indicadores de prevenÇÃo dos riscos biolÓgicos: … · diário de campo e ficha de profilaxia...
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MARIA TEREZA SANCHES FIGUEIREDO
INDICADORES DE PREVENO DOS RISCOS BIOLGICOS: abordagem da educao para promover a sade
ocupacional estudo no Hospital Universitrio
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR FORTALEZA-CEAR
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR FACULDADE DE EDUCAO
CURSO DE DOUTORADO EM EDUCAO
Maria Tereza Sanches Figueiredo
INDICADORES DE PREVENO DOS RISCOS BIOLGICOS: abordagem da educao para promover a sade
ocupacional estudo no Hospital Universitrio
Tese apresentada Universidade Federal do Cear - Faculdade de Educao (Curso de Doutorado) - como requisito parcial para obteno do ttulo de doutora em Educao Brasileira.
Orientador: Prof. Dr. Raimundo Benedito do Nascimento
FORTALEZA 2006
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Dados Internacionais de Catalogao-na-Publicao (CIP)
Figueiredo, Maria Tereza Sanches. Indicadores de preveno dos riscos biolgicos: abordagem da educao para promover a sade ocupacional estudo no Hospital Universitrio / Maria Tereza Sanches Figueiredo; orientador, Raimundo Benedito do Nascimento. 2006
Tese (Doutorado em Educao Brasileira) - Universidade Federal do Cear, Fortaleza, 2006.
1. Sade Ocupacional Programas Educativos. 2. Riscos Biolgicos. 3. Indicadores. 4. Promoo da Sade. I. Ttulo.
CDD - 21. ed. 658.382
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR FACULDADE DE EDUCAO
CURSO DE DOUTORADO EM EDUCAO
Maria Tereza Sanches Figueiredo
INDICADORES DE PREVENO DOS RISCOS BIOLGICOS Abordagem da educao para promover a sade ocupacional estudo no
Hospital Universitrio
Tese apresentada Universidade Federal do Cear - Faculdade de Educao, (Curso de Doutorado) - como requisito parcial para obteno do ttulo de doutora em Educao Brasileira.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________ Prof. Dr. Raimundo Benedito do Nascimento
Orientador
___________________________________________ Prof. Dr. Brendan Coleman McDonald
___________________________________________ Prof. Dr. Vera Lgia Montenegro de Albuquerque
___________________________________________ Prof. Dr. Paulo Srgio de Almeida Corra
___________________________________________ Prof. Dr. Irna Carla do Rosrio Souza Carneiro
Julgado em: 10/ 08/ 2006
FORTALEZA 2006
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FAMLIA SANCHES FIGUEIREDO, pela dimenso de sentimentos envolvidos como marco especial da trajetria da vida, rendo minha admirao em homenagem s suas virtudes e aes, bem como a minha gratido por ter-me animado a estudar as cincias cada vez mais.
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GRATIDO
A Deus, perante o qual me curvei nos momentos mais
oportunos da vida, na busca de amparo na f e encorajamento
para vencer e terminar o estudo.
Ao meu orientador, professores, colegas e amigos, pelo
convvio e experincias de vida.
Ao Hospital Universitrio Joo de Barros Barreto e ao
Hospital de Clnicas Gaspar Vianna, juntamente com seus
profissionais, em especial a CCIH.
Aos meus irmos, Marta, Nato, Jane, Marcelina, Pedrinho,
Jos, Cristina, Mnica e Ismael que compreenderam a
essncia da espiritualidade, segundo ensinamentos de nossos
pais e, assim, foram solidrios para eu prosseguir os estudos.
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Quando ns, como indivduos, obedecemos s leis que
nos levam a trabalhar, pelo bem da comunidade como
um todo, estamos ajudando indiretamente a busca pela
felicidade de cada um de nossos irmos seres humanos.
Aristteles
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RESUMO
Os riscos biolgicos caracterizam-se pela dimenso social no contexto do hospital, inter-
relacionado aos fatores determinantes, que predispem profissionais e comunidade hospitalar,
potencializam intervenes como substrato de conhecimentos tcnicos, educativos, legais e
polticos para a promoo da sade no local de trabalho. O menosprezo em relao aos riscos
origina deficincia no controle das aes; impossibilita a utilizao de indicadores para
avaliao e efetivao do programa como parte da poltica pblica. O objetivo analisar as
aes de preveno cujas prticas educativas visam promoo da sade a partir de
indicadores que subsidiaro a composio de um modelo de avaliao. Trata-se de estudo de
caso, descritivo, ecolgico, observacional e transversal, com abordagem quali-quantitativa. Os
instrumentos de pesquisa utilizados foram questionrios com perguntas abertas e fechadas,
dirio de campo e ficha de profilaxia ps-exposio ocupacional da Comisso de Controle de
Infeco Hospitalar (CCIH). Os dados coletados foram estratificados em profissionais de
sade (Ps), expostos direta ou indiretamente aos riscos biolgicos, e intencional, aos gerentes,
tcnicos da CCIH, Servio Especializado de Segurana e Medicina do Trabalho. O tempo de
pesquisa foi de vinte e quatro meses, no Hospital Universitrio Joo de Barros Barreto, em
Belm-Par-Brasil. Na anlise, os dados subjetivos foram categorizados e os objetivos
codificados pelo programa Statistical Analysis Software Predictive-SPSS verso 11.1. A
elaborao dos indicadores sobre preveno dos riscos biolgicos ocupacionais tem por base
o sistema de indicadores sociais e a classificao segundo a lgica matemtica. O
conhecimento dos riscos restrito pelos Ps, tcnicos e gerentes, e alguns desconhecem,
embora aes de preveno isoladas existam. Constatou-se que a concepo dos riscos
biolgicos limita-se funo e atividades desenvolvidas, e os indicadores funcionam em
forma de registro administrativo ou estatstica pblica, bem como no h avaliao das aes
para tomada de deciso, valorizando-se como indicador plano de organizao setorial, poltica
de formao, recursos administrativos e intersetoralidade, indicadores essenciais para
avaliao das aes do programa voltado para os riscos biolgicos, constituindo-se como
poltica pblica para promover a sade ocupacional.
Palavras-chave: Riscos Biolgicos Ocupacionais. Aes de Preveno. Poltica Pblica.
Educao Permanente. Indicadores Avaliativos. Promoo da Sade.
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ABSTRACT
The biological risks are characterized by social dimension in the context of the hospital,
interrelated to decisive factors, that predisposes professionals and hospitalar community, they
potentiate interventions as substratum of technical, educational, legal and political knowledge
for health promotion in the workplace. The contempt in relation to the risks originates
deficiency in actions control; it disables indicators use for evaluation and accomplishment of
the program as part of public politics. The objective is to analyze the prevention actions which
educational practices seek health promotion starting from indicators that will subsidize the
composition of an evaluation model. It deals with a study of case, descriptive, ecological,
observable and traverse, with quali-quantitative approach. The research instruments used were
questionnaires with open and closed questions, field diary and record of prophylaxis
occupational powder-exhibition of Infection Hospitalar's Audit board (CCIH). The collected
data were stratified in health professionals (Ps), exposed direct or indirectly to biological
risks, and intentional, to the managers, technicians of CCIH, Specialized Service of Safety
and Occupational Medicine. The time of research was twenty-four months, in the Academical
Hospital Joo de Barros Barreto, in Belm-Par-Brazil. In the analysis, the subjective dates
were classified and the objectives codified by Statistical Analysis Software Predictive-SPSS
version 11.1 program. The indicators elaboration about prevention of occupational biological
risks has for base the system of social indicators and the classification according to
mathematical logic. The knowledge of the risks is restricted for Ps, technicians and managers,
and some ignore, although isolated prevention actions exist. It was verified that the
conception of biological risks is limited to the function and developed activities, and the
indicators work in form of administrative registration or public statistics, as well as there is no
evaluation of actions for decision socket, being valued as plan an indicator of sectorial
organization, formation politics, administrative appeals and intersectorial, essential indicators
for evaluation of program actions turned to biological risks, being constituted as public
politics to promote the occupational health.
Key-word: Occupational Biological Risks. Prevention Actions. Public Politics. Permanent
Education. Valuer Indicators. Health Promotion.
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RESUMEN
Los riesgos biolgicos caracterzanse por la dimensin social en el contexto del Hospital,
interralcionado a los factores determinantes, los que predisponen profesionales y comunidad
hospitalar, potencializan intervenciones como substrato de conocimientos tcnicos,
educativos, legales y polticos hacia la promocin de la sanidad en el sitio de trabajo. El
desprecio en relacin a los riesgos origina deficiencia en el control de las acciones;
imposibilita la utilizacin de indicadores para evaluacin y efectivacin del programa como
parte de la poltica pblica. El objetivo es analizar las acciones de prevencin cuyas prcticas
educativas visan la promocin de la sanidad a partir de indicadores que subvencionarn la
composicin de un modelo de evaluacin. Trtase de estudio de caso, descritivo, ecolgico,
observacional y transversal, con el abordaje cuali-cuantitativo. Los instrumentos de encuesta
utilizados, fueron cuestionarios con preguntas abiertas y cerradas, diario de campo y papeleta
de profilaxa pos-exposicin ocupacional de la Comisin de Control de Infeccin Hospitalar
(CCIH). Los datos cotizados fueron extracticados en profesionales de sanidad (Ps), expuestos
directa o indirectamente a los riesgos biolgicos, e intencional, a los gerentes, tcnicos de la
CCIH, Servicio Especializado de Seguridad y Medicina del Trabajo. El tiempo de encuesta
fue de veinticuatro meses, en el Hospital Universitrio Joo de Barros Barreto, en Beln-
Par-Brasil en el anlisis, los datos subjetivos fueron categorizados, y los subjetivos,
codificados, por el programa Statistical Analysis Software Predictive SPSS verso 11.1.
