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INDABA REGIONAL DO DISTRITO FEDERAL CULTOS ESCOTEIROS Ricardo Menezes Diretor Técnico Grupo Escoteiro Caio Martins – 6º DF Setembro de 2001

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INDABA REGIONAL DO DISTRITO FEDERAL

CULTOS ESCOTEIROS

Ricardo MenezesDiretor Técnico

Grupo Escoteiro Caio Martins – 6º DF

Setembro de 2001

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CONTEÚDO

Introdução................................................................................................................ 3Religião .................................................................................................................... 3As grandes religiões ............................................................................................... 4

Hinduísmo.............................................................................................................................. 4Judaísmo ............................................................................................................................... 4Islamismo............................................................................................................................... 5Budismo................................................................................................................................. 6Religiões Afro-Brasileiras ...................................................................................................... 7O Espiritismo ......................................................................................................................... 8Cristianismo ........................................................................................................................... 8

O Protestantismo ............................................................................................................. 8O Catolicismo................................................................................................................... 9A Igreja Ortodoxa............................................................................................................. 9

Número de adeptos das principais religiões do mundo..................................... 10O Culto Escoteiro .................................................................................................. 11Situações Formais................................................................................................. 12Idéias de B-P.......................................................................................................... 13Algumas Orações .................................................................................................. 14

Oração Escoteira Mundial ................................................................................................... 14Oração da Jornada .............................................................................................................. 14Oração Gaélica.................................................................................................................... 14Oração da Tranqüilidade ..................................................................................................... 14Oração do Expedicionário ................................................................................................... 14Oração do Alimento (antes da refeição).............................................................................. 14Meu Senhor e Chefe............................................................................................................ 14Anônima............................................................................................................................... 15Oração de Francisco de Assis............................................................................................. 15

Alguns Textos para Reflexão................................................................................ 15O Cachorrinho ..................................................................................................................... 15Amor na Latinha de Leite..................................................................................................... 16Mussa e Nagib..................................................................................................................... 16Amigos................................................................................................................................. 17Os Gansos........................................................................................................................... 18Fila Indiana .......................................................................................................................... 19Lenda Judaica ..................................................................................................................... 19O Fazendeiro e o Cavalo..................................................................................................... 19Sempre Há uma Saída ........................................................................................................ 19A Janela ............................................................................................................................... 20O Vaso Cheio ...................................................................................................................... 21Carta do Chefe Indígena Seattle (1885).............................................................................. 21

Referências ............................................................................................................ 24

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Introdução

“Demorei a compreender que Deus não é inimigo dos meus inimigos.Deus sequer é inimigo de seus inimigos.” – Pastor Martin Niemöler(1892-1984) Durante sua prisão em campo de concentração naSegunda Guerra Mundial.

“A voz humana não pode ser ouvida até que tenha perdido o poder deferir.” – Mira Rostova, professora de artes cênicas do Teatro de Artesde Moscou.

O Movimento Escoteiro, através do seu programa e método, procura ajudar ojovem a crescer espiritualmente, principalmente na sociedade multicultural em quevivemos e requer que seus membros "cumpram seus deveres para com Deus".

Todos os membros do Grupo devem ser estimulados a ter uma religião eseguir fielmente seus preceitos. O ME auxilia seus membros a se desenvolverem emsuas próprias religiões e incentiva todos aqueles que não tem uma religião a buscaruma que melhor atenda suas necessidades e expresse sua fé, em harmonia commembros praticantes de outras religiões.

Religião

O medo do desconhecido e a necessidade de dar sentido ao mundo que o cercalevaram o homem a fundar diversos sistemas de crenças, cerimônias e cultos – muitasvezes centrados na figura de um ente supremo – que o ajudam a compreender osignificado último de sua própria natureza. Mitos, superstições ou ritos mágicos queas sociedades primitivas teceram em torno de uma existência sobrenatural, inatingívelpela razão, equivaleram à crença num ser superior e ao desejo de comunhão com ele,nas primeiras formas de religião.

Religião (do latim religio, cognato de religare, "ligar", "apertar", "atar", comreferência a laços que unam o homem à divindade) é como o conjunto de relaçõesteóricas e práticas estabelecidas entre os homens e uma potência superior, à qual serende culto, individual ou coletivo, por seu caráter divino e sagrado. Assim, religiãoconstitui um corpo organizado de crenças que ultrapassam a realidade da ordemnatural e que tem por objeto o sagrado ou sobrenatural, sobre o qual elaborasentimentos, pensamentos e ações.

Essa definição abrange tanto as religiões dos povos ditos primitivos quanto asformas mais complexas de organização dos vários sistemas religiosos, embora variemmuito os conceitos sobre o conteúdo e a natureza da experiência religiosa. Apesardessa variedade e da universalidade do fenômeno no tempo e no espaço, as religiõestêm como característica comum o reconhecimento do sagrado (definição do filósofo eteólogo alemão Rudolf Otto) e a dependência do homem de poderes supramundanos(definição do teólogo alemão Friedrich Schleiermacher). A observância e aexperiência religiosas têm por objetivo prestar tributos e estabelecer formas desubmissão a esses poderes, nos quais está implícita a idéia da existência de ser ouseres superiores que criaram e controlam o cosmos e a vida humana.

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As grandes religiões

Hinduísmo

Se você tiver algum jovem da fé Hindu emsua Seção ou Grupo, você pode ter certeza que estaráem contato com eras remotas da história. OHinduísmo é a mais antiga das religões do mundo e,por isso mesmo, é muito diferente da maioria dasdemais. Por exemplo, não há um conjunto rígido decrenças, embora o Hindu ore com profunda devoçãodiante de seu Dharma ou espírito guia.

Para ser Hindu apenas duas coisas sãonecessárias: buscar a verdade e não fazer o mal aninguém (não ajudar alguém necessitado é entendidocomo fazer-lhe o mal). Para fazer essas duas coisas apropriadamente, o Hindu devepreparar seu corpo e sua mente para ser capaz de realizá-las. Isso, aliás, tem muito aver com o Escotismo.

O Templo é o lugar sagrado do Hindu para orações, mas uma sala reservadapara isso ou uma barraca servem perfeitamente bem para orar e meditar. De fato, umHindu geralmente estará preparado para usar uma igreja ou outro lugar de adoraçãopara suas próprias devoções.

O símbolo Hindu é importante. Os Hindus não têm uma palavra para Deus,como os Cristãos, os Muçulmanos e os Judeus. A essência de sua fé está na sílabaAUM (o Símbolo) que descreve a relação do "Espírito" ou Brahman com o mundo:"A" representa o poder de Deus para criar o universo; "U" representa o poder de Deuspara preservar o universo; e "M" representa o poder de Deus para dissolver ouniverso.

Há dois conjuntos de escrituras sagradas, as "isruti" que são divinas esagradas; e as "smriti" que são um pouco menos. Há 1,000 cantos ou hinos. OsHindus acreditam que o grande espírito aparece de três formas: Brahma, Vishnu eShiva, usando diferentes disfarces, humanos ou animais. Eles também acreditam nadoutrina da reencarnação – que após esta vida nós nasceremos de novo em outrocorpo. A qualidade da vida de uma pessoa desta vez determina que tipo de corpo elaterá na próxima.

A maioria dos Hindus é vegetariana, mas alguns gostam de frango e carneiro.O consumo de carne bovina é estritamente proibido. Escoteiros Hindus são semprelimpos e simpáticos e prontamente participam de cultos ecumênicos. Tambémrecebem com alegria outros escoteiros em seus Templos.

O principal festival Hindu é o Diwali, o festival das luzes, celebrado no finalde novembro.

Judaísmo

A religião judaica é monoteísta. Toda a vida depende de um único Deus e tudoo que é bom vem Dele. O nome "Deus" é escrito nas letras IHVH, que em hebraicoquer dizer "eu sou quem sou". É lido como "Jeová" ou "Javé". Seu nome real é tãosagrado que os judeus normalmente nem o pronunciam, substituindo-o por "o Senhor"ou "o Nome".

