indicadores de desempenho sustentável no sector da construção‡ao... · é o caso da escola...

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Instituto Politécnico de Setúbal Escola Superior de Ciências Empresariais Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção Cristina Morais da Palma Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de MESTRE EM CONTABILIDADE E FINANÇAS Orientador: Professor Doutor Francisco Carreira Setúbal, Abril de 2010

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Page 1: Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção‡AO... · é o caso da Escola Superior de Ciências Empresariais, que dispõe de uma unidade curricular sobre Responsabilidade

Instituto Politécnico de Setúbal

Escola Superior de Ciências Empresariais

Indicadores de Desempenho

Sustentável no Sector da Construção

Cristina Morais da Palma

Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau

de

MESTRE EM CONTABILIDADE E FINANÇAS

Orientador: Professor Doutor Francisco Carreira

Setúbal, Abril de 2010

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(Esta página foi propositadamente deixada em branco)

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Dedicatória

Este trabalho é inteiramento dedicado à minha família,

Especialmente à minha filha, Catarina, e

À minha mãe, Francisca.

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iii

Agradecimentos

Ao Professor Doutor Francisco Carreira, meu orientador, pela transmissão dos seus

conhecimentos, pelas constantes palavras de incentivo e por toda a colaboração prestada,

expresso os meus sinceros agradecimentos.

Por todo o apoio prestado no desenvolvimento da vertente prática deste trabalho de investigação,

agradeço à Professora Sandra Nunes.

Agradeço à AECOPS de Setúbal, representada pelo Sr. Alfredo Lopes, por ter disponibilizado

informação fundamental à realização deste trabalho.

À Rita Almeida Dias, partner da Sustentare, Lda, agradeço a cooperação e informação

disponibilizada, essencial para a realização da vertente prática deste trabalho.

Agradeço aos meus familiares e amigos, especialmente ao meu marido e à minha mãe, Luís e

Francisca, pelo apoio que me deram nas horas mais difíceis, contribuindo para que me sentisse

motivada a continuar. À minha filha Catarina, agradeço todos os sorrisos com que me presenteou,

sendo a minha fonte inesgotável de energia.

Aos meus colegas de Mestrado, agradeço o companheirismo, a boa disposição que partilhámos e

o bom relacionamento que constituíram um tónico adicional de motivação, em particular, à Silvina

Cabrita, agradeço o incentivo transmitido, a cumplicidade e, sobretudo, a amizade, que muito

contribuíram para o culminar deste percurso.

Agradeço a todas as outras pessoas e entidades que, de forma directa ou indirecta, contribuíram

para que este trabalho pudesse ser realizado.

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iv

Resumo

O desenvolvimento sustentável integra o desenvolvimento económico, pelo que é

importante encará-lo como uma estratégia organizacional relevante. O conceito de

Sustentabilidade, tem ganho dinâmica, quer pela integração de atitudes e acções, socialmente,

responsáveis no seio das organizações, quer pela crescente necessidade em comunicar o que de

sustentável foi desenvolvido. Assim, se tem contribuído para o aumento do número de Relatórios

de Sustentabilidade publicados pelas organizações.

O sector da Construção tem-se retraído nos últimos anos, em virtude da crise económica

sentida um pouco por todo o mundo. As características do sector fazem emergir uma nova

estratégia delineada nos pilares da tripla sustentabilidade, sendo impreterível fomentar o

desenvolvimento económico, ambiental e social das organizações.

A diferenciação pode ser feita, também, ao nível do produto, neste caso das construções.

Os materiais incorporados nas obras podem conferir elevados padrões de sustentabilidade aos

próprios edifícios, tornando-os mais atractivos e conferindo-lhes características distintas para os

compradores.

O relato sustentável no sector da Construção está a prosperar anualmente, mas atendendo

às características do sector, será necessário estipular indicadores que melhor espelhem o estado

do desenvolvimento económico, ambiental e social neste sector.

Palavras-Chave: Sustentabilidade, Organizações, Relato, Sector da Construção e Indicadores de

Desempenho Sustentável.

JEL – M14, Q01

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Abstract

Sustainable development integrates economic development, so it is important to see it as an

important organizational strategy. The concept of sustainability has gained force, whether by

integration of attitudes and socially responsible actions within organizations, or by growing demand

communicating what is sustainable and has been developed. So these have contributed to the

increase in the number of sustainability reports published by organizations.

The Construction industry has been contracting in recent years because of the economic

crisis felt all over the world. The characteristics of the industry caused to emerge a new strategy

based on the triple pillars of sustainability; essential to foster organizations development in

economic, environmental and social aspects.

A difference can also be made at the level of the product, in this case the buildings. The

materials may provide high standards of sustainability, thereby making them more attractive and

desirable to buyers.

Reporting on sustainability, in the construction industry will increase every year, but given

the characteristics of the industry, it will need to provide indicators that better reflect progress in

economic, environmental and social development in this sector.

Keywords: Sustainability, Organizations, Reporting, Construction Industry, and Sustainable

Development Indicators.

JEL – M14, Q01

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Índice Geral

Dedicatória .......................................................................................................................................... ii

Agradecimentos.................................................................................................................................. iii

Resumo .............................................................................................................................................. iv

Abstract ............................................................................................................................................... v

Índice Geral ........................................................................................................................................ vi

Índice de Figuras e Gráficos ............................................................................................................ viii

Lista de Abreviaturas e Acrónimos .................................................................................................... ix

Introdução ............................................................................................................................................ 1

Parte A – REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................... 3

1. O Desenvolvimento Sustentável ................................................................................................ 3

1.1. O conceito da Sustentabilidade .......................................................................................... 3

1.2. Sustentabilidade Empresarial ............................................................................................. 4

1.3. O Desenvolvimento Sustentável na Europa e em Portugal ............................................... 9

1.4. Mensuração e Relato do Desenvolvimento Sustentável.................................................. 11

1.4.1. A Global Reporting Initiative (GRI) ........................................................................... 12

1.4.1.1. Relatórios de Sustentabilidade ............................................................................. 13

1.4.1.2. Princípios do Relato do Desenvolvimento Sustentável ........................................ 15

1.4.1.3. Indicadores de Desempenho Sustentável............................................................ 16

1.4.1.3.1.1. Indicadores Económicos, Ambientais e Sociais .............................................. 17

1.4.1.3.1.2. Suplementos Sectoriais de Indicadores de Desempenho Sustentável ........... 19

1.4.1.4. Evolução do Relato Sustentável .......................................................................... 20

1.4.2. Paradigma entre Custos e Benefícios do Relato Sustentável ................................. 23

2. O Sector da Construção ........................................................................................................... 25

2.1. Características do Sector da Construção ........................................................................ 25

2.2. Evolução Recente e Perspectivas do Sector da Construção .......................................... 27

2.3. O Desenvolvimento Sustentável no Sector da Construção ............................................. 33

2.3.1. Edifícios e Construções Sustentáveis ...................................................................... 33

2.3.2. Evolução do Relato Sustentável no sector da Construção ...................................... 35

2.3.3. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável para o Sector da Construção .......... 39

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Parte B – ESTUDO EMPÍRICO .........................................................................................................41

3. Construção do Processo de Investigação ................................................................................ 41

3.1. Objectivo da Investigação ................................................................................................ 41

3.2. Fundamentação Teórica .................................................................................................. 42

3.3. Estratégia da Investigação ............................................................................................... 43

3.4. Instrumentos da Investigação .......................................................................................... 43

4. Metodologia da Investigação .................................................................................................... 44

4.1. Selecção e Caracterização da Amostra ........................................................................... 44

4.2. Questionário ..................................................................................................................... 48

4.3. Processo de Recolha e Tratamento dos Dados .............................................................. 49

4.4. Limitações da Metodologia Utilizada ................................................................................ 50

5. Análise e Discussão dos Resultados Obtidos .......................................................................... 50

Conclusão ..........................................................................................................................................59

Bibliografia .........................................................................................................................................61

Anexos ...............................................................................................................................................65

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viii

Índice de Figuras e Gráficos

Figura 1 – Pirâmide Hierárquica de RSC ........................................................................................... 7

Figura 2 – Como evitar problemas com os Relatórios RSC ............................................................ 14

Figura 3 – Resultados do Workshop: Indicadores de Desempenho Sustentável ............................ 51

Figura 4 – Indicadores de Desempenho Sustentável – Resultados: Workshop Vs Questionário ... 58

Gráfico 1 – Evolução do Relato Sustentável: 2002 - 2008 .............................................................. 21

Gráfico 2 – Magnitude do Relato Sustentável na Europa ................................................................ 21

Gráfico 3 – Evolução do Relato Sustentável: Portugal e Espanha .................................................. 22

Gráfico 4 – Evolução do Relato Sustentável do Sector da Construção: 2002 -2008 ...................... 36

Gráfico 5 – Magnitude do Relato Sustentável do Sector da Construção na Europa ....................... 36

Gráfico 6 – Relato Sustentável na Europa: Comportamento entre Sectores de Actividade............ 37

Gráfico 7 – Evolução do Relato Sustentável do Sector da Construção: Portugal e Espanha ......... 38

Gráfico 8 – Representatividade por Género .................................................................................... 45

Gráfico 9 – Representatividade por Idade ....................................................................................... 46

Gráfico 10 – Representatividade por Concelho de Residência ....................................................... 47

Gráfico 11 – Representatividade por Curso ..................................................................................... 47

Gráfico 12 – Indicadores Económicos - Resultados do Questionário.............................................. 52

Gráfico 13 – Indicadores Ambientais – Resultados do Questionário............................................... 53

Gráfico 14 – Indicadores Sociais – Resultados do Questionário ..................................................... 55

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Lista de Abreviaturas e Acrónimos

ABDR Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados

AECOPS Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas

ANEOP Associação Nacional de Empreiteiros de Obras Públicas

CCE Comissão das Comunidades Europeias

CCP Código dos Contratos Públicos

CF Contabilidade e Finanças

CFN Contabilidade e Finanças Nocturno

CNC Comissão de Normalização Contabilística

EA Engenharia de Ambiente

EC Engenharia Civil

EDS Estratégia da UE para o Desenvolvimento Sustentável

ESCE Escola Superior de Ciências Empresariais

ESTB Escola Superior de Tecnologia do Barreiro

ESTS Escola Superior de Tecnologia de Setúbal

EUA Estados Unidos da América

FEPICOP Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas

IES Informação Empresarial Simplificada

IMI Imposto Municipal sobre Imóveis

IMT Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis

INE Instituto Nacional de Estatística

IPS Instituto Politécnico de Setúbal

IRC Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas

IRS Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares

IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

NCRF Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro

NRAU Novo Regime de Arrendamento Urbano

ONG Organizações Não Governamentais

PIB Produto Interno Bruto

PME Pequenas e Médias Empresas

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RECRIA Regime Especial de Comparticipação na Recuperação de Imóveis Arrendados

RSC Responsabilidade Social Corporativa

RSE Responsabilidade Social Empresarial

RSO Responsabilidade Social Organizacional

SDC Soares Da Costa

SGPS Sociedade Gestão de Participações Socais

TGV Train à Grande Vitesse (comboio de alta velocidade)

UE União Europeia

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

1

Introdução

Este trabalho visa aprofundar o conhecimento de um tema cada vez mais actual e que tem

ganho grande projecção, nomeadamente, ao nível da comunicação organizacional,

governamental, entre outras: a Sustentabilidade.

Nesta área específica das Ciências Empresariais – Contabilidade e Finanças –

frequentemente se consulta informação organizacional, não só a nível dos aspectos financeiros

das organizações, mas também outras informações que careçam de relevância para o objecto de

análise.

As organizações estão, crescentemente, a disponibilizar às suas partes interessadas,

frequentemente designadas por stakeholders, informação que proclamam relacionar-se com a

Sustentabilidade e a Responsabilidade Social Corporativa (RSC).

De um modo geral, o conceito de Sustentabilidade é utilizado em várias áreas, do domínio

privado e público, e relativo a organizações, países, ecossistemas, etc.

Para Gabriela Canavilhas (2010), Ministra da Cultura, do XVIII Governo Constitucional,

“Num mundo globalizado é a cultura que irá oferecer a sustentabilidade necessária ao

desenvolvimento futuro do nosso país”. A cultura poderá de facto contribuir para a sustentabilidade

do país, quer pelas actividades culturais desenvolvidas, mas sobretudo, a cultura entendida como

a instrução, o saber e o estudo.

As medidas, as políticas e os comunicados governamentais estão, também, a citar no

vocabulário, a palavra “sustentabilidade” ou seus derivados. Algumas medidas de natureza

ambiental estão, claramente, a relacionar-se com este conceito.

As organizações públicas e privadas acompanham a tendência, quer pelo cumprimento de

recomendações governamentais ou de associações, quer pela necessidade crescente que sentem

em comunicar os aspectos da vida empresarial em que estão envolvidas e que vão muito para

além da mera vertente económica.

O mundo académico acompanha a tendência, quer pela investigação desenvolvida em

vários domínios da sustentabilidade, quer pela leccionação de matérias curriculares, que

contemplam conceitos e ideologias estratégicas relacionados com a Sustentabilidade e a RSC.

Segundo Jorge, F. et al (2009, pág. 32), “O ensino da ética empresarial tem tido, na última

década uma atenção acrescida por parte das escolas de ciências económicas e empresariais”. Tal

é o caso da Escola Superior de Ciências Empresariais, que dispõe de uma unidade curricular

sobre Responsabilidade Social Organizacional (RSO).

Assim, do ponto de vista pessoal, este trabalho contribui para um acréscimo de

conhecimentos em matéria de Sustentabilidade, bem como, para a aquisição de novas

competências, que vão além dos limites da informação contabilística, mas que, certamente, são

influenciados e têm influência no suporte económico das organizações.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

2

A escolha de aplicar o tema “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável” ao sector da

Construção deve-se à iniciativa do Grupo Soares da Costa, SGPS, que numa aproximação à

academia, dinamizou a iniciativa “Prémio Talento Soares da Costa 2009” alusiva ao tema

Sustentabilidade.

Nesta iniciativa, a Soares da Costa (SDC) propôs o estudo de alguns temas que, pelo

compromisso assumido para com a sustentabilidade do desempenho da empresa, procura ver

desenvolvidos e aprofundados, pelo que, foi entregue e aceite a candidatura para a realização de

um trabalho intitulado “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável no Sector da Construção –

uma análise comparativa” (Anexo I).

Em virtude desse trabalho desenvolvido e, também, pelo facto de várias partes interessadas

pretenderem encontrar um conjunto de indicadores com aplicabilidade específica para o sector da

construção, emergiu uma motivação maior para aprofundar o tema relacionado com os

indicadores de desempenho sustentável aplicáveis a este sector.

Assim surgiu, naturalmente, a necessidade de abordar a problemática relativa à

identificação de indicadores de desenvolvimento sustentável específicos para o sector da

construção, com o objectivo de validar a selecção empresarial junto da selecção académica, ou

seja, com o intuído de verificar se as opiniões de grupos distintos convergem no mesmo sentido.

Partindo de um conjunto de indicadores, pré-eleitos por um grupo de indivíduos, constituído

por diferentes partes interessadas, é aplicada a metodologia do questionário a estudantes de

várias áreas do conhecimento, com impacto no sector da construção.

Este trabalho encontra-se dividido em duas partes, uma de natureza teórica, que pretende

proporcionar um enquadramento da temática, e outra de natureza empírica, onde é apresentada a

metodologia de investigação.

A parte teórica, denominada Revisão de Literatura, é composta por dois capítulos. O

primeiro capítulo é alusivo ao tema “O Desenvolvimento Sustentável”, em que se aborda

conceitos, mensuração, relato e indicadores. O segundo capítulo, intitulado “O Sector da

Construção”, especifica as características, a evolução e o desenvolvimento sustentável inerente

ao sector da construção.

Relativamente à parte prática, intitulada Estudo Empírico, é composta por três capítulos,

que seguem a seguinte ordem: Construção do Processo de Investigação, Metodologia de

Investigação e, por fim, Análise e Discussão dos Dados Obtidos. Começa por ser espelhado o

desenho do processo de investigação, seguido da exploração da metodologia utilizada e,

posteriormente, analisam-se os resultados alcançados.

Por fim, as conclusões traduzem o que foi a importância do tema objecto de estudo, sua

origem e evolução, bem como, evidenciam-se um conjunto de indicadores que melhor retratam a

sustentabilidade em termos de relato e alcance, aplicado ao sector da Construção, baseado numa

amostra seleccionada.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

3

Parte A – REVISÃO DE LITERATURA

Esta primeira parte procura, com base na revisão da literatura, aludir autores e

investigadores que tenham aflorado, teoricamente ou através de estudos empíricos, o tema da

sustentabilidade e que se consideram relevantes.

Esta parte encontra-se estruturada em dois capítulos, considerados pilares para a

concretização deste enquadramento teórico. Cada um deles subdivide-se em pontos, de acordo

com a necessidade de detalhe.

O primeiro capítulo aborda o tema do desenvolvimento sustentável, em termos de conceito,

mensuração e relato e, o segundo capítulo caracteriza o sector da Construção, em termos da sua

relação com o desenvolvimento sustentável.

1. O Desenvolvimento Sustentável

É cada vez mais comum utilizar-se o termo “sustentabilidade”, o qual está associado ao

desenvolvimento e imagem das instituições, empresas, pequenas, médias ou grandes e

organizações com e sem fins lucrativos.

O uso corrente do termo, bem como a crescente preocupação generalizada fez despertar,

quer no meio organizacional, quer no meio académico, uma nova expressão e a necessidade de

estudo e compreensão desta temática.

Perante o exposto, o Desenvolvimento Sustentável foi abordado, primeiro, conceptualmente,

segundo, no contexto empresarial, terceiro, revisão das boas práticas na Europa e Portugal, e por

quarto e último, mensuração e relato.

1.1. O conceito da Sustentabilidade

A palavra “Sustentável” é um adjectivo para aquele “que se pode sustentar, defender”,

sendo que “Sustentabilidade” significa uma “qualidade ou condição do que é sustentável”

(Priberam, 2010).

Inicialmente, o termo “Sustentabilidade” encontrou-se associado à importância dos recursos

naturais, com especial foco na sua regeneração com vista ao sustento da população.

Posteriormente, a teoria económica iniciou uma ampliação do conceito de estudo, incluindo

aspectos relacionados com o ambiente, progredindo para a relação entre o crescimento do

Produto Interno Bruto (PIB) e a degradação do meio ambiente.

Assim sendo, começou a ser feita distinção entre o ambiente e os recursos naturais,

considerando-se, o primeiro, como a fonte dos segundos, mas também como um reservatório dos

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

4

resíduos provenientes da actividade económica. Quanto maior o nível de desenvolvimento

económico das localidades, maior a quantidade de resíduos gerados.

Durante a década de 70 do séc. XX assumiu-se que a taxa de regeneração dos recursos

naturais seria mais rápida do que o consumo dos mesmos o que, claramente, se veio a constatar

estar errado, quer pela disponibilidade dos recursos considerando que não seriam ilimitados, quer

pelo franco desenvolvimento económico e tecnológico para que se caminhava a largos passos

(Sustentare, 2008).

De acordo com o Report of the World Commission on Environment and Development: Our

Common Future, apresentado em Genebra, em Junho de 1987, conhecido como Relatório

Brundtland, o desenvolvimento sustentável é algo que exige a satisfação das necessidades

básicas de todos, considerando que a todos deve ser estendida a oportunidade de satisfazer as

suas aspirações.

A definição mais comum atribuída ao conceito de Sustentabilidade é: “O desenvolvimento

que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras

satisfazerem as suas próprias necessidades” (Brundtland, 1987).

1.2. Sustentabilidade Empresarial

As organizações, nos últimos anos, têm procurado desenvolver acções, socialmente

responsáveis, com a pretensão de retribuir parte dos seus benefícios empresariais à sociedade,

nomeadamente, através de acções de solidariedade, recuperação e preservação ambiental,

patrocínios, entre outros.

As acções de RSC são comunicadas de forma transparente, pelas organizações, com o

intuito de informar a sociedade acerca das mesmas e na expectativa de que a sociedade

reconheça nas organizações, agentes responsáveis e merecedores de crédito. No entanto as

informações transparentes, só por si, não apagam da memória algumas consequências negativas

de actuações empresariais nos últimos anos, que vindas a público se revelaram autênticos

escândalos (Álvarez, 2006).

Torna-se importante esclarecer e dissociar a RSC daquilo que são meros actos de

filantropia, não porque a prática dos mesmos seja desprestigiante ou indigna, antes pelo contrário,

mas para não se considerar que ambas significam o mesmo.

A filantropia representa uma acção, à partida de carácter continuado, de doar bens, verbas

ou serviços, a favor de instituições ou outras entidades que desenvolvam actividades de grande

mérito social (Wikipedia, 2010). Noutras palavras, filantropia é “interesse teórico e prático pela

felicidade e pelo bem-estar dos outros; amor ao próximo; humanitarismo; caridade; generosidade”

(Porto Editora, 2002, pp. 752).

Naturalmente, a prática de filantropia requer a disponibilidade financeira do seu promotor,

contribuindo para o financiamento de causas sociais, humanitárias, culturais e religiosas,

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

5

normalmente, destinadas a países e populações com grandes carências de cuidados primários e

elevados níveis de subnutrição, analfabetismo, entre outros.

As verbas destinadas à prática filantrópica podem, igualmente, ser destinadas a reduzir os

efeitos causados por catástrofes ambientais de largo espectro, que devastam e assolam uma

sociedade e eliminam as condições de vida das populações afectadas, que muitas das vezes já

eram reduzidas. São exemplos, o terramoto no Haiti, em Janeiro de 2010, e o tsunami no Oceano

Índico, com epicentro ao largo da Tailândia, em Dezembro de 2004.

No entanto, estas práticas sob a forma de doação, também, podem ser associadas a

eventos sociais e culturais de grande amplitude ou projecção, em que a filantropia assume a forma

de patrocínio. Esta acção está mais relacionada a uma faceta de marketing institucional, pois

induz a associação da imagem da marca ou da empresa à realização do evento patrocinado.

Outras das formas de praticar filantropia é satisfazer as necessidades que o Estado e seus

organismos não conseguem colmatar, nomeadamente educação, saúde e apoio social. Os fundos

providenciados pelas empresas filantrópicas podem destinar-se ao financiamento de estudantes,

através de pagamento de propinas, ou por exemplo, ao financiamento de um determinado número

de unidades de vacinas para determinado grupo de indivíduos.

A realidade é que esta vertente de filantropia não significa, exactamente, o mesmo do que

ser-se socialmente responsável. As empresas que a praticam assumem o seu papel benemérito,

sendo essa uma atitude louvável, mas na realidade, também, criam expectativas através da sua

atitude, pelo reconhecimento e posicionamento favorável na avaliação que lhes é feita pelas

partes interessadas e que as impele, ou não, a fornecerem o seu contributo directo ou indirecto na

maximização dos resultados das empresas.

A RSC, igualmente, designada por Responsabilidade Social Empresarial ou Organizacional

(RSE ou RSO) é algo que alberga as práticas de filantropia, mas é muito mais do que isso. Ser-se,

socialmente, responsável é estar-se de forma voluntária e responsável em sintonia com a

sociedade em que se está inserido, ou seja, com o ambiente e conservação do mesmo, com as

pessoas e os seus direitos fundamentais, bem como com as regras legais que orientam essa

mesma sociedade (lei civil, lei fiscal, códigos de conduta, etc.).