La elaboracin de los indicadores sobre la prevencin de los riesgos biolgicos ocupacionales
tiene por base, el sistema de indicadores sociales y la clasificacin segundo la lgica
matemtica. El conocimiento de los riesgos es restricto por los Ps, tcnicos y gerentes, y
algunos desconocen, aunque acciones preventivas aisladas existan. Se ha constatado que la
concepcin de riesgos biolgicos se limita a la funcin y actividades desarrolladas, y los
indicadores funcionan en forma de registro administrativo o estadstica pblica, tal que no hay
evaluacin de las acciones para la toma de decisin, recursos administrativos e
intesectoralidad, indicadores esenciales hacia la evaluacin de las acciones del programa
vuelto hacia los riesgos biolgicos, constitundose como poltica pblica hacia la promocin
de la sanidad ocupacional.
Palabras-clave: Riesgos Biolgicos Ocupacionales. Acciones de Precaucin. Poltica Pblica.
Educacin Permanente. Indicadores Evaluativos. Promocin de la Sanidad.
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LISTA DE FIGURAS
01 Fluxograma de Ateno a Sade do Servidor da UFPA .................................
44
02 Fluxograma de conduta ps-acidente ............................................................. 45
03 Processo de agregao de valor informacional no indicador ..........................
107
04 Construo de um Sistema de Indicadores Sociais .........................................
108
05 Estrutura organizacional do HUJBB .............................................................. 119
06 Classificao dos Indicadores ........................................................................ 123
07 Distribuio por sexo ......................................................................................
129
08 Distribuio por faixa etria e sexo ................................................................ 129
09 Distribuio por escolaridade e conhecimento de biossegurana ...................
130
10 Distribuio por tempo de trabalho ................................................................ 130
11 Tempo de trabalho e conhecimento das aes de preveno ......................... 131
12 Distribuio dos acidentes biolgicos nos ltimos 12 meses .........................
133
13 Distribuio das notificaes nos ltimos 12 meses .......................................
133
14 Distribuio do esquema profiltico contra a hepatite ................................... 134
15 Distribuio por idade e vacina contra rubola, segundo o sexo feminino .... 134
16 Distribuio do esquema profiltico contra o ttano ......................................
135
17 Distribuio sobre o conhecimento das aes do programa ...........................
135
18 Distribuio sobre o conceito das aes do programa ....................................
136
19 Distribuio por expectativa das atividades educativas da CCIH .................. 136
20 Distribuio de freqncia por objetivo ......................................................... 137
21 Distribuio de freqncia por periodicidade ................................................. 139
22 Distribuio de freqncia por dificuldades em desenvolver aes ...............
139
23 Distribuio de freqncia por eficincia das aes .......................................
140
24 Distribuio de freqncia quanto avaliao das aes ...............................
140
25 Bactrias ......................................................................................................... 163
26 Vrus HIV ....................................................................................................... 163
27 Vrus da hepatite B ......................................................................................... 163
28 Vrus da hepatite C ......................................................................................... 163
29 Sala de cirurgia-Centro cirrgico ....................................................................
164
30 Servio de Lavanderia Risco de exposio ................................................. 164
31 Procedimento laboratorial ............................................................................. 165
32 Risco de exposio ......................................................................................... 165
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LISTA DE QUADROS
01 Recomendaes para utilizao de equipamentos de proteo
individual (EPI) nas precaues bsicas de biossegurana. MS ..........
55
02
03
Classificao dos Indicadores por peso ...............................................
Distribuio de categorias e subcategorias por objetivos ...................
123
141
04 Indicador: Plano de organizao setorial ............................................. 219
05 Indicador: escolarizao ....................................................................... 222
06 Indicador: Aperfeioamento profissional ............................................. 223
07 Indicador: Formao continuada......................................................... 224
08 Indicador: Formao permanente.......................................................... 225
09 Indicador: Organizao de contedos .................................................. 227
10 Indicador: Organizao de mtodos ..................................................... 229
11 Indicador: Distribuio de eventos ...................................................... 230
12 Indicador: Acompanhamento dos profissionais de sade .................... 231
13 Indicador: Avaliao de resultados ..................................................... 232
14 Indicador: Avaliao de processos ....................................................... 232
15 Indicador: Recursos de avaliao ........................................................ 233
16 Indicador: Recursos materiais (EPI) .................................................... 235
17 Indicador: Recursos materiais (mdico-hospitalares) ......................... 236
18 Indicador: Recursos humanos .............................................................. 237
19 Indicador: Infra-estrutura ......................................................................
239
20 Indicador: Intersetorialidade e monitoramento do acidentado ............. 240
21 Indicador: Intersetorialidade e monitoramento do acidentado / CCIH .
241
22 Indicador: Intersetorialidade e monitoramento do acidentado /
SESMT ................................................................................................
241
23 Indicador: Intersetorialidade e monitoramento do acidentado /
laboratrio ...........................................................................................
242
24 Indicador: Intersetorialidade e monitoramento do acidentado /
farmcia ...............................................................................................
242
25 Indicador: Intersetorialidade e monitoramento do acidentado /
instituio .............................................................................................
243
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LISTA DE TABELAS
01 Quadro de pessoal do HUJBB, profissionais de sade e categorias
expostas aos riscos biolgicos, Belm-Par. Jan/2004 ..........................
120
02 Leitos por clnicas no HUJBB, Belm/PA Jan/2004 ............................. 120
03 Distribuio por categoria e tempo de trabalho na Instituio ............... 131
04 Distribuio amostral de profissionais por setor de trabalho ................. 132
05 Distribuio sobre o conhecimento dos objetivos do Programa de
preveno dos Riscos Biolgicos Ps ...................................................
137
06 Comentrio da suficincia das Atividades Educativas para Preveno
dos Riscos biolgicos ocupacionais Ps ...............................................
138
07 Distribuio sobre providncias tomadas nas exposies a materiais
biolgicos para prevenir de contaminao .............................................
138
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAES
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
AIDS Sndrome de Imunodeficincia Humana Adquirida
AIS Aes Integradas de Sade
API Avaliao do Programa de Imunizao
BCG Vacina Contra Tuberculose
CAST Casa da Sade do Trabalhador
CAT Comunicao de Acidente do Trabalho
CCIH Comisso de Controle de Infeco Hospitalar
CDC Centro de Controle de Doenas
CES Conselho Estadual de Sade
CIPP Insumo, Processo e Produto
CIPA Comisso Interna de Preveno de Acidente
CLT Consolidao das Leis do Trabalho
CMS Conselho Municipal de Sade
CNE Conselho Nacional de Educao
CNS Conselho Nacional de Sade
CRIEs Centros de Referncia para Imunobiolgicos Especiais
CRTs Centros de Referncia em Sade dos Trabalhadores
CRST Centros Regionais de Sade do Trabalhador
CAPs Caixas de Aposentadoria e Penses
CIT Comisso Intergestores Tripartite
DSST Diviso de Segurana e Sade do Trabalhador
DT Vacina Dupla Adulta (difteria / ttano)
EPI Equipamento de Proteo Individual
EUA Estados Unidos da Amrica
FADESP Fundao de Amparo ao Desenvolvimento de Ensino e Pesquisa
FUNASA Fundao Nacional de Sade
HBV Vrus da Hepatite B
HCV Vrus da Hepatite C
HEPA Hight Efficience Particulate Air Filter (Filtro Hepa)
HEMOPA Centro de Hemoterapia e Hematologia do Par
HIV Sndrome da Imunodeficincia Humana
HCGV Hospital de Clnicas Gaspar Vianna
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HUJBB Hospital Universitrio Joo de Barros Barreto
HUBFS Hospital Universitrio Betina Ferro e Souza
IEC Informao Educao e Comunicao
IH Infeces Hospitalares
INSS Instituto Nacional da Seguridade Social
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao
MEC Ministrio da Educao
MS Ministrio da Sade
MTb Ministrio do Trabalho
NNISS National Noscomial infections Surveillance System
NOB Norma Operacional Bsica
NOAS Norma Operacional de Assistncia Sade
NOST Norma Operacional de Sade do Trabalhador
NR Norma Regulamentadora
OCDE Organizaes Nacionais, Internacionais e Agncias Multilaterais Scio
Econmicas de Cooperao e Desenvolvimento Econmico
OIT Organizao Internacional do Trabalho
OMS Organizao Mundial da Sade
ONU Organizao das Naes Unidas
PRAS Profissionais da rea da Sade
PROFAE Projeto de Profissionalizao dos Trabalhadores da rea de Enfermagem
PCIH Programa de Controle de Infeco Hospitalar
PCMSO Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional
PCN Parmetros Curriculares Nacionais
PIB Produto Interno Bruto
PNI Programa Nacional de Imunizaes
POP Procedimentos Operacionais-Padro
PPRA Programa de Preveno de Riscos Ambientais
Ps Profissional de Sade
PST Programas de Sade do Trabalhador
PRAS Profissionais da rea da Sade
PREV-SADE
Programa Nacional de Servios Bsicos de Sade
RENAST Rede Nacional de Ateno Sade do Trabalhador
SESMT Servio Especializado em Segurana e Medicina do Trabalho
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SIPNI Sistema de Informao do Programa Nacional de Imunizaes
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
SUDS Sistema Unificado e Descentralizado de Sade
SUS Sistema nico de Sade
Tb Tuberculose
UFPA Universidade Federal do Par
UNESCO Organizao das Naes Unidas para Educao, Cincia e Cultura
UTI Unidade de Tratamento Intensivo
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SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................ 18
1.1 Hiptese e Questes de Pesquisa ...................................................................... 25
2. OBJETIVOS ..................................................................................................... 27
3 DAS POLTICAS PBLICAS S AES DE PREVENO DOS
RISCOS BIOLGICOS OCUPACIONAIS .....................................................
