inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. gol linhas aéreas
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Monografia de conclusão de Graduação em Turismo. 2007.2 Faculdade Integrada do Ceará.TRANSCRIPT
CURSO DE TURISMO
SUELLEN GALVÃO MORAES
A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS NO MERCADO TURÍSTICO E SUAS REAIS EXPECTATIVAS. O CASO GOL
FORTALEZA2006
SUELLEN GALVÃO MORAES
A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS NO MERCADO TURÍSTICO E SUAS REAIS EXPECTATIVAS. O CASO GOL
FORTALEZA2006
SUELLEN GALVÃO MORAES
A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS NO MERCADO TURÍSTICO E SUAS REAIS EXPECTATIVAS. O CASO GOL
Monografia apresentada ao Curso de Turismo da Faculdade Integrada do Ceará como requisito para obtenção do grau de bacharel em Turismo. Sob a orientação da Profª, MS. Iane Sampaio Moreira Lima.
FORTALEZA2006
TERMO DE APROVAÇÃO
A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS NO MERCADO TURÍSTICO E SUAS REAIS EXPECTATIVAS. O CASO GOL
Por
SUELLEN GALVÃO MORAES
Este estudo monográfico foi apresentado no dia 28 do mês novembro de 2006, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo da Faculdade Integrada do Ceará, tendo sido aprovado pela Banca Examinadora composta pelos professores:
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________Profª Ms. Iane Sampaio Moreira Lima
Orientador – FIC
_______________________________Prof° Ms. Amaury Gurgel Neto
Examinador – FIC
______________________________Profª. Esp. Danielle Cavalcante
Examinador – FIC
À minha mãe Rose Nely Galvão de Oliveira, mulher de fibra e determinação a quem devo minha vida e todo meu amor. E à minha irmã Lailana Galvão Moraes a qual foi fonte de inspiração para a realização desta pesquisa.
AGRADECIMENTOS
À Deus, Senhor e Criador de todas as coisas, por ter proporcionado à minha família
e a mim condições para que eu pudesse concluir a faculdade.
À meus pais José Ataíde Moraes e Rose Nely Galvão de Oliveira por todo carinho,
dedicação e paciência que sempre dispensaram a mim sem esperar nada em troca.
À minha irmã Lailana Galvão Moraes que colaborou de forma decisiva para
construção desta pesquisa.
Aos meus irmãos Raimundo Galvão de O. Neto e Roseany Galvão de Oliveira.
A uma amiga especial por seus conselhos e cuidados, com carinho: Virgianne
Praciano.
À D. Francisca Malveira um anjo que Deus colocou na minha vida.
Ao Fabiano Malveira por me ensinar muito sobre a vida.
À Professora Iane Sampaio pelo especial interesse em ser orientadora desta
pesquisa.
Deficiente é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciência de que é dono do seu destino.
Autor desconhecido.
RESUMO
Esta monografia analisa a inclusão das pessoas com deficiência física no mercado turístico e suas reais expectativas. Faz uma abordagem acerca da importância das companhias aéreas como fator contribuinte para o desenvolvimento turístico, considerando a atividade turística no século XXI. Aborda a realidade atual no Brasil sobre o cumprimento das Leis que asseguram os direitos da pessoa com deficiência e sobre a inclusão no mercado de trabalho. Tem como objetivo principal analisar o Programa de Inclusão de deficientes da Companhia Gol Linhas Aéreas, identificando o nível de satisfação bem como, as necessidades destes colaboradores no que se refere ao mercado profissional. A hipótese principal do trabalho sinaliza que essas pessoas trabalham na organização por falta de outras opções no mercado, supondo-se ainda que a empresa os emprega pela obrigatoriedade da legislação. Após as pesquisas realizadas ficou constatado que os colaboradores estão satisfeitos com seu trabalho, não se confirmando a falta de opção do mercado laboral. Verificou-se também que a empresa emprega um número superior ao estabelecido por lei. No referencial teórico foram utilizados livros específicos sobre o assunto, artigos científicos e periódicos direcionados, bem como pesquisas em meios eletrônicos. A pesquisa de campo pôde ser realizada através da aplicação de um questionário composto de perguntas objetivas e subjetivas, visando uma maior agilidade na abordagem dos participantes. Pode-se constatar ainda, que a maioria dos colaboradores com deficiência física tem interesse pelo setor turístico.
Palavras-chave: Turismo. Deficientes Físicos. Inclusão. Mercado de Trabalho.
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 Dimensões das portas 38
FIGURA 02 Largura adequada de corredor 38
FIGURA 03 Dimensões do lavatório 39
FIGURA 04 Visão geral de um banheiro adaptado ao cadeirante 39
FIGURA 05 Referenciais genéricos, visando atender o maior número
possível de situações 40
FIGURA 06 Símbolo internacional de acesso 41
LISTA DE GRAFICOS
GRAFICO 01 Receita Cambial Turística 26
GRAFICO 02 Setores da empresa em que os PNE’s atuam ou irão atuar 46
GRAFICO 03 Empregados por tipo de deficiência 50
GRAFICO 04 Desempenho profissional dos PNEs 51
GRAFICO 05 Sexo 58
GRAFICO 06 Faixa etária 59
GRAFICO 07 Nível de escolaridade 59
GRAFICO 08 Quantidade de pessoas que trabalham na família 60
GRAFICO 09 Nível de renda meda familiar 60
GRAFICO 10 Tipos de deficiência 61
GRAFICO 11 Trabalhou antes em outra empresa 62
GRAFICO 12 Nível de satisfação com sua atividades 62
GRAFICO 13 Nível de satisfação referente ao salário 63
GRAFICO 14 Interesse pelo setor turístico 63
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AIEST – Associação Internacional de Especialistas Científicos em turismo
AMFORT – Associação Mundial para Formação Profissional Turística
CHETA – Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo
CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de
Deficiência Física
Corde – Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência
DAC – Departamento de Aviação Civil
Db – Decibeis
ECA-SP - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo
IBCDTur - Instituto Brasileiro de Ciências e Direito do Turismo
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IFES – Instituição Federal de Ensino Superior
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social
MEC – Ministério da Educação
OAB/SP - Ordem dos Advogados do Brasil
OMS – Organização Mundial de Saúde
OMT – Organização Mundial do Turismo
ONU – Organização das Nações Unidas
PIB – Produto Interno Bruto
PNE – Portador de Necessidades Especiais
PNMT - Programa Nacional de Municipalização de Turismo
PNT - Plano Nacional de Turismo
SEEsp – Secretaria de Educação Especial
SERASA -
SESU - Secretaria de Educação Superior
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
2 A ATIVIDADE TURÍSTICA E AS COMPANHIAS
AÉREAS COMO FATOR DE REDUÇÃO DA DISTÂNCIA
2.1 Atividade turística no século XXI
2.1.2 Uma abordagem crítica
2.1.3 O turismo no contexto promissor
2.2 A importância das companhias aéreas para o turismo
2.3 Qualidade na prestação de serviços com enfoque para
as companhias aéreas
3 (DE)EFICIENTES FÍSICOS: LEGISLAÇÃO E MERCADO
DE TRABALHO
3.1 Barreiras arquitetônicas: entraves à acessibilidade
3.2 Como auxiliar uma pessoa com deficiência
3.3 Legislação pertinente – lei n° 7.853 Política Nacional
para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
3.3.2 Inserção no mercado de trabalho
3.3.3 Lei de cotas para empresas
4 GRUPO ÁUREA ADMINISTRAÇÃO E PARTICIPAÇÕES
S.A
4.1 Gol Linhas Aéreas Inteligentes
4.1.1 As primeiras conquistas
4.1.2 Low cost, low fare
4.2 O programa de inclusão da empresa
4.3 A inclusão dos deficientes físicos no mercado turístico e
suas reais expectativas: o caso GOL
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXOS
1 INTRODUÇÃO
A inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho é uma
realidade. Graças a esforços ilimitados realizados por parte dessas pessoas que já
não mais ficam escondidas em casa, até mesmo sofrendo a discriminação pela
própria família, tendo que carregar o estigma de “incapazes”, ou sendo consideradas
um “peso” para a sociedade.
Conseguir uma colocação no mercado de trabalho, não é tão fácil. Há que
se ter uma boa qualificação profissional e acadêmica, porém para as pessoas com
deficiência, no geral, torna-se mais difícil, por suas limitações - o que leva ao
preconceito e discriminação por parte do empresariado e ainda devido ao seu nível
de qualificação, que muitas vezes os impedimentos iniciam já na infância, isto é, no
período pré-escolar.
O incentivo à educação a fim de que se tenha um maior nível de
escolaridade e de profissionalismo técnico do deficiente, é de suma importância
principalmente para que haja uma maior integração com a sociedade, até mesmo
para que a sociedade se “acostume” a conviver com “pessoas diferentes” e assim
aceitá-las como “pessoas normais” e capazes.
É conveniente e oportuno salientar que alguns programas, principalmente
do Governo Federal, são desenvolvidos a fim de tentar minimizar situações de
discriminação contra os estudantes com deficiência, garantindo o seu direito à
educação superior em instituições privadas de educação superior e oferecendo, em
contrapartida, isenção de alguns tributos àquelas que aderirem aos programas.
Concomitantemente a problemática da inclusão dessas pessoas nos
ambientes acadêmicos e de trabalho, encontra-se outra questão inerente e não
menos importante: as barreiras que limitam as pessoas com deficiência no que diz
respeito à estrutura física dos lugares; à comunicação que é a ausência ou carência
de sinalização direcionada a estes indivíduos; às atitudinais, que se referem ao
comportamento preconceituoso da sociedade perante uma pessoa com deficiência;
às barreiras metodológicas que alude à generalização das necessidades dessas
pessoas; e às pragmáticas, que dizem respeito ao não cumprimento das leis que
protegem esses indivíduos.
Todas essas barreiras incidem de forma direta e negativa na vida das
pessoas com deficiência, por isso percebe-se a importância de transpor tais
obstáculos. Nota-se, entretanto um maior empenho dos Governos no sentido de
fomentar as políticas públicas voltadas para este segmento, bem como uma
participação mais atuante da iniciativa privada quanto à inclusão destas pessoas.
Este trabalho tem como objetivo principal analisar as reais expectativas
das pessoas com deficiência que trabalham no trade turístico, especificamente na
Companhia Gol Linhas Aéreas.
Considera-se, o estudo como exploratório por envolver um levantamento
bibliográfico e pesquisa de campo. Trata-se também de um trabalho descritivo, pois
contextualiza a problemática que envolve as pessoas com deficiência, bem como as
variáveis pertinentes ao estudo do turismo.
Para elaborar esta monografia utilizou-se de pesquisa bibliográfica,
através de livros, documentos, artigos científicos, periódicos específicos e meios
eletrônicos a fim de aprofundar os conceitos que serviram para esclarecer os
problemas investigados. A pesquisa de campo foi realizada através da aplicação de
questionário com todos os treze colaboradores com deficiência da Gol Fortaleza, a
qual buscou identificar além do perfil socioeconômico e profissional, suas reais
aspirações quanto ao trabalho que estão a executar.
Algumas indagações foram fundamentais na motivação inicial do trabalho,
o qual se buscou respostas para os seguintes questionamentos:
- Qual o grau de satisfação e as reais expectativas em relação ao
mercado de trabalho, dos colaboradores com deficiência na Companhia Gol Linhas
Aéreas de Fortaleza?
- Há diferença percebida pela empresa, no nível de desempenho
profissional por parte das pessoas com deficiência em relação aos demais?
O desenvolvimento do trabalho foi organizado em três capítulos. O
primeiro faz uma abordagem da importância das companhias aéreas para o turismo
e o desenvolvimento do turismo no século XXI. Abordou-se no capitulo seguinte, as
características e dimensões referentes aos deficientes físicos, bem como a
legislação pertinente e algumas adaptações arquitetônicas para contribuir de forma
positiva no deslocamento dessas pessoas.
O terceiro e último capítulo apresenta-se a Gol, sua história, o Programa
de inclusão e por fim, faz-se uma análise através da pesquisa de campo, feita não
só com os colaboradores que fazem parte do Programa, mas também com a
responsável pelo setor de Recursos Humanos da Gol Fortaleza Luzanira Pereira.
Para realização deste trabalho de pesquisa algumas das fontes mais
utilizadas foram o Manual de Recepção e Acessibilidade de Pessoas Portadoras de
Deficiência e artigos relacionados à inclusão de pessoas com deficiência no
mercado de trabalho, bem como a legislação pertinente encontrada, e em sites
especializados como o da Rede SACI.