A prática ética de uma organização passa pela procura do seu bem-estar, sem negligenciar

o impacto que a sua actividade pode ter no meio ambiente e na vida da sociedade em que está

envolvida e que, economicamente, explora.

Para além dos aspectos legais a que estejam sujeitas, as empresas que tenham uma

componente de verdadeira RSC, contemplam na sua missão e nos seus objectivos boas práticas

ambientais e sociais, partindo do princípio de que estas assumem um contributo essencial para o

seu próprio bem-estar, como para o bem-estar da sociedade em que coexistem (Palma et al,

2009).

Esta visão não é consensual, alguns académicos defendem que as organizações ao

passarem a agir de forma socialmente responsável, estão a adoptar uma vertente de marketing e,

consequentemente, uma estratégia de maximização de lucros, ou seja, é defendida a teoria de

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

6

que uma organização com postura socialmente responsável passa, por isso mesmo, a obter

compensações, tais como, mais fácil acesso ao capital, custos com prémios de seguros mais

reduzidos, melhor imagem no mercado e, entre outras, um aumento nas vendas ou prestações de

serviços.

Berns (2009) refere que o principal benefício da sustentabilidade é o impacto que possa

causar na imagem da empresa e da marca frisando, contudo, que esse aspecto não é focado

pelos peritos na matéria, que acabam por evidenciar como mais-valia a criação de valor através de

novas vantagens competitivas. É consensual que a sustentabilidade tem crescentes impactos nos

negócios.

Abreu et al (2005) conclui na sua investigação, que as práticas de RSC ocorrem por

influência externa, influência de mercado e influência operacional. Roque (2006) concluiu que,

provavelmente, derivado à pouca atenção, ainda direccionada para matérias de sustentabilidade,

o desempenho ambiental não se reflectia como uma fonte de vantagens competitivas. No mesmo

estudo acrescenta, ainda, que as empresas que divulgam informação ambiental qualitativa e

quantitativa são as que apresentam pior performance financeira.

De acordo com Cardoso (2006, citado por Ferraz, 2007), o rácio benefício/custo de ser-se,

socialmente, responsável representa um elevado custo associado a esse comportamento, que, no

entanto, acaba por ser compensado pelo mercado numa perspectiva de médio longo prazo.

Acerca da sustentabilidade no seio empresarial, mesmo que considerada como uma fonte

de vantagens competitivas, “Self-identified sustainability experts viewed the topic differently than

those who considered themselves novices in the area” (Berns et al, 2009, p. 22), embora seja

unânime que os assuntos relacionados com a sustentabilidade estão, crescentemente, a suscitar

interesse em toda a humanidade.

“O primeiro passo em direcção a uma abordagem transparente é examinar como comunica

os seus objectivos e informa acerca dos seus progressos. Nos últimos quinze anos houve um

grande aumento na visibilidade das políticas de RSC.” (Zee, 2009, p. 46).

Assim, cada vez mais os consumidores valorizam a informação disponibilizada pelas

organizações e tornam-na preponderante nas suas decisões de consumo. Da mesma forma, os

investidores privilegiam o acesso a informação diferenciada, por força da decisão de investimento.

Nas relações entre cliente e fornecedor, informar acerca de RSC, também, pode fazer a

diferença, sempre que qualquer destes agentes determine a condição de, apenas transaccionar

com outro agente económico que reúna determinadas características, nomeadamente, que

comprovem a sua responsabilidade social, assegurando assim um compromisso sustentável em

toda a cadeia comercial.

Nesse sentido, a responsabilidade social assumida e comunicada pelas organizações torna-

se como um factor de diferenciação, privilegiado pelos stakeholders. É essencial comunicar o

desempenho das organizações e a informação relatada deverá comportar indicadores

económicos, sociais e ambientais.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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A RSC assenta em aspectos de natureza económica, ambiental e social, que se aglutinam

na denominada Triple Bottom Line. Zee (2009) refere-nos que este conceito determina que as

organizações não têm apenas em consideração o capital financeiro envolvido no negócio e têm,

também, o capital humano e o capital natural. Esta linha de base tripla fomenta que as

organizações conservem, e sobretudo, não desperdicem os seus recursos disponíveis.

Carroll (1991) menciona que, para que a RSC seja aceite por uma pessoa de negócios

consciente, toda a gama de responsabilidades do negócio devem ser enquadradas e ordenadas,

sob a forma de pirâmide, conforme Figura 1.

Nesse sentido, a base de todas as restantes responsabilidades que uma organização possa

ter, compreende a vertente económica, tornando possível prosseguir com o cumprimento das

seguintes etapas da pirâmide. Assim, acima de tudo, uma empresa deve gerar lucros. A

rendibilidade não deixa de ser prioritária, pois sem ela, torna-se difícil, senão mesmo impossível,

conseguir alcançar os restantes objectivos organizacionais.

Figura 1 – Pirâmide Hierárquica de RSC

As responsabilidades legais só podem ser assumidas quando, economicamente, a

organização delineou e estruturou as suas responsabilidades. Uma empresa que não tenha uma

gestão eficaz e eficiente dos seus recursos económicos poderá, por exemplo, não conseguir dar

cumprimento às suas responsabilidades de carácter fiscal, ou cumprir com os níveis de emissão

de gases para efeito de estufa estipulados para a actividade que exerce, que constituem uma

obrigatoriedade legal.

Em virtude do cumprimento de todas as responsabilidades de natureza económica e legal,

as organizações podem canalizar as suas atenções para as responsabilidades de natureza ética,

onde estão compreendidas as acções inerentes ao ser-se, socialmente, responsável e à

sustentabilidade organizacional.

Fonte: Adaptado de “The Pyramid of Corporate Social Responsibility: Toward the Moral Management of Organizational Stakeholders”, (Carroll, 1991).

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

8

Esta predisposição deve ser assumida de forma desinteressada, com a crença de que

realmente todas as atenções canalizadas nesta vertente são de relevância para a sustentabilidade

dos próprios recursos das organizações.

Paull Ricoeur, filósofo francês, considerado um dos grandes pensadores franceses pós

segunda guerra mundial, desenvolveu uma importante obra de filosofia política. Quando nos

remetemos a questões éticas, associada à sua linha de pensamento surge, entre outras, a frase

“nós somos hoje responsáveis pelo futuro mais longínquo da humanidade” (Wikiquote, 2010).

Por último, surgem as responsabilidades filantrópicas, já anteriormente mencionadas, que

podem ser assumidas pelas organizações como forma de partilhar todos os excedentes

económicos que não tenham sido necessários para satisfazer os restantes níveis de

responsabilidades com causas sociais, ambientais, humanitárias de relevância, quer a nível global,

quer a nível local, consoante as organizações estejam sediadas e mercados onde actuem.

Apesar da forma como Carroll (1991) hierarquiza as quatro diferentes responsabilidades

organizacionais em pirâmide, tradicionalmente, partindo da lógica de que as responsabilidades

filantrópicas co-existem no conceito de RSC, tendemos a ouvir falar de responsabilidades, bem

como de resultados, a três dimensões: a dimensão económica, a dimensão ambiental e a

dimensão social.

A dimensão económica contempla a gestão organizacional, tendo por objectivo a

rendibilidade do negócio, a criação de valor económico para a entidade e para os accionistas,

numa perspectiva de maximização dos resultados. As empresas não podem descurar a

preocupação económica em virtude das demais, pois a sua subsistência no mercado depende da

sua capacidade de gerar lucros para os accionistas ou proprietários.

Relativamente à dimensão ambiental, esta engloba todas as preocupações e acções

relacionadas com a protecção do meio ambiente, com a protecção do planeta, com a poupança e

regeneração de recursos naturais, a reciclagem e acomodação de resíduos provenientes das

actividades económicas, entre outras.

No que concerne à dimensão social, esta compreende o respeito pelos direitos

fundamentais das pessoas, a consciência laboral e não exploração de mão-de-obra, não

descriminação na contratação, apoio social aos mais debilitados, envolvente com a sociedade em

que insere a organização, etc. É pressuposta a promoção de uma sociedade mais justa, com

especial foco na eliminação da pobreza.

Paralelamente, e de modo diferente, o Livro Verde da Comissão das Comunidades

Europeias (CCE, 2001) menciona que, para promover um quadro europeu para a responsabilidade

social das empresas, dever-se-á ter em conta duas dimensões: interna e externa.

A dimensão interna da RSC comporta a gestão do impacto ambiental e recursos naturais no

âmbito da actividade desenvolvida, a gestão dos recursos humanos, práticas de recrutamento

responsáveis, salvaguarda de saúde e segurança no trabalho e uma adaptação constante à

mudança.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Na dimensão externa da RSC encontra-se as preocupações ambientais globais, as

intervenções junto das comunidades locais, as parcerias comerciais designadas “verdes” ou

“sustentáveis” com fornecedores e consumidores que partilhem dos mesmos objectivos

sustentáveis, bem como os direitos humanos de forma generalizada.

Este documento emitido pela CCE esboça, ainda, a importância de fazer uma abordagem

integrada à RSC, completando este conceito na sua gestão corrente e envolvendo toda a cadeia

de produção, os trabalhadores e gestores aos vários níveis, mesmo que isso requeira formação

específica para que se sintam dotados das competências necessárias para conduzir as

organizações à sustentabilidade.

Posteriormente, a CCE vem referir que “Seria desejável uma maior convergência e

transparência nos seguintes domínios: (1) Códigos de conduta; (2) Normas de gestão; (3)

Contabilidade, auditoria e divulgação de relatórios; (4) Rótulos; (5) Investimento socialmente

responsável.” (CCE, 2002, p. 14).

1.3. O Desenvolvimento Sustentável na Europa e em P ortugal

A globalização dos mercados tem contribuído para uma maior competitividade a nível global

e a União Europeia, que tem vindo a integrar novos países, tende a acompanhar o nível de

competição, garantindo um lugar de destaque a nível empresarial face ao resto do mundo.

As exigências dos consumidores, as imposições legais, as relações com os restantes

stakeholders e a procura de melhores resultados constituem, de forma dinâmica, um pilar

fundamental no caminho da sustentabilidade e da responsabilidade social das organizações.

A CCE tem desenvolvido um trabalho notável na promoção da RSC junto das empresas,

independentemente da sua estrutura de capitais, da dimensão e do sector de actividade. O Livro

Verde – Promover um quadro europeu para a responsabilidade social das empresas –

apresentado pela Comissão Europeia, em 2001, é exemplo disso mesmo.

As matérias de natureza ambiental têm canalizado, também, as atenções da União

Europeia, que criou exigente e crescente legislação ambiental, no sentido de responsabilizar e

penalizar as organizações, independentemente, do seu carácter público ou privado, lucrativo ou

não (Sustentare, 2008).

Salienta-se a Directiva 2004/35/CE, de 21 de Abril, que estabelece um quadro de

responsabilidade ambiental baseado no princípio do «poluidor-pagador», cujo objectivo é prevenir

e reparar danos ambientais. Posteriormente, é publicado o texto da nova Estratégia da UE para o

Desenvolvimento Sustentável (EDS), na versão adoptada pelo Conselho Europeu, em Junho de

2006, mencionando:

“Este documento estabelece uma estratégia única e coerente sobre como a UE poderá

corresponder mais eficazmente ao seu compromisso de longa data de estar à altura dos desafios

do desenvolvimento sustentável. Reafirma a necessidade da solidariedade global e reconhece a

importância de reforçar a nossa colaboração com parceiros fora da UE, incluindo os países em

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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rápido desenvolvimento que terão um impacte significativo no desenvolvimento sustentável

global.” (EDS, 2006, p. 3).

O referido documento estabelece sete objectivos principais, que carecem atenção e acção

organizacional, para os seguintes aspectos:

1. Alterações Climáticas e Energias Limpas;

2. Transportes Sustentáveis;

3. Consumo e Produção Sustentável;

4. Conservação e Gestão dos Recursos Naturais;

5. Saúde Pública;

6. Inclusão Social; e

7. Pobreza e Desafios do Desenvolvimento Sustentável.

Como membro da União Europeia, Portugal tem vindo a assumir um maior comprometimento

com as orientações europeias, nomeadamente, no que concerne a integrar nas suas políticas

públicas, um conjunto de leis que proporcionam a evolução do desenvolvimento sustentável no

panorama nacional (Sustentare, 2008).

Segundo Faria (2007) é agora cada vez mais frequente a abordagem da Responsabilidade

Social em Portugal. Em seguida, apresentam-se alguns exemplos que influenciaram a evolução do

conceito.

• Lei de Bases do Ambiente, Lei n.º 11/87, de 7 de Abril (AR, 2007);

• Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e o Desenvolvimento (também

conhecida como Cimeira da Terra, Conferência do Rio ou Eco 92), em 1992, de que

resultou a adopção do programa Agenda 21;

Este programa de acção das Nações Unidas para o ambiente e desenvolvimento no

século XXI é considerado um instrumento não vinculativo de elevada importância na área

do ambiente, organizado em quatro categorias e recomendações principais: questões

sociais e económicas, conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento,

reforço do papel de grupos com importância estratégica e meios de implementação

(Dolceta, 2010);

• Protocolo de Quioto, em Abril de 1998, assinalando a entrada de Portugal na relação dos

países aderentes. Este protocolo discutido e negociado em Quioto, no Japão, é um

importante instrumento na luta contra as alterações climáticas, nomeadamente, pelo

compromisso assumido pela maioria dos países industrializados de reduzirem em 5%, em

média, as suas emissões de determinados gases com efeito de estufa, responsáveis pelo

aquecimento global;

• Lei da Água, conhecida como “Lei Quadro da Água”, Lei n.º 58/05, de 29 de Dezembro

(AR, 2005), que vem fornecer bases para a gestão sustentável das águas e a preservação

dos ecossistemas aquáticos;

• Estratégia Nacional de Desenvolvimento Sustentável (ENDS) 2015 e Plano de

Implementação da ENDS (PIENDS), aprovados pela Resolução de Conselho de Ministros

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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n.º 109/2007, de 20 de Agosto, cuja concepção contemplou uma integração e projecção

no horizonte para 2015 de diversos instrumentos de planeamento estratégico do Governo;

• Diferenciação da taxa de tributação autónoma para veículos cuja emissão de CO2 seja

inferior a 120 g/km, no caso de serem movidos a gasolina e inferior a 90 g/km para os

veículos movidos a gasóleo, desde que em ambos os casos tenha sido emitido certificado

de conformidade, em sede de IRC e IRS;

Esta alteração foi introduzida pela Lei n.º 64/2008, de 5 de Dezembro (AR, 2008), que veio

aprovar medidas fiscais anticíclicas, introduzindo alterações, entre outros, ao código do

IRC (Artigo 81.º);

• Regulamentação do tratamento dos resíduos provenientes de veículos em fim de vida,

nomeadamente a sua destruição qualificada, contemplada no Decreto-Lei n.º 64/2008 do

Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, de

8 de Abril;

• Prevenção, reparação e penalização dos danos ambientais resultantes da actividade

económica, decorrente do Decreto-Lei n.º 147/2008 do Ministério do Ambiente, do

Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, de 29 de Julho, que vem

transpor para a legislação nacional a Directiva n.º 2004/35/CE anteriormente referida;

• Cimeira de Copenhaga, na Dinamarca, em Dezembro de 2009, que culminou num acordo

climático, de carácter não vinculativo. Algumas nações comprometeram-se a reduzir a

emissão de gases, dando continuidade ao Protocolo de Quioto, mas, neste caso, sem

obrigatoriedade legal.

1.4. Mensuração e Relato do Desenvolvimento Sustent ável

É positivo que as organizações se assumam “Sustentáveis”, mas isso necessita que se

preocupem, igualmente, com a forma como comunicam a sua sustentabilidade ao público. Essa

preocupação contempla, numa primeira fase, a escolha dos mecanismos de mensuração a

adoptar, de forma a transpor para uma linguagem universal, o desempenho sustentável das

organizações.

As organizações adoptam indicadores que lhes permitem mensurar a informação a divulgar,

que normalmente resultam em informações de natureza qualitativa e quantitativa. “Sustainability

indicators (SIs) are increasingly seen as important tools in the implementation of sustainable

development.” (Morse et al, 2001).

Após recolherem e compilarem informação, as organizações fazem por a relatar

oportunamente, às suas partes interessadas, utilizando os meios que, do ponto de vista

conceptual, sejam convenientes e possíveis, tais como relatórios de sustentabilidade, relatórios e

contas, newsletters, websites, brochuras, entre outros.

“O primeiro passo em direcção a uma abordagem transparente é examinar como comunica

os seus objectivos e informa acerca dos seus progressos. (…) As organizações assumem

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publicamente um conjunto de compromissos éticos e ecológicos, exibindo-os proeminentemente

nos seus websites e documentos públicos.” (Zee, 2009, p. 46).

É cada vez mais visível, a determinação que as organizações têm em empregar na sua

imagem pública um espaço dedicado à sustentabilidade, onde informam os stakeholders, acerca

das acções que vão, timidamente, desenvolvendo na área. Contudo, dar um pequeno passo já

representa muito na mente reservada de alguns gestores, accionistas e proprietários.

Zee (2009, p. 46) vem acrescentar, “A evolução em relação a estes objectivos é publicada

periodicamente em relatórios RSC, amplamente disponibilizados. Isto pode ser uma maneira muito

eficaz de permitir aos clientes e investidores estarem a par do seu progresso verde, mas deve

reflectir um desejo genuíno da empresa, senão pode sujeitar-se a críticas.”

Para que o comprometimento das organizações seja genuíno, estas devem preocupar-se,

primeiramente, com a forma como vão mensurar aquilo que pretendem relatar. O relato

sustentável, a par com o relato das contas das empresas, deve ser periódico e abrangente, não se

limitando às boas acções associadas à filantropia nem, somente, às anotações positivas, pois os

pontos negativos, incorridos na vida da empresa em determinado período, podem ser

determinantes para os consumidores da informação, quer se tratem de fornecedores, clientes,

investidores, concorrentes, entre outros.

Pode ser complexo dar início a este processo sustentável de forma independente, contudo,

existem organizações que podem providenciar apoio à criação de alicerces nas empresas, que

pretendem promover a sua sustentabilidade. Esses alicerces podem traduzir-se no saber do que

deve, ou não, ser alvo de auscultação, mensuração, divulgação e eventual correcção.

1.4.1. A Global Reporting Initiative (GRI)

A GRI, fundada em 1997, é uma organização sem fins lucrativos, sediada na Holanda. A

sua forma de financiamento deve-se a bolsas institucionais de governos, fundações e

organizações internacionais, patrocínios e apoio, em projectos e eventos e à sua própria prestação

de serviços de aprendizagem e outros.

“Um dos principais desafios do desenvolvimento sustentável implica escolhas e formas de

pensar que sejam novas e inovadoras.” (GRI, 2007, Versão 3.0, p. 3).

A missão da GRI é satisfazer a necessidade de elaborar uma estrutura credível, que

proporcione às organizações, de forma clara e transparente, a comunicação de questões relativas

à sustentabilidade, com o objectivo de que essa estrutura possa ser utilizada pelas várias

organizações independentemente da sua dimensão, sector ou localização (GRI, 2007, p. 3).

Na concepção da estrutura de relato da sustentabilidade, estão envolvidas várias partes

interessadas, incluindo empresas, sindicatos, organizações não-governamentais, investidores e

contabilistas, os quais emitem pareces relativos à sua especialização, com vista ao consenso.

Assim, desde a sua fundação, a GRI tem vindo a melhorar, de forma contínua e gradual, a

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estrutura da elaboração dos relatórios de sustentabilidade, a qual tem sido acolhida por muitas

empresas.

1.4.1.1. Relatórios de Sustentabilidade

“O mundo dos negócios está progressivamente a aperceber-se de que os consumidores

querem transparência por parte das organizações com quem lidam. Estes sentem – com alguma

justificação – que uma vez que dão lucro à organização, têm também o direito de saber como esse

lucro é gerado.” (Zee, 2009, p. 46).

Os relatórios e contas das empresas retratam a actividade das organizações, mais ou

menos, exaustivamente, consoante a extensão do Relatório de Gestão e do Anexo ao Balanço e à

Demonstração de Resultados (ABDR). No entanto, a informação fornecida pelas empresas centra-

se, maioritariamente, nos aspectos económicos da actividade, não garantindo o relato dos

aspectos de natureza ambiental e social, mesmo que relevantes.

Em Portugal, a Comissão de Normalização Contabilística (CNC), apresenta um conjunto de

normas contabilísticas, cuja entrada em vigor, a 1 de Janeiro de 2010, veio introduzir novas

normas de contabilidade e de relato, denominadas Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro

(NCRF).

A NCRF 26 – Matérias Ambientais – tem por objectivo prescrever critérios de

reconhecimento, mensuração e divulgação respeitantes aos dispêndios de natureza ambiental.

Esta norma identifica, igualmente, qual a informação ambiental a divulgar, relativamente, à atitude

da entidade face às matérias ambientais e ao seu comportamento ambiental, na medida em que,

estes podem ter consequências na sua posição financeira (NRCF 26, §§ 1 e 2).

Outra norma, que pode vir espelhada no relato das organizações, é a NRCF 21 – Provisões,

Passivos Contingentes e Activos Contingentes – cujo objectivo é estabelecer critérios de

reconhecimento e bases de mensuração apropriados para provisões, passivos contingentes e

activos contingentes. Assim, determina que seja divulgada informação suficiente nas Notas às

Demonstrações Financeiras, para que, às partes interessadas, seja possível compreender

plenamente a sua natureza, tempestividade e quantia (NCRF 21, § 1).

Com a aplicação da NRCF 21, as organizações podem ver-se obrigadas a relatar aspectos

positivos ou negativos, decorrentes do exercício da sua actividade económica, ainda que os

mesmos não sejam possíveis de quantificar e, por isso mesmo, de registar.

Ainda assim, o relato económico prevalece em magnitude nos relatórios e contas, face ao

relato ambiental e social, e daí decorre a necessidade de elaborar relatórios de sustentabilidade,

que possam prestar todas as informações necessárias aos seus utentes.

De acordo com a GRI (2007, p. 4), “Um relatório de sustentabilidade deve fornecer uma

declaração equilibrada e razoável do desempenho de sustentabilidade da organização nele

representada, incluindo tanto as contribuições positivas, como as negativas”.

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Assim, as organizações que pretendem elaborar relatórios de sustentabilidade, devem

desencadear acções de medir, divulgar e prestar contas, acerca do progresso em prol do

desenvolvimento sustentável.

Com base na estrutura de relato delineada pela GRI, as organizações que utilizam essas

linhas orientadoras, divulgam resultados e, também, consequências decorrentes de um

determinado período de tempo, normalmente, equivalente ao exercício económico.

Zee (2009) esclarece como, do seu ponto de vista, se podem evitar problemas na

elaboração de relatórios de sustentabilidade, nomeadamente mal-entendidos na comunicação

disponibilizada, conforme Figura 2.

Figura 2 – Como evitar problemas com os Relatórios RSC

Para além dos cuidados a ter na elaboração de relatórios de sustentabilidade, as

organizações podem, igualmente, ponderar a certificação dos mesmos. A GRI providencia uma

escala de auto-avaliação, em que as empresas podem, mediante determinados parâmetros

atribuir uma classificação ao seu relatório de sustentabilidade. Essa classificação, também, pode

ser emitida pela própria GRI, mediante solicitação.

Na sua obra “Negócios Ecológicos”, Zee (2009, p. 47) acrescenta “Ter a sua política RSC

ou os relatórios auditados por uma organização internacional para obter certificação dá

credibilidade ao seu trabalho”. Menciona igualmente, a Norma ISO 14001, produzida pela

International Organization for Standardization, que confere o nível máximo de certificação

ambiental e determina o enquadramento dos sistemas de gestão ambiental.

