inconfidência nº 237/edição histórica de 31 de março

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Site: www.jornalinconfidencia.com.br E-mail: [email protected] 53” ANIVERS`RIO DO MOVIMENTO C˝VICO-MILITAR DE 31 DE MAR˙O DE 1964 ... "a Revoluªo nªo se fŒz para manter privilØgios de quem quer que seja, mas para, em nome do povo, e em seu favor, democratizar os benefcios do desenvol- vimento e da civilizaªo". (Presidente Castello Branco, discurso de 21 de abril de 1964) AREVOLU˙ˆO DEMOCR`TICA BRASILEIRA AOS LEITORES AOS LEITORES AOS LEITORES AOS LEITORES AOS LEITORES E sta Ediªo Histrica Ø dedicada queles que nªo tendo vivido a Øpoca que precedeu o Movimento Cvico-Militar de 1964 e, conseqüentemente, nªo conhe- cendoa verdade dos fatos que marcaram aquele acontecimento- tŒm sido o alvo preferencial da mdia facciosa e dos revanchistas, quando trata dessa matØria. O que aqui serÆ apresentado, nªo sªo conceitos gerados na caserna. Sªo manifestaıes livres, nªo encomendadas e isentas: sªo Editoriais, opiniıes, depoimentos, manifestos e notcias que retratam o pensamento dos principais rgªos formadores de opiniªo e de membros da sociedade brasileira, conclamando e convocando as Foras Armadas para uma atuaªo firme e decisiva naquele momento importante da nossa histria. Naquela Øpoca a nossa mdia era dotada de um alto grau de independŒncia e de nacionalismo e o seu patriotismo era genuno e consciente. Hoje, vendida e venal... AS FOR˙AS ARMADAS T˚M O DEVER SAGRADO DE IMPEDIR, A QUALQUER CUSTO, A IMPLANTA˙ˆO DO COMUNISMO NO BRASIL. BELO HORIZONTE, 31 DE MAR˙O DE 2017 - ANO XXII - N” 237 Ediªo Histrica A Marcha da Famlia com Deus Pela Liberdade encerrou-se diante do altar da PÆtria, na Esplanada do Castelo, com a presena de centenas de milhares de fiØis. (Revista Manchete, Abril/64 - Ediªo Histrica)

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Page 1: Inconfidência nº 237/Edição Histórica de 31 de março

Site: www.jornalinconfidencia.com.brE-mail: [email protected]

53º ANIVERSÁRIO DO MOVIMENTOCÍVICO-MILITAR DE 31 DE MARÇO DE 1964

... "a Revolução não sefêz para manter privilégiosde quem quer que seja, maspara, em nome do povo, eem seu favor, democratizaros benefícios do desenvol-vimento e da civilização".

(Presidente Castello Branco,discurso de 21 de abril de 1964)

AREVOLUÇÃODEMOCRÁTICABRASILEIRA

AOS LEITORESAOS LEITORESAOS LEITORESAOS LEITORESAOS LEITORES

Esta �Edição Histórica� é dedicada àqueles que �não tendo vivido a época queprecedeu oMovimento Cívico-Militar de 1964 e, conseqüentemente, não conhe-

cendoa verdade dos fatos quemarcaramaquele acontecimento�- têm sido o alvopreferencial da mídia facciosa e dos revanchistas, quando trata dessa matéria.O que aqui será apresentado, não são conceitos gerados na caserna.São manifestações livres, não encomendadas e isentas: são Editoriais,

opiniões, depoimentos, manifestos e notícias que retratam o pensamento dosprincipais órgãos formadores de opinião e de membros da sociedade brasileira,conclamando e convocando as ForçasArmadas para umaatuação firme e decisivanaquele momento importante da nossa história.Naquela época a nossa mídia era dotada de um alto grau de independência e de

nacionalismo e o seu patriotismo era genuíno e consciente. Hoje, vendida e venal...

ASFORÇASARMADASTÊMODEVERSAGRADODEIMPEDIR,

A QUALQUER CUSTO, A IMPLANTAÇÃODO COMUNISMO NO BRASIL.

BELO HORIZONTE, 31 DE MARÇO DE 2017 - ANO XXII - Nº 237

Edição

Histórica

A Marcha da Família com Deus Pela Liberdadeencerrou-se diante do altar da Pátria, na Esplanada doCastelo, com a presença de centenas de milhares de fiéis.

(Revista Manchete, Abril/64 - Edição Histórica)

Page 2: Inconfidência nº 237/Edição Histórica de 31 de março

2Nº 237 - 31 de Março/2017

ANTECEDENTES

Saques aos supermercados em Duque de Caxias - 1962

Comício da Central do Brasil - 13/03/1964

Tropa do Exército retira os amotinadosdo Sindicato - 25/03/1964

Jango no Automóvel Clubea 30 de março - 1964

O presidente João Goulart convocouo movimento sindical e as esquer-das para pressionarem o Congres-

so com demonstrações de força para a res-tauração do presidencialismo. A agitaçãoem favor do plebiscito atingiu o auge no fimde julho de 1962, com o desentendimentoentre Jango e o Congresso que aprovara osenador Auro de Moura Andrade para Pri-meiro - Ministro por 222 votos a 51, contraa vontade de Goulart.

Imediatamente, começaram as gre-ves, depredações e saques em todo o país,principalmente no Rio de Janeiro, onde omovimento sindical era muito forte. Só nabaixada fluminense, foram saqueados qua-se 300 estabelecimentos comerciais e a de-sordem generalizada deixou 25 mortos emais de mil feridos.

O PCB - Partido Comunista Brasileiroera o núcleo dominante de todas as deci-sões, mas o complexo subversivo abrangiagrande número de organizações engloban-do além da CGT e da PUA, as Ligas Campo-nesas de Francisco Julião, a Ação Populare os Grupos dos Onze de Leonel Brizola.

Após a extinção daURSS, o ex-embai-xador soviético no Brasil, Andrei Fomin,confirmou ter comunicado a seu governoinformações recebidas de líderes esquer-distas brasileiros, segundo as quais estavaem preparação um golpe de Estado no qualo presidente fecharia o Congresso e instau-raria a �República Sindicalista�.

Prestes de-clarou na Abertu-ra do CongressoContinental de So-lidariedade a Cubarealizado emNiterói a 28 demarço/63 �ser oBrasil a primeiranação sulameri-cana a seguir oexemplo da pátriade Fidel Castro�.

Grupos armados invadiam proprieda-des. Jornais, revistas e livros, editados emPequim, Moscou e no leste europeu circu-lavam abertamente, principalmente nas fa-culdades e escolas.

Em Brasília, a 12 de setembro/63, sar-gentos da Marinha e da Aeronáutica rebe-laram-se contra a decisão do STF que se

pronunciara contra a sua elegibilidade. Ocu-param o Ministério da Marinha e instala-ções federais. Os graduados do Exércitonão aderiram. Os sublevados foram cerca-dos pelas tropas do Exército e preferiramentregar-se Tal fato iria se repetir na Semana

Santa (março/64),quando marinheiros efuzileiros navaisrebelados no Sindica-to dos Metalúrgicosno Rio de Janeiro, fo-ram presos pelo Exér-cito no Batalhão deGuardas e libertadosno dia 27, sexta feirasanta, por ordem pre-sidencial. A presençade líderes comunistasnos quartéis para veri-ficar o cumprimento daordem do Presidente ea passeata vexatóriaque se seguiu, nasruas do centro da cida-de, com marujosdesuniformizados car-regando dois almiran-tes nos ombros, feriu adignidade e a sensibi-

lidade das For-ças Armadas.

Já haviaacontecido ocomício da Cen-tral do Brasil,realizadoa13demarço, por su-gestão do PCB,com a presença,além dos líderessindicalistas ecomunistas, dos ministros militares e de 5mil soldados do Exército, que assistiram amassa humana agitando bandeiras verme-lhas e cartazes alegóricos, ridiculizando os�gorilas� e exigindo reformas de base. Jangoexigia a revisão da Constituição,encampação das refinarias, a reforma agrá-ria...

OAutomóvel Clube, em 30 demarço,foi palco do violento discurso de JoãoGoulart, dirigido a dois mil subtenentes esargentos das Forças Armadas e Auxilia-res, tornando irreversível sua posição deesquerda. A exaltação do ambiente, carre-gada com a presença de agitadores comu-nistas, atingiu o máximo quando o Almiran-

O Comandante do Corpo de Fuzileiros Navais, AlmiranteCândido de Aragão, é a figura mais controvertida do

episódio: punido, destituído e depois reintegrado pelo nôvoministro, aqui aparece dando autógrafos a marinheiros

(Manchete Extra nº 625)

Tropa do Exército defronte aoMinistério da Marinha, em Brasília,

em setembro de 1963

CRONOLOGIA HISTÓRICA / 1964

te Aragão e o cabo Anselmo, se abraçaramsob aplausos gerais. Era a completa quebrada Disciplina e da Hierarquia.

Fatos como estes e os acontecimen-tos de março, acrescidos da carta do Chefedo Estado-Maior do Exército, juntos commais de meio milhão de paulistas alarmadosna passeata de mulheres com terços à mão,rezando por Deus e pela liberdade, levaramao desenlace de 31 de março.

17 de janeiro17 de janeiro17 de janeiro17 de janeiro17 de janeiro: Jango regulamenta a lei de remessas de lucros para o estrangeiro.25 de janeiro25 de janeiro25 de janeiro25 de janeiro25 de janeiro: A SUPRA assina acordo com os ministérios militares para estudo sobre a

desapropriação de terras à margem das rodovias.6 de março6 de março6 de março6 de março6 de março: O Ministério da Justiça estuda uma intervenção no Estado da Guanabara.11 demarço11 demarço11 demarço11 demarço11 demarço:As classes produtoras se reúnemnoRio e praticamente rompemcomogoverno.13 de março13 de março13 de março13 de março13 de março: Acontece no Rio um grande comício pelas Reformas de Base.15 de março15 de março15 de março15 de março15 de março: O Congresso Nacional reabre e João Goulart envia mensagem a favor

das Reformas de Base.18 de março18 de março18 de março18 de março18 de março: O CGT exige uma política financeira nacionalista e pede o

afastamento do ministro da Fazenda.19 de março19 de março19 de março19 de março19 de março: A �Marcha da Família com Deus pela Liberdade� reúne em São

Paulo mais de 500 mil pessoas.26 de março26 de março26 de março26 de março26 de março: Rebelião de marinheiros no Rio. São presos pelas tropas do Exército

e em seguida, postos em liberdade.28 de março28 de março28 de março28 de março28 de março: Em Juiz de Fora, numa reunião com Magalhães Pinto, com a

presença do General Mourão Filho e diversas autoridades civis e militares, o MarechalOdylio Denys apresentou um estudo circustanciado sobre a situação político-militar,quando foi articulado e marcado o dia do levante contra João Goulart.

30 de março30 de março30 de março30 de março30 de março: O presidente discursa numa reunião de sargentos das Forças Armadase da Polícia Militar, no Automóvel Club do Rio de Janeiro.

31 de março31 de março31 de março31 de março31 de março: Minas está nas mãos dos rebeldes. As tropas mineiras marcham parao Rio de Janeiro e para Brasília, sem encontrar qualquer resistência.

1º de abril1º de abril1º de abril1º de abril1º de abril: O II Exército, comandado pelo General Amaury Kruel, adere à rebelião.Miguel Arraes é preso no Recife.

2 de abril2 de abril2 de abril2 de abril2 de abril: Jango deixa Brasília rumo a Porto Alegre e o Deputado Ranieri Mazzilitoma posse como novo presidente.

4 de abril4 de abril4 de abril4 de abril4 de abril: João Goulart exila-se no Uruguai.

Page 3: Inconfidência nº 237/Edição Histórica de 31 de março

3Nº 237 - 31 de Março/2017

Ressurge a Democracia!O GLOBO Rio Janeiro, 02 de abril de 1964

Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os

patriotas, independentemente devinculações políticas, simpatias ouopiniãosobreproblemasisolados,parasalvaroqueéessencial: ademocracia,a lei e a ordem. Graças à decisão e aoheroísmo das Forças Armadas, queobedientes a seus chefes demonstra-ram a falta de visão dos que tentavamdestruir a hierarquia e a disciplina, oBrasil livrou-sedoGoverno irrespon-sável, que insistia em arrastá-lo pararumos contrários à sua vocação e tra-dições. Como dizíamos, no editorialdeanteontem,alegalidadenãopoderiaser a garantia da subversão, a escorados agitadores, o anteparo da desor-dem.Emnomedalegalidade,nãoserialegítimo admitir o assassínio das ins-tituições, como se vinha fazendo, di-ante da Nação horrorizada.

Agora, o Congresso dará o re-médioconstitucional à situação exis-tente, para que o País continue suamarcha emdireção a seu grande des-tino, sem que os direitos individuaissejam afetados, sem que as liberda-

des públicas desapareçam, sem queo poder do Estado volte a ser usadoem favor da desordem, da indis-ciplina e de tudo aquilo que nosestava a levar à anarquia e ao co-munismo.Poderemos,desdehoje,en-carar o futuroconfiantemente, certos,enfim, de que todos os nossos proble-mas terão soluções, pois os negóciospúblicos não mais serão geridos commá-fé, demagogia e insensatez.

Salvos da comunização queceleremente se preparava, os bra-sileiros devem agradecer aos bra-vosmilitares,queosprotegeramdeseus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéisao dispositivo constitucional que asobriga a defender a Pátria e a garantiros poderes constitucionais, a lei e aordem,nãoconfundiramasuarelevan-te missão com a servil obediência aoChefedeapenasumdaquelespoderes,o Executivo. As Forças Armadas, dizo Art. 176 da Carta Magna, �são ins-tituições permanentes, organizadascombasenahierarquiaenadisciplina,

sob a autoridade do Presidente daRepública E DENTRO DOS LIMI-TES DA LEI.

NomomentoemqueoSr. JoãoGoulart ignorouahierarquiaedespre-zou a disciplina de um dos ramos dasForças Armadas, aMarinha deGuer-ra, saiu dos limites da lei, perdendo,conseqüentemente,odireitoasercon-siderado como um símbolo da legali-dade, assimcomoas condições indis-pensáveis à Chefia da Nação e aoComando das corporações militares.Sua presença e suas palavras na reu-nião realizada noAutomóvel Clube,vincularam-no, definitivamente, aosadversários da democracia e da lei.Atendendo aos anseios nacionais,de paz, tranqüilidade e progresso,impossibilitados, nos últimos tem-pos, pela ação subversiva orientadapelo Palácio do Planalto, as ForçasArmadas chamaram a si a tarefa derestaurar a Nação na integridade deseus direitos, livrando-os do amargofim que lhe estava reservado pelosvermelhos que haviam envolvido oExecutivoFederal.

Este não foi ummo-vimento partidário. Deleparticiparam todos os seto-res conscientes da vida po-lítica brasileira, pois a nin-guém escapava o significa-do das manobras presiden-ciais.Aliaram-seosmaisilus-treslíderespolíticos,osmaisrespeitados Governadores,comomesmointuito reden-tor que animou as ForçasArmadas. Era a sorte da de-mocracianoBrasilqueesta-va em jogo. A esses líderes

civis devemos, igualmente, externara gratidão de nosso povo. Mas, poristo que nacional, na mais amplaacepção da palavra, o movimentovitorioso não pertence a ninguém. Éda Pátria, do Povo e doRegime.Nãofoi contra qualquer reivindicaçãopopular, contra qualquer idéia que,enquadrada dentro dos princípiosconstitucionais, objetive o bem dopovo e o progresso do País.

Se os banidos, para intrigaremosbrasileiros com seus líderes e comos chefesmilitares, afirmaremocon-trário, estarão mentindo, estarão,como sempre, procurando engodaras massas trabalhadoras, que nãolhes devemdar ouvidos. Confiamosem que o Congresso votará, rapida-mente, as medidas reclamadas paraque se inicie no Brasil uma épocadejustiça e harmonia social. Mais umavez, o povo brasileiro foi socorridopela ProvidênciaDivina, que lhe per-mitiu superar a grave crise, semmai-ores sofrimentos e luto. Sejamos dig-nos de tão grande favor.

ESTADO DE MINASÓrgão dos Diários Associados

Diretores: JOÃO CALMON E GERALDO TEIXEIRA DA COSTAGerente Geral:THEÓDULO PEREIRA

RedatorChefe: PEDRO AGUINALDO FULGÊNCIODiretores Assistentes: OSWALDO NEVES MASSOTE E BRITALDO SILVEIRA SOARES

O DEVER DOS MILITARES

Foto: Acervo Jornal Estado de Minas

Geraldo Teixeira da Costa, Irani Bastos,Magalhães Pinto, João Calmon e José Maria Alkmim

Se há um setor que não estácorrompido no Brasil, gra-ças a Deus, é o das Forças

Armadas. Em Minas, devemosjuntar a esse bloco de homensdignos e patriotas a PolíciaMilitar, outra corporação quetem dado os mais admiráveisexemplos de amor à nossa terra.

Feliz a nação que podecontar com corporações mili-tares de tão altos índices cí-vicos. A todo momento, essascorporações, comandadas poroficiais formados na melhor es-cola, a escola do patriotismo, dadecência da pureza de intençõese propósitos, nos oferecem o tes-temunhode sua identificaçãocomos melhores ideais de nossa gen-te. O que eles têm no coração éum Brasil grande, pro-gressista, respeitado,unido de Norte a Sul, deLeste a Oeste, trabalhan-do livremente num climade ordem e paz. Os nos-sos militares, quandomais fundo e mais gros-so é o mar de lama, estãorecolhidos às suas ca-sernas austeras, subme-tidos a um regime de ven-cimentos incompatíveiscomasexigênciasdavidamoderna. Hoje em dia,não há quem queira sermais oficial do Exército,da Marinha e da Aero-náutica, porque não se recebemnessas três armas soldos quepermitam uma existência tranqüi-la. No entanto, os militares tudosuportam estoicamente, assis-tindo diante deles o espetáculoda mais deslava corrupção,provocada pelo poder civil, pelabaixa politicalha, pelo eleito-ralismo grosseiro. Bastaria dizerque hoje um procurador de umdos institutos de previdência,logo no primeiro mês de sua no-meação, sem ter serviço, indo àrepartiçãomeiahorapordia,quan-do vai, recebe mais do que umgeneral, que se submeteu a umalonga carreira, sujeito a mudan-ças amiudadas de residência,

EDITORIALEDITORIALEDITORIALEDITORIALEDITORIAL de 05 de abril de 1964de 05 de abril de 1964de 05 de abril de 1964de 05 de abril de 1964de 05 de abril de 1964

sendo obrigado a matricular osseus filhos cada ano um regimede trabalho de dez horas pordia. É impossível, porém, enu-merar aqui todas as injusti-ças de que são vítimas os mi-litares. E não se queixam, nãose desesperam, por amor aoBrasil. Pois bem: esses patrio-tas, que não contribuem para oabastardamento dos costumespúblicos em nosso país, dequando em vez são forçados acorrigir os erros da politicalha,tomando o poder dos corrup-tos, dos caudilhos, dos extre-mistas de baixa extração, resti-tuindo-o limpo e puro, aos ci-vis. Nunca advogaram em cau-sa própria, ou melhor, nuncatomaram o poder em benefício

próprio. Agem quando é preci-so, a fim de restituir a tranqüili-dade e a paz ao seio da famíliabrasileira, mas essa tolerânciacom os civis, que não estão sa-bendo ser dignos do poder, temum limite. As imposições do pa-triotismo, que é tão aceso nomeio militar, poderão levá-los adissolver as assembléias que in-sistem em permanecer dando co-bertura a políticos corruptos eaventureiros, a comunistas in-teressados em abrir aqui umaporta ao fidelismo cubano. Opovo também está perdendo a fénas soluções civis. Vê a voltadas raposas de baixa politicalhacom espanto e nojo, porque com-

preende que a agitação vai conti-nuar, a corrupção idem, o assaltoaos cofres públicos, a compra defazendas e apartamentos com di-nheiro roubado à nação. O Coman-do Revolucionário não aceitaráagora isto. Quer o expurgo, ahigienização do meio político, aimobilização da �gang� queinfelicitava o Brasil. Os corruptos,onde estiverem, terão que pagarpor seus crimes. Se estiverem noParlamento alguns deles, terão quever cassados os seus mandatosque não souberam honrar, train-do ali a democracia. Se estiveremos totalitários vermelhos no maisalto tribunal de justiça do país,há que impor-lhes as sanções daprópria lei que eles impõem aoutros. Sem esse expurgo, feito

sem violência mas dentroda legislação de defesa dopovo e do regime, nãoestará completa a revolu-ção.

Se tolerarem qual-quer transigência com osobjetivos da revolução, osmilitares serão novamen-te traídos pela parcela doscivis corruptos e indignos.

Homens com a altadignidade, a compostura cí-vica, a bravura pessoal, avida limpaeexemplardeumGeneralCarlosLuísGuedes- que é ummilitar admirável- não podem permitir que se

faça a reconstrução do Brasil embases falsas. Essa reconstruçãotem que ser, antes de tudo, moral.Foi por isso que todos nós, queestivemos na luta arrostando aempáfia dos baderneiros, sujeitosdiariamente a assaltos e golpesdos extremistas, fizemos uma revo-lução.

Os militares não deverãoensarilhar suas armas, antes queemudeçam as vozes da corrup-ção e da traição à pátria. Come-terão um erro, embora de boa-fé, seaceitarem o poder civil, que estáorganizado para assumir as res-ponsabilidades da direção do país.Terão que impor um saneamento,antes de voltar aos quartéis.

Page 4: Inconfidência nº 237/Edição Histórica de 31 de março

4Nº 237 - 31 de Março/2017

N.R.:N.R.:N.R.:N.R.:N.R.: O presente artigo, do renomado jornalista Alexandre Garcia,contém interessantes considerações acerca da Revolução de 31 deMarço de 1964, além de acerbas críticas ao execrável decreto do PNDH-3.Tal Programa contrariou profundamente as FFAA, o agronegócio, aIgreja, a Imprensa e outros segmentos da sociedade brasileira, trazendosérios riscos à Soberania Nacional na Amazônia, indo ao encontro deinteresses revanchistas e dos ditos �movimentos sociais�, como o espúrioe criminoso MST, o braço armado do PT.

O País viveu em paz por 30 anos,até que a dupla Genro/Vanucci re-

solveu desenterrar o passado.Os militares não queriam o po-

der. Pressionados pelas ruas, pelosmeios de informação, derrubaram Gou-lart e acabaram ficando 21 anos. Quan-do derrubaram o presidente, já haviagrupos treinados em Cuba, na China eUnião Soviética para começar por aquiuma revolução socialista. Com a con-tra-revolução liderada pelos militares,esses grupos se reorganizaram para aresistência armada. E o governo se orga-nizou para combatê-los. Houve umaguerra interna de que os brasileiros,em geral, não tomaram co-nhecimento porque enquan-to durou, quase 20 anos,houve um total de 500 mor-tos - número que o trânsito,hoje, ultrapassa em menosde uma semana. Numa es-tratégia elaboradapeladuplaGeisel-Golbery, planejou- seentão devolver o poder aoscivis de forma �lenta, graduale segura�. E, como coroa-mento do processo, o gover-no fez aprovar no Congresso, em1979, a Lei da Anistia, bem maisabrangente que a defendida pela oposi-ção. Uma lei que pacificasse o país, nonovo tempo de democracia que se inici-ava. Uma anistia �ampla, geral eirrestrita�. Que institucionali-zasse oesquecimento, a pá-de-cal, pelos cri-mes cometidos por ambos os con-tendores, na suja guerra interna. In-cluíam-se os que mataram, assalta-ram, jogaram bombas, roubaram - deum lado - e os que mataram e tortura-ram do outro. A Nação inteira respi-rou aliviada quando o Congresso apro-vou o projeto do governo e os banidose asilados começaram a voltar, entreeles o mais famoso de todos, FernandoGabeira, que havia sequestrado, juntocom Franklin Martins, o embaixadoramericano. E o Brasil viveu em paz por30 anos, elegendo presidentes, des-cobrindo escândalos de corrupção,ganhando copas do mundo. Até que adupla Tarso Genro, ministro da

VINGANÇA OU MALUQUICE?

* Alexandre Garcia

Como coroamento doprocesso, o governo fezaprovar no Congresso, em1979, a Lei da Anistia, bemmais abrangente que adefendida pela oposição.Uma lei que pacificasse opaís, no novo tempo de

democracia que se iniciava.Uma anistia �ampla,geral e irrestrita�.

Justiça, e seu se-cretário de Direi-tos Humanos, Pau-lo Vanucchi, re-solveram desen-terrar o passadopara se vingar desupostos algozes de seus companhei-ros de esquerda revolucionária.Criaram um órgão para isso. Puseramtudo num decreto, e passaram para oGabinete Civil, da Ministra Dilma. Delá, o calhamaço foi para a assinaturado presidente Lula, envolvido, na Di-namarca, com a empulhação do �aque-cimento global�. Lula alega que as-

sinou sem ver. E eufico curioso por sa-ber seaassinatura temvalor, porque aqui noBrasil havia umpresi-dente em exercício,José Alencar. O mi-nistro Nélson Jobim,surpreendido com aunilateralidadedode-creto, pediu demis-são. E os três coman-dantes militares se

solidarizaram com o ministro. Até quese revolva o impasse, está no ar a pri-meira crise militar do governo Lula.O decreto cria um órgão para estu-dar a revogação da pacificadora Leide Anistia. Orienta a punição dostorturadores mas não dos seques-tradores, assassinos e terroristas.Preserva, assim, soldados da guerra re-volucionária como os ministros Dilma,Franklin e Minc. E vai atrás de coronéisda reserva. Baseia-se na Constituição,que considera tortura crime impres-critível; omite que terrorismo tam-bém é imprescritível, pela Consti-tuição. E esquece o princípio de Di-reito pelo qual a lei só retroage parabeneficiar o réu, não para condená-lo. A Lei de Anistia é de 1979 e aConstituição de 1988. Por que agitarum país pacificado? VINGANÇA OUMALUQUICE MESMO?

(Publicada no Jornal do Paraná - 05/01/2010)*Jornalista [email protected]

No dia 20 demarçode1964,

há quase 45 anos, oGen Ex HumbertodeAlencarCastelloBranco, Chefe doEstado-Maior doExército, em fun-

ção da intranqüilidade que se apossara damaioria da oficialidade, não só do Exércitoquanto das demais Forças após oComício daCentral (realizado em frente ao prédio queabrigava o entãoMinistério do Exército, noRiode Janeiro, à época capital federal), em13daquelemês, expediaCircular que viria a sero estopim para a eclosão da Contra-Revolu-ção de 31 deMarço daquele ano.

No texto, vazado de forma comedida erespeitosa, lembrava que osmeios militaresnacionais e permanentes não são propria-mente paradefender programasdeGoverno,muito menos a sua propaganda, mas paragarantir os poderes constitucionais, o seufuncionamento, e a aplicação da lei.

E, em outro trecho, assinalava que:Não sendo milícia, as Forças Armadas nãosão armas para empreendimentosantidemocráticos. Destinam-se agarantir os poderes constitucionaise a sua coexistência.

Emoutromais:Entrarem asForças Armadas numa revoluçãopara entregar o Brasil a um grupoque quer domina-lo paramandar edesmandar e mesmo para gozar opoder? ... Isto sim, é que seriaantipátria, antinação e antipovo.

E para não serem antipátria,antinação e antipovo, do seio dasForçasArmadas,vieramosgovernosmilitares.Dossucessoseconômicos,da moralização da vida pública, dosexemplosdehonestidadeefirmezadepropósitosdosgovernantesdeentão,hoje,nadasefala.Damesmaformaquenão se fala no êxito do combate àcomunização doBrasil.

Passaram-se os anos...Umgoverno legalmente eleito assume

o poder. Sua principal característica? Ser deesquerda e abrigar emseusquadrosmilitantesdasmais diversas extrações, dosmoderadosaos extremistas e estes últimos, à sorrelfa,sem alarde, vão assumindo os postos gover-namentaismais elevados.Hoje, parcela con-siderável dos ministros é constituída porterroristas anistiados oumilitantes de parti-dos esquerdistas.

Os �movimentos sociais� têm, hoje,uma força e uma influência que não conhece-ram no passado; asONGs, inclusive aquelasque obedecem a diretrizes externas, tem vezevotonasdecisõesgovernamentais; a violên-cia, emboa parte fruto das limitações impos-tas aos órgãos de segurança pelas idéias �po-liticamente corretas�, impera nos grandescentros e espraia-se para o interior; o consu-modedrogas atinge níveis elevados e �orien-tações sexuais� heterodoxas são incentivadas

FORÇAS ARMADAS,ONTEM E HOJE

e apontadas aos jovens comonormais. Comose não bastasse, o Brasil torna-se refúgioseguro para esquerdistas de todos osmatizese origens, em especial aqueles cujos atosforam caracterizados pela violência. Emcontrapartida, cubanosque aqui buscamrefú-gio, trabalho e liberdade, são prontamenteextraditados para seu país de origem.

Como chegamos a tal ponto?Hoje, carecemos, verdade seja dita, de

líderes políticos íntegros e respeitáveis; depolíticos prontos a denunciar os erros e osabusos dos governantes e, também, de umaimprensa que ecoe suas palavras. Assim, naausência total do contraditório, o discurso daesquerda passou a imperar.

Os governos militares, malgrado te-rem elevado o Brasil à situação de 8ª eco-nomia domundo, nem são considerados e,aqueles que arriscaram suas vidas e as deseus comandados no combate à subversãocomunista, são estigmatizados como ban-didos cruéis. Os derrotados de ontem, sãoos vitoriosos de hoje.

E, estranhamente, os atuais chefesmi-litares, nemmesmonoâmbito de suasForças,

falamdo passado, dos exemplos de serenida-de e degrandezacívicaquenoslegaramhomenscomo Castello Branco, Costa e Silva, Médici,Geisel e Figueiredo, damesma forma que nãomovemumapalhaemdefesadosquearrostaramtodos os riscos no combate ao comunismo.

Háque reconhecerqueasForçasArma-das permitiram, desde a chamada �rede-mocratização�, o progressivo, lento e insidi-oso desenvolvimento de políticas governa-mentais que buscavame conseguiramafasta-las dos centros de decisão. Urge que elasvoltematervezevoz,nãoparaseassenhorearemdo poder, como tantos receiam, mas parafazer ver a todos que, se o Brasil almejatornar-se potência, há que tê-las fortes eíntegras, imunes aos conchavos palacianos,orgulhosasdoseupassadoedassuasmelhoresemaissadiastradições,hauridasdeumpassadoquenuncapoderáserapagado.

*CoronelReformado

* Osmar José deBarros Ribeiro

Comício da Central do Brasila 13 de março de 1964

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5Nº 237 - 31 de Março/2017

ESTADO-MAIORDOEXÉRCITO

�Alertamos o povo � nós, almirantes,comandantes e oficiais da Marinha � para ogolpe aplicado contra a disciplina na Mari-nha, ao admitir-se quemi-noria insignificante de su-balternos imponha a de-missão de Ministros eautoridades navais e seatreva a indicar substitu-tos. Em lugar de promo-ver-se a devida puniçãodisciplinar, licenciam-semarinheiros amotinadosque não representam ab-solutamente os dignossuboficiais, sargentos,marinheiros, fuzileiros,que emcompactamaioriacontinuaram e continu-am fiéis ao seu juramentode disciplina e de dedica-ção àMarinha.Oque êstegolpe representa de ameaça a tôdas as insti-tuições do País está patente, na forma e naessência, e só nos resta alertar a Nação paraque se defenda, enquanto estão de pé as

MANIFESTO DOS ALMIRANTES

O ALMIRANTE Cândido Aragãovolta ao Comando-Geral doCorpo de Fuzileiros Navais,

carregado em triunfo nos ombrosdos marujos vitoriosos

À Nação, ao Congresso Nacional, às Assembléias,aos governadores, aos chefes militares e a todos os cidadãos:

instituições e os cidadãos dignos da liberdadee da Pátria. Continuamos unidos e dispostosa resistir por todos os meios ao nosso alcance

às tentativas de comunicação doPaís.

Os amotinados que se abri-garam na sede do Sindicato dosMetalúrgicos infringiram rude-mente o Código Penal Militar,cometendo, portanto, crimes enão apenas transgressões disci-plinares. Três crimes estão ex-plicitamente capitulados nos se-guintes artigos doCódigo citado:130, motim e revolta, títulos 1 e2; 133 e 134, aliciação e incita-mento; e 141, insubordinação.Tendo cometido crimes, os amo-tinados não poderiam ser postosem liberdade, anistiados ou o queseja pelo Presidente da Repúbli-ca. Teriam de ser submetidos a

Conselho de Justiça, que ou condenaria ouabsolveria. Pelo quê, o ato do Presidente daRepública foi inequivocamente abusivo eilegal�.

O Estado de São Paulo - 22 de março de 1964

5 DE ABRIL DE 1964 NUM. 27.286 DIRETOR REDATOR-CHEFE: MARCELINO RITTER

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6Nº 237 - 31 de Março/2017

...Com a presença de numerosas figurasrepresentativas da vida política, social e ad-ministrativa do Estado, o governador Maga-lhães Pinto dirigiu, ontem, à noite, direta-mente do Palácio da Liberdade, através deuma cadeia nacional de emissoras de rádioe televisão, um vibrante manifesto ao país,no qual analisa a atual conjuntura política.Ao lado do governador se encontravam ovice-governador Clóvis Salgado, o presi-dente do Tribunal de Justiça, desembargadorJosé Alcides Pereira, os secretários de EstadoRoberto Rezende, Aureliano Chaves, Lúciode Souza Cruz, Celso Mello Azevedo, o Co-mandante Geral da PolíciaMilitar que se faziaacompanhar de grande número de oficiais,

MINAS ESTÁ UNIDA CONTRA O GOLPE

PRONUNCIAMENTO DOGOVERNADORMAGALHÃESPINTO

além de deputados estaduais integrantes dabancada daUDN e do PSP. O SalãoNobre doPaláciodaLiberdadeestava literalmente lotadopor grande número de autoridades adminis-trativas deMinas além de pessoas gradas queacorreram à sede do governo, a fim de ouviro pronunciamento do chefe doExecutivo, quefoi entrecortado de aplausos em vários dosseus trechos principais. Esses aplausos e oscumprimentos recebidos pelo sr. MagalhãesPinto, durante e após o seu pronunciamento,revelam, sem dúvida nenhuma, a fidelidadecom que o chefe do governo interpretou opensamento de Minas, disposta à luta emdefesa das instituições livres e contra o golpede Estado.