2 ATIVIDADE TURÍSTICA E AS COMPANHIAS AÉREAS COMO
FATOR DE REDUÇÃO DA DISTÂNCIA
A atividade turística compreende uma série de fatores e setores que a
torna complexa de se definir, já que ela é considerada interdependente e
compreendida como uma atividade multidisciplinar necessitando da engenharia,
psicologia, do direito, da economia dentre outras atividades, sendo também
vulnerável a fatores naturais e físicos que não se pode controlar na maioria das
vezes, como desastres climáticos, atentados violentos e condições políticas e
sociais.
Um dos conceitos sobre o Turismo é citado por Beni (1997, p: 36) o qual
abrange os serviços relacionados à atividade:
Turismo refere-se à provisão de transporte, alojamento, recreação, alimentação e serviços relacionados para viajantes domésticos e do exterior. Compreende a viagem para todos os propósitos, desde recreação até negócios.
Porém Robert Mclntosh (apud BENI, 1997, p.18), mostra uma face do
turismo não empresarial, mas qualitativa no que diz respeito ao turista, ou seja, suas
necessidades devem ser observadas com atenção: “a arte e a atividade de atrair e
transportar visitantes, alojá-los e cortesmente satisfazer suas necessidades e
desejos”.
De La Torre (apud IGNARRA, 1999, p. 24) preocupado em abranger o
maior número de características em um único conceito, diz:
O Turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupo de pessoas que por qualquer motivação, saem do seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa ou remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural.
Um segmento que é diretamente envolvido com a atividade turística é o
de transportes. Seja por via terrestre, marítima ou aérea. Sendo este último, o mais
relevante para o contexto da pesquisa.
O transporte aéreo teve seu maior desenvolvimento após a Segunda
Guerra Mundial onde houve um grande impulso, tendo um efetivo aperfeiçoamento
das aeronaves devido à experiência adquirida pelos aviadores que atravessavam os
oceanos transportando tropas e materiais bélicos.
Após a Segunda Guerra Mundial, sobraram aviões e a oferta de mão-de-
obra especializada, principalmente dos pilotos, inflacionou o mercado de trabalho no
mundo todo. Foi nesse período, de mão-de-obra e material de vôos baratos que a
aviação comercial brasileira teve sua estrutura técnica e econômica alterada
completamente, tendo como principal conseqüência, uma considerável demanda de
novas empresas aéreas, aproximadamente 60. Porém somente 25 chegaram a
operar, mas a indisciplina, a irresponsabilidade, a improvisação foram as causas de
tantos insucessos da maioria das empresas (PEREIRA,1996).
Após essa “guerra de tarifas” o Governo brasileiro estabeleceu um teto
mínimo para operação das tarifas aéreas. Desse desequilíbrio a única empresa que
“sobreviveu” na época, foi a VARIG. Na década de 90 o País passou a abandonar a
política de fixação de preços, definindo assim uma política de “flexibilização tarifária”.
O Departamento de Aviação Civil (DAC), cuja missão é estudar, orientar, planejar,
controlar, incentivar e apoiar as atividades da Aviação Civil pública e privada,
estabeleceu uma tarifa mínima ou tarifa básica, que poderia ser variável de acordo
com a necessidade de cada empresa1.
Em conseqüência dessa nova política de mercado, as companhias aéreas
passaram por uma série de mudanças tais como: abertura do mercado doméstico
para a entrada de novas empresas, tanto de transporte regular quanto de transporte
não regular, incluindo regionais e cargueiras; foi extinta a política de delimitação do
espaço regional para cada empresa aérea; estabeleceu-se maior flexibilidade para a
concessão de novas linhas aéreas; foram designadas novas empresas nacionais
para explorar o transporte aéreo internacional; foi admitida a criação e o
licenciamento de um novo tipo de empresas, destinadas à exploração do transporte
aéreo não regular de cargas e passageiros, na modalidade de charter – aquele que
se realiza a aquisição total da capacidade de um avião para um vôo ou vôos sujeitos
a um itinerário particular e disponível exclusivamente para o contratante. (DE LA
TORRE, 2002).
Considerando a finalidade, Moura (19992, p.38) destaca que a “empresa
de transporte aéreo tem por objetivo a prestação de serviços aéreos, basicamente o
de locomover pessoas ou mercadorias, por via do espaço aéreo, de um lugar para
outro”.
1 www.dac.org.br > acesso em 10 jul 2006
Segundo o autor supracitado, o emprego da aviação em transporte de
pessoas e de mercadorias tem-se constituído num dos fatores mais importantes de
intercâmbio cultural e mercantil entre os povos mais distantes, contribuindo para o
progresso e bem-estar da humanidade e consequentemente o desenvolvimento da
atividade turística. Uma infra-estrutura de transporte adequada e acesso aos
mercados geradores são importantes pré-requisitos para o desenvolvimento de
qualquer destino.
Cooper (2001) diz que na maioria dos casos, o turismo se desenvolve em
áreas onde grandes redes de transporte funcionam ou estão em potencial
funcionamento. Nas últimas décadas a tecnologia dos transportes teve que se
adaptar às exigências dos turistas que desejam ser transportados com mais
segurança, conforto e rapidez por um custo razoável, passando o meio de transporte
a ser tão importante quanto o próprio destino a ser visitado. As instalações dos
terminais em terra são também um atrativo que faz parte da viagem já que
normalmente são bastante sofisticados.
A viagem aérea é atrativa por sua velocidade e alcance, sobretudo para
locais mais distantes, pois a economia de tempo é surpreendente. Hoje nenhum
lugar estar a mais de 24 horas de distância de qualquer ponto do globo terrestre.
O mesmo autor ressalta ainda que a fatia de viajantes por transporte
aéreo tem crescido rapidamente durante as últimas décadas. Esse tipo de viajante
tem muito mais tempo e não necessariamente exige serviços de qualidade muito
alta. Porém, diferente do viajante de negócios, são eles próprios quem pagam sua
passagem tornando-o assim, bem mais exigente no que se refere ao preço do
serviço. Na Europa algumas companhias aéreas têm desenvolvido tarifas
específicas para o turismo de lazer e atendendo às necessidades desse mercado.
2.1 Atividade turística no século XXI
O turismo vem assumindo uma posição de destaque no contexto do
processo de internacionalização da economia designado de globalização. Sendo
considerado um setor estratégico para países e regiões que buscam o seu
desenvolvimento econômico. É uma atividade que apresenta grande potencial de
expansão em escala mundial.
O aumento do tempo livre, associado aos avanços ocorridos nos meios
de transportes e comunicações, bem como os novos hábitos de consumo durante o
tempo de lazer das sociedades contemporâneas, provocou uma verdadeira explosão
do turismo nas últimas quatro décadas. Estudiosos se referem à atual fase de
expansão do turismo como sendo a “segunda era de ouro das viagens”, enquanto a
primeira teria ocorrido a partir da segunda metade do século XIX (TRIGO, 1993;
THEOBALD, 1994; URRY,1996; RODRIGUES, 1997 a; 1997b at all.).
Na década de 90 a Associação Mundial para Formação Profissional
Turística (AMFORT) e a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São
Paulo (ECA-USP) organizaram um seminário para discutir o futuro da atividade
turística no Brasil para os anos seguintes. Algumas publicações feitas nessa época
mostraram com clareza quais seriam as tendências que marcariam a década:
questões ambientais e de sustentabilidade, tecnologias avançadas, sociedade pós-
moderna e pós-industrial.
RITCHIE (apud TRIGO, 2003, p.21) em seu texto publicado pelo
American Express (1992) diz que: “Conflitos regionais e atividades terroristas são
impedimentos ao desenvolvimento e à prosperidade do turismo”. Trigo (IBIDEM)
questiona o motivo de no início deste século não ter havido seminários mostrando as
novas tendências para atividade e como resposta, afirma que as variáveis políticas,
econômicas, culturais e sociais ainda são desconhecidas no que tange o seu
desenvolvimento, bem como a instabilidade global. Afirma ainda que dos assuntos
discutidos no final do século XX os que certamente continuaram neste século são os
que se envolvem com a questão da competitividade nas novas sociedades.
O turismo é uma atividade que tem apresentado grandes impactos na
economia mundial. Nos últimos 25 anos, a atividade registrou crescimento anual de
4,4%, média anual, enquanto o crescimento mundial médio, medido pelo PIB, foi de
3,5% ao ano. Segundo a OMT de 6 a 8% do total de empregos gerados no mundo
depende do turismo2.
Essa atividade tem sido objeto de atenção, como instrumento de geração
de emprego e de renda nas economias dos países desenvolvidos e mais recente,
nos países emergentes.
2.1.2 Uma abordagem crítica
O turismo é uma das atividades econômicas que mais tem crescido no
mundo - perdendo apenas para a atividade petrolífera, passando a despertar o
interesse da iniciativa privada e dos órgãos públicos visando uma melhoria da
qualidade de vida e renda da população local gerando empregos diretos e indiretos.
Porém há quem afirme que o Brasil ainda possui uma “visão amadora” da
atividade turística, como é o caso do Professor Luis Henrique Brunelli, Diretor de
Pesquisas do Instituto Brasileiro de Ciências e Direito do Turismo (IBCDTur). De
acordo com BRUNELLI, o Plano Nacional do Turismo adverte que o Brasil, apesar
dos avanços obtidos nos últimos anos, “está longe de ocupar um lugar no cenário do
turismo mundial que seja compatível com suas potencialidades e vocações” 3.
Em entrevista ao jornal do Advogado da Ordem dos Advogados do Brasil/
São Paulo (OAB/SP), em sua edição de junho de 2004, o Prof. Aurélio de Lacerda
Badaró esclareceu que a falta de articulação entre os setores governamentais,
público e privado, tem gerado políticas desencontradas para o turismo, fazendo com
que os poucos recursos destinados ao setor “se percam em ações que se
2 http://institucional.turismo.gov.br/mintur/coroot/CMS%5CDocumentoItem/files/livretoTURISMO.pdf > acesso em 25 jul 2006.3 http://www.ibcdtur.org.br/arquivos/informativo01.pdf > acesso em 03 ago 2006.
sobrepõem ou que não estão direcionadas para objetivos comuns, visando a
desejada excelência turística no Brasil”.
Badaró cita ainda alguns pontos que ele considera críticos no Brasil com
relação à atividade turística, são eles: ausência de um processo de avaliação de
resultados das políticas e planos destinados ao setor; qualificação profissional
deficiente dos recursos humanos do setor, tanto no âmbito gerencial quanto nas
habilidades especificas operacionais; inexistência de um processo de estruturação
da cadeia produtiva impactando a qualidade e a competitividade do produto turístico
brasileiro; regulamentação inadequada da atividade e baixo controle de qualidade na
prestação de serviços com foco na defesa do consumidor; superposição dos
dispositivos legais nas várias esferas públicas, requerendo uma revisão de toda
legislação pertinente ao setor; oferta de crédito insuficiente e inadequada para o
setor.
De acordo com a revista britânica “The Economist” que publica
anualmente um suplemento intitulado de “The Word” traz edições com análises das
tendências do turismo no mundo a partir do ano de 2001, onde o impacto no setor foi
sentido sensivelmente devido ao “Atentado do 11 de setembro” (apud, TRIGO,2003).
A análise realizada pela revista mostra que o turismo teve um desenvolvimento
maior na década de 90 e a partir de 2002 encontrara uma série de fatores que
dificultaram e delimitaram o seu desenvolvimento. Tendo como motivos os atentados
terroristas e os problemas econômicos internacionais.
Trigo (2003, p.28) comenta que os três fatores essenciais para o
desenvolvimento do turismo em determinada região ou país, são a estabilidade
política, econômica e social. Afirma que se não houver pelo menos um desses
fatores, a atividade turística ainda poderá ser mantida, porém se dois desse fatores
não existirem certamente a atividade sofrerá uma queda considerável. Porém
ressalta com categoria, que o terrorismo compromete definitivamente o setor de
viagens e turismo. Esse fator vem atingindo duramente o tráfego aéreo internacional.
Países como China, Japão, Brasil e os continentes da Europa, África do Sul e
Oceania no geral tem mantido seu fluxo turístico somente com algumas diminuições
provocadas por problemas econômicos circunstanciais.
