte autora, destacando que, no que tange aos juros de mora, não podem estes ser fixados acima de 6% aoano.

Restou comprovado, nos autos, que houve retirada do saldo existente na conta corrente da autora, ora recorrida, que éconjunta com seu cônjuge, ocorrida em 29/01/2004, no valor de R$ 1.129,96 (fl. 16), seguida da transferência do numeráriopara conta única do tesouro nacional (fls. 17, 58/59), a título de reversão de crédito solicitada pelo Ministério dosTransportes ao Banco do Brasil (fl. 55). Observa-se que o crédito revertido refere-se ao pagamento indevido dos proventosda inatividade do cônjuge da recorrida, relativo ao período de 13/11/2003 a 31/12/2003 (fls. 12/13), totalizando o valor de R$3.290,25 (fl. 56).

Todavia, conforme bem destacou a sentença guerreada, embora o pagamento dos proventos do servidor falecido,referente ao período após o seu óbito, tenha sido indevido, a retirada do saldo existente na conta, a título de reversão decrédito em favor do Tesouro Nacional, foi ilegítima, posto que se tratava de conta conjunta do servidor e seu cônjuge (nocaso, a autora), pelo que não se poderia afirmar que o saldo existente na data da reversão consistia unicamente no valordepositado a título de proventos do servidor, principalmente considerando que a reversão do crédito ocorreuposteriormente, e não imediatamente ao creditamento dos proventos.

Vale destacar que a Fazenda Pública possui outros meios para a obtenção dos seus créditos, não podendo lançar mão dosaldo existente em conta bancária dos administrados, ainda que para fins de restituição ao erário. Além disso, a pensão pormorte da autora foi concedida em 16/04/2004 (fl. 78), com data de início em 12/11/2003, sendo que o primeiro pagamentoocorreu em abril de 2004 (fls. 18/19), abrangendo 4 parcelas (referentes a janeiro a abril de 2004), restando devidas asparcelas referentes ao período de 12/11/2003 a 31/12/2003.

Considerando que a pensão da autora consiste em 100% da remuneração do servidor instituidor (fls. 12/13), verifica-se queo crédito do tesouro nacional, relativo ao pagamento indevido de proventos do servidor falecido, coincide com o crédito daautora relativo às parcelas vencidas da pensão por morte. Nesse panorama, não há duvidas de que o Ministério dosTransportes poderia obter o ressarcimento do pagamento indevido por meio de acerto de contas quando do pagamento dosatrasados da pensão da autora; ou, ainda, por meio de desconto de parcelas mensais na pensão da autora.

Ante o exposto, não merece reparo a sentença guerreada, que deve ser mantida por seus próprios fundamentos, os quaisinclusive serviram como razões de decidir para o presente acórdão.

No mais, cumpre registrar que a modificação do art. 1º-F, introduzida pela Lei nº 11.960/2009, só se aplica, no presentecaso, após a vigência do referido diploma legal.

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.

Sem custas na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, que fixo em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC, combinado com o art. 55 da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

98 - 2006.50.51.001595-3/01 JONAS DOS SANTOS BELO (ADVOGADO: ANDRE FACHETTI LUSTOSA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).Processo nº. 2006.50.51.001595-3/01

Recorrente : JONAS DOS SANTOS BELORecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS

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RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – PAGAMENTO EQUIVOCADO DE AUXÍLIO-DOENÇA PELA AUTARQUIAPREVIDENCIÁRIA – DESCONTOS INDEVIDOS – CONFIGURADA A BOA-FÉ NO RECEBIMENTO CUMULATIVO DEBENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS – CARÁTER ALIMENTAR – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face da sentença que julgou parcialmenteprocedente a pretensão externada na inicial desta ação, condenando a autarquia previdenciária a abster-se de descontar omontante de 30% do valor do salário-de-benefício daquele e passar a descontar somente o percentual de 10%. Alega orecorrente, em suas razões recursais, em apertada síntese, que se aplica, ao caso, o princípio da irrepetibilidade dosalimentos, não podendo sofrer o ônus pelo erro administrativo.

O autor relata, na inicial, que, em 07.10.2000, sofreu acidente de trabalho e, por esse motivo, entrou em gozo deauxílio-doença, sendo que, em 07.01.2002, a perícia médica aduziu que poderia voltar ao trabalho, motivo pelo qual foicessado o benefício em questão, mas lhe foi concedido auxílio-acidente em 11.01.2002; porém, ingressou com novo pedidode auxílio-doença, o que foi deferido pela autarquia previdenciária, em 10.04.2002, mas novamente cessado em31.12.2002; ocorre que o autor requereu de novo o restabelecimento do auxílio-doença, sendo-lhe deferido em 06.03.2003.Expõe ainda que, em 27.10.2004, requereu a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, sendo-lheconcedida em 03.06.2005.

Mais adiante, revela que, o INSS, ao conferir todos os processos administrativos em questão, constatou que o benefícioconcedido em 11.01.2002 (auxílio-acidente) não tinha sido devidamente cancelado no momento oportuno, sendo que,quando da concessão do benefício em 16.04.2002 (auxílio-doença), havia pagamento cumulativo, motivo pelo qualsuspendeu os pagamentos e encaminhou correspondência ao segurado, ora recorrente, passando a descontar o percentualde 30% de seus rendimentos previdenciários até que se complete a restituição do valor total.

Os valores recebidos pelo recorrente têm natureza alimentar, sendo insuscetíveis de repetição. Além disso, o recorrenterecebeu os valores de boa-fé, em nada concorrendo com a situação. A jurisprudência recente do Superior Tribunal deJustiça é firme sobre a impossibilidade de repetição de valores recebidos de boa-fé por servidor público, devendo seraplicado analogicamente tal entendimento ao beneficiário do RGPS, por não ser razoável tratá-los de forma diferente.

Na esteira do entendimento acima, citem-se os seguintes julgados:

“Uma vez reconhecida a natureza alimentar dos benefícios previdenciários é inadmissível a pretensão de restituição dosvalores pagos aos segurados, em razão do princípio da irrepetibilidade ou da não-devolução dos alimentos”. (AGRESP697397 - Data da decisão: 19/04/2005 – DJ 16/05/2005 PÁGINA:399).“Prestações alimentícias percebidas de boa-fé não estão sujeitas a repetição, máxime quando o pagamento indevidodecorre de erro da própria Administração. (RESP 392176 - Data da decisão: 15/04/2003 – DJ 13/06/2005 PÁGINA: 354) Éfirme o constructo doutrinário e jurisprudencial no sentido de que os benefícios previdenciários têm natureza alimentar,sendo, portanto, irrepetíveis. (AGRESP 709312 - Data da decisão: 17/03/2005 – DJ 01/07/2005 p. 690) Inadmissível o pleitode restituição dos valores pagos aos segurados por força da decisão rescindida, em razão do reconhecimento da naturezaalimentar dos benefícios previdenciários”. (AGRESP 722464 - Data da decisão: 26/04/2005 – DJ 23/05/2005 p. 345).“Consoante recente posicionamento desta Corte Superior de Justiça, é incabível o desconto das diferenças recebidasindevidamente pelo servidor, em decorrência de errônea interpretação ou má aplicação da lei pela Administração Pública,quando constatada a boa-fé do beneficiado.” (RESP 645165 - Data da decisão: 01/03/2005 – DJ 28/03/2005 p. 307 –Relatora Laurita Vaz)“Firmou-se o entendimento, a partir do julgamento do REsp 488.905/RS por esta E. Quinta Turma, no sentido dainviabilidade de restituição dos valores pagos erroneamente pela Administração em virtude de desacerto na interpretaçãoou má aplicação da lei, quando verificada a boa-fé dos servidores beneficiados”. (RESP 598395 - Data da decisão:21/10/2004 – DJ 29/11/2004 p. 377 – Relator Felix Fischer)Diante do que foi exposto e analisado, merece reforma a sentença, não se falando em desconto sobre osalário-de-benefício do recorrente (aposentadoria por invalidez), com relação às verbas creditadas por equívoco daautarquia previdenciária, no que tange aos benefícios de auxílio-acidente e auxílio-doença concedidos cumulativamente em2002.

No mais, pelos mesmos motivos que sustentaram a cessação do desconto em questão, não vejo razão para que aautarquia previdenciária seja compelida a devolver os valores já descontados, uma vez que o fez ou por imposição legal oupor determinação judicial.

Recurso conhecido e, no mérito, parcialmente provido.

Sem custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n. 9.099/95.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO,na forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

99 - 2007.50.50.007219-1/01 JOSVALDO MARIA DOS ANJOS (ADVOGADO: RENATO TOGNERE FERRON.) x TERRANETWORKS BRASIL S/A (ADVOGADO: UMBERTO PIZOLOTTO CASTANHO, SERGIO PADILHA MACHADO.) x CAIXAECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA, CLEBER ALVES TUMOLI.).Processo nº. 2007.50.50.007219-1/01

Recorrente : JOSVALDO MARIA DOS ANJOSRecorridas : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA eTERRA NETWORKS BRASIL S/A

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – A COBRANÇA DE DUAS MENSALIDADES EM UMA MESMAFATURA, POR SI SÓ, NÃO CONFIGURA ATO ILÍCITO – O PAGAMENTO ESTÁ ATRELADO AO VENCIMENTO DAOBRIGAÇÃO E NÃO AO VENCIMENTO DA FATURA DE CARTÃO DE CRÉDITO – NÃO HOUVE COMPROVAÇÃO DEQUE AS PARCELAS QUE MOTIVARAM A INSCRIÇÃO NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO FORAMQUITADAS - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial desta ação, em que se pleiteava se pleiteava a retirada do nome dos cadastros de órgãos deproteção ao crédito, inclusive a título de antecipação dos efeitos da tutela, e o pagamento de indenização por danos morais.Alega o recorrente, em suas razões recursais, que o simples fato de a recorrida ter cobrado, em um único mês, duasmensalidades, já estaria ocorrendo erro grave, sendo que, inobstante, houve, no caso, cobrança em duplicidade. Apontaque a empresa recorrida reconheceu, em audiência, que todas as mensalidade foram quitadas.

Inicialmente, cumpre registrar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),estabelecendo como objetiva a responsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dosseguintes pressupostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa doConsumidor é aplicável às instituições financeiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

In casu, deveras, não houve cobrança em duplicidade, mas sim cobrança pelo serviço de internete referente a dois mesessubsequentes em um único extrato do cartão de crédito. Ou seja, no mês de maio, foi cobrada a mensalidade de abril; node junho, a de maio; e, por fim, no de julho, foram cobradas tanto a mensalidade do mês de junho quanto a de julho,conforme documento de fl. 23.

Conforme bem destacou a sentença guerreada, tal fato, por si só, não configura ato ilícito por parte da recorrida, posto queo pagamento está atrelado ao vencimento da obrigação e não ao vencimento da fatura do cartão de crédito. Ora, acobrança efetivada no mês de julho foi clara ao se referir às competências de junho e julho, sendo que os vencimentos dasparcelas posteriores passaram a ser no mês correspondente.

Recurso ao qual se nega provimento, devendo a sentença guerreada ser mantida por seus próprios fundamentos, mesmoporque não houve comprovação de que as parcelas que ensejaram a inscrição do nome do recorrente nos órgãos derestrição ao crédito foram devidamente quitadas.

Sem custas e condenação em honorários advocatícios, por gozar a parte recorrente do benefício da assistência judiciáriagratuita.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

100 - 2008.50.50.000317-3/01 CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: CRISTIANO TEIXEIRA PASSOS,FREDERICO LYRA CHAGAS, LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.) x JOSE AMORIM ANDRADE (ADVOGADO: EMILIO LUIZCANDIDO DA SILVA.).Processo nº. 2008.50.50.000317-3/01

Recorrente : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXARecorrida : JOSE AMORIM ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – RESTOU CONFIGURADA, NO CASO, A CULPACONCORRENTE OU EXCLUSIVA DA VÍTIMA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente a pretensãoexternada na inicial desta ação, condenando a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL a restituir os valores indevidamenteretirados da caderneta de poupança do autor e ainda a pagar indenização por danos morais. Em suas razões recursais, arecorrente apresenta tese em que afirma que não contribuiu para a ocorrência do evento danoso, destacando que o autor éque contribuiu para o seu próprio infortúnio. Aduz ainda que é totalmente insubsistente a condenação em danos morais.

A Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º), estabelecendo como objetiva aresponsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dos seguintes pressupostos: fato, dano enexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituiçõesfinanceiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

In casu, a parte recorrida perdeu o seu cartão da caderneta de poupança, o qual foi utilizado por terceiros para diversascompras em estabelecimentos comerciais da Grande Vitória/ES, além de saques em casas lotéricas e terminais de 24horas, totalizando um prejuízo de R$ 7.603,00. O fato foi registrado, em 02.05.2007, na 20ª Delegacia de Polícia, em VilaVelha/ES, conforme boletim de ocorrência de n. 2961/07 (fl. 08). Por tal motivo, requereu a parte autora indenização peloscitados danos materiais, além dos morais, em razão dos transtornos vivenciados.

Nos termos do art. 14 da Lei n. 8.078/1990, aplicável às relações bancárias, o fornecedor de serviços respondeobjetivamente pelos danos causados ao consumidor, decorrentes de serviços defeituosos.

Vale registrar que o Banco Central do Brasil (BACEN), por meio da Resolução n. 2.878, determina às instituiçõesfinanceiras garantir aos clientes e ao público em geral informações sobre as características das operações bancárias e aadoção de medidas que preservem a integridade, a confiabilidade, a segurança e o sigilo das transações realizadas, assimcomo a legitimidade dos serviços prestados.

Todavia, no caso, se vislumbra hipótese de culpa concorrente ou exclusiva da vítima, tendo em vista que, se tivesse a parterecorrida agido com prudência, o evento danoso não teria ocorrido.

O art. 6º, VIII, do CDC, com vistas a garantir o pleno exercício do direito de defesa do consumidor, estabelece que ainversão do ônus da prova será deferida quando a alegação por ele apresentada seja verossímil, ou quando constatada asua hipossuficiência. Na hipótese, a alegação inicial da parte recorrida se mostra inverossímil, posto que os saquesindevidos perpetrados por terceiros na conta bancária desta somente foi possível mediante acesso de senhas.

Ora, resta claro que a parte recorrida não tomou todas as medidas de segurança necessárias para evitar o golpe. A formacomo os saques foram realizados leva à conclusão de que não houve falha por parte da instituição bancária.

Diante deste contexto, entende-se por não comprovada a falha na prestação do serviço a legitimar a pretensão deduzida,

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ficando patente a hipótese de culpa exclusiva ou concorrente da vítima.

Assim, descaracterizado serviço defeituoso da empresa pública recorrente, ou seja, o nexo causal, não há que se falar emdever de indenizar.

11. Recurso conhecido e, no mérito, provido.

Custas, na forma da lei. Sem condenação da parte recorrida em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n.9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na formado voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

101 - 2007.50.50.010616-4/01 CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVES TUMOLI, LUCIANOPEREIRA CHAGAS.) x HANS WILLI FLEISCHMANN JUNIOR29010330 (ADVOGADO: SEM ADVOGADO.).Processo nº. 2007.50.50.010616-4/01

Recorrente : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXARecorrido : HANS WILLI FLEISCHMANN JUNIOR

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RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – MERA INSCRIÇÃO DONOME NO SPC GERA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – DEVIDAMENTE ARBITRADO O VALOR DAINDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS MORAIS – CARÁTER PEDAGÓGICO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO -SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente a pretensãoexternada na inicial desta ação, condenando a instituição bancária a pagar o valor de R$ 9.300,00, a título de danos morais,por ter incluído, indevidamente, o nome do autor no órgão restritivo de crédito. Alega o recorrente, em suas razõesrecursais, que houve, no caso, decadência quanto ao direito de reclamar. Aduz também que não restou configurado danomoral na hipótese, posto que não houve prova nesse sentido, motivo pelo qual não há responsabilidade civil sobre tal fatonão comprovado. Frisa que meros dissabores não ensejam danos morais. Subsidiariamente, pugnando pela redução dovalor arbitrado, por considerar exagerado.

Inicialmente, cumpre registrar que o prazo para o consumidor pleitear o recebimento de indenização por danos decorrentesde falha na prestação do serviço é de 5 (cinco) anos, conforme prevê o art. 27 do CDC, não sendo aplicável, porconsequência, os prazos de decadência, previstos no art. 26 do CDC. A ação de indenização movida pelo consumidorcontra a prestadora de serviço, por danos decorrentes de inclusão incorreta de seu nome em órgão de registro ao crédito,prescreve em cinco anos, conforme o art. 27 do CDC. No caso, a teor do documento de fl. 31, a inclusão no SERASA sedeu em 12.11.2005, tendo sido ajuizada a ação em 05.12.2007, motivo pelo qual não há que se falar que houve, no caso,perda do direito de reclamar a reparação por danos morais em questão.

A Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º), estabelecendo como objetiva aresponsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dos seguintes pressupostos: fato, dano enexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituiçõesfinanceiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

In casu, restou comprovado, nos autos, que a inscrição do nome do recorrido no órgão de restrição ao crédito foi realizadade forma indevida, posto que os elementos dos autos denotam que não foi o recorrido quem assinou os cheques semprovisão de fundos, os quais motivaram a aludida inserção no SERASA. Por outro lado, consta que o recorrido tomou as

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devidas cautelas, ao comunicar à recorrente o problema, conforme se extrai dos documentos de fls. 23, 24, 25, 32 e 35.

Dessa forma, em decorrência de uma cobrança indevida, ou seja, a parte recorrente inscreveu o nome do recorrido noSERASA. Quanto a este fato, não há controvérsia nos autos. A controvérsia gira em torno da configuração de dano moral edo valor arbitrado pelo Juízo a quo, se é exacerbado ou não.

Na hipótese, restou demonstrada a responsabilidade do recorrente no evento danoso, havendo, assim, ensejo parareparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima contribuído para a sua ocorrência,resta configurado o dever de indenizar da instituição financeira.

A inscrição indevida no SPC ocasionou constrangimentos e dissabores injustificados, passíveis de indenização por danomoral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se registre que a pretensa reparação do dano moral não se resolve numaindenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida emque a dor, o sofrimento e o constrangimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a doispressupostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte lesada, procure minimizar os efeitos doevento danoso; b) uma afetação no patrimônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.

Vale apontar que a jurisprudência firmou entendimento de que a mera inclusão em cadastro restritivo de crédito configuradano moral, não assistindo razão à recorrente em sua alegação recursal de que não houve prova nesse sentido e de que ahipótese configura a presença de mero aborrecimento.

Quanto ao valor arbitrado a título de indenização, verifico que se mostra proporcional ao dano, razão pela qual entendodeva o mesmo ser mantido, não se falando em enriquecimento da parte que a pleiteia, posto que deve ser levada em contaa repercussão do dano na esfera dos ofendidos. Além disso, o caráter punitivo, ou educativo, da condenação em questãotem por objetivo evitar que o ofensor “saia lucrando”, ou seja, que este considere que perpetrar o ilícito não lhe trouxequalquer incoveniente, mesmo porque o indenizatório pelo dano moral deve observar ainda as circunstâncias da causa e acondição socioeconômica do ofendido, de modo que o valor a ser pago sirva também para coibir que as atitudesnegligentes e lesivas como do caso em tela venham a se repetir.