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Foi Jeová quem criou o mundo, e ensinou aohomem como viver em função dos seus deveres,seguindo somente a Deus, ajudando e respeitando seupróximo.

Não há distinção entre a parte ética e a partereligiosa da doutrina judaica. Tudo pertence à Lei deDeus. Há 613 mandamentos, 248 afirmações e 365proibições. Partem do princípio de "Amarás o teupróximo como a ti mesmo".

A Bíblia é o livro sagrado dos judeus. Trata-se deum conjunto de textos históricos, literários e religiosos. A Bíblia judaica equivale aoAntigo Testamento, organizados em 24 livros divididos em três grupos: a Lei("Torá"), Os Profetas ("Neviim") e os Escritos ("Ketuvin"). Também há o Talmude("Estudo"), texto usado pelos rabinos em seus ensinamentos para orientar os fiéis emsituações concretas. (Contém leis, regras, preceitos morais, comentários, histórias elendas sobre "A Lei").

O principal motivo de não encontrarmos muitos jovens Judeus em nossasreuniões aos sábados é porque este dia é sagrado para eles, o "Shabat": do por-do-solde sexta-feira até o por-do-sol de sábado nenhum trabalho pode ser feito e as famíliasse reúnem numa ceia na sexta-feira para dar boas-vindas ao Shabat e agradecer a Deuspela providência.

Outras datas importantes são: o Ano-Novo (Rosh há-Shaná), o Dia do Perdãoou Iom Kipur (dia da expiação), a Festa dos Tabernáculos - Sukot, a Festa daInauguração (Chanuká), a Páscoa (Pessach) e a Festa das Semanas (Shavuot).

Os Judeus só comem carne de animais ruminantes e de casco partido (carne degado, sim, de porco, não); aves, apenas as não predatórias; peixes apenas os que têmescamas e barbatanas. Dos animais proibidos, nem leite nem ovos servem comoalimento. Toda comida feita de sangue é proibida (quando se abate um animal, retira-se o máximo de sangue possível, sendo o restante retirado com água e sal). Não épermitido comer derivados de carne e de leite numa mesma refeição. Frutas everduras são todas permitidas.

Os jovens prontamente participam de cultos e da maioria das atividadesescoteiras.

Islamismo

O termo Islam deriva da palavra “Salama” (estar em paz), e seu significado nocontexto religioso é a submissão voluntária à vontade de Deus. Os seguidores destareligião são chamados de muçulmanos (aqueles que sesubmetem a Deus).

Se você tiver algum jovem dessa religião em seuGrupo, ele será seguidor de uma fé mundial de mais deum bilhão de membros. E provavelmente será ummenino ou rapaz, porque raramente uma garotamuçulmana terá permissão para entrar no Escotismo –pelo menos ainda não. O Islam é um estilo de vida. Osmuçulmanos são o povo do “Livro”, o “Quar’an”, oucomo dizemos: o Corão.

Há algumas raízes comuns com o Judaísmo. Osárabes (muçulmanos) são chamados de descendentes de Ismael, filho de Hagar, serva

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da mulher de Abraão. Os Judeus descendem de Isaac, filho de Sara, esposa de Abraão.Portanto, Islamismo, Judaísmo e Cristianismo são muito entrelaçadas e emboraJudeus e Muçulmanos não aceitem Jesus como filho de Deus, os Muçulmanos oaceitam como profeta.

A palavra árabe que designa o Deus Uno e Único é Allah, e não admite gêneromasculino ou feminino, e muito menos plural. Ele é o Senhor e Soberano do universo,criador de todas as coisas, e nada existe que não seja por Sua vontade. Ele é o Criadorde todos os seres humanos. Ele é o Deus dos cristãos, judeus, muçulmanos, budistas, eoutros. O Islam acredita na Unicidade Absoluta de Deus e prescreve uma forma deculto e de oração que não admite imagens ou símbolos. No Islam, as relações entre ohomem e o seu Criador são diretas e pessoais e dispensam qualquer intermediário.

Os escoteiros muçulmanos não terão dificuldade em participar do cultoreligioso escoteiro, já que é Deus que é adorado.

O jovem muçulmano terá que saber de cor o Corão para cumprir seus deverespara com Alah. Ele seguirá um conjunto de cinco obrigações religiosas, chamado de“Os cinco Pilares”: o primeiro, testemunho de fé, de que Deus é único e dasrevelações Dele a Maomé (que a paz e a bênção de Deus esteja sobre ele), seu últimomensageiro ou profeta; segundo, oração, que desde a idade de escoteiro terá que fazercinco vezes ao dia (e esse tempo deve lhe ser permitido, no Grupo ou emacampamento); terceiro, jejum, durante o mês de Ramadan ele não poderá comer ebeber do nascer ao por-do-sol, para que os ricos experimentem a dor dos pobres;quarto, “al zacat” envolve crescimento, caridade e purificação; e o quinto, se possível,a peregrinação à Caaba que fica na cidade de Meca (Makkah).

No campo o jovem muçulmano comerá carne bovina, frango e carneiro, setiverem sido abatidos apropriadamente, mas jamais comerá porco. Peixe, cereais elegumes serão apreciados.

O símbolo do Islamismo é a estrela de cinco pontas, representando os cincopilares, e o crescente, que lembra que o início do mês islâmico começa com cada luanova.

Budismo

Buda é uma palavra que significa “o esclarecido, o iluminado”. Este foi otítulo conferido ao príncipe indiano Siddharta Gautama. Seu pai o criou no palácio,com muito luxo e conforto, e não permitia de maneira nenhuma que ele tivessecontato com as dificuldades da vida. Um certo dia, andando pela rua, viu algunscamponeses arando a terra. Siddharta comoveu-se até as lágrimas com o peso dotrabalho dos homens e dos bois. Isso o fez resolver sair de casa e sofrer fome e dorenquanto pensava num meio de eliminar o sofrimento do povo. Adotou um outro

estilo de vida. Começou a desprezar o egoísmo, aambição e o apego aos bens materiais. Passou a pregarseus ideais junto aos indianos.

Sua filosofia era tão profunda que inaugurou umnovo estilo da vida, uma nova espiritualidade. Por issologo após a sua morte seus discípulos continuaram apropagar estas idéias, surgindo assim uma novareligião: o Budismo.

O budismo tornou-se uma das religiões maisconhecidas e disseminadas por todo o mundo. Ele foiintroduzido na China através do comércio com a Índia

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durante a dinastia Han. De lá, espalhou-se pelo Japão e pelo resto do mundo.Essa é uma religião difícil de explicar. Os Budistas acreditam que podem

passar do sofrimento humano para um estado de perfeição ou salvação chamado“Nirvana”. Mas para conseguir isso leva muito tempo, na verdade, muitas vidas.Quando alguém morre não significa que deixou de existir, simplesmente passam paraoutro estado de existência, e nesse mundo nada é permanente – nem mesmo o tempo,sendo apenas um fluxo contínuo de milissegundos.

É uma religião em que os adeptos devem seguir pela sua consciência, atravésda qual são despertadas as verdades da própria existência humana. Esses princípiosestão nos ensinamentos ("Dharma") pelos quais nós procuramos pensar e viver.

O Budismo tem como símbolo um leme. Ele representa o ciclo de nascimentose mortes que o indivíduo põe em movimento pela sua sede de vida (“Tanha”) e anatureza mutável do universo. O eixo da roda representa as três causas da dor: ódio,ignorância e ambição. Os raios representam o caminho das oito virtudes.

Muito embora no Budismo não exista o conceito de Deus como uma entidadecriadora separada, o jovem Budista não terá dificuldade em participar de cultoreligioso escoteiro porque sua fé o impede de ser contrário a essa idéia.