2.1.3 O turismo no contexto promissor
No século XXI, o turismo entra como uma das mais expressivas forças
emergentes no mercado mundial. Muitos vêem a atividade como um movimento de
pessoas - um ramo das ciências sociais que ultrapassa os dados da balança
comercial. Considerando sua cadeia produtiva envolvida por: agentes de viagens,
meios de transportes, meios de hospedagem, restaurantes, entretenimento,
compras, etc., contribuem com mais de US$ 3,8 trilhões, valor equivalente a 11% do
Produto Interno Mundial. É também responsável pela geração direta e indireta de
mais de 260 milhões de postos de trabalho, o equivalente á 10% da força de
trabalho mundial, representando uma em cada nove pessoas empregadas no
mundo, com perspectiva de serem criados mais 100 milhões de empregos até o ano
2010. (EMBRATUR, 2001).
OLIVEIRA (2000, p.47) destaca que na metade dos 178 países membros
das Nações Unidas, o turismo é a primeira ou segunda fonte de negócios e que para
cada dia em que 100 turistas que viajam pelos Estados Unidos são criados 67 novos
empregos, produzindo com isso US$ 2,8 milhões em serviços e US$ 189 mil em
impostos estaduais; os governos em todo o mundo – federal, estadual ou municipal
– recebem cerca de US$ 40 bilhões por ano em impostos provenientes da atividade
turística.
Até meados de 1996 o Brasil poderia ser considerado como um país que
não buscava se destacar no setor de viagens, pois até então poucas iniciativas eram
feitas para que isso ocorresse. Após a implantação da Política Nacional de Turismo,
o Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), em parceria com as entidades do
setor privado e com as secretarias estaduais de turismo, construiu o Planejamento
Estratégico do Turismo Nacional, que indicaria a rota do crescimento (EMBRATUR,
s/d).
Implantada pelo Governo Federal desde 1996, a Política Nacional de
Turismo estabeleceu as metas prioritárias para o desenvolvimento do Turismo no
Brasil, cabendo à EMBRATUR a execução dessa política que teve como uma das
suas premissas a descentralização da gestão do setor. Projetos regionais integrados
e outros como o Programa Nacional de Municipalização de Turismo (PNMT) fizeram
parte dessa nova fase. O PNMT incentivou a capacitação profissional e a melhoria
dos serviços.
Em entrevista concedida a Revista dos Eventos, o ex-presidente da
EMBRATUR, Caio Luiz de Carvalho, falou de uma “Revolução Silenciosa” que o
Brasil passava, onde o crescimento do turismo atingiu recorde acima da média
mundial da ordem de 12,6% no período de 2004/05, enquanto que no mundo
cresceu 5,7%, em média, no mesmo período.
Nos últimos anos, o turismo brasileiro passou por uma transformação extraordinária. Com planejamento, criatividade, persistência, parcerias e trabalho superou os mais diversos desafios para se consolidar como uma das principais atividades produtivas do país. Caio Luiz de Carvalho – Ex-Presidente da EMBRATUR4.
Em 2005, o Brasil alcançou a receita de US$ 3,86 bilhões, superior em
19,83% ao ano de 2004 (US$ 3,22 bilhões), atingindo a marca de 34 meses
consecutivos de crescimento desde março de 2003. Como mostra o gráfico 01.
Gráfico 01 Receita Cambial Turística (Milhões US$)
4 www.revistaeventos.com.br/bn_conteudo.asp?cod=393-78k- > acesso em 03 out 2006.
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Fonte5: Banco Central do Brasil
As potencialidades econômicas do turismo, relacionadas ao emprego e
renda, têm sido fonte de atração para a maior parte dos governantes no mundo, que
consideram essa atividade um instrumento estratégico de relativa importância na
superação de problemas sociais.
No ano de 2003, o turismo ganhou um ministério específico, o Ministério
do Turismo, que lançou o Plano Nacional de Turismo (PNT), com a intenção de
desenvolver esse setor para criar mais empregos, gerar divisas, reduzir as
desigualdades regionais e redistribuir melhor a renda (MINISTÉRIO DO TURISMO,
2003). O objetivo foi o de desenvolver o produto turístico com qualidade e estimular
o seu consumo nos mercados nacional e internacional, diversificando a oferta e
estruturando os destinos turísticos, ampliando e qualificando o mercado de trabalho.
A atividade turística tem se modificado nas últimas décadas e dentre as
novas tendências estão: o desenvolvimento sustentável, o turismo de baixo impacto,
turismo social e envolvimento das comunidades, turismo e deficientes físicos,
surgimento de novos segmentos.
Desenvolvimento sustentável é a palavra de ordem para o novo milênio.
J.R. Brent Ritchie escreveu um artigo intitulado de Novas realidades, Novos
5 institucional.turismo.gov.br/.../DocumentoItem/files/Documento_Referencial_Turismo_no_Brasil_2007_2010.doc > acesso em 20 out 2006.
Horizontes, publicado pela revista The Annual Review of Travel (1992) mostrava que
as tendências para o turismo seriam a questão do meio ambiente; a disseminação
da democracia no planeta; o aumento do número de idosos; a racionalização de
investimentos na economia de mercado; a diversidade cultural em modo
homogêneo; e o dilema: tecnologia x recursos humanos, etc. (TRIGO, 2003).
A concepção de desenvolvimento sustentável implica em novo paradigma
de pensar das sociedades humanas segundo uma nova ética de democratização de
oportunidades e justiça social, percepção de diferenças como elementos
norteadores do planejamento, compreensão da dinâmica e do código e valores
culturais e compromisso global com a conservação dos recursos naturais. (IRVING
E AZEVEDO, 2002, p.35).
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU),
desenvolvimento sustentável “é aquele que atende às necessidades do presente
sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas
próprias necessidades”. Esses conceitos sobre desenvolvimento vêm sendo
trabalhados com mais intensidade nos últimos anos. Desta forma, surge o Turismo
Sustentável que tem a missão de utilizar as reservas naturais presentes sem
comprometer o uso das mesmas para os turistas no futuro (MAGALHÃES, 2002,
p.88).
Preocupados com a problemática do relacionamento do turismo com o
meio ambiente, membros da Associação Internacional de Especialistas Científicos
em turismo (AIEST) em 1991, indicaram quatro características especiais para o
desenvolvimento do turismo sustentável: respeito ao meio ambiente natural: turismo
não pode colocar em risco ou agredir irreversivelmente as regiões nas quais se
desenvolve; harmonia entre a cultura e os espaços sociais da comunidade
receptora: sem agredi-la ou transforma-la; distribuição eqüitativa dos benefícios do
turismo, entre a comunidade receptora, os turistas e os empresários do setor; um
turista mais responsável e atencioso e receptivo com as normas de preservação
ambiental.
Wheller, (apud RUSCHMANN, 2003, p.115) aponta o caminho para o
crescimento do turismo na prática:
A educação para o turismo voltado para a arte de viajar torna-se uma “técnica cultural” e seus conhecimentos deverão ser obrigatórios para os “turistas”. Devemos frente a questões, trabalhar para a educação e a conscientização para turismo, trabalhando o futuro desta atividade no mundo, buscando a inserção planetário do ser humano.
Para uns, o turismo é uma forma de peregrinação pela busca da
autenticidade ou do diferente, um veículo de promoção da amizade e da paz entre
os povos, um tipo de relação étnica e cultural, uma forma de valorização do
patrimônio cultural e natural dos lugares e uma importante atividade econômica.
Para outros, o turismo é uma nova forma de colonialismo, de dominação econômica
dos países ricos sobre os países pobres, um processo de aculturação e de
transformação da cultura em mercadoria, um agente de mudança social, um modo
de degradação do meio ambiente, uma forma de imigração e emigração, uma
representação da superficialidade e da falta de autenticidade, um drama da
sociedade moderna resultante da busca pelo autêntico num mundo cada vez mais
sem sentido. (CAZES, 1996; URRY, 1996; RODRIGUES, 1997; TRIGO, 1998,
THEOBALD, 1998).
Conforme Magalhães (2002) duas linhas de pensamento vêm sendo
trabalhadas no sentido de garantir as bases para o aproveitamento da atividade
turística. A primeira está voltada para uma visão mais abrangente da organização
espacial, as interações e transformações que o fenômeno produz na sociedade. A
segunda linha atenta para a implementação de estratégias capitalistas as quais
ressaltam o movimento de recursos financeiros, emprego de mão-de-obra e fomento
de infra-estruturas que beneficiam as comunidades.
Desta forma, os setores da cadeia produtiva do turismo cumprem papel
fundamental no que tange o desenvolvimento na vertente capitalista. Através de
suas estratégias, como pode ser percebido pelo segmento das companhias aéreas
além da geração de emprego, impactam economicamente nas localidades por
serem o principal agente promotor do fluxo de turistas.
2.2 A importância das companhias aéreas para o turismo
Até a Segunda Guerra Mundial as viagens transatlânticas eram realizadas
quase que exclusivamente pelo mar. Posteriormente, o advento de aeronaves mais
confiáveis e de maior capacidade proporcionou mais segurança, redução no tempo
de viagem e, em alguns casos, diminuição das tarifas praticadas. Com a chegada do
avião a jato, ainda na década de 50, houve um incremento tanto da confiabilidade
como da velocidade. Estas conquistas tecnológicas confirmaram o transporte aéreo
como um excepcional agente promotor e multiplicador do turismo. (PALHARES,
2001).
O segmento de transporte aéreo é um dos mais dinâmicos da economia
mundial. Cumpre importante papel estimulando as relações econômicas e o
intercâmbio de pessoas e mercadorias (dentro e fora dos países). Palhares
(IBIDEM) apresenta o turismo como uma indústria de destacada relevância e de
incontáveis impactos positivos evidenciando o papel vital que este meio de
locomoção tem representado como multiplicador e fomentador desta indústria.
Afirma ainda que a atividade turística depende fortemente do setor para que
continue a se expandir e a disseminar resultados favoráveis às localidades
receptoras.
Em termos de chegada de turistas internacionais, o transporte aéreo
representa o mais importante meio de deslocamento. Mais de 80% das chegadas
internacionais no Sul e no Leste da Ásia são decorrentes do transporte aéreo. Na
América do Sul, de acordo com a OMT (Organização Mundial do Turismo), este é
responsável por 58% de todas as chegadas internacionais, enquanto que na
América do Norte é responsável por cerca de 40%. Vale ressaltar que os turistas
que chegam a uma localidade por via aérea, gastam mais do que os que chegam
por qualquer outro meio.
No Brasil, a demanda por ingressos de turistas estrangeiros e nacionais
poderia ser bem maior se órgãos de competência pública e privada se
empenhassem em reunir forças para uma maior divulgação dos pólos receptores,
gerando assim empregos, aumentando os salários médios da região, bem como o
crescimento das receitas das empresas nelas localizadas. Tudo isso devido ao
maior número de ingressos de turistas na região (PALHARES, 2001).
O quadro atual do transporte aéreo brasileiro é de grandes mudanças,
sobretudo em relação a dois tópicos: desmilitarização do setor e aumento da
competitividade entre as empresas aéreas. Tais movimentos, conjuntamente com a
gradual desestatização do sistema aeroportuário brasileiro, estão e poderão
continuar contribuindo para um maior incremento do turismo doméstico brasileiro.
Isso porque esta competitividade permite a diminuição real das tarifas praticadas,
quer sejam as mesmas provenientes dos pacotes turísticos, quer dos vôos charters
ou, mais recentemente, pela entrada de empresas regulares de baixo custo como a
Gol Linhas Aéreas Inteligentes.
2.3 Qualidade na prestação de serviços com enfoque para as
companhias aéreas
Nos últimos anos a economia moderna está vivenciando um crescente
aumento do setor terciário, ou seja, a prestação de serviços. Percebe-se, que os
serviços estão espalhados em todos os setores da economia, seja como atividade
principal, seja como atividade secundária e em todos os níveis de uma produção.
Por isso cada vez mais se tem uma preocupação com a Qualidade do serviço
prestado.
Um serviço tem como características a intangibilidade, que são
experiências vividas pelo cliente, que por sua vez tem uma avaliação muito subjetiva
já que depende da percepção de cada cliente; são perecíveis e por esta razão não
podem ser armazenados para uso posterior, dificultando assim um gerenciamento
no caso da demanda variável – como na Atividade Turística; são heterogêneos pois
ocorrem variações importantes na prestação do mesmo serviço, dependendo do
cliente e do contexto onde está sendo prestado o serviço; outra característica é a
simultaneidade, ou seja, estão sendo produzidos ao mesmo tempo que consumidos,
não permitindo que se tenha um controle de qualidade final antes da entrega.
(CASTELLI, 2001, p. 146 e 147).