Fonte: ZEE, Bibi V. D., 2009. Negócios Ecológicos. Dorling Kindersley – Civilização Editores, L.da. Porto, p. 47.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

15

As directrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, na linha de orientação da

GRI, contemplam um conjunto de princípios que o relato deve possuir, bem como um conjunto de

indicadores de desempenho.

1.4.1.2. Princípios do Relato do Desenvolvimento Su stentável

Na elaboração de um relatório de sustentabilidade, é importante determinar qual o seu

conteúdo. A GRI (2007, Versão 3.0) estabelece os seguintes princípios na definição do conteúdo

do relatório:

� Relevância – existem muitas informações que podem ser relatadas, no entanto, há que

seleccionar quais as que têm importância, quer por reflectirem os impactos económicos,

ambientais e sociais da organização, quer por constituírem informação privilegiada para as

partes interessadas.

� Inclusão dos Stakeholders – o conteúdo do relatório deve corresponder às expectativas de

informação das partes interessadas, que podem ser, ao nível interno, os funcionários, os

accionistas, os fornecedores, entre outros, e ao nível externo, as comunidades, os

concorrentes, etc.

É importante estabelecer envolvimento com os stakeholders, inquirindo quais as

expectativas e interesses desse mesmo grupo, para que, no relatório de sustentabilidade,

se possa mencionar em que medida se correspondeu a essas mesmas expectativas e

interesses.

� Contexto da Sustentabilidade – é importante enquadrar o desempenho global da

organização no amplo contexto de sustentabilidade, de forma a dar a conhecer, de que

modo contribui ou prevê contribuir no futuro, para a melhoria contínua (aspecto positivo)

ou deterioração (aspecto negativo) das condições económicas, ambientais e sociais.

� Abrangência – está relacionada com a dimensão do relatório, no que respeita ao seu

âmbito e limite. Determina que, devem ser englobados no relatório, até ao seu limite,

todas as questões relevantes para que as partes interessadas avaliem convenientemente

o desempenho económico, ambiental e social da organização.

Preparar a informação que se pretende incluir no relatório de sustentabilidade, de modo a

assegurar o máximo de transparência, significa que se inclua outro conjunto de princípios nesse

processo. Os princípios que se seguem, visam assegurar a qualidade do relatório.

� Equilíbrio – com o objectivo de reflectir uma imagem fiel do desempenho da organização,

a informação divulgada deve incluir os aspectos positivos e os aspectos negativos desse

mesmo desempenho. Os factos devem ser apresentados de forma objectiva,

independentemente da interpretação que se possa ter dos mesmos.

� Comparabilidade – este princípio é a base para a avaliação do desempenho económico,

ambiental e social. Deve ser assegurado, quer em termos de avaliação ao longo do

tempo, quer em relação a análises relativas a outras organizações.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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� Precisão – as informações relativas a matérias e indicadores económicos, ambientais e

sociais podem ser fornecidas de diferentes formas, nomeadamente de forma qualitativa ou

quantitativa. É importante precisar e detalhar a informação, de forma a permitir um

elevado grau de confiança aos stakeholders.

� Periodicidade – está relacionada com a regularidade de elaboração do relatório, bem

como, com a utilidade das informações divulgadas, que devem respeitar a um período

recente, para que a sua divulgação possa servir de facto, fielmente, à tomada de decisões

das suas partes interessadas.

� Clareza – prende-se com a compreensibilidade e acessibilidade da informação divulgada,

na medida em que, esta deve ser perceptível às partes interessadas que utilizam o

relatório de sustentabilidade. Deve ser projectada, de acordo com um presumível

conhecimento razoável que os consumidores da informação possam ter acerca da

organização e do sector em que opera. Os níveis de desagregação da informação

também podem permitir uma maior clareza na sua compreensão.

� Fidedignidade – é importante assegurar a credibilidade do conteúdo do relatório, pelo que,

os dados devem ser recolhidos, registados, compilados, analisados e divulgados, de modo

a que possam sem ser sujeitos a análise. As informações devem ser sustentadas por

verificações e documentação, ou seja, passíveis de serem comprovadas.

O conteúdo e qualidade dos relatórios de sustentabilidade podem ser assegurados através do

cumprimento dos princípios acima identificados, princípios semelhantes aos aplicados à

elaboração do relato contabilístico, espelhado nos relatórios e contas das organizações.

1.4.1.3. Indicadores de Desempenho Sustentável

A GRI, através de processos que envolveram múltiplas partes interessadas, determinou um

conjunto de indicadores essenciais e complementares ao relato da sustentabilidade. Estes

indicadores são de aplicação generalizada, presumindo-se relevantes para a maioria das

organizações, conforme instrui nas suas Directrizes para a Elaboração de Relatórios de

Sustentabilidade (2007, Versão 3.0).

Independentemente da estrutura que se pretenda dar a um relatório de sustentabilidade, a

informação divulgada deverá abordar todos os aspectos associados às categorias económicas,

ambientais e sociais.

De acordo com as mesmas directrizes, a GRI informa que os indicadores de desempenho a

mencionar nos relatórios, devem considerar uma linha orientadora que contemple os seguintes

aspectos:

• Divulgação das Tendências – as informações devem respeitar ao período abrangido

pelo relatório e, pelo menos, a dois períodos anteriores, bem como a metas futuras

estabelecidas para o curto, médio e longo prazo.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

17

• Utilização de Protocolos – os indicadores devem ser mencionados, com base em

protocolos técnicos que orientam a interpretação e compilação de informações

relativas a esses mesmos indicadores.

• Apresentação da Informação – rácios e dados normalizados podem ser formatos

ideais para apresentar determinada informação, no entanto os dados absolutos

também devem ser disponibilizados.

• Agregação da Informação – a informação deve ser apropriadamente agregada,

considerando-se tantos níveis de agregação quanto os entendidos como necessários

para melhor espelhar o desempenho da organização.

• Métrica – a métrica utilizada nos relatórios deve ser internacionalmente aceite e

compreendida.

Os indicadores de desempenho, ao nível da sustentabilidade, são agregados em três

categorias: económica, ambiental e social, os quais são desenvolvidos no subcapítulo seguinte.

1.4.1.3.1.1. Indicadores Económicos, Ambientais e S ociais

Conforme referido anteriormente, a sustentabilidade organizacional observa-se a três

dimensões. É importante diferenciar o desenvolvimento do desempenho económico, do

desempenho ambiental e do desempenho social, na compreensão do desempenho global da

organização, em termos de sustentabilidade.

Seja qual for a categoria do relato, é sempre importante ter presente que, o relato deve

abranger os principais sucessos e fracassos, bem como os principais riscos e oportunidades da

organização. As alterações que ocorram no período do relato, respeitantes aos sistemas ou

estruturas, surgidas com o objectivo de melhorar o desempenho sustentável devem, igualmente,

ser contempladas.

Os indicadores económicos respeitam aos impactos da actividade organizacional nas

condições económicas das suas partes interessadas, bem como nos sistemas económicos a nível

local, nacional e global. É importante conhecer a informação relativa à própria sustentabilidade

financeira da organização, normalmente, proveniente das demonstrações financeiras. Além desta,

seria desejável informar acerca da contribuição da organização para um sistema económico

alargado.

Os indicadores de desempenho económico devem ilustrar o fluxo de capital entre as

diferentes partes interessadas e os principais impactos económicos da organização em toda a

sociedade. Devem, igualmente, disponibilizar informação acerca do desempenho económico, da

presença no mercado e dos impactos económicos indirectos. A tabela completa de indicadores

económicos, bem como a especificidade associada a cada um, encontra-se no Anexo I.

Os indicadores de desempenho ambiental estão relacionados com os impactos que as

organizações podem ter nos sistemas naturais, ecossistemas, solos, ar e água. Estão, igualmente,

relacionados com a biodiversidade e a conformidade ambiental.

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18

Estes indicadores devem abranger, não só, o desempenho relacionado com o consumo da

organização, por exemplo, ao nível das matérias-primas, água e energia mas, também, ao nível da

produção ou emissão, nomeadamente, emissões de gases, produção de resíduos, entre outros.

Os aspectos ambientais, cuja informação deve ser divulgada, relacionam-se com os

seguintes tópicos: matérias-primas, energia, água, biodiversidade, emissões, efluentes e resíduos,

produtos e serviços, conformidade, transporte e outros gerais.

Podem utilizar-se indicadores específicos das organizações, consoante o sector de

actividade em que operem, em conjunto com os indicadores propostos pela GRI (ver tabela geral

de indicadores de desempenho ambiental no Anexo III), dando ênfase aos resultados de

desempenho alcançados comparativamente aos objectivos.

Outro aspecto, que deve ser contemplado, é a menção do mais elevado cargo com

responsabilidade operacional relativo aos aspectos ambientais, ou ainda, a explicação de como se

estrutura a responsabilidade operacional a este nível.

É igualmente importante relatar, quais as actividades de formação e sensibilização

concretas, que têm sido proporcionadas aos colaboradores e que se prendem com aspectos de

natureza ambiental.

Devem ser identificadas as certificações relativas ao desempenho ambiental ou sistemas de

certificação, relativas à organização ou à sua cadeia de fornecimento, bem como, as actividades

relativas à supervisão, acções correctivas ou preventivas.

Por último, os indicadores de desempenho social referem-se aos impactos que a actividade

organizacional pode ter nos sistemas sociais em que opera. A GRI (2007, Versão 3.0) apresenta

um desdobramento deste conjunto de indicadores, por quatro áreas, conforme respectiva tabela

(Anexo IV):

1. Indicadores de Práticas Laborais e Trabalho Condigno – Estes indicadores estão

relacionados com o emprego, com a relação existente entre os trabalhadores e a administração,

com a saúde e segurança no trabalho, com a formação e educação dos trabalhadores e, ainda,

com a diversidade e igualdade de oportunidades.

O relato deve ter por base os aspectos de direitos humanos associados à actividade

organizacional, fazendo ligação com normais universais, tais como, Declaração Universal dos

Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas e seus respectivos protocolos, ou a

Convenção das Nações Unidas acerca do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos,

entre outros.

2. Indicadores de Desempenho Referentes aos Direitos Humanos – As organizações

devem incluir nos seus relatórios de sustentabilidade, a importância que atribuem aos Direitos

Humanos, reflectida através das suas práticas de selecção de fornecedores e outras empresas

contratadas, bem como, através de investimentos que se enquadrem nesta natureza.

As categorias a englobar, neste tipo de indicadores, são: práticas de investimento e de

procedimentos de compras; não-discriminação; liberdade de associação e de negociação

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

19

colectiva; abolição do trabalho infantil; prevenção de trabalho forçado e escravo; práticas

disciplinares; procedimentos de segurança; e direitos dos povos indígenas.

3. Indicadores de Desempenho Referentes à Sociedade – Os indicadores desta

natureza, procuram regular o relato das consequências, resultantes da actividade da organização,

nas comunidades em que está inserida e opera. Centra-se em informações acerca dos seguintes

aspectos: comunidade; corrupção; políticas públicas; concorrência desleal; e conformidade.

4. Indicadores de Desempenho Referentes à Responsabilidade do Produto – Estes

indicadores respeitam a aspectos dos produtos e dos serviços comercializados pela organização

que relata, nomeadamente, no que respeita à relação desses mesmos aspectos com os seus

clientes.

Os aspectos a relatar incluem os seguintes itens: saúde e segurança do cliente; rotulagem de

produtos e serviços; comunicações de marketing; privacidade do cliente; e conformidade.

Para todos os quatro subconjuntos de indicadores de desempenho sociais, a GRI sugere que

se incluam no relato, as políticas definidas pela organização e a identificação do mais elevado

cargo com responsabilidade operacional pelos respectivos aspectos ou, que se explique, o modo

como se divide a responsabilidade operacional.

É sempre de relatar, também, as actividades que tenham sido desencadeadas com o intuito

de formação ou sensibilização dos colaboradores, relativamente a cada subconjunto. O mesmo se

aplica às actividades relacionadas com a supervisão, acções correctivas e preventivas.

1.4.1.3.1.2. Suplementos Sectoriais de Indicadores de Desempenho

Sustentável

Cada sector de actividade possui características específicas, por exemplo, uns têm

elevados níveis de poluição sonora, como é o caso dos aeroportos, o que pode ser determinante

na tomada de decisões de algumas das partes interessadas, enquanto outros sectores, como os

de serviços financeiros, aquele indicador não é, sequer, aplicável.

A GRI, em parceria com empresas de diversas áreas e sectores, e com outras partes

interessadas, tem procurado elaborar suplementos sectoriais, com indicadores mais precisos, do

desenvolvimento sustentável, aplicados a determinados sectores.

Em Janeiro de 2010, no seu website, a GRI possuía informação para os seguintes

suplementos sectoriais, sobre a fase de progresso de finalização dos trabalhos:

• Sector Eléctrico e Sector dos Serviços Financeiros – Concluído;

• Sector Automóvel, Sector da Logística e Transportes, Órgãos Públicos, Sector das

Telecomunicações e Sector do Vestuário e Calçado – Disponibilização da versão

“piloto”;

• Organizações Não Governamentais (ONG), Sector dos Metais e Minérios e Sector

da Restauração – Esboço final concluído;

• Aeroportos – Esboço aberto a discussão;

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

20

• Sector da Construção e Promoção Imobiliária, Eventos, Média e Óleo e Gás – Em

processo de desenvolvimento.

A actividade desta organização sem fins lucrativos não é estanque, pois a GRI procura

constantemente uma evolução consistente, nomeadamente, procurando mais e melhores

caminhos para o relato sustentável das organizações.

1.4.1.4. Evolução do Relato Sustentável

São cada vez mais as empresas que se preocupam em integrar os relatórios de

sustentabilidade nos seus objectivos organizacionais. Ao longo dos anos, tendo em conta os

dados disponíveis no website da GRI, o número de empresas que elaboram relatórios de

sustentabilidade tem aumentado consideravelmente.

Embora exista um crescente incentivo para que as empresas elaborem os seus relatórios de

sustentabilidade, incluindo as vertentes ambiental e social paralelamente à económica, existem

alguns obstáculos a ultrapassar, como por exemplo estabelecer “(…) whether the report refers to

the group, the holding company, or other group entities, because it is important to identify the real

subject of the report.” (Andrei and Pesci, 2009, p.6).

Ainda assim, o relato sustentável ganha uma nova dimensão a cada ano que passa,

esboçando o empenho das organizações em comunicarem, de forma transparente, os impactos

que as suas actividades têm ao nível económico, ambiental e social.

Segundo Dvorakova (2009), a visão que temos das empresas está a mudar de acordo com

a adopção e desenvolvimento da sustentabilidade. Uma empresa começa a ser entendida como

uma unidade revestida de carácter económico, ambiental e social e, consequentemente, a

divulgação de informações a esses três níveis começa a ser impreterível. Mais, acrescenta que o

uso consistente de informação multidimensional, a essas três dimensões, exige que a divulgação

seja efectuada no relatório anual.

De acordo com os dados disponíveis no website da GRI, pode compreender-se qual a

evolução que o relato sustentável, sob a forma de Relatórios de Sustentabilidade, tem tido nos

últimos anos.

O Gráfico 1 evidencia o número de empresas que têm comunicado os seus relatórios de

sustentabilidade à GRI, no período entre 2002 e 2008, onde é possível identificar uma tendência

crescente.

Nos sete anos compreendidos no período em análise, o número de empresas que elaboram

e comunicam relatórios de sustentabilidade traduz a crescente preocupação das mesmas em

mensurar e relatar o seu desenvolvimento sustentável.

Em 2002, apenas, 175 empresas comunicaram os seus relatórios de sustentabilidade à GRI

e esse número tem vindo, gradualmente, a aumentar com o passar dos anos. De 2006 para 2007

registou-se o maior aumento do número de empresas relatoras, uma vez que, integraram a

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

listagem da GRI, mais 358 empresas deixando transparecer, a dinâmica que o conceito da

sustentabilidade ganhou nessa época.

Gráfico

Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados consultados no

O aumento do número de empresas, verificado

as 199 empresas e engrossa

entanto, é de referir que, nem todas as empresas que elaboram relatórios de sustentabilidade os

comunicam à GRI, pelo que, o número de empresas que elaboram

muito bem, ser superior ao referido, assim

O Gráfico 2 evidência a magnitude do relato sustentável

representação das organizações europeias

identificadas as organizações que lhes comunicam os seus relatórios de sustentabilidade, bem

como a sua proveniência (país, continente), entre outras informações, as quais permitem filtrar

outros dados para análise, como por exemplo, o sector de activid

Gráfico

Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados consultados no

Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

358 empresas deixando transparecer, a dinâmica que o conceito da

sustentabilidade ganhou nessa época.

Gráfico 1 – Evolução do Relato Sustentável: 2002 - 2008

Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados consultados no website da

do número de empresas, verificado nos restantes períodos, varia

as 199 empresas e engrossa a lista de relatórios de sustentabilidade comunicados à

entanto, é de referir que, nem todas as empresas que elaboram relatórios de sustentabilidade os

, pelo que, o número de empresas que elaboram este tipo de

referido, assim, fica acautelada uma eventual margem de erro.

O Gráfico 2 evidência a magnitude do relato sustentável na Europa, em termos globais, cuja

representação das organizações europeias surge nas listagens da GRI

identificadas as organizações que lhes comunicam os seus relatórios de sustentabilidade, bem

como a sua proveniência (país, continente), entre outras informações, as quais permitem filtrar

outros dados para análise, como por exemplo, o sector de actividade em que operam.

Gráfico 2 – Magnitude do Relato Sustentável na Europa

Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados consultados no website da

21

358 empresas deixando transparecer, a dinâmica que o conceito da

da GRI.

nos restantes períodos, varia entre as 92 e

a lista de relatórios de sustentabilidade comunicados à GRI. No

entanto, é de referir que, nem todas as empresas que elaboram relatórios de sustentabilidade os

este tipo de relatórios pode,

, fica acautelada uma eventual margem de erro.

na Europa, em termos globais, cuja

GRI, nas quais são

identificadas as organizações que lhes comunicam os seus relatórios de sustentabilidade, bem

como a sua proveniência (país, continente), entre outras informações, as quais permitem filtrar

ade em que operam.

da GRI.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

No período decorrente de 2002 até 2006, os relatórios de sustentabilidade comunicados à

GRI foram, na sua maioria, provenientes de organizações sediadas no continente europeu.

2004, quando 385 organizações

representatividade europeia atingiu o seu pico mais elevado até à data, com 59,22%, ou seja,

cerca de 230 organizações.

Em 2007 e 2008 quando

empresas que elaboram relatórios de sustentabilidade, a nível global, coincidiu existirem os

valores percentuais mais baixos ao nível do relato europeu.

O aumento considerável no preço do petróleo, a crise económica

crescente legislação ambiental, o cerco apertado à protecção dos direitos humanos e laborais nas

cadeias comerciais e a consequente necessidade de suprir os riscos do negócio,

contribuir para que empresas

Noutros países, que não os europeus, as organizações têm acompanhado a crescente

preocupação com a sustentabilidade e, tal como na Europa, procuram divulgar acerca do seu

desenvolvimento sustentável.

O facto de organizações não europeias contribuírem

relato a nível global contribui para que o peso da representatividade europeia diminua.

De forma a posicionarem

organizações começam a compreender a importância de auferir e assumir os impactos no

negócio, nas três dimensões contempladas pela sustentabilidade.

Relatar esses impactos, bem como as acções desencadeadas para maximizar os positivos

e eliminar ou reduzir os negativos

stakeholders, que cada vez mais, procuram interagir com organizações, cuja informação

sustentável esteja disponível.

O Gráfico 3 esboça

sustentabilidade à GRI, por parte das organizações portuguesas e espanholas.

Gráfico 3 –

Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados consultados no

Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

No período decorrente de 2002 até 2006, os relatórios de sustentabilidade comunicados à

provenientes de organizações sediadas no continente europeu.

organizações comunicaram os seus relatórios de sustentabilida

representatividade europeia atingiu o seu pico mais elevado até à data, com 59,22%, ou seja,

quando, simultaneamente, se notou um grande aumento do número de

empresas que elaboram relatórios de sustentabilidade, a nível global, coincidiu existirem os

valores percentuais mais baixos ao nível do relato europeu.

O aumento considerável no preço do petróleo, a crise económica que se tem instalado, a

crescente legislação ambiental, o cerco apertado à protecção dos direitos humanos e laborais nas

cadeias comerciais e a consequente necessidade de suprir os riscos do negócio,

, em todo o mundo, procurem o caminho da sustentabilidade.

Noutros países, que não os europeus, as organizações têm acompanhado a crescente

preocupação com a sustentabilidade e, tal como na Europa, procuram divulgar acerca do seu

desenvolvimento sustentável.

rganizações não europeias contribuírem, massivamente,

contribui para que o peso da representatividade europeia diminua.

posicionarem-se no mercado, garantindo a sobrevivência concorrencial, as

começam a compreender a importância de auferir e assumir os impactos no

negócio, nas três dimensões contempladas pela sustentabilidade.

Relatar esses impactos, bem como as acções desencadeadas para maximizar os positivos

e eliminar ou reduzir os negativos, acaba por ser relevante no processo de tomada de decisão dos

, que cada vez mais, procuram interagir com organizações, cuja informação

sustentável esteja disponível.

a evolução, a nível global, da comunicação de relatórios

, por parte das organizações portuguesas e espanholas.

– Evolução do Relato Sustentável: Portugal e Espanha

Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados consultados no website da

22

No período decorrente de 2002 até 2006, os relatórios de sustentabilidade comunicados à

provenientes de organizações sediadas no continente europeu. Em

comunicaram os seus relatórios de sustentabilidade, a

representatividade europeia atingiu o seu pico mais elevado até à data, com 59,22%, ou seja,

se notou um grande aumento do número de

empresas que elaboram relatórios de sustentabilidade, a nível global, coincidiu existirem os

que se tem instalado, a

crescente legislação ambiental, o cerco apertado à protecção dos direitos humanos e laborais nas

cadeias comerciais e a consequente necessidade de suprir os riscos do negócio, tem vindo a

do, procurem o caminho da sustentabilidade.

Noutros países, que não os europeus, as organizações têm acompanhado a crescente

preocupação com a sustentabilidade e, tal como na Europa, procuram divulgar acerca do seu

, para o aumento do

contribui para que o peso da representatividade europeia diminua.

no mercado, garantindo a sobrevivência concorrencial, as

começam a compreender a importância de auferir e assumir os impactos no

Relatar esses impactos, bem como as acções desencadeadas para maximizar os positivos

, acaba por ser relevante no processo de tomada de decisão dos

, que cada vez mais, procuram interagir com organizações, cuja informação

a evolução, a nível global, da comunicação de relatórios de

, por parte das organizações portuguesas e espanholas.

Evolução do Relato Sustentável: Portugal e Espanha

da GRI.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

23

Espanha é o principal parceiro económico do nosso país e, em virtude da sua maior

dimensão territorial, o número de empresas existentes assume, também, uma dimensão maior,

quando comparada com Portugal.

Espanha teve uma evolução antecedente à de Portugal, no que respeita a assuntos ligados

à sustentabilidade. A literatura alusiva a este tema tem sido desenvolvida há mais tempo em

Espanha, do que em Portugal.

