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CHAPTER 4 Incubadoras de estágio único e múltiplo Introdução A uniformidade de pintinho de um dia no alojamento é essencial e vem se tornando cada vez mais evidente que a vitalidade e a uniformidade. O desempenho e o crescimento de frangos de corte até o peso de abate dependem da qualidade dos ovos e das condições de incubação. A incubação em estágio único pode maximizar a qualidade dos ovos e das condições de incubação. A utilização de máquinas em estágios múltiplos produz um gasto menor em relação à outra para os incubatórios. Na incubadora de estágios múltiplos, o clima entre os ovos dependem da idade de diferentes lotes de embriões no interior da máquina e, portanto, flutua diariamente. Desta forma, as condições climáticas em incubadoras em estágios múltiplos não sustentam um desenvolvimento ideal e uniforme. Sendo assim, esta revisão irá discutir a utilização das incubadoras de estágio único e múltiplo, bem como a tendência mundial está para as próximas décadas. 1. Evolução das máquinas de incubação Evidências datadas do século IV a.C. mostram que os egípcios, além de criar galinhas, também eram capazes de fazer incubação de ovos em larga escala. Tanto o Egito quanto a China Antiga foram sociedades de massa que dominaram essa tecnologia. Cerca de 4000 anos atrás, os egípcios inventaram incubatórios capazes de chocar de 10 a 15 mil pintos de uma só vez. Os egípcios construíram chocadeiras de tijolos de barro nas quais o fogo era mantido aceso por um assistente que, sem qualquer outro tipo de termômetro senão a própria pele, ajustava a queima para manter a temperatura ao nível requerido para a incubação. Estas estruturas não só serviam para a incubação como também para a criação dos pintinhos até que eles tivessem preparados para viverem sem aquecimento. Esse processo de incubação foi uma das mais notáveis realizações tecnológicas dos povos que construíram as pirâmides (Arashiro, 1989).

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CHAPTER 4

Incubadoras de estágio único e múltiplo

Introdução A uniformidade de pintinho de um dia no alojamento é essencial e vem se tornando cada vez mais evidente que a vitalidade e a uniformidade. O desempenho e o crescimento de frangos de corte até o peso de abate dependem da qualidade dos ovos e das condições de incubação. A incubação em estágio único pode maximizar a qualidade dos ovos e das condições de incubação. A utilização de máquinas em estágios múltiplos produz um gasto menor em relação à outra para os incubatórios. Na incubadora de estágios múltiplos, o clima entre os ovos dependem da idade de diferentes lotes de embriões no interior da máquina e, portanto, flutua diariamente. Desta forma, as condições climáticas em incubadoras em estágios múltiplos não sustentam um desenvolvimento ideal e uniforme. Sendo assim, esta revisão irá discutir a utilização das incubadoras de estágio único e múltiplo, bem como a tendência mundial está para as próximas décadas. 1. Evolução das máquinas de incubação Evidências datadas do século IV a.C. mostram que os egípcios, além de criar galinhas, também eram capazes de fazer incubação de ovos em larga escala. Tanto o Egito quanto a China Antiga foram sociedades de massa que dominaram essa tecnologia. Cerca de 4000 anos atrás, os egípcios inventaram incubatórios capazes de chocar de 10 a 15 mil pintos de uma só vez. Os egípcios construíram chocadeiras de tijolos de barro nas quais o fogo era mantido aceso por um assistente que, sem qualquer outro tipo de termômetro senão a própria pele, ajustava a queima para manter a temperatura ao nível requerido para a incubação. Estas estruturas não só serviam para a incubação como também para a criação dos pintinhos até que eles tivessem preparados para viverem sem aquecimento. Esse processo de incubação foi uma das mais notáveis realizações tecnológicas dos povos que construíram as pirâmides (Arashiro, 1989).