Devido a crescente exigência por parte dos clientes pela qualidade na
prestação de serviços, as empresas deixaram de pensar que ter um serviço de
qualidade era considerado um “favor” que estaria prestando a um cliente e passaram
a entender que dependeria a sua sobrevivência no mercado competitivo, até porque
a quantidade de empresas e produtos concorrentes tem crescido
consideravelmente.
Manter um cliente é seguramente mais difícil que conquistá-lo. Daí a
questão deixa de ser interesse somente dos níveis gerenciais e passa para os
funcionários da “linha de frente”, no qual acontecem os Momentos da Verdade. A
superação de expectativas tornou-se um item primordial, tanto para o cliente quanto
para o fornecedor que desejam continuar no mercado.
Cullen (apud BARROS, 1999, p.03), diz que:
Neste próximo milênio, as tendências indicam que permanecerão no mercado apenas dois tipos de empresa. Aquelas que investiram maciçamente em Qualidade, numa preocupação constante coma satisfação de seus clientes, e as outras que não existiram mais.
Para se perceber a Qualidade, dois personagens são necessários: o
produtor e o consumidor. Caso contrário tem-se o que se chama de conceito
unilateral, ou seja, julga-se somente um lado. Barros (1999, p. 09), diz que a
Qualidade deve ter um conceito integrado, envolvendo a expectativa do cliente e a
conformidade do processo que a produziu.
Qualidade é um conjunto de características de desempenho de um
produto ou serviço que, em conformidade com as especificações, atende e, por
vezes, supera as expectativas e anseios do consumidor (cliente). (FEIGENBAUM
apud BARROS, 1999, p.09).
Com relação às Companhias aéreas, a prestação de seus serviços é
muito cobrada por parte de seus clientes, visto que vários fatores estão implícitos,
como o preço pago pela passagem aérea que é relativamente alto, a tensão que
naturalmente muitos clientes sentem quando vão embarcar e até mesmo os motivos
que o levaram a viajar por via aérea, tornando o cliente sempre mais sensível a
possíveis “deslizes” de quem quer seja o prestador de serviço. Companhias aéreas
conhecidas por atrasarem seus vôos ou com problemas constantes com a
manutenção das aeronaves, são menos procuradas pelo público. Os principais
problemas vividos por quem costuma viajar de avião são o overbooking, ou seja,
venda de lugares em determinado vôo acima de sua capacidade e extravio de
bagagem, causando constrangimento e queda na qualidade do serviço na
percepção do cliente.
Os consumidores desta nova Era são ávidos por bons atendimentos e
elementos surpresa positivos, fazendo com que se sintam essenciais para empresa
que escolheram. Esses fatores devem ser incorporados em cada empresa: todo
cliente é muito importante para ela, afinal são eles que a mantém viva no mercado.
A hospitalidade e o bom atendimento devem estar presentes em qualquer serviço
prestado, pois se constituem em fator determinante na escolha de qualquer produto
ou serviço turístico.
As empresas que trabalham com serviços de atendimento a turistas
devem tomar alguns cuidados para se tornarem e manterem-se como referência em
qualidade, através da conscientização da equipe de trabalho para uma maior
participação e comprometimento com a qualidade; realizar avaliações
constantemente de como estão sendo executados os serviços visando a eliminar
possíveis problemas, ouvindo o cliente para saber o que realmente estar faltando;
treinar e qualificar todos os colaboradores e acima de tudo valorizá-los como seres
humanos e profissionais que são. (BARROS, 1999, p.30).
3 (DE)EFICIENTES FÍSICOS: LEGISLAÇÃO E MERCADO DE
TRABALHO
O ano de 1981 foi marcado como o Ano Internacional da Pessoa
Portadora de Deficiência, onde várias entidades se juntaram para dar início ao
movimento pela integração dos indivíduos com deficiência à sociedade como um
todo.
Uma das conquistas foi a inclusão desses indivíduos no mercado de
trabalho. Segundo estimativas feitas por órgãos internacionais, como a Organização
Mundial de Saúde (OMS) apontam que 10% da população mundial têm algum tipo
de deficiência, devendo-se levar em consideração que países em desenvolvimento
podem ter uma elevação nessa taxa, pelas dificuldades ligadas à saúde, educação e
saneamento básico6.
A terminologia utilizada para se referir à pessoa com deficiência, sofreu
transformações durante toda a história. O termo que se tornou mais conhecido foi o
PNE – Pessoa com Necessidades Especiais. Porém no ano de 2003, durante a
Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das
Pessoas com Deficiências, em Assembléia Geral da ONU, a ser promulgada
posteriormente através da Lei Nacional de todos os Países Membros, que gostariam
de serem chamadas de “pessoas com deficiência”. Portanto, esse termo foi
empregado durante toda a pesquisa.
No Brasil, o Decreto N.º 3.298, de dezembro de 1999, em seu Art.4º
considera pessoa com deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias:
deficiência física, deficiência auditiva, deficiência visual, deficiência mental e
deficiência múltipla.
O deficiente físico compreende a alteração completa ou parcial de um ou
mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função
6 http://www.mec.gov.br/news/boletimImp.asp?Id=55 > acesso em 17 out 2006.
física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia,
monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia,
amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade
congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam
dificuldades para o desempenho de funções.
O deficiente auditivo compreende a perda parcial ou total das
possibilidades auditivas sonoras, variando de graus e níveis na seguinte forma: de
25 a 40 decibeis (db) surdez leve; de 41 a 55 (db) surdez moderada; de 56 a 70 (db)
surdez acentuada; de 71 a 90 (db) surdez severa; acima de 91 (db) surdez profunda
e anacusia. O deficiente visual compreende a acuidade visual igual ou menor que
20/200 no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º
(tabela de Snellen), ou ocorrência simultânea de ambas as situações.
O deficiente mental tem o funcionamento intelectual significativamente
inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas
a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação, cuidado
pessoal, habilidades sociais, utilização da comunidade, saúde e segurança,
habilidades acadêmicas, lazer e trabalho. E por fim o deficiente múltiplo que possui
duas ou mais deficiências.
Uma das deficiências não citadas na legislação, embora considerada
pelas empresas e pela sociedade, é o Nanismo que é caracterizado pela parada
prematura do crescimento ósseo, podendo ser causado pela insuficiência do
hormônio do crescimento (nanismo hipofisário). Entende-se ainda como a condição
de tamanho de uma pessoa devido a sua estatura estar abaixo da média de todos
os indivíduos pertencentes à mesma população e com a mesma faixa etária7.
O Nanismo pode ser classificado em duas categorias: proporcional e
desproporcional. Nas pessoas com Nanismo proporcional, as partes do corpo são
proporcionais, porém muito curtas. O Nanismo desproporcional por sua vez,
caracteriza-se por pernas e braços curtos, porem torso norma e cabeça grande. Este
7 www.pt.wikipedia.org/wiki/ Nanismo > acesso em 17 out 2006.
tipo de Nanismo pode ser causado por uma deficiência genética, que faz com que os
ossos não se desenvolvam totalmente.
Apesar da existência de movimentos visando integrar os indivíduos com
deficiência à sociedade e buscando mostrar que a pessoa com deficiência não se
resume somente à própria deficiência, a inter-relação desses indivíduos com a
sociedade ainda deixa a desejar sob muitos aspectos. Dentre eles, o
reconhecimento da pessoa com deficiência com direitos como os de qualquer outro
indivíduo.
O incentivo à educação a fim de que se tenha um maior nível de
escolaridade e de profissionalismo técnico ao deficiente, é de suma importância
principalmente para que haja uma maior integração com a sociedade de um modo
geral.
As pessoas com deficiência representam 14,5% da população brasileira.
Dados do Censo Universitário 2003, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP) constataram que há uma baixa inserção desse
extrato populacional nos ambientes acadêmicos8.
Uma das iniciativas do Governo Federal para estimular essa inclusão, é o
Programa Incluir que está ligado à Secretaria de Educação Superior (SESU) do
Ministério da Educação (MEC) e também conta com o apoio da Secretaria de
Educação Especial (SEEsp). Seu objetivo é tentar conter situações de discriminação
contra os estudantes com deficiência, garantindo o seu direito à educação superior
em instituições privadas de educação superior e oferece, em contrapartida, isenção
de alguns tributos àquelas que aderirem ao Programa.
Dentre as Propostas encontradas nesse Programa, observam-se as
seguintes: incentivo às ações de mobilização e sensibilização de Instituições
Federais de Ensino Superior com vistas à implementação de políticas de ações
afirmativas e de eliminação da discriminação contra pessoas com deficiência;
contribuição para a equiparação de oportunidades de alunos com deficiência
8 www.inep.org.br > acesso em 23 out 2006.
matriculados nas IFES; adequação da estrutura física das IFES, para que cumpram
o disposto no Decreto Presidencial n° 5296, de 2004 (grifo da autora); estímulo à
execução de programas inovadores que unam ensino - pesquisa - extensão para a
promoção da Inclusão.
A adequação da estrutura física, isto é a eliminação de barreiras
arquitetônicas são premissas básicas para um deslocamento e acesso por parte das
pessoas com deficiência física a todos os locais públicos. Outrossim, existem ainda
as barreiras metodológicas, pragmáticas, atitudinais, comunicacionais e instrumental
(LIMA, H., LIMA. I, 2004).
As barreiras metodológicas referem-se à falta de sensibilidade no que diz
respeito às necessidades específicas de cada indivíduo, ou seja, suas
individualidades são tratadas de maneira generalizada.
As pragmáticas dizem respeito à legislação e o fato de sua não
aplicabilidade. Como citado anteriormente, o Brasil tem um leque de leis que
asseguram os direitos de toda e qualquer pessoa com deficiência, seja física ou não.
Porém há um grande espaço vazio entre a teoria e a prática dessas leis.
As barreiras atitudinais são aquelas caracterizadas pela forma de tratar a
pessoa com deficiência. O preconceito, o medo e até mesmo a indiferença, que são
tipos de comportamentos mais comuns que refletem a ausência do cumprimento e
da lei e a falta de informação por parte da população de maneira geral.
As barreiras comunicacionais constituem-se com a ausência ou carência
de sinalização para a pessoa com deficiência, seja ela em Braille para os deficientes
visuais, sonora para os deficientes auditivos e até mesmo as sinalizações visuais
padrões como vemos em placas.
Todas essas barreiras trazem prejuízo à pessoa com deficiência, pois a
deixa sempre dependente de uma companhia para ajudá-la em sua locomoção e
ainda ferem o direito de cada cidadão de maneira direta e negativa.
3.1 Barreiras arquitetônicas: entraves à acessibilidade
Com relação à adequação da estrutura física arquitetônica, o Art. 24 do
Decreto 5296/04, diz que: os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa
ou modalidade, públicos ou privados, proporcionarão condições de acesso e
utilização de todos os seus ambientes ou compartimentos para pessoas deficientes
ou com mobilidade reduzida, inclusive salas de aula, bibliotecas, auditórios, ginásios
e instalações desportivas, laboratórios, áreas de lazer e sanitários.
Quando da construção e reforma de estabelecimentos de ensino deverá
ser observado o atendimento às normas técnicas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT relativas à acessibilidade. Conforme o artigo 2º da Lei
Nº.10.098, de 19 de dezembro de 2000, acessibilidade é a possibilidade e condição
de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e
equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de
comunicação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida9.
As medidas técnicas para eliminar as barreiras e assim melhorar a
acessibilidade das pessoas com deficiência em espaços públicos são seguidas
pelas Normas NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, órgão
responsável pela padronização dos objetos e edifícios no Brasil.
Convém salientar algumas das medidas para melhoria da locomoção
desses indivíduos, como: as portas que deverão ter um vão de 80 cm e uma
maçaneta do tipo alavanca a 90 cm de altura, de acordo com a figura 01.
Figura 01: dimensões das portas
9 www.saci.org.br > acesso em 28 out 2006.
Fonte: Manual de recepção e acessibilidade pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. (EMBRATUR, s/d, p.37)
Os corredores devem ter no mínimo 1,20m de largura, mesmo tamanho
aconselhado para as rampas, que devem ter a declividade máxima de 12,5 graus e
inclinação de 8 graus, como pode ser observado na figura 02.
Figura 02: largura adequada de corredor
Fonte: Manual de recepção e acessibilidade pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. (EMBRATUR, S/D, p.32)
No banheiro é necessário que exista uma barra de apoio horizontal a 90
cm de altura, o lavatório deve estar a 80 cm de altura e ter uma torneira de alavanca
a 1m, mesma altura recomendada para o toalheiro, de acordo com a figura 03.