29
3.1 Introduo ......................................................................................................... 30
3.2 O Marco das Polticas de Sade e as Aes de Preveno Ocupacional .......... 30
3.3 O Programa de Sade e as Aes de Preveno Ocupacional .......................... 40
3.4 O Programa de Controle de Infeco Hospitalar no HUJBB ........................... 46
3.5 Da Idealizao s Aes de Preveno dos Riscos Biolgicos Ocupacionais . 48
4 DA EDUCAO A PREVENO: A CONSCIENTIZAO DOS
RISCOS BIOLOGICOS OCUPACIONAIS ..................................................... 67
4.1 Introduo ......................................................................................................... 68
4.2 A Educao e a Repercusso na Formao dos Profissionais de Sade ............
69
4.3 A Conscientizao como Princpio Educativo dos Profissionais de Sade .......
81
4.4 Aspectos Legais da Formao ............................................................................
84
5 DA AVALIAO AOS INDICADORES SOCIAIS PARA A PREVENO
DOS RISCOS BIOLGICOS OCUPACIONAIS .............................................
90
5.1 Introduo .......................................................................................................... 91
5.2 A Avaliao e a Contribuio para o Programa de Preveno dos Riscos
Biolgicos Ocupacionais ....................................................................................
91
5.3 Riscos Biolgicos Ocupacionais como Indicador ..............................................
101
5.4 Os Indicadores como Medidas para Avaliao das Aes .................................
104
6 A TRAJETRIA DA PESQUISA O MTODO ........................................... 115
6.1 Introduo .......................................................................................................... 116
6.2 O Estudo ............................................................................................................ 116
6.3 Limite do Estudo ................................................................................................
124
6.4 Termo de Concordncia e Responsabilidade .....................................................
124
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7 RELATOS SOBRE AES DE PREVENO DOS RISCOS
BIOLGICOS OCUPACIONAIS NO HUJBB RESULTADOS ..................
126
7.1 Introduo .......................................................................................................... 127
7.2 Dados Investigativos Quantitativos e Qualitativos por Objetivos .....................
128
7.3 Epidemiologia dos Riscos Biolgicos Ocupacionais .........................................
128
7.4 Dados Categorizados por Objetivos da Pesquisa .............................................. 141
8 AES DE PREVENO DOS RISCOS BIOLGICOS OCUPACIONAIS
- ANLISE E DISCUSSO ..............................................................................
142
8.1 Introduo .......................................................................................................... 143
8.2 Variveis e Categorizao dos Dados: Posicionamentos e Teorias .................. 144
9 CONCLUSO ...................................................................................................
244
REFERNCIAS ..........................................................................................................
249
APNDICES................................................................................................................
264
ANEXOS......................................................................................................................
274
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18
1. INTRODUO
O tema riscos biolgicos ocupacionais substrato para compreenso das prticas
das aes de preveno1, reflete a importncia da pesquisa, sobretudo, na rea das
polticas pblicas e tem passagem em outros saberes, como o conhecimento em
educao, legislao, administrao, planejamento, avaliao, educao em sade ... ,
com interesse de promover sade dos profissionais no mbito do trabalho.
Neste sentido, o envolvimento da pesquisadora com o objeto investigado, a partir
de sua experincia na Comisso de Controle de Infeco Hospitalar (CCIH), ponto
decisivo na reflexo das teorias e das prticas no campo das aes de preveno dos
riscos biolgicos ocupacionais, especificamente, no Hospital Universitrio Joo de
Barros Barreto (HUJBB).
Fica evidente o compromisso com a pesquisa, sobretudo com o papel social, para
dar solues s situaes-problema que comprometem a sade da comunidade
hospitalar, logo, oportuno considerar experincias que levem a problematizar as aes
a fim de promover a sade dos profissionais, frente aos riscos biolgicos, porquanto
[...] a agenda de um investigador desenvolve-se a partir de vrias fontes. Freqentemente, a prpria biografia pessoal influencia, de forma decisiva, a orientao de um trabalho. Certos pormenores, ambientes ou pessoas tornam-se objetos aliciantes porque intervieram, de forma decisiva, na vida do investigador. Outros se iniciam em uma determinada rea porque um professor ou algum que conhecem se dedica a um projeto afim. Por vezes, a escolha ainda mais acidental: surge uma oportunidade; acorda-se com uma idia, no desempenho de uma tarefa de rotina encontra-se algum material que desperta curiosidade. (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 85).
O entendimento dos autores citados assemelha-se s reflexes elucidadas por Saul
(1995, p.11) a respeito do tema: O tema de um trabalho , de modo geral, estabelecido
por razes que tm especial significado para a vida pessoal de seu autor e/ou para o
plano terico-metodolgico em que a questo se insere.
Com efeito, o interesse em investigar a temtica advm da experincia
profissional de doze anos de trabalho como membro da CCIH, do Hospital de Clnicas
1 Termo que, em sade pblica, significa a ao antecipada, tendo por objetivo interceptar ou anular a evoluo de uma doena. As aes preventivas tm por fim eliminar elos da cadeia patognica, ou no ambiente fsico ou social ou no meio interno dos seres vivos afetados ou suscetveis. Barbosa, MLM Glossrio de Epidemiologia & Sade (2003, p. 673-674).
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19
Gaspar Vianna (HCGV) e do Hospital Universitrio Joo de Barros Barreto, localizados
em Belm-Par. Nessas instituies, desenvolvem-se atividades socioeducativas para a
formao, por meio de treinamentos, cursos e palestras intra e interinstitucionais, do
Sistema de Vigilncia das Infeces Hospitalares2, onde as aes de preveno
constituem medidas aplicveis, para minimizao dos riscos biolgicos, originando,
conseqentemente, investimento promoo da sade dos profissionais.
A trajetria profissional, com incio na assistncia aos pacientes e experincias em
laboratrio de anlises clnicas, em razo de atividades biomdicas, contribuiu
significativamente para acumular reflexes sobre aes de preveno, s quais esto
expostos os profissionais de sade (Ps).
Desde 1993, na Unidade de Psiquiatria do HCGV, destaca-se a observao e o
acompanhamento de procedimentos mdico-hospitalares desenvolvidos pelos
profissionais de sade com pacientes em agudo estado patolgico, em crise ou com
distrbios de comportamento. Com os profissionais que lhes prestam assistncia, via-se
a necessidade de ateno redobrada, por estarem expostos a riscos diversos como o de
atingimento por secrees oronasotraqueais3 e traumatismos.
Paralelamente s atividades de acompanhamento, prticas educativas de
capacitao relacionadas s aes do monitoramento dos acidentes biolgicos,
orientaes quanto a reaes adversas dos quimioprofilticos, seguimento sorolgico,
infeces hospitalares e de aes que merecem controle, despertaram ainda mais a
ateno para o problema, de forma a promover a sade do profissional.
O cotidiano dos Ps marcado pela convivncia com variedade de riscos,
destacando, principalmente, o carter biolgico e que recebe influncia de fatores
sociais, chegando a comprometer a sade.
O perigo de contaminao decorre dos fatores determinantes, como reas de
insalubridade hospitalar, complexidade de procedimentos mdico-hospitalares, tipo de
atendimento prestado e funo profissional, alm dos encontrados nos servios de
sade, problemas administrativos e/ou financeiros, relacionados s falhas nas estruturas
fsicas e materiais predispondo a riscos, (CAVALCANTE E PEREIRA, 2000).
2 De acordo com o Ministrio da Sade do Brasil , infeco hospitalar toda infeco adquirida aps a admisso do paciente e que se manifeste durante a internao, ou mesmo aps a alta quando puder ser relacionada com a hospitalizao. Em definies mais abrangentes, costuma-se incluir tambm as infeces adquiridas pelo pessoal de sade, acompanhantes, visitantes e voluntrios quando relacionados a atividade ou permanncia no ambiente hospitalar. Ver Starling, Pinheiro e Couto (1993) 3 So secrees orgnicas eliminadas pela via do trato respiratrio. Ver Rodrigues (1997).
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20
Em virtude da complexidade do problema, torna-se importante o delineamento de
aes de preveno para sistematiz-las, em decorrncia dos riscos biolgicos, a serem
integradas, pelos setores com medidas de planejamento, avaliao e administrao para
operacionalizao das atividades, oriundo do Servio Especializado de Segurana e
Medicina do Trabalho (SESMT) e CCIH.
Alm da necessidade de organizao para o desenvolvimento das aes de
preveno, Rouquayrol (2003) explica que so abrangentes e no se restringem somente
preocupao com a prtica individual de cada Ps, pois extrapolam as estruturas
socioeconmicas e polticas e, por isso, do ateno na implementao de medidas
interinstucionais e intersetoriais.
Possivelmente, as aes de preveno, para serem avaliadas, partem de
indicadores sociais como subsdio elaborao e execuo do Programa de Controle de
Infeco Hospitalar (PCIH), para as decises tcnicas, articuladas com questes ticas e
polticas, em se tratando de iniciativas para evitar acidentes ou agravos sade do
profissional no local de trabalho.
O acidente ou o agravo ps-exposio requer a continuidade de medidas de
preveno no totalmente eficazes, segundo as recomendaes do Ministrio da Sade
(MS), reforando a necessidade de investimentos nas atividades por meio de polticas de
educao continuada e permanente, conforme a proposta de Brasil/MS (2003),
fortalecida nas contribuies das teorias educacionais de Brando (1995), Libneo
(2002) e Frigoto (2001), quanto valorizao da formao humanstica.
Em Teixeira (2002), mereceu destaque depoimento de um Ps acidentado,
questionado sobre os motivos de no ter ido buscar o exame sorolgico, em que revelou,
como razes, medo, insegurana e preocupao com a famlia. Esse comportamento
demonstra
[...] que o trabalhador est exposto ao risco do acidente cuja conseqncia pode ser doena infecciosa, mas tambm sofrimento psquico (excesso de zelo, negao, medo, preconceito, marginalizao, depresso ansiedade) visto que, nem sempre possvel obter-se conhecimento prvio da existncia ou no de infeco em cada paciente. (SANTOS; CARVALHO, 2003, p. 147).