Conforme se pode inferir do Gráfico 3, desde 2002, Espanha tem marcado presença na

listagem de relatórios de sustentabilidade da GRI, enquanto, que Portugal, apenas, iniciou a sua

exposição, em 2004, com 2 empresas, em contraste com Espanha que contava já com 62, no

mesmo período (dados absolutos no Anexo V).

Em Espanha, o relato sustentável cresceu a ritmo ponderado de 20,65% entre 2004 e 2006,

tendo vindo, posteriormente, a regredir, até 2008, enquanto em Portugal a tendência tem sido

sempre de crescimento, desde que começou a constar da listagem da GRI.

No último ano do período em análise, Portugal comunicou à GRI um total de 23 relatórios de

sustentabilidade, enquanto, que Espanha marcou presença com 124 relatórios.

1.4.2. Paradigma entre Custos e Benefícios do Relat o Sustentável

Ao longo deste trabalho têm sido mencionadas as razões que fundamentam o crescente

interesse das organizações, em valorizar o conceito de sustentabilidade e, no seu auge, a elaborar

relatórios próprios para divulgar o desempenho sustentável.

No entanto, todo o processo envolvente à elaboração de relatórios de sustentabilidade,

requer disponibilidade de recursos, aos mais diversos níveis. É necessário disponibilizar pessoas,

equipamentos e despender verbas, por vezes elevadas, para que todo o processo se realize.

Roque (2006) concluiu que, provavelmente, derivado à pouca atenção ainda direccionada

para matérias de sustentabilidade, o desempenho ambiental não se reflectia como uma fonte de

vantagens competitivas, no entanto, são cada vez mais as empresas que procuram evidenciar o

seu desempenho sustentável.

Por seu lado, Acero (2009), refere que as divulgações acerca da sustentabilidade têm-se

tornado cada vez mais comuns nos últimos anos, particularmente, no sector dos serviços

financeiros e que a qualidade da informação relatada está associada com o desempenho

empresarial.

Para divulgar a informação, há que possuir forma de a mensurar, traduzir numa linguagem

universal, e só assim, ela pode revelar-se útil a todas as suas partes interessadas.

A informação de natureza financeira é extraída de suportes contabilísticos, provenientes de

uma obrigação legal. O seu suporte é constituído pelo Balanço, pela Demonstração de

Resultados, pela Demonstração de Fluxos de Caixa, pela Demonstração das Alterações no

Capital Próprio e pelo Anexo.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

24

Com a aproximação tendencial do normativo contabilístico nacional, ao normativo

internacional, existe uma maior capacidade de leitura universal dos elementos de natureza

financeira, na medida em que, este processo constitui uma obrigação para as organizações, o

custo que lhe está associado faz parte dos custos a que a empresa está obrigada a incorrer.

No que respeita ao relato sustentável, os procedimentos exigem um investimento, por vezes

demasiado elevado, face à estrutura de capitais das empresas, que acaba por não ser, na íntegra,

absorvido pelo consequente benefício proveniente do facto de relatar.

Giunta (2009), relativamente a um estudo às empresas italianas cotadas em bolsa, conclui

que as informações contidas nos relatórios de sustentabilidade sugerem que as empresas

direccionam recursos (financeiros e humanos) para outras actividades que não as operacionais e,

directamente, relacionadas com o seu core business, sendo isso interpretado pelos investidores,

como um desvio para outras finalidades não igualmente remuneradas. Não obstante, conclui ainda

que o mercado reconhece a divulgação da sustentabilidade como uma atitude de valor relevante

para o preço das acções.

O relato sustentável exige qualificação e formação dos colaboradores, exige equipamentos

capazes de mensurar diversos aspectos, referidos nos indicadores de desempenho, exige

disponibilidade para investigar e para elaborar o próprio documento, entre outras.

Por norma, são as empresas de maior dimensão que elaboram relatórios de

sustentabilidade, precisamente, porque a sua estrutura de capitais, os seus resultados do período

e dinâmica, assim o permitem. São, também, as maiores empresas, aquelas que são mais

propícias em lidar com situações económicas, ambientais e sociais de maior magnitude e

relevância, cujos impactos, decorrentes do exercício da actividade, podem afectar estas três

dimensões de forma mais acentuada.

Isso não significa que as Pequenas e Médias Empresas (PME), não tenham hoje, uma

crescente participação em matéria de sustentabilidade. As matérias de sustentabilidade e

responsabilidade social surgem, cada vez mais, referenciadas em websites de instituições de

pequena e média dimensão.

No Portal da Empresa1, estão contemplados documentos de suporte ao desenvolvimento de

um projecto de responsabilidade social, em que de forma clara e acessível, principalmente, às

PME se conseguem assimilar os benefícios dos procedimentos socialmente responsáveis.

É no entanto salvaguardado, o facto deste manifesto ser, inteiramente, voluntário. As

empresas podem assumir uma postura sustentável, socialmente responsável em matérias

económicas, ambientais e sociais, e ainda assim, não possuírem capacidade de disponibilizar

recursos para elaborar os relatórios de sustentabilidade.

A decisão de elaborar os referidos relatórios deve provir de uma ponderação consistente,

não comparável com outras organizações, mas sim, resultante de análise às suas próprias

características, estrutura e recursos.

1 Website de interacção com a Administração Pública, onde é possível realizar legalmente a Criação, Gestão, Expansão e Extinção de uma empresa (www.portaldaempresa.pt/ ).

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

25

2. O Sector da Construção

O sector da Construção é um dos que melhor espelha o desenvolvimento económico de um

país. A relação entre a economia e este sector é recíproca, uma vez que a influência que um

desempenha no outro, e vice-versa, é bastante acentuada.

Em momentos de crise económica, como a que se tem vindo a sentir nos últimos anos, um

pouco por todo o mundo, o desincentivo no sector da Construção é enorme, não só afectando as

empresas que actuam nesse mercado, como também desmotivando a constituição de novas

empresas.

O escoamento de construções torna-se difícil e moroso, os projectos de novas construções são

adiados e o investimento público, tal como o privado, também se retrai. Algumas empresas,

normalmente de menor dimensão, não chegam a conseguir sobreviver à complexidade que o

agravamento económico lhes traz.

Por outro lado, em tempos de prosperidade económica, o sector da Construção espelha,

imediatamente, essa melhoria. O próprio Estado, desde que não existam conflitos políticos que

afectem o Governo, incentiva o investimento no sector, nomeadamente, através da adjudicação de

empreitadas e obras públicas de acentuada envergadura.

Aos sinais de boas oportunidades de negócio, o investimento privado em habitações e outros

edifícios não habitacionais tende, igualmente, a aumentar e em inúmeras zonas pouco edificadas,

começam a crescer mais e mais, obras de betão.

Mateus e Bragança (s d) referem que “A Indústria da Construção, nomeadamente o sector dos

edifícios, é um dos sectores económicos mais importantes na Europa”. Além de reflectir o

desenvolvimento europeu, a produtividade neste sector, considerando a relação recíproca acima

mencionada, acaba por contribuir para o próprio desenvolvimento económico.

2.1. Características do Sector da Construção

Cada sector de actividade apresenta características próprias, assentes na forma como são

desenvolvidas as actividades comportadas pelo sector. As exigências legais e outros aspectos,

relacionados com os produtos, matérias e procedimentos englobados na produção ou prestação

de serviços e, ainda, o produto ou serviço final apresentado, também, conferem características

únicas ao sector.

As áreas de actuação em construção centram-se em construção de edifícios, residenciais e

não residenciais, cuja procura pode partir do sector privado ou público, e em obras públicas, que

podem compreender as primeiras, mas estendem-se à construção de infra-estruturas de outras

naturezas, como a construção de vias rodoviárias, ferroviárias, pontes, barragens, entre outras.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

26

As actividades compreendidas no conceito de construção não são, por norma, continuadas,

como na maioria das indústrias, pelo que, pode existir uma elevada instabilidade na periodicidade

com que se executam. Além da instabilidade associada ao factor cíclico e rotativo, as actividades

deste sector, também, se caracterizam pelo facto de serem nómadas, por exemplo, concluída uma

obra a sul do país, caso a obra a realizar em seguida se localize a norte, todos os recursos

necessários à sua execução têm que ser mobilizados para essa zona.

Existe uma grande relação de reciprocidade com as condições económicas do país, pelo

que, diversos factores podem influenciar a evolução, quer da economia, quer do sector.

O investimento público e a procura, exercem grande influência no desenvolvimento da

actividade de construção, mas para além destes, outros há que também o influenciam, tais como:

condições climatéricas, recrutamento de pessoal qualificado, acesso a materiais, taxas de juro em

financiamento bancário, obtenção de licenças e certificações, entre outros.

“Os edifícios devem ser encarados como produtos industriais cuja qualidade deve ser

previamente definida com vista à satisfação das exigências dos utentes” (Bragança, s d). Pelo

que, quer os materiais, quer os métodos de trabalho, empregues em cada uma das tarefas

compreendidas dentro do conceito de construção, deve perseguir esse objectivo. Assim, o

conceito de construção, na perspectiva de obra, integra as acções de construção, reconstrução,

ampliação, alteração, reparação, conservação, reabilitação, limpeza, restauro e demolição de bens

imóveis.

Os trabalhos necessários que podem fazer parte das tarefas acima descritas, englobam

demolição de estruturas, escavação, armação de ferro, cofragem e descofragem, betonagem,

alvenaria, reboco ou estuque, coberturas, carpintaria, serralharia, pintura ou envernizados e

revestimento de pavimentos.

Portanto, a construção passa também pela desconstrução ou demolição, que se

caracterizam pelo desmantelamento de edifícios, permitindo que nasçam novos empreendimentos

em locais onde existiam construções que já não conseguem responder às necessidades para que

foram criadas (Couto et al, 2006).

A actividade da construção consume mais matérias-primas do que qualquer outra actividade

económica, bem como elevadas quantidades de energia, além do facto de os resíduos de

construção e demolição representaram a maioria dos resíduos produzidos na Europa (Torgal e

Jalali, 2007).

Para Mateus e Bragança (s d) a indústria da construção “continua a basear-se

excessivamente em métodos de construção tradicionais e mão-de-obra não qualificada, sendo

caracterizada pelo consumo excessivo de matérias-primas, de recursos energéticos não

renováveis e pela excessiva produção de resíduos”.

Vistas as características do sector da construção, e para que melhor se compreenda o

comportamento do mesmo, em Portugal, num período relativamente recente, passam a resumir-

se, no ponto seguinte, as principais considerações tidas pela Associação de Empresas de

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

27

Construção e Obras Públicas (AECOPS) e Federação Portuguesa da Indústria da Construção e

Obras Públicas (FEPICOP), nos seus mais recentes Relatórios da Construção.

2.2. Evolução Recente e Perspectivas do Sector da C onstrução

O sector da Construção tem tido um percurso conturbado nos últimos anos, quer pela débil

situação económica que se tem feito sentir, quer pelo impasse do Governo, relativamente, à

realização de obras públicas há tanto tempo anunciadas, o que tem contribuído, para que algumas

decisões de investimentos privados no sector tenham sido tomadas com base em expectativas.

A subida das taxas de juro no crédito à habitação marcou o ano de 2006, pela redução da

capacidade dos portugueses em cumprirem e assumirem novos encargos desta natureza

decrescendo, significativamente, o escoamento de edifícios habitacionais.

Os encargos obrigatórios com a compra e posse de propriedades (habitações para

arrendamento, armazéns, etc.) continuaram a ser muito elevados, o que, em conjunto com o facto

dos preços da construção terem estagnado, levou muitos investidores a perderem o incentivo de

investir neste mercado.

O Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU) aprovado, em Fevereiro de 2006, não

teve fácil aplicabilidade, deixando muito espaço para dúvidas aos possíveis interessados que,

também pela intensidade burocrática, se sentiam desmotivados, não se conseguindo incrementar

o mercado da reabilitação urbana.

O investimento público, à semelhança de anos anteriores, continuou em queda, embora se

tornassem cada vez mais evidentes as necessidades emergentes de realizar investimentos em

infra-estruturas da mais variada natureza, bem como na reabilitação de outras.

Foram criadas expectativas acerca de grandes obras como a do novo aeroporto, em 2006,

ainda pensado para a Ota e a do projecto do comboio de alta velocidade (TGV), no entanto, os

únicos avanços do Governo comportaram, apenas, algumas obras de adaptação do aeroporto da

Portela.

Outras obras, para as quais se aguardou, em vão, abertura de concurso em 2006, foram as

do Túnel do Terreiro do Paço, do Metropolitano de Lisboa, do Túnel Rodoviário das Amoreiras, do

Túnel Ferroviário do Rossio e, ainda, o Metro Sul do Tejo.

A nível legislativo foi publicado, em Abril de 2006, o novo pacote sobre o desempenho

energético dos edifícios e a sua respectiva qualidade do ar interior (Decreto-lei nº 78/2006, de 4 de

Abril). Em seguida, surgiram os diplomas relacionados com as regras de acessibilidade dos

edifícios e o destino a dar aos resíduos de obra. Neste aspecto, a maior lacuna foi sentida pela

falta, em várias zonas do país, de vazadouros e outras estruturas, onde fosse possível depositar

os entulhos recolhidos das obras. Aguardava-se a publicação do novo Código dos Contratos

Públicos (CCP), elevando a expectativa, relativamente, à utilização futura de uma plataforma

electrónica de contratação.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

28

No panorama fiscal, 2006 não ficou marcado por alterações significativas, aguardava-se a

entrada em vigor do novo regime de liquidação do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) no

sector da Construção e, recebeu-se com entusiasmo a confirmação da Comissão Europeia, em vir

a estender a aplicação da taxa reduzida de IVA a algumas actividades do sector.

Já em 2007, tendo em conta que a modernização de infra-estruturas assumia elevada

importância no desenvolvimento do país, o Governo anuncia um conjunto de obras reconhecidas

como indispensáveis, tais como, a renovação de parques escolares do ensino secundário,

construção de novos hospitais e construção de barragens.

Voltam a ser divulgados nos órgãos de comunicação social, bem ainda com muitas

incertezas, os projectos do novo aeroporto de Lisboa, o TGV e ainda a terceira travessia sobre o

Tejo, proposta para estabelecer ligação entre Barreiro e Chelas. Estes projectos anunciados pelo

Governo e agendados para o período entre 2008 e 2017 representavam, globalmente, um

investimento de 39.500 milhões de euros, embora, já nessa altura, se pensasse que alguns

desses projectos poderiam ver a sua data de início adiada.

Ao nível do Plano Rodoviário Nacional, a adjudicação de novas concessões rodoviárias, que

há algum tempo se encontravam suspensas, representou um avanço significativo de retoma neste

tipo de obras. O facto, de em 2009, existirem eleições autárquicas, fez com que em 2007, se

antevisse um aumento do número de pequenas empreitadas, normalmente associadas à

concretização de projectos de mandato.

No que diz respeito aos mercados de habitação e reabilitação, não se manifestaram

evoluções. O clima económico continuou agravado, tal como, em 2006, se havia já sentido e os

problemas verificados nos mercados financeiros, bem como a ausência de medidas políticas e

fiscais de incentivo à habitação, comprometeram a actividade neste ramo.

Constatou-se que o NRAU aprovado, no ano anterior, se mostrou incapaz de dinamizar o

mercado do arrendamento e da reabilitação de edifícios, não tendo sortido tão pouco o efeito

desejado no que respeita a actualização de rendas antigas.

Programas como o Regime Especial de Comparticipação na Recuperação de Imóveis

Arrendados (RECRIA), que já se encontrava em vigor há vários anos, ou como o Porta 65, criado

pelo Decreto-Lei n.º 308/2007, de 3 de Setembro, destinado a incentivar o arrendamento por parte

de jovens, através de financiamento, não resultaram em acções significativas, nem para a

recuperação de imóveis, nem no que respeita ao arrendamento.

O CCP ficou concluído, em 2007, renovando as expectativas já decorrentes de anos

anteriores, visto que o seu processo de elaboração se arrastava há vários anos. Os seus

principais objectivos pretendiam maximizar a eficiência, transparência, simplificação, rigor,

inovação e monitorização de todo o processo de contratação pública.

Tendo em vista acelerar e desburocratizar o licenciamento de pequenas obras, o Governo

facilitou a actividade de empresas informais, o que contribuiu para uma maior incapacidade de

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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assegurar o cumprimento de certas obrigações, quer no que respeita ao desempenho energético

dos edifícios, quer em termos de redes eléctricas e de gás.

Em termos de obras, este ano ficou marcado pela reabilitação do túnel ferroviário do Rossio

e pela conclusão da linha de metropolitano entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia.

Registou-se um lamentável agravamento da sinistralidade mortal no sector da Construção, o

que fez alerta à exigente atenção que os responsáveis pelas empresas devem canalizar para as

matérias de saúde e segurança no trabalho.

Ao nível fiscal, 2007 ficou marcado pela entrada em vigor das alterações ao Código do IVA,

com a introdução da “inversão do sujeito passivo de IVA” no sector da Construção. Esta alteração,

introduzida pelo Decreto-Lei n.º 21/2007, de 29 de Janeiro, contempla um conjunto de medidas

que se destina a combater algumas situações de fraude, evasão e abuso, que estavam a ser

verificadas na realização de operações imobiliárias sujeitas a tributação.

De forma positiva, como medida do SIMPLEX2, cujo lema é “quanto mais simples, melhor.”,

se reagiu à introdução da Informação Empresarial Simplificada (IES), introduzida pela Portaria n.º

208/2007, de 16 de Fevereiro.

A IES contempla numa única entrega, por via electrónica, informações de natureza

contabilística, fiscal e estatística, o que simplifica o processo de relacionamento com a Direcção

Geral dos Impostos, com o Banco de Portugal, com as Conservatórias do Registo Comercial, e

com o Instituto Nacional de Estatística (INE), organismos a quem se destinam as informações nela

contidas.

O ano de 2008 iniciou-se com expectativas contraditórias, na medida em que, por um lado

se fazia antever um aumento das encomendas de obras por parte das entidades públicas mas, por

outro lado, a subida drástica do preço do petróleo e toda a subsequente crise instalada, reduziam

a probabilidade de retoma do sector.

A necessidade de retomar o investimento público no sector da Construção voltou a ser

reconhecida como essencial para promover o crescimento económico. Mais uma vez, as

expectativas à volta da construção do novo aeroporto, já previsto para Alcochete, e da ligação a

Espanha com o TGV, voltam a ser o foco das atenções. Com a possibilidade à vista de se

iniciarem a construção destas duas grandes obras, o sector começou a antever grandes

investimentos para a Península de Tróia, para toda a Costa Vicentina e, também, para o Alentejo,

nomeadamente nas zonas próximas ao Alqueva.

O diploma legislativo mais importante de 2008 foi, provavelmente, o CCP publicado pelo

Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de Janeiro, que no entanto, ficou aquém do desejado em termos de

2 “ O Simplex é um programa de simplificação administrativa e legislativa que pretende tornar mais fácil a vida dos cidadãos e das empresas na sua relação com a Administração e, simultaneamente, contribuir para aumentar a eficiência interna dos serviços públicos.”, in http://www.simplex.pt/simplex.html, acedido em 20/02/2010.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

30

regulamentação que permita a sua implementação completa e efectiva. Assim, o CCP que entrou

em vigor, em Julho de 2008, veio determinar que todas as aquisições públicas viessem a ser,

unicamente, realizadas através de plataformas electrónicas de contratação, estabelecendo a data

de 31 de Outubro de 2009, como a data a partir da qual esse procedimento passasse a ser

obrigatório.

O registo predial passou a ser mais simples, notícia que foi bem acolhida no sector, no

entanto, ainda assim, o mercado imobiliário continuou a caracterizar-se por ter excessos de taxas

e emolumentos, acompanhados de um progressivo aumento da carga fiscal incidente, o que

desmotiva, fortemente, o investimento.

Apesar do fraco investimento imobiliário, que se manteve em situação de crise durante o

ano de 2008, as receitas provenientes do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e do Imposto

Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) continuaram a aumentar, o que

mostra estar de acordo com o facto de esta carga fiscal específica ser bastante elevada.

Enquanto a discussão pública acerca da construção do novo aeroporto e do TGV

continuava, o Governo lançava um conjunto de concessões rodoviárias, bem como, um programa

ambicioso de novas barragens e outros grandes investimentos.

Nesse conjunto, de outros investimentos, estavam contemplados a renovação de tribunais e

a construção de raiz de novos hospitais, tendo-se iniciado, ainda nesse ano, a construção do

Hospital de Cascais e divulgado as linhas mestras para a construção do Hospital de Todos-os-

Santos, em Chelas, bem como para o Hospital Central do Algarve, em Faro.

Em 2008, foi publicado o novo regime jurídico aplicável à Gestão Resíduos de Construção e

Demolição, com o Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de Março, que, em conjunto com o sistema de

certificação energética e da qualidade do ar no interior dos edifícios, aprovado em 2006, constituiu

uma das inovações mais relevantes para o sector da Construção.

A meio do ano, concretizou-se a redução da taxa do IVA, que desceu dos 21% para os

20%, facto que é sempre bem encarado em qualquer sector onde se aplique a taxa normal de IVA.

Em termos de habitação, o escoamento das construções já existentes continuou a ser

bastante lento, retraindo amplamente a iniciativa de construção. Por outro lado, o mercado

financeiro também não ajudou.

As instituições financeiras começaram a reduzir os valores das avaliações dos imóveis,

como forma de se protegerem face à estagnação dos preços e ao clima pouco salutar da

economia (elevadas taxas de endividamento, mais desemprego, diminuição drástica do poder de

compra, etc.), além de que, as taxas de juro continuaram elevadas, acima dos 5%.

O segmento das obras de conservação e reparação de imóveis continuou, em 2008, a não

reflectir quaisquer incentivos, apresentando níveis de actividade insuficientes e muito abaixo do

que é normal nos restantes países da União Europeia.

Em virtude do panorama nacional não apresentar indícios de melhoria no sector,

arrastando-se uma fase de crise há já vários anos, as empresas portuguesas prosseguiram, em

2008, com a sua estratégia de internacionalização, apostando fortemente nos mercados externos,

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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com especial destaque para Angola. A expansão a nível europeu tem sofrido decréscimos, no

entanto, ainda é mantida uma considerável quota de actividade em países da Europa de Leste.

Com a entrada em vigor, em 2007, do regime de inversão do sujeito passivo de IVA, muitas

empresas foram engrossando mensal ou trimestralmente, o seu reporte deste imposto, mantendo

uma situação de crédito junto da Administração Fiscal.

Os pedidos de reembolso de IVA aumentaram e, consequentemente, a periodicidade com

que os mesmos eram dirigidos à Administração Fiscal, que demorava noventa dias a restituir os

valores pedidos. Várias associações do sector insistiram, formalmente, com o Governo para que o

prazo de reembolso do IVA fosse reduzido desses noventa, para trinta dias, o que de facto veio a

acontecer.

Em 2008, o Governo anunciou também a descida da taxa máxima do IMI admitindo,

finalmente, que a carga fiscal deste imposto era demasiado elevada para as famílias e empresas

portuguesas. Esta redução situou-se nos 0,1 pontos percentuais. Além desta medida, o Governo

aprovou, também, o alargamento do prazo de isenção deste imposto, aumentando, para oito anos,

o período de isenção dos imóveis que beneficiavam de seis anos de isenção e aumentando, para

quatro anos, os que beneficiavam de três.

A Comissão Europeia adoptou, em 2008, o que anunciara em 2006, relativamente à medida

de aplicação da taxa reduzida de IVA, a algumas áreas da Construção, nomeadamente quando se

tratem de obras de beneficiação, remodelação, renovação, restauro, reparação ou conservação de

imóveis ou partes autónomas destes, desde que afectos à habitação.