Figura 03: dimensões do lavatório
Fonte: Manual de recepção e acessibilidade pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. (EMBRATUR, S/D, p.45)
Quanto aos mictórios devem estar a 46 cm do piso com duas barras de
apoio fixas na vertical a 70 cm do piso. As barras devem ter um vão de 80 cm entre
si e a mesma medida de comprimento, de acordo com a figura 04.
Figura 04: visão geral de um banheiro adaptado ao cadeirante
Fonte: Manual de recepção e acessibilidade pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. (EMBRATUR S/D p.47)A utilização de cadeira de rodas impõe limites à execução de tarefas, por
dificultar a aproximação aos objetos e o alcance a elementos acima e abaixo do raio
da ação de uma pessoa sentada. A dificuldade no deslocamento frontal e lateral do
tronco sugere a utilização de uma faixa de conforto entre 0,80 cm e 1,00m para as
atividades que exijam manipulação contínua. Pode-se observar na figura 05.
Figura 05: referenciais genéricos, visando atender o maior número
possível de situações
Fonte: Manual de recepção e acessibilidade pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. (EMBRATUR, S/D p.14)
A indicação de acessibilidade aos deficientes físicos é feito através do
Símbolo Internacional de Acessibilidade (SIA). Qualquer local, seja público ou
privado que mantenha algum tipo de adaptação à pessoa com deficiência, deve
necessariamente conter este símbolo, de acordo com a figura 06.
Figura 06: Símbolo Internacional de Acesso
Fonte: Manual de recepção e acessibilidade pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. (EMBRATUR S/D p.53)
A pessoa com deficiência por si, já tem suas limitações e dificuldades,
muitas vezes e principalmente de locomoção. Porém, muito poderia ser feito para
que se tenha uma melhora na sua independência no sentido de deslocamento, se o
artigo supracitado fosse cumprido de maneira eficiente e eficaz.
3.2 Como auxiliar uma pessoa com deficiência
De acordo com o folheto “Handicapés”, elaborado pelo Movimento de
Mulheres Jovens, Paris-França, e retrabalhado pela Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde), do Ministério da Justiça, o
Manual de Recepção e Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiência a
Empreendimentos e Equipamentos Turísticos (EMBRATUR, 2001), diz que a melhor
maneira de se ter um comportamento inclusivo perante essas pessoas, é sempre
perguntar se ela precisa de algum tipo de auxílio. Então esse auxílio deve se seguir
de acordo com o que a própria pessoa indicar, pois ninguém melhor do que elas
sabem de suas necessidades.
O importante é ter em mente que a aproximação e o convívio com as
pessoas com deficiência, deve ser feita sem preconceitos ou piedade e com a maior
naturalidade possível. Conforme o Manual supracitado (EMBRATUR, IBIDEM)
abordam-se algumas referencias para auxiliar estes indivíduos de acordo com sua
necessidade:
Pessoas que usam cadeira de rodas: não segurar nem tocar na cadeira de rodas,
pois ela é como se fizesse parte de seu corpo. As palavras “caminhar” ou “correr”
podem ser utilizadas pois os cadeirantes também usam. Se a conversa com o
cadeirante durar mais que alguns minutos, sente-se se for possível, de modo a
ficar na mesma altura, pois é desconfortável para a outra pessoa manter o olhar
para cima por muito tempo. Não estacionar em lugares reservados para pessoas
com deficiência, pois essa reserva é feita por necessidade e não por
conveniência.
Pessoas que usam muletas: acompanhe o ritmo de sua marcha, tome cuidados
necessários para que a pessoa não tropece e deixe as muletas sempre ao
alcance de suas mãos.
Pessoas Cegas: ofereça ajuda sempre que pareça necessitar, mas não o faça
sem que ela concorde. Para guiar uma pessoa cega ela deve segurar-lhe no
cotovelo ou ombro, não a pegue pelo braço, pois pode assustá-la além de ser
perigoso. À medida que encontrar obstáculos como degraus e meios-fios, vá
orientando-a e se o caminho for muito estreito, posicione seu braço para trás afim
de que a pessoa cega possa segui-lo. As palavras “cego”, “olhar” ou “ver” podem
ser utilizadas, pois eles também as usam.
Pessoas surdas: falar claramente distinguindo palavra por palavra, mas sem
exageros. Fale com velocidade normal, salvo quando for pedido para falar mais
devagar e com um tom normal de voz, a fim de a pessoa possa fazer leitura
labial. Se você quer falar com uma pessoa surda, chame sua atenção seja
sinalizando com a mão ou mesmo tocando-a no braço. Se o surdo estiver
acompanhado de um intérprete, fale diretamente ao surdo e não à intérprete.
Pessoas que tem paralisia cerebral: a pessoa com paralisia cerebral anda com
dificuldades, ou não anda e pode tem problemas de fala. Seus movimentos
podem ser estranhos ou descontrolados. Geralmente trata-se de uma pessoa
inteligente e muito sensível – ela sabe e compreende que não é como os outros.
Para ajudá-la, adapte-se a seu ritmo, caso não compreenda o que ela diz peça-
lhe que repita, pois ela o compreenderá e principalmente não de deixe
impressionar por seu aspecto.
Pessoa com deficiência mental: cumprimente-a de maneira normal e respeitosa,
não se esquecendo de fazer o mesmo quando se despedir. Elas são, em geral,
bem dispostas, carinhosas e gostam de se comunicar. Seja natural e evite
superproteção, pois ela deve fazer sozinha tudo o que puder, ajude-a só quando
realmente for necessário. Se for criança, trate-a como criança, mas se for adulto
ou adolescente, trate-a como tal. Deficiência mental pode ser uma conseqüência
de uma doença, mas não é uma doença.
O conhecimento de tais orientações é de extrema valia, pois dão às
pessoas que não tem deficiência uma maior clareza e discernimento no trato com as
pessoas com deficiência. E para as pessoas com deficiência uma maior valorização
e respeito perante suas diferenças, pois elas passam a sentir-se mais aceitas pela
sociedade como um todo.
3.3 Legislação pertinente - Lei n° 7.853 Política Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
No ano de 1999, o então Presidente da República Fernando Henrique
Cardoso assinou o decreto nº. 3.298 que regulamenta a lei n° 7.853 sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, criada em 1989
consolidando as normas de proteção ao portador de deficiência e garantindo todos
os direitos básicos que qualquer cidadão possui, como educação, lazer, saúde,
trabalho, previdência social, assistência social, transporte, cabendo ao Poder
Público assegurar todos direitos.
A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
compreende o conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno
exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência. O decreto
tem como órgão fiscalizador Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora
de Deficiência Física (CONADE) que tem a função dentre outras de fazer valer todos
os direitos dos deficientes físicos - cerca de 24,6 milhões de pessoas. Segundo
dados do Censo 2000, do IBGE, esse é o número de brasileiros com algum tipo de
deficiência ou incapacidade, o que representa quase 14,5% da população do país10.
Sua obrigação é estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam sua
inclusão social e econômica, bem como incorporar a qualificação profissional,
educação especial e a inserção no mercado de trabalho dos portadores de
deficiência. No que tange ao serviço de saúde, o tratamento deverá ser prioritário e
adequado, sem que haja prejuízo de outras pessoas. O artigo 3° considera para
efeito desse Decreto que:
Deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; deficiência permanente é aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altera apesar de novos tratamentos; incapacidade é uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.
Considera ainda as pessoas com deficiências possuidoras de todos os
direitos inerentes a qualquer ser humano, devendo ser respeitado,
independentemente dos seus antecedentes, natureza e severidade de sua
deficiência. Não importando também a faixa etária, podendo desfrutar de vida
decente, tão normal quanto possível. (Artigo 3º IBIDEM)
Segundo Ana Maria Barbosa, coordenadora da Rede SACI, apesar dos
direitos assegurados por Lei, a plena inclusão do deficiente na sociedade ainda é
uma realidade distante, porém caminha-se nessa direção. Seja por força da Lei ou
pressão da organização de pessoas com e sem deficiência. A pessoa com
deficiência está chegando nas escolas, nas empresas, nos espaços públicos e, mais
consciente, está cobrando seus direitos. Contudo ainda existe a questão da
10 Fonte: Boletim Informativo do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, 2004, n°8
acessibilidade urbana, dos transportes e edificações que ainda são grande impecílio
para o seu deslocamento11.
3.3.2 Inserção no mercado de trabalho
Nos últimos anos, vem crescendo o número de oferta de vagas e de
contratações de pessoas com deficiência. Pode-se constatar essa realidade,
observando que em São Paulo - pólo econômico e industrial do país -, de janeiro de
2001 até maio de 2006, o número de pessoas com deficiência ocupando postos no
mercado de trabalho saltou de 601 para 47.044. Além disso, a quantidade de
empresas com 100 ou mais funcionários cumprindo à risca a regulamentação de
contratar tais profissionais pulou de 12 para 4.63612.
Segundo o censo demográfico de 2000, existem no Brasil cerca de 24,5
milhões de pessoas com deficiência. Estes trabalhadores enfrentam inúmeros
obstáculos por conta das discriminações e preconceitos ainda presentes na
sociedade, dificultando seu ingresso no mercado de trabalho.
A partir do momento em que se estimula a inserção dos deficientes no
que se chama de PEA – população economicamente ativa, há uma rede de
conseqüências positivas, já que essas pessoas passam a dispor de recursos e
querer aplicá-los em outras atividades.
A coordenadora da Rede SACI e vice-presidente do Instituto Paradigma,
Flávia Cintra diz que além do programa de cotas, cresce, cada vez mais, o número
de empresas interessadas em contratar pessoas com deficiência e que já há uma
mudança no perfil das vagas ofertadas. Existem companhias que valorizam o perfil
do funcionário em detrimento de sua deficiência e passam a dar preferência para
sua contratação no lugar de um profissional comum.
11 www.saci.org.br > acesso em 22 out 2006.12 www.redesaci.org.br > acesso em 01 out 2006.
Outra mudança sentida é a de que em algumas empresas, cargos de
maior responsabilidade, como os de diretoria, já estão sendo ocupados por
deficientes como é o caso do setor de Recursos Humanos do SERASA. Já que a
maioria das vagas ofertadas é basicamente do setor operacional, como se pode
observar no gráfico 02 abaixo:
Gráfico 02: setores da empresa em que os PNE’s atuam ou irão atuar
Fonte: http://www.firjan.org.br/downloads/ITPNE.doc. > 16 set 2006.
Nesse contexto, considera-se ainda a possibilidade de procedimentos
especiais, que são os meios utilizados para a contratação de pessoa que devido seu
grau de deficiência, exija condições especiais, tais como jornada variável, horário
flexível, proporcionalidade de salário e ambiente de trabalho adequado a suas
necessidades.
E apoios especiais, que são a orientação à supervisão e as ajudas
técnicas entre outros elementos que auxiliem ou permitam compensar uma ou mais
limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa com deficiência, de
modo a superar as barreiras da mobilidade e da comunicação, possibilitando a plena
utilização de suas capacidades.
3.3.3 Lei de cotas para empresas
68,0%
60,0%
30,0%
Operacional
Administrativa
Apoio
Áreas de atuação dos PNE´s - serão contratados
Base: 26 empresas
A lei federal 8213/91 fixa a obrigatoriedade de reserva de vagas para
deficientes nos seguintes percentuais: empresas que têm entre 101 e 200
empregados 2% deverão ser para pessoas com deficiência; de 201 a 500 reservar-
se-ão 3% das vagas; de 501 a 1000 terão 4% para estes beneficiários e acima de
1000 estarão dispostas 5% destas.
Embora estas vagas estejam garantidas pela legislação, as pessoas com
deficiência devem estar habilitadas para o exercício da função disponível. Sendo
considerada pessoa habilitada, aquela que concluiu curso de educação profissional
de nível básico, técnico ou tecnológico, ou curso superior, com certificação ou
diplomação expedida por instituição pública ou privada, legalmente credenciada pelo
Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou aquela com certificado de
conclusão de processo de habilitação ou reabilitação profissional fornecido pelo
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O parágrafo 1° do artigo 36 do Decreto 3.298 diz ainda que o empregador
somente poderá dispensar o empregado deficiente, após contratar outro deficiente
em condições semelhantes ao que será dispensado nos seguintes termos:
§ 1o A dispensa de empregado na condição estabelecida neste artigo, quando se tratar de contrato por prazo determinado, superior a noventa dias, e a dispensa imotivada, no contrato por prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a contratação de substituto em condições semelhantes.
