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Page 1: Indenização - Dano material - Ação trabalhista - Contratação de ... · - A parte vencida na ação trabalhista não tem o dever de indenizar a vencedora pelos honorários pactuados

Jurisp. Mineira, Belo Horizonte, a. 61, n° 194, p. 61-248, jul./set. 2010126

Nesse sentido:

Ação de usucapião. Certidão negativa expedida peloCartório de Registro de Imóveis. Extinção do processo porcarência de ação. Impossibilidade. - A certidão negativa deregistro - documento que atesta a ausência de proprietáriodo imóvel pesquisado - não impede o prosseguimento daação de usucapião. Isso porque o referido documento tem afunção de instruir o processo, a fim de se averiguar a pre-sença dos requisitos necessários à configuração do usu-capião (TJMG, 13ª Câmara Cível, Apelação Cível n°2.0000.00.517852-5/000, Comarca de Lagoa da Prata,Relator: Des. Elpídio Donizetti, DJ de 15.09.2006).

Processual civil. Ação de usucapião. Inteligência do art. 942do CPC. Certidão negativa do CRI. Preenchimento. Sentençacassada. O autor, expondo na petição inicial o fundamentodo pedido e juntando planta do imóvel, requererá a citaçãodaquele em cujo nome estiver registrado o imóvel usucapi-endo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus emlugar incerto e dos eventuais interessados. Tratando-se deréus incertos e desconhecidos deve ser possibilitada acitação por edital (TJMG, Apelação Cível nº2.0000.00.514601-6/000, Comarca de Lagoa da Prata,Relator Desembargador Antônio Sérvulo, julgado em28.09.2005).

Portanto, deve ser considerada hábil para instruir oprocesso a certidão negativa do Serviço de Registro deImóveis, f.18/24, determinando-se, via de consequência,o prosseguimento regular do feito, eis que a certidãonegativa de registro não tem o condão de obstar a mar-cha da ação de usucapião, afastando-se a carência deação, visto que restou comprovada a inexistência de pro-prietário do imóvel.

Em face de tais considerações, recurso providopara cassar a sentença proferida em primeira instância,determinando o retorno dos autos ao juízo singular paraseu regular processamento.

Custas, ao final.

Votaram de acordo com o Relator os DESEMBAR-GADORES MAURÍLIO GABRIEL e ANTÔNIO BISPO.

Súmula - DERAM PROVIMENTO.

. . .

advogado particular. Faculdade. Honorários pactuadoscom o procurador. Inexistência de dever de ressarcimen-to pela parte vencida. Danos morais. Alteração da causade pedir em sede de apelação. Impossibilidade. Primeirorecurso provido. Restante do segundo recurso desprovido.

- A parte vencida na ação trabalhista não tem o dever deindenizar a vencedora pelos honorários pactuados comseu procurador, porque os honorários contratuais decor-rem de acordo alheio à relação de direito material quedeu causa à ação, e sem interferência da parte contrária.Ademais, a contratação de advogado particular paraajuizar a ação trabalhista decorre de opção do autor, jáque poderia buscar assistência na Defensoria Pública,fazer-se representar por intermédio dos procuradores dosindicato (art. 791, § 1º, da CLT), ou mesmo reclamarpessoalmente (art. 791, caput, da CLT).

- A causa de pedir da pretensão de indenização pordanos morais indicada na inicial da ação não pode seralterada pela parte em sede de apelação.

AAPPEELLAAÇÇÃÃOO CCÍÍVVEELL NN°° 11..00002244..0077..552244330000-66//000011 -CCoommaarrccaa ddee BBeelloo HHoorriizzoonnttee - AAppeellaanntteess:: 11ªª)) PPrrooddeemmggeeCCiiaa.. ddee TTeeccnnoollooggiiaa ddaa IInnffoorrmmaaççããoo ddoo EEssttaaddoo ddee MMiinnaassGGeerraaiiss,, 22ºº)) GGiillssoonn JJoosséé ddaa CCrruuzz - AAppeellaaddooss:: GGiillssoonn JJoossééddaa CCrruuzz,, PPrrooddeemmggee CCiiaa.. ddee TTeeccnnoollooggiiaa ddaa IInnffoorrmmaaççããooddoo EEssttaaddoo ddee MMiinnaass GGeerraaiiss - RReellaattoorr:: DDEESS.. MMOORREEIIRRAADDIINNIIZZ

AAccóórrddããoo

Vistos etc., acorda, em Turma, a 4ª Câmara Cíveldo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob aPresidência do Desembargador Almeida Melo, incorpo-rando neste o relatório de fls., na conformidade da atados julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimi-dade de votos, EM INDEFERIR INSTAURAÇÃO DO INCI-DENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA.DAR PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO, PREJUDI-CADA PARTE DO SEGUNDO, E NEGAR PROVIMENTOAO RESTANTE DO MESMO.