Se, por um lado, a proximidade das eleições autárquicas, em 2009, contribuiu para o

aumento da contratação pública de diversas obras, por outro lado, os prazos de pagamento das

mesmas continuaram a ser um dos grandes condicionantes de quem opera neste sector.

Em termos laborais, a revisão do código do trabalho, anunciada no final de 2008, traduz-se

em condicionantes, que agravam as condições de contratação no sector da construção,

nomeadamente, no que respeita a contratos de trabalho a termo mas, também, relativamente aos

novos limites introduzidos no domínio da contratação colectiva.

O ano de 2009 ficou marcado, essencialmente, por um decréscimo de actividade no sector,

face ao ano de 2008. No entanto, distinguiram-se dois períodos, no que respeita ao nível de

confiança no sector da Construção.

No primeiro semestre do ano, sentiu-se de forma mais acentuada a crise económica

nacional, registou-se uma evolução negativa dos indicadores relativos à carteira de encomendas,

situação financeira das empresas e perspectivas de emprego. No segundo semestre de 2009, não

só se sentiram menos os impactos da crise económica como, também, os indicadores acima

referidos apresentaram resultados menos pessimistas. No final do ano, os empresários do sector

da construção estavam, portanto, mais optimistas.

Nos dois primeiros meses do ano, o valor total associado aos contratos públicos, chegou a

ultrapassar o dobro do valor registado em igual período de 2008. Este aumento pode ter estado

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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associado ao facto de terem ocorrido, em 2009, dois actos eleitorais (eleições legislativas e

autárquicas) que estão associados ao aumento da despesa pública de investimento. Em termos

de obras públicas, as escolas foram o tipo de edifícios públicos que, no decorrer de 2009, mais

beneficiou de contratação pública, contribuindo para o incremento da actividade de construção e

reabilitação de edifícios.

Relativamente aos edifícios habitacionais, não se registaram grandes melhorias no

escoamento. Um pouco por todo o país, encontram-se edifícios prontos a habitar, obras

concluídas há largos meses, ou mesmo há anos, que não são vendidas, ou cuja percentagem de

ocupação fica aquém do desejado.

O arrendamento passou a ter mais procura, principalmente por parte dos jovens, muito

derivado ao facto de encontrarem dificuldade em contrair empréstimo à habitação junto das

entidades bancárias e à falta de estabilidade no emprego, contudo, ainda assim, fica muito aquém

das expectativas do mercado imobiliário.

Em 2009, o Governo anunciou o lançamento do concurso público, a nível internacional, para

a concessão da primeira fase do projecto TGV, que contempla o troço de ligação entre Lisboa e

Poceirão, incluindo a Terceira Travessia do Tejo (TTT) e o Túnel do Barreiro. Desta obra faz,

igualmente, parte a ligação entre este troço e o futuro aeroporto internacional de Lisboa, que se

localizará em Alcochete.

Em termos globais, enquanto se mantiver a situação de crise económica, que tem afectado

as famílias portuguesas, as empresas e todos os sectores de actividade, também, é difícil que o

sector da Construção recupere, consideravelmente, em todos os seus domínios.

A procura de habitação e de edifícios não residenciais privados constituem um dos maiores

pilares do sector, sendo o peso destas duas actividades maioritário em termos globais. Enquanto a

procura se mantiver reduzida, a retoma do sector continuará, igualmente, em causa.

Fechado um ciclo de expectativas, que marcaram presença em todo o período retratado, o

Governo veio anunciar, em Janeiro de 2010, a construção do novo aeroporto internacional de

Lisboa, com localização em Alcochete, sendo este o local que do ponto de vista técnico e

financeiro, a nível global, se apresenta mais favorável.

É também referida que a TTT deverá ter lugar entre Chelas e o Barreiro, como já havia sido

mencionado, e que esta travessia será ferro-rodoviária, uma vez que comportará a ligação do TGV

no trajecto entre Lisboa e Poceirão.

Assim, as perspectivas no sector da Construção parecem justificar o entusiasmo

demonstrado pelos empresários no final do ano de 2009. Espera-se que estas duas obras, há

muito tempo aguardadas possam contribuir, significativamente, para a melhoria da situação

económica do país, que, reciprocamente, também beneficiará o sector.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

33

2.3. O Desenvolvimento Sustentável no Sector da Con strução

“Actualmente surge um novo desafio à construção e aos seus intervenientes que é construir

de forma sustentável” (Bragança, s d). No entanto, segundo Mateus e Bragança (s d), “A realidade

actual é de todo incompatível com os desígnios do desenvolvimento sustentável, (…) ”.

Caso o desenvolvimento económico não seja compatível com o desenvolvimento

sustentável, então a humanidade poderá ter um excelente crescimento económico, mas o

ambiente, como o conhecemos hoje em dia, terá certamente mudado para pior (Munier, 2005).

No sector da construção, em que a relação de desenvolvimento económico e do sector é

recíproca, é impreterível que se aceite e implemente o conceito de sustentabilidade, em prol da

conservação do meio ambiente, e não só.

Para Said et al (s d), já é tempo de concluir que, apesar de contribuir para o

desenvolvimento da sociedade e para a vida moderna, a indústria da construção é a principal

responsável pelo esgotamento dos recursos naturais e por elevados níveis de poluição ambiental.

A sustentabilidade, no sector da construção, já tem sido alvo de estudos nos últimos anos,

em particular no que respeita à qualidade, à segurança e às tecnologias que permitem poupar a

utilização de recursos naturais e energéticos, mas também no que diz respeito à excessiva

produção de resíduos (Couto et al, 2006).

O Governo, também, poderia assumir um papel fundamental, incentivando a prática de

sustentabilidade na indústria da construção mais activamente, nomeadamente através de

incentivos e recompensas às empresas de mérito sustentável (Said et al, s d).

Já é frequente hoje em dia, que os Cadernos de Encargos, relativos a obras públicas,

especifiquem que a prática, pelo empreiteiro, de qualquer crime de natureza ambiental é motivo

para exercer a rescisão de contrato, sem prejuízo do pagamento de todas as coimas e sanções

aplicadas (Couto et al, 2006), o que demonstra uma intervenção do Governo, apenas, voltada para

os aspectos negativos e punidores.

Assim, este sector deverá ter em conta o conceito de sustentabilidade para promover um

desenvolvimento positivo da sociedade, ao mesmo tempo que mantém sob controlo os impactos

negativos que a construção pode ter no meio ambiente (Said et al, s d), além de ser igualmente

importante avaliar a sustentabilidade.

A avaliação da sustentabilidade passa por reunir dados e reportar informação relativa aos

mesmos, que servirá de base a processos de decisão que decorrem durante as diversas fases do

ciclo de vida de um edifício (Bragança e Mateus, s d), além de, no seu conceito mais amplo, gerar

informação decisiva para todas as partes interessadas.

2.3.1. Edifícios e Construções Sustentáveis

A Construção Sustentável deve ser pensada na fase de projecto, fase de execução e fase

de demolição, pelo que, os projectistas têm, em primeiro lugar, grande responsabilidade na

procura da sustentabilidade da construção (Bragança, s d), no entanto, todas as fases têm a sua

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

34

relevância na ponderação energética e ambiental, normalmente, associadas à sustentabilidade da

construção.

Existem práticas que devem ser tidas em conta nas fases de construção, para que os edifícios

possam designar-se como sustentáveis. De acordo com Bragança (s d) essas práticas passam por

ponderar, de forma racional e selectiva, os seguintes aspectos:

• Utilização Racional da Energia;

• Utilização de Tecnologias Solares Passivas;

• Utilização Criteriosa dos Materiais;

• Utilização da Água;

• Implantação dos edifícios; e

• Analisar Outros Impactos.

Contudo, apesar da disponibilidade de técnicas comprovadas, os edifícios ainda não estão, na

sua maioria, a ser construídos ou renovados de forma sustentável, em parte, devido ao facto de

construtores e compradores pensarem, incorrectamente, que a construção sustentável é

dispendiosa, duvidando da sua fiabilidade e desempenho a longo prazo (Mateus e Bragança, s d).

Devem ser introduzidos princípios sustentáveis na construção e na desconstrução e devem

ser desenvolvidas soluções que viabilizem a construção de edifícios duráveis, adaptáveis, que

incorporem materiais de menor impacto ambiental e que tenham grande potencialidade de

reutilização (Couto et al, 2006).

A indústria da Construção já reconhece a importância da aplicação de estratégias de

desenvolvimento sustentável e a responsabilidade de uma utilização ponderada de recursos

naturais escassos (Said et al, s d).

O recurso a materiais amigos do ambiente (Torgal e Jalali, 2007) assume elevada importância

na construção de edifícios sustentáveis, bem como, a desconstrução começa a ser entendida

como princípio base da sustentabilidade, em termos de reabilitação (Couto et al, 2006).

Torgal e Jalali (2007) identificam os seguintes materiais amigos do ambiente, especificando

alguns pormenores relativos aos mesmos:

• Materiais obtidos a partir de resíduos: a incorporação de resíduos de outras

indústrias em materiais de construção é uma forma eficiente de tornar a actividade

sustentável;

• Materiais duráveis: a durabilidade do material está associada à sua vida útil, e

quanto maior esta for, menor será o seu impacto ambiental;

• Ligantes obtidos por activação alcalina: uma alternativa ao cimento, com uma

durabilidade superior;

• Materiais obtidos a partir de fontes renováveis: utilização de materiais como a

madeira, ou o bambu, desde que o seu ritmo de renovação seja superior ao de

consumo;

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

35

• Materiais recicláveis: apresentam vantagens ambientais óbvias, uma vez que,

esgotada a sua vida útil, podem vir a gerar outros materiais. Aqui incluem-se quase

todo o tipo de materiais metálicos. Têm vantagens sobre um material que seja

inicialmente “verde”, mas que não possa ser reciclado;

• Materiais de baixa energia: a redução dos padrões de consumo de energia é

fundamental para a construção sustentável.

Apesar da escolha dos materiais ser, extremamente, importante num projecto que se quer

sustentável, é importante compreender que pode ser difícil, à partida, conhecer-se qual o material

que pode ser mais amigo do ambiente, em determinada obra, em determinado local.

Será o betão mais amigo do ambiente do que o aço? Enquanto, o primeiro, utiliza materiais

locais e pode incorporar resíduos industriais, mas produz elevada quantidade de dióxido de

carbono, o segundo, pode ser reciclado indefinidamente, no entanto, a sua produção requer um

elevado consumo de energia e é passível de se degredar por corrosão (Torgal e Jalali, 2007).

Os edifícios degradados, que não são possíveis de reabilitar para incorporar as

funcionalidades que se pretendem, são normalmente demolidos, produzindo resíduos e sem que

exista significativo aproveitamento dos seus materiais. Valorizar os recursos existentes, em termos

de sustentabilidade da construção, passa pela reabilitação, desconstrução e, em caso de

demolição, a utilização de técnicas de demolição selectiva (Couto et al, 2006).

“O conhecimento no campo da reabilitação e desconstrução, coloca as empresas numa

posição de vantagem (…), indo de encontro à legislação publicada em matéria de

reaproveitamento e reciclagem de materiais, postura ainda pouco divulgada e levada a cabo pelas

empresas de construção.” (Couto et al, 2006, p. 7).

2.3.2. Evolução do Relato Sustentável no sector da Construção

No ponto anterior foi abordada a sustentabilidade do ponto de vista das acções

desencadeadas e decisões tomadas, para que as obras de construção sejam, elas próprias,

espelho do compromisso assumido com a sustentabilidade.

É possível estabelecer um equilíbrio entre a necessidade do crescimento económico e a

necessidade de preservar o complexo ecossistema em que a humanidade está imersa (Munier,

2006) e, assim sendo, as empresas têm agora outro compromisso a assumir, o de divulgar o seu

desenvolvimento sustentável.

Tal como apresentado no ponto 1.4.1.4., a origem dos Gráficos presentes neste ponto,

provem de informação fornecida pela GRI, relativa às empresas que lhe comunicaram os seus

relatórios de sustentabilidade e que se encontra disponível no seu website.

No Gráfico 4 pode acompanhar-se a evolução do relato sustentável ocorrida no sector da

Construção, no período decorrido entre 2002 e 2008.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

Gráfico 4 – Evolução do Relato Sustentável do Sector da Construção: 2002

Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados consultados no

Constata-se que o ano de 2002 não contou com a participação de nenhum relatório de

sustentabilidade de empresas de construção, contudo, a partir de 2003 a evolução tem sido

positiva e crescente.

Em 2003, a nível global, foram 5 as empresas de construção a comunicarem os

relatórios de sustentabilidade à

número de empresas, em todo o mundo, que divulgaram relatórios de sustentabilidade, chegou

aos 38 e, de acordo com a evolução registada, a tendência é que sejam cada vez mais empresas

a fazê-lo.

O Gráfico 5 expressa a magnitude do relato sustentável do sector da Construção na Europa,

o que permite verificar, em termos globais, qual a percentagem de

Gráfico 5 – Magnitude do Relato Sustentável do Sector da Construção na Europa

Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados consultados no

Como se verificou, somente

sustentabilidade de empresas do sector da construção. Ao longo dos anos, a maioria dessas

empresas relatora, encontra-se na Europa.

Logo, em 2003, quando apenas 5 empresas comunicaram relatórios de sustentabilidad

80% das que o fizeram estavam sediadas no continente europeu. No período de 2003 a 2006, a

Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

Evolução do Relato Sustentável do Sector da Construção: 2002

Elaboração Própria, com base nos dados consultados no website da

o ano de 2002 não contou com a participação de nenhum relatório de

sustentabilidade de empresas de construção, contudo, a partir de 2003 a evolução tem sido

Em 2003, a nível global, foram 5 as empresas de construção a comunicarem os

relatórios de sustentabilidade à GRI, sendo a maioria, proveniente da Europa

número de empresas, em todo o mundo, que divulgaram relatórios de sustentabilidade, chegou

38 e, de acordo com a evolução registada, a tendência é que sejam cada vez mais empresas

expressa a magnitude do relato sustentável do sector da Construção na Europa,

, em termos globais, qual a percentagem de representatividade europeia.

Magnitude do Relato Sustentável do Sector da Construção na Europa

Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados consultados no website da

verificou, somente em 2003, começaram a ser comunicados relatórios de

sustentabilidade de empresas do sector da construção. Ao longo dos anos, a maioria dessas

se na Europa.

em 2003, quando apenas 5 empresas comunicaram relatórios de sustentabilidad

80% das que o fizeram estavam sediadas no continente europeu. No período de 2003 a 2006, a

36

Evolução do Relato Sustentável do Sector da Construção: 2002 -2008

da GRI.

o ano de 2002 não contou com a participação de nenhum relatório de

sustentabilidade de empresas de construção, contudo, a partir de 2003 a evolução tem sido

Em 2003, a nível global, foram 5 as empresas de construção a comunicarem os seus

da Europa. No ano de 2008 o

número de empresas, em todo o mundo, que divulgaram relatórios de sustentabilidade, chegou

38 e, de acordo com a evolução registada, a tendência é que sejam cada vez mais empresas

expressa a magnitude do relato sustentável do sector da Construção na Europa,

representatividade europeia.

Magnitude do Relato Sustentável do Sector da Construção na Europa

da GRI.

começaram a ser comunicados relatórios de

sustentabilidade de empresas do sector da construção. Ao longo dos anos, a maioria dessas

em 2003, quando apenas 5 empresas comunicaram relatórios de sustentabilidade,

80% das que o fizeram estavam sediadas no continente europeu. No período de 2003 a 2006, a

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

Europa esteve sempre representada

ultrapassar os 85% de representatividade no total de empresas de construção

sustentabilidade comunicados.

No entanto, embora continuem a estar em maioria, a representatividade

europeias tem diminuído, desde 2007, de forma tendencial

crescente grau de exigências imposto

empresas de outros países fora da Europa

Ficou espelhado, no pon

europeia, o que pode estar associado a

No Gráfico 6 pode constatar

comparativamente, ao sector da construção. Os sectores seleccionados

da Construção são o sector da Energia e o sector dos Serviços Financeiros.

Gráfico 6 – Relato Sustentável na Europa: Comportamento entre Sectores de Actividade

Fonte: Elaboração

À semelhança do sector da construção, o

preservação e conservação do ambiente e recursos naturais

de dimensão similar ao nível da sustentabilidade.

O sector dos Serviços Financeir

capacidade de investimento e financiamento da maioria dos sectores, incluindo o sector da

Construção, duplamente, afectado pela banca.

na medida em que o acesso directo ao crédito para financiar operações ou realizar investimentos

é condicionado pelo sector dos Serviços Financeiros

condicionantes impostos aos

Como já foi mencionado, o sector da Construção não teve representatividade em 2002, e

nesse ano, o sector da Energia superava, embora ligeiramente, o sector dos Serviços Financeiros,

no que respeita ao número de relatórios comunic

Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

Europa esteve sempre representada com, pelo menos 80% de empresas chegando, em 2006, a

ultrapassar os 85% de representatividade no total de empresas de construção

sustentabilidade comunicados.

No entanto, embora continuem a estar em maioria, a representatividade

desde 2007, de forma tendencial, o que, de certa forma

as imposto, um pouco por todo o mundo, contribuindo para

fora da Europa engrossem as listas da GRI.

, no ponto 1.4.1.4. que, a maioria do número de empresas que relatam, é

europeia, o que pode estar associado a comportamentos sociais e à própria cultura empresarial.

pode constatar-se o comportamento europeu de outros sectores de actividade,

sector da construção. Os sectores seleccionados que

o sector da Energia e o sector dos Serviços Financeiros.

Relato Sustentável na Europa: Comportamento entre Sectores de Actividade

Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados consultados no website da GRI.

semelhança do sector da construção, o sector da Energia tem elevados impactos na

do ambiente e recursos naturais e requer, por isso, uma preocupação

de dimensão similar ao nível da sustentabilidade.

O sector dos Serviços Financeiros foi seleccionado por exercer elevada influência na

capacidade de investimento e financiamento da maioria dos sectores, incluindo o sector da

afectado pela banca. O sector da Construção é afectado, directamente,

na medida em que o acesso directo ao crédito para financiar operações ou realizar investimentos

sector dos Serviços Financeiros e, indirectamente, através dos

condicionantes impostos aos seus principais clientes.

Como já foi mencionado, o sector da Construção não teve representatividade em 2002, e

nesse ano, o sector da Energia superava, embora ligeiramente, o sector dos Serviços Financeiros,

no que respeita ao número de relatórios comunicados por parte das empresas europeias.

37

chegando, em 2006, a

ultrapassar os 85% de representatividade no total de empresas de construção com relatórios de

No entanto, embora continuem a estar em maioria, a representatividade das empresas

de certa forma, é explicado pelo

contribuindo para que

do número de empresas que relatam, é

e à própria cultura empresarial.

se o comportamento europeu de outros sectores de actividade,

se relacionam com o

Relato Sustentável na Europa: Comportamento entre Sectores de Actividade

GRI.

m elevados impactos na

e requer, por isso, uma preocupação

os foi seleccionado por exercer elevada influência na

capacidade de investimento e financiamento da maioria dos sectores, incluindo o sector da

O sector da Construção é afectado, directamente,

na medida em que o acesso directo ao crédito para financiar operações ou realizar investimentos

indirectamente, através dos

Como já foi mencionado, o sector da Construção não teve representatividade em 2002, e

nesse ano, o sector da Energia superava, embora ligeiramente, o sector dos Serviços Financeiros,

ados por parte das empresas europeias.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

O comportamento de todos os sectores acima expostos tem sido crescente, sendo que os

sectores da Construção e das Energias

moderada e apenas, em 2007 e 2008

Energia se demarcou do sector da Construção.

O sector dos Serviços Financeiros

apresentado uma evolução crescente mais acentuada. O número de empresas que comuni

relatórios de sustentabilidade tem aumentado

restantes sectores.

As operações financeiras exigem o reconhecimento fiel e transparente das organizações

que operam no sector dos serviços financeiros, pois os in

assim o exigem. Torna-se vital que este sector comunique

desempenho sustentável, para ir de encontro às expectativas e exigências dos

Tal como no ponto 1.4.1.4., aprese

que podemos analisar o comportamento do relato sustentável, específico do sector da construção,

em Portugal e Espanha.

Gráfico 7 – Evolução do Relato Sustentável do Sector da Construção: Portugal e Espanha

Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados consultados no

Observa-se que o relato sustentável do sector da construção encontra

significativamente, pelo continente europeu, face ao relato global. Mas

europeu, a quota que pertence a Portugal, constata

Espanha lidera, não só no relato de forma generalizada, como também

sustentável do sector da construção.

europeu, provinha do nosso principal parceiro económico, a Espanha.

Em 2005, do total de empresas europeias que comunicaram relatórios de sustentabilida

Espanha estava representada em valores percentuais próximos dos 80%, enquanto Portugal, em

igual período, não tinha uma única empresa de construção a comunicar os

Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

O comportamento de todos os sectores acima expostos tem sido crescente, sendo que os

da Construção e das Energias têm tido uma evolução semelhante, crescente, de forma

em 2007 e 2008, o número de relatórios de sustentabilidade do sector d

do sector da Construção.

sector dos Serviços Financeiros tem sido aquele que, ao longo do tempo, tem

apresentado uma evolução crescente mais acentuada. O número de empresas que comuni

sustentabilidade tem aumentado, consideravelmente, quando comparado com os

As operações financeiras exigem o reconhecimento fiel e transparente das organizações

que operam no sector dos serviços financeiros, pois os investidores e demais partes interessadas

se vital que este sector comunique, abertamente, qual tem sido o seu

desempenho sustentável, para ir de encontro às expectativas e exigências dos

Tal como no ponto 1.4.1.4., apresenta-se em seguida, o Gráfico 7, com um comparativo, em

que podemos analisar o comportamento do relato sustentável, específico do sector da construção,

Evolução do Relato Sustentável do Sector da Construção: Portugal e Espanha

Fonte: Elaboração Própria, com base nos dados consultados no website da GRI.

o relato sustentável do sector da construção encontra

pelo continente europeu, face ao relato global. Mas, ao analisar

pertence a Portugal, constata-se que os valores são pouco significativos.

Espanha lidera, não só no relato de forma generalizada, como também

sustentável do sector da construção. De 2003 a 2005, a maioria deste tipo de relato, a nível

europeu, provinha do nosso principal parceiro económico, a Espanha.

Em 2005, do total de empresas europeias que comunicaram relatórios de sustentabilida

Espanha estava representada em valores percentuais próximos dos 80%, enquanto Portugal, em

uma única empresa de construção a comunicar os

38

O comportamento de todos os sectores acima expostos tem sido crescente, sendo que os

, crescente, de forma

ero de relatórios de sustentabilidade do sector da

tem sido aquele que, ao longo do tempo, tem

apresentado uma evolução crescente mais acentuada. O número de empresas que comunicam

quando comparado com os

As operações financeiras exigem o reconhecimento fiel e transparente das organizações

vestidores e demais partes interessadas

qual tem sido o seu

desempenho sustentável, para ir de encontro às expectativas e exigências dos stakeholders.

se em seguida, o Gráfico 7, com um comparativo, em

que podemos analisar o comportamento do relato sustentável, específico do sector da construção,

Evolução do Relato Sustentável do Sector da Construção: Portugal e Espanha

GRI.

o relato sustentável do sector da construção encontra-se representado,

ao analisar-se no relato

que os valores são pouco significativos.

