inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. gol linhas aéreas

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CURSO DE TURISMO SUELLEN GALVÃO MORAES A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS NO MERCADO TURÍSTICO E SUAS REAIS EXPECTATIVAS. O CASO GOL

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Monografia de conclusão de Graduação em Turismo. 2007.2 Faculdade Integrada do Ceará.

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Page 1: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

CURSO DE TURISMO

SUELLEN GALVÃO MORAES

A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS NO MERCADO TURÍSTICO E SUAS REAIS EXPECTATIVAS. O CASO GOL

FORTALEZA2006

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SUELLEN GALVÃO MORAES

A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS NO MERCADO TURÍSTICO E SUAS REAIS EXPECTATIVAS. O CASO GOL

FORTALEZA2006

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SUELLEN GALVÃO MORAES

A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS NO MERCADO TURÍSTICO E SUAS REAIS EXPECTATIVAS. O CASO GOL

Monografia apresentada ao Curso de Turismo da Faculdade Integrada do Ceará como requisito para obtenção do grau de bacharel em Turismo. Sob a orientação da Profª, MS. Iane Sampaio Moreira Lima.

FORTALEZA2006

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TERMO DE APROVAÇÃO

A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES FÍSICOS NO MERCADO TURÍSTICO E SUAS REAIS EXPECTATIVAS. O CASO GOL

Por

SUELLEN GALVÃO MORAES

Este estudo monográfico foi apresentado no dia 28 do mês novembro de 2006, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo da Faculdade Integrada do Ceará, tendo sido aprovado pela Banca Examinadora composta pelos professores:

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________Profª Ms. Iane Sampaio Moreira Lima

Orientador – FIC

_______________________________Prof° Ms. Amaury Gurgel Neto

Examinador – FIC

______________________________Profª. Esp. Danielle Cavalcante

Examinador – FIC

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À minha mãe Rose Nely Galvão de Oliveira, mulher de fibra e determinação a quem devo minha vida e todo meu amor. E à minha irmã Lailana Galvão Moraes a qual foi fonte de inspiração para a realização desta pesquisa.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, Senhor e Criador de todas as coisas, por ter proporcionado à minha família

e a mim condições para que eu pudesse concluir a faculdade.

À meus pais José Ataíde Moraes e Rose Nely Galvão de Oliveira por todo carinho,

dedicação e paciência que sempre dispensaram a mim sem esperar nada em troca.

À minha irmã Lailana Galvão Moraes que colaborou de forma decisiva para

construção desta pesquisa.

Aos meus irmãos Raimundo Galvão de O. Neto e Roseany Galvão de Oliveira.

A uma amiga especial por seus conselhos e cuidados, com carinho: Virgianne

Praciano.

À D. Francisca Malveira um anjo que Deus colocou na minha vida.

Ao Fabiano Malveira por me ensinar muito sobre a vida.

À Professora Iane Sampaio pelo especial interesse em ser orientadora desta

pesquisa.

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Deficiente é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciência de que é dono do seu destino.

Autor desconhecido.

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RESUMO

Esta monografia analisa a inclusão das pessoas com deficiência física no mercado turístico e suas reais expectativas. Faz uma abordagem acerca da importância das companhias aéreas como fator contribuinte para o desenvolvimento turístico, considerando a atividade turística no século XXI. Aborda a realidade atual no Brasil sobre o cumprimento das Leis que asseguram os direitos da pessoa com deficiência e sobre a inclusão no mercado de trabalho. Tem como objetivo principal analisar o Programa de Inclusão de deficientes da Companhia Gol Linhas Aéreas, identificando o nível de satisfação bem como, as necessidades destes colaboradores no que se refere ao mercado profissional. A hipótese principal do trabalho sinaliza que essas pessoas trabalham na organização por falta de outras opções no mercado, supondo-se ainda que a empresa os emprega pela obrigatoriedade da legislação. Após as pesquisas realizadas ficou constatado que os colaboradores estão satisfeitos com seu trabalho, não se confirmando a falta de opção do mercado laboral. Verificou-se também que a empresa emprega um número superior ao estabelecido por lei. No referencial teórico foram utilizados livros específicos sobre o assunto, artigos científicos e periódicos direcionados, bem como pesquisas em meios eletrônicos. A pesquisa de campo pôde ser realizada através da aplicação de um questionário composto de perguntas objetivas e subjetivas, visando uma maior agilidade na abordagem dos participantes. Pode-se constatar ainda, que a maioria dos colaboradores com deficiência física tem interesse pelo setor turístico.

Palavras-chave: Turismo. Deficientes Físicos. Inclusão. Mercado de Trabalho.

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ABSTRACT

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 Dimensões das portas 38

FIGURA 02 Largura adequada de corredor 38

FIGURA 03 Dimensões do lavatório 39

FIGURA 04 Visão geral de um banheiro adaptado ao cadeirante 39

FIGURA 05 Referenciais genéricos, visando atender o maior número

possível de situações 40

FIGURA 06 Símbolo internacional de acesso 41

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LISTA DE GRAFICOS

GRAFICO 01 Receita Cambial Turística 26

GRAFICO 02 Setores da empresa em que os PNE’s atuam ou irão atuar 46

GRAFICO 03 Empregados por tipo de deficiência 50

GRAFICO 04 Desempenho profissional dos PNEs 51

GRAFICO 05 Sexo 58

GRAFICO 06 Faixa etária 59

GRAFICO 07 Nível de escolaridade 59

GRAFICO 08 Quantidade de pessoas que trabalham na família 60

GRAFICO 09 Nível de renda meda familiar 60

GRAFICO 10 Tipos de deficiência 61

GRAFICO 11 Trabalhou antes em outra empresa 62

GRAFICO 12 Nível de satisfação com sua atividades 62

GRAFICO 13 Nível de satisfação referente ao salário 63

GRAFICO 14 Interesse pelo setor turístico 63

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AIEST – Associação Internacional de Especialistas Científicos em turismo

AMFORT – Associação Mundial para Formação Profissional Turística

CHETA – Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo

CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de

Deficiência Física

Corde – Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência

DAC – Departamento de Aviação Civil

Db – Decibeis

ECA-SP - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo

IBCDTur - Instituto Brasileiro de Ciências e Direito do Turismo

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFES – Instituição Federal de Ensino Superior

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira

INSS - Instituto Nacional do Seguro Social

MEC – Ministério da Educação

OAB/SP - Ordem dos Advogados do Brasil

OMS – Organização Mundial de Saúde

OMT – Organização Mundial do Turismo

ONU – Organização das Nações Unidas

PIB – Produto Interno Bruto

PNE – Portador de Necessidades Especiais

PNMT - Programa Nacional de Municipalização de Turismo

PNT - Plano Nacional de Turismo

SEEsp – Secretaria de Educação Especial

SERASA -

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SESU - Secretaria de Educação Superior

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

2 A ATIVIDADE TURÍSTICA E AS COMPANHIAS

AÉREAS COMO FATOR DE REDUÇÃO DA DISTÂNCIA

2.1 Atividade turística no século XXI

2.1.2 Uma abordagem crítica

2.1.3 O turismo no contexto promissor

2.2 A importância das companhias aéreas para o turismo

2.3 Qualidade na prestação de serviços com enfoque para

as companhias aéreas

3 (DE)EFICIENTES FÍSICOS: LEGISLAÇÃO E MERCADO

DE TRABALHO

3.1 Barreiras arquitetônicas: entraves à acessibilidade

3.2 Como auxiliar uma pessoa com deficiência

3.3 Legislação pertinente – lei n° 7.853 Política Nacional

para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência

3.3.2 Inserção no mercado de trabalho

3.3.3 Lei de cotas para empresas

4 GRUPO ÁUREA ADMINISTRAÇÃO E PARTICIPAÇÕES

S.A

4.1 Gol Linhas Aéreas Inteligentes

4.1.1 As primeiras conquistas

4.1.2 Low cost, low fare

4.2 O programa de inclusão da empresa

4.3 A inclusão dos deficientes físicos no mercado turístico e

Page 14: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

suas reais expectativas: o caso GOL

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS

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1 INTRODUÇÃO

A inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho é uma

realidade. Graças a esforços ilimitados realizados por parte dessas pessoas que já

não mais ficam escondidas em casa, até mesmo sofrendo a discriminação pela

própria família, tendo que carregar o estigma de “incapazes”, ou sendo consideradas

um “peso” para a sociedade.

Conseguir uma colocação no mercado de trabalho, não é tão fácil. Há que

se ter uma boa qualificação profissional e acadêmica, porém para as pessoas com

deficiência, no geral, torna-se mais difícil, por suas limitações - o que leva ao

preconceito e discriminação por parte do empresariado e ainda devido ao seu nível

de qualificação, que muitas vezes os impedimentos iniciam já na infância, isto é, no

período pré-escolar.

O incentivo à educação a fim de que se tenha um maior nível de

escolaridade e de profissionalismo técnico do deficiente, é de suma importância

principalmente para que haja uma maior integração com a sociedade, até mesmo

para que a sociedade se “acostume” a conviver com “pessoas diferentes” e assim

aceitá-las como “pessoas normais” e capazes.

É conveniente e oportuno salientar que alguns programas, principalmente

do Governo Federal, são desenvolvidos a fim de tentar minimizar situações de

discriminação contra os estudantes com deficiência, garantindo o seu direito à

educação superior em instituições privadas de educação superior e oferecendo, em

contrapartida, isenção de alguns tributos àquelas que aderirem aos programas.

Concomitantemente a problemática da inclusão dessas pessoas nos

ambientes acadêmicos e de trabalho, encontra-se outra questão inerente e não

menos importante: as barreiras que limitam as pessoas com deficiência no que diz

respeito à estrutura física dos lugares; à comunicação que é a ausência ou carência

de sinalização direcionada a estes indivíduos; às atitudinais, que se referem ao

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comportamento preconceituoso da sociedade perante uma pessoa com deficiência;

às barreiras metodológicas que alude à generalização das necessidades dessas

pessoas; e às pragmáticas, que dizem respeito ao não cumprimento das leis que

protegem esses indivíduos.

Todas essas barreiras incidem de forma direta e negativa na vida das

pessoas com deficiência, por isso percebe-se a importância de transpor tais

obstáculos. Nota-se, entretanto um maior empenho dos Governos no sentido de

fomentar as políticas públicas voltadas para este segmento, bem como uma

participação mais atuante da iniciativa privada quanto à inclusão destas pessoas.

Este trabalho tem como objetivo principal analisar as reais expectativas

das pessoas com deficiência que trabalham no trade turístico, especificamente na

Companhia Gol Linhas Aéreas.

Considera-se, o estudo como exploratório por envolver um levantamento

bibliográfico e pesquisa de campo. Trata-se também de um trabalho descritivo, pois

contextualiza a problemática que envolve as pessoas com deficiência, bem como as

variáveis pertinentes ao estudo do turismo.

Para elaborar esta monografia utilizou-se de pesquisa bibliográfica,

através de livros, documentos, artigos científicos, periódicos específicos e meios

eletrônicos a fim de aprofundar os conceitos que serviram para esclarecer os

problemas investigados. A pesquisa de campo foi realizada através da aplicação de

questionário com todos os treze colaboradores com deficiência da Gol Fortaleza, a

qual buscou identificar além do perfil socioeconômico e profissional, suas reais

aspirações quanto ao trabalho que estão a executar.

Algumas indagações foram fundamentais na motivação inicial do trabalho,

o qual se buscou respostas para os seguintes questionamentos:

- Qual o grau de satisfação e as reais expectativas em relação ao

mercado de trabalho, dos colaboradores com deficiência na Companhia Gol Linhas

Aéreas de Fortaleza?

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- Há diferença percebida pela empresa, no nível de desempenho

profissional por parte das pessoas com deficiência em relação aos demais?

O desenvolvimento do trabalho foi organizado em três capítulos. O

primeiro faz uma abordagem da importância das companhias aéreas para o turismo

e o desenvolvimento do turismo no século XXI. Abordou-se no capitulo seguinte, as

características e dimensões referentes aos deficientes físicos, bem como a

legislação pertinente e algumas adaptações arquitetônicas para contribuir de forma

positiva no deslocamento dessas pessoas.

O terceiro e último capítulo apresenta-se a Gol, sua história, o Programa

de inclusão e por fim, faz-se uma análise através da pesquisa de campo, feita não

só com os colaboradores que fazem parte do Programa, mas também com a

responsável pelo setor de Recursos Humanos da Gol Fortaleza Luzanira Pereira.