Recurso ao qual se nega provimento.

Custas, na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente arbitrados em 10% sobre o valor dacondenação, nos termos do art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

102 - 2009.50.53.000225-4/01 CARLOS ALBERTO MENELI LYRIO (ADVOGADO: VANESSA MARIA BARROS GURGELZANONI.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: AMANTINO PEREIRA PAIVA, WAGNER DE FREITASRAMOS, FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA.).Processo nº. 2009.50.53.000225-4/01

Recorrente : CARLOS ALBERTO MENELI LYRIORecorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

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RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – PERMANÊNCIAINDEVIDA DA INSCRIÇÃO DO NOME NO ÓRGÃO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO (SPC) – RECURSO CONHECIDO EPROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial desta ação, em que pleiteava a condenação da ré no pagamento de indenização por danosmorais, haja vista a permanência indevida de seu nome em cadastro restritivo de crédito. Em suas razões recursais, orecorrente reitera a tese inicial de que a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL é responsável pelo dano sofrido, o qual merece

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reparação pecuniária.

Inicialmente, cumpre registrar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),estabelecendo como objetiva a responsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dosseguintes pressupostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa doConsumidor é aplicável às instituições financeiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

Restou demonstrado, nos autos, que, deveras, o nome do recorrente foi negativado no SPC (SERVIÇO DE PROTEÇÃOAO CRÉDITO), em 07.01.2009, devido a um débito que se originou de uma dívida de cartão de crédito datada de25.09.2008, o qual, todavia, foi quitado em 10.02.2009. Todavia, em 26.02.2009, a negativação em questão ainda estavaativa, tendo sido o recorrente, nessa data, privado de crédito no mercado, quando tentou efetuar compras, sem êxito.

Deveras, conforme o documento acostado à fl. 13, o autor quitou seu débito com a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL em10.02.2009. Ocorre que o documento juntado à fl. 16 denota que, em 03.03.2009, a recorrida não havia ainda encaminhadocomunicado ao SPC sobre a liquidação do débito do autor em 10.02.2009. É flagrante, portanto, no mínimo, o abuso dedireito. A permanência do nome do autor, ora recorrente em cadastro de inadimplência não se justifica.

Ora, o princípio da veracidade rege os cadastros de consumidores (art. 43, § 1º, da Lei n° 8.078/90) e o consumidor tem odireito de exigir do fornecedor das informações reparação (art. 6º, inciso VI, da Lei n. 8.078/90) dos danos decorrentes dainscrição e permanência indevidas de seu nome em tais bancos de dados.

É certo que o serviço de proteção ao crédito foi criado para facilitar e dar maior segurança às operações mercantis, deserviços e financeiras, de forma a evitar que determinados indivíduos que se encontravam em mora pudessem contrairnovas dívidas, sem promover a quitação do débito anterior. Todavia, satisfeita a obrigação, a permanência de seus nomesno cadastro de maus pagadores afigura-se indevida.

Dessa forma, uma vez satisfeita a obrigação, deve o credor providenciar imediatamente a retirada do nome dosex-inadimplentes no cadastro do SPC. O próprio regulamento nacional dos SPCs, no seu art. 16, estabelece que osassociados-usuários assumem perante a mantenedora do Serviço de Proteção ao Crédito – SPC e terceiros, aresponsabilidade total pelos registros de débitos em atraso, demais ocorrências e seus imediatos cancelamentos.

Há de se reconhecer o desconforto suportado pelo recorrente em decorrência da permanência de seu nome no Cadastro deInadimplentes do SPC até a data supracitada, causando, inegavelmente, constrangimento e situação vexatória passível dereparação.

Nesse sentido, cumpre colacionar o seguinte julgado: “ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADECIVIL. DANO MORAL. MANUTENÇÃO INDEVIDA DO NOME da AUTORA NOS CADASTROS DO SPC. DANO MORALCONFIGURADO. Incumbe à instituição financeira a exclusão de quem, embora tenha inadimplido em parte a dívida, hajaquitado a parcela em atraso. A indevida manutenção do nome da Autora nos registros de proteção ao crédito, após aquitação, enseja indenização por dano moral. Desnecessária a configuração do prejuízo do dano sofrido pela parte,considerando-se que a mera permanência indevida do nome da Recorrente em cadastro de inadimplentes reflete em suacapacidade de obter créditos, muito embora não tenha ocorrido concretamente. Neste sentido é o entendimento do STJ (cf.RESP 332622/RJ, Quarta Turma, Min. Cezar Asfor Rocha, DJ de 11/11/2002). Recurso a que se dá provimento, para o fimde julgar procedente a ação, obrigando a Caixa Econômica Federal a pagar à Autora, a título de danos morais, aimportância de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais - valor arbitrado considerando o período de indevida manutenção dainscrição, 2 anos, e o fato que o ensejou - julgamento na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/95). Sem custas e honorários (Leinº 9.099/95, art. 55, caput)” (TRDF, 1ª TURMA RECURSAL/DF, PROCESSO N. 432039020044013, DJ 16.04.2004, REL.JUIZ MARCUS VINÍCIUS REIS BASTOS).

Na hipótese, restou demonstrada a responsabilidade da recorrida no evento danoso, havendo, assim, ensejo parareparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima contribuído para a sua ocorrência, nocaso, a permanência do seu nome no cadastro do SPC após a quitação da dívida, resta, portanto, configurado o dever deindenizar da instituição financeira, que não teve a cautela de comunicar, de pronto, a quitação da dívida ao SPC.

A permanência indevida do nome do recorrente no SPC ocasionou constrangimentos e dissabores injustificados, passíveisde indenização por dano moral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se registre que a pretensa reparação do dano moral nãose resolve numa indenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suasconsequências, na medida em que a dor, o sofrimento e o constrangimento não são aquilatáveis em pecúnia. Acondenação pecuniária atende a dois pressupostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à partelesada, procure minimizar os efeitos do evento danoso; b) uma afetação no patrimônio do ofensor, constituindo reprimendade conteúdo punitivo/educativo.

Ante o exposto, deverá a recorrida pagar à recorrente o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), referente à indenização por

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danos morais.

Recurso conhecido e, no mérito, provido.

Custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na formado voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

103 - 2008.50.50.006560-9/01 CARLOS AUGUSTO DA SILVA (DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT.) x CAIXAECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.).Processo nº. 2008.50.50.006560-9/01

Recorrente : CARLOS AUGUSTO DA SILVARecorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DESCABIDO O PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOSMORAIS – NÃO HOUVE INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME NOS ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO – MERACOBRANÇA DE DÍVIDA INEXISTENTE - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente em parte apretensão externada na inicial desta ação, condenado a recorrida tão-somente a se abster de incluir o nome da parte autoranos serviços de proteção ao crédito, posto que foram efetuados descontos regularmente, sendo que não fora efetuadoprocedimento administrativo para averiguação dos repasses. Alega o recorrente, em suas razões recursais, aduz que aresponsabilidade da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL é objetiva, somente excluída se demonstrado que houve culpaexclusiva da vítima ou de terceiro, nos termos do art. 14 do CDC, o que não ocorreu na hipótese.

Inicialmente, cumpre registrar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),estabelecendo como objetiva a responsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dosseguintes pressupostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa doConsumidor é aplicável às instituições financeiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

O empréstimo mediante consignação em folha de pagamento representa uma contratação especial em que as duas partesno negócio jurídico são beneficiadas: o tomador do empréstimo tem facilidades operacionais para a amortização, pois terá ovalor correspondente descontado de seus vencimentos e repassado ao credor por seu empregador (no caso, a autarquiaprevidenciária); a instituição financeira, uma garantia maior de receber o crédito na data aprazada.

In casu, a recorrente alega, na inicial, que, na qualidade de pensionista do INSS, contratou empréstimo consignado com ainstituição recorrida, sendo que, embora as prestações correspondentes estivessem sido descontadas de seu benefícioprevidenciário, não houve repasse dos valores à parte credora, ora recorrida, por meio da autarquia previdenciária, o quelevou à cobrança das parcelas respectivas, mediante envio de correspondência ao endereço do autor, pela instituiçãobancária.

Na hipótese, restou demonstrada a responsabilidade da recorrida no evento danoso, qual seja, a cobrança indevida dasparcelas do empréstimo em questão. Todavia, tal fato, por si só, não enseja a reparação pecuniária pleiteada.Diferentemente seria se houvesse a inscrição indevida no SPC/SERASA, o que realmente ocasionaria constrangimentos edissabores injustificados, passíveis de indenização por dano moral (art. 5º, V, da CR/88).

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A jurisprudência do E. SJT tem entendimento de que o envio de carta informando da possível inscrição do nome dodestinatário nos cadastros de controle de crédito, sem dizeres ofensivos, cobrando dívida inexistente, não sustenta o pedidode indenização por danos morais, principalmente pelo fato de que a inscrição não se consumou (STJ, RESP 504639, 4ªTURMA, DJ 25.08.2003, REL. MIN. SÁLVIO DE FIGUEREDO TEIXEIRA).

Na verdade, na circunstância dos autos, o mero envio equivocado de cobrança não acarreta dano moral, uma vez que oautor não foi atingido por qualquer tipo de humilhação ou mancha em sua dignidade, em especial, por não haver sequer anegativação de seu nome nos cadastros de restrição creditícia, restando evidente a ausência de evento danoso a impor àinstituição bancária a necessidade de indenizar.

Registre-se que a necessidade de buscar o Poder Judiciário pode até ter demandado tempo e causado irritação ao autor,mas se trata de circunstância a que todos estão sujeitos, porque própria da vida em sociedade, não causando, por si só,dor, sofrimento, constrangimento ou ultraje de magnitude.

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.

Sem a condenação de custas e honorários advocatícios, por força do benefício da assistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

104 - 2007.50.50.011060-0/01 RONILTON MIRANDA CRUZ (ADVOGADO: EUSEBIO VIZEU ALEXANDRE FERREIRA.) xCAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: GILMAR ZUMAK PASSOS.).Processo nº. 2007.50.50.011060-0/01

Recorrente : RONILTON MIRANDA CRUZRecorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – MERA INSCRIÇÃO DONOME NO SPC GERA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – CARÁTER PEDAGÓGICO – NÃO CONFIGURADACULPA POR PARTE DO RECORRENTE - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente, em parte,a pretensão externada na inicial desta ação, condenando a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA tão-somente a retiraro nome da parte autora dos cadastros restritivos de crédito, no que diz respeito ao débito discutido nesta ação, indeferindo opedido de antecipação dos efeitos da tutela. O recorrente, em suas razões recursais, sustenta que foi vítima de estelionatoe que a inscrição indevida de seu nome nos órgãos restritivos de crédito ocasionou-lhe diversos danos, inclusive a suanão-contratação em estágios supervisionados que lhe são exigidos pelo Curso Técnico em Automação Industrial.

Inicialmente, cumpre registrar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),estabelecendo como objetiva a responsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dosseguintes pressupostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa doConsumidor é aplicável às instituições financeiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

In casu, restou demonstrado, nos autos, que terceiro se utilizou dos documentos de identificação do recorrente paraabertura fraudulenta de conta corrente junto à instituição bancária recorrida, o que gerou a inscrição indevida daquele nosórgãos restritivos de crédito. Todavia, a sentença guerreada apontou que o recorrente possuía o nome incluso, em tais

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registros, por diversos motivos, motivo pelo qual não se vislumbrou procedência na pretensão de indenização pelo abalomoral.

Deveras, o documento acostado às fls. 16/17 denota que não foi a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA a únicainstituição a inscrever o nome do recorrente no banco de dados do SPC. Porém, nota-se que as referidas inscrições foramefetivadas posteriormente à data em que o recorrente teve extraviados seus documentos, em 17.11.2004, conformeBOLETIM DE OCORRÊNCIA n. 8.613/04 (fl. 15), ou seja, na segunda quinzena de 2005 e no início de 2006. Além disso,observa-se ainda que as instituições que procederam a tais anotações se encontram localizadas na cidade do Rio deJaneiro/RJ, domicílio diverso da parte recorrente. E mais: os documentos acostados às fls. 65/70 revelam que o recorrenteajuizou demandas em face dos estabelecimentos comerciais em questão, logrando êxito no pedido de indenização pordanos morais em razão de inscrição indevida nos órgãos de restrição ao crédito.

Ora, cruzando todas essas informações, resta claro que as inscrições do nome do recorrente no SPC reveladas nodocumento de fls. 16/17 decorreram do fato de que terceiro se utilizou dos documentos extraviados daquele para obtercrédito no mercado, não se vislumbrando conduta do recorrente em tal episódio que pudesse acarretar-lhe culpa exclusivapara o evento danoso.

No âmbito do direito privado, o ordenamento jurídico pátrio adota a tese da responsabilidade civil subjetiva, disciplinada noart. 186 do Código Civil de 2002. Na hipótese, restou demonstrada a responsabilidade da recorrida no evento danoso,havendo, assim, ensejo para reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítimacontribuído para a sua ocorrência, resta configurado o dever de indenizar da instituição financeira.

A inscrição indevida no SPC ocasionou constrangimentos e dissabores injustificados, passíveis de indenização por danomoral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se registre que a pretensa reparação do dano moral não se resolve numaindenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida emque a dor, o sofrimento e o constrangimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a doispressupostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte lesada, procure minimizar os efeitos doevento danoso; b) uma afetação no patrimônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.

Vale apontar que a jurisprudência firmou entendimento de que a mera inclusão em cadastro restritivo de crédito configuradano moral.

Quanto ao valor a ser arbitrado a título de indenização, deve ser levada em conta a repercussão do dano na esfera da parteofendida. Além disso, o caráter punitivo, ou educativo, da condenação em questão tem por objetivo evitar que o ofensor“saia lucrando”, ou seja, que este considere que perpetrar o ilícito não lhe trouxe qualquer inconveniente, mesmo porque oindenizatório pelo dano moral deve observar ainda as circunstâncias da causa e a condição socioeconômica do ofendido,de modo que o valor a ser pago sirva também para coibir que as atitudes negligentes e lesivas como do caso em telavenham a se repetir.

Ante o exposto, deve ser a recorrida condenada a pagar ao recorrente o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a título deindenização por danos morais.

Recurso conhecido e, no mérito, provido.

Custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na formado voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

105 - 2009.50.53.000719-7/01 MIRTHES OLIVEIRA RIBEIRO (ADVOGADO: PAULO CÉSAR ANTUNES BARBOSA.) xCAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: RENATO MIGUEL.).Processo nº. 2009.50.53.000719-7/01

Recorrente : MIRTHES OLIVEIRA RIBEIRORecorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

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E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – MERA INSCRIÇÃO DONOME NO SPC GERA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – CARÁTER PEDAGÓGICO - RECURSO CONHECIDO EPROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial desta ação, em que se pleiteava o pagamento de indenização por danos morais, porinscrição indevida no SPC/SERASA. Alega a recorrente, em suas razões recursais, que teve seu nome inscrito no SPC eSERASA em 22.09.2009 por uma dívida já quitada no dia 01.09.2009, sendo que os comunicados correspondentessomente foram enviados posteriormente à quitação do débito. Aponta que o dano moral, no caso, é presumido e que, nãoobstante, não houve, nos autos, oportunidade para instrução probatória.

Inicialmente, cumpre registrar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),estabelecendo como objetiva a responsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dosseguintes pressupostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa doConsumidor é aplicável às instituições financeiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

In casu, em decorrência de uma cobrança indevida, ou seja, dívida já quitada, a parte recorrente inscreveu o nome darecorrente no SPC. Quanto a este fato, não há controvérsia nos autos. A controvérsia gira em torno da configuração dedano moral.

No âmbito do direito privado, o ordenamento jurídico pátrio adota a tese da responsabilidade civil subjetiva, disciplinada noart. 186 do Código Civil de 2002. Na hipótese, restou demonstrada a responsabilidade da recorrida no evento danoso,havendo, assim, ensejo para reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítimacontribuído para a sua ocorrência, posto que, em 01.09.2009, antes da inscrição do seu nome no SPC/SERASA, em22.09.2009, já havia quitado a dívida, resta configurado o dever de indenizar da instituição financeira.A inscrição indevida no SPC ocasionou constrangimentos e dissabores injustificados, passíveis de indenização por danomoral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se registre que a pretensa reparação do dano moral não se resolve numaindenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida emque a dor, o sofrimento e o constrangimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a doispressupostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte lesada, procure minimizar os efeitos doevento danoso; b) uma afetação no patrimônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.

Vale apontar que a jurisprudência firmou entendimento de que a mera inclusão em cadastro restritivo de crédito configuradano moral.

Quanto ao valor a ser arbitrado a título de indenização, deve ser levada em conta a repercussão do dano na esfera da parteofendida. Além disso, o caráter punitivo, ou educativo, da condenação em questão tem por objetivo evitar que o ofensor“saia lucrando”, ou seja, que este considere que perpetrar o ilícito não lhe trouxe qualquer inconveniente, mesmo porque oindenizatório pelo dano moral deve observar ainda as circunstâncias da causa e a condição socioeconômica do ofendido,de modo que o valor a ser pago sirva também para coibir que as atitudes negligentes e lesivas como do caso em telavenham a se repetir.

Ante o exposto, deve ser a recorrida condenada a pagar à recorrente o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a título deindenização por danos morais.

Recurso conhecido e, no mérito, provido.

Custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na formado voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

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Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

106 - 2009.50.50.000259-8/01 JALDEMIR RAMALHO MARQUES (ADVOGADO: NAYARA GRACELLI.) x CAIXAECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.).Processo nº. 2009.50.50.000259-8/01

Recorrente : JALDEMIR RAMALHO MARQUESRecorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – ESPERA NA FILAPARA ATENDIMENTO BANCÁRIO, POR SI SÓ, NÃO CONFIGURA ABALO MORAL – MERO ABORRECIMENTO –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial desta ação, em que se pleiteava o pagamento de indenização por danos morais, porpermanência na fila da instituição bancária em período superior ao permitido por lei. Alega o recorrente, em suas razõesrecursais, que o tempo de espera na fila não configurou mero aborrecimento, destacando que a falta de aplicação efetiva dalegislação municipal só faz aumentar o descaso que a recorrida tem com seus clientes.

Inicialmente, cumpre registrar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),estabelecendo como objetiva a responsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dosseguintes pressupostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa doConsumidor é aplicável às instituições financeiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

In casu, em decorrência de uma longa espera na fila da agência da instituição bancária recorrida, a parte recorrente pugnapela indenização por danos morais. Quanto ao evento danoso, não há controvérsia nos autos. A controvérsia gira em tornoda configuração de dano moral.

No âmbito do direito privado, o ordenamento jurídico pátrio adota a tese da responsabilidade civil subjetiva, disciplinada noart. 186 do Código Civil de 2002. Na hipótese, restou demonstrada a responsabilidade do recorrente no evento danoso,havendo, assim, ensejo para reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítimacontribuído para a sua ocorrência, resta configurado o dever de indenizar da instituição financeira.

A parte recorrente pretende o recebimento de uma indenização por ter aguardado mais de uma hora para receberatendimento em agência bancária da instituição ora recorrida, o que configuraria o descumprimento de legislação municipalque regula a matéria.