Desembargador JoséAlcides Pereira, os

secretários de EstadoRoberto Rezende,

Aureliano Chaves, Lúciode Souza Cruz, o

comandante Geral daPolícia Militar, Cel José

Geraldo

Estado de Minas, 21 demarço de 1964

Foto: Acervo Jornal Estado de Minas

Inteiramente solidária, desde a primeira hora, com a posição assumida peloGovernadorMagalhães Pinto, contra a tentativa do presidente JoãoGoulart de implantar no País, um regimecomunista, a Assembléia Legislativa aprovou ontem, por unanimidade, ummanifesto dirigidoao Estado e à Nação, no qual acentua que �Minas Gerais é pela paz, sem sacrifício dasliberdades públicas, pela paz, sem desrespeito à ordem Constitucional, pela paz contra ocomunismo dissolvente�.

Coube aos deputados pessedistas HugoAguiar eMurilo Badaró a inspiração e redaçãodo importante documento. No encaminhamento da votação falaram os deputados Expedito deFaria Tavares, pela UDN, Manoel Costa, pelo PSD, Mario Hugo Ladeira, pelo PR, NavarroVieira pelo PRP, Pinto Coelho pelo PL, e Valdomiro Lobo pelo PTB.

Públicado no Estado de Minas, 02 de abril de 1964

MINAS É DEMOCRÁTICA E REPUDIA OSPROCESSOS DE COMUNIZAÇÃO

MANIFESTO DAASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Faz mais de dois anos que os inimigos daOrdem e da Democracia, escudados na

impunidade que lhes assegura o Sr Chefe doPoder Executivo, vêmdesrespeitando as insti-tuições, enxovalhando as FôrçasArmadas, di-luindo nas autoridades públicas o respeito quelhes é devido em qualquer nação civilizada, e,ainda, lançando o povo em áspero e terrívelclima demêdo e desespêro.

Organizações espúrias de sindicalismopolítico, manobradas por inimigos do Brasil,confessadamente comunistas, tantomais auda-ciosos quanto estimulados pelo Senhor Presi-dente da República, procuram infundir em to-dos os espíritos a certeza deque falamemnomedo operariado brasileiro, quando é certo quefalam emnome de umEstado estrangeiro, a cujos interêsses imperialistas estão servindo emcriminosa atividade subversiva, para traíremaPátriaBrasileira, tão generosa e cavalheiresca.

E o atualGovêrno, a cujos projetos que negama soberania doBrasil vêm servindo essasorganizações, dá-lhes apôio oficial ou oficiosamente, concedendo-lhes atémesmoa faculdadedenomear edemitirministros, generais e altos funcionários, objetivando, assim, por conhecidoprocesso, a desfazer as instituições democráticas e instituir, aberrantemente, o totalitarismo,que nega a Federação, a República, a Ordem Jurídica e até mesmo o progresso social.

Tentaram revoltar o disciplinado e patriótico �Círculo de Sargentos�, e recentemente,essas organizações e êsse Govêrno tudo fizeram para desmoralizar e humilhar aMarinha deGuerra doBrasil, namais debochada e despudorada ofensa à sua disciplina e hierarquia, quenela devempredominar.

O Povo, Governo Estaduais e Fôrças Armadas, animados de fervoroso sentimentopatriótico, repelemêsse processode aviltamento das fôrças vivas daNação, tão bemconcebidoe caprichosamente executadopeloSrPresidente daRepública, o qual, divorciadodospreceitosconstitucionais, negando solene juramento, pretende transformar oBrasil, deNação soberanaque é, em um ajuntamento de sub-homens, que se submetam a seus planos ditatoriais.

Na certeza de que o Chefe do Govêrno está a executar uma das etapas do processo deaniquilamentodas liberdades cívicas, asFôrçasArmadas, e, emnomedelas, o seumais humildesoldado, o que subscreve estemanifesto, não podem silenciar diante de tal crime, sob pena decom êle se tornarem coniventes.

Eis omotivo pelo qual conclamamos a todos os brasileiros emilitares esclarecidos paraque, unidos conosco, venham ajudar-nos a restaurar, no Brasil, o domínio da Constituição eo predomínio da boa-fé no seu cumprimento.

O Sr Presidente da República, que ostensivamente se nega a cumprir seus deveresconstitucionais, tornando-se, êlemesmo, chefe de governo comunista, nãomerece ser havidocomo guardião da LeiMagna, e, portanto, há de ser afastado do Poder de que abusa, para deacôrdo com a Lei, operar-se a sua sucessão, mantida a Ordem Jurídica.

À NAÇÃO E ÀS FÔRÇASARMADAS!PROCLAMAÇÃO

O IIExército, sobmeucomando, coesoe disciplinado, unido em torno de seu

chefe, acaba de assumir atitude de graveresponsabilidade com o objetivo de salvaraPátria emperigo, livrando-sedo jugover-melho.

É que se tornou por demais evidentea atuação acelerada do Partido Comunistapara a posse do Poder, partido agora, maisdo que nunca, apoiado, por brasileiros malavisados que nem têm consciência do malque se está gerando.

A recente crise surgida na MarinhadeGuerra, que semanifestouatravésdeum

MANIFESTO DO COMANDANTE DO II EXÉRCITO

motimdemarinheirosecon-toucomaconivênciadealmi-rantesnítidamentedeesquer-da e a complacência de ele-mentosdogovêrnofederal, àqual se justapôs a intromis-são indébita de elementosestranhos para a solução deproblemas internos daquelaFôrça Armada, permitiu fi-casse bem definido o grau de infiltraçãocomunistanomeiomilitar.

O intenso trabalhodoPartidoComu-nista no seio do Exército, da Marinha e da

Aeronáutica,desenvolvidoprincipalmente no círculodas praças e objetivandoinduzí-lasàindisciplina,trazemseubojoumprincípiodedivisão de fôrças que refle-te no enfraquecimento doseupoder reparador, naga-rantia das instituições.

A atitude assumidapelo II Exército estáconsubstânciada na

reafirmação dos princípios democráticosprescritos pela Constituição vigente, in-teiramente despida de qualquer caráterpolítico-partidário, visa exclusivamente

a neutralizar a ação comunista que seinfiltrou em alguns órgãos governamen-tais e principalmente nas direções sindi-cais, com o único propósito de assalto aoPoder.

O II Exército, ao dar o passo deextrema responsabilidade, para a salva-ção daPátria,manter-se-á fiel àConstitui-ção e tudo fará no sentido damanutençãodos poderes constituídos, da ordem e datranquilidade.Sua luta serácontraoscomu-nistas e seu objetivo será o de romper ocêrco do comunismo, que ora comprometea autoridade do govêrno da República.

General de Exército Amaury KruelComandante do II Exército.

Gen Div OLYMPIO MOURÃO FILHOComandante da 4ªRM e 4ª DI

Juiz de Fora, 31 de março de 1964.

A 31 de Março de 1964, o general-de-Exército Amaury Kruel,comandante do II Exército lançou o seguinte manifesto:

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7Nº 237 - 31 de Março/2017

1 - Alberto Deodato Maia Barreto �Advogado. Jornalista. Professor da Fac. deDireito da UFMG. 2 - Aluísio Aragão Villar� Advogado. 3 - Aníbal Teixeira Sousa �Advogado. 4 - Angelo Scavazza � Gerente daSul América Cia. de Seguros. 5 - Augusto deLima Neto � Industrial. Dir. da Cia. Telefôni-ca de Minas Gerais. 6 - Antônio Joaquim

PRINCIPAISCOLABORADORESDO MOVIMENTO (Pág. 152)

Corrêra da Costa � General Reformado. 7 -Bento Romeiro � Advogado. Delegado Auxi-liar aposentado. 8 - Bráulio CarsaladeVillela � Advogado. Alto Funcionário da Cia.Siderúrgica Belgo-Mineira. 9 - Célio Andrade�Médico. Diretor-Clínico do Hospital FelícioRoxo. 10 - Délzio Bicalho � Médico. 11 -Dênio Moreira � Advogado. Jornalista, Radi-alista, Deputado. 12 - Emílio MontenegroFilho � Cel. Aviador Reformado. 13 - ElcinoLopes Bragança � General Reformado. 14 -Evaristo de Paula � Médico. Fazendeiro. 15- Francisco Floriano de Paula � Advogado.Prof. Faculdade de Direito. 16 - GabrielBernardes Filho � Advogado. Fazendeiro.Diretor da Cia. Força e Luz deMinas Gerais. 17- Geraldo Jacinto Veloso � Agente Fiscal doImposto Aduaneiro em Belo Horizonte. 18 -Heitor Picchioni � Corretor de Fundos Públi-

cos. 19 - Hélio Pentagna Guimarães � In-dustrial. Diretor da Magnesita. 20 - JoãoBotelho � Sacerdote. 21 - João Manoel Faria� General Reformado 22 - João Torres Perei-ra � General Reformado. 23 - João Romeiro �Advogado. Juiz da Justiça Militar de MinasGerais. 24 - José Cândido de Castro � Sacer-dote Jesuíta. 25 - José Lopes Bragança �General reformado. 26 - José Resende deAndrade � Advogado. Del. de Polícia. 27 -José Luís Andrade � Corretor de Títulos.Gerente do Fundo Crescinco em Minas Gerais.28 - José Meira Júnior � Coronel da PolíciaMilitar. 29 - Josafá Macedo � Médico. Fazen-deiro. Presidente da Farem.30 - José MariaAlkmin � Advogado. Deputado Federal. Ex-Vice-Presidente da República. 31 - JoséOswaldo Campos do Amaral � Cel. Refor-mado da PM. 32 - Luís Gonzaga Fortini �

Médico. Assistente da Fac. de Medicina daUFMG � Industrial, Diretor-Presidente daLAFERSA. 33 - Luís Pinto Coelho � Arqui-teto. Comerciante. Ex-Presidente do Rotary.34 - Maurílio Augusto Fleury CuradoJúnior � General Reformado. 35 - NelsonFelício dos Santos � General Reformado. 36 -Olavo Amaro da Silveira �General Reformado.37 - Orlando Vaz Filho � Advogado. Ex-líderEstudantil. 38 - Paulo de Sousa Lima �Médico.Fazendeiro. Ruralista. 39 - Raimundo Silva deAssis � Advogado. Industrial. Técnico em Previ-dência Social. 40 - Rúbio Ferreira de Sousa� Advogado. Titular de Cartório. 41 - Ruy deCastro Magalhães � Advogado. Presidentedo Banco Comércio Indústria de Minas Gerais.Ex-Presidente do Sindicato dos Bancos. 42 -Vicente Moura � Jornalista e FuncionárioPúblico Estadual.

Marcha com Deus pela Família e pela Liberdade, em BH (Página 160)Cel Valle, Gen Bragança, Gen Guedes, Cel PM José Geraldo, Major

Clementino, Padre Caio e o Arcebispo D. Sigaud

No auditório da TV Itacolomy, na instalação da "Cadeia da Liberdade", emabril de 1964. Em pé: Sarg. Pedro Dorival de Melo, Sarg. José Della SáviaFilho, José Lamartine Godoy, Cap. Euryalo Romero, Cap. Vitral Monteiro,Ten.Cel. Hélio Fonseca Viana, Maj. Joaquim Clemente, Maj. Elson Correada Fonseca e Ten. Jofre Lacerda. Sentados: Augusto de Lima Neto, Cel. JoséGeraldo, Gen. Guedes, Gen. Mourão Filho, Gen. Odylio Denys, José Maria

Alkmin, Oswaldo Pieruccetti e Clóvis Salgado. (Página 161)

Rio de Janeiro - Quarta-feira, 1 de abril de 1964

O Coronel AviadorAfrânio Aguiar,Comandante da BaseAérea de Belo Horizonte,único núcleo da FAB a serebelar no país,recebe a visita dogovernador mineiro

OCru

zeiroExtra

-10/04/64

AAssociação Comercial de Minas através de seu Presidente, Sr. Miguel A.Gonçalves de Souza e de seus diretores, acompanhou desde o início, atentamente,o desenrolar dos últimos acontecimentos verificados no país e que tiveram por

objetivo restaurar a ordem, a disciplina e os princípios democráticos, cristãos e ocidentalistasdo povo brasileiro, pondo fim ao processo subversivo e desagregador que se desenvolvia,rapidamente, a serviço de ideologias importadas que vinham infelicitando o Brasil.

Ao irromper o movimento cívico-militar em Minas Gerais, liderado pelo gover-nador José Magalhães Pinto e generais Olímpio Mourão Filho e Carlos Luiz Guedes, aAssociação Comercial de Minas e a Federação das Associações Comerciais do Estado deMinas Gerais imediatamente se solidarizaram e aplaudiram a atuação brava e patrióticado Chefe do Executivo Mineiro e dos comandantes da IV Região Militar e da Divisão deInfantaria sediada nesta capital, bem como do comandante da Polícia Militar de MinasGerais e dos secretários de Estado que participaram mais ativamente das ações.

Estado de Minas, 05/04/64

CONGRATULA-SE A ASSOCIAÇÃO COMERCIALDE MINAS COM AS FORÇAS ARMADAS

ARTICULADOReiniciadordomovimentoqueculminoucomoafastamentodoPresi-

dente. João Goulart, o Governador MagalhãesPinto foi aclamado em Minas como o grandeherói da insurreição vitoriosa e calorosamentefestejada em todo o Estado.

Contandocomadecidi-da colaboração das tropas doExército sediadas emMinas,além dos 18 mil homens daFôrça Pública do Estado e detotal apoio popular, o Go-vernador Magalhães Pintoiniciou a história arrancadapelas liberdades democráti-cas com um vigoroso mani-festo, em que afirmou teremsido inúteis tôdas as adver-tências contra a radicalizaçãode posições e atitudes e con-tra a diluição do princípio fe-derativo.

A eficiente articulaçãoempreendida, que garantiu aadesãodeelementosdecisivos,earapidezeaçãoforam preciosos para a fulminante vitória dasfôrçasdemocráticas.

Durante todo o desenrolar da crise, o Sr.Magalhães Pinto permaneceu no Palácio daLiberdade,cercadopeloseu�staff�eemperma-nente contato com os Generais Carlos Luís

MAGALHÃES,O HERÓI DAREVOLUÇÃO

Reportagem de Oswaldo Amorim, Luiz Alfredo e José Nicolau

Guedes. Comandante da ID-4 (sediada emBeloHorizonte) e Olímpio Mourão Filho, Coman-dante da 4.ª Região Militar (Juiz de Fora) efazendo ligações para outros chefes militares evários Governadores de Estado. Somente saiu,

no dia 1.º, para visitar osquartéis do 12.º RI e daPolíciaMilitar,oDestaca-mentodeBaseAérea(úni-co núcleo rebelado daFAB)eoCentrodeRecru-tamento de Voluntários,acompanhados do Cel.José Geraldo de Oliveira,comandante da PolíciaMilitar,Cel. JoséGuilher-me, chefe do GabineteMilitar (ambos foram pe-ças importantes do movi-mente que eclodiu emMi-nas e se alastrou noPaís) edos Senadores MiltonCampos e Afonso Arinos� nomeados secretários

sem Pasta do govêrno mineiro.A vitória final, vibrantemente festejada

pelopovodeMinas, teveno tranqüiloedecididoGovernador Magalhães Pinto o seu grande co-mandante emaior alvodasmanifestaçõespopu-lares em todo o País.

O Cruzeiro Extra - 10 de abril de 1964

ANÚNCIO DA VITÓRIA FÊZ POVO VIBRAR EMMINAS

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8Nº 237 - 31 de Março/2017

DEPOIMENTOS SOBRE31 DE MARÇO DE 1964

Minas Gerais, como sempre ao longo de sua história, fez-se presente aoMovimentoCívico-Militar, pelo seu povo e pelas suas autoridades, à frente o GovernadorMagalhães Pinto, com a decisiva lealdade de nossa brava e disciplinada Polícia

Militar, sob o comando do Cel José Geraldo e com a fundamental participação do ExércitoBrasileiro, nas pessoas dos Generais Olympio Mourão Filho e Carlos Luis Guedes,Comandantes da 4ª RegiãoMilitar, sediada em Juiz de Fora e ID/4-InfantariaDivisionária,em Belo Horizonte, tendo ao lado o destacamento local da Força Aérea Brasileira. Pararelembrar e cultuar a data histórica, colhemos depoimentos daqueles que participaram doMovimento, sendo que alguns foram prestados há bastante tempo.

À frente do meu 10º BI, sediado em MontesClaros, integrei, como vanguarda, a primeira forçarevolucionária a pisar o solo de Brasília, vibrante defé patriótica.

Se o preço então a pagar para varrer de minhaPátria o comunismo que tentara tomar o poder fosseminha pobre vida, de muito bom grado te-lo-ia pago.

AContra-Revolução de 31 demarço foi um atoda Pátria, pela Pátria e para a Pátria.

Quando ela ressurgir nesses moldes, nova-mente marcharei.

Minhas botas continuam engraxadas.(Depoimento prestado em 20/03/2002)

GENGENGENGENGEN ANTÔNIO CARLOS DA SILVA MURICYANTÔNIO CARLOS DA SILVA MURICYANTÔNIO CARLOS DA SILVA MURICYANTÔNIO CARLOS DA SILVA MURICYANTÔNIO CARLOS DA SILVA MURICY

Chegando ao Rio, as tropas mineiras alojaram-se noMaracanã, onde Mourão recebeu a visita de MagalhãesPinto, de Alkmim, Pierucetti e do General Muricy

Cel PM GEORGINO JORGE DE SOUZACel PM GEORGINO JORGE DE SOUZACel PM GEORGINO JORGE DE SOUZACel PM GEORGINO JORGE DE SOUZACel PM GEORGINO JORGE DE SOUZA

MAJ PM MÁRIO ESTEVAM MARQUES MURTAMAJ PM MÁRIO ESTEVAM MARQUES MURTAMAJ PM MÁRIO ESTEVAM MARQUES MURTAMAJ PM MÁRIO ESTEVAM MARQUES MURTAMAJ PM MÁRIO ESTEVAM MARQUES MURTA

Cel José Geraldo, Generais Guedes eMourão e Cel Georgino - Abril/64

Servindo no 10º RI em Juiz de Fora,integreiavanguardadoDestacamentoTiradentesem sua marcha vitoriosa para o Rio de Janeiro.

Naquelaocasião,conseguimos, respalda-dos pelo povo, afastar mais uma vez, o perigocomunista de nosso país.

Porqueobrasileiro é aversoaocomunis-mo?

Porque é livre por natureza e temente aDeus,econtrárioaoregimequeaURSS,aChinaealgunspaíses impuseramaseuspovos, atravésde um Partido que usufrui das vantagens do

poder,esmagando-oseescravizando-osemnomede uma ideologia perversa.

Valeu 31demarço?Sim, comcerteza.OBrasildesenvolveu-secomonuncanosgovernosrevolucionários,projetando-senocenáriomun-dial. Queiram ou não, é um fato!

Neste momento difícil em que vivemos,sobnovaameaçamarxistaquebuscaacelerada-mente a tomadadopoder, queoespírito quenosnorteou em 1964 inspire o povo e suas ForçasArmadas a novos �31 de março�, para os quaisestarei pronto a participar.

CELCELCELCELCEL REYNALDO DE BIASI SILVA ROCHAREYNALDO DE BIASI SILVA ROCHAREYNALDO DE BIASI SILVA ROCHAREYNALDO DE BIASI SILVA ROCHAREYNALDO DE BIASI SILVA ROCHA

Areação à comunizaçãodo país veio do povo. A mu-lher brasileira agiu comenergiae coragem. EmPernambuco, aCruzada Democrática Femi-nina enfrentou a polícia deArraes e fez umcongresso numestádio à luz de velas. EmBeloHorizonte, as mineiras fize-ram correr e embarcar, preci-pitadamente, o agitador Bri-zola.

Em São Paulo, as mu-lheres foram às ruas em imensa passeata demilhares de pessoas, na célebre �Marcha daFamília com Deus pela Liberdade�.

Em 31 de março de 1964, o Povo Bra-sileiro, dando vazão aos seus sentimentos

profundamente democráticos, com sua almadensamente cristã e com o patriotismo quesempre o caracterizou, convocou suas ForçasArmadas para ajudá-lo a reconduzir a Nação àestradademocrática de que a tinhamdesviado.

� A Marinha do Brasil, dentro da mis-são que lhe é atribuída pela CartaMagna, tempor dever zelar pela lei, pela ordem e peladefesa das instituições.

Vinha o Clube Naval mantendo silên-cio na intenção de não agravar mais ainda oconturbado panorama político-social do País.

Os últimos acontecimentos, porémmostraram que a Marinha, como instituiçãomilitar, foi inteiramente abalada em seuspróprios fundamentos.

Um ato de indisciplina, prati-cado por um grupo de militares, foiacobertado pela autoridade consti-tuída, destruindo o princípio da hi-erarquia, fundamental em qualquerOrganização, principalmente as mili-tares.

Êsses lamentáveis acontecimentos fo-ram o resultado de um plano executado comperfeição e dirigido por um grupo já identifi-cado pela Nação brasileira como interessadona subversão geral do País, com característi-cas nitidamente comunistas.

O fato de a Associação de Suboficiaise Sargentos da Marinha e do Clube Humaitáterem-semanifestado contrariamente a êssesepisódios demonstra quem aMarinha, em suaexpressivamaioria com seu pessoal subalter-no, continua trilhando as tradições de bemservir à Pátria. Demonstra também que, con-trariamente ao que querem fazer crer os agen-tes desagregadores, a Marinha não possuiclasses ou castas. Trabalha para cumprir suamissão como um todo, com seu pessoal dis-tribuído por postos e graduações, que vão degrumete a almirante, com fundamento na hi-erarquia, base da organização militar.

Os elementos que se indisciplinaram,dentro de tática facilmente reconhecível, apre-sentaram reivindicações, algumas justas eoutras absurdas, como se êsses problemaspudessem ser resolvidos, numa corporaçãomilitar, desta maneira. É de se notar quemuitas das reclamações expostas têm sido há

OSMANIFESTOS DACRISEMANIFESTO DO CLUBE MILITARMANIFESTO DO CLUBE MILITARMANIFESTO DO CLUBE MILITARMANIFESTO DO CLUBE MILITARMANIFESTO DO CLUBE MILITAR

�OClubeMilitar, diante dos aconteci-mentos lamentáveis registrados anteontemno Sindicato dos Metalúrgicos, ondemarinheiros e fuzileiros, insidiosa-mente doutrinados pelos chefessindicalistas a serviço de Mos-cou, se homiziaram e derammos-tras de indisciplina e revolta, de-clara-se solidário com aMarinhade Guerra de Tamandaré, Barro-so, Batista das Neves, Greenhalghe Marcílio Dias, na sua justa e intré-pida reação e repressão aos amotinados.

É preciso que a Nação brasileira serecorde dos feitos heróicos da nossaMarinha

e do que ela é capaz de praticar em prol daPátria, para ter confiança e tranqüilidade,

certa de que os homens de valor dessanobre Fôrça Armada saberãoreconduzi-la ao rumo da retidão ede glórias, tão bem registrado emnossa História.

Formando ao lado eunido ao Clube Naval, no pensa-mento de ordem e respeito ao regi-me e à Constituição, o ClubeMilitarnão medirá sacrifícios no sentido de

concorrer para o restabelecimento da dis-ciplina e do acatamento às autoridades e àsinstituições�.

MANIFESTO DO CLUBE NAVALMANIFESTO DO CLUBE NAVALMANIFESTO DO CLUBE NAVALMANIFESTO DO CLUBE NAVALMANIFESTO DO CLUBE NAVALanos consideradas, sendo aMarinha a pionei-ra daAssistência Social nas Fôrças Armadas.

Deve ser esclarecido, outrossim, quena Marinha do Brasil, seus subalternos têmtratamento igual ou superior ao de qualqueroutra Marinha.

Seus homens são recrutados, em geral,nas zonas subdesenvolvidas do País. A Ma-rinha os transforma em técnicos especia-

lizados, úteis não só a ela como a elesmesmos e ao País, proporcionando-lhes inclusive a possibilidade de al-cançarem o oficialato e até mesmo oAlmirantado.

Vem assim o Clube Naval, in-terpretando o sentimento unânime dos

seus associados, comunicar à Naçãoque:

a) A indisciplina foi coordenada e di-rigida por elementos totalmente estranhos àMarinha.

b)Oacobertamento dessa indisciplina,violentando o princípio da autoridade, difi-cultou e, possivelmente, impedirá o seu exer-cício através de tôda a cadeia hierárquica abordo dos navios, nos quartéis e estabeleci-mentos navais.

E omais lamentável é que a palavra doGovêrno empenhada ao Ministro da Mari-nha, no sentido de punir a insubordinação,não foi cumprida.

Pouco depois, a punição de todos ossublevados foi relevada e o princípio da au-toridade mutilado.

O grave acontecimento que ora envol-ve a Marinha de Guerra, ferindo-a na suaestrutura, abalando a disciplina, não pode sersituado apenas no setor naval. É um aconte-cimento de repercussão nas Fôrças Armadase a êle o Exército e a Aeronáutica não podemficar indiferentes. Caracteriza-se, claramen-te, a infiltração de agentes da subversão naestrutura das Fôrças Armadas. O perigo queisto representa para as instituições e para oBrasil não pode ser subestimado�.

De 1967 a 1970, como sargento da PMMG, no comando de uma patrulha volanteconstantemente envolvia-me em combate direto armado commilitantes de esquerda, treinados emguerrilha urbana, que praticavam assaltos a agências bancárias, seqüestros de autoridades e atos deterrorismo. Para que os mais jovens possam conhecer a história do Movimento de 1964 e aparticipação das Forças Armadas Brasileiras no evento revolucionário, concito os políticos que sebeneficiaram diretamente da Revolução a sair em defesa delas, dizendo que estavam certas ao nãopermitir queocomunismose instalasse emnossopaís.DigamqueomurodeBerlim já foi implodidoe que o comunismo de tão pobre e utópico foi varrido do Leste Europeu e extinto na própria Rússia,o seu berço natal.

O Marechal Augusto Magessi, Presidente do Clube Militar,lançou ao País o seguinte Manifesto:

DEPOIMENTO DO LULADEPOIMENTO DO LULADEPOIMENTO DO LULADEPOIMENTO DO LULADEPOIMENTO DO LULA"Naquela época, se houvesse eleições o Médici ganhava. E foi no auge da

repressão política mesmo, o que a gente chama do período mais duro doregime militar. A popularidade do Médici no meio da classe trabalhadora eramuito grande. Ora por quê? Porque era uma época de pleno emprego".

Luiz Inácio Lula da Silva(Depoimento a Ronaldo Costa Couto, in Memória viva do regime militar)

OCRUZEIRO, 18DEABRILDE1964

Page 9: Inconfidência nº 237/Edição Histórica de 31 de março

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RECONSTITUINDOAHISTÓRIADO BRASILCasa Amarela (São Paulo), 2 de abril de 64.....No começo do ano passado, em Santa

Tereza, Espírito Santo, todos dissemos aochefe do Executivo mineiro:.... �Os nossosadversários do marxismo são peritos nessetipo de ação direta revolucionária�....... �Tenha a segurança de que as provoca-

ções das esquerdas avermelhadas cairão, emprimeiro lugar, sôbre Minas Gerais....�... �Estão planejados, pelo comandante

Prestes, os choques do lançamento de van-guardas cubanas no território monta-nhês....��...Os nosso rapazes de Belo Horizonte e

de Juiz de Fora se acham dispostos a aceitar oseuquinhãoderesponsabilidadesnoentreveroque se aproxima...�... �Venha tranquilo para topar o encontro

marcado pelos marxistas-lenineanos comMinas, que êles consideram o nó de estrangu-

TODO O PODER AO GLORIOSO EXÉRCITO DO BRASIL* Assis Chateaubriand

lamento da democracia no Brasil.��Verá como se enganam o presidente e

sua guarda escarlate.��Pomos á sua disposição os instrumen-

tos de preparação da mentalidade pró-Bra-sil e, �ipso facio�, anti-Castro.��Temos um esquema, já feito, para ser

montado, de luta �callejera� contra decre-tos do governo, que se encontram em febrilelaboração.�...... �É que a opinião mineira anda longe

de participar da pregação demagógica dasesquerdas.��Ela é nossa toda nossa�.�O que se torna preciso é enquadrá-la

no dispositivo de reação contra o fantasmade papelão do binômio Goulart-Prestes.��Isto é a introdução do movimento de

Cuba num segundo ponto do hemisfério.�

O General José Lopes Bragança, cujoirmão foi assassinado pelos comunistas,(liderados pelo ex-Capitão Luiz CarlosPrestes, no Campo dos Afonsos/RJ), naIntentona de 1935, instalou o QuartelGeneral do Voluntariado no Grupo EscolarPandiá Calógeras, em Belo Horizonte. Osvoluntários chegaram pouco antes dameia-noite da terça-feira e 16 horas maistarde o seu número era de 10 mil.(Manchete, abril de 1964 - Edição Histórica)

MINAS GERAIS NA VANGUARDA* Fundador e Presidente dos "Diários Associados"

UMMILHÃONASRUAS...Apasseata de repúdiodopovodeSãoPaulo,

idealizada e concretizada em pouco menos de 72horas, levou às ruas um milhão de cidadãos, quequerem uma pátria livre para livremente progredir eviver.Ummilhão de corações que pulsaram intensa-mente, a fim de que o país não seja subjugadoespezinhado por um poder central que pretende�cubanizar� opovo, quenão aceita, aindaque a custado seu próprio sangue, qualquer espécie de ditadura,qualquer idéia de �bolchevização�....Estado de Minas, 20 de março de 1964

POVO DEVE ESTARUNIDO PARAA DEFESA DALIBERDADE

São Paulo repudia idéiastotalitárias e subversivas.

Estudantes da UniversidadeMackenzie, empunhando

bandeiras do Brasil, de São Pauloe da sua faculdade, atravessaram ocentro da cidade em ruidosapasseata, rumo à sede do IIºExército, onde aplaudiram ossoldados em prontidão(Manchete, abril de 1964

Edição Histórica)

Viveu a Praça da Sé horasde civismo e fé democrática.

...Ciente do desenrolar dosacontecimentos, com o agrava-mento da crise político-militar, e deque Brasília estava praticamentesob o controle dos elementos quepregavam a subversão da demo-cracia, o deputado João Calmonpartiu para Belo Horizonte, ondechegou após 12 horas de viagem.Ao passar por Sete Lagoas, falouao povo, através da emissora local.

Pouco depois do meio dia,compareceu aos estúdios da RêdeRadiofô-nica da Luta Pela Liber-dade, dirigindo uma proclamação aos mi-neiros.

À noite, às 20 horas, voltou o depu-

JOÃO CALMON EM BELO HORIZONTEALERTA

No estúdio da TV Itacolomi, João Calmon saúda oCoronel Av. Afrânio Aguiar e o General Guedes

(Edição Histórica - Manchete, Abril/64)

tado João Calmon a falar ao povo, desta vezatravés de uma cadeia de emissoras detelevisão e rádio.... Estado de Minas - 02/04/64

NoPalácio da Liberdade, o senadorMiltonCampos, em palestra com a reportagemdoESTADODEMINAS, disse que �como brasileiro, regozijo-me pelo feliz desfecho dacrise, que estava comprometendoos alicerces das instituições democráticas brasileiras�.Acrescentou o representante de Minas no Senado Federal que �a Nação se uniu numadmirável assomode repulsaa tudooque significa riscoparaa liberdade, paraos direitosdohomemeparaoestabelecimentodemelhores condiçõesdevidaparaopovo.Sómerestafazer votos para que essa união semantenha, a fim de que a vitória daNação brasileiraseja consagrada pela paz duradoura e pela fraternidade entre os concidadãos�....

PALAVRAS À IMPRENSA

Publicado no Estado de Minas de 02 de abril de 1964.

Entre as unidades do II Exército mobilizadas para a ofensiva sobre a Guanabara e quese deslocaram pelo Vale do Paraíba figurou uma bateria de artilharia do Centro de

Preparação dos Oficiais da Reserva de S. Paulo. Os alunos do CPOR - estudantes de nossasescolas superiores que ali cumprem sua obrigação com o serviço militar - portaram-segalhardamente, revelando alto grau de treinamento e eficiência e demonstrando corageme senso de responsabilidade.

A bateria do CPOR foi a primeira tropa de S. Paulo a atingir Rezende, tendoultrapassado, no deslocamento pelo Vale do Paraíba, o Esquadrão de Reconhe-cimento Mecanizado.

Comandou a bateria o capitão Levy Ribeiro Bitencourt Junior, seguindo como oficiaisos primeiros-tenentes Ruy Machado Guimarães, Lister Marino Viegas, Dalmo Lucio MunizCirilo, Valcir Delamare Paiva, Odracir Melo Salazar e Adir Molinari.

Compuseram a coluna do CPOR cerca de 80 homens, dos quais 42 alunos e os demaisoficiais, sargentos e soldados. A bateria operava 4 canhões 105.

A ordem recebida era a de que a bateria deveria reunir-se em Rezende ao 5º Regimentode Infantaria e aos Cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras, tomando posiçãono eixo da Via Dutra, pronta para qualquer emergência.

RETORNOCom a mesma ordem, disciplina a e eficiência com que avançara, a coluna do CPOR

retornou a S. Paulo, cumprida efetivamente a missão que lhe fôra atribuída.Doravante, a participação, do CPOR na arrancada vitoriosa do II Exército, pela de-

mocracia, constituirá um dos episódios marcantes das tradições daquele Centro onde seformam os oficiais da reserva do Exército de Caxias. (Extrato da Revista do CPOR/SP de 1965)

BATERIAS DO CPOR DESÃOPAULO E BELOHORIZONTE

Diga-se, também, que a Bateria de Artilharia do CPOR/BH participou do históricoMovimento Cívico-Militar de 1964, que ora celebra o seu Jubileu de Ouro. Esta valorosaSubunidade integrou o Grupamento Tático/12 (GT/12), "Destacamento Caicó", à base do12° RI, cuja denominação histórica foi uma homenagem à terra natal do potiguar, CoronelDióscoro Vale, comandante do dito Regimento. O Destacamento deslocou-se de BeloHorizonte para Brasília, no dia 2 de abril de 1964, tendo permanecido na Capital Federal até16, quando regressou à Capital mineira, após haver consolidado a Revolução, no DistritoFederal, onde cumpriu, de forma primorosa, diuturnas missões de garantia da lei e da ordem.Assim, o Exército Brasileiro muito se ufana da atuação desses dois Centros de Preparaçãode Oficiais da Reserva, que ingressaram, gloriosa e memoravelmente, na História-Pátria,quando da Revolução de 31 de Março de 1964. O comandante da Bateria foi o saudosoCoronel Ewerton Paixão Curado Fleury, Capitão àquela época. (Histórico do CPOR - BH)

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12º REGIMENTO DE INFANTARIA

O General Humberto de AlencarCastello Branco foi eleito com a

quase unanimidade dos sufrágios, ob-tendo 361 dos 388 votos que compu-nham o Colégio Eleitoral, e empossadoem15deabril de1964.