Pela complexidade da exposio, imprescindvel que as aes de assistncia
sejam garantidas pelos setores da instituio hospitalar, em razo do cuidado de que o
acidentado necessita, alm do acompanhamento pelos setores responsveis, haja vista a
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avaliao das medidas para que possam encaminhar intervenes que permitam a
integridade fsica dos Ps ou a efetivao concreta do programa de preveno dos riscos
biolgicos ocupacionais.
Outra razo instigante o fato de que os profissionais e estudantes esto sob os
riscos de contaminao com doenas, que podem ser evitadas com a imunizao. A
ausncia de controle efetivo do programa, no entanto, compromete a eficcia das aes,
predispondo aos riscos profissionais expondo os pacientes. Segundo Pedrosa e Couto
(2004), os profissionais esto sob riscos de doenas.
Tambm a no-formalizao do programa de vigilncia e controle dos riscos
biolgicos ocupacionais, no plano institucional, pela falta do controle do estado imune,
desconhecimento dos riscos, subnotificao dos acidentes e monitoramento dos
tcnicos, compromete a eficincia e a eficcia das aes, das Recomendaes para
Atendimento e Acompanhamento de Exposio Ocupacional ao Material Biolgico/MS
(2003) quando envolve sangue e/ou substncias orgnicas relativas ao vrus da
imunodeficincia adquirida, vrus da hepatite B (HBV) e C (HCV).
Conforme as recomendaes, a probabilidade de risco de HIV de 0,3%, aps
exposio percutnea, e de 0,09% em exposio mucocutnea e riscos associados a
outros materiais biolgicos inferiores ainda no definidos. Alm disso, a infeco pelo
vrus da hepatite B (HBV), aps exposio percutnea, pode atingir at 40% e para o
vrus da hepatite C (HCV) pode variar de 1% a 10%, com probabilidade de complicao
da doena, cerca de 30% a 70% evoluem para a cronicidade (BRASIL. MINISTRIO
DA SADE, 2003).
As recomendaes indicam que as medidas profilticas devem ser enfatizadas
para implementar aes educativas permanentes que familiarizem os Ps com as
precaues e os conscientizem da necessidade de empreg-las adequadamente, como
medida eficaz para a reduo dos riscos de infeco pelo HIV, HBV e HCV, em
ambiente ocupacional (BRASIL. MINISTRIO DA SADE,1999).
Entende-se que a conscientizao de preveno dos riscos biolgicos ocupacionais
vem do conhecimento autnomo, impulsionado criticidade e criatividade, como
argumenta Freire (1980), diante das situaes-problema, a ser praticada no cotidiano
dos servios, exercitando a ao-reflexo-ao permanente, para o individuo e
coletividade hospitalar.
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A partir da conscincia crtica, consideram os riscos biolgicos tema de grande
relevncia para os profissionais da rea da sade, expostos, direta ou indiretamente, a
eles e aos que executam as aes de preveno, motivo da realizao do estudo, na
perspectiva da investigao das aes de preveno dos Ps, e dos que desenvolvem
prticas de educao e promoo da sade, tendo em vista que os profissionais, na
maioria das vezes, desconsideram e/ou negligenciam a possibilidade dos riscos.
A realidade evidencia a necessidade do desenvolvimento de aes educativas
permanentes, no hospital, para esclarecer que o fato de o profissional de sade trabalhar
com riscos no indicativo de aquisio de doenas profissionais, de trabalho ou
acidentes, e as prticas de controle social originam indicadores capazes de avaliar e
facilitar as intervenes por meio das aes de preveno.
Este estudo abrange as prticas das aes de preveno no que se relaciona s
atividades educativas, de organizao e determinantes de riscos biolgicos, nos diversos
ambientes de trabalho, na tentativa de manter o controle das aes de preveno
instrumentalizada a partir do conhecimento, mediante a formao, visando a propiciar
indicadores de diagnstico, monitoramento e avaliao da eficincia, eficcia e
efetividade das aes para o programa de preveno dos riscos biolgicos.
A respeito dos riscos biolgicos ocupacionais, os estudiosos Souza (1999), Cardo
(1997), Silva (1997), Nelsing et al. (1997) so enfticos sobre o desconhecimento dos
riscos, no diferenciando que os profissionais expostos e os que elaboram prticas de
educao e preveno desprezam os riscos, o que dificulta manter o controle das aes
de preveno.
Fator agravante do desconhecimento dos riscos e das medidas de profilaxia dos
que atuam nos servios de sade que os casos de exposio, no Brasil, no existem
abordagem de avaliao sistemtica (quanto ao acidente, causas, processo e condies
de trabalho, estratgias educativas e outros), nem se dispe de sistema de vigilncia
sobre acidentes ocupacionais (RAPARINI et al., 2002).
Em face dos estudos de Lima (2001), no Municpio de Belm, os hospitais no
dispem de efetivo sistema de vigilncia de acidentes para profissionais da rea da
sade e, em alguns deles, existe apenas ficha de notificao de acidentes e o
acompanhamento dos acidentados no realizado.
No trabalho de Teixeira (2002), no HUJBB, foi constatado a falta de
monitoramento dos acidentados com material biolgico dos que executam as aes
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considerveis, subnotificao dos acidentes, deficincia de adeso s medidas
profilticas como as imunizaes para as doenas imunoprevinveis, e recomendaes
foram feitas para rever as estratgias de capacitao, parte relevante e integrante das
aes do programa de preveno.
Embora tenha aes peculiares, o HUJBB tambm desenvolve atividades de
educar, ensinar e formar profissionais, de modo a trabalharem com segurana de si e das
pessoas da comunidade hospitalar, aprimorando conhecimentos sobre preveno dos
riscos biolgicos.
Assim, com o surgimento da AIDS, na dcada de 1970, a elevada virulncia da
hepatite B e C representou uma abordagem do trabalho humano e suas relaes no
contexto scio-poltico e educacional e, a partir de 1980, o Center Disease Control
(CDC) alertou para as medidas de proteo ao Ps quanto aos riscos biolgicos a fim de
evitar acidentes ocupacionais.
Evidenciou o fato de que os Ps esto expostos aos riscos biolgicos, suscetveis s
doenas infecciosas, nas atividades cotidianas, pois os avanos cientficos e
tecnolgicos do diagnstico, tratamento e profilaxia de doenas, por prolongar a vida e
aumentar o nmero de imunodeprimidos, concentrados em ambientes de ateno
sade, no so suficientes para o acompanhamento de estratgias intervencionistas de
promoo da sade, requerendo abordagem educativa.
Portanto, so convenientes as propostas de promoo como paradigma alternativo
para as polticas de sade, nos pases em que, de acordo com Capra (1982, p. 299), a
sade compreendida como resultante de um conjunto de fatores individuais,
coletivos, sociais, econmicos, polticos, tnicos, religiosos, culturais, psicolgicos,
laborais, biolgicos e ambientais, entre outros, interagindo num processo dinmico de
uma vida quotidiana. E, segundo Gutierrez apud Czeresnia e Freitas (2003, p.19),
[...] promoo da sade um conjunto de atividades, processos e recursos, de ordem institucional, governamental ou da cidadania, orientados a propiciar o melhoramento de condies de bem-estar e acesso a bens e servios sociais, que favoream o desenvolvimento de conhecimentos, atitudes e comportamentos favorveis ao cuidado da sade e o desenvolvimento de estratgias que permitam populao um maior controle sobre suas sade e sua condio de vida.
As prticas de preveno do programa CCIH/HUJBB (2004) baseiam-se na
Vigilncia Epidemiolgica das Infeces Hospitalares, direcionadas aos pacientes e Ps,
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voltadas para acidentes, seguindo Recomendaes de Condutas em Exposio
Ocupacional a Material Biolgico / Ministrio da Sade (1999). Da a importncia de
implementar aes educativas permanentes, que conscientizem os Ps da necessidade de
seguirem adequadamente as medidas de precaues-padro para a reduo dos riscos de
infeco pelo HIV, HBV e HCV, em harmonia com as condies e processos de
trabalho.
A idia de conscientizao visa a despertar no profissional o compromisso tico,
poltico e social com a capacidade de desenvolver aes, no mbito da instituio.
A conscientizao , neste sentido, um teste de realidade. Quanto mais conscientizao, mais se desvela a realidade, mais se penetra na essncia fenomnica do objeto, frente ao qual nos encontramos para analis-lo. Por esta mesma razo, a conscientizao no consiste em estar frente realidade assumindo uma posio falsamente intelectual. A conscientizao no pode existir fora da prxis, ou melhor, sem o ato ao-reflexo. (FREIRE, 1980, p. 26).
A conscientizao conduz os Ps formao do conhecimento, que versa sobre a
exposio ao vrus do HIV, HBV e HCV, contudo, relacionado ao domnio de fatores
que vo alm do aspecto da sade, que levam a outras doenas como a varicela, rubola,
tuberculose, hepatite, alm de agravos de problemas ocasionados pelos aspectos
psicolgico e socioeconmico.
importante destacar, nessa conscientizao, a necessidade do conhecimento da
legislao do programa de sade do trabalhador, pela Portaria n 1679/2002, que
normatiza a ateno integral das aes de preveno, promoo e recuperao, de
acordo com os princpios do Sistema nico de Sade (SUS), eqidade, integralidade e
universalidade, objeto de todos os servios de sade, independentemente do vnculo
empregatcio e tipo de insero do profissional no mercado de trabalho.
Alm do mais, no cotidiano, observa-se a ausncia de controle de aplicabilidade
das aes do programa, havendo sido possibilitada investigao para a formulao de
indicadores que servem para um modelo de avaliao de resultados e de processos das
medidas desenvolvidas quanto aos riscos biolgicos ocupacionais.