Para realização deste trabalho de pesquisa algumas das fontes mais

utilizadas foram o Manual de Recepção e Acessibilidade de Pessoas Portadoras de

Deficiência e artigos relacionados à inclusão de pessoas com deficiência no

mercado de trabalho, bem como a legislação pertinente encontrada, e em sites

especializados como o da Rede SACI.

2 ATIVIDADE TURÍSTICA E AS COMPANHIAS AÉREAS COMO

FATOR DE REDUÇÃO DA DISTÂNCIA

A atividade turística compreende uma série de fatores e setores que a

torna complexa de se definir, já que ela é considerada interdependente e

compreendida como uma atividade multidisciplinar necessitando da engenharia,

psicologia, do direito, da economia dentre outras atividades, sendo também

vulnerável a fatores naturais e físicos que não se pode controlar na maioria das

vezes, como desastres climáticos, atentados violentos e condições políticas e

sociais.

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Um dos conceitos sobre o Turismo é citado por Beni (1997, p: 36) o qual

abrange os serviços relacionados à atividade:

Turismo refere-se à provisão de transporte, alojamento, recreação, alimentação e serviços relacionados para viajantes domésticos e do exterior. Compreende a viagem para todos os propósitos, desde recreação até negócios.

Porém Robert Mclntosh (apud BENI, 1997, p.18), mostra uma face do

turismo não empresarial, mas qualitativa no que diz respeito ao turista, ou seja, suas

necessidades devem ser observadas com atenção: “a arte e a atividade de atrair e

transportar visitantes, alojá-los e cortesmente satisfazer suas necessidades e

desejos”.

De La Torre (apud IGNARRA, 1999, p. 24) preocupado em abranger o

maior número de características em um único conceito, diz:

O Turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupo de pessoas que por qualquer motivação, saem do seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa ou remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural.

Um segmento que é diretamente envolvido com a atividade turística é o

de transportes. Seja por via terrestre, marítima ou aérea. Sendo este último, o mais

relevante para o contexto da pesquisa.

O transporte aéreo teve seu maior desenvolvimento após a Segunda

Guerra Mundial onde houve um grande impulso, tendo um efetivo aperfeiçoamento

das aeronaves devido à experiência adquirida pelos aviadores que atravessavam os

oceanos transportando tropas e materiais bélicos.

Após a Segunda Guerra Mundial, sobraram aviões e a oferta de mão-de-

obra especializada, principalmente dos pilotos, inflacionou o mercado de trabalho no

mundo todo. Foi nesse período, de mão-de-obra e material de vôos baratos que a

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aviação comercial brasileira teve sua estrutura técnica e econômica alterada

completamente, tendo como principal conseqüência, uma considerável demanda de

novas empresas aéreas, aproximadamente 60. Porém somente 25 chegaram a

operar, mas a indisciplina, a irresponsabilidade, a improvisação foram as causas de

tantos insucessos da maioria das empresas (PEREIRA,1996).

Após essa “guerra de tarifas” o Governo brasileiro estabeleceu um teto

mínimo para operação das tarifas aéreas. Desse desequilíbrio a única empresa que

“sobreviveu” na época, foi a VARIG. Na década de 90 o País passou a abandonar a

política de fixação de preços, definindo assim uma política de “flexibilização tarifária”.

O Departamento de Aviação Civil (DAC), cuja missão é estudar, orientar, planejar,

controlar, incentivar e apoiar as atividades da Aviação Civil pública e privada,

estabeleceu uma tarifa mínima ou tarifa básica, que poderia ser variável de acordo

com a necessidade de cada empresa1.

Em conseqüência dessa nova política de mercado, as companhias aéreas

passaram por uma série de mudanças tais como: abertura do mercado doméstico

para a entrada de novas empresas, tanto de transporte regular quanto de transporte

não regular, incluindo regionais e cargueiras; foi extinta a política de delimitação do

espaço regional para cada empresa aérea; estabeleceu-se maior flexibilidade para a

concessão de novas linhas aéreas; foram designadas novas empresas nacionais

para explorar o transporte aéreo internacional; foi admitida a criação e o

licenciamento de um novo tipo de empresas, destinadas à exploração do transporte

aéreo não regular de cargas e passageiros, na modalidade de charter – aquele que

se realiza a aquisição total da capacidade de um avião para um vôo ou vôos sujeitos

a um itinerário particular e disponível exclusivamente para o contratante. (DE LA

TORRE, 2002).

Considerando a finalidade, Moura (19992, p.38) destaca que a “empresa

de transporte aéreo tem por objetivo a prestação de serviços aéreos, basicamente o

de locomover pessoas ou mercadorias, por via do espaço aéreo, de um lugar para

outro”.

1 www.dac.org.br > acesso em 10 jul 2006

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Segundo o autor supracitado, o emprego da aviação em transporte de

pessoas e de mercadorias tem-se constituído num dos fatores mais importantes de

intercâmbio cultural e mercantil entre os povos mais distantes, contribuindo para o

progresso e bem-estar da humanidade e consequentemente o desenvolvimento da

atividade turística. Uma infra-estrutura de transporte adequada e acesso aos

mercados geradores são importantes pré-requisitos para o desenvolvimento de

qualquer destino.

Cooper (2001) diz que na maioria dos casos, o turismo se desenvolve em

áreas onde grandes redes de transporte funcionam ou estão em potencial

funcionamento. Nas últimas décadas a tecnologia dos transportes teve que se

adaptar às exigências dos turistas que desejam ser transportados com mais

segurança, conforto e rapidez por um custo razoável, passando o meio de transporte

a ser tão importante quanto o próprio destino a ser visitado. As instalações dos

terminais em terra são também um atrativo que faz parte da viagem já que

normalmente são bastante sofisticados.

A viagem aérea é atrativa por sua velocidade e alcance, sobretudo para

locais mais distantes, pois a economia de tempo é surpreendente. Hoje nenhum

lugar estar a mais de 24 horas de distância de qualquer ponto do globo terrestre.

O mesmo autor ressalta ainda que a fatia de viajantes por transporte

aéreo tem crescido rapidamente durante as últimas décadas. Esse tipo de viajante

tem muito mais tempo e não necessariamente exige serviços de qualidade muito

alta. Porém, diferente do viajante de negócios, são eles próprios quem pagam sua

passagem tornando-o assim, bem mais exigente no que se refere ao preço do

serviço. Na Europa algumas companhias aéreas têm desenvolvido tarifas

específicas para o turismo de lazer e atendendo às necessidades desse mercado.

2.1 Atividade turística no século XXI

Page 21: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

O turismo vem assumindo uma posição de destaque no contexto do

processo de internacionalização da economia designado de globalização. Sendo

considerado um setor estratégico para países e regiões que buscam o seu

desenvolvimento econômico. É uma atividade que apresenta grande potencial de

expansão em escala mundial.

O aumento do tempo livre, associado aos avanços ocorridos nos meios

de transportes e comunicações, bem como os novos hábitos de consumo durante o

tempo de lazer das sociedades contemporâneas, provocou uma verdadeira explosão

do turismo nas últimas quatro décadas. Estudiosos se referem à atual fase de

expansão do turismo como sendo a “segunda era de ouro das viagens”, enquanto a

primeira teria ocorrido a partir da segunda metade do século XIX (TRIGO, 1993;

THEOBALD, 1994; URRY,1996; RODRIGUES, 1997 a; 1997b at all.).

Na década de 90 a Associação Mundial para Formação Profissional

Turística (AMFORT) e a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São

Paulo (ECA-USP) organizaram um seminário para discutir o futuro da atividade

turística no Brasil para os anos seguintes. Algumas publicações feitas nessa época

mostraram com clareza quais seriam as tendências que marcariam a década:

questões ambientais e de sustentabilidade, tecnologias avançadas, sociedade pós-

moderna e pós-industrial.

RITCHIE (apud TRIGO, 2003, p.21) em seu texto publicado pelo

American Express (1992) diz que: “Conflitos regionais e atividades terroristas são

impedimentos ao desenvolvimento e à prosperidade do turismo”. Trigo (IBIDEM)

questiona o motivo de no início deste século não ter havido seminários mostrando as

novas tendências para atividade e como resposta, afirma que as variáveis políticas,

econômicas, culturais e sociais ainda são desconhecidas no que tange o seu

desenvolvimento, bem como a instabilidade global. Afirma ainda que dos assuntos

discutidos no final do século XX os que certamente continuaram neste século são os

que se envolvem com a questão da competitividade nas novas sociedades.

Page 22: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

O turismo é uma atividade que tem apresentado grandes impactos na

economia mundial. Nos últimos 25 anos, a atividade registrou crescimento anual de

4,4%, média anual, enquanto o crescimento mundial médio, medido pelo PIB, foi de

3,5% ao ano. Segundo a OMT de 6 a 8% do total de empregos gerados no mundo

depende do turismo2.

Essa atividade tem sido objeto de atenção, como instrumento de geração

de emprego e de renda nas economias dos países desenvolvidos e mais recente,

nos países emergentes.

2.1.2 Uma abordagem crítica

O turismo é uma das atividades econômicas que mais tem crescido no

mundo - perdendo apenas para a atividade petrolífera, passando a despertar o

interesse da iniciativa privada e dos órgãos públicos visando uma melhoria da

qualidade de vida e renda da população local gerando empregos diretos e indiretos.

Porém há quem afirme que o Brasil ainda possui uma “visão amadora” da

atividade turística, como é o caso do Professor Luis Henrique Brunelli, Diretor de

Pesquisas do Instituto Brasileiro de Ciências e Direito do Turismo (IBCDTur). De

acordo com BRUNELLI, o Plano Nacional do Turismo adverte que o Brasil, apesar

dos avanços obtidos nos últimos anos, “está longe de ocupar um lugar no cenário do

turismo mundial que seja compatível com suas potencialidades e vocações” 3.

Em entrevista ao jornal do Advogado da Ordem dos Advogados do Brasil/

São Paulo (OAB/SP), em sua edição de junho de 2004, o Prof. Aurélio de Lacerda

Badaró esclareceu que a falta de articulação entre os setores governamentais,

público e privado, tem gerado políticas desencontradas para o turismo, fazendo com

que os poucos recursos destinados ao setor “se percam em ações que se

2 http://institucional.turismo.gov.br/mintur/coroot/CMS%5CDocumentoItem/files/livretoTURISMO.pdf > acesso em 25 jul 2006.3 http://www.ibcdtur.org.br/arquivos/informativo01.pdf > acesso em 03 ago 2006.

Page 23: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

sobrepõem ou que não estão direcionadas para objetivos comuns, visando a

desejada excelência turística no Brasil”.

Badaró cita ainda alguns pontos que ele considera críticos no Brasil com

relação à atividade turística, são eles: ausência de um processo de avaliação de

resultados das políticas e planos destinados ao setor; qualificação profissional

deficiente dos recursos humanos do setor, tanto no âmbito gerencial quanto nas

habilidades especificas operacionais; inexistência de um processo de estruturação

da cadeia produtiva impactando a qualidade e a competitividade do produto turístico

brasileiro; regulamentação inadequada da atividade e baixo controle de qualidade na

prestação de serviços com foco na defesa do consumidor; superposição dos

dispositivos legais nas várias esferas públicas, requerendo uma revisão de toda

legislação pertinente ao setor; oferta de crédito insuficiente e inadequada para o

setor.

De acordo com a revista britânica “The Economist” que publica

anualmente um suplemento intitulado de “The Word” traz edições com análises das

tendências do turismo no mundo a partir do ano de 2001, onde o impacto no setor foi

sentido sensivelmente devido ao “Atentado do 11 de setembro” (apud, TRIGO,2003).

A análise realizada pela revista mostra que o turismo teve um desenvolvimento

maior na década de 90 e a partir de 2002 encontrara uma série de fatores que

dificultaram e delimitaram o seu desenvolvimento. Tendo como motivos os atentados

terroristas e os problemas econômicos internacionais.

Trigo (2003, p.28) comenta que os três fatores essenciais para o

desenvolvimento do turismo em determinada região ou país, são a estabilidade

política, econômica e social. Afirma que se não houver pelo menos um desses

fatores, a atividade turística ainda poderá ser mantida, porém se dois desse fatores

não existirem certamente a atividade sofrerá uma queda considerável. Porém

ressalta com categoria, que o terrorismo compromete definitivamente o setor de

viagens e turismo. Esse fator vem atingindo duramente o tráfego aéreo internacional.