Deveras, conforme destacou a sentença guerreada, para melhorar o atendimento a sua clientela, a maioria das instituiçõesfinanceiras disponibilizam a realização dos mais diversos serviços mediante utilização de terminais eletrônicos deautoatendimento, além de outros canais que podem ser utilizados como alternativa para se evitar o fluxo de pessoas e ocongestionamento no atendimento físico prestado nas agências.

Na hipótese dos autos, embora configurada a demora na prestação do serviço prestado pela instituição recorrida, não estáconfigurada a responsabilidade civil da instituição financeira, por inexistir dano moral a indenizar. Isso porque a espera emfila de banco, por um período de tempo superior ao estimado em legislação municipal, representa um mero aborrecimentoou transtorno corriqueiro e não constitui afronta a qualquer direito da personalidade do autor.

Ora, o dano moral se configura sempre que alguém, injustamente, causa lesão a interesse não patrimonial relevante.

O recorrente não logrou demonstrar que o tempo esperado para ser atendido em agência da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CAIXA, por período superior a uma hora, foi capaz de ensejar qualquer abalo à sua honra ou lesão psicológicasuficiente para configurar um dano que mereça ser indenizado. Assim, o aborrecimento decorrente da espera não passoude um mero dissabor a que qualquer cidadão está propenso a vivenciar nas relações sociais modernas, o que afasta apossibilidade de caracterização dos danos morais na forma pretendida.

Sobre o assunto, vale colacionar o julgado a seguir: "CIVIL. CEF. ESPERA EM FILA DE BANCO POR PERÍODOSUPERIOR A QUINZE MINUTOS. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. INOCORRÊNCIA. I. A Constituição Federal em seu

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art. 5º, V, garante a indenização da lesão moral, independente de estar, ou não, associada a prejuízo patrimonial. II. O danomoral se configura sempre que alguém, injustamente, causa lesão a interesse não patrimonial relevante, o que não ocorreuno presente caso. III. Não demonstrou o autor que o tempo gasto na fila do banco, por período de uma hora e quinzeminutos, foi capaz de ensejar qualquer sofrimento ou lesão psicológica. Tal fato, ao contrário, não passou de meroaborrecimento, incapaz de gerar qualquer indenização por danos morais. IV. Apelação improvida” (TRF, 5ª Região, QuartaTurma, AC 472710, Relatora Desembargadora Federal Margarida Cantarelli, DJ: 09/07/2009).

Recurso ao qual se nega provimento.

Custas já recolhidas. Condeno a parte recorrente em honorários advocatícios, que fixo em 2% sobre o valor atribuído àcausa, nos termos do art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

107 - 2008.50.50.000839-0/01 NAIR RANGEL (ADVOGADO: PAULO ROBERTO MENDONCA FRANCA, SUELI DE PAULAFRANCA, NEUZA SCHULTHAIS ANDRADE, RODRIGO MIGUEL VERVLOET, RENATA STAUFFER DUARTE.) x CAIXAECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: FREDERICO LYRA CHAGAS.).Processo nº. 2008.50.50.000839-0/01

Recorrente : NAIR RANGELRecorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – CABÍVEL O PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS– HOUVE INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME NOS ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO – INVERSÃO DO ÔNUS DAPROVA - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial desta ação, em que se pleiteava, a título de antecipação dos efeitos da tutela, a retirada donome do autor nos cadastros dos órgãos de proteção creditícia, bem como a condenação ao pagamento por danos morais.A recorrente, em suas razões recursais, apresenta laboriosa tese, reiterando as alegações iniciais.

Inicialmente, cumpre registrar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),estabelecendo como objetiva a responsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dosseguintes pressupostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa doConsumidor é aplicável às instituições financeiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

O empréstimo mediante consignação em folha de pagamento representa uma contratação especial em que as duas partesno negócio jurídico são beneficiadas: o tomador do empréstimo tem facilidades operacionais para a amortização, pois terá ovalor correspondente descontado de seus vencimentos e repassado ao credor por seu empregador; a instituição financeira,uma garantia maior de receber o crédito na data aprazada.

In casu, a recorrente alega, na inicial, que, as prestações do empréstimo contraído com a recorrida eram descontadas emsua folha de pagamento e que, por tal motivo, quando mudou de emprego, se dirigiu à instituição bancária credora parainformar o ocorrido, sendo que, na oportunidade, combinou com o agente da recorrida que depositaria o valor relativo àsprestações do empréstimo em sua caderneta de poupança, para a devida subtração em favor da instituição bancária.

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Todavia, embora tenha efetuado os respectivos depósitos, seu nome foi incluído no cadastro de restrição ao crédito.

Deveras, às fls. 22/24, a autora comprovou que depositou, na caderneta de poupança de n. 013.00003164-5, valorescorrespondentes às parcelas pelo empréstimo contraído com a recorrida, conforme contrato acostado às fls. 08/13.Todavia, houve cobrança, por parte da instituição bancária, das referidas prestações, a teor dos documentos de fls. 14/18, oque levou esta a incluir o nome da recorrente no SERASA (fl. 20).

Ora, cruzando todas essas informações, resta claro que a inscrição do nome da recorrente no órgão de restrição creditíciarevelada no documento de fl. 20 decorreu do fato de que a instituição bancária não honrou o acordo firmado com a parterecorrente, que depositaria, todo mês, o valor das prestações em sua caderneta de poupança, o que restou comprovadonos autos (fls. 22/24).

Assim, na hipótese, não há dúvidas de que foi demonstrada a responsabilidade da recorrida no evento danoso, havendo,assim, ensejo para reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima contribuído para asua ocorrência, resta configurado o dever de indenizar da instituição financeira.

Quanto à cláusula contratual de que a dívida venceria antecipadamente no caso de incorrer rescisão do contrato detrabalho, cumpre esclarecer que não pode a parte ser penalizada com o vencimento antecipado da dívida por esse motivo,considerando que se trata de norma abusiva, nula, portanto, de pleno direito, mesmo porque é caso de contrato de adesão.

No caso em particular, caberia a parte recorrida comprovar que não houve ajuste entre as partes sobre a forma depagamento das parcelas do empréstimo, após o desemprego da recorrente, em atenção ao art. 14 do CDC. Por outro lado,apresentou tese de que a cláusula décima quinta do referido empréstimo informa que a dívida venceria antecipadamente nocaso de incorrer infringência de cláusulas contratuais ou rescisão do contrato de trabalho durante a vigência do contrato.

A inscrição indevida no SPC ocasionou constrangimentos e dissabores injustificados, passíveis de indenização por danomoral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se registre que a pretensa reparação do dano moral não se resolve numaindenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida emque a dor, o sofrimento e o constrangimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a doispressupostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte lesada, procure minimizar os efeitos doevento danoso; b) uma afetação no patrimônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.

Vale apontar que a jurisprudência firmou entendimento de que a mera inclusão em cadastro restritivo de crédito configuradano moral.

Quanto ao valor a ser arbitrado a título de indenização, deve ser levada em conta a repercussão do dano na esfera da parteofendida. Além disso, o caráter punitivo, ou educativo, da condenação em questão tem por objetivo evitar que o ofensor“saia lucrando”, ou seja, que este considere que perpetrar o ilícito não lhe trouxe qualquer inconveniente, mesmo porque oindenizatório pelo dano moral deve observar ainda as circunstâncias da causa e a condição socioeconômica do ofendido,de modo que o valor a ser pago sirva também para coibir que as atitudes negligentes e lesivas como do caso em telavenham a se repetir.

Ante o exposto, deve ser a recorrida condenada a pagar ao recorrente o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a título deindenização por danos morais.

Recurso conhecido e, no mérito, provido.

Custas de lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n. 9.099/95

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na formado voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

108 - 2008.50.54.000402-4/01 JOANDRESON GOMES DE ANDRADE (ADVOGADO: SANSÃO SILVA BORGES.) x CAIXAECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: WAGNER DE FREITAS RAMOS.).Processo nº. 2008.50.54.000402-4/01

Recorrente : JOANDRESON GOMES DE ANDRADE

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Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – ESPERA NA FILAPARA ATENDIMENTO BANCÁRIO, POR SI SÓ, NÃO CONFIGURA ABALO MORAL – MERO ABORRECIMENTO –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial desta ação, em que se pleiteava o pagamento de indenização por danos morais, porpermanência na fila da instituição bancária em longo período. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que o tempode espera na fila atingiu os seus sentimentos, posto que se sentiu desprezado, ridicularizado e impotente.

Inicialmente, cumpre registrar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),estabelecendo como objetiva a responsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dosseguintes pressupostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa doConsumidor é aplicável às instituições financeiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

In casu, em decorrência de uma longa espera na fila da agência da instituição bancária recorrida, a parte recorrente pugnapela indenização por danos morais. Quanto ao evento danoso, não há controvérsia nos autos. A controvérsia gira em tornoda configuração de dano moral.

Deveras, para melhorar o atendimento a sua clientela, a maioria das instituições financeiras disponibilizam a realização dosmais diversos serviços mediante utilização de terminais eletrônicos de autoatendimento, além de outros canais que podemser utilizados como alternativa para se evitar o fluxo de pessoas e o congestionamento no atendimento físico prestado nasagências.

Na hipótese dos autos, embora configurada a demora na prestação do serviço prestado pela instituição recorrida, não estáconfigurada a responsabilidade civil da instituição financeira, por inexistir dano moral a indenizar. Isso porque a espera emfila de banco, por longo período, representa um mero aborrecimento ou transtorno corriqueiro e não constitui afronta aqualquer direito da personalidade do autor.

Ora, o dano moral se configura sempre que alguém, injustamente, causa lesão a interesse não patrimonial relevante.

O recorrente não logrou demonstrar que o tempo esperado para ser atendido em agência da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CAIXA, por período superior a uma hora, foi capaz de ensejar qualquer abalo à sua honra ou lesão psicológicasuficiente para configurar um dano que mereça ser indenizado. Assim, o aborrecimento decorrente da espera não passoude um mero dissabor a que qualquer cidadão está propenso a vivenciar nas relações sociais modernas, o que afasta apossibilidade de caracterização dos danos morais na forma pretendida.

Sobre o assunto, vale colacionar o julgado a seguir: "CIVIL. CEF. ESPERA EM FILA DE BANCO POR PERÍODOSUPERIOR A QUINZE MINUTOS. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. INOCORRÊNCIA. I. A Constituição Federal em seuart. 5º, V, garante a indenização da lesão moral, independente de estar, ou não, associada a prejuízo patrimonial. II. O danomoral se configura sempre que alguém, injustamente, causa lesão a interesse não patrimonial relevante, o que não ocorreuno presente caso. III. Não demonstrou o autor que o tempo gasto na fila do banco, por período de uma hora e quinzeminutos, foi capaz de ensejar qualquer sofrimento ou lesão psicológica. Tal fato, ao contrário, não passou de meroaborrecimento, incapaz de gerar qualquer indenização por danos morais. IV. Apelação improvida” (TRF, 5ª Região, QuartaTurma, AC 472710, Relatora Desembargadora Federal Margarida Cantarelli, DJ: 09/07/2009).

Recurso ao qual se nega provimento.

Sem a condenação em custas e honorários advocatícios, por gozar a parte recorrente do benefício da assistência judiciáriagratuita.

ACÓRDÃO

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Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

109 - 2008.50.50.003290-2/01 CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CARTOES DE CREDITO (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIOSOBREIRA.) x JOSÉ BENJAMIM BORTOLINI DE MATOS (ADVOGADO: FABIANO LARANJA RIBEIRO.).Processo nº. 2008.50.50.003290-2/01

Recorrente : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXARecorrido : JOSÉ BENJAMIM BORTOLINI DE MATOS

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – MERA INSCRIÇÃO DONOME NO SPC GERA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – DEVIDAMENTE ARBITRADO O VALOR DAINDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS MORAIS – CARÁTER PEDAGÓGICO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO -SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente, em parte, apretensão externada na inicial desta ação, declarando inexistente o débito referente ao cartão de crédito e condenando aopagamento de indenização a título de danos morais. Alega a recorrente, em suas razões recursais, que não restouconfigurado dano moral na hipótese, posto que não houve prova nesse sentido, motivo pelo qual não há responsabilidadecivil sobre tal fato não comprovado. Frisa que meros dissabores não ensejam danos morais. Subsidiariamente, pugna pelaredução do valor arbitrado, por considerar exagerado.

Inicialmente, cumpre registrar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),estabelecendo como objetiva a responsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dosseguintes pressupostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa doConsumidor é aplicável às instituições financeiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

In casu, em decorrência de uma cobrança indevida, ou seja, dívida já quitada, a parte recorrente inscreveu o nome dorecorrido no SPC. Quanto a este fato, não há controvérsia nos autos. A controvérsia gira em torno da configuração de danomoral e do valor arbitrado pelo Juízo a quo, se é exacerbado ou não.

No âmbito do direito privado, o ordenamento jurídico pátrio adota a tese da responsabilidade civil subjetiva, disciplinada noart. 186 do Código Civil de 2002. Na hipótese, restou demonstrada a responsabilidade do recorrente no evento danoso,havendo, assim, ensejo para reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítimacontribuído para a sua ocorrência, resta configurado o dever de indenizar da instituição financeira.

A inscrição indevida no SPC ocasionou constrangimentos e dissabores injustificados, passíveis de indenização por danomoral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se registre que a pretensa reparação do dano moral não se resolve numaindenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida emque a dor, o sofrimento e o constrangimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a doispressupostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte lesada, procure minimizar os efeitos doevento danoso; b) uma afetação no patrimônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.

Vale apontar que a jurisprudência firmou entendimento de que a mera inclusão em cadastro restritivo de crédito configuradano moral, não assistindo razão à recorrente em sua alegação recursal de que não houve prova nesse sentido e de que ahipótese configura a presença de mero aborrecimento.

Quanto ao valor arbitrado a título de indenização, verifico que se mostra proporcional ao dano, razão pela qual entendodeva o mesmo ser mantido, não se falando em enriquecimento da parte que a pleiteia, posto que deve ser levada em contaa repercussão do dano na esfera do ofendido. Além disso, o caráter punitivo, ou educativo, da condenação em questão tempor objetivo evitar que o ofensor “saia lucrando”, ou seja, que este considere que perpetrar o ilícito não lhe trouxe qualquerincoveniente, mesmo porque o indenizatório pelo dano moral deve observar ainda as circunstâncias da causa e a condiçãosocioeconômica do ofendido, de modo que o valor a ser pago sirva também para coibir que as atitudes negligentes e lesivas

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como do caso em tela venham a se repetir.

Recurso ao qual se nega provimento.

Custas, na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente arbitrados em 10% sobre o valor dacondenação, nos termos do art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

110 - 2008.50.50.005753-4/01 CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVES TUMOLI.) x JOSEADERALDO TONIATO (ADVOGADO: RODRIGO OTTONI M. AMARANTE, MARX LAYO KOGURE GANASIN.).Processo nº. 2008.50.50.005753-4/01

Recorrente : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXARecorrido : JOSÉ ADERALDO TONIATO

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – MERA INSCRIÇÃO DONOME NO SPC GERA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – O FIADOR DEVE SER CONSTITUÍDO EM MORA ANTESDA INSCRIÇÃO DO SEU NOME NO CADASTRO DE INADIMPLENTE – DESPROPORCIONAL O VALOR ARBITRADODA INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS MORAIS – DESCARACTERIZADA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NO PRESENTECASO POR PARTE DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO -SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente a pretensãoexternada na inicial desta ação, condenando a instituição bancária a pagar o valor de R$ 20.400,00, a título de danosmorais, por ter incluído, indevidamente, o nome do autor no órgão restritivo de crédito, e ainda a pagar multa pecuniária eindenização de 20% sobre o valor arbitrado a título de danos morais pela demora indevida que a defesa contra textoexpresso em lei gerou no trâmite do feito, além de honorários advocatícios. Em suas razões recursais, a recorrente rechaçaa ocorrência de litigância de má-fé no presente caso, aduzindo que, nesse aspecto, houve cerceamento do direito dedefesa. Frisa que também não houve danos morais passíveis de reparação, sustentando ainda que o valor arbitrado, a títulode danos morais, é desproporcional ao dano.

A Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º), estabelecendo como objetiva aresponsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dos seguintes pressupostos: fato, dano enexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituiçõesfinanceiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

In casu, restou comprovado, nos autos, que a inscrição do nome do recorrido no órgão de restrição ao crédito foi realizadade forma indevida, posto que os elementos dos autos denotam que o recorrido, na qualidade de fiador, não teve ciência dainadimplência de seu afiançado, não lhe sendo aberta, portanto, a oportunidade de quitar a dívida, para evitar a inscrição doseu nome no órgão de restrição ao crédito.

Dessa forma, antes mesmo de constituir o recorrido em mora, a parte recorrente inscreveu o nome do recorrido no cadastrode órgão de restrição ao crédito. Quanto a este fato, não há controvérsia nos autos, posto que o documento acostado à fl 22dos autos, ao contrário do que alega a recorrente, não revela que a parte recorrida teve ciência do fato que ocasionou oregistro do seu nome no órgão de restrição creditícia antes mesmo da efetiva inscrição. A controvérsia, portanto, gira emtorno da configuração de dano moral e do valor arbitrado pelo Juízo a quo, se é exacerbado ou não.

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Na hipótese, restou demonstrada a responsabilidade do recorrente no evento danoso, havendo, assim, ensejo parareparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima contribuído para a sua ocorrência (nocaso, a precipitada inscrição do nome no órgão de restrição creditícia), resta configurado o dever de indenizar da instituiçãofinanceira.

A inscrição indevida no SPC ocasionou constrangimentos e dissabores injustificados, passíveis de indenização por danomoral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se registre que a pretensa reparação do dano moral não se resolve numaindenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida emque a dor, o sofrimento e o constrangimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a doispressupostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte lesada, procure minimizar os efeitos doevento danoso; b) uma afetação no patrimônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.

Vale apontar que a jurisprudência firmou entendimento de que a mera inclusão em cadastro restritivo de crédito configuradano moral, não assistindo razão à recorrente em sua alegação recursal de que não houve prova nesse sentido.