Os indicadores, para a Organizao Mundial de Sade (OMS), tm alguns
requisitos como disponibilidade de dados, simplicidade tcnica de rpido manejo e fcil
entendimento; uniformidade, sinteticidade de abrangncia no efeito do maior nmero
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de fatores que influem o estado de sade da coletividade, poder discriminatrio que
permita comparaes inter-regionais e internacionais, expressando que:
[...] Indicadores de sade so parmetros utilizados internacionalmente com objetivo de avaliar, sob ponto de vista sanitrio, a higidez de agregados humanos, bem como fornecer subsdios aos planejamentos de sade, permitindo o acompanhamento das flutuaes e tendncias histricas do padro sanitrio de diferentes coletividades consideradas a mesma poca ou da mesma coletividade em diversos tempos. (KERR-PONTES; ROUQUAYROL, 2003, p. 62).
Convm lembrar o que refere Saul (1995, p. 27) sobre avaliao:
[...] importante e necessria para servir a mltiplos propsitos: orientao de decises de poltica educacional e econmica para o setor ou, ainda, o questionamento da eficincia e, sobretudo, da eficcia dos cursos (....) e pode responder a problemas imediatos de direcionamento da ao em cada curso.
Os objetivos das atividades avaliativas so reduzir efeitos negativos e aumentar os
efeitos positivos das aes desenvolvidas. E falar da finalidade profcua da avaliao de
programa de riscos biolgicos perspectiva para a garantia da eficincia, eficcia e
efetividade social do programa no HUJBB.
Com base nas prticas das aes dos profissionais, em relao preveno dos
riscos biolgicos, tem-se a convico de que os indicadores relevantes, vlidos e
confiveis potencializam as chances de implementar polticas, na medida em que fazer o
diagnstico e o monitoramento e avaliar os resultados das aes possibilitar
intervenes para minimizar os agravos, respaldando tecnicamente os Ps para que haja
promoo da sade no local de trabalho.
1.1. Hiptese e Questes de Pesquisa
No planejamento da investigao, importante esclarecer a hiptese de que os
indicadores das aes de preveno dos riscos biolgicos so instrumentos de avaliao
que subsidiam intervenes para reduzir, o mximo possvel, a incidncia de acidentes e
agravos sade do trabalhador e contribuir para a melhoria da organizao dos servios.
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A limitao de referencial terico sobre a temtica riscos biolgicos ocupacionais,
no Brasil delineia as questes com vistas obteno de resposta do objeto investigado.
Em relao s questes de pesquisa e hiptese, transcreve-se o seguinte:
As hipteses, em geral, pertencem ao campo dos estudos experimentais. Outros
tipos de estudo, tais como descritivos e exploratrios, aceitam, geralmente, questes de
pesquisa. Nos estudos descritivos, podem existir, ao mesmo tempo, como tambm em
outros, hipteses e questes de pesquisa (TRIVIOS, 1995, p.105). Neste sentido,
como indagao do objeto de pesquisa apresenta-se os seguintes questionamentos:
Que percepo os profissionais de sade tm sobre riscos biolgicos?
De que atividades educativas se apropriam os profissionais expostos e os que
executam aes do programa de preveno dos riscos biolgicos?
A infra-estrutura do programa adequada efetividade das aes educativas de
preveno dos riscos biolgicos ocupacionais?
As questes levantadas so relevantes para situar detalhadamente o que se
tenciona alcanar a partir dos objetivos da pesquisa, de modo que o programa de
preveno dos riscos biolgicos ocupacionais seja adotado como poltica pblica
elaborada e implementada de forma coletiva para a transformao da prtica dos Ps, por
meio do desenvolvimento da conscincia crtica, nas atividades de formao continuada
e permanente, as quais contribuam na avaliao das aes, possibilitando interveno
embasada nos indicadores para promover a sade do profissional no ambiente de
trabalho.
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2 OBJETIVOS
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Analisar as aes de preveno de riscos biolgicos ocupacionais considerando as
prticas educativas que visam promoo da sade.
Descobrir a percepo dos profissionais de sade ante as aes educativas do
programa de preveno dos riscos biolgicos.
Elaborar indicadores que subsidiem a composio de modelos de avaliao do
programa de preveno dos riscos biolgicos ocupacionais.
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3 DAS POLTICAS PBLICAS S AES DE
PREVENO DOS RISCOS BIOLGICOS
OCUPACIONAIS
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3.1 Introduo
As polticas pblicas sociais servem como instrumento de elaborao e implementao
de planos de governo e de instituies, cuja preveno dos riscos biolgicos se desenvolve
pelos Programas de Controle de Infeco Hospitalar e Sade do Trabalhador, tendo como
desafio a forma de planejar, viabilizar e avaliar aes em contextos descentralizados e
autnomos, especialmente na rea da sade, que, a partir de 1980, envolve articulao
intersetorial e interinstitucional juntamente com os Ps para as decises.
Alm do mais, como toda poltica pblica saudvel, criam ambientes sociais e fsicos
comprometidos com a sade ... e que devem levar em considerao a sade como um fator
essencial (ORGANIZAO MUNDIAL DA SADE, 1988). E, para ser elaborada, depende
de interesses de determinados setores ou grupos da sociedade, como os Ps, cotidianamente
expostos aos riscos biolgicos, que requerem aes focalizadas de atendimento, promoo e
recuperao da sade.
Os agravos sade, como os acidentes com material biolgico, so tratados como caso
de emergncia mdica. As normas (BRASIL. MINISTRIO DA SADE, 2002) relacionadas
nas intervenes imediatas de profilaxia e ps-exposio ainda no so totalmente eficazes.
Quanto s medidas de proteo individual, h limites, sendo, por isso, de fundamental
importncia a Comisso de Controle de Infeco Hospitalar (CCIH) e Servio Especializado
em Segurana e Medicina do Trabalho (SESMT) adotarem polticas consistentes de
implementao de medidas para promoo da sade.
Ao analisar as mudanas, no contexto scio-histrico das polticas pblicas, entende-se
a necessidade de estabelecer polticas de promoo da sade, na instituio hospitalar,
visando monitorar, avaliar e intervir nas aes que identificam, minimizam e possibilitam agir
sobre os determinantes dos riscos biolgicos, no local de trabalho.
3.2 O Marco das Polticas de Sade e as Aes de Preveno Ocupacional
As aes de proteo sade tm o percurso histrico ligado aos acontecimentos da
humanidade e s medidas de preveno dos riscos de disseminao de agentes infecciosos,
incorporadas s atividades laborais e/ou comunidade hospitalar, potencialmente expostas aos
agravos que comprometem a vida populacional.
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No sculo XVIII, o mdico italiano Ramazzin, Pai da Medicina do Trabalho, mostrava
a possibilidade da relao trabalho e patologia profissional provocado por exposio aos
agentes fsicos, qumicos, biolgicos, em ambiente de trabalho. Nos hospitais, as condies
higinicas eram precrias, disseminavam doenas como varola, hansenase, sfilis, febre
tifide e outras.
Aps breve perodo sem ateno organizada de sade, surgiram idias de preveno, ao
estabelecer a separao dos casos de enfermidades contagiosas, cuja inteno era avaliar a
efetividade da separao adequada dos casos.
As prticas de medidas preventivas comeam no sculo XIX, quando o mdico
Semmelveis (1847) preconizou o uso de soluo clorada para a higienizao das mos, aps
investigao aparente do aumento de risco de mortalidade materna, em unidade de obstetrcia,
reduzindo os riscos de infeces. Florence Nightingale (1891), enfermeira, adotou medidas
higinicas para prevenir a transmisso de doenas, por meio de campanhas em prol da higiene
dos alimentos e gua potvel nos hospitais. Somente a partir dos estudos de Pasteur, em 1891,
teve-se o conhecimento da existncia de microorganismos.
Diante da descoberta dos microorganismos, as medidas de preveno foram
estabelecidas e envolvidas no contexto histrico de desenvolvimento do sistema capitalista,
com o fortalecimento da doutrina liberal das dcadas 1930 e 1940, nos Estados Unidos como
anota Arouca (2003, p. 111). [...] queremos especificar que a higiene se caracteriza, no
sculo XIX, por uma ligao com as ideologias liberais que afirmavam as responsabilidades
individuais perante a sade e como um conceito poltico nos movimentos socialistas da
poca.
A trajetria poltica marcada por mudanas do sistema de sade, decorrentes de
situaes econmicas, sociais e culturais, que passou por transformao impulsionada pelo
desenvolvimento industrial e, atualmente pela tecnologia, que avana no mundo, pela
globalizao. Na anlise do percurso, so identificadas quatro principais tendncias da poltica
de sade do Brasil, segundo os estudos de Mendes (1996).
No incio do sculo XX, o Brasil era um pas margem do capitalismo mundial, com a
explorao econmica caracterizada pela agricultura, tendo como principal produto o caf.
Portanto era de fundamental importncia o saneamento dos espaos de circulao da
mercadoria, principalmente nos portos.
Para que houvesse controle de doenas, como peste, clera e varola, a poltica de
preveno era impedir a ocorrncia da diminuio da produtividade e no prejudicar o
crescimento econmico, por isso essas doenas precisavam ser combatidas.
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No combate das endemias, foram adotadas aes que caracterizaram o modelo do
sanitarismo campanhista, que tinham estratgia de carter focal. As medidas eram de interesse
voltado para o econmico, sob a forma de campanhas nas capitais e suspensas com o controle
de surtos das doenas da poca.
As aes nesse perodo eram de atendimentos coletivos, dispunham de instrumentos de
interveno mais eficazes do que a assistncia mdica individual, eminentemente privativa, e
a assistncia hospitalar pblica assumia o carter de assistncia social, ou seja, abrigava e
isolava os portadores de hansenase e tuberculose (GUIMARES, 1982); e os que no
podiam custe-las eram considerados indigentes, prtica dos servios de caridade (Santas
Casas de Misericrdia).