Belo Horizonte, 9 de setembro de 2010. - MoreiraDiniz - Relator.

NNoottaass ttaaqquuiiggrrááffiiccaass

Proferiu sustentação oral, pelo 2º apelante, o Dr.Adriano Perácio de Paula.

DES. MOREIRA DINIZ - Sr. Presidente.O art. 476 do Código de Processo Civil, sob a

anotação de Theotônio Negrão, tem referência dedecisões do colendo Supremo Tribunal Federal, no senti-do de que o incidente de uniformização de jurisprudên-

Indenização - Dano material - Ação trabalhista -Contratação de advogado particular - Faculdade -

Honorários advocatícios - Ressarcimento pelaparte vencida - Incabível - Dano moral - Causa

de pedir - Alteração em sede recursal -Impossibilidade

Ementa: Direito civil. Apelação. Ação de indenização.Danos materiais. Ação trabalhista. Contratação de

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cia pode ser suscitado até mesmo depois de iniciado ojulgamento, desde que não encerrado o mesmo.

O ilustre advogado esclarece, da tribuna, que pro-tocolizou o requerimento de instauração do incidentehoje. Então, evidentemente, ele não está nos autosainda. Não estou, aqui, suspendendo o julgamento dorecurso para deferir o processamento; primeiro, temosque exercitar o juízo primário de conhecimento deadmissibilidade da uniformização, porque há requisitosque têm que ser conhecidos.

Então, peço vista dos autos, mesmo porque, a estaaltura, a decisão sobre a instauração do incidente, dequalquer maneira, é uma preliminar, e terá, ainda quenão for, por hipótese, conhecida, que ser decidida pelaTurma Julgadora.

Então, peço vista.

Súmula - PEDIU VISTA O RELATOR, APÓS ASUSTENTAÇÃO ORAL.

NNoottaass ttaaqquuiiggrrááffiiccaass

DES. ALMEIDA MELO (Presidente) - O julgamentodeste feito foi adiado na Sessão do dia 02.09.2010, apedido do Relator, após sustentação oral.

DES. MOREIRA DINIZ - O presente feito estavaincluído na pauta da sessão de julgamento realizada nodia 02.09.2010, mas foi adiado porque, no mesmo dia,o autor, segundo apelante, apresentou petição (f.274/287), suscitando incidente de uniformização dejurisprudência.

Não obstante a matéria central discutida na lideseja de direito, é descabida a pretensão do autor, porqueo incidente de uniformização de jurisprudência pres-supõe a existência de divergência entre órgãos fra-cionários deste egrégio Tribunal, com a mesma com-petência. Todas as decisões mencionadas na petição def. 274/287, que embasam o pedido de instauração doincidente foram proferidas por Câmaras do extintoTribunal de Alçada ou da atual unidade Raja Gabaglia,as quais não possuem competência para apreciar causasenvolvendo pessoas jurídicas de direito público. Aliás, opróprio autor afirmou que já há duas decisões proferidaspela 15ª e pela 17ª Câmaras Cíveis acolhendo pedidosde instauração de incidente de uniformização dejurisprudência sobre a matéria.

O fato é que não há um número relevante dedecisões divergentes sobre o tema nas Câmaras deDireito Público deste egrégio Tribunal, não se justifican-do a instauração do incidente de uniformização dejurisprudência.

Assim, indefiro o pedido formulado na petição def. 274/287.

DES. DÁRCIO LOPARDI MENDES - De acordo.

DES. ALMEIDA MELO - De acordo.