Muitos Budistas são vegetarianos, mas isso não é obrigatório.

Religiões Afro-Brasileiras

Vários cultos até hoje praticados no Brasil começaram na África, muito antesdo período da escravidão, onde basicamente predominavam três religiões:Cristianismo, Islamismo e religiões tribais ou primais.

Na realidade, os cultos afro-brasileiros vêm da prática religiosa das tribos. Porisso, cada uma tem a sua forma peculiar de chamar o nome de Deus, promover seuscultos, estruturar sua organização, celebrar seus rituais, contar sua história e expressaras suas concepções através dos símbolos.

Os cultos afros inicialmente eram ritos de preservação cultural dos gruposétnicos. No Brasil eles associam-se à vinda de escravos negros trazidos de lugarescomo Nigéria, Benin e Togo. E também estão profundamente ligados à preservaçãoda cultura, da arte e da religião dos negros.

Em diferentes momentos da história, aos poucos, as religiões afro-brasileirasforam se formando nas mais diversas regiões e estados. É justamente por isso que elasadotam diferentes formas e rituais, diferentes versões de cultos.

As religiões afro-brasileiras são extremamente musicais e culturamente ricas,pois a dança tem papel muito importante nos rituais.

O Candomblé é o culto afro que mais preserva as origens africanas em suaintegridade, procurando evitar o sincretismo religioso.

Candomblé é uma palavra africana que significa dança. Propriamente, é umadança religiosa na qual se reza para os orixás. Esta dança é uma invocação praticadapor mulheres chamadas de sambas.

Todos os seguidores das religiões Afro-Brasileiras têm seu orixá. Acreditamque todos os seres humanos nascem da Natureza, em um determinado dia, lugar ehora sob o comando de um orixá, que é uma força da criação divina, manifestação deOlorum, o criador de tudo (Deus). Ogum, Oxóssi, Xangô e Iansã são alguns orixás.

Já a Umbanda não crê em entidades tutelares de forças naturais. OUmbandista crê em forças ou qualidades divinas que ao penetrarem no campo áuricodo planeta, sentem-se atraídas por determinados habitats da natureza. As entidadescultuadas pela Umbanda, denominadas de Caboclos, Crianças, Pretos-Velhos, Exus e

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Pomba-Giras, dentre outras, não são espíritos tutelares de forças naturais. São serescomuns, que já viveram e estiveram encarnados, diferenciando-se pelo seu elevadograu de espiritualização.

O jovem desta fé participa prontamente das atividades e cultos escoteiros enão sofre restrições alimentares.

O Espiritismo

O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrinafilosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer comos Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que decorremdessas relações.

O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinaçãodos espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.

O Espírita crê que a mediunidade, que permite a comunicação dos espíritoscom os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer,independentemente da religião ou da diretriz doutrinatária de vida que adote.

A prática Espírita é realizada sem nenhum culto exterior, entretanto a presençados jovens em cultos escoteiros é sempre plena e participativa.

Cristianismo

Em nosso país, sem dúvida, a grande maioria dos jovenssão Cristãos. O Cristianismo nasceu dos ensinamentosde um Judeu, Jesus de Nazaré, há cerca de 2000 anos.De lá para cá, formaram-se três grandes ramos: a IgrejaCatólica, as Igrejas Protestantes e as Igrejas Ortodoxas.Embora divirjam em importantes aspectos doutrinários,essas três vertentes permanecem irmanadas por suacrença no caráter divino da revelação de Jesus, naexistência de um Deus único em três pessoas, iguais emnatureza e dignidade, que criou o mundo do nada, e nosprincípios essenciais da cristandade: amor a Deus sobretodas as coisas, traduzido necessariamente no amor ao próximo, e a fé na chegada doreino de Deus.

Além disso, o Cristianismo em seu conjunto se distingue das demais religiõesmonoteístas por ser a única que proclama a realidade de um homem-Deus, o próprioJesus, Deus ele mesmo, encarnado em forma humana para realizar a vinculaçãomística e real de toda a humanidade com o Criador.

Os três ramos do cristianismo têm também um mesmo livro sagrado, a Bíblia,e acrescentam ao Antigo Testamento judaico o Novo Testamento, que compreende osEvangelhos e outros livros posteriores ao nascimento de Jesus.

O Protestantismo

Protestantismo é um termo empregado para designar um amplo espectro deigrejas cristãs que, embora tão diferentes entre si como a Igreja Luterana e asTestemunhas de Jeová, compartilham princípios fundamentais como o da salvaçãopela graça de Deus mediante a fé, o reconhecimento da Bíblia como autoridadesuprema e o sacerdócio comum de todos os fiéis.

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O termo "protestante" tem origem no protesto de seis príncipes luteranos e 14cidades alemãs em 19 de abril de 1529, quando foi revogada uma autorização paraque cada príncipe determinasse a religião de seu próprio território.

O Catolicismo

Desde o Concílio de Trento, realizado entre 1545 e 1563, a igreja cristãsubordinada à autoridade papal em Roma passou a denominar-se Católica ApostólicaRomana, em oposição às igrejas protestantes constituídas a partir da Reforma. Define-se como una, santa, católica e apostólica e considera seu chefe como legítimo herdeiroda cátedra do apóstolo Pedro, sagrado papa, segundo o Evangelho, pelo próprio Jesus.

O termo catolicismo tem o significado de universal, geral e verdadeiro.

A Igreja Ortodoxa

A denominação "ortodoxa" (isto é, de doutrina reta) tornou-se corrente,mesmo entre católicos e protestantes, para designar as igrejas cristãs orientais que, em1054, se separaram da igreja de Roma.

Chamam-se igrejas ortodoxas as que representam a fé historicamentepreservada pela cristandade oriental e se consideram depositárias da doutrina e dosritos originais dos padres apostólicos. Dividem-se em três grupos: a Igreja Ortodoxado Oriente, de origem bizantino-eslava, e que reúne o maior número de fiéis; asigrejas orientais dos nestorianos e monofisistas, sem qualquer comunhão com asdemais; e as igrejas orientais que "retornaram a Roma", mas se mantiveram distintasem rito e disciplina.

Quadro-resumo das principais divisões do Cristianismo(em número de adeptos)

CatólicosIgreja Católica Apostólica BrasileiraIgreja Católica Apostólica Romana

ProtestantesEvangélicos

Igreja Adventista do Sétimo DiaIgreja AnglicanaIgreja BatistaIgreja CalvinistaIgreja Evangélica Luterana do BrasilIgreja MetodistaIgreja Presbiteriana

Evangélicos PentecostaisAssembléia de DeusIgreja Universal do Reino de Deus

OrtodoxosIgreja Ortodoxa OrientalIgrejas Orientais dos Nestorianos e Monofisistas

Demais CristãosIgreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

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Número de adeptos das principais religiões do mundo

CristãosCatolicos 1.059.210.000Protestantes 396.867.000Ortodoxos 218.537.700Outros Cristãos 325.385.300

Muçulmanos 1.320.000.000Hindus 900.000.000Budistas 360.000.000Judeus 14.000.000Outras religiões 586.000.000Não religiosos 840.000.000

Fonte: Adherents.com

Catolicos17,6%

Hindus15,0%

Não religiosos14,0%

Outras religiões9,7%

Protestantes6,6%

Budistas6,0%

Outros Cristãos5,4%

Ortodoxos3,6%

Judeus0,2%

Muçulmanos21,9%

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O Culto Escoteiro

Quando o Grupo for composto por jovens de religiões diferentes, seusEscotistas devem respeitá-las cuidando para que cada jovem observe seus deveresreligiosos. Os membros do Escotismo devem conhecer, de uma forma geral, asreligiões dos demais membros no sentido de promover uma convivência harmônica eparticipativa. Nas atividades do Grupo os cultos e orações devem ser simples,ecumênicas (para Cristãos de diversas denominações) ou inter-religiosas e deassistência voluntária.