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Figura 1. Sistema de incubação dos povos egípcios e chineses na antiguidade. Na época moderna, apenas recentemente, conseguiu-se construir chocadeiras em condições de incubar tantos ovos juntos eficientemente. A originalidade desse método, completamente diferente dos demais encontrados nas outras partes do mundo antigo, chama atenção não só para a sua sofisticação técnica, mas para a organização econômica e social dos povos que o desenvolveram. A evolução da incubação foi um processo gradativo. O fim do século XX e início do XXI podem ser caracterizados como épocas do domínio da ciência e da tecnologia, marcadas pelo avanço do conhecimento de forma bastante generalizada e, principalmente, com foco voltado aqui, para a produção de alimentos. Isso é um fato que pode ser constatado após a Segunda Guerra mundial, sendo que o conhecimento aplicado na forma de tecnologias foi o transformador da Europa faminta em importante exportador de alimentos, fazendo com que, a tecnologia agrícola sepultasse a ameaça de fome generalizada no mundo. A história da incubação artificial representa um dos capítulos mais interessantes e importantes dentro do cenário do desenvolvimento da avicultura, tanto como ciência como fator de produção de alimentos. No Brasil, os avanços tecnológicos no agronegócio foram significativos nas últimas décadas. Os resultados desse processo podem ser facilmente mensurados pelos indicadores gerais: Qualidade de Produto (Eficácia) e Produtividade (Eficiência) cujos atributos de efetividade vêm-nos colocando como importante produtor mundial de proteína animal, em especial, a de carne de frango.

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2. Processo de incubação A incubação artificial é realizada em incubadoras, as quais devem proporcionar o controle de temperatura, umidade relativa, fluxo de O2 e CO2. Desvios desses fatores em relação aos respectivos valores ótimos para a espécie ou linhagem e a duração dos mesmos podem inviabilizar o desenvolvimento in ovo resultando em um aumento da mortalidade e conseqüentemente a diminuição da eclodibilidade. 3. Incubadoras Uma incubadora é uma máquina de grande durabilidade e que não pode ser trocada com facilidade, pois seu valor e a disposição do incubatório muitas vezes impedem esta mudança. No entanto, uma máquina mal escolhida pode trazer problemas futuros continuados. Ao se estudar a escolha de uma incubadora, o primeiro ponto a ser certificado é o desempenho da máquina. Isso não é fácil, pois a medida desse desempenho é sempre comparativa com outras. No entanto, em uma incubadora em atividade pode-se fazer a avaliação de seu funcionamento, principalmente pela análise dos resultados de incubação, onde a porcentagem de nascimento só tem valor se comparada em mesmas condições com outras incubadoras, de fabricação diferente. A incubação de ovos é uma atividade complexa. Uma falha nesse processo pode causar séria ruptura no planejamento, e conseqüentemente, na lucratividade. Dessa forma, é essencial utilizar equipamentos que forneçam garantias de confiança, desempenho, tecnologia e serviços, assegurando controle total da incubação, tanto agora como no futuro. Para se apreciar o desempenho de uma máquina isolada, os melhores índices são: • Prazo de incubação correto: 21 dias + 6 horas, com a grande maioria dos

pintos saindo das cascas a partir do 20º dia + 6 horas. Uma dispersão de nascimentos pode indicar um mau funcionamento ou defeito intrínseco da incubadora.

• Qualidade dos pintinhos quanto à aparência, vivacidade e hidratação. • Análise dos pintinhos não nascidos. • Bandejas com resultados muito diferentes das outras, ou seja, uma ou

mais bandejas com poucos pintos, de má qualidade, muito atrasados ou muito adiantados.

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Atendo as principais necessidades ideais para bom desenvolvimento dos embriões (temperatura, viragem, perda de umidade, teor de CO2 e O2) obtêm uma maior produção no incubatório. 3.1 Sistemas de incubação São dois sistemas principais de incubação: • Por estágio múltiplo. • Por estágio único. Antigamente ainda se utilizava o espaço da incubadora para nascedouro. Atualmente todas são com nascedouros separados. A incubação por estágio múltiplo, onde a incubadora é carregada por partes, é a mais utilizada industrialmente, pois permite o emprego de incubadoras de grande porte e muita economia. O sistema de estágio único, onde cada incubadora é carregada de uma só vez, é o sistema mais antigo, porém o mais caro. Tem como vantagem a limpeza, que é total após cada ciclo de 19 dias. O sistema de estágio único deveria ser utilizado principalmente para ovos de alto risco e ovos que podem explodir durante o ciclo de incubação, tais como ovos sujos, colhidos em cama, ovos lavados, ovos de galinhas velhas e ovos mantidos por mais de 20 dias em câmeras frias, etc. é também utilizada em suas versões menores em granjas de seleção ou reprodução genética pela facilidade de separação de lotes menores. São máquinas recomendadas para organizações onde o controle sanitário é extremo e conduzido com aves livres de determinados agentes patogênicos. Uma incubadora de estágio único não deve ser vista como solução para granja que produza ovos com riscos graves de contaminação, seja bacteriana, virótica ou fúngica. Nesse caso, esse tipo de máquina poderá às vezes circunscrever um efeito sem, no entanto corrigir a causa. As incubadoras de estágio único consomem mais energia elétrica para incubar a mesma quantidade de ovos que uma incubadora de estágio múltiplo, pois elas não aproveitam o calor animal gerado pelos embriões, a partir do 13º dia de incubação, para aquecer os mais recentes. Uma carga única vai exigir, até aproximadamente o 12º dia, um acionamento freqüente das resistências e, a partir do 15º dia, um acionamento constante sistema de refrigeração e, se este for por água gelada, o consumo de energia também é alto.