Países como China, Japão, Brasil e os continentes da Europa, África do Sul e

Oceania no geral tem mantido seu fluxo turístico somente com algumas diminuições

provocadas por problemas econômicos circunstanciais.

Page 24: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

2.1.3 O turismo no contexto promissor

No século XXI, o turismo entra como uma das mais expressivas forças

emergentes no mercado mundial. Muitos vêem a atividade como um movimento de

pessoas - um ramo das ciências sociais que ultrapassa os dados da balança

comercial. Considerando sua cadeia produtiva envolvida por: agentes de viagens,

meios de transportes, meios de hospedagem, restaurantes, entretenimento,

compras, etc., contribuem com mais de US$ 3,8 trilhões, valor equivalente a 11% do

Produto Interno Mundial. É também responsável pela geração direta e indireta de

mais de 260 milhões de postos de trabalho, o equivalente á 10% da força de

trabalho mundial, representando uma em cada nove pessoas empregadas no

mundo, com perspectiva de serem criados mais 100 milhões de empregos até o ano

2010. (EMBRATUR, 2001).

OLIVEIRA (2000, p.47) destaca que na metade dos 178 países membros

das Nações Unidas, o turismo é a primeira ou segunda fonte de negócios e que para

cada dia em que 100 turistas que viajam pelos Estados Unidos são criados 67 novos

empregos, produzindo com isso US$ 2,8 milhões em serviços e US$ 189 mil em

impostos estaduais; os governos em todo o mundo – federal, estadual ou municipal

– recebem cerca de US$ 40 bilhões por ano em impostos provenientes da atividade

turística.

Até meados de 1996 o Brasil poderia ser considerado como um país que

não buscava se destacar no setor de viagens, pois até então poucas iniciativas eram

feitas para que isso ocorresse. Após a implantação da Política Nacional de Turismo,

o Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), em parceria com as entidades do

setor privado e com as secretarias estaduais de turismo, construiu o Planejamento

Estratégico do Turismo Nacional, que indicaria a rota do crescimento (EMBRATUR,

s/d).

Page 25: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Implantada pelo Governo Federal desde 1996, a Política Nacional de

Turismo estabeleceu as metas prioritárias para o desenvolvimento do Turismo no

Brasil, cabendo à EMBRATUR a execução dessa política que teve como uma das

suas premissas a descentralização da gestão do setor. Projetos regionais integrados

e outros como o Programa Nacional de Municipalização de Turismo (PNMT) fizeram

parte dessa nova fase. O PNMT incentivou a capacitação profissional e a melhoria

dos serviços.

Em entrevista concedida a Revista dos Eventos, o ex-presidente da

EMBRATUR, Caio Luiz de Carvalho, falou de uma “Revolução Silenciosa” que o

Brasil passava, onde o crescimento do turismo atingiu recorde acima da média

mundial da ordem de 12,6% no período de 2004/05, enquanto que no mundo

cresceu 5,7%, em média, no mesmo período.

Nos últimos anos, o turismo brasileiro passou por uma transformação extraordinária. Com planejamento, criatividade, persistência, parcerias e trabalho superou os mais diversos desafios para se consolidar como uma das principais atividades produtivas do país. Caio Luiz de Carvalho – Ex-Presidente da EMBRATUR4.

Em 2005, o Brasil alcançou a receita de US$ 3,86 bilhões, superior em

19,83% ao ano de 2004 (US$ 3,22 bilhões), atingindo a marca de 34 meses

consecutivos de crescimento desde março de 2003. Como mostra o gráfico 01.

Gráfico 01 Receita Cambial Turística (Milhões US$)

4 www.revistaeventos.com.br/bn_conteudo.asp?cod=393-78k- > acesso em 03 out 2006.

Page 26: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte5: Banco Central do Brasil

As potencialidades econômicas do turismo, relacionadas ao emprego e

renda, têm sido fonte de atração para a maior parte dos governantes no mundo, que

consideram essa atividade um instrumento estratégico de relativa importância na

superação de problemas sociais.

No ano de 2003, o turismo ganhou um ministério específico, o Ministério

do Turismo, que lançou o Plano Nacional de Turismo (PNT), com a intenção de

desenvolver esse setor para criar mais empregos, gerar divisas, reduzir as

desigualdades regionais e redistribuir melhor a renda (MINISTÉRIO DO TURISMO,

2003). O objetivo foi o de desenvolver o produto turístico com qualidade e estimular

o seu consumo nos mercados nacional e internacional, diversificando a oferta e

estruturando os destinos turísticos, ampliando e qualificando o mercado de trabalho.

A atividade turística tem se modificado nas últimas décadas e dentre as

novas tendências estão: o desenvolvimento sustentável, o turismo de baixo impacto,

turismo social e envolvimento das comunidades, turismo e deficientes físicos,

surgimento de novos segmentos.

Desenvolvimento sustentável é a palavra de ordem para o novo milênio.

J.R. Brent Ritchie escreveu um artigo intitulado de Novas realidades, Novos

5 institucional.turismo.gov.br/.../DocumentoItem/files/Documento_Referencial_Turismo_no_Brasil_2007_2010.doc > acesso em 20 out 2006.

Page 27: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Horizontes, publicado pela revista The Annual Review of Travel (1992) mostrava que

as tendências para o turismo seriam a questão do meio ambiente; a disseminação

da democracia no planeta; o aumento do número de idosos; a racionalização de

investimentos na economia de mercado; a diversidade cultural em modo

homogêneo; e o dilema: tecnologia x recursos humanos, etc. (TRIGO, 2003).

A concepção de desenvolvimento sustentável implica em novo paradigma

de pensar das sociedades humanas segundo uma nova ética de democratização de

oportunidades e justiça social, percepção de diferenças como elementos

norteadores do planejamento, compreensão da dinâmica e do código e valores

culturais e compromisso global com a conservação dos recursos naturais. (IRVING

E AZEVEDO, 2002, p.35).

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU),

desenvolvimento sustentável “é aquele que atende às necessidades do presente

sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas

próprias necessidades”. Esses conceitos sobre desenvolvimento vêm sendo

trabalhados com mais intensidade nos últimos anos. Desta forma, surge o Turismo

Sustentável que tem a missão de utilizar as reservas naturais presentes sem

comprometer o uso das mesmas para os turistas no futuro (MAGALHÃES, 2002,

p.88).

Preocupados com a problemática do relacionamento do turismo com o

meio ambiente, membros da Associação Internacional de Especialistas Científicos

em turismo (AIEST) em 1991, indicaram quatro características especiais para o

desenvolvimento do turismo sustentável: respeito ao meio ambiente natural: turismo

não pode colocar em risco ou agredir irreversivelmente as regiões nas quais se

desenvolve; harmonia entre a cultura e os espaços sociais da comunidade

receptora: sem agredi-la ou transforma-la; distribuição eqüitativa dos benefícios do

turismo, entre a comunidade receptora, os turistas e os empresários do setor; um

turista mais responsável e atencioso e receptivo com as normas de preservação

ambiental.

Wheller, (apud RUSCHMANN, 2003, p.115) aponta o caminho para o

crescimento do turismo na prática:

Page 28: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

A educação para o turismo voltado para a arte de viajar torna-se uma “técnica cultural” e seus conhecimentos deverão ser obrigatórios para os “turistas”. Devemos frente a questões, trabalhar para a educação e a conscientização para turismo, trabalhando o futuro desta atividade no mundo, buscando a inserção planetário do ser humano.

Para uns, o turismo é uma forma de peregrinação pela busca da

autenticidade ou do diferente, um veículo de promoção da amizade e da paz entre

os povos, um tipo de relação étnica e cultural, uma forma de valorização do

patrimônio cultural e natural dos lugares e uma importante atividade econômica.

Para outros, o turismo é uma nova forma de colonialismo, de dominação econômica

dos países ricos sobre os países pobres, um processo de aculturação e de

transformação da cultura em mercadoria, um agente de mudança social, um modo

de degradação do meio ambiente, uma forma de imigração e emigração, uma

representação da superficialidade e da falta de autenticidade, um drama da

sociedade moderna resultante da busca pelo autêntico num mundo cada vez mais

sem sentido. (CAZES, 1996; URRY, 1996; RODRIGUES, 1997; TRIGO, 1998,

THEOBALD, 1998).

Conforme Magalhães (2002) duas linhas de pensamento vêm sendo

trabalhadas no sentido de garantir as bases para o aproveitamento da atividade

turística. A primeira está voltada para uma visão mais abrangente da organização

espacial, as interações e transformações que o fenômeno produz na sociedade. A

segunda linha atenta para a implementação de estratégias capitalistas as quais

ressaltam o movimento de recursos financeiros, emprego de mão-de-obra e fomento

de infra-estruturas que beneficiam as comunidades.

Desta forma, os setores da cadeia produtiva do turismo cumprem papel

fundamental no que tange o desenvolvimento na vertente capitalista. Através de

suas estratégias, como pode ser percebido pelo segmento das companhias aéreas

além da geração de emprego, impactam economicamente nas localidades por

serem o principal agente promotor do fluxo de turistas.

2.2 A importância das companhias aéreas para o turismo

Page 29: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Até a Segunda Guerra Mundial as viagens transatlânticas eram realizadas

quase que exclusivamente pelo mar. Posteriormente, o advento de aeronaves mais

confiáveis e de maior capacidade proporcionou mais segurança, redução no tempo

de viagem e, em alguns casos, diminuição das tarifas praticadas. Com a chegada do

avião a jato, ainda na década de 50, houve um incremento tanto da confiabilidade

como da velocidade. Estas conquistas tecnológicas confirmaram o transporte aéreo

como um excepcional agente promotor e multiplicador do turismo. (PALHARES,

2001).

O segmento de transporte aéreo é um dos mais dinâmicos da economia

mundial. Cumpre importante papel estimulando as relações econômicas e o

intercâmbio de pessoas e mercadorias (dentro e fora dos países). Palhares

(IBIDEM) apresenta o turismo como uma indústria de destacada relevância e de

incontáveis impactos positivos evidenciando o papel vital que este meio de

locomoção tem representado como multiplicador e fomentador desta indústria.

Afirma ainda que a atividade turística depende fortemente do setor para que

continue a se expandir e a disseminar resultados favoráveis às localidades

receptoras.

Em termos de chegada de turistas internacionais, o transporte aéreo

representa o mais importante meio de deslocamento. Mais de 80% das chegadas

internacionais no Sul e no Leste da Ásia são decorrentes do transporte aéreo. Na

América do Sul, de acordo com a OMT (Organização Mundial do Turismo), este é

responsável por 58% de todas as chegadas internacionais, enquanto que na

América do Norte é responsável por cerca de 40%. Vale ressaltar que os turistas

que chegam a uma localidade por via aérea, gastam mais do que os que chegam

por qualquer outro meio.

No Brasil, a demanda por ingressos de turistas estrangeiros e nacionais

poderia ser bem maior se órgãos de competência pública e privada se

empenhassem em reunir forças para uma maior divulgação dos pólos receptores,

gerando assim empregos, aumentando os salários médios da região, bem como o

Page 30: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

crescimento das receitas das empresas nelas localizadas. Tudo isso devido ao

maior número de ingressos de turistas na região (PALHARES, 2001).

O quadro atual do transporte aéreo brasileiro é de grandes mudanças,

sobretudo em relação a dois tópicos: desmilitarização do setor e aumento da

competitividade entre as empresas aéreas. Tais movimentos, conjuntamente com a

gradual desestatização do sistema aeroportuário brasileiro, estão e poderão

continuar contribuindo para um maior incremento do turismo doméstico brasileiro.

Isso porque esta competitividade permite a diminuição real das tarifas praticadas,

quer sejam as mesmas provenientes dos pacotes turísticos, quer dos vôos charters

ou, mais recentemente, pela entrada de empresas regulares de baixo custo como a

Gol Linhas Aéreas Inteligentes.

2.3 Qualidade na prestação de serviços com enfoque para as

companhias aéreas

Nos últimos anos a economia moderna está vivenciando um crescente

aumento do setor terciário, ou seja, a prestação de serviços. Percebe-se, que os

serviços estão espalhados em todos os setores da economia, seja como atividade

principal, seja como atividade secundária e em todos os níveis de uma produção.

Por isso cada vez mais se tem uma preocupação com a Qualidade do serviço

prestado.