Apesar das caractersticas dominantes na dcada de 1930, em relao prtica de
assistncia sade, que eram aes de plano coletivo, comeavam vestgios do modelo
mdico-assistencial. Diante da situao, surge a assistncia previdenciria no Pas, com a
concesso de benefcios pecunirios, nas modalidades de aposentadorias e penses, bem
como na prestao de servios em consultas mdicas e fornecimento de medicamentos
(OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986).
Com isso, o Estado dividia a responsabilidade da sade com outros segmentos da
sociedade civil, em que trabalhadores e empresrios participavam da Previdncia Social,
Caixas de Aposentadorias e Penso (CAP), e os benefcios estavam vinculados s empresas.
Nessa relao tripartite, os recursos ficaram centralizados no Estado.
Por meio da centralizao do poder, foi criado o Ministrio do Trabalho em 1930
(OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986). O Ministrio da Educao e Sade foi desvinculado em
1953, quando o Ministrio da Sade passa a coordenar as aes de sade de carter coletivo,
mantendo-se a prtica de assistncia preventiva mediante campanhas sanitrias.
Logo, os servios de assistncia mdica passaram a se caracterizar por prticas mdicas
curativas, individualistas, sistemticas e especializadas, desprivilegiando a sade pblica e
supervalorizando a lucratividade do prestador de servios de sade da rede privada.
Viabiliza-se, a partir da, o crescimento do complexo mdico industrial e hospitalar,
impulsionado pelo pleno desenvolvimento da industrializao e urbanizao que,
conseqentemente, privilegiam a contratao de servios de terceiros, caracterizando o
modelo assistencial.
O sanitarismo campanhista, por no responder as necessidades de uma economia industrializada, deveria ser substitudo por um outro modelo [...], construido
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concomitantemente ao crescimento e a mudana qualitativa da Previdncia Social Brasileira (MENDES, 1996, p.33)
Surge o modelo mdico-assistencial privatista, que se ampliou no perodo da
industrializao e urbanizao, trazendo mudanas no quadro nosolgico, marco no mundo
das relaes de trabalho, conseqentemente, nas formas de acidentes de trabalho, advindo
doenas, invalidez e morte em nveis elevados no Brasil, campeo mundial de acidentes de
trabalho (GALAFASSI,1998).
Mesmo com agravos das condies de vida e trabalho, permaneciam as estratgias de
combate s doenas de massa. Dava-se importncia ao corpo do trabalhador, mantendo-se e
restaurando-se sua capacidade produtiva (MENDES, 1999), razo do modelo mdico-
assistencial privatista, uma vez que o de campanha sanitria no respondia a necessidade da
economia industrializada.
Com a inteno em contornar os agravos acometidos sade, o modelo mdico-
assistencial possibilitou a proliferao de contrato de servios com empresas privadas e ao
MS coube a execuo de medidas e atendimentos de interesse coletivo, inclusive a vigilncia
sanitria. O Ministrio da Previdncia e Assistncia Social voltou-se para o atendimento
mdico-assistencial individualizado, conforme Lei Federal 6.229, de 1975, que refora a
dicotomia das reas preventiva e curativa do sistema de sade brasileiro.
A lgica est no fato de o sistema de sade responder socialmente pelos problemas
sanitrios da populao, visto que o modelo de ateno mdica insuficiente para a soluo
do problema da sade. Em vista disso, a populao tambm recorre prtica de sade
alternativa, paralelamente Medicina cientfica.
Por essa razo, a nova prtica sanitria apresenta-se em forma de ateno vigilncia da
sade, como
[...] resposta social organizada aos problemas de sade em todas as dimenses, organiza os processos de trabalho em sade mediante operaes intersetoriais, articuladas por diferentes estratgias de interveno. [...] As estratgias de interveno da vigilncia da sade resultam da combinao de trs tipos de aes: a promoo da sade, a preveno das enfermidades e acidentes e a ateno curativa. (MENDES, 1999, p. 245).
A vigilncia da sade constituda sob a modalidade de ateno, de forma que a
interveno no coletivo e individual envolva outras questes sociais do saber cientfico de
doena e sade, ou seja, que mais servios mdicos no tm necessariamente relao com
mais sade.
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Tm-se aes de preveno com idias de Medicina comunitria, proposta originria no
Canad em 1974, difundida nos pases, como ateno primria sade, promovida pela
Organizao Mundial de Sade (OMS), no restrita a determinada doena e a parcela da
populao, mas entendida em concepo ampla, com estratgias destinadas a apropriar,
recombinar e reorientar os setores e os recursos para satisfazer as necessidades sanitrias de
toda a sociedade.
Nessa ptica, surge o Programa Nacional de Servios Bsicos de Sade (PREV-
SADE), tendo como pressuposto bsico a hierarquizao das formas de atendimento, de
modo a constituir a porta de entrada aos clientes no sistema de sade por meio dos programas
de interiorizao das aes de sade e saneamento do Nordeste e do Programa de Preparao
Estratgica de Pessoal de Sade, cuja inteno era organizar os servios para tornar as aes
concretas de aplicao dos princpios da Medicina comunitria.
Para isso, preciso racionalizar despesas e controlar gastos das aes dos programas.
Lana-se o Plano de Reorientao da Assistncia da Sade da Previdncia Social, cujo
desdobramento foi a implantao de Aes Integradas de Sade (AIS), em conjunto com os
Ministrios da Sade, da Previdncia Social e da Educao e Cultura, buscando a
reorganizao institucional da assistncia sade, com o objetivo de evitar aes paralelas e
simultneas entre as instituies sanitrias.
As Aes Integradas de Sade (AIS) foram reconhecidas como marco indiscutvel da
mudana da poltica de sade do Pas. Em seguida, implanta-se o Sistema Unificado e
Descentralizado de Sade (SUDS), que visava a redefinir as aes dos trs nveis do governo.
O Brasil estava vivendo o perodo de transio democrtica com o trmino da ditadura e
incio da Nova Repblica, fato poltico marcante para a preparao do processo constituinte.
Na ocasio foi convocada a VIII Conferncia Nacional de Sade em 1986, com uma proposta
de estrutura e de poltica de sade, com participao do movimento social e envolvimento de
representaes da populao, interessada nas questes de sade, mostrando, assim, carter
mais democrtico das deliberaes das polticas de Estado.
A conferncia contribui com idias de que sade direito de todos e dever do Estado
e as aes e servios de sade so de relevncia pblica. Em sntese, so princpios das
idias fundamentais:
participao pressupe incluso representativa da populao e de trabalhadores de
sade no processo decisrio e no controle dos servios;
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descentralizao contm a idia de multiplicao dos centros de poder e se realiza
principalmente pela municipalizao;
universalizao significa acesso igualdade dos servios;
integralidade aponta para a superao da dicotomia dos servios preventivos versus
curativos e para a atuao em outras reas, alm da assistncia individual: a rea da
preveno de doenas e a promoo da sade, extrapolando inclusive o setor sade.
Esses princpios tm como impacto o reconhecimento da sade, de que a populao
possa ser includa no sistema de sade, com novas relaes entre diferentes esferas do
governo, novos papis entre os agentes do setor, dando origem, enfim, ao Sistema nico de
Sade-SUS, regulamentado pelas Leis Orgnicas de Sade, que detalham princpios,
diretrizes gerais e condies de organizao e funcionamento do sistema.
Para manter o sistema, os recursos financeiros so do oramento da Seguridade Social,
da Unio, alm de outras fontes destinadas ao funcionamento do SUS (ANDRADE et al.,
2001). A Norma Operacional Bsica - NOB n 01/96 e a Norma Operacional de Assistncia
Sade (NOAS/SUS) apresentam critrios de controle e avaliao dos servios de sade, em
previso da forma de repasses financeiros para as esferas do governo, de acordo com as
prticas de assistncia mdico-odontolgica, aes de vigilncia epidemiolgica e sanitria,
com incentivos s aes e programas.
Com as normas legais, a transferncia de recursos para compra de servios de atividades
assistenciais curativas de maior nfase, principalmente nas instituies hospitalares, contudo
existem aes e programas de preveno e promoo da sade.
Com isso, a poltica de sade passa pela trajetria em que a Medicina hospitalar se
concentra apenas em sintomas e sinais, os quais, em conjunto, configuram uma patologia
(ARMSTRONG, 1995, p. 393). Gradualmente, surge a Medicina de vigilncia em ateno aos
membros individualmente e aos grupos sociais da populao, pois as categorias de doenas
do lugar noo de risco.
A incorporao da noo de risco e especialmente a busca de identificao de fatores de risco envolvidos na determinao das doenas, no s as infecto-contagiosas, mas principalmente as crnico-degenerativas, que passam a ocupar um lugar predominantemente no perfil epidemiolgico das populaes em sociedades industriais, vem provocando a modernizao das estratgias de ao no campo da sade pblica, tanto pela ampliao e diversificao do seu objeto quanto pela incorporao de novas tcnicas e instrumento de gerao de informaes e organizao das intervenes sobre danos, indcios de danos, riscos e condicionantes e determinantes dos problemas de sade. (TEIXEIRA, PAIM; VILASBAS, 2002, p. 29).
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Os limites entre sade e doena tambm so recriados exatamente porque pessoas
saudveis e doentes so consideradas em risco. A velha tradio do ensino de higiene
demonstra-se insuficiente e se transforma em Promoo da Sade(ARMSTRONG, 1995,
p.399), requerendo estratgias de educao para a sade, apoiadas pela OMS.
As mudanas de concepo de sade-doena ficaram firmadas como direito universal
suprido pelo SUS, objetivando a eficcia e a eqidade para constituio permanente de aes
dos programas de controle, incrementada na base social de ampliao da conscincia sanitria
dos indivduos e grupos populacionais expostos a riscos diferenciados, em razo do
surgimento de novo paradigma assistencial, desenvolvimento de nova tica profissional e a
criao de mecanismos da gesto e controle populares do sistema de vigilncia em sade.