Vejamos inicialmente o que o Culto Escoteiro não é:

� Não é missa nem culto de igreja ou de templo, nem é substituto deles;� Não é uma liturgia estruturada;� Não é uma oportunidade para o chefe escoteiro proferir “verdades” com

um pouco de Deus junto para dar mais efeito.

Com isso em mente, vejamos o que o Culto Escoteiro é (e não pode deixar deser nenhuma dessas coisas):

� É um reconhecimento de Deus e Sua criação – e nós como parte dela,expressado de tal forma que jovens de todas as religiões possamcompartilhar juntos;

� É uma pausa em nossa atividade para se descobrir algo mais profundo emais permanente nas coisas que queremos alcançar, aprender ou desfrutar;

� É uma resposta ao Criador pela dádiva da vida.

Isso quer dizer, então, que o Culto Escoteiro pode ser praticamente qualquercoisa, desde um momento de silêncio, passando por uma frase simples, até um ritualmais elaborado que contenha músicas, cantorias, leituras, histórias e preces. Emboramais adiante haja algumas sugestões que podem ser usadas na montagem de CultosEscoteiros, não há, de fato, nenhuma forma “certa” de fazê-los.

Por exemplo, uma tropa de Sêniores poderá chegar até o topo de umamontanha, após uma subida difícil ou especialmente desafiadora e, parando pararecuperar o fôlego e apreciar a vista, um deles diz, com sentimento, “Graças a Deusque a gente conseguiu chegar até aqui...” e outros poderão responder “É isso aí...” (nocontexto, outra palavra para “amém”). Conscientemente ou não eles acabaram departicipar de um Culto Escoteiro, porque eles reconheceram tanto o que conquistaramquanto o crescimento que obtiveram a partir dele. A glória de um pôr do sol, o raiar daalvorada, o céu estrelado à noite e o sentimento de amizade ao redor das chamas deum fogo de conselho são cenários absolutamente naturais para se pensar – às vezessilenciosamente, às vezes em voz alta, sobre o poder que é o início e o fim de todas ascoisas, e nosso lugar, como humanos, na complexa ordem do universo. E isso é oCulto Escoteiro, às vezes até sem a necessidade de mencionar Deus pelo nome,deixando-o apenas implícito. A argumentação aqui é simples: o Culto Escoteiro, naverdade, é uma experiência espiritual que acontece.

No entanto, às vezes, especialmente com os mais jovens, essa experiênciaprecisa ser enfatizada. Assim, uma atividade ou um jogo que demande mais esforçofísico, ou mental, ou de espírito de equipe ou de tolerância, pode, ali mesmo, sertransformado em um Culto Escoteiro – com uma breve reflexão e um agradecimento aDeus. Não há necessidade de hinos, leituras, etc.

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Naturalmente haverá sempre lugar para Cultos Escoteiros mais elaborados,com canções e leituras, uma vez que tenhamos reservado uma hora para Deus. Nessasocasiões poderá ser bom contar uma história de aventura ou de desafios vencidos, naqual as pessoas envolvidas se apoiaram na fé (qualquer que ela seja) do Deus Criadorpara atingirem seus objetivos; cantar uma ou duas canções que falem emcompartilhar, amar o próximo ou em servir; e, claro, as orações. Embora os maisjovens vejam isso com dificuldade, as melhores orações sempre vêm deles. Umlobinho que ore “Agradeço ao Senhor por ter me criado” acertou em cheio nosignificado do Culto Escoteiro com um mínimo de palavras. Deve-se deixar que osmais jovens façam suas próprias orações, talvez até criando um livro de orações daAlcatéia ou da Tropa Escoteira, usando-o e atualizando-o anualmente. Nenhum chefeadulto consegue, inteiramente, atingir a profundidade dos pensamentos dos jovens.

Você deve ter muito cuidado ao liderar um Culto Escoteiro, por mais simplesque seja, para que não repasse para os jovens o seu modo particular de adorar a Deusnem as características de sua própria religião.

Em resumo, o Culto Escoteiro é uma experiência espiritual, sem necessidadede formalismos nem rituais rigidamente estruturados.

LEMBRE-SE:O Escotismo encoraja os escoteiros a terem uma religião e acumprirem suas obrigações ou deveres para com Deus, mas nãodefine o que é uma crença em Deus nem o que é ou o queconstitui uma religião. Como chefes escoteiros devemos tercuidado para não favorecer uma fé em detrimento de outra.Durante a condução das atividades, devemos ficar atentos ànecessidade de encorajar todos os jovens a cresçerem em suaspróprias convicções religiosas. Lembre-se de que os chefesescoteiros também têm este “dever” para com Deus.

Situações Formais

Em situações formais é recomendável que se planeje o Culto Escoteiro comantecedência, e lhe dê uma estrutura. A estrutura mais útil é a mais simples: Elaconsiste de três elementos. O primeiro é uma introdução, que pode ser feita com ousem canções. O segundo elemento é a história. Há centenas de histórias que servemmuito bem para esse fim. Histórias sobre B-P, ou sobre aventuras ou desafiosmodernos. Algo que possa ser ilustrado com alguma forma de participação dospresentes é muito eficiente mas não é absolutamente essencial. Poderia ser um simplestrecho de livro – mas seria muito melhor se fosse recontado pelo orador sem recorrer àleitura do livro! O terceiro elemento é a devoção. Nada complicado nem sofisticado,apenas um apanhado de coisas que são eternas por natureza, tais como amor, beleza,justiça, verdade e paz – e a ligação do lugar vital que os membros do MovimentoEscoteiro de todas as idades têm na conquista e preservação delas. É assim que nóspodemos cumprir com nossos deveres para com o Poder Criador (Deus) que é oprincípio e o fim de todas as coisas.

Sem dúvida, os melhores e mais eficientes Cultos Escoteiros são aquelespreparados pelos próprios jovens. Portanto, é importante que eles tenham

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oportunidade tanto de praticar a montagem de cultos quanto de participar deles. Paraisso, você poderá dar-lhes um tema e pedir para que a equipe o apresente da formaque achar mais eficiente. Eles poderão aparecer com canções, algo para ler ou coisasque você jamais sonharia, mas para eles (e entre eles) o efeito será melhor do quequalquer coisa que você diga. Alguns temas que poderiam ser sugeridos:

� Tomar conta do mundo que Deus criou e das pessoas que o habitam;� Trabalhar para a paz e a justiça para todos;� Fazer o melhor possível com aquilo que Deus nos deu;� Como lidar com ferimentos e deficiências

Claro que há temas mais óbvios tais como férias, escotismo, amizades,aventuras, etc. Todos têm significado escoteiro. Você poderá talvez sugerir-lhes oabstrato: amor, esperança, beleza, imaginação, desespero, tristeza, perdão... Ou atacarde frente, e pedir-lhes que expressem em palavras, ou encenando, ou cantando, o queeles entendem por Deus, a Criação, o Universo, ou até eles mesmos. O importanteaqui é que, formal ou informalmente, não tem que ser profissional – apenas honesto.Nem tem que demorar meia hora, apenas o tempo suficiente para dizer o necessário.Você terá uma agradável surpresa do que eles são capazes de fazer.

Idéias de B-P

“Para uma tropa aberta, ou para tropas no campo, acho que o Culto Escoteirodeve ser aberto para todas as denominações e executado de tal forma a não ofenderninguém. Não deve haver uma forma especial, mas deve ser pleno do espírito certo edeve ser conduzido não de um ponto de vista eclesiástico qualquer, mas do ponto devista do jovem. Tudo aquilo que possa contribuir para a criação de uma atmosferaartificial deve ser evitado. Não queremos um tipo de procissão de igreja imposta sobreeles, mas uma elevação voluntária de seus espíritos, em decorrência dos rapazesagradecerem o prazer da vida e um desejo da parte deles de buscar inspiração e forçapara um amor maior e para o servir ao próximo.