Espanha lidera, não só no relato de forma generalizada, como também, no relato

2003 a 2005, a maioria deste tipo de relato, a nível

Em 2005, do total de empresas europeias que comunicaram relatórios de sustentabilidade,

Espanha estava representada em valores percentuais próximos dos 80%, enquanto Portugal, em

uma única empresa de construção a comunicar os referidos relatórios.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

39

Portugal começou a integrar as listagens da GRI, no sector da Construção, em 2006, com uma

empresa, enquanto Espanha, no mesmo ano, apresentava onze.

A tendência do relato sustentável no sector da construção, em Portugal, é crescente, o

número de empresas tem vindo a aumentar de ano para ano, prevendo-se que mais empresas

venham a engrossar esta listagem. Já Espanha perdeu representatividade, em 2006 face a 2005,

e, em 2008 face a 2007, pelo que é difícil estabelecer uma previsão de evolução futura.

2.3.3. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável p ara o Sector

da Construção

Segundo Said et al (s d), existe uma ampla crença de que os indivíduos, as empresas de

construção e as próprias sociedades, necessitam encontrar modelos, métricas e ferramentas para

mensurar em que moldes as actividades desenvolvidas são consideradas insustentáveis.

“From the construction industry point of view, measurement is essential in order to have

good management and performance improvement” (Torbett, Salter, Gann & Hobday, 2001, in Said

et al, s d). Especialmente no que respeita ao ambiente, requerem-se medidas e indicadores, que

permitam assegurar transparência e fornecer incentivos ao cumprimento da sustentabilidade

(Graedel e Allenby, 2002).

À semelhança de outros países mais desenvolvidos que promovem tecnologias mais

sustentáveis e onde a sustentabilidade é um dos aspectos mais relevantes na avaliação global das

construções, Portugal também procurará potenciar a venda de produtos sustentáveis (Mateus e

Bragança, s d).

De acordo com Azapagic (2004, citado por Said et al, s d), relativamente a indicadores de

sustentabilidade, é referido que “Critical indications of sustainable construction will focus on issues

such as land use, water, energy and material use”. Em termos de ferramentas de avaliação,

Bragança e Mateus (s d) mencionam a existência de duas tendências contrárias: por um lado, a

diversidade e a complexidade de indicadores desenvolvidos por diferentes entidades, e por outro

lado, a evolução que efectiva a sua implementação, através do desenvolvimento de indicadores

comuns e da simplificação no processo de avaliação.

Estão já desenvolvidas e outras em fase de desenvolvimento, ferramentas e sistemas de

avaliação da sustentabilidade, porém nenhuma é amplamente aceite, pois o conceito de

sustentabilidade é subjectivo, principalmente por existirem diferenças políticas, tecnológicas,

culturais, sociais e económicas (Mateus e Bragança, s d).

Nenhuma empresa tem, necessariamente, que tomar por base de referência no seu relato

sustentável, os indicadores propostos pela GRI, no entanto, para que o desenvolvimento

sustentável possa ser transparente, fiável e comparável, um pouco por todo o mundo, as

organizações tendem a seleccionar essas linhas orientadoras, contribuindo para uma maior

universalidade das informações relatadas.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

40

Conforme mencionado no ponto 1.4.1.3.2., a GRI encontra-se neste momento a

desenvolver para alguns sectores de actividade, suplementos sectoriais que contemplam

indicadores específicos, com informações chave para os stakeholders. Os suplementos sectoriais

para os sectores da Construção e Promoção Imobiliária encontram-se em processo de

desenvolvimento, tendo já sido elaborado um documento – A Sanpshot of Sustainability Reporting

in the Construction and Real Estate Sector - que dá conta do trabalho de pesquisa na busca dos

indicadores chave para estes sectores.

Para o efeito, a GRI tem estabelecido parcerias com determinadas empresas, ora dos

respectivos sectores, ora empresas cuja missão é prestar serviços no âmbito e apoio, à prática e

reporting do desenvolvimento sustentável das organizações, tal é o caso da Sustentare, Lda, em

Portugal. Existe, portanto, uma enorme expectativa das partes interessadas em conhecer os

resultados e conclusões, que consigam traduzir-se num conjunto de indicadores específicos, a

adoptar pelas empresas do sector da construção, de forma a incentivar mais empresas a

relatarem o seu desenvolvimento sustentável, na crença de que a informação relatada é, de facto,

a que mais relevância tem para todos os stakeholders.

No entanto, é importante ter a noção de que as soluções encontradas não são estanques,

uma vez que, a evolução tecnológica, a concepção e utilização de materiais e a mensuração da

sustentabilidade da construção poderão sofrer alterações, pelo que, “A solução mais sustentável

depende daquilo que o limite tecnológico pode proporcionar a cada momento” (Mateus e

Bragança, s d).

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

41

Parte B – ESTUDO EMPÍRICO

A metodologia de investigação deve assumir a forma mais adequada relativamente ao

objecto de pesquisa e representa o conjunto de processos que o homem deve empregar na sua

investigação e demonstração da verdade (Cervo, 1983).

Qualquer trabalho de pesquisa deve contemplar informação suficiente para que a

investigação desenvolvida possa ser replicada (D´Oliveira, 2002) pelo que, em seguida, procura-

se demonstrar, fidedignamente, como todo o procedimento de investigação foi desenvolvido.

Os capítulos que se seguem contemplam a informação necessária à compreensão do

objectivo da estratégia e dos instrumentos de investigação utilizados, bem como, dos dados

relativos à amostra e respectivo tratamento e, finalmente, a análise dos resultados.

3. Construção do Processo de Investigação

A motivação para o processo de investigação ora desenvolvido, como já anteriormente

referido, resulta de um desencadeamento de conhecimentos, cada vez mais profundos,

relativamente, ao tema da Sustentabilidade, especificando-se aos Indicadores de Desempenho

Sustentável, com aplicabilidade ao Sector da Construção.

A GRI tem, em processo de desenvolvimento, o suplemento sectorial para os sectores da

construção e promoção imobiliária, do qual resultará um conjunto de indicadores de desempenho

sustentável com aplicabilidade específica para estes sectores.

Os trabalhos desenvolvidos pela GRI contemplam considerações de diversas entidades e

indivíduos que, das mais variadas formas, colaboram no processo de investigação daquela

organização, tendo como objectivo concluir acerca de quais os indicadores de desempenho

sustentáveis de aplicabilidade directa a determinado sector, bem como, a melhor métrica e forma

de relato dos mesmos.

O processo de investigação procura dar resposta ao problema de investigação, alcançando

o objectivo que sustenta a mesma. Assim, considerando referências e apreciações de outros

processos de investigação, anteriormente, desenvolvidos é possível delinear uma estratégia de

investigação.

3.1. Objectivo da Investigação

O problema de investigação alude a eleição de um conjunto de indicadores de desempenho

sustentável, com aplicabilidade específica ao sector da construção, que permitam às empresas do

sector relatar o seu desempenho sustentável, com recurso a informação relevante para os

stakeholders.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

42

Assim, o objectivo geral desta investigação assenta em identificar quais os indicadores de

desempenho sustentável considerados mais importantes no relato sustentável das empresas do

sector da construção, tendo por base as opiniões congruentes de diferentes grupos de indivíduos

com conhecimentos e competências diversificadas e complementares.

Para concretizar o objectivo geral da investigação, é necessário atender aos seguintes

objectivos específicos: identificar a metodologia e resultados de investigação da GRI, reconhecer

os indicadores de desempenho sustentável mais importantes para determinado grupo de

indivíduos e comparar os resultados da pesquisa da GRI desenvolvida, em Portugal, com os

resultados da pesquisa ora desenvolvida.

3.2. Fundamentação Teórica

Tendo em consideração a natureza dos dados que, normalmente, são utilizados em

pesquisas nesta área de estudo e pesquisas realizadas por outros investigadores, torna-se mais

fácil conseguir definir uma metodologia de trabalho que sustente o objectivo da investigação.

A maioria dos investigadores tem, consoante a natureza dos seus estudos, utilizado as

técnicas da pesquisa documental, com recurso aos relatórios e contas e relatórios de

sustentabilidade das empresas, bem como, a aplicação de questionários para aferir quais os

aspectos que se perspectivam numa óptica interna (gestores, accionistas, etc.) e externa

(stakeholders), relativamente, aos relatórios de sustentabilidade.

A aplicação do questionário foi o método que Birth et al (2008) utilizaram para concluir que a

comunicação de RSO na Suíça parece estar bem desenvolvida embora, ainda, exista margem

para maior desenvolvimento.

Comparando a Itália com os Estados Unidos da América (EUA), Boesso (2009), também,

adoptou o questionário para aferir que em ambos os países adopta-se cada vez mais as

guidelines propostas pelo GRI, embora os resultados demonstrem que as práticas de divulgação e

exigências dos stakeholders são diferentes nos dois países.

Tendo em conta que, “Two thirds of the enterprises reported the social and environmental

information in their annual reports.” (Dvarakova, 2009, p. 8), importa referir que estas conclusões

sucederam o tratamento de dados recolhidos através de questionário. Acresce mencionar que as

empresas tendem a reportar, apenas, a informação positiva e que, de modo geral, a pesquisa

empírica confirma a inexistência de ligações entre os resultados económicos, ambientais e sociais,

o que enfraquece o potencial das informações apresentadas (Dvarakova, 2009).

Dias (2009) aplica a metodologia de análise de conteúdo aos relatórios de sustentabilidade,

para constatar que os resultados de relato obtidos nos Indicadores de Desempenham são

globalmente baixos, acrescentando que, em todos os sectores de actividade, as informações

relatadas não chegam a metade do proposto pela GRI 2002.

Palma (2010), recorrendo a pesquisa documental, nomeadamente aos relatórios de

sustentabilidade dos anos de 2006, 2007 e 2008, concluiu que as empresas do sector da

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

43

construção, que seguem as linhas orientadoras da GRI, não relatam todas os mesmos indicadores

de desempenho. Ao mesmo tempo que uma empresa relata determinado indicador de

desempenho, outra empresa do mesmo sector entende que esse indicador não é “aplicável” à sua

actividade, o que sugere a necessidade de se especificarem quais os indicadores próprios para o

sector da construção e assumir a aplicabilidade dos indicadores gerais à maioria das empresas e

sectores de actividade (Palma, 2010).

3.3. Estratégia da Investigação

A estratégia da investigação contempla os meios e planos delineados com o propósito de

atingir determinado fim na área da pesquisa. De acordo com o objectivo da investigação,

anteriormente descrito, o fim a atingir determina a selecção de indicadores de desempenho

sustentável específicos para o sector da construção.

Numa primeira fase, no âmbito de investigação precedente, surgiu o convite para participar

num workshop alusivo ao tema Sustentabilidade nos Sectores da Promoção Imobiliária e

Construção (Anexo VI), que ocorreu em Lisboa, no dia 12 de Janeiro de 2010.

Este workshop, promovido pela GRI e pela Sustentare, Lda, no âmbito das orientações para

o desenvolvimento do plano sectorial aplicável a estes sectores de actividade, tinha como

objectivo identificar os temas materiais da sustentabilidade nos sectores da promoção imobiliária e

da construção.

Muito embora, o convite, numa primeira fase, tivesse sido direccionado para as principais

partes interessadas, isto é, empresas dos sectores da construção e promoção imobiliária, sendo

de entrada livre, o mesmo foi reencaminhado para outros indivíduos e entidades, com manifesto

interesse na matéria.

Numa segunda fase, tendo em consideração os resultados pré-determinados, provenientes

do workshop, projectou-se a inquirição de outro grupo de indivíduos, relativamente à mesma

matéria, para que os resultados possam, ou não, ser corroborados e se observe a opinião de

outras partes interessadas que não, maioritariamente, as das próprias empresas.

3.4. Instrumentos da Investigação

Os instrumentos de investigação contemplam os meios utilizados para a recolha de dados

que são, posteriormente, incluídos na metodologia de investigação. É importante que sejam

seleccionados de acordo com o objectivo da pesquisa e em harmonia com a estratégia delineada.

O primeiro instrumento de investigação utilizado foi a observação participante, em que, no

seguimento do mencionado na estratégia da investigação, se participou no workshop promovido

pela GRI em parceria com a Sustentare, Lda. Os grupos de trabalho foram compostos por cerca

de seis elementos cada, independentemente da sua proveniência (empresas, instituições de

ensino, associações do sector, entre outros). O grupo de trabalho em que se desenvolveu a

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

44

actividade participante foi composto por indivíduos provenientes de grandes empresas nacionais

do sector da construção, Associação Nacional de Empreiteiros de Obras Públicas (ANEOP) e

meio académico.

O segundo instrumento de investigação utilizado neste processo de investigação é o

recurso a questionário, por se entender que esta é a forma mais eficaz de auferir um vasto número

de pareceres de indivíduos que integram grupos de interesses dispersos, como vai ser

aprofundado no próximo capítulo, com a especificação da amostra e do processo de recolha e

tratamento de dados.

4. Metodologia da Investigação

Este capítulo é dedicado à concretização do processo de investigação, tendo por base a

estratégia de investigação delineada, especificada no capítulo anterior. A metodologia utilizada

constitui um método de abordagem indutivo, em que, parte-se da observação para estabelecer

uma relação com um conjunto de resultados pré-seleccionados.

A abordagem quantitativa é um método de investigação social que utiliza técnicas

estatísticas, sendo o questionário, um dos instrumentos de investigação associado às técnicas de

abordagem quantitativas.

Fazem parte deste capítulo, a selecção e caracterização da amostra, o questionário, o

processo de recolha e tratamento de dados, bem como os resultados alcançados. Além destes, é

importante referir as limitações que tenham sido encontradas no decorrer do processo de

investigação, de forma a evitar a repetição, em estudos futuros, de determinados aspectos que

condicionam o processo de investigação.

4.1. Selecção e Caracterização da Amostra

A selecção da amostra teve por base o interesse em aferir-se a opinião de estudantes, com

frequência no último ano de licenciatura, de forma a comparar os resultados, desta percepção,

tendencialmente académica, com os resultados pré-seleccionados por grupos de indivíduos com

experiências profissionais e académicas distintas.

Assim, atendendo ao tema da investigação – Indicadores de Desempenho Sustentável no

Sector da Construção – entendeu-se que os estudantes, cujas opiniões são mais relevantes, são

os que integram os cursos de Contabilidade e Finanças (CF), Gestão de Recursos Humanos

(GRH), Engenharia de Ambiente (EA) e Engenharia Civil (EC).

Todos os inquiridos são estudantes do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), sendo os

cursos de Contabilidade e Finanças (CF), Contabilidade e Finanças Nocturno (CFN) e Gestão de

Recursos Humanos ministrados na Escola Superior de Ciências Empresariais (ESCE). O curso de

Engenharia de Ambiente é ministrado na Escola Superior de Tecnologia de Setúbal (ESTS) e o

curso de Engenharia Civil é leccionado na Escola Superior de Tecnologia do Barreiro (ESTB).

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

45

Atendendo às características dos indicadores de desempenho económico, torna-se

importante consultar os estudantes da área de estudo de CF e CFN, que adquirem competências,

directamente, relacionadas com a vertente económica das organizações. Entendeu-se ser,

cientificamente, relevante incluir os dois regimes de leccionação desse curso. O regime diurno,

maioritariamente, frequentado por estudantes mais jovens e com pouca ou nenhuma experiência

profissional e, por outro lado, inquirir estudantes com frequência no regime nocturno, que tende a

ser frequentado por estudantes mais velhos e com maior experiência profissional.

O curso de GRH está mais vocacionado para o conhecimento inerente às características

dos indicadores de desempenho social. Para analisar os indicadores de desempenho ambiental,

prevalece uma maior susceptibilidade dos estudantes de EA. Tendo em consideração o foco no

sector da construção, é imperativo consultar os estudantes de EC. Desta forma, é assegurada a

consulta a estudantes de várias áreas de conhecimento e relevância para a presente investigação.

A amostra é composta por 122 estudantes, dos quais 77 são do género feminino (cerca de

63%) e 45 são do género masculino (aproximadamente 37%), conforme se pode visualizar no

Gráfico 8.

Gráfico 8 – Representatividade por Género

Fonte: Elaboração Própria

Todos os cursos, à excepção do de EC, têm um maior número de inquiridos do género

feminino. Por cursos, o total de inquiridos e sua representatividade por género são:

1) CF totaliza 25 inquiridos: 18 do género feminino (72%) e 7 do género masculino (28%);

2) GRH totaliza 32 inquiridos: 26 do género feminino (81,3%) e 6 do género masculino (18,8%);

3) EA totaliza 19 inquiridos: 15 do género feminino (78,9%) e 4 do género masculino (21,1%);

4) EC totaliza 29 inquiridos: 6 do género feminino (20,7%) e 23 do género masculino (79,3); e

5) CFN totaliza 17 inquiridos: 12 do género feminino (70,6%) e 5 do género masculino (29,4%).

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

46

O estudante mais novo inquirido tem 19 anos e o mais velho tem 52, sendo que a maioria dos

inquiridos tem entre 20 e 23 anos, conforme Gráfico 9. A média das idades é de 26,25 anos.

Gráfico 9 – Representatividade por Idade

Fonte: Elaboração Própria

Em termos percentuais, os inquiridos com 20 e 21 anos assumem os valores mais elevados,

ambas as idades com 16,4%. Seguidas das idades de 22 anos, com 11,5%, 23 anos, com 8,2% e

25 anos, com 6,6%. Os inquiridos com 31 e 32 anos assumem uma representatividade igual, na

ordem dos 3,3%, o mesmo valor percentual apurado para os estudantes que têm 24 anos.

Em termos de residência, o concelho de residência com maior representatividade é o de

Setúbal, seguido dos da Moita, Seixal, Barreiro e Palmela, como os cinco mais representados

pelos inquiridos, de acordo com o Gráfico 10.

Os inquiridos com residência no concelho de Setúbal representam 24,6% do total de

inquiridos, seguidos dos que residem no concelho da Moita, com 13,9%. O concelho do Seixal

também está, significativamente, representado com 11,5%, seguido do Barreiro com 9,8%,

Palmela com 7,4% e Almada com 6,6%.

Todos os concelhos de residência dos restantes inquiridos assumem, individualmente, uma

representatividade percentual abaixo dos 5%, correspondendo, entre outros, aos concelhos,

geograficamente, mais distantes da localização das Escolas, que se situam em Setúbal e no

Barreiro.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

47

Gráfico 10 – Representatividade por Concelho de Residência

Fonte: Elaboração Própria

Ao nível dos cursos, do total de 122 inquiridos, 25 estudantes são de CF, 32 são de GRH,

29 são de EC, 19 são de EA e 17 são de CFN, sendo que a maior representatividade pertence ao

curso de GRH. No entanto, somado o número de estudantes com frequência diurna e nocturna em

CF, este curso fica com uma representatividade superior, com o total de 42 estudantes da área de

estudo de contabilidade, conforme está reflectido no Gráfico 11.

Gráfico 11 – Representatividade por Curso

Fonte: Elaboração Própria

Em termos percentuais, os inquiridos com frequência em CF representam 29,49%, os que

frequentam GRH assumem a percentagem mais elevada, com 26,23%, seguindo-se EC com

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

48

23,77%, EA com 15,57% e, finalmente, CFN com 13,93%. Se focarmos a área de estudo mais

representada, a percentagem mais elevada, de 34,42%, pertence ao curso de CF (contemplando

os regimes diurno e nocturno).

4.2. Questionário

O questionário foi elaborando no sentido de ser o mais simples e perceptível possível,

atendendo às questões que, impreterivelmente, tinham que ser consideradas no mesmo (Anexo

VII). A dimensão do questionário é de duas páginas, que foram impressas na modalidade frente e

verso, de forma ao questionário corresponder a uma única folha.

O documento é composto pela identificação do proponente e símbolo da instituição de

ensino em que a investigação está a ser desenvolvida. É apresentado o tema e referido o seu

enquadramento, seguindo-se um pequeno texto alusivo à temática da sustentabilidade e

esclarecedor, na medida do possível, das pretensões do questionário.

O questionário está dividido em duas partes, estando a primeira relacionada com o perfil

dos inquiridos. A informação solicitada nesta primeira parte é a que permite caracterizar a

amostra, ou seja, identificação do género do inquirido, respectiva idade, concelho de residência e

curso que frequenta. As respostas são dadas pelo sistema de preencher o espaço correspondente

à resposta, assinalando com uma cruz (X), à excepção da idade, com resposta numérica.

A segunda parte do questionário está dividida em três questões, uma para cada dimensão

de indicadores de desempenho de sustentabilidade: económica, ambiental e social. As respostas

são dadas com recurso aos algarismos de 1 a 5, na medida em que, solicita-se que os indicadores

apresentados, para cada dimensão, sejam colocados por ordem de importância, em que o número

1 corresponde ao menos importante e o número 5 corresponde ao mais importante.

Os indicadores repartem-se pelas alíneas a) a e), correspondem aos indicadores pré-

seleccionados pelo grupo de indivíduos que participou no workshop referido, anteriormente, e

encontram-se colocados por ordem alfabética e não por ordem de importância, conforme os

resultados recolhidos dessa observação participante (Anexo VIII).

Embora, os resultados do workshop integrem mais indicadores, apenas foram considerados,

para efeito desta investigação, os cinco indicadores mais importantes, eleitos nessa sessão de

trabalho, para cada uma das dimensões objecto de estudo. O recurso a um maior número de

indicadores poderia originar dispersão de atenção no foco da resposta ou desmotivação no

preenchimento.

Porém, foi criada uma alínea de resposta f), deixando em aberto a possibilidade de os

inquiridos identificarem outro indicador de desempenho, em cada dimensão, além dos

apresentados, cuja importância considerassem ser mais relevante. Caso o fizessem, deveriam

atribuir-lhe uma classificação de importância, na escala de 1 a 5, excluindo uma das alíneas

anteriores.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

49

Depois de concluído o primeiro esboço do documento que constituí o questionário, o mesmo

foi apresentado a um pequeno grupo, composto por quatro indivíduos não relacionados com o

presente trabalho de investigação. Esta acção constituiu o pré-teste do questionário, da qual

resultou a necessidade de pequenos ajustes ao nível da forma de escrita adoptada, no sentido

desta ser, ainda, o mais perceptível possível.

4.3. Processo de Recolha e Tratamento dos Dados

O questionário foi disperso pelas três Escolas do IPS e foi aplicado em sala de aula, com a

devida autorização e contando com a colaboração dos docentes que se encontravam a leccionar.

A recolha foi feita na hora, imediatamente, após o preenchimento do questionário.

Foram recolhidos 161 questionários, no entanto, apenas 122 se encontravam total e

correctamente preenchidos, rejeitando 39 questionários. Desses 39 questionários, não englobados

no tratamento de dados, 2 continham ausência de preenchimento na parte relativa ao perfil dos

inquiridos e os restantes 37 estavam incorrectamente preenchidos em termos de ordenação.

Por coincidência, o único questionário em que foi sugerido um indicador alternativo, ao nível

dos indicadores de desenvolvimento social, continha ausência parcial de preenchimento, na parte

relativa ao perfil dos inquiridos, tendo por isso sido excluído da análise.

Apesar de ter sido solicitado aos inquiridos que colocassem por ordem, do menos

importante (1) para o mais importante (5), um conjunto de indicadores de desenvolvimento

sustentável, as respostas assumiram, nos 37 questionários incorrectamente preenchidos, valores

repetidos. Isto significa que a leitura desses 37 inquiridos foi diferente da dos restantes, na medida

em que atribuíram um grau de importância de 1 a 5 a cada indicador, não considerando a função

de ordenar.