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3.2 Tipos de incubadora Incubadoras frontais: São máquinas operadas pela frente e abrindo-se a porta todos os ovos são acessíveis pela frente. Incubadoras de tambor: Todas as bandejas são colocadas em um tambor de viragem e acessíveis pelas portas dianteiras. Incubadoras túnel: É um sistema pelo qual o carregamento da incubadora é feito por carros completos de incubação que se movem ao longo da incubadora nos 18 dias de incubação, entrando pela frente da incubadora e saindo pela traseira. É um sistema com algumas vantagens quanto ao controle de limpeza sobre as incubadoras de corredor, sendo, porém críticas quanto à uniformidade dos ovos incubados e devendo trabalhar sempre completas. Incubadoras de corredor: É o sistema mais generalizado no mundo inteiro por suas vantagens em custo, simplicidade e desempenho. No sistema de corredor, todo o trabalho de carga e descarga é feito pelo corredor e todos os componentes de aquecimento, viragem, umidade e ventiladores estão montados em chassi interno sobre o corredor. 3.3 Modelos de incubadoras 1. Incubadora TIPO 1

Figura 2. Incubadoras Mg 62R/e – Mg 124e – Máquinas de médio e grande porte – tipo carros estágio múltiplo de incubação.

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2. Incubadora TIPO 2

Figura 3. Incubadoras CMg 103R/e- CMg 109R/e – CMg R/e – Máquinas de grande porte – tipo corredos estágio múltiplo de incubação. 3. Incubadora TIPO 3

Figura 4. Incubadoras Ug – Máquinas de médio e pequeno porte – tipo – tipo carros estágio único de incubação. 4. Situação da incubação mundial A incubação moderna está migrando do conceito de estágio múltiplo para estágio único rapidamente em algumas partes do planeta e de maneira relativamente morosa em outras partes, como é o caso da América Latina.

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Várias citações de pesquisa afirmam que o estágio único é a escolha mais natural para as linhagens atuais de alto rendimento e metabolismo (Boerjan, 2004). Com a incubação em estágio único algumas etapas da pré-incubação são automatizadas, diminuindo-se manejos nos incubatórios, como é o caso do pré-aquecimento dos ovos antes da incubação. Seguramente, a maior parte dos incubatórios brasileiros adotam modelos de incubação denominados estágio múltiplo e, pior do que isso, a idade média das máquinas utilizadas em nosso país ultrapassa 15 anos. Ou seja, incubamos embriões cuja evolução genética avançou 15 anos em máquinas cuja evolução eletrônica e de design (principalmente relacionados á ventilação e capacidade térmica para aquecimento e refrigeração) remontam ao século passado, algumas máquinas com design diferenciado já estão disponíveis no mercado, ver Figura 5. Vê-se que, por muito tempo, a avicultura brasileira perdeu oportunidades de melhorar ainda mais seus resultados zootécnicos através da compreensão e atendimento das necessidades fisiológicas do embrião moderno, condições oferecidas pelos atuais equipamentos de incubação em estágio único. Felizmente, tais equipamentos já estão disponíveis no Brasil e a oferta de fornecedores é relativamente ampla havendo alguns mais e outro menos coerentes com a fisiologia embrionária. Entretanto, os incubatórios brasileiros levarão anos, quem sabe décadas, para se adequarem completamente aos novos conceitos de incubação. Assim, o que devemos fazer é adequarmos ou, em alguns casos, adicionarmos novos

Figura 5. Visualização esquemática de uma sala de pré-aquecimento com os componentes básicos sugeridos.