Quanto ao valor arbitrado a título de indenização, verifico que se mostra desproporcional ao dano, razão pela qual entendodeva o mesmo ser alterado, posto que, do contrário, haveria enriquecimento da parte que a pleiteia, considerando que deveser levada em conta a repercussão do dano na esfera do ofendido. Ora, o recorrido não comprovou (ou ao menos alegou)que sofreu concretas restrições nos negócios da vida privada em decorrência de seu nome constar indevidamente nocadastro de inadimplentes. A indenização por danos morais, na hipótese, seria pela mera inclusão do nome do recorrido noórgão de restrição creditícia, conforme já exposto no parágrafo anterior.No mais, a litigância de má-fé é reputada àquele que deduz defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso,alterando a verdade dos fatos, opondo resistência injustificada ao andamento do processo ou provocando incidentesmanifestamente infundados (CPC, art. 17, incisos I, II e IV). Não se vislumbra, na hipótese, a presença de tais requisitos,uma vez que, para a aplicação da multa por litigância de má fé, necessária se faz a demonstração de que tenha havidomá-fé.Ora, não há litigância de má-fé na mera resistência ao pleito autoral, que se constitui em manifestação do direito de defesa.A imposição de multa por litigância de má-fé pressupõe o dolo da parte, com nítido propósito de obstar o regularprocessamento do feito, o que não se verifica no caso. A contestação genérica enseja tão-somente a presunção deveracidade dos fatos não impugnados, sendo que, no caso, não houve qualquer ato por parte da CAIXA que pudesse serinterpretado como óbice ao trâmite processual.Conforme já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, para que haja condenação em litigância de má-fé, necessário que da"conduta resulte prejuízo processual à parte contrária" (REsp 250.781/SP - 1ª Turma - Rel. Min. José Delgado), o que nãoocorreu no presente caso, em que o magistrado a quo acolheu o pedido da parte autora.Vale destacar ainda o seguinte julgado: "A aplicação de penalidades por litigância de má-fé exige dolo específico,perfeitamente identificável a olhos desarmados, sem o qual se pune indevidamente a parte que se vale de direitosconstitucionalmente protegidos (ação e defesa)" (STJ, RESP 906269/BA, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. em16.10.2007).Nesse contexto, mostra-se indevida a condenação em honorários advocatícios, posto que afastada a ocorrência delitigância de má-fé no presente caso.Resta ainda descabida a condenação da CAIXA ao pagamento de indenização de 20% sobre o valor da causa, pela demoraindevida do feito em razão da tese manifestada na peça de resistência, posto que é assegurado, à parte ré, pela lei, o plenoexercício de defesa, sem contar que a sentença guerreada já arbitrou a reparação por danos morais.Recurso conhecido e provido em parte, reformando a sentença guerreada, para afastar a condenação da recorrente namulta por litigância de má-fé e na indenização de 20% sobre o valor da causa, além dos honorários advocatícios, devendoa condenação em danos morais ser reduzida para R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a sucumbência recíproca (art. 21do CPC).

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO EM PARTE,na forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

111 - 2008.50.50.004096-0/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANDREA M. SANTOS SANTANA.) x FUNDAÇAOUNIVERSITARIA JOSE BONIFACIO - FUJB x DIEGO CASER.Processo nº. 2008.50.50.004096-0/01

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Recorrente : UNIÃORecorrida : DIEGO CASER

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DESCABIDO O PEDIDO DE SUSPENSÃO DO FEITO –LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO PARA RESPONDER PELOS DANOS SOFRIDOS PELA PARTE AUTORA – RISCOADMINISTRATIVO - PRESENTE O NEXO CAUSAL ENTRE O DANO E AÇÃO ESTATAL – JUROS MORATÓRIOS APARTIR DA CITAÇÃO - RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, em face da sentença que julgou procedente em parte a pretensãoexternada na inicial desta ação, condenando a UNIÃO a ressarcir o autor a quantia de R$ 239,47, a título de danosmateriais. Em suas razões recursais, a recorrente requer a suspensão do processo, na forma do art. 265, IV, b, do CPC,considerando que o enfrentamento do mérito da demanda depende de apuração, na esfera criminal, da causa dovazamento do exemplar da prova de seleção, que gerou o cancelamento do certame e deu causa ao evento danoso emquestão. Aduz ainda que é parte ilegítima, posto que o concurso público estava sob a responsabilidade da FundaçãoUniversitária José Bonifácio, vinculada à UFRJ (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RJ), a qual deve suportar o ônus de umeventual procedimento judicial, motivo pelo qual requer a extinção do feito sem a resolução do mérito. Mais adiante, frisaque não houve, no caso, danos materiais, por ausência de nexo causal. Por fim, aponta que, com relação à fixação dosjuros de mora, esta deve ser no momento da citação e não do evento danoso.

Inicialmente, cumpre registrar que é pacífica a jurisprudência do e. Supremo Tribunal Federal no sentido da independênciae autonomia das instâncias administrativa, civil e penal. Ressalvadas as hipóteses de reconhecimento, na esfera penal, dainexistência do fato ou da comprovação de que não foi o réu o autor do fato, não interfere na esfera administrativa aabsolvição penal. O Código de Processo Civil estabelece a possibilidade de suspensão do processo, sob a ótica em exame,entretanto, a interpretação de tais regras estão pontificadas pela sua provisoriedade. Trata-se, no primeiro caso, deprejudicialidade externa, podendo o juiz determinar o sobrestamento do feito civil, até que seja julgada a questão prejudicialno processo penal.

Não obstante, a suspensão do processo civil não é obrigatória, mas constitui mera faculdade atribuída ao juiz, nos termosdo artigo 110 do CPC, que exara: “Art. 110. Se o conhecimento da lide depender necessariamente da verificação daexistência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do processo até que se pronuncie a justiçacriminal. Parágrafo único. Se a ação penal não for exercida dentro de 30 (trinta) dias, contados da intimação do despachode sobrestamento, cessará o efeito deste, decidindo o juiz cível a questão prejudicial”.

Por outro lado, a parte recorrente não comprovou que esteja tramitando demanda criminal em que se discute uma dashipóteses supracitadas, aduzindo apenas que a questão está sendo objeto de investigação pela Polícia Federal de NovaIguaçu/RJ. Por tal motivo, não há que se falar em suspensão do feito.

Descabida também a alegação da UNIÃO de que é parte ilegítima na presente demanda, posto que, conforme bemdestacou a sentença guerreada, o edital do certame revela que a UFRJ (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)é a representante da FUJB (FUNDAÇÃO JOSÉ BONIFÁCIO), sendo que tal edital não separa as duas instituições quantoas suas funções na realização do processo seletivo. Não obstante, após a decretação de fraude do concurso, foi a UNIÃO,por intermédio do Departamento da Polícia Rodoviária Federal – DPRF, quem recebeu o valor de todas as inscrições, como fim de realizar novo exame por intermédio de outra instituição educacional, conforme Portaria Conjunta n. 1, de 08 dejaneiro de 2008, expedida por este órgão.

Passa-se agora à análise do mérito propriamente dito.

A Constituição Federal prevê que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviçospúblicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito deregresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Assim, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direitopúblico e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público baseia-se no risco administrativo, sendoobjetiva. Essa responsabilidade objetiva exige a ocorrência dos seguintes requisitos: ocorrência do dano; ação ou omissãoadministrativa; existência de nexo causal entre o dano e a ação ou omissão administrativa e ausência de causa excludenteda responsabilidade estatal.

Com relação à alegação recursal de ausência de nexo causal, não há dúvidas de que não tem cabimento essa afirmação,posto que restou configurado o dever da UNIÃO, por intermédio de sua contratada, em manter a segurança do certame einformar os candidatos sobre quaisquer alterações de provas e etapas deste. Verifica-se que, por outro lado, a instituiçãoque estava organizando a seleção comunicou o cancelamento da prova algumas horas antes da viagem do autor, motivopelo qual este não pôde ser informado a respeito de tal fato. Por isso, foi obrigado a custear despesas de viagem paradeslocamento de seu domicílio, conforme documentos de fls. 10/11, embora a prova que prestaria já estava cancelada pelainstituição organizadora. Ora, há sim nexo causal entre o dano e a ação administrativa.

Por fim, no que tange à fixação dos juros moratórios, merece amparo a alegação recursal, posto que os juros moratórios só

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começam a correr a partir do momento em que o devedor é constituído em mora. Isso porque não existe lei que eleja o atoilícito como instrumento de constituição em mora. De acordo com o art. 219 do CPC, é a citação válida que constitui emmora o devedor. Aplicação da Súmula 204 do STJ, do seguinte teor: “Os juros de mora nas ações relativas a benefíciosprevidenciários incidem a partir da citação válida”.

Recurso conhecido e, no mérito, parcialmente provido, para fixar a incidência dos juros de mora a partir da citação, nostermos expostos.

Sem custas, na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC, no art. 55 da Lei n. 9.099/95 e no art. 21, §único, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO,na forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

112 - 2006.50.50.001883-0/01 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO - UFES (PROCDOR: OSWALDOHORTA AGUIRRE FILHO.) x LUIZ PAULO LOPES DE JESUS.Processo nº 2006.50.50.001883-0/01

Recorrente : UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFESRecorrido : LUIZ PAULO DE JESUS

E M E N T ARECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DANO MATERIAL – FURTO DE VEÍCULO AUTOMOTOR NOESTACIONAMENTO DA UNIVERSIDADE – RESPONSABILIDADE SUBJETIVA – CULPA IN VIGILANDO - RECURSOIMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES contra a r.sentença de fls. 54/56, que julgou procedente o pedido formulado na inicial, condenando a recorrente ao pagamento dedanos materiais no valor de R$ 8.500,00 (oito mil e quinhentos reais).2. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente a inexistência de responsabilidade objetiva, bem como a deresponsabilidade subjetiva, ante a ausência de conduta culposa, pois não há o dever de vigilância do patrimônio deterceiros pela Universidade. Afirma que o campus universitário é local público que não pode ter acesso restringido a quemquer que seja, equivalendo às vias públicas, aduzindo, ainda, que não obtém qualquer vantagem na oferta das vagas deestacionamento.3. Acerca da responsabilidade da recorrente, adota-se o entendimento do STF a seguir transcrito: “Tratando-se de atoomissivo do poder público, a responsabilidade civil por esse ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, em sentidoestrito, esta numa de suas três vertentes - a negligência, a imperícia ou a imprudência -- não sendo, entretanto, necessárioindividualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. II. - A falta do serviço-- faute du service dos franceses -- não dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre açãoomissiva atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro (...)” (RE 382054/RJ, Relator Ministro Carlos Velloso, DJ01-10-2004 PP-00037, EMENT VOL-02166-02 PP-00330, RT v. 94, n. 832, 2005, p. 157-164, RJADCOAS v. 62, 2005, p.38-44, RTJ VOL 00192-01 PP-003564. O oferecimento de estacionamento com aparente segurança - circunstância evidenciada na contestação apresentadapela segunda ré, Plantão Serviços de Vigilância Ltda, na qual admite a existência de um contrato de prestação de serviçosde vigilância nas dependências da Universidade - atrai o dever de guarda e vigilância do patrimônio de terceiros. Restoucomprovada nos autos a infração da ré ao dever de diligência específico, no caso, a vigilância do veículo da parte autora,uma vez que o documento de fl. 10 atesta que o veículo encontrava-se estacionado no pátio da UFES quando foi furtado,não logrando êxito a União em demonstrar a configuração de qualquer excludente de responsabilidade.5. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicávelsubsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.6. Recurso conhecido e improvido.7. Custas isentas, na forma da lei. Condenação da parte recorrente ao pagamento dos honorários advocatícios, que fixo em10% do valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

113 - 2005.50.50.007620-5/01 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO - UFES x ROBSON TARDIN SILVA.Processo nº 2005.50.50.007620-5/01

Recorrente : UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFESRecorrido : ROBSON TARDIN SILVA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DANO MATERIAL – FURTO DE VEÍCULO AUTOMOTOR NOESTACIONAMENTO DA UNIVERSIDADE – RESPONSABILIDADE SUBJETIVA – CULPA IN VIGILANDO - RECURSOIMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES contra a r.sentença de fls. 82/87, que julgou procedente o pedido formulado na inicial, condenando a recorrente ao pagamento dedanos materiais no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais).2. Em suas razões recursais, alega a recorrente a legitimidade passiva da empresa Plantão Serviços de Vigilância Ltda, vezque pactuou com a recorrente a responsabilidade por eventuais danos causados a terceiros. No mérito, afirma que o autornão juntou aos autos provas suficientes que demonstrem a veracidade dos fatos narrados, como, por exemplo, a nota fiscaldo aparelho que alega ter sido furtado. Sustenta a inexistência de responsabilidade objetiva, bem como a deresponsabilidade subjetiva, ante a ausência de conduta culposa, pois não há o dever de vigilância do patrimônio deterceiros pela Universidade. Afirma que o campus universitário é local público que não pode ter acesso restringido a quemquer que seja, equivalendo às vias públicas, aduzindo, ainda, que não obtém qualquer vantagem na oferta das vagas deestacionamento.3. A empresa terceirizada não é parte legítima para figurar no pólo passivo da ação, sendo oportuno observar que, deacordo com o art. 10 da Lei n. 9.099/95, não se admitirá qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência.4. A suposta insuficiência das provas dos fatos alegados na inicial não foi abordada em contestação. O art. 515, caput e §1º, do CPC, restringe a análise recursal ao que já foi objeto de pedido quando da propositura da ação ou de suacontestação, restando, pois, preclusa a alusão a tema não debatido nos autos, sob pena de ofensa ao princípio do duplograu de jurisdição.5. A r. sentença não reconheceu a responsabilidade objetiva, mas a subjetiva, carecendo o recurso de interesse, noparticular.6. O oferecimento de estacionamento com aparente segurança, circunstância que restou evidenciada através da existênciade cartão de controle de entrada/saída (fl. 72), atrai o dever de guarda e vigilância do patrimônio de terceiros. Restoucomprovada nos autos a infração da ré ao dever de diligência específico, no caso, a vigilância do veículo da parte autora,uma vez que os documentos de fls. 07/12 atestam que o veículo da parte autora estava estacionado no pátio da UFESquando foi arrobado e teve furtado o aparelho de som, apensar de se encontrar a uma pequena distância da guarita devigilância, não logrando êxito a União em demonstrar a configuração de qualquer excludente de responsabilidade.7. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicávelsubsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.8. Recurso conhecido e improvido.9. Custas isentas, na forma da lei. Condenação da parte recorrente ao pagamento dos honorários advocatícios, que fixo em10% do valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

114 - 2008.50.54.000746-3/01 JOSE CLAUDIO PEYNEAU (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃOFEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.).Processo nº. 2008.50.54.000746-3/01

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Recorrente : JOSE CLAUDIO PEYNEAURecorrida : UNIÃO

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – TEMA AFETO À COMPETÊNCIA DOSJUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO – ART. 150, §1º, C/C ART. 168, I, AMBOS DO CTN– SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou extinto o feitosem a resolução do mérito, nos termos do art. 51, II, da Lei n. 9.099/95 combinado com o art. 12 da Lei n. 10.259/2001.Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a demanda não exige complexidade contábil, posto que bastatão-somente a restituição de 1/3 do total do período bitributado.

Inicialmente, cumpre registrar que a pretensão externada na inicial desta ação é afeta à competência dos JuizadosEspeciais Federais, posto que, ao contrário do entendimento do Juízo a quo, se trata de matéria que não demanda provascomplexas. Passo, então, à análise do mérito.

Não obstante a competência deste Juízo para processar e julgar a presente ação, cumpre registrar que a pretensão autoralfoi alcançada pela prescrição, uma vez que o prazo de cinco anos (art. 150, § 1º c/c art. 168, I, ambos do CTN e art. 3º daLC 118/2005) tem início com a aposentadoria, que ocorreu, no caso, em 02.08.1997 (fl. 17), sendo a ação propostasomente em 15 de dezembro de 2008 (fl. 02). Jurisprudência da Corte Especial e da 1ª Seção do STJ (ERESP 327.043/DFe EREsp nº. 644.736/PE).

Ante o exposto, extingo o processo com a resolução do mérito, com fulcro no art. 269, IV, do CPC.

Sem custas e honorários advocatícios, ante o deferimento do pedido de assistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo PRONUNCIAR A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

115 - 2005.50.01.003038-9/01 MARCO ANTONIO VIEIRA (ADVOGADO: ARMANDO VEIGA.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TIBÉRIO VIANNA XAVIER.).116 - 2007.50.50.010406-4/01 VANTUIL FLORINDO DA SILVA (ADVOGADO: ROGERIO SIMOES ALVES, HELTONTEIXEIRA RAMOS.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.).Processo nº. 2007.50.50.010406-4/01

Recorrente : VANTUIL FLORINDO DA SILVARecorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – CABÍVEL A APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DE JUROS SALDO DA CONTAVINCULADA AO FGTS, NOS TERMOS DA LEI N. 5.107/66 – EXIBIÇÃO DOS EXTRATOS DAS CONTAS VINCULADAS

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AO FGTS É DEVER DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – ART. 355 DO CPC - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial desta ação, que pugnava pela aplicação da taxa progressiva de juros na forma da Lei n.5.107/66 sobre o saldo da sua conta vinculada ao FGTS. Em suas razões recursais, sustenta que houve, no caso,cerceamento de defesa, posto que cabe à parte recorrida exibir os extratos relativos ao FGTS dos períodos declinados napeça inicial.Deveras, a sentença guerreada julgou improcedente a pretensão externada na inicial em razão de a parte autora não tercolacionado, aos autos, documentos que comprovassem ser beneficiária do direito pleiteado. Na verdade, a magistrada aquo destacou que, à época em que admitido na empresa, bem como quando da sua opção pelo FGTS, a parte autora aindaestava ao abrigo das normas que asseguraram o direito à progressividade prevista na lei, sendo que esta, todavia, nãodemonstrou que houve lesão a seu direito, posto que não trouxe nenhum documento nesse sentido.Não há dúvidas de que os extratos das contas vinculadas não são documentos indispensáveis à propositura da ação,podendo sua ausência ser suprida por outras provas (STJ, 2ª TURMA, RESP 824266, REL. MIN. JOÃO OTÁVIO DENORONHA, DJ 06.02.2007). No presente caso, a recorrente comprovou, com cópia da CTPS, ter feito a opção original peloFGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 ou a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e8.036/90), conforme fls. 09/13. É isso o que basta para comprovar o fato constitutivo do direito.A responsabilidade pela exibição dos extratos analíticos das contas vinculadas ao FGTS é da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CAIXA, por força da interpretação do art. 7º, I, da Lei n.º 8.036/90, que estabelece que compete à gestora doFundo de Garantia por Tempo de Serviço "emitir regularmente os extratos individuais correspondentes à conta vinculada”.O art. 24 do Decreto n. 99.684/90, por seu turno, dispõe que “por ocasião da centralização na CEF, caberá ao bancodepositário emitir o último extrato das contas vinculadas sob sua responsabilidade, que deverá conter, inclusive, o registrodos valores transferidos e a discriminação dos depósitos efetuados na vigência do último contrato de trabalho”.A jurisprudência do e. STJ firmou o entendimento de que a apresentação dos extratos anteriores a 1992 nas ações deexecução das diferenças de correção monetária das contas do FGTS é de responsabilidade da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CAIXA, na condição de gestora do fundo, ainda que, para adquiri-los, a empresa pública os requisite aosbancos depositários. Isso porque no momento da centralização das contas vinculadas para a Caixa Econômica Federal,obrigatoriamente, ocorreu a escrituração contábil e a consequente transferência das informações à gestora do FGTS, doque se extrai ser improvável a ausência da documentação alegada (STJ, 2ª TURMA, AGRESP 580432, REL. MIN.HUMBERTO MARTINS, DJ 26.03.2008).Na verdade, o Decreto n.º 99.684/90, na parte em que regulamenta a transferência das contas vinculadas, quando dacentralização do FGTS junto à CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, estabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositáriosdeveriam informar à CAIXA, de forma detalhada, de toda movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob suaresponsabilidade, no período anterior à migração. Assim, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA é responsável pelasinformações e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancária durante o processo migratório e,sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos depositários os extratos necessáriosem cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Nesse sentido: REsp n.º 717.469/PR, Segunda Turma,Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel. Min. Peçanha Martins, DJ de16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 16/05/2005).Não se pode negar, portanto, que é ônus da CAIXA, como agente operadora e mantenedora do cadastro do FGTS, emitirregularmente os extratos individuais correspondentes às contas vinculadas (Lei 8036/90, artigo 7º, I), independentementede a conta originária estar em outro banco depositário, já que houve a centralização dos depósitos (artigo 12). Quando a leimencionou que a CAIXA assumiria o controle de todas as contas vinculadas, no prazo de um ano, contado da vigência dalei, estava se referindo inclusive à correta informação dos saldos, depósitos, aplicação de correções e de juros.Neste sentido: “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.FGTS. CONTAS VINCULADAS. EXTRATOS ANTERIORES A 1992. RESPONSABILIDADE DA CEF. (PRECEDENTE.RESP. N.º 1.108.034/RN, DJ. 25.11.2009. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AO REGIME DE RECURSOSREPETITIVOS, ART. 543-C, DO CPC). 1. A responsabilidade pela apresentação dos extratos das contas vinculadas aoFGTS, mesmo em se tratando de período anterior a 1992, é, por força de lei, da Caixa Econômica Federal, gestora dofundo. 2. Deveras, mesmo no período antecedente a 1992 esse dever se impõe, por isso que o Decreto n.º 99.684/90, naparte em que regulamenta a transferência das contas vinculadas, quando da centralização do FGTS junto à CEF,estabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositários deveriam informar à CEF, de forma detalhada, de todamovimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua responsabilidade, no período anterior à migração. 3. É cediço naCorte que a CEF é responsável pelas informações e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancáriadurante o processo migratório e, sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancosdepositários os extratos necessários em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Precedentes: REspn.º 717.469/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel.Min. Peçanha Martins, DJ de 16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJde 16/05/2005). 4. (omissis). 5. (omissis). 6. (omissis). 7. Agravo regimental desprovido” (AGRESP 201000032493AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1175088; STJ 1ª Turma; Relator Luiz Fux, DJEDATA:29/03/2010).Por certo, a CAIXA não pode se beneficiar pela sua ineficácia em obter os extratos da conta vinculada da parte autora, pois,se assim o fosse, haveria decisão de improcedência em todas as hipóteses em que não houvesse trazido os extratos,constituindo um desestímulo a que persistisse na juntada dos mesmos nos demais processos.O art. 355 do CPC é bem claro ao dispor que o juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se ache emseu poder.Vale registrar que a parte recorrente, na inicial, requereu a juntada, pela recorrida, dos extratos de movimentação da conta