O Decreto versa também que a pessoa beneficiária ou não da
Previdência Social, tem o direito às parcelas para que se qualifique ou reabilite para
o mercado de trabalho e progredir profissionalmente. Sendo entendido por
habilitação e reabilitação profissional o processo orientado a possibilitar que a
pessoa com deficiência, a partir da identificação de suas potencialidades laborais,
adquira o nível suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso e reingresso
no mercado de trabalho e participar da vida comunitária.
Ficou a cargo do Ministério do Trabalho e Emprego fiscalizar, avaliar e
controlar as empresas que se encaixam na lei de cotas, bem como realizar
pesquisas qualitativas e quantitativas com as empresas e os funcionários
deficientes.
São crimes previstos no artigo oitavo da Lei 7.853/89 recusar, suspender,
cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento
de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado; impedir o acesso a
qualquer cargo público; negar trabalho ou emprego, recusar, retardar ou dificultar a
internação hospitalar ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar ou
ambulatorial, por se tratar de pessoa com deficiência.
A pessoa com deficiência pode agir contra esses e outros crimes
pertinentes a este assunto, apresentando uma representação junto a uma delegacia
de polícia, ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público Estadual e à
Comissão de Direitos Humanos13.
Algumas empresas ainda questionam o porquê de contratar pessoas com
deficiência. Alguns dos motivos encontrados reportam-se, além da inclusão, à
redução de aposentadorias indevidas, motivadas pela falta de trabalho; a
contribuição para inclusão do trabalhador no mercado na condição de consumidor e
não como um ônus social e consolidar o comprometimento com a responsabilidade
social da empresa, respaldando sua imagem perante os colaboradores, clientes e
fornecedores.
Neste último exemplo, Argandona (1998) diz que a imagem da empresa
quanto ao exercício da responsabilidade social influencia o comportamento de
recompra, ou seja, empresas que são engajadas com causas socialmente corretas,
podem ter um maior número de clientes já que a sociedade de um modo geral está
cada vez mais interessada por essa temática.14
13 http://agenda.saci.org.br/index2.php?modulo=akimimetro=1711 > acesso em 03 set 2006.
14 http://www.mackenzie.br/editoramackenzie/revistas/administracao/adm2n2/revadm2n2_ art3.pdf. acesso em 03 set 2006.
Uma pesquisa realizada pela Merck Sharp empresa farmacêutica,
comprovou o interesse da população por produtos relacionados a causas sociais, o
que confirmou os indicadores anteriores feitos pelo Instituto Akatu, segundo o qual o
consumidor brasileiro valoriza empresa que apoia deficientes15.
Em outra pesquisa realizada em 2001 pela Gerência de Estudos e
Avaliação do Projeto Portador de Necessidades Especiais, que tem por objetivo
promover o acesso e a inclusão das pessoas com deficiência física, mental e
sensorial revelou dados acerca dos empregados com deficiência e dos
empregadores. O estudo foi aplicado nas empresas que possuem mais de cem
empregados em seus quadros, fator este, que leva à obrigatoriedade quanto ao
cumprimento do dispositivo legal de reserva de cotas. Foram pesquisadas 1.148
empresas da cidade do Rio de Janeiro, em que 79,4% das empresas consideram
que a legislação é justa ao reservar vagas no mercado de trabalho para os
portadores de necessidades especiais.
Relativamente aos postos de trabalhos existentes em suas empresas, a
pesquisa revela que 63,4% dos entrevistados consideram que não existem postos
que possam receber ou acomodar pessoas com deficiência. Entretanto, 26,2% das
empresas são possuidoras de locais acessíveis, verificando-se ainda que 8.0%
destes postos têm acessibilidade dependendo do tipo de deficiência.
Deficiência física é a limitação mais freqüente encontrada entre os
trabalhadores com algum tipo de deficiência. 78,5% das empresas que empregam
em seus quadros deficientes físicos, 68% estão empregados na área operacional
das empresas. As funções mais freqüentes são as de auxiliares nos processos de
administração (6,1%) e de produção (2,5%). Funcionários com deficiência auditiva
estão presentes em 32,3% das empresas. Verificou-se ainda, que 72,3% destes
empregados exercem atividades correlacionadas à área operacional das empresas,
tendo em 14,8% ocupações de auxiliares ou ajudantes no processo produtivo.
15 http://www.clientesa.com.br/?sp=materia_integra.asp&secao=113&codigo=5328 acesso em 03 set 2006
Os deficientes visuais ocupam 21,9% dos postos de trabalho destas
empresas, constituindo-se no grupo que, comparativamente aos demais, aloca de
forma mais significativa empregando 16,4% de mão-de-obra na área administrativa.
Os deficientes mentais e portadores de deficiência múltipla representam
os grupos de menor representatividade quanto ao número de empresas, estando
empregados em 9,9% e 6,4% das empresas, respectivamente. Os primeiros
destacam-se na execução de funções na área de apoio (16%), sobretudo nas
funções de jardinagem, limpeza e conservação e mensageiros. O segundo grupo,
apesar de quantitativamente menos representativo, possuindo maior
heterogeneidade quanto às ocupações exercidas, como pode ser verificado no
gráfico 03.
Gráfico 03: empregados por tipo de deficiência
Fonte: http://www.firjan.org.br/downloads/ITPNE.doc. > acesso em 15 set 2006
Com relação às alterações no contexto da acessibilidade/inclusão e
locomoção no espaço físico, 16,3% das empresas fez alterações físicas ou
ergonômicas com o objetivo de romper as barreiras e adequar o ambiente de
trabalho, facilitando o acesso dos portadores de necessidades especiais.
Considerando as alterações, não só de estrutura física, como também as
organizacionais, 17,9% das empresas que promovem a inserção de pessoas com
deficiência adaptaram o ambiente de trabalho para recepção desses trabalhadores.
Um dos fatores mais interessantes avaliados é o que diz respeito ao
desempenho dos deficientes em relação aos não deficientes. Os empregadores
consideram que quanto ao desempenho profissional, os portadores de necessidades
especiais estão equiparados aos trabalhadores ditos normais. Apenas 1,2%
consideram o desempenho pior que os demais como mostra o gráfico 04.
Gráfico 04: desempenho profissional dos PNE’s
Fonte: http://www.firjan.org.br/downloads/ITPNE.doc. > acesso em 15 set 2006
Este item revela que o fato de o indivíduo ser deficiente, não influi na sua
capacitação profissional, diminuindo o preconceito existente por parte de alguns
empresários e até mesmo dos demais funcionários de determinadas empresas.
Percebe-se que, para a efetiva inclusão da pessoa com deficiência torna-
se necessário que todo o ambiente da empresa seja preparado, isto é, todo o
sistema deve ser analisado e revisto, verificando se os espaços estão adequados
para a circulação das pessoas conforme a legislação pertinente e ainda,
sensibilizando os demais funcionários para o acolhimento dos novos colaboradores
com deficiência.
É preciso enfatizar que, incluir é fazer com que a pessoa com deficiência
seja um funcionário eficiente, produtivo, como qualquer outro e não que sua
14,8%
78,9%
1,2%
Melhor que osdemais
Igual aosdemais
Pior que osdemais
Desempenho profissional dos PNE´s
Base: 251 entrevistas
presença somente se justifique para o cumprimento da cota. Neste caso, estará
aprofundando a exclusão e a idéia de "inválido", justamente a imagem que deve ser
mudada.
4 GRUPO AUREA ADMINISTRAÇÃO E PARTICIPAÇÕES S.A
Após a experiência de transportar milhões de pessoas em seus ônibus,
Constantino de Oliveira Júnior, herdeiro do Grupo Áurea e fundador da Gol Linhas
Aéreas Inteligentes, teve a idéia de lançar um novo empreendimento no setor de
transportes, que possibilitasse a todos os brasileiros a oportunidade de voar a um
custo mais acessível. (Fonte: portal.golnaweb.com.br > acesso em 02 de nov 2006.)
Sua trajetória começou em Patrocínio, uma pequena cidade mineira, em
1949, quando ele adquiriu seu primeiro caminhão, que se transformou em uma
jardineira e posteriormente adquiriu um ônibus, dando início à frota da primeira linha
de transporte de passageiros entre Patrocínio e Belo Horizonte. Assim nasceu o
Grupo Áurea Administração e Participações S.A.
Ao longo dos seus mais de 50 anos de história, o Grupo Áurea se
consolidou como o maior grupo nacional de transporte terrestre de passageiros.
Atualmente, possui mais de seis mil ônibus de 37 empresas urbanas, intermunicipais
e interestaduais, que atuam em sete estados brasileiros e no Distrito Federal.
Transportam em média 36 milhões de passageiros por mês e empregam 25 mil
pessoas.
Alicerçado nesta experiência, o Grupo Áurea lançou a Gol Transportes
Aéreos, a primeira companhia aérea regular do Brasil a operar sob o conceito low
cost, low fare – baixo custo, baixo preço.
4.1 Gol linhas aéreas inteligentes
A Gol foi lançada como a 37ª companhia do grupo Áurea com previsão de
transportar dois milhões de passageiros no primeiro ano, com dez aeronaves. O
maior desafio da empresa foi conseguir conquistar a confiança do público quanto à
segurança de seus vôos com preços mais populares. Era necessário aliar à marca, a
qualidade de serviços e segurança, e não apenas às tarifas e preços mais
econômicos.
Os estudos e análises de mercado para a criação de uma nova
companhia aérea começaram em 1998. Em princípio pensou-se em adquirir e
reformular uma das empresas já em operação. Logo depois, porém, o grupo optou
por uma companhia nova, sem dívidas e sem passado. O Grupo chegou à
conclusão que havia espaço para mais uma companhia de transporte aéreo no país
com as características pretendidas, operando através de uma nova filosofia: o
sistema de preços. (Fonte: portal.golnaweb.com.br > acesso em 02 de nov 2006.)
A companhia Gol definiu como missão oferecer transporte de pessoas e
cargas tendo como valor agregado a segurança e confiabilidade, fazendo uso de
soluções que seriam introduzidas pelos próprios clientes, quotistas e funcionários. A
decisão foi de posicionar-se como uma das principais empresas aéreas do país
voltada para o mercado doméstico, objetivando ser reconhecida como pioneira na
introdução de novos conceitos. Com relação ao serviço que iria oferecer ao
mercado, determinou que este fosse dotado de simplicidade e informalidade.
4.1.1 As primeiras conquistas
Em 1º de agosto de 2000 foi assinado o contrato social da Gol
Transportes Aéreos Ltda. Dezoito dias depois, a empresa obteve autorização
jurídica de funcionamento junto ao DAC – Departamento de Aviação Civil. Em
dezembro do mesmo ano já estava de posse do Certificado de Homologação de
Empresa de Transporte Aéreo (CHETA). No dia 22 de dezembro do mesmo ano,
recebeu suas duas primeiras aeronaves: os Boeings 737 e 700, com prefixos PR-
GOL e PR-GOA respectivamente, que pousaram em Cumbica, vindos da Europa,
inaugurando a frota da empresa. No dia 2 de janeiro de 2001, a Portaria do DAC
confirmava a concessão à companhia, que se tornava assim a primeira companhia
aérea brasileira do século XXI.
O seu lançamento oficial ocorreu em cinco de janeiro de 2001,
simultaneamente nos sete estados onde a empresa iria iniciar suas operações, por
meio de evento dirigido à agentes de viagem e assistido por via satélite no Hilton
Hotel, em São Paulo. No dia 15 de janeiro de 2001, a Gol realizou seu vôo inaugural,
partindo às 6h56 de Brasília em direção a São Paulo.
Em um semestre, a empresa conquistou 5,5% do mercado brasileiro e em
julho de 2001, conseguiu aumentar seu movimento mensal para 240 mil passageiros
transportados. Em agosto do mesmo ano, comemorou a marca de um milhão de
usuários, atingindo 78% de taxa de ocupação, ou 112 passageiros por vôo, a maior
do setor de transporte aéreo doméstico do País. Em dezembro, atingiu uma
participação de 8,5% no mercado e um total de 2,5 milhões de passageiros
transportados. A implantação e operação de uma empresa aérea em apenas seis
meses foi um fato inédito na aviação. (Fonte: portal.golnaweb.com.br > acesso em 02 de nov
2006.)
4.1.2 Low cost, low fare
O conceito de low cost, low fare aplicado em várias empresas, visa
diminuir ou eliminar todos os custos desnecessários dentro de uma organização.