Um Culto Escoteiro deve ter um efeito nos garotos tão grande quanto qualquerserviço religioso em uma igreja, se na condução do Culto Escoteiros nos lembrarmosque rapazes não são homens adultos, e se acompanharmos o passo dos mais jovens edos menos educados dos presentes. Entediar-se não é reverenciar, e o tédio nãoproduz religião.

Para interessar aos jovens, o Culto Escoteiro deve ser uma função alegre evariada. Hinos curtos (três versos são, via de regra, bastantes – nunca mais quequatro); orações compreensíveis; uma palestra dada por um homem que realmenteentenda os rapazes (mais uma conversa “caseira” do que propriamente uma palestra) eque prendam a atenção, e durante a qual eles possam rir ou aplaudir, como o espíritomandar, para que eles realmente se interessem por aquilo que é dito. Se um homemnão consegue colocar suas idéias para os garotos mais espertos em dez minutos eledeve levar um tiro! Se ele não as tiver bem afiadas, melhor seria nem fazer o CultoEscoteiro.”

Baden-PowellPublicado em “The Scouter”Novembro de 1928(Tradução do autor)

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Algumas Orações

Oração Escoteira Mundial

Vamos cada um de nós agora fazeruma oração silenciosa para nossoirmão à nossa direita...Para nosso irmão à nossa esquerda...E agora para nossos irmãos escoteirosao redor do mundo.

Tradicional

Oração da Jornada

Mestre do Universo,Conceda-me a habilidade de ficar só;Que seja hábito meu sair todos os diasao ar livreEntre as árvores e a relva, entre todasas coisas vivas.E que lá eu possa ficar só, e fazer umaoração,Para falar com aquele a quem pertenço.Que eu consiga expressar tudo quesinto no meu coração,E que todas as folhagens do campo(Toda a relva, as árvores e plantas)Acordem com minha chegada,Para transmitir a força de suas vidaspara minha oraçãoPara que minha oração e minha falasejam uma,Através da vida e do espírito de todasas coisas que crescem,Que são feitas únicas por suas forçastranscendentais.

Rabino Nachman de Bratslav(1722-1811)

Oração Gaélica

Seja uma chama que brilha em frente amim,Seja uma estrela guia acima de mim,Seja uma trilha macia abaixo de mim,E seja um pastor gentil atrás de mim,Neste dia, nesta noite e para sempre.

Oração da Tranqüilidade

Dá-me, Senhor, tranqüilidade paraaceitar aquilo que não posso mudar,A coragem para mudar aquilo euposso,E a sabedoria para distingüir um dooutro.

Oração do Expedicionário

Senhor,Ajuda-me a encontrar a força do velhocarvalhoPara que nenhum sucesso meenvaideça.A felicidade da naturezaPara a solidão não me abater.A liberdade da avePara seguir meu próprio caminho.E a vontade do ExpedicionárioPara seguir sempre à frente e servir aopróximo.

Oração do Alimento (antes darefeição)

Senhor,Tu que dás a água aos campos,A terra às plantas,O fruto aos homens,Abençoa este alimentoPara que sua forçaNos faça servir-te bem.

Meu Senhor e Chefe

Meu Senhor e Chefe,Que apesar de minhas fraquezasEscolheu-me para Chefe e guardiãoDe meus irmãos escoteiros,Faz com que minhas palavras eexemplosIluminem seus caminhosNa trilha da Tua Lei.

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Que eu mostre a eles Tuas pegadasdivinasNa natureza que criaste,Ensinar-lhes aquilo que devoE guiá-los de etapa em etapaAté a Ti, meu SenhorNo acampamento do repouso e daalegriaOnde armaste Tua barraca e a nossaPara toda a eternidade.

Anônima

Se for pra esquentar, que seja no sol;Se for pra enganar, que seja oestômago;Se for pra chorar, que se chore dealegria;Se for pra mentir, que seja a idade;Se for pra roubar, que se roube umbeijo;Se for pra perder, que se perca o medo;Se for pra cair, que seja na gandaia;Se existir guerra, que seja detravesseiros;Se existir fome, que seja de amor;Se for para ser feliz, que seja o tempotodo!

Oração de Francisco de Assis

Senhor, fazei-me um instrumento devossa paz.Onde houver ódio, que eu leve o amor,onde houver ofensa, que eu leve operdão,onde houver discórdia, que eu leve aunião,onde houver dúvidas, que eu leve a fé,onde houver erro, que eu leve averdade,onde houver desespero, que eu leve aesperançaonde houver tristeza, que eu levealegria,onde houver trevas, que eu leve a luz.Mestre, fazei que eu procure maisconsolar do que ser consolado,compreender do que ser compreendido,amar do que ser amado.Pois é dando que se recebe,é perdoando que se é perdoado,é morrendo que se vive para a vidaeterna

Alguns Textos para Reflexão

O Cachorrinho

Diante de uma vitrine atrativa,um menino pergunta o preço dosfilhotes à venda. "Entre 30 e 50dólares", respondeu o dono da loja. Omenino puxou uns trocados do bolso edisse:

"Eu só tenho 2,37 dólares, maseu posso ver os filhotes?"

O dono da loja sorriu e chamouLady, que veio correndo, seguida decinco bolinhas de pêlo. Um doscachorrinhos vinha mais atrás,mancando de forma vísível.Imediatamente o menino apontouaquele cachorrinho e perguntou:

"O que é que há com ele?"O dono da loja explicou que o

veterinário tinha examinado edescoberto que ele tinha um problemana junta do quadril, sempre mancaria eandaria devagar. O menino se animoue disse:

"Esse é o cachorrinho que euquero comprar!"

O dono da loja respondeu:"Não, você não vai querer

comprar esse. Se você realmente quiserficar com ele, eu lhe dou de presente."

O menino ficou transtornado e,olhando bem na cara do dono da loja,com o seu dedo apontado, disse:

"Eu não quero que você o dêpara mim. Aquele cachorrinho vale

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tanto quanto qualquer um dos outros eeu vou pagar tudo. Na verdade, eu lhedou 2,37 dólares agora e 50 centavospor mês, até completar o preço total."

O dono da loja contestou:"Você não pode querer realmente

comprar este cachorrinho. Ele nuncavai poder correr, pular e brincar comvocê e com os outros cachorrinhos."

Aí, o menino abaixou e puxou aperna esquerda da calça para cima,mostrando a sua perna com umaparelho para andar. Olhou bem para odono da loja e respondeu:

"Bom, eu também não corromuito bem e o cachorrinho vai precisarde alguém que entenda isso.”

Amor na Latinha de Leite

Dois irmãozinhos maltrapilhos,provenientes da favela - um deles decinco anos e o outro de dez, iampedindo um pouco de comida pelascasas da rua que beira o morro.Estavam famintos: 'vai trabalhar e nãoamole', ouvia-se detrás da porta; 'aquinão há nada moleque...', dizia outro...As múltiplas tentativas frustradasentristeciam as crianças... Por fim, umasenhora muito atenta disse-lhes: 'Vouver se tenho alguma coisa para vocês...coitadinhos!' E voltou com uma latinhade leite.

Que festa! Ambos se sentaram nacalçada. O menorzinho disse para o dedez anos: 'você é mais velho, tomeprimeiro...' e olhava para ele com seusdentes brancos, a boca semi-aberta,mexendo a ponta da língua.

Eu, como um tolo, contemplava acena... Se vocês vissem o mais velhoolhando de lado para o pequenino!Leva a lata à boca e, fazendo gesto debeber, aperta fortemente os lábios paraque por eles não penetre uma só gotade leite. Depois, estendendo a lata, dizao irmão: 'Agora é sua vez. Só umpouco.'

E o irmãozinho, dando umgrande gole exclama: 'como estágostoso!'

'Agora eu', diz o mais velho. Elevando a latinha, já meio vazia, àboca, não bebe nada.