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vinculada ao FGTS, nos termos do art. 355 do CPC combinado com o art. 11 da Lei n. 10.259/2001. Registre-se que,intimada para apresentar os extratos bancários em questão (fl. 41), a recorrida não cumpriu o determinado pelo Juízo aquo.Passa-se agora à análise do mérito propriamente dito.Para ter direito à aplicação dos juros progressivos, é preciso preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) tersido contratado como empregado entre 01/01/1967 e 22/09/1971; b) ter feito a opção original pelo FGTS na vigência da Lein. 5.107/66 ou a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e 8.036/90); c) ter permanecidona mesma empresa por mais de 2 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.É indispensável que esse vínculo empregatício iniciado entre 01/01/1967 a 22/09/1971 tenha durado mais de 2 (dois) anos,porque o artigo 4º, da Lei n. 5.107/66, em sua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dosdepósitos mencionados no art. 2º far-se-á na seguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos depermanência na mesma empresa; II – 4% (quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa;III – 5% (cinco por cento) do sexto a décimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) dodécimo-primeiro ano de permanência na mesma empresa, em diante”.Sobre o tema, vale colacionar o julgado a seguir: “FGTS - JUROS PROGRESSIVOS - LEIS 5.107/66, 5.705/71 E 5.958/73 -SÚMULA 154/STJ - OPÇÃO FEITA APÓS O ADVENTO DA LEI 5.958/73 - NECESSIDADE DE ATENDIMENTO AOSREQUISITOS LEGAIS. 1. A Lei 5.107, de 13/09/66, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicaçãode juros progressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º dareferida norma. 2. Com o advento da Lei 5.705, de 21/09/71, todos os empregados admitidos a partir da entrada em vigorda norma passaram a ter direito apenas a juros de 3% ao ano, sem a progressividade prevista inicialmente, mantido odireito adquirido daqueles que optaram na vigência da Lei 5.107/66, direito este que cessaria se o empregado mudasse deempresa. 3. A Lei 5.958, de 10/12/73 veio para estimular os empregados que poderiam ter optado pelo regime quando doadvento da Lei 5.107/66 e não o fizeram. Daí a garantia da opção com efeitos retroativos a 1º/01/67 ou à data da admissão,se posterior àquela, desde que com a anuência do empregador. 4. Somente há direito aos juros progressivos se a opção foifeita na vigência da Lei 5.107/66 ou na forma da Lei 5.958/73, não bastando apenas que a opção date de período posteriora 10/12/73, sem que preenchidos os requisitos contidos na última lei. 5. Havendo controvérsia de natureza fática, aplica-seo teor da Súmula 7/STJ." (STJ, RESP 488.675, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 01.12.2003).No caso dos autos, verifico que a aplicação dos juros progressivos sobre o FGTS do autor é procedente, posto que este foiadmitido na empresa em 27.01.1962, permanecendo no vínculo empregatício até 08.03.1994, tendo feito a opção retroativa(fls. 09/13).Ante o exposto, deve ser dado provimento recurso inominado para reformar a sentença e condenar a Caixa EconômicaFederal a recompor o saldo da conta vinculada de FGTS com a aplicação da taxa de juros progressivos na forma do art. 4ºda Lei nº 5.107/66. O valor apurado deverá ser acrescido de juros e correção de acordo com as regras do FGTS até a datado efetivo pagamento, observada a prescrição trintenária. Destaca-se ainda, que deverão ser deduzidas eventuais parcelasjá pagas administrativamente sob o mesmo título, por ocasião da liquidação.Recurso conhecido e provido.Custas ex lege. Sem a condenação em honorários advocatícios, em atenção ao disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na formado voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

117 - 2007.50.50.002896-7/01 ZANILO ZANETTI (ADVOGADO: ROGERIO SIMOES ALVES, HELTON TEIXEIRA RAMOS.)x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO, CLEBER ALVES TUMOLI.).

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Processo nº. 2007.50.50.002896-7/01

Recorrente : ZANILO ZANETTIRecorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – DESCABIDA A APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DE JUROS SALDO DA CONTAVINCULADA AO FGTS, NOS TERMOS DA LEI N. 5.107/66 – EXIBIÇÃO DOS EXTRATOS DAS CONTAS VINCULADASAO FGTS É DEVER DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – ART. 355 DO CPC – A PARTE RECORRENTE NÃOCOMPROVOU QUE FEZ A OPÇÃO RETROATIVA AO REGIME DO FGTS - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial desta ação, que pugnava pela aplicação da taxa progressiva de juros na forma da Lei n.5.107/66 sobre o saldo da sua conta vinculada ao FGTS. Em suas razões recursais, sustenta que houve, no caso,cerceamento de defesa, posto que cabe à parte recorrida exibir os extratos relativos ao FGTS dos períodos declinados napeça inicial.Deveras, a sentença guerreada julgou improcedente a pretensão externada na inicial em razão de a parte autora não tercolacionado, aos autos, documentos que comprovassem ser beneficiária do direito pleiteado. Na verdade, a magistrada aquo destacou que, à época em que admitido na empresa, bem como quando da sua opção pelo FGTS, a parte autora aindaestava ao abrigo das normas que asseguraram o direito à progressividade prevista na lei, sendo que esta, todavia, nãodemonstrou que houve lesão a seu direito, posto que não trouxe nenhum documento nesse sentido.Não há dúvidas de que os extratos das contas vinculadas não são documentos indispensáveis à propositura da ação,podendo sua ausência ser suprida por outras provas (STJ, 2ª TURMA, RESP 824266, REL. MIN. JOÃO OTÁVIO DENORONHA, DJ 06.02.2007). No presente caso, a recorrente comprovou, com cópia da CTPS, ter feito a opção original peloFGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 ou a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e8.036/90), conforme fls. 09/12. É isso o que basta para comprovar o fato constitutivo do direito.A responsabilidade pela exibição dos extratos analíticos das contas vinculadas ao FGTS é da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CAIXA, por força da interpretação do art. 7º, I, da Lei n.º 8.036/90, que estabelece que compete à gestora doFundo de Garantia por Tempo de Serviço "emitir regularmente os extratos individuais correspondentes à conta vinculada”.O art. 24 do Decreto n. 99.684/90, por seu turno, dispõe que “por ocasião da centralização na CEF, caberá ao bancodepositário emitir o último extrato das contas vinculadas sob sua responsabilidade, que deverá conter, inclusive, o registrodos valores transferidos e a discriminação dos depósitos efetuados na vigência do último contrato de trabalho”.A jurisprudência do e. STJ firmou o entendimento de que a apresentação dos extratos anteriores a 1992 nas ações deexecução das diferenças de correção monetária das contas do FGTS é de responsabilidade da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CAIXA, na condição de gestora do fundo, ainda que, para adquiri-los, a empresa pública os requisite aosbancos depositários. Isso porque no momento da centralização das contas vinculadas para a Caixa Econômica Federal,obrigatoriamente, ocorreu a escrituração contábil e a consequente transferência das informações à gestora do FGTS, doque se extrai ser improvável a ausência da documentação alegada (STJ, 2ª TURMA, AGRESP 580432, REL. MIN.HUMBERTO MARTINS, DJ 26.03.2008).Na verdade, o Decreto n.º 99.684/90, na parte em que regulamenta a transferência das contas vinculadas, quando dacentralização do FGTS junto à CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, estabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositáriosdeveriam informar à CAIXA, de forma detalhada, de toda movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob suaresponsabilidade, no período anterior à migração. Assim, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA é responsável pelasinformações e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancária durante o processo migratório e,sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos depositários os extratos necessáriosem cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Nesse sentido: REsp n.º 717.469/PR, Segunda Turma,Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel. Min. Peçanha Martins, DJ de16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 16/05/2005).Não se pode negar, portanto, que é ônus da CAIXA, como agente operadora e mantenedora do cadastro do FGTS, emitirregularmente os extratos individuais correspondentes às contas vinculadas (Lei 8036/90, artigo 7º, I), independentementede a conta originária estar em outro banco depositário, já que houve a centralização dos depósitos (artigo 12). Quando a leimencionou que a CAIXA assumiria o controle de todas as contas vinculadas, no prazo de um ano, contado da vigência dalei, estava se referindo inclusive à correta informação dos saldos, depósitos, aplicação de correções e de juros.Neste sentido: “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.FGTS. CONTAS VINCULADAS. EXTRATOS ANTERIORES A 1992. RESPONSABILIDADE DA CEF. (PRECEDENTE.RESP. N.º 1.108.034/RN, DJ. 25.11.2009. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AO REGIME DE RECURSOSREPETITIVOS, ART. 543-C, DO CPC). 1. A responsabilidade pela apresentação dos extratos das contas vinculadas aoFGTS, mesmo em se tratando de período anterior a 1992, é, por força de lei, da Caixa Econômica Federal, gestora dofundo. 2. Deveras, mesmo no período antecedente a 1992 esse dever se impõe, por isso que o Decreto n.º 99.684/90, naparte em que regulamenta a transferência das contas vinculadas, quando da centralização do FGTS junto à CEF,estabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositários deveriam informar à CEF, de forma detalhada, de todamovimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua responsabilidade, no período anterior à migração. 3. É cediço naCorte que a CEF é responsável pelas informações e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancáriadurante o processo migratório e, sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos

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depositários os extratos necessários em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Precedentes: REspn.º 717.469/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel.Min. Peçanha Martins, DJ de 16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJde 16/05/2005). 4. (omissis). 5. (omissis). 6. (omissis). 7. Agravo regimental desprovido” (AGRESP 201000032493AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1175088; STJ 1ª Turma; Relator Luiz Fux, DJEDATA:29/03/2010).Por certo, a CAIXA não pode se beneficiar pela sua ineficácia em obter os extratos da conta vinculada da parte autora, pois,se assim o fosse, haveria decisão de improcedência em todas as hipóteses em que não houvesse trazido os extratos,constituindo um desestímulo a que persistisse na juntada dos mesmos nos demais processos.O art. 355 do CPC é bem claro ao dispor que o juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se ache emseu poder.Vale registrar que a parte recorrente, na inicial, requereu a juntada, pela recorrida, dos extratos de movimentação da contavinculada ao FGTS, nos termos do art. 355 do CPC combinado com o art. 11 da Lei n. 10.259/2001. Registre-se que,intimada para apresentar os extratos bancários em questão (fl. 45), a recorrida não cumpriu o determinado pelo Juízo aquo.Passa-se agora à análise do mérito propriamente dito.Para ter direito à aplicação dos juros progressivos, é preciso preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) tersido contratado como empregado entre 01/01/1967 e 22/09/1971; b) ter feito a opção original pelo FGTS na vigência da Lein. 5.107/66 ou a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e 8.036/90); c) ter permanecidona mesma empresa por mais de 2 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.É indispensável que esse vínculo empregatício iniciado entre 01/01/1967 a 22/09/1971 tenha durado mais de 2 (dois) anos,porque o artigo 4º, da Lei n. 5.107/66, em sua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dosdepósitos mencionados no art. 2º far-se-á na seguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos depermanência na mesma empresa; II – 4% (quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa;III – 5% (cinco por cento) do sexto a décimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) dodécimo-primeiro ano de permanência na mesma empresa, em diante”.Sobre o tema, vale colacionar o julgado a seguir: “FGTS - JUROS PROGRESSIVOS - LEIS 5.107/66, 5.705/71 E 5.958/73 -SÚMULA 154/STJ - OPÇÃO FEITA APÓS O ADVENTO DA LEI 5.958/73 - NECESSIDADE DE ATENDIMENTO AOSREQUISITOS LEGAIS. 1. A Lei 5.107, de 13/09/66, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicaçãode juros progressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º dareferida norma. 2. Com o advento da Lei 5.705, de 21/09/71, todos os empregados admitidos a partir da entrada em vigorda norma passaram a ter direito apenas a juros de 3% ao ano, sem a progressividade prevista inicialmente, mantido odireito adquirido daqueles que optaram na vigência da Lei 5.107/66, direito este que cessaria se o empregado mudasse deempresa. 3. A Lei 5.958, de 10/12/73 veio para estimular os empregados que poderiam ter optado pelo regime quando doadvento da Lei 5.107/66 e não o fizeram. Daí a garantia da opção com efeitos retroativos a 1º/01/67 ou à data da admissão,se posterior àquela, desde que com a anuência do empregador. 4. Somente há direito aos juros progressivos se a opção foifeita na vigência da Lei 5.107/66 ou na forma da Lei 5.958/73, não bastando apenas que a opção date de período posteriora 10/12/73, sem que preenchidos os requisitos contidos na última lei. 5. Havendo controvérsia de natureza fática, aplica-seo teor da Súmula 7/STJ." (STJ, RESP 488.675, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 01.12.2003).No caso dos autos, verifico que a aplicação dos juros progressivos sobre o FGTS do autor é improcedente, posto queembora este tenha sido admitido na empresa em 29.01.1964, permanecendo no vínculo empregatício até 04.05.1988 (fls.09/12), não comprovou que fez a opção retroativa, ônus que lhe competia, nos termos do art. 333 do CPC.Recurso conhecido e improvido.Sem a condenação em custas e honorários advocatícios, por gozar a parte recorrente do benefício da assistência judiciáriagratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

118 - 2006.50.50.005634-0/01 LUIZ JOSÉ CRUZ (ADVOGADO: BRUNO ÁLVARES, RENATA GÓES FURTADO, PABLOLUIZ ROSA OLIVEIRA.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUCIANO PEREIRA CHAGAS.).Processo nº. 2006.50.50.005634-0/01

Recorrente : LUIZ JOSÉ CRUZRecorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

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E M E N T A

RECURSO INOMINADO – CABÍVEL A APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DE JUROS SALDO DA CONTAVINCULADA AO FGTS, NOS TERMOS DA LEI N. 5.107/66 – EXIBIÇÃO DOS EXTRATOS DAS CONTAS VINCULADASAO FGTS É DEVER DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – ART. 355 DO CPC - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial desta ação, que pugnava pela aplicação da taxa progressiva de juros na forma da Lei n.5.107/66 sobre o saldo da sua conta vinculada ao FGTS. Em suas razões recursais, sustenta que houve, no caso,cerceamento de defesa, posto que cabe à parte recorrida exibir os extratos relativos ao FGTS dos períodos declinados napeça inicial.Deveras, a sentença guerreada julgou improcedente a pretensão externada na inicial em razão de a parte autora não tercolacionado, aos autos, documentos que comprovassem ser beneficiária do direito pleiteado. Na verdade, a magistrada aquo destacou que, à época em que admitido na empresa, bem como quando da sua opção pelo FGTS, a parte autora aindaestava ao abrigo das normas que asseguraram o direito à progressividade prevista na lei, sendo que esta, todavia, nãodemonstrou que houve lesão a seu direito, posto que não trouxe nenhum documento nesse sentido.Não há dúvidas de que os extratos das contas vinculadas não são documentos indispensáveis à propositura da ação,podendo sua ausência ser suprida por outras provas (STJ, 2ª TURMA, RESP 824266, REL. MIN. JOÃO OTÁVIO DENORONHA, DJ 06.02.2007). No presente caso, a recorrente comprovou, com cópia da CTPS, ter feito a opção original peloFGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 ou a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e8.036/90), conforme fls. 19/22. É isso o que basta para comprovar o fato constitutivo do direito.A responsabilidade pela exibição dos extratos analíticos das contas vinculadas ao FGTS é da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CAIXA, por força da interpretação do art. 7º, I, da Lei n.º 8.036/90, que estabelece que compete à gestora doFundo de Garantia por Tempo de Serviço "emitir regularmente os extratos individuais correspondentes à conta vinculada”.O art. 24 do Decreto n. 99.684/90, por seu turno, dispõe que “por ocasião da centralização na CEF, caberá ao bancodepositário emitir o último extrato das contas vinculadas sob sua responsabilidade, que deverá conter, inclusive, o registrodos valores transferidos e a discriminação dos depósitos efetuados na vigência do último contrato de trabalho”.A jurisprudência do e. STJ firmou o entendimento de que a apresentação dos extratos anteriores a 1992 nas ações deexecução das diferenças de correção monetária das contas do FGTS é de responsabilidade da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CAIXA, na condição de gestora do fundo, ainda que, para adquiri-los, a empresa pública os requisite aosbancos depositários. Isso porque no momento da centralização das contas vinculadas para a Caixa Econômica Federal,obrigatoriamente, ocorreu a escrituração contábil e a consequente transferência das informações à gestora do FGTS, doque se extrai ser improvável a ausência da documentação alegada (STJ, 2ª TURMA, AGRESP 580432, REL. MIN.HUMBERTO MARTINS, DJ 26.03.2008).Na verdade, o Decreto n.º 99.684/90, na parte em que regulamenta a transferência das contas vinculadas, quando dacentralização do FGTS junto à CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, estabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositáriosdeveriam informar à CAIXA, de forma detalhada, de toda movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob suaresponsabilidade, no período anterior à migração. Assim, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA é responsável pelasinformações e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancária durante o processo migratório e,sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos depositários os extratos necessáriosem cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Nesse sentido: REsp n.º 717.469/PR, Segunda Turma,Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel. Min. Peçanha Martins, DJ de16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 16/05/2005).Não se pode negar, portanto, que é ônus da CAIXA, como agente operadora e mantenedora do cadastro do FGTS, emitirregularmente os extratos individuais correspondentes às contas vinculadas (Lei 8036/90, artigo 7º, I), independentementede a conta originária estar em outro banco depositário, já que houve a centralização dos depósitos (artigo 12). Quando a leimencionou que a CAIXA assumiria o controle de todas as contas vinculadas, no prazo de um ano, contado da vigência dalei, estava se referindo inclusive à correta informação dos saldos, depósitos, aplicação de correções e de juros.Neste sentido: “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.FGTS. CONTAS VINCULADAS. EXTRATOS ANTERIORES A 1992. RESPONSABILIDADE DA CEF. (PRECEDENTE.RESP. N.º 1.108.034/RN, DJ. 25.11.2009. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AO REGIME DE RECURSOSREPETITIVOS, ART. 543-C, DO CPC). 1. A responsabilidade pela apresentação dos extratos das contas vinculadas aoFGTS, mesmo em se tratando de período anterior a 1992, é, por força de lei, da Caixa Econômica Federal, gestora dofundo. 2. Deveras, mesmo no período antecedente a 1992 esse dever se impõe, por isso que o Decreto n.º 99.684/90, naparte em que regulamenta a transferência das contas vinculadas, quando da centralização do FGTS junto à CEF,estabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositários deveriam informar à CEF, de forma detalhada, de todamovimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua responsabilidade, no período anterior à migração. 3. É cediço naCorte que a CEF é responsável pelas informações e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancáriadurante o processo migratório e, sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancosdepositários os extratos necessários em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Precedentes: REspn.º 717.469/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel.Min. Peçanha Martins, DJ de 16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJde 16/05/2005). 4. (omissis). 5. (omissis). 6. (omissis). 7. Agravo regimental desprovido” (AGRESP 201000032493AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1175088; STJ 1ª Turma; Relator Luiz Fux, DJEDATA:29/03/2010).