A informação dos 122 questionários validados foi transformada em informação de leitura

quantitativa, atribuindo-se a cada resposta uma codificação numérica. Esta informação de leitura

quantitativa, em que, por exemplo, ser do género feminino corresponde ao número 1 e ser do

masculino corresponde ao número 2, permite que os dados sejam todos trabalhados

estatisticamente.

Assim, a informação contida nos questionários foi toda transposta para uma base de dados

do programa Excel 2007, uma das ferramentas do Microsoft Office, com a finalidade de ser

exportada para o programa SPSS Versão 17, para Windows.

A caracterização da amostra teve por base a estatística descritiva, em que, com recurso às

tabelas de frequência, se consegue resumir os aspectos relacionados com o perfil dos inquiridos.

É, também, possível obter determinadas constatações, ao nível das respostas, recorrendo às

crosstabs, em que se conseguem pormenorizar aspectos minuciosos, na medida em que se

contemplam duas variáveis na mesma tabela de frequência.

Todos os outputs de informação, sob a forma de tabelas, gerados pelo programa estatístico

SPSS Versão 17, integram o Anexo IX.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

50

4.4. Limitações da Metodologia Utilizada

Todo o método de investigação, por mais indicado que seja à concretização dos objectivos

de pesquisa, está sujeito a limitações, decorrentes da forma como a metodologia foi desenvolvida,

aplicada ou tratada ou, ainda, derivado a características alheias ao investigador, que podem, por

exemplo, relacionar-se com aspectos intrínsecos à amostra. Este trabalho de investigação tem

algumas considerações que devem ser expostas e que podem ser consideradas como limitações

da metodologia utilizada.

O inquérito foi redigido e finalizado, após a realização do pré-teste, na expectativa de ser

compreensível a todo o universo de inquiridos a que se destinava, no entanto, foram muitos os

estudantes que não o preencheram correctamente. Em 161 questionários recolhidos, tiveram que

ser excluídos da análise 24,22% dos mesmos, pelo facto das respostas não corresponderam a

uma ordenação dos indicadores apresentados, na escala de 1 a 5, conforme o solicitado.

Assim, aponta-se a terminologia utilizada, como uma das limitações do trabalho de

investigação, que poderia ter englobado explicação adicional, relativamente, ao conceito de

“ordenar”, de forma a ser compreendida por todo o universo de inquiridos.

Outra das limitações, que se pode apontar à aplicação da metodologia, está relacionada

com a ausência de conhecimentos teórico-práticos, dos inquiridos, acerca do tema da

investigação. O facto de, apenas, um inquirido ter sugerido um indicador alternativo, em

detrimento de um dos pré-apresentados, pode induzir ausência de sugestão e, por conseguinte,

de conhecimentos concretos na matéria exposta.

Procurou-se identificar a visão académica dos inquiridos, com base nos conhecimentos

específicos de cada curso, adquiridos pelos estudantes ao longo do seu percurso escolar,

contudo, o conceito de sustentabilidade pode não ter sido assimilado por todos os inquiridos,

uniformemente, nem a sua adequabilidade ao sector da Construção.

5. Análise e Discussão dos Resultados Obtidos

Na primeira fase do trabalho de investigação, que incluiu a observação participante no

workshop, promovido pela GRI em parceira com a Sustentare, Lda, realizado no dia 12 de Janeiro

de 2010, conseguiram extrair-se indicadores de desempenho sustentável, aos três níveis,

económico, ambiental e social que foram, posteriormente, incluídos na segunda fase do trabalho

de pesquisa, ou seja, no questionário.

Os resultados encontrados, para os indicadores de desempenho sustentável mais

importantes, eleitos na sessão de trabalhos do workshop, são os que constam da Figura 3. Do

ponto de vista dos participantes, a criação de emprego é, ao nível dos indicadores económicos, o

mais importante enquanto, ao nível dos indicadores ambientais foi eleita a gestão da água como o

mais importante e, no âmbito social, a escolha recaiu sobre a satisfação dos clientes.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

51

Figura 3 – Resultados do Workshop: Indicadores de Desempenho Sustentável

(ordenados por grau de importância, em que 1 é o menos importante e 5 é o mais importante)

Grau

Importância ECONÓMICOS

AMBIENTAIS

SOCIAIS

5

Criação de Emprego

Gestão da água

Satisfação dos clientes

4

Ciclo de vida do produto

Ruído

Segurança e saúde

no trabalho 3

Investimentos em activos com o objectivo de melhorar

o desempenho ambiental

Ciclo de vida dos

materiais de construção

Formação

2

Custo inicial e retorno do

investimento

Utilização do solo

Limite de horas

de trabalho 1

Rentabilidade do activo

Impacto dos

danos ambientais

Violações aos

direitos humanos

É com base nos resultados aqui espelhados que vai ser possível corroborar, ou não, a visão

dos estudantes inquiridos com a visão empresarial, comercial, académica, associativa, entre

outras que participaram no já mencionado workshop.

Em seguida, analisam-se os resultados obtidos por indicador, em cada uma das dimensões,

estabelecendo-se a relação entre o posicionamento alcançado, com o posicionamento

apresentado na Figura 3. Por um lado procede-se à análise do nível de importância onde cada

indicador obteve maior número de respostas, e por outro lado, procura-se estabelecer uma ordem,

comparável com a da figura anterior, analisando o nível de importância máxima e posicionando as

respostas consoante a sua percentagem tenha sido maior e menor.

Com recurso às percentagens de resposta alcançadas nos questionários, é possível

comparar a ordem de importância dada aos indicadores de cada dimensão, conforme se pode

analisar no Gráfico 12, para a dimensão económica.

O indicador “criação de emprego”, ao qual foi atribuída a importância máxima na sessão de

trabalho do workshop foi considerado, igualmente, o mais importante pelos estudantes inquiridos,

alcançando uma percentagem de, aproximadamente, 48% no nível 5. Isto significa que, ambos os

grupos, participantes nos workshop e estudante inquiridos, manifestam a mesma opinião,

relativamente, à ordem em que se deve posicionar a “criação de emprego”.

Ao indicador “ciclo de vida do produto”, posicionado em segundo lugar nos resultados da

primeira fase da investigação, foi considerado o menos importante, nesta segunda fase. Alcançou

uma percentagem de 32,79% de votação no nível 1 e, somente, 9,02% no nível 5, o que vem

indiciar diferença de opiniões entre os primeiros participantes e os estudantes inquiridos.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

Gráfico 12 –

Para um grupo de pessoas mais experientes e, na maioria, ligadas directamente ao sector

da construção, o ciclo de vida do produto assume

associado ao conhecimento dos efeitos económico

(introdução, crescimento, maturidade e declínio

sustentável.

Em relação ao indicador “investimentos em activos com o objectivo de melhorar o

desempenho ambiental”, que estabelece uma relação entre os factores económicos e ambientais,

enquanto no workshop foi considerado

corroboraram a importância atribuída a esta interligação entre os investimentos em activos e o

desempenho ambiental, atribuindo

de 11% no nível 5.

Os estudantes elegeram o “custo inicial e retorno do investimento” como o segundo

indicador de maior importância no ambiente

de importância média. Mais uma vez, é assumida uma posição inversa, na medida em

indicador foi posicionado como de nível 2

No que diz respeito ao indicador “ren

importância menor ditam que a

fase de investigação, também, o considera menos importante, no entanto, os 13,11% que foram

atribuídos a este indicador no nível de importância máxima posicionam

terceiro lugar.

Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

– Indicadores Económicos - Resultados do Questionário

Fonte: Elaboração Própria.

Para um grupo de pessoas mais experientes e, na maioria, ligadas directamente ao sector

da construção, o ciclo de vida do produto assume uma maior preponderância

associado ao conhecimento dos efeitos económico-financeiros de cada uma das fa

introdução, crescimento, maturidade e declínio) e a forma como se reflecte no desenvolvimento

Em relação ao indicador “investimentos em activos com o objectivo de melhorar o

desempenho ambiental”, que estabelece uma relação entre os factores económicos e ambientais,

foi considerado o terceiro mais importante, os estudantes não

corroboraram a importância atribuída a esta interligação entre os investimentos em activos e o

desempenho ambiental, atribuindo-lhe um posicionamento inferior, com uma percentagem

Os estudantes elegeram o “custo inicial e retorno do investimento” como o segundo

indicador de maior importância no ambiente económico, sendo que a maioria

de importância média. Mais uma vez, é assumida uma posição inversa, na medida em

foi posicionado como de nível 2 na primeira fase de investigação.

No que diz respeito ao indicador “rendibilidade do activo”, os 31,15% alcançados no grau de

importância menor ditam que a generalidade dos estudantes, tal como os partic

fase de investigação, também, o considera menos importante, no entanto, os 13,11% que foram

atribuídos a este indicador no nível de importância máxima posicionam-no, globalmente, em

52

Resultados do Questionário

Para um grupo de pessoas mais experientes e, na maioria, ligadas directamente ao sector

uma maior preponderância, possivelmente,

de cada uma das fases do ciclo

e a forma como se reflecte no desenvolvimento

Em relação ao indicador “investimentos em activos com o objectivo de melhorar o

desempenho ambiental”, que estabelece uma relação entre os factores económicos e ambientais,

terceiro mais importante, os estudantes não

corroboraram a importância atribuída a esta interligação entre os investimentos em activos e o

lhe um posicionamento inferior, com uma percentagem máxima

Os estudantes elegeram o “custo inicial e retorno do investimento” como o segundo

económico, sendo que a maioria 27,87%, o considera

de importância média. Mais uma vez, é assumida uma posição inversa, na medida em que este

alcançados no grau de

dos estudantes, tal como os participantes da primeira

fase de investigação, também, o considera menos importante, no entanto, os 13,11% que foram

no, globalmente, em

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

Em suma, no que respeita aos indicado

participantes no workshop e os estudantes inquiridos em conferir ao indicador “criação de

emprego” a máxima importância, face aos restantes. Esta corroboração pode, eventualmente, ficar

a dever-se à situação de

constantemente debatidas nos órgãos de comunicação social.

Do mesmo modo, a maioria dos estudantes

“rendibilidade do activo” é de importância menor, no entan

importância, tal como foi feito com os resultados da sessão de trabalhos do

indicador fica posicionado num nível de importância intermédia.

Relativamente aos indicadores de desempenho ambiental

os resultados obtidos no tratamento das respostas aos questionários.

Gráfico 13

O nível de importância máxima foi, indubitavelmente, atribuído ao indicador “gestão da

água”, com os 47,54% de votação alcançada

pelo grupo de indivíduos que participou na primeira fase da investigação. Curi

decréscimo percentual alcançado neste indicador coincide com o decréscimo de importância que

lhe foi atribuída.

Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

Em suma, no que respeita aos indicadores económicos, existe concordância entre os

e os estudantes inquiridos em conferir ao indicador “criação de

emprego” a máxima importância, face aos restantes. Esta corroboração pode, eventualmente, ficar

persistente crise económica e à problemática do desemprego,

constantemente debatidas nos órgãos de comunicação social.

Do mesmo modo, a maioria dos estudantes partilha a opinião de que o indicador

“rendibilidade do activo” é de importância menor, no entanto, ao estabelecer

importância, tal como foi feito com os resultados da sessão de trabalhos do

indicador fica posicionado num nível de importância intermédia.

cadores de desempenho ambiental podem analisar

os resultados obtidos no tratamento das respostas aos questionários.

– Indicadores Ambientais – Resultados do Questionário

Fonte: Elaboração Própria

O nível de importância máxima foi, indubitavelmente, atribuído ao indicador “gestão da

os 47,54% de votação alcançada e foi, igualmente, considerado o mais importante

pelo grupo de indivíduos que participou na primeira fase da investigação. Curi

decréscimo percentual alcançado neste indicador coincide com o decréscimo de importância que

53

res económicos, existe concordância entre os

e os estudantes inquiridos em conferir ao indicador “criação de

emprego” a máxima importância, face aos restantes. Esta corroboração pode, eventualmente, ficar

crise económica e à problemática do desemprego,

a opinião de que o indicador

to, ao estabelecer-se uma ordem de

importância, tal como foi feito com os resultados da sessão de trabalhos do workshop, este

isar-se, no Gráfico 13,

Resultados do Questionário

O nível de importância máxima foi, indubitavelmente, atribuído ao indicador “gestão da

e foi, igualmente, considerado o mais importante

pelo grupo de indivíduos que participou na primeira fase da investigação. Curiosamente, o

decréscimo percentual alcançado neste indicador coincide com o decréscimo de importância que

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

54

O indicador relativo ao “ruído” foi considerado, tal como consta da Figura 3, o segundo mais

importante, enquanto os estudantes votaram, em maioria, na importância de nível 1, a mais baixa.

Globalmente, também foi considerado o menos importante, tendo alcançado a percentagem de

5,74% no nível de importância máxima, a mais baixa registada neste nível, para esta dimensão.

Esta diferença de opiniões pode, possivelmente, justificar-se pelo facto dos participantes no

workshop terem interpretado este indicador de maneira diferente dos estudantes, associando-o ao

sector sob perspectivas distintas. O indicador “ruído” pode ser entendido do ponto de vista do nível

de ruído associado à fase de construção mas também, e sobretudo, associado à qualidade dos

materiais incorporados nas construções e sua capacidade de isolamento sonoro, que podem

contribuir para um nível de qualidade superior dos edifícios.

O “ciclo de vida dos materiais de construção”, à semelhança do “ruído”, teve a percentagem

máxima de votação no nível de importância inferior, com os mesmos 38,52%, no entanto, o facto

de 9,84% dos inquiridos lhe ter atribuído o nível máximo, conferem-lhe um posicionamento igual

ao da Figura 3, de importância intermédia.

O indicador “utilização do solo” alcançou resultados idênticos aos do workshop, tendo ficado

com o mesmo posicionamento global, o segundo menos importante, no entanto, a percentagem

máxima que lhe foi atribuída pelos estudantes de 31,97%, coloca-o num nível de importância

intermédia.

Por último, o indicador “impacto dos danos ambientais”, que foi considerado na primeira

fase da investigação o de menor importância do grupo dos cinco indicadores apresentados, foi

considerado, o segundo mais importante pelos estudantes inquiridos, tendo alcançado no nível 5,

aproximadamente 30% de preferência. Esta percentagem foi superada, com 45,08%, no nível de

importância 4 e o nível de importância onde alcançou a percentagem mais baixa, 1,64%, foi o nível

de importância mais reduzida, contrariando os resultados da Figura 3.

Resumindo, tal como nos indicadores de desempenho económico, o indicador considerado

mais importante pelos participantes no workshop foi, também, considerado o mais importante

pelos estudantes inquiridos. Contrariamente, o “ruído”, considerado o segundo mais importante

pelos primeiros, foi considerado o menos importante pelos segundos e o indicador “impacto dos

danos ambientais”, que havia sido atribuída a importância menor, foi considerado pelos estudantes

como o segundo mais importante.

Por último, no Gráfico 14, procede-se à análise dos indicadores de desempenho social,

averiguando o posicionamento alçando, com as respostas dos estudantes inquiridos, face à ordem

de importância alcançada na sessão de trabalhos do workshop.

No que respeita à dimensão social, verifica-se que o indicador “satisfação dos clientes”,

considerado o mais importante na primeira fase da investigação, obteve a maioria de respostas no

grau de importância menor, com 33,61%. Ao nível da ordem de importância global, este indicador

consegue um posicionamento no nível acima, o segundo menos importante.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

Gráfico 14

Esta diferença de perspectivas pode resultar do facto da experiência profissional no sector,

da maioria dos participantes no

comercial, o máximo de importância, sensibilidade não

O indicador “segurança e saúde no trabalho” confirma o posicionamento na ordem de

importância com o máximo de respostas por nível, alcança

posicionado como o segundo indicador mais importante a nível social, com os 20,49%

conseguidos nas respostas de nível 5.

Atendendo ao sector em que se enquadra a análise dos indicadores apresentados, é normal

que o primeiro resultado atribuído

sendo consensual o conhecimento dos riscos de segurança laboral no sector da construção,

nomeadamente, para os funcionários

Relativamente ao indicador “for

confirmada pelos resultados dos questionários, atribuindo

alcançando 16,39% no nível 5, que lhe conferem a terceira posição em termos de ordenação.

O “limite de horas de trabalho” obteve a maior votação no nível 1, sendo igualmente

considerado como indicador menos importante em termos de ordem. Nos resultados do

este foi considerado como o segundo indicador menos importante.

O indicador “violação aos di

importante, com 44,26% de votações no nível 5. Contrariamente, foi considerado o menos

Satisfação dos clientes

Segurança e saúde no trabalho

Formação

Limite de horas de trabalho

Violações aos direitos humanos

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Pe

rce

nta

gem

Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

14 – Indicadores Sociais – Resultados do Questionário

Fonte: Elaboração Própria.

Esta diferença de perspectivas pode resultar do facto da experiência profissional no sector,

da maioria dos participantes no workshop, considerar o cliente, como o elemento

comercial, o máximo de importância, sensibilidade não sentida pelos estudantes inquiridos.

O indicador “segurança e saúde no trabalho” confirma o posicionamento na ordem de

importância com o máximo de respostas por nível, alcançando 43,44% no nível 4 e ficando

posicionado como o segundo indicador mais importante a nível social, com os 20,49%

conseguidos nas respostas de nível 5.

Atendendo ao sector em que se enquadra a análise dos indicadores apresentados, é normal

resultado atribuído por este indicador seja corroborado pela visão académica,

sendo consensual o conhecimento dos riscos de segurança laboral no sector da construção,

para os funcionários da área da produção.

Relativamente ao indicador “formação”, a terceira posição em que surge na Figura 3 é

pelos resultados dos questionários, atribuindo-lhe a mais elevada votação no nível 3 e

alcançando 16,39% no nível 5, que lhe conferem a terceira posição em termos de ordenação.

horas de trabalho” obteve a maior votação no nível 1, sendo igualmente

considerado como indicador menos importante em termos de ordem. Nos resultados do

este foi considerado como o segundo indicador menos importante.

O indicador “violação aos direitos humanos” foi considerado pelos estudantes como o mais

importante, com 44,26% de votações no nível 5. Contrariamente, foi considerado o menos

1 2 3 4

33,61% 26,23% 13,93% 10,66%

Segurança e saúde no trabalho 4,92% 10,66% 20,49% 43,44%

14,75% 22,13% 27,87% 18,85%

Limite de horas de trabalho 36,89% 34,43% 19,67% 5,74%

Violações aos direitos humanos 9,84% 6,56% 18,03% 21,31%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Indicadores Sociais

55

Esta diferença de perspectivas pode resultar do facto da experiência profissional no sector,

elemento-chave na cadeia

pelos estudantes inquiridos.

O indicador “segurança e saúde no trabalho” confirma o posicionamento na ordem de

ndo 43,44% no nível 4 e ficando

posicionado como o segundo indicador mais importante a nível social, com os 20,49%

Atendendo ao sector em que se enquadra a análise dos indicadores apresentados, é normal

este indicador seja corroborado pela visão académica,

sendo consensual o conhecimento dos riscos de segurança laboral no sector da construção,

mação”, a terceira posição em que surge na Figura 3 é

lhe a mais elevada votação no nível 3 e

alcançando 16,39% no nível 5, que lhe conferem a terceira posição em termos de ordenação.

horas de trabalho” obteve a maior votação no nível 1, sendo igualmente

considerado como indicador menos importante em termos de ordem. Nos resultados do workshop

reitos humanos” foi considerado pelos estudantes como o mais

importante, com 44,26% de votações no nível 5. Contrariamente, foi considerado o menos

5

10,66% 15,57%

43,44% 20,49%

18,85% 16,39%

5,74% 3,28%

21,31% 44,26%

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

56

importante pelo grupo de participantes na sessão de trabalhos do workshop. Esta divergência

pode estar relacionada com a amplitude dada ao indicador, ao nível da visão académica,

contrariamente, à focalização no sector de actividade, característica do primeiro grupo

interveniente neste processo.

De um modo geral, os resultados alcançados nos questionários confirmam a opinião do

primeiro grupo de trabalho, no entanto, as posições alcançadas pelos indicadores mais e menos

importantes assumem lugares contraditórios, demonstrando diferentes visões de importância

atribuídas, quer à “satisfação dos clientes”, quer à “violação dos direitos humanos”.

Além da análise aos resultados globais do questionário foram, também, cruzadas as

respostas obtidas, para cada indicador de desempenho sustentável, por curso, de onde se

conseguem extrair informações adicionais. Em seguida, evidenciam-se as principais observações

relativamente, às tabelas de frequência cruzadas (Anexo IX), que contribuíram para a ordenação

dos indicadores por nível de importância.

O indicador económico “ciclo de vida do produto” obteve 11 respostas no nível máximo de

importância, das quais 5 (45%) pertencem a estudantes do curso de CF, no entanto, nenhum

estudante de CFN confirmou a opinião dos colegas. Este foi o indicador económico que obteve

menos importância global, resultado consistente com a opinião dos estudantes de CFN.

O indicador “criação de emprego”, que obteve o nível de importância máxima a nível

global, corroborando os resultados do workshop, teve 58 respostas no nível 5 de importância, das

quais a maioria, 17 respostas (29%), pertencem aos estudantes do curso de GRH, evidenciando a

sensibilidade dos mesmos em relação a um indicador relacionado com a sua área de estudo.

O indicador “custo inicial e retorno do investimento” obteve 23 respostas no nível de

importância maior, sendo 10 delas (43%) do curso de EC, o que indicia que, na sua formação

base, os estudantes deste curso estão despertos para ponderar este indicador relativamente ao

desempenho no sector da construção.

Relativamente aos indicadores de desempenho ambiental, o indicador “gestão da água”,

que ficou posicionado no nível de importância máxima, em temos globais, obteve um número

elevado de respostas de todos os cursos, totalizando 58. No entanto, foi o curso de EC que mais

contribuiu para este total, com 14 respostas (24%), seguido dos cursos de GRH e EA, com 13 e12

respostas (22% e 21%) respectivamente.

Tendo sido considerado como o indicador mais importante, também, pelo grupo de

indivíduos que integrou a sessão de trabalhos do workshop, corroborou-se a importância dada a

este indicador, em que mais uma vez se pode constatar a sensibilidade elevada dos indivíduos,

em geral, para questões relacionadas com a sustentabilidade ambiental.

A importância máxima dada ao indicador “impacto dos danos ambientais” contou com 37

respostas, colocando este indicador em segundo lugar. Curiosamente, os estudantes de EC e EA

deram o mesmo número de respostas e não foram os que mais contribuíram para este resultado.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

57

Os estudantes de GRH e CF superaram o número de respostas, com 10 e 9 (27% e 24%),

respectivamente, face às 7 (19%) de cada um dos anteriores.

Possivelmente, sendo as áreas de conhecimento de EC e EA relacionadas precisamente

com o ambiente e a construção, terão por base conhecimentos específicos que não os levam a

votar este indicador de desempenho no nível máximo de importância, conforme o fizeram os

estudantes de GRH e CF. Porém, comparado o comportamento entre CF e CFN, conclui-se que

os estudantes de CFN não manifestam a mesma opinião dos de CF, uma vez que, apenas, 4

respostas recaíram neste nível de importância, para este indicador.