DES. MOREIRA DINIZ - Cuida-se de apelaçõescontra sentença do MM. Juiz da 7ª Vara da FazendaPública e Autarquias da comarca de Belo Horizonte, quejulgou parcialmente procedente a “ação ordinária deindenização por danos” promovida por Gilson José daCruz contra a Prodemge - Companhia de Tecnologia daInformação do Estado de Minas Gerais, condenando aré a pagar ao autor “a título de danos materiais aimportância equivalente a 10% (dez por cento) do valorda condenação trabalhista, f. 19, além de R$ 700,00(setecentos reais) relativos aos gastos com assistente con-tábil, montante que deverá ser corrigido monetariamentepelos índices da Corregedoria-Geral de Justiça, desde odesembolso, e acrescida de juros de mora de 1% (umpor cento) ao mês, a partir da citação, não havendo sus-tentação para a aplicação da pena convencional” (f. 216).

A primeira apelante alega que a pretensão in-denizatória do autor foi atingida pela prescrição, em vir-tude do disposto nos artigos 189 e 206, § 3º, do CódigoCivil; que nunca reteve salário do autor, sendo que aJustiça do Trabalho se pronunciou sobre a demissão semjusta causa e não sobre verbas salariais não pagas; queo autor, para ingressar na Justiça do Trabalho, poderiater se socorrido da Defensoria Pública, do sindicato dasua categoria profissional, ou mesmo ter atuado direta-mente, como lhe permite o artigo 791 da Consolidaçãodas Leis Trabalhistas, de forma que não pode ser respon-sabilizada pelas despesas realizadas pelo mesmo nacontratação de advogado; e que o autor deve ser con-denado por litigância de má-fé, porque distorceu a ver-dade dos fatos ao afirmar que houve retenção abusiva ecriminosa de seus salários.

O segundo apelante alega que deve ser indeniza-do pelos danos morais sofridos, porque foram compro-vados todos os requisitos caracterizadores da responsa-bilidade civil; que o dano consiste no fato de não terrecebido as verbas salariais no momento adequado, ouseja, durante o exercício do contrato de trabalho; que ovalor do dano material deve ser majorado, pois não cor-responde à lesão que foi causada; que o valor pago aoassistente contábil foi de R$ 1.813,00, devendo serreformada a sentença, pois a condenação da Prodemgefoi de apenas R$ 700,00; que os juros são devidos apartir do evento danoso e a correção monetária devidaa partir da data do efetivo prejuízo; e que os honoráriosadvocatícios devem ser majorados.

Passo à análise do primeiro recurso.O autor ajuizou a ação, pleiteando indenização

por danos materiais e morais, decorrentes da necessi-dade de ajuizar uma ação reclamatória trabalhista paraobter o reconhecimento de direitos que vinham sendo

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sonegados pela Prodemge, o que resultou em gastoscom a contratação de advogado e de assistente contábil.

Não há como falar em prescrição da pretensão doautor, porque, como bem observou o juiz,

o termo a quo para o ajuizamento da presente ação de inde-nização, por dano moral e material, deve ser contada daciência dos efeitos decorrentes do ato lesivo, ou seja, a par-tir de 2006, quando foi liquidado o débito e encerrado oprocesso judicial, f. 19, ocasião em que restou consolidadoo ato do requerido ora impugnado (actio nata) (f. 214).

Assim, como o prazo prescricional é de três anos(art. 206, § 3º, V, do CC) e a ação foi proposta em29.05.2007, não restou caracterizada a prescrição.

Vale esclarecer, também, que a desarmonia entre oreal motivo que levou o autor a ajuizar a ação trabalhistaem face da Prodemge, quais sejam os danos decorrentesde sua demissão sem justa causa (f. 11/13), e o motivoafirmado na petição inicial - sonegação de direitos tra-balhistas e retenção de salários, não influi na ação. Issoporque a causa de pedir da ação não está vinculada aosmotivos que geraram a condenação da Prodemge naJustiça do Trabalho; nem poderia ser diferente, porque,a admitir o contrário, tratar-se-ia de ações idênticas. Nocaso, a pretensão indenizatória do autor tem como fun-damento os danos materiais e morais decorrentes danecessidade do ajuizamento da ação trabalhista contra aré para fazer valer seus direitos. Portanto, a confusãofeita pelo autor no tocante aos motivos que o levaram aajuizar a ação trabalhista não é causa para o indeferi-mento de seus pedidos, muito menos para condená-lopor litigância de má-fé.

Mas, por outras razões, a condenação daProdemge a indenizar o autor por danos materiais refe-rentes aos gastos com advogado e assistente contábilnão deve prevalecer.