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manejos de incubação para maximizar a exposição do material genético (principalmente pintos de corte) trabalhado. E, nas operações que adotam o sistema de incubação estágio múltiplo um desses manejos é o aquecimento dos ovos momentos antes da incubação, prática denominada pré-aquecimento ou aclimatação. 4.1 Novo conceito em incubação: AIRSTREAMER - O conceito AirStreamerTM petersime O sistema AirStreamerTM está fixando novos padrões para a incubação em estágio único. Seu conceito e desempenho são verdadeiramente únicos. O conceito AirStreamerTM está baseado em duas idéias fundamentais: 1. Uniformidade na distribuição do ar em um ambiente totalmente

hermético. 2. Monitoramento on-line constante e manejo do comportamento dos

embriões (Incubação com Bio-RespostaTM). O conceito AirStreamerTM supera em tudo qualquer outro sistema de incubação. No sistema AirStreamerTM a eclosão é aumentada e, o mais importante, os pintinhos têm uma qualidade superior, o que significa: viabilidade, conversão alimentar e rendimento de carcaça em níveis jamais alcançados. A seguir as vantagens competitivas do sistema de incubação AirStreamerTM.

AirStreamerTM para incubação em estágio único com alta tecnologia: Máquinas para ovos de galinhas, perus e patos Capacidades entre 19.200 a 115.200 ovos de galinha. Projetado para operação em estágio único: o sistema AirStreamerTM trabalha especificamente a incubação em estágio único. Todos os parâmetros são controlados de forma independente. A distribuição do ar é consideravelmente melhorada. Nesse sistema é considerada a elevada produção de calor dos ovos das linhagens modernas. Incubação com Bio-RespostaTM: O sistema AirStreamerTM se apóia no princípio da Incubação com Bio-RespostaTM: um sistema baseado na constante interação entre o embrião e o ambiente da incubadora. Fatores diversos tais como genética, manejo das matrizes, idade do lote e dos ovos, tamanho dos ovos, porosidade da casca, etc., dão a cada lote de ovos características únicas. Apesar disto, os sistemas de incubação tradicionais somente programam e controlam os parâmetros intermediários de incubação tais como, índices de ventilação, temperatura e umidade do ar no interior da incubadora. A Incubação com Bio-RespostaTM se aprofunda muito mais no processo: pelo diagnóstico on-line da real temperatura do embrião, da

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Figura 6. Mecanismo de funcionamento do sistema de BIO-RESPOSTA. produção de CO2, da perda de peso dos ovos, etc., o sistema constante e interativamente aperfeiçoa o ambiente de incubação para cada lote específico de ovos. Pesquisas científicas e extensivos testes de campo demonstraram que a eclosão e a qualidade do pintinho bem como o desempenho pós-nascimento são muito superiores graças ao controle ativo dos parâmetros de bio-resposta durante a incubação. As seguintes tecnologias de bioresposta estão disponíveis nas incubadoras AirStreamerTM: Sistema de Perda de Peso DinâmicoTM (DWLSTM), Controle de Dióxido CarbônicoTM (CO2NTROLTM) e OvoScanTM. Para favorecer o metabolismo no desenvolvimento de um pintinho saudável, oxigênio tem que ser fornecido e o gás carbônico têm que ser retirado do ovo na forma de dejetos. Conseqüentemente, a manutenção dos níveis corretos de CO2 durante todo o ciclo de incubação tem um efeito benéfico no desenvolvimento do sistema circulatório e no crescimento do embrião. Além de aumentar o desenvolvimento dos embriões nas incubadoras, a estimulação pelo controle preciso do CO2 nos nascedouros conduz a uma melhor eclosão, redução na janela de nascimento e a uma melhor qualidade do pintinho. Como elemento padrão de todas as incubadoras e nascedouros AirStreamerTM , o CO2NTROLTM através da medição on-line dos níveis de CO2 controla a ventilação das máquinas.

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Figura 7. CO2NTROLTM responsável pela medição on-line dos níveis de CO2 controla a ventilação das máquinas. Para alcançar uma ótima eclosão e qualidade do pintinho de um dia, os ovos tem que perder certa quantidade de peso durante o processo de incubação. Para isto, água tem que ser transportada de dentro do ovo, através da casca, para o ambiente. Pelo controle do nível de umidade na incubadora, a taxa de perda de água (e, conseqüentemente, o peso) pode ser conduzida, levando em conta a condutância do vapor d’água através da casca do ovo, do lote específico de ovos dentro da máquina. O Sistema patenteado de Perda de Peso DinâmicoTM (DWLSTM) efetua a pesagem on-line dos ovos durante todo o período de incubação. Os níveis de umidade são automaticamente ajustados para alcançar o perfil adequado de perda de peso desde o carregamento até a transferência dos ovos. O DWLSTM é um elemento padrão em todas as incubadoras AirStreamerTM com controle FOCUSTM.