Na noite de 1º de abril, os principaisGovernadores que haviam apoiado a Re-volução reuniram-se no Rio de Janeiro,representando todos os Partidos, com ex-ceçãodoPTB,eacordaramqueoChefedoGoverno Revolucionário deveria ser ummilitar. Como escreveriamais tarde oGo-vernadorCarlosLacerda,�a fimdegaran-tir a unidade das Forças Armadas, impe-dir uma eventual usurpação e evitar umacompetição entre os políticos numa horadelicada para o País� (1).

A Federação e o Centro das Indús-trias do Estado de São Paulo enviaramtelegrama ao Senado, solicitando a elei-ção de um chefe militar (2).

A Sociedade Rural Brasileira pu-blicouummanifesto, exigindoummilitarpara presidente e pedindo expurgos

A ELEIÇÃO DE CASTELLO BRANCO

TEN CELTEN CELTEN CELTEN CELTEN CEL PEDRO CÂNDIDO FERREIRA FILHOPEDRO CÂNDIDO FERREIRA FILHOPEDRO CÂNDIDO FERREIRA FILHOPEDRO CÂNDIDO FERREIRA FILHOPEDRO CÂNDIDO FERREIRA FILHOO 12º RI, nosso Regimento, foi a primeira

Unidade que saiu do quartel contra o governocomunista de João Goulart.

Um fato fundamental e decisivo para con-solidar o ardor revolucionário do movimento emmarcha foi a adesão da AMAN, que entrou comseus cadetes em posição para resistir a um even-tual inimigo, constituindo-se em atitude nobre eheróica que nos empolgou.

A Contra-Revolução de 31 de março de 64foi uma revolução crioula, genuinamente nacio-nal, sem auxílio externo. Ouso dizer que se 31 demarço não tivesse ocorrido, o Brasil cairia fatal-mente nas mãos dos comunistas e, pelo peso quenosso país representa nas Américas, inevitavel-mente outros países sul-americanos tornar-se-iammarxistas.

DESTACAMENTO TIRADENTES

Oficiais do 2º Batalhão / 12º RI que deslocou-se para o Rio de Janeiro no dia 31 de marçointegrando o Destacamento Tiradentes. Da esquerda para direita, na 1ª fila: Ten Soriano,Ten Rocha, Ten Figueiredo, Cap Barros e Ten Paulo Gomes. 2ª fila: Ten Schubert, CapAmaury, Maj Oliveira Pinto (Comandante do Batalhão), Maj Flores e Cap Joarez. 3ª fila:

Ten Scoralick, Ten Rosa Júnior e Ten Muzzi (ausente o Ten Waltenberg)

(1) Lacerda, C: �Análise de uma Provocação�, Tribuna da Imprensa de 26 de agosto de1967. (2) �O Estado de S. Paulo�, de 5 de abril de 1964. (3) �O Estado de S. Paulo�, de4 de abril de 1964 (4)�Editorial de �O Estado de S. Paulo�, de 5 de abril de 1964. (5)Alfred, S.: �Os militares na política�, Ed. Artenova, RJ., pág. 153. (6) Vianna Filho, L.:�O Governo Castello Branco�, Liv. José Olímpio Editora, 1975, Vol. I, pág. 47

DESTACAMENTO CAICÓ

Tropas do 12º RI em Brasília

O Coronel Valle, Comandante do12º Regimento de Infantaria, recebeo abraço do Governador MagalhãesPinto, à vista dos Secretários Afonso

Arinos e Osvaldo Pierucetti

A presença do GT/12 (depois Destacamento Caicó) na Nova Capital, despertarao maior interesse, não apenas no meio militar, mas também entre os civis, particularmenteos políticos, agora tranqüilos no exercício de suas funções parlamentares.

Começaram as visitas de autoridades e amigos, os mineiros em maior número,numa contínua homenagem de simpatia e apoio, entre eles, o senador JuscelinoKubitschek, sempre comunicativo e alegre, junto a seus conterrâneos, soldadosdo 3º BIPM de Diamantina.

(Depoimento do Cel Dióscoro Gonçalves do Valle, Comandante do 12º RI)

JK visita as tropas mineiras em Brasília

É com o pensamento voltado para Deus, grato à suaproteção ao Brasil e ao seu povo, que saúdo a nossa gente pelarestauração da paz, com legalidade, com disciplina e com ahierarquia restauradas nas Fôrças Armadas

A paz não exclui, todavia, a vigilância democrática. Operigo comunista não estava, como se viu, no comportamento dopovo e dos trabalhadores, ordeiros e democratas. O perigocomunista estava na infiltração em comandos administrativos.

O Brasil das reformas é o Brasil democrático, contraprivilégios e contra extremismos. É o Brasil sem frustrações.Esperançoso, rico e mais justo. (Extrato)

(O Cruzeiro Extra - 10 de abril de 1964)(O Cruzeiro Extra - 10 de abril de 1964)(O Cruzeiro Extra - 10 de abril de 1964)(O Cruzeiro Extra - 10 de abril de 1964)(O Cruzeiro Extra - 10 de abril de 1964)

JUSCELINO KUBITSCHEK

políticos. A união Cívica Feminina tam-bém fez publicar seu manifesto, no qualexortava a consolidação da Revoluçãopela eliminação da corrupção e do comu-nismo e endossava a escolha de CastelloBranco porque era �um general sem liga-ções políticas� (3). No mesmo tom, �OEstado deS. Paulo� publicou umeditorialonde defendia a escolha de um presiden-te militar, para varrer os comunistas, edizia que o País precisava de um homem� sem ligações políticas�. (4)

Castello assumia o poder com oapoio civil, demonstrando �o estado deapreensão e a perda de confiança demuitos representantes das classes assala-riadasedosgruposempresariais,bemcomode políticos de direita, e de centro�, numpresidentecivil,emboramaistardeamaioriaretirasse seu apoio ao governo (5).

CastelloBranco era um lídermilitarque, como chefe deEstado-MaiordoExér-cito e pela autoridade reconhecida, se tor-naraolíderdomovimentode1964.Todavia,era desconhecidoparaoPaís. Poucoshavi-

am ouvido, antes, o seu nome, embora nãotivesse passado despercebido à acuidadepolítica de Tancredo Neves, que, em no-vembro de 1963, dissera a um grupo depolíticos:

�Se houver alguma complicaçãomaior neste País, o nome que vai surgircomo estrela de primeira grandeza não é ode nenhum desses generais que andamdando entrevistas. Quem vai aparecer é oChefedoEstado-MaiordoExército,Gene-ral Castello Branco� (6).

Voltado para a profissão e dotado deprofundo sentimento legalista, paraCastello Branco a revolução �visava arepor a Nação na ordem jurídica con-sentânea com as aspirações e realidade,estabelecer a ordem pública, dignificar ocomportamento ético na administraçãodo País e superar as diversidades sócio-

econômicas regionais, a fim de que oBrasil amadurecesse como nação inte-grada e desenvolvida�. Como diz LuizVianna Filho, Castello estava �convictod que afastado Goulart e eliminados davida pública alguns elementos pertur-badores, governaria com tranqüilidade,mantida toda a ordem jurídica�.

Os problemas que lhe esperavam,porém, eramenormes.Aprimeira condi-ção, para a estabilidade e para a retoma-da do desenvolvimento, consistia emrepor a ordem no País. Mas, caber-lhe-ia, também, estabelecer uma estratégiapara o desenvolvimento e assegurar oapoio político á estratégica adotada.

A par desses inúmeros proble-mas, caberia, ao Presidente recém-elei-to, encontrar o ponto de equilíbrio entreas diferentes correntes revolucionárias.

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ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS

Ao decidir empregar a Academia e, emespecial, o Corpo de Cadetes, eu e

meus assessores diretos fomos tomados deviva emoção.Lançávamos, assim, o sanguejovem do Exército na liça e corríamos operigo de vê-lo umedecer as velhas terrasdo Vale do Paraíba. Mais fortes que ela,porém, foram o sentimento de nossas res-ponsabilidades e o conteúdo energéticode nosso ideal de, nomais curto espaço detempo, restaurar os princípios basilaresde nossa instituição. Vosso entusiasmo,vosso idealismo imaculado, vossa fé nosdestinos do país e vossa dedicação aosmisteresmilitaresforamoselementosfiado-res da decisão então tomada, que acabou

por contribuir de modo ponderável para asolução da crise, em nossa área de opera-ções.

Após29anosdealheiamento,aAca-demiaMilitar voltou a empenhar-se osten-sivamente na luta pelo aprimoramento denossas instituições e pela tranqüilidade denosso país. Vós o fizestes, com pleno su-cesso e com admirável galhardia. Que, porisso, a História Pátria lhes reservou umapágina consagradora, fazendo-os ingres-sar no rol daqueles que, despidos de qual-quer ambição ou interêsse subalterno, umdia se dispuseram a lutar pelo país quenossos descendentes hão de receber en-grandecido e respeitado. Extrato (02/04/64)

ORDEM DO DIA

Nogabinete doComando já não cabiamais ninguém,quandoogeneralMédicifoi informado que o carro do general Armando de Moraes Ancora, comandante doI Exército (e Ministro da Guerra interino) ultrapassava o portão da Academia.Determinou, em seguida, que os oficiais que estavam próximos acompanhassem-no

para receber o general Ancora no Estado-Maior. Eu desci entre eles.Quando o general Ancora saltou do carro, ele ordenou pessoalmente ao corneteiro

que desse o toque a que ele tinhadireito, sucedendo-se uma trocaderespeitosasgentilezasdomaisgenuíno cavalheirismo.

GenAncora: -�Nãoépre-ciso! General derrotado nãotem direito a sinais de respeito.Vim para me render.�

GenMédici: -�Aquiestoupara recebê-lo, onde não háoutros derrotados senão os ini-migos da Pátria. Recusando-seao derramamento de sangue, VExa está entre os vitoriosos dehoje. Suba comigo que o gene-ral Kruel está esperando-o�.

Chegando ao gabinete doComando os dois generais secumprimentaram cordialmente.Sentados em torno de uma mesa conversavam baixo, sem que pudéssemos ouvi-los.

Não houve o humilhante formalismo de uma rendição. Acabara o movimento militare iria ter início o político.

- Depoimento prestado pelo Cel Prof. Rubem Barbosa Rosadas a pedido daCadeira de História Militar, como contribuição à memória dos acontecimentos.

(Pesquisa histórica realizada em 1985 pelo tencel Manoel Soriano Neto)

MEMÓRIA HISTÓRICA

O General Moraes Ancora é escoltado peloGeneral Médici, Comandante da AMAN,

ao portão da Academia

Em 1964, passados 29 anos da traiçoeira e covarde Intentona Comunista, oscadetes da AcademiaMilitar voltaram a empenhar-se na defesa de nossas instituições,

evitando tal qual em 1935, a implantação de um regime marxista emnosso país. Os cadetes do 2º e 3º ano da AMAN, defenderam, não sócom o risco da própria carreira prestes a se iniciar, mas da própriavida, a democracia e a liberdade ameaçadas pelo governo comuno-sindicalista de João Goulart.

Lançaram então duas proclamações � a primeira intitulada�IRMÃOS EM ARMAS�, na manhã de 01 de abril, justificando�PORQUE A AMAN EMPUNHOU ARMAS EM DEFESA DADEMOCRACIA�, ao se deslocarem para a Guanabara na vanguardado II Exército. A segunda, no fim damesma manhã, emitida por todososmeios de divulgação existentes,�IRMÃOS DASFORÇASARMA-DAS�comaqualosCa-detes tornavam públicoapelo, a seus colegas daEscola Naval e de Ae-ronáutica, buscandoapoio emdefesa da cau-sa comum. Esses mes-mos Cadetes, são hoje,Generais-de-Exército etemos a certeza que, co-mungam dos mesmosprincípios declarados edefendidos há 40 anos.Agora, commuito mai-or responsabilidade.CONFIAMOSNELES.

A AMAN ADERIUA AMAN ADERIUA AMAN ADERIUA AMAN ADERIUA AMAN ADERIUA Academia Militar das Agulhas Negras aderiu às tropas comandadas pelo General

Amaury Kruel. O Comando da Academia, cuja preocupação básica era oentendimento, tomou posição, redobrando a vigilância nos pontos principaisda área de 70 quilômetros quadrados sob sua jurisdição. (O Globo, 03/04/1964)

NOSSO COMENTÁRIO

Cadetes da AcademiaMilitar, que participaramdas operações, regressam

à sua Escola.O Cruzeiro Extra, 10/04/64

Flagrante da histórica reunião entre oGeneral Kruel e o General Moraes Ancora,último ministro da Guerra de Jango

(Manchete - Edição Histórica - Abril/64)(Manchete - Edição Histórica - Abril/64)(Manchete - Edição Histórica - Abril/64)(Manchete - Edição Histórica - Abril/64)(Manchete - Edição Histórica - Abril/64)

Autorizados pelo Comandante daAcademia Militar, General Médici, oscadetes se deslocaram para locaisestratégicos perto de Resende.Utilizando conhecimentos e táticasaprendidos, tomaram posições quedominavam a estrada Rio-São Paulo,montando ninhos de metralhadoras. Emalgumas colinas havia canhões 105. Oscadetes impediram o choque dosExércitos.O Cruzeiro Extra, 10/04/64

CADETES!

CADETES: PELA HISTÓRIA, ATINGIS OS UMBRAIS DA GLÓRIA!Ordem do Dia do Comandante da AMAN,

General-de-Brigada Emílio Garrastazu Médici

AD PERPETUAM REI MEMORIAMTURMA

GENERAL EMÍLIOGARRASTAZUMÉDICI - 2006

433 alunos formandosescolheram de livre eespontânea vontade, onome do PresidenteMédici para a Turmade 2006 da EscolaPreparatóriade

Cadetes Publicado no Inconfidência nº 66de 31 de março de 2004

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MULTIDÃO APLAUDIU COMÍCIO DA LEGALIDADEBRIZOLA AOS SARGENTOS: TOMEM OS QUARTÉIS E PRENDAM OS �GORILAS�

PORTO ALEGRE - Multidão incalculável atendeu, ontem à noite, aoapêlo lançado pela Rêde Nacional da Legalidade, comparecendo em mas-

sa ao Largo da Prefeitura para participar domonumental comício organizadopelas fôrças populares. Principal orador da concentração, o deputado LeonelBrizola, conclamou o povo a organizar-se em corpos provisórios civis, �paraparticipar da luta ao lado das gloriosas forças legalistas do III Exército e daBrigada Militar�. Lançou a palavra de ordem para que os sargentos de Uru-

guaiana, Bagé, Santa Maria, algumas unidades do Paraná, Santa Catarina, SãoPaulo, Guanabara e Minas Gerais, �tomem conta dos quartéis e prendam osgorilas, golpistas e traidores�. Finalizou recomendando-se ao AlmiranteAragão, comandante do Corpo de Fuzileiros Navais, a que tome contade Lacerda e ao general Oromar Osório, comandante da Vila Militar, a que�ajuste contas com o traidor Amaury Kruel�.

(Última Hora, 02 de abril de 1964)

RECONSTITUINDOAHISTÓRIAMILITAR DO BRASIL4º GA 75 Cav -4º GA 75 Cav -4º GA 75 Cav -4º GA 75 Cav -4º GA 75 Cav - GRUPO URUGUAIANAGRUPO URUGUAIANAGRUPO URUGUAIANAGRUPO URUGUAIANAGRUPO URUGUAIANA - 22º GAC- 22º GAC- 22º GAC- 22º GAC- 22º GAC

As rádios transmitiam os aconteci-mentos, os jornais de Porto Alegre chega-vam diariamente a Uruguaiana (inclusive OGLOBO), o Comandante da Capitania dosPortos do rio Uruguai, através da rede rá-dio da Marinha informava o que vinha acon-tecendo emMinas e no Rio. OGrupamentode Fuzileiros Navais, também participavada rede de informações.

O oficial de Comunicações do Grupomantinha o Comandante informado desde31 de março, do deslocamento das tropasmineiras e do comício da legalidade.

O comandante do 4º GA 75 Cav,Tencel Amerino Raposo Filho, determi-nou a transmissão dos pronunciamentosde Leonel Brizola na �Cadeia de Legali-dade�, pelos auto-falantes, sendo ouvi-do não só no Grupo assim como também,no 8º Regimento de Cavalaria, unidade vi-zinha, separadas somente por um peque-no muro e cerca de arame. Brizola, incen-tivava os sargentos a prender os oficiais,enquanto o povo nas ruas de Porto Ale-gre gritava: "O sangue ainda não correue o refrão - Vai correr! Vai correr!".

Não aconteceu qualquer defecçãona tropa e muito menos dos sargentos quepermaneceram fiéis ao Comando e às suasmissões.

O principal e decisivo fato ocorreu às06:00 h de 01 de abril, quando o Cel. Luiz

tenção Brasil, atenção Rio Grande!Riograndenses, brasileiros!

Nesta hora trágica e, ao mesmo tem-po, gloriosa, que vive o nosso povo, dirijo-me a todos os riograndenses, para dizer-lhes que estou presente na luta que trava anossa Pátria pela sobrevivência da Demo-cracia e da Liberdade.

Os últimos acontecimentos que severificaram neste Estado, demonstraram,perfeitamente, que aqui também se pre-tende instalar a violência, a ilegalidade ea ruptura da Constituição.

Requisitei as estações de rádio, como propósito honrado de impedir que atra-vés delas viessem a semear-se os elemen-tos do ódio e da discórdia.

Estas rádios foram agora ocupadaspela força e entregues aos inimigos da De-

Serff Sellmann, (Comandante do 4º GA 75Cav. de l2.02.58 a 03.03.61), Chefe do Esta-do-Maior da 2ª Divisão de Cavalaria, acom-panhado do E5, Major Gilberto OscarMiranda Schimitt, dirige-se ao quartel doGrupo. Seu comandante, Tencel Raposo eseus oficiais que já os es-peravam reunidos, ouvemde Sellmann: �Neste mo-mento avoco o Coman-do da 2ª Divisão de Ca-valaria�

Raposo declarouque o Grupo estava pron-to para cumprir missão ede imediato, ordens fo-ram expedidas e começa-ram a ser executadas.

Em seguida, Sell-manneRaposo,dirigiram-se a pé para o 8º RC edisseram ao Comandan-te, Tencel Carlos Ramosde Alencar, que espera-vam contar com seuapoio, o qual imediata-mente foi declarado. Emseguida, o Tencel Alencar, com a tropa emforma disse que o "Regimento estava pron-to para o que desse ou viesse."

Omitindo estes fatos, o livro da his-tória referente ao Grupo Uruguaiana e à 2ª

Divisão de Cavalaria perde a credibilidade.Este relato já é do conhecimento do Presi-dente da Academia de História MilitarTerrestre do Brasil (AHIMTB), Cel CláudioMoreira Bento, que colheu depoimento doentão General-de-Divisão Sellmann, colo-

cado no Centro de In-formações de HistóriaMilitarTerrestredoBra-sil, na AMAN - Acade-miaMilitar dasAgulhasNegras e no Centro deDocumentaçãodoExér-cito.

O Coronel Ame-rino Raposo Filho pres-tou depoimento sobreoMovimentoDemocrá-tico de 31 de Março de1964, para o Projeto deHistóriaOral doExérci-to Brasileiro, assim co-mo também este reda-tor, que era o Oficial deComunicações do Gru-po.

Não fosse a posi-ção assumida, oportuna e corajosa, pelosex-comandantes do 4º GA 75 Cav., Coro-nel Sellmam e Tencel Raposo, tomando ainiciativa das ações, poderia ter se insta-lado no Rio Grande do Sul, um �Governo

de Resistência�, pretendido por Jango eBrizola.

Em hipótese alguma, este relatopoderia ser omitido no livro da história doGrupo Uruguaiana (capa ao lado), edita-do e distribuído em dezembro de 2001 pe-lo então seu Comandante, Coronel JoséJúlio Dias Barreto (hoje, General-de-Brigada) e nada melhor para comprovardo que a frase citada pelo Comandante doExército, General Gleuber Vieira, na Or-dem do Dia de 31 de março de 2000: �AHistória que não se apaga nem se res-creve�.

O texto do livro rescreve 1964, de-turpando a história, a tradição, os valoresmorais e a verdade que não devem nempodem ser sonegados à posteridade, des-merecendo os feitos daqueles que arris-caram suas vidas e suas carreiras, pelo bemda pátria.

Se já não bastassem os livros didá-ticos adotados pelo Ministério da Educa-ção e Secretarias de Estado de Educação,repletos de erros e deturpando a históriapátria, o livro "Grupo Uruguaiana" com-promete a História Militar do Brasil, omi-tindo fatos imprescindíveis, de ressonân-cia nacional, exemplos no combate à ten-tativa de marxização e instalação de umgoverno comuno-sindicalista em nossopaís. Deveria ser retirado de circulação.

MANIFESTO DO GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO SUL ILDO MENEGHETTImocracia, que as estão utilizando para pre-gar a desordem, a indisciplina e a violaçãoda Carta Constitucional.

Não satisfeitos com isso, agora pre-tendem requisitar, por simples ofício, à mar-gem da Lei e da Constituição, a gloriosa Bri-gada Militar, Força de tantas e tão nobrestradições, esteio da Democracia e da Liber-dade, pretendendo tirar do Governo, ascondições de assegurar a ordem pública.

Riograndenses, brasileiros! Eu nãopoderia, nesta hora, fugir ao meu dever.Frente à ameaça clara e aberta de inter-venção, cujo processo está em marcha,só tenho um caminho: incorporar-me àque-les que em todo o Brasil, lutam para res-taurar a Constituição e o Direito, livrandonossa Pátria de uma agitação comunista!Poucas são as possibilidades de resis-

tência em Porto Alegre, cujo bravo povoestá ameaçado pelas forças da violênciae da opressão.

Não cessará a nossa resistência, elaapenas começa.

Assim como os bravos farroupilhaslutaram dez anos sem esmorecer, os gaú-chos também saberão lutar até à vitória final,oferecendo seu sangue generoso pela cau-sa da Pátria e da Constituição.

Soldados e oficiais do bravo TerceiroExército, soldados e oficiais da gloriosaBrigada Militar!

A vós apelo neste momento para queparticipeis de nossa luta, irmanando-vosaos bravos companheiros de Minas, Goiás,Mato Grosso, Rio, São Paulo e todo o Norte,que neste momento marcham para libertar anossa Pátria da demagogia, da inflação e da

miséria política em que nos encontramos.Povo Gaúcho!Organizai a resistência democrática!O vosso Governo, eleito livremente,

está presente nesta hora e luta pela Pátria epela Democracia! Só quem tem alma deescravo é que não luta pela Liberdade.

Porto Alegre, em 1° de abril de 1964�

Tornado público na manhã de 1° deabril de 1964, antes de o governador se-guir de Porto Alegre para a cidade dePasso Fundo, onde instalou a sede dogoverno, no quartel do 2° Batalhão dePolícia, da Brigada Militar do RS. Talmudança fora adrede e muito bem plane-jada; recebeu a denominação histórica de�Operação Farroupilha�.

PROCLAMAÇÃO

A

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13Nº 237 - 31 de Março/2017 13

IIIIIA Santa Maria de 1964 era uma cidade

que, com cerca de 150.000 habitantes (note-se:o Brasil tinha, apenas 90 milhões), já atingia opadrão de �porte médio�. Não possuía o feitiotipicamente gauchesco das co-irmãs da frontei-ra, nem a fisionomia européia de outras doEstado. Bom número de bancos, comércio atu-ante, indústria quase inexistente, significativopêso de escolas dos 1º e 2º Graus. GrandeGuarnição do Exército, bomcontingente daBrigadaMili-tarepequenoefetivodaForçaAérea. A (hoje) pujante Uni-versidade Federal era consti-tuída, somente,deumnúcleo,poisnascerarecentemente,em1961.

Volumoso,mesmo,eraoefetivoda�ViaçãoFérreadoRioGrandedoSul�.Acidadeera umcentro estratégicogeograficamente bemlocalizado inclusive para a rede ferroviária, daqual consistia um nó. E havia, então, um pode-rosoconjuntodeoficinasdereparos,comalgunsmilharesdefuncionários.Naferrovia,emconse-qüência, se situaria o �cerne da questão� entre1961 e 1964; porque até essa época vivia-se emumacidadeordeira,pacífica,alegreedespreocu-pada.

IIConvémanalisarmoso título

em epígrafe sob dois enfoques bas-tantes conhecidos. Vamos a eles.

�-Todofatotemtrêsversões:a minha, a tua, e a verdadeira.�

Evidentemente,vouapresen-tar a minha versão, mas, por disci-plinaconsciente,admitoqueelaestejabempróximadaverdadeira.Porquê?Porque, passados 40 anos, sou daspoucas testemunhassobreviventes,adultasnaquela época.E tenho sen-tido revoltaporveroquevemsendoimpingido maldosamente aos jo-vens.

�- A versão pesamais que ofato�.

Isso nasceu com JosephGoebbels, o rei da propaganda cap-ciosa do nazismo: uma mentira su-ficientemente repetida torna-sever-dade aceita! Pois�, pelo que tenhovisto, o mestre da mentira conseguiu muitosseguidoresexatamentena�esquerda�brasileira:asversões inculcadas, acadadia,nasmentesdosmoços, falsificam e deturpam completa e intei-ramente a verdade do que aconteceu em nossacidade.

I I II I II I II I II I IAparirde1961,comafamosa�guerrada

legalidade� (renúnciadeJânioQuadros, tentati-va de impedir a posse de Jango Goulart naPresidência), a feliz vida pacífica teve fim, emSantaMaria. Ela foi sendopaulatinamente que-brada, até transformar-se em um verdadeiroinfernodesustos,detemores,deintranqüilidade:eraumasucessãoinfindávelesemanaldegreves,comícioseagitaçõesde todosos tipos, causandofechamento do comércio e bloqueamento deruas, compasseatasbarulhentaseameaçadoras.

Repito: ameaçadoras. Sim, porque, porentreagritaria,uivos, rugidosediscursos incen-diários contra o �imperialismo americano� e o�capitalismoselvagem�, lávinhaaameaçacons-

O �64� EM SANTAMARIA / RIO GRANDE DO SUL

* AlexandreM. Amendola

tantedo�paredón�, talcomoerausadoemCuba.Não minto: eu e outros podemos mostrar ondeficava ele, onde seriam perfilados, para a penamáxima, os �gorilas�, isto é, todos que nãorezassem pela mesma cartilha de anarquia ecarnificina, como vinha sucedendo não só emCuba, mas na URSS, na China, Albânia� E ésabidoqueincêndiosemelhantealastrava-seportodo o País.

O Exército via tudo aquilo e � �grandemudo���fechava-se�.

A 3ª Divisão deInfantaria, aqui sediada,estava carregada de ra-zõesparajulgar,comequi-líbrio,osacontecimentos,pois déra total, definiti-voesolidárioapoioàpos-sedeJangoGoulart, sus-tentando sua legalidade.

Asaçõesanárqui-cas partiam de um ferozíssimo grupo de comu-nistas �de carteirinha�, localizado nas depen-dênciasdaViaçãoFérrea,doPCBedoPCdoB,partidossemregistropolítico,mascujaclandes-tinidadeeraaceitacomcondescendência,negli-gênciae transparentemedo.Nãominto: tinhamuma sede em edifício central da cidade, ondeeramproporcionadoscursosdemarxismo, comdiplomas assinados por �professores� treina-dos naUniãoSoviética!E essa gente conseguia

mobilizar fortes massas de �cripto-comunis-tas�, �companheiros de viagem� e, principal-mente, �inocentes úteis�, além de curiosos.

Nãome venhamdizer que estou inven-tando coisas, porque os idosos sabem perfei-tamente que digo a mais pura verdade!

Paralelamente, havia uma outra deleté-ria campanha, que pouco tinha de comunistaemuita de perigosa: a formação dos inefáveis�grupos de onze� (ou �dos onze�, comoagora citados) sob a batuta doGovernador doEstado, Leonel Brizola.

OExército via tudo aquilo e��grandemudo��continuava �fechado�. Percebia orisco crescente de uma guerra civil, de umadetestável tragédia; por precaução, a tropavinha sendo submetida , durante três anos, ainfindáveis e quase ininterruptos regimes de�prontidão� ou �sobreaviso�. E, como é na-tural, preenchia utilmente as intermináveispermanências nos quartéis, adestrando-se.Adestrando-se em quê? Quem advinha?

...Ora, em controle de tumultos, em combateurbano, em contra-guerrilha! Quem pagava (epaga) os militares? Resposta: o Povo. Quemmaissofreriacomodesencadeamentodabaderna,e, portanto, devia ser protegido? Resposta: oPovo. Então�

SucedequeoPovoelegeraumPrefeitode�esquerda�, apoiado ostensivamente pelos co-munistas,maisamaltaaelesanexada.Eaí,comoficamos?

IVIVIVIVIVA 1º de abril de 1964 chegou à cidade

notícia do levante em Minas Gerais.Edigamoquedisserem�asensaçãogeral

nãofoi, absolutamente,de�golpemilitar�, foidealívio! Vou repetir: alívio!Mais uma vez:ALÍ-VIO!Alívio, nada de �golpemilitar�!

Sim, o Exército tomara a atitude que oPovo vinha pedindo insistentemente!Queremque eu repita isso também? Posso fazê-lo�

A 3ª DI, que a comunistada � por viaindireta � tinha�se encarregado de tornar bemadestrada, em poucosminutos ocupou todos ospontos sensíveis da cidade, principalmente osdiversos setores da Viação Férrea. E, surpreen-dentemente, foidali quepartiuaprimeira reaçãodecepcionante para os líderes de baderna: orde-nada �greve geral�, tal como fôra feito e obede-cido por centenas de vezes� O pessoal da�Estrada� compareceu em massa ao trabalho,mesmodebaixoda fúria dospiquetes de coman-do, mas sob a proteção do Exército �� paraquemquisesse trabalhar�.

Contra-reação�única:comíciodiantedoedifício-quarteldebagunça,desafiandodetermi-nação do General Comandante da Guarnição(Mario Poppe de Figueiredo), que, assim,para lá enviou tropa com ordem de desfazê-lo, o que foi realizado de forma extraordinária:ao simples aparecimento dos �milicos��umadebandada completa, correria desvairada, sobo espanto dos líderes de fancaria! E�então�a cena fantástica, empolgante: de todos osedifícios circundantes desceu uma enormevaia, logo seguida de vivas, aplausos e a papelpicado! De todos os bares e armazéns, abra-ços, refrigerantes e doces à soldadesca! Esteepisódio foi inteiramente posto em esqueci-mento. Os jovens sequer sabem que existiu.Por que será?

E faltava outro acontecimento, tam-bém atirado ao olvido: a 17 de abril, a grande�Marcha de agradecimentoaoExército�, com50.000(cin-qüenta mil) pessoas em passe-ata espontânea até o QuartelDivisionário!

VVVVVEm poucos dias foram

sucessivamente instauradosoito inquéritos Policiais Mili-tares. Seguiu-se a prisão deindiciadoseochamadoa teste-munhas. Novas surpresas:muitas testemunhas apresen-tavam-sevoluntariamente;eospresos eramapontados atravésde contínuasdenúncias, forne-cimento de provas documen-tais, telefonemas anônimos�,tudoisso,aliás,necessárioaumExércitoquenãopossuíaKGB,nem SS, nem CIA!

E, desde logo, passou atransparecer toda a nobreza de

umExércitodignoefraterno. Não min-to, e há testemu-nhas: todos osprêsos foram trata-doscomcavalheiris-mo, todoscomsere-na energia! Comoumexércitoociden-tal e civilizado tratao adversário venci-do!Aqui nãohouvebrutalidade, nem maldades, nem espancamen-tos,nemtorturas, nem nada semelhante!Mal-dito seja quem diga o contrário, pois estarámentindo� talvez para abiscoitar algumagorda �indenização�. Ademais, os valentõesde ontem se entregaram mansamente, semreação, muitas vezes aterrorizados pela pers-pectiva de ser-lhes aplicada a �receita� queprescreviam nos �bons tempos�, isto é, o�paredón�! Até a sacralidade dos lares à noiteera respeitada! Que outro exército do mundofaria isso, em situação semelhante?

Etodaaarrogânciadesafianteetruculentados comício desapareceu, ao verem chegar a�hora da verdade�. Os grandes chefes, comosempre acontece, ao primeiro toque do clarimbateram asas para o Uruguai�

VIMuito bem. Já perceberam que isto é

um desabafo pessoal. Sim: sou um VelhoSoldado, aproximando-me dos 80 anos, e vejocom assombro, com espanto, tristeza e de-sencanto, o �trabalhinho� bem realizado pe-las �esquerdas�, nos últimos anos: domina-ram inteligentemente, commalícia, hipocrisiae cinismo, a mídia e, até, as escolas.

Criminosamente instilaram nosmoçossua versão, deslavadamente mentirosa!

Entre tanta desfaçatez, relato dois casos:- Jornalistas(emgeralelamentavelmente,

mocinhas) que, desejosos de obter seu �furo dereportagem�, interrogamacada idoso:�-Houvemuita tortura em Santa Maria?�, �- Como foi atortura aqui?�, �- Quem foi torturado em nossacidade?�. Tirem sua conclusão�

-Eumprócerpolítico, entrevistado�ele,que foi tratado com elegância, boa educação egenerosidade � teve o desplante de dizer, na TVlocal: �-Nãome torturaramporque não tiverampeito!� (!?!?�)

Ora�deixem-meem paz.

Estou farto de vertantabaixaria!�

* Tcel Reformado. Éhistoriador e idealizouo traslado dos restosmortais do patrono da

Artilharia, MarechalEmílio Luiz Mallet,

Barão de Itapevi, para o1º RA Cav (Boi de Botas)

onde repousam noMemorial (Mausoléu eMuseu), erguido no 3ºGA AP, em Santa Maria/

RS sob suaresponsabilidade e

orientação. Foi pioneiroe responsável pela

implantação do ProjetoRondon, no Campus

Avançado daUniversidade Federal de

Santa Maria, naAmazônia, nos anos 70.