Nas companhias aéreas as ações mais utilizadas para obter redução nos custos de
seus serviços são: permanecer no estacionamento menos tempo possível, de forma
a reduzir o valor pago por estacionamento; realizar apenas ligações ponto a ponto,
obtendo assim, uma taxa de ocupação superior; os serviços a bordo prestados aos
clientes são reduzidos, os consumidores pagam apenas o que consomem; redução
das comissões para agentes de viagens, incentivando à compra via Internet; a sua
frota, normalmente é composta por um único modelo de avião que no caso da Gol é
o Boeing 737 Next Generation, o que favorece a reposição de peças. (Fonte:
portal.golnaweb.com.br > acesso em 02 de nov 2006.)
Outrossim, vale destacar que pelo fato da empresa ter em sua frota
aeronaves novas, o custo com a manutenção proporciona uma economia
considerável. Além disso, observam-se baixos custos administrativos, visto que
entre os principais fatores de preço baixo das passagens destaca-se pela eliminação
do bilhete tradicional, com cinco vias e papel carbono, no processo de bilhetagem. A
empresa realiza toda a operação via computador, desde a consulta, compra e
reserva de passagens, emitindo um único ticket, que dá acesso ao embarque. Da
mesma forma, substituiu o talão de passagem de outras companhias por um arquivo
eletrônico, onde o cliente tem à disposição o contrato de prestação de serviço, com
direitos e obrigações.
A Gol também simplificou o serviço de bordo, compatível com a curta
duração das viagens, garantindo a qualidade dos produtos servidos, de marcas
aprovadas pelos passageiros. Eliminou refeições quentes e bebidas alcoólicas
ganhando, assim, mais doze assentos com a diminuição dos espaços que em outras
companhias são dedicados às galleys.16
A Companhia teve como referência uma empresa norte-americana de
vôos regionais chamada Southwest Airlines, principalmente no quesito economia de
custos. A empresa opera com frota padronizada, atende rotas com alta demanda de
passageiros e realiza no mínimo três vôos diários para cada destino, visando criar o
hábito de consumo. O modelo, consagrado em grandes mercados, também é
utilizado pela inglesa EasyJet, a irlandesa Ryanair, a holandesa Buzz e outra norte-
americana, a JetBlue, nas quais a Gol se inspirou.
4.2 O programa de inclusão da empresa
16?Galley: local da cabine de uma aeronave onde se armazena, organiza e prepara os serviços de bordo.
O primeiro grupo de pessoas com deficiência a trabalhar na Gol, foi em
agosto de 2005 onde, foram contratadas 83 pessoas divididas para todas as bases
da Gol no Brasil. O recrutamento dessas pessoas se deu através do contato com
entidades no Brasil inteiro, através dos departamentos de RH de cada Estado (INFO
GOL, 2006).
O grupo formado para esse recrutamento, recebeu um treinamento de
uma semana em São Paulo. Foram preparados para atender no web check-in e na
sala de desembarque realizando conferência de bagagens. No mesmo período
foram realizados workshops com os demais funcionários com a finalidade de
prepará-los para receber os novos colaboradores. Neste evento, algumas das
práticas aplicadas foram vivenciais, ou seja, eles tiveram oportunidade de sentar e
se locomover em cadeira de rodas e participaram de dinâmicas com os olhos
vendados a fim de sentirem todas as necessidades dessas pessoas e entenderem
sua realidade.
Em entrevista realizada no dia 13 de novembro de 2006, com Luzanira
Pereira, responsável pelo setor de Recursos Humanos da Gol Fortaleza pode-se
conhecer mais sobre esse projeto de inclusão. Ela informou que o Projeto se deu a
partir da obrigatoriedade do cumprimento da Lei de cotas, porém o número de
pessoas contratadas foi superior ao estabelecido na legislação. Na base de
Fortaleza fazem parte desse quadro, treze colaboradores e todos exercem a mesma
função. Contudo esse número deverá aumentar a qualquer momento, pois a
empresa está em processo de desenvolvimento de um outro projeto visando o
aumento desse contingente beneficiando as pessoas com deficiência, garantindo a
sua inclusão no mercado de trabalho.
A entrevistada salientou ainda as deficiências que não seriam possível
para a contratação na Gol: pessoas cegas, surdas, surda-muda e cadeirantes
justificando que não são permitidos no ramo da aviação devido as funções não
serem adequadas.
Questionada sobre o desempenho das pessoas com deficiência em
relação às que não tem deficiência, Luzanira diz que “a diferença estava apenas na
função e não no desempenho”. Quanto às adaptações realizadas na estrutura
física, somente o relógio de ponto foi alterado – ficou mais baixo, já que alguns
colaboradores têm estatura baixa (nanismo) – e foram adequados os armários para
que os mesmos pudessem guardar seus pertences. Nenhuma outra alteração ou
adaptação na estrutura foi feita visto que não houve necessidade.
Sobre a aceitação e adaptação dos demais colaboradores e até mesmo
dos passageiros com relação aos novos colaboradores, não houve nenhuma
dificuldade, ao contrário, “a grande maioria achou importante o Projeto”. Com
relação à possibilidade de essas pessoas serem promovidas a outros cargos dentro
da empresa, ela disse que a Gol tem uma política de aproveitamento interno e que
não exclui as pessoas com deficiência.
PEGAR NA IANE
4.3 A inclusão dos deficientes físicos no mercado turístico e suas
reais expectativas: o caso GOL
Conforme pesquisa realizada entre os dias 12 e 17 de novembro de 2006
com os treze funcionários que fazem parte do Programa de Inclusão de Portadores
de necessidades Especiais da Companhia Gol Linhas Aéreas, com a finalidade de
conhecer seu perfil sócio-econômico numa primeira etapa, constatou-se que 69,23%
são mulheres e 30,77% são homens, ficando uma proporção de 9 para 4, como
mostra o gráfico 05.
Gráfico 05: sexo
Fonte: Pesquisa de campo
Pôde-se verificar também na pesquisa a faixa etária destes indivíduos
onde 8% tem de 18 a 22 anos; 31% tem de 23 a 27 anos; 15% de 28 a 32 anos;
15% de 33 a 37 e 31% tem acima de 37 anos de idade, como mostra o gráfico 06.
Gráfico 06: faixa etária
Fonte: Pesquisa de campo
Com relação ao nível de escolaridade dos participantes, percebemos que
a maioria (46%) tem apenas o Ensino Médio Completo –EMC e que apenas 8% tem
Ensino Superior Completo –ESC. Pode-se perceber em maiores detalhes no gráfico
07.
Gráfico 07: nível de escolaridade
Fonte: Pesquisa de campo
No que se refere ao número de pessoas que trabalham na mesma família,
a maioria, (38%) conta com apenas uma pessoa na família, ou seja, o próprio
entrevistado. 31% têm duas pessoas que trabalham e somente 8% tem mais de
quatro pessoas que exercem algum tipo de atividade remunerada, pode-se verificar
no gráfico 08.
Gráfico 08: quantidade de pessoas que trabalham na família
Fonte: Pesquisa de campo
A renda média familiar destes indivíduos varia de 1 à 11 salários mínimos,
sendo que 47% vai de 1 a 3 salários mínimos e somente 15% recebem de 8 à 11
salários mínimos. Recebem de 4 a 7 salários mínimos um total de 38%, como
mostra o gráfico 09.
Gráfico 09: nível de renda média familiar
Fonte: Pesquisa de campo
Verificando quais os tipos de deficiências encontrados, constatamos que
todos são da ordem física, não havendo nenhuma pessoa surda, muda ou cega e
também não há cadeirantes.
Nanismo é a deficiência mais comum, sendo percebido em 45% dos
entrevistados; 31% mostra algum tipo de deficiência nos membros inferiores e 8%
para as demais deficiências detectadas conforme o gráfico 10.
Gráfico 10: tipos de deficiência
Fonte: Pesquisa de campo
Ao questioná-los se já haviam trabalhado antes em alguma outra
empresa, a grande maioria 85% respondeu que sim e somente 15% que não
conforme gráfico 11.
Gráfico 11: trabalhou antes em outra empresa
Fonte: Pesquisa de campo
Questionados sobre o grau de satisfação com suas atividades
desenvolvidas na Companhia, todos responderam estar satisfeitos ou muito
satisfeitos, sendo o percentual de 77% satisfeitos e 23% muito satisfeitos conforme
mostra o gráfico 12.
Gráfico 12: nível de satisfação com suas atividades
Fonte: Pesquisa de campo
Em relação ao salário pago pela Companhia, 92% revelaram estar
satisfeitos com o valor recebido e 8% estão muito satisfeitos conforme o gráfico 13.
Gráfico 13: nível de satisfação referente ao salário
Fonte: Pesquisa de campo
A fim de identificar se essas pessoas fazem o que gostam ou estão no
setor que queriam, perguntamos se eles têm interesse pelo setor turístico e
verificamos que 85% têm interesse e somente 15% não, de acordo com o gráfico 14.
Gráfico 14: interesse pelo setor turístico
Fonte: Pesquisa de campo
Constatou-se ainda que todos os colaboradores tem conhecimento da Lei
de cotas, consideram as atividades exercidas compatíveis com suas deficiências de
acordo com a legislação, bem como a remuneração que recebem, se considerada
com a de outras pessoas que não tem nenhum tipo de deficiência.
Após a apuração dos dados obtidos, verificou-se que as
hipóteses centrais da pesquisa não se confirmaram, pois este indivíduos
trabalham na Companhia não por falta de opção do mercado de
trabalho, e sim porque gostam. E a empresa não os contratou
exclusivamente devido a obrigatoriedade da legislação.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade turística no século XXI revela que a qualidade na prestação
dos serviços ofertados pelo setor, sobretudo nas companhias aéreas, é uma
necessidade incontestável para garantir a sobrevivência no mercado. Atrair e manter
uma rede de clientes é vital para qualquer empresa. Os consumidores cada vez
mais conscientes de sua importância, tornam-se mais exigentes com relação a
qualidade dos produtos e serviços ofertados pela indústria. Essa realidade é positiva
de um modo geral, pois cada vez mais o mercado passa a se esforçar para superar
a concorrência e com isso teremos uma vasta gama de serviços e produtos
ofertados e de boa qualidade.
Nos últimos anos a terceirização de serviços passou a dominar o
mercado. Percebemos prestação de serviços em todos os setores da economia. A
principal característica do serviço é a intangibilidade, que são as experiências
vividas pelo cliente no momento do consumo. O que torna os funcionários da
“chamada linha de frente” de importância crucial para a plena satisfação do cliente,
fazendo com que os setores de gerência e alta administração fiquem em segundo
plano na percepção do cliente/turista.
A atividade turística, enquanto atividade econômica proporciona o
desenvolvimento de novas visões de mundo e até mesmo transformações nas
relações com o ambiente. Neste sentido, cabe ao empresariado, quaisquer que seja
ele, micro, médio ou grande, implantar, promover e desenvolver toda e qualquer que
seja a atividade ligada ao setor de turismo.
Devido sua grande importância econômica, vários países se valem do
fomento à esta atividade, afim de gerar divisas, emprego e renda para a população.
Nos países centrais de evolução do capitalismo, e, por conseguinte, da classe média
internacional, o turismo já é uma atividade consolidada e organizada, em seus
diversos setores, enquanto produto-serviço ofertado.
O cenário mundial do Turismo está mais consciente do ambiente e
caminhamos para um turismo sustentável que surge na linha do conceito de
desenvolvimento sustentável, respeitador do ambiente, do patrimônio cultural, da
tradição. As tendências e motivações atuais no contexto da procura turística são
mutáveis como a moda e talvez no futuro os consumidores passem a adquirir
produtos que correspondam a critérios de qualidade ambiental.
Mas o século XXI não está sendo marcado somente pela excelência na
prestação de serviços. Nunca se falou tanto em inclusão social das pessoas com
deficiência, sobretudo no mercado de trabalho.
Com a regulamentação da Lei que obriga as empresas que têm um
quadro acima de cem funcionários, reservar um percentual de a partir de 2% das
vagas para estas pessoas, o que percebe-se é uma maior integração entre a
sociedade e estes indivíduos que antes eram tidos como inválidos ou doentes que
não poderiam exercer nenhuma atividade, principalmente remunerada, a não ser
aceitar a condição imposta até mesmo pela própria família, de ficarem em casa
escondidos, para não causarem “constrangimento” à sociedade por causa de suas
características diferentes da maioria da população.