Um serviço tem como características a intangibilidade, que são

experiências vividas pelo cliente, que por sua vez tem uma avaliação muito subjetiva

já que depende da percepção de cada cliente; são perecíveis e por esta razão não

podem ser armazenados para uso posterior, dificultando assim um gerenciamento

no caso da demanda variável – como na Atividade Turística; são heterogêneos pois

ocorrem variações importantes na prestação do mesmo serviço, dependendo do

cliente e do contexto onde está sendo prestado o serviço; outra característica é a

simultaneidade, ou seja, estão sendo produzidos ao mesmo tempo que consumidos,

Page 31: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

não permitindo que se tenha um controle de qualidade final antes da entrega.

(CASTELLI, 2001, p. 146 e 147).

Devido a crescente exigência por parte dos clientes pela qualidade na

prestação de serviços, as empresas deixaram de pensar que ter um serviço de

qualidade era considerado um “favor” que estaria prestando a um cliente e passaram

a entender que dependeria a sua sobrevivência no mercado competitivo, até porque

a quantidade de empresas e produtos concorrentes tem crescido

consideravelmente.

Manter um cliente é seguramente mais difícil que conquistá-lo. Daí a

questão deixa de ser interesse somente dos níveis gerenciais e passa para os

funcionários da “linha de frente”, no qual acontecem os Momentos da Verdade. A

superação de expectativas tornou-se um item primordial, tanto para o cliente quanto

para o fornecedor que desejam continuar no mercado.

Cullen (apud BARROS, 1999, p.03), diz que:

Neste próximo milênio, as tendências indicam que permanecerão no mercado apenas dois tipos de empresa. Aquelas que investiram maciçamente em Qualidade, numa preocupação constante coma satisfação de seus clientes, e as outras que não existiram mais.

Para se perceber a Qualidade, dois personagens são necessários: o

produtor e o consumidor. Caso contrário tem-se o que se chama de conceito

unilateral, ou seja, julga-se somente um lado. Barros (1999, p. 09), diz que a

Qualidade deve ter um conceito integrado, envolvendo a expectativa do cliente e a

conformidade do processo que a produziu.

Qualidade é um conjunto de características de desempenho de um

produto ou serviço que, em conformidade com as especificações, atende e, por

vezes, supera as expectativas e anseios do consumidor (cliente). (FEIGENBAUM

apud BARROS, 1999, p.09).

Page 32: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Com relação às Companhias aéreas, a prestação de seus serviços é

muito cobrada por parte de seus clientes, visto que vários fatores estão implícitos,

como o preço pago pela passagem aérea que é relativamente alto, a tensão que

naturalmente muitos clientes sentem quando vão embarcar e até mesmo os motivos

que o levaram a viajar por via aérea, tornando o cliente sempre mais sensível a

possíveis “deslizes” de quem quer seja o prestador de serviço. Companhias aéreas

conhecidas por atrasarem seus vôos ou com problemas constantes com a

manutenção das aeronaves, são menos procuradas pelo público. Os principais

problemas vividos por quem costuma viajar de avião são o overbooking, ou seja,

venda de lugares em determinado vôo acima de sua capacidade e extravio de

bagagem, causando constrangimento e queda na qualidade do serviço na

percepção do cliente.

Os consumidores desta nova Era são ávidos por bons atendimentos e

elementos surpresa positivos, fazendo com que se sintam essenciais para empresa

que escolheram. Esses fatores devem ser incorporados em cada empresa: todo

cliente é muito importante para ela, afinal são eles que a mantém viva no mercado.

A hospitalidade e o bom atendimento devem estar presentes em qualquer serviço

prestado, pois se constituem em fator determinante na escolha de qualquer produto

ou serviço turístico.

As empresas que trabalham com serviços de atendimento a turistas

devem tomar alguns cuidados para se tornarem e manterem-se como referência em

qualidade, através da conscientização da equipe de trabalho para uma maior

participação e comprometimento com a qualidade; realizar avaliações

constantemente de como estão sendo executados os serviços visando a eliminar

possíveis problemas, ouvindo o cliente para saber o que realmente estar faltando;

treinar e qualificar todos os colaboradores e acima de tudo valorizá-los como seres

humanos e profissionais que são. (BARROS, 1999, p.30).

Page 33: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

3 (DE)EFICIENTES FÍSICOS: LEGISLAÇÃO E MERCADO DE

TRABALHO

O ano de 1981 foi marcado como o Ano Internacional da Pessoa

Portadora de Deficiência, onde várias entidades se juntaram para dar início ao

movimento pela integração dos indivíduos com deficiência à sociedade como um

todo.

Uma das conquistas foi a inclusão desses indivíduos no mercado de

trabalho. Segundo estimativas feitas por órgãos internacionais, como a Organização

Mundial de Saúde (OMS) apontam que 10% da população mundial têm algum tipo

de deficiência, devendo-se levar em consideração que países em desenvolvimento

podem ter uma elevação nessa taxa, pelas dificuldades ligadas à saúde, educação e

saneamento básico6.

A terminologia utilizada para se referir à pessoa com deficiência, sofreu

transformações durante toda a história. O termo que se tornou mais conhecido foi o

PNE – Pessoa com Necessidades Especiais. Porém no ano de 2003, durante a

Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidade das

Pessoas com Deficiências, em Assembléia Geral da ONU, a ser promulgada

posteriormente através da Lei Nacional de todos os Países Membros, que gostariam

de serem chamadas de “pessoas com deficiência”. Portanto, esse termo foi

empregado durante toda a pesquisa.

No Brasil, o Decreto N.º 3.298, de dezembro de 1999, em seu Art.4º

considera pessoa com deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias:

deficiência física, deficiência auditiva, deficiência visual, deficiência mental e

deficiência múltipla.

O deficiente físico compreende a alteração completa ou parcial de um ou

mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função

6 http://www.mec.gov.br/news/boletimImp.asp?Id=55 > acesso em 17 out 2006.

Page 34: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia,

monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia,

amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade

congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam

dificuldades para o desempenho de funções.

O deficiente auditivo compreende a perda parcial ou total das

possibilidades auditivas sonoras, variando de graus e níveis na seguinte forma: de

25 a 40 decibeis (db) surdez leve; de 41 a 55 (db) surdez moderada; de 56 a 70 (db)

surdez acentuada; de 71 a 90 (db) surdez severa; acima de 91 (db) surdez profunda

e anacusia. O deficiente visual compreende a acuidade visual igual ou menor que

20/200 no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º

(tabela de Snellen), ou ocorrência simultânea de ambas as situações.

O deficiente mental tem o funcionamento intelectual significativamente

inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas

a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação, cuidado

pessoal, habilidades sociais, utilização da comunidade, saúde e segurança,

habilidades acadêmicas, lazer e trabalho. E por fim o deficiente múltiplo que possui

duas ou mais deficiências.

Uma das deficiências não citadas na legislação, embora considerada

pelas empresas e pela sociedade, é o Nanismo que é caracterizado pela parada

prematura do crescimento ósseo, podendo ser causado pela insuficiência do

hormônio do crescimento (nanismo hipofisário). Entende-se ainda como a condição

de tamanho de uma pessoa devido a sua estatura estar abaixo da média de todos

os indivíduos pertencentes à mesma população e com a mesma faixa etária7.

O Nanismo pode ser classificado em duas categorias: proporcional e

desproporcional. Nas pessoas com Nanismo proporcional, as partes do corpo são

proporcionais, porém muito curtas. O Nanismo desproporcional por sua vez,

caracteriza-se por pernas e braços curtos, porem torso norma e cabeça grande. Este

7 www.pt.wikipedia.org/wiki/ Nanismo > acesso em 17 out 2006.

Page 35: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

tipo de Nanismo pode ser causado por uma deficiência genética, que faz com que os

ossos não se desenvolvam totalmente.

Apesar da existência de movimentos visando integrar os indivíduos com

deficiência à sociedade e buscando mostrar que a pessoa com deficiência não se

resume somente à própria deficiência, a inter-relação desses indivíduos com a

sociedade ainda deixa a desejar sob muitos aspectos. Dentre eles, o

reconhecimento da pessoa com deficiência com direitos como os de qualquer outro

indivíduo.

O incentivo à educação a fim de que se tenha um maior nível de

escolaridade e de profissionalismo técnico ao deficiente, é de suma importância

principalmente para que haja uma maior integração com a sociedade de um modo

geral.

As pessoas com deficiência representam 14,5% da população brasileira.

Dados do Censo Universitário 2003, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP) constataram que há uma baixa inserção desse

extrato populacional nos ambientes acadêmicos8.

Uma das iniciativas do Governo Federal para estimular essa inclusão, é o

Programa Incluir que está ligado à Secretaria de Educação Superior (SESU) do

Ministério da Educação (MEC) e também conta com o apoio da Secretaria de

Educação Especial (SEEsp). Seu objetivo é tentar conter situações de discriminação

contra os estudantes com deficiência, garantindo o seu direito à educação superior

em instituições privadas de educação superior e oferece, em contrapartida, isenção

de alguns tributos àquelas que aderirem ao Programa.

Dentre as Propostas encontradas nesse Programa, observam-se as

seguintes: incentivo às ações de mobilização e sensibilização de Instituições

Federais de Ensino Superior com vistas à implementação de políticas de ações

afirmativas e de eliminação da discriminação contra pessoas com deficiência;

contribuição para a equiparação de oportunidades de alunos com deficiência

8 www.inep.org.br > acesso em 23 out 2006.

Page 36: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

matriculados nas IFES; adequação da estrutura física das IFES, para que cumpram

o disposto no Decreto Presidencial n° 5296, de 2004 (grifo da autora); estímulo à

execução de programas inovadores que unam ensino - pesquisa - extensão para a

promoção da Inclusão.

A adequação da estrutura física, isto é a eliminação de barreiras

arquitetônicas são premissas básicas para um deslocamento e acesso por parte das

pessoas com deficiência física a todos os locais públicos. Outrossim, existem ainda

as barreiras metodológicas, pragmáticas, atitudinais, comunicacionais e instrumental

(LIMA, H., LIMA. I, 2004).

As barreiras metodológicas referem-se à falta de sensibilidade no que diz

respeito às necessidades específicas de cada indivíduo, ou seja, suas

individualidades são tratadas de maneira generalizada.

As pragmáticas dizem respeito à legislação e o fato de sua não

aplicabilidade. Como citado anteriormente, o Brasil tem um leque de leis que

asseguram os direitos de toda e qualquer pessoa com deficiência, seja física ou não.

Porém há um grande espaço vazio entre a teoria e a prática dessas leis.

As barreiras atitudinais são aquelas caracterizadas pela forma de tratar a

pessoa com deficiência. O preconceito, o medo e até mesmo a indiferença, que são

tipos de comportamentos mais comuns que refletem a ausência do cumprimento e

da lei e a falta de informação por parte da população de maneira geral.

As barreiras comunicacionais constituem-se com a ausência ou carência

de sinalização para a pessoa com deficiência, seja ela em Braille para os deficientes

visuais, sonora para os deficientes auditivos e até mesmo as sinalizações visuais

padrões como vemos em placas.

Todas essas barreiras trazem prejuízo à pessoa com deficiência, pois a

deixa sempre dependente de uma companhia para ajudá-la em sua locomoção e

ainda ferem o direito de cada cidadão de maneira direta e negativa.

3.1 Barreiras arquitetônicas: entraves à acessibilidade

Page 37: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Com relação à adequação da estrutura física arquitetônica, o Art. 24 do

Decreto 5296/04, diz que: os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa

ou modalidade, públicos ou privados, proporcionarão condições de acesso e

utilização de todos os seus ambientes ou compartimentos para pessoas deficientes

ou com mobilidade reduzida, inclusive salas de aula, bibliotecas, auditórios, ginásios

e instalações desportivas, laboratórios, áreas de lazer e sanitários.

Quando da construção e reforma de estabelecimentos de ensino deverá

ser observado o atendimento às normas técnicas da Associação Brasileira de

Normas Técnicas - ABNT relativas à acessibilidade. Conforme o artigo 2º da Lei

Nº.10.098, de 19 de dezembro de 2000, acessibilidade é a possibilidade e condição

de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e

equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de

comunicação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida9.

As medidas técnicas para eliminar as barreiras e assim melhorar a

acessibilidade das pessoas com deficiência em espaços públicos são seguidas

pelas Normas NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, órgão

responsável pela padronização dos objetos e edifícios no Brasil.

Convém salientar algumas das medidas para melhoria da locomoção

desses indivíduos, como: as portas que deverão ter um vão de 80 cm e uma

maçaneta do tipo alavanca a 90 cm de altura, de acordo com a figura 01.