Figura 8. Dispositivo de Pesagem especialmente projetado para efetuar a pesagem de uma bandeja de incubação Petersime carregada de ovos.

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Os pintinhos que são incubados em uma temperatura ótima têm um rendimento extraordinário. Com o sistema patenteado OvoScanTM, a temperatura da incubadora é continuamente ajustada em resposta à real temperatura da casca do ovo a fim de alcançar a temperatura desejada/ótima do embrião. Deste modo, se garante um controle preciso do desenvolvimento metabólico do embrião. Pela incorporação desta característica se reduz consideravelmente a mortalidade embrionária e se eleva ao máximo o índice de eclosão. Além disso, se produz um pintinho de um dia de qualidade superior, garantindo uma significativa melhora no desempenho pós-nascimento (viabilidade, ganho de peso). O OvoScanTM está disponível como um opcional para todas as incubadoras AirStreamerTM com controle FOCUSTM.

OvoScanTM

Figura 9. OvoScanTM posicionado em uma bandeja de incubação Petersime. Pesquisa intensiva e desenvolvimento dos equipamentos Petersime resultaram no revolucionário conceito de incubação AirStreamerTM. Uma característica fundamental do conceito AirStreamerTM é o sistema de circulação de ar, que oferece vantagens importantes aos usuários. Construção simétrica A viragem sincronizada assegura que a distribuição do ar no interior da incubadora permanece em equilíbrio o tempo todo, independentemente da entrada de ar fresco, posição da viragem ou estágio de desenvolvimento embrionário. A incubação em estágio único pode maximizar a eclodibilidade e a uniformidade dos pintos para cada tipo de ovo. É reconhecido que os fatores relacionados à incubação influenciam o desempenho de frango de corte (Decuypere et al., 2001), uma vez que esses fatores são mais controláveis em incubadoras de sistemas de estágio único.

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Figura 10. Sistema de funcionamento de incubadoras de estágio único da AirStreamerTM. O tamanho dos incubatórios aumentou, e hoje a produção de mais de dois milhões de pintos por dia não é uma exceção e, também observamos uma transição gradual da incubação em estágios múltiplos para a incubação em estágio único. 5. Tecnologias utilizadas em incubadoras de estágio múltiplo 5.1 Utilização de redes neurais na incubação artificial A avicultura é um dos setores que mais investem em equipamentos, tecnologias, inovação, manejo e sanidade (CHIOCCHETTA et al., 2001). O uso da informática é um dos quesitos básicos para a troca de informações dentro das organizações. As Redes Neurais Artificiais (RNA’s) são um sistema que processam informações de maneira distribuída e paralela através de uma unidade processamento (neurônio) interconectada a outros neurônios que geram uma saída (CORRÊA et al, 2001). As RNA’s são conhecidas e utilizadas em diversas áreas, como na predição de índices financeiros, identificação de células cancerosas, entre outras aplicações. No