Em relação ao grupo de indicadores de desempenho social, o indicador “formação”, que

ficou classificado em nível intermédio, obteve 20 respostas no nível máximo de importância,

voltando a revelar-se uma disparidade nas opiniões entre os estudantes de CF e os de CFN. Os

estudantes de CF deram 6 respostas (30%) no nível 5 a este indicador, enquanto CFN optou por

não colocar nenhuma resposta a este indicador no nível máximo revelando que, provavelmente,

os estudantes do regime nocturno, tendo mais experiência profissional, tendem a não valorizar o

indicador de desempenho “formação” aplicado ao sector da construção, presumivelmente, pelo

facto de considerarem que a maioria dos trabalhadores deste sector não necessita de formação

contínua e específica para o exercício das funções que desempenham.

O indicador “limite de horas no trabalho” obteve apenas 4 respostas no nível de

importância máxima, das quais 3 (75%) foram dos estudantes do curso de GRH, e ficou

classificado no nível de importância menor, em termos globais. Mais uma vez, faz-se notar a

sensibilidade destes estudantes para os aspectos relacionados com os indicadores de natureza

laboral, área central do seu percurso escolar.

Relativamente ao indicador “satisfação dos clientes”, classificado como o segundo de

menor importância, obteve 19 respostas, maioritariamente de estudantes da área de contabilidade,

das quais, 6 de CF e 5 de CFN, no nível de importância mais elevado, que corresponde a 58%.

Pode deduzir-se que, quando a área de foco é o cliente e a primazia da sua satisfação com o

produto, serviço, etc, os estudantes dos regimes diurno e nocturno do curso de contabilidade

manifestam concordância em atribuir importância elevada a este indicador de desempenho.

O indicador “segurança e saúde no trabalho” ficou classificado como o segundo mais

importante de entre os indicadores sociais, tendo obtido um total de 25 respostas no nível máximo

de importância. Os estudantes que mais motivações tiveram para o fazer, foram os de EC, com 9

respostas (36%), evidenciando uma maior sensibilização dos riscos incorridos pelos trabalhadores

do sector da construção no que diz respeito a este indicador.

Na Figura 4 é possível comparar os resultados obtidos pelo questionário, com os resultados

do workshop.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Figura 4 – Indicadores de Desempenho Sustentável – Resultados: Workshop Vs Questionário

(ordenados por grau de importância, em que 1 é o menos importante e 5 é o mais importante)

Fonte: Elaboração Própria.

Conforme se pode constatar:

a) Na dimensão económica o único indicador que obteve confirmação, ao nível da

importância máxima, foi a “criação de emprego”;

b) Na dimensão ambiental foram validados três indicadores de sustentabilidade, em termos

de escala de posicionamento: “gestão da água”, “ciclo de vida dos materiais de

construção” e “utilização do solo”;

c) Na dimensão social foram corroborados os níveis de importância atribuídos a dois

indicadores, relativamente à 3ª e 4ª posição na escala, que são, respectivamente,

“formação” e “segurança e saúde no trabalho”.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Conclusão

Nas últimas décadas, a industrialização, o desenvolvimento tecnológico e a globalização,

conduziram a uma maior celeridade no consumo de recursos, elevando a quantidade de inputs na

produção de bens e prestação de serviços, que se processa de forma tão rápida, que não permite,

por norma, a regeneração dos recursos consumidos.

Focar a atenção nos recursos, sejam eles económicos, ambientais ou sociais, torna-se

essencial para que se consiga continuar a progredir, sem comprometer a disponibilização e

valorização, desses mesmos recursos nas gerações futuras.

Assim, a sustentabilidade é um conceito que tem ganho cada vez mais dinâmica no meio

académico, empresarial, governamental e órgãos de comunicação social. Compreender a

necessidade de se assumir uma postura de gestão baseada nos pilares da tripla sustentabilidade

passa, inclusivamente, por se assimilar a especificidade do sector de actividade em que se opera.

A GRI tem desenvolvido um trabalho notável, na medida em que procura, continuamente,

desenvolver novas soluções de relato sustentável, que permitam apresentar os indicadores de

desempenho essenciais à tomada de decisão dos stakeholders.

A criação de um rol de indicadores de desempenho sustentável, específicos para

determinados sectores de actividade, confere ao relato sustentável um elevado padrão de

fiabilidade, na medida em que proporciona conhecer o que de facto é mais relevante na análise e

comparabilidade de empresas que operem no mesmo sector.

Nesse sentido, a GRI encontra-se a desenvolver um suplemento sectorial, composto por

indicadores de desempenho sustentável, específico para o sector da construção. No processo de

desenvolvimento intervêm várias organizações e partes interessadas, no entanto, a GRI procura

captar o máximo de opiniões, a nível mundial. É desta forma que surgem os workshops, que se

realizam em parceria com entidades promotoras da sustentabilidade, tentando abranger o máximo

de opiniões, que divergem de acordo com as características e culturas de cada país.

Encontrar soluções construtivas assentes na sustentabilidade é outro dos desafios impostos

ao sector. Têm sido desenvolvidos estudos que comparam as características das soluções

construtivas, quer em termos de materiais incorporados na construção, quer em termos de

arquitectura, de forma a encontrar a solução que conduz a um melhor desempenho do próprio

edifício, bem como a um desempenho globalmente sustentável.

Mediante a pré-selecção de um conjunto de indicadores considerados relevantes por um

grupo de stakeholders na temática da sustentabilidade e do sector da construção, considerou-se

interessante proceder a uma análise junto daqueles que, num futuro próximo, poderão vir a

desempenhar funções de relevo nestas áreas, os estudantes.

Os cursos analisados estão directamente relacionados com as dimensões económica,

ambiental e social e, também, com o sector da construção, sendo eles, Contabilidade e Finanças,

Engenharia de Ambiente, Gestão de Recursos Humanos e Engenharia Civil. Aplicou-se a

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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metodologia de investigação do questionário junto de estudantes destes cursos, com frequência

no último ano de licenciatura, a fim de captar os conhecimentos adquiridos nos seus percursos

académicos.

Os resultados encontrados revelam, nas dimensões económica e ambiental, uma clara

concordância dos estudantes, relativamente aos participantes no workshop, em eleger o indicador

de sustentabilidade mais importante, no entanto, na dimensão social, os lugares atribuídos ao

primeiro e último indicador, em termos de importância, assumem posições opostas, mas

confirmam o posicionamento de outros indicadores desta dimensão.

Adicionalmente constata-se uma maior sensibilização dos estudantes do mesmo curso para

determinados indicadores, os quais se relacionam, directamente, com os conteúdos técnico-

científicos ministrados, tal é o caso dos estudantes de GRH, relativamente ao indicador “limite de

horas de trabalho”.

O objectivo da investigação, que consistia em validar a importância, previamente, atribuída

a um rol de indicadores de desempenho sustentável, nas dimensões económica, ambiental e

social, foi alcançado com sucesso, na medida em que, conseguiu-se evidenciar a mesma

consideração, relativamente a um vasto conjunto de indicadores, considerados os que melhor

retratam a sustentabilidade neste sector.

Na dimensão económica, o indicador “criação de emprego” assume a máxima importância,

enquanto na dimensão ambiental a “gestão da água” assume esse posicionamento, sendo que,

além deste, foram confirmados dois outros posicionamentos, atribuídos aos indicadores “ciclo de

vida dos materiais de construção” e “utilização do solo”. Na dimensão social, a “segurança e saúde

no trabalho” e a “formação” constituem os indicadores cujo grau de importância foi confirmado

pelos estudantes.

De futuro, poderia vir a ser novamente aplicado o questionário que esteve na base do

trabalho de investigação, aos estudantes das mesmas áreas de estudo, mas no seguimento de

uma sessão de esclarecimentos acerca do tema do trabalho, como por exemplo, uma aula aberta,

um seminário, etc.

A sensibilidade para entender e direccionar os indicadores de desempenho integrados no

presente estudo, poderia ser maior e contribuir para uma confirmação mais acentuada dos

resultados da primeira fase da pesquisa. Por outro lado, com acesso a informação específica do

tema do trabalho, os estudantes poderiam sentir-se mais motivados a sugerir novos indicadores,

além dos que lhes foram propostos a ordenar.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Anexos

Anexo I – Folha de Candidatura e Aprovação SDC......................................................................... 66

Anexo II – Tabela de Indicadores de Desempenho Económico ...................................................... 67

Anexo III – Tabela de Indicadores de Desempenho Ambientais ..................................................... 68

Anexo IV – Tabela de Indicadores de Desempenho Sociais ........................................................... 71

Anexo V – Tabelas de Valores Absolutos e Percentuais: Relato Sustentável ................................ 75

Anexo VI – Convite para o Workshop .............................................................................................. 76

Anexo VII – Questionário ................................................................................................................. 77

Anexo VIII – Resultados do Workshop 12/01/2010 ......................................................................... 79

Anexo IX – Outputs do Programa Estatístico SPSS Versão 17 ...................................................... 80

Anexo IX a) Tabelas de Frequência: Dados Globais ............................................................... 80

Anexo IX b) Gráficos de Frequências: Dados Globais ............................................................. 88

Anexo IX c) Tabelas de Frequência: Cross Tabs ..................................................................... 96

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Anexo I – Folha de Candidatura e Aprovação SDC

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Anexo II – Tabela de Indicadores de Desempenho Econ ómico

Indicadores de Desempenho Económico

Aspecto: Desempenho Económico

E

EC1

Valor económico directo gerado e distribuído, incluindo receitas, custos

operacionais, indemnizações a trabalhadores, donativos e outros investimentos

na comunidade, lucros não distribuídos e pagamentos a investidores e governos.

E

EC2

Implicações financeiras e outros riscos e oportunidades para as actividades da

organização, devido às alterações climáticas.

E

EC3

Cobertura das obrigações referentes ao plano de benefícios definidos pela

organização.

E

EC4

Apoio financeiro significativo recebido pelo governo.

Aspecto: Presença no Mercado

C

EC5

Rácio entre o salário mais baixo e o salário mínimo local, nas unidades

operacionais importantes.

E

EC6

Políticas, práticas e proporção dos custos com fornecedores locais, em unidades

operacionais importantes.

E

EC7

Procedimentos para contratação local e proporção de cargos de gestão de topo

ocupado por indivíduos provenientes da comunidade local, nas unidades

operacionais mais importantes.

Aspecto: Impactes Económicos Indirectos

E

EC8

Desenvolvimento e impacte dos investimentos em infra-estruturas e serviços

que visam essencialmente o benefício público através de envolvimento

comercial, em géneros ou pró bono.

C

EC9

Descrição e análise dos Impactes Económicos Indirectos mais significativos,

incluindo a sua extensão.

Legenda:

E – indicador essencial; C – indicador complementar; EC – indicador económico

Fonte: GRI, 2007. Directrizes para a Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade. Versão 3.0, disponível em

http://www.globalreporting.org/NR/rdonlyres/4855C490-A872-4934-9E0B-8C2502622576/2682/G3

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Anexo III – Tabela de Indicadores de Desempenho Amb ientais

Indicadores de Desempenho Ambiental

Aspecto: Materiais

E

EN1

Materiais utilizados, por peso ou por volume.

E

EN2

Percentagem de materiais utilizados que são provenientes de energia primária.

Aspecto: Energia

E

EN3

Consumo directo de energia, discriminado por fonte de energia primária.

E

EN4

Consumo indirecto de energia, discriminado por fonte primária.

C

EN5

Total de poupança de energia devido a melhorias na conservação e na eficiência.

C

EN6

Iniciativas para fornecer produtos e serviços baseados na eficiência energética

ou nas energias renováveis, e reduções no consumo de energia em resultado

dessas iniciativas.

C

EN7

Iniciativas para reduzir o consumo indirecto de energia e reduções alcançadas.

Aspecto: Água

E

EN8

Consumo total de água, por fonte.

C

EN9

Recursos hídricos significativamente afectadas pelo consumo de água.

C

EN10

Percentagem e volume total de água reciclada e reutilizada.

Aspecto: Biodiversidade

E

EN11

Localização e área dos terrenos pertencentes, arrendados ou administrados

pela organização, no interior de zonas protegidas, ou a elas adjacentes, e em

áreas de alto índice de biodiversidade fora das zonas protegidas.

E

EN12

Descrição dos impactes significativos de actividade, produtos e serviços sobre a

biodiversidade das áreas protegidas e sobre as áreas de alto índice de

biodiversidade fora das áreas protegidas.

C

EN13

Habitats protegidos ou recuperados.

C

EN14

Estratégias e programas, actuais e futuros, de gestão de impactes na

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biodiversidade.

C

EN15

Número de espécies, na Lista Vermelha da IUCN e na lista nacional de

conservação das espécies, com habitats em áreas afectadas por operações,

discriminadas por nível de risco de extinção.

Aspecto: Emissões, Efluentes e Resíduos

E

EN16

Emissões totais directas e indirectas de gases com efeito de estufa, por peso.

E

EN17

Outras emissões indirectas relevantes de gases com efeito de estufa, por peso.

C

EN18

Iniciativas para reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa, assim como

reduções alcançadas.

E

EN19

Emissão de substâncias destruidoras da camada de ozono, por peso.

E

EN20

Nox, Sox e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e por peso.

E

EN21

Descarga total de água, por qualidade e destino.

E

EN22

Quantidade total de resíduos, por tipo e método de eliminação.

E

EN23

Número e volume total de derrames significativos.

C

EN24

Peso dos resíduos transportados, importados, exportados ou tratados,

considerados perigosos nos termos da Convenção de Basileia – Anexos I, II, III e

VIII, e percentagem de resíduos transportados por navio, a nível nacional.

C

EN25

Identidade, dimensão, estatuto de protecção e valor para a biodiversidade dos

recursos hídricos e respectivos habitats, afectados de forma significativa pelas

descargas de água e escoamento superficial.

Aspecto: Produtos e Serviços

E

EN26

Iniciativas para mitigar os impactes ambientais de produtos e serviços e grau de

redução do impacte.

E

EN27

Percentagem recuperada de produtos vendidos e respectivas embalagens, por

categoria.

Aspecto: Conformidade

E

EN28

Montantes envolvidos no pagamento de coimas significativas e o número total

de sanções não-monetárias por incumprimento das leis e regulamentos

ambientais.

Aspecto: Transporte

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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C

EN29

Impactes ambientais significativos, resultantes do transporte de produtos e

outros bens ou matérias-primas utilizados nas operações da organização, bem

como o transporte de funcionários.

Aspecto: Geral

C

EN30

Total de custos e investimentos com a protecção ambiental, por tipo.

Legenda:

E – indicador essencial; C – indicador complementar; EN – indicador ambiental

Fonte: GRI, 2007. Directrizes para a Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade. Versão 3.0, disponível em

http://www.globalreporting.org/NR/rdonlyres/4855C490-A872-4934-9E0B-8C2502622576/2682/G3

_POPO_RG_Final_with_cover.pdf, acedido, em 04/01/2010.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Anexo IV – Tabela de Indicadores de Desempenho Soci ais

Indicadores de Desempenho Social

Indicadores de Desempenho de Práticas Laborais e Trabalho Condigno

Aspecto: Emprego

E

LA1

Descrimine a mão-de-obra total, por tipo de emprego, por contrato de trabalho

e por região.

E

LA2

Número total de trabalhadores e respectiva taxa de rotatividade, por faixa

etária, género e região.

C

LA3

Benefícios assegurados aos funcionários a tempo inteiro que não são

concedidos a funcionários temporários ou a tempo parcial.

Aspecto: Relações entre Funcionários e Administração

E

LA4

Percentagem de trabalhadores abrangidos por acordos de contratação

colectiva.

E

LA5

Prazos mínimos de notificação prévia em relação a mudanças operacionais,

incluindo se esse procedimento é mencionado nos acordos de contratação

colectiva.

Aspecto: Segurança e Saúde no Trabalho

C

LA6

Percentagem da totalidade da mão-de-obra representada em comissões

formais de segurança e saúde, que ajudam no acompanhamento e

aconselhamento sobre programas de segurança e saúde ocupacional.

E

LA7

Taxa de lesões, doenças profissionais, dias perdidos, absentismo e óbitos

relacionados com o trabalho, por região.

E

LA8

Programas em curso de educação, formação, aconselhamento, prevenção e

controlo de risco, em curso, para garantir assistência aos trabalhadores, às suas

famílias ou aos membros da comunidade afectados por doenças graves.

C

LA9

Tópicos relativos a saúde e segurança, abrangidos por acordos formais com

sindicatos.

Aspecto: Formação e Educação

C

LA10

Média de horas de formação, por ano, por trabalhador, discriminadas por

categoria de funções.

C

LA11

Programas para a gestão de competências e aprendizagem contínua que

apoiam a continuidade da empregabilidade dos funcionários e para a gestão de

carreira.

C

LA12

Percentagem de funcionários que recebem, regularmente, análises de

desempenho e de desenvolvimento de carreira.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Aspecto: Diversidade e Igualdade de Oportunidades

E

LA13

Composição dos órgãos sociais da empresa e relação dos trabalhadores por

categoria, de acordo com o género, a faixa etária, as minorias e outros

indicadores de diversidade.

E

LA14

Discriminação do rácio do salário base entre homens e mulheres, por categoria

de funções.

Indicadores de Desempenho Referentes aos Direitos Humanos

Aspecto: Práticas de Investimento e de Aquisições

E

HR1

Percentagem e número total de contratos de investimento significativos que

incluam cláusulas referentes aos direitos humanos ou que foram submetidos a

análise referentes aos direitos humanos.

E

HR2

Percentagem dos principais fornecedores e empresas contratadas que foram

submetidos a avaliações relativas a direitos humanos e medidas tomadas.

C

HR3

Número total de horas de formação em políticas e procedimentos relativos a

aspectos dos direitos humanos relevantes para as operações, incluindo a

percentagem de funcionários que beneficiaram de formação.

Aspecto: Não-Discriminação

E

HR4

Número total de casos de discriminação e acções tomadas.

Aspecto: Liberdade de Associação e Acordo de Negociação Colectiva

E

HR5

Casos em que exista um risco significativo de impedimento ao livre exercício da

liberdade de associação e realização de acordos de contratação colectiva, e

medidas que contribuam para a sua eliminação.

Aspecto: Trabalho Infantil

E

HR6

Casos em que exista um risco significativo de ocorrência de trabalho infantil, e

medidas que contribuam para a sua eliminação.

Aspecto: Trabalho Forçado e Escravo

E

HR7

Casos em que exista um risco significativo de ocorrência de trabalho forçado ou

escravo, e medidas que contribuam para a sua eliminação.

Aspecto: Práticas de Segurança

C

HR8

Percentagem do pessoal de segurança submetido a formação nas políticas ou

procedimentos da organização, relativos aos direitos humanos, e que são

relevantes para as operações.

Aspecto: Direitos dos Povos Indígenas

C

HR9

Número total de incidentes que envolvam a violação dos direitos dos povos

indígenas e acções tomadas.

Indicadores de Desempenho Social Referentes à Sociedade

Aspecto: Comunidade

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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E

SO1

Natureza, âmbito e eficácia de quaisquer programas e práticas para avaliar e

gerir os impactes das operações nas comunidades, incluindo no momento da

sua instalação durante a operação e no momento da retirada.

Aspecto: Corrupção

E

SO2

Percentagem e número total de unidades de negócio alvo de análise de riscos à

corrupção.

E

SO3

Percentagem de trabalhadores que tenham efectuado formação nas políticas e

práticas de anti-corrupção da organização.

E

SO4

Medidas tomadas em resposta a casos de corrupção.

Aspecto: Políticas Públicas

E

SO5

Posições quanto a políticas públicas e participação da elaboração de políticas

públicas e em grupos de pressão.

C

SO6

Valor total de contribuições financeiras ou em espécie a partidos políticos ou a

instituições relacionadas, discriminadas por país.

Aspecto: Concorrência Desleal

C

SO7

Número total de acções judiciais por concorrência desleal, antitrust e práticas

de monopólio, bem como os seus resultados.

Aspecto: Conformidade

E

SO8

Montantes das coimas significativas e número total de sanções não monetárias

por incumprimento das leis e regulamentos ambientais.

Indicadores de Desempenho Referentes à Responsabilidade pelo Produto

Aspecto: Saúde e Segurança do Cliente

E

PR1

Indique os ciclos de vida dos produtos e serviços em que os impactes de saúde e

segurança são avaliados com o objectivo de efectuar melhorias, bem como a

percentagem das principais categorias de produtos e serviços sujeitas a tais

procedimentos.

C

PR2

Refira o número total de incidentes resultantes da não-conformidade com os

regulamentos e códigos voluntários relativos aos impactes, na saúde e

segurança, dos produtos e serviços durante o respectivo ciclo de vida,

discriminando por tipo de resultado.

Aspecto: Rotulagem de Produtos e Serviços

E

PR3

Tipo de informação sobre produtos e serviços exigida por regulamentos, e a

percentagem de produtos e serviços significativos sujeitos a tais requisitos.

C

PR4

Indique o número total de incidentes resultantes da não-conformidade com os

regulamentos e códigos voluntários relativos à informação e rotulagem de

produtos e serviços, discriminados por tipo de resultado.

C

PR5

Procedimentos relacionados com a satisfação do cliente, incluindo resultados

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de pesquisas que meçam a satisfação do cliente.

Aspecto: Comunicações de Marketing

E

PR6

Programas de observância das leis, normas e códigos voluntários relacionados

com comunicações de marketing, incluindo publicidade, promoção e patrocínio.

C

PR7

Indique o número total de incidentes resultantes da não-conformidade com os

regulamentos e códigos voluntários relativos a comunicações de marketing,

incluindo publicidade, promoção e patrocínio, discriminados por tipo de

resultado.

Aspecto: Privacidade do Cliente

C

PR8

Número total de reclamações registadas relativas à violação da privacidade de

clientes.

Aspecto: Conformidade

E

PR9

Montante das coimas (significativas) por incumprimento de leis e regulamentos

relativos ao fornecimento e utilização de produtos e serviços.

Legenda:

E – indicador essencial; C – indicador complementar; LA – I.D. de Práticas

Laborais e Trabalho Condigno; HR – I.D. Referentes aos Direitos Humanos;

SO – I.D. Social Referente à Sociedade; PR – I.D. Referentes à Responsabilidade

pelo Produto; I.D. – Indicadores de Desempenho

Fonte: GRI, 2007. Directrizes para a Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade. Versão 3.0, disponível em

http://www.globalreporting.org/NR/rdonlyres/4855C490-A872-4934-9E0B-8C2502622576/2682/G3

_POPO_RG_Final_with_cover.pdf, acedido, em 04/01/2010.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Anexo V – Tabelas de Valores Absolutos e Percentuai s: Relato Sustentável

Fonte: Adaptado da lista de empresas relatoras, que comunicam os relatórios de sustentabilidade à GRI, consultada em http://www.globalreporting.org/GRIReports/GRIReportsList/ , acedido, em 17/01/2010.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Anexo VI – Convite para o Workshop

Fonte: Recebido por correio electrónico no dia 23 de Dezembro de 2009, enviado por Eng.ª Eloísa Cepinha, Gestora de Sustentabilidade do Grupo Soares da Costa, SGPS, SA.

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Anexo VII – Questionário

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Fonte: Elaboração Própria

Anexo VIII – Resultados do Workshop 12/01/2010

Fonte: Rita Almeida Dias, partner da Sustentare, Lda. Documento recebido via correio electrónico, no dia 17 de Março de 2010.

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Indicadores de Desempenho Sustentável no Sector da Construção

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Anexo IX – Outputs do Programa Estatístico SPSS Versão 17

Anexo IX a) Tabelas de Frequência: Dados Globais

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Indicadores Económicos

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Indicadores Ambientais

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Indicadores Sociais

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Anexo IX b) Gráficos de Frequências: Dados Globais

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Anexo IX c) Tabelas de Frequência: Cross Tabs

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