Figura 01: dimensões das portas

9 www.saci.org.br > acesso em 28 out 2006.

Page 38: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Fonte: Manual de recepção e acessibilidade pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. (EMBRATUR, s/d, p.37)

Os corredores devem ter no mínimo 1,20m de largura, mesmo tamanho

aconselhado para as rampas, que devem ter a declividade máxima de 12,5 graus e

inclinação de 8 graus, como pode ser observado na figura 02.

Figura 02: largura adequada de corredor

Fonte: Manual de recepção e acessibilidade pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. (EMBRATUR, S/D, p.32)

No banheiro é necessário que exista uma barra de apoio horizontal a 90

cm de altura, o lavatório deve estar a 80 cm de altura e ter uma torneira de alavanca

a 1m, mesma altura recomendada para o toalheiro, de acordo com a figura 03.

Figura 03: dimensões do lavatório

Page 39: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Fonte: Manual de recepção e acessibilidade pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. (EMBRATUR, S/D, p.45)

Quanto aos mictórios devem estar a 46 cm do piso com duas barras de

apoio fixas na vertical a 70 cm do piso. As barras devem ter um vão de 80 cm entre

si e a mesma medida de comprimento, de acordo com a figura 04.

Figura 04: visão geral de um banheiro adaptado ao cadeirante

Fonte: Manual de recepção e acessibilidade pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. (EMBRATUR S/D p.47)A utilização de cadeira de rodas impõe limites à execução de tarefas, por

dificultar a aproximação aos objetos e o alcance a elementos acima e abaixo do raio

da ação de uma pessoa sentada. A dificuldade no deslocamento frontal e lateral do

tronco sugere a utilização de uma faixa de conforto entre 0,80 cm e 1,00m para as

atividades que exijam manipulação contínua. Pode-se observar na figura 05.

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Figura 05: referenciais genéricos, visando atender o maior número

possível de situações

Fonte: Manual de recepção e acessibilidade pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. (EMBRATUR, S/D p.14)

A indicação de acessibilidade aos deficientes físicos é feito através do

Símbolo Internacional de Acessibilidade (SIA). Qualquer local, seja público ou

privado que mantenha algum tipo de adaptação à pessoa com deficiência, deve

necessariamente conter este símbolo, de acordo com a figura 06.

Figura 06: Símbolo Internacional de Acesso

Page 41: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Fonte: Manual de recepção e acessibilidade pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos. (EMBRATUR S/D p.53)

A pessoa com deficiência por si, já tem suas limitações e dificuldades,

muitas vezes e principalmente de locomoção. Porém, muito poderia ser feito para

que se tenha uma melhora na sua independência no sentido de deslocamento, se o

artigo supracitado fosse cumprido de maneira eficiente e eficaz.

3.2 Como auxiliar uma pessoa com deficiência

De acordo com o folheto “Handicapés”, elaborado pelo Movimento de

Mulheres Jovens, Paris-França, e retrabalhado pela Coordenadoria Nacional para

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Corde), do Ministério da Justiça, o

Manual de Recepção e Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiência a

Empreendimentos e Equipamentos Turísticos (EMBRATUR, 2001), diz que a melhor

maneira de se ter um comportamento inclusivo perante essas pessoas, é sempre

perguntar se ela precisa de algum tipo de auxílio. Então esse auxílio deve se seguir

de acordo com o que a própria pessoa indicar, pois ninguém melhor do que elas

sabem de suas necessidades.

O importante é ter em mente que a aproximação e o convívio com as

pessoas com deficiência, deve ser feita sem preconceitos ou piedade e com a maior

naturalidade possível. Conforme o Manual supracitado (EMBRATUR, IBIDEM)

abordam-se algumas referencias para auxiliar estes indivíduos de acordo com sua

necessidade:

Page 42: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Pessoas que usam cadeira de rodas: não segurar nem tocar na cadeira de rodas,

pois ela é como se fizesse parte de seu corpo. As palavras “caminhar” ou “correr”

podem ser utilizadas pois os cadeirantes também usam. Se a conversa com o

cadeirante durar mais que alguns minutos, sente-se se for possível, de modo a

ficar na mesma altura, pois é desconfortável para a outra pessoa manter o olhar

para cima por muito tempo. Não estacionar em lugares reservados para pessoas

com deficiência, pois essa reserva é feita por necessidade e não por

conveniência.

Pessoas que usam muletas: acompanhe o ritmo de sua marcha, tome cuidados

necessários para que a pessoa não tropece e deixe as muletas sempre ao

alcance de suas mãos.

Pessoas Cegas: ofereça ajuda sempre que pareça necessitar, mas não o faça

sem que ela concorde. Para guiar uma pessoa cega ela deve segurar-lhe no

cotovelo ou ombro, não a pegue pelo braço, pois pode assustá-la além de ser

perigoso. À medida que encontrar obstáculos como degraus e meios-fios, vá

orientando-a e se o caminho for muito estreito, posicione seu braço para trás afim

de que a pessoa cega possa segui-lo. As palavras “cego”, “olhar” ou “ver” podem

ser utilizadas, pois eles também as usam.

Pessoas surdas: falar claramente distinguindo palavra por palavra, mas sem

exageros. Fale com velocidade normal, salvo quando for pedido para falar mais

devagar e com um tom normal de voz, a fim de a pessoa possa fazer leitura

labial. Se você quer falar com uma pessoa surda, chame sua atenção seja

sinalizando com a mão ou mesmo tocando-a no braço. Se o surdo estiver

acompanhado de um intérprete, fale diretamente ao surdo e não à intérprete.

Pessoas que tem paralisia cerebral: a pessoa com paralisia cerebral anda com

dificuldades, ou não anda e pode tem problemas de fala. Seus movimentos

podem ser estranhos ou descontrolados. Geralmente trata-se de uma pessoa

inteligente e muito sensível – ela sabe e compreende que não é como os outros.

Para ajudá-la, adapte-se a seu ritmo, caso não compreenda o que ela diz peça-

Page 43: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

lhe que repita, pois ela o compreenderá e principalmente não de deixe

impressionar por seu aspecto.

Pessoa com deficiência mental: cumprimente-a de maneira normal e respeitosa,

não se esquecendo de fazer o mesmo quando se despedir. Elas são, em geral,

bem dispostas, carinhosas e gostam de se comunicar. Seja natural e evite

superproteção, pois ela deve fazer sozinha tudo o que puder, ajude-a só quando

realmente for necessário. Se for criança, trate-a como criança, mas se for adulto

ou adolescente, trate-a como tal. Deficiência mental pode ser uma conseqüência

de uma doença, mas não é uma doença.

O conhecimento de tais orientações é de extrema valia, pois dão às

pessoas que não tem deficiência uma maior clareza e discernimento no trato com as

pessoas com deficiência. E para as pessoas com deficiência uma maior valorização

e respeito perante suas diferenças, pois elas passam a sentir-se mais aceitas pela

sociedade como um todo.

3.3 Legislação pertinente - Lei n° 7.853 Política Nacional para

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência

No ano de 1999, o então Presidente da República Fernando Henrique

Cardoso assinou o decreto nº. 3.298 que regulamenta a lei n° 7.853 sobre a Política

Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, criada em 1989

consolidando as normas de proteção ao portador de deficiência e garantindo todos

os direitos básicos que qualquer cidadão possui, como educação, lazer, saúde,

trabalho, previdência social, assistência social, transporte, cabendo ao Poder

Público assegurar todos direitos.

A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência

compreende o conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno

exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência. O decreto

Page 44: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

tem como órgão fiscalizador Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora

de Deficiência Física (CONADE) que tem a função dentre outras de fazer valer todos

os direitos dos deficientes físicos - cerca de 24,6 milhões de pessoas. Segundo

dados do Censo 2000, do IBGE, esse é o número de brasileiros com algum tipo de

deficiência ou incapacidade, o que representa quase 14,5% da população do país10.

Sua obrigação é estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam sua

inclusão social e econômica, bem como incorporar a qualificação profissional,

educação especial e a inserção no mercado de trabalho dos portadores de

deficiência. No que tange ao serviço de saúde, o tratamento deverá ser prioritário e

adequado, sem que haja prejuízo de outras pessoas. O artigo 3° considera para

efeito desse Decreto que:

Deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; deficiência permanente é aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altera apesar de novos tratamentos; incapacidade é uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.

Considera ainda as pessoas com deficiências possuidoras de todos os

direitos inerentes a qualquer ser humano, devendo ser respeitado,

independentemente dos seus antecedentes, natureza e severidade de sua

deficiência. Não importando também a faixa etária, podendo desfrutar de vida

decente, tão normal quanto possível. (Artigo 3º IBIDEM)

Segundo Ana Maria Barbosa, coordenadora da Rede SACI, apesar dos

direitos assegurados por Lei, a plena inclusão do deficiente na sociedade ainda é

uma realidade distante, porém caminha-se nessa direção. Seja por força da Lei ou

pressão da organização de pessoas com e sem deficiência. A pessoa com

deficiência está chegando nas escolas, nas empresas, nos espaços públicos e, mais

consciente, está cobrando seus direitos. Contudo ainda existe a questão da

10 Fonte: Boletim Informativo do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, 2004, n°8

Page 45: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

acessibilidade urbana, dos transportes e edificações que ainda são grande impecílio

para o seu deslocamento11.

3.3.2 Inserção no mercado de trabalho

Nos últimos anos, vem crescendo o número de oferta de vagas e de

contratações de pessoas com deficiência. Pode-se constatar essa realidade,

observando que em São Paulo - pólo econômico e industrial do país -, de janeiro de

2001 até maio de 2006, o número de pessoas com deficiência ocupando postos no

mercado de trabalho saltou de 601 para 47.044. Além disso, a quantidade de

empresas com 100 ou mais funcionários cumprindo à risca a regulamentação de

contratar tais profissionais pulou de 12 para 4.63612.

Segundo o censo demográfico de 2000, existem no Brasil cerca de 24,5

milhões de pessoas com deficiência. Estes trabalhadores enfrentam inúmeros

obstáculos por conta das discriminações e preconceitos ainda presentes na

sociedade, dificultando seu ingresso no mercado de trabalho.

A partir do momento em que se estimula a inserção dos deficientes no

que se chama de PEA – população economicamente ativa, há uma rede de

conseqüências positivas, já que essas pessoas passam a dispor de recursos e

querer aplicá-los em outras atividades.

A coordenadora da Rede SACI e vice-presidente do Instituto Paradigma,

Flávia Cintra diz que além do programa de cotas, cresce, cada vez mais, o número

de empresas interessadas em contratar pessoas com deficiência e que já há uma

mudança no perfil das vagas ofertadas. Existem companhias que valorizam o perfil

do funcionário em detrimento de sua deficiência e passam a dar preferência para

sua contratação no lugar de um profissional comum.

11 www.saci.org.br > acesso em 22 out 2006.12 www.redesaci.org.br > acesso em 01 out 2006.

Page 46: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Outra mudança sentida é a de que em algumas empresas, cargos de

maior responsabilidade, como os de diretoria, já estão sendo ocupados por

deficientes como é o caso do setor de Recursos Humanos do SERASA. Já que a

maioria das vagas ofertadas é basicamente do setor operacional, como se pode

observar no gráfico 02 abaixo:

Gráfico 02: setores da empresa em que os PNE’s atuam ou irão atuar

Fonte: http://www.firjan.org.br/downloads/ITPNE.doc. > 16 set 2006.

Nesse contexto, considera-se ainda a possibilidade de procedimentos

especiais, que são os meios utilizados para a contratação de pessoa que devido seu

grau de deficiência, exija condições especiais, tais como jornada variável, horário

flexível, proporcionalidade de salário e ambiente de trabalho adequado a suas

necessidades.

E apoios especiais, que são a orientação à supervisão e as ajudas

técnicas entre outros elementos que auxiliem ou permitam compensar uma ou mais

limitações funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa com deficiência, de

modo a superar as barreiras da mobilidade e da comunicação, possibilitando a plena

utilização de suas capacidades.

3.3.3 Lei de cotas para empresas

68,0%

60,0%

30,0%

Operacional

Administrativa

Apoio

Áreas de atuação dos PNE´s - serão contratados

Base: 26 empresas

Page 47: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

A lei federal 8213/91 fixa a obrigatoriedade de reserva de vagas para

deficientes nos seguintes percentuais: empresas que têm entre 101 e 200

empregados 2% deverão ser para pessoas com deficiência; de 201 a 500 reservar-

se-ão 3% das vagas; de 501 a 1000 terão 4% para estes beneficiários e acima de

1000 estarão dispostas 5% destas.