AAAAA RAZÃORAZÃORAZÃORAZÃORAZÃOSANTAMARIA/RS

17 DE ABRIL DE 1964"Vibrante manifestação, semprecedentes na história de SantaMaria, para homenagear as

Forças Armadas"."50 mil pessoas na MarchaCívica do Agradecimento"

No palanque: Dr. Walter Jobim; Tenente Coronel GabrielAgostini, Comandante do 3º RO 105; o locutor oficial; Dr.Mariano da Rocha Filho, fundador e reitor da UniversidadeFederal de Santa Maria; Coronel Ramão Menna Barreto,Chefe do Estado Maior da 3ª DI; Coronel Rui de Paula

Couto, Comandante da AD/3; o Bispo de Santa Maria, DomAntônio Reis e o Juiz Floriano Lemos. Abaixo, oficiais da

Guarnição de Santa Maria

A população de Santa Maria, ca-minhando pela rua Dr. Bozzanoem direção ao palanque armadoem frente ao aquartelamento.

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AD PERPETUAM REI MEMORIAM

TURMA GENERAL EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI - 2006

Em4de dezembro de 1905, emBagé, RioGrande doSul, nascia EmílioGarrastazuMédici, filho de EmílioMédici e Júlia GarrastazuMédici,

homem cuja brilhante trajetória de militar e estadista foi pautada peladedicação sem par, através do constante aprimoramento pessoal eprofissional. Esse esforço foi sendo merecidamente reconhecido pelaspromoções que galgou e das responsabilidades que foi assumida nasnomeações para as importantes tarefas que lhe foram confiadas.

Em 1961, foi promovido ao posto de General-de-Brigada e,logo depois, assumiu o comando da Academia Militar das AgulhasNegras, local onde se encontrava a 31 de março de 1964. Após omovimento, acumulando uma sucessão de glórias, comandou o IIIExército e assumiu a Presidência do País, cargos em que demonstrouvigor, competência, integridade pátrio.

Como estadista, no posto mais alto da República, durante osanos de 1969 a 1974, conduziu o país a um patamar jamais alcançadono cenário internacional, com significativa e estrutural melhora naeconomia do Brasil.

Assim foi o General Emílio Garrastazu Médici, que, ao longo dacarreira, deixou-nos inúmeros exemplos de nobreza de caráter, coerênciade atitudes, patriotismo, humildade, honradez e generosidade; virtudestão preciosas, que cultivou durante a vida toda.

A turma 2006 rejubila-se ao homenagear tão valoroso militare estadista, desejando que esse exemplo de amor à Pátria e decompromisso com os mais altos valores da Nação Brasileira sejampartilhadas pelos futuros oficiais do Exército Brasileiro que ora iniciamsua caminhada.

Aluno Jasson

Omemorial emhomenagemaoPresidenteHumbertode Alencar Castello Branco, que integra o con-

junto de edificações da antiga sede do governo doEstado do Ceará - o Palácio da Abolição -, voltou a serimportante ponto turístico na cidade de Fortaleza. Pro-jetado por Sérgio Bernardes e inaugurado em 1972,o monumento, de arrojadas linhas arquitetônicas, foitotalmente recuperado. O memorial é um edifício comárea útil de 270m² composto por um bloco de concretoprismático longilíneo, dividido, no sentido do compri-mento, por um septo que formaduasgalerias.Oconjuntoé rematado pela Capela deMeditação, onde repousam os

"... não quis nem usei o poder comoinstrumento de prepotência. Não quis nemusei o poder para a glória pessoal ou a vai-dade dos fáceis aplausos. Dele nunca meservi. Usei-o, sim, para salvar as Institui-ções, defender o princípio da autoridade,extinguir privilégios, corrigir vacilações dopassado e plantar com paciência as sementesque farão a grandeza do futuro".(trecho de pronunciamento feito durante a últimareunião ministerial, no dia 14 de março de 1967).

Vista interna do Memorial

restos mortais do PresidenteCastello Branco e de suaesposa; e por um pátio plantado de carnaubeiras e ipês-roxos. Na praça sobre a qual a edificação se projeta háum lago de água movimentada pela ação de repuxosornamentais.

Com a reforma do memorial, o svisitantes pode-rão conhecer melhor a história deste grande brasileiroque se destacou como Oficial de Operações da ForçaExpedicionária Brasileira na Campanha da Itália, Co-mandante da Escola de Comando e Estado-Maior doExército, articulador do movimento cívico-militar de1964 e Presidente da República.

* Coronel, Historiador Militar e [email protected]

* Manoel Soriano Neto

No sacerdócio que é a vida militar,aprendemos que há pontos de vista

e pontos de honra. Nós podemos divergirquanto a pontos de vista, questões me-nores, assuntos de somenos importân-cia; porém, nunca, jamais, em tempo

algum, quanto a pontos de honra, que são verdadeiras�cláusulas pétreas�, questões fechadas, dogmáticas, não-interpretáveis e inegociáveis, das quais os militares nãopodem discordar, devendo sempre manter uma monolíticaunidade de pensamento, com vistas à união, a uma salutarcamaradagem e, mais do que isso, à perene coesão castrense.Além dos princípios da Disciplina e da Hierarquia, os consa-grados e insubstituíveis Cultos às tradições, às místicas, aosmais caros e prístinos valores, à HistóriaMilitar, em especial,e a outros superlativos aspectos que conformam os funda-mentos, a essência, a �alma�, enfim, de uma Força Armada,não podem ser esquecidos, deturpados, manipulados ou rela-tivizados ao sabor dos tempos, ao vaivém da política parti-dária, nem a viezes ideológicos, humores e caprichos de

PONTOS DE VISTA E PONTOS DE HONRA

transitórias autoridades ou governantes.A propósito, desafortunada e vergonhosamente, dois

episódios marcantes de nossa rica e inapagável HistóriaMilitar nãomais são comemorados/relembrados, oficialmen-te, nas Organizações Militares das Forças Armadas brasilei-ras, que estão submetidas a um injustificável e vexatório

�silêncio obsequioso�. São eles: a triste, covarde e traiçoeiraIntentona Comunista de 1935 e a Contrarrevolução de 31 deMarço de 1964. Lembro-me dos meus tempos de instrutor/professor de História Militar na AMAN, na década de 1980,em que os cadetes, ao final do 3° ano, redigiam uma disserta-ção acerca do Movimento de 1964, condição �sine qua non�para o prosseguimento do estudo da Matéria, no 4° ano.Trabalhos excepcionais foramelaborados, durante cinco anos,por aqueles jovens cadetes, hoje coronéis, os da ativa, prestesa atingir ao generalato. A eles, concito, veementemente, anunca permitir que a imarcescível flama do sentimento patri-ótico, tão bem glorificada em nossa inesquecível Academia,- quando dos belos tempos da juventude -, venha a se apagar,pois �esquecer também é trair�...

Como proclamou o legendário Almirante Barroso,emRiachuelo:

�O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever!�BRASIL ACIMA DE TUDO!

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REVISTA"O CRUZEIRO EXTRA" DE 10 DEABRILDE 1964EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVOLUÇÃO

O Governador Magalhães Pinto, logo após avitória da rebelião que comandou contra acomunização do País, é beijado por sua nora,D. Terezinha de Magalhães Pinto, espôsa do Sr.Eduardo Magalhães Pinto. O País entrava numperíodo de ordem. (Foto de José Nicolau)

GUANABARAHORA A HORA

Reportagem da equipe de �OCruzeiro�31 demarço, naGuanabara.OGovernador Carlos Lacerda prende

líderes sindicais reunidos emassembléia per-manente. Entre êles, RafaelMartineli, o queredundou na greve imediata da Leopoldina,como protesto. Dez vagões colocados numapassagemdenível, naRuaFranciscoBicalho,foramempurrados por choferes e passageirosde ônibus e lotações.

Estamos empleno1º de abril, quedestavez não foimotivo de brincadeiras.10horas.AvenidaPresidenteVargas eRioBrancocommuita gente em seu cruzamento, procurandoapanhar carona para os seus bairros para osseus bairros da ZonaNorte, em face da grevegeral dos transportes coletivos da cidade.Nasesquinas, piquêtes nitidamente esquerdistase antimilitares, que dominaram aCinelândiaaté às 14 horas. A sede doDiretórioRegionaldo PTB, na Cinelândia, ampliava, por seusauto-falantes, a pregaçãorevolucionária, incitandoos populares a invadiremoClubeMilitar, na esqui-na da Rua Santa Luzia.

Na verdade, popu-lares tentaram, pouco de-pois, invadir a sede da en-tidade de classe dos ofici-ais do Exército, no queforam obstados pelosdisparos dos tenentes, ca-pitães,majores, coronéisegeneraisque lá seencon-travam.Osoficiais dispa-raramde início para o ar epor fim para valer.

Às 15 horas, maisoumenos, um automóvellançou volantes na Ci-nelândia, convocando opovo a participar de umcomício de protesto con-tra o movimento revolu-cionário e que deveria re-alizar-se meia hora de-

pois. 16 horas. É o sangue. A multidão tenta,maisumavez,invadiredepredaroClubeMilitar.Um carro de choque da PM posta-se diante doClube.Opovopresente vaia os soldados.Maistarde, choquesdoExército, chamadosapedidodo Marechal Magessi, Presidente do ClubeMilitar, dispersam os agitadores.

Quando oGovernador Carlos Lacerdadesceu do PalácioGuanabara, protegido porsua guarda, os tanques estão à frente do Palá-cio. Guarniçõesmarchando à sua frente. Ca-nhões emetralhadoras desguarnecidos. Era ahonrosa adesão. Adesão como passo para apacificação semsangue.

Às 16 horas, há o momento de maioremoçãoparaoGovernadorCarlosLacerda: tan-quesdoExército,queseencontravamnoPaláciodasLaranjeiras,estãoagoraguarnecendooPalá-ciodaGuanabara.OChefeoExecutivocarioca,aoouviranotícia,choraeexclama:

- Graças a Deus! Deus está conosco!O carnaval da vitóriaFoi uma reaçãoemcadeia.Anunciada a

viagemdoPresidente aBrasília e a vitória dasfôrças revolucionárias, milhares de pessoassaíamàs ruas, gritando, pulando, discursandotamém, numverdadeiro carnaval.

17 horas e 30 minutos. Deixemos aCine-lândia e as imediações do PalácioGuanabara. Praia do Flamengo, 132, sede daUnião Nacional dos Estudantes. Grupos dejovens atiravambombas incendiárias (coque-tel Molotov) para o interior da UNE, àquelaaltura abandonada pelos dirigentes da entida-de estudantil. Tinhamfugido, sob as vaias dosque se aproximavam do local. Ou mesmopelos fundos, pelos telhados do prédio, paraedifícios vizinhos. Precipitadamente.

Os dirigentes da União Nacional dosEstudantes livraram-se de livros e documen-

tos, que foram incendia-dos e devolvidosparao in-teriordoedifícioemformade tochasde fogoeobjetosqueseincendiavanointeri-or das salas das entidadessob as siglas de UNE,AMES, UBES e outras.

Os policiais e bom-beiros que pouco depoischegarampara combater oincêndio disseramque en-contramnas salas daUNEarmas emunições.

À tardinha. Doistiros vinham do Leme.Era o sinal de vitória, queacionou o gatilho da ex-plosão popular. E tudose misturou na chuva,alegria e carnaval, refle-tidos nos olhos dos solda-dos que ocupavamoFortedeCopacabana, patrulhasdo Pôsto Seis.

A comemoração da "renúncia" de Jango;alunos do Mackenzie, com a bandeira em

punho, em plena manifestação

O Governador CarlosLacerda, emcompanhia deEduardo Gomes,General Mandim eAbreu Sodré, semantinha ematividade mais queconstante

A BATALHA DO GUANABARA

Em carros alegóricos, muitos reviveramo carnaval carioca.

O Presidente João Goulartescolheu o caminho.Trocou o mandato por umaliderança revolucionária eesquerdista. Aqui aparececom D. Maria Tereza e osSrs. Darcy Ribeiro eOswaldo Pacheco, êste,líder da CGT, no comíciodo dia 13 de março, oinício do processode sua queda

POR QUE JANGO CAIU

Umahistória: homens,mulheres e cri-anças, empunhando bandeiras, lenços bran-cos, lençóis, comemoravamoque ficou sendoo carnaval da vitória. Das janelas dos aparta-mentos em tôda a Zona Sul, eram estendidoslençóis e colchas, numahomenagemàvitóriada revolução.

E duas chuvas semisturaram no espa-ço: a que caía de muito alto, de água, e a depapéis picados.

E uma caravana de automóveis, buzi-nando, vespas nas avenidas e ruas deCopacabana, deBotafogo, do JardimBotâni-co, do Leblon e Ipanema.

Era a festa da vitória.

OS 40 DO FORTETomada do Forte de Copacabana foidecisiva para a vitória da revolução

Planejamento, rapidez e coragemdominaram o QG de Artilharia de Costa

da 1ª Região Militar

O CARNAVAL DA VITÓRIA

�Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora da agressãoe da adversidade, cumpriram o duro dever de se oporem à agitadores eterroristas de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia�.

Brasília, 31demarçode1981General-de-Exército Walter Pires de Carvalho e Albuquerque

Ministro do Exército

HONRAMILITAR

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16Nº 237 - 31 de Março/2017

OLDACKESTEVES

OMinistrodoExército, considerandoqueaRevoluçãode31demarçode 1964, deflagrada pioneiramente pela ID/4 - Infantaria Divisionária da 4ªDivisão de Infantaria, hoje a 4ª Brigada de Infantaria, constituiu respostapronta e adequada à ação subversiva do comunismo, comandado de fora,visando à tomada do poder, resolve aprovar oDistintivo deGrandeUnidadeda 4ª Brigada de Infantaria, constante domodelo anexo e com a seguinte descrição heráldica:

"Escudo português partido de 'blau' e 'goles' (cores heráldicas do Exército Brasileiro),filetado de ouro, tendo brocante um triângulo equilátero (a relembrar a LIBERDADE,sonhada pelos Inconfidentes e preservada pela Revolução deMarço) e, ao centro deste, umapomba branca (a Paz) sobrevoando as verdes montanhas de Minas e, ao fundo, um sollevante (o raiar de uma nova era), de 'goles', com resplendor do mesmo esmalte sobre umfundo de prata; emChefe, cortado de sínopleeouro,a inscrição:"BRIGADA31DEMARÇO."

(Port Min 1.571, de 27 Out 75)

BRIGADA 31 DEMARÇODISTINTIVO DA

4ª BRIGADA DE INFANTARIA

NR:NR:NR:NR:NR: Tal Estandarte Histórico foi idealizado pelo então Maj CarlosClaudio Miguez, em 1975 (hoje, Editor deste periódico), por determinação doComandante da 4ª Brigada de Infantaria, General-de-Brigada Sylvio Octáviodo Espírito Santo. A honraria castrense ostentada com imensa ufania pela 4ªBrigada de Infantaria Motorizada/Brigada 31 de Março, exibe seus motes notítulo deste jornal, no perfil das montanhas alterosas, no sol levante, referen-tes a Minas Gerais, em especial o alusivo à Inconfidência Mineira (triângulona cor vermelha), na relembrança do venerável �Proto-Mártir da Independên-cia�, �Patrono Cívico da Nação Brasileira� e �Herói Nacional�, JoaquimJosé da Silva Xavier, � o Tiradentes�. Acrescente-se que as tropas que parti-ram de Minas Gerais, em direção ao Rio de Janeiro, em 31 de março de 1964,foram denominadas, historicamente, de �Destacamento Tiradentes�.

* Jornalistaaristotelesdrummond@mls.com.brwww.aristotelesdrummond.com.br

A edição histórica do INCONFIDÊN-CIA, sobre mais um aniversário da Re-

volução de 1964 se constitui em documentoraro e a ser preservado em nome da verdadehistórica, da dignidade do povo brasileiro.

A Revolução foi um movimento cívi-co-militar e não apenas militar. O brado veiopelos governadores eleitos das principaisunidades da federação como Minas, SãoPaulo, Guanabara, Paraná, Rio Grande doSul e Goiás.

Infelizmente muitos que saudarama Revolução com entusiasmo foram atin-gidos em função das intrigas e das ambi-ções políticas naturais nestes momentoshistóricos, em todos os lugares e em to-dos os tempos .

Encontramos na edição as referên-cias a políticos estimados e alinhadoscom o movimento que acabaram afasta-dos da vida pública pelos seus inimigose não pela Revolução. Assim foi com oentão deputado estadual mineiro AníbalTeixeira, que depois da Anistia foi depu-tado e Ministro, assim como o grandehomem público que foi JK, que nada ti-nham de corruptos ou de subversivos.

Mas, com todos os erros, os acer-tos foram maiores. O Brasil nunca cres-ceu tanto, a renda foi tão bem distribuídaem tempos inflacionários, e crescemos ataxas só obtidas agora pela China, no go-

AEDIÇÃOHISTÓRICAverno do Presidente Mé-dici.

E a mídia era corre-ta, verdadeira, com cora-gem e bravura na defesados interesses nacionais.

Pena que o legadode Roberto Marinho e Assis Chateau-briand, de posições firmes, tenha sidosucedido pela entrega das redações aum verdadeiro domínio ideológico de es-querda, sem compromissos com a histó-ria dos próprios jornais.

O ponto alto dos anos dourados, deprogresso, foram as obras, na habitação, nosaneamento, nas estradas e nos portos, nastelecomunicações. Foi o planejamento denosso projeto desenvolvimentista.

Quem conhece, quem estuda, sabe oque fizemos nos vinte anos e que safra debrasileiros construiu o Brasil Grande. DeRoberto Campos a Delfim Neto, de MárioAndreazza a Elizeu Resende, de CostaCavalcanti a César Cals. Todos com digni-dade e correção pessoal.

Uma pena que a mentira domine,passageiramente é claro, os meios de co-municação, os livros escolares. Mas osregistros históricos sobreviverão, entre osquais as edições deste bravo e destemidojornal.

Os tempos são outros. Mas algumasdas ameaças que pairam sobre nossa Pátriasão as mesmas, em função da insistenteinfluência de gente perdida no tempo, quenão mudou, não evoluiu e ainda pensacomo nos anos da Guerra Fria.

A conclusão que se chega é que,para defender a Democracia que te-mos � e foi devolvida pelos militares� mais do que nunca devemos respei-tar, exaltar, prestigiar e defender asnossas Forças Armadas.

A pedido do Presidente RanieriMazzili, uma comissão de oito par-

lamentares � Pedro Aleixo, MartinsRodrigues, Daniel Krieger, Bilac Pin-to, Adauto Lúcio Cardoso, Paulo Sara-zate, João Agripino e Ulysses Guima-rães - elaborou um projeto de AtoInstitucional. Diz o Senador DanielKrieger, depois líder do governo doPresidente Costa e Silva: �A minhainterferência restringiu-se a discor-dar do prazo de 15 anos, proposto àcomissão por um de seus integrantes� Ulysses Guimarães�.

Oprojeto da Comissãofoi substitu-ído por outro elaborado pelos professores

AI-1 E ULYSSES GUIMARÃESProjeto do Ato Institucional nº 1

de 9 de abril de 1964FranciscoCamposeCarlosMedeiros.Co-mentaKrieger:�Devoregistrar,entretan-to, que o redigido pelos citados parla-mentares não era mais liberal do que odoseminentesmestres.� (DanielKrieger,... Desde as Missões ... Saudades, Lutas,Esperanças � José Olympio - Rio de Ja-neiro, 1978 � 2º edição pág 172.

O fato, muito pouco conhecido, érelembrado pela Folha de São Paulo de1º demaio de 1989 (Política, fl A7, �Há60 anosUlysses sonha em serPresiden-te da República�) e pelo Jornal do Bra-sil de 18 de outubro de 1992 (A contra-dição � do apoio ao Golpe de 1964 aocomando da resistência).

UM MILHÃO DE CARIOCASNA MARCHA DA LIBERDADE

O ex-presidente da República,Marechal Eurico GasparDutra, que também recebeuaclamações acena ao povodo palanque.

(Manchete - Abril/64)

JornalistaAristóteles Drummond

Publicado no Inconfidência, nº 149 de 31 de março de 2010

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17Nº 237 - 31 de Março/2017

REALIZAÇÕES DO GOVERNO CÍVICO-MILITAR - 1964/1985

Ponte General Costa e Silva (Rio-Niterói)

Itaipú - A maior hidrelétricado mundo

AMX A-1 - A Embraer é hoje uma das maiores exportadoras brasileiras

Complexo Esportivo da UniversidadeFederal de Santa Maria / RS (1972)

ECONOMIA�OBrasil passa a ser a 8ª economiamundial. Era a 47ª.� É alcançado um PIB de 14%� Exportações crescem de US$1,5 bilhões para 37 bilhões dedólares.�Redução da inflação de 100%a.a.para 12% a.a. sem controle de pre-ços a pleno emprego e semmassacredo funcionalismo público.� PAEG - Programa de Ação Eco-nômica do Governo.� Código Tributário.� Código de Mineração.� Zona Franca de Manaus.� IBDF - Instituto Brasileiro deDesenvolvimento Florestal.� Banco Central criado em De-zembro/64.� ICM - IPI - ISS.� Banco da Amazônia� SUDAM - Superintendência deDesenvolvimento da Amazônia.

EDUCAÇÃO/SAÚDE� Estatuto do Magistério Superior.� Matrículas no ensino superiorde 100 mil em 1964 para 1,3 mi-lhão em 1981.� Mais de 10 milhões de estudan-tes nos bancos escolares.� Estabelecimentos de assistênciamédica-sanitária aumentaram entre1970/84, de 6 mil para 28 mil.� Crédito Educativo - ProjetoRondon - MOBRAL.�Fomento e financiamento da pes-quisa: CNPq, FINEP e CAPES� Cursos de Mestrado e Doutorado� Construção dos maio-res estádios, ginásios,conjuntos aquáticose complexos des-portivos em diver-sas cidades e nasprincipais universi-dades federais;� Projeto Rondon.

EMPREGOTRABALHO/SOCIAL

� Criação de 13 milhões de em-pregos.� Conselho Nacional de PoluiçãoAmbiental.� INDA - Instituto de Desenvolvi-mento Agrário.� SFH - Sistema Financeiro Habi-tacional� BNH - Banco Nacional de Ha-bitação.� Construção de 4 milhões de mo-radias.� Leis do Inquilinato, dos Condo-mínios e Edificações.� Regulamentação do 13º salário.� INPS - IAPAS, Dataprev, LBA,FUNABEM e o INAMPS.� FUNRURAL -Uma dasmaioresobras sociais do século XX no Bra-sil, beneficiando 8milhões de traba-lhadores rurais� Programas de Merenda Escolar

EM MINAS GERAIS

Apesar da �ditadura�, Israel Pinheiro é eleito em 1965, e dá

início ao crescimento econômicode Minas. Em seguida, os gover-nos de Rondon Pacheco e Aure-lianoChaves, fazem decolar a eco-nomia mineira, com a criação dosDistritos Industriais, destacando-se os de Uberlândia, Itajubá, Pou-so Alegre, Juiz de Fora, Varginha,Contagem.

� Aprovação da lei 5261 deincentivos fiscais, Escola Superiorde Agricultura de Lavras, levandoo Estado de Minas a ter o maiordesenvolvimento de sua história,gerandomilhares de empregos.

� Projetos sãoalavancadosnoBDMG, INDI, Finepe, FundaçãoJoão Pinheiro, BNDE e na empresaprivada.

� Betim recebe a FIAT Auto-móveis, promovendo o bem estarsocial e fortalecendo seu distritoindustrial.

� São implantadas em OuroBranco, a Açominas e em Juiz deFora, a SiderúrgicaMendes Júnior.

�Amalha rodoviáriaéexpan-dida peloDER, é construído oAero-porto de Confins.

�A Cemig, sempre presenteno desenvolvimento de Minas,constrói hidrelétricas, destacando-se São Simão, Emborcação, VoltaGrande e a ampliação da capacida-

de deTrêsMarias, gerando energiapara as indústrias, particularmen-te para as cimenteiras que se ins-talam em território mineiro e per-mitindo o crescimento da agro-indústria nos campos do cerrado.

� Telemig, Ceasa, Camig,Casemg, instalações industriais naárea da Sudene emMontes Claros,RuralMinas que desenvolve oPro-jeto do Vale do Jaíba.

� Somente nos governos deRondon, Aureliano e Francelino,são expedidos 48144 títulos depropriedade rural, mais do que odobro dos governos de Tancredo,Garcia, Cardoso e Azeredo, com22706 títulos.

� As Construtoras MendesJúnior e Andrade Gutierrez expor-tam sua tecnologia.

�A Companhia Vale do RioDoce, torna-se amaior exportado-ra mundial deminério de ferro.

� Empresas crescem juntocom Minas: MBR, Usiminas,Cenibra (hoje a 2ª maior produ-tora e exportadora de celulose),Helibrás, Valep, Valefértil, Flo-restas Rio Doce, Acesita, Belgo-Mineira, Mannesmann, Samitri,Ferteco, Arafértil, Paraibuna,Alcoa e outras.

� O BEMGE - Banco do Es-tado é reestruturado e passa a serrespeitado nacionalmente.

EM BELO HORIZONTEEM BELO HORIZONTEEM BELO HORIZONTEEM BELO HORIZONTEEM BELO HORIZONTE � Canalização do rio Arrudas;� Construção do Fórum; � Implantação do trem de superfície(metrô) � Via Expressa e Anel Rodoviário; � Construção doCEU - Centro Esportivo Universitário na UFMG.

e Alimentação do Trabalhador(PAT)� Criação do FGTS, PIS, PASEP.

ENERGIATELECOMUNICAÇÕES�Criação daEletrobrás, Nuclebráse subsidiárias, Embratel e Tele-brás.� Instalação da Usina Nuclear emAngra dos Reis (Angra I e Angra II)� Pró-álcool (95% da frota nacio-nal de automóveis a álcool).� Construídas mais de 30 usinashidrelétricas, entre as quais as mai-ores do mundo: Tucuruí, Ilha Sol-teira, Jupiá, Itaipu...

� Prospecção de petróleo em gran-des profundidades na bacia deCam-pos, com exportação de tecnologia;� Telebrás implanta 12milhões delinhas telefônicas; microondas in-terligam todas as capitais; estaçãode satélite interliga o Brasil com omundo todo; TV em cores em todoo país; transmissão de dados einternet; cabos submarinos de fibraótica para os Estados Unidos eEuropa; DDD e DDI no país epara o mundo.

POLÍTICAADMINISTRATIVA�É restabelecida a autori-dade por 20 anos.� Extensão do mar terri-

torial de 12 para 200milhasmarítimas.� SNI - Serviço Nacional de In-

formações.� Polícia Federal.� LSN -Lei de SegurançaNacional.� Reforma do TCU.� Reformas Administrativas, Agrá-ria,Bancária,Eleitoral,Habitacional,Política e Universitária.

PRODUÇÃO/INDÚSTRIAINFRAESTRUTURA

� Construção de 4 portos e ex-pansão e recuperação de 20 ou-tros, destacando-se Tubarão/ES e

Sepetiba/RJ.� Indústria aeronáutica, naval, bé-lica e automobilística.�Rede asfaltada ampliada de 3milpara 45 mil quilômetros.� Ferrovia da soja (Roca Sales -Passo Fundo) - Transamazônica.� Rede ferroviária ampliada em 3mil km e remodelada em 11mil km.� Frota mercante de 1 para 4 mi-lhões de TDW (1974/1980).� Corredores de exportação emVitória, Santos, Paranaguá e RioGrande.� Produção de 70 milhões de to-neladas de grãos. Criação da Em-brapa.�Duplicação daRodoviaRio / Juizde Fora e da via Dutra (Rio � SãoPaulo);� Criação da EBTU; Implantaçãodo metrô nas regiões metropolita-nas de São Paulo, Rio de Janeiro,BeloHorizonte, Recife e Fortaleza;�Construçãode eclusas nahidroviaTietê-Paraná; em Sobradinho (SãoFrancisco); início em Tucuruí (rioTocantins) eBoaEsperança (rio Par-naíba);� Criação da Infraero proporcio-nando a construção, moderniza-ção e ampliação dos principais aero-portos brasileiros, destacando-seGaleão, Guarulhos, Brasília, Con-fins, Campinas, Viracopos, Salva-dor, Manaus e particularmente naAmazônia (COMARA);� Implantação dos pólos petro-químicos em São Paulo (Cubatão)e na Bahia (Camaçari);� Construção de porto no Ma-ranhão para a exportação de miné-rio de ferro da Serra dos Carajás(CVRD);

� A Petrobrás aumenta a produ-ção, de 75 mil para 750 mil barris/dia de petróleo,�Estruturação das grandes cons-trutoras nacionais.

E muitas, muitas outras mais...

SÃO PAULO PAROU PARADEFENDER O REGIME

Marcha daFamília comDeus, pelaLiberdade.Mais de 500mil paulistanosvão às ruas para pedir a intervenção das Forças Armadas emdefesa da Constituição e dos princípios democráticos.

Publicado na Folha de S.Paulo, sexta-feira, 20 de março de 1964TEXTO COMPLETO no site www.averdadesufocada.com

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18Nº 237 - 31 de Março/2017 18

Turma de 18 de janeiro de 1921

Em 31 de março de 1964, o Estado deMinas Gerais se rebelou contra ogoverno central. Tropas do Exército

e da PMMG saíram dos quartéis para aderrubada do governicho cripto-comunis-ta de João Goulart.

O �Destacamento Tiradentes�, co-mandado pelo Gen Antônio Carlos da SilvaMuricy, partiu, naquela data, para a divisaMinas-Rio (corte do rio Paraibuna) ficandoem condições de prosseguir na direção doRio de Janeiro, dando início ao gloriosoMovimento.

Há alguns fatos curiosos acerca daRevolução. Os Oficiais-Generais da Turmade Aspirantes-a-Oficial, formada em 18 dejaneiro de 1921, na Escola Militar doRealengo, tiveram papel preponderante nodesenrolar dos acontecimentos. Pertenci-am à mencionada Turma, o Ministro daGuerra, General Jair Dantas Ribeiro; o Che-fe do Estado-Maior do Exército, GeneralHumberto de Alencar Castello Branco; oComandante do I Exército, General Arman-do de Moraes Ancora; o Comandante do IIExército, Gen Amaury Kruel; o Comandan-te do III Exército, General BenjaminRodrigues Galhardo; o Chefe do Departa-mento-Geral do Pessoal, General Arthurda Costa e Silva; o Chefe do Departa-mento de Provisão-Geral, General Joãode Segadas Viana; o Comandante da 4ªRM, General Olímpio Mourão Filho e osGenerais Adhemar de Queiroz, futuro Mi-nistro da Guerra; João Baptista de Mattos,escritor e historiador militar; Octacílio Ter-ra Ururahy; Nilo Augusto Guerreiro Lima;Estevão Taurino de Rezende Netto; JoãoBatista Rangel; José Theófilo de Arrruda;Emílio Maurell Filho; Ignácio de FreitasRolim e Antonio Accioly Borges. Diga-seque daquela Turma também faz parte o hojecentenário Marechal Waldemar Levy Car-doso, herói da FEB, nascido em 4 dezembrode 1900 (século XIX) e �Decano da Artilha-ria Brasileira�.

Melhorespecificando pelas Armas,esta Turma excepcional:

INFANTARIA: � Humberto deAlencar Castello Branco � Alcindo NunesPereira � João de Segadas Vianna � Arthurda Costa e Silva � Hugo Silva � AlcebíadesTamoyo da Silva � Olympio Mourão Filho� Aguinaldo Caiado de Castro � NiloAugusto Guerreiro Lima � Armando Cattani

*Manoel SorianoNeto

� Armando Baptista Gonçalves � Ignácio deFreitas Rollim � Mario Tasso Sayão Car-doso � Francisco Silveira do Prado � An-tonio José Coelho dos Reis � OctávioMassa � Armando de Mello Meziat � JairDantas Ribeiro � Renato Rodrigues Ribas� João Baptista Rangel � Ignácio de LoyolaDaher � Agenor de Andrade � Samuel daSilva Pires � João Baptista de Mattos � JoãoUrurahy de Magalhães � Napoleão de Alen-castro Guimarães � João de Almeida Freitas� Armando Levy Cardoso � João Saraiva� Manoel JoaquimGuedes � Iracy Ferreira de

Castro

CAVALARIA: �Ar-mando de Moraes Ancora�Milton Cezimbra �Ernes-to Dornelles � José DantasArêas Pimentel �Riogran-dinoKruel�Eleutério BrumFerlich � Estevão Taurinode Rezende Neto � JoséTheóphilo de Arruda � Ini-máSiqueira �AmauryKruel� Thales Moutinho da Cos-ta � Heitor Lopes Caminha

ARTILHARIA: � EmilioMaurell Fi-lho � Luiz Antonio Bittencourt � João PunaroBley � Amangá Liberato de Castro Menezes�Waldemar Levy Cardoso � Alcides Gonçal-ves Etchegoyen � Nelson GonçalvesEtchegoyen � Olindo Denys � SaintClair Peixoto Paes Leme � Adhemar deQueiroz

ENGENHARIA: � Ary MaurellLobo � Antonio Guedes Muniz � AttilaMagno da Silva � Benjamim RodriguesGalhardo � Edmundo Macedo Soares eSilva � Bernardino Correia de MattosNetto � Octacílio Terra Ururahy.

Ainda a respeito da �Contra-Revo-lução� de 1964 e da Turma de 1921 daEscola Militar de Realengo, consigne-seque às 18 horas de 1º de abril de 1964,reuniram-se no Gabinete do Comando daAcademia Militar das Agulhas Negas, osGenerais Ancora, Comandante do I Exércitoe Ministro (interino) da Guerra e o GeneralKruel, Comandante do II Exército, que acer-taram a cessação das operações, evitan-do, assim, provável derramamento de san-gue entre tropas do Exército Brasileiro.Os dois Generais eram da citada Turma de1921, ambos oriundos da Arma de Cava-laria, gaúchos e heróis da FEB, comogaúcho e de Cavalaria era o Comandanteda AMAN, o então General-de-BrigadaEmílio Garrastazu Médici.

Como mais uma curiosidade, cabeassinalar que os Generais Castello Branco eMourão Filho foram servir, como Aspiran-tes-a-Oficial, no 12º RI, de Belo Horizonte-MG, onde era Cabo, o futuro Vice-Presiden-te da República José Maria Alckmin.