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gerenciamento avícola ainda é uma novidade, embora Francisco et al (2000) tenha demonstrado a importância desta ferramenta para simular acontecimentos, por exemplo, simular diferentes quantidades de ração administradas as aves e obter predições a respeito de cada quantidade diferente. Vem sendo estudada a utilização das redes neurais artificiais (RNAs) como instrumento de monitoramento do processo de incubação de ovos, especificamente na estimação de parâmetros de temperatura e concentração molar de dióxido de carbono (CO2) em incubadoras. As redes foram utilizadas para relacionar a influência dessas variáveis no desempenho da incubação. A aplicação da Inteligência Artificial foi proposta e comparada com o método matemático de mínimos quadrados na previsão da eclodibilidade dos ovos no processo de incubação artificial. As redes neurais artificiais (RNAs) tem sua origem na inteligência artificial. São formadas por elementos de processamento, análogos aos neurônios biológicos, chamados neurônios artificiais. Estes neurônios são dispostos em camadas altamente interconectadas e processam sinais de entrada para gerar uma saída. As camadas da rede podem ser categorizadas como camada de entrada, onde informações disponíveis são apresentadas a rede, e camadas intermediarias ou ocultas, onde os neurônios interagem entre si, e a camada de saída, a qual contem a resposta a uma determinada entrada. Redes neurais artificiais é uma técnica genérica para mapear e relacionar dados de entrada e saída de um sistema, sem saber detalhes (YANG et al., 2003). A esta definição genérica pode-se acrescentar que são meios de computação paralelos onde as informações não ficam armazenadas em um ponto especifico e sim distribuídas por toda a rede, em suas unidades de processamento e suas conexões (BRASIL, 1999). Recentemente, o uso de redes neurais para capturar a dinâmica não-linear tem sido extensivamente pesquisada (MORRIS et al., 1994, TED SU & Mc AVOY, 1997). O principal objetivo na modelagem através da rede neural é predizer acuradamente o comportamento dinâmico ou estacionário de forma a monitorar e melhorar a performance do processo (SRIDHAR et al., 1996). Porém, a grande dificuldade da utilização de uma RNA é a necessidade de um conjunto relativamente grande de dados de entrada/saída do processo para seu treinamento, o que nem sempre está disponível ou possível de obtenção. As redes neurais mais utilizadas na área de modelagem e controle de processos são do tipo feedforward – compostas de uma camada de entrada, saída e uma ou mais camadas intermediarias. O número de neurônios artificiais para a camada de entrada é diretamente proporcional ao numero de variáveis de entrada do processo que se deseja identificar, do mesmo modo acontece com os neurônios da camada de saída. A quantidade de camadas

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intermediárias e o número respectivo de neurônios artificiais devem ser estimados por tentativa e erro, de acordo com o maior índice de correlação na validação da rede neural. A base do funcionamento do equipamento é um controlador microprocessado, que possui um programa para manter os ovos dentro de uma condição de conforto. Controla a temperatura e umidade em torno dos ovos para um bom desenvolvimento embrionário. A condição de conforto é delimitada por valores em torno do ponto de controle da temperatura de bulbo seco e de bulbo úmido, com operação normal para o intervalo de controle de 0,2ºF (± 0,1ºF).

Figura 11. Fluxograma do processo de incubação artificial.

Figura 12. Mapeamento por coluna e linha do carro.

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Figura 13. Posicionamento dos carros amostra e irmãos no interior da incubadora no período de zero a 6 dias de incubação.

Figura 14. Posicionamento dos carros amostra e irmãos no interior da incubadora no período de 6 a 12 dias de incubação.

Figura 15. Posicionamento dos carros amostra e irmãos no interior da incubadora no período de 12 a 18 dias de incubação.

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Figura 16. Identificação das torres no interior da câmara de eclosão no período de 18 a 21 dias de incubação. Para o treinamento da rede neural utilizaram-se exemplos de temperatura e umidade relativa coletados com o registrador de dados eletrônico (Fieldlogger) conjugado aos sensores durante todo o processo de incubação artificial. Desta forma, a rede neural foi treinada com um conjunto de dados de entrada (condições operacionais) e saída. A arquitetura do sistema neural utilizada é constituída de uma rede neural do tipo feedforward com algoritmo de treinamento denominado retropropagação (bacpropagation) com três camadas, composta de 3 neurônios de entrada (tempo, temperatura e umidade relativa de incubação), 10 neurônios na camada intermediária e um de saída (temperatura da bandeja com ovos). O treinamento foi realizado com taxa de momento e de aprendizagem adaptativa. As Figuras 17 e 18 apresentam a arquitetura neural do sistema para a predição da temperatura entre as bandejas com ovos: O modelo proposto, uma RNA com algoritmo de aprendizado do tipo backpropagation apresentou um ótimo desempenho. Nos testes realizados pôde -se observar com precisão a previsão do perfil de temperatura entre as bandejas ao longo do período de incubação (R2 = 0,9834), indicando que a metodologia proposta pode ser utilizada em um sistema supervisório.Outra variável estimada foi a concentração molar interna de dióxido de carbono (CO2) na incubadora, pois em altas concentrações, este gás provoca a morte do embrião e não obstante diminui os níveis de oxigênio (O 2). Um conjunto de exemplos foi apresentado à rede, a qual extraiu automaticamente as características necessárias para representar as informações fornecidas, podendo explicar 97,88% destas variações. A aplicação e o sucesso das RNAs em problemas de predição não é novidade no meio científico.