Embora estas vagas estejam garantidas pela legislação, as pessoas com

deficiência devem estar habilitadas para o exercício da função disponível. Sendo

considerada pessoa habilitada, aquela que concluiu curso de educação profissional

de nível básico, técnico ou tecnológico, ou curso superior, com certificação ou

diplomação expedida por instituição pública ou privada, legalmente credenciada pelo

Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou aquela com certificado de

conclusão de processo de habilitação ou reabilitação profissional fornecido pelo

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O parágrafo 1° do artigo 36 do Decreto 3.298 diz ainda que o empregador

somente poderá dispensar o empregado deficiente, após contratar outro deficiente

em condições semelhantes ao que será dispensado nos seguintes termos:

§ 1o A dispensa de empregado na condição estabelecida neste artigo, quando se tratar de contrato por prazo determinado, superior a noventa dias, e a dispensa imotivada, no contrato por prazo indeterminado, somente poderá ocorrer após a contratação de substituto em condições semelhantes.

O Decreto versa também que a pessoa beneficiária ou não da

Previdência Social, tem o direito às parcelas para que se qualifique ou reabilite para

o mercado de trabalho e progredir profissionalmente. Sendo entendido por

habilitação e reabilitação profissional o processo orientado a possibilitar que a

pessoa com deficiência, a partir da identificação de suas potencialidades laborais,

adquira o nível suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso e reingresso

no mercado de trabalho e participar da vida comunitária.

Page 48: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Ficou a cargo do Ministério do Trabalho e Emprego fiscalizar, avaliar e

controlar as empresas que se encaixam na lei de cotas, bem como realizar

pesquisas qualitativas e quantitativas com as empresas e os funcionários

deficientes.

São crimes previstos no artigo oitavo da Lei 7.853/89 recusar, suspender,

cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento

de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado; impedir o acesso a

qualquer cargo público; negar trabalho ou emprego, recusar, retardar ou dificultar a

internação hospitalar ou deixar de prestar assistência médico-hospitalar ou

ambulatorial, por se tratar de pessoa com deficiência.

A pessoa com deficiência pode agir contra esses e outros crimes

pertinentes a este assunto, apresentando uma representação junto a uma delegacia

de polícia, ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público Estadual e à

Comissão de Direitos Humanos13.

Algumas empresas ainda questionam o porquê de contratar pessoas com

deficiência. Alguns dos motivos encontrados reportam-se, além da inclusão, à

redução de aposentadorias indevidas, motivadas pela falta de trabalho; a

contribuição para inclusão do trabalhador no mercado na condição de consumidor e

não como um ônus social e consolidar o comprometimento com a responsabilidade

social da empresa, respaldando sua imagem perante os colaboradores, clientes e

fornecedores.

Neste último exemplo, Argandona (1998) diz que a imagem da empresa

quanto ao exercício da responsabilidade social influencia o comportamento de

recompra, ou seja, empresas que são engajadas com causas socialmente corretas,

podem ter um maior número de clientes já que a sociedade de um modo geral está

cada vez mais interessada por essa temática.14

13 http://agenda.saci.org.br/index2.php?modulo=akimimetro=1711 > acesso em 03 set 2006.

14 http://www.mackenzie.br/editoramackenzie/revistas/administracao/adm2n2/revadm2n2_ art3.pdf. acesso em 03 set 2006.

Page 49: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Uma pesquisa realizada pela Merck Sharp empresa farmacêutica,

comprovou o interesse da população por produtos relacionados a causas sociais, o

que confirmou os indicadores anteriores feitos pelo Instituto Akatu, segundo o qual o

consumidor brasileiro valoriza empresa que apoia deficientes15.

Em outra pesquisa realizada em 2001 pela Gerência de Estudos e

Avaliação do Projeto Portador de Necessidades Especiais, que tem por objetivo

promover o acesso e a inclusão das pessoas com deficiência física, mental e

sensorial revelou dados acerca dos empregados com deficiência e dos

empregadores. O estudo foi aplicado nas empresas que possuem mais de cem

empregados em seus quadros, fator este, que leva à obrigatoriedade quanto ao

cumprimento do dispositivo legal de reserva de cotas. Foram pesquisadas 1.148

empresas da cidade do Rio de Janeiro, em que 79,4% das empresas consideram

que a legislação é justa ao reservar vagas no mercado de trabalho para os

portadores de necessidades especiais.

Relativamente aos postos de trabalhos existentes em suas empresas, a

pesquisa revela que 63,4% dos entrevistados consideram que não existem postos

que possam receber ou acomodar pessoas com deficiência. Entretanto, 26,2% das

empresas são possuidoras de locais acessíveis, verificando-se ainda que 8.0%

destes postos têm acessibilidade dependendo do tipo de deficiência.

Deficiência física é a limitação mais freqüente encontrada entre os

trabalhadores com algum tipo de deficiência. 78,5% das empresas que empregam

em seus quadros deficientes físicos, 68% estão empregados na área operacional

das empresas. As funções mais freqüentes são as de auxiliares nos processos de

administração (6,1%) e de produção (2,5%). Funcionários com deficiência auditiva

estão presentes em 32,3% das empresas. Verificou-se ainda, que 72,3% destes

empregados exercem atividades correlacionadas à área operacional das empresas,

tendo em 14,8% ocupações de auxiliares ou ajudantes no processo produtivo.

15 http://www.clientesa.com.br/?sp=materia_integra.asp&secao=113&codigo=5328 acesso em 03 set 2006

Page 50: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Os deficientes visuais ocupam 21,9% dos postos de trabalho destas

empresas, constituindo-se no grupo que, comparativamente aos demais, aloca de

forma mais significativa empregando 16,4% de mão-de-obra na área administrativa.

Os deficientes mentais e portadores de deficiência múltipla representam

os grupos de menor representatividade quanto ao número de empresas, estando

empregados em 9,9% e 6,4% das empresas, respectivamente. Os primeiros

destacam-se na execução de funções na área de apoio (16%), sobretudo nas

funções de jardinagem, limpeza e conservação e mensageiros. O segundo grupo,

apesar de quantitativamente menos representativo, possuindo maior

heterogeneidade quanto às ocupações exercidas, como pode ser verificado no

gráfico 03.

Gráfico 03: empregados por tipo de deficiência

Fonte: http://www.firjan.org.br/downloads/ITPNE.doc. > acesso em 15 set 2006

Com relação às alterações no contexto da acessibilidade/inclusão e

locomoção no espaço físico, 16,3% das empresas fez alterações físicas ou

ergonômicas com o objetivo de romper as barreiras e adequar o ambiente de

trabalho, facilitando o acesso dos portadores de necessidades especiais.

Considerando as alterações, não só de estrutura física, como também as

organizacionais, 17,9% das empresas que promovem a inserção de pessoas com

deficiência adaptaram o ambiente de trabalho para recepção desses trabalhadores.

Page 51: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Um dos fatores mais interessantes avaliados é o que diz respeito ao

desempenho dos deficientes em relação aos não deficientes. Os empregadores

consideram que quanto ao desempenho profissional, os portadores de necessidades

especiais estão equiparados aos trabalhadores ditos normais. Apenas 1,2%

consideram o desempenho pior que os demais como mostra o gráfico 04.

Gráfico 04: desempenho profissional dos PNE’s

Fonte: http://www.firjan.org.br/downloads/ITPNE.doc. > acesso em 15 set 2006

Este item revela que o fato de o indivíduo ser deficiente, não influi na sua

capacitação profissional, diminuindo o preconceito existente por parte de alguns

empresários e até mesmo dos demais funcionários de determinadas empresas.

Percebe-se que, para a efetiva inclusão da pessoa com deficiência torna-

se necessário que todo o ambiente da empresa seja preparado, isto é, todo o

sistema deve ser analisado e revisto, verificando se os espaços estão adequados

para a circulação das pessoas conforme a legislação pertinente e ainda,

sensibilizando os demais funcionários para o acolhimento dos novos colaboradores

com deficiência.

É preciso enfatizar que, incluir é fazer com que a pessoa com deficiência

seja um funcionário eficiente, produtivo, como qualquer outro e não que sua

14,8%

78,9%

1,2%

Melhor que osdemais

Igual aosdemais

Pior que osdemais

Desempenho profissional dos PNE´s

Base: 251 entrevistas

Page 52: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

presença somente se justifique para o cumprimento da cota. Neste caso, estará

aprofundando a exclusão e a idéia de "inválido", justamente a imagem que deve ser

mudada.

4 GRUPO AUREA ADMINISTRAÇÃO E PARTICIPAÇÕES S.A

Após a experiência de transportar milhões de pessoas em seus ônibus,

Constantino de Oliveira Júnior, herdeiro do Grupo Áurea e fundador da Gol Linhas

Aéreas Inteligentes, teve a idéia de lançar um novo empreendimento no setor de

transportes, que possibilitasse a todos os brasileiros a oportunidade de voar a um

custo mais acessível. (Fonte: portal.golnaweb.com.br > acesso em 02 de nov 2006.)

Sua trajetória começou em Patrocínio, uma pequena cidade mineira, em

1949, quando ele adquiriu seu primeiro caminhão, que se transformou em uma

jardineira e posteriormente adquiriu um ônibus, dando início à frota da primeira linha

de transporte de passageiros entre Patrocínio e Belo Horizonte. Assim nasceu o

Grupo Áurea Administração e Participações S.A.

Ao longo dos seus mais de 50 anos de história, o Grupo Áurea se

consolidou como o maior grupo nacional de transporte terrestre de passageiros.

Atualmente, possui mais de seis mil ônibus de 37 empresas urbanas, intermunicipais

e interestaduais, que atuam em sete estados brasileiros e no Distrito Federal.

Transportam em média 36 milhões de passageiros por mês e empregam 25 mil

pessoas.

Alicerçado nesta experiência, o Grupo Áurea lançou a Gol Transportes

Aéreos, a primeira companhia aérea regular do Brasil a operar sob o conceito low

cost, low fare – baixo custo, baixo preço.

Page 53: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

4.1 Gol linhas aéreas inteligentes

A Gol foi lançada como a 37ª companhia do grupo Áurea com previsão de

transportar dois milhões de passageiros no primeiro ano, com dez aeronaves. O

maior desafio da empresa foi conseguir conquistar a confiança do público quanto à

segurança de seus vôos com preços mais populares. Era necessário aliar à marca, a

qualidade de serviços e segurança, e não apenas às tarifas e preços mais

econômicos.

Os estudos e análises de mercado para a criação de uma nova

companhia aérea começaram em 1998. Em princípio pensou-se em adquirir e

reformular uma das empresas já em operação. Logo depois, porém, o grupo optou

por uma companhia nova, sem dívidas e sem passado. O Grupo chegou à

conclusão que havia espaço para mais uma companhia de transporte aéreo no país

com as características pretendidas, operando através de uma nova filosofia: o

sistema de preços. (Fonte: portal.golnaweb.com.br > acesso em 02 de nov 2006.)

A companhia Gol definiu como missão oferecer transporte de pessoas e

cargas tendo como valor agregado a segurança e confiabilidade, fazendo uso de

soluções que seriam introduzidas pelos próprios clientes, quotistas e funcionários. A

decisão foi de posicionar-se como uma das principais empresas aéreas do país

voltada para o mercado doméstico, objetivando ser reconhecida como pioneira na

introdução de novos conceitos. Com relação ao serviço que iria oferecer ao

mercado, determinou que este fosse dotado de simplicidade e informalidade.

4.1.1 As primeiras conquistas

Em 1º de agosto de 2000 foi assinado o contrato social da Gol

Transportes Aéreos Ltda. Dezoito dias depois, a empresa obteve autorização

jurídica de funcionamento junto ao DAC – Departamento de Aviação Civil. Em

Page 54: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

dezembro do mesmo ano já estava de posse do Certificado de Homologação de

Empresa de Transporte Aéreo (CHETA). No dia 22 de dezembro do mesmo ano,

recebeu suas duas primeiras aeronaves: os Boeings 737 e 700, com prefixos PR-

GOL e PR-GOA respectivamente, que pousaram em Cumbica, vindos da Europa,

inaugurando a frota da empresa. No dia 2 de janeiro de 2001, a Portaria do DAC

confirmava a concessão à companhia, que se tornava assim a primeira companhia

aérea brasileira do século XXI.