O autor não faz jus ao reembolso dos honoráriospactuados com seu procurador, porque os honorárioscontratuais decorrem de acordo celebrado livrementeentre a parte e seu patrono, totalmente alheio à relaçãode direito material que deu causa à ação, e sem inter-ferência da parte contrária.

Ademais, a contratação de advogado particularpara ajuizar a ação trabalhista decorreu de opção doautor, já que poderia buscar assistência na DefensoriaPública, fazer-se representar por intermédio dos procu-radores do sindicato (art. 791, § 1º, da CLT), ou mesmoreclamar pessoalmente (art. 791, caput, da CLT). Sehavia outras opções para o autor defender sua pretensãoe este optou por contratar um advogado particular, nãose mostra plausível a condenação da parte contrária aindenizá-lo pelo valor relativo aos honorários pactuados.

Mesmo porque toda a ação, em regra, já contém,na decisão, a condenação ao pagamento de honoráriosadvocatícios.

Aliás, a prevalecer a tese do autor, o PoderJudiciário corre o risco de ficar abarrotado de ações in-denizatórias, pois a procedência da ação de cobrançados honorários contratuais da demanda anterior geraráoutra ação judicial para reembolso dos novos honoráriospagos por aquela cobrança, e assim por diante.

Também deve ser reformada a parte da sentençaque condenou a Prodemge a indenizar o autor pelo valorgasto com o pagamento de assistente contábil na açãotrabalhista, pois o Código de Processo Civil já estabeleceque a sentença condenará o vencido a pagar ao vence-dor as despesas que antecipou (art. 20, caput), dentre asquais se enquadra a remuneração do assistente técnico.Por isso, se houve gasto com o pagamento de assistentetécnico na ação trabalhista, a parte deveria ter diligen-ciado para buscar a inclusão dessa verba na decisãoproferida pela Justiça do Trabalho.

Assim, o autor não tem direito à indenização pordanos materiais.

No tocante ao segundo recurso, como os pedidosde majoração dos danos materiais e de mudança domarco inicial dos juros e correção monetária ficaramprejudicados, resta somente o pedido dos danos morais.

E, quanto a essa pretensão, observo que o autor,segundo apelante, alterou em suas razões recursais acausa de pedir, o que é inadmissível.

Na inicial da ação, de maneira não muito clara, oautor fundamentou sua pretensão de indenização pordanos morais na necessidade de ter que acionar aJustiça do Trabalho para obter o reconhecimento dedireitos que vinham sendo sonegados pela Prodemge.Confira-se o único parágrafo da petição inicial dedicadoaos danos morais:

Esta situação, criada pela empresa e sob sua inteira respon-sabilidade, gerou imensos prejuízos para o autor, atingindo,inclusive, a sua integridade moral, que não teve alternativa,senão acionar a Justiça para receber os seus direitos viola-dos pela ré (f. 07).

Diante disso, o MM. Juiz julgou improcedente apretensão indenizatória dos danos morais com oseguinte fundamento:

[...] diante do princípio da universalização do acesso aoJudiciário, a busca da pacificação do conflito através daação da Justiça Laboral não pode ser considerada como jus-tificadora da indenização por dano moral, mormente nãodevendo ser considerado o exercício do direito postulatóriopelo demandante como aflitivo à sua honra, moralidade ouintimidade, apto a causar-lhe lesão grave, vexames outranstornos, passíveis de serem indenizados (f. 216).

Ocorre que, na apelação, o autor apresentououtra causa para sua pretensão de indenização pelosdanos morais, qual seja “não ter recebido as verbasindenizatórias no tempo certo - durante o exercício docontrato de trabalho” (f. 229).

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A legislação processual não admite a alteração dacausa de pedir em sede de apelação (art. 264, pará-grafo único, do CPC).

Ainda que assim não fosse, o novo fundamentodado pelo autor para seu pedido de danos morais seconfunde com o que foi objeto de apreciação pelaJustiça do Trabalho.

Com tais apontamentos, dou provimento aoprimeiro recurso, para julgar improcedente a pretensãodo autor de indenização por danos materiais, prejudica-da parte do segundo recurso; e nego provimento aorestante do mesmo.

Ante a alteração na sucumbência, condeno o autorao pagamento da totalidade dos honorários advocatíciosfixados na sentença -10% do valor atribuído à causa, edas custas; suspensa a exigibilidade, ante os termos daLei 1.060/50.

DES. DÁRCIO LOPARDI MENDES - De acordo.

DES. ALMEIDA MELO - De acordo.