HISTÓRIAMILITARDOBRASIL

Generais Mourão Filho e Guedes recebem o Presidente CastelloBranco no QG da ID/4, no dia 28 de fevereiro de 1966,

em Belo Horizonte

*Coronel - Historiador - Ex-Chefe do CDOCExMembro do IGHMB e da AHIMTB

* RaymundoNegrão Torres

*General-de-Divisão

O REGIME FARDADOO �regime fardado� � como gosta de

chamar certo escriba cá da terra �continua a ser acusado de ser o respon-sável por todas as nossas desgraçaspresentes, passadas e futuras, inclusivepor este vendaval de corrupção que seabateu sobre o país. Mas, alguns tam-bém ensaiam tímidas comparações comohá pouco ocorreu quando da morte dogeneral Otávio Medeiros, chefe do SNIno governo Figueiredo, falecido em situ-ação de quase indigência, e alguém lem-brou que, apesar de terem governado oumandado em um regime autoritário, osgenerais morrem pobres.

Um dos mais cáusticos críticos da�ditadura militar� foi Elio Gaspari emseus quatro recentes livros. No segun-do deles � A Ditadura Escancarada - asperipécias da escolha do substituto deCosta e Silva constituem um alentadocapítulo de credibilidade muito discutí-vel já que se baseia em algumas fontessuspeitíssimas, como Jayme Portella deMello - uma espécie de �golbery� do�seu Artur� -, o despeitado panfletárioCarlos Lacerda e o jornalista Carlos Cha-gas, então servidor da ditadura, que,apeado da sinecura que arranjara, tor-nou-se um feroz e ressentido detratordos militares. Hoje, sabe-se lá porque,mudou outra vez de lado. Outras surpre-endentes, como a do então ministro Del-fim Neto, em um suposto depoimento demaio de 1988. Surpresa, pelo menos, paraquem nunca acreditou no que transpi-rou do que dizia o Relatório Saraiva.

As demonstrações de apego aopoder, as ambições, as vaidades e oentrechoque de grupos ali mostradossão parte de um quadro que tem certacredibilidade, mesmo para quem não seceve na peçonha que o autor destila aodescrever certos acon-tecimentos. Tais maze-las eram parte de um sis-tema de poder que sem-pre preocupara CastelloBranco, mas que já eramsinais claros da perdade rumo que faria domo-vimento de 1964 maisuma revolução perdida,como profetizara o ge-neral Ernesto Geisel, aosaber que o substituto deCastello seria Costa e Silva. Mas, apesare independente disso, enquanto a �tigrada�continuava fiel ao cumprimento de suamissão de impedir a comunização do país,o �concílio dos generais� acabaria por es-colher para assumir o posto na �troca daguarda� um de seus pares, capaz das de-monstrações de autoridade, simplicidade,modéstia, desprendimento e integridademoral que mesmo um autor tendencioso eparcial, como Elio Gaspari, foi incapaz deesconder. Quantos presidentes neste paíspoderiam receber os elogios que o autordedica ao general Medici, registrados àpágina 133 do citado livro? Eis o que escre-

A ditadura estava no seu oitavoano, no terceiro general. Médicicavalgava popularidade,

progressoedesempenho.Umapesquisa do IBOPE realizada emjulho de 1971 atribuíra-lhe 82%de aprovação. Em 1972 aeconomia cresceria 11,9%, amaior taxa de todos os tempos.Era o quinto ano consecutivo decrescimento superior a 9%.

veu o autor:�Presidiu o

país em silêncio, len-do discursos escri-tos pelos outros, semconfraternizaçõessociais, implacávelcom mexericos. Pas-sou pela vida públi-ca com escrupulosahonorabilidade pessoal. Da Presidênciatirou o salário de Cr$ 3.439,98 líquidospor mês (equivalente a 724 dólares) enada mais. Adiou um aumento da carnepara vender na baixa os bois de sua estân-cia e desviou o traçado de uma estradapara que ela não lhe valorizasse as terras.Sua mulher decorou a granja oficial doRiacho Fundo com móveis usados reco-lhidos nos depósitos do funcionalismo deBrasília�.

No terceiro volume da mesma obra �A Ditadura Derrotada � Elio Gaspari escre-veu:

�A ditadura estava no seu oitavoano, no terceiro general. Médici cavalgavapopularidade, progresso e desempenho.Uma pesquisa do IBOPE realizada em julhode 1971 atribuíra-lhe 82% de aprovação.Em 1972 a economia cresceria 11,9%, amaior taxa de todos os tempos. Era oquinto ano consecutivo de crescimentosuperior a 9%. A renda per capita dosbrasileiros aumentara 50%. Pela primeiravez na história as exportações de produ-tos industrializados ultrapassaram umbilhão de dólares. Duplicara a produçãode aço e o consumo de energia, triplicaraa de veículos, quadruplicara a de navios.A Bolsa de Valores do Rio de Janeirotivera em agosto uma rentabilidade de9,4%. Vivia-se um regime de pleno em-prego. No eixo Rio - São Paulo executivos

ganhavam mais que seussimilares americanos oueuropeus. Kombis dasempresas de construçãocivil recrutavam mão deobra no ABC paulista comalto falantes oferecendobons salários e confortonos alojamentos. Um me-talúrgico parcimoniosoganhava o bastante paracomprar um fusca novo.Em apenas dois anos os

brasileiros com automóvel passaram de 9%para 12% da população e as casas comtelevisão de 24% para 34%. O Secretário doTesouro americano, John Connally, disse-ra que �os EUA bem poderiam olhar para oexemplo brasileiro, demodo a pôr emordema sua economia�.

Está lá, nas páginas 26 e 27 do livrode Elio Gaspari para quem quiser confe-rir e fazer suas comparações, registradopor um escriba acima de qualquer sus-peita de ser a favor do �regime fardado�ou saudoso �dos tempos dos coturnos�.(Publicado no Inconfidência nº 89 - Dezembro 2005)

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* Por JarbasPassarinho

*CoronelReformado -FoiministrodeEstado,governadoresenadorpeloPará.

O lúcido escritor mineiro JoãoCamillo de Oliveira Torres es-creveu que, no Brasil, os golpes

de Estado são condenados pelos preju-dicados e saudados pelos favorecidos.Justo seria se fossem sempre condena-dos, se a hipocrisia não fosse uma com-ponente de quem não se importa com ademocracia ferida mas com a perda desuas vantagens.

No Brasil, em 1937, o presidenteGetúlioVargas serviu-se doPlanoCohen,uma fraude simuladora de iminente ame-aça comunista. Deu o autogolpe, apoia-do nas Forças Armadas ainda marcadaspela revolta de 1935, liderada por CarlosPrestes, a mando de Moscou. Os simpá-ticos ao fascismo aplaudiram; os outrosresignaram-se até outubro de 1945, quan-do um golpe das Forças Armadas depôso ditador.

Quase 30 anos depois, modelo de1937 parece ter inspirado João Goulart.Agora, a esquerda é que seria o vetorrevolucionário. Prestes, secretário-geraldo Partido Comunista, mantinha íntimaligação comopresidente.Di-loo livroqueditou para os jornalistas Dênis de Moraese Francisco Viana. Destacou ummilitanteimportante ��para representaropartidonasarticulaçõescomJango��,oquenãoexcluíasua ligação, a ponto de, no Comitê CentraldoPCB,Marighellaochamarde janguista.

Obsessivo anotador nas famosas ca-dernetas manuscritas, depois apresadas,numa refere-se claramente ao golpe: ��Aluta semanifesta nasForçasArmadas atra-vés de conchavos. Vamos concentrar ofogono inimigoprincipal evamosmarcharcom todos, Goulart, Osvino, etc. no gol-pe��.Difícil é saberseogolpedePresteseraautônomo,ou, semprecomJango,naestra-

O CONTRAGOLPE DE 1964

Manchete-11/04/64

JornalAManhãdaAliançaNacionalLibertadora,Rio,27/11/1935

O motim dos marinheiros no dia 25 de março

tégia do ��etapismo��, ou seja, da aliançacom a burguesia progressista na figura deJango, para a conquista do socialismo porviapacífica.

LeonelBrizola,essetinhaavirtudedepregarogolpeabertamente, clamandopelofechamento do Congresso. Cunhado, em-bora, do presidente. Tinha luz própria napráxis do golpe, tanto que fundou os ��gru-pos dos onze��, de aparência paramilitar.Certamente não se destinavam a estudar aBíblia,masseroembriãodoExércitoPopu-lardeLibertação.VigiavamJango.Assiméque,pertode31demarçode1964,analisan-doaconjuntura, concluíram: ��Ogolpenãovem da direita, mas de Jango��.

AGuerraFria estavano auge,UniãoSoviética e Estados Unidos atentos aoBrasil.OembaixadorsoviéticoFomimteveamesmaconclusão.Seus telegramassecre-tos para Moscou, conhecidos após o co-lapso daURSS, atribuíam a Jango o golpe.

OembaixadoramericanoGordonimpressi-onara-se com a inconfidência que lhe fezSamuelWainer. ÍntimodeJango,deleouvi-radizer-lhesobgrandeemoçãoque��pode-riamanterarotinadecortar fitaseminaugu-rações e fazer discursos nos feriados naci-onais, ou renunciar como fizera Jânio, oupoderia dar o salto!��Ainda assim, foi cau-teloso ao sintetizar para Washington, nosúltimosdiasdemarço, suaavaliação.Tele-grafou informandoaprobabilidadede��ha-ver um golpe dado por Goulart, um golpecontraGoulartouo iníciodeumalonga lutaarmada��. A preparação legitimada do au-togolpe, tentou-a Jango, ao propor o Esta-do de Sítio, mas malogrou a manobra por-que�revelaPrestes�nãocontoucomoscomunistas, receosos de que, depois deaniquilado o governador Carlos Lacerda,fossem eles os próximos.

O autogolpe de 1937 contou comrespaldo total dos militares. Falto disso,Jango buscou o apoio dos subalternos dasForças Armadas. Tenho,paramim,queoautogolpenão teria êxito se baseadosomente nas greves polí-ticas da ilegalCGT, ounodiscurso carbonário deBrizolaparafecharoCon-gresso,nemmesmocomoapoio de Prestes. Era pre-ciso sublevar os subalter-nos das Forças Armadas.Doisexemplosfalamporsisós.Emsetembrode1963,sargentos da Aeronáuti-ca e da Marinha revolta-ram-seemBrasília.Domi-naramoministériodaMa-rinha, o quartel dos Fuzi-leiros Navais e perderamummarinheiro,morto no ataque aoMinis-tério da Aeronáutica. Foram vencidos epresos. Mas o motim ficaria impune. Asgotas d�água vieram sucessivas. O motimdosmarinheiros,noRio,nodia25demarçode 1964, desafiou o ministro da Marinha,quemandouprendê-los pelos fuzileiros�que não só se recusaram a cumprir comoconfraternizaram com os amotinados. Opresidente preferiu exonerar o ministro daMarinhaenomearoutro,dos três indicadospelos rebelados. Finalmente, o presidente,em30demarço,aceita receberhomenagemdos sargentos no Rio de Janeiro. Doisdiscursos são ovacionados: o domarinhei-ro Anselmo e o do presidente Jango, namais radical fala de sua vida pública, aoacenar com��as represálias dopovo��.Queprecisavamais,paraogolpevindodecima?

O general Castello Branco, chefe do

EstadoMaior do Exér-cito, tentou ainda, em20 demarço, advertir ogoverno sobre os ru-mos que tomava. Dis-tribuiuumacirculardes-tinada aos seus subor-dinados. Ainda era o legalista de sempre,mas advertia: ��A insurreição é um recursolegítimodeumpovo.Estáelepedindodita-duramilitar ou civil eConstituinte? Pareceque ainda não��. Até 20 de março, pois,éramosantigolpistas.Depoisdomotimdosmarinheiros e do discurso incendiário noAutomóvel Clube, as Forças Armadas fo-ram atingidas no âmago de seus pilares: adisciplina eahierarquia.Nadamaishavia aaguardar, senão o golpe preventivo oucontragolpe.

Tudo o que está aqui citado éindesmentível, excetoporquem,comocan-taCamões, ��neguetambémaosolaclarida-de e certifique-se mais que o fogo é frio��.

Pois esses negativistas abundam. Mentemdeslavadamente. Um que a despeito dereligioso católico, que não deveria mentir,dissequeaCIAfoiamentoradosoficiaisdocontragolpe e que Lincoln Gordon issoadmitiu. Grossa patranha. Mentem os quenegamoapoiomaciçodasociedadecivil aocontragolpe que matou o golpe. Cínicossão os que dizem ter lutado contra umaditadura quando defendiam ardorosamen-te a ditadura de Fidel Castro e Stálin.Tartufos, os que simulam ter lutado pordireitoshumanosofendidosaomesmotem-po em que os aplaudia violados em Cuba.Não foi à toa que Voltaire disse, diante defarsas dessa natureza: ��Assim se escreve aHistória��.

(Publicado em 30 de março de 2004no Estado de Minas e no Correio Braziliense)

Em 30 de março, no Automóvel Clube, no Rio de Janeiro

Acuse-os do que você faz.Xingue-os do que você é.

Lenine

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20Nº 237 - 31 de Março/2017 20

Em várias cidades foram apreendidaslivros e revistas subversivos escritos

em português e espanhol editados no Bra-sil, em Cuba e em países da cortina de ferro,entre eles, Tchecoslováquia e Romênia.

Também grande quantidade da re-vista Movimento 10, órgão oficial da UNE.Dessa revista, nº 3 de abril/1963, destaca-mos os seguintes assuntos:

-A crise econômica dos EEUU-Para onde vai João Goulart-Venezuela em Revolução-A evolução das lutas sindicais-Solidariedade a CubaNão nos surpreende, que passados

40 anos, os estudantes (?) (profissionais,

comunistas, antigos amantes de Guevara eFidel e agora de Chávez e Evo) ainda perse-veram acreditando no regime assassino efalido de Cuba e similares, combatendo o�imperialismo ianque� e exigindo a reformaagrária, pois foram envolvidos e enganadospor seus professores marxistas, adeptos darevolução cultural gramscista, que ocupouos espaços na cátedra, no MEC e nas Se-cretarias Estaduais de Educação.

CUBA NÃO ESTÁ SÓConvocado por tôdas as fôrças po-

pulares e progressistas da América Latinarealizou-se no Brasil, de 26 a 30 de março,o Encontro Nacional e o Congresso Conti-nental de Solidariedade a Cuba. (Página 16)

JÚLIO MESQUITA (1891 / 1927)SQUITA FILHO ANO LXXXV TERÇA-FEIRA, 7 DE ABRIL DE 1964

O ESTADO DE S.O ESTADO DE S.O ESTADO DE S.O ESTADO DE S.O ESTADO DE S.

No QG do II Exército, oficiais e praças descarregam o vultosomaterial subversivo encontrado em diligência no DCT de SãoPaulo. Foram apreendidos 4.500 volumes enviados de Havana,Moscou, Leningrado e Pequim. (Pág. 16)

O resultado

�Lemos, com muito gosto, o livro do General Carlos Luís Guedes, que agora serápublicado.

Sabemos que muitos episódios que precederam a revolução de março de 1964 setornaram polêmicos. A atmosfera da paixão que os envolvia e a fragilidade do testemu-nho humano desfiguraram comportamentos e intenções de muitos dos que concorrerampara sua deflagração e êxito.

Desejamos, por isso, dizer uma palavra sobre o Gen. Guedes, cuja atuação acom-panhamos a cada dia, na época que antecedeu aquele movimento durante a sua evolu-ção. Quanto aos fatos de que participamos ou de que fomos testemunhas, a narrativa éexata e correta. Em nenhum passo sua palavra fugiu à realidade, aos acontecimentos.Há probidade nas suas afirmativas, zelo pela verdade e preocupação histórica no queescreve. Seu livro é um relato fiel do que se passou em todo o curso da revolução e, assim,é com júbilo que saudamos a sua publicação.

No preparo do movimento - e isso dizemos com profunda convicção - ninguémdesprezou mais o risco, foi mais valoroso e constante na pregação revolucionária, menosatento a seu destino pessoal ou caminhou inspirado por maior idealismo. Em horas tãodifíceis, havia os que, diante de certos obstáculos, se tornavam tímidos ou descrentes.Nunca vimos o Gen. Guedes, mesmo nos lances mais desalentadores, abalado em suadeterminação e sua coragem. Aliado a muitos homens de igual valor e sempre junto aoGovernador Magalhães Pinto, que se comportou com idêntica e permanente bravura pa-triótica, o Gen. Guedes foi uma vigorosa matriz de ação revolucionária.

Seu livro servirá para dissipar dúvidas, restaurar verdades, e por isso mesmo seconstituirá num rico e valioso depoimento para a História�.

DEPOIMENTOS HISTÓRICOS

OSWALDO PIERUCCETTI - *Secretário do Interior e Justiça/MGJOSÉMONTEIRO DE CASTRO - *Secretário de Segurança Pública/MG

Acerca da participação do General Carlos Luís GuedesGeneral Carlos Luís GuedesGeneral Carlos Luís GuedesGeneral Carlos Luís GuedesGeneral Carlos Luís Guedesna Contrarrevolução de 1964 (excertos do livro �Tinha que ser Minas�,

de autoria deste memorável militar)

(*Cargos ocupados no governo Magalhães Pinto, em 1964).

CORONEL JOSÉ GERALDO DE OLIVEIRA*Comandante-Geral da PMMG, em 1964

�O destino de um povo, nos momentos decisivos desua história, depende, muitas vezes, da atuação de umhomem.

Este homem, no movimento revolucionário de marçode 1964, foi o General Carlos Luís Guedes. Convivi, inti-mamente, ao lado do Gen. Guedes com os acontecimen-tos que se transformaram em marco assinalado da His-tória do Brasil.

A Polícia Militar de Minas Gerais se integrou, de-cididamente, nas hostes do prudente mas intrépido Che-fe Militar, dando-lhe um suporte não desprezível parasuperar a indecisão e a fraqueza de alguns que, na horadecisiva, titubearam em honrar os compromissos livre-mente assumidos, e, posteriormente, em livros e memórias ou através de processos menosaceitáveis, extravasaram o seu despeito, tentando ocultar o aviltamento próprio. Em de-sacordo com o que se costuma afirmar, o que vale é o fato, e não a sua versão.

E os fatos comprovaram, de sobra, o valor, o desassombro e a incrível ousadia dessebravo soldado, na chefia do movimento armado de março de 1964, que ele deflagrou, emBelo Horizonte, secundando o gesto do Chefe Civil da Revolução, o governador José deMagalhães Pinto.

A Revolução que o Gen. Guedes tornou vitoriosa, não soube reconhecer-lhe os mé-ritos, o que a História fará, certamente, a seu tempo�.

José Monteiro de Castro, General Guedes, José Maria Alkimin, GovernadorMagalhães Pinto, General Mourão Filho, Oswaldo Pieruccetti e Roberto Rezende

Os estudantes da UNE,na hora do fogo optaram pela

retirada prudente

POVO INCENDIOU OMAISAGITADOCENTROPOLÍTICO- ESTUDANTIL DO PAÍSPOPULARESeestudantesdemocratas,

logo após a notícia de que a rebelião fôravitoriosa, dirigiram-se para a sede da UniãoNacionaldosEstudantes,naPraiadoFlamengo,no Rio. Começaram, então, asmanifestaçõescontra a comunização daquele centro estu-dantil à proporção em que se avolumava amassahumana.Oedifícioacabousendo inva-dido, móveis foram atirados pelas janelas, aomesmo tempo em que apareciam as primei-raschamas.Opovo,do ladode fora, aplaudia.Dasjanelasdosprédiosvizinhosumachuvadepapel picado saudava asmanifestações con-tra aUNE.

Fatos & FotosFatos & FotosFatos & FotosFatos & FotosFatos & FotosBrasília, DF, 4 de abril de 1964 - Nº 166Brasília, DF, 4 de abril de 1964 - Nº 166Brasília, DF, 4 de abril de 1964 - Nº 166Brasília, DF, 4 de abril de 1964 - Nº 166Brasília, DF, 4 de abril de 1964 - Nº 166

Publicado no Inconfidência nº 66 de 31 de março de 2004

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Se houve na história da AméricaLatina um episódio sui generis, foia Revolução de Março (ou, se quise-

rem, o golpe de abril) de 1964. Numa décadaem que guerrilhas e atentados espoucavampor toda parte, seqüestros e bombas eramparte do cotidiano e a ascensão do comu-nismo parecia irresistível, o maior esquema

revolucionário já montado pela esquerdaneste continente foi desmantelado da noitepara o dia e sem qualquer derramamento desangue.

O fato é tanto mais inusitado quan-do se considera que os comunistas esta-vam fortemente encravados na adminis-tração federal, que o presidente da Re-pública apoiava ostensivamente a rebe-lião esquerdista no Exército e que emjaneiro daquele ano Luís Carlos Prestes,após relatar à alta liderança soviética oestado de coisas no Brasil, voltara deMoscou com autorização para desenca-dear � por fim! � a guerra civil no campo.Mais ainda, a extrema direita civil, chefi-ada pelos governadores Adhemar deBarros, de São Paulo, e Carlos Lacerda,da Guanabara, tinha montado um imensoesquema paramilitar maisou menos clandestino,que totalizava não me-nos de 30 mil homens ar-mados de helicópteros,bazucas e metralhadorase dispostos a opor à ou-sadia comunista uma re-ação violenta. Tudo es-tava, enfim, preparadopara um formidável ba-nho de sangue.

Na noite de 31 demarço para 1o. de abril,uma mobilização militar meio improvisa-da bloqueou as ruas, pôs a liderançaesquerdista para correr e instaurou umnovo regime num país de dimensões con-tinentais � sem que houvesse, na gigan-tesca operação, mais que duas vítimas:um estudante baleado na perna aciden-talmente por um colega e o líder comu-nista Gregório Bezerra, severamente mal-tratado por um grupo de soldados noRecife. As lideranças esquerdistas, que

A HISTÓRIA OFICIAL DE 1964até a véspera se gabavam de seu respal-do militar, fugiram em debandada paradentro das embaixadas, enquanto a ex-trema-direita civil, que acreditava ter che-gado sua vez de mandar no país, foicuidadosamente imobilizada pelo gover-no militar e acabou por desaparecer docenário político.

Qualquer pessoa no pleno uso darazão percebe que houve aí um fenôme-no estranhíssimo, que requer investiga-ção. No entanto, a bibliografia sobre operíodo, sendo de natureza predominan-temente revanchista e incriminatória,acaba por dissolver a originalidade doepisódio numa sopa reducionista ondetudo se resume aos lugares-comuns da�violência� e da �repressão�, incumbi-dos de caracterizar magicamente umaetapa da história onde o sangue e a mal-dade apareceram bem menos do que se-ria normal esperar naquelas circunstân-cias.

Os trezentos esquerdistas mortosapós o endurecimento repressivo comque os militares responderam à reaçãoterrorista da esquerda, em 1968, repre-

sentam uma taxa de vi-olência bem modestapara um país que ul-trapassava a centenade milhões de habitan-tes, principalmentequando comparada aos17 mil dissidentes as-sassinados pelo regi-me cubano numa po-pulação quinze vezesmenor. Com mais niti-dez ainda, na nossa es-cala demográfica, os

dois mil prisioneiros políticos que che-garam a habitar os nossos cárceresforam rigorosamente um nada, em com-paração com os cem mil que abarrota-vam as cadeias daquela i lhota doCaribe. E é ridículo supor que, na época,a alternativa ao golpe militar fosse a norma-lidade democrática. Essa alternativa sim-plesmente não existia: a revolução destina-daa implantaraquiumregimedetipofidelistacom o apoio do governo soviético e da

Conferência Tricontinental de Havana já iabem adiantada. Longe de se caracterizarpela crueldade repressiva, a resposta militarbrasileira, seja em comparação com os de-mais golpes de direita na América Latinaseja com a repressão cubana, se destacoupela brandura de sua conduta e por suahabilidade de contornar com o mínimo deviolência uma das situações mais explosivasjá verificadas na história deste continente.

No entanto, a historiografia oficial �repetida ad nauseam pelos livros didáticos,pela TV e pelos jornais � consagrou umavisão invertida e caricatural dos aconteci-mentos, enfatizando até à demência os fei-tos singulares de violência e omitindo sis-tematicamente os números comparativosque mostrariam � sem abrandar, é claro, asua feiúra moral � a sua perfeita inocuidadehistórica.

Por uma coincidência das mais irôni-cas, foi a própria brandura do governo mi-litar que permitiu a entronização da mentiraesquerdista como história oficial. Inutiliza-da para qualquer ação armada, a esquerdase refugiou nas universidades, nos jornaise no movimento editorial, instalando aí suaprincipal trincheira. O governo, influencia-do pela teoria golberiniana da �panela depressão�, que afirmava a necessidade de

uma válvula de escape para o ressentimentoesquerdista, jamais fez o mínimo esforçopara desafiar a hegemonia da esquerdanos meios intelectuais, considerados mi-litarmente inofensivos numa época emque o governo ainda não tomara conhe-cimento da estratégia gramsciana e nãoimaginava ações esquerdistas senão de na-tureza inssurrecional, leninista. Deixados àvontade no seu feudo intelectual, os derro-tados de 1964 obtiveram assim uma vingan-ça literária, monopolizando a indústria das

interpretações dofato consumado.E, quando a dita-dura se desfez pormero cansaço, aesquerda, intoxi-cada de Gramsci,já tinha tomadoconsciência dasvantagens políticas da hegemonia cultural,e apegou-se com redobrada sanha ao seumonopólio do passado histórico. É por issoquea literatura sobreo regimemilitar, emvezde se tornar mais serena e objetiva com apassagem dos anos, tanto mais assume otom de polêmica e denúncia quanto mais osfatos se tornam distantes e os personagensdesaparecem nas brumas do tempo.

Mais irônico ainda é que o ódio nãose atenue nem mesmo hoje em dia, quandoa esquerda, levada pelas mudanças do ce-nário mundial, já vem se transformandorapidamente naquilo mesmo que os milita-res brasileiros desejavam que ela fosse:uma esquerda socialdemocrática parlamen-tar, à européia, desprovida de ambiçõesrevolucionárias de estilo cubano. O discur-so da esquerda atual coincide, em gênero,número e grau, com o tipo de oposição que,na época, era não somente consentido como

incentivadopelosmilitares,queviamnamilitância socialdemocrática umaalternativa saudável para a violên-cia revolucionária.

Durante toda a história daesquerda mundial, os comunistasvotaram a seus concorrentes, ossocialdemocratas, um ódio muitomais profundo do que aos liberais ecapitalistas. Mas o tempo deu ao�renegado Kautsky� a vitória sobrea truculência leninista. E, se os nos-sos militares tudo fizeram justamentepara apressar essa vitória, por quecontinuar a considerá-los fantasmasde um passado tenebroso, em vez dereconhecer neles os precursores deum tempo que é melhor para todos,inclusive para as esquerdas?

Para completar, muita gentena própria esquerda já admitiunão apenas o caráter maligno esuicidário da reação guerrilheira,mas a contribuição positiva doregime militar à consolidação deuma economia voltada predomi-

nantemente para o mercado interno �uma condição básica da soberania naci-onal. Tendo em vista o preço modestoque esta nação pagou, em vidas huma-nas, para a eliminação daquele mal e aconquista deste bem, não estaria na horade repensar a Revolução de 1964 e remo-ver a pesada crosta de slogans pejorati-vos que ainda encobre a sua realidadehistórica?

(O Globo, 19 de janeiro de 1999)

* Filósofo, Escritor e Jornalista

* Olavo de Carvalho

Tendo em vista o preçomodesto que esta naçãopagou, em vidas humanas,para a eliminação daquelemal e a conquista deste bem,não estaria na hora derepensar a Revolução de1964 e remover a pesada

crosta de slogans pejorativosque ainda encobre a suarealidade histórica?

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Julgamentoda Revolução

PARTICIPAMOS da Revolução de1964 identificados com os anseiosnacionais depreservaçãodas institui-

ções democráticas, ameaçadas pela ra-dicalização ideológica,greves,desordemso-cial e corrupção generalizada.

Quando a nossa redação foi invadidapor tropasanti-revolucionárias,mantivemo-nos firmes emnossaposição. Prosseguimosapoiando o movimento vitorioso desde osprimeirosmomentos de correção de rumosaté o atual processo de abertura, que sedeverá consolidar com a posse do futuropresidente.

TEMOS permanecido fiéis aos seusobjetivos, embora conflitando em váriasoportunidades com aqueles que pretende-ramassumir o controle do processo revolu-cionário, esquecendo-sedequeos aconteci-mentos se iniciaram, como reconheceu oMarechalCosta eSilva, �por exigência ine-lutável do povo brasileiro�. Sempovo, nãohaveria a revolução, mas apenas um �pro-nunciamento� ou �golpe� com o qual nãoestaríamos solidários.

OGLOBO, desde aAliança Liberal.,quando lutou contra os vícios políticos daPrimeiraRepública, vempugnandoporumaautêntica democraciae progresso econômi-co e social do país.Em1964, teriadeunir-se aos companheirosde jornadas anterio-res, aos �tenentes ebacharéis�queseman-tinhamcoerentescomas tradições e os ideais de 1930, aos expe-dicionários da FEBque ocupavamaChefiadas ForçasArmadas, os quais se congrega-ram sob a pressão das grandes marchaspopulares, mudando o curso da nossa his-tória.

ACOMPANHAMOS esse esforço derenovação em todas as suas fases. No perí-odo da ordenação da economia, que seencerrou 1967. Nos meses dramáticos de1968 em que a identificação dos atos deterrorismo provocou a implantação doAI-5.Na expansão econômica de 1969 a 1972,quando o produto nacional cresceu à taxamédia anual de 10%. Assinale-se que, na-quele primeiro decênio revolucionário, ainflação decrescera de 96%para 12,6% aoano, elevando-se as exportações anuais de1bilhão e 300 mil dólares para mais de 12bilhões de dólares. Na era do impacto dacrisemundial dopetróleo desencadeada em1973 e repetida em1979, a que se seguiramaumentos vertiginosos nas taxas de juros,impondo-nos uma sucessão de sacrifíciospara superar a nossa dependência externade energia, a deterioração dos preços dosnossos produtos de exportação e a desorga-nizaçãodosistema financeiro internacional.Essa conjugaçãode fatoresqueviolentarama administração de nossas contas externas

obrigou-nos a desvalorizações cambias deemergência que teriam fatalmente de resul-tar na exacerbação do processo inflacioná-rio.Nas respostas que a sociedade eogover-no brasileiro derama esses desafios, conse-guindo no segundo decênio revolucionárioque agora se completa, apesar de todas asdificuldades, reduzir de 80%paramenos de40% a dependência externa na importaçãode energia, elevando aproduçãode petróleode 175mil para 500mil barris diários e a deálcool de 680 milhões para 8 bilhões delitros; e simultaneamente aumentar a fabri-cação industrial em 85%, expandir a áreaplantada para produção de alimentos com20milhõesdehectaresamais,criar13milhõesdenovosempregos,assegurarapresençademais10milhõesdeestudantesnosbancosescolares,ampliarapopulaçãoeconomicamenteativade29milhõese500milpara45milhões797mil,elevandoasexportaçõesanuaisde12bilhõespara22bilhõesdedólares.

VOLVENDO os olhos para as realiza-çõesnacionaisdosúltimosvinteanos,háquesereconhecerumavanço impressionante:em1964éramosaquadragésimanonaeconomiamundial,comumapopulaçãode80milhõesdepessoaseumarendapercapitade900dólares;

somoshojeaoitava,comumapopulação de 130milhões de pessoas, euma renda média percapitade2.500dólares.

O PRESIDENTECASTELLO BRANCO,emseudiscursodepos-

se,anunciouquearevoluçãovisava�aarranca-daparaodesenvolvimento econômico, pelaelevaçãomoral e política�. Dessamaneira,acimadoprogressomaterial, delineava-se oobjetivo supremo da preservação dos prin-cípios éticos e do restabele-cimento do es-tado de direito. Em 24 de junho de 1978, oPresidenteGeisel anunciouo fimdosatosdeexceção, abrangendo o AI-5, o decreto-lei477 e demaisAtos Institucionais. Com isso,restauravam-se as garantias damagistraturae o instituto do habeas-corpus. Cessava acompetência do Presidente para decretar ofechamento do Congresso e a intervençãonos Estados, fora das determinações cons-titucionais.

Perdia oExecutivo as atribuições desuspender direitos políticos, cassarmanda-tos, demitir funcionários e reformarmilita-res. Extinguiam-se as atividades da CGI(ComissãoGeral de Inquérito) e o confiscosumário de bens. Desapareciam da legisla-ção o banimento, a pena de morte, a prisãoperpétua e a inelegibilidade perene dos cas-sados. Findava-se o período discricionário,significandoqueos anseios de liberalizaçãoqueCastelloBrancoeCosta eSilvamanifes-taram em diversas ocasiões e que Médicivislumbrouemseuprimeiropronunciamen-to finalmente se concretizavam.

Nos meses dramáticosde 1968 em que a

identificação dos atos deterrorismo provocou aimplantação do AI-5.

Roberto Marinho

OGLOBORio de Janeiro, 07 de outubro de 1984 Comdetalhesemnadamenosdequatropági-

nas, O POVO (10.09.00) publicou impor-tante trabalho do jornalista Benedito Teixeiramostrando o que representa, para o trabalhadorbrasileiro, a aposentadoria do Funrural, que é,sem nenhum favor, a mais revolucionária obrasocial dos últimos cinqüenta anos. O jornalistaconstatouqueécomumestafraseentreoscomerciantesdo interior: �Senão fossemosaposentados, estávamosquebrados�, pois, �as ven-das do comércio se resu-mempraticamente ao perí-ododepagamentodasapo-sentadorias�.

O que se estranha,quandooassuntoéaposen-tadoria rural, équeseomitaos responsáveis pela suacriação.Seusautoresnuncaandaram nos microfones enos jornais com a demago-gia do �social�, dos �excluídos�, dos �sem� issoe aquilo. Pelo contrário, o problema ideológicoainda não permitiu que os brasileiros fizessemjustiçaadoiseminentesgeneraisque,noexercíciodaPresidênciadaRepública,criaram,em69e71,a aposentadoria rural. Um deles, porque foiobrigado a agir commão de ferro contra o terro-rismo, é acusado de responsável pelo que cha-mam �anos de chumbo�, sem os quais, aliás,ninguém poderia avaliar o que seria o Brasil dehoje.