'Agora você', 'Agora eu', 'Agoravocê', 'Agora eu'...

E, depois de três, quatro, cincoou seis goles, o menorzinho, de cabeloencaracolado, barrigudinho, com acamisa de fora, esgota o leite todo... elesozinho.

Esse 'agora você', 'agora eu'encheram-me os olhos de lágrimas...

E então, aconteceu algo que mepareceu extraordinário. O mais velhocomeçou a cantar, a sambar, a jogarfutebol com a lata de leite. Estavaradiante, o estômago vazio, mas ocoração trasbordante de alegria. Pulavacom a naturalidade de quem não feznada de extraordinário, ou melhor, coma naturalidade de quem está habituadoa fazer coisas extraordinárias sem dar-lhes maior importância.

Daquele moleque nós podemosaprender a grande lição, 'quem dá émais feliz do que quem recebe.' Éassim que nós temos de amar.Sacrificando-nos com tal naturalidade,com tal elegância, com tal discrição,que os outros nem sequer possamagradecer-nos o serviço que nós lheprestamos.

Mussa e Nagib

Dois amigos, Mussa e Nagib,viajavam pelas extensas estradas quecirculam as tristes e sombriasmontanhas da Pérsia. Ambos se faziamacompanhar de seus ajudantes, servos ecaravaneiros. Chegaram certa manhã,às margens de um grande rio barrento eimpetuoso, em cujo seio, a morteespreitava os mais afoitos e temerários.Era preciso transpor a correnteameaçadora. Ao saltar de uma pedra ojovem Mussa foi infeliz, falseando o

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pé, precipitou-se no torvelinhoespumante das águas em revolta. Teriaali perecido, arrastado para o abismo,se não fosse Nagib. Este, sem uminstante de hesitação, atirou-se àcorrenteza e, lutando furiosamente,conseguiu trazer a salvo ocompanheiro de jornada.

Que fez Mussa?Chamou, no mesmo instante, os

seus mais hábeis servos e ordenou-lhesque gravassem na face mais lisa deuma grande pedra, que perto se erguia,esta legenda admirável:

"Viandante! Neste lugar, duranteuma jornada, Nagib salvouheroicamente seu amigo Mussa".

Isto feito, prosseguiram com suascaravanas, pelos intérminos caminhosde Allah. Alguns meses depois, deregresso às terras, novamente se viramforçados a atravessar o mesmo rio,naquele mesmo lugar perigoso etrágico. E, como se sentissemfatigados, resolveram repousaralgumas horas à sombra acolhedora dalaje, que ostentava bem no alto ahonrosa inscrição. Sentados na areiaclara, puseram-se a conversar. Eis que,por um motivo fútil, surge, de repente,grande desavença entre os doiscompanheiros. Discordaram,discutiram e Nagib, exaltado, numímpeto de cólera, esbofeteoubrutalmente o amigo.

Que fez Mussa?Que farias tu, em seu lugar?Mussa não revidou a ofensa.

Ergueu-se, e tomando tranqüilo o seubastão, escreveu na areia clara, ao pédo negro rochedo:

"Viandante! Neste lugar, duranteuma jornada, Nagib, por motivo fútil,injuriou gravemente o seu amigoMussa".

Surpreendido com o estranhoproceder, um dos ajudantes de Mussaobservou respeitoso:

- Senhor! Da primeira vez, paraexaltar a abnegação de Nagib,

mandaste gravar na pedra, parasempre, o feito heróico. E agora queele acaba de ofender-vos tãogravemente, vos limitais a escrever naareia incerta, o ato de covardia! Aprimeira legenda, ó cheique, ficarápara sempre. Todos os que transitarempor este sítio dela terão notícia. Estaoutra, porém, riscada no tapete deareia, antes do cair da tarde, terádesaparecido como um traço deespumas entre as ondas buliçosas domar.

Respondeu Mussa:- É que o benefício que recebi de

Nagib, permanecerá para sempre, emmeu coração. Mas a injúria... essanegra injúria... escrevo-a na areia, comum voto, para que, se apague edesapareça mais depressa, das areias ede minha lembrança. Assim é, meuamigo! Aprende a gravar na pedra, osfavores que receberes, os benefíciosque te fizerem, as palavras de carinho,simpatia e estímulo que ouvires.Aprende, porém, a escrever na areia, asinjúrias, as ingratidões, as perfídias eas ironias que te ferirem, pela estradaagreste da vida. Aprende a gravarassim, na pedra: aprende a escreverassim, na areia... e serás feliz!.

Amigos

Numa aldeia vietnamita, umorfanato dirigido por um grupo demissionários foi atingido por umbombardeio. Os missionários e duascrianças tiveram morte imediata e asrestantes ficaram gravemente feridas.Entre elas, uma menina de oito anos,considerada em pior estado.

Era necessário chamar ajuda poruma rádio e ao fim de algum tempo,um médico e uma enfermeira daMarinha dos EUA chegaram ao local.Teriam que agir rapidamente, senão amenina morreria devido aostraumatismos e à perda de sangue. Eraurgente fazer uma transfusão, mas

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como? Após alguns testes rápidos,puderam perceber que ninguém alipossuía o sangue preciso. Reuniramentão as crianças e entre gesticulações,arranhadas no idioma, tentavamexplicar o que estava acontecendo eque precisariam de um voluntário paradoar o sangue. Depois de um silênciosepulcral, viu-se um braço magrinholevantar-se timidamente. Era ummenino chamado Heng.

Ele foi preparado às pressas aolado da menina agonizante eespetaram-lhe uma agulha na veia. Elese mantinha quietinho e com o olharfixo no teto. Passado algum momento,ele deixou escapar um soluço e tapouo rosto com a mão que estava livre. Omédico lhe perguntou se estava doendoe ele negou. Mas não demorou muito asoluçar de novo, contendo as lágrimas.O médico ficou preocupado e voltou alhe perguntar, e novamente ele negou.

Os soluços ocasionais deramlugar a um choro silencioso masininterrupto. Era evidente que algumacoisas estava errada. Foi então queapareceu uma enfermeira vietnamitavinda de outra aldeia. O médico pediuentão que ela procurasse saber o queestava acontecendo com Heng. Com avoz meiga e doce, a enfermeira foiconversando com ele e explicandoalgumas coisas, e o rostinho do meninofoi se aliviando... minutos depois eleestava novamente tranqüilo. Aenfermeira então explicou aosamericanos: "Ele pensou que ia morrer;não tinha entendido direito o que vocêsdisseram e estava achando que ia terque dar todo o seu sangue para amenina não morrer."

O médico se aproximou dele ecom a ajuda da enfermeira perguntou:

- "Mas se era assim, porqueentão você se ofereceu a doar seusangue?"

E o menino respondeusimplesmente

- "Ela é minha amiga."

Os Gansos

No outono, quando se vêembandos de gansos voando, formandoum grande V no céu, indaga-se o que aciência já descobriu sobre o porquê devoarem desta forma. Sabe-se quequando cada ave bate as asas, move oar para cima, ajudando a sustentar aave imediatamente de trás. Ao voar emforma de V, o bando se beneficia depelo menos 71% a mais de força devôo do que uma ave voando sozinha.

Pessoas que têm a mesmadireção e sentido de comunidadepodem atingir seus objetivos de formamais rápida e fácil, pois viajambeneficiando-se de um impulso mútuo.

Sempre que um ganso sai dobando, sente subitamente o esforço e aresistência necessários para continuarvoando sozinho. Rapidamente, eleentra outra vez em formação paraaproveitar o deslocamento de arprovocado pela ave que voaimediatamente à sua frente.

Se tivéssemos o mesmo sentidomanter-nos-íamos em formação com osque lideram o caminho para ondetambem desejamos seguir.

Quando o ganso líder se cansa,ele muda de posição dentro daformação e outro ganso assume aliderança.