O seu lançamento oficial ocorreu em cinco de janeiro de 2001,

simultaneamente nos sete estados onde a empresa iria iniciar suas operações, por

meio de evento dirigido à agentes de viagem e assistido por via satélite no Hilton

Hotel, em São Paulo. No dia 15 de janeiro de 2001, a Gol realizou seu vôo inaugural,

partindo às 6h56 de Brasília em direção a São Paulo.

Em um semestre, a empresa conquistou 5,5% do mercado brasileiro e em

julho de 2001, conseguiu aumentar seu movimento mensal para 240 mil passageiros

transportados. Em agosto do mesmo ano, comemorou a marca de um milhão de

usuários, atingindo 78% de taxa de ocupação, ou 112 passageiros por vôo, a maior

do setor de transporte aéreo doméstico do País. Em dezembro, atingiu uma

participação de 8,5% no mercado e um total de 2,5 milhões de passageiros

transportados. A implantação e operação de uma empresa aérea em apenas seis

meses foi um fato inédito na aviação. (Fonte: portal.golnaweb.com.br > acesso em 02 de nov

2006.)

4.1.2 Low cost, low fare

O conceito de low cost, low fare aplicado em várias empresas, visa

diminuir ou eliminar todos os custos desnecessários dentro de uma organização.

Nas companhias aéreas as ações mais utilizadas para obter redução nos custos de

seus serviços são: permanecer no estacionamento menos tempo possível, de forma

a reduzir o valor pago por estacionamento; realizar apenas ligações ponto a ponto,

obtendo assim, uma taxa de ocupação superior; os serviços a bordo prestados aos

clientes são reduzidos, os consumidores pagam apenas o que consomem; redução

Page 55: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

das comissões para agentes de viagens, incentivando à compra via Internet; a sua

frota, normalmente é composta por um único modelo de avião que no caso da Gol é

o Boeing 737 Next Generation, o que favorece a reposição de peças. (Fonte:

portal.golnaweb.com.br > acesso em 02 de nov 2006.)

Outrossim, vale destacar que pelo fato da empresa ter em sua frota

aeronaves novas, o custo com a manutenção proporciona uma economia

considerável. Além disso, observam-se baixos custos administrativos, visto que

entre os principais fatores de preço baixo das passagens destaca-se pela eliminação

do bilhete tradicional, com cinco vias e papel carbono, no processo de bilhetagem. A

empresa realiza toda a operação via computador, desde a consulta, compra e

reserva de passagens, emitindo um único ticket, que dá acesso ao embarque. Da

mesma forma, substituiu o talão de passagem de outras companhias por um arquivo

eletrônico, onde o cliente tem à disposição o contrato de prestação de serviço, com

direitos e obrigações.

A Gol também simplificou o serviço de bordo, compatível com a curta

duração das viagens, garantindo a qualidade dos produtos servidos, de marcas

aprovadas pelos passageiros. Eliminou refeições quentes e bebidas alcoólicas

ganhando, assim, mais doze assentos com a diminuição dos espaços que em outras

companhias são dedicados às galleys.16

A Companhia teve como referência uma empresa norte-americana de

vôos regionais chamada Southwest Airlines, principalmente no quesito economia de

custos. A empresa opera com frota padronizada, atende rotas com alta demanda de

passageiros e realiza no mínimo três vôos diários para cada destino, visando criar o

hábito de consumo. O modelo, consagrado em grandes mercados, também é

utilizado pela inglesa EasyJet, a irlandesa Ryanair, a holandesa Buzz e outra norte-

americana, a JetBlue, nas quais a Gol se inspirou.

4.2 O programa de inclusão da empresa

16?Galley: local da cabine de uma aeronave onde se armazena, organiza e prepara os serviços de bordo.

Page 56: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

O primeiro grupo de pessoas com deficiência a trabalhar na Gol, foi em

agosto de 2005 onde, foram contratadas 83 pessoas divididas para todas as bases

da Gol no Brasil. O recrutamento dessas pessoas se deu através do contato com

entidades no Brasil inteiro, através dos departamentos de RH de cada Estado (INFO

GOL, 2006).

O grupo formado para esse recrutamento, recebeu um treinamento de

uma semana em São Paulo. Foram preparados para atender no web check-in e na

sala de desembarque realizando conferência de bagagens. No mesmo período

foram realizados workshops com os demais funcionários com a finalidade de

prepará-los para receber os novos colaboradores. Neste evento, algumas das

práticas aplicadas foram vivenciais, ou seja, eles tiveram oportunidade de sentar e

se locomover em cadeira de rodas e participaram de dinâmicas com os olhos

vendados a fim de sentirem todas as necessidades dessas pessoas e entenderem

sua realidade.

Em entrevista realizada no dia 13 de novembro de 2006, com Luzanira

Pereira, responsável pelo setor de Recursos Humanos da Gol Fortaleza pode-se

conhecer mais sobre esse projeto de inclusão. Ela informou que o Projeto se deu a

partir da obrigatoriedade do cumprimento da Lei de cotas, porém o número de

pessoas contratadas foi superior ao estabelecido na legislação. Na base de

Fortaleza fazem parte desse quadro, treze colaboradores e todos exercem a mesma

função. Contudo esse número deverá aumentar a qualquer momento, pois a

empresa está em processo de desenvolvimento de um outro projeto visando o

aumento desse contingente beneficiando as pessoas com deficiência, garantindo a

sua inclusão no mercado de trabalho.

A entrevistada salientou ainda as deficiências que não seriam possível

para a contratação na Gol: pessoas cegas, surdas, surda-muda e cadeirantes

justificando que não são permitidos no ramo da aviação devido as funções não

serem adequadas.

Page 57: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Questionada sobre o desempenho das pessoas com deficiência em

relação às que não tem deficiência, Luzanira diz que “a diferença estava apenas na

função e não no desempenho”. Quanto às adaptações realizadas na estrutura

física, somente o relógio de ponto foi alterado – ficou mais baixo, já que alguns

colaboradores têm estatura baixa (nanismo) – e foram adequados os armários para

que os mesmos pudessem guardar seus pertences. Nenhuma outra alteração ou

adaptação na estrutura foi feita visto que não houve necessidade.

Sobre a aceitação e adaptação dos demais colaboradores e até mesmo

dos passageiros com relação aos novos colaboradores, não houve nenhuma

dificuldade, ao contrário, “a grande maioria achou importante o Projeto”. Com

relação à possibilidade de essas pessoas serem promovidas a outros cargos dentro

da empresa, ela disse que a Gol tem uma política de aproveitamento interno e que

não exclui as pessoas com deficiência.

PEGAR NA IANE

4.3 A inclusão dos deficientes físicos no mercado turístico e suas

reais expectativas: o caso GOL

Conforme pesquisa realizada entre os dias 12 e 17 de novembro de 2006

com os treze funcionários que fazem parte do Programa de Inclusão de Portadores

de necessidades Especiais da Companhia Gol Linhas Aéreas, com a finalidade de

conhecer seu perfil sócio-econômico numa primeira etapa, constatou-se que 69,23%

são mulheres e 30,77% são homens, ficando uma proporção de 9 para 4, como

mostra o gráfico 05.

Gráfico 05: sexo

Page 58: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Fonte: Pesquisa de campo

Pôde-se verificar também na pesquisa a faixa etária destes indivíduos

onde 8% tem de 18 a 22 anos; 31% tem de 23 a 27 anos; 15% de 28 a 32 anos;

15% de 33 a 37 e 31% tem acima de 37 anos de idade, como mostra o gráfico 06.

Gráfico 06: faixa etária

Fonte: Pesquisa de campo

Com relação ao nível de escolaridade dos participantes, percebemos que

a maioria (46%) tem apenas o Ensino Médio Completo –EMC e que apenas 8% tem

Ensino Superior Completo –ESC. Pode-se perceber em maiores detalhes no gráfico

07.

Gráfico 07: nível de escolaridade

Page 59: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Fonte: Pesquisa de campo

No que se refere ao número de pessoas que trabalham na mesma família,

a maioria, (38%) conta com apenas uma pessoa na família, ou seja, o próprio

entrevistado. 31% têm duas pessoas que trabalham e somente 8% tem mais de

quatro pessoas que exercem algum tipo de atividade remunerada, pode-se verificar

no gráfico 08.

Gráfico 08: quantidade de pessoas que trabalham na família

Page 60: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Fonte: Pesquisa de campo

A renda média familiar destes indivíduos varia de 1 à 11 salários mínimos,

sendo que 47% vai de 1 a 3 salários mínimos e somente 15% recebem de 8 à 11

salários mínimos. Recebem de 4 a 7 salários mínimos um total de 38%, como

mostra o gráfico 09.

Gráfico 09: nível de renda média familiar

Fonte: Pesquisa de campo

Verificando quais os tipos de deficiências encontrados, constatamos que

todos são da ordem física, não havendo nenhuma pessoa surda, muda ou cega e

também não há cadeirantes.

Nanismo é a deficiência mais comum, sendo percebido em 45% dos

entrevistados; 31% mostra algum tipo de deficiência nos membros inferiores e 8%

para as demais deficiências detectadas conforme o gráfico 10.

Gráfico 10: tipos de deficiência

Page 61: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Fonte: Pesquisa de campo

Ao questioná-los se já haviam trabalhado antes em alguma outra

empresa, a grande maioria 85% respondeu que sim e somente 15% que não

conforme gráfico 11.

Gráfico 11: trabalhou antes em outra empresa

Fonte: Pesquisa de campo

Page 62: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

Questionados sobre o grau de satisfação com suas atividades

desenvolvidas na Companhia, todos responderam estar satisfeitos ou muito

satisfeitos, sendo o percentual de 77% satisfeitos e 23% muito satisfeitos conforme

mostra o gráfico 12.

Gráfico 12: nível de satisfação com suas atividades

Fonte: Pesquisa de campo

Em relação ao salário pago pela Companhia, 92% revelaram estar

satisfeitos com o valor recebido e 8% estão muito satisfeitos conforme o gráfico 13.

Gráfico 13: nível de satisfação referente ao salário

Fonte: Pesquisa de campo

Page 63: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

A fim de identificar se essas pessoas fazem o que gostam ou estão no

setor que queriam, perguntamos se eles têm interesse pelo setor turístico e

verificamos que 85% têm interesse e somente 15% não, de acordo com o gráfico 14.

Gráfico 14: interesse pelo setor turístico

Fonte: Pesquisa de campo

Constatou-se ainda que todos os colaboradores tem conhecimento da Lei

de cotas, consideram as atividades exercidas compatíveis com suas deficiências de

acordo com a legislação, bem como a remuneração que recebem, se considerada

com a de outras pessoas que não tem nenhum tipo de deficiência.

Após a apuração dos dados obtidos, verificou-se que as

hipóteses centrais da pesquisa não se confirmaram, pois este indivíduos

trabalham na Companhia não por falta de opção do mercado de

trabalho, e sim porque gostam. E a empresa não os contratou

exclusivamente devido a obrigatoriedade da legislação.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade turística no século XXI revela que a qualidade na prestação

dos serviços ofertados pelo setor, sobretudo nas companhias aéreas, é uma

necessidade incontestável para garantir a sobrevivência no mercado. Atrair e manter

uma rede de clientes é vital para qualquer empresa. Os consumidores cada vez

mais conscientes de sua importância, tornam-se mais exigentes com relação a

qualidade dos produtos e serviços ofertados pela indústria. Essa realidade é positiva

de um modo geral, pois cada vez mais o mercado passa a se esforçar para superar

a concorrência e com isso teremos uma vasta gama de serviços e produtos

ofertados e de boa qualidade.

Nos últimos anos a terceirização de serviços passou a dominar o

mercado. Percebemos prestação de serviços em todos os setores da economia. A

principal característica do serviço é a intangibilidade, que são as experiências

Page 65: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

vividas pelo cliente no momento do consumo. O que torna os funcionários da

“chamada linha de frente” de importância crucial para a plena satisfação do cliente,

fazendo com que os setores de gerência e alta administração fiquem em segundo

plano na percepção do cliente/turista.

A atividade turística, enquanto atividade econômica proporciona o

desenvolvimento de novas visões de mundo e até mesmo transformações nas

relações com o ambiente. Neste sentido, cabe ao empresariado, quaisquer que seja

ele, micro, médio ou grande, implantar, promover e desenvolver toda e qualquer que

seja a atividade ligada ao setor de turismo.

Devido sua grande importância econômica, vários países se valem do

fomento à esta atividade, afim de gerar divisas, emprego e renda para a população.