Em 1º de maio de 69, pelo decreto-lei564, o presidente Costa e Silva estendeu a Pre-vidência Social ao trabalhador rural, especial-mente aos empregados da agroindústriacanavieira.Acolheuexposiçãodo ministro Jarbas Passari-nho, que viajara para a cidadedo Cabo, em Pernambuco,afim de resolver a greve quedeflagraram. Em 1972, pelodecreto 69.919, o presidenteMédici ampliou o plano bási-co elaborado pelo ministroPassarinho. Nascia, então, a Previdência Rural,quehojebeneficiamaisdeoitomilhõesde traba-lhadores. Numa média de cinco por família,temos quarenta milhões de brasileiros devida-mente amparados. O Funrural, uma das mai-ores obras sociais do séculoXX, noBrasil, foiobra de dois generais, Costa e Silva eMédici,acatando exposição de seu ministro-coronelJarbas Passarinho. Quem publicou substan-cioso trabalho sobre o assunto foi ÁlvaroSólon de França, Coordenador do ComitêNacional do Programa deEstabilidade Social,do Ministério da Previdência e AssistênciaSocial e ex-presidente da Associação Nacio-nal dos Fiscais de Contribuições Previden-ciárias (Anfip). É filiado aos PSDB, partidodo governo, insuspeito, portanto, com rela-ção aos governos militares

Comdois generais e um coronel nasceua maior obra social dos últimos 50 anos noBrasil.

Se falam tanto em desigualdade sociais,não podem omitir a aposentadoria rural comoinstrumentopoderosoparareduzi-las,comgrandeinfluêncianaeconomiademaisde trêsmilmuni-cípios.

É ela que fixa as pessoas emseusmunicí-pios deorigem,evitandooêxodoprincipalmente

FUNRURAL, SOCIAL E POLÍTICO*Themístocles de Castro e Silva

Com dois generaise um coronelnasceu a maiorobra social dos

últimos 50 anos noBrasil.

Presidente Médici

para as cidades superpovoadas.Muitos aposen-tadosepensionistas figuramcomoelementosdesustentação social, não por ganharem bem,masporgarantiram,comsuasmodestasaposentado-rias,osustentodesuasfamílias.Éoqueacontece,por exemplo, com os trabalhadores rurais. Ex-plorados, durante décadas, nas fazendas por

ganhosmensaismuitasvezesemtorno de R$ 40,00, eles têm suarenda triplicada quando passamareceberobenefícioaquefazemjus após a aposentadoria. Masquando se aposentam, elas nãoapenasaumentamconsideravel-mente sua renda, comopassamareceberemdia, -dizoDr.ÁlvaroSólon.

Para que se tenha idéiadoque representa aaposentado-ria rural, basta que se diga oseguinte: em90%dosmunicípi-os brasileiros, o pagamento debenefíciosé superioràarrecada-

ção previdenciária no próprio município. Al-gunsexemplos:Solidão, (PE): comarrecadaçãodemilepoucos reais,pagamaisdeummilhãodebenefícios;Aracati (CE),arrecadamilesetecen-tos e paga dezenovemilhões; Araripe, arrecadaapenas 124 mil e paga três milhões; Quixadá,arrecadadoismilhõesepagavinteedois;Juazeiro,arrecada 10 milhões e paga 44 (34 a mais). AtéFortaleza, arrecada 412 milhões e paga 482(setenta milhões a mais).

Outrodetalhe importante: em3.358dos5.507municípiosbrasileirosavaliados(60,97%),o volume de pagamento de benefícios pre-videnciários efetuados pelo INSS supera oFun-do de Participação dosMunicípios. Ao contrá-

riodoquemuitospoderiamima-ginar, issonãoocorreapenasnoNordeste, mas em todo o País,incluindoestados ricos.NoRiode Janeiro, em 75 dos 91muni-cípios, os benefícios previden-ciários superam o FPM, o querepresenta 82,41%, no EspíritoSanto, em 64 dos 77 municípi-

os; emMinasGerais, em527 dos 853municípi-os; em São Paulo, em 478 dos 645 municípios(74,10%). No Nordeste, o recorde fica comPernambuco (81,52%), onde em 150 dos 184municípios o pagamento de benefícios supera oFPM.OsegundolugarficacomaBahia(66,98%),em que 278 dos 415 municípios.

QuemécapazdeavaliaroqueseriahojedoBrasil, se essesoitomilhõesde trabalhadoresrurais não tivessem aposentadoria e se transfor-massem com suas famílias em presa fácil dos�sem-terra�,oquenãoseriadifícil, pelasdificul-dades que estariam enfrentando? Também jáavaliaramquantas favelasamais teriamnascidono País, com esses oito milhões de pobres atrásde alimentos e moradia, pois nada encontraramem sua terra de origem?

Não adianta a esquerda espernear, por-que a História fala mais alto do que a frustraçãoideológica .

Amaior obra social dos últimos50 anosfoi iniciativa de dois generais: Costa e Silva eEmílioMédici,comacolaboraçãodecisivadeumCoronel, Jarbas Passarinho,ministro quatro ve-zes e um dos maiores talentos da vida públicabrasileira nas últimas décadas.

* Jornalista�O POVO� - Fortaleza/CE, 26.11.00

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As opções políticasna década de 1960Um dos mais caros mitos é o de que mi-

litaresmaldosos, aliadosà�burguesia�nacional�ameaçada em seus privilégios� � e subordina-dos às demandas maquiavélicas dos EEUU �resolveram abortar pelas armas a políticaconduzidaporumgovernolegítimoequeatendiaaos �anseios populares�.

Em primeiro lugar nega-se o fato de queem 1959 a geopolítica da América Latina (AL)haviaviradodoavessopela tomadadopoderemCubaporCastro,que logoassumiusuacondiçãode comunista e se aliou à URSS. Seguiu-se umbanhode sanguedeproporções inimagináveis� do qual é proibido falar! � e a lenta e pro-gressiva instalação na ilha de numerosos ins-trutoressoviéticosqueadestraram tropas cuba-nas e formaram e exportaram guerrilheirose terroristas, e restruturaram o sistema deInteligência. Através desta �cabeça de pon-te� aumentou sobremaneiraainfluênciadaURSSna AL. Os jornais noticiavam diariamente astentativasdederrubadadogovernolegitimamen-teeleitodaVenezuela,paíschavepelaproduçãopetrolífera.OpróximoobjetivoestratégicoeraoBrasil, País imenso, já em fase inicial de indus-trialização e cujas Forças Armadas representa-vamumpoderosoobstáculoàpenetraçãocomu-nista no Continente.

Outro fator só mais recentemente veio àluz devido à defecção de Anatoliy Golitsyn,oficial graduado da KGB. Em 1959, durante operíododedesestalinizaçãodaURSS,AlieksandrShelepin apresentou um relatório ao ComitêCentral do PCUS mostrando a necessidade deque os órgãos de segurança voltassem a suasfunções originais de desinformação, exercidaspela OGPU (1922-34). A partir de então todanotícia do mundo comunista era baseada eminformações emanadas e/ou alteradas pelo De-partamento D (Desinformatziya) da KGB.

25 de agosto de 1961, renúncia de JânioQuadros marca um momento importante. OVice, João Goulart, encontrava-se na China edeclarouque iriacomandaroprocessode�refor-mas sociais� tão logo assumisse. Os MinistrosMilitares e amplos setores civis se opuseram àposse de Jango por suas notórias ligações comaesquerda. Seu cunhadoBrizola, Governador doRio Grande do Sul reagiu, o Comandante doTerceiroExército,GenMachado Lopes, ficoudo lado dele e o Brasil esteve à beira da guerracivil. A Força Aérea chegou a dar uns tiros noPalácio Piratini. Brizola tomou todas as rádi-os de Porto Alegre e obrigou as demais aentrarem em cadeia, a Cadeia da Legalidade!E lá estava eu, �comandando� uma mesa emplena rua, a uns 4 graus, com uma lista deassinaturasparaquemquisesse�pegaremarmas

DESFAZENDO ALGUNS MITOS SOBRE 1964

pelalegalidade�,atuandoemconjuntocommem-bros do extinto PCB. Com a emenda parlamen-tarista tudo se acalmou mas em janeiro de 63,num plebiscito nada confiável o País retorna aoPresidencialismo.

Fiz parte da Juventude Trabalhista e sónão entrei para os Grupos dos 11, do Brizola,sobreosquaishojequasesenadaseouve,porquenão tinha idadee,portanto,nãoeraconfiável.Noinício dos anos 60 o hoje santificado Betinho,junto comoPadreVaz, elaborouo�DocumentoBase da Ação Popular (AP)�, que previa ainstalação de um governo socialista cristão noBrasil. Mas o documento em que a AP se de-claravafrancamenteafavorda instalaçãodeumaditaduraaoestilomaoísta foimantidosecretoatépara os militantes da base. Só vim a ter contatocom ele através de Duarte Pacheco (um dosmembros do Comando Nacional de AP) emagostode65, quandoeu já eramais �confiável�.O documento, que era obviamente o produto deuma luta interna na esquerdamundial, defendiaa luta em três etapas: reivindicatória (movimen-tos populares, greves); política (início das guer-rilhas no campo, como na China e Vietnã) eideológica (a formação do Exército Popular deLibertação).Contrariavaa teoriado focoguerri-lheiro, preferida por Guevara e Debray.

O MASTER (nome do MST da época),do Brizola, invadia terras no RioGrande do Sul(como a doBanhado doColégio, emCamaquã)easLigasCamponesas,deFranciscoJulião,comapoio explícito do Governador Arraes, no Nor-deste.ACGT, (presidida porDantePelacani),a UNE (José Serra) propunham abertamen-te um golpe com fechamento do Congresso.

Armas tchecas começaram a surgir. O ano de1963foiumaagitaçãosó.Omovimentoestudan-til, do qual posso falar, estava dividido entrea Ação Popular (AP) e o PCB. Quem não vi-veu aqueles tempos dificilmente pode imagi-nar o nível de agitação que havia por aqui. Oreinício das aulas em março de 1964 pratica-mente não houve.

NumencontroemPelotas,ondeeuestudavaMedicina, como último Ministro da EducaçãodoJango,Sambaqui, no iníciodemarço, ele nos revelou que tudocomeçariacomocomíciomarca-do para o dia 13, em local proibi-do para manifestações públi-cas (em frente aoMinistério daGuerra) já em desafio aberto esimbólico à lei, seria continua-do pelo levante dos sargentosdo Exército e da Marinha �formando verdadeiros soviets� e pelos Fuzileiros Navais empeso, comandados pelo �Al-mirante do Povo�,Aragão. Pre-gava-se a subversão da hierar-quia e disciplinamilitares. Seguir-se-ia pelo jáprogramadodiscurso de Jango no AutomóvelClube do Brasil. A pressão final sobre o Con-gresso seria em abril emaio: se não aprovasseas �reformas de base� seria fechado compleno apoio popular.

Na mesma época, participei de umaação comandada por umagitador da Petrobrás

Revista da UNE - Movimento 10 (Abril / 1963)Assuntos publicados: Solidariedade a Cuba,Venezuela em Revolução, A Reforma Agrária

Basta olhar quem hoje está no poder político da Nação paraperceber que são os derrotados militarmente em 1964, que

venceram uma das batalhas mais importantes: a cultural.Refugiando-se nesta área negligenciada pelos governos mili-tares, e baseando-se na desinformação e nas teses de Gramsci,passaram a escrever grande parte da história, principalmente

aquela de alcance público, acadêmico e nas escolas de todos os níveis, novelase minisséries de TV. Tornaram-se �donos� dos significados das palavras. Temoshoje muito mais mitologia induzida do que história ocorrida. É trabalho paradécadas � se houver liberdade para tanto � desfazer todos os mitos dos chamados�anos de chumbo�. Darei minha modesta contribuição, falando daquilo quevivenciei.

e da SUPRA (Superintendência da ReformaAgrária), emRioGrande, pela encampação daRefinaria de Petróleo Ipiranga o qual, numdiscurso na Prefeitura, declarou que a Repú-blica Socialista do Brasil estava próxima. Asocorrências demarço só confirmaram a cons-piração acimamencionada.No comício do dia

13 Brizola pregou ofechamento do Con-gresso se não aprovas-se as tais �Reformasde Base� (na lei ou namarra) � ninguém mecontou, eu ouvi norádio. Prestes diziaque os comunistas jáestavam no Governo,só faltava tomarem oPoder.

Não havia, pois,opção democrática al-guma. Restava decidirse teríamos o predomí-nio dos comunistas ouumareediçãodoEstadoNovo ou de uma dita-

dura peronista, chefiados por Jango. As passe-atas civis estavam nas ruas exigindo fim dabadernaeemapoioaoCongresso.Sugerirquesedevia esperar que Jango desse o golpe paradepois tirá-lo, me parece uma idéia legalistainfantil, pois então teria que ser muito maiscruento.Foi,naverdade,umcontragolpecívico-militar preventivo.

PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOSOutro mito é sobre a participação americana no �golpe� de 64. Chamada de �Operação

Thomas Mann� (nome do então Secretário de Estado Adjunto para a AL) não passa de umamentira baseada em documentos forjados pelo Departamento D já citado, através da espionagemTcheca. Quemmontou a operação foi o espião Ladislav Bittman que, em 1985 revelou tudo no seulivroTheKGBandSovietDisinformation:AnInsidersView, Pergamon-Brasseys,Washington,DC,1985. Segundo suas declarações �AOperação foi projetada para criar no público latino-americanouma prevenção contra a política linha dura americana, incitar demonstrações mais intensas desentimentos antiamericanos e rotular a CIA como notória perpetradora de intrigas anti-democráticas�. Outra fonte é o livro de Phyllis Parker Brazil and the Quiet Intervention: 1964,Univ.ofTexasPress,1979,ondeficaclaroque os EEUUacompanhavam a situação deperto, faziamseus lobbies e sua política com a costumeira agressividade, e tinham um plano B para o casode o País entrar emguerra civil. Entretantonãohá provas de que osEstadosUnidos instigaram,planejaram, dirigiram ou participaram da execução do �golpe� de 1964.

Embora as revelações tenham sido tornadas públicas em79/85, a imprensa brasileira nadapublicou a respeito não permitindo que a opinião pública tomasse conhecimento da mentiraque durante anos a enganou. Apenas a RevistaVeja na sua edição nº 1777, de 13/11/02, publicaa matéria �O Fator Jango� de autoria de João Gabriel de Lima, onde este assunto é abordado.

A LUTA ARMADA E O AI-5Finalmente, o mito de que brasileiros patriotas e democratas se levantaram em armas contra

o �endurecimento da ditadura� através do Ato Institucional Nº 5, de 13 de dezembro/1968.Em julho de 1965, na primeira tentativa de restabelecer a UNE, extinta pela Lei Suplicy,

foi realizado umCongresso no Centro Politécnico em SP no qual fui eleito Vice-Presidente deIntercâmbio Internacional. Em outubro fui preso em Fortaleza, o que impediu minha ida aoCongresso da UIE na Mongólia, onde seria traçada uma estratégia de recrudescimento daviolência revolucionária na AL. De 1966 � ano da Conferencia Tricontinental de Havana e daOrganización Latino Americana de Solidariedad (OLAS) � a 1968 participei, no Sul, dasintensas discussões clandestinas sobre a luta armada conduzidas pormilitantes daAP treinadosem Pequim. Em janeiro de 1968, 11 meses antes da edição do AI-5, a luta foi implementadapor todas as organizações revolucionárias, menos o PCB. A AP �rachou�, eu fiquei do ladocontrário à maluquice da luta armada e saí, não semsofrer posteriormente sérias ameaças demeus�companheiros�. Logo depois, mudou o nome para Ação Popular Marxista-Leninista do Brasil, oquejáestava previsto no citado documento secreto. Como vários autores mais credenciadosjá têm se manifestado sobre isto, não vejo necessidade de mais para deixar claro que o A-I 5 não passou de uma reação ao incremento das atividades revolucionárias.

Rio de Janeiro, 20/4/2004 (Publicado no Inconfidência nº 108 de 30/04/2007)*Médico, escritor e analista político. [email protected] http://www.heitordepaola.com

*Heitor De Paola

Page 24: Inconfidência nº 237/Edição Histórica de 31 de março

24Nº 237 - 31 de Março/2017

Eis um extrato do editorial do �Correio daManhã�, de 31 demarço de 1964 na alvorada darevolução intitulado �Basta!��Basta!��Basta!��Basta!��Basta!�:

"Basta!"Basta!"Basta!"Basta!"Basta!Até que ponto o Presidente daRepública abusará da paciência da nação?Até queponto pretende tomar para si, por meio de decretos-lei, a função do Poder Legislativo? Até queponto contribuirá para preservar o clima de intranqüilidade e insegurança que se verificapresentemente na classe produtora? Até quando deseja levar ao desespero, pormeio da inflaçãoe do aumento do custo de vida, a classe média e a classe operária? Até quando quer desagregaras Forças Armadas por meio da indisciplina que se torna cada vez mais incontrolável?"

E, no dia seguinte, mais pesado ainda, o editorial do �Fora!�:�Fora!�:�Fora!�:�Fora!�:�Fora!�:"O artigo 83, parágrafo único: o Presidente da República prestará, no ato da posse, este

compromisso:prometomanter, defenderecumprir aConstituiçãodaRepública,observaras suasleis, promover o bem geral do Brasil, sustentar-lhe a união, a integridade e a independência.

Este foi o juramento prestado pelo Sr. João Goulart, no dia 7 de setembro de 1961, peranteoCongressoNacional.

Jurou e não cumpriu. Não é mais Presidente da República. Fora!Fora!Fora!Fora!Fora!A nação não suporta mais a permanência do Sr. João Goulart à frente do Governo. Chegou

ao limite final a capacidadede tolerá-lopormais tempo.Não resta outra saída aoSr. JoãoGoulartsenãoadeentregarogovernoaoseu legítimosucessor.SóháumacoisaadizeraoSr. JoãoGoulart:Saia!Saia!Saia!Saia!Saia!

"QueremosqueoSr. JoãoGoulart devolva aoCongresso, devolva aopovoomandato queêle não soube honrar.

Nós doCorreio daManhã defendemos intransigentemente emagosto e setembro de 1961a posse do Sr. João Goulart, a fim de manter a legalidade constitucional. Hoje, como ontem,queremos preservar aConstituição.OSr. JoãoGoulart deve entregar oGoverno ao seu sucessor,porque não pode mais governar o país.

A Nação, a democracia e a liberdade estão em perigo. O povo saberá defendê-las. Nóscontinuaremos a defendê-las.� Correio da Manhã, 1 de abril de 1964.

24

31/03/64 - FOLHADATARDE - (Do edi-torial, A GRANDE AMEAÇA) �...cuja sub-versão além de bloquear os dispositivos desegurança de todo o hemisfério, lançaria nasgarrasdo totalitarismovermelho, amaiorpopu-lação latina domundo...�31/03/64-JORNALDOBRASIL-�Quem

quisesse preparar umBrasil nitidamente comu-nistanãoagiriademaneiratãofulminantequantoa do Sr. João Goulart a partir do comício de 13demarço...�01/04/64 - ESTADO DE SÃO PAULO -

SÃO PAULO REPETE 32 �Minas desta vezestá conosco�... �dentro de poucas horas, essasforçasnãoserãomaisdoqueumaparcelamínimada incontável legião de brasileiros que anseiampordemonstrardefinitivamenteaocaudilhoquea nação jamais se vergará às suas imposições�.01/04/64-JORNALDOBRASIL-�Desde

ontem se instalou no país a verdadeira legalida-de:�... �restabelecera legalidadeque ocaudilhonão quis preservar, violando-a no que de maisfundamental ela tem: a disciplina e a hierarquiamilitares�.A legalidadeestá conoscoenãocomo caudilho aliado dos comunistas�.02/04/64 - O GLOBO - �Fugiu Goulart e a

democracia está sendo restaurada�... �atenden-do aos anseios nacionais depaz, tranqüilidade eprogresso... asForçasArmadaschamaramasi a

AOS JOVENS, AOS MENTIROSOS, AOS PROFESSORES,AOS JORNALISTAS E AOS ESQUECIDOS

A "Marcha da Família com Deus pelaLiberdade" reuniu mais de 1 milhão depessoas no dia 02 de abril de 1964, noRio de Janeiro (Manchete Edição

Histórica/64)

Responsabilidade totalO país inteiro atravessa, neste momento,

uma crise de profunda tensão que tem a sua origemna decisão insensata do Presidente da Repúblicade comparecer a um comício, convocado peloscomunistas, sob o pretexto de propaganda dasreformas de base, mas, na verdade, com o intuitoóbvio de fazer agitação e promover desordem.

A realização do meeting sob a égide doscomunistas constitui em si mesma um desafio àsfôrças democráticas e, o que é muito mais graveainda, às Fôrças Armadas que o Presidentetransforma em guarda-costas, obrigando-as aformar, aos milhares, numa triste demonstra-ção de desconfiança no povo, para protegê-locontra possíveis demonstrações de repulsadaqueles que não se acham de acôrdo com o seuinsultuoso procedimento, comparecendo a umato em lugar proibido pela lei, para falar ao lado depelegos e incitar as multidões contra o CongressoNacional.. (...)

O JORNALRIO DE JANEIRO - 15/03/64

tarefaderestauraraNaçãona integridadedeseusdireitos, livrando-adoamargofimque lheestavareservadopelosvermelhosquehaviamenvolvi-do o Executivo Federal�.02/04/64-JORNALDOBRASIL-�Brizola

nega renúncia de Goulart e prega ocupação dequartéis por sargentos�. �Paulistas jogam papele cantamHinonaquedadoPresidenteGoulart�.02/04/64 - CORREIO DA MANHÃ -

�Lacerda anuncia volta do país à democracia.�05/04/64 - O GLOBO - �A Revolução

democrática antecedeu em ummês a revoluçãocomunista�.06/04/64 - JORNAL DO BRASIL -

�PONTES DE MIRANDA diz que FFAA vi-olaram a Constituição para poder salvá-la!�09/04/64 - JORNALDOBRASIL - �Con-

gresso concorda em aprovarAto Institucional�.10/04/64 - JORNAL DO BRASIL -

�Partidos asseguram a eleição do GeneralCastello Branco�.16/04/64 - JORNAL DO BRASIL -

�Rio festeja a posse de Castello�.18/04/64 - JORNAL DO BRASIL -

�Castelo garante o funcionamento da Justiça�.21/04/64 - JORNAL DO BRASIL -

�Castelo diminui nível de aumento aos milita-res�. Corte propõe aumento aos militares com50%menos do que tabela anterior�.

EEEEEDITORIAISDITORIAISDITORIAISDITORIAISDITORIAIS DODODODODO CCCCCORREIOORREIOORREIOORREIOORREIO DADADADADA MMMMMANHÃANHÃANHÃANHÃANHÃ

RECORDAR É FAZER JUSTIÇA!!! ESQUECER, TAMBÉM É TRAIR!!!

A "Marcha da Famíliacom Deus pela Liberdade"

na Av. Rio Branco

�Seria rematada loucura continuarem as forças democráticasdesunidas e inoperantes, enquanto os inimigos do regime vão, paula-tinamente, fazendo ruir tudo aquilo que os impede de atingir o poder.Como dissemos muitas vezes, a democracia não deve ser um regimesuicida, que dê a seus adversários o direito de trucidá-la, para nãoincorrer no risco de ferir uma legalidade que seus adversários são osprimeiros a desrespeitar� (O Globo de 31 de março de 1964)�(...)Alémdequeos lamentáveisacontecimentos foramoresultado

de um plano executado com perfeição e dirigido por um grupo jáidentificado pela Nação Brasileira como interessado na subver-são geral do País, com características nitidamente comunistas�.(Correio do Povo de 31 de março de 1964)

� OExército e os desmandos do Presidente�.Se a rebelião dos sargentos da Aeronáutica fora suficiente para

anular praticamente a eficiência da Arma, a subversão da ordem naMarinhaassumiaasdimensõesdeumverdadeirodesastrenacional�.(Estado de São Paulo de 31 de março de 1964)�Aquilo que os inimigos externos nunca conseguiram, começa

a ser alcançado por elementos que atuam internamente, ou seja,dentro do próprio País. Deve-se reconhecer, hoje, que aMarinhacomo força organizada não existe mais. E há um trabalhopertinazpara fazer a mesma coisa com os outros dois ramos das ForçasArmadas�. (Folha de São Paulo de 31 de março de 1964)�Atualmente, no presente governo, que ainda se diz democrata, a

ideologia marxista e mesmo a militância comunista indisfarçadaconstituem recomendação especial aos olhos do governo.Como se jáestivéssemosemplenoregime�marxista-leninista�, comquesonhamos que desejam incluir sua pátria no grande império soviético, àsordens do Kremlin. (...)� Diário de Notícias, 1 de abril de 1964.

Tribuna da Imprensa - 21/03/64

�Dezenas de automóveis trafegarampelo centro da cidade, tocando suas businas, emsinal dealegria pela vitória da democracia em todo o País. As estações de rádio e televisão, que estavam sobcensura, iniciaram suas transmissões normais, pouco depois das 17 horas. Os contingentes defuzileiros navais que ocupavam as redações de alguns jornais, foram recolhidos aos quartéis.

Porvoltadas17,15,oFortedeCopacabanaanunciava,comumasalvadecanhão,aaproximaçãodas tropas do general Amaury Kruel, que atingiria o Estado da Guanabara às últimas horas da noitede ontem. A população de Copacabana saiu ás ruas, em verdadeiro Carnaval, saudando as tropasdoExército. Chuvas de papéis picados caíamdas janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão,nas ruas, ao seu contentamento. (...)� O Dia, 2 de abril de 1964.

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25Nº 237 - 31 de Março/2017 25

Nãoéapenascomasatisfaçãoconseqüen-te a umacontecimento tão significativonos destinos de nossa nacionalidade,

mas com verdadeiro júbilo, que me dirijo aoExércitoBrasileironeste1ºAniversáriodaRevo-lução Democrática ,de 31 de março de 1964.

Proclamoaindaa legítimaufaniade ser oComandante deste Exército que não desmentiusua formação democrática e, como autênticorepresentante do povo, identificou-se com asaspirações populares e cristãs no patrióticomovimento libertador ensejadopelaRevolução.

Umbreve retrospecto apontará com todaa veracidade que, em inequívoca sintonia depensamento e de atos com aMarinha e a Aero-náutica, contribuiu oExército apenas decorridoumanodaquelememorável evento,paraaplenareintegração das Fôrças Armadas na missãonobilitante de garantidoras dos poderes consti-tucionais, da lei e da ordem. Empenhou-seativamente na manutenção dos princípios e dahierarquiamilitare influiuacentuadamenteparaque se concretizasse o sentido ideológico daRevolução.

Presentemente, alia esforços, orientadospelaSegurançaNacional, aosempreendimentose laboresdoscidadãosdetôdasasclassessociais.Está porfiando para corresponder às benessesproporcionais pela prática de uma filosofiademocrática, autenticamente justa, próspera,cristã, forte, magnânima e propiciadora de feli-cidades.Asseguraplenoapoioàs indispensáveise inadiáveis reformas de nossa estrutura sócio-econômica,paraquerealmentesepossaoferecerigualdadededireitosedeoportunidadesa todos.

ORDEM DO DIA

1ºANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO DEMOCRÁTICA DE 31 DE MARÇO

Sob a autoridade suprema do Excelen-tíssimoSenhorPresidentedaRepública,o inclitoMarechal HUMBERTO DE ALENCARCASTELLO BRANCO que, com serena per-severança de chefe experimentado, conduz arestauraçãomoral, social e econômica doPaís,muito tem colaborado o Exército para orestabelecimentodoregimedemocráticoeparaapurificaçãodenossoscostumespolíticoseadmi-nistrativos.

Osbrasileirosdeamanhã, tantoquantoosdageraçãoatual, estarão capacitados a aquilataros benefícios da ação desinteressada dosmilita-res de todos os postos e graduações, visando alibertar damistificação e da demagogia aquêlesque enveredavam pela senda do extremismocomunizante.

Nunca será demais rememorar a tristeiminência em que esteve nosso país de seravassalado pelos sectários soviéticos, chinesesou cubanos. É de se lamentar que para a implan-tação dêsse jugo físico e mental se tivessemconluiadomuitos brasileiros, uns desavisados eoutros convictamente subversivos, inclusive al-guns que hoje apregoam pretenso terrorismocultural, por parte da Revolução.

Desconhecem ou fingem desconhecerêsses figurantes dos palcos esquecidos, que oExército não é animado por propósitos obscu-rantistas nem opressivos. Estão deslembradosdoclimapolíticoangustiante,daaproximaçãodocaos social, dos fatídicos prenúncios econômi-cos e da perda progressiva de liberdade, quecaracterizavam o quadro da situação nacionalanterior a de 31 demarço do ano passado, sob a

égide de um govêrno infiltrado de comunistas.Será necessário repetir que tudo isso mudou eque não mais pontificam nem se desmandamtantos organismos espúrios?

Acredito tersidooanorevolucionárioumperíododerealizaçõesdaatualadministraçãodoExército, que bem retrata o espírito dinâmico erenovador da Revolução no seio das FôrçasArmadas.

Está sendo ultimada a estruturação doExército, atravésdoanteprojetodaLeideOrga-nizaçãoBásica, submetidoàapreciaçãodoAltoComando.

A correção das distorções da Lei dePromoções deOficiais constoude exposiçãodemotivos ao Poder Executivo, acompanhada docompetente anteprojeto.

A reorganização e a rearticulação dasForças Terrestres, em bases eminentementeobjetivaserealísticas, serão postasemexecuçãosegundo medidas disciplinadoras a cargo doEstado-Maior do Exército.

OFundodoExército, cogitaçãodasmaispromissoras, propiciará não só oreaparelhamento das Unidades como os recur-sos substanciais, de que tanto carece oMinisté-rio da Guerra, para prover a assistência social.

Não obstante a compressão de despesa,inerente à recuperação financeira do País, oExército aplicará verbas do Plano de Obras,ainda no corrente ano, construindo cerca demilmoradias nas guarnições mais afastadas. Comesta providência serão minoradas as condiçõesdifíceis de vida que enfrentam tanto oficiais,sargentos e seus familiares.

Estou perfeitamente a par da justa preo-cupaçãode muitosmilitaresdaativaedareservae de inúmeros cidadãos, devotados ao bem co-mum da Pátria, sôbre possíveis tramasconspiratóriasdeex-arautoseaproveitadoresdasubversão.

AsseguroatodosqueoExército,emapoioaos postulados da Revolução e receptivo aosanseios da maioria esmagadora de nossospatrícios, estávigilanteeaprestadopara impedirqualquer tentativa de retorno dos subversivos edos corruptos.

A coesão sempre fortalecida das FôrçasArmadas, em tôrno da legítima autoridade doExcelentíssimoSenhorpresidentedaRepública,será penhor de crescente consolidação e conti-nuidadedaobra revolucionária.

Opovobrasileiro,quenomomentoazadosoubefazeraopçãoentrecomunismoedemocra-cia, insurgindo-se pelo direito de assegurar asobrevivência cultural nos padrões que lhe sãomais caros, não terámotivos para ver fraudadassuas esperanças em nosso porvir.

OExércitoNacionalpermanecerádeata-laia - como sempre estêve � assegurando aliberdade com autoridade e responsabilidade,contribuindo com a parcela de segurança indis-pensável à obtenção da riqueza sem privilégiose semcorrupção.Nãodesmerecerádaconfiançaqueopovo lhe tributa.Nãosedesviarádaretidãodeseucomportamentohistórico.Tudoenvidará,quaisquerquesejamosóbices,paraoprossegui-mento do Brasil na sua destinação gloriosa.

Gen-Ex Arthur da Costa e SilvaMinistro da Guerra

AO EXÉRCITO BRASILEIROAO EXÉRCITO BRASILEIROAO EXÉRCITO BRASILEIROAO EXÉRCITO BRASILEIROAO EXÉRCITO BRASILEIRO

Um retrato da caótica situação no Brasil antes do movimentode 1964, através das palavras de Carlos Lacerda.

Antes, durante e depois da crise, oGovernadorLacerda estêve no centro dos aconteci-mentos.E,comoédeseufeitio,pronunciou-sediversasvêzescomamaiorveemência.Natardedodia1ºdeabril, anunciandoaopovoavitóriadas fôrçascomandadaspeloGeneral OlympioMourãoFilho, oGovernador daGuanabara fêz declarações através do rádio, declaraçõesque constituem verdadeira súmula do que êle dissera até então.

DEPOIMENTODECARLOS LACERTA SÔBRE A VITÓRIA DA REVOLUÇÃO

Depois de se dirigir às donas de casa,pedindo-lhes que se mantivessem calmas, oGovernador passou a analisar o Sr. JoãoGoulart, seu Govêrno e as causas que deter-minaram a necessidade do seu afastamento.�De herdeiro de alguns hectares de terra,transformou-se, em poucos anos, em propri-etário de mais de 550 mil hectares - uma áreaigual a quatro vêzes e meia o território daGuanabara.�

E prosseguiu: �Associado do Sr. Wil-son Fadul (que por isso foi ser Ministro daSaúde, e não porque seja um cientista), emquatro anos, comdinheiro doBanco doBrasil,e com dinheiro cuja origem não explica, o Sr.João Goulart transformou-se num dos ho-mens mais ricos dêste País, com três bois porhectare em suas fazendas�.

�O Sr. João Goulart é um leviano quenunca estudou - e não estudou porque nãoquis, não é porque não pôde. E agora, noGovêrno do País, queria levar-nos ao comu-nismo.�

Explicando que dis-cordara da investidura doSr. João Goulart na Presi-dência da República, masterminara aceitando-a, dis-se o Governador Lacerda:�Eu o conhecia bem. Mas,como bom democrata, sub-meti-me à vontade da mai-oria, quando entrou em vi-gor a fórmula do Parlamen-tarismo. Mas o Sr. JoãoGoulart não queria gover-nar. Adulava, de dia, os tra-balhadores que condenavaao desemprêgo, de noite. OSr. JoãoGoulart jurou fide-lidade ao Parlamentarismo, para logo em se-guida impor o plebiscito, e todo o povo votou.Eu não votei porque achava que o plebiscitoera uma palhaçada, e repito que era�.