Súmula - INDEFERIRAM INSTAURAÇÃO DO INCI-DENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA.DERAM PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO,PREJUDICADA PARTE DO SEGUNDO, E NEGARAMPROVIMENTO AO RESTANTE DO MESMO.

. . .

AAPPEELLAAÇÇÃÃOO CCÍÍVVEELL NN°° 11..00002244..0077..552266774411-99//000011 -CCoommaarrccaa ddee BBeelloo HHoorriizzoonnttee - AAppeellaanntteess:: CCéélliioo CCaalliixxttoo eeoouuttrroo - AAppeellaaddooss:: AAllttaammiirroo LLoorreennççoo ddee SSoouuzzaa,, CCllááuuddiiooCCaalliixxttoo ee oouuttrroo - RReellaattoorraa:: DDEESS..ªª CCLLÁÁUUDDIIAA MMAAIIAA

AAccóórrddããoo

Vistos etc., acorda, em Turma, a 13ª Câmara Cíveldo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob aPresidência da Desembargadora Cláudia Maia, incorpo-rando neste o relatório de fls., na conformidade da atados julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimi-dade de votos, EM NEGAR PROVIMENTO.

Belo Horizonte, 30 de setembro de 2010. - CláudiaMaia - Relatora.

NNoottaass ttaaqquuiiggrrááffiiccaass

DES.ª CLÁUDIA MAIA - Trata-se de embargos deterceiro opostos por Célio Calixto e Carlos Calixto emdesfavor de Altamiro Lorenço de Souza, pelos quais sepleiteia a anulação da arrematação e desconstituição dapenhora realizada sobre imóvel cuja propriedade lhespertence.

Sobreveio sentença às f. 115/118, pela qual oeminente Juiz de Direito Ronaldo Claret de Moraes jul-gou improcedente a ação, condenando os postulantesao pagamento das verbas sucumbenciais.

Inconformados com a sentença, os embargantesapelam (f. 129/143), aduzindo, em síntese, que há maisde 20 (vinte) anos utilizam o imóvel, onde praticamcomércio de tecidos e resíduos de algodão, exercendoposse mansa, pacífica, ininterrupta e com ânimo dedono. Nesse sentido, dizem que as provas testemunhaiscolhidas em audiência são uníssonas, a comprovar oalegado estado de fato, bem como o contrato delocação realizado com a empresa Retex Resíduos TêxteisLtda. Ao final, os recorrentes pleiteiam seja o apeloprovido, para que se reforme a sentença, conformeexposto nas razões do recurso.

Contrarrazões às f. 145/158.Presentes os pressupostos intrínsecos e extrínsecos

de admissibilidade, conheço do recurso de apelação.Mérito.A sentença, a meu ver, deve ser mantida.Prefacialmente, é preciso esclarecer que o STJ

encampa a tese segundo a qual a ausência de registroda escritura de doação no cartório de imóveis não cons-titui empecilho para a propositura dos embargos de ter-ceiro, em analogia ao entendimento sufragado pelaSúmula n° 84 daquela Corte (REsp n° 264.788/MG -Rel. Min. João Otávio de Noronha - DJ de 06.03.2006).Desse modo, afasta-se o rigor do art. 108 do CódigoCivil, até mesmo porque os embargos de terceiro podemser opostos pelo mero possuidor.

Embargos de terceiro - Imóvel penhorado -Escritura de doação - Ausência de registro -

Possibilidade - Fundamento - Posse - Ônus daprova - Embargante

Ementa: Apelação. Embargos de terceiro. Imóvel penho-rado. Doação não registrada. Possibilidade. Funda-mento. Posse. Ônus da prova. Embargante.

- O STJ encampa a tese segundo a qual a ausência deregistro da escritura de doação no cartório de imóveisnão constitui empecilho para a propositura dos embar-gos de terceiro, em analogia ao entendimento sufragadopela Súmula n° 84 daquela Corte (REsp n°264.788/MG). Desse modo, afasta-se o rigor do art.108 do Código Civil, até mesmo porque os embargos deterceiro podem ser opostos pelo mero possuidor.

- Devem ser julgados improcedentes os embargos de ter-ceiro quando opostos sem a comprovação inequívocada condição de possuidor suscitada pelo embargante,visto que o ônus da prova recai sobre ele (inteligência doart. 333, I, c/c os arts. 1.050 e 1.051 do CPC).