Vale a pena nos revezarmos emtarefas difíceis, e isto serve tanto paraas pessoas quanto para os gansos quevoam juntos.

Os gansos de trás gritamencorajando os da frente para quemantenham a velocidade.

Que mensagem passamos quandoficamos atrás!

Finalmente quando um gansofica doente ou é ferido por um tiro ecai, dois gansos saem de formação e oacompanham para ajudá-lo e protegê-lo. Ficam com ele até que consiga voarnovamente ou morra. Só então

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levantam vôo sozinhos ou em outraformação, a fim de alcançar seu bando.

Fila Indiana

Os homens andam em filaindiana,cada um levando uma sacolana frente e outra atrás.

Na da frente colocamos nossasvirtudes. Na de trás nossos defeitos.

Durante a jornada pela vidamantemos os olhos fixos nas virtudesque temos.

Ao passo que reparamos nascostas do companheiro que está adianteos defeitos que ele tem.

Nos julgamos melhores que elesem perceber que a pessoa atrás de nósestá pensando a mesma coisa a nossorespeito.

Lenda Judaica

Deus convidou um Rabino paraconhecer o céu e o inferno.

Ao abrirem a porta do inferno,viram uma sala em cujo centro haviaum caldeirão onde se cozinhava umasuculenta sopa.

Em volta dela, estavam sentadaspessoas famintas e desesperadas. Cadauma delas segurava uma colher comcabo tão comprido que lhe permitiaalcançar o caldeirão, mas não suaspróprias bocas. O sofrimento eraimenso.

Em seguida, Deus levou oRabino para conhecer o céu.

Entraram em uma sala idêntica àprimeira: havia o mesmo caldeirão, aspessoas em volta, as colheres de cabocomprido. A diferença é que todosestavam saciados.

-"Eu não compreendo", disse oRabino. "Por que aqui as pessoas estãofelizes, enquanto na outra sala morremde aflição, se é tudo igual?"

Deus sorriu e respondeu: -"Vocênão percebeu? É porque aqui elesaprenderam a alimentar uns aos outros.

O Fazendeiro e o Cavalo

Um fazendeiro, que lutava commuitas dificuldades, possuía algunscavalos para ajudar nos trabalhos emsua pequena fazenda. Um dia, seucapataz veio trazer a notícia de que umdos cavalos havia caído num velhopoço abandonado. O poço era muitoprofundo e seria extremamente dificiltirar o cavalo de lá. O fazendeiro foirapidamente até o local do acidente,avaliou a situação certificando-se que oanimal não se machucara. Mas, peladificuldade e alto custo de retirá-lo dofundo do poço, achou que não valeriaapena investir numa operação deresgate. Tomou então a dificil decisão:determinou ao capataz que sacrificasseo animal, jogando terra no poço atéenterrá-lo ali mesmo.

E assim foi feito: os empregados,comandados pelo capataz, começarama lançar terra para dentro do buraco deforma a cobrir o cavalo... Mas, àmedida que a terra caía em seu dorso, oanimal sacudia e ela ia se acumulandono fundo, possibilitando ao cavalo irsubindo. Logo os homens perceberamque o cavalo não se deixava enterrar,mas, ao contrário, estava subindo àmedida que a terra enchia o poço, atéque finalmente conseguiu sair.

Sabendo do caso, o fazendeiroficou muito satisfeito e o cavalo viveuainda muitos anos servindo ao seudono na fazenda.

Sempre Há uma Saída

Conta uma antiga lenda que naIdade Média um homem muitoreligioso foi injustamente acusado deter assassinado uma mulher.

Na verdade, o autor era pessoainfluente do reino e por isso, desde oprimeiro momento se procurou umbode expiatório para acobertar overdadeiro assassino.

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O homem foi levado ajulgamento, já temendo o resultado: aforca. Ele sabia que tudo iria ser feitopara condená-lo e que teria poucaschances de sair vivo desta história.

O juiz, que também estavacombinado para levar o pobre homemà morte, simulou um julgamento justo,fazendo uma proposta ao acusado queprovasse sua inocência.

Disse o juiz: - Sou de umaprofunda religiosidade e por isso voudeixar sua sorte nas mãos do Senhor.Vou escrever em um pedaço de papel apalavra INOCENTE e noutro pedaço apalavra CULPADO. Você sorteará umdos papéis e aquele que sair será overedito. O Senhor decidirá seudestino.

Sem que o acusado percebesse, ojuiz preparou os dois papéis, mas emambos escreveu CULPADO, demaneira que, naquele instante, nãoexistia nenhuma chance do acusado selivrar da forca. Não havia saída. Nãohavia alternativas para o pobre homem.

O juiz colocou os dois papéis emuma mesa e mandou o acusadoescolher um. O homem pensou algunssegundos e, pressentindo a vibração,aproximou-se confiante da mesa,pegou um dos papéis e rapidamentecolocou-o na boca e o engoliu.

Os presentes ao julgamentoreagiram surpresos e indignados com aatitude do homem.

- Mas o que você fez? E agora?Como vamos saber qual seu veredito?

- E muito fácil, respondeu ohomem. Basta olhar o outro pedaçoque sobrou e saberemos que acabeiengolindo o seu contrario.

Imediatamente o homem foilibertado.

A Janela

Certa vez, dois homens, seria-mente doentes, estavam na mesmaenfermaria de um grande hospital.

O cômodo era bem pequeno, enele havia uma janela que dava para omundo. Um dos homens tinha, comoparte do seu tratamento, permissãopara sentar-se na cama por uma horadurante as tardes (algo a ver com adrenagem de fluído de seus pulmões).Sua cama ficava perto da janela. Ooutro, contudo, tinha de passar todo oseu tempo deitado de barriga paracima.

Todas as tardes, quando o ho-mem cuja cama ficava perto da janelaera colocado em posição sentada, elepassava o tempo descrevendo o que vialá fora.

A janela aparentemente davapara um parque onde havia um lago.Havia patos e cisnes no lago, e ascrianças iam atirar-lhes pão e colocarna água barcos de brinquedo. Jovensnamorados caminhavam de mãos dadasentre as árvores, e havia flores, grama-dos e jogos de bola. E ao fundo, portrás da fileira de árvores, avistava-se obelo contorno dos prédios da cidade.

O homem deitado ouvia o sen-tado descrever tudo isso, apreciandotodos os minutos. Ouviu sobre comouma criança quase caiu no lago, e so-bre como as garotas estavam bonitasem seus vestidos de verão.

As descrições do seu amigoeventualmente o fizeram sentir quequase podia ver o que estava aconte-cendo lá fora... Então, em uma belatarde, ocorreu-lhe um pensa-mento:Por que o homem que ficava perto dajanela deveria ter todo o prazer de vero que estava acontecen-do? Por que elenão podia ter essa chance? Sentiu-seenvergonhado, mas quanto mais tenta-va não pensar assim, mais queria umamudança. Faria qual-quer coisa!

Numa noite, enquanto olhavapara o teto, o outro homem subita-mente acordou tossindo e sufocado,suas mãos procurando o botão quefaria a enfermeira vir correndo. Mas

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ele o observou sem se mover... mesmoquando o som de respiração parou.

De manhã, a enfermeira encon-trou o outro homem morto, e silencio-samente levou embora o seu corpo.

Logo que pareceu apropriado, ohomem perguntou se poderia sercolocado na cama perto da janela.Então colocaram-no lá, aconchegaram-no sob as cobertas e fizeram com quese sentisse bastante confortável. Nominuto em que saíram, ele apoiou-sesobre um cotovelo, com dificuldade esentindo muita dor, e olhou para forada janela. Viu apenas um muro...