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Figura 17. Arquitetura neural do sistema para a predição da concentração molar de CO2 no interior da incubadora.

Figura 18. Arquitetura neural do sistema para a predição da eclodibilidade dos ovos. Pesquisadores das mais diversas áreas aplicando RNAs obtêm bons resultados em problemas cujo objetivo é abstrair padrões de dados passados e extrapolar para o futuro. Outra facilidade das RNAs é que estas são, em essência, modelos não paramétricos, ou seja, modelos que não especificam condições sobre os parâmetros da população da qual se extraiu a amostra.

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5.2 Utilizações de dispositivos de controle Os reflexos da temperatura de incubação baixa ocasionam retardo no desenvolvimento embrionário e diminuição do ritmo de batimento cardíaco, com atraso de nascimento, má formação do animal e umbigo não cicatrizado. Temperaturas altas promovem aceleração no desenvolvimento do embrião com má posição embrionária, umbigo mal cicatrizado, pouca penugem, bicagem e nascimentos adiantados (GUSTIN, 2003). A temperatura ideal para obtenção de bom desempenho zootécnico está em torno de 37,8°C e que a variação desta não deve ser superior a ± 0,3°C, uma vez que variações desta amplitude provocam impacto muito grande na incubação, dilatando o período de nascimento. Um experimento foi realizado durante um lote de produção da linhagem Hybro-PG em incubatório comercial de frangos de corte, localizado no município de Amparo, no Estado de São Paulo. Os dados de variáveis são coletados no interior de incubadora múltiplo estágio de incubação, tipo corredor através de data loggers HOBO® H8 RH/Temp/2 alocados no centro geométrico de cada um dos quadrantes delimitados no interior da máquina (Figura 19). Após a coleta de dados, estes são analisados através do Software Surfer®

– Surface Mapping System – Versão 6.01, para obtenção dos mapas de contorno e verificação da homogeneidade do equipamento quanto às variáveis analisadas. Exemplo de dados coletados em uma incubadora de estágio múltiplo estão apresentados na Tabela 1, e demonstrados nas Figuras 20 e 21, respectivamente.

Figura 19. Esquema de posicionamento de data loggers no interior da incubadora de frangos de corte.

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Tabela 1. Amostra de dados coletados no interior da incubadora de múltiplo.

Figura 20. Exemplo de Mapa de contorno da temperatura no interior da incubadora.

Figura 21. Exemplo de Mapa de contorno da umidade relativa no interior da incubadora.

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Wagner Azis Garcia de Araújo & Luis Fernando Teixeira Albino 88

Através desse mecanismo de controle pode-se obter o um maior rendimento uma vez que o controle torna-se preciso em toda a incubadora. 6. Conclusões É fundamental como em todo processo industrial, uma análise do custo / benefício da opção a ser adotada em todo o processo produtivo para validar a performance dos equipamentos na realidade de cada empresa a qualidade da mão de obra e manejo são fundamentais para obtenção de resultados satisfatórios um programa de manutenção preventiva e corretiva pode fazer a diferença para cumprimento das metas. Deve-se adotar o uso de tecnologias a fim de maximizar o desempenho do incubatório. 7. Referências Bibliogáficas 1. Boerjan, M. Single Stage is the most natural choice. Pas Reform Academy,

2004. 2. Boerjan, M. Incubação em estágio único para melhorar a uniformidade. In:

Conferência APINCO 2006 de ciência e tecnologia avícolas- ANAIS, pg. 325-333, 2006.

3. CHIOCCHETTA, O; FILHO, J.I. AVICULTURA DE CORTE: VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA NOS DIFERENTES SISTEMAS DE PRODUÇÃO. IN: SOBER – SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA RURAL. ANAIS..., 2001.

4. CORRÊA, W.; JACINTO, P.; SILVA,A. Descrição e previsões de series de preços e índices de produção agrícola no Brasil: uma abordagem através dos modelos estruturais de séries de tempo e redes neurais artificiais. In: SOBER – SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA RURAL. Anais...,2001.

5. FRANCISCO, D.; GUAHYBA, A.; SALLE,C.T.; Utilização de Redes Neurais Artificiais na Avaliação de Dados Sorológicos de Reprodutoras Pesadas para DNC, BI e IBD em uma Empresa Avícola e a sua Relação com os Parâmetros de Produção. In: XII Salão de Iniciação Cientifica e IX Feira de Iniciação Cientifica. Anais..., Porto Alegre, 2000.