A repercusso demonstra a abrangncia do conceito de sade de forma existencial e no
abstrato, como definida anteriormente pela OMS2. Atualmente, entende-se a sade, no
contexto histrico de determinada sociedade, em dado momento, de acordo com a realidade
da vida cotidiana:
A sade a resultante das condies de alimentao, habitao, educao, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a servios de sade; exige a sade como direito de cidadania e dever do Estado; instituio de um Sistema nico de Sade que tenha como princpios essenciais a universalidade, a integralidade das aes, a descentralizao com mando nico em cada instncia federativa e a participao popular. (MENDES, 1996, p.42).
O modelo de vigilncia contempla outras reas da sade, da nutrio, medicamentos,
mortes violentas, acidentes de trabalho e outros agravos. A definio proclama o direito
sade como fundamental pessoa humana, e compreende abrangncia e complexidade no
contexto holstico.
Para Capra (1982, p. 299-357),
As comprovaes entre sistemas mdicos de diferentes culturas devem ser feitas com todo o cuidado. Pois qualquer sistema de assistncia sade incluindo a medicina ocidental moderna, o produto de sua histria e existe dentro de um certo contexto ambiental e cultural.
2 Conceito de Sade OMS (1976): Sade um completo bem-estar fsico, psquico e social.
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De acordo com essa viso dos sistemas de sade e mudanas, eles no podem servir
como modelo nico para a sociedade, tornando-se necessrio o estudo do contexto do meio
ambiente, escola, lar e trabalho, sempre na compreenso holstica. O estudo pode, ento, ser
atingido pela educao em sade, em todos os setores da sociedade.
Portanto compete ao SUS prestar assistncia s pessoas por intermdio de aes de
promoo, proteo e recuperao da sade, com a realizao integrada das aes
assistenciais e das atividades preventivas, includas aes de vigilncia sanitria, vigilncia
epidemiolgica e sade do trabalhador.
As aes da sade do trabalhador so previstas na NOB-SUS 01/96, que inclui a sade
como campo de atuao, estabelece procedimentos de orientao, instrumentalizao e
avaliao das aes e servios de sade do trabalhador do SUS. A partir da legislao, foram
institudos os programas de Sade do Trabalhador (PST) e os centros de referncia em sade
dos trabalhadores (CRTs).
O Programa Sade do Trabalhador (PST) uma poltica pblica de deciso geral para o
desenvolvimento do programa de aes planejadas, no tocante a determinados temas que
servem de orientao para governos e instituies, no que concerne ao atendimento
populao, referendadas nas diretrizes elaboradas pelos rgos responsveis pela
implementao de tais polticas.
Diante disso, a Secretaria de Polticas de Sade do SUS argumenta que devem ser
elaboradas aes fundamentadas em metodologia, constituda em bases legais da Constituio
Federal de 1988, Lei Orgnica de Sade, n. 8.142/90, referenciais terico-tcnico-cientficos
de sade (BRASIL. MINISTRIO DA SADE, 1998) e instrumentos de planejamento de
polticas concernentes a programas, projetos e atividades detalhadas no plano, com objetivos,
metas, oramento, avaliao e cronogramas feitos segundo as caractersticas operacionais dos
governos e instituies hospitalares.
As decises metodolgicas precisam estar consubstanciadas ao processo completo de
formulao, execuo, acompanhamento e avaliao para fins indispensveis, na definio
das prioridades dos governos e das instituies.
Assim, as intenes dos governos e instituies de polticas esto norteadas em
contedos que visam a tornar transparentes as aes e potencializados os efeitos de
continuidade da prtica administrativa e dos recursos disponveis, materializados em
propsitos, diretrizes e definies de responsabilidades, base de contedos para a formulao
de polticas (BRASIL. MINISTRIO DA SADE, 1998).
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Para cumprir as finalidades, a formulao do objeto das polticas apresenta-se da
seguinte maneira:
Introduo - deve ser fundamentada em bases legais que orientam o tema objeto das
polticas, os problemas, dificuldades, avanos e resultados alcanados ou no, e as
questes norteadoras do contexto em que se quer implantar tal poltica. Entende-se
como diagnstico da realidade.
Diretrizes - servem para o alcance de determinado propsito e originam-se do
diagnstico do governo e instituies, das comparaes da realidade, das situaes
desejadas e da anlise dos seguintes componentes:
Factibilidade -aes implementadas da poltica, relacionadas disposio de recursos,
tecnologias, insumos tcnico-cientficos, estrutura administrativa e gerencial; e
Coerncia - ligao e consistncia entre interesses internos e externos, comparadas
com os propsitos e com a elaborao das diretrizes setoriais e globais.
Viabilidade - trata-se dos propsitos de poltica e grau de interesses dos sujeitos
envolvidos.
Propsito - pretende-se essa poltica, a ser avaliada ante o impacto de mudanas e
avanos, de ao futura desejada, observando lacunas e obstculos, transformando-os
em proposta de ao, endereados aos sujeitos envolvidos.
Responsabilidades: formulao e implementao da poltica competem s instituies
onde se apresentam as parcerias que devem ser realizadas, com vistas
intencionalidade de alcance dos resultados, estabelecidos por meio de
responsabilidades institucionais intersetoriais (rgos pblicos, privados, organizaes
sociais dos profissionais e sociedade civil).
Parmetros para avaliao: inclui-se a anlise crtica das diretrizes, propsitos e
dados quantificados, alm dos impactos efetivos alcanados por essa poltica para
obteno de resultados significativos, na garantia da qualidade de vida e promoo da
sade da populao em planos, programas, projetos e atividades.
Alm disso, h posio de que, para a formulao de poltica de sade, necessria a
potencializao de elaboraes coletivas e participativas entre rgos pblicos, privados,
organizaes sociais dos profissionais e sociedade civil.
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Na viso de conjunto da constituio da poltica pblica, alm dos caminhos
metodolgicos e dos componentes estruturais, requer-se o processo de formulao de
orientaes em ordem de prioridades respaldadas pela poltica especifica seqencial:
a poltica deve ser elaborada tomando como referencial os direcionamentos do
Ministrio da Sade.
equipe tcnica responsvel pelo controle do tema objeto da poltica, que
representa a intencionalidade da esfera governamental (Secretria de Poltica),
responsvel pelo acompanhamento das propostas dos movimentos ligados
sade e ao prprio SUS.
as formulaes de outros segmentos de governo ou da sociedade civil.
As fases do processo de apreciao e aprovao de polticas so:
Proposio - fase de apreciao por tcnicos especialistas do MS, ligada
diretamente ao tema.
Aperfeioamento dos grupos de trabalho formados por tcnicos e especialistas,
ligados ao governo ou instituies outras que realizam eventos para discusso do
documento.
Validao: o documento encaminhado e apresentado para a apreciao da
Comisso Intergestores Tripartite - CIT e Conselho Nacional de Sade CNS,
para referendo do MS, aprovado como documento oficial.
As polticas formuladas, no mbito governamental e institucional, para desenvolvimento
de aes, devem atender a demanda populacional, em garantia da qualidade de vida e
promoo da sade.
Os planos, programas, projetos e atividades dos riscos biolgicos ocupacionais,
constitudos pelo HUJBB, precisam ser avaliados pelo que determinam a lei, diretrizes,
propsitos, na definio das responsabilidades, competncias, atribuies de conhecimentos
legais, tcnicos, ticos, dos setores e da Instituio, normatizados e regimentados na forma da
lei e estabelecidos dentro de poltica mais ampla.
Compreende-se que, no Brasil, o marco do desenvolvimento de poltica pblica em
sade ainda recente, pois, a partir de 1997, inicia a preocupao do prprio MS com a
criao da Secretria de Polticas de Sade, visando a formular aes gerais para o Pas.
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A elaborao da poltica pblica em sade parte da materializao de idias, nos
Governos federal, distrital, estaduais e municipais e instituies inseridas no processo das
decises. Como toda poltica parte de ao geral, essas esferas se responsabilizam pela
formulao de planos, projetos e programas a serem definidos para concretizao e
caracterizao da poltica de sade (BRASIL. MINISTRIO DA SADE, 1998).
Portanto a sade do trabalhador e controle de infeco hospitalar se concretizam como
poltica nacional, obrigatoriamente estabelecidos pelos programas, cujas aes so de
promoo, proteo e recuperao da sade pelas instituies.
3.3 O Programa de Sade e as Aes de Preveno Ocupacional
As polticas pblicas sociais de sade do trabalhador integram aes descentralizadas,
nos Governos federal, distrital, estadual e municipal, operacionalizadas segundo a demanda
dos locais de trabalho, implantadas por instrumentos legais.
O Ministrio do Trabalho, pela Portaria n 3.214, de 8 de junho de 1978, aprova as
Normas Regulamentadoras NR tendo em vista as peculiaridades de cada atividade ou
setor de trabalho, estabelecidos critrios de risco, nmero de empregados das empresas,
obrigatoriedade de servios e programas responsveis pelas questes relativas sade e
segurana no ambiente de trabalho.
promulgada a Constituio Federal em 1988, ressaltada pela lei 8.080/90 (lei orgnica
da sade), competindo ao SUS, alm da promoo da sade do trabalhador, a ao no que
respeita recuperao e reabilitao da sade, quando submetido aos riscos das condies de
trabalho.
Quanto s Normas Operacionais Bsicas 01/93 e 01/96, Norma Operacional de Sade
do Trabalhador (NOST) e Instruo Normativa de Vigilncia em Sade do Trabalhador no
SUS, designada na Portaria 3.120, de 1 de julho de 1998, trata-se no somente dos programas
estaduais e municipais, especialmente nas reas de vigilncia epidemiolgica3, vigilncia
3 Vigilncia epidemiolgica: conjunto de aes que proporcionam o conhecimento, a deteco ou preveno de qualquer mudana dos fatores determinantes de sade individual ou coletiva, com finalidade de recomendar e adotar as medidas preventivas e controle das doenas e agravos. (ROUQUAYROL, 1994).