O Vaso Cheio

Um mestre Budista queriademonstrar um conceito aos seusalunos. Ele pegou um vaso de bocalarga e colocou algumas pedras dentro.Então perguntou a classe:

- Está cheio?Unanimente responderam:- Sim!O mestre então pegou um balde

de pedregulhos e virou dentro do vaso.Os pequenos pedregulhos se alojaramnos espaços entre as rochas grandes.Então, perguntou aos alunos:

- E agora, está cheio?Desta vez alguns hesitaram, mas

a maioria respondeu:- Sim!O mestre então levantou uma lata

de areia e começou a derramar a areiadentro do vaso. A areia entãopreencheu os espaços entre ospedregulhos. Pela terceira vez o mestreperguntou:

- Então, está cheio?Agora, a maioria dos alunos

estava receosa, mas novamente muitosresponderam:

- Sim!O mestre então mandou buscar

um jarro de água e jogou-a dentro dovaso. A água saturou a areia. Nesteponto, o mestre peguntou para a classe:

- Qual o objetivo destademonstração?

Um jovem e brilhante alunolevantou a mão e respondeu:

- Não importa quanto a "agenda"da vida de alguém esteja cheia, elesempre conseguirá "espremer" dentromais coisas!

- Não, respondeu o mestre, oponto é o seguinte: A menos que vocêcoloque as pedras grandes em primeirolugar dentro do vaso, nunca mais asconseguirá colocar lá dentro. As pedrasgrandes são as coisas importantes desua vida: sua fé em Deus, a família,seus amigos, seu crescimento pessoal eprofissional. Se você preencher suavida somente com coisas pequenas,como demonstrei com os pedregulhos,com a areia e a água, as coisasrealmente importantes, nunca terãotempo nem espaço em suas vidas.

Carta do Chefe Indígena Seattle(1885)

Trechos da resposta do caciqueSeattle, da tribo “Suwuamish” nonoroeste americano, ao PresidenteAmericano F. Pierce, que tentavacomprar as suas terras.

"O ar é precioso para o homemvermelho, pois todas as coisascompartilham o mesmo sopro: oanimal, a árvore, o homem, todoscompartilham o mesmo sopro. Pareceque o homem branco não sente o arque respira. Como um homemagonizante há vários dias, é insensívelao [seu próprio] mau cheiro. (...)

"Portanto, vamos meditar sobresua oferta de comprar nossa terra. Senós a decidirmos aceitar, imporei umacondição: O homem branco deve trataros animais desta terra como seusirmãos.

"O que é o homem sem osanimais? Se os animais se fossem, ohomem morreria de uma grande

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solidão de espírito. Pois o que ocorrecom os animais, breve acontece com ohomem. Há uma lição em tudo. Tudoestá ligado.

"Vocês devem ensinar às suacrianças que o solo a seus pés é a cinzade nossos avós. Para que respeitem aterra, digam a seus filhos que ela foienriquecida com a vida de nosso povo.Ensinem às suas crianças o queensinamos às nossas: que a terra énossa mãe. Tudo o que acontecer àTerra, acontecerá também aos filhos daterra. Se os homens cospem no solo,estão cuspindo em si mesmos.

"Disto nós sabemos: a terra nãopertence ao homem; o homem é quepertence à terra. Disto sabemos: todasas coisas então ligadas como o sangueque une uma família. Há uma ligaçãoem tudo.

"O que ocorre com a terra recairásobre os filhos da terra. O homem nãoteceu o teia da vida: ele ésimplesmente um de seus fios. Tudo oque fizermos ao tecido, fará o homem asi mesmo.

"Mesmo o homem branco, cujoDeus caminha e fala como ele deamigo para amigo, não pode estarisento do destino comum. É possívelque sejamos irmãos, apesar de tudo.Veremos. De uma coisa estamos certos(e o homem branco poderá vir adescobrir um dia): Deus é um Só,qualquer que seja o nome que lhedêem. Vocês podem pensar que Opossuem, como desejam possuir nossaterra; mas não é possível. Ele é o Deusdo homem e sua compaixão é igualpara o homem branco e para o homemvermelho. A terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar o seu Criador. Oshomens brancos também passarão;talvez mais cedo do que todas as outrastribos. Contaminem suas camas, e umanoite serão sufocados pelos própriosdejetos.

"Mas quando de sua desaparição,vocês brilharão intensamente,

iluminados pela força do Deus que ostrouxe a esta terra e por alguma razãoespecial lhes deu o domínio sobre aterra e sobre o homem vermelho. Essedestino é um mistério para nós, poisnão compreendemos que todos osbúfalos sejam exterminados, os cavalosbravios sejam todos domados, osrecantos secretos das florestas densaimpregnados do cheiro de muitoshomens, e a visão dos morrosobstruídas por fios que falam. Ondeestá o arvoredo? Desapareceu. Ondeestá a água? Desapareceu. É o final davida e o inicio da sobrevivência.

"Como é que se pode comprar ouvender o céu, o calor da terra? Essaidéia nos parece um pouco estranha. Senão possuímos o frescor do ar e obrilho da água, como é possívelcomprá-los?

"Cada pedaço de terra é sagradopara meu povo. Cada ramo brilhante deum pinheiro, cada punhado de areiadas praias, a penumbra na florestadensa, cada clareira e inseto a zumbirsão sagrados na memória e experiênciado meu povo. A seiva que percorre ocorpo das árvores carrega consigo aslembranças do homem vermelho...

"Essa água brilhante que escorrenos riachos e rios não é apenas água,mas o sangue de nossos antepassados.Se lhes vendermos a terra, vocêsdevem lembrar-se de que ela é sagrada,e devem ensinar às suas crianças queela é sagrada e que cada reflexo naságuas límpidas dos lagos fala deacontecimentos e lembranças da vidado meu povo. O murmúrio das águas éa voz dos meus ancestrais.

"Os rios são nossos irmãos,saciam nossa sede. Os rios carregamnossas canoas e alimentam nossascrianças. Se lhes vendermos nossaterra, vocês devem lembrar e ensinarpara seus filhos que os rios são nossosirmãos e seus também. E, portanto,vocês devem, dar aos rios a bondadeque dedicariam a qualquer irmão.

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"Sabemos que o homem branconão compreende nossos costumes.Uma porção de terra, para ele, tem omesmo significado que qualquer outra,pois é um forasteiro que vem à noite eextrai da terra tudo que necessita. Aterra, para ele, não é sua irmã, mas suainimiga e, quando ele a conquista,extraindo dela o que deseja, prossegueseu caminho. Deixa para tráz ostúmulos de seus antepassados e não seincomoda. Rapta da terra aquilo queseria de seus filhos e não se importa...Seu apetite devorará a terra, deixandosomente um deserto.

"Eu não sei... nossos costumessão diferentes dos seus. A visão desuas cidades fere os olhos do homemvermelho. Talvez porque o homem

vermelho seja um selvagem e nãocompreenda.

"Não há um lugar quieto nascidades do homem branco. Nenhumlugar onde se possa ouvir odesabrochar de folhas na primavera ouo bater de asas de um inseto. Mastalvez seja porque eu sou um selvageme não compreendo. O ruído parecesomente insultar os ouvidos. E o queresta de um homem, se não pode ouviro choro solitário de uma ave ou odebate dos sapos ao redor de umalagoa, à noite? Eu sou um homemvermelho e não compreendo. O índioprefere o suave murmúrio do ventoencrespando a face do lago, e o própriovento, limpo por uma chuva diurna ouperfumado pelos pinheiros."

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Referências

Bibliográficas

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Na Internet

Religiosidade – UEB Região São Paulowww.ueb-sp.org.br/relig.htm

As Religiõesasreligioes.globo.com

Hierosorbita.starmedia.com/~hyeros/

B-P Librarywww.pinetreeweb.com/bp-library.htm

Scouting and Religionusscouts.org/scoutduty/sd2gc05.html

MacScouter - Scout's Own Materialswww.macscouter.com/ScoutsOwn/

La oración y los scoutswww.scout.cl/akela/doc/oracion.htm

Adherentswww.adherents.com