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Por certo, a CAIXA não pode se beneficiar pela sua ineficácia em obter os extratos da conta vinculada da parte autora, pois,se assim o fosse, haveria decisão de improcedência em todas as hipóteses em que não houvesse trazido os extratos,constituindo um desestímulo a que persistisse na juntada dos mesmos nos demais processos.O art. 355 do CPC é bem claro ao dispor que o juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se ache emseu poder.Vale registrar que a parte recorrente, na inicial, requereu a juntada, pela recorrida, dos extratos de movimentação da contavinculada ao FGTS, nos termos do art. 339 do CPC combinado com o art. 24 do Decreto n. 99.684/90. Registre-se que,intimada para apresentar os extratos bancários em questão (fl. 57), a recorrida não cumpri o que lhe foi determinado poreste Juízo.Passa-se agora à análise do mérito propriamente dito.Para ter direito à aplicação dos juros progressivos, é preciso preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) tersido contratado como empregado entre 01/01/1967 e 22/09/1971; b) ter feito a opção original pelo FGTS na vigência da Lein. 5.107/66 ou a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e 8.036/90); c) ter permanecidona mesma empresa por mais de 2 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.É indispensável que esse vínculo empregatício iniciado entre 01/01/1967 a 22/09/1971 tenha durado mais de 2 (dois) anos,porque o artigo 4º, da Lei n. 5.107/66, em sua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dosdepósitos mencionados no art. 2º far-se-á na seguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos depermanência na mesma empresa; II – 4% (quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa;III – 5% (cinco por cento) do sexto a décimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) dodécimo-primeiro ano de permanência na mesma empresa, em diante”.Sobre o tema, vale colacionar o julgado a seguir: “FGTS - JUROS PROGRESSIVOS - LEIS 5.107/66, 5.705/71 E 5.958/73 -SÚMULA 154/STJ - OPÇÃO FEITA APÓS O ADVENTO DA LEI 5.958/73 - NECESSIDADE DE ATENDIMENTO AOSREQUISITOS LEGAIS. 1. A Lei 5.107, de 13/09/66, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicaçãode juros progressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º dareferida norma. 2. Com o advento da Lei 5.705, de 21/09/71, todos os empregados admitidos a partir da entrada em vigorda norma passaram a ter direito apenas a juros de 3% ao ano, sem a progressividade prevista inicialmente, mantido odireito adquirido daqueles que optaram na vigência da Lei 5.107/66, direito este que cessaria se o empregado mudasse deempresa. 3. A Lei 5.958, de 10/12/73 veio para estimular os empregados que poderiam ter optado pelo regime quando doadvento da Lei 5.107/66 e não o fizeram. Daí a garantia da opção com efeitos retroativos a 1º/01/67 ou à data da admissão,se posterior àquela, desde que com a anuência do empregador. 4. Somente há direito aos juros progressivos se a opção foifeita na vigência da Lei 5.107/66 ou na forma da Lei 5.958/73, não bastando apenas que a opção date de período posteriora 10/12/73, sem que preenchidos os requisitos contidos na última lei. 5. Havendo controvérsia de natureza fática, aplica-seo teor da Súmula 7/STJ." (STJ, RESP 488.675, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 01.12.2003).No caso dos autos, verifico que a aplicação dos juros progressivos sobre o FGTS do autor é procedente, posto que este foiadmitido na empresa em 21.05.1946, permanecendo no vínculo empregatício até 17.11.1983, tendo feito a opção retroativa(fls. 21/22).Ante o exposto, deve ser dado provimento recurso inominado para reformar a sentença e condenar a Caixa EconômicaFederal a recompor o saldo da conta vinculada de FGTS com a aplicação da taxa de juros progressivos na forma do art. 4ºda Lei nº 5.107/66. O valor apurado deverá ser acrescido de juros e correção de acordo com as regras do FGTS até a datado efetivo pagamento, observada a prescrição trintenária. Destaca-se ainda, que deverão ser deduzidas eventuais parcelasjá pagas administrativamente sob o mesmo título, por ocasião da liquidação.Recurso conhecido e provido.Custas ex lege. Sem a condenação em honorários advocatícios, em atenção ao disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na formado voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

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119 - 2007.50.50.003011-1/01 NOEL NASCIMENTO DE SOUZA (ADVOGADO: ROGERIO SIMOES ALVES, HELTONTEIXEIRA RAMOS.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVES TUMOLI.).Processo nº. 2007.50.50.003011-1/01

Recorrente : NOEL NASCIMENTO DE SOUZARecorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – CABÍVEL A APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DE JUROS SALDO DA CONTAVINCULADA AO FGTS, NOS TERMOS DA LEI N. 5.107/66 – EXIBIÇÃO DOS EXTRATOS DAS CONTAS VINCULADASAO FGTS É DEVER DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – ART. 355 DO CPC - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial desta ação, que pugnava pela aplicação da taxa progressiva de juros na forma da Lei n.5.107/66 sobre o saldo da sua conta vinculada ao FGTS. Em suas razões recursais, sustenta que houve, no caso,cerceamento de defesa, posto que cabe à parte recorrida exibir os extratos relativos ao FGTS dos períodos declinados napeça inicial.Deveras, a sentença guerreada julgou improcedente a pretensão externada na inicial em razão de a parte autora não tercolacionado, aos autos, documentos que comprovassem ser beneficiária do direito pleiteado. Na verdade, a magistrada aquo destacou que, à época em que admitido na empresa, bem como quando da sua opção pelo FGTS, a parte autora aindaestava ao abrigo das normas que asseguraram o direito à progressividade prevista na lei, sendo que esta, todavia, nãodemonstrou que houve lesão a seu direito, posto que não trouxe nenhum documento nesse sentido.Não há dúvidas de que os extratos das contas vinculadas não são documentos indispensáveis à propositura da ação,podendo sua ausência ser suprida por outras provas (STJ, 2ª TURMA, RESP 824266, REL. MIN. JOÃO OTÁVIO DENORONHA, DJ 06.02.2007). No presente caso, a recorrente comprovou, com cópia da CTPS, ter feito a opção original peloFGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 ou a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e8.036/90), conforme fls. 09/10. É isso o que basta para comprovar o fato constitutivo do direito.A responsabilidade pela exibição dos extratos analíticos das contas vinculadas ao FGTS é da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CAIXA, por força da interpretação do art. 7º, I, da Lei n.º 8.036/90, que estabelece que compete à gestora doFundo de Garantia por Tempo de Serviço "emitir regularmente os extratos individuais correspondentes à conta vinculada”.O art. 24 do Decreto n. 99.684/90, por seu turno, dispõe que “por ocasião da centralização na CEF, caberá ao bancodepositário emitir o último extrato das contas vinculadas sob sua responsabilidade, que deverá conter, inclusive, o registrodos valores transferidos e a discriminação dos depósitos efetuados na vigência do último contrato de trabalho”.A jurisprudência do e. STJ firmou o entendimento de que a apresentação dos extratos anteriores a 1992 nas ações deexecução das diferenças de correção monetária das contas do FGTS é de responsabilidade da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CAIXA, na condição de gestora do fundo, ainda que, para adquiri-los, a empresa pública os requisite aosbancos depositários. Isso porque no momento da centralização das contas vinculadas para a Caixa Econômica Federal,obrigatoriamente, ocorreu a escrituração contábil e a consequente transferência das informações à gestora do FGTS, doque se extrai ser improvável a ausência da documentação alegada (STJ, 2ª TURMA, AGRESP 580432, REL. MIN.HUMBERTO MARTINS, DJ 26.03.2008).Na verdade, o Decreto n.º 99.684/90, na parte em que regulamenta a transferência das contas vinculadas, quando dacentralização do FGTS junto à CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, estabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositáriosdeveriam informar à CAIXA, de forma detalhada, de toda movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob suaresponsabilidade, no período anterior à migração. Assim, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA é responsável pelasinformações e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancária durante o processo migratório e,sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos depositários os extratos necessáriosem cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Nesse sentido: REsp n.º 717.469/PR, Segunda Turma,Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel. Min. Peçanha Martins, DJ de16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 16/05/2005).Não se pode negar, portanto, que é ônus da CAIXA, como agente operadora e mantenedora do cadastro do FGTS, emitirregularmente os extratos individuais correspondentes às contas vinculadas (Lei 8036/90, artigo 7º, I), independentementede a conta originária estar em outro banco depositário, já que houve a centralização dos depósitos (artigo 12). Quando a leimencionou que a CAIXA assumiria o controle de todas as contas vinculadas, no prazo de um ano, contado da vigência dalei, estava se referindo inclusive à correta informação dos saldos, depósitos, aplicação de correções e de juros.Neste sentido: “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.FGTS. CONTAS VINCULADAS. EXTRATOS ANTERIORES A 1992. RESPONSABILIDADE DA CEF. (PRECEDENTE.RESP. N.º 1.108.034/RN, DJ. 25.11.2009. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AO REGIME DE RECURSOSREPETITIVOS, ART. 543-C, DO CPC). 1. A responsabilidade pela apresentação dos extratos das contas vinculadas aoFGTS, mesmo em se tratando de período anterior a 1992, é, por força de lei, da Caixa Econômica Federal, gestora dofundo. 2. Deveras, mesmo no período antecedente a 1992 esse dever se impõe, por isso que o Decreto n.º 99.684/90, naparte em que regulamenta a transferência das contas vinculadas, quando da centralização do FGTS junto à CEF,estabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositários deveriam informar à CEF, de forma detalhada, de todamovimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua responsabilidade, no período anterior à migração. 3. É cediço na

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Corte que a CEF é responsável pelas informações e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancáriadurante o processo migratório e, sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancosdepositários os extratos necessários em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Precedentes: REspn.º 717.469/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel.Min. Peçanha Martins, DJ de 16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJde 16/05/2005). 4. (omissis). 5. (omissis). 6. (omissis). 7. Agravo regimental desprovido” (AGRESP 201000032493AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1175088; STJ 1ª Turma; Relator Luiz Fux, DJEDATA:29/03/2010).Por certo, a CAIXA não pode se beneficiar pela sua ineficácia em obter os extratos da conta vinculada da parte autora, pois,se assim o fosse, haveria decisão de improcedência em todas as hipóteses em que não houvesse trazido os extratos,constituindo um desestímulo a que persistisse na juntada dos mesmos nos demais processos.O art. 355 do CPC é bem claro ao dispor que o juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se ache emseu poder.Vale registrar que a parte recorrente, na inicial, requereu a juntada, pela recorrida, dos extratos de movimentação da contavinculada ao FGTS, nos termos do art. 355 do CPC combinado com o art. 11 da Lei n. 10.259/2001. Registre-se que,intimada para apresentar os extratos bancários em questão (fl. 52), a recorrida não cumpriu o determinado pelo Juízo aquo.Passa-se agora à análise do mérito propriamente dito.Para ter direito à aplicação dos juros progressivos, é preciso preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) tersido contratado como empregado entre 01/01/1967 e 22/09/1971; b) ter feito a opção original pelo FGTS na vigência da Lein. 5.107/66 ou a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e 8.036/90); c) ter permanecidona mesma empresa por mais de 2 (dois) anos.Os trabalhadores que não preencherem todos os três requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nossaldos do FGTS.É indispensável que esse vínculo empregatício iniciado entre 01/01/1967 a 22/09/1971 tenha durado mais de 2 (dois) anos,porque o artigo 4º, da Lei n. 5.107/66, em sua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dosdepósitos mencionados no art. 2º far-se-á na seguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos depermanência na mesma empresa; II – 4% (quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa;III – 5% (cinco por cento) do sexto a décimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) dodécimo-primeiro ano de permanência na mesma empresa, em diante”.Sobre o tema, vale colacionar o julgado a seguir: “FGTS - JUROS PROGRESSIVOS - LEIS 5.107/66, 5.705/71 E 5.958/73 -SÚMULA 154/STJ - OPÇÃO FEITA APÓS O ADVENTO DA LEI 5.958/73 - NECESSIDADE DE ATENDIMENTO AOSREQUISITOS LEGAIS. 1. A Lei 5.107, de 13/09/66, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicaçãode juros progressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado no art. 4º dareferida norma. 2. Com o advento da Lei 5.705, de 21/09/71, todos os empregados admitidos a partir da entrada em vigorda norma passaram a ter direito apenas a juros de 3% ao ano, sem a progressividade prevista inicialmente, mantido odireito adquirido daqueles que optaram na vigência da Lei 5.107/66, direito este que cessaria se o empregado mudasse deempresa. 3. A Lei 5.958, de 10/12/73 veio para estimular os empregados que poderiam ter optado pelo regime quando doadvento da Lei 5.107/66 e não o fizeram. Daí a garantia da opção com efeitos retroativos a 1º/01/67 ou à data da admissão,se posterior àquela, desde que com a anuência do empregador. 4. Somente há direito aos juros progressivos se a opção foifeita na vigência da Lei 5.107/66 ou na forma da Lei 5.958/73, não bastando apenas que a opção date de período posteriora 10/12/73, sem que preenchidos os requisitos contidos na última lei. 5. Havendo controvérsia de natureza fática, aplica-seo teor da Súmula 7/STJ." (STJ, RESP 488.675, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 01.12.2003).No caso dos autos, verifico que a aplicação dos juros progressivos sobre o FGTS do autor é procedente, posto que este foiadmitido na empresa em 13.07.1967, permanecendo no vínculo empregatício até 01.11.1977, tendo feito a opção retroativa(fl. 09).Ante o exposto, deve ser dado provimento recurso inominado para reformar a sentença e condenar a Caixa EconômicaFederal a recompor o saldo da conta vinculada de FGTS com a aplicação da taxa de juros progressivos na forma do art. 4ºda Lei nº 5.107/66. O valor apurado deverá ser acrescido de juros e correção de acordo com as regras do FGTS até a datado efetivo pagamento, observada a prescrição trintenária. Destaca-se ainda, que deverão ser deduzidas eventuais parcelasjá pagas administrativamente sob o mesmo título, por ocasião da liquidação.Recurso conhecido e provido.Custas ex lege. Sem a condenação em honorários advocatícios, em atenção ao disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na formado voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

120 - 2008.50.50.003449-2/01 JAIME SILVA DE OLIVEIRA (ADVOGADO: RODRIGO SALES DOS SANTOS, RENATODEL SILVA AUGUSTO.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.).Processo nº. 2008.50.50.003449-2/01

Recorrente : JAIME SILVA DE OLIVEIRARecorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS –COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE CHEQUE NA CONTA BANCÁRIA DA PARTE RECORRENTE – RESPONSABILIDADEOBJETIVA DA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA – RELAÇÃO DE CONSUMO - RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTEPROVIDO - SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente emparte a pretensão externada na inicial desta ação, condenando a recorrida ao pagamento de R$ 465,00, a título de danosmorais. Em suas razões recursais, o recorrente sustenta que a indenização pretendida não é outra além da restituiçãodaquilo que a recorrida estornou indevidamente, como também a devolução das taxas e juros cobrados, sendo que, emnenhum momento, se postulou o pagamento do cheque. Pugna pela condenação em danos morais em valor mais elevado,considerando o dano sofrido. A parte recorrida, em suas contrarrazões, preliminarmente alega decadência do direito dereclamar e, no mérito, rechaça a ocorrência de danos morais.

Inicialmente, cumpre registrar que o prazo para o consumidor pleitear o recebimento de indenização por danos decorrentesde falha na prestação do serviço é de 5 (cinco) anos, conforme prevê o art. 27 do CDC, não sendo aplicável, porconsequência, os prazos de decadência, previstos no art. 26 do CDC. A ação de indenização movida pelo consumidorcontra a prestadora de serviço, por danos decorrentes de compensação indevida de cheque, prescreve em cinco anos,conforme o art. 27 do CDC. No caso, a teor do documento de fl. 10, a compensação do cheque se deu em 03.08.2007,tendo sido ajuizada a ação em 13.06.2008, motivo pelo qual não há que se falar que houve, no caso, perda do direito dereclamar a reparação por danos materiais e morais.

A Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º), estabelecendo como objetiva aresponsabilidade contratual do banco (art. 14), que fica configurada na presença dos seguintes pressupostos: fato, dano enexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituiçõesfinanceiras”.

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direitosubjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir suaresponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,§ 3º).

O recorrente ajuizou ação por indenização de ordem material e moral, sob a alegação de haver sofrido prejuízo econstrangimentos, tendo em vista o defeito na prestação de serviço por parte da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, emdecorrência de compensação indevida de cheque em sua conta corrente. Pelos elementos dos autos, a instituição bancáriarecorrida, efetivamente, pagou o cheque n.° 900036, apresentado via compensação, sem conferência da rasura, a qual foiobservada somente dias após.

Na verdade, esse cheque depositado, pelo recorrente, não foi pago, em sua primeira apresentação, por falta de provisão defundos, conforme cópia à fl. 44. Contudo, na segunda apresentação, houve a compensação, em 03.08.2007, e, ao ser estecompensado, o recorrente gastou o dinheiro, conforme extrato analítico à fl. 11. Todavia, a recorrida, alguns dias depois,estornou tal montante da conta bancária do recorrente, em 06.08.2007, sob o motivo de rasura na data da ordem depagamento, retendo o documento em sua agência.

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Para que surja o dever de indenizar, é necessário ação ou omissão do agente, dano material ou imaterial e nexo decausalidade entre o dano causado e a ação ou omissão do agente, sendo que, do contrário, se entende inexistente apossibilidade de responsabilização da recorrida. Pode-se ainda afirmar que o nexo de causalidade é elemento indispensávelem qualquer espécie de responsabilidade civil.