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sanitria4 e fiscalizao sanitria5, de forma a incorporarem, em suas prticas, mecanismos de
anlise e interveno nos processos e ambiente de trabalho. O decreto n 3.048, de 6 de maio
de 1999, aprova o regulamento dos beneficirios da previdncia social, destinado a assegurar
o direito sade, previdncia e assistncia social, provendo atendimento s necessidades
bsicas e de referncias a acidentes de trabalho e doenas profissionais.
A lei n 8.213, de 24 de julho de 1991, no artigo 17, prescreve que o acidente de
trabalho ocorre no exerccio do trabalho, a servio da empresa, com leso corporal ou
perfurao funcional, causa de morte, perda ou reduo da capacidade para o trabalho,
permanente ou temporria.
Para efeito previdencirio, so considerados acidentes de trabalho as respectivas
doenas, de acordo com o artigo anterior, sendo importante diferenciar os conceitos de doena
profissional e doena do trabalho, conforme o decreto 3.048, Ministrio da Previdncia Social
(2000).
A doena profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relao elaborada pelo Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social. A doena do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em funo de condies especiais em que o trabalho realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relao mencionada ao Anexo II do Decreto 3.048.
No Anexo II do decreto 3.048, so listados os agentes patognicos e os trabalhos de
risco para fins da caracterizao de doenas profissionais ou do trabalho.
No caso dos agentes biolgicos, especificamente para os hospitais, laboratrios e outros
ambientes de tratamento de doenas transmissveis, so considerados agentes patognicos as
bactrias, vrus, protozorios e outros organismos vivos que podem causar doena
profissional.
Tambm doena do trabalho o acidente proveniente de contaminao acidental do
empregado no exerccio da atividade. Nesse item, cabe o enquadramento em doena
decorrente de contaminao acidental, no local de trabalho, com material de origem biolgica.
Conforme o Anexo do Regulamento da Previdncia Social, esto inclusas as hepatites e a
Sndrome de imunodeficincia humana adquirida (AIDS).
4 Vigilncia sanitria deve ser entendida como um amplo e complexo sistema de normatizao e controle da situao sanitria, atravs dos monitoramentos, da qualidade de bens, produtos, servios, atividades e procedimentos de interesse da sade, do meio ambiente e ambiente de trabalho, visando a reduo dos riscos, concebido como eixo estratgico das polticas pblicas para elevar o nvel de sade da populao. (COSTA, 1994) 5 Fiscalizao sanitria um dos momentos de concreo do exerccio do poder que detm o Estado para aceitar ou recusar produtos ou servios sob o controle da sade pblica e para intervir em situaes de risco sade. A fiscalizao verifica o cumprimento das normas estabelecidas para garantir a proteo da sade.
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A Rede Nacional de Ateno Sade do Trabalhador (RENAST), efetivada pela
Portaria 1679, de 19/09/2002, tem como objetivo garantir ateno sade, considerando a
dimenso de toda a estrutura, a vida em ambiente de trabalho, participao da produo de
bens e servios, desgaste fsico e mental durante o processo de atividade, obrigam tratamento
diferenciado das questes mdicas, sociais e econmicas relacionadas aos problemas de
sade delas decorrentes, o que demonstra que essa complexidade determinante na
elaborao da RENAST e depende da infra-estrutura, ao citar que
A estrutura desta rede de atendimento aos problemas de sade decorrentes do processo produtivo, extrapola o ambiente de um servio mdico tradicional e requer o desenvolvimento de uma cultura ou mentalidade sanitria, difusa dentro da sociedade concentrada nos servios de atendimentos aos trabalhadores, sejam nos servios de sade, nos servios de segurana, na proteo social, Ministrio Pblico, na Vigilncia Sanitria e ambiental, entre outros. (BRASIL. MINISTRIO DA SADE, 2002).
A garantia de aspectos da sade do trabalhador, segundo a lgica da RENAST, no
apenas para assegurar atendimento clnico, porque depende de situaes epidemiolgicas,
condies sanitrias, formas da gesto e infra-estrutura, o que permite a descentralizao das
responsabilidades entre estados e municpios, com estratgias regionais voltadas para a
ateno bsica sade do trabalhador.
As propostas do NOST/NOAS, deliberadas no II Encontro Estadual em So Paulo,
foram: a descentralizao da gesto por habilitao dos estados e municpios; criao de
Comisso Intergestores Tripartites para o controle de recursos e utilizao de modelo prprio
de organizao da ateno da sade, como recomenda o Conselho Nacional de Sade - CNS,
em 14/09/2001, liberao de recursos pelo SUS via Fundo de Aes Estratgicas do
Ministrio da Sade.
Forma-se, ainda, o sistema de informao nacional para saber os fatores determinantes
do agravo sade, para controle, avaliao e impactos das medidas de eliminao, atenuao
e tomadas de decises nas trs esferas de governo, alm da criao da Comisso Intersetorial,
com a participao de entidades cientificas e sociais ligadas rea, subordinadas aos
conselhos estaduais de sade - CES e conselhos municipais de sade - CMS, responsveis
pela definio, estabelecimento de prioridades, acompanhamento e avaliao das aes.
A operacionalizao da RENAST, no Estado do Par, de responsabilidade das
Secretarias Municipal e Estadual de Sade. que o Governo estadual implantou a Rede de
Sade do Trabalhador, seguindo orientaes da Rede Nacional. O Projeto foi elaborado em
2004 para atendimento dos 143 municpios, com o objetivo de criar os centros regionais de
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sade do trabalhador (CRST) por plos, capacitar funcionrios do SUS para polticas de
ateno integral a sade do trabalhador, visando s metas de carter organizacional e de infra-
estrutura para obteno de recursos materiais, humanos, elaborao de instrumentos
pedaggicos e implantao de comisses intersetoriais e o sistema de informao.
Em Belm, o atendimento sade do trabalhador acontece na Casa da Sade do
Trabalhador (CAST), criada em 1997, cujo objetivo atendimento biopsicossocial de
monitoramento, encaminhamento, prticas de acolhimento e capacitao, para garantia dos
direitos do trabalhador das redes pblica e privada, rea formal e informal, empregados e
desempregados, com metas de implementar poltica de preveno s Leses por esforos
repetitivos e outros agravos com relevncia epidemiolgica; contribuir para a
implementao de Comisses de Sade em todos os locais de trabalho; investigar todos os
acidentes graves e fatais relacionados ao trabalho.
A viso da CAST - Belm conduzir a poltica de sade do trabalhador integral para o
atendimento de promoo, proteo, recuperao e reabilitao, de acordo com as orientaes
e princpios do SUS. A misso assegurar o controle do processo de trabalho pela preveno
de agravos sade e de aes de sade, educao, formao, pesquisa e informao em sade
do trabalhador, seguindo os valores de transdisciplinaridade, conscincia crtica e eficincia e
eficcia das aes.
O agravo sade decorrente do trabalho deve ser notificado obrigatoriamente pelo
empregador aos servios de sade por meio da Comunicao de Acidente de Trabalho (CAT).
Na Rede de Assistncia Sade do Trabalhador nos centros regionais, o Hospital
Universitrio Joo de Barros Barreto - HUJBB tem as aes ligadas ao Programa de Ateno
Sade do Servidor da UFPA , elaborado em 2004, em parceria com o Hospital Universitrio
Betina Ferro e Souza (HUBFS) e o Laboratrio do Curso de Farmcia da UFPA.
O objetivo atender as demandas dos servidores da UFPA, em relao sade, dentro
dos princpios do SUS, ampliar o atendimento aos dependentes, fortalecer a rede de sade da
UFPA, levantar dados epidemiolgicos sobre a sade do servidor e subsidiar a equipe de
sade ocupacional. A meta garantir a sade dos servidores ativos, dependentes, aposentados
e outros.
A viso do programa o valor social da sade do trabalhador, ateno s aes de
promoo e assistncia de maior complexidade, para tornar efetivos os servios
multiprofissionais em reas bsicas de especialidades e internao, conforme expresso na
figura 1.
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FIGURA 1 Fluxograma de Ateno Sade do Servidor da UFPA Fonte: UFPA/HUJBB
Alm da RENAST e do Programa de Assistncia Sade do Servidor da UFPA, no
HUJBB, existem aes do Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional (PCMSO),
organizado de acordo com as exigncias do Ministrio do Trabalho, pautado nas Normas
Regulamentadoras (NR) e Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), que objetivam
promover e preservar a sade dos trabalhadores.
O programa desenvolvido pela Diviso de Segurana e Sade do Trabalhador (DSST).
Constitui-se como Servio Especializado de Engenharia e Segurana e Medicina do Trabalho
(SESMT), formado por tcnicos de segurana, assistente social, auxiliar de enfermagem e
mdico responsvel pelo diagnstico, preveno e rastreamento dos agravos sade e
doenas profissionais e do trabalho.
As atividades so campanhas peridicas de vacinao do trabalhador, visitas a reas
crticas para investigao epidemiolgica e graus de riscos, atendimento socio-jurdico-
educativo orientao familiar, avaliao clnica, exames mdicos de admisso, peridicos e
demissionais, alm de fiscalizao de procedimentos, notificao e controle de atestado,
monitoramento, capacitaes, pela realizao de cursos, treinamentos, seminrios e palestras,
campanhas educativas e eventos de segurana, sistema de informao e participao na
Comisso Interna de Preveno de Acidentes (CIPA).
HHUUBBFFSS (Acolhimento)
Consultas bsicas
Consultas especializadas
Cirurgias ambulatoriais
Exames diagnsticos
Terapias
HHUUJJBBBB
Consultas Referenciadas
Exames Diagnsticos
Interaes
Cirurgias de mdio e grande porte
Terapias
SERVIDOR
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Em relao aos riscos biolgicos, as aes acontecem em parceria com a