O trabalho adquire um caráter fundamental na vida de qualquer indivíduo,
sobretudo em uma sociedade capitalista como a nossa, onde sua condição
financeira é seu “cartão de visitas”. A idéia de produtividade é inerente à questão do
direito ao acesso à sociedade, garantindo aos trabalhadores que sejam
considerados relevantes e tenham voz ativa.
A representação social do trabalho envolve o sentimento de pertencer a
um grupo (trabalhadores/produtores) e de ser aceito pelo mesmo. A idéia de
autonomia (pela ampliação das possibilidades de escolhas), sobretudo para as
pessoas com deficiência, é bastante significativa devido ao fato delas serem
desacreditadas de maneira indireta pela sociedade, ou seja, os deficientes de um
modo geral são estigmatizados pela condição de “incapacidade”.
Porém fato de ter ou não algum tipo de deficiência, não necessariamente,
coloca a pessoa na situação de incapacidade ou invalidez. Ao contrário, na maioria
dos casos, elas encontram respostas ou soluções para situações ou problemas que
para pessoas que não possui nenhum tipo de deficiência, pareça impossível de
realizar ou resolver, já que tais indivíduos tendem a perceber as situações de um
outro ângulo, de uma outra perspectiva. E no que tange ao seu desempenho
profissional a maioria dos empresários não considera que as atividades sejam
realizadas de maneira inferior, se comparadas às atividades dos empregados que
não têm nenhuma deficiência.
Todo esse processo de integração destes indivíduos envolve ações de
todos os membros da sociedade, sendo dividido em três direções: a social, a política
e a cultural. O nível social implica o acesso de todas as pessoas aos bens sociais da
educação, do trabalho, do transporte, da saúde, dentre outros.
O nível político consiste na participação de todos os cidadãos nos centros
decisórios, possibilitando que as decisões sejam tomadas de forma coletiva, o que
implica o envolvimento direto de todos os segmentos sociais. Finalmente, o nível
cultural que consiste no reconhecimento e no respeito do próximo - no caso, o
indivíduo com deficiência–, como membro efetivo da cultura, o que implica a
superação da atitude de olhá-lo como um ser não pertencente à mesma cultura
daqueles que o analisam.
Embora represente um fato importante e necessário, o investimento nos
aspectos social e político da integração são insuficientes se o aspecto cultural não
for assumido como o pilar de todo o esforço empreendido. Afinal, o que se almeja é
uma mudança mais ampla e mais profunda no modo de a sociedade entender a
diferença. Mudança essa possível somente a partir da construção de novos sentidos
e do desenvolvimento de novas atitudes em relação à diferença alheia.
Para se alcançar os objetivos de "igualdade" e de "plena participação,"
não bastam medidas de reabilitação voltadas para o indivíduo com deficiência. A
experiência tem demonstrado que é o meio que determina, em grande parte, o efeito
de uma deficiência ou incapacidade na vida diária da pessoa.
Uma pessoa se torna vítima do impedimento quando lhe são negadas as
oportunidades de que dispõe a comunidade em geral e que são necessárias aos
aspectos fundamentais da vida, inclusive a família, a educação, o emprego, a
moradia, a segurança econômica e pessoal, a participação em grupos sociais e
políticos, nas atividades religiosas, nas relações afetivas e sexuais, no acesso a
instalações públicas (acessibilidade), na liberdade de movimentos e no sistema geral
da vida diária.
A acessibilidade representa o conjunto de boas idéias que tiveram
sucesso em atender, simultaneamente, as diferentes necessidades das com
deficiência, e em facilitar a vida de todos. Nesse conjunto, alternativas de uso do
espaço construído estão sempre presentes para que a pessoa possa optar por
aquela que melhor se ajusta às suas necessidades, sem constrangimentos, sem a
perda do seu poder de decisão, e na medida do possível, com independência.
A prática da acessibilidade não deve ser restrita aos edifícios públicos, e
não é só responsabilidade da administração governamental. Cada organização
administrativa deve conter seu programa de implantação da acessibilidade. É uma
forma de garantir qualidade ambiental no espaço construído e nas formas de
funcionamento dessas organizações. Trata-se, por exemplo, do atendimento em
restaurantes que oferecem cardápios em linguagem Braille.
A iniciativa de realizar esta pesquisa ocorreu devido ao fato da autora ter
uma irmã com Nanismo – caracterizada pela baixa estatura fora dos padrões da
população - que há pouco mais de um ano conseguiu seu primeiro emprego e uma
colocação no mercado de trabalho. Estudante do 7° semestre do curso de
Administração na Universidade Estadual do Ceará e com 21 anos de idade, Lailana
Galvão Moraes, teve sua vida completamente mudada e para melhor após esta
colocação.
PEGAR NA IANE
A sua condição de baixa estatura SABER ALTURA não a limitou de
galgar degraus e conquistar vitórias como pessoa normal que é. Apaixonada por
música, aprendeu a tocar teclado aos seis anos de idade e aos 19, mesmo ano que
ingressou na faculdade, decidiu que iria aprender a tocar bateria e assim o fez.
A baixa estatura é sua única limitação física, já que sua inteligência
emocional, intelectual e raciocínio lógico superam, em muitos casos, pessoas que
não possuem essa limitação. Porém, mesmo com todos esses atributos, não foi fácil
exercer atividades simples, como andar pela rua desacompanhada, andar de ônibus,
fazer compras, alem de outras atividades consideradas rotineiras pelas pessoas que
não possuem deficiência alguma. A população, devido a falta de esclarecimentos e
ate mesmo educação, não reagem de forma natural ao se depararem com pessoas
anãs porque acham “engraçado” e fazendo com que a pessoa se torne alvo de risos
e chacotas.
Conviver com pessoas que de alguma forma são diferentes em sua
condição física ou mental, nos faz perceber e reconhecer nossas próprias
peculiaridades e com isso nos tornarmos pessoas melhores, menos egoístas
percebendo a realidade que esta a nossa volta. Aprendemos a respeitar o próximo,
bem como suas diferenças e principalmente reconhecer que também somos
deficientes em alguns momentos de nossas vidas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. São Paulo: editora SENAC, 1998.
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COOPER, Chris. Turismo, princípios e prática / Chris Cooper, John Fletcher, Stephen Wanhill, David Gilbert e rebecca Shepherd; trad. Roberto Cataldo Costa – 2. Ed. –Porto Alegre: Bookman, 2001
DE LA TORRE, Francisco. Sistema de Transporte Turístico ( Tradução Claudia Bruno Galvã). São Paulo: Roca, 2002.
EMBRATUR, Revolução silenciosa __________ Manual de acessibilidade.
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NETTO, Alexandre Panosso. Reflexões sobre um novo Turismo: política, ciência e sociedade / Alexandre Panosso Netto, Luiz Gonzaga Godoi Trigo. – São Paulo: Aleph, 2003 – Série Turismo
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PALHARES, 2001
PEREIRA
Qualidade nos Serviços Turísticos. Série Produto Turístico – Vol.2 Edição Sebrae
RUSCHMANN, 2003,
SILVEIRA, Marcos Aurélio T. da. Planejamento territorial e dinâmica local: bases para o turismo sustentável. Turismo: Desenvolvimento Local. São Paulo: Hucitec, 1999. p. 87-98.
TRIGO
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<http://www.mackenzie.br/editoramackenzie/revistas/administracao/adm2n2/revadm2n2_art3.pdf.> acesso em: 24/08/2006.
Pesquisa Merck Sharp. Disponível em: <http://www.clientesa.com.br/?sp=materia_integra.asp&secao=113&codigo=5328> acesso em: 12/09/2006.
Entrevista ao Jornal do Advogado OAB/SP. Disponível em: <http://www.ibcdtur.org.br/arquivos/informativo01.pdf> acesso em: 10/08/2006.
<http://www.mngt.waikato.ac.nz/departments/Tourism%20and%20Hospitality%20Management/staff/lohmann/imp_transp_aereo_tur_dom.pdf > acesso em: 20/08/2006.
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Sites consultados:
www.dac.org.br > acesso em 10 jul 2006
http://institucional.turismo.gov.br/mintur/coroot/CMS%5CDocumentoItem/files/livretoTURISMO.pdf > acesso em 25 jul 2006.
http://www.ibcdtur.org.br/arquivos/informativo01.pdf > acesso em 03 ago 2006.
www.revistaeventos.com.br/bn_conteudo.asp?cod=393-78k- > acesso em 03 out 2006
institucional.turismo.gov.br/.../DocumentoItem/files/Documento_Referencial_Turismo_no_Brasil_2007_2010.doc > acesso em 20 out 2006.
http://www.mec.gov.br/news/boletimImp.asp?Id=55 > acesso em 17 out 2006
www.pt.wikipedia.org/wiki/ Nanismo > acesso em 17 out 2006
www.inep.org.br > acesso em 23 out 2006
www.saci.org.br > acesso em 01 out 2006
http://www.firjan.org.br/downloads/ITPNE.doc. > 16 set 2006
http://agenda.saci.org.br/index2.php?modulo=akimimetro=1711 > acesso em 03 set 2006
http://www.mackenzie.br/editoramackenzie/revistas/administracao/adm2n2/revadm2n2_ art3.pdf. acesso em 03 set 2006.
http://www.clientesa.com.br/?sp=materia_integra.asp&secao=113&codigo=5328 acesso em 03 set 2006
portal.golnaweb.com.br > acesso em 02 nov 2006
ANEXO I
UNIDADE DE ATENDIMENTO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA
O Sistema Nacional de Emprego - SINE/CE, e o Instituto de Desenvolvimento do
Trabalho – IDT, instituiu uma equipe interdisciplinar que passou a estudar a
realidade das pessoas portadoras de deficiência e o mercado de trabalho e, a partir
de 1991, a sociedade cearense passou a dispor de um atendimento efetivamente
voltado para a questão da pessoa portadora de deficiência e sua inclusão no
mercado de trabalho.
A Unidade de Atendimento à Pessoa Portadora de Deficiência vem intensificando
suas ações no sentido de promover a inclusão das pessoas portadoras de
deficiência no cenário produtivo, visando melhorar a qualidade de vida e, sobretudo,
garantir a cidadania.
Principais Ações Desenvolvidas pelo SINE/IDT:
Cadastrar o trabalhador portador de deficiência;
Colocar as pessoas portadoras de deficiência no mercado de trabalho, de forma
digna, visando a melhoria da qualidade de vida e o exercício pleno da cidadania;
Encaminhar o trabalhador para a qualificação profissional;
Oportunizar o acesso ao primeiro emprego;
Preparar o trabalhador para enfrentar os paradigmas impostos pelo mundo do
trabalho;
Assessorar as empresas favorecendo o cumprimento da Lei n.º 8.213, 24 de julho de
1991;
Realizar parceria com as empresas, disponibilizando o maior banco de
trabalhadores de Fortaleza;
Contribuir com as discussões relacionadas com as pessoas portadoras de
deficiência no âmbito do trabalho;
Orientar as famílias dos trabalhadores portadores de deficiência favorecendo o
processo seletivo, contratação, adaptação e permanência do portador de deficiência
na empresa;
Gerar informações sobre a questão do trabalho para os portadores de deficiência;
Identificar as necessidades de qualificação profissional e propor, juntamente com as
Instituições parceiras, cursos com vistas à inclusão do trabalhador no mercado de
trabalho;
Facilitar o acesso ao benefício do seguro desemprego;
Promover a inclusão social das pessoas portadoras de deficiência.
O SINE/IDT conta com uma equipe preparada e dispõe de um serviço gratuito
voltado para dois públicos distintos: a pessoa portadora de deficiência (física,
auditiva, visual, mental e múltipla) e as demandas de colocação do empresariado
cearense, principalmente em cumprimento da lei n.º 8.213.
Principais Parcerias :
Procuradoria Regional do Trabalho -PRT;
Delegacia Regional do Trabalho e Emprego - DRTE / Núcleo Pró-Igualdade;
Federação das Indústrias do Estados do Ceará - FIEC;
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI;
Unidade de Referência de Reabilitação do Ceará – URRP/Fortaleza;
Secretaria de cultura do Estado do Ceará - SECULT;
Empresa Técnica de Transporte Urbanos S.A. - ETTUSA;
Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO;
Associação de Pais e Amigos do Excepcional – APAE;
Associação dos Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos – APADA;
Associação dos Deficientes Motores – ADM;
Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social – DATAPREV;
Associação dos Deficientes Físicos – ADF;
Instituto Cearense de Educação dos Surdos – ICES;
Associação Elos da Vida.
ANEXO II