�Quem quiser fazer reformas deve tera honestidade de dizer que as fará sem refor-

mar a Constituição. Há necessidades de sefazer reformas, e eu acho que se pode fazerisso sem se mexer na Constituição. Mas o Sr.João Goulart não queria isso. Montou umdispositivo sindical nos moldes fascistas,com dinheiro do Ministério do Trabalho,dinheiro roubado do impôsto sindical, rouba-do do salário dos trabalhadores, para pagar as

manifestações debanderinhas e as farrasdos homens do Ministé-rio do Trabalho.�

�Ao mesmo tem-po, começou a criar difi-culdades para a Impren-sa, para os jornais, para orádio e a televisão, inici-ando um processo deescravização dos homenslivres que fazem a im-prensa do nosso País. De-pois de criar as dificulda-des, o Sr. João Goulartoferecia-se para resolvê-las, enquanto dava curso

ao processo de entreguismodoBrasil àRússia.O Sr. JoãoGoulart foi omaior entreguista quejá teve êste país.�

Continuando seu discurso, acusou oex-PresidenteGoulart de iniciar o solapamen-to da autoridade militar, entregando os co-

mandos militares a gente sem prestígio nasFôrças Armadas. �O desprestígio� - disseLacerda - �atingiu a todos os setores doGovêrno, os Ministérios Civis e a própriaCasa Civil da Presidência, onde estava DarcyRibeiro, um instrutor de tupi-guarani, queacabou reitor daUniversidade deBrasília semjamais ter sido professor�.

Dizendo que os brasileiros honradosque votaram em João Goulart não tinhamdado seu voto ao comunismo (�portanto Jangoenganou o povo�), Lacerda fêz referênciaselogiosas aos Generais Castello Branco eMourão Filho, atacando em seguida o Almi-rante Aragão (�sem condições para ser almi-rante�), e aludindo ao Cabo José Anselmo:�A Marinha é tão ruim que um cabo podeser estudante de Direito. Em nenhuma Ma-rinha do Mundo, nem nos Estados Unidos,nem na Rússia - um cabo tem tempo paraestudar Direito. E o Sr. João Goulart aco-bertou, patrocinou, estimulou tôda essagente, jogando marinheiro contra soldado,farda contra farda, classe contra classe,brasileiro contra brasileiro�.

�Assim, não era possível que Mari-nha, Aeronáutica e Exército suportassemmais tamanha impostura e tamanha carga detraição.� E concluiu: �Deus é bom.Deus tevepena do povo�.

O Cruzeiro - 10 de abril de 1964.

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26Nº 237 - 31 de Março/2017 26

N os idos de 1950/1960 , Ass i sChateaubriand comandava o impériojornalístico dos �Diários Associa-

dos� (jornais, revistas, emissoras de rádio e detelevisão), que influenciava a opinião pública,mantinha relações com os altos poderes dogoverno, incluindo aPresidência daRepú-blica, criava ídolosdepés de barro, derru-bava quem desejas-se. Tal qual, hoje, asOrganizações Glo-bo, que começaram acrescer no final dadécada de 60, empleno governo �au-toritário� (havia au-toridade).

De comum,entre os dois impéri-os: ontem, o apoioirrestrito ao Movi-mento Cívico-Militar de 1964 e hoje, a mentiradeslavada deturpando as realizações do regimemilitar que levou o país ao maior crescimentojamais registrado em 500 anos, com um PIB de14% e tentando mudar a sua História. Por quê?A máquina da desinformação montada nas

AVERDADEHISTÓRICA

Foto:Acervo

Jorn

alEstado

de

Minas

O Governador Magalhães Pinto, GeneralGuedes e Coronel Valle, aclamados pelo

povo, na Praça da LiberdadeEstado de Minas - 02.04.1964

redações de jornais e rádios e nas centrais detelejornalismo, tudo faz para que a verdade nãoseja conhecida. Preferem a meia verdade ou amentira, divulgadas pelos jornalistas petistasqueocupam80%das redações e sãoamantesdeFidel, Guevara e Chávez.

O �Estado deMinas�apesardoacer-vohistóricodesuaGe-rência de Documenta-ção(microfilmagemdetodos os seus jornais erevistas), não o utilizacomo referência, in-tencionalmente, poisnão é do interesse damídia amestrada e dogoverno petista mos-trar aVerdade à nossagente.

A foto acima,teve a sua legendaposteriormente mo-

dificada em 07.03.2001, para GOLPE, sen-do uma pálida amostra da deturpação mar-xista à nossa História e à Verdade.

Quem tem medo da Verdade?Quem está mentindo?

A resposta é sua, prezado leitor!

�Não caberá em 20 linhas uma tenta-tivade síntesedosprós e contrasàRevoluçãode 31 de Março. Vamos antes ressaltar umdos aspectos que a distinguem entre os de-mais movimentos regeneradores havidos noBrasil e no mundo: é que esta Revoluçãonossa, nem durante o seu deslanchar, nemdepois, na fase de consolidação, jamais susci-tou aparecimento de um chefe carismático, umsalvador. Escapouassimda fatalidade obriga-tória às revoluçõesdeesquerdaededireita, queé se cristalizarem em torno de um ditador,líder ou caudilho. Pois até no Chile, onde ocomunismosepretendia instalar�porviademo-crática�,omalogradoAllendeseiaconfigurandocomo homem-símbolo, insubstituível.

Aqui, o predomínio militar no movi-mento deu-lhe, singularmente, uma feição

DEPOIMENTO DE RACHEL DE QUEIROZGrandes Acontecimentos da História (Editora Três), nº 10

democráticaetranqüilizadora:arotatividadedos chefes, que ocupavam os cargos portempomarcado, tal como se faz dentro dasForças Armadas. E isso dos primeiros aosúltimos escalões, a começar pela Presi-dência da República, e sem esquecer ocontingente dos técnicos, que também serevezavam. Assim, quem governa o país érealmente um Sistema, cujos quadros pe-renemente se renovam. Dentro deles, areclamada transição do militar para ocivil se poderá fazer sem choque, à medi-da que os quadros políticos se recuperem e,mormente, recuperem a confiança perdidapela sua responsabilidade no caos econômi-co, social e institucional em que se afundavao país. Caos de que, como é visível enotório, miraculosamente fomos salvos.�

Mal-aventurados os lúcidos porque possuirão a realidade.Mal-aventurados os que de-

sejam a paz e a ordem porque assistirãoa turbulência crescente e verão a desor-dem se alastrando em toda parte.

Mal-aventurados os que amam ajustiça, porque serão feridos e ofendi-dos todos os dias pela injustiça.

Mal-aventurados os que nasce-ram com o duro e difícil amor à pátria,porque serão acusados de reacionáriose apontados à execração pública e so-frerão ofensas e testemunharão atenta-dos a tudo o que veneram.

Mal-aventurados os que amam averdade, porque surgiram neste mundonuma hora polêmica, de indiferença à

Poema deAugusto Frederico Schmidtverdade, e em que se instituiu o culto àmentira e à deformação.

Mal-aventurados os bem-inten-cionados porque serão mal julgados esuas palavras serão deformadas pelosintérpretes e serão enlameados pelagrosseria dos demagogos e mistifica-dores.

Mal-aventurados os lógicos, osque têm necessidade de hierarquia, osque precisam de métodos para respirar,porque nasceram numa hora de surpre-sa, sob o signo do absurdo, numa épocade inversão de valores, em que nada seprocessa com segurança e em ritmo tran-qüilo e justo e certo.

NR: Escrito poucos dias antes de31 de março de 1964

MAL-AVENTURADOS

O DISCURSO E A MENTIRAFREI BETTO Estado de Minas - 16/042014

É abundante a documentação de como o golpe de 1964foi operado sob o comando do governo dos EUA.

Como acreditar no que escreve,sendo um seguidor de Fidel e Lula?

SegundoinformaçõesdaIgrejaCatólica,�CarlosAlberto, vulgo frei Betto�, não é sacerdote da

Ordem Dominicana (portanto não tem poder paracelebrarmissa e atender confissões) e não constaque a ela esteja ligado à Ordem dos Pregadores(OP) por algum dos três votos solenes de casti-dade, pobreza e obediência: Talvez pertença àordem terceira do Rosário, que é formada porcristãos católicos leigos, obedientes ao Papa.

Como acreditar num sujeitoque declara:

�Cuba resiste como únicoexemplo latino-americano

de democracia social e econômica�.Ver página 116 do livro História & Vida integrada � 8ª série de Nelson e Claudino Piletti,

adotadopelasSecretariasEstadual eMunicipal deEducação, comoavaldoMEC.Tal livrodidático,exaltaaextintaUniãoSoviética,Vietnã,Camboja,ChinaeCubaenãodivulgaomassacrecomunistaque jávitimoumaisde100milhõesdepessoasecontinuamatandonaCoréiadoNorte,ChinaeCuba...

Quanto aos norte-americanos � Segundo o general de Exército Rubens BaymaDenys,que participou ativamente doMovimento CívicoMilitar de 31 demarço de 1964 � jamais foramfeitos quaisquer contatos pelo Comando (tropa) mineira com a Frota norte-americana ouqualquer outro representante desse governo.

Nos idos de março de 1964, este editor era um jovem capitão servindo no 4º Grupo deArtilharia 75 a Cavalo, em Uruguaiana, onde em janeiro, o governador Carlos Lacerda fizeraum comício, o maior já acontecido na cidade, sobrepujando os do PTB de Fernando Ferrari /Leonel Brizola, mesmo sendo área de influência desse partido.

Muitoantesdesesaberdomovimentocontra-revolucionáriodeMagalhãesPinto, foidecididoiniciar a sublevação da 2ªDivisão deCavalaria no dia 4 de abril, sob o comando do Coronel LuizSerff Sellmann, chefe do Estado-Maior, com o sequestro de JoãoGoulart e Leonel Brizola, quechegariam nessa data aUruguaiana para participarem de um comício em represália ao realizadopor Carlos Lacerda. A ação seria desenvolvida por um grupo civil armado, com o apoio daGuarda de Honra do 8º RC, comandada pelo Capitão de Cavalaria Tolentino Job Barbieri,prendendo-os ao desembarcar do avião e levando-os para uma estância afastada.

Em seguida, as unidades seriam sublevadas e a 2ª DC lançaria ummanifesto à Nação. NadadissoaconteceuemvirtudedaeclosãodomovimentoemMinas.Aoentardecerdessedia, foi captadapor rádio, a notícia do deslocamento das tropas mineiras em direção à Brasília e ao Rio de Janeiro.

Às 6 horas da manhã do dia 1º de abril, no quartel do 4º GA75 Cav, comandado pelotencel Veterano FEB Amerino Raposo Filho, o coronel Sellmann diz:

�Neste momento avoco o Comando da 2ª Divisão de Cavalaria�E assim foi feito. Como poderia ter havido contato com os norte-americanos? E nem uma

palavra sobre o apoio recebido de Cuba, Albânia, China e União Soviética, pelas organizaçõessubversivas, bem antes do movimento de 31 de março. Como acreditar nesse "frei"?

�Frei� Betto e o seu ídolo máximo,o sanguinário ditador Fidel Castro

Se a revolução tivesse sido esmagada na noite de31 de março de 1964:

1 - Brizola seria o ditador marxista.2 - O Brasil seria uma república soviética.3 - Teria havido um sem número de prisões, torturas,

execuções, fugas, expropriações, vinganças.4 - Censura absoluta, jornais, rádios e televisões oficializadas.5 - Milícias em vez de tropas regulares.6 - Nunca se falaria em anistia, pois só os democratas anistiam.FELIZMENTE, A REVOLUÇÃO DE 1964 VENCEU, COME-

TEU ERROS, INJUSTIÇAS, ARBÍTRIOS, MAS QUINZE ANOSDEPOIS ELA TENTA REAPROXIMAR OS BRASILEIROS.

É O RISCO DA DEMOCRACIA.

SÓ OS DEMOCRATAS ANISTIAM

Manchete, 07 de julho de 1979David Nasser

Publicado no Inconfidência nº 201 de 30 de abril de 2014

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David Nasser não se afastou de suatrincharei um só minuto, apesar deavisado, pessoalmente, pelo

Governador Adhemar de Barros.O jornalista continuou na

Guanabara, em sua trincheiranão apenas de palavras

SABER GANHARpassou por seu banheiro carrapaticida. E ofuturo o julgará pela importância de sua lutana redemocratização de sua Pátria.

AGORA, êles sabem que a sua cora-gem não se conta pelos fios de cabelo, óindecifrávelMagalhães Pinto,mineiro silen-cioso, patriota humilde, general sem farda deumdosmovimentosmais perfeitos da histó-ria revolucionária.OBrasil nunca seesquece-rá que o primeiro grito foiseu,oprimeirogestodeumballet inesquecível, o pri-meiro passo da longamar-cha democrática.

AGORAêles sabemqueos três anosde silênciodoGeneralMourãonãosig-nificavam três anos de ca-pitulação,mas três anos deconspiração, três anos deprudência, três anos de si-lêncio - para o grande des-pertar da nacionalidade.Alguns generais que pare-ciam anestesiados - hoje osabemos - estavamapenasde vigília. Luiz Guedes,Castello Branco, Costa eSilva,DécioEscobar,Cor-reia deMelo, tantos gene-rais, tantos brigadeiros,tantos almirantes juradosna intransigente defesa dademocraciabrasileira.

AGORA, êles sa-bemque aquelasmedalhas exibidas peloGe-neral Amaury Kruel não eram de lata nemforam conquistadas noutro campo que nãofosse o de honra. Êles sabem, meu bravoKruel, que, acima de sua fidelidade a umhomem, você colocava a lealdade à suaPátriaameaçadaporumbandodecanibais políticos.

SABÍAMOS, todos que estávamos nalista negra dos apátridas - que se êles consu-massem os seus planos, seríamos mortos.Sôbre os democratas brasileiros não pairavaa mais leve esperança, se vencidos. Umarazzia de sangue, vermelha como êles, atra-vessaria oBrasil de ponta a ponta, liquidandoos últimos soldados da democracia, os últi-mos paisanos da liberdade. Onde estariaCarlos Lacerda a esta hora? Onde estariamAdhemar,Calmon,ArmandoFalcão,CastelloBranco,Mourão,GustavoBorges,AnísioRo-cha, Alkimin, Magalhães Pinto, Ney Braga,Costa e Silva, Décio Escobar, tantas, tantasvozese tantas espadasquenãosecalaram,nãoseembainharamem todos êsses longosmesesda comunização doBrasil? Se outros fôssemos vencedores, não haveria contemplação.

A VIRTUDE da democracia está emsaberganhar.Emseunome,emnomedaDemo-cracia, não se pode permitir que a injustiça sepratiqueemnome da Justiça, que sejam anu-lados, sem processo legal, os mandatos po-pulares, que a Constituição seja rasgada em

nome daConstituição.TODOSsabemodesprêzo vegetariano

que voto a certos homens fistulizados quecompunhamo cerne dêsseGovêrno que caiu.Mas - advertiu na sua cristalinidade política opróprio Governador da Guanabara - um de-mocrata autênticonãoodeiaumhomem,odeiauma idéia. Odeia, não a figura ridícula de umMinistro comendo feijoada e bebericando en-

quanto a lama corria sob ospésdeumregimevilipendia-do.Odeia,nãoosgestosfebrisde um adolescente políticosaído de uma taba espiritualparaaCasaCivildaPresidên-cia.Odeia,nãoaquelasfigurastenebrosas do CGT, aquêlespobres moços ensandecidosda UNE, aquêles sargentosequivocados,mas tudooquea idéia que êles defendiam,honestaouestùpidamente,re-presentava.

NÃO é porque eramcriminosos,queemcrimino-sos vamos nos transformar.Não é porque representa-vam o totalitarismo, a ra-dicalização,oquedemaisver-gonhoso,mais sórdido,maisbrutalemaisbrasileiropudes-se existir noBrasil quedeve-mos nós, os democratas, pe-dir-lhesasarmaseasusarcomamesmaausênciade liberali-

dadedemocrática.Oquenosdiferenciadêles éjustamenteisto.Omesmoquediferenciaacarni-ça que êles são do abutre que não somos.

NÃO significa que os criminosos nãodevam ser punidos nem os responsáveisirresponsabilizados. Significa que cada umpaguepeloque fêz, nãopeloque foi.Ninguémtemculpa de ter sidoMinistro de umGovêrnolegalmente eleito, constitucionalmente orga-nizado.Ninguém temculpa de ter sidoMinis-tro de João Goulart, nem mesmo o SenhorAbelardo Jurema.

OQUEmeenojanãoéverosratosfugiremdonavioqueseafunda,masaquêlesqueontemlhescomiamacomida,ajudaramatá-los.

PARTE o Senhor João Goulart paraPôrto Alegre, para o Uruguai, para a Espanha,semomeuódio.Nuncaconseguiodiá-lo�eatéhoje�-permita-seaumadversáriodesuasidéiase de seusmétodos confessar após o crepúsculo

de um deus que tinha os pés de barro� não oconsigo odiar. Vejo-o ainda, no seu pequenotrono do Alvorada, como um pobre homem,incapaz de governar, de distinguir amigos deaproveitadores, inimigosdeoponentes.

CAIUporqueemseuespíritoengarrafa-dopelamediocridademaispositivadêstePaís,nuncadeixoudeexistiroestancieiroquecontavaosaliadoscomoquemcontaogadonocurral.

CAIU porque acreditou que aquêlesque lhe faziam planos de continuísmo, ace-nando como poder sindical, como dispositi-vo militar, acreditavam no que diziam. Elutariam por tudo aquilo que o Senhor JoãoGoulartacreditava.MasoSenhorJoãoGoulartnão acreditava realmente emnada. A não serna sua boa estrêla, que era a estrêla vermelha.

RECUSO-MEapisar sôbre os cadáve-resmorais dêsses homens sôbre os quais, como risco da própria vida, dentro das limitaçõesqueme eram impostas por uma organizaçãoque êles ameaçavam destroçar, tantas vêzescaminhei pela estrada que nos conduzia aoimprevisto de um fimmelancólico ou de umaliberdade sonhada.

NÃO será em nome dessa liberdadeconquistada que iremos tripudiar sôbre osvencidos.Aquêles queeramcomunistas, con-tinuarão a sê-lo, talvez commenos esperança.Aquêles que eramos pobres enganados dessaRepública� talvez abram os olhos, os ven-cedores não procederem com amesma fúria,omesmodespotismo, amesma insensibilida-de daqueles que nempor isto deixaramde serbrasileiros e possivelmente democratas equi-vocados.A compreensão e a justiça talvez osajudem a abrir os olhos.

WILSONFIGUEIREDOcontaque,emplenaocupaçãodovelhoórgãodaCondêssa,umfuzileiro pediu para telefonar para a mulher aquem não via há três dias de longa e sofridaprontidão. Não apenas deixaram o invasortelefonar, mas serviram um cafezinho bembrasileiro.Nessemomento, também, oBrasilestava voltando a ser brasileiro.

POISéessecafezinhobrasileiroquede-vemos servir aos que errarampor acreditar de-mais ou erraram por acreditar de menos.Respeitemos as suas famílias, as suas idéiasfalsas, e apuremos apenas os seus possíveiscrimes.Amenosquevoltemaser inimigos,aseconstituírem em vírus vivos �- os inimigosvencidosdeixamdeternomes.

Edição Histórica de �O Cruzeiro - Extra�,de 10 de abril de 1964.

David NDavid NDavid NDavid NDavid Nassassassassassererererer

AGORA, êles sabemque a sua espada nãoé de pau, meu velho Capitão, e eu volto

o pensamento até aquêle quarto da casapaulista, onde as suasmãos trêmulas escrevi-am a história dêste país, dizendo-me: �Péterplus haut que son cul�.

AGORA, êles sabemque a sua doençademocrática só tinha êste remédio.DeputadoJoãoCalmon, quando você, na sua admirávelteimosia, recusava todo e qualquer acôrdo edesfraldava a bandeira suicida. Se teríamosque morrer vergonhosamente amanhã, quemorrêssemos comhonra, hoje.

AGORA, êles sabemque as suas pala-vras não eram simples filigranas verbais,GovernadorCarlos Lacerda, homemafirma-tivo, lídermásculo, democrata autêntico, bra-sileiro enlouquecido de amor à sua Pátria - eque se desesperava ao vê-la conduzida aocurral das nações arrebanhadas.Meses a fio,exposto na primeira linha, combatente devanguarda,sabendoqueacadaesquinaumnôvoperigooesperava,você,meubravocompanhei-ro, só teveumguarda-costas:Deus.Ocapangadivino,quecomasuainfinitasabedoriaenguiça-vaocarrodoFaz-Tudo,iluminavaoespíritodoscoronéis, cobria de lucidez a decisãodos pára-quedistas, evitara a sua eliminação, o caminhoaberto, supunhamêles,paraafácilconquistadeumrestodePátria.Masêlesestavamenganados,sempreestiveramenganados,continuamenga-nados.Nenhumdenóseraessencial,qualquerdenós, bem ou mal, seria substituído, mesmovocê, grande e insubstituívelCarlosLacerda.Não sematam idéias.

AGORA, êles sabem que a sua in-transigência democrática, jovemAdhemardeBarros,môço governador de uma terra indo-mável, agora êles sabemque a fé o rejuvenes-ceu, o espírito de luta o retemperou, e você,môçoAdhemar, sejamquais foremoserrosdopassado, a todos redimiu na bravura de suaúltima jornada.Mil vêzes você, com todos ospecados, Adhemar, diabo velho! Mil vêzesvocê que aquêle falso honrado, Jânio Qua-dros, até agora escondido debaixo da cama, àespera de que a última cidadela se renda, queo último homem se defina. Ah, tivéssemosnós ensarilhado as armas, tivéssemosnós tidopiedade dos canalhas, tivéssemos nós permi-tido como nosso silêncio que êles voltassem- e quem se encontraria, agora, no govêrno deSão Paulo? A cachaça cívica, o fauno deAdelaide, o entreguista Jânio Quadros, res-ponsável primeiropelaguinadadoBrasil parao Oriente, aliado dos comunistas, traidor desua Pátria. Graças a Deus, à Providência deque nos fala Adhemar, como o instrumentodivino, foi buscar no museu dos canastrões,o canastrão maior - você, velho, passado,cansado, desonrado, reabilitado, contestado,enquartejado, encarcerado, processado, li-bertado, envergonhado, ressuscitado, reabili-tado - e agoranumademais exaltadoAdhemarde Barros. A História, se alguma verdadehouve no balanço dos seus erros, aHistória o

Deus, Família e Pátria"A Marcha da Família com Deus pela

Liberdade" transformou-se, no Rio, numaverdadeira homenagem às Forças Armadas.A incalculável multidão concentrou-se aolado da Candelária, com imagens, terços,bandeiras e cartazes anti-comunistas. E dalideslocou-se para a Esplanada do Castelo,onde renovou a impressionante demonstra-ção de fé católica e de confiança no Brasil.

(MancheteEdição Histórica Abril/1964)

RiodeJaneiro, 02de fevereirode1963

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O que teria sido do Brasil se, em 1964,lhe tivesse faltado um vitorosomo-

vimento de �basta� a desvios, os maisantibrasileiros, de suas constantes nacio-nais?

Esse movimento, através de uma in-tervenção das forças de defesa ou seguran-ça nacional, em assuntos normalmente en-tregues a parlamentos, políticos, homensde partidos. Uma intervenção prestigiadapelo mais decisivo apoio da gente maisrepresentativamente brasileira de todas asregiões e condições sociais do País.

Isto o que é real e verdadeiramenteaconteceu.

Uma revolução? Revolução sociologi-camente substantiva, sou dos que

pensam que não. Não surgiu 64 com umprograma, um deário, um roteiro que lhedesse esse sentido ou essa configuração.

Surgiu como um necessário ou es-sencial resguardo de valores nacionais emperigo: perigo que poderia extremar-se emdestruição de parte considerável dessesvalores ou em sua substituição por auti-

Vista de longe, e do alto, ou seja,nas suas perspectivas históri-cas, a Revolução de 1964 sur-

ge-nos como ummovimento irresistívelde opinião em que as Forças Armadascumpriram o seu papel tradicional demediar entre os extremos, de restabe-lecer o equilíbrio, de assegurar a con-tinuidade, de antepor à desordem(ramificada em todos os níveis do Po-der) o espírito conservador (consoli-dado em todas as camadas sociais).

Antes de tudo, não foi uma insur-reição de ideologia desfraldada; foi au-tenticamente uma contra-revolução co-mandada paralelamente pelos sentimen-tos clássicos da nossa gente e pelas res-

ENFOQUE SOCIOLÓGICO DAREVOLUÇÃO DE 1964Professor GILBERTO FREYRE

- Especial para Letras em Marcha -

brasileirismososmaiscontráriosaoscarac-terísticos, aos desígnios, aos positivos jádesenvolvidos, noBrasil, por uma socieda-deeporumaculturacrescentemente senho-ra de triunfos nacionais sobre não peque-nos obstáculos antinacionais.

Quando não se reconhece no Movi-mentode64obastantedesistemática,

de preparo, de substância para poder sersociologicamenteconsideradaumarevolu-ção substantiva, não se desconhece suaimportânciacomopartedeumprocessoquerevolucionariamente,construtivamente,cri-ativamente, vemoperando noBrasil, desdedias pré-nacionais � desde os arrojos Ban-deirantes, paulistas e não-paulistas, desdea expulsão de holandeses, desdeAlexandredeGusmão�nosentidode tornarumaaindapré-nação sociedade e cultura inconfundi-velmentebrasileiras.

A verdade é que o Brasil, tendo sidobeneficiado por um tipo de coloniza-

ção, a portuguesa, que não o submeteu aexcessos de estatismo metropolitano, pôdeser desenvolvido, por pré-brasileiros, atra-vés de esforços e iniciativas extra-oficiais.

Que o digam a lavoura do açúcar,seguidapeladocafé, a criaçãodegado, comogaúchovanguarda tãovivadoSul doPaís.Portanto através de uma auto-colonizaçãoque ampliou, ou deu dimensão, em diasainda coloniais, já nacional, à colonização.

Isto através mais de um processo criativa-mente emancipador, que de revoluçõessubstantivamente emancipadoras, do tipodos que se esboçaram através de bravurasou rompantes regionais. O que dá funda-mento à tese de que desse processo revo-lucionário é que verdadeiramente resultoua independência, comovêmresultando, emdias já nacionais, o desenvolvimento e aconsolidação doBrasil em sistema autôno-mo de vivência e de convivência.

Foi, 1964 o grande papel que desempe-nhounadinâmicadaformaçãobrasilei-

ra:adeacertaaltura, repelirvigorosa-mentedesvios do seu processo verdadeiramentenacional de consolidação e de desenvolvi-mento.Semter sidoumarevoluçãoprojeta-da, que pudesse ter realizado, no setor so-cial, ajustamentos agudamente necessári-os � aí sua deficiência � foi ummovimentoque impediu graves anti-brasileirismos deperturbarem afirmações do Brasil, em diasturvos, como nação construtivamente bra-sileira no essencial de seus rumos, além depolíticos, sócio-econônicos.

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DA REVOLUÇÃO DE 1964

* Pedro Calmon

ponsabilidades irrenunciáveis dos che-fes militares. Aqueles, antes destes,demonstraram o imperativo da açãocomo um desenlace natural da crise.Quem a dirigiu? Qual, pessoalmente ocondutor, supremo da rebelião � con-tra a desorganização, a ilegalidade, ocaos? Quem perante o futuro por elaresponde? A posteridade dirá: a consci-ência coletiva. Traduz-se por um estadode convicção, em que se aliam o temordo pior e a esperança do melhor, nessaamálgama de protesto e afirmação queteve o colorido inédito da participaçãofeminina, as mulheres maciçamente narua, rosário nos dedos, corajosas e som-brias, regando com aflição o seu apoio (otremendo veto doméstico à �mudança�)aos obscuros objetivos da política quedestroçava a hierarquia, que anulava aConstituição, que subvertia o trabalho,que empurrava o País para a aventuraainda sem nome (sindicalismo, socialis-mo, mas de que espécie, populismo, masde que natureza?) contudo, ameaçadorae dúbia, como se devesse o Brasil umadistorção violenta, análoga às das naçõeseuropéias depois da Grande Guerra: For-mou-se, com a mobilização espontâneadas massas, que reclamavam a normali-dade, contra o recrutamento ruidosodas massas, que pediam o desfecho

catastrófico, a psicologia da interven-ção. De tal modo exprimiu a absolutamaioria do pensamento nacional, que acontra-revolução de 31 de março trans-bordou dos quartéis sem que a detives-sem, ali ou acolá, as arregimentaçõeshostis. Não se toldou com a fumaça doscombates. Tornou-se a marcha batidapara a recuperação pacífica do regime.

Instalou-se num abrir e fechar deolhos, sem ter de chorar os mártires;coroada pela satisfação pública; tão acei-ta e compreendida como se desempe-nhasse uma função obrigatória no qua-dro confuso dos acontecimentos; quaseunânime, pela primeira vez na história;mãos desatadas, a euforia transparentena serenidade; à frente, o estado-maior�legal�; livre das atabalhoadas precipita-ções; guiada e interpretada pelos gene-rais que lhe assumiram a sorte; por issomesmo convidada a governar de acordocom a sua índole, os seus compromis-sos, o seu passado. Foi sábia a Revolu-ção, conservação, apezar das cassações,o Legislativo. Foi lógica dando a presi-dência ao General Castello Branco. Foiprudente editando as fórmulas do seufuncionamento. E foi exemplar, aplican-do-se ao processo valente da regenera-ção financeira, como base do desenvol-vimento econômico, restituindo ao co-

mércio e à indústria a confiança nasinstituições. Se seguirmos a sua parábolanessa ordem de fatos � o que de positivoe criador promoveu a Revolução de 1964� temos num largo painel o seu retrato.Replantou a calma, refez a tranqüilidade,impôs a evolução, serenou o Brasil � sobos auspícios dos membros elementosdecisórios que a desencadearam, pro-longando-lhes a presença e a autoridadenesse decênio que precisa ser estudadonas estatísticas e nas conseqüências,mais do que nos homens e nas idéias.

Não importam os pormenores. Sa-lientem-se o que de estrutural, de dinâ-mico, de estridentemente brasileiro temo período, começado em 1964 pelo en-cerramento da época das graves pertur-bações.

Tempo suficiente para que sobreele se debruce não só o sociólogo, vem-lhe os fenômenos, como o historiador,descobrindo-lhe a fisionomia. É neces-sário concluir: o seu saldo de benefíciosfavoreceu amplamente o progresso e aestabilidade, que é como se dissésse-mos, a permanência e o crescimento daPátria! Ela fará justiça a Castello Brancoe Costa e Silva, a Garrastazu Médici eErnesto Geisel.

* Professor e acadêmicoPresidente do Instituto Histórico e

Geográfico Brasileiro

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Desde a sua eclosão, os militarescomemoram o aniversário da

Revolução Democrática de 31 deMarço, movimento que impediu oscomunistasde tomaremcontadonos-so país. Durante algum tempo essascomemorações eram públicas, reali-zadas em praças e parques, e tinhamaparticipaçãoeoaplausodopovo,depolíticosedeautoridadescivis eecle-siásticas. Hoje, cerceados pelos quepassaram a ocupar o poder, as come-morações têm ocorrido dentro dosquartéis, com o mesmo orgulho e vi-bração.Os inconformados e ressenti-dos radicais tentam, mas não conse-guemapagardamemória asdatas im-portantes das Forças Armadas, quesão marcas gloriosas da sua história,que se confunde com a própria histó-ria doBrasil, na defesa da soberania eintegridadenacionais.

Naquela vez, a nação estevepertodesucumbiràsubversãoverme-lha,mas se recuperou, triunfalmente,sem disparar um único tiro. O movi-mento só aconteceu porque o povobrasileiro, decidido a permanecer li-vre, saiu às ruas contra o clima deagitaçãoeinsegurança,edisseumnãoao comunismo.

Existeumaliteraturaabundan-te sobre o assunto, pela qual desfilamosmaisvariadospersonagens,emqueo foco histórico de alguns tipos éconstruídoedivulgadodeacordocomseus interesses. Importante,mas,pro-positadamente ausente na mídia, é oepisódio da decisiva atuação dasmu-lheres brasileiras na aniquilação dosplanos vermelhos.

Dona Amélia Bastos, a DonaAmelinha, comoerachamada,convi-dou as amigas e vizinhas a sua casa, edisse solene: �Quem temmais a per-der com o que está acontecendo nonossopaísdoquenós,mulheres?Ede

AH, ESSAS NOSSAS MULHERES!quem será o futuro que desaparecerásenão o de nossos filhos e netos, se apolítica radical do Governo (Jango)levar a nossa pátria ao domínio co-munista?�. Desencadeou-se, daí, umprocesso de multiplicação de mulhe-res em salões paroquiais e casas defamília, culminando com a formaçãoda CAMDE (Campanha da Mulherpela Democracia), que mais tarde in-fluenciou a criação das �Ligas dasMulheres Democráticas�, em BeloHorizonte e São Paulo, que se espa-lhou pelo país. O efetivo demulheresaumentava rapidamente. Cada umaqueseapresentavaeraencarregadadeorganizar outra reunião (célula) com10 outras amigas, e estas tinham querecrutar outras e, assim, formou-seuma corrente de simpatia que nãoparou mais de crescer.

DonaAmélia,nodiaseguinteàcriação do movimento, foi aos jor-nais, com 30 donas-de-casa, pedirajuda na sua luta. Em O Globo dis-seram-lhe: �O protesto de 30 mu-lheres não quer dizer muita coisa.Mas se a senhora puder marcharaté aqui com500mulheres...�.Doisdias depois ela levou as 30 primei-

ras e mais 500 mulheres diante deRoberto Marinho, diretor do jor-nal, e o fato foimanchete de primei-ra página. Elas faziam comícios deprotestos nas praças, falavam ho-ras ao telefone, escreviam cartas epanfletos a congressistas, convo-cando-os a assumirem posições,distribuíam circulares e livretos,punham anúncios nos jornais, apa-reciam em comícios para discutircom os esquerdistas e desafiar osagitadores. Os seus escritos, degrande produção, eram distribuí-dos a cada mulher participante, eesta deveria mandar cinco cópiaspara possíveis candidatas à causa.Além disso, foi organizado um ser-viço de �senhoras estafetas� paraentregar omaterial de propaganda,de automóvel e de avião, conven-cendo os pilotos das companhiasde aviação a transportá-lo para lu-gares distantes. Infiltravam-se nossindicatos dos estivadores e influen-ciavamassuasmulheresaconvencê-los a trocarem de lado. O mesmoaconteceunasfavelascomo,porexem-plo, naRocinha,muito assediada pe-los vermelhos. E, assim, engrossa-

vam as fileiras nasmarchas.