No caso, a própria recorrida afirmou que compensou o cheque na conta bancária do recorrente e fez o estorno do valorcorrespondente somente quando a emitente alegou que era vítima de fraude, posto que a cártula teria sido adulterada.Dessa forma, cabível a condenação da recorrida em reparar os danos materiais e morais sofridos pela parte autora, eis quecaracterizada a falha do serviço bancário (art. 14 da Lei 8078/90).

Na hipótese, restou, portanto, demonstrada a responsabilidade da recorrida no evento danoso, havendo, assim, ensejo parareparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima contribuído para a sua ocorrência,posto que, quando da apresentação do cheque para compensação em sua conta bancária, acreditava que a cártula eraeficaz para tal intento, configurado-se assim o dever de indenizar da instituição financeira, que não teve cautela aocompensar o cheque sem observar as formalidades do ato.

A compensação indevida do cheque ocasionou constrangimentos e dissabores injustificados, passíveis de indenização pordano moral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se registre que a pretensa reparação do dano moral não se resolve numaindenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida emque a dor, o sofrimento e o constrangimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a doispressupostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte lesada, procure minimizar os efeitos doevento danoso; b) uma afetação no patrimônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.

Quanto ao valor arbitrado a título de danos morais, o critério que vem sendo utilizado pelo e. STJ considera as condiçõespessoais e econômicas das partes, devendo o arbitramento operar-se com moderação e razoabilidade, atento à realidadeda vida e às peculiaridades de cada caso, de forma a não haver o enriquecimento indevido do ofendido, bem como quesirva para desestimular o ofensor a repetir o ato ilícito. Dessa forma, considerando-se as peculiaridades do caso concreto,observa-se que a fixação do quantum indenizatório a título de danos morais foi medida acertada pelo magistrado a quo,posto que não houve comprovação (ou mesmo alegação) de concretos constrangimentos da parte aliados ao eventodanoso.

Ante o exposto, merece reforma a sentença guerreada, devendo a parte recorrente ser indenizada também pelos prejuízosmateriais vivenciados no valor de R$ 1.100,00 (um mil e cem reais), com a aplicação de correção monetária e juros demora a partir da citação, nos termos da lei.

Recurso conhecido e, no mérito, provido em parte.

Custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a sucumbência recíproca.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO,na forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

121 - 2008.50.50.006321-2/01 SEBASTIAO SABINO BORTOLINI (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMONHOLLIDAY.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).Processo nº 2008.50.50.006321-2/01

Recorrente : SEBASTIÃO SABINO BORTOLINIRecorridos : UNIÃO FEDERAL

E M E N T ATRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – ACORDO REALIZADO NA JUSTIÇADO TRABALHO – AUSÊNCIA DE DESEMBOLSO FINANCEIRO PELA PARTE AUTORA – IMPROCEDÊNCIA - RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.1. Trata-se de recurso interposto por SEBASTIÃO SABINO BORTOLINI em face da r. sentença que julgou improcedente opedido inicial.

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2. Em suas razões recursais, pugna o recorrente pela restituição dos valores recolhidos a título de contribuiçãoprevidenciária, decorrentes de valores recebidos em acordo realizado em ação trabalhista, uma vez que já contribuía com ovalor máximo para a Previdência Social.3. A parte autora alegou na petição inicial que foi realizado acordo perante a Justiça do Trabalho no qual foi recolhida aoscofres públicos a quantia de R$ 5.616,40 (cinco mil, seiscentos e dezesseis reais e quarenta centavos), a título decontribuição previdenciária, que lhe deverá ser restituída, uma vez que já contribuía com o valor máximo. Afirmou que oreferido valor seria a ele revertido caso não fosse sido recolhido à União.4. Na hipótese de condenação na esfera trabalhista prevendo o pagamento de valores integrantes do salário decontribuição, permanece a responsabilidade do empregado e do empregador pelos valores devidos à previdência social,segundo critérios e cotas definidos em lei, sendo deste último a responsabilidade pelo recolhimento das aludidascontribuições, podendo, para tanto, descontar do montante da execução a cota-parte devida pelo empregado (art. 276 doDecreto n º 3.048/99 que regulamentou a Lei nº 8.212/91).5. Nada impede, contudo, o empregador e o trabalhador se conciliem e estabeleçam algo diverso do que havia sidodeterminado pela lei ou pela sentença.6. Na hipótese em apreço, observa-se que o acordo a que se refere a petição inicial foi firmado entre a empresa e oSindicato representante da categoria à qual pertence a parte autora, tendo sido expressamente consignado que “Orecolhimento dos encargos incidentes (IRPF e INSS Empresa e Empregados), devidamente discriminados no ANEXO I,será de responsabilidade da RECLAMADA, bem como serão efetuados dentro dos prazos legais” (fl. 39). O anexo I, por suavez, delimita o valor líquido devido a cada empregado (fl. 42), circunstância que demonstra ter ficado avençado que,embora a responsabilidade do recolhimento da contribuição previdenciária fosse do empregador, os empregados nãoficariam isentos do recolhimento da parte que lhes competia.7. Logo, conquanto o desembolso financeiro tenha sido arcado pela reclamada, os empregados sofreram a incidência dacontribuição previdenciária, o que, a princípio, favoreceria a tese de repetição de indébito.8. Não obstante, observa-se que a União impugnou a alegação contida na petição inicial de que a parte autora já contribuíano limite máximo para a Previdência Social (fl. 28, último parágrafo), e, sendo assim, competia ao autor o ônus da prova dofato constitutivo de seu direito (art. 333, I, do CPC), o que não ocorreu.9. Sendo assim, embora por fundamento diverso, mantém-se a r. sentença e nega-se provimento ao recurso.10. Sem custas e condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a recorrente goza do benefício daassistência judiciária gratuita (fl. 54).A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

122 - 2008.50.50.007380-1/01 SYLVIO SOUZA ROCHA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃOFEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).Processo nº 2008.50.50.007380-1/01

Recorrentes : SYLVIO SOUZA ROCHARecorridos : UNIÃO FEDERAL

E M E N T ATRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO PORHOMOLOGAÇÃO – PRESCRIÇÃO – TERMO INICIAL – LC 118/2005 - NÃO OCORRÊNCIA – SENTENÇA REFORMADA -APLICAÇÃO DO ART. 515, PARÁGRAFO 3º, DO CPC – APRECIAÇÃO DO MÉRITO - RECURSO CONHECIDO EPARCIALMENTE PROVIDO.1. Trata-se de recurso interposto por SYLVIO SOUZA ROCHA em face da sentença que julgou extinto o feito semresolução do mérito, ante a pronúncia da prescrição.2. Em suas razões recursais, alega a parte autora ter havido equívoco de interpretação dos prazos prescricionais previstosna LC n. 118/2005 pelo juízo a quo, pois a presente demanda versa sobre a restituição do imposto de renda incidente sobreverbas rescisórias pagas em 1999. Afirma que, por ser o Imposto de Renda um tributo de lançamento por homologação, eeste sendo pago antes da vigência da Lei Complementar n. 118/2005 (09/06/2005), deve-se considerar como termo inicialdo prazo prescricional a homologação deste lançamento pelo Fisco. Aduz que, não sendo a homologação expressa, seráconsiderada tácita após transcorridos 5 anos do lançamento, abrindo-se, em seguida, prazo qüinqüenal para que ocontribuinte pela a restituição, sendo esta a tese dos “cinco mais cinco” prevista no art. 168, I, do CTN. Transcreve julgadosda 1ª Turma do Colendo STJ e pugna, ao final, pela reforma do julgado e deferimento do pedido inicial.3. A questão suscitada nos presentes autos diz respeito ao prazo prescricional para se pleitear a restituição de tributolançado por homologação (IR), indevidamente recolhido. Objetiva a autora, através da presente ação, a condenação da ré àdevolução, em dobro, dos valores retidos a título de imposto de renda sobre verbas oriundas de rescisão de contrato detrabalho, pagas ao autor no mês de maio de 1999 (fl. 12-vº).4. O juízo de origem manifestou entendimento no sentido de que a Lei Complementar nº 118/2005, na qualidade de lei deíndole material, não poderia retroagir para alcançar demandas já em curso anteriormente à sua vigência, mas que, naesteira do julgado proferido pelo C. STJ, aplicar-se-ia a fatos geradores pretéritos ainda não submetidos à apreciação dojudiciário, respeitando-se o término da “vacatio legis” de 120 (cento e vinte) dias previsto no art.4º da referida Lei

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Complementar.5. Ocorre que a questão em debate foi apreciada no julgamento do REsp representativo de controvérsia n.º 1.002.932/RJ,da relatoria do Min. Luiz Fux, sob o rito do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ n.º 08/2008 (DJe 18/12/2009), resumidona ementa de seguinte teor, cujos fundamentos se adotam como razões de decidir:“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC.TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO CONDUÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO PORHOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 4º, DA LC 118/2005.DETERMINAÇÃO DE APLICAÇÃO RETROATIVA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO.CORTE ESPECIAL. RESERVA DE PLENÁRIO.1. O princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC 118, de 9 de fevereiro de 2005, aos pagamentos indevidosrealizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao referido diploma legal, posto norma referente àextinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação correspectiva.2. O advento da LC 118/05 e suas conseqüências sobre a prescrição, do ponto de vista prático, implica dever a mesma sercontada da seguinte forma: relativamente aos pagamentos efetuados a partir da sua vigência (que ocorreu em 09.06.05), oprazo para a repetição do indébito é de cinco a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos anteriores, aprescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior, limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar davigência da lei nova.3. Isto porque a Corte Especial declarou a inconstitucionalidade da expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto noart. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional", constante do artigo 4º, segunda parte,da Lei Complementar 118/2005 (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 06.06.2007).4. Deveras, a norma inserta no artigo 3º, da lei complementar em tela, indubitavelmente, cria direito novo, não configurandolei meramente interpretativa, cuja retroação é permitida, consoante apregoa doutrina abalizada: (...)5. Consectariamente, em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05(09.06.2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos alançamento por homologação, continua observando a cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data davigência da novel lei complementar, sobejem, no máximo, cinco anos da contagem do lapso temporal (regra que secoaduna com o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002, segundo o qual: "Serão os da lei anterior os prazos,quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempoestabelecido na lei revogada." ).6. Desta sorte, ocorrido o pagamento antecipado do tributo após a vigência da aludida norma jurídica, o dies a quo do prazoprescricional para a repetição/compensação é a data do recolhimento indevido. (...)9. Recurso especial provido, nos termos da fundamentação expendida. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPCe da Resolução STJ 08/2008”. (DJe: 18/12/2009).6. Convém destacar que o imposto de renda possui fato gerador complexo, que não se perfaz numa única ocasião, mas nasoma de todas as operações geradoras de renda ocorridas no período do ano-base. Assim, o pagamento dos valores darescisão contratual da parte autora e toda renda obtida ao longo do ano-base 1999 devem ser considerados em conjuntocomo um único fato gerador, aperfeiçoado no último dia do ano-base 1999. Assim, o prazo de prescrição para a repetiçãodos valores retidos na fonte ao longo do ano-base 1999 é contado a partir de 31/12/1999.7. Feitos tais esclarecimentos, observa-se que, no caso concreto, onde houve a retenção na fonte do imposto de rendaincidente sobre as verbas da rescisão contratual, pagas ao autor no mês de maio de 1999 (fl. 12-vº).8. Na data da vigência da LC 118/2005, em 09/06/2005, já haviam transcorridos cinco anos e seis meses, ou seja,sobejavam menos de cinco anos da contagem do lapso temporal, aplicando-se, portanto, o antigo prazo decenal. E,considerando que a presente ação foi ajuizada em 28/11/2008, não há prescrição a ser declarada, razão pela qual deve serreformada a r. sentença de origem.9. Tratando-se de questão de direito e encontrando-se a causa madura para a apreciação do mérito, passa-se à suaanálise.10. O Superior Tribunal de Justiça já pacificou o entendimento de que as indenizações recebidas a título de férias nãogozadas, férias proporcionais e respectivos terços constitucionais, indenizadas por ocasião da rescisão do contrato detrabalho, estão ao abrigo da incidência do imposto de renda, seguindo a orientação de que tais verbas não constituemacréscimos patrimoniais subsumidos na hipótese do art. 43 do CTN (EREsp 957098/RN, Ministra Eliane Calmon, 1ª Seção,DJe 20/10/2008).11. O Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho de fl. 12 registra o pagamento de “férias vencidas 98/99”, no valor de R$5.797,82 (item n. 39); “férias proporc. 5/12 avos”, no valor de R$ 2.415,76 (item n. 42); “1/3 salário s/ férias”, no valor de R$805,25 (item 45); e “gratificação de férias”, no valor de R$ 4.058,47 (item 34), sendo indevida, nos termos da jurisprudênciasupra, a incidência do imposto de renda sobre os três primeiros itens.12. Se a recorrente não tivesse sofrido a retenção do imposto na fonte, é certo que esse valor não teria sido deduzido naapuração no imposto devido por ocasião da declaração de ajuste anual. Por outro lado, presume-se, à míngua de prova emcontrário, que o valor sobre a qual incidiu a retenção do imposto na fonte tenha sido, na declaração de ajuste anual, lançadona base de cálculo do tributo, aumentando o valor do imposto devido. Por isso, o valor já restituído administrativamente, nostermos da declaração de ajuste anual, não influi no valor do crédito agora reconhecido judicialmente.13. Sobre o valor do crédito da recorrente aplica-se a taxa SELIC, que cumpre cumulativamente a função de correçãomonetária e de juros de mora. A retenção na fonte ocorreu na competência maio/1999. Conforme art. 39, § 4º, da Lei nº9.250/95, a taxa SELIC, porém, somente se aplica a partir de 1º de janeiro de 2000.14. Recurso conhecido e parcialmente provido.15. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado

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Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

123 - 2007.50.01.015066-5/01 FABIOLA FORZZA (ADVOGADO: PAULO CESAR CAETANO, Ramon Ferreira de Almeida,LEONARDO CARVALHO DA SILVA.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).Processo nº 2007.50.01.015066-5/01

Recorrentes : FABIOLA FORZZARecorridos : UNIÃO FEDERAL

E M E N T ATRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÃO PARA O FUNRURAL – EMPREGADOR RURAL – COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOSRURAIS – ARTIGO 25, I E II, DA LEI N. 8.212/91 – INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR -INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO PLENÁRIO DO EXCELSO STF – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.1. Trata-se de recursos interpostos por FABIOLA FORZZA em face da r. sentença que julgou improcedente o pedido inicial.2. Em suas razões recursais, pugna a recorrente pela reforma da r. sentença a fim de que seja declarada a inexistência derelação jurídico-tributária entre ela e a União no que tange à contribuição ao FUNRURAL, prevista no art. 25, I e II da Lei n.8.212/91, em razão de sua flagrante inconstitucionalidade, bem como seja deferido o direito de compensar os créditosadvindos do recolhimento indevido da aludida exação dos últimos cinco anos ou a respectiva devolução. Aduz que somentepor lei complementar é que poderia ter sido instituída tal contribuição; que existe dupla incidência de contribuições sociaissobre a mesma fonte de custeio para a seguridade social (COFINS e FUNRURAL) e que, em decisão recente, o SupremoTribunal Federal, por unanimidade, declarou a inconstitucionalidade da contribuição em tela.3. O C. STJ possui entendimento assente no sentido de que a contribuição ao FUNRURAL sobre o valor dacomercialização dos produtos rurais foi devida até o advento da Lei n. 8.213/91, que passou a viger em novembro de 1991,entendendo, porém, que no caso de pessoa física empregadora rural, tal contribuição voltou a ser devida a partir de23.3.1993, por ocasião da Lei n. 8.540/92. Precedentes: AgRg no REsp 1.119.692/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves,Primeira Turma, DJe de 25.11.2009; AgRg nos EDcl no REsp 846.026/MT, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe de16.4.2009; REsp 730.894/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJe de 26.5.2008; REsp 871.852/RJ, Rel. Min.Luiz Fux, Primeira Turma, DJe de 12.5.2008.4. Não obstante, o Tribunal Pleno do Excelso SFT, em julgamento ocorrido em 03/02/2010 e publicado em 23/04/2010,decidiu, por unanimidade, conhecer e dar provimento ao Recurso Extraordinário RE 363852/MG para desobrigar osrecorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por sub-rogação sobre a “receitabruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos paraabate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V eVII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislaçãonova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição.5. O relator do referido acórdão, Ministro Marco Aurélio, assim se manifestou:“(...) Então, o produtor rural, pessoa natural, fica compelido a satisfazer, de um lado, a contribuição sobre a folha de saláriose, de outro, a COFINS, não havendo lugar para ter-se novo ônus, relativamente ao financiamento da seguridade social, issoa partir de valor alusivo à venda de bovinos. Cumpre ter presente, até mesmo, a regra do inciso II do artigo 150 daConstituição Federal, no que veda instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situaçãoequivalente. De acordo com o artigo 195, §8º, do Diploma Maior, se o produtor não possui empregados, fica compelido,inexistente a base de incidência da contribuição – a folha de salários – a recolher percentual sobre o resultado dacomercialização da produção. Se, ao contrário, conta com empregados, estará obrigado não só ao recolhimento sobre afolha de salários, como também, levando em conta o faturamento, da Contribuição Social para Financiamento daSeguridade Social – COFINS e da prevista – tomada a mesma base de incidência, o valor comercializado – no artigo 25 daLei n. 8.212/91. Assim, não fosse suficiente a duplicidade, considerado o faturamento, tem-se, ainda, a quebra da isonomia.(...) Assentou o Plenário que o §2º do artigo 25 da Lei n. 8.870/94 fulminado ensejara fonte de custeio sem observância do§4º do artigo 195 da Constituição Federal, ou seja, sem a vinda à baila de lei complementar. O enfoque serve, sob o ânguloda exigência desta última, no tocante à disposição do artigo 25 da Lei n. 8.212/91. É que, mediante lei ordinária, versou-se aincidência da contribuição sobre a proveniente da comercialização pelo empregador rural, pessoa natural. Ora, comosalientado no artigo de Hugo de Brito Machado e Hugo de Brito Machado Segundo, houvesse confusão, houvessesinonímia entre o faturamento e o resultado da comercialização da produção, não haveria razão para a norma do §8º doartigo 195 da Constituição Federal relativa ao produtor que não conta com empregados e exerça atividades em regime deeconomia familiar. Já estava ele alcançado pela previsão imediatamente anterior – do inciso I do artigo 195 da Constituição.Também sob esse prisma, procede a irresignação, entendendo-se que comercialização da produção é algo diverso dofaturamento e este não se confunde com receita, tanto assim que a Emenda Constitucional nº 20/98 inseriu, ao lado dovocábulo “faturamento, no inciso I do artigo 195, o vocábulo “receita”. Então, não há como deixar de assentar que a novafonte deveria estar estabelecida em lei complementar. O mesmo enfoque serve a rechaçar a óptica daqueles quevislumbram, no artigo 25, incisos I e II, da Lei nº 8.212/91, a majoração da alíquota alusiva à citada contribuição que estáprevista na Lei Complementar nº 70/91. Ante esses aspectos, conheço e provejo o recurso interposto para desobrigar osrecorrentes da retenção e do recolhimento da contribuição social ou do seu recolhimento por sub-rogação sobra a “receitabruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos paraabate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e