Nos países centrais de evolução do capitalismo, e, por conseguinte, da classe média

internacional, o turismo já é uma atividade consolidada e organizada, em seus

diversos setores, enquanto produto-serviço ofertado.

O cenário mundial do Turismo está mais consciente do ambiente e

caminhamos para um turismo sustentável que surge na linha do conceito de

desenvolvimento sustentável, respeitador do ambiente, do patrimônio cultural, da

tradição. As tendências e motivações atuais no contexto da procura turística são

mutáveis como a moda e talvez no futuro os consumidores passem a adquirir

produtos que correspondam a critérios de qualidade ambiental.

Mas o século XXI não está sendo marcado somente pela excelência na

prestação de serviços. Nunca se falou tanto em inclusão social das pessoas com

deficiência, sobretudo no mercado de trabalho.

Com a regulamentação da Lei que obriga as empresas que têm um

quadro acima de cem funcionários, reservar um percentual de a partir de 2% das

vagas para estas pessoas, o que percebe-se é uma maior integração entre a

sociedade e estes indivíduos que antes eram tidos como inválidos ou doentes que

não poderiam exercer nenhuma atividade, principalmente remunerada, a não ser

aceitar a condição imposta até mesmo pela própria família, de ficarem em casa

Page 66: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

escondidos, para não causarem “constrangimento” à sociedade por causa de suas

características diferentes da maioria da população.

O trabalho adquire um caráter fundamental na vida de qualquer indivíduo,

sobretudo em uma sociedade capitalista como a nossa, onde sua condição

financeira é seu “cartão de visitas”. A idéia de produtividade é inerente à questão do

direito ao acesso à sociedade, garantindo aos trabalhadores que sejam

considerados relevantes e tenham voz ativa.

A representação social do trabalho envolve o sentimento de pertencer a

um grupo (trabalhadores/produtores) e de ser aceito pelo mesmo. A idéia de

autonomia (pela ampliação das possibilidades de escolhas), sobretudo para as

pessoas com deficiência, é bastante significativa devido ao fato delas serem

desacreditadas de maneira indireta pela sociedade, ou seja, os deficientes de um

modo geral são estigmatizados pela condição de “incapacidade”.

Porém fato de ter ou não algum tipo de deficiência, não necessariamente,

coloca a pessoa na situação de incapacidade ou invalidez. Ao contrário, na maioria

dos casos, elas encontram respostas ou soluções para situações ou problemas que

para pessoas que não possui nenhum tipo de deficiência, pareça impossível de

realizar ou resolver, já que tais indivíduos tendem a perceber as situações de um

outro ângulo, de uma outra perspectiva. E no que tange ao seu desempenho

profissional a maioria dos empresários não considera que as atividades sejam

realizadas de maneira inferior, se comparadas às atividades dos empregados que

não têm nenhuma deficiência.

Todo esse processo de integração destes indivíduos envolve ações de

todos os membros da sociedade, sendo dividido em três direções: a social, a política

e a cultural. O nível social implica o acesso de todas as pessoas aos bens sociais da

educação, do trabalho, do transporte, da saúde, dentre outros.

O nível político consiste na participação de todos os cidadãos nos centros

decisórios, possibilitando que as decisões sejam tomadas de forma coletiva, o que

implica o envolvimento direto de todos os segmentos sociais. Finalmente, o nível

Page 67: Inclusao dos deficientes fisicos no mercado turístico e suas reais expectativas. Gol Linhas Aéreas

cultural que consiste no reconhecimento e no respeito do próximo - no caso, o

indivíduo com deficiência–, como membro efetivo da cultura, o que implica a

superação da atitude de olhá-lo como um ser não pertencente à mesma cultura

daqueles que o analisam.

Embora represente um fato importante e necessário, o investimento nos

aspectos social e político da integração são insuficientes se o aspecto cultural não

for assumido como o pilar de todo o esforço empreendido. Afinal, o que se almeja é

uma mudança mais ampla e mais profunda no modo de a sociedade entender a

diferença. Mudança essa possível somente a partir da construção de novos sentidos

e do desenvolvimento de novas atitudes em relação à diferença alheia.

Para se alcançar os objetivos de "igualdade" e de "plena participação,"

não bastam medidas de reabilitação voltadas para o indivíduo com deficiência. A

experiência tem demonstrado que é o meio que determina, em grande parte, o efeito

de uma deficiência ou incapacidade na vida diária da pessoa.

Uma pessoa se torna vítima do impedimento quando lhe são negadas as

oportunidades de que dispõe a comunidade em geral e que são necessárias aos

aspectos fundamentais da vida, inclusive a família, a educação, o emprego, a

moradia, a segurança econômica e pessoal, a participação em grupos sociais e

políticos, nas atividades religiosas, nas relações afetivas e sexuais, no acesso a

instalações públicas (acessibilidade), na liberdade de movimentos e no sistema geral

da vida diária.

A acessibilidade representa o conjunto de boas idéias que tiveram

sucesso em atender, simultaneamente, as diferentes necessidades das com

deficiência, e em facilitar a vida de todos. Nesse conjunto, alternativas de uso do

espaço construído estão sempre presentes para que a pessoa possa optar por

aquela que melhor se ajusta às suas necessidades, sem constrangimentos, sem a

perda do seu poder de decisão, e na medida do possível, com independência.

A prática da acessibilidade não deve ser restrita aos edifícios públicos, e

não é só responsabilidade da administração governamental. Cada organização

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administrativa deve conter seu programa de implantação da acessibilidade. É uma

forma de garantir qualidade ambiental no espaço construído e nas formas de

funcionamento dessas organizações. Trata-se, por exemplo, do atendimento em

restaurantes que oferecem cardápios em linguagem Braille.

A iniciativa de realizar esta pesquisa ocorreu devido ao fato da autora ter

uma irmã com Nanismo – caracterizada pela baixa estatura fora dos padrões da

população - que há pouco mais de um ano conseguiu seu primeiro emprego e uma

colocação no mercado de trabalho. Estudante do 7° semestre do curso de

Administração na Universidade Estadual do Ceará e com 21 anos de idade, Lailana

Galvão Moraes, teve sua vida completamente mudada e para melhor após esta

colocação.

PEGAR NA IANE

A sua condição de baixa estatura SABER ALTURA não a limitou de

galgar degraus e conquistar vitórias como pessoa normal que é. Apaixonada por

música, aprendeu a tocar teclado aos seis anos de idade e aos 19, mesmo ano que

ingressou na faculdade, decidiu que iria aprender a tocar bateria e assim o fez.

A baixa estatura é sua única limitação física, já que sua inteligência

emocional, intelectual e raciocínio lógico superam, em muitos casos, pessoas que

não possuem essa limitação. Porém, mesmo com todos esses atributos, não foi fácil

exercer atividades simples, como andar pela rua desacompanhada, andar de ônibus,

fazer compras, alem de outras atividades consideradas rotineiras pelas pessoas que

não possuem deficiência alguma. A população, devido a falta de esclarecimentos e

ate mesmo educação, não reagem de forma natural ao se depararem com pessoas

anãs porque acham “engraçado” e fazendo com que a pessoa se torne alvo de risos

e chacotas.

Conviver com pessoas que de alguma forma são diferentes em sua

condição física ou mental, nos faz perceber e reconhecer nossas próprias

peculiaridades e com isso nos tornarmos pessoas melhores, menos egoístas

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percebendo a realidade que esta a nossa volta. Aprendemos a respeitar o próximo,

bem como suas diferenças e principalmente reconhecer que também somos

deficientes em alguns momentos de nossas vidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COOPER, Chris. Turismo, princípios e prática / Chris Cooper, John Fletcher, Stephen Wanhill, David Gilbert e rebecca Shepherd; trad. Roberto Cataldo Costa – 2. Ed. –Porto Alegre: Bookman, 2001

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PALHARES, 2001

PEREIRA

Qualidade nos Serviços Turísticos. Série Produto Turístico – Vol.2 Edição Sebrae

RUSCHMANN, 2003,

SILVEIRA, Marcos Aurélio T. da. Planejamento territorial e dinâmica local: bases para o turismo sustentável. Turismo: Desenvolvimento Local. São Paulo: Hucitec, 1999. p. 87-98.

TRIGO

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Pesquisa Merck Sharp. Disponível em: <http://www.clientesa.com.br/?sp=materia_integra.asp&secao=113&codigo=5328> acesso em: 12/09/2006.

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www.revistaeventos.com.br/bn_conteudo.asp?cod=393-78k- > acesso em 03 out 2006

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http://www.mec.gov.br/news/boletimImp.asp?Id=55 > acesso em 17 out 2006

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www.pt.wikipedia.org/wiki/ Nanismo > acesso em 17 out 2006

www.inep.org.br > acesso em 23 out 2006

www.saci.org.br > acesso em 01 out 2006

http://www.firjan.org.br/downloads/ITPNE.doc. > 16 set 2006

http://agenda.saci.org.br/index2.php?modulo=akimimetro=1711 > acesso em 03 set 2006

http://www.mackenzie.br/editoramackenzie/revistas/administracao/adm2n2/revadm2n2_ art3.pdf. acesso em 03 set 2006.

http://www.clientesa.com.br/?sp=materia_integra.asp&secao=113&codigo=5328 acesso em 03 set 2006

portal.golnaweb.com.br > acesso em 02 nov 2006

ANEXO I

UNIDADE DE ATENDIMENTO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA

O Sistema Nacional de Emprego - SINE/CE, e o Instituto de Desenvolvimento do

Trabalho – IDT, instituiu uma equipe interdisciplinar que passou a estudar a

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realidade das pessoas portadoras de deficiência e o mercado de trabalho e, a partir

de 1991, a sociedade cearense passou a dispor de um atendimento efetivamente

voltado para a questão da pessoa portadora de deficiência e sua inclusão no

mercado de trabalho.

A Unidade de Atendimento à Pessoa Portadora de Deficiência vem intensificando

suas ações no sentido de promover a inclusão das pessoas portadoras de

deficiência no cenário produtivo, visando melhorar a qualidade de vida e, sobretudo,

garantir a cidadania.

Principais Ações Desenvolvidas pelo SINE/IDT:

Cadastrar o trabalhador portador de deficiência;

Colocar as pessoas portadoras de deficiência no mercado de trabalho, de forma

digna, visando a melhoria da qualidade de vida e o exercício pleno da cidadania;

Encaminhar o trabalhador para a qualificação profissional;

Oportunizar o acesso ao primeiro emprego;

Preparar o trabalhador para enfrentar os paradigmas impostos pelo mundo do

trabalho;

Assessorar as empresas favorecendo o cumprimento da Lei n.º 8.213, 24 de julho de

1991;

Realizar parceria com as empresas, disponibilizando o maior banco de

trabalhadores de Fortaleza;

Contribuir com as discussões relacionadas com as pessoas portadoras de

deficiência no âmbito do trabalho;

Orientar as famílias dos trabalhadores portadores de deficiência favorecendo o

processo seletivo, contratação, adaptação e permanência do portador de deficiência

na empresa;

Gerar informações sobre a questão do trabalho para os portadores de deficiência;

Identificar as necessidades de qualificação profissional e propor, juntamente com as

Instituições parceiras, cursos com vistas à inclusão do trabalhador no mercado de

trabalho;

Facilitar o acesso ao benefício do seguro desemprego;

Promover a inclusão social das pessoas portadoras de deficiência.

O SINE/IDT conta com uma equipe preparada e dispõe de um serviço gratuito

voltado para dois públicos distintos: a pessoa portadora de deficiência (física,

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auditiva, visual, mental e múltipla) e as demandas de colocação do empresariado

cearense, principalmente em cumprimento da lei n.º 8.213.

Principais Parcerias :

Procuradoria Regional do Trabalho -PRT;

Delegacia Regional do Trabalho e Emprego - DRTE / Núcleo Pró-Igualdade;

Federação das Indústrias do Estados do Ceará - FIEC;

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI;

Unidade de Referência de Reabilitação do Ceará – URRP/Fortaleza;

Secretaria de cultura do Estado do Ceará - SECULT;

Empresa Técnica de Transporte Urbanos S.A. - ETTUSA;

Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO;

Associação de Pais e Amigos do Excepcional – APAE;

Associação dos Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos – APADA;

Associação dos Deficientes Motores – ADM;

Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social – DATAPREV;

Associação dos Deficientes Físicos – ADF;

Instituto Cearense de Educação dos Surdos – ICES;

Associação Elos da Vida.

ANEXO II

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