A 25 de fe-vereiro de 1964, aFrente de Mobili-zação Popular pro-gramouumaconcen-tração a ser realiza-da nas dependênci-as da Secretaria deSaúde e Assistên-cia, em Belo Hori-zonte, quando fala-riaodeputadofede-ral Leonel Brizola.Líderes democráti-cos,asmulheresmi-

* Emerson Rogério de Oliveira

Mais de 500 mil pessoas na Marcha daFamília com Deus pela LiberdadeSão Paulo/SP - 19 de março de 1964

neiras e a população belorizontina,impediramodiscurso deBrizola, quemesmocomseus capangas fortemen-te armados, foi corrido da cidade, sobumachuvadefrutaselegumes,alémdepedras retornando de madrugada aoRio de Janeiro.

Em São Paulo, a 19 de março,500 mil pessoas desfilaram na Mar-chadaFamília comDeusPelaLiber-dade, com terços e rosários apertadoscontraopeito.Nascalçadas, os jorna-leirosvendiammilharesdeexemplaresdejornais,coma publicação de uma pro-clamação preparada pelasmulheres.

Assimfoique, cha-madas por este apelo dopovo, as Forças Armadasseanteciparamaoexércitopopular de origemcubanaesufocaramomovimento.

Na tarde de 1º deabril, tudoestava termina-do e os microfones do Brasil anun-ciavam a derrota do comunismo.Com marcha marcada para o diadois, o próprio General CastelloBranco aconselhou as mulheres acancelá-la, temendoviolência.DonaAmélia insistiu: �A marcha mos-trará ao mundo que esta é umaRevolução do povo � um plebiscitopela verdadeira democracia!�.Mudou o nome para �Marcha deAção de Graças a Deus�, e mais deum milhão de pessoas deslocaram-se pelas avenidas do Rio, sob tem-pestades de papéis picados caindodos prédios. Lençóis e toalhas nasjanelas e ummar de bandeiras, agita-das pelo vento, saudavam a vitória.

EmnomedaHistória,aatuaçãoheróicadessasmulheresdariaumbelofilme, talvez financiado por algumaestatal. Amélia � seria o nome. Pois,

não filmaramOlga?A vitória trouxe liberdade e

democracia para o povo, mas deixoulatente nos vencidos um sentimentohostil contra osmilitares, que se exa-cerbou,mesmodepoisdaLeidaAnis-tia, votada em 1979 pelo Congresso,emignóbeistentativasdedesmoralizá-los, de abafar as suas comemoraçõesimportantes, de desmantelar as For-çasArmadas, e emmanter o seumin-guadosoldosemreajustes.Comosea

classemilitarnãovies-sedopovoenão tives-se famílias, anseios enecessidades iguaisaos de outras classesda sociedade.

Hoje são asnossasmulheres,com-panheiras fiéis nessavida itineranteede sa-crifícios,queestãonasruas, tentandocumpriraúnicamissãoque,por

força do regulamento, não podemoscumprir: ade lutarpelosnossosdirei-tos.

Quemsabe,aexemplodaDonaAméliaBastos,omovimentopresidi-do pela Dona Ivone Luzardo, emBrasília, passe a ter maior participa-çãoeareceberadesãoe,derepente,30saias se transformem emmilhares desaias, que se somarão a outros tantospatriotas, talvez, quem sabe?

Poresseexemplodecoragemefé,e,aoensejodoDiaInternacionaldaMulher, dia oito deste mês revoluci-onário, a nossa gratidão e respeito atodas as mulheres, mas, em especial,àsnossasmulheres.Bravasmulheres!

* Cap QAO/Eng (R1)

Texto adaptado do livro �TrincheirasAbertas�, do autor e apoiado em�A Nação que se salvou a si mesma�- Bibliex / 1964

Amélia Bastos

A rápida vitória da revoluçãodemocráticade31demarçopro-

vocouumperíodode intensapreocu-paçãopara seus chefes. Comopros-seguir? Como alcançar os objeti-vos que todos ansiavam, preser-vando a democracia?Esperávamosque a luta armada demorasse deuma dois meses � ela nem chegou a serdesencadeada.AquedadeJangodurouapenas três dias.

Com o apoio de vários go-vernadores, muitos civis de todasas classes, políticos ou não, nosempenhamos em encontrar, nomenor prazo possível uma soluçãoque permitisse ao Brasil retomarseu caminho para o futuro. Esseprazo foi de 10 dias.

A primeira idéia surgida � àsemelhança do que ocorrera na re-núncia de Jânio � foi a de empossarinterinamente naPresidência daRe-

O IDEÁRIO MILITAR* Antônio Carlos Muricy

pública o presidente da Câmara dosDeputadose realizar, dentrodeumoudois meses, uma eleição. Essa idéia,porém, se mostrou inviável, porqueera indispensávelaexecuçãodemedi-das fortes, em curto prazo � medidasque exigiam a ação de um presidenteenérgico e com apoio total dosmeiosrevolucionários.

Aomesmotempoganhavafor-ça, emvárias áreasmilitares e civis, odesejo de que fosse implantada, purae simplesmente, umaditaduramilitarférrea, comtodasassuas implicações,inclusive e principalmente o fecha-mento do Congresso e o afastamentodefinitivode todosos elementos liga-dos à subversão preparada pelos co-munistas e elementos da esquerdaextremada que os ajudam.

Tambémesta segundapropos-ta foi rejeitadapelosprincipais chefesmilitares, lideranças civis e opinião

pública. Ela faria com que a revolu-ção realizada para salvar a democra-cia se igualasse as que se fizeramemoutros países do continente, emtorno de chefes carismáticos, auto-ritários e mesmo sanguinários.

Chegou-se a uma terceira fór-mula, intermediária,queperdurouporvários anos, com algumas modifica-ções; a da eleição indireta pelo Con-gresso, para um tempo limitado, deumchefe revolucionário quepudesseagircomenergia, forçaeequilíbrionodesenvolvimento de umprograma desalvaçãonacional.

A base desse programa seriaum ideário, ainda não sistematizado,com base em estudos realizados naEscola Superior de Guerra e outroscentros, e já difundidos em muitasparcelas da elite brasileira.

Para implantaçãodessafórmu-la foi editadopelocomando revoluci-onáriooAto Institucionalnº1, redigi-do pelos juristas FranciscoCampos eCarlos Medeiros. Esse ato manteve,comalterações,aConstituiçãode1946,

e permitiu a implantação noBrasil deumclimadeordemedepaz indispen-sável para o prosseguimento da vidanacional.

Arevoluçãodemocráticade31demarçonãofoi feitaparaaderrubadade um presidente, nem para colocarmilitaresouchefes carismáticos civisnopoder,nemparadestruir aschama-das esquerdas ou esmagar as classessociais mais sofredoras.

Não foi por falta de avisopara que se afastasse do comunis-mo e da esquerda golpista que Jangocaiu. Olhando para trás, é quaseinacreditávelainabilidadedosúltimosdias de seu governo. Especialmente afalta de visão em relação às áreasmilitares, onde então se conspiravaabertamente. No Rio de Janeiro, porexemplo, as vésperas domovimento,estavammontadosdoisEstados-Mai-ores: o do general Castello Branco,constituídopelomarechalAdemardeQueiroz e pelos generais Golbery doCoutoeSilva,ErnestoGeiseleJurandirMamede, entre outros; e o do general

Costa e Silva, onde operavam osgenerais Sizeno, Aragão e JoséHorácio.

Mas o presidente persistiuem sua postura de confronto com asForças Armadas, fraco e impotenteface à esquerda golpista, que articu-lava, ela sim, um golpe para os pró-ximos meses, com o objetivo deestabelecer no Brasil, através dastécnicas da guerra revolucionária,uma ditaduraàcubana.A revoluçãofoi feita para evitar que se implan-tassenoBrasilum regimecoletivistanos moldes da Tchecoslováquia epaíses satélites. A revolução foifeita para vencer a anarquia cres-cente que se instalara no Brasilcom a anuência do presidente. Arevolução foi feita para afirmar ademocracia em nossa terra.(Jornal do Brasil, 31 de Março de 1994)*General de Exército, foi Chefe do

Estado-Maior do Exército eComandante da 7ª Região Militar noRecife, comandou o DestacamentoTiradentes que marchou para o Riode Janeiro a 31 de março de 1964.

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30Nº 237 - 31 de Março/2017 30

A décadade 60, rica emacontecimentoshistóricos, foium tempo quemarcou profun-damente os ru-mos do Brasil.Logo no início

desse período, em 25 de agosto de 1961, arenuncia do excêntrico presidente JânioQuadros abriu caminho para seu vice-pre-sidente, João Goulart, superestimado comoherdeiro de Getúlio Vargas e conhecido porsuas ligações com os sindicatos e suasinclinações populistas.

No seu governo, que muitos enten-deram como desgoverno, Jango, como erachamado Goulart, enfatizou a reforma agrá-ria, as ligas camponesas, os movimentossindicais, os ataques às multinacionais eaos Estados Unidos, e suas atitudes indica-vam que ele se aproximava cada vez mais daesquerda radical no que era apoiado por seucunhado Leonel Brizola.

O comício chamado da Central ou dasreformas, realizado em13 demarço de 1964,no Rio de Janeiro, numa sexta feira; a Revol-ta dos Marinheiros, que culminou com aanistia aos marinheiros rebelados; o discur-so para os sargentos foram os fatos queacabaram selando o destino de João Goulart.

Ele havia conseguido fortalecer aoposição contra seu desastrado governo.A UDN e outros partidos pediram seuimpeachment; surgiram várias entidadesrepresentativas de grupos sociais impor-tantes, inclusive, organizações onde haviaa presença marcante de mulheres; aconte-ceram marchas populares contra o governolideradas pela Igreja tradicional.

Portanto, na distância de 40 anosdaquele 31 de março de 1964 � quando astropas começaram a se movimentar sob ocomando do general Mourão Filho � a visãoque se tem é a de que, menos que umaambição de poder, os militares vieram naesteira de um apelo nacional como soluçãopara a profunda crise em que mergulhara opaís, sendo que certos analistas enxergamno episódio que alguns historiadores cha-mam de golpe, um contragolpe que impediuo Brasil de se transformar numa gigantescaCuba.

Os generais que assumiram os rumosdaNação pertenciam a uma elite demilitarespreparados, inclusive, intelectualmente. Oprimeiro deles, o marechal Castello Branco,era homem de reputação inatacável, de pas-sado rigorosamente limpo, de inteligênciapenetrante, de caráter irreprochável e foicom essas �armas� que ele enfrentou asdificuldades do seu governo. Sua políticaeconômica foi comandada pelos ministrosRoberto Campos e Otávio Gouveia deBulhões, respectivamente do Ministério doPlanejamento e do Ministério da Fazenda,

O TEMPO DOSGENERAIS

sendo que a estratégia de ambos con-sistiu em recuperar o dinamismo daeconomia através de políticas orienta-das para a neutralização da inflação e dosdesequilíbrios no balanço de pagamento. Aretomada do crescimento econômico se deu,então, através de um processo de aberturaexterna da economia, manifesto na intensi-ficação de fluxos não só de mercadorias,mas, sobretudo, de capitais, entre o Brasil eo exterior.

O general Arthur da Costa e Silvagovernou em meio a turbulências estudan-tis e cerrada oposição de políticos,notadamente, de Carlos Lacerda. O AtoInstitucional nº 5 (AI-5) foi instrumento depoder e força em meio à reação de organiza-ções guerrilheiras, seqüestros, assaltos abancos, ataques a unidades militares.

Emílio Garrastazu Médici foi o maistemido e o mais amado dos generais, já quefoi o mais rigoroso e o mais popular napresidência. A capacidade de tomar deci-sões nunca lhe faltou, seu estilo era forte,seu governo extremamente centralizado. Eleenfrentou intensa radicalização dos movi-mentos de esquerda que haviam optadopela luta armada e houve mortes de ambosos lados.

O general Ernesto Geisel teve comoprojeto político a �distensão lenta, graduale segura�. Defendeu também �o máximo dedesenvolvimento com o mínimo de segu-rança indispensável�. Em termos de políticaeconômica seu governo investiu, sobretu-do, em petróleo, energia e insumos básicos,que tiveram crescimentos consideráveis.

João Batista Figueiredo, o ultimogeneral a assumir a presidência da Repú-blica em 15 de março de 1979, defrontou-se com problemas econômicos advindosda conjuntura internacional adversa.Mesmo assim, ele levou adiante projetosdemocratizantes e foi vitorioso em impor-tantes batalhas da democracia.

No momento atual o fantasma daingovernabilidade paira novamente so-bre o Brasil e alguns analistas chegarama comparar o presente com a conjunturaque antecedeu os fatos de 1964. Se al-guns aspectos são parecidos, especial-mente no tocante ao desgoverno que sepresencia outros, porém, são bem diferen-tes. No tocante as Forças Armadas é sabidoque vêm sendo enfraquecidas através decortes em seu orçamento, dos humilhan-tes salários de seus integrantes, da dis-torção de seus objetivos. E é emblemáticoos militares terem sido chamados de �ban-do de sem pólvora�, pelo presidente daRepública. Na reserva, os militares que per-tenceram à elite do tempo dos generais,possivelmente devem sentir profundapreocupação com os rumos do Brasil.Mas os tempos são outros.

* Maria LuciaVictor Barbosa

* Socióloga e [email protected](Publicado em março/2004)

Há 43 anos levantou-se a contra-revolução restauradora de 1964que impediu o golpe de um presi-

dente da república populista e a tentativadissimulada de tomada do poder pelo Par-tido Comunista Brasileiro, com ele aliado.

Evoco o acontecimento que aindatraz ensinamentos práticos pelo seu signi-ficado moral e emblemático de fidelidadedas Forças Armadas brasileiras à Nação. ARevolução Democrática de 1964, no seuprimeiro momento � 1964 a 1967 � foi umacontra-revolução restauradora que impe-diu o golpismo populista e o assalto aopoder comunista, abrindo o caminho paraum extraordinário progresso para o Brasil.

Hoje, sugere-se que o tão memorá-vel episódio é história já vivida e sua recor-dação só serve para dificultar a reconcilia-ção nacional; os desencontros do passadodevem ser esquecidos. O esquecimentoporém é uma sugestão unilateral porque asesquerdas ressentidas e raivosas não pa-ram de estigmatizar as ForçasArmadas, emparticular oExér-cito, acusando-as de instru-mentos da repressão, da tortu-ra e do desaparecimento dejovens idealistas que, na reali-dade, se transformaram emsubversivos e terroristas. Paramanter o assunto no noticiá-rio, forjam �fatos novos� e en-cenam revelações, denúnciase investigações amplamentedivulgadas. E há quem se pres-te a testemunhar �espontaneamente�.

Os desencontros do passado nãoforam simples divergências que devem sersilenciadas a bem da concórdia. Foram con-frontos violentos contra o Estado e a soci-edade para tomar o poder. Assim foi em1935 com a Intentona, em 1964 com oTentame comunista associado aospopulistas, e em 1966-1974 com o terroris-mo apoiado do exterior.

Esquecer os acontecimentos de 1964é ocultar das atuais gerações o papel exem-plar das Forças Armadas que, no absolutocumprimento de sua destinação constituci-onal e no atendimento dos manifestosanseios nacionais romperam a obediência aum governo golpista e impediram a criaçãoda república sindicalista e da ditadura doproletariado, maquinadas num aparente pro-cesso legal e democrático de supostas �re-formas de base�. Esquecer 1964 é uma ati-tude de capitulação moral e intelectual.

Nos dias de hoje, no contexto de uma�reforma moral e intelectual� da socieda-de conduzida pelos neomarxistas no Brasil,inclui-se a �estratégia do descolamento�para romper o presente de mudanças sur-preendentes com o passado conservador

(*) Sergio Augusto de Avellar Coutinho

das tradições e dos valores nacionais. Porisso, o desapreço moderno pelas práticascívicas e o revisionismo histórico.

Com relação às Forças Armadas, oobjetivo é desligar as atuais gerações dasprecedentes, fazendo dos seus vultos his-tóricos homens pusilânimes, corruptos,genocidas, comprometidos com os interes-ses das �classes dominantes�. Com estaconscientização, os jovens militares sãolevados a questionarem e a se verem

descompromissados comas velhas gerações e, evi-dentemente, com os valo-res históricos, morais e pro-fissionais da instituição � oExército �progressista� dehoje não tem nada a vercom o Exército reacionáriode ontem.

Por isto, a Revolu-ção Democrática de 1964 éenvilecida e �satanizada�como ditadura militar vio-

lenta e ilegítima. À primeira vista, tudo porrevanchismo, mas realmente para fazê-laabominável e irrepetível. Fazer com queas novas gerações de oficiais se enver-gonhem do passado e desaprovem osvelhos chefes que assumiram a respon-sabilidade e tiveram a coragem de seoporem à comunização do país. E assim,são inibidos, �moral e intectualmente� deassumirem semelhantes atitudes contra-revolucionários e anticomunistas. AsForças Armadas, consideradas a grandebarreira ao comunismo pelas própriasesquerdas autocríticas, estão efetivamen-te neutralizadas. As organizações da es-querda revolucionária não mais se inte-ressam com o aliciamento dos militaresmas com a sua cooptação às idéiastransformadoras.

Por isto, comemorar o movimentocívico-militar de 1964, não é apenas home-nagem histórica mas advertência aos jo-vens militares:

-Ahistória não se repete. Conhecê-la porémpermite entender o que aconte-ceu no passado e a perceber o que acon-tece no presente.

(*) Escritor - General Reformado

POR QUE NÃOCOMEMORAR31 DE MARÇO DE 1964?

Esquecer 1964 é umaatitude de capitulaçãomoral e intelectual.É ocultar das atuaisgerações o papel

exemplar das ForçasArmadas, impedindo acriação da república

sindicalista e da ditadurado proletariado.

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�E O SENHOR embaixador chegou detáxi... Não sei se o ilustre passageiro, derreadono banco de trás, revendo cena por cena, aaventura sul-americana dos três dias e pen-sando �o que eu vou dizer em casa�, teriachegado a ver e a sentir a minha pátria comoela é.Não sei se chegou a ver as luzes deminhaterra, da escuridão do LargodaSegunda-FeiraaoalaridodaSãoClemente.Nemseise aindaterátempo,no tempo todoemqueaqui aindaestiver,para compreender, sentir e tocar o coração deminhapátria.Queeununcasenti tão intensamen-teomeupovo e nunca vimelhor aminha pátria,como nesta Semana da Pátria � aminha pátriacomo se fez, aminha pátria como será, aminhapátria como realmente é.

O senhor embaixador não foi à paradamilitar, àdoaçãodesangueeàmissacampal;nãoviuoestandartenasmãosenosorrisodomeninode escola, amarcha dos calhambeques, a chamasimbólica,opainel iluminadodomorrodoPinto,aEsquadrilhadaFumaça,ofestivaldeholofotes.O senhor embaixador não ouviu a retreta e oconcerto popular, a clarinada e o pipôco piro-técnico,aserenataeaseresta;omomentocívico,aescoladesamba,afalação.Osenhorembaixadorestêve muito longe do alento oficial ao nossoIndependente Day, no esfôrço que se fêz paraajudar o povo a festejar o dia de todos nós, parafazê-lo festamais popular, que tambémocarna-val se ajuda a fazer.

Mas a minha pátria não é só fogo deartifício; minha pátria não são sòmente bandas,fanfarras,sinobadalandohino,bandeiraças,ban-deiras, bandeirolas.Minha pátria é a alma dêssepovo bom, que se comove com o drama doestrangeiro, aindaquevivao seupróprio drama,que não comove a alma estrangeira.

Minha pátria se fêz antes na inteligênciaque no sangue, mais no martírio que na glória.Minhapátrianasceupacificando,somando,com-preendendo, unindo, reunindo, redimindo. Mi-nha pátria nasceu do amor, do amor de raças demesclagem impossível em qualquer outro chãodo mundo. Minha pátria é filha do martírio doTiradentes e da visão dos Andradas. Por issominha pátria é universo indivisível de fala por-tuguêsa abraçado por muitos mundos caste-lhanos. Minha pátria é a unidade.

SENHOR EMBAIXADOR General Octávio Costa

Minha pátria não é a terra da guerra re-volucionária,mas a vocação da paz, do entendi-mentoedaconcórdia.Éasabedoriadassoluçõesmais altas, sem convulsão e sem sangue. É aespadadoPacificador,naconsolidaçãodaunida-de nacional. É a abolição sem secessão, aRepú-blica sem cabeças decapitadas, e o contôrno daterra marcado no arbitramento e na justiça.

Minha pátria não é a ditadura fascista,nem a ditadura comunista, não é o militarismo,nem o caudilhismo, nem o cesarismo. Minhapátria é essa democracia, plantada mais no co-ração dos homens que nas estufas políticas. Éêsse jeito de ser, essa vocação irreprimível deliberdade.Essa liberdadeeessademocracia,queestão no vento e à flor da pele, êsse saber sentire êsse querer ser que língua alguma conseguetraduzir.

Minha pátria não é o colonialismo nem axenofobia; não é a subserviência e a submissãonem o acinte ao estrangeiro; mas a altivez e aigualdadeentreasnações;masadefesadonossointerêsseea lutapelanossaemancipaçãoeconô-mica.

Minhapátrianãoéoseqüestro,quenuncahouve isso antes aqui e não é da nossa índole. Etanto não é que, comentando o Artigo 159 doCódigoPenal��Seqüestrarpessoaparao fimdeobter para si ou para outremqualquer vantagemcomo condição ou preço do resgate� � disseHelenoFragoso,nasLiçõesdeDireitoPenal,quese trata de crime pràticamente desconhecidoentre nós, sendo, todavia, comum nos Esta-dos Unidos da América, onde tem o nome dekidnapping.Edissemaisque�constituiumadasformas mais violentas e mais perversas dacriminalidade�.Minhapátria não temfacesper-versasdecriminalidade,nãoéapátriadoseqües-tro e do seqüestrador. E tanto não é, que dessecrime disse o nosso grande Hungria que �inspi-rado pelo antigo uso de guerra de exigir-se umpreço pelo resgate de prisioneiros, constitui,atualmente,pela sua freqüentepráticaemcertospaíses, notadamente nos Estados Unidos, ummotivodealarmapara todoomundocivilizado.�

Minha pátria é mundo civilizado, queminha pátria não é ôlho por ôlho, dente pordente. Não é o ódio, a vingança, não é persegui-ção;minha pátria não é o estado de sítio, o toque

de recolher, a câmara de gás, a lei do cão.Mas éoanseiodejustiça,dedignificaçãodohomem,deprevalência da lei. Minha pátria é a vocação dehomens livres e justos.

Minha pátria não é o radicalismo e aintransigência;nãoéoódio irreconciliável, nema covardia; não é a seara do terror e do mêdo;minha pátria não é a represália e a retaliação.Minha pátria não é o assalto de bancos; não é oatentado, o assassinato instituído; não é o terro-rismo,a sentinelaabatida, abomba-relógio;nãoé a ira investida, não é o arbítrio de cada um.Minha pátria não é a inquietação. Mas é o bomsenso, a serena energia, o amor à verdade, oespírito de ordem, a paciência, a persuasão.Minha pátria é generosa e irmã.

Minha pátria não é o irredentismo obsti-nado, não é o divisionismo irreversível, não é acrítica arrasadora, a inconformação, omotim, ogolpe-de-mão.Nãoéa lutadeclasses,odesamordas raças, a intransigência religiosa, o abismoentre as gerações.Minha pátria é a fraternidadeentre os homens, a igualdade de oportunidades,a compreensão entre os povos, a consciência dequeoshomensnascemiguaiseiguaissãocriados.

Minha pátria não é a conformação, não éa canga de um destino mesquinho para o seutamanho, não é a vocação de satélite, minhapátrianãoéaaceitaçãodequalquerdeterminismo.Mas é a luta paciente e lúcida do subdesenvol-vimento contra as duas opções de servidão: osgrilhões que acorrentam o pensamento e a eco-nomiaàdominação ideológica internacional, eainsensibilidade a relações econômicas injustasentre os homens e entre as nações.Minha pátriaéaconsciênciadaemancipaçãonoscaminhosdaliberdade.

Minha pátria não é o desvario, a cegueirada paixão, a inconseqüência; não é o fanatismointeligente ouburro; nemosuicídio econômico,a bancarrota, o quixotismo, a irreflexão, o caos.Mas é a luta de pés no chão, luta de pés suados,honestoseduros, feitadesacrifícioederenúncia,num mundo entrevado de interêsse só, paraemergir da escuridão à luz.

Minhapátrianãoéa imagemrefletidadasoutras pátrias, não é cópia, não é sombra, não érepetição. Minha pátria não é sistema que nãoseja seu, minha pátria não se encarcera, não sesubmete aosmétodos eprocessosdeuma índoleque não é a sua. Minha pátria é assim mesmo,desarrumada e bonançosa, amena e amiga, irre-quieta e doce; e musical, e poética, e lírica, eromântica.Nãoveio para impor e dominar, nempara ostentar e dispor da vida dos outros povos;maspara fazer-se a si, a pouco epouco, assimnaadversidade, assim no sofrimento, veio paramostrar àsoutrasgentesumanovamaneiramaishumana de viver e conviver.

Eporsaberqueminhapátriaéassim,eporconhecer e sentir a alma demeu povo, é quemeatrevo a dizer a palavra da concórdia na hora daviolência.Équemeatrevo,aindaquemetenhamsonhador e irrealista, a apelar para que nosestendamos às mãos uns aos outros e para quecadaumsevejano fundode simesmoesedêumpoucomais empaciência, emreflexão, emmag-nanimidade.Einvoco,aDeusaaoshomens,bemcedo deixemos esta nossa hora de exceção eretomemos nosso caminho de sempre, nossocaminhoiluminadodeamor,calçadodeliberdadee protegido pela paz que une os homens�.(Publicado no Jornal do Brasil, de 10 Set 1969e transcrito no Noticiário do Exército de 12/09)

NR: Dirigido ao Embaixador dos Estados Unidos da América, Charles Burke Elbrick, que ao serlibertado (havia sido sequestrado a 04 de setembro), criticou acerbadamente o Brasil, em termos nãocondizentes com a diplomacia, como se o governo Médici tivesse responsabilidade pela atitude insanados seqüestradores, entre eles, o hoje ex-ministro Franklin Martins, que redigiu o manifesto abaixo.

Ao povo brasileiroGrupos revolucionários detiveram, hoje, o Sr. BurkeElbrick, Embaixador dosEstados

Unidos, levando-o para algum ponto do país. Este não é um episódio isolado. Ele se somaaos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, onde se arrecadamfundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seusempregados; tomadas de quartéis e delegacias, onde se conseguemarmas emunições paraa luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revoluci-onários, para devolvê-los à luta do povo; as explosões de prédios que simbolizam aopressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores.Na verdade, o rapto doEmbaixadoré apenas mais um ato de guerra revolucionária que avança a cada dia e que este anoiniciará a sua etapa de guerrilha rural.

A vida e a morte do Senhor Embaixador estão nas mãos da ditadura. Se ela atendera duas exigências, o Sr. Burke Elbrick será libertado Caso contrário, seremos obrigadosa cumprir a justiça revolucionária. Nossas duas exigências são:

- a libertação de 15 prisioneiros políticos;- a publicação e leitura desta mensagem, na íntegra, nos principais jornais, rádios e

televisões de todo o país.Os 15 prisioneiros políticos devem ser conduzidas em avião especial até um país

determinado � Argélia, Chile e México � onde lhes seja concedido asilo. Contra eles nãodeverá ser tentada qualquer represália, sob pena de retaliação. A ditadura tem 48 horaspara responder publicamente se aceita ou rejeita nossa proposta. Se a resposta for positiva,divulgaremos a lista dos 15 líderes revolucionários e esperaremos 24 horas por suacolocação num país seguro.

Se a resposta for negativa ou se não houver nenhuma resposta nesse prazo, o Sr. BurkeElbrick será justiçado. Queremos lembrar que os prazos são improrrogáveis e que nãovacilaremos em cumprir nossas promessas.

Agora é olho por olho, dente por dente.

MANIFESTO

AÇÃOLIBERTADORANACIONAL (ALN)MOVIMENTOREVOLUCIONÁRIO 8DEOUTUBRO /MR-8.

Os terroristas: Luís Travassos, José Dirceu, José Ibrahim, Onofre Pinto, Ricardo Vilas, MariaAugusta, Ricardo Zaratini e Rolando Frati, de pé e João Leonardo da Silva Rocha, AgonaldoPacheco, Wladimir Palmeira, Ivens Marchetti e Flávio Tavares, agachados, diante do avião

Hércules da FAB, que os levaria para o exílio no México

15 de setembro/1969

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Ontem, hoje e sempre, a NaçãoBrasileira contou, conta e contará comsuas Forças Armadas para defendê-la,

externa e INTERNAMENTE.

Nº 237 - 31 de Março/2017

*MuriloBadaróDiscursando durante o sepultamento de Ho-

noré de Balzac em 1850, Victor Hugo disseque �os grandes homens executam o seu própriopedestal; futuro encarrega-se da estátua�. Lem-brei-me dessas palavras no sábado, dia 22 deagosto, quando se completaram 30 anos da san-ção da Lei da Anistia proposta ao Congresso peloPresidente João Figueiredo. Morto já há algunsanos, cessadas as malquerenças e ressentimen-tos, apagado o fogo intenso das paixões, a Histó-ria já iniciou o processo paraprolação da sentença definitivasobre o homem e as circunstânci-as temporais emque viveu e atuou.Especialmente no caso da Lei deAnistia, que alguns setores pre-tendem vê-la revista como se ostextos do edito que pôs fim aogoverno dos militares não abri-gasse os dois lados em litígio, osmilitares e os guerrilheiros queatuavam naquela época ao arre-pio das leis.

No caso do presidente Fi-gueiredo o pedestal que edificouserá base suficiente a que sobreele seja assentada a estátua es-culpida pelo futuro. Existe, sem dúvida, inten-cional determinação de distorcer a verdade dosfatos da história recente do país. Em conseqü-ência, são eles transmitidos às novas geraçõesde forma a lançar, injustamente, sobre osmilitares a mancha do opróbrio, recusando-lhes o benefício da constatação do muitoque realizaram em favor do engrandecimentodo país.

O Presidente João Batista Figueiredo, oúltimo presidente do ciclo militar que dominouo Brasil desde 1964, foi sem dúvida o queenfrentou as maiores dificuldades para cumpri-mento da missão de promover a transição parao regime democrático a partir da revogação dosatos institucionais. Lutou contra resistênciaslocalizadas entre seus pares. A elas reagia coma frase típica de seu temperamento marcadopela autenticidade de sentimentos: �Quem seopuser à abertura eu prendo e arrebento�.

Em1982 realizaram-se as primeiras eleiçõesdiretas para governadores, de que resultou navitória de muitos oposicionistas. Seu propósitoera o de realizar ampla anistia. Lembro-me de terouvido dele informações a respeito do sofrimento

JOÃO FIGUEIREDO,O PRESIDENTE DA ANISTIA

Presidente João Figueiredo

experimentado por seu paino exílio da Argentina. Con-siderava indispensável tra-zer de volta os brasileiros exilados: �Lugar debrasileiro é no Brasil�, dizia. Dava assim, começoao projeto de anistia, com o que atendia aos apelosda sociedade civil, totalmente mobilizada em seufavor. Apresentada ao Congresso a proposta deanistia, a mais ampla e irrestrita possível, Fi-gueiredo é surpreendido por uma emenda subs-

titutiva muito menos abran-gente, apresentada pelo en-tão MDB. À época correramrumores de que a cúpula dopartido oposicionista temiaque a volta dos líderes exila-dos viesse a ensejar-lhes o do-mínio da oposição, em detri-mento dos que haviam lutadono Brasil anos a fio contra oregime autoritário. Por defini-ção, anistia significa perdão,esquecimento, cessação dehostilidades.

Alguns elementos liga-dos aos estamentos da esquer-da revolucionária, com profun-

dos vínculos com o atual governo federal, costu-mam tentar reabrir o processo para, segundo eles,submeter à Justiça, militares que teriam sido en-volvidos na prática de tortura. Os militares retru-cam esta tese com a tranqüila consciência de quedurante a guerra travada contra os guerrilheiroscomunistas houve vítimas de ambos os lados, nãosendo natural pretender seja o perdão brotado daanistia aplicado apenas a um lado, exatamenteaquele que desafiou os militares com armas eações de guerra revolucionária.

O futuro já começou a cinzelar o monumen-to do presidente Figueiredo. Homem generoso,autêntico, patriota, sua aparência sisuda nãorevelava o amplo coração que batia dentro de seupeito. Ele era um pouco daquela �máscara deferro� de que falava Alfred de Vigny, cobrindo orosto dos militares na dura servidão da caserna.Disciplinado e disciplinador, com um sentimentode honra e probidade que conduzia ao exagero,Figueiredo nunca freqüentou a praça dos im-postores. Morreu sem fortuna e na modéstia,com dignidade, tal como viveu.

* Presidente da Academia Mineira de LetrasPublicado noEstado deMinas em28/12/1999

CAINDO A MÁSCARAOS comunistas que desencadearam a luta armada no período dos

governos militares afirmam, amiúde, que lutavam pela democracia,contra a �DITADURA MILITAR�.

Senãobastassea leiturado ideário (programa)dasorganizações subver-sivas da época, comoaVAR/Palmares, o PCdoB (responsável pela guerrilhadoAraguaia), �et caterva�, visando à implantação de ditadura do proletariadoe das várias versões do comunismo internacionalista, materialista e ateu, amáscara dessa falácia vai caindo.

Daniel Aarão Reis e Fernando Gabeira, dois ex-ativos militantes dosmovimentos comunistas, contradizem essa deslavada mentira.

Emdeclaraçãoao jornalistaElioGaspari,DanielAarãoReis, afirmou:�Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o

projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armadaera revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantaruma ditadura revolucionária. Não existe um só documento dessasorganizações em que elas se apresentassem como instrumento daresistência democrática�.

FernandoGabeira, declarou recentemente:�O programa político que nos mo-

via naquele momento, era voltado parauma ditadura do proletariado. Entãovocê não pode voltar atrás, corrigir o seupassado e dizer que estava lutando pelademocracia. A luta armada não estavavisando à democracia.�

NR:Dilma sempremente (o que nãoé novidade) quando diz que lutava pelademocracia. Lutava sim, mas pela ditadu-ra do proletariado. Alguma dúvida?

Praça da Sé - 19 de março de 1964 - São Paulo/SP

Tribuna da Imprensa - 20/03/64

MARCHADA

FAMÍLIAcomDeuspela liberdade

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