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VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislaçãonova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a contribuição, tudo na forma do pedido inicial,invertidos os ônus da sucumbência”.6. Diante da manifestação da mais alta Corte do país sobre a questão ora debatida, decide esta Egrégia Turma RecursalCONHECER E DAR PROVIMENTO ao recurso para julgar procedente o pleito autoral, declarando a inexistência de relaçãojurídico-tributária entre a autora e a União no que tange à contribuição ao FUNRURAL, prevista no art. 25, I e II da Lei n.8.212/91 e para reconhecer o direito da autora em compensar os créditos advindos do recolhimento indevido da aludidaexação dos últimos cinco anos.7. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO,na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

124 - 2009.50.01.004009-1/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x ROBSON LUIZRIBEIRO (ADVOGADO: VITOR SEABRA SEIXAS PINTO, MARCELO MARTINS ALTOÉ.).Processo nº 2009.50.01.004009-1/01

Recorrente : UNIÃO FEDERALRecorridos : ROBSON LUIZ RIBEIRO

E M E N T ACONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO – IMPOSTO DE RENDA – INDENIZAÇÃO POR DESAPROPRIAÇÃO – VERBAINDENIZATÓRIA – NÃO INCIDÊNCIA – PRECEDENTES DO STJ - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.1. Trata-se de recurso interposto pela UNIÃO FEDERAL em face da r. sentença que julgou procedente o pedido inicial.2. Segundo o juízo de origem, se a indenização pela desapropriação por interesse público deve ser justa, nos termos doinciso XXIV do art. 5º da CR/88, não haverá acréscimo patrimonial, pois pensar diverso seria afirmar que a indenização foialém do real valor do imóvel desapropriado. Como tal tese não foi defendida em sede de contestação, considerou que aUnião reconheceu implicitamente como justa a indenização paga, não se podendo falar em acréscimo patrimonial e,tampouco, capacidade contributiva em face da qual devesse incidir o imposto de renda.3. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente, em síntese, que o ganho de capital auferido em razão dadesapropriação de imóvel urbano deve ser computado na base de cálculo do imposto de renda, já que se trata de típicaaquisição de renda, embora não tributada gradualmente e cobrada ano a ano do proprietário contribuinte, o que não impedeque o seja por ocasião da alienação.4. Rejeita-se a preliminar de não conhecimento do recurso suscitada em contrarrazões, submetendo-se o feito à apreciaçãodo colegiado, vez que o artigo 557 do CPC cuida de faculdade oferecida ao magistrado, não o vinculando. Nesse sentido,Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery�, in Código de Processo Civil Comentado afirmam que “(...) Nadaobstante o teor imperativo da norma (‘negará seguimento’), o relator não fica obrigado a indeferir o recurso que foiinterposto contrariando a súmula do próprio tribunal ou de tribunal superior. Trata-se de faculdade que a lei confere aorelator.” (Código de Processo Civil Comentado,São Paulo Editora: Revista dos Tribunais, 9 Ed. Revista e ampliada, p.815/816).5. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido da não-incidência da exação sobre as verbasauferidas a título de indenização advinda de desapropriação, seja por necessidade ou utilidade pública ou por interessesocial, porquanto não representam acréscimo patrimonial. (Precedentes: AgRg no Ag 934.006/SP, Rel. Ministro CARLOSFERNANDO MATHIAS, DJ 06.03.2008; REsp 799.434/CE, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, DJ 31.05.2007; REsp673273/AL, Rel. Ministro LUIZ FUX, DJ 02.05.2005; REsp 156.772/RJ, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ 04/05/98; REsp118.534/RS, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ 19/12/1997).6. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicávelsubsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.7. Custas na forma da lei. Condenação da parte recorrente ao pagamento dos honorários advocatícios, que fixo em 10% dovalor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

125 - 2006.50.50.006935-7/01 JAIME ALMEIDA DE ARAUJO (ADVOGADO: NICOLE PORCARO BRASIL, ALEXANDREMELO BRASIL.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.).Processo nº. 2006.50.50.006935-7/01

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Recorrente : JAIME ALMEID DE ARAÚJORecorrida : UNIÃO

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - TRIBUTÁRIO – ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA – MOLÉSTIA GRAVE – INAPLICÁVEL ALEI N. 7.713/88 À HIPÓTESE – FATO GERADOR NÃO GARANTE A INCIDÊNCIA DO BENEFÍCIO PLEITEADO -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial desta ação, na qual o autor pugna pela restituição do imposto de renda descontado de verbarecebida em ação trabalhista, sob a alegação de é portador de doença grave. Em suas razões recursais, o recorrentereitera as alegações iniciais de que faz jus à isenção do imposto de renda com fulcro no art. 6º da Lei n. 7.713/88, postoque, desde 2003, sofre de moléstia grave que o torna legitimado a usufruir o benefício em questão. Em sede decontrarrazões, a parte recorrida sustenta a tese de que as verbas recebidas pela parte recorrente não se enquadram nodisposto no art. 6º, XIV, da Lei n. 7.713/88, frisando que, não obstante, a doença acometida pela parte recorrente seencontra controlada, afastando-se assim o predicativo de “grave”.

Deveras, a Lei n. 7.713/88 instituiu a isenção, ao portador de doença grave, do imposto de renda retido na fonte sobre asparcelas recebidas a título de aposentadoria. O parágrafo 6º do art. 150 da Constituição da República prevê que qualquersubsídio ou isenção, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica. O art.111 do CTN, por sua vez, dispõe que, em se tratando de isenção, a legislação tributária deve ser interpretada de formaliteral. A isenção do imposto de renda de que cuida o art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88 somente se aplica a proventos deaposentadoria ou reforma.

No caso, os valores percebidos pela parte autora são decorrentes de reclamatória trabalhista, estando, por essa razão,sujeitos à tributação, nos termos do art. 43, I, do CTN.

Sobre o tema, vale colacionar o julgado: “IMPOSTO DE RENDA. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. NEOPLASIAMALIGNA. ISENÇÃO. LEI Nº 7.713/1988. VERBAS TRABALHISTAS. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. CTN, ART. 111. Alei assegura a isenção do imposto de renda sobre os proventos de aposentadoria de quem for acometido de neoplasiamaligna, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria (Lei nº 7.713, de 1998, art. 6º, XIV, comredação dada pela Lei nº 8.541, de 1992). Os valores percebidos pelo autor em razão de reclamatória trabalhista não estãoabarcados pela referida isenção, porquanto não têm relação com os proventos de aposentadoria percebidos pelo autor,bem como não são relativos a atrasados ou diferenças de aposentadoria. No caso, trata-se de verba proveniente da relaçãode trabalho, anterior à aposentadoria do autor. Por esse motivo, sobre tais valores incide o imposto de renda, nada havendoa ser restituído. Em matéria tributária, as isenções são conferidas por lei, não se admitindo interpretações ampliativas daregra, como determina o artigo 111 do Código Tributário Nacional” (TRF, 4ª REGIÃO, 1ª TURMA, AC 200470000034984,DJ 04.12.2006).

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, em atenção ao pedido de assistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, naforma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

126 - 2008.50.50.005672-4/01 MUNICÍPIO DE CARIACICA (ADVOGADO: LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO.) x UNIÃOFEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MARLUCE SCARPINO DE OLIVEIRA (DEF.PUB: ALINEFELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).Processo nº 2008.50.50.005672-4/01

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Recorrentes : UNIÃO FEDERAL e MUNICÍPIO DE CARIACICARecorrido : MARLUCE SCARPINO DE OLIVEIRA

E M E N T ACONSTITUCIONAL – DIREITO À SAÚDE – CONCESSÃO DE MEDICAMENTO – LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO,DOS ESTADOS E DOS MUNICÍPIOS – RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.1. Trata-se de recursos interpostos pela UNIÃO FEDERAL e pelo MUNICÍPIO DE CARIACICA em face da r. sentença quejulgou procedente o pedido inicial para condenar os réus a fornecerem à parte autora 01 (uma) cama hospitalar de trêsmanivelas.2. Segundo o juízo de origem, a parte autora é portadora de doença degenerativa do sistema neurológico (doença deHuntington), encontra-se acamada, traqueostomisada, com sonda gástrica, apresenta movimentos involuntários contínuos eencontra-se totalmente dependente de seus familiares (laudo médico às fls. 21/22, 24 e 72), necessitando fazer uso doequipamento pleiteado na inicial (cama de três manivelas), que, segundo o Diretor Superintendente do HUCAM/UFES, Prof.Emílio Mameri Neto (fl. 81) permite, além da elevação da cabeceira e dos membros inferiores, também a regulação daaltura da cama em relação ao piso, facilitando a mobilização do paciente no leito para a prestação de cuidados e para aretirada do paciente da cama para a cadeira ou maca, entre outros, mobilização que se apresenta necessária para amanutenção da saúde do paciente.3. Alegam os recorrentes, em síntese, serem partes ilegítimas para figurar no pólo passivo da demanda, vez que não seencontra dentre suas atribuições o fornecimento do equipamento pretendido pela parte autora. Aduz o Município, ainda, aincompetência do Juizado Especial Federal para apreciar e julgar o pedido deduzido em face do Município de Cariacica, emrazão do disposto no art. 6º da Lei n. 10.259/01.4. Rejeita-se a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pelos recorrentes. O funcionamento do Sistema Único deSaúde – SUS é de responsabilidade solidária da União, Estados-membros e Municípios, de modo que qualquer dessasentidades tem legitimidade ad causam para figurar no pólo passivo de demanda que objetiva a garantia do acesso àmedicação para pessoas desprovidas de recursos financeiros. Precedentes do STJ. O fato de a União ser gestora efinanciadora do Sistema Único de Saúde não exime a sua contribuição na prestação de serviços de saúde, tendo em vistatratar-se de responsabilidade solidária do Estado. Da mesma forma, inexiste violação do princípio da legalidade esculpidono art. 37 da CF/88, uma vez que a própria carta constitucional em seu art. 196 acolhe a pretensão autoral. Por seu turno,em casos como o dos presentes autos, em que a efetivação da tutela concedida está relacionada à preservação da saúdedo indivíduo, a ponderação das normas constitucionais deve privilegiar a proteção do bem maior que é a vida.5. Rejeita-se, igualmente, a incompetência do Juizado Especial Federal para julgamento da ação, pois embora os estados eos municípios não estejam expressamente incluídos no art. 6º, II da Lei nº. 10.259/01 como partes passivas nos Juizados, asolidariedade na prestação de serviços de saúde, consolidada pela presença da União na lide, caracteriza a existência delitisconsórcio necessário. De acordo com a jurisprudência dominante no STJ, há obrigação legal do ESTADO, quesubentende como União, Estados Federados, Distrito Federal e Município, em arcar com os tratamentos médicosnecessários a garantir a vida da pessoa humana.6. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicávelsubsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.7. Recursos conhecidos e improvidos.8. Custas na forma da lei. Condenação dos recorrentes ao pagamento dos honorários advocatícios, pró-rata, que fixo em10% do valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOSINOMINADOS, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

127 - 2008.50.50.008322-3/01 LUCIANA MESSIAS ROSA (DEF.PUB: LUIZ HENRIQUE MIGUEL PAVAN, Karina RochaMitleg Bayerl.) x MUNICÍPIO DE CARIACICA (ADVOGADO: LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO.) x UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANDREA M. SANTOS SANTANA.).Processo nº 2008.50.50.008322-3/01

Recorrente : LUCIANA MESSIAS ROSARecorridos : UNIÃO FEDERAL, ESTADO DO ESPÍRITO SANTO e MUNICÍPIO DE CARIACICA

E M E N T ACONSTITUCIONAL – DIREITO À SAÚDE – CONCESSÃO DE MEDICAMENTO – RESSARCIMENTO DE DANOMATERIAL - ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDAPOR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.1. Trata-se de recurso interposto por LUCIANA MESSIAS ROSA em face da r. sentença declarou a ilegitimidade ativa adcausam e julgou extinto o feito sem resolução do mérito.2. Segundo o juízo de origem, o titular do direito postulado na inicial é a sogra da autora, única titular do direito aosmedicamentos obtidos por meio de antecipação de tutela no bojo da ação judicial de nº 2007.50.50.002872-4. Assim,

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eventuais danos materiais e morais decorrentes do descumprimento da aludida medida antecipatória atingirão diretamenteaquela última, e não a autora, consignando o juízo, por fim, não se tratar de nenhuma das hipóteses de legitimaçãoextraordinária previstas em lei.3. Em suas razões recursais, alega a recorrente, em síntese, que é titular da relação jurídica de direito material posta àapreciação, advinda da lesão a seus direitos da personalidade, em virtude do não cumprimento de decisão judicial, tendo amesma que utilizar de sua parca poupança para efetuar a compra de medicamentos em favor de sua sogra. Afirma que odireito ou não ao ressarcimento das quantias despendidas a título de medicamentos, ou o nexo de causalidade entre o atoilícito e o dano, envolve o mérito da demanda, e não a legitimidade ativa, razão pela qual pugna pela reforma da sentença epelo regular procedimento do feito.4. O cerne da questão consiste em se aferir a ilegitimidade ativa ad causam da parte autora, ora recorrente.5. Nos termos do art. 6º do Código de Processo Civil, a ninguém é dada a prerrogativa de pleitear em nome próprio direitode terceiro. Essa é justamente a hipótese dos autos, pois a recorrente não logrou êxito em comprovar que possui algum elojurídico com os demandados, não podendo exigir dos recorridos uma indenização por um dano que não lhes é pertinente.6. Convém destacar a observação do juízo de origem, no sentido de que a própria autora informa na inicial que a compra damedicação necessária ao tratamento de sua sogra se deu por ato voluntário de sua parte, o que não justifica a ação deregresso contra o Estado, pois o pagamento de algo sem a efetiva demonstração da ocorrência de erro ou coaçãorepresenta mera liberalidade, não se justificando a repetição.7. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicávelsubsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.8. Sem custas e condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a recorrente goza do benefício da assistênciajudiciária gratuita (fl. 195).A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSOINOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

128 - 2008.50.50.007290-0/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x ESTADO DO ESPIRITOSANTO (ADVOGADO: EVA PIRES DUTRA.) x DALILA VALIATE SCANDIAN (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.).Processo nº 2008.50.50.007290-0/01

Recorrentes : UNIÃO FEDERAL e ESTADO DO ESPÍRITO SANTORecorrido : DALILA VALIATE SCANDIAN

E M E N T ACONSTITUCIONAL – DIREITO À SAÚDE – CONCESSÃO DE MEDICAMENTO – LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO –PROVA TÉCNICA PARA COMPROVAR A POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DO MEDICAMENTO PLEITEADO POROUTRO SIMILAR – DESNECESSIDADE – LAUDO MÉDICO ATESTANDO A IMPRESCINDIBILIDADE DOMEDICAMENTO – INEXISTÊNCIA DE CERCEIO DE DEFESA – RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.1. Trata-se de recursos interpostos pela UNIÃO FEDERAL e pelo ESTADO DO ESPÍRITO SANTO em face da r. sentençaque julgou procedente o pedido inicial para condenar solidariamente os réus a fornecer mensalmente, à parte autora, omedicamento denominado insulina lantus, mediante receita médica atualizada periodicamente.2. Alegam os recorrentes, em síntese, que seria imprescindível a realização de prova técnica para se aferir a possibilidadede substituição da insulina pleiteada por outras insulinas tradicionais, razão pela qual pugnam pela nulidade da r. sentença,por cerceio de defesa, ou, sucessivamente, pela sua reforma, julgando-se improcedente o pleito inicial.3. Rejeita-se a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pela União. O funcionamento do Sistema Único de Saúde –SUS é de responsabilidade solidária da União, Estados-membros e Municípios, de modo que qualquer dessas entidadestem legitimidade ad causam para figurar no pólo passivo de demanda que objetiva a garantia do acesso à medicação parapessoas desprovidas de recursos financeiros. Precedentes do STJ.4. Também merece ser rejeitada a preliminar de nulidade da sentença por cerceio de defesa. O direito de produzir provasnão é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, não se caracteriza como cerceamento de defesa,principalmente quando se mostra desnecessária à elucidação do caso concreto, como será demonstrado adiante.5. A Constituição Federal consagra a saúde como um direito fundamental ao prevê-la, em seu artigo 6º, como um direitosocial. O artigo 196 da Carta, por sua vez, estabelece ser a saúde um direito de todos e dever do Estado, garantidomediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acessouniversal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.6. Dentre os serviços e benefícios prestados no âmbito da Saúde encontra-se a assistência farmacêutica. O artigo 6º, incisoI, alínea "d", da Lei nº 8.080/90, expressamente inclui no campo de atuação do Sistema Único de Saúde a execução deações de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica. Logo, a Política Nacional de Medicamentos e AssistênciaFarmacêutica é parte integrante da Política Nacional de Saúde, sendo obrigação do Estado, no sentido genérico (União,Estados e Municípios) assegurar às pessoas desprovidas de recursos financeiros o acesso à medicação necessária,sobretudo no caso de doença grave.7. No caso em exame, a parte autora demonstrou ser portadora de Diabetes tipo 2, necessitando fazer uso de INSULINALANTUS. O laudo médico de fl. 18 comprova que a paciente, com 73 anos de idade, passou a fazer uso de insulina lantus

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18 UI por dia após resposta clínica insatisfatória a medicamentos orais e insulina NPH, com episódios frequentes dehipoglicemia e perda de consciência, sendo necessário o uso de insulina lantus para o controle de sua doença crônica.8. A alegação de que inexiste comprovação acerca da ineficácia/inadequação dos outros medicamentos indicados aotratamento da mesma enfermidade da parte autora e despendidos regularmente pelo SUS, não merece prosperar.9. Afinal, a prescrição dos medicamentos - cujo fornecimento foi indeferido pela Secretaria Estadual de Saúde – nãoconstituiu mera opção por parte do médico que acompanha a parte autora, mas efetiva tentativa, clinicamentefundamentada, de alcançar melhores resultados no tratamento ministrado, haja vista tratar-se de paciente com 73 anos deidade e que apresenta quadro clínico comprometido em virtude de moléstia da qual é portadora.10. Logo, o minucioso relatório médico (fl. 18), mencionando a imprescindibilidade de utilização do medicamento pleiteado,é prova suficiente para a instrução da presente ação, não sendo razoável a dilação probatória para a constatação domedicamento mais adequado ou mais/menos eficaz ao tratamento.11. Comprovada a imprescindibilidade do medicamento, pleiteado por pessoa necessitada, este deve ser fornecido deforma irrestrita, implicando a negativa do Poder Público em ofensa ao direito à saúde, garantido pela Lei Maior.12. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicávelsubsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.13. Recursos conhecidos e improvidos.14. Custas na forma da lei. Condenação dos recorrentes ao pagamento dos honorários advocatícios, pró-rata, que fixo em10% do valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOSINOMINADOS, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Fernando Cesar Baptista de MattosJuiz Federal Relator

Acolher os embargosTotal 2 : Dar parcial provimentoTotal 13 : Dar provimentoTotal 23 : Extinguir o processo com resolução de méritoTotal 2 : Não conhecer o recursoTotal 2 : Negar provimentoTotal 81 : Rejeitar os embargosTotal 4 :